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Cultura do Senado – História e Cultura das Artes
Curso Professional de Técnico de Design de Equipamento
Diogo Miguel Rodrigues Baltazar nº5 2DES
Cultura do Senado – História e Cultura das Artes
Curso Professional de Técnico de Design de Equipamento
Diogo Miguel Rodrigues Baltazar nº5 2DES
Índice
Octávio César Augusto ............................................................. 4
Ócio ......................................................................................... 6
Arquitetura de Ócio ................................................................. 7
Anfiteatro Flávio em Roma .................................................... 7
Termas .................................................................................. 8
Circo Máximo ........................................................................ 9
O Senado ............................................................................... 10
Arquitetura Politica/Triunfal .................................................. 12
Colunas e Arcos de Triunfo .................................................. 13
Panteão de Roma ................................................................ 14
Domus ................................................................................... 16
Pintura ................................................................................ 17
Mosaico .............................................................................. 19
Os Frescos de Pompeia ........................................................... 20
A Coluna de Trajano ............................................................... 22
Cultura do Senado – História e Cultura das Artes
Curso Professional de Técnico de Design de Equipamento
Diogo Miguel Rodrigues Baltazar nº5 2DES
" O Império Romano é a civilização helenística, nas mãos brutais de um aparelho de
Estado de origem italiana. Em Roma, a civilização, a cultura, a arte e a própria
religião são quase completamente oriundos dos Gregos, ao longo de meio milénio de
aculturação; desde a sua fundação, Roma, poderosa cidade etrusca, não era menos
helenizada que as outras cidades da Etrúria. Se o alto aparelho de Estado, Imperador
e Senado, permaneceram, no essencial, estranhos ao helenismo, em contrapartida, o
segundo nível institucional, o da vida municipal (o Império Romano formava um
corpo cujo células vivas eram milhares de cidades autónomas), era inteiramente
grego. Desde o século II antes da nossa era, a vida de uma cidade do Ocidente latino
era idêntica à de uma cidade da metade oriental do império. E, fundamentalmente,
era esta vida municipal, completamente helenizada, que servia de quadro á vida
privada [e quotidiana].
Roma é um povo que teve por cultura a de outro povo, a Grécia. A vontade de poder
da classe dirigente romana era tão grande que se apoderava dos valores
estrangeiros como se de um despojo de guerra se tratasse; nunca receou perder a
sua identidade nacional, nem despojar-se da sua herança cultural; não foi xenófoba
nem integrista. É por tais traços que os grandes povos se reconhecem. "
Paul Veyne em: Phillippe Ariès e Georges Duby (dir. de), História da Vida Privada,
Do Império Romano ao Ano Mil, Vol. I, Ed. Afrontamentof
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Octávio César Augusto
Caio Júlio Octaviano César, nasceu a 63 a.C. e a sua vida pública começou em 44 a.C., quando
este tinha apenas 19 anos, após o assassinato de Júlio César, de quem era sobrinho-neto e
herdeiro oficial.
Na altura era um jovem tímido, modesto, sem grande presença física, com uma saúde precária
e sem gosto e jeito para a carreira militar. Pouco a pouco revela ter uma grande habilidade,
competência e eficiência na política.
Com prudência e diplomacia, conseguiu os apoios que necessitava, afastou os seus inimigos e
tornou-se de tal modo indispensável perante o Senado e o povo romano, que acabou por
acumular poderes que fizeram dele a primeira figura do Estado romano.
Em pouco tempo, Octávio, sempre dentro das ordens republicanas e respeitando o mos
maiorum (leis antigas), conseguiu alcançar os maiores postos do cursus honorum
(magistraturas):
O imperium proconsulare, que lhe concedeu o supremo comando militar;
O poder tribunício, no início temporário e depois vitalício, que lhe concedeu todos os
poderes civis;
Conseguiu do Senado, os direitos de nominatio,commendatio e adlectio, que lhe
deram o direito de seleccionar e controlar os senadores e os altos funcionários da
administração pública;
Recebeu o título de Augustus e pontifex maximus, que lhe concedeu o direito de
controlar também o poder religioso e moral.
Com as suas principais qualidades (virtude, clemência, justiça e piedade), tornou-se o primeiro
imperador de Roma e geriu o seu Império “com mãos de ferro calçadas com luvas de veludo”.
Enquanto imperador de Roma, César Augusto, aumentou o império, consolidou as fronteiras,
pacificou as províncias (imposição da pax romana), reformou o aparelho administrativo,
reestruturou a sociedade em classes censitárias (que pagavam impostos), restabeleceu a
religião tradicional, deu um grande desenvolvimento às artes, ao atrair á sua corte poetas,
escritores e artistas, e iniciou uma época de paz e prosperidade.
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Gabou-se ainda, quanto a Roma, de ter encontrado uma cidade de tijolo e a ter deixado de
mármore.
Em 14 d.C., morre em Nola, deixando o poder a Tibério, visto que os que estavam na linha para
o suceder morreram em circunstâncias estranhas.
O Senado homenageia-o, declarando o seu período de vida como Saeculum Augustum (Século
de Augusto) e dando início ao seu culto divino.
Octávio César Augusto
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Ócio
No século de Augusto, a paz e a prosperidade económica, trazidas pelas conquistas e pelo bom
governo, proporcionaram aos Romanos o usufruto do ócio (tempo livre) e alteraram esses
velhos costumes.
Roma e toda a Itália foram invadidas por povos de todas as partes do império. De todas, as que
mais contribuíram para a alteração dos hábitos e costumes, foram os gregos.
Os Romanos apreciavam-lhes o falar, os conhecimentos, a cultura e muitas outras coisas, e
imitaram-os:
A língua grega, falada e escrita, passou a ser utilizada entre as elites cultas;
Os hábitos de luxo instalaram-se nos lares;
O exotismo tomou conta do vestuário e dos penteados;
Os banquetes e os salões privados eram frequentes e a ida às termas um hábito
indispensável;
O interesse pela filosofia, música e pelas artes dominaram os meios intelectuais.
Na Roma imperial, como divertimento público, popularizaram-se os jogos que inicialmente
foram divertimentos para os deuses oferecidos pelos humanos, e a sua realização obedecia a
programas e rituais rigorosamente estipulados.
Os mais antigos eram as corridas de cavalos, no Grande Circo Máximo, onde se seleccionava o
melhor animal, que no fim era solenemente sacrificado e o sangue derramado para purificar e
vivificar o solo.
Outras das festividades públicas tradicionais eram as Grandes Procissões, que estão na origem
das representações teatrais entre os romanos. A esta tradição associaram a influência do
teatro grego, dando origem ao teatro romano, cópia do primeiro. O teatro tinha também
representação em festividades privadas, nomeadamente em certas cerimónias fúnebres.
Os combates entre feras e, mais tarde, entre homens e feras, também eram muito
apreciados.
A variedade de jogos criados dependeu muito da imaginação dos magistrados, cuja principal
preocupação era agradar o poder e o povo.
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Arquitetura de Ócio
Pragmática, funcional, colossal e magnificente, a arquitetura romana preocupou-se,
essencialmente com a resolução dos aspectos práticos e técnicos da arte de construir,
respondendo com soluções criativas e inovadoras às crescentes necessidades demográficas,
económicas, políticas e culturais da cidade e do império.
Anfiteatro Flávio em Roma
Os anfiteatros, construções mais populares da arquitetura romana do lazer, exerceram um
importante papel sócio recreativo.
Possuíam planta circular ou elíptica, sem cobertura e tinham vários andares (geralmente três
ou quatro), sustentando-se a si próprios, graças aos complexos sistemas de abóbadas radiais e
concêntricas, que suportavam as galerias sob as bancadas e a própria arena; a parede exterior,
circular, ostentava três níveis de arcos, ladeados por colunas adossadas com ordens diferentes
em cada andar, separados por entablamentos e encimados por um ático sem arcadas, mas
com pilastras adossadas.
O Anfiteatro Flávio eleva-se a uma altura de quatro andares. No seu interior existiam
variadíssimas dependências, corredores, galerias e tuneis que permitiam uma evacuação do
edifício com grande rapidez, pelas suas 76 entradas, ornadas com estátuas e fontes.
Os jogos circenses, regulados pelo Senado, eram a maior diversão do mundo romano,
sobretudo as lutas entre os gladiadores e entre gladiadores e feras, podendo ainda envolver
escravos condenados. As lutas acabavam sempre com a morte de um dos contendores.
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Termas
As termas, que mais do que simples balneários públicos, tornaram-se importantes locais de
encontro e convívio social e símbolos do poder político.
Continham piscinas de água quente e fria, saunas, ginásios, estádios, hipódromos, salas de
reunião, bibliotecas, teatros, lojas e amplos espaços verdes, ao ar livre.
Devido a todas estas funções, eram construções de escala monumental e pautavam-se pelo
apurado sentido de ordem e simetria das suas plantas, pela estruturação dinâmica e funcional
dos seus interiores, pela conjugação harmoniosa das várias volumetrias, pelas arrojadas
coberturas abobadadas ou cupuladas e ainda pela belíssima articulação entre interiores e
exteriores.
Ostentavam uma rica decoração, com revestimentos a mármore policromo, belas composições
de mosaicos, pinturas em estuque e muita estatuária artística.
As mais conhecidas são as de Agripa e de Trajano, hoje desaparecidas, e as de Caracala e de
Diocleciano.
Ruínas das termas de Caracala em Roma e um dos seus mosaicos decorativos
Termas Romanas em Espanha
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Circo Máximo
Em Roma, as corridas do hipódromo começavam com uma procissão que ia do Capitólio ao
Circo Máximo, encabeçada pelo prefeito da cidade, seguido pelos concorrentes, pelo pessoal
das cavalariças e pelo cônsul que presidia às provas. As corridas eram maioritariamente
financiadas pelos fundos públicos.
Os cocheiros, ou aurigas, vestiam-se por cores:
Duas principais - os verdes e azuis;
Duas secundárias - os vermelhos e os brancos.
Cada cor tinha os seus partidários que, nas bancadas, faziam apostas e participavam
ruidosamente, incentivando as suas quadrigas. Estas corriam na arena em torno da spina, a
divisória central enfeitada com estátuas de deuses, trofeus vários, contadores de voltas e um
obelisco.
O Circo Máximo, tendo sido primeiramente utilizado para jogos e entretenimento pelos reis
etruscos de Roma, veio a servir para jogos, festivais e corridas de bigas, uma clara influência
dos gregos. Numa tentativa de ir ao encontro das exigências dos cidadãos de Roma, Júlio César
expandiu o Circo, por volta de 50 a.C., aumentado a pista para, aproximadamente, 600 metros
em comprimento, 225 metros em envergadura, permitindo acomodar cerca de 250.000
espectadores.
Mais tarde, o imperador Tito construiu o arco que levou o seu nome na extremidade, no
Fórum Romano, enquanto o imperador Domiciano ligou o novo palácio, no monte Palatino, ao
Circo, para poder assistir às corridas das suas varandas. O imperador Trajano, mais tarde,
adicionou outros cinco mil lugares e expandiu a zona imperial, numa tentativa de obter maior
visibilidade durante os jogos.
Hoje em dia restam em pé algumas poucas ruínas da sua estrutura, e a área descampada que
era ocupada por sua extensão é utilizada pelos romanos como uma área de lazer ao ar livre.
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O Senado
O Senado foi a mais velha instituição do Estado romano, tendo existido desde a monarquia até
finais do Império.
Durante a República (510-27 a.C.), foi o órgão principal da vida política romana. Era composto
por ex-magistrados, nomeados e escolhidos primeiro pelos cônsules e depois pelos censores.
Os senadores começaram por ser em número de 300, mas Sila duplicou este número e Júlio
César triplicou-o.
Inicialmente, possuía funções meramente consultivas, mas com o passar do tempo começou a
dominar todos os assuntos da vida pública, com carácter deliberativo e normativo. Cabia-lhe,
como funções ordinárias, a política externa, as decisões de guerra e paz, a gestão das festas e
solenidades religiosas, a administração das finanças e a tomada de medidas relativas à ordem
pública; como funções extraordinárias, podia ainda declarar o estado de sítio, suspender os
tribunais, intervir no governo das províncias e na gestão do exército, preparar as leis que os
comícios deviam votar, entre outras.
Tal amplitude de funções, em conjunto com o prestígio dos senadores, fez das reuniões do
Senado, na Cúria, o palco quotidiano da vida política do império durante a República, onde a
arma principal de convencimento era a palavra, a Retórica, ou arte de bem-falar, importante
factor no sucesso dos oradores e na condução das discussões e votações.
Com o Império, o Senado entrou em decadência. Augusto reduziu o número de membros e
retirou-lhe grande parte dos seus poderes: deixou de comandar o exército e de intervir na
política externa.
Durante o Império, a centralização política usou como principal instrumento de coesão do
Estado, a Lei Romana (conjunto de normas de Direito, superiormente definidas), que aplicada
igualmente em todo o mundo romano, uniformizou os procedimentos da justiça e dos
tribunais em todas as províncias, sobrepondo-se à diversidade dos direitos locais.
A superioridade das leis romanas residia:
Na racionalidade e na lucidez dos princípios gerais que enunciavam;
No pragmatismo e na experiência que colocam na análise das situações do quotidiano;
Na complexidade das situações que contemplavam e que eram vividas, a todos os
níveis, nas várias regiões do império.
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A aplicação da justiça e a chefia dos tribunais refletiram também a estrutura centralizadora
dos Estado Imperial.
Entregue, durante a República, aos magistrados pretores e aos pretores, a administração da
justiça passou para a alçada dos imperadores e seus funcionários, no período do Império.
O direito de apelação, reconhecido a todos os cidadãos que recorressem à justiça romana, só
podia ser resolvido nos tribunais presididos pelo Senado ou pelo imperador, e a este cabia
todos os casos de última instância. Desta forma, o imperador centralizou em si, os poderes
legislativo e judicial.
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Arquitetura Politica/Triunfal
Nas suas construções, os Romanos usaram materiais tradicionais como a pedra, o tijolo, a
mármore e a madeira, e outros, mais económicos e fáceis de trabalhar, criados ou recriados
por eles de forma inovadora - falamos dos diferentes tipos de opus (termo usado pelos
romanos para designar o material ou o tipo de organização dada ao material empregue numa
construção. Distinguem-se vários tipos:
Opus incertum, que usa pedras pequenas e irregulares unidas por argamassa;
Opus recticulatum, semelhante ao anterior mas com revestimento exterior regular,
feito com pequenas pirâmides de calcário cunhadas na parede com a base para fora;
Opus quadratum, que usa silhares de pedra aparelhada, sobrepostos sem argamassa,
cuja coesão é garantida pala colocação de grampos metálicos;
Opus testaceum, constituído por ladrilhos cozidos dispostos de modo a fazer desenhos
quadrados ou triangulares;
Opus caementicium, um dos mais importantes, uma espécie de argamassa de cal e
areia, a que se adicionavam pequenos pedaços calcário, pozolana (material de origem
vulcânica), cascalho e restos de materiais cerâmicos, que criava uma pasta moldável
enquanto húmida, semelhante ao actual cimento ou betão que, depois de seca, se
igualava à pedra na solidez e na consistência. A sua utilização desde o séc. IV a.C,
facilitou e tornou mais rápida e económica a construção de estruturas complicadas.
O emprego deste material obrigou ao uso de vários paramentos (revestimento exterior) que
disfarçassem o aspecto final pouco decorativo das estruturas. Deste modo, os Romanos
inventaram diferentes almofadados em pedra e tijolo e aplicaram revestimentos exteriores
com relevos em estuque, placas de mármore policromo ou ladrilhos cozidos. Nos interiores, o
revestimento era feito com pedras nobres, mármores, mosaicos e estuques pintados.
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Colunas e Arcos de Triunfo
O espírito histórico e triunfalista dos Romanos, levou-os a produzirem obras com fins
comemorativos e que assinalassem, pela sua presença evocativa, as conquistas militares e
políticas dos grandes oficiais e dos imperadores.
Dentro desta arquitetura, salientam-se duas tipologias: as colunas honoríficas e os arcos de
triunfo, que eram ambos de várias formas e tamanhos, ricamente decorados com baixos e
altos-relevos, colunas adossadas, estátuas ou esculturas alegóricas e/ou honoríficas.
A sua colocação fazia-se, geralmente, a meio das vias importantes ou nas entradas e saídas dos
fóruns, embora, por vezes, estivessem adossadas ás portas das muralhas das cidades, a
pórticos e aquedutos.
Arco de Triunfo de Tito Coluna de Trajano
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Panteão de Roma
O Panteão, um vasto templo redondo, é “a melhor obra arquitetónica conservada da
romanidade”.
Esta construção que, atualmente, se encontra na praça Panteão numa posição central entre a
Via “del Corso” e a Praça Navona, foi mandada erguer entre 118 e 128, pelo imperador
Adriano que, segundo alguns autores, terá participado activamente na sua concepção.
De modo a honrar os deuses do céu e da Terra, o panteão compõem-se de dois corpos
distintos:
o edifício circular, coberto pela gigantesca cúpula desenhada, segundo se crê, por
Apolodoro de Damasco, arquiteto do imperador, contém uma abertura circular (oculus
zenital), ao centro, com 9 metros de diâmetro, que dá passagem a um jorro de luz
abundante, produz também uma sensação de leveza dentro do edifício. Este óculo
encontra-se a mais de 40 metros acima do pavimento, e como o diâmetro do recinto
tem a mesma dimensão, a cúpula e o tambor, sendo de igual altura, encontram-se em
perfeito equilíbrio.
o pórtico rectangular saliente, do tipo corrente nos templos romanos de planta
regular, que apresentava um envasamento alto, ao qual se subia por largos degraus,
mas com a subida do nível das ruas vizinhas este elemento arquitectónico ficou
soterrado. Além disso, este pórtico, com 3 naves e de 24 colunas ao todo (3x8), fora
delineado, como parte de um átrio rectangular que devia ter o efeito de destacá-lo da
rotunda. No entablamento desta fachada, coroada por um amplo frontão, Adriano
mandou colocar uma inscrição de Agripa, aproveitada dos restos do edifício anterior.
Não só comprovando que a arquitectura romana foi uma arquitectura de interiores, onde na
cella única, circular, terá sido revestida a mármores policromos e estuques pintados, as
dimensões do Panteão, uma novidade para a época (43,5 m de altura) fazem com que este
monumento tenha o espaço mais amplo, com a maior cúpula da História até o séc. XIX.
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Vista exterior
Vista Interior
Planta: as proporções rigorosamente geométricas do Panteão (altura da cúpula igual
ao seu diâmetro; raio da cúpula igual ao raio do cilindro sobre que assenta e também
igual à sua altura) conferem-lhe a imagem figurada do globo celeste assentado sobre a
Terra.
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Domus
Menos imponente que as demais obras romanas, mas igualmente genial, foi a arquitetura
privada bastante usada pelos Romanos, sendo uma delas a domus - o lar tradicional dos
Romanos, a casa unifamiliar e privada.
Era feita em tijolo e ladrilho cozido, apresentando um aspecto exterior modesto, geralmente
possuia apenas um piso ou dois e tinha um telhado ligeiramente inclinado para o interior,
coberto com telhas de cerâmica; não possuia aberturas para o exterior, excepto a porta
principal e, por vezes, uma outra nas traseiras.
As dependências internas organizavam-se em torno de um ou dois pátios interiores (o atrium e
o peristilo), pelos quais se fazia a iluminação e ventilação da casa e a circulação das pessoas. A
decoração interior baseava-se nos pavimentos de mármore policromo ou de mosaicos, e nos
belissimos estuques pintados das paredes das divisões nobres (triclinium, sala de jantar e
tablinum, escritório ou sala de estar).
As famílias mais abastadas possuíam variantes maiores e muito mais luxuosas do modelo
acabado de descrever, rodeadas de grandes e belos jardins, as villae ou villas, moradias
construídas, muitas vezes, fora da cidade, num arredor rural aprazível e surpreendente. Os
imperadores e suas famílias mandaram construir villas grandiosas (os palácios imperiais),
verdadeiras cortes que albergavam uma numerosa criadagem, as milícias militares e as
comitivas políticas.
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Pintura
A pintura é uma das formas artísticas que melhor documenta o modo de vida e de ser dos
Romanos. Sofreu grande influência dos Etruscos que decoravam as paredes dos templos, dos
túmulos e, mais tarde, das suas casas, construídos em madeira ou terracota, com pinturas a
fresco. Deles herdaram a enorme vivacidade narrativa, o grande sentido da realidade e a carga
expressiva, linear e vigorosa, da arte egípcia, principalmente no retrato, e da arte grega.
Dividiu-se em duas tipologias diferentes: a pintura mural, feita a fresco, que revestia as
paredes interiores dos edifícios, e a pintura móvel, realizada a encáustica (técnica pictórica que
se aplica sobre suportes de madeira, marfim, pedra ou metal, em que o aglutinante dos
pigmentos de cor é a cera quente, diluída), geralmente sobre painéis de madeira.
As principais características da pintura romana foram o realismo, o naturalismo, a atenção ao
pormenor e ao detalhe, a noção de perspectiva conseguida, os belíssimos contrastes de claro-
escuro e as composições plenas de vivacidade, delicadeza e harmonia.
Pintura triunfal - incidia sobre cenas históricas como batalhas e episódios políticos e
militares; possuía funções políticas, documentais e comemorativas; semelhante ao
relevo, recorre à narrativa contínua, onde a
figura principal é repetida e as secundárias
são colocadas lado a lado; a representação
é exacta, quer em pormenores, quer nas
inscrições que identificam os protagonistas;
"Bodas Aldobrandinas", as núpcias de Alexandre Magno com a princesa Roxana,
fresco encontrado numa casa romana do monte Esquilino
Pintura mitológica - incidia sobre os mitos e mistérios da
vida dos deuses e na representação das suas figuras; possuíam
composições muito fantasistas e imaginativas e ricas em
personagens e colorido;
Perseu libertando Andrómeda, fresco de Pompeia
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Pintura de paisagem - inspirava-se directamente na
Natureza e revestia-se de um grande sentido poético
e bucólico; a representação era tanto sonhadora e
fantasista como podia ser fiel ao observado, não
perdendo, contudo, a sua poesia;
Pintura a fresco da Villa Lívia, em Primaporta, 20 a.C.
Naturezas - mortas e cenas de género (da vida quotidiana) -
pequenas obras-primas plenas de realismo nas formas, cores e
brilhos e de grande atenção ao detalhe;
Natureza-morta com pássaro
Retratos - muito abundantes nas casas dos romanos e
feitos a fresco nas paredes ou pintadas a encáustica sobre
painéis de madeira ou metal; eram admiráveis pelo
verismo quase fotográfico e pela sugestão psicológica que
provocam no espectador.
"O Padeiro Páquio Próculo e sua mulher"
A pintura foi utilizada, desde a República, em edifícios públicos (basílicas, termas), religiosos
(templos, túmulos), oficiais (mansões, palácios) e privados (lares de abastados funcionários,
mercadores e comerciantes de Pompeia), revestindo as paredes de várias divisões, tornando
os espaços muito mais aprazíveis e acolhedores.
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Mosaico
Intimamente ligado á pintura, o mosaico vai buscar a essa arte o estilo e o colorido. Era feito
com pequenas tesselas de materiais coloridos como mármores, pedras várias e vidro, aplicadas
sobre a argamassa fresca que cobria variadíssimos locais de suporte - no início apenas o chão e
depois também as paredes exteriores e interiores e os tectos de pequenas cúpulas.
Os seus temas foram os mesmos da pintura romana e desenvolveram-se em composições
figurativas: episódios mitológicos, cenas de caça, jogos, cenas de género, naturezas-mortas e,
por vezes, passagens humorísticas, com particular evidência param cenas em trompe-l'oeil
(ilusão de perspectiva).
A mais típica decoração em mosaico, data dos sécs. II e II a.C. e é formada por uma espécie de
"tapetes" que cobrem parcial ou totalmente o chão de algumas divisões, com composições
complexas de motivos geométricos, que serviam de moldura a pequenos motivos figurativos
como pessoas, animais e deuses.
"Cave Canem", mosaico-tapete de uma casa de Pompeia
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Os Frescos de Pompeia
No dia 24 de Agosto de 79, as cidades de Pompeia, Herculano e Nápoles foram arrasadas pela
erupção vulcânica do Vesúvio.
No século XVIII foram encontrados vestígios dessas mesmas três cidades romanas, em
bastante bom estado de preservação devido às cinzas vulcânicas, que as cobriram por
completo.
Entre as entusiasmantes descobertas pictóricas encontram-se os fabulosos frescos que
cobriam as paredes interiores da maior parte das habitações privadas e até de alguns edifícios
públicos.
A partir destas pinturas foi possível distinguir quatro estilos na evolução cronológica das
pinturas pompeianas:
Estilo de incrustação ou primeiro estilo (séc. II a.C.) –
Estilo importado da Grécia e do Mediterrâneo Oriental.
As paredes eram divididas em três sectores horizontais
onde eram pintados, com cores vivas, falsos
envasamentos de mármore, plintos imitando madeira e
até elementos arquitectónicos fingidos.
Estilo arquitectónico ou segundo estilo (por volta de 80
a.C. até ao início da Era Cristã) – Possui influências helenísticas e
está na sequência do estilo de incrustação, mantendo as três faixas
horizontais de ordenação da parede. É caracterizado pela presença
de elementos arquitectónicos pintados a partir do chão, que
emolduram painéis com cenas mitológicas ou religiosas ou
simulam janelas que se abrem sobre paisagens naturais. No nível
superior, simulam-se frisos que deixam entrever o céu. Introduz
ainda um efeito ilusório (aparente recuo ou desfundamento da
parede por meio da perspectiva arquitectónica das cenas).
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Estilo ornamental ou terceiro estilo (pouco antes
do início da Era Cristã) – Evolução do estilo
anterior. Representação de elementos
arquitectónicos, decorados com grinaldas e outros
ornamentos vegetalistas e/ou naturalistas que se
encontram pintados sobre fundos lisos e
monocromáticos. Os painéis com cenas descritivas
adoptam um menor tamanho e mostram cenas de
inspiração oriental e africana. O efeito ilusório
tende a suprimir a parede, através das cenas pintadas que parecem quadros
pendurados no mesmo.
Estilo cenográfico ou quarto estilo (por volta de 60
a.C.) – Combina os dois estilos anteriores e reforça o
aspecto teatral da decoração. Enquadram cenas
figurativas e descritivas, de temática mitológica e irreal,
em estruturas arquitectónicas, complexas e fantasistas,
organizadas em perspectiva. A decoração quase luxuriante
envolve espirais, rosáceas e ornamentos metálicos e
também cores vivas e contrastantes.
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A Coluna de Trajano
A Coluna de Trajano pertence á tipologia da arquitetura comemorativa romana e pensa-se que
tenha sido inspirada nos obeliscos egípcios. É um monumento urbanístico, simultaneamente
arquitetura e escultura, que teve a função de assinalar um momento histórico, conferindo-lhe
um carácter documental e honorífico.
Foi construída em Roma, no Fórum de Trajano, sobre o túmulo desse imperador, para
comemorar a vitória dos Romanos contra os Dácios.
A sua construção foi concebida e dirigida pelo arquitecto Apolodoro de Damasco, e demonstra
o espírito histórico e triunfalista dos Romanos que, de um modo original, glorificaram o seu
imperador.
A coluna possui cerca de 37 metros. O seu fuste é oco - no interior existe uma escada em
espiral, feita em mármore branco, que ascende até ao topo e assenta sobre um tambor ou
pedestal, de forma cúbica, também oco e decorado com relevos de troféus militares. Este
tinha uma porta em bronze, no cimo da qual, existia uma inscrição dedicatória. Fazendo a
transição entre o plinto e a coluna, existe um toro coberto de coroas de louro.
É decorada com um relevo historiado que se desenrola á volta da coluna e que conta os
inúmeros acontecimentos das duas campanhas de Dácia, encobrindo ainda as 43 janelas que
iluminam a escadaria interior. No topo da coluna existe um capitel dórico monumental, que
era encimado por uma águia de bronze, símbolo do Império. Mais tarde foi substituída por
uma estátua em bronze de Trajano e actualmente possui uma estátua de S. Pedro, colocada
em 1588.
A narrativa da coluna é feita através de diversas cenas em mármore que descrevem aspectos
geográficos, logísticos e políticos da campanha. Mas o que sobressai de toda a representação é
a magnanimidade do imperador, que acolhe os vencidos com generosidade. O imperador é
mostrado como o grande protagonista que dirige e orienta os trabalhos, intervém nas batalhas
e acode nas situações complicadas.
As cenas são realistas e tratadas de modo natural, sucedendo-se umas às outras, sem
separações ou linhas divisórias. Esta narrativa apresenta um verdadeiro “horror ao vazio”,
devido à sua densidade e grande número de personagens.
Cultura do Senado – História e Cultura das Artes
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Diogo Miguel Rodrigues Baltazar nº5 2DES
O escultor trabalhou habilmente este relevo em friso com uma pequena profundidade no
talhe, para que os efeitos de luz e sombra não prejudicassem a leitura das cenas quando vistas
de baixo.
O relevo desta coluna é considerado uma das obras mais ambiciosas do mundo antigo.