Guia de Treinamento NAT HIV-HCV

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Divisão de Atendimento ao Cliente e Pós - Marketing DIACM Março de 2012

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Muito bom

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  • Diviso de Atendimento ao Cliente e Ps - Marketing DIACM

    Maro de 2012

  • Elaborado pela DIACM

    Aprovado por Linda Khalili Boukai Reviso: 29/03/2012

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    nnndddiiiccceee Princpio do Ensaio .................................................................................................................... 1 Introduo a Biologia.................................................................................................................. 3 CIDOS NUCLICOS ................................................................................................................ 3 ESTRUTURA DA MOLCULA DE DNA .................................................................................... 6 ESTRUTURA DA MOLCULA DE RNA .................................................................................... 8 Cdigo do DNA .......................................................................................................................... 9 DA SEQUENCIA DE DNA SNTESE PROTICA ................................................................... 9 Duplicao / Replicao ........................................................................................................... 11 Transcrio .............................................................................................................................. 12 Sntese de Protenas Traduo ............................................................................................. 13 HIV HUMAN IMMUNODEFICIENCY VIRUS ......................................................................... 15 ESTRUTURA VIRAL E GENMICA ........................................................................................ 15 REPLICAO DO HIV ............................................................................................................. 16 CARGA VIRAL ......................................................................................................................... 19 DINMICA DO HIV NO ORGANISMO INFECTADO ............................................................... 19 HCV HEPATIT VIRUS C ....................................................................................................... 20 Estrutura Viral e Genmica do Vrus ........................................................................................ 20 REPLICAO DO HCV ........................................................................................................... 22 TRANSMISSO ....................................................................................................................... 23 CARGA VIRAL ......................................................................................................................... 24 Princpio da tcnica .................................................................................................................. 25 Reao de polimerase em cadeia ............................................................................................ 25 Cintica da reao ................................................................................................................... 26 Etapas da reao de PCR ........................................................................................................ 27 Condies da PCR ................................................................................................................... 28 PCR em Tempo Real ............................................................................................................... 29 PCR Multiplex .......................................................................................................................... 29 RT-PCR .................................................................................................................................... 29 PCR em Tempo Real no NAT HIV / HCV de Bio-Manguinhos ................................................. 31 Biossegurana ......................................................................................................................... 32 Componentes e Apresentao do Kit ....................................................................................... 33 Formato do Kit .......................................................................................................................... 33 Componentes e Apresentao do Kit........................................................................................33 Relao dos componentes fornecidos com o produto:............................................................. 33 Relao dos materiais necessrios no fornecidos ................................................................. 34 Indicao das condies adequadas de armazenamento e transporte ................................... 34 Material de reposio ............................................................................................................... 34 Precaues, cuidados especiais e esclarecimentos sobre os riscos decorrentes do manuseio

    do produto e seu descarte .................................................................................................... 35 Influncias pr-analticas, tais como, anticoagulantes e temperatura ...................................... 36 Cuidados com as amostras biolgicas ..................................................................................... 36 Plataforma NAT Nacional ......................................................................................................... 37 Fluxo Metodolgico .................................................................................................................. 38 Esquema do Teste ................................................................................................................... 38 NAT Teste de cido Nuclicos .............................................................................................. 39 A) Preparo do Pooling .............................................................................................................. 40 Etapas e Equipamentos: .......................................................................................................... 40 Procedimento ........................................................................................................................... 41 Utilizao do Janus .................................................................................................................. 41 Inicializao do rob (Initialize): ............................................................................................... 42

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    Remoo de bolhas e lavagem do sistema (FlushSysLiq) ....................................................... 42 Procedimento Pool de seis amostras ....................................................................................... 45 Rotinas utilizando somente amostras em Single ...................................................................... 55 B) EXTRAO ......................................................................................................................... 56 PROCEDIMENTOS .................................................................................................................. 56 Utilizao do MDx: ................................................................................................................... 56 2.1. Instrues gerais Sistema de reposio e descarte de lquido: ..................................... 60 - Preparo da Mesa de Trabalho e Carrossel do Equipamento ................................................. 62 Carregamento das amostras na mesa de trabalho .................................................................. 72 2.4 Verificao de cogulos ..................................................................................................... 73 C) Protocolo de Reao de PCR - JANUS ............................................................................... 79 D) Amplificao e Deteco ..................................................................................................... 86 Amplificao ............................................................................................................................. 86 Deteco .................................................................................................................................. 86 4. Procedimento para Amplificao e Deteco Real Time 7500 ......................................... 87 E) Processamento de dados e Resultados .............................................................................. 90 E.1 Gerao do laudo de resultados no Software de Bio-Manguinhos .................................... 92 E.2 Interpretao dos Resultados ............................................................................................ 95 E.2.1: Interpretao do Laudo .................................................................................................. 95 E.2.2 Interpretao das curvas de amplificao no ABI 7500 .................................................. 97 A. Controle interno e amostras no detectveis ....................................................................... 98 B.Controles Negativos e positivos ............................................................................................ 99 C. Perfis dentro do padro esperado ..................................................................................... 101 Perfis fora do padro esperado .............................................................................................. 102 Armazenamento do Kit ........................................................................................................... 105 Condies de Transporte ....................................................................................................... 105 Conservao e Estocagem .................................................................................................... 105 Instrues de uso do Tag........................................................................................................106 EQUIPAMENTO MDx ............................................................................................................ 107 PROCEDIMENTOS DE MANUTENES ............................................................................. 107 Liquid containers cleaning Limpeza dos recipientes de lquidos ...................................... 110 MANUTENES DIRIAS .................................................................................................... 110 Tip-Disposal Station Cleaning Maintenace - Limpeza da estao Tip-Disposal ..................... 110 Worktable cleaning Maintenance Limpeza da mesa de trabalho ........................................ 110 Bar Code Reader Windows Cleaning Maintenence Limpeza da janela do leitor de cdigos de

    barra ................................................................................................................................... 111 High-Dispensing System and Liquid Detectors Maintenance - Manuteno do Sistema de

    detector de lquido e sistema dispensador de alta velocidade ............................................ 111 MANUTENES SEMANAIS ................................................................................................ 111 Reagent Carousel Cleaning Maintenance Limpeza o carrossel de reagentes .................... 114 MANUTENES MENSAIS .................................................................................................. 114 System Liquid Container Cleaning Maintenance Limpeza do recipiente de lquido do sistema

    ............................................................................................................................................ 114 Worktable Cleaning Maintenance Limpeza da mesa de trabalho ....................................... 115 Robotic Handling System Cleaning Maintenance Limpeza do Lab Hand ......................... 115 Biannual Maintenance Procedure Manuteno semestral .................................................. 115 MANUTENES SEMESTRAIS ........................................................................................... 115 EQUIPAMENTO ABI 7500 ..................................................................................................... 116 Calibrao do ABI 7500 ......................................................................................................... 116 A) Calibrao ROI: ................................................................................................................. 116 B) Calibrao Background ..................................................................................................... 117 C) Calibrao ptica .............................................................................................................. 117 D) Calibrao do Dye ............................................................................................................. 118

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    E) Calibrao do DYE 3 ......................................................................................................... 119 BACKUP DOS EQUIPAMENTOS .......................................................................................... 121 BACKUP JANUS: ................................................................................................................... 121 BACKUP MDx: ....................................................................................................................... 122 BACKUP ABI 7500: ................................................................................................................ 122 ENVIO DE ARQUIVOS PARA A DIACM ................................................................................ 123 Problema na consolidao no Janus : .................................................................................... 123 Problemas no MDx: ................................................................................................................ 123 MENSAGENS DE ERROS DOS EQUIPAMENTOS: ............................................................. 125 Mensagens de Erros no Janus: .............................................................................................. 125 ERRO: Liquid Handling Error ................................................................................................. 125 ERRO: System liquid empty ................................................................................................... 126 ERRO : Dilutor Module Error .................................................................................................. 126 ERRO 2: Liquid Handling Error .............................................................................................. 127 Cuidados bsicos para a preveno de ERROS no Janus: ................................................... 128 Cdigos de ERROS BioRobot MDx : ..................................................................................... 129 Cuidados bsicos para a preveno de ERROS no MDx: ..................................................... 130 Mensagem de erro do ABI 7500 : .......................................................................................... 131 Cuidados bsicos para a preveno de ERROS no ABI 7500: .............................................. 131 Descontaminao .................................................................................................................. 132 Ambiente ................................................................................................................................ 132 Janus ...................................................................................................................................... 132 MDx ........................................................................................................................................ 132 ABI ......................................................................................................................................... 133 Cuidados adicionais para os hemocentros no uso da plataforma NAT .................................. 133 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................... 140

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    v

    SSSiiiggglllaaasss

    AIDS Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

    cDNA DNA complementar

    DNA cido desoxiribonuclico

    EPC Equipamento de proteo coletiva

    EPI Equipamento de proteo individual

    FRET Fluorescence Resonance Energy Transfer

    HCV Vrus da Hepatite C

    HIV Vrus da imunudeficincia humana

    IL interleucina

    mRNA RNA mensageiro

    NAT Teste de cidos nuclicos

    ORF Open Reading Frame

    PCR Reao de Polimerase em Cadeia

    RNA cido ribonuclico

    rRNA RNA ribossmico

    TNF - fator de neurose tumoral

    tRNA RNA transportador

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    PPPrrriiinnncccpppiiiooo dddooo EEEnnnsssaaaiiiooo

    A Plataforma NAT Multiplex HIV/HCV emprega tcnicas de Biologia Molecular para a

    deteco, em tempo real, dos produtos de amplificao gerados numa reao de PCR

    (Reao da Polimerase em Cadeia). O diagnstico laboratorial, nesta tecnologia, usado

    para a pesquisa de cidos nuclicos especficos baseada na amplificao e deteco

    simultnea de sequncias de RNA de HIV (Vrus da Imunodeficincia Humana) e HCV (Vrus

    da Hepatite C). O processo de deteco realizado atravs da captao de fluorescncia

    emitida pela amplificao do produto, com maior especificidade, devido utilizao de sondas

    especficas marcadas com fluorforos para o fragmento alvo na reao.

    Esse ensaio consiste na extrao automatizada de cidos nuclicos de um conjunto de

    seis amostras biolgicas, chamado pool, juntamente com uma partcula calibradora

    biossegura, ocorrendo purificao do material gentico que amplificado enquanto reage

    com sondas marcadas (TaqMan chemistry). Estes marcadores utilizam a atividade nuclease

    5' da enzima polimerase. O sistema de sondas possui fluorforos especficos (Reporter) e

    uma molcula dissipadora de energia (Quencher) (Fig.1). A transferncia de energia ocorre

    em virtude do fenmeno FRET - Fluorescence Resonance Energy Transfer. A reao

    acontece quando h degradao da sonda, pois o aumento da distncia entre o reporter e a

    molcula do quencher causa a emisso de fluorescncia, que pode ser detectada pela leitura

    do comprimento de ondas especficas para cada tipo de fluorforo liberado. O monitoramento

    do progresso da PCR medida que ela ocorre, em tempo real, possibilitado por meio da

    leitura das intensidades da fluorescncia a cada ciclo, uma vez que as intensidades so

    proporcionais ao nmero de amplicons gerados. Utiliza-se o fluorforo VIC para HIV, FAM

    para HCV e DYE 3 para a partcula calibradora. Abaixo o esquema da reao de amplificao

    em tempo real e as sondas utilizadas (Fig. 1).

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    Fig 1. Processo de liberao do Reporter aps a atividade 5 3 nuclease da enzima DNA polimerase.

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    IIInnntttrrroooddduuuooo aaa BBBiiiooolllooogggiiiaaa MMMooollleeecccuuulllaaarrr

    CIDOS NUCLICOS

    Os cidos nuclicos so macromolculas de extrema importncia biolgica em todos os

    organismos vivos. As clulas recebem instrues sobre que protenas sintetizarem e em que

    quantidades, a partir dos cidos nuclicos, que so molculas que estocam e transmitem a

    informao gentica na clula.

    Essas molculas constituem os genes, localizados nos cromossomos das clulas (Fig.

    2). Essa informao transmitida atravs do cdigo gentico, cuja traduo resulta na sntese

    protica.

    Fig. 2: Cada cromossomo formado por uma nica molcula de dupla hlice de DNA condensada com protenas (histonas). Esse complexo de DNA mais protenas chamado de cromatina. Em uma clula eucaritica, quase todo o DNA est compactado na cromatina. O DNA "empacotado na cromatina para diminuir o tamanho da sua molcula, e para diminuir o tamanho da sua molcula, e para permitir maior controle por parte da clula de

    tais genes.

    Os cidos nuclicos so polmeros lineares de nucleotdeos, unidos por ligaes

    fosfodister. Polmeros lineares so molculas muito longas compostas por um grande

    nmero de subunidades pequenas que se repetem chamadas de monmeros.

    Existem dois tipos de cidos nuclicos: cido desoxirribonuclico (DNA) e cido

    ribonuclico (RNA). O acar que compe ambos os cidos nuclicos uma pentose, a nica

    diferena est na presena de um oxignio ligado ao carbono 2 da cadeia, o DNA composto

    de uma desoxirribose e o RNA de uma ribose (Fig. 3).

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    H

    H

    H

    N

    NN

    NH

    Purina

    H H

    H

    H

    N

    N

    Pirimidina

    H

    H

    NH2

    N

    NN

    NH

    Adenina (A)

    H

    NH2

    O

    N

    NHN

    NH

    Guanina (G)

    O H

    H

    NH2

    NH

    N

    Citosina (C)

    O H

    H

    O

    NH

    NH

    Uracil (U)

    Fig. 3. A: Representao de um nucleotdeo mostrando o acar, o grupo fosfato e a base nitrogenada. B: Molculas representativas dos aucares Ribose e Desoxirribose que compem o RNA e o DNA respectivamente.

    Notar que essas duas molculas diferem entre si somente pelo fato da ribose possuir um tomo de oxignio a mais em relao desoxirribose.

    . :

    As bases adenina (A), guanina (G), e citosina (C), so encontradas em ambos os

    cidos nuclicos, enquanto que a timina (T), s encontrada no DNA e a uracila (U), s no

    RNA. Essas bases nitrogenadas so classificadas em dois tipos: purinas e pirimidinas. As

    purinas (adenina, guanina e uracila) possuem dois anis unidos e as pirimidinas (timina e

    citosina - DNA) possuem um nico anel heterocclico (Fig. 4).

    Fig. 4. Estrutura das bases nitrogenadas que compem a molcula de DNA e RNA.

    A

    . B

    BaseO

    Fosfato

    OHOH

    H

    BaseO

    Fosfato

    OH

    Ribose

    Desoxirribose

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    Cada nucleotdeo (monmero) composto de um grupamento fosfato, um acar

    (pentose), uma base nitrogenada (purinas e pirimidinas) e cido fosfrico (Fig. 3A). Esses

    nucleotdeos so interligados por pontes ou ligaes do tipo fosfodister. Essas ligaes

    unem o carbono 3 da pentose do nucleotdeo adjacente. O esqueleto de um cido nuclico

    composto por fosfatos e pentoses que se alternam. As bases nitrogenadas esto ligadas aos

    acares desse esqueleto.

    Uma sequncia de nucleotdeos possui uma orientao qumica de extrema

    importncia. Em uma fita de DNA ou RNA, numa das extremidades h um grupo fosfato ligado

    ao carbono 5 do acar (extremidade 5) e na outra h uma hidroxila ligada ao carbono 3 do

    acar (extremidade 3). Convencionou-se escrever e ler a sequncia nucleotdica da

    esquerda para a direita, no sentido 5 3 (Fig. 5). A cadeia polipeptdica possui

    individualidade, determinada pela seqncia de suas bases, conhecida como estrutura

    primria. nessa estrutura primria que a informao gentica est contida. O gene

    corresponde a uma sequncia particular de DNA codificadora de uma informao (protena ou

    RNA).

    Fig. 5: Esquema ilustrativo do segmento de uma cadeia de DNA e RNA mostrando os nucleotdeos (A= adenina,

    C = citosina, G = guanina, T = timina, U = uracila) interligados por uma ligao fosfodister.

    Ligao

    Fosfodister

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    ESTRUTURA DA MOLCULA DE DNA O DNA est presente nos organismos vivos na forma de molculas lineares de peso

    molecular extremamente elevado, contendo informaes necessrias para manter a

    hereditariedade das clulas. Em 1953, James Watson e Francis Crick propuseram um modelo

    de estrutura tridimensional do DNA, baseado principalmente, nos estudos de difrao de raios

    X de Rosalind Franklin e Maurice Wilkins e em estudos qumicos da molcula.

    Este modelo mostrou que o DNA uma dupla-hlice, no qual essas duas fitas se

    enrolam em torno do eixo da hlice (Fig. 6). As desoxirriboses ficam externas em relao s

    bases nitrogenadas como se fossem os corrimes de uma escada circular, expostas ao meio

    aquoso (Fig. 5). As ligaes fosfodister, nas duas fitas, esto em direes opostas uma em

    direo 5 3 e a outra 3 5 sendo, portanto, antiparalelas (Fig. 6). Os anis aromticos

    das bases nitrogenadas so hidrofbicos e ficam orientados para o interior, quase

    perpendiculares ao eixo da hlice. As bases esto pareadas entre as duas fitas da molcula,

    mantendo a sua estrutura.

    Fig. 6: Desenho ilustrativo da estrutura em dupla hlice da molcula de DNA proposta por Watson e Crick.

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    As duas cadeias polinucleotdicas mantm-se unidas atravs de ligaes de hidrognio,

    que se estabelecem entre pares de bases especficas: adenina com timina e citosina com

    guanina. Desde que exista uma distncia fixa entre as duas molculas de acar nas fitas

    opostas, somente certos pares de bases podem se encaixar na estrutura. Os nicos pares

    possveis so AT e CG. importante salientar que o par AT unido por duas pontes de

    hidrognio e o par CG, por trs pontes de hidrognio, isso faz com que o par CG seja mais

    estvel que o AT (Fig. 7).

    Fig. 7: Esquema ilustrativo mostrando os dois pares de bases do DNA. As bases complementares so adenina e timina (A -T) e citosina e guanina (C - G). Observe que entre A - T existem duas ligaes de hidrognio, e entre

    C - G so trs ligaes de hidrognio.

    A sequncia de bases dispostas ao longo de uma cadeia de polinucleotdeo pode variar

    consideravelmente, porm na outra cadeia a sequncia ser sempre complementar (Fig. 6).

    Assim, as duas cadeias de polinucleotdeos que constituem um segmento de DNA so ditas

    complementares entre si.

    J que a estrutura de dupla hlice do DNA preservada por ligaes intermoleculares

    fracas (ex.Ligao de hidrognio), possvel separ-las atravs de mtodos que envolvem,

    por exemplo, aquecimento ou pH alcalino. A temperatura necessria para romper os pares

    GC maior do que a necessria para romper o par AT, uma vez que este ligado por duas

    ligaes de hidrognio. A temperatura na qual ocorre separao das cadeias de DNA (ponto

    de desnaturao) depende da razo AT/GC.

    Se o DNA aps a desnaturao for vagarosamente resfriado, as cadeias

    complementares pareiam-se de forma ordenada, restabelecendo assim a conformao

    original de dupla hlice (renaturao).

    Duas ligaes de hidrognio

    entre Adenina e Timina

    Trs ligaes de hidrognio

    entre Guanina e Citosina

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    ESTRUTURA DA MOLCULA DE RNA

    A estrutura primria do RNA semelhante do DNA, sendo composta tambm por

    nucleotdeos (Fig. 3A). A primeira diferena, entretanto, que o acar presente a ribose

    em vez da desoxirribose, vindo da o seu nome, cido ribonuclico. Como visto anteriormente,

    a molcula de ribose difere da molcula de desoxirribose por apresentar um grupo OH ligado

    ao carbono 2 em vez de um tomo de hidrognio (Fig. 3B).

    Outra diferena que a base timina do DNA substituda no RNA pela base uracila

    (U). Enquanto o DNA formado pela dupla hlice, o RNA encontrado principalmente como

    uma cadeia simples de nucleotdeos, embora a molcula de RNA possa dobrar-se e formar

    cadeia dupla entre bases complementares.

    Existem trs principais classes de RNA: RNA mensageiro (mRNA), o RNA

    transportador (tRNA) e o RNA ribossmico (rRNA). Todos esto envolvidos na sntese

    protica e cada um consiste de uma fita nica de ribonucleotdeos e possuem um peso

    molecular, uma sequncia nucleotdica e funes biolgicas caractersticas.

    O RNA mensageiro (mRNA) possui as informaes para a sntese do RNA. Ele possui

    as trincas de bases nitrogenadas que definem os aminocidos. O mRNA funciona como um

    arquivo de computador, no qual um programa pode ser fielmente copiado. Vale ressaltar, que

    o mRNA no fabricado como uma cpia exata do DNA, mas sim como uma molcula

    complementar que respeita as mesmas regras de ligao entre as bases nitrogenadas,

    somente a base timina (T) do DNA substituda pela base uracila (U) no RNA. A esse evento,

    se d o nome de transcrio (discutida em maiores detalhes a diante). J o RNA transportador

    (tRNA) tem a funo de identificar e transportar os aminocidos at os ribossomos e o RNA

    ribossmico (rRNA) liga-se s protenas para compor os ribossomos, que so organelas do

    citoplasma, onde acontece a sntese das protenas.

    Apesar da molcula de RNA possuir uma nica cadeia de polinucleotdeo, o RNA no

    uma estrutura linear simples e lisa. As molculas de RNA possuem extensas regies de

    complementao nas quais as pontes de hidrognio entre os pares de bases AU e GC so

    formadas unindo diferentes pores da mesma molcula. Como resultado disso, a molcula

    dobra-se sobre si mesma, formando estruturas denominadas alas (Fig. 8).

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    Fig. 8: Esquema ilustrativo da molcula de RNA dobrando-se e formando alas.

    DA SEQUENCIA DE DNA SNTESE PROTICA Cdigo do DNA

    Como a molcula de DNA carrega a informao correta da sequncia de aminocidos

    que compem milhares de protenas na clula?

    Comparando-se a molcula de DNA com a cadeia polipeptdica, ambas so formadas

    por cadeias lineares, sem ramificaes. Portanto, o cdigo do DNA deve ser linear, de acordo

    com a sequncia de nucleotdeos na molcula. Alm disso, cada posio na molcula de DNA

    pode ser ocupada por um dos quatro nucleotdeos, enquanto na protena qualquer um dos 20

    aminocidos pode aparecer em determinado ponto.

    obvio, portanto, que o cdigo no pode ser um simples nucleotdeo controlando a

    posio de um aminocido, pois, nesse caso, teramos somente quatro possibilidades. Mesmo

    dois nucleotdeos no seriam suficientes para definir a posio dos 20 aminocidos na cadeia

    polipeptdica, pois o nmero de cdigos possveis seria somente 16. Se, por outro lado, cada

    trs letras do DNA definir um dos aminocidos, teremos 64 possibilidades, mais do que

    suficiente para designar os 20 aminocidos diferentes.

    Em 1966, com o cdigo do DNA ou cdigo gentico completamente decifrado, foi

    demonstrado que: 1. todos os aminocidos das protenas so codificados por uma

    combinao de trs bases do DNA, formando um trplex chamado cdon; 2. um mesmo

    aminocido pode ser definido por mais de um cdon e, por isso, o cdigo dito degenerado;

    3. existem trs cdons que, em vez de determinar a entrada de um aminocido especfico na

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    cadeia polipeptdica, funcionam como o fim de um programa, determinando a interrupo da

    cadeia que esta sendo sintetizada (Fig. 9).

    Fig. 9: Cdigo gentico. Cada conjunto com trs bases (cdon) determina a entrada de um aminocido especfico ou marca o fim da sntese na cadeia polipeptdica (cdons em cinza com a denominao STOP em

    vermelho). O cdon AUG (marcado em laranja) representa a iniciao de uma cadeia de aminocidos, em eucariotos.

    O dogma central da biologia molecular foi sugerido em 1957 por Crick. Essa teoria

    estabelece que o fluxo da informao gentica na clula unidirecional, sendo que o DNA

    transcrito em RNA, o qual ento traduzido em protena. Entretanto, dois outros eventos

    constituem exceo a essa regra. Primeiro, por ocasio da diviso celular, o DNA copiado

    em outras molculas de DNA, em um processo conhecido como duplicao do DNA.

    Segundo, alguns vrus, que possuem como material gentico o RNA em vez do DNA (como o

    caso do HIV), tm sua molcula de RNA copiada e revertida em DNA em um processo

    chamado de transcrio reversa (Fig. 10).

    Fig. 10: Dogma central: estabelece que o fluxo da informao gentica na clula unidirecional. A duplicao do

    DNA e a transcrio reversa constituem excees a essa regra.

    DNA mRNA Protena

    Transcrio

    Traduo

    Transcrio

    reversa Duplicao

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    11

    Duplicao / Replicao

    Toda clula ao se dividir, tem seu contedo de DNA duplicado na ntegra, transmitindo

    assim, todas as caractersticas genticas, esse processo chamado de replicao. Ela ocorre

    de maneira semiconservativa, porque quando as duas fitas originais so separadas, cada uma

    vai servir de molde para a construo de uma fita nova.

    A fita cpia sintetizada pela ao catalisadora da DNA polimerase III, enzima que

    utiliza como molde cadeia precursora e incorpora os nucleotdeos de forma sequencial na

    nova cadeia, produzindo-a de acordo com a lei de pareamento das bases (Fig. 11). Como

    essa polimerase sintetiza DNA na direo 5 3, a sntese de uma das cadeias

    complementares realizada de forma contnua enquanto que a outra sintetizada

    descontinuamente. Os fragmentos da cadeia descontnua so ligados pela enzima DNA

    ligase. Muitas outras protenas esto envolvidas na estabilizao e manuteno da

    integridade das cadeias simples que so precursoras para a sntese da fita dupla, assim como

    no reconhecimento dos stios de iniciao. As DNA polimerases possuem alm da funo de

    sintetizar polinucleotdeos, atividade exonuclesica chamada de correo de leitura na qual

    os nucleotdeos incorporados incorretamente so removidos. Esta propriedade fundamental

    para a manuteno da integridade da sequncia original.

    Muito da complexidade inerente replicao de DNA advm do fato de que as duas

    cadeias da dupla hlice se orientam em direes opostas ( 5 3 e 3 5) e suas cpias

    devem, igualmente, apresentar direes opostas. Ainda, h o alongamento de todas as

    cadeias cpias individuais que ocorre na direo 5 3. Esse aparente paradoxo foi

    esclarecido com a descoberta de que uma fita cpia construda de forma descontnua, a

    partir de pores menores que se alongam, individualmente em direo oposta. Essa

    construo necessita de duas enzimas a DNA polimerase I para preencher as lacunas e a

    DNA ligase para juntar os fragmentos.

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    12

    Fig. 11: Esquemas ilustrativos da replicao de DNA.

    Transcrio

    Apenas uma das fitas do DNA transcrita dando origem a uma nica sequncia de

    mRNA para cada gene (Fig. 12). A indicao de qual fita deve ser transcrita orientado por

    uma sequncia especfica chamada promotor, localizada antes da sequncia a ser transcrita,

    que reconhecida pela RNA polimerase (enzima sintetizadora de mRNA). Como a RNA

    polimerase adiciona sequencialmente monofosfatos de ribonucleosdeo extremidade 3 da

    cadeia de RNA em crescimento, a polimerizao ocorre na direo 5 3 (Fig. 11 e 13). Isso

    significa que cada molcula de mRNA ser idntica sequncia nucleotdica da fita de DNA

    que no transcrita. O mRNA transcrito transportado para os ribossomos (rRNA) no

    citoplasma, onde ocorre a sntese protica.

    No caso do retrovrus (como o HIV), a informao gentica segue o sentido inverso

    de RNA para DNA esse processo conhecido por transcrio reversa e ocorre devido

    presena de uma enzima a transcriptase reversa.

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    13

    Fig. 12: Esquema ilustrativo da transcrio do DNA, ou seja, formao do mRNA a partir de uma fita de DNA. Cada sequncia de trs bases nitrogenadas representam 1 cdon.

    .

    Nos organismos superiores, incluindo o homem, uma regio do DNA com a mensagem

    para a sntese de uma cadeia polipeptdica , geralmente, interrompido por certas pores

    que no tm funo codificante e, portanto, no aparecem representadas na protena. Tais

    pores so referidas como ntrons, enquanto as regies que carregam a informao

    codificada para a sntese de protenas so os xons. Quando um arquivo ativado, o RNA

    copia fielmente tanto os ntrons como os xons; entretanto, antes de o RNA deixar o ncleo,

    as pores correspondentes aos ntrons so removidas, em um evento chamado de

    processamento do RNA ou splicing. Dessa forma, no RNA mensageiro, aquele que

    efetivamente carrega a mensagem para o citoplasma, est presente somente as pores que

    correspondem aos xons (Fig. 13).

    Fig. 13: Esquema ilustrativo do processo de transcrio do DNA. As partes em cinza mostram as pores referidas como ntrons que so retiradas aps o splicing atravs da enzima RNA polimerase.

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    14

    Sntese de Protenas Traduo

    A sntese proteica no resultante da leitura direta da sequncia nucleotdica do DNA.

    Como o DNA est localizado no cromossomo (Fig. 2) (no ncleo da clula) e a sntese

    protica ocorre quase que na sua ntegra, nos ribossomos localizados no citoplasma, as

    informaes genticas contidas na sequncia nucleotdica do DNA tem que ser transferida

    para uma molcula intermediria que pode mover-se para o citoplasma, o RNA mensageiro

    (Fig. 12).

    O processo de decodificao, pelo qual a informao gentica presente na molcula de

    mRNA dirige a sntese protica, chamada traduo. Esse processo envolve os trs RNAs

    mensageiro, ribossmico e transportador.

    Na traduo, o ribossomo liga-se primeiro a um stio especfico na molcula de mRNA

    (cdon de iniciao - ATG - Fig. 9) que ajusta a fase de leitura. O ribossomo ento se

    movimenta ao longo da molcula de mRNA, traduzindo um cdon de cada vez usando os

    tRNA para adicionar aminocidos ao final da cadeia polipeptdica em alongamento. A

    traduo finalizada quando o ribossomo reconhece na fita de mRNA a presena do cdon

    de terminao (Fig. 14). A direo da leitura de 5 3, sendo que a sequncia de

    nucleotdeos da fita de DNA corresponde sequncia de aminocidos da protena traduzida

    na direo amino-terminal para carboxi-terminal.

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    15

    Fig. 14: Representao grfica do processo de sntese de protena, que ocorre no citoplasma celular.

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    16

    HHHIIIVVV HHHUUUMMMAAANNN IIIMMMMMMUUUNNNOOODDDEEEFFFIIICCCIIIEEENNNCCCYYY VVVIIIRRRUUUSSS

    ESTRUTURA VIRAL E GENMICA O HIV pertence famlia Retroviridae, gnero dos Lentivirus. Esse vrus possui uma

    forma esfrica, com aproximadamente 110 nm de dimetro. A estrutura da partcula viral

    infectante recebe o nome de vrion. Nessa estrutura so observadas as protenas estruturais

    que so codificadas pelos genes gag, env e pol. O gene gag codifica as protenas do

    capsdeo viral (p24 e p17); o gene env, as glicoprotenas contidas no envelope do vrus (gp41

    e gp120); e o gene pol codifica as enzimas transcriptase reversa, integrase e protease (Fig.

    15).

    Fig. 15.:Esquema ilustrativo do vrus HIV mostrando o RNA viral, as protenas que compem o envelope viral e a

    enzima transcriptase reversa.

    O HIV apresenta genoma diplide duas molculas de RNA de fita simples de

    polaridade positiva = de 9,8 kb covalentemente ligadas dentro de um nucleocapsdeo protico

    em formato de cone, circundado por um envelope lipoprotico onde se encontram ancoradas

    as glicoprotenas (Fig. 15).

    O genoma j foi todo sequenciado e analisado, sendo que seus genes receberam a

    seguinte nomenclatura: gag, pol, vif, vpr, tat, ver, vpu, env e nef.

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    17

    As protenas sintetizadas a partir do gene gag compem o ncleo (core) que envolve

    o genoma viral. O gene gag traduzido na forma de uma protena precursora Pr55gag que

    posteriormente clivada para compor as protenas p17 (protena de matriz), p24 (protena

    estrutural do capsdeo), p9 (protena do nucleocapsdeo que se liga fortemente ao RNA viral)

    e p7. O gene pol tambm traduzido na forma de um precursor, Pr160gag-pol e codifica para as

    enzimas virais: Protease (p10), transcriptase reversa Rnase-H (p51/66) e integrase (p32). O

    gene vif (p23), parece atuar aumentando a infectividade, mas sua funo ainda no foi

    totalmente elucidada. A funo do gene vpr (p15) codifica os ativadores da transcrio. A

    protena p14, codificada pelo gene tat, atua como transativador transcricional, interagindo com

    fatores de transcrio celulares e a sequncia TAR viral, promovendo a iniciao e elongao

    dos transcritos virais. O gene ver (p19), indispensvel replicao viral, age como

    transativador ps-transcricional, ligando-se sequncia RRE viral e fatores celulares,

    promovendo splicing e/ou transporte do mRNA viral. O gene vpu (p16) influencia a liberao

    das partculas virais e aumenta a reciclagem do antgeno CD4+. O gene env codifica a

    glicoprotena precursora gp160, que posteriormente clivada para formar a gp41,

    transmembranar, e a gp120, glicoprotena de face externa, responsvel pela ligao do vrus

    ao receptor celular. Por fim, o gene nef (p27) potencializa a infectividade viral, mantendo altos

    os nveis de infeco.

    REPLICAO DO HIV

    O principal receptor para a entrada do HIV-1 (subcategoria do vrus HIV) na clula do

    hospedeiro o linfcito TCD4+. A infeco tem inicio quando uma partcula viral, que contm

    duas cpias de RNA HIV, encontra uma clula com uma molcula de superfcie chamada

    CD4. A interao do vrus com a membrana celular feita pela ligao da gp 120 ao receptor

    CD4 da clula hospedeira, porm co-receptores (quimiocinas CCR5 e CXCR4 - mediadores

    ou regulares de processos inflamatrios com habilidade de recrutar e ativar subpopulaes

    especficas de leuccitos) ou receptores secundrios so tambm necessrios para a entrada

    do vrus na clula.

    Quando o gene que codifica o CCR5, apresenta uma deleo mutante, o receptor

    celular codificado por esse gene fica estruturalmente alterado. A condio de homozigose

    est associada a um efeito protetor infeco pelo HIV-1. A condio de heterozigose, apesar

    de no proteger o indivduo da infeco, est associada no progresso, ou perodos de

    latncia clnica mais prolongados.

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    18

    Embora as clulas TCD4+ paream ser o principal alvo para o HIV, outras clulas do

    sistema imune com molculas CD4 em suas superfcies tambm so infectadas. Entre elas

    esto os moncitos e macrfagos, que podem hospedar grandes quantidades de vrus sem

    serem mortos, desse modo, atuam como reservatrios.

    Aps a interao da membrana do envelope viral com a membrana celular, ocorre uma

    alterao conformacional que expe um peptdeo de fuso a gp41. O capsdeo viral ento

    liberado no citoplasma da clula hospedeira.

    Por ao da transcriptase reversa do vrus, no citoplasma da clula, a fita de RNA

    serve de molde para a transcrio reversa de duas fitas complementares de DNA viral

    (cDNA). O cDNA viral (fita dupla) transportado para o ncleo, e incorporado ao genoma da

    clula hospedeira pela ao da integrase, e passa a ser denominado provrus (DNA do HIV

    incorporado aos genes da clula hospedeira. Em um mesmo organismo o provrus pode, em

    algumas clulas, permanecer em latncia e no dar sinal de sua presena. Em outras clulas,

    o processo replicativo pode ser lento com multiplicao controlada, ou acelerado levando

    lise celular). Para que o DNA proviral produza novos vrus, cpias de RNA devem ser feitas.

    O provrus, para se replicar, subverte a maquinaria celular e passa a comandar os

    mecanismos enzimticos da clula hospedeira. Isso significa dizer que as enzimas celulares

    passam a trabalhar na sntese de RNAs genmicos mensageiros (RNAm) e na sntese de

    protenas virais.

    As citocinas, protenas envolvidas na regulao normal da resposta imune, podem

    tambm regular a transcrio. Molculas como fatores de necrose podem tambm regular a

    transcrio. Molculas como fatores de necrose tumoral alfa (TNF-) e interleucinas (IL)-6,

    secretados em nveis elevados pelas clulas de pacientes HIV positivos, podem auxiliar na

    ativao do DNA proviral.

    O mRNA viral transportado do ncleo celular para o citoplasma e comea a traduo

    das protenas virais, utilizando a maquinaria celular de sntese protica. O prximo passo a

    montagem da partcula viral (protenas e RNAs virais) e o ancoramento da partcula

    membrana plasmtica da clula hospedeira. Uma partcula viral imatura formada e ao aderir

    membrana celular, adquire um envelope. Ocorre o brotamento do vrus imaturo de forma

    intensa provocando a destruio da clula hospedeira. Durante este ponto do

    amadurecimento feito pela ao da protease viral que cliva as longas cadeias de protenas e

    enzimas que constituem o ncleo em pedaos menores. Essa clivagem resulta em partculas

    virais infecciosas (Fig. 16).

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    Figura 16: A: Imagem ilustrativa do HIV (representado pelos crculos verdes) infectando uma clula. B: Infeco pelo HIV-1 atravs da ligao gp120 (envelope viral) receptores CD4 e CCR5 (clula hospedeira) (Fase 1).

    Citoplasma, transcrio reversa da fita de DNA complementar ao RNA viral pela transcriptase reversa (Fase 2). Ncleo, insero do DNA pr-viral ao DNA da clula hospedeira, (integrase do HIV) (Fase 3). Ativao celular, transcrio de cpias do RNA viral (RNA polimerase humana), sntese de protenas e glicoprotenas virais bem

    como cpias ntegras do RNA genmico do HIV (Fase 4). Por fim, empacotamento do RNA viral seguido de brotamento da clula hospedeira (Fase 5), dando incio a disseminao da infeco de novas clulas.

    B.

    A.

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    DINMICA DO HIV NO ORGANISMO INFECTADO

    Estudos indicam que cerca de 10 bilhes de vrus so produzidos por dia e que essas

    partculas virais tem uma meia vida de aproximadamente 4 horas. De forma semelhante, um

    grande nmero de linfcitos TCD4+ produzido e destrudo, sendo que a meia vida de um

    linfcito infectado de 2,4 dias. O linfcito TCD4+ a principal clula-alvo do HIV.

    No h, portanto, perodo de latncia virolgica e, mesmo durante a infeco crnica

    assintomtica, observa-se uma grande batalha entre o sistema imune do indivduo infectado e

    o vrus. Com o passar do tempo, o vrus desestrutura a arquitetura dos rgos linfticos,

    comprometendo a reposio dos linfcitos TCD4+.

    CARGA VIRAL

    O nmero de partculas virais presentes em uma determinada amostra de um indivduo

    infectado conhecido como carga viral.

    A carga viral plasmtica, detectada na forma de RNA do HIV, reflete a dinmica desse

    vrus nos indivduos infectados, quantificando as partculas que esto sendo produzidas e

    lanadas na circulao sangunea.

    O nvel de RNA do HIV no plasma um marcador clnico importante. O nmero de

    partculas virais mais elevado durante a infeco primria e mais baixo na fase

    assintomtica. Existe uma relao direta entre a quantidade de HIV detectada e a rapidez com

    que a infeco progride. Nveis elevados de replicao do vrus e o aumento da carga viral

    esto associados deteriorao acelerada do sistema imune (Fig. 17). O colapso do sistema

    imune, que antecede o aparecimento da AIDS, resultado da destruio das clulas CD4+ e

    das alteraes imunitrias provocadas pelo vrus.

    Fig. 17: Grfico representativo da contagem de linfcitos TCD4+ e da carga viral, ao longo da infeco pelo HIV.

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    HHHCCCVVV HHHEEEPPPAAATTTIIITTT VVVIIIRRRUUUSSS CCC

    A hepatite C vem sendo estudada h vrios anos, mesmo antes da descoberta do vrus

    causador da doena o Vrus da Hepatite C (VHC). Nesta ltima dcada, entretanto, houve

    avanos significativos no entendimento de sua epidemiologia, modos de transmisso,

    patognese, diagnstico e teraputica.

    Sabemos, hoje, que a hepatite C compete com a doena heptica alcolica como a

    maior causa de doena crnica do fgado, podendo ser a vencedora em vrias reas

    geogrficas. Estima-se que 3% da populao mundial esteja contaminada, sendo relevante o

    nmero de pessoas que desconhece o fato de albergar o vrus. Um estudo populacional na

    cidade de So Paulo mostrou prevalncia de 1 a 4% de anti-VHC, variando com a faixa etria.

    As altas porcentagens de cronicidade da doena, seu potencial evolutivo para cirrose e

    hepatocarcinoma, assim como o fato de ser a mais freqente etiologia diagnosticada em

    casos de transplante heptico, fazem com que constitua grave problema de sade pblica.

    Estrutura Viral e Genmica do Vrus

    O HCV um vrus RNA da famlia Flaviviridae, com genoma em fita simples de

    polaridade positiva medindo 9,7 kilobases de comprimento e com cerca de 9400 nucleotdeos

    (FIg. 18). Nessa sequncia, encontra-se uma longa fase de leitura aberta (ORF Open

    reading frame) que compreende quase todo o genoma e codifica uma poliprotena de pouco

    mais de 3000 aminocidos.

    Fig. 18: Representao do vrus da hepatite C, que um vrus RNA da famlia Flaviviridae de 50 nm de dimetro.

    Na extremidade 5, encontram-se trs a quatro pequenas ORFs, cuja real traduo em

    protenas questionada. Entretanto, esta regio mais conservada entre os diferentes vrus

    isolados, sugerindo que deve ter um papel regulatrio muito importante durante a replicao

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    viral. Esta sequncia conservada, aliada ao fato de conter uma estrutura secundria que a

    torna mais resistente digesto por ribonucleases (RNAses), torna esta regio como a melhor

    para seleo de primers para a biologia molecular com fins de deteco deste vrus em

    amostras provenientes de diferentes regies do mundo.

    Uma pequena regio no traduzida na extremidade 3 tambm est presente,

    possuindo uma cauda de poli-A caracterstica. Esta pequena regio, no traduzida, apresenta

    estruturas secundrias que parecem ser bem conservadas, podendo ter um significado

    importante durante a replicao genmica do vrus, pois nela que ocorre a ligao da

    sequncia complementar enzima replicase. Porm, observou-se que, quando ocorrem

    variaes na sequncia genmica desta regio, pode haver diminuo da eficincia de ligao

    da replicase, bem como alterao na replicao viral. Tais fatos podem ser parcialmente

    responsveis pelos diferentes nveis de patogenicidade do vrus da hepatite C e tambm pela

    sensibilidade ao interferon.

    As protenas estruturais do HCV so trs: protena C encontrada na extremidade N-

    terminal e duas glicoprotenas E1 (GP 33) e E2/NS1 (GP 72), provveis constituintes do

    envelope viral. A E1 uma protena matriz e a outra, E2/NS1, provavelmente anloga

    glicoprotena principal do envelope dos pestivrus.

    As protenas no estruturas NS2, NS3, NS4 e NS5 representam a extremidade carboxi-

    terminal do genoma viral. NS2 e NS4 so protenas hidrofbicas e, portanto devem estar

    ligadas membrana da clula hospedeira. NS3 tem pelo menos duas funes; helicase, no

    desdobramento do genoma viral durante a replicao, e protease participando na clivagem de

    protenas no estruturais a partir do precursor. A protena NS5 contm pelo menos a funo

    de RNA replicase RNA dependente, mas deve ser multifuncional.

    A anlise filogentica das sequncias genmicas permitiu a caracterizao de 6

    gentipos (1 a 6) que so subdivididos em grupos a, b, c, etc. Dentro de um mesmo gentipo

    e subtipo podemos ainda ter variaes do HCV, que so denominadas quasispcies. Isso

    possvel devido replicao imperfeita do vrus, com o surgimento de pequenas e constantes

    mutaes. A maior ou menor diversidade das quasispcies parece estar relacionada com a

    presso imunolgica, j que costuma ser pequena nas fases iniciais da doena, com

    aminotransferases normais, sendo de alta heterogeneidade nos casos de doena heptica

    mais avanada e/ou baixa resposta teraputica.

    O tempo de incubao da hepatite C mostra-se bastante varivel, de 1 a 13 meses,

    com mdia de 8. Logo aps a contaminao, o melhor marcador e nico disponvel at o

    presente a determinao do RNA-HCV, j que os anticorpos surgem apenas 4 a 20

    semanas aps o contgio.

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    REPLICAO DO HCV

    O vrus da hepatite C replica principalmente nos hepatcitos do fgado, onde

    estimado que cada clula infectada produza diariamente cerca de cinquenta partculas virais

    com um total calculado de um trilho de partculas virais geradas. O vrus tambm pode se

    replicar em clulas mononucleares de sangue perifrico, contribuindo potencialmente para os

    altos nveis de distrbios imunolgicos encontrados em pacientes infectados pelo HCV

    cronicamente. O HCV tem uma grande variedade de gentipos e sofre mutaes rapidamente

    devido a uma alta taxa de erro por parte do vrus "dependente de RNA-polimerase do RNA. A

    entrada nas clulas do hospedeiro ocorre atravs de interaes complexas entre os virions

    (partcula viral) e as molculas da superfcie de clulas.

    Uma vez dentro do hepatcito, o HCV assume parcelas da mquina intracelular para

    replicar. A dinmica de replicao do HCV pode ser deduzida a partir das rpidas taxas de

    produo de vrus e emergncia de mutantes. Outra caracterstica da replicao do HCV a

    gerao rpida de variantes de vrus. Mesmo dentro de um paciente HCV no existe como

    uma entidade nica, mas sim como um enxame de microvariants de predomnio de, um

    fenmeno que tem sido referido como quasispecies (para uma reviso ver Holanda et al.,

    1992).

    A deteco de anticorpos anti-HCV pode ser realizada inicialmente por mtodos de

    elevada sensibilidade (100%) e especificidade (entre 99,6% a 99,84%), como o

    enzimaimunoensaio (ELISA) e o enzimaimunoensaio de micropartculas (MEIA), que

    empregam peptdeos sintticos do VHC. Posteriormente, os resultados reagentes obtidos nos

    mtodos de triagem devem ser confirmados por mtodos de elevada especificidade, como o

    recombinant immunoblot assay (RIBA) ou Western Blot (WB), a deteco de RNA viral pela

    reao em cadeia da polimerase (PCR) qualitativa e quantitativa e a tcnica do cido

    desoxirribonuclico (DNA)-branched (bDNA).

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    24

    TRANSMISSO

    Demonstrou-se que o HCV o agente causal de mais de 90% das hepatites ps-

    transfusionais. Assim, todas as pessoas que receberam transfuso de sangue ou

    hemocomponentes at o incio dos anos 90, com ou sem histria de hepatite ps-

    transfusional, devem ser avaliadas para provvel contaminao com o vrus da hepatite C. No

    Brasil, a partir de 1993, h a obrigatoriedade dos testes sorolgicos (anti-HCV) em candidatos

    a doadores de sangue. Assim, a hepatite ps-transfusional tornou-se rara, mas outros meios,

    parenterais ou no, continuam a disseminar a doena. Alm dos produtos do sangue,

    agulhas/seringas contaminadas ou mesmo a inalao de drogas com o uso de espelhos e

    canudos contaminados so vias importantes.

    Outras formas parenterais de contaminao so os procedimentos mdicos,

    odontolgicos, acupunturistas ou tatuagens. Portanto, qualquer material cortante ou

    perfurante pode ser veculo transmissor do vrus de uma para outra pessoa, como o alicate da

    manicura, a lmina do barbeiro ou mesmo a escova de dentes, compartilhada por cnjuges ou

    filhos. Em nosso meio, demonstramos que dentre os casos eventualmente rotulados como

    espordicos por serem afastados transfuso de sangue ou o uso de drogas ilcitas houve uma

    porcentagem significativa de pacientes com cirurgias prvias e/ou atendimentos mdicos de

    urgncia em prontos-socorros ou ainda a hiptese j confirmada de contaminao mdica

    durante o ato cirrgico.

    Dentre as formas no parenterais de transmisso da hepatite C torna-se importante

    ressaltarmos a possibilidade da transmisso sexual. Embora pouco eficiente, deve-se

    examinar e alertar o parceiro sexual, particularmente nos indivduos promscuos, para os

    quais mandatrio o uso de preservativos. Aos casais monogmicos de longa data, sem

    doenas sexualmente transmissveis, facultativo o uso continuado de preservativos, sendo

    possvel a gravidez. A disseminao intrafamiliar tambm pode existir, possivelmente por

    compartilharem materiais cortantes ou ento pela exposio de ferimentos abertos. A

    transmisso materno-fetal revela-se pouco significativa na hepatite C, podendo ocorrer

    particularmente no momento do parto. No existe profilaxia para o recm-nascido, que ter o

    anti-HCV da me nos primeiros 6 a 12 meses de vida. Os anticorpos costumam desaparecer

    nesse perodo, podendo haver verdadeira contaminao com permanncia do RNA-HCV em

    raros casos, principalmente quando a co-infeco HCV e HIV.

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    25

    CARGA VIRAL

    Existem vrios mtodos para medir a concentrao do vrus no soro, que uma

    avaliao indireta da carga viral. Estes mtodos incluem o PCR (Polimerase Chain Reaction)

    quantitativo e em tempo real, que sero discutidos posteriormente. Os nveis de HCV RNA

    so normalmente bastante estveis, embora possam variar de forma espontnea, 3 a 10

    vezes ao longo do tempo. Esses ensaios quantitativos podem fornecer importantes dados

    sobre a natureza da hepatite C. A maioria dos pacientes com hepatite C crnica tm nveis de

    HCV RNA (carga viral) entre 100.000 (105) e 10 milhes (107) cpias / mL. Expressos em IU,

    estas mdias so de 50.000 a 5.000.000 UI.

    As taxas de resposta a um curso de peginterferon e ribavirina so maiores em

    pacientes com baixos nveis de HCV RNA. H vrias definies de "baixo nvel" do RNA do

    HCV, mas a definio usual de 400.000 UI (~ 1 milho de cpias / mL) ou menos.

    No incio da infeco observar-se um aumento no nvel da carga viral e ao redor do 70

    dia aps a infeco, h o incio da produo de anticorpos e consequentemente uma

    diminuio da carga viral no paciente.

    Fig. 19. Marcadores do HCV durante o incio da infeco.

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    RRReeeaaaooo dddeee pppooollliiimmmeeerrraaassseee eeemmm cccaaadddeeeiiiaaa

    A Reao em Cadeia da Polimerase (PCR) consiste em fazer cpias do material

    gentico in vitro usando elementos bsicos do processo de replicao natural do DNA e foi

    desenvolvida principalmente por Mullis et al. (1985).

    A especificidade da tcnica dada pelo uso de iniciadores especficos para o gene ou

    regio do DNA de interesse. A utilizao de dois iniciadores delimitam o alvo e a repetio dos

    ciclos da PCR, dando origem a bilhes de cpias do alvo.

    Mullis utilizou a ento recm-descrita Taq DNA polimerase termoestvel isolada da

    bactria de fontes termais Thermus aquaticus, origem do nome da enzima. Esta enzima se

    mantm estvel em temperaturas de at 117C, com temperatura tima de 72C. Porm, a

    realizao manual dos ciclos de temperatura, banhando-se um rack de tubos em vrios

    banhos-maria de temperaturas diferentes, ainda constitua um fator dificultante do processo.

    Em 1989, o DNA Thermal Cycler apareceu como o primeiro termociclador automtico.

    At hoje, a maioria dos termocicladores automticos funciona com o mesmo princpio:

    aquecimento por resistncias eltricas e refrigerao com ventoinhas e tubulaes em

    serpentina preenchidas por etileno glicol. Aperfeioaram-se os sistemas de contagem de

    tempo, para aumentar a confiabilidade das reaes. Em meados dos anos 90 surge o padro

    Peltier, cujo bloco de aquecimento composto por uma liga metlica que aquece ou resfria de

    acordo com o sentido da corrente eltrica aplicada e este o utilizado pelo equipamento

    ABI7500 da Plataforma NAT.

    Princpio da tcnica

    A tcnica explora funo natural da enzima Taq polimerase, esta enzima semelhante

    enzima DNA polimerase que capaz de sintetizar DNA a partir de seus precursores no

    sentido 5 3. Para catalisarem essa sntese, os precursores de DNA devem estar presentes

    sob a forma de deoxirribonucleotdeos trifosfatos (dATP, dTTP, dGTP e dCTP).

    Esta consiste em ciclos de reaes de sntese de regies especficas do DNA (gene ou

    parte dele), na qual a cada ciclo o nmero de fragmentos duplicado, havendo assim um

    crescimento exponencial do fragmento desejado.

    Hoje, a PCR se constitui no mtodo diagnstico de rotina para isolar rapidamente

    sequncias especficas a partir de uma mistura complexa de sequncias genmicas ou de

    DNA complentares (cDNAs), DNA gerados a partir de uma sequencia de um RNA

    mensageiro.

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    Cintica da reao

    A PCR realizada em trs etapas, repetidas em ciclos. Cada etapa desenvolvida a

    uma temperatura apropriada para sua maior eficincia, as etapas so:

    a) desnaturao das cadeias do DNA ou c-DNA por aquecimento, realizada a uma

    temperatura prxima de 95C. A essa temperatura as pontes de hidrognio existentes

    entre as duas fitas rompem separando-as;

    Fig 20. Representao grfica da separao das fitas do DNA durante o processo de desnaturao (95C), na qual ocorre o rompimento das pontes de hidrognio.

    b) anelamento (annealinng) dos iniciadores ao DNA da amostra (DNA molde ou template).

    Iniciadores so oligonucleotdeos com 20-24 bases usualmente seletivos o suficiente

    para localizar um stio nico em um genoma de alta complexidade de tamanho. Sua

    funo delimitar a sequncia a ser amplificada atravs do estabelecimento de pontes

    de hidrognio com a sequncia alvo, respeitando a regra de pareamento descrita por

    Watson e Crick (Adenina Timina; Citosina Guanina);

    Fig 21. Representao do anelamento dos pares de iniciadores complementares aos flancos da sequncia alvo na faixa de 55C a 65C, durante a PCR.

    c) extenso, na qual ocorre a incorporao dos deoxirribonucleotdeos dispersos no meio

    a partir dos iniciadores, em suas extremidades 3, em temperatura tima especfica. A

    adio de nucleotdeos ocorre apenas se os inicadores estiverem pareados seus

    stios especficos obedecendo a propriedade de complementaridade de bases dos

    cidos nucleicos.

    Iniciador 1

    Iniciador 2

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    Fig. 22. Representao da etapa de extenso da fita no sentido 53 com incorporao de deoxinucleotdeos presentes no meio pela Taq-polimerase.

    Por fim, o objetivo da repetio destes eventos de desnaturao, anelamento e

    extenso duplicar a quantidade deste fragmento presente no meio a cada ciclo, acumulando

    este produto exponencialmente.

    Etapas da reao de PCR

    Fase de screening - ciclos iniciais.

    Os iniciadores se anelam na fita simples de DNA em sua regio complementar. Nesta etapa, a

    quantidade de iniciadores abundante em relao aos fragmentos de DNA, tronando fcil

    este processo.

    Fase intermediria:

    O processo de amplificao est ocorrendo, com os iniciadores agindo de modo a permitir o

    acmulo exponencial do fragmento de DNA. O pareamento do iniciador com a sequncia que

    lhe complementar j est bem facilitada, pois j existem vrias cpias das sequncias alvos.

    Fase tardia ou fase de plat:

    A amplificao j sub-tima devido limitao dos reagentes e competio dos produtos

    gerados. Esta fase ocorre devido aos fatores relacionados abaixo:

    - Perda da atividade da enzima;

    - Acmulo de produtos amplificados que tendem a parear entre si, em detrimento do

    pareamento com os inicadores;

    - Aumenta a possibilidade de amplificao de produtos inespecficos

    - Gasto dos reagentes, especialmente de iniciadores e deoxirribonucleotdeos;

    - Acmulo de pirofosfato, resultante das ligaes fosfodisteres;

    - Competio com outros produtos que vinham sendo amplificados com eficincia menor, mas

    tambm foram se acumulando.

    Taq DNA

    Polimerase

    3

    5

    5

    3

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    Condies da PCR

    Inibidores da PCR podem ter origem na prpria amostra ou nos reagentes usados na

    coleta e no preparo desta. Substncias tais como grupamentos heme presentes no sangue

    total, produtos da lise das clulas vermelhas, bilirrubina, bile e sais inibem a PCR ou podem

    ainda degradar o cido nucleico de amostras biolgicas como clulas do sangue perifrico,

    tecido animal e fluidos corporais, incluindo, fluido crebro-espinhal, material de bipsia, entre

    outros.

    Uria, detergentes (SDS), acetato de sdio, heparina, fenol entre uma grande

    variedade de compostos orgnicos e inorgnicos podem ser inibidores da reao de PCR por

    interferir no funcionamento da DNA polimerase na reao. Como exemplo, podemos citar o

    magnsio (Mg+2), que um ction presente na reao de PCR que se liga DNA polimerase,

    sendo um co-fator essencial para a atividade da enzima. Esta concentrao precisa ser tima,

    pois em falta na reao, acarretar formao de menor quantidade de produtos, e, em

    excesso, reduzir a fidelidade do resultado por formao de produtos inespecficos (aumento

    da taxa de erro). Por este motivo, substncias quelantes de ctions divalentes como o EDTA

    podem interferir reduzindo a atividade da enzima.

    O tempo e a temperatura de armazenamento da amostra podem tambm impactar

    significativamente na recuperao dos cidos nucleicos e na eficincia dos procedimentos

    subsequentes.

    Os laboratrios de biologia molecular precisam ter uma estrutura que permita um

    perfeito fluxograma de trabalho, com reas dedicadas. Cada estao possui seus prprios

    equipamentos, as superfcies devem ser lisas e construdas de forma a facilitar a limpeza.

    Programas de qualidade devem incluir verificao peridica dos equipamentos, como

    manutenes mensais, trimestrais e ou semestrais usualmente realizadas pelas empresas

    parceiras. Manutenes dirias e semanais so executadas pelos operadores. Nestas

    manutenes esto inclusos os procedimentos de limpeza, descontaminao e algumas

    outras verificaes, dependendo do equipamento.

    Finalmente, o resultado da PCR baseado na presena ou no do produto amplificado

    em eletroforese em gel de agarose, ou na visualizao de resultados grficos captados em

    sistema ptico.

    Para garantir que um resultado negativo ou no, deve-se ter a certeza de que a

    ausncia de bandas, ou de fluorescncia, devido ausncia de DNA molde, e no falhas

    na reao. Para tanto, deve-se considerar utilizar um controle interno de amplificao nas

    reaes. Os controles nas reaes de PCR so verificados a partir da amplificao de uma

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    sequncia que obrigatoriamente existe no material analisado, e preferencialmente em uma

    nica cpia.

    RT-PCR (Reverse Transcriptase - PCR)

    Em algumas situaes, a fonte inicial da informao a ser amplificada uma molcula

    de RNA. Neste caso necessria a realizao de uma etapa prvia PCR que a sntese de

    uma fita de cDNA (DNA complementar) tendo a molcula de RNA como molde.

    Em sua extrao o mRNA separado de uma soluo de RNA total extrada de um

    tecido ou suspenso celular.

    A soluo catalisada pela enzima transcriptase reversa que converter o RNA-m em

    cDNA. Em seguida o cDNA pode ento submetido reao de PCR semelhana do DNA

    genmico.

    Esta tcnica chamada de RT-PCR (Reverse Transcriptase Polimerase Chain

    Reaction).

    Sintetiza-se cDNA empregando-se a enzima transcriptase reversa de origem viral. A

    partir do cDNA, emprega-se o mtodo de PCR para amplificao. A deteco do mRNA til

    no diagnstico de infeces causadas por vrus que possuem uma fase latente. A deteco do

    mRNA expressa somente infeco produtiva e evidncia de uma infeco viral ativa

    PCR Multiplex A PCR Multiplex uma reao onde vrias regies diferentes de DNA (ou c-DNAs) so

    amplificadas ao mesmo tempo. Isto possvel devido a utilizao simultnea de diversos

    pares de iniciadores especficos para cada locus a ser identificado sem que eles possam

    hibridizar entre si. Se a temperatura de anelamento for semelhante e os diferentes amplicons

    produzidos apresentarem tamanhos distintos, possvel que o diagnstico atravs de uma

    PCR multiplex seja realizado. A vantagem a economia de reagentes e tempo, visto que,

    duas reaes ou mais podem ser realizadas conjuntamente.

    PCR em Tempo Real

    Este procedimento permite, de forma simultnea, a deteco e quantificao de um

    fragmento especfico de DNA ou cDNA. O PCR convencional no apresenta valores

    quantitativos, por isso foi desenvolvido o PCR em tempo real, que uma tcnica descrita

    como quantitativa porque consegue quantificar o nmero de molculas produzidas a cada

    ciclo.

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    A localizao da sequncia alvo feita pelos iniciadores, assim como no processo de

    PCR convencional, porm, dispe ainda em sua reao, de outro oligonucleotdeo; uma

    sonda marcada por fluorforo (molcula que, quando excitada por luz, emite fluorescncia em

    comprimento de onda especfico), na sonda h duas molculas, o reporter e um quencher, na

    qual o primeiro possui a fluorescncia, enquanto o segundo a absorve. Por questes fsicas,

    enquanto o quencher estiver prximo ao reporter (sonda intacta) no haver a emisso de

    fluorescncia. Ao estender as fitas a partir dos iniciadores, a Taq polimerase degrada a sonda

    separando a o fluorforo de seu abafador. Desta forma, essa molcula poder emitir energia

    que ser captada pelo sistema ptico do equipamento que realiza a PCR em tempo real.

    Assim, a cada ciclo, ocorre a deteco do aumento do produto da PCR em tempo real,

    a partir do aumento da fluorescncia emitida, decorrente da degradao da ligao do

    fluorforo da sonda ligada ao fragmento de DNA que est sendo amplificado. A emisso

    crescente de sinal luminoso monitorada em cada reao/tubo de PCR, a cada ciclo, para

    gerar curvas de amplificao tpicas da PCR quantitativa.

    Fig. 23. Grfico representando uma amostra positiva para um alvo especfico, na qual a fluorescncia gerada pela amplificao do produto e as trs fases da PCR em tempo real.

    A cintica da reao de PCR em tempo real semelhante a reao convencional, a

    amplificao dividida em 3 fases: a linha basal na qual no h produtos de PCR suficientes

    para detectar fluorescncia, a fase log em que a quantidade de produtos de PCR dobra a

    cada ciclo (fase da deteco) e a fase plat onde no h mais aumento no nmero de

    produtos, conforme explicado anteriormente (Fig.23).

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    As caractersticas relevantes do PCR em tempo real so rapidez, especificidade,

    sensibilidade e opcional quantificao. Atualmente o mtodo do PCR em tempo real

    considerado um dos mtodos de escolha p/ testes moleculares quantitativos e qualitativos em

    decorrncia de suas vantagens sobre o PCR convencional:

    Maior rapidez de execuo

    Maior sensibilidade e reprodutibilidade;

    Menor risco de contaminao de amostras no ambiente laboratorial, devido a

    ausncia de manipulao das amostras aps o processo de amplificao.

    PCR em Tempo Real no NAT HIV / HCV de Bio-Manguinhos

    No ensaio NAT HIV/HCV de Bio-Manguinhos emprega-se uma combinao destes

    protocolos, com a identificao de dois genomas virais compostos por RNA, portanto se trata

    de uma RT-PCR. necessria a etapa prvia de composio do cDNA.

    multiplex, por detectar simultaneamente os vrus HCV, HIV e o controle interno da

    reao, a Partcula Calibradora - fragmento sinttico de cido nucleico viral inserido na etapa

    de pooling de amostras.

    Em adio, esta deteco se faz continuamente, em tempo real, com captao da

    fluorescncia decorrente da luminescncia produzida pela dissociao do fluorforo, a partir

    da sonda, no momento da extenso.

    Ao detectar-se esta fluorescncia, podemos indicar a presena do cDNA que, por sua

    vez, identifica a presena vrus na amostra. Ou seja, esse sistema se mostra mais especfico,

    pois a sonda degradada apenas aps hibridizar-se ao material a ser detectado.

    Desta forma, o ensaio NAT se trata de uma RT-PCR multiplex em tempo real para

    deteco do HIV e do HCV em amostras de doadores de sangue.

    A simples presena destes tipos virais em uma amostra de sangue inviabiliza a sua

    transferncia a outro paciente. Este protocolo no visa a quantificao de carga viral e, sim, a

    qualidade do sangue como passvel de transfundir ou no.

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    BBBiiiooosssssseeeggguuurrraaannnaaa

    Materiais biolgicos tais como sangue, soro e clula so potencialmente infectantes e

    muitas vezes esto contaminados com agente etiolgicos diferentes do que se est

    pesquisando, ou ainda desconhecidos. Por isso fundamental que medidas de biossegurana

    adequadas sejam adotadas nos laboratrios onde h manipulao desses materiais.

    Equipamentos de Proteo Individual (EPI) devem ficar em lugar de fcil acesso aos

    funcionrios do laboratrio.

    culos de segurana, protetor facial e mscara descartvel usadas sempre que

    houver possibilidade de aerossis.

    Jaleco longo de mangas compridas e punho retrtil, preferencialmente descartvel

    deve ser usado somente dentro da rea do laboratrio.

    Luvas descartveis devem ser resistentes, de material sinttico (vinil) ou latex para

    manipulao de matrias potencialmente infectantes. As luvas descartveis, usadas

    para os procedimentos da tcnica PCR devem ser isentas de talco.

    Pipetas automticas devem estar calibradas e validadas.

    Props descartveis

    Calados fechados e de material resistente.

    Equipamento de Proteo Coletiva (EPC) so utilizados para minimizar a exposio dos

    funcionrios ao risco e em caso de acidentes, reduzir suas conseqncias.

    Chuveiro de emergncia e lava-olhos devem estar instalados prximos ao ambiente

    laboratorial.

    Extintores de incndio.

    Centrifugas com rotor provido de tampa.

    Cabines de segurana biolgica classe II devem ser posicionadas longe de portas,

    janelas e de equipamentos que de alguma forma promovam a movimentao do ar,

    empurrando ar no filtrado, diretamente para a superfcie de trabalho, podendo assim

    contaminar o material que est sendo manipulado.

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    FFFooorrrmmmaaatttooo dddooo KKKiiittt

    Componentes e Apresentao do Kit

    Relao dos componentes fornecidos com o produto:

    MDULO COMPONENTES VOLUMES

    Controles

    Controle Positivo 02 Frascos com de 800 L cada

    Controle Negativo 02 Frascos com de 800 L cada

    Partcula Calibradora 02 Frascos com de 800 L cada

    Extrao

    Tampo de Lise 01 Frasco com 33 mL

    Carreador de RNA 01 Frasco liofilizado

    Tampo de Lavagem 1 01 Frasco com 83 mL

    Tampo de Lavagem 2 01 Frasco com 68 mL

    Tampo de Eluio 09 Frascos com 2,0 mL cada

    Fluido TE 04 Frascos com 1,4 mL cada

    Placa de Vcuo 01 Unidade de 96 poos

    Placa de Eluio 01 Unidade de 96 poos

    Placa de Reao 01 Unidade de 96 poos

    Protease 01 Frasco liofilizado

    Solvente de Protease 01 Frasco com 6 mL

    Recipientes Descartveis 02 Unidades

    Placa ptica 01 Unidade

    Selo ptico 01 Unidade

    Tubo de 5 mL 01 Unidade

    Manual de Instruo 01 Unidade

    Carto Bio 01 Unidade

    Amplificao

    Mistura de PCR 02 Frascos com 900 L cada

    Enzima RT 02 Frascos com 30 L cada

    gua/DEPC 02 Frascos com 600 L cada

    Sondas 02 Frascos com 180L cada

    Iniciadores 02 Frascos com 50L cada

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    Material de reposio

    Etanol P.A. Merck 96%;

    Tubo BD PPT EDTA K2 com gel (600 tubos/rotinas);

    Desinfetante amnia quaternria 50% (soluo de uso diluda 1:600. Ex.: 5 ml de

    desinfetante para 3 L de gua);

    1 Frasco plstico de 500 mL para etanol dedicado para utilizao de 12

    processamentos no MDx;

    Ponteiras de 1100 L MDx - 7 caixas com 96 unidades cada;

    Ponteiras de 175L Janus - 9 caixas com 96 unidades cada;

    Tubo Secundrio - 4 embalagens com 25 unidades cada.

    Relao dos materiais necessrios no fornecidos

    gua destilada

    Luva descartvel sem talco

    Etiquetas com cdigo de barras para tubo secundrio

    Proveta de 500 mL calibrada

    Sacos de descarte de lixo biolgico

    Duas pipetas automticas 1000 L (calibradas)

    Ponteiras com filtro 1000 L

    Indicao das condies adequadas de armazenamento e transporte

    O KIT NAT HIV/HCV composto por 3 mdulos, com temperaturas de estocagem

    diferentes:

    Mdulo de Controle: armazenar de -80C a -60C;

    Mdulo de Extrao: armazenar de 15C a 25C;

    Mdulo de Amplificao: armazenar de -30C a -10C;

    Obs.: Os mdulos de Controle e de Amplificao sero transportados em gelo seco

    (-80C a -60C), mas devero ser armazenados nas temperaturas indicadas, no rtulo

    externo, desde o ato do recebimento at a utilizao do conjunto.

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    Precaues, cuidados especiais e esclarecimentos sobre os riscos

    decorrentes do manuseio do produto e seu descarte

    A Partcula Calibradora e o Controle Positivo no possuem capacidade replicativa in

    vivo e, portanto, so biosseguros (no infecciosos).

    Este kit contm produtos qumicos, podendo representar uma fonte de risco. Ao

    manusear qualquer um dos reagentes observe as precaues necessrias. A qualidade dos

    resultados obtidos depende do cumprimento s boas prticas de laboratrio tais como:

    O teste deve ser usado somente para monitoramento in vitro e uso profissional,

    de acordo com as instrues fornecidas no kit;

    Os reagentes contm agentes irritantes e devem ser manipuladas com cuidado.

    Observar as recomendaes em relao s medidas de segurana dos reagentes;

    Tampo de Lise e Tampo de Lavagem 1 contm cloridrato de guanidina, que

    pode formar compostos reativos quando combinado com hipoclorito de sdio.

    perigoso e irritante se ingerido ou em contato com olhos e pele;

    Protease contm subtilisina: sensibilizante, irritante se inalado (prejudicial para o

    sistema respiratrio e para a pele); tambm acarretar risco quando em contato com os

    olhos;

    Utilizar equipamento de proteo individual (EPI) tais como luvas descartveis (sem

    talco) e jaleco em todas as etapas do teste;

    Aps o uso, desprezar ponteiras, tubos, placas, reagentes, insumos/produtos bem

    como os itens consumveis (tubos de coleta e secundrios, entre outros) no descarte de

    risco biolgico;

    Os tubos com amostras devero ser colocados em saco vermelho duplo (descarte

    de risco biolgico) e encaminhados para um local apropriado para resduos. De acordo

    com a poltica de descarte de cada hemocentro;

    Desprezar a placa ptica aps a amplificao e deteco em descarte no

    reciclvel;

    Todas as sobras de reagentes devero ser descartadas aps a utilizao de cada

    mdulo do kit, de acordo com os procedimentos de cada Hemocentro;

    No utilizar reagentes com a validade vencida.

    Nunca misturar componentes de lotes diferentes;

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    Cuidados com as amostras biolgicas

    A coleta das amostras de sangue perifrico deve ser feita, preferencialmente, em tubo

    PPT contendo anticoagulante K2 EDTA e gel de poliester para separao de plasma e

    frao celular do sangue total. Coletar 5 mL de sangue total;

    Homogeneizar a amostra por inverso aps a coleta;

    Centrifugar o tubo at oito horas aps a coleta 800g (em uma centrfuga com 100

    mm de raio, corresponde a 2700 rpm) por 10 minutos;

    No utilizar tubos de coleta reciclados;

    No congelar o tubo aps a coleta, pois o gel pode se desprender e alterar a carga

    viral do paciente;

    Aps a centrifugao conservar as amostras refrigeradas de 2C a 8C por no mximo

    72h at a realizao do teste;

    Os fatores interferentes para o uso da amostra so hemlise, lipemia e presena de

    bilirrubina.

    No utilizar tubos com anticoagulante heparina;

    Influncias pr-analticas, tais como, anticoagulantes e temperatura

    No devero ser aceitas amostras que no forem coletadas no tubo BD PPT contendo

    anticoagulante K2 EDTA e gel de polister;

    A temperatura do espao fsico destinado ao teste deve ser monitorada e mantida entre

    15 e 25C.

    Utilizar gua destilada/deionizada.

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    38

    PPPlllaaatttaaafffooorrrmmmaaa NNNAAATTT NNNaaaccciiiooonnnaaalll

    A plataforma integrada para o Teste de cidos Nuclicos Brasileiro foi desenvolvida por

    Bio-Manguinhos para a Hemorrede Nacional, integrando tecnologias modernas existentes no

    mercado. A plataforma Brasileira NAT Multiplex HIV/HCV, contm os equipamentos JANUS

    (PerkinElmer) (Fig.: 24), BioRobot MDx (Qiagen) (Fig.: 25) e Termociclador ABI 7500 (Life

    Technologies) (Fig.: 26).

    JANUS = Estao de pipetagem automtica (funes: Preparo do pool, Confeco da

    mistura da reao de PCR e Pipetagem da mesma na microplaca de 96 poos).

    Fig. 24: Fotografia do equipamento Janus vista frontal.

    BioRobot MDx = Dispositivo de purificao simultnea de DNA e RNA (Lise, Extrao

    e Purificao).

    Fig. 25: Equipamento MDx (Visualizao interna).

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    39

    Termociclador ABI 7500 = PCR em Tempo Real (Amplificao e Deteco).

    Fig. 26: Foto ilustrativa do equipamento ABI 7500.

    As amostras biolgicas a serem testadas sero misturadas em um conjunto (pool) de

    seis amostras que, ainda na etapa inicial, ter a partcula calibradora adicionada. O material

    completo (pool de amostras + partcula calibradora) ser submetido lise celular e o material

    gentico ser purificado e estabilizado. A mistura de PCR acrescentada ao material gentico