Hab.reab.Cognitiva
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Neuroplasticidade e neurodesenvolvimento
paradigmas integrados de intervenção
Dra. Sandra Avelar Duarte
DESENVOLVIMENTO PÓS-NATAL DO CÉREBRO
Após o nascimento:
O cérebro não se desenvolve
de forma linear,
mas sim por picos de crescimento:3/10 meses até
aos 18 meses
2 anos aos 4/5 anos
6 anos aos 12/13 anos
14 anos aos 16 anos
ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE PIAGET
Sensório-motor 0 a 2 anos
Conhecimento do mundo
baseado nos sentidos e
habilidades motoras. No final do
período emprega representações
mentais
Pensamento pré-operatório 2 a 6 anos
Uso de símbolos, palavras,
números para representar aspectos
do mundo. O mundo é fruto da
percepção imediata
Pensamento operatório-
concrecto
7 a 11 anos
Aplicação de operações lógicas e
experiências centradas no aqui e
agora. Início da verificação das
operações mentais
Pensamento operatório-formal Adolescência em diante
Pensamento abstracto, especulação
sobre situações hipotéticas,
raciocínio dedutivo. Planeamento,
imaginação
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Funções Invariantes
ADAPTAÇÃO
Assimilação
incorpora elementos novos em esquemas
anteriores
Acomodação modificação da
estrutura em função das modificações do meio
ORGANIZAÇÃO Equilibração
APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO
Os estádios são degraus em direcção ao equilíbrio. A aprendizagem decorre em função das
equilibrações sucessivas
A Assimilação incorpora experiência, a realidade exterior, informação nova nos esquemas
anteriores e a inteligência modifica sem cessar estes “esquemas” para juntá-los aos novos
dados
A Adaptação intelectual é um equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e
uma acomodação complementar. Resulta num sistema estável quando há equilíbrio entre
ambos.
As dificuldades em aprender acontecem muitas vezes devido à baixa auto-estima e
baixa tolerância à frustração porque a criança se recusa a sair da sua “zona de
conforto” por medo em confrontar-se com novos elementos, medo de não conseguir
assimilar a nova informação e não corresponder às expectativas sociais,
permanecendo nos “esquemas anteriores” comprometendo a evolução.
NÃO É PREGUIÇA!
ADAPTAÇÃO INTELECTUAL
“É adaptando-se às coisas que o pensamento se organiza a si próprio e é organizando-se a si próprio que ele estrutura as coisas”
Isto traduz-se no “acordo do pensamento com as coisas” e no “acordo do pensamento consigo próprio”
(Piaget)
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
As alterações instrumentais em funções nervosas
complexas menos estruturadas resultam em
dificuldades de aprendizagem porque
condicionam o processo piagetiano de
assimilação, acomodação e de adaptação,
fundamentais ao desenvolvimento intelectual
normal da criança
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Referem-se a um grupo heterogéneo de alterações que se manifesta por
dificuldades significativas na aquisição e utilização das habilitações:
auditivas
verbais
raciocínio
leitura
escrita
matemáticas
aptidões sociais
Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas a uma disfunção do sistema nervoso central
Pensa-se também que a dificuldade de aprendizagem pode ocorrer concomitantemente com outros handicaps, com influência socio-ambientais e especialmente com défice de atenção, cada
um deles podendo causar problemas de aprendizagem
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Esta definição inclui deficiências nas aptidões sociais.
PRIMEIRO – A definição proposta reconhece directamente a natureza heterogénea dos problemas de aprendizagem e indirectamente encoraja clínicos e investigadores e examinarem os aspectos multidimensionais da aprendizagem.
SEGUNDO – A definição reconhece as bases neurobiológicas que hipoteticamente estarão relacionadas.
TERCEIRO – A definição assume que uma dificuldade de aprendizagem especifica coexiste frequentemente com outras dificuldades.
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NO DESENVOLVIMENTO
O sistema nervoso desenvolve-se
independentemente do ambiente mas requer
estimulação para manter a função
O sistema nervoso desenvolve-se
independentemente, só em parte, porque requer
estimulação para continuar a sua maturação a partir de certa altura do
desenvolvimento
Estimulação inapropriada pode mudar as
potencialidades do sistema nervoso.
(O meio social pode “acelerar ou retardar a aparição de um estádio, ou mesmo impedir a
sua manifestação” Piaget)
As propriedades do sistema nervoso não são inatas e desenvolvem-se
somente com a estimulação apropriada
INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NO
DESENVOLVIMENTO
“ O SUJEITO CONSTITUI-SE AO
AO MESMO TEMPO QUE
CONSTITUI O MUNDO QUE
O CERCA”.
(Piaget)
LESÃO CEREBRAL E
DESENVOLVIMENTO
Uma lesão ocorrendo cedo nem sempre tem melhor
prognóstico e por vezes pode ser mais grave
Cada caso depende:
da extensão da lesão
da idade em que a lesão ocorre
LESÃO CEREBRAL E
DESENVOLVIMENTO
A importância dos efeitos em função da idade:
Antes de 1 ano - grande incapacidade
Entre 1 e 5 anos – permite a reorganização das áreas
cerebrais
Depois dos 5 anos - reduz substancialmente a
possibilidade de outra área cerebral adoptar as funções
da área lesada
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Particularmente importante para as D.A. é a idade em que o dano cerebral aconteceu.
No caso das perturbações desenvolvimentais de aprendizagem, a lesão é assumida correntemente como estando presente ainda antes do nascimento, resultando de erros do neuro-desenvolvimento.
(Galaburda et al;1985)
PROGNÓSTICO
Essencial para a planificação do tratamento
Objectivos Fundamentais
associados com o incremento
funcional versus anterior deterioração
todas as potenciais
sequelas ou efeitos
secundários
o nível, extensão e
cronologia da lesão cerebral
PROGNÓSTICO
Envolve a predição sobre os resultados a curto e a longo termo
e ainda outros tipos de d.a. que podem
ser previstos a partir de variáveis pré-
escolares.
ou pelo contrário, que tipos de d.a. identificados na
infância mantêm o mesmo perfil em
adulto
A sua importância resulta do facto de se
saber que tipos particulares de d.a.
identificados na infância podem
desenvolver maiores défices em adulto
ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA INTENSIVATRÊS PRINCÍPIOS
Mais do que na atitude reabilitativa tradicional que se centrava no conteúdo e
no produto, esta abordagem tende a focar-se na OPERAÇÃO (sucessiva e
simultânea)
• características do estímuloCONTEÚDO
• características do processo neurocognitivo –
OPERAÇÃO
• características da respostaPRODUTO
ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA INTENSIVA
Dirigido individualmente a alvos específicos:- treino cognitivo simultâneo- treino cognitivo sucessivo
A alternância entre o treino sucessivo e simultâneo é mediado pelo
técnico que ao fazer mediação verbal cria uma nova narrativa, uma
nova consciência e por isso uma nova memória.
A consciência é verbal e só se adquire através da fala.
ABORDAGEM NEUROPSICOLÓGICA
INTENSIVA
Procura identificar formas pedagógicas para determinar
como ensinar em vez do que ensinar
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
Dra. Sandra Avelar Duarte
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVA
A generalidade das crianças que acompanhamos
apresentam queixas de dificuldades escolares,
sejam dificuldades globais de aprendizagem ou
dificuldades disciplinares específicas, como
mais usualmente no caso da Matemática, da
Leitura e da Escrita
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
É em função destas queixas
que os psicólogos procedem
a uma avaliação intensiva
que permite uma análise
compreensiva da natureza
desses problemas.
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
Procuramos identificar detalhadamente estas
dificuldades ou défices cognitivos, e ajudar a
resolvê-los antes de assumirem consequências
sérias, tentando minimizar a sua duração e
reduzir o seu impacto através dum processo de
reabilitação cognitiva realizado com a ajuda dum
computador com software apropriado e técnicas
de papel e lápis.
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
A partir dos resultados da
avaliação é traçado um
plano de Reabilitação
Neuropsicológica adaptado
a cada sujeito.
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
• Para se tratar um défice é necessário compreender
perfeitamente a sua natureza.
• Actualmente considera-se a abordagem multidimensional
como a mais benéfica do ponto de vista individual e social.
• No caso das lesões adquiridas a restauração da sua auto-
imagem e dos principais traços da sua personalidade são
essenciais e necessitam de um acompanhamento rigoroso.
PREVENÇÃO
Intervenção primária
o primeiro
objectivo é
reduzir o
número de
casos com
disfuncionalida
de cognitiva
Intervenção secundária
envolve a
identificação e
tratamento dos
problemas antes
de estes
assumirem
consequências
sérias
Intervenção terciária
consiste em
identificar a
disfunção,
minimizar a sua
duração e reduzir o
seu impacto
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
Neste contexto, reabilitar ou mesmo habilitar
significa ajudar a criança a encontrar o seu
próprio caminho de aprendizagem e a as suas
próprias estratégias de resolução dos problemas
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
O conceito de Reabilitação pressupõe sempre
uma dimensão de mudança pessoal. É um
processo interactivo onde a criança trabalha
conjuntamente com o terapeuta no sentido de
resolver, reduzir ou ultrapassar o problema.
HABILITAÇÃO, REABILITAÇÃO E
REESTRUTURAÇÃO COGNITIVAS
A Reabilitação é perspectivada
numa base de recuperação,
potencialização e maximização
das capacidades cognitivas que
se encontram diminuídas e/ou
pouco estruturadas
Com este tipo de treino cognitivo-comportamental procuram
desenvolver-se competências
Baseia-se no
desenvolvimento
da noção de
controlo verbal
sobre o
comportamento
motor
Utiliza processos
internos cognitivos
e de linguagem para
alterar o
comportamento e a
função
A criança tem um espaço no qual pode aprender a desenvolver e a usar técnicas de maneira a auto-ajudar-se
Com este tipo de treino cognitivo-comportamental procuram
desenvolver-se competências
A criança é ensinada a persistirna tarefa monitorizando seu desempenho
O mediador é um técnico que se interpõe entre a criança e a tarefa, interpretando apropriadamente o raciocínio,seleccionando, focando e sequenciando objectos ou acontecimentos
O ensino e orientação do familiar são muito importantes na intervenção neuropsicológica
OBJECTIVOS DA REABILITAÇÃO COGNITIVA
Tentar restaurar a função
cognitiva em défice
Reorganização funcional
Ultrapassar ou prevenir o problema,
mudando ou reestruturando o envolvimento
Ajudar a criança a usar
as suas funções duma forma
efectiva
Adaptação funcional, ou encontrar o
caminho para realizar os objectivos
TREINO COGNITIVO COMPUTORIZADO
1 - Tarefas adaptadas às capacidades de cada criança;
2 - A mudança do grau de dificuldade é realizada
adaptativamente;
3 - O treino deverá ser motivador;
4 - O treino é multidimensional, ajusta-se ao grau de
dificuldade da criança e também ao grupo de funções
cognitivas que devem ser treinadas;
5 - No final de cada sessão, a criança pode confirmar o
desempenho do seu treino através de um diagrama.
PROGRAMAS DO TREINO
• Atenção e Concentração;
• Memória Topológica;
• Memória de Palavras;
• Memória de Faces;
• Capacidade de Reacção;
PROGRAMAS DO TREINO
• Operações Espaciais;
• Raciocínio Lógico;
• Aprendizagem Saccade;
• Coordenação Visuo-Motora;
• Capacidade Visuo-Construtiva.
PROGRAMAS DO TREINO
• Atenção e Concentração;
• Memória Topológica;
• Memória de Palavras;
• Capacidade de Reacção;
• Raciocínio Lógico.
ESTRATÉGIAS GERAIS AOS PROGRAMAS
• Respeitar o ritmo de cada criança permite-nos
potencializar o treino progressivo
• Respeitar o seu tipo de discurso, deste depende a nossa
verbalização que funciona como estímulo
• Tríade: Estímulo, Correcção, Reforço Positivo. O
treino progride com a continuidade desta tríade
• Respeitar o Timing entre o reforço e a paragem da
verbalização, respeitando o ritmo de cada treino
ESTRATÉGIAS GERAIS AOS PROGRAMAS
• Proporcionar espaço e tempo à criança para descobrir
o erro, tendo em atenção o seu nível de frustração
• Promover o mínimo de flutuações em termos de
frustração a partir do nosso movimento antecipatório
• Atitude pedagógica no sentido de dinamizar a inter-
relação e a própria reabilitação, dependendo do grau
de diferenciação de cada um
TÉCNICAS DE PAPEL E LÁPIS
CONCLUSÃO
Os quadros neuropsicológicos
apesar de se diferenciarem,
em função de cada caso,
assumem características
comuns que nos permitem
estabelecer um prognóstico
quanto ao potencial de
reabilitação de cada criança
Isto possibilita-nos comunicar
previamente ao cuidador, os
níveis de progressão até à
estabilização no patamar da
autonomia funcional
CONCLUSÃO
A necessidade de se
reabilitarem as alterações
funcionais tem vindo a ganhar
um carácter emergente, na
mesma medida em que se tem
evoluído no conhecimento
científico, com melhores
possibilidades de (re)inserção
escolar das crianças