Hell Divine Nº 23 - Junho 2015

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Nova edição da revista digital brasileira voltada ao Metal e seus mais variados estilos! Acompanhem nosso trabalho em facebook.com/helldivine

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Editor Chefe: Pedro HumangousDesigner: Fernando MonteiroRevisão: Marcela Zaccari e Flávia PaisWeb Designer: William VilelaColaboradores: Augusto Hunter, João Messias Jr., Thiago Rahal, Júnior Frascá, Leandro Fernandes e Marcos Garcia

Nota do Editor Chefe.

Conheça quem faz a Hell Divine.

Dr. Sin, Age of Artemis, Colin Marks, Marmor, Bio-Cancer, Dragonheart, Unmasked Brains e Immortal Guardian

Resenha dos últimos shows no Brasil - Unmasked Metal Fest, Sonata Arctica e Warrel Dane

EDITORIAL

EQUIPE

ENTREVISTAS

LIVE EVIL

Matéria especial

Diversas avaliações de discos pra você acompanharRESENHAS

SER UNDERGROUND

Matéria especialCLÁSSICOS

Vamos encarar um fato: 2015 não está sendo um ano fácil e nem dá sinais de que será até o seu término. Não vou nem entrar na questão da política, pois esse nem é o espaço para tal discussão. Porém alguns fatores diretos precisam ser analisados. Com o dólar alto, torna-se inviável a aquisição de merchandising oficial (principalmente os CDs). Os shows ficam mais caros e, com isso, há uma procura menor por ingressos. Menos pessoas, menos shows. A taxa de desemprego cresce; cada um lutando por seu lugar. Se já não está fácil para os peixes grandes, imagina para nós do underground que não vivemos exclusivamente disso? Vocês acham coincidência que o site Som Extremo, a revista Metal Warriors e o programa Arte Extrema tenham encerrado/pausado suas atividades quase que simultaneamente? Não seria surpresa nenhuma se a próxima fosse a Hell Divine ou a Roadie Crew, quem sabe. Cara, vocês andam estranhos. O público headbanger vem mudando seu comportamento drasticamente ao longo dos anos após o surgimento da internet. De forma alguma crucificarei a internet. É obvio que ela é positiva e trouxe coisas jamais imaginadas antes, mas não podemos esconder o fator social e comportamental de certos grupos dentro dessa rede. A verdade é que o aparente descaso por parte da maioria tem trazido desânimo pra quem se esforça pra manter a coisa viva, essa coisa chamada Heavy Metal. Ou vai mentir que estejam ligados no Whiplash esperando sair aquela matéria, correr para fazer seu comentário “engraçado” e ganhar uns likes? O site é legal. A culpa não é deles, estamos em um mundo capitalista e o trabalho tem que gerar lucro, caso contrário, vamos nos dar as mãos e fazer algo pelo simples prazer. Agora, se você não lê nosso conteúdo e não interage conosco, qual o sentido de continuar? Pra quem e pra que estamos escrevendo afinal? Se a mudança não vier de cada um de vocês, é inevitável que o fim de cada site legal, cada revista - física ou digital - cada banda underground, esteja mais próximo do que imaginamos ou gostaríamos. Mexa-se! Gere conteúdo! Compartilhe informação, entre em contato, interaja, reclame, dê sua opinião, faça alguma coisa, só não fique parado! Não mais! O Metal agradece.

Por Pedro Humangous.

Equipe

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ENTREVISTAPOR THIAGO RAHAL

RETORNO EM GRANDE ESTILOO Dr. Sin é uma das poucas bandas brasileiras que seguiram fiéis às suas raízes desde o primeiro trabalho. Em 2015, o grupo completa 23 anos com um álbum de músicas inéditas que mistura todas as influências como Heavy Metal, Hard Rock e Blues. O virtuosismo de Andria Busic (vocal e baixo), Edu Ardanuy (guitarra) e Ivan Busic (bateria e vocal) continua intacto e com mais foco na melodia e nos riffs poderosos do que antes. Divulgando seu novo álbum Intactus, o grupo mostra integridade e conhecimento musical acima da média. Já na estrada para mostrar as novas músicas ao público, o Dr. Sin parou para conversar e responder a HELL DIVINE nesta entrevista exclusiva. Confira!2

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HELL DIVINE: Por que o disco se chama Intactus? Qual foi a inspiração?Ivan Busic: Primeiro porque a formação se mantém a mesma desde o inicio em 1993, nós não nos vendemos a nenhum estilo para fazer sucesso. Continuamos com o som que sempre gostamos. Fiéis aos nossos ideais desde o começo, não vejo como alguém pode ser mais intacto do que isso.

HELL DIVINE: O álbum foi produzido mais uma vez por An-dria Busic. O quanto isso ajudou no resultado final e qual a principal diferença entre fazer o disco em casa, ou seja, por vocês mesmos ou ter um produtor de fora?Andria Busic: É muito melhor, pois nós sabemos o que queremos depois de tanto tempo de carreira (23 anos) e tendo o estúdio próprio, a disponibilidade fica mais fácil para termos as inspirações e gravarmos. Quanto à produção, ela é feita com muito mais carinho e com muito mais tempo, para trabalharmos nos detalhes.

HELL DIVINE: Como funciona o processo de composição do Dr. Sin? Pelo fato de banda ser um trio ajuda de alguma forma?Andria Busic: O processo de composição é, basicamente, sempre o mesmo. Temos várias ideias prontas que trazemos uns para os outros avaliarmos. Juntamos as ideias e fazemos a melodia e a letra.

HELL DIVINE: Intactus tem uma sonoridade setentista. Foi intencional?Ivan Busic: As nossas influências são sempre setentistas, mas a sonoridade foi para esse caminho porque nos sentimos mais livres tocando dessa forma.

HELL DIVINE: A música “How Long” foi a primeira escolhi-da para divulgar o trabalho. Fale mais sobre ela, por favor, e o porquê dessa escolha?Edu Ardanuy: How Long fala sobre a hipocrisia da nossa sociedade e do nosso governo. Foi a primeira que ficou pronta do CD, além de ser uma faixa muito boa.

HELL DIVINE: “We’re Not Alone” é uma faixa que fala sobre extraterrestres. Vocês acreditam em vida fora do planeta Terra?Andria Busic: Sem dúvida, seria muita pretensão do ser humano achar que reina sozinho na imensidão que é o universo.

HELL DIVINE: A faixa “Soul Survivor” é um Blues e tem muito a ver com o Dr. Sin. De quem foi a ideia de gravar uma música com essa influência?Ivan Busic: Lemos o livro “A VOLTA” que tem o titulo em inglês “SOUL SURVIVOR” que conta a história verídica do menino James Leininger, hoje com 17 anos, que desde pequeno tinha pesadelos e falava com detalhes da mor-te de um piloto americano durante a 2ª Grande Guerra Mundial. Após algum tempo e muita pesquisa, os pais, que escreveram o livro, chegaram à conclusão que James era a reencarnação desse piloto. Temos contato com a família nos EUA e a história nos tocou muito, além de sermos fãs

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incondicionais de aviões, principal-mente da Segunda Grande Guerra. O Blues sempre teve influencia na nossa carreira, porque eu e o Andria, desde pequenos, acom-panhávamos nosso pai que é jazzista e um dos fundadores da Traditional Jazz Band.

HELL DIVINE: Um fato legal de Intac-tus é que Andria e Ivan cantam juntos em alguns momen-tos do álbum. Isso já soa natural para a banda ou preten-dem cada vez mais colocar esse tipo de dueto nos trabalhos do Dr. Sin?Andria Busic: Se você reparar, desde o primeiro vídeo EMOTIO-NAL CATASTROPHE isso já acontece. Gostamos de cantar dessa forma.HELL DIVINE: Uma das faixas mais legais do álbum é “The Great Houdini”. De onde veio a inspiração para essa composição em especial?Andria Busic: A música já estava composta antes da letra, e como entre nós brincamos que havia magia no jeito que tocávamos com groove muito forte e rápido, o Ivan veio com a ideia de citarmos do maior mágico e ilusionista que existiu.

HELL DIVINE: Você acha que o público do Dr.Sin exige baladas como “This Is The Time” ou é algo natural para a banda?Ivan Busic: “This Is The Time” é uma faixa que gostamos muito pela levada e pela letra. Já se tornou algo natural para nós compor faixas mais calmas, nas que podemos mostrar outro tipo de musicalidade.

HELL DIVINE: O Dr. Sin é um trio que nunca se separou

desde a sua forma-ção inicial. Como trabalhar isso internamente e qual o segredo?Edu Ardanuy: Não há segredo, apenas admiração e res-peito mútuo, como verdadeiros irmãos.

HELL DIVINE: A ban-da Dr. Sin completa 23 anos e sempre se mantém ativa na cena, ora gravando álbuns, ora com aulas e workshops. Como deixar todo mundo feliz, com seus projetos, sem afetar a parte criati-va do negócio?Andria Busic: Isso já se tornou uma roti-na. Infelizmente num país como Brasil que

nunca deu valor aos músicos em geral,

viver dessa profissão tornou-se um malabaris-

mo. Mas o fato de darmos aulas, workshops e etc só

intensifica a divulgação do nosso trabalho e dedicação ao

rock.

HELL DIVINE: O mercado brasileiro para shows tem melhorado, mas ainda enfren-

tamos dificuldades com muitas bandas. Como vocês trabalham esse assunto?Edu Ardanuy: Tem melhorado para as bandas estran-geiras, o público brasileiro dá mais atenção aos shows que vêm lá de fora. Mas nosso público é muito leal e por onde a turnê Intactus tem passado temos recebido muita receptividade.

HELL DIVINE: Vocês se sentem realizados e estão no me-lhor momento da carreira?Edu Ardanuy: Realizados sempre que fazemos algum novo álbum e estamos no palco, mas sempre queremos mais, pois é isso que nos move a seguir adiante e continuarmos nos palcos e estúdios, criando para a galera do rock.4

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ENTREVISTAPOR MARCOS “BIG DADDY” GARCIA

O DESPERTAR METÁLICOA cena do Metal brasileiro é ótima, todos já sabem disso (menos alguns recalcados de plantão). Mas algumas bandas andaram se destacando bastante no ano de 2014, e um dos nomes mais fascinantes foi o do quinteto AGE OF ARTEMIS. N ano passado, além de lançarem o seu segundo disco, “The Waking Hour”, o vocalista da banda ainda participou da apresentação de “Jesus Christ Superstar”, e a banda tem recebido bastante elogios. E lá fomos nós conversar com Alírio Netto (vocalista e líder), e Giovanni Sena (baixista da banda) para saber das novidades.6

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HELL DIVINE: Antes de tudo, muito obrigado pela entrevis-ta. Para começar, o que andou acontecendo com o AGE OF ARTEMIS entre “Overcoming Limits” e “The Waking Hour”? Alírio Netto: Muitas coisas boas. Na verdade, a banda cresceu muito no cenário nacional e internacional, o que potencializa muito nosso poder de barganha. Demos um giro bom pelo país e tocamos para vários públicos de lugares e realidades diferentes, o que nos abriu novos ho-rizontes para a criação do conceito do “The Waking Hour”.

HELL DIVINE: Ainda sobre “The Waking Hour”, ele tem uma diferença do anterior: foi lançado primeiriamente na Euro-pa pela Power Prog. Como se deu esse interesse deles até chegar o lançamento do CD?Giovanni Sena: A gente fechou contrato com a Power Prog da Alemanha e a King Records do Japão desde o lança-mento do “Overcoming Limits”. Daí o interesse pela banda permaneceu e novamente lançamos, com eles, o segundo: “The Waking Hour”. Por já conhecerem a banda, houve interesse por parte deles de lançarem o “The Waking Hour” primeiramente por lá, isto é, tanto no Japão, como na Europa.

HELL DIVINE: Ouvindo atentamente “The Waking Hour”, se percebe que a banda deu uma bela evoluída com a introdução de alguns elementos regionais em sua músi-ca. Ajudou em tudo o fato de a formação estar estável? E como esses elementos foram se aglutinando na música de vocês?Giovanni Sena: O primeiro álbum tem uma pegada bastan-te européia. Houve situações de acharem que a banda era alemã ou de algum país da Europa. Apesar das diferenças econômicas e políticas em que vivemos, temos orgulho do nosso país. Dessa forma, a inserção dos elementos da música brasileira foi natural, pois precisávamos mostrar para o mundo as nossas origens, e isso se deu claro, com a participação e influencias que cada um trouxe para o “The Waking Hour”. Essa “receita” foi bem legal já que a receptividade do público está sendo ótima. Estamos rece-bendo ótimos reviews do disco.Alirio Netto: Acho natural a evolução da banda, até pela intimidade que criamos nesse tempo de convivência, isso ajuda na unidade do trabalho. Gosto de pensar nesse gru-po de pessoas como parte de um organismo vivo, todos trabalhando para que a vida da banda seja longa. O “The Waking Hour” é um CD que tem uma força muito grande, pois reflete o momento que estamos vivendo.

HELL DIVINE: Bem, o CD, apesar de não ser conceitual, parece ter uma ideia central para as letras. Qual seria essa ideia, e de onde tiraram o nome “The Waking Hour”? E qual o significado dele para sua música?Giovanni Sena: A época em que vivemos serviu de inspi-ração para a composição do “The Waking Hour”. Houve muitas manifestações meses atrás, que mostrava um povo cansado das questões políticas e econômicas em que vi-vemos. Acreditamos que isso foi um “despertar” para uma nova forma de pensar. Daí surgiu o nome do disco.Alirio Netto: Sempre escrevo as letras observando o uni-verso ao meu redor, no momento desse CD, o país estava

reagindo! Isso tinha que ser colocado para fora! Ainda assim se você ler as letras poderá perceber que tivemos a preocupação de deixar que esse texto se torne atempo-ral, pois a opressão faz parte da nossa realidade e o ser humano vai sempre estar lutando contra injustiças.

HELL DIVINE: Antes de o CD sair, vocês soltaram um “lyric vídeo” para “Broken Bridges”, e depois, perto do lança-mento, um vídeo oficial para “Hunger and Shame”. Qual o critério que usaram para escolher essas faixas? E por que justamente “Hunger and Shame” se tornou o vídeo clipe oficial?Giovanni Sena: Além de ser uma ótima música o conceito é bem legal. O clipe retrata exatamente o que normalmen-te fazemos quando se trata de moradores de rua. A gente finge que não vê. E a vida continua. Com esse conceito ficou fácil de escolher a música.Alirio Netto: Pensamos em outras opções, só que o di-retor do clipe, o Bruno Esteves, nos vendeu essa idéia e abraçamos logo de cara! Estávamos no meio da Copa do Mundo, poucos meses após as manifestações, e parecia que tínhamos esquecido tudo aquilo que tínhamos pas-sado (risos). Não acho que o brasileiro esquece, acho que ele faz vista grossa, o que é pior ainda! Então acho que o clipe reflete esse momento.

HELL DIVINE: Em “Overcoming Limits”, o produtor foi o Edu Falaschi, com Brendan Duffey e Adriano Daga na gravação, mixagem e masterização. Já em “The Waking Hour”, Brendan e Adriano assumiram a produção. Como foi trabalhar com eles em “The Waking Hour” já sem o Edu? Alirio Netto: O Adriano é meu amigo pessoal, conhece bem minha voz, meus gostos e isso ajuda muito na hora da gravação. O Brendan domina aquilo que faz, então não tem erro, o cara e preciso!Giovanni Sena: Foi uma outra grande oportunidade de aprendizado. Os dois mandam muito bem no que fazem e isso facilitou demais fazer a produção com eles.

HELL DIVINE: Originalmente, o AGE OF ARTEMIS é de Bra-sília, mas agora você está radicado em SP, não é? E como tem sido sua vida na nova cidade? Acha que esse passo ajudou a banda a ganhar mais exposição? Alírio Netto: São Paulo é a capital cultural do país, tudo acontece aqui. Minha carreira como vocalista não de-pende muito do lugar onde estou, só que como ator de musicais, professor de canto, tenho a oportunidade de trabalhar mais com quem atua mais no mercado profis-sionalmente. Aqui você faz de um tudo, canta, atua, da aula, faz dublagem, etc., o leque de oportunidades é muito grande! É um privilégio poder morar em São Paulo e ser reconhecido pelo seu trabalho.

HELL DIVINE: Fugindo um pouquinho do AGE OF ARTEMIS, Alírio, você gravou os vocais para “Zero”, o primeiro CD da banda LINCE. Você continua na banda? Podemos esperar novas do LINCE para 2015? Já faz 3 anos desde que o CD saiu...Alírio Netto: O Lince é um projeto de pessoas que moram

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muito longe umas das outras e que têm outras priorida-des. A banda tem um lugar especial no meu coração e sou muito grato por ter tido essa oportunidade de trabalhar com eles. O Daniel Carelli é um gênio em tudo que faz, impressionante! Na verdade eu não sei se iremos lançar algo novo, mas já conversamos sobre isso e tudo pode acontecer, inclusive nada (risos).

HELL DIVINE: Muito se falou de você se tornar o novo vocalista do Angra. E é tanta coisa que vemos por aí que não sabemos até onde algo é fato ou boato. Por favor, nos conte-nos sobre o fato e sobre essa experiência. E como foi sua participação no novo CD deles “Secret Garden”? Alirio Netto: Nunca rolou um convite, esse é o fato! Somos amigos, adoro todos eles e é uma honra dividir o palco com o ANGRA. O convite para a participação partiu do Rafa, ele me chamou junto com o Bruno Sutter, gravamos algumas vozes e o resto é história.

HELL DIVINE: Outra ainda por fora: você fez duas partici-pações na peça Jesus Christ Superstar, sendo Jesus na versão mexicana e Judas na brasileira do ano passado. Como foi fazer essa encenação clássica duas vezes? E até onde a peça em si influenciou na sua carreira como cantor? E não me leve a mal, quando vi uma filmagem dos anos 70, Judas roubava a cena, logo, você deve ter feito o mesmo (risos).Alirio Netto: Jesus é uma das figuras mais importantes da história e interpretar esse papel mexe muito com você! Ele é uma figura forte, que tem as rédeas da situação, com muita paciência, mas é também um revolucionário que contesta e inspira ao mesmo tempo. São 2 personagens que tem que ser interpretados com muito cuidado para não cair no clichê. Judas era um contador, de Zelotes, que eram os terroristas da época, calculista, muito religioso e com uma convicção muito forte das coisas! Eu não estava

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lá, mas acredito que não foi por 30 moedas que Judas en-tregou Jesus. É muito fácil especular e culpar Judas pela desgraça, só que os dois morreram e quem ficou mal foi Judas. Eles eram como irmãos que se amam, mas ainda assim, brigam e discordam de vez em quando. Do ponto de vista do ator, Jesus tem mais material à disposição, o que ajuda muito na construção do personagem, A parti-tura do Jesus é um pouco mais fácil também, pois Judas canta por mais tempo e em uma região que exige mais do cantor. Concebi um Jesus forte, mas dotado de uma doçura e carisma que, a meu ver, cativa e motiva as pes-soas a seguirem esse homem. Já o Judas, fizemos algo forte, convicto das suas escolhas, certeiro e sem medo de dizer aquilo que os outros do grupo tinham receio. Mesmo assim, com um amor por Jesus que foge a compreensão humana, pois Judas era o mais preparado dos apóstolos e o preferido de Jesus, ele queria expulsar Roma e achou que Jesus era o cara para liderar o povo. Um achava que

para conquistar você teria que libertar sua alma, e o outro, o corpo primeiro. Quanto às criticas, foram muito boas a meu respeito, só tenho a gradecer a oportunidade.

HELL DIVINE: E em termos de shows? Já vi que estão sen-do poucos, mas há planos para outros? E fora do Brasil, já existem tratativas para uma tour pela Europa?Alirio Netto: Tenho muito cuidado para fechar os shows, acredito em qualidade, não em quantidade. Gostaríamos de tocar mais, só que como falei, prefiro me apresentar pouco mais podendo dar ao público o espetáculo que ele merece. Temos poucas coisas que podemos controlar e essas eu gosto bastante de controlar (risos). Temos con-versado com produtores de fora para, quem sabe, em um futuro próximo alçar voos maiores, vamos esperar e ver no que dá.

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ENTREVISTAPOR PEDRO HUMANGOUS

A MITOLOGIA THRASHER!O Thrash Metal parece um vírus que se alastra de forma avassaladora pelo mundo, infectando a todos em pouco tempo de contato! Um dos estilos mais apreciados pelo público do Metal nasceu em berços americanos e alemães, mas em pouco tempo se espalhou pelos cinco continentes. A terra que agora ferve com o Thrash é a mesma que revelou deuses lendários para a mitologia– a Grécia! Conversamos com o vocalista e mentor da banda, Lefteris, que nos conta um pouco sobre a cena em seu país e sobre o lançamento do seu mais novo disco, “Tormenting The Innocent”!

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HELL DIVINE: Quando falamos de Heavy Metal, a Grécia não é um dos nomes mais citados. Poucas bandas desse país ficaram mundialmente famosas, como Rotting Christ, Firewind e Scepticflesh. De repente, algumas excelentes bandas surgiram, como: Suicidal Angels, Crosswind, The Silent Rage e vocês. Conte-nos um pouco como é a cena no seu país. Aconteceu alguma coisa diferente que causou essa transformação repentina no Heavy Metal grego?Lefteris: Como você mesmo disse, temos muitas bandas incríveis atualmente e a cada dia surge uma nova banda mais legal que a outra! Acredito que cada banda está dando seu máximo para competir com as outras (uma competição saudável, claro) e por isso vemos essa paixão e dedicação vinda das bandas gregas.

HELL DIVINE: O novo álbum, “Tormenting The Innocent”, está sendo lançado pela tradicional Candlelight Records. Como ocorreu esse contrato com eles e qual a importân-cia de uma gravadora nos dias atuais?Lefteris: Na verdade eles entraram em contato conosco e perguntaram se estávamos interessados em um acordo. Claro que aceitamos a oferta, pois a Candlelight é uma das maiores gravadoras de Metal do mundo, com grandes clássicos lançados por eles. Um bom contrato hoje em dia é importante, pois ajuda a banda de diversas formas, especialmente na parte financeira e promocional.

HELL DIVINE: Ainda falando sobre o novo trabalho, vocês selecionaram mais uma vez o artista gráfico Andrei Bouzi-kov (que já trabalhou com bandas como Municipal Waste, Violator, Nervosa, Toxic Holocaust) para a arte da capa, que por sinal está incrível! Você acha que o estilo de arte

dele traz de volta o espírito dos anos 80? Do que se trata esse tema escolhido por vocês?Lefteris: Com certeza, o Andrei fez um trabalho matador, como sempre! Realmente a arte traz essa energia dos anos 80. Sobre o tema, não é nada mais do que o que você pode ver: mutação e mutilação (risos)!

HELL DIVINE: Em uma de nossas conversas pelas redes sociais, falávamos sobre o público que ainda gosta de ter a versão física do CD em mãos e ainda compram discos, bem como o merchandise oficial das bandas. Vocês cos-tumam vender bastante disco nos shows e no site da ban-da? Acham que o disco físico irá eventualmente morrer nos próximos anos? E o quão importante é a venda desse material para os ganhos e sobrevivência da banda?Lefteris: Felizmente muita gente nos apoia e compram muitos CDs e merchandise. Obviamente a versão física dos álbuns vai diminuir ao longo dos anos, mas isso nunca irá acabar. Existe muita gente que gosta de colecionar e ter o original em casa, o que é bem legal! Se a banda não consegue vender seus produtos, a única saída é fazer muitas turnês e tentar suprir essa deficiência financeira. Hoje em dia, as bandas vivem basicamente dos shows.

HELL DIVINE: “Tormenting The Innocent” foi mixado e mas-terizado pelo mestre Andy Classen (Destruction, Tankard, Belphegor, Krisiun, Legion of the Damned) e as músicas soam matadoras! As composições, no geral, estão mais maduras e balanceadas. Quais as principais diferenças entre o novo trabalho e o anterior em termos de gravação e composição?Lefteris: O novo álbum é certamente mais complexo, mais

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agressivo e pegajoso, com uma produção bem melhor que o anterior. A gente queria incluir mais elementos nesse disco, pois no álbum anterior, “Ear Piercing Thrash”, o som parecia mais chapado e sem variações. No novo trabalho você consegue ouvir tudo com mais clareza, passagens super rápidas e outras mais cadenciadas, dando uma variedade melhor para as músicas e prendendo a atenção do ouvinte do começo ao fim.

HELL DIVINE: Músicas como “Obligated To Incest”, “Bulle-tproof” e “Chemical Castration” são afiadas como navalha! Na verdade, todo o CD é agressivo, veloz e divertido de ouvir! Podemos notar alguns toques de Slayer e Kreator por toda parte. Quais as inspirações de vocês e quais as músicas preferidas desse novo disco?Lefteris: Minhas favoritas são “F(r)iends or Fiends?”, por ser uma música bem diferente de todas que já compus e “Boxed Out”, pela velocidade extrema! Você acertou em cheio, algumas de nossas influências são Kreator, Testa-ment, Vio-Lence, etc.

HELL DIVINE: As bandas costumam viajar bastante para shows no mundo todo. Como anda a agenda de vocês esse ano? Alguma chance de uma turnê pela América do Sul?

Lefteris: Uma turnê pela América do Sul sempre foi um grande sonho para todos nós. Queremos muito visitar e conhecer todos esses fiéis, maníacos e malucos fãs de Thrash Metal! Mas para uma banda europeia não é tão fácil assim. Faremos o máximo possível para que isso aconteça, mas sempre com os pés no chão, um passo de cada vez.

HELL DIVINE: Podem nos indicar cinco bandas que estejam ouvindo ultimamente?Lefteris: Temos ouvido bastante coisa do The Haunted, Legion of The Damned, Malevolent Creation, Attomica e Flotsam And Jetsam.

HELL DIVINE: Agradecemos pela entrevista, esperamos que o público brasileiro possa conhecer melhor o trabalho de vocês e que possamos vê-los em nossas terras em breve!Lefteris: Agradecemos muito pelo espaço e pela excelente entrevista, ótimas perguntas! Esperamos, um dia, visi-tar e tocar para o melhor público de Metal do mundo, o brasileiro!

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ENTREVISTAPOR THIAGO RAHAL

UNINDO METAL, HQ E RPG EM UM SÓ PRODUTO

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O projeto Marmor ultrapassa os âmbitos de uma banda, Ópera Rock ou espetáculo tradicional. Criado pelo baterista Marcelo Moreira (Almah) e também pelo produtor musical Alexei Leão (vocalista da banda Stormental), Marmor envolve literatura fantástica, música (rock e orquestra), pintura, RPG, história em quadrinhos, fotografia, teatro, animação, entre outras áreas. Mais de 20 artistas participaram nesse projeto. Entre eles estão Gus Monsanto (Adagio, Revolution Renaissance), a famosa cantora de musicais boliviana Cláudia Barron, a violinista inglesa Anna Phoebe (que acompanhou Ian Anderson/Jethro Tull, Jon Lord/Deep Purple, Steven Tyler/Aerosmith e a Trans-Siberian Orchestra), Rogério Vaz (guitarrista e produtor musical da TV Globo), entre outros. Esse disco é também um dos últimos registros em vida do guitarrista Paulo Schroeber (Almah) que faleceu no começo de 2014. O álbum do Marmor é encontrado dentro do livro intitulado “Alma Celta” escrito pelo doutorando em literatura Eduardo Amaro, com a consultoria de historiadores e especialistas em cultura celta. Resumir isso tudo em uma entrevista é uma tarefa impossível, mas o produtor musical Alexei Leão respondeu tudo em uma entrevista exclusiva para a Hell Divine. Confira!

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HELL DIVINE: O que é o projeto Marmor. Como e onde surgiu a ideia? Alexei Leão: Marmor é um coletivo com a proposta de articular diversas áre-as das artes. Um projeto que envolve música, literatura, artes visuais, HQ, RPG e muito mais. Um conceito estéti-co e temático onde as referidas áreas se entrelaçam de forma harmoniosa gerando um processo de interação entre artistas, diálogo e construção de uma configuração que explora aspectos do imaginário humano. Não é apenas uma banda, nos referimos ao Marmor como uma operação multimídia! Mar-mor foi idealizado por Marcelo Moreira que, além de principal compositor e baterista, é conhecido por fazer parte do Almah e ter acompanhado diversos artistas internacionais mundo afora. Alexei Leão, renomado produtor do sul do país e criador de vários projetos multi-artísticos misturando rock com outras artes.Além de vocalista da banda Stormental, exerce a função de produ-tor musical e toca baixo. O premiado orquestrador Antonio Teoli (designer de áudio da Samsung Brasil) completa o núcleo principal que dirige o Marmor. Conversas com o escritor Eduardo Ama-ro e a vontade em comum de criar uma obra baseada na cultura Celta levaram ao desenvolvimento do primeiro traba-lho “Alma Celta”. A escolha dos quatro cantores de origens e formações dife-rentes: Gus Monsanto, Claudia Barron, Siddharta Gabriella e Rodrigo Gnomo teve como objetivo dar um tom eclético e variado às composições. Também fazem parte do núcleo criativo do Mar-mor: Anna Phoebe (violinista master), Jonathan Faganello (harpista master), Tatyana Jacques (cellista master), Ro-gerio Vaz (guitarrista e diretor musical),

Bellovesos Isarnos (consultor e revisor), Rowena Seneween (historiadora), Suzy M. Hekamiah (escritora e roteirista), Lu Lebel (designer gráfico), Gabriel Fox (ilustrador), Gustavo Ceragioli (designer digital), Fabio Araújo (designer digital), Manuela Ceragioli (jornalista).

HELL DIVINE: Como é unir música, lite-ratura e RPG em um produto só?Alexei Leão: A nosso ver, essas áreas sempre estiveram ligadas. Normalmen-te quando você lê um livro, joga RPG ou lê histórias em quadrinhos acaba ouvindo uma música para criar o clima. Se pensarmos em dança, cinema e tea-tro, a trilha sonora também exerce uma função importante. Apenas juntamos os pontos!

HELL DIVINE: Foi criado um universo que unisse todas as áreas, ou seja, a musical e a literatura, apenas para falar sobre dois exemplos?Alexei Leão: Sim, essa primeira inspira-ção sobre a cultura celta foi o ponto de partida. Primeiro surgiram as letras das músicas, como pequenos fragmentos, e logo a inspiração para o texto que se tornaria o livro. A partir deles o livro foi escrito, juntamente com as músicas inspiradas nos capítulos.

HELL DIVINE: Quem está por traz de todos os formatos de Marmor?Alexei Leão: Cada formato, cada lança-mento tem um responsável principal de criação dentro das pessoas que citei na primeira pergunta. Porém, sempre teremos novidades e buscaremos novas parcerias para outros lançamentos.

HELL DIVINE: Qual é o artista que fez a capa e todos os desenhos do livro?

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Alexei Leão: As ilustrações principais fo-ram desenvolvidas exclusivamente para o livro, pela artista Lu Lebel. Os cards do Marmor foram criados pelo Gabriel Fox. Ainda fazem parte do nosso time de ilustradores e designers o Gustavo Ceragioli e o Fabio Araújo.

HELL DIVINE: Por que falar sobre a cul-tura Celta? O que ela fascina tanto?Alexei Leão: O universo celta é algo não muito conhecido no Brasil. Suas lendas são fantásticas, baseadas grande parte na natureza, de forma vibrante e ima-ginativa. Criar em cima dessas raízes antigas e primitivas, transfigurando as realidades da vida e extraindo sua essência, foi algo gratificante.

HELL DIVINE: Em um novo projeto, pen-sam em falar sobre a cultura brasileira?Alexei Leão: Sem a menor dúvida! A cultura Celta foi apenas o ponto de par-tida. Estamos abertos a trabalhar novas culturas e, com certeza, faremos algo sobre as origens dos povos brasileiros. Alma Indígena, quem sabe?!

HELL DIVINE: Por ser conceitual, as músicas tratam do mesmo assunto e se interligam entre si. Musicalmente, o que vocês buscaram passar?Alexei Leão: Buscamos dar uma “vida musical” aos capítulos do livro. Algo como uma trilha sonora que também pode ser apreciada sem a leitura do livro.

HELL DIVINE: Como vocês classificariam o Marmor musicalmente? Alexei Leão: Não nos preocupamos em rotular o estilo musical do Marmor porque cada lançamento pode ter uma direção musical diferente, tudo depende

do direcionamento e inspiração. Alma Celta talvez se encaixe em Symphonic Rock/Metal ou Ópera Rock/Metal, porém temos influências que vão do Metal à música brasileira.

HELL DIVINE: O que os fãs do gênero HQ podem esperar?Alexei Leão: HQs baseadas nos livros, criadas por grandes artistas e com uma trilha sonora exclusiva também.

HELL DIVINE: Como foi reunir músi-cos de vários lugares? Teve algum empecilho?Alexei Leão: É uma experiência muito gratificante. Diferentes culturas, dife-rentes influências agregam muito a música em si. A dificuldade maior está em se reunir para compor. Mas hoje, em dia, nada que uma internet rápida e Skype não solucionem parte do proble-ma (risos)!

HELL DIVINE: Teve algum músico que vocês queriam e não participou por algum motivo em especial?Alexei Leão: Em princípio queríamos o Lemmy cantando uma estrofe de Temple of Light, mas o Marcelo Moreira gravou o trecho meio que ’imitando’ ele de brincadeira na pré-produção e acabamos usando aquele take mesmo porque achamos legal (risos)!

HELL DIVINE: O que vocês esperam alcançar com esse projeto? Quais os objetivos principais de unir tudo em um produto só?Alexei Leão: O tempo e o trabalho devem dizer o que iremos realmente alcançar. Após anos trabalhando com música e tendo amigos em diversas áreas da arte, percebemos que tínha-

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mos dificuldades parecidas e objetivos em comum, mas cada um trabalhando independente. Juntamos forças com o objetivo principal: dar vazão a criativi-dade e lançar “produtos” de qualidade artística interessante e relevante.

HELL DIVINE: Com a internet em alta nos dias de hoje, os fãs de música em geral perderam um pouco aquela vontade de ler encartes, às vezes até livros. Que tipo de resposta vocês já tiveram do projeto nesse sentido?Alexei Leão: Vender somente música, pela música, é algo quase impossível, principalmente no Brasil nos dias de hoje. Ninguém quer pagar por nada e acha que tudo deve ser de graça. As pessoas têm que entender que a músi-ca pode ser de graça se o artista quiser, mas não deve ser uma obrigação. No nosso caso, nós entendemos que não tem como lutar contra isso, especial-mente sendo um projeto novo. Livros ainda vendem mais que música, então temos um pequeno trunfo em mãos. Porém, comercialmente não esperamos ter um retorno adequado ao investi-mento de tempo e dinheiro que fizemos, somente com a venda física dos produ-tos. Esperamos que as pessoas compa-reçam aos shows quando começarmos a nos apresentar ao vivo.

HELL DIVINE: Existe a possibilidade de um show contanto com todos os voca-listas e instrumentistas do Marmor?Alexei Leão: Sim, sem dúvidas. Quere-mos colocar no palco a maior quantida-de possível dos envolvidos nas grava-ções. Estamos fazendo de tudo para viabilizar isso o quanto antes através de leis de incentivo e também através de iniciativa privada, mas é bem complica-

do montar um espetáculo do tamanho e formato que queremos. Devemos ir para estrada apenas quando tivermos condições de apresentar ao vivo algo comparado à qualidade que atingimos nas músicas, livro e produção disso tudo, com orquestra, cenário, ilumina-ção, etc.

HELL DIVINE: Existem planos para uma sequência do trabalho nos próximos anos?Alexei Leão: Com certeza! Alma Cel-ta foi só o começo. O RPG já está em desenvolvimento e queremos lançar em breve. Também lançaremos no próximo mês um crowdfunding para viabilizar a criação da trilha sonora e livro do ter-ceiro lançamento da saga Espadachim de Carvão do escritor Affonso Solano.

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ENTREVISTAPOR AUGUSTO HUNTER

O METAL CADA VEZ MAIS MUNDIALO Immortal Guardian é uma banda que conta com grandes nomes. Seu guitarrista, Jyro Alejo, já recebeu elogios de ninguém menos que Michael Angelo Batio e Steve Vai. Outro grande nome da banda é o vocalista brasileiro Carlos Zema. Conversamos com ele e desvendamos os segredos e dificuldades de ser músico nos Estados Unidos, entre outras coisas. Vale a pena conferir!

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O METAL CADA VEZ MAIS MUNDIALO Immortal Guardian é uma banda que conta com grandes nomes. Seu guitarrista, Jyro Alejo, já recebeu elogios de ninguém menos que Michael Angelo Batio e Steve Vai. Outro grande nome da banda é o vocalista brasileiro Carlos Zema. Conversamos com ele e desvendamos os segredos e dificuldades de ser músico nos Estados Unidos, entre outras coisas. Vale a pena conferir!

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HELL DIVINE: O Immortal Guardian executa um som que, hoje em dia, não tem mais o mesmo espaço que tinha na década de 90, como vocês estão lidando com esse fator?ZEMA: Para ser sincero contigo, acho que por muitos anos a cena não tem sido fácil mesmo, desde a minha época com o Heaven’s Guardian, quase 20 anos atrás. Começamos a banda com a cara e a cora-gem em uma cidade que, definitivamente, não obtinha nenhuma tradição em Rock. No momento, tínhamos uma paixão pelo Heavy Metal muito forte que nos motivou a conti-nuar tocando. Assim é a mesma coisa com o Immortal Guardian. Especialmente no estilo de Metal que tocamos, eu nunca presenciei nenhum modismo, e as vertentes que viraram moda, acabaram bem rápido, como o extinto “New Metal”, por exemplo. Portanto eu acredito que exista um certo valor em ser “raro”. E não é por tendências que mudaríamos o nosso som. Acho que o grande problema com a cena local é o problema da fidelidade com o estilo, com o som. Não acredito em radicalismo, mas acho que para tudo existe um limite. Hoje em dia, existem muitas bandas com sérios problemas relacionados com identidade musical. Acredito que nosso som tem evoluído muito, comparado aos nossos dois últimos discos. E nosso novo álbum ainda tem uma pegada bem Heavy Metal, mas, ao mesmo, tempo temos vários outros elementos. Sem nos basear no que está rolando no mo-mento, acreditamos que estamos no caminho certo.

HELL DIVINE: Vimos que a recepção de “Revolution Part I” foi ótima e que em várias mídias ela teve uma boa nota, foi exatamente o esperado pela banda?ZEMA: Para ser sincero, eu acreditei muito no “Revolution Part I”, mas na verdade foi um disco em que gravamos ideias bem antigas nossas, coisas que escrevemos anos atrás. Mas o “Revolution Part II” já traz várias diferenças. O “Revolution Part I”, na minha opinião foi um desabafo em termos de Power Metal. Muita energia e com certeza foi um disco para os amantes de Power Metal, apenas

para os sobreviventes.

Com certeza esse disco precisava existir para que pudéssemos construir esse capítulo

na história da banda. Mas somos bem versáteis, os caras da banda escutam de tudo um pouco. Contudo, queremos gravar várias coisas mais pesadas também, assim não vamos nos ater apenas a um tipo de som, mas continua-mos no Heavy Metal. Existem várias coisas que queremos tocar sem nenhum preconceito. Mas, com certeza, nosso estilo está se formando e amadurecendo dia após dia.

HELL DIVINE: Carlos, queríamos saber de você: quais são as principais diferenças de ser um vocalista de Rock/Metal no Brasil e fora dele? Existe uma diferença muito gritante do underground?ZEMA: Creio que no underground ainda existe muita fide-lidade, energia, vontade de fazer as coisas acontecerem e a única motivação necessária é baseada em paixão, amor

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pela música e vontade de difundir isso a todo custo. O que no mainstream, a história já é totalmente diferente, a grana fala sempre mais alto. O underground tem sido algo onde eu jamais me arrependi de ter entrado. Por mais que eu não tenha ficado rico com ele, com certeza ele tem me feito muito feliz musicalmente. Todos os meus ami-gos, os que tenho hoje, principalmente, conheci através da música. Tenho batalhado na cena de forma bastante intensa pelos últimos 22 anos. E tive a oportunidade de fazer um som com vários músicos que sempre respeitei. A cena no Brasil sempre foi muito difícil para continuar me dedicando à música, creio que mais pelas dificuldades sócio-políticas, e sempre foi muito difícil adquirir equipa-mentos, enfim, tudo fica muito mais difícil. A gasolina é o triplo do preço, assim como qualquer instrumento musi-cal. Por um outro lado, nos Estados Unidos, assim como outros países de primeiro mundo, é muito mais fácil você ter um trampo que pague suas contas, onde você precisa trabalhar apenas quatro horas por dia, podendo se dedicar a sua música, o que é um grande diferencial. Mas creio

que a luta para fazer acontecer, faz parte da “gana” para a vitória. Acredito que boa música vem da labuta!

HELL DIVINE: A convivência no under-ground americano da banda influencia muito no caminho que ela poderá tomar? ZEMA: Creio que a convivência com o underground aqui nos Estados Unidos só nos ajudou. E com certeza esta-remos mais pesados com o tempo, vamos ver no que isso vai dar.

HELL DIVINE: Vocês já têm mate-rial pra um próximo lançamento? Comente sobre.ZEMA: Temos material para os dois próximos discos praticamente escritos e em pré-produção no mo-

mento. “Revolution Part II”, com certeza com planos para ser lançado ainda esse ano no segundo semestre.

HELL DIVINE: O que podemos esperar do futuro do Immor-tal Guardian?ZEMA: Muito Metal ainda vai rolar! Com certeza! Estamos com uma parceria muito legal com a Fender e Jackson guitars. Sam Ash Music Stores, Intelitouch Tunners, D.A.S., etc... Vários outros parceiros estão a bordo conosco e estamos crescendo bastante na cena local nos Estados Unidos. Em breve lançaremos nosso terceiro trabalho e estaremos em turnê o mais cedo possível, inclusive, temos planos de lançar esse disco no Brasil.

HELL DIVINE: Carlos, obrigado pelo seu tempo com a gente e deixe um recado para a equipe e leitores da Hell Divine.ZEMA: Gostaria de agradecer a vocês da Hell Divine, por todo o apoio e dizer o quanto é importante para a cena esse tipo de iniciativa. Muito obrigado mesmo a todos vocês. Continuem apoiando as suas bandas locais, porque sem elas a cena não existirá mais. Valeu! Tudo de bom pra vocês aí e muito Heavy Metal!

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ENTREVISTAPOR PEDRO HUMANGOUS

HELL DIVINE: A profissão de artista gráfico no Heavy Metal sempre foi muito importante, revelando grandes nomes na década de oitenta como Ed Repka e Derek Riggs. Hoje em dia o número de artistas cresceu bas-tante e os trabalhos ganharam toques de modernidade com as novas tecnologias. Você acha que isso ajudou a termos capas melhores e mais elaboradas ou dificul-tou a vida de quem decidiu trabalhar com esse tipo de segmento artístico? Colin Marks: Eu cresci vendo as artes do Ed Repka e Derek Riggs, algumas das minhas capas favoritas foram feitas por eles. O fato é que realmente as coisas mudaram muito desde essa época com o avanço das tecnologias e a forma de se trabalhar a arte digital-mente. É uma forma completamente diferente de se trabalhar. Haverá sempre bandas buscando aquela arte old school pintada à mão e outras que preferem mais o fotorrealismo. Não vejo um conflito entre essas gerações. Às vezes me solicitam fazer trabalhos que ficariam melhores se desenvolvidos por artistas que pintam do que a utilização de fotografia (como é meu caso), e então recomendo outros artistas que poderiam fazer melhor esse trabalho que a banda deseja. Depen-de muito do que se está procurando como resultado final.

HELL DIVINE: Como você começou a trabalhar como artista gráfico e com bandas de Heavy Metal?Colin Marks: Quando comecei a trabalhar como fre-elancer em design, eu já trabalhava com tratamento de fotografia. Fiz capas de algumas pequenas bandas locais, nada muito relevante. Certa vez recebi um e-mail de uma banda canadense chamada The End e, consequentemente, fiz a capa do disco deles, que foi lançado pela Relapse Records. Na época, foi uma grande exposição do meu trabalho e em pouco tempo fui chamado para trabalhar com a banda Whitechapel,

para o lançamento do disco “This Is Exile”. A arte foi muito bem recebida e, gradualmente, outras bandas e selos começaram a me procurar com novas demandas. Foi então que decidi trabalhar exclusivamente com isso e felizmente tem dado certo até o momento.

HELL DIVINE: Suas capas são bem características, normalmente usando fotos, colagens e camadas que compõem o cenário. Conte-nos um pouco como você costuma trabalhar ao receber um pedido de uma banda.Colin Marks: Com cada banda é um trabalho diferente. Geralmente elas já vêm com o conceito pronto em mente e então eu tento adaptar suas ideias à minha arte o mais próximo possível. Trocamos bastante ideias até que tenhamos um conceito fechado e alinhado. Outras bandas têm apenas uma ideia vaga do que buscam e me deixam livre pra sugerir coisas. Ocasionalmente algumas me dão liberdade total pra criar. Nor-malmente a arte é criada a partir de uma foto-grafia, que eu mesmo tiro, pode ser envolvendo paisagens ou modelos específicos. Às vezes uso texturas feitas à mão e alguns efeitos, mas a base de cada capa é realmente a fotografia.

HELL DIVINE: Você já trabalhou com diversas ban-das de renome mundial e minhas capas favoritas são as do Xerath. Existe alguma que você tenha se orgulhado mais de ter feito? Qual banda ou projeto você ainda não trabalhou e gostaria de trabalhar?Colin Marks: Fico feliz que tenha mencionado o Xerath. Trabalhei com eles desde o começo e é sempre um prazer fazer suas capas. O disco “III” é o que me dá mais orgulho. Quando sou pergun-

MODERNIDADE A FAVOR DA ARTEJá ouviu falar desse nome? Colin Marks? Nos dias atuais, onde cada vez menos pessoas compram discos físicos (e que efetivamente leiam os créditos nos encartes), provavelmente você não o conheça. Trata-se de um dos maiores artistas gráficos da atualidade, responsável pela arte das capas de bandas como Strapping Young Lad, Exodus, Scar Symmetry, Suicide Silence, Nevermore, Whitechapel, Impending Doom, Origin, Aborted, Xerath, Molotov Solution, Oceano, Sylosis, Jeff Loomis, entre tantos outros.

COLIN MARKS`

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para o lançamento do disco “This Is Exile”. A arte foi muito bem recebida e, gradualmente, outras bandas e selos começaram a me procurar com novas demandas. Foi então que decidi trabalhar exclusivamente com isso e felizmente tem dado certo até o momento.

HELL DIVINE: Suas capas são bem características, normalmente usando fotos, colagens e camadas que compõem o cenário. Conte-nos um pouco como você costuma trabalhar ao receber um pedido de uma banda.Colin Marks: Com cada banda é um trabalho diferente. Geralmente elas já vêm com o conceito pronto em mente e então eu tento adaptar suas ideias à minha arte o mais próximo possível. Trocamos bastante ideias até que tenhamos um conceito fechado e alinhado. Outras bandas têm apenas uma ideia vaga do que buscam e me deixam livre pra sugerir coisas. Ocasionalmente algumas me dão liberdade total pra criar. Nor-malmente a arte é criada a partir de uma foto-grafia, que eu mesmo tiro, pode ser envolvendo paisagens ou modelos específicos. Às vezes uso texturas feitas à mão e alguns efeitos, mas a base de cada capa é realmente a fotografia.

HELL DIVINE: Você já trabalhou com diversas ban-das de renome mundial e minhas capas favoritas são as do Xerath. Existe alguma que você tenha se orgulhado mais de ter feito? Qual banda ou projeto você ainda não trabalhou e gostaria de trabalhar?Colin Marks: Fico feliz que tenha mencionado o Xerath. Trabalhei com eles desde o começo e é sempre um prazer fazer suas capas. O disco “III” é o que me dá mais orgulho. Quando sou pergun-

MODERNIDADE A FAVOR DA ARTEJá ouviu falar desse nome? Colin Marks? Nos dias atuais, onde cada vez menos pessoas compram discos físicos (e que efetivamente leiam os créditos nos encartes), provavelmente você não o conheça. Trata-se de um dos maiores artistas gráficos da atualidade, responsável pela arte das capas de bandas como Strapping Young Lad, Exodus, Scar Symmetry, Suicide Silence, Nevermore, Whitechapel, Impending Doom, Origin, Aborted, Xerath, Molotov Solution, Oceano, Sylosis, Jeff Loomis, entre tantos outros.

COLIN MARKS

tado sobre minhas artes favoritas, costumo mencionar aquelas que fiz recentemente e estão mais frescas na minha memória. A arte que fiz para a banda Oracles é a favorita até o momento, estou ansioso pra ver a rea-ção das pessoas quando for lançada! Outras que gosto bastante são “Omnipresente” do Origin, “Elements Of The Infinite” do Allegaeon e as mais recentes das bandas Chabtan, PTSD e 4Arm. Tive o prazer de traba-lhar com o Jeff Loomis em seu trabalho solo, é sempre ótimo trabalhar com ele. Ter feito o a customização da guitarra do Garry Holt também foi bem especial. Outras que tem lugar especial no meu coração são “Serpent Servant” do Impending Doom, “The Chaos Years” do Strapping Young Lad – principalmente essa última, pois sou fã do Devin Townsend. Existem, sim, várias ban-das que eu ainda gostaria de trabalhar como Napalm Death, Fear Factory, Meshuggah, ou bandas que cresci escutando como Megadeth e Slayer. É improvável que aconteça, mas nunca diga nunca.

HELL DIVINE: Trabalhar nessa sua área parece algo bem bacana de fazer. Qual a parte chata desse ramo? Quais as dificuldades que costuma passar com novos projetos?Colin Marks: Trabalhar com design sempre foi algo que quis fazer desde a adolescência, então estou bastante orgulhoso por fazer disso a minha carreira. No geral não tenho muito do que reclamar. A maioria dos clien-tes tem sido fantástica e é bem prazeroso trabalhar com eles. Sempre haverá os chatos, aqueles que não sabem ser profissionais, os que desistem na metade do caminho, problemas com pagamentos, etc. É péssi-mo quando você gasta horas se esforçando em algum projeto e o cliente simplesmente desiste. Felizmente esses são poucos os casos.

HELL DIVINE: Você mora e trabalha em Londres certo? Como é a cena do Heavy Metal por aí? Quais bandas

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têm se destacado nos últimos anos e que possa nos indicar?Colin Marks: Sim, atualmente moro em Londres, apesar de ter planos de me mudar da Inglaterra em breve. A cena aqui é ótima, temos várias casas de shows bem legais e tem eventos rolando quase todas as noites! Não vou fingir que estou sabendo de tudo o que rola no momento quanto a bandas novas, pois estarei mentindo. A última banda que vi, ao vivo, foi o Xerath, quando foram os headliners do evento e foram brilhantes como esperado.

HELL DIVINE: Além do trabalho de artista, o que mais você gosta de fazer no tempo livre? Colin Marks: Tenho que admitir que o trabalho toma a maior parte do meu tempo, então não tenho muitas horas livres durante os dias. Gosto de sair por aí com minha câmera sempre que posso. Gosto de ver filmes e dar uma viajada para o interior, tentar me afastar o máximo possí-vel do trabalho.

HELL DIVINE: No que você está trabalhando ultimamente que possa nos adiantar?Colin Marks: Estou trabalhando com grandes bandas atu-almente, algumas que me dão grande orgulho! Posso citar algumas como Product Of Hate, Omophagia, Lord Of War e Murder Made God, além de várias outras. Tem muita coisa boa vindo por ai!

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MENTE E CORAÇAO ABERTOSO Unmasked Brains vem a cada ano conseguindo seu caminho de vitórias e carregando sempre a bandeira do underground nacional. A banda já está com mais de 20 anos de carreira e por onde passa com o seu som agressivo e pesado deixam sempre um rastro de destruição. A banda se encontra promovendo seu mais novo trabalho “Machina” que está sendo bem aceito pelo público e crítica, e para nos contar mais sobre esse projeto e outros mais conversamos com Reinaldo Leal (vocalista/guitarrista). Confiram uma excelente e descontraída entrevista.

ENTREVISTAPOR LEANDRO FERNANDES

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HELL DIVINE: Agradecendo já a disponibilidade para essa entrevista e já parabenizando pelo “soco no cérebro” chamado “Machina”, gostaria de perguntar como foi a produção do disco? Saiu conforme o esperado?Reinaldo Leal: nós ficamos muito felizes pelo convite da entrevista, e pela possibilidade de passar um pouco mais sobre nós e nossas idéias. Para começar a falar do “Ma-china”, precisamos voltar a 1993, quando fizemos nossa primeira apresentação como Unmasked Brains. As músi-cas foram compostas naquele período inicial da banda, inclusive quase todas constam em nosso primeiro registro que foi a fita demo “Unmasked Brains”. Na época não ha-via a quantidade de estilos dentro do metal como se tem hoje, e ficamos mais próximos ao Thrash Metal, com al-gumas nuances diferenciadoras. Com a pausa e posterior retorno às atividades, era uma ideia em comum de todos nós gravar novamente aquelas músicas, pois queríamos tê-las com uma qualidade que não se atingia antiga-mente. Então, todo esse processo de produção envolveu a retomada das atividades musicais, o novo arranjo das composições, contando com maior experiência e visão musical, e, então, a produção em si, diretamente ligada ao processo de gravação. Queríamos transmitir a energia que é gerada em nossos shows. Isso era fundamental. Assim, o primeiro passo foi a gravação das faixas de bateria, de onde vem boa parte dessa energia. Elcio (Pineschi) gravou tudo de maneira mais natural possível, sem metrônomo, ou seja, ele ditou o andamento das músicas com liberda-de, tal e como faz nos shows. Em duas sessões, gravamos toda a bateria. Uma curiosidade é que a faixa “Cloistered Life” não estava constando em nosso setlist atual. Não havia sido reensaiada (nem tampouco rearranjada). Mas como era uma música que sempre gostamos muito, no final da última sessão restavam ainda 20 minutos. O técnico perguntou se ele queria gravar um take de alguma parte, ele mandou apertar o “rec” e soltou a mão, gravou a música de primeira, após quase 20 anos sem executá-la.

Depois disso, gravamos todo o restante no home studio do guitarrista LGC, o que deu muito conforto para a harmoni-zação e gravações de tudo. O baixo foi, praticamente, tudo em uma sessão de gravação, contando com a experiência do Denner. As guitarras foram elaboradas de forma a com-plementar, a energia da bateria em baixo, sem nenhum instrumento competir (em termos de volume) uns com os outros. As vozes eram gravadas de acordo com o momen-to. Fizemos algumas experiências iniciais, e resolvemos apostar em linhas de voz, além dos guturais,e o Reinaldo gravava conforme seu rendimento. Tínhamos a tranquili-dade para registrar os melhores momentos. A mixagem ficou a cargo do LGC, que, sabendo tudo o que havia sido ali registrado, conseguiu dar a dinâmica que queríamos, com cada trecho sendo tratado de acordo com a intensi-dade que a composição necessitava. Fizemos uma master inicial em um estúdio dos Estados Unidos que pesquisa-mos pela Internet e gostamos dos trabalhos realizados. Foi fundamental para tomarmos outra medida: mandar as trilhas de bateria para que fossem tratadas por um estúdio especializado, e, assim, ganhamos justamente a sonorida-de que estávamos buscando, e então veio a master final. O processo foi demorado, mas o resultado, válido!

HELL DIVINE: O “The New Order of Disorder” tem um vídeo bastante criativo e empolgante, que conta com a atriz Lu-cia Render, do Canal Parafernália. Como ela recebeu esse convite, pois ela se encontra bem animada (risos)!Reinaldo Leal: Pois é! Hoje em dia é fundamental juntar a imagem ao som, cuidar da produção. Óbvio que, se você não tem sua matéria-prima (música) apresentável, uma roupagem bonita não vai trazer nada muito além. Com toda a arte visual criada para a banda (pelo Jobert Mello), buscamos também uma identificação visual própria para nossas apresentações. E com a idealização da Sigried, esposa do baterista, as roupas Unmasked foram criadas. Para o primeiro clipe, então, queríamos o visual de palco, 30

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apresentando não só os integrantes, como também a identidade visual da banda. Não queríamos uma história complexa inserida nesse primeiro clipe (que isso aconte-ça nos próximos). Mas ao mesmo tempo, pensamos em alguns inserts para dar uma quebrada. Não chegou a ser um enredo. Apenas algo pontual ali. Então, juntamos três gerações para isso. Lucia Render, que é mãe do vocalista Reinaldo Leal, que por sua vez é pai do João Guilherme Leal, o moleque que aparece todo feliz pulando! O resul-tado ficou muito bom, tanto na qualidade das imagens quanto nos cortes e no acabamento (produção de Vinicius Horzara – Chaos Synopsys, Unearthly, Dark Tower, Agona, Lacerated and Carbonized).

HELL DIVINE: O Metal nacional hoje se encontra em uma grande fase, surgindo várias bandas e estilos para todos os gostos. Para vocês, qual o motivo desse crescimento, pois enfrentamos várias crises em nosso país.Reinaldo Leal: Excelente tocar nesse assunto. Nós expe-rimentamos dois momentos. Lá em 1993, apesar de ser o período do metal já estabelecido por aqui, a rede de distribuição e estabelecimento era muito precária, de-pendente de gravadoras e produtoras. Os fanzines eram de extrema importância na divulgação e replicação das notícias, mas ainda assim o alcance era limitado. Com o passar dos tempos, o cenário alternativo, underground, cena, seja lá que diabos isso seja chamado, assistiu a falência desse processo, e pôde dar um grande foda-se a isso tudo, pois as ferramentas atuais permitem que você consiga estabelecer um networking, divulgar seu trabalho, existir enquanto artista, independente de qualquer coisa que não seja sua própria vontade. Uma coisa em comum nesses períodos é a reclamação, lamúria, lamentação de alguns em relação ao espaço reservado ao metal. Perda de tempo. Nós não estamos em disputa com outros gêne-ros musicais. Nós temos nosso espaço estabelecido. Não se confunde com o que nós vemos em grandes festivais

de rock por aqui. Esse público é outro. Nós estamos lá também. Mas nem todos dos que vão aos tais festivais comparecem nos eventos underground. E mais uma vez, FODA-SE. Nós não queremos estabelecimento em mains-tream. Banda que participa do under e pensa em um dia ser um astro sei lá de quê, tá gastando tempo, grana e juventude no lugar errado, pense primeiro em se divertir com seus amigos. Mas isso não significa que quero ficar numa caverna ou num buraco com a cabeça enfiada. Não. Surgiu oportunidade, tem que furar a bolha, botar a cara pra fora, ocupar espaço. Mas sem fanfarronice, e sim com qualidade e com firmeza, com atitude. Por tudo isso que essa atividade se renova, e os mais velhos têm por obri-gação acolher os mais novos. Se o cara acha que “Enter Sandman” é o auge do Metal, ao invés de achincalhar com o cara, eu quero é lhe mostrar outras coisas, acolher o jo-vem. Adote o headbanger! E com isso, mais bandas, mais atividade, mais gente participando.

HELL DIVINE: Como tem sido a reação do público e a parti-cipação deles nas apresentações da banda.Reinaldo Leal: O público tem que ser conquistado a cada apresentação. Tem que ser surpreendido, se sentir parte da apresentação. Nossa onda é interagir, olho no olho. Reinaldo costuma dizer que ele, como frontman, é que tem que intimidar a multidão, e não o contrário. Mas uma intimidação maneira, convocando a galera para o jogo. E quando acontece a troca de energia, aí a máquina ganha velocidade, é a banda largando o aço e o público respon-dendo o fogo! É o que toda banda quer. Sair de um show esgotado, olhando o povo todo moído na plateia!

HELL DIVINE: Falando sobre política e os escândalos que, a cada dia, ficam mais evidentes, como vocês enxergam tudo isso? Acham que vai ter um fim?Reinaldo Leal: Os escândalos sempre existiram. Estão evidentes agora. Nossa matéria-prima é muito precária. 31

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Não adianta apontar o dedo e buscar culpados. A respon-sabilidade é de todos nós. Estamos incluídos. Se você não se incluir no problema, não enxergará a solução, que é melhorarmos como indivíduos. Melhorando individual-mente, melhoraremos o ambiente ao redor e assim suces-sivamente. Somos regidos por grandes bolsões de poder. E isso é inescapável. O processo de equalização é muito demorado, só que precisamos dar o pontapé inicial, que vem com educação de qualidade. Falta muito para isso.

HELL DIVINE: Um fato curioso foi a banda dividir uma entrevista com a polêmica Maria UPP. Por que motivo ocorreu esse fato?Reinaldo Leal: Recebemos o convite de um amigo de longa data, Alex Calheiros (que na época tinha uma banda que se destacou muito por aqui, a Slow Death). Ele comanda um programa, “Penetra”, que faz combinações inusitadas como foi essa com a Maria UPP. Foi o que dissemos ante-riormente: furar a bolha, tirar a cabeça do buraco e levar nossa música para fora dos limites, ocupar um espaço. E foi bem interessante a experiência, tanto para nós quanto para eles. O som rolou à vera, ao vivo. A única coisa que a logística não possibilitava era a captação da bateria, então levamos as trilhas pré-gravadas somente da bateria e tocamos em cima. Levamos o Elcio no bolso. Como ele raramente erra, foi como se ele estivesse tocando. Lem-bra que disse que ele gravou sem metrônomo, como se estivesse tocando ao vivo? Então. Foi a solução ideal para o momento! E o Alex conduziu de uma maneira muito des-contraída. Você não precisa bancar o palhaço ou o bobo da corte, mas essa malevolência, esse estereótipo de kid malvadeza não condiz muito com nossas personalidades!

HELL DIVINE: Vocês se definem em que estilo dentro do Metal, ou preferem não utilizar rótulos.Reinaldo Leal: Como já dissemos anteriormente, o estilo a que mais nos aproximávamos era o Thrash Metal. Com nosso retorno e essa chuva de subdivisões, para nós, bastava Metal, pois é para onde os estilos convergem. It’s all metal, man! E dessa expressão veio a ideia, o conceito de nomear o estilo como all metal. E além da abstração, há algo que nos permitimos, que é adicionar elementos musicais, dentro da coerência musical a que nos propo-mos criar.

HELL DIVINE: “Machina” já chegou em outros continentes?Reinaldo Leal: Virtualmente sim. Indonésia, Egito, Irã, Estados Unidos, Bulgária, França, Polônia, Angola, Ingla-terra, Alemanha, Portugal, México, Argentina, Índia, dentre outros. O interessante dessa entrevista é que as pergun-tas e respostas vão se complementando. Como dissemos anteriormente, as ferramentas atuais, se bem utilizadas, permitem estabelecer um bom networking, uma troca e difusão de informações que dão um excelente alcance e o mais importante, independência. O CD chega mais devagar, mas chega. E na boa, ainda temos um apego ao material físico da banda. E isso não tem mais razão de ser atualmente. É bacana, ok, o artista lançar o material físico, mas não pode ser um fator determinante. A qualidade ar-tística não está na matéria, e sim no conteúdo. A matéria é

complemento.

HELL DIVINE: Sabemos que todos os músicos sempre têm sua veia de inspiração, para o Unmasked qual banda ou músico inspirarou vocês desde o início?Reinaldo Leal: Nós temos, de fato, uma miscelânea musi-cal agregada, que acaba sendo direcionada para o metal em geral. No início de tudo, ainda adolescentes, na fase pré-Unmasked (nós estudávamos juntos), víamos todo aquele movimento em torno das bandas de Thrash Metal, e queríamos fazer parte daquilo. É inegável a influência de bandas como Metallica, Megadeth, Anthrax, Slayer, Testa-ment, entre outras. Mas além disso, o fator diferenciador vem da influência musical de cada um. Nosso baixista Denner, por exemplo, é músico profissional, de formação erudita, e é membro da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Tem uma vasta experiência musical, tendo já gravado com vários artistas nacionais e internacionais, de Maria Rita a Sepultura. Elcio Pineschi é um alucinado por bateria, busca sempre aprimorar sua técnica e tem como marca a vitalidade com que executa o instrumento. Além de Metal, curte muito os músicos de jazz e fusion, Tommy Aldridge, Dave Lombardo, Virgil Do-nati são alguns que lhe trazem aspectos musicais. LGC é um mix de tudo, pesquisador de ritmos e harmonias, com habilidade incrível para transformar uma simples idéia em algo refinado sem deixar que se perca a essência e a for-ça da composição. Talvez seja o que mais escute música fora do gênero Metal, como Dire Straits e Tears for Fears. É o cérebro do time. E o coração vai com o Reinaldo, que traz a parte mais crua, simples e direta.

HELL DIVINE: Existe algum “top 10” de discos que vocês destacariam?Reinaldo Leal: Rust in Peace (Megadeth), Symbolic (De-ath), Master of Puppets e And Justice for All (Metallica), Arise (Sepultura), Reign in Blood (Slayer), Among the Living (Anthrax), Vulgar Display of Power (Pantera), Power-slave (Iron Maiden). Não é necessariamente uma lista dos melhores álbuns, mas sim os que mais trouxeram elemen-tos para a consolidação do padrão musical da Unmasked Brains.

HELL DIVINE: Desejo sucesso e um caminho de vitórias para vocês. O espaço é livre para as considerações finais.Reinaldo Leal: Nós que agradecemos imensamente o convite para a entrevista! Cada publicação, cada atividade que se faça ao redor do universo Metal é fundamental para a manutenção disso tudo que todos nós vivenciamos. Sabemos que tudo é feito muito mais pela identificação que todos nós temos por essa cultura alternativa, então é de extrema importância que cada um faça aquilo que esteja ao alcance para integrar essa energia que circula. Acompanhem a Unmasked Brains através de nossos ca-nais principais, sendo que através do site www.unmaske-dbrains.com todos eles estão acessíveis. Um forte abraço a todos os leitores da Hell Divine!

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ENTREVISTAPOR LUIZ RIBEIRO

O RETORNO DOS DRAGOES METÁLICOSConversamos com exclusividade com Marco Caporasso (vocalista e guitarrista) da excelente banda curitibana Dragonheart, que explicou os motivos de terem ficado ausente da cena por algum tempo e sobre o retorno com “The Battle Sancuary”, álbum que finaliza uma trilogia de muito bom gosto. Confiram!

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HELL DIVINE: The Battle Sanctuary vem para fechar uma trilogia muito bem executada pela banda. Conte-nos um pouco sobre esse novo álbum. O que podemos esperar?MARCO CAPORASSO: O novo álbum é um pouco diferen-te do que já havíamos feito, com a entrada do Thiago na bateria, pudemos explorar sessões rítmicas diferentes e mais complexas. Alguns podem estranhar no começo porque estamos mais pesados e mais técnicos, mas sem perder o feeling,. Estamos curiosíssimos para ver a reação do público.

HELL DIVINE: A distância de Vengeance In Black para o novo álbum é de quase uma década. Por que essa demora para lançar de algo novo?MARCO CAPORASSO: Veja bem, durante esse tempo, lançamos a coletânea de 10 anos da banda, com uma música nova. Sei que não é muita coisa, mas queríamos comemorar e não deixar todo esse vácuo entre osCDs.

Mas essa demora é devido a diversos problemas pes-soais, principalmente com minha família, comigo e com meu irmão (problemas que o fizeram deixar a banda). O André também teve diversos problemas, que acarretaram esse atraso... A falta de apoio (de grana mesmo) foi um dos problemas também, mas não foi decisivo. Esse CD tem sabor de vitória pessoal, nós passamos pelo inferno e, como muita gente, ainda batalhamos para levar nossa música e nossas vidas de forma equilibrada e, finalmente, chegamos aonde queríamos.

HELL DIVINE: Realmente, nesse meio tempo, vocês lança-ram uma coletânea comemorando os 10 anos de banda. Algo de extrema felicidade,que merece ser comemorado, pois chegar a essa marca, no Brasil, é para poucos. Nela vocês também dão uma nova roupagem ao primeiro ál-bum. Vocês não gostaram do resultado obtido por ele em seu lançamento ou foi apenas um presente para os fãs.

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MARCO CAPORASSO: Sim, 10 anos e 3 CDs para uma banda brasileira não é fácil, mas na verdade, na primeira versão do Underdark, há diversos erros de pronuncia de inglês, do nosso antigo vocalista e quisemos corrigir isso e também a parte de solos e alguns vocais que se encai-xam melhor, como o Taborda, cantando “Mists of Avalon”. E, ao mesmo, tempo foi um presente aos fãs que não encontravam mais o primeiro CD, e pediam esse relança-mento. Daí surgiu a oportunidade de realizar esse lança-mento com a Hellion e conseguimos uma grande vitória lançando essa coletânea com a qualidade que saiu.

HELL DIVINE: O primeiro álbum da banda foi lançado pela Megahard, gravadora que dava um grande suporte a bandas nacionais, além disso, ela reunia as principais bandas nacionais para se apresentar no extinto festival Brasil Metal Union. Vocês sentem falta dessa época, na qual parecia estar abrindo uma grande porta para muitas bandas alcançarem outro patamar no Brasil.MARCO CAPORASSO: Aquela época foi mágica, sem dúvida, mas muito disso se deve ao Richard Navarro, que trabalhava na gravadora e foi “o cara” dessa safra. Ele inventou o BMU, mesmo sem ganhar um centavo ele e o grande “brother” alemão eram a força motriz. Por mais que muitas revistas não apoiassem completamente os primeiros BMU´s, aos poucos ele foi cavando seu espa-ço. Agora, o único suporte que a Megahard nos deu foi prensar o CD e nos dar alguns CDs, fora isso... tudo foi o nosso suor que conseguiu, desde a gravação até os shows mais longínquos. Falo com proprieade, a Megahard e seu dono nada mais que se aproveitaram de nós. Quanto às outras bandas, não tenho como opinar, mas creio que têm a mesma opinião.

HELL DIVINE: A referência da Dragonheart para o som de bandas alemãs é clara. E a principal referência, talvez, seja o Grave Digger. Como foi para a banda dividir o palco com seus grandes ídolos?MARCO CAPORASSO: Foi, certamente, especial. Ver como eles trabalham, como chegam ao som, o profissiona-lismo... e o companheirismo! O Grave Digger chegou a emprestar todo seu kit de bateria para o Marcelo na abertura em Santos, pois outra banda de abertura tomou todo o palco e se recusou a tirar o equipamento. Vendo isso o próprio Grave Digger emprestou seu backline. Foi algo emocionante. Mas tocamos com outros ídolos, como U.D.O, NightWish, Iced Earth, mas, certamente, a banda mais gente fina, junto com o Grave Digger, foi o Primal

Fear e o Hammerfall.

HELL DIVINE: A maioria das bandas nacionais de hoje acabam lançando seus álbuns, na maioria das vezes, de forma independente e outras apenas pela internet. Você acha que, com o passar dos anos, isso só tem a aumen-tar? Vocês também pensam em entrar nesse meio?MARCO CAPORASSO: Sim, tudo caminha para a inde-pendência. Esse álbum demoramos também porque nos faltava dinheiro para a prensagem. Pensamos em lançar online, mas como é o último da trilogia ainda quisemos realizar da forma tradicional.

HELL DIVINE: Acaba sendo curioso, mas uma entrevista sua, um tempo atrás, me chamou muito a atenção, pois fugia da música e entrava num ambiente mais político, mais precisamente a corrupção existente em nosso país. Passaram-se muitos anos e as coisas só pioraram. Você ainda enxerga uma luz para que o país saia do fundo do poço. MARCO CAPORASSO: Olha, não vejo futuro sem reforma política.. Sem partidos ou os velhos bandidos conheci-dos... Gente nova e séria, menos impostos, menos carga tributária, menos ministérios, menos vereadores, senado-res... enfiam enxugando a máquina política já é um gran-de passo para o Brasil. Mas para os verdadeiros donos do poder largarem o osso assim leva tempo.

HELL DIVINE: Quais os planos futuros para a Dragonheart? MARCO CAPORASSO: Planos para o futuro? Bom,já temos material para um novo CD. Mas antes disso queremos tocar e divulgar o CD. Mandem e-mails para mim para agendar shows [email protected], queremos divulgar o máximo possível esse CD novo, que ainda não podemos falar, mas em breve anunciaremos a gravadora.

HELL DIVINE: Muito obrigado por conceder essa entrevis-ta a Hell Divine, vai ser um grande prazer para todos da revista ter a Dragonheart em suas páginas. Eu, particu-larmente, sei que o novo álbum será excelente e sei que a partir dessas páginas outras pessoas que ainda não conhecem a banda correrão atrás de The Battle Sanctuary. Para finalizar, deixe uma mensagem para os fãs da banda.MARCO CAPORASSO: Imagina, nós é que agradecemos o espaço e creio que quando o CD sair, a tendência de shows é aumentar. É como sempre falam: os CDs são bons, mas os shows são de quebrar o pescoço. Obrigado a todos pelo apoio nesses 17 anos. Stay heavy!

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LIVE EVIL UMF

POR AUGUSTO HUNTERPLANET MUSIC - RJ - 21/02/2015FOTOS - LUIZ HENRIQUE ESTEVAM

Em fevereiro rolou o Unmasked Metal Fest, um festival organizado do Unmasked Brains, com apoio da Tomaro-ck Produções, vários companheiros e nós da Hell Divine apoiamos o evento. Como membro Carioca da equipe dessa estimada revista, fui conferir o evento no último final de semana do Carnaval, no dia 21 de fevereiro desse ano. Cascadura, não nego, é um local longe e de difícil locomoção, uma vez que sair de lá é um pouco compli-cado, mas pelo cast apresentado valeria a pena qualquer tipo de “perrengue”. Chegando no lá, vejo aquele mar de pessoas de preto, com blusas de diversas bandas, hiper lotando o evento que tinha um chamariz interessante: foi de graça, no “0800” - gíria carioca.

Em uma noite repleta de atrações incríveis, de graça ainda, não havia dúvidas de que o público lotaria a Planet Music, que infelizmente teve um problema a ser coloca-do - o calor. Infelizmente o sistema de ventilação da casa é muito fraco e aquela noite estava quente, isso do lado de fora da casa; com a iluminação, som ligado, pessoas assistindo o show e os clássicos moshs rolando, ficava praticamente insuportável ficar o tempo inteiro na casa, o que poderia ter prejudicado muito o evento, mas não rolou.

Vamos começar, pois a lista de apresentações é grande e coube ao pessoal do Killrape a abrir o evento, com seu Thrash/Death Metal sofisticado e muito bem executa-do por Nilmon Filho (dono do projeto) e a banda que o acompanha, as músicas de “Corrosive Birth” e “Corrosive Legions”, discos lançados pela banda, foram executadas com maestria. Eu que tinha curiosidade de ver a banda em palco, sanei essa vontade e posso falar que os caras não devem nada a nenhum figurão. Logo após o Killrape, as meninas do Melyra subiram ao palco com seu Metal-zão e, por conta de o evento ser grande, nada melhor do que apresentar a nova guitarrista da banda e assim foi feito; ali foi a estreia da guitarrista Alyne Carloto. A banda

se apresentou muito bem, posso falar que senti o Melyra melhor em palco na Planet Music do que no Circo Voador, quando elas ficaram com a missão de abrir para o Arch Enemy, mas aí é outra situação. Sobre o show do UMF, a banda detonou! Tocaram clássicos do Metal e as músicas de seu recém lançado EP “Catch Me If You Can”, uma apresentação incrível das meninas que detonaram!

A próxima a se apresentar foi o Thrash Metal Indígena do Tamuya Thrash Tribe, banda já conhecida do underground carioca e nacional. Luciano Vassan, Leonardo Emanoel, JP Mugrabi e o baterista Bruno Rabello mandaram ver e como o evento pedia, tocaram algumas músicas que vi-ram em seu primeiro trabalho full e as músicas funciona-ram bem, mesmo com o calor insano no local, mais e mais mosh pits explodiram. O show dos caras foi incrível, como sempre! Logo depois do Tamuya Thrash Tribe, sentimos a força da locomotiva do Syren que, como pedia o evento, também apresentou um membro novo em sua banda, mas nesse caso, já conhecido de muitos, pois se trata de Lean-dro Carvalho, exímio guitarrista que passou por bandas de renome como Unliver e Painside. Showzaço com músicas do disco “Motordevil” e do anterior “Heavy Metal”. Já no show do Syren começamos a perceber os danos do calor, o próprio Luiz Syren estava passando mal em palco, era visível; mesmo assim ele fez um grande show!

Logo após o Syren, sobe em palco o Forkill. Thrash Metal carioca destruidor, a banda sobe ao palco pra finalizar a tour do primeiro disco “Breathing Hate”, apresentando músicas do próximo disco também, que caíram como mais bombas no já ensandecido público, mostrando que o próximo trabalho deles virá devastador. Finalizada a apre-sentação, passa um tempo e ao voltar ao interior da casa de shows, já vejo o belo palco montado para o DarkTower, representante Black Metal do evento, que está em plenos trabalhos divulgando o maravilhoso debut “... Of Chaos And Ascension”. A banda foi pro palco com força total, 37

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detonando músicas do debut e de lançamentos anteriores, como a já clássica “Retaliation”, “Lord Ov The Vastlands” entre outras. O DarkTower também teve um membro ven-cido pelo calor, o baixista Bruno Valente, em uma parte da apresentação literalmente apagou em palco e quase caiu na bateria. Foi assustador, mas ainda bem que nada sério aconteceu com o músico.Não nego que, nessa a essas horas a bateria estava começando a esgotar, depois de tal maratona, mas ainda tínhamos o Hatefulmurder e o Unmasked Brains, então vamos que vamos! O Hatefulmurder, que está em divulga-ção de seu mais recente lançamento, o debut “No Peace”, subiu ao palco lotada de energia e nos brindou com um show destruidor, fazendo esse que vos escreve gastar os “últimos pontos da bateria”, aquele humilde resquício de energia para pegar em “Black Chapter”, entre outros clás-sicos da banda. Felipe Lameira, Renan, Felipe Modesto e Thomas Martin não deixaram “pedra sobre pedra” e todos que assistimos sua apresentação, com certeza saíram quebrados e cansados. Depois dessa maratona, eu estava quebrado e morto, mas vamos ao show dos donos do evento. Mesmo não tendo energia pra ter visto o set completo, vi uma parte inicial do show do Unmasked Brains e posso falar seguramente que eles fizeram uma apresentação destruidora. Assisti pouca coisa do show e vim embora, pois estava realmente des-truído da maratona de horas e horas de shows incríveis e de um calor infernal. Mas finalizando posso falar que valeu a pena passar o dia inteiro com uma galera incrível, ver shows de grandes bandas do underground Carioca tocando suas músicas e convencendo o público que nosso cenário vai bem sim, obrigado.

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LIVE EVIL SONATA ARCTICA

POR LUIZ RIBEIROAQUARIUS ROCK BAR - SP - 28/02/2015FOTOS - PEDRO LEANDRO

Quando anunciaram a apresentação do Sonata Arctica no bairro de Itaquera fiquei com um pé atrás; não acreditei que poderia ver uma banda desse patamar tão perto de casa e num bairro tão distante do centro da capital.

Mas chegando ao Aquarius, a ficha caiu vendo o público chegar em peso, mesmo sendo uma apresentação fora dos padrões habituais, pois a banda principal se apresen-tou antes das demais escaladas na noite. E disso eu falo ao final dessa resenha.

Com uma vasta excursão no Brasil, o Sonata Arctica dessa vez passou pelos quatro cantos do Brasil. Com isso, imaginaríamos uma banda de certa forma cansada e até um pouco desmotivada, mas me enganei e o show foi sensacional, com uma energia imensa e grande interação do público.

Os trabalhos começaram com “The Wolves Die Young”, som do mais recente álbum Pariah’s Child, seguida da mais ‘antiga’ “8th Commandment”, algo que me surpre-endeu bastante, pois eles intercalaram bastante músicas mais novas com as clássicas, como por exemplo, “Black Sheep”, “FullMoon” e “San Sebastian”.

O ponto fraco da noite ficou por conta de “Love”, som que facilmente poderia ficar de fora do set.

Já o encore foi algo fantástico e Tony Kakko nem precisou fazer força para cantar, uma vez que todos sabiam as letras do início ao fim de “Replica”, “Losing My Insanity” e” Don’t Say A Word”.

Um show de 80min foi pouco! Sons como “Misplaced”, “Wolf & Heaven”, entre outros acabaram ficando de fora, mas quem sabe numa próxima eles as incluem?

Finalizando, não só eu, mas muitas outras pessoas, após o término do show do Sonata Arctica não conseguiram ficar para as apresentações das bandas Seventh Seal, Sattva Rock e Perception, justamente pelo atraso da Sonata ao subir ao palco. Isso mostra que deixar bandas menores para se apresentarem tarde da noite não foi das melhores. Que isso sirva de aprendizado a todos.

Fora esse imprevisto foi tudo sensacional.

Além do mais, espero que muitas outras grandes bandas venham para a Zona Leste por conta de excelente respos-ta do público.

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LIVE EVIL - WARREL DANE

POR LUIZ RIBEIROINFERNO CLUB - SP - 28/03/2015FOTOS: PEDRO LEANDRO

Sábado, vinte e oito de março, algumas pessoas que estiveram presentes no Inferno Club puderam se sentir privilegiadas por terem feito parte de algo histórico. Um dos grandes álbuns da história do Metal, o magnifico “Dead Heart In A Dead World do Nevermore” completa quinze anos e nessa passagem do vocalista Warrel Dane pelo Brasil, o setlist é todo dedicado a ele.

Para abrir os trabalhos, a banda convidada foi a paulista Fates Prophecy, apresentando sons de toda a carreira. Seu show foi curto e bem cedo para os padrões do Metal, mas que já vem ficando bastante comum devido aos horários disponibilizados pelas casas de shows. Isso não impediu a banda de fazer uma excelente apresentação, aquecendo assim o público com sua grande referência ao Iron Mai-den, algo que Fates Prophecy nunca escondeu.

O ponto alto do show ficou por conta da clássica e conhe-cida por todos – “Pray For Your Sins”, além de um grande cover da Donzela de Ferro para finalizar sua apresentação.

Após alguns minutos e com certa demora, entra em cena o grande astro da noite, já destruindo tudo ao som de “Narcosynthesis”. Acompanhado de grandes músicos, todos os sons foram muito bem executados. Todos fizeram um excelente trabalho e isso fica claro em “Inside Four Walls” e “The River Dragon Has Come”, músicas quais

foram cantadas por todos os presentes, numa energia sensacional.

Outra que não se pode deixar de destacar é a cover de “The Sound Of Silence”, de Simon & Garfunkel. É algo fora do normal você presenciar um som tão calmo ser tocado numa rapidez e peso sem tamanho.

Finalizando a primeira parte do set com a emocionante “Believe In Nothing” e a faixa-título “Dead Heart In a Dead World”.

Depois de mais alguns minutos de espera, músicas dos ál-buns Enemies Of Reality e This Godless Endeavor fizeram a alegria dos presentes, mas “Dreaming Neon Black” foi o grande destaque e recebeu participação especial da linda e competentíssima Mizuho Lin (Semblant).

O encerramento ficou por conta da rapidíssima “Born”. Uma certa chateação acabou acometendo os fãs: a não inclusão ao set de sons do Sanctuary, mas se há uma coisa boa é que Warrel deixou no ar uma possível volta do Nevermore. Agora nos resta esperar e torcer demais porque isso aconteça!

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Em 1985, o metal era um estilo musical emergente, que estava ainda ca-minhando para se firmar, com vários de seus subgêneros se formando. E, nesse contexto, o quarteto alemão Helloween, que contava na época com Markus Grosskopf (baixo), Ingo Schwichtenberg (bateria), Kai Hansen (vocal e guitarra) e Michael Weikath (guitarra) colocava no mercado seu primeiro full lenght. A banda já havia participado da coletânea “Death Metal”, bem como lançado o EP “Helloween”, mas foi realmente com “Walls of Jericho” que conseguiram um maior destaque na cena da época. Com uma pegada bem agressiva e veloz, mas sem deixar de lado a técnica, e com altas doses de melodia, a banda mostrava ao mundo um novo gênero da música pesa-da, denominado posteriormente de Metal Melódico. Os pedais duplos e as levadas insanas do saudoso Ingo, o baixo cavalgado e marcante de Markus, e os riffs e solos memoráveis de Kai e Michael demonstravam que real-mente ali havia uma banda diferente das demais. A produção do trabalho é bem suja e crua, mas não compromete, e consegue captar com proprie-dade o som mais direto que a banda fazia naquela época, vindo a se tornar mais rebuscado nos discos posteriores, os clássicos “Keeper of the Sevens Keys”. Dentre os destaques do material temos as excelentes “Ride The Sky” (bem veloz, e com Kai mostrando que, mesmo com suas limitações, tinha um vocal bem potente), “Gorgar” (com riffs marcantes), “Guardians” (com um dos refrãos mais marcantes da banda), e a clássica “How Many Tears”, um dos grandes hinos da banda, que encerra o trabalho com chave de ouro. Uma curiosidade: quando do lançamento do álbum, em fita cassete, houve um erro da gravadora, que incluiu do lado ‘A’ a faixa “To Mega Therion”, do Celtic Frost, o que naquela época causou uma grande confusão, pois os fãs não tinham tanto acesso à informação como na atual era da internet. Posteriormente o disco foi relançado, tendo o EP “Helloween” como bônus, além da faixa “Judas”. E assim surgia o Metal Melódico, estilo que teve seu auge nos anos 90 (inclusive como o subgênero mais prolífico do metal), e hoje amarga um marasmo criativo tenebroso, pela falta de bandas ousadas como o Helloween em seus primórdios.

ESPECIAL - CLÁSSICOSPOR JÚNIOR FRASCÁ

HELLOWEENWALLS OF JERICHO

DEATHSYMBOLIC

Death, uma das bandas mais influentes da história do Death Metal (quiçá a mais), começou com uma sonoridade mais crua e direta, e foi evoluindo, tornando-se uma das mais técnicas e marcantes que o estilo já conheceu, como já havia sido perceptível em “Human”, e no maravilhoso “Individual Thought Patterns”. Mas foi nesse sexto álbum da banda que a coisa atingiu seu auge, mostrando com precisão o grau de evolução atingido pela banda. Novamente com várias mudanças de formação (apenas o líder Chuky Schul-diner, e o monstro das baquetas, Gene Hoglan, permaneceram em relação ao disco anterior), a banda teve aqui o ingresso de Bobby Koelble (guitarra) e Kelly Conlon (baixo). Com a nova formação, embora sem tanto renome como a anterior, a banda conseguiu uma sonoridade bem diversificada, com vários elementos progressivos, mas sem deixar de lado a brutalidade característica de sua sonoridade, criando diversos clássicos do estilo, como a faixa título, “Zero Tolerance”, “Empty Words” e “Crystal Mountain”. A capa do disco, criada por René Mivile, é bem obscura e, como do material suge-re, repleta de simbolismo. E a evolução da banda ainda continuou no disco seguinte, o fantástico “The Sound Of Perseverance”, infelizmente o canto do cisne da banda, devido a trágica morte de Chuck, um dos principais nomes da história da música pesada, em 2001, cuja saudade deixada é equiparada à qualidade de música boa criada.

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ESPECIAL - SER UNDERGROUNDPOR MARCOS “BIG DADDY” GARCIA

Nos dias de hoje, o que vem a ser o underground?

Se formos falar na dualidade mainstream-underground, a verdade é: é uma cena paralela, alternativa, onde todo o foco é dado às formas de arte que não recebem respaldo algum de grandes meios de comunicação ou das massas populares. Não é muito mais que isso, e nem é necessária masturbação intelectual xiita para estender a definição além destas palavras.

Basicamente, em termos de Metal, a cena underground existe ao mesmo tempo em que o estilo. O Black Sabbath mesmo tocou em circuitos de pequenos clubes em sua época. A diferença é que o esquema do “Do It Yourself” - ou “faça você mesmo” - só irá ser incorporado ao gênero após a invasão do Punk em 1977 na Inglaterra, de quem o Metal herdou essa forma de pensar o mundo. Óbvio que a inexistência de apoio ao gênero - dado como morto na-quela época - obrigou os headbangers a buscarem formas alternativas de criarem e manterem uma cena. A própria NWOBHM é fruto dessa ação underground, com bandas como Iron Maiden, Def Leppard, Saxon, Venom, Raven e outros surgindo daquela cena underground, e somente a posteriori algumas destas saíram do circuito under-ground, em que pese o fato do Iron Maiden ter mantido esta mentalidade por anos a fio - uma lida na biografia “Run to the Hills” esclarecerá o motivo de eu dizer isso. Analogamente, a cena americana, que começa a dar seus primeiros passos no final dos anos 70, com o The Rods - e são justamente eles que serão uma forte presença naquilo que chamamos de “Power Metal norte-americano” do iní-cio dos anos 80 - também apresenta este mesmo formato, tudo em circuitos de bares tanto na Costa Leste quanto na Oeste dos EUA. Metallica, Anthrax, Slayer, Megadeth, Dark Angel são nomes fortes dessa turma. E o mesmo ocorria em outros países, como Alemanha (onde o sucesso do Accept foi essencial para o Metal “Made in Germany”), Bélgica (Acid, Faithfull Breath, Crossfire e Ostrogoth), Holanda (Picture), Suécia (Bathory), Canadá (Anvil, Exciter, Piledriver, Razor, entre muitos outros), e mesmo o Brasil (Stress, Centúrias, Metalmorphose, Azul Limão, Dorsal

Atlântica, Vírus, Avenger, Overdose, entre outros), todos eles com a mesma característica: “Do It Yourself” para eventos. E podemos dizer que é ponto comum a presença de produções independentes em termos de Demo Tapes e LPs, fanzines em Xerox e tudo mais. As gravadoras da época eram independentes, ou seja, faziam tiragens limi-tadas de seus discos.

Bons tempos, mas hoje, estão no passado.

Óbvio que tudo isso acabou criando um padrão que, até hoje, é vigente: nenhuma banda nasce grande no Metal, a menos que um de seus músicos já seja amplamente conhecido - o caso de Ozzy em sua carreira após o Black Sabbath ilustra muito bem o que quero dizer, embora o início não tenha sido dos mais simples, digamos de pas-sagem - e todas precisam se submeter ao circuito under-ground antes de sonharem mais alto.

Mas, apesar disso tudo, será que o underground é o me-lhor para o músico?

É motivo para recordar alguns eventos históricos.

O próprio Iron Maiden, nome mais famoso do Metal, tem suporte da EMI desde 1979, sendo que seus sete discos clássicos são todos pela gravadora. O Metallica, que cau-sou muitos arrepios nos fãs mais xiitas do Thrash Metal ao assinar com a Elektra, lança pela parceria clássicos como “Master of Puppets”, “...And Justice for All” e “Metallica” - aquele que tem a capa preta e todos chamam de “Black Album” - Megadeth fez escola com “Rust in Peace” sendo que desde o segundo eram da EMI; o Testament alcança o sucesso com “Practice What You Preach” pela Atlantic, Slayer com a Death Jam lança “Reign in Blood” - que apesar de polêmico, foi distribuído pela Geffen Records - o Anthrax com “Among the Living” pela parceria Me-gaforce Worldwide/Island Records. Bem, o saldo fora do underground foi muito positivo para as bandas america-nas de Thrash Metal. Os colegas alemães, com exceção do Kreator - que teve a Epic dando suporte em alguns

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discos, apesar de serem da Noise alemã - permaneceram no underground, com gravadoras menores.

Até aqui, digamos que a coisa tende bastante para o lado do mainstream. Mas é preciso lembrar que uma gra-vadora major, nos anos 80, podia interferir no processo de composição das bandas, houve casos em que esta interferência foi tamanha que as bandas ficaram desca-racterizadas, lembrando o Picture com “Traitor”, Raven com “Stay Hard” e “The Pack is Back”, Twisted Sister com “Stay Hungry”, e tantos outros. Mas nunca me esqueço de uma matéria com o Overkill na revista Rock Brigade de dezembro de 1987, pouco após o lançamento nacional de “Taking Over”: a banda - no caso, o quarteto nova-iorqui-no - alegou não sofrer pressão alguma da sua gravadora (a Atlantic), a para mudarem seu direcionamento. E isso seria o mesmo que dizer que tantos discos com sonorida-des aquém do que as bandas rendiam antes de assinarem com majors era uma opção delas mesmas, buscando maior exposição e sucesso. E ela também deixa claro que não é uma questão de ser major ou underground que importa, mas da banda em si ter identidade.

A grande desvantagem de uma major é em outro aspec-to: ela é, antes de tudo, uma empresa. E ela só investe conforme você dá retorno financeiro a ela. Foi por isso que o Metal e o Hard tiveram uma queda absurda entre o final de 1991 e o início de 1992: ambos os estilos perde-ram espaço para o Grunge e o Alternativo na preferência do público. O mesmo grande público que não possui uma ligação afetiva-ideológica com as bandas. Uma ligação que, muitas vezes, existe apenas no underground. E este é o real motivo de alguns nomes que poderiam ser imensos em seus estilos preferirem se manter com públicos me-nores, mas fiéis, e sem a necessidade cruel de ter que al-terar sua musicalidade porque um ou outro estilo está em evidência. Nos 80, foi o Hard Rock californiano - chamado de Glam Metal ou Hair Metal, ou outra coisa que queira para definir a androginia visual e a musicalidade mais acessível ao público comum - nos 90 o Grunge, e de 2000 para cá, não existe muito uma predominância absoluta.

New Metal, Metalcore, e outros gêneros mais jovens, além do revival anos 80 de bandas como Enforcer e Skull Fist são os que se encontram mais em evidência, mas mesmo assim, não existe uma predominância absoluta. O fato é: as bandas mais antigas de cada um desses gêneros, no caso do Metal anos 80, algumas bandas que voltaram do túmulo, é que estão com a preferência. Os mais novos ain-da andam comendo poeira do pão que o diabo amassou e escarrou encima no underground.

Óbvio que ainda existem pessoas falando que promoters, gravadoras, assessorias, produtores e mesmo pessoas da mídia especializada ganham alguma coisa nas costas das bandas. Mas será que estas mesmas pessoas já pararam para refletir que estes que dão uma força também preci-sam viver? Que alguns possuem jornadas duplas, às vezes triplas, por conta disso? Dizer que bandas do underground não precisam de trabalhos de ponta é algo contrapro-ducente, fruto de muita alienação de desconhecimento do mundo, e mesmo de truísmo exacerbado de muitos - assunto que pretendo abordar em outro momento, em outro artigo, futuramente - e que as próprias bandas não têm como fazer, pois, como todos os citados acima, esta dedicação demanda tempo, e para quem tem que traba-lhar, isso nem sempre é algo simples. A menos que você consiga viver de sua banda, e isso é para muito poucos, para aqueles que estão no mainstream ou vivem qua-se nele. Aliás, afirmar algo assim é dizer que o trabalho alheio não tem qualidade!

No fundo, há um denominador comum que pode e já deveria ter sido encontrado. Nisso, o Brasil se encontra atrasado demais, pois na Europa, bandas do underground conseguem tocar em festivais grandes e mesmo sair no zero a zero, ou seja, se não ganham dinheiro, pelo menos não dão prejuízo aos membros. É preciso que o headban-ger saiba calar a boca para fofocas e abri-la para divulgar o trabalho alheio. Ninguém é dono da verdade...

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KhaoticArs Obscurum, Ad Cultus MortemIndependente

Por Cupim Lombardi

9,0Segundo full length desse projeto solo assinado em todas as composições, gravação dos instrumentos e programação da bateria, além da produção e mixagem por D. Profaner, também conhecida como Lady of Blood, guitarrista do Ocultan. Faz um Black Metal na sua essência com partes bem cadenciadas e agressividade na dose certa para passar suas mensagens em torno do osbcurantismo e da existência humana como em “Mankind, Protagonistis of Illusions and Lies”. Com um belo trabalho lírico, guitarra com o timbre bem conhecido por seus seguidores, faz um trabalho sombrio e agressivo, com

linhas vocais impecáveis, como na música “Die in Agony”. A capa, muito bem desenhada e o trabalho do encarte também merecem destaque pelos desenhos e ótima qualidade para um trabalho independente. A produção conseguiu dar um tom de crueza e preenchimento ao som que faz desse um álbum que deve ser apreciado pelos seguidores. Quem não assim segue perde de conhecer uma obra de grande valor no metal obscuro nacional! “Nothing of what you believed is real, only your pain”! Hail Khaotic!

RESENHAS

Imperative MusicVolume IXIndependente

Pedro Humangous

8,0Sem tempo para respirar, mais uma coletânea da Imperative Music é lançada no mercado mundial contendo dezenove músicas de bandas dos mais variados países do mundo. O nono volume dessa compilação reúne grandes nomes como Death - sim, a lendária banda americana – Devilment, novo grupo formado por Dani Filth; e Tellus Terror - banda brasileira que vem crescendo bastante no cenário nacional e mundial. Já resenhei alguns volumes dessas coletâneas e certamente essa é a mais balanceada entre todas já lançadas. A ótima qualidade das bandas selecionadas ajuda bastante no resultado final

da audição. A arte da capa, apesar de simples, é bem bonita e atrativa, o encarte é muito bem organizado, contendo informações importantes de cada banda que aqui participa. Temos participações interessantes como as suíças Darkrise - apresentando um Death/Thrash fantástico - e Blasted - com um Thrash puxado pro tradicional, na linha do Metallica - a japonesa Faintest Hope - fortemente inspirada no Arch Enemy - e a sul-africana The Fallen Prophets - riffs criativos e agressividade de sobra. O fato curioso fica por conta da grande quantidade de nomes brasileiros com bandas ainda desconhecidas da maioria do público, mas todas com um som de qualidade – afinal, esse é o propósito das coletâneas, dar mais visibilidade a bandas menos conhecidas. Gostei bastante da Southern, com suas influências de Pantera; a já conhecida e excelente Hammathaz e a Hecatomic, com um Death Metal brutal e avassalador. Parte ruim ficou com a holandesa Robby Valentine, com um rock sem sal, soando quase como um Muse, destoando completamente das demais. Resumindo a obra, esse é mais um grande registro da Imperative Music, vale a pena correr atrás e garantir sua cópia. Para as bandas que querem aparecer nos futuros volumes, recomendo entrarem em contato e garantirem seu lugar. Uma excelente inciativa em nome do underground! Que venham os próximos!

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Spartacus Imperium LegisIndependente

Por Leandro Fernandes

9,5A qualidade gaúcha, dentro do Rock e Metal, todos sabemos que é de um nível bem alto e marcante. Spartacus entra com grande facilidade entre os melhores. A banda já conta com quase 30 anos de carreira e conseguiram com “Imperium Legis” consolidar sua trajetória com muito brilhantismo. O disco é completamente Heavy Metal, com pegada forte, excelentes trabalhos de guitarras - belos solos e riffs na medida certa – sem exageros. O vocalista Marco Canto – o nome diz tudo - impõe uma técnica excelente em suas letras cantadas em português, que mostra sim uma bela sacada da banda, algo que

se encaixou como luva em todas as canções. A cozinha que é outro setor de grande destaque mostra um belo trabalho de Marco Di Martino que executa escalas de cair o queixo em seu baixo, assim como Guilherme Oliveira que comanda suas baquetas com muita força e pegada. As onze faixas cantadas em nosso idioma são todas de pura competência, começando com “Encontro de Almas” que abre o disco mostrando o que vem pela frente. Na sequência “Na Rota de Colisão”, outra excelente faixa, mostra um Heavy Metal mais técnico e direto, assim como as marcantes “Não Morra O Sentimento” e “Império Da Lei” que mostram uma verdadeira aula de baixo. Com uma pegada mais densa e arrastada “Nas Trevas Da Insanidade” muda bem o clima do disco como “Noite Sem Lua” que já mostra uma forte influência de Saxon, destaque para o refrão, mostrando ser um dos destaques do disco. Pra quem esperava algo um pouco fora do normal, encontra aqui um disco excelente e bem diferenciado dos demais. O peso imposto do início ao fim fica como uma marca registrada e mostra o verdadeiro talento e originalidade da banda em se criar um disco que poderá agradar a todos.

DethklokThe Doomstar Requiem: A Klok OperaBS Records

Pedro Humangous

5,0Tarefa difícil ouvir e resenhar esse novo disco do Dethklok. Pra quem não conhece, tudo começou com um desenho animado chamado Metalocalypse - que passa Cartoon Network americano - e trata-se de uma banda fictícia criada por Brendan Small. O cara além de desenvolver os personagens, toca todos os instrumentos, com ajuda do mestre Gene Hoglan na bateria. O seriado fez tanto sucesso, que a “banda” já lançou três discos, todos voltados para o Melodic Death Metal e, sinceramente, apesar de ser uma “brincadeira” de desenho animado, o som é melhor do que de muitas bandas sérias.

Cansados da mesmice, os caras resolveram apostar na sua própria Metal Opera. Para os que já estavam acostumados ao som característico deles, irão se desapontar bastante com “The Doomstar Requiem”. Na verdade esse registro é a trilha sonora de um episódio especial com 75 minutos de duração. Obviamente, acompanhar a animação com o som rolando deve ser muito mais interessante. O que temos aqui é uma “mistureba” sem fim, soando como musical do Muppets Babies ou um desfile dos personagens da Disney, com um pouco de Muse e umas guitarras pesadas aqui e ali. Esqueçam o Metal Extremo e pesado de outrora e, se quiser curtir, tenha a mente escancarada. É notório o esforço, a qualidade técnica e de composição de uma obra dessas, um trabalho soberbo. Existem ótimos momentos como nas faixas “The Duel”, “En Antris Et Stella Fatum Cruent” e “Blazing Star” (que contou com a ajuda de Bear McCreary, vencedor do Emmy e compositor de trilhas sonoras como The Walking Dead). Não é um álbum comum e definitivamente não é pra qualquer um. Se não levado muito a sério, garante bons momentos de diversão.

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Hagbard Rise Of The Sea KingHeavy Metal Rock

Por Pedro HumangousO Folk Metal é bastante apreciado no mundo todo, independente da nacionalidade. E não me venha com esse papo de que banda brasileira não pode falar da temática nórdica, pois qualquer banda pode, e deve, falar do que bem entender, ter as letras e a sonoridade que achar melhor. Esse é meu primeiro contato com o som do Hagbard e confesso que fiquei surpreso com a maturidade com que praticam seu Folk Metal. O gênero cresce mais a cada dia e ganha novos adeptos mundo afora, e nada mais justo do que termos nossos representantes por aqui. “Rise Of The Sea King” é o primeiro disco

dos mineiros de Juiz de Fora e já mostra que estão no caminho certo, com composições bem interessantes, músicas bem executadas e feitas por quem entende do assunto. Não espere pelo tradicional, o grupo investe na diversidade do estilo, pegando momentos super agressivos (no estilo Amon Amarth) e misturando com cantorias acústicas (impossível não lembrar do nosso querido Tuatha de Danann). A inserção indispensável das flautas dá aquele toque especial nas canções, misturadas às guitarras pesadíssimas, geram um contraste bem interessante, cativando o ouvinte logo nas primeiras audições. Os cantos em coro também empolgam bastante e nos traz o sorriso no rosto, deixando o disco leve e receptivo, mesmo contendo, em sua maior parte, vocais extremos. A gravação ficou boa, porém a mixagem pecou em alguns momentos, deixando o som um pouco embolado e confuso, com as guitarras demasiadamente altas e os vocais um pouco abafados. Um cuidado maior com a pronúncia do inglês também pode ajudar em melhores resultados daqui pra frente – mas nada comprometedor. Gostei bastante das faixas “Mystical Land”, “Let Us Bring Something For Bards To Sing” e “March To Glory”, todas épicas! A arte da capa ficou incrível e o responsável foi o brasileiro Jobert Mello, que já trabalhou com bandas como Primal Fear, Sabaton e Shadowside. Se você curte Ensiferum, Eluveitie, Korpiklaani e Turisas, não perca mais tempo e confira esse excelente trabalho de um dos melhores representantes do estilo em nosso país!

8,5

What Awaits UsAwakeSliptrick Records

Por Pedro HumangousRecentemente me fiz a pergunta: o Metalcore realmente chegou no Brasil? O estilo não teve tanto apelo por aqui como ocorreu nos Estados Unidos e visivelmente se alastrou pela Europa em poucos anos, permanecendo ativo e com uma legião de seguidores. Lançado no final do ano passado, “Awake” é o primeiro registro em estúdio dos finlandeses do What Awaits Us. O grupo é jovem e foi formado em 2010, ainda sob o nome de ArrorA, e em pouco tempo conseguiu conquistar uma base fiel de fãs por suas terras. O estilo praticado por eles é basicamente o Metalcore, na linha do As I Lay Dying, The Devil

Wears Prada, August Burns Red e afins, porém, há uma dose extra de Deathcore no som desses caras, principalmente no peso e riffs das guitarras, além da alternância nos vocais, lembrando em certos momentos algo do Emmure. É bem legal ver o impacto que causam com suas composições infernais, com um peso absurdo imposto em cada música, mas sem deixar de lado as melodias em excesso, fazendo um contrapeso interessante, dando mais dinâmica ao som. As paradinhas mortais estão por toda parte, todas as músicas são repletas de breakdowns insanos – no final da audição do disco, confesso que tive dores no pescoço. Gostei bastante do timbre as guitarras e a roupagem moderna que o trabalho ganhou na mixagem, deixando tudo bem equalizado, seco e direto. O disco contém dez músicas e pouco mais de quarenta minutos de duração no total, onde todas funcionam muito bem, dando linearidade ao trabalho. Mesmo assim, destaco as faixas “Dark Horse” (os vocais aqui são assustadores!) e “Victims” (bastante variada e cheia de sintetizadores). Vale mencionar que todo o trabalho gráfico, maravilhoso por sinal, foi feito pelo brasileiro Diego Gedoz, que deixou o CD ainda mais animal. Como sou grande admirador do estilo e pude conferir centenas de bandas que praticam esse som, posso afirmar que o What Awaits Us se difere das demais e é realmente um destaque mundial, merecendo sua atenção. Se gosta de um som agressivo, moderno e melódico, não deixe de conferir. Um dos melhores trabalhos que ouvi nos últimos anos!

9,5

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DeguellaHeadshotMs Metal Records

Por Cupim LombardiBanda no Piauí que faz um Hardcore na sua essência, com levadas pesadas e groove. Lançado em 2014, fizeram um álbum inteiro em português o que facilita o recado que é de destruição - como já diz a primeira música “Auto Destruição” - muita desgraça e alguma crítica social como em “Corrente da Escuridão”, música, aliás, que traz um ótimo trabalho da cozinha, com o baixo bem estridente e aberto e bateria na medida, sem exageros. Destaque também para a música “Alcool” que utiliza elementos diferentes, inclusive com a presença de teclado dando um ar mais sinistro ao tema. Enfim, a

produção contribuiu muito para o bom andamento do álbum, visto que deu o tom do Hardcore em uma gravação não tão limpa, que nada tira a qualidade do material. É isso aí, Hardcore nacional na veia e na essência!

8,5

Bloody ViolenceDivine VermifugeViolent Records / Oneye Records

Por Pedro HumangousSe eu tivesse que apostar minhas fichas em qual seria o grande destaque do underground brasileiro nos próximos anos, jogaria tudo o que tenho no Bloody Violence! Reconheço, não é um som de fácil assimilação. Definitivamente não é para qualquer um, “Divine Vermifuge” requer ouvidos treinados. É tanta informação jogada em você, em tão pouco tempo, que os desavisados podem ficar atordoados. Quando resolveram que iriam praticar o Technical Death Metal, levaram a coisa tão a sério que são candidatos aos mais técnicos do mundo. É impressionante o que esses caras são capazes de fazer com

seus instrumentos e criar esse emaranhado de notas que chamam de música. Quando resenhei seu EP de estreia, já tinha ficado espantado, perplexo e estupefato. E boquiaberto continuo ao ouvir esse primeiro disco completo, agora contando com o dobro de músicas do EP, totalizando oito devastações sonoras. Mas esteja avisado caro leitor e ouvinte, não será fácil digerir esse álbum. Sugiro ouvi-lo aos poucos, pois em certos momentos pode se tornar cansativo. Nos Estados Unidos esse estilo de som é muito praticado e apreciado. Aqui no Brasil ainda temos poucos adeptos e pouquíssimas bandas se arriscando por esses terrenos, porém o Bloody Violence o faz com maestria. Pra quem procura por referências, eu citaria influências de Rings Of Saturn e Brain Drill. A parte gráfica está primorosa e mais uma vez ficou nas mãos do experiente Rafael Tavares. Todos os músicos aqui dispensam qualquer elogio ou menção, desempenham seus papéis brilhantemente ao longo do álbum, principalmente Igor Dornelles, guitarrista responsável por todas as composições. As letras insanas e doentias ficaram à cargo do excelente vocalista Cantidio Fontes – que ampliou seu alcance vocal e utiliza ainda mais variações do que no trabalho anterior. O baterista Eduardo Polidori e o baixista Israel Savaris são outros dois monstros, super criativos e técnicos, completando o som encorpado e frenético da banda. O que mais dizer de “Divine Vermifuge”? Um disco desafiador, diferenciado e extremo! Sua audição é obrigatória e sua presença física é indispensável em qualquer coleção que se preze.

9,0

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N.W.77Nuclear AwakeRotthenness

Por Leandro FernandesCom bastante humor e irreverência, o N.W.77 faz um som pra não botar defeito. Com o disco Nuclear Awake a diversão é completamente garantida! O crossover da banda de é de alto calibre, técnica e competência. Marcel Ianuk consegue, juntamente aos seus companheiros, desenvolver grande agressividade, chegando a mostrar pegadas mais densas e “old school”. O mesmo leva uma linha vocal totalmente nervosa e pegada, mostrando a pegada Punk Rock que a banda possui emaranhada com o Thrash, juntamente com Rodrigo Pinto (bateria), conseguem criar uma cozinha bem homogênea

e rápida sem delongas. Marcio e PC comandam as seis cordas com riffs interessantes e solos bem elaborados, dando um peso bem “sujo” ao disco. Com uma introdução que mostra ser uma homenagem ao grande ator Charles Bronson, emendam logo uma pegada mais Punk com riffs velozes. “Hannemania” segue a destruição com um belo refrão em coro. “NAGACA” é um verdadeiro “coice de porco”, faixa de cinquenta segundos que pode ser feita uma bela roda de pogo. “Wolrdwide Death” já entra em uma cozinha mais destacada, com uma letra bastante engraçada, citando capitais do mundo inteiro. Como uma espécie de “segunda parte” do disco, “Mad Driver” e “Bacchanalia Open Air” levam uma pegada mais Thrash com bastante groove. Assim como em um todo, o disco consegue seguir a mesma pegada e diversão impostas desde o início. Claro, se você curte um som rápido e pegado, esse aqui com certeza vai embalar suas tardes de cerveja e churrasco. Recomendado do início ao fim!

9,0

BlackningOrder Of ChaosVingança Music

Por Pedro HumangousUm Power Trio de respeito, formado por nomes como Cleber Orsioli (vocal/guitarras, ex-Andralls), Francisco Stanich (baixo, ex-Woslom) e Elvis Santos (bateria, ex-Postwar), só poderia resultar em uma coisa: um discaço! “Order Of Chaos” é o primeiro registro do Blackning e já demonstra bastante personalidade em um disco composto por dez britadeiras em forma de música. O trio nos apresenta um Thrash Metal nervoso, veloz e agressivo, sem brechas para respirar ou sequer pensar, é entrar na roda e bater cabeça do início ao fim! As composições têm aquela pegada do Metal brasileiro,

lembrando um pouco de Soulfly e o próprio Andralls. As músicas são muito bem construídas e executadas, contando com uma produção de primeira – méritos para o experiente Fabiano Penna, que cuidou da produção e da mixagem. O Thrash aqui apresentado é moderno e empolgante, trazendo aquele ar de novidade, porém com um leve toque de déjà vu – fator positivo na minha opinião. As faixas são bastante homogêneas, mesclando o Thrash clássico e reto, com algumas inserções de Punk e doses extras de melodia aqui e ali. Destaque para a música “Silence Of The Defeat”, com influência latente de Exodus – uma das melhores do disco por sinal. Outra faixa que merece menção é “Censored Season”, cantada em duas línguas, português e inglês. O trio consegue ser criativo, com linhas de bateria bem interessantes, riffs viciantes e um baixo super encorpado, preciso no preenchimento de todo e qualquer espaço que ouse ficar vazio. No encarte infelizmente não fala, mas a arte feita pela Art Plague é sensacional. Pra finalizar, um excelente cover de “Thy Will Be Done” da banda Overdose. Um grande lançamento dessa banda que promete, e muito, abalar as estruturas do Metal nacional! Se ainda não ouviu, não perca mais tempo, vale cada segundo!

8,5

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WargateWargateIndependente

Por Junior FrascáFormada em 2007, na cidade de Cosmópolis/SP, o WARGATE lançou em 2012 esse seu debut autointitulado, tendo como membros Daniel Bratfich (voz/baixo), Renan Jarniac (guitarra), Tiago Janotti (guitarra/voz) e Dilsinho (bateria/voz). O som dos caras é um metal tradicional cheio de ótimas melodias, remetendo a nomes como ACCEPT, SAXON e HAMMERFALL, com um leve toque de Hard Rock, que deixa tudo bem mais interessante. É tudo bem simples e direto, mas muito bem feito, com momentos bem cativantes, que fazem o ouvinte sair cantarolando as faixas logo após a primeira audição do material.

Os destaques ficam para as linhas de guitarra de Tiago, seja nos ótimos riffs, ou nos solos dignos das melhores duplas do estilo. O disco foi gravado no Piccoli Studio, em Campinas, com masterização na Itália, tendo boa sonoridade, bem crua e suja, mas que poderia ter sido mais lapidada, pois em alguns momentos as guitarras ficaram muito abafadas e a bateria muito pasteurizada. Sem dúvida uma banda que tinha tudo para conseguir um lugar de destaque no metal nacional, mas que não teve o destaque merecido, e da qual não temos notícias se seguiram carreira após esse ótimo primeiro álbum.

8,0

Shitfun / BixeraAntimusical Cadaveric Shit (Split CD) Rotten Foetus - Deranged For Leftovers

Por Cupim LombardiEsse Split traz uma demonstração do Grind na sua essência de porradaria e, como não poderiam faltar, bizarrices no bom sentido da palavra no estilo! Lançado pela Rotten Foetus e Deranged For Leftovers, traz os Pernambucanos do ShitFun e os paulsitas do Bixera. Quem abre a porteira da podreira é o Shitfun com um Grind bem direto, cru, mas com enorme qualidade nas levadas. Vale lembrar que a banda é formada por gruitarra e bateria, onde o guitarrista e vocalista Marcos Alexandre assina a gravação do baixo. Os nomes das músicas, maioria de celebridades e uma singela homenagem em vê-las

mortas! Linhas vocais insanas e aquela caixa da bateria metralhando do Grind somam ao peso colocado na guitarra para nos presentear com uma ótima demonstração da podreira vinda do Nordeste. Os paulsitas do Bixera fazem algo mais puxado para o Grind/Gore também bem direto e com uma peculiaridade que não usam guitarra, ficando apenas bateria, baixo e vocal o que pode dar um estranhamento inicial. Cabe ressaltar que, apesar de serem fiéis ao estilo em suas linhas instrumentais, faltou um grau na produção da gravação, pois sem a guitarra exige um preenchimento que talvez a bateria pudesse contribuir. Sempre com as introduções para dar um tom “Gore” nas músicas, todos temas diretos tratando de temas singelos como o “Banho Sagrado no Rio de Fezes”. Uma produção um pouco mais trabalhada mostraria melhor a temática da banda, mas mostra potencial em sua proposta!

8,0

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Morfolk ...Until DeathUnderground Brasil Distro

Por João Messias Jr.Com 16 anos de estrada, os caras do Morfolk mais uma vez mostram devoção ao Death Metal em seu novo álbum, que carrega o sugestivo título de “...Until Death”. Composto de oito petardos, o trabalho mostra realmente como o grupo é ao vivo, sem máscaras e maquiagens, tudo aliado a uma produção competente, que deixa que canções como “One Against All” (candidata a hit nos shows), “Bloodlust” com seus solos de tirar o fôlego e a apocalíptica “w.w.w. (World Wide War)” brilhem sem o auxílio de efeitos ou coisas do tipo. Não agradará aos que apreciam um som mais limpo e bonitinho, mas a turma

liderada pelo guitarrista Reinaldo “Tio” criou um disco perfeito para os deathbangers, em especial aos que amam o que o estilo produziu nas décadas de 1980 e início de 1990. E que venham mais décadas de devoção ao metal da morte.

7,5

OdalheimWhen The Sun Has DiedRising Records

Por Leandro FernandesA capacidade inovação a cada dia e ter criatividade são coisas primordiais em uma banda, ainda mais se tratando de um Black Metal. O nordeste vem sim nos presenteando com excelentes pérolas; bandas que realmente podem ter um excelente futuro no Brasil e no mundo, o Odalheim também pode conseguir grandes conquistadas se deixarem um pouco de lado a forma clichê de fazer o Black Metal. Influências, coisa mais do que normal uma banda tê-la. No caso do Odalheim notamos algumas excelentes como Hellhammer, Bathory, Possessed e outras mais dessa linha. A pegada dos caras é boa;

procuram sim mostrar um som honesto, mas o trabalho previsível aqui é maçante e um pouco cansativo. Bateria e guitarras não mostram nada inovador, o vocal segue uma boa linha e consegue fazer um belo uso de sua voz, a bateria e o baixo fazendo a cozinha se mostra ainda mais evidente, dando a cada nota a impressão de “já ouvi isso em algum lugar”. O destaque fica para “Lucifer Deliver Us” que é bem cadenciada e diferente das demais; e para a capa do disco que ficou de primeira. A banda não é ruim, mostra sim ter um grande talento, falta apenas lapidar mais e deixar o trabalho mais inovador e interessante.

4,0

WarshipperWorshippers Of DoomLab 6 Music

Por Pedro HumangousAinda procuro, atordoado, pelo trator que me atropelou. É essa a sensação que tive ao ouvir o trabalho de estreia dos paulistas do Warshipper! A receita para o prato principal é simplesmente perfeita: capa com Marcelo Vasco, que já trabalhou com bandas como Machine Head, Soulfly, Borknagar, etc; e masterização com o experiente Brendan Duffey (Norcal Studio). Algumas coisas me incomodaram na mixagem, as guitarras estão muito agudas e a bateria mais evidente que os demais instrumentos, gerando certo incômodo e um clima de urgência na audição – mas aos poucos você se acostuma e

não compromete o resultado final. Gostei muito dos vocais ensandecidos e urrados de Renan Roveran, que também

8,0

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Dancing FlameCarnival of FlamesAlternative Music

Por Luiz RibeiroNão é muito habitual vermos grandes bandas de Hard Rock no Brasil, mas Dancing Flame pode ser considerada uma exceção. Com um som mais puxado para o Hard Europeu, “Carnival Of Flames” traz, além de uma banda competentíssima, sons de excelente qualidade. Músicas como “Dreamweaver”, “Higher Place” e “Fortress Of Belief” são grandes exemplos. Além disso, o álbum recebe participações especiais de renome como Mark Boals (Yngwie J. Malmsteen) na faixa “Follow The Sun” e D. C. Cooper (Royal Hunt) em “Dry My Tears”. O investimento em qualidade sonora e visual

também merecem destaque, pois o álbum - muito bem produzido, aliás - teve a honra do contar com o já conhecido Mark Wilkinson para o trabalho de capa. Já se passaram alguns meses desde o lançamento de “Carnival Of Flames” e talvez não só o público, mas a mídia, acabaram não dando o espaço merecido a essa excelente e promissora banda, porém nunca é tarde para nos redimirmos. Aí está um dos grandes lançamentos de 2014 para que todos possam correr atrás de ouvir um grande trabalho.

8,5

assume as guitarras. O lance aqui é jogar a carreta desgovernada e sem freio ladeira abaixo. É Metal Extremo, brutal, de certa forma inovador e moderno, encontrando abrigo na casa do Death e Thrash Metal. Tirando a introdução e uma faixa instrumental, são cinco faixas incansáveis e velozes, sem tempo para respirar, o disco é todo intenso. Existe ainda uma faixa bônus que fecha o disco, a versão Blackened de “Absence Of Colors”, que ficou animal com a participação de André Evaristo (Torture Squad), Manoel Hellsen, Adauto Xavier (Vulture) e Adriano Perfetto (ex-Bywar). Minha favorita nesse trabalho foi a “Paranormal Connection”, bem violenta e variada, me lembrando bastante uma mistura entre o Hypocrisy e o Destruction. Uma pequena correção na produção desse disco ajudaria muito, mas “Worshippers Of Doom” já impressiona bastante e nos faz pensar no que esse grupo ainda pode fazer daqui pra frente! Belo cartão de visitas!

Old BoySongs From My SadnessIndependente

Por Luiz RibeiroEsse álbum nada mais é do que um projeto audacioso e bem desafiador de Bemilson Santos da banda Poseidon. Lançado de forma independente, “Songs From My Sadness” é um álbum que não irá agradar a todos e com certeza poucas pessoas se identificarão com o som contido nele. Com uma linha acústica, progressiva e bastante melancólica, tudo é feito com grande capricho e vale ressaltar que as cinco músicas desse EP seguem todas o mesmo segmento. Logo, se você não é habituado a esse tipo de som, passe longe! Agora se você é uma pessoa com mente aberta e disposta a conhecer

estilos e projetos “diferentes”, vale a pena conferir! Tudo é feito por apenas duas pessoas do já citado OldBoy e Marco Alexandre, que além da produção em conjunto, ficou responsável por bandolins, teclados, guitarras e backing vocals. Resumindo: um álbum muito diferente.

6,5

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Infernale NightstormIndependente

Por João Messias Jr.Se Primitivo, debut do grupo paulista de Black Metal, já havia causado boa impressão, este novo trabalho tem tudo para continuar o bom caminho dos caras rumo ao topo do Black Metal nacional. Composto de duas faixas, a que leva o nome ao trabalho e uma surpresa que falo nas próximas linhas, chamam a atenção logo de cara pela excelente produção feita por Augusto Lopes (Fanttasma, Imminent Attack), vindo dar peso e nitidez, sem cair no lance da pasteurização. Falando de Nightstorm, tem todos os ingredientes que os fãs do estilo gostam: rispidez, climas e algumas passagens cadenciadas,

tudo bem dosado e com destaque aos vocais de Áscaris, que não cai nas armadilhas do estilo, mostrando segurança, força e agressividade nos momentos certos. A segunda música do trabalho é uma versão para Estados Alterados da Mente (Titãs), que não é muito diferente da do grupo de Nando Mello e Tony Belloto. Apenas foi “transportada” ao universo Black e caiu como uma luva, dando mais pontos ao II pela ousadia. A nota é apenas essa que o leitor viu por se tratar apenas de duas canções, mas que nos deixa animados para o que vem pela frente.

8,0

Addicted To PainQueen Of All LiesIndependente

Por Pedro HumangousO grupo é novo (criado em 2013) e a formação é altamente experiente, contando com músicos de bandas como Shadowside, Seventh Seal e Skin Culture. O que esperar então do trabalho debutante dessa jovem banda? Do Addicted To Pain, o correto é esperar o inesperado. Nada aqui se assemelha a algo já ouvido anteriormente, eles trazem na bagagem bastante experimentalismo e diversos estilos misturados, criando algo interessante e de certa forma único. Não ache também que criaram algo de outro mundo, pois o forte das composições é a simplicidade, o bom gosto em aliar o

peso e a leveza das músicas em um som cativante. João Paulo Pretti me parece ser o mentor desse projeto, sendo responsável pelos vocais, todas as composições e as linhas de teclado – com exceção da música “The Kings Never Die”, performados por Jr.Carelli (Noturnall). Sua voz diferenciada e peculiar demorou um pouco a me agradar, mas após assimilar sua proposta, as músicas finalmente me convenceram e ganharam meu gosto. Os teclados são muito bem encaixados e dão um ar de modernidade ao som, que muitas vezes tem um apelo Pop, Gothic, Prog e Hard Rock. Gostei bastante dos solos e riffs de guitarra de Thiago Oliveira, bem limpos e criativos, dando ainda mais energia às músicas. Marco Dotta (bateria) e Fábio Carito (baixo) também não deixam por menos e executam um trabalho de alta qualidade na cozinha bem entrosada e precisa. O EP foi gravado no famoso Norcal Studios, com produção de Brendan Duffey e Adriano Dagga, deixando tudo o mais próximo da perfeição possível. Para a arte da capa, o grupo escolheu o excelente artista brasileiro Gustavo Sazes, que apesar de ter feito um ótimo trabalho, foi uma das capas que menos gostei de seu portfólio. “Queen Of All Lies” é um belo registro de estreia e conta com quatro interessantes composições, tendo como minhas favoritas “The Kings Never Die” e “Angel In My Mind”. Mais um grupo que surge com grande potencial no cenário nacional!

7,5

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Scourge Hate MetalCogumelo Records

Por Pedro HumangousO Metal é com o ouro que reluz quando escavado nas Minas Gerais. Esse lugar tem o dom de gerar ótimas bandas em seu terreno fértil e frutífero. O estado foi berço do Metal Extremo no país, quando, na década de 80, revelou grandes nomes para o mundo – nem preciso citar nomes certo? Em 2010 a banda deu seu pontapé metálico com o disco “... On The Sin, Death, Lust And Hate...”, muito bem recebido pela crítica. “Hate Metal”, apesar de contar com uma formação totalmente diferente - somente o vocalista e baixista Juarez Távora permaneceu - é uma continuação digna e aguardada da banda. O

grupo aposta no Death Metal old school, feito com maestria e bom gosto, totalmente enraizado em seus primórdios do estilo, sendo impossível não pensar no Sarcófago. A faixa de abertura já é um estupro aos ouvidos, após uma breve introdução (marcha fúnebre), “Senteced To Die” destroça os ossos do pescoço com seu convite explícito ao headbanging, um Death Metal insano e cadenciado na medida certa. O timbre das guitarras está ignorante, sujo e pesado! A gravação nos leva a uma viagem no tempo, remetendo à sonoridade típica das bandas dos anos 90, principalmente pelo som da bateria e dos vocais. Outro destaque fica para a faixa “Orgy In Paradise” e seus riffs puxados para o Thrash Metal - me lembrou algo do Kreator - repletos de melodia em ritmos mortais e hipnotizantes. A capa, apesar de simples, é bem legal e foi desenvolvida por Fernando Lima. Vale mencionar as participações especiais dos vocalistas Anticristo (Sarcófago), Fernando Lima (Drowned), Rodrigo De Carya (Lustfull) e Manu Joker (Uganga). O Metal da morte recebe doses extras de ódio e unidos formam esse belo registro composto de oito hinos da música extrema! Entendo que a proposta dos caras é ter essa sonoridade da velha escola, porém, acredito que se investirem em uma gravação mais atual, podem chegar ainda mais longe, mundialmente falando. Independente disso, o Scourge tem um futuro brilhante se continuarem nesse caminho. Aguardo desde já ansioso pelo próximo trabalho!

8,5

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