Hell Divine Nº 21 - Novembro 2014

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NERVOS A FLOR DA PELE OS DUENDES VOLTARAM

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NERVOS A FLOR DA PELEOS DUENDES VOLTARAM

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Editor Chefe: Pedro HumangousDesigner: Fernando MonteiroPublicidade: Maicon LeiteRevisão: Fernanda CunhaWeb Designer: William VilelaColaboradores: Augusto Hunter, Junior Frascá, Christiano K.O.D.A, Marcos Garcia, João Messias Jr., Leandro Fernandes, Fernando Monteiro, Luiz Ribeiro e Thiago Rahal.Colaboraram nessa edição: Vitor Franceschini e Cupim Lombardi.

Nota do Editor Chefe.

Conheça quem faz a Hell Divine.

Hatefulmurder, Every Man Is An Island, Vulture, Semblant, Fates Prophecy e Daniel Moscardini (Coral de Espíritos)

Espaço reservado aos leitores para divulgarem sua arte.

EDITORIAL

EQUIPE

ENTREVISTAS

UPCOMING STORM

RASCUNHO DO INFERNODiversas avaliações da revista pra você acompanhar.RESENHAS

Resenhas dos últimos shows no BrasilLIVE SHIT

O fim do ano se aproxima e estamos chegando aos quatro anos de revista, dá pra acreditar? Outro fator importante nesse ciclo são os lançamentos que aconteceram ao longo dos 365 dias de 2014. Tivemos ótimos trabalhos de grandes bandas, além de excelentes novidades de outras iniciantes. Confesso que, até o momento, houveram anos melhores para o Heavy Metal. Senti que foi um período mais calmo, morno. Obviamente tivemos grandes shows nacionais e internacionais, grandes discos e DVDs sendo lançados e o saldo é sempre positivo. O problema maior mesmo, e que precisa ser combatido de alguma forma, são os “headbangers zumbis”. Aqueles que só ouvem a mesma coisa e só saem de casa para ver os shows de bandas consagradas. Quando se trata de evento underground, essa galera parece que tem medo de sair de casa. É o tipo de gente que torce o nariz quando falamos que a banda é nacional, mesmo sem sequer ter ouvido uma música da mesma. Esse grupo parasita é o mesmo que se sente o dono da verdade em comentários bisonhos desferidos em fóruns e redes sociais. São eles que puxam a engrenagem para baixo, diminuindo seu poder de evolução, mantendo a famosa “cena” sempre capenga e desunida, frágil e desanimadora. Os poucos guerreiros combatentes que mantêm o carvão aceso, muitas vezes se cansam do árduo trabalho, desistindo no campo de batalha. Por diversas vezes, senti falta (e vontade) de voltar a ser um consumidor “comum” da música, comprando aquilo que me interessa e lendo as informações que são colocadas à minha frente. Seria muito mais fácil. Mas, resolvemos aguentar firme e tentar ajudar de alguma forma e por isso nos mantemos vivos no nosso propósito. A sensação de dever cumprido vem com naturalidade, quando as bandas vem nos agradecer pelo apoio dado ou com e-mails de leitores que nos acompanham sempre, descobrindo novos sons e criando seu próprio senso crítico após se chocar com o nosso. O formato digital pode não ser o melhor, o conteúdo pode não ser o mais completo, o design pode não ser tão inovador, mas pelo menos estamos tentando! E você? Está conosco ou está na horda zumbi?

Por Pedro Humangous.

Equipe

EDITORIAL 01

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Conheça as bandas que estão surgindo32

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Olá, eu gostaria de parabenizar vocês pelo excelente trabalho e dizer que o admiro tremendamente. Há algum tempo trombei com uma edição de vocês na ISSUU, agora viciei e não perco mais nenhuma edição! Gostaria de agradecer imensamente por dedicarem seu tempo para disponibilizar um conteúdo tão bem contextualizado e elaborado. Vocês simplesmente entendem do assunto e além de tudo, dão um ‘’up’’ no Metal nacional que, apesar de possuir bandas de qualidade extrema, ainda é muito desvalorizado por aqui. Enfim, eu só queria mesmo que vocês soubessem que tem fãs fieis e pedir que prossigam com este trabalho maravilhoso! Joyce Rodrigues.

Quer fazer um elogio, sugestão ou reclamação? Entre em contato conosco por email [email protected] ou pelo Twitter @helldivine.

Email do leitor

Oh, Dat Artwork! INSANIDADE METAL 42

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HELLDIVINE: Conversamos recentemente sobre o Hatriot, e naquela oportunidade você disse que não tinha planos de retornar ao Exodus para ser o vocalista em tempo in-tegral. O que mudou desde de lá para cá, e por quê você decidiu retornar para sua antiga banda agora? ZETRO – Isso é verdade. Eu não tinha ideia de que isso poderia acontecer. Basicamente, eu recebi uma ligação do produtor deles, perguntando-me se eu gostaria de cantar algumas canções. Realmente não sabia para que aquelas canções eram. Ninguém me contou nenhum detalhe. Eles apenas me entregaram as canções e eu fiz o meu melhor. Todos ficaram empolgados quando escutaram as gravações e eles me perguntaram se eu estaria interessado em retornar para a banda. Então nós todos conversamos e tivemos que passar por todos aqueles sentimentos ruins do passado, pelos quais eu levo toda a culpa. Então eles me pediram para voltar para a banda e eu voltei. É um momento bem empolgante.

HELLDIVINE: O que você pode nos dizer sobre este perí-odo de 10 anos em que você ficou afastado da banda? Foi diferente da primeira vez que você deixou o Exodus, nos anos 90?ZETRO – Esse foi um período difícil para mim. Eu estava trabalhando, construindo e estabelecendo uma família. Eu prezo muito isso. Naturalmente, tive alguns projetos musicais – Dublin Death Patrol, Tenet, e ultimamente o Hatriot – mas nenhum desses tem a base de fãs e a

popularidade do Exodus, então, de alguma maneira, foi como começar de novo. Mas isso foi legal.

Eu permaneci relevante na cena o melhor que eu pude. A primeira vez foi

ENTREVISTA

WE ARE BACK!

uma coisa totalmente diferente. Gary Holt colocou o Exodus na espera, porque a industria estava virando as costas para o metal. Nós não conseguíamos fazer nada acontecer e foi hora de darmos uma pausa. Então, tecnicamente não deixei a banda uma primeira vez, nós na verdade tiramos umas longas férias.

HELLDIVINE: Como um fã da banda, estou realmente entusiasmado com a sua volta e acho que a grande maioria dos fãs do Exodus pensa dessa maneira. Quais são suas expectativas para seu retorno aos palcos com a banda, e em rever os fãs novamente?ZETRO – Eu aprendi há muito tempo a não ter expectativas. Eu estou obviamente bastante empolgado com as novas gravações e a vindoura turnê, e eu irei encarar tudo com grande atitude e chutar traseiros por ai. O Exodus para mim é como dirigir uma bicicleta. Eu caio novamente no papel de frontman da banda sem nenhum problema. Isso é muito natural para mim. Além disso, estive em outras bandas por todo esse tempo, então minha voz está mais forte do que nunca. Isso será muito legal. Eu estou muito honrado de ter a oportunidade de ser o frontman desta banda mais uma vez. Eu não deixarei eles caírem. Eu irei até lá, e vou detonar todas as noites.

HELLDIVINE: Você teria algum problema em cantar ao vivo as canções recentes gravadas com Rob Dukes nos vocais? O que você acha dos álbuns “Shovel Headed Kill Machine”, “The Atrocity Exhibition: Exhibit A” e “Exhibit B: The Human Condition”?ZETRO – Eu não tenho qualquer problema em relação a isso. De fato, eu amo várias músicas dessa fase e dou

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Em meados de 2014, os fã de Thrash Metal foram pegos de surpresa com uma excelente notícia: Steve “Zetro” Souza estava de volta ao Exodus, banda com a qual gravou alguns dos clássicos do estilo e que o projetou mundo afora como um dos vocalistas mais carismáticos do metal. Para saber um pouco mais sobre este retorno, e o que podemos esperar dessa novo/velho Exodus, conversamos com o animado vocalista, que também nos contou um pouco sobre um período complicado que passou em sua vida, e como ficará o Hatriot, sua outra excelente banda, agora com seu retorno ao Exodus.

Por Junior Frascá

boas-vindas a elas. Eu nunca achei estranho cantar as faixas antigas, da era de Paul com a banda, e com a era Dukes é a mesma coisa. Qualquer material que Gary queira no set eu irei aprender e darei tudo de mim. Gary é o chefe. Eu apenas recentemente estudei o material da era Dukes, e tem boas coisas. Eu me sinto orgulhoso por ele ter mantido a banda quando eu não podia. Ele pegou a bola no alto e correu com ela e realmente fez um maldito bom trabalho! A produção de todos esses álbuns é incrível e eu penso que essa fase da banda merece ser representada. Eu estou muito feliz com isso.

HELLDIVINE: E como foram as gravações do novo ál-bum? O que os fãs podem esperar desse “novo/velho Exodus”?ZETRO – O novo álbum já está finalizado e saiu em outubro. É o álbum mais f*dido e pesado já gravado pelo Exodus. Estou muito orgulhoso de fazer parte deste álbum. É o melhor material que já cantei até hoje. Os fãs de todas as fases do Exodus irão gostar.

HELLDIVINE: Você compôs algumas letras dessa vez?ZETRO – A maioria das composições já estavam prontas quando eu retornei para a banda, mas eu ajudei com a letra em uma faixa. O resto foi tudo criado por Gary.

HELLDIVINE: E o que vai acontecer com o Hatriot agora, com seu retorno para o Exodus? O que os outros caras da banda pensaram sobre seu retorno para sua antiga banda?ZETRO – O Hatriot continua mais forte do que nunca. De fato, está ainda mais forte agora. Eu estarei com o

Hatriot enquanto Gary estiver com o Slayer. O Exodus é minha prioridade e eu vou levar isso bem a sério, mas quando tiver uma pausa na agenda, eu voltarei direto para o Hatriot. Os caras do Hatriot ficaram muito felizes por mim. E nós já estamos compondo o terceiro disco do Hatriot agora.

HELLDIVINE: Em 2004, você deixou o Exodus na imi-nência da turnê pela América do Sul. E agora, 10 anos depois, você retorna para nossas terras. Os fãs podem esperar algum tipo de “recompensa” sua?ZETRO - Este foi um dos grandes erros da minha vida. Eu deixei a banda na iminência da turnê pela América do Sul. Isso não foi legal. Eu estraguei tudo, e assumo toda a responsabilidade por isso. As coisas estão bem diferentes comigo agora. Coloquei minha cabeça no lugar e estou completamente comprometido com esta banda. Da última vez eu não estava. Minha cabeça estava em outro lugar. Desta vez tudo vai bem e, sim, eu devo a estes fãs um grande pedido de desculpas. Daqui para frente, irei tirar suas faces da cara de tanto Thrash!

HELLDIVINE: Obrigado Steve. Por favor, deixe sua mensa-gem final para nossos leitores. ZETRO – Eu gostaria de agradecer todos os fãs pelo apoio. Não vejo a hora de encontrá-los na estrada. Por favor, comprem o novo disco do Exodus quando ele estiver disponível!

Facebook oficial de Steve “Zetro” Souza: www.facebook.com/stevezetrosouzaofficial

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ENTREVISTA

HELL DIVINE: Primeiro, muito obrigado por nos cede-rem esse tempo para uma conversa. Antes da Nervosa, vocês tocaram em outras bandas. Quais foram elas e como a Nervosa começou realmente?PRIKA – Bom, eu toquei em muitas bandas, foram onze anos tocando com diversas bandas antes de fundar a Nervosa. Eu sempre toquei com homens, era mais prático e muito mais fácil de montar uma banda, tive banda de Thrash, Grind, Crossover, Death Metal e até Hardcore (mas essa foi cantando, ou melhor, berrando). Quando eu vim para São Paulo, em 2007, tive algumas bandas, mas foi quando eu tocava no Innervoices que surgiu a Nervosa. Precisávamos de um batera e estava difícil achar. Foi quando um amigo me apresentou a antiga baterista Fernanda Terra, aí decidi começar uma banda só com mulheres, já que eu tinha achado o que era mais difícil, uma mina batera (risos)! A banda começou em fevereiro de 2010, foi um ano e meio com muitas trocas de formação. Na verdade, não achávamos integrantes, mas não perdemos o foco e fomos compondo nesse tempo todo. Em julho de 2011, achei a Fernanda Lira para completar a banda. A partir daí, a banda estava pronta para se apresentar ao vivo, mas mesmo antes de ela entrar, a Fernanda Terra e eu já tínhamos marcado dois shows, estávamos prontas para seguir mesmo que fosse só guitarra e batera, mas tivemos a sorte de encontrar a Fe e poder seguir como uma banda normal. Em outubro de 2012, a Fernanda Terra saiu da banda, mas eu e a Fe Lira não paramos e entramos em estúdio para gravar nosso disco e, somente em março de 2013, a Pitchu entrou para banda, e agora podemos dizer que a formação está completa e estabilizada.

FERNANDA: Eu já havia tocado em três outras bandas de metal formadas apenas por

mulheres antes da Nervosa, de várias vertentes diferentes dentro do

estilo: já passei pelo metal

melódico, tradicional, death e na Nervosa concluí meu sonho de tocar Thrash Metal. É nela onde mais me sinto realizada por tocar o estilo que mais me agrada! Quando saí da minha ex-banda, achava que tinha sido um golpe muito duro para mim a maneira como tudo ocorreu, e me frustrei por algum tempo, ficando bem reclusa e nem pensando em bandas. É claro que isso não durou nem dois meses e logo, com muita força dos meus amigos e namorado, comecei a me recompor e seguir adiante com o meu sonho de ter uma banda séria. Com isso, comecei a procurar por diversas garotas (sempre tive isso de querer tocar com outras mulheres) para montar um trio de Thrash! A tarefa foi bem difícil, pois ninguém parecia estar disponível para se entregar e se dedicar à banda da maneira como eu precisava. Foi então que entre essas buscas, surgiu o contato com a Prika, que me contou sobre a ideia inicial da Nervosa que ela vinha desenvolvendo e que topei de cara, porque senti, na primeira vez que encontrei e conversei com a Prika, que ambas tínhamos objetivos similares e queríamos fazer a parada acontecer da mesma maneira, com a mesma intensidade e devoção. Por isso decidimos unir forças para fazer com que, a partir dali, a Nervosa fosse para frente como uma banda profissional e, desde então, a

NERVOS À FLOR DA PELE

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Tendo início em 2010, o Nervosa começou com a proposta de fazer um bom e clássico Thrash Metal. Depois do primeiro clipe, a banda começou a voar alto, conseguindo bons contatos, uma gravadora de peso e assim lançar o seu primeiro disco, intitulado “Victims Of Yourself”, que as colocou de uma vez por todas nas paradas e no topo do Thrash Metal atualmente. Vamos conversar com a Fernanda Lira (baixo e vocal) e Prika Amaral (guitarra) e conhecer um pouco mais da Nervosa e seus planos.

Por Augusto Hunter

gente está nessa sintonia incrível que só cresce e que tem nos levado a conquistar coisas muito bacanas.

HELL DIVINE: O lançamento do clipe para “Masked Betrayal” foi um divisor de águas na vida da Nervosa. Vocês esperavam essa repercussão toda? PRIKA – Não esperávamos nem a metade. Na verdade, o video começou a “bombar” mais quando o Schirmer do Destruction compartilhou nosso clipe, aí a coisa alastrou mesmo! Foi muito legal e muito importante, foi por isso que conseguimos um contrato com uma grande gravadora, a Napalm Records, e com certeza foi fundamental o lançamento de um videoclipe.FERNANDA: É claro que sempre fomos e sempre seremos muito determinadas com o que a gente se propõe a fazer, e por conta disso a gente sempre tenta ao máximo fazer 100% do que podemos em cada situação. Levando isso em conta, a gente queria, sim, fazer nosso máximo para divulgar esse clipe, pois ele seria nosso cartão de visitas, nos apresentaria para galera. Chegamos até a estipular uma meta de views no clipe para alcançar para o primeiro dia, mas para nossa surpresa, a repercussão foi absurdamente maior do que a gente esperava e tinha planejado! Muitos amigos e admiradores da

banda, na época, foram essenciais nesse processo, pois compartilharam e indicaram bastante esse video, fazendo com que ele fosse bastante visualizado aqui e até fora do país também. Com todo esse “reboliço” (risos) acerca do video, nossa música acabou chegando aos ouvidos de pessoas importantes que nos ajudaram a firmar parcerias mega importantes para a gente, como o contato com a nossa gravadora Napalm Records!

HELL DIVINE: A demo “2012” foi lançada também fora do país, sob o nome “Time Of Death”. Como foi a re-percussão desse lançamento no exterior e o que vocês podem nos falar sobre isso?PRIKA – Aqui o lançamento foi independente no formato de CD, mas fora foi pela Napalm Records e foi somente no formato de vinil. As cópias foram esgotadas em pouquíssimo tempo, fizeram segunda prensagem e tudo! O vinil foi vendido até no site da Nuclear Blast, foi um passo muito importante para a gente, as coisas estavam rolando muito rápido, e tudo nos surpreendia muito, e ainda surpreende.FERNANDA: Foi uma grata surpresa, pois quando a gravadora fechou com a gente, achei que eles queriam começar os trabalhos a partir de um primeiro full-lenght, mas assim que falamos com eles, eles deixaram claro o desejo de relançar nosso primeiro EP em vinil lá fora, exatamente para já apresentar nosso som para o pessoal. Assim, quando o disco fosse lançado, a repercussão seria mais bacana! Para a gente foi incrível, porque o empenho deles em fazer quatro versões em vinil desse material nos surpreendeu e mais ainda o fato de ele ter vendido super bem. Esse foi um combustível muito bacana para a gente e para a gravadora quanto ao lançamento do disco, pois nos deu novas energias!

HELL DIVINE: Antes de falar sobre o incrível début de vocês, queria

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abordar um assunto um pouco chato. Vocês já sofre-ram algum tipo de preconceito ou mesmo violência por serem três mulheres tocando um som mais bruto? Já ouviram algum tipo de piada e coisas do tipo?PRIKA – Na era da Internet, é impossível não ver algum tipo de comentário escroto, isso é normal, a Internet dá poder a todos, inclusive aos covardes. Nunca sofremos qualquer tipo de agressão, as pessoas respeitam muito o nosso trabalho. O que se vê na Internet nunca se ouve pessoalmente. O pessoal pega muito no nosso pé, e inventa muita besteira a nosso respeito, mas isso faz parte, encaramos com maturidade e não perdemos o nosso tempo com coisas irrelevantes.FERNANDA: Cara, uma vez que você coloca a cara à tapa, lançando um material e trabalhando muito para que ele se destaque, você está sujeito a receber críticas de todos os tipos e, principalmente na Internet, a galera fala o que quer, mesmo que ninguém queira ler ou saber a opinião de quem está falando. Então, é claro que a gente já leu e ouviu muita coisa por aí, a galera já chegou até a inventar coisas a nosso respeito, mas preferimos focar nossa atenção na maioria esmagadora de pessoas que curte, nos apoia ou nos respeita, mesmo não gostando do som! Crítica construtiva, mesmo que talvez a gente não venha a concordar, a gente entende, leva em conta e até usamos para ficarmos melhores, saca? Agora ofensa gratuita, que muitas vezes parte por preconceito, sim, a gente ignora, porque sabe que não tem fundamento e que não vai nos ajudar a chegar a lugar nenhum. Tirando o que, às vezes, rola na Internet, nunca sofremos agressão ou preconceito, muito pelo contrário, a galera tende a respeitar muito e incentiva bastante a seguirmos em frente!

HELL DIVINE: Deixando essa parte chata para trás, va-mos falar do incrível disco de estreia de vocês, “Victim Of Yourself”. Como foi o processo de composição desse disco?PRIKA – Foi um processo de definição, pois a demo foi composta quase inteiramente por mim, a Fernanda Lira contribuiu com muito pouco. Já no CD foi algo 50% meu e 50% dela, e é aí que a banda concretiza o seu estilo. Foi bem legal misturar as ideias, eu sempre mandava alguns riffs e ela acrescentava mais alguns e vice-versa. As letras também seguem o mesmo esquema metade/metade. Foi bem corrido pelo fato da troca de integrante e por termos um prazo da gravadora e já estávamos no limite, para um próximo será bem diferente.FERNANDA: Como a Prika disse, apesar de eu ter contribuído bastante com a identidade das músicas da demo, pois ajustei e criei linhas vocais, letras, etc., minha contribuição foi com o que já estava ali. Já nosso disco,

considero um trabalho muito mais maduro, pois ele representa muito o que a banda se tornou

e a identidade que ela possui hoje, pois é um misto de composições

e ideias minhas e da Prika. Evoluímos bastante do que éramos na demo e tenho certeza que o próximo disco será ainda mais completo e maduro, pois a Pitchu também participará bastante e também porque estamos buscando bastante evoluir como musicistas. Tirando por isso, o processo de composição foi bem orgânico, como sempre é: uma chega com uma ideia, que logo é aperfeiçoada pela outra, ou uma chega com uma estrutura para uma música inteira e as outras ajudam a polir a música, enfim, tudo é bem natural, apesar de termos feito um pouco sob pressão, uma vez que tínhamos prazo para entrega do álbum!

HELL DIVINE: Como foi a gravação do disco e conte-nos qual foi o “tempero” para uma gravação tão limpa e pesada ao mesmo tempo.PRIKA – Gravamos no Mr. Som, estúdio dos mestres do metal Pompeu e Heros da banda Korzus, então já sabíamos que soaria como queríamos. Para mim, particularmente, foi bem sofrido, pois tive uma crise muito séria de tendinite bem no meio das gravações, até engessaram o meu braço e estava tomando antibiótico. Tive que tirar o gesso e gravar com muita dor, saia do trabalho onde trabalhava muito o dia todo no computador e ia direto para o estúdio, ficava 6/ 7 horas gravando ia para casa dormir 3 horas e ia trabalhar. Isso foi tenso, pois poderia ter feito melhor se estivesse inteira, mas eu sei que fiz o que pude e dei o meu melhor dentro das condições que tinha. A verdade é que eu não vejo a hora de gravar o próximo!FERNANDA: Foi um período de muita correria e dedicação intensa para a gente! Tivemos alguns problemas que atrapalharam bastante todo o processo, mas conseguimos superar todas as barreiras que surgiram! Quanto à gravação, basicamente estudamos bastante antes de buscar os timbres e a sonoridade que a gente queria. Dizendo por mim, eu já entrei em estúdio sabendo o que esperava do meu baixo e vocal, e o processo de masterização foi incrivelmente importante, pois foi lá que lapidei o som e lá que todas nós encontramos o equilíbrio

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que queríamos para cada instrumento. Me inspirei bastante no Alex Webster do Cannibal Corpse, quem tem um timbre de baixo bem pesado, mas ao mesmo tempo cristalino, que se destaca em meio do turbilhão sonoro da guitarra e era exatamente isso que eu queria, que meu baixo também fosse audível assim como todos os outros instrumentos, e todas concordamos que esse equilíbrio entre os instrumentos seria essencial. Acho que esse pensamento contribuiu muito para o resultado final da master. Além disso, apesar de gostarmos de muitas bandas old school, apreciamos muito a qualidade de gravação e masterização atual!

HELL DIVINE: Quem foi o artista por trás da capa do disco e nos explique exatamente qual a ideia que vocês queriam passar nessa arte.PRIKA – Escolhemos o Andrei Busikov, o mesmo que fez a capa do nosso EP e que faz as capas do Municipal Waste e outras bandas. Eu já tinha o título do disco na minha mente, pelo fato de termos passado por uma fase complicada, onde uma pessoa fez de tudo para puxar o nosso tapete e nos prejudicar, e logo na sequência muitas coisas começaram a cair na vida dessa pessoa, então nada mais justo para descrever isso do que “Victim of yourself”. E para isso pensei, obviamente, em caveiras que é meu vício (risos)! A ideia são duas caveiras, uma esfaqueando a outra, mas se você reparar as duas caveiras são a mesma pessoa, e isso simboliza ser vítima de si mesmo!FERNANDA: A ideia do título, na verdade, foi um misto de ideias minhas e da Prika que vinham exatamente da mesma situação que estávamos vivendo! A partir disso, a Prika veio com a ideia da capa que gostei muito e dei algumas ideias para aperfeiçoá-la, como o background de cemitério, por exemplo, me baseando já nas próprias artes do Andrei Bouzikov, com quem a gente já tinha trabalhado! O que gosto nele é que ele tem aquela veia bem old school no estilo Ed Repka e, ao mesmo tempo, tem uma agressividade no traço que muito nos agrada e que combina com nosso som e nossas ideias também! Gostei muito do resultado final, ficou bem próximo do que a gente tinha em mente!

HELL DIVINE: Esse disco está levando o Nervosa para longe e vocês vão fazer vários shows e as turnês estão explodindo. Diga-nos, qual o show que vocês mais estão esperando para fazer nessa turnê e qual foi o show mais divertido até agora?PRIKA – Cada show tem sua particularidade e especialidade, mas para mim um show que marcou muito foi o que fizemos em Bogotá, na Colômbia. Eram 4 mil pessoas, tinha muitos fãs com bandeira da Colômbia com o nosso logo por cima, a galera era muito fã da gente, parecíamos que éramos o Metallica, nunca tínhamos passado por isso, e foi incrível, e muito marcante também

por ser nosso primeiro show fora do Brasil. Estamos muito ansiosas para tocar em qualquer lugar que ainda não tocamos, seja no Brasil ou fora. Tocar no Brasil é sempre muito legal.FERNANDA: Putz cara, essa pergunta é bem difícil porque cada show para mim é especial de alguma maneira, cada show tem suas particularidades e significam algo para banda e para cada uma de maneiras diferentes também! Gosto sempre de tocar em lugares novos, é sempre uma experiência memorável e, nesse quesito, acho que o show na Colômbia foi o que mais nos surpreendeu, tanto por conta da recepção e carinho da galera, por conta também do show em si que foi um dos mais energéticos que tivemos e também pelo fato de ser nosso primeiro show fora do Brasil. Foi um misto bem bacana de expectativas e resultados! Mas ainda tem bastante coisa para rolar! Temos muitos planos para visitar outros continentes e, em breve, vamos anunciar coisas muito legais, para dentro e fora do país!

HELL DIVINE: Valeu mais uma vez pelo tempo cedido, deixe aqui um recado pros leitores e equipe da Hell Divine. Abraço.PRIKA – Obrigada pelo espaço e oportunidade! Parabéns pelo trabalho de vocês e torço para que continuem fazendo acontecer, pois isso é muito importante para nossa cena.FERNANDA: Valeu pelo espaço e oportunidade, e força sempre para essa revista que vem representando lindamente a imprensa metal e respeitando e ajudando tanto o trampo das bandas! Para a galera, só peço para continuarem apoiando sua cena local, respeitando o trabalho das bandas e, acima de tudo, continuem fazendo sua parte para contribuir com nossa cena, nós todos somos os responsáveis por fazer o legado do metal seguir firme!

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HELL DIVINE: Vocês soltaram, recentemente, o single chamado “Dawn Of A New Sun” antecipando o lança-mento do novo álbum. Como as novas músicas estão sendo recebidas pelo público depois dessa longa pausa da banda?BERNE: Os comentários estão positivos, a gente também não sabe 100% como isso está atingindo as pessoas. Esperamos que as músicas novas lembrem o Tuatha e o que já fizemos. Resumindo, parece que está dando certo e, nesse exato momento, estamos trabalhando em mais seis músicas novas.

HELL DIVINE: Nesse mês, também foi lançada uma ver-são do clássico álbum “Tingaralatingadun” em vinil pela Mafer Records (inclusive já encomendei minha cópia! Risos). Vocês pretendem relançar os outros álbuns tam-bém nesse formato?Berne: Fazia tempo que esperávamos por essa oportunidade, esse álbum contém 80% das músicas mais conhecidas da banda, apesar de ter sido feito de uma forma muito “juvenil”, sei lá se essa é a palavra. Sua produção não é das melhores, mas ele, com certeza, tem uma energia muito boa. Ele foi lançado pela Mafer Records e fizemos 300 cópias. Parece que o próximo será o “Trova Di Danú” e, se der certo, vai rolar com todos.

HELL DIVINE: Algo que sempre fiquei curioso é em rela-ção ao estilo adotado pela banda. Se procurarmos mun-dialmente não conseguimos encontrar nenhuma banda parecida com o Tuatha, vocês são bastante autênticos. Essa sempre foi a principal ideia da banda?Berne: Olha, não foi nada planejado. Tínhamos treze anos de idade quando começamos a tocar juntos, a banda teve sua gênese num Death Metal, indo para o Doom, Heavy, até chegar às coisas Folk e Celta, isso em 1994/1998. Daí para frente, as coisas foram ficando mais sérias no quesito influência de música irlandesa e Folk europeia em geral. Se não há banda como o Tuatha, também se deve ao fato de policiarmos um pouco as composições para

não parecerem uma cópia. Fazemos tudo sem pensar demais, se um músico da banda tem ideias legais,

a gente toca, se não, falamos abertamente que não vai dar certo. Temos o pé no

chão e não perderemos esse foco

ENTREVISTA

na qualidade das composições. HELL DIVINE: Nessa volta vocês irão manter a mesma receita de sucesso ou investirão em novidades para o novo álbum? O que pode nos adiantar? Berne: Amigos, essa tal receita não existe. Levamos muito tempo para chegar ao “Trova Di Danú”, que é nosso “melhor”. Porém, isso é relativo. As novas composições têm todas as características das músicas antigas, a diferença é que estamos tocando melhor, temos um gaitista na banda, o Alex Navar, e estamos produzindo 100% o novo disco. O que posso adiantar é que esse trabalho vai ser o mais rápido, com mais riffs e menos solos – isso acabou ficando para os instrumentos acústicos. Estamos também compondo uma música bem épica sobre a colonização portuguesa e a cobiça pelo ouro de Minas Gerais, e também todo aquele contexto histórico sobre a sociedade colonial em 1750 no Brasil.

HELL DIVINE: Nessa pausa da banda vocês não ficaram parados e acabaram lançando o Braia, o Tray Of Gift e também o Kernunna. Esses projetos irão continuar?Berne: Sim, essas são duas bandas que o Bruno criou e lançou CDs. Eu fiz uma participação no Kernunna tocando um solo. Da minha parte, criei o Tray of Gift e lancei um CD pela Cogumelo Records, e agora estou trabalhando em um novo álbum para o ano que vem. Acredito que todas essas bandas irão lançar novos discos, pois é importante para nós fazer coisas diferentes do Tuatha. E também já estamos bem maduros para entender a importância dessa expressão artística para cada um.HELL DIVINE: O último álbum de estúdio (“Trova Di

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Danú”) é, indiscutivelmente, um dos grandes álbuns do Metal nacional. Vocês acreditam que esse novo álbum terá o mesmo sucesso ou ainda é cedo para qualquer opinião?Berne: Obrigado. Estamos trabalhando para isso (risos)! Queremos deixar mais um trabalho relevante para a galera. Acho que é até um pouco de obrigação, pelo fato de termos sempre o apoio dos fãs, da imprensa, das bandas do cenário, etc. Somos cobrados, sabemos que o trem é feio (risos), mas podem esperar que vai ser mais um CD 100% Tuatha De Danann. Espero que tenha mais sucesso que o anterior.

HELL DIVINE: Acho que uma das grandes influências da banda é o Jethro Tull, pois foi a primeira referência que me veio à cabeça quando os ouvi, mas também sei que todos escutam estilos variados para chegar nessa mis-tura que é o Tuatha. Poderiam nos citar algumas dessas outras influências?Berne: Jethro Tull é realmente uma das principais, sou um fã desses caras até morrer. Adoramos Skyclad, Cathedral, Amorphis, My Dying Bride, Obituary, Carcass, The Doors, etc. Particularmente, sou muito fã de Ramones, mas muito mesmo. O Edgar é mestre em música clássica, literalmente toca de tudo, o Giovani é um cara que adora Pixies e coisas alternativas, o Rodrigo curte Black Sabbath, Led Zeppelin, aqueles clássicos todos, o Bruno é um cara que conhece tudo de música celta e irlandesa, e o Alex Navar (o novo integrante) é a mesma coisa do Bruno, fissurado em coisas “irish”. Nós tentamos equilibrar as coisas e fazer o som do Tuatha, mas como

já lhe falei, na hora que as músicas são criadas, ninguém fica se esforçando muito para querer agradar demais.

HELL DIVINE: Na turnê do “Trova Di Danú” vocês tam-bém tiveram a grande oportunidade de tocar no Metal Battle do Wacken Open Air e também fazer uma pe-quena turnê pela Europa. O que esse tempo na Europa trouxe de aprendizado não só para a banda, mas para você em especial? Berne: Resumidamente, aprendi que você tem que arriscar tudo na sua carreira musical para dar certo, e se não der, você fez. Quando estamos fora, pensávamos assim: “Olha, se der tudo errado, pelo menos estamos aqui tomando umas cervejas”. No Wacken foi o mesmo tipo de pensamento, não achávamos que seríamos tão bem recebidos. Foi no decorrer da turnê que a coisa foi ficando mais séria, até ganharmos o prêmio de melhor banda estrangeira do Wacken de 2005. Depois disso, até os brasileiros que estavam lá na Alemanha começaram a olhar diferente para nós, porque até então éramos mais um bando de “metaleiros” do Brasil que estavam lá para ver o Accept. A gente estava curtindo e levando a música do Brasil para o norte da Europa. Outra coisa legal é ver que há uma possiblidade real de alcançar coisas maiores, além Brasil.

HELL DIVINE: Com o “Trova Di Danú” a banda também acabou assinando contrato na época com a Paradoxx Music e todos nós amantes do Metal esperávamos que ela investisse no estilo, algo que acabou não acontecen-do. Já acertaram alguma coisa com alguma gravadora competente para o lançamento desse novo disco, tanto no Brasil quanto exterior?Berne: A Paradoxx foi terrível na divulgação do “Trova Di Danú”. Agora estamos fazendo tudo por nossa conta. Se alguém quiser distribuir o CD, fazemos um contrato e pronto. Com os shows é a mesma coisa, cuidamos de tudo na banda, não há empresário. Agora, se aparecer alguém que queira ajudar a banda, colocar a gente no Faustão (risos)... O lance é se sentir bem na banda, se eu fizer dois ou três shows por mês, estou feliz, porque é impossível eu fazer uma turnê de dois meses neste momento.

HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista! Como um grande fã da banda, me sinto muito orgulhoso por esse pequeno papo contigo e estamos ansiosos para ouvir esse novo álbum. Tomara que não demore a sair!Berne: Muito obrigado pela ótima entrevista, estamos todos juntos fazendo nosso trabalho e lavando a música que amamos para frente. Logo o novo CD estará pronto e espero ver todos nos shows novamente. Visitem nosso site em www.tuathadedanann.

Uma das bandas mais criativas do metal nacional está de volta e, nessa breve entrevista, o guitarrista Rodrigo Berne nos conta sobre o novo single e os preparativos para o novo álbum.

Por Luiz Ribeiro

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Com uma carreira chegando aos 20 anos de estrada, o Vulture é uma daquelas bandas de grandes feitos durante esses anos. Seja pela qualidade de seus álbuns de estúdio, as apresentações fortes e intensas, que chamam a atenção pela coesão de seus instrumentistas, além de terem clássicos do Death/Thrash Metal nacional, especialmente a música “Abençoado Seja o Homem Ateu”, que acabou sendo um dos maiores clássicos da história do grupo formado por Adauto Xavier (guitarra/vocal), Yuri Schumann (guitarra), Max Schumann (baixo) e André Xavier (bateria). E mesmo com todo esse tempo de banda, os caras estão dispostos a escrever novos capítulos. O primeiro acontece em breve, com o lançamento do novo álbum do grupo, que carrega o nome de “Abandoned Haunt of Cosmic Hate”, que tem previsão de lançamento para o mês de outubro. Nessa entrevista feita com Adauto Xavier, o músico nos contou do novo trabalho, o trabalho de capa, shows pelo país e planos para comemorar duas décadas de vida dos abutres!

Por João Messias Jr.

HELL DIVINE: Amigos, recentemente a banda iniciou as gravações do seu novo álbum, que se chamará “Aban-doned Haunt of Cosmic Hate”. O que os fãs podem espe-rar desse novo trabalho em relação ao direcionamento sonoro e conteúdo lírico?Adauto Xavier: Vejo esse novo álbum como a continuação de um processo de amadurecimento, tanto musical quanto pessoal, que completará 20 anos em janeiro. Musicalmente falando, ele tem todos os elementos característicos de um álbum do Vulture, aquele Death Metal que une brutalidade e peso a elementos de Thrash e Heavy Metal tradicionais. Porém, ele está mais brutal e com os riffs mais trabalhados, para mim, é o melhor álbum que já gravamos. Quanto ao conteúdo lírico, continuamos falando sobre ateísmo e criticando as mazelas deixadas em nossa sociedade pela alienação religiosa, pela corrupção na política e pela manipulação da grande mídia.

HD: Vocês liberaram a arte da capa no site do grupo.

Feito por Rafael Tavares, conhecido por seu trabalho com grupos como Depressed, Nervochaos e Chaos Synopsis, fez um lance diferente do que estamos acos-tumados a ver nas capas do grupo, algo como elevar o nome do grupo para um novo patamar. Queria saber se concordam com essa afirmação e a arte foi um trabalho em conjunto ou ele trouxe as ideias prontas?Adauto: Sinceramente, mesmo sendo publicitário, não acredito que uma capa bem feita possa elevar o nome da banda para um novo patamar, acredito que uma música bem feita, sim. No entanto, uma capa bem elaborada e com um conceito polêmico, pode, sem dúvida, gerar uma divulgação espontânea para a banda e estimular o interesse, pela nossa música, de pessoas que nunca tiveram contato com o Vulture. Eu trabalho com manipulação digital de imagens e sempre desenvolvi as capas da banda, porém, desta vez queríamos algo mais artístico, que remetesse às capas de Death Metal do começo dos anos noventa. Chegamos até a entrar

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ENTREVISTA

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entrou, estávamos em um período muito difícil, quando não era o baterista que faltava nos ensaios, era o baixista, chegamos a ensaiar várias vezes, apenas os dois, cheguei a assumir a bateria nos ensaios para o Yuri pegar as músicas – inclusive, no primeiro show do Yuri, tive que tocar bateria, pois o baterista não apareceu. Nessa época, o André tinha uns 13 anos e gostava de frequentar os ensaios, ficava sempre sentado observando. Um dia perguntei se ele gostaria de tentar tocar bateria, passei uns exercícios básicos e fizemos uma música bem simples para acompanhá-lo. Em pouco tempo o moleque virou uma máquina, tocava todas as músicas da banda e nos permitiu compor músicas mais rápidas e agressivas, pois havia superado os bateristas anteriores no pedal duplo e nos blast beats. Com o Max o processo foi semelhante, já estávamos há um ano tocando sem baixista e o Max sempre aparecia para curtir os ensaios. O Yuri fez a proposta e ele abraçou. Desde então, se passaram dez anos, hoje somos realmente uma família, conhecemos exatamente as qualidades e os defeitos uns dos outros, viajamos juntos para tocar e viajamos juntos para passear, discutimos sobre a banda e sobre a vida pessoal de cada um, damos e levamos esporros e conselhos, acho que cada um encontrou o seu espaço e o seu papel.

HD: Outro momento que consolidou a história do Vulture foi o lançamento da música “Abençoado Seja o Homem Ateu”, presente no segundo álbum do grupo, “Through The Eyes Of Vulture”. Qual a inspiração em fazer uma letra em nosso idioma pátrio e se imaginavam que ela seria um clássico da banda?Adauto: Sempre fui muito fã de Ratos de Porão e Dorsal Atlântica, antes de lançarmos o nosso début “Test Of Fire”, já estava com a ideia fixa de escrever uma música em português. Quando apresentei “Empalação Brutal” para o pessoal, todos gostaram, ela saiu em nosso primeiro álbum e teve uma ótima repercussão, tínhamos que tocá-la em todos os shows. Geralmente componho a melodia, a linha de vocal e, por último, escrevo a letra. Quando finalizei a melodia da Abençoado... logo vieram algumas frases em português em minha mente, a letra saiu muito rápido e ela entrou como a música em português do segundo álbum. A repercussão dela foi ainda maior, sabíamos que a música era boa, mas não que se tornaria o nosso clássico.

HD: Digo isso porque se tornou quase que uma tradição na história do grupo, pois em “Destructive Creation” teve a faixa “Carrasco de Si Mesmo” e o novo trabalho será brindado com dois petardos: “Até as Últimas Con-sequências” e “Moderna Escravidão”. Podemos dizer que hoje a banda se sente confortável em escrever em nossa língua?Adauto: Sem dúvida, acho que encontramos a nossa maneira de compor em português e os resultados foram bons, ver os bangers cantando as nossas letras inteiras ao vivo nos deixa muito orgulhosos e inspirados.

HD: Agora mudando de assunto, nesses anos, a banda

em contato com o Dan Seagrave que, em nossa opinião, é um gênio absoluto, mas os prazos e os valores não bateram, optamos por escolher um profissional aqui no Brasil mesmo e o Rafael Tavares foi o primeiro que me veio à cabeça. Acompanho seu trabalho já faz um tempo e sempre me agradou muito, apresentei para o pessoal e todos gostaram. Ele estava cheio de trabalhos também, mas conseguiu nos encaixar, passamos a ideia de uma igreja abandonada e um abutre comendo a carcaça de um padre, ele captou a mensagem e nos surpreendeu fazendo uma capa melhor do que havíamos imaginado em nossas mentes. Ficamos totalmente satisfeitos.

HD: Para esse novo trabalho, quais os planos do grupo para o exterior? Há ideias para que lancem o álbum no velho mundo e Estados Unidos?Adauto: Estamos assinando contrato com uma gravadora da Inglaterra chamada Secret Service, eles irão relançar nossos três primeiros álbuns com músicas bônus e o álbum novo em digipack para distribuir na Europa. Acredito que essa parceria possa gerar boas oportunidades para uma futura turnê pelo velho mundo. Queremos estender a divulgação desse álbum para a América Latina e Estados Unidos também.

HD: A história da banda possui muitas curiosidades, como na formação, em que os irmãos mais novos do guitarrista/vocalista Adauto Xavier e do parceiro de seis cordas Yuri Schumann. Como foi trazê-los para o grupo e como trabalham esse convívio familiar?Adauto: Somos de uma cidade pequena do interior de São Paulo, encontrar músicos para tocar Metal nunca foi uma tarefa fácil, metal extremo, então, piorou. Tive sorte de

encontrar bons músicos que passaram pelo Vulture nos primeiros anos, mas todos

priorizavam seus projetos pessoais e tinham pouco comprometimento

com a banda. Quando o Yuri

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veio fazendo apresentações por todas as regiões do país, que englobaram estados como Ama-zonas, Piauí, Paraná e o ABC paulista, em que tive a oportunidade de vê-los. Como é correr por todos esses cantos e ver que um sonho que se iniciou em 1995 leva vocês para muitos cantos que um emprego normal jamais levaria?Adauto: Pode incluir RS, SC, ES e MG, somos uma banda que nunca parou de tocar, mantemos uma média de uns 15 shows por ano, o que pode nem parecer muito, mas em 20 anos consecutivos são quilômetros e aventuras pra c*cete. A sensação é a melhor possível, tivemos a oportunidade de conhecer lugares maravilhosos e fazer boas e longas amizades que mantemos até hoje em cada canto deste país. Todos temos nossas profissões paralelas e somos bons profissionais, mas quando estamos juntos somos melhores, nos sentimos especiais de verdade e isso nos dá vida, mantem vivo aquele sonho de moleque de 14 anos, de poder acordar todos os dias para tocar e só tocar.

HD: Falando no show do ABC, a banda fez uma performance segura e com muita energia. Quais os cuidados que tem antes das apresentações?Adauto: Acho que a segurança é natural pelo tempo de estrada que temos tocando juntos e a energia é por gostarmos muito de estar no palco, tocando e bangeando com todos. A única recomendação é não tomar mais que 10 cervejas antes do show!

HD: Essa é clichê, mas necessária para o andamento desta entrevista: se arrependem de alguma coisa que fizeram na carreira do Vulture?Adauto: Posso falar por mim. Arrependo-me de duas coisas que não fizemos, uma é de não lançarmos uma demo, em 2004, com seis músicas boas que ficaram esquecidas no tempo. Enrolamos tanto para gravar que quando fomos gravar já tínhamos as músicas novas que entraram no “Test Of Fire”. Mas essas músicas antigas ainda sairão em um Split em breve. A outra é de não ter tirado mais fotos do início da banda, de quando era moleque, diz a lenda que uma tia tem uma filmagem em VHS, estou correndo atrás.

HD: Para encerrar, a banda completará, em 2015, duas décadas de estrada. O que a banda pretende fazer para celebrar essa data?Adauto: Fora organizar um churrasco para entrarmos em coma alcoólico, já faz uns anos que queremos gravar um DVD ao vivo, acho que 2015 seria o ano ideal para isso.

HD: Muito obrigado pela entrevista! Deixem uma mensa-gem aos leitores da Hell Divine!Adauto: Agradeço pelo espaço e pelo apoio que a Hell Divine sempre nos deu. Não vejo a hora de lançar este álbum e cair na estrada novamente para tocar as músicas novas e tomar umas geladas com os bêbados que nos acompanham. Quem quiser mais informações sobre o andamento das gravações pode curtir a nossa página no Facebook ou visitar nosso site. Grande abraço a todos!! Metal até a morte!

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ENTREVISTA

HELLDIVINE: O que você pode nos dizer sobre a evolução da banda, desde o primeiro EP, “Behold the Real Sem-blant”, até o novo álbum, “Lunar Manifesto”? Em qual ponto você acredita que o tempo de estrada e a expe-riência adquirida contribuíram para o resultado final obtido no novo lançamento?Juliano Ribeiro: Essa é uma pergunta muito interessante e, ao mesmo tempo, muito difícil de responder com precisão. Estamos falando de dois períodos muito distintos da história da banda, onde fica complicado evidenciar o que é, de fato, uma evolução e o que é uma mudança ocasionada pelas diversas alterações internas sofridas pela banda. Falando especificamente da sonoridade da banda, acredito que a Semblant passou por uma verdadeira revolução. Embora determinados elementos tenham se mantido na sonoridade com o passar dos tempos, é bastante nítido que hoje temos uma banda bem diferente e isso vai muito além do fato de que da formação que gravou o EP “Behold the Real Semblant” e o primeiro disco “Last Night of Mortality”, restaram apenas dois membros (o vocalista Sergio Mazul e o tecladista J.Augusto). Hoje em dia, ainda possuímos uma sonoridade calcada no obscuro, mas a abordagem é muito mais diversificada. Acredito que o EP “Behind the Mask” foi uma peça fundamental para o resultado atingido no novo disco. Primeiramente, ele representou a estreia de muitos dos integrantes atuais da banda.

Além disso, durante a divulgação desse trabalho, a banda realizou mais shows do que nunca, o que

fortaleceu ainda mais o laço entre todos nós,

algo fundamental para o resultado obtido no novo álbum, “Lunar Manifesto”. HELLDIVINE: Aliás, as críticas da mídia especializa-da em relação a “Lunar Manifesto” têm sido, em sua maioria, muito boas. Vocês se surpreenderam com essa repercussão positiva do novo material, ou é algo que já esperavam?Juliano Ribeiro: A repercussão positiva ao novo álbum foi uma grata surpresa para todos nós. Obviamente, sabíamos que tínhamos um material com bastante potencial nas mãos, contudo era impossível antecipar qual seria a opinião, tanto dos fãs quanto da crítica, em relação ao disco. O processo de desenvolvimento do “Lunar Manifesto” levou em torno de dois anos e depois de tanto tempo em cima dessas músicas, você acaba perdendo um pouco da noção acerca do material, passa até mesmo a duvidar da força de determinadas músicas. Nesse sentido, esse retorno positivo acaba sendo um grande alívio, uma prova de que o tempo investido valeu a pena no final.

HELLDIVINE: E muitos ainda classificam a banda como de Gothic Metal. Você acredita que essa ainda seja uma boa definição para o som que vocês fazem?Juliano Ribeiro: Não exatamente. Embora seja inegável que o Gothic Metal ainda faça parte da sonoridade da banda, classificar o nosso som como tal não chega nem perto de abranger a totalidade do que é a Semblant atualmente. Acredito que um dos fatores para ainda carregarmos o rótulo de Gothic Metal está na nossa

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própria história. O início da banda, em minha opinião, apresentava uma influência muito mais forte desse movimento, tanto musicalmente quanto visualmente. Agora, entretanto, enxergo a banda apenas como Metal. Somos uma banda com sete integrantes, cada um com as mais variadas influências e com a liberdade para trazer essas influências para o nosso som. Ou seja, das diversas vertentes que o estilo desenvolveu com o tempo, carregamos elementos de grande parte delas. Dessa maneira, em minha opinião, torna-se impossível definir a nossa sonoridade dentro de uma vertente apenas.

HELLDIVINE: “Lunar Manifesto” é, sem dúvida, o traba-lho mais agressivo da banda até o momento, embora traga também ótimas melodias que cativam o ouvinte com facilidade. Isso foi algo que vocês decidiram antes de iniciarem o processo de composição, ou foi algo que ocorreu naturalmente? Juliano Ribeiro: Foi algo bem natural mesmo. No meu caso em específico, essa combinação da agressividade com melodias cativantes é algo primordial, pois minhas maiores influências dentro do cenário Metal também trazem essa mesma combinação em suas sonoridades. Bandas como Children of Bodom, In Flames, Soilwork, por exemplo. Acredito que isso ajude o disco a se tornar mais interessante e atraente para o ouvinte, pois ele transita entre o espectro do que existe de mais extremo no cenário musical e o mais marcante e, de certa forma, acessível. Essa dinâmica é uma característica que pretendemos manter sempre no nosso som.

HELLDIVINE: E qual foi a importância do produtor Adair Daufembach no resultado final de “Lunar Manifesto”?Juliano Ribeiro: O Adair Daufembach foi essencial para o resultado final do disco. Sempre fui um grande admirador do trabalho dele com bandas como Project46, Ponto Nulo no Céu, Holiness, Trayce, entre outras, e, desde o início, sabíamos que ele seria o cara ideal para a produção do “Lunar Manifesto”. A experiência em si de trabalhar com um profissional desse calibre foi um aprendizado gigantesco para cada um de nós como músicos, nos fortalecendo ainda mais como banda. As contribuições que ele trouxe para o disco fizeram com que o resultado fosse muito além daquilo que antecipávamos anteriormente. Além disso, ele soube captar muito bem tudo que consideramos importante no nosso som, extraindo assim o melhor de nós. Sem dúvida, temos agora um novo parceiro e amigo na nossa caminhada.

HELLDIVINE: Outro ponto que chama a atenção no álbum é o aspecto lírico, com letras fortes e bem interessantes. Conte-nos um pouco sobre os temas tratados em “Lunar Manifesto”, e quais as influências de vocês ao compo-rem as letras.Juliano Ribeiro: O “Lunar Manifesto” é um disco muito amplo liricamente. Em um olhar mais direto, somos influenciados pelo o que há de mais obscuro e sombrio no mundo moderno. Esse sempre é o ponto de partida para nossas composições. Mas, obviamente, são três pessoas diferentes contribuindo liricamente para a banda, o que ocasiona uma variedade de

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Responsável por lançar um dos grandes discos nacionais de 2014, os curitibanos do Semblant estão, sem dúvida, na melhor fase de sua carreira, inclusive com uma grande ascensão junto ao público headbanger, tanto em âmbito nacional, como internacional. Classificados por muitos como pertencentes a cena do Gothic Metal, é fato que o som da banda atualmente ultrapassa as barreiras de qualquer subgênero do metal predefinido. E para falar dessa nova fase da banda, bem como do excelente novo álbum, “Lunar Manifesto”, batemos um papo com o guitarrista Juliano Ribeiro.

Por Junior Frascá

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abordagens acerca desse ponto central. O Sergio, por exemplo, traz uma influência muito forte do cinema e da literatura, do mundo sobrenatural. Eu e a Mizuho temos uma abordagem mais pessoal, lidando com experiências, reflexões e críticas sobre a civilização moderna. Para exemplificar um pouco melhor, uma faixa como “Incinerate” aborda a situação de pessoas que depositam toda sua fé e esperança de crescimento e melhora de vida em algo ou alguém e, consequentemente, deixam de agir por conta própria para atingir esses objetivos, enquanto “Ode to Rejection” lida com o costume de algumas pessoas de rejeitar o outro por algum determinado fator, seja pelas suas crenças; características físicas; status social; entre outros; e como essa rejeição pode tornar quem a sofre mais forte. Pessoalmente, sempre busco lidar com um aspecto negativo da sociedade, mas mostrar que, por pior que a situação seja, ela sempre pode originar algo positivo. No meu caso, elas sempre originam canções.

HELLDIVINE: Vocês já têm planos de lançar o disco e de excursionar pelo exterior? Já há algo concreto nesse sentido?Juliano Ribeiro: O lançamento do disco no exterior é o nosso grande objetivo no momento, assim como excursionar pela Europa e pela América do Norte, mas ainda não existe nada de concreto. Estamos negociando com alguns selos e esperamos, nos próximos meses, apresentar novidades em relação a isso. Também estamos focando bastante no mercado nacional. Temos uma parceria bem produtiva com a Shinigami Records aqui no Brasil e vamos começar os shows de divulgação do disco no final do mês de setembro, inicialmente pelo Sul do

país.

HELLDIVINE: A banda atualmente

é um septeto. Em uma banda com tantos integrantes, como é gerenciar o humor e tempo de cada um? Isso atrapalha em algum aspecto: ensaios, composição, shows, etc.?Juliano Ribeiro: Admito que não é tarefa das mais fáceis, não (risos)! O mais complicado é conciliar a banda com a agenda de cada integrante. Cada um tem sua carreira profissional fora da banda, que demanda muito do seu tempo, além de família, estudos, etc. Não acredito que isso atrapalhe em algum aspecto, mas necessita de um planejamento um pouco maior da parte de cada um para que tudo funcione com êxito. Um grande agente facilitador nesse sentido é que temos uma relação muito positiva entre nós, de grande amizade, e uma consciência mútua do que é necessário para levar a banda adiante, o que torna a experiência muito mais tranquila do que se espera.

HELLDIVINE: Obrigado pela entrevista. O espaço é seu para suas considerações finais.Juliano Ribeiro: Primeiramente, gostaria de agradecer o apoio e o espaço a todos do Hell Divine. Para sobreviver no mercado da música underground, é sempre essencial o papel que veículos como o Hell Divine exercem. Muito obrigado mesmo! Também gostaria de mandar um grande abraço para todos os que admiram nosso trabalho. Espero que o novo disco seja para vocês tão especial quanto é para cada um de nós da banda. Para quem quiser adquirir o trabalho, acesse o site da Shinigami Records – www.shinigamirecords.com - Em breve, divulgaremos as primeiras datas da turnê de divulgação do disco e outras novidades bem legais, portanto, fiquem ligados na nossa página no Facebook ou no nosso site - www.semblant.com.br . Um grande abraço a todos e até breve!

MANIFESTAÇAO DE CRIATIVIDADE

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ENTREVISTA

Hell Divine: Primeiramente, gostaria de agradecer o tempo que cederam para essa entrevista e já elogiando o novo disco da banda que realmente está impecável. Como a crítica tem recebido o novo disco?Paulo (guitarrista): Nós que agradecemos a oportunidade de poder falar um pouco mais da banda e do novo disco. As críticas realmente estão boas, o que nos deixa muito contentes, pois trabalhamos para dar um ótimo álbum aos nossos fãs, e se as críticas são boas é um sinal que nosso trabalho foi bem feito e que estamos no caminho certo.Sandro (baterista): Com o apoio da gravadora, tem saído em vários sites tanto no Brasil quanto no exterior mencionando o lançamento do álbum novo e com isso o interesse por ele acaba aumentando naturalmente.

Hell Divine – Sabemos que esse foi o último disco com o vocalista Ricardo Peres. A que se deu a saída dele da banda?Paulo: Infelizmente, em uma banda nem sempre é possível manter a mesma formação, pois nem todos têm a mesma prioridade, seja por problemas particulares, família, trabalho, outras bandas, e isso acontece sempre com todas as bandas. Por mais que eu não goste e não aprove essas mudanças na banda, às vezes são necessárias. E foi exatamente este o motivo da saída do Ricardo, ele tinha outras prioridades e não estava envolvido 100% com a Fates Prophecy, então cada um precisa buscar o melhor para si e esta foi a melhor solução para todos.Sandro: O mais legal é que foi uma conversa tranquila, ambos os lados perceberam que o melhor para todos era essa mudança e que, acima de tudo, foi uma transição tranquila.

Hell Divine – Há alguns anos tivemos a “Planet Metal” que foi bastante interessante, pois mostrou muito bem ao país bastantes bandas que estavam começando

naquela época. O “Fates Prophecy” saiu logo na primeira edição da revista/CD

com a música “Pay For Your Sins”

que contava com o grande Andre Boragina. Qual foi a importância para a banda na época ter sido incluída no disco da revista?Paulo: Foi realmente uma ótima “porta de entrada” no Heavy Metal e, além de tudo, a revista tinha uma proposta diferente e proporcionou ao publico ouvir novas bandas em uma época que não havia tantos recursos para conhecer novas bandas. Até hoje temos fãs que nos conheceram justamente com a Planet Metal, foi realmente um marco e graças à inciativa do Marcos Cardoso que idealizou a revista e fez muito pelo metal nacional.

Hell Divine – “The Cradle of Life” é um disco que mos-tra muita maturidade conjunta da banda, com relação a composições, melodias. Todos participam ou tem alguém quem é o “mentor” de tudo?Paulo: Por uma questão simples de ser “viciado” em compor e sempre querer criar novas músicas, eu normalmente tenho mais músicas de que os outros integrantes, mas todos participam seja com ideias do seu respectivo instrumento ou até nos dos outros. Geralmente, o tema do álbum parte de mim, eu tenho as ideias, apresento os temas para a banda, ideias de capa já meio desenvolvidas e vamos trabalhando a partir destas ideias.Sandro: Sempre tivemos o Paulo encabeçando o processo todo, desde as composições até a mixagem final. Mas o mais importante é que todos na banda têm a liberdade de poder contribuir e opinar. O Paulo costuma vir sempre com o esqueleto pronto e a grande maioria das

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composições e, a partir daí, vamos dando corpo ao trabalho.

Hell Divine – Sabemos que são grandes fãs do Iron Mai-den e no começo foram até chamados de “Iron Maiden Brasileiro”, como a banda encarou essa comparação?Paulo: Nunca me senti incomodado com estas comparações, afinal, ser comparado a uma das melhores bandas de Heavy Metal de todos os tempos não é nada mal. Porém, algumas pessoas confundem as coisas e criam rótulos que não são verdadeiros e passam a achar que ser influenciado por uma determinada banda é falta de personalidade, mas acredito que falta de personalidade é correr atrás da moda o tempo todo e sempre tentar se adequar ao mercado, isso jamais fizemos e jamais faremos. Levando em conta que quase tudo já foi criado no rock, será sempre difícil criar uma identidade do dia para a noite.

Sandro: No entanto, hoje em dia nós conseguimos criar

uma sonoridade nossa, tanto é que em

uma resenha de um álbum de uma banda

nacional (não me lembro o nome agora) o editor que

fez a resenha destacou que a banda tem claras influências

de Fates Prophecy, ele inclusive me mandou a resenha e algumas

músicas do álbum dessa banda para ouvir, e realmente ela soa como Fates, foi muito legal

ver que a nossa identidade foi sendo moldada a cada novo álbum.

Hell Divine – Vocês buscaram e buscam influências so-mente no Heavy Metal, ou existe algo paralelo a isso que também influencie musicalmente a banda?Paulo: Nós todos temos gostos variados, então cada um de nós já carrega esta bagagem variada que acaba trazendo algo diferente para nosso som. Eu, por exemplo, tenho como bandas prediletas Iron Maiden, Marillion, Scorpions, The Mission, Rush, ou seja, bandas totalmente distintas, e em minhas musicas sempre tem alguma influencia destas bandas, mas por ser uma banda de metal talvez as pessoas só consigam enxergar as influências do Maiden.

Hell Divine – Certo de que o cenário “metálico” brasilei-ro é um pouco dificultoso de se trabalhar, em algum momento vocês pensaram em desistir?Paulo: Não, mas simplesmente porque é o que gostamos de fazer e sempre gostaremos independente do

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Uma das pioneiras do Heavy Metal tradicional no país, o “Fates Prophecy” está promovendo seu novo disco “The Cradle Of Life”, que vem tendo grande repercussão por parte do público e crítica. Aproveitando essa oportunidade, tivemos um papo bastante agradável com Paulo e Sandro que nos contam sobre o início de tudo, as críticas sobre o novo disco e também explicando um pouco sobre a saída do vocalista Ricardo Peres.Por Leandro Fernandes

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mercado e modas, mas que é totalmente desanimador e com poucas perspectivas, eu não posso negar. Hoje em dia o mais difícil é o “desaparecimento” do fã de Heavy Metal, antigamente as pessoas compareciam aos shows, hoje é mais importante ter “curtidas” e a grande maioria fica sentada em frente ao computador criticando as bandas, e até mesmo quando vai a um show está mais preocupado para tirar selfies do que a própria música...Sandro: Outra coisa muito desmotivadora hoje em dia é agendar shows. Temos muitos produtores profissionais que fazem um grande trabalho, mas também temos muitos que apenas atrapalham uma cena que já está complicada. Recebemos convites para shows toda semana, mas sem o mínimo de estrutura (cachê + transporte + alimentação) fica inviável fazer shows. Amamos o que fazemos, mas nem por isso temos que tocar apenas pelo amor à música, cada um tem o seu instrumento para manter, contas para pagar e estrutura

para a banda para manter.

Hell Divine – Essa coisa de grandes festivais no país privilegiarem as

bandas de fora e deixarem

de lado as bandas locais causa certo desconforto às bandas, em geral, ou necessariamente têm que funcio-nar dessa maneira?Paulo: Sinceramente, não vejo dessa forma. Minha preocupação desde sempre foi a boa música, não importa a nacionalidade. Não acredito que tenho que odiar bandas gringas porque minha banda ou de um amigo não tem chance de tocar em festivais. Se as pessoas realmente comparecessem aos shows de bandas nacionais não haveria este tipo de comparação, e pior ainda é o critério quando uma banda nacional é incluída em um cast destes festivais, raramente não estão envolvidos dinheiro, jogo de interesses, trocas de favores, sempre existe algo por trás destas escolhas.Sandro: Até mesmo porque o próprio público é culpado. O público gasta valores altos para assistir a shows internacionais, mesmo sendo eles pequenos, de menor destaque na cena mundial, mas pelo fato de ser de fora. Mas quando se faz uma data com bandas autorais nacionais a gente cansou de ver shows vazios, não pela má qualidade da banda, até mesmo porque essas mesmas bandas têm um destaque no cenário e muitos fãs, mas são fãs como o Paulo citou antes, fãs de Facebook

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(risos)... Nos anos 90, quando tocávamos, por exemplo, em SP no finado Black Jack, a casa estava sempre cheia, o público saia de casa para ir conhecer e ver bandas novas, muitas vezes sem nem saber qual era a banda da noite, coisa que hoje em dia não existe.

Hell Divine – Existe um projeto paralelo ao da banda chamado “Lazarus Taxon” que leva uma sonoridade mais progressiva. Pode haver alguma “troca de experi-ência” musical entre ambas?Paulo: A Lazarus Taxon é uma banda que foi idealizada por mim e, realmente, é uma banda de verdade, é mais que um simples projeto com tempo de validade, porque apesar de tocar Heavy Metal a vida inteira, eu sempre tive a mente aberta e admiração por boa música independente de estilo. Não acredito que ela tenha alguma interferência na música da Fates Prophecy, justamente porque são influências que sempre fizeram parte do meu estilo pessoal, mas acredito que o contrário será bem possível mesmo, pois existem coisas fantásticas que aprendemos no Heavy Metal que não existem em outros estilos e mesmo que a influência seja sutil, sempre acrescentará algo diferente.

Hell Divine – Quais os projetos da banda agora depois lançamento de “The Cradle of Life”?Paulo: No momento, queremos aproveitar o lançamento do álbum e tocar o máximo possível pelo Brasil e, quem sabe para o meio de 2015, já começarmos a trabalhar em um novo álbum.Sandro: Até mesmo porque queremos deixar a nova formação bem entrosada, para que o próximo álbum seja ainda melhor.

Hell Divine – Agradecendo mais uma vez por essa en-trevista, deixo as considerações da banda para os fãs e leitores.Paulo: Nós que agradecemos a chance de poder falar um pouco de algo que gostamos tanto. Agradeço a Hell Divine e seus leitores pelo apoio e oportunidade, e a todos nossos fãs que são a nossa maior inspiração. Obrigado a todos!!!Sandro: Esperamos encontrar cada um de vocês em nossos shows para papearmos sobre Heavy Metal e tomarmos algumas para comemorar. Obrigado pelo espaço!!

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ENTREVISTA

HELL DIVINE: Antes de tudo, queremos agradecer de-mais pela entrevista. E logo de cara, uma das boas: vocês levaram 6 anos entre a fundação do grupo e o lançamento de “No Peace”, que inclusive teve previsões de gravação e lançamento para 2012. O que aconteceu nesse meio tempo para atrasar tanto o CD?Lameira: É sempre uma honra poder falar um pouco do nosso trabalho para vocês. O novo álbum foi a nossa primeira “grande” produção e onde nos deparamos com novos conceitos e métodos, além de testarmos muitas coisas. Isso tudo aliado a demandas pessoais e outros problemas, além da procura por uma parceria para o lançamento a altura do projeto, fizeram com que tudo passasse do tempo planejado. Thomás: Nós nos preocupamos em testar as músicas exaustivamente antes de gravá-las, o que também exigiu tempo. Além disso, o final da batalha do Ernani também foi um período bastante difícil para nós.

HELL DIVINE: Bem, tem sempre a famosa pergunta chata e triste, então, vamos logo fazê-la no início: Ernani Hen-rique, baixista e amigo de vocês, faleceu em 2012. Teria sido um dos fatores que causou o atraso? Sim, já que ele tinha muita importância na fase de composição das músicas. E ainda falando nisso, as músicas do CD, tiran-do “Scars to God”, chegaram a ter a mão dele em algum ponto? E como foi que chegaram até o Rômulo (NR.:

Pirozzi, guitarrista do Martini Machine e do Mistrust) para gravar o disco? E fechando logo, como foi

que o Felipe Modesto entrou na banda? Ah, sim: que Ernani possa descansar

em paz, pois este CD sair é um so- nho que ele tinha...

Lameira: A morte do nosso amigo foi, sim, um golpe muito duro para nós. De certa forma, olhando para trás e vendo como tudo aconteceu, foi algo que pesou no atraso da produção do álbum. Muitas vezes tínhamos a esperança que ele participasse das gravações. Mas quando estávamos começando a finalizar as musicas, foi bem na hora que a doença se mostrou mais agressiva e implacável com ele. Isso tudo tirou as forças dele e, infelizmente, ele não teve muita participação na composição das musicas. Exceto pela faixa “Schackles of Ignorance” que nós iniciamos juntos, mas que depois mudou bastante de cara. Após a morte dele paramos as atividades da banda pelo tempo que sentíamos ser necessário. Para mim foi muito difícil, pois considerava ele como um irmão. Thomás: Apesar disso, nós mostramos para o Ernani o progresso nas composições, mesmo na fase final de sua vida. Eu me lembro que ele gostava muito de ouvir a demo da “Worshipers of Hatred”.

HELL DIVINE: Falando de aspectos não tão tristes, há uma diferença bem grande entre o que se vê nos EPs “When the Slaughter Begins”, de 2010, e “The Wartrail” de 2011: o trabalho de vocês era bem mais puxado para o Thrash Metal, e agora, a mistura está bem mais agres-siva e intensa. O que houve para terem esta orientação? Foi algo mais espontâneo ou houve certa consciência para terem este direcionamento, ou mesmo a entrada de Thomás (NR.: Martin, baterista) ajudou nessa guinada?Lameira: Acredito que tenha sido algo natural. Antes da entrada do Thomás na banda éramos somente Renan e eu focados no trabalho de composição. Não que os outros não ajudassem de alguma forma, mas nós dois é que 22

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sempre iniciávamos e pensávamos as músicas como um todo. Thomás trouxe novas influencias e muita vontade de participar do processo todo. Isso, com certeza, somou de uma forma muito positiva e trouxe algumas mudanças, sim. Mas ainda acredito que muito do estamos fazendo agora já viria naturalmente com trabalho da banda também. Thomás: Acho que a mudança na identidade sonora da banda foi natural. Durante as composições de “No Peace” nós nos esforçamos para não repetir o passado, para trazer sons novos.

HELL DIVINE: E por falar em Thomás, até que enfim aca-bou aquele troca-troca de bateristas, hein? Finalmente (risos)! Mas falando sério: como chegaram até ele? E Thomás, como ficou sua antiga banda, o Thorn? Lameira: Pois é. Achar bateristas bons disponíveis sempre é um problema. E, pessoalmente, nunca gostei de músicos envolvidos em mil bandas e projetos diferentes. Em minha opinião, quando você ainda está construindo um nome, esse tipo de coisa só faz perder o foco. Por sorte, através de uma indicação chegamos ao Thomás. Ele já conhecia o nosso som na época e eu já havia feito um show como produtor com a antiga banda dele. Marcamos uma conversa e logo em seguida um teste. O resto vocês já sabem. Para mim, o baterista é o coração de uma banda e não se pode entregar essa função na mão de qualquer pessoa. Ainda mais em um estilo que exige tanto.Thomás: É uma honra ser parte do Hatefulmurder. Atualmente, meu único projeto paralelo é o “Massive Fire”. O Thorn era um excelente projeto, mas infelizmente acabou.

HELL DIVINE: Voltando a “No Peace”, de onde tiraram esse nome? E como foi trabalhar com o Penna (NR.: Fa-biano Penna, conhecido produtor e ex-guitarrista do The

Ordher, Horned God e Rebaelliun) na produção do disco? E como se deu o contato com a Cogumelo Records para o lançamento? E já que falamos em selos, existem pro-postas para o lançamento de “No Peace” fora do Brasil?Thomás: “No Peace” é uma abreviação da primeira faixa do disco, “No Peace for the Wicked”. É um nome forte, que chama a atenção, mas não explana totalmente o conceito do álbum. Trabalhar com o Penna foi sensacional. O cara é muito reconhecido no underground e, definitivamente, tem muito bom gosto. Depois de um tempo alinhando nossas expectativas com a habilidade dele, chegamos a esse resultado de mix. O contato com a Cogumelo começou, em 2011, no nosso primeiro show em Belo Horizonte, quando visitamos a loja e conhecemos o lendário João. Desde então, trocamos mensagens e ele acompanhou a evolução da banda, mas até o término da gravação do “No Peace” e o nosso último show em BH, ele não nos havia confirmado que lançaria o álbum. Ele disse que precisava ter certeza, e eu acho que essa certeza só veio depois que ele nos viu ao vivo com o Voivod.

HELL DIVINE: Bem, a capa foi do Felipe (NR.: Lameira, vocalista da banda). Então, chegaram a sondar outros artistas para a arte? E Felipe, como teve as ideias para design, diagramação e arte do CD? E ainda: qual é o conceito que usou por trás da arte? Tá, sei bem que “No Peace” já está lá bem claro, mas uma ideia não sai só de um título...Lameira: Trabalho fazendo as artes da banda desde a fundação dela, antes mesmo de assumir como frontman. Sempre foi algo natural e cômodo para mim, vendo que sempre trabalhávamos as coisas quase que simultaneamente. Nunca, até então, pensamos em sondar outro artista, pois não sentíamos essa necessidade. Algo já suprido por mim. Quanto às ideias para o design

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Bem, quem conhece bem o cenário nacional, já deve ter ouvido falar no quarteto carioca Hatefulmurder, um nome que tem crescido mais e mais dentro do país, seja pelos shows de abertura que têm feito (abriram para Voivod e Kataklysm no Rio de Janeiro, Killswitch Engage no Chile e, em outubro, para o Exodus no Rio de Janeiro), seja por seus trabalhos lançados virtualmente. E agora, coroando a boa fase, chega o primeiro álbum, “No Peace”. Mas poucos sabem dos dramas que a banda passou até chegar aqui, desde que foi fundada, em 2008. Logo, aproveitando o bom momento, a Hell Divine foi bater um papo com eles e saber mais e de tudo um pouco.

Por Marcos “Biga Daddy” Garcia

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do novo álbum, foi um processo longo e com muitas mudanças. Como houve muito tempo entre toda a ideia de desenvolvimento e a finalização, muita coisa foi alterada. O conceito usado na arte é o mesmo das músicas: Um manifesto contra a alienação religiosa. Existe a figura central da face, que representa o sofrimento humano, em detrimento da opressão de uma figura “divina”. A capa é rodeada de muitos elementos e formas, muitas mesmo. Poderia escrever um longo texto para explicar cada um deles, mas prefiro que os nossos fãs mais observadores percebam e cheguem as suas próprias conclusões. HELL DIVINE: Outra pergunta meio espinhosa: vocês possuem um single e dois EPs, mas apenas “Scars to God” foi usada em “No Peace”. Por que justamente ela? E os arranjos de baixo ficaram muito próximos às linhas que Ernani criou, algo bem surpreendente. Existem planos de usar músicas mais antigas e que já foram gravadas em futuros trabalhos? E em um de seus shows, pude ver uma versão bem explosiva para “N.I.B.” do Black Sabbath, logo, existem planos para gravar uma versão dela para uma edição deluxe de “No Peace”, ou algum outro cover?Thomás: “Scars to God” foi regravada por vários motivos. Primeiro, o conceito lírico dela é perfeito para fechar o álbum conceitual que é o “No Peace”. Segundo, porque é uma música que representa bem o nosso som e merecia uma gravação melhor. Além disso, suas linhas de baixo bastante características nos lembram o Ernani, e o Modesto as executa com perfeição. Um detalhe interessante é que nós deixamos o baixo nela um pouco mais alto que no resto do disco. As músicas do “The Wartrail” aparecerão novamente num registro ao vivo, fique tranquilo (risos). Nós gostamos de levar sempre uma versão para um cover ao vivo em shows mais longos, mas não existem planos de gravar nada disso ainda.

HELL DIVINE: Após certo período de silêncio, que foi o que levaram para gravar “No Peace”, vocês estão bem ativos em shows, chegando a tocar com o Kataklysm e Voivod no RJ em maio, com o Killswitch Engage no Chile, e agora, serão o opening act do Exodus no Rio de Janeiro. Nada mal, hein? Mas a pergunta é: acreditam que a tendência é de crescerem mais e mais? E como se sentem estando em meio a tantas feras? Aliás, acho que vai ter gente chorando quando estiverem de frente para Gary Holt e companhia (risos). E nem vou mencionar que o Modesto foi trollado como Adam Sandler pelo pessoal do Kataklysm (mais risos)!Lameira: Pois é. Mesmo enquanto terminávamos a produção do álbum, procurávamos nos manter ativos e fazendo o máximo de shows. Mas existem limites e dificuldades que são, infelizmente, impostas a bandas como a nossa. O ano de 2013 foi literalmente para arrumar a “casa” e deixar a “máquina” pronta para

desafios a altura dos quais queríamos atingir. Chegamos esse ano com muita fome de

mostrar o trabalho novo, cair dentro na estrada e destruir nos palcos como

sabemos fazer. Para nós, não

há limites. Queremos estar ao lado dos grandes e perto dos headbangers que curtem o som que corre nas nossas veias. Estar ao lado de grandes bandas é sempre uma honra e ao mesmo gratificante, pois percebemos cada vez mais que estamos no caminho certo.Thomás: É maravilhoso tocar em grandes produções e ao lado de bandas ícone que sempre ouvimos. Contudo, eu gosto sempre de lembrar que nós fazemos o show com a mesma energia para um clube de 50 pessoas e um teatro de 2000.

HELL DIVINE: A pergunta é um pouco batida, mas serve como referencial aos que ainda não entendem o Metal com profundidade: quais são os temas que usam nas letras? E qual a mensagem que desejam transmitir ao ouvinte?Lameira: A mensagem que tentamos passar é sempre de contestação e reflexão da realidade em que vivemos. No trabalho anterior, o “The Wartrail”, abordamos os múltiplos aspectos e desdobramentos da guerra. Desde a solidão de um soldado nos últimos momentos antes da sua morte, à carnificina de um exército por um objetivo “maior” ou “nobre”. Agora no novo álbum, fizemos da cegueira religiosa o tema central, o fio condutor de todas as letras. Em ambos trabalhei com meu amigo de longa data, Tiago Ramis. Essa parceria rendeu letras profundas e, ao mesmo tempo, impactantes, em minha opinião. Procuramos escrever algo que fizesse o headbanger mais atento pensar e não somente balançar a cabeça ao nosso som (risos). Sempre que canto elas ao vivo ou mesmo as leio, sinto que acertamos em cheio. Para mim é mais um motivo de grande orgulho neste trabalho.

HELL DIVINE: E já que falamos em shows, como tem sido a reação dos fãs ao material novo de “No Peace”? Ah, sim: como foi a apresentação e a recepção dos fãs do Chile ao trabalho de vocês? Já existe a possibilidade de se estenderem por mais shows em outros países sul-americanos?Thomás: Está sendo impressionante a maneira como as pessoas se identificam com o “No Peace”. Temos recebido muitas mensagens pelo Facebook e excelentes críticas da mídia sobre o trabalho, tanto aqui no Brasil como do resto do mundo. Teve um cara na Itália que fez uma resenha gigante faixa por faixa, interpretando diversos pedaços das letras e dissecando as músicas. Quanto a recepção dos fãs no Chile, só posso dizer que eles fazem jus à fama que têm. Que público! Nós percebemos também que eles se amarram em Hatefulmurder (risos).Lameira: Realmente, os chilenos são headbangers até o osso. Têm muito respeito e admiração pelas bandas brasileiras e conosco não foi diferente. Fomos recebidos de braços abertos. La raja weons!

HELL DIVINE: O Hatefulmurder agora está no grupo das “bandas que lançam CDs e que têm que se ferrar nas mãos dos headbangers dos downloads ilegais”, ou seja, vão acabar sendo funicados em algum momento por downloads ilegais. Então, qual a opinião de vocês sobre eles, e o que diriam aos ouvintes para incentivá-los a

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comprar CDs? E já que metemos as mãos em vespeiro, vamos logo fundo: o que vocês pensam da atual predo-minância das bandas cover, a que muitos atribuem certo enfraquecimento de público em shows autorais?Thomás: Já tem dezenas de torrents e links ilegais do “No Peace” na Internet. Nós não esquentamos a cabeça com isso. Acho que está rolando uma tendência mundial em parar com a pirataria por vontade própria. Se você vai ao Canadá e fala num grupo de pessoas que você baixa músicas ilegalmente, vão te olhar de cara feia. Isso está chegando ao Brasil também, aos poucos. Quanto a bandas cover, eu às vezes até curto assistir, mas eu frequento dez vezes mais shows autorais.

HELL DIVINE: Seis anos de vida, altos e baixos, grandes alegrias e tristezas... E disso tudo, qual a grande lição que vocês tiraram? E nada de exaltar e louvar a cacha-ça, pois isso é com o pessoal do No Remorse (risos)!Lameira: Quando olho para trás e vejo: “caramba, se passaram seis anos”. Vejo que fizemos muita coisa e me orgulho de tudo que conseguimos. Temos muito ainda para fazer, mas penso que estamos no caminho certo, não(risos)? Acho que exige muita coragem e uma dose

de “loucura” ter uma banda de metal, principalmente no nosso país. Agora, a lição que aprendi com tudo isso foi: vá e meta a cara. Não espere nada cair do céu. Ninguém vai carregar você nas costas só por que sua banda é legal e você toca um som fodão. Se você acha que sentado ai no seu computador vai conseguir alguma coisa, sinto em te dizer uma coisa: você vai se f*der (risos)! Os mestres já disseram isso muito tempo atrás: “It’s a long way to the top...”. Thomás: “if you wanna rock and roll”

HELL DIVINE: Agradecemos demais pela entrevista, desejamos que os ouvidos de todos nós não tenham paz por um longo tempo, e deixem sua mensagem aos nossos leitores...Lameira: Agradeço, mais uma vez, a oportunidade de falar para a Helldivine, que vem fazendo um excelente trabalho. Deixo também meu agradecimento a cada um dos nossos fãs, que nos apoiam e nos mantêm fazendo o que mais gostamos na vida. Obrigado amigos! Stay Hateful! Thomás: Valeu, Hell Divine, valeu headbangers! Nos vemos nos shows!

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[email protected]/TELLUSTERROR

IMPRENSA: ENDORSERS:

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ENTREVISTA

HELL DIVINE: “Humans” me parece mais agressivo que o EP anterior “Beyond” (2013). Você concorda? Além dis-so, qual a diferença vocês veem entre os dois discos?Flávio Ferraz: Sim, mas em nossa opinião, ao mesmo tempo em que o “Humans” é mais agressivo, ele também é mais melódico. Eu ainda não fazia parte da banda no EP “Beyond” (2013), já no EP “Humans” chegaram muitas ideias minhas, que acabaram somando com todas as ideias do resto da banda e, consequentemente, deu um novo rosto ao som da Every Man Is An Island.

HELL DIVINE: Além de uma evolução natural, também nota-se a inclusão de novos elementos e influências, dentre elas vindas do New Metal, como na faixa “Mir-rors”. O que você pode falar a respeito?Flávio: Bom, podemos dizer que nossas influências não vêm diretamente do “Nu Metal”, e mais do Hardcore com o Metal atual. Ouvimos bastante Beartooth, Northlane, Fit For a King, For Today, e por aí vai. Mas o engraçado é que já chegamos a comentar uns com os outros que o “Nu Metal” está voltando forte, e isso é nítido nas bandas atuais. Talvez inconscientemente estamos absorvendo, e isso é bom (risos)!

HELL DIVINE: A música do Every Man Is An Island segue a linha do Modern Metal, mas nota-se uma preocupação em não soar comum e/ou igual as outras bandas. Enfim, vocês fogem dos clichês. Seria isso intencional ou vocês não se preocupam com isso?Flávio: Isso é completamente natural, pois simplesmente pegamos nossos instrumentos, e compomos. Logicamente

que existe um foco, um caminho que estamos traçando, mas tudo é bem sincero. Sento na

minha cama, pego minha guitarra e começo a tocar, daí surgem as

ideias que no estúdio, junto a

todos, finalizamos.

HELL DIVINE: Aliás, “Beyond” se mostrou um grande trabalho, já mostrando esse diferencial. Na hora de compor “Humans” vocês se sentiram na obrigação de manter esse diferencial ou até mesmo houve algum tipo de pressão?Flávio: Então, isso acaba envolvendo um pouco as perguntas anteriores. Quando entrei na banda, comecei a apresentar minhas composições, e acabou sendo algo novo para o Every Man Is An Island, consequentemente, diferente do trabalho anterior. Então, dá para sacar como tudo foi de forma natural.

HELL DIVINE: O título “Humans” desperta curiosidade. O que vocês procuraram abordar nas letras do EP?Flávio: O “Humans” buscou tratar sobre coisas “Humanas”. Aquele lance de autoanálise, de como basta a gente pôr os pés no chão, a mão na consciência, e deixar o coração queimar com sinceridade. Porque no fundo, todos nós sabemos como devemos agir, e o “Humans” busca passar esta mensagem ao máximo de pessoas que pudermos alcançar.

HELL DIVINE: Aliás, mesmo diante do peso e agressivi-dade, nota-se um ar melancólico nas composições da

UM OCEANO DE POSSIBILIDADES

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Seguindo a renovação do Metal atual, que engloba características modernas, com pegadas agressivas e temas reflexivos, a banda Every Man Is An Island tem mostrando qualidade e diferencial dentro de suas características. Seguindo uma linha mais brutal e sombria, o grupo de Campinas/SP, divulga seu segundo EP “Humans” lançado virtualmente e mostrando uma evolução natural do quinteto. O guitarrista Flávio Ferraz falou à Hell Divine e deu mais detalhes sobre a música do Every Man Is An Island, sobre o novo álbum e diversos outros aspectos que envolvem o grupo.

Por Vitor Franceschini

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banda...Flávio: Sim, acredito que esse ar venha da sinceridade em nossas letras, pois tratamos de coisas “Humanas” nesse EP, então não teríamos como fugir disso.

HELL DIVINE: A banda optou por lançar o disco virtu-almente e o disponibilizou para download gratuito no Facebook. Por que decidiram divulgá-lo desta forma e qual vantagem veem nisso?Flávio: Nós já havíamos lançado nosso EP “Beyond” em forma física, o qual se encontra à venda no nosso site, nos nossos shows, no iTunes e em plataformas semelhantes. Então resolvemos experimentar algo novo, que seria esse download gratuito, em que a pessoa precisa apenas curtir nossa “fanpage”, e preencher algumas informações para concluir o download. A vantagem é que por meio disso, nós conseguimos formar um “mailing list” dos ouvintes da banda, além de conseguir disponibilizar um conteúdo exclusivo para todas as pessoas que fizerem o download.

HELL DIVINE: Como está a repercussão de “Humans” tanto pelo público quanto pela crítica? Vocês chegaram a lançar o trabalho no exterior? De quais países tiveram mais retorno?Flávio: O “Humans” foi muito bem aceito, tanto pelo público, quanto pela crítica. Grande prova disso, são os

nossos views que vêm aumentando a cada dia no Youtube, são pouquíssimos os “dislikes”, e as estatísticas da nossa fanpage estão cada vez melhores. O primeiro show do “Humans” foi no Chile, tivemos uma recepção fantástica, e um retorno de 150 likes em nossa fanpage, o que, para nós, é muita coisa. Isso porque uma banda desse seguimento, tocando em outro país, tendo um retorno deste tamanho é realmente fantástico. Temos muitos ouvintes argentinos, uruguaios, chilenos, americanos, e principalmente brasileiros. Mas a nossa missão é mundial, acredito que iremos alcançar muito mais do que imaginamos.

HELL DIVINE: Vocês participaram do “Battle Of The Bands” e estavam como uma das bandas mais votadas. Como se sentem com tal reconhecimento e o que podem aproveitar disso?Flávio: Essa inscrição que fizemos na “Battle of the Bands” mostrou que temos fãs e apoiadores fieis, e também uma cena muito forte e unida. Esse concurso era para que nós tivéssemos a oportunidade de tocar na “Vans Warped Tour” e mostrar um pouco do Hardcore/Metal brasileiro nesse evento e, consequentemente, abrir os olhos do mundo para a nossa cena, mostrar que aqui tem um role muito grande e “da hora”, com bandas incríveis. Os resultados desse concurso ainda não foram publicados. Estamos ansiosos e assim que soubermos, publicaremos em nossa fanpage.

HELL DIVINE: Quais os planos da banda? Algo que possa ser adiantado em relação a composições novas, lança-mentos e turnês?Flávio: No momento, estamos ensaiando bastante para os shows que estão agendados, estamos para confirmar uma turnê internacional para este semestre, existem planos para um novo videoclipe, e as composições nunca param.

HELL DIVINE: Muito obrigado pela entrevista, deixem uma mensagem.Flávio: Nós da Every Man Is An Island acreditamos na nossa cena, em vocês que “colam” nos shows, compram nosso material, e sempre fortalecem da forma que podem. Sem isso, nós não estaríamos nem na metade do caminho que percorremos até o momento. O mínimo que podemos fazer é agradecer até a última gota de suor, continuar compondo, buscando nos superar a cada música, a cada trabalho, e sempre passando uma boa mensagem para o coração de vocês. Nossa cena está cada dia mais forte, e a tendência é ficar cada vez mais. Vamos apoiar, unidos daremos grandes passos e alcançaremos grandes conquistas.

UM OCEANO DE POSSIBILIDADES

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ENTREVISTA

HELL DIVINE: Conte-nos um pouco como começou essa paixão pela bateria? De onde vieram suas inspirações desde o começo e quais as principais atualmente?Daniel Moscardini: Primeiramente, gostaria de agradecer ao Pedro Humangous pela força de sempre e a equipe Hell Divide pela oportunidade de falar sobre o trabalho que desenvolvo como artista solo e com minha banda Coral de Espíritos.Minha paixão pela bateria começou no ano de 1998, em uma cidade muito pequena no interior de Minas Gerais, com 10 mil habitantes, Ilicínea. Era nosso mundo e todos os materiais de bandas que chegavam até nós eram comprados por catálogos e confirmados por fax. Camisas, CDs, vídeos e instrumentos, eram artigos que nunca estavam à venda na cidade.Eu era vocalista da banda (se minha voz é feia agora, imaginem com 11 anos) e, certo dia, o baterista chegou atrasado no ensaio. Sentei na bateria como todo mundo sempre faz e toquei algo que foi muito melhor que o baterista na época tinha tocado e a banda assustou. Logo depois, nunca mais parei de tocar, virei o baterista da banda e com todas as nossas dificuldades, fomos evoluindo juntos. Claro, não tinha nada para fazer, então, ensaiávamos o dia todo com um amplificador multiuso, onde ligávamos as duas guitarras, um baixo, voz e a bateria só tinha um chimbal quebrado e nada mais. Esse período foi fundamental para que a vontade de crescer e conhecer melhor o instrumento aumentasse e, quando me mudei para Brasília, em 2002, muita coisa mudou. Tive acesso a instrumentos melhores, conheci muitas pessoas e bandas, toquei em muitas bandas e isso

me ajudou a evoluir cada vez mais.Minhas inspirações hoje em dia são

praticamente as mesmas do passado, a tal “escola” como falamos foi

muito forte em minha vida e

em meu jeito de tocar. Ainda escuto muito Slayer, Death, Angra, Sepultura, Dream Theater, dentre outras tantas. Essas bandas me mostraram que existe muito mais além de bater nos tambores, e com essa bagagem toda eu tento fazer minhas músicas com o Coral. HELL DIVINE: A profissão de músico, em qualquer lugar do mundo, não é nada fácil. Como é seu trabalho hoje em dia? Quais as maiores dificuldades já enfrentadas?Daniel Moscardini: Com certeza, viver de música em qualquer lugar do mundo é realmente difícil, mas no Brasil, é ainda mais. Mas uma coisa é simples, dá para viver de música sim, o grande lance é saber trabalhar com isso e desenvolver bem seus projetos. Dou aulas há muitos anos e, recentemente, abri minha escola de bateria em Brasília, Instituto Daniel Moscardini, especializado em Rock/HeavyMetal. Um projeto que até agora vem me dando grande satisfação e me mostrando que acertei em cheio. Também toco em bandas variadas, desde Pop Rock, Bandas de Baile, até o Coral. Isso gera uma renda e ajuda no final do mês. Muita gente não tem esse tipo de visão e isso atrapalha muito. No underground, são raríssimas as vezes que rolam um cachê que dê para toda a banda dividir e com isso pagar uma conta de cartão de crédito, por exemplo.Viver de música é difícil sim, mas se você souber administrar bem, ter bons projetos e o mais importante, correr atrás dos objetivos, com certeza, o resultado virá. Temos muitos músicos bons pelo país, mas podemos contar nos dedos quem são os que realmente fazem algo, produzem algo para si como músico individual ou para a própria banda. Nada cai do céu, logo, tem que correr atrás sempre!

HELL DIVINE: Acompanho seu trabalho de perto e vejo que está constantemente em turnê fazendo workshops pelo Brasil. O público tem comparecido? Existe espaço para esse tipo de evento no Brasil?Daniel Moscardini: Sim, é um mercado que descobri e gostei muito, esse contato mais próximo com as pessoas em um workshop é, muitas das vezes, mais valioso para o músico/fã do que o próprio show da banda. Em um evento assim, a conversa é muito mais aberta, a troca de informações sobre técnicas é o principal para alguém que já acompanha seu trabalho e quer evoluir no instrumento que toca.Um show não tem conversa, tem uma apresentação e pronto. Em um workshop, tudo é mais íntimo, o contato é maior e isso, para muitos, não tem preço. O público varia, certos lugares têm mais gente, outros menos, mas é uma série de fatores que contribuem para que o evento esteja cheio ou não. A divulgação, o dia em que vai ser feito, o horário, tudo isso influencia, mas no geral, tem sido muito satisfatório.Acho que cada vez mais esse formato de evento está conseguindo mais espaço, não só no Brasil, como em outros países. Como disse antes, a procura da evolução sempre é grande e nada mais legal no mundo do que ver um cara que você admira de perto, poder falar com ele,

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Com a recente entrada de Aquiles Priester no Primal Fear, ficamos nos perguntando: será que só ele é capaz de figurar entre as grandes bandas do Metal mundial? Como andam os profissionais dessa área no Brasil? Vimos que ele também fez o teste no Dream Theater e é sempre um nome forte quando o assunto é bateria. Buscamos outros nomes no cenário nacional e vimos que estamos com ótimas opções por aqui também – Bruno Valverde, por exemplo, que entrou há pouco tempo no Angra. Olhando para nosso underground, encontramos o Daniel Moscardini, que acaba de lançar um DVD instrucional chamado “Metal Techniques”, obviamente sobre técnicas de bateria. Batemos um papo interessante e descontraído, onde conseguimos com mais detalhes saber sobre sua carreira e a volta de sua banda, o Coral de Espíritos! Por Pedro Humangous

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ganhar brindes e tudo mais.

HELL DIVINE: Essas turnês, inclusive, estão servindo de divulgação do seu DVD, “Metal Techniques”. Nos fale um pouco sobre o conteúdo desse material e como foi produzi-lo.Daniel Moscardini: O DVD “Metal Techniques” foi uma grande sacada de minha parte, eu trabalho muito nas mídias sociais, videos no Youtube, etc. E estava prestes a produzir mais um drum cover quando veio a ideia de fazer um DVD. Quando você chega em um certo nível, não pode fazer nada inferior ao que já faz antes, logo, meus videos teriam que ser muito bem produzidos e foi ai que decidi aproveitar toda a estrutura e fazer um DVD. Elaborei alguns exercícios que gostava e entrei em contato com algumas lojas, marcas para conseguir o patrocínio necessário para a produção e deu tudo certo.A produção foi muito tranquila, já tinha em mente o que fazer, fiz todo um script e passei a limpo muitas vezes para que não faltasse nada. A parte mais difícil foi gravar as falas do DVD, parece que é só falar “gravando!” que tudo sai do controle (risos)! Mas tirando isso, foi muito bacana. Contei com a ajuda dos meus amigos Dalmo Pereira e Jhon Herbert para a captação de imagens e edição que, por sinal e modéstia à parte, ficaram fodas! HELL DIVINE: Você tocou por muito tempo ao lado do seu irmão, Diego Moscardini, no Coral De Espíritos (inclusive tocaram no Hell Divine Fest, que aconteceu em 2012), porém, a banda deu uma pausa nas atividades. Recen-temente, vimos fotos de vocês ensaiando novamente, existe a possibilidade de um retorno? O que pode nos adiantar?Daniel Moscardini: Pois é, ter um irmão guitarrista quando se toca bateria é perfeito, dá para tocar e praticar muito. Tocamos juntos desde os primórdios em Ilicínea e quando mudamos para cá, demos um foco maior na banda. O show no Hell Divine Fest foi o último que fizemos. Desde então, essa pausa ficou maior do que o esperado por conta das agendas dos integrantes, rolaram muitas mudanças na vida de cada um, levando a esse tempo todo sem shows. Recentemente decidimos voltar, é muito bom ver que a banda tem um nome forte na cena musical não só em Brasília, mas no Brasil, vemos isso pela quantidade de e-mails, mensagens nas redes sociais e a procura pelo nosso CD que recebemos sempre. Claro que não só por isso, mas teve um peso muito grande para que voltássemos ainda esse ano.Estamos produzindo novas músicas e esperamos ter um EP antes do fim do ano. Temos algumas datas a confirmar, algumas propostas de show surgiram pelo fato da mesma foto que vocês viram, e isso é muito legal, mostra que tem uma galera só esperando nossa volta. E vamos voltar, com muito mais gás, com uma proposta mais Prog, Death e Brutal!

HELL DIVINE: Você é um baterista extremante talento-so e de futuro promissor. Já participou ou pelo menos pensou em fazer aqueles testes que surgem em grandes

bandas consagradas mundialmente? Ou esse tipo de coisa não passa pela sua cabeça?Daniel Moscardini: Ah, sempre penso (risos)! Muito obrigado pelo elogio, mas não adianta só talento, tem que ter proatividade e correr atrás dos objetivos, como falei anteriormente. É o sonho de qualquer músico tocar em uma banda consagrada e ainda mais se essa banda for uma de suas preferidas. Concursos de grandes bandas, não coloco muita fé, não. É uma boa oportunidade de mostrar seu trabalho na Internet, uma vez que esse assunto vai estar em evidência e todo mundo quer ver o que está rolando. Mas não acho que a banda vai realmente ver os vídeos e escolher um cara no meio da multidão, eles tiram o atual já com um nome na cabeça para substituto.Mas, quem sabe né, vai que um dia aí não rola algo, como rolou com o Eloy no Sepultura...

HELL DIVINE: Hoje em dia está complicado acompanhar as bandas de Metal, são muitas surgindo o tempo todo. O que você anda ouvindo ultimamente que possa nos indicar?Daniel Moscardini: Realmente, de um tempo para cá, muitas bandas surgiram e muitas bandas boas por sinal, é até engraçado ver o nível técnico desse pessoal, parece que ficam praticando durante a vida toda em um quarto e só saem para lançar um CD extremante produzido e bem tocado! Eu gosto de ouvir coisas novas, mas acabo sempre escutando de verdade as mesmas bandas de sempre, Death, Slayer, Dream Theater, Behemoth e outras que não me vem à cabeça agora.Não sou o melhor cara para pedir uma indicação, mas estou na expectativa do novo álbum do Slayer, com a volta de um dos meus herois na bateria, Paul Bostaph! Bem ansioso para saber como serão as próximas músicas, quem sabe não voltamos ao Divine Intervention (risos)!?Bom, é isso, espero ter respondido com mais clareza possível sobre os assuntos e quero agradecer mais uma vez ao Pedro, além de ser um ótimo profissional, também é meu amigo e a todos da equipe da Hell Divine! Obrigado pela oportunidade de mostrar meu trabalho e desejo a todos muito mais sucesso e vida longa à revista digital mais foda do Brasil! Grande abraço!

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Capadocia

Apostando em fazer uma sonoridade mais moderna, a banda do ABC Paulista surge com uma proposta de fazer de sua música uma arma de contestação. Corrupção, abuso de poder, desvio de conduta e até descasos em níveis mais pessoais são os principais temas da banda. Baffo Neto, líder e idealizador da banda, montou um time de respeito, com membros que vieram de bandas como Skin Culture, Postwar e Choldra. O primeiro

UPCOMING STORMDemolishment

Os cariocas do Demolishment têm uma missão: propagar o Metal Carioca, unindo o devoto público do estilo, de acordo com eles mesmos. A banda executa um belo Thrash/Death Metal, bem técnico e executado. Em janeiro de 2013, eles lançaram um EP intitulado “Our Fury Is Unleashed”, esse recebeu ótimos comentários e resenhas em respeitados espaços de mídia underground, como o blog Som Extremo e o Whiplash. Esse ano, a banda está em

estúdio, preparando seu primeiro disco full-length, que se chamará “Liturgia Negra” e tem previsão para agosto ou setembro desse ano. Fica a dica de ouvir uma bela banda.Contato: https://www.facebook.com/Demolishment

disco, “Leader´s Speech” vai ter sido lançado ao lerem essa matéria, por isso, corram atrás, pois a banda merece toda a atenção.Contato: http:// www. capadocia.mus.br / https://www.facebook.com/Capadociaband

Wolf Tribe

Formada, em 2002, por Samuel e Luiz (guitarra e bateria, respectivamente) começaram como uma banda de Thrash Metal, mas, em 2003, com a entrada de Alexy Frozen (Frozen Aeon), a banda ganha um ar mais Death Metal, ditando até hoje o direcionamento do som da banda. Eles lançaram esse ano o EP “Wake Up The Demons”, ainda sob o nome de By Fire e recentemente mudaram o nome para Wolftribe, e estão se preparando para lançar

o seu primeiro disco full. Recomendado ao pessoal que curte um Thrash moderno e direto.Contato: https://www.facebook.com/byfiree

UnblackPulseCom muito peso e criatividade, o UnblackPulse está detonando. Com músicas de qualidade, a banda tem o apoio de importantes marcas do cenário musical nacional e lançou há pouco tempo o disco “Rise”. Qualidade garantida em todas as composições, acho que vale a pena conferir o trabalho dessa banda.Contato: www.facebook.com/unblackpulse

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LIVE SHIT

Pela primeira vez em muito tempo, tive dúvida em qual show comparecer. Na mesma quinta feira, teríamos Ghost B.C. na clássica casa de shows Imperator e o Overload Music Fest, no Teatro Rival. Ao anunciarem a vinda do Alcest, não pensei duas vezes e escolhi meu destino!

Ao chegar no local, a rua já contava com bastante fãs esperando para ver esse incrível e inusitado evento, ponto mais que positivo para a Overload, pois ela está sempre aparecendo com eventos incríveis. Bastante gente, aquela movimentação clássica e depois de um pequeno atraso, os portões se abriram e os fãs desceram ensandecidos direto para a “lojinha” de marketing. Posso falar pra vocês, conseguir uma blusa e um disco foi uma verdadeira epopeia. Após as comprinhas, as cortinas se abrem e começa “Wings” no PA do Teatro Rival, o Alcest entra em palco e vamos com a música de seu último disco “Shelter”, “Opale”. Execução incrível, tudo em um nível muito bom de volume, na medida para curtir aquele showzaço, que parecia mais uma apresentação intimista. Mesmo a casa estando cheia, todos ficavam assistindo, alguns embasbacados com tamanha beleza e precisão, outros simplesmente viajando no som do Alcest e outros vidrados, como se um sonho estivesse sendo realizado. Incluam-me no time dos embasbacados, por favor. “Summer’s Glory” e “Là Où Naissent Les Couleurs Nouvelles” foram tocadas e bem recebidas, até Neige anunciar “Autre Temps”. Chegou então o momento que todos esperavam, a clássica canção de “Eccailes De Lunes”, “Perceés De Lumiére”. Essa foi com certeza a música que fez o Teatro Rival tremer um pouco mais, com uma boa parte cantando a música em francês, fazendo a banda ficar incrivelmente feliz. “Deliverance” foi incumbida de encerrar a apresentação, com a banda ir deixando seus instrumentos ressoando ao ar, enquanto se retiravam do palco. Logo depois voltariam para nos agradecer. Como de costume em todos os shows no Teatro Rival, a banda recebe os fãs em um pequeno “hall”, onde temos a chance de bater fotos, autografar nosso material, conversar um pouco com eles.

Bem, depois de um tempo, entra em palco os Irlandeses do God Is An Astronaut.

Confesso a vocês que não conhecia a banda e realmente não sabia

Show: Overload Music Fest – Alcest e God Is An AstronautLocal: Teatro Rival BR / RJHorário: 19HDia: 04/09/2014Texto: Augusto HunterFotos: Larissa Frade

o que esperar daquela apresentação. E foi sensacional! A banda ao vivo tem uma fonte de energia inesgotável e mesmo sendo uma banda completamente instrumental, sem letras ou cantorias (somente alguns “vocalizers” para fazer um certo clima em suas músicas), se mostraram mais que profissionais. Mesmo com a maior parte do público ainda tentando falar com o Alcest, eles subiram ao palco e mostraram pra que vieram e vieram com tudo! Essa foi a primeira vez da banda no Rio, mas foi capaz de cravar em nossas memórias uma apresentação enérgica, com momentos de puro caos e técnica. Vale citar que foi no show do God Is An Astronaut que eu ouvi a melhor equalização de PA em toda a minha vida, mesmo com todo o peso das guitarras e baixo, com o belo grave da bateria e os efeitos eletrônicos que um dos guitarristas da banda soltava, era inacreditável como era fácil ouvir todos os instrumentos, trabalhando para as composições ganharem aquela vida. Tenham certeza, o Teatro Rival ficou pequeno pra tamanha energia da banda! Se você ainda não os conhece, pode correr atrás, qualidade mais que garantida.

O evento ainda teve continuidade no dia seguinte com os shows de Swallon the Sun e Fates Warning, que infelizmente não pude comparecer, mas tenho certeza que com a exímia produção da Overload, o evento foi lindo e perfeito.

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Em um dia que as lembranças nem sempre são as melhores pra maior parte do mundo (11 de setembro – atentado terrorista às torres gêmeas - em 2014 essa data pro Metal do Rio de Janeiro foi ótima, pois tivemos um evento “familiar” com os irmãos Cavalera e os irmãos Kolesne em palco, nos dando uma boa aula de música extrema! E a “família” ainda teve como convidados os amigos do Confronto e TEST para participarem do “jantar musical” servido naquela noite, dando um tempero ainda melhor!

Infelizmente ao chegar ao Circo Voador, o show do Confronto estava caminhando para o seu fim, ainda consegui ouvir de fora a clássica “Santuário das Almas”. Conversando com alguns conhecidos e amigos que estavam dentro do evento, todos me falaram a mesma coisa: “Confronto não decepciona, fizeram um showzaço.” Ao entrar, vejo uma Kombi parada e não entendo, mas logo depois me lembro que o TEST não é banda pra palco, os caras tocam nas ruas e aqui no Circo Voador dessa vez não foi diferente! A clássica Kombi do Test estava parada dentro do Circo Voador, com o equipamento pronto e assim rolou um pouco do show dos caras, ali mesmo, com os Arcos da Lapa de fundo! Ver a Kombi deles ali parada foi muito bom, é como se eles estivessem ainda mais em casa, parabéns a todos os envolvidos nessa ideia.

O palco estava pronto e a primeira família ia entrar em palco com a missão de esquentar o público, mas como estamos falando de Krisiun, aquecer é certo, mas eles, como sempre, destruíram. Os irmãos Kolesne e Alex Camargo fizeram, mais uma vez, uma apresentação memorável, tocando grandes músicas como “Conquerors Of Armaggedon”, “Blood Of Lions”, “Descending Abominations” e “Bloodcraft”. O trio está se mostrando cada vez mais destruidor, um trem de devastação pra cima do seu público, que sempre sai feliz por ser atropelado por uma banda tão incrível.

Mais uma parada para vermos o Test em sua Kombi detonando, vamos esperar a subida dos “Godfathers Of Metal” em palco. Passou um tempo e Tony Campos, Mark Rizzo, Iggor e Max Cavalera já vão dominando o palco com tudo e mostraram que não é à toa que os caras tem a posição que eles tem. Os irmãos detonaram

Show: Cavalera Conspiracy, Krisiun, Confronto e TESTLocal: Circo Voador / RJHorário: 19:00hrsDia: 11/09/2014Texto: Augusto HunterFotos: Daniel Croce

várias músicas do Cavalera Conspiracy, incluindo duas do próximo disco, “Pandemonium”, que foram “Banylonian Pandemonium” e “Banzai Kamikaze”. Coisas como “Inflikted”, “The Doom Of All Fires”, o clássico cover do Nailbomb com “Wasting Away” e aquilo que todos esperavam: Sepultura em sua voz única e original! E nisso eles não decepcionam nunca, a banda tocou “Arise” + “Dead Embryonic Cells”, com participação de João Kombi nos vocais. Impossível que alguém consiga ficar parado ouvindo “Beneath The Remains”+ “Desperate Cry” + “Troops Of Doom”, ou então “Inner Self” + “Attitude”, meio complicado né...

Aquela pausa clássica e no bis, Max e Iggor começaram nos deixando surpresos tocando uma parte de “Orgasmatron”, originalmente gravada pelo Motorhead, imortalizada como o cover do “Arise” feito pelo Sepultura. Depois dessa “brincadeira” o clássico fechamento do show com “Roots Bloody Roots”.

A partir de 2014, tenho certeza que muitos terão mais um motivo para se lembrar desse dia, pois foi o dia em que as “famílias” mostraram o porquê de amarmos tanto o Heavy Metal.

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Sou publicitário e fui a trabalho para Porto Alegre no começo da semana. Fui surpreendido ao saber que a banda sueca Sabaton iria tocar na cidade, numa terça feira. Entrei em contato com o Maicon Leite (nosso assessor de imprensa) e Fernando Monteiro (designer da revista) para nos encontrarmos para umas cervejas e um bom show. Por volta das 20h já estávamos nos arredores do Bar Opinião, casa que abrigaria o evento. As bandas de abertura selecionadas foram Platinus e Charlar, que trataram de esquentar o público para a banda principal, e fizeram muito bem com suas apresentações cheias de energia. Como foi minha primeira vez em Porto Alegre, ainda não conhecia as casas de shows da cidade e fiquei surpreso com o Bar Opinião, gostei bastante do espaço, do palco, iluminação e som. Para uma terça feira, creio que ter 600 pagantes foi um bom número e a sensação foi de casa lotada (porém a parte de cima estava fechada). Aos poucos o palco era montado para o Sabaton e já era possível sentir a tensão nos rostos de todos ali presentes, ansiosos por essa apresentação em terras gaúchas. Pouco antes das 23h a introdução começou a rolar, os PA’s explodiam com “The Final Countdown” do Europe e a galera foi ao delírio cantando com todo o ar dos pulmões! Sobem ao palco então Joakim Brodén (vocal), Par Sundstrom (baixo), Chris Rorland (guitarra), Thobbe Englund (guitarra) e Hannes Van Dahl (bateria) com uma presença de palco impressionante, realmente empolgados de estarem ali e visivelmente felizes com a recepção calorosa do público! Tocaram músicas de toda a carreira, porém, o ponto alto sem dúvidas foi “Smoking Snakes” – música dedicada à Força Expedicionária Brasileira – onde todos cantaram forte seu refrão: “Cobras fumantes, eterna é sua vitória”. Foi de arrepiar! Pra mim, foi um prazer conhecer essa bela cidade e ter a chance de conferir esse incrível show, perto de grandes amigos! Parabéns aos produtores desse evento e principalmente ao público que

compareceu em peso, fortalecendo sua cena local. A Night To Remember!

Show: SabatonLocal: Bar Opinião – Porto AlegreHorário: 20hDia: 09/09/2014Texto: Pedro HumangousFotos: Billy Valdez

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Mais um domingo de Rock Pesado no Circo Voador, sendo que, dessa vez, tivemos um domingo lotado de peso e melodia moderna, com passagens melódicas bem compostas e um público interessante – pra mim poderia ter mais gente, já que estamos falando da primeira passagem do consagrado KillSwitch Engage pela cidade maravilhosa. Em turnê de divulgação do seu último disco, “Disarm The Descent”, a banda nos apresentaria um setlist grande, bem variado e com muita coisa boa, mas antes contamos com o suporte do inacreditável Battlecross, banda americana que, em meu ponto de vista, foi uma agradabilíssima surpresa e o Memphis May Fire, que, apesar de contar com grandes músicos, não me convenceu.

Chegando ao boêmio bairro da Lapa, local onde se

Show: Battlecross, Memphis May Fire e Killswitch EngageLocal: Circo Voador – Lapa / RJHorário: 18hDia: 24/08/2014Texto: Augusto HunterFotos: Pedro Arantes

encontra o clássico Circo Voador, vejo uma extensa fila para o evento, coisa que me deixa bem feliz e temos aquele encontro clássico com amigos e diversas pessoas. Por volta de 18h05, os portões do Circo Voador foram abertos para a entrada do público, que fez aquele corre-corre clássico para a melhor posição perto do palco e ver o seu artista predileto. Prefiro ficar um pouco mais afastado, mas com condições de ver bem as apresentações e ouvir bem também. Pouco mais de 20 minutos depois que entramos no Circo Voador, veio a primeira banda, o Battlecross. Oriundos de Detroit, os caras entraram como um motor V8, com tanta energia que eu fiquei assustado. De cara eles foram tocando “Push Pull Destroy” que, meu amigo, que música. Pesada, densa, ela caiu como uma tonelada no público que, como eu, ficou embasbacado com tamanho a qualidade apresentada. Quando o baixista Don Slater sacou seu

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baixo e com uma precisão cirúrgica me fez um solo incrível, com os seus quatro dedos esmerilhando as cordas, fiquei pasmo e dali em diante prestei atenção em todo o show da banda. Tocaram um set um pouco curto, por ter sido a primeira da noite, mas destruidor que fechou com um excelente cover: “War Ensemble” do Slayer encerrou a maravilhosa apresentação dessa banda que, acho que ainda ouviremos muito falar dela. Logo depois, o vocalista Kyle Gunther estava no meio do pessoal, conversando e batendo fotos com todos, tive a chance de conversar e parabeniza-lo pela incrível apresentação e ele se mostrou super simpático, assim como todos da banda. Aprovadíssima a abertura, vamos ao Memphis May Fire.

Não nego que tinha certa curiosidade em ouvir a música dessa banda, mas, infelizmente, não me agradou. O estilo executado por eles é algo que eu não consigo mais ouvir. Em bruta comparação, eles seguem a linha do som feito pelo Asking Alexandria, um estilo que não me agrada muito, talvez por ser baseado em uma série de breakdowns e momentos melódicos demais. Não me soam bem aos ouvidos, mas não posso desmerecer que são grandes músicos e cumpriram com a proposta, que foi fazer um bom show. Para quem gosta da banda – como eu vi ontem e não eram poucos – eles ficaram bem felizes, mas a mim não convenceu e eu achei a apresentação da banda bem morna. Não me agradou, mas mesmo assim, parabéns.

Mais um tempo se passou e as luzes do Circo Voador se apagaram e começou a introdução do show que foi incrível, pois a banda entrou em palco com o clássico do Kool & The Gang, “Celebration”. Já começaram o show mostrando irreverência e logo detonaram “Fixation The Darkness” e “This Is Absolution”, grandes músicas. Um set incrivelmente bem montado, eles tocaram músicas da primeira vez em que o vocalista Jesse Leach esteve

com a banda, músicas da fase de Howard Jones e coisas do disco novo. “Breathe Life”, “A Bid Farewell”, “Rose Of Sharyn”, “A Tribute To The Fallen” e diversas músicas foram executadas por essa grande banda. O guitarrista Adam Dutkiewicz sempre um comediante em palco, fazendo tanto a banda quanto o público se divertirem em todos os momentos. Vale ressaltar que, em todas as músicas, Jesse Leach (vocalista) cantou muito bem, mesmo quando as músicas não eram de sua passagem, ele se mostrou versátil e com um alcance e manutenção de notas muito boa, ficou de parabéns. No bis, a banda reservou os maiores clássicos deles, “My Curse” e “The End Of Heartache” que, como em todo o show, foram cantados em uníssono pelo público. Belo encerramento de noite, grande show e mais um evento da Liberation no Rio de Janeiro é um sucesso. Para encerrar, eu realmente senti que ontem, mesmo tendo tido um bom comparecimento, o Circo Voador ainda me pareceu vazio pelo tamanho do evento. Mesmo assim, valeu a pena.

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O feriado de Independência do Brasil desse ano, para muitos fãs (um deles eu), foi mais do que especial, pois foi o dia que a Agência SobControle realizou o sonho de muitos: ver ao vivo o que pode ser o mais próximo do que um dia foi o Death, com o Death To All em palco. Com certeza, esse foi um tópico que gerou muita polêmica. Particularmente, eu não liguei, fui ao evento assim mesmo. Contando com o belo serviço da RDTour, que levou um grupo de loucos e eu para São Paulo e com amigos ao lado, tudo fica mais fácil e mais divertido, então a viagem correu bem. Chegamos ao Via Marquês por volta das 17h e já se via uma extensa fila com várias pessoas, esperando a abertura dos portões da casa. Na fila encontrei com pessoas incríveis, dentre elas o grande Julio Feriato (Heavy Nation), Bruno Sutter (ex-Hermes e Renato, Detonator) entre outros, mas até aí, normal.

O tempo passou e, pontualmente, às 19h, os portões se abriram para a entrada dos sedentos fãs irem se

Show: Death DTA Tours In BrazilLocal: Via Marquês / SPHorário: 19hDia: 07/09/2014Por Augusto Hunter

acomodando na casa. Dei aquela passadinha na “lojinha” de merchandise, e fanático pelo Death que sou, jamais poderia deixar de ter a blusa dessa turnê. E aí fica minha única reclamação, mas isso nem vem ao caso e vamos começar a falar do que importa, música.

Para a abertura do evento, foram convidados o TEST e DER, duas bandas incríveis de Grindcore de São Paulo que fizeram uma apresentação incrível e até fora do comum. Isso pois, no palco, víamos somente uma bateria no meio, do lado direito estava lá, João Kombi com a sua guitarra, do lado esquerdo o DER completo e assim eles literalmente “dividiram” o palco para fazer a apresentação deles. Por momentos você ouvia DER, em outros TEST, mas mais para o final da apresentação, as bandas começaram a tocar ao mesmo tempo, músicas distintas, então o público deveria escolher, quem ficasse do lado direito do palco, iria ouvir o TEST, quem ficasse do lado esquerdo, ouviria o DER e quem ficasse no meio, iria ouvir uma bagunça sonora, que em um momento eu escutei. Hiper interessante, realmente não esperava ver isso e fiquei surpreso, ponto positivo para a abertura do evento. Mas a hora estava chegando...

A casa estava bem cheia, com sua incrível beleza e estrutura, o Via Marquês comportou bem todos aqueles fãs ensandecidos que lá estavam. Nos oito telões que tinham no Via Marquês começou o vídeo em homenagem ao Chuck Schuldiner, líder e mentor do Death, falecido em

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dezembro de 2001 devido a um tumor cerebral. A emoção tomou conta de muitos na casa, que começam a chorar e berrar em memória do homem que ajudou a criar o Death Metal. Não nego que eu já chorava antes mesmo disso tudo.

Vídeo rolando umas três ou quatro vezes mais ou menos, quando o logo antigo do Death tomou conta dos telões e se abriram as cortinas do palco. A banda entrou e o público cresceu ainda mais quando Gene Hoglan, baterista daquela inesquecível noite começou a agitar seus pratos. “The Philosopher”, clássica música do “Individual Thought Patterns” explodiu em nossos ouvidos, Steve Digiorgio começou a destilar toda a sua técnica em seu baixo de seis cordas, Max Phelps usava a guitarra e se posicionava exatamente do jeito que um dia tinha sido o local de Chuck, Bob Koesble em sua ponta agitava e começou o clássico show. Max Phelps foi exímio, ele cantou muito bem, Bob Koesble foi um ótimo guitarrista também, Steve Digiorgio e Gene Hoglan acho que não precisa de explicações, dois monstros, dois grandes músicos. O mais interessante seriam os baixos usados pelo DiGiorgio, em músicas mais “simplórias”, que exploravam menos o baixo, ele usava um baixo de 3 cordas. Sim amigo, três cordas, eu mesmo fiquei um bom tempo tentando achar a 4ª corda, mas não, jovem, o baixo tinha três cordas mesmo e o outro, com 6, esse já bem conhecido.

O setlist foi um petardo, ouvimos clássicos como “Leprosy” e “Left To Die” (meu sonho foi realizado, entrei em um moshpit com essas músicas, no mais próximo do original disponível, sensacional!!). Uma música que me chamou muita atenção estar no set foi “Spiritual Healing”, foi lindo ver todo o público berrando a letra dessa e de todas as músicas que ali foram executadas. Chegou um momento um pouco mais complicado do show, Max Phelps deu licença para Steffen Kummerer (guitarrista e vocalista do Obscura) tocar músicas do “Symbolic” e “The Sound Of Perseverance” e outra surpresa, pois esperava ouvir “Spirit Crusher”, “Flesh And The Power It Holds”, mas eles vieram com “Bite The Pain”, esse som é massa demais. “Symbolic”, “Zero Tolerance”, “Crystal Mountain” rolaram e Steffen cumpriu bem o seu papel. Max Phelps voltou e lançou mais um clássico em nossos peitos, “Baptized In Blood”, caiu como uma bomba no público presente e, para fechar a apresentação, “Pull The Plug”, lindo!!

Tenho certeza que muitos falam e ainda vão falar por muito tempo que Death sem o Chuck Schuldiner não é Death e coisas do tipo, mas essa é a chance mais próxima que temos de ver a obra desse grande mestre do Metal ao vivo com pessoas que trabalharam ao lado dele, portanto, foi uma noite incrível e que valeu muito a pena.

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Vanlade – Iron Age

“Amor, vamos pra nossa lua de mel na praia? Levarei minha guitarra e você leva a espada, pra fazer um “top less super style”! Para nossa foto do Instagram, você coloca aquele biquíni de sereia e eu irei com minha calça jeans favorita! Apertarei minhas bolas enquanto canto Carry On para que meus amigos possam ouvir em qualquer canto do mundo, será épico! Sério, o que leva uma banda escolher esse tipo de arte para a capa do seu álbum? Ou eu bebi pouco ou eles que beberam demais... O desenho em si é muito bem feito e a escolha das cores deixou a arte em harmonia, com cara de pintura. Porém, os elementos escolhidos não fazem o menor sentido. Talvez seja esse mesmo o propósito do Vanlade, chamar a atenção do público para conhecerem seu som. Uma mistura perfeita de Michael Jackson com Manowar.

OH, DAT ARTWORK!

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Festerguts - Heritage Of Putrescent

Ao ver a “arte” dessa capa, imaginei uma conversa entre os membros da banda: - O guitarrista pergunta: Beleza, gastamos toda a grana na gravação do disco, e agora? O que fazemos com a capa? - O baixista, astuto, responde de prontidão: Já sei, chama o vovô e o sobrinho da Judete e a gente faz uma cena horripilante na mesa de jantar lá em casa, vai ficar ótimo! - O vocalista, porém, retruca: Mas e como faremos pra simular as tripas? - Novamente o baixista dispara: Relaxa, a gente compra umas linguiças, chama aquela sua tia que parece a mãe do Stifler pra comer um beef jerky sensualmente e depois adicionamos uns efeitos no Photoshop!Enfim, creio que não há muito o que comentar sobre uma arte dessas. Questão de gosto e é preciso obviamente respeitar. Como dizem: “gosto é quem nem braço, tem gente que não tem”.

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EVOLUIU PRA PIOR

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Uma incrível e clássica banda! Certamente, se não fosse por “Walls Of Jericho”, não teríamos bandas como “Angra”, “Sonata Arctica”, “Stratovarius” e muitas outras que estão inclusas no rótulo de “Power Metal”. Antes, a banda já tinha cometido alguns deslizes, com lançamentos como “Pink Bubble Go Ape” e “Chameleon”, mas nada foi tão ruim como os últimos tempos dessa excelente banda.Em 2000, o Helloween lançou o que para mim é um dos melhores álbuns de sua carreira, o “The Dark Ride”. O disco é pesadíssimo, apresentando uma afinação altamente grave, músicas mais sombrias, letras mais pesadas e riffs ótimos. A voz de Andi Deris muito bem explorada naqueles tons mais obscuros que ali foram usados. Não me esqueço de eu mesmo ter medo de ouvir aquele disco, pois ele mostrava uma arte de capa completamente diferente, com a clássica “Abóbora” da banda aparecendo como um meteoro, de cara fechada no espaço, mas ao ouvir o disco eu fiquei completamente ensandecido com todo aquele som. Perfeito! Em 2003, eles lançaram “Rabbit Don´t Come Easy” após uma mudança drástica na formação. Entre divergências internas, Roland Grapöw e Uli Kusch resolveram abandonar o time para fundar o “Masterplan” e no lugar entraram Sascha Gerstner e Mark Cross, assumindo os cargos vagos. Porém, Mark Cross (bateria) foi obrigado a sair da banda por um problema de saúde e quem acabou gravando o disco foi o incrível Mikkey Dee. Mas o problema não está em “Rabbit...”, ele vem em “Keeper Of The Seven Keys – The Legacy”. A tão esperada terceira parte da história viria nesse disco, que foi um sucesso de vendas no mundo inteiro. Em minha opinião, trata-se de uma tremenda porcaria. Sim, achei o disco desprezível. Depois de tanto tempo, eles conseguiram acabar com uma conceituada história como a do “Keeper Of The Seven Keys”, que em suas origens (e até hoje em dia) são discos eternizados pela maioria dos fãs de Heavy Metal. Daí para frente, a coisa não melhorou muito, deixando a banda esquecida pelo grande público, vivendo dos seus diehard fans.

Por Augusto Hunter

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O Tristania conseguiu, de fato, inovar muito bem o metal gótico no fim dos anos 90, lançando dois belos discos que hoje são referências no estilo: “Windows Weed’s” e “Beyond The Veil”. Com a saída do membro fundador Morten Veiland, foi notável a queda de produção no álbum “World Of Glass” que sequencia os já citados, fato de que Vibeke Stene nunca deixou a desejar com uma voz realmente perfeita que sempre fez a diferença na banda. Com o passar dos anos, podemos perceber como caiu a qualidade das músicas produzidas pela banda, talvez se deva ao fato da troca de integrantes e também por usar algo experimental que fez com que o nível de criatividade realmente tenha tido essa brusca queda.O clichê existente na banda, hoje, é realmente perceptível, a veia criativa que os tornou grandes no cenário já não existe mais. A saída da grande Vibeke também contribuiu para um declínio que hoje se tornou um buraco sem fim, pois a mesmice e o talento de forma amadora permanecerão e certo de que a banda está longe de voltar aos tempos áureos que outrora os tornaram referência no estilo. Enfim, a banda hoje mostra um som completamente contrário ao que faziam, fraco e sem vida, com isso conquistaram novos adeptos e os antigos fãs podem estar vivendo do passado gratificante que obtiveram.

Por Leandro Fernandes

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RESENHASAcceptBlind RageNuclear Blast

Por Augusto Hunter

10,0Não tente segurar este touro, pois você vai se machucar. Que disco! Com certeza, “Blind Rage” veio para recolocar o Accept no hall das grandes bandas de Metal do mundo e esse disco irá figurar em minha lista de melhores do ano. Um disco veloz, nervoso, com momentos incríveis. Mark Tornillo (vocais) me disse que a banda não precisa mais de um clássico vocalista, o cara está segurando tudo com sua voz forte e tratada em whiskey, aquele “rouco” altamente agradável de se ouvir.Wolf Hoffman e Herman Frank não seguraram em nada as suas mãos, pois

esse disco tem riffs incríveis, solos maravilhosos, melodias muito bem construídas e tudo que um fã de Metal curte.A cozinha está trabalhando soberbamente, a bateria de Stefan Schwarzmann e o baixo de Peter Baltes estão incríveis. Eu me proíbo de destacar uma música desse incrível trabalho, pois seria injusto com todo o resto do disco, de tão belo que está. Meu conselho: corra e compre o seu, pois ele vai deixar a coleção de qualquer um ainda mais animal.

ChronosphereEmbracing OblivionPunishment 18 Records

Por Pedro Humangous

9,0Mais uma vez, tenho o prazer de ter em mãos o trabalho dos gregos thrashers do Chronosphere! O disco anterior, “Envirusment”, de 2012 (resenhado por mim), já apresentava uma banda competente e com muita lenha para queimar. Apresento-lhes, então, uma banda pegando fogo com “Embracing Oblivion”, seu mais recente álbum de inéditas! São dez faixas do mais puro Thrash Metal, dosando bem a nova e velha escola do estilo. Os caras injetaram umas doses de Death Metal em seu Thrash tipicamente da Bay Area e funcionou muito bem, dando um ar de novidade – principalmente se comparado com

seu primeiro disco. As músicas estão igualmente empolgantes e viciantes, perfeitas para um mosh insano (mesmo que seja sozinho no seu quarto enquanto deixa o som rolar no mais alto volume possível)! A primeira faixa, “Killing My Sins” já começa a mil por hora e, de cara, já mete um blast beat! “Force Fed Truth” já apresenta algumas pitadas de Death Metal aqui e ali, sendo seguida por “Brutal Decay”, uma das mais velozes do álbum e definitivamente uma das melhores. É possível notar certa influência de Testament, Nuclear Assault e Metallica, os vocais inclusive me lembraram o de Matt Heafy (Trivium) no disco “The Crusade”. Gostei bastante da mixagem desse trabalho, deixou tudo muito bem claro e extremo na medida certa. O baixo está bastante audível, ouça “Frenzied From Inside” e confira uns tappings de tirar o fôlego! “Herald The Uprising” me lembrou o trabalho da banda Revocation, ou seja, um Thrash puxado mais para o lado técnico, misturando com algo mais tradicional. A banda toda é muito boa, mas o baterista Thanos Krommidas é um monstro, ultra técnico e veloz, com um bumbo duplo de cair o queixo! A belíssima arte da capa, assinada por Andrei Bouzikov (Violator, Municipal Waste, Skeletonwitch, Nervosa) deixou a embalagem ainda

mais especial e profissional. Um ótimo registro dessa banda grega que tem tudo para se tornar uma referência no estilo!

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NecrobioticDeath Metal MachineMisanthropic Records

Por Cupim Lombardi

8,0Mais uma banda daquelas fundadas nos anos 90 e que voltam à ativa para continuar a desgraceira! Esses mineiros de Divinópolis trazem um Death Metal (como o nome do álbum já diz) sem muito enfeite e com pegadas de variados estilos, como Thrash, Splater, mas não os deixam fugir das raízes calcadas no Death Metal mais clássico. Apesar do nome do álbum em inglês, várias letras são em português. O som executado é bem cru, sem muitas enrolações apostando bastante no “taco-taco”, mas ainda faltou algum recheio, infelizmente! Mas vale lembrar que isso não quer dizer que se torne

um álbum ruim, pelo contrário, com produção e direcionamento sua temática, letra e a pegada têm muito a causar nesse cenário atual, pois o trabalho instrumental mostra um direcionamento bem coeso e maduro. Destaque para as músicas “Satisfy my Agony”, “Biological Pleasure” e “The Devil Lines” que representam muito bem a proposta dos caras, porém, como disse acima, ainda falta algum tempero (pouco por sinal) para a destruição sair contagiando outros ares.

The Atlas MothThe Old BelieverProfound Lore Records

Por Junior Frascá

9,0Formado em 2007, nos EUA, o The Atlas Moth é uma das bandas classificadas como Post-Metal, seja lá o que isso signifique! Mas, na verdade, como se percebe neste novo trabalho dos caras, “The Old Believer” (seu melhor até o momento) o som da banda é uma mistura bem coesa entre Sludge, Stoner e Doom Metal, com uma pegada melancólica, fúnebre e agressiva, com uma ambientação triste e introspectiva, que parece tocar os locais mais profundos da alma do ouvinte, levando-o a uma viagem intensa e reveladora pelas profundezas em cada uma das dez faixas aqui presentes. Não se trata de um

trabalho de fácil assimilação, pois todas as faixas apresentam uma variedade complexa de elementos, que demandam algumas audições mais apuradas para que se torne perceptível toda a excelência do material. Mas quem se aventurar a escutar este trabalho com a atenção devida, certamente, encontrará aqui um dos melhores discos de 2014, com faixas belíssimas e uma capacidade dos envolvidos em criarem melodias tocantes e cativantes, por mais macabras e obscuras que possam parecer! Audição mais que recomendada, mas, ressalte-se, não é um disco para todos...

PrimordiumTodtenbuchRising Records

Por Cupim Lombardi

8,5Apesar de seus quinze anos de estrada, o Primordium acaba de lançar seu primeiro full-length, intitulado “Todtenbuch”. Banda oriunda do Rio Grande do Norte, faz um Death Metal com toques sombrios que remetem a figuras e histórias egípcias, fato já evidenciado na arte da capa. Todas as músicas têm linhas de teclado que trazem a característica do som buscado pela banda, fator que tira um pouco da linha mais puxada ao Death Old School feito pelas guitarras em boa parte do trabalho. Cabe ressaltar que essa pegada fica 47

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muito bem executada e traz a cadência de partes mais obscuras, criando o ar místico de sua temática. A produção e a mixagem em algumas partes dão certa deslizada no destaque ao teclado e à bateria, porém apresenta uma linha vocal bem distribuída que não tira o brilho da banda, que tem ótima execução, proposta clara e pegada. Som muito bem executado e temática que aparenta não ser novidade, mas tem um universo gigantesco a ser explorado e suas letras mostram isso. É mais um exemplo de bandas batalhadoras que estão há anos na cena, mas que conseguem lançar pouco material. Vale a pena conferir esse disco, recomendo!

Ratos de PorãoSéculo SinistroVoice Music

Por João Messias Jr.

8,5Irreverente e atemporal, assim é o velho Ratos de Porão que, a cada trabalho, soa cada vez mais rápido, brutal e sempre com uma música que transmite frescor, qualidade e originalidade. Após algum tempo sem lançar álbuns cheios, o quarteto hoje formado por João Gordo (voz), Jão (guitarra), Juninho (baixo) e Boka (bateria) lançou nesse ano seu novo CD, que recebe o singelo título de “Século Sinistro”. Musicalmente, o disquinho mantém a porradaria que mescla momentos de Thrash, Grind, Death e, claro, o bom e clássico Punk/Hc, que aqui é representado pela instigante “Jornada Para o Inferno” e

“Viciado Digital”, um dos carros chefes do trabalho e que, com toda certeza, será um dos novos clássicos do grupo paulista. O que surpreende aqui, assim como em quase toda a discografia do grupo, são os flertes com vertentes mais pesadas, como “Stress Pós-Traumático”, “Mundo Canibal” e “Século Sinistro”, que passeiam pelo Death, Grind e até o Black Metal e sem perder a essência do Ratos. “Grande Bosta” pode até enganar com o início que sugere um Sludge, mas no decorrer de seus seis minutos vira um delicioso Punk visceral, assim como a saideira “Pra Fazer Pobre Chorar”. Junto com o material autoral, o grupo colocou no disco uma versão para “Progreria of Power”, do Anti Cimex, que contou com a participação de Moyses Kolesne (Krisiun), que emprestou um pouco do seu talento em “Neo Canibalismo”. Para aqueles que apreciam os trabalhos físicos, a capa é um belo trabalho de arte. Feita por Ricardo Tatoo, ela traduz fielmente todo o conceito do álbum, além de combinar com a produção orgânica e sonoridade jovial presente aqui. Sem mais palavras, junto com Korzus e Krisiun, o Ratos é o maior nome da música pesada feita no Brasil, mostrando que a criatividade continua em alta por aqui.

KarbonSoul3LogyFatsound Productions

Por Leandro Fernandes

8,0Portugal sempre revela boas bandas e o “KarbonSoul” pode se incluir já entre os grandes. A banda se define entre o Death, Doom e o Dark/Black Metal. Com um som cru e pesado, os caras conseguem mesclar bem essa variação de estilos em apenas músicas contidas aqui. A pegada Doom Metal predomina mais nas faixas, mostrando um som arrastado e sombrio com ótimos guturais e urros acentuados em cada variação contida nas músicas. As guitarras mostram belas bases e riffs que se encaixam com

agressividade nos refrãos, assim como a cozinha aqui encontrada é realmente farta e variada, com destaque para o peso e técnica da bateria. Mostrando um refrão marcante e um maravilhoso backing feminino ao fundo “Decadent

Empire” abre o disco curto, mas excelente de forma honrosa. Com um Doom/Black “Construction Through Destruction” destila ótimos riffs, mostrando soturnidade com vocais agressivos. O disco encerra-se

com “Bleeding Sorrow”, faixa muito longa e rica em detalhes, englobando tudo aquilo que foi feito e mostrando, novamente, um toque feminino nos vocais, que torna o som mais

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sentimentalista e instigante. O mais interessante é que, no decorrer, notamos uma “passagem secreta” dentro dela que mostra ao seu final um instrumental tranquilo e curioso, deixando à mostra o quanto a banda trabalha realmente no obscuro. Altamente recomendado.

HardballzWorld Wild WebIndependente

Por Pedro Humangous

8,0Não me lembro de como conheci o Marcelo Val, sei que de repente ele estava escrevendo para a Hell Divine e com a mesma velocidade acabou se afastando para se dedicar a seus projetos pessoais. Um deles acaba de se tornar realidade e se chama Hardballz! Marcelo é um músico super talentoso e conhecido, já tocou com bandas como Imago Mortis e Painside, e agora juntou suas energias para lançar “World Wild Web”. As onze faixas que compõem o disco foram compostas, produzidas e executadas por ele mesmo, e o resultado ficou muito bom. A pegada aqui é totalmente voltada para o Hard Rock (uma

mistura perfeita entre a escola setentista e a oitentista) com altas doses de Metal Tradicional, bebendo em fontes de Kiss, Van Halen, etc. Dá para ver a dedicação e as horas de trabalho que Marcelo colocou nesse trabalho, você vai reconhecendo cada detalhe ao ouvir atentamente suas composições. As linhas de baixo estão incríveis e os solos de cair o queixo – tente ouvir “Living Free” sem arregalar os olhos. A qualidade do som está muito boa, só acho que alguns timbres da guitarra ficaram um pouco sem brilho e o vocal podia estar pouca coisa mais alta, já que a voz de Marcelo é incrível. Destaques para “Face The Truth” e “Evilized”, dois verdadeiros cruzados no queixo, e “Carry On” uma semi balada com um refrão matador. Confesso que não sou grande admirador do Hard Rock, mas esse disco me fez repensar meus conceitos sobre o estilo e ouvi-lo com a atenção merecida. Estou verdadeiramente surpreso com a maturidade e a capacidade de criar ótimas canções de Marcelo Val. Um álbum prazeroso de ser ouvido do início ao fim, com músicas extremamente viciantes!

Higher HigherIndependente

Por João Messias Jr.

8,5Felizes são aqueles que saem do lugar comum e sempre buscam novas trilhas sonoras para suas vidas. Assim que penso que deveria ser a cabeça de todas as pessoas que apreciam música, independentemente do estilo, pois canções são sinônimo de criatividade, liberdade e fuga do comum. Ouvindo o álbum de estreia dos paulistanos do Higher me fazem acreditar que isso é a coisa certa a se fazer. O quinteto formado pelos experientes Cesar Girardi (voz), Gustavo Scaranelo (guitarra), Andrés Zuñiga (baixo) e Pedro Rezende (bateria), que possuem trabalhos lançados na música instrumental e no jazz, juntaram

forças neste disco que leva o nome do grupo e apresentam uma música que reúne ingredientes do Heavy tradicional com um leve toque contemporâneo, evidenciado pela produção de Thiago Bianchi (Noturnall, Shaman, Karma). O álbum começa com a ótima “Lie”, que possui riffs que beiram o Thrash e uma linha vocal mais voltada ao tradicional, que fica mais agressiva no refrão. Esse lado mais visceral continua em “Illusion”, que possui um belo solo que nos remete ao injustiçado Jeff Waters (Annihilator). Graças ao alto nível dos músicos, algumas surpresas ocorrem durante a audição do trabalho. “Keep Me High” possui um interessante contraste do instrumental pesado com uma linha vocal que beira o Hard Rock em seu refrão. “Break the Wall” é uma espécie de balada que alterna momentos épicos com outros mais pesados, que agradará aos fãs da escola germânica do estilo, assim como “Time to Change”. “The Sign”, com seu início quebrado encerra o disco em alta, com um refrão perfeito para os shows, além de ser uma das mais fortes do álbum, que tem como ponto forte a linearidade e

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o fato de todos jogarem para o time, sem vaidades ou espaços para solos ou coisas do tipo. O hoje quinteto, que adicionou o jovem guitarrista Felipe Martins é uma daquelas bandas que nos faz todo dia acordar e sair daquela caixinha (ou seria ditadura?) que tem como lei ouvir apenas Iron Maiden, Metallica, Slayer e Black Sabbath.

KriverForesightIndependente

Por João Messias Jr.

8,5Talentosos! Essa é a palavra que define o quinteto pernambucano Kriver. Com cinco anos de estrada e atualmente formado por Rafael Gorga (voz), Bruno Oliveira (guitarra), Marcelo Neves (guitarra), Guilherme Cordasso (baixo) e Ricardo Lira (bateria), os caras lançaram no mês de agosto, seu novo EP, “Foresight”, que apresenta um som que transita entre o melódico, progressivo com um pouco de Death/Black. O interessante da audição do trabalho é que os caras mesclam os estilos acima sem forçar a barra e, assim, tudo sai de forma natural e agradável, como na música que abre o trabalho, “Scion’s Resolve”,

que é longa e conta com belos solos. “Our Silent Bodies” possui um início que lembra grupos Thrash como o Xentrix, mas só o começo, pois vai ganhando outros sabores durante a audição, além do belo trabalho do vocalista Rafael, que mergulha do limpo ao gutural sem traumas, fazendo um elo entre grupos como Kamelot e Dimmu Borgir. Já o encerramento com “Ghosts Should Not Care” é um tema progressivo e intimista que remeterá o ouvinte aos momentos mais progressivos de grupos como Savatage e Queensryche em mais uma bela interpretação do cantor, que assim como todo o grupo, faz por merecer ser ouvido por fãs fora da região Nordeste. Como se trata de um EP, as faixas longas (que passam dos sete minutos) não chegam a atrapalhar a audição, mas é um assunto que o grupo deveria pensar no caso de um álbum completo, pois limando alguns excessos a música do Kriver ficaria ainda mais forte. Mas é um grupo promissor que precisa de uma gravadora séria que invista no trabalho deles.

ZaltanaZaltanaRossom Records

Por Leandro Fernandes

9,0Bom ver bandas novas surgindo no país, ainda mais quando se trata de alguém que entende do assunto e mostra mais um surpreendente trabalho. Tito Falaschi (Symbols) surge com um novo projeto bastante inovador e desafiador, o “Zaltana” da cidade de São Paulo que chega com um disco arrebatador. Contando uma bela voz de “Mischa Mamade” e excelentes backings compostos pelos guitarristas, notamos um projeto realmente único e cativante. Uma cozinha embasada com um estilo “Prog”, o destaque do baixo e dos bumbos são evidentes. Belos riffs e solos compõem a obra com

perfeição e talento. O disco contém dez faixas e, logo de cara, já chama a atenção do ouvinte com a pomposa e grudenta “2 Can Play This Game”, realmente instigante. A mesma pegada é dada as sequentes “Skullface” e “Always Left Behind”, sendo essa última citada leva um Prog Metal cadenciado e técnico. Com grandes aulas de riffs e solos, temos as potentes “Quid Pro Quo” e “Hungry for Life” que também mostra uma voz surpreendente de Mischa, imposta com muita precisão. O disco em si é completamente técnico e consistente em excelentes passagens e ótimas

harmonias com bastantes nuances sombrias e mórbidas em certos momentos, adjetivos que podem ser encontrados em “Terminal Speed” e a faixa que encerra o début, “Dukkha-Satya”. Um disco que agrada logo de cara e que,

com certeza, já tem o seu destaque merecido.

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The LeprechaunLong RoadHearts Bleed Blue

Por Junior Frascá

6,5Sem dúvida, grupo paulista The Leprechaun pratica uma sonoridade diferente de quase tudo que você já ouviu. Trazendo influencias de Folk tradicional, Bluegrass, Country e música Celta, e com uma atitude Punk que chama a atenção, a banda se mostra diferenciada, com uma musicalidade agradável e suave, quase que integralmente acústica, sem distorções. A vocalista Fabiana Santos tem uma voz bem agradável que chama a atenção, e realça ainda mais as composições da banda, cheias de elementos ricos e diversificados, com instrumentos diversos como violinos, gaitas e banjos. Apesar de ser, como

dito, um trabalho bem agradável de se ouvir, falta uma certa intensidade ao material, e aquele elemento “a mais” que faz o trabalho ficar na cabeça após a audição. Mas a banda mostra talento, e tem tudo para evoluir muito ao longo da carreira. Portanto, trata-se de um disco que não agradará facilmente ao público mais acostumado com a música pesada em geral, sendo indicado apenas para aqueles que possuem a cabeça mais aberta, e procuram por algo mais leve, introspectivo e experimental. Se for o seu caso, vá atrás agora mesmo.

Tellus Terror Ez Life Dv8Independente

Por Pedro Humangous

9,5Como eu esperei por este disco! Desde o anúncio de sua gravação e os teasers lançados através de lyric videos, fiquei super interessado nessa banda carioca. A capa, feita pelo renomado artista grego Seth Siro Anton, já criava uma grande expectativa pelo som que viria embarcado ao produto final. E a proposta do Tellus Terror é realmente inovar, misturar todo o tipo de Metal existente, criando algo único. Resolveram, então, chamar esse novo estilo de Mixed Metal Styles, ou seja, um liquidificador de diversas influências, sem limites criativos, fugindo do ponto comum e trazendo o elemento

surpresa para o ouvinte a todo instante. Você se torna incapaz de prever o próximo segundo, não se consegue saber a direção que a música irá tomar até que já esteja no trilho traçado por eles, é como um trator turbinado e desgovernado, causando sérias avarias por onde passa. Além de um instrumental altamente trabalhado, as letras são interessantíssimas e funcionam como um álbum conceitual, onde todas se conectam de alguma forma, contando uma história real e doentia sobre o ser humano e suas conexões com a Terra e o mundo exterior. A gravação, que contou com mais de cem canais, está impecável e simplesmente destruidora! Já a mixagem e masterização ficaram por conta de Fredrik Nordstrom, que trabalhou com bandas como Dimmu Borgir, Opeth, In Flames, Scepticflesh, entre outros. Destaque para os vocais de Felipe Borges, que alcança todos os tipos de timbres e estilos variados, abusando, principalmente, do inhale gutural (que puxa o ar pra dentro). Os teclados de Ramon Montenegro também desempenham um papel importante no resultado final, trabalhados de forma mais simples tecnicamente, porém sempre presentes nos momentos corretos. Destaco ainda as faixas “Bloody Vision” e “I.C.U. In Hell (International Chaos United), ambas absurdamente incríveis. “Ez Life Dv8” não é um álbum fácil de ser digerido, requer diversas audições para que seja verdadeiramente apreciado. Após essa fase inicial de “estranhamento” e reconhecimento, você estará diante de um dos melhores discos já feitos em terras brasileiras e, certamente, com grande destaque entre os lançamentos mundiais. Obrigatória sua audição e aquisição desse material, desde já um clássico!

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Fates ProphecyThe Cradle Of LifeArthorium Records

Por Pedro Humangous

8,5Quem não se lembra do Fates Prophecy na época do “24th Century” de 2005? Época em que eram chamados de Iron Maiden brasileiro! E não se engane achando que isso é um demérito, muito pelo contrário, é uma verdadeira honra ser equiparado a um gigante da história do Heavy Metal mundial. E o Fates Prophecy não era uma cópia descarada, mas sabia utilizar suas influências a favor de sua música, criando verdadeiros hinos. Com a saída do vocalista Sérgio Fraga, a banda conseguiu fugir um pouco dessas comparações com a Donzela, mesmo mantendo a identidade instrumental intacta. O que

ouvimos em “The Cradle Of Life” é uma banda madura, consciente dos seus pontos fortes, ou seja, um baixo pulsante e diversificado, guitarras encorpadas e refrãos viciantes! A parte gráfica do disco está primorosa, tanto na capa quanto na parte interna, dando pontos extras ao produto final – que finalmente ganha sua versão física após ser liberado para download. A produção, que ficou sob responsabilidade de Fernando Poles e Paulo Almeida (guitarrista), deixou o instrumental muito coeso e cheio de punch, porém, achei que o vocal ficou um pouco baixo e abafado pelos instrumentos. Não é nada que atrapalhe muito, mas é uma pena, pois Ricardo Peres realmente se sobressai em uma performance incrível durante todo o álbum. Ao todo, são nove músicas cheias de energia e empolgantes, além de uma faixa bônus no final. Destaque para a faixa de abertura “27/7 To Death” com uma forte pegada NWOBHM, “New Degeneration” e “The Cradle Of Life” com seus mais de sete minutos de pura viagem musical. Parabéns para a Arthorium Records por apostarem em joias do Metal nacional como essa e, principalmente, para a banda, que mesmo com as dificuldades que existem no cenário brasileiro da música pesada, se mantém firme na estrada lançando novos trabalhos! Um ótimo retorno de quem nunca deveria ter parado!

Every Man Is An IslandHumansIndependente

Por Vitor Franceschini

9,0“Humans” pode ser considerado uma continuação (musicalmente falando) do ótimo EP “Beyond” lançado em 2013. A evolução natural desde as composições, até a execução e individualmente é latente, mas a banda manteve as características adicionando alguns novos elementos. Na faixa “Mirrors” que abre o disco, o Death/Metalcore que a banda mescla dá espaço para elementos do New Metal, com quebradas bem trabalhadas e uma boa dose de groove. Guitarras com afinação baixa dão a deixa para um som violento que já impressiona pela aura mais agressiva de “Humans” diante

do trabalho anterior. “Tides” mostra uma melodia interessante, oriunda das guitarras. Talvez seja a faixa que mais se assemelhe à sonoridade apresentada anteriormente pela banda. Mesmo com quebradas ela possui um teor mais direto e um refrão muito interessante. Fechando o EP, a dramática “A Better Man” é a mais trabalhada e variada, tanto que é a mais longa do disco. O ar melancólico (que rodeia todo o disco) é mais forte nesta belíssima composição que ainda contém momentos mais viajantes. “Humans” pode se encaixar entre o que se prontificou a chamar de Modern Metal, mas com certeza o Every Man Is An Island traz uma sonoridade diferenciada dentro do estilo, que mostra um

feeling pouco comum nas bandas atuais. Prestem atenção nesta banda!

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Nervochaos The Art Of VengeanceCogumelo Records

Por Pedro Humangous

8,5Se tem uma banda que sempre admirei foi o Nervochaos. Gosto do jeito profissional que tocam sua carreira, mesmo com esse sangue underground muito bem assumido. Dá gosto acompanhar cada disco lançado por eles, notando o esforço em se manterem vivos na cena e sempre buscando algo novo para mostrar. Após fecharam com a Cogumelo Records, colocaram mais um tijolo no mercado, o “The Art Of Vengeance”. Se a vingança é um prato que se come frio, esse álbum é uma refeição congelada! A primeira prensagem desse trabalho conta ainda com um DVD bônus intitulado “Warriors On The

Road – Part 2”, uma continuação do DVD recentemente lançado, “17 Years Of Chaos”, onde falam bastante sobre a história do grupo, além de dois shows. Colocando o disco para rodar, já notamos de cara que o Nervochaos está levemente diferente, com uma sonoridade mais polida, mais cadenciada e, de certa forma, mais simples e direto. O lado extremo e criativo continua intacto, com composições fortíssimas e viciantes como de costume. O Death Metal come solto durante o disco todo e quase arranca sua cabeça da metade para o fim. Um ponto positivo nesse lançamento é a linearidade e a coesão que mantiveram todas as músicas bastante equalizadas e igualmente insanas, ideal para curtir do início ao fim, repetidas vezes. “Blood Ritual” foi minha eleita como a melhor deste álbum, simplesmente fantástica sua levada mortal! Vale mencionar também o cover/homenagem ao Headhunter DC, na última faixa, “Lightless” – ótima forma de fechar o disco. “The Art Of Vengeance” é o Nervochaos sendo o Nervochaos, do jeito que gostamos e esperamos que seja, porém, renovado, mais mortal e ainda melhor!

HatefulmurderNo PeaceCogumelo Records

Por Augusto Hunter

8,0Depois de tempos turbulentos e até mesmo preocupantes, o Hatefulmurder consegue lançar o seu primeiro début. A banda passou por um momento muito duro em sua iniciante carreira, quando perdeu o baixista original da banda, Ernani Henrique, para um câncer. Eles ficaram um tempo parados e conseguiram achar um ser capaz de ficar no lugar desse que nunca é esquecido nos shows da banda. Felizmente, eles continuaram seu caminho

e o petardo está aí, “No Peace” vem com nove canções incríveis, mostrando um trabalho mais que profissional. A gravação do disco está sensacional, o vocalista Felipe Lameira mostra um vocal altamente agressivo e de fácil entendimento, as guitarras do Renan estão com um peso de um mamute e ele compôs passagens incríveis no disco, assim como o time da cozinha, hoje composto por Felipe Modesto (baixo) e o excelente baterista Thomás Martin fecham um time que desde o início de sua caminhada vem mostrando uma evolução fora do comum. Com certeza, “No Peace” é um lançamento que carimba essa incrível safra de bandas do Metal nacional com qualidade e personalidade intocada. Se eu fosse citar uma música, a minha predileta no disco é “Burned To Ashes”, mas toda a obra desses caras merece muita atenção, então entrem em contato com eles, comprem e destruam seus pescoços, pois só poderia fechar essa resenha assim.

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EternaSpiritus DeiIndependente

Por João Messias Jr.

9,5Após a audição do novo trabalho dos católicos do Eterna, só me resta dizer uma coisa: a banda só não está no mesmo patamar de grupos como Angra, Krisiun e Sepultura pelas incontáveis mudanças de formação durante toda sua existência, pois dessa forma fica impossível a continuidade de um trabalho. E digo isso porque o trabalho do grupo não é apenas um bom disco, mas um álbum que fica frente a frente com os clássicos “Papyrus” e “Epiphany” e, apesar de conter elementos de todas as fases da banda, “Spiritus Dei” apresenta novos caminhos, em especial nos flertes com o Hard Rock, que

aparecem de forma sublime em muitos refrãos e em totalidade em outras faixas, como em “A Chama” e “Turning Back”. Claro que há momentos pesados, como em “Forte Brado”, cuja letra nos leva a reflexão e “Sétimo”. As baladas, que sempre foram um cartão de visita do grupo, aqui estão muito bem representadas por “Só Quero Você”, “Jesus” e “Em Teus Braços”, que lembra muito os trabalhos mais recentes do Stauros, outro grande nome da cena cristã. Só que o melhor ficou para “Do Outro Lado”, que tem um jeitão Stryper (fase Against the Law), além de pontes e refrão que te fazem cantar junto, num belo trabalho da dupla Neno Fernando (voz) e Paulo Frade (guitarra), que junto ao tecladista José Cardillo colocaram muita emoção em suas partes das músicas, em especial o cantor, com uma performance inspirada em caras como Michael Sweet (Stryper), Mike Vescera (ex-Loudness e Malmsteen) e James LaBrie (Dream Theater). Agora é torcer para que o grupo resolva os problemas com o line up, pois da turma que gravou o álbum, restou Neno e Cardillo. Resolvendo isso, ficam os votos uma carreira sólida, constante e duradoura.

Fire ShadowPhoenix (EP)Independente

Por Leandro Fernandes

9,0Com excelentes influências e uma bela sonoridade, o “Fire Shadow” buscou fazer um som acima da medida com um EP completamente marcante e bem produzido desde sua arte gráfica até o último acorde do disco. “Phoenix” é um EP instigante e nota-se uma maturidade absurda por parte da banda. O que encontramos aqui é um Heavy Metal bastante trabalhado, melodias e peso produzidos de forma sincronizada e sem exageros. Riffs na medida e variados passando longe do clichê e uma cozinha de muito agrado que consegue fazer com que a banda se destaque de forma honrosa nesse quesito, destacando-se

o trabalho de Gustavo Adaeots (Baixo) que produz um “groove” bastante interessante e escalas precisas. O vocalista Marco Lacerda usa muito bem sua voz, sem exageros e com seu estilo próprio de cantar. A faixa de abertura “Scars” mostra o bom trabalho do vocalista, assim como “Inner Battle” com seu Heavy Metal bem cadenciado, um peso na medida de seus riffs mostra uma música bastante trabalhada e marcante. Com uma cozinha que se destaca e riffs dando uma verdadeira aula de guitarra, “Phoenix” é um belo destaque do disco assim como a trabalhada “From Darkness” consistente e veloz. Encerrando o belo EP, “Unbreakable” tem sua levada “oitentista” notável, com um ótimo trabalho da bateria e um refrão bem grudento. Esse EP revela de forma simples o que a “Fire Shadow” pretende mostrar, um bom som e début muito bem feito.

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Pomegranate TigerEntitiesIndependente

Por Pedro Humangous

9,5Não sei se perceberam, mas nos últimos anos houve uma invasão de bandas instrumentais no cenário da música pesada mundial. A chegada foi silenciosa e gradativa, porém, quando paramos para analisar, perdemos a conta da quantidade de bandas talentosas se arriscando por esses tormentosos e ainda pouco explorados mares. Pela criatividade e técnicas apresentadas em suas composições, não seria injusto pensar que possam ser seres de outras galáxias. A capacidade de se reinventarem e buscarem soluções improváveis para as músicas é algo assustador. A ausência dos vocais é pouco

sentida, uma vez que o instrumental te entretém de tal forma que seu cérebro praticamente adormece em um transe involuntário. A banda em questão, o Pomegranate Tiger, vem de Ontário no Canadá e pratica um Progressive Metal repleto de experimentalismos e viagens sem fim, tornando o passeio – de pouco mais de uma hora – extremamente prazeroso. É possível, sim, traçar um paralelo entre bandas como Scale The Summit, Animals As Leaders, Chimp Spanner, Tesseract, Between The Buried And Me e até Dream Theater, porém cada um segue seu estilo peculiar. “Entities” flui naturalmente e é bastante agradável de ouvir de ponta a ponta. Ao todo, são doze incríveis composições, cada uma com um sabor diferente, apresentando e surpreendendo o ouvinte a cada novo segundo que é tocado. Ao mesmo tempo que é bastante fácil ouvir esse trabalho, ele requer uma atenção absurda e são necessárias algumas audições para entender a proposta dos caras – mas já adianto, o trabalho vai ficando cada vez melhor! Enfim, não há muito o que dizer mais sobre esse sensacional disco, é preciso urgentemente correr atrás e ouvir! Podem me agradecer depois.

WarFather Orchestrating the ApocalypseGreyhaze Records

Por João Messias Jr.

8,0O vocalista/baixista Steve Tucker, que ficou mundialmente conhecido por seus trabalhos no Morbid Angel quando substituiu David Vincent é daqueles caras que não vivem do passado e, após deixar o grupo de Trey Azaghtoth, fez parte de grupos e projetos como Nader Sadek, Pervension e hoje está com uma nova banda chamada WarFather, que neste ano lançou seu primeiro registro, o álbum “Orchestrating the Apocalypse”, cujo título combina muito

com a belíssima capa! Para quem é fã do vocalista, que aqui toca guitarra, não irá se decepcionar com a linha adotada pelo grupo, que é completado por Avgvstvs (baixo), Armatura (guitarra) e Deimos (bateria), pois a linha aqui é adotada é o Death Metal, que mescla as escolas da Flórida com a brutalidade de grupos como os nossos Krisiun e Unearthly. Apesar de ser um álbum 100% Death Metal, a banda possui alguns diferenciais que o farão destoar de seus concorrentes, principalmente a linha vocal de Tucker que, embora seja gutural, é compreensível e sem grande esforço dá até para entender os poemas declamados em músicas como “Summoning the Warfathers”. Outro ponto de elogios é a variedade entre as canções, que possuem momentos brutais como “Legions” e “My Queen Shall Not Be Mourning”, os trechos de canto gregoriano de “The Shafting Poles” e os vocais agonizantes de “Ageless, Merciless” que, mesclados às vozes brutais, dão um ar de morbidez a canção. Interessante que tudo aqui foi pensado nos mínimos detalhes, pois para não passar aquele ar de bate estaca, há alguns interlúdios entre as faixas como “The Ashes And Ruins” que não deixam o trabalho cair na repetição, que é permeado por uma produção correta que combina com a sonoridade apresentada pelo quarteto. Apesar da ótima estreia, que supera muitos lançamentos (de nomes consagrados inclusive) do estilo, o WarFather tem tudo para se destacar apenas entre os fãs de música extrema. Só que isso não é demérito ao grupo, que faz por merecer entrar no circuito de turnês mundiais com grupos consagrados como Cannibal Corpse e Suffocation.

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BandanosNobody Brings My Coffin Until I Die Laja Rekords

Por Junior Frascá

8,0Thrash Metal rápido, direto, brutal, agressivo e cheio de influências de crossover: esse é o som apresentado pelo Bandanos em seu novo álbum, que tem o singelo título de “Nobody Brings My Coffin Until I Die”. Mais ai você me pergunta: mas o que mudou em relação aos trabalhos anteriores da banda? E eu lhes digo: nada! E isso realmente é muito bom, pois aqui encontramos tudo aquilo que esperamos da banda, ou seja, linhas vocais insanas, cozinha direta e precisa, e riffs classudos que remetem a nomes como D.R.I. e S.O.D., com aquela energia capaz de fazer até defunto sair bangeando insanamente

por ai. O aspecto lírico também é um show a parte, com momentos mais satíricos, e outros mais sérios e ácidos. A ótima produção, realizada no Da Tribo estúdio, é outro ponto a favor do trabalho, que tem tudo para agradar não só os thrashers de plantão, mas todos aqueles que apreciam o lado mais veloz e energético da música pesada.

Phrenesy The Power Comes From The BeerIndependente

Por Pedro Humangous

8,5Deve ser alguma coisa na água ou no clima desértico de Brasília. É inexplicável a quantidade de bandas incríveis que surgem dessas terras! A cada ano que passa, somos surpreendidos com uma nova e competente banda apresentando seu trabalho. Dessa vez, estamos falando da banda Phrenesy, formada por Jabah Reivax (guitarras), Jôsefer Ayres (bateria), Ronny Lobato (baixo), Tiago Teobaldo (guitarras) e Wendel Aires (vocais). “The Power Comes From The Beer” já impressiona logo de cara pela arte que ilustra a capa – feita por Ygor Morato, da banda Scania. E a própria arte já entrega o estilo que

praticam, um “thrashão” rasgado e veloz, com pitadas de Hardcore e até algo de Death Metal. O disco foi gravado no renomado BroadBand Studio, produzido, mixado e masterizado por Caio Duarte (Dynahead), que deixou tudo ainda mais profissional, extremo e em seu devido lugar. Para quem associou o tema “cerveja” ao som de bandas como Tankard, errou feio, aqui os caras seguem uma linha mais agressiva e mais suja do Thrash Metal, inserindo diversas influências dentro da mesma música, criando uma atmosfera incrível e pouco cansativa ao longo da audição. O álbum está bastante homogêneo e cada composição fala por si só, porém, é impossível não destacar as faixas “F.U.C.K”, “This Is Extreme” (com participação de Italo Guardieiro da banda Device) e “Contra Tudo, Contra Todos” vociferada em português. Estamos diante de mais um grande nome do Thrash nacional e que, certamente, irá brigar com igualdade contra qualquer outra banda gringa do estilo. O trabalho é extremamente bem feito, empolgante e, no fim da audição, consegue nos deixar sedentos por uma cerveja gelada e mais um aperto no play!

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RASC

UNHO

DO

INFER

NO

ARTE POR DIEGO MOSCARDINI - [email protected]

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