Guia de Leitura O Peixe Que Podia Cantar

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  • 7/23/2019 Guia de Leitura O Peixe Que Podia Cantar

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    O peixe que podia cantarRicardo Azevedo

    Ilustraes do autor

    Temas Diversividade cultural; Respeito pelas diferenas

    GUIA DE LEITURA

    PARA O PROFESSOR

    O LIVROUm viajante-explorador rouba, para estudos

    cientficos, a razo de ser de uma comunidade rural:

    um peixe cantor e contador de histrias. Mas, longe de

    casa, depois de raptado, o peixe no consegue balbuciar

    uma palavra, motivo pelo qual jogado num crrego,

    recuperando suas aptides apenas quando retoma seu

    lugar e sua funo na aldeia.

    As prticas culturais, bem como os diferentes valores ecrenas que organizam a vida de um grupo so tratados

    neste livro com a beleza dos mitos e a fora das imagens

    literrias e visuais. Os mitos que fundam uma pequena

    comunidade e lhe asseguram a coeso entram em choque

    com a racionalidade cientfica de um estrangeiro e por

    ela so ameaados. do confronto entre estas duas culturas,

    a da aldeia e a do viajante, que se tece uma narrativa sobre

    etnocentrismo e diversidade. A histria revela que da

    aceitao da diferena e da pluralidade que pode nascer

    uma vida em harmonia.

    O AUTOREILUSTRADORRicardo Azevedo

    autor de mais de cem livros para crianas e

    jovens. Alguns deles publicados em pa-

    ses como Alemanha, Portugal, Mxico e

    Holanda; por quatro vezes foi ganhador do

    prmio Jabuti. Formado em Comunicao

    Visual pela Faculdade de Artes Plsticas da

    Fundao Armando lvares Penteado (Faap)

    e doutor em Letras (Teoria Literria) pelaUniversidade de So Paulo (USP), Ricardo

    pesquisador na rea de cultura popular.

    Srie Azul n 13

    64 pginas

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    O peixe que podia cantar RICARDOAZEVEDO

    INTERPRETANDO O TEXTO

    O POSSVELEOIMPOSSVEL

    Num mundo distante das grandes cidades, os valores no sonecessariamente aqueles que se julgam universais. No entanto,

    comum olhar para tudo o que diferente de acordo com os

    parmetros da cultura considerada superior. Assim, quem vive

    segundo os padres urbanos de hoje tende a julgar outros mo-

    dos de vida como inferiores ou primitivos. Como possvel viver

    sem luz eltrica, gua encanada, televiso ou telefone? Como

    possvel danar noite, ao som de tambores, e no dia seguinte

    no ir para o trabalho? Nesse mundo, ento, s pode haver atra-

    so, indolncia e preguia?A perspectiva etnocntrica que julga outra cultura luz de

    si mesma e por isso considera inferior a cultura alheia questio-

    nada e problematizada nesta narrativa. Para apresentar a riqueza

    da diversidade culturale a sabedoria de culturas que s vezes so

    consideradas primitivas, Ricardo Azevedo conta a histria de um

    povo cujo modo de vida totalmente diverso do padro urbano

    moderno. O narrador descreve uma comunidade que se organiza

    a partir de um mito fundador. Nessa aldeia, um peixe vive em

    uma rvore. Ali, canta e conta histrias do fundo do mar. a origem desse animal mgico que funda a histria do grupo,

    explica suas origens e fundamenta sua unidade, suas certezas e

    alegrias. Num tempo anterior histria, quando ainda no havia

    o mundo que se conhece hoje, o mar ficava no cu e os homens

    passavam fome na terra. Para garantir a vida, um jovem heri

    viaja at o cu e de l traz um casal de peixes. Eles so jogados

    no rio e ali se reproduzem, garantindo, assim, a sobrevivncia de

    todos para sempre. Mas os peixes, ensinavam os velhos sbios da

    aldeia, no apenas alimentam os homens, mas tambm enchem

    o mundo de beleza.

    O peixe que canta e mora na rvore como os primeiros ani-

    mais trazidos do cu. Por isso ele sagrado e garante a alegria, a

    paz e a comida do grupo. Assegura aos habitantes da comunida-

    de a certeza de que nada lhes faltar nem o que necessrio

    ao corpo nem o que imprescindvel ao esprito.

    Mas, certo dia, a aldeia descoberta por um pesquisador da

    cidade grande. Para esse viajante, tudo objeto de interesse

    cientfico. A ameaa quele modo de vida est prestes a aconte-

    cer. O cientista registra, anota, fotografa tudo. No quer de fato

    ETNOCENTRISMO um termo empregado para definir,segundo o dicionrio Houaiss, umaviso de mundo prpria de quemconsidera o seu grupo tnico, nao ounacionalidade melhores do que os de-mais. Preponderante at o sculo XIX,o etnocentrismo justificava a domina-o de outros povos, atribuindo-lhescaractersticas de inferioridade. Assim,por exemplo, durante os sculos XVI e

    XVII considerava-se o ndio incapaz eindolente. Como no se entendia a suacultura, impunha-se ao ndio determi-nadas atividades sem levar em contaseus hbitos e crenas originais.

    CULTURAEm sua origem latina, o termo culturasignificava o cultivo dos campos, o cres-cimento e o cuidado com colheitas eanimais. Apenas por extenso semnti-

    ca indicava crescimento e cuidado comas faculdades humanas e com aquiloque os homens produzem material e es-piritualmente sentido hoje dominantepara se entender o conceito de cultu-ra. Cultura toda produo humana,material e simblica, que circunda oindivduo e o influencia, j que ele assi-mila as prticas sociais do grupo a quepertence. Artefatos, valores, modos de

    viver, prticas culturais, crenas, moral,leis, costumes, atividades em diversoscampos de atuao tudo isso, e aindamais, caracteriza a cultura de um grupo.

    A cultura de um povo, de uma comuni-dade, de uma regio, de uma socie-dade que se modificam ao longo deseu desenvolvimento histrico noapenas caracteriza modos de fazer,pensar e sentir, mas tambm cria signi-

    ficados e smbolos, linguagens particu-lares, sentidos especiais que explicama diferena entre os homens.

    Mergulhandona temtica

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    O peixe que podia cantar RICARDOAZEVEDO

    conhecer, mas apenas descrever o que lhe parece interessante por

    ser diferente do que est habituado. No por acaso que ele vive

    dizendo: Muito interessante!. Por isso, os homens simples da

    aldeia com quem o pesquisador no convive lhe do o nome

    de Muito Interessante.

    E quando o pesquisador descobre o peixe que canta na rvo-

    re nada mais lhe interessa. Ele quer capturar o fenmeno para

    analis-lo. Recorre a todas as formas racionais que conhece para

    aprisionar o animal e em nenhum momento interessa-se pela

    comunidade e pela funo que o peixe sagrado cumpre ali.

    Ao conseguir prend-lo, apesar de toda a resistncia do peixe,

    o viajante foge. Na aldeia, ento, passa a reinar a tristeza. O cho-

    ro de todos homens e animais faz nascer um lago tristonho.

    Nesse lago, turvo e transparente ao mesmo tempo, depositam-se

    as lgrimas de um povo que foi roubado de seu bem mais pre-

    cioso, aquilo que assegurava a sobrevivncia material e espiritual

    da aldeia.

    Para o pesquisador, porm, interessa somente o objeto cient-

    fico, o peixe que canta. Para ele, apenas as descobertas da cincia

    que so aventuras; no importa que o peixe assegure comida

    e alegria ao povo; s valem a fama e o reconhecimento. Ele so-

    nha com convites para palestras; fantasia at mesmo que ganhar

    o Prmio Nobel. No entanto, quando encontra um andarilho e

    tenta lhe contar sua faanha, encontra desconfiana. O pesqui-

    sador diz o que pretende fazer, como vai estudar o animal, dis-

    secando-o e analisando parte por parte para descobrir como ele

    pode cantar. O andarilho, mesmo sem acreditar nas habilidades

    do peixe, diz que, se ele fizer isso, o animal morrer. Mas a poss-

    vel da morte do peixe, seu objeto de pesquisa, no assusta Muito

    Interessante: tudo se justifica em nome da cincia.

    Como o andarilho no acredita naquela histria fabulosa, o

    cientista, sentindo-se desafiado, decide provar que no est men-

    tindo. Ao exibir o peixe que canta, o pesquisador, porm, tem uma

    surpresa. O peixe, com olhos arregalados de espanto e medo, no

    emite nenhum som. De incio, Muito Interessante o trata com cari-

    nho para faz-lo cantar (ou ao menos emitir algum som reconhe-

    cvel), mas logo perde a pacincia: aperta o animal, quase o esgana.

    Depois de tudo isso, chega concluso de que devia estar velho e

    caduco para ter acreditado no que tinha ouvido e visto. Aquele

    fenmeno cientfico inusitado tornou-se apenas um peixe como

    outro qualquer. O viajante lana-o longe e segue viagem, de volta

    cidade grande, sem nada ter aprendido com o que vivera.

    Neste livro, a cultura da aldeia no amesma da cidade grande. Enquanto oshomens da aldeia valorizam sua origemsagrada e vivem em harmonia com anatureza e com os outros habitantes, oshomens da cidade no do valor aosmitos e priorizam conhecimentos cien-tficos, o individualismo, a fama.

    DIVERSIDADE CULTURALOs estudos antropolgicos das culturasde diferentes povos tendem, na atuali-dade, a considerar que cada grupo temseu prprio valor e que no se podemedir o valor de um segundo parme-tros de outro. assim que, nas pginasiniciais deste livro expe-se, a princpio,a viso etnocntrica que julga o povo daaldeia segundo os modelos da vida ur-bana (p. 7), para que o narrador afirmesua perspectiva: a defesa da diversidadecultural. Muito prxima do que pensaseu criador, Ricardo Azevedo, a voz

    narrativa valoriza as culturas tidas comoinferiores, para mostrar sua riqueza ebeleza, e critica os atos autoritrios dequem desrespeita os valores de um gru-po em nome dos seus prprios valores.

    MITOSDesde a origem da palavra (grega),mito significa certo tipo de narrativa,no necessariamente plausvel (isto ,que no segue a imitao realista da

    vida). Em geral, o mito protagonizadopor seres que encarnam as foras danatureza e os aspectos gerais da condi-o humana. um relato alegrico ousimblico, muito presente nas tradi-es orais, transmitido de gerao emgerao, assegurando, assim, o sentido vida espiritual de determinado agru-pamento humano. A narrativa mticatem como finalidade explicar a origem

    da vida e outras questes filosficastradicionais (quem somos, para ondevamos, o que so o bem e o mal etc.).

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    O peixe que podia cantar RICARDOAZEVEDO

    O peixe, porm, cai em um crrego e, nadando, chora com

    saudade de sua rvore e de seu povo. No sabe onde est. S sabe

    que no quer estar ali. Descobre que, sem o povo da aldeia, ape-

    nas um peixe como tantos outros. Percebe que no pode cantar

    para aqueles que no acreditam nele e em sua origem divina.

    Depois de dias nadando, sente o corao bater diferente. Esta-

    va num rio e se avizinhava do lago triste formado pelas lgrimas

    dos habitantes da aldeia. Quando v que est em casa, salta para

    uma rvore e volta a cantar, a plenos pulmes, sua mais bela me-

    lodia. O povo da aldeia, ao ouvi-lo, emociona-se. A alegria volta

    para homens e animais. Ao som de cantos e danas, naquela noi-

    te de reencontro, todos aprendem que no devem permitir mais

    nenhum Muito Interessante ameaar suas crenas e a felicidade.

    A HISTRIAEALINGUAGEM

    O peixe que podia cantar uma narrativa que pode ser cha-

    mada de alegrica. Ao contar a histria da aldeia e a histria de

    Muito Interessante, o narrador ensina algo sobre a diversidade

    cultural, os mitos e as crenas de um povo, colocando esses va-

    lores em contraste com os da cincia e da vida moderna. Desse

    ponto de vista, tambm a narrativa de Ricardo Azevedo um

    mito uma histria que se vale de imagens e de procedimentosde linguagempara tornar mais concreta a discusso sobre um

    tema abstrato: a cultura e a aceitao da diversidade.

    Em suas imagens, destacam-se: o smbolo do peixe como fon-

    te de sobrevivncia (com fortes ecos na tradio crist, como se

    pode verificar no Novo Testamento) e o smbolo da poesia e do

    canto como fontes de alegria e paz.

    Alm do emprego mais geral dos smbolos, Ricardo Azevedo

    explora o valor potico de certas expresses, valendo-se de ima-

    gens metafricas e metonmicas. Assim, para indicar a passagemdo tempo, o narrador afirma que O tempo pssaro que passa e

    ningum v (p. 16). A metfora cria uma analogia entre tempo

    e pssaro que indica a idia da passagem, ainda mais expressiva

    por conta do jogo de sonoridades entre pssaro e passa. Quase

    se pode ver, na imagem, o conceito abstrato do tempo como

    aquilo que acontece sem que seja perceptvel.

    Como acontece com a linguagem dos mitos, tambm se em-

    pregam muitas enumeraes (p. 28 e 29), em que todo o univer-

    so da pequena aldeia representado por aqueles que lamentam o

    desaparecimento do peixe sagrado. Crianas, homens, mulheres

    Os mitos que pretendem explicar a ori-gem do mundo so chamados de cos-mognicos. Diferentes culturas em todoo mundo tm mitos desse tipo, inclusivecom vrios elementos em comum. Taismitos oferecem uma viso integradorado mundo, asseguram a identidadepsicolgica dos participantes do grupo(pois estes partilham uma mesma cren-a) e do unidade simblica vida co-munitria. o caso, aqui, do mito queexplica a origem dos alimentos para os

    homens da Terra (p. 10).

    J os mitos fundadores supem a exis-tncia de um heri civilizador, que trazaos homens algum elemento capaz defundar a cultura e o desenvolvimentoda humanidade, superando o obstculoque a impedia de viver em abundncia.No caso desta narrativa, o heri funda-dor o jovem que faz um barco paraviajar at o cu para buscar o alimentode que seu povo necessita (p. 10).

    Para saber mais:CAMPBELL, Joseph. O poder do mito.23 ed. So Paulo, Palas Athena, 2005.H uma verso do livro em DVD.

    CINCIA o conjunto organizado de conheci-mentos, que se caracteriza por umametodologia especfica. Seu principal

    componente o princpio da verifica-bilidade, isto , aceito como cient-fico um fato observvel e verificvelpela experincia ou pela demonstraode uma teoria. Por isso, um dos proce-dimentos cientficos elementares aanlise. Trata-se da decomposio deum todo para que se possa apreenderseu funcionamento. Muito Interessantevale-se dos instrumentos desenvolvidos

    pela cincia (lentes de aumento, rgua)e s se sente atrado por aquilo quepode demonstrar. O conhecimento

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    cientfico (mais voltado para a racio-nalizao) e o conhecimento mtico(em que se explica simbolicamente aorigem de algo) so formas diversas deexplicar o mundo.

    PROCEDIMENTOS DE LINGUAGEMAs figuras de linguagem constituem ummodo especial de empregar a lngua.No se trata de enfeitar, e sim dedizer algo de maneira mais expressiva,explorando possibilidades sonoras,sintticas e semnticas da lngua.

    Metfora a transferncia ou transpo-sio de sentido de uma palavra paraoutra. Muito recorrente na linguageminfantil, na cultura popular e tambmna escrita literria, a metfora cons-tri uma relao de semelhana quepode ser apreendida pela imaginao(tempo e pssaro, por exemplo) e umatransposio de significado, formando

    nova realidade semntica (O tempo pssaro, p. 16).

    Metonmia o deslocamento dosentido de uma palavra para outra, poruma relao objetiva de proximidade(e no de comparao implcita, comona metfora). As relaes metonmicasmais comuns so as de parte pelo todo,causa pelo efeito, matria pelo objeto,continente pelo contedo, autor pela

    obra. Muito interessante, a expressousada pelo pesquisador, uma meton-mia, porque se torna o nome pelo qualele passa a ser conhecido.

    Enumerao uma figura de sintaxeem que se enumeram os componentesde algo.

    Aliterao um recurso de sonoridadeque consiste na repetio de conso-antes no incio das palavras, como em

    pssaro e passa.

    e animais compartilham a dor da perda. Nessa comunidade, to-

    dos vivem integrados ao ritmo da natureza e dos mitos.

    O trabalho literrio com a linguagem se complementa com as

    ilustraes. A poesia das palavras e a beleza das imagens visuais

    sugerem mais do que explicam o contraponto entre a vida

    da comunidade e o interesse do cientista. Assim, por exemplo,

    o desenho da rvore em que mora o peixe (p. 11) tem os sinais

    do cu (a lua e as estrelas), criando, visualmente, a idia de que

    o peixe originou-se do cu. Em contraposio, quando se repre-

    senta o pesquisador (p. 14), apenas seus ps aparecem, sugerindo

    que ele s se interessa pela pesquisa daquela aldeia, sem querer se

    integrar ao grupo. De fato, confirma-se a sugesto de que ele no

    se importa com a vida daquelas pessoas: toda a aldeia est sob as

    lentes de um microscpio gigante (p. 19), dando a entender que

    apenas a anlise cientfica e no a cultura atrai o pesquisador.

    Vrios outros detalhes das ilustraes complementam a inter-

    pretao do texto, o que certamente render um timo trabalho

    de leitura das imagens com os alunos.

    *Os destaquesremetem ao itemMergulhando na temtica.

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    O peixe que podia cantar RICARDOAZEVEDO

    DIALOGANDO COM OS ALUNOS

    ANTES DA LEITURATodos os alunos tm em sua memria cultural mitos de origem

    e mitos fundadores. Para comear a leitura de O peixe que podiacantar, o professor pode sugerir uma discusso sobre os mitos: oque so, para que servem e quais deles organizam a vida social dosalunos. possvel, ento, que surjam histrias crists, judaicas,rabes sobre a origem do mundo e sobre o heri fundador. Quan-to maior for a diversidade de elementos culturais que se apresen-tem para a classe, mais fecunda ser a pesquisa e a discusso.

    DURANTE A LEITURA

    Logo nas primeiras pginas (5 a 8) do livro aparece a discussosobre etnocentrismo (a imposio de valores sobre uma cultura) ea crtica a tal postura, em defesa da diversidade cultural. O profes-sor pode pedir aos alunos que leiam apenas essas pginas para en-to promover um debate orientado, depois de colher em jornais erevistas exemplos de manifestaes etnocntricas que ainda hojepautam as relaes entre grupos (como brancos e negros, rabes ejudeus, ndios e brancos). O professor pode ento abrir um cam-po mais subjetivo de relatos, para os alunos contarem histriasverdicas em que presenciaram atos considerados etnocntricos.

    Mais frente no livro, dois modos de vida se confrontam:um procura submeter tudo racionalidade; outro entrega-se aopoder do mito. Para trabalhar esse confronto, o professor podesugerir aos alunos que leiam duas imagens a da pgina 11 e ada pgina 19 e expliquem seus diferentes sentidos.

    DEPOIS DA LEITURAA finalizao dos exerccios de anlise abre espao para o livre

    comentrio. Nesse caso, como as principais linhas interpretati-vas foram sendo apresentadas antes e durante a leitura, pode-se

    agora abrir um debate em que cada aluno apresente sua opiniosobre o livro, orientando-o a pensar em trs questes centrais:por que o peixe no pode, ou no consegue, cantar nas mos deMuito Interessante? O que mais gostei neste livro? Por qu? Olivro me ensinou algo sobre minha realidade? O qu?

    ELABORAODOGUIAIVONEDARRABELLO(PROFESSORA-

    DOUTORADODEPARTAMENTODETEORIALITERRIAELITE-RATURACOMPARADADAUSP); PREPARAOBRUNOZENI;

    REVISOCARLAMELLOMOREIRAEGISLAINEMARIADASILVA