Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

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Habitação social São Paulo 2004 ÉRICA CRISTINA CASTILHO DIOGO no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO Dissertação de Mestrado Orientadora: Ermínia Maricato

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Habitação social

São Paulo

2004

ÉRICA CRISTINA CASTILHO DIOGO

no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo

U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L OFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Dissertação de Mestrado

Orientadora:

Ermínia Maricato

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Habitação social

São Paulo

2004

ÉRICA CRISTINA CASTILHO DIOGO

no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo

U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L OFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Dissertação de Mestrado

Orientadora:

Ermínia Terezinha Menon Maricato

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Habitação social

São Paulo

2004

ÉRICA CRISTINA CASTILHO DIOGO

no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo

U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L OFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Dissertação de Mestrado

Orientadora:

Ermínia Terezinha Menon Maricato

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Diogo, Érica Cristina CastilhoD591h Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo / Érica Cristina Castilho Diogo. -- São Paulo : s.n., 2004. 171 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - FAUUSP. Orientadora: Erminia Terezinha Menon Maricato.

1.Habitação São Paulo (Cidade) - 2. Renovação urbana - São Paulo (Cidade) - 3. Áreas centrais - São Paulo (Cidade) I. Título

CDU 711.58(816.11)

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Projeto Gráfico e Diagramação: DEMACAMP/ Eleusina Freitas, Valéria Ashkar Ferreira

Fotos da Capa:Fernando Perelmutter

Ficha Catalográfica

Aos meus pais, Oswaldo e Carmen, e à Sofia.

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Diogo, Érica Cristina CastilhoD591h Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo / Érica Cristina Castilho Diogo. -- São Paulo : s.n., 2004. 171 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - FAUUSP. Orientadora: Erminia Terezinha Menon Maricato.

1.Habitação São Paulo (Cidade) - 2. Renovação urbana - São Paulo (Cidade) - 3. Áreas centrais - São Paulo (Cidade) I. Título

CDU 711.58(816.11)

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,

PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Projeto Gráfico e Diagramação: DEMACAMP/ Eleusina Freitas, Valéria Ashkar Ferreira

Fotos da Capa:Fernando Perelmutter

Ficha Catalográfica

Aos meus pais, Oswaldo e Carmen, e à Sofia.

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ag

ra

de

ci

me

nt

os

Agradecimentos

Agradeço à Fapesp pelo apoio dado à pesquisa e aos

colegas do Laboratório de Habitação e Assentamentos

Humanos da FAU USP pelo rico aprendizado ao longo de

nosso convívio.

Agradeço ao amigo Fernando Perelmutter e a Nelson Kon

pela gentileza de permitir o uso de suas fotos na

dissertação.

Agradeço aos amigos e, especialmente, a Margareth

Uemura e a Letizia Vitale pela grande ajuda na consulta aos

documentos da Sehab, a Eleusina Freitas pela dedicação na

produção gráfica do material e a Mônica Manso pela ajuda

final.

Agradeço a Helena Menna Barreto Silva e a Regina Prosperi

Meyer pelas valiosas sugestões no exame de qualificação.

Agradeço a Ermínia Maricato, minha orientadora, pela

confiança e pelas preciosas contribuições ao longo do

trabalho.

Obrigada Irani, meu grande amor, por tudo.

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ag

ra

de

ci

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nt

os

Agradecimentos

Agradeço à Fapesp pelo apoio dado à pesquisa e aos

colegas do Laboratório de Habitação e Assentamentos

Humanos da FAU USP pelo rico aprendizado ao longo de

nosso convívio.

Agradeço ao amigo Fernando Perelmutter e a Nelson Kon

pela gentileza de permitir o uso de suas fotos na

dissertação.

Agradeço aos amigos e, especialmente, a Margareth

Uemura e a Letizia Vitale pela grande ajuda na consulta aos

documentos da Sehab, a Eleusina Freitas pela dedicação na

produção gráfica do material e a Mônica Manso pela ajuda

final.

Agradeço a Helena Menna Barreto Silva e a Regina Prosperi

Meyer pelas valiosas sugestões no exame de qualificação.

Agradeço a Ermínia Maricato, minha orientadora, pela

confiança e pelas preciosas contribuições ao longo do

trabalho.

Obrigada Irani, meu grande amor, por tudo.

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Sumário

Introdução

A Prefeitura Municipal de São Paulo e a política habitacional para a Área Central: planos, propostas e programas de 1968 a 2000

1.1 Os planos urbanísticos: PUB e PDDI1.1.1 Gestão José Vicente de Faria Lima - 08/04/1965 a 07/04/19691.1.2 Gestão José Carlos de Figueiredo Ferraz - 08/04/1971 a 21/08/1973

1.2 A atuação da Cogep1.2.1 Gestão Miguel Colasuono - 28/08/1973 a 16/04/19751.2.2 Gestão Olavo Egidio Setúbal - 16/04/1975 a 11/07/19791.2.3 Gestão Reynaldo Emygdio de Barros / Antonio Salim Curiati - 12/07/1979 a 14/03/1983

1.3 A década de 1980: gestões Mario Covas, Jânio Quadros e Luiza Erundina1.3.1 Gestão Mário Covas Júnior - 11/05/1983 a 31/12/19851.3.2 Gestão Jânio da Silva Quadros - 01/01/1986 a 31/12/19881.3.3 Gestão Luiza Erundina de Souza - 01/01/1989 a 31/12/1992

1.4 Os anos perdidos. Paulo Maluf e Celso Pitta1.4.1 Gestão Paulo Salim Maluf - 1993 a 19961.4.2 Gestão Celso Roberto Pitta do Nascimento - 01/01/1997 a 21/12/2000

A experiência francesa de reabilitação urbana2.1 Reabilitação urbana2.2 A experiência francesa de reabilitação urbana

2.2.1 Estrutura institucional2.2.2 Os atores da moradia social2.2.3 Os recursos2.2.4 Operações de reabilitação e os instrumentos urbanísticos

2.3 A difusão da experiência francesa de reabilitação em São Paulo

As propostas da gestão municipal 2001 - 20043.1 Morar no Centro3.2 Ação Centro3.3 Plano Diretor Estratégico e Plano Municipal de Habitação3.4 A proposta do Morar no Centro: gestão, recursos, área de atuação,

programas e instrumentos3.4.1 Locação Social3.4.2 Programa de Arrendamento Residencial - PAR3.4.3 Bolsa Aluguel 3.4.4 Moradia Transitória3.4.5 Melhoria das condições de vida em moradias coletivas multifamiliares - Cortiços3.4.6 Habitação para Famílias de Média Renda3.4.7 Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH3.4.8 Instrumentos urbanísticos e tributários

Considerações finais

Referências bibliográficasApêndices

Apêndice A - Lista dos documentos públicos pesquisadosApêndice B - Lei MalrauxApêndice C - Lei de Solidariedade Urbana

Cap 1.

Cap 2.

Cap 3.

Cap 4.

11

15

25

17

22

25

343440

45

455153

63

6364

73

77

7779

8385

93

109

112

117

129

133135137138139140141145

149

105

71

17

157

163

164166167

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Sumário

Introdução

A Prefeitura Municipal de São Paulo e a política habitacional para a Área Central: planos, propostas e programas de 1968 a 2000

1.1 Os planos urbanísticos: PUB e PDDI1.1.1 Gestão José Vicente de Faria Lima - 08/04/1965 a 07/04/19691.1.2 Gestão José Carlos de Figueiredo Ferraz - 08/04/1971 a 21/08/1973

1.2 A atuação da Cogep1.2.1 Gestão Miguel Colasuono - 28/08/1973 a 16/04/19751.2.2 Gestão Olavo Egidio Setúbal - 16/04/1975 a 11/07/19791.2.3 Gestão Reynaldo Emygdio de Barros / Antonio Salim Curiati - 12/07/1979 a 14/03/1983

1.3 A década de 1980: gestões Mario Covas, Jânio Quadros e Luiza Erundina1.3.1 Gestão Mário Covas Júnior - 11/05/1983 a 31/12/19851.3.2 Gestão Jânio da Silva Quadros - 01/01/1986 a 31/12/19881.3.3 Gestão Luiza Erundina de Souza - 01/01/1989 a 31/12/1992

1.4 Os anos perdidos. Paulo Maluf e Celso Pitta1.4.1 Gestão Paulo Salim Maluf - 1993 a 19961.4.2 Gestão Celso Roberto Pitta do Nascimento - 01/01/1997 a 21/12/2000

A experiência francesa de reabilitação urbana2.1 Reabilitação urbana2.2 A experiência francesa de reabilitação urbana

2.2.1 Estrutura institucional2.2.2 Os atores da moradia social2.2.3 Os recursos2.2.4 Operações de reabilitação e os instrumentos urbanísticos

2.3 A difusão da experiência francesa de reabilitação em São Paulo

As propostas da gestão municipal 2001 - 20043.1 Morar no Centro3.2 Ação Centro3.3 Plano Diretor Estratégico e Plano Municipal de Habitação3.4 A proposta do Morar no Centro: gestão, recursos, área de atuação,

programas e instrumentos3.4.1 Locação Social3.4.2 Programa de Arrendamento Residencial - PAR3.4.3 Bolsa Aluguel 3.4.4 Moradia Transitória3.4.5 Melhoria das condições de vida em moradias coletivas multifamiliares - Cortiços3.4.6 Habitação para Famílias de Média Renda3.4.7 Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH3.4.8 Instrumentos urbanísticos e tributários

Considerações finais

Referências bibliográficasApêndices

Apêndice A - Lista dos documentos públicos pesquisadosApêndice B - Lei MalrauxApêndice C - Lei de Solidariedade Urbana

Cap 1.

Cap 2.

Cap 3.

Cap 4.

11

15

25

17

22

25

343440

45

455153

63

6364

73

77

7779

8385

93

109

112

117

129

133135137138139140141145

149

105

71

17

157

163

164166167

Page 10: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Abstract

Resumo

Apresenta-se um levantamento histórico da evolução da presença

da habitação na Área Central, sobretudo da habitação de interesse

social, no discurso do poder público municipal de São Paulo desde

meados da década de 1960 até o ano de 2004. Discute-se a

constituição, na gestão da prefeita Marta Suplicy (2001-2004), de

uma política habitacional para o Centro composta por programas

que tomam a experiência francesa de reabilitação urbana como

referência. O modelo francês é descrito e a política da prefeitura é

detalhada, apontando-se méritos e limitantes de seu alcance.

It is presented a historical survey of the evolution of the housing

presence in the city center of Sao Paulo, mainly social housing,

concerning the local administrations discourses from the decade of

1960 until 2004. It is also discussed the constitution, during the

government of Mayor Marta Suplicy (2001-2004), of a housing

policy for the city center composed by programs based on the

French experience of urban rehabilitation. The French model is

described and the Municipality's policy is detailed, pointing some of

its merits and limits.

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Abstract

Resumo

Apresenta-se um levantamento histórico da evolução da presença

da habitação na Área Central, sobretudo da habitação de interesse

social, no discurso do poder público municipal de São Paulo desde

meados da década de 1960 até o ano de 2004. Discute-se a

constituição, na gestão da prefeita Marta Suplicy (2001-2004), de

uma política habitacional para o Centro composta por programas

que tomam a experiência francesa de reabilitação urbana como

referência. O modelo francês é descrito e a política da prefeitura é

detalhada, apontando-se méritos e limitantes de seu alcance.

It is presented a historical survey of the evolution of the housing

presence in the city center of Sao Paulo, mainly social housing,

concerning the local administrations discourses from the decade of

1960 until 2004. It is also discussed the constitution, during the

government of Mayor Marta Suplicy (2001-2004), of a housing

policy for the city center composed by programs based on the

French experience of urban rehabilitation. The French model is

described and the Municipality's policy is detailed, pointing some of

its merits and limits.

Page 12: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Introdução O processo de ocupação e crescimento urbano de São Paulo gerou o

esvaziamento e a degradação de suas áreas centrais com redução

acentuada do número de moradores, existência de muitos imóveis

vagos e subutilizados, degradação do patrimônio histórico e cultural,

concentração de moradias precárias e insalubres, principalmente

cortiços, concentração de atividades informais, mudança no perfil

socioeconômico dos moradores, usuários e das atividades locais e,

ainda, a saída de setores de serviços públicos e privados para outras

centralidades.

O esvaziamento da Área Central de São Paulo se insere num processo

de crescimento da cidade que estendeu a mancha urbana em direção às

periferias - para o assentamento da população de baixa renda - e em

direção a novas áreas de valorização imobiliária para assentar os setores

de atividades relacionadas à alta renda. Essa situação resultou na

subutilização dos recursos disponíveis nas áreas centrais, como infra-

estrutura, sistema de transportes e estoque imobiliário; no

adensamento populacional de baixa renda em áreas não servidas de

infra-estrutura e distantes dos locais de trabalho e na concentração de

atividades econômicas em áreas de especulação imobiliária. Ou seja, é

uma forma de crescimento urbano que prima pela separação das

diferentes classes sociais no território e pela má utilização dos recursos

11Introdução

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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Introdução O processo de ocupação e crescimento urbano de São Paulo gerou o

esvaziamento e a degradação de suas áreas centrais com redução

acentuada do número de moradores, existência de muitos imóveis

vagos e subutilizados, degradação do patrimônio histórico e cultural,

concentração de moradias precárias e insalubres, principalmente

cortiços, concentração de atividades informais, mudança no perfil

socioeconômico dos moradores, usuários e das atividades locais e,

ainda, a saída de setores de serviços públicos e privados para outras

centralidades.

O esvaziamento da Área Central de São Paulo se insere num processo

de crescimento da cidade que estendeu a mancha urbana em direção às

periferias - para o assentamento da população de baixa renda - e em

direção a novas áreas de valorização imobiliária para assentar os setores

de atividades relacionadas à alta renda. Essa situação resultou na

subutilização dos recursos disponíveis nas áreas centrais, como infra-

estrutura, sistema de transportes e estoque imobiliário; no

adensamento populacional de baixa renda em áreas não servidas de

infra-estrutura e distantes dos locais de trabalho e na concentração de

atividades econômicas em áreas de especulação imobiliária. Ou seja, é

uma forma de crescimento urbano que prima pela separação das

diferentes classes sociais no território e pela má utilização dos recursos

11Introdução

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 14: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

públicos na medida em que, além de não utilizar o que já existe, exige a

ampliação de infra-estrutura e de serviços públicos para áreas antes não 1

ocupadas.

2 3Silva e Bonduki descreveram recentemente as mudanças pelas quais

passou a Área Central de São Paulo, apresentando uma série de dados e

fatores que contribuiram para o seu esvaziamento populacional e

imobiliário e mostrando claramente como se deu de maneira muito

acentuada nas últimas décadas. Num período de vinte anos, entre 1980 4

e 2000, a redução populacional de 13 distritos da Área Central foi da

ordem de 225.000 moradores ou de 180.000 para os 10 distritos da 5

antiga Administração Regional da Sé . Nesse mesmo período a

população do município aumentou em 1,9 milhão de pessoas. Soma-se

a isso, a existência de mais de 45.000 domicílios vagos nesses mesmos

13 distritos (17,5% dos domicílios da região) contra 420.000 (11,8%)

no município, sendo que em 1991 esses números eram da ordem de

28.000 e 270.000.

O contra-senso dessa situação justifica a existência, nos dias de hoje, de

um consenso sobre a necessidade de reverter esse quadro de

esvaziamento da Área Central de São Paulo com o incremento 6

habitacional. Silva afirma que uma política habitacional para a Área

Central de São Paulo é viável e necessária e considera que há

oportunidades para a produção habitacional para as faixas de renda

baixa e média/baixa relacionadas à existência de bairros que ainda não

são disputados pelo mercado imobiliário formal, com muitos edifícios

com potencial para a reforma e adaptação ao uso residencial e, outros

ainda, com importância histórica cuja melhor destinação seria a

reabilitação para o uso habitacional.

7Bonduki reforça as vantagens de uma cidade menos segregada,

destacando a importância de aproximar o trabalho da moradia. Afirma

existir uma demanda popular por moradia na Área Central que não

aparece porque as ofertas da produção pública de interesse social

sempre estiveram na periferia da cidade.

Hoje existe uma política pública formulada no sentido de reabilitar a

Área Central com habitação social e essa dissertação procura

esclarecer como ela se construiu no processo histórico da evolução das

idéias do poder público (essencialmente no plano do discurso) e

destacando, no quadro atual, a forte referência à experiência francesa

de reabilitação urbana. Se detém, ainda, nos conteúdos dos programas

habitacionais formulados pela atual política de reabilitação da Área

Central.

A experiência francesa de reabilitação urbana estabelece uma marcante

influência na formulação dos atuais programas municipais, apesar de 8

também aparecer em propostas estaduais e federais , e se expõe em

eventos ligados ao tema e em convênios e cooperações técnicas. Ela se

justifica pelo seu caráter humanista de “não expulsão” (tentativa de

inibir os processos de “gentrificação”) da população moradora das

áreas de intervenção e pelo acúmulo de conhecimento na provisão de

habitações com reforma de edifícios e locação social.

A abordagem do tema da habitação na Área Central pelo poder público

municipal, desde 1968, foi reconstituída pela consulta aos documentos

técnicos elaborados por órgãos da prefeitura, ou por encomenda deles,

que estabelecem diretrizes, propostas e diagnósticos urbanos e

habitacionais para o Centro de São Paulo. A classificação cronológica e

por gestões administrativas se deve ao fato de nos depararmos,

inúmeras vezes, com o desmonte de políticas e trabalhos técnicos pela

administração sucessora. Dessa forma, podemos também verificar

como o enfoque político interfere nas ações e diretrizes públicas.

Ressaltamos a seleção de documentos ligados às políticas habitacionais

e às de desenvolvimento urbano já que a habitação na Área Central é 9

abordada pelos dois vieses. A leitura desses documentos foi orientada

para a identificação, sempre que possível, dos seguintes aspectos:

Órgão responsável

Equipe técnica

Abordagem geral

Abordagem específica sobre a habitação:

Diagnóstico: dados gerais e localização da Área Central.

Propostas: diretrizes, programas, projetos, metas e recursos.

Instrumentos urbanísticos e leis.

1.

2.

3.

4.

1 DIOGO, É.C.C. Habitação social nas áreas centrais. Boletim

Dicas, n° 185. São Paulo: Instituto Pólis, 2001.

2 SILVA, H.M.B. Habitação no centro de São Paulo: como

viabilizar essa idéia? São Paulo: Labhab FAUUSP / Caixa

Econômica Federal, 2000.

3 BONDUKI, N. Habitação na área central de São Paulo in Síntese do Relatório Final da Comissão de

Estudos sobre Habitação na Área Central da Câmara

Municipal de São Paulo. São Paulo: Câmara Municipal de São

Paulo, 2001.

4 Limite adotado pela atual gestão para o Programa Morar no Centro.

5 Segundo os dados do IBGE de 2000, a população total dos 13

distritos é de 526.600 moradores e dos 10 distritos é de 412.185.

6 SILVA op. cit. 2000.

7 BONDUKI op. cit. 2001.

8 A Caixa Econômica Federal e o Governo da França assinaram, em março de 2001, um acordo de Cooperação Técnica com o objetivo de divulgar e ensinar a metodologia utilizada para a reabilitação de imóveis localizados em centros históricos. A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo - CDHU também firmou uma cooperação técnica com o Governo da França.

9 A lista dos documentos pesquisados se encontra no anexo I.

13Introdução

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO12 Introdução

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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públicos na medida em que, além de não utilizar o que já existe, exige a

ampliação de infra-estrutura e de serviços públicos para áreas antes não 1

ocupadas.

2 3Silva e Bonduki descreveram recentemente as mudanças pelas quais

passou a Área Central de São Paulo, apresentando uma série de dados e

fatores que contribuiram para o seu esvaziamento populacional e

imobiliário e mostrando claramente como se deu de maneira muito

acentuada nas últimas décadas. Num período de vinte anos, entre 1980 4

e 2000, a redução populacional de 13 distritos da Área Central foi da

ordem de 225.000 moradores ou de 180.000 para os 10 distritos da 5

antiga Administração Regional da Sé . Nesse mesmo período a

população do município aumentou em 1,9 milhão de pessoas. Soma-se

a isso, a existência de mais de 45.000 domicílios vagos nesses mesmos

13 distritos (17,5% dos domicílios da região) contra 420.000 (11,8%)

no município, sendo que em 1991 esses números eram da ordem de

28.000 e 270.000.

O contra-senso dessa situação justifica a existência, nos dias de hoje, de

um consenso sobre a necessidade de reverter esse quadro de

esvaziamento da Área Central de São Paulo com o incremento 6

habitacional. Silva afirma que uma política habitacional para a Área

Central de São Paulo é viável e necessária e considera que há

oportunidades para a produção habitacional para as faixas de renda

baixa e média/baixa relacionadas à existência de bairros que ainda não

são disputados pelo mercado imobiliário formal, com muitos edifícios

com potencial para a reforma e adaptação ao uso residencial e, outros

ainda, com importância histórica cuja melhor destinação seria a

reabilitação para o uso habitacional.

7Bonduki reforça as vantagens de uma cidade menos segregada,

destacando a importância de aproximar o trabalho da moradia. Afirma

existir uma demanda popular por moradia na Área Central que não

aparece porque as ofertas da produção pública de interesse social

sempre estiveram na periferia da cidade.

Hoje existe uma política pública formulada no sentido de reabilitar a

Área Central com habitação social e essa dissertação procura

esclarecer como ela se construiu no processo histórico da evolução das

idéias do poder público (essencialmente no plano do discurso) e

destacando, no quadro atual, a forte referência à experiência francesa

de reabilitação urbana. Se detém, ainda, nos conteúdos dos programas

habitacionais formulados pela atual política de reabilitação da Área

Central.

A experiência francesa de reabilitação urbana estabelece uma marcante

influência na formulação dos atuais programas municipais, apesar de 8

também aparecer em propostas estaduais e federais , e se expõe em

eventos ligados ao tema e em convênios e cooperações técnicas. Ela se

justifica pelo seu caráter humanista de “não expulsão” (tentativa de

inibir os processos de “gentrificação”) da população moradora das

áreas de intervenção e pelo acúmulo de conhecimento na provisão de

habitações com reforma de edifícios e locação social.

A abordagem do tema da habitação na Área Central pelo poder público

municipal, desde 1968, foi reconstituída pela consulta aos documentos

técnicos elaborados por órgãos da prefeitura, ou por encomenda deles,

que estabelecem diretrizes, propostas e diagnósticos urbanos e

habitacionais para o Centro de São Paulo. A classificação cronológica e

por gestões administrativas se deve ao fato de nos depararmos,

inúmeras vezes, com o desmonte de políticas e trabalhos técnicos pela

administração sucessora. Dessa forma, podemos também verificar

como o enfoque político interfere nas ações e diretrizes públicas.

Ressaltamos a seleção de documentos ligados às políticas habitacionais

e às de desenvolvimento urbano já que a habitação na Área Central é 9

abordada pelos dois vieses. A leitura desses documentos foi orientada

para a identificação, sempre que possível, dos seguintes aspectos:

Órgão responsável

Equipe técnica

Abordagem geral

Abordagem específica sobre a habitação:

Diagnóstico: dados gerais e localização da Área Central.

Propostas: diretrizes, programas, projetos, metas e recursos.

Instrumentos urbanísticos e leis.

1.

2.

3.

4.

1 DIOGO, É.C.C. Habitação social nas áreas centrais. Boletim

Dicas, n° 185. São Paulo: Instituto Pólis, 2001.

2 SILVA, H.M.B. Habitação no centro de São Paulo: como

viabilizar essa idéia? São Paulo: Labhab FAUUSP / Caixa

Econômica Federal, 2000.

3 BONDUKI, N. Habitação na área central de São Paulo in Síntese do Relatório Final da Comissão de

Estudos sobre Habitação na Área Central da Câmara

Municipal de São Paulo. São Paulo: Câmara Municipal de São

Paulo, 2001.

4 Limite adotado pela atual gestão para o Programa Morar no Centro.

5 Segundo os dados do IBGE de 2000, a população total dos 13

distritos é de 526.600 moradores e dos 10 distritos é de 412.185.

6 SILVA op. cit. 2000.

7 BONDUKI op. cit. 2001.

8 A Caixa Econômica Federal e o Governo da França assinaram, em março de 2001, um acordo de Cooperação Técnica com o objetivo de divulgar e ensinar a metodologia utilizada para a reabilitação de imóveis localizados em centros históricos. A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo - CDHU também firmou uma cooperação técnica com o Governo da França.

9 A lista dos documentos pesquisados se encontra no anexo I.

13Introdução

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO12 Introdução

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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Capítulo 1A Prefeitura Municipal de São

Paulo e a política habitacional

para a Área Central:

planos, propostas e programas de

1968 a 2000

NE

LSO

N K

ON

FE

RN

AN

DO

PE

RE

LM

UT

TE

R

Page 17: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Capítulo 1A Prefeitura Municipal de São

Paulo e a política habitacional

para a Área Central:

planos, propostas e programas de

1968 a 2000

NE

LSO

N K

ON

FE

RN

AN

DO

PE

RE

LM

UT

TE

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Page 18: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

17

1.1

Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Os planos urbanísticos: PUB e PDDI

1.1.1

Gestão José Vicente de Faria Lima - 08/04/1965 a 07/04/1969

1 SÃO PAULO (Município) - GEP. PUB Plano Urbanístico Básico. São Paulo: GEP, 1968.

2 Os setores da pesquisa socioeconômica foram os seguintes: Lapa, Casa Verde, Tucuruvi, Santana, Vila Maria, Itaquera, São Miguel, Penha, Brás-Moóca, Vila Prudente, Ipiranga, Saúde, Ibirapuera, Santo Amaro, Pinheiros e Centro.

Estoque habitacional

Densidade populacional

População

Estimativa de unidades habitacionais necessárias para atender o incremento populacional até 1990

Município de São Paulo

1,3 milhões de unidades

Área metropolitana

1,5 milhões de unidades

4,8 pessoas por unidade

7,2 milhões de pessoas

3 milhões de unidades

1O “Plano Urbanístico Básico” (PUB) foi entregue à Prefeitura Municipal

de São Paulo em março de 1968 como o produto final de um contrato

assinado entre esta e as empresas: Asplan S.A.; Leo. A. Daily Company,

Montor-Montreal Organização Industrial e Economia S.A. e Wilbur

Smith and Associates.

A habitação foi abordada no relatório final como subitem do tema

Desenvolvimento Social. Nesse mesmo relatório são apresentados: o

levantamento das condições habitacionais, a análise da oferta de

habitações pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) no período de

1964 a 1967, a avaliação das necessidades decorrentes do crescimento

populacional e do déficit qualitativo nos períodos 1969-1974 e 1969-

1990 e as recomendações finais.

A definição das condições habitacionais se apoiou em duas pesquisas

amostrais, sendo uma delas especificamente sobre os cortiços. Nessa 2

pesquisa foram elementos de análise:

Coabitação involuntária de famílias;

Disponibilidade de equipamentos sanitários e serviços urbanos;

Mobilidade residencial.

As necessidades habitacionais foram medidas com base em duas

demandas, a normativa (substituição e melhoria de habitações) e a

demográfica. Os dados apresentados no relatório sobre a demanda

habitacional foram os seguintes:

Tabela 1.1

16 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 19: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

17

1.1

Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Os planos urbanísticos: PUB e PDDI

1.1.1

Gestão José Vicente de Faria Lima - 08/04/1965 a 07/04/1969

1 SÃO PAULO (Município) - GEP. PUB Plano Urbanístico Básico. São Paulo: GEP, 1968.

2 Os setores da pesquisa socioeconômica foram os seguintes: Lapa, Casa Verde, Tucuruvi, Santana, Vila Maria, Itaquera, São Miguel, Penha, Brás-Moóca, Vila Prudente, Ipiranga, Saúde, Ibirapuera, Santo Amaro, Pinheiros e Centro.

Estoque habitacional

Densidade populacional

População

Estimativa de unidades habitacionais necessárias para atender o incremento populacional até 1990

Município de São Paulo

1,3 milhões de unidades

Área metropolitana

1,5 milhões de unidades

4,8 pessoas por unidade

7,2 milhões de pessoas

3 milhões de unidades

1O “Plano Urbanístico Básico” (PUB) foi entregue à Prefeitura Municipal

de São Paulo em março de 1968 como o produto final de um contrato

assinado entre esta e as empresas: Asplan S.A.; Leo. A. Daily Company,

Montor-Montreal Organização Industrial e Economia S.A. e Wilbur

Smith and Associates.

A habitação foi abordada no relatório final como subitem do tema

Desenvolvimento Social. Nesse mesmo relatório são apresentados: o

levantamento das condições habitacionais, a análise da oferta de

habitações pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) no período de

1964 a 1967, a avaliação das necessidades decorrentes do crescimento

populacional e do déficit qualitativo nos períodos 1969-1974 e 1969-

1990 e as recomendações finais.

A definição das condições habitacionais se apoiou em duas pesquisas

amostrais, sendo uma delas especificamente sobre os cortiços. Nessa 2

pesquisa foram elementos de análise:

Coabitação involuntária de famílias;

Disponibilidade de equipamentos sanitários e serviços urbanos;

Mobilidade residencial.

As necessidades habitacionais foram medidas com base em duas

demandas, a normativa (substituição e melhoria de habitações) e a

demográfica. Os dados apresentados no relatório sobre a demanda

habitacional foram os seguintes:

Tabela 1.1

16 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 20: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Tipos decortiços

Subdivisõesde casarõesdecadentes

Porõessubdivididos

Barracos de quintal oumeia-águas, podendose combinar em umamesma unidade

Número demoradoresdo Municípiode SP

10, 3% dasfamílias ou8,1% dapopulação

Localização35,8% nosetorBrás-Moóca*

20,3% naunidadedenominadaCentro*

Congestionamentohabitacional - númerosmédios de famílias e depessoas por cortiço

Centro:6,2 e 19,1

Restante:5,3 e 19,5

Número de pessoaspor aparelho sanitário

7,8 pessoas(2,6 famílias)

Número de pessoaspor chuveiro

10,3 pessoas(3,3 famílias)

Renda familiar médiaequivalente a 2,19salários mínimos

74,5%pagam aluguel

15,6%proprietários

9,9%cômodos cedidos

Mobilidade

41,1%tempo médiode permanênciade menos de4 anos

40% de4 a 10 anos

18,9%mais de 10 anos

Origem da família15,6%nasceramna RMSP

35,6% noEstado de SP(fora da RMSP)6,6% emoutros países.

42,4% em outrosestados (renda maisbaixa em relação aosoutros grupos)

Alfabetização 20%analfabetos**

37,8%semi-analfabetos**

* Essas duas unidades compõem uma área de análise da pesquisa e o restante do município a outra área

de análise.

** Subtotal de 57,8% contra 24,3 % fora dos cortiços

* “...as habitações inadequadas como aquelas que não apresentam níveis mínimos de segurança, durabilidade, tamanho e salubridade. Em termos operacionais, podem-se classificar como inadequadas as habitações construídas com outros materiais que não a alvenaria, que tenham menos

2de 25m de área construída e que não disponham de instalações sanitárias, de água encanada e ligação à rede de esgotos ou de fossa sanitária.” p. 236

** Consideradas passíveis de melhoria

As favelas foram identificadas como um “padrão habitacional

provisório” particularmente de migrantes, e, por tal motivo,

consideradas um fenômeno de pouca importância. O trabalho da 3

SAGMACS , citado no plano, indicava a existência de apenas 141 favelas

em São Paulo com 50.000 moradores, em 1957.

A situação da Área Central naquele momento era descrita como:

“... Cercada por uma área transitória, caracterizada por condições

habitacionais precárias, deterioração física e uma mistura de usos do solo.

Nela são encontrados os cortiços, moradias antigas de uma só família e

casas de cômodos com unidades de uma só sala e com uso comum de

algumas instalações.”

Apesar deste comentário é dito em seguida que a maior concentração

de habitações precárias está na periferia e que o alto valor do terreno

no Centro é um dos fatores que contribui para a expansão periférica

(p.230-231). Outro comentário relevante é a confirmação da

importância da proximidade do local de trabalho na escolha da

localização residencial. Entre os chefes de famílias entrevistados na

pesquisa, 44,6% declararam não utilizar condução para ir ao trabalho

(p.239).

O relatório apresenta as metas do SFH, então principal responsável

pela oferta de habitações, para o período 1968/70 e os montantes de

recursos arrecadados com o FGTS. Sobre a Companhia Metropolitana

de Habitação (Cohab), são sinteticamente apresentados os critérios

para distribuição das unidades, porcentagem das tipologias produzidas

(apartamentos, sobrados e casas térreas), com destaque para o fato de

esta utilizar áreas não urbanizadas para a construção dos conjuntos.

Naquele momento, as faixas de renda que deveriam ser atendidas pelas

linhas de financiamento de cada órgão eram:

Cohab - 1 a 3 salários mínimos (sm), limite máximo do

financiamento 75 sm, juros de 5% ao ano e resgate em 20 anos.

Prestações entre 0,25 e 0,75 sm;

Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais (Inocoop)

- 1,5 A 5 sm. Os cooperados montavam uma poupança

equivalente a 15% do valor do imóvel com mensalidades de

aproximadamente 0,5% do valor previsto para a habitação.

3 SAGMACS - Sociedade de Analises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas a Complexos Sociais. Aglomeração Metropolitana. São Paulo: SAGMACS, 1958.

Habitações inadequadas*

Unidades com banheiro externo

Total

Cômodos de cortiços

Barracos de favelas**

Casas precárias de periferia

560.000 famílias

150.000 famílias

10.000

400.000 famílias

345.000

Tabela 1.2

Condições habitacionaisno município de São Paulo

Tabela 1.3

Dados sobre os cortiços(resultantes da pesquisa amostral)

Figura 1.1

cortiço

favela

casas precárias de periiferia

19Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO18 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

AC

ER

VO

SE

HA

B/P

MSP

Page 21: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Tipos decortiços

Subdivisõesde casarõesdecadentes

Porõessubdivididos

Barracos de quintal oumeia-águas, podendose combinar em umamesma unidade

Número demoradoresdo Municípiode SP

10, 3% dasfamílias ou8,1% dapopulação

Localização35,8% nosetorBrás-Moóca*

20,3% naunidadedenominadaCentro*

Congestionamentohabitacional - númerosmédios de famílias e depessoas por cortiço

Centro:6,2 e 19,1

Restante:5,3 e 19,5

Número de pessoaspor aparelho sanitário

7,8 pessoas(2,6 famílias)

Número de pessoaspor chuveiro

10,3 pessoas(3,3 famílias)

Renda familiar médiaequivalente a 2,19salários mínimos

74,5%pagam aluguel

15,6%proprietários

9,9%cômodos cedidos

Mobilidade

41,1%tempo médiode permanênciade menos de4 anos

40% de4 a 10 anos

18,9%mais de 10 anos

Origem da família15,6%nasceramna RMSP

35,6% noEstado de SP(fora da RMSP)6,6% emoutros países.

42,4% em outrosestados (renda maisbaixa em relação aosoutros grupos)

Alfabetização 20%analfabetos**

37,8%semi-analfabetos**

* Essas duas unidades compõem uma área de análise da pesquisa e o restante do município a outra área

de análise.

** Subtotal de 57,8% contra 24,3 % fora dos cortiços

* “...as habitações inadequadas como aquelas que não apresentam níveis mínimos de segurança, durabilidade, tamanho e salubridade. Em termos operacionais, podem-se classificar como inadequadas as habitações construídas com outros materiais que não a alvenaria, que tenham menos

2de 25m de área construída e que não disponham de instalações sanitárias, de água encanada e ligação à rede de esgotos ou de fossa sanitária.” p. 236

** Consideradas passíveis de melhoria

As favelas foram identificadas como um “padrão habitacional

provisório” particularmente de migrantes, e, por tal motivo,

consideradas um fenômeno de pouca importância. O trabalho da 3

SAGMACS , citado no plano, indicava a existência de apenas 141 favelas

em São Paulo com 50.000 moradores, em 1957.

A situação da Área Central naquele momento era descrita como:

“... Cercada por uma área transitória, caracterizada por condições

habitacionais precárias, deterioração física e uma mistura de usos do solo.

Nela são encontrados os cortiços, moradias antigas de uma só família e

casas de cômodos com unidades de uma só sala e com uso comum de

algumas instalações.”

Apesar deste comentário é dito em seguida que a maior concentração

de habitações precárias está na periferia e que o alto valor do terreno

no Centro é um dos fatores que contribui para a expansão periférica

(p.230-231). Outro comentário relevante é a confirmação da

importância da proximidade do local de trabalho na escolha da

localização residencial. Entre os chefes de famílias entrevistados na

pesquisa, 44,6% declararam não utilizar condução para ir ao trabalho

(p.239).

O relatório apresenta as metas do SFH, então principal responsável

pela oferta de habitações, para o período 1968/70 e os montantes de

recursos arrecadados com o FGTS. Sobre a Companhia Metropolitana

de Habitação (Cohab), são sinteticamente apresentados os critérios

para distribuição das unidades, porcentagem das tipologias produzidas

(apartamentos, sobrados e casas térreas), com destaque para o fato de

esta utilizar áreas não urbanizadas para a construção dos conjuntos.

Naquele momento, as faixas de renda que deveriam ser atendidas pelas

linhas de financiamento de cada órgão eram:

Cohab - 1 a 3 salários mínimos (sm), limite máximo do

financiamento 75 sm, juros de 5% ao ano e resgate em 20 anos.

Prestações entre 0,25 e 0,75 sm;

Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais (Inocoop)

- 1,5 A 5 sm. Os cooperados montavam uma poupança

equivalente a 15% do valor do imóvel com mensalidades de

aproximadamente 0,5% do valor previsto para a habitação.

3 SAGMACS - Sociedade de Analises Gráficas e Mecanográficas Aplicadas a Complexos Sociais. Aglomeração Metropolitana. São Paulo: SAGMACS, 1958.

Habitações inadequadas*

Unidades com banheiro externo

Total

Cômodos de cortiços

Barracos de favelas**

Casas precárias de periferia

560.000 famílias

150.000 famílias

10.000

400.000 famílias

345.000

Tabela 1.2

Condições habitacionaisno município de São Paulo

Tabela 1.3

Dados sobre os cortiços(resultantes da pesquisa amostral)

Figura 1.1

cortiço

favela

casas precárias de periiferia

19Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO18 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

AC

ER

VO

SE

HA

B/P

MSP

Page 22: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

aproximadamente 0,75% do custo final do imóvel. O resgate era

de 15 a 20 anos;

Companhia Estadual de Casas Populares (CECAP) - 1,5 a 3 sm.

Atuava principalmente no interior do Estado;

Caixa Econômica Federal - atendia a classe de renda média

superior;

Caixa Econômica Estadual - operou no SFH a partir de 1968 e

com uma atuação similar à da CEF;

Setor privado - operava com as famílias de renda média. Operava

nos programas habitacionais promovidos por empresas

privadas, financiados pelo BNH por meio do mercado de

hipotecas e das sociedades de crédito imobiliário.

As necessidades habitacionais para o Município de São Paulo foram

definidas da seguinte forma:

Demanda normativa:

126.000 habitações inadequadas no Município de São Paulo,

sendo 116.000 cortiços e 10.000 barracos de favelas;

45.050 novas habitações para acabar com a coabitação

involuntária;

45.340 cômodos construídos para acabar com o

congestionamento das habitações;

385.000 novas instalações sanitárias para a RMSP, 40.000

inexistentes.

Demanda demográfica, para atender ao aumento populacional do

período 1969-1990:

1.255.000 unidades habitacionais, das quais 406.000 para o

período 1969/1974. A porcentagem que caberia às populações

de baixa e média-baixa rendas é de 57,9% no primeiro momento

e 48,1% no segundo momento.

O plano definiu, como meta, a produção de 480.000 unidades novas

para baixa e média-baixa rendas (70% das necessidades) financiadas

pelo BNH por meio da Cohab, Cecap, Caixas Econômicas e

cooperativas. Para a melhoria das condições, previu a construção de

31.000 cômodos habitáveis com financiamento de material de

construção, a instalação sanitária em 390.000 unidades com

financiamento de equipamentos e material de construção e a melhoria

das condições sanitárias e habitacionais de 129.000 cortiços.

“Quanto à parcela de habitações inadequadas existentes, considerou-se

mais factível e realista uma melhoria geral das condições existentes e a

substituição paulatina daquelas cuja ocupação oferece sérios riscos à

saúde e à segurança das famílias. Na medida em que sejam logrados os

objetivos relativos à ampliação da oferta, poderão ser revistas e ampliadas

as metas correspondentes”.(p.226-227)

Dentre as recomendações finais do relatório, destacamos:

Ampliação da oferta de habitações com linhas de financiamento

compatíveis com a faixa de renda da população pobre;

Ampliação e melhoria das condições de higiene das habitações

precárias com financiamento de materiais de construção e

instalações sanitárias;

Substituição gradual das habitações inadequadas (cortiços e

favelas) com prioridade para as situações de risco;

Contenção da expansão das favelas. Nos casos em que não fosse

possível a remoção recomendava-se a sua urbanização;

Incentivo, melhoria e promoção de sistemas para a construção

isolada com financiamento para a compra de lotes e material de

construção;

Localização das novas áreas residenciais próximas aos centros de

emprego.

A atribuição das responsabilidades funcionais foi a seguinte:

SFH: principais diretrizes;

Governo Federal: normas para locação e propriedade dos

imóveis;

Município: parcelamento do solo e normas para as edificações,

elaboração da política habitacional para o município integrada

com os programas da Secretaria do Bem-Estar Social;

Cohab: promoção e implantação dos programas habitacionais

21Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO20 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 23: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

aproximadamente 0,75% do custo final do imóvel. O resgate era

de 15 a 20 anos;

Companhia Estadual de Casas Populares (CECAP) - 1,5 a 3 sm.

Atuava principalmente no interior do Estado;

Caixa Econômica Federal - atendia a classe de renda média

superior;

Caixa Econômica Estadual - operou no SFH a partir de 1968 e

com uma atuação similar à da CEF;

Setor privado - operava com as famílias de renda média. Operava

nos programas habitacionais promovidos por empresas

privadas, financiados pelo BNH por meio do mercado de

hipotecas e das sociedades de crédito imobiliário.

As necessidades habitacionais para o Município de São Paulo foram

definidas da seguinte forma:

Demanda normativa:

126.000 habitações inadequadas no Município de São Paulo,

sendo 116.000 cortiços e 10.000 barracos de favelas;

45.050 novas habitações para acabar com a coabitação

involuntária;

45.340 cômodos construídos para acabar com o

congestionamento das habitações;

385.000 novas instalações sanitárias para a RMSP, 40.000

inexistentes.

Demanda demográfica, para atender ao aumento populacional do

período 1969-1990:

1.255.000 unidades habitacionais, das quais 406.000 para o

período 1969/1974. A porcentagem que caberia às populações

de baixa e média-baixa rendas é de 57,9% no primeiro momento

e 48,1% no segundo momento.

O plano definiu, como meta, a produção de 480.000 unidades novas

para baixa e média-baixa rendas (70% das necessidades) financiadas

pelo BNH por meio da Cohab, Cecap, Caixas Econômicas e

cooperativas. Para a melhoria das condições, previu a construção de

31.000 cômodos habitáveis com financiamento de material de

construção, a instalação sanitária em 390.000 unidades com

financiamento de equipamentos e material de construção e a melhoria

das condições sanitárias e habitacionais de 129.000 cortiços.

“Quanto à parcela de habitações inadequadas existentes, considerou-se

mais factível e realista uma melhoria geral das condições existentes e a

substituição paulatina daquelas cuja ocupação oferece sérios riscos à

saúde e à segurança das famílias. Na medida em que sejam logrados os

objetivos relativos à ampliação da oferta, poderão ser revistas e ampliadas

as metas correspondentes”.(p.226-227)

Dentre as recomendações finais do relatório, destacamos:

Ampliação da oferta de habitações com linhas de financiamento

compatíveis com a faixa de renda da população pobre;

Ampliação e melhoria das condições de higiene das habitações

precárias com financiamento de materiais de construção e

instalações sanitárias;

Substituição gradual das habitações inadequadas (cortiços e

favelas) com prioridade para as situações de risco;

Contenção da expansão das favelas. Nos casos em que não fosse

possível a remoção recomendava-se a sua urbanização;

Incentivo, melhoria e promoção de sistemas para a construção

isolada com financiamento para a compra de lotes e material de

construção;

Localização das novas áreas residenciais próximas aos centros de

emprego.

A atribuição das responsabilidades funcionais foi a seguinte:

SFH: principais diretrizes;

Governo Federal: normas para locação e propriedade dos

imóveis;

Município: parcelamento do solo e normas para as edificações,

elaboração da política habitacional para o município integrada

com os programas da Secretaria do Bem-Estar Social;

Cohab: promoção e implantação dos programas habitacionais

21Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO20 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 24: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

para baixa renda;

Órgão de planejamento metropolitano: coordenação dos

diversos programas habitacionais;

Secretaria Municipal do Bem-Estar Social: definição de política

setorial;

Órgãos públicos e privados: execução dos vários programas

habitacionais.

Ao final são apresentadas e comentadas sete alternativas de padrões

habitacionais para atingir os objetivos propostos dentro de um

sistema duplo de padrões - o definitivo e o temporário.

1.1.2

Gestão José Carlos de Figueiredo Ferraz - 08/04/1971 a 21/08/1973

Três anos e meio após a entrega do PUB, uma nova gestão municipal fez

aprovar na Câmara Municipal o “Plano Diretor de Desenvolvimento 4

Integrado” (PDDI), Lei 7.688 de 30/12/1971, elaborado pela

Coordenadoria Geral de Planejamento - (Cogep).

Destacamos do conjunto de objetivos e diretrizes básicas,

aqueles relacionados à habitação que foram considerados

relevantes para nossa pesquisa:

Art.2º, par. I

“c) Promoção da máxima facilidade de circulação de pessoas e bens entre

os locais de habitação, de trabalho e de lazer”.

Art.2º, par. II

“Ampliar as oportunidades de desenvolvimento social mediante:

c) ... ampliação da oferta de habitações, especialmente as de interesse

social, segundo padrões, custo e modalidades de financiamento

compatíveis com os níveis da vida e de renda da população;

d) ampliação das oportunidades de participação da comunidade,

estimulando o entrosamento dos cidadãos nas atividades de grupos sociais

organizados e, por seu intermédio, nas decisões ligadas à orientação do

desenvolvimento urbano”.

Art. 3, par. I

“a) as densidades demográficas admissíveis para cada zona ou unidade

territorial serão compatíveis com as disponibilidades de serviços públicos e

de equipamentos sociais, existentes ou previstos, para a zona ou unidade

territorial considerada”.

Art. 3, par. II

“a) a habitação será entendida no Município como a criação de um meio

ambiente onde a residência, os serviços urbanos e os equipamentos sociais

sejam dimensionados de maneira integrada, propiciando ao indivíduo e à

comunidade o atendimento de suas necessidades básicas;

“b) o Município promoverá melhor coordenação e integração permanente

dos programas públicos e privados de desenvolvimento social, recreação,

cultura e esportes, para garantir a melhoria de qualidade da vida urbana”

Art. 3 par. III

“... o Município desenvolverá programas de renovação urbana, visando a

recuperar áreas urbanas em processo de deterioração;”

Quanto à organização administrativa, fez parte das diretrizes, a

descentralização funcional e administrativa da operação dos serviços

públicos e dos equipamentos sociais.

Dentre as definições e proposições, destacamos as seguintes:

“Art.18 - Considera-se zoneamento de uso o processo de orientação e

controle da localização, dimensionamento, intensidade e tipo de uso dos

lotes e das edificações, bem como o processo de orientação e controle das

relações entre espaços edificados e não edificados”.

“Art. 51 - Considera-se área de renovação urbana a que for delimitada

pelo órgão competente, com o objetivo de desenvolver programas e

implantar projetos de modificação nos padrões de parcelamento do solo,

nas categorias de uso e nas intensidades de ocupação do solo, respeitadas

as diretrizes básicas e demais disposições desta lei”.4 SÃO PAULO (Município) - Cogep.

PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - Lei

7.688 de 30 de dezembro de 1971. São Paulo: Cogep,1971.

23Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO22 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 25: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

para baixa renda;

Órgão de planejamento metropolitano: coordenação dos

diversos programas habitacionais;

Secretaria Municipal do Bem-Estar Social: definição de política

setorial;

Órgãos públicos e privados: execução dos vários programas

habitacionais.

Ao final são apresentadas e comentadas sete alternativas de padrões

habitacionais para atingir os objetivos propostos dentro de um

sistema duplo de padrões - o definitivo e o temporário.

1.1.2

Gestão José Carlos de Figueiredo Ferraz - 08/04/1971 a 21/08/1973

Três anos e meio após a entrega do PUB, uma nova gestão municipal fez

aprovar na Câmara Municipal o “Plano Diretor de Desenvolvimento 4

Integrado” (PDDI), Lei 7.688 de 30/12/1971, elaborado pela

Coordenadoria Geral de Planejamento - (Cogep).

Destacamos do conjunto de objetivos e diretrizes básicas,

aqueles relacionados à habitação que foram considerados

relevantes para nossa pesquisa:

Art.2º, par. I

“c) Promoção da máxima facilidade de circulação de pessoas e bens entre

os locais de habitação, de trabalho e de lazer”.

Art.2º, par. II

“Ampliar as oportunidades de desenvolvimento social mediante:

c) ... ampliação da oferta de habitações, especialmente as de interesse

social, segundo padrões, custo e modalidades de financiamento

compatíveis com os níveis da vida e de renda da população;

d) ampliação das oportunidades de participação da comunidade,

estimulando o entrosamento dos cidadãos nas atividades de grupos sociais

organizados e, por seu intermédio, nas decisões ligadas à orientação do

desenvolvimento urbano”.

Art. 3, par. I

“a) as densidades demográficas admissíveis para cada zona ou unidade

territorial serão compatíveis com as disponibilidades de serviços públicos e

de equipamentos sociais, existentes ou previstos, para a zona ou unidade

territorial considerada”.

Art. 3, par. II

“a) a habitação será entendida no Município como a criação de um meio

ambiente onde a residência, os serviços urbanos e os equipamentos sociais

sejam dimensionados de maneira integrada, propiciando ao indivíduo e à

comunidade o atendimento de suas necessidades básicas;

“b) o Município promoverá melhor coordenação e integração permanente

dos programas públicos e privados de desenvolvimento social, recreação,

cultura e esportes, para garantir a melhoria de qualidade da vida urbana”

Art. 3 par. III

“... o Município desenvolverá programas de renovação urbana, visando a

recuperar áreas urbanas em processo de deterioração;”

Quanto à organização administrativa, fez parte das diretrizes, a

descentralização funcional e administrativa da operação dos serviços

públicos e dos equipamentos sociais.

Dentre as definições e proposições, destacamos as seguintes:

“Art.18 - Considera-se zoneamento de uso o processo de orientação e

controle da localização, dimensionamento, intensidade e tipo de uso dos

lotes e das edificações, bem como o processo de orientação e controle das

relações entre espaços edificados e não edificados”.

“Art. 51 - Considera-se área de renovação urbana a que for delimitada

pelo órgão competente, com o objetivo de desenvolver programas e

implantar projetos de modificação nos padrões de parcelamento do solo,

nas categorias de uso e nas intensidades de ocupação do solo, respeitadas

as diretrizes básicas e demais disposições desta lei”.4 SÃO PAULO (Município) - Cogep.

PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - Lei

7.688 de 30 de dezembro de 1971. São Paulo: Cogep,1971.

23Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO22 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 26: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

A Coordenadoria Geral de Planejamento (Cogep) foi criada em 7 de o

fevereiro de 1972, pela Lei n 7.694, para elaborar a Lei de Uso e

Ocupação do Solo. Em dezembro de 1978 sua estrutura técnica e

administrativa foi atualizada e suas atribuições redefinidas para a

promoção do processo de planejamento integrado do município,

revisão do plano diretor e das normas de uso e ocupação do solo,

dentre outras. Os órgãos que compunham a Cogep eram: Conselho

Orientador do Planejamento, Comissão de Zoneamento,

Departamento do Orçamento Plurianual (Doplan), Departamento

Normativo de Uso do Solo (Denuso) e Departamento de Informações 5

do Planejamento (Diplan). Feldman faz uma consideração interessante

sobre a atuação da Cogep:

“Com a Cogep introduz-se pela primeira vez, na administração municipal,

uma instância para gerir o zoneamento a Comissão de Zoneamento, que

constitui passo decisivo para a consolidação do zoneamento como principal

instrumento de controle do uso e ocupação do solo”.

1.2

A atuação da Cogep

1.2.1

Gestão Miguel Colasuono - 28/08/1973 a 16/08/1975

5 FELDMAN, S. Planejamento e zoneamento: São Paulo 1947-1972. Tese de Doutorado apresentada à FAUUSP. São Paulo: FAUUSP, 1996. p.158.

6 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Plurianual de Projetos CURA. São Paulo: Cogep, 1975/77.

Durante a gestão de Colasuono foram elaborados projetos para o 6

Programa CURA (Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada)

criado pelo Banco Nacional da Habitação (BNH). Em São Paulo, o

Projeto CURA foi desenvolvido por meio de um convênio de intenção

celebrado entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e o BNH em

13/7/1973 e ratificado pela Câmara em 9/10/1973. O foco do programa

estava nos projetos de reurbanização e não de urbanização nova e

entre seus objetivos estava a diminuição dos efeitos negativos da

especulação imobiliária.

O “Plano Plurianual de Projetos CURA para São Paulo” foi elaborado pela

empresa Hidrobrasileira e pela Cogep em 1975. Em seguida foram

Tabela 1.4

Categorias de uso estabelecidas pela lei

Tabela 1.5

R1 - residencial unifamiliar S1 - serviços de âmbito local

R2 - residencial multifamiliar S2 - serviços diversificados

R3 - conjunto residencial E1 - instituições de âmbito local

C1 - comércio varejista de âmbito local E2 - instituições diversificadas

C2 - comércio varejista diversificado E3 - instituições específicas

C3 - comércio atacadista E4 - usos especiais

Coeficiente deClassificação das zonas por uso Taxa de ocupação aproveitamento

Z1 - estritamente residencial 0,5 1

Z2 - predominantemente residencial 0,5 1

Z3 - predominantemente residencial 0,5 2

Z4 - misto 0,7 3

Z5 - misto 0,8 4

Z6 - predominantemente industrial 0,7 2

Z7 - estritamente industrial 0,5 1

Z8 - usos especiais específicos específicos

O parcelamento, uso e ocupação do solo do município foram definidos

na Lei nº 7.805 de 01/11/1972. No capítulo relativo ao uso e ocupação

do solo, são definidas as características básicas (recuos, testada, lote

mínimo, entre outras) de todas as categorias de uso. Por exemplo, para

a categoria R2-01 as unidades residenciais deveriam ser agrupadas

horizontalmente com frente mínima de 5m e no caso de R2-02 as

unidades residenciais deveriam ser agrupadas verticalmente com recuo

de 3m. Todas as áreas que não constavam dos perímetros das zonas

definidas na lei foram definidas como Z2 e a Cogep ficava responsável

pela resolução dos casos omissos.

25Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO24 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 27: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

A Coordenadoria Geral de Planejamento (Cogep) foi criada em 7 de o

fevereiro de 1972, pela Lei n 7.694, para elaborar a Lei de Uso e

Ocupação do Solo. Em dezembro de 1978 sua estrutura técnica e

administrativa foi atualizada e suas atribuições redefinidas para a

promoção do processo de planejamento integrado do município,

revisão do plano diretor e das normas de uso e ocupação do solo,

dentre outras. Os órgãos que compunham a Cogep eram: Conselho

Orientador do Planejamento, Comissão de Zoneamento,

Departamento do Orçamento Plurianual (Doplan), Departamento

Normativo de Uso do Solo (Denuso) e Departamento de Informações 5

do Planejamento (Diplan). Feldman faz uma consideração interessante

sobre a atuação da Cogep:

“Com a Cogep introduz-se pela primeira vez, na administração municipal,

uma instância para gerir o zoneamento a Comissão de Zoneamento, que

constitui passo decisivo para a consolidação do zoneamento como principal

instrumento de controle do uso e ocupação do solo”.

1.2

A atuação da Cogep

1.2.1

Gestão Miguel Colasuono - 28/08/1973 a 16/08/1975

5 FELDMAN, S. Planejamento e zoneamento: São Paulo 1947-1972. Tese de Doutorado apresentada à FAUUSP. São Paulo: FAUUSP, 1996. p.158.

6 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Plurianual de Projetos CURA. São Paulo: Cogep, 1975/77.

Durante a gestão de Colasuono foram elaborados projetos para o 6

Programa CURA (Comunidade Urbana de Recuperação Acelerada)

criado pelo Banco Nacional da Habitação (BNH). Em São Paulo, o

Projeto CURA foi desenvolvido por meio de um convênio de intenção

celebrado entre a Prefeitura Municipal de São Paulo e o BNH em

13/7/1973 e ratificado pela Câmara em 9/10/1973. O foco do programa

estava nos projetos de reurbanização e não de urbanização nova e

entre seus objetivos estava a diminuição dos efeitos negativos da

especulação imobiliária.

O “Plano Plurianual de Projetos CURA para São Paulo” foi elaborado pela

empresa Hidrobrasileira e pela Cogep em 1975. Em seguida foram

Tabela 1.4

Categorias de uso estabelecidas pela lei

Tabela 1.5

R1 - residencial unifamiliar S1 - serviços de âmbito local

R2 - residencial multifamiliar S2 - serviços diversificados

R3 - conjunto residencial E1 - instituições de âmbito local

C1 - comércio varejista de âmbito local E2 - instituições diversificadas

C2 - comércio varejista diversificado E3 - instituições específicas

C3 - comércio atacadista E4 - usos especiais

Coeficiente deClassificação das zonas por uso Taxa de ocupação aproveitamento

Z1 - estritamente residencial 0,5 1

Z2 - predominantemente residencial 0,5 1

Z3 - predominantemente residencial 0,5 2

Z4 - misto 0,7 3

Z5 - misto 0,8 4

Z6 - predominantemente industrial 0,7 2

Z7 - estritamente industrial 0,5 1

Z8 - usos especiais específicos específicos

O parcelamento, uso e ocupação do solo do município foram definidos

na Lei nº 7.805 de 01/11/1972. No capítulo relativo ao uso e ocupação

do solo, são definidas as características básicas (recuos, testada, lote

mínimo, entre outras) de todas as categorias de uso. Por exemplo, para

a categoria R2-01 as unidades residenciais deveriam ser agrupadas

horizontalmente com frente mínima de 5m e no caso de R2-02 as

unidades residenciais deveriam ser agrupadas verticalmente com recuo

de 3m. Todas as áreas que não constavam dos perímetros das zonas

definidas na lei foram definidas como Z2 e a Cogep ficava responsável

pela resolução dos casos omissos.

25Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO24 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 28: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

elaborados vários projetos, com destaque para o CURA Brás-Bresser e

o CURA Luz, nos quais existem ricos diagnósticos das áreas de

intervenção como parte do embasamento para a definição dos projetos

específicos.

Paralelamente à assinatura do convênio do projeto CURA, foi

constituído um Grupo Intersetorial de Trabalho (GIT), em 19 de

novembro de 1973, para estudar a viabilidade do Sistema Municipal 7

de Habitação . Martha Terezinha Godinho e Flávio Villaça

compunham o grupo como representantes da Secretaria do Bem

Estar Social (Sebes), além de outros membros da Cohab, Cogep e

Gegran.

Esse grupo apresentou como resultado de seu trabalho uma

caracterização do problema da habitação e uma apreciação relativa à

implementação do Sistema Municipal de Habitação, de onde

destacamos as seguintes informações e considerações:

Crítica à falta de ação integrada em um plano, com desperdício

das possibilidades oferecidas pelo Banco Nacional da Habitação -

BNH (criado em 1967);

Definição de 3 tipos de habitação subnormal: cortiço, favela e

casa precária de periferia;

A demanda da população moradora de favelas correspondia,

naquele momento, a 1% da população total do município

(68.169 pessoas em 14.504 barracos em 542 favelas);

A demanda estimada de moradores de cortiços em 1973,

definida com base no PUB, significava 8,1% (563.339

pessoas/170.709 famílias) da população total do município (6,95

milhões) distribuída em 29.433 cortiços. A distribuição

territorial era: 35,8% no Brás-Moóca; 20,3% na unidade Centro

e 43,9% nos bairros da Vila Maria, Penha, Ipiranga, Saúde,

Ibirapuera, Santo Amaro e Pinheiros;

A demanda estimada oriunda das casas precárias de periferia em

1973, também de acordo com o PUB, era em torno de 25% do

estoque total de habitações do município (1.696.292

habitações), cerca de 425.000 unidades habitacionais. Se somada

ao índice de coabitação, a demanda seria de aproximadamente

460.000 famílias moradoras de casas precárias de periferia num

total de 1.929.532 pessoas.

Resumindo a demanda total seria de 645.000 famílias correspondendo

a 2.500.000 habitantes. Ou seja, mais de um terço da população

habitava precariamente naquele momento.

7 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de

Habitação. São Paulo: Cogep, 1975.

Favelas 1%população

70.000pessoas

Cortiços 8,1%população

Casaprecária deperiferia

25% doestoque dehabitações

1.900.000pessoas

Coabitação

2.530.000pessoas

Total

560.000pessoas

542favelas

420.000habitações

2.530.000pessoas

30.000cortiços

40.000 unidadeshabitacionais

15.000barracos

170.000famílias

460.000famílias

645.000famílias

Quanto ao atendimento é exposto o seguinte:

“...cabe mencionar, no Município de São Paulo, a atuação da Coordenadoria

Geral de Planejamento a quem compete promover os estudos e propor

diretrizes para a Política Habitacional do Município e a Comissão

Permanente do Código de Obras, a quem cabem os estudos e a

reformulação de normas constantes do Código de Obras, e a Empresa

Municipal de Urbanização - EMURB, com a atribuição básica de promover

a renovação de áreas urbanas, o que praticamente viria a afetar a

população moradora em sub-habitações.”

O GIT considerou que a Prefeitura Municipal de São Paulo deixou a

desejar no que diz respeito à atuação integrada dos órgãos, inclusão de

programas de ação social e utilização dos recursos do BNH.

Uma das propostas apresentadas pelo Grupo foi a criação de uma

Fundação Municipal para tratar da Habitação. Essa fundação seria

integrada à Cohab por ser uma sociedade de economia mista que

repassa os financiamentos do BNH. Todas essas considerações foram

feitas num contexto que visava entender a habitação como um “veículo

de promoção social”. O controle da política municipal de habitação

Tabela 1.6

Habitação subnormal(dados aproximados)

27Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO26 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 29: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

elaborados vários projetos, com destaque para o CURA Brás-Bresser e

o CURA Luz, nos quais existem ricos diagnósticos das áreas de

intervenção como parte do embasamento para a definição dos projetos

específicos.

Paralelamente à assinatura do convênio do projeto CURA, foi

constituído um Grupo Intersetorial de Trabalho (GIT), em 19 de

novembro de 1973, para estudar a viabilidade do Sistema Municipal 7

de Habitação . Martha Terezinha Godinho e Flávio Villaça

compunham o grupo como representantes da Secretaria do Bem

Estar Social (Sebes), além de outros membros da Cohab, Cogep e

Gegran.

Esse grupo apresentou como resultado de seu trabalho uma

caracterização do problema da habitação e uma apreciação relativa à

implementação do Sistema Municipal de Habitação, de onde

destacamos as seguintes informações e considerações:

Crítica à falta de ação integrada em um plano, com desperdício

das possibilidades oferecidas pelo Banco Nacional da Habitação -

BNH (criado em 1967);

Definição de 3 tipos de habitação subnormal: cortiço, favela e

casa precária de periferia;

A demanda da população moradora de favelas correspondia,

naquele momento, a 1% da população total do município

(68.169 pessoas em 14.504 barracos em 542 favelas);

A demanda estimada de moradores de cortiços em 1973,

definida com base no PUB, significava 8,1% (563.339

pessoas/170.709 famílias) da população total do município (6,95

milhões) distribuída em 29.433 cortiços. A distribuição

territorial era: 35,8% no Brás-Moóca; 20,3% na unidade Centro

e 43,9% nos bairros da Vila Maria, Penha, Ipiranga, Saúde,

Ibirapuera, Santo Amaro e Pinheiros;

A demanda estimada oriunda das casas precárias de periferia em

1973, também de acordo com o PUB, era em torno de 25% do

estoque total de habitações do município (1.696.292

habitações), cerca de 425.000 unidades habitacionais. Se somada

ao índice de coabitação, a demanda seria de aproximadamente

460.000 famílias moradoras de casas precárias de periferia num

total de 1.929.532 pessoas.

Resumindo a demanda total seria de 645.000 famílias correspondendo

a 2.500.000 habitantes. Ou seja, mais de um terço da população

habitava precariamente naquele momento.

7 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de

Habitação. São Paulo: Cogep, 1975.

Favelas 1%população

70.000pessoas

Cortiços 8,1%população

Casaprecária deperiferia

25% doestoque dehabitações

1.900.000pessoas

Coabitação

2.530.000pessoas

Total

560.000pessoas

542favelas

420.000habitações

2.530.000pessoas

30.000cortiços

40.000 unidadeshabitacionais

15.000barracos

170.000famílias

460.000famílias

645.000famílias

Quanto ao atendimento é exposto o seguinte:

“...cabe mencionar, no Município de São Paulo, a atuação da Coordenadoria

Geral de Planejamento a quem compete promover os estudos e propor

diretrizes para a Política Habitacional do Município e a Comissão

Permanente do Código de Obras, a quem cabem os estudos e a

reformulação de normas constantes do Código de Obras, e a Empresa

Municipal de Urbanização - EMURB, com a atribuição básica de promover

a renovação de áreas urbanas, o que praticamente viria a afetar a

população moradora em sub-habitações.”

O GIT considerou que a Prefeitura Municipal de São Paulo deixou a

desejar no que diz respeito à atuação integrada dos órgãos, inclusão de

programas de ação social e utilização dos recursos do BNH.

Uma das propostas apresentadas pelo Grupo foi a criação de uma

Fundação Municipal para tratar da Habitação. Essa fundação seria

integrada à Cohab por ser uma sociedade de economia mista que

repassa os financiamentos do BNH. Todas essas considerações foram

feitas num contexto que visava entender a habitação como um “veículo

de promoção social”. O controle da política municipal de habitação

Tabela 1.6

Habitação subnormal(dados aproximados)

27Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO26 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 30: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

deveria ser desempenhado pela fundação proposta (Funhab) e

controlada pelo Conselho Municipal de Habitação. Portanto, a

proposta foi de que os dois órgãos autônomos, Fundação e Cohab,

fossem incumbidos da formulação e execução da política municipal de

habitação.

Ainda em 1975 foi proposta a criação do Sistema Municipal de 8

Planejamento , com finalidades de estabelecer a política de elaboração

e compatibilização dos planos, programas e projetos de interesse do

município, adequando-os ao planejamento da Região Metropolitana de

São Paulo (RMSP). Esse sistema municipal seria constituído pelos

seguintes órgãos: Cogep, Coplam, Companhia de Processamento de

Dados (Prodam) e Enplam.

É interessante notar que nesse período foram elaborados pela

Coordenação de Programa de Estudos e Documentação de Habitação

e Trabalho (Coped), ligada à Sebes, dois estudos relativos aos tipos de

habitação subnormal identificados na proposta do Sistema Municipal de

Habitação. O primeiro deles relativo às favelas e o segundo intitulado 9

Diagnóstico sobre o fenômeno cortiço . O documento final do Diagnóstico

explicita a preocupação do poder público municipal com a ocupação de

antigos casarões por cortiços.

A definição adotada para a 10

habitação subnormal foi a do

Comitê de Higiene e Habitação

da Associação Americana de

Saúde que utiliza os seguintes

p a r â m e t r o s d e a n á l i s e :

a b a s t e c i m e n t o d e á g u a

contaminada, suprimento de

água e instalação sanitária de uso

coletivo localizadas fora de casa,

banheiro de uso coletivo ou fora

de casa, ocupação média de 1,5

pessoas por cômodo habitável,

8 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de

Planejamento. São Paulo: Cogep, 1975.

9 SÃO PAULO (Município) - Sebes. Diagnóstico do fenômeno cortiço

no Município de São Paulo. São Paulo: Sebes, 1975.

10 O “Diagnóstico da situação habitacional em São Paulo”,

elaborado pela Sebes, adota o seguinte conceito: “A unidade

habitacional subnormal é aquela que não oferece as condições mínimas de

segurança, durabilidade, tamanho, salubridade e não permite a seus

moradores o atendimento de atividades como membros de grupos

primários. Essas condições se referem tanto aos aspectos da construção

(dimensionamento, número e disposição dos cômodos, material,

estrutura etc.) quanto à carência e localização de sanitários, ausência de

água encanada, de ligação às redes de esgoto e de energia elétrica.”

2superlotação de dormitórios, menos de 3,6 m de área para dormir por

pessoa, saída única, falta de instalações elétricas, mau estado de

conservação e falta de janelas nos quartos. O Comitê acrescenta ainda:

ausência de esgotos; uso de materiais de construção inadequados;

coabitação; promiscuidade (inexistência de possibilidade de

isolamento); iluminação, ventilação e isolamento acústico insuficientes,

presença de poluição ambiental; localização em bairros inadequados do

ponto de vista do planejamento e ausência de equipamentos

comunitários.

Com relação ao cortiço, foi utilizada a seguinte definição:

“...o cortiço define-se fundamentalmente como unidade habitacional

coletiva ou seja, refere-se ao conjunto de edificações existentes no mesmo

lote urbano, podendo assumir três formas: casarões, porões e meias-águas.

Estas formas ocorrem em combinação ou isoladamente. Outra

característica dessas edificações é a sua subdivisão em cômodos alugados

(ou sublocados) embora nem sempre com contrato formal de locação.”

“O cortiço define-se ainda pela coabitação involuntária, entendida como o

uso de uma mesma habitação por mais de uma família. Além disso,

caracteriza-se também pelo congestionamento, isto é, superlotação de

pessoas no mesmo ambiente. Outro traço definidor do cortiço é o uso em

comum de cozinha e/ou das instalações sanitárias, geralmente precárias.”

Uma análise urbanística e dos resultados da pesquisa permite destacar

os seguintes aspectos, muitos deles ainda válidos em 2004:

2 Metade do Município tinha, no máximo, 16 cortiços por km . A

mancha da presença de cortiços com mais que 10 unidades por 2

km tinha forma de cruz, com maior densidade na asa norte;

O arco Bom Retiro-Pari-Brás apresentava a maior concentração

de cortiços no Centro. No outro extremo da tabela,

Consolação-Sé não registraram o fenômeno devido à

especulação imobiliária;

A insatisfação por parte dos moradores se devia às condições da

habitação e não à sua localização. A população aspirava a

melhores unidades habitacionais, porém tinha a intenção de

permanecer no bairro (53,1% das famílias);

Figura 1.2

29Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO28 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

AR

QU

IVO

SE

MP

LA

/PM

SP

Page 31: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

deveria ser desempenhado pela fundação proposta (Funhab) e

controlada pelo Conselho Municipal de Habitação. Portanto, a

proposta foi de que os dois órgãos autônomos, Fundação e Cohab,

fossem incumbidos da formulação e execução da política municipal de

habitação.

Ainda em 1975 foi proposta a criação do Sistema Municipal de 8

Planejamento , com finalidades de estabelecer a política de elaboração

e compatibilização dos planos, programas e projetos de interesse do

município, adequando-os ao planejamento da Região Metropolitana de

São Paulo (RMSP). Esse sistema municipal seria constituído pelos

seguintes órgãos: Cogep, Coplam, Companhia de Processamento de

Dados (Prodam) e Enplam.

É interessante notar que nesse período foram elaborados pela

Coordenação de Programa de Estudos e Documentação de Habitação

e Trabalho (Coped), ligada à Sebes, dois estudos relativos aos tipos de

habitação subnormal identificados na proposta do Sistema Municipal de

Habitação. O primeiro deles relativo às favelas e o segundo intitulado 9

Diagnóstico sobre o fenômeno cortiço . O documento final do Diagnóstico

explicita a preocupação do poder público municipal com a ocupação de

antigos casarões por cortiços.

A definição adotada para a 10

habitação subnormal foi a do

Comitê de Higiene e Habitação

da Associação Americana de

Saúde que utiliza os seguintes

p a r â m e t r o s d e a n á l i s e :

a b a s t e c i m e n t o d e á g u a

contaminada, suprimento de

água e instalação sanitária de uso

coletivo localizadas fora de casa,

banheiro de uso coletivo ou fora

de casa, ocupação média de 1,5

pessoas por cômodo habitável,

8 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de

Planejamento. São Paulo: Cogep, 1975.

9 SÃO PAULO (Município) - Sebes. Diagnóstico do fenômeno cortiço

no Município de São Paulo. São Paulo: Sebes, 1975.

10 O “Diagnóstico da situação habitacional em São Paulo”,

elaborado pela Sebes, adota o seguinte conceito: “A unidade

habitacional subnormal é aquela que não oferece as condições mínimas de

segurança, durabilidade, tamanho, salubridade e não permite a seus

moradores o atendimento de atividades como membros de grupos

primários. Essas condições se referem tanto aos aspectos da construção

(dimensionamento, número e disposição dos cômodos, material,

estrutura etc.) quanto à carência e localização de sanitários, ausência de

água encanada, de ligação às redes de esgoto e de energia elétrica.”

2superlotação de dormitórios, menos de 3,6 m de área para dormir por

pessoa, saída única, falta de instalações elétricas, mau estado de

conservação e falta de janelas nos quartos. O Comitê acrescenta ainda:

ausência de esgotos; uso de materiais de construção inadequados;

coabitação; promiscuidade (inexistência de possibilidade de

isolamento); iluminação, ventilação e isolamento acústico insuficientes,

presença de poluição ambiental; localização em bairros inadequados do

ponto de vista do planejamento e ausência de equipamentos

comunitários.

Com relação ao cortiço, foi utilizada a seguinte definição:

“...o cortiço define-se fundamentalmente como unidade habitacional

coletiva ou seja, refere-se ao conjunto de edificações existentes no mesmo

lote urbano, podendo assumir três formas: casarões, porões e meias-águas.

Estas formas ocorrem em combinação ou isoladamente. Outra

característica dessas edificações é a sua subdivisão em cômodos alugados

(ou sublocados) embora nem sempre com contrato formal de locação.”

“O cortiço define-se ainda pela coabitação involuntária, entendida como o

uso de uma mesma habitação por mais de uma família. Além disso,

caracteriza-se também pelo congestionamento, isto é, superlotação de

pessoas no mesmo ambiente. Outro traço definidor do cortiço é o uso em

comum de cozinha e/ou das instalações sanitárias, geralmente precárias.”

Uma análise urbanística e dos resultados da pesquisa permite destacar

os seguintes aspectos, muitos deles ainda válidos em 2004:

2 Metade do Município tinha, no máximo, 16 cortiços por km . A

mancha da presença de cortiços com mais que 10 unidades por 2

km tinha forma de cruz, com maior densidade na asa norte;

O arco Bom Retiro-Pari-Brás apresentava a maior concentração

de cortiços no Centro. No outro extremo da tabela,

Consolação-Sé não registraram o fenômeno devido à

especulação imobiliária;

A insatisfação por parte dos moradores se devia às condições da

habitação e não à sua localização. A população aspirava a

melhores unidades habitacionais, porém tinha a intenção de

permanecer no bairro (53,1% das famílias);

Figura 1.2

29Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO28 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

AR

QU

IVO

SE

MP

LA

/PM

SP

Page 32: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

A maioria dos moradores dos cortiços considerava de grande

importância a facilidade de deslocamento da casa para o trabalho

e vice-versa;

A maioria dos moradores de cortiços tinha emprego formal e a

taxa de desemprego era de 3%;

O cortiço se apresentava como solução habitacional definitiva,

não transitória, para uma parcela da população;

O comprometimento da renda familiar dos encortiçados com o

aluguel era da ordem de 30%;

A exigência de fiador nos contratos formais de locação era um

grande problema para os moradores de cortiços;

A falta de oferta de unidades habitacionais no mercado

imobiliário criou dificuldades de integração da população

encortiçada em sistemas de financiamento habitacional;

O tempo médio de permanência no cortiço era de 8 anos;

O número médio de banheiros por cortiço era de 3, mas o

número médio de pessoas por banheiro era de 10,4;

“...ao que tudo indica, a moradia em cortiço vem preencher um vazio na

oferta de unidades habitacionais que o sistema de habitação existente não

preenche;”

“Acredita-se que a população encortiçada tenha se originado dos fluxos

migratórios mais antigos, da década de 40/50 e 50/60;”

O diagnóstico identificou que os moradores de cortiços tinham

renda suficiente para entrar em linhas de financiamento do 11

BNH .;

“Como conclusão pode-se dizer que o cortiço, mergulhado por

completo no contexto urbano, recebe todos os benefícios oferecidos

pela cidade, não havendo obstáculos físicos nesta participação.

Contudo, o aproveitamento multifamiliar dos espaços disponíveis,

associado ao péssimo tratamento que é dispensado à construção,

faz do cortiço uma habitação insuficiente por si só;”

Uma das conclusões é de que o fenômeno tem freqüência maior

nos bairros mais antigos, mas também se encontra em bairros

novos como Vila Maria “...o fenômeno cortiço irá preferir a

proximidade com o centro da cidade, jamais as zonas periféricas...”

11 O BNH apresentava 4 divisões de programas: popular, econômico,

médio e carente de subsídios. Sendo as faixas de renda, respectivamente:

1-3 sm, 4-7 sm, mais de 6 sm e menos de 1 sm. O resumo das

porcentagens de renda familiar, de acordo com a divisão de classes de

renda, apresentou o seguinte resultado: baixa (até 2 sm) 27,8%;

média inferior (2-4 sm) 41%; média (4-7 sm) 22,2% e média superior

(mais de 7 sm) 9%.

Cortiços 4.433

Casascoletivas

106.005

110.438Total 554.032 pessoas 125.635 famílias

9,3% da populaçãomunicipal

12 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Projeto Centro. Investigações preliminares São Paulo: Cogep, 1975.

Tabela 1.7

Estimativa do número de cortiços e casas coletivasnos 195 setores do Cadastro de Rendas Imobiliárias

Av do Estado

Av Pr

estes

Maia

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av Radial Leste

Pq. D. Pedro

República

As conclusões dessa análise apontaram tendências para o fenômeno: o

desaparecimento do cortiço em função da valorização imobiliária, as

maiores chances de permanência do cortiço isolado em pequeno lote

do que em conjuntos alinhados ou localizados em grandes lotes por

causa do interesse dessas áreas para os empreendimentos imobiliários

e o índice do obsoletismo do edifício como um elemento de facilitação

para sua transformação em cortiço, tendo em vista também o uso

inadequado para novas

funções e a má conservação.

A i n d a n a g e s t ã o d e

C o l a s u o n o , a C o g e p

desenvolveu o “Projeto 1 2

Cent ro” . At ing iu um

perímetro equivalente aos

a t u a i s d i s t r i t o s S é e

República. Compuseram

esse projeto: estudo sobre o

edifício Martinelli, estudo de

Figura 1.3

Perímetro aproximadodo "Projeto Centro"

31Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO30 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 33: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

A maioria dos moradores dos cortiços considerava de grande

importância a facilidade de deslocamento da casa para o trabalho

e vice-versa;

A maioria dos moradores de cortiços tinha emprego formal e a

taxa de desemprego era de 3%;

O cortiço se apresentava como solução habitacional definitiva,

não transitória, para uma parcela da população;

O comprometimento da renda familiar dos encortiçados com o

aluguel era da ordem de 30%;

A exigência de fiador nos contratos formais de locação era um

grande problema para os moradores de cortiços;

A falta de oferta de unidades habitacionais no mercado

imobiliário criou dificuldades de integração da população

encortiçada em sistemas de financiamento habitacional;

O tempo médio de permanência no cortiço era de 8 anos;

O número médio de banheiros por cortiço era de 3, mas o

número médio de pessoas por banheiro era de 10,4;

“...ao que tudo indica, a moradia em cortiço vem preencher um vazio na

oferta de unidades habitacionais que o sistema de habitação existente não

preenche;”

“Acredita-se que a população encortiçada tenha se originado dos fluxos

migratórios mais antigos, da década de 40/50 e 50/60;”

O diagnóstico identificou que os moradores de cortiços tinham

renda suficiente para entrar em linhas de financiamento do 11

BNH .;

“Como conclusão pode-se dizer que o cortiço, mergulhado por

completo no contexto urbano, recebe todos os benefícios oferecidos

pela cidade, não havendo obstáculos físicos nesta participação.

Contudo, o aproveitamento multifamiliar dos espaços disponíveis,

associado ao péssimo tratamento que é dispensado à construção,

faz do cortiço uma habitação insuficiente por si só;”

Uma das conclusões é de que o fenômeno tem freqüência maior

nos bairros mais antigos, mas também se encontra em bairros

novos como Vila Maria “...o fenômeno cortiço irá preferir a

proximidade com o centro da cidade, jamais as zonas periféricas...”

11 O BNH apresentava 4 divisões de programas: popular, econômico,

médio e carente de subsídios. Sendo as faixas de renda, respectivamente:

1-3 sm, 4-7 sm, mais de 6 sm e menos de 1 sm. O resumo das

porcentagens de renda familiar, de acordo com a divisão de classes de

renda, apresentou o seguinte resultado: baixa (até 2 sm) 27,8%;

média inferior (2-4 sm) 41%; média (4-7 sm) 22,2% e média superior

(mais de 7 sm) 9%.

Cortiços 4.433

Casascoletivas

106.005

110.438Total 554.032 pessoas 125.635 famílias

9,3% da populaçãomunicipal

12 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Projeto Centro. Investigações preliminares São Paulo: Cogep, 1975.

Tabela 1.7

Estimativa do número de cortiços e casas coletivasnos 195 setores do Cadastro de Rendas Imobiliárias

Av do Estado

Av Pr

estes

Maia

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av Radial Leste

Pq. D. Pedro

República

As conclusões dessa análise apontaram tendências para o fenômeno: o

desaparecimento do cortiço em função da valorização imobiliária, as

maiores chances de permanência do cortiço isolado em pequeno lote

do que em conjuntos alinhados ou localizados em grandes lotes por

causa do interesse dessas áreas para os empreendimentos imobiliários

e o índice do obsoletismo do edifício como um elemento de facilitação

para sua transformação em cortiço, tendo em vista também o uso

inadequado para novas

funções e a má conservação.

A i n d a n a g e s t ã o d e

C o l a s u o n o , a C o g e p

desenvolveu o “Projeto 1 2

Cent ro” . At ing iu um

perímetro equivalente aos

a t u a i s d i s t r i t o s S é e

República. Compuseram

esse projeto: estudo sobre o

edifício Martinelli, estudo de

Figura 1.3

Perímetro aproximadodo "Projeto Centro"

31Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO30 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 34: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

tráfego da Área Central elaborado pelo DSV, estudo dos edifícios de

interesse histórico e paisagístico realizado por Benedito Lima de Toledo

e Carlos Lemos, e o material relativo ao seminário sobre Revitalização

de Áreas Centrais realizado entre 27 e 29 de janeiro de 1975.

O Projeto Centro apresenta um aspecto muito interessante no que diz

respeito ao debate atual sobre o incremento da habitação na Área

Central de São Paulo. Apesar do estudo ter se restringido apenas ao

limite do núcleo central, é possível notar como, já em 1975, data de sua

elaboração, está presente de maneira absolutamente clara a

necessidade de ampliar o uso habitacional no Centro.

“Portanto, sendo a área central a melhor servida em infra-estrutura e

superestrutura, oferece maiores possibilidades de uma revitalização não só

de suas atividades terciárias já estabelecidas, como também do uso

residencial, por ser este um elemento muito importante, a nosso ver, para

se conseguir um melhor equilíbrio das funções urbanas. Para isso,

tentaremos encontrar um tipo de legislação bastante flexível no sentido de

oferecer melhores condições de habitabilidade ao morador e melhores

condições de conforto ao usuário do núcleo central”.

“Considerando que o uso habitacional na área central encontra-se

decadente, pois, se localiza em geral em edifícios obsoletos, mal

conservados, implantados numa disposição de lotes arcaica, onde a

ausência de espaços livres coletivos adequados, e ainda o uso e a natureza

heterogênea dos edifícios provocam a desvalorização dos imóveis, e

conseqüentemente, o declínio ou a estagnação do desenvolvimento desse

uso na área central”.

Portanto, cabe traçar alguns objetivos específicos para um programa de

revitalização do uso habitacional do centro”.

É importante ressaltar que o Projeto Centro, restrito ao núcleo da Área

Central, apresenta como diretriz a “revitalização” do uso habitacional,

mas não se relaciona com o estudo sobre os cortiços que trata

principalmente de áreas localizadas no entorno desse núcleo. Ou seja,

podemos, a priori, concluir que não existia a intenção de trabalhar com

a demanda de habitação subnormal identificada no diagnóstico sobre os

cortiços:

“A asa oeste da grande mancha incide sobre o centro da cidade e bairros

circunvizinhos imediatos. Encontra-se um vácuo indicando pouco ou

nenhum cortiço no centro propriamente dito, enquanto forma-se em volta

dele um anel onde predominam as altas densidades, especialmente para

norte e nordeste, desde o Bom Retiro até o Brás, passando pelo Pari.”

A análise apontou que as áreas que apresentavam predominância de

uso residencial - Glicério (subdistrito Liberdade), Mercado (subdistrito

Santa Efigênia), Campos Elíseos (subdistrito Santa Cecília) e Praça

Roosevelt (subdistrito Consolação) - tiveram um crescimento

populacional de 10.599 pessoas. Dessas quatro áreas, apenas o

subdistrito de Santa Efigênia apresentou decréscimo populacional

entre 1960 e 1970, enquanto o Glicério e a Praça Roosevelt foram áreas

com potencial para fixação da população. Vale lembrar que a Praça

Roosevelt foi inaugurada no início da década de 1970 e se apresentava

como um equipamento que atenderia às demandas da população

moradora. Existiram estudos específicos para a área Glicério funcionar

como área piloto de um programa de habitação.

É importante destacar que essas diretrizes para o uso habitacional

estavam diretamente relacionadas à implementação de obras viárias e

do Metrô e a expectativa de valorização imobiliária. Não foi uma

proposta abrangente para a Área Central e muito menos se

relacionou com a solução dos problemas habitacionais apontados

anteriormente.

Ainda como parte das ações do Projeto Centro, foi realizado, entre os

dias 27 e 29 de janeiro de 1975, pela Cogep e pelo Instituto de

Planejamento Urbano de Curitiba o Seminário Revitalização de Áreas 13

Centrais . Os participantes foram:

Jayme Lerner, Curitiba, Brasil;

Richard Mitchell, Los Angeles, Estados Unidos;

Walter-Ulrich Jager, Munique, Alemanha;

Ake Norling, Gotemburgo, Suíça;

João Evangelista Rodrigues Leão, São Paulo, Brasil;

Carlos Savini, ONU Roma, Itália;

Pierre-André Julien, Montreal, Canadá.

13 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Seminário: Revitalização de Áreas Centrais São Paulo: Cogep, 1975.

33Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO32 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 35: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

tráfego da Área Central elaborado pelo DSV, estudo dos edifícios de

interesse histórico e paisagístico realizado por Benedito Lima de Toledo

e Carlos Lemos, e o material relativo ao seminário sobre Revitalização

de Áreas Centrais realizado entre 27 e 29 de janeiro de 1975.

O Projeto Centro apresenta um aspecto muito interessante no que diz

respeito ao debate atual sobre o incremento da habitação na Área

Central de São Paulo. Apesar do estudo ter se restringido apenas ao

limite do núcleo central, é possível notar como, já em 1975, data de sua

elaboração, está presente de maneira absolutamente clara a

necessidade de ampliar o uso habitacional no Centro.

“Portanto, sendo a área central a melhor servida em infra-estrutura e

superestrutura, oferece maiores possibilidades de uma revitalização não só

de suas atividades terciárias já estabelecidas, como também do uso

residencial, por ser este um elemento muito importante, a nosso ver, para

se conseguir um melhor equilíbrio das funções urbanas. Para isso,

tentaremos encontrar um tipo de legislação bastante flexível no sentido de

oferecer melhores condições de habitabilidade ao morador e melhores

condições de conforto ao usuário do núcleo central”.

“Considerando que o uso habitacional na área central encontra-se

decadente, pois, se localiza em geral em edifícios obsoletos, mal

conservados, implantados numa disposição de lotes arcaica, onde a

ausência de espaços livres coletivos adequados, e ainda o uso e a natureza

heterogênea dos edifícios provocam a desvalorização dos imóveis, e

conseqüentemente, o declínio ou a estagnação do desenvolvimento desse

uso na área central”.

Portanto, cabe traçar alguns objetivos específicos para um programa de

revitalização do uso habitacional do centro”.

É importante ressaltar que o Projeto Centro, restrito ao núcleo da Área

Central, apresenta como diretriz a “revitalização” do uso habitacional,

mas não se relaciona com o estudo sobre os cortiços que trata

principalmente de áreas localizadas no entorno desse núcleo. Ou seja,

podemos, a priori, concluir que não existia a intenção de trabalhar com

a demanda de habitação subnormal identificada no diagnóstico sobre os

cortiços:

“A asa oeste da grande mancha incide sobre o centro da cidade e bairros

circunvizinhos imediatos. Encontra-se um vácuo indicando pouco ou

nenhum cortiço no centro propriamente dito, enquanto forma-se em volta

dele um anel onde predominam as altas densidades, especialmente para

norte e nordeste, desde o Bom Retiro até o Brás, passando pelo Pari.”

A análise apontou que as áreas que apresentavam predominância de

uso residencial - Glicério (subdistrito Liberdade), Mercado (subdistrito

Santa Efigênia), Campos Elíseos (subdistrito Santa Cecília) e Praça

Roosevelt (subdistrito Consolação) - tiveram um crescimento

populacional de 10.599 pessoas. Dessas quatro áreas, apenas o

subdistrito de Santa Efigênia apresentou decréscimo populacional

entre 1960 e 1970, enquanto o Glicério e a Praça Roosevelt foram áreas

com potencial para fixação da população. Vale lembrar que a Praça

Roosevelt foi inaugurada no início da década de 1970 e se apresentava

como um equipamento que atenderia às demandas da população

moradora. Existiram estudos específicos para a área Glicério funcionar

como área piloto de um programa de habitação.

É importante destacar que essas diretrizes para o uso habitacional

estavam diretamente relacionadas à implementação de obras viárias e

do Metrô e a expectativa de valorização imobiliária. Não foi uma

proposta abrangente para a Área Central e muito menos se

relacionou com a solução dos problemas habitacionais apontados

anteriormente.

Ainda como parte das ações do Projeto Centro, foi realizado, entre os

dias 27 e 29 de janeiro de 1975, pela Cogep e pelo Instituto de

Planejamento Urbano de Curitiba o Seminário Revitalização de Áreas 13

Centrais . Os participantes foram:

Jayme Lerner, Curitiba, Brasil;

Richard Mitchell, Los Angeles, Estados Unidos;

Walter-Ulrich Jager, Munique, Alemanha;

Ake Norling, Gotemburgo, Suíça;

João Evangelista Rodrigues Leão, São Paulo, Brasil;

Carlos Savini, ONU Roma, Itália;

Pierre-André Julien, Montreal, Canadá.

13 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Seminário: Revitalização de Áreas Centrais São Paulo: Cogep, 1975.

33Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO32 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 36: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Av do Estado

Av Pr

estes

Maia

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av Radial Leste

Pq. D. Pedro

Os principais tópicos das discussões foram:

Circulação de pedestres circulação de automóveis;

Estacionamentos;

Criação de áreas verdes;

Reciclagem de edifícios;

Implementação do transporte coletivo;

Equipamentos culturais;

Esvaziamento do Centro da cidade;

Lojas e comércio no Centro;

Renovação urbana;

Experiência de aumento de impostos em Los Angeles.

X

1.2.2

Gestão Olavo Egidio Setúbal - 17/08/1975 a 11/07/1979

Na gestão de Olavo Setúbal, se constituiu um Seminário permanente de

debates tendo em vista o “Plano Integrado da Área Central”. O 14

documento que introduziu esse assunto aponta a tendência de

crescimento desproporcional entre a oferta e a demanda dos edifícios

de uso múltiplo e “um processo de deslocamento do Centro, com

velocidade acelerada e sem um sentido bem definido”.O deslocamento do

Centro deveria ser revertido pela presença do Metrô e a conseqüente

melhora das condições de acesso e dos espaços públicos. Existia uma

visão bastante otimista do papel que a implantação do Metrô teria na

atração e manutenção das atividades comerciais e de serviços no

Centro e nas áreas próximas. Em relação ao uso habitacional a única

observação foi a seguinte:

14 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Integrado da Área Central in

Seminário Permanente de debates. São Paulo: Cogep, 1976.

“Considerando do ponto de vista local, é importante que o Centro não perca

totalmente a função habitacional...”

A delimitação adotada para o Centro foi:

Centro tradicional: composto pela coroa central e pela rótula 15

principal ;

Centro expandido: áreas contínuas ao tradicional na direção da

Av. Paulista, Bairro da Luz, Santa Cecília e, em menor grau, Brás e

alguns corredores.

E os principais problemas apontados foram:

Congestionamentos;

Concentração de funções;

Caracterização de um processo de deslocamento da Área

Central;

Processo de degradação do Centro associado à mudança da faixa

de renda do público que utiliza e usufrui sua infra-estrutura. A

fuga do Centro não correspondia a um esvaziamento, mas à fuga

dos usuários e atividades vinculadas à alta renda.

15 Conforme definição do Plano de Avenidas de Prestes Maia de 1929.

Figura 1.4

Limite do centro tradicionalno "Plano Integradoda Área Central"

35Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO34 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 37: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Av do Estado

Av Pr

estes

Maia

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av Radial Leste

Pq. D. Pedro

Os principais tópicos das discussões foram:

Circulação de pedestres circulação de automóveis;

Estacionamentos;

Criação de áreas verdes;

Reciclagem de edifícios;

Implementação do transporte coletivo;

Equipamentos culturais;

Esvaziamento do Centro da cidade;

Lojas e comércio no Centro;

Renovação urbana;

Experiência de aumento de impostos em Los Angeles.

X

1.2.2

Gestão Olavo Egidio Setúbal - 17/08/1975 a 11/07/1979

Na gestão de Olavo Setúbal, se constituiu um Seminário permanente de

debates tendo em vista o “Plano Integrado da Área Central”. O 14

documento que introduziu esse assunto aponta a tendência de

crescimento desproporcional entre a oferta e a demanda dos edifícios

de uso múltiplo e “um processo de deslocamento do Centro, com

velocidade acelerada e sem um sentido bem definido”.O deslocamento do

Centro deveria ser revertido pela presença do Metrô e a conseqüente

melhora das condições de acesso e dos espaços públicos. Existia uma

visão bastante otimista do papel que a implantação do Metrô teria na

atração e manutenção das atividades comerciais e de serviços no

Centro e nas áreas próximas. Em relação ao uso habitacional a única

observação foi a seguinte:

14 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Integrado da Área Central in

Seminário Permanente de debates. São Paulo: Cogep, 1976.

“Considerando do ponto de vista local, é importante que o Centro não perca

totalmente a função habitacional...”

A delimitação adotada para o Centro foi:

Centro tradicional: composto pela coroa central e pela rótula 15

principal ;

Centro expandido: áreas contínuas ao tradicional na direção da

Av. Paulista, Bairro da Luz, Santa Cecília e, em menor grau, Brás e

alguns corredores.

E os principais problemas apontados foram:

Congestionamentos;

Concentração de funções;

Caracterização de um processo de deslocamento da Área

Central;

Processo de degradação do Centro associado à mudança da faixa

de renda do público que utiliza e usufrui sua infra-estrutura. A

fuga do Centro não correspondia a um esvaziamento, mas à fuga

dos usuários e atividades vinculadas à alta renda.

15 Conforme definição do Plano de Avenidas de Prestes Maia de 1929.

Figura 1.4

Limite do centro tradicionalno "Plano Integradoda Área Central"

35Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO34 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 38: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Ao final são apontados alguns modelos para a revitalização do Centro

em que a função habitacional aparecia de forma secundária, não se

desejando, necessariamente, aumentá-la. A discussão estava em torno

das funções centrais coerentes com o desenvolvimento metropolitano.

16A Cogep preparou, em 1976, um Relatório informativo para o Plano

Integrado da Área Central com a finalidade de fornecer informações

básicas para os profissionais que participassem do Seminário Permanente

de Debates. Para isso, foram consultados pelos técnicos da Cogep:

II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) - diretrizes

nacionais;

Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Grande

São Paulo (PMDI-GSP) - diretrizes regionais;

Plano Urbanístico Básico (PUB) - diretrizes municipais;

Plano de Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município

de São Paulo (PDDI-SP) - implementação legal;

Programa de Ação Imediata de Transportes e Tráfego (PAITT) -

setorial;

Programa de Integração de Transportes (PIT) - setorial;

Síntese dos principais projetos de reurbanização propostos para

a Área Central: Projeto Centro (Investigações preliminares, área

verdes, caso Martinelli, edifícios de valor histórico e paisagístico),

projetos Anhangabaú, Páteo do Colégio, Galeria de Pedestres,

25 de Março e Ruas de Pedestres.

Outros documentos consultados pela equipe técnica do Seminário são:

Diagnóstico do Centro Metropolitano da Grande São Paulo de

Benjamin Adiron Ribeiro, 1974;

Revitalização da Área Central, Relatório de análise dos projetos

existentes, equipe da COGEP, 1975;

São Paulo 1980, síntese de planos e recomendações para

orientar o desenvolvimento urbano e metropolitano, equipe da

COGEP, 1974;

Estudo e análise de nova divisão regional do Município (Projeto

COGEP).

O II Plano Nacional de Desenvolvimento destacava a importância das

“condições físicas de eficiência e desempenho” da área central de São

Paulo por ser “um nó urbano central do pólo econômico mais importante

do país”. Considerando, ainda, que as “deficiências em seu

funcionamento ... podem ter conseqüências, até, sôbre a economia

nacional”. São diretrizes do PND: a desconcentração regional e

fortalecimento dos núcleos urbanos de médio porte e o controle do

crescimento das grandes metrópoles do Rio de Janeiro e de São Paulo,

considerando o risco da descentralização diante do objetivo de manter

os níveis nacionais de crescimento, uma vez que as economias de escala

e de aglomerações são maiores nas metrópoles.

No Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Grande São

Paulo:

“A política preconizada para o centro principal é de orientar sua expansão

na direção dos corredores de uso múltiplo do espigão da Paulista e dos

terraços aluviais da direção Leste-Oeste.”

O Plano Urbanístico Básico destaca a importância do Centro

Metropolitano como área prioritária de intervenção. É destacada a

importância da descentralização das atividades terciárias. A

concentração de atividades terciárias no Centro aparenta ser um fator

de risco para o desenvolvimento econômico.

“...as proposições gerais prevêem a manutenção e consolidação do centro,

como principal núcleo de atividades comerciais, de negócios e de

administração, para o atendimento de toda a Região Metropolitana. Sua

área deverá expandir-se, incluindo a Av. Paulista como área de atividades

comerciais, financeiras e outros serviços e a zona entre o centro atual e o

Rio Tietê, em torno à linha Norte-Sul do Metrô, como área de atividades 17

administrativas e culturais.”

Em relação à função habitacional, o PUB indica a possibilidade de

afastamento das classes altas do Centro por conta do surgimento de

novos bairros, porém adverte que esta tendência não acarretaria o

“declínio das áreas residenciais centrais”.

O PUB reforça as idéias de aumento das funções terciárias em São

Paulo e, no Centro, da previsão de espaços para “órgãos principais da

administração pública, comércio e serviços altamente especializados e em

16 SÃO PAULO (Município) - Cogep Plano Integrado da Área Central.

Relatório Informativo dos elementos de conhecimento. São

Paulo: Cogep, 1976.

17 SÃO PAULO (Município) - Cogep. op. cit. p. 73.

37Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO36 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 39: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Ao final são apontados alguns modelos para a revitalização do Centro

em que a função habitacional aparecia de forma secundária, não se

desejando, necessariamente, aumentá-la. A discussão estava em torno

das funções centrais coerentes com o desenvolvimento metropolitano.

16A Cogep preparou, em 1976, um Relatório informativo para o Plano

Integrado da Área Central com a finalidade de fornecer informações

básicas para os profissionais que participassem do Seminário Permanente

de Debates. Para isso, foram consultados pelos técnicos da Cogep:

II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) - diretrizes

nacionais;

Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Grande

São Paulo (PMDI-GSP) - diretrizes regionais;

Plano Urbanístico Básico (PUB) - diretrizes municipais;

Plano de Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município

de São Paulo (PDDI-SP) - implementação legal;

Programa de Ação Imediata de Transportes e Tráfego (PAITT) -

setorial;

Programa de Integração de Transportes (PIT) - setorial;

Síntese dos principais projetos de reurbanização propostos para

a Área Central: Projeto Centro (Investigações preliminares, área

verdes, caso Martinelli, edifícios de valor histórico e paisagístico),

projetos Anhangabaú, Páteo do Colégio, Galeria de Pedestres,

25 de Março e Ruas de Pedestres.

Outros documentos consultados pela equipe técnica do Seminário são:

Diagnóstico do Centro Metropolitano da Grande São Paulo de

Benjamin Adiron Ribeiro, 1974;

Revitalização da Área Central, Relatório de análise dos projetos

existentes, equipe da COGEP, 1975;

São Paulo 1980, síntese de planos e recomendações para

orientar o desenvolvimento urbano e metropolitano, equipe da

COGEP, 1974;

Estudo e análise de nova divisão regional do Município (Projeto

COGEP).

O II Plano Nacional de Desenvolvimento destacava a importância das

“condições físicas de eficiência e desempenho” da área central de São

Paulo por ser “um nó urbano central do pólo econômico mais importante

do país”. Considerando, ainda, que as “deficiências em seu

funcionamento ... podem ter conseqüências, até, sôbre a economia

nacional”. São diretrizes do PND: a desconcentração regional e

fortalecimento dos núcleos urbanos de médio porte e o controle do

crescimento das grandes metrópoles do Rio de Janeiro e de São Paulo,

considerando o risco da descentralização diante do objetivo de manter

os níveis nacionais de crescimento, uma vez que as economias de escala

e de aglomerações são maiores nas metrópoles.

No Plano Metropolitano de Desenvolvimento Integrado da Grande São

Paulo:

“A política preconizada para o centro principal é de orientar sua expansão

na direção dos corredores de uso múltiplo do espigão da Paulista e dos

terraços aluviais da direção Leste-Oeste.”

O Plano Urbanístico Básico destaca a importância do Centro

Metropolitano como área prioritária de intervenção. É destacada a

importância da descentralização das atividades terciárias. A

concentração de atividades terciárias no Centro aparenta ser um fator

de risco para o desenvolvimento econômico.

“...as proposições gerais prevêem a manutenção e consolidação do centro,

como principal núcleo de atividades comerciais, de negócios e de

administração, para o atendimento de toda a Região Metropolitana. Sua

área deverá expandir-se, incluindo a Av. Paulista como área de atividades

comerciais, financeiras e outros serviços e a zona entre o centro atual e o

Rio Tietê, em torno à linha Norte-Sul do Metrô, como área de atividades 17

administrativas e culturais.”

Em relação à função habitacional, o PUB indica a possibilidade de

afastamento das classes altas do Centro por conta do surgimento de

novos bairros, porém adverte que esta tendência não acarretaria o

“declínio das áreas residenciais centrais”.

O PUB reforça as idéias de aumento das funções terciárias em São

Paulo e, no Centro, da previsão de espaços para “órgãos principais da

administração pública, comércio e serviços altamente especializados e em

16 SÃO PAULO (Município) - Cogep Plano Integrado da Área Central.

Relatório Informativo dos elementos de conhecimento. São

Paulo: Cogep, 1976.

17 SÃO PAULO (Município) - Cogep. op. cit. p. 73.

37Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO36 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 40: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

geral, centros de atração de atividades culturais, recreacionais e sociais e

para funções urbanas de âmbito nacional e internacional”. Propõe, ainda,

que o Centro se estenda até as margens do Tietê e da Av. Paulista e

considera que os problemas de congestionamento serão resolvidos

pelo Metrô.

Do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado vale a pena destacar

apenas a diretriz de incentivar programas de renovação urbana de áreas

em processo de deterioração.

O Programa de Ação Imediata de Transporte e Tráfego foi elaborado,

pela Secretaria de Economia e Planejamento, Grupo Executivo da

Grande São Paulo, Secretaria dos Transportes e Assessoria Técnica de

Coordenação e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo,

com o objetivo de melhorar em curto prazo os pontos de

estrangulamento de tráfego existentes na Área Central para a posterior

implementação de um plano de longo prazo. As duas áreas de estudo

do plano foram a área interna à rótula principal e a área limitada pelo

Anel Rodoviário.

A análise da Área Central apontou a concentração de atividades como a

causa para o excesso de locomoções e agravamento da fluidez do

tráfego. Comparada com as áreas periféricas é apontado um grande

desequilíbrio de atividades e locomoções.

Como recomendações, são indicadas a descentralização de atividades e

o desenvolvimento de subcentros regionais, o agrupamento de

atividades ao longo dos eixos do Metrô e a localização de atividades

industriais próximas aos sistemas de transporte de carga na periferia.

Em relação aos impactos da implantação do Metrô aponta o reforço da

Área Central dentro da estrutura metropolitana em função das

melhorias na fluidez e no volume de tráfego e o aumento da capacidade

de transporte com origem e destino na Área Central.

Em 1979, último ano da gestão de Olavo Setúbal, foi elaborado o

documento “Política institucional, política de habitação e renovação 18

urbana e política de desenvolvimento da área central” como uma síntese

de todos os documentos produzidos anteriormente pela Cogep sobre

a Área Central. Assinado pelo então Secretário Coordenador Cândido

Malta Campos Filho, apresenta como componentes centrais:

a.

b.

c.

Política Institucional. Apresentação da Cogep e sua estrutura

operacional.

Sistema Municipal de Planejamento. Dentre as políticas setoriais

que compunham a Política de Desenvolvimento Urbano do

município estavam a Política de Habitação e Renovação Urbana e

a Política de Desenvolvimento da Área Central, das quais

destacamos a seguinte consideração:

“É necessário observar que o conjunto de Políticas Setoriais acima definido

deve ser entendido de modo flexível, ou seja, correspondente àquelas áreas

onde hoje se verificam os problemas mais emergentes e prioritários.

Observe-se, nesse sentido, que a Área Central é objeto de uma Política

específica, na medida em que esse espaço é, atualmente, o de maior 19

complexidade urbana em termos funcionais e de atuação política.”

20Política de Habitação e Renovação Urbana . Propunha trabalhar

com o esgotamento do estoque de terrenos públicos e a

necessidade de eliminação dos vazios urbanos que exigiam a

adoção de instrumentos de controle da especulação imobiliária

de natureza fiscal combinados com sistemas de subsídios. Foram

propostos: IPTU progressivo e 3 fontes de subsídios:

Operação casada: subsídios para a produção de habitações

para baixa renda gerados a partir de lucros obtidos com

programas para faixas de renda mais alta;

Banco de Terras: compra de terras acima das necessidades

imediatas para posterior revenda com lucro que seria

revertido em subsídios para habitação social;

Programa CURA Ampliado: programa do BNH com

financiamento para habitação de interesse social localizada

em vazios urbanos para os municípios que adotassem o IPTU

progressivo. Os recursos oriundos do imposto e da economia

com os investimentos em infra-estrutura seriam utilizados

para pagar os juros do financiamento para o BNH.

Com relação aos cortiços destacamos a seguinte observação:

“Como as causas do favelamento e surgimento dos cortiços têm amplitude

que escapa ao âmbito de controle municipal, pretende-se tão somente

18 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Política institucional, política de habitação e renovação urbana, política de desenvolvimento da

área central. São Paulo: Cogep/PMSP, 1979.

19 SÃO PAULO (Município) - Cogep. op. cit. 1979. p.17.

20 Ver também: GROSTEIN, M.D; MEYER, R. Os planos diretores e a habitação social nas áreas centrais. Urbs n° 25, março/abril de 2002 p. 34-40. São Paulo: Associação Viva o Centro, 2002.

39Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO38 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 41: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

geral, centros de atração de atividades culturais, recreacionais e sociais e

para funções urbanas de âmbito nacional e internacional”. Propõe, ainda,

que o Centro se estenda até as margens do Tietê e da Av. Paulista e

considera que os problemas de congestionamento serão resolvidos

pelo Metrô.

Do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado vale a pena destacar

apenas a diretriz de incentivar programas de renovação urbana de áreas

em processo de deterioração.

O Programa de Ação Imediata de Transporte e Tráfego foi elaborado,

pela Secretaria de Economia e Planejamento, Grupo Executivo da

Grande São Paulo, Secretaria dos Transportes e Assessoria Técnica de

Coordenação e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo,

com o objetivo de melhorar em curto prazo os pontos de

estrangulamento de tráfego existentes na Área Central para a posterior

implementação de um plano de longo prazo. As duas áreas de estudo

do plano foram a área interna à rótula principal e a área limitada pelo

Anel Rodoviário.

A análise da Área Central apontou a concentração de atividades como a

causa para o excesso de locomoções e agravamento da fluidez do

tráfego. Comparada com as áreas periféricas é apontado um grande

desequilíbrio de atividades e locomoções.

Como recomendações, são indicadas a descentralização de atividades e

o desenvolvimento de subcentros regionais, o agrupamento de

atividades ao longo dos eixos do Metrô e a localização de atividades

industriais próximas aos sistemas de transporte de carga na periferia.

Em relação aos impactos da implantação do Metrô aponta o reforço da

Área Central dentro da estrutura metropolitana em função das

melhorias na fluidez e no volume de tráfego e o aumento da capacidade

de transporte com origem e destino na Área Central.

Em 1979, último ano da gestão de Olavo Setúbal, foi elaborado o

documento “Política institucional, política de habitação e renovação 18

urbana e política de desenvolvimento da área central” como uma síntese

de todos os documentos produzidos anteriormente pela Cogep sobre

a Área Central. Assinado pelo então Secretário Coordenador Cândido

Malta Campos Filho, apresenta como componentes centrais:

a.

b.

c.

Política Institucional. Apresentação da Cogep e sua estrutura

operacional.

Sistema Municipal de Planejamento. Dentre as políticas setoriais

que compunham a Política de Desenvolvimento Urbano do

município estavam a Política de Habitação e Renovação Urbana e

a Política de Desenvolvimento da Área Central, das quais

destacamos a seguinte consideração:

“É necessário observar que o conjunto de Políticas Setoriais acima definido

deve ser entendido de modo flexível, ou seja, correspondente àquelas áreas

onde hoje se verificam os problemas mais emergentes e prioritários.

Observe-se, nesse sentido, que a Área Central é objeto de uma Política

específica, na medida em que esse espaço é, atualmente, o de maior 19

complexidade urbana em termos funcionais e de atuação política.”

20Política de Habitação e Renovação Urbana . Propunha trabalhar

com o esgotamento do estoque de terrenos públicos e a

necessidade de eliminação dos vazios urbanos que exigiam a

adoção de instrumentos de controle da especulação imobiliária

de natureza fiscal combinados com sistemas de subsídios. Foram

propostos: IPTU progressivo e 3 fontes de subsídios:

Operação casada: subsídios para a produção de habitações

para baixa renda gerados a partir de lucros obtidos com

programas para faixas de renda mais alta;

Banco de Terras: compra de terras acima das necessidades

imediatas para posterior revenda com lucro que seria

revertido em subsídios para habitação social;

Programa CURA Ampliado: programa do BNH com

financiamento para habitação de interesse social localizada

em vazios urbanos para os municípios que adotassem o IPTU

progressivo. Os recursos oriundos do imposto e da economia

com os investimentos em infra-estrutura seriam utilizados

para pagar os juros do financiamento para o BNH.

Com relação aos cortiços destacamos a seguinte observação:

“Como as causas do favelamento e surgimento dos cortiços têm amplitude

que escapa ao âmbito de controle municipal, pretende-se tão somente

18 SÃO PAULO (Município) - Cogep. Política institucional, política de habitação e renovação urbana, política de desenvolvimento da

área central. São Paulo: Cogep/PMSP, 1979.

19 SÃO PAULO (Município) - Cogep. op. cit. 1979. p.17.

20 Ver também: GROSTEIN, M.D; MEYER, R. Os planos diretores e a habitação social nas áreas centrais. Urbs n° 25, março/abril de 2002 p. 34-40. São Paulo: Associação Viva o Centro, 2002.

39Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO38 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 42: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

encontrar e utilizar remédios que melhorem as condições de vida dessas

famílias, sem alimentar ilusões de que se irá extirpar os seus fatores 21

causais.”

Política de desenvolvimento da Área Central apresentava entre

suas justificativas a preocupação com os riscos de uma

“decadência econômica, levando a uma subutilização do enorme

volume de capitais historicamente aí acumulados”. Dentre as

medidas apresentadas, destacou-se um projeto de lei para

reduzir as exigências para alteração de uso dos edifícios

existentes com a finalidade de reduzir as demolições e

aproveitar capital já investido.

Seminár io Permanente de Debates . Foram suas

recomendações: abordagem nacional dos problemas e a

necessidade de ampliação dos recursos municipais tendo em

vista a falta de recursos federais; para tanto indica a ampliação da

arrecadação com a criação de novos instrumentos fiscais como o

solo criado, o IPTU mais elevado para terrenos vazios em áreas

equipadas com infra-estrutura, a contribuição de melhoria e o

IPTU progressivo. Não apareceu qualquer recomendação

explícita sobre a habitação.

A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sehab) foi

criada durante essa gestão , ficando a Cohab e a Emurb a ela vinculadas.

d.

e.

O coordenador geral da equipe técnica era o arquiteto Luiz Carlos

Costa. Cerca de 70 profissionais estiveram envolvidos com o trabalho,

entre eles os arquitetos Flávio Villaça e Mayumi Watanabe Souza Lima.

As justificativas para sua elaboração estavam baseadas na constatação

de que o primeiro PDDI estava desatualizado e de que seriam utilizadas

técnicas de planejamento mais atuais. A divisão territorial do 23

município adotada no plano foi a de anéis: central, de urbanização

consolidada e periférico.

O Plano deveria enfrentar os impasses impostos pela pressão da

população de baixa renda sobre a Prefeitura Municipal de São Paulo

(PMSP) como um fato novo e pela deterioração do meio ambiente

ligada ao congestionamento das áreas centrais e ao padrão de expansão

periférica.

A metodologia proposta previa a simulação e avaliação de políticas

integradas por meio do instrumental Modelo de Uso do Solo e

Transportes (MUT):

“Essa metodologia pressupõe um nível básico no processo de

planejamento, de natureza mais política do que técnica, no qual a

comunidade fixa os grandes objetivos para a cidade. Trata-se de uma

metodologia que possibilitará a participação popular num planejamento 24

efetivamente aberto e democrático”.

Os problemas do espaço urbano foram expostos do ponto de vista

econômico e social, mas a principal ênfase foi para os prejuízos que a

expansão periférica trouxe para o assentamento da população com

baixos níveis de renda. Os problemas com a produção e utilização

habitacional ficaram restritos à falta de condições financeiras da

população de baixa renda adquirir moradia.

Sobre as condições habitacionais da população foram apresentadas as

seguintes informações:

Autoconstrução em loteamentos clandestinos: em 1979

existiam 3567 loteamentos correspondentes a 35% da área

urbanizada;

Cortiço: “outra condição de moradia subnormal é representada

pelo 'cortiço', que é a forma que menos chama a atenção, tanto

do Poder Público quanto dos moradores da cidade, e que

1.2.3

Gestão Reynaldo Emygdio de Barros / Antonio Salim Curiati -

12/07/1979 a 14/03/1983

Data do último ano da gestão Reynaldo de Barros o relatório do “II 22

Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de São Paulo”

correspondente à primeira de uma série de procedimentos básicos que

deveriam conduzir à formulação e adoção do Plano Integrado. Porém,

até onde conseguimos verificar, o plano deu apenas o primeiro passo,

merecendo que sejam mencionados apenas seus objetivos.

21 SÃO PAULO (Município) - Cogep. op. cit. 1979. p. 42.

22 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado do Município de São Paulo PDDI II.

Primeira etapa: objetivos e diretrizes gerais. São Paulo, 1982.

23 Os mapas (que não oferecem boa leitura das informações) são: compartimentação da urbanização, incidência de terrenos vagos, atividades de uso do solo, predominância populacional por faixa de renda, densidade populacional, evolução da mancha urbana, condicionantes do sítio físico, índice de verticalização, preço de terreno, densidade de emprego, sistema de polarização, potencial de aglomeração, densidade populacional de baixa renda.

24 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 17.

41Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO40 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 43: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

encontrar e utilizar remédios que melhorem as condições de vida dessas

famílias, sem alimentar ilusões de que se irá extirpar os seus fatores 21

causais.”

Política de desenvolvimento da Área Central apresentava entre

suas justificativas a preocupação com os riscos de uma

“decadência econômica, levando a uma subutilização do enorme

volume de capitais historicamente aí acumulados”. Dentre as

medidas apresentadas, destacou-se um projeto de lei para

reduzir as exigências para alteração de uso dos edifícios

existentes com a finalidade de reduzir as demolições e

aproveitar capital já investido.

Seminár io Permanente de Debates . Foram suas

recomendações: abordagem nacional dos problemas e a

necessidade de ampliação dos recursos municipais tendo em

vista a falta de recursos federais; para tanto indica a ampliação da

arrecadação com a criação de novos instrumentos fiscais como o

solo criado, o IPTU mais elevado para terrenos vazios em áreas

equipadas com infra-estrutura, a contribuição de melhoria e o

IPTU progressivo. Não apareceu qualquer recomendação

explícita sobre a habitação.

A Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sehab) foi

criada durante essa gestão , ficando a Cohab e a Emurb a ela vinculadas.

d.

e.

O coordenador geral da equipe técnica era o arquiteto Luiz Carlos

Costa. Cerca de 70 profissionais estiveram envolvidos com o trabalho,

entre eles os arquitetos Flávio Villaça e Mayumi Watanabe Souza Lima.

As justificativas para sua elaboração estavam baseadas na constatação

de que o primeiro PDDI estava desatualizado e de que seriam utilizadas

técnicas de planejamento mais atuais. A divisão territorial do 23

município adotada no plano foi a de anéis: central, de urbanização

consolidada e periférico.

O Plano deveria enfrentar os impasses impostos pela pressão da

população de baixa renda sobre a Prefeitura Municipal de São Paulo

(PMSP) como um fato novo e pela deterioração do meio ambiente

ligada ao congestionamento das áreas centrais e ao padrão de expansão

periférica.

A metodologia proposta previa a simulação e avaliação de políticas

integradas por meio do instrumental Modelo de Uso do Solo e

Transportes (MUT):

“Essa metodologia pressupõe um nível básico no processo de

planejamento, de natureza mais política do que técnica, no qual a

comunidade fixa os grandes objetivos para a cidade. Trata-se de uma

metodologia que possibilitará a participação popular num planejamento 24

efetivamente aberto e democrático”.

Os problemas do espaço urbano foram expostos do ponto de vista

econômico e social, mas a principal ênfase foi para os prejuízos que a

expansão periférica trouxe para o assentamento da população com

baixos níveis de renda. Os problemas com a produção e utilização

habitacional ficaram restritos à falta de condições financeiras da

população de baixa renda adquirir moradia.

Sobre as condições habitacionais da população foram apresentadas as

seguintes informações:

Autoconstrução em loteamentos clandestinos: em 1979

existiam 3567 loteamentos correspondentes a 35% da área

urbanizada;

Cortiço: “outra condição de moradia subnormal é representada

pelo 'cortiço', que é a forma que menos chama a atenção, tanto

do Poder Público quanto dos moradores da cidade, e que

1.2.3

Gestão Reynaldo Emygdio de Barros / Antonio Salim Curiati -

12/07/1979 a 14/03/1983

Data do último ano da gestão Reynaldo de Barros o relatório do “II 22

Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de São Paulo”

correspondente à primeira de uma série de procedimentos básicos que

deveriam conduzir à formulação e adoção do Plano Integrado. Porém,

até onde conseguimos verificar, o plano deu apenas o primeiro passo,

merecendo que sejam mencionados apenas seus objetivos.

21 SÃO PAULO (Município) - Cogep. op. cit. 1979. p. 42.

22 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado do Município de São Paulo PDDI II.

Primeira etapa: objetivos e diretrizes gerais. São Paulo, 1982.

23 Os mapas (que não oferecem boa leitura das informações) são: compartimentação da urbanização, incidência de terrenos vagos, atividades de uso do solo, predominância populacional por faixa de renda, densidade populacional, evolução da mancha urbana, condicionantes do sítio físico, índice de verticalização, preço de terreno, densidade de emprego, sistema de polarização, potencial de aglomeração, densidade populacional de baixa renda.

24 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 17.

41Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO40 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 44: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

apresenta, no entanto, as mais baixas condições de salubridade

da habitação. Dados de 1975 indicavam que 9,3% da população

do Município de São Paulo morava em cortiços; todavia,

pesquisas mais recentes (ainda não completadas) permitem

deduzir que esse índice se elevou significativamente nos últimos 25

anos” ;

Favela: em 1980, 4,6% da população morava em favelas e a

estimativa para 1985 era de que esse número se elevasse para

6,4%.

No PDDI II, a Área Central é definida da seguinte forma:

“A área central é composta pelo centro metropolitano e por uma zona que o

envolve, caracterizada por alta concentração de atividades terciárias, de

um padrão de ocupação mais intenso que o resto da cidade.

O centro metropolitano atualmente

abrange o centro histórico e seu entorno,

chegando na direção sudoeste até a

Avenida Paulista. Configura-se como o

pólo de atração

pr inc ipal da

R e g i ã o

Metropolitana,

o n d e s e

c o n c e n t r a a

m a i o r i a d a s

funções-chave

de condução da

sociedade, tanto no setor

público como no privado

(as sedes das organizações

a d m i n i s t r a t i v a s e

financeiras), assim como

um comércio e um serviço 26

especializado.”

25 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 60.

26 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 65.

“O centro metropolitano apresenta uma tendência de expansão mais nítida

para a porção sudoeste da cidade, chegando até a Avenida Faria Lima”.

“O centro metropolitano atual com uma zona de expansão contígua que vai

até a Avenida Faria Lima (Mapa Estrutura Urbana Atual), abriga cerca de 27

530.000 habitantes assentados com uma densidade de 228 hab./ha”.

O PDDI II usa também a definição de aglomeração central composta

pelos subdistritos Sé, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Santa Cecília,

Santa Efigênia, Bom Retiro, Barra Funda, Perdizes, Pinheiros, Vila

Madalena, Brás, Belém, Moóca, Pari, Cambuci, Aclimação, Jardins e

Cerqueira César.

No tocante aos objetivos e diretrizes ligados à questão habitacional

destacamos:

“Levando-se em conta o alto custo de terrenos, na composição final do

custo de habitação, os recursos para esses subsídios poderão ser reduzidos

por meio de uma política imobiliária adequada, notadamente a compra

antecipada de terras em áreas recomendadas pelo PDDI II, para a 28

implantação de conjuntos habitacionais”.

Indicava-se que a produção habitacional deveria ser orientada para

ampliar significativamente o setor popular com:

Ampliação da escala da produção de maneira diversificada;

Ampliação da participação da iniciativa privada na produção;

Estimulo às indústria da construção civil e de materiais de

construção;

Orientação da localização para racionalizar a ocupação do

território;

Implementação de um programa de ocupação do estoque de

terras públicas para a produção habitacional;

Ampliação da oferta de terra para habitações populares.

Quanto à produção imobiliária, destacamos entre os objetivos

explícitos: induzir os proprietários a usar imóveis subtilizados, “criar

condições ao processo de produção imobiliária que permita à coletividade

apropriar-se de parte da valorização imobiliária decorrente de

investimentos coletivos, especialmente os públicos” e “impor

27 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 66.

28 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 107.

Figura 1.5

Perímetroda AglomeraçãoCentral

Norte 1

Perus

Jaraguá Brasilândia

V.N. Cachoeirinha

N. Sra. do Ó

Tucuruvi

Santana

Vila Maria

Vila Guilherme

Vila Prudente

Vila Mariana

Vila Madalena

Jd.Paulista

Jd.América

Pinheiros

Ipiranga

Saúde

Indianópolis

Liberdade

Jabaquara

Ibirapuera

Santo Amaro

Butantã

LapaBrás

Sta. EfigêniaSta. Cecília

Barra FundaBom Retiro Pari

Belenzinho

Cambuci

Aclimação

Bela Vista

Móoca Alto da Móoca

Perdizes

Consolação

CerqueiraCésar

Vila Formosa

Vila Matilde

Tatuapé

Penha de Franca

Cangaíba

ErmelindoMatarazzoVila

Jaraguá

Pirituba

LimãoCasa Verde

Norte 2

Leste 1

Sudeste

Oeste

CentroExpandido

Centro Histórico

43Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO42 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 45: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

apresenta, no entanto, as mais baixas condições de salubridade

da habitação. Dados de 1975 indicavam que 9,3% da população

do Município de São Paulo morava em cortiços; todavia,

pesquisas mais recentes (ainda não completadas) permitem

deduzir que esse índice se elevou significativamente nos últimos 25

anos” ;

Favela: em 1980, 4,6% da população morava em favelas e a

estimativa para 1985 era de que esse número se elevasse para

6,4%.

No PDDI II, a Área Central é definida da seguinte forma:

“A área central é composta pelo centro metropolitano e por uma zona que o

envolve, caracterizada por alta concentração de atividades terciárias, de

um padrão de ocupação mais intenso que o resto da cidade.

O centro metropolitano atualmente

abrange o centro histórico e seu entorno,

chegando na direção sudoeste até a

Avenida Paulista. Configura-se como o

pólo de atração

pr inc ipal da

R e g i ã o

Metropolitana,

o n d e s e

c o n c e n t r a a

m a i o r i a d a s

funções-chave

de condução da

sociedade, tanto no setor

público como no privado

(as sedes das organizações

a d m i n i s t r a t i v a s e

financeiras), assim como

um comércio e um serviço 26

especializado.”

25 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 60.

26 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 65.

“O centro metropolitano apresenta uma tendência de expansão mais nítida

para a porção sudoeste da cidade, chegando até a Avenida Faria Lima”.

“O centro metropolitano atual com uma zona de expansão contígua que vai

até a Avenida Faria Lima (Mapa Estrutura Urbana Atual), abriga cerca de 27

530.000 habitantes assentados com uma densidade de 228 hab./ha”.

O PDDI II usa também a definição de aglomeração central composta

pelos subdistritos Sé, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Santa Cecília,

Santa Efigênia, Bom Retiro, Barra Funda, Perdizes, Pinheiros, Vila

Madalena, Brás, Belém, Moóca, Pari, Cambuci, Aclimação, Jardins e

Cerqueira César.

No tocante aos objetivos e diretrizes ligados à questão habitacional

destacamos:

“Levando-se em conta o alto custo de terrenos, na composição final do

custo de habitação, os recursos para esses subsídios poderão ser reduzidos

por meio de uma política imobiliária adequada, notadamente a compra

antecipada de terras em áreas recomendadas pelo PDDI II, para a 28

implantação de conjuntos habitacionais”.

Indicava-se que a produção habitacional deveria ser orientada para

ampliar significativamente o setor popular com:

Ampliação da escala da produção de maneira diversificada;

Ampliação da participação da iniciativa privada na produção;

Estimulo às indústria da construção civil e de materiais de

construção;

Orientação da localização para racionalizar a ocupação do

território;

Implementação de um programa de ocupação do estoque de

terras públicas para a produção habitacional;

Ampliação da oferta de terra para habitações populares.

Quanto à produção imobiliária, destacamos entre os objetivos

explícitos: induzir os proprietários a usar imóveis subtilizados, “criar

condições ao processo de produção imobiliária que permita à coletividade

apropriar-se de parte da valorização imobiliária decorrente de

investimentos coletivos, especialmente os públicos” e “impor

27 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 66.

28 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1982. p. 107.

Figura 1.5

Perímetroda AglomeraçãoCentral

Norte 1

Perus

Jaraguá Brasilândia

V.N. Cachoeirinha

N. Sra. do Ó

Tucuruvi

Santana

Vila Maria

Vila Guilherme

Vila Prudente

Vila Mariana

Vila Madalena

Jd.Paulista

Jd.América

Pinheiros

Ipiranga

Saúde

Indianópolis

Liberdade

Jabaquara

Ibirapuera

Santo Amaro

Butantã

LapaBrás

Sta. EfigêniaSta. Cecília

Barra FundaBom Retiro Pari

Belenzinho

Cambuci

Aclimação

Bela Vista

Móoca Alto da Móoca

Perdizes

Consolação

CerqueiraCésar

Vila Formosa

Vila Matilde

Tatuapé

Penha de Franca

Cangaíba

ErmelindoMatarazzoVila

Jaraguá

Pirituba

LimãoCasa Verde

Norte 2

Leste 1

Sudeste

Oeste

CentroExpandido

Centro Histórico

43Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO42 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 46: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

condicionantes à atividade imobiliária, de forma a obter ou conservar

características do ambiente urbano escolhidas pelos cidadãos como

objetivos coletivos”.

Os objetivos e diretrizes relativos à estrutura urbana não mencionam o

uso habitacional na Área Central, referindo-se apenas à melhoria da

acessibilidade e dos eixos comerciais. Apesar das diretrizes indicarem a

localização dos conjuntos habitacionais nas áreas mais centrais, o texto

do PDDI II não cita de forma explícita a ampliação da habitação social na

Área Central ou no Centro Metropolitano.

O principal foco desse plano estava na contenção da expansão da área

urbanizada combinada com a intensificação de uso nas áreas

urbanizadas que comportassem adensamento e com a utilização dos

vazios e imóveis subutilizados.

A proposta para a política habitacional tratava da necessidade de

ampliação e diversificação da oferta, incluindo entre as opções

programas de habitação de aluguel, de renovação e/ou recuperação

urbana em áreas deterioradas e a regularização de assentamentos

subnormais.

A estratégia para a política imobiliária era a constituição de um estoque

público de terras e, para tanto, o poder público teria prioridade na

aquisição em áreas onde ocorressem intervenções que resultassem em

valorização imobiliária.

“A extração de recursos do processo imobiliário é de grande importância

para que o Poder Público possa subsidiar programas habitacionais

destinados principalmente à população de baixos rendimentos, e

patrocinar a aquisição de terras e sua urbanização através das operações

imobiliárias”.

Foi proposta ainda a criação do Fundo Municipal de Desenvolvimento

Urbano e Habitacional com controle da comunidade na sua definição e

gestão.

Cabe ressaltar que esse Plano não chegou a se transformar em lei

tendo-se tornado letra morta.

No segundo ano da gestão de Mário Covas, foi publicado o “Plano 29

Habitacional do Município de São Paulo 1983/1987” . O Plano era

composto por políticas, programas e ações complementares. As

políticas voltavam-se para as questões das terras, dos recursos, da

participação da iniciativa privada e da participação da comunidade. Os

programas do Plano Habitacional eram:

Lotes urbanizados;

Lotes urbanizados com embrião;

Oferta de unidades habitacionais acabadas;

Urbanização de favelas;

Melhoria em cortiços existentes;

Melhoria em loteamentos precários;

Oferta de habitação de aluguel.

Já as ações complementares voltavam-se para:

Apoio técnico-administrativo à autoconstrução e mutirão;

Suprimento de materiais de construção;

Revisão da legislação sobre habitação popular;

Constituição de um sistema de informações habitacionais.

No Plano Habitacional do Município, a moradia é tida como um direito

e o conceito adotado no texto foi o da habitação “vista não apenas como

um abrigo e sim como uma unidade física e familiar inserida no meio

urbano, com seus complementos de paisagem, infra-estrutura, transporte,

abastecimento e equipamentos sociais”.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

1.3

A década de 1980: Gestões Mário Covas, Jânio Quadros e Luiza Erundina

1.3.1

Gestão Mário Covas Júnior - 11/05/1983 a 31/12/1985

29 SÃO PAULO (Município) - Sempla; Sehab; Fabes. Plano Habitacional do Município de São Paulo: 1983-1987. São Paulo: Sempla, 1983.

45Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO44 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 47: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

condicionantes à atividade imobiliária, de forma a obter ou conservar

características do ambiente urbano escolhidas pelos cidadãos como

objetivos coletivos”.

Os objetivos e diretrizes relativos à estrutura urbana não mencionam o

uso habitacional na Área Central, referindo-se apenas à melhoria da

acessibilidade e dos eixos comerciais. Apesar das diretrizes indicarem a

localização dos conjuntos habitacionais nas áreas mais centrais, o texto

do PDDI II não cita de forma explícita a ampliação da habitação social na

Área Central ou no Centro Metropolitano.

O principal foco desse plano estava na contenção da expansão da área

urbanizada combinada com a intensificação de uso nas áreas

urbanizadas que comportassem adensamento e com a utilização dos

vazios e imóveis subutilizados.

A proposta para a política habitacional tratava da necessidade de

ampliação e diversificação da oferta, incluindo entre as opções

programas de habitação de aluguel, de renovação e/ou recuperação

urbana em áreas deterioradas e a regularização de assentamentos

subnormais.

A estratégia para a política imobiliária era a constituição de um estoque

público de terras e, para tanto, o poder público teria prioridade na

aquisição em áreas onde ocorressem intervenções que resultassem em

valorização imobiliária.

“A extração de recursos do processo imobiliário é de grande importância

para que o Poder Público possa subsidiar programas habitacionais

destinados principalmente à população de baixos rendimentos, e

patrocinar a aquisição de terras e sua urbanização através das operações

imobiliárias”.

Foi proposta ainda a criação do Fundo Municipal de Desenvolvimento

Urbano e Habitacional com controle da comunidade na sua definição e

gestão.

Cabe ressaltar que esse Plano não chegou a se transformar em lei

tendo-se tornado letra morta.

No segundo ano da gestão de Mário Covas, foi publicado o “Plano 29

Habitacional do Município de São Paulo 1983/1987” . O Plano era

composto por políticas, programas e ações complementares. As

políticas voltavam-se para as questões das terras, dos recursos, da

participação da iniciativa privada e da participação da comunidade. Os

programas do Plano Habitacional eram:

Lotes urbanizados;

Lotes urbanizados com embrião;

Oferta de unidades habitacionais acabadas;

Urbanização de favelas;

Melhoria em cortiços existentes;

Melhoria em loteamentos precários;

Oferta de habitação de aluguel.

Já as ações complementares voltavam-se para:

Apoio técnico-administrativo à autoconstrução e mutirão;

Suprimento de materiais de construção;

Revisão da legislação sobre habitação popular;

Constituição de um sistema de informações habitacionais.

No Plano Habitacional do Município, a moradia é tida como um direito

e o conceito adotado no texto foi o da habitação “vista não apenas como

um abrigo e sim como uma unidade física e familiar inserida no meio

urbano, com seus complementos de paisagem, infra-estrutura, transporte,

abastecimento e equipamentos sociais”.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

1.3

A década de 1980: Gestões Mário Covas, Jânio Quadros e Luiza Erundina

1.3.1

Gestão Mário Covas Júnior - 11/05/1983 a 31/12/1985

29 SÃO PAULO (Município) - Sempla; Sehab; Fabes. Plano Habitacional do Município de São Paulo: 1983-1987. São Paulo: Sempla, 1983.

45Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO44 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 48: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Na política de terras destacam-se como uma medida para a ampliação

do estoque público e a revisão do IPTU tendo em vista o estímulo à

ocupação habitacional das áreas servidas por infra-estrutura. Na

política de recursos estava prevista a reestruturação do Funaps (Fundo

de Atendimento à População Moradora em Habitação Subnormal) para

funcionar com financiamentos e subsídios. A política de participação da

iniciativa privada indicava as operações urbanas como forma de

obtenção de terras para a implementação de programas de Habitação

de Interesse Social (HIS).

O programa de melhoria em cortiços teve como objetivo a reforma dos

imóveis encortiçados e a definição de critérios para regularização e

fiscalização. Os usuários do programa seriam os próprios moradores. A

estimativa do programa era de atendimento a 7.000 famílias até 1987, o

que representava 390 imóveis e 20.860 moradores. A linha de ação

envolvia: escolha de área para intervenção considerando a

concentração de cortiços; “estímulo a formas coletivas para autogestão

do uso e manutenção do cortiço, relação com o proprietário e negociação

dos aluguéis, tendo em vista eliminar intermediários”; indicação de

soluções construtivas específicas; individualização da cobrança de

contas água e luz e intermediação da negociação entre moradores e

proprietários.

Os recursos para os proprietários reformarem seus imóveis seriam

provenientes do Funaps sob a forma de financiamento. A Fabes ficaria

responsável pelo gerenciamento do programa e pela realização de

pesquisa e cadastramento dos cortiços. A Sehab e a Secretaria

Municipal de Planejamento (Sempla) se encarregariam dos estudos

para “normalizar” os cortiços e as Secretarias de Finanças e das

Administrações Regionais pela execução de planos fiscais.

Os dados apresentados mostraram a existência de várias formas de 30

encortiçamento , porém apenas os identificados como casarão, vila

ou meias-águas seriam objeto de intervenção. A população moradora

de cortiços foi estimada em 9,3% da total do município a partir do

estudo conjunto realizado pela Sebes e pela Superintendência de

Habitação Popular (Habi) da Sehab, baseado nos dados do Cadastro

de Rendas Imobiliárias. No entanto, a conclusão sobre o problema dos

cortiços era de que nenhuma ação do poder público havia sido

30 O Plano adotou a definição de cortiço elaborada pela Sebes-Habi

em 1975: “co-habitação involuntária, cômodos alugados,

congestionamento, uso comum da cozinha e do banheiro, pouca ou

nenhuma privacidade e várias funções no mesmo cômodo.” P.54

empreendida até aquele momento e nem mesmo estudos

conclusivos.

O programa de oferta de habitação de aluguel previa a provisão, em

caráter experimental, da habitação desvinculada do compromisso de

compra visando atender famílias com renda entre 2 e 5 sm. Assim como

o programa de cortiços, esse também seria implementado em escala

reduzida devido à falta de experiência anterior, esses programas eram

tidos como inovadores.

Os recursos viriam de fontes oficiais, de agentes financeiros do SFH e da

iniciativa privada para a implantação do projeto piloto. O programa

seria gerido pela Sehab, por meio da Emurb e da Cohab.

Em 1985 foi apresentada a proposta do “Plano Diretor do Município de São 31

Paulo 1985-2000” elaborado pela equipe do então Secretário de

Planejamento Jorge Wilheim que era composta por mais de 100 técnicos,

dentre eles: Flávio Villaça, Luiz Carlos Costa e Rosa Kliass na

coordenação técnica; Ana Lúcia Ancona na área de Meio Ambiente;

Nádia Someck e Sarah Feldman nas questões de estrutura urbana e uso

do solo; Maura Pardini Bicudo Verás tratando da Habitação e Paul Singer

como consultor de estudos socioeconômicos. Foi elaborado no contexto

da redemocratização, antes da aprovação da Constituição de 1988.

Uma das metas do plano era resgatar o déficit social num prazo de 15

anos apesar dos altos custos que não deveriam onerar somente os

cofres municipais, Para isso a expectativa era de mudanças no plano

nacional, dentre elas:

“A modificação do regime jurídico da propriedade imobiliária urbana, com

vistas a possibilitar a execução da política fundiária proposta no Plano,

especialmente mediante a adoção de instrumentos legais novos, tais como

o direito de preempção, o direito de superfície, o uso compulsório do solo, a

tributação progressiva, instrumentos estes que autorizem o Município a 32

intervir democraticamente no meio urbano, no interesse da coletividade.”

O plano se anuncia como inovador no processo de planejamento

participativo, porém explicita que:

“Participar significa influir, mas não, necessariamente, decidir, sendo uma

prática que exercita e aperfeiçoa a democracia, aumentando a confiança

dos grupos sociais em si próprios. É uma prática contrária ao autoritarismo

31 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor do Município de São Paulo 1985-2000. São Paulo, 1985.

32 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 17

33 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 21.

47Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO46 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 49: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Na política de terras destacam-se como uma medida para a ampliação

do estoque público e a revisão do IPTU tendo em vista o estímulo à

ocupação habitacional das áreas servidas por infra-estrutura. Na

política de recursos estava prevista a reestruturação do Funaps (Fundo

de Atendimento à População Moradora em Habitação Subnormal) para

funcionar com financiamentos e subsídios. A política de participação da

iniciativa privada indicava as operações urbanas como forma de

obtenção de terras para a implementação de programas de Habitação

de Interesse Social (HIS).

O programa de melhoria em cortiços teve como objetivo a reforma dos

imóveis encortiçados e a definição de critérios para regularização e

fiscalização. Os usuários do programa seriam os próprios moradores. A

estimativa do programa era de atendimento a 7.000 famílias até 1987, o

que representava 390 imóveis e 20.860 moradores. A linha de ação

envolvia: escolha de área para intervenção considerando a

concentração de cortiços; “estímulo a formas coletivas para autogestão

do uso e manutenção do cortiço, relação com o proprietário e negociação

dos aluguéis, tendo em vista eliminar intermediários”; indicação de

soluções construtivas específicas; individualização da cobrança de

contas água e luz e intermediação da negociação entre moradores e

proprietários.

Os recursos para os proprietários reformarem seus imóveis seriam

provenientes do Funaps sob a forma de financiamento. A Fabes ficaria

responsável pelo gerenciamento do programa e pela realização de

pesquisa e cadastramento dos cortiços. A Sehab e a Secretaria

Municipal de Planejamento (Sempla) se encarregariam dos estudos

para “normalizar” os cortiços e as Secretarias de Finanças e das

Administrações Regionais pela execução de planos fiscais.

Os dados apresentados mostraram a existência de várias formas de 30

encortiçamento , porém apenas os identificados como casarão, vila

ou meias-águas seriam objeto de intervenção. A população moradora

de cortiços foi estimada em 9,3% da total do município a partir do

estudo conjunto realizado pela Sebes e pela Superintendência de

Habitação Popular (Habi) da Sehab, baseado nos dados do Cadastro

de Rendas Imobiliárias. No entanto, a conclusão sobre o problema dos

cortiços era de que nenhuma ação do poder público havia sido

30 O Plano adotou a definição de cortiço elaborada pela Sebes-Habi

em 1975: “co-habitação involuntária, cômodos alugados,

congestionamento, uso comum da cozinha e do banheiro, pouca ou

nenhuma privacidade e várias funções no mesmo cômodo.” P.54

empreendida até aquele momento e nem mesmo estudos

conclusivos.

O programa de oferta de habitação de aluguel previa a provisão, em

caráter experimental, da habitação desvinculada do compromisso de

compra visando atender famílias com renda entre 2 e 5 sm. Assim como

o programa de cortiços, esse também seria implementado em escala

reduzida devido à falta de experiência anterior, esses programas eram

tidos como inovadores.

Os recursos viriam de fontes oficiais, de agentes financeiros do SFH e da

iniciativa privada para a implantação do projeto piloto. O programa

seria gerido pela Sehab, por meio da Emurb e da Cohab.

Em 1985 foi apresentada a proposta do “Plano Diretor do Município de São 31

Paulo 1985-2000” elaborado pela equipe do então Secretário de

Planejamento Jorge Wilheim que era composta por mais de 100 técnicos,

dentre eles: Flávio Villaça, Luiz Carlos Costa e Rosa Kliass na

coordenação técnica; Ana Lúcia Ancona na área de Meio Ambiente;

Nádia Someck e Sarah Feldman nas questões de estrutura urbana e uso

do solo; Maura Pardini Bicudo Verás tratando da Habitação e Paul Singer

como consultor de estudos socioeconômicos. Foi elaborado no contexto

da redemocratização, antes da aprovação da Constituição de 1988.

Uma das metas do plano era resgatar o déficit social num prazo de 15

anos apesar dos altos custos que não deveriam onerar somente os

cofres municipais, Para isso a expectativa era de mudanças no plano

nacional, dentre elas:

“A modificação do regime jurídico da propriedade imobiliária urbana, com

vistas a possibilitar a execução da política fundiária proposta no Plano,

especialmente mediante a adoção de instrumentos legais novos, tais como

o direito de preempção, o direito de superfície, o uso compulsório do solo, a

tributação progressiva, instrumentos estes que autorizem o Município a 32

intervir democraticamente no meio urbano, no interesse da coletividade.”

O plano se anuncia como inovador no processo de planejamento

participativo, porém explicita que:

“Participar significa influir, mas não, necessariamente, decidir, sendo uma

prática que exercita e aperfeiçoa a democracia, aumentando a confiança

dos grupos sociais em si próprios. É uma prática contrária ao autoritarismo

31 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor do Município de São Paulo 1985-2000. São Paulo, 1985.

32 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 17

33 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 21.

47Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO46 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 50: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

e contrária à excessiva dependência dos cidadãos para com o Poder 33

Público”.

As divisões territoriais utilizadas no plano foram: Centro Expandido,

Anel Intermediário e Anel Periférico e para a Área Central foi adotada a

seguinte caracterização:

“A Área Central (Centro Expandido) vai do Rio Tietê, ao norte, aos bairros

do Paraíso e Cambuci, ao sul. A sudoeste atinge o Rio Pinheiros, incluindo os

Jardins e o Alto de Pinheiros. A oeste alcança a Água Branca e Perdizes, e a

leste o Belenzinho.

Trata-se de área caracterizada por intensa ocupação do solo, grande

congestionamento de trânsito e elevada concentração de renda.

Nesta Área Central, destaca-se, pela concentração comercial, o Centro

Principal, com cerca de 2 a 3 km de raio em torno da Praça da Sé, onde a

análise do grau de aproveitamento de

seus terrenos e a identificação de

áreas deter ioradas em suas

vizinhanças constituem provas da

estagnação que vem ocorrendo há 34

anos, especialmente a partir de 70”.

A e s t a g n a ç ã o a p a r e c e c o m o

decorrência do deslocamento das

atividades comerciais para a Paulista e

outras áreas:

“Desta forma, os problemas da

superocupação do so lo e o

conseqüente congestionamento do centro, ocorridos na década de 60,

reduziram-se sensivelmente, restando com isso no Centro Principal, áreas

onde o excelente potencial locacional e a infra-estrutura disponível

encontram-se subutilizados e deteriorados. Nessas áreas, as edificações 35

mais antigas vêm sendo gradativamente encortiçadas”.

Os dados utilizados para a quantificação das habitações subnormais

foram extraídos do Plano Municipal de Habitação e foram os

seguintes:

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

Tabela 1.8

Favela ~460.000 pessoas 5%

Aluguel em cortiço e em casa precária ~2.576.000 pessoas 28,0%

Casa própria autoconstruída precária ~2.024.000 pessoas 22,0%

Total ~5.060.000 pessoas 55,0%

Pop. Total do município 9.209.901 pessoas

Fonte: dados estimados pela Sempla em nov. 1983 p. 79

O principal comentário sobre o Centro Principal segue abaixo:

“Tendo em vista a disponibilidade de infra-

estrutura e as condições favoráveis de

acessibilidade do Centro Principal, e em face da

intensa atividade comercial e de serviços já

instalada, propõe-se oferecer habitação às

camadas de renda média e média baixa,

através de renovação urbana em áreas

desapropriadas e subocupadas, existentes nas

vizinhanças do Centro, notadamente em

partes da Bela Vista, dos Campos Elíseos e da

Liberdade. Para tanto, impõe-se a implantação

de projetos de renovação urbana dos quais

participem os empresários imobiliários, os

construtores, os proprietários dos terrenos a

serem reurbanizados e a Prefeitura.

A fim de viabilizar economicamente estes

projetos, nos quais as habitações destinar-se-iam

a famílias pequenas (típicas de áreas centrais),

com renda familiar compreendida entre cinco e

dez salários mínimos, serão necessárias

alterações no zoneamento, de modo a permitir

índices de aproveitamento mais altos e assim

neutralizar os preços dos terrenos, relativamente 36

elevados.”

“Desta forma, há necessidade de serem elaborados projetos urbanos

específicos para tais áreas, como ponto de partida para operações urbanas,

isto é, para intervenções pontuais concentradas.

34 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. P..28.

Figura 1.6

Limite da Área Central

(Centro Expandido)

49Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO48 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

35 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 28.

36 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 150.

Figura 1.7

Perímetro do Centro Principaldo Plano Diretor 1985-2000

Norte 1

Perus

Jaraguá Brasilândia

V.N. Cachoeirinha

N. Sra. do Ó

Tucuruvi

Santana

Vila MariaVila Guilherme

Vila Mariana

Vila Madalena

Jd.Paulista

Jd.América

Pinheiros

Ipiranga

Saúde

Indianópolis

Liberdade

Jabaquara

Ibirapuera

Santo Amaro

Butantã

LapaBrás

Sta. EfigêniaPari

Sta. Cecília

Barra Funda Bom Retiro

Belenzinho

Cambuci

Aclimação

Bela VistaMóoca

Alto da Móoca

Perdizes

Consolação

CerqueiraCésar

Vila Jaraguá

Pirituba

LimãoCasa Verde

Norte 2

Leste 1

Oeste

CentroExpandido

CentroHistórico

Page 51: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

e contrária à excessiva dependência dos cidadãos para com o Poder 33

Público”.

As divisões territoriais utilizadas no plano foram: Centro Expandido,

Anel Intermediário e Anel Periférico e para a Área Central foi adotada a

seguinte caracterização:

“A Área Central (Centro Expandido) vai do Rio Tietê, ao norte, aos bairros

do Paraíso e Cambuci, ao sul. A sudoeste atinge o Rio Pinheiros, incluindo os

Jardins e o Alto de Pinheiros. A oeste alcança a Água Branca e Perdizes, e a

leste o Belenzinho.

Trata-se de área caracterizada por intensa ocupação do solo, grande

congestionamento de trânsito e elevada concentração de renda.

Nesta Área Central, destaca-se, pela concentração comercial, o Centro

Principal, com cerca de 2 a 3 km de raio em torno da Praça da Sé, onde a

análise do grau de aproveitamento de

seus terrenos e a identificação de

áreas deter ioradas em suas

vizinhanças constituem provas da

estagnação que vem ocorrendo há 34

anos, especialmente a partir de 70”.

A e s t a g n a ç ã o a p a r e c e c o m o

decorrência do deslocamento das

atividades comerciais para a Paulista e

outras áreas:

“Desta forma, os problemas da

superocupação do so lo e o

conseqüente congestionamento do centro, ocorridos na década de 60,

reduziram-se sensivelmente, restando com isso no Centro Principal, áreas

onde o excelente potencial locacional e a infra-estrutura disponível

encontram-se subutilizados e deteriorados. Nessas áreas, as edificações 35

mais antigas vêm sendo gradativamente encortiçadas”.

Os dados utilizados para a quantificação das habitações subnormais

foram extraídos do Plano Municipal de Habitação e foram os

seguintes:

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

Tabela 1.8

Favela ~460.000 pessoas 5%

Aluguel em cortiço e em casa precária ~2.576.000 pessoas 28,0%

Casa própria autoconstruída precária ~2.024.000 pessoas 22,0%

Total ~5.060.000 pessoas 55,0%

Pop. Total do município 9.209.901 pessoas

Fonte: dados estimados pela Sempla em nov. 1983 p. 79

O principal comentário sobre o Centro Principal segue abaixo:

“Tendo em vista a disponibilidade de infra-

estrutura e as condições favoráveis de

acessibilidade do Centro Principal, e em face da

intensa atividade comercial e de serviços já

instalada, propõe-se oferecer habitação às

camadas de renda média e média baixa,

através de renovação urbana em áreas

desapropriadas e subocupadas, existentes nas

vizinhanças do Centro, notadamente em

partes da Bela Vista, dos Campos Elíseos e da

Liberdade. Para tanto, impõe-se a implantação

de projetos de renovação urbana dos quais

participem os empresários imobiliários, os

construtores, os proprietários dos terrenos a

serem reurbanizados e a Prefeitura.

A fim de viabilizar economicamente estes

projetos, nos quais as habitações destinar-se-iam

a famílias pequenas (típicas de áreas centrais),

com renda familiar compreendida entre cinco e

dez salários mínimos, serão necessárias

alterações no zoneamento, de modo a permitir

índices de aproveitamento mais altos e assim

neutralizar os preços dos terrenos, relativamente 36

elevados.”

“Desta forma, há necessidade de serem elaborados projetos urbanos

específicos para tais áreas, como ponto de partida para operações urbanas,

isto é, para intervenções pontuais concentradas.

34 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. P..28.

Figura 1.6

Limite da Área Central

(Centro Expandido)

49Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO48 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

35 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 28.

36 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 150.

Figura 1.7

Perímetro do Centro Principaldo Plano Diretor 1985-2000

Norte 1

Perus

Jaraguá Brasilândia

V.N. Cachoeirinha

N. Sra. do Ó

Tucuruvi

Santana

Vila MariaVila Guilherme

Vila Mariana

Vila Madalena

Jd.Paulista

Jd.América

Pinheiros

Ipiranga

Saúde

Indianópolis

Liberdade

Jabaquara

Ibirapuera

Santo Amaro

Butantã

LapaBrás

Sta. EfigêniaPari

Sta. Cecília

Barra Funda Bom Retiro

Belenzinho

Cambuci

Aclimação

Bela VistaMóoca

Alto da Móoca

Perdizes

Consolação

CerqueiraCésar

Vila Jaraguá

Pirituba

LimãoCasa Verde

Norte 2

Leste 1

Oeste

CentroExpandido

CentroHistórico

Page 52: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Do ponto de vista das famílias, a construção de conjuntos residenciais no

Centro representa o aproveitamento de uma área privilegiada pela

disponibilidade de infra-estrutura, comércio, serviços e transporte. Do

ponto de vista do comércio e serviços centrais, esta proposta resulta em

uma clientela adicional que não surgiria pela atual tendência espontânea

de crescimento populacional, pois no Centro esse crescimento encontra-se

estagnado, decorrendo, portanto, desta proposta, o desenvolvimento do 37

comércio e dos serviços.”

Nesse sentido também merece destaque a descrição de uma das áreas

delimitadas para a aplicação dos programas habitacionais propostos no

Plano Habitacional de 1983:

“Áreas preferenciais para produção de habitação para população de renda

média (5 a 10 sm). Caracterizam-se pela localização privilegiada no

entorno do Centro e pelo subaproveitamento do potencial de urbanização

existente, onde se intenciona incentivar a verticalização e a reciclagem de

imóveis existentes. Estão contidas nos subdistritos: Barra Funda, Bom

Retiro, Pari, Santa Ifigênia, Brás, Moóca, Belenzinho, Alto da Moóca”.

O principal instrumento proposto no sentido de viabilizar as propostas

acima apresentadas foi a operação urbana:

“Torna-se necessário que se desenvolva uma forma inovadora de ação

direta do Poder Público na urbanização de áreas determinadas, nas quais

se pretenda obter alterações importantes no padrão de uso e ocupação do

solo, não só para a concretização de transformações urbanísticas

objetivadas pelo Plano Diretor em pontos chaves da Cidade ou no seu

entorno, mas também para viabilizar o assentamento de habitações

populares em áreas que não comportariam este uso nas condições 38

correntes do mercado imobiliário.”

Foram propostas 35 operações urbanas, dentre elas a Centro. Dentre

as ações previstas para a Operação Urbana Centro está o Projeto

urbano de adensamento habitacional na Bela Vista; nos Campos Elíseos

e na Liberdade. Ficou evidente, no entanto, que as operações urbanas

com interesse voltado para a habitação popular continuavam nos

bairros periféricos e não na Área Central.

Ainda foram indicadas como ações do município: ampliação do papel da

Prefeitura como promotora imobiliária com aumento na intervenção

37 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 151.

38 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 196.

no mercado de terra urbana chegando até a atuar como reguladora do

preço da terra; uso da transferência do direito de construir para reduzir

os custos com desapropriações; esforço para a aprovação do Projeto

de Lei de Desenvolvimento Urbano do qual constam os instrumentos:

direito de preempção, de uso de superfície e de utilização compulsória

do solo.

39Em 1985 foi publicado o estudo “Cortiços em São Paulo, frente e verso”

com os resultados de uma pesquisa realizada pela Sempla. Alguns

aspectos adotados no conceito de cortiço são: habitação coletiva com

“índice de ocupação excessivo; deficiências de instalações hidráulicas e

sanitárias; cômodos alugados e congestionados com uso comum do

banheiro e, eventualmente de cozinhas; várias funções exercidas no

mesmo cômodo; cohabitação involuntária e pouca ou nenhuma 40

privacidade” . Além desses, consta o fato do cortiço ser uma fonte de

geração de renda. Os proprietários e/ou sublocadores exploram os

moradores com aluguéis incompatíveis com a qualidade das moradias.

O estudo apresentou um breve histórico da formação dos cortiços em

São Paulo desde o final do século XIX. Apontou, ainda, a proximidade

entre os cortiços e os bairros ricos ter sido o grande motivo para a

intervenção do poder público, particularmente por meio dos Códigos

Sanitários. O cortiço foi a única alternativa habitacional para os pobres

até 1950 quando a autoconstrução periférica assumiu uma escala

grandiosa, apesar de já existir anteriormente.

“... a reduzida experiência que o Poder Municipal possui na intervenção nos

cortiços sugere a priori a necessidade de um conhecimento mais concreto

sobre o fenômeno, que aborde com profundidade suas especificidades

permitindo, senão estabelecer parâmetros para possíveis intervenções, ao 41

menos servir de subsídio para sua exeqüibilidade.”

O estudo indica que a população residente em cortiços em 1961, de

acordo com Lagenest (1962), era de 18% do total de moradores que

1.3.2

Gestão Jânio da Silva Quadros - 01/01/1986 a 31/12/1988

39 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Cortiços em São Paulo, frente e verso. São Paulo: Sempla, 1985.

40 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit,. São Paulo, 1985. p. 13.

41 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit,. São Paulo, 1985. p. 14.

51Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO50 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 53: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Do ponto de vista das famílias, a construção de conjuntos residenciais no

Centro representa o aproveitamento de uma área privilegiada pela

disponibilidade de infra-estrutura, comércio, serviços e transporte. Do

ponto de vista do comércio e serviços centrais, esta proposta resulta em

uma clientela adicional que não surgiria pela atual tendência espontânea

de crescimento populacional, pois no Centro esse crescimento encontra-se

estagnado, decorrendo, portanto, desta proposta, o desenvolvimento do 37

comércio e dos serviços.”

Nesse sentido também merece destaque a descrição de uma das áreas

delimitadas para a aplicação dos programas habitacionais propostos no

Plano Habitacional de 1983:

“Áreas preferenciais para produção de habitação para população de renda

média (5 a 10 sm). Caracterizam-se pela localização privilegiada no

entorno do Centro e pelo subaproveitamento do potencial de urbanização

existente, onde se intenciona incentivar a verticalização e a reciclagem de

imóveis existentes. Estão contidas nos subdistritos: Barra Funda, Bom

Retiro, Pari, Santa Ifigênia, Brás, Moóca, Belenzinho, Alto da Moóca”.

O principal instrumento proposto no sentido de viabilizar as propostas

acima apresentadas foi a operação urbana:

“Torna-se necessário que se desenvolva uma forma inovadora de ação

direta do Poder Público na urbanização de áreas determinadas, nas quais

se pretenda obter alterações importantes no padrão de uso e ocupação do

solo, não só para a concretização de transformações urbanísticas

objetivadas pelo Plano Diretor em pontos chaves da Cidade ou no seu

entorno, mas também para viabilizar o assentamento de habitações

populares em áreas que não comportariam este uso nas condições 38

correntes do mercado imobiliário.”

Foram propostas 35 operações urbanas, dentre elas a Centro. Dentre

as ações previstas para a Operação Urbana Centro está o Projeto

urbano de adensamento habitacional na Bela Vista; nos Campos Elíseos

e na Liberdade. Ficou evidente, no entanto, que as operações urbanas

com interesse voltado para a habitação popular continuavam nos

bairros periféricos e não na Área Central.

Ainda foram indicadas como ações do município: ampliação do papel da

Prefeitura como promotora imobiliária com aumento na intervenção

37 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 151.

38 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit, 1985. p. 196.

no mercado de terra urbana chegando até a atuar como reguladora do

preço da terra; uso da transferência do direito de construir para reduzir

os custos com desapropriações; esforço para a aprovação do Projeto

de Lei de Desenvolvimento Urbano do qual constam os instrumentos:

direito de preempção, de uso de superfície e de utilização compulsória

do solo.

39Em 1985 foi publicado o estudo “Cortiços em São Paulo, frente e verso”

com os resultados de uma pesquisa realizada pela Sempla. Alguns

aspectos adotados no conceito de cortiço são: habitação coletiva com

“índice de ocupação excessivo; deficiências de instalações hidráulicas e

sanitárias; cômodos alugados e congestionados com uso comum do

banheiro e, eventualmente de cozinhas; várias funções exercidas no

mesmo cômodo; cohabitação involuntária e pouca ou nenhuma 40

privacidade” . Além desses, consta o fato do cortiço ser uma fonte de

geração de renda. Os proprietários e/ou sublocadores exploram os

moradores com aluguéis incompatíveis com a qualidade das moradias.

O estudo apresentou um breve histórico da formação dos cortiços em

São Paulo desde o final do século XIX. Apontou, ainda, a proximidade

entre os cortiços e os bairros ricos ter sido o grande motivo para a

intervenção do poder público, particularmente por meio dos Códigos

Sanitários. O cortiço foi a única alternativa habitacional para os pobres

até 1950 quando a autoconstrução periférica assumiu uma escala

grandiosa, apesar de já existir anteriormente.

“... a reduzida experiência que o Poder Municipal possui na intervenção nos

cortiços sugere a priori a necessidade de um conhecimento mais concreto

sobre o fenômeno, que aborde com profundidade suas especificidades

permitindo, senão estabelecer parâmetros para possíveis intervenções, ao 41

menos servir de subsídio para sua exeqüibilidade.”

O estudo indica que a população residente em cortiços em 1961, de

acordo com Lagenest (1962), era de 18% do total de moradores que

1.3.2

Gestão Jânio da Silva Quadros - 01/01/1986 a 31/12/1988

39 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Cortiços em São Paulo, frente e verso. São Paulo: Sempla, 1985.

40 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit,. São Paulo, 1985. p. 13.

41 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit,. São Paulo, 1985. p. 14.

51Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO50 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 54: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

estavam concentrados na Consolação, Bom Retiro, Campos Elíseos,

Santa Efigênia, Barra Funda, Brás, Belém, Liberdade, Cambuci, Moóca

e Bela Vista. Indica também uma relação entre encortiçamento e

deterioração urbana.

“A comparação entre o padrão residencial original dos entornos e seu

padrão atual serviu para investigar a vinculação do encortiçamento à

deterioração urbana, entendida como processo no qual determinadas 42

áreas são abandonadas pelos extratos sociais que a habitavam.”

A Sempla realizou pesquisa em 65 cortiços do município, no período de

junho a dezembro de 1984, com objetivo de fazer a caracterização

física, socioeconômica e a identificação tipológica dos cortiços. Do total

de 65 cortiços pesquisados, 30 se localizavam no anel central, 27 no

intermediário e 8 no anel periférico.

A classificação tipológica dos imóveis indicou:

Imóveis adaptados para cortiços - 46,2%

Imóveis concebidos como cortiços - 53,8%

42 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1985. p. 59.

No Anel Central, os imóveis adaptados corresponderam a 76,7% e os

concebidos a 23,3% do total de imóveis destinados a cortiços, sendo os

projetados a este fim anteriores a 1930. Os imóveis encortiçados do

Anel Central corresponderam a 46,2% do total de cortiços do

município.

Existia naquele momento uma forte indicação da necessidade de

intervir nos cortiços, sobretudo por ter a atuação da Sebes até então se

restringido a experiências-piloto.

Ainda na gestão de Jânio Quadros, foi aprovada, por decurso de prazo,

a Lei 10676/88 de 7 de novembro de 1988 instituindo o “Plano Diretor 43

do Município de São Paulo” .

1.3.3

Gestão Luiza Erundina de Souza - 01/01/1989 a 31/12/1992

O empenho explícito da PMSP para viabilizar uma política habitacional 44

na Área Central foi declarado, em 1990, pelo arquiteto Nabil Bonduki ,

então Superintendente de Habitação Popular. Considerava um desafio

que ainda não havia sido enfrentado no país e reforçava a importância

da questão diante do enorme crescimento dos cortiços e da

necessidade de romper com a expansão dos assentamentos

periféricos. A Sehab também se propôs a enfrentar o problema dos

cortiços com uma nova forma de moradia na Área Central e não mais

como uma questão de assistência social como aconteceu em gestões

anteriores. Foram desenvolvidas duas experiências piloto, uma para o

Casarão da Celso Garcia e outra para o conjunto Madre de Deus e foi

realizado um Concurso Público de Anteprojetos para Habitação

Popular no Brás. Com o título “Emurb vence a contradição e resgata o

centro da cidade”, o encarte “Resgate da Área Central”, publicado em

1991 pela Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), apresenta

todos os projetos propostos para Área Central. A referida contradição

era investir no Centro ou na periferia da cidade, onde se concentrava a

base eleitoral da prefeita Luiza Erundina. Os projetos Vale do

Anhangabaú, Boulevard São João, Parque D.Pedro II, Concurso do

Bairro do Bexiga, a Operação Urbana e uma proposta para pautar a

relação entre o poder público e a iniciativa privada faziam parte do

conjunto de propostas para recuperar o Centro.

As propostas habitacionais para a região central de São Paulo foram

consolidadas no documento “Cortiços. Programa de Habitações

43 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de São Paulo. São Paulo, 1988.

44SÃO PAULO (Município) - Sehab. A política que a prefeitura está praticando in Suplemento Especial Habitação e Urbanismo. São Paulo: Revista Projeto, 1990.

Figura 1.8

Cortiço concebido

53Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO52 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

BO

ND

UK

I

Page 55: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

estavam concentrados na Consolação, Bom Retiro, Campos Elíseos,

Santa Efigênia, Barra Funda, Brás, Belém, Liberdade, Cambuci, Moóca

e Bela Vista. Indica também uma relação entre encortiçamento e

deterioração urbana.

“A comparação entre o padrão residencial original dos entornos e seu

padrão atual serviu para investigar a vinculação do encortiçamento à

deterioração urbana, entendida como processo no qual determinadas 42

áreas são abandonadas pelos extratos sociais que a habitavam.”

A Sempla realizou pesquisa em 65 cortiços do município, no período de

junho a dezembro de 1984, com objetivo de fazer a caracterização

física, socioeconômica e a identificação tipológica dos cortiços. Do total

de 65 cortiços pesquisados, 30 se localizavam no anel central, 27 no

intermediário e 8 no anel periférico.

A classificação tipológica dos imóveis indicou:

Imóveis adaptados para cortiços - 46,2%

Imóveis concebidos como cortiços - 53,8%

42 SÃO PAULO (Município) - Sempla. op. cit. 1985. p. 59.

No Anel Central, os imóveis adaptados corresponderam a 76,7% e os

concebidos a 23,3% do total de imóveis destinados a cortiços, sendo os

projetados a este fim anteriores a 1930. Os imóveis encortiçados do

Anel Central corresponderam a 46,2% do total de cortiços do

município.

Existia naquele momento uma forte indicação da necessidade de

intervir nos cortiços, sobretudo por ter a atuação da Sebes até então se

restringido a experiências-piloto.

Ainda na gestão de Jânio Quadros, foi aprovada, por decurso de prazo,

a Lei 10676/88 de 7 de novembro de 1988 instituindo o “Plano Diretor 43

do Município de São Paulo” .

1.3.3

Gestão Luiza Erundina de Souza - 01/01/1989 a 31/12/1992

O empenho explícito da PMSP para viabilizar uma política habitacional 44

na Área Central foi declarado, em 1990, pelo arquiteto Nabil Bonduki ,

então Superintendente de Habitação Popular. Considerava um desafio

que ainda não havia sido enfrentado no país e reforçava a importância

da questão diante do enorme crescimento dos cortiços e da

necessidade de romper com a expansão dos assentamentos

periféricos. A Sehab também se propôs a enfrentar o problema dos

cortiços com uma nova forma de moradia na Área Central e não mais

como uma questão de assistência social como aconteceu em gestões

anteriores. Foram desenvolvidas duas experiências piloto, uma para o

Casarão da Celso Garcia e outra para o conjunto Madre de Deus e foi

realizado um Concurso Público de Anteprojetos para Habitação

Popular no Brás. Com o título “Emurb vence a contradição e resgata o

centro da cidade”, o encarte “Resgate da Área Central”, publicado em

1991 pela Empresa Municipal de Urbanização (Emurb), apresenta

todos os projetos propostos para Área Central. A referida contradição

era investir no Centro ou na periferia da cidade, onde se concentrava a

base eleitoral da prefeita Luiza Erundina. Os projetos Vale do

Anhangabaú, Boulevard São João, Parque D.Pedro II, Concurso do

Bairro do Bexiga, a Operação Urbana e uma proposta para pautar a

relação entre o poder público e a iniciativa privada faziam parte do

conjunto de propostas para recuperar o Centro.

As propostas habitacionais para a região central de São Paulo foram

consolidadas no documento “Cortiços. Programa de Habitações

43 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de São Paulo. São Paulo, 1988.

44SÃO PAULO (Município) - Sehab. A política que a prefeitura está praticando in Suplemento Especial Habitação e Urbanismo. São Paulo: Revista Projeto, 1990.

Figura 1.8

Cortiço concebido

53Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO52 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

BO

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UK

I

Page 56: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

45Populares da Região Central de São Paulo” que detectou o aumento dos

cortiços na década de 1980, principalmente nos anéis central e

intermediário, como decorrência de um novo padrão de crescimento 46

da cidade. A análise, baseada em dados da Sempla , indicou que a

periferia cresceu menos que nas décadas anteriores e que houve um

aumento da população de baixa renda em determinados distritos do

anel central, como Liberdade, Brás, Santa Efigênia e Bom Retiro. Foram

apontadas como principais causas dessa mudança o empobrecimento

da classe trabalhadora e a mudança da legislação de loteamentos, Lei

6.766 de 1979. Estimou-se naquele momento que a parcela da

população que residia em cortiços era da ordem de 28%, ou seja, 3

milhões de pessoas. A estimativa da década anterior era de 1,7 milhão

ou 19% da população do município.

A definição de cortiço adotada no documento foi “habitação coletiva

precária de aluguel,constituída por cômodos alugados em uma ou mais

edificações no mesmo lote urbano, onde coabitam famílias e indivíduos sós

ou associados, com utilização comum, no todo ou em partes, de áreas de 47

acesso e de equipamentos sanitários e de serviços”.

Após a caracterização da problemática dos cortiços foram listados os

pontos mais relevantes para a formulação de um programa de

intervenção:

Distribuição espacial: concentração de cortiços na região central

onde o custo da terra é elevado, porém a infra-estrutura já está

instalada;

Estrutura fundiária: dificuldade em remembrar lotes inibe, de

certa forma, um processo de renovação urbana na área, apesar

da desvalorização imobiliária;

Condições de habitabilidade: precárias e, em alguns casos em

situações de risco;

Permanência da população moradora: perspectiva é responder

positivamente à demanda da população de permanecer nos

bairros centrais, principalmente aquela advinda dos movimentos

populares organizados.

A proposta habitacional para os cortiços estava respaldada pelo “Plano 48

Diretor do Município de São Paulo” elaborado pela Sempla que

45 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Cortiços, programa de

habitações populares na região central de São Paulo. São Paulo:

Sehab, 1992.

46 SÃO PAULO (Município) - Sempla. São Paulo Crise e

Mudança. São Paulo: Brasiliense, 1991.

47 SÃO PAULO (Município) - Sehab. op. cit. 1992.

48 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor do Município

de São Paulo. São Paulo, 1992.

propunha a delimitação de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS 49

4 ) para as áreas de cortiços. Além do Plano Diretor, a lei proposta pelo

vereador Luís Carlos Moura (lei 10.928 de 08 de janeiro de 1991)

definiu condições mínimas de habitabilidade para os cortiços.

As duas linhas de atuação do programa de cortiços foram:

Programa de produção de HIS;

Programa de recuperação de cortiços.

O programa de produção de HIS previa a produção de novas unidades

habitacionais, equipamentos para o bairro e regularização dos imóveis 2encortiçados. Os projetos teriam no mínimo 4.000 m e as áreas

escolhidas seriam definidas como ZEIS 4. Os bairros centrais e o Anel

Intermediário eram prioritários e as áreas de intervenção deveriam ter

como características: infra-estrutura com capacidade de adensamento,

subutilização ou existência de vazios, presença de imóveis

deteriorados, interesse urbanístico, concentração de população de

baixa renda e a possibilidade dos proprietários participarem dos 50

empreendimentos. O atendimento do Funaps seria para famílias com

renda entre 1 e 4 sm.

As ZEIS 4, além de deverem sempre estar vinculadas a um Plano de

Urbanização, tinham como padrões específicos para os 2empreendimentos: área máxima da unidade de 72 m , área média de 36

2 2m podendo chegar a 21 m para os casos de abrigar uma pessoa, área 2máxima de 10.000 m para lote de habitação multifamiliar, no máximo

um banheiro por unidade habitacional (uh), no máximo uma vaga de

estacionamento descoberto para cada 10 uh e densidade de até 1.500

hab/ha.

O Programa de recuperação de cortiços propôs instrumentos de

gestão conjunta entre poder público, movimentos populares e suas

assessorias técnicas. O programa estabeleceu dois subprogramas que

poderiam ser combinados:

Financiamento para aquisição de imóveis encortiçados por

famílias associadas, tendo como pressuposto a propriedade

coletiva do imóvel, com limite 400 UPF / família.

Financiamento para a reforma de imóvel encortiçado, com limite

350 UPF / família.

1.

2.

49 “ZEIS 4 - Áreas com concentração de habitação coletiva precária de aluguel onde haja interesse público de se promover programas h a b i t a c i o n a i s d e s t i n a d o s prioritariamente à população de baixa renda moradora da região”.

50 O valor máximo de financiamento era de 2.100 UPFs, equivalente na época a US$ 12.000,00.

55Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO54 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 57: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

45Populares da Região Central de São Paulo” que detectou o aumento dos

cortiços na década de 1980, principalmente nos anéis central e

intermediário, como decorrência de um novo padrão de crescimento 46

da cidade. A análise, baseada em dados da Sempla , indicou que a

periferia cresceu menos que nas décadas anteriores e que houve um

aumento da população de baixa renda em determinados distritos do

anel central, como Liberdade, Brás, Santa Efigênia e Bom Retiro. Foram

apontadas como principais causas dessa mudança o empobrecimento

da classe trabalhadora e a mudança da legislação de loteamentos, Lei

6.766 de 1979. Estimou-se naquele momento que a parcela da

população que residia em cortiços era da ordem de 28%, ou seja, 3

milhões de pessoas. A estimativa da década anterior era de 1,7 milhão

ou 19% da população do município.

A definição de cortiço adotada no documento foi “habitação coletiva

precária de aluguel,constituída por cômodos alugados em uma ou mais

edificações no mesmo lote urbano, onde coabitam famílias e indivíduos sós

ou associados, com utilização comum, no todo ou em partes, de áreas de 47

acesso e de equipamentos sanitários e de serviços”.

Após a caracterização da problemática dos cortiços foram listados os

pontos mais relevantes para a formulação de um programa de

intervenção:

Distribuição espacial: concentração de cortiços na região central

onde o custo da terra é elevado, porém a infra-estrutura já está

instalada;

Estrutura fundiária: dificuldade em remembrar lotes inibe, de

certa forma, um processo de renovação urbana na área, apesar

da desvalorização imobiliária;

Condições de habitabilidade: precárias e, em alguns casos em

situações de risco;

Permanência da população moradora: perspectiva é responder

positivamente à demanda da população de permanecer nos

bairros centrais, principalmente aquela advinda dos movimentos

populares organizados.

A proposta habitacional para os cortiços estava respaldada pelo “Plano 48

Diretor do Município de São Paulo” elaborado pela Sempla que

45 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Cortiços, programa de

habitações populares na região central de São Paulo. São Paulo:

Sehab, 1992.

46 SÃO PAULO (Município) - Sempla. São Paulo Crise e

Mudança. São Paulo: Brasiliense, 1991.

47 SÃO PAULO (Município) - Sehab. op. cit. 1992.

48 SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor do Município

de São Paulo. São Paulo, 1992.

propunha a delimitação de Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS 49

4 ) para as áreas de cortiços. Além do Plano Diretor, a lei proposta pelo

vereador Luís Carlos Moura (lei 10.928 de 08 de janeiro de 1991)

definiu condições mínimas de habitabilidade para os cortiços.

As duas linhas de atuação do programa de cortiços foram:

Programa de produção de HIS;

Programa de recuperação de cortiços.

O programa de produção de HIS previa a produção de novas unidades

habitacionais, equipamentos para o bairro e regularização dos imóveis 2encortiçados. Os projetos teriam no mínimo 4.000 m e as áreas

escolhidas seriam definidas como ZEIS 4. Os bairros centrais e o Anel

Intermediário eram prioritários e as áreas de intervenção deveriam ter

como características: infra-estrutura com capacidade de adensamento,

subutilização ou existência de vazios, presença de imóveis

deteriorados, interesse urbanístico, concentração de população de

baixa renda e a possibilidade dos proprietários participarem dos 50

empreendimentos. O atendimento do Funaps seria para famílias com

renda entre 1 e 4 sm.

As ZEIS 4, além de deverem sempre estar vinculadas a um Plano de

Urbanização, tinham como padrões específicos para os 2empreendimentos: área máxima da unidade de 72 m , área média de 36

2 2m podendo chegar a 21 m para os casos de abrigar uma pessoa, área 2máxima de 10.000 m para lote de habitação multifamiliar, no máximo

um banheiro por unidade habitacional (uh), no máximo uma vaga de

estacionamento descoberto para cada 10 uh e densidade de até 1.500

hab/ha.

O Programa de recuperação de cortiços propôs instrumentos de

gestão conjunta entre poder público, movimentos populares e suas

assessorias técnicas. O programa estabeleceu dois subprogramas que

poderiam ser combinados:

Financiamento para aquisição de imóveis encortiçados por

famílias associadas, tendo como pressuposto a propriedade

coletiva do imóvel, com limite 400 UPF / família.

Financiamento para a reforma de imóvel encortiçado, com limite

350 UPF / família.

1.

2.

49 “ZEIS 4 - Áreas com concentração de habitação coletiva precária de aluguel onde haja interesse público de se promover programas h a b i t a c i o n a i s d e s t i n a d o s prioritariamente à população de baixa renda moradora da região”.

50 O valor máximo de financiamento era de 2.100 UPFs, equivalente na época a US$ 12.000,00.

55Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO54 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 58: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Dois aspectos bastante valorizados pelo programa foram a participação

da comunidade com a autogestão dos empreendimentos financiados

pela PMSP e a fixação da população na região:

“A conquista desta premissa fundamental fixação da população de baixa

renda na região central pressupõe o barateamento de custos para

habitação social a partir da otimização da infra-estrutura instalada (básica

e transportes), ao mesmo tempo que contraria a tendência histórica de

ocupação das metrópoles brasileiras, que no processo de industrialização

caracteriza-se pela expulsão da população de baixa renda para regiões

periféricas.

A partir destas tendências de transformação, o programa de cortiços,

pretende, como uma das diretrizes da política habitacional do governo

resgatar o significado dos antigos bairros centrais, de usos heterogêneos, a

partir da inserção destas camadas de renda, em condições adequadas de 51

habitabilidade.”

Diante da escassez de recursos e de tempo de gestão (apenas um ano

para o final do mandato) a Sehab definiu como metas para a

consolidação do programa a implementação de algumas experiências

em edificações e a elaboração de legislação. Consta do documento um

alerta para a necessidade de participação dos movimentos populares

para garantir a continuidade do programa.

Além dos recursos oriundos do Funaps estava prevista a criação de um

Fundo de Urbanização a ser alimentado com recursos provenientes

da outorga onerosa, instrumento urbanístico proposto no Plano

Diretor.

As áreas indicadas para ZEIS 4 foram: Canindé, Glicério, Cinema da

Moóca (Madre de Deus, Celso Garcia e Rua do Carmo). Os projetos

indicados para o Programa de Produção de HIS foram: Pari, Rua do

Carmo, Celso Garcia, Madre de Deus, Cinema, Fábricas (Ipiranga) e

Kandinsky (Ipiranga). Para cada uma das áreas foi elaborada uma

proposta preliminar de intervenção.

O Programa de Recuperação de Cortiços teve início com a assinatura

de três convênios com as seguintes associações de construção

comunitária da Região do Ipiranga: Imoroty (20 famílias), Pedro Fachini

(20 famílias) e Eiras Garcia (24 famílias)

51 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Cortiços, programa de

habitações populares na região central de São Paulo. São Paulo:

Sehab, 1992. p. 14.

Um outro programa apresentado foi o de

“Intervenção nos Cortiços de Origem”, ou seja

nos locais de onde sairiam moradores para os

projetos maiores, uma vez que nem todos iriam

para as novas áreas. As ações visavam a melhoria

das condições de habitabilidade do imóvel e das

relações de aluguel, e ainda o fortalecimento dos

movimentos de luta por moradia.

52O relatório final da gestão Erundina apresentou

todas as ações planejadas, concluídas e em

execução até novembro de 1992 pela

Superintendência de Habitação Popular. Os

dados foram organizados por Administrações

Regionais, por isso

s e l e c i o n a m o s o s

relativos às regionais da

Sé e da Moóca.

As intervenções na área

d a A d m i n i s t r a ç ã o 53

Regional da Sé , com um total de 622 uh, foram:

25 de janeiro (Bom Retiro) - Programa de recuperação de

cortiços, compra e recuperação de imóvel para implantação de

33 uh. Convênio chegou a ser assinado em 09 de dezembro de

1992;

Eduardo Prado (Santa Cecília) - Estudo preliminar para a

implantação de 25 uh;

Itariri (Pari) - Projeto de Habi para obra em mutirão no cortiço

com construção de 14 uh;

Morro do Pari (Pari) - área indicada pelo Movimento de

Moradores de Cortiços e de Catadores de Papelão para a

implantação de 472 uh em 15.878 m², divididos em 4 áreas. A

proposta se encontrava no estágio de estudo preliminar, com

previsão de que escritórios contratados desenvolvessem o

projeto. Estavam projetados prédios com uso coletivo no

52 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Habitacional de Interesse Social Relatório de G e s t ã o 1 9 8 9 - 1 9 9 2 . Administrações Regionais Lapa, Sé e Pinheiros. São Paulo: Sehab, 1992.

53 A lei 13.399,de 1º de agosto de 2002 dividiu o território municipal em 31 Subprefeituras substituindo a antiga divisão em Administrações Regionais (AR). A AR Sé era composta pelos distritos Sé, República, Bela Vista, Liberdade, Cambuci, Brás, Pari, Bom Retiro, Consolação e Santa Cecília.

Figura 1.9

Celso Garcia, Pedro Facchini,

Imoroty

Celso Garcia

Pedro Facchini

Imoroty

57Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO56 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

AC

ER

VO

SE

HA

B/P

MSP

Page 59: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Dois aspectos bastante valorizados pelo programa foram a participação

da comunidade com a autogestão dos empreendimentos financiados

pela PMSP e a fixação da população na região:

“A conquista desta premissa fundamental fixação da população de baixa

renda na região central pressupõe o barateamento de custos para

habitação social a partir da otimização da infra-estrutura instalada (básica

e transportes), ao mesmo tempo que contraria a tendência histórica de

ocupação das metrópoles brasileiras, que no processo de industrialização

caracteriza-se pela expulsão da população de baixa renda para regiões

periféricas.

A partir destas tendências de transformação, o programa de cortiços,

pretende, como uma das diretrizes da política habitacional do governo

resgatar o significado dos antigos bairros centrais, de usos heterogêneos, a

partir da inserção destas camadas de renda, em condições adequadas de 51

habitabilidade.”

Diante da escassez de recursos e de tempo de gestão (apenas um ano

para o final do mandato) a Sehab definiu como metas para a

consolidação do programa a implementação de algumas experiências

em edificações e a elaboração de legislação. Consta do documento um

alerta para a necessidade de participação dos movimentos populares

para garantir a continuidade do programa.

Além dos recursos oriundos do Funaps estava prevista a criação de um

Fundo de Urbanização a ser alimentado com recursos provenientes

da outorga onerosa, instrumento urbanístico proposto no Plano

Diretor.

As áreas indicadas para ZEIS 4 foram: Canindé, Glicério, Cinema da

Moóca (Madre de Deus, Celso Garcia e Rua do Carmo). Os projetos

indicados para o Programa de Produção de HIS foram: Pari, Rua do

Carmo, Celso Garcia, Madre de Deus, Cinema, Fábricas (Ipiranga) e

Kandinsky (Ipiranga). Para cada uma das áreas foi elaborada uma

proposta preliminar de intervenção.

O Programa de Recuperação de Cortiços teve início com a assinatura

de três convênios com as seguintes associações de construção

comunitária da Região do Ipiranga: Imoroty (20 famílias), Pedro Fachini

(20 famílias) e Eiras Garcia (24 famílias)

51 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Cortiços, programa de

habitações populares na região central de São Paulo. São Paulo:

Sehab, 1992. p. 14.

Um outro programa apresentado foi o de

“Intervenção nos Cortiços de Origem”, ou seja

nos locais de onde sairiam moradores para os

projetos maiores, uma vez que nem todos iriam

para as novas áreas. As ações visavam a melhoria

das condições de habitabilidade do imóvel e das

relações de aluguel, e ainda o fortalecimento dos

movimentos de luta por moradia.

52O relatório final da gestão Erundina apresentou

todas as ações planejadas, concluídas e em

execução até novembro de 1992 pela

Superintendência de Habitação Popular. Os

dados foram organizados por Administrações

Regionais, por isso

s e l e c i o n a m o s o s

relativos às regionais da

Sé e da Moóca.

As intervenções na área

d a A d m i n i s t r a ç ã o 53

Regional da Sé , com um total de 622 uh, foram:

25 de janeiro (Bom Retiro) - Programa de recuperação de

cortiços, compra e recuperação de imóvel para implantação de

33 uh. Convênio chegou a ser assinado em 09 de dezembro de

1992;

Eduardo Prado (Santa Cecília) - Estudo preliminar para a

implantação de 25 uh;

Itariri (Pari) - Projeto de Habi para obra em mutirão no cortiço

com construção de 14 uh;

Morro do Pari (Pari) - área indicada pelo Movimento de

Moradores de Cortiços e de Catadores de Papelão para a

implantação de 472 uh em 15.878 m², divididos em 4 áreas. A

proposta se encontrava no estágio de estudo preliminar, com

previsão de que escritórios contratados desenvolvessem o

projeto. Estavam projetados prédios com uso coletivo no

52 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Habitacional de Interesse Social Relatório de G e s t ã o 1 9 8 9 - 1 9 9 2 . Administrações Regionais Lapa, Sé e Pinheiros. São Paulo: Sehab, 1992.

53 A lei 13.399,de 1º de agosto de 2002 dividiu o território municipal em 31 Subprefeituras substituindo a antiga divisão em Administrações Regionais (AR). A AR Sé era composta pelos distritos Sé, República, Bela Vista, Liberdade, Cambuci, Brás, Pari, Bom Retiro, Consolação e Santa Cecília.

Figura 1.9

Celso Garcia, Pedro Facchini,

Imoroty

Celso Garcia

Pedro Facchini

Imoroty

57Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO56 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

AC

ER

VO

SE

HA

B/P

MSP

Page 60: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

térreo, incluindo áreas para as atividades dos catadores de

papelão;

Rua do Carmo (Sé) - recuperação de casarão encortiçado e

construção de 38 uh. A área já havia sido desapropriada pela PMSP

e o estudo preliminar elaborado pelo arquiteto Paulo Bastos;

Senador Felício dos Santos (Liberdade) - Proposta de construção

em mutirão de 40 uh dentro do Programa de Recuperação de

Cortiços.

Na área da AR Moóca, os empreendimentos foram:

Brás XI - resultado de concurso público localizado próximo à

Estação de Metrô Brás. A área tinha 6.395,22 m² para a

construção de 192 uh, sendo 54 apartamentos e 138 casas. O

projeto foi elaborado pelo arquiteto Silvio de Podestá e a

construtora que venceu a licitação ainda não havia sido

contratada quando o relatório foi concluído;

Celso Garcia (Brás) - “Em 1989, o movimento se fortaleceu e

reivindicou à Prefeita a desapropriação e projeto no terreno do

casarão. Com a promessa da Prefeita de atendimento às

reivindicações teve início o projeto piloto, englobando terrenos

vizinhos, formando-se a primeira experiência concreta para a

implementação de uma política habitacional e urbana na região

central de São Paulo.” A área do casarão era de 4.031,18 m² para

a construção de 182 uh em prédios de 5 pavimentos. As obras do

mutirão estavam em andamento quando o relatório foi

concluído;

Cinema (Moóca) - área equivalente a 4 quarteirões, 4.251,00 m²,

com grande concentração de cortiços. A proposta para a área,

que foi indicada como ZEIS 4 no Plano Diretor, previa 180 uh.

Existia no local delimitado para a intervenção um cortiço

chamado Cinema pelo fato de ocupar o antigo cinema imperial

que foi transformado em moradia para 60 famílias em precárias

condições. Estava em negociação a definição de um convênio

com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

(CDHU);

Haia do Carrão (distante do Centro);

Jardim Catarina (distante do Centro);

Madre de Deus (Moóca) - início com a indicação pelo

Movimento da Moóca e aplicação do Decreto de Interesse

Social, com posterior remembramento do terreno vizinho. Área

de 750,36 m² para a construção de 45 uh em mutirão e

demolição do cortiço existente. As obras estavam em

andamento no término da gestão;

São Leopoldo (Belém) - proposta de aquisição de área

encortiçada dentro do Programa de Recuperação de Cortiços.

Área de 380 m² para 29 uh.

Na gestão Luiza Erundina também foi elaborado, embora não

aprovado pela Câmara Municipal, mais um Plano Diretor para São

Paulo. As diretrizes do Plano para a área habitacional eram incentivar a

produção de moradias para as faixas de renda até 12 sm e, em especial,

para as de até 5 sm, conter a especulação imobiliária e dar condições

para a fixação da população moradora das favelas, cortiços e

loteamentos clandestinos em melhores condições. Os instrumentos

propostos para alcançar tais objetivos foram: coeficiente de

aproveitamento único, solo criado, Fundo de Urbanização, gratuidade

do solo criado para HIS; ZEIS; urbanização e edificação compulsórias,

consórcio imobiliário e operação de interesse social.

As operações de interesse social foram propostas apenas para as áreas

de ZEIS 4, dos cortiços. As operações previam a cooperação entre os

setores público e privado para a concessão gratuita do direito de

construir áreas comerciais e de serviços superiores às permitidas pelo

coeficiente único. Como contrapartida, tinha-se a construção de HIS

com valor equivalente, na mesma zona. As operações poderiam ser

propostas pelos proprietários, desde que pelo menos dois terços deles

aprovassem.

O projeto de lei do Plano Diretor do Município de São Paulo publicado no

Diário Oficial do Município em 16 de março de 1991, define o plano como:

“...o instrumento básico, global e estratégico da política de

desenvolvimento urbano do Município e de orientação de agentes públicos

e privados que atuam na produção e gestão da cidade”.

59Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO58 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 61: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

térreo, incluindo áreas para as atividades dos catadores de

papelão;

Rua do Carmo (Sé) - recuperação de casarão encortiçado e

construção de 38 uh. A área já havia sido desapropriada pela PMSP

e o estudo preliminar elaborado pelo arquiteto Paulo Bastos;

Senador Felício dos Santos (Liberdade) - Proposta de construção

em mutirão de 40 uh dentro do Programa de Recuperação de

Cortiços.

Na área da AR Moóca, os empreendimentos foram:

Brás XI - resultado de concurso público localizado próximo à

Estação de Metrô Brás. A área tinha 6.395,22 m² para a

construção de 192 uh, sendo 54 apartamentos e 138 casas. O

projeto foi elaborado pelo arquiteto Silvio de Podestá e a

construtora que venceu a licitação ainda não havia sido

contratada quando o relatório foi concluído;

Celso Garcia (Brás) - “Em 1989, o movimento se fortaleceu e

reivindicou à Prefeita a desapropriação e projeto no terreno do

casarão. Com a promessa da Prefeita de atendimento às

reivindicações teve início o projeto piloto, englobando terrenos

vizinhos, formando-se a primeira experiência concreta para a

implementação de uma política habitacional e urbana na região

central de São Paulo.” A área do casarão era de 4.031,18 m² para

a construção de 182 uh em prédios de 5 pavimentos. As obras do

mutirão estavam em andamento quando o relatório foi

concluído;

Cinema (Moóca) - área equivalente a 4 quarteirões, 4.251,00 m²,

com grande concentração de cortiços. A proposta para a área,

que foi indicada como ZEIS 4 no Plano Diretor, previa 180 uh.

Existia no local delimitado para a intervenção um cortiço

chamado Cinema pelo fato de ocupar o antigo cinema imperial

que foi transformado em moradia para 60 famílias em precárias

condições. Estava em negociação a definição de um convênio

com a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

(CDHU);

Haia do Carrão (distante do Centro);

Jardim Catarina (distante do Centro);

Madre de Deus (Moóca) - início com a indicação pelo

Movimento da Moóca e aplicação do Decreto de Interesse

Social, com posterior remembramento do terreno vizinho. Área

de 750,36 m² para a construção de 45 uh em mutirão e

demolição do cortiço existente. As obras estavam em

andamento no término da gestão;

São Leopoldo (Belém) - proposta de aquisição de área

encortiçada dentro do Programa de Recuperação de Cortiços.

Área de 380 m² para 29 uh.

Na gestão Luiza Erundina também foi elaborado, embora não

aprovado pela Câmara Municipal, mais um Plano Diretor para São

Paulo. As diretrizes do Plano para a área habitacional eram incentivar a

produção de moradias para as faixas de renda até 12 sm e, em especial,

para as de até 5 sm, conter a especulação imobiliária e dar condições

para a fixação da população moradora das favelas, cortiços e

loteamentos clandestinos em melhores condições. Os instrumentos

propostos para alcançar tais objetivos foram: coeficiente de

aproveitamento único, solo criado, Fundo de Urbanização, gratuidade

do solo criado para HIS; ZEIS; urbanização e edificação compulsórias,

consórcio imobiliário e operação de interesse social.

As operações de interesse social foram propostas apenas para as áreas

de ZEIS 4, dos cortiços. As operações previam a cooperação entre os

setores público e privado para a concessão gratuita do direito de

construir áreas comerciais e de serviços superiores às permitidas pelo

coeficiente único. Como contrapartida, tinha-se a construção de HIS

com valor equivalente, na mesma zona. As operações poderiam ser

propostas pelos proprietários, desde que pelo menos dois terços deles

aprovassem.

O projeto de lei do Plano Diretor do Município de São Paulo publicado no

Diário Oficial do Município em 16 de março de 1991, define o plano como:

“...o instrumento básico, global e estratégico da política de

desenvolvimento urbano do Município e de orientação de agentes públicos

e privados que atuam na produção e gestão da cidade”.

59Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO58 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 62: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Dentre os seus objetivos, que devem assegurar o bem estar dos

habitantes, destacam-se:

A racionalização do uso da infra-estrutura instalada, inclusive

sistema viário e transportes evitando sua sobrecarga ou

ociosidade;

A ordenação da cidade;

A distribuição de usos e intensidades de ocupação do solo de

forma equilibrada em função da infra-estrutura disponível, dos

transportes e do meio ambiente, de modo a evitar a ociosidade e

sobrecarga dos investimentos coletivos.

A intensificação do uso do solo de acordo com a ampliação da

capacidade de infra-estrutura

A ampliação da oferta de habitação para as faixas de renda média

e baixa;

A ampliação da oferta de habitação próximo às fontes de

emprego e vice-versa.

O Plano Diretor define que as propriedades urbanas devem abrigar

atividades de interesse urbano, não expondo os critérios que deveriam

orientar o cumprimento da função social da propriedade.

O macrozoneamento propôs organizar o Município em zona rural e

zonas urbanas adensável e não-adensável. Os critérios utilizados para a

definição das zonas adensáveis e não-adensáveis foram a capacidade da

infra-estrutura instalada e do sistema viário para a ampliação de usos.

Para cada área adensável, seria estabelecido por lei o estoque de área

edificável. A construção acima do coeficiente básico igual a 1 seria

permitida mediante a outorga onerosa para o poder público e a

disponibilidade do estoque para a zona adensável a que pertence o

imóvel. Os recursos oriundos da outorga onerosa seriam destinados

para o Fundo de Urbanização criado na mesma lei. A outorga do direito

de construir acima do coeficiente básico poderia ser gratuita para os

empreendimentos de HIS mediante a aprovação do projeto de HIS pelo

executivo que deveria estabelecer seus parâmetros. Nas zonas não-

adensáveis o coeficiente de aproveitamento seria igual a um (CA=1). O

estoque total de área edificável estipulada no Plano Diretor era de

²cerca de 23 milhões de m , dos quais 14 milhões de m² eram definidos

como residenciais.

As zonas adensáveis total ou parcialmente na Área Central eram:

ZA-1: Sé, Campos Elíseos, Liberdade e Cerqueira César

ZA-2: Bom Retiro, Brás e Belenzinho

ZA-3: Tatuapé, Moóca e Penha

ZA-7: Saúde, Cambuci, Aclimação e Paraíso

O Plano Diretor também definia as Zonas Especiais de Interesse Social

e estipulava que cada perímetro que viesse a ser delimitado como ZEIS

deveria ter um plano de urbanização. As ZEIS poderiam ser de 4 tipos:

ZEIS 1: favelas em terrenos públicos ou particulares;

ZEIS 2: loteamentos irregulares;

ZEIS 3: terrenos não edificados ou subutilizados para HIS;

ZEIS 4: cortiços.

O Plano Diretor criava ainda áreas de controle adicional:

Área de interesse urbanístico: Bela Vista e Parque D. Pedro II;

Áreas de interesse ambiental;

Empreendimentos de impacto.

Figura 1.10

MapaMacrozoneamentoPlano Diretor1991

61Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO60 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 63: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Dentre os seus objetivos, que devem assegurar o bem estar dos

habitantes, destacam-se:

A racionalização do uso da infra-estrutura instalada, inclusive

sistema viário e transportes evitando sua sobrecarga ou

ociosidade;

A ordenação da cidade;

A distribuição de usos e intensidades de ocupação do solo de

forma equilibrada em função da infra-estrutura disponível, dos

transportes e do meio ambiente, de modo a evitar a ociosidade e

sobrecarga dos investimentos coletivos.

A intensificação do uso do solo de acordo com a ampliação da

capacidade de infra-estrutura

A ampliação da oferta de habitação para as faixas de renda média

e baixa;

A ampliação da oferta de habitação próximo às fontes de

emprego e vice-versa.

O Plano Diretor define que as propriedades urbanas devem abrigar

atividades de interesse urbano, não expondo os critérios que deveriam

orientar o cumprimento da função social da propriedade.

O macrozoneamento propôs organizar o Município em zona rural e

zonas urbanas adensável e não-adensável. Os critérios utilizados para a

definição das zonas adensáveis e não-adensáveis foram a capacidade da

infra-estrutura instalada e do sistema viário para a ampliação de usos.

Para cada área adensável, seria estabelecido por lei o estoque de área

edificável. A construção acima do coeficiente básico igual a 1 seria

permitida mediante a outorga onerosa para o poder público e a

disponibilidade do estoque para a zona adensável a que pertence o

imóvel. Os recursos oriundos da outorga onerosa seriam destinados

para o Fundo de Urbanização criado na mesma lei. A outorga do direito

de construir acima do coeficiente básico poderia ser gratuita para os

empreendimentos de HIS mediante a aprovação do projeto de HIS pelo

executivo que deveria estabelecer seus parâmetros. Nas zonas não-

adensáveis o coeficiente de aproveitamento seria igual a um (CA=1). O

estoque total de área edificável estipulada no Plano Diretor era de

²cerca de 23 milhões de m , dos quais 14 milhões de m² eram definidos

como residenciais.

As zonas adensáveis total ou parcialmente na Área Central eram:

ZA-1: Sé, Campos Elíseos, Liberdade e Cerqueira César

ZA-2: Bom Retiro, Brás e Belenzinho

ZA-3: Tatuapé, Moóca e Penha

ZA-7: Saúde, Cambuci, Aclimação e Paraíso

O Plano Diretor também definia as Zonas Especiais de Interesse Social

e estipulava que cada perímetro que viesse a ser delimitado como ZEIS

deveria ter um plano de urbanização. As ZEIS poderiam ser de 4 tipos:

ZEIS 1: favelas em terrenos públicos ou particulares;

ZEIS 2: loteamentos irregulares;

ZEIS 3: terrenos não edificados ou subutilizados para HIS;

ZEIS 4: cortiços.

O Plano Diretor criava ainda áreas de controle adicional:

Área de interesse urbanístico: Bela Vista e Parque D. Pedro II;

Áreas de interesse ambiental;

Empreendimentos de impacto.

Figura 1.10

MapaMacrozoneamentoPlano Diretor1991

61Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO60 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 64: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Para financiar e operar a política urbana, seriam criados: um Fundo de

Urbanização com aplicação dos recursos prioritariamente nas ZEIS e

atendendo prioritariamente a demanda habitacional; uma

administração dos estoques de área edificável; a transferência do

potencial construtivo; a urbanização e edificação compulsórias; a

operação urbana; o consórcio imobiliário, a operação de interesse

social e o imposto territorial progressivo. Os recursos oriundos das

operações urbanas iriam para o Fundo de Urbanização vinculado

àquela operação.

Ainda no último ano da gestão foi publicado outro encarte especial da

Revista Projeto “Habitação e urbanismo. Da utopia à construção. A

participação popular na política habitacional em São Paulo” que

apontava como premissa para a política habitacional, sua vinculação à

política urbana. O direito à terra, o direito à arquitetura, o direito à

cidadania, a participação da população nas formulações e implantações

de programas e projetos, a diversidade de intervenções, o

reconhecimento da cidade real, a redução de custos sem perda da

qualidade, o estímulo à autogestão e o respeito ao meio ambiente

deveriam ser pressupostos à ação de Habi. Novamente reforçando a

intenção de viabilizar moradia na Área Central com a permanência dos

moradores, um dos tópicos do documento intitulava-se “Direito ao

Centro” e trazia os projetos de urbanização vertical das favelas Minas

Gás e Água Branca (Marginal do Rio Tietê) e o projeto do Casarão da

avenida Celso Garcia.

Finalmente, destacamos um último documento intitulado 54

“Recuperando Sampa. Reabilitação do Centro de São Paulo” , que

explicita uma intenção clara de intervir no Centro, resgatando-o para

os pobres:

“Reabilitar o centro sem expulsar seus moradores pobres é um desafio que

poucas cidades do mundo conseguiram vencer. A Prefeitura tem 15

projetos em áreas de cortiços que constituem iniciativas importantes para

a formulação de uma política mais geral”.

55“A história francesa revela que para que a comunidade e a iniciativa

privada assumam suas tarefas no esforço de reabilitação do centro (esta é

uma tarefa de todos, sem dúvida) cabe ao poder público dar os primeiros

passos”.

54 SÃO PAULO (Município) - Sehab.. Recuperando Sampa.

Reabilitação do Centro de São Paulo. São Paulo: Sehab, 1992.

55 Na gestão da prefeita Luiza Erundina foi assinado um Convênio de

Cooperação Técnica com a França para analisar a experiência francesa

de reabilitação de velhos centros urbanos.

O Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São

Paulo (Procentro) foi criado em 15 de julho de 1993 pelo Decreto

33.389, considerando, entre outros fatores, a importância simbólica da

região e “a necessidade e a conveniência da implementação de ações que

assegurem melhores condições ambientais à população e previnam a

deterioração e a desvalorização imobiliária da área”.

O Procentro foi concebido para ter atuação direcionada à solução de

problemas de deterioração ambiental e paisagística; de acesso,

circulação e falta de estacionamentos; de obsolescência, subutilização e

falta de investimentos no estoque imobiliário e de deficiência na

segurança pessoal e patrimonial. Dentre as ações originalmente

definidas, constavam a recuperação de fachadas, empenas cegas e

imóveis pela iniciativa privada, neste último caso contando com

incentivos fiscais, a regulamentação para anúncios, a implantação de

equipamentos e mobiliário urbano, a elaboração de projetos de

arborização e iluminação, a recuperação das calçadas, a ampliação da

limpeza pública e o desenvolvimento de um plano de incentivo à

cultura, lazer e turismo na Área Central. A criação de 15 Pólos de

Recuperação Urbana dentro de área foi regulamentada no mesmo dia

15 de julho de 1993, no decreto nº 33.391. Os pólos receberiam

projetos específicos elaborados pela Emurb e deveriam ser prioritários

na definição dos investimentos públicos. Foram definidos os seguintes

pontos: Praças do Patriarca, Ramos de Azevedo, Antonio Prado,

SéPáteo do Colégio, Fernando Costa, República, João Mendes e Dom

José Gaspar; Av. São João, Largos São Bento, São Francisco, Santa

Ifigênia e do Arouche e Vale do Anhangabaú. Consta que o início do

programa seria marcado pela reurbanização da Praça do Patriarca e a

reforma da Galeria Prestes Maia.

1.4

Os anos perdidos. Paulo Maluf e Celso Pitta

1.4.1

Gestão Paulo Salim Maluf - 01/01/1993 a 31/12/1996

63Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO62 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 65: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Para financiar e operar a política urbana, seriam criados: um Fundo de

Urbanização com aplicação dos recursos prioritariamente nas ZEIS e

atendendo prioritariamente a demanda habitacional; uma

administração dos estoques de área edificável; a transferência do

potencial construtivo; a urbanização e edificação compulsórias; a

operação urbana; o consórcio imobiliário, a operação de interesse

social e o imposto territorial progressivo. Os recursos oriundos das

operações urbanas iriam para o Fundo de Urbanização vinculado

àquela operação.

Ainda no último ano da gestão foi publicado outro encarte especial da

Revista Projeto “Habitação e urbanismo. Da utopia à construção. A

participação popular na política habitacional em São Paulo” que

apontava como premissa para a política habitacional, sua vinculação à

política urbana. O direito à terra, o direito à arquitetura, o direito à

cidadania, a participação da população nas formulações e implantações

de programas e projetos, a diversidade de intervenções, o

reconhecimento da cidade real, a redução de custos sem perda da

qualidade, o estímulo à autogestão e o respeito ao meio ambiente

deveriam ser pressupostos à ação de Habi. Novamente reforçando a

intenção de viabilizar moradia na Área Central com a permanência dos

moradores, um dos tópicos do documento intitulava-se “Direito ao

Centro” e trazia os projetos de urbanização vertical das favelas Minas

Gás e Água Branca (Marginal do Rio Tietê) e o projeto do Casarão da

avenida Celso Garcia.

Finalmente, destacamos um último documento intitulado 54

“Recuperando Sampa. Reabilitação do Centro de São Paulo” , que

explicita uma intenção clara de intervir no Centro, resgatando-o para

os pobres:

“Reabilitar o centro sem expulsar seus moradores pobres é um desafio que

poucas cidades do mundo conseguiram vencer. A Prefeitura tem 15

projetos em áreas de cortiços que constituem iniciativas importantes para

a formulação de uma política mais geral”.

55“A história francesa revela que para que a comunidade e a iniciativa

privada assumam suas tarefas no esforço de reabilitação do centro (esta é

uma tarefa de todos, sem dúvida) cabe ao poder público dar os primeiros

passos”.

54 SÃO PAULO (Município) - Sehab.. Recuperando Sampa.

Reabilitação do Centro de São Paulo. São Paulo: Sehab, 1992.

55 Na gestão da prefeita Luiza Erundina foi assinado um Convênio de

Cooperação Técnica com a França para analisar a experiência francesa

de reabilitação de velhos centros urbanos.

O Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São

Paulo (Procentro) foi criado em 15 de julho de 1993 pelo Decreto

33.389, considerando, entre outros fatores, a importância simbólica da

região e “a necessidade e a conveniência da implementação de ações que

assegurem melhores condições ambientais à população e previnam a

deterioração e a desvalorização imobiliária da área”.

O Procentro foi concebido para ter atuação direcionada à solução de

problemas de deterioração ambiental e paisagística; de acesso,

circulação e falta de estacionamentos; de obsolescência, subutilização e

falta de investimentos no estoque imobiliário e de deficiência na

segurança pessoal e patrimonial. Dentre as ações originalmente

definidas, constavam a recuperação de fachadas, empenas cegas e

imóveis pela iniciativa privada, neste último caso contando com

incentivos fiscais, a regulamentação para anúncios, a implantação de

equipamentos e mobiliário urbano, a elaboração de projetos de

arborização e iluminação, a recuperação das calçadas, a ampliação da

limpeza pública e o desenvolvimento de um plano de incentivo à

cultura, lazer e turismo na Área Central. A criação de 15 Pólos de

Recuperação Urbana dentro de área foi regulamentada no mesmo dia

15 de julho de 1993, no decreto nº 33.391. Os pólos receberiam

projetos específicos elaborados pela Emurb e deveriam ser prioritários

na definição dos investimentos públicos. Foram definidos os seguintes

pontos: Praças do Patriarca, Ramos de Azevedo, Antonio Prado,

SéPáteo do Colégio, Fernando Costa, República, João Mendes e Dom

José Gaspar; Av. São João, Largos São Bento, São Francisco, Santa

Ifigênia e do Arouche e Vale do Anhangabaú. Consta que o início do

programa seria marcado pela reurbanização da Praça do Patriarca e a

reforma da Galeria Prestes Maia.

1.4

Os anos perdidos. Paulo Maluf e Celso Pitta

1.4.1

Gestão Paulo Salim Maluf - 01/01/1993 a 31/12/1996

63Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO62 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 66: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

0 100 200 300 400 500

E S C A L A G R Á F I C A ( m )

LEGENDA

ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS

VIADUTOS

TERMINAIS DE ÔNIBUS

ÁREAS PEDESTRIANIZADAS

PÁTIOS FERROVIÁRIOS

METRÔ - LESTE/OESTE

METRÔ - NORTE/SUL

ÁREA CEREALISTA

ÁREAS VERDES E PRAÇAS

N

LIMITE DA ÁREA PROCENTRO

Com a finalidade de atuar na operacionalização do programa foi criada,

junto à Sehab, a Comissão Procentro. Os comissários, indicados por

ato do Prefeito, representavam as seguintes entidades: Secretarias de

Habitação e Desenvolvimento Urbano, Cultura, Planejamento,

Administrações Regionais da Sé e da Moóca, CET, Emurb, Associação

Viva o Centro e Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do

Estado de São Paulo. Foram definidas como atribuições da Comissão a

apreciação e deliberação sobre os projetos vinculados ao programa,

definição de diretrizes de projeto, aprovar propostas de intervenção,

dentre outras.

Em 1997 foi divulgado o Projeto HabiCentro:

“O Projeto 'HabiCentro' tem como objetivo dar continuidade às propostas

de 'Revitalização sustentada' do centro urbano da Capital, discutidas no

Procentro, podendo ser citadas como exemplos as propostas apresentadas 56

no “Concurso de Idéias” , promovido pelo 'Viva o Centro'.”

1.4.2

Gestão Celso Roberto Pitta do Nascimento - 01/01/1997 a 31/12/2000

Após uma análise urbanística bastante superficial da Área Central, o

Projeto HabiCentro indicava possíveis alternativas para tratar “o

problema da habitação no centro”, entre elas:

Projetos habitacionais para classe média

Operação cortiço;

Projeto terceira idade;

Projeto Residencial Estudantil.

O documento cita um Plano Estratégico de Valorização do Centro no

qual estava prevista, como primeira atividade do Projeto HabiCentro. a

elaboração de um diagnóstico sobre a questão habitacional que deveria

ser concluído com um Plano de Ação. Incluía, ainda, uma proposta de

reforma de imóvel para uso de HIS na Rua Baronesa de Porto Carreiro

169, Barra Funda. O imóvel apresentava na descrição de sua localização

a observação “área de grande visibilidade”. O número total de unidades

previsto foi de 32, sendo o valor unitário de R$ 17.287,17 e o valor do ²

m R$ 328,33.

Em dezembro de 1997, o Procentro apresentou o documento

“Propostas para Habitação na Área Central”, que colocava a existência

de cortiços como um indício do potencial habitacional da região e

indicou duas frentes de atuação dentro dos seus limites:

Habitações para a classe média na zona cerealista e no pátio do

Pari;

Recuperação de áreas degradadas e encortiçadas com

construção de novas edificações em terrenos subutilizados e

reforma de edificações vazias.

56 O Concurso Nacional de Idéias para um novo Centro de São Paulo foi

promovido pela Comissão Procentro da Sehab, organizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB com o

apoio Associação Viva o Centro, Fundação Banco de Boston e Rede

Ferroviária Federal.

Figura 1.11

PerímetroPROCENTRO

Figura 1.12

Baronesa de Porto Carrero

65Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO64 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

PR

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RO

BSO

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AR

TIN

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0 100 200 300 400 500

E S C A L A G R Á F I C A ( m )

LEGENDA

ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS

VIADUTOS

TERMINAIS DE ÔNIBUS

ÁREAS PEDESTRIANIZADAS

PÁTIOS FERROVIÁRIOS

METRÔ - LESTE/OESTE

METRÔ - NORTE/SUL

ÁREA CEREALISTA

ÁREAS VERDES E PRAÇAS

N

LIMITE DA ÁREA PROCENTRO

Com a finalidade de atuar na operacionalização do programa foi criada,

junto à Sehab, a Comissão Procentro. Os comissários, indicados por

ato do Prefeito, representavam as seguintes entidades: Secretarias de

Habitação e Desenvolvimento Urbano, Cultura, Planejamento,

Administrações Regionais da Sé e da Moóca, CET, Emurb, Associação

Viva o Centro e Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do

Estado de São Paulo. Foram definidas como atribuições da Comissão a

apreciação e deliberação sobre os projetos vinculados ao programa,

definição de diretrizes de projeto, aprovar propostas de intervenção,

dentre outras.

Em 1997 foi divulgado o Projeto HabiCentro:

“O Projeto 'HabiCentro' tem como objetivo dar continuidade às propostas

de 'Revitalização sustentada' do centro urbano da Capital, discutidas no

Procentro, podendo ser citadas como exemplos as propostas apresentadas 56

no “Concurso de Idéias” , promovido pelo 'Viva o Centro'.”

1.4.2

Gestão Celso Roberto Pitta do Nascimento - 01/01/1997 a 31/12/2000

Após uma análise urbanística bastante superficial da Área Central, o

Projeto HabiCentro indicava possíveis alternativas para tratar “o

problema da habitação no centro”, entre elas:

Projetos habitacionais para classe média

Operação cortiço;

Projeto terceira idade;

Projeto Residencial Estudantil.

O documento cita um Plano Estratégico de Valorização do Centro no

qual estava prevista, como primeira atividade do Projeto HabiCentro. a

elaboração de um diagnóstico sobre a questão habitacional que deveria

ser concluído com um Plano de Ação. Incluía, ainda, uma proposta de

reforma de imóvel para uso de HIS na Rua Baronesa de Porto Carreiro

169, Barra Funda. O imóvel apresentava na descrição de sua localização

a observação “área de grande visibilidade”. O número total de unidades

previsto foi de 32, sendo o valor unitário de R$ 17.287,17 e o valor do ²

m R$ 328,33.

Em dezembro de 1997, o Procentro apresentou o documento

“Propostas para Habitação na Área Central”, que colocava a existência

de cortiços como um indício do potencial habitacional da região e

indicou duas frentes de atuação dentro dos seus limites:

Habitações para a classe média na zona cerealista e no pátio do

Pari;

Recuperação de áreas degradadas e encortiçadas com

construção de novas edificações em terrenos subutilizados e

reforma de edificações vazias.

56 O Concurso Nacional de Idéias para um novo Centro de São Paulo foi

promovido pela Comissão Procentro da Sehab, organizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB com o

apoio Associação Viva o Centro, Fundação Banco de Boston e Rede

Ferroviária Federal.

Figura 1.11

PerímetroPROCENTRO

Figura 1.12

Baronesa de Porto Carrero

65Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO64 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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S

Page 68: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

57O documento apresentava tabelas que indicavam quase 700.000 m²

de áreas classificadas como passíveis de demolição, terrenos vazios,

estacionamentos, edifícios vazios em bom estado e edifícios vazios em

mau estado. Foram apresentados dois cenários possíveis para a área,

com CA=6 e com CA=12. No primeiro caso, de menor densidade,

resultariam 140.927 unidades de 50 m² com 563.710 moradores e mais

82.898 unidades de 85 m² com 414.492 habitantes, num total de

978.202 pessoas. No segundo caso, com CA=12, o número total de

moradores nesses 700.000 m² saltaria para 1.956.404, ou seja, 20% da

população do município de São Paulo. Assim se vê como as análises

promovidas pelo Procentro durante a gestão Pitta eram simplórias e

continham erros grosseiros.

A Unificação das Lutas de Cortiços (ULC) e o Fórum dos Cortiços,

conseguiram que o Procentro definisse um projeto piloto com 42

imóveis no Centro, sendo: 24 construções novas, 10 reformas e 8

reciclagens. O valor da intervenção seria de R$ 56,5 milhões num total

de 2.850 uh, o que resultaria num custo unitário de R$ 19.780,00. O

projeto piloto limitou o preço de comercialização a R$ 15.000,00, valor

considerado condizente com a capacidade de pagamento das famílias, e

a diferença entraria como subsídio.

A recuperação de áreas degradadas e encortiçadas foi objeto de pedido

de financiamento para o Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID). Ainda em relação aos cortiços, fez parte da proposta a

transferência da população moradora para conjuntos habitacionais e a

criação de um programa de locação social para as habitações

encortiçadas.

58Em 07 de junho de 1997 foi instituída, pela Lei nº 12.349, a Operação

Urbana Centro (OUC) que estabeleceu um programa de melhorias

para a Área Central, criando incentivos e formas para sua implantação.

A gestão da OUC ficou a cargo da Emurb que encaminharia para a

análise da Comissão Normativa de Legislação Urbanística (CNLU) a

parte relativa à gestão financeira dos recursos e à execução dos

melhoramentos. O perímetro de atuação era o mesmo do Procentro.

Havia também uma Comissão Executiva da Operação Urbana Centro,

auxiliada por um Grupo Técnico de Trabalho.

A OUC previa concessões gratuitas de direitos adicionais de uso e

ocupação do solo que incentivariam:

O remembramento de lotes para usos residencial, hoteleiro,

cultural, de entretenimento e educacional;

A conservação de imóvel de interesse histórico por meio da

possibilidade de transferência ou venda de potencial construtivo

adicional;

A reconstrução ou reforma de edifícios para adequação a novos

usos.

Em outubro de 1997, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

(Fipe) concluiu o estudo “Diagnóstico e plano de ações para o mercado

de moradia de aluguel e identificação de obstáculos para aquisição de

novas moradias pelas famílias de baixa renda”, contratado pela Sehab em

maio do mesmo ano. O relatório final apresenta os resultados completos

da pesquisa socioeconômica sobre as condições dos moradores da Área

Central, alternativas de intervenção, um levantamento sobre os

57 A soma das áreas está errada nas tabelas. O valor correto, de acordo

com os dados, é 1.174.395,15 m² e não 698.953,45 m².

58 SÃO PAULO (Município) - Emurb. Cartilha da Área Central:

Operação Urbana Centro. São Paulo: Emurb, 1997.

Figura 1.13

PerímetroOperaçãoUrbanaCentro

67Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO66 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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57O documento apresentava tabelas que indicavam quase 700.000 m²

de áreas classificadas como passíveis de demolição, terrenos vazios,

estacionamentos, edifícios vazios em bom estado e edifícios vazios em

mau estado. Foram apresentados dois cenários possíveis para a área,

com CA=6 e com CA=12. No primeiro caso, de menor densidade,

resultariam 140.927 unidades de 50 m² com 563.710 moradores e mais

82.898 unidades de 85 m² com 414.492 habitantes, num total de

978.202 pessoas. No segundo caso, com CA=12, o número total de

moradores nesses 700.000 m² saltaria para 1.956.404, ou seja, 20% da

população do município de São Paulo. Assim se vê como as análises

promovidas pelo Procentro durante a gestão Pitta eram simplórias e

continham erros grosseiros.

A Unificação das Lutas de Cortiços (ULC) e o Fórum dos Cortiços,

conseguiram que o Procentro definisse um projeto piloto com 42

imóveis no Centro, sendo: 24 construções novas, 10 reformas e 8

reciclagens. O valor da intervenção seria de R$ 56,5 milhões num total

de 2.850 uh, o que resultaria num custo unitário de R$ 19.780,00. O

projeto piloto limitou o preço de comercialização a R$ 15.000,00, valor

considerado condizente com a capacidade de pagamento das famílias, e

a diferença entraria como subsídio.

A recuperação de áreas degradadas e encortiçadas foi objeto de pedido

de financiamento para o Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BID). Ainda em relação aos cortiços, fez parte da proposta a

transferência da população moradora para conjuntos habitacionais e a

criação de um programa de locação social para as habitações

encortiçadas.

58Em 07 de junho de 1997 foi instituída, pela Lei nº 12.349, a Operação

Urbana Centro (OUC) que estabeleceu um programa de melhorias

para a Área Central, criando incentivos e formas para sua implantação.

A gestão da OUC ficou a cargo da Emurb que encaminharia para a

análise da Comissão Normativa de Legislação Urbanística (CNLU) a

parte relativa à gestão financeira dos recursos e à execução dos

melhoramentos. O perímetro de atuação era o mesmo do Procentro.

Havia também uma Comissão Executiva da Operação Urbana Centro,

auxiliada por um Grupo Técnico de Trabalho.

A OUC previa concessões gratuitas de direitos adicionais de uso e

ocupação do solo que incentivariam:

O remembramento de lotes para usos residencial, hoteleiro,

cultural, de entretenimento e educacional;

A conservação de imóvel de interesse histórico por meio da

possibilidade de transferência ou venda de potencial construtivo

adicional;

A reconstrução ou reforma de edifícios para adequação a novos

usos.

Em outubro de 1997, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

(Fipe) concluiu o estudo “Diagnóstico e plano de ações para o mercado

de moradia de aluguel e identificação de obstáculos para aquisição de

novas moradias pelas famílias de baixa renda”, contratado pela Sehab em

maio do mesmo ano. O relatório final apresenta os resultados completos

da pesquisa socioeconômica sobre as condições dos moradores da Área

Central, alternativas de intervenção, um levantamento sobre os

57 A soma das áreas está errada nas tabelas. O valor correto, de acordo

com os dados, é 1.174.395,15 m² e não 698.953,45 m².

58 SÃO PAULO (Município) - Emurb. Cartilha da Área Central:

Operação Urbana Centro. São Paulo: Emurb, 1997.

Figura 1.13

PerímetroOperaçãoUrbanaCentro

67Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO66 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 70: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

programas para cortiços elaborados nas administrações municipais e

estaduais desde a década de 1980, uma análise do mercado imobiliário

de moradias populares e um levantamento dos estudos sobre moradias

para população de baixa renda em São Paulo. O conceito de cortiço 59

adotado na pesquisa partiu da definição da Lei Moura , incluindo alguns

itens e excluindo as casas coletivas.

Os resultados da pesquisa socioeconômica confirmaram os dados

gerais do estudo realizado pela própria Fipe em 1994 que indicava a

existência de 600.000 moradores em cortiços, concentrados

principalmente nas Regionais da Sé, Moóca e Vila Prudente. Os dados

de 1997 indicam um número total de 8.196 cortiços contra 10.361 em

1994 (Regionais da Sé, Ipiranga, Moóca e Vila Prudente). A pesquisa

informa que a variação de 20% é desprezível do ponto de vista

estatístico. Deste total, 4.441 e 4.172 foram contabilizados na Regional

da Sé, respectivamente, em 1994 e 1997. Portanto, considera-se que o

processo de encortiçamento na área é pouco dinâmico. Os dados da

pesquisa são relativos às características da população, à sua inserção no

mercado de trabalho e às condições de moradia.

O levantamento do mercado de moradias populares da pesquisa da

Fipe apresenta valores comparativos de preços de imóveis populares

de acordo com a localização, indicando que um mesmo imóvel que

seria comprado por R$ 32.000,00 na área mais central, o seria por R$

16.500,00 na periferia da cidade. A mesma comparação é feita para

imóveis alugados, porém a diferença de valores é maior, chegando a

locação na Área Central a ter preço igual a três vezes o valor das áreas

periféricas.59 Cortiço, de acordo com a Lei Moura, é “a unidade usada como

moradia coletiva multifamiliar, apresentando, total ou

parcialmente, as seguintes características: constituída por

uma ou mais edificações em lote urbano; subdividida em vários

cômodos alugados, subalugados ou cedidos a qualquer título; várias

funções exercidas no mesmo cômodo; acesso e uso comum dos

espaços não edificados e instalações sanitárias; circulação e infra-estrutura, no geral precárias,

e superlotação de pessoas”.

69Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO68 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 71: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

programas para cortiços elaborados nas administrações municipais e

estaduais desde a década de 1980, uma análise do mercado imobiliário

de moradias populares e um levantamento dos estudos sobre moradias

para população de baixa renda em São Paulo. O conceito de cortiço 59

adotado na pesquisa partiu da definição da Lei Moura , incluindo alguns

itens e excluindo as casas coletivas.

Os resultados da pesquisa socioeconômica confirmaram os dados

gerais do estudo realizado pela própria Fipe em 1994 que indicava a

existência de 600.000 moradores em cortiços, concentrados

principalmente nas Regionais da Sé, Moóca e Vila Prudente. Os dados

de 1997 indicam um número total de 8.196 cortiços contra 10.361 em

1994 (Regionais da Sé, Ipiranga, Moóca e Vila Prudente). A pesquisa

informa que a variação de 20% é desprezível do ponto de vista

estatístico. Deste total, 4.441 e 4.172 foram contabilizados na Regional

da Sé, respectivamente, em 1994 e 1997. Portanto, considera-se que o

processo de encortiçamento na área é pouco dinâmico. Os dados da

pesquisa são relativos às características da população, à sua inserção no

mercado de trabalho e às condições de moradia.

O levantamento do mercado de moradias populares da pesquisa da

Fipe apresenta valores comparativos de preços de imóveis populares

de acordo com a localização, indicando que um mesmo imóvel que

seria comprado por R$ 32.000,00 na área mais central, o seria por R$

16.500,00 na periferia da cidade. A mesma comparação é feita para

imóveis alugados, porém a diferença de valores é maior, chegando a

locação na Área Central a ter preço igual a três vezes o valor das áreas

periféricas.59 Cortiço, de acordo com a Lei Moura, é “a unidade usada como

moradia coletiva multifamiliar, apresentando, total ou

parcialmente, as seguintes características: constituída por

uma ou mais edificações em lote urbano; subdividida em vários

cômodos alugados, subalugados ou cedidos a qualquer título; várias

funções exercidas no mesmo cômodo; acesso e uso comum dos

espaços não edificados e instalações sanitárias; circulação e infra-estrutura, no geral precárias,

e superlotação de pessoas”.

69Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO68 Capítulo 1

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 72: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Capítulo 2A experiência francesa de

reabilitação urbana

NE

LSO

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DO

PE

RE

LM

UT

TE

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Capítulo 2A experiência francesa de

reabilitação urbana

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DO

PE

RE

LM

UT

TE

R

Page 74: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Embora vários nomes sejam dados às intervenções urbanas em áreas

centrais, é possível aglutinar esses processos sob duas definições:

renovação e reabilitação urbanas. Um estudo simplificado desses 1

processos, como fez Maricato , evidencia, na renovação urbana, um

objetivo de substituição de “edificações envelhecidas, desvalorizadas, que

apresentam problemas de manutenção, por edifícios novos e maiores” com

muita demolição, aglutinação de terrenos contíguos e aumento da

ocupação do solo (pelo menos em termos de área construída). Já a

reabilitação urbana é marcada pelo esforço em manter o tecido urbano

o mais inalterado possível, com ímpeto por preservar a estrutura

fundiária, o parcelamento do solo, as edificações pré-existentes, os

usos e a população da área. A reforma necessária na infra-estrutura

existente para adaptá-la a novas necessidades procura não

descaracterizar o ambiente construído herdado e busca fazer

'intervenções mínimas' nos edifícios, indispensáveis para garantir 2

conforto ambiental, acessibilidade e segurança estrutural.

3Para Lopes que também trabalha com esses dois conceitos, a

renovação urbana é entendida como:

“... o conjunto de acções que eliminam um tecido urbano antigo e

degradado para o substituir por uma ocupação nova e actual, dotando a

área duma nova estrutura urbana e funcional, com ou sem ligação com a

preexistente. Estas operações que no passado foram aplicadas a qualquer

tecido urbano, só se aplicam hoje a tecidos aos quais não é reconhecido

nenhum valor como patrimônio urbano a preservar.”

Enquanto a reabilitação urbana é tida como:

“... uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade

existente, por intervenções diversas destinadas a valorizar as

potencialidades sócio-económicas e funcionais para melhorar as condições

de vida das populações residentes. Isto exige a melhoria das condições de

habitabilidade do parque construído, mantendo sua morfologia e valor

patrimonial, a valorização da vida econômica, cultural e social pelo

desenvolvimento das actividades econômicas, numa base de potenciação

dos recursos endógenos, e pela melhoria dos equipamentos, infraestruturas

2.1

Reabilitação urbana

1 MARICATO, E.T.M. Reabilitação de centros urbanos e habitação social in MARICATO, E. Brasil, cidades. Alternativas para a crise urbana. São Paulo: Vozes, 2001.

2 MARICATO, E.T.M. op. cit. 2001. P.126.

3 LOPES, F. A Reabilitação Urbana em Lisboa in ZANCHETI, S. et al. Estratégias de Intervenção em Áreas Históricas. Recife: UFPE/MDU, 1995.

73Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO72 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 75: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Embora vários nomes sejam dados às intervenções urbanas em áreas

centrais, é possível aglutinar esses processos sob duas definições:

renovação e reabilitação urbanas. Um estudo simplificado desses 1

processos, como fez Maricato , evidencia, na renovação urbana, um

objetivo de substituição de “edificações envelhecidas, desvalorizadas, que

apresentam problemas de manutenção, por edifícios novos e maiores” com

muita demolição, aglutinação de terrenos contíguos e aumento da

ocupação do solo (pelo menos em termos de área construída). Já a

reabilitação urbana é marcada pelo esforço em manter o tecido urbano

o mais inalterado possível, com ímpeto por preservar a estrutura

fundiária, o parcelamento do solo, as edificações pré-existentes, os

usos e a população da área. A reforma necessária na infra-estrutura

existente para adaptá-la a novas necessidades procura não

descaracterizar o ambiente construído herdado e busca fazer

'intervenções mínimas' nos edifícios, indispensáveis para garantir 2

conforto ambiental, acessibilidade e segurança estrutural.

3Para Lopes que também trabalha com esses dois conceitos, a

renovação urbana é entendida como:

“... o conjunto de acções que eliminam um tecido urbano antigo e

degradado para o substituir por uma ocupação nova e actual, dotando a

área duma nova estrutura urbana e funcional, com ou sem ligação com a

preexistente. Estas operações que no passado foram aplicadas a qualquer

tecido urbano, só se aplicam hoje a tecidos aos quais não é reconhecido

nenhum valor como patrimônio urbano a preservar.”

Enquanto a reabilitação urbana é tida como:

“... uma estratégia de gestão urbana que procura requalificar a cidade

existente, por intervenções diversas destinadas a valorizar as

potencialidades sócio-económicas e funcionais para melhorar as condições

de vida das populações residentes. Isto exige a melhoria das condições de

habitabilidade do parque construído, mantendo sua morfologia e valor

patrimonial, a valorização da vida econômica, cultural e social pelo

desenvolvimento das actividades econômicas, numa base de potenciação

dos recursos endógenos, e pela melhoria dos equipamentos, infraestruturas

2.1

Reabilitação urbana

1 MARICATO, E.T.M. Reabilitação de centros urbanos e habitação social in MARICATO, E. Brasil, cidades. Alternativas para a crise urbana. São Paulo: Vozes, 2001.

2 MARICATO, E.T.M. op. cit. 2001. P.126.

3 LOPES, F. A Reabilitação Urbana em Lisboa in ZANCHETI, S. et al. Estratégias de Intervenção em Áreas Históricas. Recife: UFPE/MDU, 1995.

73Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO72 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 76: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

e espaços públicos, mantendo, no entanto, a identidade e as características 4

da área da cidade em causa e da sua população que permanece no local.”

Na renovação urbana estão representados os interesses dos

proprietários imobiliários privados e do grande capital imobiliário -

promotores, construtores e financiadores. Na reabilitação estão

envolvidos profissionais e militantes ligados à história e à memória da

cidade, à população moradora, às empresas pequenas e médias ligadas

à reforma e ao trabalho artesanal, dentro de um contexto de

participação social e solidariedade. A opção política entre um ou outro

caso implica em estratégias de ação e resultados diferentes. O desafio

colocado pela reabilitação urbana é o de manter a população residente

e, nesse sentido, priorizar a moradia social é um caminho para construir

uma intervenção democrática.

5Fernandes e Gomes , ao relatar os primóridios da experiência de

recuperação do Pelourinho em Salvador, ressaltam que o conceito de

reabilitação urbana significa “'restituir ao estado anterior','restituir à

estima pública', 'restituir à normalidade do convívio social', não apenas as

pedras, mas sobretudo aqueles que as superpuseram, as escoraram, as

cantaram e, em muitos casos, com elas desapareceram”.

Entretanto, antes de avançar no tema da intervenção em centros

urbanos com moradia social, cabem considerações sobre aspectos

necessários a quaisquer das intervenções e que fogem do escopo do

programa em si, além de traçar alguns parâmetros que lhes garantam 6

um caráter de inclusão social. Maricato já discorreu sobre esses

aspectos evidenciando a necessidade de respostas estruturais que a

demanda por moradia social exige em nosso país. Os tópicos por ela

discutidos são:

A questão da moradia social: o mercado imobiliário é uma

referência importante para as políticas urbanas no Brasil e, por

isso, a promoção pública não pode dar resposta sozinha ao

problema, mas deve conduzi-lo sem se deixar dirigir por lógicas

compensatórias ou por interesses empresariais privados. Além

disso, as gestões públicas, mesmo que preocupadas com a

unidade habitacional, devem ter como referência o conceito de

habitat e devem se debruçar sobre as questões fundiárias e

urbanas que devem fazer parte dos programas;

“A questão da moradia social em áreas centrais urbanas tem solução

satisfatória apenas nos marcos de uma política habitacional nacional que

inclua a regulamentação do mercado e os programas subvencionados 7

destinados àqueles que não têm acesso ao mercado privado” ;

Programas de moradia para a baixa renda são inviáveis quando a

classe média não tem acesso ao mercado formal. Maricato

defende que o mercado habitacional privado precisa atender a

demanda da classe média para que os programas habitacionais

públicos de fato atendam a demanda social;

A ampliação do acesso à moradia no Brasil depende da

ampliação do mercado residencial por meio de uma política

nacional de habitação que defina uma reforma financeira que

regule o mercado e garanta subsídios escalonados, uma reforma

urbana em terras urbanizadas e uma estrutura institucional

nacional;

Política fundiária para moradia e em especial para moradia social

em áreas centrais: a reversão do crescimento urbano incapaz de

resolver satisfatoriamente a habitação social exige que o

planejamento urbano tenha como eixo uma política fundiária

voltada a esse fim. Nesse sentido, uma regulação específica para

as áreas centrais pode incluir instrumentos previstos no Estatuto 8

da Cidade para incentivar e pressionar a produção de Habitação

de Interesse Social.

No caso específico das áreas urbanas centrais, Maricato ainda ressalta a

relevância de outros aspectos que precisam ser observados, como a

permanência dos pequenos negócios que garantem a oferta de

emprego, a promoção do uso residencial, a mudança da escala dos

projetos-piloto para a escala de massa, a definição de linhas de

financiamento específicas para reabilitação de áreas centrais, a compra

de imóveis usados; a reforma de moradias coletivas por iniciativas de

cooperativas, a promoção privada e pública, o desenvolvimento de

tecnologias adequadas para reforma de imóveis pelo setor da

construção civil, a concentração da operação em um único órgão, a

garantia do controle social que pode se viabilizar por meio de um

conselho e o conhecimento do estoque edificado e da população

moradora.

4 LOPES, F. op. cit. 1995. p. 16.

5 FERNANDES, A. e GOMES M.A.A.F. “Operação Pelourinho: o que há de

novo além das cores? in ZANCHETI, S. et al. Estratégias

de Intervenção em áreas históricas. Recife: UFPE/MDU,

1995.

6 MARICATO, E.T.M. op. cit. 2001 p. 128

7 MARICATO, E.T.M. op. cit. 2001, p. 128.

8 Lei 10257 de 10 de julho de 2001 regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana.

75Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO74 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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e espaços públicos, mantendo, no entanto, a identidade e as características 4

da área da cidade em causa e da sua população que permanece no local.”

Na renovação urbana estão representados os interesses dos

proprietários imobiliários privados e do grande capital imobiliário -

promotores, construtores e financiadores. Na reabilitação estão

envolvidos profissionais e militantes ligados à história e à memória da

cidade, à população moradora, às empresas pequenas e médias ligadas

à reforma e ao trabalho artesanal, dentro de um contexto de

participação social e solidariedade. A opção política entre um ou outro

caso implica em estratégias de ação e resultados diferentes. O desafio

colocado pela reabilitação urbana é o de manter a população residente

e, nesse sentido, priorizar a moradia social é um caminho para construir

uma intervenção democrática.

5Fernandes e Gomes , ao relatar os primóridios da experiência de

recuperação do Pelourinho em Salvador, ressaltam que o conceito de

reabilitação urbana significa “'restituir ao estado anterior','restituir à

estima pública', 'restituir à normalidade do convívio social', não apenas as

pedras, mas sobretudo aqueles que as superpuseram, as escoraram, as

cantaram e, em muitos casos, com elas desapareceram”.

Entretanto, antes de avançar no tema da intervenção em centros

urbanos com moradia social, cabem considerações sobre aspectos

necessários a quaisquer das intervenções e que fogem do escopo do

programa em si, além de traçar alguns parâmetros que lhes garantam 6

um caráter de inclusão social. Maricato já discorreu sobre esses

aspectos evidenciando a necessidade de respostas estruturais que a

demanda por moradia social exige em nosso país. Os tópicos por ela

discutidos são:

A questão da moradia social: o mercado imobiliário é uma

referência importante para as políticas urbanas no Brasil e, por

isso, a promoção pública não pode dar resposta sozinha ao

problema, mas deve conduzi-lo sem se deixar dirigir por lógicas

compensatórias ou por interesses empresariais privados. Além

disso, as gestões públicas, mesmo que preocupadas com a

unidade habitacional, devem ter como referência o conceito de

habitat e devem se debruçar sobre as questões fundiárias e

urbanas que devem fazer parte dos programas;

“A questão da moradia social em áreas centrais urbanas tem solução

satisfatória apenas nos marcos de uma política habitacional nacional que

inclua a regulamentação do mercado e os programas subvencionados 7

destinados àqueles que não têm acesso ao mercado privado” ;

Programas de moradia para a baixa renda são inviáveis quando a

classe média não tem acesso ao mercado formal. Maricato

defende que o mercado habitacional privado precisa atender a

demanda da classe média para que os programas habitacionais

públicos de fato atendam a demanda social;

A ampliação do acesso à moradia no Brasil depende da

ampliação do mercado residencial por meio de uma política

nacional de habitação que defina uma reforma financeira que

regule o mercado e garanta subsídios escalonados, uma reforma

urbana em terras urbanizadas e uma estrutura institucional

nacional;

Política fundiária para moradia e em especial para moradia social

em áreas centrais: a reversão do crescimento urbano incapaz de

resolver satisfatoriamente a habitação social exige que o

planejamento urbano tenha como eixo uma política fundiária

voltada a esse fim. Nesse sentido, uma regulação específica para

as áreas centrais pode incluir instrumentos previstos no Estatuto 8

da Cidade para incentivar e pressionar a produção de Habitação

de Interesse Social.

No caso específico das áreas urbanas centrais, Maricato ainda ressalta a

relevância de outros aspectos que precisam ser observados, como a

permanência dos pequenos negócios que garantem a oferta de

emprego, a promoção do uso residencial, a mudança da escala dos

projetos-piloto para a escala de massa, a definição de linhas de

financiamento específicas para reabilitação de áreas centrais, a compra

de imóveis usados; a reforma de moradias coletivas por iniciativas de

cooperativas, a promoção privada e pública, o desenvolvimento de

tecnologias adequadas para reforma de imóveis pelo setor da

construção civil, a concentração da operação em um único órgão, a

garantia do controle social que pode se viabilizar por meio de um

conselho e o conhecimento do estoque edificado e da população

moradora.

4 LOPES, F. op. cit. 1995. p. 16.

5 FERNANDES, A. e GOMES M.A.A.F. “Operação Pelourinho: o que há de

novo além das cores? in ZANCHETI, S. et al. Estratégias

de Intervenção em áreas históricas. Recife: UFPE/MDU,

1995.

6 MARICATO, E.T.M. op. cit. 2001 p. 128

7 MARICATO, E.T.M. op. cit. 2001, p. 128.

8 Lei 10257 de 10 de julho de 2001 regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana.

75Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO74 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 78: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

9Nesse mesmo sentido Lopes ressalta, como elementos fundamentais

de uma política de reabilitação urbana:

Preservação da identidade dos bairros: os bairros antigos

asseguram a identidade da cidade pela existência de um tecido

social no centro com fortes redes de solidariedade e

cumplicidade, sentimento de pertença, acúmulo de cultura e

história em memórias múltiplas;

Contenção da periferização da população e da terceirização do

centro: “a Reabilitação, fixando a população no centro, procura

contrabalançar esta tendência, reduzindo os fluxos pendulares, a

desertificação e conseqüente insegurança do centro”. Nesse

sentido, a diversidade social e funcional são fatores fundamentais

para evitar ou reverter o despovoamento do centro urbano e a

expansão por meio da periferização da cidade.

Uma gestão urbana inovadora e pluridisciplinar, com instalação

de gabinetes técnicos nas áreas de intervenção que podem

alterar a relação da administração municipal com os moradores,

criando uma interlocução direta com a população.

Estabelecer como primeira prioridade mudar as condições de

habitabilidade das moradias. Para isso, as intervenções podem ir

desde as obras de restauro, nos casos de imóveis de interesse

histórico até a demolição daqueles que não apresentam

condições de manutenção, passando pela recuperação que tenta

manter ao máximo os elementos. “É exactamente neste desafio

de conciliar a preservação do patrimônio com a promoção da

mudança social que se situa e se define a Reabilitação Urbana”

11O contexto no qual se inseriu a reabilitação urbana na França , segundo

12Coulon , foi marcado por um fato ocorrido em 1954, quando uma

criança morreu de frio em um cortiço e isso desencadeou um processo

de luta pelo direito da moradia na França. Esse acidente foi o mote para

que o Estado, fortemente pressionado, tomasse uma atitude no sentido

de definir uma política nacional para a moradia. Foi, então, criado um

sistema de subsídios, empréstimos e incentivos fiscais coerentes com a

diretriz política que definia que o papel do Estado na produção

habitacional era apenas incentivar a produção, sem intervir

diretamente (posição também predominante na Itália e Espanha e

contrária a adotada nos países do Norte da Europa). Na década de

1960, diante de um quadro ainda problemático, o Estado Francês

(entenda-se governo federal) assume uma posição intervencionista,

tanto em relação à moradia pública quanto à privada. O Estado francês

ocupou pouco a pouco o lugar do setor privado na solução do problema

habitacional, mas, mesmo assim, muitos franceses ainda moravam em

cortiços até os anos 1970.

13Em 1962, a lei Malraux foi responsável pela criação dos Setores

Salvaguardados que tinham o objetivo de preservar bairros antigos e

permitir a recuperação e a adaptação dos mesmos às novas condições

de vida, além disso instituiu um novo mecanismo de intervenção no

Perímetro de Restauração Imobiliária. Em 1971, é criada a ANAH,

Agence Nationale pour l'Amélioration de l'Habitat (Agência Nacional para

a Melhoria da Habitação), e, nos anos 1970, se aquece a reflexão sobre

o financiamento da moradia e o lugar da habitação antiga nas políticas de

moradia.

A política de reabilitação urbana na França tem origem em 1975 com a

divulgação do relatório “Rapport sur l'amélioration de l'habitat ancien”

elaborado por Simon Nora e Bertrand Eveno. “Este relatório constitui,

2.210A experiência francesa de reabilitação urbana

2.2.1

Estrutura institucional

10 As principais referências para a elaboração desse texto foram a apostila e as anotações pessoais do curso Gestão de Programas de Reabilitação Urbana, realizado entre os dias 20 e 29 de novembro de 2000 na FAU Maranhão. Foi organizado pelo Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (Labhab da FAUUSP), pela École Nationale des Ponts et Chausses (ENPC, da França) e pela Fedération Nationale des Pact-Arim com patrocínio da Direction Genérale de l'Urbanisme, de l'Habitat et de la Construction do Ministère de l'Equipament, des Transports et du Logement da França e com o apoio da Caixa Econômica Federal e do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais (Secovi). O curso adaptou para a realidade brasileira o Programa Anual de Formação Contínua da ENPC sobre Gestão de Operações de Reabilitação Urbana em bairros antigos da América Latina. A experiência francesa de reabilitação urbana compôs parte significativa do programa do curso, sendo exposta por Jean-Yves Coulon, Consultor do Pact-Arim Internacional e ex-diretor do Pact-Arim de Ille et Vilaine na Bretanha; Nancy Bouché, Inspecteur géneral de l'equipement du Ministère de l'Equipement et du Logement; Dominique Caccavelli, engenheiro chefe de pesquisa do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) e Didier Butteux, arquiteto coordenador de projetos do Pact de Paris. Felipe Lopes apresentou a experiência de Lisboa. Helena Menna Barreto Silva, na época consultora e pesquisadora do Labhab foi a coordenadora geral do curso

11 Dados de 1999: população 61,3 milhões, 28 milhões de moradias, das quais 2,2 milhões vazias.

12 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. Textos referentes ao Curso Gestão de Programas de Reabilitação Urbana. São Paulo: LabHab FAUUSP, 2000

13 Loi n° 62-903 du 4 août 1962. Loi complétant la législation sur la protection du patrimoine historique et esthétique de la France et tendant à faciliter la restauration immobilière. Disponível no apêndice.9 LOPES, F.A. op. cit. 1995.

77Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO76 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 79: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

9Nesse mesmo sentido Lopes ressalta, como elementos fundamentais

de uma política de reabilitação urbana:

Preservação da identidade dos bairros: os bairros antigos

asseguram a identidade da cidade pela existência de um tecido

social no centro com fortes redes de solidariedade e

cumplicidade, sentimento de pertença, acúmulo de cultura e

história em memórias múltiplas;

Contenção da periferização da população e da terceirização do

centro: “a Reabilitação, fixando a população no centro, procura

contrabalançar esta tendência, reduzindo os fluxos pendulares, a

desertificação e conseqüente insegurança do centro”. Nesse

sentido, a diversidade social e funcional são fatores fundamentais

para evitar ou reverter o despovoamento do centro urbano e a

expansão por meio da periferização da cidade.

Uma gestão urbana inovadora e pluridisciplinar, com instalação

de gabinetes técnicos nas áreas de intervenção que podem

alterar a relação da administração municipal com os moradores,

criando uma interlocução direta com a população.

Estabelecer como primeira prioridade mudar as condições de

habitabilidade das moradias. Para isso, as intervenções podem ir

desde as obras de restauro, nos casos de imóveis de interesse

histórico até a demolição daqueles que não apresentam

condições de manutenção, passando pela recuperação que tenta

manter ao máximo os elementos. “É exactamente neste desafio

de conciliar a preservação do patrimônio com a promoção da

mudança social que se situa e se define a Reabilitação Urbana”

11O contexto no qual se inseriu a reabilitação urbana na França , segundo

12Coulon , foi marcado por um fato ocorrido em 1954, quando uma

criança morreu de frio em um cortiço e isso desencadeou um processo

de luta pelo direito da moradia na França. Esse acidente foi o mote para

que o Estado, fortemente pressionado, tomasse uma atitude no sentido

de definir uma política nacional para a moradia. Foi, então, criado um

sistema de subsídios, empréstimos e incentivos fiscais coerentes com a

diretriz política que definia que o papel do Estado na produção

habitacional era apenas incentivar a produção, sem intervir

diretamente (posição também predominante na Itália e Espanha e

contrária a adotada nos países do Norte da Europa). Na década de

1960, diante de um quadro ainda problemático, o Estado Francês

(entenda-se governo federal) assume uma posição intervencionista,

tanto em relação à moradia pública quanto à privada. O Estado francês

ocupou pouco a pouco o lugar do setor privado na solução do problema

habitacional, mas, mesmo assim, muitos franceses ainda moravam em

cortiços até os anos 1970.

13Em 1962, a lei Malraux foi responsável pela criação dos Setores

Salvaguardados que tinham o objetivo de preservar bairros antigos e

permitir a recuperação e a adaptação dos mesmos às novas condições

de vida, além disso instituiu um novo mecanismo de intervenção no

Perímetro de Restauração Imobiliária. Em 1971, é criada a ANAH,

Agence Nationale pour l'Amélioration de l'Habitat (Agência Nacional para

a Melhoria da Habitação), e, nos anos 1970, se aquece a reflexão sobre

o financiamento da moradia e o lugar da habitação antiga nas políticas de

moradia.

A política de reabilitação urbana na França tem origem em 1975 com a

divulgação do relatório “Rapport sur l'amélioration de l'habitat ancien”

elaborado por Simon Nora e Bertrand Eveno. “Este relatório constitui,

2.210A experiência francesa de reabilitação urbana

2.2.1

Estrutura institucional

10 As principais referências para a elaboração desse texto foram a apostila e as anotações pessoais do curso Gestão de Programas de Reabilitação Urbana, realizado entre os dias 20 e 29 de novembro de 2000 na FAU Maranhão. Foi organizado pelo Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos (Labhab da FAUUSP), pela École Nationale des Ponts et Chausses (ENPC, da França) e pela Fedération Nationale des Pact-Arim com patrocínio da Direction Genérale de l'Urbanisme, de l'Habitat et de la Construction do Ministère de l'Equipament, des Transports et du Logement da França e com o apoio da Caixa Econômica Federal e do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais (Secovi). O curso adaptou para a realidade brasileira o Programa Anual de Formação Contínua da ENPC sobre Gestão de Operações de Reabilitação Urbana em bairros antigos da América Latina. A experiência francesa de reabilitação urbana compôs parte significativa do programa do curso, sendo exposta por Jean-Yves Coulon, Consultor do Pact-Arim Internacional e ex-diretor do Pact-Arim de Ille et Vilaine na Bretanha; Nancy Bouché, Inspecteur géneral de l'equipement du Ministère de l'Equipement et du Logement; Dominique Caccavelli, engenheiro chefe de pesquisa do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) e Didier Butteux, arquiteto coordenador de projetos do Pact de Paris. Felipe Lopes apresentou a experiência de Lisboa. Helena Menna Barreto Silva, na época consultora e pesquisadora do Labhab foi a coordenadora geral do curso

11 Dados de 1999: população 61,3 milhões, 28 milhões de moradias, das quais 2,2 milhões vazias.

12 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. Textos referentes ao Curso Gestão de Programas de Reabilitação Urbana. São Paulo: LabHab FAUUSP, 2000

13 Loi n° 62-903 du 4 août 1962. Loi complétant la législation sur la protection du patrimoine historique et esthétique de la France et tendant à faciliter la restauration immobilière. Disponível no apêndice.9 LOPES, F.A. op. cit. 1995.

77Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO76 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 80: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

na verdade, a certidão de nascimento de um formidável movimento de

reabilitação imobiliária que tomou conta da França, tanto no setor 14

privado quanto no setor público”.

Em 1977, foram instituídos os Fundos de Tratamento Urbano (Fonds

d'Aménagement Urbain) para financiar as Operações Programadas para

Melhoria do Habitat (OPAH Opérations Programmées d'Amélioration de

l'Habitat), criadas na perspectiva de um trabalho indutor junto aos

proprietários e investidores privados. A criação das OPAH teve grande

impacto para o setor privado

Na década de 1980 aconteceu um intenso processo de

descentralização na estrutura administrativa e institucional do governo

francês. Nas localidades existem duas autoridades, uma eleita e outra

indicada pelo governo central. A autoridade do prefeito eleito, embora

tenha autonomia política, é controlada sob o ponto de vista da

legalidade de suas ações, enquanto a autoridade nomeada pelo governo

central é controlada de maneira hierárquica em relação ao poder

central, sendo possível até a revogação de suas determinações por

parte do mesmo. Ou seja, atua como um braço do poder central em

todas as coletividades locais. Em relação às competências, o Estado

assume a responsabilidade pelos assuntos que são de interesse geral da

população, como é o caso da moradia, enquanto as coletividades locais

assumem os assuntos que estão relacionados diretamente à realidade

local, planejamento, urbanismo e as políticas locais de habitação. Da

mesma forma se deu a destinação dos recursos orçamentários.

15Desde de 1989 o acesso à moradia é um direito fundamental na

França, o que significa que todo francês tem legitimidade para

reivindicar seu direito às comunidades locais. Os municípios têm

obrigação de construir moradia social e podem sofrer punições

financeiras caso não as cumpram.

Para cumprir sua missão de garantir o acesso à moradia a toda

população, seja no setor público ou privado, o Estado Francês atua na

definição da política habitacional e dos financiamentos, na regulação do

mercado privado e na ampliação da oferta diversificada e qualificada de

moradias, dando atenção também para a sustentabilidade do setor da

construção civil. Além disso, o Estado tem o dever de fomentar a 16

criação de políticas habitacionais locais.

Atualmente, a política de reabilitação urbana na França está apoiada nos

seguintes princípios:

Direito à moradia digna, o que implica em aluguel acessível aos

mais pobres;

Moradia de qualidade;

O nível de auxílio é aquele que a sociedade aceita em nome da

solidariedade nacional;

Oferta suficiente de habitação;

Oferta qualitativa de moradia: localização adequada para evitar a

segregação social.

A Lei de Solidariedade Urbana (Loi Solidarité et Renouvellement Urbain - 17

SRU ), aprovada em 2000, define no seu artigo 55, que todos os

municípios ou aglomerações urbanas com mais de 50.000 moradores

deverão ter, no mínimo, 20% de habitação social em seus territórios

num prazo de 20 anos. A previsão é de que sejam produzidas 22.000

moradias sociais por ano totalizando 450.000 ao final dos vinte anos.

14 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS

ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. op. cit.. P. 8

15 FRANCE (País) - Ministry of Public Works, Transport and Housing -

Directorate General of Urban Planning, Housing and

Construction. The funding of housing in France. Paris: G.M.J.

Phoenix, 1999. P. 17

16 “O Estado francês age desta maneira, pois acredita ter uma MISSÃO. Para isso se fixou um

OBJETIVO com um dever inalienável e como a expressão

de uma VOCAÇÃO. A MISSÃO do Estado neste caso é, antes de

tudo, programar e atribuir os auxílios-moradia (auxílio a obras

e auxílio às pessoas) para permitir a todos os franceses,

mesmo os mais desfavorecidos, em nome do direito à moradia, o

acesso a um teto, seja no setor privado ou no setor público

social. O OBJETIVO seguido pelo Estado, agindo desta forma, é observar e regular o mercado.

Seu princípio é, de fato, favorecer o aumento da oferta

de moradia diversificada: locação e acesso à casa própria - setor

social e setor privado - construções novas e reabilitação, particularmente onde o mercado

é dinâmico. O controle do mercado tem igualmente uma

outra finalidade: sustentar a atividade do setor da construção.O Estado também afirma ter um

DEVER: inovar e promover a qualidade. É uma necessidade se

queremos que o setor da construção se adapte

permanentemente às evoluções econômicas, sociais e tecnológicas.

Finalmente, o Estado tem uma VOCAÇÃO, a de animar as

políticas locais de habitação. Em matéria social, por exemplo, trata-se principalmente de acompanhar

ou complementar o mercado cujos mecanismos, por si sós, não

permitem, na maioria dos países, satisfazer as necessidades

habitacionais. Por outro lado, é também sua vocação fazer prevalecer as exigências de

solidariedade e de equilíbrio, não somente no plano social, mas

também no plano espacial.”17 Disponível no apêndice.

2.2.2

Os atores da moradia social

Para entender o funcionamento da política implementada na França, é

fundamental identificar seus principais atores:

Os organismos de HLM (Habitation à Loyer Modere)

Os governos locais

As associações sem fins lucrativos

ANAH (Agence Nationale pour l'Amélioration de l'Habitat)

HLM - Habitation à Loyer Modere - habitação a aluguel moderado

Os organismos de HLM foram criados em 1950 como sucessores do

organismo HBM Habitation à Bom Marche, habitação barata que havia

sido criada em 1912. Foram criados num contexto em que a iniciativa

a.

b.

c.

d.

a.

79Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO78 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 81: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

na verdade, a certidão de nascimento de um formidável movimento de

reabilitação imobiliária que tomou conta da França, tanto no setor 14

privado quanto no setor público”.

Em 1977, foram instituídos os Fundos de Tratamento Urbano (Fonds

d'Aménagement Urbain) para financiar as Operações Programadas para

Melhoria do Habitat (OPAH Opérations Programmées d'Amélioration de

l'Habitat), criadas na perspectiva de um trabalho indutor junto aos

proprietários e investidores privados. A criação das OPAH teve grande

impacto para o setor privado

Na década de 1980 aconteceu um intenso processo de

descentralização na estrutura administrativa e institucional do governo

francês. Nas localidades existem duas autoridades, uma eleita e outra

indicada pelo governo central. A autoridade do prefeito eleito, embora

tenha autonomia política, é controlada sob o ponto de vista da

legalidade de suas ações, enquanto a autoridade nomeada pelo governo

central é controlada de maneira hierárquica em relação ao poder

central, sendo possível até a revogação de suas determinações por

parte do mesmo. Ou seja, atua como um braço do poder central em

todas as coletividades locais. Em relação às competências, o Estado

assume a responsabilidade pelos assuntos que são de interesse geral da

população, como é o caso da moradia, enquanto as coletividades locais

assumem os assuntos que estão relacionados diretamente à realidade

local, planejamento, urbanismo e as políticas locais de habitação. Da

mesma forma se deu a destinação dos recursos orçamentários.

15Desde de 1989 o acesso à moradia é um direito fundamental na

França, o que significa que todo francês tem legitimidade para

reivindicar seu direito às comunidades locais. Os municípios têm

obrigação de construir moradia social e podem sofrer punições

financeiras caso não as cumpram.

Para cumprir sua missão de garantir o acesso à moradia a toda

população, seja no setor público ou privado, o Estado Francês atua na

definição da política habitacional e dos financiamentos, na regulação do

mercado privado e na ampliação da oferta diversificada e qualificada de

moradias, dando atenção também para a sustentabilidade do setor da

construção civil. Além disso, o Estado tem o dever de fomentar a 16

criação de políticas habitacionais locais.

Atualmente, a política de reabilitação urbana na França está apoiada nos

seguintes princípios:

Direito à moradia digna, o que implica em aluguel acessível aos

mais pobres;

Moradia de qualidade;

O nível de auxílio é aquele que a sociedade aceita em nome da

solidariedade nacional;

Oferta suficiente de habitação;

Oferta qualitativa de moradia: localização adequada para evitar a

segregação social.

A Lei de Solidariedade Urbana (Loi Solidarité et Renouvellement Urbain - 17

SRU ), aprovada em 2000, define no seu artigo 55, que todos os

municípios ou aglomerações urbanas com mais de 50.000 moradores

deverão ter, no mínimo, 20% de habitação social em seus territórios

num prazo de 20 anos. A previsão é de que sejam produzidas 22.000

moradias sociais por ano totalizando 450.000 ao final dos vinte anos.

14 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS

ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. op. cit.. P. 8

15 FRANCE (País) - Ministry of Public Works, Transport and Housing -

Directorate General of Urban Planning, Housing and

Construction. The funding of housing in France. Paris: G.M.J.

Phoenix, 1999. P. 17

16 “O Estado francês age desta maneira, pois acredita ter uma MISSÃO. Para isso se fixou um

OBJETIVO com um dever inalienável e como a expressão

de uma VOCAÇÃO. A MISSÃO do Estado neste caso é, antes de

tudo, programar e atribuir os auxílios-moradia (auxílio a obras

e auxílio às pessoas) para permitir a todos os franceses,

mesmo os mais desfavorecidos, em nome do direito à moradia, o

acesso a um teto, seja no setor privado ou no setor público

social. O OBJETIVO seguido pelo Estado, agindo desta forma, é observar e regular o mercado.

Seu princípio é, de fato, favorecer o aumento da oferta

de moradia diversificada: locação e acesso à casa própria - setor

social e setor privado - construções novas e reabilitação, particularmente onde o mercado

é dinâmico. O controle do mercado tem igualmente uma

outra finalidade: sustentar a atividade do setor da construção.O Estado também afirma ter um

DEVER: inovar e promover a qualidade. É uma necessidade se

queremos que o setor da construção se adapte

permanentemente às evoluções econômicas, sociais e tecnológicas.

Finalmente, o Estado tem uma VOCAÇÃO, a de animar as

políticas locais de habitação. Em matéria social, por exemplo, trata-se principalmente de acompanhar

ou complementar o mercado cujos mecanismos, por si sós, não

permitem, na maioria dos países, satisfazer as necessidades

habitacionais. Por outro lado, é também sua vocação fazer prevalecer as exigências de

solidariedade e de equilíbrio, não somente no plano social, mas

também no plano espacial.”17 Disponível no apêndice.

2.2.2

Os atores da moradia social

Para entender o funcionamento da política implementada na França, é

fundamental identificar seus principais atores:

Os organismos de HLM (Habitation à Loyer Modere)

Os governos locais

As associações sem fins lucrativos

ANAH (Agence Nationale pour l'Amélioration de l'Habitat)

HLM - Habitation à Loyer Modere - habitação a aluguel moderado

Os organismos de HLM foram criados em 1950 como sucessores do

organismo HBM Habitation à Bom Marche, habitação barata que havia

sido criada em 1912. Foram criados num contexto em que a iniciativa

a.

b.

c.

d.

a.

79Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO78 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 82: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

privada não conseguia construir moradias em número suficiente e os

cortiços se ampliavam com o crescimento populacional. O Estado

decidiu, então, intervir, não construindo diretamente, mas confiando a

organismos especializados, auxiliados financeiramente, o encargo de 18

construir e administrar a locação para a população de baixa renda .

Os organismos de HLM se dividem em quatro grupos, um público e três

privados:

HLM de direito público:

Os ofícios públicos de HLM, criados por iniciativa dos municípios ou

dos Departamentos (as províncias da organização territorial

francesa), possuem estatutos jurídicos próprios e gozam de uma

série de privilégios para a aplicação de políticas de habitação social;

HLM de direito privado são divididos em:

Sociedades anônimas de direito privado, formadas por pessoas

físicas (compram ações para investir) e empresas privadas (esse

investimento é uma alternativa ao pagamento da contribuição

fiscal obrigatória de 1% destinada à habitação social). Podem

fazer empreendimentos mistos, de caráter social e para classes

de renda mais alta;

Sociedades cooperativas: grupos de moradores que se reúnem

para construir;

Cooperativas de crédito imobiliário ou instituições financeiras de

crédito que financiam a construção com recursos subsidiados.

b.

c.

Os governos locais

São representadas, principalmente, pelos municípios. Muitos

municípios solicitam financiamento do governo central para reabilitar

seus imóveis para a moradia.

Associações sem fins lucrativos

Movimento Pact-Arim (Protection Amélioration Conservation

Transformation de l'habitat Associations de Restauration Immobilière, ou,

em português, Proteção, Melhoria, Conservação e Transformação do

Habitat Associação para a Restauração Imobiliária). São associações de

direito privado, sem fins lucrativos, criadas na década de 1940.

Originalmente seus nomes eram apenas Pact, com atuação em casos

isolados, mas, nos anos

1960, sua atuação passou a

incluir a reabilitação de

conjuntos de ba irros ,

tornando-se, a partir de

e n t ã o , P a c t - A r i m .

C o m p o s t o s p o r

profissionais que trabalham

com reabilitação urbana, os

Pact-Arim têm autorização

para assumir alguns serviços

públicos além de qualquer

trabalho decorrente de

concorrência pública, o que

as distingue dos escritórios

de consultoria. Além disso, a

Constituição francesa isenta

os Pact-Arim de impostos.

1.400 organismos de HLM;

13 milhões de pessoas (9 milhões de locatários e 4 milhões de

proprietários) envolvidas;

3,4 milhões de moradias alugadas;

1,25 milhão de moradias construídas com financiamento;

Mais de 1/3 do patrimônio locativo francês é administrado pelos

organismos de HLM;

Investimento anual dos HLM em seu patrimônio: 40 bilhões de francos;

Arrecadação anual com aluguel: 73 bilhões de francos;

Arrecadação anual com taxas diversas: 23 bilhões de francos.

Tabela 2.119Números totais dos Organismos de HLM, em 2000

120.000 reabilitações por ano;

1.500 contratos em toda a França;

13.000 moradias/ano por reabilitação pública produzida para a população

bem pobre.

Tabela 2.2

Alguns números dos Pact-Arim

18 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS

ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. op.cit. P.6

19 1 franco valia R$ 0,75 em 2000.

81Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO80 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 2.1

MouvementPact Arim

PAC

T-A

RIM

Page 83: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

privada não conseguia construir moradias em número suficiente e os

cortiços se ampliavam com o crescimento populacional. O Estado

decidiu, então, intervir, não construindo diretamente, mas confiando a

organismos especializados, auxiliados financeiramente, o encargo de 18

construir e administrar a locação para a população de baixa renda .

Os organismos de HLM se dividem em quatro grupos, um público e três

privados:

HLM de direito público:

Os ofícios públicos de HLM, criados por iniciativa dos municípios ou

dos Departamentos (as províncias da organização territorial

francesa), possuem estatutos jurídicos próprios e gozam de uma

série de privilégios para a aplicação de políticas de habitação social;

HLM de direito privado são divididos em:

Sociedades anônimas de direito privado, formadas por pessoas

físicas (compram ações para investir) e empresas privadas (esse

investimento é uma alternativa ao pagamento da contribuição

fiscal obrigatória de 1% destinada à habitação social). Podem

fazer empreendimentos mistos, de caráter social e para classes

de renda mais alta;

Sociedades cooperativas: grupos de moradores que se reúnem

para construir;

Cooperativas de crédito imobiliário ou instituições financeiras de

crédito que financiam a construção com recursos subsidiados.

b.

c.

Os governos locais

São representadas, principalmente, pelos municípios. Muitos

municípios solicitam financiamento do governo central para reabilitar

seus imóveis para a moradia.

Associações sem fins lucrativos

Movimento Pact-Arim (Protection Amélioration Conservation

Transformation de l'habitat Associations de Restauration Immobilière, ou,

em português, Proteção, Melhoria, Conservação e Transformação do

Habitat Associação para a Restauração Imobiliária). São associações de

direito privado, sem fins lucrativos, criadas na década de 1940.

Originalmente seus nomes eram apenas Pact, com atuação em casos

isolados, mas, nos anos

1960, sua atuação passou a

incluir a reabilitação de

conjuntos de ba irros ,

tornando-se, a partir de

e n t ã o , P a c t - A r i m .

C o m p o s t o s p o r

profissionais que trabalham

com reabilitação urbana, os

Pact-Arim têm autorização

para assumir alguns serviços

públicos além de qualquer

trabalho decorrente de

concorrência pública, o que

as distingue dos escritórios

de consultoria. Além disso, a

Constituição francesa isenta

os Pact-Arim de impostos.

1.400 organismos de HLM;

13 milhões de pessoas (9 milhões de locatários e 4 milhões de

proprietários) envolvidas;

3,4 milhões de moradias alugadas;

1,25 milhão de moradias construídas com financiamento;

Mais de 1/3 do patrimônio locativo francês é administrado pelos

organismos de HLM;

Investimento anual dos HLM em seu patrimônio: 40 bilhões de francos;

Arrecadação anual com aluguel: 73 bilhões de francos;

Arrecadação anual com taxas diversas: 23 bilhões de francos.

Tabela 2.119Números totais dos Organismos de HLM, em 2000

120.000 reabilitações por ano;

1.500 contratos em toda a França;

13.000 moradias/ano por reabilitação pública produzida para a população

bem pobre.

Tabela 2.2

Alguns números dos Pact-Arim

18 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS

ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. op.cit. P.6

19 1 franco valia R$ 0,75 em 2000.

81Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO80 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 2.1

MouvementPact Arim

PAC

T-A

RIM

Page 84: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

d. ANAH - Agence Nationale pour l'Amélioration de l'Habitat

Agência Nacional para a Melhoria da Habitação

É uma instituição pública nacional criada em 1971 para financiar,

com subsídios, obras de melhoria em imóveis privados com

moradias de aluguel. Qualquer proprietário que aluga seu imóvel

de mais de 15 anos pode solicitar recursos da ANAH para o

financiamento de obras. Em princípio, o subsídio atribuído pela

ANAH é de 25% de um montante com teto fixo de obras. Esse

subsídio pode ser maior se o proprietário assinar um contrato

com o Estado se comprometendo a oferecer seu imóvel para

aluguel em condições análogas às das moradias da locação social

pública: o proprietário deve respeitar um nível de aluguel

máximo e receber famílias cujos recursos sejam inferiores a um

teto definido no contrato. Subsídios mais elevados, de 40% a

70% do montante das obras, podem ser concedidos se os

proprietários credenciarem seus imóveis para receber famílias

pobres designadas pelo Estado.

O teto do financiamento, pré-fixado pelo Estado, poderá ser

ultrapassado caso a obra se destine a solução de problemas

sanitários, ou a trabalhos de interesse arquitetônico, urbano e

paisagístico num secteur sauvegardé (setor salvaguardado) ou em uma

OPAH.

Até recentemente, a fonte dos recursos da ANAH era o recolhimento

obrigatório de 2,5% do valor do aluguel de todos os imóveis de mais de

15 anos, resultando numa arrecadação anual da ordem de 900 milhões

de francos (1,2 bilhões de reais) em 2000. Atualmente, há um repasse

direto por parte do Tesouro francês da mesma ordem de grandeza e a

taxa de 2,5% foi extinta.

Os subsídios da ANAH se destinam a moradias situadas em todo o

território francês e todo proprietário arrendatário tem direito a eles.

Entretanto, as OPAH tem prioridade na ação da Agência. A conceção

dos subsídios da ANAH independem das disponibilidades de recursos

do proprietário ou do locatário, se constituindo, sobretudo, num apoio

econômico às obras de reabilitação do setor locativo privado. O

objetivo social é alcançado com o compromisso da moderação dos

aluguéis.

foto interna-folder

Nos casos em que o mercado mobiliário é muito dinâmico, é provável

que não exista interesse do proprietário em recorrer à ANAH porque o

valor cobrado pelos aluguéis é suficiente para garantir o retorno do

investimento feito na reabilitação do imóvel.

2.2.3

Os recursos

A França o financiamento público da habitação vem das seguintes

fontes:

Créditos orçamentários do Estado (a previsão para 2001 era de

2,44% do orçamento total francês, cerca de US$ 307 milhões)

Caisse des Dépots et Consignations (CDC), Caixa de Depósitos e

Consignações, que é um estabelecimento bancário público

nacional que financia a habitação social. Além dos financiamentos

diretos, mobiliza recursos das cadernetas de poupança.

Esforço dos empregadores para a construção, o chamado 1%

moradia (1% logement): só financia moradia e complementa os

financiamentos do Estado. Em 1953 foi criada uma contribuição

compulsória para todas as empresas com mais de 10

funcionários para arrecadar recursos para a produção de 20

habitação social . A arrecadação anual foi da ordem de 15

bilhões de francos em 2000.

Contribuição das coletividades, governos locais ou regionais,

para complementar as operações de moradia financiadas pelo

governo central.

As taxas e impostos relacionados diretamente a habitação são:

Taxe Additionnelle de Droit au Bail (TADB), Taxa Adicional de

Direito ao Arrendamento: 2,5% do valor dos aluguéis é

recolhido para o Estado e uma parte era, até há pouco, repassada

para a ANAH;

20 FRANCE (País) - Ministry of Public Works, Transport and Housing - Directorate General of Urban Planning, Housing and Construction. The funding of housing in France. Paris: G.M.J. Phoenix, 1999. p. 11.

83Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO82 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 2.2

ANAH

AN

AH

Page 85: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

d. ANAH - Agence Nationale pour l'Amélioration de l'Habitat

Agência Nacional para a Melhoria da Habitação

É uma instituição pública nacional criada em 1971 para financiar,

com subsídios, obras de melhoria em imóveis privados com

moradias de aluguel. Qualquer proprietário que aluga seu imóvel

de mais de 15 anos pode solicitar recursos da ANAH para o

financiamento de obras. Em princípio, o subsídio atribuído pela

ANAH é de 25% de um montante com teto fixo de obras. Esse

subsídio pode ser maior se o proprietário assinar um contrato

com o Estado se comprometendo a oferecer seu imóvel para

aluguel em condições análogas às das moradias da locação social

pública: o proprietário deve respeitar um nível de aluguel

máximo e receber famílias cujos recursos sejam inferiores a um

teto definido no contrato. Subsídios mais elevados, de 40% a

70% do montante das obras, podem ser concedidos se os

proprietários credenciarem seus imóveis para receber famílias

pobres designadas pelo Estado.

O teto do financiamento, pré-fixado pelo Estado, poderá ser

ultrapassado caso a obra se destine a solução de problemas

sanitários, ou a trabalhos de interesse arquitetônico, urbano e

paisagístico num secteur sauvegardé (setor salvaguardado) ou em uma

OPAH.

Até recentemente, a fonte dos recursos da ANAH era o recolhimento

obrigatório de 2,5% do valor do aluguel de todos os imóveis de mais de

15 anos, resultando numa arrecadação anual da ordem de 900 milhões

de francos (1,2 bilhões de reais) em 2000. Atualmente, há um repasse

direto por parte do Tesouro francês da mesma ordem de grandeza e a

taxa de 2,5% foi extinta.

Os subsídios da ANAH se destinam a moradias situadas em todo o

território francês e todo proprietário arrendatário tem direito a eles.

Entretanto, as OPAH tem prioridade na ação da Agência. A conceção

dos subsídios da ANAH independem das disponibilidades de recursos

do proprietário ou do locatário, se constituindo, sobretudo, num apoio

econômico às obras de reabilitação do setor locativo privado. O

objetivo social é alcançado com o compromisso da moderação dos

aluguéis.

foto interna-folder

Nos casos em que o mercado mobiliário é muito dinâmico, é provável

que não exista interesse do proprietário em recorrer à ANAH porque o

valor cobrado pelos aluguéis é suficiente para garantir o retorno do

investimento feito na reabilitação do imóvel.

2.2.3

Os recursos

A França o financiamento público da habitação vem das seguintes

fontes:

Créditos orçamentários do Estado (a previsão para 2001 era de

2,44% do orçamento total francês, cerca de US$ 307 milhões)

Caisse des Dépots et Consignations (CDC), Caixa de Depósitos e

Consignações, que é um estabelecimento bancário público

nacional que financia a habitação social. Além dos financiamentos

diretos, mobiliza recursos das cadernetas de poupança.

Esforço dos empregadores para a construção, o chamado 1%

moradia (1% logement): só financia moradia e complementa os

financiamentos do Estado. Em 1953 foi criada uma contribuição

compulsória para todas as empresas com mais de 10

funcionários para arrecadar recursos para a produção de 20

habitação social . A arrecadação anual foi da ordem de 15

bilhões de francos em 2000.

Contribuição das coletividades, governos locais ou regionais,

para complementar as operações de moradia financiadas pelo

governo central.

As taxas e impostos relacionados diretamente a habitação são:

Taxe Additionnelle de Droit au Bail (TADB), Taxa Adicional de

Direito ao Arrendamento: 2,5% do valor dos aluguéis é

recolhido para o Estado e uma parte era, até há pouco, repassada

para a ANAH;

20 FRANCE (País) - Ministry of Public Works, Transport and Housing - Directorate General of Urban Planning, Housing and Construction. The funding of housing in France. Paris: G.M.J. Phoenix, 1999. p. 11.

83Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO82 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 2.2

ANAH

AN

AH

Page 86: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Taxe d'habitation, Taxa de Habitação: recolhida pelas

municipalidades, apenas as moradias ocupadas pagam essa taxa

e, por este motivo, as quanto maior a ocupação, maior a

arrecadação do governo local.

Na França, o financiamento para a habitação é marcado por uma

importante participação do Estado que intervém em três fatias do

mercado imobiliário: a primeira funciona como mercado livre, a

segunda como mercado regulado e a terceira fatia é a que recebe

subsídios diretos.

Os auxílios que o Estado injeta na fatia subsidiada do mercado

imobiliário podem, conforme a situação:

ser direcionados à produção;

ser direcionados à pessoa;

ser de natureza fiscal.

Auxílios à produção

O setor público de locação social conta com dois tipos de auxílio para

prover habitações de aluguel a famílias de baixa renda. O Prêt Locatif à

Usage Social (PLUS, empréstimo locativo à uso social) se destina a

construção ou reabilitação de moradias. O segundo tipo de auxílio,

Prime a l'Amelioration des Logements a Usage Locatif et Social (PALULOS,

Prêmio por Melhoramentos das Habitações em Uso Locacional Social),

é destinado a melhoria de moradias com mais de 15 anos que já fazem

parte do parque público de locação social. As moradias que recebem

esses dois tipos de auxílios são cadastradas pelo Estado a fim de que os

locatários tenham direito a uma Aide Personnalisée au Logement (APL,

Ajuda Personalizada à Moradia).

O setor privado de locação conta com os recursos da ANAH para a

melhoria dos imóveis, enquanto o setor dos proprietários que moram

em seus imóveis e não têm condições financeiras de realizar a

manutenção dos mesmos conta com o Prime à l'Amelioration de l'Habitat

(PAH , auxílio para a melhoria da habitação).

A aquisição social de moradias novas conta com o Fundo de garantia

social e o prêt à 0% (empréstimo com juro zero).

a.

b.

c.

a.

b.

c.

Auxílios à pessoa:

Os auxílios para as famílias de baixa renda são de dois tipos. Allocation

Logement (AL alocação moradia) se destina aos locatários de imóveis

privados não cadastrados pelo Estado. O segundo tipo, Aide

Personnalisée au Logement (APL Ajuda personalizada à moradia), é

destinado aos imóveis cadastrados pelo Estado e o auxílio é repassado

diretamente ao proprietário que se comprometeu a alugar o imóvel

por um valor controlado.

Os auxílios à família correspondem a 73,3% do orçamento do Estado

para habitação (aproximadamente US$ 200 milhões no ano 2000) e

atendem cerca de 6 milhões de famílias. O Estado francês também fixa

anualmente um valor máximo para o aluguel social. Nos casos em que o

valor do aluguel social não é compatível com a renda da família, ela pode

solicitar o auxílio à pessoa para complementar o valor a ser pago.

Auxílios fiscais

Os auxílios de natureza fiscal, sempre com duração pré-determinada,

se dão por renúncia fiscal, seja pela redução de alíquotas (redução de

19,6% para 5,5% da Taxe sur la Valeur Ajoutée - TVA - Taxa sobre o Valor

Agregado), descontos (impostos de renda, de empresas e de

transmissão de bens), ou pela isenção de taxas fundiárias e de taxas para

equipamentos urbanos (o imóvel pode ter a isenção por 15 anos da Taxe

Foncière sur les Propriétés Bâties, TFPB, Taxa Fundiária sobre as

Propriedades Construídas, equivalente ao nosso IPTU).

É importante ressaltar que nem todos os financiamentos disponíveis

para habitação social são consumidos na França.

2.2.4

As operações de reabilitação e os instrumentos urbanísticos

“O Estado, como forte interventor, atribui às operações de melhoria das

moradias sociais objetivos muito mais ambiciosos do que a mera

reabilitação da construção: ele espera que todo este movimento restaure 21

também o tecido social.”

21 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. op.cit. P.8.

85Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO84 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 87: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Taxe d'habitation, Taxa de Habitação: recolhida pelas

municipalidades, apenas as moradias ocupadas pagam essa taxa

e, por este motivo, as quanto maior a ocupação, maior a

arrecadação do governo local.

Na França, o financiamento para a habitação é marcado por uma

importante participação do Estado que intervém em três fatias do

mercado imobiliário: a primeira funciona como mercado livre, a

segunda como mercado regulado e a terceira fatia é a que recebe

subsídios diretos.

Os auxílios que o Estado injeta na fatia subsidiada do mercado

imobiliário podem, conforme a situação:

ser direcionados à produção;

ser direcionados à pessoa;

ser de natureza fiscal.

Auxílios à produção

O setor público de locação social conta com dois tipos de auxílio para

prover habitações de aluguel a famílias de baixa renda. O Prêt Locatif à

Usage Social (PLUS, empréstimo locativo à uso social) se destina a

construção ou reabilitação de moradias. O segundo tipo de auxílio,

Prime a l'Amelioration des Logements a Usage Locatif et Social (PALULOS,

Prêmio por Melhoramentos das Habitações em Uso Locacional Social),

é destinado a melhoria de moradias com mais de 15 anos que já fazem

parte do parque público de locação social. As moradias que recebem

esses dois tipos de auxílios são cadastradas pelo Estado a fim de que os

locatários tenham direito a uma Aide Personnalisée au Logement (APL,

Ajuda Personalizada à Moradia).

O setor privado de locação conta com os recursos da ANAH para a

melhoria dos imóveis, enquanto o setor dos proprietários que moram

em seus imóveis e não têm condições financeiras de realizar a

manutenção dos mesmos conta com o Prime à l'Amelioration de l'Habitat

(PAH , auxílio para a melhoria da habitação).

A aquisição social de moradias novas conta com o Fundo de garantia

social e o prêt à 0% (empréstimo com juro zero).

a.

b.

c.

a.

b.

c.

Auxílios à pessoa:

Os auxílios para as famílias de baixa renda são de dois tipos. Allocation

Logement (AL alocação moradia) se destina aos locatários de imóveis

privados não cadastrados pelo Estado. O segundo tipo, Aide

Personnalisée au Logement (APL Ajuda personalizada à moradia), é

destinado aos imóveis cadastrados pelo Estado e o auxílio é repassado

diretamente ao proprietário que se comprometeu a alugar o imóvel

por um valor controlado.

Os auxílios à família correspondem a 73,3% do orçamento do Estado

para habitação (aproximadamente US$ 200 milhões no ano 2000) e

atendem cerca de 6 milhões de famílias. O Estado francês também fixa

anualmente um valor máximo para o aluguel social. Nos casos em que o

valor do aluguel social não é compatível com a renda da família, ela pode

solicitar o auxílio à pessoa para complementar o valor a ser pago.

Auxílios fiscais

Os auxílios de natureza fiscal, sempre com duração pré-determinada,

se dão por renúncia fiscal, seja pela redução de alíquotas (redução de

19,6% para 5,5% da Taxe sur la Valeur Ajoutée - TVA - Taxa sobre o Valor

Agregado), descontos (impostos de renda, de empresas e de

transmissão de bens), ou pela isenção de taxas fundiárias e de taxas para

equipamentos urbanos (o imóvel pode ter a isenção por 15 anos da Taxe

Foncière sur les Propriétés Bâties, TFPB, Taxa Fundiária sobre as

Propriedades Construídas, equivalente ao nosso IPTU).

É importante ressaltar que nem todos os financiamentos disponíveis

para habitação social são consumidos na França.

2.2.4

As operações de reabilitação e os instrumentos urbanísticos

“O Estado, como forte interventor, atribui às operações de melhoria das

moradias sociais objetivos muito mais ambiciosos do que a mera

reabilitação da construção: ele espera que todo este movimento restaure 21

também o tecido social.”

21 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, ÉCOLE NATIONALE DES PONTS ET CHAUSSEES; PACT ARIM INTERNACIONAL. op.cit. P.8.

85Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO84 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 88: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

As primeiras intervenções nos bairros antigos ocorreram na década de

1970 para combater a situação de insalubridade. Dentro de perímetros

de intervenção eram definidas as obras de utilidade pública e todo o

conjunto era desapropriado. Os principais problemas decorrentes

dessas operações foram: expulsão da população que vivia nos bairros

pobres, utilização apenas de desapropriações o que acarretava um

custo muito elevado para a intervenção, ou seja, as operações eram em

número reduzido e seus custos muito elevados.

No início das ações de reabilitação urbana, a preocupação era restrita

apenas ao conforto das edificações, ou seja, a reabilitação estava

voltada para o enquadramento das moradias em padrões, pré-

estabelecidos, para a uma moradia confortável. Essa noção, restrita

apenas ao imóvel, se modificou e evoluiu para a recuperação dos

bairros. A reabilitação do edifício era necessária, porém não suficiente.

Em 1977, foi lançada a primeira Opération Programmée d'Amélioration de

l'Habitat (OPAH), Operação Programada para Melhoria do Habitat,

principal instrumento de reabilitação urbana, com uma concepção

totalmente diferente. A idéia era responder à necessidade de intervir

nos bairros antigos mantendo os moradores no local e melhorando as

condições de habitabilidade das moradias.

A OPAH é uma operação contratada entre três parceiros - o governo

central, os governos locais e a ANAH - e tem por objetivo reabilitar o

parque imobiliário edificado. A operação nunca é baseada só em

habitação, é uma operação de reordenamento onde o município

investe e define as prioridades. Tem caráter de incentivo, sem impor

nada aos proprietários e sem interferir na estrutura fundiária.

Dentro do perímetro da OPAH, é realizado um trabalho minucioso para

definir a capacidade de pagamento das famílias, antes de estabelecer

quais serão os pacotes de crédito. Os financiamentos do governo

central se concentram na habitação e os municipais nos equipamentos

públicos. Os custos das obras também são definidos previamente para

determinar quais empresas poderão trabalhar na intervenção. O

tempo de estudo das operações varia entre 6 meses e 1 ano e é

realizado por uma equipe interdisciplinar composta, via de regra, por

sociólogos, especialistas financeiros, historiadores da arte e juristas e

selecionada por concorrência pública. Essas operações podem ser

realizadas pelo Pact-Arim ou por empresas privadas. Muitos governos

locais têm preferido contratar empresas privadas para essas operações,

apesar da vasta experiência do Pact-Arim em reabilitação.

Os resultados das operações de reabilitação mostram que houve um

grande interesse dos proprietários em investir nas áreas porque as

subvenções foram significativas. Porém, essas operações, com fortes

incentivos, também mostraram ser necessário utilizar instrumentos de

direito público de caráter coercitivo, como as desapropriações e a

declaração de utilidade pública. A justificativa para o uso desses

instrumentos coercitivos foi o fato de que, entre 1974 e 1985, as ajudas

da ANAH foram extremamente favoráveis e acabaram beneficiando,

principalmente, os imóveis que não estavam em piores condições,

deixando os casos mais complicados sem solução. Outro engano foi

acreditar que os proprietários fariam por conta própria a manutenção

dos imóveis reabilitados, o que não ocorreu.

Garantir que os moradores permaneçam nos bairros reabilitados

com aluguéis que sejam compatíveis com suas rendas é, ainda,

considerado um problema, pois é reconhecida a mudança do tecido

social em muitas das operações de reabilitação. Isso, apesar dos

aluguéis serem subvencionados, se os proprietários recebem

recursos da ANAH.

A montagem de uma OPAH

Para a montagem de uma OPAH, é necessário definir o seu agente

operador, por exemplo o Pact-Arim, e o seu perímetro de intervenção,

o que é muito importante, tanto na fase de estudos, quanto na fase de

intervenção, para garantir o equilíbrio financeiro da operação e para

que ele funcione como um instrumento de gestão. Vários estudos são

elaborados para definir os perímetros mínimo e máximo de

intervenção e um escritório técnico local é constituído para 22

acompanhar a operação.

As outras noções fundamentais para o projeto são: a abordagem global

e territorial do bairro; as interações entre o bairro e a cidade; a

coerência entre as intervenções públicas; a definição de regras claras

para todos os envolvidos e a parceria entre atores. A definição de todos

22 A experiência de reabilitação urbana de Lisboa adotou uma forma similar de acompanhamento local, por meio da implantação de Gabinetes Técnicos nos bairros reabilitados. Esses gabinetes respondem por quatro das doze Diretorias Municipais e articulam as ações das demais. Suas equipes técnicas procuram ter uma atuação multidisciplinar e são formadas por arquitetos, engenheiros, advogados, historiadores, sociólogos. Com o passar do tempo, os gabinetes tiveram suas obrigações ampliadas e passaram a atuar em atividades econômicas, culturais, sociais, na solução de problemas ambientais ligados aos transportes e aos espaços verdes e livres. Em 1990, foi criada a Direção Municipal de Reabilitação Urbana (DMRU) para orientar e apoiar todos os gabinetes locais.A DMRU tem um quadro de funcionários constituído por 243 técnicos, dentre eles 51 arquitetos, 27 engenheiros, 10 sociólogos e 10 advogados, estruturados da seguinte forma: § Gabinete do diretor, com

assessoria jurídica, de relações exteriores e de sistema de avaliação;§ Divisão de Programação e

Controle Financeiro;§ Serviço administrativo;§ Departamento de Planificação e

Apoio Técnico;§ Departamento de Gestão da

Reabilitação Urbana, que coordena e orienta a atividade dos Gabinetes Locais.

87Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO86 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 89: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

As primeiras intervenções nos bairros antigos ocorreram na década de

1970 para combater a situação de insalubridade. Dentro de perímetros

de intervenção eram definidas as obras de utilidade pública e todo o

conjunto era desapropriado. Os principais problemas decorrentes

dessas operações foram: expulsão da população que vivia nos bairros

pobres, utilização apenas de desapropriações o que acarretava um

custo muito elevado para a intervenção, ou seja, as operações eram em

número reduzido e seus custos muito elevados.

No início das ações de reabilitação urbana, a preocupação era restrita

apenas ao conforto das edificações, ou seja, a reabilitação estava

voltada para o enquadramento das moradias em padrões, pré-

estabelecidos, para a uma moradia confortável. Essa noção, restrita

apenas ao imóvel, se modificou e evoluiu para a recuperação dos

bairros. A reabilitação do edifício era necessária, porém não suficiente.

Em 1977, foi lançada a primeira Opération Programmée d'Amélioration de

l'Habitat (OPAH), Operação Programada para Melhoria do Habitat,

principal instrumento de reabilitação urbana, com uma concepção

totalmente diferente. A idéia era responder à necessidade de intervir

nos bairros antigos mantendo os moradores no local e melhorando as

condições de habitabilidade das moradias.

A OPAH é uma operação contratada entre três parceiros - o governo

central, os governos locais e a ANAH - e tem por objetivo reabilitar o

parque imobiliário edificado. A operação nunca é baseada só em

habitação, é uma operação de reordenamento onde o município

investe e define as prioridades. Tem caráter de incentivo, sem impor

nada aos proprietários e sem interferir na estrutura fundiária.

Dentro do perímetro da OPAH, é realizado um trabalho minucioso para

definir a capacidade de pagamento das famílias, antes de estabelecer

quais serão os pacotes de crédito. Os financiamentos do governo

central se concentram na habitação e os municipais nos equipamentos

públicos. Os custos das obras também são definidos previamente para

determinar quais empresas poderão trabalhar na intervenção. O

tempo de estudo das operações varia entre 6 meses e 1 ano e é

realizado por uma equipe interdisciplinar composta, via de regra, por

sociólogos, especialistas financeiros, historiadores da arte e juristas e

selecionada por concorrência pública. Essas operações podem ser

realizadas pelo Pact-Arim ou por empresas privadas. Muitos governos

locais têm preferido contratar empresas privadas para essas operações,

apesar da vasta experiência do Pact-Arim em reabilitação.

Os resultados das operações de reabilitação mostram que houve um

grande interesse dos proprietários em investir nas áreas porque as

subvenções foram significativas. Porém, essas operações, com fortes

incentivos, também mostraram ser necessário utilizar instrumentos de

direito público de caráter coercitivo, como as desapropriações e a

declaração de utilidade pública. A justificativa para o uso desses

instrumentos coercitivos foi o fato de que, entre 1974 e 1985, as ajudas

da ANAH foram extremamente favoráveis e acabaram beneficiando,

principalmente, os imóveis que não estavam em piores condições,

deixando os casos mais complicados sem solução. Outro engano foi

acreditar que os proprietários fariam por conta própria a manutenção

dos imóveis reabilitados, o que não ocorreu.

Garantir que os moradores permaneçam nos bairros reabilitados

com aluguéis que sejam compatíveis com suas rendas é, ainda,

considerado um problema, pois é reconhecida a mudança do tecido

social em muitas das operações de reabilitação. Isso, apesar dos

aluguéis serem subvencionados, se os proprietários recebem

recursos da ANAH.

A montagem de uma OPAH

Para a montagem de uma OPAH, é necessário definir o seu agente

operador, por exemplo o Pact-Arim, e o seu perímetro de intervenção,

o que é muito importante, tanto na fase de estudos, quanto na fase de

intervenção, para garantir o equilíbrio financeiro da operação e para

que ele funcione como um instrumento de gestão. Vários estudos são

elaborados para definir os perímetros mínimo e máximo de

intervenção e um escritório técnico local é constituído para 22

acompanhar a operação.

As outras noções fundamentais para o projeto são: a abordagem global

e territorial do bairro; as interações entre o bairro e a cidade; a

coerência entre as intervenções públicas; a definição de regras claras

para todos os envolvidos e a parceria entre atores. A definição de todos

22 A experiência de reabilitação urbana de Lisboa adotou uma forma similar de acompanhamento local, por meio da implantação de Gabinetes Técnicos nos bairros reabilitados. Esses gabinetes respondem por quatro das doze Diretorias Municipais e articulam as ações das demais. Suas equipes técnicas procuram ter uma atuação multidisciplinar e são formadas por arquitetos, engenheiros, advogados, historiadores, sociólogos. Com o passar do tempo, os gabinetes tiveram suas obrigações ampliadas e passaram a atuar em atividades econômicas, culturais, sociais, na solução de problemas ambientais ligados aos transportes e aos espaços verdes e livres. Em 1990, foi criada a Direção Municipal de Reabilitação Urbana (DMRU) para orientar e apoiar todos os gabinetes locais.A DMRU tem um quadro de funcionários constituído por 243 técnicos, dentre eles 51 arquitetos, 27 engenheiros, 10 sociólogos e 10 advogados, estruturados da seguinte forma: § Gabinete do diretor, com

assessoria jurídica, de relações exteriores e de sistema de avaliação;§ Divisão de Programação e

Controle Financeiro;§ Serviço administrativo;§ Departamento de Planificação e

Apoio Técnico;§ Departamento de Gestão da

Reabilitação Urbana, que coordena e orienta a atividade dos Gabinetes Locais.

87Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO86 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 90: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

os parceiros envolvidos nas diversas etapas do trabalho também é

realizada a priori.

A montagem de uma OPAH tem duas fases. A fase dos estudos pré-

operacionais responde pela elaboração de um diagnóstico urbano e

pela definição das propostas, sempre com foco na moradia e nas ações

de acompanhamento. Na fase operacional, é realizado o detalhamento

da execução de toda a operação e é firmado o contrato entre o governo

local e o agente operador.

Etapa pré-operacional:

Diagnóstico urbano. Considera as diversidades dos tecidos existentes e das

funções urbanas, avalia as ações passadas, melhora a leitura cruzada das

realidades do bairro (intersetorial) e considera a vida cotidiana;

Elaboração do projeto, visto como um quadro global que define os eixos

estratégicos de intervenção e serve de referência para as etapas posteriores.

Etapa operacional:

Montagem do procedimento operacional;

Negociação dos compromissos financeiros, detalhamento das ações;

Implementação das ações de acordo com o cronograma e com as prioridades

estabelecidas. O projeto leva em média de 3 a 5 anos para ser implementado;

Comunicação do projeto;

Avaliação dos impactos do programa.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

Esquema de uma OPAH

Tabela 2.3

As etapas da OPAH

Os instrumentos urbanísticos

Além das OPAH, existe uma série de instrumentos urbanísticos que

podem regular as ações de reabilitação de bairros antigos e podem ser

aplicados isoladamente ou de forma combinada. Apesar da regulação

urbanística francesa ser muito extensa, consideramos relevante citar os

seguintes instrumentos:

Zones d'Aménagement Concerté (ZAC) - Zona de Planejamento

Concertado. A ZAC é um instrumento usado pelos governos locais para

intervir em determinado perímetro tendo em vista seu reordenamento

e a realização de obras públicas. É um instrumento adequado para

realizar novas urbanizações ou para reestruturar áreas completamente

subutilizadas, pois permite a demolição com posterior reconstrução.

Normalmente não é aplicada em bairros antigos. É um procedimento

complexo e longo que exige a aprovação dos empreendimentos pela

população e sua prévia apresentação em consulta pública.

O organismo operador da ZAC é, em geral, uma sociedade de

economia mista, que tenha um orçamento equilibrado. As ações

prevêem a elaboração de um plano urbanístico e a revenda dos imóveis.

Uma ZAC e uma OPAH podem, eventualmente, ser definidas em áreas

próximas para evitar a expulsão da população.

Convênio OPAH

EstadoMunicipalidade

Governos locais

Um perímetro

ANAH

Os objetivos§ Geral§ Prioritários§ Específicos

Os meios

O operador

Os financiamentosespecíficos

Habitantes eproprietários

89Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO88 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 2.3

OPAH Diagnóstico Urbano

PACT-ARIM

Page 91: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

os parceiros envolvidos nas diversas etapas do trabalho também é

realizada a priori.

A montagem de uma OPAH tem duas fases. A fase dos estudos pré-

operacionais responde pela elaboração de um diagnóstico urbano e

pela definição das propostas, sempre com foco na moradia e nas ações

de acompanhamento. Na fase operacional, é realizado o detalhamento

da execução de toda a operação e é firmado o contrato entre o governo

local e o agente operador.

Etapa pré-operacional:

Diagnóstico urbano. Considera as diversidades dos tecidos existentes e das

funções urbanas, avalia as ações passadas, melhora a leitura cruzada das

realidades do bairro (intersetorial) e considera a vida cotidiana;

Elaboração do projeto, visto como um quadro global que define os eixos

estratégicos de intervenção e serve de referência para as etapas posteriores.

Etapa operacional:

Montagem do procedimento operacional;

Negociação dos compromissos financeiros, detalhamento das ações;

Implementação das ações de acordo com o cronograma e com as prioridades

estabelecidas. O projeto leva em média de 3 a 5 anos para ser implementado;

Comunicação do projeto;

Avaliação dos impactos do programa.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

7.

Esquema de uma OPAH

Tabela 2.3

As etapas da OPAH

Os instrumentos urbanísticos

Além das OPAH, existe uma série de instrumentos urbanísticos que

podem regular as ações de reabilitação de bairros antigos e podem ser

aplicados isoladamente ou de forma combinada. Apesar da regulação

urbanística francesa ser muito extensa, consideramos relevante citar os

seguintes instrumentos:

Zones d'Aménagement Concerté (ZAC) - Zona de Planejamento

Concertado. A ZAC é um instrumento usado pelos governos locais para

intervir em determinado perímetro tendo em vista seu reordenamento

e a realização de obras públicas. É um instrumento adequado para

realizar novas urbanizações ou para reestruturar áreas completamente

subutilizadas, pois permite a demolição com posterior reconstrução.

Normalmente não é aplicada em bairros antigos. É um procedimento

complexo e longo que exige a aprovação dos empreendimentos pela

população e sua prévia apresentação em consulta pública.

O organismo operador da ZAC é, em geral, uma sociedade de

economia mista, que tenha um orçamento equilibrado. As ações

prevêem a elaboração de um plano urbanístico e a revenda dos imóveis.

Uma ZAC e uma OPAH podem, eventualmente, ser definidas em áreas

próximas para evitar a expulsão da população.

Convênio OPAH

EstadoMunicipalidade

Governos locais

Um perímetro

ANAH

Os objetivos§ Geral§ Prioritários§ Específicos

Os meios

O operador

Os financiamentosespecíficos

Habitantes eproprietários

89Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO88 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 2.3

OPAH Diagnóstico Urbano

PACT-ARIM

Page 92: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Secteur sauvegardé - Setor Salvaguardado. Criados em 1962 pela Lei

Malraux, e de responsabilidade exclusiva do Ministère de la Culture et de

la Communication e do Ministère de l'Équipement, des Transports, de

l'Aménagement du territoire, du Tourisme et de la Mer, um setor

salvaguardado corresponde a um conjunto urbano delimitado para o

qual se elabora um plano urbanístico muito detalhado. Os Plans de

Sauvegarde, Planos de Salvaguardas, asseguram as condições para a

proteção e evolução do conjunto. Dentro de um setor salvaguardado

todas as obras precisam de autorização para a execução. Os imóveis

tombados podem ter subvenções do Governo Central para o restauro

que podem chegar a 50% do valor total da obra. Além disso, as pessoas

físicas responsáveis por imóveis tombados têm dedução total do

imposto de renda.

Os planos de urbanismo e de salvaguarda são regras impostas aos

proprietários públicos e privados que têm intenção de executar obras

em seus imóveis. Não são planos de obras.

Na França existem 72 setores em 95 cidades englobando 50.000

imóveis (50% públicos e 50% privados). Os setores salvaguardados,

em geral, são criados a partir de uma solicitação dos governos locais aos

ministérios responsáveis.

Zones de Protection du Patrimoine Architectural Urbain et Paysager

(ZPPAUP) - Zonas de Preservação do Patrimônio Arquitetônico,

Urbano e Paisagístico. Criadas em 1983, no contexto da

descentralização, é o instrumento no qual são definidas as zonas de

interesse a as regras para orientar as ações na área. As zonas são criadas

pelo Governador da Região e seu controle também é regional. Existem

aproximadamente 300 ZPPAUP na França. Tanto a ZPPAUP quanto os

setores de salvaguarda se sobrepõem às legislações municipais.

Uma ZPPAUP resulta de um processo de negociação entre a

municipalidade e o departamento e representa um avanço nas

regulamentações de proteção do patrimônio. O instrumento vigente

anteriormente delimitava apenas um raio de proteção de 500m no

entorno dos monumentos.

A diferença entre a ZAC e a ZPPAUP e os setores salvaguardados é que a

ZAC é um instrumento muito sofisticado de gestão urbana e de caráter

local, enquanto os outros são instrumentos normativos impostos pelo

Estado Central.

Périmetres de Restauration Immobilière - Perímetros de Restauração

Imobiliária. São de responsabilidade de um ou de grupo de municípios,

tem por objetivo restabelecer as condições de habitabilidade dos

imóveis. As obras são definidas por motivo de utilidade pública com

prazo de execução de 5 anos. As obras dentro dos perímetros de uma

operação de recuperação imobiliária só podem começar após o final de

todos os contratos de locação, nos casos de intervenção pública os

moradores têm direito ao realojamento. Os proprietários são

obrigados a realizar as obras contra a insalubridade, mas podem dispor

de subvenções para realizá-las. Tratam-se de instrumentos coercitivos.

A resolução de perigo, também um instrumento coercitivo, obriga os

proprietários de imóveis ameaçados de ruir a executar as obras

necessárias para a solução do problema. Nos casos em que as obras não

são executadas dentro do prazo pré-estabelecido, o município pode

executá-las e depois cobrar do proprietário.

A declaração de insalubridade tem por objetivo impedir condições

insalubres nas moradias. Pode ser aplicada a um imóvel ou um ponto e

classifica as situações de insalubridade como remediáveis ou

irremediáveis. No primeiro caso, uma Resolução do Governador

define as obrigações do proprietário e o prazo para que sejam

implementadas. Assim como na resolução de perigo, no caso de

descumprimento e após autorização judicial, o governo pode executar

as obras às custas do proprietário. Nos casos irremediáveis pode ser

determinada a interdição definitiva do imóvel.

O setor da construção, na França, em 1999, empregou US$ 38,6 bilhões

(49,8% do total gasto) em construções novas e US$ 38,9 bilhões (50,2% do

total gasto) em reabilitação;

Há 266.000 empresas de construção, sendo 248.000 artesanais;

Estão empregadas 1.100.000 pessoas;

Cada US$ 1 bilhão empregados em reabilitação gera 30.000 empregos

(18.500 diretos e 11.500 indiretos).

Tabela 2.4

Dados da reabilitação urbana na França em 1999Tabela 2.4

Dados da reabilitação urbana na França em 1999

91Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO90 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 93: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Secteur sauvegardé - Setor Salvaguardado. Criados em 1962 pela Lei

Malraux, e de responsabilidade exclusiva do Ministère de la Culture et de

la Communication e do Ministère de l'Équipement, des Transports, de

l'Aménagement du territoire, du Tourisme et de la Mer, um setor

salvaguardado corresponde a um conjunto urbano delimitado para o

qual se elabora um plano urbanístico muito detalhado. Os Plans de

Sauvegarde, Planos de Salvaguardas, asseguram as condições para a

proteção e evolução do conjunto. Dentro de um setor salvaguardado

todas as obras precisam de autorização para a execução. Os imóveis

tombados podem ter subvenções do Governo Central para o restauro

que podem chegar a 50% do valor total da obra. Além disso, as pessoas

físicas responsáveis por imóveis tombados têm dedução total do

imposto de renda.

Os planos de urbanismo e de salvaguarda são regras impostas aos

proprietários públicos e privados que têm intenção de executar obras

em seus imóveis. Não são planos de obras.

Na França existem 72 setores em 95 cidades englobando 50.000

imóveis (50% públicos e 50% privados). Os setores salvaguardados,

em geral, são criados a partir de uma solicitação dos governos locais aos

ministérios responsáveis.

Zones de Protection du Patrimoine Architectural Urbain et Paysager

(ZPPAUP) - Zonas de Preservação do Patrimônio Arquitetônico,

Urbano e Paisagístico. Criadas em 1983, no contexto da

descentralização, é o instrumento no qual são definidas as zonas de

interesse a as regras para orientar as ações na área. As zonas são criadas

pelo Governador da Região e seu controle também é regional. Existem

aproximadamente 300 ZPPAUP na França. Tanto a ZPPAUP quanto os

setores de salvaguarda se sobrepõem às legislações municipais.

Uma ZPPAUP resulta de um processo de negociação entre a

municipalidade e o departamento e representa um avanço nas

regulamentações de proteção do patrimônio. O instrumento vigente

anteriormente delimitava apenas um raio de proteção de 500m no

entorno dos monumentos.

A diferença entre a ZAC e a ZPPAUP e os setores salvaguardados é que a

ZAC é um instrumento muito sofisticado de gestão urbana e de caráter

local, enquanto os outros são instrumentos normativos impostos pelo

Estado Central.

Périmetres de Restauration Immobilière - Perímetros de Restauração

Imobiliária. São de responsabilidade de um ou de grupo de municípios,

tem por objetivo restabelecer as condições de habitabilidade dos

imóveis. As obras são definidas por motivo de utilidade pública com

prazo de execução de 5 anos. As obras dentro dos perímetros de uma

operação de recuperação imobiliária só podem começar após o final de

todos os contratos de locação, nos casos de intervenção pública os

moradores têm direito ao realojamento. Os proprietários são

obrigados a realizar as obras contra a insalubridade, mas podem dispor

de subvenções para realizá-las. Tratam-se de instrumentos coercitivos.

A resolução de perigo, também um instrumento coercitivo, obriga os

proprietários de imóveis ameaçados de ruir a executar as obras

necessárias para a solução do problema. Nos casos em que as obras não

são executadas dentro do prazo pré-estabelecido, o município pode

executá-las e depois cobrar do proprietário.

A declaração de insalubridade tem por objetivo impedir condições

insalubres nas moradias. Pode ser aplicada a um imóvel ou um ponto e

classifica as situações de insalubridade como remediáveis ou

irremediáveis. No primeiro caso, uma Resolução do Governador

define as obrigações do proprietário e o prazo para que sejam

implementadas. Assim como na resolução de perigo, no caso de

descumprimento e após autorização judicial, o governo pode executar

as obras às custas do proprietário. Nos casos irremediáveis pode ser

determinada a interdição definitiva do imóvel.

O setor da construção, na França, em 1999, empregou US$ 38,6 bilhões

(49,8% do total gasto) em construções novas e US$ 38,9 bilhões (50,2% do

total gasto) em reabilitação;

Há 266.000 empresas de construção, sendo 248.000 artesanais;

Estão empregadas 1.100.000 pessoas;

Cada US$ 1 bilhão empregados em reabilitação gera 30.000 empregos

(18.500 diretos e 11.500 indiretos).

Tabela 2.4

Dados da reabilitação urbana na França em 1999Tabela 2.4

Dados da reabilitação urbana na França em 1999

91Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO90 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 94: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Dados sobre habitações na França em 1999

Total de residências - 29,1 milhões;

Residências vazias - 2 milhões;

Residências principais - 24,1 milhões

Residências secundárias - 2,7 milhões

Dados sobre habitações na França em 1996

Foram construídas 274.000 habitações novas (o recorde foi 546.000

habitações em 1971).

Dessas:

Setor privado livre construiu 136.000;

Setor privado social (compra) construiu 85.000;

Setor público social (aluguel) construiu 53.000.

Foram reabilitadas 332.000 habitações com ajuda do Estado

1/3 dos créditos na França são imobiliários.

Tabela 2.5

2.3

A difusão da experiência francesa de reabilitação em São Paulo

A difusão da experiência francesa de reabilitação urbana em São Paulo

pode ser verificada pela sua significativa presença em uma série de

eventos ligados ao tema. Palestras, seminários, workshops e até um

curso especializado serviram à divulgação da concepção, formulação e

operação da experiência francesa.

Encontro Técnico “Habitação no Centro de São Paulo: como viabilizar

essa idéia?”

Em agosto de 2000, foi realizado o encontro técnico “Habitação no 23

Centro de São Paulo: como viabilizar essa idéia?” com objetivo de reunir

diversos setores ligados à produção e ao financiamento da habitação

social para discutir a questão da Área Central de São Paulo. O Programa

de Arrendamento Residencial (PAR), então novo programa de

financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF) voltado para as áreas

centrais de grandes cidades, foi um dos principais pontos de debate ao

lado da demanda habitacional específica e das possibilidades e limites

para uma política habitacional, tanto nos aspectos urbanísticos, como

nos arquitetônicos e técnico-construtivos.

A principal crítica em relação às linhas de financiamento e recursos

disponíveis, nos níveis federal e estadual, foi dirigida ao PAR pelo fato

desse programa assumir um único valor para financiamento em todo o

território nacional, independentemente das diferenças regionais

existentes. Habitação e políticas de reabilitação de centros; gestão

pública e integração entre agentes; viabilidade e sustentabilidade dos

empreendimentos habitacionais no Centro; produção por

cooperativas privadas e atuação dos movimentos de moradia também

foram temas de exposição e debate.

Curso “Gestão de Programas de Reabilitação Urbana”

Em novembro de 2000, foi ministrado em São Paulo o curso “Gestão de 24

Programas de Reabilitação Urbana” . A estrutura do curso, adaptada

para a realidade brasileira, foi baseada no programa anual de formação

contínua da École Nationale des Ponts et Chausses - (ENPC) sobre gestão

de operações de reabilitação urbana em bairros antigos na América

Latina. Devido à importância da experiência francesa na reabilitação

a.

b.

23 Dias 17 e 18 de agosto de 2000. Organizado pelo Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e patrocinado pela Caixa Econômica Federal. A organização geral do evento foi de Helena Menna Barreto Silva.

24 Fruto de uma parceria entre o Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a École Nationale des Ponts et Chausses - ENPC, a Fedération Nationale des Pact-Arim, a Direction Genérale de l'Urbanisme, de l'Habitat et de la Construction do Ministère de l'Equipament, des Transports et du Logement da França, a Caixa Econômica Federal e o Secovi. A coordenação geral do curso foi realizada pela pesquisadora do Labhab Helena Menna Barreto Silva.

93Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO92 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

PAC

T-A

RIM

Page 95: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Dados sobre habitações na França em 1999

Total de residências - 29,1 milhões;

Residências vazias - 2 milhões;

Residências principais - 24,1 milhões

Residências secundárias - 2,7 milhões

Dados sobre habitações na França em 1996

Foram construídas 274.000 habitações novas (o recorde foi 546.000

habitações em 1971).

Dessas:

Setor privado livre construiu 136.000;

Setor privado social (compra) construiu 85.000;

Setor público social (aluguel) construiu 53.000.

Foram reabilitadas 332.000 habitações com ajuda do Estado

1/3 dos créditos na França são imobiliários.

Tabela 2.5

2.3

A difusão da experiência francesa de reabilitação em São Paulo

A difusão da experiência francesa de reabilitação urbana em São Paulo

pode ser verificada pela sua significativa presença em uma série de

eventos ligados ao tema. Palestras, seminários, workshops e até um

curso especializado serviram à divulgação da concepção, formulação e

operação da experiência francesa.

Encontro Técnico “Habitação no Centro de São Paulo: como viabilizar

essa idéia?”

Em agosto de 2000, foi realizado o encontro técnico “Habitação no 23

Centro de São Paulo: como viabilizar essa idéia?” com objetivo de reunir

diversos setores ligados à produção e ao financiamento da habitação

social para discutir a questão da Área Central de São Paulo. O Programa

de Arrendamento Residencial (PAR), então novo programa de

financiamento da Caixa Econômica Federal (CEF) voltado para as áreas

centrais de grandes cidades, foi um dos principais pontos de debate ao

lado da demanda habitacional específica e das possibilidades e limites

para uma política habitacional, tanto nos aspectos urbanísticos, como

nos arquitetônicos e técnico-construtivos.

A principal crítica em relação às linhas de financiamento e recursos

disponíveis, nos níveis federal e estadual, foi dirigida ao PAR pelo fato

desse programa assumir um único valor para financiamento em todo o

território nacional, independentemente das diferenças regionais

existentes. Habitação e políticas de reabilitação de centros; gestão

pública e integração entre agentes; viabilidade e sustentabilidade dos

empreendimentos habitacionais no Centro; produção por

cooperativas privadas e atuação dos movimentos de moradia também

foram temas de exposição e debate.

Curso “Gestão de Programas de Reabilitação Urbana”

Em novembro de 2000, foi ministrado em São Paulo o curso “Gestão de 24

Programas de Reabilitação Urbana” . A estrutura do curso, adaptada

para a realidade brasileira, foi baseada no programa anual de formação

contínua da École Nationale des Ponts et Chausses - (ENPC) sobre gestão

de operações de reabilitação urbana em bairros antigos na América

Latina. Devido à importância da experiência francesa na reabilitação

a.

b.

23 Dias 17 e 18 de agosto de 2000. Organizado pelo Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e patrocinado pela Caixa Econômica Federal. A organização geral do evento foi de Helena Menna Barreto Silva.

24 Fruto de uma parceria entre o Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a École Nationale des Ponts et Chausses - ENPC, a Fedération Nationale des Pact-Arim, a Direction Genérale de l'Urbanisme, de l'Habitat et de la Construction do Ministère de l'Equipament, des Transports et du Logement da França, a Caixa Econômica Federal e o Secovi. A coordenação geral do curso foi realizada pela pesquisadora do Labhab Helena Menna Barreto Silva.

93Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO92 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

PAC

T-A

RIM

Page 96: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

urbana, grande parte do curso foi destinada à compreensão do

conjunto de aspectos relacionados à política de habitação e reabilitação 25

francesas . Um panorama das características e problemas existentes

nas cidades brasileiras, relacionados ao tema, foi montado ao longo do

curso com a contribuição dos profissionais das várias regiões do país.

Seminário internacional “Gestão da terra urbana e habitação de

interesse social”

Ainda em 2000, foi realizado o Seminário internacional “Gestão da terra 26

urbana e habitação de interesse social” que debateu em um dos grupos

de trabalho a habitação social em áreas centrais sob a coordenação da a a

Prof Dr Ermínia Terezinha Menon Maricato. As questões discutidas

foram:

Qual é a viabilidade social e econômica da ampliação do uso

habitacional das áreas centrais, especialmente com habitação

social?

Quais os condicionantes legais e urbanísticos para seu sucesso?

Qual é a melhor solução entre derrubar e reconstruir ou

restaurar e adaptar os edifícios existentes?

A indústria de componentes construtivos e da construção civil

está preparada para esse tipo de intervenção em larga escala?

Durante os debates, veio à tona, novamente, a experiência francesa de

reabilitação urbana, em especial pelo caráter abrangente de suas

políticas públicas que compreendem atribuições e responsabilidades

específicas para cada nível de governo. O subsídio à população que não

tem condições de acesso ao mercado imobiliário e o controle

urbanístico do uso do solo também foram citados como aspectos

positivos da experiência francesa. As críticas foram referentes à

necessidade cada vez maior de subsídios públicos do governo francês

para a população pobre, ou seja, o enorme custo fiscal de manter a

população nos locais de origem.

No que tange às experiências latino-americanas de intervenção nas

áreas centrais com enfoque habitacional, o único exemplo citado foi o

da Cidade do México, onde, após o terremoto ocorrido em 1985,

foram construídas 45.000 unidades na Área Central, o que contou com

c.

um alto investimento externo e com a participação da população e de

diversos setores.

Comissão de Estudos sobre Habitação na Área Central de São Paulo

Em 2001, a Câmara Municipal de São Paulo constituiu uma Comissão de

Estudos sobre Habitação na Área Central de São Paulo, sob a presidência

do vereador Nabil Georges Bonduki. As sessões públicas abordaram os

seguintes temas: problemas e perspectivas da Área Central;

experiências relevantes de habitação; condições de vida nos cortiços e

ocupações; política urbana e política habitacional no Centro:

programas e recursos existentes; potencial de ocupação do Centro e

legislação urbanística incidente; reforma e reciclagem de edificações e

legislação incidente. As conclusões e os encaminhamentos foram

sistematizados em um “Relatório Final” publicado em setembro de

2001. Além desse relatório, um documento foi divulgado contendo o

resumo das recomendações e propostas e um panorama geral da

questão habitacional na Área Central de São Paulo, com os aspectos

relativos à viabilidade da habitação social. Este estudo contribuiu para

confirmar e reforçar a relevância da habitação na Área Central e para

reunir os diversos agentes envolvidos com a implementação de uma

política específica para São Paulo.

Seminário Internacional “Reabilitação de edifícios para uso

habitacional: tecnologia da reforma”

No final do primeiro ano da gestão de Marta Teresa Suplicy, a Sehab, a

Caixa Econômica Federal e o Sindicato da Indústria da Construção

Civil, em cooperação com o governo francês, promoveram o

Seminário Internacional “Reabilitação de edifícios para uso habitacional:

tecnologia da reforma” para discutir as inovações tecnológicas

necessárias para o setor da construção civil a fim de viabilizar a

reabilitação de edifícios para o uso habitacional a custos compatíveis

com um programa de larga escala. A base para o debate foi a exposição

da experiência francesa e as iniciativas concluídas e em andamento de

reforma de edifícios na Área Central de São Paulo.

A recente experiência de São Paulo foi apresentada sob a ótica das

assessorias técnicas, das construtoras envolvidas nas obras de reforma

de edifícios e do principal agente financiador, a CEF. A experiência

d.

e.

95Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO94 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

25 A exposição da experiência francesa foi feita por Jean-Yves

Coulon, Consultor do Pact-Arim Internacional e ex-diretor do Pact-

Arim de Ille et Vilaine na Bretanha; Nancy Bouché,

Inspecteur géneral de l'equipement du Ministère de

l'Equipement et du Logement; Dominique Caccavelli, engenheiro

chefe de pesquisa do CSTB Centre Scientifique et Technique du

Bâtiment e Didier Butteux, arquiteto coordenador de projetos

do Pact de Paris.

26 Realizado e promovido pela Pontifícia Universidade Católica de

Campinas, pelo Lincoln Institute of Land Policy e pelo PÓLIS -

Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais em

Campinas, São Paulo.

Page 97: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

urbana, grande parte do curso foi destinada à compreensão do

conjunto de aspectos relacionados à política de habitação e reabilitação 25

francesas . Um panorama das características e problemas existentes

nas cidades brasileiras, relacionados ao tema, foi montado ao longo do

curso com a contribuição dos profissionais das várias regiões do país.

Seminário internacional “Gestão da terra urbana e habitação de

interesse social”

Ainda em 2000, foi realizado o Seminário internacional “Gestão da terra 26

urbana e habitação de interesse social” que debateu em um dos grupos

de trabalho a habitação social em áreas centrais sob a coordenação da a a

Prof Dr Ermínia Terezinha Menon Maricato. As questões discutidas

foram:

Qual é a viabilidade social e econômica da ampliação do uso

habitacional das áreas centrais, especialmente com habitação

social?

Quais os condicionantes legais e urbanísticos para seu sucesso?

Qual é a melhor solução entre derrubar e reconstruir ou

restaurar e adaptar os edifícios existentes?

A indústria de componentes construtivos e da construção civil

está preparada para esse tipo de intervenção em larga escala?

Durante os debates, veio à tona, novamente, a experiência francesa de

reabilitação urbana, em especial pelo caráter abrangente de suas

políticas públicas que compreendem atribuições e responsabilidades

específicas para cada nível de governo. O subsídio à população que não

tem condições de acesso ao mercado imobiliário e o controle

urbanístico do uso do solo também foram citados como aspectos

positivos da experiência francesa. As críticas foram referentes à

necessidade cada vez maior de subsídios públicos do governo francês

para a população pobre, ou seja, o enorme custo fiscal de manter a

população nos locais de origem.

No que tange às experiências latino-americanas de intervenção nas

áreas centrais com enfoque habitacional, o único exemplo citado foi o

da Cidade do México, onde, após o terremoto ocorrido em 1985,

foram construídas 45.000 unidades na Área Central, o que contou com

c.

um alto investimento externo e com a participação da população e de

diversos setores.

Comissão de Estudos sobre Habitação na Área Central de São Paulo

Em 2001, a Câmara Municipal de São Paulo constituiu uma Comissão de

Estudos sobre Habitação na Área Central de São Paulo, sob a presidência

do vereador Nabil Georges Bonduki. As sessões públicas abordaram os

seguintes temas: problemas e perspectivas da Área Central;

experiências relevantes de habitação; condições de vida nos cortiços e

ocupações; política urbana e política habitacional no Centro:

programas e recursos existentes; potencial de ocupação do Centro e

legislação urbanística incidente; reforma e reciclagem de edificações e

legislação incidente. As conclusões e os encaminhamentos foram

sistematizados em um “Relatório Final” publicado em setembro de

2001. Além desse relatório, um documento foi divulgado contendo o

resumo das recomendações e propostas e um panorama geral da

questão habitacional na Área Central de São Paulo, com os aspectos

relativos à viabilidade da habitação social. Este estudo contribuiu para

confirmar e reforçar a relevância da habitação na Área Central e para

reunir os diversos agentes envolvidos com a implementação de uma

política específica para São Paulo.

Seminário Internacional “Reabilitação de edifícios para uso

habitacional: tecnologia da reforma”

No final do primeiro ano da gestão de Marta Teresa Suplicy, a Sehab, a

Caixa Econômica Federal e o Sindicato da Indústria da Construção

Civil, em cooperação com o governo francês, promoveram o

Seminário Internacional “Reabilitação de edifícios para uso habitacional:

tecnologia da reforma” para discutir as inovações tecnológicas

necessárias para o setor da construção civil a fim de viabilizar a

reabilitação de edifícios para o uso habitacional a custos compatíveis

com um programa de larga escala. A base para o debate foi a exposição

da experiência francesa e as iniciativas concluídas e em andamento de

reforma de edifícios na Área Central de São Paulo.

A recente experiência de São Paulo foi apresentada sob a ótica das

assessorias técnicas, das construtoras envolvidas nas obras de reforma

de edifícios e do principal agente financiador, a CEF. A experiência

d.

e.

95Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO94 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

25 A exposição da experiência francesa foi feita por Jean-Yves

Coulon, Consultor do Pact-Arim Internacional e ex-diretor do Pact-

Arim de Ille et Vilaine na Bretanha; Nancy Bouché,

Inspecteur géneral de l'equipement du Ministère de

l'Equipement et du Logement; Dominique Caccavelli, engenheiro

chefe de pesquisa do CSTB Centre Scientifique et Technique du

Bâtiment e Didier Butteux, arquiteto coordenador de projetos

do Pact de Paris.

26 Realizado e promovido pela Pontifícia Universidade Católica de

Campinas, pelo Lincoln Institute of Land Policy e pelo PÓLIS -

Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais em

Campinas, São Paulo.

Page 98: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

francesa foi exposta nos seguintes aspectos: importância da reabilitação

na economia francesa; questões relativas à concepção e coordenação

de projeto; metodologia para elaboração de diagnóstico sobre as

construções antigas e instrumentos utilizados para a avaliar a viabilidade

de custos das operações de reabilitação de edifícios.

A CEF apresentou o, então recém criado, “Programa de Revitalização

de Sítios Históricos”, que também conta com uma cooperação com o

governo francês. Este programa apresenta algumas alternativas para a

obtenção de financiamento para a reforma ou ampliação de imóvel,

aquisição de imóvel novo ou usado (também com a opção de reforma

ou ampliação), aquisição de terreno e/ou construção de imóvel e

construção de imóvel em terreno próprio. Segundo a CEF, o programa

pretendia estimular a vinda de moradores para as áreas centrais, a

exemplo do ocorrido em outras cidades. Ou seja, à parte de uma

análise das condições que o programa oferece para a efetivação do

objetivo proposto, essa é mais uma iniciativa que enfatiza a importância

do uso habitacional nas áreas centrais. Os recursos para este programa

seriam oriundos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e

do Fundo de Arrendamento Residencial.

As construtoras afirmaram estar adquirindo experiência na reforma de

edifícios com a perspectiva de ampliação da demanda de classe média

por esse segmento do mercado. Aproveitaram para reinvidicar que

novos programas sejam criados para a classe média, permitindo a

construção de garagens no Centro, haja vista a baixa rentabilidade

propiciada pelo PAR.

O empreiteiro francês Pierre de Boismenu mostrou a evolução da

reabilitação urbana dentro do setor da construção civil francês, que

representa atualmente 50% do setor e responde por um emprego de

mão-de-obra 30% superior ao da edificação nova. Outro aspecto

apontado foi o da manutenção dos edifícios que é prevista num

intervalo de 12 anos nos casos de grandes reformas e de 2 anos nas

pequenas. Existe também uma coordenadoria social que atua na

manutenção da população moradora nos bairros e na condução das

relações durante a fase de obras. O representante da Sageco

(sociedade anônima promotora de habitações populares, um

organismo das HLM atuante em Paris), Jacques Pace, e os especialistas

em reabilitação urbana Jacques Perrot e Pierre Coute destacaram a

importância da avaliação da viabilidade dos custos de reabilitação dos

imóveis antigos.

Workshop “PRIH - Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat”

Em 2002, a Sehab, o Procentro e a Cohab organizaram o workshop

“PRIH - Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat” com o objetivo

de apresentar os resultados da primeira parte de um levantamento de

áreas de interesse para intervenção. O trabalho fez parte do Programa

Morar Perto e consistiu do levantamento detalhado de seis regiões

definidas na Área Central , dentro das quais foram definidos perímetros

de intervenção que seriam objeto de propostas na segunda fase do

trabalho. As responsáveis pela elaboração do trabalho foram doze 27

assessorias técnicas contratadas em duas etapas . Os critérios

definidos para o levantamento foram a identificação de imóveis que

apresentassem potencialidades diretas e indiretas para reabilitação e

para novos empreendimentos, imóveis encortiçados e com uso

institucional. O ponto mais polêmico da discussão foi a urgência em

delimitar as Zonas Especiais de Interesse Social - (ZEIS) para inserção

na proposta de Plano Diretor, então em elaboração pela Sempla. O

problema era a incompatibilidade entre o prazo para a conclusão dos

levantamentos de todos os setores e a posteiror definição das zonas e o

prazo, já praticamente encerrado, para o envio da proposta de ZEIS da

Sehab para a Sempla.

Workshop “Locação social”

Logo em seguida, a Sehab realizou o workshop “Locação social” como

parte dos acordos de cooperação técnica da PMSP com os governos da

França, Holanda e Itália. O objetivo do encontro foi apresentar as

experiências de locação social nestes países, apontando a estrutura

administrativa, os aspectos normativos e financeiros e a gestão

condominial.

A Holanda conta com 824 associações de habitação social e o

aluguel social atende a 36% da população, ou seja, 2,4 milhões de 28

pessoas. O limite de renda familiar anual é de 23.000 € para a

locação social e os subsídios para locação eram da ordem de US$

2 bilhões.

f.

g.

97Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO96 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

27 P a r t i c i p a r a m d a p r i m e i r a apresentação as assessorias t é cn i ca s Peab i r u , I n t e g ra , Aprocohab, AD, Norte e Ambiente.

28 Cerca de R$ 34.000,00, na época.

Page 99: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

francesa foi exposta nos seguintes aspectos: importância da reabilitação

na economia francesa; questões relativas à concepção e coordenação

de projeto; metodologia para elaboração de diagnóstico sobre as

construções antigas e instrumentos utilizados para a avaliar a viabilidade

de custos das operações de reabilitação de edifícios.

A CEF apresentou o, então recém criado, “Programa de Revitalização

de Sítios Históricos”, que também conta com uma cooperação com o

governo francês. Este programa apresenta algumas alternativas para a

obtenção de financiamento para a reforma ou ampliação de imóvel,

aquisição de imóvel novo ou usado (também com a opção de reforma

ou ampliação), aquisição de terreno e/ou construção de imóvel e

construção de imóvel em terreno próprio. Segundo a CEF, o programa

pretendia estimular a vinda de moradores para as áreas centrais, a

exemplo do ocorrido em outras cidades. Ou seja, à parte de uma

análise das condições que o programa oferece para a efetivação do

objetivo proposto, essa é mais uma iniciativa que enfatiza a importância

do uso habitacional nas áreas centrais. Os recursos para este programa

seriam oriundos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e

do Fundo de Arrendamento Residencial.

As construtoras afirmaram estar adquirindo experiência na reforma de

edifícios com a perspectiva de ampliação da demanda de classe média

por esse segmento do mercado. Aproveitaram para reinvidicar que

novos programas sejam criados para a classe média, permitindo a

construção de garagens no Centro, haja vista a baixa rentabilidade

propiciada pelo PAR.

O empreiteiro francês Pierre de Boismenu mostrou a evolução da

reabilitação urbana dentro do setor da construção civil francês, que

representa atualmente 50% do setor e responde por um emprego de

mão-de-obra 30% superior ao da edificação nova. Outro aspecto

apontado foi o da manutenção dos edifícios que é prevista num

intervalo de 12 anos nos casos de grandes reformas e de 2 anos nas

pequenas. Existe também uma coordenadoria social que atua na

manutenção da população moradora nos bairros e na condução das

relações durante a fase de obras. O representante da Sageco

(sociedade anônima promotora de habitações populares, um

organismo das HLM atuante em Paris), Jacques Pace, e os especialistas

em reabilitação urbana Jacques Perrot e Pierre Coute destacaram a

importância da avaliação da viabilidade dos custos de reabilitação dos

imóveis antigos.

Workshop “PRIH - Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat”

Em 2002, a Sehab, o Procentro e a Cohab organizaram o workshop

“PRIH - Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat” com o objetivo

de apresentar os resultados da primeira parte de um levantamento de

áreas de interesse para intervenção. O trabalho fez parte do Programa

Morar Perto e consistiu do levantamento detalhado de seis regiões

definidas na Área Central , dentro das quais foram definidos perímetros

de intervenção que seriam objeto de propostas na segunda fase do

trabalho. As responsáveis pela elaboração do trabalho foram doze 27

assessorias técnicas contratadas em duas etapas . Os critérios

definidos para o levantamento foram a identificação de imóveis que

apresentassem potencialidades diretas e indiretas para reabilitação e

para novos empreendimentos, imóveis encortiçados e com uso

institucional. O ponto mais polêmico da discussão foi a urgência em

delimitar as Zonas Especiais de Interesse Social - (ZEIS) para inserção

na proposta de Plano Diretor, então em elaboração pela Sempla. O

problema era a incompatibilidade entre o prazo para a conclusão dos

levantamentos de todos os setores e a posteiror definição das zonas e o

prazo, já praticamente encerrado, para o envio da proposta de ZEIS da

Sehab para a Sempla.

Workshop “Locação social”

Logo em seguida, a Sehab realizou o workshop “Locação social” como

parte dos acordos de cooperação técnica da PMSP com os governos da

França, Holanda e Itália. O objetivo do encontro foi apresentar as

experiências de locação social nestes países, apontando a estrutura

administrativa, os aspectos normativos e financeiros e a gestão

condominial.

A Holanda conta com 824 associações de habitação social e o

aluguel social atende a 36% da população, ou seja, 2,4 milhões de 28

pessoas. O limite de renda familiar anual é de 23.000 € para a

locação social e os subsídios para locação eram da ordem de US$

2 bilhões.

f.

g.

97Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO96 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

27 P a r t i c i p a r a m d a p r i m e i r a apresentação as assessorias t é cn i ca s Peab i r u , I n t e g ra , Aprocohab, AD, Norte e Ambiente.

28 Cerca de R$ 34.000,00, na época.

Page 100: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Na Itália, os Istituti Autonomi Case Popolari, Institutos Autônomos

das Casas Populares, responsáveis pela construção, projeto e

gerenciamento dos empreendimentos de habitação social,

passam por mudanças e não atuam mais da mesma maneira em

todo o país. A inadimplência em relação ao pagamento dos

aluguéis e as punições previstas foram muito questionadas pelos

participantes e a situação mais crítica apontada pelos expositores

foi a da região Sul da Itália.

“Laboratório de Diagnóstico” e “Laboratório de Obras de Reabilitação”

Ainda em 2002, no âmbito da cooperação técnica com o Governo da

França, a Prefeitura Municipal de São Paulo realizou dois eventos, o

primeiro, chamado de “Laboratório de Diagnóstico”, tinha por objetivo

discutir métodos de avaliação de edifícios, considerando o

conhecimento dos principais problemas e a conveniência ou não de

uma reforma, e os critérios de projeto para redução de custos com

qualidade. O segundo, chamado de “Laboratório de Obras de

Reabilitação”, teve por objetivo discutir programas e controle de obras

de reforma com base em experiências francesas e brasileiras.

Seminário “Estatuto da Cidade e Habitação na Área Central de São

Paulo”

Em junho de 2002 foi realizado pelo Laboratório de Habitação e

Assentamentos Humanos da FAUUSP em parceria com a Sehab o

seminário “Estatuto da Cidade e Habitação na Área Central de São 29 30

Paulo” para discutir os aspectos do Estatuto da Cidade que podem

interferir em uma política habitacional para a Área Central de São Paulo.

Foi possível verificar, ao longo do seminário, os diversos avanços do

tema em discussão, dentre os principais a consolidação de um discurso

consensual sobre a importância da ampliação da moradia social na Área

Central de São Paulo em virtude, principalmente, de seu esvaziamento

populacional. A possibilidade, que o Estatuto apresenta, de transformar

o uso ocioso dos imóveis em uso efetivo por meio da aplicação do

parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, também foi

apontada como um avanço.

O Plano Diretor (que ainda não estava aprovado em junho de 2002)

avançaria com as propostas de definição de ZEIS para regiões vazias e

h.

i.

subutilizadas da Área Central; com a isenção de contrapartida onerosa

para ultrapassar o Coeficiente de Aproveitamento Único nos

empreendimentos de Habitação de Interesse Social e com a exigência

de utilização compulsória para os imóveis ociosos. Os critérios que

definem e caracterizam um imóvel como subutilizado podem

repercutir diretamente na abrangência do instrumento, ou seja, quanto

mais restritivas forem as características, menor será o número de

imóveis que poderão ser definidos como subutilizados e,

conseqüentemente, passíveis de utilização compulsória.

A Operação Urbana Centro, assim como outras operações urbanas,

apresenta a possibilidade de transferência de potencial construtivo para

áreas externas aos seus limites, sem definição prévia de quais podem

receber esse potencial. Esse incentivo, muito questionado devido aos

impactos que acarreta nas áreas que recebem os potenciais, se

encontra, pelo menos temporariamente, suspenso pela Justiça.

A disponibilidade de recursos financeiros para programas de habitação

na Área Central através do PAR, da Caixa Econômica Federal, e do

Programa de Atuação em Cortiços - (PAC), da Companhia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano, que conta com recursos do

BID, foi apontada como outro avanço fundamental.

No tocante às intervenções habitacionais, surgiu, em contraposição às

intervenções pontuais em prédios isolados, o conceito inovador de

trabalho integrado (urbanístico, habitacional, social e jurídico) em

conjuntos de quadras.

A redução do preço dos imóveis aparece como uma questão incerta,

que depende em grande parte do processo de requalificação urbana da

Área Central. O desafio apontado foi o de reduzir os preços para

atender à demanda de interesse social dentro dos limites estabelecidos

para o financiamento do PAR pela CEF. Esse programa dispõe de

recursos para atender famílias cuja renda atinge até 6 sm e o custo total

da unidade tem como valor máximo R$ 28.000,00. Vários expositores

apontaram as dificuldades de adquirir imóveis na Área Central de São

Paulo dentro desse limite.

Quando os expositores foram questionados sobre as possibilidades que

o Estatuto da Cidade oferece para a redução dos preços dos imóveis, a

99Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO98 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

29 A síntese do seminário faz parte do relatório de acompanhamento da

Finep, financiadora do evento.

30 Lei 5.788, de10 de julho de 2001, que regulamenta os artigos 182 e

183 da Constituição Federal sobre a política urbana.

Page 101: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Na Itália, os Istituti Autonomi Case Popolari, Institutos Autônomos

das Casas Populares, responsáveis pela construção, projeto e

gerenciamento dos empreendimentos de habitação social,

passam por mudanças e não atuam mais da mesma maneira em

todo o país. A inadimplência em relação ao pagamento dos

aluguéis e as punições previstas foram muito questionadas pelos

participantes e a situação mais crítica apontada pelos expositores

foi a da região Sul da Itália.

“Laboratório de Diagnóstico” e “Laboratório de Obras de Reabilitação”

Ainda em 2002, no âmbito da cooperação técnica com o Governo da

França, a Prefeitura Municipal de São Paulo realizou dois eventos, o

primeiro, chamado de “Laboratório de Diagnóstico”, tinha por objetivo

discutir métodos de avaliação de edifícios, considerando o

conhecimento dos principais problemas e a conveniência ou não de

uma reforma, e os critérios de projeto para redução de custos com

qualidade. O segundo, chamado de “Laboratório de Obras de

Reabilitação”, teve por objetivo discutir programas e controle de obras

de reforma com base em experiências francesas e brasileiras.

Seminário “Estatuto da Cidade e Habitação na Área Central de São

Paulo”

Em junho de 2002 foi realizado pelo Laboratório de Habitação e

Assentamentos Humanos da FAUUSP em parceria com a Sehab o

seminário “Estatuto da Cidade e Habitação na Área Central de São 29 30

Paulo” para discutir os aspectos do Estatuto da Cidade que podem

interferir em uma política habitacional para a Área Central de São Paulo.

Foi possível verificar, ao longo do seminário, os diversos avanços do

tema em discussão, dentre os principais a consolidação de um discurso

consensual sobre a importância da ampliação da moradia social na Área

Central de São Paulo em virtude, principalmente, de seu esvaziamento

populacional. A possibilidade, que o Estatuto apresenta, de transformar

o uso ocioso dos imóveis em uso efetivo por meio da aplicação do

parcelamento, edificação ou utilização compulsórios, também foi

apontada como um avanço.

O Plano Diretor (que ainda não estava aprovado em junho de 2002)

avançaria com as propostas de definição de ZEIS para regiões vazias e

h.

i.

subutilizadas da Área Central; com a isenção de contrapartida onerosa

para ultrapassar o Coeficiente de Aproveitamento Único nos

empreendimentos de Habitação de Interesse Social e com a exigência

de utilização compulsória para os imóveis ociosos. Os critérios que

definem e caracterizam um imóvel como subutilizado podem

repercutir diretamente na abrangência do instrumento, ou seja, quanto

mais restritivas forem as características, menor será o número de

imóveis que poderão ser definidos como subutilizados e,

conseqüentemente, passíveis de utilização compulsória.

A Operação Urbana Centro, assim como outras operações urbanas,

apresenta a possibilidade de transferência de potencial construtivo para

áreas externas aos seus limites, sem definição prévia de quais podem

receber esse potencial. Esse incentivo, muito questionado devido aos

impactos que acarreta nas áreas que recebem os potenciais, se

encontra, pelo menos temporariamente, suspenso pela Justiça.

A disponibilidade de recursos financeiros para programas de habitação

na Área Central através do PAR, da Caixa Econômica Federal, e do

Programa de Atuação em Cortiços - (PAC), da Companhia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano, que conta com recursos do

BID, foi apontada como outro avanço fundamental.

No tocante às intervenções habitacionais, surgiu, em contraposição às

intervenções pontuais em prédios isolados, o conceito inovador de

trabalho integrado (urbanístico, habitacional, social e jurídico) em

conjuntos de quadras.

A redução do preço dos imóveis aparece como uma questão incerta,

que depende em grande parte do processo de requalificação urbana da

Área Central. O desafio apontado foi o de reduzir os preços para

atender à demanda de interesse social dentro dos limites estabelecidos

para o financiamento do PAR pela CEF. Esse programa dispõe de

recursos para atender famílias cuja renda atinge até 6 sm e o custo total

da unidade tem como valor máximo R$ 28.000,00. Vários expositores

apontaram as dificuldades de adquirir imóveis na Área Central de São

Paulo dentro desse limite.

Quando os expositores foram questionados sobre as possibilidades que

o Estatuto da Cidade oferece para a redução dos preços dos imóveis, a

99Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO98 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

29 A síntese do seminário faz parte do relatório de acompanhamento da

Finep, financiadora do evento.

30 Lei 5.788, de10 de julho de 2001, que regulamenta os artigos 182 e

183 da Constituição Federal sobre a política urbana.

Page 102: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

resposta recaiu sobre a existência ou não de um processo de

requalificação na região. Ou seja, o principal fator que interfere no valor

dos imóveis é a condição urbanística da região, fator que também foi

colocado como condicionante para o interesse do mercado imobiliário

em investir na região. De qualquer maneira, essa dificuldade de adquirir

imóveis que se enquadrem nos valores de financiamento do PAR resulta

na incapacidade de utilização dos recursos que estão disponíveis.

Seminário Internacional “Reabilitação do Centro de São Paulo: novas

oportunidades para o mercado imobiliário”

Em junho de 2003 foi realizado, pela Prefeitura Municipal de São Paulo,

pelo Secovi e pelo Sinduscon o seminário internacional “Reabilitação do

Centro de São Paulo: novas oportunidades para o mercado imobiliário”. O

Consulado da França fez um breve pronunciamento sobre a

importância do estreitamento de relações entre o Brasil e o governo

francês, indicando a possibilidade de que investidores franceses se

interessarem em atuar no setor e ressaltando a existência de diversas

cooperações técnicas sobre reabilitação urbana em andamento.

A Caixa Econômica Federal fez uma exposição sobre a reabilitação

urbana de áreas centrais destacando sua ação estratégica para o

desenvolvimento urbano. Foram apresentados dados da Alemanha,

França, Itália e Reino Unido em que a reabilitação urbana corresponde,

respectivamente, a 47%, 52%, 65% e 63% do total de investimentos

habitacionais de cada um desses países. Dados brasileiros indicam a

existência de 4,6 milhões domicílios urbanos vagos diante de um déficit

habitacional de 5,4 milhões de moradias. Como antecedentes são

apresentadas as experiências de Olinda, nos anos 80, e de Salvador e do

Rio de Janeiro, nos anos 90. O Programa de Revitalização de Sítios

Históricos (PRSH) foi lançado pela CEF em dezembro de 2000 com o

objetivo de “articular parceiros para incentivar a reabilitação das áreas

centrais degradadas de nossas cidades, com uma visão de integrar a

conservação do patrimônio com o desenvolvimento urbano”.

Em março de 2001 foi assinado um Convênio de Cooperação Técnica

entre a CEF e o Governo Francês para o desenvolvimento de Estudos

de Viabilidade de Reabilitação de Imóveis para Uso Habitacional em

Sítios Históricos no âmbito do PRSH. Foram firmados convênios com as

cidades de São Luís, Belém, Recife, Salvador, Natal, Porto Alegre e João

j.

Pessoa. As ações previstas pela cooperação técnica foram estudos de

viabilidades, realização de Ateliers Sirchal (Sítio Internacional sobre a 31

Revitalização de Centros Históricos da América Latina e Caribe ) e

definição de perímetros de reabilitação integrada - PRI.

As linhas de financiamento do PRSH poderiam ser para aquisição,

reforma ou arrendamento de imóveis e melhoria da infra-estrutura

urbana, na realidade, nada mais do que as linhas já disponíveis pela CEF.

Sugere-se o aporte de recursos para viabilizar a reabilitação urbana e a

aquisição antecipada de imóveis para a recuperação e adaptação em

multifamiliares, para locação social pública - tipo HLM francês. A CEF

explicita seu pensamento de que o Ministério das Cidades deverá

formular uma política nacional de reabilitação urbana de áreas centrais.

Jean Jacques Remy, engenheiro do grupo de construção francês GTM,

falou sobre as empresas e a política de reabilitação na França. Após um

breve apanhado sobre as origens e a evolução do setor da reabilitação,

Remy destaca que este setor compreende obras estruturais (alteração

ou reconstrução da estrutura da edificação), de melhoria ou

modernização da moradia e ações periódicas de manutenção e

conservação do existente. Após 25 anos de experiência na reabilitação

urbana, este setor responde por 52% dos investimentos habitacionais

da França, sendo os últimos dez anos marcados por um forte

crescimento. As perspectivas para o setor são otimistas, considera-se

que esta mantenha uma evolução positiva ou estável no futuro. Ou

seja, ele reforça a importância econômica que a reabilitação tem no

setor da construção civil comparativamente com a construção nova.

Os principais agentes da reabilitação são as pequenas (1 a 10

funcionários) e médias empresas (até 50 funcionários). Para conseguir

ter sucesso numa operação de reabilitação é necessário compor uma

equipe especializada, o que acabou gerando uma demanda por

profissionais qualificados. As grandes empresas de porte nacional vêm

se incorporando ao setor, principalmente quando o objeto da

reabilitação é o parque dos conjuntos habitacionais. Além da

qualificação profissional, ocorreu também uma adequação de técnicas

e produtos às exigências da reabilitação. Outro aspecto abordado por

Remy foi o financiamento da reabilitação. A ANAH subsidia obras de

melhoramentos em habitações privadas para locação. Nos casos das

Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO100 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

31 Os participantes do Sirchal são: Ministère dês Affaires Étrangères, Ministère de la Culture et de la Communication, Ministère de l'Équipement, des Transports, du Logement, du Tourisme et de la Mer, Unesco/ Patrimônio Mundial; BID; UIA (União Internacional dos Arquitetos), Maison de L'Amerique Latine e Association Française d'Action Artistique (AFAA).

101

Page 103: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

resposta recaiu sobre a existência ou não de um processo de

requalificação na região. Ou seja, o principal fator que interfere no valor

dos imóveis é a condição urbanística da região, fator que também foi

colocado como condicionante para o interesse do mercado imobiliário

em investir na região. De qualquer maneira, essa dificuldade de adquirir

imóveis que se enquadrem nos valores de financiamento do PAR resulta

na incapacidade de utilização dos recursos que estão disponíveis.

Seminário Internacional “Reabilitação do Centro de São Paulo: novas

oportunidades para o mercado imobiliário”

Em junho de 2003 foi realizado, pela Prefeitura Municipal de São Paulo,

pelo Secovi e pelo Sinduscon o seminário internacional “Reabilitação do

Centro de São Paulo: novas oportunidades para o mercado imobiliário”. O

Consulado da França fez um breve pronunciamento sobre a

importância do estreitamento de relações entre o Brasil e o governo

francês, indicando a possibilidade de que investidores franceses se

interessarem em atuar no setor e ressaltando a existência de diversas

cooperações técnicas sobre reabilitação urbana em andamento.

A Caixa Econômica Federal fez uma exposição sobre a reabilitação

urbana de áreas centrais destacando sua ação estratégica para o

desenvolvimento urbano. Foram apresentados dados da Alemanha,

França, Itália e Reino Unido em que a reabilitação urbana corresponde,

respectivamente, a 47%, 52%, 65% e 63% do total de investimentos

habitacionais de cada um desses países. Dados brasileiros indicam a

existência de 4,6 milhões domicílios urbanos vagos diante de um déficit

habitacional de 5,4 milhões de moradias. Como antecedentes são

apresentadas as experiências de Olinda, nos anos 80, e de Salvador e do

Rio de Janeiro, nos anos 90. O Programa de Revitalização de Sítios

Históricos (PRSH) foi lançado pela CEF em dezembro de 2000 com o

objetivo de “articular parceiros para incentivar a reabilitação das áreas

centrais degradadas de nossas cidades, com uma visão de integrar a

conservação do patrimônio com o desenvolvimento urbano”.

Em março de 2001 foi assinado um Convênio de Cooperação Técnica

entre a CEF e o Governo Francês para o desenvolvimento de Estudos

de Viabilidade de Reabilitação de Imóveis para Uso Habitacional em

Sítios Históricos no âmbito do PRSH. Foram firmados convênios com as

cidades de São Luís, Belém, Recife, Salvador, Natal, Porto Alegre e João

j.

Pessoa. As ações previstas pela cooperação técnica foram estudos de

viabilidades, realização de Ateliers Sirchal (Sítio Internacional sobre a 31

Revitalização de Centros Históricos da América Latina e Caribe ) e

definição de perímetros de reabilitação integrada - PRI.

As linhas de financiamento do PRSH poderiam ser para aquisição,

reforma ou arrendamento de imóveis e melhoria da infra-estrutura

urbana, na realidade, nada mais do que as linhas já disponíveis pela CEF.

Sugere-se o aporte de recursos para viabilizar a reabilitação urbana e a

aquisição antecipada de imóveis para a recuperação e adaptação em

multifamiliares, para locação social pública - tipo HLM francês. A CEF

explicita seu pensamento de que o Ministério das Cidades deverá

formular uma política nacional de reabilitação urbana de áreas centrais.

Jean Jacques Remy, engenheiro do grupo de construção francês GTM,

falou sobre as empresas e a política de reabilitação na França. Após um

breve apanhado sobre as origens e a evolução do setor da reabilitação,

Remy destaca que este setor compreende obras estruturais (alteração

ou reconstrução da estrutura da edificação), de melhoria ou

modernização da moradia e ações periódicas de manutenção e

conservação do existente. Após 25 anos de experiência na reabilitação

urbana, este setor responde por 52% dos investimentos habitacionais

da França, sendo os últimos dez anos marcados por um forte

crescimento. As perspectivas para o setor são otimistas, considera-se

que esta mantenha uma evolução positiva ou estável no futuro. Ou

seja, ele reforça a importância econômica que a reabilitação tem no

setor da construção civil comparativamente com a construção nova.

Os principais agentes da reabilitação são as pequenas (1 a 10

funcionários) e médias empresas (até 50 funcionários). Para conseguir

ter sucesso numa operação de reabilitação é necessário compor uma

equipe especializada, o que acabou gerando uma demanda por

profissionais qualificados. As grandes empresas de porte nacional vêm

se incorporando ao setor, principalmente quando o objeto da

reabilitação é o parque dos conjuntos habitacionais. Além da

qualificação profissional, ocorreu também uma adequação de técnicas

e produtos às exigências da reabilitação. Outro aspecto abordado por

Remy foi o financiamento da reabilitação. A ANAH subsidia obras de

melhoramentos em habitações privadas para locação. Nos casos das

Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO100 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

31 Os participantes do Sirchal são: Ministère dês Affaires Étrangères, Ministère de la Culture et de la Communication, Ministère de l'Équipement, des Transports, du Logement, du Tourisme et de la Mer, Unesco/ Patrimônio Mundial; BID; UIA (União Internacional dos Arquitetos), Maison de L'Amerique Latine e Association Française d'Action Artistique (AFAA).

101

Page 104: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

OPAH os subsídios são concentrados. Uma OPAH resulta de um

convênio firmado entre a Prefeitura, a ANAH e o Governo Central. Os

custos dos imóveis reabilitados são atualmente equivalentes aos custos

da construção nova, porém nos primórdios os custos médios eram

superiores. Remy afirma que é mais rentável reabilitar uma edificação

“sadia” do que demolir para reconstruir. Para isso é fundamental

realizar uma avaliação técnica prévia. Nas considerações finais da

exposição reafirma-se que a reabilitação é um novo campo de atuação

no ramo da construção civil, os recursos necessários são menores do

que para as construções novas, o impacto sobre as comunidades é

reduzido e a geração de empregos é superior às das construções

novas.

Palestra “As políticas de habitação social, hoje, na França”

No mesmo dia desse seminário, Marie Thérèse Drosso Ferial,

demógrafa com especialização em Urbanismo, pesquisadora do Institut

d'urbanisme de Paris, realizou uma palestra sobre “as políticas de

habitação social, hoje, na França” nas dependências da Emurb. Disposta

a discorrer sobre dois aspectos da política habitacional francesa -

mecanismos e instrumentos; dificuldades atuais - Ferial também expôs

diversas críticas, dentre elas o fato da habitação ser um assunto de

competência exclusiva do Governo Central apesar da descentralização

implantada desde 1980.

A política habitacional na França, diretamente relacionada com a

política de habitação social, tem três objetivos fundamentais: social -

lutar contra a degradação da habitação; urbano - melhorar a situação

urbana; financeiro - apoiar financeiramente as famílias necessitadas.

Ferial lembra que a França se preocupou em produzir habitação de a

maneira massiva e rápida após a 2 . Guerra Mundial. O grande número

de mortes decorrentes do frio em 1954 e a imigração de

aproximadamente 1 milhão de argelinos na década de 1960 também

justificaram a necessidade de lutar contra a habitação insalubre. O

resultado, porém, nos anos de 1950 e 60 era de qualidade ruim, os

grands esembles, conjuntos habitacionais situados nas periferias das

cidades, concentraram grande parte dos problemas urbanos.

No que concerne aos instrumentos, foram apontados três tópicos:

l.

Instrumentos jurídicos e de regularização: Leis - comprador e

vendedor; proprietário e financiador;

Rede de atores de produção de habitação social: HLM e

empreendedores privados;

Financiamento da habitação social: auxílio à pessoa (locação ou

aquisição) e auxílio à construção (para o produtor construir ou

reabilitar).

O cálculo do financiamento (com subsídios) leva em consideração três

fatores: composição familiar, renda e custo da habitação. Os recursos

são distribuídos por meio dos organismos HLM que intermedeiam a

relação entre as famílias e o Estado. Do total da população francesa,

55% são proprietários, 23% locatários do setor privado, 16%

locatários dos organismos HLM e 5% tem habitação gratuita. Outro

dado fornecido foi de que 57% das habitações são individuais. A

Comissão de Atribuições é outro organismo importante na estrutura

francesa, responsável pela definição de quais agentes - Estado,

Município, Empreendedores Privados - vão atender aos diversos

setores sociais. Interfere na distribuição da produção habitacional.

Dentre os problemas apontados por Ferial, estão as dificuldades

relacionadas com a pauperização dos moradores do parque de HLM, e

conseqüentemente o comprometimento de sua mobilidade social.

Parte desses problemas tem origens étnicas, já que os imigrantes

compõem o estrato mais baixo da escala de rendas. O processo de

degradação do parque habitacional nos anos 1960 e 1970 promoveu

uma tentativa de mudanças nos anos 1990, dentre elas estavam as

propostas de demolição e reconstrução de habitações sociais de

formas urbanas obsoletas. Por ano, 10.000 habitações são demolidas,

parte delas se encontra vazia. Os objetivos dessas mudanças são:

promover um mix social; garantir habitação para os mais pobres

mantendo-os na habitação sem expulsá-los; regulamentar para garantir

a habitação decente. Nesse sentido, foi aprovada em 2000 a Lei de

Solidariedade Urbana que define como obrigatória a existência de 20%

de habitação social nos municípios, o que acabou gerando grandes

polêmicas entre os envolvidos com a questão.

Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO102 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 103

Page 105: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

OPAH os subsídios são concentrados. Uma OPAH resulta de um

convênio firmado entre a Prefeitura, a ANAH e o Governo Central. Os

custos dos imóveis reabilitados são atualmente equivalentes aos custos

da construção nova, porém nos primórdios os custos médios eram

superiores. Remy afirma que é mais rentável reabilitar uma edificação

“sadia” do que demolir para reconstruir. Para isso é fundamental

realizar uma avaliação técnica prévia. Nas considerações finais da

exposição reafirma-se que a reabilitação é um novo campo de atuação

no ramo da construção civil, os recursos necessários são menores do

que para as construções novas, o impacto sobre as comunidades é

reduzido e a geração de empregos é superior às das construções

novas.

Palestra “As políticas de habitação social, hoje, na França”

No mesmo dia desse seminário, Marie Thérèse Drosso Ferial,

demógrafa com especialização em Urbanismo, pesquisadora do Institut

d'urbanisme de Paris, realizou uma palestra sobre “as políticas de

habitação social, hoje, na França” nas dependências da Emurb. Disposta

a discorrer sobre dois aspectos da política habitacional francesa -

mecanismos e instrumentos; dificuldades atuais - Ferial também expôs

diversas críticas, dentre elas o fato da habitação ser um assunto de

competência exclusiva do Governo Central apesar da descentralização

implantada desde 1980.

A política habitacional na França, diretamente relacionada com a

política de habitação social, tem três objetivos fundamentais: social -

lutar contra a degradação da habitação; urbano - melhorar a situação

urbana; financeiro - apoiar financeiramente as famílias necessitadas.

Ferial lembra que a França se preocupou em produzir habitação de a

maneira massiva e rápida após a 2 . Guerra Mundial. O grande número

de mortes decorrentes do frio em 1954 e a imigração de

aproximadamente 1 milhão de argelinos na década de 1960 também

justificaram a necessidade de lutar contra a habitação insalubre. O

resultado, porém, nos anos de 1950 e 60 era de qualidade ruim, os

grands esembles, conjuntos habitacionais situados nas periferias das

cidades, concentraram grande parte dos problemas urbanos.

No que concerne aos instrumentos, foram apontados três tópicos:

l.

Instrumentos jurídicos e de regularização: Leis - comprador e

vendedor; proprietário e financiador;

Rede de atores de produção de habitação social: HLM e

empreendedores privados;

Financiamento da habitação social: auxílio à pessoa (locação ou

aquisição) e auxílio à construção (para o produtor construir ou

reabilitar).

O cálculo do financiamento (com subsídios) leva em consideração três

fatores: composição familiar, renda e custo da habitação. Os recursos

são distribuídos por meio dos organismos HLM que intermedeiam a

relação entre as famílias e o Estado. Do total da população francesa,

55% são proprietários, 23% locatários do setor privado, 16%

locatários dos organismos HLM e 5% tem habitação gratuita. Outro

dado fornecido foi de que 57% das habitações são individuais. A

Comissão de Atribuições é outro organismo importante na estrutura

francesa, responsável pela definição de quais agentes - Estado,

Município, Empreendedores Privados - vão atender aos diversos

setores sociais. Interfere na distribuição da produção habitacional.

Dentre os problemas apontados por Ferial, estão as dificuldades

relacionadas com a pauperização dos moradores do parque de HLM, e

conseqüentemente o comprometimento de sua mobilidade social.

Parte desses problemas tem origens étnicas, já que os imigrantes

compõem o estrato mais baixo da escala de rendas. O processo de

degradação do parque habitacional nos anos 1960 e 1970 promoveu

uma tentativa de mudanças nos anos 1990, dentre elas estavam as

propostas de demolição e reconstrução de habitações sociais de

formas urbanas obsoletas. Por ano, 10.000 habitações são demolidas,

parte delas se encontra vazia. Os objetivos dessas mudanças são:

promover um mix social; garantir habitação para os mais pobres

mantendo-os na habitação sem expulsá-los; regulamentar para garantir

a habitação decente. Nesse sentido, foi aprovada em 2000 a Lei de

Solidariedade Urbana que define como obrigatória a existência de 20%

de habitação social nos municípios, o que acabou gerando grandes

polêmicas entre os envolvidos com a questão.

Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO102 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 103

Page 106: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Capítulo 3A formulação de uma política

habitacional para a Área Central

na gestão Marta Teresa Suplicy -

2001 a 2004

NE

LSO

N K

ON

FE

RN

AN

DO

PE

RE

LM

UT

TE

R

Page 107: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Capítulo 3A formulação de uma política

habitacional para a Área Central

na gestão Marta Teresa Suplicy -

2001 a 2004

NE

LSO

N K

ON

FE

RN

AN

DO

PE

RE

LM

UT

TE

R

Page 108: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

A política para a Área Central de São Paulo na gestão da prefeita Marta

Suplicy pode ser entendida a partir de três frentes. No primeiro

momento, a gestão apresentou o plano Reconstruir o Centro,

elaborado pelo Procentro sob a coordenação da Administração 1

Regional da Sé , que definia as diretrizes do governo para a Área Central

e indicava, preliminarmente, o papel da habitação nesse contexto por

meio do programa Morar no Centro. O plano Reconstruir o Centro

não passou dessa etapa inicial, mas o Morar no Centro se desenvolveu

dentro da estrutura da Sehab.

A segunda frente se constituiu a partir do Plano de Reabilitação da Área

Central (também conhecido como Ação Centro), desenvolvido pela

Emurb e atrelado a um contrato de financiamento com o BID. Esse

contrato foi negociado na gestão anterior, mas foi incorporado às ações

da atual gestão e adaptado à nova realidade política. A Emurb, na

realidade, ficou com a coordenação geral da Ação Centro, que

incorporou o Morar no Centro e o Procentro. Parte dos objetivos e

diretrizes do Reconstruir o Centro podem ser identificadas na Ação

Centro, mas, certamente, a Segunda não é fruto ou desdobramento do

primeiro.

A terceira frente, constituída pelo Plano Diretor Estratégico (PDE) e

pelo Plano de Habitação, apesar de não se relacionar exclusivamente

com a Área Central, é fundamental para a compreensão do contexto

global. O Plano de Habitação, mesmo tendo sido elaborado pela Sehab

é, muito mais, o resultado de uma obrigação imposta pelo Plano

Diretor do que um plano de ação para as questões habitacionais. A

condução do todo o processo de elaboração e aprovação do PDE junto

à Câmara Municipal foi competência da Sempla.

Esse conjunto de elementos compõe o pano de fundo do que

efetivamente foi formulado como política habitacional para a Área

Central de São Paulo no Morar no Centro. Os diversos programas

habitacionais, as modalidades de atendimento, os recursos, as formas

107Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

1 A arquiteta Sarah Feldman foi contratada como consultora para o Plano.

106 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 109: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

A política para a Área Central de São Paulo na gestão da prefeita Marta

Suplicy pode ser entendida a partir de três frentes. No primeiro

momento, a gestão apresentou o plano Reconstruir o Centro,

elaborado pelo Procentro sob a coordenação da Administração 1

Regional da Sé , que definia as diretrizes do governo para a Área Central

e indicava, preliminarmente, o papel da habitação nesse contexto por

meio do programa Morar no Centro. O plano Reconstruir o Centro

não passou dessa etapa inicial, mas o Morar no Centro se desenvolveu

dentro da estrutura da Sehab.

A segunda frente se constituiu a partir do Plano de Reabilitação da Área

Central (também conhecido como Ação Centro), desenvolvido pela

Emurb e atrelado a um contrato de financiamento com o BID. Esse

contrato foi negociado na gestão anterior, mas foi incorporado às ações

da atual gestão e adaptado à nova realidade política. A Emurb, na

realidade, ficou com a coordenação geral da Ação Centro, que

incorporou o Morar no Centro e o Procentro. Parte dos objetivos e

diretrizes do Reconstruir o Centro podem ser identificadas na Ação

Centro, mas, certamente, a Segunda não é fruto ou desdobramento do

primeiro.

A terceira frente, constituída pelo Plano Diretor Estratégico (PDE) e

pelo Plano de Habitação, apesar de não se relacionar exclusivamente

com a Área Central, é fundamental para a compreensão do contexto

global. O Plano de Habitação, mesmo tendo sido elaborado pela Sehab

é, muito mais, o resultado de uma obrigação imposta pelo Plano

Diretor do que um plano de ação para as questões habitacionais. A

condução do todo o processo de elaboração e aprovação do PDE junto

à Câmara Municipal foi competência da Sempla.

Esse conjunto de elementos compõe o pano de fundo do que

efetivamente foi formulado como política habitacional para a Área

Central de São Paulo no Morar no Centro. Os diversos programas

habitacionais, as modalidades de atendimento, os recursos, as formas

107Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

1 A arquiteta Sarah Feldman foi contratada como consultora para o Plano.

106 Capítulo 2

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 110: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

108 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

de gestão e os instrumentos urbanísticos propostos fecham o quadro

geral deste capítulo.

Os limites da Área Central de São Paulo adotados em cada programa

foram os seguintes:

2Reconstruir o Centro: 10 distritos (limite da extinta

Administração Regional Sé)

3Morar no Centro: 13 distritos

4Ação Centro: 8 distritos (limite da Subprefeitura Sé)

Em maio de 2001, primeiro ano da gestão da Prefeita Marta Suplicy, a

Sehab, o Procentro e a Administração Regional da Sé apresentaram o 5

plano Reconstruir o Centro como uma meta do programa de governo.

Os objetivos desse plano eram “o resgate do caráter público dos

espaços públicos, a ampliação do uso residencial, a consolidação do

caráter metropolitano da área central, uma atuação urbanística não

excludente, uma gestão urbana voltada para interesses coletivos e a

redução da violência”. Para concretizá-los foram propostos oito

programas: Andar no Centro; Cuidar do Centro; Descobrir o Centro;

Governar o Centro; Investir no Centro; Morar no Centro; Preservar o

Centro e Trabalhar no Centro.

O Reconstruir o Centro apresentou uma caracterização sucinta da 6

Área Central nos aspectos relativos ao patrimônio existente, à

acessibilidade, às diversidades funcional e social, à moradia, ao trabalho

e aos espaços de cultura, lazer e educação. Apontou a região como

subutilizada, com quase 40 mil domicílios vagos. Destacou, também, o

legado de décadas de descaso das diversas instâncias do poder público

em relação ao Centro, principalmente no tocante à manutenção e

conservação da infra-estrutura e dos equipamentos urbanos.

Em 2002, a Sehab divulgou o documento Habitação no Centro: o 7

Programa da Prefeitura que, partindo da premissa de que a

necessidade de ampliação do uso residencial na área central é um

consenso, constata que o alto valor dos imóveis é um dos principais

empecilhos para essa ação. Além disso, ressalta o caráter inovador dos

programas habitacionais de interesse social em áreas centrais na

política habitacional brasileira. A proposta foi no sentido de criar uma

política habitacional abrangente e sustentável, que atendesse diferentes

estratos da população e que fugisse do universo das intervenções

pontuais. Para isso, seria necessário combinar instrumentos

urbanísticos com estratégias imobiliárias e linhas de financiamento

adequadas. A necessidade de produzir habitação para as camadas de

renda média baixa e baixa foi justificada pela combinação da existência

de bairros ainda não disputados pelo mercado imobiliário, de terrenos

3.1

Morar no Centro

109Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

Ação CentroReconstruir o CentroMorar no Centro

Figura 3.1

Delimitação da área centraladotada pelos programas

2 Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista,

Cambuci, Liberdade, Pari, e Brás.

3 Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Cambuci, Liberdade, Pari, Brás,

Belém, Moóca e Barra Funda.

4 Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista,

Cambuci e Liberdade.

5 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Reconstruir o Centro. São Paulo: Sehab / AR-Sé, 2001.

6 O plano adotou como limites para a área central os dez distritos da Administração Regional da Sé: Sé, República, Pari, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Cambuci e Brás.

7 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação no Centro: o Programa da Prefeitura. São Paulo: Sehab, 2002.

Page 111: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

108 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

de gestão e os instrumentos urbanísticos propostos fecham o quadro

geral deste capítulo.

Os limites da Área Central de São Paulo adotados em cada programa

foram os seguintes:

2Reconstruir o Centro: 10 distritos (limite da extinta

Administração Regional Sé)

3Morar no Centro: 13 distritos

4Ação Centro: 8 distritos (limite da Subprefeitura Sé)

Em maio de 2001, primeiro ano da gestão da Prefeita Marta Suplicy, a

Sehab, o Procentro e a Administração Regional da Sé apresentaram o 5

plano Reconstruir o Centro como uma meta do programa de governo.

Os objetivos desse plano eram “o resgate do caráter público dos

espaços públicos, a ampliação do uso residencial, a consolidação do

caráter metropolitano da área central, uma atuação urbanística não

excludente, uma gestão urbana voltada para interesses coletivos e a

redução da violência”. Para concretizá-los foram propostos oito

programas: Andar no Centro; Cuidar do Centro; Descobrir o Centro;

Governar o Centro; Investir no Centro; Morar no Centro; Preservar o

Centro e Trabalhar no Centro.

O Reconstruir o Centro apresentou uma caracterização sucinta da 6

Área Central nos aspectos relativos ao patrimônio existente, à

acessibilidade, às diversidades funcional e social, à moradia, ao trabalho

e aos espaços de cultura, lazer e educação. Apontou a região como

subutilizada, com quase 40 mil domicílios vagos. Destacou, também, o

legado de décadas de descaso das diversas instâncias do poder público

em relação ao Centro, principalmente no tocante à manutenção e

conservação da infra-estrutura e dos equipamentos urbanos.

Em 2002, a Sehab divulgou o documento Habitação no Centro: o 7

Programa da Prefeitura que, partindo da premissa de que a

necessidade de ampliação do uso residencial na área central é um

consenso, constata que o alto valor dos imóveis é um dos principais

empecilhos para essa ação. Além disso, ressalta o caráter inovador dos

programas habitacionais de interesse social em áreas centrais na

política habitacional brasileira. A proposta foi no sentido de criar uma

política habitacional abrangente e sustentável, que atendesse diferentes

estratos da população e que fugisse do universo das intervenções

pontuais. Para isso, seria necessário combinar instrumentos

urbanísticos com estratégias imobiliárias e linhas de financiamento

adequadas. A necessidade de produzir habitação para as camadas de

renda média baixa e baixa foi justificada pela combinação da existência

de bairros ainda não disputados pelo mercado imobiliário, de terrenos

3.1

Morar no Centro

109Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

Ação CentroReconstruir o CentroMorar no Centro

Figura 3.1

Delimitação da área centraladotada pelos programas

2 Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista,

Cambuci, Liberdade, Pari, e Brás.

3 Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Cambuci, Liberdade, Pari, Brás,

Belém, Moóca e Barra Funda.

4 Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista,

Cambuci e Liberdade.

5 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Reconstruir o Centro. São Paulo: Sehab / AR-Sé, 2001.

6 O plano adotou como limites para a área central os dez distritos da Administração Regional da Sé: Sé, República, Pari, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Cambuci e Brás.

7 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação no Centro: o Programa da Prefeitura. São Paulo: Sehab, 2002.

Page 112: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

8vazios e edifícios passíveis de reforma , de edifícios de valor

arquitetônico ou histórico passíveis de reabilitação para o uso

habitacional, da capacidade da infra-estrutura instalada no Centro,

suficiente para receber um número muito maior de moradores, da

oferta de empregos e da possibilidade de redução do número de

deslocamentos. A produção de habitação na Área Central atuaria,

também, como uma alternativa para conter a expansão da população

em direção às áreas frágeis e sem infra-estrutura.

O Programa Morar no Centro, por sua vez, objetiva contribuir para o

repovoamento da área central, viabilizar moradia para população de

baixa renda, reabilitar edifícios desocupados para uso habitacional e

melhorar a qualidade de vida dos moradores da Área Central. As ações

propostas foram:

Programa de Arrendamento Residencial da Caixa Econômica 9

Federal . Em maio de 2001, foi assinado um convênio entre a

PMSP e a CEF para implementação do PAR. A PMSP ficou

responsável por facilitar a aquisição dos imóveis e indicar a

demanda a ser atendida pela CEF;

Programa de Locação Social, proposto com a pretensão de

atender famílias com renda mais baixa. Sua implantação

começou pelo Centro devido à pressão exercida pelos

movimentos sociais. A gestão dos condomínios é considerada o

ponto frágil do programa;

Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat (PRIH), com

intervenções em conjuntos de quadras com concentração de

moradias precárias, prevê a combinação de ações de produção

de unidades habitacionais (PAR, Programa de Locação Social,

Cartas de Crédito individuais e associativas), melhorias em

cortiços, reabilitação do patrimônio, produção e melhoria de

equipamentos públicos e de áreas verdes, ações culturais, de

saúde, de educação, de capacitação profissional, de geração de

emprego e renda e criação de espaços destinados a atividades

econômicas. A indicação dos perímetros foi realizada com base

em estudos desenvolvidos por assessorias técnicas com o apoio

dos movimentos de moradia. Esses perímetros, por sua vez,

serviram de base para a definição das ZEIS do Plano Diretor

2002. A instalação, dentro dos limites dos perímetros, de

escritórios de apoio local, chamados de escritórios antena,

deveria reforçar a proposta;

Intervenções em terrenos ou prédios isolados produzindo novas

unidades habitacionais a partir da reforma ou reciclagem de uso

de edifícios vazios do Centro;

Continuidade de projetos iniciados entre 1989 e 1992;

Moradias Transitórias para atender à demanda surgida com a

intervenção em áreas de risco, com as obras de melhoria em

cortiços e favelas, com a oferta de alternativas habitacionais

específicas para moradores de rua, com a instalação de casas de

abrigo para mulheres e idosos. Essas demandas deveriam

receber assessoria técnica para a formação de cooperativas para

produção residencial;

Incentivos para atrair famílias de classe média para a área central.

Os recursos previstos para a implementação do Morar no Centro vêm

da Caixa Econômica Federal (PAR e Cartas de Crédito), do Governo do 10

Estado (por meio do PAC), do Fundo Municipal de Habitação e do BID

(PAC e financiamento à prefeitura). Além desses recursos, a prefeitura

assinou acordos e convênios de cooperação técnica com o governo da

Franca nas áreas de política urbana, habitacional e fundiária, formas de

acesso à habitação e tecnologia de reabilitação de imóveis e com a

cidade de Turim para a capacitação técnica dos técnicos da Prefeitura.

Dois grandes obstáculos apontados para viabilizar o Morar no Centro

foram a obtenção de terrenos e imóveis vazios e a adequação da

legislação. Não é possível fazer uma política habitacional ampla e

sustentável sem uma estratégia fundiária adequada, incluindo a reserva

de imóveis. A dificuldade de obtenção de imóveis por parte da PMSP

pode se agravar com a valorização imobiliária em função de

intervenções públicas na região. A Sehab criou um Grupo Técnico de

Análise de Imóveis no Procentro para acompanhar o mercado

imobiliário e propôs a criação de um Observatório da Dinâmica

Imobiliária do Centro.

110 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 111Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

8 Nos 13 distritos estudados, de acordo com o Censo 2000, existem

45.464 domicílios vagos, o que corresponde a 17,5% do total de

domicílios recenseados. No distrito Sé, 26,8% do total de domicílios

estavam vagos.

9 O valor máximo da unidade habitacional do PAR era de R$

28.000,00, mas foi posteriormente alterado para R$ 32.300,00 nas

Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, podendo chegar a R$ 35.000,00 para os casos de revitalização urbana e

recuperação de sítios históricos.

10 Criado em 1994 pela Lei Municipal 11.632. Extinguiu o Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitação Subnormal (Funaps). A principal fonte de recursos do fundo é o orçamento municipal. Sua supervisão é feita pelo Conselho Municipal de Habitação.

Page 113: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

8vazios e edifícios passíveis de reforma , de edifícios de valor

arquitetônico ou histórico passíveis de reabilitação para o uso

habitacional, da capacidade da infra-estrutura instalada no Centro,

suficiente para receber um número muito maior de moradores, da

oferta de empregos e da possibilidade de redução do número de

deslocamentos. A produção de habitação na Área Central atuaria,

também, como uma alternativa para conter a expansão da população

em direção às áreas frágeis e sem infra-estrutura.

O Programa Morar no Centro, por sua vez, objetiva contribuir para o

repovoamento da área central, viabilizar moradia para população de

baixa renda, reabilitar edifícios desocupados para uso habitacional e

melhorar a qualidade de vida dos moradores da Área Central. As ações

propostas foram:

Programa de Arrendamento Residencial da Caixa Econômica 9

Federal . Em maio de 2001, foi assinado um convênio entre a

PMSP e a CEF para implementação do PAR. A PMSP ficou

responsável por facilitar a aquisição dos imóveis e indicar a

demanda a ser atendida pela CEF;

Programa de Locação Social, proposto com a pretensão de

atender famílias com renda mais baixa. Sua implantação

começou pelo Centro devido à pressão exercida pelos

movimentos sociais. A gestão dos condomínios é considerada o

ponto frágil do programa;

Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat (PRIH), com

intervenções em conjuntos de quadras com concentração de

moradias precárias, prevê a combinação de ações de produção

de unidades habitacionais (PAR, Programa de Locação Social,

Cartas de Crédito individuais e associativas), melhorias em

cortiços, reabilitação do patrimônio, produção e melhoria de

equipamentos públicos e de áreas verdes, ações culturais, de

saúde, de educação, de capacitação profissional, de geração de

emprego e renda e criação de espaços destinados a atividades

econômicas. A indicação dos perímetros foi realizada com base

em estudos desenvolvidos por assessorias técnicas com o apoio

dos movimentos de moradia. Esses perímetros, por sua vez,

serviram de base para a definição das ZEIS do Plano Diretor

2002. A instalação, dentro dos limites dos perímetros, de

escritórios de apoio local, chamados de escritórios antena,

deveria reforçar a proposta;

Intervenções em terrenos ou prédios isolados produzindo novas

unidades habitacionais a partir da reforma ou reciclagem de uso

de edifícios vazios do Centro;

Continuidade de projetos iniciados entre 1989 e 1992;

Moradias Transitórias para atender à demanda surgida com a

intervenção em áreas de risco, com as obras de melhoria em

cortiços e favelas, com a oferta de alternativas habitacionais

específicas para moradores de rua, com a instalação de casas de

abrigo para mulheres e idosos. Essas demandas deveriam

receber assessoria técnica para a formação de cooperativas para

produção residencial;

Incentivos para atrair famílias de classe média para a área central.

Os recursos previstos para a implementação do Morar no Centro vêm

da Caixa Econômica Federal (PAR e Cartas de Crédito), do Governo do 10

Estado (por meio do PAC), do Fundo Municipal de Habitação e do BID

(PAC e financiamento à prefeitura). Além desses recursos, a prefeitura

assinou acordos e convênios de cooperação técnica com o governo da

Franca nas áreas de política urbana, habitacional e fundiária, formas de

acesso à habitação e tecnologia de reabilitação de imóveis e com a

cidade de Turim para a capacitação técnica dos técnicos da Prefeitura.

Dois grandes obstáculos apontados para viabilizar o Morar no Centro

foram a obtenção de terrenos e imóveis vazios e a adequação da

legislação. Não é possível fazer uma política habitacional ampla e

sustentável sem uma estratégia fundiária adequada, incluindo a reserva

de imóveis. A dificuldade de obtenção de imóveis por parte da PMSP

pode se agravar com a valorização imobiliária em função de

intervenções públicas na região. A Sehab criou um Grupo Técnico de

Análise de Imóveis no Procentro para acompanhar o mercado

imobiliário e propôs a criação de um Observatório da Dinâmica

Imobiliária do Centro.

110 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 111Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

8 Nos 13 distritos estudados, de acordo com o Censo 2000, existem

45.464 domicílios vagos, o que corresponde a 17,5% do total de

domicílios recenseados. No distrito Sé, 26,8% do total de domicílios

estavam vagos.

9 O valor máximo da unidade habitacional do PAR era de R$

28.000,00, mas foi posteriormente alterado para R$ 32.300,00 nas

Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, podendo chegar a R$ 35.000,00 para os casos de revitalização urbana e

recuperação de sítios históricos.

10 Criado em 1994 pela Lei Municipal 11.632. Extinguiu o Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitação Subnormal (Funaps). A principal fonte de recursos do fundo é o orçamento municipal. Sua supervisão é feita pelo Conselho Municipal de Habitação.

Page 114: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Em 2003, foi divulgado o Programa de Reabilitação da Área Central da

Cidade de São Paulo (Ação Centro) com o objetivo de promover o

“desenvolvimento social e econômico, com diversidade, da Área Central de

São Paulo, dinamizando e criando condições de atração e suporte de

atividades compatíveis com o Centro Metropolitano e promovendo a

reabilitação urbanística e ambiental da área”. O Morar no Centro acabou

sendo incorporado à Ação Centro, já que este prevê ações mais gerais.

A Ação Centro é objeto de um contrato de financiamento, herdado da

gestão anterior, a ser firmado entre a PMSP e o BID. A Emurb assumiu a

função de órgão executor do programa e as demais secretarias

envolvidas são co-executoras.

A gestão do programa ficou a cargo de instâncias de representação da

sociedade civil e do poder público:

Fórum de Desenvolvimento Social e Econômico do Centro de

São Paulo;

Conselho Executivo Ação Centro;

Agência de Desenvolvimento do Centro.

O Programa foi estruturado em 5 componentes:

Transformação do perfil econômico e social da área central;

Recuperação do ambiente urbano;

Melhoria da circulação e dos transportes;

Fortalecimento institucional do município;

Reversão da desvalorização imobiliária e recuperação da função

residencial, onde está incorporado o programa Morar no Centro

como subcomponente.

Nessa nova organização, o Morar no Centro passou a prever, dentro do

pacote de ações que seriam financiadas pelo BID, investimentos totais 11

de US$ 25.900.000,00 , assim distribuídos:

US$ 5,7 milhões, como contrapartida local oriunda da Caixa

Econômica Federal, para o PAR;

a.

b.

c.

d.

e.

3.2

Ação Centro US$ 3,3 milhões para a implementação dos PRIH;

US$ 12,9 milhões para o Programa de Locação Social;

US$ 1,2 milhões, como contrapartida local, para a oferta de

moradias transitórias;

US$ 2 milhões para um programa de incentivos para a classe

média morar no centro;

US$ 0,8 milhão para a recuperação do Edifício São Vito.

Toda a Ação Centro tem previsão de US$ 167.400.000,00 em recursos

financeiros, distribuídos conforme descrito no Quadro 3.1.

CATEGORÍA DE INVESTIMENTO1. Investimento Direto1.1 Reversão da Desvalorização Imobiliária e

Recuperação da Função Residencial1.1.1 Elaboração de Propostas de Legislação

Urbanística1.1.2 Intervenções Urbanísticas1.1.3 Morar no Centro1.2 Transformação do Perfil Econômico e Social1.2.1 Criação do Mecanismo de Articulação com o

Setor Privado1.2.2 Divulgação do Programa1.2.3 Regularização do Comércio Informal e Atenção

aos Grupos Vulneráveis1.3 Recuperação do Ambiente Urbano1.3.1 Gestão de Operação e Manutenção1.3.2 Requalificação do Espaço Público1.3.3 Requalificação de Edifícios1.3.4 Controle de Inundações1.3.5 Resíduos Sólidos1.4 Transporte e Circulação1.4.1 Fortalecimento Institucional1.4.2 Circulação e Acessibilidade1.4.3 Operação de Trânsito1.4.4 Transporte Público1.5 Fortalecimento Institucional do Município1.5.1 Fortalecimento do Sistema de Planejamento

Urbano1.5.2 Apoio à Transferência de Órgãos Municipais

para o Centro1.5.3 Formação de Gerentes Sociais2. Administração e Supervisão2.1 Administração e Supervisão2.2 Auditoria ExternaSubtotal3. Custos Financeiros3.1 FIVTOTAL%

BANCO94,219,3

0,1

0,219,011,7

-

0,910,8

36,71,48,9

11,713,41,3

21,80,4-

7,014,44,72,6

1,0

1,15,24,21,0

99,41,01,0

100,460,0

Cont. Local64,49,6

-

2,76,97,50,1

0,66,8

26,23,96,26,98,90,3

16,70,22,40,8

13,34,44,0

0,4

0,02,62,6-

67,0--

67,040,0

TOTAL158,628,9

0,1

2,925,919,20,1

1,517,6

62,95,3

15,118,622,31,6

38,50,62,47,8

27,79,16,6

1,4

1,17,86,81,0

166,41,01,0

167,4100,0

%94,717,3

11,5

37,5

23,0

5,4

4,7

99,40,6

100,0

Quadro 3.1

Valores previstos,em milhões dedólares, para ofinanciamentoPMSP/BID

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Emurb. Regulamento Operacional do Contrato de Financiamento firmado entre a PMSP e o Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de São Paulo (BR-0391). São Paulo: Emurb / BID, 2003. Versão preliminar, anterior à aprovação do financiamento.

112 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 113Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

11 Esses dados, de julho de 2003, são ainda prévios à assinatura do

contrato com o BID, portanto ainda podem ter sofrido

alterações.Nessa data, US$1,00 estava cotado em R$2,879.

Page 115: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Em 2003, foi divulgado o Programa de Reabilitação da Área Central da

Cidade de São Paulo (Ação Centro) com o objetivo de promover o

“desenvolvimento social e econômico, com diversidade, da Área Central de

São Paulo, dinamizando e criando condições de atração e suporte de

atividades compatíveis com o Centro Metropolitano e promovendo a

reabilitação urbanística e ambiental da área”. O Morar no Centro acabou

sendo incorporado à Ação Centro, já que este prevê ações mais gerais.

A Ação Centro é objeto de um contrato de financiamento, herdado da

gestão anterior, a ser firmado entre a PMSP e o BID. A Emurb assumiu a

função de órgão executor do programa e as demais secretarias

envolvidas são co-executoras.

A gestão do programa ficou a cargo de instâncias de representação da

sociedade civil e do poder público:

Fórum de Desenvolvimento Social e Econômico do Centro de

São Paulo;

Conselho Executivo Ação Centro;

Agência de Desenvolvimento do Centro.

O Programa foi estruturado em 5 componentes:

Transformação do perfil econômico e social da área central;

Recuperação do ambiente urbano;

Melhoria da circulação e dos transportes;

Fortalecimento institucional do município;

Reversão da desvalorização imobiliária e recuperação da função

residencial, onde está incorporado o programa Morar no Centro

como subcomponente.

Nessa nova organização, o Morar no Centro passou a prever, dentro do

pacote de ações que seriam financiadas pelo BID, investimentos totais 11

de US$ 25.900.000,00 , assim distribuídos:

US$ 5,7 milhões, como contrapartida local oriunda da Caixa

Econômica Federal, para o PAR;

a.

b.

c.

d.

e.

3.2

Ação Centro US$ 3,3 milhões para a implementação dos PRIH;

US$ 12,9 milhões para o Programa de Locação Social;

US$ 1,2 milhões, como contrapartida local, para a oferta de

moradias transitórias;

US$ 2 milhões para um programa de incentivos para a classe

média morar no centro;

US$ 0,8 milhão para a recuperação do Edifício São Vito.

Toda a Ação Centro tem previsão de US$ 167.400.000,00 em recursos

financeiros, distribuídos conforme descrito no Quadro 3.1.

CATEGORÍA DE INVESTIMENTO1. Investimento Direto1.1 Reversão da Desvalorização Imobiliária e

Recuperação da Função Residencial1.1.1 Elaboração de Propostas de Legislação

Urbanística1.1.2 Intervenções Urbanísticas1.1.3 Morar no Centro1.2 Transformação do Perfil Econômico e Social1.2.1 Criação do Mecanismo de Articulação com o

Setor Privado1.2.2 Divulgação do Programa1.2.3 Regularização do Comércio Informal e Atenção

aos Grupos Vulneráveis1.3 Recuperação do Ambiente Urbano1.3.1 Gestão de Operação e Manutenção1.3.2 Requalificação do Espaço Público1.3.3 Requalificação de Edifícios1.3.4 Controle de Inundações1.3.5 Resíduos Sólidos1.4 Transporte e Circulação1.4.1 Fortalecimento Institucional1.4.2 Circulação e Acessibilidade1.4.3 Operação de Trânsito1.4.4 Transporte Público1.5 Fortalecimento Institucional do Município1.5.1 Fortalecimento do Sistema de Planejamento

Urbano1.5.2 Apoio à Transferência de Órgãos Municipais

para o Centro1.5.3 Formação de Gerentes Sociais2. Administração e Supervisão2.1 Administração e Supervisão2.2 Auditoria ExternaSubtotal3. Custos Financeiros3.1 FIVTOTAL%

BANCO94,219,3

0,1

0,219,011,7

-

0,910,8

36,71,48,9

11,713,41,3

21,80,4-

7,014,44,72,6

1,0

1,15,24,21,0

99,41,01,0

100,460,0

Cont. Local64,49,6

-

2,76,97,50,1

0,66,8

26,23,96,26,98,90,3

16,70,22,40,8

13,34,44,0

0,4

0,02,62,6-

67,0--

67,040,0

TOTAL158,628,9

0,1

2,925,919,20,1

1,517,6

62,95,3

15,118,622,31,6

38,50,62,47,8

27,79,16,6

1,4

1,17,86,81,0

166,41,01,0

167,4100,0

%94,717,3

11,5

37,5

23,0

5,4

4,7

99,40,6

100,0

Quadro 3.1

Valores previstos,em milhões dedólares, para ofinanciamentoPMSP/BID

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Emurb. Regulamento Operacional do Contrato de Financiamento firmado entre a PMSP e o Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de São Paulo (BR-0391). São Paulo: Emurb / BID, 2003. Versão preliminar, anterior à aprovação do financiamento.

112 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 113Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

11 Esses dados, de julho de 2003, são ainda prévios à assinatura do

contrato com o BID, portanto ainda podem ter sofrido

alterações.Nessa data, US$1,00 estava cotado em R$2,879.

Page 116: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

114 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 115Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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3 e

6 s

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rap

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da

PM

SP

Mel

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rena

gem

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raça

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,p

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ção

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e s

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Fin

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ora

dia

s te

mp

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rias

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pri

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o

Ref

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mo

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Div

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10

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4.0

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da

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esta

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Pla

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ençã

o e

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enam

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tico

, es

tud

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pac

to a

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ient

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tud

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, le

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ação

do

pla

no.

Sist

ema

mun

icip

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e in

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Imp

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na

Secr

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ia d

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pro

gram

ad

e ca

pac

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ão e

m g

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cia

soci

al

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o p

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Secr

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e e

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Mei

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12

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00

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US$

22

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00

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US$

1.6

00

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US$

14

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,00

US$

14

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US$

57

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00

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US$

2.4

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US$

7.8

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ntra

par

tid

a

US$

27

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1.9

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0

US$

1.0

00

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0

US$

26

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,00

Qua

dro

3.2

Sín

tese

das

ati

vid

ad

es

pre

vist

as

no

co

ntr

ato

de f

inan

ciam

en

to

Est

e q

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ro f

oi e

lab

ora

do

co

m b

ase

em d

ado

s d

isp

oní

veis

no

seg

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ocu

men

to:

SÃO

PA

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(M

unic

ípio

) -

Em

urb

. A

jud

a M

em

óri

a d

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en

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ad

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ntr

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co I

nte

ram

eri

can

o d

e D

ese

nvo

lvim

en

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o P

rogra

ma d

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eab

ilit

açã

o d

a Á

rea C

en

tral

da C

idad

e d

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Pau

lo (

BR

-0391).

São

Pau

lo: E

mur

b /

BID

, 2

00

3. V

ersã

o p

relim

inar

, an

teri

or

à ap

rova

ção

do

fin

anci

amen

to

Page 117: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

114 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 115Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Cu

sto

sC

om

po

nen

teS

ub

com

po

nen

teA

tivi

dad

es

fin

an

ciad

as

1.

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RIZ

ÃO

IM

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RIA

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CU

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O D

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ÃO

RE

SID

EN

CIA

L

Leg

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ção

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anís

tica

Inte

rven

ções

urb

anís

tica

s

Mo

rar

no C

entr

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Fo

rtal

ecim

ento

inst

ituc

iona

ld

a E

mur

b

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ulga

ção

do

pro

gram

a

Reg

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izaç

ão d

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om

érci

oin

form

al e

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nção

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s gr

upo

svu

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s

Zel

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ria

Pla

no D

iret

or

Reg

iona

l da

Sub

pre

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ura

Pq

. D

. P

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Mer

cad

o M

unic

ipal

Pal

ácio

das

Ind

ústr

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Cas

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as R

eto

rtas

Pro

gram

a d

e A

rren

dam

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Res

iden

cial

- P

AR

Per

ímet

ros

de

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bili

taçã

oIn

tegr

ada

do

Hab

itat

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RIH

Mo

rad

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rans

itó

ria

Lo

caçã

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oci

al

Ed

. Sã

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ito

Ince

ntiv

os

par

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asse

méd

ia

Est

rutu

raçã

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stit

ucio

nal d

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gênc

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volv

imen

to d

rea

Cen

tral

Co

nstr

uind

o a

incl

usão

so

cial

des

de

as r

uas

do

cen

tro

Reg

ulam

enta

ção

, re

qua

lific

ação

ere

ori

enta

ção

do

co

mér

cio

eco

mer

cian

tes

de

rua

Cen

tro

Seg

uro

Ref

orm

a e

recu

per

ação

Req

ualif

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Ref

orm

a d

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00

ap

tos

no v

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míli

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m r

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Mel

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Page 118: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

3.3

Plano Diretor Estratégico e Plano de Habitaçãoção

Plano Diretor Estratégico

A lei 13.430, de 13 de setembro de 2002, institui o Plano Diretor

Estratégico e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento

Urbano do Município de São Paulo. A lei definiu, também, os Planos

Regionais, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Plano de Circulação e

Transporte e o Plano de Habitação como documentos

complementares ao Plano Diretor Estratégico e estipulou prazos para

que seus projetos de lei, elaborados pelo Executivo, fossem

encaminhados à Câmara Municipal para apreciação. O Sistema de

Planejamento definiu que as Subprefeituras e suas Câmaras Consultivas

de Política Urbana podem propor Projetos Estratégicos e Planos de

Bairro para detalhar as diretrizes propostas nos respectivos Planos

Regionais. O Plano Diretor Estratégico definiu:

A política de desenvolvimento urbano;

A função social da propriedade urbana;

As políticas públicas;

O plano urbanístico-ambiental.

A política de desenvolvimento urbano explicita uma preocupação com

a otimização da infra-estrutura instalada nas áreas urbanizadas e

consolidadas, particularmente na área central, ao incluir como

objetivos da política de urbanização e uso do solo: as necessidades de

diversificar e mesclar os usos para reduzir os deslocamentos pela

cidade, estimular o crescimento nas áreas dotadas de infra-estrutura e

serviços para otimizar o aproveitamento da capacidade e reduzir

custos, reestruturar e requalificar urbanisticamente as áreas que estão

passando por processos de esvaziamento populacional e imobiliário e

evitar a expulsão de moradores de baixa renda das áreas consolidadas.

As ações estratégicas indicam a necessidade de “criar instrumentos

urbanísticos para estimular a requalificação de imóveis e bairros

protegidos pela legislação de bens culturais, adaptando-os para funções

adequadas às suas características e preservando-os como elementos de

referência para a população; criar Operações Urbanas Consorciadas

116 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 117Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 3.2

Folder Ação Centro

Page 119: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

3.3

Plano Diretor Estratégico e Plano de Habitaçãoção

Plano Diretor Estratégico

A lei 13.430, de 13 de setembro de 2002, institui o Plano Diretor

Estratégico e o Sistema de Planejamento e Gestão do Desenvolvimento

Urbano do Município de São Paulo. A lei definiu, também, os Planos

Regionais, a Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Plano de Circulação e

Transporte e o Plano de Habitação como documentos

complementares ao Plano Diretor Estratégico e estipulou prazos para

que seus projetos de lei, elaborados pelo Executivo, fossem

encaminhados à Câmara Municipal para apreciação. O Sistema de

Planejamento definiu que as Subprefeituras e suas Câmaras Consultivas

de Política Urbana podem propor Projetos Estratégicos e Planos de

Bairro para detalhar as diretrizes propostas nos respectivos Planos

Regionais. O Plano Diretor Estratégico definiu:

A política de desenvolvimento urbano;

A função social da propriedade urbana;

As políticas públicas;

O plano urbanístico-ambiental.

A política de desenvolvimento urbano explicita uma preocupação com

a otimização da infra-estrutura instalada nas áreas urbanizadas e

consolidadas, particularmente na área central, ao incluir como

objetivos da política de urbanização e uso do solo: as necessidades de

diversificar e mesclar os usos para reduzir os deslocamentos pela

cidade, estimular o crescimento nas áreas dotadas de infra-estrutura e

serviços para otimizar o aproveitamento da capacidade e reduzir

custos, reestruturar e requalificar urbanisticamente as áreas que estão

passando por processos de esvaziamento populacional e imobiliário e

evitar a expulsão de moradores de baixa renda das áreas consolidadas.

As ações estratégicas indicam a necessidade de “criar instrumentos

urbanísticos para estimular a requalificação de imóveis e bairros

protegidos pela legislação de bens culturais, adaptando-os para funções

adequadas às suas características e preservando-os como elementos de

referência para a população; criar Operações Urbanas Consorciadas

116 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 117Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Figura 3.2

Folder Ação Centro

Page 120: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

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Maia

Av São João

Av Duq.

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Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

ZEIS 3LIMITE DE DISTRITO

Figura 3.3

Delimitação das ZEIS 3

para revitalizar a Orla Ferroviária Pirituba, Água Branca, Luz e Vale do

Tamanduateí; requalificar o Centro Histórico e seu entorno,

destacando a Várzea do Carmo, o Parque Dom Pedro, a região do

Mercado Municipal, da Rua 25 de Março e adjacências, a zona cerealista

e o entorno da Estação da Luz; desenvolver e implementar Planos de

Urbanização em Zonas Especiais de Interesse Social, dentre outras”.

No caso específico da Macroárea de Reestruturação e Requalificação 12

Urbana , que inclui o Centro Metropolitano, a orla ferroviária, antigos

distritos industriais e áreas no entorno das marginais e de alguns

grandes equipamentos desativados, o principal objetivo é a reversão do

esvaziamento populacional através do estímulo ao uso habitacional de

interesse social e a intensificação da promoção imobiliária. Além dessas

diretrizes gerais, merecem destaque a definição da função social da

propriedade urbana, as diretivas para a política habitacional e as

definições das ZEIS.

Os imóveis que não cumprem a função social da propriedade urbana, 13

conforme as determinações do Estatuto da Cidade , são passíveis, da

aplicação de parcelamento, edificação e utilização compulsórios,

Imposto Predial e Territorial Urbano progressivo no tempo e

desapropriação com pagamentos em títulos da divida pública, desde

que os critérios que enquadram os imóveis nas categorias de não-

utilizados ou subutilizados estejam definidos no Plano Diretor. Nesse

sentido, o Plano Diretor Estratégico estabeleceu critérios para os

imóveis localizados em áreas de ZEIS 2 e 3 (conforme definição

reproduzida a seguir), de Operações Urbanas Consorciadas e Projetos

Estratégicos, e em 55 dos 96 distritos municipais, dentre eles Barra

Funda, Bela Vista, Belém, Bom Retiro, Brás, Cambuci, Consolação,

Liberdade, Moóca, Pari, República, Santa Cecília e Sé. Em todas essas

áreas, o solo urbano é classificado como:

Não-edificado: terrenos e glebas com mais de 250 m² e

Coeficiente de Aproveitamento (CA) igual a zero;

Subutilizado: terrenos e glebas com mais de 250 m² e CA inferior

ao mínimo fixado no PDE, com exceção dos casos de imóveis

utilizados para atividades econômicas que não necessitam de

edificações; imóveis utilizados como postos de abastecimento

de veículos e imóveis integrantes do Sistema de Áreas Verdes do

Município. Os Planos Diretores Regionais têm autonomia para

indicar imóveis que possam ser considerados não-edificados ou

subutilizados, apesar de ocupados por estacionamentos e outras

atividades que não necessitam de edificações;

Não-utilizado: são consideradas não-utilizadas todas as

edificações que tenham, no mínimo, 80% de sua área construída

desocupada há mais de cinco anos, exceto nos casos em que “a

desocupação decorra de impossibilidades jurídicas ou resultantes de

pendências judiciais incidentes sobre o imóvel”.

A Política Habitacional assumiu como diretrizes, entre outras:

“a produção, nas regiões centrais da Cidade dotadas de infra-estrutura, de

unidades habitacionais em áreas vazias ou subutilizadas, e a recuperação

de edifícios vazios ou subutilizados, para a população de baixa e média

renda;

118 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 119Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

12 Formada pelos distritos da Barra Funda, Bela Vista, Bom Retiro,

Brás, Cambuci, Liberdade, Moóca, Pari, República, Santa Cecília, Sé,

Vila Leopoldina, pelas áreas das Operações Urbanas existentes e propostas, pelas atuais zonas de

uso industrial Z6 e Z7 e ZUPI, criadas por Lei Estadual, pelas

áreas de Projetos Estratégicos e pelas Áreas de Intervenção Urbana ao longo das linhas de transportes

de alta capacidade.13 Lei Federal nº 10.257, de 10 de

julho de 2001.

Page 121: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

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Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

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Pq. D. Pedro

ZEIS 3LIMITE DE DISTRITO

Figura 3.3

Delimitação das ZEIS 3

para revitalizar a Orla Ferroviária Pirituba, Água Branca, Luz e Vale do

Tamanduateí; requalificar o Centro Histórico e seu entorno,

destacando a Várzea do Carmo, o Parque Dom Pedro, a região do

Mercado Municipal, da Rua 25 de Março e adjacências, a zona cerealista

e o entorno da Estação da Luz; desenvolver e implementar Planos de

Urbanização em Zonas Especiais de Interesse Social, dentre outras”.

No caso específico da Macroárea de Reestruturação e Requalificação 12

Urbana , que inclui o Centro Metropolitano, a orla ferroviária, antigos

distritos industriais e áreas no entorno das marginais e de alguns

grandes equipamentos desativados, o principal objetivo é a reversão do

esvaziamento populacional através do estímulo ao uso habitacional de

interesse social e a intensificação da promoção imobiliária. Além dessas

diretrizes gerais, merecem destaque a definição da função social da

propriedade urbana, as diretivas para a política habitacional e as

definições das ZEIS.

Os imóveis que não cumprem a função social da propriedade urbana, 13

conforme as determinações do Estatuto da Cidade , são passíveis, da

aplicação de parcelamento, edificação e utilização compulsórios,

Imposto Predial e Territorial Urbano progressivo no tempo e

desapropriação com pagamentos em títulos da divida pública, desde

que os critérios que enquadram os imóveis nas categorias de não-

utilizados ou subutilizados estejam definidos no Plano Diretor. Nesse

sentido, o Plano Diretor Estratégico estabeleceu critérios para os

imóveis localizados em áreas de ZEIS 2 e 3 (conforme definição

reproduzida a seguir), de Operações Urbanas Consorciadas e Projetos

Estratégicos, e em 55 dos 96 distritos municipais, dentre eles Barra

Funda, Bela Vista, Belém, Bom Retiro, Brás, Cambuci, Consolação,

Liberdade, Moóca, Pari, República, Santa Cecília e Sé. Em todas essas

áreas, o solo urbano é classificado como:

Não-edificado: terrenos e glebas com mais de 250 m² e

Coeficiente de Aproveitamento (CA) igual a zero;

Subutilizado: terrenos e glebas com mais de 250 m² e CA inferior

ao mínimo fixado no PDE, com exceção dos casos de imóveis

utilizados para atividades econômicas que não necessitam de

edificações; imóveis utilizados como postos de abastecimento

de veículos e imóveis integrantes do Sistema de Áreas Verdes do

Município. Os Planos Diretores Regionais têm autonomia para

indicar imóveis que possam ser considerados não-edificados ou

subutilizados, apesar de ocupados por estacionamentos e outras

atividades que não necessitam de edificações;

Não-utilizado: são consideradas não-utilizadas todas as

edificações que tenham, no mínimo, 80% de sua área construída

desocupada há mais de cinco anos, exceto nos casos em que “a

desocupação decorra de impossibilidades jurídicas ou resultantes de

pendências judiciais incidentes sobre o imóvel”.

A Política Habitacional assumiu como diretrizes, entre outras:

“a produção, nas regiões centrais da Cidade dotadas de infra-estrutura, de

unidades habitacionais em áreas vazias ou subutilizadas, e a recuperação

de edifícios vazios ou subutilizados, para a população de baixa e média

renda;

118 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 119Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

12 Formada pelos distritos da Barra Funda, Bela Vista, Bom Retiro,

Brás, Cambuci, Liberdade, Moóca, Pari, República, Santa Cecília, Sé,

Vila Leopoldina, pelas áreas das Operações Urbanas existentes e propostas, pelas atuais zonas de

uso industrial Z6 e Z7 e ZUPI, criadas por Lei Estadual, pelas

áreas de Projetos Estratégicos e pelas Áreas de Intervenção Urbana ao longo das linhas de transportes

de alta capacidade.13 Lei Federal nº 10.257, de 10 de

julho de 2001.

Page 122: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

a consolidação da moradia social nas áreas centrais, mediante a ação

conjunta da população e dos Poderes Públicos Municipal, Estadual e

Federal, contribuindo para os programas de reabilitação dessas áreas,

compatibilizando-as com a inclusão social e urbana da população de baixa

renda que habita a região ou nela trabalha, de modo a evitar sua expulsão;

a utilização de parte dos recursos provenientes da valorização imobiliária

em programas habitacionais de interesse social nas áreas bem dotadas de

infra-estrutura e serviços urbanos;

a requalificação de áreas de cortiços e urbanização de favelas por meio de

ações integradas com outros órgãos da Prefeitura, do Estado e do Governo

Federal;

a facilitação do acesso da população de baixa renda à moradia, por meio de

mecanismos de financiamento de longo prazo, investimento de recursos

orçamentários a fundo perdido, permissão de uso e subsídio direto, pessoal,

intransferível e temporário na aquisição ou locação social;

a intervenção nas habitações coletivas de aluguel por meio da reciclagem e

requalificação de edifícios subutilizados.”

Dentre os instrumentos propostos no âmbito da questão habitacional,

o mais importante certamente foi a criação das Zonas Especiais de

Interesse Social como:

“...porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação

urbanística, à regularização fundiária e produção de Habitações de 14 15

Interesse Social - HIS ou do Mercado Popular - HMP , incluindo a

recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e

culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local”.

O PDE cria quatro categorias de ZEIS, a terceira delas, ZEIS 3, é

composta pelas:

“...áreas com predominância de terrenos ou edificações subutilizados

situados em áreas dotadas de infra-estrutura, serviços urbanos e oferta de

empregos, ou que estejam recebendo investimentos desta natureza, onde

haja interesse público, expresso por meio desta lei, dos planos regionais ou

de lei especifica, em promover ou ampliar o uso por Habitação de Interesse

Social - HIS ou do Mercado Popular - HMP, e melhorar as condições

habitacionais da população moradora.”

O Plano de Urbanização das ZEIS deve incluir diagnóstico com análises

físico-ambiental, urbanística, fundiária e com a caracterização

socioeconômica da população residente, detalhamento dos projetos e

intervenções previstos para a área, instrumentos urbanísticos a serem

utilizados, formas de participação social, formas de integração das

políticas setoriais, fontes de recursos, discussão da adequação ao PDE e

aos Planos Regionais, plano de ação social e das atividades de geração de

emprego e renda.

As normas básicas para os Planos de Urbanização e para a aprovação de

parcelamento, uso e ocupação do solo nas ZEIS 3 estabelecem, entre

outras, que o CA básico é igual a 1 (com mínimo de 0,3 e máximo 4),

que as demolições somente serão permitidas quando vinculadas ao

início de nova construção ou em caso de risco comprovado por laudo

técnico; que a exigência de recuos poderá ser dispensada, desde que

garantidas as condições de aeração e insolação dos cômodos, conforme

definidas na legislação pertinente.

A aprovação dos Planos de Urbanização, cuja elaboração e

implementação deverá envolver a população moradora,

representantes da Subprefeitura e dos proprietários de imóveis, será

condicionada à avaliação da Comissão de Avaliação de

Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social (CAEHIS) da

Sehab. Os Conselhos Gestores das ZEIS, compostos por

representantes dos atuais ou futuros moradores e do Executivo são

responsáveis pelo envio do Plano para análise da PMSP.

As ZEIS localizadas dentro dos limites das Operações Urbanas

Consorciadas têm os instrumentos urbanos regidos pelas leis

específicas das operações. Fica, no entanto, definido de antemão que a

produção de HIS poderá ser atendida dentro dos perímetros das ZEIS

com recursos provenientes da própria operação e que a concessão do

direito de construção acima do CA básico será gratuita para a produção

de HIS e HMP desde que as unidades habitacionais tenham no máximo 16

50 m² de área útil total .

Finalmente, destacamos que, dentre as instâncias que devem assegurar

a participação da população na gestão da política urbana municipal, está

o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano que é composto

por 48 membros originários das várias regiões de São Paulo e que

120 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 121Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

14 O artigo 146 do PDE estabelece que Habitação de Interesse Social

- HIS é aquela que se destina a famílias com renda igual ou inferior

a 6 (seis) salários mínimos, de promoção pública ou a ela

vinculada, com padrão de unidade habitacional com um sanitário, até

uma vaga de garagem e área útil de no máximo 50 m² (cinqüenta

metros quadrados), com possibilidade de ampliação quando as famílias beneficiadas estiverem

envolvidas diretamente na produção das moradias.

15 Habitação de Mercado Popular - HMP é aquela que se destina a

famílias de renda igual ou inferior a 16 (dezesseis) salários mínimos ou

capacidade de pagamento a ser definida em lei específica, de

promoção privada, com padrão de unidade habitacional com até dois

sanitários, até uma vaga de garagem e área útil de no máximo 70m² (setenta metros quadrados).

16 A área útil dos apartamentos é calculada incluindo as áreas das paredes e a sua circulação interna. Não são computadas as áreas comuns, ou seja, áreas de circulação externa ao apartamento, sala de convivência condominial, hall de elevador, hall de entrada etc.

Page 123: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

a consolidação da moradia social nas áreas centrais, mediante a ação

conjunta da população e dos Poderes Públicos Municipal, Estadual e

Federal, contribuindo para os programas de reabilitação dessas áreas,

compatibilizando-as com a inclusão social e urbana da população de baixa

renda que habita a região ou nela trabalha, de modo a evitar sua expulsão;

a utilização de parte dos recursos provenientes da valorização imobiliária

em programas habitacionais de interesse social nas áreas bem dotadas de

infra-estrutura e serviços urbanos;

a requalificação de áreas de cortiços e urbanização de favelas por meio de

ações integradas com outros órgãos da Prefeitura, do Estado e do Governo

Federal;

a facilitação do acesso da população de baixa renda à moradia, por meio de

mecanismos de financiamento de longo prazo, investimento de recursos

orçamentários a fundo perdido, permissão de uso e subsídio direto, pessoal,

intransferível e temporário na aquisição ou locação social;

a intervenção nas habitações coletivas de aluguel por meio da reciclagem e

requalificação de edifícios subutilizados.”

Dentre os instrumentos propostos no âmbito da questão habitacional,

o mais importante certamente foi a criação das Zonas Especiais de

Interesse Social como:

“...porções do território destinadas, prioritariamente, à recuperação

urbanística, à regularização fundiária e produção de Habitações de 14 15

Interesse Social - HIS ou do Mercado Popular - HMP , incluindo a

recuperação de imóveis degradados, a provisão de equipamentos sociais e

culturais, espaços públicos, serviço e comércio de caráter local”.

O PDE cria quatro categorias de ZEIS, a terceira delas, ZEIS 3, é

composta pelas:

“...áreas com predominância de terrenos ou edificações subutilizados

situados em áreas dotadas de infra-estrutura, serviços urbanos e oferta de

empregos, ou que estejam recebendo investimentos desta natureza, onde

haja interesse público, expresso por meio desta lei, dos planos regionais ou

de lei especifica, em promover ou ampliar o uso por Habitação de Interesse

Social - HIS ou do Mercado Popular - HMP, e melhorar as condições

habitacionais da população moradora.”

O Plano de Urbanização das ZEIS deve incluir diagnóstico com análises

físico-ambiental, urbanística, fundiária e com a caracterização

socioeconômica da população residente, detalhamento dos projetos e

intervenções previstos para a área, instrumentos urbanísticos a serem

utilizados, formas de participação social, formas de integração das

políticas setoriais, fontes de recursos, discussão da adequação ao PDE e

aos Planos Regionais, plano de ação social e das atividades de geração de

emprego e renda.

As normas básicas para os Planos de Urbanização e para a aprovação de

parcelamento, uso e ocupação do solo nas ZEIS 3 estabelecem, entre

outras, que o CA básico é igual a 1 (com mínimo de 0,3 e máximo 4),

que as demolições somente serão permitidas quando vinculadas ao

início de nova construção ou em caso de risco comprovado por laudo

técnico; que a exigência de recuos poderá ser dispensada, desde que

garantidas as condições de aeração e insolação dos cômodos, conforme

definidas na legislação pertinente.

A aprovação dos Planos de Urbanização, cuja elaboração e

implementação deverá envolver a população moradora,

representantes da Subprefeitura e dos proprietários de imóveis, será

condicionada à avaliação da Comissão de Avaliação de

Empreendimentos Habitacionais de Interesse Social (CAEHIS) da

Sehab. Os Conselhos Gestores das ZEIS, compostos por

representantes dos atuais ou futuros moradores e do Executivo são

responsáveis pelo envio do Plano para análise da PMSP.

As ZEIS localizadas dentro dos limites das Operações Urbanas

Consorciadas têm os instrumentos urbanos regidos pelas leis

específicas das operações. Fica, no entanto, definido de antemão que a

produção de HIS poderá ser atendida dentro dos perímetros das ZEIS

com recursos provenientes da própria operação e que a concessão do

direito de construção acima do CA básico será gratuita para a produção

de HIS e HMP desde que as unidades habitacionais tenham no máximo 16

50 m² de área útil total .

Finalmente, destacamos que, dentre as instâncias que devem assegurar

a participação da população na gestão da política urbana municipal, está

o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano que é composto

por 48 membros originários das várias regiões de São Paulo e que

120 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 121Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

14 O artigo 146 do PDE estabelece que Habitação de Interesse Social

- HIS é aquela que se destina a famílias com renda igual ou inferior

a 6 (seis) salários mínimos, de promoção pública ou a ela

vinculada, com padrão de unidade habitacional com um sanitário, até

uma vaga de garagem e área útil de no máximo 50 m² (cinqüenta

metros quadrados), com possibilidade de ampliação quando as famílias beneficiadas estiverem

envolvidas diretamente na produção das moradias.

15 Habitação de Mercado Popular - HMP é aquela que se destina a

famílias de renda igual ou inferior a 16 (dezesseis) salários mínimos ou

capacidade de pagamento a ser definida em lei específica, de

promoção privada, com padrão de unidade habitacional com até dois

sanitários, até uma vaga de garagem e área útil de no máximo 70m² (setenta metros quadrados).

16 A área útil dos apartamentos é calculada incluindo as áreas das paredes e a sua circulação interna. Não são computadas as áreas comuns, ou seja, áreas de circulação externa ao apartamento, sala de convivência condominial, hall de elevador, hall de entrada etc.

Page 124: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

representam: o setor da produção imobiliária; a indústria da construção

civil com atuação em obras públicas; associações de moradores,

movimentos de moradia e entidades ambientais; as universidades, as

categorias profissionais da área de planejamento urbano; as empresas,

entidades ou organizações não-governamentais ligadas à área de

desenvolvimento urbano; as Centrais Sindicais dos Trabalhadores; os

órgãos públicos municipais; os órgãos estaduais com atuação

metropolitana; o consórcio de municípios integrantes da região

metropolitana.

Plano Municipal de Habitação

O Plano Municipal de Habitação foi elaborado a partir de um

diagnóstico das necessidades habitacionais do município e das

estimativas para sua evolução. A versão do documento destinada a

debates públicos, divulgada em agosto de 2003, é coerente com as

diretrizes habitacionais do PDE e apresenta metas de atendimento até

o ano 2012. O Plano desenvolve, de maneira séria e consistente, a

síntese da questão habitacional em São Paulo com o percurso histórico

dos fatos mais relevantes ocorridos nas últimas décadas e o diagnóstico

das necessidades habitacionais com dados recentes e atuais. Dentre os

objetivos propostos pelo executivo municipal, destacamos:

Na política urbana:

Garantir o melhor aproveitamento da infra-estrutura instalada e

das edificações existentes, de forma a reverter a atual tendência

de expulsão da população de baixa renda para as periferias não

dotadas de infra-estrutura e para as áreas de risco e de proteção

ambiental;

Consolidar, através de ação conjunta da população e do poder

público (municipal, estadual e federal), a moradia social nas áreas

centrais, mediante a requalificação das áreas de cortiços, a

reforma/reciclagem de edifícios vazios ou subutilizados, a

recuperação para uso habitacional de imóveis de valor histórico

arquitetônico, e a produção de novas unidades habitacionais de

interesse social, compatibilizando os programas de reabilitação

das áreas centrais com garantias de não expulsão da população

de baixa renda que nelas habita e trabalha;

a.

b.

c.

d.

a.

b.

c.

a.

b.

c.

Articular os programas dirigidos à consolidação da habitação de

interesse social nas áreas centrais com programas de incentivo

ao retorno das famílias de renda média para o centro, a fim

garantir, nessas áreas, a máxima diversidade social e de usos;

Garantir a manutenção da população de baixa renda nas áreas

afetadas por planos e programas de renovação urbana, tendo em

vista os efeitos destes na valorização imobiliária;

Na participação e inclusão social:

Propiciar a participação da população moradora e dos

movimentos que lutam por moradia, bem como das

universidades, ONGs e entidades empresariais, na definição das

ações e prioridades e no controle social da política habitacional;

Consolidar o Conselho Municipal de Habitação e demais

instâncias de participação do setor, como as Conferências

Municipais de Habitação e o Orçamento Participativo;

Fornecer gratuitamente assessoria jurídica, bem como de

engenharia e arquitetura, a indivíduos, entidades, grupos

comunitários e movimentos na área de habitação de interesse

social;

No financiamento da habitação social:

Articular, de forma democrática, as instâncias municipal, estadual

e federal de política e financiamento habitacional, visando a

otimização dos recursos disponíveis;

Facilitar o acesso e a permanência das famílias de baixa renda nas

linhas de financiamento público para Habitação de Interesse

Social;

Destinar recursos provenientes da outorga onerosa do direito

de construir para investimentos em programas habitacionais de

interesse social e recuperação dos assentamentos da população

de baixa renda.

O diagnóstico das necessidades habitacionais, que serviu de base para o

levantamento da demanda prioritária e para a definição de uma

estimativa de atendimento até o ano de 2012, parte da premissa de que

a solução habitacional encontrada pelas próprias famílias gerou 3

122 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 123Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 125: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

representam: o setor da produção imobiliária; a indústria da construção

civil com atuação em obras públicas; associações de moradores,

movimentos de moradia e entidades ambientais; as universidades, as

categorias profissionais da área de planejamento urbano; as empresas,

entidades ou organizações não-governamentais ligadas à área de

desenvolvimento urbano; as Centrais Sindicais dos Trabalhadores; os

órgãos públicos municipais; os órgãos estaduais com atuação

metropolitana; o consórcio de municípios integrantes da região

metropolitana.

Plano Municipal de Habitação

O Plano Municipal de Habitação foi elaborado a partir de um

diagnóstico das necessidades habitacionais do município e das

estimativas para sua evolução. A versão do documento destinada a

debates públicos, divulgada em agosto de 2003, é coerente com as

diretrizes habitacionais do PDE e apresenta metas de atendimento até

o ano 2012. O Plano desenvolve, de maneira séria e consistente, a

síntese da questão habitacional em São Paulo com o percurso histórico

dos fatos mais relevantes ocorridos nas últimas décadas e o diagnóstico

das necessidades habitacionais com dados recentes e atuais. Dentre os

objetivos propostos pelo executivo municipal, destacamos:

Na política urbana:

Garantir o melhor aproveitamento da infra-estrutura instalada e

das edificações existentes, de forma a reverter a atual tendência

de expulsão da população de baixa renda para as periferias não

dotadas de infra-estrutura e para as áreas de risco e de proteção

ambiental;

Consolidar, através de ação conjunta da população e do poder

público (municipal, estadual e federal), a moradia social nas áreas

centrais, mediante a requalificação das áreas de cortiços, a

reforma/reciclagem de edifícios vazios ou subutilizados, a

recuperação para uso habitacional de imóveis de valor histórico

arquitetônico, e a produção de novas unidades habitacionais de

interesse social, compatibilizando os programas de reabilitação

das áreas centrais com garantias de não expulsão da população

de baixa renda que nelas habita e trabalha;

a.

b.

c.

d.

a.

b.

c.

a.

b.

c.

Articular os programas dirigidos à consolidação da habitação de

interesse social nas áreas centrais com programas de incentivo

ao retorno das famílias de renda média para o centro, a fim

garantir, nessas áreas, a máxima diversidade social e de usos;

Garantir a manutenção da população de baixa renda nas áreas

afetadas por planos e programas de renovação urbana, tendo em

vista os efeitos destes na valorização imobiliária;

Na participação e inclusão social:

Propiciar a participação da população moradora e dos

movimentos que lutam por moradia, bem como das

universidades, ONGs e entidades empresariais, na definição das

ações e prioridades e no controle social da política habitacional;

Consolidar o Conselho Municipal de Habitação e demais

instâncias de participação do setor, como as Conferências

Municipais de Habitação e o Orçamento Participativo;

Fornecer gratuitamente assessoria jurídica, bem como de

engenharia e arquitetura, a indivíduos, entidades, grupos

comunitários e movimentos na área de habitação de interesse

social;

No financiamento da habitação social:

Articular, de forma democrática, as instâncias municipal, estadual

e federal de política e financiamento habitacional, visando a

otimização dos recursos disponíveis;

Facilitar o acesso e a permanência das famílias de baixa renda nas

linhas de financiamento público para Habitação de Interesse

Social;

Destinar recursos provenientes da outorga onerosa do direito

de construir para investimentos em programas habitacionais de

interesse social e recuperação dos assentamentos da população

de baixa renda.

O diagnóstico das necessidades habitacionais, que serviu de base para o

levantamento da demanda prioritária e para a definição de uma

estimativa de atendimento até o ano de 2012, parte da premissa de que

a solução habitacional encontrada pelas próprias famílias gerou 3

122 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 123Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 126: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

formas de moradia popular e precária: cortiços, moradia

autoconstruída em loteamentos irregulares de periferia e favelas.

“Transformar o imenso estoque de cortiços, casas autoconstruídas

em lotes irregulares, e favelas, em moradia digna, através de

processos de regularização jurídico-urbanística e de recuperação

física, constitui o principal componente das necessidades

habitacionais do Município.”

17As necessidades habitacionais são definidas pelo déficit habitacional

(unidades novas) e pela inadequação das moradias. A inadequação dos

domicílios foi quantificada para as seguintes modalidades habitacionais:

favelas, loteamentos irregulares e precários, áreas de risco, conjuntos

habitacionais, cortiços, moradores de rua.

A quantificação dos cortiços é objeto de um extenso comentário que

expõe as dúvidas existentes sobre os dados disponíveis. Em primeiro

lugar, é citada a estimativa elaborada pela Sempla em 1983 afirmando 18

que 2,58 milhões de pessoas moravam em cortiços. A segunda fonte é

a pesquisa amostral realizada pela Fipe em 1994, que ouviu 625 famílias

selecionadas no Cadastro de Rendas Imobiliárias do Município. Sobre o

resultado dessa pesquisa, é interessante ressaltar a seguinte

observação:

“A amostra foi expandida, resultando numa estimativa de 160.841 famílias 19

moradoras em cortiços, correspondendo a 595.110 pessoas . Na época da

sua divulgação, a pesquisa da Fipe de 1994 recebeu inúmeras críticas. Em

1995, admitindo que não havia segurança para suas próprias estimativas, a

Sempla considerou válidos os indicadores sócio-econômicos obtidos na

pesquisa amostral mas considerou subestimada e inaceitável a estimativa 20

relativa à quantificação do universo dos moradores de cortiços . O

conceito de cortiço utilizado pela pesquisa Fipe/1994 foi o da Lei Municipal

nº 10.928/91 (Lei Moura), segundo a qual: 'o cortiço é a unidade usada

como moradia coletiva multifamiliar, apresentando total ou parcialmente

as seguintes características: constituído por uma ou mais edificações em

um mesmo lote urbano, subdividida em vários cômodos alugados,

subalugados ou cedidos a qualquer título; várias funções exercidas no

mesmo cômodo; acesso e uso comum dos espaços não edificados e

instalações sanitárias; circulação e infra-estrutura, no geral, precárias, e

superlotação de pessoas.”

A terceira fonte de dados foi a segunda etapa da pesquisa da Fipe,

desenvolvida em 1997 para definir alguns indicadores

socioeconômicos.

Esse conjunto de dados foi considerado insuficiente para estimar o

número de moradores em cortiços no município e, por isso, o Plano

incorporou outras duas fontes: o levantamento realizado pela

Fundação Sistema Estadual de Análise da Dados (Fundação Seade) para

o Programa de Atuação em Cortiços da CDHU e o universo de

domicílios do tipo “cômodo” do Censo do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) de 2000. Imaginava-se que a

comparação entre os dados das duas fontes seria válida para a área total

dos distritos pesquisados na medida em que os limites pesquisados no

PAC abrangem 70% da população total do conjunto de distritos.

Porém o resultado foi totalmente discrepante, a Fundação Seade

identificou 14.617 domicílios em nove setores de pesquisa, enquanto o

Censo contabilizou 3.822 nos distritos onde se inserem os mesmos

setores. O Plano Municipal de Habitação acabou adotando, como

demanda imediata, a quantificação obtida pela Fundação Seade e

estimou em 50.000 domicílios a demanda no ano 2012.

As necessidades habitacionais nas demais modalidades definidas como

prioritárias pela Sehab foram sistematizadas na seguinte tabela:

124 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 125Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Tabela 3.1

Inadequação do domicílio, por tipo de assentamento, 2000

Indicadores

População

Domicílios

Habitante/domicílio

Renda média (sm)

Densidade média (hab/ha)

Favela

1.160.597(a)

291.983

3,97

1,8

380

Loteamentos

Irregulares

de baixa renda

1.062.158(a)

283.476

3,74

3,48

nd

Conjuntos

Habitacionais

89.760

24.000

3,74

nd

132

Cortiço(b)

38.512(b)

14.617

2,63

nd

nd

Moradores(c)

de Rua

8.706

3.212

2,71

nd

nd

(a) Inclui domicílios em áreas de risco, bem como em áreas de mananciais.

(b) Valores referentes apenas aos nove setores básicos da Área Central , pesquisados pela Fundação Seade.

(c) Dados do Censo de Moradores de Rua elaborado pela Fipe em 2000.

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo: 2003. Versão para debate.

A reposição de parte dos domicílios em situação de inadequação se

insere na demanda por novas moradias contabilizada no déficit

habitacional. Para quantificar o número de reposições e provisões de

17 “O conceito de necessidades habitacionais foi desenvolvido

pela Fundação João Pinheiro [FJP] de Belo Horizonte, em

1995, em estudo que teve aceitação nacional, tornando-se

referência metodológica para mensurar o déficit e retratar a situação habitacional no Brasil.

De acordo com a FJP (2002), as necessidades habitacionais

incluem demandas relacionadas com o déficit habitacional e

com a inadequação dos domicílios. O déficit

habitacional diz respeito à demanda por construção de

novas moradias, ou seja, à ampliação do estoque existente. A inadequação dos domicílios

diz respeito à parcela do estoque que não proporciona aos seus

moradores condições desejáveis de habitabilidade, ou seja, não

atende ao conceito de moradia digna, formulado pelo Plano

Diretor Estratégico (PDE) do Município de São Paulo.”

“O déficit habitacional, entendido como demanda pela construção

de novas moradias, se constitui a partir da necessidade de

reposição de parte dos domicílios em situação de

inadequação e ainda como ampliação da oferta de

habitações populares, tendo em vista desonerar as famílias de baixa renda que sofrem ônus

excessivo com aluguel, atender as famílias em situação de

coabitação indesejada e prevenir a reprodução das favelas,

loteamentos irregulares precários e cortiços insalubres.”

18 Correspondente a 29,3% da população de São Paulo, então com

8,79 milhões de pessoas.

19 SCHOR, S. e BORIN, M. Cortiços Adaptados e Concebidos na Cidade

de São Paulo in São Paulo em Perspectiva 11(1). São Paulo:

Seade, 1997.

20 SÃO PAULO (Município). Sempla. Boletim de Dados para o Planejamento. São Paulo:

Sempla, 1995.

Page 127: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

formas de moradia popular e precária: cortiços, moradia

autoconstruída em loteamentos irregulares de periferia e favelas.

“Transformar o imenso estoque de cortiços, casas autoconstruídas

em lotes irregulares, e favelas, em moradia digna, através de

processos de regularização jurídico-urbanística e de recuperação

física, constitui o principal componente das necessidades

habitacionais do Município.”

17As necessidades habitacionais são definidas pelo déficit habitacional

(unidades novas) e pela inadequação das moradias. A inadequação dos

domicílios foi quantificada para as seguintes modalidades habitacionais:

favelas, loteamentos irregulares e precários, áreas de risco, conjuntos

habitacionais, cortiços, moradores de rua.

A quantificação dos cortiços é objeto de um extenso comentário que

expõe as dúvidas existentes sobre os dados disponíveis. Em primeiro

lugar, é citada a estimativa elaborada pela Sempla em 1983 afirmando 18

que 2,58 milhões de pessoas moravam em cortiços. A segunda fonte é

a pesquisa amostral realizada pela Fipe em 1994, que ouviu 625 famílias

selecionadas no Cadastro de Rendas Imobiliárias do Município. Sobre o

resultado dessa pesquisa, é interessante ressaltar a seguinte

observação:

“A amostra foi expandida, resultando numa estimativa de 160.841 famílias 19

moradoras em cortiços, correspondendo a 595.110 pessoas . Na época da

sua divulgação, a pesquisa da Fipe de 1994 recebeu inúmeras críticas. Em

1995, admitindo que não havia segurança para suas próprias estimativas, a

Sempla considerou válidos os indicadores sócio-econômicos obtidos na

pesquisa amostral mas considerou subestimada e inaceitável a estimativa 20

relativa à quantificação do universo dos moradores de cortiços . O

conceito de cortiço utilizado pela pesquisa Fipe/1994 foi o da Lei Municipal

nº 10.928/91 (Lei Moura), segundo a qual: 'o cortiço é a unidade usada

como moradia coletiva multifamiliar, apresentando total ou parcialmente

as seguintes características: constituído por uma ou mais edificações em

um mesmo lote urbano, subdividida em vários cômodos alugados,

subalugados ou cedidos a qualquer título; várias funções exercidas no

mesmo cômodo; acesso e uso comum dos espaços não edificados e

instalações sanitárias; circulação e infra-estrutura, no geral, precárias, e

superlotação de pessoas.”

A terceira fonte de dados foi a segunda etapa da pesquisa da Fipe,

desenvolvida em 1997 para definir alguns indicadores

socioeconômicos.

Esse conjunto de dados foi considerado insuficiente para estimar o

número de moradores em cortiços no município e, por isso, o Plano

incorporou outras duas fontes: o levantamento realizado pela

Fundação Sistema Estadual de Análise da Dados (Fundação Seade) para

o Programa de Atuação em Cortiços da CDHU e o universo de

domicílios do tipo “cômodo” do Censo do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) de 2000. Imaginava-se que a

comparação entre os dados das duas fontes seria válida para a área total

dos distritos pesquisados na medida em que os limites pesquisados no

PAC abrangem 70% da população total do conjunto de distritos.

Porém o resultado foi totalmente discrepante, a Fundação Seade

identificou 14.617 domicílios em nove setores de pesquisa, enquanto o

Censo contabilizou 3.822 nos distritos onde se inserem os mesmos

setores. O Plano Municipal de Habitação acabou adotando, como

demanda imediata, a quantificação obtida pela Fundação Seade e

estimou em 50.000 domicílios a demanda no ano 2012.

As necessidades habitacionais nas demais modalidades definidas como

prioritárias pela Sehab foram sistematizadas na seguinte tabela:

124 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 125Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Tabela 3.1

Inadequação do domicílio, por tipo de assentamento, 2000

Indicadores

População

Domicílios

Habitante/domicílio

Renda média (sm)

Densidade média (hab/ha)

Favela

1.160.597(a)

291.983

3,97

1,8

380

Loteamentos

Irregulares

de baixa renda

1.062.158(a)

283.476

3,74

3,48

nd

Conjuntos

Habitacionais

89.760

24.000

3,74

nd

132

Cortiço(b)

38.512(b)

14.617

2,63

nd

nd

Moradores(c)

de Rua

8.706

3.212

2,71

nd

nd

(a) Inclui domicílios em áreas de risco, bem como em áreas de mananciais.

(b) Valores referentes apenas aos nove setores básicos da Área Central , pesquisados pela Fundação Seade.

(c) Dados do Censo de Moradores de Rua elaborado pela Fipe em 2000.

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo: 2003. Versão para debate.

A reposição de parte dos domicílios em situação de inadequação se

insere na demanda por novas moradias contabilizada no déficit

habitacional. Para quantificar o número de reposições e provisões de

17 “O conceito de necessidades habitacionais foi desenvolvido

pela Fundação João Pinheiro [FJP] de Belo Horizonte, em

1995, em estudo que teve aceitação nacional, tornando-se

referência metodológica para mensurar o déficit e retratar a situação habitacional no Brasil.

De acordo com a FJP (2002), as necessidades habitacionais

incluem demandas relacionadas com o déficit habitacional e

com a inadequação dos domicílios. O déficit

habitacional diz respeito à demanda por construção de

novas moradias, ou seja, à ampliação do estoque existente. A inadequação dos domicílios

diz respeito à parcela do estoque que não proporciona aos seus

moradores condições desejáveis de habitabilidade, ou seja, não

atende ao conceito de moradia digna, formulado pelo Plano

Diretor Estratégico (PDE) do Município de São Paulo.”

“O déficit habitacional, entendido como demanda pela construção

de novas moradias, se constitui a partir da necessidade de

reposição de parte dos domicílios em situação de

inadequação e ainda como ampliação da oferta de

habitações populares, tendo em vista desonerar as famílias de baixa renda que sofrem ônus

excessivo com aluguel, atender as famílias em situação de

coabitação indesejada e prevenir a reprodução das favelas,

loteamentos irregulares precários e cortiços insalubres.”

18 Correspondente a 29,3% da população de São Paulo, então com

8,79 milhões de pessoas.

19 SCHOR, S. e BORIN, M. Cortiços Adaptados e Concebidos na Cidade

de São Paulo in São Paulo em Perspectiva 11(1). São Paulo:

Seade, 1997.

20 SÃO PAULO (Município). Sempla. Boletim de Dados para o Planejamento. São Paulo:

Sempla, 1995.

Page 128: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

domicílios necessárias, o Plano Municipal de Habitação fixou, a partir da

experiência acumulada pela Sehab, os seguintes parâmetros, cuja

aplicação permite montar a tabela abaixo:

15% do total de domicílios nas intervenções de urbanização de

favelas;

4% do total de domicílios nas intervenções de recuperação de

loteamentos irregulares de baixa renda;

40% do total de domicílios nas intervenções em cortiços;

100% dos moradores de rua.

As necessidades financeiras para o atendimento das demandas

habitacionais projetadas para 2012, incluindo a produção de novas

unidades habitacionais, urbanização de favelas e loteamentos precários

e ações de melhorias em cortiços e conjuntos habitacionais, são as

seguintes:

126 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 127Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Tipo de intervenção

Cortiços

Produção de unidades novas

Produção de unidades novas para (c)

atender aos reassentamentos

Produção de unidades novas para (d)

atender aos reassentamentos

Urbanização de favelas

Conclusão de novas moradias para

famílias moradoras de favelas

Obras de urbanização e melhorias da

infra-estrutura em loteamentos

irregulares de baixa renda

Obras de urbanização de favelas e

recuperação de áreas de risco

Reassentamento

Loteamentos de baixa renda e de (g)

favelas em áreas de mananciais , em

negociação

Emissão de auto de regularização de

loteamentos de baixa renda

Desafetação dos terrenos e

regularização fundiária

Produção de unidades novas

Programa

Programa Morar no Centro

PAR, da CEF, em parceria com

o Morar no Centro

Bairro Legal de urbanização de

favelas

Programa Bairro Legal de

urbanização de favelas

Programa Bairro Legal(f)

Programas Prover e Procav

Programa Lote Legal

Programa Mananciais

Guarapiranga e Billings

Programa

Mananciais

Programa

Lote Legal

Programa de Mutirões da

Cohab

Número de famílias

ou u.h.(a)

1.688 famílias(b)

2.500 u.h.

1.203 u.h.

436 u.h.

11.200 u.h.

(e)45.288 famílias

3.656 u.h.

31.727 famílias

3.537 famílias

320 famílias

45.000 famílias

13.225 famílias

(h)48.000 famílias

(i)12.871 u.h.

Meta

até 2005

2002

até 2004

até 2004

2003 a 2008

2001 a 2003

até 2004

2001 a 2003

2001 a 2003

2004 a 2008

2002 a 2004

Quadro 3.3

Atendimentos Sehab e Cohab

(a) Sendo atendidas 1630 com locação social, com recursos financiados pelo BID, e 58 famílias pela produção de novas unidades, com recursos do FMH.

(b) Das quais 305 já haviam sido entregues em agosto de 2003.

(c) Recursos do Fundo Municipal de Habitação (FMH).(d) Convênios Sehab/CEF (1.000), Cohab/CEF (5.200) e Cohab/CDHU (5.000).

(e) 17 grandes favelas.

(f) Prover - Programa de verticalização e urbanização de favelas.Procav - Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Viário e Recuperação Ambiental e Social de Fundos de Vale.

(g) Negociação, com o Banco Mundial, de contrato de financiamento em parceria com o governo do Estado, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), CDHU e Municípios de Diadema, São Bernardo do Campo e Santo André.

(h) De 160 favelas.(i) Desse total, 2.294 foram concluídas no período 2002 a 2003 e 7.857 deverão ser concluídos até 2004.

Quadro foi elaborado com base nas informações do documento:

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo: 2003. Versão para debate.

Tipo de intervenção

Provisão de novas moradias

Urbanização de favelas

Urbanização de loteamentos de baixa renda

Melhorias em conjuntos habitacionais

Melhorias em cortiços

Total

Domicílios

99.019

340.920

375.502

24.000

30.000

Custo/dom.

(em reais)

32.000

12.000

3.100

2.000

4.000

Total (em reais)

3.168.608.000

4.091.040.000

1.164.056.000

48.000.000

120.000.000

8.591.704.000

Tabela 3.2

Estimativa de recursos financeiros para atendimentodas necessidades habitacionais prioritárias do Município,projetadas para 2012

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo, 2003. Versão para debate.

OrigemOrçamento Geral da UniãoOrçamento MunicipalICMS (CDHU)FGTSTotal

Anual50.000.000

180.000.000180.000.000450.000.000

860.000.000

21Até 2012

500.000.0001.800.000.0001.800.000.0004.500.000.000

8.600.000.000

Tabela 3.3

Recursos, segundo suas fontes

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo, 2003. Versão para debate.

21 A estimativa de investimentos foi feita para um período de 10 anos,

porém o plano foi apresentado apenas em 2003.

Page 129: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

domicílios necessárias, o Plano Municipal de Habitação fixou, a partir da

experiência acumulada pela Sehab, os seguintes parâmetros, cuja

aplicação permite montar a tabela abaixo:

15% do total de domicílios nas intervenções de urbanização de

favelas;

4% do total de domicílios nas intervenções de recuperação de

loteamentos irregulares de baixa renda;

40% do total de domicílios nas intervenções em cortiços;

100% dos moradores de rua.

As necessidades financeiras para o atendimento das demandas

habitacionais projetadas para 2012, incluindo a produção de novas

unidades habitacionais, urbanização de favelas e loteamentos precários

e ações de melhorias em cortiços e conjuntos habitacionais, são as

seguintes:

126 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 127Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Tipo de intervenção

Cortiços

Produção de unidades novas

Produção de unidades novas para (c)

atender aos reassentamentos

Produção de unidades novas para (d)

atender aos reassentamentos

Urbanização de favelas

Conclusão de novas moradias para

famílias moradoras de favelas

Obras de urbanização e melhorias da

infra-estrutura em loteamentos

irregulares de baixa renda

Obras de urbanização de favelas e

recuperação de áreas de risco

Reassentamento

Loteamentos de baixa renda e de (g)

favelas em áreas de mananciais , em

negociação

Emissão de auto de regularização de

loteamentos de baixa renda

Desafetação dos terrenos e

regularização fundiária

Produção de unidades novas

Programa

Programa Morar no Centro

PAR, da CEF, em parceria com

o Morar no Centro

Bairro Legal de urbanização de

favelas

Programa Bairro Legal de

urbanização de favelas

Programa Bairro Legal(f)

Programas Prover e Procav

Programa Lote Legal

Programa Mananciais

Guarapiranga e Billings

Programa

Mananciais

Programa

Lote Legal

Programa de Mutirões da

Cohab

Número de famílias

ou u.h.(a)

1.688 famílias(b)

2.500 u.h.

1.203 u.h.

436 u.h.

11.200 u.h.

(e)45.288 famílias

3.656 u.h.

31.727 famílias

3.537 famílias

320 famílias

45.000 famílias

13.225 famílias

(h)48.000 famílias

(i)12.871 u.h.

Meta

até 2005

2002

até 2004

até 2004

2003 a 2008

2001 a 2003

até 2004

2001 a 2003

2001 a 2003

2004 a 2008

2002 a 2004

Quadro 3.3

Atendimentos Sehab e Cohab

(a) Sendo atendidas 1630 com locação social, com recursos financiados pelo BID, e 58 famílias pela produção de novas unidades, com recursos do FMH.

(b) Das quais 305 já haviam sido entregues em agosto de 2003.

(c) Recursos do Fundo Municipal de Habitação (FMH).(d) Convênios Sehab/CEF (1.000), Cohab/CEF (5.200) e Cohab/CDHU (5.000).

(e) 17 grandes favelas.

(f) Prover - Programa de verticalização e urbanização de favelas.Procav - Programa de Canalização de Córregos, Implantação de Viário e Recuperação Ambiental e Social de Fundos de Vale.

(g) Negociação, com o Banco Mundial, de contrato de financiamento em parceria com o governo do Estado, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), CDHU e Municípios de Diadema, São Bernardo do Campo e Santo André.

(h) De 160 favelas.(i) Desse total, 2.294 foram concluídas no período 2002 a 2003 e 7.857 deverão ser concluídos até 2004.

Quadro foi elaborado com base nas informações do documento:

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo: 2003. Versão para debate.

Tipo de intervenção

Provisão de novas moradias

Urbanização de favelas

Urbanização de loteamentos de baixa renda

Melhorias em conjuntos habitacionais

Melhorias em cortiços

Total

Domicílios

99.019

340.920

375.502

24.000

30.000

Custo/dom.

(em reais)

32.000

12.000

3.100

2.000

4.000

Total (em reais)

3.168.608.000

4.091.040.000

1.164.056.000

48.000.000

120.000.000

8.591.704.000

Tabela 3.2

Estimativa de recursos financeiros para atendimentodas necessidades habitacionais prioritárias do Município,projetadas para 2012

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo, 2003. Versão para debate.

OrigemOrçamento Geral da UniãoOrçamento MunicipalICMS (CDHU)FGTSTotal

Anual50.000.000

180.000.000180.000.000450.000.000

860.000.000

21Até 2012

500.000.0001.800.000.0001.800.000.0004.500.000.000

8.600.000.000

Tabela 3.3

Recursos, segundo suas fontes

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo, 2003. Versão para debate.

21 A estimativa de investimentos foi feita para um período de 10 anos,

porém o plano foi apresentado apenas em 2003.

Page 130: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

barra funda

bom retiro pari

belém

brás

liberdade

moóca

bela vista

santa cecília

república

cambuci

consolação

Figura 3.3

Delimitação Programa Morar no Centro

O Plano Municipal de Habitação indica que a regulamentação e

delimitação das ZEIS e a instituição da outorga onerosa do direito de

construir no Plano Diretor Estratégico são instrumentos capazes de

produzirem efeitos no prazo do mesmo, assim como a regulamentação

do usucapião urbano e do usucapião especial urbano, previstos no

Estatuto da Cidade.

As ZEIS indicadas no PDE e nos Planos Regionais correspondem a 140

milhões de metros quadrados, cerca de 12% da área urbana da cidade.

A estimativa é de que as áreas destinadas às ZEIS 2 (terrenos e glebas

vazias) e aos terrenos vazios delimitados como ZEIS 3 serão suficientes

para a construção de 130.000 unidades habitacionais de interesse

social, atendendo e ultrapassando a demanda por novas moradias.

As recomendações finais do Plano Municipal de Habitação indicam a

urgência na elaboração de um censo dos moradores de cortiços do

município, implementação da legislação relativa às ZEIS, ampliação da

concessão de subsídios para as famílias de baixa renda, aplicação dos

instrumentos do Estatuto da Cidade nos imóveis que não cumprem a

função social da propriedade, entre outros.

O programa Morar no Centro atinge 13 distritos, distribuídos por três

subprefeituras:

Subprefeitura Sé e área de atuação da Ação Centro: Sé,

República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista,

Cambuci e Liberdade;

Subprefeitura Mooca: Pari, Brás, Belém e Moóca;

Subprefeitura Lapa: Barra Funda.

128 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 129Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4

A proposta do Morar no Centro: gestão, recursos, área de atuação, programas e instrumentos

De acordo com os dados do Censo 2000, a população total desses

distritos é de 525.000 moradores e neles estão localizados

aproximadamente 45.000 domicílios vagos, o que corresponde a 17,5

% do total de domicílios recenseados. Em 1980, a população total

desses distritos era da ordem de 750.000 pessoas.

No início da gestão, a coordenação do Morar no Centro era

responsabilidade do Procentro, que estava vinculado diretamente ao

Page 131: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

barra funda

bom retiro pari

belém

brás

liberdade

moóca

bela vista

santa cecília

república

cambuci

consolação

Figura 3.3

Delimitação Programa Morar no Centro

O Plano Municipal de Habitação indica que a regulamentação e

delimitação das ZEIS e a instituição da outorga onerosa do direito de

construir no Plano Diretor Estratégico são instrumentos capazes de

produzirem efeitos no prazo do mesmo, assim como a regulamentação

do usucapião urbano e do usucapião especial urbano, previstos no

Estatuto da Cidade.

As ZEIS indicadas no PDE e nos Planos Regionais correspondem a 140

milhões de metros quadrados, cerca de 12% da área urbana da cidade.

A estimativa é de que as áreas destinadas às ZEIS 2 (terrenos e glebas

vazias) e aos terrenos vazios delimitados como ZEIS 3 serão suficientes

para a construção de 130.000 unidades habitacionais de interesse

social, atendendo e ultrapassando a demanda por novas moradias.

As recomendações finais do Plano Municipal de Habitação indicam a

urgência na elaboração de um censo dos moradores de cortiços do

município, implementação da legislação relativa às ZEIS, ampliação da

concessão de subsídios para as famílias de baixa renda, aplicação dos

instrumentos do Estatuto da Cidade nos imóveis que não cumprem a

função social da propriedade, entre outros.

O programa Morar no Centro atinge 13 distritos, distribuídos por três

subprefeituras:

Subprefeitura Sé e área de atuação da Ação Centro: Sé,

República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista,

Cambuci e Liberdade;

Subprefeitura Mooca: Pari, Brás, Belém e Moóca;

Subprefeitura Lapa: Barra Funda.

128 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 129Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4

A proposta do Morar no Centro: gestão, recursos, área de atuação, programas e instrumentos

De acordo com os dados do Censo 2000, a população total desses

distritos é de 525.000 moradores e neles estão localizados

aproximadamente 45.000 domicílios vagos, o que corresponde a 17,5

% do total de domicílios recenseados. Em 1980, a população total

desses distritos era da ordem de 750.000 pessoas.

No início da gestão, a coordenação do Morar no Centro era

responsabilidade do Procentro, que estava vinculado diretamente ao

Page 132: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Gabinete da Sehab. O Procentro foi reformulado pelo Decreto nº

40.753, de 19 de Junho de 2001, passando a denominar-se

Coordenadoria de Programas de Reabilitação da Área Central, ao invés

de Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São

Paulo, conforme sua criação em 1993. “Reabilitar a área central de São

Paulo, de modo coerente com o objetivo de resgatar seu caráter de espaço

público, ampliar o uso residencial e garantir a diversidade de funções,

consolidar a identidade de centro metropolitano, promover ações

urbanísticas com inclusão social, criar mecanismos de gestão democrática

voltados para o interesse coletivo e atuar sistematicamente para a redução

da violência” passou a ser seu novo objetivo que deveria ser atingido

considerando, ainda, a importância da implementação da Subprefeitura

Sé, da articulação institucional e da participação de entidades

representativas da sociedade civil.

As atribuições do Procentro ficaram, nesse primeiro momento,

relacionadas com a implementação do Plano Reconstruir o Centro, a

articulação de agentes públicos e privados para ações de reabilitação e

inclusão social, a obtenção de recursos e financiamentos, a coordenação

de pesquisas, a elaboração e análise de propostas de alteração de

legislação urbanística, a análise de projetos, a divulgação de informações

e a prestação de apoio técnico com fins de reabilitar a área central.

Com a reformulação de 2001, o Procentro passou a ser composto pela

Comissão Procentro e pelo Grupo Executivo. A Comissão, antes

composta por 8 representantes de entidades, passa a ter 31

representantes da sociedade civil e do poder público, ficando sua

presidência a cargo do Administrador da Regional da Sé. As atribuições

da Comissão eram: acompanhar o desenvolvimento do Plano

Reconstruir o Centro, deliberar sobre propostas de isenção de IPTU,

opinar sobre alterações de legislação e pedidos de financiamento,

propor e aprovar ações com a sociedade civil e atribuir um selo

específico para imóveis que atendessem às posturas municipais. O

Grupo Executivo, ligado ao Gabinete da Sehab, subsidiava para as

deliberações da Comissão Procentro, coordenava programas

executados com recursos do mesmo, analisava propostas, divulgava

informações, entre outras. O perímetro de atuação do Procentro

também foi ampliado para o limite da Administração Regional da Sé

correspondente aos distritos Sé, República, Liberdade, Cambuci, Brás,

Pari, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação e Bela Vista.

Num segundo momento, quando a Emurb construiu a proposta da

Ação Centro, trouxe para si o Procentro, tirando-o da estrutura da

Sehab. A coordenação do Programa Morar no Centro, no entanto, se

manteve na Sehab, de maneira articulada com a Ação Centro (Emurb) e

com as Subprefeituras Sé e Moóca. A operação do Morar no Centro

está a cargo de uma Unidade de Gestão, constituída no interior da

Sehab. A Coordenadoria do Programa (antigo Procentro) é

responsável desenvolver os PRIHs, propor e definir instrumentos de

ação e acompanhar o desenvolvimento dos diversos subprogramas

para que se mantenham articulados. A Cohab, gestora do Fundo

Municipal de Habitação, faz aquisição de terrenos, elaboração de

projetos e coordenação das obras de provisão, PAR/CEF e Locação

Social, além da coordenação direta do projeto especial do Parque do

Gato (antiga favela do gato). A Regional Centro da Superintendência de

Habitação Popular (Habi) é encarregada da definição e implementação

do trabalho social junto à demanda, da coordenação direta do

programa de intervenção em cortiços, do empreendimento de

Locação Social do edifício São Vito e da indicação da demanda para o

PAR/CEF.

A participação popular no Morar no Centro é se dá por meio do Fórum

dos Movimentos e Entidades do Centro. A Sehab reconhece que os

movimentos de moradia tiveram um papel muito importante na

formulação de várias das propostas desenvolvidas no âmbito do

programa.

Em abril de 2004, foi lançada a publicação oficial do Programa Morar no 22

Centro que consolida, organiza e divulga toda a proposta

desenvolvida ao longo da gestão. Essa publicação apresenta os projetos

arquitetônicos dos empreendimentos, o Programa de Intervenção em

Cortiços e indica os instrumentos urbanísticos e tributários utilizados

na implementação do programa. Houve uma mudança na forma de

apresentação do Morar no Centro, antes com um foco maior no

conjunto de programas, e agora apontando uma proposta estruturada

em 3 formas de intervenção urbana:

Projetos habitacionais em terrenos ou edifícios vazios;

130 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 131Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

22 SÃO PAULO (Município). - Sehab. Programa Morar no Centro. São Paulo: Sehab, 2004.

Page 133: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Gabinete da Sehab. O Procentro foi reformulado pelo Decreto nº

40.753, de 19 de Junho de 2001, passando a denominar-se

Coordenadoria de Programas de Reabilitação da Área Central, ao invés

de Programa de Requalificação Urbana e Funcional do Centro de São

Paulo, conforme sua criação em 1993. “Reabilitar a área central de São

Paulo, de modo coerente com o objetivo de resgatar seu caráter de espaço

público, ampliar o uso residencial e garantir a diversidade de funções,

consolidar a identidade de centro metropolitano, promover ações

urbanísticas com inclusão social, criar mecanismos de gestão democrática

voltados para o interesse coletivo e atuar sistematicamente para a redução

da violência” passou a ser seu novo objetivo que deveria ser atingido

considerando, ainda, a importância da implementação da Subprefeitura

Sé, da articulação institucional e da participação de entidades

representativas da sociedade civil.

As atribuições do Procentro ficaram, nesse primeiro momento,

relacionadas com a implementação do Plano Reconstruir o Centro, a

articulação de agentes públicos e privados para ações de reabilitação e

inclusão social, a obtenção de recursos e financiamentos, a coordenação

de pesquisas, a elaboração e análise de propostas de alteração de

legislação urbanística, a análise de projetos, a divulgação de informações

e a prestação de apoio técnico com fins de reabilitar a área central.

Com a reformulação de 2001, o Procentro passou a ser composto pela

Comissão Procentro e pelo Grupo Executivo. A Comissão, antes

composta por 8 representantes de entidades, passa a ter 31

representantes da sociedade civil e do poder público, ficando sua

presidência a cargo do Administrador da Regional da Sé. As atribuições

da Comissão eram: acompanhar o desenvolvimento do Plano

Reconstruir o Centro, deliberar sobre propostas de isenção de IPTU,

opinar sobre alterações de legislação e pedidos de financiamento,

propor e aprovar ações com a sociedade civil e atribuir um selo

específico para imóveis que atendessem às posturas municipais. O

Grupo Executivo, ligado ao Gabinete da Sehab, subsidiava para as

deliberações da Comissão Procentro, coordenava programas

executados com recursos do mesmo, analisava propostas, divulgava

informações, entre outras. O perímetro de atuação do Procentro

também foi ampliado para o limite da Administração Regional da Sé

correspondente aos distritos Sé, República, Liberdade, Cambuci, Brás,

Pari, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação e Bela Vista.

Num segundo momento, quando a Emurb construiu a proposta da

Ação Centro, trouxe para si o Procentro, tirando-o da estrutura da

Sehab. A coordenação do Programa Morar no Centro, no entanto, se

manteve na Sehab, de maneira articulada com a Ação Centro (Emurb) e

com as Subprefeituras Sé e Moóca. A operação do Morar no Centro

está a cargo de uma Unidade de Gestão, constituída no interior da

Sehab. A Coordenadoria do Programa (antigo Procentro) é

responsável desenvolver os PRIHs, propor e definir instrumentos de

ação e acompanhar o desenvolvimento dos diversos subprogramas

para que se mantenham articulados. A Cohab, gestora do Fundo

Municipal de Habitação, faz aquisição de terrenos, elaboração de

projetos e coordenação das obras de provisão, PAR/CEF e Locação

Social, além da coordenação direta do projeto especial do Parque do

Gato (antiga favela do gato). A Regional Centro da Superintendência de

Habitação Popular (Habi) é encarregada da definição e implementação

do trabalho social junto à demanda, da coordenação direta do

programa de intervenção em cortiços, do empreendimento de

Locação Social do edifício São Vito e da indicação da demanda para o

PAR/CEF.

A participação popular no Morar no Centro é se dá por meio do Fórum

dos Movimentos e Entidades do Centro. A Sehab reconhece que os

movimentos de moradia tiveram um papel muito importante na

formulação de várias das propostas desenvolvidas no âmbito do

programa.

Em abril de 2004, foi lançada a publicação oficial do Programa Morar no 22

Centro que consolida, organiza e divulga toda a proposta

desenvolvida ao longo da gestão. Essa publicação apresenta os projetos

arquitetônicos dos empreendimentos, o Programa de Intervenção em

Cortiços e indica os instrumentos urbanísticos e tributários utilizados

na implementação do programa. Houve uma mudança na forma de

apresentação do Morar no Centro, antes com um foco maior no

conjunto de programas, e agora apontando uma proposta estruturada

em 3 formas de intervenção urbana:

Projetos habitacionais em terrenos ou edifícios vazios;

130 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 131Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

22 SÃO PAULO (Município). - Sehab. Programa Morar no Centro. São Paulo: Sehab, 2004.

Page 134: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat PRIH;

Projetos Especiais (Requalificação da Foz do Tamanduateí /

Parque do Gato e Reabilitação do Edifício São Vito).

As seguintes modalidades de atendimento habitacional, de forma

isolada ou combinada, podem ser adotadas para cada uma dessas 3

formas de intervenção:

Locação Social;

Programa de Arrendamento Residencial - PAR;

Bolsa Aluguel;

Moradia Transitória;

Programa de Intervenção em Cortiços.

Não fez parte dessa publicação a proposta para as famílias de média

renda desenvolvida no âmbito do contrato de financiamento com o

BID, apesar de existirem recursos previstos para tal modalidade.

O Programa de Locação Social se propõe a ampliar o acesso à moradia

para famílias com renda até 3 sm ou com renda per capita inferior a 1 sm

por meio da oferta de unidades habitacionais para locação. A proposta é

criar um parque público de locação na área central formado por

unidades habitacionais novas ou requalificadas. Futuramente, o

programa poderá se estender para outras localidades, porém no início

deverá atuar apenas na área central.

De acordo com a Resolução nº 23, de 12 de junho de 2002, do

Conselho do Fundo Municipal de Habitação que instituiu o programa, o

público alvo é formado por indivíduos ou famílias com renda até 3 sm,

que sejam compostas por moradores de rua, idosos, portadores de

necessidades especiais e moradores de áreas de risco ou insalubres.

Parte significativa dos moradores de cortiços da área central apresenta

o perfil da demanda definido para o programa. A Sehab considera

válidos os dados da pesquisa da Fipe de 1993 que indica a existência de

600.000 moradores de cortiço no município, 20% dos quais na área da 24

antiga Administração Regional da Sé . A Fipe também levantou em

2000 o número de moradores de rua, contabilizando 2.810 pessoas nas

ruas e 1.866 em albergues na região central. Ou seja, a demanda

potencial para o programa é muito superior às aproximadamente 1.680

unidades que estão previstas para a fase piloto do programa. A

indicação dos beneficiários dependerá da definição de critérios para a

seleção da demanda a ser realizada pela Sehab. Porém, já está indicada

como prioritária a demanda formada pela população atendida pelo

Programa de Reabilitação e Atenção a Moradores de Vãos e Baixos de

Viadutos e Pontes, pelos moradores de cortiços com ações coletivas de

despejo e condições críticas de habitabilidade, pelos moradores de

albergues, pelos moradores da Favela do Gato, além de idosos e

portadores e necessidades especiais.

Os recursos utilizados para o financiamento serão provenientes do

Fundo Municipal de Habitação e do BID. Apenas os custos de aquisição

e reforma ou de construção das unidades habitacionais serão

contabilizados como investimentos públicos, a infra-estrutura pública

não entra nessa conta. O custo unitário máximo para reforma ou

construção é de R$ 35.000,00, parte desse valor será subsidiada e o

restante retornará para o FMH por meio do pagamento de um aluguel

mensal.

O valor do aluguel será composto pelo valor de recuperação mensal do

imóvel (valor total da unidade dividido por 360 meses), fundo de

manutenção (30% do valor de recuperação mensal) e taxa de

administração (10% do valor de recuperação mensal). O

comprometimento da renda familiar com a locação deverá ser de 10 a

15% de acordo com a faixa de renda e o número de pessoas por família.

A diferença entre o valor pago pelos beneficiários do programa e o

valor real de aluguel dos imóveis será contabilizada como subsídio

direto à família. O pagamento da taxa de manutenção do condomínio

pelos beneficiários, cujo valor deve oscilar entre R$ 20,00 e R$ 30,00,

ou até R$ 50,00 nos casos em que incluir os gastos com o consumo de

água, será uma condição para a manutenção dos subsídios por parte do

poder público.

132 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 133Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.123Locação Social

23 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Locação Social. São

Paulo: Sehab, 2003.

24 Composta por 10 distritos: Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Cambuci, Brás e Pari.

Page 135: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat PRIH;

Projetos Especiais (Requalificação da Foz do Tamanduateí /

Parque do Gato e Reabilitação do Edifício São Vito).

As seguintes modalidades de atendimento habitacional, de forma

isolada ou combinada, podem ser adotadas para cada uma dessas 3

formas de intervenção:

Locação Social;

Programa de Arrendamento Residencial - PAR;

Bolsa Aluguel;

Moradia Transitória;

Programa de Intervenção em Cortiços.

Não fez parte dessa publicação a proposta para as famílias de média

renda desenvolvida no âmbito do contrato de financiamento com o

BID, apesar de existirem recursos previstos para tal modalidade.

O Programa de Locação Social se propõe a ampliar o acesso à moradia

para famílias com renda até 3 sm ou com renda per capita inferior a 1 sm

por meio da oferta de unidades habitacionais para locação. A proposta é

criar um parque público de locação na área central formado por

unidades habitacionais novas ou requalificadas. Futuramente, o

programa poderá se estender para outras localidades, porém no início

deverá atuar apenas na área central.

De acordo com a Resolução nº 23, de 12 de junho de 2002, do

Conselho do Fundo Municipal de Habitação que instituiu o programa, o

público alvo é formado por indivíduos ou famílias com renda até 3 sm,

que sejam compostas por moradores de rua, idosos, portadores de

necessidades especiais e moradores de áreas de risco ou insalubres.

Parte significativa dos moradores de cortiços da área central apresenta

o perfil da demanda definido para o programa. A Sehab considera

válidos os dados da pesquisa da Fipe de 1993 que indica a existência de

600.000 moradores de cortiço no município, 20% dos quais na área da 24

antiga Administração Regional da Sé . A Fipe também levantou em

2000 o número de moradores de rua, contabilizando 2.810 pessoas nas

ruas e 1.866 em albergues na região central. Ou seja, a demanda

potencial para o programa é muito superior às aproximadamente 1.680

unidades que estão previstas para a fase piloto do programa. A

indicação dos beneficiários dependerá da definição de critérios para a

seleção da demanda a ser realizada pela Sehab. Porém, já está indicada

como prioritária a demanda formada pela população atendida pelo

Programa de Reabilitação e Atenção a Moradores de Vãos e Baixos de

Viadutos e Pontes, pelos moradores de cortiços com ações coletivas de

despejo e condições críticas de habitabilidade, pelos moradores de

albergues, pelos moradores da Favela do Gato, além de idosos e

portadores e necessidades especiais.

Os recursos utilizados para o financiamento serão provenientes do

Fundo Municipal de Habitação e do BID. Apenas os custos de aquisição

e reforma ou de construção das unidades habitacionais serão

contabilizados como investimentos públicos, a infra-estrutura pública

não entra nessa conta. O custo unitário máximo para reforma ou

construção é de R$ 35.000,00, parte desse valor será subsidiada e o

restante retornará para o FMH por meio do pagamento de um aluguel

mensal.

O valor do aluguel será composto pelo valor de recuperação mensal do

imóvel (valor total da unidade dividido por 360 meses), fundo de

manutenção (30% do valor de recuperação mensal) e taxa de

administração (10% do valor de recuperação mensal). O

comprometimento da renda familiar com a locação deverá ser de 10 a

15% de acordo com a faixa de renda e o número de pessoas por família.

A diferença entre o valor pago pelos beneficiários do programa e o

valor real de aluguel dos imóveis será contabilizada como subsídio

direto à família. O pagamento da taxa de manutenção do condomínio

pelos beneficiários, cujo valor deve oscilar entre R$ 20,00 e R$ 30,00,

ou até R$ 50,00 nos casos em que incluir os gastos com o consumo de

água, será uma condição para a manutenção dos subsídios por parte do

poder público.

132 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 133Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.123Locação Social

23 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Locação Social. São

Paulo: Sehab, 2003.

24 Composta por 10 distritos: Sé, República, Bom Retiro, Santa Cecília, Consolação, Bela Vista, Liberdade, Cambuci, Brás e Pari.

Page 136: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

O sistema de gestão do programa prevê três instâncias de atuação, a do

programa propriamente dito, a do parque público de locação e a dos

condomínios. A primeira será realizada pela Unidade de Gestão do

Morar no Centro, a segunda será dividida entre técnica, financeira e

socioeducativa e a terceira será realizada por uma das seguintes

modalidades: autogestão, terceirização da administração para uma

empresa ou para uma organização não-governamental (ou

cooperativa) e concessão da administração para empresa privada.

A Unidade de Gestão responderá pelo planejamento e controle

operacional do programa, formação do parque público,

acompanhamentos jurídico, administrativo e financeiro dos recursos,

implementação do trabalho socioeducativo, monitoramento e

avaliação do programa.

O número total de unidades previstas na etapa piloto do programa é

1.680. Desse total, apenas 207 unidades serão reformadas, as demais

serão construções novas. O maior e mais destacado projeto, o do

Parque do Gato, localizado na Foz do Rio Tamanduateí, tem 486 u.h.

divididas entre tipologias de um e dois dormitórios e quitinetes. O

conjunto habitacional ocupará uma área de 53.300 m² dentro do

empreendimento de 175.000 m², que também abrigará um Centro

Desportivo Municipal (já existente), áreas verdes, parque linear,

equipamentos para atividades de geração de emprego e renda.

Em junho de 2004, a PMSP assinou um Acordo de Cooperação Técnica

de Apoio à Implementação do Programa de Locação Social com o

Fundo Especial Japonês. Esse acordo foi negociado no âmbito do

contrato de financiamento com o BID e envolve recursos, a fundo

perdido, de cerca de

. Serão custeados estudos relativos à gestão

condominial em empreendimentos de interesse social, às experiências

internacionais de gestão de parques de locação social, ao mercado de

locação residencial da área central e consultorias para apoiar a definição

dos modelos de gestão condominial, da estrutura operacional e do

sistema de subsídios, além da elaboração do plano de trabalho social e

do sistema de monitoramento e avaliação. A contrapartida municipal,

no mesmo valor, será dada com a elaboração do sistema informatizado

de dados do programa e com a constituição de uma Unidade

Executora.

US$ 465.000,00 e uma contrapartida local de

US$ 285.000,00

A Prefeitura Municipal de São Paulo e a Caixa Econômica Federal

assinaram um convênio relativo ao Programa de Arrendamento

Residencial para definir as atribuições específicas de cada órgão na

implementação do mesmo.

O PAR consiste no arrendamento de unidades habitacionais

(construções novas ou reformadas) para famílias com renda até 6 sm

por um período de até 15 anos, prorrogáveis por mais 3. Ao final desse

período as famílias tem a opção de comprar o imóvel. A taxa mensal de 26

arrendamento correspondente à 0,7% do valor total da unidade

habitacional pronta. São priorizados projetos em áreas de revitalização

urbana e de recuperação de sítios históricos, de recuperação de áreas

de risco e de preservação ambiental e de acesso a pólos geradores de

emprego e renda.

O convênio estabelece medidas para que a PMSP facilite a obtenção de

imóveis, reduza custos e prazos para licenciamento, melhore a qualidade

dos projetos e indique a demanda prioritária, além de isentar de IPTU os

imóveis do PAR. A CEF, por sua vez, fica responsável por destinar

empreendimentos para a demanda indicada pela PMSP, repassar os

subsídios municipais para os arrendatários e atender critérios relativos à

134 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 135Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Unidades novas 1.473 uh em 7 empreendimentos:

Projetos em execução (total de 623 uh): Parque do Gato, Olarias;

Projetos em licitação(total de 465 uh): Pari I, Metrô Belém e Bresser XIV ;

Projetos vencedores do Concurso Nacional(total de 385 uh): Assembléia,

Cônego Vicente Marino;

Reabilitação de edifícios 207 uh em 4 empreendimentos:

Riachuelo, Hotel São João, Senador Feijó, Baronesa de Porto Carreiro (em

execução)

Total: 1.680 uh

Quadro 3.4

Dados de maio de 2004

Figura 3.4

Olarias

Riachuelo

3.4.225Programa de Arrendamento Residencial / PAR (PAR reforma)

25 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Arrendamento Residencial - PAR. Convênio com a CEF. São Paulo: Sehab, 2003.

26 A taxa de arrendamento para as famílias com renda inferior ou igual a 4 s.m é de 0,5%, desde que as unidades habitacionais correspondentes atendam às especificações mínimas locais.

WA

GN

ER

GE

RM

AN

O W

AG

NE

R G

ER

MA

NO

Page 137: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

O sistema de gestão do programa prevê três instâncias de atuação, a do

programa propriamente dito, a do parque público de locação e a dos

condomínios. A primeira será realizada pela Unidade de Gestão do

Morar no Centro, a segunda será dividida entre técnica, financeira e

socioeducativa e a terceira será realizada por uma das seguintes

modalidades: autogestão, terceirização da administração para uma

empresa ou para uma organização não-governamental (ou

cooperativa) e concessão da administração para empresa privada.

A Unidade de Gestão responderá pelo planejamento e controle

operacional do programa, formação do parque público,

acompanhamentos jurídico, administrativo e financeiro dos recursos,

implementação do trabalho socioeducativo, monitoramento e

avaliação do programa.

O número total de unidades previstas na etapa piloto do programa é

1.680. Desse total, apenas 207 unidades serão reformadas, as demais

serão construções novas. O maior e mais destacado projeto, o do

Parque do Gato, localizado na Foz do Rio Tamanduateí, tem 486 u.h.

divididas entre tipologias de um e dois dormitórios e quitinetes. O

conjunto habitacional ocupará uma área de 53.300 m² dentro do

empreendimento de 175.000 m², que também abrigará um Centro

Desportivo Municipal (já existente), áreas verdes, parque linear,

equipamentos para atividades de geração de emprego e renda.

Em junho de 2004, a PMSP assinou um Acordo de Cooperação Técnica

de Apoio à Implementação do Programa de Locação Social com o

Fundo Especial Japonês. Esse acordo foi negociado no âmbito do

contrato de financiamento com o BID e envolve recursos, a fundo

perdido, de cerca de

. Serão custeados estudos relativos à gestão

condominial em empreendimentos de interesse social, às experiências

internacionais de gestão de parques de locação social, ao mercado de

locação residencial da área central e consultorias para apoiar a definição

dos modelos de gestão condominial, da estrutura operacional e do

sistema de subsídios, além da elaboração do plano de trabalho social e

do sistema de monitoramento e avaliação. A contrapartida municipal,

no mesmo valor, será dada com a elaboração do sistema informatizado

de dados do programa e com a constituição de uma Unidade

Executora.

US$ 465.000,00 e uma contrapartida local de

US$ 285.000,00

A Prefeitura Municipal de São Paulo e a Caixa Econômica Federal

assinaram um convênio relativo ao Programa de Arrendamento

Residencial para definir as atribuições específicas de cada órgão na

implementação do mesmo.

O PAR consiste no arrendamento de unidades habitacionais

(construções novas ou reformadas) para famílias com renda até 6 sm

por um período de até 15 anos, prorrogáveis por mais 3. Ao final desse

período as famílias tem a opção de comprar o imóvel. A taxa mensal de 26

arrendamento correspondente à 0,7% do valor total da unidade

habitacional pronta. São priorizados projetos em áreas de revitalização

urbana e de recuperação de sítios históricos, de recuperação de áreas

de risco e de preservação ambiental e de acesso a pólos geradores de

emprego e renda.

O convênio estabelece medidas para que a PMSP facilite a obtenção de

imóveis, reduza custos e prazos para licenciamento, melhore a qualidade

dos projetos e indique a demanda prioritária, além de isentar de IPTU os

imóveis do PAR. A CEF, por sua vez, fica responsável por destinar

empreendimentos para a demanda indicada pela PMSP, repassar os

subsídios municipais para os arrendatários e atender critérios relativos à

134 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 135Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Unidades novas 1.473 uh em 7 empreendimentos:

Projetos em execução (total de 623 uh): Parque do Gato, Olarias;

Projetos em licitação(total de 465 uh): Pari I, Metrô Belém e Bresser XIV ;

Projetos vencedores do Concurso Nacional(total de 385 uh): Assembléia,

Cônego Vicente Marino;

Reabilitação de edifícios 207 uh em 4 empreendimentos:

Riachuelo, Hotel São João, Senador Feijó, Baronesa de Porto Carreiro (em

execução)

Total: 1.680 uh

Quadro 3.4

Dados de maio de 2004

Figura 3.4

Olarias

Riachuelo

3.4.225Programa de Arrendamento Residencial / PAR (PAR reforma)

25 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Arrendamento Residencial - PAR. Convênio com a CEF. São Paulo: Sehab, 2003.

26 A taxa de arrendamento para as famílias com renda inferior ou igual a 4 s.m é de 0,5%, desde que as unidades habitacionais correspondentes atendam às especificações mínimas locais.

WA

GN

ER

GE

RM

AN

O W

AG

NE

R G

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MA

NO

Page 138: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

qualidade dos projetos e inserção urbana dos empreendimentos, além

de suas atribuições como agente gestor do programa.

O valor total da unidade habitacional, incluindo todos os custos de

aquisição do imóvel, projeto, obra de construção ou reforma, BDI do

construtor e legalização do imóvel, será, no máximo, de R$ 32.300,00

para as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro e de R$

22.400,00 para as demais regiões. O custo poderá atingir R$ 35.000,00

em casos de revitalização urbana e recuperação de sítios históricos, de

reorganização funcional ou mudança de uso do imóvel ou, ainda, de

recuperação de empreendimentos. Apenas as cidades com mais de

100.000 habitantes, além das capitais nacionais, podem ser

contempladas pelo PAR.

A CEF exige que o empreendimento se localize em áreas salubres (que

não concentrem poluentes), dotadas de infra-estrutura básica e de

suporte à atividade residencial (padaria, escolas, mercados, hospitais

etc) e próximas a algum meio de transporte coletivo. Exige também:

regularização jurídica do imóvel, levantamento cadastral, laudo

estrutural, alvará de reforma da PMSP, orçamento detalhado no padrão

da CEF, memorial descritivo da obra, cronograma físico-financeiro,

resumo da operação por meio de quadro ABNT e projeto aprovado na

PMSP.

A demanda indicada pela PMSP tem a seguinte composição: 50%

preenchida por famílias encaminhadas pelo movimento de moradia,

outras 30% advindas dos sindicatos,10% são portadores de direitos

especiais e 10% vem da demanda de Habi-Centro. Os imóveis podem

ser indicados pelo movimento organizado, proprietários, corretores,

construtores, escritórios de Arquitetura e Engenharia e pelo Grupo

Técnico de Análise de Imóveis (GTAI).

A PMSP conta com o trabalho do GTAI para dar apoio técnico aos

projetos habitacionais de interesse social na área central. Dentre as

diversas atividades do Grupo na área central, estão a pesquisa sobre o

estoque imobiliário, a organização e manutenção de um cadastro de

imóveis vazios e subutilizados, a avaliação técnica de imóveis, o estudo

prévio de viabilidade para o PAR, o envolvimento em atividades de

mobilização de agentes para ampliação da oferta de habitação e o apoio

aos movimentos de moradia.

Entre os diversos projetos em andamento está o do Edifício São Vito,

tratado como um projeto especial pela equipe da Sehab pela sua

complexidade. O edifício, construído em 1959, se encontrava há vários

anos em péssimas condições habitacionais. O edifício foi desapropriado

e está sendo recuperado e readequado para conter 375 uh de um e dois

dormitórios e quitinetes, além de outros equipamentos. As famílias que

não se enquadraram nos critérios de atendimento do PAR foram

incorporadas à demanda de outras modalidades do Morar no Centro.

136 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 137Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.3

Bolsa Aluguel

Desapropriados pela Cohab (total 887 uh): Hotel São Paulo (137), Aurora

(90), Prestes Maia (249), São Vito (375), Asdrúbal do Nascimento (36);

Viabilizados pelos movimentos de moradia (total 464 uh): Riskallah Jorge

(167), Fernão Sales (54), Celso Garcia (84), Maria Paula (75), Brigadeiro

Tobias (84);

Viabilizados por empresas construtoras a partir de indicações da Sehab e

de assessorias técnicas (total 273 uh): Joaquim Carlos (93), Ipiranga (180).

Total: 12 empreendimentos (1624 u.h)

Quadro 3.5

Dados de maio de 2004 sobre os empreendimentosdo PAR reforma

Essas obras devem estar concluídas até o final de 2004, totalizando

1.624 unidades, sendo que o edifício Riskallah Jorge foi entregue em

2003.

A Bolsa Aluguel é uma modalidade que pretende garantir o acesso à

moradia às famílias de baixa renda por meio de um subsídio temporário

que complementa o valor do aluguel de um imóvel no mercado

privado. A concessão dos subsídios deve variar de acordo com a renda

e a composição familiar. O público prioritário são os moradores de

cortiços das áreas dos PRIHs.

Figura 3.5

Asdrúbal doNascimento

Maria Paula

Hotel São Paulo

RO

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BSO

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Page 139: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

qualidade dos projetos e inserção urbana dos empreendimentos, além

de suas atribuições como agente gestor do programa.

O valor total da unidade habitacional, incluindo todos os custos de

aquisição do imóvel, projeto, obra de construção ou reforma, BDI do

construtor e legalização do imóvel, será, no máximo, de R$ 32.300,00

para as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro e de R$

22.400,00 para as demais regiões. O custo poderá atingir R$ 35.000,00

em casos de revitalização urbana e recuperação de sítios históricos, de

reorganização funcional ou mudança de uso do imóvel ou, ainda, de

recuperação de empreendimentos. Apenas as cidades com mais de

100.000 habitantes, além das capitais nacionais, podem ser

contempladas pelo PAR.

A CEF exige que o empreendimento se localize em áreas salubres (que

não concentrem poluentes), dotadas de infra-estrutura básica e de

suporte à atividade residencial (padaria, escolas, mercados, hospitais

etc) e próximas a algum meio de transporte coletivo. Exige também:

regularização jurídica do imóvel, levantamento cadastral, laudo

estrutural, alvará de reforma da PMSP, orçamento detalhado no padrão

da CEF, memorial descritivo da obra, cronograma físico-financeiro,

resumo da operação por meio de quadro ABNT e projeto aprovado na

PMSP.

A demanda indicada pela PMSP tem a seguinte composição: 50%

preenchida por famílias encaminhadas pelo movimento de moradia,

outras 30% advindas dos sindicatos,10% são portadores de direitos

especiais e 10% vem da demanda de Habi-Centro. Os imóveis podem

ser indicados pelo movimento organizado, proprietários, corretores,

construtores, escritórios de Arquitetura e Engenharia e pelo Grupo

Técnico de Análise de Imóveis (GTAI).

A PMSP conta com o trabalho do GTAI para dar apoio técnico aos

projetos habitacionais de interesse social na área central. Dentre as

diversas atividades do Grupo na área central, estão a pesquisa sobre o

estoque imobiliário, a organização e manutenção de um cadastro de

imóveis vazios e subutilizados, a avaliação técnica de imóveis, o estudo

prévio de viabilidade para o PAR, o envolvimento em atividades de

mobilização de agentes para ampliação da oferta de habitação e o apoio

aos movimentos de moradia.

Entre os diversos projetos em andamento está o do Edifício São Vito,

tratado como um projeto especial pela equipe da Sehab pela sua

complexidade. O edifício, construído em 1959, se encontrava há vários

anos em péssimas condições habitacionais. O edifício foi desapropriado

e está sendo recuperado e readequado para conter 375 uh de um e dois

dormitórios e quitinetes, além de outros equipamentos. As famílias que

não se enquadraram nos critérios de atendimento do PAR foram

incorporadas à demanda de outras modalidades do Morar no Centro.

136 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 137Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.3

Bolsa Aluguel

Desapropriados pela Cohab (total 887 uh): Hotel São Paulo (137), Aurora

(90), Prestes Maia (249), São Vito (375), Asdrúbal do Nascimento (36);

Viabilizados pelos movimentos de moradia (total 464 uh): Riskallah Jorge

(167), Fernão Sales (54), Celso Garcia (84), Maria Paula (75), Brigadeiro

Tobias (84);

Viabilizados por empresas construtoras a partir de indicações da Sehab e

de assessorias técnicas (total 273 uh): Joaquim Carlos (93), Ipiranga (180).

Total: 12 empreendimentos (1624 u.h)

Quadro 3.5

Dados de maio de 2004 sobre os empreendimentosdo PAR reforma

Essas obras devem estar concluídas até o final de 2004, totalizando

1.624 unidades, sendo que o edifício Riskallah Jorge foi entregue em

2003.

A Bolsa Aluguel é uma modalidade que pretende garantir o acesso à

moradia às famílias de baixa renda por meio de um subsídio temporário

que complementa o valor do aluguel de um imóvel no mercado

privado. A concessão dos subsídios deve variar de acordo com a renda

e a composição familiar. O público prioritário são os moradores de

cortiços das áreas dos PRIHs.

Figura 3.5

Asdrúbal doNascimento

Maria Paula

Hotel São Paulo

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Page 140: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

O programa de Moradia Transitória, iniciado em 2001, foi desenvolvido

visando ao atendimento de famílias em situação de risco (moradores de

baixos de viadutos, moradias em ruínas) ou casos de emergência (áreas

de intervenção dos programas habitacionais, sob ações de despejo e de

reintegração de posse). Essa modalidade consiste, basicamente, no

subsídio para a locação de unidades habitacionais ou vagas de hotéis no

mercado privado por um período de no máximo 2 anos.

Em maio de 2003, 369 famílias residiam nas moradias transitórias, 70%

delas compõem a demanda potencial do Programa de Locação Social e

o restante é demanda para o PAR e para o Programa de Atuação em

Cortiços da CDHU.

O valor da locação de vagas em hotéis é de R$ 13,00 por dia e, nos

demais imóveis, varia entre R$ 250,00 e R$ 300,00 por mês. Os

recursos, provenientes da Verba de Atendimento Habitacional e da

Cohab são da ordem de R$ 2 milhões/ano para atendimento de 450

locações provisórias.

É realizado um trabalho social com as famílias, tendo em vista a

preparação das mesmas para a inserção no Programa de Locação

Social. São monitorados e avaliados aspectos relativos aos pagamentos

de despesas, convívio social, relações de vizinhança e inserção social. A

resolução nº 26 do Conselho do Fundo Municipal de Habitação, de 12

de junho de 2002, autoriza a locação de imóveis pelo Fundo, a título de

moradia provisória, para a demanda destinada aos programas

desenvolvidos no âmbito do próprio Fundo. A resolução nº 27 autoriza

a locação para a demanda de programas realizados em parceria com a

CEF e a CDHU.

Essa proposta se dispõe apenas a dar continuidade a 5 projetos de

melhoria em cortiços iniciados na gestão 1989 -1992, totalizando

apenas 93 uh. Além das obras, são desenvolvidas ações fiscalizatórias,

com base na Lei Moura, de capacitação dos moradores de cortiços

sobre seus direitos e um mapeamento dos cortiços. Em dezembro de

2003 foi assinado um convênio entre a Sehab e a CDHU para integrar as

ações do Morar no Centro e do Programa de Atuação em Cortiços.

Além disso, foram encaminhadas ações no sentido de viabilizar

recursos do FMH para o financiamento de imóveis encortiçados

mediante o comprometimento do proprietário com a permanência dos

inquilinos e o controle do valor do aluguel.

138 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 139Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.427Moradia Transitória

3.4.5

Melhoria das Condições de Vida em Moradias Coletivas28Multifamiliares - Cortiços

Imoroti

Figura 3.6

Casarão do Carmo

Quadro 3.6

Dados de maio de 2004 sobreo programa para cortiços

Casarão da Rua do Carmo

Vila 25 de Janeiro

Imoroti

Eiras Garcia

Pedro Fachini

Total: 5 empreendimentos (93 u.h)

27 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Moradia

Transitória. São Paulo: Sehab, 2003.

28SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Morar no Centro. São Paulo: Sehab, 2004.

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Page 141: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

O programa de Moradia Transitória, iniciado em 2001, foi desenvolvido

visando ao atendimento de famílias em situação de risco (moradores de

baixos de viadutos, moradias em ruínas) ou casos de emergência (áreas

de intervenção dos programas habitacionais, sob ações de despejo e de

reintegração de posse). Essa modalidade consiste, basicamente, no

subsídio para a locação de unidades habitacionais ou vagas de hotéis no

mercado privado por um período de no máximo 2 anos.

Em maio de 2003, 369 famílias residiam nas moradias transitórias, 70%

delas compõem a demanda potencial do Programa de Locação Social e

o restante é demanda para o PAR e para o Programa de Atuação em

Cortiços da CDHU.

O valor da locação de vagas em hotéis é de R$ 13,00 por dia e, nos

demais imóveis, varia entre R$ 250,00 e R$ 300,00 por mês. Os

recursos, provenientes da Verba de Atendimento Habitacional e da

Cohab são da ordem de R$ 2 milhões/ano para atendimento de 450

locações provisórias.

É realizado um trabalho social com as famílias, tendo em vista a

preparação das mesmas para a inserção no Programa de Locação

Social. São monitorados e avaliados aspectos relativos aos pagamentos

de despesas, convívio social, relações de vizinhança e inserção social. A

resolução nº 26 do Conselho do Fundo Municipal de Habitação, de 12

de junho de 2002, autoriza a locação de imóveis pelo Fundo, a título de

moradia provisória, para a demanda destinada aos programas

desenvolvidos no âmbito do próprio Fundo. A resolução nº 27 autoriza

a locação para a demanda de programas realizados em parceria com a

CEF e a CDHU.

Essa proposta se dispõe apenas a dar continuidade a 5 projetos de

melhoria em cortiços iniciados na gestão 1989 -1992, totalizando

apenas 93 uh. Além das obras, são desenvolvidas ações fiscalizatórias,

com base na Lei Moura, de capacitação dos moradores de cortiços

sobre seus direitos e um mapeamento dos cortiços. Em dezembro de

2003 foi assinado um convênio entre a Sehab e a CDHU para integrar as

ações do Morar no Centro e do Programa de Atuação em Cortiços.

Além disso, foram encaminhadas ações no sentido de viabilizar

recursos do FMH para o financiamento de imóveis encortiçados

mediante o comprometimento do proprietário com a permanência dos

inquilinos e o controle do valor do aluguel.

138 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 139Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.427Moradia Transitória

3.4.5

Melhoria das Condições de Vida em Moradias Coletivas28Multifamiliares - Cortiços

Imoroti

Figura 3.6

Casarão do Carmo

Quadro 3.6

Dados de maio de 2004 sobreo programa para cortiços

Casarão da Rua do Carmo

Vila 25 de Janeiro

Imoroti

Eiras Garcia

Pedro Fachini

Total: 5 empreendimentos (93 u.h)

27 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Moradia

Transitória. São Paulo: Sehab, 2003.

28SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Morar no Centro. São Paulo: Sehab, 2004.

VA

LA

ND

RO

KE

AT

ING

Page 142: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

O atendimento a famílias de média renda foi resultado de acordo com a

equipe do BID. A alternativa encontrada é a oferta de um subsídio para

as primeiras famílias que quiserem adquirir um imóvel residencial

requalificado na área central. O imóvel padrão deverá ser o

apartamento de 2 dormitórios com uma vaga de garagem e área de

aproximadamente 75 m². Os objetivos esperados com essa proposta

são atrair famílias de classe média para a área central, ampliar a

demanda por imóveis e reduzir sua vacância.

A justificativa da proposta é a de que melhores condições de “zeladoria

urbana” e de conservação e manutenção dos espaços públicos podem

começar a se reverter a rejeição da classe média por residir no Centro.

Claro que há uma demanda, formada por funcionários públicos,

bancários, comerciantes e professores, que não encontra imóveis

compatíveis com suas necessidades e posibilidades.

Foram apontadas 3 alternativas para a produção de unidades

habitacionais para o segmento em questão: a construção de novos

edifícios, a reforma de apartamentos usados e a reciclagem de edifícios.

A opção pela reforma é apontada como a mais vantajosa pelo seu

impacto positivo na reabilitação urbana e por sua maior rapidez. Para

estimular a classe média, foram propostas duas modalidades de

concessão de prêmios, a primeira para condomínios ou proprietários

que reabilitem as partes comuns de edifícios residenciais

multifamiliares e a segunda para compradores que pretendam

reformar apartamentos em prédios que tenham áreas condominiais em

bom estado de conservação ou já tenham sido contempladas pela

modalidade anterior.

No primeiro caso, as condições exigidas são a ausência de dívidas com o

IPTU e de matrículas individualizadas, estar localização nos distritos Sé,

República ou nos PRIH da Luz, Brás ou Glicério. Os edifícios podem ter

uso misto, desde que predomine o uso residencial. O valor venal

máximo será definido pela Comissão Procentro. O valor total dos

prêmios para essa modalidade será de R$ 4.200.000,00, considerando a

possibilidade de distribuí-los por 30 prédios.

Para receber o prêmio é necessário que as unidades residenciais

beneficiárias sejam disponibilizadas para aluguel ou venda, sem despejo

dos locatários e nem reajuste de aluguel durante a vigência do contrato.

No segundo caso, os apartamentos também devem se localizar nos

distritos Sé ou República ou nos PRIH da Luz, Brás ou Glicério. O total

de recursos destinados para esses prêmios é de R$ 2.700.000,00,

distribuídos para os 300 primeiros candidatos que atenderem às

exigências. O valor máximo de cada prêmio será de R$ 10.000,00 ou

20% do valor de negociação do imóvel, o que for menor.

Além dos incentivos financeiros diretos, estão previstos incentivos

fiscais, por exemplo, isenção de IPTU.

Os Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH propostos

no Programa Morar no Centro envolvem conjuntos de quadras que

concentram moradias precárias e oportunidades para

empreendimentos imobiliários, de reforma ou construção nova. A

atuação nesses perímetros urbanos se contrapõe às intervenções

isoladas e seus principais objetivos são a melhoria das condições

habitacionais da área, a promoção da inclusão social da população de

baixa renda, a mobilização e organização dos grupos sociais e a

valorização das características e potencialidades do bairro e da

comunidade.

“Os critérios selecionados têm como finalidade garantir nos perímetros a

permanência da população de baixa renda a partir de ações voltadas à

melhoria da qualidade de vida na área, fundamentada na melhoria dos

espaços públicos, melhoria e oferta de equipamentos urbanos, otimização

e melhoria de infra-estrutura já consolidada e disponível e, no incremento e

fortalecimento de mecanismos de participação da sociedade civil, ao longo

140 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 141Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.629Habitação para Famílias de Média Renda

3.4.730Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH

29 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação para Famílias de

Média Renda. São Paulo: Sehab, 2003.

30SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Morar no Centro. São Paulo: Sehab, 2004.___. Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH. São Paulo: Sehab, 2003.

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O atendimento a famílias de média renda foi resultado de acordo com a

equipe do BID. A alternativa encontrada é a oferta de um subsídio para

as primeiras famílias que quiserem adquirir um imóvel residencial

requalificado na área central. O imóvel padrão deverá ser o

apartamento de 2 dormitórios com uma vaga de garagem e área de

aproximadamente 75 m². Os objetivos esperados com essa proposta

são atrair famílias de classe média para a área central, ampliar a

demanda por imóveis e reduzir sua vacância.

A justificativa da proposta é a de que melhores condições de “zeladoria

urbana” e de conservação e manutenção dos espaços públicos podem

começar a se reverter a rejeição da classe média por residir no Centro.

Claro que há uma demanda, formada por funcionários públicos,

bancários, comerciantes e professores, que não encontra imóveis

compatíveis com suas necessidades e posibilidades.

Foram apontadas 3 alternativas para a produção de unidades

habitacionais para o segmento em questão: a construção de novos

edifícios, a reforma de apartamentos usados e a reciclagem de edifícios.

A opção pela reforma é apontada como a mais vantajosa pelo seu

impacto positivo na reabilitação urbana e por sua maior rapidez. Para

estimular a classe média, foram propostas duas modalidades de

concessão de prêmios, a primeira para condomínios ou proprietários

que reabilitem as partes comuns de edifícios residenciais

multifamiliares e a segunda para compradores que pretendam

reformar apartamentos em prédios que tenham áreas condominiais em

bom estado de conservação ou já tenham sido contempladas pela

modalidade anterior.

No primeiro caso, as condições exigidas são a ausência de dívidas com o

IPTU e de matrículas individualizadas, estar localização nos distritos Sé,

República ou nos PRIH da Luz, Brás ou Glicério. Os edifícios podem ter

uso misto, desde que predomine o uso residencial. O valor venal

máximo será definido pela Comissão Procentro. O valor total dos

prêmios para essa modalidade será de R$ 4.200.000,00, considerando a

possibilidade de distribuí-los por 30 prédios.

Para receber o prêmio é necessário que as unidades residenciais

beneficiárias sejam disponibilizadas para aluguel ou venda, sem despejo

dos locatários e nem reajuste de aluguel durante a vigência do contrato.

No segundo caso, os apartamentos também devem se localizar nos

distritos Sé ou República ou nos PRIH da Luz, Brás ou Glicério. O total

de recursos destinados para esses prêmios é de R$ 2.700.000,00,

distribuídos para os 300 primeiros candidatos que atenderem às

exigências. O valor máximo de cada prêmio será de R$ 10.000,00 ou

20% do valor de negociação do imóvel, o que for menor.

Além dos incentivos financeiros diretos, estão previstos incentivos

fiscais, por exemplo, isenção de IPTU.

Os Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH propostos

no Programa Morar no Centro envolvem conjuntos de quadras que

concentram moradias precárias e oportunidades para

empreendimentos imobiliários, de reforma ou construção nova. A

atuação nesses perímetros urbanos se contrapõe às intervenções

isoladas e seus principais objetivos são a melhoria das condições

habitacionais da área, a promoção da inclusão social da população de

baixa renda, a mobilização e organização dos grupos sociais e a

valorização das características e potencialidades do bairro e da

comunidade.

“Os critérios selecionados têm como finalidade garantir nos perímetros a

permanência da população de baixa renda a partir de ações voltadas à

melhoria da qualidade de vida na área, fundamentada na melhoria dos

espaços públicos, melhoria e oferta de equipamentos urbanos, otimização

e melhoria de infra-estrutura já consolidada e disponível e, no incremento e

fortalecimento de mecanismos de participação da sociedade civil, ao longo

140 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 141Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

3.4.629Habitação para Famílias de Média Renda

3.4.730Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH

29 SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação para Famílias de

Média Renda. São Paulo: Sehab, 2003.

30SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Morar no Centro. São Paulo: Sehab, 2004.___. Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH. São Paulo: Sehab, 2003.

Page 144: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

do processo de identificação da problemática urbana, definição de

prioridades de ação e de busca de equacionamento, junto aos órgãos

públicos.”

Os PRIH estão calcados em uma nova forma de gestão por meio da

instalação de escritórios técnicos nos locais de intervenção para

estabelecer uma forma efetiva de participação dos moradores nas

diversas fases do trabalho, desde o diagnóstico, quando são

identificados os problemas e as necessidades, passando pela fase de

elaboração das propostas e permanecendo ao longo da implementação

das ações. Além da possibilidade de ampliar a comunicação com os

moradores, essa deve ser uma forma de promover a apropriação da

“referência territorial”. Esses escritórios, chamados de escritórios-

antena, devem ser formados por equipes multidisciplinares com

atribuições de:

Elaborar um Plano Integrado e Participativo de Intervenções

após uma etapa de conhecimento da realidade e de construção

de um diagnóstico participativo;

Desenvolver projetos de melhorias habitacionais em cortiços e

moradias precárias;

Desenvolver estudos de viabilidade para empreendimentos

habitacionais (reforma e construção nova);

Atender ao público e acompanhar a implementação das ações do

Plano Integrado de Intervenções;

Promover a mobilização social para a constituição de um Comitê

de Reabilitação do Perímetro que fique responsável por

acompanhar a implementação do plano após o encerramento

das atividades do escritório-antena no local (a previsão inicial era

de permanência do escritório por dois anos).

A primeira etapa do trabalho com os PRIH foi a definição das áreas de

intervenção, realizada a partir de indicações preliminares dos

movimentos de moradia. Foram em seguida contratadas, em duas

etapas, várias assessorias técnicas para a elaboração de estudos sobre

essas áreas. Os setores estudados na primeira etapa foram Cambuci,

Belém, Brás, Barra Funda, Santa Cecília e Luz e os levantados na

segunda foram Belém II, Bom Retiro, Bela Vista e Ipiranga.

142 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 143Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

PRIH LUZ

PRIH GLICÉRIO

PRIH LUZ E PRIH GLICÉRIOZEIS 3PRIHLIMITE DE DISTRITO

Figura 3.6Delimitação dos PRIHs e ZEIS 3

Em cada setor de estudo foram indicados pré-perímetros que

concentrassem moradias precárias e oportunidades imobiliárias. Em

seguida foi selecionado um pré-perímetro de cada setor para ser objeto

de uma análise mais detalhada. Várias dessas áreas acabaram indicadas

como ZEIS 3 no Plano Diretor e o PRIH Luz foi selecionado como

projeto piloto.

A metodologia desenvolvida pela equipe técnica do Procentro para os

PRIH definiu 3 etapas de trabalho:

Conhecimento da realidade e elaboração do diagnóstico

participativo;

Elaboração do Plano Integrado de Intervenções;

Implantação das ações e projetos previstos no Plano Integrado.

No caso da experiência piloto do PRIH Luz, o Plano Integrado

contempla:

Plano de Melhoria Ambiental (melhoria dos espaços,

equipamentos públicos e infra-estrutura urbana e reabilitação do

patrimônio arquitetônico e histórico). Uma equipe do

Laboratório de Paisagem, Arte e Cultura da FAUUSP foi

Page 145: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

do processo de identificação da problemática urbana, definição de

prioridades de ação e de busca de equacionamento, junto aos órgãos

públicos.”

Os PRIH estão calcados em uma nova forma de gestão por meio da

instalação de escritórios técnicos nos locais de intervenção para

estabelecer uma forma efetiva de participação dos moradores nas

diversas fases do trabalho, desde o diagnóstico, quando são

identificados os problemas e as necessidades, passando pela fase de

elaboração das propostas e permanecendo ao longo da implementação

das ações. Além da possibilidade de ampliar a comunicação com os

moradores, essa deve ser uma forma de promover a apropriação da

“referência territorial”. Esses escritórios, chamados de escritórios-

antena, devem ser formados por equipes multidisciplinares com

atribuições de:

Elaborar um Plano Integrado e Participativo de Intervenções

após uma etapa de conhecimento da realidade e de construção

de um diagnóstico participativo;

Desenvolver projetos de melhorias habitacionais em cortiços e

moradias precárias;

Desenvolver estudos de viabilidade para empreendimentos

habitacionais (reforma e construção nova);

Atender ao público e acompanhar a implementação das ações do

Plano Integrado de Intervenções;

Promover a mobilização social para a constituição de um Comitê

de Reabilitação do Perímetro que fique responsável por

acompanhar a implementação do plano após o encerramento

das atividades do escritório-antena no local (a previsão inicial era

de permanência do escritório por dois anos).

A primeira etapa do trabalho com os PRIH foi a definição das áreas de

intervenção, realizada a partir de indicações preliminares dos

movimentos de moradia. Foram em seguida contratadas, em duas

etapas, várias assessorias técnicas para a elaboração de estudos sobre

essas áreas. Os setores estudados na primeira etapa foram Cambuci,

Belém, Brás, Barra Funda, Santa Cecília e Luz e os levantados na

segunda foram Belém II, Bom Retiro, Bela Vista e Ipiranga.

142 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 143Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Av Paulista

Rua da Consolação

Av Nove

de Julho

Av Pr

estes

Maia

Av São João

Av Duq.

de Ca

xias

Av do Estado

Av do Estado

Av Radial Leste

Machado

Av Alcântara

Av. Rangel P

estana

Av. Celso Garcia

Av 2

3 de

Mai

o

Pq. D. Pedro

PRIH LUZ

PRIH GLICÉRIO

PRIH LUZ E PRIH GLICÉRIOZEIS 3PRIHLIMITE DE DISTRITO

Figura 3.6Delimitação dos PRIHs e ZEIS 3

Em cada setor de estudo foram indicados pré-perímetros que

concentrassem moradias precárias e oportunidades imobiliárias. Em

seguida foi selecionado um pré-perímetro de cada setor para ser objeto

de uma análise mais detalhada. Várias dessas áreas acabaram indicadas

como ZEIS 3 no Plano Diretor e o PRIH Luz foi selecionado como

projeto piloto.

A metodologia desenvolvida pela equipe técnica do Procentro para os

PRIH definiu 3 etapas de trabalho:

Conhecimento da realidade e elaboração do diagnóstico

participativo;

Elaboração do Plano Integrado de Intervenções;

Implantação das ações e projetos previstos no Plano Integrado.

No caso da experiência piloto do PRIH Luz, o Plano Integrado

contempla:

Plano de Melhoria Ambiental (melhoria dos espaços,

equipamentos públicos e infra-estrutura urbana e reabilitação do

patrimônio arquitetônico e histórico). Uma equipe do

Laboratório de Paisagem, Arte e Cultura da FAUUSP foi

Page 146: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

contratada para desenvolver o levantamento ambiental e os

projetos básicos para os espaços públicos;

Projeto de Construção Social (ações sociais e culturais,

implementação da Escola Experimental de Cidadania, Gestão e

Planejamento Urbano e do Programa de Vivência e Gestão

Participativa). A equipe do Centro Gaspar Garcia de Direitos

Humanos foi contratada pela Sehab para fazer o trabalho de

mobilização social.

Programa Habitacional. Ações para a ampliação do parque

habitacional, construção de novas unidades, reforma ou

reconversão de uso de unidades existentes e melhoria das

unidades precárias. Existe uma intenção explícita de garantir a

permanência da população de baixa renda nessas áreas.

Figura 3.7

PRIH Luz

A proposta preliminar do contrato de financiamento com o BID para o

Programa de Reabilitação da Área Central previu recursos para ações

em 3 PRIH: Luz, Glicério e Brás. Devem ser financiadas as despesas

relativas à instalação e manutenção dos Escritórios-Antena por um 31

período de dois anos, a elaboração dos Planos de Melhoria Ambiental

com a execução das atividades e obras previstas e a implementação dos 32

Projetos de Construção Social .

Perímetro

A

B

Brás

Luz

oN . de

Quadras

(un)

12

8

26

23

Área

Aprox.

(ha)

36,0

5,0

44,0

22,0

oN de

Cortiços

108

43

10

73

oN de famílias

encortiçadas

948

A ser levantado

87

500

Estimativa de

novas unidades 33

habitacionais (uh)

1.650

A estudar

2.100

1.048

Imóveis tombados ou

em tombamento

Conjunto de imóveis

indicados na Rua Lavapés

(aproximadamente 100 un) e

na área da Eletropaulo

11 casas tombadas na Tr. dos

Estudantes; 25 na Vila Suíça e

4 na rua Conde de Sazerdas

11 casas tombadas na Vila

Queiroga

134 casas tombadas na Vila

Economizadora

Glicério

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat PRIH. São Paulo: Sehab, 2003.

Quadro 3.7

Dados relativos aos PRIH selecionados para inclusão no financiamento do BID

Apesar da instalação dos Escritórios-Antena ter sido considerada

estrutural para o modelo de intervenção proposto, os escritórios dos

primeiros PRIH (Luz e Glicério) não foram instalados, de fato, dentro

dos limites dos perímetros e a equipe técnica permaneceu ao longo da

gestão instalada na sede da Sehab no edifício Martinelli. O outro

aspecto considerado fundamental para o funcionamento desses

escritórios foi a composição de uma equipe técnica multidisciplinar.

Fato que também não se viabilizou ao longo da administração.

3.4.8

Instrumentos urbanísticos e tributários

O principal instrumento urbanístico que atinge diretamente a questão

da habitação social na Área Central é a definição de Zonas Especiais de

Interesse Social . A categoria ZEIS 3, regulamentada no Plano Diretor

Estratégico do Município, obriga a destinação de um mínimo de 50% da

área construída para habitação de interesse social. Além da

possibilidade de aplicação de uma série de instrumentos previstos no

Estatuto da Cidade, a outorga do direito de construir acima do

coeficiente de aproveitamento é não onerosa nas ZEIS. Existe uma

144 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 145Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

31 “Levantamento e caracterização dos espaços públicos,

desenvolvimento de projetos básicos, executivos e execução

de obras, melhoria e/ou criação de áreas verdes, de esporte e

lazer, implantação de mobiliário urbano e/ou melhoria do

existente, desenvolvimento de projeto e execução de

iluminação de calçadas e de comunicação visual, colocação de

piso especial nas calçadas, instalação de equipamentos destinados à coleta seletiva,

melhoria e/ou ampliação dos sistemas de microdrenagem,

abastecimento de água, esgoto e viário existentes, restauração de fachadas de interesse histórico, prestação de serviços técnicos

especializados e monitoramento físico e financeiro da execução

das obras previstas.”

32 “Desenvolvimento de dinâmicas e oficinas com a população local, elaboração e implementação de

projetos de ações sociais, cursos de formação, capacitação e

qualificação profissional, criação e implantação de Escola

Experimental de cidadania, gestão e planejamento urbano,

implantação de novos equipamentos urbanos,

fornecimento de equipamentos e mobiliário, prestação de serviços

técnicos especializados e monitoramento físico e

financeiro das ações sociais.”

33 Comparação da previsão das Assessorias com os estudos feitos pelo Escritório-Antena no PRIH-

MARCOS ISSA/ARGOSFOTO ROBSON MARTINS ROBSON MARTINS

Page 147: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

contratada para desenvolver o levantamento ambiental e os

projetos básicos para os espaços públicos;

Projeto de Construção Social (ações sociais e culturais,

implementação da Escola Experimental de Cidadania, Gestão e

Planejamento Urbano e do Programa de Vivência e Gestão

Participativa). A equipe do Centro Gaspar Garcia de Direitos

Humanos foi contratada pela Sehab para fazer o trabalho de

mobilização social.

Programa Habitacional. Ações para a ampliação do parque

habitacional, construção de novas unidades, reforma ou

reconversão de uso de unidades existentes e melhoria das

unidades precárias. Existe uma intenção explícita de garantir a

permanência da população de baixa renda nessas áreas.

Figura 3.7

PRIH Luz

A proposta preliminar do contrato de financiamento com o BID para o

Programa de Reabilitação da Área Central previu recursos para ações

em 3 PRIH: Luz, Glicério e Brás. Devem ser financiadas as despesas

relativas à instalação e manutenção dos Escritórios-Antena por um 31

período de dois anos, a elaboração dos Planos de Melhoria Ambiental

com a execução das atividades e obras previstas e a implementação dos 32

Projetos de Construção Social .

Perímetro

A

B

Brás

Luz

oN . de

Quadras

(un)

12

8

26

23

Área

Aprox.

(ha)

36,0

5,0

44,0

22,0

oN de

Cortiços

108

43

10

73

oN de famílias

encortiçadas

948

A ser levantado

87

500

Estimativa de

novas unidades 33

habitacionais (uh)

1.650

A estudar

2.100

1.048

Imóveis tombados ou

em tombamento

Conjunto de imóveis

indicados na Rua Lavapés

(aproximadamente 100 un) e

na área da Eletropaulo

11 casas tombadas na Tr. dos

Estudantes; 25 na Vila Suíça e

4 na rua Conde de Sazerdas

11 casas tombadas na Vila

Queiroga

134 casas tombadas na Vila

Economizadora

Glicério

Fonte: SÃO PAULO (Município) - Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat PRIH. São Paulo: Sehab, 2003.

Quadro 3.7

Dados relativos aos PRIH selecionados para inclusão no financiamento do BID

Apesar da instalação dos Escritórios-Antena ter sido considerada

estrutural para o modelo de intervenção proposto, os escritórios dos

primeiros PRIH (Luz e Glicério) não foram instalados, de fato, dentro

dos limites dos perímetros e a equipe técnica permaneceu ao longo da

gestão instalada na sede da Sehab no edifício Martinelli. O outro

aspecto considerado fundamental para o funcionamento desses

escritórios foi a composição de uma equipe técnica multidisciplinar.

Fato que também não se viabilizou ao longo da administração.

3.4.8

Instrumentos urbanísticos e tributários

O principal instrumento urbanístico que atinge diretamente a questão

da habitação social na Área Central é a definição de Zonas Especiais de

Interesse Social . A categoria ZEIS 3, regulamentada no Plano Diretor

Estratégico do Município, obriga a destinação de um mínimo de 50% da

área construída para habitação de interesse social. Além da

possibilidade de aplicação de uma série de instrumentos previstos no

Estatuto da Cidade, a outorga do direito de construir acima do

coeficiente de aproveitamento é não onerosa nas ZEIS. Existe uma

144 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 145Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

31 “Levantamento e caracterização dos espaços públicos,

desenvolvimento de projetos básicos, executivos e execução

de obras, melhoria e/ou criação de áreas verdes, de esporte e

lazer, implantação de mobiliário urbano e/ou melhoria do

existente, desenvolvimento de projeto e execução de

iluminação de calçadas e de comunicação visual, colocação de

piso especial nas calçadas, instalação de equipamentos destinados à coleta seletiva,

melhoria e/ou ampliação dos sistemas de microdrenagem,

abastecimento de água, esgoto e viário existentes, restauração de fachadas de interesse histórico, prestação de serviços técnicos

especializados e monitoramento físico e financeiro da execução

das obras previstas.”

32 “Desenvolvimento de dinâmicas e oficinas com a população local, elaboração e implementação de

projetos de ações sociais, cursos de formação, capacitação e

qualificação profissional, criação e implantação de Escola

Experimental de cidadania, gestão e planejamento urbano,

implantação de novos equipamentos urbanos,

fornecimento de equipamentos e mobiliário, prestação de serviços

técnicos especializados e monitoramento físico e

financeiro das ações sociais.”

33 Comparação da previsão das Assessorias com os estudos feitos pelo Escritório-Antena no PRIH-

MARCOS ISSA/ARGOSFOTO ROBSON MARTINS ROBSON MARTINS

Page 148: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

clara intenção de que as equipes dos Escritórios-Antena atuem na

orientação dos proprietários e proponham novas estratégias para

viabilizar empreendimentos nas ZEIS.

Os incentivos fiscais são promovidos por meio das leis de isenção de

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) para transações

imobiliárias ligadas à HIS (lei nº 13.402, de 05 de agosto de 2002),

isenção de IPTU na compra de prédios para programas de HIS (lei nº

13.736, de 13 de janeiro de 2004), de Imposto Sobre Serviços de

Qualquer Natureza (ISS) para serviços prestados para a construção de

habitação popular (lei nº 13.476, de 30 de dezembro de 2002). Além

dessas, foi proposta uma alteração na lei de fachadas, que isenta os

proprietários que restaurarem as fachadas de seus imóveis localizados

nos distritos Sé e República do pagamento do IPTU, para favorecer a

recuperação de prédios residenciais.

O município também repassará ao FMH, para fins de locação social, os

imóveis recebidos como dação em pagamento de dívidas do IPTU (lei

13.259, de 28 de dezembro de 2001).

146 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 147Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 149: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

clara intenção de que as equipes dos Escritórios-Antena atuem na

orientação dos proprietários e proponham novas estratégias para

viabilizar empreendimentos nas ZEIS.

Os incentivos fiscais são promovidos por meio das leis de isenção de

Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) para transações

imobiliárias ligadas à HIS (lei nº 13.402, de 05 de agosto de 2002),

isenção de IPTU na compra de prédios para programas de HIS (lei nº

13.736, de 13 de janeiro de 2004), de Imposto Sobre Serviços de

Qualquer Natureza (ISS) para serviços prestados para a construção de

habitação popular (lei nº 13.476, de 30 de dezembro de 2002). Além

dessas, foi proposta uma alteração na lei de fachadas, que isenta os

proprietários que restaurarem as fachadas de seus imóveis localizados

nos distritos Sé e República do pagamento do IPTU, para favorecer a

recuperação de prédios residenciais.

O município também repassará ao FMH, para fins de locação social, os

imóveis recebidos como dação em pagamento de dívidas do IPTU (lei

13.259, de 28 de dezembro de 2001).

146 Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO 147Capítulo 3

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 150: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Capítulo 4Considerações finais

FE

RN

AN

DO

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RE

LM

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Page 151: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Capítulo 4Considerações finais

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Page 152: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Vimos que a ampliação da habitação apareceu nas propostas para a

Área Central ao longo de várias décadas apenas no plano do discurso,

sem rebatimentos no campo das ações concretas. O fato de, em 1975,

a necessidade e os principais argumentos que justificam a ampliação do

uso habitacional no Centro já estarem delineados, nos faz refletir sobre

quais fatores determinaram a demora de quase trinta anos para chegar

ao ponto inicial de uma ação concreta e ampla. A resposta é complexa,

mas certamente apenas a definição de diretrizes, como os planos

diretores fizeram ao longo de décadas, não transforma a ampliação do

uso habitacional no Centro em realidade.

As próximas considerações tentam levantar questões, abrir novas

frentes e contribuir para os avanços do tema. De maneira alguma nos

propomos a esgotar o assunto, o que seria impossível dada sua própria

dinâmica.

Um aspecto evidente é a falta de integração entre as políticas

habitacional e urbana para a Área Central de São Paulo, por exemplo, na

atuação da Cogep. As diretrizes e os estudos relativos a esse período

correram de forma paralela, ficando os diagnósticos e propostas

habitacionais a cargo da Coped e da Sebes e as propostas e discussões

gerais a cargo da Cogep. Um exemplo de atuações simultâneas e não

integradas foi a indicação da incidência significativa de cortiços no

Centro e entorno, inclusive no arco Bom Retiro/ Pari/ Brás, pelo estudo

da Coped e o projeto Cura Brás/ Bresser, elaborado pela Cogep,

enfocando a reurbanização da área. Ou seja, poderíamos considerar

que são atribuições distintas e por esse motivo estão em órgãos

distintos, porém é inegável a constatação de que o estudo deve servir

como subsídio para a formulação de um programa e, portanto, deveria

ser parte integrante da proposta urbanística.

O cortiço permeou todas as gestões estudadas como um problema

típico da Área Central, foi objeto de diversos estudos e pesquisas,

porém com pouquíssimos ou quase nenhum resultado no campo das

ações concretas. A abordagem dos cortiços pelo poder público girou

151Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO150 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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Vimos que a ampliação da habitação apareceu nas propostas para a

Área Central ao longo de várias décadas apenas no plano do discurso,

sem rebatimentos no campo das ações concretas. O fato de, em 1975,

a necessidade e os principais argumentos que justificam a ampliação do

uso habitacional no Centro já estarem delineados, nos faz refletir sobre

quais fatores determinaram a demora de quase trinta anos para chegar

ao ponto inicial de uma ação concreta e ampla. A resposta é complexa,

mas certamente apenas a definição de diretrizes, como os planos

diretores fizeram ao longo de décadas, não transforma a ampliação do

uso habitacional no Centro em realidade.

As próximas considerações tentam levantar questões, abrir novas

frentes e contribuir para os avanços do tema. De maneira alguma nos

propomos a esgotar o assunto, o que seria impossível dada sua própria

dinâmica.

Um aspecto evidente é a falta de integração entre as políticas

habitacional e urbana para a Área Central de São Paulo, por exemplo, na

atuação da Cogep. As diretrizes e os estudos relativos a esse período

correram de forma paralela, ficando os diagnósticos e propostas

habitacionais a cargo da Coped e da Sebes e as propostas e discussões

gerais a cargo da Cogep. Um exemplo de atuações simultâneas e não

integradas foi a indicação da incidência significativa de cortiços no

Centro e entorno, inclusive no arco Bom Retiro/ Pari/ Brás, pelo estudo

da Coped e o projeto Cura Brás/ Bresser, elaborado pela Cogep,

enfocando a reurbanização da área. Ou seja, poderíamos considerar

que são atribuições distintas e por esse motivo estão em órgãos

distintos, porém é inegável a constatação de que o estudo deve servir

como subsídio para a formulação de um programa e, portanto, deveria

ser parte integrante da proposta urbanística.

O cortiço permeou todas as gestões estudadas como um problema

típico da Área Central, foi objeto de diversos estudos e pesquisas,

porém com pouquíssimos ou quase nenhum resultado no campo das

ações concretas. A abordagem dos cortiços pelo poder público girou

151Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO150 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 154: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

em torno de dois aspectos, a definição de números precisos sobre a sua

demanda e o fato das poucas intervenções não terem saído da escala

das ações pontuais.

A necessidade de levantar dados precisos sobre os cortiços (um censo

de cortiços) é evidente e foi apontada sucessivamente por várias

gestões. Apesar disso, o dimensionamento da demanda é, até hoje,

precário e questionável, haja vista as inúmeras controvérsias sobre o

número de moradores e de imóveis que o atual Plano Municipal de

Habitação se preocupou em apresentar. Por outro lado, apesar dessa

ausência de dados aparecer como um fator limitante para a ação

pública, a evolução do número de cortiços mostra uma situação um

pouco diferente. É intrigante verificar que dados das décadas de 1960,

1970 e 1990 mostraram que a população moradora de cortiços no

município girava em torno de 500.000 a 600.000 moradores. Ou seja,

dificilmente poderemos partir de um patamar inferior ao que esses

dados apontaram. Apesar disso o atual Plano Municipal de Habitação

(versão para debate) optou por uma fonte (Fundação Seade para o

programa PAC/BID/CDHU) que identifica apenas 14.617 domicílios e

38.512 moradores e, com isso, o Plano estimou em 50.000 domicílios a

demanda de cortiços para o ano 2012.

Na verdade, o que parece é que os cortiços saem do foco na atual

gestão. Ou seja, antes as poucas propostas e ações estavam centradas

em atender a demanda oriunda dos cortiços e agora, diante de uma

política ampla formada por diversos programas, os cortiços assumem

um papel secundário. A política atual foi formulada para atender um

universo muito mais amplo que apenas os cortiços e com isso essa

demanda é atendida apenas por uma parcela das unidades do Programa

de Locação Social e com as 93 unidades do programa específico

(apresentado apenas no final da gestão) destinado a concluir as obras

iniciadas na gestão Luiza Erundina.

Destacamos a importância da gestão 2001-2004 na formulação de uma

política habitacional para a Área Central. Em momento algum se

desenhou uma política habitacional para a Área Central com a

abrangência da proposta atual, tentando sair da esfera das ações

pontuais e atuando, pela primeira vez, na reforma de edifícios vazios e

ociosos, implementando o programa de locação social e definindo uma

forma de atuação integrada e com verdadeira participação social por

meio dos PRIH, ainda que os números sejam pequenos diante do déficit

municipal e considerando a dificuldade de implementar essa política.

O Programa de Locação Social é uma proposta pioneira no Brasil e que

assume a necessidade do subsídio para atender a demanda social.

Porém o PLS se constituiu essencialmente pela produção de unidades

novas em terrenos da Cohab (do total de 1680 uh, apenas 207 são de

reforma), apesar de um dos grandes argumentos para ampliar a oferta

de habitação na Área Central ser a concentração de imóveis vazios e

subutilizados. Duas questões foram determinantes para essa situação: a

dificuldade do poder público na aquisição de imóveis para a reforma em

função do alto custo e a possibilidade de excluir o custo do terreno do

custo global do empreendimento já que o parque locativo se mantém

público. O problema dessa operação é viabilizá-la para os casos de

reforma de edifícios vazios tendo em vista o alto custo dos imóveis na

Área Central.

Apesar da grande referência para a formulação do Programa Morar no

Centro ter sido a experiência francesa, existem muitas diferenças entre

as realidades de nossos países que impedem que, nesse momento, a

situação aqui assuma as mesmas proporções. Além disso, é sempre

importante lembrar que as experiências de outros países são

importantes, mas nunca se enquadram perfeitamente a outra realidade

e, em especial, se tratando de lugares com condições socioeconômicas

e políticas tão distintas. Ao mesmo tempo, é inegável a importância de

conhecer uma política que há tantos anos responde por um problema

que nos é tão caro.

Em primeiro lugar a França tem uma política nacional de locação social,

existe locação social em edifícios públicos e em privados, em ambos os

casos existem fontes de recursos permanentes e subsídios voltados

para as famílias, garantindo que a demanda social esteja sempre

amparada. Em segundo, essa política se construiu, permaneceu e se

consolidou ao longo das últimas décadas. Ela tem continuidade, o fato

de ser uma política estruturada na esfera nacional favorece essa

continuidade, ao contrário da fragilidade de nossas políticas municipais.

É fundamental destacar que o papel desempenhado pela ANAH é muito

importante porque ela é uma instituição pública nacional que promove

153Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO152 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 155: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

em torno de dois aspectos, a definição de números precisos sobre a sua

demanda e o fato das poucas intervenções não terem saído da escala

das ações pontuais.

A necessidade de levantar dados precisos sobre os cortiços (um censo

de cortiços) é evidente e foi apontada sucessivamente por várias

gestões. Apesar disso, o dimensionamento da demanda é, até hoje,

precário e questionável, haja vista as inúmeras controvérsias sobre o

número de moradores e de imóveis que o atual Plano Municipal de

Habitação se preocupou em apresentar. Por outro lado, apesar dessa

ausência de dados aparecer como um fator limitante para a ação

pública, a evolução do número de cortiços mostra uma situação um

pouco diferente. É intrigante verificar que dados das décadas de 1960,

1970 e 1990 mostraram que a população moradora de cortiços no

município girava em torno de 500.000 a 600.000 moradores. Ou seja,

dificilmente poderemos partir de um patamar inferior ao que esses

dados apontaram. Apesar disso o atual Plano Municipal de Habitação

(versão para debate) optou por uma fonte (Fundação Seade para o

programa PAC/BID/CDHU) que identifica apenas 14.617 domicílios e

38.512 moradores e, com isso, o Plano estimou em 50.000 domicílios a

demanda de cortiços para o ano 2012.

Na verdade, o que parece é que os cortiços saem do foco na atual

gestão. Ou seja, antes as poucas propostas e ações estavam centradas

em atender a demanda oriunda dos cortiços e agora, diante de uma

política ampla formada por diversos programas, os cortiços assumem

um papel secundário. A política atual foi formulada para atender um

universo muito mais amplo que apenas os cortiços e com isso essa

demanda é atendida apenas por uma parcela das unidades do Programa

de Locação Social e com as 93 unidades do programa específico

(apresentado apenas no final da gestão) destinado a concluir as obras

iniciadas na gestão Luiza Erundina.

Destacamos a importância da gestão 2001-2004 na formulação de uma

política habitacional para a Área Central. Em momento algum se

desenhou uma política habitacional para a Área Central com a

abrangência da proposta atual, tentando sair da esfera das ações

pontuais e atuando, pela primeira vez, na reforma de edifícios vazios e

ociosos, implementando o programa de locação social e definindo uma

forma de atuação integrada e com verdadeira participação social por

meio dos PRIH, ainda que os números sejam pequenos diante do déficit

municipal e considerando a dificuldade de implementar essa política.

O Programa de Locação Social é uma proposta pioneira no Brasil e que

assume a necessidade do subsídio para atender a demanda social.

Porém o PLS se constituiu essencialmente pela produção de unidades

novas em terrenos da Cohab (do total de 1680 uh, apenas 207 são de

reforma), apesar de um dos grandes argumentos para ampliar a oferta

de habitação na Área Central ser a concentração de imóveis vazios e

subutilizados. Duas questões foram determinantes para essa situação: a

dificuldade do poder público na aquisição de imóveis para a reforma em

função do alto custo e a possibilidade de excluir o custo do terreno do

custo global do empreendimento já que o parque locativo se mantém

público. O problema dessa operação é viabilizá-la para os casos de

reforma de edifícios vazios tendo em vista o alto custo dos imóveis na

Área Central.

Apesar da grande referência para a formulação do Programa Morar no

Centro ter sido a experiência francesa, existem muitas diferenças entre

as realidades de nossos países que impedem que, nesse momento, a

situação aqui assuma as mesmas proporções. Além disso, é sempre

importante lembrar que as experiências de outros países são

importantes, mas nunca se enquadram perfeitamente a outra realidade

e, em especial, se tratando de lugares com condições socioeconômicas

e políticas tão distintas. Ao mesmo tempo, é inegável a importância de

conhecer uma política que há tantos anos responde por um problema

que nos é tão caro.

Em primeiro lugar a França tem uma política nacional de locação social,

existe locação social em edifícios públicos e em privados, em ambos os

casos existem fontes de recursos permanentes e subsídios voltados

para as famílias, garantindo que a demanda social esteja sempre

amparada. Em segundo, essa política se construiu, permaneceu e se

consolidou ao longo das últimas décadas. Ela tem continuidade, o fato

de ser uma política estruturada na esfera nacional favorece essa

continuidade, ao contrário da fragilidade de nossas políticas municipais.

É fundamental destacar que o papel desempenhado pela ANAH é muito

importante porque ela é uma instituição pública nacional que promove

153Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO152 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 156: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

a reabilitação no setor privado em troca da oferta de moradias com

aluguel social. Criada em 1971, ela opera recursos anuais da ordem de

640 milhões de dólares. Apesar de hoje ela funcionar com recursos do

orçamento geral, no primeiro momento e até há poucos anos atrás seus

recursos eram oriundos de um recolhimento obrigatório sobre o valor

dos aluguéis de imóveis com mais de quinze anos. Foi criada uma fonte

de recursos que independia do orçamento e que era alimentada pelo

próprio público alvo das ações, os proprietários de imóveis de aluguel.

A lógica da ANAH é dar condições para o setor privado oferecer aluguel

social e com isso utilizar o parque ocioso e ampliar a oferta de

habitação. Esse é um dos pontos mais contraditórios com o PLS,

porque, como já foi dito, está baseado na construção nova, porque a

principal fonte de recursos é o contrato de financiamento com o BID e

porque, por motivos óbvios, não atinge o setor privado. Recursos desse

contrato de financiamento se justificam para programas e experiências

piloto, mas não para consolidar uma política, para a política é necessário

ter uma fonte de recursos e que se defina linhas de financiamento

específicas.

Não podemos deixar de destacar que, em diferentes momentos, o alto

valor da terra na Área Central foi apontado como o principal entrave

para viabilizar essa política habitacional.

Finalmente, mas não concluindo o assunto, pelo contrário, iniciando um

longo caminho para efetivar as mudanças nas nossas cidades, coloco a

reabilitação urbana, aqui discutida, como um “divisor de águas” nas

intervenções em Áreas Centrais pela perspectiva que oferece de

permanência dos moradores e do tecido social. E nesse sentido,

concluímos com pontos que entendemos (por meio do conhecimento

acumulado na nossa pesquisa e com as contribuições de todos que

compartilham desse propósito) que devam ser parte do escopo básico

das políticas de reabilitação de áreas urbanas centrais.

Recursos

Fontes de recursos. Diferentes níveis de governo.

Linhas de financiamento para a reabilitação de imóveis públicos e

privados.

Incentivos fiscais.

Articulação de investimentos.

Gestão

Institucional. Estrutura nacional e integração entre diferentes

órgãos e níveis de governo.

Operacional. No município com a articulação com os diversos

atores e órgãos

Local. Na área de intervenção.

Instrumentos

Urbanísticos. Instrumentos previstos no Estatuto da Cidade e

outros novos.

Regulatórios e normativos.

Integração entre Planos Diretores e Planos de Reabilitação

Urbana.

Programas e projetos

Definição dos tipos de programas e projetos adequados à

realidade local.

Metodologia.

Elaboração e desenvolvimento dos projetos.

Formação de quadros técnicos.

Aprovação e licenciamento.

Demanda

Moradores existentes. Cortiços, habitações precárias, imóveis

vazios e subutilizados.

Demanda social (faixas de renda e necessidades especiais).

Novos moradores.

Política fundiária

Aquisição de imóveis e terrenos.

Desapropriação e declaração de utilidade pública.

155Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO154 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 157: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

a reabilitação no setor privado em troca da oferta de moradias com

aluguel social. Criada em 1971, ela opera recursos anuais da ordem de

640 milhões de dólares. Apesar de hoje ela funcionar com recursos do

orçamento geral, no primeiro momento e até há poucos anos atrás seus

recursos eram oriundos de um recolhimento obrigatório sobre o valor

dos aluguéis de imóveis com mais de quinze anos. Foi criada uma fonte

de recursos que independia do orçamento e que era alimentada pelo

próprio público alvo das ações, os proprietários de imóveis de aluguel.

A lógica da ANAH é dar condições para o setor privado oferecer aluguel

social e com isso utilizar o parque ocioso e ampliar a oferta de

habitação. Esse é um dos pontos mais contraditórios com o PLS,

porque, como já foi dito, está baseado na construção nova, porque a

principal fonte de recursos é o contrato de financiamento com o BID e

porque, por motivos óbvios, não atinge o setor privado. Recursos desse

contrato de financiamento se justificam para programas e experiências

piloto, mas não para consolidar uma política, para a política é necessário

ter uma fonte de recursos e que se defina linhas de financiamento

específicas.

Não podemos deixar de destacar que, em diferentes momentos, o alto

valor da terra na Área Central foi apontado como o principal entrave

para viabilizar essa política habitacional.

Finalmente, mas não concluindo o assunto, pelo contrário, iniciando um

longo caminho para efetivar as mudanças nas nossas cidades, coloco a

reabilitação urbana, aqui discutida, como um “divisor de águas” nas

intervenções em Áreas Centrais pela perspectiva que oferece de

permanência dos moradores e do tecido social. E nesse sentido,

concluímos com pontos que entendemos (por meio do conhecimento

acumulado na nossa pesquisa e com as contribuições de todos que

compartilham desse propósito) que devam ser parte do escopo básico

das políticas de reabilitação de áreas urbanas centrais.

Recursos

Fontes de recursos. Diferentes níveis de governo.

Linhas de financiamento para a reabilitação de imóveis públicos e

privados.

Incentivos fiscais.

Articulação de investimentos.

Gestão

Institucional. Estrutura nacional e integração entre diferentes

órgãos e níveis de governo.

Operacional. No município com a articulação com os diversos

atores e órgãos

Local. Na área de intervenção.

Instrumentos

Urbanísticos. Instrumentos previstos no Estatuto da Cidade e

outros novos.

Regulatórios e normativos.

Integração entre Planos Diretores e Planos de Reabilitação

Urbana.

Programas e projetos

Definição dos tipos de programas e projetos adequados à

realidade local.

Metodologia.

Elaboração e desenvolvimento dos projetos.

Formação de quadros técnicos.

Aprovação e licenciamento.

Demanda

Moradores existentes. Cortiços, habitações precárias, imóveis

vazios e subutilizados.

Demanda social (faixas de renda e necessidades especiais).

Novos moradores.

Política fundiária

Aquisição de imóveis e terrenos.

Desapropriação e declaração de utilidade pública.

155Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO154 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 158: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Ampliação das formas de acesso (próprios da União, áreas em

litígio, propriedades da Igreja etc.).

Mercado imobiliário privado

Instrumentos de controle da especulação e valorização.

Orientação e atração de investimentos.

Produção

Tecnologia adequada para a reforma.

Materiais de construção.

Mão de obra qualificada.

Qualificação para a reforma e para novas tecnologias.

Participação e controle pela sociedade

Mobilização social.

Fóruns e Conselhos.

Canais e formas de participação social.

Referências

Bibliográficas

156 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 159: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Ampliação das formas de acesso (próprios da União, áreas em

litígio, propriedades da Igreja etc.).

Mercado imobiliário privado

Instrumentos de controle da especulação e valorização.

Orientação e atração de investimentos.

Produção

Tecnologia adequada para a reforma.

Materiais de construção.

Mão de obra qualificada.

Qualificação para a reforma e para novas tecnologias.

Participação e controle pela sociedade

Mobilização social.

Fóruns e Conselhos.

Canais e formas de participação social.

Referências

Bibliográficas

156 Capítulo 4

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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159HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO158 Referências Bibliográficas

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Referências Bibliográficas

Page 161: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

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SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Integrado da Área Central. Relatório Informativo dos elementos de conhecimento. São Paulo: Cogep, 1976.

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Integrado da Área Central. Seminário permanente de debates. São Paulo: Cogep, 1976.

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Plano Plurianual de Projetos CURA. São Paulo: Hidrobrasileira/Cogep, 1977.

159HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO158 Referências Bibliográficas

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Referências Bibliográficas

Page 162: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Política institucional, política de habitação e renovação urbana, política de desenvolvimento da área central. São Paulo: Cogep, 1979

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Revitalização de Áreas Centrais. São Paulo: Cogep, 1975.

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de Habitação. São Paulo: Cogep, 1975.

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SÃO PAULO (Município) - Emurb. Ajuda Memória do Contrato de Financiamento firmado entre a PMSP e o Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de São Paulo (BR-0391). São Paulo: Emurb/BID, 2003. VERSÃO PRELIMINAR

SÃO PAULO (Município) - Emurb. O resgate da área central. Revista Projeto, n.138. São Paulo: Emurb, 1991.

SÃO PAULO (Município) - Emurb. Regulamento Operacional do Contrato de Financiamento firmado entre a PMSP e o Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de São Paulo (BR-0391). São Paulo: Emurb/BID, 2003. VERSÃO PRELIMINAR

SÃO PAULO (Município) - GEP. PUB Plano Urbanístico Básico. São Paulo: 1968.

SÃO PAULO (Município) - Sebes. Diagnóstico do fenômeno cortiço no Município de São Paulo. São Paulo: 1975.

SÃO PAULO (Município) - Sebes. Estudo sobre a população da Área Regional da Sé. São Paulo: 1983.

SÃO PAULO (Município) - Sehab Habitação e urbanismo: a política que a prefeitura está praticando in Suplemento especial da Revista Projeto. São Paulo: Sehab, 1990.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Cortiços, programa de habitações populares da região central de São Paulo. São Paulo: Sehab, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação e urbanismo. Da utopia à construção. A participação popular na política habitacional em São Paulo in Suplemento especial da Revista Projeto. São Paulo: Sehab, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação no Centro: o programa da Prefeitura. São Paulo: Sehab, 2002.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Habitação para Famílias de Média Renda. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo, Sehab, 2003. VERSÃO PARA DEBATE.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Reconstruir o Centro. São Paulo: Sehab/ AR-Sé, 2001.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Arrendamento Residencial PAR: Convênio com a CEF. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Locação Social. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Habitacional de Interesse Social Relatório de Gestão 1989-1992: Administrações Regionais Lapa, Sé e Pinheiros. São Paulo, Sehab, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Moradia Transitória. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Morar no Centro São Paulo: Sehab, 2004.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Projeto HabiCentro. São Paulo: Sehab, 1997.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Propostas para Habitação na área central. São Paulo: Sehab, 1997.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Recuperando Sampa: Reabilitação do Centro de São Paulo. São Paulo: Sehab, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sehab/Fipe. Diagnóstico e Plano de Ações para o Mercado de Moradia em Aluguel: Identificação de Obstáculos para Aquisição de Novas Moradias pelas Famílias de Baixa Renda. São Paulo: Fipe, 1997.

SÃO PAULO (Município) - Sehab/Sempla/Fabes. Plano Habitacional do Município de São Paulo 1983/1987. São Paulo:1984.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Cortiços em São Paulo: frente e verso. São Paulo, 1985.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de São Paulo PDDI II. Primeira etapa: objetivos e diretrizes gerais. São Paulo, 1982.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de São Paulo. Ao alcance de todos. São Paulo: Sempla, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de São Paulo. Propostas para a Habitação. São Paulo: Sempla, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor do Município -1985/2000. São Paulo,1985.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor Estratégico 2002-2012. São Paulo: Sempla, 2002.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Regional Estratégico da Subprefeitura Sé. São Paulo: Sempla, 2003. VERSÃO PRELIMINAR.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. São Paulo: Crise e Mudança. São Paulo: Brasiliense, 1991.

SÃO PAULO (Município). Decreto nº 33.389, de 14 de julho de 1993. Cria programa de requalificação urbana e funcional do Centro de São Paulo - Procentro, a ser implantado na área especial de intervenção que especifica, e dá outras providências. Diário Oficial, São Paulo, 15 de julho de 1993.

SÃO PAULO (Município). Decreto nº 40.753, de 19 de junho de 2001. Cria a Coordenadoria de Programas de Reabilitação da Área Central - Procentro. Diário Oficial, São Paulo, 20 de junho de 2001.

161HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO160 Referências Bibliográficas

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Referências Bibliográficas

Page 163: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Política institucional, política de habitação e renovação urbana, política de desenvolvimento da área central. São Paulo: Cogep, 1979

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Revitalização de Áreas Centrais. São Paulo: Cogep, 1975.

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de Habitação. São Paulo: Cogep, 1975.

SÃO PAULO (Município) - Cogep. Sistema Municipal de Planejamento. São Paulo: Cogep, 1975.

SÃO PAULO (Município) - Emurb. Ajuda Memória do Contrato de Financiamento firmado entre a PMSP e o Banco Interamericano de Desenvolvimento para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de São Paulo (BR-0391). São Paulo: Emurb/BID, 2003. VERSÃO PRELIMINAR

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SÃO PAULO (Município) - Sehab. Cortiços, programa de habitações populares da região central de São Paulo. São Paulo: Sehab, 1992.

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SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Municipal de Habitação. São Paulo, Sehab, 2003. VERSÃO PARA DEBATE.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Plano Reconstruir o Centro. São Paulo: Sehab/ AR-Sé, 2001.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Arrendamento Residencial PAR: Convênio com a CEF. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa de Locação Social. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Habitacional de Interesse Social Relatório de Gestão 1989-1992: Administrações Regionais Lapa, Sé e Pinheiros. São Paulo, Sehab, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Moradia Transitória. São Paulo: Sehab, 2003.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Programa Morar no Centro São Paulo: Sehab, 2004.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Projeto HabiCentro. São Paulo: Sehab, 1997.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Propostas para Habitação na área central. São Paulo: Sehab, 1997.

SÃO PAULO (Município) - Sehab. Recuperando Sampa: Reabilitação do Centro de São Paulo. São Paulo: Sehab, 1992.

SÃO PAULO (Município) - Sehab/Fipe. Diagnóstico e Plano de Ações para o Mercado de Moradia em Aluguel: Identificação de Obstáculos para Aquisição de Novas Moradias pelas Famílias de Baixa Renda. São Paulo: Fipe, 1997.

SÃO PAULO (Município) - Sehab/Sempla/Fabes. Plano Habitacional do Município de São Paulo 1983/1987. São Paulo:1984.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Cortiços em São Paulo: frente e verso. São Paulo, 1985.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de São Paulo PDDI II. Primeira etapa: objetivos e diretrizes gerais. São Paulo, 1982.

SÃO PAULO (Município) - Sempla. Plano Diretor de São Paulo. Ao alcance de todos. São Paulo: Sempla, 1992.

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161HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO160 Referências Bibliográficas

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

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SÃO PAULO (Município). Infra-estrutura urbana e potencial de adensamento. Diário Oficial: Suplemento, São Paulo, 37 (243), 24 de dezembro de 1992.

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SÃO PAULO (Município). Lei nº 12.349, de 06 de junho de 1997. Estabelece programa de melhorias para a Área Central da Cidade, cria incentivos e formas para a sua implantação, e dá outras providências. Diário Oficial, São Paulo, 07 de junho de 1997.

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Apêndices

162 Referências Bibliográficas

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 165: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

SÃO PAULO (Município). Infra-estrutura urbana e potencial de adensamento. Diário Oficial: Suplemento, São Paulo, 37 (243), 24 de dezembro de 1992.

SÃO PAULO (Município). Lei nº 10.676, de 07 de novembro de 1988. Aprova o Plano Diretor, Institui o Sistema de Planejamento do Município de São Paulo, e dá outras providências. Diário Oficial, São Paulo, 08 de novembro de 1988.

SÃO PAULO (Município). Lei nº 12.349, de 06 de junho de 1997. Estabelece programa de melhorias para a Área Central da Cidade, cria incentivos e formas para a sua implantação, e dá outras providências. Diário Oficial, São Paulo, 07 de junho de 1997.

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VILLAÇA, F. O que todo cidadão precisa saber sobre habitação. São Paulo: Global, 1986.

Apêndices

162 Referências Bibliográficas

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Page 166: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Apêndice A Lista dos documentos públicos pesquisados

08/04/1965 - 07/04/1969 José Vicente de Faria Lima

1968 GEP/PMSP - Asplan/ Daily/ Montreal/ Wilbur Smith. PUB Plano Urbanístico

Básico

08/04/1969 - 07/04/1971 Paulo Salim Maluf

08/04/1971 - 21/08/1973 José Carlos de Figueiredo Ferraz

1971 Cogep. PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - Lei 7688

30/12/1971

1972 PMSP. Lei Geral de Zoneamento

22/08/1973 - 27/08/1973 João Brasil Vita

28/08/1973 - 16/04/1975 Miguel Colassuono

1974 Sebes/Coped. Estudo sobre as favelas da Administração Regional da Sé

1975 Cogep. Sistema Municipal de Habitação

1975 Cogep. Sistema Municipal de Planejamento

1975 Cogep/Hidrobrasileira. Plano Plurianual de Projetos CURA.

1975 Sebes/Coped. Diagnóstico sobre o fenômeno cortiço no município de São

Paulo.

1975 Cogep. Seminário: Revitalização de Áreas Centrais.

1975 Cogep. Projeto Centro. Investigações preliminares

16/04/1975 - 11/07/1979 Olavo Egydio Setubal

1976 Cogep. Plano Integrado da Área Central. Seminário permanente de debates

1976 Cogep. Plano Integrado da Área Central. Relatório Informativo dos

elementos de conhecimento.

1979 Cogep. Política institucional, política de habitação e renovação urbana,

política de desenvolvimento da área central.

1979 - 1982 Reynaldo de Barros/ Salim Curiati

1979 Cogep. Levantamento dos preços de terreno no município de São Paulo

1981 Cogep. O cortiço: sua história e atualidade.

1982 Sempla. O cortiço na legislação urbanística do Estado e do Município de São

Paulo

1982 Sempla. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de São

Paulo PDDI II. Primeira etapa: objetivos e diretrizes gerais

1983 - 1985 Mário Covas

1983 Sebes. Estudo sobre a população da Área Regional da Sé

1984 Sehab/Sempla/Fabes. Plano Habitacional do Município de São Paulo

1983/1987

1985 Plano Diretor do Município - 1985/2000

1986 - 1988 Jânio Quadros

1985 Sempla. Cortiços em São Paulo, frente e verso.

1988 Sempla. Plano Diretor do Município de São Paulo. Lei 10676/88 de

7/11/1988.

1989 - 1992 Luiza Erundina

1990 Suplemento especial da Revista Projeto. Habitação e urbanismo. A política

que a prefeitura está praticando.

1991 Sehab. Habitação e urbanismo. A política que a prefeitura está praticando.

1992 Suplemento especial da Revista Projeto. Habitação e urbanismo. Da utopia

à construção. A participação popular na política habitacional em São Paulo.

1991 Emurb. O resgate da área central

1992 Proposta de Plano Diretor - Diário Oficial do Município

1992 Plano Diretor de São Paulo. Propostas para a Habitação

1992 Plano Diretor de São Paulo. Ao alcance de todos.

1992 Sehab. Cortiços, programa de habitações populares na região central

de São Paulo

1992 Sehab/Habi. Programa Habitacional de Interesse Social .Relatório de

Gestão 1989-1992. Administrações Regionais Lapa, Sé e Pinheiros.

1992 Sehab/Habi. Cortiços - Programa de Habitações populares da Região

Central de São Paulo.

1992 Sehab. Recuperando Sampa. Reabilitação do Centro de São Paulo

Sehab. A área central e a cidade.

1993 - 1996 Paulo Maluf

1993 Sehab.Documento de criação do Procentro

1994 Sehab/Habi / Fipe. Estudos dos cortiços e favelas na cidade de São

Paulo.

1997 - 2000 Celso Pitta

1997 Sempla. Proposta de Plano Diretor

1997 Sehab/ Procentro.Projeto HabiCentro

1997 Sehab/ Fipe. Diagnóstico e plano de ações para o mercado de moradia de

aluguel e identificação de obstáculos para aquisição de novas moradias

pelas famílias de baixa renda.

1997 Sehab Procentro. Propostas para Habitação na área central

1997 Levantamento dos cortiços realizado por assessorias técnicas

1997 Operação Urbana Centro. Lei 12 349 de 06/06/1997

2001 - 2004 Marta Suplicy

2001 Sehab/ AR-Sé. Plano Reconstruir o Centro

2002 Sehab. Habitação no Centro: o programa da Prefeitura.

2002 Sempla. Plano Diretor Estratégico 2002-2012

2003 Sehab Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH.

2003 Sehab. Programa de Locação Social.

2003 Sehab. Programa de Arrendamento Residencial. Convênio com a CEF

2003 Sehab Habitação para Famílias de Média Renda

2003 Sehab. Programa Moradia Transitória

2003 Sehab Plano Municipal de Habitação. VERSÃO PARA DEBATE

2003 Emurb. Regulamento Operacional do Contrato de Financiamento firmado

entre a PMSP e o BID para o Programa de Reabilitação da Área Central da

Cidade de São Pa (BR-0391). VERSÃO PRELIMINAR

2003 Emurb Ajuda Memória do Contrato de Financiamento firmado entre a

PMSP e o BID para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de

São Paulo (BR-0391). VERSÃO PRELIMINAR

2004 Sehab. Programa Morar no Centro

165HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO164 Apêndice A

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice A

Page 167: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Apêndice A Lista dos documentos públicos pesquisados

08/04/1965 - 07/04/1969 José Vicente de Faria Lima

1968 GEP/PMSP - Asplan/ Daily/ Montreal/ Wilbur Smith. PUB Plano Urbanístico

Básico

08/04/1969 - 07/04/1971 Paulo Salim Maluf

08/04/1971 - 21/08/1973 José Carlos de Figueiredo Ferraz

1971 Cogep. PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - Lei 7688

30/12/1971

1972 PMSP. Lei Geral de Zoneamento

22/08/1973 - 27/08/1973 João Brasil Vita

28/08/1973 - 16/04/1975 Miguel Colassuono

1974 Sebes/Coped. Estudo sobre as favelas da Administração Regional da Sé

1975 Cogep. Sistema Municipal de Habitação

1975 Cogep. Sistema Municipal de Planejamento

1975 Cogep/Hidrobrasileira. Plano Plurianual de Projetos CURA.

1975 Sebes/Coped. Diagnóstico sobre o fenômeno cortiço no município de São

Paulo.

1975 Cogep. Seminário: Revitalização de Áreas Centrais.

1975 Cogep. Projeto Centro. Investigações preliminares

16/04/1975 - 11/07/1979 Olavo Egydio Setubal

1976 Cogep. Plano Integrado da Área Central. Seminário permanente de debates

1976 Cogep. Plano Integrado da Área Central. Relatório Informativo dos

elementos de conhecimento.

1979 Cogep. Política institucional, política de habitação e renovação urbana,

política de desenvolvimento da área central.

1979 - 1982 Reynaldo de Barros/ Salim Curiati

1979 Cogep. Levantamento dos preços de terreno no município de São Paulo

1981 Cogep. O cortiço: sua história e atualidade.

1982 Sempla. O cortiço na legislação urbanística do Estado e do Município de São

Paulo

1982 Sempla. Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de São

Paulo PDDI II. Primeira etapa: objetivos e diretrizes gerais

1983 - 1985 Mário Covas

1983 Sebes. Estudo sobre a população da Área Regional da Sé

1984 Sehab/Sempla/Fabes. Plano Habitacional do Município de São Paulo

1983/1987

1985 Plano Diretor do Município - 1985/2000

1986 - 1988 Jânio Quadros

1985 Sempla. Cortiços em São Paulo, frente e verso.

1988 Sempla. Plano Diretor do Município de São Paulo. Lei 10676/88 de

7/11/1988.

1989 - 1992 Luiza Erundina

1990 Suplemento especial da Revista Projeto. Habitação e urbanismo. A política

que a prefeitura está praticando.

1991 Sehab. Habitação e urbanismo. A política que a prefeitura está praticando.

1992 Suplemento especial da Revista Projeto. Habitação e urbanismo. Da utopia

à construção. A participação popular na política habitacional em São Paulo.

1991 Emurb. O resgate da área central

1992 Proposta de Plano Diretor - Diário Oficial do Município

1992 Plano Diretor de São Paulo. Propostas para a Habitação

1992 Plano Diretor de São Paulo. Ao alcance de todos.

1992 Sehab. Cortiços, programa de habitações populares na região central

de São Paulo

1992 Sehab/Habi. Programa Habitacional de Interesse Social .Relatório de

Gestão 1989-1992. Administrações Regionais Lapa, Sé e Pinheiros.

1992 Sehab/Habi. Cortiços - Programa de Habitações populares da Região

Central de São Paulo.

1992 Sehab. Recuperando Sampa. Reabilitação do Centro de São Paulo

Sehab. A área central e a cidade.

1993 - 1996 Paulo Maluf

1993 Sehab.Documento de criação do Procentro

1994 Sehab/Habi / Fipe. Estudos dos cortiços e favelas na cidade de São

Paulo.

1997 - 2000 Celso Pitta

1997 Sempla. Proposta de Plano Diretor

1997 Sehab/ Procentro.Projeto HabiCentro

1997 Sehab/ Fipe. Diagnóstico e plano de ações para o mercado de moradia de

aluguel e identificação de obstáculos para aquisição de novas moradias

pelas famílias de baixa renda.

1997 Sehab Procentro. Propostas para Habitação na área central

1997 Levantamento dos cortiços realizado por assessorias técnicas

1997 Operação Urbana Centro. Lei 12 349 de 06/06/1997

2001 - 2004 Marta Suplicy

2001 Sehab/ AR-Sé. Plano Reconstruir o Centro

2002 Sehab. Habitação no Centro: o programa da Prefeitura.

2002 Sempla. Plano Diretor Estratégico 2002-2012

2003 Sehab Perímetros de Reabilitação Integrada do Habitat - PRIH.

2003 Sehab. Programa de Locação Social.

2003 Sehab. Programa de Arrendamento Residencial. Convênio com a CEF

2003 Sehab Habitação para Famílias de Média Renda

2003 Sehab. Programa Moradia Transitória

2003 Sehab Plano Municipal de Habitação. VERSÃO PARA DEBATE

2003 Emurb. Regulamento Operacional do Contrato de Financiamento firmado

entre a PMSP e o BID para o Programa de Reabilitação da Área Central da

Cidade de São Pa (BR-0391). VERSÃO PRELIMINAR

2003 Emurb Ajuda Memória do Contrato de Financiamento firmado entre a

PMSP e o BID para o Programa de Reabilitação da Área Central da Cidade de

São Paulo (BR-0391). VERSÃO PRELIMINAR

2004 Sehab. Programa Morar no Centro

165HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO164 Apêndice A

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice A

Page 168: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Apêndice BLei Malraux

Loi n° 62-903 du 4 août 1962

Loi complétant la législation sur la protection du patrimoine historique et

esthétique de la France et tendant à faciliter la restauration immobilière

Article 11

Les titulaires de baux de locaux à usage commercial, industriel ou artisanal faisant

l'objet de travaux de restauration exécutés par le propriétaire autre que l'organisme

de rénovation ou pour son compte, bénéficient d'un droit de réintégration dans le

local qu'ils ont abandonné sauf au cas où des dispositions législatives ou

réglementaires s'opposeraient à l'exercice dans ce local de l'activité prévue au bail.

Dans ce dernier cas, le titulaire du bail, si celui-ci ne le prévoit , peut être autorisé

par le tribunal de grande instance à changer la nature de son commerce ou de son

industrie sous réserve des dispositions législatives ou réglementaires qui

s'opposeraient à l'exercice dans ce local de l'activité prévue au bail.

Les locataires bénéficiant de la réintégration dans leur ancien local sont indemnisés

des conséquences dommageables de la privation temporaire de jouissance et

remboursés de leurs frais normaux de déménagement et de réinstallation. En cas

de contestation, seront applicables les règles de procédure fixées par le titre VI du

décret n° 53-960 du 30 septembre 1953.

Les baux des locaux évacués durant la période d'exécution des travaux sont

considérés comme ayant été suspendus et reprennent cours à la date à laquelle la

réintégration aura été possible.

Toutefois, les conditions de location sont modifiées compte tenu du nouvel état des

lieux, à la demande de la partie la plus diligente, selon la procédure fixée par le titre

VI du décret n° 53-960 du 30 septembre 1953.

Lorsque la réinstallation dans les conditions prévues à l'alinéa 1er n'est pas

possible, les commerçants, industriels ou artisans sont indemnisés conformément

aux dispositions du chapitre III de l'ordonnance n° 58-997 du 23 octobre 1958.

Apêndice CLei de Solidariedade Urbana - Artigo 55

J.O n° 289 du 14 décembre 2000 page 19777

LOI no 2000-1208 du 13 décembre 2000 relative à la solidarité et au

renouvellement urbains (1)

NOR: EQUX9900145L

L'Assemblée nationale et le Sénat ont délibéré,

L'Assemblée nationale a adopté,

Vu la décision du Conseil constitutionnel no 2000-436 DC en date du 7 décembre

2000,

Le Président de la République promulgue la loi dont la teneur suit :

TITRE II

CONFORTER LA POLITIQUE DE LA VILLE

Section 1

Dispositions relatives à la solidarité

entre les communes en matière d'habitat

Article 55

La section 2 du chapitre II du titre préliminaire du livre III du code de la construction

et de l'habitation est ainsi rédigée :

«Section 2

«Dispositions particulières à certaines agglomérations

«Art. L. 302-5. - Les dispositions de la présente section s'appliquent aux communes

dont la population est au moins égale à 1 500 habitants en Ile-de-France et 3 500

habitants dans les autres régions qui sont comprises, au sens du recensement

général de la population, dans une agglomération de plus de 50 000 habitants

comprenant au moins une commune de plus de 15 000 habitants, et dans

lesquelles le nombre total de logements locatifs sociaux représente, au 1er janvier

de l'année précédente, moins de 20 % des résidences principales. En sont

exemptées les communes comprises dans une agglomération dont le nombre

d'habitants a décru entre les deux derniers recensements de la population et qui

appartiennent à une communauté urbaine, une communauté d'agglomération ou

une communauté de communes compétentes en matière de programme local de

l'habitat, dès lors que celui-ci a été approuvé.

«Les dispositions de la présente section ne sont pas applicables aux communes

dont plus de la moitié du territoire urbanisé est soumis à une inconstructibilité

167HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO166 Apêndice B

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice C

Page 169: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Apêndice BLei Malraux

Loi n° 62-903 du 4 août 1962

Loi complétant la législation sur la protection du patrimoine historique et

esthétique de la France et tendant à faciliter la restauration immobilière

Article 11

Les titulaires de baux de locaux à usage commercial, industriel ou artisanal faisant

l'objet de travaux de restauration exécutés par le propriétaire autre que l'organisme

de rénovation ou pour son compte, bénéficient d'un droit de réintégration dans le

local qu'ils ont abandonné sauf au cas où des dispositions législatives ou

réglementaires s'opposeraient à l'exercice dans ce local de l'activité prévue au bail.

Dans ce dernier cas, le titulaire du bail, si celui-ci ne le prévoit , peut être autorisé

par le tribunal de grande instance à changer la nature de son commerce ou de son

industrie sous réserve des dispositions législatives ou réglementaires qui

s'opposeraient à l'exercice dans ce local de l'activité prévue au bail.

Les locataires bénéficiant de la réintégration dans leur ancien local sont indemnisés

des conséquences dommageables de la privation temporaire de jouissance et

remboursés de leurs frais normaux de déménagement et de réinstallation. En cas

de contestation, seront applicables les règles de procédure fixées par le titre VI du

décret n° 53-960 du 30 septembre 1953.

Les baux des locaux évacués durant la période d'exécution des travaux sont

considérés comme ayant été suspendus et reprennent cours à la date à laquelle la

réintégration aura été possible.

Toutefois, les conditions de location sont modifiées compte tenu du nouvel état des

lieux, à la demande de la partie la plus diligente, selon la procédure fixée par le titre

VI du décret n° 53-960 du 30 septembre 1953.

Lorsque la réinstallation dans les conditions prévues à l'alinéa 1er n'est pas

possible, les commerçants, industriels ou artisans sont indemnisés conformément

aux dispositions du chapitre III de l'ordonnance n° 58-997 du 23 octobre 1958.

Apêndice CLei de Solidariedade Urbana - Artigo 55

J.O n° 289 du 14 décembre 2000 page 19777

LOI no 2000-1208 du 13 décembre 2000 relative à la solidarité et au

renouvellement urbains (1)

NOR: EQUX9900145L

L'Assemblée nationale et le Sénat ont délibéré,

L'Assemblée nationale a adopté,

Vu la décision du Conseil constitutionnel no 2000-436 DC en date du 7 décembre

2000,

Le Président de la République promulgue la loi dont la teneur suit :

TITRE II

CONFORTER LA POLITIQUE DE LA VILLE

Section 1

Dispositions relatives à la solidarité

entre les communes en matière d'habitat

Article 55

La section 2 du chapitre II du titre préliminaire du livre III du code de la construction

et de l'habitation est ainsi rédigée :

«Section 2

«Dispositions particulières à certaines agglomérations

«Art. L. 302-5. - Les dispositions de la présente section s'appliquent aux communes

dont la population est au moins égale à 1 500 habitants en Ile-de-France et 3 500

habitants dans les autres régions qui sont comprises, au sens du recensement

général de la population, dans une agglomération de plus de 50 000 habitants

comprenant au moins une commune de plus de 15 000 habitants, et dans

lesquelles le nombre total de logements locatifs sociaux représente, au 1er janvier

de l'année précédente, moins de 20 % des résidences principales. En sont

exemptées les communes comprises dans une agglomération dont le nombre

d'habitants a décru entre les deux derniers recensements de la population et qui

appartiennent à une communauté urbaine, une communauté d'agglomération ou

une communauté de communes compétentes en matière de programme local de

l'habitat, dès lors que celui-ci a été approuvé.

«Les dispositions de la présente section ne sont pas applicables aux communes

dont plus de la moitié du territoire urbanisé est soumis à une inconstructibilité

167HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO166 Apêndice B

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice C

Page 170: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

résultant d'une zone A, B ou C d'un plan d'exposition au bruit approuvé en

application de l'article L. 147-1 du code de l'urbanisme ou d'une servitude de

protection instituée en application des articles L. 515-8 à L. 515-11 du code de

l'environnement.

Les logements locatifs sociaux retenus pour l'application du présent article sont :

1o Les logements locatifs appartenant aux organismes d'habitation à loyer

modéré, à l'exception, en métropole, de ceux construits, ou acquis et améliorés à

compter du 5 janvier 1977 et ne faisant pas l'objet d'une convention définie à

l'article L. 351-2 ;

« 2o Les autres logements conventionnés dans les conditions définies à l'article L.

351-2 et dont l'accès est soumis à des conditions de ressources ;

« 3o Les logements appartenant aux sociétés d'économie mixte des départements

d'outre-mer, les logements appartenant à l'Entreprise minière et chimique et aux

sociétés à participation majoritaire de l'Entreprise minière et chimique, les

logements appartenant aux houillères de bassin, aux sociétés à participation

majoritaire des houillères de bassin ainsi qu'aux sociétés à participation majoritaire

des Charbonnages de France et à l'établissement public de gestion immobilière du

Nord - Pas-de-Calais ;

« 4o Les logements ou les lits des logements-foyers de personnes âgées, de

personnes handicapées, de jeunes travailleurs, de travailleurs migrants et des

logements-foyers dénommés résidences sociales, conventionnés dans les

conditions définies au 5o de l'article L. 351-2 ainsi que les places des centres

d'hébergement et de réinsertion sociale visées à l'article 185 du code de la famille et

de l'aide sociale. Les lits des logements-foyers et les places des centres

d'hébergement et de réinsertion sociale sont pris en compte dans des conditions

fixées par décret.

« Les résidences principales retenues pour l'application du présent article sont

celles qui figurent au rôle établi pour la perception de la taxe d'habitation.

« Art. L. 302-6. - Dans les communes situées dans les agglomérations visées par la

présente section, les personnes morales, propriétaires ou gestionnaires de

logements sociaux au sens de l'article L. 302-5, sont tenues de fournir au préfet,

chaque année avant le 1er juillet, un inventaire par commune des logements

sociaux dont elles sont propriétaires ou gestionnaires au 1er janvier de l'année en

cours.

« Le défaut de production de l'inventaire mentionné ci-dessus, ou la production d'un

inventaire manifestement erroné donne lieu à l'application d'une amende de 10

000 F recouvrée comme en matière de taxe sur les salaires.

« Le préfet communique chaque année à chaque commune susceptible d'être visée

à l'article L. 302-5, avant le 1er septembre, les inventaires la concernant assortis

du nombre de logements sociaux décomptés en application de l'article L. 302-5 sur

son territoire au 1er janvier de l'année en cours, lorsque le nombre de logements

sociaux décomptés représente moins de 20 % des résidences principales de la

commune. La commune dispose de deux mois pour présenter ses observations.

« Après examen de ces observations, le préfet notifie avant le 31 décembre le

nombre de logements sociaux retenus pour l'application de l'article L. 302-5.

« Un décret en Conseil d'Etat fixe le contenu de l'inventaire visé au premier alinéa,

permettant notamment de localiser les logements sociaux décomptés.

« Art. L. 302-7. - A compter du 1er janvier 2002, il est effectué chaque année un

prélèvement sur les ressources fiscales des communes visées à l'article L. 302-5, à

l'exception de celles qui bénéficient de la dotation de solidarité urbaine prévue par

l'article L. 2334-15 du code général des collectivités territoriales lorsque le nombre

des logements sociaux y excède 15 % des résidences principales.

« Ce prélèvement est égal à 1 000 F multipliés par la différence entre 20 % des

résidences principales au sens du I de l'article 1411 du code général des impôts et le

nombre de logements sociaux existant dans la commune l'année précédente,

comme il est dit à l'article L. 302-5, sans pouvoir excéder 5 % du montant des

dépenses réelles de fonctionnement de la commune constatées dans le compte

administratif afférent au pénultième exercice.

« Pour toutes les communes dont le potentiel fiscal par habitant défini à l'article L.

2334-4 du code général des collectivités territoriales est supérieur à 5 000 F

l'année de la promulgation de la loi no 2000-1208 du 13 décembre 2000 relative à

la solidarité et au renouvellement urbains, ce prélèvement est fixé à 20 % du

potentiel fiscal par habitant multipliés par la différence entre 20 % des résidences

principales au sens du I de l'article 1411 du code général des impôts et le nombre de

logements sociaux existant dans la commune l'année précédente, comme il est dit

à l'article L. 302-5, sans pouvoir excéder 5 % du montant des dépenses réelles de

fonctionnement de la commune constatées dans le compte administratif afférent

au pénultième exercice.

« Le seuil de 5 000 F est actualisé chaque année suivante en fonction du taux

moyen de progression du potentiel fiscal par habitant de l'ensemble des communes

de plus de 1 500 habitants.

« Le prélèvement n'est pas effectué s'il est inférieur à la somme de 25 000 F.

« Le prélèvement est diminué du montant des dépenses exposées par la commune,

pendant le pénultième exercice, au titre des subventions foncières mentionnées à

l'article L. 2254-1 du code général des collectivités territoriales, des travaux de

viabilisation des terrains ou des biens immobiliers mis ensuite à disposition pour la

réalisation de logements sociaux et des moins-values correspondant à la différence

entre le prix de cession de terrains ou de biens immobiliers donnant lieu à la

réalisation effective de logements sociaux et leur valeur vénale estimée par le

service des domaines.

169HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO168 Apêndice C

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice C

Page 171: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

résultant d'une zone A, B ou C d'un plan d'exposition au bruit approuvé en

application de l'article L. 147-1 du code de l'urbanisme ou d'une servitude de

protection instituée en application des articles L. 515-8 à L. 515-11 du code de

l'environnement.

Les logements locatifs sociaux retenus pour l'application du présent article sont :

1o Les logements locatifs appartenant aux organismes d'habitation à loyer

modéré, à l'exception, en métropole, de ceux construits, ou acquis et améliorés à

compter du 5 janvier 1977 et ne faisant pas l'objet d'une convention définie à

l'article L. 351-2 ;

« 2o Les autres logements conventionnés dans les conditions définies à l'article L.

351-2 et dont l'accès est soumis à des conditions de ressources ;

« 3o Les logements appartenant aux sociétés d'économie mixte des départements

d'outre-mer, les logements appartenant à l'Entreprise minière et chimique et aux

sociétés à participation majoritaire de l'Entreprise minière et chimique, les

logements appartenant aux houillères de bassin, aux sociétés à participation

majoritaire des houillères de bassin ainsi qu'aux sociétés à participation majoritaire

des Charbonnages de France et à l'établissement public de gestion immobilière du

Nord - Pas-de-Calais ;

« 4o Les logements ou les lits des logements-foyers de personnes âgées, de

personnes handicapées, de jeunes travailleurs, de travailleurs migrants et des

logements-foyers dénommés résidences sociales, conventionnés dans les

conditions définies au 5o de l'article L. 351-2 ainsi que les places des centres

d'hébergement et de réinsertion sociale visées à l'article 185 du code de la famille et

de l'aide sociale. Les lits des logements-foyers et les places des centres

d'hébergement et de réinsertion sociale sont pris en compte dans des conditions

fixées par décret.

« Les résidences principales retenues pour l'application du présent article sont

celles qui figurent au rôle établi pour la perception de la taxe d'habitation.

« Art. L. 302-6. - Dans les communes situées dans les agglomérations visées par la

présente section, les personnes morales, propriétaires ou gestionnaires de

logements sociaux au sens de l'article L. 302-5, sont tenues de fournir au préfet,

chaque année avant le 1er juillet, un inventaire par commune des logements

sociaux dont elles sont propriétaires ou gestionnaires au 1er janvier de l'année en

cours.

« Le défaut de production de l'inventaire mentionné ci-dessus, ou la production d'un

inventaire manifestement erroné donne lieu à l'application d'une amende de 10

000 F recouvrée comme en matière de taxe sur les salaires.

« Le préfet communique chaque année à chaque commune susceptible d'être visée

à l'article L. 302-5, avant le 1er septembre, les inventaires la concernant assortis

du nombre de logements sociaux décomptés en application de l'article L. 302-5 sur

son territoire au 1er janvier de l'année en cours, lorsque le nombre de logements

sociaux décomptés représente moins de 20 % des résidences principales de la

commune. La commune dispose de deux mois pour présenter ses observations.

« Après examen de ces observations, le préfet notifie avant le 31 décembre le

nombre de logements sociaux retenus pour l'application de l'article L. 302-5.

« Un décret en Conseil d'Etat fixe le contenu de l'inventaire visé au premier alinéa,

permettant notamment de localiser les logements sociaux décomptés.

« Art. L. 302-7. - A compter du 1er janvier 2002, il est effectué chaque année un

prélèvement sur les ressources fiscales des communes visées à l'article L. 302-5, à

l'exception de celles qui bénéficient de la dotation de solidarité urbaine prévue par

l'article L. 2334-15 du code général des collectivités territoriales lorsque le nombre

des logements sociaux y excède 15 % des résidences principales.

« Ce prélèvement est égal à 1 000 F multipliés par la différence entre 20 % des

résidences principales au sens du I de l'article 1411 du code général des impôts et le

nombre de logements sociaux existant dans la commune l'année précédente,

comme il est dit à l'article L. 302-5, sans pouvoir excéder 5 % du montant des

dépenses réelles de fonctionnement de la commune constatées dans le compte

administratif afférent au pénultième exercice.

« Pour toutes les communes dont le potentiel fiscal par habitant défini à l'article L.

2334-4 du code général des collectivités territoriales est supérieur à 5 000 F

l'année de la promulgation de la loi no 2000-1208 du 13 décembre 2000 relative à

la solidarité et au renouvellement urbains, ce prélèvement est fixé à 20 % du

potentiel fiscal par habitant multipliés par la différence entre 20 % des résidences

principales au sens du I de l'article 1411 du code général des impôts et le nombre de

logements sociaux existant dans la commune l'année précédente, comme il est dit

à l'article L. 302-5, sans pouvoir excéder 5 % du montant des dépenses réelles de

fonctionnement de la commune constatées dans le compte administratif afférent

au pénultième exercice.

« Le seuil de 5 000 F est actualisé chaque année suivante en fonction du taux

moyen de progression du potentiel fiscal par habitant de l'ensemble des communes

de plus de 1 500 habitants.

« Le prélèvement n'est pas effectué s'il est inférieur à la somme de 25 000 F.

« Le prélèvement est diminué du montant des dépenses exposées par la commune,

pendant le pénultième exercice, au titre des subventions foncières mentionnées à

l'article L. 2254-1 du code général des collectivités territoriales, des travaux de

viabilisation des terrains ou des biens immobiliers mis ensuite à disposition pour la

réalisation de logements sociaux et des moins-values correspondant à la différence

entre le prix de cession de terrains ou de biens immobiliers donnant lieu à la

réalisation effective de logements sociaux et leur valeur vénale estimée par le

service des domaines.

169HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO168 Apêndice C

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice C

Page 172: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

« Si le montant de ces dépenses et moins-values de cession est supérieur au

prélèvement d'une année, le surplus peut être déduit du prélèvement de l'année

suivante. Un décret en Conseil d'Etat précise la nature des dépenses déductibles et

les modalités de déclarations de ces dépenses par les communes.

« Le produit de la taxe foncière sur les propriétés bâties, de la taxe foncière sur les

propriétés non bâties, de la taxe d'habitation et de la taxe professionnelle inscrit à

la section de fonctionnement du budget des communes soumises au prélèvement

institué au présent article est diminué du montant de ce prélèvement. Celui-ci est

imputé sur les attributions mentionnées au premier alinéa de l'article L. 2332-2 du

code général des collectivités territoriales.

« Lorsque la commune appartient à une communauté urbaine, à une communauté

d'agglomération, une communauté d'agglomération nouvelle, une communauté de

communes ou à un syndicat d'agglomération nouvelle compétents pour effectuer

des réserves foncières en vue de la réalisation de logements sociaux et lorsque cet

établissement public est doté d'un programme local de l'habitat, la somme

correspondante est versée à l'établissement public de coopération intercommunale

; en sont déduites les dépenses définies au sixième alinéa et effectivement

exposées par la commune pour la réalisation de logements sociaux. Elle est utilisée

pour financer des acquisitions foncières et immobilières en vue de la réalisation de

logements locatifs sociaux et, notamment dans les quartiers inscrits en contrat de

ville ou dans des zones urbaines sensibles, des opérations de renouvellement et de

requalification urbains.

« A défaut, et hors Ile-de-France, elle est versée à l'établissement public foncier

créé en application de l'article L. 324-1 du code de l'urbanisme, si la commune

appartient à un tel établissement.

« A défaut, elle est versée à un fonds d'aménagement urbain destiné aux communes

et aux établissements publics de coopération intercommunale pour des actions

foncières et immobilières en faveur du logement social.

« Art. L. 302-8. - Le conseil municipal définit un objectif de réalisation de logements

locatifs sociaux qui ne peut être inférieur au nombre de logements locatifs sociaux

nécessaires pour atteindre 20 % du total des résidences principales.

« Toutefois, lorsqu'une commune appartient à une communauté urbaine, une

communauté d'agglomération, une communauté d'agglomération nouvelle, une

communauté de communes ou à un syndicat d'agglomération nouvelle compétents

en matière de programme local de l'habitat, celui-ci fixe, de façon à favoriser la

mixité sociale en assurant entre les communes une répartition équilibrée et

diversifiée de l'offre de logements, l'objectif de réalisation de logements locatifs

sociaux sur le territoire de la commune de manière à accroître la part de ces

logements par rapport au nombre de résidences principales. L'objectif de

réalisation de logements locatifs sociaux pour l'ensemble des communes de la

communauté ne peut être inférieur au nombre total de logements locatifs sociaux

dont la réalisation serait nécessaire, dans les communes soumises au prélèvement

prévu par le premier alinéa de l'article L. 302-7, pour atteindre 20 % du total des

résidences principales de ces communes, chacune de ces dernières devant se

rapprocher de l'objectif de 20 %. Les communes non soumises à ce prélèvement ne

peuvent se voir imposer la construction de logements sociaux supplémentaires sans

leur accord.

« A Paris, Lyon et Marseille, le programme local de l'habitat fixe, de façon à favoriser

la mixité sociale en assurant entre les arrondissements une répartition équilibrée

et diversifiée de l'offre de logements, l'objectif de réalisation de logements sociaux

sur le territoire de l'arrondissement de manière à accroître la part des logements

par rapport au nombre de résidences principales.

« Les programmes locaux de l'habitat précisent l'échéancier et les conditions de

réalisation, ainsi que la répartition équilibrée de la taille, des logements sociaux

soit par des constructions neuves, soit par l'acquisition de bâtiments existants, par

période triennale. Ils définissent également un plan de revalorisation de l'habitat

locatif social existant, de façon à préserver partout la mixité sociale sans créer de

nouvelles ségrégations. A défaut de programme local de l'habitat approuvé avant le

31 décembre 2001, la commune prend, sur son territoire, les dispositions

nécessaires pour permettre la réalisation du nombre de logements locatifs sociaux

prévus au premier alinéa ci-dessus.

« L'accroissement net du nombre de logements locatifs sociaux prévu pour chaque

période triennale ne peut être inférieur à 15 % de la différence entre le nombre de

logements sociaux correspondant à l'objectif fixé au premier ou, le cas échéant, au

deuxième alinéa et le nombre de logements sociaux sur le territoire de la commune.

Ces chiffres sont réévalués à l'issue de chaque période triennale.

« Art. L. 302-9. - La collectivité ou l'établissement public de coopération

intercommunale ayant approuvé le programme local de l'habitat établit, au terme

de chaque période triennale, un bilan portant en particulier sur le respect des

engagements en matière de mixité sociale. Celui-ci est communiqué au conseil

départemental de l'habitat. Dispositions déclarées non conformes à la Constitution

par décision du Conseil constitutionnel no 2000-436 DC du 7 décembre 2000.

« Art. L. 302-9-1. - Dispositions déclarées non conformes à la Constitution par

décision du Conseil constitutionnel no 2000-436 DC du 7 décembre 2000.

« Art. L. 302-9-2. - Un décret en Conseil d'Etat détermine, en tant que de besoin,

les conditions d'application du présent chapitre, notamment celles nécessitées par

la situation particulière des départements d'outre-mer. »

171HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO170 Apêndice C

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice C

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« Si le montant de ces dépenses et moins-values de cession est supérieur au

prélèvement d'une année, le surplus peut être déduit du prélèvement de l'année

suivante. Un décret en Conseil d'Etat précise la nature des dépenses déductibles et

les modalités de déclarations de ces dépenses par les communes.

« Le produit de la taxe foncière sur les propriétés bâties, de la taxe foncière sur les

propriétés non bâties, de la taxe d'habitation et de la taxe professionnelle inscrit à

la section de fonctionnement du budget des communes soumises au prélèvement

institué au présent article est diminué du montant de ce prélèvement. Celui-ci est

imputé sur les attributions mentionnées au premier alinéa de l'article L. 2332-2 du

code général des collectivités territoriales.

« Lorsque la commune appartient à une communauté urbaine, à une communauté

d'agglomération, une communauté d'agglomération nouvelle, une communauté de

communes ou à un syndicat d'agglomération nouvelle compétents pour effectuer

des réserves foncières en vue de la réalisation de logements sociaux et lorsque cet

établissement public est doté d'un programme local de l'habitat, la somme

correspondante est versée à l'établissement public de coopération intercommunale

; en sont déduites les dépenses définies au sixième alinéa et effectivement

exposées par la commune pour la réalisation de logements sociaux. Elle est utilisée

pour financer des acquisitions foncières et immobilières en vue de la réalisation de

logements locatifs sociaux et, notamment dans les quartiers inscrits en contrat de

ville ou dans des zones urbaines sensibles, des opérations de renouvellement et de

requalification urbains.

« A défaut, et hors Ile-de-France, elle est versée à l'établissement public foncier

créé en application de l'article L. 324-1 du code de l'urbanisme, si la commune

appartient à un tel établissement.

« A défaut, elle est versée à un fonds d'aménagement urbain destiné aux communes

et aux établissements publics de coopération intercommunale pour des actions

foncières et immobilières en faveur du logement social.

« Art. L. 302-8. - Le conseil municipal définit un objectif de réalisation de logements

locatifs sociaux qui ne peut être inférieur au nombre de logements locatifs sociaux

nécessaires pour atteindre 20 % du total des résidences principales.

« Toutefois, lorsqu'une commune appartient à une communauté urbaine, une

communauté d'agglomération, une communauté d'agglomération nouvelle, une

communauté de communes ou à un syndicat d'agglomération nouvelle compétents

en matière de programme local de l'habitat, celui-ci fixe, de façon à favoriser la

mixité sociale en assurant entre les communes une répartition équilibrée et

diversifiée de l'offre de logements, l'objectif de réalisation de logements locatifs

sociaux sur le territoire de la commune de manière à accroître la part de ces

logements par rapport au nombre de résidences principales. L'objectif de

réalisation de logements locatifs sociaux pour l'ensemble des communes de la

communauté ne peut être inférieur au nombre total de logements locatifs sociaux

dont la réalisation serait nécessaire, dans les communes soumises au prélèvement

prévu par le premier alinéa de l'article L. 302-7, pour atteindre 20 % du total des

résidences principales de ces communes, chacune de ces dernières devant se

rapprocher de l'objectif de 20 %. Les communes non soumises à ce prélèvement ne

peuvent se voir imposer la construction de logements sociaux supplémentaires sans

leur accord.

« A Paris, Lyon et Marseille, le programme local de l'habitat fixe, de façon à favoriser

la mixité sociale en assurant entre les arrondissements une répartition équilibrée

et diversifiée de l'offre de logements, l'objectif de réalisation de logements sociaux

sur le territoire de l'arrondissement de manière à accroître la part des logements

par rapport au nombre de résidences principales.

« Les programmes locaux de l'habitat précisent l'échéancier et les conditions de

réalisation, ainsi que la répartition équilibrée de la taille, des logements sociaux

soit par des constructions neuves, soit par l'acquisition de bâtiments existants, par

période triennale. Ils définissent également un plan de revalorisation de l'habitat

locatif social existant, de façon à préserver partout la mixité sociale sans créer de

nouvelles ségrégations. A défaut de programme local de l'habitat approuvé avant le

31 décembre 2001, la commune prend, sur son territoire, les dispositions

nécessaires pour permettre la réalisation du nombre de logements locatifs sociaux

prévus au premier alinéa ci-dessus.

« L'accroissement net du nombre de logements locatifs sociaux prévu pour chaque

période triennale ne peut être inférieur à 15 % de la différence entre le nombre de

logements sociaux correspondant à l'objectif fixé au premier ou, le cas échéant, au

deuxième alinéa et le nombre de logements sociaux sur le territoire de la commune.

Ces chiffres sont réévalués à l'issue de chaque période triennale.

« Art. L. 302-9. - La collectivité ou l'établissement public de coopération

intercommunale ayant approuvé le programme local de l'habitat établit, au terme

de chaque période triennale, un bilan portant en particulier sur le respect des

engagements en matière de mixité sociale. Celui-ci est communiqué au conseil

départemental de l'habitat. Dispositions déclarées non conformes à la Constitution

par décision du Conseil constitutionnel no 2000-436 DC du 7 décembre 2000.

« Art. L. 302-9-1. - Dispositions déclarées non conformes à la Constitution par

décision du Conseil constitutionnel no 2000-436 DC du 7 décembre 2000.

« Art. L. 302-9-2. - Un décret en Conseil d'Etat détermine, en tant que de besoin,

les conditions d'application du présent chapitre, notamment celles nécessitées par

la situation particulière des départements d'outre-mer. »

171HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO170 Apêndice C

HABITAÇÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA REABILITAÇÃO URBANA

DA ÁREA CENTRAL DE SÃO PAULO

Apêndice C

Page 174: Habitação social no contexto da reabilitação urbana da Área ...

Habitação social

São Paulo

2004

ÉRICA CRISTINA CASTILHO DIOGO

no contexto da reabilitação urbana da Área Central de São Paulo

U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L OFACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

Dissertação de Mestrado

Orientadora:

Ermínia Maricato