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Foto: KLEIDE TEIXEIRA/ EDITORA GLOBO ESTE TEMA ENVOLVE CONCEITOS DE

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O crescimento do Brasil se dá em espasmos. Após alguns anos de estagnação, segue-se um surto de expansão com intensidade e duração variáveis. Até certo ponto, trata-se de um padrão típico do

capitalismo, em que o mercado, e não o planejamento das antigas socieda-des comunistas, é responsável pela dinâmica da economia. No caso brasi-leiro, porém, essa natureza incerta é potencializada pela dependência de fatores que escapam ao controle do governo, como a disponibilidade de recursos externos.

Hoje, com a abundância de dólares no mundo, sobretudo antes da tur-bulência dos mercados, o país está em meio a um desses soluços. Depois de um período de alta medíocre do Produto Interno Bruto (PIB), é provável que até dezembro a média de crescimento dos últimos quatro anos fique acima dos 4%. É um resultado que está aquém da necessidade e do poten-cial do Brasil, mas que não é desprezível, chegando até a causar efeitos negativos, como a formação de gargalos de infra-estrutura.

A crise aeroportuária é um trágico lembrete de que as condições para o país continuar crescendo estão muito próximas do limite. Congonhas, o aeroporto da cidade de São Paulo, é apenas a ponta do iceberg. Abaixo do nível da água estão a oferta inadequada de energia, o precário transporte rodoviário, a malha ferroviária insuficiente, a já saturada capacidade dos portos, enfim, para onde quer que se olhe há uma carência a ser resolvida.

O anúncio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em janeiro deste ano, é um reconhecimento por parte do governo da necessidade de desobstrução desses e de outros gar-galos. O PAC prevê investimentos de mais de meio tri-lhão de reais ao longo do segundo mandato do presiden-te Lula, embora, a julgar pela morosidade dos primeiros passos, dificilmente chegue lá.

O programa divide as opiniões. Os críticos falam em volta da interferência do Estado, os simpatizantes vêem aí um desenvolvimentismo “light”. O fato é que um país periférico como o Brasil, que vive a reboque dos grandes centros de poder e riqueza do mundo, dificilmente teria

condição de dispensar a presença do Estado em sua expansão, seja como investidor, seja como regulador da atividade econômica.

Essa é, em resumo, a história da industrialização brasileira, uma história que começa meio por acaso com a Revolução de 30. Por acaso, sim, pois o movimento que pôs fim à República Velha não tinha um plano para

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> Período que vai da Proclama-ção da República, em 1889, à Revolução de 1930. Foi caracte-rizado pelo domínio da oligar-quia agrícola. Revezavam-se no poder central representantes dos Estados onde essa burgue-sia tinha mais expressão, São Paulo e Minas Gerais.

REPÚBLICA VELHA

> Estima-se que três quartos das rodovias do país estejam em estado regular, ruim ou pés-simo. As estradas brasileiras são responsáveis por 60% do transporte de cargas no país.

TRANSPORTE RODOVIÁRIO

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AÇÃO

O PAC é umreconhecimentoda necessidadede desobstruir

gargalos da infra-estrutura

Deodoro, o primeiro presidente

Em cima da base deixada por Getúlio Vargas, a política para o setor começa com Juscelino e tem continuidade sob os militares POR OSCAR PILAGALLO

Guia ÉPOCA

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industrializar o Brasil. Apenas rea-giu à Depressão de 1929, que atingiu em cheio o consu-mo de café, motor da economia bra-sileira. O primeiro apoio consistente à indústria viria só com o Estado Novo, entre 1937 e 1945, período mar-cado pela aliança entre a burocracia civil e militar e a nascente burguesia industrial.

Até o início da Segunda Guerra Mundial, a indústria nacional só engatinhava. O conflito militar proporcionou a primeira oportunidade para o setor ficar em pé. Ela foi decorrente da atitude do ditador Getúlio Vargas, que condicionou o apoio do Brasil aos Aliados ao financia-mento pelos Estados Unidos da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, no Rio de Janeiro. A cria-ção do BNDES, banco de fomento à indústria, e a da Petrobras, no segundo governo Vargas, seriam passos na mesma direção.

Embora Vargas tenha lançado as bases, o grande salto da indústria só seria dado por seu herdeiro político, Juscelino Kubitschek. Ao tomar posse, JK anunciou o Plano de Metas, cujo objetivo era crescer “50 anos em 5”. Por trás do slogan havia uma iniciativa consistente de planejamento – a primeira do gênero no Brasil. O plano consistia em apro-fundar o processo de substituição de importações. Os setores de energia e transporte, que consumiram quase três quartos dos investimentos previs-tos, foram privilegiados.

A meta mais visível foi a criação da indústria automobilística. Até então, circulavam no país apenas carros importados, o que acentuava o desequi-líbrio das contas externas. JK trouxe empresas estrangeiras, inaugurando

o modelo nacional-desenvolvimentista (em oposição ao nacio-nalista, avesso ao capital de fora). Ao fim de seu mandato, o presidente chegou próximo da marca dos 100 mil veículos fabricados que anunciara no início.

O Plano de Metas exigiu um grande esforço de coordena-ção entre áreas distintas. Para evitar gargalos, era preciso

que não faltassem aço e borracha nas montadoras, nem material de construção civil para as estradas – e

para Brasília, a cereja do bolo de JK, que custou o equivalente a pouco mais de 2% do PIB. Uma

expansão de tal magnitude teve um preço ele-vado: a conta foi apresentada na forma de

Após os ciclos de expansão da indústria por indução estatal, o Brasil, em sintonia com a onda liberal liderada pela Grã-Bretanha de Margaret Thatcher (1979-1990) e os Estados Unidos de Ronald Reagan (1981-1989), deu início em 1990 a um programa de desestatização. Entre as primeiras privatizações, ainda no governo de Fernando Collor (1990-1992), estavam siderúrgicas, o que, até no nível simbólico, fechou um ciclo.

O programa ganharia impulso nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), quando as vendas geraramUS$ 93 bilhões, dos quais 5% em “moedas podres” (títulos de dívida do governo aceitos como parte do pagamento). No período anterior (Collor e Itamar Franco), a receita fora de quase US$ 12 bilhões (80% em “moeda podre”).

Em A Arte da Política, seu livro de memórias, FHC defende o progra-ma como uma “inovação na busca do interesse público”. O ex-presi-dente cita a criação das agências reguladoras, que têm o objetivo de imunizar áreas importantes de ingerências políticas, como um complemento das privatizações. Para tanto, seus integrantes não podem ser demitidos, como na tradição anglo-saxã que serviu de molde para as agências.

O papel lamentável que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desempenhou no caos aeroportuário, porém, mostra que esses órgãos ainda precisam ser aperfeiçoados.

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Geisel, que investiu na indústria de base

O PAPEL DASPRIVATIZAÇÕES

Getúlio (ao centro), responsável pela primeira siderúrgica

Até o inícioda Segunda

Guerra Mundial, a indústrianacional apenas

engatinhava

o modelo nacional-desenvolvimentista (em oposição ao nacio-nalista, avesso ao capital de fora). Ao fim de seu mandato, o presidente chegou próximo da marca dos 100 mil veículos fabricados que anunciara no início.

O Plano de Metas exigiu um grande esforço de coordena-ção entre áreas distintas. Para evitar gargalos, era preciso

que não faltassem aço e borracha nas montadoras, nem material de construção civil para as estradas – e

para Brasília, a cereja do bolo de JK, que custou o equivalente a pouco mais de 2% do PIB. Uma

expansão de tal magnitude teve um preço ele-vado: a conta foi apresentada na forma de

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Geisel, que investiu na indústria de base

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inflação, que dobrou para 40% ao ano durante o mandato.

Depois de patinar com os dois suces-sores civis de JK (Jânio Quadros e João Goulart), a indústria teria um novo espas-mo de crescimento sob a ditadura militar. No primeiro momen-to, houve o que ficou conhecido como “milagre brasileiro”. Entre 1968 e 1973, o Brasil teve um cresci-

mento “chinês”: a expansão anual foi superior a 10%. A receita mostrou-se eficiente, mas nada tinha de original: tratava-se apenas de captar os dóla-res que estavam sobrando no mercado internacional.

O milagre acabou com o choque do petróleo. Em 1973, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) triplicou o preço do barril em represália aos governos ocidentais que haviam apoiado Israel contra os ára-bes na guerra do Yom Kippur. Seria o momento de o Brasil desacelerar, como fez a maioria. Mas os militares decidiram continuar apostando no crescimento.

Assim, em 1974, Ernesto Geisel lançou o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento. Se o plano de JK visava à indústria de consumo, o de Geisel visava à indústria de base (fertilizantes, produtos petroquímicos) e à geração de energia. Mais uma vez, o país passaria por um ciclo de subs-

tituição de importações, desta vez de maior enverga-dura. Entre 1974 e 1978, o Brasil cresceria a um ritmo médio anual de 7%. Até os críticos de Geisel não deixam de reconhecer a importância do investimento em infra-estrutura. O problema foi o elevadíssimo custo da tentativa de tornar o país auto-suficiente em áreas estratégicas. O descontrole da inflação e o crescimento exponencial da dívida externa – heran-ças do regime militar – só seriam equacionados duas décadas mais tarde.

Diante dos planos de JK e dos militares, o PAC é um programa modesto, mesmo que venha a ser cumprido à risca, o que é improvável. Uma diferença objetiva é a limitação de seu financiamento. Hoje em dia, o consenso em torno dos valores da estabiliza-ção da moeda não mais permite pagar o crescimento presente com a inflação futura.

> Nos anos 70, a Opep impôs dois choques do petróleo. O segundo foi em 1979, quando o preço do barril dobrou. A alta provocou a mais grave recessão mundial desde 1929. No Brasil, a inflação disparou e houve de-terioração das contas externas.

CHOQUE DO PETRÓLEO

Plataforma de petróleo no Brasil

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Guerra do Yom Kippur, que elevaria os preços do petróleo em 1973

Os militareslançaram um

plano dedesenvolvimentonum momento

em que o mundo,

depois do primeiro

choque do petróleo,

caminhava para a recessão

econômica

OSCAR PILAGALLO, jornalista, é autor de A História do Brasil no Século 20 (em cinco volumes, pela Publifolha)

Guia ÉPOCA

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Leia o texto:Depois da necessária e proveitosa discus-são no Congresso Nacional, foi sancionada a Lei no 11.079, que institui normas para a contratação das Parcerias Público-Privadas no Brasil. Os obstáculos a vencer com as PPPs são muitos e complexos. Para que se obtenha aceitação e confiança públicas, é preciso, antes de mais nada, grande determinação e apoio governamental, além de plena transparência nas ações.Fonte: CNI in:www.cni.org.br/empauta/src/INFRA-ESTRUTURA.pdf

Sobre as PPPs é correto afirmar:A) são uma alternativa que o governo encontrou para atrair investimentos privados para as obras de infra-estrutura necessárias ao país.B) são um meio de atrair investimentos para obras públicas; elas gozam do mais absoluto apoio de todas as forças políticas do país.C) os empresários não aceitam as PPPs, pois entendem que os investimentos em infra-estrutura

são de responsabilidade exclusiva do governo.D) o atual governo nega-se a imple-mentar as PPPs, pois faltam meios para fiscalizar a correta aplicação dos recursos, o que implicaria muita cor-rupção nas obras públicas.E) são um contrato entre o setor público e o privado, no qual as empresas tornam-se donas de um serviço público, como uma estrada, em troca da tarifa cobrada dos usuários.

1ª questãoA ampliação e diversificação da matriz ener-gética brasileira é uma necessidade frente às possibilidades de retomada do cres-cimento econômico e industrial do país. O mapa ilustra o gasoduto Bolívia–Brasil.Sobre o gás natural e seu uso como fonte energética no Brasil, é correto afirmar que:A) o gás natural é um recurso mineral renovável, encontrado em bacias sedi-mentares e formado pela decomposi-ção de matéria orgânica em ambientes periglaciais.B) a substituição do petróleo e do carvão mineral e vegetal por gás natural, apesar de reduzir custos, não é recomendável, pois o gás é mais poluente que os demais.C) o gasoduto, que no Brasil passa somente por Estados do Centro-Sul, é res-

ponsável pelo fornecimento de gás natural a importantes atividades industriais.D) a construção do gasoduto pode representar o esgotamento rápido do gás natural boliviano, pois, além do Brasil, a Bolívia abastece ainda a Argentina, que não possui reservas deste recurso.E) após a construção do gasoduto, o gás natural passou a ser a fonte de energia mais consumida no país, pelo baixo custo de sua obten-ção e facilidade de distribuição.UFSCar, 2005 (questão 25 da prova de Geografia)

COMENTÁRIOA presença do mapa constitui boa dica para o acerto da alternativa, mas só ajudará os que conhecem o valor do gás natural como fonte energéti-ca. O gasoduto Brasil–Bolívia possui 3.150 km, dos quais

2.593 km em território brasileiro. Parte de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e termina em Porto Alegre, passando por Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Seu traçado corta uma área responsável por boa parte do PIB brasileiro.

GABARITO 1 (C)

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QUESTÕES RESPONDIDAS

Concreto e bossa nova

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3ª questãoO desempenho atual da indústria

brasileira sofre interferência negativa de fatores de ordem interna ou externa.

Considerando-se essa informação, é INCORRETO afirmar que, no Brasil, a indústria é afetadaA) internamente, pelo custo das tarifas públicas e pela carga tributária, que penalizam o setor produtivo brasileiro.B) externamente, pelas oscilações no valor da moeda do país, que interferem na competitividade do produto nacional.C) externamente, pelos acordos

bilaterais que, assinados pelo país, res-tringem o número de parceiros e itens comercializados.D) internamente, pelo baixo poder aquisitivo de grande parte do mercadoconsumidor, conseqüência da má dis-tribuição de renda no país.UFMG, 2006 (questão 40 da prova de Geografia)

COMENTÁRIOEnunciados que pedem a indicação

da informação incorreta exigem cuidado extra, uma vez que devem ser interpre-tados no sentido inverso ao normalmen-te solicitado. E atenção: há instituições

que não destacam a palavra “incorreta”, uma armadilha aos desatentos.

Nesta questão, veja que os acordos bilaterais ampliam – e não restrin-gem – parceiros e itens comercializa-dos pelo país. Tais acordos obedecem às normas da Organização Mundial do Comércio. Observe que a questão é datada. No início deste ano, com a modi-ficação na fórmula de calcular o PIB, o montante da carga tributária recuou. Da mesma forma, o consumo das classes menos favorecidas vem crescendo nos últimos dois anos, o que poderia levar a um questionamento da alternativa D.

2ª questãoO setor ferroviário ultrapassou o rodo-

viário na corrida por investimentos. Um levantamento concluído nesta semana pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) mostra que as conces-sionárias privadas de estradas de ferro já garantiram R$ 2,5 bilhões de recursos para 2003 e 2004. Do outro lado, dados do Ministério dos Transportes mostram

que as rodovias federais devem receber neste ano R$ 1,2 bilhão. No ano que vem não devem receber muito mais que isso.(O Estado de S. Paulo, 12/10/2003)

Apesar das perspectivas promissoras apontadas na reportagem, o setor ferro-viário brasileiro, privatizado nos anos 90, tem apresentado modestos indicadores de crescimento do transporte de cargas.

Entre os fatores que têm contri-buído para esse baixo desempenho, podemos citar:

A) diferenças de bitolas entre as linhas férreas e traçados desiguais nas diferen-tes regiões do país.B) reduzida demanda para o transporte de cargas no setor e fracasso do modelo de gestão privada.C) inexistência de fábricas de material ferroviário e preferência das transporta-doras pela navegação de cabotagem.D) custos mais baixos do transporte rodo-viário para grandes distâncias e reduzida conexão ferroviária entre interior e litoral.Uerj, 2004 (questão 14 da prova de Geografia)

COMENTÁRIOQuanto ao enunciado, observe que

começa com a locução prepositiva “ape-sar de”, que indica concessão em relação ao afirmado anteriormente. Sendo assim, o texto, em destaque, não altera o que o enunciado solicita.

Quanto ao conteúdo, no Brasil, é comum o uso de duas bitolas diferentes, a métrica e a larga. Alguns traçados têm bitolas mistas, adaptadas para o uso das duas. Apesar dessa dificuldade, o transporte de carga por via férrea, princi-palmente de produtos como o minério de ferro, vem avançando no país. Quanto ao transporte de passageiros, restringe-se às regiões metropolitanas.

GABARITO 2 (A) 3 (C)

Estrada de Ferro Vitória a Minas, responsável por um terço do transporte da carga ferroviária no Brasil

Guia ÉPOCA

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1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7 I r e v i s ta é p o c a I 7

4ª questãoO poema ao lado faz referência ao desenvolvimento urbano, muito pre-sente na década de 1950 no Brasil. Sobre esse período, é CORRETO afirmar que:01. no final da década de 1950, o Brasil teve como presidente Juscelino Kubitschek (JK), conhecido por seu slogan de governo “50 anos em 5”.

02. durante o governo de JK, o país teve grande crescimento da indústria de bens de consumo duráveis, a maioria pertencente a empresas multinacionais. As propagandas de automóveis e aparelhos eletrodomésticos da época revelam essa tendência.

04. esse período é conhecido pelo decréscimo da dívida externa brasileira, que pôde ser paga gradativamente graças ao aumento das exportações.

08. a construção de Brasília foi idealizada por Getúlio Vargas e concluída por JK. O objetivo era desenvolver o litoral brasileiro, construindo a capital do país na região.

16. o desenvolvimento industrial atingiu, principalmente, o Nordeste brasileiro. Isso provocou grande afluxo migratório do Sul e Sudeste para a região, provocando o inchaço de cidades como Salvador e João Pessoa.

32. também como reflexo da industrialização, pôde-se observar um grande crescimento na população rural brasileira.

64. no plano cultural, o período do governo JK presenciou a difusão do cinema brasileiro e da bossa nova, na qual Vinicius de Moraes teve presença marcante.

Indique a soma das respostas corretas: ______UFSC, 2007 (questão 17 da prova de História)

COMENTÁRIOSobre o enunciado, repare que o poema, embora guarde relação com o contexto solicitado, só ilustra a questão. Ou seja, o entendimento do poema é irrelevante para você dar a resposta certa. Fique esperto: nem sempre a presença de poemas, trechos de reportagens e gráficos guardam relação determinante com o que será solicitado. E atenção redobrada para não errar a soma e morrer na praia.Sobre o conteúdo: o governo JK (1956-1961) possibilitou a entra-da das multinacionais de bens de consumo duráveis, tendo à frente a indústria automobilís-tica. No período, o Brasil viveu grande efervescência cultural, com o surgimento da bossa nova – representada por João Gilberto, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre outros – e grande atividade no cinema, no teatro, na literatura e na arquitetura.

GABARITO 4 (67=1+2+64)

A CIDADE EM PROGRESSO

“A cidade mudou. Partiu para o futuroEntre semoventes abstratosTranspondo da manhã o imarcescível muroDa manhã na asa dos DC-4s

Comeu colinas, comeu templos, comeu marFez-se empreiteira de pombaisDe onde se vêem partir e para onde se vêem voltarPombas paraestatais. [...]

E com uma indagação quem sabe prematuraFez erigir do chãoOs ritmos da superestruturaDe Lúcio, Niemeyer e Leão. [...]MORAES, Vinicius de. Nova Antologia Poética. São Paulo: Cia. de Bolso, 2005, p. 237.

Vinicius, poeta que

aderiu à bossa nova

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O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 – Atualidades circulará encartado em sua revista em dez fascículos. Além dos temas abordados (veja o calendário abaixo), haverá outro assunto a ser escolhido pelos

leitores e que será tratado num 11o fascículo disponível apenas no site da revista. Para votar num dos assuntos propostos, basta acessar www.epoca.com.br e clicar na seção “especiais”.

O guia ajudará o candidato a melhorar seu desempenho na prova de atualidades. O tema de cada fascículo será exposto num texto didático. Para avaliar o grau de conhecimento dos estudantes, os professores vão propor uma questão inédita e comentarão outras quatro formuladas para exames em universidades espalhadas pelo Brasil.

O comentário será dividido em duas partes. Na primeira, foca-se o enun-ciado, com destaque para as diversas maneiras de formular uma questão. Na segunda, analisa-se o conteúdo. O ideal é o candidato responder à questão antes de ler o comentário. O gabarito encontra-se no pé da página em que está a questão. As quatro questões são transcritas sem modificações, para que você possa treinar em casa a partir de uma situação real.Ilu

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ção:

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Como aproveitar este guia

Calendário

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FASCÍCULO TEMA

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Infra-Estrutura no Brasil

Democracia Brasileira

A Explosão Urbana no Mundo

Os Desafios da Geração de Energia

O Meio Ambiente no Século XXI

A Ameaça do Aquecimento Global

O Terrorismo e o Ataque aos Direitos do Cidadão

China – Crescimento e Repressão

Conflitos no Oriente Médio

América do Sul – Geopolítica e Energia

> E NÃO SE ESQUEÇA: vote no site o tema do 11o fascículo

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 – Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reservados.Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida semautorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva e Venerando Santiago de OliveiraCOMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR EXECUTIVO Juan OcerinDIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis Neto

Antes decomeçara responder às perguntas, leia todas as questões para sentir a dimensão da prova e o grau de dificuldade dos enunciados.

E fiqueatento:

é comum aparecer algum dado que pode

ser utilizado em outras questões.

Guia ÉPOCA

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AAmérica do Sul, que era conhecida por ter governos de direita, assistiu nos últi-

mos anos à ascensão da esquer-da. Partidos identificados com o socialismo de diferentes matizes estão no poder. Para alguns, são governos populares; para outros, neopopulistas. A guinada nem sempre significou rompimento com o liberalismo, como no Brasil e no Chile. Os EUA se mostram mais preocupados com Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equa-dor), que lideram governos hostis à superpotência. Um fato comum a esses países é ter gás natural ou petróleo. São as grandes reservas da Venezuela que permitem a Chávez uma política externa mais ousada. A ação conjunta de paí-ses da região, no entanto, ainda esbarra em obstáculos, como se verá neste fascículo.

NESTA EDIÇÃO

Chávez, trajetória entre golpes PÁG. 3

Conheça a gênese do Mercosul PÁG. 4

Veja o tema vencedor do 11o fascículo PÁG. 8 > História

> Geografia

Populares ou populistas, eis

a questãoA esquerda chegou ao poder na América

do Sul, mas essa uniformidade ainda não se traduziu na conclusão de projetos

energéticos comuns

Lula, ladeado por Hugo Chávez, da Venezuela (à esq.), e Evo Morales, da Bolívia

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Tradicionalmente governada por regimes associados à ide-ologia de direita, a América do

Sul assistiu nos últimos anos à ascensão da esquerda. Após a onda neoliberal dos

anos 1990, partidos identificados com o socialismo de diferentes matizes alcançaram

o poder. Para alguns, são governos popula-res; para outros, neopopulistas.

Em muitos casos, a referida ascensão não significou rompimento absoluto com práticas liberais,

como demonstram os casos chileno e brasileiro. Assim, tanto ao estudante como ao professor, faz-se necessário um

filtro ideológico para uma avaliação ponderada do quadro político sul-americano e de sua conjuntura geopolítica.

Excetuando-se o claro exemplo da Colômbia, de Álvaro Uribe, a grande maioria dos países sul-americanos encontra-se,

hoje, governada por partidos e/ou políticos com origem na esquerda. Aguardemos a definição no Paraguai (por enquanto, o líder das pesquisas

para as eleições de 2008 é o ex-bispo Fernando Lugo,candidato de esquerda).

O atraso social e econômico da América Latina (onde se insere a América do Sul) é um produto histórico e, independentemente do viés ideológico dos atuais e próximos governantes, é difícil que o quadro se reverta no curto prazo. A reparação da desigualdade construída em bases tão sólidas e incrustada há séculos na região não será tarefa fácil para liberais ou socialistas.

Já a geopolítica regional é redesenhada, circunstancialmente, de acordo com

ENTENDA O ASSUNTO

Conservadora e oligárquica, a América do Sul volve à esquerda

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Com petróleo e gás, a região poderia ter peso maior nas negociações com as potências consumidoras, mas projetos regionais enfrentam obstáculos POR EDILSON ADÃO

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A ONDA VERMELHA SUL-AMERICANA

Eleições em abril de 2008

Governos de esquerda

Governo de direita

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> Duas frustradas tentativas de golpe de Estado mar-cam a trajetória política de Hugo Chávez, presidente da Venezuela. A primeira, que ele protagonizou, data de fevereiro de 1992. Na épo-ca, o então tenente-coronel Chávez tentou derrubar o presidente Carlos Andrés Pérez, identificado com um programa econômico liberal. Preso, foi anistiado dois anos mais tarde. Com projeção nacional, venceu a eleição de 1998 e, em abril de 2002, seria vítima de um golpe de direita, que o afastou do cargo por apenas algumas horas.

UMA LIDERANÇA, DOIS GOLPES

A Venezuelapossui enormes

reservas depetróleo, o que

determinasua política

externa

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o tom partidário daqueles que chegam ao poder. Como líder das Américas, os Estados Unidos vêem com muita reticência os passos de Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia) e Rafael Correa (Equador), que lideram regimes hostis à superpotência. Um fato comum a esses países é terem gás natural ou petróleo. Outros líderes preocupam menos. É o caso de Lula, de Michelle Bachelet (Chile) e de Tabaré Vásquez (Uruguai), assim como Néstor Kirchner (Argentina), no início do mandato.

A América do Sul tem papel importante na estratégica questão da energia no século XXI, particularmente a Venezuela. O país possui reservas petrolíferas no Orenoco, uma das maiores do mundo. Essas reservas poderão colocar o país no primeiro lugar mundial, se confirmada a certificação internacional em 316 bilhões de barris (atualmente, as reservas são de 77 bilhões de barris, a sexta maior concentração do mundo). As reservas da Arábia Saudita, hoje as maiores do mundo, são de 218 bilhões

de barris. Quanto ao petróleo extrapesado, de menor qualidade, a Venezuela detém a maior reserva mundial.

A política externa de Chávez põe seu prumo nessa realidade. Estreitando os laços com Irã, Rússia e China, suas ações são mais que uma simples provocação aos Estados Unidos. Há interesses econômicos e geopolíticos. Por sua vez, a China já está em busca das principais zonas petrolíferas do mundo; o Sudão é um exemplo. A Venezuela seria muito bem-vinda ao papel de fornecedor ao dragão asiático.

No âmbito regional, Hugo Chávez lançou, em 2004, uma ousada proposta: a criação da Petrosur, uma empresa multinacional sul-americana do setor petrolífero, idéia que foi aceita de pronto pelo Brasil. A intenção é aproveitar as estruturas da Petrobras e da PDVSA. Com a Bolívia, Chávez fundou a Petroandina, empresa binacional, 60% boliviana e 40% venezuelana.

Outro grande projeto energético de porte é o Grande Gasoduto do Sul (GGS), iniciativa venezuelana, brasileira e argentina, cujo projeto original prevê um gasoduto de 8.000 quilômetros. O primeiro trecho ligaria Güiria, na Venezuela, ao Recife. Nas fases seguintes, incorporaria Argentina, Bolívia,

Michelle Bachelet, presidente do ChileMichelle Bachelet,

presidente do Chile

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Uruguai, Paraguai, além de outros países que desejassem.

Para alguns, tais empreendimentos energéticos fazem parte de um plano expansionista de Chávez. Para outros, representam uma possibilidade de independência plena da porção austral da América. Esses projetos, no entanto, sofrem críticas sobre a viabilidade econômica, técnica e ambiental (o ramal do gás atravessará a Floresta Amazônica).

A consolidação da Petrosur e do GGS seria interessante ao menos em duas vertentes. Megaempresas regionais teriam robustez para negociar em melhores condições com as potências consumidoras de gás e petróleo e, de

certa forma, garantiriam o abastecimento sul-americano (ainda mais se considerarmos o esgotamento das reservas mundiais e a decorrente escassez a que,com certeza, assistiremos nos anos vindouros;problemas de abastecimento energético na regiãoestão previstos para 2010).

Após a empolgação nos últimos três anos, no entanto, neste ano a alternativa do gasoduto ficou mais distante e o ânimo brasileiro com os projetos de integração energética diminuiu sensivelmente. Hugo Chávez

acusou o golpe e passou a fazer cobranças. O arrefecimento brasileiro está diretamente ligado à nova preferência energética do presidente Lula: o biocombustível. Chávez juntou-se a Fidel Castro e ambos criticaram a alternativa brasileira, vinculando a questão do biocombustível a uma imediata falta de alimentos, alegando que a cana-de-açúcar substituiria os cultivos de alimentos básicos.

Outra possível celeuma energética (dessa feita, na fonte hidráulica) está prevista em caso de vitória de Fernando Lugo no Paraguai, em abril de 2008. Sua chegada ao poder, por si só, já seria algo extraordinário, pois poria fim à hegemonia de seis décadas do Partido Colorado, o mais antigo partido no

poder do mundo. Igualmente, seria motivo de preocupação ao governo brasileiro, pois uma das plataformas eleitorais do candidato é a revisão dos acordos da usina hidrelétrica binacional de Itaipu, que ele considera danosos aos paraguaios. ◆

EDILSON ADÃO, mestre em Geografia Humana pela USP e especialista emgeopolítica, é autor de Oriente Médio: a Gênese das Fronteiras (Editora Zouk)

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A eleição deum político deesquerda no

Paraguai pode causar um

problema para o Brasil

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As bases políticas para a criação do Mercado Comum do Sul surgiram em 1985, com os acordos de cooperação técnica e econômica firmados entre a Argentina e o Brasil. Em 1991, com a inclusão do Paraguai e do Uruguai, foi assinado o Tratado de Assunção, que criou o Mercosul. Porém, foi o Protocolo de Ouro Preto, de 1995, que definiu sua estrutura institucional e permitiu a celebração de acordos reconhecidos internacionalmente.

Entre 1996 e 2004, outros países sul-americanos ingressaram no bloco como países associados, inicialmen-te Bolívia e Chile, e, mais recente-mente, Peru, Colômbia e Equador. A Venezuela assinou um protocolo de adesão plena com o Mercosul, que ainda não foi ratificado.

Desde sua criação, o Mercosul pro-porcionou a ampliação das relações comerciais entre os países da região, apesar da instabilidade nas relações entre seus membros, sobretudo Brasil e Argentina, e das condições nem sem-pre favoráveis da economia mundial.

No âmbito institucional e econô-mico, as maiores dificuldades estão na adoção de medidas protecionistas entre os membros, como sobretaxas e cotas, a fim de atender a interesses de determinados setores das econo-mias nacionais, criando obstáculos para a livre circulação de mercadorias. Além disso, a Tarifa Externa Comum (TEC), que deveria padronizar as tari-fas de importações de fora do bloco, ainda não foi efetivada. Tais desa-justes comprometem a integração proposta em Assunção.André Guibur é professor de Geografia da rede privada e em cursos pré-vestibulares

O MERCOSUL E A INTEGRAÇÃO REGIONAL Por André Guibur

Fernando Lugo,candidato à Presidência do Paraguai

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EDILSON ADÃO, Humana pela USP e especialista emgeopolítica, é autor de Gênese das Fronteiras

Fidel Castro, a quem Chávez se aliou

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Qual o sentido da ascensão daesquerda na América do Sul?Avalie o que de fato mudou após partidos de esquerda terem sido eleitos; a resposta e o comentário estarão no fascículo eletrônico da próxima semana

Sobre o cenário geopolítico sul-americano, podemos afirmar que:A) a ascensão de regimes de esquerda levou vários países da região a adotar o sistema de economia planificada, como o Brasil e o Chile.B) os recentes desentendimentos

entre Lula e Chávez promoveram uma retomada da corrida armamen-tista sul-americana.C) o ingresso da Venezuela no Mercosul foi vetado por conta da ins-piração marxista de Hugo Chávez.D) apesar de muitos partidos de

esquerda terem chegado ao poder na América do Sul, o sistema de economia de mercado foi mantido em todos eles.E) o Paraguai saiu do Mercosul devi-do a uma aproximação estratégica com os Estados Unidos.

Um dos motivos para a ocupação das colinas de Golã (letra A no mapa) foi o fato de essa região ser a mais importante área de nascentes da Bacia do Jordão, o que a valoriza geopoliticamente, pois a região é muito pobre em recursos hídricos. A Cisjordânia (letra B no mapa) é a mais importante área agrícola; a Faixa de Gaza (letra C no mapa) pertencia originalmente ao Egito; a Península do Sinai (letra D no mapa) foi devolvida em 1979 ao Egito; as colinas de Golã e Cisjordânia permanecem sob domínio israelense.

Gabarito: alternativa A. (Um dos motivos que levaram à ocupação da região A, no território sírio, é o fato de tratar-se de importante área de manancial em uma região marcada pela aridez.)

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO IX

Razão geopolítica explica a ocupação das colinas de Golã

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Colinas de Golã. Pertencia à Síria, é a mais importante área de manancial da região.

Cisjordânia. Pertencia à Jordânia, importantezonafértil, gurda grande valor religiosopara o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

Faixa de Gaza. pertencia ao Egito, zona árida,área de intensa atuação da guerrilhapalestina contra alvos israelenses.

Península do Sinai. ocupada junto ao Egitofoi desenvolvida posteriormenteaos Acordos de Camp David, em 1979.

Elaboração: Edilson Adão

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2ª questãoO presidente da Venezuela, Hugo

Chávez, voltou ontem a concentrar a atenção internacional ao tornar-se o primeiro chefe de Estado a fazer uma visita oficial ao Iraque desde o fim da Guerra do Golfo, em 1991. A viagem faz parte de seu tour pelos países-membros da Opep (...)

“O Estado de São Paulo” – 11/8/2000

A visita do presidente venezuelano justifica-se:A) pela necessidade de obter apoio interno, uma vez que sua eleição é contestada por vários grupos de

oposição venezuelanos.B) pelo fato da Venezuela ser membro da Opep e o terceiro maior exportador mundial de petróleo e temer um aumento da produção e conseqüente queda de preços do produto.C) pela necessidade de conseguir impor-tar petróleo a preços subsidiados, alivian-do a pressão inflacionária na Venezuela.D) para tentar reduzir os preços inter-nacionais do petróleo, favorecendo as exportações venezuelanas do produto, principalmente para os EUA.E) para se antepor ao isolamento da Venezuela junto à comunidade inter-nacional, que questiona a lisura da eleição de Chávez.Mackenzie, 2001

COMENTÁRIOA leitura atenta do enunciado auxilia

na escolha da alternativa correta, uma vez que, ao final, refere-se à Opep e lembra ao candidato a relação entre os países citados. Apesar de a alternativa correta apontar o fato de a Venezuela fazer parte da Opep como o principal motivo da visita de Chávez ao Iraque, a questão vai além. A visita a Saddam tam-bém demonstrou um tom desafiador de Chávez à comunidade internacional, uma vez que o Iraque estava sob embargo da ONU desde 1991 e, até então, nenhum chefe de Estado havia adotado tal pos-tura. Na mesma viagem, Hugo Chávez visitou o dirigente líbio, Muammar Kadafi, e o cubano Fidel Castro.

1ª questãoObserve o mapa ao lado. Note a linha

cheia e a linha pontilhada, quase sempre paralelas.

Em relação às obras de infra-estru-tura destacadas, assinale a alternativa INCORRETA:A) podem permitir a abertura de canal de escoamento de produtos da Zona Franca de Manaus para outros mercados e a consolidação da ligação Brasil–Venezuela, via Manaus e Boa Vista.B) podem contribuir para agilizar e intensificar fluxos econômicos, baratear a exportação de produtos brasileiros e articular zonas da Amazônia setentrional, numa região fronteiriça.C) inscrevem-se no contexto de melhoria da infra-estrutura de integração física e

circulação terrestre do subcontinente, conforme proposta firmada recentemente pelos chefes de Estado da América do Sul.D) podem contribuir para consolidar a posição estratégica de Manaus, como sede da Zona Franca e nó de confluência

de fluxos e meios de transporte e energia.E) podem reforçar os conflitos existentes com os países da Comunidade Andina (CAN), em face da perspectiva de expansão dos interesses brasileiros na região. FGV, 2001

COMENTÁRIOTanto a presença do mapa como a

solicitação da alternativa incorreta (menos comum nos exames) podem confundir o candidato. Mas a alternativa incorreta é tão óbvia que deve compensar o susto. As obras de infra-estrutura apontadas no mapa atuam muito mais num sentido de integração que de confrontação, como aponta a alternativa incorreta. Os países da Comunidade Andina até são vistos como potenciais candidatos a ingressarem no Mercosul, como já anunciou o governo brasileiro. Portanto, o espírito de conflitos é totalmente improcedente.

QUESTÕES RESPONDIDAS

Petróleo e geopolíticaNas questões a seguir, veja o que já foi perguntado em vestibulares a respeito de temas energéticos e ideológicos sobre a América do Sul

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4ª questãoO cenário geopolítico sul-ameri-

cano anda turbulento. Assinale a alternativa que indica corretamente alguma característica geopolítica sul-americana recente, o país e a respectiva indicação:A) as Farc continuam realizando seqüestros em nome de uma ban-deira política = Venezuela.B) o presidente Lúcio Gutierrez não resistiu à crise política e renunciou = Colômbia.C) a revolução bolivariana levada adiante por Hugo Chávez tem con-quistado simpatia junto à popula-ção de mais baixa renda = Bolívia.D) o líder da oposição Evo Morales desponta como principal nome nas eleições de dezembro = Equador.E) a concessão de seu território para uma suposta base militar norte-americana foi malvista pelos vizinhos = Paraguai. ESPM, 2006

COMENTÁRIOEnunciado vago (“alguma

característica geopolítica”) sempre gera insegurança no candidato. Para aqueles mal informados sobre cartografia, a ausência dos

nomes dos países envolvidos na questão representa mais um complicador. Em 2006, uma proposta norte-americana de conceder vantagens comerciais e alfandegárias ao Paraguai em troca da utilização de seu território para uma suposta instalação de base norte-americana causou mal- estar entre os vizinhos, inclusive com a possibilidade de expulsão do país do Mercosul. As mais calorosas reações foram do representante das relações exteriores do governo argentino, mas também se manifestou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil. As regras do Mercosul proíbem que um membro do bloco faça acordos alfandegários em separado com outros países, daí a ameaça de expulsão. Igualmente, preocupou os governos argentino e brasileiro a possibilidade dessa suposta base norte-americana, próxima às suas fronteiras.

3ª questãoEm relação às vias marinhas de

circulação destacadas abaixo, assinale a alternativa correta:A) Ilhas Lennox, Picton e Nueva, situa-das no Canal de Beagle, extremo sul da América, foram objeto de disputa entre Argentina e Chile.B) Canal do Panamá, na América Central, que une os oceanos Atlântico e Pacífico, passará ao controle dos Estados Unidos em 2000.C) Estreito de Ormuz, localizado no

Golfo Pérsico, foi o principal motivo da invasão do Iraque pelo Kwait.D) Canal de Suez, no Egito, está com sua navegação impedida por determi-nações israelenses.E) Estreito de Gibraltar é reivindica-do por Portugal junto à Inglaterra, tendo em vista o controle da navega-ção comercial entre o Atlântico e o Mediterrâneo.UFRS, 2000

COMENTÁRIOEnunciado curto, objetivo e direto,

mas que não fornece dica para o can-

didato. Argentina e Chile travaram intensa disputa pelo controle da rota do Canal de Beagle, no extremo sul da América, e essa é uma questão ainda mal resolvida. Ligação entre os ocea-nos Atlântico e Pacífico, o canal tem importância estratégica. Também é importante saber: o Canal do Panamá foi devolvido em 1999 ao Panamá, e não aos Estados Unidos; o Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico, é disputado pelo Irã e pela Arábia Saudita; e a intervenção israelense em Suez se deu nos anos 1950.

GABARITO: 1 (E), 2 (B), 3 (A), 4 (E)

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No próximo fascículo do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades, o tema abordado será biotecnologia e células-tronco. Esse foi o assunto mais votado na enquete realizada no site de ÉPOCA (www.

epoca.com.br). Mais de 40% dos internautas escolheram esse tema, entre os quatro disponíveis. Os outros três foram: Globalização e Organizações Multilaterais, União Européia e Crime Organizado.

Biotecnologia é um conceito associado à modernidade. Mas é tão antigo quanto a própria civilização. Existe há milênios, desde os primeiros tempos da fabricação de pão e vinho.

A biotecnologia moderna começa com a descoberta e manipulação do DNA. Seqüenciamento de DNA, manipulação de genes, transgenia, clona-gem, pesquisas com células-tronco e terapias decorrentes são assuntos a serem tratados no fascículo. As questões éticas envolvidas também serão abordadas. O 11o fascículo, que terá a mesma estrutura dos outros dez, com questões comentadas pelos professores, estará disponível apenas em versão eletrônica.

Biotecnologia encerra sérieO próximo fascículo, que terá apenas versão eletrônica, focará a questão das células-tronco

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TOME CUIDADOcom o uso indiscriminado das generalizações: “maioria” é

diferente de “todos”, do mesmo modo que “muitas vezes” é

diferente de “sempre”. O uso inadequado ou a interpretação imprecisa desses termos podem

significar a resposta errada a uma questão.

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reserva-dos. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING yara Grottera

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B iotecnologia é um termo que nos remete ao estado da arte da ciência da vida. Está

associado ao genoma, ao DNA, a clones, enfim, a um extenso leque de descobertas dos tempos modernos. Mas a biotecnolgia é tão antiga quan-to a própria civilização. O primeiro homem que, 12 mil anos atrás, numa remota Mesopotâmia, usou fermento para fazer o pão estava pondo em curso um processo biotecnológico. Hoje a biotecnologia continua a fazer o pão, com a diferença de que o ingrediente pode ser transgênico. Biotecnologia é um termo que tam-bém nos remete à polêmica. Am-bientalistas e agricultores debatem o plantio de alimentos transgênicos, entre eles a soja. Correntes religio-sas, em nome do direito da vida do embrião, se opõem a pesquisadores que defendem o uso de células-tron-co em tratamentos de doenças. O de-bate envolve questões éticas e legais. Há mais perguntas que respostas. O importante é ter os argumentos afiados, tarefa que este fascículo o ajudará a levar a cabo.

> Física> Biologia> Química

Culturas transgênicas e uso de células-tronco estão no centro de um debate que envolve questões éticas, legais e religiosas

Biotecnologia, promessas e polêmicas

NESTA EDIÇÃO

Em que pé está a Leida Biossegurança PÁG. 3

Cinco dicas para você estudar melhor PÁG. 8

Representação do DNA

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H oje em dia podemos tomar vinhos de ótima qualidade, de várias partes do mundo e a preços acessíveis. Foi longo o caminho para chegar a esse estágio. Começou a ser percorrido há 5 mil anos no Egito, onde encontra-

mos os registros mais antigos do processo de vinificação. Naquela época, o uso de fermentos já não era novidade – afinal, a produção do pão na Mesopotâmia remonta há 12 mil anos.

Os antigos não tinham um nome para o processo, mas, ao produzir o pão e o vinho, estavam usando a biotecnologia. O termo se refere à utilização de seres vivos para a obtenção de serviços ou produtos. É o que a biotecnologia moderna ainda faz, agora com a ajuda da informação genética, que multiplicou sua utili-dade. Atualmente, por exemplo, a biotecnologia está na base da realização de testes de paternidade ou do desenvolvimento de medicamentos.

O passo mais importante, que abriu as portas para a biotecnologia moderna, foi dado em 7 de março de 1953 por Francis Crick e James Watson. Trabalhando no laboratório Cavendish, na Inglaterra, eles foram os primeiros a apresentar um modelo da molécula de DNA, com o formato de dupla hélice (parecida com uma escada em espiral). Essa descoberta causou uma revolução na biotecnolo-gia, possibilitando pesquisas com transgênicos, clonagem, genomas e células-tronco. Tais avanços defrontaram o homem e a sociedade com dilemas e confli-tos éticos, religiosos e legais, ainda passíveis de discussão e solução.

Em 1970, a descoberta das enzimas de restrição (que cortam o DNA em pontos específicos) tornou possível transferir trechos de DNA de uma espécie para outra e, portanto, o desenvolvimento de organismos transgênicos. O pri-

ENTENDA O ASSUNTO

Biotecnologia, entre o milagre e o pecado

2 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O X I

> O biólogo James Watson surpreendeu o mundo duas vezes. A primeira foi em 1953, quando, com Fran-cis Crick, físico britânico, anunciou o modelo de dupla hélice para o DNA, propondo como se daria sua replica-ção. A segunda foi em outu-bro passado, ao declarar seu “pessimismo em relação ao futuro da África pelo fato de os negros terem menos inte-ligência que os ocidentais”. Watson se desculpou publi-camente, mas foi suspenso do Laboratório Cold Spring Harbor, onde trabalhou por 40 anos. Acabou por se apo-sentar. A declaração mancha a biografia do cientista, mas não tira o valor de sua descoberta, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1962.

UM BIÓLOGO, DUAS SURPRESAS

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CÉLULAS PLURIPOTENTES(Células de blastocisto de 5-14 dias)

ÓVULO FERTILIZADO EMBRIÃO DE 8 DIASBLASTOCISTO

NEURÔNIO

MÚSCULO

CÉLULAS DO SANGUE

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A ciência abre novas perspectivas para o tratamento de doenças, mas seu avanço provoca polêmicas e debates sobre a própria noção de vida POR FÁBIO L. OLIVEIRA

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descoberta, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1962.

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meiro deles, uma bactéria produtora de insulina humana, foi apresentado em 1982, pela pioneira Genentech, da Califórnia, Estados Unidos. Atualmente existe uma série de organismos geneticamente modificados, desde animais de laboratório (com genes implantados ou suprimidos), usados em pesquisas, até vegetais resistentes a pragas, inseticidas, secas ou enriquecidos nutricionalmente.

Culturas transgênicas podem trazer inúmeros bene-fícios, como é o caso do arroz “dourado”, desenvolvido para combater, em populações subnutridas de países pobres, a deficiência de vitamina A, responsável por 500 mil casos anuais de cegueira infantil. Culturas resisten-

tes a secas ou altas salinidades estão sendo desenvolvidas em países como a África do Sul, podendo aumentar a produção de alimentos nos países africanos. O plantio de culturas resistentes a inseticidas ou pragas permite menor uso de inseticidas, o que reduz o impacto ambiental e o preço dos alimentos e pode contribuir para a diminuição da fome no mundo. Pequenos agricultores, contudo, devem ter acesso a essas sementes, caso se queira que o panorama da fome seja realmente modificado.

Não há só aspectos positivos. Algumas dessas culturas contêm genes que as fazem gerar sementes infecundas, o que obriga os agricultores a comprar as sementes a cada safra. Uma vez plantados, os vegetais transgênicos podem sele-cionar pragas mais resistentes ou os transgenes podem se dispersar por meio do pólen e ser incorporados por outras plantas, com conseqüências imprevisíveis.

Atualmente vários países estão desenvolvendo e cultivando safras transgêni-cas, inclusive o Brasil. Até agora não foi detectado nenhum problema ambiental, mas isso não é conclusivo. A segurança ambiental e alimentar de cada transgê-nico precisa de confirmação anterior a sua liberação para o mercado.

O desenvolvimento de técnicas que possibilitaram a identificação da se-qüência de nucleotídeos dos DNAs e a revelação dos genomas das espécies também têm importantes aplicações. Conhecer o conjunto de genes de espécies patogênicas de plantas ou animais torna possível identificar os genes responsá-veis pela doença e direcionar as pesquisas na busca de cura ou tratamento. Um exemplo bem-sucedido foi o projeto do genoma da bactéria Xilella fastidiosa, cau-sadora do amarelinho, praga que gera enormes prejuízos à citricultura. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o projeto foi concluído em 1999. Na área de saúde, o Instituto Ludwig de Pesquisas sobre o Câncer em São Paulo coordena o projeto Genoma Humano do Câncer, que visa identificar genes ativos nessa doença, ampliando a possibilidade de tratamento.

Em 1953, foiapresentado o modelo damolécula de

DNA comformato dedupla hélice

Sancionada em 24 de março de 2005, a Lei de Biossegurança cria o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) e reestru-tura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

A aprovação da lei foi acelerada pela necessidade de regulamentar dois assuntos polêmicos e em estágios já bastante adiantados: as células-tronco e os organis-mos geneticamente modificados (OGMs).

Pesquisas com células-tronco mostram resultados promissores no tratamento de câncer e doen-ças degenerativas, como o mal de Alzheimer. Por utilizar embriões de onde são retiradas as células, essas pesquisas sofrem a opo-sição de setores religiosos e de grupos antiaborto.

Quanto aos alimentos transgêni-cos, a soja, plantada principalmen-te no sul do país, está no centro da polêmica dos OGMs. Introduzida no Brasil nos anos 90, ela é resis-tente a pragas e pesticidas, o que aumenta a produtividade e reduz os custos. Os ambientalistas são seus mais ferrenhos críticos.

A polêmica está longe de aca-bar, e a desinformação da socie-dade alimenta e prolonga esse processo. Embora sancionada há mais de dois anos, a Lei de Biossegurança continua no papel.Venerando S. Oliveira, físico formado pela Unicamp, é educador, autor de material didático, professor e coordenador do ensino médio e de cursos pré-vestibulares

BIOSSEGURANÇA, LEI AINDA NO PAPEL Por Venerando S. Oliveira

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Outra faceta da biotecnologia é a geração de indivíduos geneticamente iguais – os clones. O principal marco nesse campo foi o nascimento da ovelha Dolly, anun-ciado por Ian Wilmut em 1997. Como isso foi possível? Uma célula mamária de uma ovelha foi fundida com um óvulo de outra ovelha (cujo núcleo foi previamente removido) e o embrião resultante implantado no útero de uma terceira, gerando uma ovelha genetica-mente idêntica à doadora do óvulo. O sucesso dessa técnica permite imaginar a clonagem reprodutiva de animais de estimação mortos, espécies em extinção ou extintas e até do homem. A clonagem

de seres humanos, além das questões éticas, é bastante combatida pela ciência devido ao risco de haver problemas no clone, como aconteceu com a própria Dolly, vítima de envelhecimento precoce.

A clonagem terapêutica pode dar origem às chamadas células-tronco embrionárias. Tais células, por meio de divisões sucessivas, podem gerar qualquer um dos mais de 200 tipos celulares de nosso corpo, represen-tando esperança para o tratamento ou cura para muitas enfermidades. Células-tronco adultas, como as da medula óssea, podem gerar muitos tecidos, mas não todos. Isso justifica tamanho interesse pelas células-tronco embrionárias. Para obter tais células, é preciso retirá-las de um

embrião com cerca de 5 dias de idade, interrompendo seu desenvolvimento. Isso gera muita resistência, sobretudo de correntes religiosas, que alegam que essa interrupção provoca a morte do embrião. Para a ciência, no entanto, ainda não existe vida no embrião. Biologicamente, considera-se o início da vida quando surge o sistema nervoso, o que acontece somente no final do primeiro mês de gestação.

Há então um grande impasse, pois clínicas de repro-dução humana eliminam os embriões não-utilizados. A mesma sociedade que aceita tal eliminação não permite que esses embriões sejam utilizados para for-

necer as células-tronco para as pesquisas. Em tais pesquisas, a clonagem terapêutica gera células-tronco do

paciente que são injetadas no órgão doente, esperando-se que se trans-formem nesse tecido. Tal técnica não apresenta rejeição, além de ser menos traumática que transplantar um órgão inteiro. A partir disso, abre-se caminho para o tratamento de doenças cardíacas, degenerativas, para-lisia de membros por danos na medula espinhal, entre outros casos.

Todo esse repertório de novos conhecimentos traz promessas de melhoria da qualidade de vida, mas levanta também conflitos éticos e religiosos. A legislação está sendo criada, e tanto legisladores quanto sociedade devem conhecer tais assuntos, pois serão chamados a decidir sobre o futuro da biotecnologia e suas implicações para todos nós.

FÁBIO L. OLIVEIRA, biólogo formado pela Unicamp, é autor de materiais didáticos, professor do ensino médio e de cursos pré-vestibulares

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O principalmarco da

clonagem foio nascimento

da ovelhaDolly, anunciado

em 1997

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AÇÃO

Três filmes, embora de ficção, abordam questões genéticas de forma que podem ajudar no aprendizado. São eles:

O SEXTO DIA O tema desse filme é a clonagem de seres humanos. Espécie de ficção científica em que o protagonista é substituído por seu clone e foge para não ser assassina-do enquanto tenta decobrir a trama por detrás desse mistério.

GATTACA, A EXPERIÊNCIA GENÉTICA Enfoca a eugenia. Numa época futura, seres humanos são criados em laboratório e melho-rados geneticamente. Aqueles con-cebidos biologicamente são coloca-dos à margem dessa nova sociedade geneticamente selecionada. Um ser humano concebido biologicamente vai reverter o status.

PARQUE DOS DINOSSAUROS O homem domina as técnicas de engenharia genética em estado de arte a ponto de recriar os dinos-sauros, confinando-os em um par-que temático. As coisas escapam do controle quando os animais revividos não se comportam den-tro dos padrões esperados.

Os seguintes sites também são recomendados:http://www.ctnbio.gov.br – Comissão Técnica Nacional de Biossegurançahttp://www.comciencia.br/reportagens/clonagem/clone02.htm – Clonagem ainda é técnica em desenvolvimento

Dinossauro recriado pela ficção

O QUE VER E O QUE LER

Ian Wilmut, que anunciou o primeiro clone animal

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Ian Wilmut, que anunciou o primeiro clone animal

é técnica em desenvolvimento

Dinossauro recriado pela ficção

Dinossauro recriado pela ficção

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Seqüenciamento do DNACom esta questão, que aborda projetos genomas, você pode avaliar seus conhecimentos sobre síntese protéica

Projetos genomas visam identi-ficar os genes de um organismo. Para isso, é necessário descobrir a seqüência de nucleotídeos do DNA desse organismo para identificar os genes e as proteínas codificados por eles. Geram-se, a partir de uma única molécula de DNA, vários segmentos com tamanhos diferentes. Estes são colocados em cima de um bloco de gel e o atravessam. Os menores pedaços o fazem mais rapidamente e os maiores, mais lentamente.

A figura aqui reproduzida repre-

senta um gel no qual foram colocados vários segmentos com tamanhos diferentes de uma mesma molécula de DNA. A técnica usada permite saber que o último nucleotídeo de cada segmento da coluna A é a Adenina, da coluna T, é a Timina, e assim por diante. Após a migração e separação desses segmentos, é estabelecida a seqüência da molécula original, colocando-se os nucleotídeos conhecidos de cada colu-na, separados no gel, na ordem, do mais leve para o mais pesado. A partir disso, é possível estabelecer a seqüência de aminoácidos da proteína codificada por esse segmento. Seqüenciando tal segmento e analisando a tabela acima, é possível dizer que a pro-

teína codificada por ele é a: A) Alfa B) Z C) Y D) Beta E) W.

COMENTÁRIOEssa questão aborda de maneira sucin-

ta como se realiza um projeto genoma. A leitura do enunciado é essencial para quem não sabe como se faz a leitura dos trechos de DNA no gel para se achar a ordem dos nucleotídeos do trecho de DNA seqüenciado. Após o estabe-lecimento da ordem dos nucleotídeos do DNA, é necessário que se lembre a ordem de pareamento do DNA com o RNA mensageiro em formação (A com U, T com A, C com G e G com C) para anali-sar a tabela e verificar a proteína codifica-da pelo trecho de DNA seqüenciado.

A questão da semana passada era sobre o cenário geopolítico da América do Sul. A chegada de muitos partidos de esquerda ao poder na região mudou o panorama, mas não implicou a adoção do socialismo como modelo político e econômico, nem o

rompimento com a economia de mercado e dogmas liberais. Ao que tudo indica, essa nova tendência está mais vinculada a uma refreada ao neoliberalismo, interpretado como uma espécie de radicalismo de mercado, do que a uma confrontação

ideológica com o capitalismo.Gabarito: alternativa D (Apesar de

muitos partidos de esquerda terem chegado ao poder na América do Sul, o sistema de economia de mercado foi mantido em todos eles).

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO X

Na América do Sul, a esquerdaconvive com a economia de mercado

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RNA mensageiro Proteína

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RNA mensageiro Proteína

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2ª questão Organismos são ditos trans-gênicos quando, por técnica de engenharia genética, recebem e incorporam genes de outra espécie, os quais podem ser transmitidos aos seus descendentes. Exemplos desses organismos são as plantas transgênicas, receptoras de um gene de outro organismo (doador) que lhes confere resistên-cia a certos herbicidas. Para que ocorra a síntese da proteína codificada pelo gene inserido no genoma da espécie receptora, diversas condições devem ser observadas. Entretanto, fundamentalmente, essa técnica é possível porque:A) cada organismo apresenta seu próprio código genético.B) o código genético é comum a todos os seres vivos.C) o código genético é degenerado.

D) a técnica permite trocar o código genético do organismo doador do gene.E) a técnica permite trocar o código genético do organismo receptor do gene.PUC-SP, 2004

COMENTÁRIOO enunciado facilita a compreensão

ao fornecer informações introdutó-rias sobre o assunto que ajudam o candidato a se lembrar dos princi-pais conceitos. Mas também exige atenção redobrada devido à relação entre genoma e código genético. Com relação ao código genético, é bom lembrar que, salvo algumas diferenças em algumas trincas de bases do DNA em algumas poucas espécies, o códi-go genético é universal, ou seja, é o mesmo em todas as espécies, sendo, portanto, usado como uma das evi-dências do processo evolutivo.

1ª questãoEm abril de 2003, a finalização do

Projeto Genoma Humano foi noticia-da por vários meios de comunicação como sendo a “decifração do código genético humano”. A informação, da maneira como foi veiculada, está:A) correta, porque agora se sabe toda a seqüência de nucleotídeos dos cromossomos humanos.B) correta, porque agora se sabe toda a seqüência de genes dos cro-mossomos humanos.

C) errada, porque o código genético diz respeito à correspondência entre os códons do DNA e os aminoácidos nas proteínas.D) errada, porque o projeto decifrou os genes dos cromossomos humanos, não as proteínas que eles codificam.E) errada, porque não é possível decifrar todo o código genético, existem regiões cromossômicas com alta taxa de mutação.Unifesp, 2004

COMENTÁRIOEsse é o típico enunciado “pega-

distraído”, pois reafirma uma confusão já comum nos meios de comunicação, que não diferencia corretamente os conceitos de geno-ma e código genético. Portanto, cuidado. O vestibulando que não faz uma análise crítica das informações veiculadas na mídia pode apreender conceitos errados. Vale lembrar que o genoma é o conjunto de genes de uma espécie e o código genético é a relação entre a trinca de bases do DNA (ou RNA mensageiro) e o aminoácido colocado pelo ribosso-mo na proteína.

QUESTÕES RESPONDIDAS

Projeto Genoma, transgênicos, DNATeste seus conhecimentos com questões que já caíram em vestibulares recentes e confira os comentários dos professores

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4ª questãoNeste ano de 2003, são

comemorados os 50 anos da “descoberta” da estrutura tridimensional do DNA.

Com relação às características dessa molécula, ao papel que ela desempenha nos seres vivos e aos processos em que se encontra envolvida, é CORRETO afirmar que:01) é formada por duas fileiras de nucleotídeos torcidas juntas em forma de hélice.02) em sua composição é possível encontrar quatro bases nitrogenadas diferentes: a adenina, a citosina, o aminoácido e a proteína.04) ela tem a capacidade de se autoduplicar.08) nela está contida a informação genética necessária para a formação de um organismo.16) a mensagem nela contida pode ser transcrita para uma outra molécula denominada RNA.

32) nos organismos procariontes, ela fica estocada dentro do núcleo das células.64) em alguns organismos primitivos, ela apresenta apenas uma fileira de nucleotídeos.UFSC, 2003 (questão 1 da prova branca)

COMENTÁRIONeste caso, a tirinha não agrega

informação que facilite a escolha das alternativas corretas. Outra dificuldade é o excesso de asserti-vas a serem avaliadas e a solicita-ção final do somatório dos valores. Com relação à afirmativa 64, vale lembrar que existem alguns vírus cujo material genético é DNA de fita simples e outros com RNA de fita dupla. Então, o conceito de que moléculas de DNA têm fita dupla e de RNA têm fita simples não se aplica a todos os organismos.

3ª questãoA tira de quadrinhos ao lado faz

referência à manipulação de genes em laboratório. Se esse tipo de expe-rimento realmente fosse concreti-zado, seria possível afirmar que:A) o elefante e o vaga-lume são orga-nismos transgênicos.B) apenas o vaga-lume é um organis-mo transgênico.C) uma seqüência de RNA do vaga-lume foi transferida para células do elefante.D) o gene do vaga-lume controlou a produção de RNA e de proteína no interior das células do elefante.E) uma seqüência de DNA do elefante sofreu mutação devido à introdução do gene do vaga-lume em células

daquele mamífero.PUC-SP, julho 2005

COMENTÁRIOÉ uma daquelas questões conside-

radas fáceis. Uma rápida análise da tirinha já encaminha para a resposta correta. Mesmo que o candidato não perceba a palavra “flash”, o próprio

desenho remete à luz excessiva e instantânea. De qualquer maneira, a análise do quadrinho é essencial na resolução. A partir dela verifica-se que o elefante brilhou como vaga-lume, o que permite responder que um gene do vaga-lume foi transferido ao ele-fante, que pode produzir biolumines-cência como o vaga-lume.

GABARITO: 1 (C), 2 (B), 3 (D), 4 (soma das alternativas corretas: 93)

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Nos dez primeiros fascículos, demos dicas sobre como fazer melhor a prova. Agora, neste último fascículo, ficam sugestões de

como estudar melhor, algo fundamental nesta reta final até a realização dos exames.

1SEU CANTOTenha sempre um local para seus estudos. Seja em

casa, no cursinho, ou em sua escola, esse seu “canto” deve ser bem iluminado e sem ruídos que possam atrapalhar sua concentração.

2SEU LIMITEJamais estude por horas a fio. Especialistas recomen-

dam que a moderação (cerca de três a quatro horas por dia) é mais salutar, além de preservar na memória os conteúdos já apreendidos.

3SEU RITMONunca se apresse em seus estudos. Cada assunto

não deve ser apenas lido, mas sim compreendido e enfocado em seus pontos principais. Para render mais, faça sempre anotações.

4SUA ATITUDENão permaneça com dúvidas, tente solucioná-las

com amigos e/ou professores. Buscando ajuda, além de solucionar a dúvida, sempre se pode acrescentar algo ao que já se sabe.

5SEU BOM SENSONão realize seus estudos se suas condições físicas e/ou

emocionais não estiverem normais. Esse tipo de situação é negativa para o rendimento estudantil. Nesses casos, procu-re alguém de sua confiança e peça orientação.

Cinco sugestões paravocê se preparar melhorSeguindo essas orientações, o vestibulando terá

maiores chances de se sair bem nos exames

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Edi-tora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

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o candidatoDicas para

DIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

1 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O I I

Nos tempos do regime militar se pichava nos muros: “Abaixo a

ditadura”. Por que não há con-tradição entre a frase dos anos 60 e 70 e o título desta página? Alternativa A: porque nos dois casos se exalta a democracia. B: por causa da vírgula. C: am-bas as anteriores estão certas. Quem marcou C está afiado em História e Português. O Brasil é uma democracia plena desde 1990, com a posse do primeiro presidente eleito diretamente após a ditadura militar. E, quan-to à vírgula do título, inverte o sentido da frase, que passa a significar: abaixo do título, na foto, um flagrante de democra-cia. Este é o objetivo desta série de fascículos: inter-relacionar disciplinas para que você se prepare bem para o vestibular.

NESTA EDIÇÃO

A política, daRepública Velhaa Lula PÁGs. 2 a 4

Os filmes quereconstruírama ditadura PÁG. 5

5 questões paravocê treinar PÁGs. 5 a 7

Abaixo, a democraciaApesar de consolidada, a democracia no Brasil ainda é tão jovem quanto os caras-pintadas em 1992

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Estudantes testam a

democracia ao pedir o

impeachment de Collor

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Uma tradição só está perfeitamente enraizada na sociedade quando sua própria existência deixa de ser assunto. Ninguém discute, por exemplo, a divisão do poder entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Não há hipótese de ser de outro

modo. O peso da tradição mata o assunto. Não é o que acontece, no entanto, com a democracia no Brasil – apesar de devidamente consolidada, ela ainda dá o que falar.

A questão da democracia voltou à baila recentemente por conta da reação do presidente Lula às vaias que tem levado, a maior delas em julho, durante a abertura dos Jogos Pan-Americanos, no Maracanã. Ele também é vaiado, simbolicamente, pelo Cansei, movimento que reúne empresários, a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, parentes de vítimas de acidentes aéreos, socialites, artistas e críticos do governo em geral.

Lula comentou, a propósito das vaias: “Se alguns quiseram brincar com a demo-cracia, eles sabem que neste país ninguém sabe colocar mais gente na rua do que eu”. Na imprensa e em círculos próximos do governo, ouviram-se vozes que identifi-caram uma intenção golpista na iniciativa da elite “cansada”.

Há um inegável exagero nessa percepção. É claro que não há perigo à vista. Não é menos evidente que a democracia não está ameaçada. A menção a golpe parece produto de uma interpretação paranóica do processo histórico. E, no entanto, o assunto insinua uma volta à agenda política, com o próprio presidente vindo a público para defender a democracia.

Países com forte tradição democrática não precisam vir em socorro da democracia a qualquer tropeço dos protagonistas do espetáculo da política. O que aconteceu nos Estados Unidos na eleição de George W. Bush, em 2000, é exemplar. A eleição do republicano esteve cercada de controvérsia. Para começar, o candidato democrata, Al Gore, teve mais votos populares que Bush, ou seja, o resultado da eleição (votação indireta) não refletiu a vontade da maioria (votação direta). Esse é um desdobramento previsto na legislação, mas que ocorre raramente (apenas dois casos iguais haviam sido registrados

ENTENDA O ASSUNTO

Os percalços da jovem democracia brasileiraA história da república do país mostra que o regime representativo vigorou plenamente em poucos anos, e quase sempre acompanhado de sobressaltos POR OSCAR PILAGALLO

Vaiado, Lularecoloca

a defesa dademocraciaem pauta,

mas não háameaça à vista

1946-1964Hiato democrático

1889-1930República Velha

Washington LuísJKaocentro

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1930-1937Governo

Getúlio Vargas

Getúlio Getúlio

1937-1945Ditadura do Estado Novo

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A luta armada e a repressão do final dos anos 60 e início dos 70 ge-raram farta literatura baseada em depoimentos dos protagonistas. Um dos melhores ainda é O Que É Isso, Companheiro? (Companhia das Letras), de Fernando Gabeira, um dos seqüestradores do embai-xador americano em 1969. O livro, que também traça um panorama dos grupos de esquerda da época, deu origem ao filme homônimo que se encontra em locadoras de DVD.

Floriano Peixoto

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antes). Naquela eleição, no entanto, houve um agravante. Com a disputa muito apertada, houve necessidade de recon-tagem de votos na Flórida, que

afinal acabou sendo suspensa por decisão da Suprema Corte, o que definiu o pleito. Derrotado duas vezes (pela minoria republicana e pela Justiça), Al Gore nunca aven-tou a possibilidade de risco para a democracia americana. No máximo, ao entregar os pontos, disse que aceitava a decisão em nome do fortalecimento do regime.

No Brasil, em comparação, a história da democracia teve bem mais sobressaltos, o que talvez explique a tentação de incluir as vaias entre eles.

Em primeiro lugar, é importante lembrar que se trata de uma história relativa-mente curta. Considerando-se o período republicano, o Brasil teve poucos anos consecutivos de uma democracia livre da sombra da ruptura política. É só fazer as contas. De saída, eliminem-se as quatro décadas da República Velha. Entre 1889

e 1930, quem detinha o poder eram as oligarquias agrícolas, que se revezavam por meio de eleições nas quais votava uma pequena fração da sociedade. A legalidade não vinha acompa-nhada da legitimidade.

Entre 1930 e 1937, o Brasil viveu numa zona cinzenta. Não era uma democracia, pois o principal mandatário, Getúlio Vargas, não fora eleito. Mas também não era uma ditadura – pelo menos não havia, formalmente, um ditador. A ditadura nasceria só em 1937, com o Estado Novo, que duraria até 1945.

Os quase 20 anos seguintes foram de democracia. Ou talvez seja melhor dizer: de ameaça à democracia. O primeiro presi-

dente, o general Eurico Dutra, foi ungido pelo ex-ditador. Ficou no poder até 1950. Na seqüência, seria a vez de o próprio ex-ditador voltar como presidente eleito. Getúlio, conhecido como “o pai dos pobres”, enfrentou cerrada oposição conserva-dora que, com Carlos Lacerda à frente, era conspiradora em tempo integral. Vargas se matou em 1954, e seu mandato foi completado por Café Filho – um hiato de pouca expressão entre Vargas e seu herdeiro político, Juscelino Kubitschek.

JK é hoje um paradigma de presidente. Mas na época era execrado pelos conser-vadores golpistas. Tanto que por pouco ele não foi impedido de tomar posse. Foi preciso um contragolpe preventivo para garantir o respeito à Constituição.

Com seu sucessor, Jânio Quadros, os conservadores acharam que tinham final-mente chegado ao poder. Estavam enganados. Jânio renunciaria em menos de oito

Entre 1946 e 1964, a

democracia foi fragilizada pelo

movimento golpista que

teria êxito com os militares

Jango discursa dias antes de ser deposto

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> Uma das hipóteses para a nunca explicada renúncia de Jânio Quadros, em agosto de 1961, é que ele preparava um golpe de Estado. Para tanto, teria mandado seu vice, João Goulart, à China comunista. A ausência do sucessor legal, que era combatido pelos con-servadores, criaria um vácuo que ele tinha esperança de ocupar. Renunciou para voltar nos braços do povo, com apoio dos generais e sem o Congres-so. Em outras palavras, com mais poder. Mas a reação po-pular não veio e o veto militar à posse de Jango ficou concen-trado nos ministros militares.

A RENÚNCIA DE JÂNIO

Jânio, quando ainda desfrutava de grande popularidade

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1985-1989Transição

democrática

1946-1964Hiato democrático

1990-2007Democracia

1964-1985Ditadura militar

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Figueiredo Sarney FHC e Lula

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meses, em agosto de 1961, acreditando, provavelmente, que seria chamado de volta, com mais poderes. Também estava enganado.

O episódio da posse de João Goulart, vice de Jânio, representou séria ameaça à continuidade democrática. Os ministros militares não o aceitavam, e a crise só foi contornada com um remendo parlamentarista que tolhia os movimentos de Jango. Um plebiscito em 1963 restabeleceu o presidencialismo, mas àquela altura o golpe de 1964 já estava praticamente em curso.

Os militares ficaram pouco mais de 20 anos no poder, até 1985, quando, após a derrota do movimento Diretas Já, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, civil e de oposição. Tecnicamente, a ditadura militar ficara para trás. Tancredo morreu antes da posse e quem acabou assumindo foi seu vice, José Sarney, um político que fizera carreira no partido governista durante a ditadura. De qualquer maneira, Sarney levou a transição política até o fim.

A primeira eleição direta depois dos militares se deu em 1989, com a vitória de Fernando Collor. É a partir daí que a democracia medra de verdade. O primeiro gran-de teste veio com o processo de impeachment em 1992. Estudantes caras-pintadas saíram às ruas para protestar. O presidente foi afastado, e a democracia saiu ilesa, com a posse do vice, Itamar Franco, como manda a Constituição.

Tudo somado, noves fora os intervalos em que esteve sob perigo iminente, a democracia brasileira tem a idade de muitos candidatos ao vestibular deste ano. Não é pouco. Mas não é muito também. É por ser tão jovem que ela ainda não tem regras estáveis. Veja-se, a propósito, a duração do mandato presidencial. Sarney assumiu com quatro anos e acabou ficando cinco. Fernando Henrique Cardoso conseguiu mudar a regra no meio do jogo e arrancou do Congresso a possibilida-de de reeleição. Agora, fala-se novamente em cinco anos, sem reeleição. Fala-se também em terceiro mandato, mas sobre isso Lula disse que é “uma provocação à democracia”. Convém anotar a frase – just in case, como dizem os ingleses, um povo acostumado às práticas democráticas.

O “fora, Lula” não é antidemocrático. Da mesma maneira que não o era o “fora, FHC”. É apenas o exercício do direito de espernear. Como diria o poeta concretista: “Viva a vaia”.

OSCAR PILAGALLO, jornalista, é autor de A História do Brasil no Século 20 (em cinco volumes, pela Publifolha)

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Passeata nos anos 70, quando segmentos da sociedade começaram a se manifestarcontra a ditadura

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FHC, em cujo

mandato se permitiu a reeleição

Depois da redemocratização, a partir de 1985, o regime sofreu uma grande ameaça em 1992, com o Collorgate – o processo que culminou com o afastamento do presidente, assim chamado em referência ao Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon, dos EUA, em 1974.

O Collorgate não teve a drama-ticidade do suicídio de Getúlio, em 1954. Nem a ação cinema-tográfica do golpe preventivo de 1955, que incluiu a fuga dos protagonistas num navio que zarpou do Rio. Tampouco o des-dobramento da crise da posse de Jango, em 1961. Mas, no Brasil contemporâneo, foi o grande teste da democracia.

Itamar Franco, vice de Collor, enfrentava alguma resistência de setores identificados com o então PFL do senador Antônio Carlos Magalhães. Dizia-se que ele não tinha representatividade, uma vez que não fora eleito. Tratava-se de um raciocínio golpista, que não levava em conta a própria Constituição. Desde meados de 1992, à medida que o afastamen-to de Collor se tornava uma pro-babilidade cada vez maior, Itamar trabalhou para neutralizar tal resistência. Chegou a defender uma “união nacional em torno da legalidade” e senadores armaram um “cinturão do Itamar” para garantir a transição. Com sua posse, venceu a democracia.

O TESTE DO COLLORGATE

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Passeata nos anos 70, quando segmentos da sociedade começaram a se manifestarcontra a ditadura

OSCAR PILAGALLOde (em cinco volumes, pela Publifolha)

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Política na telaA história do Brasil não se encontra apenas nos livros; a resposta e o comentário da questão inédita estão no próximo fascículo

Batismo de Sangue e O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias, filmes recentes, retratam um tema que a his-tória oficial parece querer esquecer. Enquanto na Argentina o Estado se encarrega de fazer o país reencon-trar-se, por meio de investigações e punições àqueles que cometeram atrocidades, aqui o cinema é que cumpre esse papel.Os filmes citados tratam:A) das ditaduras sul-americanas, como as da Argentina, do Brasil e do Uruguai, e da violenta repressão polí-tica praticada por elas, inclusive com ações conjuntas.

B) do Estado Novo (1937 a 1945) e abor-dam a violenta perseguição ao Partido Comunista Brasileiro e a seus membros.C) da ditadura militar no Brasil (1964 a 1985 ou, para alguns autores, 1989) e enfocam questões como repressão, tortura e resistência armada.

D) da grande crise econômica vivida pelos países latino-americanos na década de 80 do século passado, conhecida como a “década perdida”.E) dos problemas da juventude brasi-leira no século XXI, sem perspectivas, sem sonhos ou utopias para buscar.

A pergunta inédita do primeiro fas-cículo foi sobre as Parcerias Público- Privadas. As PPPs são uma alternativa para o governo aumentar os investimen-tos em infra-estrutura sem aumentar os gastos orçamentários. Elas podem ocor-rer nas várias esferas de governo.

O governo oferece uma concessão ou solicita a execução de uma obra ao setor privado. Uma estrada, por exemplo. A empresa que apresentar

a melhor proposta ganha o direito de construí-la, investindo seu próprio capi-tal, e, depois de pronta, passará a rece-ber as tarifas dos usuários ou um valor estabelecido pelo governo.

Alguns partidos políticos questionam essas parcerias, mostrando algumas distorções, tais como o financiamento público, via BNDES, para a execução da obra. Assim, o espírito da idéia seria viola-do, pois o capitalista não injetaria capital

próprio. Outros defendem a construção de um sistema de fiscalização para evitar que tentativas de redução de custos coloquem em risco a obra. Esse modelo já foi usado em países como Inglaterra, Espanha, Portugal, Irlanda e África do Sul.

Gabarito: alternativa A. (Sobre as PPPs é correto afirmar que são uma alter-nativa que o governo encontrou para atrair investimentos privados para as obras de infra-estrutura necessárias ao país.)

Cena de O Ano em Que Meus Pais

Saíram de Férias, ambientado durante

a repressão

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO I

PPPs, investimentossem gasto orçamentário

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2ª questãoA palavra cidadania assumiu vários

significados através da História. Na Grécia Antiga, a palavra designava o direito de os homens livres decidirem os destinos da cidade. Atualmente, esse direito foi esten-dido a todos os homens e mulheres e, ainda mais, tornou-se uma condição para a democracia. Analise as afirmações abaixo sobre o conceito de cidadania:

0 0 – no Brasil, a cidadania é, ainda, um projeto jurídico e uma luta política, porque

os direitos sociais e políticos não foram garantidos na Constituição promulgada em 1988. A lei apresenta-se ainda omis-sa em relação aos direitos humanos, das crianças e das mulheres.1 1 – cidadão é aquele que tem consciên-cia de seus direitos e deveres e participa de todas as questões colocadas pela sociedade. É um indivíduo que se orienta segundo valores universais e, conseqüen-temente, defende os direitos humanos, sociais e políticos para todos.2 2 – nos países democráticos, pelo seu caráter liberal, o Estado não é respon-sável por realizar políticas públicas de direitos humanos e sociais. Essas ações ficam a cargo da iniciativa privada e dos movimentos sociais.3 3 – em países pobres e emergentes, a política de promoção da igualdade tem se mostrado muito frágil. Os recursos para saúde, educação, moradia, emprego, meio ambiente saudável não são sufi-

cientes para eliminar as desigualdades. Nesses países, portanto, é importante a atuação das ONGs (Organizações Não-Governamentais).4 4 – o movimento pela cidadania no Brasil desenvolveu-se durante os anos de 1980, com os processos de abertura polí-tica e reivindicações de direitos humanos. Um dos principais articuladores dessa luta foi o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.Ufal – 2002 (questão 27 da prova de Estudos Sociais)

COMENTÁRIOEsse tipo de enunciado apresenta uma

visão histórica sobre determinado assunto. Na maioria desses casos, as alternativas podem reafirmar, ampliar ou mesmo negar o enunciado. É a partir dessas relações que você saberá se a assertiva é falsa ou verdadeira. Uma leitura atenta acaba por indicar a resposta correta. Repare, por exemplo, que as alternativas 0 0 e 2 2 negam o que é dito no enunciado.

1ª questãoEmbora a tendência a um contínuo

fechamento político já estivesse pre-sente nas ações governamentais desde o golpe militar de 1964, que aconte-cimento foi usado como argumento legitimador para a adoção do Ato Institucional Nº 5, em 1968:A) o discurso do deputado Márcio Moreira Alves no Congresso Nacional, criticando o Regime Militar.B) a marcha da “Família com Deus Pela Liberdade”, que reuniu milhares de pessoas em São Paulo.C) a realização, na clandestinidade,

do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Ibiúna.D) o discurso a favor das ligas campo-nesas e da reforma agrária feito por Francisco Julião na Central do Brasil, no Rio de Janeiro.E) o seqüestro do embaixador norte-americano por grupos de militantes que participavam da esquerda armada.Ufam – 2006 (questão 45 da prova de História)

COMENTÁRIOObserve que o enunciado inicia-se com

a conjunção subordinativa “embora”. Atenção: isso é apenas um comentário, que não interferirá decisivamente no que

lhe é perguntado na oração principal. Quanto ao conteúdo da questão, ajuda muito localizar no tempo os eventos mencionados nas alternativas. A mar-cha e o discurso de Julião ocorreram em 1964. O seqüestro data de 1969. Sabendo isso, você já elimina três alter-nativas. Para descobrir qual das duas restantes é a correta seria necessário ter conhecimento de que o AI-5, símbolo dos “anos de chumbo” da ditadura, teve um pretexto: a negativa da Câmara dos Deputados em conceder autorização para que o governo processasse um deputado oposicionista por um discurso considerado ofensivo pelos militares.

QUESTÕES RESPONDIDAS

Ditadura, cidadania e tropicalismoPerguntas feitas em quatro vestibulares cobrem vários aspectos da história contemporânea do Brasil a partir do governo civil derrubado pelo golpe militar de 1964

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1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7 I r e v i s ta é p o c a I 7

3ª questãoAs reformas de base eram um con-

junto de medidas que previam grandes mudanças nas áreas administrativa, fiscal, eleitoral, tributária, educacional e agrária. Entre as medidas defendidas pelo presi-dente estavam a reforma agrária, o direito de voto aos analfabetos e aos militares de baixa patente, a nacionalização das empresas concessionárias de serviços públicos e o imposto progressivo. Tratava-se de um instrumento com o qual o gover-no buscava unir todas as forças paulistas mobilizadas e fazer crer à opinião pública a necessidade de mudanças institucionais na ordem política, social e econômica, como condição ao desenvolvimento nacio-nal. Este texto está relacionado com o período conhecido como:

A) programa de reformas de João Goulart.B) reforma constitucionalista.C) milagre brasileiro.D) Plano Salte.E) Plano de Metas.Cesama (AL) – 2007/2 (questão 47 da prova de Conhecimentos Gerais)

COMENTÁRIOEnunciados como esse fornecem muitas

informações, o que facilita a recuperação do que você sabe sobre o assunto. Quanto ao conteúdo, as reformas de base come-çaram a ser discutidas ainda no governo JK, mas viraram plataforma política apenas no governo de Jango. As reformas agrária e urbana eram as principais metas, mas encontravam resistências dos con-servadores. O impasse em torno das refor-mas levou a uma radicalização política, que desembocou no golpe militar de 1964.

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4ª questão

Com base na letra da canção e nos conhecimentos sobre o tropicalismo, é correto afirmar:A) ao criticar a sociedade por meio da construção poética, a canção questiona determinada concepção de esquerda dos anos 1960.B) a letra da canção mostra que os tropi-calistas usavam a arte como instrumento para a tomada do poder.C) ao valorizar a aproximação com a mídia os tropicalistas colocaram num

plano secundário a qualidade estética de suas canções.D) para o tropicalismo as transforma-ções sociais precedem as mudanças ocorridas no plano subjetivo.E) a letra da canção enfatiza temas sociais e revela o engajamento do autor na resistência política armada.UEL – 2004 (questão 38 da prova de

História)

COMENTÁRIODiferentemente das

questões que apresentam letras de músicas ou poe-mas que pouco interferem na resposta, esse trecho dá várias dicas sobre a alter-nativa correta. Repare nas metáforas “contra o vento”, “sem lenço sem documen-to”, “sem livro e sem fuzil”. A tropicália significou uma ruptura estética e também político-ideológica com o nacionalismo da esquerda ortodoxa de então. Desafiou

o moralismo vigente, à esquerda e à direi-ta, com os experimentalismos radicais em relação a drogas, sexualidade e estética. A música, com Caetano, Gilberto Gil e Tom Zé, foi a maior vitrine, mas não podemos esquecer do teatro, com o Grupo Oficina, o cinema, com Gláuber Rocha, e as artes plásticas, com Hélio Oiticica.

Jango sorve o chimarrão;

ele tentou implementar as reformas

de base

“Caminhando contra o vento / Sem lenço sem documento / No sol de quase dezembro / Eu vou / [...] Por entre fotos e nomes / Sem livro e sem fuzil / Sem fome sem telefone / No coração do Brasil / Ela nem sabe até pensei / Em cantar na televisão / O sol é tão bonito / Eu vou / Sem lenço sem documento / Nada no bolso ou nas mãos / Eu quero seguir vivendo amor.”(Caetano Veloso, música “Alegria Alegria”)

GABARITO 1 (A); 2(Falso, Verdadeiro, Falso, Verdadeiro, Verdadeiro); 3(A); 4(A)

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8 I r e v i s ta é p o c a I 1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reserva-dos. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de OliveiraCOMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR EXECUTIVO Juan OcerinDIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

O 11º fascículo do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é uma espécie de faixa-bônus. Mas, ao contrário do que ocorre com os CDs, no fascículo a escolha do conteúdo ficará a critério dos estudantes que vota-

rem no site www.epoca.com.br. Esse fascículo extra terá a estrutura dos dez primeiros que estão sendo encartados gratuitamente na revista semanal. Ou seja, haverá questões

comentadas, pinçadas de vestibulares já realizados. Haverá também uma questão inédita. O assunto prin-cipal será escolhido pelos estudantes, que poderão vo-tar em um dos quatro temas propostos.

São eles: 1) Globalização e Organizações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco e 4) Crime Organizado. O fascículo terá a mesma apresentação da edição impressa. Assim, aqueles que o desejarem, poderão fazer cópias da versão eletrônica.

Vote no tema do 11º fascículo deste guia

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Inicie a prova pelas questões

que considerar mais fáceis. Dessa forma, você garante melhor

aproveitamento do tempo e os

primeiros acertos, o que reforçará sua

disposição para o prosseguimento

do exame.

Basta entrar no site da revista e escolher um dos quatro temas propostos pelos professores

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A partir do ano que vem, mais da meta-de dos 6,7 bilhões de

habitantes do planeta viverá nas cidades. A urba-nização, porém, é fenôme-no recente: até meados do século XIX, menos de 2% viviam em cidades. Foi só no século passado que surgiram as megacidades. A urbanização desordena-da multiplica as favelas, onde vive 1 bilhão de pes-soas. O desafio é fazer com que a pujança econômica diminua, e não aumente, o problema. Como mostra-mos neste fascículo, isso só será possível com a ado-ção de políticas que dêem prioridade a serviços públicos nas áreas necessitadas.

NESTA EDIÇÃO

O crescimentodemográficovertical PÁG. 4

Teste: o que são redesda globalização PÁG. 5

4 questões sobreaspectos dasmetrópoles PÁGs. 6 e 7

Urbanização, sim;favelização, nãoSó políticas públicas evitarão que, com a expansão das megacidades, mais pessoas vivam precariamente

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3 DE 10

> História> Geografia

Vila Brasilândia, na zona norte de São Paulo; as favelas resultam do crescimento desordenado das cidades

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2 i r e v i s ta é p o c a i 1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7

Pedestres em São Paulo;

a metrópole caminha para se tornar uma

hipercidade

Ao que tudo indica, a urbanização é um processo irreversível na trajetória da humanidade. Entenda-se por urbanização o crescimento da população urbana em ritmo mais acelerado que o da população rural. A partir de

2008, mais da metade dos atuais 6,7 bilhões de habitantes do planeta viverá nas cidades. Além disso, a expectativa é que, ao longo dos próximos 30 anos, a população urbana africana e asiática dobre, acrescentando 1,7 bilhão de pes-soas ao meio urbano — mais que as populações da China e dos Estados Unidos juntas. Essas são projeções do relatório Situação da População Mundial 2007: Desencadeando o Potencial do Crescimento Urbano, publicado pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Cada vez mais os espaços urbanos vêm representando o lugar das principais realizações e frustrações da humanidade. Porém, a urbanização é um fenômeno relativamente recente – até meados do século XIX, menos de 2% da população mundial vivia em cidades. Trata-se também de um processo que ocorre de forma bastante desigual, tanto no tempo quanto no espaço terrestre.

Na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, a última meta-de do século XIX representou o período de acelerada urbaniza-ção, enquanto nos países subdesenvolvidos o fenômeno só se intensificou após a Segunda Guerra Mundial. A principal causa desse processo foi a transferência para a cidade de populações rurais, induzidas pelas precárias condições no campo e pelas oportunidades oferecidas pelos empregos na indústria, no comércio e nos serviços. Contudo, o relatório do UNFPA ressalta que, atualmente, a maior parte do crescimento da população urbana resulta do crescimento vegetativo, e não da migração.

entenda o assunto

a urbanização pode serirreversível, não a favelizaçãoMegacidades continuarão crescendo no mundo todo; só o planejamento do Estado evitará que mais pessoas vivam em condições precárias POR SINVAL NEVES SANTOS

A urbanizaçãoé fenômenorecente: no

século XIX, 2%da população

vivia emcidades

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Alguns sites são recomendá-veis para aqueles que quiserem se aprofundar em temas ligados à urbanização. A seguir, três deles que podem ser consulta-dos: http://www.unfpa.org.br/ (Fundo de População das Nações Unidas); http://www.unhabitat.org/ (Programa das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos); e http://www.ibge.gov.br (Instituto brasileiro de Geografia e Estatística).

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Para as próximas décadas, a urbanização nos países desenvolvidos e na América Latina – regiões que possuem atualmente taxas de população urbana superior a 75% – apresentará ritmos de crescimento bastante modestos, enquanto o crescimento vertiginoso ocorrerá na Ásia e na África. Essas são as estimativas do Programa das Nações Unidas para os Estabelecimentos Humanos (UN-Habitat), divulgadas no Relatório sobre o Estado das Cidades do Mundo 2006/2007. Ao longo do século XX, sobretudo em sua segunda metade, o processo de urbanização foi acom-

panhado do surgimento de imensas aglomerações urbanas, as megacidades, metrópoles densamente povoadas, com mais de 10 milhões de habitantes. Hoje, pelo menos 10% da população mundial vive nesses espaços. Atualmente, já se utiliza o conceito de metacidades ou hipercidades para centros urbanos com mais de 20 milhões de habitantes; em meados dos anos 1960, Tóquio se converteu na primeira delas. Para 2020, prevê-se que Mumbai, Délhi, Daca e Jacarta (Ásia), Cidade do México, Nova York e São Paulo (América) e Lagos (África) também atinjam o status de metacidade.

Assim, considerar os processos de urbanização e de multiplicação das cidades tornou-se imprescindível para a compreensão da humanidade e de seu espaço. Para analisarmos o funcionamento do meio geográfico atual, marcado pelo processo de globalização, precisamos atentar para o papel das cidades globais, aquelas que possuem instrumentos de comando da economia e da sociedade em escala global. Nova York, Los Angeles, Londres e Paris são bons exemplos de cida-des que exercem um papel de comando e regulação sobre as outras cidades e o resto do mundo; enquanto São Paulo, Cidade do México e Johannesburgo podem ilustrar um segundo nível de cidades globais, por influenciarem áreas menores e mais delimitadas do planeta.

É nas cidades globais que encontramos as maiores concentrações de objetos e sistemas técnicos (edificações, redes de hotelaria, sistemas de transporte, redes de telecomunicações etc.). Isso permite que elas centralizem informações e serviços globais. A instalação de tais objetos nos territórios dessas cidades atrai sedes de grandes empresas, importantes centros financeiros, centrais de grupos de mídia e outros núcleos de decisão que possuem a capacidade de con-

3 | r e v i s t a é p o c a | f a s c í c u l o i i i

São Paulo deverá se

tornar uma hipercidade em 2020, com mais de 20 milhões de habitantes

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CresCimento da população urbana nas maiores Cidades do mundo – 1950-2020

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Gráfico 3

Projeção

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Fontes: ONU, in National Geographic, maio 2007

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2008 Previsão de que

a população urbana superará a rural

população mundial total

2005

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4 i r e v i s ta é p o c a i 1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7

trolar a dinâmica e a intensidade dos fluxos (financeiros, culturais, de informa-ção, de pessoas etc.); estes, por sua vez, promovem uma crescente integração entre incontáveis lugares do globo.

Por outro lado, a aceleração da urbanização, sobretudo nos países periféricos, veio acompanhada de crescimento urbano desordenado, ocasio-nando inúmeros problemas socioambientais, como a multi-plicação de bairros com infra-estrutura deficiente, habitações situadas em áreas de risco e alterações nos sistemas naturais. Claro que essas áreas menos valorizadas são ocupadas pelas populações de baixa renda, por isso se afirma que esse tipo de expansão urbana reflete uma organização do espaço que produz e acentua desigualdades econômicas e sociais. O fenô-meno da favelização é uma das principais evidências territoriais desse processo.

Favela, na definição usada pela ONU, são áreas urbanas em que a maioria dos residentes vive aglomerada em habitações ilegais desprovidas de água tratada e saneamento. Atualmente, a Terra conta com perto de 1 bilhão de seres humanos amontoados em favelas, encontradas em todos os quadrantes do globo. E o ritmo se acelera! A previsão é que esse tipo de submoradia terá 1,4 bilhão de habi-tantes em 2020, já que as populações das favelas vêm aumentando em 2,2% ao ano; a situação é pior na África negra, onde a taxa de crescimento anual supera os 4,5%, segundo as projeções do Relatório sobre o Estado das Cidades do Mundo.

Especialistas que elaboraram esse estudo ressaltam que “o crescimento econômico não leva automaticamente à assimilação das favelas”. Assim, podemos concluir que um dos principais desafios de nosso tempo é criar formas para que a intensificação da globalização não acentue as diferenças socioterritoriais, que já são assustadoras. Ou, de forma mais otimista, o desafio está em fazer com que a pujança dos crescentes flu-xos econômicos se reverta na diminuição dessas diferenças. Tarefa que só se tornará possível a partir de uma efetiva participação do Estado no planejamento urbano. Para tal, o poder público deve adotar políticas territoriais adequadas, priorizando a instala-ção de equipamentos urbanos públicos (como redes de abastecimento e saneamen-to, redes de transporte, redes de eletrificação e telefonia, postos de saúde e hospitais, escolas e universidades) nas áreas mais necessitadas das cidades.

SINVAL NEVES SANTOS, mestre em Geografia Humana pela USP, é professor da rede privada de ensino e de cursos pré-vestibulares

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O crescimento vegetativo ou natural da população, também cha-mado de movimento demográfico vertical, corresponde à diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade num certo período. Pode ser positivo, quando o número de nascimentos é maior, ou negati-vo, se a mortalidade for maior. Esse número varia muito de um país para outro em função das desigualdades socioeconômicas e também oscilou bastante ao longo da História.

Desde as últimas décadas do século XX, o ritmo de crescimento da população mundial vem dimi-nuindo. Entre 1970 e 2000, a taxa de crescimento populacional caiu de 2,1% para 1,6% ao ano. No entanto, há uma grande diferença entre as taxas dos países desenvolvidos, abai-xo de 1%, e as taxas observadas em algumas regiões subdesenvolvidas, superiores a 2% ao ano. Enquanto alguns países europeus, como Itália e Alemanha, implantam campa-nhas de estímulo à natalidade, a fim de evitar a redução populacio-nal, o governo indiano tenta dimi-nuir o rápido crescimento de sua população, acima dos 2,5% ao ano.

Na maioria dos países africanos, as taxas de crescimento vegetativo são elevadas, sobretudo na chama-da África negra, ou África subsaa-riana, que inclui os países africanos situados ao sul do Deserto do Saara. Essa região, cada vez mais populo-sa, apresenta as piores condições de vida do planeta.André Guibur é professor de Geografia na rede privada e em cursos pré-vestibulares

o CresCimento VeGetatiVo por andré Guibur

4 | r e v i s t a é p o c a | f a s c í c u l o i i i

Planejamentoé necessáriopara que o

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sem dados

Fontes: World Population 2002. World Population prospects: the 2002 revision (wall chart). New York: United Nations. Population Division. Department of Economy and Social Affairs, 2003. Disponível em: <http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2002/POP-R2002-DATA_Web.xls>.Acesso em: fev. 2004.

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redes da globalizaçãoO teste abaixo é baseado numa obra de Milton Santos; a resposta e os comentários podem ser checados no próximo capítulo

O fragmento acima faz referências a redes formadas por sistemas técnicos que permitem a interligação entre inúmeros pontos do globo. A respeito da distribuição geográfica de tais redes, podemos afirmar que:A) encontram-se distribuídas de forma homogênea, sendo que as cidades globais representam seus principais pólos de comando, devi-

do à sofisticação de seus sistemas financeiros e dos serviços de telecomunicações.b) apesar de não se encontrarem perfeitamente distribuídas no espa-ço geográfico, permitem a todas as pessoas residentes em uma megaci-dade se beneficiar com o fenômeno da globalização.C) possuem uma distribuição hete-rogênea, sendo que as megacidades representam os principais nós des-sas redes, devido à concentração de fluxos financeiros, culturais e de pessoas.D) possuem densidade desigual, sendo que as cidades globais repre-sentam os principais nós dessas redes, devido à concentração de objetos e sistemas técnicos implan-tados em seus territórios.E) Apresentam uma distribuição equilibrada, sendo que as cidades

globais representam os principais centros de comando, devido ao contingente populacional superar os 10 milhões de habitantes.

O primeiro filme (batismo de Sangue) toma por base o belo livro de mesmo nome, de autoria de Frei betto, que retrata o envolvimento de frades dominicanos na luta contra a ditadura militar e a perseguição, com prisões, torturas e mortes, que se abateu sobre o grupo.

Já o segundo filme (O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias) toma por base a história de uma criança, em belo Horizonte, no início dos anos 70, que é obrigada a viver com o avô para que os pais possam sair

de férias, na verdade um eufemismo para esconder a necessidade de fuga da repressão. O avô do garoto morre, e este passa a viver com um vizinho, aguardando ansiosamente a volta dos pais.

Gabarito: alternativa C. [Da ditadura militar no brasil – 1964 a 1985 (para alguns autores, 1989) e enfocam questões como repressão, tortura e resistência armada.]

resposta da questÃo inédita do fascículo ii

sangue e férias sob a ditadura militar

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“As redes são a condição da glo-balização (...). Sua qualidade e quantidade distinguem as regiões e lugares, assegurando aos mais bem dotados uma posição relevante e deixando aos demais uma condição subordinada. São os nós das redes que presidem e vigiam as atividades mais características deste nosso mundo globalizado.” Milton Santos, O País Distorcido: o Brasil, a Globalização

e a Cidadania (Publifolha: São Paulo, 2002)

Milton Santos, autor de O País Distorcido

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2ª questãoOs cenários metropolitanos em

todo o Globo têm muitos aspectos em comum: grande concentração de pessoas, um ou mais centros de negócios onde a vida econômi-ca pulsa com intensidade, variada atividade cultural, etc. No entanto, observe as figuras e leia as afirma-ções a seguir.(Demétrio Magnoli e Regina Araújo. Projeto de Ensino de Geografia. São Paulo: Moderna, 2000, p. 154-5)

I. embora, atualmente, com ritmos diferentes de crescimento, muitas das metrópoles dos países capitalis-tas ricos e pobres apresentam pro-blemas ligados à pobreza e margina-lização de parte de seus habitantes.II. as questões ligadas à violência e ao desemprego fazem parte do cotidiano das megacidades subde-senvolvidas, mas não existem nos países ricos.III. as subabitações representam a mais antiga solução para o problema de moradia e, de modo geral, estão situadas em áreas decadentes, nas proximidades do centro das cidades.

Está correto SOMENTE o que se afirma em:A) I b) II C) IIID) I e II E) I e IIIPuccamp, 2005 (questão 45)

COMENTÁRIOA questão apresenta a resposta

na apreciação atenta das imagens. Observe que o enunciado se inicia com uma afirmação positiva sobre o assunto, mas a expressão “no entanto” indica que tais aspectos positivos não eliminam os negativos, que estão denunciados nas imagens. Nas fotos, fica enfatizado que nos grandes centros urbanos encontra-mos graves problemas sociais – tais como submoradias e desemprego – coexistindo com o dinamismo eco-nômico citado no enunciado. A observação da foto número 2 – tirada em Nova York – evidencia que tais problemas não são uma exclusividade dos países subdesenvolvidos.

1ª questãoA urbanização dos países subdesenvol-

vidos constitui um fenômeno marcante da segunda metade do século XX. As carac-terísticas desse fenômeno, na América Latina, expressas na paisagem urbana das metrópoles, são decorrentes da:A) instalação de indústrias de bens de pro-dução nos arredores das pequenas cidades e próximas às fontes de matéria-prima.b) industrialização tardia e da modernização das atividades agrícolas, conjugadas à con-centração de pessoas nas grandes cidades.C) aglomeração humana e do aumento do poder aquisitivo da população, favore-

cidos pela expansão do capital financeiro na economia.D) inovação tecnológica e do aumento da produtividade das indústrias de bens de consumo, para suprirem as necessidades da vida urbana.E) implementação de parque industrial e da regulação, por meio do planejamento governamental, de deslocamentos popu-lacionais para as cidades.UFG, 2006 (questão 56)

COMENTÁRIOEnunciado clássico: objetivo, direto.

Nada para confundir, mas nada para ajudar também: não há nenhuma espécie de dica.

Essa questão exige do candidato a identificação dos motivos que levaram à urbanização dos países latino-america-nos. A urbanização teve como principal causa o êxodo rural, que, por sua vez, está ligado ao excedente de mão-de-obra do campo. Esses são reflexos da diminui-ção dos empregos devido à mecanização agrícola, além de problemas estruturais do espaço rural em países subdesenvol-vidos, como concentração e subapro-veitamento de terras. Por outro lado, o desenvolvimento da indústria, sobretudo nas cidades mais populosas, representou um fator de atração urbana para os cam-poneses emigrantes.

questões respondidas

aspectos das metrópolesOs grandes aglomerados humanos, independentemente de estarem em países ricos ou pobres, apresentam alguns problemas comuns

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1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7 i r e v i s ta é p o c a i �

Favela de Vila Brasilândia, em

São Paulo

4ª questãoConsidere as seguintes afirmações

sobre o processo de urbanização mundial no século XX:I. o fenômeno ainda se encontra localizado nos países do Norte e na América Latina.II. o ritmo de crescimento é cada vez mais acelerado, sobretudo a partir das décadas de 60/70.III. o processo foi responsável pelo desenvolvimento de várias metrópo-les modernas no mundo.IV. a expansão do processo criou condições para que se desenvol-

vesse um modo de vida urbano para além dos limites territoriais da cidade.V. de modo geral, o processo em vigor nos países subdesenvolvidos possibilita à população pobre consu-mir os benefícios da urbanização.

Dentre essas afirmações estão corretas apenas:A) III, IV e V. b) II, III e IV.C) I, IV e V. D) I, II e V.E) I, II e III.Fatec, 1999

COMENTÁRIOMais uma questão que não oferece

dica no enunciado. Para resolvê-la, é necessário conhecer a dinâmica atual do processo de urbanização. Sabemos que o fenômeno, inten-sificado após a Segunda Guerra Mundial, já se disseminou pelo pla-neta, sendo que, atualmente, África e Ásia são os continentes onde o processo ocorre de forma mais acelerada. Além disso, as redes e os sistemas técnicos atuais, junto com a grande interdependência econô-mica campo-cidade, permitem que influências do estilo de vida urbana incidam cada vez mais no espaço rural.

3ª questãoNo Brasil, as favelas, embora loca-

lizadas em sítios diferenciados, apre-sentam como característica comum:A) o seu caráter periférico, ocupando sempre os limites da mancha urbana.b) o fato de serem uma ocorrência essencialmente ligada às grandes áreas metropolitanas do Sudeste e do Nordeste.C) as habitações de baixo custo, cons-truídas em terrenos de posse definitiva, localizados em loteamentos organi-zados e destinados às populações de baixa renda.D) a ausência de preocupação com o meio ambiente urbano em razão da natureza desordenada da ocupação, realizada em terrenos públicos ou de terceiros.E) o fato de estarem estruturalmen-te associadas a bairros tradicionais degradados, com reutilização intensi-va de velhos casarões mantidos pela especulação imobiliária.Fuvest, 1995 (questão 71)

COMENTÁRIOEssa questão pode pegar muitos

candidatos, pois associa um enunciado

enxuto com alternativas parcialmente incorretas. A prova limitou-se a cobrar uma definição coerente para favela. Essa forma de submoradia é um dos reflexos mais visíveis do crescimento desorde-nado das cidades, muito comum em

países subdesenvolvidos. As favelas se caracterizam por áreas urbanas em que os residentes vivem apinhados em habi-tações ilegais – construídas em terrenos de outros – e desprovidas de condições mínimas de saneamento e qualidade

GAbARITO: 1 (b), 2 (E), 3 (D), 4 (b)

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O fascículo da semana que vem vai tratar da questão da geração de energia no mundo. Com o esgotamento dos combustíveis a partir de material fóssil, como o petróleo, o brasil credencia-se a assumir um

papel de destaque com a produção de energia a partir de fontes renováveis, como o álcool da cana-de-açúcar.Quanto ao tema do 11º fascículo do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades, continua aberta a votação. Você ainda pode votar acessando o site da revista, www.epoca.com.br. Os assuntos em que os estudantes poderão votar são os seguintes: 1) Globalização e Organizações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco e 4) Crime Organizado.O fascículo terá a mesma apresentação da edição impressa, inclusive com questões comentadas de vestibulares já realizados e uma questão inédita. Quem quiser poderá fazer cópias da versão eletrônica.

o próximo fascículo trataráda geração de energia

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Não se assustecom o tamanho dos

textos que precedem algumas questões. Leia primeiro o enunciado que vem depois deles

e procure identificar se há relação entre o que é solicitado e os textos

apresentados.

O assunto do 11º número será escolhido pelos leitores, que podem votar no site da revista

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reserva-dos. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de OliveiraCOMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR EXECUTIVO Juan OcerinDIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

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1 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O I I

Ocrescimento de um país está associado a uma maior deman-

da por energia. Petróleo, gás natural e carvão ainda são as principais fontes de energia. Mas a ameaça de mudanças climáticas, como o aquecimento global, força a busca por alternativas com menor impacto ambiental. O xisto da questão não é apenas um trocadilho – pode ser também uma solução. Como o dendê. Ou a ener-gia dos ventos e do sol. É fundamental o uso de fontes que emitam menos gases de efeito estufa. Nesta edição, abordamos a onda dos biocombustíveis e a retomada do projeto nuclear brasileiro.

NESTA EDIÇÃO

O Brasil na liderança dos biocombustíveis PÁGs. 2 a 4

O hesitante projetonuclear PÁG.3

Uma questãoinédita sobreo xisto PÁG. 5

Dendê contra o aquecimento globalClima e território dão vantagem comparativa ao Brasil na corrida por fontes energéticas renováveis e menos poluentes, como o fruto baiano

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Frutos do dendê, cujo óleo é fonte de energia

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> Biologia> Química

> GeografiaEPVEST04_CAPA.indd 1 4/9/2007 20:36:22

2 I r e v i s ta é p o c a I 1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7

A demanda por energia teve expansão súbita a partir da Revolução Industrial iniciada no século XVIII. Primeiramente, utilizou-se o carvão mineral para aquecer a água que movimentava as máquinas a vapor. No

fim do século XIX, teve início a produção de motores de combustão interna. Em vez de aquecer água numa caldeira e canalizar o vapor para dentro do motor, um combustível líquido é vaporizado e lançado dentro do motor, onde então explode, liberando energia. Esse combustível é um derivado do petróleo. Tanto

o carvão quanto o petróleo originam-se da decomposição de material orgânico que se processa por milhões de anos, em ambientes aquáticos anaeróbicos. São os chamados combustíveis fósseis.

Os dois principais tipos de motores, hoje, são os que uti-lizam a gasolina − semelhantes aos motores a álcool − e os movidos a diesel. Tanto a gasolina quanto o diesel têm como principais componentes compostos orgânicos que possuem apenas carbono e hidrogênio − os hidrocarbonetos.

Ambos possuem compostos com nitrogênio e enxofre que,

ENTENDA O ASSUNTO

Os biocombustíveis e a liderança brasileira

O biocombustíveltem origemem material

orgânicorecente;

é a chamadabiomassa

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> Rudolf Diesel (1858-1913), engenheiro mecânico alemão, inventou um motor a partir da explosão de óleos, inclusive vegetal, quando misturados com o oxigênio purificado. Em 23 de fevereiro de 1897 registrou patente de seu invento, batizado posterior-mente de motor diesel.

DIESEL

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AMaior produtor mundial de etanol e prestes a assumir a liderança no biodiesel, o Brasil pode se tornar protagonista entre os fornecedores de energia

POR EMÍLIO GALHARDO FILHO

Técnicos trabalham em plataforma na

Bacia de Campos, no Rio; o petróleo ainda é uma das principais

fontes de energia

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na combustão, produzem substâncias ácidas. Lançadas na atmosfera, elas se precipitam como chuva ácida, uma forma de poluição que causa grande preocupação. A combustão dentro dos motores nunca é completa, isto é, sempre falta um pouco de oxigênio, o que produz o monóxido de carbono (CO), substância tóxica que impede que nosso sangue transporte oxigênio. Finalmente, toda combustão de material orgânico produz gás carbônico − o principal responsável pelo aquecimento global.

Já os biocombustíveis têm origem em material orgâni-co produzido recentemente: a denominada biomassa. Para entender a dife-rença entre um biocombustível e outro de origem fóssil, devemos lembrar do processo denominado fotossíntese.

Todo alimento de nosso planeta é formado pelo processo (desencadeado nas plantas, algas e certas bactérias) que transforma gás carbônico e água em glicose e oxigênio. Como a fotossíntese retira gás carbônico do ar, cada molécula de gás carbônico que introduzimos na atmosfera queimando bio-diesel já foi retirada no processo fotossintético, o que o torna interessante do ponto de vista ecológico. Além disso, as fontes dos biocombustíveis são os vegetais, que podem ser replantados indefinidamente, ao contrário dos combustíveis fósseis. Como não se acumulam no ambiente, pois são degra-dados por bactérias, dizemos que são biodegradáveis.

O desenvolvimento da indústria automobilística mundial − grande consu-midora de petróleo − tem início no século XX a partir dos Estados Unidos. Por isso, são estadunidenses cinco das sete empresas que controlaram a produção, o refino e a distribuição do petróleo mundial nesse século. Agindo juntas para defender seus interesses, foram apelidadas de “As Sete Irmãs”. Não causa espanto, portanto, que combustíveis alternativos tenham sido esquecidos.

O panorama muda drasticamente a partir de 1973, após o desfecho da guerra do Yom Kippur, quando a Opep decide aumentar o preço do barril de petróleo substancialmente. Inicia-se então um período de grandes elevações de preço, o que levou à busca de alternativas. Um dos desdobramentos disso é que, em 1975, lança-se no Brasil o Programa Nacional do Álcool

3 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O I V

A geração de energia elétrica mundial a partir de plantas nuclea-res cresceu muito, aproximando-se da obtida por hidrelétricas. Por terem tamanho reduzido e não emi-tirem gases de efeito estufa, elas têm ganho destaque como alternativa energética aos combustíveis fósseis, apesar da questão do lixo radioativo.

Três países sozinhos – França, Japão e Estados Unidos – respondem por 60% da energia obtida dessa forma. A França obtém quase 80% de sua energia elétrica de 56 plantas nucleares espalhadas pelo país.

No Brasil, país com alto potencial hídrico, a implantação de usinas nucleares constitui alternativa ener-gética questionável. Nosso programa nuclear remonta à década de 50, quando os primeiros maquinários para enriquecer urânio começaram a ser importados da Alemanha. Sem projeto definido, não podíamos ficar fora do seleto clube atômico que se formava. No início da década de 70, em pleno governo militar, o progra-ma ganhou impulso. Um submarino nuclear, armas atômicas e usinas eram o sonho de consumo do topo da cadeia de comando, frustrado posteriormente. As usinas de Angra começaram a sair do papel (e ainda não saíram totalmente).

Com participação de 1,6% na matriz energética, custo astronômi-co, tecnologia ultrapassada e sem plano de evacuação adequado para a usina e a população, usinas nuclea-res no Brasil para quê?Venerando S. de Oliveira é físico, educador e autor de material didático

O Proálcoolfoi lançado em1975 visando

reduzir adependência do petróleoimportado

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O PROJETO NUCLEAR. QUE PROJETO?! por Venerando S. de Oliveira

UM COMPONENTE DA GASOLINA

UM COMPONENTE DO DIESEL

As moléculas que formam a gasolina e o

diesel possuem algo em comum: ambas

são formadas por átomos de carbono

e hidrogênio

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4 I r e v i s ta é p o c a I 1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7

(Proálcool), visando diminuir a dependência de petróleo importado. O proces-so para obter o etanol (ou álcool etílico) a partir da cana-de-açúcar tem início com a moagem, que produz caldo e bagaço. Após filtração, o caldo é evaporado para conseguir um material viscoso − o melaço. Nesse ponto temos a colabora-ção das leveduras, um fungo que transforma açúcar em álcool e gás carbônico.

A mistura fermentada, chamada mosto, é então destilada, obtendo-se o álcool hidratado e um material pastoso denominado vinhoto. No início da produção de álcool combustível, o vinhoto era lançado nos rios, com graves conseqüências ambientais. Hoje é utilizado como fertilizante e agregado à ração animal, já que é rico em minerais. O bagaço também tem utilidade, como combustível e em rações para o gado.

Além de ser queimado puro, o etanol pode ser misturado à gasolina comum com dois efeitos muito benéficos. Como possui um átomo de oxigênio na molécula, a combustão é mais completa, o que reduz a produção de monóxido de carbono. Como o etanol aumenta a eficiência da gasolina, substitui aditivos que são muito poluentes.

Quanto ao biodiesel, uma nova forma de produzi-lo foi patenteada no Brasil em 1977, embora com pouca atenção governamental nas décadas seguintes. Com um projeto lançado pelo governo em janeiro de 2005, porém, a produção de biodiesel passa a ser incentivada. Já neste ano teremos a adição de 2% de biodiesel ao diesel comum, e essa proporção deverá aumentar. Pode-se utilizar nessa produção óleo de mamona, amendoim, buriti, pinhão-manso, coco, dendê ou gordura animal.

Para produzir o biodiesel, reage-se óleo ou gordura com álcool etílico ou metílico. Ao final do processo, obtêm-se biodiesel e glicerol. Esses componentes se separam em duas fases. Como o biodiesel é menos denso, flutua, e as fases são facilmente separadas.

Possuindo átomos de oxigênio em sua estrutura, o biodiesel acrescenta o mesmo efeito benéfico do álcool quando adicionado à gasolina − torna a combustão mais completa, diminuindo a emissão de monóxido de carbono.

Em 2006, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, anunciou o início da produção do Hbio, o novo

companheiro do álcool e do biodiesel no time dos combustíveis derivados de biomassa e, portanto, renovável. O processo de produção parte da adição de hidrogênio ao óleo vegetal dissolvido em diesel comum. O óleo transforma-se então em diesel, isto é, em moléculas com apenas átomos de carbono e hidro-gênio. Também se obtém o propano, utilizado como gás de cozinha.

O enxofre que contamina normalmente o diesel é retirado e pode ser usado por diversas indústrias. Com isso, parte do diesel terá origem renovável, dimi-nui-se a concentração de poluentes que produzem chuva ácida e obtém-se enxofre como subproduto. A patente é “brasuca” e está nas mãos da Petrobras.

O Brasil detém hoje a dianteira na produção e utilização dos biocombustíveis. Mais uma janela de oportunidade que, aproveitada de forma competente, colocará o país em posição de destaque no cenário mundial. Seremos competentes ou deixaremos escapá-la pelas mãos, como fizemos com a borracha no início do século XX?

EMÍLIO GALHARDO FILHO, formado pela USP, é professor e autor nas áreas de química, ciência ambiental e experimental

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> O etanol brasileiro provém da fermentação da cana-de-açúcar, enquanto o estadu-nidense provém do milho. O rendimento do etanol, por hec-tare, a partir do milho é cerca de 20% daquele obtido da cana. Usinas de açúcar e álcool já utilizam o bagaço da cana, antes dispensado, para gerar calor e eletricidade suprindo suas necessidades e gerando excedente, que é vendido.

ETANOL

A produçãode biodiesel

passou aser incentivadapelo governobrasileiro a

partir de 2005

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Leia sobre a história do projeto nuclear brasileiro na revista ele-trônica ComCiência http://www.comciencia.br/reportagens/nuclear/nuclear09.htm.

Sobre o mais grave acidente com uma usina nuclear, nos anos 80, o vídeo mostra a cidade fantasma de Chernobyl, Ucrânia http://www.youtube.com/watch?v=yisFP1z3tgA.

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Lixo e xisto, energia em dose duplaVantagens e desvantagens de duas fontes alternativas; a resposta e o comentário estão no fascículo V

Leia com atenção os textos a seguir:A) na década de 1950, a Petrobras desenvolveu o processo Petrosix, que permite obter óleos combustíveis a partir do xisto betuminoso, um tipo de rocha que guarda material orgâ-nico formado há milhões de anos. Refinado, o xisto produz derivados semelhantes ao do petróleo, como gasolina, diesel, óleo combustível e gás de botijão. O Brasil possui a segunda maior reserva do mundo dessa rocha, porém o processo ainda é mais caro que as obtenções a partir do petróleo.B) dejetos orgânicos tão variados como restos de comida, partes de vegetais desprezados nas colheitas, resíduos de indústrias processadoras de alimentos ou mesmo excremen-to podem ser aproveitados quando acumulados em fossas fechadas − chamadas biodigestores. Esses deje-tos sofrem um processo anaeróbico

(carência de oxigênio) de fermentação que produz gás de lixo ou biogás. Esse gás pode ser utilizado como combustível e seu principal consti-tuinte é o metano (CH4). O resíduo sólido da fossa é um excelente adubo e possui volume bem menor que o dos resíduos originais.Agora julgue cada afirmativa quanto à correção:I. o xisto betuminoso é uma fonte

renovável de energia.II. o biogás é um combustível renovável.III. os biodigestores podem auxiliar no problema de armazenamento do lixo.IV. a combustão do biogás não produz poluentes. Estão corretas as afirmativas:A) I e II B) I e IIIC) II e III D) II e IVE) I e IV

A questão, baseada num trecho do livro de Milton Santos sobre a globalização, referia-se às redes que viabilizam a interligação no mundo globalizado. Essas redes são, sobre-tudo, sistemas de telecomunicações e sistemas de transportes modernos. Os principais terminais (ou nós des-

sas redes) encontram-se nas cidades globais, que concentram os objetos e sistemas técnicos necessários para a integração. Sabemos que as cidades globais se localizam em maior quantida-de nos países desenvolvidos (Estados Unidos, Inglaterra, França, Japão) e em menor densidade nas regiões menos

desenvolvidas, com poucos casos na América Latina e na África.

Gabarito: alternativa D. (Possuem densidade desigual, sendo que as cida-des globais representam os principais nós dessas redes, devido à concen-tração de objetos e sistemas técnicos implantados em seus territórios.)

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO III

As redes do mundo globalizadoIV

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Cilindro de gás automotivo

Cilindro de gás automotivo

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2ª questãoMais de duas décadas se passa-

ram após a construção da Usina Termonuclear de Angra dos Reis, porém ainda pairam no ar preocupa-ções, sobretudo para as principais capitais brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro. Dentre as razões listadas, indique aquela(s) que corretamente justifica(m) tais preocupações:01) o risco de acidente, que provo-caria a contaminação radioativa de

extensas áreas circunvizinhas.02) o obscuro destino dado ao lixo radioativo produzido por Angra.04) o elevado consumo de carvão mineral utilizado como co-processador na geração de energia elétrica.08) o risco de extravio de plutônio, que poderia ser usado para fins não-pacíficos.16) o uso de grande quantidade de lenha, para beneficiamento de plutô-nio, e a conseqüente devastação da mata atlântica.UFMS, 2005 (prova de Geografia)

COMENTÁRIOEste tipo de questão pode se mostrar

mais complicado por dois fatores: 1) não tem introdução, de onde poderiam ser inferidas algumas respostas; e 2) a soma da pontuação, embora simples, pode levar ao erro. Quanto ao conteúdo, é importante ter em vista que uma usina termonuclear, como indica o nome, produz energia térmica a partir de reações nucleares, e não da queima de combustíveis como o carvão ou a lenha. Por localizar-se perto das duas maiores cidades do Brasil, as conseqüências de um vazamento de material radioativo seriam catastróficas. A Usina de Angra dos Reis utiliza urânio enriquecido, e não plutônio, como fonte de energia nuclear. Os produtos da reação do urânio (o lixo) são também radioativos e costumam ser armazenados em depósitos sub-terrâneos, onde levam até centenas de milhares de anos para desaparecer.

1ª questãoO biodiesel é um combustível

derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos, tais como o craqueamento, a esterificação ou pela transesterificação. Ele sofre a ação de bactérias decompositoras. Há dezenas de espécies vegetais no Brasil das quais se pode produzir o biodiesel, tais como mamona, dendê (palma), girassol, babaçu, amendoim, soja, dentre outras. Esse combustível renovável permite a economia de divisas com importação de petróleo e

óleo diesel e também reduz a poluição ambiental, além de gerar alternativas para outras atividades econômicas e, assim, promover a inclusão social.

De acordo com o texto, pode-se afirmar que o biodiesel é considera-do um combustível: A) inorgânico.B) biodegradável.C) formado por glicerina e éter.D) formado por éter e aldeídos.E) que utiliza matéria-prima mineral.UFABC, 2006 (prova de Conhecimentos Gerais)

COMENTÁRIODiferentemente de introduções que,

apesar de longas, não interferem na resposta, esta, se lida com aten-ção, indica a alternativa correta. O perigo de questões com esse formato é a demora da análise, mas é um perigo que pode compensar. O biodiesel é um derivado orgâ-nico obtido de matérias-primas vegetais. Por isso, é considerado renovável (os vegetais podem ser indefinidamente replantados). Caso haja vazamentos e o ambiente seja contaminado, bactérias podem decompô-lo. Isso significa que é biodegradável e não se acumula no ambiente.

QUESTÕES RESPONDIDAS

O biodiesel pode promover inclusão socialAs questões nestas duas páginas, retiradas de vestibulares de quatro universidades, ajudam na avaliação sobre o conhecimento do uso de fontes de energia

A Usina de Angra dos Reis, que fica entre São Paulo e Rio de Janeiro

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1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7 I r e v i s ta é p o c a I 7

Fabricação de carvão em Marabá, no Pará

3ª questãoO documento “Planeta Vivo”, emitido

pela World Wide Fund for Nature (WWF) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), em fevereiro de 2001, alerta que vivemos numa situação insustentável, considerando que já foram consumidos 42,5% dos recursos naturais do planeta e que esse consumo aumenta, em média, 2,5% ao ano nos países desenvolvidos. Com

base nesta colocação, assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S): 01. se pensarmos nas potenciais matrizes energéticas substitutas do petróleo no século XXI, podemos dizer que o Brasil pode dispor de praticamente todas.02. as características físico-climáticas e socioeconômicas do Brasil assinalam um grande potencial para o desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como a biomassa, o biodiesel e a energia eólica.04. o Brasil é um país agraciado com

extensas massas de água, gerando um grande potencial para a hidroeletricidade.08. o Brasil possui reservas de petróleo já descobertas que o colocam entre os principais exportadores da atualidade.16. o Brasil é o maior país tropical do mundo, o que possibilita o aproveita-mento privilegiado da energia solar. 32. após a década de 50, intensificou-se em todo o mundo uma atitude de preocupação em relação à preservação dos recursos naturais. UFSC, 2007 (prova de Geografia)

COMENTÁRIOEm questões como esta, em que cada

alternativa apresenta períodos longos, parte das proposições pode estar correta e parte pode estar incorreta; cuidado, portanto, com a precipitação.

Em relação ao conteúdo: devido a sua dimensão territorial, o Brasil possui regiões com ventos constantes (onde se pode aproveitar a energia eólica), extensa costa litorânea (onde se pode utilizar energia das marés) e grandes bacias hidrográficas (para o desenvolvimento da energia hidrelétrica). A posição geográfica privilegiada do Brasil oferece radiação solar abundante, que, somada à extensão de terras agricultáveis, dá ao país vantagem na área dos biocombustíveis. Quanto ao petróleo, o que exploramos é canalizado para o consumo interno.

4ª questãoO biodiesel é um combustível obtido

através da reação de triglicerídeos e álcool na presença de um catalisador. Uma fonte natural de glicerídeos a partir da qual se pode obter o biodiesel é:A) o petróleo.B) o alcatrão da hulha.

C) a cana-de-açúcar.D) o xisto betuminoso.E) a gordura animal.UFRS, 2005 (prova de Química)

COMENTÁRIOQuestão curta, objetiva e direta.

Excelente para quem sabe a resposta, pois não demanda tempo de leitura. Para quem não sabe, o jeito é chutar. Mas

elimine, pelo menos, as alternativas obviamente erradas (como a que menciona petróleo, por exemplo).

O biodiesel pode ser obtido a partir de qualquer fonte natural que possua grande quantidade de óleo ou gordura, o que inclui fontes animais, vegetais ou mesmo algas.

GABARITO: 1 (B), 2 (soma das corretas: 01 + 02 = 03), 3 (soma das corretas: 01 + 02 + 04 + 16 + 32 = 55), 4 (E)

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menciona petróleo, por exemplo). O biodiesel pode ser obtido

a partir de qualquer fonte natural que possua grande

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O biodiesel pode ser obtido a partir de qualquer fonte natural que possua grande

gordura, o que inclui fontes

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jornais e revistas, pois temas da atualidade estão cada vez mais presentes nos exames vestibulares. Converse com

seus amigos sobre esses assuntos. Assim, você

exercita sua capacidade de argumentação e consolida

seus conhecimentos.

Apartir do próximo fascículo, esta série chega ao meio do caminho. A esta altura, com o material que tem em mãos, você provavelmente já criou o próprio método de estudo. Não custa, no entanto, enfatizar que a melhor

maneira de responder às questões apresentadas a cada número é tentar repro-duzir as condições que terá de enfrentar na hora da prova. Por isso, é recomen-dável que você tente anotar a alternativa correta antes de ler o comentário do professor que vem a seguir.

Na semana que vem, o assunto é o meio ambiente no século XXI. Quanto ao tema do 11º fascículo do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades, continua indefinido, à espera de seu voto, que pode ser dado no site www.epoca.com.br. É possível votar num dos seguintes temas: 1) Globalização e Organi-zações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco e 4) Crime Organizado. Esse fascículo extra, em versão apenas eletrônica, terá a mesma estrutura dos impressos.

Ao estudar, reproduza as condições da prova

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O ideal é tentar responder às questões propostas como se você estivesse na hora do exame

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reserva-dos. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de OliveiraCOMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

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A expressão “ecossis-tema” remete para ambientes naturais, em

geral carentes de preservação. A Amazônia é um ecossistema, assim como a Serra do Mar e o Pantanal. Essa associação coloca em segundo plano o ecossistema urbano. Pois, neste início do século XXI, o ecos-sistema urbano pode ser tão ou mais frágil que os naturais. Os problemas são muitos e demandam soluções urgentes, como veremos neste fascículo. Tratamento inadequado do lixo, poluição sonora e visual, con-taminação da água, trânsito... A lista é grande e, infelizmente, os habitantes das metrópoles a sabem de cor. Reverter esse quadro não é impossível, mas exige a participação de toda a sociedade.

NESTA EDIÇÃO

São Paulo reduz a poluição visual PÁG. 4

O destino dastoneladas diáriasde lixo PÁG. 5

4 questõessobre ambientesurbanos PÁGs. 6 e 7

Cidade: preserveesta área

Neste início do século XXI, os ecossistemas

urbanos exigem cuidado, a fim de que se evite a degradação da qualidade de vida

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> Química> Biologia

> GeografiaEPVEST05_CAPA.indd 1 17/9/2007 12:52:06

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Apopulação brasileira cresceu, em menos de um século e meio, quase 20 vezes, passando de 10 milhões em 1872, segundo o recenseamento da População do império do brasil, para 190

milhões, segundo estimativa on-line do instituto brasileiro de Geografia e estatística (ibGe). cerca de 85% dessa população vive em cidades, de acordo com o censo de 2000. Hoje, são 15 as cidades com mais de 1 milhão de habitantes, entre as quais se destacam grandes centros como São Paulo e rio de Janeiro.

as metrópoles sofrem com os problemas típicos da expansão mal planejada: produção acelerada de lixo, poluição sonoro-visual, contaminação dos mananciais, deterioração das redes de saneamento básico e energia elétrica, chuva ácida e agravamento da inversão térmica (um fenômeno natural) e do efeito estufa. a lista é grande, e inclui o estresse característico de quem enfrenta o caos urbano e a insegurança da vida em grandes cidades.

esses problemas não estão restritos a grandes centros, e muito menos são “privilégio” brasileiro. eles decorrem do inchaço urbano observado nos

entenda o assunto

O ecossistema urbano está àbeira de um ataque de nervos

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as megacidades continuarão crescendo no mundo todo; os problemas decorrem do inchaço urbano dos últimos dois séculos POr daNiLO SerGiO POLicaSTrO

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Multidão na Rua 25 de Março,

em São Paulo

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últimos dois séculos em todo o mundo. Segundo o biólogo edward O. Wilson, da Universidade Harvard, a humanidade está prestes a passar por um “gargalo” – um período de pressão máxima sobre os recursos naturais e a engenhosidade do homem.

São Paulo é um exemplo do “gargalo” a que se refere o biólogo de Harvard. com cerca de 11 milhões de habitantes, a cidade observou, sobretudo na segunda metade do século XX, o agravamento de problemas relacionados à habitação, ao desemprego, à má distribuição de renda e ao ambiente.

dados recentes da Prefeitura apontam para a assustadora média de mais de 1 quilo de lixo gerado por habitante a cada dia, ou seja, um total de 15.000 toneladas diárias, das quais somente cerca de 1% é reciclado. as práticas adotadas para a destinação do lixo vão do enterramento à queima, passando pelo despejo a céu aberto ou em rios ou córregos. a destinação inadequada do lixo provoca contaminação de lençóis freáticos e mananciais, tornando freqüentes as epidemias. as doenças são transmitidas por pragas urbanas, como ratos e insetos, e pela contaminação da água. O lixo que contamina mananciais é originado do descarte feito pela população que habita de forma irregular essas áreas, ou do lançamento de resíduos nos córregos.

a qualidade do ar em São Paulo também preocupa. Segundo dados da companhia de engenharia de Tráfego (ceT), a frota paulistana é de cerca de 5 milhões de carros de passeio, além de ônibus e caminhões, que são os grandes

emissores de gases poluentes. entre os maiores problemas estão a inversão térmica, sobretudo nos períodos de estiagem, a chuva ácida, causada pela liberação de óxidos de enxofre, e o agravamento do efeito estufa, devido à emissão do dióxido de carbono. além disso, fenômenos como o “smog” e a própria poluição causada pelo material particulado – a fuligem – têm se tornado cada vez mais freqüentes. Historicamente, as administrações públicas optaram por privilegiar obras que incentivam o uso de veículos particulares em detrimento do transporte coletivo. basta observarmos a extensão do metrô da

cidade, que, com seus 60 quilômetros de linhas, fica muito atrás de outros, como o de Londres, com 410 quilômetros, ou o de Paris, com 215 quilômetros.

O processo de industrialização, intensificado na segunda metade do século XX, também é responsável por problemas ambientais em centros como São Paulo. as indústrias despejam todos os dias centenas de toneladas de resíduos no ar e na água. esses resíduos elevam o custo do tratamento hídrico, restringindo o abastecimento à parte da população que tem condições de pagar pelo serviço. além disso, os resíduos comprometem ainda mais a já inadequada qualidade do ar da cidade.

O crescimento acelerado e desordenado da cidade também gerou, nas últimas décadas, formas de poluição menos convencionais, mas tão nocivas quanto a poluição do ar ou das águas: a poluição sonora e a visual. decorrente principalmente do elevado número de veículos circulantes pela cidade, a poluição sonora causa efeitos que vão de problemas auditivos e insônia a estresse e distúrbios físicos e mentais. Pesquisas recentes divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a exposição freqüente a ruídos acima da faixa de tolerância pode causar aumentos médios de 25% no colesterol e 68% numa das substâncias provocadoras de estresse: o cortisol.

Outra questão parcialmente resolvida na capital paulista, mas não em outros centros, é a poluição visual. associada ao grande número de outdoors,

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Chuva ácida,contaminação de mananciais, lixo acumulado

e inversãotérmica afetam

metrópoles

O curta-metragem ilha das Flo-res, de Jorge Furtado, é um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. acompa-nhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o filme de 1989 escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho.

> Smog é uma palavra de origem inglesa formada pela junção de “smoke” (fumaça) com “fog” (neblina). Original-mente, nos tempos em que o aquecimento das casas em Londres ainda era feito com a queima de carvão ou lenha nas lareiras, descrevia uma realidade local. Hoje em dia, é um fenômeno típico de gran-des metrópoles com sérios problemas de poluição.

SMOG

Detalhe de fotograma de Ilha das Flores

pelo material particulado – a fuligem – têm se tornado cada

O processo de industrialização, intensificado na segunda metade do século

Detalhe de fotograma de Ilha das Flores

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letreiros de lojas, propagandas em postes, muros e veículos de transporte coletivo, essa degradação do ambie nte provoca incômodo. a poluição visual é também responsável por acidentes de trânsito. Uma pesquisa realizada pelo departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de ciências Médicas da Unicamp revela que 22,4% dos acidentes de trânsitoocorrem devido à distração dos motoristas, ocupados com a leitura das propagandas dos letreiros e outdoors, em particular os luminosos.

durante as décadas de 60 e 70, surgiram os primeiros movimentos ambientalistas como forma de protesto e de alerta a toda a sociedade para os perigos do crescimento descontrolado. com o passar dos anos, esses movimentos foram ganhando adeptos e força, mas ainda estão aquém de despertar a consciência e atenção da maioria das pessoas.

Vivemos em tempos de observar as conseqüências da exploração não-racional dos recursos naturais, que geram cada vez mais resíduos não-degradáveis. cientistas e ambientalistas acreditam que progresso e conservação de recursos não precisam ser excludentes, ou seja, é possível atingirmos metas de crescimento capazes de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. esse é o princípio do desenvolvimento sustentável defendido pela comissão Mundial sobre Meio ambiente e desenvolvimento, órgão da ONU. Portanto, o ser humano começa a entender as variáveis que afetam a vida no planeta. cabe agora à sociedade mudar sua relação com a natureza, conscientizando-se de que é parte de um ecossistema e, portanto, dependente dele.

DANILO SERGIO POLICASTRO, graduado em Química pela USP, é professor doensino médio e de cursos pré-vestibulares

Poluição silenciosa, mas que também causa seus males, a polui-ção visual ironicamente escapa à observação. a quantidade de placas, faixas, outdoors e painéis luminosos que tomam conta da paisagem urba-na é estarrecedora. além de escon-derem a arquitetura e a paisagem original da cidade, podem obstruir a visualização de placas indicativas e de sinalização, desorientando quem delas necessita. Podem também tirar a atenção dos motoristas, levando a acidentes de trânsito.

em vigor desde janeiro deste ano, a Lei no 14.223, batizada de Lei cidade Limpa, já fez uma verda-deira transformação na paisagem urbana de São Paulo. com multas rigorosas e fiscalização severa, a lei foi um duro golpe no setor de mídia exterior, que até pouco tempo atrás empregava 20 mil pessoas, com um movimento de mais de r$ 200 milhões por ano.

Primeira iniciativa do gênero no brasil, essa lei já está sendo anali-sada por outras cidades da região metropolitana. Outras ações do poder público poderiam trazer o mesmo benefício à questão do lixo, da emissão de poluentes etc. Falta consciência, mas principal-mente vontade política.Venerando S. de Oliveira, físico formado pela Unicamp, é educador e autor de mate-rial didático, professor e coordenador do ensino médio e de cursos pré-vestibulares

LEI “LIMPA” SÃO PAULOpor Venerando S. de Oliveira

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O destino do lixoNos centros urbanos, há depósitos e aterros; veja o comentário e a resposta no fascículo da semana que vem

Localizado na altura do km 26 da rodovia dos bandeirantes, em Perus, o aterro bandeirantes é considerado um dos maiores do mundo, recebendo cerca de 7.000 toneladas diárias de lixo gerado em São Paulo. O aterro começou a operar há quase 30 anos, e calcula-se que, até

2006, tenha armazenado um total de 30 milhões de toneladas de resíduos sólidos.

Em grandes centros urbanos, os aterros sanitários são apenas uma das formas de destinação do lixo. Sobre os aterros são apresentadas algumas afirmações:

i. há possibilidade de geração de energia devido à coleta de gases produzidos pela decomposição de matéria orgânica.ii. devem ser controlados devido à possibilidade de vazamento de cho-rume, que pode contaminar o solo e lençóis freáticos.iii. correspondem à principal forma de destinação (aproximadamente 80%) do lixo em São Paulo.iV. apresentam uma forma de destina-ção mais racional quando comparados aos lixões a céu aberto.V. podem apresentar impactos ambien-tais, principalmente quando o despejo de materiais perigosos como ácidos e metais pesados não é controlado. São corretas:a) i, ii e iii b) ii, iii e iV c) ii, iii, iV e V d) i, ii, iV e V e) iii, iV e V

O xisto betuminoso não é renová-vel, pois as rochas são formadas ao longo de milhões de anos. Já o biogás é um combustível renovável, pois o lixo é reacumulado rapidamente. como é formado por material orgâ-nico recente, sua combustão libera o gás carbônico já absorvido pela fotossíntese em sua formação. Um dos grandes problemas ambientais é

o enorme volume de lixo acumulado no ambiente. como os biodigestores reduzem esse volume e os resíduos têm utilidade, contribuem para diminuir esse acúmulo.

Gabarito: alternativas II e III. (Há duas alternativas corretas. ii. O bio-gás é um combustível renovável. iii. Os biodigestores podem auxiliar no problema de armazenamento do lixo.)

resposta da questÃo inédita do fascículo iv

A importância do biogáse dos biodigestores

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2ª questãoO desenvolvimento “limpo” e de baixos custos para o meio ambiente é o que se convencionou chamar, há alguns anos, de desenvolvimento sustentável.Porém, para os países periféricos, as perspectivas não são muito favoráveis em virtude:a) da dependência da exportação de matérias-primas, o que quase sempre leva a um aumento da exploração ambiental.b) da pressão ambientalista exercida pelos países ricos, que transferiram e

cobram um novo padrão de desenvolvi-mento por parte dos países periféricos.c) da auto-organização das populações dos países periféricos, que lutam contra a degradação do meio ambiente.d) dos movimentos ambientalistas ou ecológicos, que vêm crescendo bastante, exclusivamente nos países desenvolvidos.e) da sustentabilidade ser apenas uma política momentânea, criada pelos países centrais, que no fundo só serve para aumentar a dependência dos países periféricos.Mackenzie, 2005 (questão 40 da prova de Geografia)

COMENTÁRIOdiferentemente de outros enunciados

desse tipo, que ao utilizarem a conjun-ção “porém” invalidam o que foi dito anteriormente, a explicação sobre o conceito a que se refere, no caso “desen-volvimento sustentável”, pode auxiliar no acerto da questão. Sobre o conteúdo, leve em conta que os países periféricos possuem pouca tecnologia e dependem, em grande parte, da exploração dos próprios recursos naturais, além de ser predominantemente exportadores de matérias-primas.

1ª questãoO espaço urbano é resultado de

intensiva interferência social no meio. Modificam-se o solo, as formas do relevo, o padrão de drenagem e a qualidade das águas fluviais e, ainda, há mudanças significativas no clima. Nas metrópoles e nos pólos industriais essas mudanças no clima são ainda mais perceptíveis. Relacione as colunas abaixo, associan-do os fenômenos climáticos urbanos com as suas devidas explicações:1) chuva ácida.2) ilha de calor.3) inversão térmica.4) smog fotoquímico.

( ) comum no inverno, quando uma camada de ar frio se situa muito embaixo na atmosfera, bem próximo à superfície, retendo e concen-trando os poluentes sobre a área urbana, agravando a poluição atmosférica.

( ) redoma climática sobre a cidade, fazen-do com que as temperaturas nas áreas centrais e de maior circulação de veículos, além das áreas industriais, sejam maiores do que nas áreas mais arborizadas e de menor concentração demográfica.( ) paira como um nevoeiro constante sobre as cidades, especialmente quan-do estas estão cercadas por áreas de relevo mais elevadas, como Los angeles, Santiago e São Paulo, causando irritação na vista e intensificando os problemas respiratórios de suas populações.( ) ocorre com mais freqüência em áreas de extração e industrialização de carvão e outros combustíveis fósseis, cujo processo libera enxofre para a atmosfera, concen-trando-a com compostos sulfurosos, modi-ficando a qualidade da precipitação pluvial.( ) esse fenômeno se dá de forma mais intensa porque a cidade, sobretudo sua área central, é uma verdadeira fonte de calor, devido ao grande consumo de combustíveis fósseis em aquecedores,

automóveis e indústrias, de modo que as isotermas apresentam valores maiores na medida em que se aproximam das áreas mais centrais. A relação correta é:a) 3-2-4-1-2.b) 2-4-3-1-3.c) 2-3-4-3-1.d) 1-2-3-3-4.e) 4-3-2-2-1.PUC-PR, 2007 (questão 3 da prova de Geografia)

COMENTÁRIOO exercício cobra do aluno conceitos

relativos aos principais problemas atmos-féricos dos grandes centros urbanos. Na formulação da questão não há dicas. Num caso como esse, não se esqueça de que o bom senso pode ajudá-lo. Mesmo quem não tem grandes conhecimentos sobre clima sabe, até por ouvir no rádio, em qual estação do ano se dá a inversão térmica, certo? assim, mapeando as alternativas, você pode encontrar o caminho da resposta correta.

questões respondidas

Dinâmicas do climaa seguir, perguntas para você testar seu conhecimento sobre as mudanças atmosféricas decorrentes da atividade humana

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1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7 I r e v i s ta é p o c a I �

4ª questãoa longo prazo, a Terra deve irradiar

energia para o espaço, na mesma proporção em que absorve do Sol. (...) Os cientistas ressaltam que estamos alternando o “motor” energético que mantém o sistema climático.(Fonte: Entendendo a Mudança do Clima. Cetesb)

Assinale a alternativa que identifi-ca o fenômeno e apresenta correta-mente uma de suas conseqüências:a) chuva ácida: ocorre somente nas regiões polares, devido à concentra-ção de gases clorofluorcarbonados que aumentam a quantidade de áci-

dos nos vapores de água em suspensão.b) efeito estufa: responsável pela ele-vação da temperatura média do pla-neta, o que provocará mudanças no regime de chuvas e derretimento de geleiras, ocasionando uma elevação do nível do mar na Terra.c) buraco da camada de ozônio: além de ocasionar ilhas de calor nos gran-des centros urbanos e industriais, gera problemas de saúde e desequilí-brio dos ecossistemas equatoriais.d) diminuição do nível médio dos oceanos: a longo prazo, causará o afastamento para o interior dos cen-tros industriais e econômicos localiza-dos ao longo das linhas de costa.

e) aquecimento das águas: está cau-sando a diminuição das superfícies aquosas disponíveis para o abasteci-mento e o saneamento da população mundial.Fatec, 2005 (questão 33 da prova de Geografia)

COMENTÁRIOO processo a que se refere o texto está relacionado à emissão de gases decorrentes da queima de combus-tíveis fósseis. Nos grandes centros urbanos, boa parte desses gases é emitida pelos veículos ou por indústrias. Tais emissões acarretam o agravamento do efeito estufa.

3ª questãoO estresse é considerado um dos

maiores males do mundo moderno. dentre outras conseqüências, a ansie-dade provoca uma aceleração do ritmo respiratório, aumentando as trocas gasosas no nível pulmonar.

Os dois gráficos de barras represen-tam a percentagem de saturação de hemoglobina pelo oxigênio (% de HbO2) e a concentração de ácido carbônico ([H2cO3]), ambas no sangue arterial humano. as barras brancas mostram os valores normais desses parâmetros:

As barras que indicam os valo-res que podem ser encontrados em pessoas submetidas a grande estresse estão identificadas pelos números:a) 1 e 5. b) 1 e 6.c) 2 e 4. d) 3 e 4.e) 3 e 6.Universidade Federal Fluminense, 2005 (questão 41 da prova de Biologia)

COMENTÁRIOUm indivíduo submetido a estresse apresenta um fenômeno denomina-do hiperventilação, que, segundo o enunciado, consiste no aumento da

freqüência respiratória. É importante que o aluno observe que, durante esse fenômeno, a concentração de oxigênio associado à hemoglobina deve ser maior que em um indivíduo em condições normais. como no enunciado o texto não deixa claro quais são as conseqüências do estres-se, o aluno deve ter algum conheci-mento prévio da fisiologia cardior-respiratória. Pessoas que vivem em grandes centros são mais suscetíveis a ter estresse devido à vida agitada e à exposição a congestionamentos e poluição sonora ou visual.

GabariTO: 1 (a), 2 (a), 3 (d), 4 (b)

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No fascículo da semana que vem, o assunto do Guia ÉPOca Vestibular 2008 será a ameaça do aquecimento global. Os sinais do aquecimento já são perceptíveis: aumento médio

da temperatura anual, degelo antecipado, mudança no padrão de hibernação de animais polares, floradas fora de hora. a questão é saber qual o peso da atividade humana nessa mudança e, sobretudo, o que pode e deve ser feito para reverter a situação. O fascículo trará também dicas de filmes, documentários, além de sites sobre o tema.

e não se esqueça de que você ainda pode votar no assunto do 11o fascículo, que terá apenas versão eletrônica. O voto pode ser dado no site www.epoca.com.br.

É possível escolher um dos seguintes temas: 1) Globalização e Organizações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco e 4) Crime Organizado.

esse fascículo extra terá a mesma estrutura dos impressos.

Aquecimento global é otema do próximo fascículoNo site da revista você podevotar no tema do 11o fascículo

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] david cohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo ribasEDITORES-EXECUTIVOS andré Fontenelle, david FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOca Vestibular 2008 - atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de ensino da editora Moderna para a editora Globo. © 2007 edi-tora Moderna e editora Globo. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da editora Moderna e da editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO ana Luisa astizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS antonio carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES aKe astburyREVISÃO bel ribeiroSUPERVISORA DE INTERNET adriana isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto corazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING yara Grottera

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NÃO DESISTAse, ao ler uma questão, aparecer o nome de alguma personalidade

que você desconheça. Respire fundo e prossiga. Muitas vezes

a pessoa citada aparecerá relacionada a algum contexto ou a outras personagens que

você deve ter estudado.

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As temperaturas mé-dias do planeta estão subindo. As evidên-

cias estão por toda parte: antecipação de floradas, alterações nos períodos de hibernação, aceleração do degelo nas regiões polares, tormentas mais fortes. Cada vez menos se discute se o aquecimento global está acontecendo. A pergunta é: qual é o grau de influência do homem nesse processo? A resposta está relacionada ao efeito estufa provocado pelo acúmulo de gases decor-rente da atividade humana. Todos os países os emitem, mas os ricos os emitem mais. Todas as sociedades sofrem, mas as sociedades pobres sofrem mais. É o que se verá neste fascículo.

NESTA EDIÇÃO

Saiba o que diz o Protocolo deKyoto PÁG. 3

Onde navegar e o que ler sobre o clima PÁG. 4

Questão inédita sobre o efeito estufa PÁG. 5

A era do degelo?As conseqüências do aquecimento global não são as mesmas para todas as sociedades

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> Química> Biologia

> Geografia

Cena de O Dia Depois de Amanhã, ficção sobre desastre climático

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ono non ono o ononoon non oon o

Arevolução Industrial, a partir do século XVIII, causou enormes mudanças nos processos produtivos, com desdobramentossocioeconômicos e culturais, além de outros efeitos que alcançam

nossos dias. Uma das conseqüências foi o aumento da emissão de subs-tâncias poluentes no ambiente, causando alterações bastante significati-vas em vários processos naturais.

A partir de 1850, por exemplo, foi observada a substituição gradual das popu-lações de mariposas claras por linhagens mais escuras em regiões industrializa-das dos Estados Unidos e da Europa. A emissão de poluentes e a deposiçãode fuligem levaram ao escurecimento da paisagem, facilitando a camuflagem das mariposas escuras. Elas passaram a se multiplicar, em detrimento das linhagens claras, que se tornaram presas mais fáceis de ser identificadas. A partir daí, as intervenções humanas na natureza e seus processos se intensi-ficaram cada vez mais. Mais de um século depois, discutimos outra possível conseqüência dessas intervenções humanas, com desdobramentos muito

mais sérios – o aquecimento global.As temperaturas médias do planeta estão subindo e evidên-

cias disso são observadas por toda parte. Plantas que flores-cem antes do tempo; alterações nos períodos de hibernação, migração e reprodução de animais; aceleração do degelo nas regiões polares e no cume de grandes montanhas. Sinais claros da diminuição do período de inverno e antecipação da primavera. redução das áreas cobertas por gelo; aumento do número de tormentas atmosféricas, que surgem cada vez mais fortes; ondas de calor ou frio intenso cada vez mais

O melanismo industriale a sauna planetária

A concentraçãode gases queprovocam oefeito estufaé maior noHemisfério

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A presença de melanina é que dá coloração às mariposas es-curas. Com a paisagem escu-recida pela fuligem, as maripo-sas escuras ficam camufladas. Melanismo industrial é o nome que se dá a esse fenômeno

MARIPOSA ESCURA

A industrialização e o desenvolvimento, necessários para a melhoria da qualidade de vida, estão colocando em risco a humanidadePOr FÁBIO L. OLIVEIrA

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freqüentes. Essas são apenas algumas alterações já observadas. Mesmo assim há quem negue que o aquecimento global seja realidade.

Existem muitas variáveis na dinâmica dos processos climáticos. Algumas delas são bem compreendidas, como a influência das correntes marinhas e atmosféricas. Mas há também incertezas que abrem espaço para os críticos. No entanto, cada vez menos se discute se o aquecimento global está ou não acontecendo, e a discussão apresenta um novo foco: qual o grau de influência humana nesse processo?

A questão do aquecimento global está relacionada a um efeito natural denominado efeito estufa. A radiação vinda do Sol atravessa a atmosfera terrestre chegando à superfície onde parte é absorvida e parte se reflete. Gases presentes na atmosfera, como o dióxido de carbono, metano e vapor d’água, absorvem parte dessa radiação, na forma de raios infravermelhos, refletida pela terra, mantendo sua temperatura média dentro de uma faixa favorável a todas as formas de vida. Com mais desses gases na atmosfera, a retenção de calor também aumenta, agravando o efeito estufa e elevando ainda mais as temperaturas médias do planeta. Eis o aquecimento global!

O crescimento econômico mundial e a demanda cada vez maior por energia têm levado a um consumo intenso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), grandes emissores de gases de efeito estufa, entre eles o CO2. Indícios sugerem aumento nos níveis desse gás, desde o início da agricultura, há cerca de 11 mil anos. Contudo, um aumento significativo dessas emissões ocorre desde a

revolução Industrial, agravan-do-se nos últimos 50 anos. Isso coincide com a expansão industrial e a difusão da cul-tura de consumo, principal-mente após a Segunda Guerra Mundial. Na era pré-industrial os níveis de CO2 eram de 270 partes por milhão (ppm), atual-mente estão em 400 ppm.

Indícios apontam para a influência humana como a grande responsável nesse processo. A concentração de CO2 e de outros gases relacio-

nados ao efeito estufa é maior em áreas densamente povoadas, principalmente no Hemisfério Norte. Outros gases não têm fonte natural, como os CFCs. Além disso, análises comprovam que a maior parte do aumento do dióxido de carbo-no observado está relacionada à queima de combustíveis fósseis. Essasanálises e evidências levaram o iPCC a apontar, em seu mais atual relatório, a ação humana com um grau de 90% de certeza.

As conseqüências reais do aquecimento global ainda são incertas e dividem os pes-quisadores, mas há projeções e previsões. Uma coisa é certa: elas se refletem de forma desigual pelo planeta. Alterações climáticas diferenciadas devem causar mudanças drásticas nas temperaturas e no regime de chuvas e secas em certas áreas e isso terá desdobramentos, como o aumento da freqüência e da força de eventos atmosféricos como furacões. Essas e outras mudanças devem causar ampliação da ocorrência de doenças como malária e dengue, entre outras; aumento da incidência de doenças res-piratórias; deslocamento de populações, principalmente litorâneas, devido ao aumen-to no nível dos oceanos; morte de corais e outros organismos marinhos, devido ao aumento de acidez e temperatura das águas; alterações das atividades pesqueiras, de culturas agrícolas e das criações de animais; entre outras conseqüências.

Países com dimensões continentais, como o Brasil, deverão sofrer uma gama varia-

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Em 1992, aconteceu no rio de Janeiro a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, batiza-da de ECO-92. representantes de cerca de 170 países assinaram, entre outros, um documento que propu-nha maneiras de atingir o chamado desenvolvimento sustentável – for-mas de manter o crescimento e o desenvolvimento em harmonia com a natureza e seus valiosos recur-sos. tal documento foi batizado de Agenda 21, em alusão ao século que se aproximava. A partir daí, “agendas 21” nacionais, regionais e locais pas-saram a ser estruturadas.

A preocupação crescente com a influência humana sobre o aqueci-mento global fez com que em 1997, na cidade japonesa de Kyoto, um documento mais contundente fosse elaborado e assinado – o Protocolo de Kyoto. O grande avanço desse docu-mento é apontar a responsabilidade de alguns países do Hemisfério Norte como principais emissores de gases estufa. Os signatários assumiram o compromisso de reduzir suas emis-sões a padrões considerados aceitáveis. Os Estados Unidos, país que na época era o maior emissor de gases de efeito estufa, assinam, mas não ratificam o tratado, alegando prejuízos a sua economia. A atitude americana gerou grande impasse, que ainda perdura.Venerando S. de oliveira, físico formado pela Unicamp, é educador e autor de mate-rial didático, professor e coordenador do ensino médio e de cursos pré-vestibulares

A AGENDA 21 E OPROTOCOLO DE KYOTO por Venerando S. de Oliveira

trata-se do Painel Intergo-vernamental para Mudanças Climáticas, órgão ligado ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)

O QUE É O IPCC

Agentes do Greenpeace em ação

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da de efeitos. Savanização da Floresta Amazônica e desertificação na região de caatinga aparecem nessas projeções, além da redução da produção das hidrelétricas, maior fonte da matriz energética brasileira. Estudos mostram que os efeitos podem ser revertidos. Mas isso significa diminuir as emissões de gases de efeito estufa, além de criar mecanismos que possibilitem retirar parte deles da atmosfera. Um conjunto de ações, chamado de “mitigação do aquecimento global”, já está sendo amplamente debatido e difundido: políticas de controle efetivo do desmatamento e de queimadas; incentivo ao reflores-tamento; substituição dos combustíveis fósseis por fontes menos poluentes, como os biocombustíveis; controle das emissões de poluentes dos veículos; ampliação e melho-ria dos serviços de transporte público; desenvolvimento de aparelhos e equipamentos com maior eficiência energética; mudança nos hábitos, padrões de consumo e educa-ção das novas gerações. É preciso combater o individualismo excessivo, pois medidas ecologicamente efetivas surtem mais efeito quando se considera o coletivo.

Numa economia global, onde petróleo e carvão desempenham papel de destaque, a redu-ção de emissões significa transformações profundas que alguns países relutam em aceitar, em particular os Estados Unidos e a China. Porém, se a economia continuar crescendo no ritmo atual, principalmente em países superpopulosos como China e Índia, e nenhuma medida efetiva for tomada, podemos esperar um agravamento do quadro das mudanças climáticas, com conseqüências desastrosas, principalmente para os países pobres.

FáBio L. oLiVEirA, biólogo formado pela Unicamp, é autor de materiais didáticos, professor do ensino médio e decursos pré-vestibulares

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Dois documentários são recomen-dados: Uma Verdade Inconveniente, do ex-vice-presidente americano Al Gore, e o produzido pelo Greenpeace sobre as conseqüências do aquecimento global (http://www.greenpeace. org.br/clima/filme/home/). Há ainda a ficção apocalíptica O Dia Depois de Amanhã, sobre desastres climáticos. Além dos filmes, há três bons sites sobre o assunto: http://www. comciencia. org.br; http://www.conpet.gov.br/; e http://www.mma.gov.br/estruturas/imprensa/_ arquivos/ livro%20completo.pdf

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FáBio L. oLiVEirA, Unicamp, é autor de materiais didáticos, professor do ensino médio e decursos pré-vestibulares

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O vilão do efeito estufaNomeie os gases mais perigosos para o aquecimento global; o comentário e a resposta desta questão estarão no fascículo VII

Os gases de efeito estufa absorvem a radiação infravermelha, aumentando sua temperatura e, conseqüentemente, a do planeta.O petróleo e o gás natural são os maiores responsáveis pela emissão desses gases. Assumindo que a maior parte dos derivados de petró-leo utilizados no mundo seja gasolina e que a gasolina é composta de isoctano, observe a reação e a figura ao lado.

Os aterros sanitários são apenas uma das alternativas viáveis para a destinação do lixo produzido nas cidades. Sua implan-tação deve ser feita com fiscalização quan-to ao tipo de resíduo descartado, pois os impactos ambientais resultantes do mane-jo inadequado podem ser desastrosos. Em São Paulo, a maior parte do lixo produzido é destinada aos famosos lixões a céu aberto, que favorecem o alastramento de doenças

e a contaminação de áreas circunvizinhas. Quanto aos gases resultantes da decom-posição da matéria orgânica, entre eles o metano, podem ser canalizados e utilizados como fonte de energia, o que tem aconteci-do no Aterro Bandeirantes.

Gabarito: alternativa D. (Estão corretas as seguintes assertivas: I. Há possibilidade de geração de energia devido à coleta de gases produzidos pela decomposição e

matéria orgânica; II. Devem ser controlados devido à possibilidade de vazamento de chorume, que pode contaminar o solo e os lençóis freáticos; IV. Apresentam uma forma de destinação mais racional quando comparados aos lixões a céu aberto; V. Podem apresentar impactos ambientais, principalmente quando o despejo de materiais perigosos como ácidos e metais pesados não é controlado.)

resposta da questÃo inédita do fascículo v

Aterros e depósitos a céuaberto, o destino do lixo

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Balanceando a reação e levan-do-se em conta os ciclos biogeo-químicos da água e do carbono, pode-se afirmar que, dos dois gases liberados na reação, o mais perigoso no contexto do aqueci-mento global é:A) o CO2, que é liberado em maior quan-tidade na reação, absorve maior quan-tidade de infravermelho e é retirado da atmosfera por um processo físico lento,a condensação. B) a água, que é produzida em maior quantidade na reação, absorve mais

radiação infravermelha e é retirada da atmosfera por um processo físico mais rápido, a condensação.C) o CO2, que, embora seja produzido em menor quantidade na reação e absorva menos radiação infraverme-lha, é retirado da atmosfera por um processo bioquímico mais lento,a fotossíntese. D) a água, que, embora seja emitida em menor quantidade na reação, absorve maior quantidade de ultravioleta, é retirada da atmosfera por um processo físico mais rápido, a precipitação.

E) o CO2, que, embora seja produzi-do em menor quantidade na reação e absorva menos radiação infraver-melha, é retirado da atmosfera por um processo bioquímico mais lento, a respiração.

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1ª questão

A análise dos gráficos e os conheci-mentos sobre o consumo de energia no mundo e no Brasil permitem concluir:01) a maior parte da energia utilizada no planeta origina-se de fontes não-renová-veis e poluentes, sendo que grande parte das reservas conhecidas de petróleo está concentrada em alguns países do Oriente Médio.02) o petróleo responde por 43% da matriz energética mundial, e a demanda global tende a aumentar nos próximos

anos, induzindo que tecnologias mais modernas precisarão atingir as áreas de difícil acesso na Sibéria e nas profundi-dades oceânicas.04) os Estados Unidos são responsáveis pela maior parte do consumo mundial de petróleo, graças a suas imensas reser-vas, capazes de abastecer o país nas próximas décadas.08) o Brasil, ao atingir a auto-suficiên-cia em petróleo e em gás natural, não importa mais combustíveis, estando

com capacidade para produzir sua própria energia.16) o expressivo consumo de energia solar e eólica no mundo e no Brasil, demonstrado no gráfico, traduz a eficácia dos programas implemen-tados a partir da assinatura do Protocolo de Kyoto.UFBA, 2007 (questão 25 da prova de Matemática, Ciências Humanas e Língua Estrangeira)

CoMEntárioEm algumas questões, o gráfico é

apenas ilustrativo. Não é esse o caso. Para indicar as alternativas corretas, o candidato deverá analisá-lo cuidadosa-mente. Uma dica que pode ser útil: após a leitura do enunciado e das alternativas, volte ao gráfico. Você perceberá que fica-rá mais fácil retirar dele as informações necessárias para obter a resposta. Essas informações são necessárias, mas não suficientes. A questão pressupõe que o estudante esteja atualizado. Daí a impor-tância de estar atento às informações dos jornais, revistas e televisão.

2ª questãoO gás natural e o óleo diesel são uti-

lizados como combustíveis em trans-portes urbanos. Nesta tabela abaixo, cada um desses combustíveis está relacionado a sua fórmula molecular e ao calor liberado em sua combustão completa. A queima desses combus-

tíveis libera gás carbônico, que, por sua vez, contribui para o efeito estufa. Considere que uma mesma quantidade de energia é produzida na combustão completa desses dois combustíveis.

nesse caso, é CorrEto afirmar que a contribuição do óleo diesel para o efeito estufa é maior que a do gás natural cerca de:

A) 10%. B) 40%.C) 100%. D) 140%.UFt, 2006 (questão 20 da prova de Química)

CoMEntárioEssa questão envolve o conceito

de proporcionalidade. Para resolvê-la, basta aplicar a regra de três. O aluno deveria saber que a combustão completa de hidrocarbonetos produz somente água e gás carbônico.

questões respondidas

Energia, gases, fotossíntese e climaAlgumas perguntas a seguir indicam a resposta, outras a escondem; cabe a você decidir em que tipo cada uma delas se encaixa

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1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7 I r e v i s ta é p o c a I 7

3ª questãoAnalise este gráfico, em que

está representada a variação da concentração de CO2 na atmosfera, ao longo dos anos:

As informações deste gráfico, bem como outros conhecimentos sobre o assunto, permitem con-cluir que o aumento de Co2 no inverno se explica, possivelmente, porque, nesse período, ocorre:A) maior abertura dos estômatos.B) maior desmatamento de áreas.C) menor queima de combustíveis fósseis.D) menor taxa de fotossíntese.UFt, 2006 (questão 8 da prova de Biologia)

CoMEntárioAo contrário do gráfico da 1a

questão, este gráfico só serve como ilustração. Ou seja, as informações nele contidas não são determinan-

tes para o acerto da questão. Observe que o que você deveria analisar no gráfico já está indicado no enunciado: o aumento do CO2 no inverno. A propósito, no filme Uma Verdade Inconveniente, apresentado por Al Gore, há a explicação para esse comportamento. O fato é que grande parte das florestas perde folhas no inverno, reduzindo a fotossíntese e a incorporação de CO2. E, como os processos de decomposição continuam ocorrendo e os seres vivos não deixam de respirar, as concentra-ções de dióxido de carbono aumentam nessa estação.

4ª questãoEsse aquecimento global é

conseqüência do desequilíbrio em um processo natural. Com base em seus conhecimentos e nas informações ao lado, é correto afirmar que o processo que sofre o desequilíbrio responsável pelo aquecimento global se refere:A) a ilhas de calor, resultantes da elevação das temperaturas médias nas áreas urbanizadas das grandes cidades, em comparação com as zonas rurais.B) à inversão térmica, resultante da concentração do ar frio nas cama-das mais baixas, impedindo sua dispersão.C) a chuvas ácidas, resultantes da elevação exagerada dos níveis de acidez da atmosfera em conseqü-ência do lançamento de poluentes produzidos pela atividade humana.D) ao efeito estufa, que consiste na retenção do calor irradiado pela superfície terrestre e pelas partícu-

las de gases e água existentes na atmosfera.E) aos ciclones extratropicais que são provocados pela interação entre ventos, pressão atmosférica e altas temperaturas, comuns em zonas tropicais.UFPel, 2007 (prova de Geografia)

CoMEntárioEmbora o enunciado estabeleça

relações com o texto apresentado, nem um nem outro indicam a alternativa correta. Assim, o acerto dependerá só de seus conhe-cimentos. É importante saber que o gás que aprisiona a maior quan-tidade de calor na atmosfera é o vapor d’água. No entanto, um

aumento da concentração desse gás leva ao processo de condensa-ção e precipitação, ou seja, à rápida retirada da água da atmosfera. Dessa forma, o CO2, que é retirado mais lentamente, acaba surgindo como o grande vilão.

GABArItO: 1 (01 e 02), 2 (B) 3 (D), 4 (D)

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APoCALiPSE Já...Já começou a catástrofe que se esperava para daqui a 30 ou 40 anos. A ciência não sabe como reverter seus efeitos. O derretimento do Ártico, a elevação do nível do mar, o avanço das áreas desérticas, o aumento da intensidade dos furacões, entre outras, são algumas das mudanças de grandes proporções causadas pelos altos níveis do aquecimento global.Veja, 21/6/06 [adapt.]

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o século XXI começou com um trágico espetáculo: os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. Com o ataque, o terrorismo – assunto do próximo fascículo Guia

ÉPOCA Vestibular 2008 – foi colocado no centro do debate atual. O que se verificou após o episódio foi uma verdadeira reconfiguração da ordem mundial. Ao contrário dos tempos da Guerra Fria, o inimigo agora era invisível. Em nome da guerra contra o terror, os EUA adotaram posições unilaterais, sem o endosso da comunidade internacional. Em alguns casos, os direitos dos cidadãos estiveram ameaçados no decorrer da guerra aos terroristas.

O tema do 11º fascículo, que só terá versão eletrônica, quem escolhe é você. Seu voto pode ser dado no site www.epoca.com.br. É possível votar num dos seguintes assuntos: 1) Globalização e Organizações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-tronco e 4) Crime Organizado.

Na semana que vem,leia sobre o terrorismo

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Entre no site da revista e vote no assunto do fascículo virtual

DirEtor DE rEDAÇÃo Helio Gurovitz [email protected] David CohenDirEtor DE CriAÇÃo Saulo ribasEDitorES-EXECUtiVoS André Fontenelle, David FriedlanderDirEtor DE ArtE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Edi-tora Moderna e Editora Globo. todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

CoorDEnAÇÃo GErAL Do ProJEto Ana Luisa AstizCoorDEnAÇÃo PEDAGÓGiCA Carlos Piatto (UNO)CoorDEnAÇÃo DE tEXtoS Antonio Carlos da Silva (Prof. toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)CoMEntárioS AoS EnUnCiADoS E DiCAS Jô FortarelEDiÇÃo DE tEXto Oscar PilagalloEDiÇÃo DE ArtE Leonardo Nery ProttiiLUStrAÇÕES AKE AstburyrEViSÃo Bel ribeiroSUPErViSorA DE intErnEt Adriana Isidio (UNO)

DirEtor GErAL Juan Ocerin

DirEtor EDitoriAL Paulo NogueiraDirEtor DE MErCADo AnUnCiAntE Gilberto CorazzaDirEtor DE FinAnÇAS Frederic Zoghaib KacharDirEtor DE ASSinAtUrAS Stavros Frangoulidis NetoDirEtorA DE MArKEtinG yara Grottera

nas alternativas aparentemente iguais. Só uma delas é a correta. Às vezes, a diferença entre o certo e o errado pode estar escondida numa expressão, geralmente um advérbio de modo. Fique esperto, portanto, em relação a palavras como “respectivamente”, “cronologicamente”, “simultaneamente” e outras tantas terminadas em “mente”.

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O mundo mudou desde o 11 de setembro, quan-do o terrorismo atingiu

os Estados Unidos. A reação foi imediata e fulminante: o Afeganistão, que abrigava terroristas, foi invadido. Na seqüência, foi a vez do Iraque, embora as suspeitas iniciais, de que Saddam Hussein tivesse armas de destruição em mas-sa, não tenham sido compro-vadas. O resultado dessa inicia-tiva é motivo de debate. Afinal, além de o terrorismo não ter sido derrotado, o Iraque trans-formou-se num atoleiro para as forças americanas, os EUA se isolaram no cenário mundial e os direitos civis foram colocados em segundo plano pela guerra ao terror. Sim, o mundo mudou desde 2001, mas sua cara nova, como se verá neste fas-cículo, ainda é irreconhecível.

NESTA EDIÇÃO

O terror, desde a Revolução Francesa PÁG. 4

O mapa dos ataquesrecentes PÁG. 5

Confira mais umadica para a prova PÁG. 8

Depois daquele diaComo a ameaça do terrorismo afeta as relações internacionais e o cotidiano dos cidadãos

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Ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001

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> História> Geografia

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Aconfiguração do sistema internacional no século XXI iniciou-se com um trágico espetáculo: os atentados de 11 de setembro de 2001. Quem quer que tenha idealizado a ação foi o primeiro a atingir os Estados Unidos no

continente (a base militar de Pearl Harbor, atacada durante a Segunda Guerra Mundial, fica fora do território contínuo americano). Os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono, símbolos financeiro e militar, colocaram o terrorismo no centro do debate global. O que se verificou após esse episódio foi uma reconfi-guração da ordem internacional, iniciada em 1991, decorrente de uma série de transformações que puseram fim à ordem bipolar da Guerra Fria.

Na ausência de um inimigo à altura, os Estados Unidos passaram a se ver diante de um inimigo invisível: o terrorismo. A superpotência ganhou assim um adversário que substituiu o comunismo, regime que combatera por décadas.

A partir de setembro de 2001, o terrorismo passaria a justificar a política externa dos Estados Unidos.

Em nome da guerra ao terror, os Estados Unidos adotaram uma posição unilateral, comportando-se como se o mundo fosse um sistema unipolar. A cartilha geopolítica de Bush e seus falcões explicita as ações. Em documento enviado ao Congresso americano em 17 de setembro de 2002, intitulado “A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América”, George W. Bush avisou: “Os Estados Unidos estão lutando uma guerra contra

ENTENDA O ASSUNTO

O terrorismo intervém, maisuma vez, na ordem mundial

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Depois dos atentados do 11 de setembro, os Estados Unidos passaram a combater um inimigo invisível; para tanto, adotaram ações unilateraisPOR EDILSON ADÃO

> Falcões é o nome dado ao grupo da cúpula ameri-cana afeito à opção militar para resolver crises. Eles se caracterizam por ter formação conservadora, pela vinculação ao Partido Republicano e por estar associados aos Think Tanks, os centros de pensamento estratégico. Entre seus membros destacam-se o vice-presidente, Dick Cheney, e Karl Rover, o principal conselheiro de Bush. Alguns falcões foram afastados após os reveses na Guerra do Iraque. É o caso de Donald Rumsfeld, ex-secretário da Defesa.

QUEM SÃO OS FALCÕES

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PNova York, no instante em que desabava a primeira torre

Após 2001,o terrorismo

passou ajustificara políticaexternados EUA

Dick Cheney, vice-presidente dos EUA

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terroristas de alcance global. O inimigo não é um regime político ou uma pessoa ou uma religião ou ideologia específicos. O inimigo é o terrorismo. (...) Os Estados Unidos vão se empenhar incessantemente para angariar o apoio da comunidade internacional; no entanto, não hesitaremos em agir sozinhos, se necessário, para exercer nosso direito de autodefesa, agindo de forma preventiva para evitar que eles causem danos a nosso povo e a nosso país.”

Enganou-se, portanto, quem acreditou que os ataques terroristas enfraque-ceriam ou intimidariam a superpotência. Suas ações mostraram exatamente o contrário. As investidas americanas no Afeganistão, por exemplo, colocaram os Estados Unidos em privilegiada posição nas imediações do Mar Cáspio, o segundo maior lençol de hidrocarbonetos do globo. Suas bases, agora fincadas naquele país e no Usbequistão (que lhes permitira atacar o vizinho), compu-seram um arco geoestratégico no entorno das montanhas locais e defronte ao oeste da China, esta, sim, uma ameaça em potencial. Portanto, temos de anali-sar os passos dos EUA levando-se em conta a questão energética.

Não falta quem aposte na teoria da conspiração, aludindo à idéia de que o 11 de setembro seria resultado de uma ação orquestrada nas ante-salas do poder americano para justificar as ações de guerra. Trata-se, no entanto, de uma teoria pouco provável.

O terrorismo é antigo na história das relações interna-cionais, mas o praticado hoje em dia tem características peculiares por incorporar o ingrediente tecnológico e a capacidade logística. O terrorismo está globalizado, o que ficou evidente nas ações em Madri, em 2004, e em Londres, no ano seguinte, que fizeram grande número de vítimas em lugares públicos. A Al Qaeda tornou-se uma

Ataques emLondres e

Madridemonstram

que oterrorismo

está globalizado

Madri, 2004. O terrorismo foi o

preço cobrado pelo apoio da Espanha à

invasão do Iraque

A Al Qaeda, que quer dizer “a base”, foi criada no fim dos anos 80. O grupo é indissociável da Irmandade Muçulmana, que deu origem a quase todos os grupos terroristas da região. O primeiro parceiro de Bin Laden foi Abdullah Azzam, fundador da Irmandade Muçulmana da Palestina. No início, ser filiado à Al Qaeda era também um bom emprego: os novos recrutas recebiam US$ 1 mil por mês, muito dinheiro, considerando-se a época e o lugar.

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4 I r e v i s ta é p o c a I 1 1 d e j u n h o d e 2 0 0 7

espécie de rede de franquia terrorista. Milicianos extremistas, que agem em nome de uma fé cega em diversos pontos do mundo islâmico, são recrutados para compor a rede. Talvez apenas sigam fazendo o que sempre fizeram, mas agora sob o rótulo de “membros da Al Qaeda”.

Mas o que é, de fato, terrorismo? Apesar de o termo ser usado indiscrimina-damente, não há consenso sobre o que efetivamente seja terrorismo. Muitas

vezes, o emprego da expressão esconde um viés ideoló-gico. A própria ONU reconhece a subjetividade do termo. Veja o que diz Kofi Anan, ex-secretário-geral da institui-ção: “As Nações Unidas precisam chegar a uma definição consensual do que é terrorismo para combatê-lo de forma orquestrada”.

Para o cientista político Norberto Bobbio, terrorismo é “a prática política de quem recorre sistematicamente à violên-cia contra as pessoas ou coisas provocando o terror”. Eis o segredo da bem-sucedida operação terrorista: provocar medo e pânico.

O terrorista utiliza a estratégia da ameaça e, muitas vezes, passa da ameaça à ação: prédios públicos explodem, civis são mortos, aviões seqüestrados ou der-rubados, carros voam pelos ares. Nas duas últimas décadas, um novo expedien-te vem sendo intensamente empregado: o homem-bomba. Trata-se de um típi-co recurso do movimento islâmico. Simultaneamente, aumentam as denúncias sobre o terrorismo de Estado, caracterizado quando, em nome de uma política de segurança nacional, atrocidades são cometidas.

Num mundo abruptamente transformado, resta estarmos alertas, para que direitos de cidadania há muito consagrados não sucumbam em nome de um suposto combate ao terrorismo. Nos Estados Unidos, a política de segurança tem prevalecido com alguma freqüência sobre o direito à informação e à priva-cidade. No Grã-Bretanha, a vítima não foi apenas a cidadania. Foi também um cidadão: o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto em julho de 2005 ao ser confundido com um terrorista.

EDILSON ADÃO, mestre em Geografia Humana pela USP e especialista em geopolítica, é autor de Oriente Médio: a Gênese das Fronteiras (Editora Zouk)

O terrorismo de Estado, na História mais recente, surge com Robespierre, durante a Revolução Francesa de 1789. Mas Maquiavel já anunciava a necessidade de, eventualmente, espa-lhar-se o pânico junto à população para conservar o poder. A Inquisição, na Idade Média, igualmente, utilizou-se de métodos de terror. Durante o impe-rialismo, grupos nacionalistas, no Egito, na Síria e no Líbano, valeram-se de atos terroristas para expulsar as for-ças britânicas e francesas. E não nos esqueçamos de que a Primeira Guerra Mundial teve como estopim um aten-tado terrorista (um nacionalista sérvio da Bósnia assassinou o arquiduque Francisco Ferdinando).

Há várias motivações para a ação terrorista. Ela pode ser nacional. É o caso do separatismo basco, que luta pela independência no noroeste da Espanha e sudoeste francês. A motivação pode ainda ser nacio-nal-religiosa. É o caso do Exército Republicano Irlandês, que recente-mente renunciou à luta armada.

E o que dizer da bomba de Hiroshima, lançada contra a população civil japonesa em 1945? Havia necessi-dade de tamanha força contra um país praticamente derrotado? Se conside-rarmos as definições que entendem os ataques contra alvos civis e sem aviso prévio como terrorismo, qual o nome que se deve dar a essa ação dos EUA?

A HISTÓRIA DO TERROR

4 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O V I I

Nos EUA, a política de

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Kofi Anan, para quem a ONU precisa de consenso sobre o que

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O mapa dos ataquesConfira no fascículo da próxima semana a interpretação correta da localização dos atos terroristas

O mapa ao lado representa a incidência de ataques terroristas nos últimos anos.

De sua leitura, podemos concluir que:A) os atentados estão associados às áreas de produção de drogas;B) os atentados ocorrem na peri-feria do sistema capitalista, área mais vulnerável às ações;C) as áreas representadas estão associadas à presença muçulmana;D) há uma nítida concentração de ações na porção setentrional do globo;E) os atentados estão ligados a causas religiosas.

A questão sobre o aquecimento global relaciona conhecimentos de três áreas: química, física e biologia. Portanto, é uma típica questão interdisciplinar.

É necessário o balanceamento da reação (o número de átomos dos dois lados da equação deverá ser o mesmo) para entender a questão das quantidades:2C8H18 + 25O2 16CO2 + 18H2O(g)

A partir daí, basta relacionar o enun-ciado com o gráfico, observando que este apresenta os porcentuais de absor-ção das diversas radiações na várias fai-xas de comprimentos de onda. Note que, no caso do vapor d’água, a absorção na faixa do infravermelho é bem mais expressiva que para os outros gases. Tal absorção causa o aquecimento do gás, o que está relacionado a sua importância para o efeito estufa.

Finalmente, é preciso relacionar essas observações aos fenômenos presentes nas alternativas. Uma ótima oportunida-de para rever uma série de importantes processos físicos, químicos e biológicos.

Gabarito: alternativa C. (O CO2, que, embora seja produzido em menor quantidade na reação e absorva menos radiação infravermelha, é retirado da atmosfera por um processo bioquími-co mais lento, a fotossíntese.)

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO VI

Interdisciplinaridade identifica gases do aquecimento global

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2ª questãoApós os acontecimentos no World

Trade Center, que fizeram do 11/9/01 um marco na geopolítica contempo-rânea, os Estados Unidos estão dando sinais cada vez mais fortes de que o Iraque, após o Afeganistão, vai ser a próxima vítima do que Washington chama de “guerra contra o terrorismo”. Num famoso discurso, George W. Bush incluiu, além do Iraque, outros países integrantes do “eixo do mal”. Um deles alinhava-se com a URSS, durante operíodo da Guerra Fria. Trata-se da:A) Coréia do Norte, país de regime fechado que possui capacidade de produzir e exportar armas nucleares.B) Colômbia, que possui grande parte de

seu território controlado por narcotrafi-cantes associados à guerrilha.C) Índia, por não respeitar acordos inter-nacionais como os da OMC e violar as normas da ONU para os direitos humanos.D) Arábia Saudita, por seu apoio financei-ro a organizações terroristas internacio-nais, como o Hamas e o Al Qaeda.E) Rússia, que tem graves conflitos sepa-ratistas internos e é detentora do segun-do maior arsenal bélico mundial.FGV, 2002

COMENTÁRIOEmbora o enunciado seja enxuto e

objetivo, ao citar o Iraque, como inte-grante do “eixo do mal”, pode ativar sua memória sobre o assunto. Quanto às

alternativas, são bem escolhidas e podem confundir o estudante, pois são países com os quais os Estados Unidos tiveram ou têm arestas não aparadas.

1ª questãoNo caso dos EUA, o terrorismo está

relacionado à ação de grupos radicais de origens externas e internas. Com relação a estes últimos, é notório o fato de que se trata de organizações de extrema direita, que, como objetivo, procuram:A) implantar uma república sindicalista no país.B) suprimir da Constituição as emendas de inspiração nazifascista.C) reafirmar o poder da maioria anglo-saxônica frente às minorias negra e hispânica.D) reagir contra o aumento da influência das Forças Armadas na política nacional.E) protestar contra o aumento da pobreza nas áreas rurais norte-americanas.

CESGRANRIO

COMENTÁRIOO texto introdutório só serve

como ilustração, pois não oferece dica sobre o que será perguntado. Quanto ao enunciado, porém, permite descartar várias alternativas, aquelas estranhas ao ideário de direita. Interessante notar, embora isso não conduza à resposta, que o texto da questão é bem anterior ao 11 de setembro. A memória de fatos recentes ajuda o candidato: em 1995, houve um atentado em Oklahoma City, idealizado por Timothy McVeigh, membro de um grupo que prega a supremacia branca.

QUESTÕES RESPONDIDAS

Terrorismo, antes e depois do 11/9Tente responder às perguntas como se fosse a hora da prova; leia os comentários apenas depois de assinalar a alternativa que julga correta

“O terrorismo continua atuando, não devido a seu poder ideológico ou físico, mas porque as nações que dele são vítimas não conse-guem detê-lo.”Fonte: A.M. Rosenthal. O Globo, 2/8/96, p. 7

Bush, que invadiu

o Afeganistão e o Iraque

após os ataques aos EUA

Bin Laden cercado por milicianos

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4ª questãoLeia o texto:

O texto relaciona o terrorismo à globalização, prevendo o enfraqueci-mento desse processo.

A luta antiterror poderá NÃO ter sucesso a longo prazo, se:I. os Estados Unidos e os países aliados a eles continuarem a impor ao sistema global um único modelo de civilização;II. não for considerada a interdepen-dência do mundo contemporâneo nem as profundas diferenças étnicas, religiosas, sociais e políticas;III. a globalização não contribuir para uma melhor qualidade de vida dos participantes do sistema mundial.

Está(ão) correta(s):A) apenas I; B) apenas II;C) apenas I e II; D) apenas II e III;E) I, II e III.UFSM, 2004

COMENTÁRIOO comentário inicial situa bem a

questão e serve de aquecimento para a análise das assertivas. Esta questão faz uma relação entre o espaço global e o espaço local, colocando a discussão do terrorismo globalizado sob esse ângu-lo. De certa forma, traz implícita uma crítica à globalização, uma vez que as três afirmativas enaltecem o respeito à singularidade do lugar.

3ª questãoAcusado de abrigar grupos

terroristas em seu território, o Afeganistão tornou-se alvo de reta-liação dos Estados Unidos por causa dos atentados ocorridos em 11 de setembro de 2001 nas cidades de Nova York e Washington.

Com relação aos países envol-vidos nesse conflito e às novas derivações geopolíticas e econô-micas daí resultantes, são feitas as seguintes afirmações:I. a mistura étnica no Afeganistão é um importante componente da guerra civil que assola o país desde a partida dos invasores soviéticos em 1989. Os patanes compõem a maioria absoluta do Taleban, enquanto que os tadjiques formam a maioria das forças que lutam contra o Taleban;II. para qualquer tropa invasora, o território afegão é bastante inóspito. Contribuem para isso as variações climáticas regionais, com invernos extremamente frios e verões muito quentes;

III. nos últimos anos, os norte-ameri-canos e os ingleses vinham tentando uma aproximação comercial com o governo taleban. O interesse são as jazidas petrolíferas do Mar Cáspio, cujas reservas são maiores que as dos países do Golfo Pérsico;IV. os Estados Unidos obtive-ram dois parceiros estratégicos na sua ofensiva militar contra o Afeganistão: o Japão e a Rússia. O primeiro é um importante aliado devido às suas boas relações com as ex-repúblicas soviéticas vizinhas ao Afeganistão; já a Rússia, em apoio à luta contra o terrorismo, aprovou uma lei que permite ações militares

pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

Quais estão corretas?A) apenas I e II;B) apenas I e III;C) apenas II e III;D) apenas II e IV;E) apenas III e IV.UFRGS, 2002

COMENTÁRIOO enunciado contextualiza a

questão, porém não orienta uma resposta. O Taleban é considerado um grupo terrorista pelo Ocidente e esteve no poder no Afeganistão até 2001, ano em que a ação das tropas americanas puseram fim ao regime. O Taleban, no entanto, é fruto da própria ação americana naquele país. Em 1979, a então União Soviética invadiu o Afeganistão e milícias islâmicas organizaram uma resistência ao invasor, o que interessava aos EUA. Assim, apoiaram aqueles que viriam a se converter no Taleban. Entre seus combatentes estava Osama Bin Laden.

GABARITO: 1 (C), 2 (A), 3 (A), 4 (E)

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Os ataques terroristas de 11/9/2001 aos Estados Unidos provocaram a abertura de uma discussão sobre os efeitos do terrorismo na globalização (...) O professor John Gray culpou a glo-balização pela ofensiva terrorista e previu o seu definhamento (...) à semelhança do comunismo (...).Globalização solidária. O Estado de S.Paulo, 31/10/2001 apud MOREIRA, l. O Espaço Geográfico: Geografia Geral e Geografia do Brasil. São Paulo: Ática, 2002. p. 61.

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Na próxima semana, o assunto do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é a China. Trata-se do país para o qual todas as atenções estão voltadas atualmente. Não é à toa. A China, com

uma população de quase 1,3 bilhão de pessoas, tem sido o país que mais cresce no mundo, o que ajuda a expandir a economia global.

O fascículo, no entanto, enfatizará também o lado político. Apesar de ter adotado práticas capitalistas, o país ainda não abandonou o auto-ritarismo típico dos regimes comunistas. Quanto ao tema do 11o fascí-culo, que terá versão apenas eletrônica, você tem ainda duas semanas para votar, o que pode ser feito no site www.epoca.com.br.O prazo vai até o dia 19. É possível votar num dos seguintes temas:1) Globalização e Organizações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco e 4) Crime Organizado.

Esse fascículo extra, que terá a mesma estrutura dos impressos, estará disponível para download a partir de 3 de novembro.

Na próxima semana,as duas faces da ChinaO país que mais cresce no mundo é também aquele em que o capitalismo não veio acompanhado de democracia

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistemade Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva(Prof. Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

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dissertativas, não enrole. Terá

melhor desempenho o candidato que melhor estruturar seu texto, coordenando bem as

idéias, e não fugindo do assunto proposto. Prefira sempre respostas claras

e objetivas. Evite períodos muito longos e divagações

desnecessárias.

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Os olhos do mundo estão voltados para a China. O vigor de sua economia

vem sustentando a expansão global. A voracidade com que o país consome matérias-primas mantém as cotações elevadas. Para o Brasil, esse quadro é vantajoso. A China, porém, também inspira alguma preocupação. Há uma questão comercial. As exportações chi-nesas ameaçam as indústrias de outros países. E há uma questão política, enfatizada neste fascículo. A abertura econômica não foi acompanha-da de abertura política. Práticas capitalistas coexistem com um autoritarismo típico de países comunistas. Se esse aspecto não é muito levado em conta pelo Ocidente, é porque, por enquanto, não prejudicou os negócios.

NESTA EDIÇÃO

O massacre da Praça da Paz Celestial PÁG. 4

Questão inédita sobre o “made in China” PÁG. 5

E mais: política,demografia e militarismo PÁGs. 6 e 7

Qual é o negócio da China?É a economia, claro. O país puxa a expansão global. Tanto que no Ocidente se fazvista grossa à faltade democracia

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Antiga boneca de porcelana, dos tempos em que os brinquedos chineses ainda não haviam invadido o mundo

8 DE 10

> História> Geografia

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Terceiro país mais extenso do mundo, com mais de 9,5 milhões de quilômetros quadrados, atrás apenas da rússia e do Canadá, a China apresenta grande con-traste entre a porção ocidental, com terras mais altas e clima seco, e a oriental,

com terras mais baixas e clima mais úmido. Na parte ocidental, a população é escassa. Na oriental, há concentração demográfica. No total, o país tem quase 1,3 bilhão de pessoas.

Desde as Grandes Navegações, a China foi alvo do interesse de potências estran-geiras. No século XIX, houve o período de maior submissão do país a estrangeiros. A Inglaterra travou as Guerras do Ópio, em 1839 e 1856, assegurando privilégios comer-

ciais. Na última delas, conquistou o importante território portuá-rio de Hong Kong, devolvido só em 1997.

Na primeira metade do século XX, duas lideranças políticas dividiram o país: Chiang Kai shek, nacionalista, e Mao Tsé-tung, comunista. No entanto, eles foram obrigados a aceitar uma trégua diante da ocupação japonesa da Manchúria, em 1931. Terminada a segunda Guerra Mundial, em 1945, houve uma inevitável guerra civil entre nacionalistas e comunistas. Mao Tsé-tung teve o apoio dos camponeses, então a grande maioria da população. Em 1949, a China declarou-se socialista e passou a

entenda o assunto

China: a abertura econômicaem regime ainda fechado

2 | r e v i s t a é p o c a | f a s c í c u l o v i i i

O país que tem sustentado boa parte do crescimento mundial adotou práticas capitalistas sem, no entanto, abandonar o autoritarismo típico dos regimes comunistas POr sÉrGIO DE MOrAEs PAULO

A imagem de Mao ainda é presente na China, mas não sua doutrina

Desde as Grandes

Navegações a China atrai

o interesse das potências

estrangeiras

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se chamar república Popular da China. Chiang Kai shek e seu grupo se estabeleceram em Formosa – hoje denominada Taiwan –, fundando a república da China, capitalista e apoiada pelos Estados Unidos. A China considera Taiwan um território rebelde e ainda hoje não descarta o uso da força para recuperá-la.

As peculiaridades culturais, econômicas e sociais chinesas, combinadas com insu-cessos como o Grande Salto à Frente de 1958, fizeram com que o país gradativa-mente desenvolvesse uma forma própria de socialismo. O rompimento com a União soviética, em 1959, ressaltou sua independência diante dos interesses de Moscou. Mais tarde, no começo da década de 70, durante o governo Nixon, essa ruptura permitiria a aproximação com os EUA. Com a morte de Mao Tsé-tung, em 1976, Deng Xiaoping assumiu a liderança da China. É reconhecido pelas reformas que introduziu na econo-mia. Inicialmente, o governo fez mudanças na política, afastando lideranças que haviam se fortalecido entre 1966 e 1976, durante o período de forte repressão política conheci-do por revolução Cultural. Xiaoping promoveu também a formação de novos quadros burocráticos, enviando universitários para países ricos, como EUA e Inglaterra.

A partir de 1978, foram adotadas mudanças na política agrícola. Os camponeses pas-saram a ter metas de produção, comprada parcialmente pelo Estado. Os excedentes

poderiam ser vendidos segundo a lei da oferta e demanda. O governo passou a acumular estoques reguladores, atuando para equilibrar os preços. O sucesso dessa iniciativa possibilitou a elevação da renda dos camponeses e uma relativa estabilidade no custo de vida.

No início da década de 1980, o governo implantou as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), onde empresas privadas estran-geiras poderiam se instalar. As ZEEs se localizam ao longo do litoral, e as empresas estrangeiras que nelas se instalam obedecem a determinadas regras, como a permanência por certo período, a inclusão de um sócio chinês e o compromisso

de exportar 75% da produção. Também houve a implantação de uma infra-estrutura favorável aos investimentos, com prioridade para hidrovias e ferrovias. Outra vantagem são os custos com mão-de-obra barata e disciplinada. O socialismo priorizou saúde, educação e alimentação, tornando o custo de vida relativamente compatível com os baixos salários, circunstância que pouquíssimos países podem oferecer. Assim, as ZEEs acentuaram o crescimento econômico, com taxas em torno de 9% ao ano.

Chineses no início dos anos 90, quando a prática capitalista ainda não era visível na moda

> O Grande salto à Frente corresponde à tentativa de aceleração das mudan-ças econômicas durante a implantação do socialismo na China entre 1958 e 1960. A coletivização ocorrida nesse período é apontada como um grande erro que resultou na fome de milhões de chineses.

O GRANDE SALTO À FRENTE

As ZonasEconômicas

Especiais foram

implantadasno início da

década de 80

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Os EUA lideram a compra de produtos chineses, mas não são os únicos. Na década de 1990, inspirados pelo discurso da globalização, muitos países aumentaram suas importações. Países emergentes como Brasil e Argentina apresentaram gran-des déficits comerciais nesse período, enquanto a China acu-

mulou grandes superavits. Atualmente, o país tem reservas superiores a Us$ 1 trilhão.O desempenho econômico da China nos últimos anos favoreceu algumas

previsões sobre a formação de uma nova superpotência, dado seu poderio mili-tar, inclusive nuclear. Essas previsões geralmente projetam para as próximas décadas as taxas de crescimento do período recente e nem sempre consideram alguns problemas estruturais do país.

Muitas empresas se instalam na China para não investir em tecnologias menos poluentes exigidas em seus países de origem. A poluição industrial tem causado pro-blemas como a chuva ácida e o smog, associação entre neblina e poluição. Também há preocupação quanto à contaminação dos solos e das águas, pois 75% da produção agro-pecuária é irrigada. Até o momento, os baixos salários estão associados a uma política

agrícola de acesso à alimentação, também barata, vantagens que a poluição e o desequilíbrio ambiental poderiam comprometer.

Outro desafio é a manutenção de uma política fechada numa sociedade com crescimento industrial e urbano. O desenvolvimento das ZEEs atrai camponeses e acentua o êxodo rural. Apesar de o desempenho global da economia ser positivo, não há garantia de empregos a todos nas cida-des, o que resulta em pobreza e mendicância em alguns centros. Os trabalhadores das cidades passam a ter maior contato com uma diversidade de informações, inevitáveis num país que exporta para todo o mundo, em especial para

os países desenvolvidos. Como ensinou o geógrafo Milton santos, as cidades são “lugares de aprendizado”, ou seja, as pessoas estão sujeitas a incorporar valores e comportamentos tipicamente urbanos. Assim, está surgindo uma nova geração de chineses mais contestadores e menos identificados com os valores de disciplina, obediência e limites à liberdade de expressão. Um exemplo desse fenômeno foi a brutal repressão na Praça da Paz Celestial em Pequim, em 1989. A combinação entre economia aberta e política fechada é arriscada, podendo não se manter com o sucesso que teve até o presente.

Por fim, a inserção da China no mercado mundial acirra a disposição de outros países de adotar medidas protecionistas. recentemente, a Argentina impôs restrições às importações de vários produtos da China, medida também reclamada por empresá-rios brasileiros. A Inglaterra proibiu a importação de tecidos, alegando a presença de substância cancerígena utilizada na China. Uma grande empresa dos EUA fez um recall com brinquedos “made in China”, sob a pressão de consumidores que alegaram razões de segurança. Enfim, razões comerciais, de qualidade ou segurança, têm servido para alguma reação perante o avanço do Dragão.

SÉRGIO DE MORAES PAULO, graduado em Geografia e mestre em Geografia Humana pela USP, leciona em cursos pré-vestibulares e no ensino médio da rede privada

Os acontecimentos da noite de 4 de junho de 1989 deixaram muito claros os limites da abertura chinesa. A entrada do capital transnacional com a criação de zonas especiais para produção nos moldes capitalistas e a crescente inserção da China na econo-mia internacional não significavam que seus líderes admitiriam também uma glasnost – a abertura política imple-mentada por Mikhail Gorbatchev na então cambaleante União soviética.

Desde a morte do líder reformista Hu yaobang, em 18 de abril, estudantes ocupavam a Praça Tiananmen – ou da Paz Celestial – no centro de Pequim. Exigiam a democratização do Partido Comunista, o fim da corrupção e a liberdade de imprensa. Aos milhares de estudantes foram se juntando profes-sores, artistas, trabalhadores e donas de casa. Até mesmo o chefe do partido, Zhao Ziyang, mostrava-se compreensi-vo com as reivindicações populares.

O afastamento de Ziyang, pouco mais de um mês depois, mais que um racha na cúpula do partido, indicava que a linha dura, tendo à frente Deng Xiaoping e o primeiro-ministro, Li Peng, estava disposta a restabelecer a ordem social pondo um fim nas manifestações por democracia. Na noite do sábado 4 de junho, soldados e tanques avançaram sobre os mani-festantes desarmados. O Exército do Povo massacrou um número até hoje controverso de pessoas. Estima-se que algo entre 2 mil e 5 mil chineses foram mortos a golpes de baioneta, metralha-dos ou esmagados pelos tanques, além dos cerca de 60 mil feridos.

A face moderna e dinâmica que a China exibe em seus indicadores econômicos das últimas décadas não esconde o autoritarismo e a brutalidade com que o governo trata das questões ligadas à liberdade de expressão e aos direitos individuais mais elementares. O desfecho da Primavera de Pequim, como tam-bém ficou conhecido o movimento dos estudantes, e o domínio militar sobre o Tibet atestam isso.André Guibur é professor de Geografia da rede privada e em cursos pré-vestibulares

O MASSACRE DA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL Por André Guibur

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A poluiçãoindustrial

na China temcausado

problemas,como

a chuva ácida

Jovem enfrenta tanques; a imagem sintetiza arepressão chinesa

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Os efeitos do “made in China”Produtos baratos são fonte de preocupação; confira na próxima semana o comentário e a resposta correta

Analise as informações e o texto abaixo.

Com base nessas informações e em seus conhecimentos sobre o tema, assinale as alternativas

que contemplam exclusivamente afirmativas corretas:I. a China não produz petróleo e seu grande crescimento econômico justifica sua posição de quarto maior consumidor mundial do produto;II. os déficits comerciais que os EUA mantêm com a China têm sido motivo para fortes retaliações, levando inclusive o governo dos EUA a utilizar

fortes medidas protecionistas contra a China nos últimos meses;III. apesar de ter uma grande produção petrolífera, o grande crescimento econômico da China tornou o país carente desse recurso energético, tornando-se um dos fatores para a elevação dos preços dos últimos anos;IV. apesar das preocupações nos EUA, a economia do país continua aberta à compra de produtos chineses, assim como os déficits que mantém com a China. A) I e II apenas;B) II e III apenas;C) III e IV apenas;D) I e III apenas;E) II e IV apenas.

A questão da semana passada apresentava um mapa mostrando a incidência de ataques terroristas nos últimos anos. Pedia-se ao aluno apenas a conclusão da leitura dessa imagem. É uma daquelas questões que podem ser respondidas usando-se somente o bom senso e um mínimo de informação.

O mapa mostrava vários pontos na Europa e nos Estados Unidos. Bastaria saber que nessas regiões drogas não são

produzidas (embora sejam consumidas), e a alternativa A estaria eliminada. A alternativa B podia ser cortada de cara – afinal, EUA e Europa estão longe de ser periferia do mundo. Da mesma maneira, a alternativa C está obviamen-te errada, pois não são lugares de con-centração muçulmana. Quanto à última, é despropositada, pois o mapa não tem informações sobre motivações.

Vê-se, portanto, que se poderia chegar

à resposta por exclusão. E para ter a certeza da resposta correta era só saber que “setentrional” se refere ao Hemisfério Norte.

Gabarito: alternativa D. (Há uma nítida concentração de ações na porção setentrional do globo.)

resposta da questÃo inédita do fascículo vii

Pergunta sobre terrorismoexigiu apenas bom senso

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“A China é o terceiro maior parceiro comercial dos Estados Unidos, o mercado de exportações que mais cresce, e também o maior déficit comercial do país. No ano passado, o déficit foi de Us$ 202 bilhões. O volume cresceu muito nos últimos anos e assustou os americanos, que culpam o que vêem como uma ‘invasão’ de produtos chineses pela perda de empregos industriais no país.”BBC, 18/4/06

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Brinquedos chineses, como os que invadiram o mundo

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2ª questãoA respeito dos aspectos

geográficos da China, assinale o que for correto:01) o país é uma potência militar e detém, inclusive, um arsenal nuclear. O governo comunista tem uma clara política de fortalecimento militar e um projeto de exercício de poder em escala regional e mundial.02) o país é um importante receptor de capitais produtivos. Esses inves-timentos concentraram-se sobretu-do nas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs).04) a diversidade climática do país é considerável. Na porção oeste, ocorrem climas frios e desérticos.

Na porção leste, observa-se a ocor-rência de climas temperados.08) o processo de abertura eco-nômica vem sendo acompanhado de uma ampla abertura política. A participação popular nas decisões de governo é cada vez mais fre-qüente.16) a agricultura chinesa está volta-da, predominantemente, para o culti-vo de produtos de exportação, com destaque para o arroz, o trigo e o milho.32) o relevo é caracterizado pela ocor-rência de elevados planaltos e dobra-mentos modernos na porção oriental do território. A oeste, encontram-se baixos planaltos e extensas planícies.UEM, 2005 (Questão 13)

COMENTÁRIOA questão apresenta uma série

de dificuldades. Em primeiro lugar, a ausência de informação no enun-ciado que poderia indicar alguma assertiva correta. Além disso, há seis opções, todas relativamente longas e, o que é pior, algumas com informações parcialmente corretas. Uma das poucas que poderiam ser eliminadas como falsa é a alterna-tiva que fala em abertura política. Para completar a dificuldade dessa questão, a resposta ainda depende da soma dos números das asserti-vas corretas, uma fonte adicional de eventual erro.

1ª questãoA China vem expandindo sua economia

e ampliando suas relações para além de suas fronteiras. Há poucos anos, ela ingressou na Organização Mundial do Comércio (OMC), submetendo-se às regras do comércio internacional. Assinale a alternativa correta em rela-ção a essa temática:A) a partir do processo de abertura eco-nômica, a maioria da população chinesa passou a viver em áreas urbanas e a possuir renda per capita semelhante à de vários países desenvolvidos.B) entre os principais produtos bra-sileiros exportados para a China, destacam-se aparelhos de ótica de precisão e componentes eletrônicos.

C) a parceria sino-brasileira ampliou-se quando foi acertado um dos mais importan-tes projetos na área técnico-científica entre os dois países: o desenvolvimento de satéli-tes de rastreamento de recursos naturais.D) o crescimento econômico chinês obti-do nos últimos anos coincidiu com a aber-tura política, já que aumentou o número de partidos políticos e o país se tornou uma república democrática.E) apesar de a China ser uma das dez maiores economias do planeta, seu Produto Interno Bruto (PIB) depende quase que exclusivamente do setor primário. UFRGS (questão 24)

COMENTÁRIOComo o próprio enunciado afirma, o

texto inicial só apresenta a temática, não dá dicas para a resolução. Em contrapartida,

quatro das afirmações apresentadas facil-mente podem ser detectadas como incor-retas. A despeito do grande crescimento econômico chinês das últimas décadas, a população do país ainda possui baixa renda per capita. Também são significativos os índices de população rural. O Brasil desta-ca-se muito mais pelas exportações de pro-dutos primários ou semi-elaborados para a China, com destaque para o minério de ferro e a soja. Por outro lado, o crescimento econômico baseado na abertura da econo-mia a práticas de mercado ocorre sem um processo de abertura política, mantendo-se o regime de partido único e as restrições às liberdades individuais. Outro aspecto importante do crescimento econômico chi-nês é o ganho de mercados para produtos manufaturados, destacando-se os EUA como grandes compradores.

questões respondidas

Demografia e comércio superlativosCom forte expansão econômica e uma população de quase 1,3 bilhão de pessoas, a China atrai a atenção do mundo; teste a seguir seus conhecimentos sobre o país

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3ª questãoO gráfico representa taxas cres-

centes ou decrescentes da popula-ção e da produção agrícola de três países. A partir dos dados, identifi-que os países I, II e III: Fuvest (Questão 47)

COMENTÁRIOQuestão que exige apenas calma.

Como os três países envolvidos apresentam desenvolvimento muito diferente e os gráficos são de fácil análise, a atenta observação deles indica diretamente a resposta. Os gráficos mostram que o país núme-ro I teve decréscimo na produção agrícola e acréscimo da população em torno de 3%. Tal fenômeno é típico de países muito pobres que apresentam elevadas taxas de nata-lidade e mortalidade, realidade mais

próxima a Moçambique, na África. As condições socioeconômicas e ambientais nos permitem associar o país II à Venezuela, cuja produção agrícola se mostra com melhor desempenho que o país I, mas menor que o país III, China. A China se diferencia dos demais países tanto por uma polí-tica agrícola que tem resultado em ganhos de produção e produtividade quanto por uma política demográfica que resultou num menor crescimento populacional.

GABArITO: 1 (C), 2 (corretas: 1, 2 e 4), 3 (A), 4 (D)

Ilust

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4ª questãoNa década de 1990, a China, segun-

do país em extensão territorial e com cerca de 20% da população do mundo:

A) representou uma parcela importante do mercado mundial, embora seu mer-cado interno não tenha incorporado nem 1/3 de sua população, majoritariamente urbana, na região I, de clima tropical.B) incrementou o comércio inter-nacional, atraindo investimentos estrangeiros, extinguindo o controle migratório e desenvolvendo produção

de trigo nas terras altas da região II.C) passou por graves crises de cres-cimento econômico que afetaram, sobretudo, as áreas altas e secas, assinaladas em III, onde se localizam as minorias nacionais, como tibetanos e chineses muçulmanos.D) revelou expressivo crescimento econômico e taxa baixa de crescimento demográfico, apresentando clima sub-tropical com grandes áreas de agricul-tura irrigada, na região IV.E) coletivizou as atividades econô-micas, reafirmando os valores de sua revolução, desenvolvendo a agricultura irrigada na região III, de clima continen-tal e de baixa densidade demográfica. Fuvest, 2003 (questão 49)

COMENTÁRIOQuestão que apresenta dificul-

dade, pois cada assertiva traz mais de uma informação, podendo estar

parcialmente correta, o que con-funde o candidato. A presença do mapa só auxiliará se você souber as características climáticas das regiões assinaladas. Quanto ao conteúdo, é importante saber que, na década de 1990, a população da China ainda era majoritariamente rural, apesar do grande crescimento econômico e do êxodo rural. A área de número II tem o predomínio de terras áridas ou semi-áridas, destacando-se o deserto de Gobi. Essa área é inviável para os cultivos de trigo, feitos principalmente na área III. A área III possui clima tem-perado e boa regularidade de chuvas, o que dispensa a necessidade de irrigação sistemática, necessária em outras partes do país, como I e II.

Importante observar que a China é o terceiro país em extensão territorial, e não o segundo confor-me diz o enunciado.

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se um texto apresentarmúltiplos tópicos ou

diferentes pontos de vista sobre

determinado assunto. Procure analisar cada um a fim de detectar

aqueles que realmente se relacionam com

a questão.

Esta é a última semana para você escolher o tema do 11o fascículo do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades, que terá versão apenas eletrônica. O prazo para votar, no site www.epoca.com.br, vai até a

sexta-feira 19.É possível votar num dos seguintes temas: 1) Globalização e Organizações

Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco e 4) Crime Organizado. Esse fascículo extra, que terá a mesma estrutura dos impressos, estará disponível para download a partir de 3 de novembro.

Quanto ao fascículo da semana que vem, o assunto são os conflitos no Oriente Médio. A esta altura, já na reta final, você provavelmente já criou seu método de estudo. Mas não custa enfatizar: a melhor maneira de res-ponder às questões apresentadas a cada número é tentar reproduzir as condições que terá de enfrentar na hora da prova. Por isso, é recomendá-vel que você tente anotar a alternativa correta antes de ler o comentário do professor que vem a seguir.

Ainda há tempo de votarno tema do 11º fascículoA escolha poderá ser feita entre quatro assuntos propostos até a próxima sexta-feira

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO saulo ribasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007 Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reserva-dos. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da silva (Prof. Toni) e Venerando santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel ribeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING yara Grottera

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Acompanhar no varejo do dia-a-dia os desdobra-mentos dos vários confli-

tos simultâneos do Oriente Médio pode ser uma tarefa infrutífera do ponto de vista do aprendizado. Grupos se ramificam, interesses se sobrepõem, fronteiras tornam-se difusas, mocinhos e bandidos são papéis intercambiáveis. Quem está matando quem? E por que razão? Quem prestar atenção apenas aos últimos acontecimen-tos dificilmente terá a percepção do conjunto. Pelo simples motivo de que os problemas atuais se arrastam há décadas, mais preci-samente desde o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918. Foi nessa época que uma intervenção franco-britânica selou o destino da região. Neste fascículo, mostramos o que essa gênese remota tem a ver com a questão palestina e a guerra no Iraque.

NESTA EDIÇÃO

Conheça a origem do sionismo PÁG. 2

A atuação no Líbano do Hezbollah PÁG. 3

Confira mais umadica para a prova PÁG. 8

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Palestino agita a bandeira da Jihad, em Gaza, no topo de uma mesquita,

durante o funeral de um correligionário

> História> Geografia

Situação no Iraque e a questão palestina são os principais conflitos da região

O Oriente Médioem pé de guerra

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O Oriente Médio é uma das regiões mais conflituosas do globo, aquela que há mais tempo domina os noticiários internacionais. Qual o motivo de tanto conflito? Uma das razões da tensão é capital: a intervenção franco-britânica na região após a

Primeira Guerra Mundial, que selou seu destino. É nesse momento da história que devemos buscar a gênese dos conflitos e, assim, compreender a situação atual. Tentar entender as turbulências da região a partir exclusivamente dos fatos contemporâneos é tarefa inglória.

Neste espaço, vamos nos ater a um panorama genérico dos dois principais conflitos da região: a questão palestina e a guerra no Iraque.

Como os demais conflitos que ocorrem no Oriente Médio, a origem do problema palestino está no início do século XX. Em 1917, enquanto eram escritos os últimos capí-tulos da Primeira Guerra Mundial, a Inglaterra, já sabedora da herança do espólio oto-mano e de seu futuro domínio na região, concedeu a Palestina ao movimento sionista, na famosa Declaração Balfour.

O organizado sionismo, que contava com forte retaguarda financeira de banqueiros judeus de Londres, tratou de patrocinar a migração de milhares de judeus para a Terra Prometida, com o claro objetivo de construir ali o seu Estado. Acontece que a Palestina era habitada; árabes palestinos lá estavam havia séculos. Ou seja, a Inglaterra concedeu uma terra habitada, e que não era dela, a um povo que vivia na Europa, mas que, por razões religiosas e históricas, sonhava em construir um Estado nacional na Palestina. Eis as primeiras sementes da discórdia.

Logo começaram as tensões entre aquele judeu que chegava e a população local. A situação não tardou a sair do controle dos britânicos, que se desvencilharam do imbró-glio nos anos 40, quando transferiram a questão para uma recém-criada ONU.

Na ordem que se iniciou após a Segunda Guerra Mundial, com os Estados Unidos

ENTENDA O ASSUNTO

A gênese e as razões dosconflitos no Oriente Médio

2 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O I X

A intervenção franco-britânica após a Primeira Guerra ajuda a explicar a situação atual; a guerra no Iraque e a questão palestina são os principais problemas POR EDILSON ADÃO

> Sionismo é o movimento, fundado pelo jornalista aus-tríaco Theodore Herzel, que buscava fundar um Estado judeu em Sion, Palestina. Nesse momento, havia na Europa forte discriminação e perseguição aos judeus.Quanto à Declaração Balfour, do secretário de Relações Exteriores britânico Arthur James Balfour, concedia a Palestina para a criação de um “lar nacional judeu”. Balfour não falou em “Estado” em seu documento.

SIONISMO E BALFOUR

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Reprodução da Declaração Balfour

Crianças na Cisjordânia observam manifestação de

milicianos do movimento Fatah, em 2001

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fortalecidos e a Europa enfraquecida, a tentativa de solução ficou a cargo da ONU, que realizou, em 1947, a Partilha da Palestina, criando dois Estados: um judeu, com 14 mil km2, e outro árabe, com 11 mil km2.

Em maio de 1948, com a retirada das últimas tropas britâni-cas da Palestina, David Ben Gurion proclamou a independência de Israel. Os árabes não aceitaram aquilo que denunciavam como “um corpo estranho no mundo árabe”, e declararam guerra ao recém-criado país; seria a primeira de muitas derrotas árabes para Israel. A verdade é que os judeus eram poucos,

mas fortes, enquanto os árabes eram muitos, mas frágeis e desunidos. Outras guerras viriam, e outras vitórias israelenses. A mais importante delas seria a de 1967, quando Israel não apenas venceu simultaneamente três países árabes em menos de uma semana (Egito, Síria e Jordânia), como lhes tomou territórios. Alguns deles se encon-tram sob seu domínio até hoje. E foi além. Conclamou judeus de todo o mundo a vir ocupar terras “disponíveis.” Iniciava-se, então, a colonização da Palestina por Israel.

Os palestinos foram sendo expropriados de suas terras: primeiro, em 1948, depois, em 1967. É da indignação palestina que nasceria a violenta revolta que se estende aos dias atuais. Catalisados pela OLP (Organização pela Libertação da Palestina), surgida em 1964, nasceram movimentos que buscavam a pátria perdida, sonho ainda não realizado.

Em 1994, os acordos de Oslo (Plano de Paz) viriam criar a Autoridade Palestina (AP). O primeiro presidente da AP foi o lengendário líder Yasser Arafat. Como a OLP, a Autoridade Palestina luta pela criação do Estado Palestino. No entanto, o recente acirramento da disputa entre o Al Fatah e o Hamas ameaça jogar os palestinos numa guerra civil que pode dificultar ainda mais a criação do seu Estado.

Na outra ponta do Oriente Médio, um cenário não menos desolador se desenvolve no

Em 1947, aONU realizoua partilha daPalestina,

criando umEstado judeue outro árabe

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Em julho de 2006, uma ação do grupo xiita Hezbollah contra solda-dos israelenses desencadeou uma violenta reação de Israel com trági-cas conseqüências para o Líbano. Sob pretexto de resgatar dois solda-dos seqüestrados pelo Hezbollah e eliminar a sua capacidade de lançar mísseis contra o norte do país, tropas de Israel invadiram o Líbano. Durante pouco mais de um mês aviões e tanques realizaram incontáveis bom-bardeios contra supostas posições militares do Hezbollah e também contra alvos civis, como o aeroporto de Beirute, edifícios, estradas, pontes e até uma base da ONU, onde quatro de seus observadores morreram.

O Hezbollah atacava lançando mísseis sobre cidades do norte de Israel, como Haifa e Nazaré, fazendo algumas vítimas civis. Nos comba-tes no sul do Líbano o grupo conse-guia impor também algumas baixas militares aos israelenses. No total, cerca de 120 israelenses morreram no conflito.

Mas o saldo da guerra refletiu a superioridade militar e a força com que Israel atacou o Líbano: mais de mil libaneses mortos, a maioria civis, muitas cidades e a infra-estrutura do país quase totalmente destruídas.

Em 14 de agosto teve início o cessar-fogo e os preparativos para a retirada das tropas israelenses, que se completaria com a chegada da missão de paz da ONU (a Força Interina das Nações Unidas no Líbano). Enquanto ambos os lados declaravam-se vitoriosos, grupos de direitos humanos e observadores das Nações Unidas denunciavam possíveis excessos cometidos por Israel contra a população do Líbano, certamente o grande perdedor.André Guibur é professor de Geografia da rede privada e em cursos pré-vestibulares

NO LÍBANO, HEZBOLLAHENFRENTA ISRAEL Por André Guibur

A PARTILHA DA PALESTINA (ONU)

Plano de Partilha de 1947

Estado árabe Estado judeu Jerusalém Território anexado após 1948ED

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Golfo Pérsico: a guerra no Iraque. Vejamos sua trajetória. Em 1979, no mesmo ano em que ocorria a Revolução Islâmica no Irã, Saddam Hussein chegava ao poder no Iraque. Entendendo aquele movimento no país vizinho como ameaçador, pois poderia se alastrar para o Iraque, de maioria xiita, Saddam tratou logo de produzir uma guerra para, em sua perspectiva, cortar o mal pela raiz. Ele acreditava que seria uma guerra rápida. Ledo engano. Usando o velho litígio no estuário de Chat el Arab (a foz dos rios

Tigre e Eufrates) como pretexto para o ataque, em 1980 iniciava-se a longa guerra Irã-Iraque. Aquilo que parecia ser presa fácil na visão iraquiana tornou-se um verdadeiro tormento. Para equacionar sua inferioridade militar naquele momento, Khomeini, o líder iraniano, utilizou-se de um ingrediente que Saddam não esperava: a Jihad. A guerra prolongou-se então por oito anos, arrasando a economia e as estruturas dos dois países.

Durante a guerra, os países do golfo torciam pelo Iraque, mas não tornavam isso claro; todos temiam a ameaça xiita. Apenas um deles ousou apoiar explicita-mente o Iraque: o Kuwait, país contra o qual, em retaliação, o Irã declarou guerra.

O apoio do Kuwait ao Iraque tomou forma concreta com o financiamento da compra de armas dos Estados Unidos.

Pois bem, após o término da guerra, com a economia des-truída, endividado e não podendo saldar sua dívida, Saddam Hussein invade justamente o pequeno vizinho, em agosto de 1990. O argumento era o de que o Kuwait seria uma unidade inventada pela Inglaterra para atender seus interesses e do imperialismo. Na visão iraquiana, o Kuwait nada mais seria que um prolongamento do Iraque, ou seja, uma de suas províncias.

A ONU deu um ultimato ao Iraque, mas Saddam Hussein se recusou a retirar suas forças do país invadido. E tentou uma

jogada: comprometeu-se a sair do Kuwait tão logo Israel se retirasse dos territórios ocupados em 1967. E agora, ONU? O Conselho de Segurança ignorou a chantagem de Saddam e tratou logo de resolver a questão. Assim, lideradas pelos Estados Unidos, tropas da ONU atacaram as forças iraquianas, libertando o Kuwait. Derrotado, o Iraque foi colocado sob embargo em 1991. A partir de então, gradativamente sua economia foi sendo estrangulada. O país debilitou-se com a generalizada queda da qualidade de vida. A maior vítima do intenso embargo foi a população civil. Já no século XXI, no mundo pós-11 de Setembro e no contexto da guerra ao terror levada a cabo pelos Estados Unidos, o regime de Saddam Hussein foi posto na mira. Acusado de apoiar o terrorismo internacional e de produzir armas de destruição em massa (nunca encontradas), o país foi atacado pela coalizão anglo-americana em 2003. Convém lembrar que os Estados Unidos decidiram atacar o Iraque sem a autorização do Conselho de Segurança da ONU. O regime – e o próprio Estado – foram arrasados: destruiu-se um Estado, uma nação, fazendo do “novo” Iraque um dos mais instáveis lugares do mundo. As forças de ocupação permanecem no país até hoje.

EDILSON ADÃO, mestre em geografiahumana pela USP e especialista emgeopolítica, é autor de Oriente Médio: A Gênese das Fronteiras (Editora Zouk)

4 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O I X

Derrotado apósa invasão do

Kwait, o Iraquesobreu embargo

em 1991 queestrangulou

sua economia

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A Revolução Islâmica é o movi-mento xiita que depôs o regime secular iraniano e levou ao poder o Aiatolá Khomeini. O Irã se tor-naria uma República Islâmica.Jihad é a resistência santa, recurso que os fiéis muçulmanos utilizam em tempos de guerra. Para convocar uma Jihad, é pre-ciso ter legitimidade espiritual, coisa que o Aiatolá Khomeini, de fato, possuía.

REVOLUÇÃO ISLÂMICA E JIHAD

Saddam Hussein, que invadiu o

Kwait em 1990

Aiatolá Khomeini

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A Guerra dos Seis DiasO conflito está em evidência neste ano, por conta de uma efeméride; confira a resposta na semana que vem

Em 2007, completam-se 40 anos da Guerra dos Seis Dias. Essa guerra teve importância territorial capital para o destino do Oriente Médio. O mapa ao lado mostra os territórios que foram ocupados em 1967. Sobre ele, está correto afirmar:A) um dos motivos que levaram à ocupação da região A, junto à Síria, é o fato de tratar-se de importante área de manancial em uma região marcada pela aridez;B) a área B é uma estéril região e de baixo aproveitamento agrícola, mas importante por guardar lugares sagrados ao judaísmo,

cristianismo e islamismo.C) a região C, originariamente pertencente à Jordânia, era a principal área de atuação da guerrilha palestina, daí a ocupação.D) a região D, devolvida à Síria nos Acordos de Camp David, era a maior fatia territorial da ocupação e o motivo da mesma foi a importância estratégica junto ao Canal de Suez.E) das áreas ocupadas, permanecem ainda sob domínio israelense apenas as identificadas com as letras C e B, justamente aquelas em que os palestinos desejam fundar seu Estado.

A China tem uma grande produção petrolífera, tanto na Manchúria quanto em Xi-Jiang, a oeste do país. Desde o ano 2000, a China tornou-se dependente de importações de petróleo, pois seu grande crescimento econômico exige muito mais do que pode produzir. Atualmente, países como Irã e Venezuela têm sido alguns de seus fornecedores.

Quanto às importações de produtos chineses, têm sido fator de preocupação para os EUA, pois

já ultrapassaram US$ 200 bilhões ao ano. Entretanto, o país continua a importar esses produtos, sem ter adotado uma prática efetiva de protecionismo. A continuidade dessa situação se justifica pelo baixo preço dos produtos chineses.

Outro fator que dificulta uma ação mais protecionista dos EUA é o fato de que muitas das exportações chinesas são feitas a partir de empresas americanas instaladas na China, aproveitando os baixos custos de produção que o país oferece.

Gabarito: alternativa C (III e IV apenas). III – Apesar de ter uma grande produção petrolífera, o grande crescimento econômico da China tornou o país carente desse recurso energético, constituindo-se em um dos fatores para a elevação dos preços dos últimos anos. IV – Apesar das preocupações nos EUA, a economia do país continua aberta à compra de produtos chineses, assim como os déficits que mantém com a China.

RESPOSTA DA QUESTÃO INÉDITA DO FASCÍCULO VIII

China importa petróleo eexporta produtos baratos

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Colinas de Golã. Pertencia à Síria, é a mais importante área de manancial da região.

Cisjordânia. Pertencia à Jordânia, importantezonafértil, gurda grande valor religiosopara o Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

Faixa de Gaza. pertencia ao Egito, zona árida,área de intensa atuação da guerrilhapalestina contra alvos israelenses.

Península do Sinai. ocupada junto ao Egitofoi desenvolvida posteriormenteaos Acordos de Camp David, em 1979.

Elaboração: Edilson Adão

Jordânia

Líbano

Síria

Arábia Saudita

Egito

Golfo de SuezGolfo de Ácaba

Mar Mediterrâneo

Rio Jordão

Mar Morto

Mar Vermelho

Israel

Jordânia

Líbano

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Arábia Saudita

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Golfo de SuezGolfo de Ácaba

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Rio Jordão

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2ª questão

O aumento do número de mortes de soldados das forças de ocupação do Iraque, mesmo após o anúncio do final da guerra pelo governo dos Estados Unidos, deve-se à:A) participação tardia da Rússia, que

procurou salvaguardar seus interesses geopolíticos na região.B) reação da população iraquiana, que não aceita a presença de estrangeiros no país.C) redução do efetivo militar norte-americano para cortar as despesas com a ocupação.D) ação da inteligência norte-americana, que conseguiu isolar os dirigentes procurados, sem destruir as cidades.E) maior vulnerabilidade da população em função da ausência de governo local.Fuvest - 2004

COMENTÁRIOUma boa interpretação do

enunciado elimina as alternativas D

e E, pois estas contrariam o que nele está afirmado. Dessa forma, você terá que optar entre apenas três alternativas, sendo que a correta é de amplo conhecimento público por meio de mídias diversas. As forças de ocupação têm enfrentado a insurreição iraquiana e a fúria de grande parte da população, que não aceita a presença anglo-britânica no país. Tal cenário suscitou o surgimento de vários grupos e facções que realizam atentados terroristas contra alvos norte-americanos, britânicos e da própria população local.

1ª questãoO Oriente Médio constitui uma

das regiões mais conturbadas do planeta, o que se deve a uma conjun-ção de fatores históricos, políticos, econômicos e geográficos, dentre os quais merecem destaque, EXCETO:A) sua posição geográfica na junção de três massas continentais, que o transformaram em rota de tráfego de vários povos, desde a antiguidade.B) sua riqueza em recursos energé-ticos, dos quais dependem o abas-tecimento do Ocidente e, em certa medida, o modelo de desenvolvimento capitalista.C) a sua homogeneidade étnica, forjada a partir de uma base religiosa e cultural comuns.

D) o imperialismo internacional, que criou Estados artificiais de acordo com os interesses dos países dominantes.PUC-MG - 2004

COMENTÁRIOO único complicador do enunciado é

o fato de solicitar, de forma indireta, por meio da palavra EXCETO, a alternativa incorreta, o que, às vezes, confunde o candidato. Como facilitador, temos a alternativa incorreta bastante evidente, até para quem pouco conhece sobre o assunto. Afinal, o Oriente Médio é marcado pela heterogeneidade étnica e cultural, apresentando várias etnias, como árabes, turcos, persas, judeus, curdos, etc. No plano religioso, destacam-se as três principais religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

QUESTÕES RESPONDIDAS

Uma região em conflito incessanteNestas duas páginas, o candidato pode testar seu conhecimento com base em questões recentes que integraram quatro exames de vestibular

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2ª questão

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4ª questãoObserve o texto que aborda a

recente crise no Líbano:

Como ensina a Geografia Política, entregar território significa derrota política; ao vencedor, as terras (e não as batatas). Acossado interna-mente e assistindo a uma possível conexão xiita Irã-Hezbollah, via Síria, Israel tratou de agir.

Sobre o cenário geopolítico do Oriente Médio abordado pela matéria, podemos inferir:A) o grupo Hezbollah reivindica a devolução das Colinas de Golan ao

Líbano, ocupadas por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1973. B) a conexão religiosa mencionada no texto envolve o Irã, Líbano e a Síria, três países de maioria xiita.C) o Hezbollah é produto da ocupação israelense no sul do Líbano em 1982 e atua na região com freqüentes ataques à Israel.D) ao lado do Hammas, o Hezbollah é um grupo palestino que tem sua base na Faixa de Gaza.E) a partir da Cisjordânia, o Hezbollah faz incursões a Israel e reivindica a devolução dessa importante e fértil região.ESPM - 2007

COMENTÁRIO

O enunciado contextualiza bem a questão, porém não dá margem para

inferir a resposta. Quanto à reda-ção de algumas alternativas, pode confundir o candidato. Preste bem atenção. Você deve se lembrar que o Hezbollah é um grupo fundamenta-lista xiita que atua no sul do Líbano. Surgido após a invasão israelense no Líbano em 1982, o grupo é uma resis-tência à ocupação. O enunciado da questão aborda os ataques israelen-ses realizados em 2006 e que trouxe-ram prejuízos políticos ao governo de Ehud Olmet, premiê de Israel. Esses ataques mataram centenas de civis libaneses. Como afirma a alternativa correta, a justificativa israelense foi combater as constantes investidas ao seu território feitas pela milícia, que na época seqüestrou soldados israelenses.

3ª questãoLeia as frases seguintes, sobre as

dificuldades para a paz entre Israel e a Palestina.I. Destino de 3 milhões de refugiados palestinos dispersos pelos países vizinhos.II. Controle do Rio Jordão a partir das colinas de Golã, que estão sob domínio da Síria.III. Fim da Intifada, movimento de judeus pela aceitação do acordo de Oslo.IV. Definição da situação de Jerusalém, apontada como capital por judeus e considerada sagrada pelos palestinos.V. Presença de colônias judaicas em áreas destinadas ao estado Palestino.

Está correto o que se afirma em:A) I, II e IV, apenas.B) I, III e V, apenas.C) I, IV e V, apenas.D) II, III e IV, apenas.E) II, III e V, apenas.Unifesp - 2003

COMENTÁRIOQuestão difícil. O enunciado

não oferece dicas e as assertivas incorretas, além de estarem no contexto, só não estão corretas por trocas de representação (israelense X sírio / palestino X judeu), fato que pode passar despercebido.

Dentre as dificuldades para a paz entre Israel e palestinos, assim como a criação de um Estado Palestino, podemos citar: a) o retorno de aproximadamente 3 milhões de

palestinos refugiados nos países vizinhos (a AP considera um direito o retorno palestino, mas Israel não aceita, pois isto reconfiguraria a balança demográfica na região); b) os palestinos pretendem Jerusalém oriental como capital de seu futuro país, enquanto os judeus consideram Jerusalém a capital indivisível israelense; c) as colônias judaicas, instituídas principalmente após 1967, são outro fator problemático, pois muitos judeus que lá nasceram nesse período não aceitam ser removidos nem viver sob a administração palestina.

GABARITO: 1 (C), 2 (B), 3 (C), 4 (C)

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O fascículo da próxima semana, que encerra esta série, o tema abordado será a América Latina. O subcontinente vem passando por uma grande transformação nos últimos anos. A região, com

uma história marcadamente conservadora, experimentou uma guinada à esquerda. Em muitos países, há governos encabeçados por políticos com idéias socialistas de vários matizes. Em alguns, como o Brasil, não houve abandono de programas liberais. Em outros, como a Venezuela e a Bolívia, o socialismo tem também as cores do nacionalismo. Na sexta-feira passada, encerrou-se a votação do assunto do 11º fas-cículo do Guia ÉPOCA Vestibular 2008 – Atualidades, que terá versão apenas eletrônica. Foi possível votar em quatro temas: 1) Globalização e Organizações Multilaterais, 2) União Européia, 3) Biotecnologia e Células-Tronco, e 4) Crime Organizado. O resultado será anunciado no próximo fascículo e no site www.epocacom.br.

Na semana que vem, a guinada latinaNuma região antes conservadora, partidos de esquerda estão no poder em muitos países

DIRETOR DE REDAÇÃO Helio Gurovitz [email protected] David CohenDIRETOR DE CRIAÇÃO Saulo RibasEDITORES-EXECUTIVOS André Fontenelle, David FriedlanderDIRETOR DE ARTE Marcos Marques

O Guia ÉPOCA Vestibular 2008 - Atualidades é um projeto editorial de 11 fascículos desenvolvido pelo UNO Sistema de Ensino da Editora Moderna para a Editora Globo. © 2007Editora Moderna e Editora Globo. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta coleção pode ser reproduzida sem autorização prévia da Editora Moderna e da Editora Globo.

COORDENAÇÃO GERAL DO PROJETO Ana Luisa AstizCOORDENAÇÃO PEDAGÓGICA Carlos Piatto (UNO)COORDENAÇÃO DE TEXTOS Antonio Carlos da Silva (Prof. Toni) e Venerando Santiago de Oliveira (Prof. Venê)COMENTÁRIOS AOS ENUNCIADOS E DICAS Jô FortarelEDIÇÃO DE TEXTO Oscar PilagalloEDIÇÃO DE ARTE Leonardo Nery ProttiILUSTRAÇÕES AKE AstburyREVISÃO Bel RibeiroSUPERVISORA DE INTERNET Adriana Isidio (UNO)

DIRETOR GERAL Juan Ocerin

DIRETOR EDITORIAL Paulo NogueiraDIRETOR DE MERCADO ANUNCIANTE Gilberto CorazzaDIRETOR DE FINANÇAS Frederic Zoghaib KacharDIRETOR DE ASSINATURAS Stavros Frangoulidis NetoDIRETORA DE MARKETING Yara Grottera

8 | R E V I S T A É P O C A | F A S C Í C U L O I X

Ilust

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se a questão contiver gráficos, tabelas etc. Verifique se esses recursos estão ali para agregar

informação ou se apenas ilustram o assunto, não influindo decisiva-

mente no acerto da questão.

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