Guia Ecologico Domestico - Mauricio Waldman Dan Schneider

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  • Maurcio Waldman Dan Schneider

  • GUIA ECOLGICO DOMESTICO

    MAURCIO WALDMAN

    DAN MOCHE SCHNEIDER

  • Para Cacilda Lanuza, indomvel militante ambientalista.

  • SUMRIO

    INTRODUO 15

    I - CULTIVANDO EM CASA 19

    Alimentos produzidos industrialmente 19 O cheque sem fundo da agricultura moderna 21 Praticando a agricultura ecolgica 23

    O que composto orgnico? 24 Fazendo o composto orgnico 26 Materiais da sua casa que podem ser compostados 26 Tcnicas de compostagem 27 O mtodo do caixo neozelands 27 Outras tcnicas existentes 28 Controle da compostagem 30 Aplicando o composto orgnico 30

    Como cultivar hortalias 30 Onde plantar? 30 Como plantar e preparar a terra? 30 Semeando e transplantando 31

    Cultivando rvores frutferas 33 Um pomar diretamente na terra 33 O seu pomar em vasos 34

    7

  • Os cuidados a serem tomados com o seu pomar 35 As espcies indicadas para a sua casa 35 Espcies para o clima tropical 36 Espcies para o clima subtropical 36 Espcies para o clima temperado 36

    Como montar um jardim 37 Mantendo as plantas em recintos fechados 37 Os cuidados bsicos da jardinagem domstica 38 Como manter suas plantas vistosas e saudveis 40

    Hidroponia: cultivando sem terra 41 As modalidades da hidroponia 43 As vantagens da hidroponia 43 Fazendo sua horta hidropnica 44

    H - BOM APETITE! 45 Pensando antes de comer 45

    A farsa dos transgnicos 45 Carne para poucos ou alimentos para muitos? 47

    Como escolher frutas e verduras 51 O cru e o cozido 52 Alimentando-se de vegetais e frutas cruas 53 As frutas 54 Aproveitando tudo 57

    A casca da banana 58 A casca da batata 58 A casca do maracuj 58 Folhas e talos 58 O po velho 59 O arroz cozido 59 Os nabos 60 O caroo da jaca 60

    Dicas para aproveitar os minerais dos alimentos 60 Processos simples e eficientes para conservar os alimentos 62

    Processo de armazenamento de cereais em gros 62 Processo com gelo-seco 63 Processo com leo 63 Processo da queima de oxignio 64

    8

  • Fazendo conservas de frutas 64 Preparando o xarope das conservas de frutas 64 As etapas da elaborao das conservas de frutas 65

    Fazendo conservas de cogumelos 66 Fazendo conservas de legumes, verduras e feijes 67 Conservas de carne bovina 68

    Fazendo a conserva tradicional 68 Fazendo carne-de-sol 69

    Mtodos para conservar ovos 69 Mtodo do papel de seda 69 Mtodo da gua de cal 70

    III - EVITANDO O DESPERDCIO 71

    Valorizando os recursos 71 As grandes fontes de desperdcio 72 Combatendo o desperdcio 74 Dicas para economizar energia 76

    Economizando com a geladeira 77 Economizando na hora de ligar o chuveiro 78 Economizando na hora de ligar a luz 79 Economizando na hora de ligar a televiso 80 Economizando na hora de ligar o ferro eltrico 82 Economizando na hora de ligar a mquina de lavar 82 Economizando na hora de ligar o ar-condicionado 83 Economizando na hora de ligar a torneira eltrica 84 Economizando na hora de ligar o forno de microondas.. 84 Diminuindo o consumo no horrio de pico 85 Combatendo os vazamentos de energia eltrica 85

    Dicas para economizar gua 86 Detectando evidncias de vazamentos 89 Testando vazamentos 89 Economizando na hora de abrir a torneira 90 Economizando na hora de ligar o lava-louas 92

    Dicas para economizar gs 92 Aproveitando melhor o gs 93 Cuidados necessrios com o gs 93

    Usando energias alternativas 95 Utilizando a energia solar em sua casa 96 Utilizando a energia elia na sua casa 99

    9

  • IV - LIXO: ACERTANDO NA CESTA 101

    O problema do lixo 101 Solues gerais existentes para o lixo 104 Mudando o seu modo de vida 104 Diminuindo a gerao de resduos 105

    Ajudando a manter o mundo limpo 105 Gerando menos problemas com as embalagens 105 Gerando menos problemas com as pilhas 108 Impedindo a transformao do papel em lixo 108 Impedindo a transformao do vidro em lixo 110 Impedindo a transformao do plstico em lixo 111 Impedindo a transformao dos metais em lixo 113 Impedindo a transformao do vesturio em lixo 114 Impedindo a transformao das suas utilidades domsticas em lixo 115 Impedindo a transformao de qualquer tipo de substncia ou material em lixo 116 Utilizando produtos ecolgicos 116 Identificando o "marketing verde" 119

    Reciclando recursos vitais 119 Conhecendo a coleta seletiva 120 Fraes seca e molhada 121 Os cdigos de cores da reciclagem 122 Os rejeitos 122 O que as prefeituras tm feito 122 O que os catadores tm feito 124 O que voc pode fazer 125 Reciclando papel na sua casa 125 Reciclando papel fora da sua casa 126 Organizando um programa local de coleta de papel 126 Implantando e monitorando o programa 127 Organizando o espao para armazenagem do papel 128 Organizando a coleta de papel 128 Registrando os custos do programa local 128 Registrando os benefcios do programa local 129

    V-LIMPANDO ECOLOGICAMENTE 131

    Alternativas aos pesticidas e desodorizadores 131 Combatendo as formigas 132

    10

  • Combatendo as moscas 133 Combatendo (sem trguas) as baratas 133 Combatendo os piolhos 134 Combatendo os insetos de plantas 134 Combatendo as pulgas nos animais 134 Combatendo as traas 135 Combatendo os cupins 135 Combatendo os pernilongos 136 Combatendo os insetos voadores 136

    Alternativas aos produtos de limpeza 136 Fazendo detergente caseiro e sabo lquido para pia e limpeza em geral 138 Fazendo sabo novo para lavar loua com restos de sabo velho 138

    Alternativas para afastar odores inconvenientes 138 Perfumando sua cozinha 139 Desodorizando a cozinha 139 Desodorizando os ambientes em geral 139 Desodorizando o cheiro dos animais domsticos 139 Desodorizando sapatos e tnis 139 Desodorizando pinturas de parede 140

    Como fazer saquinhos de cheiro 140 Rosa, jasmim e lavanda: misturando aromas 140 Pout-pourri de rosa 141 Pout-pourri de sndalo doce (mistura mida) 141

    Alternativas para limpezas especficas 142 Limpando o carpete 142 Limpando o tapete 142 Limpando os mveis dos plos dos animais domsticos 142 Limpando as janelas 142 Limpando metais e louas sanitrias 143 Limpando cermicas e azulejos em geral 143 Dando brilho nos mveis 143 Amaciando roupas em geral 143 Amaciando roupas de l 143 Evitando o mofo e a umidade 143

    Alternativas para tirar manchas 144 Tirando manchas da porcelana 144 Tirando manchas da parede 144

    8

  • Tirando manchas do bronze 144 Tirando manchas do cobre 145 Tirando manchas das pias 145 Tirando manchas dos estofados de pano 145 Tirando manchas dos tapetes 145 Tirando manchas dos tecidos 146

    Cuidados com os animais 147

    VI - REFORMULANDO A FARMCIA 151

    Uma sociedade doente 151 Contando com o prprio corpo 153 Algumas regras bsicas de higiene fsica e mental 154 Fazendo preparados medicinais 156

    Preparando compressas 156 Preparando extratos simples 156 Preparando leos fixos 157 Preparando pasta de amido 157 Preparando ps medicinais 157 Preparando uma decoco 157 Preparando uma infuso 157 Preparando uma tintura 158 Preparando xaropes 158

    Plantas utilizadas na medicina alternativa 159 Um jardim medicinal em casa l60 Espcies que podem ser cultivadas em casa 161 Indicaes do receiturio caseiro 163

    Medicando o reumatismo, artrite, torceduras e dores musculares 163 Medicando a diarria 163 Medicando a conjuntivite 164 Medicando a tosse 164 Medicando o nariz entupido 165 Medicando gripes e resfriados 165 Medicando a sinusite 166 Medicando a bronquite 166 Medicando a garganta inflamada 166 Medicando a dor de cabea 166 Medicando a dor de dente 166

    12

  • Medicando a ressaca 166 Medicando as queimaduras do sol 167 Medicando pequenos cortes 167 Medicando priso de ventre 167 Medicando picadas de abelhas e marimbondos 167 Medicando picadas de pernilongos e borrachudos 167 Medicando casos de vermes e de solitria em crianas 167 Medicando dores estomacais 168 Fortalecendo os seus dentes e as suas gengivas 168 Limpando suas fossas nasais 168 Cicatrizando ferimentos 169

    Cuidados a serem tomados numa farmcia 169

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 171

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  • INTRODUO

    A alegria de uma casa, em bem pouco se resume:

    Beijos, abraos, canes, gua, po, flores e lume.

    A crise ambiental um fenmeno que nos anuncia a morte das flores e das canes, o envenenamento da gua e do po, sem contar a crescente escassez de alimentos, quase sempre mascarada pela m distribuio da riqueza gerada pela sociedade.

    Essa crise revela-se tambm em dados (Worldwatch Institute), como os cinco bilhes de dlares anuais gastos pelos norte-ame-ricanos em dietas para diminuir o seu consumo de calorias, en-quanto centenas de milhes de pessoas no mundo acham-se to subnutridas que seus corpos e mentes esto sofrendo prejuzos irreversveis.

    Pressionados a enfrentar a crise, os centros de poder mundial insistem exclusivamente numa abordagem defensiva, que busca evitar a todo custo os efeitos indesejveis da poluio, encobrindo ao mesmo tempo a raiz do problema: o modelo de civilizao existente, que se reproduz semeando desejos que, ao serem trans-formados em necessidades crescentes, vampirizam a Natureza e engendram desigualdade, frustrao, dependncia e alienao.

    Antes de tudo, preciso lembrar que a luta por um ambiente sadio no pode ser estritamente voltada para a preservao das es-

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  • pcies animais e vegetais - cuja sobrevivncia est ameaada pela poluio e pela degradao do ambiente natural - mas tambm para o homem, que tambm uma vtima da catstrofe planetria.

    O enorme conjunto de seres humanos que habitam condom-nios, casas e apartamentos, localizados em paisagens urbanas em todo o mundo, so geralmente compreendidos como "seres dis-tantes da Natureza". Mas ser que isso mesmo? A Natureza est fora de casa, longe da cidade? At que ponto a casa no se refere a uma ecologia prpria?

    Lembre-se de que por entender que a Natureza algo "externo" aos homens e s mulheres que muitas vezes as pessoas deixam de pensar o que seria uma prtica ecologicamente correta a ser realiza-da no bairro, no local de trabalho, na escola ou no interior do lar.

    No perodo em que hoje vivemos, a vida urbana incentiva e condiciona hbitos de esbanjamento e de destruio, que so uma barreira proteo da Natureza. O seu grande motor o consu-mismo, que se tornou smbolo da liberdade individual.

    Essa idolatria do consumo nos convence, por todas as maneiras, de que a aquisio de bens tem relao direta com a felicidade. Ou seja, quanto mais se consome, mais se feliz. Ora, essa relao no verdadeira. Os ensinamentos de muitas culturas assim esclarecem. Pode ser uma frase batida, mas o fato que, para alm do nvel de suficincia material, dinheiro no compra felicidade.

    Romper com essa situao no nada fcil. Acostumados que estamos em consumir, agir de outra forma pode ser impossvel, caso no tenhamos um mnimo de bom senso. Essa qualidade surge quando compreendemos que podemos possuir menos coi-sas (e que, portanto, "menos coisas nos possuem"), fortalecendo assim a nossa soberania e auto-suficincia.

    esse sentimento de simplicidade voluntria que pode nos con-duzir a uma menor dependncia com relao a tudo, partindo das grandes matrizes produtoras de energia e materiais at os meios que garantiro a nossa sobrevivncia material. Numa nica ex-presso, ser simples ser independente. Raramente poderemos governar uma casa saudvel se no ini-ciarmos esta higiene dentro de ns. A dependncia pode oferecer facilidades, mas apenas a independncia nos produz a sensao de crescimento interior e de amadurecimento pessoal.

    A casa pode ser pensada como espao de resistncia tendn-cia de consumo, matriz de um comportamento social capaz de

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  • colaborar na proteo do ambiente. Ao contrrio de um ecossistema, a casa uma unidade de consumo e processamento de energia, alimentos e materiais, dependente de fontes produtoras distantes e ignoradas e que no recicla a enorme e heterognea quantidade de resduos que gera.

    Na verdade, a casa o reflexo do que somos, ou melhor, do que fomos treinados a acreditar que somos: consumidores que se realizam adquirindo produtos e servios, em detrimento de nossa criatividade inata do fazer, curar, aprender, construir.

    H detalhes aparentemente secundrios do ambiente domiciliar que formam hbitos de preservao dos recursos, de melhor utili-zao e de transformao dos produtos, de reduo do lixo. Uma casa deteriorada ou bagunada forma ou confirma uma mentalida-de destruidora e esbanjadora.

    A desordem e a degradao fsica do ambiente conduzem perda da harmonia e do prazer que o gosto esttico incentiva. um estmulo insatisfao e ao conflito entre os que a permane-cem. Por nenhum outro motivo que no este, no se registram casos de pessoas ou casais em desarmonia cujas residncias sejam limpas, operacionais, saudveis ou prazerosas.

    Quando estamos arrumando a nossa casa, estamos tambm ar-rumando o nosso interior e retirando dele aquilo que nos agride e nos fragiliza emocionalmente. Desse modo, nunca se deixe enga-nar: quando muito lixo permanece na^asa, porque no estamos limpando devidamente o nosso interior e estamos resistindo em nos desvencilharmos do que no serve mais.

    Para ajudar na procura do equilbrio, para nossas casas e para ns mesmos, podemos, a princpio, nos perguntar:

    Consigo distinguir necessidade de desejo? Preciso realmente de todas as coisas que compro? Significam um desperdcio de recursos? Podem ser reutilizadas ou recicladas? H algum terreno livre que eu possa cultivar? Caso exista, que tipos de plantas silvestres, arbustos e plantas

    medicinais posso cultivar? H desperdcio de energia eltrica e gua em minha casa? Estou me alimentando com alimentos frescos ou com produtos

    industrializados? Espremidos em trens, abrindo caminho no meio de multides

    sufocantes ou vendo diante de si apenas um casario infinito e

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  • milhares de edifcios que parecem brotar do cho, cabe a ns en-frentar o maior desafio destes tempos, viver melhor num ambiente que oferece margens de manobra cada vez menores.

    A redescoberta do lar surge num momento em que as pessoas esto desiludidas com muitos valores da modernidade, como o anonimato, a carncia de laos duradouros entre as pessoas, os polticos e os seus partidos. A partir do envolvimento transforma-dor com a rotina dos domiclios, com a vizinhana, com nossos hbitos de consumo, a casa aparece como um meio para fortalecer e tornar as pessoas mais combativas.

    Muitos so os depoimentos e avaliaes que apontam os fato-res econmicos, sociais, polticos e religiosos como sendo as gran-des foras atuantes na transformao das sociedades. No entanto, lembre-se de que aos indivduos isoladamente tambm est colo-cada a possibilidade de mudar, inclusive a de mudar-se.

    Toda opo social comea primeiramente pela opo dos indi-vduos por um determinado caminho. Dizemos isto porque tor-nou-se lugar-comum, para muitos atores sociais, propor que as grandes causas so aquelas que resolvero os problemas do ho-mem. E, no caso da ecologia, essa opo deve obrigatoriamente ser concreta. A ecologia tem que se tornar um modo e no um meio de vida.

    Assim, convencido do importante papel que lhe cabe para mu-dar a sua vida que voc deve comear a mudar a sua casa. A casa um espao privilegiado, ntimo, local em que podemos criar e recriar relacionamentos, alimentao, repouso e explorar as di-menses no materiais de nossa vida, buscando uma qualidade melhor e diferenciada, muito distinta daquela que hoje nos altera a presso e o humor.

    O lar pode ser um centro ativo no qual as pessoas voltem a falar entre si, engendrem seus sonhos e desejos, anseios, expectativas, afetos e, particularmente, suas esperanas!

    casa rae, votada para dentro, aeita caCma do cu, embelezada peio e[emento feminino da gua, autocontida e tranqiiita, a anttese de[i6erada do mundo spero do traaHo, da guerra e do comrcio, o reino da muCher. paCavra ra6e sakan, que designa casa, e apaavra sabina, tranqio e sagra-do, tm a mesma origem, enquanto a pa[avra haran, que significa mutfier, e haram, sagrado, que designa os aposentos onde afama vive, na casa rae, tm iguamente raizes comuns.

    Hassan Fathy

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  • CULTIVANDO EM CASA

    AUMENTOS PRODUZIDOS INDUSTRIALMENTE

    A sociedade industrial tambm deixou a sua marca nos alimen-tos. Os supermercados esto repletos de produtos atraentes, um grande mosaico composto por latas multicoloridas, supercongelados e pacotes que convidam compra imediata.

    Nos rtulos, algumas informaes so enigmticas ao consumi-dor, chegando a passar despercebidas. Termos como saborfanta-sia, flavorizantes, edulcorantes e siglas, tais como EPI, HI, PIV e CU so alguns dos sinais da crescente artificialidade dos alimentos, compostos pelos mais variados tipos de aditivos, usados para acen-tuar-lhes a cor, o sabor e o aroma.

    Naturalmente, ningum pretenderia com essas observaes ne-gar a necessidade de aditivos. O homem os tem utilizado desde que aprendeu a cozinhar. O sal e o acar, por exemplo, so al-guns deles. Os temperos, as especiarias, os leos e os compostos criados para a conservao dos alimentos so outros bons exem-plos de aditivos que so colocados na nossa alimentao.

    Hoje em dia, porm, o uso de aditivos ultrapassou os limites do razovel. Atualmente, so mais de 2.500 substncias, naturais

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  • ou sintticas, utilizadas pela indstria alimentcia, algumas posterior-mente descobertas como nocivas sade. Por exemplo, o ciclamato, um adoante artificial, tem despertado forte polmica, pois suspei-ta-se que seja causador de cncer.

    Outra substncia, o glutamato monossdico, tem sido apontado nos Estados Unidos como substncia txica, relacionada com a Doena de Kwok, tambm denominada Sndrome do Restaurante Chins, isto porque seus sintomas lembram as dores de cabea, tonturas e nuseas que certas pessoas sentem em razo da intole-rncia pela culinria chinesa.

    Existem tambm casos de "alimentos" absolutamente artificiais, como as margarinas cujo consumo se justifica apenas em razo de campanhas milionrias de divulgao. Num esforo para se dife-renciar das demais, cada nova margarina batizada com um nome suave e, numa custosa estratgia de seduo, associada a ima-gens de sade (modelos atlticos e bronzeados), pureza (crianas) e natureza (paisagens buclicas).

    Mas que comido e s t a que requisita investir tanto dinheiro em maquiagem e espetculos que estimulem a sua venda? E claro que nin-gum nunca explodiu ao comer margarina. Mas, se levantarmos o vu das propagandas, cada vez mais belas, criativas e sofisticadas, o que encontraremos? Vejamos como o professor Aldo Rangel, da Universi-dade Rural do Rio de Janeiro, j em 1977, ensinava como se fabrica a margarina que gulosamente esparramamos sobre um pozinho francs:

    "Uma medida de gordura vegetal hidrogenada e cido sulfrico neutra-lizado com um pouco de soda custica; tudo isso aquecido a 150 graus, a c r e s c i d o de cido benzico, cido butil-hidroxianisol e butil-hidroxitolueno (explosivo). Depois acrescentado gaiato de propila, leite, gaiato de duocila e sal refinado. Tudo isso corado com corantes artificiais (CI), aromatizado artificialmente com FI e FIV, conservado artif icialmente com PI e PIV, acrescido dos antioxidantes AV, AVI e AXI; alm disso, acrescentam-se cerca de 2 0 . 0 0 0 unidades internacionais de vitamina A sinttica (acetato de vitamina A)".

    E... bom apetite!

    No "menu de opes" disponveis nas gndolas dos supermer-cados, encontramos ainda alimentos poludos por agrotxicos e antibiticos, pouco nutritivos, processados com altas doses de subs-tncias qumicas artificiais, enlatados, plastificados e embalados em sonhos esterilizantes, em embalagens esbanjadoras de mat-

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  • rias-primas e energia, produ-zidos por empresas cuja pri-meira preocupao no a

    Para completar, em nome f de um "tempo escasso", cada //f^ v, ^ vez mais transferimos para ter- < ~ f ceiros a responsabilidade e o )

    paro de nossa comida. Mal ^ ^ ^ ^ sobra tempo para desfrutar-mos o sabor dos alimentos, ^ \ I seu aroma, cor e consistncia; ignoramos nomes, variedades (([P^w^H^V y K ^ ^ ^ M W e propriedades medicinais do ^RN^B^ I^BBP^ \ que comemos.

    Apesar de desconhecermos a origem e a forma do processamento dos alimentos, comemos apres-sados e despreocupados com a qualidade daquilo que ingerimos e que afeta diretamente a nossa sade. Afinal, estamos garantidos pe-los mesmos tcnicos que, h pouco tempo, juravam que o leite de vaca - aquele processado e embalado pelas empresas nas quais trabalham - substitua, com vantagem, o leite materno.

    Assim, da mesma forma que existem cada vez mais mulheres que precisam ler um tratado de pediatria para amamentar, vamos trocan-do a nossa capacidade inata de fazer coisas pela possibilidade de escolher entre esta ou ac

    0 CHEQUE SEM FUNDO DA AGRICULTURA MODERNA

    Basicamente, a rpida obteno de lucros que determina o modelo extremamente dependente de insumos qumico-industriais da agricultura moderna. Por meio da monocultura, do uso macio de fertilizantes sintticos e de agrotxicos e da intensa mecaniza-o (e, conseqentemente, a expulso do trabalhador do campo para a cidade), a agricultura moderna vem quebrando recordes de produtividade, medidos em toneladas e dlares.

    O discurso desse modelo enfatiza que, se a Natureza lenta, que mal h em ajud-la a produzir mais alimentos, em menor tempo, para um mundo esfomeado? O problema que os indicadores de "toneladas e dlares" da agricultura nada informam acerca dos conte-

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  • dos nutritivos, dos insumos energticos e principalmente, das condies essenciais para a continuidade da prpria agri-cultura, ou seja, no contabi-lizam o esgotamento dos sis-temas de suporte naturais e as dvidas ambientais que se acu-mulam em razo desse mes-mo modelo.

    Alm disso, com relao populao de famintos, pode-mos assinalar que esta cres-ceu juntamente com a produ-o de alimentos, o que sig-nifica que no h falta de ali-mentos^ mas sim desequil-brios na sua distribuio e disparidades na apropriao da renda. No mundo atual, no ocorre fome por falta de po, mas, antes, pela ausncia de ganha-po.

    Em resumo, entre as principais conseqncias negativas da agri-cultura moderna temos:

    & perda ou desgaste do solo agrcola. O Worldwatch Institute estima que 24 bilhes de toneladas da camada superior do solo das terras frteis do mundo se perdem anualmente em razo da eroso ocasionada por um manejo inadequado do solo. Isso ocorre em razo da destruio da estrutura fsica do solo, provocada pela compactao do solo e pelo no retorno da matria orgnica, alm da inibio da bioestrutura do solo pelo uso de agrotxicos

    e fertilizantes; Segundo estimativas de um estudo\ r . , x & os efeitos nocivos a sade provo-de 1983, aproximadamente 10 mil

    pessoas morrem por ano nos pa-

    ses em desenvolvimento em virtu-

    de do envenenamento por pes-

    ticidas e cerca de 4 0 0 mil so gra

    cados pelos alimentos. Os prejuzos pro-vocados pela agricultura moderna so considerveis e nem sempre conhecidos em profundidade. Segundo amostra do

    vemente afetadas por eles. " J Conselho de Pesquisa Nacional dos EUA, referente a 65.725 substncias qumicas

    de uso comum, s 10% dos praguicidas e 18% das drogas tinham os dados necessrios para avaliaes completas sobre riscos para a

    22

  • sade. No havia dados sobre a toxicidade para cerca de 80% dos agentes qumicos usados em produtos e processos comerciais inventariados pela Lei de Controle de Substncias Txicas.

    PRATICANDO A AGRICULTURA ECOLGICA

    Toda crtica desacompanhada de uma proposta alternativa e exeqvel , pelo menos, uma abstrao sem sentido. E, assim sendo, qual seria a contraproposta agricultura dita "moderna"? Respondendo rapidamente, cultivar sem veneno, o que no s possvel, como tambm rentvel.

    o que o agrnomo Nasser Yussef Nasr com-prova no Centro de Cultura Natural Augusto Rus-chi, no municpio de Cachoeiro do Itapemirim, no Esprito Santo. Usando mtodos "no conven-cionais" (leia-se agricultura orgnica), conseguiu-se produzir dez caixas de laranja por p, uma produtividade cinco vezes maior que a mdia nacional.

    Conhecido popularmente como Horto, o centro visitado por dezenas de espcies de pssaros que se aninham pelas rvores. So comuns os ninhos de rolinhas, sabis, joes-de-barro e at coleiros. Os pssaros so atrados por milhares de insetos que po-voam o ambiente, livre de qualquer agrotxico.

    A agricultura ecolgica composta por uma diversidade de cor-rentes que j provaram que podem ter uma produtividade similar

    Localizada em Botu-

    catu (SP), a Fazenda

    Demeter, ligada agri-

    cultura biodinmica,

    um dos mais renomados

    centros produtores de

    alimentos naturais.

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  • agricultura moderna, agregada a aspectos superiores, como quali-dade dos alimentos, melhoria da capacidade produtiva do solo, preservao do meio ambiente e distribuio de renda.

    As correntes mais conhecidas so a agricultura orgnica, agri-cultura biolgica e a agricultura biodinmica, todas representadas no territrio brasileiro.

    As diversas vertentes da agricultura ecolgica possuem como metas comuns, conforme apontado no Primeiro Encontro Brasilei-ro de Agricultura Alternativa (1981):

    gerao de alimentos de alta qualidade biolgica, respeitando a Natureza, trabalhando com ela e no contra ela, operando com base num balano energtico equilibrado;

    manuteno da fertilidade do solo, com a generalizao da policultura e da integrao de lavoura e criao, realizando, assim, o controle da eroso e a preservao da gua potvel;

    excluso do emprego de agrotxicos poluidores dos alimentos e do ambiente. Utilizao de tcnicas biolgicas de controle das pragas nas lavouras;

    & utilizao mnima de insumos industriais, por meio do reapro-veitamento dos resduos de produo agrcola;

    entendimento do solo como um organismo vivo, manter e melhorar seus parmetros de produtividade;

    S reutilizao ao mximo os resduos orgnicos no mbito do prprio cultivo, reabastecendo a cadeia alimentar (uso dos processos de compostagem)

    No h nenhum problema "moderno" que uma ecologia bem aplicada no resol-va! Procure se alimentar com produtos pro-venientes da agricultura ecolgica. Essa pe-quena atitude produz reflexos positivos, tanto para a sade do nosso corpo, como para o equilbrio de ecossistemas, s ve-zes, bastante distantes de ns.

    0 QUE COMPOSTO ORGNICO?

    O composto orgnico um produto homogneo, obtido por meio de processo biolgico, pelo qual resduos formados por ma-tria orgnica so convertidos em outro material, mais estvel, em

    Cadeia alimentar: Trata-se do

    sistema no qual se processa a

    transferncia de energia, de or-

    ganismos vegetais para uma s-

    rie de organismos animais, por

    intermdio da alimentao e

    por meio de reaes bioqumi-

    cas. Cada elo da cadeia alimen-

    tar alimenta-se do organismo

    precedente e, por sua vez, ali-

    menta o seguinte. ,

    24

  • razo da atuao dos microorganismos j presentes no prprio resduo ou introduzidos por meio de agentes inoculadores. Aps processamento, essa matria orgnica transforma-se no composto orgnico, um tipo de adubo muito apreciado.

    Embora a maior parte da compostagem seja feita com restos animais e vegetais, o lixo constitui outra possibilidade. Nesse caso, o processo de compostagem trabalhar pois com a chamada fra-o molhada do lixo, ou seja, com os seus componentes orgni-cos. Estes incluem restos de comida, talos, cascas, p de caf, folhas, poda de jardim etc.; materiais no geral provenientes das residncias.

    A compostagem constitui uma forma bastante eficiente de de-volver matria orgnica para o mundo natural. H

    / Compi lostagem: mtodo

    de tratamento dos res-

    duos slidos do lixo pela

    fermentao da matria

    orgnica contida neles,

    conseguindo-se sua esta-

    bilizao sob a forma de

    um adubo denominado

    "composto".

    sculos, ou mesmo milnios, a adubao orgni-ca praticada em todo o mundo, baseando-se na restituio de restos das culturas e do esterco ani-mal ou humano ao solo.

    Nos grandes centros urbanos, esse trabalho executado por usinas de compostagem que, no entanto, reciclam muito pouco e, alm disso, no produzem composto de boa qualidade. Isso de-corre da prpria irracionalidade com a qual o sis-tema atualmente existente opera.

    Vejamos como o sistema trabalha: o lixo domstico de cada residncia resulta de uma profusa

    mistura de lixo de vrios recintos da casa: cozinha, banheiro, escritrio e quintal, materiais muito diversificados quanto sua natureza e composio;

    essa mistura de resduos ensacada pelos cidados e, posteriormente, depositada em determinados pontos da calada;

    & em seguida, um caminho, que nas mdias e grandes cidades um caminho compactador, amassa e mistura todos os ingredientes de milhares de sacos de lixo, transportando a massa de resduos para uma usina de compostagem;

    na usina, esses ingredientes so novamente separados; como a mistura de resduos diferentes foi intensa, muito

    material se perde e, numa grande usina, em mdia, de cada cem toneladas de lixo que entram, saem cinqenta toneladas de rejeito;

    25

  • & alm disso, substncias perigosas provenientes de pilhas, tubos de luz fosforescente, frascos de remdios, latas de veneno, sprays de todos os tipos, recipientes com resduos de produtos de limpeza etc. (previamente esmagados pelos compactadores) podem estar misturadas no composto orgnico, comprometendo sua qualidade.

    A soluo bvia para o problema uma s: coletar sepa-radamente os materiais, reaproveitando uma frao muito maior dos rejeitos e maximizando o trabalho nas usinas, inclusive as que operam com o sistema atual.

    Resumidamente, se houvesse coleta seletiva de matria orgni-ca, o aproveitamento do material seria muito maior, e a Natureza aplaudiria!

    FAZENDO 0 COMPOSTO ORGNICO

    Voc pode produzir seu prprio composto orgnico e desse modo contribuir para a minimizao do volume de material org-nico presente na composio do lixo, transformando os restos de alimentos da sua casa em composto. Dessa forma, voc tambm estar contribuindo para a retomada dos ciclos de matria orgni-ca, tais como a Natureza estabeleceu desde a aurora dos tempos.

    A matria orgnica h muitos milnios foi descoberta como o fa tor primordial para manter a fertilidade do solo. Vrios povos indgenas da Amrica, quando plantavam milho, colocavam um peixe no fundo da cova, como oferenda aos deuses. Desse modo, faziam uma adubao orgnica com matria-prima de fcil decomposio.

    MATERIAIS DA SUA CASA OUE PODEM SER COMPOSTADOS

    Para iniciar um processo de compostagem, precisamos de al-guns "ingredientes bsicos", tais como: cascas de ovos, de frutas e de vegetais, p de caf, restos de comida e resduos provenientes de jardinagem. Devemos excluir os leos, a carne e os resduos de queijos, pois podem atrair animais (ratos, baratas, vermes etc.).

    Pensando no material a ser compostado a partir de algumas cate-gorias comuns a muitas residncias, podemos ressalvar:

    lixo domstico-, quase todo lixo orgnico de cozinha, com exceo dos leos e da gordura animal, um excelente material para compostagem;

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  • cinzas-, as cinzas de madeira, provenientes da lareira ou de fogo lenha, so um ingrediente de grande valor na compostagem, pois so importante fonte de potssio;

    & aparas degrama-, a reutilizao orgnica das aparas de grama pode ser feita simplesmente deixando-as no gramado ou adicio-nando-as pilha do composto;

    apodas de arbusto-. embora normalmente volumosos, esses resduos podem ser picados ou retalhados, para obter-se um volu-me de fragmentos de granulao e clivagem diferenciados. Agregue-o ao composto em formao. Ressalve-se que a presena de material volumoso de origem orgnica contribui para a aerao do composto, atuando como ingrediente necessrio para uma evoluo mais veloz e eficiente da compostagem;

    &folhas: so um pouco lentas na decomposio. Picadas, porm, se decompem numa velocidade quatro vezes mais rpida;

    ervas daninhas-, uma vez expostas s altas temperaturas comu-mente atingidas nas pilhas de composto, a maioria das sementes de ervas daninhas no consegue sobreviver e, assim, aproveita-se a matria orgnica desse material.

    TCNICAS DE COMPOSTAGEM

    Existem diversos mtodos que podem ser usados para a preparao do composto orgnico, diferenciados basicamente pela utilizao ou no do ar, ou seja, temos os processos aerbios (nos quais o oxignio est disponvel) e os anaerbios (nos quais o oxignio est ausente).

    0 MTODO DO CAIXO NEOZELANDS

    O mtodo do caixo neozelands bastante usado como tcni-ca alternativa. Trata-se de um engradado sem fundo e sem tampa, podendo conter o correspondente a um metro cbico ou um quar-to desse volume. Recipientes de plstico ou uma tela tambm po-dem ser utilizados.

    Um caixo para um quarto de metro cbico um engradado com cinqenta centmetros nas trs dimenses. interessante cons-truir as faces do engradado de maneira que fiquem independentes, formando quatro painis. As ripas que formam os painis devem ser pregadas de modo que permanea um espao entre elas, pos-sibilitando que o material seja aerado.

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  • Aps a montagem do engradado, podemos iniciar seu preen-chimento com o material a ser compostado: restos vegetais (a car-ga principal) e restos animais. No havendo restos animais (ester-co de galinha, de vaca etc.), pode-se adquirir um saquinho de composto para vaso de plantas, terra escura de jardim ou sobras de frango, peixes e suas vsceras, batidas em liqidificador com um pouco de gua.

    Esse material importante pois constitui o inculo, isto , o material que contm os microorganismos que daro incio fer-mentao da matria orgnica. Na falta de inculo, podemos separar uma parte do material no qual a compostagem est em fase avanada de fermentao numa caixa e ir acrescentando aos poucos, na medida em que se vai preenchendo a caixa principal.

    O monte de composto deve ser revirado a cada trinta dias. Caso o material esteja seco, acrescente gua. O processo de compostagem pode durar de 90 a 120 dias. Baldes plsticos com capacidade de at cinqenta litros, perfurados no fundo e nas laterais tambm podem ser usados. O revolvimento pode ser feito a cada sete dias, transferindo-se o material de um balde para outro.

    OUTRAS TCNICAS EXISTENTES

    Alm da tcnica do caixo neozelands, voc pode apelar para diversos outros sistemas. A tabela a seguir apresenta diversos ou-tros tipos, elencando as vantagens e desvantagens pertinentes a cada um deles.

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  • Tipo Vantagens Desvantagens

    Pilha lenta ao ar livre

    Fcil de ser instalada e de se adicionar material

    Pode demorar trs meses ou mais para decompor; nutrientes so perdidos por lixiviao; pode apresentar mau cheiro e atrair moscas e animais

    Pilha quente ao ar livre

    Decomposio rpida, morte de sementes de ervas daninhas e patgenos

    E preciso trabalho de revolvimento e controle do processo (temperatura, umidade)

    Cestos e caixas Boa aparncia; impede o acesso de animais

    Exige a construo das caixas

    Tambor rotativo Fcil de ser aerado por meio de revolvimento

    Volume pequeno, funciona bem com material adicionado de uma vez

    Compostagem em cova

    Rpido e fcil; no exige ma-nuteno nem investimento

    Bom somente para pequenas quantidades

    Compostagem em trincheira

    Pode processar grandes quantidades de matria orgnica; no so necessrios recipientes

    Exige trabalho para no incorporar o material ao solo

    Saco plstico ou lata de lixo

    Fcil de fazer ao longo do ano; pode ser feito em pequenas reas

    A compostagem anaerbia, ocorre na ausncia de oxignio. Pode apresentar mau cheiro e atrair moscas

    Ver micom postagem Fcil; inodoro, pode ser feito em local fechado; pode ser feita adio contnua de matria orgnica

    Exige alguns cuidados na adio de novos materiais e na retirada do vermicom-posto; minhocas devem ser protegidas de temperaturas extremas; pode atrair moscas

    Fonte: Campbell. Manual de compostagem para hortas e jardins, So Paulo: Nobel, 1990.

    CONTROLE DA COMPOSTAGEM

    Durante a compostagem, ocorre reduo de volume de at um tero e a cor passa de acizentada e sem brilho para escura e bri-lhante, quando mida. O controle do processo uma pea funda-mental para obter-se um bom composto orgnico.

    Para avaliar o material, voc pode fazer alguns testes, dentre eles o teste da vara de madeira e o teste da mo.

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  • O teste da vara de madeira O t e s t e realizado com a introduo de uma vara de madeira no mate-rial compostado profundamente. Ao retirarmos a vara poderemos cons-t a t a r as opes abaixo descritas; a vara apresenta-se fria e molhada: no est ocorrendo fermenta-

    o, talvez por excesso de gua; & apresenta-se levemente morna e seca: a pilha precisa de mais gua; '& apresenta-se quente, mida e parda: condies adequadas.

    Quando o composto apresentar-se livre de barro preto, com cheiro de mofo, estar pronto para ser usado.

    O teste da m@

    Adote os seguintes procedimentos: H toma-se pequena amostra bem umedecida; & molda-se com as pontas dos dedos; S esf rega-se contra as palmas das mos. O composto curado apresenta-se com aspecto de graxa preta.

    APLICANDO 0 COMPOSTO ORGNICO O composto poder ser usado em vasos e hortas, nas seguintes

    propores: vasos ornamentais: 50% de terra mais 50% de composto

    orgnico; % hortas: vinte litros de composto por metro quadrado,

    incorporados terra.

    COMO CULTIVAR HORTALIAS

    No precisamos morar no campo para ter a gostosa satisfao de produzirmos parte dos alimentos presentes na nossa mesa.

    ONDE PLANTAR? No quintal de casa ou no jardim, nas varandas e sacadas, enfim,

    em qualquer espao onde haja luz, gua e terra. Algumas plantas requerem insolao direta, outras preferem uma meia-sombra. Mas, no geral, todas precisam de, pelo menos, cinco horas de luz diria, direta ou indireta.

    COMO PLANTAR E PREPARAR A TERRA?

    No quintal e/ou no jardim, limpe primeiramente a rea e retire em seguida uma camada com um palmo de profundidade. Preen-

    30

  • cha a cavidade com adubo ou composto orgnico, na proporo de vinte litros por metro quadrado.

    No caso de sua casa no dispor de um quintal com terra, provi-dencie vasos, caixotes ou latas que tenham, pelo menos, vinte centmetros de profundidade. Prepare esses recipientes de acordo com as seguintes instrues:

    8 faa furos no fundo do recipiente para drenar a gua; % cubra a seguir os furos com caco de telha ou de um vaso de

    barro quebrado; & por cima dos cacos, coloque sucessivamente uma camada de

    pedregulho (de dois a cinco centmetros) e outra de areia lavada (de rio ou de construo);

    5 por cima das camadas anteriores, disponha uma boa camada de terra fofa, preparada com composto orgnico que voc j aprendeu a preparar neste captulo ou esterco bem curtido, terra vegetal, serralho de madeira e adubo de minhoca.

    Lembre-se de que, caso o composto ainda no esteja maduro, existe tambm a opo de administrar hmus no solo, na proporo de dois litros para cada metro quadrado.

    SEMEANDO E TRANSPLANTANDO

    O primeiro passo a ser tomado no cultivo escolher as hortali-as a serem cultivadas. As que oferecem menores dificuldades para os iniciantes seriam, entre outras, a alface, a cebolinha, a couve e a cenoura.

    Outro cuidado importante est relacionado com o clima ou com as suas variaes. As hortalias que produzem frutos, como o caso do tomate e da berinjela, adaptam-se melhor aos climas quentes. No entanto, para nosso benefcio, praticamente todos os invlucros de sementes indicam a poca mais apropriada para o cultivo.

    Podemos semear ento em canteiros ou pequenos caixotes pro-visrios ou no local definitivo, seguindo uma rotina milenar:

    6 alise a terra com delicadeza, abrindo pequenos sulcos paralelos com meio palmo entre eles;

    S distribua as sementes nos sulcos, cobrindo-as com terra fina; regue de manh cedinho e tarde, at as sementes espregui-

    arem. Depois, basta regar uma vez por dia; proteja a sementeira cobrindo com tela a dois palmos da terra.

    31

  • Para realizar o transplante, atente para a poca indicada na ta-bela abaixo. Escolha ento um dia nublado ou um final de tarde. A seguir, siga as orientaes que seguem:

    Sabra as covas e retire as mudas com o pouco da terra que vem agregada s razes;

    coloque as mudas nas covas, acrescentando terra e apertando at sentir que as mudas ficaram firmes;

    & regue os canteiros. Enquanto as hortalias se fortalecem, regue apenas uma vez, quando o sol no estiver forte;

    & procure eliminar as pragas, aplicando as receitas apresentadas no Captulo V.

    Semear em sementeiras

    Hortalias Meses Transplante (dias)

    Agrio ano todo 15

    Alface (i) fevereiro - agosto 4 - 6

    Alface (v) setembro - maro 4 - 6

    Berinjela agosto - janeiro 3 0 - 4 0

    Brcoli (i) fevereiro - junho 30

    Brcoli (v) setembro - fevereiro 30

    Cebola maro - junho 40 - 60

    Cebolinha ano todo 30

    Chicria ano todo 30

    Couve-manteiga ano todo 30

    Couve-chinesa maro - setembro 30

    Couve-flor (v) fevereiro - junho 30

    Couve-flor (i) setembro - maro 30

    Pimento agosto - fevereiro 3 0 - 4 0

    Repolho (i) fevereiro - junho 30

    Repolho (v) outubro - fevereiro 30

    Semear em canteiros definitivos

    Hortalias Meses Colher (dias)

    Almeiro ano todo 40 -50

    Acelga maro - setembro 70

    Alho maro - junho 160 -180

    Beterraba ano todo 8 0 - 9 0

    Cenoura (i) fevereiro - junho 90

    Cenoura (v) outubro - fevereiro 90

    Espinafre maro - julho 50 - 60

    Quiabo agosto - fevereiro 7 0 - 1 2 0

    Rabanete ano todo 25 - 30

    Rcula ano todo 40

    Salsa ano todo 70

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  • CULTIVANDO RVORES FRUTFERAS

    As plantas frutferas, na hiptese de voc contar com um quin-tal, so uma excelente alternativa para tornar a sua residncia eco-logicamente equilibrada. Outra possibilidade aproveitar espaos vazios nas proximidades da sua casa, em caladas ou trechos de terra abandonados, com o que voc contribui tambm para me-lhorar o seu entorno. Por fim, caso voc no disponha de espao, h tambm a opo de criar um pomar de pequeno porte, cultiva-do em vasos.

    UM POMAR DIRETAMENTE NA TERRA

    Primeiramente, escolha as rvores frutferas que sero planta-das no seu quintal, calada ou rea prxima desocupada. Para a escolha das mudas, devemos prestar ateno quanto sua proce-dncia, isto , que sejam de viveiristas de reconhecida idoneidade.

    As mudas frutferas usadas em grandes plantaes so em geral pouco resistentes s pragas e doenas do solo. Prefira as enxerta-das sobre as variedades mais rsticas e resistentes, que produzem frutos mais saudveis e nutritivos. A escolha deve considerar ainda a adaptao da rvore ao clima brasileiro.

    Voc pode obter seu exemplar de rvore frutfera no comrcio paisagstico, nos grandes fornecedores, no varejo, ou ainda, obter

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  • mudas gratuitamente em determinados servios municipais ou em entidades ambientalistas.

    Dentre os benefcios proporcionados pelas rvores frutferas, podemos mencionar:

    as rvores frutferas deixam o ambiente mais bonito, florido e perfumado;

    as frutferas resultantes de enxertos fornecem muita fruta, com vrias floradas ao longo do ano;

    & como todas as rvores, atuam como um dispersor de energia dos ventos, retm a umidade do solo e tambm fornecem sombra;

    alm de fornecer frutos para os homens, as frutferas atraem os pssaros;

    & como as frutas so sazonais, tambm explicitam aos homens os ritmos da natureza.

    0 SEU POMAR EM VASOS

    O fato de voc no dispor de um quintal na sua casa no impeditivo de iniciar o cultivo de um pomar. Nos pases europeus e na Amrica do Norte, o cultivo de rvores frutferas em vasos constitui uma caracterstica comum a muitas moradias, servindo tanto como um hobby, quanto como uma fonte de frutas frescas.

    Dentre as frutferas que se adaptam aos vasos, podemos assina-lar a nectarina, ameixa, rom, abacate, pitanga, caqui, limo, jabu-ticaba, pssego, mamo, acerola, laranja kin-kan, goiaba etc.

    A principal pr-condio para a atividade a questo do espa-o, pois os vasos, no geral, dispem de oitenta centmetros de dimetro e oitenta de altura. O comrcio de plantas oferece ampla variedade de vasos para o cultivo de frutferas. Existem os de ci-mento, os de cermica e at de plstico, que ao ver dos autores desta publicao, devem ser repudiados.

    Uma vez que a frutfera cultivada em vasos no ter sua dis-posio o contato com a natureza, deve-se tomar cuidado especial com relao ao solo, proporcionando as condies propcias para um desenvolvimento satisfatrio da frutfera. Para tanto, o solo deve ser resultante de uma mistura em partes iguais de terra vege-tal, hmus de minhoca e areia.

    Quanto ao vaso, este deve ser impermeabilizado na sua parte interna, impedindo a propagao de mofo e de fungos prejudiciais ao desenvolvimento da planta. No fundo do vaso, coloque uma

    34

  • camada de pedra ou de argila expandida para permitir a drenagem da gua.

    Para o plantio e a manuteno da rvore frutfera escolhida, voc deve adotar alguns cuidados, dentre eles:

    8 usar exclusivamente mudas certificadas, evitando mudas doentes ou suscetveis a pestes e doenas;

    & usar exemplares de rvores enxertadas, mais adequadas aos ambientes urbanos;

    manter uma distncia mnima entre espcies diferentes, aproximadamente dois metros;

    no caso do pomar cultivado em vasos, recomendvel uma troca de vasos a cada dois anos para manter saudvel o crescimento da planta;

    Pregar diariamente nos primeiros trinta dias aps o plantio. Entre duas e trs regas dirias, posteriormente.

    A incorporao de qualquer planta ao seu ambiente domstico deve, antes de mais nada, respeitar o mandamento nmero 1 da ecologia, que o respeito s caractersticas e aos ciclos naturais do espao vivido. Em se tratando de vegetais, a adequao ao ambiente

    OS CUIDADOSA SEREM TOMADOS COM 0 SEU POMAR

    AS ESPCIES INDICADAS PARA A SUA CASA

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  • solicita, antes de mais nada, espcies relacionadas com o clima da regio.

    Sempre voc poder dispor de uma espcie bonita e vistosa, adaptada aos ciclos climticos da rea em que vive. No se esquea: vivemos no Brasil, terra de Natureza dadivosa.

    ESPCIES PARA 0 CLIMA TROPICAL

    As plantas adaptadas a este clima no suportam temperaturas baixas, so muito sensveis s geadas e devem ser cultivadas em regies cuja temperatura mnima no ultrapasse os dez graus. Pode-se indicar para este tipo climtico: variedades de laranjeiras, tange-rineiras e limoeiros da regio, bananeira, mamoeiro, coqueiro-ano, tamareira, jabuticabeira, araazeiro, jenipapo, abacateiros (de vari-edades diferentes), mangueira, abricot do Par, cambucazeiro, sapo-tizeiro, cajueiro, maracujazeiro, cidreira, abieiro, caramboleiro, ce-rejeira-das-antilhas, caj-manga, jaqueira, pitangueira, anona, romzeiro, guabiroba, grumichama, tamarindeiro, cambuci, mangus-to, massala, ameixa-de-madagascar, cabeludinha, figueira-da-n-dia, jambolo, pitomba, uvaia.

    ESPCIES PARA 0 CLIMA SUBTROPICAL

    As plantas deste clima preferem temperaturas mais ou menos elevadas. No entanto, resistem a pequenas geadas. Variedades de laranjeiras, tangerineiras e limoeiros da regio, bananeira, pereira, anona, mamoeiro, figueira, ameixeira, macieira, pessegueiro, marmeleiro, jabuticabeiro, caquizeiro, nogueira-pec, goiabeira, araazeiro, mangueira, abacateiro (de variedades diferentes), ma-racujazeiro, cidreira, cajueiro, pitangueira, caramboleiro, sapotizeiro, jaqueira, cambucazeiro, romzeiro, abieiro, cabeludinha, uvaia, cere-jeira-do-rio-grande, lichia, guabiroba, cambuci, cainito, caj-man-ga, coqueiro-ano, figo-da-ndia, grumichama, jenipapo, jambeiro, mangusto, tamarindeiro.

    ESPCIES PARA 0 CLIMA TEMPERADO

    Embora no Brasil no ocorra qualquer tipo de clima temperado, o fato no impede a adoo de espcies temperadas. Isto pelo fato de que a presena de uma poca fria marcante j propicia a sobre-vivncia das espcies de clima temperado.

    Assim, podemos contar com as laranjeiras, tangerinas e limoei-ros da regio, pereira, videira, figueira, pessegueiro, ameixeira, casta-

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  • nheiro, macieira, marmeleiro, caquizeiro, nogueira-pec, amoreira, nectarineira, cerejeira-europia, damasqueiro, avelaneiro, jabutica-beira, pitangueira, araazeiro, goiabeira, nespereira, abacateiro (de variedades diferentes).

    Excluindo uma minoria que dispe de um espao suficiente-mente amplo para abrigar um jardim em sua moradia, normalmen-te, nos dias de hoje, as casas e os apartamentos no deixam "vago" nenhum espao, sendo o dos jardins um dos primeiros a ser sacri-ficado nos projetos modernos. Alm de no possuir reas abertas, as dimenses das moradias so bem menores do que as do passa-do, impondo diversas limitaes (impacto da luz solar, umidade, aerao etc.) ao cultivo de plantas.

    Para enfrentar esses problemas, floricultores e paisagistas pode-ro oferecer-lhe uma excelente consultoria paisagstica para orient-lo. Voc tambm pode apelar para uma literatura de "cunho prti-co" disponvel nas livrarias e nas diversas "feiras do verde" que ocorrem no pas. Por fim, possvel acompanhar diversas boas experincias pela leitura dos jornais dominicais, que quase sempre consagram algum espao para o tema.

    No geral, o comrcio do verde dispe de vrias alternativas vlidas para ambientes fechados, plantas que requerem pouca luz solar e/ou sombra para sua sobrevivncia. Os exemplos clssicos de plantas que necessitam de pouca luz solar so os seguintes: ficus, rvore da felicidade, fnix, avencas, violetas, palmeiras e a ansevria (mais conhecida como lana ou espada-de-so-jorge). As samambaias constituem outra opo muito comum nos lares brasileiros.

    COMO MONTAR UM JARDIM

    MANTENDO AS PLANTAS EM RECINTOS FECHADOS

    Dentre as plantas que solicitam pouca terra e, portanto, vasos pequenos, poderamos men-cionar a jibia, o mini-antrio e o cissus. Por requererem pouca luz solar direta e tolerarem bem a umidade, so ideais para os banheiros. Para ambientes maiores, voc pode optar pela rvore da felicidade, pela fnix ou pela espada-de-so-jorge.

    felicidade, rio esque-

    a que os orientais cos-

    tumam plantar dois

    exemplares: um macho

    e outro fmea.

    37

  • Outra excelente opo so as rvores frutferas. Criadas em ambientes fechados, tendem a no conquistar tamanho muito gran-de. Alm disso, existem tambm espcies enxertadas de manguei-ra, pitangueira e jabuticabeira, entre outros exemplos, cujas di-menses so mais reduzidas, alm de frutificarem em menos tem-po de vida. No geral, esse tipo de planta fornece generosa quanti-dade de frutos vrias vezes ao ano.

    Nas varandas, nos espaos externos das sacadas ou junto a portas e janelas, voc pode optar por pequenas rvores frutferas como a jabuticabeira, a pitangueira e a romzeira. Particularmente, a romzei-ra aprovada por muitos floricultores por resistir aos ventos, ao sol e a muita chuva. Uma boa dica evitar plantas com folhas muito largas, como a bananeira, cujas folhas acabam quebrando com o vento.

    O cacto, embora no tolere umidade, requer bastante luz solar e pode ser colocado em pontos de impacto da luz, mas distante da gua. Uma planta muito verstil para ambientes bastante ilumina-dos a popular "maria-sem-vergonha". Trata-se de uma planta que fornece flor o ano inteiro. Seu nome decorrente do fato de ela se enraizar em qualquer solo, mesmo os mais pobres em nutrientes.

    Outras sugestes de plantas amantes do sol so a boca-de-leo, a grbera e as rosas. Neste ltimo caso, o Brasil dispe de "cepas" adaptadas ao pas e, portanto, essas espcies devem possuir prece-dncia sobre as estrangeiras, de cultivo mais difcil.

    A trepadeira outra planta que deve ser recordada. Apresen-tando diversas espcies, muito pouco exigente em nutrientes e se adapta bem com qualquer ambiente externo. Dado que recobre as paredes, tem sido adotada como um recurso eficaz para evitar as pichaes. Regue normalmente a trepadeira para limpar suas folhas da poeira.

    Dentre as plantas que requerem alguma luz solar, umidade e ventilao (e, portanto, devem ser dispostas nas proximidades das janelas ou nas sacadas), temos a hortel e o manjerico, ambos muito vistosos e bonitos e, tambm, uma fonte permanente de tempero para a sua cozinha. O ch de hortel possui efeitos reco-nhecidamente relaxantes.

    OS CUIDADOS BSICOS DA JARDINAGEM DOMSTICA

    Para garantir s suas plantas as condies bsicas de desen-volvimento, voc deve adotar algumas estratgias fundamen-tais, dentre elas:

    38

  • recorrer aos adubos, alguns dos quais especficos para plantas domsticas. Os mais conhecidos so a farinha de osso (rica em fosfato, elemento que estimula a florao), a torta de mamona e a uria. As samambaias e violetas dispem, por sua vez, de ampla variedade de produtos prprios;

    procure cultivar espcies nacionais. Flores como as tulipas e as rosas importadas, embora tambm vistosas, requerem uma gama muito mais intensa de cuidados, nem sempre com resultados satisfatrios;

    Spara cultivar suas plantas, utilize um bom vaso. As floriculturas e lojas de material de construo oferecem grande variedade de vasos, floreiras e jardineiras, geralmente confeccionados em cimento, cermica ou terracota;

    & evite adquirir vasos de xaxim, pois a demanda tem provocado grandes danos em reas florestais, de onde so retirados. Em substituio, existem vasos ecologicamente corretos, produzidos com casca de coco, ideais para fixar na parede;

    evite igualmente vasos fabricados com plstico, especialmente os que imitam cermica. Pelo menos por enquanto, ainda no falta argila no mundo.

    & sempre mantenha seu vaso pousado num pratinho, prefe-rencialmente de terracota. Outra opo, mais preocupada com a esttica, so os cachepots;

    Originalmente, as tuli-

    pas eram cultivadas nos

    Pases Baixos em fun-

    o dos seus bulbos -

    largamente consumidos

    em saladas - e no por

    conta da beleza das

    suas flores.

    39

  • o vaso ou a floreira que iro abrigar a planta devem atender prioritariamente funo de escoar gua e permitir um bom desenvolvimento das razes. Sempre coloque no fundo dos vasos e floreiras uma camada de cacos de telha ou de vaso quebrado, seguido de uma camada de areia e por uma ltima de terra;

    por fim, no deixe de comprar um jogo de ferramentas de jardinagem. O gasto com a aquisio ser pequeno, mas retribuir em maior eficincia para seu hobby, evitando o supremo mau gosto em improvisar ferramentas com facas sem cabo, tesouras antigas enferrujadas, garfos com dentes tortos etc.;

    & um bom jogo de ferramentas deve ser composto basicamente por uma p pequena, um ancinho, uma tesoura para grama e outra para poda das plantas, garfo para arrancar as plantas e tridente para o revolvimento do solo.

    COMO MANTER SUAS PLANTAS VISTOSAS E SAUDVEIS

    Por fim, algumas dicas finais para voc manter as suas plantas vigorosas e bonitas:

    ll no geral, as plantas de interiores requerem como solo uma mistura de areia, terra e de p de xaxim

    antes de colocar uma planta nova em sua casa, cultive o hbito de requerer instrues do paisagista e do floricultor para cada uma das suas plantas;

    & mantenha a sua planta distante de qualquer agente fitotxico e tampouco permita que algum fumante impertinente transforme a sua planta num "cinzeiro vegetal";

    )& nunca regue demasiadamente suas plantas, pois o excesso de gua pode apodrecer as razes;

    ... H9 . . , Snao se esquea de que as plantas de folhas grossas e suculentas j possuem uma

    reserva natural de gua, dispensando regas sucessivas; um teste simples sobre a umidade do vaso enfiar o dedo na

    terra. Caso a terra fique grudada no dedo, a umidade estar no ponto;

    Pregue periodicamente suas plantas, verificando se as folhas esto cobertas de p. Borrife-as delicadamente com gua, facilitando sua respirao;

    40

  • ' faa adubao e afofamento cons-tante da terra dos vasos;

    '& aproveite a primavera para fazer seu jardim. No por mero acaso que a estao celebrada como a poca mais colorida de flores do ano inteiro;

    Rosa, violeta, primula, lrio da

    paz, cineraria, buqu-de-noiva,

    frsia, sapatinho de Vnus,

    petnia, crisntemo, primavera,

    kalanchoe, calistemo, begnia,

    salvia e a margarida so algu-

    mas das espcies identificadas

    com a primavera. caso queira iniciar a primavera com

    um jardim florido, planeje a semeadura com antecedncia mnima de dois a trs ^ meses. Outra opo adquirir mudas;

    no permita que as pragas proliferem. Elas devem ser combatidas imediatamente, logo na primeira manifestao;

    acima de tudo, voc deve gostar das suas plantas. Tratando-as com carinho, elas retribuiro os cuidados adotados.

    HIDROPONIA: CULTIVANDO SEM TERRA

    A hidroponia uma tcnica para o cultivo de plantas e alimen-tos sem o uso de terra, substituda por solues compostas por gua e sais minerais. A palavra tem origem no idioma grego, resul-tando de hydro ("gua") e de ponos ("trabalho"). Seu significado evidente: "trabalhar com a gua".

    De ponto de vista conceituai, a hidroponia uma das aplica-es do conceito de "ecossistema fechado" (tambm conhecidos como closed sistems) na agricultura, desenvolvida especialmente nas ltimas dcadas em diversos centros de pesquisa em todo o mundo, em especial nos pases desenvolvidos.

    41

  • Embora observada com antipatia por algumas correntes da agro-nomia, que chegam a elaborar apaixonados discursos condenando essa forma de cultivo como "artificial", a hidroponia, no entanto, constitui, em muitas situaes, a nica forma realmente prtica de resgatar algum tipo de vnculo com a Natureza.

    A hidroponia, tendo se popularizado apenas no final do sculo xx, no se trata, em absoluto, de uma idia nova. Na antiga Meso-potmia, por volta de 3000 a.C., os sumerianos faziam canais e po-os para a passagem da gua pela areia, irrigando desse modo as suas plantaes. Entre os nabateus, povo da antiga Jordnia, existem evidncias do uso da hidroponia para o cultivo de alimentos.

    Os lendrios Jardins Suspensos da Babilnia, uma das sete maravilhas do mundo antigo, tambm eram baseados no princpio da hidroponia. O cultivo das plantas era feito em terraos isolados um dos outros por uma camada de folhas metlicas, recobertas por um substrato composto essencialmente de areia, um pouco de ter-ra e limo.

    A gua, ao irrigar os jardins, caa "em cascata" de terrao em terrao, carregando consigo os nutrientes vitais, reabastecidos cons-tantemente nos terraos superiores por funcionrios dirigidos e organizados por uma equipe de especialistas.

    Mas foi somente na dcada de 1930 que o Dr. William F. Gericke, da Universidade da Califrnia, transformou a cultura sem terra, antes restrita aos laboratrios, em uma tcnica de utilizao prtica e geral. Para ele, a possibilidade de se cultivar, dispensando a terra como suporte, seria uma conquista de grande e real valor, pois existe uma escassez crescente, em nvel planetrio, de locais apro-priados para a agricultura e a jardinagem tradicionais, devido a problemas climticos e de solo.

    A tcnica de cultivo sem terra recebeu um incentivo adicional com a ecloso da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O exrcito norte-americano e a Real Fora Area instalaram unidades de hidroponia nas suas bases militares, produzindo para consumo dos soldados aliados, durante o perodo do conflito, milhares de toneladas de legumes e verduras pelo mtodo hidropnico.

    Em 1949, o governo de Bengala Ocidental (ndia) instalou um centro de hidroponia em uma estao experimental prxima a Darjeeling, no norte do pas, com o propsito de desenvolver um mtodo simples e barato de jardinagem sem terra.

    O projeto deveria contemplar duas pr-condies bsicas:

    42

  • ^ deveria servir de base para produo agrcola em larga escala; simultaneamente, deveria ser adequado para uso por qualquer

    pessoa sem nenhum treinamento especial. Obtendo sucesso em um perodo relativamente curto, os resul-

    tados obtidos possibilitaram a introduo e a difuso da hidroponia em diversos outros pases.

    AS MODALIDADES DE HIDROPONIA

    A cultura hidropnica, de acordo com o tempo dirio dispon-vel, espao reservado para a atividade, tipo de produto ou quanti-dade esperada de produo, pode ser praticada de inmeras ma-neiras, de acordo com as necessidades e as condies existentes.

    A diferena entre os diversos mtodos est na estrutura do reci-piente e dos grnulos, assim como do meio de cultura, que forne-cem suporte e sustentao para as plantas. As mudanas somente no ocorrem quanto s exigncias essenciais referentes luz, gua, ar, calor e nutrientes.

    A luz, a gua e o ar so fornecidos pela Natureza. Em substitui-o terra e ao esterco, usam-se grnulos para suporte das razes e uma soluo aquosa de sais minerais, que faz o fornecimento de nutrientes. O calor pode ser solar ou ento, proveniente de uma fonte artificial.

    Pedologia: cincia que

    estuda os solos e a sua

    classificao.

    AS VANTAGENS DA HIDROPONIA

    Os produtos de origem hidropnica tm se transformado crescen-temente numa alternativa atraente tanto para os produtores agrco-las como para importantes parcelas de consumi- ^ dores em todo o mundo.

    Isto em decorrncia das vantagens apresen-tadas pela hidroponia, quais sejam:

    a hidroponia indiferente s dificuldades da agricultura convencional, que est sujeita s mais diferentes variaes climticas e pedolgicas, todas de difcil manuteno em termos do equilbrio natural;

    & a hidroponia, ao produzir vegetais limpos e mais saudveis, oferece produtos de uso mais prtico;

    & a hidroponia no administra agrotxicos s plantas que produz e, portanto, oferece produtos de melhor qualidade;

    43

  • como todas as condies de vida so oferecidas por um sistema fechado, o crescimento das plantas nas hortas hidropnicas mais rpido;

    & a hidroponia promove economia de tempo e trabalho, pois tarefas como covear, carpir e estercar so eliminadas;

    os custos de produo so menores; & ausncia de sujeira e odores; controle de pragas e doenas; & resultados consistentes; & produo o ano todo.

    FAZENDO SUA HORTA HIDROPNICA

    Um elemento importante, que deve pesar na sua deciso de iniciar uma cultura hidropnica, ser a questo do consumo de energia e a eventual economia - ou no - a ser obtida com sua cultura hidropnica domstica. Assim sendo, para evitar que a hidroponia transforme-se em um estorvo para o seu bolso, faa, antes de tomar a iniciativa, um clculo preciso sobre o custo da empreitada.

    A hidroponia pode tambm se constituir no ncleo de uma pequena atividade empresarial, pois trata-se de um trabalho de grande rentabilidade, abastecendo um mercado no saturado, que pelo contrrio, est em plena ascenso.

    A cultura hidropnica solicita de seu aderente ordem, discipli-na, higiene e cuidado. tambm considerada uma arte, pois para qualquer que seja o produto cultivado, so requeridos arranjos harmoniosos e organizao adequada. No referente educao, proporciona maior entendimento sobre a Natureza, assim como melhor conhecimento de biologia.

    A cultura hidropnica no demanda conhecimentos tcnicos e tampouco nvel escolar elevado, apenas vontade de aprender e gosto para lidar com cultivo de plantas e alimentos. Somente no caso da produo comercial em larga escala tornam-se necessrios os controles tcnicos peridicos.

    Enfim, em razo da prpria diversidade de cultivos possibilita-da pela hidroponia, cada projeto deve ser pensado individualmen-te e, assim sendo, deve-se buscar acesso na literatura especializa-da, adequada para cada caso particular.

    44

  • BOM APETITE!

    PENSANDO ANTES DE COMER

    Se o ato de comer no fosse importante, argumentam vrios telogos, Deus no teria discriminado alimentos puros, prprios para o consumo, e impuros, tidos como imprprios.

    A FARSA DOS TRANSGNICOS

    Alimentos transgnicos so aqueles que sofrem alterao no cdigo gentico, ou seja, foi realizada uma transferncia artificial de genes de um organismo para outro. Com isso, so transferidas as qualidades desejveis de um organismo para outro, aumentan-do assim os valores nutricionais de uma espcie domstica, seja ela vegetal ou animal.

    Realizado contrariamente ao estabelecido pela Natureza desde o incio dos tempos, esse processo pode favorecer o aparecimento de toxinas, enfermidades e debilidades em geral. Imperfeies no cdigo gentico podem fragilizar de modo irreversvel plantas, animais e seres humanos. Indiscutivelmente, os produtos genetica-mente manipulados oferecem maiores riscos sade do que os alimentos naturais.

    45

  • N o ano 2 0 0 0 , o poder executivo

    apresentou emenda constitucional

    que declara como bem da Unio

    o patrimnio gentico brasileiro. O

    projeto tem como objetivo garan-

    tir a soberania do pas no tocante

    aos genes, combatendo a bio-

    pirataria sobre os ecossistemas e re-

    tirar o pas da condio de mero

    supridor de matria-prima.

    Experimentos realizados em empresas de biotecnologia desenvolvem plantas resistentes a herbicidas e com isso fazem uso em excesso desses produtos, causan-do a contaminao dos alimentos e da gua potvel.

    Dessa forma, os cultivos so modifi-cados a fim de produzirem seus prprios pesticidas e herbicidas, o que provoca o aparecimento de insetos resistentes que destroem insetos teis e organismos do solo, alm de causar danos sade dos consumidores.

    No Japo, em 1989, a alterao gentica fez com que uma bac-tria natural produzisse uma substncia altamente txica, sendo responsvel por 37 mortes e a invalidez permanente de outras 1.500 pessoas.

    Recentemente, a contaminao de alimentos na Blgica mere-ceu grande destaque na imprensa mundial. Esses so apenas al-guns dos muitos exemplos do que podem provocar produtos ge-neticamente alterados.

    Uma pesquisa realizada em janeiro de 1999 atestou que 78% dos suecos, 77% dos franceses, 65% dos italianos e holandeses, 63% dos dinamarqueses e 58% dos ingleses so contrrios ao con-sumo de alimentos geneticamente modificados.

    Busca-se atualmente que os alimentos geneticamente modifica-dos sejam etiquetados e identificados como tal, pois dessa forma o

    46

  • consumidor poder escolher o que comer e, se assim entender, se proteger.

    CARNE PARA POUCOS OU ALIMENTOS PARA MUITOS?

    No que diz respeito ao meio ambiente, qual seria a dieta menos impactante e adequada preservao dos recursos? Existiriam ali-mentos que em si mesmos seriam atentatrios ao meio ambiente? Para esta ltima pergunta, a realidade parece dar alguma razo para os chineses da regio de Canto. Para esses chineses, conhe-cidos como glutes incorrigveis, "tudo o que for vivo, e se mexer, d para comer".

    Talvez no seja necessrio levar esse ditado ao p da letra. Mas, com certeza, ele esclarece sobre uma verdade fundamental: do ponto de vista do gnero humano como um todo, o homem come praticamente de tudo, e isto desde a pr-histria. A alimentao, ao lado do idioma, um dos traos caractersticos de todas as culturas e civilizaes. O que permitido ou no para uma popu-lao comer no necessariamente o ser para outra.

    Mesmo os ecologistas variam suas afinidades "eco-alimentares", de acordo com os padres culturais dos quais so originrios. Sabe-se, por exemplo, que os ecologistas gachos, aps suas reunies, fecham a noite numa boa churrascaria. Por sua vez, populaes tradicionais como os seringueiros, castanheiros, ndios e ribeiri-nhos da Amaznia, para horror dos "ecologistas urbanos", incluem no seu cardpio pratos como veado do mato na castanha, sopa de tucano e carne de macaco na brasa.

    Em resumo, existem dois princpios ecolqicos que voc sempre deve t e r em vista toda vez que o assunto em pauta for ecologia e alimenta-o:

    1) No coma alm do necessrio. No tendo "os olhos maiores do que a boca", voc estar se alimentando de forma mais equilibrada e, alm disso, es tar evitando que preciosos recursos sejam transformados em lixo ou ento metabolizados como gordura no seu corpo.

    2 ) Prefira os alimentos provenientes da agricultura ecolgica e/ou na-turais. Os alimentos industrializados so caros e muitas vezes no so nutritivos. Evite os enlatados e empacotados. Eles contm aditivos pre-judiciais, a curto ou a longo prazo, sua sade.

    Nos ltimos dez anos, estudos intensos tm demonstrado que o mundo ocidental se alimenta com uma dieta excessiva de prote-

    47

  • na, gordura saturada com colesterol, pesticidas e pouca fibra. Esse tipo de dieta est ocasionando enormes custos mdicos e de sade, matando as pessoas e destruindo o ambiente. Essa dieta responsvel pelo desaparecimento das pequenas propriedades e pelo avano do latifndio e da agricultura industrializada, nunca beneficiando o trabalhador do campo.

    A dieta predominante dos chineses rica em alimentos deri-vados de plantas e pobre em carne de vaca, aves e laticnios. Estudos sobre a populao chinesa mostram um nvel baixo de ocorrncia de doenas causadas por uma dieta predominante-mente ocidental. Contudo, quando essas pessoas migram para o Ocidente e adotam uma dieta rica em gorduras e protenas e pobre em fibras, elas contraem as mesmas doenas relacionadas com a dieta alimentar dos ocidentais.

    O excessivo consumo de carne, correspondente atual dieta das classes sociais mais abastadas, colabora em grande medida com o agravamento de muitos dos principais problemas ambientais, tais como a desertificao, escassa disponibilidade de gua fresca, destruio das florestas tropicais, eroso dos solos e mudanas climticas.

    Alm disso, a importao - ou melhor, imposio - dos hbi-tos alimentares, ocidentais em diversos pases africanos, asiticos e latino-americanos tem ocasionado a perda de precioso conhe-cimento dos produtos locais, que tradicionalmente tm saciado a fome de bilhes de pessoas.

    Por meio da o f e r t a de alimentos gratuitos e baratos, os exportado-res ocidentais geram novos hbitos alimentares nos pases compra-dores, criando novos mercados para as exportaes comerciais. A ocidentalizao do consumo atinge primeiramente os grandes cen-t r o s urbanos e, em seguida, se propaga em direo ao campo. Enquan-to um campons do Senegal consome por ano 158 kg de milho mido, 19 kg de arroz e 2 kg de trigo, seu concidado de Dacar (a capital do pas) consome respectivamente 10 kg, 7 7 kg e 33 kg.

    A propaganda induz tambm ao consumo de bebidas e ali-mentos muitas vezes inadequados s necessidades nutricionais da populao. Cada mexicano bebe em mdia 65 litros de refri-gerantes por ano, ou seja, uma quantidade trs vezes maior do que bebem de leite, apesar de este ser mais nutritivo.

    48

  • Para exemplificar de maneira bem clara o que foi exposto, ana-lisemos os dados que se seguem, fornecidos por vrias organiza-es ambientalistas, entre elas, a EarthSave Foundation.

    O O gado para alimentao - cabras, ovelhas, bois e porcos -somam 15 bilhes de indivduos, mais do que toda a populao humana, quase trs animais de rebanho para , cada ser humano. O pasto ocupa ainda pro- / Um novilho no pasto re-poro considervel das terras arveis do mundo, um absurdo se pensarmos nas multides de sem-terra dispersas pelo globo.

    O Aproximadamente 33% dos gros pro-duzidos no mundo e 70% dos gros produzidos nos Estados Unidos esto voltados para a alimen-tao dos animais criados para o consumo.

    O Esse modelo de produo de alimentos est voltado para os setores privilegiados, que \ menos carne de boi. consomem a maior parte da carne produzida no mundo. Cerca de 25% da humanidade come carne de animais que foram alimentados com cerca de 40% da produo mundial de gros.

    O A criao de gado o maior agente poluidor das guas nos Estados Unidos, acima de qualquer indstria produtora de lixo txico. Alm disso, grande parte dos fertilizantes qumicos e pesti-cidas incorporados nos gros que alimentam os animais so posteriormente absorvidos pelo organismo humano.

    quer 3 , 2 kg de cereal

    para cada 0,5 kg de peso

    que acumula; um moder-

    no avicultor, precisa de

    pouco mais de 900 g de

    cereal para produzir 0,5

    kg de carne. Num mun-

    do deficitrio de energia,

    comeremos mais aves e

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  • O o prprio mtodo de criao dos animais tem sido alvo de denncias incessantes. Ao contrrio das imagens buclicas que vemos na televiso, os animais vivem enjaulados, em lugares apertados e fedorentos, sofrendo um brutal e incessante stress para crescer mais rpido e serem mortos o quanto antes, muitas vezes de modo cruel. Tudo isso em flagrante desrespeito Declarao Universal dos Direitos dos Animais, da Unesco.

    O Muitas das naes pobres plantam e exportam gros para alimentar o gado das naes ricas, enquanto sua populao passa fome. Fazendas de gado tm destrudo mais florestas do que qualquer outra atividade na Amrica Central.

    O H questes ticas ligadas ao abate nos matadouros. Em pases como o Brasil, os animais so submetidos a uma infindvel srie de sofrimentos, at porque no existe qualquer legislao que proponha o chamado "abate humanitrio".

    O Por fim, o consumo exagerado de produtos animais na dieta ocidental responsvel pelo alto ndice de mortes causadas pelas seguintes doenas: ataque cardaco, artrite, obesidade, pedra nos rins, diabetes etc.

    Consumo de carne per capita em alguns pases do mundo*

    Frana 91 Alemanha 8 9 Argentina 82 Ex-Unio Sovitica 7 0 Brasil 4 7

    Estados Unidos 112 Hungria Austrlia

    Japo 41 China

    Coria do Sul 19

    Egito 4

    ndia m m m 2

    * Em kg/ano. Dados incluem carne de vaca, de porco, de carneiro, de cordei-ro e de aves domsticas, baseado no peso das carcaas. As cifras para aves domsticas so de 1989. Dados de Qualidade de Vida 1992, WorldWatch Institute.

    108 104

    2 4

    Os pargrafos anteriores no significam que voc deva abolir a carne. Voc pode (e deve) diminuir seu consumo e, como cidado, posicionar-se favoravelmente em relao s propostas como a do "abate humanitrio".

    50

  • COMO ESCOLHER FRUTAS E VERDURAS

    Caso voc ainda no tenha iniciado a sua horta domstica, so vlidas algumas dicas para a hora de adquirir suas frutas e verduras.

    Vamos a elas. O Nas feiras e nos mercados, escolha sempre as hortalias que

    paream mais rsticas e pequenas. No caso da hortalia orgnica, lembre-se de que as suas dimenses tambm so grandes.

    O No se deixe enganar pelo tamanho. Uma cenoura grande, por exemplo, geralmente est inchada de adubo e gua, significando na realidade "gua a preo de cenoura". As cenouras pequenas so menos aguadas e mais saborosas.

    O No exclua a priori verduras com sinais de ataques de insetos. Atente para o fato de que as verduras que j foram mordiscadas pe-los insetos, geralmente, esto sem inseticidas, o que significa uma procedncia ambientalmente menos impactante.

    O Evite comprar frutas de outros pases. Esses produtos j foram pulverizados pelo menos uma vez para serem transportados por milhares de quilmetros.

    O Muito cuidado com a higiene. Nunca se esquea de lavar muito bem, com jatp forte da torneira e com o auxlio de uma escovinha, todas as frutas e verduras que sero consumidas, mesmo as que vo ser cozidas. Se for o caso, descasque-as, preferen-cialmente, se possvel raspando sua superfcie. Mergulhe verduras e legumes lavados em gua com vinagre antes de fazer a salada ou o prato de sua preferncia.

    51

  • O Prefira as frutas e verduras mais baratas. Os produtos mais baratos, geralmente, so da poca e da regio e, portanto, mais frescos e saudveis.

    O Evite as verduras mais procuradas. Produtos como a alface e o tomate, em razo da grande demanda, esto geralmente muito "protegidos", concentrando elevadas dosagens de produtos qumicos.

    O Esteja atento para o prazo de validade dos produtos. Evite consumir legumes, frutas e verduras que estejam h mais de uma semana ou dez dias na geladeira.

    Embora o pas tenha, em diversos sentidos, ingressado na moderniza-o, os mercados e as feiras livres continuam a ser bastante freqen-tados no pas. Em geral, as feiras apresentam muitos produtos que so mais baratos do que os oferecidos nos supermercados, sem contar que so mais f rescos e com opes de compra muito maiores. No caso das feiras livres, o cidado ainda pode aproveitar o final da feira para obter melhores preos.

    0 CRU EO COZIDO

    Sabe-se que perdemos boa parte dos nutrientes ao cozinharmos os alimentos. Exatamente por isso que devemos aproveit-los ao natural. A cenoura, por exemplo (uma importante fonte de vitamina A), cozida numa panela comum, chega a perder 40% de vitamina C, 30% de vitamina B 25% de B2, alm de outras vitaminas e sais minerais.

    52

  • Esse exemplo vlido para qualquer coco de alimentos. O calor do fogo sempre prejudica o aproveitamento dos nutrientes. Quanto mais tempo no fogo e/ou maior a intensidade da chama, maior ser a perda de nutrientes.

    Obviamente no se pretende defender a eliminao do cozi-mento. Em primeiro lugar, pelo fato de existirem tipos de cozimento que minimizam a perda de nutrientes. Na Polinsia, por exemplo, costume cozinhar os alimentos envoltos em folhas de bananeira, de modo tal que os alimentos so preparados no seu prprio lqui-do, reduzindo-se a diminuio de seu valor alimentcio.

    Em segundo lugar, devemos considerar que o cozimento fun-ciona como uma pr-digesto, facilitando bastante o trabalho do organismo. Exatamente por essa razo, praticamente todos os po-vos do mundo utilizam o fogo para cozinhar e no abrem mo dele, mesmo que custa do desmatamento e da desertificao de vastas reas.

    Em terceiro lugar, abdicar do fogo implicaria severo descon-forto trmico nos pases frios e/ou durante o inverno, sem contar no abandono da possibilidade de nos deliciarmos com vrias ma-ravilhas culinrias, que no apenas o corpo, mas igualmente a alma, solicitam para nossas vidas.

    ALIMENTANDO-SE DE VEGETAIS E FRUTAS CRUAS

    Existe uma grande quantidade de legumes, verduras e frutas que no apenas podem, como devem, na perspectiva de uma vida mais saudvel, ser consumidas cruas, em saladas ou na for-ma de sucos, tais como a couve, a cenoura e a beterraba, entre outros.

    O uso mais intenso de alimentos crus, inclusive para tratamen-to mdico, ocorre principalmente nos pases da Europa. Porm, em razo da globalizao, tornou-se uma tendncia muito forte, e at certo ponto popular, nos mais variados pases do mundo.

    Segundo a Dra. Gudrun Krkel Burkhard, as verduras cruas, quando ingeridas, ativam o organismo, despertando as suas for-as curativas naturais.

    Ainda de acordo com a Dra. Gudrun, os vegetais que podem ser consumidos crus so:

    53

  • O couves: acelga, repolho e repolho roxo;

  • aproveit-las para a elaborao de compotas e gelias (alis, as compotas e gelias so mais saborosas quando confeccionadas com frutas menos maduras).

    Uma outra saborosa forma de utilizao de frutas cruas so os sucos, que devem ser preparados e consumidos na hora. Substitua o suco enlatado ou aqueles do tipo "pronto para beber" pelas frutas naturais.

    As razes? Basta analisar os seguintes dados: O numa pesquisa publicada em 1991, na Inglaterra, por um

    rgo do governo, descobriu-se que 16 das 21 principais marcas de suco de laranja continham substncias adicionais, como acar de beterraba;

    O na produo de concentrados, como o de laranja, perde-se a vitamina C original, substituda no processamento final por injees macias de doses artificiais;

    O por ltimo, em pases como o Brasil, privilegiado por dispor de fruta fresca durante o ano todo, comprar suco enlatado simplesmente antieconmico. Com o que se gasta comprando suco em lata, podemos comprar dzias e dzias de boas laranjas: ' A aveia um dos mais vers pras, limes e goiabas;

    O no se esquea, enfim, das possibi-lidades de combinar, no seu suco de frutas, alguns legumes, como o caso da cenoura, que se associa muito bem com o mamo.

    teis e saborosos cereais que po-

    demos incorporar ao suco de

    frutas batido no liqidificador

    com acar e leite integral.

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  • Consuma s as frutas da poca. Alm de saudvel, mais barato. Confira na tabela abaixo:

    F r u t a s M e s e s

    A b a c a t e fevereiro - ju lho

    A b a c a x i ju lho - setembro / novembro - janeiro

    A m e i x a janeiro - fevereiro

    B a n a n a - m a janeiro - julho

    B a n a n a - n a n i c a janei ro - agosto

    Caqui maro - maio

    F igo janeiro - maro

    F r u t a - d o - c o n d e fevereiro - maro / ju lho - agosto

    G o i a b a maro - junho

    j a b u t i c a b a agosto - n o v e m b r o

    J a c a fevereiro - junho

    L a r a n j a maio - agosto / outubro - janeiro

    L i m o dezembro - junho

    Ma janeiro - maro

    Mamo abril - julho / outubro - novembro

    M a n g a outubro - d e z e m b r o

    Maracuj janeiro - junho

    Melancia maio - junho / novembro - janeiro

    Melo janeiro - maio

    Morango julho - outubro

    Nectar ina d e z e m b r o - fevereiro

    N s p e r a setembro - outubro

    Pra janeiro - maro

    P s s e g o novembro - janeiro

    Tanger ina cravo abril - junho

    Tangerina ponkan maio - julho

    Uva janeiro - abril

    56

  • APROVEITANDO TUDO

    A cultura culinria brasileira oferece uma variedade de receitas baseadas no reaproveitamento dos pratos principais, como o caso do tutu de feijo mineira, os bolinhos de restos de arroz e a prpria feijoada, um dos mais cotados pratos da culinria nacional.

    Estas so algumas das prticas do nosso meio rural que, infeliz-mente, foram em parte esquecidas no cotidiano da vida urbana. A razo desse "esquecimento" pode ser encontrada na necessidade de ampliao do mercado de consumo, levando a transformaes nos costumes culinrios.

    Entretanto, hoje em dia, h toda uma preocupao pelo reapro-veitamento dos alimentos, procedimento que to importante tanto do ponto de vista gastronmico quanto do econmico. A Associao Brasileira de Culinaristas (ABC), rene mais de 300 pro-fessoras de culinria de todo o Brasil. Muitas de suas associadas enviam receitas alternativas, de modo que a Associao j mon-tou um projeto com mais de 800 receitas selecionadas, chamado "Culinria Popular".

    O manual Diga no ao desperdcio, distribudo pela Coorde-nadoria de Abastecimento da Secretaria de Agricultura de So Pau-lo, tambm inclui receitas testadas e aprovadas, usando alimentos comumente descartados. A luta para criar uma nova mentalidade de aproveitamento de alimentos abraada ainda por uma outra instituio, a Central de Cooperativas de Crdito do Estado de So Paulo (Cecresp).

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  • So da ABC, da Coordenadoria do Abastecimento e do Cecresp as receitas aproveitando talos, folhas, casca de banana e at sobras de arroz que reproduzimos abaixo.

    A CASCA DA BANANA

    possvel fazer bolinhos ou bifes a partir da casca da banana. Siga as instrues.

    Ingredientes: 8 cascas de banana, 2 ovos, cebola, tomate, pi-mento, cheiro-verde, sal, alho e pimenta-do-reino a gosto; fari-nha de trigo ou de mandioca o suficiente para fazer uma liga e leo para fritar.

    Para preparar, lave as cascas de banana, escorra-as e pique-as bem fininhas. Junte os demais ingredientes e amasse bem. A se-guir, coloque na forma de bifes ou bolinhos e frite em leo quente.

    A CASCA DA BATATA

    Voc pode acompanhar a sua cerveja gelada com uma poro de tira-gosto feito com casca de batata. Siga as instrues.

    Ingredientes: cascas de batatas, leo para fritar e sal. Para o preparo, primeiramente lave bem as cascas de batatas.

    Aps escorr-las, frite-as em leo quente at ficarem douradas e sequinhas. Tempere com sal e sirva.

    A CASCA DO MARACUJ

    possvel elaborar um doce bastante extico a partir das cascas do maracuj. Siga as instrues.

    Ingredientes: cascas bem lavadas de 6 maracujs azedos e fir-mes, duas xcaras (ch) de acar, 3 xcaras (ch) de gua, 1/2 xcara (ch) de suco de maracuj e 2pauzinhos de canela.

    Para preparar, descasque os maracujs, deixando toda a parte branca. Coloque numa tigela e cubra com gua. Deixe de molho de um dia para o outro. Escorra e coloque numa panela. Junte o acar, a gua, o suco de maracuj e a canela. Leve ao fogo at que forme uma calda grossa.

    FOLHAS E TALOS

    As folhas e talos das verduras e hortalias podem gerar uma tima sopa, para aquec-lo no inverno. Siga as instrues.

    Ingredientes: quatro colheres (sopa) de leo ou margarina, duas colheres (sopa) de cebola ralada, duas xcaras (ch) de farinha de

    58

  • mandioca torrada ou farinha de milho, dois litros de gua, folhas e talos de cenoura, beterraba, agrio, bem picados e sal a gosto.

    Numa panela, aquea duas colheres (sopa) de leo e refogue as cascas e os talos de verduras. Reserve. Numa panela grande, aque-a o restante do leo e refogue a cebola. Acrescente a gua. Junte aos poucos a farinha (de mandioca ou de milho) e tempere com o sal. Mexa bem, junte os talos refogados e sirva em seguida.

    0 PO VELHO

    Consagrada receita popular, o pudim de "po velho" bastan-te apreciado em todas as camadas sociais e so muitos os que no trocam um bom pedao de pudim de po por qualquer outra guloseima.

    Ingredientes: para o equivalente a doze pezinhos, junte seis ovos, um litro de leite, 500 g de acar, trs colheres de sopa de manteiga, trs de farinha e meia colher de sopa de fermento. O pudim tambm pode ser enriquecido com uva passa (a gosto), cravo e canela. Preferencialmente, o po deve estar bem duro e velho.

    Misture tudo numa panela grande e aguarde o amolecimento do po. A seguir, amasse tudo com as mos ou, ento, utilize o liqidificador. Espere a massa reagir. Coloque ento a massa numa forma untada com manteiga e leve ao forno bem quentinho. Quando a massa gratinar, apresentando uma crosta bem amarelada, retire do forno, deixe esfriar e esparrame uma gulosa calda de acar sobre o pudim. Agora, s comer!

    0 ARROZ COZIDO

    Sobrou arroz cozido? Reaproveite, fazendo um bom sufl. Siga as instrues.

    Ingredientes: uma xcara (ch) de sobra de arroz cozido, trs ovos, sal a gosto, uma xcara (ch) de leite, uma colher (sopa) de manteiga, 100 g de queijo minas, uma colher (sopa) de farinha de trigo e cheiro-verdepicado a gosto.

    Coloque todos os ingredientes no copo do liqidificador e bata. Despeje numa forma bem untada e leve ao forno para assar.

    Outra dica o verdadeiramente tradicional bolinho de arroz. Siga as instrues.

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  • Ingredientes: sobras de arroz cozido, farinha, ovos e salsinha. As sobras devem ser misturadas com salsinha a gosto, um pou-

    co de farinha e ovos at atingir o ponto de "liga". Molde a massa obtida com duas colheres para formar os bolinhos. Mergulhe-os um a um no leo bem quente. Assim que dourar, retire da panela, escorrendo o leo excedente.

    OS NABOS

    Reapresente o nabo na forma de um assado. Siga as instrues. Ingredientes: 250 g de nabo, cheiro-verde a gosto, 1/2 tomate,

    u ma colher (sopa) de manteiga, u ma xcara (ch) de po corta-do em cubinhos, uma colher (caf) de sal, 1/2 xcara (ch) de leite e um ovo.

    Cozinhe os nabos at ficarem macios. Amasse-os com um garfo e reserve. Doure o cheiro-verde e o tomate na manteiga e junte o nabo amassado. parte, misture os cubinhos de po, o leite e o sal e deixe de molho por dez minutos. Acrescente o nabo amassado, coloque numa assadeira untada e leve para dourar em forno quente.

    0 CAROO DA JACA

    Com os caroos da jaca, podemos elaborar um doce bastante saboroso. Siga as instrues.

    Ingredientes: 250 g de caroo de jaca, 100 g de acar, duas gemas, uma colher de ch de margarina e quatro gotas de baunilha .

    Preparo: torre no forno os caroos de jaca, retire as peles e passe-os pela mquina de moer carne. Faa uma calda em ponto de pasta com o acar, dois copos de gua e a baunilha. Junte a margarina, retire do fogo e deixe esfriar. A seguir, junte as gemas passadas pela