Guia digital flip 2014
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na flip 2014
APRESENTACcedilAtildeO COSAC NAIFY PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIP
mathieu lindonbernardo kucinskieduardo viveiros de castroalmeida fariajorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIPINHA
laura teixeiradaniel kondomarilda castanha
sumaacuterio
a Cosac naify eacute reconhecida por seu cataacutelogo de alto niacutevel e pela qualidade de suas publicaccedilotildees atualmente o acervo da editora inclui mais de 900 tiacutetulos distribuiacutedos em segmentos como arte arquitetura design fotografia ensaios ficccedilatildeo claacutessica e contemporacircnea assim como um cataacutelogo de livros infantis Em 2013 a Cosac naify recebeu o The Bologna Prize for Best Childrenrsquos Publisher of theYear escolhida como a melhor editora de livros para crianccedilas entre as editoras da ameacuterica latina que participam da feira de Bologna o evento literaacuterio mais importante do mundo dedicado a publicaccedilotildees infantojuvenis Contribuir para a expansatildeo dos horizontes dos leitores formar novos puacuteblicos e intervir no debate cultural e artiacutestico do Brasil satildeo alguns dos objetivos da Cosac naify
cosac naify na flip 2014
PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu
Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires
SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe
Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz
17h15 MESA 14tristes troacutepicos
Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum
DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo
Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires
16h MESA 20livro de cabeceira
andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva
mathieulindon
Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-
critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration
Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com
um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-
-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)
Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de
Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma
realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-
famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila
da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento
de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos
autores franceses
mathieu lindon
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
ma
th
ieu lin
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o
que
amar
quer
dizer
lindon
mathieu
bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758
O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
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APRESENTACcedilAtildeO COSAC NAIFY PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIP
mathieu lindonbernardo kucinskieduardo viveiros de castroalmeida fariajorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO AUTORESCOSAC NAIFY NA FLIPINHA
laura teixeiradaniel kondomarilda castanha
sumaacuterio
a Cosac naify eacute reconhecida por seu cataacutelogo de alto niacutevel e pela qualidade de suas publicaccedilotildees atualmente o acervo da editora inclui mais de 900 tiacutetulos distribuiacutedos em segmentos como arte arquitetura design fotografia ensaios ficccedilatildeo claacutessica e contemporacircnea assim como um cataacutelogo de livros infantis Em 2013 a Cosac naify recebeu o The Bologna Prize for Best Childrenrsquos Publisher of theYear escolhida como a melhor editora de livros para crianccedilas entre as editoras da ameacuterica latina que participam da feira de Bologna o evento literaacuterio mais importante do mundo dedicado a publicaccedilotildees infantojuvenis Contribuir para a expansatildeo dos horizontes dos leitores formar novos puacuteblicos e intervir no debate cultural e artiacutestico do Brasil satildeo alguns dos objetivos da Cosac naify
cosac naify na flip 2014
PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu
Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires
SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe
Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz
17h15 MESA 14tristes troacutepicos
Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum
DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo
Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires
16h MESA 20livro de cabeceira
andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva
mathieulindon
Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-
critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration
Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com
um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-
-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)
Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de
Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma
realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-
famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila
da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento
de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos
autores franceses
mathieu lindon
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
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quer
dizer
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mathieu
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O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
a Cosac naify eacute reconhecida por seu cataacutelogo de alto niacutevel e pela qualidade de suas publicaccedilotildees atualmente o acervo da editora inclui mais de 900 tiacutetulos distribuiacutedos em segmentos como arte arquitetura design fotografia ensaios ficccedilatildeo claacutessica e contemporacircnea assim como um cataacutelogo de livros infantis Em 2013 a Cosac naify recebeu o The Bologna Prize for Best Childrenrsquos Publisher of theYear escolhida como a melhor editora de livros para crianccedilas entre as editoras da ameacuterica latina que participam da feira de Bologna o evento literaacuterio mais importante do mundo dedicado a publicaccedilotildees infantojuvenis Contribuir para a expansatildeo dos horizontes dos leitores formar novos puacuteblicos e intervir no debate cultural e artiacutestico do Brasil satildeo alguns dos objetivos da Cosac naify
cosac naify na flip 2014
PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu
Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires
SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe
Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz
17h15 MESA 14tristes troacutepicos
Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum
DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo
Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires
16h MESA 20livro de cabeceira
andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva
mathieulindon
Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-
critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration
Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com
um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-
-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)
Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de
Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma
realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-
famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila
da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento
de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos
autores franceses
mathieu lindon
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
ma
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quer
dizer
lindon
mathieu
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O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
PROGRAMACcedilAtildeO FLIP 2014
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO21h30 MESA BOcircNUSporque era ele porque era eu
Mathieu Lindon e Silviano Santiagomediaccedilatildeo paulo Roberto pires
SAacuteBADO 02 DE AGOSTO12h MESA 12memoacuterias do caacutercere 50 anos do golpe
Bernardo Kucinski Marcelo Rubens paiva e persio aridamediaccedilatildeo lilia Schwarcz
17h15 MESA 14tristes troacutepicos
Beto Ricardo e Eduardo Viveiros de Castromediaccedilatildeo Eliane Brum
DOMINGO 03 DE AGOSTO14h MESA 19os sentidos da paixatildeo
Almeida Faria e Jorge Edwardsmediaccedilatildeo paulo Roberto pires
16h MESA 20livro de cabeceira
andrew SolomonEduardo Viveiros de CastroEtgar Keretfernanda TorresGraciela MochkofskyJoel DickerJuan VilloroMarcelo Rubens paiva
mathieulindon
Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-
critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration
Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com
um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-
-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)
Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de
Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma
realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-
famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila
da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento
de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos
autores franceses
mathieu lindon
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
ma
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lindon
mathieu
bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758
O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
mathieulindon
Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-
critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration
Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com
um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-
-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)
Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de
Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma
realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-
famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila
da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento
de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos
autores franceses
mathieu lindon
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
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O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
Mathieu Lindon nasceu em 1955 em Caen Franccedila Es-
critor e criacutetico literaacuterio colabora com o jornal Libeacuteration
Assinou seu primeiro romance Nos Plaisirs (1983) com
um pseudocircnimo criado por Michel Foucault Pierre-
-Seacutebastien Heudaux (pronunciado em francecircs pseudocirc)
Autor de dezenove livros viu um deles Le Procegraves de
Jean-Marie le Pen (1998) que mistura ficccedilatildeo com uma
realidade poliacutetica de extrema direita ser considerado di-
famatoacuterio pela Corte de Paris e pelo Tribunal de Justiccedila
da Comunidade Europeia O fato suscitou um movimento
de apoio agrave liberdade de expressatildeo liderado por diversos
autores franceses
mathieu lindon
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
ma
th
ieu lin
do
no
qu
e am
ar q
ue
r diz
er
o
que
amar
quer
dizer
lindon
mathieu
bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758
O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
O QUE AMAR QUER DIzER
Ambientado na Paris do fim dos anos 70 e iniacute-cio dos 80 O que amar quer dizer repassa os anos de convivecircncia do jornalista cultural Ma-thieu Lindon com Michel Foucault (1926-1984) e a enorme influecircncia que o filoacutesofo teve so-bre sua vidaFilho de Jeacuterocircme Lindon fundador das Edi-tions de Minuit e editor de Samuel Beckett e Marguerite Duras o autor deste livro reme-mora as festas no apartamento de Foucault na Rue de Vaugirard em descriccedilotildees bem--humoradas de sua vivecircncia homossexual em meio a viagens de aacutecido e muacutesica claacutessicaEm seguida trata da sombra que surgiu no meio gay quando a aids que viria a vitimar o filoacutesofo entrou na pauta da eacutepoca A histoacuteria se desenrola ao redor dessas duas figuras masculinas de um lado o pai de ldquosorriso tiacute-midordquo objeto de um amor que natildeo encontra a forma de se expressar de outro o amigo de ldquosorriso escancaradordquo que lhe ensinou a ser feliz vivo ndash e grato O que amar quer dizer foi publicado na Franccedila em 2011 ano em que ob-teve o Precircmio Meacutedicis
mathieu lindon
traduccedilatildeo Mariacutelia Garcia
Samuel Beckett Marguerite Duras Alain Robbe-Grillet Gilles Deleuze Claude Simon Pierre Bourdieu Robert Pinget a infacircncia e a adolescecircncia de Mathieu Lindon transcorreram entre intelectuais e escritores desse ca-libre frequentadores habituais da casa de sua famiacutelia todos publicados por seu pai o lendaacuterio Jeacuterocircme Lindon criador e editor das Eacuteditions de Minuit Nesse mundo natildeo havia nada de mais alto mais admiraacutevel que a lite-ratura e muito cedo Mathieu decidiu que seria escritor Tiacutemido viveu o ldquoinfernordquo de sua adolescecircncia ndash evo-cada vaacuterias vezes neste livro ndash lendo ateacute parecia que nunca sairia do quarto
Pouco depois dos vinte anos o acaso o pocircs em contato com o filoacutesofo Michel Foucault autor de obras transfor-madoras como As palavras e as coisas e Arqueologia do saber e jaacute famoso no mundo todo Aos 22 anos e durante seis anos ateacute a morte de Foucault Mathieu frequentou a
ldquorue de Vaugirardrdquo nome proacuteprio pelo qual ficou conhe-cido o apartamento do filoacutesofo ponto de encontro de um grupo de jovens sequiosos de vida de sexo de invenccedilatildeo de descobertas de amizade Alguns deles ficaram famo-sos sobretudo Herveacute Guibert viacutetima da aids alguns anos depois e autor de Para o amigo que natildeo me salvou a vida misto de diaacuterio e de romance sobre um paciente terminal com aids
O grupo de jovens da rue de Vaugirard apoiado pela forccedila da amizade de Michel Foucault como conta este livro passava os dias tomando lsd ndash e agraves vezes outras drogas ndash ouvindo muacutesica claacutessica assistindo a filmes
conversando rindo e amando de muitas maneiras Foram fundo e saiacuteram transformados O tiacutemido Mathieu descobriu-se capaz de ter amigos fora do ciacuterculo do poderoso pai e pocircde afinal libertar-se do ressentimento e receber e retribuir o amor de seu pai ndash um dos efeitos da amizade de Michel diz ele
Este eacute um livro de gratidatildeo ao amigo e ao pai pelo amor que ambos lhe ofereceram Juntos cada um a seu modo os dois o fizeram compreender o que amor quer dizer
mathieu lindon jaacute publicou dezessete romances e dois livros de ensaios criacuteticos O que amar quer dizer recebeu o precircmio Meacutedicis em 2011
traduccedilatildeo
mariacutelia garcia
Eu tinha vinte e trecircs anos e ele me educou Michel me ensinou com uma discriccedilatildeo tatildeo absoluta que eu nem me dava conta daquilo que aprendia A ser feliz vivo E me ensinou a gratidatildeo
Mathieu Lindon faz um retrato luminoso do filoacutesofo Michel Foucault num livro que eacute uma celebraccedilatildeo da amizade e da importacircncia das famiacutelias de eleiccedilatildeo com seu papel libertador e jubilante no iniacutecio da vida adulta
ma
th
ieu lin
do
no
qu
e am
ar q
ue
r diz
er
o
que
amar
quer
dizer
lindon
mathieu
bull CAPA_O que amar quer dizer_provaindd 1 100714 1758
O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
O QUE AMAR QUER DIzER [TRECHO DO liVRO]
Os livros me protegem Sempre posso me refugiar neles imune a todo risco como se eles criassem um outro universo inteiramente agrave parte do mundo real Tenho a sensaccedilatildeo para-doxal de que estando neles nada me atinge ao passo que eles me perturbam de forma doentia viacutetima de uma sensibili-dade extrema agrave escrita como essas pessoas forccediladas a dei-xar as unhas crescerem para natildeo tocar por distraccedilatildeo alguma coisa com o dedo visto que seus dedos satildeo sensiacuteveis demais para suportar o menor contato Assim como elas eu deveria ler com as unhas soacute que esses constantes abalos me datildeo imensa alegria Ao ler sobre esse encontro flaubertiano meus olhos se enchem de laacutegrimas sinto uma emoccedilatildeo exagerada Eacute como se me reconhecesse ao mesmo tempo em Willa Cather e em Ca-roline como se me identificasse com o encontro das duas Por meu pai ter sido editor de Samuel Beckett Alain Robbe-Grillet Claude Simon Marguerite Duras Robert Pinget Pierre Bour-dieu e Gilles Deleuze cresci bem perto de grandes e reconhe-cidos autores Quando ainda morava com meus pais certa vez ele me perguntou se eu escrevia um diaacuterio Era mais uma ad-vertecircncia que uma interrogaccedilatildeo Natildeo por ser pretensioso eu natildeo escrevia um diaacuterio como meu pai devia saber muito bem Eu jaacute decidira escrever e julgava que passar por essa etapa seria faacutecil demais suscitando o interesse dos outros graccedilas a um tema que natildeo era meacuterito meu conhecer em vez de conse-gui-lo com meu brilhante talento Eacute claro que meu pai soacute que-ria me ajudar facilitar minha vida natildeo estava preocupado com minha lealdade certo de que se eu escrevesse um tal livro iria
mathieu lindon
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
apresentaacute-lo a ele em sua qualidade de editor e de que assim ele teria condiccedilotildees de eliminar o que natildeo lhe agradasse Soacute que naquele momento sua pergunta me surpreendeu tatildeo se-guro estava de que a uacuteltima coisa que ele queria neste mundo era que eu revelasse a menor informaccedilatildeo Ainda hoje tendo mais ao despudor que agrave indiscriccedilatildeo O tempo passou meu pai morreu e haacute anos penso que por um miacutenimo de generosidade por dever eu deveria escrever para alegria de alguns leitores um livro sobre o que sei acerca de escritores admirados Mas natildeo encontro o tom natildeo sei como organizaacute-lo o que dizer o que natildeo dizer Na verdade a pessoa de quem estive mais proacuteximo foi Michel Foucault e meu pai natildeo teve a menor participaccedilatildeo nissoConvivi com ele intensamente durante seis anos ateacute sua morte e vivi quase um ano em seu apartamento Hoje me dou conta de que aquele periacuteodo foi responsaacutevel por mudar minha vida foi a bifurcaccedilatildeo que me fez abandonar um destino que me conduzia ao abismo Sou vagamente grato a Michel natildeo sei exatamente por quecirc talvez por uma vida melhor A grati-datildeo eacute um sentimento suave demais para se guardar eacute preciso desvencilhar-se dele e um livro eacute o uacutenico meio honroso de fazecirc-lo o uacutenico comprometedor Seja qual for o valor especiacute-fico de diversos protagonistas de minha histoacuteria acontece o mesmo com todo mundo em todas as civilizaccedilotildees o filho deve esperar que algueacutem tenha a forccedila e a capacidade de demons-trar de modo diferente o amor que o pai lhe dedicava e que sentia como um peso para enfim saber no que ele consistia Eacute preciso tempo para compreender o que amar quer dizer
mathieu lindon
bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- eduardo de castro
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bernardokucinski
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
B Kucinski eacute assinatura literaacuteria do jornalista e pro-
fessor Bernardo Kuncinski Nascido em 1937 em Satildeo
Paulo Kucinski descende de uma famiacutelia de judeus imi-
grantes da Polocircnia Seu pai Majer Kucinski foi escritor
e criacutetico literaacuterio da liacutengua iiacutediche
Graduado em Fiacutesica pela Universidade de Satildeo Paulo
cedo tornou-se jornalista Foi editor-assistente da re-
vista Veja e do jornal Gazeta Mercantil correspondente
no Brasil dos jornais ingleses The Guardian e Latin
America Political Report e cofundador de vaacuterios jornais
alternativos entre os quais Amanhatilde Opiniatildeo Movi-
mento em Tempo e do site Carta Maior
BERnaRDO KuCinSKi
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
VOCEcirc VAI VOLTAR PRA MIME OUTROS CONTOS
prefaacutecio Maria Rita Kehl
texto de orelha Juliaacuten Fuks
BERnaRDO KuCinSKi
K RELATO DE UMA BUSCA
Aclamado pela criacutetica e finalista dos precircmios Portugal Telecom e Satildeo Paulo de Literatura de 2012 K Relato de uma busca eacute relanccedilado pela Cosac Naify por ocasiatildeo da efemeacuteride de cinquenta anos do Golpe Militar de 1964 com posfaacutecio de Renato Lessa O romance de estreia do jornalista Bernardo Kucinski narra a histoacuteria de um pai em busca da filha que desapareceu como tantos outros durante a ditadura no Brasil A narrativa a um tempo enxuta e sensiacutevel de Kucinski eacute feita de capiacutetulos quase independentes apresen-tando vaacuterios acircngulos de uma mesma histoacuteria ndash a histoacuteria da ausecircncia e da impunidade
K RELATO DE UMA BUSCA
posfaacutecio Renato Lessa
texto de orelha Maria Victoria Benevides
Assista ao viacutedeo em que Bernardo Kucinski fala sobre o romance K e o livro de contos Vocecirc vai voltar para mim
Lanccedilaremos por ocasiatildeo da flip os ebooks de K e Vocecirc vai voltar pra mim com dois contos ineacuteditos em cada um
eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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eduardo viveiros de castro
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
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Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
eduardo viveiros de castro
Eduardo Viveiros de Castro nasceu em 1951 no Rio de Ja-
neiro Antropoacutelogo realizou pesquisa de campo entre os
iacutendios Yawalapiacuteti e os Araweteacute Eacute professor do departa-
mento de Antropologia Social do Museu Nacional (ufrj)
desde 1978 Lecionou na Eacutecole des Hautes Eacutetudes en
Sciences Sociales (Paris) nas universidades de Chicago
e Cambridge Eacute considerado internacionalmente um dos
principais estudiosos das etnias brasileiras Publicou A in-
constacircncia da alma selvagem (2002) em que expotildee as
bases do perspectivismo ameriacutendio um marco da antro-
pologia brasileira
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
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marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- eduardo de castro
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-
eduardo viveiros de castro
A INCONSTacircNCIA DA ALMA SELVAGEM
A trajetoacuteria intelectual de Eduardo Viveiros de Castro um dos maiores antropoacutelogos da atualidade eacute editada pela primeira vez em um uacutenico volume Em grande parte centrados nas sociedades amazocircnicas os nove ensaios revistos pelo autor buscam alcanccedilar o pensa-mento indiacutegena Para tanto travam um forte diaacutelogo com a filosofia do qual resulta por exemplo o conceito de ldquoperspectivismordquo que permite entender como os iacutendios veem os ani-mais e a si mesmos
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
leia um trecho do livro
obra [capa] Ceacutelia Euvaldo
quarta capa Manuela Carneiro da Cunha
coleccedilatildeo Ensaios
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
almeidafaria
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
Almeida Faria nasceu em 1943 no Alentejo Portugal
Aos dezenove anos publicou seu primeiro e premiado
romance Rumor branco Aleacutem de romancista eacute autor de
ensaios contos e peccedilas de teatro A paixatildeo (1965) eacute o pri-
meiro volume da Tetralogia Lusitana composta tambeacutem
por Cortes Lusitacircnia e Cavaleiro andante Recentemente
lanccedilou O murmuacuterio do mundo (2012) relato de viagem agrave
Iacutendia Seus romances receberam diversos precircmios e fo-
ram traduzidos para vaacuterios idiomas Ao conjunto de sua
obra foi atribuiacutedo o precircmio Vergiacutelio Ferreira da Universi-
dade de Eacutevora e o precircmio Universidade de Coimbra
almeida faria
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
A PAIxAtildeO
Originalmente publicado em 1965 e conside-rado um marco na literatura portuguesa este romance-poema influenciou entre outros Raduan Nassar em Lavoura arcaica e An-toacutenio Lobo Antunes Dividido em trecircs partes (Manhatilde Tarde e Noite) A paixatildeo se desenrola durante a Sexta-Feira Santa numa proprie-dade rural do Alentejo sul de Portugal O au-tor daacute voz aos diversos habitantes da casa pai matildee filhos empregados Os fluxos de consciecircncia se alternam assim a cada capiacute-tulo e compotildeem uma verdadeira sinfonia que a cada monoacutelogo revela uma maneira distinta de pensar e ver o mundo
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
almeida faria
leia o primeiro capiacutetulo
texto de orelha Ana Miranda
prefaacutecio agrave ediccedilatildeo brasileira Almeida Faria
almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- jorge edwards
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- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
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almeida faria
Leia no blog o texto ldquoUm dia em abrilrdquo de Almeida Faria sobre a relaccedilatildeo de A paixatildeo com a Revoluccedilatildeo dos Cravos
Autorizaccedilatildeo da censura do governo portuguecircs para A paixatildeo
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
jorgeedwards
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
Jorge Edwards nasceu em Santiago do Chile em 1931
Formou-se em direito na Universidade do Chile e envere-
dou pela vida diplomaacutetica ndash seu uacuteltimo cargo antes de se
aposentar no iniacutecio de 2014 foi como embaixador chileno
na Franccedila Em paralelo desenvolveu uma das mais res-
peitadas carreiras literaacuterias em liacutengua espanhola ndash com
mais de vinte livros publicados em 1999 conquistou o
Precircmio Miguel de Cervantes Ao lado de Joseacute Donoso
(1924-1996) Edwards eacute um dos iacutecones da chamada Ge-
raccedilatildeo de 50 chilena Em A origem do mundo qualquer
semelhanccedila com o Dom Casmurro de Machado de Assis
talvez natildeo seja mera coincidecircncia ainda pouco conhe-
cido no Brasil Edwards eacute no entanto admirador da litera-
tura do paiacutes sobretudo do Bruxo do Cosme Velho sobre
quem jaacute publicou um aprofundado estudo
jorge edwards
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
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A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
A ORIGEM DO MUNDO
Num dos melhores romances da litera-tura hispacircnica das uacuteltimas deacutecadas Jorge Edwards (Precircmio Miguel de Cervantes 1999) tematiza de forma traacutegica e ao mesmo tempo bem-humorada a decadecircncia e o renasci-mento do amor e do desejo o fracasso dos sonhos poliacuteticos e a ficccedilatildeo como elemento de resistecircncia indispensaacutevel agrave vida Na histoacuteria o casal de meacutedicos Silvia e Patricio Illanes exilados em Paris apoacutes o golpe de Pinochet em 1973 convive com o amigo Felipe Diaz um boecircmio livre e sedutor aleacutem de corajoso criacutetico dos velhos dogmas da esquerda Diaz reuacutene qualidades opostas a Patricio que eacute um homem seacuterio contido defensor da vida saudaacutevel e dedicado marido de uma mulher bem mais jovem Com a morte do amigo o que antes era apenas uma silenciosa descon-fianccedila sobre os sentimentos de Silvia se forta-lece e tomado pelo ciuacuteme juvenil aos setenta anos Illanes comeccedila uma pateacutetica investiga-ccedilatildeo cuja principal pista eacute a reproduccedilatildeo de um ceacutelebre quadro de Gustave Courbet
ldquoDe todas as histoacuterias que [Edwards] escreveu esta eacute a que eu gosto mais a mais divertida e inesperada a de construccedilatildeo mais astutardquo Mario Vargas Llosa
Disponiacutevel tambeacutem em e-book
jorge edwards
traduccedilatildeo Joseacute Rubens Siqueira
ensaio Mario Vargas Llosa
Leia o texto de Jorge Edwards sobre ldquoA residecircncia na liacutenguardquo no caderno Aliaacutes de O Estado de S Paulo
clique aqui
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
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- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
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- daniel kondo
- marilda castanha
-
A ORIGEM DO MUNDO [TRECHO DO liVRO]
O imprevisiacutevel desesperado perigoso confirmou-se muito mais cedo que se esperava Teve para espanto do doutor a mais extrema das confirmaccedilotildees Porque ele foi o primeiro a encontrar Felipe Diacuteaz na segunda-feira agrave noite e a diagnos-ticar morte do amigo sem a menor duacutevida a quatro metros de distacircncia antes de atravessar a porta do quarto quando o seu proacuteprio coraccedilatildeo mais velho poreacutem vivo ainda palpitava com forccedila Quem o chamou ao anoitecer foi Alfredo Arias um espanhol das Canaacuterias amigo de ambos e companheiro oca-sional de Felipe em trabalhos jornaliacutesticos Alfredo estranhou muito Felipe natildeo ter comparecido agrave tarde para um compro-misso profissional na Raacutedio Francesa e Felipe era apesar de tudo apesar do alcoolismo dos romances dos caprichos uma dessas pessoas que nunca faltam ou que nunca faltam sem avisar a tempo outro traccedilo que o diferenciava de seus cole-gas intelectuais ou pseudointelectuais da Ameacuterica Latina Na qualidade de vizinho amigo e conterracircneo o doutor Illanes Patricio Illanes haacute muitos anos possuiacutea a coacutepia das chaves do apartamento de Felipe Abriu uma gaveta que natildeo abria nunca encontrou as chaves no lugar de sempre no fundo atraacutes de outros molhos mais ou menos enferrujados e foi ver o que acontecia Para Silvia sua mulher que tinha se fechado no quarto para assistir a um filme disse vagamente que daria um pulo na casa de Felipe Diacuteaz e voltaria logo Depois de digitar o coacutedigo 13A4 na porta da Rue de la Campagne Premiegravere e antes de colocar a chave na fechadura do segundo andar agrave esquerda do elevador natildeo sem ter batido algumas vezes e to-cado a campainha teve uma raacutepida fulminante intuiccedilatildeo Felipe natildeo concebia a ideia de viver retirado como em quarteacuteis de inverno e menos ainda aos cuidados de sua amiga mexicano--japonesa filoacutesofa que tinha demonstrado em seu empenho
jorge edwards
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
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QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
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A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
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quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
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Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
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ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
jorge edwards
de instalar-se no apartamento dele na Campagne Premiegravere e acompanhaacute-lo em sua velhice um coraccedilatildeo de ouro sem duacute-vida mas pouca filosofia Tinha saiacutedo agrave caccedila Felipe naquele saacutebado (estavam agora na segunda-feira agrave noite) e teria se-duzido com efeito supocircs o doutor alguma vendedora do Bon Marcheacute talvez natildeo uma gorda cinquentona obscena pintada como havia imaginado de iniacutecio mas sim uma jovenzinha alta musculosa natildeo de todo feia como imaginava agora e que teria por exemplo chegado havia pouco de Barcelona onde fora residir alguns meses para aprender espanhol (primeiro motivo de conversa escolheu mal o local a Barcelona se po-dia ir para aprender catalatildeo el catalagrave neneta xiqueta) e que de imediato ao fim de breves tentativas de algumas brinca-deiras de uns elogios em bom castelhano tinha se mostrado encantada de praticar o idioma com um sentildeor interessante e que vinha de terras parecidas e inclusive mais distantes muito mais exoacuteticas Crsquoest ougrave le Chili teria perguntado a francesi-nha a ele supocircs o doutor e Felipe teria dito que ia responder em detalhes O doutor balanccedilou a cabeccedila entre divertido e confuso impressionado Por traacutes da serenidade brincalhona de seu amigo Felipe Diacuteaz havia se aberto um abismo Secircneca ti-nha ficado onde As coisas teriam terminado imaginou o dou-tor tarde demais com Felipe Diacuteaz becircbado muito becircbado vo-mitando no tapete miacutesero fino e desfiado de uma chambre de bonne no bairro de Clichy vomitando a alma como se dizia em Iquique e Santiago e pensando que ia morrer de um minuto para o outro que seu tempo na face da Terra havia terminado que os prazos haviam se cumprido (pensava havia trecircs ou qua-tro dias desde a reiteraccedilatildeo de seus fracassos sexuais com a filoacutesofa e ningueacutem como ficou demonstrado poderia tirar isso de sua cabeccedila) enquanto a francesinha receacutem-chegada da Catalunha aprendiz de vendedora e hispanohablante transfor-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
PROGRAMACcedilAtildeO FLIPInhA 2014
QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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-
mada em Fuacuteria em Goacutergona nua com os pelos puacutebicos cres-pos o insultava o insultaria com os recursos mais obscenos de sua liacutengua batia na cabeccedila de todos que conseguia com o salto do sapato diria que fosse agrave merda agrave puta merda de onde tinha saiacutedo o velho imundo impotente miseraacutevelminus A partir disso ndash murmurou o doutor ndash ou de alguma coisa muito parecida porque soacute pode ter sido uma coisa muito pare-cida podemos imaginar e compreender tudo Eu pelo menos compreendo perfeitamente a reaccedilatildeo de Felipe Nunca teria me colocado numa situaccedilatildeo assim natildeo tenho o temperamento adequado e natildeo tenho tambeacutem acho culhotildees mas na hipoacute-tese de que tivesse chegado a uma circunstacircncia dessas a esses extremos era provaacutevel que eu reagisse do mesmo jeitomdash A reaccedilatildeo final vocecirc quer dizermdash A reaccedilatildeo finalmdash Se estivesse em suas matildeos o senhor o ajudaria a morrer Soacute para eu saber ndash acrescentou Alfredo Arias que tinha apa-recido na Campagne Premiegravere quarenta e cinco minutos de-pois ndash Nunca eacute demais saber
jorge edwards
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QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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QUARTA-FEIRA 30 DE JULHO9h agraves 10h Tenda da Flipinhada memoacuteria agraves histoacuterias
Laura Teixeira e luciana Grether Carvalhomediaccedilatildeo flora Salles
QUINTA-FEIRA 31 DE JULHO8h30 agraves 9h30 Casa da Culturaa ilustraccedilatildeo ontem e hoje
Daniel Kondo e Mario Bag mediaccedilatildeo luciana Grether Carvalho
SExTA-FEIRA 01 DE AGOSTO9h agraves 10h Tenda da Flipinhaa muacutesica e a literatura
Bia Bedran e Marilda Castanhamediaccedilatildeo anna Claudia Ramos
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
laurateixeira
Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
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marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
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Laura Teixeira nasceu em Satildeo Paulo em 1976 Eacute ilus-
tradora e designer mestre pela Universidade de Satildeo
Paulo com especializaccedilatildeo em ilustraccedilatildeo pela Escola de
Design e Arte (Eina) Barcelona Desenhou e escreveu
Aacutegua de pegar (Jujuba 2011) Nuacutemero de circo (Hedra
2009) e Letra de forma (Hedra 2009) Para a Cosac
Naify ilustrou O jarro da memoacuteria (2005) de Claudio
Galperin Aleacutem de livros ilustrados tambeacutem adora criar
histoacuterias em quadrinhos murais objetos e outros traba-
lhos graacuteficos
laura teixeira
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
daniel kondo
MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
veja mais veja mais
luiz anTOniO
ilustraccedilotildees Daniel Kondo
quarta capa Heloisa Prieto
marildacastanha
marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
marilda castanha
PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
texto de orelha Daniel Mundurukucoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
AGBALAacute UMLUGAR-CONTINENTE
texto de orelha Leila Leite Hernandezcoleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
veja mais veja mais
- indice
- apresentaccedilatildeo cosac
- prog flip
- mathieu lindon
- kucinski
- eduardo de castro
- almeida faria
- jorge edwards
- prog flipinha
- laura teixeira
- daniel kondo
- marilda castanha
-
O JARRO DA MEMoacuteRIA
A delicadeza do texto busca um fio capaz de unir infacircncia maturidade e velhice a memoacuteria Laurinha cria o ldquoguardador de lembranccedilasrdquo um jarro onde as recordaccedilotildees se acumulam na forma de pedrinhas para poder lembrar dos acontecimentos especiais de sua vida A ilus-tradora Laura Teixeira criou um trabalho origi-nal feito apenas com canetas esferograacuteficas Segundo o escritor Rodrigo Lacerda ldquoGalperin e Laura botam no papel esses misteacuterios que nascem no coraccedilatildeo da genterdquo
laura teixeira
ClauDiO GalpERin
ilustraccedilotildees Laura Teixeira
quarta capa Rodrigo Lacerda
danielkondo
daniel kondo
Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
de ilustrador na publicidade Pela Cosac Naify publicou
Minhas contas (2008) de Luiz Antonio o livro-imagem
Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
SURFANDO NAMARQUISEpaulO BlOiSE
ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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luiz anTOniO
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quarta capa Heloisa Prieto
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marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
lanccedilou tambeacutem o livro para bebecircs Ops (2011)
OPS
O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
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Daniel Kondo nasceu em Passo Fundo (rs) em 1971
mas mora atualmente em Satildeo Paulo Iniciou sua carreira
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Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
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MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
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Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
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(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
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O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
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Tchibum (2009) com concepccedilatildeo do ex-nadador Gus-
tavo Borges e Surfando na Marquise (2009) com texto
de Paulo Bloise que integra a coleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
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ilustraccedilotildees Daniel Kondocoediccedilatildeo Ediccedilotildees sesc spcoleccedilatildeo Oacutepera Urbana
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Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
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senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
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lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
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O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
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MINHAS CONTAS
Minhas contas tematiza a toleracircncia religiosa ao contar a histoacuteria de uma amizade abalada pelo preconceito O livro revela-se ainda uma bonita celebraccedilatildeo da cultura africana tatildeo im-portante para a formaccedilatildeo da identidade bra-sileira Pedro e Nei satildeo ldquodois furacotildeezinhosrdquo inseparaacuteveis Mas a matildee de Pedro o proiacutebe de brincar com o amigo por causa dos fios de contas que ele usa As cores e os objetos do candombleacute foram o ponto de partida para Daniel Kondo conceber as vivas ilustraccedilotildees que demonstram as caracteriacutesticas de im-portantes orixaacutes As dezoito divindades que participam da histoacuteria aparecem ao final em pequenas ilustraccedilotildees e textos explicativos Na quarta capa a escritora Heloisa Prieto con-firma a relevacircncia da obra ldquoO texto comove ao apontar para uma responsabilidade que eacute da conta de todos noacutes o direito agrave liberdaderdquo
TCHIBUM GuSTaVO BORGES
ilustraccedilotildees Daniel Kondoapoio Speedo
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ilustraccedilotildees Daniel Kondo
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marilda castanha
Marilda Castanha nasceu em 1964 em Belo Horizonte
Eacute formada na Escola de Belas Artes da Universidade
Federal de Minas Gerais Participou em 1997 do se-
minaacuterio de ilustraccedilatildeo em Bratislava (Eslovaacutequia) De-
senvolveu a coleccedilatildeo Histoacuterias para Contar Histoacuteria
(Cosac Naify 2008) ao lado de seu marido o autor e
ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
terra das palmeiras ndash vencedor dos precircmios Runner-Up
(Noma-Unesco Japatildeo 2000) Prix Graphique Octogone
(Franccedila 2000) Melhor Ilustraccedilatildeo (fnlij 1999) e o Jabuti
de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
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O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
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PINDORAMA TERRA DAS PALMEIRAS
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de Melhor Ilustraccedilatildeo de Livro Infantil ou Juvenil (cbl
2000) ndash e Agbalaacute um lugar continente ndash precircmio de Me-
lhor Livro Informativo (fnlij 2002) Pela Cosac Naify
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O menino derruba o sorvete no chatildeo chuta a bola e quebra o vidro da janela voa no ba-lanccedilo pra frente e pra traacutes e Oooops Neste livro cartonado de uma palavra soacute Marilda Castanha propotildee agraves crianccedilas pequenas um exerciacutecio de observaccedilatildeo e descobertas Ilus-trado em cores vivas cada paacutegina dupla traz uma situaccedilatildeo diferente de ldquoopsrdquo de cenas de-sastradas a enganos que cometemos no dia a dia como abrir um livro de cabeccedila para baixo Para natildeo leitores perspicazes e curiosos
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ilustrador Nelson Cruz na qual publicou Pindorama
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marilda castanha
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