Guerra

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Guerra de Nagorno-Karabakh A Guerra de Nagorno-Karabakh designa o conflito ar- mado ocorrido entre Fevereiro de 1988 e Maio de 1994, no pequeno enclave étnico de Nagorno-Karabakh [3] no sudoeste do Azerbaijão, opondo a maioria étnica arménia residente em Nagorno-Karabakh apoiada pela República da Arménia à República do Azerbaijão. Com o de- curso da guerra, a Arménia e o Azerbaijão, duas anti- gas repúblicas soviéticas, envolveram-se numa longa e não declarada guerra nos picos montanhosos de Kara- bakh, face à tentativa do Azerbaijão de dominar o mo- vimento secessionista em Nagorno-Karabakh. O parla- mento do enclave tinha votado favoravelmente à sua in- tegração na Arménia e um referendo levado a cabo re- sultou numa larga maioria da população de Karabakh a manifestar-se a favor da independência do Azerbaijão. A ideia da unificação com a Arménia, que proliferou no final da década de 1980, começou de uma forma relati- vamente pacífica, contudo, à medida que a desintegração da União Soviética se aproximava, o conflito tornou-se gradualmente mais violento, resultando em acusações de limpeza étnica de parte a parte. [4][5] Os confrontos entre etnias estalaram pouco após o parlamento de Nagorno-Karabakh, na altura um oblast autónomo no Azerbaijão, votou favoravelmente à unifica- ção da região com a Arménia a 20 de Fevereiro de 1988. A declaração de secessão do Azerbaijão foi o resultado final de um “longo ressentimento na comunidade armé- nia de Nagorno-Karabakh contra as sérias limitações à sua liberdade cultural e religiosa pelas autoridades cen- trais soviéticas e azeris”, [6] mas mais importante, de um conflito pela posse do território. [7] Juntamente com os movimentos secessionistas nas repú- blicas bálticas da Estónia, Letónia e Lituânia, os movi- mentos secessionistas no Cáucaso caracterizaram e de- sempenharam um papel importante na dissolução da União Soviética. O Azerbaijão declarou-se independente da União Soviética e removeu os poderes detidos pelo go- verno do enclave, a maioria arménia votou pela indepen- dência face ao Azerbaijão, tendo no processo proclamado o enclave como a República de Nagorno-Karabakh. [8] O conflito estalou definitivamente no final do Inverno de 1992. A mediação internacional tentada por diver- sos grupos como a OSCE não conseguiu terminar com o conflito gerando uma solução com que ambos os la- dos concordassem. Na Primavera de 1993, as forças arménias conquistaram regiões fora do enclave, amea- çando o envolvimento de outros países da região. No final da guerra, em 1994, os arménios controlavam total- mente o enclave, além de uma extensão que ainda contro- lam de cerca de 9% do território azeri fora do enclave. [9] Cerca de 400.000 arménios do Azerbaijão e 800.000 aze- ris da Arménia e de Karabakh foram deslocados devido ao conflito. [10] Um tratado de cessar-fogo foi assinado em Maio de 1994 e conversações de paz, mediadas pelo Grupo de Minsk da OSCE, têm sido mantidas desde en- tão entre a Arménia e o Azerbaijão. 1 Antecedentes O domínio territorial de Nagorno-Karabakh é ainda hoje disputado entre a Arménia e o Azerbaijão. Cha- mado Artsach pelos arménios, a sua história cobre vários séculos, durante os quais esteve sob controlo de diversos impérios, contudo, o debate foca-se sobretudo no período posterior ao fim da Primeira Guerra Mundial. Pouco após a capitulação do Império Otomano,o Império Russo co- lapsou em Novembro de 1917 passando para o controlo dos bolcheviques. As três nações do Cáucaso, Arménia, Azerbaijão e Geórgia, anteriormente sob controlo russo, declararam a sua independência formando a Federação Transcaucasiana que se dissolveu após três curtos meses de existência. [2] 1.1 Guerra Armeno-Azeri Os confrontos entre a República Democrática da Armé- nia ea República Democrática do Azerbaijão estalaram de imediato, em três regiões específicas: Nakhichevan, Zangezur (hoje a província arménia de Siunique) e Ka- rabakh. A Arménia e o Azerbaijão defendiam diferentes limitações fronteiriças nestas três províncias. Os armé- nios de Karabakh tentaram declarar a independência mas não conseguiram estabelecer contacto com a República da Arménia. [2] Após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, tropas britânicas ocuparam a Transcaucásia em 1919, tendo o comando britânico no- meado provisoriamente Khosrov bey Sultanov (apontado pelo governo azeri) como governador-geral de Karabakh e Zangezur, enquanto se aguardava que a decisão final emanasse da Conferência de Paz de Paris. [11] 1.2 Integração na União Soviética Dois meses depois, o 11º Exército da União Soviética in- vadiu o Cáucaso e três anos depois as repúblicas caucasi- anas formaram a RSFS Transcaucasiana da União Sovié- 1

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Armênia-Azerbaidjão

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Guerra de Nagorno-Karabakh

AGuerra de Nagorno-Karabakh designa o conflito ar-mado ocorrido entre Fevereiro de 1988 e Maio de 1994,no pequeno enclave étnico de Nagorno-Karabakh [3] nosudoeste do Azerbaijão, opondo a maioria étnica arméniaresidente em Nagorno-Karabakh apoiada pela Repúblicada Arménia à República do Azerbaijão. Com o de-curso da guerra, a Arménia e o Azerbaijão, duas anti-gas repúblicas soviéticas, envolveram-se numa longa enão declarada guerra nos picos montanhosos de Kara-bakh, face à tentativa do Azerbaijão de dominar o mo-vimento secessionista em Nagorno-Karabakh. O parla-mento do enclave tinha votado favoravelmente à sua in-tegração na Arménia e um referendo levado a cabo re-sultou numa larga maioria da população de Karabakh amanifestar-se a favor da independência do Azerbaijão.A ideia da unificação com a Arménia, que proliferou nofinal da década de 1980, começou de uma forma relati-vamente pacífica, contudo, à medida que a desintegraçãoda União Soviética se aproximava, o conflito tornou-segradualmente mais violento, resultando em acusações delimpeza étnica de parte a parte.[4][5]

Os confrontos entre etnias estalaram pouco após oparlamento de Nagorno-Karabakh, na altura um oblastautónomo no Azerbaijão, votou favoravelmente à unifica-ção da região com a Arménia a 20 de Fevereiro de 1988.A declaração de secessão do Azerbaijão foi o resultadofinal de um “longo ressentimento na comunidade armé-nia de Nagorno-Karabakh contra as sérias limitações àsua liberdade cultural e religiosa pelas autoridades cen-trais soviéticas e azeris”,[6] mas mais importante, de umconflito pela posse do território.[7]

Juntamente com os movimentos secessionistas nas repú-blicas bálticas da Estónia, Letónia e Lituânia, os movi-mentos secessionistas no Cáucaso caracterizaram e de-sempenharam um papel importante na dissolução daUnião Soviética. O Azerbaijão declarou-se independenteda União Soviética e removeu os poderes detidos pelo go-verno do enclave, a maioria arménia votou pela indepen-dência face ao Azerbaijão, tendo no processo proclamadoo enclave como a República de Nagorno-Karabakh.[8]

O conflito estalou definitivamente no final do Invernode 1992. A mediação internacional tentada por diver-sos grupos como a OSCE não conseguiu terminar como conflito gerando uma solução com que ambos os la-dos concordassem. Na Primavera de 1993, as forçasarménias conquistaram regiões fora do enclave, amea-çando o envolvimento de outros países da região. Nofinal da guerra, em 1994, os arménios controlavam total-mente o enclave, além de uma extensão que ainda contro-

lam de cerca de 9% do território azeri fora do enclave.[9]Cerca de 400.000 arménios do Azerbaijão e 800.000 aze-ris da Arménia e de Karabakh foram deslocados devidoao conflito.[10] Um tratado de cessar-fogo foi assinadoem Maio de 1994 e conversações de paz, mediadas peloGrupo de Minsk da OSCE, têm sido mantidas desde en-tão entre a Arménia e o Azerbaijão.

1 Antecedentes

O domínio territorial de Nagorno-Karabakh é aindahoje disputado entre a Arménia e o Azerbaijão. Cha-mado Artsach pelos arménios, a sua história cobre váriosséculos, durante os quais esteve sob controlo de diversosimpérios, contudo, o debate foca-se sobretudo no períodoposterior ao fim da Primeira GuerraMundial. Pouco apósa capitulação do Império Otomano, o Império Russo co-lapsou em Novembro de 1917 passando para o controlodos bolcheviques. As três nações do Cáucaso, Arménia,Azerbaijão e Geórgia, anteriormente sob controlo russo,declararam a sua independência formando a FederaçãoTranscaucasiana que se dissolveu após três curtos mesesde existência.[2]

1.1 Guerra Armeno-Azeri

Os confrontos entre a República Democrática da Armé-nia e a República Democrática do Azerbaijão estalaramde imediato, em três regiões específicas: Nakhichevan,Zangezur (hoje a província arménia de Siunique) e Ka-rabakh. A Arménia e o Azerbaijão defendiam diferenteslimitações fronteiriças nestas três províncias. Os armé-nios de Karabakh tentaram declarar a independência masnão conseguiram estabelecer contacto com a Repúblicada Arménia.[2] Após a derrota do Império Otomano naPrimeira Guerra Mundial, tropas britânicas ocuparam aTranscaucásia em 1919, tendo o comando britânico no-meado provisoriamente Khosrov bey Sultanov (apontadopelo governo azeri) como governador-geral de Karabakhe Zangezur, enquanto se aguardava que a decisão finalemanasse da Conferência de Paz de Paris.[11]

1.2 Integração na União Soviética

Dois meses depois, o 11º Exército da União Soviética in-vadiu o Cáucaso e três anos depois as repúblicas caucasi-anas formaram a RSFS Transcaucasiana da União Sovié-

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2 2 O RESSURGIMENTO DA QUESTÃO DO NAGORNO-KARABAKH

tica. Os bolcheviques criaram depois um comité de setemembros, o Gabinete do Cáucaso (muitas vezes abrevi-ado para Kavburo), que sob a supervisão do futuro lí-der da URSS Josef Stalin, o Commissário do Povo paraas Nacionalidades (Narkomnats), teve como função tra-tar dos assuntos no Cáucaso.[12] Apesar de o comité tervotado favoravelmente 4-3 pela integração de Karabakhna recém-criada RSS da Arménia, os protestos levados acabo pelos líderes azeris, incluindo o líder do Partido Co-munista no Azerbaijão Nariman Narimanov, e uma rebe-lião anti-soviética ocorrida na capital arménia Erevan em1921 azedaram as relações entre a Arménia e a Rússia.Estes fatores levaram o comité a rever a sua posição, atri-buindo Karabakh ao Azerbaijão em 1921, tendo depoisincorporado o Oblast Autónomo de Nagorno-Karabakh(NKAO) na RSS do Azerbaijão em 1923,[2] sendo 94%da população composta por arménios.[13][14] A capital foimovida de Shusha para Khankendi, que foi depois reno-meada para Stepanakert.Os académicos arménios e azeris especulam que esta de-cisão resultou de a Rússia aplicar o princípio de "dividirpara conquistar".[2] O que se pode observar, por exem-plo, se se atender à estranha colocação do exclave deNakhichevan, que é parte do Azerbaijão embora estejadeste separado pela Arménia. Outros têm argumentadoque esta decisão foi um gesto de boa-vontade do governosoviético para manter “boas relações com a Turquia deAtatürk.”[15] A Arménia sempre se recusou a reconheceresta decisão e continuou a protestar a sua legalidade nasdécadas seguintes enquanto parte do estado soviético.[7]

2 O ressurgimento da questão doNagorno-Karabakh

Com a eleição de Mikhail Gorbachev como SecretárioGeral do PCUS em 1985, começaram a ser implemen-tadas reformas na União Soviética, conhecidas comoperestroika e glasnost. A perestroika referia-se à reformada economia da URSS, e a glasnost concedeu aos cida-dãos da URSS uma maior liberdade de opinião, especial-mente no sentido em que se podia pela primera vez cri-ticar abertamente o sistema soviético e os seus líderes.Aproveitando esta abertura, os líderes do Soviete Regio-nal de Karabakh votaram favoravelmente quanto à uniãodesta região autónoma com a Arménia, a 20 de Fevereirode 1988.[16] Os dirigentes arménios do óblast queixavam-se de a região não ter manuais escolares nem emissõesde televisão em arménio,[17] e que o Secretário Geral doPartido Comunista do Azerbaijão Heidar Aliev tinha ten-tado realizar uma “azerização” da zona, incrementando onúmero e influência dos azeris que viviam no Nagorno-Karabakh, enquanto em simultâneo reduzia a o númerode arménios (em 1987, Aliev resignaria do cargo).[18] Em1988 a população arménia da zona estava reduzida e com-punha apenas aproximadamente três-quartos da popula-ção total do Karabakh.[19]

Mikhail Gorbachev em 1987.

O movimento pela autonomia sempre foi liderado porfiguras populares arménias e também por membros da"intelligentsia" soviética, como o conhecido dissidente eprémio Nobel da Paz Andrei Sakharov. Antes da decla-ração de 20 de Fevereiro, os arménios começaram a pro-testar organizando também greves de trabalhadores emErevan exigindo a unificação com o enclave. Estes pro-testos foram contestados pelos azeris em termos simila-res em manifestações realizadas em Baku. Como reac-ção aos protestos, Gorbachev afirmou que as fronteirasentre as repúblicas soviéticas não seriam modificadas, de

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2.2 Janeiro Negro 3

acordo com o disposto no artigo 78 da Constituição daURSS de 1977.[20] Gorbachev afirmou também que ou-tras nacionalidades e povos do país estavam solicitandoalterações territoriais, logo uma nova definição de fron-teiras no Nagorno-Karabakh estabeleceria um precedenteperigoso. Os arménios contemplaram a decisão 1921 doKavburo com desdém, considerando por sua vez que osseus esforços pretendiam corrigir un erro histórico base-ado no princípio da autodeterminação dos povos, um di-reito também consagrado na Constituição.[20] Os azeris,por seu lado, consideravam esta pretensão dos arménioscomo inaceitável, por ser a usurpação de uma parte im-portante da República e alinharam-se com a posição deGorbachev.[21]

2.1 Sumgait

Conflitos étnicos estalaram prontamente entre arméniose azeris residentes em Karabakh. A 22 de Fevereiro de1988 nas proximidades da vila de Askeran (em Nagorno-Karabakh, na estrada que liga Agdam a Stepanakert), umconfronto entre membros destes grupos terminou em vi-olentos incidentes que deixaram cerca de 50 arméniosferidos. Durante os combates, um polícia local, supos-tamente arménio, alvejou mortalmente dois jovens aze-ris. Dias depois, a 27 do mesmo mês, enquanto falavana televisão central de Baku, o delegado do ministériopúblico soviético Alexander Katusev mencionou a nacio-nalidade dos feridos.

Sumgait (Sumqayit) localiza-se a cerca de 30 quilómetros a no-roeste da capital do Azerbaijão Baku, junto ao Mar Cáspio.

A confrontação de Askeran foi o prelúdio para ospogroms de Sumgait, onde os ânimos, já exaltados pe-las notícias acerca da crise em Karabakh, se exaltaramainda mais numa série de protestos iniciados a 27 de Fe-vereiro. Falando em comício, refugiados azeris da vilaarménia de Ghapan acusaram os arménios de “assassí-nios e atrocidades incluindo o rapto de mulheres a quemcortaram os seios".[21] Posteriormente provou-se que es-tas alegações eram falsas e que muitos dos oradores eramafinal agentes provocadores.[22] Poucas horas depois da

intervenção, iniciou-se um pogrom dirigido contra os re-sidentes arménios na cidade de Sumgait, situada a 25quilómetros a norte de Baku, onde residia uma comuni-dade estimada em 2000 refugiados azeris provenientesda Arménia.[23] O resultado do pogrom foi a morte de 32pessoas, de acordo com as estatísticas soviéticas oficiais.Os arménios foram espancados, violados e assassinadosnas ruas e apartamentos em que viviam durante três diasde violência que só terminaram quando as forças arma-das da União Soviética entraram na cidade e sufocaramo pogrom a 1 de Março.[24]

A forma como os arménios foram assassinados provocougrande indignação aos seus compatriotas, que considera-ram que o pogrom tinha sido avalizado pelas autoridadessoviéticas, tendo em vista a intimidação dos membros domovimento de Nagorno-Karabakh. A violência tornoua aumentar depois dos acontecimentos de Sumgait, atéque Gorbachev decidiu finalmente intervir enviando paraa Arménia tropas do Ministério do Interior em Setembrode 1988. Em Outubro do ano seguinte, estimavam-se emmais de 100 as pessoas assassinadas desde que a ideia daunificação tinha nascido em Fevereiro de 1988.[25] Todosestes eventos foram esquecidos temporariamente, depoisde um grande sismo, conhecido como Terremoto de Spi-tak, ter assolado as cidades de Leninakan (agora Gyumri)e Spitak a 7 de Dezembro de 1989, provocando a mortea mais de 25.000 pessoas.[26]

As tentativas de Gorbachev para estabilizar a regiãorevelaram-se infrutíferas, já que se depararam com a in-transigência de ambos os lados. Os arménios não se con-formaram com a promessa do governo central de destinar400 milhões de rublos para revitalizar a língua arménia,criando livros escolares e um canal de televisão para Ka-rabakh, enquanto os azeris não estavam dispostos a cederqualquer território à Armenia. Além do mais, os onzemembros que compunham o recém-formado Comité deKarabakh (onde se contava o futuro presidente da Ar-ménia Levon Ter-Petrosian) foram detidos por ordem doKremlin durante o caos que seguiu a terramoto. Estasacções polarizaram as relações entre Moscovo e os ar-ménios, visto estes últimos terem perdido a sua fé emGorbachev, condenando-o ainda mais pelo seu mau ma-nuseamento da ajuda às vítimas do terramoto e a suapostura de não comprometimento para com o Nagorno-Karabakh.[27]

2.2 Janeiro Negro

A crescente violência inter-étnica começou a fazer cadavez mais vítimas, o que obrigou a maioria da populaçãoazeri residente na Arménia a refugiar-se no seu país, aomesmo tempo que os arménios residentes no Azerbeijãoprocediam ao movimento inverso.[7] A escalada do con-flito estava tão fora de controlo que os o governo centralde Moscovo tomou controlo directo da região em Janeirode 1989, uma medida que foi recebida com agrado pormuitos arménios.[2] No Verão desse ano, os líderes da

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4 3 COMPRA DE ARMAMENTO

Frente Popular do Azerbaijão e os seus apoiantes conse-guiram que a RSS do Azerbaijão iniciasse um bloqueioaéreo e ferroviário contra a Arménia, o que estrangulou aeconomia do país, uma vez que 85% da carga e dos bensque chegavam ao país vinham por via férrea, além de iso-lar Nakichevan totalmente do resto da União Soviética.[7]A interrupção do serviço ferroviário à Arménia foi mo-tivado em parte pelos ataques de militantes deste paíscontra trabalhadores azeris que entravam no seu territó-rio, tendo estes começado a recusar-se a cumprir estesserviços.[21]

Em Janeiro de 1990 ocorreu outro pogrom contra armé-nios em Baku, o que forçou o governo de Gorbachev a de-clarar o estado de emergência e a enviar as tropas do Mi-nistério do Interior (Ministerstvo Vnutrennikh Del conhe-cido por MVD) para restabelecer a ordem. Foi estabele-cido o toque a recolher (coisa nunca vista na URSS desdea Segunda Guerra Mundial) e ocorriam frequentementecombates violentos entre as forças soviéticas e membrosda Frente Popular do Azerbaijão, estes incidentes dei-xaram como saldo mais de 120 azeris e 8 soldados doMVDmortos emBaku.[28] Contudo, durante este períodoo Partido Comunista do Azerbaijão tinha caído, sendo aordem de envio das tropas do MVD mais para manter opartido no poder do que para proteger a população armé-nia do país.[29] Estes eventos, conhecidos como "JaneiroNegro" delinearam a relação futura entre o Azerbaijão ea Rússia.

2.3 Operação Anel

Na Primavera de 1991 o governo de Gorbachev levou acabo um referendo em todo o país chamado Tratado daUnião, com o propósito de decidir se as repúblicas sovié-ticas se manteriam unidas. O que ocorreu devido ao factode líderes não comunistas terem sido eleitos em algu-mas repúblicas soviéticas, destacando-se Boris Yeltsin naRússia, Levon Ter-Petrosian na Arménia e Ayaz Mütalli-bov no Azerbaijão, ainda que Gorbachev se tenha man-tido como Presidente da União Soviética. O Azerbaijãovotou em cumprimento do tratado, enquanto que a Ar-ménia e cinco outras repúblicas boicotaram o referendo,tendo a Arménia organizado o seu próprio referendo e de-clarado a sua independência da União Soviética a 21 deSetembro de 1991.[7]

Como os arménios e os azeris de Karabakh começaramuma escalada às armas (adquirindo armas armazenadasem depósitos emKarabakh) para auto-defesa, Mütallibovconseguiu o apoio de Gorbachev para realizar uma opera-ção militar conjunta, contando com o Exército Vermelhoe a milícia azeri, tendo como objectivo desarmar a mi-lícia arménia. Esta medida, conhecida como "OperaçãoAnel", deportou à força os arménios que habitavam nasvilas da região de Shahumian. Estes actos foram consi-derados tanto pelos oficiais soviéticos do Kremlin comopelo governo arménio como uma medida intimidatóriacontra as pretensões da unificação.[7]

Os resultados da operação foram contraproducentes anteo objectivo definido, já que a resistência inicial ofere-cida pelos arménios inspirou voluntários a sair da Ar-ménia para o Nagorno-Karabakh e reforçou a querençaarménia de que a única solução para o conflito era autilização de forças armadas.[2] O guerrilheiro arménio-americano Monte Melkonian, que estivera envolvido nosgrupos revolucionários da década de 1980 e seria depoisconsiderado um dos mais importantes comandantes daguerra, defendeu que o Karabakh devia ser “libertado”e que, se tal não acontecesse, a zona de Siunique seriaanexada pelo Azerbaijão, ao que se seguiria o resto daArménia, concluindo que “a perda de Artsach poderiaser a perda de toda a Arménia”.[30] Velayat Kuliev, umescritor e director-adjunto do Instituto de Literatura doAzerbaijão contradisse estas apreciações, afirmando que“ultimamente os nacionalistas arménios, incluindo algu-mas personalidades influentes, começaram a falar acercada Grande Arménia. Não é apenas o Azerbaijão. Elesquerem também anexar partes da Geórgia, do Irão e daTurquia".[31]

3 Compra de armamento

Quando a desintegração da União Soviética se tornouuma realidade para os cidadãos soviéticos no Outono de1991, ambas as partes procuraram adquirir as armas lo-calizadas em depósitos nas proximidades de Karabakh,tendo o Azerbaijão inicialmente vantagem. Durante aGuerra Fria a doutrina soviética para defender o Cáucasotinha estabelecido planos em como a Arménia seria umazona de combate em caso de uma eventual invasão daOTAN por intermédio da Turquia, membro da organiza-ção. Assim, na R.S.S. da Arménia estavam estabelecidastrês divisões militares do Exército Vermelho e nenhumaeroporto militar, enquanto que na R.S.S. do Azerbaijãose contavam cinco divisões e cinco bases aéreas. Alémdisso, a Arménia apenas contava com 500 vagões ferro-viários demunições, em comparação com os 10.000 exis-tentes na zona azeri.[32]

Com a retirada das forças do MVD, foram deixados aambos os lados vastos arsenais de munições e uma quan-tidade de veículos armados. As forças enviadas por Gor-bachev três anos antes provinham de diferentes regiõesda URSS e não tinham intenção de se manter na regiãomais tempo. A maioria das unidades era composta porjovens e pobres convocados pelo serviço militar obriga-tório, muitos deles simplesmente venderam as suas ar-mas a troco de dinheiro e inclusivamente por vodka aqualquer um dos lados, alguns chegaram a tentar ven-der tanques e Veículos blindados de transporte de pes-soal (APCs). Pela existência de depósitos tão pobrementeprotegidos, que permitiram um acesso fácil a armas porparte de ambos os lados, foram culpadas e gozadas as po-líticas de Gorbachev, como as causadoras do conflito.[33]Os azeris adquiriram uma boa quantidade destes veícu-

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los, como informou o ministro azeri dos negócios estran-geiros em Novembro de 1993, quando afirmou que se seadquiriram 286 tanques, 842 veículos armados e 386 pe-ças de artilharia aquando do vazio de poder.[34] Diversosmercados negros prosperaram, vendendo-se nestes tam-bém armamento proveniente do Ocidente.[34]

Provas posteriores demonstraram que o Azerbaijão con-tou com apoio militar substancial por parte do Irão, Israele Turquia, além de numerosos países árabes.[30] A grandemaioria do armamento era de fabrico russo ou de paí-ses do bloco oriental. Por outro lado, a diáspora arméniaconseguiu doar uma quantidade significativa de dinheiroà Arménia, além de conseguir que o Congresso Federaldos Estados Unidos aprovasse em 1992 um projecto delei intitulado Secção 907 do Freedom Support Act quecondenava o bloqueio azeri à Arménia e proibia toda aajuda militar ao Azerbaijão.[35] O Azerbaijão susteve ini-cialmente a teoria de que a Rússia apoiava militarmentea Arménia, mas afirmou-se que “os soldados azeris naregião estavam muito melhor apetrechados com equipa-mento soviético que os seus opositores”.[33]

Com a renúncia de Gorbachev à presidência da URSSem 26 de dezembro de 1991, as restantes repúblicas daUnião, incluindo a Bielorrússia, a Ucrânia e a Rússiadeclararam-se independentes, o que implicou a dissolu-ção definitiva da União Soviética como estado a 31 deDezembro de 1991. Com isto desapareceram as barrei-ras que evitavam que a Arménia e o Azerbaijão entrassemnum conflito armado total. Um mês antes, a 21 de No-vembro, o parlamento do Azerbaijão revogou o estatutode oblast autónomo de Nagorno-Karabakh, rebaptizandoa sua capital como "Xankandi". Em resposta, a 10 deDezembro foi levado a cabo um referendo em Karabakh(com o boicote da comunidade azeri da zona), que tevecomo resultado uma esmagadora vitória do “sim” à inde-pendência. A 6 de Janeiro de 1992 a região declara-seindependente do Azerbaijão.[7]

A retirada das forças do MVD de Nagorno-Karabakhda região do Cáucaso foi momentânea, já que em Feve-reiro de 1992, os antigos estados soviéticos formaram aComunidade de Estados Independentes (CEI). O Azer-baijão absteve-se de participar, mas a Arménia, temendouma invasão turca com a escalada do conflito, ingressouna CEI que teria de a proteger devido ao acordo de segu-rança colectivo. As forças da CEI instalaram-se na zonae estabeleceram um quartel general em Stepanakert, ad-quirindo um papel mais activo na manutenção da paz, in-corporando antigas unidades como o 366º Regimento deEspingardas Motorizado e o 4º Exército Soviético.[12]

4 A criação dos exércitos

Os combates esporádicos entre arménios e azerisintensificaram-se depois da Operação Anel, conduzindoao recrutamento de milhares de voluntários para formar

O tanque T-72 restaurado de Gagik Avsharyan permanece comoum memorial que comemora a captura de Shusha.

exércitos improvisados do lado arménio e do lado azeri.Entre os arménios uma canção popular da época compa-rava e adorava os separatistas a guerrilheiros históricasda causa nacionalista como Andranik Ozanian e GareginNjdeh, que combateram o Império Otomano no final doséculo XIX e no início do XX.[2] Além das conscriçõesgovernamentais para a população masculina entre os 18e os 45 anos de idade, muitos arménios ofereceram-secomo voluntários em unidades conhecidas como tcho-kats, destacamentos de cerca de 40 homens, os quais eramagrupados para ficar às ordens de um tenente coronel.Inicialmente, muitas desses homens escolhiam quando eonde servir e agiam de mote próprio, raramente sem co-meter erros, quando atacavam ou defendiam terrenos.[30]A insubordinação directa era comum e muitos soldadossimplesmente não apareciam, havendo saques dos per-tenences dos soldados mortos e roubo de diversos bens,como o diesel dos veículos, para serem vendidos no mer-cado negro.[30] Muitas mulheres também se alistaram nasforças armadas arménias, mas a sua participação cingiu-se especialmente a papéis auxiliares como a prestação deprimeiros socorros e a evacuação de feridos do campo debatalha.As forças azeris tinham um funcionamento similar, con-tudo, a sua organização era melhor nos primeiros anos doconflito. O governo do Azerbaijão também realizou re-crutamentos maciços e muitos azeris alistaram-se entu-siasticamente nos primeros meses após o colapso sovié-tico. O Exército Nacional do Azerbaijão era compostopor cerca de 30.000 indivíduos, a que se juntavam 10.000pertenecientes às forças paramilitares OMON e váriosmilhares de integrantes da Frente Popular do Azerbaijão.Suret Huseynov um azeri abastado, organizou pessonal-mente uma brigada do exército do Azerbaijão (a 709ª),comprando muitas armas e veículos do arsenal da 23ªDivisião Motorizada soviética.[2] A brigada nacionalistaturca bozkurt ou Lobos Cinzentos de İsgandar Hamidovtambém se mobilizou para a contenda. O governo doAzerbaijão também gastou muito dinheiro contratandoos serviços de mercenários da zona, utilizando os recur-sos provenientes da exploração de petróleo dos camposdo Mar Cáspio.[36]

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6 5 PRIMAVERA DE 1992

Antigas tropas da União Soviética ofereceram-se os seusserviços a ambos os lados, por exemplo, um dos maisdestacados oficiais a servir do lado arménio foi o an-tigo general soviético Anatoly Zinevich, que esteve emNagorno-Karabakh entre 1992 e 1997, em tarefas de pla-neamento e implementação de operações de muitas ope-rações das forças arménias. No final do conflito Zinevichdetinha o cargo de Chefe do EstadoMaior das Forças Ar-madas de Nagorno-Karabakh.[37]

Estima-se que o pessoal militar e os veículos militares quecada lado envolveu no conflito entre 1993 e 1994 foi:[38]

Comparando globalmente, o número de homens eligíveispara o serviço militar na Arménia, na faixa etária dos 17–32, totalizava 550.000, enquanto que no Azerbaijão erade 1,3 milhões. A maioria dos homens de ambos os paí-ses tinha serivod no Exército Soviético e tinha algumaexperiência militar antes do conflito. Entre os arméniosde Karabakh, cerca de 60% tinha servido no ExércitoVermelho.[38] A maioria dos azeris, contudo, era mui-tas vezes sujeita a discriminação durante o serviço mi-litar sendo relegada para os batalhões de construção emvez de prestar serviço como tropas de combate.[39] Ape-sar de estarem estabelecidas duas academias de oficiais,incluindo uma escola naval no Azerbaijão, a falta de ex-periência militar foi um dos factores que marcou o Azer-baijão como não estando preparado para a guerra.[39]

5 Primavera de 1992

5.1 Khojaly

Oficialmente a recém-criada República da Arménia ne-gou qualquer envolvimento com o movimento pela se-cessão do Nagorno-Karabakh, sob a forma de apoiologístico, comida, combustível ou outro. Contudo, Ter-Petrossian admitiu posteriormente o apoio logístico e opagamento dos salários dos separatistas, mas negou oenvio de tropas próprias para o combate. A Arméniaenfrentava um bloqueio debilitante por parte da agoraRepública do Azerbaijão além de pressões da vizinhaTurquia, que decidiu alinhar do lado do Azerbaijão e es-tabelecer laços estreitos com este.[40] A única ligação ter-restre da Arménia com o Karabakh era através do estreitoe montanhoso corredor de Lachin que apenas podia seralcançado de helicóptero. O único aeroporto da regiãosituava-se na pequena vila de Khojaly, sete quilómetros anorte de Stepanakert e com uma população estimada de 6a 10 mil pessoas. Acrescente-se ainda que, Khojaly ser-via como base de artilharia desde 23 de Fevereiro[21] e nofinal de Fevereiro, Khojaly estava bastante isolada, tendoas forças arménias desencadeado uma ofensiva a 26 deFevereiro apoiada por carros de combate da 366ª unidadepara capturar a localidade. De acordo com o lado azeri e

outras fontes como a Human RightsWatch, a organizaçãode direitos humanos sedeada em Moscovo Memorial e abiografia do líder arménio Monte Melkonian, documen-tada e publicada pelo seu irmão,[41] depois da captura deKhojaly procederam ao assassinato de várias centenas decivis que fugiam da cidade. As forças arménias tinhampreviamente afirmado que atacariam a cidade mas deixa-riam um corredor terrestre para permitir a fuga da popu-lação civil da cidade, todavia, quando o ataque começou,as tropas arménias, em maior número que as azeris, fa-cilmente dominaram os defensores, que tentaram retirarjuntamente com os civis para norte, para a cidade de Ag-dam, controlada pelo Azerbaijão. A pista do aeroportofora intencionalmente destruída, tornando-a temporaria-mente inútil, após verem isto, as forças atacantes perse-guiram os escapados e abriram fogo sobre eles, matandobastantes civis.[41] Enfrentando acusações de grupos in-ternacionais de ter massacrado intencionalmente civis, osoficiais arménios negaram a ocorrência de tal massacre edeclararam que o objectivo era apenas silenciar o fogo deartilharia vindo de Khojaly.[42] Uma contagem exacta donúmero de mortos nunca foi alcançada, mas as estima-tivas mais conservadoras apontam para 485[2] enquantoque a contagem oficial das autoridades azeris para o nú-mero de mortos durante os acontecimentos de 25 e 26de Fevereiro aponta para 613 civis, dos quais 106 se-riam mulheres e 83 crianças.[43] A 3 de Março de 1992,o Boston Globe reportou que mais de 1000 pessoas fo-ram assassinadas nos mais de quatro anos de conflito, ci-tando o autarca de Khojaly, Elmar Mamedov, em comoexistiram ainda 200 desaparecidos, 300 reféns e 200 fe-ridos nos combates.[44] Um relatório publicado 1992 pelaorganização humanitária Helsinki Watch declarou que oseu inquérito apourou que os OMON azeris e membros“das milícias, ainda em uniforme e alguns ainda com asarmas, estavam também junto dos civis massacrados” oque pode ter sido a razão para os disparos arménios sobreeles.[45]

5.2 A captura de Shusha

Na sequência do Massacre de Khojaly, o presidente azeriAyaz Mutalibov foi forçado a resignar a 6 e Março de1992, devido à pressão da opinião pública após o seu fa-lhanço na protecção e evacuação da população de Kho-jaly. Nos meses seguintes à captura de Khojaly, os co-mandantes azeris que aguentavam o último bastião daregião, a cidade de Shusha, começaram um bombarde-amento de artilharia em grande escala com lança-rocketsGRAD contra Stepanakert. Em Abril, estes ataques já ti-nham feito 50.000 refugiados em bunkers subterrâneose caves.[33] Enfrentando incursões terrestres nas áreaslimítrofes da cidade, os líderes militares de Nagorno-Karabakh organizaram uma ofensiva para tomar a cidade.A 8 deMaio uma força arménia composta por várias cen-tenas de tropas acompanhadas por tanques e helicópterosatacou a cidadela de Shusha. Combates aguerridos ocor-

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7

reram nas ruas da vila e algumas centenas de homensmorreram de ambos os lados. Esmagado pela força decombate mais numerosa dos arménios, o comandanteazeri em Shusha ordenou a retirada, tendo os combatesterminado no dia seguinte ao início da ofensiva.[30]

A captura de Shusha teve grande impacto na vizinhaTurquia, cujas relações com a Arménia tinham melho-rado depois de estar ter declarado a independência daUnião Soviética, mas viram um novo retrocesso à medidaque a Arménia foi conquistando território na região deNagorno-Karabakh. O grande ressentimento para coma Turquia datava ainda de antes da era Soviética, e estainimizade provinha em parte do genocídio Arménio.[27]Muitos arménios referiam-se aos azeris como “turcos”por considerarem-nos de etnias próximas. O primeiro-ministro turco, SuleymanDemirel, afirmou ter sido inten-samente pressionado pelo seu povo para fazer a Turquiaintervir e ajudar o Azerbaijão, contudo, Demirel opôs-se a tal intervenção, referindo que a entrada da Turquiana guerra iria espoletar um conflito ainda maior entremuçulmanos e cristãos, visto a Turquia ter uma largamai-oria muçulmana.[46] A Turquia nunca enviou tropas parao Azerbijão, mas enviou conselheiros e uma quantidadeimportante de ajuda militar. EmMaio de 1992 o coman-dante militar das forças da CEI, Marechal Yevgeny Sha-poshnikov, emitiu um aviso aos países ocidentais, espe-cialmente aos Estados Unidos, para não interferirem noconflito do Cáucaso; afirmando que isso iria “colocar-nos[a Comunidade] à beira de uma Terceira Guerra Mundiale isso não pode ser permitido.”[7]

Um contigente checheno, liderado por Shamil Basayev,foi uma das unidades a participar no conflito. De acordocom o Coronel Azer Rustamov do Azerbaijão, em 1992,“centenas de voluntários chechenos deram-nos uma ajudadifícil de avaliar nestas batalhas lideradas por Shamil Ba-sayev e Salman Raduev”. Disse-se que Basayev foi umdos últimos guerreiros a abandonar Shusha. Basayev con-firmou posteriormente que, durante a sua carreira, ele e oseu batalhão só tinham sido derrotados uma vez e que aderrota ocorreu em Karabakh em confrontos com o “ba-talhão Dashnak", afirmando também que tirou os seusmujahidin do conflito quando a guerra parecia ser maispor nacionalismo que por religião.

5.3 Selando Lachin

A captura de Lachin permitiu à Arménia o envio de com-boios de abastecimento para ajudar os separatistas de Ka-rabakh, ao mesmo tempo que abriu um caminho de fugapara os refugiados arménios evacuarem. O parlamentoazeri culpouMamedov pela perda de Shusha, removendo-o do poder e ilibandoMutalibov de qualquer responsibili-dade após a perda de Khojaly; restituindo-lhe os poderesde Presidente a 15 de Maio de 1992. Muitos azeris en-cararam esta acção como um golpe, a que se juntou ocancelamento das eleições para o parlamento marcadaspara Junho desse ano. O parlamento do Azerbaijão na

altura era composto por antigos líderes do país durante oregime comunista e as perdas de Khojaly e Shusha onlyaumentaram a sua vontade de proceder ao escrutínio.[7]

Contribuindo para este tumulto, as forças arménias olan-çaram uma ofensiva a 18 de Maio para capturarem a ci-dade de Lachin, situada no estreito corredor que separaa Arménia de Nagorno-Karabakh. A cidade estava malprotegida e no dia seguinte os arménios tomaram controloda localidade eliminando os azeris restantes, para abrir aestrada que ligava a região à Arménia.[47]

A perda de Lachin foi o golpe final no regime de Muta-libov. Apesar de estarem proibidas, ocorreram manifes-tações e um golpe armado foi tentado pelos activistas daFrente Popular. Os confrontos entre as forças governa-mentais e os apoiantes escalaram com a ocupação do par-lamento, o aeroporto de Baku e o gabinete presidencialpela oposição. A 16 de Junho de 1992, Abülfaz Elçibayfoi eleito líder do Azerbaijão, ao mesmo tempo, vários lí-deres políticos da Frente Popular do Azerbaijão conquis-taram lugares no parlamento. Os instigadores caracteri-zaramMutalibov como um líder fraco e pouco dedicado àguerra emKarabakh. Elchibey era completamente contraa aceitação de ajuda dos russos, favorecendo um estreitarde laços com a Turquia.[48]

6 Escalada do conflito

6.1 Operação Goranboy

A 12 de Junho de 1992, os militares azeris, juntamentecom a brigada de Huseynove, juntaram uma grande quan-tidade de tanques, APCs e helicópteros lançando a Ope-ração Goranboy, uma grande ofensiva de três dias sobrea região, relativamente desprotegida, de Shahumyan, nonorte de Nagorno-Karabakh, tendo conseguido recuperaralgumas dúzias de localidades anteriormente sob controlodas forças arménias. Uma outra razão para as rápidasconquistas foi o facto de serem muitos os voluntários ar-ménios entre os elementos que compunham os batalhões,tendo entretanto aproveitado a captura de Lachin paraabandonar as linhas e tornar ao seu país.[2] A ofensivainstigou o governo da Arménia a ameaçar abertamente oAzerbaijão em como iria intervir e ajudar os separatistasque lutavam em Karabakh.[49]

A ofensiva fez as tropas arménias retirarem para sul emdirecção a Stepanakert onde os comandantes de Kara-bakh planeavam destruir uma barragem hidroeléctrica naregião de Martakert caso a ofensiva não fosse parada.Estimam-se em 30.000 os refugiados arménios que fo-ram forçados a fugir para a capital enquanto os atacan-tes recuperavam aproximadamente metade de Nagorno-Karabakh. Contudo, o avanço dos azeris estacou quandoforam rechaçados por helicópteros de combate.[2] Foi afi-ançado que muitos dos membros do exército azeri que ti-nham lançado a ofensiva eram russos do 104ª Divisão das

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8 6 ESCALADA DO CONFLITO

forças Aerotransportadas (VDV, Vozdushno-DesantnyeVojska) sediadas fora de Ganja e que, ironicamente, asforças que os pararam também eram unidades da mesmadivisão. De acordo com uma fonte oficial do governo ar-ménio, conseguiram persuadir unidades militares russas aefectuar bombardeamentos, acabando por parar o avançoem poucos dias. Com isto, os arménios restabeleceram-se das baixas e organizaram uma contra-ofensiva para re-por as fronteiras anteriores.[2]

6.2 Tentativas de mediação de paz

No Verão de 1992, a CSCE (posteriormente denominadaOrganização para a Segurança e Cooperação na Europa,OSCE), criou o Grupo de Minsk em Helsínquia que in-corporava elementos de onze nações, sendo co-presididopela França, a Rússia e os Estados Unidos e tendo comopropósito mediar o estabelecimento de um acordo de pazentre as partes em conflito. Contudo, no seu encontroanual de 1992, a organização não conseguiu abordar eresolver os muitos novos problemas aparecidos desde ocolapso da União Soviética, menos ainda o conflito deKarabakh. A guerra na Jugoslávia, a guerra da Moldáviacom a república de Transnístria, a crescente ambição daindependência da Rússia pelos separatistas chechenos, asnovas disputas da Geórgia com a Rússia pela Abecásia ea Ossétia constituíam prioridades na agenda por envolve-rem disputas étnicas.[50]

A CSCE propôs o recurso a tropas de manutenção da pazdaOTAN e da CEI paramonitorizar a aplicação dos acor-dos de cessar-fogo e proteger os carregamentos de ajudahumanitária enviados aos refugiados. Diversos acordosde paz foram postos em prática após a ofensiva de Junho,mas a colocação de uma força de paz europeia, apoiadapela Arménia, nunca chegou a acontecer. A ideia de en-viar cem observadores internacionais a Karabakh chegoua ser levantada, mas as conversações entre os líderes ar-ménios e azeris romperam-se completamente em Julho.A Rússia estava especialmente contra a presença de umaforça multinacional da OTAN no Cáucaso, vendo-a comouma penetração no seu “quintal das traseiras”.[7]

6.3 Regresso aos combates

No final de Junho uma nova, e menor, ofensiva azeri foiplaneada, desta vez tendo como alvo a cidade de Mar-tuni na metade sudeste de Karabakh. A força de ata-que era composta por várias dúzias de tanques e veículosde combate complementadas por diversas companhias deinfantaria integradas nas frentes de Majgalashen e Jar-dar, próximas de Martuni e Krasnyi Bazar. O coman-dante do regimento de Martuni, Monte Melkonian, tra-tado por “Avo” pelos seus homens, embora desprovidode equipamento pesado, conseguiu afastar as repetidasinvestidas das forças azeris.[30] No final de Agosto de1992, o governo de Nagorno-Karabakh encontrava-se de-

sorganizado tendo os seus membros resignado a 17 deAgosto. O poder foi subsequentemente assumido porum concelho denominado Comité de Defesa do Estado,presidido por Robert Kocharyan, que iria governar tem-porariamente o enclave até que o conflito terminasse.[2]Ao mesmo tempo, o Azerbaijão também lançou ataquesaéreos, bombardeando alvos civis com frequência. Ko-charyan condenou aquilo que acreditava serem tentativasintencionais dos azeris para matar civis, e também a ale-gada passividade da Rússia e a sua atitude despreocupadaquanto à venda e transferência do seu material de guerrapara o Azerbaijão [51]

6.4 Abrandamento de Inverno

Ao aproximar-se o Inverno de 1992, ambos os lados seabstiveram de lançar ofensivas em larga escala, para pou-parem recursos, como gás e electricidade, para uso do-méstico. Apesar da abertura de uma passagem para osresidentes em Karabakh, quer a Arménia quer os resi-dentes no enclave sofreram com os bloqueios económi-cos impostos pelo Azerbaijão, que, apesar de não terfechado completamente a passagem, acabou por fazercom que a ajuda enviada através da Turquia chegasseesporadicamente.[7]

Vivenciando escassez de energia e alimentos, após o fe-cho da central nuclear de Metsamor, as perspectivas eco-nómicas da Arménia eram sombrias: na Geórgia, no-vas confrontações com os separatistas da Abecásia eda Ossétia começaram, tendo estes passado a atacar oscomboios de mercadorias e destruído repetidas vezes oúnico oleoduto que ligava a Rússia à Arménia. À seme-lhança do Inverno de 1991-1992, também o de 1992-1993 foi especialmente frio, havendo bastantes famí-lias na Arménia e Karabakh sem aquecimento e águaquente.[52]

Outros bens, como cereais eram mais difíceis de encon-trar. A diáspora arménia angariou dinheiro e doou man-timentos para a Arménia. Em Dezembro, dois carrega-mentos de 33000 toneladas de cereais e 150 toneladasde leite para bebés chegaram dos Estados Unidos atra-vés do Mar Negro, ao porto de Batumi, na Geórgia.[52]Em Fevereiro de 1993, a Comunidade Europeia enviou4,5 milhões de ECUs para a Arménia,[52] enquanto queo vizinho Irão também auxiliou a Arménia economica-mente fornecendo energia e electricidade. A postura deElchibey contra o Irão e as suas declarações quanto à uni-ficação com aminoria azeri no Irão romperam as relaçõesentre os países.Os azeris deslocados internamente e os refugiados inter-nacionais foram forçados a viver em campos provisórioscriados pelos governos do Azerbaijão e do Irão. A CruzVermelha também distribuiu mantas aos azeris e notouque em Dezembro, os refugiados já tinham disponívelcomida suficiente para a sua alimentação.[53] O Azerbai-jão também lurou para reabilitar a sua indústria petroquí-

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7.3 Agdam, Fizuli, Jebrail e Zangelan caem 9

mica, a principal exportação do país. As suas refinariasnão estavam a funcionar à capacidade máxima e as quotasde produção ficaram aquém das estimativas. Em 1965,os campos de petróleo de Baku produziam 21,5 milhõesde toneladas de petróleo anualmente, enquanto que 1988o número estava reduzido a quase 3,3 milhões. O equi-pamento desactualizado das refinarias soviéticas e a relu-tância das companhias petrolíferas em investir numa zonade guerra em que os oleodutos eram destruídos rotineira-mente impediram o Azerbiajão de explorar ao máximoesta sua riqueza.[7]

7 Verão de 1993

7.1 Conflitos internos

Apesar do Inverno duro que ambos os países viveram, oano novo foi acolhido com entusiasmo por ambos os la-dos. O presidente Elchibey expressou optimismo tendoem vista uma solução por mútuo acordo com o seu ho-mólogo Ter-Petrossian, mas ainda em Janeiro de 1993 osvislumbres desta esperança esfumaram-se por completo,apesar dos apelos a um novo cessar-fogo feitos Boris Yelt-sin e George H. W. Bush, assim que as hostilidades na re-gião se reacenderam.[54] As forças arménias começaramum novo conjunto de ofensivas que conseguiram recupe-rar povoações no norte de Karabakh detidas pelos azerisdesde o Outono anterior.A frustração por estas derrotas militares saiu cara à frentedoméstica no Azerbaijão, com os militares a ficaremmais desesperados e o ministro da defesa Gaziev e a bri-gada de Huseynov a pedirem ajuda russa, uma medidaque ia contra as políticas de Elchibey classificável comoinsubordinação. Os confrontos e discussões políticas en-tre o ministro do interior, İsgandar Hamidov, e Gazievsobre qual a zona para onde deviam ser enviadas as forçasmilitares levaram à resignação deste último a 20 de Feve-reiro. Também na Arménia aconteceu uma reorganiza-ção política, quando Ter-Petrossian demitiu o primeiro-ministro, Khosrov Arutyunyan e o seu governo por teremfalhado na implementação de um plano económico viávelpara o país, o que gerou protestos entre os arménios con-tra a liderança de Ter-Petrossian que foram suprimidos esilenciados.[55]

7.2 Kelbajar

Na zona oeste do norte do Karabakh, mas fora das fron-teiras da região, estava o rayon de Kelbajar que era ad-jacente à Arménia. Com uma população de aproxima-damente 45 mil pessoas, compostas por azeris e curdosvivendo em algumas dezenas de aldeias. Em Março de1993, houve notícias de que as áreas sob domínio arméniojunto do reservatório de Sarsang em Mardakert estavama ser atacadas por azeris. Depois de terem defendido com

sucesso a região de Martuni, as tropas de Melkonian fo-ram incubidas de dominar a região de Kelbajar, de ondeas incursões e a artilharia tinham sido enviadas segundoas informações disponíveis.[30]

A ofensiva provocou um rancor internacional contra ogoverno arménio, o que marcou esta primeira movimen-tação das tropas arménias fora das fronteiras do enclavepara o interior do território do Azerbaijão. A 30 de Abril,o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)aprovou a Resolução 822, proposta pela Turquia e peloPaquistão, afirmando que o Nargorno-Karabakh era parteintegrante do território azeri, devendo as forças arméniasretirarem-se de Kelbajar.[56]

As repercussões políticas também foram sentidas noAzerbaijão quando Huseynov embarcou na sua “marchaa Baku” de Ganje. Frustrado com Elchibey, que consi-derava incompetente na forma como estava a lidar como conflito, e despromovido da patente de coronel, a suabrigada avançou até Baku para destituir o presidente noinício de Junho. Elchibey demitiu-se do cargo a 18 deJunho e o poder foi assumido pelo então membro do par-lamento Heydar Aliyev. A 1 de Julho, Huseynov foi no-meado primeiro-ministro do Azerbaijão.[57]

7.3 Agdam, Fizuli, Jebrail e Zangelancaem

Com o povo azeri ainda a costumar-se à sua nova li-derança política, muitos arménios tentavam lidar com amorte de Melkonian, que fora morto a 12 de Junho numaescaramuça perto de Merzuli, com o acontecimento a serlamentado publicamente a nível nacional em Erevan. Asforças arménias exploraram a crise política em Baku, quedeixara a frente de Karabakh quase desprotegida,[2] nosquatro meses seguintes, período de instabilidade políticano Azerbaijão, foram perdidos cinco distritos, bem comoo controlo do norte do Nagorno-Karabakh.[2] As forçasarmadas arménias foram incapazes de estabelecer umaresistência forte contra o avanço arménio e deixaram amaioria das áreas sem confrontos sérios.[2] No final de Ju-nho, os azeris foram expulsos de Martakert, perdendo oúltimo território dentro do enclave, enquanto que em Ju-lho, as forças arménias se preparavam para atacar e cap-turar a região de Agdam, um rayon fronteiro, afirmandoque pretendiam reforçar uma zona de segurança queman-tivesse a artelharia azeri fora de alcance.[58]

A 4 de Julho, os arménios começarm um bombardea-mento de artilharia contra Agdam, destruindo várias par-tes da capital da região, pelo que soldados e civis come-çaram a evacuar a localidade. Enfrentando o colapso mi-litar, Aliev tentou alcançar um acordo com o governo defacto do Karabakh e com o grupo de Minsk. A meio deAgosto, os arménios Armenians juntaram uma força queconquistou as regiões azeris de Fizuli e Jabrayil, a sul doenclave.Devido ao avanço dos arménios no Azerbaijão, o

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10 8 CONFRONTOS DE 1993–1994

primeiro-ministro turco, Tansu Çiller, avisou o governoarménio de que não devia atacar Nakhichevan e exigiu aretirada destes do território azeri. No início de Setem-bro milhares de tropas turcas foram enviadas para a fron-teira com a Arménia, com as forças da Federação Russana Arménia a contrariarem os seus movimentos, e assimafastando a possibilidade de a Turquia poder vir a tomarum papel militar no conflito.[59]

No início de Setembro, as forças azeris estavam em com-pleto desalinho, commuitas as armas pesadas que tinhamrecebido e comprado aos russos inoperacionais ou aban-donadas durante as batalhas, e com a captura pelos armé-nios de dezenas de tanques e armamento ligeiro, desde aofensiva de Junho de 1992.[60] Outros sinais do desesperodo Azerbaijão incluem o recrutamento de 1000 a 1500afegãos e mujahidin árabes do Afeganistão, por Aliev. Ogoverno do Azerbaijão negou esta afirmação, mas cor-respondência e fotografias das tropes arménias indicam ocontrário.[7] As tentativas dos azeris para recrutar tropasentre as suas minorias lezgin e talysh encontraram forteresistência. Outras fontes externas de ajuda chegaramdo Paquistão e da Chechénia, incluindo o guerrilheiroShamil Basayev.[61] A MEGA OIL, uma companhia pe-trolífera sedeada nos EUA contratou vários formadoresmilitares estado-unidenses como pré-requisito para ad-quirir os direitos de exploração dos campos de petróleodo Azerbaijão.[36]

8 Confrontos de 1993–1994

Fronteiras finais do conflito após a assinatura do cessar-fogo de1994. As forças arménias do Nagorno-Karabakh controlam pre-sentemente quase 9% do território azeri fora do previamente de-signado Oblast Autónomo do Nagorno-Karabakh.[2][10] Por ou-tro lado, as forças azeris, controlam Shahumian e a parte lestede Martakert e Martuni.

Em Outubro de 1993, Aliev foi formalmente eleito pre-sidente e prometeu trazer ordem social ao país além dareconquista das regiões perdidas, ainda no mesmo mêso Azerbaijão aderiu à CEI. O Inverno deste ano foi se-melhante ao ano anterior, com ambos os lados a pro-curarem mantimentos e lenha com meses de antecedên-cia. As resoluções 874 e 884 do CSNU foram aprovadas

em Outubro e Novembro voltando a incidir nos mesmospontos das duas anteriores, e reconhecendo o Nagorno-Karabakh como uma parte no conflito.[56]

No início de Janeiro, as forças azeris e as guerrilhas afe-gãs recapturaram parte do distrito de Fizuli, incluindoa junção ferroviária de Horadiz na fronteira com oIrão, mas não conseguiram reconquistar a localidade deFizuli.[62] A 10 de Janeiro de 1994, os azeris atacarama região de Mardakert numa tentativa de reconquistar azona norte do enclave. Esta ofensiva conseguiu avançar erecuperar diversas partes do Karabakh a norte e a sul masfoi travada rapidamente. A República da Arménia come-çou a enviar tropas de conscrições, do exército regular edo Ministério do Interior para parar a progressão azeri noKarabakh.[63] Para reforçar as fileiras do seu exército, ogoverno arménio emitiu um decreto convocando homensaté aos 45 anos de idade por três meses, e recorreu a ac-ções de busca para alistar recrutas. Vários soldados doexército arménio no activo foram capturados pelas forçasdo Azerbaijão.[63]

As ofensivas azeris tornaram-se cada vez mais desespe-radas, com jovens de 16 anos e praticamente sem treinoforam recrutados e tomaram parte em ineficazes ondashumanas, uma táctica aplicada pelo Irão durante a GuerraIrão-Iraque. Duas ofensivas deste tipo ocorreram no In-verno causando a morte a 5000 azeris, além de algu-mas centenas de arménios.[7] A principal ofensiva azeriprocurava recapturar o distrito de Khelbajar, para ame-açar o corredor de Lachin, tendo conseguido vencer apouca resistência inicial e capturar o passo de Omar, masquando as forças arménias reagiram os azeris foram co-piosamente derrotados, naqueles que foram os combatesmais sangrentos de toda a guerra. Várias brigadas aze-ris ficaram isoladas quando os arménios reconquistaramo passo de Omar, tendo sido depois cercadas e abatidas.A base política no Azerbaijão alterou-se diversas vezes,com vários soldados arménios no Karabakh a relataremque os azeris estavam desmoralizados, não tendo clarasas razões da guerra e não estando empenhados em travá-la.[64] O professor russo Georgiy I. Mirsky também apoiaeste ponto de vista, afirmando que “o Karabakh não in-teressa tanto aos azeris quanto aos arménios. Provavel-mente, é por isso que os jovens voluntários da Arméniatêm muito mais vontade de lutar e morrer pelo Karabakhdo que os do Azerbaijão.”[65] Esta realidade foi descritapor um jornalista que notou que “Em Stepanakert, é im-possível encontrar um homem capaz – seja voluntário daArménia ou residente local - sem uniforme. [Enquantoque] no Azerbaijão, homens com idade para serem re-crutados frequentam cafés.”[66] Andrei Sakharov tambémconcordava com esta visão, proferindo a famosa decla-ração “Para o Azerbaijão o assunto do Karabakh é umaquestão de ambição, para os arménios do Karabakh, éuma questão de vida ou morte.”[67]

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11

8.1 Cessar-fogo de 1994

Seis anos passados desde o início dos combates, ambosos lados estavam preparados para um cessar-fogo, e asvias diplomáticas intensificaram a sua acção no mês deMaio..[7] OAzerbaijão, tinha esgotado praticamente todoo seu poderio e confiava que um cessar-fogo fosse postoem discussão, fosse pela CSCE ou pela Rússia, uma vezque os comandantes arménios asseveravam ter o cami-nho desimpedido até Baku. As batalhas finais do conflitoocorreram próximo de Shahumyan, e consistiram numasérie de breves lutas em Gulistan.A 16 de Maio, os líderes da Arménia, Azerbaijão,Nagorno-Karabakh e Rússia encontraram-se em Mos-covo para assinarem uma trégua, que iria efectivamenteresultar numa interrupção das hostilidades. No Azerbai-jão, muitos saudaram o fim dos combates, enquanto ou-tros sentiam que o contingente de tropas de manutençãoda paz a permanecer temporariamente na área não deviaser de origem russa. Confrontos esporádicos continua-ram em algumas partes da região, mas ambos os lados seafirmaram comprometidos em honrar o cessar-fogo.[68]

9 Violência e mediação pós-cessar-fogo

Soldados do 8º regimento do Nagorno-Karabakh içam-se parafor a de uma trincheira durante exercícios na frente de Agdam,localizada no leste de Agdam.

Actualmente, o conflito de Nagorno-Karabakh é um dosvários conflitos originados após o colapso da União So-viética e actualmente interrompidos, juntamente com asregiões separatistas da Geórgia, a Abecásia e a Ossétia doSul, e dos problemas entre a Moldávia e a Transnístria. OKarabakh permanece sob jurisdição do governo da nãoreconhecida, mas independente de facto, República doNagorno-Karabakh, e mantém o seu próprio exército, oExército de Defesa do Nagorno-Karabakh.[69]

Contrariamente aos relatos da comunicação social, quepermanentemente mencionava as religiões de ambos ospovos, os aspectos religiosos nunca tiveram significado,

Memorial de um tanque T-72 situado próximo de Askeran.

nem como casus belli adicional, e permaneceu primaria-mente uma disputa de território e direitos humanos dosarménios no Karabakh.[70] Desde 1995 que os elementosdo Grupo de Minsk têm vindo a mediar as discussões en-tre os governos da Arménia e do Azerbaijão para se che-gar a numa nova solução. Numerosas propostas têm sidofeitas, tendo como base a existência de cedências de am-bos os lados. Uma das propostas estipulava que as forçasarménias retirassem das sete regiões que rodeiam o Kara-bakh, com o Azerbaijão a partilhar alguns das suas mais-valias económicas, incluindo os lucros de um oleoduto aligar Baku à Turquia através da Arménia.[71] Outras pro-postas também referem a concessão de maior autonomiapelo Azerbaijão ao enclave, já muito próxima da inde-pendência. A Arménia tem sido alvo de pressão, ao serexcluída dos grandes projectos económicos em curso naregião, incluindo o Oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan[71] e aferrovia Kars-Tbilisi-Baku.A maioria das propostas de autonomia tem sido rejeitadapelos próprios arménios, que consideram que este ele-mento não é negociável. Da mesma forma, os azeris têm-se recusado a deixar o assunto passar e regularmente ame-açam com o retomar das hostilidades.[72] A 30 de Marçode 1998, Robert Kocharyan foi eleito presidente e con-tinuou a rejeitar os pedidos para se acordar um fim parao conflito. Em 2001, Kocharyan e Aliev encontraram-se em Key West, na Flórida, para discutir os problemasem questão e, apesar de vários diplomatas ocidentais ex-primirem optimismo, a oposição crescente em ambos ospaíses contra a cedência de concessões ao oponente diluiuas esperanças de uma resolução pacífica.[73]

No total o conflito gerou quase um milhão de refugia-dos, com 400.000 arménios habitantes do Azerbaijão adeslocarem-se para a Arménia ou Rússia, e outros 30.000a chegarem do Karabakh.[74] Muitos dos que deixaram oKarabakh regressaram após o fim da guerra.[75] Estimam-se em 800.000 os azeris deslocados devido aos comba-tes, incluindo os oriundos da Arménia e do enclave.[10]Vários outros grupos étnicos vivendo no Karabakh fo-ram também forçados a habitar em campos de refugia-

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12 12 MÁ CONDUTA

dos construídos pelos governos azeri e iraniano.[76] Ape-sar de se afirmar frequentemente que os arménios contro-lam 20% ou até 40% do território azeri, os números esti-mados, contabilizando o exclave de Nakhichevan, variamentre 13.62% e 14% (reduzindo-se a 9% se o Nagorno-Karabakh for excluído).[2][47]

É ainda atribuído ao rancor da guerra o assassínio a gol-pes de machado do militar arménio Gurgen Markaryan,em Fevereiro de 2004, pelo azeri Ramil Safarov, num se-minário de treino da NATO em Budapeste, capital daHungria.[77] A inimizade azeri contra tudo o que sejaconotado com a Arménia levou à destruição de milha-res de pedras funerárias medievais, conhecidas comokhatchkars, em cemitérios de Julfa, Nakhichevan. Estadestruição foi temporariamente travada quando desco-berta, em 1998, mas prosseguiu até à destruição total em2005.[78] O Azerbaijão tem comparado o controlo armé-nio da região à ocupação nazi da União Soviética durantea Segunda Guerra Mundial.[2]

10 Actualidade

Refugiados azeris de Nagorno-Karabakh.

No início de 2008, as tensões entre a Arménia,a República do Nagorno-Karabakh e o Azerbaijãodeterioraram-se ainda mais. Na frente diplomática, opresidente Ilham Aliyev voltou a repetir declarações be-licosas, em como o Azerbaijão iria recorrer à força, senecessário, para voltar a controlar o território;[79] coin-cidentemente, os tiroteios ao longo da linha de fron-teira aumentaram. A violação mais flagrante do cessar-fogo ocorreu no dia seguinte às declarações de Aliyev,com dezasseis soldados a serem mortos e ambos os la-dos a acusarem-se mutuamente de terem iniciado oscombates.[80] Adicionalmente, o uso de artilharia nosconfrontos mais recentes marca um aumentar da violên-cia, que até então envolvia apenas tiros de snipers ou ra-jadas de metralhadora.[81]

Em 2008, o Moscow Defense Brief opinou que devido aoaumentar das despesas militares do Azerbaijão, – que setem reflectido num forte rearmamento das forças arma-das azeris – o balanço militar aparenta estar a mudar emfavor do Azerbaijão. "… A tendência global está clara-

mente a favor do Azerbaijão, e parece que a Arménia nãosera capaz de sustentar uma corrida ao armamento com aeconomia alimentada a petróleo do Azerbaijão. Isto podelevar à desestabilização do conflito latente entre estes doisestados,” escreveu-se no jornal.[82]

11 Guerra aérea

A guerra aérea no Karabakh envolveu sobretudo caças ehelicópteros de ataque. Durante a guerra ambos os la-dos usaram os helicópteros de transporte Mi-8 e o seusemelhante Mi-17. A força aérea activa da Arménia eracomposta por apenas dois Su-25 bombardeiros de apoioterrestre, um dos quais foi abatido por fogo amigo, esta-vam ainda na posse de alguns Su-22 e Su-17s, contudo,estes aviões envelhecidos tiveram um papel secundáriodurante o decorrer da guerra.[83]

A força aérea do Azerbaijão era composta por 45 aviõesde combate, que eram frequentemente pilotados pormercenários experientes vindos da Rússia e da Ucrânia,formados no exército da União Soviética. Estes voavamsobre o Karabakh com jactos sofisticados como o Mig-25 e o Sukhoi Su-24, além de caças-bombardeiros maisantigos como o Mig-21, bombardeando Stepanakert des-locando do Azerbaijão, tendo sido pagos salários mensaisde 5.000 rublo soviético.[83]

Estes pilotos, à semelhança do que acontecera com os ho-mens do ministério do interior soviético no início do con-flito, também eram pobres que aceitaram o trabalho parasustentar as suas famílias, mas estavam sujeitos a ser exe-cutados pelos arménios se abatidos. Vários foram alveja-dos pelas forces arménias ao sobrevoarem a cidade e, deacordo com um dos comandantes dos pilotos, com ajudados russos. A construção do sistema de defesa diminuiua capacidade dos azeris de levarem a cabo mais ataquesaéreos.[83] O helicóptero de ataque mais usado por ambosos lados foi oMilMi-24 Krokodil de fabrico soviético.[84]

12 Má conduta

Por terem emergido do colapso da URSS e cedo tereminiciado os combates, apenas a meio de 1993 a Armé-nia e o Azerbaijão se tornaram signatários de acordosimportantes do direito internacional, como a Convençãode Genebra. Os três governos envolvidos, incluindo o deNagorno-Karabakh, acusavam-se regularmente de come-terem atrocidades, o que por vezes se conseguiu confir-mar por meio de outras fontes, como organizações de di-reitos humanos ou meios de comunicação social indepen-dentes. O massacre de Khojaly, por exemplo, foi confir-mado pela Human Rights Watch e pela Memorial, en-quanto que o que ficou conhecido como massacre de Ma-raghar foi inicialmente denunciado pela organização dedireitos humanos sedeada no Reino Unido Christian Soli-

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darity Worldwide em 1992.[85] O Azerbaijão foi tambémcriticado pelos bombardeamentos aéreos em zonas civisdensamente povoadas.[86]

A falta de regulamentação internacional a que ambosos lados obedecessem impediu que muitos dos compor-tamentos verificados pudessem ser classificados comocrimes de guerra. Pilhagens e mutilações de soldadosmortos (partes do corpo como orelhas eram trazidas dafrente e guardadas como recordações da guerra) eram co-mummente reportadas e motivo de regozijo durante asfileiras.[2] Outra prática habitual não entre os militaresmas entre os civis, era a troca de prisioneiros entre ar-ménios e azeris. Quando o contacto entre o soldado ouo membro da mílicia e a sua família era perdido, a pró-pria família tomava a cargo a tarefa de organizar a troca,capturando um soldado da linha de batalha e mantendo-oem local recôndito da sua casa. Yo'av Karny jornalista doNew York Times observou que esta prática era tão antiga“quando a ocupação da terra pelas pessoas.”[87]

Após o termo da guerra os contendores acusaram-se mu-tuamente de manterem cativos. O Azerbaijão assegurouque a Arménia retinha 5.000 prisoneiros azeris, enquantoos arménios asseveraram que os azeris detinham ainda600 prisioneiros. O grupo Helsinki Initiative 92, investi-gou duas prisões em Shusha e Stepanakert após o fim daguerra, mas concluiu que já lá não existiam prisioneiros-de-guerra, uma investigação similar obteve o mesmo re-sultado quando procurou arménios trabalhando em pe-dreiras no Azerbaijão.[88]

13 References[1] Griffin, Nicholas. Caucasus: A Journey to the Land

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[2] de Waal, Thomas. Black Garden: Armenia and Azerbai-jan Through Peace and War. Nova Iorque: New YorkUniversity Press, 2003. ISBN 0-8147-1945-7

[3] Os nomes da região em várias línguas têm aproximada-mente o mesmo significado. O nome teve origem em fon-tes Geórgias e Persas nos séculos XIII e XIV. Quer emlíngua arménia quer em língua azeri o nome da região sig-nifica “Karabakh montanhoso [jardim negro]", mas os ar-ménios também usam a expressão Artsach para fazer re-ferência à região, aludindo à décima província do antigoReino da Arménia. O nome é frequentemente encurtadopara apenas Karabakh em fontes noticiosas e livros. Ou-tros idiomas como o russo e o francês referem-se à re-gião, respetivamente, como Nagorny Karabakh e Haut-Karabakh (Alto Karabakh).

[4] Rieff, David (Junho de 1997). Without Rules or Pity Fo-reign Affairs v76, n2 1997 Council on Foreign Relations.Visitado em 2007-02-13.

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[7] Croissant, Michael P.. The Armenia-Azerbaijan Conflict:Causes and Implications. London: Praeger, 1998. ISBN0-275-96241-5

[8] Deve notar-se que na altura da dissolução da União Sovié-tica, o governo dos EUA reconheceu por meio da doutrinaStimson a legitimidade das fronteiras de 1933, prévias aoPacto Molotov-Ribbentrop (o governo de Franklin D. Ro-osevelt estabeleceu relações diplomáticas com o Kremlinno final desse ano. Por causa disto a administração deGeorge H. Bush apoiou abertamente a secessão das repú-blicas soviéticas do Báltico, mas encarou as questões re-lacionadas com a independência e conflitos territoriais daGeórgia, Arménia, Azerbaijão e o resto do Transcaucásiacomo assuntos internos dos soviéticos.

[9] Usando dados providenciados pelo jornalista Thomas deWaal para as áreas de cada rayon bem como do oblast deNagorno-Karabakh e a área total do Azerbaijão são (emquilómetros quadrados): 1936, Kelbajar; 1835, Lachin;802, Kubatly; 1050, Jebrail; 707, Zangelan; 842, Agh-dam; 462, Fizuli; 75, exclaves; totalizando 7709km² ou8,9%: de Waal. Black Garden, p. 286.

[10] The Central Intelligence Agency. The CIA World Fact-book: Transnational Issues no Country Profile do Azer-baijão. Visitado em 2007-02-14. Envolvimento militarnegado pelo governo da Arménia.

[11] Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Ar-ménia. Circular pelo coronel D. I. Shuttleworth do Co-mando Britânico. Arquivos da República da Arménia,File No. 9. Acedido a 2 de Março de 2007.

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[25] Hofheinz, Paul. "On the Edge of Civil War", TIME, Oc-tober 23, 1989. Página visitada em 2006-03-13.

[26] Em 1988 o estado das relações entre os arménios e os aze-ris era tão preocupante que quando o sismo ocorreu mui-tos dos residentes de Leninakan pensavam que tinha ocor-rido uma explosão espoletada pelos azeris. Existem tam-bém diversos relados de celebrações do acontecimento noAzerbaijão, comemorando a ocorrência do sismo devidoaos danos trazidos à Arménia: op. cit. emMelkonian. MyBrother’s Road, p. 163.

[27] Chorbajian, Levon. The Making of Nagorno-Karabagh:From Secession to Republic. New York: Palgrave Mac-Millan, 2001. 161, 213 p. ISBN 0333773403

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[35] Secção 907 do Freedom Support Act. Ajuda humanitáriafoi não explicitamente banida mas tais bens tiveram deser enviados indirectamente através de agências humani-tárias. A 25 de Janeiro de 2002, o presidente George W.Bush assinou rescindiu esta secção, pleo que foram remo-vidas quaisquer restrições que impedissem os EUA de en-viar ajuda militar para o Azerbaijão, contudo, a paridademilitar é mantida para ambos os lados. Mais informaçõesaqui (em inglês). O Azerbaijão ainda mantém o seu blo-queio aéreo e rodoviário contra a Arménia.

[36] Gurdelik, Rasit. "Azerbaijanis Rebuild Army with Fo-reign Help", The Seattle Times, 30 de Janeiro de 1994, pp.A3. Página visitada em 2006-08-12.

[37] (em russo) Barkoudzaryan, Alvard. "К войненевозможно привыкнуть" (É impossível habituar-se à guerra). in Газета «Новое время» (New Time) n.797, 21 de Novembro de 2006. Ministério dos NegóciosEstrangeiros de Nagorno-Karabakh. Acedido a 20 deFevereiro de 2007

[38] Chorbajian, Levon; Patrick Donabedian, Claude Muta-fian. The Caucasian Knot: The History and Geopolitics ofNagorno-Karabagh. London: Zed Books, 1994. 13–18 p.ISBN 1-85649-288-5 As estatísticas citadas pelos autoresprovêm dos dados compilados pelo International Institutefor Strategic Studies sedeado em Londres,num relatório in-titulado The Military Balance, 1993–1994 publicado em1993. O número 20.000 para a República de Nagorno-Karabakh inclui 8.000 voluntários da Arménia; a forçaArménia no relatório conta exclusivamente com os mem-bros do exército; os números do Azerbaijão referem-se a38.000 membros do seu exército e a 1.600 da sua forçaaérea. Referências destas estatísticas podem ser encon-tradas nas páginas 68–69 e 71–73 do relatório.

[39] Curtis, Glenn E.. Armenia, Azerbaijan and Georgia Coun-try Studies. Washington D.C.: Federal Research DivisionLibrary of Congress, 1995. ISBN 0-8444-0848-4

[40] Gokay, Bulent. The Politics of Caspian Oil. Nova Iorque:Palgrave MacMillan, 2003. 189–190 p. ISBN 0-3337-3973-6

[41] Melkonian, Markar. My Brother’s Road: An American’sFateful Journey to Armenia. [S.l.]: I.B. Tauris, 2005. 213p. ISBN 1-85043-635-5

[42] O governo arménio insiste em negar a ocorrência de talmassacre deliberado em Khojaly e mantém que a maioriadas baixas civis ocorreram no fogo cruzado entre as tropas.

[43] Carta do ‘‘Charge d'affaires a.i.’’ daMissão Permanente noAzerbaijão ao Gabinete das Nações Unidas

[44] Quinn-Judge, Paul. "Armenians killed 1000, Azerischarge.", Boston Globe, 1992-03-03. Página visitada em2007-03-02.

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[51] Dahlburg, John-Thor. "Azerbaijan Accused of BombingCivilians", Chicago Sun-Times, 24 de Agosto de 1992. Pá-gina visitada em 2006-09-04.[ligação inativa]. A asserção deKocharyan quanto a esta última alegação foi confirmadapor testemunhos de pilotos ucranianos e russos, contrata-dos para voar pela força aérea do Azerbaijão, após teremsido abatidos pelas forças arménias nas imediações de Ste-panakert. Os pilotos afirmaram que os comandantes aze-ris preparavam os ataques aéreos para alvejar explicita-mente alvos civis e não militares, para que se instalasseo pânico na população da cidade. (em russo) Русскиенаемники воевавшие в Карабахе. Documentário produ-zido e emitido pela REN TV.

[52] Leonidas T. Chrysanthopolous. Caucasus Chronicles:Nation-building and Diplomacy in Armenia, 1993–1994(em inglês). Princeton: Gomidas Institute Books, 2002.ISBN 1-884630-05-7

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[56] Resolução 822 do Conselho de Segurança das NaçõesUnidas de 30 de Abril de 1993 texto do departamento deestado dos EUA. No total de quarto resoluções aprovadasreferindo o conflito

[57] The Associated Press. "Rebel troops push toward Azericapital", Toronto Star de 21 de Junho, 1993, p. A12

[58] A veracidade das afirmações do NKR durante as ofensivasdo Verão de 1993 foram largamente questionadas num fó-rum internacional, se as forças do Karabakh queriam ou

não capturar os territórios que rodeavam o enclave. Ape-sar de muitos duvidares da veracidade dos relatos, com-bates periódicos na região foram verificados meses antesdas ofensivas serem iniciadas.

[59] Durante a Crise constitucional russa de 1993, as agên-cias de espionagem dos EUA e da França reportaram queum dos líderes do golpe contra o presidente Yeltsin, ochecheno Ruslan Khasbulatov, preparava a retirada dastropas russas da Arménia se o golpe fosse bem sucedido.As estimativas apontavam para um número de cerca de23000 soldados russos acantonados na fronteira com aTurquia. Çiller foi referenciado pelas agências como es-tando em colaboração com Khasbulatov para receber oseu apoio tácito, permitindo incursões militares turcas naArménia, sob o pretexto de perseguirem guerrilheiros doPKK, o que já tinha ocorrido anteriormente nesse ano, nonorte do Iraque. Contudo, as forças armadas esmagaramo golpe na Rússia.

[60] Por exemplo, de acordo com uma entrevista televisiva deMelkonian emMarço de 1993, as suas forças emMartunitinham capturado ou destruído um total de 55 T-72, 24BMP-2, 15 APC e 25 peças de artelharia pesada, desdea ofensiva de azeri de Junho de 1992, afirmando que “amaioria das nossas armas…[foram] capturadas ao Azer-baijão.” Serzh Sargsyan, o então líder military das forçasarmadas do Karabakh declarou terem sido capturados 156tanques ao longo da guerra: op. cit. em Black Garden,p. 316. No Verão de 1993, os arménios tinham captu-rado tanto equipamento que muitos elogiavam a políticade Guerra de Elchibey uma vez que estava, a armar ambosos lados: Melkonian. My Brother’s Road, p. 237.

[61] Vartanyan, Arkady. Azerbaijan, USA seen pursuing anti-Russian goals in Karabakh. BBC Monitoring Former So-viet Union. 11 de Junho de 2000

[62] Cooley, John K.. Unholy Wars: Afghanistan, Americaand International Terrorism. Londres: Pluto Press, 2002.150–151 p. ISBN 0-7453-1917-3

[63] Human Rights Watch World Report 1995

[64] Como um combatente arménio comentou: “A diferençareside no que fazes e por que o fazes. Sabes que algunsquilómetros atrás tens a tua família, crianças, mulheres eidosos, pelo que o dever te obriga a lutar até à morte paraque os que estão atrás de ti vivam.”

[65] Mirsky, Georgiy I.. On Ruins of Empire: Ethnicity andNationalism in the Former Soviet Union. Westport, CT:Greenwood Press, 1997. p. 63. ISBN 0-3133-0044-5

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[72] BBC News. "Azerbaijan threatens renewed war", BBCNews Europe, May 12, 2004. Página visitada em 2007-02-10.

[73] Peuch, Jean-Christophe. "Armenia/Azerbaijan: Inter-national Mediators Report Progress On Karabakh Dis-pute", Radio Free Europe/Radio Liberty, 10 de Abril,2001.[ligação inativa]

[74] Collin, Matthew. Azeris criticised on human rights. BBCNews, 28 de Junho de 2007.

[75] The U.S. Committee for Refugees and Immigrants. 2001Country Report of Armenia. USCRI, 2001

[76] Estatísticas mais detalhadas acerca do estado dos refugi-ados e o número de deslocados internos estão disponíveisem Direitos humanos no Nagorno-Karabakh.

[77] Grigorian, Mariana, Rauf Orujev. "Murder Case Judge-ment Reverberates Around Caucasus", Institute for Warand Peace Reporting, 20 de Abril de 2006.

[78] Sarah Pickman, Tragedy on the Araxes ArchaeologicalInstitute of America, 30 de Junho de 2006.

[79] Lada Yevgrashina, "Azerbaijan may use force in Kara-bakh after Kosovo", Reuters, 4 de Março de 2008, ace-dido a 10 de Março de 2008.

[80] Lada Yevgrashina e Mkrtchyan Hasmik, "Azeris, Arme-nians spar after major Karabakh clash", Reuters, 5 deMarço de 2008, acedido a 10 de Março de 2008.

[81] The Associated Press. "4 killed in Nagorno-Karabakh re-gion in skirmishes between Azerbaijanis, ethnic Armeni-ans", International Herald Tribune, 10 de Março de 2008,acedido a 10 de Março de 2008.

[82] Barabanov, Mikhail. . "Nagorno-Karabakh: Shift inthe Military Balance". Moscow Defense Brief (2/2008).Centre for Analysis of Strategies and Technologies.

[83] Loiko, Sergei L. "Ex-Soviet `Top Guns’ Shot Down, FacePossible Death as Mercenaries", Los Angeles Times, 19 deJulho de 1993.

[84] De acordo com o Acordo de Tashkent assinado noUzbequistão em Maio de 1992, as antigas repúblicas so-viéticas tinham direito a um certo número de tanques, veí-culos blindados e aviões de combate. O acordo permi-tiu à Arménia e ao Azerbaijão a atribuição de um totalde 100 aviões. A Força Aérea Arménia possui presen-temente uma frota de doze Mil Mi-24, 9 Mil Mi-2 e 13helicópteros de transporte Mil Mi-8. A Força Aérea doAzerbaijão tem uma composição muito semelhante com15 Mil Mi-24, 7 Mil Mi-2, 15 Mil Mi-6 e 13 Mil Mi-8.

[85] Discurso proferido pela Baronesa Caroline Cox em Abrilde 1998. Survivors of Maraghar massacre: It was trulylike a contemporary Golgotha many times over. Acedidoa 10 de Fevereiro de 2007.

[86] Human Rights Watch/Helsinki. Azerbaijan: Seven Yearsof Conflict in Nagorno-Karabakh. Nova Iorque, 1994.

[87] Karny, Yo'av. Highlanders: A Journey to the Caucasusin Quest of Memory. Nova York: Douglas & McIntyre,2000. 405–406 p. ISBN 0-374-52812-8

[88] Ohanyan, Karine, Zarema Velikhanova. "Investigation:Karabakh: Missing in Action - Alive or Dead?", Institutefor War and Peace Reporting, 12 de Maio de 2004.

14 Bibliografia adicional

15 Ligações externas• Resumo da crise de Nagorno-Karabakh na ReutersAlertnet

• Análise militar do conflito de Nagorno-Karabakhpelo GlobalSecurity.org

• Relatório de 2005 acerca das minas terrestrespor detonar no Nagorno-Karabakh compilado pelaInternational Campaign to Ban Landmines

• Cronologia dos eventos no Nagorno-Karabakhdesde 1988 pela Rádio Europe Livre

• Regiões e territórios: Nagorno-Karabakh a regiãocaracterizada pela BBC

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16 Fontes, contribuidores e licenças de texto e imagem

16.1 Texto• Guerra de Nagorno-Karabakh Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra%20de%20Nagorno-Karabakh?oldid=40702199 Contribui-

dores: Epinheiro, LijeBot, Nice poa, Luan, Eduardo Kazuo, JAnDbot, Alchimista, CommonsDelinker, TXiKiBoT, VolkovBot, SieBot,Yone Fernandes, Zdtrlik, LeoBot, BOTarate, Louperibot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, LaaknorBot, Nallimbot, Coltsfan, Lord Mota, Xqbot,MerlLinkBot, JotaCartas, RibotBOT, Rjbot, Clarice Reis, Viniciusmc, Vivaelcelta, Chinobistar, EmausBot, Renato de carvalho ferreira,Luanbot, MerlIwBot, Humberto del Torrejón, DiegoBot e Anónimo: 6

16.2 Imagens• Ficheiro:Azerbaijan_map_sumqayit.png Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/12/Azerbaijan_map_sumqayit.png Licença: Public domain Contribuidores: Based on CIA World Factbook map and http://www.un.org/Depts/Cartographic/map/profile/azerbaij.pdf Artista original: CIA / UN

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• Ficheiro:Karabakhwar01.jpg Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a6/Karabakhwar01.jpg Licença: CC BY-SA3.0 Contribuidores: File:Azeri tanks in Nagorno-Karabakh.jpg, File:Refugeesaz.jpg,File:NKR war.JPG, File:Tank memorial Stepanakert.jpg Artista original: Nicholas Babaian, Oleg Litvin,

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