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    APOSTILAS OP O A Sua Melhor Opo em Con cu rsos Pbl ico s

    His tri a e Geogr afia de Rondni a A Opo Cer ta Para a Sua Real izao1

    A FORMAO DO ESTADO DE RONDNIA.

    POVOAMENTO DA BACIA AMAZNICA: PERODOCOLONIAL. CAPITANIA DE MATO GROSSO.

    PRINCIPAIS CICLOS ECONMICOS. PROJETOS DECOLONIZAO. FERROVIA MADEIRA-MAMOR

    (1 FASE E 2 FASE). CICLO DA BORRACHA(1 FASE E 2 FASE). TRATADOS E LIMITES.ANTECEDENTES DA CRIAO DO ESTADO.PRIMEIROS NCLEOS URBANOS. CRIAO

    DOS MUNICPIOS. EVOLUO POLTICOADMINISTRATIVA. DESENVOLVIMENTO

    ECONMICO. TRANSPORTES RODOVIRIO,FERROVIRIO, MARTIMO E AREO. POPULAO.

    MOVIMENTOS MIGRATRIOS. PROCESSO DE

    URBANIZAO. QUESTO INDGENA.DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL. RELEVO.

    VEGETAO. DESMATAMENTO.HIDROGRAFIA. ASPECTOS ECONMICOS. MESO E

    MICRO REGIES. PROBLEMAS ECOLGICOS.

    A CONQUISTA E COLONIZAO DA AMAZNIA E A SUBMISSODO INDGENA (A EXPLORAO, CONQUISTA E OCUPAO DA AMA-ZNIA NO CONTEXTO DO ANTIGO REGIME);

    A conquista e a colonizaoNo sculo XVII algumas misses religiosas haviam chegado regio.

    No sculo XVIII, portugueses partiram de Belm, subindo o Rio Madeira ato Guapor chegando ao arraial de Bom Jesus, atualmente Cuiab, onde

    descobriram ouro. A partir da, exploradores bandeirantes partiam embusca das riquezas minerais.Segundo o Tratado de Tordesilhas, a regio pertencia Espanha. Aps

    a entrada das Bandeiras e o mapeamento dos rios (Madeira, Guapor eMamor) nos anos de 1722 a 1747, os limites entre Portugal e Espanhaforam redefinidos pelos Tratados de Madri e Santo Ildefonso, ficando comPortugal a posse definitiva e a defesa dos limites da regio. Em 1781 foramfeitas as demarcaes da rea e no sculo XIX, fase do ciclo da borracha,iniciou-se o povoamento juntamente com a construo da ferrovia Madeira-Mamor e a explorao dos seringais.

    O atual Estado de Rondnia surgiu da diviso de terras anteriormentepertencentes ao Amazonas e Mato Grosso, tendo recebido, em 1943, adenominao de Territrio do Guapor. Em homenagem ao MarechalRondon, desbravador dos sertes do Mato Grosso e Amaznia, o territrio

    recebeu o nome de Rondnia em 17 de fevereiro de 1956, e em 1981passou a constituir mais um Estado da Federao.

    A colonizao da Amaznia e a submisso do indgenaA regio amaznica entrou na histria com o feito do espanhol Francis-

    co Orellana, o primeiro europeu a penetrar-lhe o territrio, vindo de Guaya-quil (Colmbia) e atravs dos rios Solimes e Amazonas. Ingleses e holan-deses j estavam estabelecidos com casas fortes e feitorias na costa doAmap e ao longo do rio Amazonas, quando os portugueses chegaram regio.

    A concorrncia perigosa desses estrangeiros, que mantinham inteligen-te e ativo relacionamento com os ndios locais dificultou a conquista lusitanada regio. Por outro lado, esses ingleses e holandeses, fortificados e orga-nizados em pequenas companhias, estavam dispostos a no abrir mos desuas posses na nova colnia. Eles manejavam capitais de homens denegcios e da nobreza europeia, que estimulavam o comrcio das especia-rias do Novo Mundo, objetivo principal das incurses ao continente entodesconhecido. Os franceses, por sua vez, tambm foram fortes entraves colonizao portuguesa, oferecendo resistncia conquista da Amaznia,

    iniciada somente aps a derrocada do sonho da Frana Equinocial (SoLus do Maranho), em 1615, e quando o Amap foi incorporado definitiva-mente ao territrio brasileiro, no incio do sculo XX.

    Quando Francisco Caldeira Castelo Branco fundou Santa Maria de Be-lm do Gro-Par, em 12 de janeiro de 1616, que foi o passo inicial daconquista da Amaznia portuguesa, os franceses j haviam explorado o rioTocantins at o Estado que emprestou o nome deste caudatrio do Amazo-nas. Hbeis e inteligentes na arte de agradar os ndios, com os quaismantinham intenso comrcio, eles foram os primeiros a chegar s terras

    dos Tocantins. Monsieur Baut, um dos 40 soldados expedidos do Mara-nho ao Par, por Daniel de la Touche, senhor de La Ravardire (1610),sob o comando de La Blanjartier, topara com a Serra dos Carajs, sproximidades da atual Usina de Tucuru. Outra incurso francesa iniciou em18 de julho de 1613, quando o prprio Daniel de la Touche, chefiando 40soldados, dez marinheiros e 20 chefes indgenas, adentrou ainda mais pelorio Tocantins, penetrando pela foz. O historiador Almeida Prado relata ahistria do fidalgo francs La Planque, que chegou confluncia do Tocan-tins com o Araguaia e empreendeu nove meses de viagem rio cima,convivendo com os indgenas da regio. Quando pretendeu voltar a SoLus do Maranho, por volta de 1616, La Planque soube da rendio deseus compatriotas aos lusos e decidiu refugiar-se entre os ndios amigos,no Tocantins, onde adentrou ainda mais e permaneceu por 13 anos, tendoali formado famlia e procriado, presumidamente.

    Os primeiros tempos coloniais foram marcados por uma srie de com-bates militares, dos quais participaram soldados, colonos, missionrios e ogentio local. A colaborao dos padres franciscanos da Provncia de SantoAntnio, admirveis missionrios, foi fundamental nessa fase, apaziguandoos nimos entre ndios, colonos e militares. Sem eles, talvez as lutas seriammais longas e sangrentas e a colonizao mais difcil e lenta, porque aconquista do novo continente no exigia apenas a ao militar, impunha-sea ajuda das populaes nativas que possuam o conhecimento das peculia-ridades regionais e serviam de guia, constituindo-se ainda em volumosocontingente para as operaes de guerra.

    A primeira fase desse esforo luso-brasileiro teve 30 anos de durao.Pedro Teixeira, Feliciano Coelho, Jernimo de Albuquerque, Pedro daCosta Favela, Bento Maciel Parente, Pedro Baio de Abreu, Lus Aranha deVasconcelos, Feliciano Coelho de Carvalho, Aires de Sousa Chichorro e

    Joo Pereira de Cceres so figuras que se destacaram neste perodoherico de jornadas de sangue. A esses devemos juntar os nomes dos freisAntnio de Merciana e Cristovo de So Jos, o primeiro comandandocentenas de ndios e o ltimo coordenando a retaguarda, mobilizandoreforos ou evitando que o gentio engrossasse as fileiras adversrias.

    Com os inimigos vencidos e j coletados os informes sobre a regio,coube a Coroa Portuguesa resolver o problema da expanso de seu dom-nio ao norte, pela costa do Amap, at o Oiapoque; em direo oeste,procurando encontrar a fronteira do domnio espanhol; e em direo ao sul,para estabelecer contato e manter a unidade territorial do Imprio que sefundava desde o litoral at o serto interior. O meio geogrfico, a poucadisponibilidade humana e as injunes polticas internacionais eram obst-culos que teriam de ser equacionados, para consolidar a empreitada que oslusos souberam conduzir com habilidade, constncia e eficincia. Portugalempurrou a fronteira tordesilhiana para o norte e oeste, plano geopolticodefendido e garantido por todos os meios e modos. A colonizao daAmaznia obedeceu estratgias espiritual, econmica e poltica, servindointeresses imediatos e nacionais, coordenados por Lisboa, onde homensrealsticos e com mais de cem anos de experincia apreendida na coloniza-o da frica, Oriente e no prprio Brasil, ditavam as regras do jogo. Duran-te dois sculos, os lusitanos conduziram a ocupao da regio sua feiosem deixar de obedecer poderosa influncia da Coroa, demonstrandodeciso e ao. Mas impuseram sua vontade do mesmo modo que sesubmeteram ou condicionaram s exigncias do meio.

    A empreitada de Pedro Teixeira (1637) em direo a Quito (Peru) cum-pria a deciso oficial de conter a expanso espanhola no oeste da Amaz-nia. A concesso da Capitania do Cabo Norte (hoje Amap) a Bento MacielParente confirmava o propsito da conquista oficial (1645). As casas fortesque foram sendo levantadas sistematicamente pela hinterlndia no apenasserviam aos interesses do fisco, mas eram afirmaes de soberania. Elasmarcavam, no sculo XVIII, a fronteira portuguesa: no alto rio Branco, noalto rio Negro, no Solimes, no Guapor. Possuam guarnies aguerridase populaes indgenas agregadas e deram origem s povoaes locais.

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    Para consolidar a conquista sobre esse vasto territrio, Portugal con-tou, como em outras partes do Brasil, com poucos imigrantes. Os primeirosforam soldados, missionrios, funcionrios e colonos que se deixaramseduzir pelo noticirio fabuloso que circulava em torno das pretensasriquezas fceis e abundantes do extremo norte. Os casais de Ilhus, aori-anos, expedidos para a regio, ainda no sculo XVII, no compuserampartidas apreciveis. Os escassos elementos portugueses, mamelucosnordestinos, escravos africanos e a multido indgena foram os que leva-ram avante a empreitada colonizadora emanada de Lisboa. H quem afirme

    que at era pombalina (1750), a regio recebeu apenas cerca de trs millusitanos em levas descontnuas, trazendo mais de 11.000 negros africa-nos, que se somaram aos nativos para consolidar o espao fsico, produzirriquezas e compor a etnia local.

    A Histria registra que Portugal no foi o primeiro a iniciar a coloniza-o da legendria terra das Amazonas, mas teve o mrito de ser o nico aexpandir e consolidar o seu vasto domnio na regio.

    Os ndiosNo final do sculo XV, s vsperas da chegada dos europeus Amri-

    ca, o continente tinha entre 80 milhes e 100 milhes de habitantes. Dessetotal, cerca de 30 milhes estariam na Amrica do Sul. Na rea do atualterritrio brasileiro havia uma populao de 3 milhes a 5 milhes de habi-tantes, segundo as estimativas mais aceitas, divididos em cerca de 1,5 milgrupos tribais tnica e culturalmente distintos. Existiam 40 grandes famliaslingusticas, com duas ou trs dezenas de lnguas cada uma, na sua maio-ria agrupadas em trs principais troncos. O tupi-guarani era o mais impor-tante entre as populaes litorneas, o macro-j predominava nos cerradose o aruak dominava na Amaznia. Dessas populaes nativas originaisrestam hoje aproximadamente 350 mil ndios, de 215 etnias e 170 lnguas.

    Sociedade indgenaAo chegar ao litoral brasileiro, os portugueses encontram povos nativos

    que no so simples caadores-coletores. Praticam uma agricultura diversi-ficadamandioca, milho, feijo, abbora, batata-doce, amendoim , aindaque com tcnica rudimentar, baseada na queimada e no plantio manual.Criam alguns pequenos animais no conhecem cavalos, porcos nemvacas, por exemplo, completando o abastecimento de carne com a pescae a caa em matas, rios e manguezais prximos das aldeias. As relaesentre as tribos so determinadas por regras e tradies sociais e polticas,como as celebraes religiosas, o enterro dos mortos, o casamento, asalianas, as guerras e as migraes.

    Os colonizadores registram sua viso inicial dos povos do Novo Mundoem numerosos textos, pinturas, gravuras e desenhos. Apesar de refletir oolhar europeu, com muitas simplificaes e preconceitos, esses documen-tos esto entre as principais fontes de informao sobre essas populaes.Tambm so importantes os estudos antropolgicos, lingusticos e arqueo-lgicos, feitos tanto quanto possvel em contato direto com os gruposnativos existentes, que ainda conservam o legado cultural de seus antepas-sados.

    Relaes entre colonizadores e indgenasNo incio, a viso dos portugueses sobre os ndios de estranheza eencantamento. Conforme o relato de Caminha, eles se espantam com anudez dos tupiniquins da Bahia, mas fascinam-se com sua inocncia. Osprimeiros jesutas surpreendem-se com o fato de que determinados grupostupis vivam "em sossego", enquanto outros, que so chamados de tapuias,como os caets e os carijs, vivam em "guerras e tropelias". Mas tanto osreligiosos como os colonos, ao conhecer mais de perto a vida de algunspovos, com seus rituais de curandeirismo e canibalismo, e ao sentir asprimeiras reaes ferozes conquista portuguesa, passam a alimentar umagrande desconfiana em relao aos nativos. O chefe dos jesutas, o padreManuel da Nbrega, classifica os ndios em geral de brbaros e defendesua dominao para convert-los e salv-los. Os colonizadores desejamque eles trabalhem nas plantaes. As tentativas iniciais de uma parceriados conquistadores com os nativos, feitas em torno do escambo do pau-brasil, no perduram. Os interesses econmicos e polticos da colonizaoimpem a submisso dos nativos de uma forma ou de outra, e a estes sresta reagir, enfrentando os conquistadores at a morte, fugindo em massapara regies distantes ou aceitando a integrao vida das fazendas evilas coloniais.

    Escravido e miscigenaoCom a falta de mo-de-obra para as lavouras, os colonos buscam na

    captura e na escravizao dos ndios a soluo para o trabalho em suasroas, plantaes, moinhos e engenhos e tambm para os servios doms-ticos. Nas regies da grande agricultura canavieira, essa soluo no semostra eficaz, e os ndios do lugar aos negros africanos. Mas, por toda acolnia, eles continuam a atuar nos mais diversos servios, como na plan-tao de roas, no transporte de alimentos, na caa em matas e na cons-truo de casas nas vilas. E continuam a misturar-se populao colonial,

    num processo intenso de miscigenao. Com a escassez permanente demulheres brancas, os colonos casam-se com ndias e tm filhos mestios,que logo representam parte expressiva da populao da colnia.

    Em regies como So Paulo, onde a utilizao da mo-de-obra indge-na constante, estima-se que no sculo XVII eles formem pelo menos ametade de toda a populao da capitania. tambm nessas regies que aaculturao se d mais intensamente, nos costumes, nas prticas religiosase no uso do idioma. Por quase todo o litoral, nos dois primeiros sculos dacolonizao, uma lngua bastante usada a "geral" ou "braslica", misturade portugus com tupi que os jesutas ajudam a elaborar para facilitar oentendimento entre colonos e ndios.

    Apesar de ser proibida por lei, a escravido indgena amplamentepraticada. Ao lado das doenas, das guerras e da fome, ela responsvelpela eliminao de dois teros da populao nativa entre os sculos XVI e

    XVIII. Calcula-se que na poca da independncia o Brasil tenha menos de1 milho de ndios, aculturados ou no.

    NAES NDIAS E GRUPOS LINGUSTICOS NAS TERRAS DOATUAL ESTADO DE RONDNIA

    Quando os exploradores da regio do atual Estado de Rondnia inicia-ram percorrer os rios afluentes e defluentes do Madeira, Mamor e Guapo-r, foram se defrontando com numerosa raa ndia, vivendo de acordo comsuas tradies, sendo uns mais agressivos - guerreiros impetuosos; outrosmenos combativos, mais pacficos e, portanto, presas mais fceis, sendoespoliados, subjugados nos aldeamentos a que foram constrangidos per-tencer, quando terminaram por ser receptadores de doenas ou levadosescravos para o servio braal da agricultura rudimentar.

    Tanto os mais valentes quanto os mais pacficos terminaram por sofrerviolento processo de extino. Aqueles, caados como feras, ou eramabatidos ou levados aguilhoados para o servio escravo.

    Acossados pela civilizao dos brancos, os grupos indgenas procura-vam locais nas cabeceiras dos rios e igaraps, ou entre os rios, para esca-parem perseguio de exploradores, permitindo-lhes sobreviver at osnossos dias.

    Nas margens do rio Madeira, viviam os muras, cuja regio, inicialmenteescolhida por eles para se estabelecerem quando chegaram de outraspartes do continente, ficava nas proximidades da foz do rio Jamari. Alipermaneceram oferecendo resistncia penetrao de aventureiros ecolonizadores, por muitas dcadas, at a segunda metade do sculo XVIII,quando iniciaram aceitar a presena de europeus. Falavam lngua isolada eeram nmades, chegando, nestas mudanas, foz do Madeira.

    Os mundurukus falavam o tupi e foram citados na primeira metade dosculo XVII, poca em que os conquistadores portugueses formavamexpedies chamadas "punitivas" ou "guerra justa" e que tinham comoobjetivo punir severamente os ndios que se recusavam aceitar a forma devida dos conquistadores.

    Inimigos implacveis dos parintintins e dos muras teriam migrado dealguma regio de Mato Grosso e, em virtude de seu esprito guerreiro,foram tenazmente perseguidos pelas expedies punitivas organizadaspelos portugueses, terminando espalhados pelos rios que ficam nas proxi-midades da foz do Madeira, onde foram praticamente exterminados.

    Os tupinambaranas teriam migrado da regio de Pernambuco e se es-palharam por todo o Madeira, tendo desaparecido ainda na segunda meta-de do sculo passado.

    Os tupi-parintintins viviam na foz do rio Maicizinho (atual igarap Maic)

    e do rio Ji-Paran. Eram temveis guerreiros, tal como os tors, do grupoxapacura, que se movimentava pelo mdio rio Madeira e que tivera atuaocanseira de combate aos invasores de seu territrio. Na foz do Madeira, osparintintins foram exterminados ainda no sculo XX . Deram origem acidade de Parintins. J a nao Iacari vivia na regio encachoeirada deAbun, na foz do rio que tem esse nome. Eram ndios pacficos, iguais aos

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    caripunas que habitavam em vrios lugares do alto Madeira. Os pamas-aruaques, e como os sanab, viviam em reas esparsas entre os riosMadeira e Mamor, em constante migrao, devido a ao combativa danao Caripuna, que vivia principalmente nas margens dos afluentes dosrios Jaci-Paran, Mutum-Paran e na margem direita do rio Madeira. Ostupis-caritianas habitavam nas margens do rio Candeias subafluente do rioMadeira.

    Os gavies, do grupo g, habitavam nas margens do mdio rio Ji-Paran. Interiorizaram-se na selva em decorrncia da explorao daquele

    rio por garimpeiros e seringueiros.No rio Machadinho, afluente do Ji-Paran, viviam os bocas- negras,

    que falavam o tupi; igualmente os rama-rama, que tambm viviam no rioAnari e rio Candeias. Os bocas-negras eram tambm chamados de bocas-pretas e viviam ainda no rio Jamari e afluentes.

    Outros grupos tupi, localizados no rio Leito, afluente do Ji-Paran,eram os miacats e os paranauates. No igarap Cacaual, hoje conhecidocomo Pirarara, afluente do Ji-Paran, viviam tribos dos ipoteuates, do grupotupi e do mesmo grupo os iabutifede, ocupando desde a embocaduradaquele curso d'gua at as proximidades do Riozinho. Na foz do igarapCacaual, entre os afluentes Branco e Colorado, habitavam os wayor, defala isolada. Esses grupos foram extintos h muitos anos.

    Os paranawat, tambm Tupi, localizavam-se nos vales dos igarapsMuqui, Leito e do Riozinho, todos afluentes do Ji-Paran.

    No rio Tamuripa, tambm afluente do Ji-Paran, ficavam os taquatp,tupi igualmente aos urumi do rio Tarum, afluente da margem direita do Ji-Paran. Quanto aos urupas, eram do grupo xapacura e se estendiam pelabacia do rio que leva seu nome.

    No vale do rio Mamor eram encontrados os ndios da nao Sanab,considerada muito valente e, no vale de seu afluente, o rio Pacas-nova,encontrava-se a nao Pacas-nova do grupo xapacura ou tapacura,txapakura, e que dominavam at o rio Jaru, onde recebiam esse nome.

    Segundo Denise Maldi Meireles, in Guardies da Fronteira, os xapacu-ras teriam vindo do rio Baures e, atravs do Mamor, foram fixar-se do ladodireito do Mamor, com incio pelos idos do sculo XVII .

    Os mojos sabaquereono foram uma grande nao conquistada pelosIncas . Seu territrio viera ser chamado por Manco Inca pelo nome de

    Moxoalpa e chamada pelos espanhis de Moxos, dividia-se em vriosgrupos espalhados pelos afluentes do Mamor. Naquele rio ficava a naoMojo Sabaquereono dividida em trs grandes aldeias.

    Os mojos falavam a lngua aruake e toda a populao mojo somava40.000 indivduos, espalhados em 72 aldeias e viviam principalmente daagricultura do milho, mandioca, cana-de-acar e algodo.

    O jesuta Augustin Zapata localizou ao longo da margem esquerda dorio Mamor aproximadamente 12.000 ndios distribudos em sete aldeias,que naqueles tempos de 1693 eram conhecidos pelo nome de cajubaba,tendo sido aldeados na Misso de Exaltacin, no baixo Mamor. Eramagricultores e hbeis canoeiros. Falavam lngua isolada.

    Os cajubabas organizavam-se em sociedade estratificada em grupa-mentos sociais, viviam em aldeia arruada, com praa e um templo, vestiam-se com tipias e nas festividades usavam lustrosas mantas e enfeites de

    prata. Eram agricultores.Na margem direita do Mamor, vivia um povo destemido que somava

    aproximadamente 4.000 almas. Eram os canichana, valentes guerreiros,inimigos dos cajubaba, eram pescadores e caadores, andavam nus esomente adotaram a tipia depois de aldeados.

    Na bacia do rio Mamor, tanto do lado portugus quanto do lado espa-nhol, viviam ainda outros povos de cultura e quantidade iguais aos aquimencionados; na embocadura do rio Guapor, no delta formado com oMamor, viviam os mor, guerreiros valentes e numerosos , dos quaispouco se tem informaes.

    No vale do rio Guapor, entre o Rio Branco e o Mequns, habitavam osndios palmela, do grupo caraba. No rio Guapor, nos campos de PauCerne, viviam os guarayo, bor , os momos e os pauserna. O campo eramuito rico daquela madeira, a qual deu origem ao nome dos pauserna.

    Juntamente aos guarayo, formavam uma nica sociedade descendente dosguaranis do Paraguai.

    Na foz do rio Corumbiara, ficavam os cabixiana; no rio Mequns, osguarategaja; ao longo do rio Branco, ficavam os macurap, aru e os arica-pu; no rio Cabixi, sarar e galera e os cabixi.

    No rio Cautrio, a nao que lhe emprestou o nome, os cautrios, do-minavam todos os tributrios daquele afluente do Guapor; eram valentes eagressivos.

    No vale do rio Corumbiara, habitavam os ferozes ndios da nao Pale-t e Guaraju, todos tupis e os guari, de lnguas isoladas , extintos h muitotempo.

    Nas cabeceiras dos rios formadores do Machado, em Vilhena, habita-vam os parecis do grupo aruaque.

    Os nhambiquaras se estendiam tambm pela regio do atual municpioat o rio Comemorao.

    No rio Pimenta Bueno viviam os tupis quepiquiriuates.Todos estes grupos indgenas identificados at 1930, sendo que nume-

    rosas tribos ainda ficaram por ser contatadas nas regies mais distanciadasda calha dos rios.

    A ocupao da Amaznia no contexto do antigo regimeO Norte a mais vasta regio do Pas, com 3,9 milhes de Km2. Seu

    efetivo populacional, segundo o Censo de 2000 realizado pelo IBGE, atingiu12.919,9 milhares de pessoas, o qual correspondeu a 7,8% da populaototal residente no Pas.

    Apesar de ser reconhecidamente uma das mais importantes regiespara o ecossistema mundial, de deter, em escala nacional, abundantes

    recursos minerais, madeireiros e agropecurio, e de esforos passadosdirecionados mais ou menos intensamente para a sua ocupao demogr-fica e econmica, o incio deste sculo deparou-se com uma regio aindamuito esparsamente povoada (3,3 kab/km2) e desigualmente desenvolvida,

    j com graves problemas sociais.No que tange ao processo recente de sua ocupao, pode-se dizer que

    ele esteve ligado, inicialmente, isto , nos anos 60 e 70, ao do GovernoFederal e s polticas de desenvolvimento econmico por ele capitaneadas.Foi a partir da expanso de formas de acumulao e de investimentospblicos que se procedeu a ocupao das fronteiras amaznicas, numaexpanso que privilegiou determinados espaos, alguns dos quais constitu-dos a partir de condies econmicas historicamente preexistentes, eoutros nos quais tais condies foram praticamente criadas.

    O fato que, segundo Oliveira (1996), possvel identificar pelo menos

    quatro grandes eixos ou plos da ocupao amaznica recente, surgidosou como frutos da expanso da fronteira ou de aes especficas patroci-nadas pelo setor pblico. Este o caso tpico da Zona Franca de Manaus,onde se gerou um grande plo moderno de crescimento industrial, idealiza-do, inclusive, com o objetivo de irradiar o desenvolvimento a vastas poresinteriorizadas da Amaznia Ocidental.

    Uma segunda expanso se d atravs do plo de Carajs, abrangendoo tringulo So Lus, Marab-Belm, muito ligado disponibilidade derecursos naturais minero-ferrferos principalmente e j desde aquelapoca inserido num contexto de globalizao, com exportaes direciona-das aos mercados internacionais. Esse plo deve gerar hoje um valor deproduo bastante superior ao da Zona Franca de Manaus, embora a favordesta deva dizer-se que parece ter hoje uma maior capacidade de internali-zar sua produo em nvel do prprio Pas.

    Um outro plo a considerar de natureza agropecuria. Prolonga-sedesde o Centro-Oeste at uma parte da regio amaznica e est vinculadoaos esquemas de acumulao prevalecentes em Estados tais como MinasGerais e So Paulo, no Sudeste. De fato, facilmente perceptvel que aRegio Centro-Oeste (Estados de Mato Grosso do Sul, Gois e MatoGrosso) tem hoje uma forte integrao com a economia do Sudeste e comum sistema de transporte orientado precipuamente para o escoamento desua produo para aquela regio ou atravs dela. Na regio Norte, esteeixo penetra pelo Sul do Par e Sul do Maranho e por reas de Rondnia,Acre e mesmo Amazonas. A construo do moderno porto de Itacoatiara,no Rio Madeira, para exportao de soja, tem a ver com a viabilizaoeconmica desse eixo.

    Finalmente, o que se poderia denominar de um plo estritamente ama-znico ficou, de certa forma, mais isolado e economicamente comprometi-

    do. Quis o Governo Federal criar, poca, atravs da colonizao, umsistema orientado no sentido de assentar migrantes com know how agr-cola, com pequenos capitais, oriundos principalmente de estados sulinos.Rondnia e o Acre foram os Estados onde tais aes teriam sido melhorsucedidas nos mbitos da agricultura e da pecuria, respectivamente.

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    A partir dos anos 80, quando se instala a crise financeira do Estadobrasileiro e as polticas pblicas passam a perder espao, fora e rigidez, aocupao da regio Norte passa a se reger, fundamentalmente, pela lgicado mercado. Abre-se um vcuo no processo de desenvolvimento regional.Nessa lgica j no est mais to presente a implementao daquelaspolticas pblicas anteriormente voltadas para o processo de integrao daRegio, para o desenvolvimento social e econmico das populaes e paraa ocupao orientada dos seus vastos espaos. Isto atinge os governosestaduais que se vm forados a buscar parcerias e a procurar integrao

    entre si no sentido de tocar algumas obras de infra-estrutura e efetivaroutras aes de desenvolvimento, por vezes na esteira de programas eprojetos pretritos parcialmente recuperados. O Acre um caso tpico nasua busca de uma maior integrao com os pases da pan-amazonia his-pnica, inclusive apoiado no interesse de Estados do Sudeste de buscaruma sada para o Pacfico com o objetivo de escoar sua produo de sojadestinada a mercados agrcolas asiticos. Isso se daria a partir da constru-o de certos eixos rodovirios, algo at agora frustrado.

    O Estado do Amazonas j viabilizou, em parceria com Roraima, a cons-truo de uma moderna rodovia de integrao com a Venezuela e com oCaribe, prevendo-se que a partir dela, breve, se poder atingir por asfalto aGuiana Inglesa. No Amap, h planos do Governo estadual de construiruma moderna rodovia para ligar Macap tanto a Manaus, a leste, como antiga Guiana Francesa, ao norte.

    Mais recentemente, esteira de preocupaes de natureza geopolticae de segurana nacional, esto sendo desenvolvidos esforos que, emltima anlise, estariam voltados para a ocupao do vasto vazio demogr-fico que ainda a Amaznia Ocidental brasileira e, consequentemente,para a prpria preservao da soberania nacional nesse vastssimo espao.De um lado, menciona-se o interesse do Governo brasileiro, via projetoCalha Norte, de responsabilidade das Foras Armadas, voltado, no so-mente para o fortalecimento militar ao longo da fronteira, como tambmpara desenvolver aes de natureza social que possam beneficiar e conse-quentemente, ao que se supe, atrair populao brasileira para rechear olado de c da fronteira.

    De outro, cumpre mencionar que j se encontram em fase preliminar dediscusso no Congresso Nacional projetos sobre a criao de novos Esta-dos e Territrios Federais na Amaznia. Um desses projetos contempla a

    criao do Estado do Tapajs, a ser desmembrado do estado do Par elocalizado na fronteira deste com o Estado do Amazonas, tendo por capitala cidade de Santarm, na confluncia dos rios Amazonas e Tapajs. Porsua vez, segundo outra proposta, tambm devero ser criados trs novosTerritrios FederaisRio Negro, Solimes e Jurua serem desmembra-dos do Estado do Amazonas e situados na atual rea limtrofe ocidental denosso Pas com o Peru, a Colmbia e a Bolvia. Finalmente, menciona-se aproposta de criao do Estado do Araguaia, a ser desmembrado do Estadodo Mato Grasso, j fora da Regio Norte, mas inserido na chamada Ama-znia Legal.

    Sem dvida, essas tendncias de ocupao, em grande parte dirigidase/ou estimuladas pelo Governo Federal e Governos estaduais, determinamou pelo menos vocacionam o crescimento populacional da Regio, talvezmenos em termos de intensidade e mais em termos de sua orientao edistribuio no vasto espao regional.

    No que tange especificamente ao crescimento populacional amaznico,pode-se dizer que, em termos de dinmica demogrfica, a Regio Norte jse acha na fase descensional das taxas de fecundidade e de mortalidade. bem verdade que a populao rural encontra-se defasada em relao populao urbana no que respeita evoluo da fecundidade, tendo apre-sentado, no perodo 1990/95, nveis ainda bastante elevados (5,6 filhos pormulher), comparativamente aos que nas mesmas datas j prevaleciam nomeio urbano amaznico (3,6 filhos por mulher) e nos quadros urbanos erurais de todas as demais regies brasileiras . Com respeito a mortalidade,h uma certa similitude entre os quadros de domiclio quanto aos nveisgerais da esperana de vida ao nascer (aproximadamente 66,0 anos, noperodo 1990/95). Pode-se at presumir que a ampla disperso da popula-o rural e o crescente processo de urbanizao venham a contribuir, emfuturo breve, para distinguir com clareza cada vez maior os respectivosconjuntos de causas de morte prevalecentes nos meios urbano e rural.Entretanto, no estgio atual, a mortalidade da regio Norte encontra-se emuma situao transacional, com forte presena das doenas infecciosas eparasitrias relacionadas com a pobreza que afeta grandes segmentos dapopulao e com a precariedade da oferta de servios essenciais, ao lado

    de uma ampla mortalidade associada a causas prprias da vida urbana,inclusive a violncia.

    O MERCANTILISMO E AS POLTICAS DE COLONIZAO DOS VA-LES DO MADEIRA E DO GUAPOR

    Para se compreender o processo e modelo de ocupao de um deter-minado lugar, importante o resgate histrico. A histria de Rondnia,como da Amaznia a prpria histria do Brasil. Resgatar o processo deexpanso de Portugal alm Tordesilhas, significa ir na trilha da construodo espao territorial do oeste brasileiro.

    A primeira fase de povoamento desta regio qual pertence Rondnia,est diretamente ligada ao perodo de expanso do colonizador portugus eocorreu entre os sculos XVII e XVIII, correspondendo procura do Ouro;tendo a vila de Santssima Trindade no Vale do Guapor hoje em terras doMato Grosso, como referencial geogrfico e passagem obrigatria dascorrentes colonizadoras procedentes de sudeste, de So Paulo pelosbandeirantes e de norte, Belm as misses.

    Deste perodo, um marco histrico que resistiu ao tempo, e que perten-ce atualmente Rondnia, corresponde s runas do Real Forte Prncipeda Beira (Tratado de Madrid, 1750) construdo em 1776.

    A segunda fase marcada pela instalao da linha telegrfica entre1907-1915, no lado leste do estado e pelo trabalho extrativo, com a conse-

    quente instalao da EFMM, um empreendimento arrojado para o perodo eque cumpriu sua funo at 1972 e que tinha por finalidade o escoamentoda borracha.

    Em decorrncia desta economia, surgem no eixo da ferrovia inmerasvilas, que imediatamente aps o declnio da borracha entram em decadn-cia. Sendo que os principais ncleos Porto velho e Guajar Mirim, em seusextremos resistem, ao de declnio da borracha. Guajar por sua vez, adqui-re um papel de plo no eixo da Vale do Guapor e Porto Velho recebe novoincremento da economia extrativista da cassiterita, sem coroar o papel decentro administrativo do territrio.

    A segunda Grande Guerra Mundial, provoca novo surto de "progresso"na rea do Alto Madeira, com a revalorizao da borracha, ocasionandonovo deslocamento da populao de outras regies do Brasil para a Ama-znia, principalmente procedentes do Nordeste (os soldados da borracha).

    O vale do Madeira cresceu em importncia econmica e estratgica, sendoelevado categoria de Territrio Federal do Guapor em 1943, juntamentecom outras reas brasileiras a exemplo do Territrio de Iguau, do Acre, deRoraima e do Amap, durante o governo de Getlio Vargas.

    A desvalorizao da borracha no mercado mundial, provocou o xododa populao e o consequente marasmo da economia da regio, sendo quea atividade mineral funcionou como uma alternativa para os seringalistascapitalizados.

    A terceira .fase, que pode ser denominada de "Ciclo da Minerao epassagem para Agropecuria". A extrao de minrio de Cassiterita (esta-nho) em Rondnia na dcada de 50, determinou novos rumos e tendnciasno desenvolvimento scio-econmico exigindo implementao de infra-estrutura necessria produo, exportao e comercializao desteminrio, como a construo de vias de transportes para ligar as reas

    produtivas s reas dos parques industriais do eixo So Paulo-Rio-MinasGerais.A construo da atual Rodovia BR 364 que liga Rondnia a estes cen-

    tros atravs de Mato Grosso, contribui para o deslocamento do corredor deexportao e importao, entre Porto Velho-Manaus-Belm, deixandoportanto de ser as cidades do norte e nordeste os p01os de atrao eco-nmica.

    A construo da rodovia, revelou a existncia de terras de "alto teor defertilidade" propcias para a agricultura, coincidindo com: a campanha deintegrao da Amaznia e da liberao de mo-de-obra agrcola das lavou-ras de sudeste que se mecanizavam; a presso social dos centros (metr-poles) urbanos;

    A quarta fase, inicia-se a partir da instalao do INCRM1970, conver-gindo para Rondnia o maior fluxo migratrio que j se teve conhecimento

    no Brasil. O INCRA desenvolveu e implantou a poltica de "assentamento",via projetos de colonizao integrados, tendo os principais neste perodo osde Ouro-Preto, Sidney Giro, Gi-Paran, Padre Adolfo Rohl e Paulo AssisRibeiro, seguidos dos novos modelos de Assentamento Dirigidos (Burareiroe Marechal Dutra).

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    O desconhecimento e a falta de um zoneamento adequado das poten-cialidades natural levou algumas criticas em relao a falta de sustentabi-lidade de tais projetos de assentamento que no contriburam para a efetivaprodutividade agrcola. Estes fatores reforaram em grande parte o "relati-vo" fracasso de muitos destes projetos, o que levou o governo no final dadcada de 70 para meados dos anos 80, a repensar os modelos de assen-tamentos, criando os projetos de Ao Conjunta (Urup e Machadinho).

    A Colonizao Oficial faz dos anos 70, o marco bsico para as grandestransformaes pelas quais passaram este Estado, conforme BECKER

    ,199" Ainda na dcada de oitenta, diante da no sustentabilidade dosprojetos e um crescente processo migratrio interno, o governo buscaalternativa atravs da elaborao de um novo programa, o PLAFLORO.Trata-se de um projeto que veio substituir os programas de governo inicia-dos durante o POLONOROESTE.

    O PLANAFLORO, props longo prazo adequar o planejamento go-vernamental a uma nova ordem, que levaria em conta a vertente ecolgico-ambiental e humana.

    Inicialmente, o projeto props dividir o Estado em 6 (seis) zonas deusos diferenciados; centrados na explorao dos recursos florestais epotencial ecolgico e tendncias das as aptides, principalmente visandodisciplinar os usos no eixo da BR 364, densamente ocupada, e altamentedegradada, cujos problemas vo alm dos pertinentes questo ambiental,principalmente os de ordem social, decorrentes do crescimento urbano, que

    se deu de forma descontrolada, cujas cidades atualmente so problemti-cas do ponto de vista do saneamento e demais servios pblicos.

    As zonas de usos diferenciados propostas so:Zona 1, intensificao da explorao agropecuria;Zona 2, prope o ordenamento das atividades de pequenos produtores

    rurais, atravs de atividades consorciadas (coletivas);Zona 3, so atividades predominantemente ribeirinhas, com o aprovei-

    tamento das vrzeas a produtos agroflorestais e pesca;Zona 4, que atualmente foi sugeridas modificaes seus objetivos inici-

    ais, onde poderiam ser desenvolvidas atividades extrativistas de exploraode castanhas, leos essenciais, etc...;

    Zona 5, indicava o manejo florestal (basicamente a extrao de madei-ra-de-lei; Zona 6, prope a preservao permanente de ecossistemas

    frgeis.Esta proposta em escala de 1:1.000.000 (milionsimo), no ofereceu

    suporte para o planejamento; para superao o governo est desenvolven-do um mapeamento na escala de l :250.000, que funcionar como suportepara posteriores zoneamentos, das mais diversas reas de interesse.

    O Vale do Guapor-Mamor uma vasta plancie d issimtrica de formatabular, formada por terrenos sedimentares recentes, cuja altitude mdiafica entre 100 a 200 metros. Estende-se desde o sop das chapadas dosParecis e Pacas Novos no Estado de Rondnia, at atingir os primeiroscontrafortes dos Andes, na Repblica da Bolvia; na direo Sudeste seprolonga pelo Estado de Mato Grosso. A poro pertencente ao Estado restrita, fica limitada na direo Leste - Oeste entre a Chapada dos Parecise rios Guapor e Mamor, ambos linhas de limite entre o Brasil e a Bolvia;na direo Norte - Sul, entre a Encosta Setentrional e rio Cabixi, nos limites

    com o Estado de Mato Grosso.Esta regio constituda por terrenos alagadios, associados a plats

    mais elevados. drenada pelas guas dos rios Guapor, Mamor e pelosbaixos cursos de seus afluentes. As enchentes dos rios inundam dezenasde quilmetros das reas mais baixas, formando lagos temporrios e am-plos meandros divagantes de escoamento bastante complexo.

    BANDEIRANTES PELO RIO GUAPORCom relao ao afluente do Mamor ou rio Guapor, somente em

    1718, o bandeirante Antnio Pires cortou o chapado do reino dos Parecis,devendo, por isso, ser considerado o primeiro descobridor do noroeste doEstado de Mato Grosso, segundo Roquete Pinto, que registra a descobertada floresta situada para os lados do Poente, ocorrida em 1736, pois nesseano "um certo Luiz Rodolfo Villa fez partir, de Cuiab, uma comitiva para

    explorar a campanha dos Pareci. A tropa cortou rumo para o Poente e nofim de algum caminhar deu em matos virgens de arvoredo muito elevado efoi apelidando de "Mato Grosso", para onde tambm os Pareci viviam scabeceiras dos rios que acreditavam correr para o Norte".

    O GRO-PARPor aquela poca, havia sido ocupada a embocadura do rio Amazonas,

    pela expedio militar de Francisco Caldeira Castelo Branco (1616) que,aps haver tomado parte na expulso dos franceses no Maranho, recebeua incumbncia de evitar a penetrao de estrangeiros. Ali Castelo Brancofundou o Forte do Prespio de Santa Maria de Belm do Gro-Par e, combase naquela fortificao, deu incio penetrao e construo de fortes efortins na bacia do Amazonas. ndios, porm, resistiram ao aParecimentode homens de outras terras. Isso resultou na estratgica fundao de

    arraiais catequticos e aldeamentos, visando pacificao dos gentios,aps o que se fazia a ocupao militar.

    Em 1722, no dia 11 de novembro, partiu do Par uma bandeira com-posta de 128 pessoas armadas com flechas, os ndios, e armas de fogo,chefiada pelo sargento-mor Melo Palheta, paraense, filho de portugus,com o intuito de assegurar os domnios de Portugal na regio e limites doMadeira-Mamor-Guapor.

    Andava a bandeira de Francisco de Melo Palheta incumbida oficial-mente de apossar-se do rio Madeira e verificar a verdadeira situao dospovoados castelhanos mais prximos.

    Partiu de Belm a 11 de novembro de 1722, e a 2 de fevereiro seguinteembocou pelo Madeira, sulcado durante 17 dias, at o local onde formou oarraial de Santa Cruz de Iriumar, confiado direo espiritual do padreJoo de So Paio.

    Palheta percorrera todo o trecho encachoeirado do Madeira com muitaslutas e fora at os domnios espanhis, no rio Mamor. Abandonou a foz dorio Guapor, onde chegara a 1 de agosto de 1723, e foi at os aldeamen-tos ndios mantidos pelos castelhanos, de onde procurou informar-se sobreas regies mais avanadas daquele rio.

    Depois de mostrar aos espanhis as pretenses dos portugueses so-bre os limites de seus domnios pelo rio Guapor, regressou a Belm no dia12 de setembro de 1723.

    A 10 de junho, preparadas mais seis canoas apropriadas s cachoei-ras, prosseguiram rio acima, com 118 pessoas, em que se incluam 88ndios de flechas e 30 armas de fogo.

    A 1 de agosto alcanou a confluncia do Itens (Guapor) com o Ma-mor, pelo qual subiu at a povoao de Santa Cruz de Cajuava, onde lhe

    foi proporcionada amistosa hospedagem, que no o impediu de intimar osmissionrios, s vsperas de outra banda se encontravam os domnios dePortugal.

    Vejamos uma narrao da viagem de Mello Palheta:A Bandeira de Francisco de Mello Palheta ao Madeira e o documento

    da narrao da viagem... Chegamos ao rio Iamari com 10 dias de viagem, econtinuando para cima aos 22 do ms chegamos a cachoeira chamadaMaguari, e na passagem dela se alagou Damasco Botelho em uma galeota,na qual perdeu o Cabo a sua capa, o que deu por bem empregado por serem servio de Sua Majestade, que Deus guarde.

    Daqui fomos cachoeira chamada Iaguerites, aonde chegamos vspe-ra de So Joo e nela vimos sem encarecimento uma figura do Inferno;porque tendo eu visto grandes cachoeiras, como so as horrveis e cele-bradas do rio dos Tapajs e do rio Tocantins, a Itaboca e as mais que se

    seguem pelo rio de Araguaia e por ele at a cachoeira do Padre Raposochamada Otimbora, pois nenhuma iguala nem tem paridade a esta do rio daMadeira na sua grandeza e despenhadeiros de pedras e rochedos to altosque nos pareceu impossvel a passagem, como na realidade, pois para apassarmos foi necessrio fazer-se caminho cortando uma ponta de terraonde fizemos faxinas, sendo o Cabo o primeiro no trabalho e dar-nosexemplo, e fizemos uma boa grade de madeira por onde se puxaram asgaleotas, no dito dia ainda se puxaram quatro supostos que com muitafadiga e j acabamos tarde, e no outro dia que foi o do nascimento de SoJoo, se puxaram as mais e se carregaram outra vez com farinhas e muni-es, que as fomos comboiar mais de meia lgua de caminho por terra.

    Daqui continuamos nossa jornada passando cachoeiras umas atrsdas outras e chegamos quinta cachoeira, a que chamam Mamiu, quegastamos trs dias em passar nela as galeotas corda, no havendo

    exceo de pessoa neste grande trabalho, e com tal perseguio depragas de Piuns, que cada mordedura uma sangria, e ficamos em umaponta aonde foi julgada que humanamente se no podia passar; e passa-mos as galeotas a outra banda do rio para haver de melhor passar, e oCabo mandou puxar a sua galeota por cima das lajes e as duas maispequenas que servem de espia, e foi esperar pelas mais canoas ilha

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    chamada das Capivaras, e pela tardana deram bem cuidado ao Cabo at9 horas da noite, que nos ajuntamos; e logo que amanheceu fomos seguin-do nossa viagem cachoeira chamada Apama vspera de So Pedro; efazendo faxinas igualmente soldados e ndios, rompemos as matas pelaterra a dentro dois quartos de lguas, em que gastamos dois dias em fazercaminho e grade, rompendo a golpe de machado e alavancas grandespedras e afastando outras aos nossos ombros com bem risco de vida.

    Esta cachoeira assinalada dos Apames to terrvel e to monstruosae horrvel, que aos mesmos naturais de cachoeiras mete horror e faz desa-

    nimar, porque de contnuo est no mais violento curso de sua desatadacorrente, o que no encareo por no ser suspeitoso, porm deixo consi-derao e representao dos experientes, pois por muito que dissera nodizia nem ainda a tera-parte do que , o que se pode perguntar igualmenteassim ao Cabo e capito como a todos os mais da companhia.

    Aqui demos ordem a puxar as galeotas, e se puxarem trs a meio ca-minho, porque uma galeota botou o beque fora cercio, desfazendo a amurae as conchas que foi necessrio pr-se-lhes rodela, ao outro dia se puxa-ram as mais; e a 2 de julho, depois das galeotas consertadas e breadasque se acabaram pelas 10 do dia, partimos e fomos seguindo a nossa

    jornada todo aquele dia, se acharmos porto capaz at s 8 da noite, porqueeste rio em si est a cair toda a beirada continuamente e de tal sorte caempedaos de terra, que deixa uma enseada feita, e fomos dormir a uma ilhade pedra donde achamos boa ressaca para as galeotas se amarrarem

    seguras; e logo que amanheceu seguimos viagem ao porto dos Montes,onde disse o guia vira um caminho que descia ao porto que era de Gentio,que habitava naquele lugar, mas no se viu trilhas nem caminhos, por estar

    j deserto; neste dito porto fomos visitados de uma praga de abelhas, assima quantidade das grandes, como a mquina das pequenas to espessascomo nuvens, buscando-nos olhos, e ouvidos e boca, e todos engolirambastantes, porque se as enxotssemos das raes ficaramos de toda alimitao que temos de farinhas, que to limitada a medida em que se d,que apenas para dois bocados de boca, e fechada cabe em uma motoda; logo tambm o que vamos comendo, so camalees e uns animais aque chamam capivaras, e alguns por se no atrever a estas poucas carnescomem s os ovos dos ditos lagartos. Peixes de nenhuma casta nem sortese acha, que das pobres espingardas que vamos passando a remediar avida.

    O cabo que nos rege no dorme nem sossega antevendo o futuro e porisso to previsto e assim vamos com muita regra com a farinha; e tornan-do nossa derrota fomos caminhando at noite que apontamos na beira-da de uma cachoeira e determinamos pass-la no dia seguinte.

    Neste lugar deu parte o Principal Joseph Aranha ao Cabo haver vistouma mui grande aboiada, que afirmam todos os que a viram teria de com-primento pouco menos de 40 passos e de grossura julgaram ter 15 a 17ps; grandes monstruosidades de animais semelhantes tem este rio, por-que com esta so duas que se tem visto nesta viagem, e outras maioresimundices se pode ver nele, porque no h dvida que estas veemnciasde pedras (nas concavidades que tm) muito mais pode criar.

    Assim que amanheceu fomos seguindo nossa jornada at ser horas deparar e tomamos porto pelas 11 do dia.

    Aos 7 do ms de junho, indo gente a descobrir campo, viram trilha nova

    de gentio e lugares frescos, o que logo deram a saber ao Cabo, que nomesmo instante mandou gente bastante para ter encontro a qualquerinvaso, ordenando ao soldado Vicente Bicudo os seguisse e os mandassepraticar para que viesse o principal sua presena, declarando-lhe os nomandava fazer montes ou amarraes nem gnero de agravo.

    Haveria espao de duas horas que tinha partido o dito soldado, quandochegaram as mais galeotas de conserva, que de retaguarda vinham, man-dou logo o Cabo ao ajudante Manuel Freire com grosso poder, fazendo-lhea mesma advertncia e que declarasse logo pazes com o dito gentio pelosmeios mais suaves de ddivas.

    Partiu o ajudante a incorporar-se com o soldado Bicudo, e por ser jtarde dormiram no mato e depois que o di to ajudante partiu, ordenou mais oCabo a Damasco Botelho engenhasse uma picada em forma de trincheira,o que logo se fez com trs guaritas, em que ficamos seguros como j para

    ter encontro ao inimigo, e assim que amanheceu foi um soldado com doisndios nossos (de licena do Cabo) a buscar a vida, quando nas mesmashoras voltou a dar parte tinha ouvido rumor de gentio e chorar de criana, oque ouvido pelo nosso Cabo mandou logo ao Capito fosse mandar praticarao dito gentio, mas este, como nunca tinha visto brancos, se puseram defugida debaixo de suas armas, e despedido o Capito para a diligncia,

    mandou o nosso Cabo guarnecer as guaritas, a os poucos ndios com quenos achvamos a defilada pela coartina, j para ter mo ao que pudessesuceder, mas tudo se acabou com a chegada do capito apresentando porpresa a um velho que no p esquerdo no tinha dedos, trs ndios e trscrianas.

    Chegou logo o ajudante com um lote de gente onde vinha o Principal,ndio moo e mui arrogante, e certo que, chegou com mui pouca vontadeporque dizem se atracara com um ndio nosso, mas que vendo o nossopoder aplacara da fria, e assim solto o trouxeram presena do nosso

    Cabo; acompanhava a este Principal, dois mocetes, seus filhos, de poucomais de 15 a 12 anos e duas ndias, mes dos ditos e mulheres do Princi-pal, com mais um rapaz e uma rapariga e todos faziam cmputo de trezecabeas.

    Fez o Cabo o possvel por uma lngua para os mandar praticar, masno se achou quem os entendesse, porque falando a nossa lngua, batiamcom as mos nos ouvidos, mostrando ter sentimento de no ouvir a nossaprtica, mas com grandiosos mimos e dadiva ficaram mui contentes esatisfeitos no que mostravam.

    Aqui Nossa Senhora do Carmo, que no falta a seus devotos, espiritouao lngua em falar-lhes em lngua de outro gentio seus conhamenas, logorespondeu o Principal gentio com um agrado ao que lhe propunha o nossolngua por cuja gria foi continuando a prtica, e sobre e por razo da pazfirme e valiosa que com eles pretendamos fazer, e na mudana de vida

    para virem ao grmio da igreja, avassalando-se como os mais gentiosfizeram, a que respondeu estava contente a certo nas clusulas e firmezada paz, e dizendo ao Cabo que o esperasse que o queria vir visitar da suaprovncia e trazer-lhe algumas coisas em reconhecimento do bem trato emimos que lhe havia dado, se queria recolher; ao que o Cabo respondeumandando-lhe dizer que tudo agradecia e que se fosse em paz, que suavontade era seguir para cima o rio, fazendo pazes e descobrimento, queno vinha fazer escravos, se no amigvel paz com todos; e aqueles quelhe quiseram impedir sua jornada tomando armas para ele, que este sim lhedeclararia guerra.

    Foi o Principal gentio em paz a sua provncia, o qual na estatura e pre-sena muito bem Parecido e os enfeites que trazia era de coleira de midascontas de fruta do mato, muito negras, e o cabelo atado atrs do molho enele um penacho, e por diante trazia o cabelo cortado, de orelha a orelha,

    os beios tintos de vermelho de uma casca de pau que mordia; as ndiascobriam o que a natureza ocultar ensina com uma franja de fio tecido, ecingiam no cinto uma enfiada de contas das ditas frutas do Mato; era paraver como festejavam os nossos avelrios: este gentio muito pobre; assuas redes so de casca de pau aqui chamados embira.

    Despedidos eles, ficamos de aposento at ao outro dia ao amanhecer,que fomos seguindo a viagem, e sendo por horas de vsperas chegamos paragem em que o rio estava tapado com uma grande cachoeira e anda-mos buscando canal com excessivo trabalho. Comeamos a passar a 9 de

    julho e a 12 do dito que samos dela, e logo avistamos o apartamento dorio que vai ao Sul, para onde seguamos a nossa jornada, deixando ofamoso rio da Madeira a Oeste, entramos pelo dito a que os espanhischamam Mamor, e neste mesmo dia passamos dele a primeira cachoeira.

    Sendo pela manh do dia seguinte depois de missa partimos a passar

    a dita temeridade da cachoeira, e posta a galeota do Cabo para ser aprimeira na passagem, no foi possvel, porque assim que fomos puxandopor ela, para subir um degrau, que s teria seis palmos de altura, por sermuito direita a queda que fazia a gua com a velocidade que despenha afria da correnteza, logo sem mais tempo nem dar tempo se foi a piquelargando toda a pobreza que levava dentro em si, sem dar tempo a que lhepudssemos acudir, porque ainda que fossem as amarras do mais finolinho no poderiam ter mo a estas grandiosas correntes.

    Ficou o nosso Cabo nesta alagao destitudo de tudo, que uma via-gem com dois naufrgios grande perdio, e sem poder neste sertoremediar-se do preciso; aqui ia morrendo um soldado afogado se lhe noacudissem; vendo o Principal Jos Aranha que a primeira se afundava nempor isso deixou de se submeter ao perigo, e querendo passar a sua, lhedisse o Cabo repetidas vezes: quantos hoje ho de ficar rfos; e indo-se j

    puxando por duas grossas cordas, tornou a repetir o Cabo aos ndios quena galeota iam, que tirassem as camisas para as no perderem; no tinhabem acabado de dizer, quando logo se foi a galeota a pique arrebentandoas duas cordas, e por grande diligncia do Cabo, a tiramos do fundo domar, que j estava cativa das temerrias pedras e soberbas ondas que faz,levantando outra vez ao alto a correnteza que vai de riba.

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    Aqui obrou Nossa Senhora do Carmo um grande milagre, porque umndio nosso chamado Martinho por enfermo dos olhos estava em uma rededebaixo dos paiis da canoa e escapou sem molstia quando a canoa sesubverteu, de sorte que o susto bastava para molestar. Estivemos dois diasconsertando as duas galeotas e no terceiro dia fomos seguindo viagem,sempre levando por proa aquela mquina de pedras e com o trabalho de irpuxando as nossas galeotas at o porto do gentio chamado Cavaripuna, ecomo os espias deram com um caminho seguido de gentio, mandou o Cabouma escolta boa procurando ao Principal daquela nao, e se recolheu a

    dita escolta com seis pessoas, a saber, um ndio de meia idade com doisfilhos maiores, duas crianas e a ndia me desta famlia. E vindo estes tais algum Pricipal, ao que respondeu o ndio pai da famlia que no, e quetemido dos brancos pelos no cativar viviam separados, cada um por seunorte distinguidos e de sua nao, solitrio ele vivia naquelas brenhas, masque sabia que o Principal Capeju que da outra banda do rio vivia desejavamuito de ter fala de brancos para se comerciar; ouvindo pelo Cabo e certifi-cado de seu dizer lhe perguntou que dia se gastaria a chamar o dito Princi-pal Capeju; disse que quatro dias e que ele mesmo o iria chamar e queesperssemos depois de passada a ltima cachoeira, e que por firmeza desua palavra deixaria na nossa companhia sua mulher e filhos; despediu oCabo ao ndio(com dois ndios mais nossos que lhe falavam a gria) combastantes mimos, de ferramentas, facas e avelrio aos 18 de julho.

    Logo que amanheceu o seguinte dia nos fomos aposentar na espera

    do gentio, onde estivemos dez dias, e como no vieram prosseguimosnossa derrota at as bocas dos rios de gua branca e de gua preta, ondechegamos no 1 de agosto.

    Este caudaloso rio dgua preta se aparta do rio Branco, correndo naboca a Sueste quarta de Sul, a cujo rio chamam os Espanhis Itenis, e odito rio Branco parte a sudeste quarta de Oeste, na entrada a que tambmos espanhis chamam Mamor. Entre estes dois rios nos aposentamos emuma longa praia de areia e daqui seguimos o rio branco por nos parecermais pequeno (como ) e este declarar sinais de habitado, porque no hestalagem de gente que nele cursa que no tenha cruz, doutrina seguidaem aquela povoao j seguimos (com estes vestgios) a nossa fatal via-gem com a esperana de aproveitar com fruto tanto trabalho e perigo devida. E sendo a 6 de agosto o sentinela que fazia o quarto da lua falou auma canoa que vinha rio abaixo com dez ndios espanhis, foi o Cabo empessoa na sua galeota tomar-lhes o encontro e falar com eles, e trazendo-os para a praia donde estvamos se informou o nosso Cabo cabalmente etomamos um guia para nos levar seguros ao porto de grande povoao desanta Cruz de Cajuava, e no seguinte dia por horas de vsperas encontra-mos cinco canoas, que iam deste rio Mamor para o de Itenis, e assim quenos avistamos levantaram uma cruz por bandeira, e perguntado-nos seramos cristos lhes responderam que sim e Portugueses, a que sorrindo-se benzendo-se todos a um tempo: cristos portugueses? ns o somos deSo Pedro, e falando com o Cabo tomamos terra, onde jantamos.

    Em 13 de junho de 1742 , um grupo de aventureiros, liderados por Felizde Lima, procurando escapar dos rigores da lei, por se achar endividado,

    juntamente a alguns sertanistas que buscavam aventura, desceram, emcanoa, o rio Sarar , embicando no Guapor, chegaram a um determinadolocal onde encontraram a bandeira de Antnio de Almeida e Morais , quan-do Tristo da Cunha Gago aderiu bandeira encontrada juntamente commais treze companheiros. Prosseguiram pelo Guapor abaixo. Tendosubido o rio Baurs, encontraram redues jesuticas e por l ficaramFrancisco Leme do Prado, Mateus Correia Leme e Joo dos Santos Ver-neck. Feliz de Lima prosseguiu viajem, realizando uma das mais importan-tes passagens por estas regies, juntamente queles outros endividados,das minas de So Francisco Xavier. Desceram o rio Guapor, Mamor eMadeira, vencendo todos os obstculos at chegarem ao Amazonas e poreste aportaram em Belm do Par, onde foram presos e, apesar do gover-nador do Maranho, cujos domnios pertenciam s regies do Par, haverachado importante tal feito - de ligao de Mato Grosso com o Atlntico, osenviou para Lisboa, quando iriam narrar pessoalmente ao governo dametrpole os seus feitos.

    A priso deu-se em virtude de haverem desobedecido s ordens reaisque proibiam a navegao pelo Madeira.

    Virglio Corra Filho assim insere no texto:( D. Joo V ) Fao saber a vs, Joo de Abreu Castelo Branco, Go-

    vernador e Capito-General do Estado do Maranho que se viu a vossacarta de 24 de fevereiro do ano passado, sbre remeteres presos a Manoel

    de Freitas Machado e Manoel Felix de Lima, em razo de que saindo dasMinas de Mato-Grosso anexas do Cuiab, com outros nove companheiros,foram por caminhos nunca praticados s terras dos domnios de Castela,para efeito de comprarem cavalos e bois e como ali se lhes no permitissedesceram quatro deles pelas cabeceiras do rio da Madeira, e passando poralgumas minas dos domnios, chegaram ao Par trs, donde logo se au-sentou um deles e como por esse excesso entendereis que esto incursosna lei de 27 de outubro de 1733, pela qual probo caminhos novos paraentrar ou sair de quaisquer minas estabelecidas chamareis ao ouvidor para

    proceder na forma da mesma lei.Feliz de Lima teria sido to humilhado, perseguido pelas autoridades

    de Portugal, que terminara reduzido extrema pobreza. Entretanto, suasnarrativas serviram como base para o governo organizar expedies comoa levada a efeito por Gonalves da Fonseca.

    A viagem de Feliz de Lima consolidou a tese da ligao da provncia deMato Grosso com a do Gro Par, atravs dos rios Guapor , Mamor,Madeira e Amazonas.

    A viagem de Raposo Tavares forneceu aos portugueses argumentosexpancionistas, quando conseguiram dilatar os domnios da Coroa fora doslimites estabelecidos pela Igreja.

    A viagem de Melo Palheta deu sentido de ordenamento entre o quepertencia a Coroa portuguesa, por direito de conquista e o que pertencia Espanha, alm de estimular o surgimento de redues e povoados, comoSanto Antnio das Cachoeiras.

    DINMICA DA POPULAOO movimento migratrio ocorrido em Rondnia no foi um processo

    isolado de transformaes socioeconmicas e polticas, mas resultadodestas transformaes em todo o pais e a poltica de integrao nacional,contribuiu para o crescimento demogrfico em Rondnia, atingindo umataxa de 16,02% ao ano ou 400% na dcada. Segundo o IBGE, (1991),cresceu numa proporo de 2.942, 19% em 41 anos, um crescimentopredominantemente rural.

    0 crescimento da populao teve trs momentos distintos, durante osanos 50/60 a: "dotao de melhor infra-estrutura social e econmica emPorto Velho (por investimentos federais), a instalao de colnias agrcolas

    em 1954, a Nipo-brasileira e a Treze de setembro; em 1959, a Paulo Leal , aocupao espontnea da vrzea de Madeira o Beirado (entre Porto Velhoe Calama), a garimpagem de cassiterita, a intensificao da coleta dacastanha-do-par". (IBGE, 1991)

    Entre 1960 e 1970, a populao cresceu 62,85% consequncia diretada implantao dos "grandes eixos rodovirios Cuiab-Porto Velho-GuajarMirim (BR 425), abrindo novas frentes de trabalho e posterior ocupaodesordenada das margens da BR 364.

    O censo de 1970 evidenciou que mais de 75% dos migrantes era dapr0pria regio amaznica. Os fatores que contriburam para este movimen-to foram de natureza "intra e inter regionais". Na ordem intra regional a"passagem de explorao de cassiterita e da garimpagem para lavra meca-nizada, liberando mo-de-obra, e o aceleramento do abandono do extrati-vismo vegetal".

    Os fatores inter-regionais referem-se situao de "a Amaznia ter so-frido atuao prioritria do governo federal; divulgao oficial e oficiosa dadisponibilidade de terras com solos ricos para ocupao colaborou para ogrande impulso a emigrao de reas brasileiras em crise agrria, no sul dopais" (IBGE, 1991 )

    Quanto a "distribuio da populao, segundo a localizao do domici-lio 47,34% residia na zona urbana; embora a urbana apresentasse umcrescimento de 29% entre 1970-1980, a populao rural foi mais significati-va, contribuindo com 52,66% do total da populao demonstrando o dina-mismo da frente pioneira agrcola, IBGE, 1991.

    A pirmide etria do estado semelhante ao perfil do Brasil, possuiuma populao bastante jovem, principalmente nos centros urbanos aolongo da BR. As cidades possuem maior nmero de populao, oferecendomaiores possibilidades de empregos e equipamentos urbanos referentes

    sade, educao, transportes entre outras.O processo de urbanizao de Rondnia acompanhou o ritmo brasilei-

    ro, "basicamente possui uma populao rural menor que a urbana", IBGE,1991.

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    Em relao ao padro de sexo a populao de Rondnia predomi-nantemente do sexo masculino, em consequncia das caractersticas demigrao rural-rural ocorrida durante a dcada de 70, onde os migrantescorrespondiam aos trabalhadores rurais de sexo masculino.

    Posteriormente, aps o crescimento urbano, iniciou-se um processo demigrao cidade-cidade, onde a presena da mulher passou a ser significa-tiva, em funo do emprego especializado urbano.

    A SOCIEDADE COLONIAL GUAPOREANA, ASPECTOS DO COTIDI-ANO, A ESCRAVIDO E A RESISTNCIA ESCRAVA;

    No princpio eram os ndios, as florestas, os rios. E todo este cho le-vava o nome do rio da fronteira com a Bolvia, o Guapor. No final dosculo 19, comeou-se a passar, literalmente, uma borracha no passado. Aengenhoca mais festejada do mundo, o carro, precisava cada vez maiscalar suas rodas, e os seringais, fartos por aqui, tornavam o mundo maisveloz.

    Tanto que, em 1907, empresas americanas e inglesas decidem formarum consrcio e construir uma ferrovia na selva, a Madeira-Mamor, para,como se diz hoje, maximizar os lucros e otimizar os resultados. Surgem namata os primeiros canteiros de obras, logo transformados em povoados.Milhares de operrios so recrutados para pr o trem nos 360 quilmetrosde trilhos entre Porto Velho e Guajar-Mirim e facilitar a exportao doproduto.

    A locomotiva, no entanto, foi um desastre, descarrilou de cara. Os ope-rrios no resistiam malria e aos pntanos da regio. Milhes de dlarese milhares de vidas findaram enterrados sob os dormentes. H at umcemitrio s de ingleses. Concluda aos trancos e barrancos em 1912, aferrovia logo se mostrou deficitria: o trfego nunca chegou a 10% dacapacidade da linha e hoje funciona apenas um trecho de sete quilmetrospara passeio de turistas.

    Em 1956, Guapor vira outra pgina, passa a se chamar Rondnia, emhomenagem ao sertanista brasileiro Cndido Mariano da Silva Rondon, quedesbravou a regio, trocou a matana de ndios pela sua aculturao egarantiu a ligao da fronteira oeste com o resto do pas. Para que o Esta-do no perdesse de vez o trem da histria.

    A principal atividade econmica era a minerao, que a partir dos mea-

    dos do Sculo XVIII, tornou-se efetiva em Lavras e Faisqueiras. As tcnicasde explorao eram rudimentares, utilizando-se de mo-de-obra compuls-ria (escrava), silvcola e africana. A produo era inconstante, ocasionandouma constante movimentao de massas populacionais, em busca daabundncia do metal precioso.

    A produo aurfera entrou em decadncia, a partir de 1780, no ha-vendo acompanhamento de outras atividades, nem mesmo substituio ouadaptao ou reformulao das foras produtivas. Com o esgotamento daslavras, a regio no atraiu novos investimentos, sendo esquecidas pelosCapites-Generais, que preferiram a regio de Cuiab, transformada emcapital em 1835.

    A agropecuria chegou a regio Guaporeana como atividade comple-mentar da minerao, no conseguindo sequer a atender a demanda local,os produtos eram: o milho, a mandioca, o feijo e as hortalias. Na pecu-

    ria, o gado bovino e o muar eram os mais utilizados.No perodo colonial, a sociedade Guaporeana era de cunho mercanti-lista e escravocrata, marcadamente patriarcal e tripolar. No topo da pirmi-de estava uma elite branca, encabeada pelos governantes e auxiliaresdiretos, proprietrios de lavras, sesmarias e grandes comerciantes. Osgrupos mdios eram formados por pequenos e mdios comerciantes,proprietrios de pequenas lavras e pequenos planteis de escravos. Logoabaixo, os homens pobres, livres e autnomos do comrcio ou de lavras.Na parte baixa da pirmide, estavam os escravos negros e ndios.

    A conquista do serto ocidental do Brasil, onde situa-se o estado deRondnia, ocorreu no sculo XVII, em consequncia do bandeirismo origi-nado do norte e do sudeste. Essas bandeiras, eram formadas por militaresportugueses, paulistas e basicamente por indgenas, atrados pelas imagi-nrias riquezas. Os caminhos fluviais e terrestres uniam o norte ao sul da

    colnia. O nativo que ali vivia era considerado inferior ante os chegantes. Agente primitiva do chapado e das baixadas do lado oriental do rio Guapo-r, nas margens do rio Madeira e seus afluentes, tornou-se pea valiosanos mercados de escravos do litoral. Depois vieram os mineradores, fasci-nados pelo ouro. Atrs do nativo e do ouro os devastadores vieram deremotas direes. Para conter a ocupao dos espanhis no alto rio Ama-

    zonas os portugueses organizaram, no Gro-Par uma bandeira fluvial coma finalidade de estabelecer os limites territoriais da Coroa portuguesa naAmaznia, iniciar relaes amistosas com a populao indgena ribeirinha eescolher lugares estratgicos para construir fortificaes. E nessa expedi-o identificaram a foz do rio Madeira (chamado assim em razo da madei-ra que encontraram, porm os naturais o chamam de Cayari ).

    Os colonos portugueses, nascidos na obscuridade e na pobreza, quan-do "vieram fazer a Amrica" trazendo os ressentimentos de uma organiza-o feudal onde os trabalhos da terra eram executados por servos, aspira-

    vam enriquecer explorando os bens do Novo Mundo. A escassez e o altocusto do negro fez aumentar a procura do ndio para a demanda da mo-de-obra. O indgena deveria tornar-se vassalo do rei, crer no evangelhopregado pelos sacerdotes e adquirir os costumes dos colonizadores aten-dendo ao apelo da realidade portuguesa de dilatao da f e do imprio.

    MissionriosA atividade dos jesutas no rio Madeira comeou em 1669, com a che-

    gada e instalao de um estabelecimento missionrio pioneiro na ilha deTupinambarana, evitando que os indgenas comercializassem com osholandeses estacionados no rio Negro. Os ndios se opunham a ocupaoefetiva do rio Madeira. O maior dos obstculos que os jesutas passaram aenfrentar para ampliar suas atividades no baixo e mdio Madeira era aresistncia indgena. Os Mura eram os mais agressivos. Abandonaram oPeru descendo pelo rio Madeira at s margens e lagos dos rios Solimese Amazonas.

    O rio Madeira rendia aos missionrios coletas de especiarias o quecontribuiu para outras bandeiras fluviais entrarem no rio Mamor, conside-rado extenso do rio Madeira, chegando a misso de So Miguel, no rioGuapor.

    O rio Guapor era considerado pelos portugueses o limite natural entreas possesses de Portugal e da Espanha. A margem direita do rio Guaporem toda a sua extenso era territrio portugus e os nativos que nelahabitavam, eram vassalos do rei de Portugal.

    OuroEm 1718 Pascoal Moreira Cabral descobre ouro na barra do rio Coxip-

    Mirim, afluente do rio Cuiab, surgindo ento, os aldeamentos, os primeirospovoadoresda terra cuiabana: Forquilha e Aldeia Velha. A repercusso da riqueza

    aurfera fez aumentar a migrao. O arraial de mineradores foi elevado condio de Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiab em 01 de janeiro de1727.

    Ressalte-se porm, que as migraes dos povos indgenas, anterioress faanhas dos sertanistas j haviam alcanado e povoado as margens dorio Guapor.

    Quando diminuiu o ouro cuiabano, grandes contingentes de minerado-res deslocaram-se para a poro oriental das minas do Cuiab, indo depa-rar-se com as terras onde se localiza o Estado de Gois. Outros contingen-tes, buscaram as terras situadas na poro ocidental do atual Estado doMato Grosso, comeando a ocupao do Vale do rio Guapor. Esse povo-

    amento era vital para a Coroa portuguesa, tornando-se escudo contra aexpanso Castelhana.

    A deciso do rei de Portugal, atravs do Conselho Ultramarino era defazer que se criassem as capitanias de Gois e de Mato Grosso. Fazia-senecessrio no distrito de Cuiab um governador distinto e inteligente, umavez que de So Paulo a Mato Grosso gastava-se sete meses de trabalho-sssima navegao. E era necessrio uma fiscalizao mais acirrada sobreo ouro. Assim, em 09 de maio de 1748 a capitania de Mato Grosso des-membrada de So Paulo, sendo nomeado D. Antnio Rolim de MouraTavares para primeiro governador e capito-general da capitania de MatoGrosso. Por ordem de Portugal a sede de capitania deveria ser fixada novale do rio Guapor. Rolim de Moura era portugus e primo do rei de Por-tugal D. Joo V. Assim, o espao geogrfico Madeira-Guapor passou a tercom a perda de seu anonimato, expresso poltica e histrica ao adquirir

    referencia e identidade. Deixou de ser rumo para tornar-se regio.A regio Guaporeense, centrada em Mato Grosso, nasceu e se desen-

    volveu devido sua produo mineral destinada exportao, estimuladapela poltica mercantilista colonial. Vila Bela, por fim, transmudou-se cominvoluo gradativa. Passou a ser reduto de gente desesperanada, doen-

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    tes, ociosos e fugitivos, foi abandonada sua prpria sorte. Entregue aosseus habitantes.

    A regio oriental do rio Guapor e a regio Alto Madeira permaneceramsob a jurisdio da capitania de Mato Grosso, sediada em Cuiab. A sbitapobreza margem oriental do rio Guapor, revelou que a exploraoextrativa mineral no melhorou a vida de sua populao.

    Problemas de Fronteira

    As disposies polticas que vedavam a livre navegao pelo rio Ama-zonas a navios estrangeiros contrariavam os interesses imperialistas dosEstados Unidos, Inglaterra e Frana. A Bolvia passou a fazer parte dessecoro devido s dificuldades de transporte do interior do pas, comeou areivindicar junto ao governo brasileiro, a partir de 1840, uma sada para ooceano Atlntico setentrional, atravs dos rios Madeira e Amazonas.

    A afluncia de seringueiros bolivianos estava ampliando o territrio Ma-deira Guapor. A invaso boliviana, no entanto, estava sendo em cima deterras reconhecidamente brasileiras. Ressentindo o isolamento das regiesocidentais do pas e a falta de comunicao durante a Guerra do Paraguai,levou o exrcito nacional construir linhas telegrficas sendo designado parafuno de ajudante de uma comisso o capito Cndido Mariano da SilvaRondon. O povoado de Santo Antnio do rio Madeira foi onde Rondonassentou o Distrito telegrfico.

    De Guapor a RondniaAo abrir o ciclo de conferncias no Museu Nacional do Rio de Janeiro

    sobre as realizaes da Comisso de Rondon, o antroplogo RoquettePinto props que se denominasse Rondnia o territrio compreendido entreos rios Juruena e Madeira.

    Aps estudos do Conselho de Segurana Nacional sobre a proposta decriao e administrao dos territrios federais pelo Ministrio da justia foiaprovado o projeto e os trs nomes sugeridos para denominar o territrioque seria criado foram: Mamor, Guapor e Rondnia. O ltimo teve maioraceitao. Como Rondon no aceitasse, o territrio desmembrado doAmazonas e Mato Grosso em 13/09/1943 foi denominado de Guapor.Tendo quatro municpios Porto Velho, Alto Madeira (ex. Santo Antnio)Guajar-Mirim e Lbrea.

    O primeiro governador do territrio federal do Guapor foi o Major Alu-zio Pinheiro Ferreira. Com o governo de Getlio Vargas aplica-se as cam-panhas da marcha para o Oeste e da re-diviso territorial do Brasil, abrindo-se com uma propaganda intensa os caminhos de promessa de propriedadeda terra atravs da sedentarizao.

    O nome do Territrio do Guapor, foi mudado para Rondnia no dia 17de Fevereiro de 1956. O potencial econmico e o crescimento demogrficoatingido pelo territrio deu-lhe as condies de ser elevado a categoria deestado (22/12/1981) que foi instalado em 04/01/1982, tendo como primeirogovernador do Estado o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira.

    O vale do Guapor abrigou no perodo colonial uma sociedade mercan-tilista e escravocrata. A populao Guaporeana, predominantemente mas-culina, apresentava ndice elevado de criminalidade e violncia. O cotidianofoi marcado por doenas e epidemias, o que Rolim de Moura chamou de "O

    terror da Amrica". O vale foi um verdadeiro inferno para os escravos queconstruram uma histria de lutas e resistncia escravido, que deixoumarcas na colonizao desta regio.

    NAVEGAO NO RIO MADEIRA E A ABERTURA DO RIO AMAZ-NIA NAVEGAO INTERNACIONAL.

    A Bacia do Rio Madeira a mais importante do Estado de Rondnia,formada pelo rio Madeira e seus noventa afluentes, estendendo-se alm,muito alm de seus limites, em terras dos Estados do Amazonas, Acre,Mato Grosso e Repblica da Bolvia, ocupando uma rea de 1.244.500 Km 2

    O rio Madeira formado pela juno dos rios Beni 91.125 Km) e Lvia). o mais importante afluente da margem direita do rio Amazonas, tem umcurso de 3.240 km, percorre o Estado de Rondnia no sentido sudoeste norte e trecho do Estrado do Amazonas, desaguando a oeste da ilha Tupi-nambarana, no rio Amazonas.

    O rio Madeira conforme as caractersticas de seus cursos, um rio no-vo, ainda em formao, classificado com misto, isto , rio de planalto eplancie. Em seu alto curso rio de planalto, atravessa a Encosta Setentri-onal do Planalto Brasileiro formando numerosas corredeiras e cachoeiras

    em consequncia do afloramento de rochas cristalinas, das quais desta-cam-se as cachoeiras de Santo Antnio, Teotnio, Morrinho, Jirau, Caldei-ro do Inferno, Misericrdia e Ribeiro. Aps percorrer esse trecho deplanalto cristalino, penetra na plancie Amaznica a 7 Km acima da cidadede Porto Velho, passando a ser o rio de plancie francamente navegvel ata sua foz na margem direita do rio Amazonas.

    Sua largura varia de 440 a 9.900 metros 9na foz) e profundidade chegaa mais de 13 metros, permitindo a navegao de navios de grande calado,inclusive ocenicos, at Porto Velho, no perodo de sua enchente. Neste

    perodo suas guas inundam as florestas adjacentes alagando dezenas dequilmetros de ambas as margens.

    Rio AmazonasO Amazonas cortado pela linha do Equador e o maior estado brasilei-

    ro em rea, com mais de 1,5 milho de km2. A floresta Amaznica, queocupa 92% da superfcie estadual, possui a maior biodiversidade do plane-ta. Os pontos mais elevados do Brasil esto no Amazonas, na fronteira coma Venezuela: o pico da Neblina, com 3.014 m de altitude, e o 31 de Maro,com 2.992 m.

    A regio abriga, alm do rio Amazonas, com extenso de 6.868 km, osdois maiores arquiplagos fluviais do mundo: Mariu e Anavilhanas. Temainda outros atrativos para os visitantes, como o Teatro Amazonas, belomarco arquitetnico do sculo 19, e o internacionalmente conhecido Festi-val Folclrico de Parintins, na cidade do mesmo nome.

    A maior parte da populao vive beira-rio, sendo os barcos o principalmeio de transporte, para a comercializao de produtos e para a conduode passageiros. A nica via de acesso rodovirio ao Amazonas a BR-174,inaugurada em 1998.

    Dados da Secretaria de Sade do conta de que esto em Manauscerca de 90% dos mdicos que trabalham no estado.

    A economia do estado sofreu os efeitos da abertura brasileira s impor-taes, o que provocou desemprego na Zona Franca de Manaus, no finalda dcada de 90. O extrativismo - de madeira, borracha, castanha-do-par - outra atividade econmica que contribui na subsistncia da populao doAmazonas, alm da agricultura e da pecuria. Mas o segmento que mais seexpande o ecoturismo, responsvel pela instalao de hotis de selva ede empresas de pesca esportiva e de cruzeiros fluviais.

    O desmatamento provocado pela explorao da madeira, sem reposi-o das espcies, vem preocupando autoridades e ambientalistas. Hlegislao especfica sobre explorao sustentada, desobedecida pelamaioria das madeireiras.

    Fatos HistricosQuase toda a Amaznia, at meados do sculo XVIII, pertencia Es-

    panha, perodo em que ficou conhecida apenas por missionrios e aventu-reiros. Em 1750, pelo Tratado de Madri, a Espanha cedeu a Portugal aimensa rea, considerada, poca, de pouca importncia econmica.

    Em 1757, foi transformada na capitania de So Jos do Rio Negro. Em1850, o governo imperial criou a provncia do Amazonas, com capital emManaus, antiga Barra do Rio Negro. O Rio Amazonas foi aberto navega-o internacional em 1866, quando a borracha comeou a ter importncia

    para a economia local.Entre 1890 e 1910, o estado chegou a produzir mais de 40% da extra-

    o mundial de borracha. A economia cresceu rapidamente, atraindo ointeresse de grandes companhias estrangeiras e de milhares de migrantes.A capital, Manaus, transformou-se em uma metrpole de estilo europeu,tendo sido a segunda cidade do pas a instalar iluminao eltrica. A borra-cha amaznica perdeu mercado nas dcadas de 10 e 20, em virtude daconcorrncia asitica.

    Com o fim do ciclo da borracha, a economia do estado entrou em de-clnio. No fim dos anos 50, a construo da rodovia Belm-Braslia foi oprimeiro sinal de retomada da economia. A Superintendncia da ZonaFranca de Manaus (Suframa), instituda em 1967, acabou impulsionando aeconomia atravs da produo e comrcio de eletroeletrnicos em grandeescala. Esse tipo de atividade trouxe o desenvolvimento da hotelaria e do

    turismo, responsveis pela criao de milhares de empregos. A instalaoda Zona Franca, pela oferta de empregos, atrai as populaes rurais,provocando expressivo aumento da populao urbana.

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    A EXPLORAO E COLONIZAO DO OESTE DA AMAZNIA, OPROCESSO DE OCUPAO E EXPROPRIAO INDGENA NA READO BENI;

    O Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, estabelece a posse cas-telhana no oeste Brasileiro, que no foi efetivada por diversos motivos, maisprincipalmente pela decepo aurfera na regio.

    Seguindo o curso norte, o navegador Vicente Yanez Pinzon, em 1499,batiza a embocadura do Amazonas, com o nome da Santa Maria Del MarDulce.

    Em 1528, conquistadores alemes tentaram, sem sucesso, criar umafeitoria na costa da Venezuela, sob a chefia de Ambrsio de Alfinger.

    Em 1541, Gonzalo Pizzarro e Francisco Orellana partindo de Quito,desceram o Rio Amazonas at sua foz. Em busca de ouro e drogas doserto no obtiveram xito, restando da viagem, o magnfico relato do freiGaspar de Carvajal, sobre as guerreiras Amazonas. Em 1560, Pedro deUrsula e Lope de Aguirre, repetiram a expedio novamente sem sucesso.

    A presena estrangeira no oeste Brasileiro, despertou o temor portu-gus, que no incio do sculo XVII, estabeleceu em 1616, o Forte Prespio,construdo por Francisco Caldeira de Castelo Branco, dando origem a Vilade Santa Maria de Belm do Gro-Par, marcando oficialmente a presenalusitana na Amaznia. Em 1637, o Capito Pedro Teixeira, comanda umaexpedio que demarca os limites de Portugal na regio Amaznica.

    O Bandeirante Antonio Raposo Tavares, realiza uma expedio percor-rendo os Rios Guapor-Mamor e Madeira, entre os anos de 1647 - 1650,em busca de ouro, indgenas e drogas do serto.

    Em 1669, fundada na Ilha Tupinambarana, a primeira misso jesutano Vale do Madeira, que servir de base para outras misses Inacianas naregio.

    A bandeira de Pascoal Moreira Cabral descobre metal precioso nos riosCuiab e Coxip, em 1718. Em seguida, a coroa portuguesa orienta aFundao do Arraial do Senhor Bom Jesus de Cuiab (1719). Em 1722, descoberto ouro, na regio do Sutil, pela bandeira de Miguel de Subtil.

    O Sargento-Mor Francisco Mello Palheta, partindo de Belm do Par,navega os rios Guapor-Mamor e Madeira, tendo contato com as missesespanholas de Mojos e Chiquitos, e percebendo a necessidade de ocupar aregio do Alto Madeira.

    Em 1723, o jesuta Joo San Payo, funda a Misso Jesutica de SantoAntonio das Corredeiras do Rio Madeira que enfrentou diversos problemas(ataques, mosquitos, malria e falta de gneros) mudando constantemente,fixando-se definitivamente em Santo Antonio de Borba em 1728.

    Em 1730, os irmos Fernando e Artur Paes Barros descobrem ouro norio Guapor, essa bandeira prossegue, descobrindo metal precioso no rioOurinhos (1736) e Corumbiara (1737).

    Em 1748, a coroa Lusitana, cria a Capitania do Mato Grosso e Cuiab,desmembrada da Capitania de So Paulo ento Governado pelo CapitoGeneral Dom Rodrigo Csar de Menezes.

    Em 1759, fundado o povoado de nossa senhora da Boa Viagem doSalto Grande, pelo Juiz de Fora - Teotnio da Silva Gusmo.

    Ocupao indgenaDesde cedo, a tradio jurdica luso-brasileira determinou que fossemrespeitadas as terras de ocupao indgena nas concesses de sesmariasou propriedades a particulares. Alm das terras tradicionalmente ocupadaspelos ndios, consideram-se terras indgenas no Brasil as reas reservadaspela Unio, em qualquer parte do territrio nacional, para posse e ocupaodos ndios, e as de domnio da comunidade indgena ou do ndio, havidasnos termos da legislao civil.

    As terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios so bens pblicos dedomnio da Unio Federal. So inalienveis e indisponveis, e os direitossobre elas, imprescritveis. Enquadradas como bens pblicos de uso espe-cial, essas terras destinam-se posse permanente dos ndios, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelasexistentes.

    A Constituio Federal de 1988 reconheceu aos ndios os direitos ori-ginrios sobre as terras que eles tradicionalmente ocupam. Quer dizer, osdireitos indgenas sobre essas terras so considerados primrios e congni-tos, pois so anteriores prpria criao do Estado brasileiro. So direitoslegtimos por si, que no se confundem com direitos adquiridos.

    Em consonncia com esse reconhecimento, so considerados nulos eextintos os atos que tenham por objeto a ocupao, posse ou domniosobre as terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios. Se os direitos dosndios so originrios, todos os atos posteriores ou secundrios, conferindoa terceiros esse direito, so nulos. A nulidade dos atos que tenham porobjeto a apropriao das terras indgenas no gera direito a indenizaesou aes contra a Unio, salvo quanto s benfeitorias derivadas da ocupa-o de boa

    Conflitos Fundirios e Violncia em Terras IndgenasOs interesses econmicos nacionais e estrangeiros so os maiores

    inimigos das Sociedades Indgenas. Sujeitos a todo tipo de explorao, osndios brasileiros e suas terras so o alvo preferido de garimpeiros, madei-reiros e fazendeiros que cobiam essas terras e as riquezas naturais nelasexistentes, indiferentes aos males e prejuzos causados aos ndios e o meioambiente. Um exemplo so os garimpeiros que exploram ouro, diamante ecassiterita em terras indgenas e que, alm de agir com violncia e transmi-tir todo o tipo de doenas contagiosas aos ndios, provocam danos poluindoos rios com mercrio e outros produtos qumicos.

    Depois da devastao nas araucrias e as florestas da Mata Atlnticado sul da Bahia e Esprito Santo, a explorao da madeira deslocou-se paraa Amaznia, apesar dos inmeros avisos de cientistas brasileiros e estran-geiros sobre a fragilidade ecolgica da regio em decorrncia dessa prti-ca. E o desflorestamento caminha rpido nos Estados do Par e Rondnia.Nas reas do ndios Xikrin, Temb e Parakan, no Par, as madeireirasprocuram convencer os ndios a arrendar lotes de suas terras para a explo-rao. Em troca propem um pagamento que no chega a 10% do valordas madeiras no mercado mas que, mesmo assim, parece alto e suficienteaos ndios. Mesmo pouco, se comparado s percentagens de garimpos, odinheiro leva os ndios a aceitar a presena de brancos e a explorao desuas terras e riquezas.

    Em Rondnia, os maiores problemas devem-se aos projetos de coloni-zao de terras. Ali paraenses, gachos, mineiros, goianos e capixabas soalocados em reas que, cada vez mais, apertam o cerco sobre os povosindgenas da regio. Os latifundirios que compram a terra beneficiada,formam grandes propriedades, fato que os ndios so obrigados a aceitar, aexemplo dos Nambiquara, que vivem hoje em reas espaadas umas das

    outras, cortadas por fazendas e estradas. Da mesma forma os posseiros,sem terras onde trabalhar, invadem terras indgenas, sobretudo aquelasainda no demarcadas, gerando conflitos e impactos que afetam profunda-mente as Sociedades Indgenas.

    Procedimento de Demarcao de Terras IndgenasNesse contexto, a terra fundamental. As terras indgenas do Brasil

    ocupam 929.209 km, correspondentes a 10,87% do territrio nacional. Das561 reas indgenas reconhecidas pela FUNAI, 315 se encontram demar-cadas, homologadas e registradas. Existem, ainda, 54 terras delimitadas,23 identificadas e 169 a identificar.

    Para garantir o direito dos ndios sobre as terras por eles ocupadas, foipromulgado o Decreto 1.775/96, que assegura maior transparncia e segu-rana jurdica ao processo demarcatrio. As demarcaes, que se encon-travam paralisadas, recomearam em 1995, tornando-se mais expressivasem 1997. Mas isso no tudo. Alm de demarcar, o Governo Federal querdar maior segurana aos povos indgenas, muitos deles vivendo em reasde difcil acesso, prximas s fronteiras e cobiadas por fazendeiros, ga-rimpeiros, madeireiros e posseiros. Nesse sentido a FUNAI j est reto-mando a Operao Yanomami, em Roraima, para retirar garimpeiros dasterras indgenas localizadas naquele Estado.

    No presente, o procedimento administrativo de demarcao das terrasindgenas est definido pelo Decreto 1.775/96. Segundo o disposto nestedecreto, a demarcao das terras tradicionalmente ocupadas pelos ndiosser fundamentada em estudo antropolgico de identificao, complemen-tado por outros de natureza etno-histrica, sociolgica, cartogrfica, fundi-ria e ambiental. Tais estudos tm por finalidade reconhecer os quatrocomponentes das terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios definidos

    pela Constituio, a saber: as terras por eles habitadas em carter perma-nente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindveis preservao dos recursos ambientais necessrios ao seu bem-estar, e asnecessrias sua reproduo fsica e cultural, segundo seus usos, costu-mes e tradies.

  • 7/24/2019 Hist e Geografia de rondonia

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    APOSTILAS OP O A Sua Melhor Opo em Con cu rsos Pbl ico s

    His tri a e Geogr afia de Rondni a A Opo Cer ta Para a Sua Real izao11

    O Estado reconhece esse carter pela demarcao, que no d nem ti-ra direito, apenas evidencia os limites a que se aplica a proteo constituci-onal.

    A demarcao propriamente dita de uma terra indgena consiste naabertura de picadas e implantao de marcos e placas indicativas, apuran-do-se sua real extenso pela determinao de pontos geodsicos e azimu-tal. Demarcada a terra indgena, com a materializao de seus limitesfsicos e a extruso dos possveis ocupantes no ndios, o procedimento levado homologao da Presidncia da Repblica, que o aprova median-

    te decreto. Com base no ato homologatrio, a FUNAI promove o registro daterra indgena no cartrio imobilirio da comarca correspondente e naSecretaria de Patrimnio da Unio, concluindo assim o procedimentoadministrativo de regularizao da terra indgena.

    O processo de ocupao e expropriao indgena na rea do BeniPelos indcios antropolgicos descritos por Curt Nimuendaj, o Estado

    de Rondnia possuiu um nmero razovel de silvcolas de diversas etniasque l habitavam. Alm dos povos tradicionais, a ocupao em Rondniapelos no ndios sempre foi motivada por interesses econmicos. O primei-ro fluxo se deu no sculo XVII em busca de mo-de-obra indgena escrava.O segundo, no sculo XVIII, foi motivado pela busca de ouro. No final dosculo XVIII comea o ciclo da borracha, que teve uma queda na dcadade 1910-1920. Aps a II Guerra Mun