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GRUPO TCHÊ QUÍMICA
Cimentos Portland
Porto Alegre, RS www.tchequimica.com
Versão 1.1
Grupo Tchê Química
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Sumário
Introdução....................................................................................... 03 Experiência brasileira..................................................................... 04 Fundamentação teórica................................................................... 05 - CP I e CP II - CP III e CP IV - CP V – ARI - CP – RS - CP de baixo calor de hidratação - CPB - CPP – cimento para poços petrolíferos A influência dos tipos de cimentos nas argamassas e concretos.... 08 Armazenamento dos sacos de cimento........................................... 09 Concreto: como uma receita de bolo.............................................. 11 A versatilidade do cimento brasileiro............................................. 12 Aplicações dos tipos de cimento..................................................... 13 Vantagens das adições no cimento................................................. 18 Aplicações dos cimentos portland.................................................. 18 Fabricação do cimento: fluxograma................................................... 24 Referências Bibliográficas.............................................................. 27
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INTRODUÇÃO
O cimento pode ser definido como um pó fino, com propriedades aglomerantes,
aglutinantes ou ligantes, que endurece sob a ação de água. Na forma de concreto, torna-se
uma pedra artificial, que pode ganhar formas e volumes, de acordo com as necessidades de
cada obra. Graças a essas características, o concreto é o segundo material mais consumido
pela humanidade, superado apenas pela água.
A palavra CIMENTO é originada do latim CAEMENTU, que designava na velha
Roma espécie de pedra natural de rochedos e não esquadrejada. A origem do cimento
remonta há cerca de 4.500 anos. Os imponentes monumentos do Egito antigo já utilizavam
uma liga constituída por uma mistura de gesso calcinado. As grandes obras gregas e
romanas, como o Panteão e o Coliseu, foram construídas com o uso de solos de origem
vulcânica da ilha grega de Santorino ou das proximidades da cidade italiana de Pozzuoli,
que possuíam propriedades de endurecimento sob a ação da água.
O grande passo no desenvolvimento do cimento foi dado em 1756 pelo inglês John
Smeaton, que conseguiu obter um produto de alta resistência por meio de calcinação de
calcários moles e argilosos. Em 1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de
Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e calcários. Ele é considerado o inventor
do cimento artificial. Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin queimou conjuntamente
pedras calcárias e argila, transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma mistura
que, após secar, tornava-se tão dura quanto as pedras empregadas nas construções. A
mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo construtor no mesmo ano, com o
nome de cimento Portland, que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades de
durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha britânica de Portland.
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Experiência brasileira
No Brasil, a primeira tentativa de aplicar os conhecimentos relativos à fabricação do
cimento Portland ocorreu aparentemente em 1888, quando o comendador Antônio Proost
Rodovalho empenhou-se em instalar uma fábrica em sua fazenda em Santo Antônio, Estado
de São Paulo. Posteriormente, várias iniciativas esporádicas de fabricação de cimento
foram desenvolvidas Assim, chegou a funcionar durante três meses em 1892 uma pequena
instalação produtora na ilha de Tiriri, na Paraíba. A usina de Rodovalho operou de 1897 a
1904, voltando em 1907 e extinguindo-se definitivamente em 1918. Em Cachoeiro do
Itapemirim, o governo do Espírito Santo fundou, em 1912, uma fábrica que funcionou até
1924, sendo então paralisada, voltando a funcionar em 1936, após modernização. Todas
essas etapas não passaram de meras tentativas que culminaram, em 1924, com a
implantação pela Companhia Brasileira de Cimento Portland de uma fábrica em Perus,
Estado de São Paulo, cuja construção pode ser considerada como o marco da implantação
da indústria brasileira de cimento. As primeiras toneladas foram produzidas e colocadas no
mercado em 1926. Até então, o consumo de cimento no país dependia exclusivamente do
produto importado. A produção nacional foi gradativamente elevada com a implantação de
novas fábricas e a participação de produtos importados oscilou durante as décadas
seguintes, até praticamente desaparecer nos dias de hoje.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CP I e CP II
O primeiro cimento portland lançado no mercado brasileiro foi o cimento comum,
que corresponde atualmente ao CP I - CIMENTO PORTLAND COMUM (EB 1/ NBR
5732), um tipo de cimento portland sem quaisquer adições além do gesso (utilizado como
retardador da pega). Ele acabou sendo considerado na maioria das aplicações usuais como
termo de referência para comparação com as características e propriedades dos tipos de
cimento que surgiram posteriormente. Foi a partir do amplo domínio científico e
tecnológico sobre o cimento portland comum que se pôde desenvolver outros tipos de
cimento, com o objetivo inicial de atender a casos especiais. Com o tempo verificou-se que
alguns desses cimentos, inicialmente tidos como especiais, tinham desempenho equivalente
ao do cimento portland comum original, atendendo plenamente às necessidades da maioria
das aplicações usuais e apresentando, em muitos casos, certas vantagens adicionais. A
partir dos resultados dessas conquistas e a exemplo de países tecnologicamente mais
avançados, como os da União Européia, surgiu no mercado brasileiro em 1991 um novo
tipo de cimento portland composto, cuja composição é intermediária entre os cimentos
portland comuns e os cimentos portland com adições (alto-forno e pozolânico), estes
últimos já disponíveis há algumas décadas.
RESISTÊNCIA MECÂNICA
Os cimentos portland normalizados são designados pela sigla e pela classe de
resistência. A sigla corresponde ao prefixo CP acrescido do algarismo romano I ou II,
sendo as classes de resistências indicadas pelos números 25, 32 e 40. As classes de
resistência apontam os valores mínimos de resistência à compressão (expressos em
megapascal - MPa) garantidos pelos fabricantes, após 28 dias de cura.
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CP III e CP IV
O consumo apreciável de energia durante o processo de fabricação de cimento
motivou mundialmente a busca de medidas para reduzir o consumo energético. Uma das
alternativas de sucesso foi o uso de escórias granuladas de alto-forno e materiais
pozolânicos na composição dos chamados CP III - CIMENTO PORTLAND DE ALTO-
FORNO e CP IV - CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO respectivamente.
RESISTÊNCIA MECÂNICA
Os cimentos portland normalizados são designados pela sigla e pela classe de
resistência. A sigla corresponde ao prefixo CP acrescido do algarismo romano III e IV,
sendo as classes de resistências indicadas pelos números 25, 32 e 40. As classes de
resistência apontam os valores mínimos de resistência à compressão (expressos em
megapascal - MPa) garantidos pelos fabricantes, após 28 dias de cura.
CP V – ARI
O cimento portland de alta resistência inicial (CP V - ARI) tem a peculiaridade de
atingir altas resistências já nos primeiros dias da aplicação. O desenvolvimento da alta
resistência inicial é conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de calcário e
argila na produção do clínquer, bem como pela moagem mais fina do cimento, de modo
que, ao reagir com a água, ele adquira elevadas resistências, com maior velocidade.
CP - RS
Os cimentos portland resistentes aos sulfatos são aqueles - como o próprio nome diz
- que têm a propriedade de oferecer resistência aos meios agressivos sulfatados, tais como
os encontrados nas redes de esgotos de águas servidas ou industriais, na água do mar e em
alguns tipos de solos. De acordo coma norma NBR 5737, quaisquer um dos cinco tipos
básicos (CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI) podem ser considerados resistentes aos
sulfatos, desde que obedeçam a pelo menos uma das seguintes condições:
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• teor de aluminato tricálcico (C3A) do clinquer e teor de adições carbonáticas de,
no máximo, 8% e 5% em massa, respectivamente.
• cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada
de alto-forno, em massa.
• cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material
pozolânico, em massa.
• cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração ou
de obras que comprovem resistência aos sulfatos.
No primeiro e no último caso o cimento deve atender ainda a uma das normas NBR
5732, 5733, 5735, 5736 e 11578. Se o cimento original for o portland de alta resistência
inicial (NBR 5733), admite-se a adição de escória granulada de alto-forno ou materiais
pozolânicos, para os fins específicos da NBR 5737.
CP de Baixo Calor de Hidratação
O aumento da temperatura no interior de grandes massas de concreto devido ao
calor desenvolvido durante a hidratação do cimento pode levar ao aparecimento de fissuras
de origem térmica, que podem ser evitadas se forem usados cimentos com taxas lentas de
evolução de calor, os chamados cimentos portland de baixo calor de hidratação. Os
cimentos portland de baixo calor de hidratação, de acordo com a NBR 13116, são aqueles
que despendem até 260 J/g e até 300 J/g aos 3 dias e 7 dias de hidratação respectivamente,
e podem ser qualquer um dos tipos básicos. O ensaio é executado de acordo com a norma
NBR 12006 - Determinação do Calor de Hidratação pelo Método da Garrafa de Langavant.
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CPB
O cimento portland branco é um tipo de cimento que se diferencia dos demais pela
coloração. A cor branca é conseguida a partir de matérias-primas com baixos teores de
óxido de ferro e manganês e por condições especiais durante a fabricação, especialmente
com relação ao resfriamento e à moagem do produto. No Brasil o cimento portland branco
é regulamentado pela Norma NBR 12989, sendo classificado em dois subtipos: cimento
portland branco estrutural e cimento portland branco não estrutural. O cimento portland
branco estrutural é aplicado em concretos brancos para fins arquitetônicos, possuindo as
classes de resistência 25, 32 e 40, similares às dos demais tipos de cimento. Já o cimento
portland branco não estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, no
rejuntamento de azulejos e na fabricação de ladrilhos hidráulicos, isto é, em aplicações não
estruturais, sendo esse aspecto ressaltado na sacaria para evitar uso indevido por parte do
consumidor.
CPP - Cimento para poços petrolíferos
O CPP constitui um tipo de cimento portland de aplicação bastante específica, qual
seja a cimentação de poços petrolíferos. O consumo desse tipo de cimento é pouco
expressivo quando comparado ao de outros tipos de cimentos normalizados no País. O
cimento para poços petrolíferos (CPP) é regulamentado pela NBR 9831 e na sua
composição não se observam outros componentes além do clínquer e do gesso para retardar
o tempo de pega. No processo de fabricação do cimento para poços petrolífero são tomadas
precauções para garantir que o produto conserve as propriedades reológicas (plasticidade)
necessárias nas condições de pressão e temperatura elevadas presentes a grandes
profundidades, durante a aplicação nos poços petrolíferos. O CPP pode ser identificado
como sendo um cimento classe G (CPP-G).
A influência dos tipos de cimento nas argamassas e concretos
As influências dos tipos de cimento nas argamassas e concretos são relativas,
podendo-se ampliar ou reduzir seu efeito através do aumento ou diminuição da quantidade
de seus componentes, sobretudo a água e o cimento. As características dos demais
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componentes, que são principalmente os agregados (areia, pedra britada, pó-de-pedra, etc.),
também poderão alterar o grau de influência, sobretudo se contiverem matérias orgânicas
(folhas, raízes, etc.). Finalmente, pode-se usar aditivos químicos para reduzir certas
influências ou aumentar o efeito de outras, quando desejado ou necessário. Tudo isso leva à
conclusão de que é necessário estudar a dosagem ideal dos componentes das argamassas e
concretos a partir do tipo de cimento escolhido ou disponível na praça, de forma a
estabelecer uma composição que dê o melhor resultado ao menor custo. A dosagem deve
obedecer a métodos racionais comprovados na prática e que respeitem as normas técnicas
aplicáveis e o uso dos aditivos deve seguir as instruções do seu fabricante.
Além disso, é fundamental fazer corretamente o adensamento e a cura das
argamassas e dos concretos. O adensamento e a cura mal feitos são as principais causas de
defeitos e problemas que surgem nas argamassas e nos concretos, como baixa resistência,
as trincas e fissuras, a corrosão da armadura etc. O bom adensamento é obtido por vibração
adequada. O principal cuidado que se deve tomar para obter uma cura correta é manter as
argamassas e os concretos úmidos após a pega, molhando-os com uma mangueira ou com
um regador, ou então os cobrindo com sacos molhados (de aniagem ou do próprio
cimento), ou até colocando tábuas ou chapas de madeira molhadas sobre a superfície, de
modo a impedir a evaporação da água por ação do vento e do calor do sol durante um
período mínimo de sete dias.
Armazenamento dos sacos de cimento
O cimento é um produto perecível, portanto é preciso atentar para os cuidados
necessários à sua conservação, pelo maior tempo possível, no depósito ou no canteiro de
obras. O cimento é embalado em sacos de papel kraft de múltiplas folhas. Trata-se de uma
embalagem usada no mundo inteiro, para proteger o cimento da umidade e do manuseio no
transporte, ao menor preço para o consumidor. Além disso, o saco de papel é o único que
permite o enchimento com material ainda bastante aquecido, por ensacadeiras automáticas
imprescindíveis ao atendimento do fluxo de produção (ao contrário de outros tipos de
embalagem já testados, como a de plástico). Mas, o saco de papel protege pouco o cimento
nele contido da ação direta da água. Se o cimento entrar em contato com a água na
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estocagem, ele vai empedrar ou endurecer antes do tempo, inviabilizando sua utilização na
obra ou fábrica de pré-moldados e artefatos de cimento.
A água é o maior aliado do cimento na hora de confeccionar as argamassa e os
concretos. Mas é o seu maior inimigo antes disso. Portanto, é preciso evitar a todo custo
que o cimento estocado entre em contato com a água. A água não vem só da chuva, de uma
torneira ou de um cano furado; também se encontra, sob forma de umidade, no ar, na terra,
no chão e nas paredes. Por isso, o cimento deve ser estocado em local seco, coberto e
fechado de modo a protegê-lo da chuva, bem como afastado do chão, do piso e das paredes
externas ou úmidas, longe de tanques, torneiras e encanamentos, ou pelo menos separados
deles. Recomenda-se iniciar a pilha de cimento sobre um tablado de madeira, montado a
pelo menos 30 cm do chão ou piso e não formar pilhas maiores do que 10 sacos, se o
cimento for ficar estocado por mais de quinze dias. Quanto maior a pilha, maior o peso
sobre os primeiros sacos da pilha. Isso faz com que seus grãos sejam de tal forma
comprimidos que o cimento contido nesses sacos fique quase endurecido, sendo necessário
afofá-lo de novo, antes do uso, o que pode acabar levando ao rompimento do saco e à perda
de boa parte do material. A pilha recomendada de 10 sacos também facilita a contagem, no
hora da entrega e no controle dos estoques. É recomendável utilizar primeiro o cimento
estocado há mais tempo, deixando o que chegar por último para o fim, o que evita que um
lote fique estocado por tempo excessivo, já que o cimento, bem estocado, é próprio para
uso por três meses, no máximo, a partir da data de sua fabricação.
A fabricação do cimento processa-se rapidamente. O clínquer de cimento portland
sai do forno a cerca de 80ºC, indo diretamente à moagem, ao ensacamento e à expedição,
podendo, portanto, chegar à obra ou depósito com temperatura de até 60 ºC. Não é
recomendável usar o cimento quente, pois isso poderá afetar a trabalhabilidade da
argamassa ou do concreto com ele confeccionados. Deve-se deixá-lo descansar até atingir a
temperatura ambiente e, para isso, recomenda-se estocá-lo em pilhas menores, de 5 sacos,
deixando um espaço entre elas para favorecer a circulação de ar, o que fará com que eles se
resfriem mais rapidamente. Nas regiões de clima frio a temperatura ambiente pode ser tão
baixa que ocasionará um retardamento do início de pega. Para que isso não ocorra, convém
estocar o cimento em locais protegidos de temperaturas abaixo de 12 ºC.
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Tomados todos os cuidados na estocagem adequada do cimento para alongar ao
máximo sua vida útil, ainda assim alguns sacos de cimento podem se estragar. Às vezes, o
empedramento é apenas superficial. Se esses sacos forem tombados sobre uma superfície
dura e voltarem a se afofar, ou se for possível esfarelar os torrões neles contidos entre os
dedos, o cimento desses sacos ainda se prestará ao uso normal. Caso contrário, ainda se
pode tentar aproveitar parte do cimento, peneirando-o. O pó que passa numa peneira de
malha de 5 mm (peneira de feijão) pode ser utilizado em aplicações de menor
responsabilidade, tais como pisos, contrapisos e calçadas, mas não deve ser utilizado em
peças estruturais, já que sua resistência ficou comprometida, pois parte dele já teve sua
resistência comprometida. Enfim, observa-se que é fundamental a estocagem correta, pois
não apenas há o risco de perder-se parte do cimento, como também se acaba reduzindo a
resistência final do cimento que não chegou a estragar.
Concreto: como uma receita de bolo
Os vários tipos de cimento são indicados para compor argamassas e concretos de
acordo com as necessidades de cada caso. Além disso, pode-se modificar suas
características aumentando ou diminuindo a quantidade de água e cimento, e dos demais
componentes: agregados (areia, pedra britada, cascalho etc.). É possível usar ainda aditivos
químicos, a fim de reduzir certas influências ou aumentar o efeito de outras, quando
desejado ou necessário. A dosagem dos componentes do concreto e da argamassa é
conhecida também por “traço”. Portanto, como numa receita de bolo, é importante
encontrar a dosagem ideal a partir do tipo de cimento e agregados escolhidos para
estabelecer uma composição que dê o melhor resultado com o menor custo. A dosagem
deve obedecer a métodos racionais, comprovados na prática, e que respeitem as normas
técnicas vigentes.
Mas não basta ter o traço e a dosagem ideais. A etapa de execução é fundamental
para a obtenção de um bom concreto e de uma boa argamassa. Se os processos de
adensamento e cura forem mal executados, acabam surgindo patologias, tais como baixa
resistência, trincas e fissuras, corrosão das armaduras, entre outras. O bom adensamento é
obtido por vibração adequada, especificada em norma. Já para obter uma cura correta é
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importante manter as argamassas e os concretos úmidos após a pega, molhando-os com
uma mangueira ou com um regador, ou então cobrindo-os com sacos molhados (de
aniagem ou do próprio cimento), de modo a impedir a evaporação da água por ação do
vento e do calor do sol, durante um período mínimo de sete dias, ou ainda adotando-se o
uso de agentes químicos de cura. Os diferentes tipos de cimentos normalizados são
designados pela sigla e pela classe de resistência. A sigla corresponde ao prefixo CP
acrescido de algarismos romanos I a V, sendo as classes de resistências indicadas pelos
números 25, 32 e 40. Estas apontam os valores mínimos de resistência à compressão
(expressos em megapascal - MPa), garantidos pelos fabricantes, após 28 dias de cura.
Exemplo:
Nome Técnico: Cimento Portland de Alto-Forno
Sigla: CP III
Classe: 32 (expressa a resistência à compressão do cimento aos 28 dias)
Tipo: CP III-32
A versatilidade do cimento brasileiro
O mercado nacional dispõe de 8 opções, que atendem com igual desempenho aos
mais variados tipos de obras. O cimento Portland comum (CP I) é referência, por suas
características e propriedades, aos 11 tipos básicos de cimento Portland disponíveis no
mercado brasileiro. São eles:
1.Cimento Portland Comum (CP I)
a. CP I - Cimento Portland Comum
b. CP I-S - Cimento Portland Comum com Adição
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2.Cimento Portland Composto (CP II)
a. CP II-E - Cimento Portland Composto com Escória
b. CP II-Z - Cimento Portland Composto com Pozolana
c. CP II-F - Cimento Portland Composto com Fíler
3.Cimento Portland de Alto-Forno (CP III)
4.Cimento Portland Pozolânico (CP IV)
5.Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI)
6.Cimento Portland Resistente a Sulfatos (RS)
7.Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC)
8.Cimento Portland Branco (CPB)
Esses tipos se diferenciam de acordo com a proporção de clínquer e sulfatos de
cálcio, material carbonático e de adições, tais como escórias, pozolanas e calcário,
acrescentadas no processo de moagem. Podem diferir também em função de propriedades
intrínsecas, como alta resistência inicial, a cor branca etc. O próprio Cimento Portland
Comum (CP I) pode conter adição (CP I-S), neste caso, de 1% a 5% de material
pozolânico, escória ou fíler calcário e o restante de clínquer. O Cimento Portland Composto
(CP II- E, CP II-Z e CP II-F) tem adições de escória, pozolana e filler, respectivamente,
mas em proporções um pouco maiores que no CP I-S. Já o Cimento Portland de Alto-Forno
(CP III) e o Cimento Portland Pozolânico (CP IV) contam com proporções maiores de
adições: escória, de 35% a 70% (CP III), e pozolana de 15% a 50% (CP IV).
Aplicações dos tipos de cimento
1.Cimento Portland Comum CP I e CP I-S (NBR 5732)
Um tipo de cimento portland sem quaisquer adições além do gesso (utilizado como
retardador da pega) é muito adequado para o uso em construções de concreto em geral
quando não há exposição a sulfatos do solo ou de águas subterrâneas. O Cimento Portland
comum é usado em serviços de construção em geral, quando não são exigidas propriedades
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especiais do cimento. Também é oferecido ao mercado o Cimento Portland Comum com
Adições CP I-S, com 5% de material pozolânico em massa, recomendado para construções
em geral, com as mesmas características.
2.Cimento Portland CP II (NBR 11578)
O Cimento Portland Composto é modificado. Gera calor numa velocidade menor do
que o gerado pelo Cimento Portland Comum. Seu uso, portanto, é mais indicado em
lançamentos maciços de concreto, onde o grande volume da concretagem e a superfície
relativamente pequena reduzem a capacidade de resfriamento da massa. Este cimento
também apresenta melhor resistência ao ataque dos sulfatos contidos no solo.
Recomendado para obras correntes de engenharia civil sob a forma de argamassa, concreto
simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. Veja as
recomendações de cada tipo de CP II:
a.Cimento Portland CP II-Z (com adição de material pozolânico)
- Empregado em obras civis em geral, subterrâneas, marítimas e industriais. E para
produção de argamassas, concreto simples, armado e protendido, elementos pré-moldados e
artefatos de cimento. O concreto feito com este produto é mais impermeável e por isso mais
durável.
b.Cimento Portland Composto CP II-E (com adição de escória granulada de
alto-forno)
- Composição intermediária entre o cimento portland comum e o cimento portland
com adições (alto-forno e pozolânico). Este cimento combina com bons resultados o baixo
calor de hidratação com o aumento de resistência do Cimento Portland Comum.
Recomendado para estruturas que exijam um desprendimento de calor moderadamente
lento ou que possam ser atacadas por sulfatos.
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c. Cimento Portland Composto CP II-F (com adição de material carbonático -
fíler)
- Para aplicações gerais. Pode ser usado no preparo de argamassas de assentamento,
revestimento, argamassa armada, concreto simples, armado, protendido, projetado, rolado,
magro, concreto-massa, elementos pré-moldados e artefatos de concreto, pisos e
pavimentos de concreto, solo-cimento, dentre outros.
3.Cimento Portland de Alto Forno CP III – (Com escória - NBR 5735)
Apresenta maior impermeabilidade e durabilidade, além de baixo calor de
hidratação, assim como alta resistência à expansão devido à reação álcali-agregado, além de
ser resistente a sulfatos. É um cimento que pode ter aplicação geral em argamassas de
assentamento, revestimento, argamassa armada, de concreto simples, armado, protendido,
projetado, rolado, magro e outras. Mas é particularmente vantajoso em obras de concreto-
massa, tais como barragens, peças de grandes dimensões, fundações de máquinas, pilares,
obras em ambientes agressivos, tubos e canaletas para condução de líquidos agressivos,
esgotos e efluentes industriais, concretos com agregados reativos, pilares de pontes ou
obras submersas, pavimentação de estradas e pistas de aeroportos.
4.Cimento Portland CP IV – 32 (Pozolânico - NBR 5736)
Para obras correntes, sob a forma de argamassa, concreto simples, armado e
protendido, elementos pré-moldados e artefatos de cimento. É especialmente indicado em
obras expostas à ação de água corrente e ambientes agressivos. O concreto feito com este
produto se torna mais impermeável, mais durável, apresentando resistência mecânica à
compressão superior à do concreto feito com Cimento Portland Comum, a idades
avançadas. Apresenta características particulares que favorecem sua aplicação em casos de
grande volume de concreto devido ao baixo calor de hidratação.
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5.Cimento Portland CP V ARI - (Alta Resistência Inicial - NBR 5737)
Com valores aproximados de resistência à compressão de 26 MPa a 1 dia de idade e
de 53 MPa aos 28 dias, que superam em muito os valores normativos de 14 MPa, 24 MPa e
34 MPa para 1, 3 e 7 dias, respectivamente, o CP V ARI é recomendado no preparo de
concreto e argamassa para produção de artefatos de cimento em indústrias de médio e
pequeno porte, como fábricas de blocos para alvenaria, blocos para pavimentação, tubos,
lajes, meio-fio, mourões, postes, elementos arquitetônicos pré-moldados e pré-fabricados.
Pode ser utilizado no preparo de concreto e argamassa em obras desde as pequenas
construções até as edificações de maior porte, e em todas as aplicações que necessitem de
resistência inicial elevada e desforma rápida. O desenvolvimento dessa propriedade é
conseguido pela utilização de uma dosagem diferente de calcário e argila na produção do
clínquer, e pela moagem mais fina do cimento. Assim, ao reagir com a água o CP V ARI
adquire elevadas resistências, com maior velocidade.
6.Cimento Portland CP (RS) - (Resistente a sulfatos - NBR 5733)
O CP-RS oferece resistência aos meios agressivos sulfatados, como redes de
esgotos de águas servidas ou industriais, água do mar e em alguns tipos de solos. Pode ser
usado em concreto dosado em central, concreto de alto desempenho, obras de recuperação
estrutural e industriais, concretos projetado, armado e protendido, elementos pré-moldados
de concreto, pisos industriais, pavimentos, argamassa armada, argamassas e concretos
submetidos ao ataque de meios agressivos, como estações de tratamento de água e esgotos,
obras em regiões litorâneas, subterrâneas e marítimas. De acordo com a norma NBR 5737,
cinco tipos básicos de cimento - CP I, CP II, CP III, CP IV e CP V-ARI - podem ser
resistentes aos sulfatos, desde que se enquadrem em pelo menos uma das seguintes
condições:
• Teor de aluminato tricálcico (C3A) do clínquer e teor de adições
carbonáticas de no máximo 8% e 5% em massa, respectivamente;
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• Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de
escória granulada de alto-forno, em massa;
• Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de
material pozolânico, em massa;
• Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de
longa duração ou de obras que comprovem resistência aos sulfatos.
7.Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) - (NBR 13116)
O Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (BC) é designado por siglas e
classes de seu tipo, acrescidas de BC. Por exemplo: CP III-32 (BC) é o Cimento Portland
de Alto-Forno com baixo calor de hidratação, determinado pela sua composição. Este tipo
de cimento tem a propriedade de retardar o desprendimento de calor em peças de grande
massa de concreto, evitando o aparecimento de fissuras de origem térmica, devido ao calor
desenvolvido durante a hidratação do cimento.
8.Cimento Portland Branco (CPB) – (NBR 12989)
O Cimento Portland Branco se diferencia por coloração, e está classificado em dois
subtipos: estrutural e não estrutural. O estrutural é aplicado em concretos brancos para fins
arquitetônicos, com classes de resistência 25, 32 e 40, similares às dos demais tipos de
cimento. Já o não estrutural não tem indicações de classe e é aplicado, por exemplo, em
rejuntamento de azulejos e em aplicações não estruturais. Pode ser utilizado nas mesmas
aplicações do cimento cinza. A cor branca é obtida a partir de matérias-primas com baixos
teores de óxido de ferro e manganês, em condições especiais durante a fabricação, tais
como resfriamento e moagem do produto e, principalmente, utilizando o caulim no lugar da
argila. O índice de brancura deve ser maior que 78%. Adequado aos projetos arquitetônicos
mais ousados, o cimento branco oferece a possibilidade de escolha de cores, uma vez que
pode ser associado a pigmentos coloridos.
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Vantagens das adições no cimento
As adições ao cimento melhoram certas características do concreto e preservam o
ambiente ao aproveitar resíduos e diminuir a extração de matéria-prima. O
desenvolvimento dos vários tipos de cimento, com o uso de adições como escórias e
pozolanas, acabou unindo o útil ao agradável. Além de melhorar certas características do
material, tais como a impermeabilidade, diminuição da porosidade capilar, maior
resistência a sulfatos e redução do calor de hidratação, as adições contribuíram para
diminuir o consumo de energia durante o processo de fabricação e para aproveitar
subprodutos poluidores, como as escórias de alto-forno e as cinzas volantes, por exemplo.
Do ponto de vista ecológico, além da preservação das jazidas de calcário, o ponto
forte é o aproveitamento de resíduos poluidores, como é o caso da escória granulada de
alto-forno, um subproduto da fabricação do ferro-gusa, que possui atividade hidráulica e
gera na hidratação os mesmos produtos que o cimento. Já as pozolanas, que podem ser
cinzas volantes, argilas calcinadas, diatomitos, rochas vulcânicas, sílica ativa, têm a
vantagem de promover a diluição do aluminato cálcico (C3A), componente do clínquer que
é o principal responsável pelo calor de hidratação, e combinar com a cal gerada pela
hidratação do cimento, diminuindo a permeabilidade do concreto e o aumentando sua
resistência aos ataques químicos.
Aplicações dos cimentos portland
O cimento portland é uma das substâncias mais consumidas pelo homem e isso se
deve a características que lhe são peculiares, como trabalhabilidade e moldabilidade (estado
fresco), e alta durabilidade e resistência a cargas e ao fogo (estado duro). Insubstituível em
obras civis, o cimento pode ser empregado tanto em peças de mobiliário urbano como em
grandes barragens, em estradas ou edificações, em pontes, tubos de concreto ou telhados.
Pode até ser matéria-prima para a arte.
* Alvenaria com blocos de concreto: Processo construtivo dos mais tradicionais;
pode ser empregado para simples vedação ou com função estrutural em casas e edifícios de
múltiplos pavimentos. Alvenaria estrutural é um processo construtivo que pode ser
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empregado tanto em casas como em edifícios de múltiplos pavimentos. Há dois tipos de
alvenaria estrutural: não armada e armada. A primeira emprega como estrutura-suporte
paredes de alvenaria sem armação. Os reforços metálicos são colocados apenas em cintas,
vergas, contravergas, na amarração entre paredes e nas juntas horizontais com a finalidade
de evitar fissuras localizadas. Já a alvenaria estrutural armada caracteriza-se por ter os
vazados verticais dos blocos preenchidos com graute (microconcreto de grande fluidez)
envolvendo barras e fios de aço. A obra mais conhecida de alvenaria estrutural armada é o
Teatro Municipal de São Paulo, inaugurado em 1911.
* Pavimento de concreto: O slogan “Feito para durar” exprime a principal
característica do chamado pavimento rígido, indicado para rodovias, aeroportos e vias
urbanas de alto tráfego. Uma das mais importantes aplicações do cimento portland é o
pavimento rígido de concreto, uma tecnologia adotada no Brasil desde os anos 40 (Estrada
de São Miguel Paulista, Rodovia Anchieta, Estrada Rio-Petrópolis). O Rodoanel Mário
Covas e a Rodovia dos Imigrantes, ambas em São Paulo, são os exemplos mais recentes da
grande competitividade que esta solução oferece ao tráfego pesado de nossas rodovias. A
execução de um pavimento de concreto é cercada de todos os cuidados técnicos – desde o
projeto até o controle tecnológico. Portanto, trata-se de uma tecnologia segura e
reconhecida mundialmente. O projeto de um pavimento de concreto é feito com métodos
consagrados, que buscam principalmente um ótimo desempenho estrutural. O objetivo é
que as obras de pavimentação de concreto sejam duradouras, que sigam as especificações
técnicas e cumpram a viabilidade econômica requerida.
* Argamassas e concretos: De estruturas a revestimentos de fachadas, os concretos
e argamassas constituem os materiais à base de cimento mais versáteis de uma obra.
Aplicadas em contrapisos, revestimentos internos e externos, assentamento de cerâmicas e
alvenaria, decoração e texturas, entre outros tipos de aplicação, as argamassas
industrializadas passam por um processo de atualização tecnológica.
* Pavimento intertravado: Os blocos intertravados se tornaram referência
paisagística em muitas cidades brasileiras. O sistema aplica-se também em portos,
aeroclubes e áreas de cargas. Os pavimentos intertravados são compostos por peças pré-
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moldadas de concreto e constituem uma brilhante e eficaz solução para uso em ruas,
calçadas, calçadões e praças, sendo largamente difundida no Brasil - tanto na construção
como na reconstrução e reabilitação desse tipo de instalação urbana. Terminais de carga em
portos, aeroclubes e estradas vicinais também constituem locais recomendados a essa
tecnologia.
As dimensões e a qualidade das peças pré-moldadas em concreto são uniformes,
uma vez que sua fabricação obedece a controles rigorosos. Além disso, as formas, cores e
texturas das peças e os padrões de assentamento são extraordinariamente variados,
permitindo explorar harmonicamente essa característica dos pontos de vista arquitetônico e
paisagístico. Os pavimentos intertravados de concreto também refletem melhor a luz do que
outros tipos de superfície e proporcionam ao usuário e ao meio ambiente excepcional
conforto térmico. Mesmo sob chuva, os pavimentos intertravados de concreto não são
escorregadios.A propriedade de distribuição de esforços das peças intertravadas depende
essencialmente de seu formato, arranjo e espessura. A resistência à compressão das peças
tem, neste aspecto, pouca influência.
* Artefatos: Telhas, lajes, postes, mourões, dormentes e uma infinidade de itens
constituem o que chamamos de artefatos de cimento. Os chamados artefatos de cimento são
um termo genérico empregado para os mais diversos produtos, desde tubos de concreto
para saneamento até pré-lajes, sacadas e escadas pré-fabricadas, mourões, blocos, telhas,
lajotas e mobiliário urbano. Na verdade, a característica que melhor explica o termo
“artefato” é o fato de ser produzido em uma indústria e não na obra.
* Pré-fabricados: Rápidos, duráveis e econômicos, eles tiraram o concreto da obra
e o colocaram na fábrica. É lá que o projeto arquitetônico começa a virar realidade. A
necessidade de aumentar a competitividade e a produtividade das obras vem estimulando a
industrialização da construção civil. O objetivo é transformar a obra em um local de
montagem dos sistemas, evitando-se assim o improviso e o desperdício de materiais e
tempo. O uso de componentes pré-fabricados, que são produzidos em usinas e depois
transportados para a obra, é o modo mais racional de industrializar o processo construtivo.
Os pré-fabricados oferecem diversas vantagens técnicas e logísticas quando falta espaço no
canteiro. Neste caso, pode-se usar elementos protendidos de fábrica (pré-tensão e pós-
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tensão), que previnem deformações e fissuração das peças de concreto. A tecnologia atende
também a uma gestão voltada ao just in time, em que os componentes não ficam no canteiro
– chegam apenas na hora da montagem. Evita-se assim estoque de peças e mão-de-obra
ociosa.
* Barragens: O concreto compactado com rolo (CCR) é a solução à base de
cimento que melhor se aplica a esse tipo de obra, seja para abastecimento, energia ou outro
uso do reservatório.
Barragem é toda estrutura construída transversalmente a um rio com a finalidade de
obter a elevação do nível de água ou criar um reservatório de acumulação, seja para
regulação de vazões, abastecimento, geração de energia, recreação ou outro fim. As
barragens podem ser classificadas pelos materiais empregados em sua construção.
Alternativas como pedra argamassada e concreto ciclópico, muito usadas no passado, estão
praticamente em desuso. Em seu lugar, e para atender às atuais obras de grandes
dimensões, os materiais básicos mais usados são a argila compactada (barragem de terra),
rochas britadas compactadas (enrocamento) e concreto.
Barragens de Concreto
O uso de concreto na construção de barragens iniciou-se ainda no final do século
XIX, motivado pela garantia de maior durabilidade oferecida pelo material. O sistema é
empregado tanto nas estruturas do circuito de geração (tomada d´água e cada de força)
quanto nos vertedouros. O desenvolvimento da tecnologia do concreto na construção de
barragens resultou numa tecnologia chamada Concreto Compactado com Rolo (CCR), que
já possui inúmeros exemplos de obras no Brasil e no exterior.
* Saneamento e drenagem: Normalizados pela ABNT, os tubos de concreto para
águas pluviais, esgoto sanitário e efluentes industriais existem há mais de 100 anos e ainda
são a melhor solução nessa área. Tubos de concreto e aduelas representam os produtos à
base de cimento para a área de saneamento e drenagem de águas pluviais. Os tubos de
concreto são peças feitas em concreto simples ou armado de seção circular, com junta
rígida ou elástica, com encaixe do tipo ponta e bolsa ou macho-e-fêmea. Eles são
fabricados conforme a norma NBR 8890/85, aplicáveis tanto para drenagem de águas
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pluviais e canalização de córregos como para esgotos sanitários e efluentes industriais. Os
tubos de concreto armado têm diâmetro nominal que varia de 300 mm (DN 300) a 3000
mm (DN 3000). Tal variação, além da restrição de capacidade resistente em alguns casos,
também limita a seção utilizável de vazão da rede. As aduelas são estruturas de concreto
armado de espessuras mínimas, embora calculadas com segurança. Dimensionadas com
esbeltez, estão sujeitas aos efeitos agressivos, mecânicos ou químicos que afetam as
estruturas. Por isso, dá-se atenção especial ao recobrimento da ferragem das peças. As
aduelas atendem a uma seção maior que os tubos e podem suportar elevadas cargas
provenientes de aterro ou de tráfego pesado. Graças às seções extremamente variáveis,
possibilita também sua colocação onde não se pode modificar a altura da rede.
* Edificações: Compostas de vigas, pilares e lajes, as estruturas de concreto
moldadas na própria obra constituem o sistema construtivo mais empregado em prédios
residenciais e comerciais. No setor formal de construção civil, os edifícios de múltiplos
andares com estrutura de concreto armado representam a principal aplicação do cimento
portland. Além de aspectos técnicos e econômicos, essa preferência do mercado pelo
concreto encontra também respaldo histórico: a primeira norma técnica brasileira, a NB1
(atual NBR 6118), tratava justamente das estruturas de concreto.
A cultura de uso do cimento e do concreto – com destaque inclusive na arquitetura
moderna – deu ao Brasil grande respeitabilidade nessas áreas de pesquisa e aplicação. Além
da arquitetura, o país dispõe de grandes profissionais e escolas nas áreas de cálculo e de
materiais, que também vêm recebendo atenção especial da indústria do cimento,
desenvolvedora de novos insumos. A melhor prova da evolução das estruturas de concreto -
e do cimento em especial – é a tendência universal de aplicar-se concreto de alta resistência
às estruturas, e a exigência de elevar a durabilidade das estruturas.
* Solo-cimento: A mistura de cimento portland e terra para a confecção de blocos e
de pavimento oferece solução a um problema social em áreas pobres e distantes. O solo
cimento é o material resultante da mistura homogênea, compactada e curada de solo,
cimento e água em proporções adequadas. O produto resultante deste processo é um
material com boa resistência à compressão, bom índice de impermeabilidade, baixo índice
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de retração volumétrica e boa durabilidade. O solo é o componente mais utilizado para a
obtenção do solo-cimento. O cimento entra em uma quantidade que varia de 5% a 10% do
peso do solo, o suficiente para estabilizá-lo e conferir as propriedades de resistência
desejadas para o composto. Praticamente qualquer tipo de solo pode ser utilizado,
entretanto os solos mais apropriados são os que possuem teor de areia entre 45% e 50%.
Somente os solos que contêm matéria orgânica em sua composição (solo de cor preta) não
podem ser utilizados. O solo a ser utilizado na mistura pode ser extraído do próprio local da
obra.
Solo-cimento na habitação
Em habitação, o solo-cimento pode ser utilizado segundo dois processos
construtivos: o de paredes monolíticas e o da produção de tijolos ou blocos prensados. A
escolha da técnica a ser utilizada depende das características de cada obra em particular. A
sua principal aplicação é na construção de paredes, mas pode ainda ser utilizado na
construção de fundações, passeios e contrapisos. Fonte: Projeto Habitar
Solo-cimento na pavimentação
Os pavimentos com base ou sub-base de solo-cimento são empregados no Brasil
desde 1939, quando foi construída a estrada Caxambu-Areias, em empreendimento no qual
a ABCP juntou-se ao DNER. Desde então, foram executados no país mais de 25.000 km
com essa solução, um marco mundial. Mistura homogênea compactada, curada e
endurecida de solo, cimento e água, pode empregar solos do próprio leito da futura base,
misturados no local com equipamento pulvimisturador, ou usar solos selecionados, de
jazida, misturados em usina central ou no próprio campo. O baixo custo inicial e a alta
durabilidade são dois pontos fortes dessa alternativa. É indicado como base e sub-base de
pavimentos flexíveis e de peças pré-moldadas de concreto e também sub-base de
pavimentos de concreto. No campo rodoviário, serve também como contenção de encostas.
Fonte: ABCP
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BIBLIOGRAFIA
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
http://www.abcp.org.br/home.shtml