Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira · ... A Gênese do ponto de vista espírita....

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de Limeira Escola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma 4ª aula: As raças primitivas GEAEL Transcrito do livro Iniciação Espírita, 5ª edição, Editora Aliança Objetivo da aula: A Gênese do ponto de vista espírita. As raças formadoras da humanidade. Os vários mundos habitados em diferentes categorias. Os exilados da Capela, paralelo com os tempos atuais. Adão e Eva, interpretação espírita e o paraíso. Fazer comparação entre evolução do espírito, do nosso corpo e do planeta. Mostrar que para vivermos em um mundo melhor devemos também nos me- lhorar. Induzir à meditação sobre a bondade do criador que nos dá infinitas oportunidades de evolução, de acordo com as leis divinas. A sublime oportunidade de elevação do animal ao homem. O homem saindo do instinto pro- fundo para os caminhos do raciocínio. Enriquecer o co- nhecimento, embora seja um tanto expositivo, é importan- te refletir e participar. Valorizar o campo da evolução que acontece normalmente, pelas experiências vividas. 1. APRIMEIRA RAÇA MÃE Vejamos como Edgard Armond aborda este assunto na obra Os Exilados da Capela: “Nesses primórdios da evolução humana, e no ápice do reino animal estavam os símios, muito parecidos com os ho- mens, porém ainda animais, sem aquilo que, justamente, dis- tingue o homem do animal: a inteligência.” “Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a ci- ência não conseguiu localizar um tipo intermediário de tran- sição, bem definido entre o animal e o homem.” “Descobriu fósseis de outros reinos e pôde classificá-los, mas nada obteve sobre o tipo de transição para o homem; todo seu esforço se reduziu na exumação de dois ou três crâ- nios, encontrados algures e que foram aceitos, a título precá- rio, como pertencentes a esse tipo desconhecido e misterioso a que estamos nos referindo.” “Realmente, em várias partes do mundo, foram desco- bertos restos de seres que, após exames acurados, foram acei- tos como pertencentes a antepassados do homem atual.” “Segundo a ciência oficial, quando o clima da Terra se amenizou, em princípios do mioceno, um dos quatro gran- des períodos da Era Terciária, isto é, o período geológico que antecedeu o atual, e os antigos bosques tropicais começaram a ceder lugar aos prados verdes, os antigos seres vivos que moravam em árvores foram descendo para o chão e aqueles que aprenderam a caminhar erguidos formaram a estirpe da qual descende o homem.” “Entre estes últimos (que conseguiram se erguer) preva- leceu um tipo, que foi chamado PROCONSUL, mais ou me- nos há 25 milhões de anos, e que era positivamente um símio.” “Primeiramente surgiram criaturas do tamanho de um homem, que andavam de pé, tinham cérebro pouco desenvolvi- do, que foram chamados Pitecantropo e viveram entre 1,6 mi- lhão e 200 mil anos atrás. Em seguida surgiu o Sinantropo, ou Homem de Pequim, de cérebro também muito precário. Mais tarde surgiram tipos de cérebro mais evoluidos que viveram de 350 a 50 mil anos atrás e que foram chamados Homens de Solo (na Polinésia); de Florisbad (na Africa); da Rodésia (na África) e o mais generalizado de todos, chamado Homem de Neandertal (no centro da Europa) e cujos restos, em seguida, foram também encontrados nos outros continentes.” “Como possuíam cérebro bem maior foram chamados Homo Sapiens — conquanto tivessem ainda muitos sinais de deficiências em relação à fala, à associação de idéias e à memória.” “Na realidade, a ciência ignora a data e o local do apa- recimento do verdadeiro tipo humano como também ignora qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal.” “O elo, portanto, entre o tipo animal mais evoluído e o homem primitivo se perde entre o Pitecantropo, que era bes- tial, e o Homo Sapiens, que veio 400 mil anos mais tarde. 1 “Em resumo, eis a evolução do tipo humano: • Símios ou primatas. • Tipo evoluído de primata - Procônsul - 25 milhões de anos. Homo Erectus - Pitecantropo e Sinantropo - 500 mil anos. Homo Sapiens - Solo, Rodésia, Florisbad, Neandertal - 150 mil anos. Homo Sapiens sapiens -Wescombe, Kanjera, Fonte- chevade, • Cro-Magnon e Chancelade - 35 mil anos.” “E bem de ver que se houvesse existido esse tipo interme- diário, inúmeros documentos fósseis dessa espécie existiriam, como existem de todos os outros; a natureza é pródiga na proliferação de todos os seres vivos e assim como houve e ainda há inúmeros símios, representantes do ponto mais alto da evolução dessa classe de seres, também haveria os tipos correspondentes, intermediários entre uns e outros.” “Se a ciência, até hoje, não descobriu esses tipos inter- mediários é porque eles, realmente, não existiram na Terra; foram plasmados em outros planos de vida, onde os Prepos- tos do Senhor realizaram a sublime operação de acrescen- tar ao tipo animal mais perfeito e evoluído de sua classe, os atributos humanos que, por si sós, — conquanto aparentes e inicialmente invisíveis — dariam ao animal condições de vida 1 As datas aqui mencionadas neste capítulo, relativamente as eras pré-históri- cas, sofreram modificações, de acordo com informações científicas mais recentes. ... mundo íntimo é o verdadeiro e nele é que se equacionam os fatores que influem na evolução, esteja o Espírito encarnado ou não.

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Grupo Espírita Aprendizes do Evangelho de LimeiraEscola de Aprendizes do Evangelho - 8ª turma

4ª aula: As raças primitivasGEAEL

Transcrito do livro Iniciação Espírita, 5ª edição, Editora Aliança

Objetivo da aula: A Gênese do ponto de vista espírita. As raças formadoras da humanidade. Os vários mundos habitados em diferentes categorias. Os exilados da Capela, paralelo com os tempos atuais. Adão e Eva, interpretação espírita e o paraíso. Fazer comparação entre evolução do espírito, do nosso corpo e do planeta. Mostrar que para vivermos em um mundo melhor devemos também nos me-lhorar. Induzir à meditação sobre a bondade do criador que nos dá infinitas oportunidades de evolução, de acordo com as leis divinas. A sublime oportunidade de elevação do animal ao homem. O homem saindo do instinto pro-fundo para os caminhos do raciocínio. Enriquecer o co-nhecimento, embora seja um tanto expositivo, é importan-te refletir e participar. Valorizar o campo da evolução que acontece normalmente, pelas experiências vividas.

1. APRIMEIRA RAÇA MÃE

Vejamos como Edgard Armond aborda este assunto na obra Os Exi lados da Capela:

“Nesses primórdios da evolução humana, e no ápice do reino animal estavam os símios, muito parecidos com os ho-mens, porém ainda animais, sem aquilo que, justamente, dis-tingue o homem do animal: a inteligência.”

“Deste ponto em diante, por mais que investigasse, a ci-ência não conseguiu localizar um tipo inter mediário de tran-sição, bem definido entre o animal e o homem.”

“Descobriu fósseis de outros reinos e pôde classificá-los, mas nada obteve sobre o tipo de transição para o homem; todo seu esforço se reduziu na exumação de dois ou três crâ-nios, encontrados algures e que foram aceitos, a título precá-rio, como pertencentes a esse tipo desconhecido e misterioso a que estamos nos referindo.”

“Realmente, em várias partes do mundo, foram desco-bertos restos de seres que, após exames acurados, foram acei-tos como pertencentes a antepassados do homem atual.”

“Segundo a ciência oficial, quando o clima da Terra se amenizou, em princípios do mioceno, um dos quatro gran-des períodos da Era Terciária, isto é, o período geológico que antecedeu o atual, e os antigos bosques tropicais começaram a ceder lugar aos prados verdes, os antigos seres vivos que moravam em árvores foram descendo para o chão e aqueles que aprenderam a caminhar erguidos formaram a estirpe da qual descende o homem.”

“Entre estes últimos (que conseguiram se erguer) preva-leceu um tipo, que foi chamado PROCONSUL, mais ou me-nos há 25 milhões de anos, e que era positivamente um símio.”

“Primeiramente surgiram criaturas do tamanho de um homem, que andavam de pé, tinham cérebro pouco desenvolvi-do, que foram chamados Pitecantropo e viveram entre 1,6 mi-lhão e 200 mil anos atrás. Em seguida surgiu o Sinantropo, ou Homem de Pequim, de cérebro também muito precário. Mais tarde surgiram tipos de cérebro mais evoluidos que viveram de 350 a 50 mil anos atrás e que foram chamados Homens de Solo (na Polinésia); de Florisbad (na Africa); da Rodésia (na África) e o mais generalizado de todos, chamado Homem de Neandertal (no centro da Europa) e cujos restos, em seguida, foram também encontrados nos outros continentes.”

“Como possuíam cérebro bem maior foram chamados Homo Sapi ens — conquanto tivessem ainda muitos sinais de deficiências em relação à fala, à associação de idéias e à memória.”

“Na realidade, a ciência ignora a data e o local do apa-

recimento do verdadeiro tipo humano como também ignora qual o primeiro ser que pode ser considerado como tal.”

“O elo, portanto, entre o tipo ani mal mais evoluído e o homem primitivo se perde entre o Pitecantropo, que era bes-tial, e o Homo Sapiens, que veio 400 mil anos mais tarde.1

“Em resumo, eis a evolução do tipo humano:• Símios ou primatas.• Tipo evoluído de primata - Procônsul - 25 milhões de

anos.• Homo Erectus - Pitecantropo e Sinantropo - 500 mil

anos.• Homo Sapiens - Solo, Rodésia, Florisbad, Neandertal

- 150 mil anos.• Homo Sapiens sapiens -Wescombe, Kanjera, Fonte-

chevade,• Cro-Magnon e Chancelade - 35 mil anos.”“E bem de ver que se houvesse existido esse tipo interme-

diário, inúmeros documentos fósseis dessa espécie existiriam, como existem de todos os outros; a natureza é pródiga na proliferação de todos os seres vi vos e assim como houve e ainda há inúmeros símios, representantes do ponto mais alto da evolução dessa classe de seres, também haveria os tipos correspondentes, intermediários entre uns e outros.”

“Se a ciência, até hoje, não descobriu esses tipos inter-mediários é porque eles, realmente, não existiram na Terra; foram plasmados em outros planos de vida, onde os Prepos-tos do Senhor realizaram a sublime operação de acrescen-tar ao tipo animal mais perfeito e evoluído de sua classe, os atributos humanos que, por si sós, — conquanto apa rentes e inicialmente invisíveis — dariam ao animal condições de vida 1 As datas aqui mencionadas neste capítulo, relativamente as eras pré-históri-cas, sofreram modificações, de acordo com informações científicas mais recentes.

... mundo íntimo é o verdadeiro e nele é que se equacionam os fatores que influem na evolução, esteja o Espírito encarnado ou não.

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enormemente diferentes e pos sibilidades evolutivas impossí-veis de existirem no reino animal, cujos tipos se restringem e se limitam em si mesmos.”

“Assim, pois, quando essa operação transformadora se consumou fora da Terra, no astral planetário ou em algum mundo vizinho, estava ipso facto criada a raça humana, com todas as suas características e atributos iniciais, a Primeira Raça-Mãe, que a tradição esotérica oriental definiu da seguin-te ma neira: espíritos ainda inconscientes, habitando corpos fluídicos, pouco consistentes.”

2. AS ENCARNAÇÕES DA SEGUNDA RAÇA

“Quando cessou o trabalho de integração de espíritos ani-malizados nesses corpos fluídicos e terminaram sua evolução, aliás muito rápida, nessa raça-padrão, o planeta se encontra-va nos fins de seu terceiro período geológico e já oferecia con-dições de vida favoráveis para seres humanos encarnados; já de há muito seus elementos materiais estavam estabilizados e o cenário foi julgado apto a receber o rei da criação.’

“Iniciou-se, então, essa encar nação nos homens primitivos formadores da Segunda Raça‑Mãe (hiperbórea), que a tradição esotérica também registrou com as seguintes características:

- Espíritos habitando formas mais consistentes, já pos-suidores de mais lucidez e personalidade’.

“Iniciou-se com estes espíritos um estágio de adaptação na crosta planetária tendo como teatro o grande continente da Lemúria. Esta Segunda Raça deve ser considerada como pré‑ adâmica.”

... Assim, os corpos da Primeira Raça-Raiz, nos quais estes seres quase desprovidos de mente estavam destinados a adquirir experiência, ter-nos-íam pareceidos gigantescos espectros — caso é claro, nos fosse possível vê-los, pois seus corpos eram formados de matéria astral. As formas astrais da Primeira Raça-Raiz foram então gradualmente envolvi-dos por um invólcro mais físico. Muito embora a Segunda Raça-Raiz possa ser chamada de física — sendo seus corpos compostos de éter —, eles, seriam igualmente invisíveis à vi-são tal como esta existe hoje.2

Estava-se nos albores do período quaternário.“A Segunda Raça evoluiu por muitos milênios dando

tempo a que se procedesse à necessária adaptação ao meio ambiente até que, por fim, com o desabrochar lento e custoso da inteligência, surgiu entre seus componentes o desejo de vida comum que, nessa primeira etapa evolutiva, era visceral-mente brutal e violento.”

“Os ímpetos do sexo nasceram de forma terrivelmente bárbara e os homens saíam furtivamente de seus antros escu-ros para se apoderarem pela força de companheiras incons-cientes e indefesas, com as quais geravam filhos que se cria-vam por si mesmos, ao redor do núcleo familiar, como feras.”

“Com o correr do tempo, entre tanto, essa proliferação de-

2 Entre Dois Mundos — A História da Atlântida e da Lemúria Perdida, Frederich S. Oliveier e W. Scott-Elliot, Editora do ConhECimEnto.

sordenada e o agrupamento forçado de seres do mesmo san-gue, obrigou os homens a procurarem habitações mais amplas e cômodas, que encontraram em grutas e cavernas naturais, nas bases das colinas ou nas anfratuosidades das montanhas”

“Sua inteligência ainda não bastava para a idealização de construções mais apropriadas e assim surgiram os trogloditas da Idade da Pedra, em cujos olhos porém, já a esse tempo, lu-ziam os primeiros fulgores do entendimento e cujos corações, de alguma forma, já se abrandavam ao calor dos primeiros sentimentos humanos.”

Eis como eles foram vistos pelo espírito João, o Evangelista, em comunicação dada na Espanha nos fins do século passado:

Adão ainda não tinha vindo.Porque eu via um homem, dois homens, muitos

homens e no meio deles não via Adão e nenhum deles conhecia Adão.

Eram os homens primitivos, esses que meu espírito, absorto, contem plava.

Era o primeiro dia da humanidade porém, que huma-nidade meu Deus!...

Era também o primeiro dia do sentimento, da vonta‑de e da luz; mas de um sentimento que apenas se diferen-çava da sensação, de uma vontade que apenas desvanecia as sombras do instinto.

Primeiro que tudo o homem procurou que comer; após procurou uma companheira, juntou-se com ela e tiveram filhos.

Meu espírito não via o homem do Paraíso; via muito menos que o homem, coisa pouco mais que um animal superior.

Seus olhos não refletiam a luz da inteligência; sua fonte desaparecia sob o cabelo áspero e rijo da cabeça; sua boca, desmesuradamente aberta, prolongava-se para diante; suas mãos pareciam com os pés e, freqüen-temente, tinham o emprego destes; uma pele pilosa e rija cobria as suas carnes duras e secas, que não dissimula-vam a fealdade do esqueleto.

Oh! Se tivésseis visto, como eu, o homem do primeiro dia, com seus braços magros e esquálidos caídos ao longo do corpo e com suas grandes mãos pendidas até os joe-lhos, vosso espírito teria fechado os olhos para não ver e procuraria o sono para esquecer.

Seu comer era como devorar; bebia abaixando a cabe-ça e submer gindo os grossos lábios nas águas; seu andar era pesado e vacilante como se a vontade não interviesse; seus olhos vagavam sem expressão pelos objetos, como se a visão não se refletisse em sua alma; e seu amor e seu ódio que nasciam de suas necessidades satisfeitas ou con trariadas, eram passageiros como as impressões que se estampavam em seu espírito e grosseiros como as necessidades em que tinham sua origem.

O primitivo homem falava, porém, não como o homem: alguns sons guturais, acompanhados de gestos, somente os necessários para responder às suas necessida-des mais urgentes.

Fugia da sociedade e buscava a solidão; ocultava-se da luz e procurava indolentemente nas trevas a satisfação de suas exigências naturais.

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 3

Era escravo do mais grosseiro egoísmo; não procura-va alimento senão para si; chamava a com panheira em épocas determinadas, quando eram mais imperiosos os desejos da carne e, satisfeito o apetite, retraía-se de novo à solidão, sem mais cuidar da prole.

O homem primitivo nunca ria; nunca seus olhos der-ramavam lágrimas; o seu prazer era um grito e a sua dor era um gemido.

O pensar fatigava-o; fugia do pensamento como da luz.

E mais para diante acrescenta:

E nesses homens brutos do primeiro dia o predomínio orgânico gerou a força muscular; e a vontade subjugada pela carne gerou o abuso da força; dos estímulos da carne nasceu o amor; do abuso da força nasceu o ódio, e a luz, agindo sobre o amor e sobre o tempo, gerou as socieda-des primitivas.

A família existe pela carne; a sociedade existe pela força.Moravam as famílias à vista de todos, protegiam-se,

criavam reba nhos, levantavam tendas sobre troncos e depois caminhavam sobre a terra.

O homem mais forte é o senhor da tribo; a tribo mais poderosa é o lobo das outras.

As tribos errantes, como o furacão, marcham para diante e, como gafanhotos, assaltam a terra onde pousam seus enxames.

Assim, como bem deixa ver o Evangelista, no final de sua comunicação, com o correr dos tem pos as famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum, que visavam prefe rentemente as necessidades mate-riais da subsistência e da procriação.

3. A TERCEIRA RAÇA‑MÃE

“Estava-se no período que a ciência oficial denomina — Era da Pedra Lascada — em que o engenho humano, para seu uso e defesa, se utilizava do sílex, como arma primitiva e tosca.”

“Nessa época, em pleno quaternário, por efeito de causas pouco conhecidas, ocorreu um resfriamento súbito da atmos-fera, formando-se geleiras, que cobriam toda a Terra.”

“O homem, que mal ainda se adaptava ao ambiente pla-netário, temeroso e hostil, teve então seus sofrimentos agra-vados com a necessidade vital de defender-se do frio intenso que então sobreveio, cobrindo-se de peles de animais subju-gados em lutas temerárias e desiguais, em que lançava mão de armas rudimentares e insuficientes contra feras e monstros terríveis que o rodeavam por toda parte.”

“Foi então que o seu instinto e as inspirações dos Assis-tentes Invisíveis o levaram à descoberta providencial do fogo, o novo e precioso elemento de vida e defesa, que abriu à hu-manidade torturada de então novos recursos de sobrevivência e de conforto.”

“Entretanto, tempos mais tarde, as alternativas da evo-lução física do globo determinaram acentuado aquecimento

geral, que provocou súbito degelo e terríveis inundações, fe-nômeno esse que, na tradição pré- histórica, ficou conhecido como — o dilúvio universal — atribuído a um desvio do eixo do globo que se obliquou e provocado pela apro ximação de um astro, determinou também alterações na sua órbita, que se tornou, então mais fechada.”

“Mas o tempo transcorreu em sua inexorável marcha e o homem, a poder de sofrimentos indizíveis e peno síssimas ex-periências de toda a sorte, conseguiu superar as dificuldades dessa época tormentosa.”

“Acentuou-se, em conseqüência, o progresso da vida humana no orbe, surgindo as primeiras tribos de gerações mais aperfeiçoadas, que formaram a humanidade da Terceira Raça-Mãe, composta de homens de porte agigantado, cabeça melhor conformada e mais ereta, braços mais curtos e pernas mais longas, que caminhavam com mais aprumo e segurança e em cujos olhos se vislumbravam mais acentuados lampejos de entendimento.”

“Nasceram principalmente na Lemúria e na Asia e suas carac terísticas etnográficas, principalmente no que respeita à cor da pele, cabelos e feições do rosto, variavam muito segun-do a alimentação, os costumes e o ambiente físico das regiões em que habitavam.”

Descrição do homem lemuriano

O que se segue é uma descrição de um homem que pertenceu a uma das últimas sub-raças — provavelmente a quinta. “Sua estatura era gigantesca, algo em torno de 3,5 a 4,5 m. Sua pele era bastante escura, de cor pardo-amarelada. Ele tinha a mandíbula inferior alongada, um rosto estraanhamente achatado, olhos pequenos, porém penetrantes, e localizados curiosamente muito separados um do outro, de modo que podia ver bem lateralmente como de frente, enquanto o olho na parte posterior da cabeça — onde, naturalmente, os cabelos não cresciam — também lhe possibilitavam enxergar nessa direção. Ele não tinha testa; em seu lugar havia algo parecido a um rolo de carne. A cabeça inclinava-se para trás e para cima, de modo um tanto curioso. Os braços e as pernas (sobretudo os primeiros) eram mais compridos do que os nossos e não podiam ser perfeitamente esticados nos coto-velos ou nos joelhos; as mãos e os pés eram enormes e os calcanhares projetavam-se para trás, de modo canhestro. Vestia-se com um manto folgado, feito de pele semelhante à do rinoceronte, porém mais escamosa, provavelmente a pele de algum animal que nós agora aconhecemos apenas por meio de seus restos fósseis. Ao redor da cabeça, onde o cabelo era bem curto, era amarrado um outro pedaço de pele enfeitada com borlas de cores vermelha-escuro, azul e outras. Na mão esquerda, segurava um bastão pontudo que, sem dúvida, era usado para defesa ou ataque. Esse bastão era mais ou menos da altura de seu próprio corpo, isto é 3,5 a 4,5 m. Na mão direita, amarrava a extremida-de de uma longa corda, feita de alguma espécie de trepa-deira, com a qual conduzia um réptil imenso e horrendo, parecido com o plesiossauro. Na verdade, os lemurianos dosmesticavam essas criaturas e treinavam-na para apro-

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veitar sua força na caça a outros animais. O aspecto desse homem produzia uma sensação desagradável, mas não era de todo incivilizado, sendo um espécime comum e típico de sua época.3

“Eram nômades; mantinham-se em lutas constantes entre si e mais que nunca predominava entre eles a força e a violên-cia, a lei do mais forte prevalecendo para a solução de todos os casos, problemas ou divergências que entre eles surgissem.”

“Todavia, formavam já sociedades mais estáveis e nume-rosas, do ponto de vista tribal, sobre as quais dominavam sob o caráter de chefes ou patriarcas, aqueles que fisicamente houvessem conseguido vencer todas as resistências e afastar todas as concorrências.”

“Do ponto de vista espiritual ou religioso essas tribos eram ainda absolutamente ignorantes e já de alguma forma fetichistas pois adoravam, por temor ou superstição instinti-va, fenômenos que não compreendiam e imagens grotescas representativas tanto de suas próprias paixões e impulsos na-tivos, como de forças maléficas ou benéficas que ao seu redor se manifestavam perturba doramente.”

Da mesma comunicação de João Evangelista a que nos referimos atrás, transcrevemos para aqui mais os seguintes e evocativos períodos:

Depois do primeiro dia da humanidade, o corpo do homem aparece menos feio, menos repug nante à contem-plação de minha alma.

Sua fronte começa a debuxar-se na parte superior do rosto, quando o vento açoita e levanta as ásperas melenas que a cobrem.

Os seus olhos são mais vivos e transparentes; o seu nariz mais afilado e levantado e a sua boca é menos proeminente.

Seus braços são menos longos e esquálidos, suas carnes menos secas, suas mãos menos volumosas e com dedos mais prolongados; os ossos do esqueleto mais arredondados, mais bem dispostos aos movimentos das articulações; mais elasticidade existe nos músculos e mais transparência na pele que cobre todo o corpo.

No seu olhar se reflete o primeiro raio de luz inte-lectual, como um primeiro despertar do seu espírito adormecido.

No seu caminhar, já menos lerdo e vacilante, adivi-nha-se a ação inicial da vontade, o princípio das mani-festações espontâneas.

Procura a mulher e não mais a abandona; assiste-lhe no nascimento dos filhos, com quem reparte o calor e o alimento.

O sentimento começa a despertar- lhe.

A humanidade, nessa ocasião, estava então num ponto em que uma ajuda exterior era necessária e urgente, não só para consolidar os poucos laboriosos passos já palmilhados como, principalmente, para dar-lhe diretrizes mais seguras e mais amplas no sentido evolutivo.

“Em nenhuma época da vida humana tem-lhe faltado o 3 Entre Dois Mundos — A História da Atlântida e da Lemúria Perdida, Frederich S. Oliveier e W. Scott-Elliot, Editora do ConhECimEnto.

auxílio do Alto que, quase sempre, se realiza pela descida de Emissários autorizados, porém, o problema da Terra naque-les tempos exigia, para sua solução, medidas mais amplas e mais completas que, aliás, não tardaram a ser tomadas pelas entidades espirituais responsáveis pelo progresso planetário, como veremos em seguida.”

4. A SENTENÇA DIVINA

Ia em meio o ciclo evolutivo da Terceira Raça, cujo núcleo mais importante e numeroso se situava na Lemúria, quando, nas esferas espirituais, foi considerada a situação da Terra e resolvida a imigração para ela de populações de outros orbes mais adiantados, para que o homem planetário pudesse rece-ber um poderoso estímulo e uma ajuda direta na sua árdua luta pela conquista da própria espiritualidade.

A escolha, como já dissemos, recaiu nos habitantes da Capela.Eis como Emmanuel, o espírito de superior hierarquia,

tão estreitamente vinculado agora ao movimento espiritual da Pátria do Evangelho, inicia a narrativa desse impressio-nante acontecimento:

Há muitos milênios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários ciclos evo-lutivos...

Alguns milhões de espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e de virtudes...

E, após outras considerações, acrescenta:

As Grandes Comunidades Espirituais, diretoras do Cosmo deliberaram, então, localizar aquelas entidades pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua.

Resolvida, pois, a transferência, os milhares de espíritos atingidos pela irrecorrível decisão foram notificados do seu novo destino e da necessidade de sua reencarnação em pla-neta inferior.

Reunidos no plano etéreo daquele orbe, foram postos na presença do Di vino Mestre para receberem o estímulo da esperança e a palavra da Promessa, que lhes serviriam de consolação e de amparo nas trevas dos sofrimentos físicos e morais, que lhes estavam reservados por séculos.

Grandioso e comovedor foi então o espetáculo daquelas turbas de condenados, que colhiam os frutos dolorosos de seus desvarios, segundo a lei imutável da eterna justiça.

Eis como Emmanuel, no seu estilo severo e eloqüente, descreve a cena:

Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes.

Com a sua palavra sábia e compassiva exortou aque-las almas desventuradas à edificação da consciência pelo

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cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmos.

Mostrou-lhes os campos de lutas que se desdobravam na Terra, envolvendo-os no halo bendito de sua miseri-córdia e de sua caridade sem limites.

Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.

Aqueles seres desolados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam degredados na face obscura do planeta terrestre; anda-riam desprezados na noite dos milênios da saudade e da amargura, reencarnar -se-iam no seio das raças igno-rantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos distantes.

Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na Terra acariciados por Jesus e con-fortados na sua imensa mise ricórdia.

“E assim a decisão irrevogável se cumpriu e os exilados, fechados seus olhos para os esplendores da vida feliz no seu mundo, foram arrojados na queda tormentosa, para de novo somente abri-los nas sombras escuras de sofrimento e de morte, do novo hábitat planetário.”

“E após a queda, conduzidos por entidades amorosas, auxiliares do Di vino Pastor, foram os degredados reunidos no etéreo terrestre e agasalhados em uma colônia es piritual, aci-ma da crosta, onde, durante algum tempo, permaneceriam em trabalhos de preparação e de adaptação para a futura vida a iniciar -se no novo ambiente planetário.”

Bahn bol dor - A colô nia dos degre da dosGEAEL

“Meus ami gos. É che ga da a hora de dizer mos adeus a vocês que par tem”, falou com a infle xão do inques tio ná vel.

As pes soas se olha vam per-ple xas. Uma ponta de temor apa re cia em todos os olha res. Sabiam estar pres tes a ouvir aqui lo que, com cer te za, seus cora ções já pres sen tiam há muito.

E ele falou. Duran te um tempo sem fim ele falou àque-les homens, em cujas almas per di das tudo ainda esta va por fazer. Falou do amor e falou da dor. Falou das vir tu des e falou dos defei tos.

Falou das lições apren di das e daque las mui tas ainda a serem estu da das. Falou das opor tu ni da des per di das e das que ainda teriam pela fren te. Falou a cada um e para todos eles.

Ele fala va sere no, sem crí ti ca na voz, sem cons tran gi-men to, com amor fra ter nal expres so em cada frase; e suas pala vras, car re ga das da ver da de que inva dia cada cora ção, a todos fazia cho rar. Nos cami nhos do astral todos já haviam apren di do a cho rar, de uma forma ou de outra.

Das faces de Levin gros sas lágri mas silen cio sas caíam numa tor ren te de ener gia que alve ja va seu espí ri to, com o eli xir pode ro so do arre pen di men to sin ce ro. Lem bra va-se de cada ins tan te de sua vida, antes e depois de sua morte.

Não con se guia vis lum brar uma só ati tu de sua que tives se vali do a pena, no sen ti do do cres ci men to moral de seu espí ri-to. Não se recor da va de um só gesto de bon da de, ou ami za de ver da dei ra ou amor que tives se sido capaz de expres sar.

Não tinha nada de bom den tro de si. Mesmo ali naque la hora, reco nhe cen do seus erros e per ce ben do quan to tempo havia des per di ça do ainda não era capaz de qual quer outro

sen ti men to que não fosse o arre pen di men to.

Da famí lia sen tia uma estra nha sau da de dos momen-tos que dei xa ra de usu fruir com ela, mas não sabia ainda o que era o amor.

Ape nas reco nhe cia, numa frase atrás de outra que ouvia do velho ins tru tor, o muito que havia erra do e o muito que nada sabia. Era como se ele falas se com exclu si vi da de para ele, Levin. E só para ele. Nem per ce bia aque le amon toa do de gente que cho ra va copio sa men-

te a seu lado.“É che ga da a hora meus ami gos, de vocês par ti rem para

uma longa jor na da de apren di za do em um pla ne ta des co nhe-ci do. Um pla ne ta espe cial men te pre pa ra do para rece ber espí-ri tos que ainda não con se gui ram viver de forma har mo nio sa nos mun dos tam bém har mo nio sos que a fede ra ção cons truiu para todos nós, a duras penas atra vés dos tem pos, como todos bem sabem, nesta galá xia”, e con ti nuou:

“Quan tas guer ras, quan tas vidas cei fa das, quan ta des-gra ça e quan to san gue der ra ma do dos milhões de cora ções que tive ram suas tra je tó rias des pe da ça das pelo orgu lho e pela pre po tên cia daque les que, duran te milê nios, se recu sa-ram a se cur var aos novos tem pos.

Daque les que fize ram da luta pelo poder e pela posse da maté ria inú til, uma pro fis são de vida. Esta mos nos tem pos de mais espe ran ça, de mais fé, de mais amor e bon da de, vir tu des que a maio ria dos homens já com preen deu e deci diu serem suas par cei ras para todo o sem pre.

Vir tu des que quan do com preen di das, mas ainda não exer ci das, fazem com que milha res de outras pes soas se tor-

6 4ªaula:Asraçasprimitivas

nem figu ras não mais tole rá veis nes tes nos sos mun dos tão adian ta dos”, fazia peque nas pau sas, sin ce ra men te pena li-za do dos olha res supli can tes daque les homens, que a cada momen to se assus ta vam, mais e mais, adi vi nhan do o que lhes aguar da va.

L’iantsui, bas tan te como vi do, per ma ne cia com os olhos bai xos e os bra ços abra çan do o peque no pai nel por tá til que car re ga va. Levin ainda não sabia, mas não era a pri mei ra vez que essas cenas acon te ciam ali na colô nia.

Bahn bol dor era um porto de saída para aque les que seriam degre da dos, sem retor no mar ca do ou pre su mi do. Depen de ria de cada um con se guir vol tar ou cair mais ainda. Milha res antes dele já haviam pas sa do pelas mes mas coi sas.

Pode pare cer difí cil de enten der, mas na medi da que o tempo no astral não exis te, espí ri tos de todas as épo cas tinham tido chan ces sem conta de se res sar cir de seus erros, cada um a seu tempo.

Na medi da que iam sim ples men te jogan do fora as opor-tu ni da des, uma a uma, foi se tor nan do impos sí vel seu con ví-vio com aque las socie da des de maio ria boa e amo ro sa. Qua-li da des estas con quis ta das a duras penas atra vés dos tem pos ime mo riais de sua evo lu ção.

Tam bém de mais nada lhes ser vi riam vol tar ao seio daque-la gente, pois nada apren diam, nem mesmo depois dos lon gos perío dos pas sa dos em con tun-den tes sofri men tos no astral, exa ta men te como Levin e todos os demais ali agru pa dos.

E Ando ra con ti nua va, firme e com pa de ci do:

“Vocês serão enca mi nha-dos para reen car na ções em um pla ne ta de faixa vibra tó ria mais baixa, para onde milha res já foram enca mi nha dos. Um pla ne ta em cons tru ção onde tudo está por se fazer. Uma terra dis tan te onde gran des con vul sões geo ló gi cas ainda asso lam o pla ne ta, pro vo can do gran des mudan ças no com por ta men to dos povos que lá come çam a se desen vol ver.

Gran des migra ções ter res tres se fazem neces sá rias para a sobre vi vên cia das tri bos. Gran des tra gé dias cole ti vas já acon-te ce ram e ainda vão acon te cer. Um mundo cujos habi tan tes autóc to nes são seres extre ma men te pri mi ti vos e não con se-gui rão sobre vi ver sozi nhos, sem a nossa ajuda.

Pre ci sam de tudo. Nada sabem sobre as mais ele men ta res ciên cias, desde o sim ples cul ti vo da terra até a cons tru ção de habi ta ções segu ras e o abas te ci men to de água, por exem plo”.

Ele fala va calmo, de forma cui da do sa, ten tan do con tras-tar seu dis cur so com o deses pe ro das men tes que fer vi lha vam a seu redor.

Mui tos, nes tas altu ras de seu pro nun cia men to, cho ra vam copio sa men te de forma pun gen te, vis lum bran do antes dos outros, um futu ro de extre ma difi cul da de e dor para espí ri-tos acos tu ma dos a obter ali men to ao sim ples aper tar de um botão de um pro ces sa dor e a via jar pela galá xia em gran des naves espa ciais, com o mesmo con for to e rapi dez com que visi ta vam ami gos numa cida de vizi nha.

De fato, não esta vam enga na dos. Esse era o futu ro que lhes esta va reser va do.

Em vez de fica rem sim ples men te mofan do nas gran des for ta le zas de expia ção astral, como Zibs tiz, em vez de retor-na rem a seus mun dos de ori gem somen te para errar nova-men te, em vez de nada mais faze rem quan do encar na dos do que per tur bar a vida das pes soas de bem, em vez de des per-di ça rem suas qua li da des para nor mais, em vez de per de rem seu bem mais pre cio so que era o pró prio tempo, iriam para um lugar onde usa riam todo o seu poten cial para aju dar as pes soas a cons truir um mundo novo.

Pelo avan ço inte lec tual e moral dos mun dos onde haviam vivi do, de onde toda uma incrí vel cul tu ra tec no ló-gi ca e social esta va arma ze-na da, já de forma atá vi ca, em suas men tes, muito pode riam aju dar.

Seriam líde res e mes tres. Con du zi riam aque la gente pri-mi ti va nos seus pri mei ros tem-pos. E tam bém depois. Defen-de riam seu povo com as pró-prias vidas como aos filhos que nunca ama ram. Leva riam os con cei tos da espi ri tua li da de, que tão bem conhe ciam, ape-sar de nunca terem se cur va do às suas ver da des. Ver da des que agora expe ri men ta riam de fato.

Não lhes fal ta ria ajuda e pro te ção. Gente das estre las

como eles pró prios, gente como os ins tru to res de Bahn bol dor, por exem plo, esta riam sem pre pre sen tes nos momen tos de difi cul da des, mesmo que não fos sem vis tos ou reco nhe ci dos, pois a maio ria deles não teria as lem bran ças espon tâ neas que mui tos goza vam quan do encar na dos, com seus flashs de vidas pas sa das.

Nenhum, abso lu ta men te nenhum espí ri to seria esque-ci do à sua pró pria sorte, ape sar de milê nios pare cer um tempo gran de demais. Era pre ci so que todos sou bes sem que o tempo naque le mundo pas sa ria muito mais rápi do que ali. Um dia do tempo que conhe ciam agora cor res pon de ria a quase uma déca da no pla ne ta esco lhi do. Um ano cor res pon-de ria a milê nios.

Mui tos teriam as intui ções de suas vidas nas estre las, impos si bi li ta dos que todos esta riam, por milê nios, de tirar os

Era pre ci so que todos sou bes sem que o tempo naque le mundo pas sa ria muito mais rápi do que ali. Um dia do tempo que conhe ciam agora cor res pon de ria a quase uma déca da no pla ne ta esco lhi do. Um ano cor res pon-de ria a milê nios.

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pés do chão, e delas teriam sau da des que ras ga riam seus pei-tos da mais pun gen te dor. Dor do paraí so per di do em algum lugar des co nhe ci do.

Alguns se lem bra riam com mais cla re za, os mais cora jo-sos tal vez, e tra ta riam de pas sar as anti gas ver da des para os outros, que não as acei ta riam de pron to. Sécu los e sécu los se pas sa riam antes que essas ver da des come ças sem a flo res cer.

Um novo mundo, que não só lhes ser vi ria de abri go pelos milê nios neces sá rios para a recons tru ção de seus espí ri tos per di dos no mal, como tam bém, ape sar de suas ten dên-cias nega ti vas que não desa pa re ce riam só por que esta riam mudan do de casa, não lhes daria tempo, por causa das ári das con di ções de sobre vi vên cia e da escas sez mate rial e logís ti ca para suas ações, de des per di çar tempo com a mal da de habi-

tual de suas vidas.Duran te a longa pre le ção o choro e a lamen ta ção foram

dando lugar a uma pros tra ção abso lu ta. As pes soas se olha-vam sem acre di tar; mui tos se sen tiam viti ma dos, mesmo saben do quem eram de fato e do que tinham sido capa zes de fazer, por milê nios tam bém.

Não have ria argu men ta ção nem pos si bi li da de de mudan-ça na deci são toma da. De fato, quan do todos foram tra zi dos para Bahn bol dor, seu des ti no já esta va tra ça do.

Esta vam ape nas recu pe ran do seus peris pí ri tos para a longa tra ves sia, assim como suas men tes espi ri tuais esta vam igual men te sendo pre pa ra das para rece ber e acei tar a notí cia, da forma mais resig na da e cora jo sa pos sí vel.

Não havia mesmo quem não pres sen tis se o ter rí vel des-ti no. Um silên cio assus ta dor tomou conta do lugar quan do Ando ra ter mi nou sua expo si ção.

“Não há pres sa. Cada coisa a seu tempo. Vocês serão trans fe ri dos em gru pos para outra colô nia, no astral do pla-ne ta que vão resi dir. Não se preo cu pem com nada, pois tudo já está devi da men te arran ja do.

Nesta colô nia serão pre pa ra dos para o reen car ne na atmos fe ra pesa da do pla ne ta. Com o tempo seus cor pos serão mais den sos, para melho rar as con di ções de sobre vi vên cia. Tudo lhes será expli ca do quan do lá che ga rem.

Tenham cora gem e tra ba lhem duro, pois a volta, um dia, depen de rá exclu si va men te de cada um. Gran des gru pos retor na rão antes de outros e os que sobra rem enfren ta rão difi cul da des extras, por isso não se esque çam de olhar para as estre las a cada dia.

No lindo céu do pla ne ta de uma só lua que habi ta rão, pode rão dis tin guir vários dos pla ne tas que já lhes ser vi ram de lar amo ro so nos lados de cá um dia. Terão o dese jo sin-ce ro e legí ti mo de retor nar à pátria per di da e seus espí ri tos se esfor ça rão para com preen der melhor os cami nhos que os con du zi rão de volta”.

Fez uma longa e peno sa pausa. Seu cora ção sofria por cada uma daque las almas sofri das. E logo con cluiu:

“Deve rão ape nas con se guir lem brar que o cami nho de volta, neces sa ria men te passa pela espi ri-tua li za ção, no sen ti do mais amplo, de suas almas. A espi ri tua li za ção que sig ni fi ca o reen con tro do amor fra ter nal per di do e dei xa do para trás na estra da da vida, essa mesma estra da, que o mesmo amor vai pavi men tar para trazê-los de volta à sua pátria este lar”, fez um amplo gesto como que abra çan do a todos de encon tro a seu cora ção, se reti ran do a seguir.

O longo cami nho da volta come ça va com a par ti da. E assim se fez.

Os Filhos das Estrelas- Memórias de um capelino

Maria Teodora Ribeiro GuimarãesEditora do ConhECimEnto

“Vocês serão enca mi nha dos para reen car na ções em um pla ne ta de faixa vibra tó ria mais baixa, para onde milha res já foram enca mi nha dos. Um pla ne ta em cons tru ção onde tudo está por se fazer. Uma terra dis tan te onde gran des con vul sões geo ló gi cas ainda asso lam o pla ne ta, pro vo can-do gran des mudan ças no com por ta men to dos povos que lá come çam a se desen vol ver...”

8 4ªaula:Asraçasprimitivas

Escola de Aprendizes do EvangelhoMensagens espirituais

Autores diversosGEAEL

A UNIDADE EM DEUS

Falando ao CoraçãoEdgard Armond

O fim da evolução é a união em Deus, no retorno criativo. Se buscarmos união com Deus, não com palavras, mas com a própria alma; com Deus, cujo amor envolve toda a criação, es-taremos no caminho de um grande avanço espiritual, porque o amor é o elemento primordial, universal, da vida.

A unidade em Deus não pode ser feita diretamente por cau-sa da inferioridade da nossa condição humana, e o meio mais se guro de nos aproximarmos dessa realidade é desenvolver a força do amor em nós, onde, aliás, existe em potencial, na cen-telha di vina que somos nós mesmos e que há milênios espe-ra por esse despertamento libertador; em seguida dirigir essa força para nos sos semelhantes, que são seres de nossa própria natureza e destinação e que, como nós, padecem dos mesmos defeitos e dos mesmos anseios de redenção espiritual.

Por isso é que Jesus disse que o amor ao próximo era a maior verdade e a mais alta realização espiritual ao nosso alcance.

Portanto, quando vibramos nessa sintonia, estaremos nos unindo a Deus; quando realizamos o Bem, com desprendimen-to pessoal, entramos na corrente universal e, pelo amor verda-deiro, nos unimos a Deus nosso Criador. Esta é a meta maior.

A essa altura, é fácil perceber que já não seremos mais ho-mens comuns, mas seres angélicos, pois que a angelitude é o está gio imediatamente acima da condição humana.

O amor é o único caminho para se progredir mais depres sa

na evolução, porque, repetimos, a criação foi feita por amor e este sentimento, ou esta virtude do Espírito, é a finalidade da própria vida.

Instrutores espirituais indicam que vários Espíritos compro-metidos nas lutas religiosas da antiguidade para a fixação da crença em um Deus único, sobretudo na Ásia Menor e no Egito, servem atualmente no Brasil, onde encontram ambiente ade-quado para as renovações espirituais de que carecem.

Esta é uma das razões pelas quais são realmente notáveis e evidentes as afinidades vibratórias entre trabalhadores que cola boram na difusão do Evangelho de Jesus em nosso país.

E isso também se dá porque esta é a futura terra da promis-são e, desde já, se pode verificar a atração que exerce sobre os habitantes de muitas das nações do mundo.

Instrutores também informam que atualmente se processa no planeta um recrutamento intenso de recursos para o de-sencadeamento da investida final do Bem, simbolicamente nar-rada no Apocalipse de Jesus através da mediunidade de João Evangelista.

E os Espíritos apelam para aqueles que têm consciência da vida maior, sugerindo que se alistem nesse movimento construti-vo de paz e harmonia, unindo-se em pensamento e ação, para a consolidação da poderosa corrente do amor na Terra.

Os aprendizes que hoje se inscrevem em nossas escolas de evangelização são pretendentes naturais à filiação nas legiões do Cristo que se formam no Plano Espiritual, restando porém que sejam incluídos na Fraternidade dos Discípulos de Jesus e, como discípulos encetem, desde já, sua luta pessoal a favor da redenção dos seus semelhantes.

PRINCÍPIO ESPIRITUAL

1. A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não necessita de demonstração, tanto quan to o prin-cípio material; de alguma forma, é uma verdade axiomática: ele se afirma por seus efeitos, como a matéria, pelos que lhe são próprios.

Segundo o princípio “Todo efeito tendo uma causa, todo efei-to inteligente deve ter uma causa inteligente,” não há ninguém que não faça diferença entre o movimento mecâ nico de um sino agitado pelo vento, e o movimento desse mesmo sino, destinado a dar um sinal, uma advertência, atestando por isso mesmo um pensamento, uma intenção. Ora, como não pode vir à idéia de ninguém, atribuir pen samento à matéria do sino, conclui-se que ele é movido por uma inteligência, à qual serve de instrumento para se ma nifestar.

Pela mesma razão, ninguém tem a idéia de atribuir o pen-samento ao corpo de um homem morto. Se o homem vivo pensa, é porque nele há alguma coisa que já não há mais, quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino, é que a inteligên-

cia que faz mover este, está fora dele, enquanto que aquela que faz o homem agir está nele mesmo.

2. O princípio espiritual é o corolário da existência de Deus; sem este princípio, Deus não teria razão de ser, pois não seria mais possível conceber a soberana inteligên cia reinando durante a eternidade unicamente sobre a ma téria bruta, tanto quanto não seria lícito tal supor em relação a um monarca terrestre que reinasse toda sua vida apenas sobre pedras. Como não se pode admitir Deus sem os atributos essenciais da Divindade: a justiça e a bondade, essas qualidades seriam inúteis se apenas devessem ser exer cidas sobre a matéria.

3. Por outro lado, não se poderia conceber um Deus sobera-namente justo e bom, criando seres inteligentes e sensíveis, para lança-los ao nada depois de alguns dias de sofrimentos sem com-pensações, entretendo sua vida com essa sucessão indefinida de seres que nascem sem o ter solicita do, que pensam um instante para apenas conhecer a dor, e se extinguem para sempre, depois de uma existência efêmera.

Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da vida seriam, da parte de Deus, uma crueldade sem objetivo. Eis por-

A Gênese — Allan KardecCapítulo XI ‑ Gênese espiritual

Princípio espiritual - União do princípio espiritual e da -matéria - Hipótese sobre a origem dos corpos humanos

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 9

que o materialismo e o ateísmo são corolários um do outro; ne-gando a causa não podem ad-mitir o efeito; ne gando o efeito não podem admitir a causa. O materialismo é, pois, coerente consigo mesmo, se bem que não esteja com a razão.

4. A idéia da perpetuidade do ser espiritual é inata no ho-mem; ela existe nele, no estado de intuição e de aspi ração; ele compreende que unicamente nisto está a com pensação das mi-sérias da vida: é devido ao fato de que tal idéia sempre existiu, que há e sempre haverá mais espiri tualistas que materialistas, e mais deistas que ateus.

À idéia intuitiva e à potência do raciocínio, o Espiritis mo vem acrescentar a sanção dos fatos, a prova material da existên-cia do ser espiritual, de sua sobrevivência, de sua Imortalidade e de sua individualidade; ele dá exatidão e defi nição ao que esse pensamento tinha de vago e de abstrato. Ele nos mostra o ser inteligente agindo fora da matéria, quer depois, quer durante a vida do corpo.

5. O princípio espiritual e o princípio vital são uma e a mes-ma coisa?

Como sempre, partindo da observação dos fatos, dire mos que, se o princípio vital fosse inseparável do princípio inteligen-te, haveria alguma razão em confundi-los; porém, desde que se vêem seres que vivem e não pensam, como as plantas; corpos humanos que ainda estão animados com a vida orgânica, ao passo que neles já não existe mais nenhu ma manifestação do pensamento; que se produzem no ser vivente movimentos vitais independentes de qualquer ato de vontade; que durante o sono a vida orgânica está em toda sua atividade, ao passo que a vida intelectual não se manifesta por qualquer sinal exterior, há lugar para se admi tir que a vida orgânica reside num princípio ine‑rente à ma téria, independente da vida espiritual que é inerente ao Es pírito. Ora, desde que a matéria tem uma vitalidade inde-pendente do espírito, torna-se evidente que esta dupla vi talidade repousa sobre dois princípios diferentes (Cap. X. ns. 16 a 19).

6. O princípio espiritual teria sua fonte no elemento cósmi-co universal? Não seria senão uma transformação, um modo de existência desse elemento, como a luz, a eletrici dade, o calor etc.?

Se assim fosse, o princípio espiritual estaria sujeito às vicis-situdes da matéria; ele se extinguiria pela desagrega cão, como o princípio vital; o ser inteligente não teria senão uma existência momentânea como sucede ao corpo, e com a morte ele reentraria no nada, ou, o que vem a dar no mes mo, no todo universal; isso seria, numa palavra, a sanção das doutrinas materialistas.

As propriedades sul generis que são reconhecidas no prin-cípio espiritual provam que ele tem sua existência pró pria in-dependente, pois, se tivesse sua origem na matéria, não teria essas propriedades. Desde que a inteligência e o pensamento não podem ser atributos da matéria, chega-se a essa conclusão, remontando os efeitos às causas, que o ele mento material e o ele-mento espiritual são dois princípios constitutivos do universo. O elemento espiritual individua lizado constitui os seres chamados Espíritos assim como o elemento material individualizado cons-titui os diferentes corpos da Natureza, orgânicos e inorgânicos.

7. Admitindo-se o ser espi-ritual, e se sua fonte não pode estar na matéria, qual é a sua origem, seu ponto de partida?

Aqui, os meios de investi-gação faltam de modo absoluto, assim como tudo o que diz res-peito ao princípio das coisas. O homem não pode constatar se‑não o que existe; quanto a tudo

o mais, apenas pode emitir hipóteses; e Deus não lhe deu tal co‑nhecimento, seja porque tal conhecimento ultra passa o alcance de sua inteligência atual, seja porque seria atualmente inútil ou inconveniente que ele o possuísse no momento.

O que Deus lhe transmite por seus mensageiros, e o que por outro lado o próprio homem tem podido deduzir, partindo do princípio da soberana justiça que é um dos atributos essenciais da Divindade, é que todos temos um mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com aptidão igual para progredir mediante sua atividade individual; que todos atingirão o grau de perfei ção compatível com a criatura, atra-vés de seus esforços pes soais; que todos, sendo os filhos de um mesmo Pai, são o objeto de igual solicitude; que não há nenhum favorecido ou melhor dotado que os demais, e dispensado do trabalho que seria imposto a outros para atingir seu alvo.

8. Ao mesmo tempo em que Deus criou mundos ma teriais, desde toda a eternidade, igualmente criou seres espi rituais desde toda a eternidade: sem isso, os mundos ma teriais teriam sido sem objetivo. Seria mais fácil conce ber-se os seres espirituais sem os mundos materiais, que estes sem os seres espirituais. São os mun-dos materiais que teriam que fornecer aos seres espirituais, ele-mentos de ati vidade para o desenvolvimento de sua inteligência.

9. O progresso é a condição normal dos seres espiri tuais, e a perfeição relativa é a finalidade que devem alcan çar; ora, tendo Deus criado desde toda a eternidade, e crian do sem cessar, por toda a eternidade, também terá havido aqueles que alcançaram o ponto culminante da escala.

Antes que a Terra existisse, mundos tinham sucedido a mundos, e quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço era povoado por seres espirituais em todos os graus de progres-so, desde aqueles que nasciam para a vida, até aqueles que, de toda a eternidade, haviam tomado lugar entre os puros Espíritos, vulgarmente chamados anjos.

UNIÃO DO PRINCIPIO ESPIRITUAL E DA MATÉRIA

10. Desde que a matéria seria o objeto do trabalho do Espí-rito para o desenvolvimento de suas faculdades, era necessário que ele pudesse agir sobre ela; por isso é que ele veio habitar a matéria, como o lenhador habita a floresta. Desde que a maté-ria deve ser ao mesmo tempo a finalidade e o instrumento de trabalho, Deus, em vez de ligar o Espírito à pedra rígida, criou, para seu uso, corpos organizados, fle xíveis, capazes de receber todos os impulsos de sua vontade, e de se prestar a todos os seus movimentos.

O corpo é, pois, ao mesmo tempo o envoltório e o instru-mento do Espírito, e à medida que este adquire novas apti dões, reveste um envólucro apropriado ao novo gênero de trabalho

O corpo não é, pois, senão um envoltório destinado a receber o Espírito; desde então, pouco importa sua origem e os mate-riais dos quais ele é construído. Quer o corpo do homem seja ou não uma criação especial, nem por isso deixa de ser for-mado pelos mesmos elementos que os dos animais, animado pelo mesmo princípio vital, (em outras palavras, aquecido pelo mesmo fogo), assim como é iluminado pela mesma luz, sujeito às mesmas vicissitudes e às mesmas ne cessidades: sobre este ponto, não há contestação.

10 4ªaula:Asraçasprimitivas

que deve realizar, tal como se dá a um trabalha dor instrumentos menos grosseiros, à medida que ele seja capaz de fazer um tra-balho mais delicado.

11. Para ser mais exato, será preciso dizer que é o próprio Espírito que fabrica seu envoltório e o torna adequa do a suas no‑vas necessidades; ele o aperfeiçoa, o desenvolve e completa o or‑ganismo à medida que sente a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, ele o talha conforme sua inteligência; Deus lhe fornece os materiais; fica por sua conta, colocá-los em função; é assim que as raças adiantadas têm um organismo, ou se assim o prefe rirmos, um instrumento cerebral mais aperfei-çoado que as raças primitivas. Assim se explica igualmente o cunho especial que o caráter do Espírito imprime aos traços da fisionomia, e às linhas do corpo. (Cap. VIII, n.° 7: A Alma da Terra).

12. Desde que um Espírito nasce na vida espiritual, para seu progresso, deve fazer uso de suas faculdades, as quais são a princípio rudimentares; é por isso que ele é revestido de um envoltório corporal apropriado a seu estado de infância intelec-tual, envoltório este que ele deixa para se revestir de outro, à medida que suas forças aumentam. Ora, como houve mundos, desde todo o tempo, e que tais mundos têm dado nascimento a corpos organizados, adequa dos a receber Espíritos, desde todos os tempos os Espíritos têm encontrado os elementos necessários à sua vida carnal qual quer que fosse seu grau de progresso.

13. Sendo o corpo exclusivamente material, sofre as vicis-situdes da matéria. Depois de haver funcionado duran te certo tempo, ele se desorganiza e se decompõe; o princípio vital, não encontrando mais elemento para sua atividade, extingue-se e o corpo morre. O Espírito, visto que o corpo privado de vida é, a partir de então, sem utilidade, deixa-o como se abandona uma casa em ruína ou uma vestimenta imprestável.

14. O corpo não é, pois, senão um envoltório destinado a receber o Espírito; desde então, pouco importa sua origem e os materiais dos quais ele é construído. Quer o corpo do homem seja ou não uma criação especial, nem por isso deixa de ser for-mado pelos mesmos elementos que os dos animais, animado pelo mesmo princípio vital, (em outras palavras, aquecido pelo mes-mo fogo), assim como é iluminado pela mesma luz, sujeito às mesmas vicissitudes e às mesmas ne cessidades: sobre este ponto, não há contestação.

Se apenas considerarmos a matéria, fazendo abstração do Espírito, o homem não terá nada que o distinga do ani mal; po-rém tudo muda de aspecto se se faz a distinção entre a habitação e o habitante.

Um grande senhor, numa cabana, ou vestido com os simples vestuários do campônio, nem por isso deixará de ser o grande senhor. O mesmo sucede com o homem; não é seu vestuário de carne que o eleva acima do bruto, e faz dele um ser à parte: é seu ser espiritual, seu Espírito.

HIPÓTESE SOBRE A ORIGEM DO CORPO HUMANO

15. Da semelhança de formas exteriores existentes en tre o corpo do homem e do macaco, certos fisiologistas concluíram que o primeiro não era senão uma transforma ção do segundo. Nada há de impossível nisso, nem que afete a dignidade do ho-mem, caso assim seja. Corpos de maca cos teriam sido muito ade-

quados a servir de vestimentas aos primeiros Espíritos humanos necessariamente pouco avançados, que vieram encarnar-se na terra; tais corpos terão sido os mais apropriados a suas neces-sidades, e mais próprios ao exercício de suas faculdades, que o corpo de qualquer outro animal. Em lugar de ter sido necessário fazer-se um vestuário especial para o Espírito, ele já en controu um feito. Pôde, pois, vestir a pele do macaco, sem cessar de ser Espírito humano, como o homem se reveste às vezes da pele de certos animais, sem cessar de ser homem.

Fique bem entendido que aqui não se trata senão de uma hipótese, qual de modo nenhum é formulada como princípio, po-rém oferecida apenas para mostrar que a ori gem do corpo não prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o corpo do macaco não implica na parida-de entre seu Espírito e o do macaco.

16. Admitindo essa hipótese, pode-se dizer que, sob a influ-ência e por efeito da atividade intelectual de seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou seus deta lhes, sempre con-servando a forma geral do conjunto (n.° 11). Os corpos melhora-dos, ao se procriarem, reproduziram-se nas mesmas condições, como se tratasse de árvores enxerta das; deram nascimento a uma nova espécie, a qual pouco a pouco se afastava do tipo primitivo, à medida que o Espí rito progredia. O espírito do macaco, o qual não foi aniquilado, continuou a procriar corpos de macaco para seu uso tal como o fruto da árvore silvestre reproduz as mesmas; e o Espírito humano procriou corpos humanos, variantes do pri-meiro molde onde se estabeleceu. O tronco se bifurcou; pro duziu vergônteas, que se tornaram troncos.

Como não há transições bruscas na natureza, é prová vel que os primeiros homens que aparecereram sobre a Terra pouco dife-rissem do macaco em sua forma exterior, e sem dúvida também quanto à sua inteligência. Mesmo atual mente ainda há selvagens que, pelo comprimento dos bra ços e dos pés, e pela conformação da cabeça, certamente têm traços de macaco faltando apenas se-rem peludos para completar a semelhança.

A GêneseAllan kardecEditora Lake

EscoladeAprendizesdoEvangelho-AliançaEspíritaEvangélica(8ªturma/GEAEL) 11

Após a primeira aula e já tendo tornado conhecimento do sistema adotado, do programa da Escola e das obrigações e de-veres a cumprir, o aprendiz deve auscultar cuidadosamente seus sentimentos e suas idéias para saber se, realmente, deseja pros-seguir nesse caminho difícil da auto purificação; se possui o ideal de melhorar-se, preparando-se para os testemunhos que o disci-pulado exigirá futuramente.

Se a resposta for favorável, assumirá então, consigo mesmo e com Jesus, um amplo compromisso de trabalhos e devotamen-to presentes e futuros, anotando as seguintes regras de conduta:

a) assiduidade rigorosa, aos trabalhos escolares;b) despreocupar-se de opiniões, atitudes e interferências de

terceiros; de preconceitos religiosos e sociais, que interfiram para desviá-lo do intento visado;

c) reagir a cansaços, desânimos e dificuldades de qualquer espécie, pois sabe poder contar com o auxílio dos benfeitores espirituais;

d) ter sempre à vista o quadro pré-organizado de defeitos e vícios, para regular sua repressão com prudência e equilíbrio;

e) manter rigor progressivo nos esforços de melhoria, a co-meçar no lar doméstico, onde agirá de forma compreensiva, to-lerante, bondosa, controlando palavras, gestos e impulsos menos dignos, até que a conduta se torne espontânea e natural;

f) fugir de atritos, discussões, comentários malévolos, dispu-tas sobre o que for, cedendo sempre que possível a tudo o quanto não prejudique a terceiros ou ao seu trabalho:

g) intervir como elemento conciliador sempre que necessário, evitando, porém, interferências não solicitadas ou impositivas;

h) tratar a todos com bondade e paciência, invariavelmente;i) ser justo e enaltecer as virtudes, sem ferir aqueles que as

não possuem;j) fazer o bem sem ostentação, aconselhando, protegendo,

ensinando, ajudando, mas sobretudo esclarecendo espiritual-mente, pois que essa é a maior dádiva e a que tem realmente força para transformar moralmente os homens;

k) ser sempre um exemplo vivo de boa conduta e sentimen-tos elevados, no lar e fora dele, para que possa merecer confiança e respeito;

l) evitar fazer proselitismo impertinente, forçando pessoas a aceitarem pontos de vista e conhecimentos que não estão em condições de compreender e assimilar;

m) semear sempre a boa semente, sem preocupação de re-sultados imediatos;

n) realizar esforços permanentes de melhoria, porque há sempre falhas a corrigir, coisas novas a conquistar, vivendo, como vivemos, em um mundo inferior;

o) não se preocupar em demasia com acessos a cargos, po-sições ou bens materiais, porque o que cabe a cada um de nós a seu tempo nos virá às mãos, da parte do Doador Eterno;

p) aperfeiçoar e desenvolver em si mesmo capacidades in-trínsecas e energias potenciais, visando tarefas e responsabilida-des futuras;

q) ter presente que a evangelização é um estado intimo do

Espírito e não uma mera suposição de ser o que realmente não é, ou manter aparência ilusória de situação interna que não existe:

r) ser verdadeiro em tudo e buscar perfeição espiritual com todo afã, enquanto viver;

s) compreender que nada vem do exterior que possa substi-tuir o esforço próprio, vindo do mais íntimo da alma e da cons-ciência despertada pelo anseio de purificação;

t) considerar que o passado de erros e acertos fez o pre-sente, um estado já mais avançado, donde pode, como aprendiz, lançar-se agora, sob o escudo do Evangelho, a mais altas esferas de atividade espiritual; que as raízes do passado são irremoví-veis, a não ser pelos resgates de sofrimento e pelos trabalhos em benefício dos semelhantes, que a evangelização favorece;

u) que, como homem do mundo, não tinha rumo ou ideal definitivo como tem agora, como simples aprendiz, e de forma definitiva e segura.

* * *

Os aprendizes que, nesta encarnação, conseguem realizar -se dessa forma, são os que já se sobrepõem às influências da animali-dade inferior, já se saturaram de valores negativos e aspiram situa-ções melhores; sentem fome de espiritualidade e aspiram lançar-se nos caminhos difíceis de ascensão, sem medir sacrifícios.

Apesar de vinculados estreitamente ao mundo material, pela mente e pelos sentidos físicos, todavia a ele passarão a não mais pertencer se tiverem êxito; conquanto dependam ainda des-se mundo material para a realização das provas e experiências necessárias à evolução neste atual estágio, todavia, como Espíri-tos, seu hábitat não é este.

Em consequência, devem lutar para impedir que a matéria física os absorva e desoriente, dominando-os com inferioridades, fechando com ilusões e enganos as rotas da ascensão; devem lu-tar para que predominem sobre a matéria os valores morais, os conceitos mentais, os sentimentos altos de Espíritos mais evo-luídos. Tomem as rédeas de direção desse mundo interno para poderem mantê-lo equilibrado face às reações que nele se refle-tem vindas do mundo exterior; porque esse mundo íntimo é o verdadeiro e nele é que se equacionam os fatores que influem na evolução, esteja o Espírito encarnado ou não.

Se vencerem este passo de agora estarão preparados para quaisquer outros, porque aguçaram a vontade, provaram os va-lores morais, os sentimentos, e fortaleceram um ideal de superior significação e amplas perspectivas para o futuro, após a morte física; e adquiriram capacidade para tornarem suas vidas úteis desde já à comunidade humana, o que é um alto testemunho da universalidade de sentimentos que caracteriza o verdadeiro cristão.

Essa Escola prepara os aprendizes para que assim seja e assim, realmente, tem sido, desde sua criação, há vinte anos,1 e em crescente proporção; e hoje eles são os esteios mais firmes e valiosos da estabilidade e das atividades funcionais desta Casa

1 A Escola de Aprendizes do Evangelho foi inaugurada em 6 de maio de 1950.

Espaço dos AprendizesRegras de conduta

Edgard ArmondGEAEL

de Ismael e de Jesus, na ampla área que lhe compete para a pro-pagação da Doutrina dos Espíritos em nosso País.

Por outro lado, organismos desse tipo (pois que surgirão outros) serão uma colaboração preciosa, concreta e oportuna, do Espiritismo para a redenção da humanidade terrena.

Essa é a tarefa que cabia às religiões de filiação cristã e que não foi efetivada por motivos óbvios. Se o tivesse sido — e para isso houve tempo de sobra — o cristianismo autêntico dominaria no mundo e este seria então muito diferente do que é na atualidade.

E se o Espiritismo também não fizer, com os homens de hoje o que está aliás de certa forma ressalvado na conhecida frase: “com os homens, sem os homens ou apesar dos homens” dele se poderá dizer a mesma coisa futuramente.

Esta é, pois, a responsabilidade individual dos espiritas ver-dadeiros: cuidarem de si, prepararem-se, evangelizando- se para que a Doutrina tenha êxito na missão transcendente, em razão da qual foi outorgada ao mundo de nossos dias pelo Divino Redentor.

* * *

Durante o aprendizado, na luta contra as inferioridades, o aprendiz verificará, surpreso, o quanto vem sendo facilitado seu es-forço e satisfatórios, além do imaginado, os resultados alcançados.

Isso se deve, duma parte, ao fato de desconhecer suas pró-prias forças e, doutra, em ser grandemente auxiliado pelos ben-feitores espirituais, que estimulam e ajudam o esforço meritó-rio, estendendo esse auxílio aos familiares que dele dependem; e ainda, por ser esse esforço concordante com as leis divinas da evolução.

Via de regra, as tentativas de auto-purificação são precá-rias e improfícuas, porque o desejo de realizá-las é simplesmente teórico e, consequentemente, superficial a decisão tomada a res-peito, frouxa a vontade na execução e ausente a indispensável sinceridade.

Por exemplo: cumprindo as regras da Escola, o aprendiz,

logo no primeiro semestre, deixa de fumar, mas, no fundo, gosta do vício e reluta em levar o esforço até o final. Por outro lado, o organismo, intoxicado pelo alcalóide, reage, exigindo a dose ha-bitual. Isso leva o aprendiz a voltar atrás, fracassando na tenta-tiva que, nesse caso, deve recomeçar, mas se o fracasso repetir-se, então somente um acontecimento que cale fundo no corpo ou no Espírito (uma interferência espiritual, um revés grave, uma doença, por exemplo) terá a virtude de recolocá-lo no caminho abandonado.

Na realidade o aprendiz, no seu íntimo, preferiu o prazer físico ao aperfeiçoamento moral; mas quando a decisão de início é firme e categórica, amparada por uma vontade forte ou uma necessidade imperiosa, a tentativa surte efeito rápido, os defeitos transformam-se em virtudes e os obstáculos se removem com notável facilidade.

A partir do dia em que comparecem à primeira aula, os aprendizes verificam também, e duma forma geral, que novos horizontes se lhes vão abrindo à frente; profundas modificações se vão processando no seu psiquismo e na saúde física; novos alentos e esperanças vão surgindo e energias desconhecidas pe-netram-lhes nas almas, impulsionando-os ao prosseguimento e à distensão dos esforços iniciados.

Verificam também que os sentimentos se vão modificando para melhor, em todos os sentidos; surgindo uma maior capaci-dade de compreender e de agir, de perdoar agravos, inclusive em relação a desafetos; de encarar e sofrer suas provações corajosa-mente.

Percebem como aceitam com mais facilidade e suportam com mais conformação os acontecimentos menos felizes, como moléstias, contratempos domésticos, perdas de dinheiro e outros, nos quais tinham a alma presa; mais facilmente se desprendem do mundo material, dando mais valor aos bens do espírito; de-saparece o temor do desconhecido, das moléstias e da morte; cessam as dúvidas de caráter religioso em relação ao presente e ao futuro e aos poucos se vão sobrepondo às contingências e do-minações da vida material, integrando-se melhor nas coisas que não têm consistência aparente, por já saberem que as realidades verdadeiras estão por detrás delas, em um mundo de harmonia e de paz, que é agora o alvo de seus mais caros anelos.

Tornam-se enfim homens novos, aos quais Jesus se referia e cujas esperanças, segurança e estabilidade, não podem ser ofere-cidas pelo mundo material, perecível e enganoso.

Muitos desses estados de alma habitualmente se dão com aqueles que se iniciam no Espiritismo, porém como aprendizes penetram muito mais fundo, ampla e diretamente, nesse mundo psíquico, por se terem decidido corajosamente pela evangeliza-ção, que é o ponto alto da evolução espiritual.

E, ao chegar ao fim do caminho, ao termo desta atual en-carnação bem aproveitada, após tantas lutas, é natural que, as-sim transformados, muito mais fortes, decididos, confiantes nas próprias forças e na assistência poderosa que lhes vem dos pla-nos invisíveis, terão conseguido, enfim, libertar-se dos mundos probatórios, onde dominam os valores negativos da animalidade inferior que por tantos séculos os dominaram, mas que agora, se os resgates do passado foram feitos, se encontrarão vencidos e relegados ao esquecimento, substituídos pelas luzes do saber e pela glória de serem discípulos.