História da Arte 1 - Egito

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Unidade 4 A Arte do Egito Antigo Dilson Midlej Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Centro de Artes, Humanidades e Letras ---------------------------------------------- ----------------------------- Alerta : Este material é de uso pedagógico restrito às aulas de “História da Arte I” e aos alunos desta disciplina. Deve funcionar como um guia de estudos e não material que substitua a bibliografia adotada e recomendada. História da Arte I / maio de 2012 / Terças-feiras e quartas-feiras, das 21 às 23h

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Unidade 4 A Arte do Egito Antigo

Dilson Midlej

Universidade Federal do Recôncavo da BahiaCentro de Artes, Humanidades e Letras

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Alerta: Este material é de uso pedagógico restrito às aulas de “História da Arte I” e aos alunos desta

disciplina. Deve funcionar como um guia de estudos e não material que substitua a bibliografia adotada e

recomendada.

História da Arte I / maio de 2012 /

Terças-feiras e quartas-feiras, das 21 às 23h

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A arte egípcia é uma arte da permanência, de continuidade formal e temática, e destinava-se a patronos da elite de uma sociedade extremamente hierarquizada.

Seu sistema político e religioso consistia de um deus-rei (chamado faraó a partir do Império Novo) a quem cabia o bem-estar físico e espiritual da terra e dos seus povos.

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Os projetos artísticos da realeza para a vida depois da morte dominavam a paisagem egípcia e forneciam os modelos para todos os enterros da elite.

São por encomendas reais e objetos funerários que se constitui a maior parte da arte egípcia que chegou até aos nossos dias.

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A Arte do Egito Antigo

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A divisão do Egito em duas regiões distintas (Baixo Egito e Alto Egito) tem sua origem na cosmovisão egípcia: os egípcios viam o mundo como uma série de dualidades em oposição.

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Possuíam um sistema de escrita, os hieroglifos, desenvolvido na mesma época em que os mesopotâmios inventaram a escrita cuneiforme.

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Foram os gregos que lhe deram o nome, encarando-os como escrita sagrada:hieros (sagrado) e graphein (escrever).

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Paleta do Rei Narmer (frente e verso), de Hieracônpolis. ca. 3 150 - 3 125 a. C. Ardósia, altura 63,5 cm. Museu Egípcio, Cairo

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Período Pré-dinástico (antes de ca. de 2 920 a.C.)

Primeiras Dinastias (I e II Dinastias, ca. 2 920 – 2 649 a. C.)

Império Antigo (III-VI Dinastias, ca. 2 649 – 2 150 a.C)

Império Médio (XI e XII Dinastias, ca. 2 040 – 1 640 a.C)

Império Novo (XVIII-XX Dinastias, ca. 1 550 – 1 070 a.C,

maior esplendor da civilização egípcia)

Conquista macedônica em 332 a.C.

Conquista romana em 30 a.C.

Principais períodos do Antigo Egito

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Grupo de mastabas, IV

Dinastia

Império AntigoAs principais características da arquitetura eram que os edifícios eram construídos com materiais perecíveis e os monumentos funerários com materiais duráveis.

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Imhotep. Pirâmide escalonada (em degraus) e complexo funerário do Rei Djoser (governou de 2 630 a 2611 a.C.), Sacará (sul do Cairo). III Dinastia.

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Planta da necropóle do Rei Djoser, Sacará

Seção transversal da pirâmide escalonada do

Rei Djoser, Sacará

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----------------------------------------------A partir da IV Dinastia (ca. 2 575 – 2 465 a.C) a arquitetura funerária mudou drasticamente e a pirâmide escalonada evoluiu para a pirâmide de lados lisos, sendo as mais conhecidas as as pirâmides de Gizé.

Planície de Gizé, Necrópole com as Pirâmides de Miquerinos, Quéfren e Queóps

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Planície de Gizé

Corte longitudinal da Pirâmide de Queóps

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Observam-se, assim, as seguintes características

da arquitetura egípcia:• Massas megalíticas com formas precisas; • Estrutura espacialmente simples

(organização geométrica);• Sentido de resistência e poder;• Intenção simbólica: glorificação do rei

defunto e dos deuses. 

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Os monumentos mais expressivos da arte egípcia são os túmulos e os templos, os quais podem ser divididos em três categorias:

Hipogeu - túmulo destinado à gente do povo; Mastaba - túmulo para a nobreza; e

Pirâmide - túmulo real, destinado ao faraó. 

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----------------------------------------------A representação da figura humana

No templo do vale de Quéfren marcas no chão do salão indicam a existência de 23 estátuas do rei Quéfren, alinhadas ao longo das paredes.

Quéfren, de Gizé, ca. 2 500 a.C. Diorito, altura 167,7 cm. Museu Egípcio, Cairo

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Miquerinos e sua mulher, Rainha Khamerernebti II, de Gizé, ca. 2 515 a.C. Basalto, altura 138,4 cm. Museum of Fine Arts, Boston. Harvard Museum of Fine Arts Expedition

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Rahotep e sua mulher Nofret, de Meidum, ca. 2 580 a.C. Calcário pintado, altura 120 cm. Museu Egípcio, Cairo

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Escriba sentado, de Sacará. ca. 2 400 a.C. Calcário, altura 53,3 cm. Museu do Louvre, Paris

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Ka-Aper, de Sacará. ca. 2 450 – 2 350 a.C. Madeira, aprox. 109 cm. Museu Egípcio, Cairo

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Excetuando-se o reinado de Akhenaton (Amenófis IV, reinado de 1352 a 1338), no Império Novo ― em que haviam realismo e cenas de naturalidade cotidianas nas composições ―, observam-se as seguintes características da escultura e do relevo egípcio:

• Frontalidade e hieratismo para as elites;• Monumentalidade nas encomendas

oficiais.

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O Império Médio

O governo central do Império Antigo desintegrou-se com a morte do Rei Pepi II, da VI Dinastia, por volta de 2 152 a.C. o que resultou em turbulências que alimentaram antagonismos entre o Alto e o Baixo Egito e que caracterizaram o Primeiro Período Intermediário que durou mais de um século.

As duas regiões foram reunidas de novo na XI Dinastia.

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As XI e XII Dinastias constituem o Império Médio (ca. 2 040 – 1 640 a.C.) e boa parte das obras de arte deste período é dominada pelas formas do Império Antigo, especialmente no universo funerário.

Os retratos reais esculpidos em pedra, todavia, apresentam mudanças significativas em relação ao períodos anteriores, resultando em expressões faciais mais naturalistas e alterações no cânone das proporções (ombros mais largos e cinturas e membros mais volumosos).

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Nesse período foram especialmente populares os túmulos escavados na rocha, os hipogeus, que já eram conhecidos no Império Antigo.

Túmulos escavados na rocha, em Beni Hasan. XI e XII Dinastias. ca. 1 950-1 900 a.C.

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Sala interior de um túmulo escavado na rocha, em Beni Hasan. XI e XII Dinastias. ca. 1 950 - 1 900 a.C.

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O Império Novo

Período compreendido entre as XVIII, XIX e XX Dinastias e cujas práticas fúnebres diferenciavam-se das do Império Antigo por abandonarem o costume de assinalar os seus túmulos com pirâmides. Em vez disso passaram a ser escavados na face da rocha no Vale dos Reis, a oeste de Tebas, com as suas entradas ocultadas depois das cerimônias.

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Senemut. Templo de Hatchepsut, em Deir el-Bahari, ca. 1478-1458 a.C. Vale dos Reis

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Além de construírem templos funerários para si próprios, os reis da XVIII Dinastia desprenderam recursos consideráveis em templos oferecidos aos deuses, dentre os quais destacam-se o Templo de Amon-Rá, em Carnac, e o Templo Abu Simbel, dedicado ao Rei Ramsés II, a Amon Rá e esculpido a partir das rochas de arenito em Abu Simbel, na margem ocidental do Nilo.

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Templo de Ramsés II, Abu Simbel, XIX Dinastia. Arenito. ca. 1279 – 1213 a.C.

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Interior do Templo de Ramsés II (sala Hipóstila), em Abu Simbel, XIX Dinastia. ca. 1 279 – 1 213 a.C.

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Decoração com hieroglifos em uma das câmaras do templo de Ramsés II, em Abu Simbel, Egito

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Uma das características do Império Novo foi o rompimento com as convenções promovidas por Akhenaton (novo nome de Amenófis IV) na religião (tentou instaurar um culto monoteísta) e na arte, principalmente na escultura, chamada estilo de Amarna.

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Akhenaton (Amenófis IV), de Carnac. 1353-1335 a.C. Arenito, altura aprox.

3,96 m. Museu Egípcio, Cairo

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Akhenaton (Amenófis IV) e sua família. ca.1355 a.C. Calcário, 33,1 x 38,7 cm. Museu

Egípcio, Staatliche Museum, Berlim

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Amenófis IV fazendo uma oferenda ao deus-sol Aton. ca.

1370. altura 28 cm. Museu Egípcio, Cairo

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Rainha Nefertiti. ca.1348-1336/5 a.C. Gesso sobre núcleo de calcário, altura 48,3 cm. Museu Egípcio, Staatliche Museum, Berlim

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Pouco tempo após a morte de Akhenaton, um jovem rei ascendeu ao trono, com apenas 9 ou 10 anos: Tutankamon. A residência real passou a ser Mênfis e fez reviver os cultos tradicionais que Akhenaton havia negligenciado. Tutankamon falece aos 19 anos.

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Máscara mortuária do faraó Tutankamon

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Sarcófago do faraó Tutankamon

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Revestimento interior do

sarcófago do faraó

Tutankamon. XVIII Dinastia.

Ouro, altura 182,9 cm.

Museu Egípcio, Cairo

Tutankamon e sua esposa. ca. 1330 a.C. Detalhe da talha dourada e pintada

proveniente do trono encontrado em seu túmulo. Museu Egípcio, Cairo

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Os egípcios eram politeístas e dentre seus deuses figurava Amon, deus da cidade imperial de Tebas, que era o rei dos deuses. Quando associado ao sol, recebia o nome de Amon-Rá.

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Rá – deus-sol

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Anúbis, deus da morte e dos moribundos, era deus do embalsama-mento e que preside as mumificações. Era também o guardião das necropóles e das tumbas.

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Anúbis, inclinado sobre a múmia do morto, executa os rituais mágicos que permitem a passagem do

falecido para o mundo do além

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Thot – deus-mensageiro, mestre do

tempo, deus dos escribas

Hátor – deusa do amor, da alegria e

da música

Hórus – deus da justiça e da lei. Filho

de Isis e Osiris

Seth – deus da violência, da guerra

e dos animais

Osíris, deus agrário que simboliza a força inesgotável da vegetação e a atividade do universo e Isis, irmã e esposa de Osíris, é deusa dos lares, protege os mortos e lhes devolve a vida. Alguns outros importantes deuses do panteão egípcio são:

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As colunas dos templos egípcios são divididas conforme seu capitel em três principais tipos: 

Palmiforme - flores de palmeira; Lotiforme - flor de lótus; ePapiriforme (fechada ou aberta) - flores

de papiro. A Papiriforme aberta é também denominada Campaniforme.

A Arte do Egito Antigo

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Papiriforme aberta (Campaniforme)

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Há, também, outras variações, tais como a coluna sistro ou hatórica, de capitel com a forma da cabeça da deusa Hátor, no templo de Dendera.

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Colunata papiriforme aberta das ruínas do Templo consagrado a Amon, em Luxor

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Colunata papiriforme fechada da Sala Hipóstila do templo consagrado a Amon, em Luxor

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Coluna papiriforme fechada, Luxor

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Colunata papiriforme fechada, templo de Amon, em Luxor

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Colunata palmiforme (as duas da frente) e papiriforme aberta (as quatro do meio), em Dendera

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Colunata de Dendera

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Ruínas do templo na cidade de Kom Ombo, apresentando colunata com variação do capitel palmiforme aberta

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Aplicações de esculturas alinhadas às colunas e pilares e variações de capitéis de colunas, exemplos encontrados nos templos em Deir el-

Bahari

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Na pintura observam-se as seguintes características:

• Iconografia rígida (repertório invariável de formas);

• Afrescos em tumbas e templos (a maioria data do Império Novo);

• Rigidez, gosto pela simetria e separação das cores através de contornos rigorosos;

• Colorido chapado (tinta lisa e uniforme), sem tratamento de claro-escuro e sem indicação de volumetria.

• Pintura planificada (ausência de três dimensões e uso do mesmo plano para representar as figuras) e superposição para dar ideia de distância.

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Esquema do artífice de Senenmut, Ostracon, 1473-

1458 a.C. Império Novo

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Modelos de grelhas (gradeados)

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Túmulo do servo Pashed, em Deir el-Medina, do reinado de Seti I. Câmara funerária pintada

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Câmara mortuária pintada

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O Livro dos Mortos também era ilustrado com pinturas, aplicadas sobre a superfície de um rolo de papiro, cujas folhas eram formadas de tramas de fibras do tronco de papiro, as quais eram batidas e prensadas para se transformar em folhas.

Constavam do Livro dos Mortos representações de cenas acompanhadas de texto e rituais funerários e era posto no sarcófago do faraó morto.

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Pesagem do coração e julgamento por Osires, do Livro dos Mortos de Hunefer. ca. 1285 a.C. Papiro pintado, altura aprox. 39,5

cm

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A fase final do Antigo Egito pertence já à história da Grécia e de Roma.

Alexandre Magno (Alexandre, o Grande) conquistou o Egito em 332 a.C. e fundou a cidade de Alexandria antes da sua morte, em 323 a.C. O seu general Ptolomeu (falecido em 284 a.C.) tornou-se faraó do Egito e fundou uma Dinastia que durou perto de 300 anos, até à morte de Ptolomeu XIV, filho de Cleópatra e do ditador romano Júlio César.

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No ano de 30 a.C., Octávio (governante de Roma e prestes a tornar-se Augusto, imperador romano), declarou o Egito província romana.

O Egito, então, já havia fornecido a Roma e aos seus sucessores modelos de poder e de imagética reais que consistiram nas construções em pedra em grande escala e com as quais os faraós egípcios impressionaram os séculos posteriores e sua arte e civilização continuam a maravilhar as pessoas até hoje.

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