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INSTITUTO FEDERAL DO ESPRITO SANTO CURSO TCNICO DE NVEL MDIO INTEGRADO EM MINERAO

RICA DOS SANTOS MACHADO DANIEL DE SOUZA PAIVA

CARTISMO

NOVA VENCIA 21/05/2012

RICA DOS SANTOS MACHADO DANIEL DE SOUZA PAIVA

CARTISMO

Trabalho realizado para a disciplina de Histria pelos alunos rica Machado e Daniel Paiva como pr-requisito para obteno parcial de nota no 1 semestre.

Orientador: Prof. Loreno Adeodato do Carmo

NOVA VENCIA 21/05/2012

SUMRIO

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Introduo .................................................................................................... 04 Fatores que contriburam para o incio do movimento ............................ 05 O surgimento do movimento Cartista ........................................................ 06 Trecho da carta do povo .............................................................................. 06 A luta pelos direitos Polticos ..................................................................... 07 O Cartismo em Portugal .............................................................................. 09 Concluso ..................................................................................................... 10 Referncias ................................................................................................... 11 ANEXO Ilustraes ................................................................................... 12

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INTRODUO

O cartismo foi um movimento da classe trabalhadora britnica para a reforma do Parlamento. Batizado cartismo pela sua origem na carta escrita pela "Associao dos Operrios", em maio de 1838. A carta continha seis exigncias: o voto universal, igualdade entre os distritos eleitorais, voto pela cdula, eleio anual, pagamento dos membros do Parlamento, e abolio da qualificao segundo as posses para a participao no Parlamento. O cartismo foi o primeiro movimento tanto de classe como de carter nacional, contra as injustias sociais da nova ordem industrial na Gr Bretanha. O movimento cartista era dividido em duas correntes: a da "fora moral", que pregava a luta por meios pacficos e a da "fora fsica", que propunha a preparao de uma insurreio armada. Segundo a definio de Vladimir Ilitch Lenin ( revolucionrio russo, responsvel em parte pela execuo da Revoluo Russa de 1917) , o cartismo foi o primeiro movimento revolucionrio proletrio amplo, verdadeiramente de massas, politicamente estruturado.

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FATORES QUE CONTRIBURAM PARA O INCIO DO MOVIMENTO

O advento da revoluo industrial, durante o sculo XVIII, trouxe tona um notvel perodo de progresso material e econmico dentro do sistema capitalista. Alm de imprimir novas relaes sociais e econmicas no meio urbano, essa mudana tambm potencializou as diferenas entre a burguesia e as classes trabalhadoras. O novo ambiente de trabalho e as condies de vida impostas ao operariado urbano foram responsveis por formar uma massa de trabalhadores submetidos aos variados tipos de situaes. Ao mesmo tempo, o inchao urbano provocado pelo desenvolvimento do setor industrial transformou as cidades em um espao onde a falta de higiene, as doenas e a rotina de trabalho fossem visivelmente percebidas. A rigidez do ambiente fabril tambm se transformava em outro problema social urbano. Os operrios, visando atender a demanda de seus patres, eram obrigados a trabalhar durante vrias horas. A jornada de trabalho de um jovem do sexo masculino poderia chegar at dezoito horas dirias. O grande nmero de mode-obra disponvel (desempregados) baixos forava salrios o trabalhador tambm a aceitar a

baixssimas

remuneraes. Os

promoviam

introduo dos demais membros da famlia para dentro do ambiente fabril. Mulheres e crianas trabalhavam ganhando, em mdia, um tero do que um homem adulto recebia pela mesma funo. Em algumas fbricas, capatazes eram responsveis por impor penas fsicas aqueles que no cumprissem as tarefas determinadas. A falta de segurana tambm fazia da fbrica um ambiente que oferecia srios riscos sade dos trabalhadores. Muitos deles, por no suportarem tantas condies adversas, acabavam se entregando s drogas e prostituio.

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O SURGIMENTO DO MOVIMENTO CARTISTA

Nesse mbito de tantas transformaes e mazelas sofridas pelo trabalhador, o movimento cartista foi um dos primeiros a reivindicar a participao poltica do operariado e defender a criao de leis em prol da classe. Nascidos na Inglaterra, entre as dcadas de 30 e 40 do sculo XIX, os cartistas exigiam a reduo das jornadas e a melhoria das condies de trabalho. Os operrios ingleses haviam criado a "Associao dos Operrios" liderados por Feargus OConnor e William Lovett (figura 02), os trabalhadores ingleses pediam um conjunto de reformas junto ao Parlamento, reunido na chamada 'Carta do Povo (figura 03). Nesse documento, o movimento defendeu a substituio do voto censitrio pelo sufrgio universal, a instituio do voto secreto, a remunerao parlamentar, a suspeno da lei que tornava os alimentos mais caros e a reduo de impostos. Em 1848, uma grande marcha foi programada para exigir o atendimento s mudanas pedidas na Carta. Mesmo no reunindo um grande nmero de manifestantes, o cartismo conseguiu o apoio parlamentar. 3.1 Trecho da Carta do Povo

Ns dizemos honrada Cmara [da Gr-Bretanha] que [...] as leis que criam a carestia dos alimentos e as que rareiam o dinheiro devem ser abolidas. Os impostos devem recair sobre a propriedade, no sobre a indstria. O bem-estar de grande nmero, nico fim legtimo, deve ser a nica preocupao tambm do governo. [...] Agrade pois, respeitvel Cmara, [...] esforar-se, [...] em fazer [...] uma lei que garanta a todo cidado masculino maior, so de esprito e inocente de qualquer crime, o direito de votar para deputados do Parlamento, e que institua o voto secreto para todas as eleies parlamentares futuras.ARNAUT, Luiz D.H. Textos e documentos. Departamento de Histria/Fafich/UFMG. s.d. www.fafich.ufmg.br/-luarnaut/cartism.PDF 10/6/2005

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A LUTA PELOS DIREITOS POLTICOS

Talvez, a parte mais relevante do movimento tenha sido a luta por direitos polticos como o estabelecimento do sufrgio universal e o fim do voto censitrio, que s delegava direito de voto a quem se enquadrasse em um perfil que englobava gnero, renda, religio e outros valores que nada tm que ver com o direito de votar e ser votado. No mbito dos direitos polticos, a fim de que qualquer cidado pudesse disputar um mandato eletivo, logrou-se estabelecer remunerao aos que chegassem a cargos pblicos pelo voto, sobretudo como parlamentares. Foi a frmula encontrada para impedir que s os ricos exercessem o poder. O desencanto com a reforma eleitoral de 1832, agravado pela aprovao da nova "lei dos pobres" (lei que dizia que ningum tinha direito a qualquer auxlio), transformou-se em verdadeira revoluo. O movimento dividiu-se em duas tendncias: a do cartismo da fora moral (reformas progressivas pela propaganda e educao) e a do cartismo da fora fsica (reformas radicais por mtodos violentos). A primeira tinha por lderes Francis Place e William Lovett, em Londres, onde foi fundada, em 1836, a primeira Associao dos Trabalhadores, que preconizava comcios e peties para agir sobre as classes dominantes pela persuaso. A segunda era encabeada por dois irlandeses, James O'Brien e Feargus O'Connor, sendo tpica das regies mais pobres da Inglaterra, o norte e o oeste. A primeira petio cartista, para que se transformasse em lei a Carta do Povo, foi aprovada pelo movimento de 1838. Como demorasse a ser aprovada pelo Parlamento, os partidrios da ao violenta, no confiando no apoio dos moderados de Londres, decidiram transferir-se para Birmingham, ameaando deflagrar a greve geral caso a petio fosse rejeitada, o que ocorreu em julho de 1839. Com poucas adeses, a greve geral no vingou e seguiu-se um

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perodo de distrbios em Birmingham. Lovett e O'Connor acabaram presos e a conveno cartista foi dissolvida em 4 de novembro de 1839. A segunda petio foi apresentada em 1841, aps a libertao dos revolucionrios de 1839. O'Connor fundou a Associao Nacional da Carta e, em conflito com Lovett, dirigiu ao Parlamento uma petio rejeitada em maio de 1842. Mesmo com a oposio de Lovett e de O'Brien, O'Connor elegeu-se deputado e apresentou em 1948 a terceira petio, no aceita. O'Connor caiu em descrdito; por volta de 1850, o cartismo estava extinto. O esprito do movimento, porm, sobreviveu: as reivindicaes da Carta do Povo acabaram sendo acolhidas, salvo a de eleies parlamentares anuais. Apesar dessa diviso, os cartistas fizeram conquistas considerveis para a classe operria, como: lei de proteo ao trabalho infantil, lei de imprensa, reforma do Cdigo Penal, regulamentao do trabalho feminino e infantil, lei de supresso dos direitos sobre os cereais e lei permitindo as associaes polticas, lei da jornada de trabalho de 10 horas. Durante vrios anos, realizaram comcios e manifestaes, nos quais participaram milhes de operrios e artesos. O Parlamento ingls recusou-se a ratificar a Carta do Povo e rejeitou todas as peties dos cartistas. O governo reprimiu cruelmente os cartistas e prendeu os seus dirigentes. O movimento foi esmagado, mas a influncia do cartismo sobre o desenvolvimento do movimento operrio internacional foi muito grande. Greves, passeatas, comcios, foram organizados para pressionar o Parlamento que, no entanto, recusou a Carta do Povo. O movimento se evadiu, por volta de 1848, devido represso governamental.

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O CARTISMO EM PORTUGAL

Em Portugal o termo cartismo tambm designa a tendncia mais conservadora do liberalismo surgida depois da revoluo de 1820, centrada em torno da Carta Constitucional de 1826. A Carta Constitucional representou um compromisso entre a doutrina da soberania nacional, adoptada sem restries pela Constituio de 1822, e o desejo de preservar os direitos rgios, o que descontentou os vintistas, que eram mais radicais, e os absolutistas, bastante mais conservadores. No se sabe ao certo quem foi o seu autor, presumindo-se que sido Jos Joaquim Carneiro de Campos. Quem quer que fosse utilizou fontes a Constituio do Imprio do Brasil, a Constituio de 1822 e a Constitucional outorgada por Lus XVIII de Frana em 1814. Tiveram influncia doutrinal as ideias de Benjamin Constant. tenha como Carta ainda

A carta uma concesso rgia, que no s no afirma o princpio da soberania popular, como concede ao rei um importante papel na ordenao constitucional estipula o princpio da separao de poderes que, alm dos clssicos trs, legislativo, executivo e judicial, passa a ter mais um, o moderador. A Carta enumera ainda os direitos dos cidados, de que os mais importantes so o direito de liberdade de expresso, oral e escrita, o direito de segurana pelo qual ningum pode ser preso sem culpa formada, e o direito de propriedade. Mas no indica quaisquer deveres, o que bastante significativo.

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CONCLUSO

Indignados com as condies de trabalho e de represso (pena de morte para quem destrusse as mquinas; pesadas multas em relao a greves; proibio da criao de sindicatos) os operrios lutaram pelo fim das adversidades do ambiente urbano e fabril desenvolvidos nos sculos XVIII e XIX. Ao clamarem por participao poltica, atravs da carta do povo, o operariado se definia enquanto uma classe socioeconmica portadora de interesses especficos. Depois de muitas conquistas e muita presso do governo Ingls, o movimento foi dizimado, porm, teve um enorme influencia nos novos movimentos trabalhistas.

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REFERNCIAS

- Souza, Rainer. Revoluo Industrial - Cartismo. Site www.brasilescola.com, INTERNET, So Paulo, 2011. Disponvel em :

. Acessado em 11 de maio de 2012 - Guimares, Eduardo. Sem polticos no h democracia Movimento Cartista. Site tebloga.wordpress.com, INTERNET, 2010. disponvel em :

. Acessado em 11 de maio de 2012 - Cobra, Rubem Queiroz. NOTAS: Vultos e episdios da poca Contempornea. Site www.cobra.pages.nom.br, INTERNET, Braslia, 1999. Disponvel em: . Acessado em 11 de maio de 2012 -ARNAUT, Luiz D. H. Textos e documentos. Departamento de Histria/ Fafich/ UFMG. Site www.fafich.ufmg.br, INTERNET, junho de 2005. Disponvel em: . Acessado em 16 de maio de 2012. - Lenin. Dicionrio Poltico. Site www.marxists.org, INTERNET. Disponvel em : . Acessado em 11 de maio de 2012. - Cartismo o primeiro movimento Operrio. Site histoblogsu.blogspot.com.br, INETERNET. Disponvel em : . Acessado em 16 de maio de 2012. - O movimento operrio e o socialismo. Site variasvariaveis.sites.uol.com.br, INTERNET. Disponvel em: . Acessado em 16 de maio de 2012.

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ANEXO Ilustraes

Figura 01 - Ilustrao representa trabalhadores dirigindo-se ao Parlamento para entregar uma petio do movimento cartista, com trs milhes de assinaturas, em 1842.

Figura 02 - Lderes da Associao de Operarios - Feargus OConnor e William Lovett, responsveis pelo incio do movimento Cartista.

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Figura 03 - Verso original da carta do povo contendo as seis reinvindicaes, apresentadas em 1838.

Figura 04 - Charge da poca que mostra a entrega da carta do povo ao parlamento.

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