Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes...

9
Guia de uso pedagógico

Transcript of Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes...

Page 1: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

Guia de usopedagógico

Page 2: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

ATIVIDADES PROPOSTAS

Racismo Estrutural

Público-alvo: Ensino fundamental – 3º ao 9º

Atividade 1 :

Objetivo: Refletir coletivamente sobre a lógica do racismo estrutural a partir da exibição do documentário A Primeira Pedra que aborda a questão das violências e linchamentos praticados por pessoas consideradas “cidadãos de bem” contra pessoas negras e mais pauperizadas na sociedade. Identificar o conjunto de práticas, situações ou falas cotidianas que estão embutidas nos nossos costumes que produzem o racismo estrutural. Promover a tentativa de combate ao preconceito racial, elencando movimentos positivos da população negra na atualidade e pensando em estratégias de enfrentamento diário.

Page 3: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

Google/Divulgação

Google/Divulgação

Materiais Necessários: Quadro e pilot de quadro, rádio, caixas de som, cartolina, revistas abordando temáticas raciais, pilot colorido, cola e tesoura, celulares com consulta a internet, duas imagens para contextualização e gravador.

1º ETAPA: Após assistir ao documentário, pedir para que os participantes reflitam coletivamente sobre quais as características sociais e étnico-raciais da maioria das pessoas que sofreram julgamentos pré-concebidos ou foram linchadas através das situações evidenciadas.

A partir da introdução desta discussão, o mediador assiste junto com o grupo ao vídeo da campanha “Doll Test”- https://www.youtube.com/watch?v=CdoqqmNB9JE - em que se pergunta para crianças de várias etnias, qual é a boneca bonita ou feia e a boneca boa ou má. Nas respostas do vídeo, identificamos que as crianças, até mesmo negras, atribuem códigos de beleza e confiança à criança branca e de marginalização e rejeição estética à criança negra. Ao final, questionar o motivo de discriminarmos ou construirmos estereótipos racistas de pessoas negras desde a infância, já que ainda estamos em processo de formação da nossa personalidade.

Diante destas falas de problematizações, contextualizar foto histórica de negro amarrado ao poste no período escravocrata, servindo de “exemplo” com foto da atualidade de menino negro amarrado ao poste na Zona Sul.

2ª ETAPA: Sistematizar no quadro as características étnico-raciais e sociais verbalizadas pelos participantes. Em seguida, ler um trecho da explicação do conceito de racismo estrutural

para que compreendam de onde se origina historicamente essa seletividade dos julgamentos morais na sociedade. O mediador deve buscar evidenciar a explicação através de desdobramento de situações cotidianas, como: revista de pessoas negras pela polícia na rua, distinção de áreas de serviço e elevadores em condomínios de luxo ou manchetes midiáticas de cunho racista.

Segundo o pesquisador Silvio Almeida racismo estrutural é:

Um processo histórico e político que cria condições sociais para direta e indiretamente, grupos racialmente identificados sejam discriminados de forma sistemática. O racismo estrutural se expressa concretamente como desigualdade política, econômica e jurídica.

(Silvio Almeida pg. 39)

Page 4: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns dados importantes para análise dos alunos, como:

Política: Segundo o próprio site da Câmara Federal, dos 513 deputados federais eleitos na última eleição para a Câmara, 385 se autodeclaram brancos (75%); 104 se reconhecem como pardos (20,27%); 21 se declaram pretos (4,09%); 2 amarelos (0,389%); e 1 indígena (0,19%).

Econômica: Dados da pesquisa “A distância que nos une” da ONG britânica Oxfam, apontam que somente em 2089, brancos e negros terão uma renda equivalente no Brasil. E segundo o relatório do IPEA, 67% dos negros no Brasil estão incluídos na parcela dos que recebem até 1,5 salário mínimo (cerca de R$1.400). Entre os brancos, o índice fica em 45%.

Segurança pública e jurídica: Segundo o Atlas da violência, de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Os negros possuem chances 23,5% maiores de serem assassinados em relação a brasileiros de outras raças, já

descontado o efeito da idade, escolaridade, do sexo, estado civil e bairro de residência.

3ª ETAPA: O mediador dividirá a turma em quatro grupos com cartolina, revistas, tesoura, cola e pilot. Ouvirá com todos a música “Identidade” de Jorge Aragão. Embora a canção aborde situações relativas ao preconceito racial na sociedade, a mensagem procura transmitir também mensagem positiva de resistência do povo negro e identidade cultural. A partir do trecho: “Quem cede a vez não quer vitória, somos herança da memória”, o mediador poderá suscitar o debate relativo a estratégias de enfrentamento do racismo estrutural na sociedade e importância da autoafirmação da identidade racial. Os participantes confeccionarão cartazes com experiências positivas de pessoas negras em espaços institucionais de poder como: política, mídia, universidade, além de pesquisar em seus celulares sobre a importância da atuação do movimento negro para as conquistas de direitos desta população no nosso país.

Page 5: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

4ª ETAPA: Ao final da atividade, cada grupo apresenta seu trabalho para a turma, evidenciando a abordagem que o grupo escolheu no cartaz e também verbalizando o que cada um aprendeu sobre essas discussões acerca do racismo estrutural na sociedade.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2018.

BORGES, Juliana. O que é o encarceramento em massa? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2018.

SITES PESQUISADOS:

Carta Capital:

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/seis-estatisticas-que-mostram-o-abismo-racial-no-brasil/

Câmara Federal:

https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/POLITICA/564047-NUMERO-DE-DEPUTADOS-NEGROS-CRESCE-QUASE-5.html

Ipea (Atlas da Violência 2017):

http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=30253

MÚSICA:

Jorge Aragão. Identidade. Chorando Estrelas. Rio de Janeiro, 1992. Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=i6j8Kg5KDbk

Page 6: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

Por Que Existem Pré-Julgamentos na Nossa Sociedade?

Atividade 2 :

Objetivo: A partir da exibição do documentário A Primeira Pedra, refletir pedagogicamente sobre a construção dos pré-julgamentos na nossa sociedade sem apurar a verdade dos fatos. Levantar questões relativas à empatia humana, coletividade e tentativa de se construir laços de afeto frente à diversidade da nossa população. Debater sobre como criamos estereótipos negativos a partir de fofocas, fakenews ou criminalizamos pessoas por sua raça ou classe social.

Materiais Necessários: Notícias de jornais impressas para os grupos (Fato e Fake), notícias de jornais para serem problematizadas (manchetes jornalísticas), gravador, papel pardo, pilot e celulares com acesso à internet.

1ª ETAPA: Historicizar a origem do linchamento no mundo a partir da existência de Willian Lynch, capitão fazendeiro morador do Estado da Virgínia que criou mediante um pacto com vizinhos, um próprio tribunal “privativo”, desrespeitando as leis da época. Por meio de processo sumário, este grupo tinha o poder para matar, ficando conhecido também como a Lei de Lynch. A partir desta explicação histórica, suscitar debates no coletivo sobre a motivação das pessoas na atualidade se envolverem em justiçamentos, desrespeitando leis do código penal. Por que as pessoas agem pelo instinto do ódio? A multidão junta incita mais violência? Por que as pessoas quando se unem, tornam-se mais perversas? Por que essas pessoas desconsideram as leis

Page 7: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

existentes mediante suas ações perversas? Ocorre muito linchamento “simbólico” também nas redes sociais? Como se dão esses linchamentos nas redes?

http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/o-brasil-dos-linchamentos/

https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-motiva-os-linchamentos-virtuais/

http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/o-brasil-dos-linchamentos/

2ª ETAPA: Diante da discussão introdutória anterior sobre linchamentos virtuais, separar para os participantes duas informações de publicações da internet ou veículo jornalístico relacionado a duas pessoas públicas diferentes (uma falsa e uma verdadeira). Separar os participantes em 4 grupos igualmente divididos. Através dos celulares, a turma pesquisará as informações por outras páginas ou notícias, além de verificar se existe assinatura no texto ou publicação, se este autor ou veículo já publicou outros textos ou postagens

ou se o site ou página que publicou a notícia é confiável. Ao final, levantar um debate diante das mentiras que se inventou sobre determinada pessoa pública indagando com todos: “E se fosse você?”, “Você ficaria com raiva de quem fez isso?”, “No que isso mudaria a sua vida?”, “Você perderia seus amigos?”, “Alguém se vingaria de você se baseando por essa mentira?”.

Page 8: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

1 - Cinco provas de que Xuxa tem pacto com o diabo:

http://jovemfonte.blogspot.com/2013/09/5-provas-de-que-xuxa-tem-pacto-com-o.html

2- Anitta grava clipe com seios a mostra em cartão postal de Salvador.

https://f5.folha.uol.com.br/musica/2019/01/anitta-grava-clipe-com-seios-a-mostra-em-cartao-postal-de-salvador-com-j-blavin-e-tropkillaz.shtml

Por que as pessoas negras são sempre associadas ao universo da criminalidade? Se a pessoa não foi julgada, todos não teriam que ser suspeitos independente da sua raça ou classe?

1 - Manchete do Jornal Extra: Jovens de classe média são presos com cerca de 350 quilos de maconha e pistolas:

https://extra.globo.com/casos-de-policia/jovens-de-classe-media-sao-presos-com-cerca-de-350-quilos-de-maconha-pistolas-15713501.html

3ª ETAPA: Identificar coletivamente os termos de duas manchetes jornalísticas referentes a pessoas brancas acusadas de cometerem algum crime. Problematizar o tratamento das manchetes destinado a pessoa branca como “suspeita” ou “ jovem de classe média” tendo supostamente praticado um grande crime. Questionar se as pessoas negras ou pobres recebem esse mesmo tratamento ou se são associadas a termos pejorativos como “bandido” ou “criminoso”, mesmo praticando pequenos delitos. Perguntas geradoras para debate: Por que existe esta seletividade racial na mídia?

2 - Manchete do site G1 MS: “Jovem de classe média suspeito de furtar oito carros é preso”

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/09/jovem-de-classe-media-alta-suspeito-de-furtar-oito-carros-em-ms-e-preso.html

4ª ETAPA: Diante do debate gerado referente à seletividade textual das manchetes jornalísticas analisadas, os participantes ouvem a música “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro” do grupo O Rappa. O mediador solicitará que todos escrevam brevemente a mensagem que o autor da canção quis passar. Logo após, solicitar que verbalizem coletivamente em voz alta o que escreveram.

Page 9: Guia de uso pedagógicos3.amazonaws.com/futurabucket2017/wp-content/... · A partir destes elementos referentes à desigualdade econômica, política e jurídica, evidenciar alguns

Por Mariana dos ReisProfessora do Instituto Benjamin Constant

Doutoranda em Educação – Proped – Uerj

Rio de Janeiro/RJ

Projeto gráfico: IDESIGN

REFERÊNCIAS:

• ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2018.

• BORGES, Juliana. O que é o encarceramento em massa? Belo Horizonte (MG): Letramento: Justificando, 2018.

SITES PESQUISADOS:

• Jornal Extra: https://extra.globo.com/casos-de-policia/jovens-de-classe-media-sao-presos-com-cerca-de-350-quilos-de-maconha-pistolas-15713501.html G1: http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/09/jovem-de-classe-media-alta-suspeito-de-furtar-oito-carros-em-ms-e-preso.html

• Nova Escola: https://novaescola.org.br/conteudo/11701/cuidado-com-a-fabrica-de-mentiras

http://www.cartaeducacao.com.br/reportagens/o-brasil-dos-linchamentos/

https://super.abril.com.br/tecnologia/o-que-motiva-os-linchamentos-virtuais/

MÚSICA:

• Marcelo Yuka. Todo camburão tem um pouco de navio negreiro, O Rappa. 1994. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mN3CYXPLfX8