HÉRNIAS INGUINAIS

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HÉRNIAS INGUINAIS Martini, Rafael R.; Dozza, Marcos P.; Rossatto, Thales Universidade de Passo Fundo Consistem na protrusão anormal de um saco com revestimento peritoneal através da cobertura musculoaponeurórica do abdômen. A fraqueza da musculatura da parede abdominal, podendo ser de origem congênita ou adquirida, resulta na incapacidade de manter o conteúdo visceral da cavidade abdominal em seus locais normais. Cerca de 75% das hérnias ocorrem na região inguinal, sendo que 50% são hérnias inguinais indiretas e 24% são hérnias inguinais diretas. As hérnias femorais representam 3% dos casos de hérnias 1 . a maioria das hérnias ocorre em homens, exceto hérnias femorais que são mais freqüentes em mulheres. A ocorrência à direita de hérnias inguinais é mais comum. Anatomia da Região Inguinal Inicialmente, devemos ter conhecimento sobre as várias camadas da parede abdominal ao nível do canal inguinal: pele, tecido adiposo subcutâneo (fáscia de Camper e fáscia de Scarpa), fáscia oblíqua externa, fibras do músculo cremastérico, estruturas do cordão espermático, aponeurose do músculo transverso abdominal, fáscia transversalis, tecidos pré- peritoneais (tecido adiposo, vasos, nervos, linfáticos) e peritônio. As veias epigástricas superficiais se encontram entre as fáscias de Camper e Scarpa. O canal inguinal, apresentando cerca de 4 cm de comprimento, é localizado 2 a 4 cm cefalicamente ao ligamento inguinal e representa um canal entre o anel inguinal profundo e o anel inguinal superficial. O trajeto do canal inguinal é no sentido inferomedial e de profundo para superficial. É limitado superficialmente pela aponeurose do músculo oblíquo externo. A parede cefálica é constituída pelo músculo oblíquo interno, músculo transverso abdominal e pelas aponeuroses desses músculos. A parede inferior lê limitada pelo ligamento inguinal e ligamento lacunar. A parede posterior é formada pela fáscia transversal e pela aponeurose do músculo transverso abdominal. O conteúdo do canal inguinal compreende o funículo espermático nos

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HÉRNIAS INGUINAIS

Martini, Rafael R.; Dozza, Marcos P.; Rossatto, Thales

Universidade de Passo Fundo

            Consistem na protrusão anormal de um saco com revestimento peritoneal através da cobertura musculoaponeurórica do abdômen. A fraqueza da musculatura da parede abdominal, podendo ser de origem congênita ou adquirida, resulta na incapacidade de manter o conteúdo visceral da cavidade abdominal em seus locais normais.

            Cerca de 75% das hérnias ocorrem na região inguinal, sendo que 50% são hérnias inguinais indiretas e 24% são hérnias inguinais diretas. As hérnias femorais representam 3% dos casos de hérnias1. a maioria das hérnias ocorre em homens, exceto hérnias femorais que são mais freqüentes em mulheres. A ocorrência à direita de hérnias inguinais é mais comum.

Anatomia da Região Inguinal            Inicialmente, devemos ter conhecimento sobre as várias camadas da parede abdominal ao nível do canal inguinal: pele, tecido adiposo subcutâneo (fáscia de Camper e fáscia de Scarpa), fáscia oblíqua externa, fibras do músculo cremastérico, estruturas do cordão espermático, aponeurose do músculo transverso abdominal, fáscia transversalis, tecidos pré-peritoneais (tecido adiposo, vasos, nervos, linfáticos) e peritônio. As veias epigástricas superficiais se encontram entre as fáscias de Camper e Scarpa.

            O canal inguinal, apresentando cerca de 4 cm de comprimento, é localizado 2 a 4 cm cefalicamente ao ligamento inguinal e representa um canal entre o anel inguinal profundo e o anel inguinal superficial. O trajeto do canal inguinal é no sentido inferomedial e de profundo para superficial. É limitado superficialmente pela aponeurose do músculo oblíquo externo. A parede cefálica é constituída pelo músculo oblíquo interno, músculo transverso abdominal e pelas aponeuroses desses músculos. A parede inferior lê limitada pelo ligamento inguinal e ligamento lacunar. A parede posterior é formada pela fáscia transversal e pela aponeurose do músculo transverso abdominal. O conteúdo do canal inguinal compreende o funículo espermático nos homens, o ligamento redondo do útero nas mulheres e o nervo ilioinguinal em ambos os sexos.

            O trígono de Hesselbach é limitado pela bainha do músculo reto abdominal medialmente, pelo ligamento inguinal inferiormente e pelos vasos epigástricos inferiores súpero-lateralmente. Os vasos epigástricos inferiores limitam medialmente o anel inguinal profundo.

As hérnias que se desenvolvem dentro do trígono de Hesselbach são consideradas hérnias inguinais diretas, enquanto as hérnias laterais ao trígono são hérnias inguinais indiretas, pois estas correm dentro do canal inguinal.

            O tendão conjunto é formado próximo ao tubérculo púbico pela fusão da aponeurose do músculo oblíquo interno com fibras do músculo transverso abdominal. A fáscia transversalis é a continuação descendente do músculo transversal e de sua aponeurose. O ligamento de Cooper está localizado na face posterior do ramo do superior do púbis, sendo formado de periósteo e condensações fasciais.

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Estruturas importantes do espaço pré-peritoneal são: nervos cutâneo femoral lateral e genitofemoral, vasos ilíacos externos, vasos epigástricos, o duto deferente e o linfonodo de Cloquet.

Dependendo do tamanho e da localização das hérnias ou na realização de operações anteriores, pode ocorrer distorção das estruturas anatômicas.