Hans Staden - A Terra e seus Habitantes

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Livro Segundo A TERRA E SEUS HABITANTES Hans Staden “Pequeno relatório verídico sobre a vida e costumes dos tupinanbás dos quais fui prisioneiro.”

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A TERRA E SEUS HABITANTES - Hans StadenApresentação sobre a visão de Hans Staden do Brasil

Transcript of Hans Staden - A Terra e seus Habitantes

  • Livro Segundo

    A TERRA E SEUS HABITANTES

    Hans Staden

    Pequeno relatrio verdico sobre a vida e

    costumes dos tupinanbs dos quais fui

    prisioneiro.

  • A LITERATURA BRASILEIRA E A CONSTRUO

    DA NACIONALIDADE

    Profs: Mnica Menezes e Francielle Santos

    Componentes:

    Daiane Bastos

    Emmanuele Pereira

    Larissa Cardoso

    Juan Messias

    Jssica Queiroz

    Tain Santana

  • Hans StadenNascimento 1525

    Honberg

    (Efze)

    Morte 1579

    (54 anos)

    Wolfhagenn

    Nacionalidade alem

    Ocupao Marinheiro,

    aventureiro,

    mercenrio e

    cronista.

  • O outro ...

    o E gente capaz, astuta e maldosa, sempre pronta paraperseguir os inimigos e devor-los. pg. 152

    o Quando individuos de tribus estranhas entram em seusdomnios, comem nos. O mesmo fazem com les. pg. 153

    o Acedem o fogo com dois pedaos de pau, como tambmos outros selvagens. pg. 153

    o Tratam com mais ferocidade os seus inimigos do que stesos tratam e cortam-lhes muitas vezes, com sanha furiosa, aspernas e braos do corpo em vida . Os outros, porm,matam primeiro o inimigo, antes de esquartej-lo e com-lo.Pg. 154

  • O outro...

    De noite entretm permanentemente uma fogueira etambm no gostam de sair fra das cabanas, naescurido, sem fogo, para as suas necessidades, detanto medo que tm do diabo, ao qual chamamAnhanga e acreditam muitas vezes ver. pg 158

    Raras vezes vem de mos vazias aquele que vai caa. pg 159

    So muitos benevlos entre si; o que um tem em maiorquatidade para comer do que outro cede-lho. pg167

    Assim do apelidos aos seus filhos, sem batismo nemcircunciso. pg.170

  • "Fisicamente nus, os ndios tambm so, na opinio deColombo , desprovidos de qualquer propriedade

    cultural, caracterizam, de certo modo, pela ausncia

    de costumes, ritos e religio (o que tem uma certa

    lgica, j que, para um homem como Colombo, os

    seres humanos passam a vestir-se aps a expulso do

    paraso , e esta situa-se na origem da sua identidade

    cultural)." pg. 48 49

    TODOROV, 2003

  • Como era descrita a natureza ?

    A Amrica uma terra vasta. L existem muitastribus de homens selvagens com muitas lnguasdiversas, e numerosos animais esquisitos. Tem umaspecto agradvel. As rvores esto sempre verdes;a no medram as semelhantes s nossas hessianas.pag. 152

    Na parte da terra que fica entre os trpicos, emnenhum tempo do ano faz frio, como aqui, no dia deSo Miguel, mas a terra ao sul do trpico doCapricrnio um pouco mais fria. pag.152

    Por entre as montanhas nascem muitos lindos cursosde gua, e existe muita caa. pag.153

  • Como era descrita a natureza ?

    Os ndios conhecem geralmente o grito dos animais eo canto dos pssaros e valem-se disto para assimmelhor espreit-los e atir-los. pag.153

    Os tupinambs habitam defronte da citada grandeserra bem junto ao mar; mas tambm alm damontanha se estende o seu territrio por cerca desessenta milhas. pag.154

    Edificam suas habitaes de preferncia em lugaresem cuja proximidade tm gua e lenha, assim comocaa e peixe. pag.155

  • Como a humanidade e a sua cultura so

    descritas ?

    [...] Os habitantes andam nus.[...] A vive uma tribu dendios que se chama caraijs. Servem-se de peles de

    animais selvagens, preparam-nas bem e cobrem-se com

    elas. Suas mulheres fazem tecidos de fio de algodo como

    sacos, abertos em cima e em baixo. Vestem-nos e chamam-

    nos em sua lngua tipoi. pg.152

    Na serra vive uma raa de ndios que se chama guaians.No tem domiclio fixo como os outros selvcolas que

    habitam defronte ou atrs dos montes, e fazem guerra

    contra todas as outras tribos. Quando os indivduos

    estranhas entram em seus domnios, comem-nos. O mesmo

    fazem os outros com eles. pg.153

  • Como a humanidade e a sua cultura so

    descritas ?

    Os habitantes tm corpo de cr pardo-avermelhada.Isto provm do sol, que os queima muito. E gente

    astuta e maldosa, sempre pronta para perseguir os

    inimigos e devor-los. pg.152

    Todas estas tribos as guerreiam entre si, e quandoalgum apanha um inimigo, come-os. pg. 155

    De noite entretm permanentemente uma fogueira etambm no gostam de sair fora cabanas, na

    escurido, sem fogo, para as suas necessidades, de

    tanto medo que tm do diabo, ao qual chamam

    Anhanga e acreditam muitas vezes ver. pg. 158

  • Diferenas entre Guaians e tupinambs

    Deixam crescer os cabelos e as unhas. Como outros gentios, tm asmatracas chamadas maracs, que consideram deuses. pg. 154

    So gente bonita de corpo e estatura, homens e mulheres igualmente,como as pessoas daqui; apenas, so queimadas do sol, pois andam

    todos ns, moos e velhos, e nada absolutamente trazem sobre as

    partes pudendas. Mas se configuram com pinturas. No tm barba,

    pois arrancam os pelos, com as razes, to pronto lhe nascem. Atravs

    do lbio inferior, das bochechas e orelhas fazem furos e a penduram

    pedras. E o seu ornato. Alm disso, ataviam-se com penas. pg. 161

    Os selvagens no tm governo, nem direito estabelecidos. Cadacabana tem um superior. Este o principal. Todos os seus principais so

    da mesma linhagem idntica e tm direito igual de ordenar e reger.

    [...] Fora disso nenhum privilgio observei entre eles, a no ser que os

    mais moos devem obedincia aos mais velhos, como exige o seu

    costume. pg. 164

  • Qual discurso colonizatrio

    predomina?

    A)Do expansionalismo mercantilista?

    B)Da cristianizao

  • Por que os portugueses no

    consideravam os ndios os donos da

    terra?

    Antes de mais nada, preciso lembrar queos ndios, com razo, se consideravam os

    donos da terra [...] por outro lado, os

    portugueses viam-se como conquistadores e,

    portanto, julgavam-se com o direito de

    explorar o territrio "descoberto" de acordo

    com seus interesses (Marta Iansen)

  • Contextualizando ...

  • PINDORAMA (fragmento)

    Vera Cruz, Vera Cruz

    Quem achou foi Portugal

    Vera Cruz, Vera Cruz

    Atrs do Monte Pascoal

    Bem ali Cabral viu

    Dia 22 de abril

    No s viu, descobriu

    Toda a terra do Brasil

    Pindorama

    Mas os ndios j estavam aqui

    Pindorama, Pindorama

    J falavam tupi-tupi

    S depois, vm vocs

    Que falavam tupi-portugus

    S depois com vocs

    Nossa vida mudou de uma

    vez

  • Afonso Arinos de Melo Franco ao

    mencionar:

    Quando as caravelas afortunadas de Cabral se

    acercaram das praias de Vera Cruz, o espanto maior

    dos nautas no foi causado pela estranheza ou

    formosura da terra, mas pelo fato de os seus habitantes

    serem homens, como outros quaisquer, criaturas normais,

    iguais s das geografias conhecidas, seres criados

    imagem de Deus.

  • O Brasil e a viso do Europeu...

    J senso comum a noo de que, desde sempre, a

    Amrica Latina se desdobra em duas: uma real,

    inapreensvel, e outra imaginria, filtrada pelos olhos do

    colonizador, pelo olhar do estrangeiro. A literatura feita

    pelos viajantes europeus no sculo XVI, registro dos

    primeiros momentos de conhecimento do chamado Novo

    Mundo, era tudo quanto se podia saber no velho

    mundo sobre sua nova conquista. Relatos, impresses,

    histrias e testemunhos construam um universo

    idealizado no apenas acessvel ao pblico letrado, mas

    que tambm viria a servir como fonte para o estudo das

    cincias empricas. (Melissa Bochat, UFMG)

  • O poder das imagens...

    Para no deixar dvidas da veracidade de seu relato, Staden recorreao prefcio escrito por Dr. Dryander, reconhecido professor de medicinada Universidade de Marburg, e enfatiza em sua obra o termowahrhaftig (verdico, verdadeiro).

    O texto e o paratexto da obra, portanto, se entrelaam e tecem umacolcha de retalhos que acaba por criar a imagem que o europeuabsorver dos povos do Novo Mundo.

    momento singular da fora da imagem dentro da narrativa se d nocaptulo quarenta, em que Staden relata uma tentativa frustrada defuga em um navio francs, que recusa lev-lo a bordo. Aqui, Stadenaparece tambm em quatro momentos, demonstrando a sequncia desuas aes.

    Staden sempre identificado nas xilogravuras por sua barba ruiva, oque o diferencia da massa homognea dos tupinambs. O colonizador,portanto, quem assume a posio do diferente, e no se percebe aquinenhuma superioridade ou inferioridade (a no ser numrica) que possaser extrada da interpretao das imagens.

  • O poder das imagens...

    [...] as primeiras imagens das terras brasileirascorrespondem a dois impulsos. De um lado, a projeosobre o desconhecido, os smbolos e mitos, os contosmaravilhosos e as fbulas. De outro, a observaodireta e o clculo, que proporcionam descriesgeogrficas na forma cartogrfica, de cartas nuticas aroteiros de conquista, pelos quais se definem domnios elimites entre terra e mar, e nas quais a representao um meio de orientar a ao. De um lado, a construosimblica mais vaga. De outro, a preciso do desenhoque defende o navegador da geografia fantstica.Contudo, forma potica e ao poltica sempre estocombinadas nesse amlgama, que a imagem.(BELLUZZO, 1996, p.15).

  • Canibalismo x Antropofagia

    Canibalismo no pode ser entendido como sinnimo deantropofagia. O canibalismo consiste no ato de comer um

    ser vivo da mesma espcie (um ser humano comer outro ser

    humano, por exemplo). Porm, se um animal comer outro

    animal, mas de espcie diferente, no pode ser

    considerado canibal, mas sim apenas antropfago (um

    leo comer um homem, por exemplo).

    Ento porque os ndios fazem rituais antropofgicos eno canibalistas?

    Ponto de vista x Etnocentrismo

  • Olhando rapidamente ...

  • Referncias

    STADEN, Hans. Duas Viagens ao Brasil. So Paulo: Beca produes culturais, 2000.

    IANSEN,Marta. Disponvel em: acesso em: 21 de abril de 2015.

    TODOROV, Tzvetan. Descobrir. In: A conquista da Amrica: a questo do outro. Trad. Beatriz Perrone- Moiss. 3. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2003. p.3-70.

    SANTOS, Daiana Nascimento. Labirinto. Disponvel em: Acesso em: 21 de abril

  • Referncias

    Instituto histrico e geogrfico de Santos. Disponvel em:

    acesso em: 22 de abril de 2015.

    Letras.mus.br. Pindorama, Palavra Cantada. Disponvel em:

    Acesso em 26 de abril de 2015

    InfoEscol, Navegando e Aprendendo. Antropofagia . Disponvel em:< http://www.infoescola.com/sociedade/antropofagia/>

    Acesso em 26 de abril de 2015

  • Referncias

    BELLUZZO, Ana Maria. A propsito do Brasil dos viajantes. Revista USP, So Paulo, Editora da USP, v. 30, 1996. STADEN,

    Hans. Duas viagens ao Brasil. In: PARIS, Mary Lou; OHTAKE,

    Ricardo (Eds.). Hans Staden: primeiros registros escritos e

    ilustrados sobre o Brasil e seus habitantes. Traduo de Angel

    Bojadsen. So Paulo: Editora Terceiro Nome, 1999.

    _____. Duas viagens ao Brasil. So Paulo: Martin Claret, 2006. PARIS, Mary Lou; OHTAKE, Ricardo (Eds.). Portinari devora Hans

    Staden. So Paulo: Editora Terceiro Nome, 1998.

    PRATT, Mary Louise. Os olhos do imprio: relatos de viagem e transculturao. Traduo de Jzio Hernani Bonfim Guerra.

    Bauru: Ed. da Universidade do Sagrado Corao, 1999.