Correlación mineralógica entre asteroides tipo V y meteoritos HED René Duffard y Daniela Lazzaro
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Adefensorapública esta-dual de São Paulo AnaíArantes Rodrigues, queacompanhaprocessosderemoções e desapropria-ções na capital paulista,
avalia que a lei que tratado tema deveria ter sidoatualizada há tempos.“Nossa legislação tem
que ser urgentemente re-formulada e modernizadapara,principalmente, reco-nhecer a posse em caso dedesapropriação. Isso já re-solveria boa parte dos pro-blemas, porque as famíliasreceberiam uma indeniza-
ção mais justa”, avalia.Para ela, é preciso um
pacto nacional. “É neces-sário um marco legal na-cional que determine re-quisitos e premissas des-sasdesapropriaçõesdeco-munidades.Como funcio-na, o que o Estado temque garantir às famíliasem caso de deslocamentoforçado”, diz. l
Legislaçãoprecisamudar no país
Educação para escanteio
BrunoMoreno
Enquanto se questionaqual será o legado dosmegaeventos no Bra-sil, em especial o da Co-pa doMundo, o direitoà educação de milha-res de crianças e ado-lescentes foi colocadopara escanteio e estásendo lesado.Desde2010, en-
tre 57,3 mil e76,5 mil pes-soas residen-tes em vilase f a ve l a s ,com idadeentre 0 e 19ano s , f o r amafetadas direta-mente e tiveram quemudar de escola ou cre-che em função das de-sapropriações ou remo-ções para as obras dosmegaeventos.O cálculo é feito com
base no número de pes-soas afetadas, aplican-do-se o percentual demoradores dessa faixa
etária que residem emvi-las e favelas no Brasil(38%), segundo o Censode 2010, do IBGE.Não há informações
oficiais, apenas estimati-vas de quantas pessoasteriam sido desapropria-das ou removidas. Umadas mais confiáveis é ado Observatório dasMe-trópoles, núcleo nacio-nal de pesquisadoresdas cidades.De acordo como coorde-
nador da pesquisa“Metropolizaçãoe Megaeventos:impactos daCopa do Mun-do de 2014 eOlimpíadas de2016 sobre as
metrópoles brasi-leiras”, Orlando Al-
ves dos Santos Jr, é possí-vel estimar entre 150mil e200 mil o número de pes-soas (de todas as faixasetárias) que tiveram quedeixar suas casas em fun-ção dessas obras. Foramutilizados dados de gover-nos edosComitêsdosAtin-gidos pelaCopa de cada ci-dade.
MIGRAÇÃOOprocessomigratório pe-loqual oBrasil passounosúltimos cinco anos foi umdos maiores da história,se não o maior, em movi-mentação intraurbana –dentro da própria cidade.Geralmente, as famíliasforam para mais longe daárea central.A ação, promovida pe-
lo poder público, tevepouco ou nenhum supor-te para que houvesse acontinuidade da vida es-colar das crianças e ado-lescentes afetados. Foi oque constatou o Hojeem Dia em visita a setedas 12 cidades-sede daCopa doMundo, onde seconcentraram maior nú-mero de remoções.A série de reportagens
que começa hoje mostra-rá casos de jovens quenão se adaptaram à novarealidade ou não conse-guiram vagas em escolase largaram os estudos.Há situações em que a
ajuda de conhecidos e asorte foram determinan-tes para que os jovens pu-dessem continuar a estu-dar, outras em que esco-las comunitárias estãoameaçadas de fechar oujá pararam de funcionar.Foram mais de 10 mil
quilômetros percorri-dos, centenas de telefo-nemas e e-mails nos últi-mos três meses em buscadessas pessoas nas capi-ta i s Be lo Hor izonte ,Cuiabá, Fortaleza, PortoAlegre, Recife, Rio de Ja-neiro e São Paulo. l
MT
MINASGERAIS
RS
RJ
CE
PE
Cuiabá
Porto Alegre*
SãoPaulo**
Rio de Janeiro*
SP
BH
Recife
Fortaleza*
1.421 km
1.361 km498 km
1.373 km
1.132 km
338 km
1.881 km
752 km
1.644 km
2.285
R$ 119,7 milhões
459
R$ 102,5 milhões
700
R$ 128,2 milhões
708
R$ 234 milhões
10.000
R$ 300 milhões
161
R$ 40,8 milhões
3.270
R$ 99,6 milhões
Desapropriações/remoções/reassentamentos
Valor gasto
* Dados oficias não repassados de forma completa
** O Metrô SP se recusou a responder à demanda. Os dados foram retirados do Ministério do Esporte e do site
do Metrô SP, e podem estar desatualizados
Fontes: Governos locais, Ministério do Esporte, Observatório das Metrópoles, Defensoria Pública do Estado de
Pernambuco e Comitês dos Atingidos pela Copa
PESSOAS DESAPROPRIADAS
Em função dos megaeventos:
entre 150 mil e 200 mil
Em idade escolar (0 a 19 anos):
entre 57,3 mil e 67,5 mil
ROTEIRO DA REPORTAGEM
Situação nas cidades visitadasl> Obras para oMundial de futebol eOlimpíadasdeixarammilhares de jovens semaula no país
Oprojetoquedeuorigemaestareportagemfoi vencedordaCategoria ImpressodoVIIConcursoTimLopesdeJornalismo Investigativo,realizadopelaAndi, ChildhoodBrasil e oUnicef, comoapoiodaOIT, daFenaj edaAbraji.
FIMDEHISTÓRIA–
NoRiodeJaneiro,meninaobserva
operáriosderruba-
remacasaonde
morava,naVila
Autódro-mo,ao ladodoParqueOlímpico
SAIBAMAIS
OHoje emDia
percorreu 10mil
quilômetros
em sete
cidades-sede da
Copa doMundo
l>
COPA SEM ESCOLACOPA SEM ESCOLA
PRIMEIRADEUMA SÉRIE
FOTOS SAMUEL COSTA
22BeloHorizonte,segunda-feira,12.5.2014
HOJEEMDIA
hojeemdia.com.brMinas
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Emcontraposição às di-ficuldades que enfren-tou com a remoção emfunção da duplicaçãoda avenida Pedro I, naregião de Venda Nova,emBeloHorizonte, a fa-mília da salgadeiraAlédia Aparecida OttoPereira,de37anos, con-tou com a sorte e a soli-dariedade de pessoasquenemconhecia. Prin-cipalmente para conse-guir vaga na escola pa-ra os quatro filhos.A família foi desapro-
priada em setembro doano passado e, como ti-nha pouco tempo parasair, escolheu uma casa
em um bairro de SantaLuzia, na Grande BH. Aintenção era ficar o maisperto possível dos paren-tes, já que alguns perma-neceram próximo à anti-ga residência.Na mudança, Alédia e
família perceberam queo local era muito perigo-so. Três dias depois, ochefe do marido dela oviudesesperadono traba-lho e ajudou a conseguiruma casa para alugar nomunicípio de Confins.Assim, em menos de
uma semana eles fize-ramduasmudanças. De-pois de arrumar o tetoparamorar, faltava a es-
cola das crianças. Assim,com ajuda atémesmo doprefeito da cidade, con-seguiram vaga para to-dos os filhos. “Não tive
ajuda lá em Belo Hori-zonte, mas aqui me rece-beram mui to bem emeus filhos não ficaramfora da escola. Foi sorte,
solidariedade e Deus”,aponta a salgadeira.
FAMÍLIAComo a casa em SantaLuzia está para venderoualugar, eles não conse-guiram ainda utilizar osrecursos da indenizaçãopara comprar outro imó-vel, e estão arcando como aluguel, o que nuncahavia feito parte dos gas-tos da família.Apesar disso, estão to-
dos satisfeitos. “Aqui eles(os filhos) têmmuita ami-zade.As pessoas nos rece-beram muito bem, temosumavista linda.Masapar-te ruimé que ficamos lon-ge da nossa família. Ago-ra está cada um em umlugar”, lamenta Alédia. l
Morar relativamenteperto do Centro de BeloHorizonte, em frente àUniversidade Federald e M i n a s G e r a i s(UFMG),naavenidaAn-tônio Carlos, na Pampu-lha, era um sonho paraaestudanteRejianeSan-tos Rodrigues, de 18anos. Filha de um casalde ex-moradores derua, que ocuparam aárea há pouco mais deuma década, ela viu suafamília ser desapropria-daparaumaobradaCo-pa doMundo, em 2011.A casa que foi possível
ser comprada com o di-nheiro da indeniza-ção,nobairroAl-to Boa Vista,v iz inho aoCitrolândia,em Betim,na GrandeBH, f ica aaproximada-mente40quilô-metros de onde afamília morava.O casal, quando deci-
diu sair das ruas e mon-tar uma família, pensouem dar tudo o que fossepossível para a filha queviria. E foi com isso emmente que, assimque semudaram para Betim,os pais procuraramumaescola para que Rejianepudesse continuar os es-tudos. Entretanto, de-morou para conseguirescola.“No começo foi difícil.
Fiquei dois meses paraconseguir vaga. Eu emi-nha mãe ficávamos ten-tando. Quando conse-
gui, era no turno da noitee ficava com um poucodemedo ao voltar pra ca-sa. Hoje já me acostu-mei”, lembra a garota.
VILAUFMGSegundo a Prefeiturad e B e l o Ho r i z o n t e(PBH), na Vila RecantoUFMG, 130 famílias fo-ram remov idas , em2011, para a constru-ção de um viaduto dea c e s s o à a v e n i d aAbrahão Caram. Outrasobras na capital foramfeitas em função da Co-pa do Mundo e deman-daram remoções, comoa duplicação da aveni-da Pedro I e a Via 210(no bairro Betânia). Nototal, na capital minei-ra, foram 708 famíliasremovidas, de acordocom a PBH.Rejiane é uma das cer-
ca de 900 crianças e ado-lescentes em idade esco-lar em Belo Horizonteque foram afetadas dire-tamente pelas obras daCopa do Mundo.
PREFERÊNCIAHoje, passados três anosda mudança, ela estáacostumada com a vizi-nhança e gosta de ondemora. “Não queria ir paraumapartamento por cau-sa dos cachorros”, conta.Mas, ao mesmo tempo,
lamenta estar longe daUFMG, já que ela deve seformar neste ano no ensi-no médio. “Quero cursarpsicologia. Se ainda mo-rasse em frente à UFMG,seria ótimo”, afirma. l
Solidariedade para superar as dificuldades
l> Família sai de BeloHorizonte para Betim e peregrinação embusca de vaga emescola foi sofrida
Recomeço a 40quilômetrosde distância do antigo lar “Oqueéo
devido
atendimen-
to,nonosso
entender?A
pessoatem
quesairda
situaçãoem
quese
encontraeir
parauma
outraigual
oumelhor.
Elanunca
podepiorar
aqualidade
devidaem
razãodessa
intervenção
pública”
AnaíArantes
Rodrigues,
defensora
pública
estadualem
SãoPaulo
“Nósfomos
muitobem
recebidos
aqui(na
cidadede
Confins)e
estamos
gostando.
Contamos
comaajuda
demuita
gente.Mas
sentimos
faltada
nossa
família,que
ficou
separada”
AlédiaPereira,
salgadeira,
desapropriada
nasobras
daavenida
PedroI
DESAPROPRIADA–Rejianedemoroudoismesesparaencontrarumavaganaescolapróximaàsuanovacasa,distante40quilômetrosdeondemorava
“No começo foi
difícil. Eu e
minhamãe
ficávamos
tentando vaga”,
diz Rejiane
DIFÍCILADAPTA-ÇÃO–A
famíliadeAlédianãoconseguiu
vivernacasa
compradacomo
dinheirodaindenizaçãoefoiprecisoajudapara
serestabele-
ceremConfins,naGrandeBH
hojeemdia.com.br 23BeloHorizonte,segunda-feira,12.5.2014
HOJEEMDIAMinas