Grupo Filipe - Escola como Burocracia e Escola como Democracia

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Centro de Competências de Ciências Sociais Departamento de Ciências da Educação Unidade Curricular: Gestão de Projectos em Educação 1.º Ciclo - Ano Lectivo de 2009/2010 Docente: Nuno Silva Fraga IMAGENS ORGANIZACIONAIS DA ESCOLA” de Jorge Adelino Costa Capítulo II – “A Escola como BurocraciaCapítulo III- “A Escola como Democracia20 de Abril de 2010, Funchal Discentes: Carla Gonçalves, Cezel Gonçalves, Filipe Castanha, Laura Lopes e Simone Silva

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Centro de Competências de Ciências SociaisDepartamento de Ciências da Educação

Unidade Curricular: Gestão de Projectos em Educação1.º Ciclo - Ano Lectivo de 2009/2010

Docente: Nuno Silva Fraga

“IMAGENS ORGANIZACIONAIS DA ESCOLA” de Jorge Adelino Costa

Capítulo II – “A Escola como Burocracia”Capítulo III- “A Escola como Democracia”

20 de Abril de 2010, Funchal

Discentes: Carla Gonçalves, Cezel Gonçalves, Filipe Castanha, Laura Lopes e Simone Silva

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Nota Introdutória

A escola é uma organização, as organizações são unidades sociais, portanto a escola fora intencionalmente construída para atingir propósitos particulares;

A descrição de organização escolar passa pelas desiguais imagens organizacionais ou perspectivas que encontram-se explicitas na obra em questão: a escola como empresa, a escola como burocracia, a escola como democracia, a escola como arena política, a escola como anarquia e por fim a escola como cultura.

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Capítulo II – “A Escola como Burocracia”p.39 a 53

“O quadro conceptual e teórico desenvolvido pelo modelo burocrático de organização terá sido, certamente, um dos mais utilizados ( e, eventualmente, também dos mais criticados) na caracterização quer dos sistemas educativos, quer das escolas.”

(Costa p.39)

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Caracterização do modelo organizacional : “a escola como burocracia”

Centralização das decisões no Ministério da Educação, transformada na ausência de autonomia das escolas;

Regulamentação das actividades pela divisão do trabalho;

Previsibilidade de funcionamento pela planificação minuciosa da organização;

Formalização, hierarquização e centralização dos estabelecimentos de ensino;

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Caracterização do modelo organizacional : “a escola como burocracia”

Burocratização da função docente;

Recurso excessivo (“obsessivo”) à documentação escrita [ “Arquivomania” ];

Conduta humana estandardizada com base na execução de regras já regulamentadas;

Impessoalidade nas relações humanas;

Pedagogia uniforme (a mesma organização e conteúdos disciplinares).

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Em Portugal

Em Portugal a teoria da burocracia ocupou também o seu lugar de destaque.

João Formosinho afirma que com o modelo burocrático a predominar o sistema educativo português dificilmente se renovaria e inovaria. Verifica-se esse facto na citação abaixo.

" A conclusão principal a tirar desta análise é de que é difícil a renovação pedagógica a partir das escolas e dos professores num sistema onde predomina a lógica do centralismo burocrático"

(Formosinho, citado por costa, p. 50)

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Critica de oposição

“Estamos certos de uma coisa. Dentro da estrutura burocrática nunca mudaremos para novas escolas, para escolas livres. Essa estrutura foi inventada para assegurar o domínio e o controlo. Nunca produzirá liberdade nem actualização continuada.”

(Clark & Meloy, citados por Costa, p. 53)

De acordo com estes autores, a escola com o modelo organizacional burocrático jamais se abriria a novas realidades (inovação), pois este está claramente direccionado para a sistematização do sistema e seu consequente cumprimento na integra, que já estava delineadamente previsto e escrito .

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Reflexão do grupo acerca do modelo organizacional : “a escola como burocracia”

“A experiência tende a mostrar universalmente que o tipo burocrático mais puro de organização administrativa – isto é, o tipo monocrático de burocracia – é capaz, numa perspectiva puramente técnica, de atingir o mais alto grau de eficiência e neste sentido é, fortemente, o mais racional e conhecido meio de exercer dominação sobre os seres humanos”

(Weber , citado por Costa p.42)

O modelo organizacional Burocrático de escola fomenta uma “desumanização” da utilidade organizacional, no sentido em que substitui decisões pessoais por documentos escritos e estandardizados (“arquivomania”).

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Reflexão do grupo acerca do modelo organizacional : “a escola como burocracia”

“A burocracia acompanha inevitavelmente a moderna democracia de massa em contraste com o governo autónomo democrático das pequenas unidades homogéneas. Isso resulta do princípio característico da burocracia: a regularidade abstracta da execução da autoridade, que por sua vez resulta da procura de «igualdade perante a lei» no sentido pessoal e funcional – e, daí, o horror ao «privilégio», e a rejeição ao tratamento dos casos «individualmente»”

(Weber, citado por Costa p.42)

Este conceito, tem como suporte a ideia de impedir o exercício da igualdade e do privilégio perante a lei no sentido funcional e pessoal.

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Capítulo III- “A Escola como Democracia”p. 55 a 71

“Em nossa opinião, dizer visão personalista da escola […] significa acreditar no primado da pessoa sobre as estruturas. Todavia, o que é verdadeiramente importante no âmbito da escola é o homem, a quem as estruturas devem servir, e não o contrário.”

(Moreno, citado por Costa p.65)

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Caracterização do modelo organizacional : “a escola como democracia”

Modelo normativo na sua orientação;

Inferior atenção à dimensão formal e estrutural das organizações e sobrevalorização dos sujeitos e suas relações;

Observação atenta das tarefas e normas pelo interesse no comportamento das pessoas em grupo;

Personalização pedagógica;

Geralmente os sujeitos encontram-se psicologicamente satisfeitos, pois assim o seu rendimento é máximo, caso contrário assistir-se-ia a um declínio;

Fundamentado na Teoria das Relações Humanas;

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Caracterização do modelo organizacional : “a escola como democracia”

Os factores sociais e psicológicos do comportamento organizacional são os principais objectos de estudo ;

Inserção do factor humano no âmbito organizacional;

Consideram que o trabalhador (professor, aluno, etc.) detém sentimentos;

A participação, a cooperação, a satisfação e a realização pessoal contemplam e valorizam as pessoas e os grupos;

Escola é vista como uma sociedade em “miniatura” que apronta os sujeitos para a vida;

Para aprender a viver em sociedade e a respeitar os direitos da cidadania, o aluno participa nos processos pedagógicos.

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Fundamentação teórica

A “escola como democracia” veio revolucionar o modelo organizacional anteriormente referido (modelo Burocrático), sua formalização e estruturação organizacional é deixada para trás.

"Fazendo a caricatura, eu diria que apenas a meio dos anos 30 se deu conta que existia humano na empresa. De resto falou-se literalmente da descoberta do factor humano"

(Aktouf, citado por Costa, p.57)

O Homem passa a ser visto e compreendido como um ser social e deixa de ser visto como uma máquina.

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Fundamentação teórica

A fundamentação teórica da imagem organizacional da democracia é inicialmente situada na teoria das relações humanas, de Elton Mayo.

Mais tarde Hampton revela que esta teoria deve sofrer algumas transformações, tais como, novos campos de intervenção dos gestores empresariais:

“Os gestores não só necessitam de planificar, organizar, dirigir e controlar o trabalho, como insistia Taylor, mas necessitam também de construir constantemente uma organização social humana”

(Hampton, citado por Costa, p 58)

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A Escola Democrática

O desenvolvimento de uma concepção democrática da escola foi certamente marcada pelo autor John Dewey. Pedagogo e filósofo, além de estar na base da imagem democrática da escola, também é considerado como sendo um dos precursores da teoria das relações humanas. Dewey, além de achar que as escolas devem estar ao serviço da sociedade e da mudança social, defende um processo educativo activo (learning by doing) baseado na experiencia e no trabalho manual, ou seja, aprendendo fazendo.

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A Escola Democrática

As escolas além de terem em principal atenção as crianças, Dewey salienta que o modelo de funcionamento democrático trabalhado nas instituições deve também valorizar a participação do educando nos processos pedagógicos:

“Os livros e a conversação podem fazer muito, mas o mal é contarmos excessivamente com esses factores. Para sua plena eficiência, as escolas precisam de mais oportunidades para actividades em conjunto, nas quais os educandos tomem parte, a fim de compreenderem o sentido social de suas próprias aptidões e dos materiais e recursos utilizados”

(Dewey, citado por Costa, p.63)

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A Escola Democrática

Segundo Muñoz e Roman, tendo em conta o pensamento pedagógico de Dewey, concebem três características à escola como comunidade educativa, as quais são: a singularidade, a autonomia e a abertura, que por sua vez Martínez resume-os em doze:

" 1. organização participada.2. Participação da família e da comunidade.3. Definição e classificação de objectivos.4. Planificação dos núcleos de experiência e cultura

sistemática.5. Instrumentos técnicos ao serviço da educação.6. Prioridade à actividade do aluno sobre a do professor.7. Agrupamento flexível de alunos.8. Actuação de equipas docentes.9. Planificação das actividades de orientação.10. Diagnóstico e prognóstico escolar.11. avaliação e promoção contínuas.12. Auto-avaliação por parte dos estudantes”

(Martínez, citado por Costa, p.65)

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Em Portugal

A imagem da “escola como democracia” no contexto educativo português é explicada por Costa em duas temáticas: a da escola como comunidade educativa e a da gestão democrática das escolas, isto na perspectiva da organização e administração das escolas.

Esta concepção da escola como comunidade educativa, visa a descentralização, a participação e a integração comunitária, segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo (lei nº 46/86, de 14 de Outubro).

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Em Portugal

João Formosinho, abordando esta temática da escola como comunidade educativa, apresenta-a como alternativa ao modelo escolar praticado até então (modelo burocrático), assim sendo a escola deixa de ser considerada como serviço local do estado. Passando a ser concebida com base nos princípios: da autonomia, da participação e da responsabilização perante os seus membros (democrática) e da abertura a todos os interessados no processo educativo (integração comunitária). Criando assim uma fronteira social em oposição à tradicional fronteira física ou legal.

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Em Portugal

A segunda temática, a gestão democrática das escolas, segundo Licínio Lima, esta encontra-se dividida em duas edições:

1ª O ensaio autogestionário – que reporta ao período revolucionário de 74-76 e é marcada pela democracia directa e pela deslocação do poder para as escolas;

2ª Normalização – Consagrada a partir de 1976 (com a publicação do decreto de Lei nº769-A/76, de 23 de Outubro), caracteriza-se pelo retorno do poder central e pela reconstrução da centralização administrativa.

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Em Portugal

Assim sendo, baseando-se apenas na segunda edição Normalização (pois foi a mais consistente e a que durou mais), o modelo português da gestão democrática das escolas apresenta os seguintes aspectos:

o Trata-se de um modelo de gestão suportado por imagem fortemente normativa;

o Defende-se a autoridade profissional da classe docente traduzida, nomeadamente, no seu predomínio progressivo na tomada de decisões escolares (Lima, 1992ª:298), situação classificada por Formosinho como gestão neocorporativa dos professores (1990:32-33);

o Utiliza-se também um processo de constituição dos órgãos escolares e de tomada de decisões de tipo electivo-colegial com base no modelo da representatividade formal.

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Reflexão do grupo acerca do modelo organizacional : “a escola como democracia”

“Falar de comunidade educativa é conceber a escola como lugar de encontro de professores, pais e alunos com o objectivo de realizar uma educação que se caracterize pela comunicação, pela participação e pelo respeito da singularidade de cada pessoa e de cada grupo”

(Lorenzo Delgado, citado por Costa p.66)

A família deve ter também um papel participativo na educação do aluno, para a concretização deste modelo organizacional de escola, deve haver também uma aceitação do projecto educativo comum, envolvendo professores, alunos, pais e sociedade.

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Concluindo

Conclui-se portanto que a imagem da “escola como burocracia” - é globalmente caracterizada pela racionalidade e pela eficiência e portanto, não se afasta expressivamente dos propósitos da administração científica de Taylor. De salientar também que este modelo de escola tem características em comum com o modelo de “escola como empresa”, pois ambos apresentam uma concepção individualista, mecanicista, formalista e uniforme, dando mais importância à produtividade do que à pessoa.

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Concluindo

Quanto à imagem da “escola como democracia”- esta valoriza as pessoas, aponta para modos de acção participados e equilibrados entre todos os intervenientes na vida escolar de modo a que a harmonia e o consenso prevaleçam.

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Bibliografia

Costa, J. (1996). IMAGENS ORGANIZACIONAIS DA ESCOLA. Porto: ASA Editores, S.A.

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FIM