HAU - Grécia Antiga - Final

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Introdução Nesse trabalho abordaremos sobre a arquitetura grega, uma das mais influentes e poderosas do mundo clássico. Através de dados, imagens, esquemas e vídeos, mostraremos as principais características desta arquitetura durante suas fases, desde o seus primórdios com a civilização minoica, passando pelo auge da era Clássica com seus grandes templos até o seu declínio, a era Helenística, com invasão dos romanos. Além dos templos, construções que viraram destaque ao se falar de Grécia, também serão exibidos outros tipos de edifícios que marcaram a época, como os teatros, túmulos, a cidade grega, a casa grega, dentre outros. Analisaremos as tipologias de edificações, a localização deles no espaço, os elementos decorativos e suas ordens (dórica, jônica e coríntia). Nosso objetivo é tentar registrar os elementos que constituíram esta fase da arquitetura que ainda hoje apresenta certa presença no período contemporâneo. 1 | Arquitetura na Grécia Antiga

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IntroduoNesse trabalho abordaremos sobre a arquitetura grega, uma das mais influentes e poderosas do mundo clssico. Atravs de dados, imagens, esquemas e vdeos, mostraremos as principais caractersticas desta arquitetura durante suas fases, desde o seus primrdios com a civilizao minoica, passando pelo auge da era Clssica com seus grandes templos at o seu declnio, a era Helenstica, com invaso dos romanos. Alm dos templos, construes que viraram destaque ao se falar de Grcia, tambm sero exibidos outros tipos de edifcios que marcaram a poca, como os teatros, tmulos, a cidade grega, a casa grega, dentre outros. Analisaremos as tipologias de edificaes, a localizao deles no espao, os elementos decorativos e suas ordens (drica, jnica e corntia). Nosso objetivo tentar registrar os elementos que constituram esta fase da arquitetura que ainda hoje apresenta certa presena no perodo contemporneo.

O mundo minoicoAs escavaes arqueolgicas na ilha de Creta, no final do sculo XIX, levaram descoberta das origens da civilizao grega. Creta a maior ilha da Grcia. uma ilha longa e estreita, que se estende pela entrada sul do mar Egeu. Creta era a ponte entre as diversas civilizaes da poca, ajudando a disseminar o conhecimento entre povos de culturas to variadas quanto os que viviam no antigo oriente e os ocidentais.Figura 1: Localizao da ilha de Creta.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 11

Os cretenses formaram uma civilizao centrada no palcio, eixo da vida social, e na cidade. Pelos restos arqueolgicos foi possvel concluir que eles estavam acostumados a viagens por mar e tinham contatos com a civilizao egpcia. Produtos cretenses foram descobertos no Egito e produtos egpcios, em Creta.Da mesma forma que no Egito Antigo, em Creta religio e vida estavam intimamente ligados. A arte exprimia temas religiosos, e smbolos sagrados eram colocados nos palcios e lares. Na poltica, o rei detinha o poder poltico e religioso. Como sumo sacerdote, suas leis simbolizavam a fora dos deuses, e no a dos homens.Os centros da civilizao minoica, assim chamada em homenagem ao rei Minos, que pode ter sido o nome de um antigo rei ou simplesmente o ttulo usado para um soberano (como fara, no Egito), foram destrudos por volta de 1450 a.C. A causa tem sido bastante discutida. Para alguns historiadores, deveu-se a uma poderosa erupo vulcnica. No entanto, a maioria afirma que resultou da invaso de gregos que ficaram conhecidos como micnicos. Os micnicos teriam invadido, assimilado a cultura cretense e, posteriormente, superado e submetido a ilha de Creta. Os minoicos no se recuperaram e, em dois sculos, sua civilizao desapareceu. No entanto, sua participao na origem da civilizao grega foi fundamental.

O palcio de CnossosA maior parte das informaes que temos sobre a civilizao minoica provm dos estudos de arquelogos, que ainda hoje fazem descobertas e reinterpretam achados mais antigos por meio de anlise com ferramentas cientficas cada dia mais sofisticadas. Por essa questo existem diversas teorias relacionadas ao desenvolvimento e desaparecimento dos minoicos.Os gregos posteriores criaram lendas associadas ao rei Minos, seu palcio e o labirinto de Cnossos, onde vivia o temido Minotauro metade homem e metade touro que devorava rapazes e donzelas. Embora muitos stios minoicos tenham sido escavados em Creta, Cnossos o maior e mais conhecido. Quatro mil anos de povoados neolticos se encontram sob esse stio, que surgiu em 1900 a.C., aproximadamente, como uma srie de edificaes independentes construdas em torno de um grande ptio retangular. Depois de ser destrudo por um forte terremoto em orno de 1700 a.C., o complexo foi reconstrudo em um esquema unificado com mltiplos pavimentos, que incluam sales rituais ou cerimoniais, depsitos e aposentos conectados por longos corredores e escadarias construdas ao redor de poos de luz reas internas descobertas que permitiam que a luz do sol incidisse nos nveis inferiores. O palcio continuou sendo o elemento principal da composio. Tabuletas inscritas em Linear A uma escrita ainda no decifrada aparecem no registro arqueolgico como originrias em 1600 a.C. Por volta de 1450 a.C., Cnossos e os demais palcios minoicos foram destrudos e apenas o primeiro, reconstrudo. Traos de influncias culturais minoicas, incluindo escritos na chamada Linear B, uma forma primitiva do grego, foram encontrados no palcio reconstrudo, sugerindo uma fraude arqueolgica ou uma aliana forada entre os micnicos, do continente, e os cretenses de Cnossos. A destruio final do stio por causa de um incndio aconteceu em 1380 a.C., aproximadamente. (STIERLIN, 1998, p.)

Figura 2: Planta baixa do palcio de Cnossos, Creta: A planta baixa organizada em torno de um ptio interno aberto, para o qual abrem as principais salas de recepo. Como apenas o pavimento trreo desta edificao de trs ou quatro pavimentos sobreviveu destruio, muitos aspectos de seu projeto so meras suposies. A escadaria monumental e a sequncia axial associada a ela foram criaes infelizes de Sir Arthur Evans. Atualmente, Cnossos visitado por vrios turistas, que visitam a reconstruo feita a partir das runas que existiam no local.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 57

Figura 3: Poo de luz reconstrudo: Localizado no pavimento superior, este poo de luz fica logo acima da Sala do Trono. O afresco mostrado uma restaurao. Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 57

Figura 4: Sala do trono: Nomeada de acordo com o trono elaborado, esta sala apresenta bancos ao longo das paredes adjacentes. Afrescos mostram grifos na vegetao exuberante. Como uma fonte lustral fica contgua esta sala, possvel que o espao fosse usado para rituais religiosos, e no para audincias reais. Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 58

Figuras 5 e 6: esquerda, a entrada da ala norte do palcio, vista do exterior. direita, o teatro. Fonte: http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0182

Figuras 7 e 8: A imagem esquerda mostra o "megaron da rainha". A figura da direita mostra uma reconstituio conjetural de uma cena do dia-a-dia nesse aposento, baseada em achados arqueolgicos diversos e nas figuras femininas dos afrescos cretenses. Fonte: http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0182

A arquitetura dos micnicosA civilizao micnica deve seu nome a Micenas, a maior mas no a nica cidadela de uma sociedade mercantil, que parece ter sido governada por reis-guerreiros. Os povoados micnicos situados na Grcia continental datam de aproximadamente 1600 a.C. Durante muito tempo acreditou-se que os micnios eram to aparentados com a civilizao cretense e com a arte de Cnossos, que eles deviam fazer parte do mesmo estrato tnico. Pode-se observar essa semelhana principalmente nos domnios da ouriversaria, do bronze, do marfim e do cristal de rocha. Clices, taas, vasos, rities ou punhais podem ter passado tanto por produes minoicas, quanto por criaes micnicas. Muitos especialistas recusam-se a fazer a separao entre elas. Basicamente, o que diferencia essas duas civilizaes so os ensinamentos fornecidos pela decifrao da escrita Linear B que demonstravam, pelo contrrio, que se tratava de recm-vindos.Figura 9: Uma escrita decifrada em 1952: Graas decifrao do linear B, sabe-se que os micnios eram gregos, e que se distinguiam, pois, dos seus predecessores, os cretenses de Cnossos. Esta placa de terracota contm sinais de um sistema solbico aparecido por volta do sculo XV a.C., e que exprime uma lngua grega arcaica. Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 17

Os micnios tinham como vizinho o imprio martimo dos cretenses. Eles no tardaram a entrar em conflito com o reino de Cnossos, sendo, de resto, responsveis pelo declnio brutal dos minoicos: entre 1450 e 1400 as suas tropas desembarcaram em Creta e incendiaram os palcios da grande ilha. Micenas alcanou seu apogeu depois de 1450 a.C., aproximadamente, talvez fortalecida pelo contato com a cultura minoica, mais sofisticada. Ao contrrio do complexo aparentemente sem defesas de Cnossos, a cidadela de Micenas foi construda com nfase na proteo. A cidade fica em um terreno alto, por isso denominada acrpole e protegida por montanhas ao norte e ao sul. (STIERLIN, 1998, p.)

Figura 10: A acrpole de Micenas Plano geral da cidade fortificada de Micenas:1 Porta dos Lees2 Crculo dos tmulos3 Palcio e mgaron4 Cisterna subterrneaFonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 19

A arquitetura militarAo contrrio de Creta, as cidades micnicas eram burgos fortificados. Os reis gregos, para sua segurana, construram em pontos altos (acrpoles), poderosos muros com trincheiras, lanos de muralhas enormes e portas monumentais. Esta arquitetura militar atingiu o seu apogeu no sculo XIII a.C. Ela culminou em notveis muralhas ciclpicas, em grande aparelho poligonal, de que Micenas o melhor exemplo.Figura 11: Muros ciclpicos: Os gregos do perodo clssico atribuam a construo das muralhas imponentes de Micenas compostas por imensos blocos de pedra cortados de forma irregular e encaixados aos mticos cclopes, uma raa de gigantes. Por isso, esses muros de proteo foram chamados de ciclpicos.

O sistema defensivo desta cidade passou por dois estados: o primeiro remonta ao sculo XIV e devia comportar grandes blocos exteriormente reforados por uma paliada, segundo a descrio de Homero. Depois, no sculo XIII, a superfcie foi aumentada para sul para englobar uma srie de tmulos.Durante a segunda fase dos trabalhos, os micnicos inauguraram uma tcnica de construo impressionante: eles empregavam enormes blocos de aparelho poligonal que pesavam vrias toneladas e eram assentes a seco. Para racionalizar o tamanho de cada elemento, compreendeu-se que o recurso ao grande bloco era o mais econmico, ao mesmo empo que oferecia maior solidez. Com efeito, o metal continuava a ser raro e o trabalho dos operrios das pedreiras fazia-se com martelo de pedra dura. Era pois, mais fcil, deslocar cargas pesadas com a ajuda de rolos, de trens e de equipas de trabalhadores relativamente numerosos do que erguer uma quantidade de blocos paralelepipdicos para assentar fiadas regulares. (STIERLIN, 1998, p.)A muralha de Micenas cerca uma superfcie triangular de 300 m de base por 200 de profundidade. Esta realizao exemplar, atribuda pela tradio grega aos Cclopes em virtude da massa de blocos que a constituam, tinha j todas as caractersticas da arquitetura militar.Outro elemento importante criado pelos micnicos foi a Porta dos Lees, que merece a sua celebridade. Trata-se de uma obra onde a abertura trapezoidal formada por um trilito enorme: os dois alizares esto sobrepujados por um lintel de 20 toneladas. Por cima deste monlito, h um arco de descarga que tem, de cada lado, quatro grandes blocos de base horizontal. Estes elementos esto dispostos em salincia, quer dizer, salientes uns em relao aos outros, para formarem um vo triangular. Os micnicos, ao reduzirem a separao de cada fiada, delimitaram cuidadosamente o perfil do arco, no interior do qual dispuseram um tmpano feito de um s bloco de calcrio esculpido.Este tmpano (abertura) ao qual a porta deve seu nome, possui como ornamento uma decorao constituda de duas grandes feras que se erguem, frente a frente, simetricamente, de um lado e do outro de uma coluna. Estes lees, cujo corpo est esculpido de maneira notvel, com a sua vigorosa musculatura esto sem cabea, desfeita a martelo por conquistadores vitoriosos que queria assim destruir o smbolo do poderio micnico.Quanto coluna central, possui uma base com trs nveis. Esta coluna apresenta analogias com o fuste das construes cretenses que liso e vai-se alargando ligeiramente para cima. O fuste suporta um capitel emoldurado, com quino saliente, sobrepujado por um baco quadrado. Por cima, uma fileira de elementos cilndricos, dispostos sob um baco.Figura 12: A via de acesso que conduz porta dos Lees, em Micenas, corre ao longo da muralha poderosa em aparelho ciclpico de onde os defensores da cidade resistiam aos seus adversrios. Este recinto muralhado remonta a 1350 a.C.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p.

Figura 13: A massa formidvel da Porta dos Lees: A porta sobrepujada por dois lees frente-a-frente, est dotada de um lintel de 20 toneladas. A abertura de cerca de 3m por 3m dava o acesso acrpole de Micenas, por volta de 1250 a.C. Observe que os lees esculpidos ladeiam uma coluna igual s com fuste de seo varivel encontradas em Cnossos. O uso de bestas guardis associadas a realeza relaciona Micenas com as tradies hititas e egpcias.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 22

Figura 14: O crculo dos tmulos em Micenas: Esta vista mostra os trabalhos empreendidos pelos micnios quando foi construda a Porta dos Lees, a fim de proteger os tmulos de fosso que conservaram os tesouros e os restos mortais dos seus soberanos.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 25

Figura 15: Uma organizao concntrica: A arquitetura complexa do crculo dos tmulos mostra a importncia dada pelos micnios s sepulturas dos seus soberanos. Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 26

Figura 16: Lajes de pedra erguidas: O crculo dos tmulos em Micenas formado de um travejamento de grandes ortostatos, entre os quais um enchimento sobrepujado de lajes devia conferir proteo s sepulturas, ao mesmo tempo que oferecia um lugar circular destinado aos cultos funerrios.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 26

Alm da acrpole de Micenas, outras construes comprovam a maestria tcnica destes construtores. Uma cidadela como Tirinto uma criao formidvel, cujos muros atingem de 6 a 7 m de espessura.Na sua fortaleza abrem-se seteiras. A sul, a cerca atinge 16 m de altura. uma arquitetura defensiva que anuncia no s as fortificaes da Grcia clssica, mas tambm as praas-fortes da Europa medieval.

Figuras 17 e 18: O aparelho defensivo de Tirinto: Como em Micenas, a Acrpole de Tirinto estava provida de uma via de acesso ladeada de muralhas imponentes. Os construtores gregos optaram por estabelecer diretamente sobre a rocha natural as fundaes dos seus muros ciclpicos.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 24

Os tmulos de thlosA cidadela de Micenas era cercada por assentamentos menores, possivelmente compostos por cls que viviam em moradias prximas aos tmulos de seus ancestrais. Nove tmulos com forma circular (tholoi) foram encontrados nos arredores de Micenas.Figura 19: A entrada monumental de uma thlos: Uma via ladeada de altos muros, chamada dromos, d acesso aos tmulos de cpulas de Micenas. Aqui, a entrada do tmulo chamado de Clitemnestra, segundo o costume estabelecido por Heinrich Schliemann, conduz fachada que sobrepujada por um alto tringulo de descarga. Este edifcio subterrneo foi erigido por volta de 1220 a.C.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 27

O Tesouro de Atreu a mais vasta destas tholoi micnicas. O seu dromos (caminho de entrada), tem 36 m de comprimento e 6 m de largura e os seus muros laterais tem 14 m de altura. A porta monumental, com 5,4 m de altura, sobreposta por um lintel monoltico de 7 m por 6 m que tem 1,4 m de espessura, totalizando perto de 60 m, ou seja, um peso de mais de 120 toneladas. Ele coroado por um arco de descarga triangular, de aparelho ciclpico, cujos blocos esto dispostos em salincia, como na Porta dos Lees. Com efeito, a arquitetura micnica no conheceu a abbada verdadeira, de junturas radiantes. a mesma tcnica de construo em salincia que foi posta em prtica na sala da cpula. Esta media cerca de 14,5 m de dimetro e elevava-se, por uma srie de trinta e trs fiadas concntricas, at o topo da construo que culminava a aproximadamente 13,2 m.

Figura 21: Um portal gigantesco: Com a altura de 10,5 m, a fachada do Tesouro de Atreu tem um lintel monoltico de 7 m por 6 m, por 1,4 m de espessura e que devia pesar 120 toneladas. Mais uma vez, um arco de descarga triangular, por meio de blocos dispostos em salincia, neutralizava as presses por cima da porta que d acesso sala circular.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 29

Figura 20: O Tesouro de Atreu: Schliemann julgava ter descoberto o tmulo de Agammnon. Esta sepultura que marca o apogeu da arquitetura micnica data de 1250 a.C. Os desenhos mostram o corte transversal, a elevao da porta, o corte longitudinal, e o plano desta esplndida thlos de Micenas.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 28

Figura 22: Como uma enorme colmeia: A forma da sala cnica que constitui a thlos do Tesouro de Atreu determinada por camadas concntricas em salincia umas em relao s outras. Com 14,5 m de dimetro na base, a cpula atinge 13,2 m de altura. At a poca romana esta criao ser a mais vasta construo abobadada de toda a histria da arquitetura.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 31

Figura 22: Um engenhoso jogo de escoramento: os montantes laterais da entrada mostram a espessura da cpula em salincia que encima o Tesouro de Atreu. Cabia aos construtores por objetivo, ao realizarem o acesso ao espao abobadado, no enfraquecer a estrutura circular.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 30

Os palcios e a questo do MegaronO megaron se trata de um plano-tipo que variava de acordo com cada cidade grega. O de Pilos conta entre os mais caractersticos. Com organizao axial, desenrolava-se por uns quarenta metros de comprimento. A entrada principal era marcada por um prtico, cuja cobertura era suportada por uma nica coluna. Por detrs da porta, um espao idntico possua a mesma disposio. O conjunto constitua uma espcie de propileu. Um ptio alongado levava a um vestbulo que se abria por detrs de um prtico suportado por duas colunas. Ele dava acesso a uma antecmara que, em Pilos, tinha aberturas em cada um dos seus quatro lados.Largas portas axiais conduziam grande sala quase quadrada que formava o megaron propriamente dito. Este espao media 10 m de largura por cerca de 12 m. Quatro colunas rodeavam a lareira circular, suportando a cobertura da sala que possua um lanternim que permitia a sada dos fumos assim como o arejamento da sala. A meio da parede situada direita da entrada erguia-se o trono do rei.Em torno desse complexo central, que formava a sala de recepo do prncipe, vrios compartimentos eram acessveis por meio de corredores. Tratava-se dos aposentos privados, com sala de banho com uma banheira, assim como de despensas e armazns, alguns deles contendo jarras, ou pithoi, destinadas ao vinho ou ao azeite.Figura 23: Pilos: um megaron tpico: O plano do palcio micnico de Pilos revela as caractersticas do megaron prprio dos aqueus. Pretendeu-se, durante muito tempo, fazer derivar a organizao espacial do templo grego do palcio micnico. No entanto h que notar que o trono do soberano, direita da entrada, determina um eixo quebrado a 90 graus que em parte alguma encontra no templo grego.1 Entrada2 Ptio interior3 Grande sala ou megaron4 Trono do soberano5 Sala de banho dos quartos6 Armazns e depsitosFonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 32

A disposio particular do megaron era um componente essencial da arquitetura micnica. Apesar de aplicar-se aos palcios, os hinos homricos recorrem igualmente ao termo megaron para designar certos santurios subterrneos consagrados a divindades. por isso que os arquelogos modernos postularam uma verdadeira continuidade estrutural entre o megaron e o plano do naos do templo grego. Ora, acontece que existe, entre o perodo de declnio da civilizao micnica no sculo XII a.C. e a ecloso da arte arcaica dos sculos XIX e VIII, um hiato profundo.Entre 1200 e 1100 a.C., os assentamentos micnicos entraram em declnio, talvez em decorrncia das invases dos povos nmades do leste os dricos e os jnicos que os foraram a se deslocar para o sul da pennsula grega. Os invasores usavam montarias e armas de ferro que podem t-los ajudado a derrotar os micnicos, que s dispunham de armas de bronze. As invases foram seguidas por muitos sculos de declnio cultural, durante os quais as tribos invasoras se acomodaram, dominaram a arte da escrita e assimilaram certos aspectos da cultura e da mitologia micnicas como se fossem seus.Grcia: O perodo arcaico

Figura 24: Afirmao precoce do humanismo: Com a imagem do kouros rapaz nu, de p que enaltece o papel do homem em presena dod deuses, a Grcia exprime a fora da sua religiosidade e o individualismo da sua atitude perante o destino. Com a altura de cerca de 14 cm, este pequeno kouros de broze data do sculo VII antes da nossa era. Em Delfos, o primeiro exemplo conhecido deste tipo. (Museu de Delfos)Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 37

Figura 25: Denominada A Amuada: Esta kor esttua de rapariga de p na arte grega arcaica descoberta em 1882 na Acrpole de Atenas, data de 490 a.C. Ela ilustra bem o estilo severo. A sua pesada cabeleira enquadra um rosto cheio do qual desapareceu o sorriso das obras anteriores. (Museu da Acrpole, Atenas)Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 36

Aps a destruio da civilizao micnica, no sculo XII a.C., a cultura grega declinou, e foi s a partir dos sculos VIII e VII a.C. que voltou a florescer. No incio desses novos tempos, predominou um tipo de edificao: o templo, concebido como a casa de um deus. Inicialmente, o templo construdo com blocos de adobe secos ao sol tinha apenas um ambiente ou era em forma de cabana. O altar ficava do lado de fora e era usado para sacrifcios de animais. Aos poucos, apareceram colunas no interior dessas estruturas e, depois, fachadas. Finalmente, no fim do sculo VII a.C., o espao principal do santurio foi totalmente contornado por uma fileira nica de colunas, conhecida como peristilo. O peristilo era exclusivo da arquitetura grega antiga e permanece um de seus elementos mais caractersticos.A partir do sculo VII a.C., a planta do templo bsico se desenvolveu, porm as formas e os elementos dessas construes se mantiveram estveis. O objetivo dos gregos era aperfeioar as edificaes de todas as maneiras possveis, mas o faziam devagar e sem modificar os elementos essenciais peristilo, prtico, pronaos, naos e opistdomo (alpendre traseiro destinado guarda das doaes).

Figura 29: Planta dptera: Dptero o termo aplicado ao templo envolvido de todos os lados por duas fileiras de colunas, formando um peristilo duplo.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 96

Figura 28: Planta bsica de templo: Os templos gregos eram quase sempre retangulares e construdos com certos elementos comuns. O edifcio era circundado pelo peristilo, tambm conhecido como colunata perptera, ou pteron. O santurio ficava entre as colunas e era separado delas por uma passagem (pteroma). O templo, em geral constitua-se de trs partes: o vestbulo, ou prtico (pronaos), o santurio (cella ou naos) e o alpendre traseiro (opistdomo).Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 96

Figura 26: Colunata interna: Utilizada nos templos gregos mais antigos, consiste em uma fileira de colunas localizadas no interior, para sustentao quando as paredes eram muito afastadas e no permitiam o uso de vigas transversais.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 95

Figura 27: Intercolnio: Intercolnio (termo que caracteriza a distncia entre duas colunas). Vitrvio estabelece cinco variaes para este espao:Picnostilo 1,5 dimetro de proximidadeSistilo 2 dimetros de proximidadeEustilo 2,25 dimetros de proximidadeDiastilo 3 dimetros de proximidadeareostilo 4 dimetros de proximidadeFonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 95

Figura 30: In antis: Quando o prtico fica recuado, com as culonas ao longo da parede frontal, conhecido como in antis (entre os ant). Ant so as pilastras ou postes laterais que se projetam levemente, formando a beirada externa do prtico.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 97Figura 31: Prostilo e anfiprostilo: Oposto ao in antis, o prostilo trata-se do prtico que se projeta a frente do edifcio. Quando h um segundo prtico similar ao principal na extremidade oposta, sem colunas ao longo das laterais, chamado de anfiprostilo.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 97

Figura 34: Crepidoma: Os templos eram construdos sobre uma plataforma de pedra conhecida como crepidoma. A mais comum possua trs degraus. O degrau mais alto, no qual se apoiavam as colunas, era conhecido como estilbata. A estrutura inferior do templo era chamada de esterebata. Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 97

Figura 33: Fronto: a parte triangular que decora a fachada principal e em geral fica em cima do prtico. A superfcie triangular limitada pelas cornijas horizontais do entablamento, embaixo, embaixo, e pelas laterais inclinadas conhecida como tmpano.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 97

Figura 32: Prtico: Refere-se ao alpendre ou a entrada principal de um templo. coberto com telhado, porm aberto dos lados. O nmero de colunas existentes nessa parte determinava o nome desse partido arquitetnico. Ex: tetrastilo (com quatro colunas), hexastilo (com seis colunas) e decastilo (com dez colunas).Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 97

Templo de HeraFigura 35: O venervel templo de Hera em Olmpia: Hera, esposa de Zeus, cujo culto se imps em Olmpia, a norte do Peloponeso, possua um templo anterior a 600 a.C. Este templo foi construdo inicialmente em madeira e seus fustes foram progressivamente substitudos por colunas dricas de pedra. Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 41

As primeiras construes do perodo arcaico eram de madeira, trazendo a essncia do prtico. Os primeiros santurios eram relacionados com os cultos agrrios, em especial o das rvores, do bosque sagrado e da floresta. Cada deus tinha seu tipo de rvore sagrada ou seu bosque sagrado, sendo muitos deles usados como santurio. Nas construes arcaicas, as colunas eram troncos de rvores, onde a semelhana entre o templo e a natureza eram evidentes. Da surgiu a ideia das colunata perptera, inspirada na floresta original, habitat dos deuses e das deusas no pantesmo grego. Um dos primeiros exemplos da colunata perptera nas construes foi no Templo de Hera, em Olmpia.Este templo era um santurio que foi construdo por volta de 600 a.C., com seis colunas de fachada e dezesseis nas laterais, ou seja, era um hexastilo. Sua cela continha um pronaos, ou vestbulo, que era provida de apenas uma colunata axial e duas filas de colunas interiores. Porm, essa disposio no formava trs naves, pois se alternavam com pequenas paredes perpendiculares que davam origem a quatro nichos de cada lado do naos. O prtico exterior seria feito de madeira, entretanto, os fustes foram substitudos por colunas de pedra, tornando-se ento um dos primeiros templos a ser construdo em pedra, o que no s alterou a tcnica de construo, mas a durabilidade dos templos.Figura 36: Uma cella ladeada de nichos: O plano do templo de Hera em Olmpia revela as hesitaes do arquiteto quando ele optou por duas filas de colunas interiores em lugar de uma colunata axial: um fuste em cada dois foi substitudo por uma pequena parede avanada provavelmente para responder a problemas de esttica.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 42

Foi pela analogia do machado nos troncos que surgiram as caneluras que se mostram rtmica durante toda a coluna. Aps um tempo, as coberturas tambm comearam a ser construidas em pedra. Figura 37: Colunas atarracadas: Os fustes do templo de Hera em Olmpia, que se podem ver na fachada oriental do templo, caracterizam-se por um grande dimetro (que varia entre 1 m e 1,28 m) em relao sua altura.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 43

As ordens gregasAs ordens, sistemas estruturais que organizam elementos arquitetnicos, tiveram papel importante entre os gregos na busca pela perfeio da razo e proporo. Coluna, fuste, capitel e entablamento eram medidos e decorados de acordo com uma das trs ordens arquitetnicas: drica, jnica ou corntia.Ordem dricaA ordem drica estava principalmente espalhada pela Grcia continental e na Magna Grcia (Itlia meridional e Siclia). Essa ordem se desenvolveu nas terras ocupadas pelos drios, uma das duas principais divises do povo grego. Alcanou seu apogeu no sculo V a.C. e foi uma das ordem aceitas posteriormente pelos romanos. Suas caractersticas so a masculinidade, a fora e a solidez.Elementos caractersticos: As colunas dricas no possuem base e em geral so caneladas e arrematadas por um capitel simples, baixo e largo. A altura da coluna com o capitel variava entre quatro e seis vezes o dimetro da base do fuste.Figura 38: Trglifos e mtopas: Um dos elementos mais tpicos da ordem drica o friso, composto por trglifos e mtopas, geralmente dispostos de forma alternada. Trglifos so blocos verticais, em geral alinhados sobre as colunas e os intercolnios. Formado por dois glifos (sulcos) verticais, bordeado por dois meios glifos (da trglifo). Mtopas so os painis quadrados entre os trglifos, em geral decorados com requinte.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 98

Figura 39: Capitel drico: O capitel drico a parte mais alta da coluna formado pela moldura convexa conhecida como quino e pelo baco quadrado. A juno entre o quino e o bloco no topo da coluna era disfarada por filetes decorados, os nulos.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 98

Figura 40: Caneluras e arestas: As colunas dricas eram, em geral, talhadas com vinte sulcos verticais paralelos (como mostra esse corte transversal de coluna) que se encontram em arestas afiadas.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 99

Figura 41: Entablamento: O entablamento a parte superior de uma ordem. Colocado acima da coluna e do capitel, formado por trs elementos horizontais: arquitrave, friso e cornija. O sofito, da cornija drica era inclinado e sustentava blocos quadrados projetados, o s mtulos, que, de incio, eram formados pelas pontas de vigas inclinadas. Os mtulos eram decordospor gotas de alvenaria e alinhados com os trglifos. Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 98

Figura 43: Grega: O motivo geomtrico chamado grega era muito comum na decorao dos templos dricos. A variao deste exemplo forma labirintos.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 99

Figura 42: Cimalha: A cimalha moldura saliente ao longo das calhas e dos gebletes dos edifcios remata o alto da fachada e disfara a juno com o telhado. As cimalhas dricas tm sadas de gua (grgulas) em forma de cabea de leo.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 99

Figura 45: Fora do estilo drico na Siclia: Capitel drico do Templo da Concrdia em Agrigento, que data de 430 a.C. A passagem das vinte caneluras do fuste para o quino clssico, opera-se por meio doa anis do friso do capitel que forma como que uma ligao entre os elementos verticais e horizontais.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 46

Figura 44: Um estilo drico arcaico: As mais antigas colunas de pedra do Heraion de Olmpia mostram um largo capitel de quino transbordante que parece estar esmagado sob o peso da cobertura suportada pelo baco quadrado.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 44

Ordem jnicaA ordem jnica provavelmente se desenvolveu na mesma poca da drica, porm prevaleceu no territri jnico, localizado na costa sia Menor e nas ilhas do mar Egeu. No incio, as ordens drica e jnica se limitavam aos locais de origem de cada uma, porm se misturaram de forma gradual at conviver num mesmo edifcio. Um sculo depois, a ordem jnica ganhou aspectos mais especficos e obras-primas do estilo. De acordo com o arquiteto romno Vitrvio, as principais caractersticas da ordem derivadas das propores da mulher eram a beleza, a feminilidade e as formas longilneas.Caractersticas especficas: As colunas jnicas, diferentemente das dricas, sempre se asentam sobre uma base entre o fuste e a crepidoma. A marca dessa ordem o capitem decorado com duas volutas nas laterais, que sustentava o entablamento bem mais leve que o da ordem drica.

Figura 46: Capitel: As volutas do capitel jnico so apoiadas um quino e quase sempre talhadas com motivos de valo e dardo. Em cima das espirais, apoiavam-se os bacos, mais finos que os exemplos dricos e tambm decorados com valo e dardo.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 101Figura 47: Voluta: Tambm conhecida como hlice, a voluta a espiral tpica do capitel jnico. O desenho remete a formas naturais, como nutilos ou certos brotos de plantas. A parte central circular da voluta chamada olho.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 101

Figura 49: Caneluras e arestas: As colunas jnicas, como as dricas, eram caneladas. Os sulcos em geral 24 eram mais profundos que os dricos e unidos por arestas achatadas.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 101Figura 48: Entablamento jnico: formado por arquitrave dividida em rs faixas largas frisos contnuos (simples ou esculpidos) e por uma cornija muitas vezes elaborada e dotada de dentculos.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 100

Figura 50: valo e dardo: O elemento decorativo mais comum da ordem jnica so as molduras talhadas. Um dos desenhos mais populares era o valo e dardo, tambm conhecido como valo e ncora ou valo e lngua.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 100Figura 51: Contas e polias: Outro elemento decorativo comum na ordem o desenho de contas e polias, ou contas e filetes. Em geral, figura como ornamento do astrgalo, uma faixa semicircular que separa o fuste do capitel.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 100

Figura 53: Base tica: chamada dessa forma por ter se desenvolvido na tica foi muito usada nos sculos VI e V a.C. Consiste em duas molduras convexas o de baixo maior do que o de cima, unidos por um elemento cncavo conhecido como esccia.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 101Figura 52: Antmio e palmeta: Em geral, o colarinho da coluna jnica era enfeitado com desenhos esculpidos em forma de antmios e palmetas (folhas de palmeira estilizadas). O antmio era um motivo comum nos templos gregos.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 101

Figura 54: O Erecteion de Atenas, a maior obra-prima da ordem jnica.Fonte: CONTI, Flvio Como reconhecer a arte grega. So Paulo: Martins Fontes, p. 19

Figura 55: O pequeno templo de Atena Nik na acrpole de Atenas, obra do arquiteto Calcrates, datvel dos fins do sculo V a.C. uma construo com elementos decorativos da ordem jnica, como a faixa esculpida que o circunda.Fonte: CONTI, Flvio Como reconhecer a arte grega. So Paulo: Martins Fontes, p. 19

Ordem corntiaA corntia foi a ltima das ordens gregas a se desenvolver e no era um sistema estrutural como a drica ou a jnica; era apenas decorativa, com destaque para os elaborados capitis com motivos florais. De acordo com Vitrvio, o escultor Calmaco foi o grande responsvel pelo desenvolvimento desses adornos e, originalmente, trabalhava com bronze. exceo do capitel, todos os elementos arquitetnicos eram emprestados do estilo jnico. Vitrvio afirmou que a ordem corntia imitava as formas de uma donzela porque produzia um efeito de elegncia e beleza.Caractersticas especficas: Assim como a ordem jnica, a corntia mais facilmente reconhecida pelos capitis. Outros elementos emmprestados da ordem jnica eram a base, o fuste canelado, e a cornija com dentculos.

Figura 57: Capitel: Em sua proporo ideal, o capitel corntio tem dois teros da superfcie cobertos por oito folhas de acanto. Da parte superior dessas folhas, saem os talos, que terminam em volutas ou hlices e so responsveis pela sustentao do baco.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 103Figura 56: Origem do capitel corntio: Segundo Vitrvio , Calmaco desenhou o capitel corntio aps ver uma cesta cheia de acantos. Supe-se que se tratasse de um presente colocado pelo marido no tmulo de sua jovem esposa e que continha alguns de seus presentes mais valiosos. Na primavera, o acanto brotou e se espalhou ao redor da cesta. Um bloco fino de pedra colocado acima do recipiente forou as folhas a crescer em espiral nas beiradas livres.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 102

Figura 59: Acanto: O principal elemento decorativo do capitel corntio a folha de acanto, uma planta rstica nativa das margens do Mediterrneo. Os gregos inspiraram seus elementos decorativos na variedade mais pontuda.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 103Figura 58: Capitel antigo: O capitel corntio mais antigo conhecido figura no Monumento Corgico de Liscrates e teria sido elaborado no sculo IV a.C. Em vez de duas folhas de acanto, h apenas uma enquanto a outra preenchida por folhas aquticas. Esse capitel mais alto q o normal.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 103

Figura 60: Base: A base da coluna corntia seguia o modelo jnico. Em geral, era de estilo tico, com dois toros separados por uma esccia. As divises entre esses elementos eram marcadas por faixas estreitas chamadas filetes. A outra base comum a base asitica tinha duas esccias separadas por astrgalos e um toro em cima com entalhamento horizontal.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 103

Figura 61: Elegncia do corntio: A corbelha formada pelo capitel corntio assenta num elemento decorativo que a folha de acanto.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 49

Perodo ClssicoO perodo clssico foi o perodo de maior esplendor, conhecido como o sculo de Pricles, o qual governava na poca. Iniciou-se a partir da segunda metade do sculo V a.C. O Imprio Persa invadiu a Mesopotmia durante a era Arcaica e seus exrcitos comandados por Drio e Xenes atacaram as cidades em todo o territrio grego, onde parte delas j dominadas se rebelaram sem sucesso. Entretanto, em 409 a. C., Drio tentou invadir o continente, onde foi derrotado por legies de cidades-Estado gregas na batalha de Maratona. Em seguida, os persas devastaram a regio ao torno da costa de Atenas, saqueando a cidade, o que, entretanto, acabou em sua derrota pela marinha grega. Um ano depois foi encerrada a srie de ameaas logo aps a derrota dos persas na terra e no mar.Logo aps a srie de batalhas, a Grcia se fortaleceu e construiu uma era pacfica ao longo dos anos. Atenas se tornou a principal cidade do continente, alm de se reunir s cidades jnicas para formar a Liga Delia. Em 454 a. C., o tesouro da Liga Delia foi transferido para Atenas e parte do dinheiro deste tesouro foi utilizado na reconstruo da Acrpole de Atenas, que havia sido devastada aps a invaso dos persas. As primeiras quatro novas construes na Acrpole caracterizaram a fase clssica da arquitetura grega:Figura 62: A acrpole, Atenas, cerca de 479 a.C., vista pelo lado da entrada: As runas do Propileu, esquerda, e do minsculo templo de Atenas Nik, no centro, se sobressaem no primeiro plano, com a elevao da empena do Parthenon direita.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 68

Figura 63: Planta de situao da Acrpole, Atenas, cerca de 479 a.C.: A planta baixa mostra as fundaes de um templo anterior dedicado Atenas Polia, que foi destrudo pelos persas. O Erecteion, com suas caritides, se apoia nessas fundaes, lembrando perpetuamente a destruio causada pela Guerra Persa.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 68

ParthenonTemplo dedicado Atenas Polias, deusa protetora da cidade. Antes j existira ali um antigo Parthenon que foi construdo no entusiasmo que sucedeu a vitria em Maratona. Entretanto, no foi concludo e acabou sendo destrudo pelos persas em 480 a. C. O novo templo, projetado por Ictino e Calicatres, foi construdo no mesmo lugar, com algumas modificaes, e feito com o mais belo mrmore, que foi moldado em esculturas e blocos que formam a composio este edifcio.Figura 64: O Parthenon, Atenas, cerca de 448 432 a.C., visto do oeste: Este o Parthenon visto por quem est deixando o Propileu e olhando para o sudeste. Como acontece com muitos templos gregos, a edificao foi implantada de modo que o observador se aproxime por baixo e veja duas elevaes ao mesmo tempo.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 69

Propileu

Por volta de 437 a. C., iniciaram-se as construes do Propileu, um portal de entrada, projetado de Mnesicles. Foi criada uma nobre entrada de forma simtrica em torno de construes assimtricas, integrando-se a um trecho da muralha de fortificao originalmente micnica. O propileu um prtico drico cercado por alas projetadas, que apresenta a transio do mundo profano ao sagrado. O intercolnio intermedirio apresentasse mais largo do que as demais, acomodando-se ao percurso que passava pela colunata axial at ao recinto sagrado da Acrpole.Com isso, foi necessria a implantao de dois trglifos sem suporte sobre o espao central. Trs pares de colunas jnicas acompanham a passagem, pois as caractersticas de relevo e escala do espao levaram deciso de usar colunas mais esbeltas.A seo central do Propileu era encerrada por um segundo prtico drico, onde na sua ala norte era o mgaron, uma espcie de sala de reunies, muito presente nas casas gregas. J na sua ala sul, havia um prtico que precedia o Templo de Atenas Nik.Como dito anteriormente, a organizao das edificaes na Acrpole era toda planejada: ao chegar a cidade, sairamos do prtico leste para ver a escultura de Atenas Promacos a esquerda do centro, equilibrando-se ao Parthenon. A entrada do santurio era acessada atravs de um percurso que se eleva ao extremo norte do Parthenon que passava pelas fundaes expostas do antigo Templo de Atena Polias, destrudo pelos persas. S depois de vivenciar todo o exterior o templo que poderamos ver a sua beleza interna. Figuras 65 e 66: O prtico interior dos Propileus de Minesicles fornece uma rplica em hexastilo fachada do Prthenon: a mesma ordem, o mesmo ritmo. Os Propileus se agarram encosta que trepa pelo ltimo ressalto da Acrpole: aterros audaciosos permitiam que se fixassem na rocha as duas alas da entrada monumental.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 187/189

Templo de Atena NikFigura 67: Plano restitudo dos Propileus de Mnsicles, construdos a partir de 437 a.C., no limiar que marcava o limite do planalto da Acrpole. O acesso fazia-se por uma via que transpunha o ltimo ressalto, entre seis colunas jnicas. De um lado e do outro, as salas da Pinacoteca e da Gliptoteca.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 188

Alm do Parthenon, tambm existia o templo de Atena Nik, erguido sobre rochas j abrigaram um antigo bastio sagrado ao topo da colina de fronte ao Propileu. Era um santurio simples que tinha uma imagem em madeira de Atena com seu elmo e uma rom (smbolos de fertilidade) em suas mos.Erguendo-se em toda sua beleza, apresenta sua apresenta sua perspectiva de trs-quartos e domina todo planalto rochoso. Suas fachadas anfiprstilas com quatro colunas jnicas de tamanha elegncia circundam um pequeno Naos de rea 5x5m. Sua entrada no possua Pronaos e era precedida de dois pilares de mrmores esbeltos. Quatro colunas jnicas formam um prtico dianteira da entrada leste, o mesmo repete na entrada oeste.Figuras 68 e 69: Dominando a cidade de Atenas: beira do abismo, como na proa de um navio, o pequeno templo de Nik Ocupa uma posio chave no dispositivo da Acrpole. Comandando os declives da Acrpole, que foram transformados em fortaleza sagrada por meio de muros de sustentao, os Propileus e o templo de Nik enaltecem orgulhosamente o esprito do classicismo ateniense.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 188

ErcteionDe frente ao extremo norte do Pathernon pode-se avistar a mais elaborada forma do Ercteion que ficava localizado, segundo os historiadores, no terreno do palcio onde houve a disputa de Atena e Posidon. Sob o templo corre o Mar de Erecteu, uma fonte de gua salgada que produzia o barulho do mar e onde existia uma rocha com a marca do tridente de Posidon. Segundo a lenda de criao da cidade, durante a disputa Posidon bateu seu tridente em uma rocha e dali surgiu o Mar de Erecteu. Nesta edificao tambm a homenagem ao tmulo de Ccrops e o recinto de Pndroso, sua filha. Este monumento se amarra as obras dspares com as obras histricas relacionadas ao local e que tambm se submete ao domnio do Parthenon. A estas mltiplas obras correspondiam uma quantidade de reas que se dividiam na construo, o que gerava a complexidade do local. O Ercteion ergue-se na orla do abismo que limita a Acrpole, ao norte. Baseado em sua planta, o Ercteion dividia- se em sete partes: em sua entrada da parte leste localizava-se o vestbulo oriental, que dava acesso ao Santurio de Atena. No eixo sul existia o Santurio de Posidon, que dava cesso ao Santurio de Erecteu. Ao leste do santurio, existiam duas entradas: A do Santurio Butes e a do Santurio de Hefesto. J ao sul encontrava-se o prtico das caritides (colunas em forma de mulher que sustentavam a cobertura em forma de baldaquino).Ao sair da Acrpole, a parte da alta da cidade, reservada ao cunho religioso, chegamos a Astu, parte baixa da cidade, reservada a atividades cvicas, polticas, comerciais, dentre outras. Em seu centro existia a gora, centro poltico da Cidade, onde se reunia a Assembleia dos Cidados. Figura 70: Leveza reencontrada: Totalmente fora do eixo e a fazer salincia de um muro nu, o prtico das Caritides a verso jnica do tetrastilo humanizado. Mulheres jovens com roupagens elegantes substituram as colunas.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 198

Figuras 71 e 72: Uma estranha organizao: As formas complexas do Erecteion, na Acrpole, consideradas j desconcertantes pelos viajantes de comeos do sculo XIX, deixam perplexos os historiadores modernos. Mas o encanto das Caritides exercia toda a sua seduo.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 192

Perodo HelensticoO auge da arquitetura em Atenas terminou no ano de 431-403 a.c. com a guerra do Peloponeso, que foi a guerra entre as cidades-estado da Grcia, deixando a mesma frgil a potncias externas e foi o que aconteceu. Filipe da Macednia invadiu a Grcia e colocou o seu filho no poder, Alexandre, o Grande. Foi nesta fase que Alexandre no s conquistou, mas tambm disseminou a cultura grega a vrios lugares, como a sia Menor, Egito, Mesopotmia, Prsia e lugares que so hoje o Afeganisto, Paquisto e norte da ndia. Esse perodo chamou-se de perodo helenstico.O perodo helenstico se difere do clssico por se afastar das tradies da regio ao redor de Atenas e se ligar as interpretaes livres e exuberantes, como encontradas na regio oeste da sia Menor. Os templos construdos no eram exclusivamente de um s tipo de coluna, mas formada por dois ou trs diferentes, um exemplo disto o templo de Apolo Epicuro, Bassae, que era formada pela parte exterior de colunas dricas, a parte lateral de colunas corntias e na parte axial da cela era formada pela ordem jnica. Esse templo foi o primeiro a usar na parte interior da cela a ordem jnica e tambm o primeiro registro da arquitetura a usar a coluna corntia. O templo, que era um perptero hexastilo, tinha quinze colunas dos lados e no media mais que 14,50 m por 38,25 m. Estava orientado no sentido norte-sul. A cella, precedida de um pronaos bastante profundo, era seguida de um opistdomo. Ambos tinham um par de colunas in antis, mas o aspecto mais original estava no interior do naos: este estava provido de nichos laterais formados por dez colunas encastradas no topo de pequenos muros (cinco de cada lado). esquerda, como direita, os primeiros quatro destes pequenos muros eram perpendiculares s paredes laterais, o quinto, disposto a 45 graus, fazia face entrada. No fundo do nos, estes dois reforos oblquos enquadravam uma coluna axial. Esta estrutura parece separar o naos de um dito, ou skos que recebia luz por uma porta de acesso lateral. Esta disposio estranha poderia estar em relao com um sistema oracular.Figura 73: Um ecletismo engenhoso: Plano do Templo de Bassae, com o seu curioso naos; corte e elevao das colunas jnicas interiores, e da coluna corntia, assim como vista e corte do capitel corntio.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 142Figura 74: espera de uma restaurao: Os prticos do templo de Bassae foram afetados por movimentos do terreno: as colunas perderam a verticalidade. Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 143

Figura 76: Tentativa de restituio: O templo de Bassae foi objeto de uma restituio que mostrava a fachada do santurio e uma hiptese relativa vista, em corte, do naos, deixando aparecer a coluna corntia axial na extremidade da cella.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 145Figura 75: Base de uma coluna do naos: A base dos fustes jnicos, com sua modenatura dilatada, no tem equivalente em parte alguma. Tratava-se evidentemente do contributo audacioso de um criador que procurou novas solues.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 144

As meias colunas tambm foram utilizadas neste perodo, um exemplo disto o monumento Corgico de Lisicrates, essas meias colunas eram dricas e serviam para ornamentar e sustentar o friso que ilustrava o mito de Dionsio e os piratas do Mar Tirreno.

Figura 77: Colunas corntias adossadas ornamentam esta pequena estrutura.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 69

TeatroOs teatros gregos da antiguidade floresceram-se por volta de 550 a 220 a.C. Atenas era centro principal das artes cnicas (assim como na cultura, poltica e o militarismo) e foi institucionalizada como parte de um festival teatral chamado Dionsia, em homenagem ao deus Dionsio. Segundo M.L.West, o teatro grego surgiu a partir das prticas xamnicas da sia Central. Aps a grande destruio de Atenas pelos persas em 480 a.C., os teatros comearam a ser construdos sob influncia ateniense e orgulho civil. As tragdias tinham cerca de 12 a 15 atores em seu elenco, onde atuavam cantando e danando. Os espetculos eram feitos no incio da manh e no final da tarde. A rea de apresentao se chamava orquestra, que tinha cerca de 20 metros de dimetro e ficava em uma rea planificada do declive e a frente do palco. Os teatros eram feitos em solos acidentados onde eram escalonados para criao da cvea que formava a arquibancada e logo em seguida a orquestra. Os degraus da arquibancada possuam cerca de 50 centmetros de altura, o que dificultava a descida dos espectadores a reas mais prximas da orquestra. A partir de ento foi tomada a deciso da instalao de escadarias entre as arquibancadas, alm da criao das diazometas (circulao horizontal) para melhor circulao do pblico. ArquibancadaSkeneProscnioOrquestraFigura 78: Planta do Teatro de Epidauro: Praticamente todas as cidades gregas tinham seu teatro, capaz de acomodar boa parte da populao: o hbito de assistir a apresentaes teatrais era encorajado, pois elas promoviam valores cvicos.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 77

Os teatros eram originalmente construdos em grande escala para acomodar um grande nmero de espectadores. Seu tamanho era milimetricamente calculado e sua posio no declive trazia uma melhor acstica que pode ser ouvida da primeira ltima fileira. Na primeira fileira foram construdas cadeiras especiais reservadas para sacerdotes e pessoas de alto nvel social.

Figura 79: O teatro de Dionsio: Ao p da acrpole de Atenas, a cvea disposta sobre a encosta sul passou por uma longa evoluo desde a transferncia, em 498 a.C., do stio onde eram interpretadas as obras teatrais em honra de Dionsio, de incio localizado na gora.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 207Figura 80: Os lugares reservados: As filas destinadas aos espectadores de marca caracterizavam-se, no Teatro de Dionsio, pela presena de verdadeiras poltronas beira da orquestra.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 207

Planejamento Urbano Gregogora AtenienseA distribuio das edificaes na acrpole afetava a distribuio dos templos no terreno e no projeto, no entanto, para o visitante havia uma sequncia lgica em um universo equilibrado e ordenado. A harmonia esttica de um templo com colunatas apropriada pelas artes sutis e dinmicas do planejador do terreno, um exemplo disto a gora ateniense, os edifcios que compunham a gora comearam a ser construdos a partir do ano 600 a. C. e seus limites foram definidos antes do perodo arcaico. O grupo dessas construes era formado por um grupo de prdios cvicos, incluindo templos e um santurio dedicado a Zeus e um senado denominado bouleterion. O bouleterion foi construdo com uma planta baixa praticamente quadrada para acomodar 500 senadores. Um prtico levava diretamente a cmara do senado que tinha fileiras de assentos distribudas em trs laterais do espao retangular. Outro edifcio foi construdo na quina noroeste, ao lado da via Panateniense, tratava-se da Stoa Real, um edifcio retangular com colunatas e degraus acompanhando a longa lateral voltada para a gora.Depois das guerras persas, houve a reconstruo dos templos e da gora. O Hephaisteion, templo dedicado a Hefesto e Atenas foi construdo no topo da colina oeste entre 449-444 a. C. Este templo drico e ainda bem conservado, foi ornamentado com esculturas de alto relevo. Um espao entre as edificaes na base da colina permitiu estender o eixo leste desde a gora at a Stoa de talo. Durante a guerra, a Stoa Real sofreu desgaste, no entanto foram reparadas e levemente ampliadas. A Stoa pintada possua a coluna drica no seu exterior e no seu interior a de ordem jnica, era assim chamada para exibir triunfos militares e tambm servia para a reunio de filsofos e julgamentos com jri. A Stoa de Zeus substituiu o antigo santurio e passou a ser usada para reunies informais. A Stoa sul, cujos cmodos eram pequenos atrs de uma colunata dupla era utilizados para o comercio e tambm para a refeio, foi construda ao lado de Heliaia, que provavelmente foi um frum. Um novo boulerion foi construdo logo atrs da edificao existente entre o ano de 415 -406 a.C., o mesmo passou a ser utilizado como arquivo da cidade. Os espaos abertos da gora serviam para corrida, danas e para apresentaes teatrais.

Figura 82: Uma fachada altiva: O largo intercolnio do prtico circundante do Hefaisteion, em Atenas, caracterstico da evoluo do estilo drico em meados do sculo V a.C.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 201

Figura 81: Contemporneo do Prtenon: O Hefaisteion ergueu-se beira da gora de Atenas. Construdo entre 449 e 444 a.C., um hexastilo drico clssico que chegou quase intacto at ns. Era dedicado a Hefesto, o deus do fogo e das forjas.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 200

Figura 83: Um templo perptero clssico: Prtico meridional do Hefaisteion: a armao de mrmore substituiu por cima da colunata que d a volta da colunata que d a volta ao edifcio e que conta trinta e quatro fustes. A cela, ainda no seu lugar, s perdeu as colunas interiores, que a dividiam em trs naves.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 200

Figura 84: Um largo vestbulo avanado: O aligeiramento das estruturas legvel no Hefaisteion de Atenas: constata-se, com efeito, a ausncia de suporte na segunda fila de colunas, dando origem a um largo espao coberto que precede o pronaos.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 202

Depois da conquista de Alexandre, O Grande, as obras na gora de Atenas continuaram, muitas obras clssicas foram modificadas no perodo helenstico e novos prdios foram construdos dando aquela sensao de ordem espacial e fechamento. O dominante templo de Hefesto e sua chegada axial perduraram, o Metroon foi substitudo por uma edificao mais elaborada, atendendo as mesmas funes e ganhou uma colunata externa de frente. A Stoa sul foi reconstruda com outra orientao e paralelamente recebeu uma Stoa intermediria. Do outro lado da via Panateniense que no sofreu modificaes, foi construda a Stoa de taloe em ngulos retos a Stoa intermediria. Na galeria das colunatas das Stoas, tinha-se uma sensao de proteo e de estar em um espao aberto maior, as Stoas eram edificaes que davam espaos para o comercio e convidavam os cidados a participar da vida pblica da cidade. Figura 85: Planta baixa da gora, Atenas, cerca de 150 a.C.: as edificaes da era clssica esto em cinza. O percurso diagonal que atravessa o espao central a via Panateniense, A rota processional que saa do porto norte da cidade e seguia na direo sudeste at a acrpole.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 79

As cidades HelensticasNem sempre o planejamento grego era evolutivo e assimtrico, os gregos eram capazes de reproduzir plantas ortogonais regulares e frequentemente aplicavam s colnias. Enquanto muitas cidades cresciam de forma orgnica, outras eram reconstrudas geralmente ps a guerra, de acordo com princpios urbanos mais regulares. Essa disposio do meio urbano aconteceu entre V e IV a.C., pelo urbanista Hipdamo de Mileto, que era discpulo de Pitgoras. Em seu projeto, Hipdamo fez mais do que especificar a localizao dos prdios cvicos, o leiaute da rua e o posicionamento dos espaos abertos ele incluiu o projeto de moradias unifamiliares. Figura 86: Stoa de talo, Atenas, 159 132 a.C. (reconstruda em 1952 56): Esta edificao foi oferecida cidade por talo de Prgamo. Depois de reconstruda, ela e o Hefaisteion so as nicas estruturas da antiguidade remanescentes na gora de Atenas.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 80

Durante o Perodo helenstico, a arquitetura e o planejamento urbano ficaram mais elaborados e teatrais, como mostra o projeto de Prgamo, outra cidade da sia menor. Ela veio se tornar capital da dinastia Atlida, cujos lderes se intitularam reis, em parte, para celebrar suas vitrias militares sobre os Glatas. Originalmente uma fortaleza no topo de uma colina, Prgamo cresceu na forma de patamares, com terrenos nivelados para as edificaes, que eram sustentadas por muros de arrimo e conectadas com escadarias monumentais. A acrpole possua templos, biblioteca, o santurio de Atena e palcios, tudo isso sobre um teatro com arquibancadas cavadas na prpria colina colina com capacidade para 10 mil pessoas. Entre as edificaes mais famosas de Prgamos se destaca o Grande Altar (cerca de 181 159 a.C.), dedicado a Zeus E Atena. O alto plinto sobre o qual ele se erguia abrigava um friso com mais de 90 metros de comprimento, onde foram esculpidas cenas de batalhas entre deuses e gigantes em uma aluso clara s batalhas recentes com os celtas. O resultado uma extravagncia da arquitetura com poucos traos que da conteno e do idealismos que guiaram o projeto da acrpole de Atenas.Figura 87: Grande altar de Zeus, Prgamo, cerca de 181 159 a.C.: O Grande Altar foi reconstrudo no Museu de Prgamo, em Berlim. Este magnfico santurio, originalmente implantado em uma colina sobre a cidade , inclui um belo friso com grandes imagens esculpidas, que contrasta com a serenidade da colunata acima.Fonte: Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011, p. 81

Outras construes importantes da Grcia antiga: Os odeesO odeo era o pequeno anfiteatro grego usado para competies musicais. Assemelhava-se a um teatro em sua forma e disposio, mas havia diferenas caractersticas: o odeo era menor e possua cobertura a fim de reter o som. Acredita-se que fora criado porque os primeiros instrumentos musicais no tinham boa ressonncia nos grandes teatros a cu aberto. Era comparativamente menor porque ali se faziam principalmente ensaios musicais e, portanto, menos espao era disponibilizado ao pblico. No teatro, em contrapartida, eram realizadas as apresentaes de coral e dramatizaes. Figura 88: Telhado do odeo: Os odees, diferentemente dos teatros eram total ou parcialmente cobertos. O telhado do odeo de Pricles, em Atenas, era sustentado por 81 colunas. Plutarco dizia que se tratava de uma estrutura inclinada e convergente a um nico ponto e, por isso, parecia a tenda do rei persa.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 119Figura 89: Planta do odeo: Por muito tempo, pensou-se que todos os odees fossem circulares. Este exemplo, o odeo de Herodes tico, em Atenas, de fato era um teatro. Contudo, h indcios de que o odeo construdo por Pricles em Atenas fosse quadrado.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 119

EstdiosOs primeiros estdios gregos eram alongados e estreitos, em formato de U ou de ferradura, tinham cerca de 200 a 250 m de extenso. Na sua parte central ficava localizada a arena, onde havia as prticas desportivas como o atletismo e o lanamento de dardos, os principais esportes da poca. Os jogos olmpicos eram feitos em celebrao aos deuses, onde os maiores atletas de toda a Grcia se reuniam e mostravam suas habilidades para vencer as competies. Figura 90: Planta de estdio: O estdio era uma pista de corrida para competies a p. O percurso era reto e plano e tinha cerca de 183 metros. Em geral, os atletas viravam bruscamente num poste no fim da pista. As laterais formavam barreiras de terra; numa das pontas, havia assentos para espectadores.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 121

Ginsios

Funcionava como um espao de treinamento para as competies pblicas. Era tambm um local reservado ao culto socilogo e intelectual. Os ginsios tinham grandes estruturas contendo espaos para cada tipo de exerccio assim como um estdio, palestra (escola de artes marciais), os banhos, os prticos exteriores para prtica de esportes em pssimas condies climticas e outros prticos cobertos, onde filsofos e outros intelectuais davam palestras pblicas. Ficavam localizados fora do muro da cidade, por causa da grande quantidade de espao que era necessria para a construo. Figura 92: Palestra: Embora a palestra fosse similar ao ginsio e os termos fossem intercambiveis entre as duas estruturas, esse edifcio era uma escola privada de luta livre grega. Este exemplo, em Olmpia, tem o ptio cercado por uma colunata, vestirios e banheiros nos fundos.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 121

Figura 91: Ginsio: O ginsio, em geral contornado por colunatas, era o espao usado pelos jovens e homens para exercitar-se. Porm, a palavra tambm se referia ao ptio e aos edifcios ao redor, como as salas de banho e de leitura, alm dos vestirios.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 121

HipdromoFigura 93: Hipdromo: Hipdromos eram edificaes destinadas s corridas de quadrigas e de cavalos duas das mais prestigiadas competies gregas. Nenhum hipdromo grego sobreviveu, mas h indcios de que se pareciam com os circos romanos, em forma de U. As corridas comeariam na extremidade do U e rodeariam a barreira central. No hipdromo de Olmpia, representado aqui, as quadrigas corriam doze voltas, enquanto os cavalos corriam apenas uma.Fonte: COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013, p. 121

A casa grega As casas gregas seguiram tipos diferentes, mas sempre respeitando a tipologia. Segundo alguns historiadores, as primeiras casas possuam estruturas simples de apenas dois quartos, com uma varanda aberta abaixo de uma empena ou um fronto, baseando-se no formato dos templos. A construo de muitas destas casas eram feitas de tijolos de argila, de uma estrutura em madeira ou de gesso, sobre uma base de pedra que protege os elementos mais vulnerveis. A coberta era feita de palha com exceo s grandes casas, onde a coberta era feita de pedra e reboco. Elas possuam beiral com radiais que evitam o contato da gua nas paredes.Figura 94: Planta de uma casa de Delos:1 Ptio com peristilo;2 Sala de recepes;3 Quartos;4 Poos;5 Latrinas.Fonte:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras/links/casasgregas.htm

As casas tinham uma espcie de um pequeno ptio central descoberto, por onde circulava o ar e a luz para todo o resto da casa. As maiores casas tinham um grande ptio peristilado desenvolvido no centro, com seus quartos dispostos ao longo dele. Na parte sul da casa, ficava o Mgaron, uma espcie de sala-de-estar, onde havia as reunies da famlia. Algumas casas tinham um piso superior, que era reservado ao uso das mulheres.Na parte da cidade, as casas eram construdas com paredes adjacentes e foram divididas em pequenos blocos de ruas estreitas, se voltando ao seu interior, com grandes aberturas voltadas ao ptio central.

O ParthenonSendo o maior templo drico da metrpole grega, o Parthenon um templo dedicado a deusa Atena Polade e maior que os outros edifcios da acrpole. o centro do projeto concebido por Pricles e h vestgios que indicam que foi construdo um Parthenon anterior construo grandiosa que vemos nos dias de hoje.O primeiro Parthenon, ou Antigo Parthenon comeado a construir por Pisstrato, tirano de Atenas de 561 a 555 cujos vestgios subsistem debaixo do templo visvel, tinha passado por duas fases. A primeira foi a de um templo em calcrio de Poros que media na base 31,39 m por 76,82 m. S a infraestrutura tinha sido realizada. A segunda, em mrmore, ligeiramente menos vasta (23,53 m por 66,94 m) era um edifcio hexastilo, com dezesseis colunas laterais. A sua construo tinha comeado por volta de 520 a.C. Por detrs da fachada de seis colunas, uma segunda fila de quatro colunas mais finas substitua os fustes in antis. A leste, o naos muito comprido e estreito tinha trs naves separadas por dois prticos de dez colunas interiores em dois nveis. A oeste, abria-se o opistdomo, seguido de uma sala quadrada, cuja cobertura era sustentada por um grupo de quatro colunas.Figura 95: O primeiro Parthenon: Plano do primeiro templo consagrado a Atena Prtenos (chamado pr-Parthenon). Construdo em mrmore, tinha sido comeado no incio do sculo V na Acrpole. Este edifcio estava ainda em construo segundo parece quando os persas o destruram em 480 a.C. Nele, havia uma cela de trs naves a leste, e uma Sala das Virgens, a oeste, de incio quadrada e depois alongada. Esta sala tinha uma cobertura suportada por quatro colunas altas em estilo jnico. Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 174

No Parthenon clssico, de estilo drico, a construo foi alongada e ao invs de seis passou a ter oito colunas na fachada por dezessete dos lados. O naos, muito largo, passou de uma dezena de metros a dezenove metros. Ele apresentava, ao fundo da sala, um ngulo reto dos prticos laterais em dois nveis com cinco colunas que se erguiam por trs da esttua de Atena. Quanto sala com quatro colunas ou Parthenon propriamente dito estava provida de altos e elegantes fustes jnicos.Figura 96: A fora de uma evidncia: a fachada do Parthenon, com as suas oito colunas que suportam o entablamento e o fronto, impe-se como um paradigma clssico. No centro do projeto de Pricles, esta criao tinha como finalidade apagar a humilhao devida invaso dos Persas e ao saque de Atenas.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 177

Figura 97: Dominando a acrpole: Visto da Colina das Musas, em Atenas, o Parthenon que se ergue acima dos muros de sustentao e do teatro de Herodes ticus formava um suntuoso coroamento de mrmore sobre a cidade. Ele afirmava o papel predominante da deuda Atena e sublinhava com a graa dos seus prticos, em que alternavam a sombra e a luz, a perfeio dos ritmos clssicos.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 178

Propores e nmerosFoi provavelmente com o Parthenon que os nmeros e as propores da simetria, da harmonia e da simblica pitagrica se concretizaram com a maior coerncia. Diversos trabalhos foram consagrados anlise dos sistemas que presidiram composio da obra-prima. Com uma simplicidade que tem a fora da evidncia, a formulao matemtica assentava nos nmeros 2 (primeiro nmero par) e 3 (primeiro nmero primo mpar), e nos seus quadrados 4 e 9. A partir desta relao de 4 para 9, que correspondia tanto s dimenses do estilbato como as do naos sem as antas, tudo se encadeava com uma lgica absoluta: esta proporo subdividia-se em trs retngulos pitagricos tendo lados de 4 e 5 (cujos quadrados so 9, 16 e 25).Ernst Berger, de Basileia, fornece para isto uma chave esclarecedora. O autor mostra que a composio assentava num mdulo: o maior denominador comum entre o comprimento, da largura e da altura do Parthenon (largura 30,88 m; comprimento 69,5 m; altura 13,72 m). Este denominador comum estabelecia-se respectivamente em 36 mdulos (ou seja 6), 81 mdulos (ou seja 9) e 16 mdulos (ou seja 4). Este mesmo mdulo, medindo 0,858 m, aplicava-se largura dos trglifos e altura dos capiteis. Havia cinco mdulos (4,293 m) de entre-eixo entre as colunas; 12 mdulos para a altura das colunas, 21 mdulos para a altura total do templo. E as propores do naos eram de 25 para 60 mdulos.Figura 98: Uma composio altiva: O ngulo meridional do Parthenon e o seu feixe de colunas dricas em mrmore. o enaltecimento do ritmo que gera uma harmonia perfeita. Construdo entre 447 e 432 a.C., o Santurio de Atena tem a altura de 13,72 m at a cornija.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 178

Figura 100: O jogo dos nmeros que entram na composio do Parthenon: O plano assenta na relao 4 para 9 que se subdivide em trs retngulos de Pitgoras, cujos lados, medindo 3 e 4, determinam uma diagonal de medida 5 (hipotenusa). Alm disso, a justaposio longitudinal de dosi retngulos de Pitgoras fornece a proporo de 3 para 8. Por fim, o mdulo que rege o conjunto da composio resulta do maior denominador comum do comprimento, da largura e da altura. Este mdulo est contido 81 vezes (9x9) em cada quadrado sado das propores de base 4x9. (segundo E. Berger).Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 179

54321Figura 99: Elevao lateral e plano do Parthenon:1 Vestbulo leste;2 Cella;3 Lugar da esttua criselefantina de Atena;4 Sala das virgens;5 Vestbulo oeste.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 179

A decorao do ParthenonO Parthenon mostra um notvel adorno de esculturas. Em primeiro lugar, os frontes e a estaturia dos tmpanos que figuram, a leste como a oeste, uma srie de deuses e de heris: o nascimento de Atena e as suas rivalidades com Poseidon para reinar na tica. Figura 101: Decorao do fronto oriental: A escultura representava o enfrentamento de Atena e de Poseidon. A do fronto leste evocava o nascimento de Atena. No ngulo meridional, vem-se emergir os cavalos do carro de Hlio, a marcarem a aurora de uma nova era.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 180

Depois, a srie das noventa e duas mtopas, com esculturas em relevo, realizadas entre 447 e 442 a.C.: elas representam o combate dos Centauros e dos Lpidas, dos Heris e das Amazonas, smbolo da luta entre os deuses e os gigantes, que ganha todo o seu sentido no combate entre gregos e persas, entre o Ocidente e o Oriente.Por ltimo, sob o prtico do peristilo exterior corre o imenso relevo da Procisso das Panateneias. Trata-se de uma vasta composio contnua segundo o princpio dos frisos jnicos que d a volta cella do templo. Ela representa um acontecimento ritual no qual toda a cidade era chamada a participar: a festa das Panateneias. Nesta ocasio, um suntuoso pplos bordado era oferecido, todos os anos, deusa Atena, pela procisso que reunia todos os representantes da cidade. O cortejo, passava pela gora, subia as encostas da acrpole para prestar homenagem patrona da cidade com grandes sacrifcios em que eram imolados quatro bois e quatro ovelhas. A festa tinha lugar aps as ceifas e constitua um ato de graas pelos benefcios concedidos. Figura 102: Em Perspolis como na Acrpole: A presena dos cavalos e dos cavaleiros marcante no Cortejo dos Tributrios na Apadana: estas duas cabeas de cavalos atrelados, a puxarem o carro dos Ldios, ligam-se a um estilo puramente grego. Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 182

Figura 103: O cortejo dos Tributrios: Em Perspolis, os delegados de cada regio traziam os presentes que eram tpicos dela: cavalos, peas de ouriversaria, tecidos, perfumes, especiarias, etc. Cada delegao era introduzida por um Meda ou por um Persa.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 183

Figura 104: A Procisso das Panateneias: Um princpio anlogo ao de Perspolis, fundado no desfile dos participantes, animava o friso do Parthenon: esquerda, cavaleiros em montanhas empinadas dirigem-se para o lugar da cerimnia; direita, jovens com hidrias que continham as oferendas deusa. (Museu da Acrpole, Atenas)Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 183

Sobrevivncia, destruio e restaurao do ParthenonO templo de Atenas Polias foi transformado em igreja no sculo VI da nossa era, o que implicou a supresso da grande esttua da autoria de Fdias, levada para Constantinopla. Depois, os cruzados consagraram o edifcio ao culto catlico em 1208 e os Otomanos fizeram dele uma mesquita em 1460.At ento, o Parthenon tinha sobrevivido muito bem aos vinte e cinco sculos da sua histria movimentada. Infelizmente, os Turcos tinham transformado a Acrpole numa fortaleza: tinham depositado munies no Parthenon. Quando, em 1687, se deu o assalto dos Venezianos conduzidos pelo Sueco Koenigsmark, uma granada caiu na plvora e o edifcio ficou profundamente arruinado com a exploso. Por fim, em 1802, Lod Elgin apoderou-se, com o acordo do sulto, de cinquenta e seis painis do friso e de quinze mtopas e transferiu-os para o British Museum.Os trabalhos de restaurao comearam no sculo XIX mediante imagens realizadas por alunos de Villa Mdicis, como Alexis Paccard (1845) e Benoit Loviot (1879) que chamaram a ateno para a importncia do monumento. No plano arqueolgico, as escavaes no puderam comear antes de se ter libertado a Acrpole das construes que a enchiam desde a poca crist e a poca turca: abolio da abside paleocrist e da pequena mesquita erguida no templo, destruio do bastio otomano. A obra comeou em 1835, pouco depois da independncia grega. Em 1885, uma grande campanha levou descoberta da estaturia arcaica do velho Parthenon. Entre 1923 e 1933, a Grcia encetou as operaes de anastilose propriamente ditas: foram levantadas as colunatas norte e sul. Atualmente, uma importante campanha est em curso, devido ao sismo de 1981. Ela permitiu utilizar tambores e blocos encontrados entretanto, levantar certas colunas e estudar a realizao de uma anastilose do pronaos, por meio de uma maioria de materiais originais.Fonte: STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998, p. 186

ConclusoOs gregos nos tempos antigos formaram uma civilizao exuberante, incrvel como eles dominavam a arte de construir e projetar, levar para o alto aquelas grandes e pesadas pedras que constituam imensas e elegantes construes. Alguns aspectos ainda so um mistrio, como o fato da forma como aquelas pedras que formaram os muros ciclpicos mesmo sendo irregulares eram to bem encaixadas. So perguntas que at hoje no foram totalmente respondidas. Os gregos criaram o sistema estrutural bsico existente at hoje, que o trilto, que pode ter se desenvolvido, porm utiliza o mesmo princpio. Os detalhes e a grandiosidade dos templos era de se assustar, as colunas dricas, jnicas e corntias cada uma com suas caractersticas prprias mas sempre com um nico fim, sustentar a estrutura e ornamentar. Os teatros tinham grande acstica e seu modelo de arquibancada circular seguido at os dias de hoje, assim como o planejamento urbano em forma da tbua de xadrez. Ou seja, a partir dessas e de outras observaes que percebe-se a importncia que as civilizaes da Grcia tiveram na histria da nossa arquitetura.

Bibliografia STIERLIN, Henri A Grcia De Micenas ao Prtenon. Lisboa: Taschen, 1998 COLE, Emily Histria ilustrada da arquitetura. So Paulo: Publifolha, 2013 Fazio, Michael/ Moffett, Marian/ Wodehouse, Lawrence A histria da arquitetura mundial. Bookman, 2011 CONTI, Flvio Como reconhecer a arte grega. So Paulo: Martins Fontes SCHUCHHARDT, Walter-Herwig Grcia. Lisboa: Verbo, 1970. CAMPOS, Flvio de A escrita da histria: ensino mdio: volume nico - 1 ed. So Paulo: Escala Educacional, 2005. http://greciantiga.org/img/index.asp?num=0182 http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras/links/casasgregas.htm http://cpantiguidade.wordpress.com/2010/08/17/a-casa-grega-do-v-a-c/ http://www.youtube.com/watch?v=rHsKkgQXN3A

19 | Arquitetura na Grcia Antiga