HANSEN, João Adolfo. Alegoria

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Fichamento da obra de João Adolfo Hansen.

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HANSEN, Joo Adolfo. Alegoria construo e interpretao da metfora. So Paulo: Hedra; Campinas: Editora da Unicamp, 2006.

A alegoria, historicamente, ora foi entendida como uma construo ornamental do discurso, essencialmente lingustica, ora como uma via do conhecimento da verdade contida no real extralingustico, sendo essencialmente espiritual. O primeiro caso o da alegoria dos poetas e o segundo a alegoria dos hermeneutas. A primeira clssica e Retrica, a segunda medieval e Teologal. Os gregos e romanos pensaram a alegoria como ornamentao de discursos fortes, da prtica forense, e fracos, da prtica potica, tendo a alegoria um valor imanente (vlida em si mesma), no-transcendente, mesmo quando referente aos deuses, pois o mundo deles no desconhecido nem apartado do mundo dos homens (p. 23).

a alegoria dos poetas uma semntica de palavras (...) a dos telogos uma semntica de realidades supostamente reveladas p. 9

A alegoria crist medieval fundamenta-se no essencialismo, ou a crena nos dois livros escritos por Deus,| o mundo e a Bblia (p. 11 12)

A partir do sculo XVI, as duas compreenses da alegoria vo se aproximando, at se fundirem e confundirem numa s no Romantismo (p. 15), que despreza a alegoria, considerada artificial e mecnica, e exalta o smbolo, considerado natural e orgnico.As noes romnticas de arte (...) levavam a descartar a alegoria justamente por causa do seu carter evidente de conveno retrica. (p. 18)

J Baudelaire exalta a alegoria como a mquina-ferramenta da modernidade p. 19

Sobre a alegoria retrica

Quintiliano analisa a alegoria a partir da etimologia da palavra, concluindo que a alegoria pode apresentar: a) uma coisa (res) em palavras e outra em sentido; b) algo totalmente diverso do sentido das palavras. P. 29

Assim, por um lado a alegoria associa-se metfora, analogia e ao enigma, mas por outro alinha-se ironia, ao astesmo (sarcasmo sutil) e pardia. (p. 29)

Na retrica, a alegoria listada como tropo (figura de linguagem) de transposio, junto com a metfora, o sindoque, a metonmia e a ironia (por oposio). P. 30

A distino retrica entre alegoria e metfora quantitativa: a alegoria uma cadeia de metforas. Por isso, as regras retricas da metfora valem para a alegoria. Tais regras regulam o afastamento do sentido figurado, afastamento que pode ser verossmil e decoroso ou inverossmil, incoerente ou hermtico, sendo os ltimos trs condenados pela Retrica. (p. 31)

A comparao atinge a imaginao pelo intelecto, pois, distinguido um elemento do outro, a comparao lgica. J a metfora atinge pela imaginao, pois acaba mais ou menos radicalmente fundindo os elementos associados. P. 33 - 34A comparao tem certo teor metalingustico, j que evidencia o procedimento retrico enquanto o constri p. 34

Pensando a linguagem como entidade dotada de um ponto zero de afastamento das coisas, os retores subdividiram as alegorias em quatro, de acordo com o grau de transparncia entre palavra e coisa: alegoria

Sobre a alegoria hermenutica medieval

o sentido prprio das coisas comparadas a vida eterna; a histria, sua figura, o que implica circularidade e repetio p. 12