GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com...

74

Transcript of GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com...

Page 1: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.
Page 2: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

1G R I P E AUM HOSPITAL PÚBLICO E UNIVERSITÁRIONA FRENTE CONTRA A INFLUENZA A-H1N1

Page 3: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

2

HCPA: Um hospital público e universitário na frente contra a Influenza A-H1N1

Publicação especial da Assessoria de Comunicação do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Planejamento, pesquisa, redação e edição: Jornalista Elisa Kopplin Ferraretto

Fotografias: Clóvis Prates

Fotografia da Capa: Banco de Imagens Istockphoto

Projeto Gráfico e Editoração: Engenho de Idéias

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização prévia da Assessoria de Comunicação Social do HCPA.

Page 4: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

3

MINISTRO DA EDUCAÇÃOProf. Fernando Haddad

SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO SUPERIORProf.ª Maria Paula Dallari Bucci

REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULProf. Carlos Alexandre Netto

HOSPITAL DE CLÍNICAS DE PORTO ALEGRE• Conselho DiretorPresidente do HCPAProf. Amarilio Vieira de Macedo Neto

Vice-Reitor da UFRGSProf. Rui Vicente Oppermann

Diretor da Faculdade de Medicina da UFRGSProf. Mauro Antônio Czepielewski

Pró-Reitora de Administração da UFRGSProf.ª Maria Aparecida Grendene de Souza

Representante da Escola de Enfermagem da UFRGSProf.ª Eva Neri Rubim Pedro

Representante da Pró-Reitoria de Planejamento da UFRGSProf. Alberto Tamangna

Representante do Ministério da EducaçãoProf. José Henrique Paim Fernandes

Representante do Ministério da SaúdeProf. Carlos Felipe Almeida D’Oliveira

Representante do Ministério do Planejamento, Orçamento e GestãoProf. Gustavo de Mello

Representante do Ministério da FazendaEng.ª Ana Cristina Bittar de Oliveira

Representantes da Faculdade de Medicina da UFRGSProf. Cláudio Paiva

Prof. José Geraldo Lopes Ramos

• Administração CentralPresidenteProf. Amarilio Vieira de Macedo Neto

Vice-presidente MédicoProf. Sergio Pinto Ribeiro

Vice-presidente AdministrativaTanira Torelly Pinto

Coordenadora do Grupo de EnfermagemProf.ª Maria Henriqueta Luce Kruse

Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Pós-graduaçãoProf.ª Nadine Clausell

Page 5: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

4

SUM

ÁRI

O

Apresentação ........................................................................................... 7Introdução ................................................................................................ 9O CONTEXTO DA EPIDEMIA ...........................................................13

Surgimento e evolução mundial .............................................14A Influenza A-H1N1 no Brasil e no RS.....................................15

O HCPA NA FRENTE CONTRA A INFLUENZA A-H1N1 ........19PARCERIA PARA ENFRENTAR A CRISE:Instala-se o hospital de campanha .........................................20

Indicadores ................................................................................26NOVAS DEMANDAS, NOVAS ESTRATÉGIAS:Internação e CTIs adaptam-se para atender casos de gripe ..30

Internação de adultos: protocolos para tratamento e alta ....................................30

Indicadores ..........................................................................32Terapia Intensiva de adultos: atenção aos pacientes graves ............................................33

Indicadores ..........................................................................36Pediatria e UTIP: cuidados com as crianças ..................36

Indicadores ..........................................................................37MEDICAMENTOS:Mobilização intensa para assegurar tratamento ................39

Indicadores ...............................................................................43CONTROLE DE INFECÇÃO:Vigilância e ação permanentes para conter o vírus ..........45

Indicadores ................................................................................47MEDICINA OCUPACIONAL:Cuidando da saúde dos profissionais ....................................50

Indicadores ................................................................................53MOBILIDADEMenor circulação de pessoas para maior segurança ........56APOIOMantendo a estrutura em funcionamento...........................59

HOMENAGEMO reconhecimento do HCPA a equipes e parceiros............63CONCLUSÃOEsforços compensados e aprendizado adquirido ....................69GRÁFICOS, TABELAS, QUADROS E FIGURAS ...............................71FONTES CONSULTADAS .....................................................................72

Page 6: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

Somos o que repetidamente fazemos.A excelência, portanto, não é um feito,

mas um hábito.

Aristóteles

Page 7: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.
Page 8: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

7

O inverno de 2009 entrou para a história do Hospital

de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) como um perío-

do de grande mobilização e adaptação. Nosso Hos-

pital Universitário – empresa pública de direito privado nacio-

nalmente reconhecida como referência na assistência de alta

complexidade à saúde, na formação de recursos humanos e

no desenvolvimento de pesquisas – viu-se momentaneamen-

te convertido em um verdadeiro hospital de campanha, para

suprir as necessidades de atendimento à população em meio

à pandemia da Influenza A-H1N1, uma nova variação de gripe

que se manifestou de forma rápida e exigiu respostas ágeis

dos serviços de saúde.

Temos a segurança e o orgulho de afirmar que o HCPA

atuou, neste momento crítico e delicado, como um dos es-

teios da saúde pública no estado do Rio Grande do Sul. Com

medidas dinâmicas e resolutivas, nosso hospital esteve per-

manentemente presente, tanto na assistência à população

quanto na contenção da propagação do vírus e na divulgação

de informações e orientações aos cidadãos.

Tudo isso tornou-se possível graças a diferentes fatores.

Um deles foi a condição acadêmica do Hospital de Clínicas,

que oportuniza a existência de um quadro clínico liderado

por professores da Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, familiarizados com as melhores práticas em saúde e ca-

pacitados para atuar com efetividade em diferentes contex-

tos. Outro elemento da maior importância foi a inserção da

instituição como parceira na qualificação do Sistema Único

de Saúde (SUS), o que o conduziu a uma pronta resposta às

APR

ESEN

TAÇÃ

O

Page 9: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

88

emergentes demandas da sociedade. Há que destacar, ainda,

a ampla e incondicional mobilização de todos os profissio-

nais desta casa, que se dedicaram de forma ímpar para que

a população tivesse acesso a um atendimento qualificado e a

todas as informações, orientações e esclarecimentos necessá-

rios. Por fim, faz-se indispensável mencionar a valiosa parceria

encontrada junto ao Hospital de Aeronáutica de Canoas, sem

a qual não teria sido possível desencadear todos os esforços

mobilizados a partir do final de junho de 2009.

O objetivo da presente publicação é resgatar o trabalho

realizado, de forma a deixar registrado este capítulo ímpar nos

38 anos de história do HCPA, em que a instituição fez frente

a uma das maiores pandemias já experienciadas em tempo

recente. Com isto, pretendemos, reafirmando a liderança da

Instituição no cenário regional e nacional da saúde, compar-

tilhar o muito que aprendemos, contribuindo para qualificar

cada vez mais os serviços de saúde colocados à disposição da

sociedade.

Prof. Amarilio Vieira de Macedo Neto

Presidente

Prof. Amarilio Vieirade Macedo Neto, presidente do HCPA

Administração Central do HCPA reunida com o diretor do HACO, coronel médico João Carlos Rodrigues de Azeredo

Page 10: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

9

INTR

OD

UÇÃ

O

O HCPA é um hospital público e universitário, integran-te da rede de hospitais universitários do Ministério da Educação e vinculado academicamente à Universidade

Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Foi criado, por lei promul-gada em 2 de setembro de 1970, como uma Empresa Pública de Direito Privado destinada a prestar assistência à população, formar recursos humanos e promover pesquisas em saúde.

Com 750 leitos, o HCPA é um dos principais responsáveis pelo atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital gaúcha. Sua produção assistencial anual abran-ge cerca de 552 mil consultas, 29 mil internações, 41 mil pro-cedimentos cirúrgicos, 245 mil procedimentos em consultórios, 2,5 milhões de exames, 4 mil partos, 340 transplantes e atendi-mento a 7,6 mil pessoas em grupos de apoio.

Na área de ensino, atua, em vínculo com a UFRGS, na forma-ção e qualificação de profissionais da saúde. A cada ano, recebe 2,2 mil acadêmicos, 340 médicos residentes e alunos de nove programas de pós-graduação, além de disponibilizar estágios a 1,6 mil estudantes de diversas áreas. O Clínicas atua, ainda, na formação em nível médio, através de sua Escola Técnica de En-fermagem e de parceria com a Escola Estadual Técnica em Saú-de, pertencente à Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul.

Produzindo e disseminando conhecimentos em saúde, a área da pesquisa recebe anualmente cerca de 700 novos projetos, de-senvolvidos em estrutura própria, que inclui o Centro de Pesquisas Experimentais e o Centro de Pesquisa Clínica. A instituição desta-ca-se, ainda, por coordenar a Rede Nacional de Pesquisa Clínica e sediar quatro Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) financiados pelo CNPq/Ministério da Ciência e Tecnologia.

Para a realização deste conjunto de atividades assistenciais, de ensino e pesquisa, o HCPA conta com um quadro profissional

Page 11: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

10

composto por 290 professores da UFRGS, 4,3 mil funcionários (todos concursados e regidos pela CLT) e 340 médicos participantes de 44 programas de residência médica.

Com uma atuação de reconhecida qualidade e referência ao longo de suas qua-se quatro décadas de história, em junho de 2009 a instituição deparou-se com um novo desafio: o de integrar os esforços da rede de saúde para fazer frente à epidemia da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes. Uma das primeiras medidas toma-das foi a produção de um informativo direcionado aos profissionais do HCPA, escla-recendo e orientando sobre a nova gripe e as medidas necessárias à proteção indivi-dual. Na sequência, acompanhando o cenário e as normas internacionais, nacionais e locais, o hospital atualizou protocolos, mobilizou e redimensionou equipes, adap-tou unidades e rotinas, atendendo casos crescentes em número e em complexidade e buscando conter a propagação do vírus H1N1.

A Administração Central do HCPA dedicou grande atenção ao assunto, deline-ando e renovando sistematicamente estratégias e ações. Estas envolveram, de um lado, inúmeros contatos com gestores e autoridades sanitárias, visando não apenas equacionar problemas enfrentados pela instituição como também contribuir para a construção conjunta de soluções. Ao mesmo tempo, a direção do hospital focou-se na mobilização interna para enfrentar a epidemia, convidando diferentes áreas e profissionais a se engajarem aos esforços institucionais. Sob coordenação da Vice-presidência Médica, formou-se o Grupo Consultivo, integrado por representantes dos diversos setores envolvidos no atendimento à gripe. Durante todo o período de maior criticidade, este grupo reuniu-se diariamente, para compartilhar informações, analisar indicadores, projetar tendências e propor novas medidas.

Foi organizada uma estrutura de pronta resposta assistencial aos pacientes sus-peitos de Influenza A-H1N1, constituindo-se um fluxo rápido de atendimento aos casos de gripe, com envolvimento de unidades e serviços com diferentes níveis de complexidade. Esta estratégia abrangeu pronto atendimento em barracas de cam-panha instaladas em parceria com o Hospital de Aeronáutica de Canoas e na Unida-

Grupo Consultivo reuniu-se diariamente para traçar estratégiasProf. Sergio Pinto Ribeiro, vice-presidente médico do HCPA

Page 12: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

11

de Básica de Saúde; retaguarda aos casos mais graves no Serviço de Emergência; e fluxo facilitado de internação de pacientes, incluindo equipe de saúde e leitos espe-cificamente dedicados à reorganização da assistência, de modo a ampliar a oferta de leitos de terapia intensiva.

Houve necessidade, ainda, de tomar decisões difíceis, mas indispensáveis para que o hospital se adequasse às urgentes demandas daquele momento. Um exemplo foi o cancelamento temporário das cirurgias eletivas, a fim de garantir vagas na inter-nação, no Centro de Tratamento Intensivo de Adultos e na Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrica para pacientes da nova gripe com quadros agravados.

Foi preciso agir, também, no sentido de conter a propagação do vírus. Com esta finalidade específica, criou-se o Grupo de Mobilidade, de formação multidisciplinar, que passou a estudar e recomendar à comunidade interna medidas preventivas – como o uso de equipamentos de proteção individual e a intensificação na higieni-zação das mãos –, as quais foram acompanhadas do permanente monitoramento da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar e da decuplicação na produção de álcool gel pela Farmácia do HCPA. O grupo buscou, ainda, alternativas para reduzir o número de pessoas circulantes no hospital, propondo ações como afastamento das profissionais gestantes, licenciamento de estagiários, cancelamento de diver-sos eventos, limitação de visitas, fechamento da creche para filhos de funcionários e adiamento do retorno dos acadêmicos às aulas, entre outras.

Para viabilizar o conjunto de ações de combate à Influenza A-H1N1, o HCPA ob-servou um aumento de quase 40% nos custos com medicamentos, materiais mé-dico-hospitalares e outros produtos e utensílios. A tabela 1 e o gráfico 1 mostram a evolução dos gastos com estes itens de junho a outubro de 2009, comparativamente com o mesmo período de 2008:

Grupo Consultivo reuniu-se diariamente para traçar estratégias

Tabela 1 – Custos envolvidos na campanha contra a Influenza A-H1N1

Custos do HCPA com as ações contra a Influenza A-H1N1

Jun. a out. 2008 Jun. a Out. 2009

Medicamentos R$ 239.028,65 R$ 408.242,94

Material médico-hospitalar R$ 604.926,30 R$ 859.440,41

Materiais Serviço de Nutrição e Dietética R$ 199.096,87 R$ 186.531,71

Materiais de Laboratório / Diagnóstico R$ 3.186,42 R$ 9.228,00

Higiene / Limpeza / Segurança R$ 13.503,30 R$ 22.983,61

Produtos Farmácia Industrial R$ 28.074,90 R$ 51.288,20

Utensílios diversos Serviço de Nutrição e Dietética R$ 84.599,57 R$ 99.359,89

Total R$ 1.172.415,90 R$ 1.637.074,60

Variação no período R$ 464.658,70 (39,6%)

Page 13: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

12

Tanto quanto inédita, esta foi, para o HCPA, uma experiência rica, que deixou inúmeros aprendizados sobre a capacidade de resposta gerencial, assistencial e de mobilização frente a situações emergenciais e catástrofes. Algumas das medidas adotadas no período estão, inclusive, incorporando-se às rotinas da instituição, prin-cipalmente no que diz respeito ao controle da disseminação de infecções no am-biente hospitalar.

Assim, o Hospital de Clínicas sai deste episódio fortalecido e detentor de novos conhecimentos, os quais, em sua condição de hospital público e universitário, sente-se no dever de partilhar com a comunidade científica e a sociedade em geral. Daí a motivação para produzirmos a presente publicação, que retrata as ações imple-mentadas e os resultados obtidos. Resumimos este conjunto de informações em uma série de capítulos que relatam a atuação das principais frentes de atendimento à Gripe A-H1N1 – sempre ressaltando que, em cada uma delas, existiram inúmeros profissionais, das mais diferentes áreas, atuando incansavelmente, dia após dia. No-mes de pessoas não são citados justamente porque seria impossível mencionar, em uma única publicação, todos os que tiveram atuação decisiva para que a epidemia da nova gripe fosse enfrentada de forma ágil e efetiva.

Tratou-se de um esforço coletivo, guiado por um foco único: o atendimento qua-lificado à população.

Prof. Sergio Pinto Ribeiro

Vice-presidente Médico

Gráfico 1 – Comparação dos custos: Jun./out. 2008 x Jun./out. 2009

Page 14: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

13O C O N T E X T O D A E P I D E M I A

Page 15: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

14

Surgimento e evolução mundial

Em abril de 2009, o mundo tomou conhecimento sobre uma variante do vírus

da gripe, que começava a se manifestar, principalmente, em casos identifi-

cados no México e nos Estados Unidos. Tratava-se de uma doença respirató-

ria aguda, altamente contagiosa, chamada inicialmente de Gripe Suína, pelo fato

de seu agente causador ser um subtipo de vírus originado de uma recombinação

genética entre vírus de origens suína, humana e aviária. Posteriormente, a Organi-

zação Mundial da Saúde (OMS) batizou-a oficialmente como Influenza A-H1N1, ou

seja, um tipo de gripe causado pelo vírus denominado Influenza H1N1.

No princípio, pouco se sabia sobre o comportamento deste vírus, sua capaci-

dade de propagação e sua letalidade. Em contrapartida, cada vez mais circulavam

informações a respeito do rápido aumento no número de casos e, inclusive, de

mortes causadas pelo H1N1. Transcorridos pouco mais de 60 dias do início da pan-

demia, o número de casos saltou para mais de 70 mil, em 116 países, com um saldo

de 311 mortes1.

Em meio a esta rápida evolução da doença, a OMS emitiu alertas sistemáticos,

com níveis crescentes. Em 11 de junho, declarou que a situação chegara a um alerta

de fase 62 – o nível máximo de pandemia, indicando que um novo vírus havia emer-

gido com circulação rápida e livre. Em breve, o H1N1 já era o vírus gripal dominante

em circulação na maior parte do mundo3 , e só iria reduzir o ritmo de contágio no

início de setembro, principalmente nos países do Hemisfério Sul, coincidindo com

o final do inverno. A partir deste momento, houve redução substantiva no número

de casos de Influenza A-H1N1.

Boletim divulgado pela OMS4 no dia 18 de setembro apresentava um balanço

geral dos números de casos e óbitos registrados em todo o mundo:

1. Influenza A (H1N1) - Update 55 (29 jun. 2009). Disponível em: <http://www.who.int/ csr/don/2009_06_29/en/index.

html>. Acesso em: 8 set. 2009.

2. El nivel de alerta de pandemia de gripe se eleva de la fase 5 a la fase 6 (11 jun. 2009). Disponível em: <http://www.

who.int/mediacentre/news/statements/2009/h1n1_pandemic_phase6_20090611/es/ index.html>. Acesso em: 8 set. 2009.

3. Preparación para la segunda oleada: enseñanzas extraídas de los brotes actuales (28 ago. 2009). Disponível em:

<http://www.who.int/csr/disease/swineflu/notes/h1n1_second_wave_20090828/es/ index.html>. Acesso em: 8 set. 2009.

4. Pandemic (H1N1) 2009 - Update 66 (18 set. 2009). Disponível em: <http://www.who.int/ csr/don/2009_09_18/en/

index.html>. Acesso em: 24 set. 2009.

Page 16: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

15

A OMS, no entanto, ressaltou que estes números não retratavam plenamente a realidade, por considerarem apenas os casos confirmados por testes de laborató-rio, que não foram realizados sistematicamente em todos os países afetados.

A Influenza A-H1N1 no Brasil e no RS

No Brasil, os primeiros casos de Gripe A-H1N1 começaram a ser registrados em junho, principalmente no Rio Grande do Sul, devido à proximidade com a Argenti-na, o Chile e o Uruguai, onde o contágio havia se alastrado rapidamente, e à simi-laridade climática com estes países – clima temperado, com inverno rigoroso, pro-piciando o acelerado aumento no número de casos da doença. Já no final daquele mês, havia 680 pessoas com a nova gripe no país – 85 delas no Rio Grande do Sul5, onde também ocorreu o primeiro óbito pela doença no país.

Em pouco menos de três meses, houve uma escalada nestes números, como demonstra o quadro a seguir, que apresenta os totais de casos e óbitos no país e no estado ao final de setembro:

Quadro 1 – Influenza A-H1N1 no mundo: casos e óbitos até set. 2009

Influenza A-H1N1 no mundo

• 296.471 casos • Pelo menos 3.486 mortes

Quadro 2 – Influenza A-H1N1 no Brasil e RS: casos e óbitos até set. 2009

Influenza A-H1N1 no Brasil6:

No Rio Grande do Sul:

• 9.249 casos confirmados • 899 óbitos

• 4.458 casos notificados / 830 casos confirmados7 • 190 óbitos8

5. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Ocorrências de casos humanos de infecção por Influenza A (H1N1) (30.06.09). Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/influenza_ah1n1_ 30062009.pdf>. Acesso em: 8 set. 2009.6 . MINISTÉRIO DA SAÚDE. Situação epidemiológica da nova Influenza A (H1N1) no Brasil, até a semana epidemiológica 36 de 2009. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/informe _influenza_se_36.pdf>. Acesso em: 28 set. 2009.7 . CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Boletim Influenza A-H1N1 (18 de setembro de 2009). Disponível em: <http://www.saude.rs.gov.br/dados/1253551016989Boletim%20Influenza%20A%20H1N1 %20no%204%2018%5B1%5D.09.09.pdf.> Acesso em: 28 set. 2009.8 . SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE. Estado registra mais sete óbitos por Gripe A. Disponível em: <http://www.saude.

rs.gov.br/wsa/portal/index.jsp?menu=noticias&cod=3398>. Acesso em: 28 set. 2009.

Page 17: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

16

Esses dados dão ideia da magnitude do problema enfrentado pela população,

pelas autoridades sanitárias e pelos serviços de saúde ao longo de um período de

aproximadamente quatro meses, entre o surgimento dos primeiros casos e o arre-

fecimento do contágio. Foi preciso lidar com um vírus novo, desconhecido, que se

alastrou rapidamente e causou mortes. Mais ainda, que se mostrou prevalente e

letal principalmente entre pessoas jovens – a maioria dos casos graves e fatais foi

registrada em adultos com idade inferior a 50 anos, ao contrário da influenza sazo-

nal, na qual cerca de 90% destes casos atingem maiores de 65 anos9.

O fator novidade fez com que as recomendações de proteção e os protocolos

clínicos de atendimento aos casos da doença sofressem constantes modificações.

No Rio Grande do Sul, os primeiros protocolos, elaborados em meados de maio,

eram baseados em medidas de contenção e consideravam casos suspeitos apenas

os de pessoas com sintomas específicos – como febre superior a 38º C e tosse – e

que tivessem retornado recentemente de países afetados ou tido contato próximo

com alguém procedente destas localidades. Para a confirmação e o consequente

tratamento, era necessário o resultado de exame por PCR em tempo real, realizado

em laboratório de referência10.

As modificações introduzidas nos protocolos de atendimento devido ao cres-

cimento e agravamento da doença foram, gradativamente, desafiando as rotinas

assistenciais empregadas pelos serviços de saúde gaúchos, sob a coordenação da

Secretaria Estadual da Saúde (SES). A constatação da livre circulação do vírus no

Brasil fez com que perdessem importância as estratégias baseadas em medidas de

contenção – passando a ser priorizada a mitigação – e eliminou a necessidade de

existência de contato do paciente com indivíduos de países afetados para que se

considerasse a possibilidade de contaminação.

9 . ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Preparación para la segunda oleada: enseñanzas extraídas de los brotes

actuales. (28 ago. 2009). Disponível em: <http://www.who.int/csr/disease/swineflu/notes/ h1n1_second_

wave_20090828/es/index.html>. Acesso em: 9 set. 2009.

10 . CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Influenza A H1N1. Protocolo de procedimentos elaborado em

11/05/2009. Disponível em: <http://www.saude.rs.gov.br/dados>. Acesso em: 16 set. 2009.

Page 18: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

17

Por outro lado, os exames clínicos específicos para detecção do vírus H1N1, an-

tes feitos em todos os casos suspeitos, passaram a ser realizados apenas naqueles

mais graves. O medicamento fosfato de oseltamivir, empregado no tratamento da

doença, inicialmente com indicação restrita a poucos casos, teve seu uso flexibili-

zado: passou a ser indicado, no início de agosto, a todos os indivíduos que apre-

sentassem síndrome respiratória aguda grave ou síndrome gripal com presença

de fatores de risco e, em meados do mesmo mês, podendo ser usado a critério da

avaliação médica.

Em meio a esse cenário dinâmico, a SES foi gradualmente adotando novas me-

didas e readequando-as sempre que necessário, para, de um lado, possibilitar que

os serviços de saúde absorvessem a demanda assistencial originada pela epidemia

e, de outro, controlar a propagação da doença. No primeiro caso, os hospitais adia-

ram procedimentos como as cirurgias eletivas, a fim de que pudessem disponibili-

zar mais leitos de internação e terapia intensiva para os casos agudos da Influenza

A. No segundo, foram suspensas aulas nas escolas e universidades, atendimento

em creches e outras atividades que implicassem aglomeração de pessoas em am-

bientes fechados.

Somam-se a este quadro de permanente mutação diversas outras dificuldades

surgidas ao longo do percurso, como a necessidade de espera para obtenção dos

resultados dos exames – o que impossibilitava o conhecimento imediato sobre o

número real de casos confirmados de contaminação pelo H1N1 – e as constantes

ameaças de falta do oseltamivir – causando insegurança entre a população e apre-

ensão nos serviços de saúde. Há que ressaltar, ainda, a identificação de grupos de

risco – como gestantes, crianças com idade inferior a dois anos e portadores de

doenças crônicas –, a exigir medidas especiais, e o adoecimento de profissionais de

saúde, reduzindo os plantéis assistenciais.

Em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, até o final de junho a instituição

de referência em Gripe A era o Grupo Hospitalar Conceição, que estava preparado

Page 19: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

18

para atender às condições inicialmente exigidas, como a disponibilidade de salas

de isolamento com pressão negativa. Mas a disseminação da epidemia tornou esta

alternativa insuficiente, fazendo com que diversos outros hospitais passassem a

receber casos suspeitos da doença. É aí que começa a história da participação do

Hospital de Clínicas de Porto Alegre na frente contra a Influenza A-H1N1, relatada

nos capítulos a seguir.

Page 20: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

19O H C P A N A F R E N T E C O N T R A A I N F L U E N Z A A - H 1 N 1

Page 21: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

20

PARCERIA PARA ENFRENTAR A CRISE:Instala-se o hospital de campanha

Em uma epidemia, tudo ocorre de forma muito rápida. Não há tempo para

uma longa preparação ou um planejamento detalhado. O mais importante

é a atenção diária a cada fato novo, acompanhada de agilidade e efetivida-

de na capacidade de resposta e adoção das medidas necessárias.

A Administração Central do HCPA ficou atenta às primeiras notícias sobre o

surto de Influenza A-H1N1 em outros países, prevendo uma eventual necessidade

de se engajar, a qualquer momento, no atendimento à doença. Acompanhando

os informes internacionais da OMS e a literatura especializada, também obteve as

primeiras orientações para divulgação aos profissionais da instituição, através do

Manual do Profissional de Saúde do HCPA - Gripe A (Influenza A-H1N1), abordando

aspectos como a identificação de casos suspeitos da nova gripe e a recomendação

de uso de equipamentos de proteção individual pelas equipes.

Ao ingressar na frente de atendimento, o HCPA inicialmente definiu a Unidade

Básica de Saúde (UBS), que mantém em parceria com o município de Porto Alegre,

como o local para recebimento dos casos suspeitos. O primeiro foi atendido no

dia 26 de junho, em uma sala da UBS que, originalmente projetada para atender

pacientes com tuberculose, possuía melhores condições de isolamento e ventila-

ção. O espaço ainda não estava em funcionamento, mas, com o trabalho conjunto

dos profissionais da unidade e do Serviço de Emergência, foi rapidamente colo-

cado em condições de receber os pacientes. Eram, em sua grande maioria, pesso-

as que procuravam a UBS para esclarecer dúvidas, por terem tido algum contato

com pessoas de países afetados, como indicava o protocolo oficial do Ministério

da Saúde11 daquele momento. Este também estabelecia critérios específicos para

que fosse realizada a coleta de secreção para exame, observados pela primeira vez

na UBS em uma criança que havia estado na Espanha. A procura tímida nos pri-

meiros dias foi apresentando uma rápida escalada ao longo da primeira semana.

11 . MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de procedimentos para manejo de casos e contatos de Influenza A (H1N1)

(26.06.2009). Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/influenza_protocolo_procedimentos_

26_06_2009.pdf >. Acesso em: 30 out. 2009.

Page 22: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

21

A progressão de casos indicou que, em breve, a UBS não se-

ria capaz de atender à demanda rapidamente ascendente. Um

novo sinal de alerta surgiu com o óbito de uma criança inter-

nada na UTI Pediátrica do Clínicas, com suspeita de Influenza

A-H1N1. O HCPA percebeu, então, que uma nova estratégia se

fazia necessária. De imediato, foi descartada a alternativa de

encaminhar os casos suspeitos de Gripe A para o Serviço de

Emergência, uma vez que sobrecarregaria ainda mais o sempre

superlotado serviço e sujeitaria os demais pacientes – em sua

maioria, portadores de doenças graves – ao risco de potencial

contaminação pelo vírus da Influenza A-H1N1.

A solução veio através de uma parceria com o V Comando

da Aeronáutica/ Hospital de Aeronáutica de Canoas (HACO),

que instalou, em frente ao HCPA, duas barracas: implantava-

se, assim, o hospital de campanha, onde médicos e técnicos

de enfermagem do HACO, equipe de enfermagem da Emer-

gência do Clínicas e médicos de diferentes especialidades

do HCPA e professores da Faculdade de Medicina da UFRGS

atenderam conjuntamente, todos os dias, das 8h às 18h, ao

longo de mais de três meses. À noite, os atendimentos eram

realizados no Serviço de Emergência.

Em 1º de julho, as barracas passaram a receber pessoas que,

em sua maioria, desejavam acima de tudo esclarecer dúvidas.

Os profissionais de enfermagem da Emergência – um enfer-

meiro e dois técnicos por turno – faziam a triagem inicial e os

poucos casos suspeitos eram passados para atendimento pela

equipe médica, realizando-se também a coleta de secreção

nasal para posterior confirmação da contaminação, sempre de

acordo com o protocolo assistencial vigente na época12 .

12 . MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de procedimentos para manejo de casos e contatos

de Influenza A (H1N1) (26.06.2009). Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/ar-

quivos/pdf/influenza_protocolo_procedimentos_26_06_2009.pdf >. Acesso em: 30 out. 2009.

HACO instalou as barracas no final de junho

Coronel Azeredo, diretor do HACO, e professor Amarilio, presidente do HCPA, na instalação das barracas

Equipes do HCPA e do HACO atuaram conjuntamente

Page 23: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

2222

No final da primeira quinzena de julho, o perfil dos que

procuravam as barracas começou a se modificar rapidamente.

Já não eram mais apenas pessoas em busca de informações,

mas indivíduos com sintomas de gripe em diferentes níveis

e estágios. Acompanhando os novos protocolos13 de atendi-

mento oficiais, a coleta de material de exame começou a ser

feita apenas nos pacientes que apresentassem formas graves

da infecção e alguns destes, de acordo com a avaliação médi-

ca, passaram a ser encaminhados para internação hospitalar,

onde eram tratados com oseltamivir e demais cuidados. Os ca-

sos mais simples inicialmente eram liberados para tratamento

em casa, apenas com orientações sobre os cuidados a serem

tomados. Gradualmente, com a flexibilização nos protocolos14

de uso do medicamento, qualquer paciente sintomático pas-

sou a deixar as barracas já tendo tomado a primeira dose do

medicamento e levando o restante do tratamento para ser

continuado em sua residência.

Em agosto, novamente o perfil dos pacientes sofreu modifi-

cações. Enquanto, em julho, a procura por atendimento nas bar-

racas fora grande, mas com baixo índice de gravidade, em agosto

a situação se inverteu: o número de pacientes teve uma ligeira

queda, mas a gravidade dos casos cresceu sensivelmente, exi-

gindo mais exames complementares e maior número de inter-

nações. A dispensação de oseltamivir foi igualmente ampliada.

O trabalho nas barracas caracterizou-se pela organização e di-

namismo. Um formulário específico para atendimento dos casos

foi criado pelas equipes, facilitando a identificação e o registro dos

Em julho, procura dos pacientes foi intensa

Atendimentos no hospital de campanha começaram em 1º de julho

No início, a comunidade buscava, principalmente, informações

13 . MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolo de manejo clínico e vigilância epidemiológica da

Influenza A (15.07.2009). Disponível em: < http://www.saude.pe.gov.br/influenza/influen-

za_protocolo_15_07_2009.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2009.

14 . CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Protocolo de indicações para o uso do

oseltamivir (31.07.2009). Disponível em: < http://www.saude.rs.gov.br/dados/1250178715

46712500941214121249343392183USO_TAMIFLU_31_07_09.pdf>. Acesso em: 15 ago. 2009.

Page 24: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

23

sintomas pelos técnicos de enfermagem e o encaminhamento

devido a cada situação. Da mesma forma, os profissionais desen-

volveram fluxogramas (ver figura 1), protocolos de atendimento e

receitas padronizadas. Em consequência, mesmo nos momentos

de demanda mais crítica, o tempo de espera não superou uma

hora. Para proporcionar mais conforto para os pacientes, em

agosto o HACO instalou uma terceira barraca, que serviu como

sala de espera para pacientes aguardando resultados de exames.

Tudo isto aconteceu em meio a um dos invernos mais rigo-

rosos do Rio Grande do Sul nos últimos anos. Recorrentes tem-

peraturas de um dígito, vento e chuva, no entanto, não diminu-

íram a dedicação dos profissionais que atuaram nas barracas.

A equipe de enfermagem do Serviço de Emergência – com-

posta por 32 enfermeiros e 104 técnicos – adaptou suas escalas,

cancelou folgas, adiou férias e ampliou horas extras para dar con-

ta do atendimento normal da Emergência ao mesmo tempo em

que absorvia a nova demanda das barracas. Os grupos escalados

para o hospital de campanha eram formados por um enfermeiro

e dois técnicos de enfermagem por turno, das 8h às 18h.

Professores, médicos contratados e residentes de diferen-

tes serviços médicos prontamente voluntariaram-se para rea-

lizar o atendimento nas barracas. O Serviço de Medicina Inter-

na e a Unidade de Infectologia responsabilizaram-se, a partir

de 25 de julho, pelo turno das 8h às 13h, sete dias por semana,

organizando escalas entre os 80 integrantes da equipe. Já no

turno da tarde houve rodízio entre profissionais de diversas

especialidades: Atenção Primária à Saúde, Cardiologia, Cirur-

gia Geral, Emergência, Endocrinologia, Fisiatria e Reabilitação,

Genética Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Hematologia Clí-

nica, Hemoterapia, Medicina Nuclear, Neurologia, Nutrologia,

Oncologia, Oncologia Pediátrica, Pediatria, Pneumologia, Psi-

quiatria, Psiquiatria da Infância e Adolescência, Radioterapia,

Reumatologia, Urologia, Nefrologia e Mastologia.

Desmontagem das barracas simbolizou o fim da mobilização especial

Em 23 de setembro, atividades foram encerradas

Emergência responsabilizou-se pelo atendimento no turno da noite

Page 25: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

24

Page 26: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

25

Figura 1 - Exemplo de fluxograma criado pelas equipes atuantes nas barracas

Page 27: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

26

Lado a lado com estas equipes, estavam os médicos e técnicos de enfermagem do

Hospital de Aeronáutica de Canoas, cuja contribuição foi fundamental para a qualidade e

agilidade dos serviços.

Ao mesmo tempo, a equipe administrativa do Serviço de Emergência mobili-

zou-se para fazer frente às novas demandas, colaborando no abastecimento de

suprimentos das barracas, na agilização dos exames e internações e no cadastro e

registro dos mais de 9,2 mil atendimentos no sistema informatizado do HCPA.

A esses esforços, somaram-se os de diferentes áreas do HCPA, que deram total

suporte logístico ao bom funcionamento das barracas e do Serviço de Emergên-

cia. Na medida em que começaram a surgir os casos mais graves, os leitos de in-

ternação e de terapia intensiva foram liberados prioritária e rapidamente para os

pacientes encaminhados pelas barracas e pela Emergência, constituindo um fluxo

ágil que ainda não havia sido praticado no HCPA, especialmente em um contexto

de sobrecarga de atendimento. Farmácia, Comissão de Controle de Infecção Hos-

pitalar, Laboratório de Patologia Clínica, Radiologia, Serviço Social e outras áreas

deram total apoio às demandas dos profissionais que estavam na linha de frente.

Foi igualmente maciça a adesão das equipes às medidas de proteção, tanto no

uso de máscaras quanto na constante higienização das mãos, a fim de evitar a con-

taminação dos profissionais e a disseminação do vírus a pacientes e colegas.

Todos os que fizeram parte desta frente concordam: o Hospital de Clínicas cum-

priu seu dever com a sociedade e adquiriu um aprendizado inestimável para situ-

ações futuras, tanto na ocorrência de emergências e catástrofes quanto na gestão

do atendimento centrada nas melhores práticas assistenciais.

Indicadores

O resultado desses esforços coletivos foi a realização de mais de 9 mil atendi-

mentos a casos de pacientes com suspeita de infecção por Influenza A-H1N1 em

pouco menos de três meses, sem comprometer o funcionamento habitual do Ser-

viço de Emergência nem colocar em risco os pacientes da instituição.

A tabela 2 demonstra a evolução diária destes atendimentos, com início na UBS,

em 26 de junho, e passando para as barracas, de 1º de julho a 23 de setembro.

Page 28: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

27

Tabela 2 – Indicadores de atendimento na UBS e barracas – 26 jun. 2009 a 23 set. 2009

DATA ATENDIMENTOS DATA ATENDIMENTOS DATA ATENDIMENTOS

26/06 7 26/07 167 25/08 88

27/06 4 27/07 250 26/08 90

28/06 3 28/07 256 27/08 74

29/06 17 29/07 249 28/08 53

30/06 19 30/07 256 29/08 40

1º/07 46 31/07 223 30/08 32

2/07 48 1º/08 166 31/08 66

3/07 119 2/08 133 1º/09 65

4/07 91 3/08 224 2/09 64

5/07 69 4/08 237 3/09 37

6/07 164 5/08 217 4/09 30

7/07 96 6/08 205 5/09 29

8/07 103 7/08 147 6/09 27

9/07 86 8/08 69 7/09 29

10/07 50 9/08 62 8/09 47

11/07 64 10/08 178 9/09 41

12/07 51 11/08 146 10/09 44

13/07 84 12/08 150 11/09 39

14/07 169 13/08 186 12/09 18

15/07 179 14/08 141 13/09 18

16/07 146 15/08 102 14/09 37

17/07 171 16/08 65 15/09 34

18/07 157 17/08 103 16/09 41

19/07 174 18/08 113 17/09 68

20/07 200 19/08 113 18/09 42

21/07 266 20/08 128 19/09 28

22/07 303 21/08 83 20/09 15

23/07 216 22/08 49 21/09 30

24/07 150 23/08 47 22/09 41

25/07 124 24/08 93 23/09 30

TOTAL: 9.231 ATENDIMENTOS

Page 29: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

28

Assim como houve grande procura pelas barracas durante o dia, muitos foram

os pacientes com sintomas gripais que demandaram atendimento na Emergência

no turno da noite, ao longo de todo o período de atuação do HCPA na frente contra

a Gripe A. Embora esta movimentação específica tenha começado a ser contabili-

zada apenas mais tarde, em 21 de agosto, os indicadores disponíveis desta data

até 23 de setembro (ver tabela 3) proporcionam uma ideia sobre a dimensão da

assistência prestada a casos suspeitos na faixa das 18h às 8h:

Ao longo de todo período, os atendimentos nas barracas geraram 92 interna-

ções. Os demais casos foram de resolução ambulatorial.

Observa-se que a maior demanda ocorreu da segunda quinzena de julho a me-

ados da primeira quinzena de agosto, com o pico no dia 22 de julho, quando as

barracas receberam 303 pacientes.

O gráfico 2 possibilita a visualização da evolução dos atendimentos:

Gráfico 2 – Evolução dos atendimentos na UBS e barracas – 26 jun. 2009 a 23 set. 2009

Page 30: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

29

Tabela 3 – Indicadores de atendimento noturno na Emergência – 21 ago. 2009 a 23 set. 2009

DATA ATENDIMENTOS DATA ATENDIMENTOS DATA ATENDIMENTOS

21/08 67 2/09 63 14/09 64

22/08 54 3/09 53 15/09 70

23/08 55 4/09 67 16/09 62

24/08 86 5/09 54 17/09 47

25/08 84 6/09 61 18/09 50

26/08 58 7/09 41 19/09 48

27/08 78 8/09 74 20/09 47

28/08 78 9/09 43 21/09 65

29/08 58 10/09 44 22/09 62

30/08 99 11/09 46 23/09 49

31/08 79 12/09 37 Total no período: 2.042

1º/09 52 13/09 47

Page 31: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

30

NOVAS DEMANDAS, NOVAS ESTRATÉGIAS:Internação e CTIs adaptam-se para atender casos de gripe

Na segunda quinzena de julho, o crescente número de atendimentos gerou a ne-

cessidade de adoção de novas estratégias por parte do HCPA, pois uma quantidade

também ascendente de pacientes passou a apresentar quadros de maior gravidade,

demandando internação ou mesmo, em situações extremas, cuidados intensivos.

Internação de adultos: protocolos para tratamento e agilidade na alta

Inicialmente, os pacientes que necessitavam de internação eram encaminha-

dos para os leitos disponíveis em diferentes unidades. Com a escalada da Gripe

A, no entanto, isto poderia aumentar o risco de disseminação do vírus, ao expor

pacientes internados e profissionais de saúde. Além disso, foi identificada a neces-

sidade de uniformização das condutas clínicas no contexto de uma infecção com

curso ainda não completamente conhecido, de maneira a estabelecer o pronto

reconhecimento dos casos graves e das necessidades de internação, bem como

definir critérios seguros de alta, visando responder à elevada demanda de atendi-

mento com a agilidade necessária.

No dia 30 de julho, o Serviço de Medicina Interna apresentou à Vice-presidência

Médica do HCPA a proposta de centralizar as internações, assumindo-as integral-

mente a partir de uma única equipe assistencial, coordenada pela professora res-

ponsável pelo Serviço e integrada por dois médicos contratados e dois residentes

da especialidade, além de um médico residente da Unidade de Infectologia.

A proposta entrou imediatamente em execução. Os pacientes de Gripe A pas-

saram a internar exclusivamente sob a responsabilidade da equipe da Medicina

Interna, nos 23 leitos do 9º Andar – Ala Sul, adaptado para a nova circunstância. Tal

adaptação incluiu modificações profundas na rotina assistencial do Clínicas, entre

elas a suspensão temporária das cirurgias eletivas (não-urgentes) de grande porte,

proporcionando a disponibilidade de leitos no 9º Sul, que é uma unidade de inter-

Page 32: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

31

nação cirúrgica, e também no Centro de Tratamento Intensivo. A medida prevale-

ceu até 31 de agosto, quando as cirurgias eletivas voltaram a ocorrer.

Aproveitando o conhecimento e experiência dos professores da Medicina In-

terna, a equipe estabeleceu um protocolo clínico de investigação e atendimento,

aplicado uniformemente a todos os pacientes com suspeita de Gripe A. Ao mesmo

tempo, definiu um critério específico de alta: os pacientes internados passaram a

deixar o hospital não completamente curados, mas convalescentes, sob vigilân-

cia médica, de maneira a promover uma rápida rotatividade nos leitos. O doente

recebia tratamento e acompanhamento até apresentar melhora significativa e au-

sência de riscos – sem disfunção pulmonar nem parâmetros de gravidade – , quan-

do, então, era liberado para retornar a sua residência, munido de recomendações

sobre os cuidados necessários e orientado a procurar os profissionais em caso de

dúvidas ou de uma eventual recaída. Assim, podia concluir sua recuperação domi-

ciliarmente e mantendo o vínculo com o hospital.

A equipe da Medicina Interna também assumiu integralmente a revisão dos

pacientes, a qualquer dia e horário, quantas vezes fossem necessárias, a fim de

assegurar a uniformidade no atendimento. Sua forma de organização e ação fez

com que passasse a ser requisitada, inclusive, para o acompanhamento das ges-

tantes que estavam sendo atendidas no Centro Obstétrico. Ao mesmo tempo,

atuou no monitoramento de pacientes internados no Serviço de Emergência e

No 9º Andar - Ala Sul, foi centralizada a internação de pacientes adultos

Page 33: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

32

atendidos nas barracas, o que assegurou um fluxo dinâmico de internações gera-

das nestes locais.

Esse conjunto de ações permitiu uma atuação decisiva do HCPA tanto na entra-

da quanto na saída da internação, equacionando, durante a epidemia, os principais

gargalos do fluxo assistencial.

Outra medida que prevaleceu foi o tratamento precoce da doença, ou seja,

a administração do fosfato de oseltamivir desde as primeiras manifestações dos

sintomas de síndrome gripal, independentemente da confirmação de resultados

de exames específicos sobre a infecção pelo vírus H1N1. Na medida em que os

protocolos oficiais sobre a administração do medicamento foram se flexibilizando,

observou-se a redução na incidência de casos graves e a recuperação mais rápida

dos pacientes tratados precocemente.

Indicadores

A eficácia das estratégias adotadas pelo HCPA pode ser observada nos indica-

dores assistenciais alcançados: a média de permanência dos internados por gripe

foi de 2,7 dias, tempo curto que possibilitou uma alta rotatividade de pacientes, o

Gráfico 3 – Internações de casos suspeitos de Influenza A-H1N1 – 20 jul. a 14 set. 2009

Page 34: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

33

que representou a possibilidade de assistência a um elevado número de pessoas –

190 pacientes adultos foram internados em um período de 52 dias, de 20 de julho

a 14 de setembro, conforme demonstra o gráfico 3. Ficou igualmente comprovado

que, em determinadas situações, é possível receitar alta precoce sem prejudicar o

resultado assistencial.

Cabe ressaltar que o sucesso das medidas esteve diretamente relacionado à

intensa mobilização dos médicos, à atuação sinérgica entre diversas áreas do hos-

pital e à ação de diferentes equipes profissionais. Na unidade de internação des-

tinada provisoriamente a pacientes suspeitos de Influenza A-H1N1, destacou-se

a indispensável e decisiva colaboração dos serviços de Enfermagem Médica, En-

fermagem Cirúrgica e Enfermagem em Centro Cirúrgico; de serviços diagnósticos

como a Patologia Clínica e a Radiologia; e de inúmeras áreas de apoio (Farmácia,

CCIH, Serviço Social e Higienização, entre outras).

Terapia Intensiva de adultos: atenção aos pacientes gravesAo mesmo tempo em que se organizava a internação de pacientes, uma nova

frente de ação tornou-se necessária: a de atendimento aos casos graves, que re-

queriam cuidados intensivos.

O Centro de Tratamento Intensivo de Adultos (CTI) começou a ampliar sua atu-

ação no final de julho. Na semana de 20 a 27 daquele mês, passou a definir, com

o apoio da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, para onde eventuais pa-

cientes deveriam ser encaminhados e quais as medidas de isolamento, controle e

prevenção a serem adotadas.

Foi a partir dessa data que se registrou, no Serviço de Emergência, uma alta

incidência de casos graves, e estes passaram a ser encaminhados para o CTI. Bastou

uma semana para que os 13 leitos de sua Unidade 2 estivessem totalmente ocupa-

dos por pacientes com suspeita de Gripe A, apresentando síndromes respiratórias

agudas, necessitando de ventilação mecânica e, em vários casos, de hemodiálise.

No momento mais crítico, esses 13 leitos se tornaram insuficientes, sendo ne-

cessário destinar também duas das 21 vagas do CTI - Unidade 1 e Cardíaca (normal-

mente reservadas a portadores de patologias cardíacas e clínico-cirúrgicas graves)

Page 35: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

34

para pacientes com gripe: o HCPA tinha, então, 15 adultos com suspeita de contá-

gio pelo vírus H1N1 em terapia intensiva.

Para atender a essa demanda, as equipes Médica, de Enfermagem em Terapia

Intensiva e de Fisioterapia desdobraram-se, realizando escalas especiais e horas

extras, a fim de dar cobertura ao aumento de trabalho e aos colegas afastados por

suspeita de gripe. Contaram, ainda, com o apoio de outras áreas, como CCIH, Far-

mácia, Nefrologia e Enfermagem Cardiovascular, de Nefrologia e Imagem.

Da mesma forma, foi necessário incrementar o parque de equipamentos, o que foi

feito através de parceria com a Secretaria Estadual da Saúde, que cedeu oito aparelhos

de ventilação mecânica.

Frente a essa situação, mais uma vez se mostrou indispensável a medida, men-

cionada anteriormente, de suspensão temporária das cirurgias eletivas, as quais

muitas vezes encaminham pacientes para o CTI. No entanto, o Clínicas não podia

deixar de realizar procedimentos de urgência, que igualmente requerem leitos de

intensivismo. Isto fez com que a instituição antecipasse, em vários meses, a inaugu-

ração de uma nova área do CTI – a Unidade 3 –, que estava em implantação. Com a

colaboração das equipes da Gerência Administrativa e da Gerência de Engenharia,

as obras foram aceleradas e os materiais, equipamentos e recursos humanos, provi-

denciados. Em meados de agosto, a nova ala entrou em funcionamento, colocando

mais cinco leitos à disposição. Em caráter emergencial, foram contratados médicos

intensivistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas, que haviam

participado de processo seletivo e aguardavam chamamento. Os novos médicos,

além de serem lotados no CTI-Unidade 3, também passaram a atuar junto à Sala

de Recuperação Pós-anestésica, para auxiliar no manejo de pacientes graves em

Casos graves lotaram o CTI de adultos

Page 36: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

35

pós-operatório imediato. Desta forma, houve maior disponibilidade de leitos e se

reiniciaram as cirurgias de grande porte.

Para o atendimento à gripe, foram colocados à disposição profissionais alta-

mente qualificados no manejo de casos de maior complexidade, que requerem

cuidados intensivos. Apesar de seu treinamento e experiência, eles tiveram que

lidar com um ambiente de estresse extremo: em toda sua história, o CTI do Hospital

de Clínicas nunca tinha vivenciado uma situação como essa, em que um grande

número de pacientes, em sua maioria jovens, apresentavam quadro de alta gravi-

dade, muitas vezes evoluindo mal, com risco de morte, em função de uma gripe.

Unidade 3 do CTI foi inaugurada em tempo recorde

Durante a realização de todas estas adaptações da infraestrutura do CTI para enfrentar a epidemia, várias medidas foram adotadas visando à proteção da equi-pe assistencial e dos pacientes, com grande adesão por parte dos profissionais, através do uso permanente de equipamentos de proteção individual, como más-caras e aventais descartáveis, juntamente com a rigorosa higienização das mãos. Além disso, restringiu-se a circulação de pessoas na área do CTI, inclusive com a redução no horário de visitas, como forma de reduzir o risco de transmissão da doença.

Este aprendizado incorporou-se às práticas da unidade, que, mais do que nun-ca, está vigilante e preparada para enfrentar situações de excepcionalidade.

Page 37: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

36

IndicadoresDurante a campanha contra a Influenza A-H1N1, o CTI atendeu 26 pacientes com

suspeita clínica forte de contágio pelo novo vírus. O período de maior criticidade no CTI foi a semana de 27 de julho a 2 de agosto, em que ocorreram 14 internações.

A idade média dos pacientes era de 35 anos. O tempo de internação ficou, na média, em 16 dias e o de ventilação mecânica, em 15 dias. Houve 10 óbitos, o equi-valente a 38% dos casos suspeitos atendidos pelo CTI.

Gráfico 4 – Internações no Centro de Tratamento Intensivo de Adultos

Pediatria e UTIP: cuidados com as crianças

Aprendizado similar ficou consolidado na Internação Pediátrica e na Unidade

de Tratamento Intensivo Pediátrico (UTIP). Nestes locais, com o trabalho cotidiano

durante a epidemia, os profissionais envolvidos – médicos e equipe da Enferma-

gem Pediátrica – confirmaram que o vírus da Influenza pode se tornar um agente

extremamente agressivo, sendo necessário manter, dentro e fora do hospital, uma

cultura de respeito à gripe.

Tal postura se faz ainda mais necessária junto às populações suscetíveis, como

as crianças com idade inferior a dois anos, e principalmente no inverno. Nesta épo-

Page 38: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

37

ca do ano, cerca de 80% dos leitos da Internação Pediátrica e da UTIP do Clínicas

são ocupados por crianças com doença respiratória aguda, sujeitas a complicações

e também à transmissão a seus familiares, a visitantes e aos profissionais do hospi-

tal. Assim, durante a epidemia da Gripe A-H1N1, foram implantados, nestas unida-

des, mecanismos de proteção, como a restrição na circulação de pessoas, a fim de

reduzir o contágio.

Na Pediatria e UTI Pediátrica, cuidados especiais com as crianças

IndicadoresEm termos numéricos, no atendimento pediátrico as mudanças impostas pela

epidemia não foram sentidas de forma tão intensa quanto na assistência direcio-

nada aos adultos. Isto porque todos os anos, no período de maio a setembro, as

equipes médica, de enfermagem e administrativa da internação pediátrica e da

UTIP estão habituadas a conviver com quadros de superlotação ocasionados por

epidemias gripais – causadas pelo vírus da influenza sazonal ou da parainfluenza,

vírus sincicial respiratório (VSR) ou adenovírus.

A diferença foi que, neste ano, agregou-se ao rol de agentes causadores o vírus

H1N1, com potencial de morbidade e mortalidade possivelmente maior. De 28 de

junho a 23 de setembro de 2009, ocorreram 164 internações. Destes casos, 92 ti-

nham diagnóstico confirmado até o final de setembro, sendo 16 deles de contágio

pelo vírus H1N1, como demonstrado no gráfico 5.

Page 39: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

38

Gráfico 5 – Internações na Pediatria e UTIP – 28 jun. a 23 set. 2009

A existência, até o final de setembro, de 72 casos com vírus ainda não diagnos-

ticados revela um dos principais problemas vivenciados pela Pediatria e UTI Pedi-

átrica durante a epidemia de Influenza A-H1N1: em uma única enfermaria poderia

reunir-se um verdadeiro mix de vírus, exigindo cuidados redobrados nas medidas

de higiene e proteção.

Em meio às novidades e incertezas introduzidas pela nova gripe, a internação

pediátrica e a UTIP também analisam um dado inicial, ainda em discussão nos

meios científicos: o de que o tratamento precoce com oseltamivir para os pacien-

tes de risco parece proporcionar maior proteção aos pacientes, evitando a evolu-

ção para quadros mais graves. Esta constatação é reforçada por artigo publicado

na Pediatrics, uma das publicações de maior respeitabilidade internacional na área

da Pediatria, intitulado O efeito do oseltamivir nas complicações relacionadas com a

Influenza em crianças15. Este estudo, realizado nos Estados Unidos, mostrou resul-

tados positivos com o uso do medicamento nas fases iniciais de manifestação dos

sintomas de Influenza.

15. Disponível em: <http://pediatrics.aappublications.org/cgi/content/abstract/124/1/170>.

Page 40: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

39

MEDICAMENTOS:Mobilização intensa para assegurar tratamento

A obtenção e a dispensação do medicamento indicado para o tratamento dos

casos suspeitos de Influenza A-H1N1 – o fosfato de oseltamivir – constituíram um

capítulo à parte no trabalho do HCPA de enfrentamento à epidemia da nova gripe.

No início, o hospital não recebia o medicamento diretamente da Secretaria Es-

tadual da Saúde. Para obtê-lo, reunia a cada dia os laudos de pacientes com indi-

cação de tratamento e apresentava-os no Hospital de Pronto Socorro – posto de

dispensação da Secretaria Estadual da Saúde – para retirada. Com a escalada da

doença, no entanto, este procedimento mostrou-se lento e complicado para dar

conta da demanda. Reunida em um final de semana para analisar o problema, e

prevendo possíveis dificuldades de abastecimento na semana seguinte, a Admi-

nistração Central do HCPA procurou, no domingo, o secretário estadual da Saúde,

solicitando, e obtendo, autorização para que a instituição passasse a receber dire-

tamente o oseltamivir.

A primeira remessa foi de 5 mil comprimidos, que duraram por apenas uma se-

mana, tal era o volume de atendimentos. Para manter os estoques adequados à de-

manda, o Serviço de Farmácia redobrou as orientações a respeito da necessidade

de correto preenchimento, por parte dos médicos que atendiam nas barracas, do

laudo de notificação da Gripe A, a ser obrigatoriamente encaminhado à Secretaria

na solicitação de novas unidades.

Uma vez organizado este processo, surgiu novo alerta, causado pela notícia

de que poderia ocorrer falta dos comprimidos receitados aos pacientes adultos.

Ao mesmo tempo, o Laboratório Roche, fabricante do Tamiflu (nome comercial do

oseltamivir), anunciou a suspensão da produção da solução oral utilizada pelas

crianças.

Solucionando parte do impasse, o Ministério da Saúde disponibilizou seu es-

toque da matéria-prima, na forma de pó, do oseltamivir, feito no passado, quando

havia ocorrido o risco de uma epidemia de Gripe Aviária. O Laboratório Farmagui-

Page 41: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

40

nhos, da Fundação Oswaldo Cruz, passou a produzir as cápsulas e distribuí-las aos

serviços de saúde para o tratamento dos adultos. Mas permanecia o problema das

crianças, que necessitavam da solução oral.

A Secretaria Estadual da Saúde cogitou, então, a possibilidade de enviar a ma-

téria-prima aos serviços de saúde para que estes a manipulassem, produzindo, eles

próprios, a solução oral. O assunto entrou em discussão, a Secretaria começou a

buscar outras alternativas – como o estabelecimento de parceria com uma indús-

tria privada –, mas a situação não se definia.

Embora o HCPA possua uma farmácia semi-industrial para pequenas manipula-

ções, esta não estava preparada para o tamanho da nova demanda que surgiria –

ainda mais que a substância, por oferecer riscos ao manipulador, exige preparo em

uma estrutura de proteção denominada capela. No entanto, a possível necessida-

de começava a se tornar cada vez mais concreta, e rapidamente foram analisadas

todas as alternativas. Primeiro, pensou-se em utilizar a nova Central de Nutrição

Parenteral e Quimioterapia (CNPQ), mas esta área a inaugurar ainda não estava de-

vidamente equipada. A opção, ao final, foi pela CNPQ antiga, que seria utilizada

durante a noite, após o turno de produção dos preparados de quimioterapia em-

pregados pelo hospital.

A todo momento, a Farmácia do HCPA entrava em contato com a Secretaria Es-

tadual e o Ministério, em busca de novidades, enquanto observava seus estoques

de oseltamivir sendo reduzidos dia após dia, sem previsão de reposição. O ápice

ocorreu quando eles ficaram restritos a três frascos. Então, uma farmacêutica foi

Farmácia teve atenção permanente para garantir disponibilidade do oseltamivir

Page 42: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

41

A ameaça de falta da solução pediátrica causou apreensão e tensão

escalada para, naquela mesma noite, dar início à manipulação da solução a partir

das cápsulas. No final da tarde, os comprimidos foram encaminhados para a CNPQ

e o trabalho estava prestes a iniciar. Quase ao mesmo tempo, porém, chegou a

notícia: a Secretaria da Saúde acabara de enviar ao hospital o primeiro lote da nova

solução, produzido em parceria com a iniciativa privada. Estava equacionado o

problema.

Mesmo assim, a atuação do Serviço de Farmácia do HCPA continuou sendo in-

tensa, pois diversos detalhes precisavam ser observados a fim de garantir a segu-

rança e qualidade da assistência. Por exemplo: a nova solução oral possuía concen-

tração de 15 mg/ml, enquanto a da anteriormente fornecida pela Roche era de 12

mg/ml, o que exigia especial orientação às equipes médicas para que não adminis-

trassem uma dosagem errada. Ao mesmo tempo, as crianças apresentavam baixa

tolerabilidade à solução de oseltamivir, devido a seu gosto extremamente desagra-

dável. Como o medicamento não apresenta interação com alimentos ou bebidas,

era ministrado, para os pacientes internados, juntamente com alimento ou bebida.

O problema estava nas barracas, onde a criança levava o medicamento e poderia

não querer tomá-lo em casa devido ao sabor ruim. A Farmácia pensou, então, em

um primeiro momento, em distribuir juntamente um xarope de framboesa, para

Page 43: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

42

que a mãe misturasse ao remédio. Mas surgiu o temor de que, nas residências, os

familiares, por desconhecimento ou por pena das crianças, acabassem dando ape-

nas o xarope, sem o medicamento. A opção, então, foi por continuar fornecendo

somente o oseltamivir, com orientações reforçadas de que fosse misturado com

suco ou água com açúcar em caso de resistência dos pacientes.

Outra frente que exigiu intensa atuação da Farmácia foi a de produção de pro-

dutos de limpeza – como hipoclorito e detergente – e, principalmente, de álcool gel,

recomendado para a higienização das mãos a fim de evitar a propagação do vírus.

Habitualmente, a produção mensal de álcool gel pela Farmácia Semi-industrial é de

mil frascos individuais. De uma hora para outra, este número cresceu para 10 mil.

Tal acréscimo exigia maior disponibilidade de toda matéria-prima envolvida:

álcool, carbopol, frascos... Nestes últimos estava o maior problema, pois os forne-

cedores do hospital não possuíam estoques, uma vez que o aumento da procura

pelo produto era generalizado no mercado. A Gerência de Suprimentos intensifi-

cou buscas e contatos, até que conseguiu adquirir os frascos necessários. O álcool

gel foi produzido e envasado e aí surgiu uma nova dificuldade: fechar e rotular

manualmente os frascos, em volume dez vezes superior ao normal. Os 68 funcio-

nários da Farmácia, que já vinham reescalonando e ampliando suas jornadas de

trabalho, mobilizaram-se para mais esta tarefa e, em um intenso mutirão, conse-

guiram realizá-la.

Na Pediatria e UTI Pediátrica, cuidados especiais com as crianças

Page 44: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

43

Gráfico 6 – Tratamentos de oseltamivir dispensados por semana – 5 jul. a 19 set. 2009

A equipe da Farmácia também esteve permanentemente presente através das

ações de farmacovigilância, monitorando as reações adversas do oseltamivir, que

nunca antes havia sido utilizado em tão grandes proporções no Brasil. Ao mesmo

tempo, deu atenção especial a unidades como o CTI, que atende pacientes mais

complexos e instáveis, exigindo prescrições medicamentosas diferenciadas. Prin-

cipalmente na Área 2 do CTI, onde estavam concentrados pacientes com quadros

respiratórios graves, cresceu o uso de sedativos, exigindo atuação constante da

Farmácia, inclusive para, em conjunto com a Gerência de Suprimentos, estabelecer

um planejamento detalhado para que nada faltasse.

Indicadores

Apesar de tantas atividades e tantos sobressaltos, em nenhum momento falta-

ram medicamentos para os pacientes do HCPA. O gráfico 6 demonstra o número de

tratamentos de oseltamivir dispensados semanalmente, de 5 de julho a 19 de se-

tembro de 2009, totalizando 2.224 tratamentos no período. Na sequência, o gráfico

7 apresenta os percentuais de uso do medicamento pelas diferentes faixas etárias,

tomando como amostragem o período de 23 de julho a 2 de setembro.

Page 45: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

44

Gráfico 7 – Dispensação de oseltamivir por faixa etária – 23 jul. a 2 set. 2009

Page 46: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

45

CONTROLE DE INFECÇÃO:Vigilância e ação permanentes para conter o vírus

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) foi uma das primeiras

áreas do HCPA a entrar em ação na mobilização contra a Influenza A-H1N1 e nela

esteve envolvida ao longo de todo o tempo, nas diferentes frentes. Afinal, se tra-

tava de uma variante nova e desconhecida de gripe, a exigir a constante busca e

divulgação de informações e uma vigilância permanente para que, em cada estra-

tégia definida e em cada transformação sofrida pelo hospital, fossem reduzidos

os riscos de contágio e propagação do vírus. Fazia-se necessária, por outro lado, a

orientação permanente aos profissionais de saúde para que adotassem medidas

individuais de proteção.

A atuação da CCIH iniciou antes mesmo que o hospital começasse a participar

da rede de atendimento aos casos suspeitos, recebendo questionamentos a res-

peito das precauções necessárias, feitos por pessoas de dentro e de fora do hospi-

tal a partir do surgimento de notícias sobre a nova gripe.

Nas primeiras reuniões promovidas pelas secretarias Estadual e Municipal da

Saúde, com a participação de diversos hospitais, para definição de futuras estra-

tégias conjuntas de atuação, a CCIH estava presente. Da mesma forma, foi aciona-

da desde as deliberações iniciais no HCPA e atuou intensamente na viabilização e

acompanhamento dos atendimentos na UBS, barracas, internação, CTI e UTIP.

Tudo acontecia de forma muito dinâmica. A cada momento, modificavam-se di-

retrizes, condutas e demandas, exigindo agilidade na obtenção e acompanhamen-

to de informações. Assim, diariamente, a equipe da CCIH acompanhava a literatura

técnica nacional e internacional e as diretrizes dos gestores locais da saúde. Além

disso, duas vezes por dia, atenta à movimentação assistencial dentro do próprio

HCPA, alimentava o banco de dados sobre o atendimento aos casos suspeitos da

nova gripe, que subsidiavam novas estratégias e ações.

Os 20 integrantes da CCIH (entre profissionais e estagiários) mobilizaram-se in-

tensamente para dar conta da nova demanda trazida pela Gripe A, sem deixar de

Page 47: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

4646

lado as demais necessidades do hospital – como o controle

de germes multirresistentes, o surto do Acinetobacter spp. e

a divulgação dos indicadores de controle de infecção, como

as taxas de infecção hospitalar. Assim, os turnos de trabalho

expandiram-se e uma escala de sobreaviso foi formada para

que, a qualquer dia e horário, os profissionais pudessem con-

sultar a CCIH em busca de orientações e esclarecimentos.

A atuação da CCIH estendeu-se às questões relacionadas à

proteção dos profissionais de saúde. Como havia pouca infor-

mação disponível sobre a Influenza A-H1N1, as condutas re-

comendadas nacional e internacionalmente eram adaptadas

a partir dos conhecimentos sobre a influenza sazonal, com a

existência, em algumas ocasiões, de diferentes interpretações,

o que exigia especial atenção por parte da CCIH. Foi o que

aconteceu, por exemplo, na evolução das orientações sobre o

uso de máscaras para proteção dos profissionais da saúde. Em

um determinado momento, enquanto o Centers for Disease

Control and Prevention (CDC/EUA) mantinha a recomendação

de uso da máscara N95 (a “bico de pato”), a Sociedade Ameri-

cana de Epidemiologia Hospitalar (SHEA) antecipou a indica-

ção da máscara cirúrgica. Diante do impasse, a CCIH analisou

todos os fatores envolvidos – a eficácia comprovada deste tipo

de máscara em situações similares, o custo inferior, a maior

disponibilidade no mercado e o menor desconforto causado

aos usuários – e adotou as recomendações da SHEA (exceto

nos procedimentos invasivos), divulgando-as à comunidade

do hospital e esclarecendo aqueles profissionais que em um

primeiro momento sentiram-se inseguros com a medida, por

estarem acostumados a consultar como fonte apenas o CDC.

Outra relevante frente de trabalho da Comissão foi na

definição de medidas destinadas a restringir a circulação de

Orientações sobre uso de máscaras mereceram atenção constante

Page 48: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

47

pessoas nas dependências do hospital, integrando o Grupo

de Mobilidade, formado pela Administração Central para se

dedicar exclusivamente a esta questão a fim de reduzir os ris-

cos de contágio (ver capítulo Mobilidade). A CCIH valeu-se do

episódio da Gripe A para enfatizar que é necessário reduzir

o público circulante no hospital, especialmente em áreas fe-

chadas, como CTI, UTIP e Neonatologia, em que há circulação

de germes resistentes, e principalmente durante o período de

inverno, quando aumenta o risco de transmissão de outros

patógenos, como os vírus respiratórios.

Igualmente destacado foi o foco na questão da higiene

das mãos, a qual, historicamente, mobiliza intensamente a

Comissão, e em abril de 2009 fora tema de uma campanha

lançada em conjunto com a Organização Pan-americana da Saú-

de (OPAS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com

a meta de consolidar esta prática entre os profissionais de saú-

de. Durante a epidemia de Influenza A-H1N1, o alerta sobre a

importância e eficácia desta medida foi acentuado. Ampliou-

se a distribuição de álcool gel – tanto através de frascos indi-

viduais quanto da instalação de dispensadores nas unidades,

corredores e elevadores – e, nos encontros da CCIH com o cor-

po clínico, a importância da higiene de mãos foi enfatizada.

Indicadores

Os resultados obtidos no período foram positivos. O con-

sumo de álcool gel aumentou dez vezes e, pela primeira vez,

atingiu-se a meta de higienização das mãos por 70% dos pro-

fissionais envolvidos na assistência, indicador que, nos últi-

mos anos, vem se mantendo estável, em torno do patamar de

56% (ver gráfico 8):

CCIH enfatizou importância da higiene de mãos com álcool gel

Page 49: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

48

Gráfico 8 – Taxa de higiene de mãos no CTI de adultos – Jul. 2006 a ago. 2009

Ao mesmo tempo, inverteu-se a relação histórica entre a higiene das mãos com

água e sabão e a feita com álcool gel, que sempre demonstrava uma preponde-

rância da primeira (2/3) contra a segunda (1/3). No mês de agosto de 2009, 73%

dos profissionais adotaram o uso de álcool gel e apenas entre 27% prevaleceu a

utilização de água e sabão (ver gráfico 9):

Gráfico 9 – Comparação das taxas de higiene das mãos com álcool gel e água e sabão noCTI de Adultos – Jul. 2006 a ago. 2009

Page 50: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

49

Em consequência, observou-se a redução na taxa de germes multirresistentes,

como demonstra o gráfico 10:

Gráfico 10 – Taxa de infecção por germes multirresistentes– Jan. 2006 a ago. 2009

O grande desafio da CCIH, após o final desta primeira onda de infecções, é pre-

servar os resultados positivos alcançados no período. Para isto, já planeja novas

campanhas e ações de conscientização e recomenda que os hábitos de higiene

de mãos incorporados no episódio da Gripe A-H1N1 sejam mantidos, tornando-se

uma prática habitual para todos os profissionais de saúde.

Page 51: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

50

MEDICINA OCUPACIONAL:Cuidando da saúde dos profissionais

Em paralelo a toda mobilização do HCPA para o atendimento aos casos suspei-

tos de Influenza A-H1N1 vindos da comunidade, desenvolveu-se uma outra frente:

a de assistência aos profissionais do próprio hospital atingidos pela nova gripe.

O Serviço de Medicina Ocupacional (SMO), responsável pelo atendimento aos

trabalhadores da instituição, esteve atento aos riscos desde o início da mobiliza-

ção institucional frente à epidemia. Assim, ao mesmo tempo em que se definiam

os primeiros atendimentos pela UBS, no final de junho, o SMO participava de reu-

niões, analisava as possíveis situações que estavam por vir e preparava-se para

atendê-las.

As rotinas de atendimento do SMO foram definidas, inicialmente, em reuniões

conjuntas com o Serviço de Emergência e, posteriormente, no Grupo Consultivo

formado pela Vice-Presidência Médica, com encontros diários. As primeiras rotinas

específicas entraram em vigor no dia 1º de julho, quando passou a ser utilizada

uma ficha para identificação dos sintomas a partir de nexo epidemiológico – ou

seja, os casos suspeitos deveriam envolver pessoas que tivessem realizado viagens

a países em que o vírus estava disseminado ou tido contato com pessoas vindas

dessas localidades. O funcionário sintomático era acolhido em uma sala à parte,

onde recebia máscara de proteção e atendimento por um médico ou enfermeiro

que se deslocava até o local, aplicando o questionário previsto na ficha. Se se en-

quadrasse nos critérios de suspeita, era encaminhado para atendimento nas barra-

cas, onde coletava material para exame. Evitava-se, desta maneira, a circulação, na

área do SMO, de casos de potencial risco de transmissão do vírus a outros pacientes

da unidade.

Com a posterior disseminação da Gripe A, a existência do nexo epidemiológico

deixou de ser importante, e as rotinas do SMO foram se adaptando à dinâmica.

Novas versões da ficha de controle foram adotadas: a segunda, avaliando sintomas

e gravidade do caso, e, posteriormente, a terceira, incluindo a investigação de do-

Page 52: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

51

Atendimento adaptou-se constantemente às demandas e novas orientações

enças associadas. A sala isolada deixou de ser utilizada. Se o funcionário que pro-

curava atendimento apresentasse sintomas respiratórios, passava imediatamente

para a triagem da enfermagem, utilizando máscara, e, conforme a gravidade do

caso, era encaminhado para a equipe médica.

Dia após dia, o cenário do SMO começou a se modificar, tendo sua sala de espe-

ra tomada por pessoas com sintomas respiratórios. Profissionais com outros tipos

de doenças deixaram de procurar o Serviço, para se preservarem, e o próprio SMO

cancelou outros atendimentos, dedicando-se quase que exclusivamente aos casos

suspeitos de Influenza A-H1N1. Assim, reproduzia-se no SMO uma rotina similar à

vivenciada nas barracas. Apesar da menor escala de atendimentos, convivia-se no

Serviço com um fator complicador: os pacientes possuíam risco ocupacional, por

atuarem profissionalmente em um ambiente onde o vírus estava presente.

No pico da epidemia, durante cerca de três semanas, o SMO dobrou seu núme-

ro habitual de atendimentos e enfrentou afastamentos de funcionários da própria

equipe por gripe. Para se adaptar à crescente demanda e à redução no quadro,

os profissionais das áreas médica, de enfermagem e administrativa passaram por

treinamentos e realizaram horas extras.

Outras adaptações se fizeram necessárias, inclusive de ordem legal. Como um

grande número de casos suspeitos de Influenza A-H1N1 tinha origem ocupacional,

o SMO, em determinado momento, passou a emitir a Comunicação de Acidente de

Trabalho (CAT), inclusive retroativamente. Para isto, contou com o auxílio da Coor-

denadoria de Gestão da Tecnologia da Informação (CGTI), que recuperou dados no

sistema sobre pacientes afastados por síndrome respiratória em períodos anterio-

Page 53: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

52

res à vigência da medida, a fim de analisar, caso a caso, onde a gripe poderia ter

sido adquirida e se o funcionário trabalhava em área de risco.

Houve, ainda, necessidade de atenção a públicos especiais, como as gestan-

tes e os portadores de doenças crônicas, considerados grupos mais suscetíveis a

manifestações graves da Gripe A. Para as gestantes, a Administração Central do

HCPA decidiu adotar medidas de proteção, licenciando-as preventivamente por

um período de 15 dias e, posteriormente, renovando a licença por mais uma quin-

zena. Trinta e nove funcionárias se beneficiaram com esta medida e, no retorno ao

trabalho, aquelas que atuavam em áreas de risco (como Emergência, CTI, UTIP, 9º

Sul e Centro Obstétrico) tiveram a oportunidade de realocamento temporário em

outras unidades.

Já os portadores de doenças crônicas consideradas fatores agravantes de risco

– como hipertensão, diabetes e cardiopatias –, ao manifestarem sintomas de gripe,

receberam acompanhamento permanente do SMO, com reavaliações periódicas.

Assim como nas demais áreas que atenderam a Influenza A-H1N1, o Serviço de

Medicina Ocupacional teve que lidar com as novidades diárias, envolvendo mu-

Toda equipe da Medicina Ocupacional acompanhou mobilização e cuidados

Page 54: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

53

danças frequentes nos protocolos de atendimento e nas medidas de proteção. Ao

mesmo tempo, enfrentou uma peculiaridade: o convívio com o adoecimento, as

angústias e as dúvidas de pessoas que, além de pacientes, eram colegas.

Mesmo com todas essas dificuldades, o saldo final foi positivo: mais do que

nunca em sua história, o SMO trabalhou em grupo, de forma coesa, com muita

dedicação, mobilização e, acima de tudo, superação.

Indicadores

No contexto da epidemia de Influenza A-H1N1, no período de 1º de julho a 23

de setembro de 2009, o Serviço de Medicina Ocupacional registrou os seguintes in-

dicadores de atendimento aos profissionais do HCPA, abrangendo tanto as síndro-

mes gripais (casos mais leves) quanto as doenças respiratórias (quadros agravados,

entre os quais inserem-se os casos suspeitos da nova gripe):

No SMO, funcionários do hospital receberam atenção e cuidados

Tabela 4 – Indicadores de atendimento a profissionais do HCPA pelo SMO – Jul. a set. 2009

Funcionários afastados por doença respiratória 867

Funcionários afastados por síndrome gripal 343

Dias de afastamento por doença respiratória 2.814

Dias de afastamento por síndrome gripal 1.463

Indicações de tratamento com oseltamivir 288

Gestantes licenciadas preventivamente 39

Óbitos de profissionais 1

Page 55: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

54

Observa-se, na tabela anterior, que, ao longo de toda a campanha contra a In-

fluenza A-H1N1, o quadro do HCPA sofreu uma única baixa. Uma funcionária da

Gerência Financeira faleceu vitimada pela nova gripe. Um percentual reduzidíssi-

mo em um universo de quase 5 mil profissionais – mas, ainda assim, uma perda, a

qual o HCPA lamenta profundamente.

Nos meses de julho e agosto de 2009, foi registrado um número de afastamen-

tos diários por doença respiratória bastante superior ao mesmo período do ano

anterior, como demonstra o gráfico 11:

É interessante observar, ainda, dois dados relativos à mobilização profissional

no HCPA durante a epidemia de Influenza A-H1N1.

O primeiro dá conta de que, nos meses de julho e agosto de 2009, com apoio

da Administração Central e da Coordenadoria de Gestão de Pessoas, houve contra-

tação emergencial de 61 profissionais, para complementar as equipes e assumir a

crescente demanda.

O segundo dado diz respeito ao número de horas extras realizadas nos meses

de julho e agosto de 2009, que representa um acréscimo de 5.391 horas em relação

ao mesmo período do ano anterior, conforme se verifica no gráfico 12:

Gráfico 11 – Afastamentos diários por doença respiratória - Jul./ago. 2008 x Jul./ago. 2009

Page 56: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

55

Gráfico 12 – Comparativo de horas extras - Jul./ago. 2008 x Jul. Ago. 2009

Page 57: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

56

MOBILIDADE: Menor circulação de pessoas para maior segurança

Enquanto se mobilizava para atender os casos suspeitos de Influenza A-H1N1, o Hospital de Clínicas constatou que se fazia igualmente necessária uma atuação específica para promover a redução na circulação de pessoas nas dependências do Hospital, a fim de minimizar os riscos potenciais de contágio. Isto dentro de um universo que compreende a presença, diariamente, de 12 mil pessoas, entre fun-cionários, professores, estudantes, pesquisadores, médicos residentes, estagiários, pacientes, visitantes, fornecedores, voluntários...

Para agir nesta frente, a Administração nomeou o Grupo de Trabalho Mobilida-de na Gripe A-H1N1, integrado por profissionais do Serviço de Medicina Ocupa-cional, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Assessoria de Comunicação Social, Assessoria de Planejamento, Serviços Gerais, Gerência Administrativa e Ge-rência de Hotelaria.

A primeira ação do grupo foi a divulgação a toda comunidade interna, no dia 24 de julho, de recomendações a respeito do uso de máscaras cirúrgicas para a prote-ção dos profissionais. Estas, juntamente com orientações de etiqueta respiratória, foram reforçadas e atualizadas durante todo o período da epidemia.

A partir de 31 de julho, o Grupo de Mobilidade definiu medidas de restrição na circulação de pessoas, vigentes até 1º de setembro, que abrangeram:

• Suspensão temporária das visitas, com fornecimento de apenas um cartão de acompanhante por paciente internado.

Acesso de visitantes externos foi restringido

Page 58: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

57

Circulação interna de pessoas foi reduzida

• Redução no tempo de permanência de acompanhantes na CTI, UTIP, UTI Neo-

natal, Unidade de Cuidados Coronarianos, Emergência, Psiquiatria e Ambulatórios.

• Redução, em 30%, nos atendimentos eletivos (consultas, procedimentos e

exames).

• Suspensão das cirurgias eletivas de grande porte.

• Redução nos horários de funcionamento das entidades de classe sediadas no

hospital (associações de funcionários, de médicos contratados, de médicos

residentes, de enfermeiros e de nutricionistas).

• Cancelamento dos treinamentos internos.

• Restrição da circulação dos funcionários a suas áreas de trabalho, vestiário e

refeitório.

• Suspensão temporária das atividades de voluntariado e das salas de recreação.

• Restrição na circulação de fornecedores-propagandistas.

• Suspensão temporária do funcionamento dos grupos de orientação a pacien-

tes e dos chamamentos para pesquisas.

• Orientação aos alunos dos programas de pós-graduação para que a presença

às defesas de dissertações de mestrado e teses de doutorado fosse restrita às

bancas examinadoras e familiares.

• Reforço na higiene de mãos no refeitório e demais ambientes do hospital.

• Orientação às gestantes no terceiro trimestre para que não desenvolvessem

suas atividades profissionais em áreas de risco.

Esta última medida foi ampliada no dia 6 de agosto: em função da maior vul-

nerabilidade das mulheres grávidas à Gripe A, ocorreu avaliação de todas as pro-

fissionais gestantes, orientadas a procurar o Serviço de Medicina Ocupacional para

entrarem em licença até o final daquele mês.

Page 59: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

58

Outra novidade surgiu no dia 11 de agosto, com a suspensão das atividades da

creche do hospital. Paralelamente, a Coordenadoria de Gestão de Pessoas orientou

as chefias para que oferecessem aos profissionais com filhos na creche a possibili-

dade de utilização de licenças especiais ou do banco de horas para se adaptarem

à situação. A situação se normalizou em 24 de agosto, com a reabertura da creche,

acompanhada de reforço nas orientações sobre os cuidados preventivos.

Na mesma data, os 250 estagiários do HCPA foram afastados de suas atividades.

Ao mesmo tempo, era adiado o retorno dos 1.030 acadêmicos da UFRGS às ativida-

des do segundo semestre letivo.

Com a crescente suspensão de eventos, até mesmo o principal encontro anual

do HCPA, a Semana Científica, foi transferido de setembro para outubro.

Gradualmente, as medidas foram sendo flexibilizadas e a normalidade, re-

tomada. Algumas das restrições, no entanto, foram mantidas nos meses se-

guintes, como precaução:

• Suspensão das visitas.

• Fornecimento de apenas um cartão para acompanhante de paciente interna-

do (exclusivo a adultos).

• Redução do tempo de permanência de acompanhantes.

• Restrição da circulação de fornecedores-propagandistas pelas dependências

do hospital.

Este trabalho teve um resultado efetivo: diariamente, cerca de 5.500 pessoas

deixaram de comparecer ao hospital no período mais crítico da epidemia. Também

deixou um aprendizado importante: o de que a dimensão do público circulante no

hospital deve ser permanentemente reavaliada, principalmente em períodos espe-

ciais, para garantir a qualidade da assistência e a segurança de pacientes e profissionais.

Grupo de Mobilidade atuou para reduzir a circulação de pessoas no hospital

Page 60: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

59

APOIOMantendo a estrutura em funcionamento

Durante o enfrentamento da Influenza A-H1N1, foi evidente a atuação dedica-

da e incansável dos médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêuticos

e outros profissionais da linha de frente, que responderam pelo atendimento a mi-

lhares de pessoas. Mas não se pode esquecer que, lado a lado com as equipes as-

sistenciais, inúmeras áreas administrativas e de apoio deram contribuição essencial

para o funcionamento de toda a infraestrutura necessária.

Pintores, eletricistas, marceneiros, técnicos e outros profissionais da Gerência

de Engenharia e Manutenção tiveram papel indispensável para que as barracas

dispusessem de água e luz, dispensadores de álcool fossem instalados rapidamen-

te por todo o hospital e uma nova unidade do CTI entrasse em funcionamento em

tempo recorde.

Da mesma forma, a equipe da Higienização desdobrou-se para reforçar os cui-

dados com a limpeza das áreas de atendimento e, em regime de mutirão, deixar

a Unidade 3 do CTI em condições de funcionamento em curto espaço de tempo

após a conclusão das obras.

O controle e o remanejo de internações e atendimentos contou com a ágil e

responsável atuação dos funcionários administrativos da Admissão, Emergência,

CTI, UTIP e unidades de internação.

Vigilância atuou na orientação às pessoas

Page 61: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

6060

Graças ao comprometimento da Gerência de Suprimen-

tos, mesmo nos momentos mais críticos não faltaram medi-

camentos, máscaras, álcool gel, sabonetes e outros produtos.

Vigilantes, recepcionistas e ascensoristas dedicaram-se in-

tensamente para acolher, com atenção e efetividade, as pes-

soas que chegavam ao hospital em busca de atendimento ou

de informações, bem como para fazerem vigorar com eficácia

as medidas de restrição na circulação de pessoas pelo hospital.

A Coordenadoria de Gestão da Tecnologia da Informação

garantiu suporte técnico para a alimentação e a disponibiliza-

ção de dados indispensáveis ao acompanhamento cotidiano

da situação e à tomada de decisões.

A Coordenadoria de Gestão de Pessoas assegurou condi-

ções para a contratação emergencial de profissionais desti-

nada a suprir lacunas nas equipes assistenciais e colocar em

funcionamento, com agilidade, a Unidade 3 do CTI.

A Assessoria de Comunicação Social marcou presença na

divulgação permanente de informações e orientações para

a comunidade interna e na disseminação de notícias sobre o

trabalho do hospital a toda sociedade, através de jornais, re-

vistas, emissoras de rádio e televisão e portais da internet.

Recepção: atenção e esclarecimentos a visitantes

Page 62: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

61

Higienização redobrou cuidados com a limpeza

Juntamente com todos estes – e muitos outros – esforços, a Administração Cen-

tral do Hospital focou sua atenção no enfrentamento da nova gripe, promovendo

reuniões diárias e tomando decisões ágeis, com a colaboração de representantes

das mais diversas áreas do hospital.

Cada profissional do HCPA, independentemente de sua função ou área de atua-

ção, soube compreender que a instituição vivia um momento especial, em que era

preciso adaptar-se e superar-se. Mesmo com a redução nos quadros em função

Engenharia colaborou para a ágil adaptação das estruturas do hospital

Page 63: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

62

do afastamento de profissionais e estagiários, e apesar das apreensões e tensões

do momento, o hospital funcionou a pleno. Mais do que nunca, em seus 38 anos

de história, o Hospital de Clínicas comprovou que possui um modelo de sucesso e

é uma referência em qualidade no cenário da saúde pública do estado e do país.

Page 64: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

63H O M E N A G E MO R E C O N H E C I M E N T O D O H C P A A E Q U I P E S E P A R C E I R O S

Page 65: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

64

No dia 2 de setembro, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre completou 38

anos de atividades. No entanto, como nesta data estavam em vigor as me-

didas que restringiam a circulação e aglomeração de pessoas nas depen-

dências do Hospital, a instituição adiou as comemorações do aniversário. Elas foram

realizadas na última semana de setembro, com uma série de programações – entre

elas, a homenagem às equipes que atuaram na frente contra a Influenza A-H1N1.

Um diploma de reconhecimento e agradecimento foi enviado a todos os profis-

sionais do HCPA. Além disso, no dia 30 de setembro ocorreu, no Anfiteatro Carlos

César de Albuquerque, um evento de homenagem às equipes que se destacaram

nesta memorável campanha institucional, às quais foi entregue uma medalha de

honra ao mérito.

Estes foram os homenageados:

01

VICE-PRESIDÊNCIA MÉDICA01. Emergência 02. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar 03. Medicina Interna 04. Medicina Intensiva 05. Pediatria

02

03

04

05

Page 66: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

01. Emergência 02. Comissão de Controle de Infecção Hospitalar 03. Medicina Interna 04. Medicina Intensiva 05. Pediatria

06

08 09

07

10 1211

06. UTIP 07. Medicina Ocupacional 08. Atenção Primária à Saúde 09. Infectologia 10. Cirurgia Geral 11. Endocrinologia 12. Fisiatria e Reabilitação 13. Genética Médica 14. Ginecologia e Obstetrícia 15. Hematologia Clínica

13 1514

Page 67: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

66

16. Hemoterapia 17. Cardiologia 18. Medicina Nuclear 19. Nefrologia 20. Oncologia 21. Oncologia Pediátrica 22. Patologia Clínica 23. Pneumologia 24. Psiquiatria e Psiquiatria da Infância e da Adolescência 25. Radioterapia 26. Reumatologia 27. Serviço Social

1716 18

20

22 24

21

23

19

25 2726

Page 68: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

VICE-PRESIDÊNCIA ADMINISTRATIVA28. Gerência de Engenharia e Manutenção 29. Gerência de Suprimentos 30. Seção de Recepção e Informações31. Seção de Segurança 32. Serviço Administrativo de Atenção Cirúrgica 33. Serviço Administrativo de Atenção Clínica34. Serviço Administrativo de Atenção Materno-infantil 35. Serviço de Farmácia 36. Serviço de Governança e Higienização

2928

30

32

31

33

34

35

36

Page 69: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

68

GRUPO DE ENFERMAGEM37. Serviço de Enfermagem em Emergência 38. Serviço de Enfermagem Pediátrica 39. Serviço de Enfermagem emTerapia Intensiva 40. Serviço de Enfermagem Médica 41. Serviço de Enfermagem Cirúrgica 42. Serviço de EnfermagemMaterno-infantil 43. Serviço de Enfermagem em Centro Cirúrgico 44. Serviço de Enfermagem Cardiovascular, Nefrologia e Imagem 45. Escola Técnica de Enfermagem

37 39

4140 42

38

44

4746

4543

HOSPITAL DE AERONÁUTICA DE CANOAS (HACO)46. Coronel Médico João Carlos Rodrigues de Azeredo, diretor do HACO 47. Equipe do HACO com profissionais do HCPA

Também foram homenageadas, mas não estavam representadas no evento de homenagem, as equipes dos serviços de Mastologia, Neurologia, Nutrologia e Urologia.

Page 70: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

69

Esforços compensados e aprendizado adquirido

O quadro a seguir apresenta um resumo geral dos indica-dores relativos à mobilização do Hospital de Clínicas de Porto Alegre na frente contra a Influenza A-H1N1.

Quadro 3 – Resumo geral dos indicadores do HCPA na frente contra a Influenza A-H1N1

Este é o retrato de um episódio que já se tornou um marco na história da instituição, devido à mobilização ímpar de seus profissionais e à rápida capacidade de resposta a renovadas demandas, com mudanças gerenciais e assistenciais imple-mentadas de forma ágil e o imprescindível apoio de parcerias.

Barracas · 9.231 atendimentos.

Internação de adultos

· 190 pacientes internados. · Média de permanência de 2,7 dias.

CTI de adultos · 26 pacientes internados.· Média de permanência de 16 dias.

Pediatria / UTI Pediátrica

· 164 casos suspeitos internados.· 16 casos confirmados.· 72 casos aguardando confirmação.

Total de óbitos · 27.

Farmácia · 2.224 tratamentos de oseltamivir dispensados.

Controle de Infecção

· Higienização das mãos por 70% dos profissionais.

· 73% de uso do álcool gel x 27% de uso de água e sabão para higiene das mãos.

· Redução na taxa de germes multirresistentes.

Recursos Humanos

· 867 funcionários afastados por doença respiratória.

· 39 gestantes licenciadas.· 1 óbito.· 35.843 horas extras realizadas.

Mobilidade · 5.500 pessoas a menos circulando diariamente pelo hospital.

CON

CLU

SÃO

Page 71: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

70

Nunca é demais lembrar que tudo isso aconteceu no contexto de um hospital universitário, onde prevalece permanentemente o desafio de promover, em plena harmonia, as atividades de assistência, ensino e pesquisa. Assim, mesmo converti-do momentaneamente em um verdadeiro hospital de campanha, o HCPA em ne-nhum momento deixou de lado o compromisso com o desenvolvimento de sua tríplice missão, atendendo com excelência e responsabilidade social tanto as ne-cessidades específicas do momento quanto aquelas, mais abrangentes, que con-formam sua essência.

Também não se pode esquecer que os resultados alcançados estão diretamen-te relacionados à característica histórica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, sempre e cada vez mais reconhecido como um modelo de sucesso por seus servi-ços e sua gestão.

O legado da epidemia inclui a certeza de que, sempre que necessário, o HCPA adotará uma postura dinâmica e pró-ativa, de maneira a responder às demandas da sociedade e contribuir para a qualificação do sistema público de saúde.

Neste sentido, a instituição não apenas permanece alerta diante da possibili-dade de uma nova onda de Influenza A-H1N1 ou do eventual surgimento de si-tuações similares, como toma a dianteira em busca de inovações que tornem sua atuação ainda mais efetiva e qualificada. Em conjunto com a Faculdade de Me-dicina e outras unidades da UFRGS, o hospital já debate a criação de um Núcleo de Virologia, dedicado à assistência, ensino e pesquisa nesta área que apresenta imensas lacunas no Rio Grande do Sul. A intenção é estabelecer um centro de saber na especialidade, que responderá por ações como o desenvolvimento de insumos para testagem, a produção de anticorpos e a certificação de qualidade de vacinas e medicamentos, ao mesmo tempo em que irá se dedicar à pesquisa científica e à formação de profissionais especializados na área.

Reafirma-se, assim, a condição de liderança do HCPA e de seu compromisso de ser, sempre e cada vez mais, um referencial público de alta confiabilidade em saúde.

No final de setembro, com a retirada das barracas, o HCPA retomou a normalidade de suas atividades

Page 72: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

71

GRÁFICOS

Gráfico 1 – Comparação dos custos: Jun./out. 2008 x Jun./out. 2009 Pág. 12

Gráfico 2 – Evolução dos atendimentos na UBS e barracas – 26 jun. 2009 a 23 set. 2009

Pág. 28

Gráfico 3 – Internações de casos suspeitos de Influenza A-H1N1 – 20 jul. a 14 set. 2009

Pág. 32

Gráfico 4 – Internações no Centro de Tratamento Intensivo de Adultos Pág. 36

Gráfico 5 – Internações na Pediatria e UTIP – 28 jun. a 23 set. 2009 Pág. 38

Gráfico 6 – Tratamentos de oseltamivir dispensados por semana – 5 jul. a 19 set. 2009

Pág. 43

Gráfico 7 – Dispensação de oseltamivir por faixa etária – 23 jul. a 2 set. 2009

Pág. 44

Gráfico 8 – Taxa de higiene de mãos no CTI de adultos – Jul. 2006 a ago. 2009

Pág. 48

Gráfico 9 – Comparação das taxas de higiene de mãos com álcool gel e água e sabão no CTI de adultos – Jul. 2006 a ago. 2009

Pág. 48

Gráfico 10 – Taxa de infecção por germes multirresistentes – Jan. 2006 a ago. 2009

Pág. 49

Gráfico 11 – Afastamentos diários por doença respiratória - Jul./ago. 2008 x Jul./Ago. 2009

Pág. 54

Gráfico 12 – Comparativo de horas extras - Jul./ago. 2009 x Jul. Ago. 2008 Pág. 55

TABELAS

Tabela 1 – Custos envolvidos na campanha contra a Influenza A-H1N1 Pág. 11

Tabela 2 – Indicadores de atendimento na UBS e barracas – 26 jun. 2009 a 23 set. 2009

Pág. 27

Tabela 3 – Indicadores de atendimento noturno na Emergência – 21 ago. 2009 a 23 set. 2009

Pág. 29

Tabela 4 – Indicadores de atendimento a profissionais do HCPA pelo SMO – Jul. a set. 2009

Pág. 53

QUADROS

Quadro 1 – Influenza A-H1N1 no mundo: casos e óbitos até set. 2009 Pág. 15

Quadro 2 – Influenza A-H1N1 no Brasil e RS: casos e óbitos até set. 2009 Pág. 15

Quadro 3 – Resumo geral dos indicadores do HCPA na frente contra a Influenza A- H1N1

Pág. 69

FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de fluxograma criado pelas equipes atuantes nas barracas

Pág. 24

GRÁ

FICO

S, TA

BELA

S, Q

UA

DRO

S E

FIG

URA

S

Page 73: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.

72

FONTES CONSULTADASBases de dados na internet:

CENTRO ESTADUAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Disponível em: <http://www.saude.rs.gov.br>.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: <http://www.portal.saude.gov.br>.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em: <http://www.who.int>.

Depoimentos / Revisão de informações:

Prof. Amarilio Vieira de Macedo Neto – Presidente

Prof. Sergio Pinto Ribeiro – Vice-presidente Médico e coordenador do Grupo Consultivo na

Epidemia de Influenza A-H1N1

Tanira Torelly Pinto – Vice-presidente Administrativa

Prof.ª Maria Henriqueta Luce Kruse – Coordenadora do Grupo de Enfermagem

Prof. Ricardo de Souza Kuchenbecker – Adjunto da Vice-presidência Médica

Simone Maria Schenatto – Chefe da Unidade de Enfermagem em Emergência

Prof.ª Tânia Weber Furlanetto – Chefe do Serviço de Medicina Interna

Prof. Francisco Jorge Arsego Quadros de Oliveira – Chefe do Serviço de Atenção Primária à Saúde

Prof.ª Silvia Regina Rios Vieira – Chefe do Serviço de Medicina Intensiva

Prof. Boaventura Antonio dos Santos – Chefe do Serviço de Pediatria

Prof.ª Eliana de Andrade Totta – Chefe da Unidade de Tratamento Intensivo Pediátrico

Simone Dalla Pozza Mahmud – Chefe do Serviço de Farmácia

Rodrigo Pires dos Santos – Coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar

Prof. Damásio Macedo Trindade – Chefe do Serviço de Medicina Ocupacional e coordenador do Grupo de Mobilidade na Epidemia de Influenza A-H1N1

Jacqueline Jacques Winter – Médica do Serviço de Medicina Ocupacional

Jorge Giora – Coordenador da Gerência de Engenharia e Manutenção

Sônia Cristina Salomão Ferreira – Coordenadora da Gerência de Suprimentos

Também colaboraram na complementação e/ou revisão de informações:

Prof.ª Lurdes Busin – Chefe do Serviço de Enfermagem em Emergência

Daniel de Souza Barcelos – Administrador (Emergência)

Gustavo Adolpho Moreira Faulhaber – Médico contratado do Serviço de Medicina Interna

Guilherme Geib – Médico contratado do Serviço de Medicina Interna

Roseli Fatima Armiliatto Bortoluzzi – Coordenadora de Gestão de Pessoas

Prof.ª Lea Fialkow – Professora do Serviço de Medicina Intensiva

Prof.ª Enaura Helena Brandão Chaves – Serviço de Enfermagem Médica

Michele Sbaraini Savaris – Administradora (CTI)

Page 74: GRIPE A - Hospital de Clínicas de Porto Alegre · da nova gripe, a Influenza A-H1N1, lidando com um vírus até então desconhecido, a exigir aprendizados e readequações constantes.