História da Área Itaqui-Bacanga

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ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA “Em busca de uma melhor qualidade de vida” ESPAÇO DA MEMORIA Realização Parceiros Pesquisa realizada de 12 de junho a 10 de julho de 2007.

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ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA“Em busca de uma melhor qualidade de vida”

ESPAÇO DA MEMORIA

Realização Parceiros

Pesquisa realizada de 12 de junho a 10 de julho de 2007.

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MICRORREGIÃO DA VILA MARANHÃO

Pesquisa realizada nas seguintes Comunidades:

-Vila Maranhão;

-São Joaquim;

- São Benedito;

- Vila Conceição;

- Cajueiro;

- Porto Grande;

- Taim;

A Pesquisa iniciou em junho de 2006, tendo como objetivo

sistematizar a historia da Área Itaqui-Bacanga, resgatando assim a

memória do nosso povo.

Vila Maranhão foi o primeiro bairro da área

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Micro de Vila Maranhão

LOCAL ATIVIDADE TOTAL

Porto Grande pesquisa 8

Vila Conceição pesquisa 8

Cajueiro pesquisa 3

São Benedito pesquisa 6

Taim pesquisa 1

São Joaquim pesquisa 2

Camboa dos

Frades

pesquisa 1

Vila Maranhão pesquisa 8

TOTAL 37

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Acib Lançamento

da exposição

59

TOTAL

GERAL

96

CAJUEIRO

Por volta dos anos 30 chegaram em São Luis, oriundos de

Alcântara , Sr. Boa Aventura com a mulher e a filha. Com permissão de

Joaquim Maia, morador da Vila Maranhão e vigia da área, a família foi

morar no Cajueiro, local que já tinha esse nome, mas estava desabitado e

só havia um tambor de Minas em um alto afastado. “Meu pai conhecia o

Joaquim Maia, ele deu o terreno para nós moramos, eu era a única filha,

então papai tornou-se o segundo vigia, ele era quem resolvia tudo no

local. Lembro que o segundo morador foi pedir permissão para seu

Joaquim, mas ele falou que tinha que resolver com meu pai. Era seu João

Mendes, hoje não existe ninguém dele aqui, foram todos embora” relata,

Maria José, filha de seu Boa Aventura.

Segundo Dona Maria José, ela chegou ao local com dez anos de

idade e hoje, com 82, tem sete filhos, nascidos e criados na comunidade.

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Com o passar do tempo, outras famílias foram chegando e ocupando

os terrenos e Sr. Boa Aventura foi perdendo o controle, pois eles diziam

que as terras eram do governo. “Meu pai distribuía os terrenos para quem

chegava, mas o povo começou a ocupar sem permissão, hoje está essa

multidão de gente”, acrescenta dona Maria José.

De acordo com ela, “por ser muito afastado da cidade ninguém

queria vim para cá dar aulas, até chegar Dona Alderina, então a

acompanhei até a Secretaria de Educação, hoje temos uma escola e ela é

a Diretora”.

PORTO GRANDE

O Porto Grande nasceu a partir da chegada de pescadores

remanescente do interior do estado, principalmente, de Cururupu.

Entre os moradores mais antigos destacamos Dona Maria José,

de 75 anos, mais conhecida como “Dona Maria Gordinha”. Ela foi a

primeira professora do local. “Quando cheguei aqui era só mato, agente

vinha a pés do Maracanã para cá, então comecei a dar aulas, e devido a

distância, resolvi vim logo morar aqui”.

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Com muita luta e organização da Comunidade, Dona Maria José

conseguiu construir uma escola e fazer o festejo de São Pedro, que é uma

das características da localidade.

As atividades econômicas são a pesca e a roça. Na área

cultural podemos destacar, além do festejo, a participação de alguns

moradores no Boi de Maracanã, dos quais destacamos Seu Pedro, 92

anos, que era um puxador de toadas, e também ajudou a fundar o Porto,

participando de diversas colônias de pescadores. “Eu participei da

inauguração do Porto, veio muita gente importante, na época o principal

meio de transporte era por mar com os barcos”.

Taim

...........................................................................................

...............................

Vila Maranhão

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A atual Vila Maranhão possui um longo histórico de ocupação. Originalmente no ano de 1835, foi criada por lei, a freguesia de São José do Bacanga, que englobava as localidades próximas à foz do Rio Bacanga. Essa região, anteriormente, era território dos índios Tupinambá, que no século XVII foram expulsos pelos portugueses. Uma vez “liberada”, a região começa a ser ocupada por colonos e trabalhadores. Assim, inicia-se a abertura do Canal do Arapapaí, em 1848, e dez anos depois é abandonada. Nessa época o local era conhecido como Arraial do Furo. A incipiente prosperidade levou à construção da Igreja de São Joaquim do Bacanga, construção feita em pedra e cal, que possui aproximadamente 172 anos. A Vila Maranhão deve seu nome, a Raimundo Cirilo Maranhão, morador do lugar, originário de Santa Rita e que ganhara o apreço de toda a comunidade em virtude de seu caráter e bondade. Historicamente, Vila Maranhão é o quarto Bairro de São Luis.

A comunidade acompanhou o desenvolvimento econômico do Estado. Exemplo disso são a construção do Conjunto Jatobá, pela CVRD, em épocas em que se projetava um determinado crescimento e a conseqüente necessidade de mão-de-obra, a restauração da Igreja de São Joaquim, quando as exportações de algodão estavam no seu auge.

A Vila, como outras comunidades iniciam sua articulação social em busca de melhorias a partir do seu crescimento e o conseqüente aumento no número de crianças. Isto faz com que inicialmente procurasse o estabelecimento de uma escola. Mas as dificuldades foram inúmeras e na Vila as crianças começaram seus aprendizados sob um pé de manga, passando para um barracão construído pela própria comunidade que, após muita luta, ofícios e petições, consegue a construção de uma escola Municipal, a Unidade Escolar Gomes de Sousa, em 1972, inicialmente de taipa, atendendo de 5ª a 8ª Série. Posteriormente, no ano de 1976, após passar por reforma, é concluída em alvenaria. Atualmente dispõe de curso para educação de adultos (EJA), transporte escolar, além de um anexo na comunidade do Taim, a Unidade Escolar São Benedito.

A partir de 1997, a população da Vila Maranhão resolve encarar as lutas de forma institucionalizada. Assim, em 21 de Novembro, é fundada a União de Moradores da Vila Maranhão.

A região possui um sistema viário extremamente deteriorado, com ruas sem condições de tráfego, que é a principal reivindicação da maioria da população.

Como moradores mais antigos temos: Dona Onorina, Seu Macico e Dona Judite. As principais ruas são: Rua da Igreja, Rua do Cemitério e Rua Grande.

As profissões mais encontradas são: agricultores, artesãos, pedreiros e pescadores. A maioria da população é católica.

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Listagem das Instituições locais encontradas em Vila Maranhão

Igreja São Joaquim do Bacanga

Igreja Universal do Reino de Deus

Igreja Evangélica Assembléia de Deus

Congregação Cristã no Brasil

União dos Moradores da Vila Maranhão

Associação de Moradores do Jardim São Joaquim

Centro de Reciclagem de Papel

Centro Educacional Santa Ana

Centro Educacional de Ensino Fundamental e Médio Vila Maranhão

Unidade Escolar Gomes Sousa

Centro de Saúde Yves Parga.

São Joaquim

...........................................................................................

.....................................

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São Benedito

Em meados de 1950, um casal mudou-se para uma várzea próxima

a linha do trem, montando seu próprio sítio. Ele, seu Almir, filho de Vila

Maranhão e ela, Dona Adalgisa, nordestina da Paraíba, construíram sua

família e convidaram outras famílias para ocupar o lugar. Daí fizeram a

divisão das terras da várzea e fundaram a COMUNIDADE DE SÃO

BENEDITO, localizada na BR 135, próximo à Vila Maranhão.

Seu Almir e Dona Adalgisa tiveram oito filhos: Expeditinho,

Expeditão, Chagas, Charles, Valmir, Zé Lira, Vaderico e Maria Inês. Todos

eram devotos de São Benedito e todo ano organizavam uma festança com

Tambô de Crioula em homenagem ao santo, e também em sua

homenagem, deram ao local o nome de ‘São Benedito’. “... Ele fazia o

festejo, o Sítio era mais vivo” diz Aurilene, esposa de Valmir.

Outro morador antigo de São Benedito é Seu João Furtado,

convidado por Seu Almir, chegou nos anos 70. Juntos eles fundaram a

associação na qual foi o primeiro presidente. “... mas a associação já não

existe mais, agora a maior atividade é o futebol e às vezes comemoração

do Dia dos Pais, das Mães”, diz Furtado.

Da família de Seu Almir moram apenas três de seus filhos, ele

morreu há oito anos, e a Dona Adalgisa também já faleceu. O festejo não

existe mais e até uma igreja católica que ele começou a levantar estão

somente às paredes. “Ele dava vida a esta comunidade” diz a nora

Aurilene.

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Vila Conceição

Logo próximo ao bairro do São Benedito, localiza-se a VILA NOSSA

SENHORA DA CONCEIÇÃO. Lá encontramos Cândida Maria Barbosa

Nascimento, 45 anos, mora no local há 34, e é filha de Seu José Raimundo

Nascimento, mais conhecido por Seu Mala Velha, fundador da

comunidade. Antes de irem para o Sítio da Conceição moravam na

Liberdade, mas um caçador queimou a casa deles. “Então pedimos aos

donos do sitio Nossa Senhora da Conceição um lugar para morar, eles nos

deram uma casinha de taipa”, diz Cândida Maria.

Sua Mala Velha já faleceu, mas “deixou para a comunidade a Igreja,

onde acontecia o festejo de Santo Antonio e Nossa Senhora da Conceição,

em que a banda da policia tocava nos festejos. Entretanto hoje não é mais

animado assim e o principal ponto de lazer da comunidade é o campo,

que ele também ajudou a fazer”. Relata Maria de Jesus Silva, 59 anos,

moradora da comunidade.

Um dos moradores mais antigos também, é o seu Raimundo João

Lacerda, que trabalhava numa empreiteira da Companhia Vale do Rio

Doce, que quando abrindo caminho para o trem, encontrou “sua Mala

Velha” e família morando em Conceição. Chegou lá com 31 anos

acompanhado de sua mulher, Dona Maria Nadir Mesquita de Lacerda, 61,

e pediram um pedaço de terra. “Os donos não queriam mais ninguém,

então seu Mala deixou a gente ficar numa casinha de taipa (...) aos poucos

a gente construiu esta aqui onde agente mora”, diz Lacerda.

Então seu Mala Velha foi dividindo terreno para amigos e quem chegava, mas os donos do sítio não gostaram muito e "morreram de

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desgosto por verem suas terras invadidas" (Cândida Maria Barbosa Nascimento).

Raimundo João Lacerda, trabalhava numa empreiteira da Companhia Vale do Rio Doce abrindo caminho para o trem, quando encontrou seu Mala Velha e família assentados em Conceição.

Chegou lá com 31 anos acompanhado de sua mulher, D. Maria Nadir Mesquita de Lacerda, 61, pediram um pedaço de terra para seu Mala...

“... os donos não queriam mais ninguém, então seu Mala deixou a gente ficar numa casinha de taipa (...) aos poucos a gente construiu

esta aqui” (Seu Lacerda)

Assim montaram sua família com seus 10 filhos e povoaram a Conceição, “a maioria são parentes e filhos de seu Lacerda e D. Nadir”.

(Maria de Jesus Serra Branca, de São Vicente de Ferri, moradora a 13 anos da

Conceição).

O lugar é povoado por pessoas de todos os cantos...

“... quando chegamos só tinha a casa do encarregado, com o tempo foram chegando povo de Santa Inês, Coroatá, e bairros

próximos...” (D. Nadir, Coroatá).

Por lá também moram pessoas como seu Francisco Santiago Filho, Seu Chiquinho, cujo pai foi o fundador da Mapaúra (comunidade que já não existe mais).

“Havia duas ‘Conceição’, a de baixo e a de cima...”.(Francisco Santiago Filho, 66 anos).

E segundo ele na Conceição de Baixo “existia somente os pés de jaca e manga, não tinha mais morador, todos já tinham morrido de velho, inclusive na outra Conceição morreram pessoas com mais 150 anos...”.

Esta é a comunidade de Nossa Senhora da Conceição, que todo ano...“... a Festa de Natal é

comunitária, todo ano a comunidade se reúne nas mangueiras e faz um banquete...” (Maria de Jesus Serra Branca).

“Seu Mala Velha foi o fundador, ele é quem trouxe as famílias para cá...” (Maria de Jesus Serra Branca).

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MICRORREGIÃO DE VILA EMBRATEL

América do Norte

Residencial Paraíso

Residencial Resende

Piancó

São Benedito

Vila Embratel

Gapara

Argola e Tambor

São João da Boa Vista

Residencial Primavera

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Micro de Vila Embratel

LOCAL ATIVIDADE TOTAL

Vila

Embratel

pesquisa 10

São

Benedito

pesquisa 2

Residencial

Resende

pesquisa 3

Piancó pesquisa 8

Residencial

Paraíso

pesquisa 7

América do

Norte

pesquisa 8

Residencial pesquisa 4

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ESPAÇO DA MEMORIA

Primavera

Gapara pesquisa 7

São João da

Boa Vista

pesquisa 5

TOTAL 59

Acib Lançamento da

exposição

36

TOTAL GERAL 95

AMÉRICA DO NORTE

Devido à construção da Unidade Integrada de Ensino Fundamental e

Médio em 13 de novembro de 1992, nasceu o bairro América do Norte. Os

moradores ocuparam os terrenos doados pela UFMA, que antes eram

sítios, entre eles o sitio da Salina, que mudou o nome para São Sebastião

por causa dos festejos que aconteciam no local.

Lá encontramos Dona Maria dos Anjos Santos, que mora a

exatamente 60 anos na área. Ela conservou o local com plantações de

manga, caju, buriti, juçara e azeitona, além de árvores centenárias.

“Quando cheguei aqui, era somente a minha família, somos da

Madre Deus, na época eu tinha 13 anos, era somente mato não tínhamos

vizinhos”.

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(Maria dos Anjos Santos,

primeira moradora).

A Unidade Integrada de Ensino Fundamental e Médio veio suprir

uma necessidade educacional da comunidade, pois antes de sua

construção havia apenas um campo de futebol no local. Segundo a

diretora Vitória Serra Lima, a escola faz todo um acompanhamento

familiar realizando visitas e questionando aos pais a falta das crianças na

escola. Ela acrescenta ainda sobre outras ações:

“As atividades sócio-culturais estão baseadas em datas

comemorativas, entretanto, um dos momentos louváveis são as feiras de

ciências, pois em uma dessas feiras contou-se toda história do bairro Vila

Embratel onde houve a premiação para os primeiros moradores”.

(Vitória Serra Lima, diretora da escola América do Norte).

A escola foi crescendo junto ao bairro, algumas pessoas

trabalhavam voluntariamente para que as crianças e os adolescentes

pudessem ter acesso à educação.

“No inicio fizeram apenas quatro salas de aulas, mas depois

conseguimos ampliar, hoje já a escola dispõe de uma diretoria, um pátio,

uma sala de professores e mais cinco salas de aulas”. (Iracema

Raimunda da Silva, vice-diretora da escola América do norte)

Na comunidade moram aproximadamente mil moradores, muitos

vivem de serviços informais e programas sociais. Atualmente um dos

maiores problemas da comunidade é a falta de segurança.

“No bairro estamos precisando de um posto policial, pois à noite a

criminalidade aumenta impedido muitas pessoas de estudarem. Além da

falta de água encanada, asfalto, coleta de lixo e posto de saúde”.

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(Raimunda Fraca dos Santos, uma das primeiras

moradoras do bairro).

A maioria das pessoas é oriunda dos bairros próximos e muitos

trabalham nestes bairros ou no centro da cidade, sendo que no bairro não

possui feira, ou outra atividade que possa gerar renda. Porém, os

moradores já disponibilizam de água (mesmo que ainda não seja

suficiente para abastecer todos), energia elétrica e rede telefônica.

Dona Margarida Soares Nogueira, 77 anos, chegou à região

desde 1968, morou no Sitio São Benedito, no Piancó, e hoje reside na

América do Norte. Segundo ela o bairro cresceu de maneira

desorganizada, pois colocaram o mesmo numero em três quadras

diferentes. Com a ocupação aumentou os índices de violência. O bairro

não apresenta manifestações culturais.

“As únicas movimentações de festa culturais acontecem na

escola, onde trabalhei voluntariamente no inicio”.

(Margarida, primeira diretora da Escola Henrique de La Roque -

Vila Embratel-, hoje aposentada).

O Sr. José Antonio de Jesus Santos, presidente da Associação de

Moradores do Bairro América do Norte, afirma que a intenção de formar a

Associação é justamente buscar melhorias para o bairro, sendo que uma

das conquistas recentemente conseguidas foi a implantação de um poço

artesiano, pois a comunidade sofria muito a falta de água, tinha que

descer até as cacimbas para conseguir um pouco de água.

“Estamos também realizando um censo para constatar as

dificuldades do bairro, pois a maioria dos moradores vive de trabalho

informal, ou programas sociais como bolsa família, atualmente estamos

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com 250 famílias e a maioria de nossas ruas é esburacada e cheia de

lixo, afinal é de difícil acesso”.

(José Antonio de Jesus Santos, presidente da Associação).

Uma das moradoras que ajudou a construir a história do bairro e

vive em busca de melhorias para o mesmo é Maria Auxiliadora Costa

Marinho, que afirmou que o bairro ainda precisa crescer tanto em nível

de infra-estrutura como em manifestações culturais, pois antes

acontecia o Festejo de São Sebastião, hoje interrompido pelos aos

índices de violência.

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PIANCÓ

Em 30 de maio de 1998, o Sr. Antônio Carlos Costa, mais conhecido

como Zagueiro, começou a ocupar um terreno, que segundo ele foi doado,

“pedi essa área para o Patrimônio da União, fui ao Instituto de Colonização

e Terras do Maranhão e documentaram tudo”. Após disso a comunidade

começou a organizar o loteamento, priorizando as pessoas de baixa

renda, afinal foi feito um levantamento da área pelo seu Antônio Carlos

(funcionário da UFMA), que reconheceu a legalidade do terreno.

Segundo Zagueiro, antes no local existia o Sitio São Macaro, que foi

desapropriado e uma avenida e um sitio adiante que tinha o nome de

Piancó. Então o mesmo fundou o local com o nome de “Vila Zagueiro” e

formou a associação de moradores da Vila Zagueiro, munida de

documentos.

“Algumas pessoas afirmam que eu e Paulo invadimos o terreno, mas

nós pedimos para o Patrimônio da União”.

(Antônio Carlos Costa, mais conhecido como zagueiro, fundador).

Seu Raimundo Marcelo Mafra, 61 anos, mora a 32 anos no local, já

que antes do nascimento do bairro havia sítios e ele é um dos

remanescentes destes. O mesmo afirmou que no local havia um projeto

para construir um cemitério, entretanto o governo não indenizou todas as

terras, então ele doou uma parte de seu terreno para a construção deste.

“Antes havia poucas famílias, era muito calmo e vivíamos de

plantações e criações, não tínhamos água e energia, com o nascimento do

bairro melhorou algumas coisas, mas aumentou a criminalidade”.

(Raimundo Marcelo Mafra, um dos primeiros moradores)

Segundo Lindalva Sousa vice-presidente da União de Moradores do

Bairro do Piancó, a comunidade se organizou e não concordou com o

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nome Vila Zagueiro mudando assim o nome para Piancó, conservando

assim o nome do antigo sitio onde a comunidade nasceu o que contradiz a

fala de Zagueiro. Diz ainda que o bairro foi registrado recentemente com

esse nome. Atualmente tiveram como conquista a implantação de um

poço artesiano doado pela PLAN, porém continuam lutando pelo

asfaltamento da Avenida Principal. A construção do cemitério que existe

no bairro, era um projeto antigo, antes mesmo de sua formação. O bairro

já dispõe de luz, água (poço artesiano), linha telefônica. A luta agora é

para consegui um posto de saúde e segurança (posto policial). Também

pretende se fazer o aniversário do bairro e construir uma praça, mas falta

estrutura.

A maioria da população é oriunda de bairros adjacentes, não tem

emprego fixo, muitos são ajudantes ou pedreiros e criam animais

domésticos como galinha, gado, entre outros. Não se registra atividade

cultural, em soma, apenas um clube de festas.

“Agora que fundamos a união de moradores, estamos nos

organizando melhor, pretende–se conseguir mais coisas para o bairro, pois

o que temos é só alguns cursos, que nem sempre tem, oferecidos pela

PLAN”.

(Lindalva Souza vice-presidente da união dos moradores).

Senhor José Cubertino Martins, 66 anos, um dos primeiros

moradores, vem lutando para o crescimento do local, o mesmo recebeu o

título de honra de presidente do bairro.

“Fui um dos primeiro a chegar, mas comprei o terreno. Depois foi

chegando mais gente, então constituímos o bairro. Lutando, conseguimos

energia elétrica, rede telefônica e agora ganhamos esse poço artesiano da

PLAN”.

(José Cubertino Martins, presidente do bairro).

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RESIDENCIAL PARAÍSO

O bairro Residencial Paraíso nasceu em 13 de outubro de1996 a

partir de uma ocupação feita em um sitio chamado São Francisco, que

estava abandonado e era uma área de extração de pedra e barro.

O local começou a ser ocupado, devido o acontecimento de um

crime e ao fato da vitima ter sido levada para lá, pois o local estava

abandonado. A comunidade se organizou para ocupar a área e minimizar

os índices de violência que vinha ocorrendo. Aconteceram muitas

contravenções na obtenção do terreno. Entretanto foi organizada uma

comissão entre eles destacam-se André Martins, Aliete Dutra, Sebastião

Santos, Maria Auxiliadora, Cícero, Nonato, Jean, João Martins, para dividir o

terreno em lotes e entregar as pessoas de baixa renda.

“Houve uma assembléia, escolheu-se o nome do bairro, pois tinha

como sugestão Vila Paraíso, Vila Motoqueiro e Residencial Paraíso, foi

eleito Residencial Paraíso”.

(Jean Mendes Gaspar, participou da ocupação do Paraíso)

Mesmo sendo ocupação o bairro nasceu de maneira

organizada, foram divididos os lotes e escolhidos o nome das ruas

colocando o nome de plantas, pedra e arvores nas mesmas, também em

assembléia. Criou-se então a união de moradores que iniciou as lutas pela

água (ainda precária no bairro), luz, asfalto entre outros.

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Segundo o senhor Raimundo Nascimento, 57 anos, morador do

bairro há 11, ele ajudou no crescimento desde a fundação e é um dos

primeiros moradores e organizadores das festas comemorativas no bairro.

“O aniversario do bairro é no dia 13 de outubro e, os moradores

festejam este dia com uma grande comemoração, fazemos questão de

não esquecer desta data importante para nós”.

(Raimundo N.R. Nascimento, comerciante).

Hoje reside no bairro cerca de 8.000 pessoas que vivem de

trabalhos informais e programas sociais como bolsa família, além da

pesca que originou o festejo da tilápia, um peixe encontrado no Rio

Bacanga que fica próximo à região. Existem também plantações de arroz

e criações de aves, gados entre outros.

Dona Terezinha de Jesus Correia da Costa mais conhecida como

Caçula, 37 anos, é uma das primeiras moradoras e trabalha na unidade de

ensino básico do Residencial Paraíso que é o primeiro jardim de infância

da localidade. Ela conta que a escolinha foi uma grande conquista.

“A escola foi uma conquista dos moradores, pois antes existia

aqui um clube de mães que estava abandonado então, o presidente da

União de Moradores doou o terreno para que a PLAN construísse a escola

e a prefeitura administrasse”.

(D. Terezinha de Jesus Correia, funcionária da escolinha).

A moradora Oswaldina Diniz Alves, mais conhecida como “Dina”,

tem 43 anos e mora há quatro no bairro. Ela acredita que existe a

possibilidade de crescimento se houver investimentos em todas essas

áreas, principalmente as de infra-estrutura e segurança.

“A luta por melhorias no bairro continua, pois falta um posto de

saúde, escolas nível médio e fundamental, asfalto, ampliação da rede de

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agua e segurança (que é dos principais problemas que os moradores do

bairro enfrentam, pois o índice de criminalidade é muito alto e não tem

nenhum posto policia)”.

(Oswaldina Diniz Alves, moradora do bairro).

Francisco das Chagas, presidente da União de Moradores,

está em seu segundo mandato, sendo que o primeiro presidente da União

foi o Sr. José de Ribamar Soares, mais conhecido como “De menor”. Os

dois participaram da Organização do Bairro desde o inicio.

“Depois da União de moradores, organizaram a Associação de

Moradores e o Clube de Mães, mas hoje esta funcionando apenas a União

e Associação”.

(Francisco das Chagas, presidente da União de Moradores).

RESIDENCIAL REZENDE

O ano era 1990, o então Deputado Juscelino Rezende decidiu lotear

um terreno próximo a Vila Embratel e deixou seu Magno como

responsável para o loteamento. O mesmo facilitava a forma de

pagamento, porém quem comprasse só poderia fazer casas de alvenaria e

não de taipa. O bairro tem esse nome em homenagem ao deputado.

Depois da organização da União de Moradores, na qual Seu

Magno é o Presidente e Renato é o vice-presidente, conquistou-se luz,

água (a prefeitura construiu um poço artesiano), asfalto e a comemoração

do aniversário do bairro, que acontece no dia 19 de outubro.

Destaca-se com atividade cultural a Dança Portuguesa Coimbra,

que além de possibilitar que diversos jovens possam desenvolver as

potencialidades da dança, também participam de cursos.

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“Sou presidente da Dança Portuguesa Coimbra, única

atividade cultural do bairro”. (Renato Freitas Diniz)

A Comunidade dispõe de uma igreja Católica, igrejas

Evangélicas, time de futebol e um clube chamado CB450, nome originado

de uma moto com esse modelo.

“Colocamos o nome do clube de CB450, por causa de uma moto

que tínhamos e na época estava muito na moda”. (Maria da Glória Coles).

Dona Rosinalda, mais conhecida como dona Rosa é uma das

moradoras mais antigas do Rezende, residindo neste local há 17 anos, é

esposa do Sr. Sebastião que já foi presidente da União de Moradores

tendo uma importante participação no crescimento do bairro,

principalmente no abastecimento de água onde ele mesmo ligava e

desligava a bomba do poço.

“A comunidade cresceu rápido, pois conseguimos água

(administra pela comunidade), asfalto, energia e linha telefônica”.

(Rosinalda, uma das primeiras moradoras)

Residencial Rezende diferentemente de muitas ocupações foi um

bairro que surgiu a partir de loteamentos vendido pelo atual presidente Sr.

Magno, sendo assim foi constituída de maneira organizada. A maioria dos

moradores trabalha fora, na comunidade existem alguns comércios. O

bairro é composto por mais ou menos 250 famílias.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 23

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ESPAÇO DA MEMORIA

SÃO BENEDITO

Antes sítio São Benedito, hoje Bairro São Benedito. Em meados da

década de 70 o Sr. Antônio Pedro, dono do sitio, doa terrenos a

aproximadamente dez famílias que a muito já moravam no sitio. Hoje já

são cerca de 200 famílias e muita história.

“Quando chegamos já havia diversas famílias, mas moravam nos

diversos sítios”

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 24

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ESPAÇO DA MEMORIA

(Mª. Da Glória Coles, moradora)

Os moradores foram se mudando, vendendo os terrenos e a

população aumentando. Com isso, energia, água e outros direitos básicos

tornaram-se essenciais. Então é fundada a União de Moradores do sitio

São Benedito, cuja 1ª presidente foi a Srª. Antonia Santos em 1987, dando

inicio a uma luta comunitária pela energia elétrica para o bairro. Em 1990

é alcançada a vitória após anos de gambiarras e escuridão.

Mas a alegria era muita neste bairro. No antigo Areial, localizado em

frente onde hoje é o terreno de umbanda de D. Rosinete, aconteciam os

ensaios da Quadrilha Alegria do Sertão. Na sede da Associação realizavam

o Tambor de crioula em homenagem a São Benedito.

“Era uma alegria só, a festa ia pela madrugada toda”.

(D. Hildacy Amorim, moradora)

Hoje a maior comemoração é o festejo no terreiro de D Rosinete

com 14 dias de festa consecutiva. No setor econômico é destacada a

criação de animais: como porco, galinha, gado, e a extração de

caranguejo, além da produção de carvão natural. Também levando em

conta que grande parte das pessoas trabalha fora.

O crescimento deste bairro é permeado por lutas e sorrisos, e uma

união comunitária, que não cansa de suas lutas cotidianas em defesa do

bairro do São Benedito. Dona Antônia que foi presidente por 2 mandatos

de 4 anos além de energia elétrica trouxe o poço artesiano, e hoje apóia o

atual presidente o Sr. Dida em suas lutas pelo bairro.

RESIDENCIAL PRIMAVERA

O bairro surgiu aproximadamente em 1997 por meio de ocupações e

cresceu de forma lenta. Teve como primeiro presidente da Associação de

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 25

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ESPAÇO DA MEMORIA

Moradores o senhor Moacyr que também deu inicio as ocupações. Tem

como apelido Vila Sapinho devido a existência de vários lagos e sapos na

região. O bairro foi oficializado com o nome de Residencial Primavera.

“Residencial Primavera iniciou com ocupações, depois esses

próprios moradores venderam seus terrenos e saíram do bairro. Foi então

que eu comprei este terreno e moro aqui há oito anos”.

(Severina Cruz Ramos, moradora do bairro).

O bairro Residencial Primavera possui mais ou menos 400

famílias residentes no local. Sendo que a maioria trabalha fora do

ambiente familiar. Na comunidade existem alguns comércios e algumas

criações de animais que ajudam na renda das famílias.

O bairro é carente de muitas melhorias, tanto nas áreas social, da

saúde como na área financeira já que muitos moradores não têm renda

fixa, pois não trabalham registrados. Existe também a insuficiência de

água encanada, energia, asfalto, posto policial, posto de saúde colégios,

creches, feira e cursos de capacitação profissional.

“No inicio, quando não tinha entulho, atolava tudo. Ainda hoje

existem locais que ocorrem enchentes devido a água da chuva. Para ligar

a água foi maior problema. Até hoje ainda existe moradores que não têm

água encanada”.

(Francisco Inácio dos Santos, morador há 13 anos)

No Residencial Primavera antes existia uma União de Moradores e

uma associação das Donas de Casa. Ambas com o passar do tempo foram

extintas. Existe hoje no bairro a Associação Beneficente e Cultural que já

realizou cursos, projetos, oficinas e vacinação. Ela promove uma dança

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 26

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ESPAÇO DA MEMORIA

cultural chamada Dança da Fita, que expressa diversos passos das

manifestações culturais maranhense como bumba-boi, quadrilha, tambor

de crioula entre outros. Com a renda deste projeto foi construída a sede

da associação. A presidente é a senhora Maria de Fátima Mocinho Lopes.

“A Associação Cultural procura melhorar a vida dos

moradores, reivindicando melhorias e ações emergenciais”.

(Maria de Fátima M. Lopes, presidente da Associação Cultural).

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 27

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ESPAÇO DA MEMORIA

ARGOLA E TAMBOR

O bairro Argola e Tambor surgiu no ano de 1996 diante de

contravenções particulares e públicas - disputa de terra entre os

posseiros, ocupantes e o poder público.

O nome do bairro é de origem afro, reconhecido pelo Instituto de

Colonização e Terras do Maranhão – ITERMA, devido ao fato de que Ana

Jansen e seus escravos residiam no local em tempos passados. É de cunho

popular também a localidade ser chamada por Cidade Nova.

“Quando começou a construção das casas no bairro, foram

encontrados alguns objetos como argolas e chaves”.

(Ana Coimbra, presidente da Associação de

Moradores)

O crescimento inicial do bairro foi de forma lenta, devido a vários

levantamentos históricos necessários, feitos pelo Fórum da Moradia e pelo

INCRA, para que se comprovasse a origem da terra e seus verdadeiros

donos. Após o reconhecimento em parte da terra e o direito dado aos

ocupantes, o crescimento foi rápido por conta das constantes invasões e

vendas de terra.

“A ocupação foi iniciada por 25 homens, que fizeram um

levantamento da terra e ao chegar a conhecimento da justiça o

acontecido, o Fórum da Moradia ajudou os ocupantes a reconhecerem a

região”.

(Maria Madalena, uma das primeiras moradoras).

As primeiras pessoas que habitaram o local vieram de alguns bairros

de São Luís e outras do interior do estado. As primeiras famílias foram a

de D. Maria de Jesus, Sr. Aquiles, Sr. Martinho e Sra. Graciele.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 28

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ESPAÇO DA MEMORIA

O Argola e Tambor possui uma Associação de Moradores, cuja

presidente é D. Ana Coimbra. Também tem uma União de Moradores,

regida por Sr. João Batista, e um Clube de Mães, que em parceria a outros

órgãos entre eles a ONG PLAN, mediaram alguns benefícios à

comunidade, como o asfaltamento da avenida principal, a energia elétrica

e a escola João do Vale. É confirmada também a existência de um grupo

de jovens.

No setor econômico de acordo com o relatado, grande parte das

pessoas trabalham fora, mas antes a plantação de mandioca era um dos

pontos de sustento da maioria dos moradores entre outras atividades.

No âmbito cultural destaca-se o Festival da Macaxeira, que acontece

no mês de julho. Este festival acontece desde 1995, que era realizado

bianualmente, no entanto, passou a ser realizado de ano em ano.

Inicialmente as plantações eram para subsistência familiar, mas houve

expansão de hortas, surgindo assim, pequenos produtores, o que

colaborou para a permanência destes.

De acordo com os moradores a melhoria do bairro está na conquista

do asfaltamento das ruas, na implantação de um trailer policial e no

transporte público.

As mudanças que transcorreram durante os anos nesta comunidade,

direcionaram-se ao asfaltamento da avenida, que oferece acesso tanto ao

bairro que se trata quanto aos adjacentes; a obtenção da energia elétrica

e a construção do poço artesiano.

“Além do que conquistamos é esperado conseguirmos o titulo de

propriedade”. (Maria Madalena, uma das primeiras moradoras).

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 29

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ESPAÇO DA MEMORIA

SÃO JOÃO DA BOA VISTA

O bairro São João da Boa Vista iniciou em 1985. Teve sua formação

de forma organizada e os primeiros habitantes eram, em sua maioria,

pessoas de bairros de São Luis. Antes de sua ocupação a área era

chamada de Sitio São João.

Boa parte do terreno pertencia ao Sr. Lusitano que vendeu seus

lotes aos primeiros moradores do local.

A principio houve grandes dificuldades para a legalidade de uma

outra parte do terreno, pois segundo os moradores o Sr. Rui, suposto dono

de lotes, mandou derrubar várias casas na região

D. Terezinha Pereira uma das primeiras moradoras do bairro, veio de

Lago Açu em 04 de agosto de1985.

“Participei da primeira ocupação onde as casas foram derrubadas

com machado. Os que se diziam ser donos expulsaram os moradores.

Depois de algum tempo voltamos e construímos as casas novamente,

passamos 2 (dois) meses daí derrubaram nossas casas com um trator,

tornamos voltar. Foi então que D. Conceição Andrade negociou com os

“donos” e depois deixaram a gente em paz”.

(D. Terezinha uma das primeiras

moradoras )

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 30

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ESPAÇO DA MEMORIA

Logo após os ocupantes fundaram a Associação de Moradores na

liderança de Antonio Carlos. Daí foram conquistando vários benefícios

como energia elétrica, poço artesiano, maquina de pilar arroz e até

mesmo a construção da primeira igreja católica. Foram surgindo também

outras entidades com o Clube de Mães.

A economia era voltada para a agricultura (plantação de arroz e

criação de gado) sendo que hoje muitos possuem trabalho de maneira

informal fora do campo.

Uma das principais manifestações culturais é o Festival do Arroz que

há 17 anos é realizado no bairro, que a principio era feito no primeiro fim

de semana do mês de agosto, e hoje acontece no segundo domingo.

“Atualmente temos aproximadamente 250 famílias morando no

local, sendo que muitos são oriundos dos bairros adjacentes, o bairro não

apresenta índices de violência o que nos da certa tranqüilidade”.

(José Maria, ex-presidente da Associação de

Moradores).

GAPARA

O Gapara se deu com as primeiras construções do conjunto Veneza

no ano de 1995 (1ª parte) e 1996 (2ª parte); e com a construção em

agosto de 1996 do conjunto COHATAB, que teve seu início de

movimentação no ano 1993.

A Associação dos Sem Teto de São Luís e a Cooperativa

Habitacional dos Trabalhadores de Baixa Renda (Cohatab) resolveram unir

forças e fundar um bairro com o mesmo nome o qual encontraram quando

por lá chegaram, “Gapara”. A Associação dos Sem Tetos de São Luís deu-

se início em 1991, apresentando as primeiras movimentações em 1992,

com a conquista do terreno e das casas para a construção das

residências.

Os moradores no inicio queriam que o nome fosse Residencial Ilha

Verde, mas não prevaleceu, este é situado nas proximidades do bairro Vila

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 31

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Embratel, que por sinal apresenta um perfil bastante peculiar devido às

dificuldades da região.

Hoje encontram-se cerca 960 famílias residindo no bairro Gapara.

De acordo com senhor Raimundo da Silva, primeiro presidente da

Associação dos Sem Teto de São Luís, a região onde hoje se encontra o

Conjunto Veneza e Cohatab é chamado também de Água Fria. O Conjunto

Gapara é contido de diferentes regiões: Mato Grosso, Água Fria, Gapara e

Nove Arraias, relata Sra. Cristina Garcêz (Celestina).

De inicio o local era um sitio residido por familiares, antes no local

moravam nove irmãos, donos do sítio. Com o tempo alguns resolveram

vender sua parte, o que resultou nas terras onde hoje correspondem aos

conjuntos.

“Minha família mora há mais de 100 anos na região. Os sítios

pertenciam ao meu bisavô”. (D.Celestina, moradora mais antiga dos

sítios)

As famílias mais antigas são: a de Madalena, seu Francisco, dona

Lusa, de seu Zeca, dona Helena, seu Massau (do conjunto); e de dona

Celestina, seu Joca, dona Mundica, Zé Toinho e Sanclair (do sítio).

O bairro em si possui três ambientes: o Conjunto Veneza, o

Cohatab e o Sítio. Apesar de os dois primeiros terem surgido em

momentos próximos e com o mesmo objetivo tiveram apoio diversificado.

Como estruturadora a Associação dos “Sem Teto”, fundada com objetivo

de futura moradia própria, e apoiada pela CVRD, foi uma das responsáveis

pela formação do bairro, mais diretamente ligada ao conjunto Veneza, que

inicialmente buscava o terreno para a construção de 230 casas.

“Dentro do bairro (Conjunto Veneza) é proibido instalação

de bares, venda de bebidas, pois esses ambientes trazem violência”.

(Sr. Raimundo Nonato)

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 32

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ESPAÇO DA MEMORIA

Sendo a Cooperativa do Sindicato dos Metalúrgicos, outro co-

responsável a esta formação, e base para a formulação da Cooperativa

Habitacional dos Trabalhadores de Baixa Renda (COHATAB), que deu

origem ao nome do conjunto, e prosseguiu a conquista da moradia

própria. Todas essas conquistas foram árduas e segmentadas, visto a

dificuldade de apoio e financiamento. Frisando que as terras foram

compradas, com um crescimento organizado e loteado. Já o sítio

corresponde à parte mais antiga do Gapara, onde ainda residem alguns

dos mais antigos moradores e seus descendentes.

“O lugar era mais calmo e seguro antes dos conjuntos”

(Sra. Raimunda Carvalho, moradora do sitio)

“Dizem que a dona do sitio era Ana Jansen”

(D.Celestina, moradora mais antiga dos sítios)

Com o vingar destas áreas formulou-se o Conjunto do

Gapara, tendo inicialmente 3 poços comunitários; energia; a avenida

asfaltada que dá acesso aos ônibus; linha telefônica; creche e um posto

de saúde, conquistados com muito esforço e luta.

Este bairro é interligado a Associação e a União de Moradores

geral com sede no Argola e Tambor, que diante das “barreiras”

dificilmente satisfazem a todos.

“Falta união entre os líderes e a comunidade”

(Sr. Antônio Ferreira,

morador).

Sua relação econômica é ligada à criação de animais, a plantação

(roça), ao comércio e ao trabalho fora, sendo que o último é que tem

grande destaque. As pessoas são de baixa renda e necessitam, de acordo

com o pesquisado, de maior atenção pelo poder municipal e estadual,

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 33

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ESPAÇO DA MEMORIA

esperando que sejam feitas melhorias como a implantação de escolas,

pavimentação das ruas, melhoramento da iluminação pública e a

implantação de postos policiais. Sobre a economia, seu Raimundo Nonato

diz que:

“A região antes do conjunto abastecia de cal e carvão a ilha de

São Luís; e ocorria a extração de caranguejo e a pesca”. (Sr. Raimundo

Nonato)

Em relação aos aspectos culturais o bairro não apresenta muitos

pontos, existe uma dança portuguesa, mas que não sairá neste ano. De

acordo com populares existe um grupo de capoeira que não está muito

ativo. No entanto é feito um festejo em comemoração ao período junino.

A maioria das pessoas que participou da busca das casas próprias

veio de vários bairros de São Luís: Maioba, Anjo da Guarda, Anil,

Coroadinho, São Francisco, Vila Embratel e também de cidades do interior

do Estado como Araioses, Viana, Guimarães, Codó e etc.

Existe ainda uma creche que surgiu com a parceria da comunidade

junto a ONG PLAN: a Creche Semente do Saber que cuida de crianças

de 1 a 5 anos de idade por tempo integral. Ela se mantém através de

parcerias com a comunidade (comerciantes e moradores). Essa creche é

responsável também pela integração das mães à comunidade convidando-

as para cursos de aperfeiçoamento. A comunidade é constituída de 3

igrejas evangélicas e uma católica.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 34

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VILA EMBRATEL

Em 1970, foi implantada a torre da empresa Embratel na

área Itaqui-Bacanga. Com essa implantação construíram-se cinco prédios

entre os quais havia os residenciais, que foi se constituindo como uma

vila, gerando assim, o nome Vila Embratel.

Segundo Sr. Orlando:

“Na época não existiam moradores, havia um complexo de

estações e residências de empregados”.

(Sr. Orlando, funcionário da

Embratel).

O bairro Vila Embratel surgiu no dia 01 de fevereiro de 1978

com o remanejamento, pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA),

de antigos moradores do atual bairro Sá Viana e de outros de áreas

externas ao Distrito Itaqui – Bacanga, região onde se situa o bairro em

questão. Pela necessidade de fazer prédios a UFMA retirou as pessoas e

deu material para a construção das casas (material de taipa), em uma

nova área de 9 hectares aos remanejados.

Antes da Vila Embratel, só existiam sítios: do Justino, Piancó,

Carneiras, Novo, São Francisco, São Benedito. O primeiro remanejado foi o

senhor Benedito Nascimento. Durante o deslocamento 889 famílias foram

remanejadas para o local.

Os moradores fizeram um cadastro que receberam da UFMA, que

planou a então Vila Embratel e a dividiu em quadras. A Vila Embratel era a

avenida central e nas quadras ao redor as pessoas faziam roça de arroz e

macaxeira. O posto de ônibus era inicialmente no centro da UFMA.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 35

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ESPAÇO DA MEMORIA

Em 80 foi iniciada a construção da igreja católica com o padre

Rafael, comboniano, que foi citado como figura importante no crescimento

do bairro. A igreja inicialmente funcionava na Rua 20 onde hoje é a

Escolinha do Povo. Também foi construído no ano de 1981, dentro da

igreja, o Centro de Saúde comunitário, hoje Dom Oscar Romero.

Devido à dificuldade de consenso do nome da igreja e o fato dela

ter se sido construída totalmente em multidão, gerou o surgimento do

nome da igreja, o padre sugeriu ser Nossa Srª do Povo. Em 1984, devido o

Pe. Rafael, 17 pessoas recebiam doação filantrópica da Itália. O posto era

laboratório e ambulatório, sendo que o responsável pelo posto era Antônio

Augusto, na época acadêmico.

No planejamento além de terem deixado um lugar para a católica,

a UFMA deixou um terreno também para a construção de uma Assembléia

de Deus.

Em 1983, através da organização comunitária sob a liderança de

Maneco eles conseguiram que o transporte público rodasse por dentro do

bairro.

Durante o remanejo ao local, este foi chamado de Sá Viana

Novo, no entanto foi sugerido pelo senhor Maneco, o nome Vila Embratel,

devido a torre da Empresa Brasileira de Telecomunicações (EMBRATEL). A

eleição para escolha do nome foi feita no atual prédio da UFMA, hoje

Núcleo de Extensão da mesma.

“Era novo Sá Viana, nós reunimos para colocar em votação Vila do

Amor, Sá Viana Novo, Savianinha, eu sugeri o seguinte por que não

colocamos Vila Embratel, mas por quê? Por causa da torre, pois tinha

sentido e todos votaram em Vila Embratel”

(Manuel Silva Diniz, senhor Maneco, morador um dos primeiros

remanejados)

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 36

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ESPAÇO DA MEMORIA

“Antes das invasões dormíamos de porta aberta. Depois das

invasões começou a violência. As áreas de ocupações têm 70% de gente

mal, mas tem 30% de gente boa”.

(Maria Marlene Veloso dos Santos

Cardoso, moradora)

As primeiras invasões ocorreram da Rua 2 até a feirinha e do

colégio Professor Ferreira para trás e no Riacho Doce. A invasão deu-se de

forma desorganizada e vagarosamente, uns dos fundadores foram Dona

Catarina Vieira, um senhor chamado “Mole-mole” e Dona Lúcia. Era

existente já neste local o Motel Vacaria sendo que a energia utilizada

pelos moradores era advinda deste. Um dos terrenos ocupados era de seu

Zé, onde era chamado de Bonaparte, hoje na região da Travessa Nossa

Senhora de Fátima, e de Dona Severa, na Rua Embratel.

Depois da invasão, o Presidente da união Sr. Benedito Mondego,

segundo presidente da União de Moradores do bairro, junto à comunidade

reivindicaram um poço artesiano e o cemitério.

Com o surgimento da Igreja Católica nesta região, na Rua da União,

foram promovidos cursos que beneficiaram a comunidade como:

bordados, corte costura além de ajudas comunitárias. A igreja tinha o

apoio dos padres Rafael, Vitório e Alfredo. Primeiramente as missas

aconteciam em uma escolinha, depois foi construída a igreja, com alguns

contratempos. Hoje a mesma funciona em outro lugar. Tem por nome

Igreja Nossa Senhora da Esperança.

O bairro é composto por duas feiras. Uma próxima à Praça Sete

Palmeiras, que iniciou mais ou menos em 82, pois ao planejar o terreno a

UFMA deixou logo um espaço para ela. Seus primeiros feirantes foram Sr.

Elias, como vendedor de galinha; Sr. José Ribamar Bezerra e Sr. Zé Psica,

como açougueiros; e Sr. Dudu vendendo verduras. O primeiro comerciante

foi Sr. Olegário. E na outra feira próxima a Rua Embratel, que foi criada a

mais ou menos 20 anos, as primeiras pessoas que a iniciaram foram:

Djalma, que começou vendendo tomate, cebola; o Sr. Nezinho: tomate,

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ESPAÇO DA MEMORIA

cebola; e Dona Francisca com o tempero. Os dois primeiros comerciantes

foram Sr. Pinheiro e o Sr. Maneco. Uma das antigas moradoras da ferinha

é Dona Gracinha não mais residente mais no local.

Antes a população vivia da pesca, da plantação e do trabalho fora,

hoje a maioria trabalha fora da área Itaqui-Bacanga ou vive de comércio.

Parte da população possui baixa renda e vive de “bicos”.

As entidades que compuseram, sendo que algumas ainda existem

no bairro são: o primeiro grupo de jovens do bairro, o JUC (Juventude

Unida em Cristo); a Creche Menino Jesus; a Casas das Crianças; o Grupo

de Jovens, “Força Jovem”; União dos Moradores; Clube de Mães: Nossa

Senhora da Guia; Clube de Mães: Sagrada Família; Colégio Professor

Ferreira; Igreja Rosa de Saron, 1ª Igreja Assembléia de Deus do Brasil; e a

Associação Beneficente de Vila Embratel.

O grupo de jovens JUC com o apoio do Pe. Rafael foi responsável

pelo levantamento de algumas áreas para que fosse povoada de maneira

organizada. Sua formação se deu devido a necessidade de trabalhar a

parte religiosa de seus componentes. As reuniões eram feitas na casa de

Sr. Joel.

A União dos Moradores teve sua primeira diretoria composta por Sr.

Maneco como presidente, Sr. Amadeu - tesoureiro, Sr. José Ribamar

Bezerra - secretário, Sr. Eliberto e outros.

A policia chegou à região no ano de 1980. O posto policial chegou

em 1984 com a delegacia que era feita de madeira e localizava-se na Rua

4, seu primeiro delegado foi o Sr. Raimundo Pé de Porco.

A primeira escola do bairro foi a Unidade Integrada Vila

Embratel. A União de moradores surgiu em 1980, e foi construída através

de mutirão e doação de material.

“Sou fundador do CEMA da Vila Embratel, comecei com 9 crianças,

tinha uma diretoria e eu tinha que fazer 10 salas”.

(Manuel Silva Diniz, senhor Maneco, morador um dos primeiros

remanejados)

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A primeira movimentação cultural do bairro foi a quadrilha “Flor do

Sertão” do Sá Viana onde o senhor Maneco era presidente, e ao vim para

a Vila Embratel, passou a realizar os ensaios tanto na Vila quanto no Sá

Viana. Eles faziam seleção, sempre nos bairros. A 1ª quadrilha

propriamente do bairro foi a do senhor Aldeci. Outra quadrilha de grande

destaque foi a Meu Ranchinho, organizada por Dona Deomar e Sr. Luis

Gereba – a pessoa que trouxe o esporte para o bairro-, a Flor de Maracujá

– organizada por Bira da rua 10-, e a Rancho Alegre também são outras

quadrilhas de destaque no bairro. É realizado também a 17 anos, todo dia

7 de setembro, um desfile das escolas do bairro. As manifestações hoje

são reproduzidas nas praças.

O bairro é composto de duas praças a primeira e maior: a Praça Sete

Palmeiras (região planejada, remanejamento) e a Praça Primeiro de Maio.

No bairro também são encontrados diversos campos de futebol – campo

Bijangão, antes com o nome Manecão e o Piçarrão.

No bairro existia também um chafariz que era responsável pelo

fornecimento de água, ele ficava enfrente ao muro do CEMA onde hoje

fica uma banca de bombons.

Alguns benefícios que aconteceram durante os anos foram: a

construção de escolas, pavimentação, transporte e a construção do

Adolescentro com seus cursos e atividades. O bairro é carente ainda de

segurança.

“Teve um avanço muito grande, mas precisamos de Agência

bancária, loteria não se fala mais, temos local para instalar, pelo menos

uma casa lotérica, mas todo dia assaltavam, precisa melhorar a

segurança, estão com o intuito de construir um mini-quartel”.

(Manuel Silva Diniz, senhor Maneco, morador um dos primeiros

remanejados)

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ESPAÇO DA MEMORIA

“A água chegou de forma lenta e constitui um problema de

muitos anos”

(Marlene de Jesus Padilha da Silva, mora a 24 anos no

bairro)

“Antes o ônibus do Centro de Esporte vinha até as 17:00, até

onde hoje é a delegacia. Em 1981 os ônibus começaram a passar direto”

(José Ribamar Bezerra Paêta, morador há 28 anos )

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 40

Page 41: História da Área Itaqui-Bacanga

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ESPAÇO DA MEMORIA

Bairros pesquisados:

JambeiroSá viana

Vila cerâmicaVila bacangaVila dom luís

Vila isabel

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ESPAÇO DA MEMORIA

Micro de Vila Bacanga

LOCAL ATIVIDADE TOTAL

Jambeiro pesquisa 4

Sá Viana pesquisa 8

Vila

Cerâmica

pesquisa 6

Vila

Bacanga

pesquisa 8

Vila Dom

Luis

pesquisa 7

Vila Isabel pesquisa 9

TOTAL 42

Acib Lançamento

da

exposição

55

TOTAL 97

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 42

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ESPAÇO DA MEMORIA

JAMBEIRO

No dia 18 de Abril de 1993, a comunidade juntamente com o

Senhor Euzébio dos Anjos Oliveira Coimbra, fundaram o Bairro do Jambeiro

em um evento com a participação de diversas lideranças da Área Itaqui-

Bacanga.

Em uma Assembléia Comunitária, decidiram o nome do bairro

entre diversas opções: “União dos Três”, “Boa Vista”, “Vila Natal” e

“Jambeiro”. Ganhou o nome Jambeiro, por haver uns sítios onde existiam

muitos pés de jambo. Então ficou como símbolo do bairro o pé de jambo,

porém ultimamente é difícil vê-lo no local.

A ocupação se deu de maneira organizada, pois quem dividia os

terrenos era a União de Moradores do Sá Viana. Devido à construção da

Avenida do Contorno, as pessoas passaram a ser remanejadas para a

região onde hoje é o Jambeiro. Por ser uma área de mangues o acesso era

difícil e as conquistas dos benefícios foi uma luta dura, mas conseguiram

água (ainda precária), energia elétrica, rede telefônica e o asfaltamento

de uma avenida.

“Fui remanejada do Sá Viana para a Vila Embratel, vendi minha casa lá e comprei essa aqui (no Jambeiro), já faz 14 anos que moro aqui.”

(Maria Vieira Santiago, 63 anos, moradora do Jambeiro)

Segundo a senhora Raimunda Correia dos Reis, 65 anos,

moradora do bairro há 20 anos, havia um campo chamado Jambeiro, pela

existência de muitos pés de jambo, entretanto toda área era reconhecida

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 43

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como Sá Viana. A região era só mangue e com a construção da Barragem

do Bacanga o mangue secou e a região foi aterrada pela natureza.

“Era só um bairro (Sá Viana), mas se dividiu em dois (Sá Viana e Jambeiro), entretanto ainda não se sabe onde começa um e termina o outro”.

(Delsa Rodrigues, que participa da igreja católica do Jambeiro).

As primeiras famílias que começaram a habitar no local foram a

Senhora Eliza, Sr. Antônio Melo, Sr. Maria Regina, Sr. Preguinho Sr.

Raimunda, Sr. Correia, Sr. Firmino, entre outros.

A maioria das pessoas é oriunda de bairros próximos, inclusive do

Sá Viana. Muitos vivem na informalidade (auxiliar de pedreiro, carpinteiro,

entre outros), alguns de comércios ou estão incluídos em programas

sociais. Também existem muitos jovens sem emprego.

A União de Moradores do Jambeiro foi fundada pelo Sr. Euzébio

dos Anjos Oliveira Coimbra, e em 1994 conseguiram colocar postes,

depois água e asfalto.

“Eu renunciei a União de Moradores do Sá Viana e fundei a União de Moradores do Jambeiro, na qual hoje minha esposa é a presidente. E estamos lutando para conseguir uma escolinha para o bairro, pois a que funciona na União é insuficiente para assistir o bairro”.

(Euzébio dos Anjos O. Coimbra, presidente da União)

As igrejas existentes no bairro são a Católica, a Assembléia de

Deus e a Sara Nossa Terra.

As atividades culturais são realidades presentes, pois existem muitas manifestações. Um dos momentos mais significativos dessas manifestações é o Festejo de São João Batista, realizado pela Igreja Católica no período de 20 a 24 de junho; outras atrações culturais são: o Bumba-boi Mimoso do Sá Viana e do Jambeiro, a Quadrilha.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 44

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SÁ VIANA

O bairro do Sá Viana é o mais antigo da Área Itaqui-Bacanga. Para a

sua habitação houve muitos conflitos. Em 27 de janeiro de 1967 o Sítio Sá

Viana como era chamado inicialmente, foi doado para a fundação

Universitária Federal do Maranhão. As terras doadas totalizavam 50

hectares. Depois de alguns anos, os moradores do Sitio Sá Viana foram

comunicados do remanejamento para o Sitio de Justino que a partir dali

era chamado de Novo Sá Viana e hoje é amplamente conhecido como Vila

Embratel. As famílias foram remanejadas a partir de 1º de fevereiro de

1978.

A senhora Elizabete Costa Santos, mais conhecida como Dona

Marcimi, conta que brigou com a policia para permanecer no bairro, pois

já tinha uma identidade com o local. Seus pais foram uns dos fundadores

e ainda criança acompanhou o desenvolvimento do Sá Viana.

“Desde a luta para permanecer no bairro comecei a participar dos movimentos comunitário e religioso, hoje faço parte da União, Clube de Mães, Grupo da Terceira idades entre outros”.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 45

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(Elizabete Costa Santos).

Mas além do remanejamento algumas famílias permaneceram e

logo foram chegando mais, algumas das adjacências, outras interioranas,

das proximidades do Centro, quilombos. Com esse grande crescimento, o

bairro iniciou-se de forma desordenada provocando, ao longo dos anos um

bairro sem infra-estrutura, saneamento básico, escolas, hospitais,

assistência social e precariedade de transporte. Para o deslocamento das

famílias era preciso atravessar o Rio Bacanga de canoa ou esperar muitas

horas para pegar um transporte.

O nome que traz até hoje, surgiu devido os escravos saldarem Ana

Jansen (personagem histórica). Quando ela passava, eles diziam: “Salve

Ana” ao passar do tempo abreviou-se para Sá Viana, segundo Dona

Jovelina Mendonça Nascimento, uma das primeiras moradoras.

Mas, no entanto, existe outra justificativa para o nome Sá Viana.

Segundo o morador Antônio Ezequiel do Nascimento, No governo do

interventor Urbano Santos foi construído na região um prédio para ser um

leprosário na beira do Rio Bacanga. Um dos maiores prédios com 360

portas e 365 janelas. O construtor do prédio foi o senhor José de Ribamar

Sá Viana. As pessoas que o procuravam chamavam-no de Sá Viana (seu

nome de guerra), por isso o nome do bairro.

Em 20 de dezembro de 1970 o Senhor Sabino (hoje falecido) fundou

a União de Moradores do Sá Viana, o mesmo era o presidente e começou

a distribuir os terrenos para quem colocasse o nome na lista de espera da

União. Sendo que assim a ocupação começou a se dar de maneira

organizada, pois era planejado onde seriam as ruas e onde seriam as

casas.

“Eu já moro há 32 anos no bairro, em 1986 meu marido Ezequiel foi presidente do bairro, ainda participamos da União.”

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 46

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(Jovelina Mendonça Nascimento, moradora

do bairro)

Afirma Sr. Ezequiel que a União de Moradores, uma parte da frente

era a casa de motor, para dar construção a casa (o leprosário). O terreno

era dos padres, eles entregaram os terrenos a SOMACS – Sociedade

Maranhense de Cultura Superior (271 hectares). A área foi passada para a

FUN UFMA.

Os padres dividiram em três partes o terreno: 21 hectares para a

educação; 50 para o Sá Viana e 200 para o Leprosário.

O governo achando que esse prédio ficava muito próximo do centro

da cidade decidiu demolir, para fazer o prédio do Bonfim. O prédio antes

de ser demolido serviu de depósito de armas e munições do Quartel 24º

Batalhão de Caçadores.

Outra dificuldade era a falta de água encanada, que na época havia

apenas dois poços artesianos que atendiam a população com muita

precariedade. Era preciso carregar água ou pagar para o abastecimento

de suas casas. Um dos poços foi construído pela União de Moradores que

na época era umas das primeiras entidades.

As famílias do Sr. Firmino, de Sr. Zé Baixinho, Sr. João, Sr. Maneco,

Sr. Lindoso, Sra. Marcimi, dentre outras, destacam-se por terem fundado e

ainda compor a história do Sá Viana.

“Era um mangue com algumas casinhas ao redor, as ruas eram só lama, hoje já tem asfalto e até ônibus próprio do bairro e além disso varias atividades sócio culturais.”

(Senhora Deusa Rodrigues de 39 anos Moradora da Rua Giz)

As atividades culturais, sociais, esportivas e religiosas são

constantes em datas comemorativas que envolvem principalmente a

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 47

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comunidade. Tambor de Crioula, Bois, Capoeiras, Festa de Reggae,

Serestas, Shows, Escola de Samba.

Culturalmente o bairro vem crescendo consideravelmente, pode se

destacar a nível de manifestações folclóricas: Dança Portuguesa

Adolescente de Portugal, Cacuriá do ASC, Dança do Boiadeiro Cavalo

Negro, entre outras; a nível de esporte ressaltam-se os times

Flamenguinho e Juventos; além de cantores de rap, serestas etc.

Na educação demarca-se a presença de cinco escolas comunitárias

e uma do estado, já é um avanço, mas é preciso melhorar sintetiza Sr.

Deusa Rodrigues, moradora do bairro.

As entidades contribuem para o desenvolvimento sustentável do

bairro. As mesmas atendem a maioria do bairro, são elas: União de

Moradores, Clube de Mães, Escolas Comunitárias, Associações Culturais e

Esportivas.

As entidades religiosas representadas por igrejas são: a Igreja

Católica, a primeira igreja do bairro que permanece até hoje com seus

festejos e tradições; a Assembléia de Deus; a Adventista do Sétimo Dia; a

Quadrangular; a Sara Nossa Terra; a Internacional da Graça de Deus; a

Universal e outras.

Antigamente a fonte de renda das famílias do Bairro era a pesca e

pequenos comércios que surgiram nas redondezas, e algumas famílias

com a criação de galinhas.

Hoje as dificuldades em geral do Bairro superam-se, com o esforço

grande de sua comunidade para uma melhor condição de vida dos

moradores do bairro. Muitos trabalham em empreiteiras, donas de casa, e

outras formas de renda.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 48

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VILA BACANGA

O bairro fica localizado às margens da Avenida dos Portugueses, nas

proximidades da Universidade Federal do Maranhão – UFMA.

A Vila Bacanga surgiu no fim dos anos 70 e inicio da década de 80, a

partir da necessidade de pessoas que vinham de outras localidades, por

exemplo, do interior do Estado à procura de emprego na capital.

O nascimento do local começou a partir da ocupação de uma área

no qual tinha como dono o Dr. Ney Belo, onde antes havia um grande

lixão público onde eram depositados os resíduos sólidos de vários pontos

da cidade. Com esse acumulo de lixo favorecia-se assim a proliferação de

muitas doenças.

Segundo o relato da Sra. Francisca Coelho uma das primeiras

moradoras do local, quando a ocupação iniciou-se houve um grande

conflito entre invasores e a SUPLAM que tinha como Comandante o

Sargento Silva. A Sra. Francisca relata que ele mandava derrubar os

barracos dos moradores. Depois de muito conflito houve uma

conscientização de ambas as partes, na qual a partir de então a SUPLAM

passou a fazer o loteamento dos terrenos aos moradores.

O nome da primeira Rua da Vila Bacanga foi dado em homenagem

a uma das fundadoras do bairro, a Senhora Margarida. Pois esta também

foi a idealizadora de uma das primeiras entidades do local: o Clube de

Mães.

No inicio, o bairro sofreu uma série de problemas, como a falta de

água e de energia, de saneamento básico e várias outras dificuldades

relatadas pelos moradores. Quando a Vila Bacanga foi fundada, o

abastecimento de água era feito a partir de poços artesianos, depois

foram implementados alguns chafarizes para suprir a necessidade dos

moradores, sendo que a água nas moradias aconteceu só no inicio da

década de 90.

No inicio da ocupação surgiu também a União dos Moradores na

qual funcionava a Escola Comunitária do bairro. A união tinha teve como

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 49

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primeiros diretores o Sr. Valdemar e o Sr. Antônio. A entidade surgiu a

partir de verbas de projetos com capital estrangeiro e foi quem trouxe

alguns benefícios para o bairro como: água, luz e saneamento.

Já a Associação de Moradores foi criada após a discussão de alguns

moradores com a União, na qual teve como primeiro presidente, o

Sr.Raimundo João Câmara.

Segundo a Sra. Joaquina Silva Martins um dos fatores que fizeram o

bairro crescer foi a implantação da feira. Esta funcionava antes no meio

da rua, não tendo assim uma organização exata, mas com a ajuda da

Prefeitura Municipal, na compra um terreno, ela foi se estruturando e

funciona até hoje. A feira teve como primeiro feirante o Sr. José, com o

apelido “Tá legal”.

No ano de 1983 foi fundado o Colégio Raimundo Chaves, e a

primeira diretora se chamava Arlete. Segundo o depoimento da Sra.

Leonete, uma antiga moradora da localidade, onde hoje se encontra a

escola, antes era a residência do Senhor Chinês.

Em 1988 após muito esforço da população, no qual contou com a

participação fundamental de Sra. Margarida, o bairro ganhou um posto de

saúde, intitulado de Centro de Saúde Margarida de Jesus Cardoso. No

entanto o posto também é conhecido como Embrião.

No bairro da Vila Bacanga pode-se encontrar várias manifestações

religiosas inseridas na localidade: Igreja Católica, Igreja Assembléia de

Deus, Batista, da Graça, Igreja Adventista, Igreja Brasileira.

Também podemos encontrar no bairro algumas manifestações

culturais como a dança do cacuriá, bumba meu boi, dança do boiadeiro e

várias outras atrações.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 50

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A Vila Bacanga hoje possui as seguintes entidades: União de

Moradores, Associação de Moradores, Clube de Mães, Associação

Folclórica, Entidades de Mulheres (Reviva Mulheres) e outras.

Hoje a localidade possui grandes benefícios como uma boa infra-

estrutura, maior qualidade de vida, uma estrutura comercial que supre

algumas necessidades de seus moradores.

Apesar dessas melhorias é inegável que o bairro possua algumas

necessidades como carência de assistência à saúde, educação e

saneamento básico.

VILA CERÂMICA

De acordo com o Sr. Eledilson Silva, 27 anos, morador da Vila

Cerâmica há quatro, o bairro nasceu de um processo de ocupação de

terreno, em que as pessoas começaram a construir suas moradias, e dois

dias depois, um dos donos do terreno, o senhor William Nagih mandou

derrubar as casas, que eram a maioria de taipa. A ocupação se deu em

três processos, afirma Sr. Valtelino Silva, conhecido como Sr. Pandeiro, um

dos ex- presidentes da Associação.

A Associação de Moradores da Vila Cerâmica foi fundada no dia 22

de abril de 2000. Sendo que seu primeiro presidente Antônio José mais

conhecido como Pretão, foi um dos principais moradores que contribuíram

para a constituição do bairro. Ele entrou em acordo com o Sr. Willian, que

depois liberou o terreno para a comunidade.

A divisão foi feita do fim da rua para o começo de forma organizada,

uma das colaboradoras da implantação do bairro foi a Serveng (uma

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 51

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empresa ligada à construção civil), que ajudou com a urbanização da rua

mandando tratores para a pavimentação da mesma.

O nome do bairro é devido a uma fábrica de cerâmica existente

próximo ao local, mas que está desativada. O bairro possui dez anos,

sendo que as primeiras famílias foram a do Sr. Jucélio Ribamar, Francisco

Vital dos Santos, mais conhecido como Sr. Madeira e a do Sr. Pretão.

O bairro só tem uma rua que é chamada de Rua Coronel Eliberto em

homenagem ao coronel do corpo de bombeiros que foi um dos

responsáveis na fundação da Vila Cerâmica. O bairro não possui escola

pública, somente uma casa onde funciona um projeto chamado Roda da

Leitura que atende as crianças do bairro.

Em média o bairro possui 325 moradores, em que a maioria trabalha

em empreiteiras da VALE, em trabalho informal e em casas de família.

O bairro tem apenas uma Igreja Evangélica Assembléia de Deus.

Possui poucos comércios e não tem posto de saúde. As crianças são

beneficiadas com alguns projetos da Universidade Federal do Maranhão -

UFMA.

A energia elétrica chegou cinco anos depois da ocupação, visto que

a CEMAR só podia colocar postes a partir da construção de ao menos 30

casas de alvenaria. A comunidade é beneficiada com a linha telefônica.

VILA DOM LUÍS

O Bairro da Vila Dom Luis localiza-se entre as áreas da Vila Bacanga,

Vila Embratel e Vila Isabel, ficando assim também às margens da Br 135.

A Vila Dom Luis nasceu na década de 70 em meados de 1977, a

partir da ocupação de uma área na qual as pessoas chegavam e

marcavam os seus respectivos locais onde iriam construir as moradias.

A ocupação da área começou a partir da construção da Barragem do

Bacanga, o que propiciou a habitação de algumas áreas que se

localizavam perto dela, nesse caso temos como exemplo a Vila Dom Luis

que nasceu a partir desse acontecimento.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 52

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As primeiras famílias que se instalaram no bairro, segundo Dona

Celina uma das moradoras mais antigas do local, foram as de Senhora

Maria Preta, Sra. Mariana, Sr. Dada e Sr. Isídio.

A primeira rua que os moradores começaram a ocupar foi a Santa

Rita. A ação se deu de forma lenta e organizada através de um antigo

morador do bairro que se chamava Cândido Correia, fundador e primeiro

presidente da União de Moradores.

O senhor Cândido junto com a Superintendência de Planejamento e

Métodos - SUPLAM fizeram o loteamento das áreas para os moradores do

bairro, buscando evitar assim alguns entraves entre eles por causa de

terreno.

O nome do bairro foi uma homenagem ao antigo rei de Portugal

Dom Luis I, sendo que a área nunca recebeu outro nome, e esse nome foi

dado pelo líder comunitário Cândido Correa.

A área no começo sofreu muito com a falta de saneamento básico,

de água e energia elétrica, sendo que o abastecimento de água, no início,

era através de poços artesianos e logo após era feito por meio de uma

antiga caixa d´água, de pequeno porte que foi construída no final dos

anos 70. Essa água era utilizada pelos moradores para suprir algumas

necessidades, sendo que o abastecimento nas moradias só se deu a partir

dos anos 90 com a construção de um maior reservatório que assim servia

para toda comunidade.

Os moradores do bairro costumam comemorar de forma esporádica

o aniversário do bairro, sendo que não possui uma data precisa. Porém

esse fato nos últimos anos não vem acontecendo, por falta de incentivos e

até mesmo por falta de interesse dos moradores.

O bairro hoje possui algumas entidades culturais, religiosas e

também organizações que lutam pelo interesse dos moradores.

Em termo de religiosidade o bairro possui as igrejas Assembléia de

Deus, A Igreja Assembléia de Deus Madureira, o Centro Espírita e a Igreja

Católica, na qual tem como padroeira Santa Luzia. A Igreja Católica

também realiza o festejo em homenagem a Santa.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 53

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ESPAÇO DA MEMORIA

Em termos culturais a Vila Dom Luis possui o Bumba Boi Brilho da

Mata e o Tambor de Crioula. Quando se fala em entidades que lutam pelos

interesses da comunidade, o bairro possui a Associação de Moradores e a

União de Moradores que no momento se encontra sem diretoria.

A Vila Dom Luís desde sua fundação até os dias de hoje passou por

uma série de melhorias como: o abastecimento de água, normalização da

rede elétrica e alguns outros benefícios. Contudo isso, o bairro ainda tem

uma série de problemas, como o não calçamento de algumas ruas, o

índice alto de violência e a falta de um posto médico. O bairro possui

apenas uma escola de ensino fundamental.

VILA ISABEL

A região onde hoje é o bairro da Vila Isabel era um sítio,

que tinha como dona a Sra. Isabel, que em sua homenagem foi

colocado o nome do bairro, por ela ter cedido o terreno.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 54

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O bairro surgiu na década de 1970, através de uma

ocupação que foi realizada de forma organizada com a União de

Moradores, tendo como frente a Família Lima, na pessoa de Sr. Simeão,

juntamente com o Sr. João Luciano e a comunidade.

Algumas pessoas que ocuparam a Vila Isabel vieram

também para o local devido à empresa EIT, visto que eram funcionários

desta.

As primeiras famílias do bairro foram a de Sr. Simeão, Sr.

Clemente, Sr. Valter, Sr. João Luciano, Sr. Zé Domingo (Sarara), Sr.

Estelito, Sra. Francisca (Chandoca), Sr. Evaristo, Sr. Dico Galvão e Dona

Clarice.

A água no começo era fornecida por poços, que gerava

assim uma dificuldade para os moradores, e também não tinha energia

elétrica. A água encanada e a energia chegaram a cerca de vinte anos.

Através da União de Moradores foram conquistados: os postes de

energia, o fornecimento de água encanada e a urbanização do bairro.

A comunidade juntamente com a União de Moradores foi

responsável pela organização do local.

As entidades que compuseram durante os anos este bairro

foram a União de Moradores; o Clube de Mães, que surgiu em 1983; a

Associação de Moradores e outras. A União de Moradores tem 25 anos

de existência, sendo que o primeiro líder foi o Sr. Simeão Santos Lima,

colaborador de muitos benefícios ao bairro.

A partir do fechamento da fábrica de pinche surgiu o Hospital

Unidade Mista Itaqui-Bacanga, que se deu a partir de uma exigência da

população. Ele foi inaugurado em dezembro de 1989.

As atividades culturais existentes no bairro são: Quadrilha

Mocinha do Sertão que surgiu em maio de 1989; Tambor de Crioula 16

de agosto de 2003; Grupo de Capoeira; Quadrilha Curumim do Sertão,

que foi formada para proporcionar lazer às crianças; Dança portuguesa

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 55

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Encanto de Lisboa; Dança do Boiadeiro Menino da Porteira e o Cacuriá

Requebra Mais Não Cai.

As atividades econômicas do bairro são: o comércio, a

construção civil, e o trabalho informal.

No bairro funcionava uma fábrica de pinche e uma de

paralelepípedo que foram um dos principais atrativos para a também

vinda de moradores para o local.

“Por causa da fábrica de pinche o bairro era bem conhecido, a avenida era uma ladeira de piçarra, onde carro não entrava.”

(Maria do Carmo Cantanhede, mora a 29 anos no bairro)

Mas com o passar do tempo, a fábrica de pinche foi gerando alguns problemas, como diz Maria do Carmo:

“A fábrica de pinche incomodava, a fumaça era muito forte; o lixeiro também. O fedor vinha de lá para cá, tinha muita mosca e a uma das mais prejudicadas eram as crianças.”

(Maria do Carmo Cantanhede, mora a 29 anos no bairro)

Em âmbito religioso o bairro possui o Centro Espírita, a Igreja

Católica, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja da Graça de Deus e a

Assembléia de Deus.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 56

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ESPAÇO DA MEMORIA

Bairros pesquisados:

Vila Mauro Fecury IIVila Mauro Fecury I

Vila São LuísVila Ariri

Vila Nova + São Matheus + Residencial Sol NascenteSão Raimundo

Ilha da PazAlto da Esperança + Ilha dos Pretos

TamancãoAna Jansen

Bonfim

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 57

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Micro de Vila Ariri

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007.

LOCAL ATIVIDADE TOTAL

Vila Nova pesquisa 24

Vila Ariri pesquisa 16

Ana Jansen pesquisa 19

Alto da

Esperança

pesquisa 22

Vila São Luís pesquisa 17

Mauro Fecury I pesquisa 20

Ilha da Paz pesquisa 11

São Raimundo pesquisa 14

Tamancão pesquisa 13

Bonfim pesquisa 5

Mauro Fecury II pesquisa 16

TOTAL 177

Acib Lançamento da

exposição

63

TOTAL GERAL 240

58

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ESPAÇO DA MEMORIA

Alto da Esperança

O Alto da Esperança tem sua origem a partir do remanejamento dos

moradores de áreas como o Boqueirão, Itaqui, Sítio Santo Antônio (por

trás da portaria da Vale) Mapaúra, Alto Paraíso (próximo ao Gás Butano),

Ponta Verde (Estação Ferroviária), Conceição e adjacências, para a

construção das instalações da Vale do Rio Doce. Os remanejados eram, na

sua maioria, pescadores, extrativistas e artesãos.

Segundo Antônia Maia Pereira (moradora do bairro há 23 anos), a

Vale denominou o lugar de Monte Esperado, Morro Pelado e, após várias

discussões com os moradores, decidiu-se pelo nome Alto da Esperança.

Assim foi dado início ao processo de loteamento e povoação do

bairro. Em 1975, já havia cerca de 5 ou 6 famílias no local, mas a

transferência efetiva dos moradores só aconteceu em 1983, segundo

Domingas Pestana (moradora há 22 anos).

Os lotes foram divididos em 10 x 21 e sorteados entre mais de cem

famílias. A maioria dos atuais moradores é de pessoas que compraram

esses lotes. Embora tenha surgido há vários anos, o Alto da Esperança

ainda é relativamente pouco povoado, com vários espaços não habitados.

Talvez isso se deva ao fato de que, na época do sorteio, muitas famílias

não foram receber os lotes.

O abastecimento de água se dava através de cinco chafarizes

públicos equipados com lavanderia. Havia um poço artesiano, mas a água

era muito salobra.

Segundo o Sr. Alberto de Jesus Pinheiro (morador há mais de 25

anos), o nome Morro Pelado foi originado pelas condições do terreno seco

e pouco arborizado. Na tentativa de recriar, parcialmente, as antigas

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 59

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ESPAÇO DA MEMORIA

condições de vida dos moradores, foi necessário fazer uma intervenção de

plantio de árvores.

Dentro dos limites do bairro encontra-se a comunidade conhecida

como Ilha dos Pretos. Esta surgiu há mais de sessenta anos com a vinda

da família da Sra. Andressa, descendentes de quilombolas da cidade de

Alcântara. A família se instalou no terreno, dando origem a uma pequena

comunidade, composta na sua maioria por parentes, que a cada geração

tomam conta do lugar.

Lá funcionou uma olaria, que já foi utilizada como área de lazer. As

pessoas vinham de barco, de outras regiões da cidade, para passar o fim

de semana, apanhar frutas, etc. Existe na comunidade, a tenda espírita

Légua Bogí Buá, do Sr. Bonifácio, onde antes era uma escola comunitária.

O bairro possui vários nomes, alguns o chamam de Alto Alegre, Alto

da Esperança e até de Ilha dos Pretos, pois a maior parte é descendente

de quilombolas.

A maioria das pessoas vive de pequenos comércios, pesca e venda

de carvão, tendo como primeiros moradores o Sr. Antonio, Sr. Gregório,

Senhora “Roxinha”, Senhora “Didi” e muitos que já faleceram.

Dentre as atividades culturais, estão: o Boi de Raimundo Freitas

(Raimundinho), o Cacuriá e a Quadrilha Flor da Esperança, ambos de Dona

Ângela; o Boi de Rocrina, chamado Brilho da Noite (parou em 2006, devido

à morte da mãe da organizadora), além da festa no dia das crianças, há

seis anos na Rua Rainha Elizabeth.

Devido ao seu planejamento prévio, o bairro já nasceu dispondo de

tais entidades: a escola Odylo Costa Filho surgida em 1983 (28 de março)

e a Igreja Católica, que se chama Comunidade Eclesial do Alto da

Esperança, e surgiu em 1984 (dia 17 de julho).

Entre os primeiros moradores está o senhor Carlos Abreu (primeiro

presidente da associação de moradores), Raimundo Nonato Pires

(Cascudão), Raimundo Quebra-Queixo, Alberto de Jesus Pinheiro, Seu

Baguinho (João Batista), D.Marina, irmã Aurora, D.Rosa, entre outros.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 60

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Ana Jansen

A localidade hoje conhecida com Residencial Ana Jansen

desenvolveu-se a partir de uma ocupação em 29 de janeiro de 1997. O

terreno pertencia à União, embora durante o processo de estabelecimento

dos moradores, se falasse em vários donos.

No terreno havia alguns poços, onde eram jogados os escravos

castigados. Anteriormente, o terreno teria sido utilizado na época de Ana

Jansen.

Originalmente, a região era bastante arborizada, sendo necessários

vários dias de movimentação para desmatar o terreno, o que na época

gerou um surto de mosquitos e maruins, entre outras mudanças no clima

e na paisagem.

Entre os moradores antigos estão o Sr. Wendel Miranda Lima,

Antônio Diniz Duarte (Totó), Srª Vera (liderou a movimentação, mas não

mora atualmente), Maria Luiza (Coroa), Ximenes, Janete, Cizinho e outros.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 61

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O bairro tem uma localização privilegiada embora de certa forma,

isolada. Tem contato com a barragem do Bacanga e tem acesso para o

mar (descendo uma encosta em direção ao Tamancão).

Graças a essa localização geográfica, existe um ponto de

embarcação (cujo nome original é Tapicuraíba segundo o morador Manoel

Viegas Monteiro) mais conhecido como porto da Vovó, por causa de uma

moradora muito velha que morava no local.

Na área, diariamente são feitas travessias de canoa, do bairro para a

área do Corpo de Bombeiros ou para a barragem, serviço que é

frequentemente utilizado pelos moradores, pois o transporte é mais rápido

e mais barato.

Lá também se encontra a estrutura de um estaleiro, com mais de

trinta anos e que pertencia ao Dr.Ari. Antes da fundação do bairro suas

terras serviam de pastagens para criar gado, além de um campo de

futebol (tão antigo quanto o Porto da Vovó) como relata o Sr. Saldanha, da

Mauro Fecury II.

Atualmente mais de 40 famílias moram no local, que possui várias

igrejas evangélicas. O campo de futebol é um dos espaços aproveitados

para a realização, de atividades culturais: como quadrilhas, brincadeiras,

campeonatos de futebol (de julho a dezembro), Tambor de Crioula,

Bumba-Boi, etc.

Colônia do Bonfim

A colônia do Bonfim foi organizada para abrigar os portadores de

hanseníase na ponta do Bonfim, sendo separado do centro da cidade pelo

mar, numa área destinou-se anteriormente a um hospício (1718). Em

1784, serviu como um local para recolher prisioneiros atacados pelas

“bexigas”; em 1806, para a quarentena de escravos oriundos da costa da

África e mais tarde funcionou também como um cemitério dos ingleses.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 62

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ESPAÇO DA MEMORIA

Antes da definitiva fixação na Ponta do Bonfim, o “leprosário”, como

era chamada a casa de saúde que recebia um grupo de pessoas

portadoras de hanseníase, esteve localizado no bairro do Goiabal,

adjacente ao bairro da Madre Deus.

Como alternativa de isolar definitivamente esse grupo, o poder

público formou uma colônia na outra margem do rio, forçando a

permanência deles longe dos “sadios”, como eram chamados aqueles que

não estavam acometidos pela doença.

Devido a estas condições, muitos “leprosos”, como eram chamadas

as pessoas vitimadas pela doença, perdiam contato com seus familiares.

“Para chegar à colônia era necessário atravessar o rio de barco ou

canoa”.

(Raimunda Marques Holanda, 81 anos).

A colônia do Bonfim foi fundada no dia 17 de outubro de 1937.Era

um pequeno município isolado da civilização, tinha leis organizadas pelos

doentes que ali viviam.

Os primeiros moradores do bairro foram Domingas Borges, Maria

Lucinda, Edílson, Eurico, Holanda, Mariano. O nome do lugar se deu por

conta da boa recuperação dos pacientes que ali moravam, por isso

Bonfim.

O local tinha uma administração autônoma. O primeiro prefeito foi

José Rocha Imar. À frente da delegacia estava Eupidio Estrela Junior. Uma

das ações desenvolvidas pela prefeitura foi a Caixa Beneficente, cuja

função era ajudar os internos mais carentes.

Nesse período existia uma lei que dizia que os homens não

poderiam passar para o pavilhão das mulheres e vice-versa depois das

21horas As luzes eram ligadas às 18h e desligadas às 21h. Entre as

regras a serem seguidas estavam:

* Proibido o uso de bebidas alcoólicas;

* Proibido o uso de drogas

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 63

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ESPAÇO DA MEMORIA

* Proibido sair sem permissão;

* Para ir a cidade era necessário uma licença pedida 24hs antes

Nessa época existia:

O convento

Habitado por freiras da Ordem de São Vicente de Paula, cada uma

exercia a sua função comandada pela madre superiora irmã Maria.

A escola Paulo Ramos

A escola Paulo Ramos que foi criada para ensinar as crianças

doentes (1º a 4º série). Os professores também eram internos, dentre

eles Luis Pires, Antonio Lula e Sisginando Lopes. A escola foi substituída

pela Unidade Escolar Dr. Aquiles Lisboa, em 1942. Havia uma biblioteca

chamada Coelho Neto que era de responsabilidade do Srº Alberto

Marques Conceição, conhecido como Curió. O acervo tinha cerca de 1.000

livros.

Lazer

A colônia contava com dois times de futebol, o Flamengo Esporte

Clube e o Fluminense Esporte Clube. Os jogadores eram os internos do

hospital. A sede do time era em frente à praça da igreja.

Havia também um cinema chamado Darci Vargas, que

funcionava como um Cine-teatro. A sessão era as quartas, 18h e aos

domingos às 20h, além de um bar cassino que funcionava todos os dias

das 7h às 21h.

“Tinha um serviço de amplificadora (uma espécie de

telemensagem) chamada de DAGMAR BRITO que funcionava nos horários

das 18 às 20h, transmitindo mensagens para namorados, marido ou

mulher. Depois foi mudado o nome para Rádio Progresso”.

(Domingas Borges, 68 anos).

A vida cultural da colônia era enriquecida com Bumba-meu-boi,

Quadrilha, as escolas de samba, Big do Samba e Piratas do Samba e uma

brincadeira conhecida como turma do Urso (as pessoas se fantasiavam de

animais).

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 64

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ESPAÇO DA MEMORIA

Atualmente o Bonfim está passando por mudanças. A igreja São

José do Bonfim ficava na Rua Aquiles Lisboa, hoje é moradia. A nova igreja

fica em frente ao hospital Aquiles Lisboa, na Rua Getúlio Vargas. Mas a

mudança mais significativa foi a do lugar progressivamente deixar de ser

um local de tratamento a longo prazo, com a presença de moradores

fixos, para ser um ambiente de tratamento rápido, preventivo.

Ilha da Paz

A Ilha da Paz nasceu da ocupação das terras do Sr. Moacir Feitosa,

cujo acesso era limitado por um portão. Nesse local havia uma plantação

de coqueiro e cajueiro.

No dia 07 de setembro de 1994, esse local foi ocupado por pessoas

que não tinham moradia. Desde então cada pessoa foi reservando seus

terrenos e fazendo suas casas.

O nome Ilha da Paz foi sugerido pelo Sr. Isaías, por causa da beleza

natural e da tranqüilidade que o lugar poderia proporcionar. Ele foi um dos

primeiros moradores junto com o Sr. Assis, Sebastião, Srª. Kely Rodrigues,

Iraneide, Aparecida e outros.

Logo surgiu uma união de moradores que teve como primeiro

presidente, o Sr. Isaías. Ele fez um levantamento do número de moradores

para levar para até a prefeitura para que os terrenos fossem loteados. A

comunidade e a união de moradores conseguiram energia elétrica por

meio de ligações improvisadas.

A população recorreu a manifestações para conseguir água, asfalto

e transporte coletivo. O ônibus, anteriormente só passava em frente à

escola Carlos Saad e não havia ônibus integrado. A energia normalizou há

cinco anos. O asfalto chegou há quatro anos.

“Hoje em dia só a avenida é asfaltada sendo que nosso bairro

precisa de uma creche, posto médico, entre outras coisas”.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 65

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ESPAÇO DA MEMORIA

(Iraneide Tinoco Oliveira, morada há

13 anos).

O bairro conta com um centro espírita e duas igrejas Assembléia

de Deus, em ma delas são realizadas as reuniões com os moradores, já

que não há uma sede própria para a união de moradores.

Economicamente o bairro é sustentado pelos moradores que

trabalham fora e são autônomos. Já com relação ao lazer, a única diversão

que eles têm é o campo de futebol.

“O bairro cresceu com alguma organização, mas necessitamos de

mais acesso a transporte coletivo, escola, creche, posto policial, etc”.

(Emília Pinheiro, moradora há

dez anos)

Mauro Fecury I

A localidade onde hoje é o bairro Mauro Fecury I, era da

construtora C. R Almeida. Em 1984, as ocupações começaram por

iniciativa de seu Wilson, conhecido como cabeça branca. Depois, a

empresa SURCAP deu início aos loteamentos. Entre os primeiros

moradores estão: Maria José, Pedro Pires, Justino e Antônio Salazar.

O nome Mauro Fecury foi uma homenagem ao político que ajudou

as pessoas nessa época. Para conseguir asfalto, água e energia houve

manifestações na comunidade.

A água chegou há pouco tempo, o asfalto, há doze anos e a

energia chegou na década de 90. O bairro tem uma associação (existe no

papel), e um Conselho, cujo presidente é o seu Wilson.

As entidades existentes no bairro são a União de Moradores, o

Jardim Tic-Tac, a Escola Municipal Carlos Sards e Amigos do bem.

No campo religioso existem igrejas Católicas, Assembléia de Deus,

Adventista, Universal e Batista. Na comunidade existe um grupo de jovens

que faz parte da Igreja Católica e que trabalha pela comunidade.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 66

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ESPAÇO DA MEMORIA

“Os moradores sofriam com a falta de água, mas depois

que a União fez uma caixa d´água, houve melhorias. Atualmente a

população dispõe de poços artesianos”.

(Pedro Serapião da Silva Filho, morador há 24

anos).

“O bairro foi povoado de forma organizada, mas antes era

discriminado por ser distante de tudo”.

(Francisco Sales dos Sales dos Santos, conhecido como Gordinho,

morador há 25 anos).

As atividades culturais existentes no bairro são Dança Portuguesa

Rei de Portugal, Dança do Boiadeiro Laço Dourado, Bumba-Boi de Dona

Geralda e Tambor de Crioula (São Benedito). A economia local se baseia

no comércio, pesca e muitos trabalham fora.

São Raimundo

O bairro surgiu em meados da década de 70 através de ocupação,

sendo conhecido como “Pedreira do São Raimundo”. Esse nome se deve

ao fato de pessoas de vários bairros extraírem pedras do local para venda

e construção de suas casas.

A área pertencia à União e era toda cercada por vegetação,

existindo apenas duas ou três casas em cada rua. Uma parte considerável

das primeiras famílias veio do bairro Tamancão.

“Antes da invasão só existiam os bairros do Anjo da Guarda e a

Vila Nova. Meu esposo e eu e mais um cunhado, abrimos a nossa própria

rua a facão e foice. Para lavar roupa, pegar água e tomar ônibus para ir ao

centro da cidade, tínhamos que andar até o Anjo da Guarda. Na época

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 67

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ESPAÇO DA MEMORIA

houve algumas disputas de terras entre os moradores. Aqui era o fim do

mundo, faltava tudo”. (Srª Josefa Mendes, primeira

moradora).

O local era um sítio enorme, onde havia imensos jussarais. A área

era de brejo. As mulheres tinham que ir buscar água e lavar roupas no Rio

do Buriti (que recebeu tal denominação devido a um buritizeiro no meio

dele). Antes se utilizavam poços artesianos, a própria comunidade,

através da União de Moradores, fez o encanamento. Na época o

presidente era o Sr. Luís e os moradores pagavam uma taxa de

manutenção.

“Nós nos juntamos para escavar um poço, próximo ao atual

refeitório da empresa Odebrecht”.

(Srª. Josefa Mendes, primeira moradora).

Com o surgimento de outros bairros, a área original do São

Raimundo foi sendo desmembrada.

As primeiras famílias que chegaram ao bairro foram a Srª

Raimunda, Milagres, Teteca, Isolda, Maria do Nascimento, Dona Assis,

Lília, D. Zulmira, Cota, Girlene. D.Maria do Livramento e as do Sr. Franklin,

Sr. Raimundo, Nona, Sr. Gregório, Zé Carlos, Horlando, Francisco, Chagas,

Vargas, Laurentino, Sr. Ari, Euzamar, Lourival, Osmar, Cabodico, Durval,

Sebastião, Cipriano, Válber, Mário Balancé, Boêmio, Elizeu, Sr. José Duarte

e Patrício de Jesus Ramos.

Contribuem para a educação do bairro, as escolas Jardim de

Infância Três Patinhos, Carlos Madeira (anexo), sendo as mais antigas a

União de Moradores (cujos primeiros presidentes foram Gregório,

Laurentino, Zacarias e Franklin), a escola comunitária São Raimundo,

sendo seus fundadores D. Lili e o Sr. Zacarias, o Clube de Mães Unidas

Venceremos, onde também funciona uma creche e a U.E. Cruzeiro do Sul,

nome dado em homenagem à constelação Cruzeiro do Sul.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 68

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ESPAÇO DA MEMORIA

A Escola Cruzeiro do Sul promove, junto com alguns alunos e pais

de alunos, o projeto de mobilização de limpeza e conservação da Praia da

Guia, com a conscientização dos moradores da área Itaqui-Bacanga, e que

tem repercussão em toda São Luís.

Entre os espaços de práticas religiosas estão as Igrejas

Assembléias de Deus, a Igreja Católica (mais antiga, fundada pelo Senhor

Fininho que também fundou a União de Moradores e a escola

comunitária), além do terreiro de umbanda de Maria Baixinha.

Em homenagem a São Raimundo foi dado o nome do bairro, sendo

escolhido na associação de moradores, que tem como presidente o Sr.

Laurentino. A procissão acontece anualmente em homenagem ao santo

padroeiro do bairro. Os festejos em homenagem a ele acontecem por

ocasião do aniversário do lugar, de 25 a 31 de agosto, promovido por D.

Dorica.

O cemitério do São Raimundo já era utilizado antes mesmo da

fundação do bairro. Algumas pessoas vinham de barco de outras regiões

para enterrar seus mortos. Atualmente é propriedade da prefeitura,

atendendo grande parte da área Itaqui-Bacanga.

O bairro também dispõe de um campo de futebol (chamado

Unidade Esportiva do São Raimundo ou campo do Canarinho), cujos

fundadores foram D.Lili e seus alunos, que capinaram o terreno há mais

de 15 anos e fizeram um pedido de equipagens à prefeitura. Nele

acontecem vários campeonatos, alguns realizados nos últimos meses do

ano, dentro da Copa da Solidariedade. Vários times de futebol da área

Itaqui – Bacanga participam. As inscrições são feitas através de doações

de alimentos não-perecíveis. Também dispõe de um posto de saúde, que

é propriedade da prefeitura (inaugurado recentemente), fundado com a

ajuda do Sr. Franklin.

O crescimento do bairro se deu de forma organizada, sendo que a

primeira escola comunitária foi feita de taipa, contava com poucos

recursos e era mantida pelos próprios moradores.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 69

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ESPAÇO DA MEMORIA

Na parte cultural, ocorrem as brincadeiras Flor da Ilha e Boi de

Maria Baixinha, Dança Portuguesa Anjos de Lisboa, Tribo Guarani (no

carnaval), Juventude do Sertão (extinta), Boi Mimoso e Grupo de Capoeira

do São Raimundo.

As melhorias como água, luz (chegou em 1986) e asfalto vieram

através de políticos. O asfalto só chegou em 2002. O bairro do São

Raimundo é constituído por um povo sofrido e batalhador que até hoje

luta por melhorias onde vivem.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 70

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ESPAÇO DA MEMORIA

Sítio do Tamancão

A região onde hoje é o Sítio do Tamancão foi propriedade de Ana

Jansen, uma mulher muito conhecida e cercada de histórias lendárias.

Depois foi propriedade particular do Estado, desempenhando várias

funções ao longo da história.

As instalações do Tamancão são constituídas basicamente por dois

prédios, uma muralha que circundava seu perímetro (e da qual restam

apenas vestígios, pois as pedras foram retiradas para a construção de

casas), uma ponta de atracamento com algo semelhante a um guindaste;

existe ainda uma ponte queliga ao Alto da Esperança e ao Residencial Ana

Jansen.

No prédio localizado na parte inferior, funcionava um armazém de

diversos produtos como álcool, amoníaco, azeite de mamona, gasolina,

pólvora, querosene e etc.

O depósito ficava perto da margem do rio Bacanga, que nessa

época se destacava pela circulação de mercadorias através dos barcos,

sendo que durante a 2ª Guerra Mundial, serviu como ponto de

armazenamento de pólvora.

Lá também funcionou um moedor de arroz, que funcionava no

século XIX, e que pode ser visto ainda hoje.

O prédio localizado na parte mais alta foi utilizado como moradia

na época de Ana Jansen; depois foi uma escola que era voltada para os

filhos dos trabalhadores que ali residiam.

A ocupação foi feita de maneira organizada. Quem distribuía os

terrenos era o Sr. Antonio José, que era o administrador do sítio do

Tamancão.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 71

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ESPAÇO DA MEMORIA

“Meu pai Antonio José Serra veio de Viana na década de 40, para

administrar o depósito, que era um paiol do exército”.

(Antonio Ribamar Diniz Serra, nascido no Sítio do

Tamancão)

As famílias foram instaladas com a intenção de trabalhar no

depósito e também tomar de conta do terreno, por isso foi feita a doação

dos terrenos. Só poderia morar nos arredores do sítio quem trabalhava no

depósito, que com o tempo expandiram suas famílias, que passaram a

habitar nas proximidades.

Os primeiros moradores foram Seu Antonio José, Paulo Diniz, Seu

Esdras, Dodô, Francisco Diniz, Saturnina Diniz, Tonico, Bola Sete,

Vassoura, Lili, Gino, Antonio Ramos, Dona Anizia, Maria de Fátima.

Em relação à cultura podemos encontrar no bairro algumas

manifestações como a quadrilha Princesa da Ilha e a Tribo de Índio Itapoã.

O bairro ainda tem uma estrutura pouco urbana pouco desenvolvida,

as ruas foram asfaltadas há cerca de 3 anos. Para a instalação dos postes

foi necessária a mão-de-obra de aproximadamente 40 moradores que

carregaram os postes ‘no braço’.

A água do local era viabilizada através de poços artesianos, mas

muito salobra. Alguns moradores têm acesso à água encanada graças a

ligações com o encanamento do Alto da Esperança, feitas com recursos

próprios.

As técnicas de construção naval sempre foram passadas de pai

para filho. Hoje, é facilmente constatado que os jovens não se interessam

mais pela profissão por terem como exemplo os profissionais

desenvolvendo as atividades em meio a grandes adversidades.

O Maranhão é hoje um dos últimos redutos de embarcações à vela

com modelos específicos para cada finalidade (carga, passageiros, pesca,

etc).

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 72

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ESPAÇO DA MEMORIA

Ao mesmo tempo esta intervenção irá assegurar a recuperação e

adaptação do antigo Sítio do Tamancão, às margens do rio Bacanga bem

em frente ao atracadouro do Portinho, no Centro Histórico de São Luís,

onde no século XIX funcionou uma indústria de beneficiamento de arroz

movida por roda d’água e com aproveitamento da energia das marés.

Sobre o nome do bairro existem duas versões:

Primeira: morava um francês que tinha uma fábrica de tamancos e

por isso surgiu o nome do bairro.

A outra diz que o nome surgiu devido a Ana Jansen, que andava no

bairro com os seus tamancos grandes.

A economia é baseada em pequenos comércios e principalmente na

pesca. As instituições do bairro são o Estaleiro-Escola, que oferece cursos;

a Associação de Moradores, que não tem e uma sede própria e a igreja

Assembléia de Deus, conhecida como Rio Jordão, a mais antiga do local.

Vila Ariri

Surgido por ocupação, o bairro da Vila Ariri era um barreiro muito

grande e, entre muito mato e areia, as pessoas foram chegando e fazendo

suas casas.

Antigamente o bairro era constituído apenas pelo São Raimundo,

depois foi dividido em São Raimundo, Vila Ariri e Vila Dom Luis. A princípio

o lugar ficou conhecido como Vila Roseana Sarney, depois Vila Aririzal e

finalmente Vila Ariri, devido a uma grande quantidade de pés de ariri na

área.

Ocupada em 16 de setembro da década de 80, o lugar já sofreu

muitas mudanças e isso se deve aos esforços da comunidade e da União

de Moradores. Houve disputas de terras, mas devido às mobilizações de

moradores como a Srª Augusta, seu Coelho, D. Júlia e D. Gilda, o

crescimento se deu de forma organizada.

Muitas pessoas não tinham esperanças que o bairro crescesse e se

desenvolvesse. Havia muitos assaltos próximo à igreja do Monte Sinai,

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 73

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ESPAÇO DA MEMORIA

que fica localizada na parte de cima do bairro e, por causa desses

assaltos, houve ocupação na parte mais baixa.

A Vila Ariri se tornou mais urbanizada quando chegou a energia

elétrica na década de 90. O ônibus circula há 4 anos e o asfalto chegou

em 2001, quando Firmino Bispo Corrêa Cunha, atual presidente da

associação, tomou providências para asfaltar o bairro. A água encanada,

até hoje, é proveniente de poço artesiano. Os próprios moradores

compraram os canos, se juntaram e construíram o encanamento.

Com o crescimento do bairro surgiram várias entidades, incluindo

igrejas evangélicas, católicas, união dos moradores e associação

comunitária.

D. Maria Raimunda Silva, uma das fundadoras da escola

comunitária, diz não gostar de lembrar o passado porque houve muitas

lutas para o bairro chegar onde está hoje.

“Naquela época a justiça deu apenas seis meses para os

moradores encontrarem um presidente para representá-los. A União

perdeu um terreno para outras pessoas, depois, elas conseguiram outros

terrenos que hoje é o salão comunitário, perto da igreja católica.

Trouxeram escolas para o bairro e na época houve doação de cestas

básicas”.

(Srª Raimunda Silva, uma das fundadoras da

escola comunitária).

Há apenas duas escolas no bairro, o anexo do Carlos Madeira e a

escolinha Três Patinhos. Dentre as atividades culturais, existe o tambor de

mina Nossa Senhora Aparecida, os festejos de nossa Senhora de Fátima, a

Quadrilha Flor do Ariri e o famoso grupo cultural Futuros Brilhantes, de

Dom Diego e sua famosa mãe, Tia Nina.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 74

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D. Nina também tem um tambor de crioula, este elabora vários

tipos de dança, cacuriá, quadrilha, reggae, brega e bumba-boi. É um

projeto que vai fazer dez anos e tem como objetivo tirar as crianças da

rua. Todo dia 12 de outubro, Tia Nina distribui comidas e presentes, que

ela mesma faz sem ajuda de patrocínio, além de realizar oficinas e

patrocinar uma festa chamada “Cala a Boca e Me Beija”, uma das mais

famosas da Vila Ariri.

As primeiras famílias do bairro foram as da Srª Conceição, Izete,

Maria da Graça, Raimundo, Lerinaldo, D. Sandra, Justina, Seu João Batista,

Barros, Agenor, Zé Roxo, Ana Rosa, Gregório, Eugênia, Francisca,

Rosenildo, Joacir, Benedito, seu Melo, entre outras.

No bairro, a maioria dos moradores trabalha fora como operário,

doméstica, pedreiro. Outros trabalham com a pesca ou pequenos

comércios.

Como todo bairro surgido por ocupação, os moradores lutam muito

por benefício e, na Vila Ariri, não foi diferente. Com muitos esforços ela

está crescendo e conquistando seu espaço.

Vila Mauro Fecury II

O povoamento do terreno onde hoje é o bairro Mauro Fecury II

surgiu em meados dos anos 80 através de ocupações, sendo que o local

pertencia à construtora C.R. Almeida.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 75

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ESPAÇO DA MEMORIA

A prefeitura comprou o terreno (que inicialmente era apenas mato)

da construtora e redistribuiu os lotes. O nome se deu em homenagem ao

então deputado Mauro Fecury, sendo feito o registro em cartório, em 10

de junho de 1987.

O bairro tem como primeiros moradores a Srª Socorro, Belinha,

Lurdes, Sr. Saldanha, Zé Reinaldo, Patrício e Marcos.

O espaço destinado às manifestações culturais é o Arraial Mastruz

com Leite, que atualmente é um campo de futebol. Atualmente não

existem manifestações culturais freqüentes no bairro, apenas algumas

ações sociais, como o programa comunitário Viva + Feliz, que realiza

palestras, distribuição de brindes, exibição de filmes, etc.

As entidades existentes no bairro são: a Associação Comunitária

Cristo Rei, Associação de Moradores, Casa de Apoio à Criança e Mulheres,

Alfabetização de Jovens e Adultos, Escolas Particulares, Clube de Mães,

Posto de Saúde e Posto Policial.

No bairro, a maioria das pessoas trabalha em comércio,

empreiteiras da Vale e outras empresas ou mesmo em serviços

domésticos. A feira existe a mais ou menos 12 anos, e comercialmente é o

local mais movimentado. O primeiro vendedor foi o senhor Chico,

vendedor de peixes. Em seguida vieram os outros.

Os postes da CEMAR foram instalados na década de 90, mas

antigamente o abastecimento de energia elétrica se dava através de

instalações clandestinas puxada do Anjo da Guarda e da Vila Nova.

Primeiro chegou asfalto na avenida principal. Há cerca de dois anos

colocaram nas demais ruas.

“No inicio não tinha água, luz e nem asfalto, tínhamos que buscar

água no riacho”.

(Maria do Socorro, uma das primeiras moradoras)

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 76

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As instituições religiosas do bairro são a Igreja Católica, Batista,

Universal, Assembléia de Deus, Adventista do Sétimo Dia, Rosa de Sarom,

Deus é Amor, além de uma Casa Espírita.

Vila Nova

Ocupada por pacientes egressos da colônia do Bonfim, a Vila Nova

era propriedade do Estado. Os terrenos foram doados a esses pacientes

que receberam alta, para que construíssem suas casas e tentassem uma

nova vida.

A maioria dos primeiros moradores veio do interior. Os primeiros

foram Chico Fogoió, Raimundo Luís, Srª Rosinha, Helena, Vilma, Maria

Domingas, Cardoso, Antônio Jacó, Samuel Gomes, Belinha, Socorro, Hugo,

Antônio, Celestino, João, Raimundo Luís, Domingos, Osmar, SrªJurema,

Adelina, D. Dadá, Pinheiro, Saturno, Ismael, Andressa, Edite, Alfredo, Chico

Lopes, Ângela, Srª Helena, Sr. Ferreira entre outros

Antes, o lugar foi apelidado de Bandeira Suja (porque às vezes os

internos escapavam da colônia para se ‘divertirem’ nos terrenos onde só

tinha mato e onde, atualmente, é a Vila Nova), também foi chamado de

Voadeira, Ilha do Prazer e finalmente Vila Nova, por representar a chance

de uma nova vida para os egressos.

Os moradores mais antigos são pensionistas, pelo fato de terem

sido internos da colônia, mas alguns ainda vivem de comércio, outros de

pesca.

Surgido em meados de julho de 1972, o bairro já vai completar 35

anos, sendo mais recente que a colônia do Bonfim, que foi fundada em 17

de outubro de 1939.

Com o crescimento, surgiram várias instituições, entre elas as

escolas ENOC Vieira e Escola Mariana. Existem várias igrejas evangélicas,

católicas, união de moradores, que é a entidade mais antiga. Tem o clube

de mães, um posto de saúde e o centro espírita Lar de Maria, que é uma

entidade que ajuda os moradores, existente há 23 anos, mas que foi

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 77

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registrada há 17 anos. E lá eles entregam sopa, dão aula de pintura,

bordado, prestam serviços médicos simples como a realização de

curativos e entregam remédios. Todas essas iniciativas são lideradas pela

Sra. Antonia.

No bairro existem duas torres de rádio, elas estão ativadas e

servem até para evitar colisão de aviões. O posto policial e o de saúde

foram fundados com a ajuda de Samuel Sampaio Gomes, primeiro

presidente da união. A luz, a água e o asfalto chegaram na década de 90.

“Onde hoje é localizado o hospital Aquiles Lisboa, antes era

um convento de freiras.”

(Srª Angélica Benair Andrade da

Silva, moradora há 32 anos).

A praça tem como nome Raimundo Sousa Gomes, em

homenagem a um homem muito estimado no bairro, falecido em um

acidente numa empresa de gás de cozinha.

A maioria dos moradores vieram do interior para a colônia. Depois

que receberam alta, fizeram suas casas de barro.

Como atividade cultural, tem o arraial do Poeirão, as danças

portuguesas Estrela de Bragança, Amigos de Lisboa, Reis de Portugal; tem

capoeira Amigos de Lisboa, tem capoeira, Festejo do Boi, Show da Paz e

show Mariana. Também há um terreiro, cujo representante é o Sr. João

Curador, que realiza eventos regularmente no bairro, tais como no dia de

São Cosme & Damião.

“Os campos de futebol são ativos, ocorreram campeonatos

que veio até gente famosa” (Srª

Angélica Benair)

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Dentro do bairro tem o Programa de Erradicação do Trabalho

Infantil (PETI), que atende crianças de 7 a 15 anos, cujos pais não têm

renda ou salário suficiente, atendendo inclusive aéreas adjacentes.

A Vila Nova é um bairro de crescimento lento e abrangente,

incluindo em sua área a Vila São Mateus, que era um sítio particular e

depois foi ocupado por várias famílias e é tão antigo quanto à Vila Nova.

Também se encontra o Residencial Sol Nascente, com cerca de 11

anos, originado em grande parte por famílias relacionadas aos

trabalhadores do Bonfim. O nome é originado por causa da Barreira (Ponta

do Bonfim) de onde as pessoas podiam ver o sol nascer.

Enfim, Vila Nova é cheia de histórias, um bairro que lutou para

conseguir seus direitos, por existir muito preconceito por causa dos

portadores de hanseníase, apesar de atualmente a maioria dos moradores

do bairro ser constituída de migrantes.

Vila São Luís

O bairro foi fundado em 06 de setembro de 1990. Nasceu por meio

de ocupações existindo, portanto, há dezessete anos. O início das

ocupações ocorreu na madrugada do dia 06 para o dia 07, mas a data

escolhida para a comemoração do aniversário foi dia 08 de setembro em

homenagem ao aniversário de São Luís.

As ocupações foram motivadas pelo ex-deputado Julião Amin,

entretanto houve intervenção da polícia, o que causou confusão entre os

moradores.

Como em outros bairros da região, a área pertencia à antiga

construtora C. R. Almeida (apenas uma pequena parte), sendo toda

cercada por vegetação. As primeiras casas eram pequenas e feitas de

taipa e barro. Na época, havia muitas disputas de terra, gerando violência

no local.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 79

Page 80: História da Área Itaqui-Bacanga

ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA“Em busca de uma melhor qualidade de vida”

ESPAÇO DA MEMORIA

A maioria das famílias é oriunda da baixada maranhense e o

restante veio de bairros adjacentes como Mauro Fecury II, São Raimundo e

Anjo da Guarda.

“Aqui era uma área desocupada, nos reunimos no Anjo da Guarda e vimos

para cá no dia 06 de setembro de 1990. Aqui funcionava o restante da

antiga construtora C. R Almeida. O senhor Alex queria apossar-se da terra,

mas os moradores se uniram, arranjaram um advogado chamado Julião

Amin (deputado), juntamente com o senhor Edinho e só então,

conseguiram expulsá-los. Mas, logo em seguida, chegaram os

caçambeiros que vieram extrair barro do local para vender, o que acabava

servindo de abrigo para assaltantes”.

(Sr. Ivaldo Serra, um dos primeiros moradores).

As primeiras famílias do bairro foram as de Dona Raimunda

Quinha, Sofia, Eliene, Vadeca, Daniele, Maria da Glória, Georgina, Joana,

Marlene, Leonete, Maria Cearense, Rita, Dona Diquinha e as do senhor

Forró, Nato, Gonçalo, João Roxo, senhor Edinho, Juraci, Zico, Cabeludo,

senhor Ivaldo, Zé do Araguaia, Zé Bacaba e Alex.

O bairro tem organizações como União de Moradores, Clube de

Mães, Grupo de Mulheres Evangélicas (GUME), além da escola Amiguinhos

de Jesus, onde funciona o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

(PETI), que atende crianças de 7 a 15 anos e sem renda familiar; o Jardim

de Infância Tia Nanan e a Escolinha Tuti-Fruti.

No campo religioso, o bairro conta com as Igrejas Assembléias de

Deus, Deus é Amor, Campo das Maravilhas, Fogo Santo e uma Igreja

Católica. As entidades mais antigas do bairro são: a Igreja Assembléia de

Deus, a União de Moradores e a Comunidade Espírita São Benedito, que

tem como fundadores a irmã Jorgete, Dona Marginha, senhor Rivaldo e

Dona Mariazinha.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 80

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ESPAÇO DA MEMORIA

As atividades culturais são: a Quadrilha Flor da Ilha e os Festejos

que a Igreja Católica promove em homenagem a São Benedito. No dia de

São Cosme e São Damião, a Comunidade Espírita São Benedito distribui

brinquedos e alimentos para as crianças carentes da região.

A extração de caranguejo é a principal atividade econômica da

região, algumas famílias vendem o produto, outras apenas o utilizam para

subsistência.

“O povo tinha necessidade de uma vida mais tranqüila. Aprovado o

projeto da invasão, montamos a associação e lutamos para conseguir os

benefícios como água, luz e asfalto, mas tudo isso foi através de muita

luta, protesto e abaixo-assinado”.

(Sr. João Evangelista, um dos primeiros moradores).

A luz elétrica chegou um ano após a fundação da Vila por meio do

líder e um dos primeiros presidentes comunitários, senhor Edinho, e da

prefeitura. Também foi o senhor Edinho que distribuiu o nome das ruas

em meados de 1991.

O asfalto chegou há cinco anos. Com relação à água, a situação é

precária. A população só tem acesso a ela através de poços e na maioria

das vezes não abastece as famílias. Desde a fundação, a maioria das

casas não dispõe de água encanada.

Na comemoração do aniversário do bairro houve brincadeiras,

sorteio de brindes entre os moradores e homenagens aos mais antigos. As

associações promovem atividades interativas em datas comemorativas.

Atualmente os moradores solicitam melhorias como reforço

policial, melhoria na distribuição de água, etc.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 81

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ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA“Em busca de uma melhor qualidade de vida”

ESPAÇO DA MEMORIA

Bairros pesquisados:

Anjo da GuardaFumacê

GanchariaAlto da Vitória

Vila Verde

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 82

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ESPAÇO DA MEMORIA

Micro do Anjo da Guarda

ANJO DA GUARDA

A história do Anjo da Guarda teve início no dia 14 de outubro de

1968 a partir de um incêndio no Goiabal, região próxima à Madre Deus.

As pessoas que moravam lá foram obrigadas a deixar suas casas, mesmo

as que não haviam sido atingidas pelo fogo diretamente. Mais de 100

casas foram atingidas.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007.

LOCAL ATIVIDAD

E

TOTAL

Anjo da

Guarda

pesquisa 11

Fumacê pesquisa 7

Alto da

Vitória

pesquisa 6

Gancharia pesquisa 4

Vila Verde pesquisa 5

TOTAL 33

Acib Lançament

o da

exposição

55

TOTAL 88

83

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ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA“Em busca de uma melhor qualidade de vida”

ESPAÇO DA MEMORIA

Segundo moradores, houve até morte. O interresse era puramente

político. Dizem que o governo na época precisava do espaço onde essas

casas estavam construídas, justamente onde ele (o governo) iria construir

as avenidas (bairro Areinha - estas ligariam o Porto do Itaqui e o Pólo

Industrial à capital São Luis e facilitaria o fluxo de transporte terrestre e

suas cargas ao porto e ao pólo industrial). O que dizem é que este

incêndio foi criminoso, seus moradores foram remanejados sem qualquer

indenização ou ressarcimento. Então o que fazer?

O local planejado para a implantação de um Distrito Industrial, nas

proximidades onde hoje se encontra a maioria dos bairros da Microrregião

do Anjo da Guarda, foi cedido às pessoas prejudicadas por esse

“incidente” para que fixassem sua moradia.

A Comissão Executiva de Transferência da População – CETRAP foi a

responsável pela transferência dos moradores do Goiabal para o local que

hoje conhecemos como Anjo da Guarda.

Saiba mais curiosidades sobre o bairro Anjo da Guarda

1. O bairro era chamado de Itapicuraiba.

2. Que quer dizer pedra pequena de rio grande.

3. Seus moradores vieram residir aqui após um incêndio no Goiabal.

4. Seus habitantes atuais somam cerca de 100 mil.

5. A Cetrap encarregou-se de transferir e assentar a população

advinda do incidente (o incêndio).

6. Um dos primeiros moradores chamava-se João Banhos

7. Os moradores do bairro eram do Goiabal, Madre Deus, Lira e Fonte

do Bispo.

8. A igreja católica é a referencia de religiosidade, uma das primeiras

construídas no bairro.

9. O Porto do Itaqui e o Pólo Industrial favoreceram a instalação dos

moradores.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 84

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ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA“Em busca de uma melhor qualidade de vida”

ESPAÇO DA MEMORIA

10. O teatro Itapicuraiba e o grupo Grita, são um grande exemplo de

resistência cultural e de repercussão artística local e nacional de grande

orgulho para a comunidade.

Os primeiros habitantes foram João Banhos, Maria Loco, Dico bode,

Raimundo Feito, Marrom, João Pretinho, Madalena, Dona Maria do

Livramento, Maria de Lobato, Sr. Felix, Sr. Dico e outros.

A construção de casas no bairro se deu rapidamente, mas foi

devagar no que diz respeito à infra-estrutura. A princípio eram de

alvenaria, cobertas por palhas e tapadas por terra batida. Não tinha

energia, nem água encanada. Segundo o Sr. Felix da Silva Mendes, um

dos primeiros moradores, a energia e a água não demoraram muito a

chegar. A senhora Maria Borges conta que, depois de alguns anos, foi

construída uma caixa d’água.

Nos anos de 1973 à 1974, surgiram os primeiros padres: Padre João

Mafett e outros. Em 1982, construíram a Igreja onde hoje é a quadra 33 e

fizeram o primeiro posto médico (na casa do Sr. Onésimo) que, a princípio,

tinha apenas um dentista e um clínico geral.

As antigas atividades financeiras do bairro (pesca, lavoura,

quitandas e vendas na feira de todo tipo de alimentos) aumentavam a

renda dessas pessoas, que quase não utilizavam qualquer tipo de

transporte para ir ao centro da cidade.

Hoje a situação mudou. Apesar de terem uma vida economicamente

ativa dentro de seu bairro, muitas pessoas trabalham fora executando

diversos tipos de atividades, seja na indústria, no comércio formal ou

informal (grande parte deles trabalha na informalidade).

O comercio local, sua rede de estabelecimentos (lojas, casa lotérica,

bancos, bares, casas noturnas), as escolas públicas e privadas, postos de

saúde, hospitais, indústria etc, mantém a qualidade financeira do bairro e

de seus moradores. Estes impulsionaram o seu crescimento tornando o

local, referência para as áreas adjacentes. Logo muitas pessoas tiveram o

interesse de residir nele ou construir grandes empreendimentos comercias

e de serviços.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 85

Page 86: História da Área Itaqui-Bacanga

ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA ITAQUI BACANGA“Em busca de uma melhor qualidade de vida”

ESPAÇO DA MEMORIA

A vida religiosa é forte e fervorosa, com embasamento centrado na

fé cristã. Duas entidades são destacadas, a Igreja Católica e a Assembléia

de Deus. Seus atos religiosos não se resumem à cultos e orações. As

festividades são um grande marco dessas instituições (festejos, picnics,

gincanas, festas musicas, peças de teatros).

Um dos maiores grupos de teatro, com essencial importância

artística no bairro, o “Grupo Grita”, nasceu dentro de uma comunidade

católica de grupos de jovens e hoje é referência no bairro. O grupo é

destaque em boletins de jornais locais e nacionais. O auto da vida de

Cristo é relembrado dentro de várias outras leituras teatrais que o grupo

revive. É importante destacar que este grupo tem tanta importância para

o bairro como o bairro tem importância para o grupo. Ele vivencia as

histórias da comunidade e praticamente acompanhou a sua jornada como

bairro.

A Associação de Moradores e mesmo o Grêmio Recreativo se

confundem, pois ambos têm a mesma sede. Ambos têm importância igual

para os comunitários.

As quadrilhas e os blocos organizados (Pau-Brasil, Bolas de Prata,

Cambalacho) divertiam e davam um colorido ao bairro.

A certeza é que o bairro hoje em dia tornou-se referência de

crescimento populacional, infra-estrutura, economia, cultura e política.

Parabéns Anjo da Guarda, e muitas felicidades para seus moradores

ilustres.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 86

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ESPAÇO DA MEMORIA

FUMACÊ

A terra era para o roçado, que cultivava vários grãos no mesmo

local e para a criação de animais de pequeno porte. A vida era simples,

homem do campo sem muitas necessidades, era fácil e comum de se

viver. A extração era suficiente apenas para subsistência. Assim foi a vida

dos primeiros moradores do Fumacê.

A ocupação e o povoamento total do bairro se deram com o

incêndio do Goiabal, há mais ou menos 34 anos. Os moradores povoaram

o local rapidamente através da remoção obrigatória do governo. Esta foi

uma solução emergencial do governo para solucionar o caso e assim

facilitar a construção das avenidas do bairro Areinha. Dizem alguns

comunitários que “na época o incêndio foi uma atitude criminosa,

intencional e dessa forma forçaria os moradores do Goiabal a serem

remanejados e facilitaria a construção das avenidas sem dar nenhum

suporte ou indenização”.

De acordo com a senhora Julia Lima, o bairro começou entre

1969/1970. Foi organizado com lotes na medida de 10x25m. A Sra. Julia

foi uma das primeiras moradores do local muito antes de se chamar

Fumacê. A reunião de vários sítios era a formação inicial do bairro (estes

sítios tinham vários nomes, o principal foi Bom Sucesso).

O nome Fumacê tem muitas histórias. De acordo com o Sr.

Sebastião, a denominação se deu por causa da grande quantidade de

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 87

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ESPAÇO DA MEMORIA

fumaça nessa região. Usada como roçado, a mata era queimada

freqüentemente de maneira artesanal e a fumaça fazia uma caeeira

horrível. Alguns moradores dizem que devido a isso, cantavam uma bonita

música festiva que era mais ou menos assim... (êh, êh, fumacê/ ah, ah,

fumaça, êh, êh, fumacê/ ah, ah, fumaça). Quem passava olhava a fumaça

de longe que incomodava tanto pelo cheiro, fuligem, como pelo calor.

Essa é uma das versões para a origem do nome do bairro.

Vejam só as dez curiosidades históricas do Fumacê:

1. A primeira escola era feita de palha.

2. As atividades culturais eram feitas na casa do Sr.Isaldo.

3. A avenida era muito alta, não dava para ver o outro lado da

cidade.

4. O Sr. Banho Cheiroso foi quem deu o nome do bairro de Fumacê.

5. As terras foram distribuídas em loteamentos de 10x25.

6. Antes, o local possuía seis sítios.

7. Um incêndio no Goiabal provocou a ocupação do bairro.

8. O aniversário do bairro é no dia 15 de novembro.

9. O padre João Maria foi uma das pessoas que ajudou a construir a

Igreja de São Francisco de Assis.

10. A primeira entidade religiosa local foi exatamente esta Igreja

Católica.

As primeiras famílias que ocuparam o bairro e contribuíram para

seu crescimento foram as da Sra.Rosinha, Sr.Valério, Sra. Joana, Sr.

Sebastião, Dominguinhos, Kleber e Sra. Alzira, Sr.Severino, Sr. Luis, Sr.

Soares, Sr. Sérgio, Sr. Melo, Sr. Raimundo Barros (Muniquinho), Paraíba e

Zé Tucum. Estes moradores são os mais antigos, eles fortaleceram suas

raízes neste chão e deram continuidade. Todos foram responsáveis pelo

registro histórico do Fumacê. São pessoas de fundamental importância

para a construção de uma sociedade forte e ativa, bem como para a

formação de seus futuros cidadãos.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 88

Page 89: História da Área Itaqui-Bacanga

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ESPAÇO DA MEMORIA

A Associação dos Moradores do Fumacê foi uma das primeiras

entidades de maior representatividade dos comunitários. O Clube de Mães

é outra entidade de representação direta da sociedade civil do bairro,

realizando reuniões, assembléias, convocações extraordinárias etc.

Umas das atividades culturais de bastante destaque na vida dos

moradores do Fumacê é a quadrilha “FLOR DO SERTÃO” que anima as

noites de São João e aquece a alegria do povo. A maioria dos brincantes é

jovem. Eles tentam resgatar e rejuvenescer a festa junina do bairro.

As entidades religiosas de grande importância para o bairro são a

Assembléia de Deus, Católica, Adventista, Batista e Quadrangular.

O comércio, a indústria e o artesanato local mantêm o fluxo

econômico em dia, movimentando e aquecendo a malha econômica local.

Este tipo de atividade é o que mais emprega o povo desta região.

Hoje o bairro é uma grande referência de crescimento urbano.

Sua produção artístico-cultural se deslocou para o Anjo da Guarda, onde

as danças, brincadeiras, festas religiosas, folclore e outras manifestações

se mantiveram vivos, juntamente com seu povo.

ALTO DA VITÓRIA

A história contada oralmente pelos comunitários reflete muito bem

a vida sofrida, mas vitoriosa, do povo que mora nesse bairro. Segundo

os moradores, o nome Alto da Vitória foi dado ao local porque o

ambiente estava localizado na parte alta e era bem visto, uma vez que

ficava próximo à feira, comércios e pontos de parada de ônibus.

O Alto da Vitória é fruto de uma ocupação iniciada em 1979. As

primeiras famílias a ocuparem essas terras foram as da Senhora

Margarida, Sr. Antônio de Ana, Sr. Ribamar, Sr. João Vital, Sr. Félix, Sra.

Isabel e Sr. Simão. A maioria delas veio de localidades próximas ao eixo

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 89

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ESPAÇO DA MEMORIA

Bacanga, do interior da ilha de São Luís e até mesmo do Piauí, em

busca de melhores condições de vida. O morador mais antigo, segundo

comunitários, foi o Sr. Raimundo, popularmente conhecido como

“Capela de Onça”. Ele praticamente fundou o bairro sozinho e até hoje

é lembrado pelos comunitários como “o onça”.

A origem do bairro é um pouco conflituosa. Alguns comunitários

afirmam que seu primeiro nome era Setrap, outros alegam que ele

sempre foi chamado de Alto da Vitória pelo fato do lugarejo se

encontrar em um planalto (lugar alto, mas plano) e possuir uma rua

que já era chamada de Vitória. Existe também a versão que diz que na

época ele também foi chamado de “Alto Monte Pascal”, ficando esse

nome apenas na discussão. “O nome Alto da Vitória foi uma decisão

unânime”, dizem em ar de alegria, alguns populares da região.

O povoamento se deu de maneira rápida e pouco organizada, não

planejada e sem limites por ocupantes. Por conta disso, a água

encanada, a energia elétrica, a pavimentação e outros benefícios

demoraram a chegar.

Dentre as atividades festivas locais que animavam o povo está a

dança folclórica Margarida do Sertão, uma quadrilha muito

representativa e de grande valor para a comunidade. Com mais de

cinco anos de atuação e existência, ela foi a principal referência festiva

do bairro e também de muito orgulho para os mesmos. O nome da

quadrilha foi oferecido em homenagem à Sra. Margarida Alves, a

pessoa que começou a construir a história da brincadeira.

Uma entidade importante para o bairro é Associação de Moradores

do Alto da Vitória, que surgiu no dia 22 de janeiro de 1986 e teve como

primeiro presidente a Srª. Neuza Souza Freire. Com mais de dez anos

de efetividade local, busca melhorias para seus moradores no âmbito

social e cultural.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 90

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ESPAÇO DA MEMORIA

Seus moradores possuem como atividade econômica a pescaria, o

trabalho em empreiteiras (geralmente na CVRD), em feiras, em casas

de família (dos próprios vizinhos) e o comércio.

As práticas religiosas existentes no bairro são de entidades

distintas: Igreja Católica São Judas Tadeu, Igreja Evangélica Assembléia

de Deus e Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Na concepção dos moradores do Alto da Vitória, a ocupação deste

lugar foi uma vitória. As pessoas de lá tem onde plantar suas raízes,

criar seus filhos, ver seus netos crescerem, fazer novos amigos, formar

novas famílias, e construir novos valores e ajudar a comunidade a

caminhar de maneira íntegra e responsável, o que certamente

possibilitará às futuras gerações, uma

vida com garantia de cidadania, apesar de tudo que sofrem dentro do

convívio conflituoso de comunidade carente.

Parabéns, moradores do Alto da Vitória, pela conquista de vocês.

GANCHARIA

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 91

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ESPAÇO DA MEMORIA

Onde hoje é a área do Gancharia, havia um conjunto de sítios,

segundo seu Antonio Luis Almeida Pires, que vive no bairro a mais de doze

anos. Ele diz que o nome do local era chamado de Rancharia (devido à um

número muito alto de ranchos erguidos na localidade).

A ocupação se deu através de loteamentos. O nome Gancharia

foi dado pelos pescadores. Alguns dos moradores diziam que “a junção

dos igarapés fazia uma espécie de gancho”. Daí teria surgido o nome do

bairro.

Os primeiros moradores do bairro e que construíram a

historiografia da comunidade, foram o Sr. Zé Gomes (seu Ciro),

Sr.Francisco, Dona Joana, Sr. Carlos, D.Rosa, D.Ilda e seu Chico. De acordo

com Dona Maria Raimunda da Penha, moradora do bairro há 28 anos,

“quando começaram a invadir os lotes de terra estes não tinham donos,

então logo começaram a aparecer as primeiras casas”. Diz ainda, que

antigamente “comemorava-se o aniversário do bairro, mas depois caiu no

esquecimento”.

O bairro chamava-se “Alto Trinta e Seis”, mas até hoje não se

sabe o porquê do nome e sua origem. O Sr. Raimundo Nonato Santos nos

faz um relato muito interressante. “Antes, aqui era alto e cheio de mato, e

o nome daqui se deu por causa do porto do Itapicuraiba”.

No início, a maioria das casas era de taipa e as pessoas não

comemoravam o aniversário do bairro, apenas festejavam o da associação

de moradores. Esta foi fundada em 1986 para buscar conquistas

importantes para povo, lutando por melhores condições de moradia, água,

eletricidade, pavimentação e escolas para comunidade. Semanalmente,

reuniões eram realizadas. Agitação popular e conflitos entre moradores e

poder público marcaram a conquista de alguns benefícios conquistados

pela população.

Culturalmente a representatividade mais importante do bairro é

a dança portuguesa da Sra. Rusilda, que envolvia e concentrava em sua

brincadeira a maioria dos jovens. Era a maior atração de divertimentos

para população local do Gancharia.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 92

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ESPAÇO DA MEMORIA

As principais atividades do bairro, segundo moradores, era a

pescaria, a extração de carvão e o comércio. As entidades religiosas

existentes nas comunidades são a Assembléia de Deus, a Batista e a

Igreja Católica.

O Ganharia, hoje conta com mais ou menos 230 habitações. Em

2002 as conquistas foram: água encanada, eletricidade domiciliar,

pavimentação e duas escolas, uma de nível fundamental e outra jardim. A

tendência e que o bairro cresça ainda mais, melhorando assim, a

qualidade de vida daqueles que vivem lá.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 93

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VILA VERDE

A comunidade da Vila Verde, que outrora se chamava “Sítio Bom

Clima”, teve sua ocupação por volta de 1995. Foram três tentativas de

ocupação da área, sendo que só na terceira, os moradores ganharam a

posse da terra.

A senhora Fátima foi a pioneira na mobilização de ocupação da Vila

Verde, embora residente em outro bairro. Ela fundou a associação de

moradores, movimentou a articulação de ocupação e praticamente sentou

os tijolos de sustentação do bairro.

O aniversário de fundação foi no começo de janeiro de 1996. Dentre

os primeiros ocupantes estão o Senhor Benedito, Sr. Sebastião, Sr. Irmão

Antônio, Sr. Zé Garcias, Sr. Dona Heretilde e outros.

O nome Vila Verde foi assim concebido devido à grande quantidade

de plantas como o buriti, a jussara, o coco etc. Outro ponto relevante é o

nome das ruas que, segundo comunitários, um carteiro sugeriu que as

mesmas tivessem nomes de pássaros (cisne, arara, ganso, garça). Este

mesmo carteiro (Marcelino Jardim) também seria o autor do nome do

bairro.

A entidade mais antiga é a associação de moradores que fica sob o

comando da Igreja Evangélica Assembléia de Deus, na qual fundaram uma

escola comunitária para as crianças. E, recentemente, fundaram o clube

de mães, com o intuito de dar assistência às crianças da área.

O crescimento da Vila Verde foi muito lento. O bairro precisa de

infra-estrutura básica como saneamento básico e ruas asfaltadas.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 94

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Segundo D. Lídia, a energia elétrica chegou em 1998, o que ajudou

no povoamento do bairro. Desde então seu crescimento se dá de forma

acelerada e desorganizada.

A economia é constituída basicamente por pequenos comércios, nas

residências dos moradores (a maioria trabalha fora), na construção civil,

no comercio informal etc. A pesca era uma das atividades econômicas

mais antigas da Vila Verde, movimentava quase que todos os homens de

lá.

A proximidade com a feira e a parada de ônibus facilitou o

crescimento do bairro.

Pesquisa realizada entre março e dezembro de 2007. 95