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Instituto de Psicologia Universidade Federal da Bahia Grupo de Pesquisa: Núcleo de Estudos Sobre Desenvolvimento e Contextos Culturais (CNPq) Família, escola e comunidade: uma atuação em contexto educacional com turmas de 1° ao 2° ano do ensino fundamental I. Gabriela Alves Cerqueira (Estudante de Graduação, UFBA, bolsista PIBIEX) Maria Virgínia Machado Dazzani (Professora, UFBA, Orientadora) Verônica Gomes Nascimento (Estudante Pós-Graduação, UFBA, Tutora) Yasmin Cunha de Oliveira (Estudante de Pós-Graduação, UFBA, Tutora). A Psicologia Escolar e Educacional tem-se constituído como um importante campo de atuação da Psicologia. Novaes (1984) revela que o psicólogo escolar passou a visar o estudante como um ser que não deve desenvolver-se apenas cognitivamente, pois ele é também um ser social e precisa construir habilidades para relacionar-se com o meio em que vive. Para compreender a dinâmica escolar é necessário entender que o sucesso da aprendizagem não está relacionada a ordem estritamente pedagógica, ligado exclusivamente ao desempenho individual do estudante ou condições didático-pedagógicas pontuais, mas também aos aspectos psicológicos, sociais, econômicos e culturais inerentes a todos que estão envolvidos com a criança professores, escola, pais, cuidadores ou responsáveis considerados como fundamentais para a promoção do desenvolvimento humano em geral. Deste modo, foi considerada a relação escola família estudante no intuito de possibilitarmos a construção de redes de apoio e intervenção relacionadas ao processo de escolarização e formação do indivíduo. Diante disso, é fundamental que as crianças com impasses no desenvolvimento, de ordem orgânica ou subjetiva, sejam também contempladas. Por lei, todas as crianças tem direito a participar do ambiente escolar, sendo responsabilidade da família e da sociedade garantir esse direito. A educação precisa ser considerada para além da aquisição de conhecimentos, da escrita e matemática. Para Kupfer (2000) “ir a escola é terapêutico, é receber o estatuto de criança. As ações desenvolvidas nesse projeto se deram no sentido de intervir na relação escola - família - estudante, mas também de proporcionar a inclusão escolar, visando à aprendizagem e maior autonomia da criança. O projeto deu continuidade às ações realizadas em 2012-2013. As intervenções foram efetivadas em uma escola pública da rede municipal de Salvador, situada no bairro do Rio Vermelho, contemplando especialmente os estudantes do ensino fundamental e os seus familiares, tendo em vista as demandas e necessidades pontuais da escola. INTRODUÇÃO INTERVENÇÃO E REDES DE APOIO OBJETIVO Possibilitar a construção de redes de apoio e intervenção relacionadas ao processo de escolarização e formação do indivíduo considerando a relação escola família estudante. Algumas considerações A atuação muitas vezes não é bem compreendida e acaba sendo confundida com trabalho estritamente pedagógico. Portanto, cabe ao acompanhante cautela e atenção para não ocupar os lugares demandados pela instituição. Na tentativa de manejar essas questões na escola onde vem ocorrendo o projeto, decidimos iniciar o acompanhamento com uma carta que foi enviada para todos os funcionários. Nela apresentamos o núcleo de Psicologia da UFBA, todas as pessoas que fazem parte dele e como os trabalhos seriam desenvolvidos. Houve espaço para reuniões com os professores também e há um trabalho contínuo de construção e desconstrução das possibilidades de atuação. A inclusão das crianças com impasses no desenvolvimento é um desafio para a escola. O acompanhamento terapêutico escolar apresenta-se como uma possibilidade para auxiliar nesses desafios. O acompanhamento proposto neste projeto está situado dentro da perspectiva de Educação Terapêutica pensada por Kupfer (2000), pois a ênfase da intervenção não se encontra apenas nas ações pedagógicas voltadas para a aprendizagem, mas em como o ato educativo pode contribuir para mudanças nos impasses subjetivos dessas crianças. A atuação consiste em contribuir no processo de inclusão, apoiando e auxiliando a criança durante todo o período escolar, dentro e fora da sala de aula, procurando integrá-la em uma relação com todos os atores escolares, assim como envolvê-la nas atividades propostas pelo professor, sempre levando em conta seus limites e suas potencialidades (Fraguas e Berlinck, 2001). Assali et AL (1999) afirmam que o acompanhamento terapêutico escolar se apresenta como uma possibilidade de “ponte” entre a criança e demais atores escolares. Desta forma, as intervenções acontecem na parceria com os professores e escola, mas não estão relacionadas estritamente ao saber pedagógico, pois há uma intenção de observar o processo subjetivo da criança para que o professor possa compreender as suas singularidades e educá-la. Referências bibliográficas: ASSALI et AL. O acompanhamento terapêutico na inclusão de crianças com distúrbios globais do comportamento Lugar de vida, LEPSI Faculdade de Educação USP, 1999. FRAGUAS, V., BERLINCK, M. T. Entre o pedagógico e o terapêutico dentro da escola. Estilos da Clínica, Volume 6, número 11 São Paulo 2001. KUPFER, Maria Cristina M., & Petri, Renata. (2000). "Por que ensinar a quem não aprende?. Estilos da Clinica, 5(9), 109-117. NOVAES, M. H. (1984). Psicologia escolar. Petrópolis: Vozes. Grupo focal com pais e professores Oficinas Acompanhamento terapêutico escolar Oficinas sistemáticas com algumas turmas do ensino fundamental Atuação no processo de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais. DISCUSSÃO Parceria: acompanhante + Professor + atores escolares Inclusão O trabalho dentro do contexto escolar possibilitou diversas ações como a construção de redes de apoio, reflexão crítica em relação ao tema central do projeto, intervenção e a aproximação de contextos de desenvolvimento social, a exemplo da família, da escola e da comunidade. Além dos ganhos significativos para as crianças, comunidade e o meio acadêmico, a experiência foi para mim de grande valia, pois me proporcionou crescimento profissional e pessoal.

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Instituto de Psicologia – Universidade Federal da Bahia

Grupo de Pesquisa: Núcleo de Estudos Sobre Desenvolvimento e Contextos Culturais (CNPq)

Família, escola e comunidade: uma atuação em contexto educacional com turmas de 1° ao 2° ano do ensino fundamental I.

Gabriela Alves Cerqueira (Estudante de Graduação, UFBA, bolsista PIBIEX) Maria Virgínia Machado Dazzani (Professora, UFBA, Orientadora) Verônica Gomes Nascimento (Estudante Pós-Graduação, UFBA, Tutora) Yasmin Cunha de Oliveira (Estudante de

Pós-Graduação, UFBA, Tutora).

A Psicologia Escolar e Educacional tem-se constituído como um importantecampo de atuação da Psicologia. Novaes (1984) revela que o psicólogo escolarpassou a visar o estudante como um ser que não deve desenvolver-se apenascognitivamente, pois ele é também um ser social e precisa construirhabilidades para relacionar-se com o meio em que vive.

Para compreender a dinâmica escolar é necessário entender que o sucesso daaprendizagem não está relacionada a ordem estritamente pedagógica, ligadoexclusivamente ao desempenho individual do estudante ou condiçõesdidático-pedagógicas pontuais, mas também aos aspectos psicológicos,sociais, econômicos e culturais inerentes a todos que estão envolvidos com acriança – professores, escola, pais, cuidadores ou responsáveis – consideradoscomo fundamentais para a promoção do desenvolvimento humano em geral.

Deste modo, foi considerada a relação escola – família – estudante no intuitode possibilitarmos a construção de redes de apoio e intervenção relacionadasao processo de escolarização e formação do indivíduo. Diante disso, éfundamental que as crianças com impasses no desenvolvimento, de ordemorgânica ou subjetiva, sejam também contempladas. Por lei, todas as criançastem direito a participar do ambiente escolar, sendo responsabilidade dafamília e da sociedade garantir esse direito. A educação precisa serconsiderada para além da aquisição de conhecimentos, da escrita ematemática. Para Kupfer (2000) “ir a escola é terapêutico, é receber o estatutode criança.”

As ações desenvolvidas nesse projeto se deram no sentido de intervir narelação escola - família - estudante, mas também de proporcionar a inclusãoescolar, visando à aprendizagem e maior autonomia da criança.

O projeto deu continuidade às ações realizadas em 2012-2013. As intervençõesforam efetivadas em uma escola pública da rede municipal de Salvador, situadano bairro do Rio Vermelho, contemplando especialmente os estudantes doensino fundamental e os seus familiares, tendo em vista as demandas enecessidades pontuais da escola.

INTRODUÇÃO

INTERVENÇÃO E REDES DE APOIO

OBJETIVO

Possibilitar a construção de redes de apoio e intervençãorelacionadas ao processo de escolarização e formação doindivíduo considerando a relação escola – família – estudante.

Algumas considerações

A atuação muitas vezes não é bem compreendida e acaba sendoconfundida com trabalho estritamente pedagógico. Portanto, cabe aoacompanhante cautela e atenção para não ocupar os lugaresdemandados pela instituição. Na tentativa de manejar essas questõesna escola onde vem ocorrendo o projeto, decidimos iniciar oacompanhamento com uma carta que foi enviada para todos osfuncionários. Nela apresentamos o núcleo de Psicologia da UFBA,todas as pessoas que fazem parte dele e como os trabalhos seriamdesenvolvidos. Houve espaço para reuniões com os professorestambém e há um trabalho contínuo de construção e desconstruçãodas possibilidades de atuação.

A inclusão das crianças com impasses no desenvolvimento é um desafiopara a escola. O acompanhamento terapêutico escolar apresenta-se comouma possibilidade para auxiliar nesses desafios. O acompanhamentoproposto neste projeto está situado dentro da perspectiva de EducaçãoTerapêutica pensada por Kupfer (2000), pois a ênfase da intervenção nãose encontra apenas nas ações pedagógicas voltadas para a aprendizagem,mas em como o ato educativo pode contribuir para mudanças nosimpasses subjetivos dessas crianças.

A atuação consiste em contribuir no processo de inclusão, apoiando eauxiliando a criança durante todo o período escolar, dentro e fora da salade aula, procurando integrá-la em uma relação com todos os atoresescolares, assim como envolvê-la nas atividades propostas pelo professor,sempre levando em conta seus limites e suas potencialidades (Fraguas eBerlinck, 2001).

Assali et AL (1999) afirmam que o acompanhamento terapêutico escolarse apresenta como uma possibilidade de “ponte” entre a criança e demaisatores escolares. Desta forma, as intervenções acontecem na parceriacom os professores e escola, mas não estão relacionadas estritamente aosaber pedagógico, pois há uma intenção de observar o processo subjetivoda criança para que o professor possa compreender as suassingularidades e educá-la.

Referências bibliográficas:

ASSALI et AL. O acompanhamento terapêutico na inclusão de crianças com distúrbios globais do comportamento Lugar de vida, LEPSI –Faculdade de Educação USP, 1999.

FRAGUAS, V., BERLINCK, M. T. Entre o pedagógico e o terapêutico dentro da escola. Estilos da Clínica, Volume 6, número 11 São Paulo 2001.

KUPFER, Maria Cristina M., & Petri, Renata. (2000). "Por que ensinar a quem não aprende?. Estilos da Clinica, 5(9), 109-117.

NOVAES, M. H. (1984). Psicologia escolar. Petrópolis: Vozes.

Grupo focal com pais e professores

OficinasAcompanhamento terapêutico escolar

Oficinas sistemáticas com algumas turmas do ensino

fundamental

Atuação no processo de inclusão dos alunos com necessidades educativas

especiais.

DISCUSSÃO

Parceria: acompanhante + Professor + atores escolares

Inclusão

O trabalho dentro do contexto escolar possibilitou diversas açõescomo a construção de redes de apoio, reflexão crítica em relação aotema central do projeto, intervenção e a aproximação de contextosde desenvolvimento social, a exemplo da família, da escola e dacomunidade. Além dos ganhos significativos para as crianças,comunidade e o meio acadêmico, a experiência foi para mim degrande valia, pois me proporcionou crescimento profissional epessoal.