História Da Comunicação Adventista No Brasil E-book

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    HISRIA DA COMUNICAO ADVENISA NO BRASIL

    odos os direitos reservados para UNASPRESS. No permitida a cpiatotal ou parcial sem autorizao prvia dos editores.

    Editorao: Renato GrogerReviso: Ellen Ribeiro e Felipe CarmoCapa: Fbio FernandesDiagramao: Fbio Fernandes e Luzia Paula

    Ruben Holdorf, org.

    Histria da Comunicao Adventista no Brasil1 ed.

    UNASPRESS, 2009Engenheiro Coelho, SP

    ISBN: 978-85-89504-21-81. Comunicao; 2. Histria; 3. Jornalismo

    1 edio2009

    UNASPRESSImprensa Universitria Adventista

    Centro Universitrio Adventista de So Paulo, Campus Engenheiro Coelho

    Consulte o catlogo e adquira nossas publicaes

    el. (19) 3858-9055 / Home Page: www.unaspress.unasp.edu.br

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    SUMRIO

    Unidade 1 JORNALISTAS ADVENTISTAS E SUAS RELAES COMA IMPRENSA SECULAR ........................................................................... 1

    Captulo 1 Pressupostos histricos ................................................................5Captulo 2 Pioneirismo na mdia impressa secular (1942-1983)................11Captulo 3 Valorizao de meios massivos de comunicao como

    instrumentos de evangelizao (1984-1996) .......................................... 51Captulo 4 Retorno aos impressos e estruturao acadmica (1996-2003) ..59Captulo 5 Comunicao entendida como comunho necessidade de

    qualificao profissional (2003 em diante) ............................................. 83

    Captulo 6 Profissionalismo j! .................................................................... 91Notas ................................................................................................................... 93Referncias bibliogrficas ............................................................................. 101

    Unidade 2 HISTRIA DO CURSO DE COMUNICAO SOCIAL DOUNASP: UMA ABORDAGEM DENOMINACIONAL .................. 103

    Captulo 1 Aceitando a comunicao (dcada de 1970 a 1999) ............. 105

    Captulo 2 Fazendo comunicao (2000 at o final da dcada) ............. 113Captulo 3 Pensando a comunicao (final da dcada de 2000 em diante) .... 135Captulo 4 Anexos ....................................................................................... 139Notas ................................................................................................................. 149Referncias bibliogrficas ............................................................................. 155

    Unidade 3 BIOGRAFIAS ................................................................... 157

    Captulo 1 Primeiro assessor da Igreja: Roberto Rodriguesde Azevedo ................................................................................................ 159

    Captulo 2 Senhor das cmeras e do microfone: Alcides Campolongo ..... 163Captulo 3 ltimo recado: Arnaldo B. Christianini ........... .....................167Captulo 4 Comunicador quatro estrelas: Assad Bechara ...................... 171

    Unidade 4 APNDICES .................................................................... 175

    Apndice 1 Crescimento de olho na misso ............................................. 177

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    Apndice 2 Declarao de consenso ......................................................... 181Apndice 3 Cronograma histrico da comunicao adventista

    no Brasil ..................................................................................................... 185

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    J

    Ruben Holdorf

    Ao discutir a pauta a respeito dos fatos relacionados histria dos jornalistas da Igreja Adventista do Stimo Dia noBrasil e seus vnculos com a mdia impressa secular, despertou-se a curiosidade em resgatar o que a imprensa secular produziua respeito dos adventistas; que assuntos alimentaram amdia quando lhes oportunizou esse espao, e como a Igrejareagiu diante das notcias negativas e boatos preconceituosospropalados pela imprensa escrita. Alm do papeldesempenhado pelos lderes eclesisticos e comunicadoresna Igreja, sublinhou-se a relevncia de se conhecer que temas

    os at ento raros profissionais adventistas deimprensa abordaram na mdia secular; o

    que redigiram quando aproveitaram asbrechas para a divulgao da Igreja e de

    um diversificado estilo de vida;que dificuldades enfrentaramdiante da crescente

    secularizao da sociedade; deque forma a Igreja reagiu presenadesses profissionais; e como essesanalisam a comunicao na Igreja

    hoje e quais so suas propostas para

    o aperfeioamento deste setor.

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    A diviso histrica proposta no primeiro captulo recebeu acorroborao das pesquisas da jornalista Fabiana Bertotti e do doutorVanderlei Dorneles.1Apesar disso, este material no pode ser consi-derado um produto acabado em si, face s dificuldades encontradas

    conforme se explica em seguida.As entrevistas com profissionais adventistas e pastores que traba-

    lharam ou atuam na comunicao constataram o primeiro embarao:a Igreja praticamente no tem memria. Isto se evidenciou quando dapesquisa junto ao pastor Irineo Koch, ento diretor de Comunicaoda sede sul-paranaense dos adventistas (Associao Sul-Paranaense),se ele poderia apresentar recortes de peridicos com a Igreja como no-

    tcia. Koch respondeu que, por uma falha grave, no guardaram os jor-nais que saram as notcias locais.2

    Em geral, os relatos desta matria se baseiam na histria oral,dependem da lembrana de cada entrevistado, s vezes imprecisa, oucontraditria. Exemplo disso o pastor Roberto Doehnert, 88 anos, nar-ra, falando do dia em que sua famlia virou notcia em um jornal pau-listano. odavia, nem ele nem a mulher lembram o nome do jornal

    e a data da publicao. Mas outros fatos eles conseguem decodificardos arquivos da memria. Doehnert se entusiasma ao citar os artigosde Arthur Valle publicados todos os domingos na Gazeta do Povo,de Curitiba, quando este respondia pelo Departamento de RelaesPblicas da antiga Associao Paranaense. Mais animado, de repentesurge outra lembrana para Doehnert: o Congresso Jovem realizadoem 1956, na Quitandinha, antigo hotel-cassino prximo a Petrpolis.

    Eu sei que houve umflashda imprensa, s que eu no guardei nada,confessa Doehnert.3Ele recorda que o quarteto Bando da Lua cantouno congresso, uma participao de no-adventistas. Uns criticaramisso, mas eles satisfizeram expectativas e gostos dos participantes. Aharmonia deles chegou a receber elogios.

    Este trabalho resulta mais de um esforo de jornalismo inves-tigativo do que de uma pesquisa cientfica, apesar dos complementos

    tericos presentes ao longo do texto. Para tanto, foram entrevistadas

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    41 pessoas, in loco, por telefone ou e-mail. Outras vinte tentativas sefrustraram, levantando nova constatao: a de que muitos comunica-dores ainda no se habituaram ao uso de e-mail, ou de, pelo menos, darretorno aos contatos e recados deixados com secretrias. Assim, a au-

    sncia de muitos nomes e sua importncia na histria da comunicaoadventista no poder ser contestada. Cerca de quinze horas gravadasem fitas cassetes esto conservadas, cujo contedo passou pelo proces-so de decupagem e edio. Nem todo o udio poder ser ouvido, poisexiste o compromisso tico de preservar a integridade moral das fon-tes, j que foram feitas severas crticas ao atual modelo de comunicaoadotado pela Igreja. Isto no significa que o material ora exposto sofreu

    alteraes ou omisses. Apenas se deseja impedir a possibilidade deintrigas e retaliaes, instigando to somente a anlise e o surgimentode perspectivas viveis ao aperfeioamento da comunicao na Igreja.

    Dentre todos os nomes pesquisados, trs deles se tornaram un-nimes no conceito da esmagadora maioria dos comunicadores e jor-nalistas: Roberto Azevedo, como o pioneiro desbravador das redaesna mdia secular; Arthur Valle, como o primeiro adventista diplomado

    em Comunicao Social/Jornalismo; e Elon Garcia, como o mais ex-periente profissional, ainda em atividade, com 58 anos de trnsito nasredaes e agncias de publicidade, e de colaborao com a Igreja.

    A hiptese de que o primeiro jornalista adventista a atuar namdia secular teria sido Emlio Doehnert, no se comprovou. Emlio,pai de Roberto, exerceu a funo de tipgrafo, e no de jornalista, noperidico Die Zeit(O empo), em 1921, quando ainda existiam mui-

    tos jornais em lngua alem na capital paranaense. O veculo perten-ceu famlia do empresrio Max Schrape, proprietrio da ImpressoraParanaense, indstria de embalagens, algumas delas muito conhecidas,como a caixa amarela dos chocolates Garoto e os pequenos invlucrosdas lminas de barbear Gillette.

    Emlio comeou a trabalhar em jornal aos 14 anos de idade,em 1910. Em 14/4/1912, no Der Beobachter(O Observador), ele teve

    o privilgio de compor a notcia do naufrgio do itanic.4

    Emlio s

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    se batizou em 1917. Este jornal de lngua alem defendia os interes-ses da comunidade luterana, representada pelo Collegio Alemo. Ohistoriador Joo Marcassa5descreve os embates pedaggicos entre oseducadores luteranos e os professores do Collegio Internacional, dos

    adventistas: O sistema de ensino usado pelos adventistas no CollegioInternacional suscitou uma disputa com o Collegio Alemo, defendidopelo jornal Der Beobachter. Com o objetivo de conhecer seu contexto,recorreu-se Biblioteca Pblica do Paran, arquivos de jornais e aoMuseu da Memria, mas nada se preservou dessa poca.

    Discursos apologticos entre religiosos se tornaram um marco nahistria do Paran desde a chegada dos primeiros imigrantes europeus.

    Os historiadores Wilson Martins, David Carneiro e Ruy Wachowiczanalisam esses fatos, sobressaindo-se a troca de farpas entre os jornaisO Dezenove de Dezembro e O Municipal. O primeiro, defendendo obispo de Curitiba, e o segundo, o pastor da Primeira Igreja Batista.Contudo, isso serve de estmulo para se aprofundar essa pesquisa eapurar a veracidade e importncia desses acontecimentos como ante-cedentes no surgimento de uma cultura adventista local mais aberta ao

    ramo da comunicao.

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    Pressupostos histricosNo h como comparar a mdia impressa brasileira atual com

    aquilo que se entende como imprensa durante a fase final da colnia,o perodo imperial e a primeira metade do sculo passado. Apesar dasleis que regem a imprensa terem sua origem na ditadura militar e ainda

    existirem movimentos resistentes livre atuao dos jornalistas, o Brasildesfruta de vantajoso processo quanto liberdade de conscincia e ex-presso. Essa seria a ocasio ideal para a Igreja Adventista do StimoDia tirar proveito e investir ao mximo seus recursos na potencial reada comunicao, a fim de cumprir sua misso evangelizadora.

    A urgente necessidade de a Igreja valorizar e usar com dili-gncia a comunicao e suas mdias, principalmente a impressa e a

    internet, explica-se pelo fato de o rdio e a televiso dependerem deconcesso federal, enquanto que a mdia impressa no regulada porlei exploratria e a internet no se subordina a qualquer legislao es-pecfica. Analisando a histria brasileira e as tendncias legislativas noCongresso Nacional, surge o alerta de que esse estado de aparente li-berdade pode ser passageiro. Segundo o historiador Nelson WerneckSodr,6a futura Lei de Imprensa, cujo projeto se encontra h mais de

    duas dcadas no Congresso, tem como objetivo assegurar a manuten-o do poder vigente e sedimentar as foras da classe dominante.De acordo com Sodr,7a cultura das foras polticas dominantes

    atuais sente dificuldade em se desenlaar das razes da opresso ori-ginadas durante o regime colonial. Em meados do sculo 18, o mar-qus de Pombal criou a Real Mesa Censria, proibindo a publicaoe a leitura de livros, jornais e a comercializao de papel, cuja prtica

    se dava somente com autorizao do Santo Ofcio da Inquisio, da

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    Cria romana e dos desembargadores. O ato era estendido ao Brasil edemais colnias lusitanas na sia e na frica. At mesmo a existnciade bibliotecas nas casas poderia levar algum ao tribunal e suas conse-quncias: priso, multas pesadas, degredo, humilhao e morte. Livros

    eram privilgio de clrigos. Devido a essa situao de ignorncia social,o escritor portugus efilo Braga rotula o Brasil de desgraado pas,marasmado pela imbecilidade.8 Pelo fato de a Igreja Catlica consi-derar a imprensa, em particular, um sacrilgio, o estabelecimento deoutras instituies tambm se viu prejudicado, motivo que se somariaao atraso no desenvolvimento do pas, mesmo independente.9Comopoder se perceber adiante, essa configurao do pensamento nativo

    quanto ao papel da imprensa se enraizar no preconceito contra aque-les que se identificavam com o exerccio jornalstico.

    entando dividir a histria da imprensa escrita brasileira em pe-rodos, Sodr10estabelece duas fases: a da imprensa artesanal e a da im-prensa industrial. Na primeira, a imprensa vivia mais da opinio, fasetpica do final da colnia, depois da criao da Imprensa Rgia em 1808,at o incio da Repblica Velha, final do sculo 19. Nessa poca se desta-

    cam os peridicos clandestinos de oposio metrpole portuguesa e monarquia brasileira, e os pasquins, impressos que misturavam o bomhumor, a stira e a crtica mordaz ao debate poltico. Aqui a opinio dosleitores valia muito. Na fase industrial, a opinio dos leitores decresceem importncia em relao ao poder dos anunciantes. A partir deste se-gundo momento histrico, a publicidade passa a ocupar mais os espa-os cedidos anteriormente aos colaboradores. Alguns deles fiis demais.

    Sodr11acentua que, devido industrializao dos impressos, o nmerode grandes jornais diminuiu em demasia. A moderna empresa capitalis-ta esmagou a pequena imprensa. O que acontece, na normalidade doscasos, nem a compra do jornal, mas a da sua opinio.12

    Preocupada com a vertiginosa ascenso de correntes positivis-tas, dos movimentos anarquistas, do sindicalismo, da filosofia marxistae do proselitismo protestante, a partir da segunda dcada do sculo

    passado a Igreja Catlica comea a tecer estratgias em duas frentes:

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    na educao e na comunicao. Na educao, os conclios planejam acriao das universidades (futuras PUCs). Na comunicao, os catli-cos estimulam um reavivamento religioso e condenam os protestantes.Analisando a propaganda religiosa na imprensa, Lima Barreto critica:

    O culto brasilidade que ela (Igreja Catlica) prega e seu apego he-

    rana do passado, de respeito no s religio, mas tambm riqueza e

    s regras sociais vigentes, da a aliana da jovem fortuna, representada pe-

    los improvisados ricaos de Petrpolis, com a Igreja Catlica. Mas tal culto

    tende a excomungar as ideias estrangeiras (dos imigrantes protestantes) de

    reivindicaes sociais. O jeca deve continuar jeca.13

    Fernando Jorge explica que o dio contra a imprensa no Brasil um dio antigo, secular, proveniente de espritos sempre anacrnicos,em conflito com os avanos da democracia. Rebento do autoritarismo,do arbtrio do establishment, da intolerncia dos mandes a serviodo poder, da estreiteza mental.14Mas os golpes contra os impressosno vieram somente da Igreja Catlica. Na Repblica, o catolicismoperdeu fora para o laicismo. Os reveses sofridos pela imprensa escritativeram origem nas novas mdias. O prprio Sodr15despreza a forados impressos ao afirmar que jornais e revistas no so de massa nocontexto brasileiro, face o analfabetismo literal e funcional, e o baixopoder aquisitivo da populao.

    Em 1923, com a fundao da Rdio Sociedade do Rio de Janeiro,a primeira emissora do Pas, por Edgard Roquette-Pinto, a mdia ele-trnica passou a ocupar um espao jamais conquistado pelos impres-sos. O segundo impacto chegou em 1950, com a V upi, de AssisChateaubriand. Fazendo uso do som e da imagem, ambas as mdiasconseguiram ampla difuso. Antes do final do sculo 20, os impressossofreram outro abalo. Em 1995, com a criao do UOL, mdia onlineda Folha de S.Pauloe da Editora Abril, sob a direo do ex-ombudsmanCaio lio Costa, a internet mostrou suas credenciais.

    A luta iniciada pela Igreja Catlica no primeiro quarto do scu-lo 20 pelo predomnio nas comunicaes continua mais viva do que

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    muitos podem imaginar. O reitor Nivaldo Lus Pessinatti,16do Unisal- Centro Universitrio Salesiano, sinaliza que a Nova Ordem Mundialde Informao e Comunicao gerou e alimentou o grande debate so-bre a democratizao da comunicao. A descentralizao e a reverso

    do monoplio da comunicao uma luta mais do que atual e neces-sria. Apesar de a Igreja Catlica se preocupar h mais de 80 anos emdiscutir os destinos da comunicao, os pioneiros no evangelismo viamdia so os adventistas do stimo dia. S a partir da dcada de 1960 oscatlicos justificam sua apologia aos meios massivos como instrumen-tos de desenvolvimento; a partir de 1970, eles valorizam os meios no-massivos na evangelizao e estruturam a Pastoral da Comunicao;

    hoje, eles entendem a comunicao como comunho e reconhecem aimportncia de qualificao profissional.17

    Nesse nterim, sem uma poltica de comunicao definida, semprofissionais qualificados, mas contando apenas com a vontade de pio-neiros e personagens de talento, a Igreja Adventista iniciou de formaamadora sua aventura na mdia impressa secular. A vontade de supe-rar a falta de critrios, adicionada indiferena ao preconceito contra

    elementos ligados comunicao, transformou figuras como os pas-tores Roberto Rodrigues de Azevedo, Arthur de Souza Valle, KiyotakaShirai, Alcides Campolongo e Ansio Chagas, e os jornalistas ElonGarcia, Ivan Schmidt e Odailson Spada em referenciais da comunica-o. Ao mergulhar nas redaes, eles se abasteceram do conhecimentoe das tcnicas, abrindo caminho e desbravando novas fronteiras.

    Outra constatao dessa pesquisa faz aluso ao preconceito con-

    tra os jornalistas. Neste ponto, torna-se mais prudente omitir o nomede pessoas que se demonstraram contrrias a uma poltica de comuni-cao na Igreja Adventista. Um deles deixa claro que, apesar de acharhoje uma profisso muito boa, acredita que talvez em outras pocasno fosse to relevante. Dirceu Fernandes Lopes18explica que, antesda criao dos primeiros cursos de Jornalismo no pas, j havia muitaresistncia contra a formao superior de profissionais para a impren-

    sa, pois era grande o medo da qualificao e valorizao destes pela

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    sociedade. O ex-presidente da sede sul-americana da Igreja Adventista(Diviso Sul-Americana), pastor Joo Wolff, explica que o preconceitono se direcionava apenas aos jornalistas, mas contra os universitriosem geral, especificando o caso do professor-doutor Renato Oberg, que

    sofreu muito para cursar uma universidade pblica.19Ele acredita queno Sul os adventistas eram mais ortodoxos, devido s origens germni-cas e luteranas. anto que o primeiro adventista a fazer Comunicaofoi o pastor Arthur Valle. Antes dele, ningum.

    A natureza do preconceito contra os profissionais da imprensatambm explicada pelo terico da comunicao, Herbert MarshallMcLuhan: Aqueles que deploram a frivolidade da imprensa e sua

    forma natural de exibio grupal e lavagem de roupa comunitria,simplesmente ignoram a natureza desse meio.20 Mencionando MaxWeber, o terico da comunicao Michael Kunczik reala o jornalistapertencendo a uma espcie de casta de prias que na sociedade sem-pre julgada com base nos seus representantes eticamente inferiores. por isso que existem, sobre os jornalistas e seu trabalho, ideias estra-nhas e amplamente difundidas.21Visualizando esse perodo de trans-

    formaes, George Knight22comenta as dificuldades de os professoresdas faculdades adventistas obterem titulao mais avanada devido resistncia da Igreja.

    Se a Bblia e os escritos de Ellen G. White advertem quanto aomau uso da lngua e das palavras, ao mesmo tempo encorajam o usodesses recursos comunicacionais na propagao do evangelho. Muitoscticos no se cansam de difamar a comunicao como de origem ma-

    ligna. White no condena os meios de comunicao e esclarece:

    A maneira pela qual Deus usa os homens nem sempre discernida,

    mas Ele O faz. Deus dotou os homens de talentos e capacidade inventiva, a

    fim de que seja efetuada a Sua grande obra em nosso mundo. As invenes

    da mente humana parecem proceder da humanidade, mas Deus est atrs

    de tudo isso. Ele fez com que fossem inventados os rpidos meios de comu-

    nicao para o grande dia de Sua preparao.23

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    Avaliando as mudanas mundiais decorrentes das duas grandesguerras, Knight24alerta para o perigo de uma cultura rumando em di-reo da secularizao. Este um risco evidente na formao acadmi-ca de jornalistas em instituies no-adventistas. Os jornalistas e pes-

    quisadores Bill Kovach e om Rosenstiel evidenciam que cada geraocria seu prprio jornalismo.25

    Ao interpretar as entrevistas realizadas e as pesquisas em arqui-vos, fica evidente a unanimidade em torno de um nome como marcoinicial da comunicao adventista no Brasil: Roberto Azevedo. Apsanlise da comunicao adventista e sua relao com a mdia impressasecular, constata-se que seu histrico se divide em quatro perodos:

    1. Pioneirismo na mdia impressa secular, no qual se discorresobre as aes de Azevedo e Valle na liderana da comunicao, de1942 a 1983;

    2. Valorizao dos meios massivos de comunicao como ins-trumentos de evangelizao, quando o pastor Assad Bechara assume aresponsabilidade de dinamizar o relacionamento com a mdia secular efundamentar os critrios para a criao das mdias eletrnicas da Igreja,

    de 1984 a 1995. Este perodo no abrange necessariamente apenas otempo de liderana de Bechara no Departamento de Comunicao daIgreja para a Amrica do Sul;

    3. Retorno aos impressos e estruturao acadmica, fase de no-vos contatos com a imprensa e da criao dos cursos de Jornalismo ePublicidade e Propaganda do Unasp. Nesse perodo, o pastor Silo deAlmeida desempenha importante papel como intermedirio nas nego-

    ciaes, atuando como divulgador e relaes pblicas junto s autori-dades e mdia, de 1996 a 2003, quando organiza, juntamente com oUnasp, o I Congresso Sul-Americano de Comunicao;

    4. Comunicao entendida como comunho: necessidade de qua-lificao profissional, sob a gide acadmica dos cursos de Jornalismo ePublicidade e Propaganda do Unasp, cujos resultados podero ser co-lhidos e analisados em mdio e longo prazo, talvez a partir da prxima

    dcada, se devidamente aplicados.

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    Pioneirismo na mdia impressasecular: (1942-1983)

    Em 1731, o coronel Cristvo Pereira de Abreu conduziu cercade trs mil cavalos e mulas, e 500 vacas pela picada que ficou conhecida

    como o Caminho do Viamo, a primeira passagem de tropeiros rumoao Sudeste. Ele saiu de Santo Antnio da Patrulha, no Rio Grande doSul, e se dirigiu a Sorocaba, em So Paulo. Esta viagem pioneira mar-cou o incio do tropeirismo no Brasil.

    Entre as duas cidades, havia muitas paradas. A mais importan-te delas se localizava em Curitiba, cujos nomes de bairros atuais re-montam quela poca. Caso do Porto (antiga porta de entrada nacidade), Stio Cercado e Fazendinha, onde pousavam as tropas vindastanto do Sul como de So Paulo. Ao analisar a configurao lingusticado Paran, o professor Jos Lus Mercer, da Universidade Federal doParan (UFPR), ressalta a importncia do tropeirismo no que tange contribuio de termos para a lngua portuguesa-brasileira contem-pornea.26Desde o sculo 18, cidados curitibanos e patrulhenses seuniram em casamento e pela amizade. As dcadas se passaram e essaconexo histrico-social desapareceu gradativamente, mas no entreos adventistas. No mbito da Igreja aconteceram casamentos e laos deamizade se fortaleceram.

    Roberto Azevedo: patriarca das comunicaes

    Um patrulhense abriu passagem nas redaes de jornais e re-

    vistas mostrando a Igreja Adventista e sua misso evangelizadora ao

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    pas. Roberto Rodrigues de Azevedo nasceu em 3/3/1916, em SantoAntnio da Patrulha. Graduado em eologia na turma de 1940, noColgio Adventista Brasileiro (CAB), hoje Unasp, Campus So Paulo,Azevedo assumiu o pastorado em Pelotas. Seu filho, Paulo Azevedo,

    ratifica o gosto do pai pela comunicao desde o incio de seu trabalhono sudeste gacho. Erlo Khler, da Casa Publicadora Brasileira (CPB),confirma que o primeiro contato de Azevedo com a mdia impressaocorreu em 22/12/1942, no jornal O Rio Grande, da cidade do mesmonome. Nele, Azevedo escreveu um artigo de cunho religioso.

    Os quatorze anos em que Azevedo atuou como pastor distritalserviram de aprendizado para as futuras funes no Departamento

    de Relaes Pblicas da Associao Paulista (sede estadual da IgrejaAdventista). E ele comeou num momento conturbado da histria nacio-nal. Sodr27relata que a censura getulista manifestava poderes inimagi-nveis, a ponto de fechar e expropriar violentamente O Estado de S.Pauloem 25/3/1940, deixando-o s moscas durante cinco anos. Somente em6/12/1945 a famlia Mesquita recebeu as chaves do jornal novamente.H no Estado Novo um medo e pnico da liberdade do pensamento.28

    Porm, essa situao catica no vingaria por muito tempo. A partirde 1945 o Brasil mergulhou num perodo conhecido como anos doura-dos, tempos de abertura poltica, liberdade religiosa, imprensa livre e cres-cimento econmico. Sodr descreve o perodo de redemocratizao comoiniciado sob excelentes auspcios, com o clima de liberdade reinante.29Azevedo soube explorar essa ocasio do ps-guerra. Finda a guerra mun-dial, abria-se amplo horizonte liberdade de pensamento... Havia, entre-

    tanto, enorme interesse em torno dos problemas nacionais.30

    Azevedo no teve formao jornalstica, mas aproveitou umaoportunidade para cursar um intensivo oferecido pela Faculdade deComunicao Csper Lbero, na segunda metade da dcada de 1950,em So Paulo. No incio da dcada seguinte, o Sindicato dos Jornalistasde So Paulo aprovou o registro profissional de Azevedo. Ele assimilavae dominava as tcnicas jornalsticas como poucos. Azevedo distribua

    releases31

    de visitas de presidentes da sede mundial da Igreja Adventista

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    (Associao Geral) para a imprensa e fazia os ganchos, transformandoos fatos em notcia. Exmio fotgrafo e cinegrafista, ele selecionava asmelhores imagens para inseri-las na mdia ou apresent-las nos even-tos da Igreja. A adoo de tcnicas inovadoras nas reas da comunica-

    o e dos transportes tambm facilitou a expanso do adventismo.32Khler sintetiza que o princpio de Azevedo era mostrar a

    Igreja.33 Astuto, ele conduzia os jornalistas para os pontos altos daIgreja. Estrategista eficaz e atualizado, ele dava nfase a assuntos queinteressavam ao grande pblico, acrescenta Khler. emas como assis-tncia social, lanchas na Amaznia e ndios do Araguaia tinham espa-o garantido nos jornais. Desse modo, ele alimentava os contatos com

    autoridades e com a imprensa a fim de falar sobre quem eram, o quefaziam e o que pensavam os adventistas. Amizades e relacionamentoseram fundamentais na sua atividade, corrobora seu filho Paulo.34Nasequncia, ele apresentava o material usado na recolta. Um ms antesda campanha, Azevedo abordava as atividades de interesse da comuni-dade. Depois divulgava as instituies da Igreja.

    Sua experincia o motivou a criar o Departamento de Relaes

    Pblicas da Associao Paulista, local em que nasceria uma grandeamizade com o pastor Kiyotaka Shirai, seu parceiro em So Paulo.Ao ocupar o mesmo setor na sede da Igreja para o Sul, So Paulo eCentro-Oeste (Unio Sul-Brasileira), cuja sede era em So Paulo, elepassou a se relacionar com outro expoente das comunicaes, o pastorArthur Valle. Azevedo revelava dificuldades para escrever. Ele gostavamesmo de registrar imagens. Quando conheceu o pastor Valle, estava

    preparado o caminho para a primeira dupla de reprteres da IgrejaAdventista. Os textos eram de Valle e as fotos de Azevedo. Em SoPaulo ele trocava, deixando as fotos para o pastor Shirai. E, no Rio, ostextos ficavam sob a responsabilidade do pastor Ansio Chagas. Emmeio a esse turbilho de informaes, de vez em quando se levantavamvozes criticando seu trabalho. Diante dessa vicissitude, Azevedo resol-veu abrir os canais e mostrar a impresso de sua obra aos membros da

    Igreja. E impressionou. Durante as reunies jovens e congressos, ele

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    expunha as imagens usando seis projetores de uma vez, com carros-sis de 80 slides, instigando o apoio das pessoas.

    Aproveitando-se do interesse pelos temas nacionais, Azevedotraou uma linha de conexo entre os ndios carajs do Rio Araguaia e

    os maus, que habitavam terras prximas fazenda da famlia adven-tista dos Michiles, no Amazonas. Reportagem feita, a imprensa publi-cava. Durante o regime da ditadura militar ficou mais fcil ainda. Oobjetivo nacional permanente de integrao territorial abrangia tam-bm os povos indgenas. E isso se evidencia na matria de 12/12/1967(p. 13), no jornal O Estado do Paran, quando Arthur Valle e RobertoAzevedo relatavam a novidade de que Caraj tem casa para solteiro,

    bem na poca da criao do Banco Nacional de Habitao (BNH).Em 3/5/1970 (p. 6), na Folha de S.Paulo, o ttulo dizia Carajs: a

    assistncia vem de barco pelo Rio Araguaia, conectando-o AssistnciaSocial Adventista. Sempre de forma crescente e com habilidade, o ttuloseguinte j exibia o nome da Igreja. Adventistas do importante assis-tncia para os ndios estampava o jornal ltima Horade 23/7/1970 (p.8). A respeito do trabalho de assistncia social das lanchas na Amaznia,

    Knight menciona que em 1930, sob a inspirao do presidente daMisso Baixo-Amazonas (uma das sedes da Igreja na Amaznia), LeoB. Halliwell, a Igreja construiu sua primeira lancha. A Luzeiro, batizadaem 1931, levava assistncia mdica e a mensagem adventista ao povoque vivia s margens do Amazonas e de seus afluentes.35E continua orelato, comemorando que na metade da dcada de 1950 o adventismoera uma autntica corporao religiosa mundial. Seu programa missio-

    nrio havia superado as expectativas de sucesso.De acordo com Paulo Azevedo, calcula-se que seu pai tenha re-

    digido o equivalente a cinquenta metros de notcias para a imprensa,somente sobre os indgenas e a assistncia social das lanchas Luzeiro doNorte, no Amazonas, Bom Samaritano, no Rio Ribeira, e demais ativi-dades mdicas da Igreja. E os jornais no lhe negavam espao, sequereconomizavam usando tcnicas de pr-diagramao e edio. O Dirio

    Popular de So Paulo, por exemplo, publicou matrias de pgina inteira

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    em 4 e 7/3/1970, destacando a assistncia mdica no Vale do Rio Ribeira,regio sul do Estado. No mesmo jornal, em 22/2/1973 (p. 46), o ttulocelebrava que Vacina chega com a lancha adventista ao Ribeira.

    Outro mtodo usado por Azevedo para cevar amizades na m-

    dia impressa era a entrega de presentes, principalmente produtos daSuperbom. Ele mandava brindes da Superbom para as redaes. ASuperbom abria caminho. Ele mandava pacotes da Superbom em fimde ano, datas especiais e aniversrios. Ele mantinha contato, relembraWolff. Descrevendo o ambiente da poca, Paulo Azevedo declara que aIgreja se escondia, a Voz da Profecia no dizia ser adventista. No haviaidentificao da Igreja nos produtos da Superbom nem no Hospital

    Silvestre. Artigos eram escritos condenando alunos universitrios,questionando os gastos com ps-graduao no exterior. Percebendoessas deficincias, Roberto Azevedo comeou a relacionar estas insti-tuies com a Igreja de forma mais transparente. No demorou muitopara surgirem opositores e crticos. Com sentimentos, Paulo comentaque na antiga sede sul-americana da Igreja em Montevidu, no Uruguai,chamavam-no de fotgrafo da Diviso, homem-sombra do lado dos

    chefes e turista. Eles no captavam a importncia da comunicao. Ementrevista ao pastor Ansio Chagas, outro pioneiro da comunicao,a esposa de Azevedo, Flora Silveira, confirma que ele foi muito in-compreendido. Naquele tempo ningum pensava em relaes pblicascom medo que isto provocasse a perseguio. Foi taxado de turista,pois estava convicto do seu ministrio atravs da comunicao de mas-sa. Wolff completa: Muita gente achava um desperdcio o trabalho

    de Roberto Azevedo. Mas ele primava pela qualidade. Foi muito forte,exigente. Ele foi convidado para ser presidente de campo (Associao),mas ele dizia que estava fazendo escola, abrindo caminho. Em termosde Amrica do Sul, ele teve resistncia tremenda de outros pases, queachavam de somenos importncia esse negcio de jornalismo.

    Sua convico quanto ao relacionamento com Jesus Cristo seevidencia em um artigo escrito em 9/6/1963, no Dirio de S.Paulo,

    cujo ttulo Salvos do refugo indicava que Azevedo tambm no tinha

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    E Azevedo faz jus ao ttulo de patriarca das comunicaes.Afinal, quem conseguia publicar na imprensa secular matrias sobreSanta Ceia, Departamento das Dorcas (atual Adra), congressos jovens,reunies e conclios da Igreja e mesmo ordenao de pastores, contava

    com um invejvel talento. Em 12/4/1970 (p. 38), O Estado de S.Paulocitou o posicionamento da CPB contra os vcios com o ttulo Editoracombate todos os vcios nocivos ao homem. At o sensacionalistapaulistano Notcias Popularesno era discriminado por Azevedo. Em3/8/1970 (p. 15), o ttulo identificava Brasileiro eleito lder mundialdos adventistas. Em diversos jornais se lia a manchete Eleitos doisbrasileiros para a liderana mundial dos adventistas, noticiando a no-

    meao de Moyss Nigri e Lo Ranzolin para a sede mundial da Igreja,em Washington.

    Mais uma faanha de Azevedo pode ser observada no NotciasPopularesde 13/1/1973 (p. 6), tendo como ttulo Ordenados mais dezpastores adventistas. Aberturas como estas sensibilizavam at mesmoos profissionais adventistas que j atuavam no mercado. Eu tenho delembrar aqui de uma pessoa que no lidou propriamente dentro da im-

    prensa, mas que para mim foi um marco da comunicao dentro daIgreja: Roberto Azevedo, recorda Odailson Spada, descrevendo a Igrejadaquele tempo como uma caixa preta para o pblico em geral, inacess-vel.39Spada reconhece que foi Azevedo quem colocou pela primeira veza Igreja no noticirio fora da Voz da Profecia. Analisando a mudanade pensamento dos lderes da Igreja, Spada diz que antes de Azevedo aIgreja se preocupava apenas com o aspecto espiritual, quando na verda-

    de a Igreja uma entidade social. A partir da comea a se pensar naIgreja como uma entidade social, tambm, no s espiritual, arremata.

    Doehnert considera Azevedo um sertanista, um Villas-Bas ad-ventista. Uma reportagem publicada no Dirio do Parande 23/7/67(p. 3, 3. caderno), chamava Azevedo de sertanista. Com fotos deAzevedo e texto de Arthur Valle, o ttulo era ndios tambm amamo progresso.40entando compreender as transformaes sofridas pela

    Igreja, Wolff lamenta o fato de no existirem mais notcias sobre as

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    Dirio do Parande 17/9/1967 (p. 3, 3. caderno) com a manchete DASSELVAS DO ARAGUAIA PARA PARANAENSE VER. As fotos eram deAzevedo, mas o texto de Arthur Valle. O lide41da reportagem, no muitoprprio para o jornalismo praticado atualmente, era o seguinte:

    Ruas de muitas cidades do Paran foram palco de originais aulas de

    geografia humana. As praas ficavam apinhadas de estudantes e professores

    para ver objetos indgenas e ouvir explicaes de representantes da Ofasa.

    Esta organizao Obra Filantrpica e Assistncia Social Adventista

    montou stands de objetos carajs e saters nas cidades de Curitiba, Ponta

    Grossa, Londrina e Maring, com o objetivo de levar ao pblico a vida e

    costumes dos nossos silvcolas, especialmente, das tribos onde a organiza-

    o exerce atividades assistenciais.

    Ao examinar os efeitos da campanha da recolta e seus vnculoscom a Assistncia Social Adventista, Knight justifica:

    A Igreja iniciou durante o comeo da dcada de 1900 a Recolta da Colheita

    a fim de conceder aos no-adventistas a oportunidade de auxiliar projetos ad-

    ventistas. O adventismo evidentemente levou consigo, por quase toda parte ondepenetrou, sua obra mdica, educacional e editorial. A base institucional da deno-

    minao expandiu-se em proporo expanso da prpria Igreja.42

    Arthur Valle: primeiro diplomado

    orna-se uma tarefa muito difcil analisar a vida de Azevedo isola-da da companhia do pastor Arthur de Souza Valle. Graduado em eologiacom Wolff, em 1955, aos 28 anos de idade, Valle iniciou seu trabalho naAssociao Paulista, permanecendo a at 1961, quando o transferiram paraFlorianpolis. Na capital catarinense mal comeou a trabalhar e recebeu no-vas funes frente do Departamento de Relaes Pblicas, emperanae Rdio e V da Associao Paranaense, onde permaneceu at 1968.

    Nesse intermdio, aproveitou a oportunidade e cursou

    Comunicao Social na Universidade Catlica do Paran, habilitando-

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    se em Jornalismo na turma de 1966. Portanto, o primeiro adventistagraduado em Comunicao no Brasil. Pela mesma trilha ainda passa-riam os pastores Enas Simon e Assad Bechara, Irlan da Costa e Silva(filho do pastor Jos Iraj), Patrcia Reichert (filha do mdico Jnatas

    Reichert) e Fabiana Bertotti.43De 1968 a 1974, Valle assumiu o Departamento de Comunicao

    da Unio Sul-Brasileira, passando em seguida para o mesmo setor naDiviso Sul-Americana, onde se empenhou at sua morte abruptaem 25/1/1983, aos 56 anos, num acidente automobilstico prximo aCuritiba. A Revista Adventista de maro de 1983 concedeu pequeno es-pao para noticiar seu falecimento, sob o ttulo Diviso perde lder de

    comunicao. Encerrava-se aqui um longo perodo de pioneirismo daIgreja Adventista na mdia impressa secular. As mortes de Azevedo eValle criaram um vazio na rea de comunicao. A Igreja voltava olha-res para as mdias eletrnicas. Wolff alega que essa postura diferenteda Igreja impediu que se continuasse crescendo naquilo que eles lana-ram. Pelo contrrio, houve um declnio nesse aspecto. O jornalista IvanSchmidt44frisa que o grande iniciador desse trabalho de relaes pbli-

    cas e contatos com a imprensa foi o pastor Roberto Azevedo. Schmidtacha que as aes desenvolvidas naquele tempo pelo pastor Azevedo,sozinho, nunca mais a organizao fez com todo mundo que por umacaso estivesse trabalhando na rea de relaes pblicas. Referindo-seao pastor Valle, Schmidt emenda que ele tinha uma vantagem, porqueera um homem que escrevia com muita facilidade, o que j no era ocaso de Azevedo. Era possvel encontrar em vrias publicaes secula-

    res temas sobre Ellen White, o dom de profecia. Naquele tempo, ima-gine voc encontrar um artigo sobre Ellen White num jornal qualquerdo interior Paran, do Rio Grande do Sul. Isso tudo o pastor Arthur quem produzia e mandava para as redaes. E muitas publicaesaproveitavam. O pastor Arthur foi realmente um gigante nessa ques-to, entusiasma-se Schmidt.

    Juntos, Valle e Azevedo assinavam matrias e artigos sobre os

    mais variados assuntos. Nos jornais e revistas eles falavam a respeito

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    do ano-novo; das visitas de personalidades da Igreja; sobre a onda deviolncia; combatiam o tabagismo; promoviam o turismo nacional; in-terpretavam os sinais do mundo como indicativos da iminente voltade Jesus; destacavam o curso de enfermeiros-padioleiros; avaliavam o

    desenvolvimento tecnolgico; engrandeciam a famlia, a importnciado sexo no casamento; noticiavam os conclios pastorais, a ordenaode pastores; tornavam conhecido o Hospital do Pnfigo, os clubes dedesbravadores; divulgavam notcias da arqueologia bblica; semana deorao; educao; literatura; sade; conveno mundial, as atividadesdos jovens da Igreja e os batismos.

    A lista de peridicos tambm grande. Provavelmente muito des-

    se material se perdeu. As reportagens de Valle e Azevedo apareciam emjornais como o Correio do PovoeZero Hora, de Porto Alegre; O Estadodo Paran, ribuna do Paran, Dirio do Paran, Gazeta do Povo, DirioPopular, ltima Hora, Dirio da ardee Correio do Paran, de Curitiba;Folha de Londrina; Dirio dos Campos, de Ponta Grossa; Folha do Norte,de Maring; A Notcia, de Joinville; ltima Hora, Dirio Popular, OEstado de S.Paulo, Folha de S.Paulo, Dirio de S.Paulo,Jornal Paulista

    (em japons), Folha da arde, Notcias Populares, Dirio da Noitee AGazeta, de So Paulo;Jornal de Piracicaba; Correio Populare Dirio doPovo, de Campinas; O Liberal, de Americana; e Correio Braziliense, deBraslia, apontando os mais importantes de um rol infindvel.

    Pelo Correio do Paran circulou o reprter adventista ElonGarcia. Sua passagem abriu portas para o contato posterior com o pas-tor Valle. Nesse jornal, Valle conseguiu feitos incomuns. As manchetes

    de capa sinalizavam para semana criacionista; semana de orao; ba-tismos; visita de quartetos; conclios pastorais; estudos bblicos; con-cursos bblicos; atividades da lancha Luzeiro; e esclarecimentos sobreo fogo selvagem.

    Valle mal iniciara o curso de Jornalismo e j enviava textos paraa imprensa. Em 29/6/1963, o Dirio do Paranpublicou a reportagemrabalho matria do currculo escolar e pode reprovar: ginsio. No

    contedo, uma descrio do funcionamento, da poltica pedaggica e

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    das instalaes do Ginsio Adventista Paranaense (hoje IAP, em Ivatuba,Norte do Estado), a dezessete quilmetros do centro, na periferia deCuritiba, ocupando uma rea de 74 alqueires. E o tema educaocontinuou aparecendo no decorrer de sua gesto no Paran.

    Em 11/10/1964, a pgina 12 de O Estado do Paranexibia o t-tulo PRIMAVERA: ALEGRIA DA MOCIDADE em letras garrafais.Com fotos do pastor Sesstris Csar, Valle mais uma vez enalteceu abeleza do IAP, a escola de msica e a crena no criacionismo. rsanos depois, em 19/3/1967, o terceiro caderno do Dirio do Paranpublicava a manchete PROFESSOR DE HOJE FALA DE HOMENSDE AMANH. Na matria, o pastor Floriano Xavier dos Santos re-

    conhecia a educao como o melhor investimento. endo como gan-cho a Guerra dos Seis Dias no Oriente Mdio, Valle publicou no ter-ceiro caderno do Dirio do Parande 25/6/1967 a matria RABESE JUDEUS: UMA LUA DESDE O PAI ABRAHO. Mas o prazermaior dele era quando fazia a dobradinha com Azevedo. Isso se veri-ficou na reportagem de capa do terceiro caderno do Dirio do Parande 1./10/1967, ENRE OS CARAJS DIFCIL SER HOMEM. O

    olho de abertura dizia que o adolescente que quer ser homem entreos carajs passa por uma prova bem difcil. em de ser derramado oprprio sangue numa cerimnia bastante rstica e selvagem. Com fo-tos de Azevedo, Valle trabalhava a cultura indgena sem qualquer co-mentrio proselitista.45Quando fui para a Diviso Sul-Americana, jestava l o pastor Arthur, desde o tempo do pastor Enoch de Oliveira.Ele escrevia quase que semanalmente em alguns jornais de Braslia

    e cuidava de colocar na imprensa da Amrica do Sul os eventos daIgreja. O mais forte no pastor Arthur foi a habilidade de escrever,admite Wolff. Knight alega que desde aquele tempo os adventistastm tido melhor relacionamento com a maior parte da comunidadecrist.46Schmidt reconhece que Valle revolucionou o trabalho de re-laes pblicas na Igreja.

    possvel imaginar uma matria na revista Veja discorren-

    do sobre batismo na Igreja Adventista e a volta de Jesus, com fotos

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    estouradas de piscinas repletas de pessoas sendo batizadas? Pareceimprovvel aos olhos humanos. Entretanto, a revista O Cruzeiro, amaior da poca, em sua edio semanal de 23/1/1969, trazia como t-tulo OS ADVENISAS PODEM SALVAR O MUNDO, sob a frase

    Nossa misso servir e ser til. Os autores da peripcia: Arthur Vallee Roberto Azevedo. Na legenda mostrando uma piscina, l-se: O ba-tismo adventista: uma festa dentro dgua. As demais fotos registra-vam o presidente mundial dos adventistas, pastor Robert Pierson, e aconveno de 1966, em Detroit. A reportagem ocupava trs pginas eenfatizava o crescimento de 15% ao ano dos adventistas no Brasil. Olide rezava que Guerras, fomes, terremotos e insatisfao social so

    sinais de que o fim do mundo est se aproximando, e s o Cristianismotem condies de salvar a humanidade, desde que praticado. SegundoSodr, em 1969 as revistas brasileiras eram, antes, lidas no Centro-Sul,47justamente a regio com o maior nmero de adventistas e focoda atuao de Azevedo e Valle.

    Nem todos os exemplos desta pesquisa so exclusivos de uma ci-dade, estado ou regio do Brasil. As matrias eram publicadas quase ao

    mesmo tempo nos principais jornais do pas. Em 1966, Valle e Azevedofizeram uma srie de reportagens sobre as riquezas da Amaznia. Oterceiro caderno do Dirio do Parande 4/9/1966 apresentava o t-tulo GUARAN: RIQUEZA DA AMAZNIA; e na edio de 18/9saa a manchete VIRIA RGIA: PRESENE DE DEUS SELVAAMAZNICA. O crdito a Arthur de Souza Valle indica que ele cur-sava Jornalismo na Universidade Catlica.

    Um ms aps, em 9/10/1966, Valle fez uma reportagem com-pleta sobre a lancha Luzeiro do Sul na Baa de Paranagu. A sextapgina do terceiro caderno do Dirio do Paran tinha como ttuloAssistncia vai de lancha, com quatro fotos estouradas. Em mo-mento algum Valle cita a Igreja Adventista. O pastor Jos Bessa erachamado de sr. Jos Bessa. O lide salientava: A notcia das ativida-des da lancha assistencial Luzeiro do Sul transps as fronteiras do

    Brasil. Operando na Baa de Paranagu e atendendo gratuitamente

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    aos necessitados, essa lancha tem merecido os mais favorveis co-mentrios. De Montevidu veio o norte-americano J. McClure paraver de perto essas atividades assistenciais.

    Valle aproveitava para valorizar os membros da Igreja que se

    projetavam na comunidade, caso da professora de piano Mariazinhade Almeida, campe de um torneio bblico. O Dirio do Paran de2/7/1967, com fotos de Azevedo, publicava o ttulo paranaense acampe nacional da Bblia.

    Outros pioneiros

    Dentre os pioneiros, pode ser que algum nome seja olvidado.anto Garcia como Wolff indicam para compor a lista de pioneiroso pastor Wady Bechara, tio de Assad Bechara. Sem muitos detalhes,Wolff tambm aponta Isaas Andrade, de Belm do Par. Chagas citaArnaldo Christianini e Ivo Cardoso.

    Quem no deve ser omitido o pastor Kiyotaka Shirai. Shirai

    nasceu em Saporo, no Japo, em 1920. Aos 13 anos de idade veio parao Brasil, onde se graduou em eologia, em 1955. Nos Estados Unidos,ele arrebatou o diploma de Administrao, em 1958. Desde o inciode seu ministrio em So Paulo, Shirai se afinava com a comunicao,chegando a exercer a liderana do Departamento de Comunicao daAssociao Paulista Sul. Ele registrava em fotografia e filmes as ima-gens de todos os eventos e fatos na Igreja. Morreu em 27/9/1987, nodia em que completava 67 anos.

    Um dos mais arrojados e picantes textos, cujo potencial argu-mentativo refutava qualquer tentativa de crtica Igreja Adventista,pertencia ao jornalista e pastor Arnaldo Benedito Christianini. Suacarreira jornalstica comeou em 1933, aos 18 anos de idade. O ta-lento de Christianini para escrever explica os mais de oito mil textospublicados em jornais e revistas durante a carreira.

    Antes de ser batizado pelo pastor Itanel Ferraz, em 1952,Christianini fora proprietrio dos peridicos Correio de PirajueJornal

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    caminha para o fim, O monumento da criao, O maior dos aconteci-mentos, Os sete selos, As sete trombetas do Apocalipse e O Declogoeram alguns dos artigos mais polmicos diante da opinio do pblico.Campolongo sempre chamava o leitor de amigo, no se esquecendo de

    prover os endereos das igrejas da capital bandeirante e os horrios deculto. Com frequncia a lista de endereos superava o volume de texto.

    A respeito da ausncia de endereo nas comunicaes, Garciatece um comentrio cuja essncia acredita e defende, discordando daposio adotada pela Igreja hoje:

    Ns no damos o endereo da loja em termos de marketing. Falamosda nossa filosofia e no dizemos onde se vende o produto. Fazemos mat-

    rias globais, nacionais. Naquele tempo nossas matrias de jornais, rdios

    e televiso eram locais. Ns focvamos na Igreja Central. Onde se compra

    esse produto? Alameda Doutor Carlos de Carvalho. Qualquer foca de jornal

    sabia. Inclusive o diretor da Gazeta do Povo, o Francisco Camargo,50vizinho

    do lado esquerdo de quem entra na Central. A Igreja do Porto fazia um

    evento e saa o endereo da Carlos de Carvalho. Os nossos veculos no do

    a informao do ponto de venda. Onde que a igreja? Eu acho que noadianta nada voc pregar, pregar, pregar e no levar a pessoa pra Igreja. No

    adianta querermos fazer igreja eletrnica. Nossa filosofia como Igreja a

    comunho, estar juntos, congregados, estar na igreja.

    Campolongo mostrava o mapa para se chegar Igreja. Ele gos-tava de escrever sobre criacionismo, famlia, cristologia, escatologia e

    salvao. Em 8/7/1962, no Dirio de S.Paulo, o artigo de Campolongoopinava sobre O magno poder de Deus. Na pgina ao lado, umcompanheiro interessante, Dom Salomo Ferraz, da Ordem de SantoAndr, com o artigo Soberania da graa, dizendo que a Lei foi dadapor Moiss; a graa e a verdade vieram por Jesus Cristo.

    O jornalista e pastor talo Manzolli tambm se especializou emartigos doutrinrios na imprensa secular. Em 1973, Manzolli escrevia

    uma coluna no controvertido Notcias Populares. Sem rodeios, Manzolli

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    se dirigia ao cerne da questo, explorando temas que hoje suscitariamacirrados debates. No jornal Cruzeiro do Sul, de Sorocaba, de 9/8/1970(p. 14), Manzolli delineava sobre A introduo do domingo no cristia-nismo. Ao final da argumentao, Manzolli apelava ao leitor ostentando

    intrepidez nas palavras: Prezado leitor, aps cuidadoso exame da Bblia,da histria tanto civil como eclesistica, dos escritos teolgicos, comen-trios, manuais de igrejas, somos levados a concluir que no h nenhumaautorizao nas Escrituras Sagradas para a observncia do domingo.

    rs semanas depois, na nona pgina do mesmo jornal,Manzolli mostrava O selo de Deus ao mundo atual. E descarregavatoda a sua verve:

    No importa a quantidade de religies e igrejas que h em nosso mun-

    do atual. Jesus resumiu tudo isto em dois caminhos: largo e o estreito. O es-

    treito so poucos os que seguem, mas o caminho que conduz vida eterna,

    ento o caminho que esto os servos de Deus, e os servos de Deus con-

    forme j vimos em Apocalipse 7 versos 3 e 4 so distinguidos pelo Senhor

    atravs do selo do Deus vivo; e este selo constitui na guarda do stimo dia

    da semana que o sbado.

    Artigos que contrariavam as crenas populares, como o respeitoao sbado, o estado dos mortos e a inspirao bblica assinalavam opercurso de Manzolli na mdia impressa. O pastor talo Manzolli es-crevia uns artigos e mandava aos diretores de Comunicao para publi-carem nos jornais. Isso no funciona. Ele mandava dez artigos para dezjornais. Um era publicado. Eram artigos mais doutrinrios, contraria

    Chagas.51rata-se de uma posio mpar de Chagas, afinal a ttica em-pregada por Manzolli apresentava seus resultados com a publicao doartigo, mesmo que fosse em um peridico. O pastor Darci rojan tam-bm aparecia numa coluna publicada no Dirio da Regio, de So Josdo Rio Preto, SP, em 16/8/1970, escrevendo o artigo Que nos reserva ofuturo?, no qual conjeturava se haveria um dia os Estados Unidos daEuropa, ou Estados Unidos do Mundo. Em Belm, o pastor Osmundo

    Graciliano assinava uma coluna no Dirio do Par.

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    Em vrios momentos a Igreja recebeu a ateno da mdia. Apartir do instante em que se compreendeu o valor da comunicao,a imprensa secular voltou suas lentes e palavras para a Igreja. Algunsdeles inusitados. O Correio do Parande 15/5/1962 (p. 4) anunciava

    que Chegou o professor Siegfried Hoffmann: vai liderar a Semanade Oraes da mocidade adventista curitibana.

    A chegada ao Brasil de um quarteto norte-americano tam-bm se transformava em notcia. O Dirio do Parande 24/10/1962noticiava que Kings Heralds vir a Curitiba domingo no CEP(Colgio Estadual do Paran). Desferindo nas entrelinhas sua linhaantiamericana, O Estado do Paran de 28/10/1962 no aceitava o

    nome anglfono do quarteto adventista e o traduziu para o ttuloOs Arautos do Rei hoje no Estadual, deixando dvidas quanto origem dos cantores.

    Em 22/12/1962, o Dirio do Parancolocava acima da manche-te de capa uma foto com o ttulo Prmio pela honestidade. O curtotexto dizia o seguinte:

    Adir Bandeira recebeu um presente de Natal por ser honesto. Adir quemora na Vila Parolin e contnuo da firma Gasto Cmara, encontrou na

    rua uma carteira de dinheiro com Cr$ 53 mil. Olhou o endereo do dono

    e telefonou ao professor Arthur Dassow, diretor do Ginsio Adventista

    Paranaense, comunicando o achado. O professor Dassow o premiou pela

    honestidade com um presente de Natal.

    Em maro de 1963, a Igreja alertava a sociedade sobre a imoralida-

    de dos filmes nos cinemas curitibanos. Essa campanha provocou um dosfatos mais burlescos encontrados nas pginas dos jornais da poca. NoDirio Popularde 15/3 uma matria apresentava o desejo da AssociaoParanaense da Igreja Adventista em ver o Cine Curitiba fechado. A repor-tagem polarizou foras e recebeu apoio da Liga das Senhoras Catlicas, po-lticos, Instituto de Educao e do prprio jornal, de propriedade de AbdoKudry. No dia seguinte, 16/3, duas manchetes na primeira dobra do jornal:

    5.000 jovens adventistas no Paran: luta pela moralizao dos costumes,

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    anunciando um congresso da Igreja ao lado da notcia mais esperada,PROIBIDA PROJEO DE FILMES IMORAIS NO CINE CURIIBA!.O primeiro roundfora vencido e a Igreja virou manchete. Contudo, naspginas comerciais da publicao do Dirio Popularde 9/12/1963, encon-

    tra-se o seguinte anncio: Cine Curitiba hoje s 14 e 20 horas: Abutresdo Mar, Monstro Sanguinrio e As Virgens de Roma. Parece que a campa-nha naufragou e foi devorada pelos abutres da imoralidade.

    No incio de 1966, insinuou-se na imprensa que os mission-rios adventistas da Amaznia contrabandeavam pedras preciosas parao exterior. Investigando a origem dos boatos, O Estado do Paran de6/3/1966 (p. 6.) anunciava que Nada h contra os adventistas no caso

    dos minrios, afirma pastor, referindo-se ao presidente da AssociaoParanaense, Itanel Ferraz, que destacou os 34 anos da Assistncia SocialAdventista na Amaznia:

    Sobre a notcia de que misses religiosas saqueavam a Amaznia,

    contrabandeando minrios, o pastor Itanel Ferraz, presidente dos adven-

    tistas do Paran, afirmou ontem a O ESADOque a notcia veiculada na

    ltima quinta-feira, originou-se de um telegrama da agncia ranspress,que dizia apenas que missionrios estrangeiros estariam implicados no

    contrabando.

    A Gazeta do Povo do mesmo dia noticiava que Adventistas noso os contrabandistas.

    Por ocasio do trigsimo aniversrio da Voz da Profecia, oNotcias Populares de 21/4/1973 vinha com a manchete A Voz da

    Profecia comemorou 30 anos, e o ltima Hora paulistano do dia se-guinte trazia o ttulo Voz da Profecia: 30 anos no ar. A partir de 1973,j se podia verificar a predominncia na publicao de notas ou peque-nas matrias. As grandes reportagens que se perfilaram nas redaesdurante a dcada anterior e incio dos anos 1970, encontravam difi-culdade de cesso de espao nos dirios dos grandes centros da co-municao nacional, como So Paulo e Rio de Janeiro. As redaes

    aceitavam matrias sobre o tabagismo. Knight reala esse fenmeno

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    mil pessoas assistiram ontem na Igreja Adventista Central, na Ruaagu, ao ofcio religioso para o sepultamento em So Paulo de 17 dos19 membros mortos em desastre na BR-116. A confuso provocadapor falha da diagramao, ou m inteno dos editores, deu a entender

    aos leitores pouco atenciosos que a Igreja Adventista proibira a entradade pessoas cerimnia fnebre.

    Desbravando as redaes

    Antes de falar dos profissionais que atuaram na imprensa secu-

    lar, seria inconveniente desprezar o papel do ncleo de jornalistas deCuritiba, caso nico no pas, onde onze jornalistas53conseguiram pe-netrar nas redaes num espao de 58 anos. E foi na capital do Paranque os pastores conectados ao setor se graduaram e transformaram aregio num autntico laboratrio de comunicao. ransitaram por ldois lderes de comunicao (Arthur Valle e Assad Bechara), dois fu-turos presidentes para a Igreja na Amrica do Sul (Enoch de Oliveira

    e Joo Wolff) e dois gerentes da CPB (Emlio Doehnert e BernardoSchnemann). odos aprenderam a valorizar, estimular e oportunizarmeios para o desenvolvimento da comunicao.

    Eu sei que a coisa comeou aqui. Eu acho que o ncleo de co-municao adventista de Curitiba foi muito forte e influenciou bastante,acredita Odailson Spada, 37 anos de jornalismo. Spada tenta encontraruma explicao para o fato, mas ele no tem certeza se foi por uma coin-cidncia ou a liderana da Igreja estava preparada para assimilar essarealidade. Curitiba apresentava duas caractersticas fora da Igreja quetalvez influenciaram muito. Primeiro: Na poca era o grande centro daeducao superior no Brasil. Inclusive a qualidade de ensino era melhor.O Colgio Estadual do Paran era modelo (e continua, segundo o Enemde 2007) para o Brasil de escola pblica. Havia tambm o Cefet, hojea nica universidade tecnolgica do pas. Segundo: a comunicao, sebem que no tenha sido de ponta no Brasil, tornou Curitiba um celeirode jornalistas para o pas inteiro. alvez isso tambm tenha fomentado

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    o interesse, inclusive da Igreja. A primeira universidade brasileira sur-giu em Curitiba, em 1912, a Universidade do Paran, futura UFPR. Ogoverno da Repblica Velha no admitia a capital federal em segundoplano diante de uma cidade com caractersticas provincianas e se ne-

    gou reconhecer a existncia de uma instituio superior em Curitiba.Descrevendo a Curitiba do incio da Repblica, Guilherme Stein Jr. nar-ra que ela j era naquele tempo o que podemos chamar quase uma cida-de universitria, com grandes colgios.54Por ensejo das comemoraesaos 300 anos da cidade, um reprter parafraseou Carlos Drummond deAndrade e discorreu sobre as peculiares caractersticas dos cidados.

    Caminhar por Curitiba , como diria Carlos Drummond de Andrade,caminhar por uma rua que passa em muitos pases... Curitiba o resul-

    tado da miscigenao de idiomas, culturas, tradies e crenas... Assim

    Curitiba, vrias cidades dentro de uma. Muitos povos formando um s. O

    que realmente faz de Curitiba uma cidade especial que aqui o ser humano

    est sempre em primeiro lugar. Aqui, o povo se sente amado e respeitado.55

    Ivan Schmidt, 40 anos de profisso, tem outra opinio a respeito

    do ncleo curitibano e sugere:

    De fato, ns temos um bom grupo de profissionais atuantes e at fa-

    zendo um trabalho que reconhecido. Mas eu diria que, provavelmente, o

    que influenciou foi a qualidade dos profissionais. Se no tivessem sido bons

    profissionais, no teriam se colocado no mercado. Se o profissional no tem

    qualidade, no importa se ele dessa crena ou de outra, ele no tem chan-

    ce, no tem oportunidade.

    Serviu de contrapeso na formao dos jornalistas graduadosnas universidades locais, a influncia de pensadores marxistas, a qualeles souberam administrar. A Universidade Catlica, hoje PUC, porexemplo, teve o curso de Jornalismo fechado durante dez anos porordem do governo Joo Figueiredo. rs outros se graduaram naUniversidade Federal, com uma carga macia dos tericos da Escolade Frankfurt e da filosofia existencialista de Jean-Paul Sartre e Albert

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    Camus. O ambiente nas redaes, sobretudo em O Estado do ParaneDirio Popular, cujas direes ainda se encontram sob a tutela de des-cendentes de srios e libaneses, cheirava o anti-imperialismo norte-americano. Knight adverte Igreja quanto aos perigos de movimentos

    nacionalistas. A questo cultural que mais provoca dissenso no meioadventista, no alvorecer do sculo XXI, o nacionalismo,56 afirma.Ser que este ajuste permitiu a presena de jornalistas adventistas nasredaes? Outro item a se considerar aponta para o envolvimento damaioria deles na Editoria de Poltica.

    Elon Garcia: Comunicador convictoAo ser instigado a indicar o grande nome adventista no jornalismo,

    Spada se refere a Elon Garcia como o lder da comunicao. Garcia se mos-trava frio e competente, como publicitrio e como radialista, e com uma vi-so bastante apurada do que comunicao. alvez seja uma pessoa queno tenha tido um curso de Jornalismo, mas ele soube aproveitar a sua ex-

    perincia e traduzir isso num excelente nvel de comunicao, confirma.Elon da Silva Garcia nasceu em 26/2/1935. A potente e melo-diosa voz abriu portas e provocou sua ascenso profissional. No inciodos anos de 1950 havia muito preconceito contra radialistas. Garciaacredita que isso resultava da falta de compreenso de alguns membrose lderes da Igreja. Em 1952, a Rdio Guairac, de propriedade do go-vernador Moyss Lupion, lanou um concurso para radialista e Garciaencarou o desafio. Ele participou do teste por curiosidade, para sentircomo era o rdio. Venceu o teste e quase morreu de medo, por causa daIgreja. Ele foi o primeiro no Brasil.

    Chefiava a mesa examinadora o jornalista Jos Wanderley Dias.Concorreram 66 candidatos, muitos j profissionais. Garcia ostentavaseu amadorismo. Ele s sabia falar na igreja e no colgio. A seleoaconteceu numa quinta-feira tarde. Primeiramente fizeram um testede locuo de voz, depois chamaram todos numa sala e deram a rela-o dos 15 classificados. Seu nome estava includo.

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    A respeito desse dia, Garcia relembra que a segunda etapa seriasbado, s dez horas da manh. Ele levantou a mo e disse ao Wanderleyque sbado no iria porque tinha compromisso, agradecendo e pedin-do o declnio do seu nome. O jornalista saiu com ele ao corredor e

    perguntou: Por que voc no pode vir sbado? Eu sou adventistae sbado eu no trabalho, respondeu Garcia. Ele voltou sala e disse:O teste ficou transferido para tera-feira, s 21 horas. Os testes eramdivididos em conhecimentos gerais, de lnguas e depois, o ltimo, umteste de improviso, no qual o candidato recebia um assunto e falavacinco minutos ininterruptos para ver se apresentava condies de en-frentar o microfone. Foram dois final e Garcia venceu. O assunto foi

    sobre o caf. Em 1953 seria o Ano Internacional do Caf. Curitiba erao grande celeiro exportador. Havia muitas exposies e matrias emtodos os jornais. Ele ganhou por isso. Na igreja se aprende a falar deimproviso. E ele tinha o respaldo de igreja. O outro concorrente notinha. Garcia fazia os programas do colgio. No jornalzinho ele redigiao editorial. A respeito desse dia, Garcia descreve:

    Na sexta-feira de manh eu voltei pra fazer o contrato. O advogado daGuairac me recebeu: O Wanderley j me falou que o seu descanso semanal

    remunerado sbado. No domingo. Voc concorda com isso? Concordo,

    exatamente isso. E voc troca uma coisa por outra sem problemas? Posso

    colocar aqui? Domingo eu trabalho sem problema nenhum. E o senhor me

    ponha a, por favor, entre parnteses, do pr-do-sol de sexta-feira ao pr-do-

    sol de sbado. Ele me pediu uma explicao, mas achou melhor fazer assim.

    Entregou-me o contrato e pediu para meu pai assinar. Fui Igreja falar com

    o pastor. Ele estava descendo a escadaria da igreja, cheio de livros, mas voltoupara me atender. Mas qual o problema? O problema o seguinte: eu venci

    um teste coletivo para radialista. E da, qual o problema? O problema

    que eu vou ser profissional de rdio. Mas essa uma profisso muito boa.

    Parabns. E o problema? No querem lhe pagar? No, eu tenho um contrato

    de quinze salrios mnimos iniciais. Ento, eu j sei. No querem lhe dar o

    sbado? irei da pasta o contrato e lhe entreguei. Quando ele leu sobre o

    pr-do-sol, ele comeou a rir. Mas ento, qual o problema? O senhor acha

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    que no tem problema? Acho que no. E ele assinou no lugar do meu pai.

    Eu encontrei um pastor com uma grande cultura, que era o pastor Enoch

    de Oliveira. Se eu pego outro pastor, ele poderia dizer que eu iria ficar no

    meio desse povo do mundo. Eu ca num meio no qual fui premiado na vida.

    O Wanderley chegou Diretoria Jurdica Regional da Caixa EconmicaFederal; o Ney Almada foi presidente do ribunal de Justia do Estado de

    So Paulo; o Edumar Pires juiz de Direito em Curitiba; e o Joo Fder, pre-

    sidente do ribunal de Contas do Estado do Paran. odo esse pessoal era

    de uma formao muito boa. Eles me apreciavam como cristo e a fidelida-

    de de ir igreja. Ao invs de me colocarem casca de banana, eles ajudavam

    a passar os problemas.

    Da Guairac, Garcia se transferiu para a Rdio ClubeParanaense. Depois recebeu convite para fundar e se tornar diretorcomercial da Rdio Independncia do Paran. Sua nica ingernciana mdia impressa ocorreu entre 1958 e 1959 no Correio do Paran,onde mantinha uma coluna de marketing, rdio e televiso, fazendocom que, somado brilhante carreira, entrasse para a histria comoa primeira imagem e voz da V Paranaense. Nagib Chede, primeiro

    empresrio de televiso no Paran, confirmou esse fato em entrevistaao jornalista Joo Fder, em sua coluna no jornal O Estado do Paran.Na sala de reunies da agncia de publicidade que Garcia preside, huma placa com a seguinte inscrio: 20/10/1960 Pioneiro da Vno Paran.

    Na recepo da agncia de Garcia h outro quadro, no qual sel: Elon Garcia Publicidade representa confiana e prosperidade. Eledemonstra em todos os instantes plena convico nas tarefas que rea-liza, nas funes que desempenha e na f que testemunha. E a socieda-de percebeu isso e lhe prestou homenagem. Por iniciativa do vereadorCelso orquato, a Cmara Municipal lhe concedeu o ttulo de VultoEmrito de Curitiba em 27/3/2000. Na moo registrada nos anais dacasa legislativa, l-se que Garcia criativo, pensador e idealizador...Religioso efetivo, atua como membro efetivo da Igreja Adventista doStimo Dia. Alm das Reflexes ao Entardecer nas tardes de sex-ta-feira e sbado, na Rdio Novo empo de Curitiba, Garcia continua

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    escrevendo, a pedido, uma pequena meditao para a revista dosAlcolicos Annimos.

    Garcia capaz de permanecer horas e horas dialogando a res-peito de convico. Segundo ele, nunca recebeu uma solicitao ou

    intimao para trabalhar aos sbados:

    As pessoas percebem quando voc no tem convico. Eu nunca fui

    convidado para trabalhar sbado. E meus superiores sabiam que eu tinha

    argumentao e convico para no fazer aquilo. Agora, no domingo, eu

    estava disposio. anto que eu trabalhei no rdio todos os domingos.

    Nunca tive problemas. Inclusive fiz futebol. Faltava algum l e eu cobria.

    Estava disposio. Eu acho que esta convico que leva o profissional, em

    qualquer rea, a no ter problema com a sua religio.

    A fim de se tornar mais claro e compreensvel na sua argumentao,Garcia relata a seguinte histria envolvendo o ex-prefeito Iber de Mattos:

    Eu tomei contato com o coronel Iber de Mattos, prefeito de Curitiba,

    para fazer as matrias com ele. Naquele tempo, ainda no tinha opress-release

    e os jornais davam muita ateno aos prefeitos. O jornal tinha que ir l e nofazer a matria que a prefeitura queria, mas a que o jornal queria. Ento eu tinha

    bastante contato com o prefeito. Fim de tarde era normal que se servisse um uis-

    quinho no gabinete. Eu no tomava. E o prefeito tomou conscincia que eu no

    tomava. A primeira vez que ele me perguntou: Voc no toma, por qu? Por

    que voc est em trabalho? No tomo porque eu sou convicto. Voc frequenta

    uma igreja? Sim, sou da Igreja Adventista do Stimo Dia. Ahn, que legal!

    Depois houve uma grande caravana que foi para o Oriente Mdio emnegociao para o incio da Petrobr s. Ele foi convidado, tambm. Quando

    voltou, enviou-me um recado para que eu fosse urgentemente falar com ele.

    Eu fui correndo l. Olha, o expediente j terminou aqui na Prefeitura e eu

    o chamei porque voc no bebe e precisa saber como jornalista o que eu vi

    l. Nenhuma reunio tem lcool. Eles do sucos de frutas deliciosos, gua

    mineral, e no se bebe. Por qu? Porque se desconfia de uma pessoa que vai

    assinar um documento e ingeriu bebida alcolica. Ele me deu uma aula so-

    bre alcoolismo relacionada filosofia do Oriente. Saiu matria sobre isso.

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    j falecido, fez at o curso Como Deixar de Fumar em Cinco Dias. odo ano,

    Jos Wanderley Dias escrevia uma crnica sobre elepaz em sua coluna A

    Vista de Meu Ponto, na Gazeta, e eu a interpretava na Rdio Colombo, cujo

    diretor era Piraj Ferreira, tambm adventista. Uma delas comeou assim:

    No emplo Elon Garcia..., falando do templo (Igreja) que eu frequentava.

    Ivan Schmidt: assessor no palcio

    Notado e admirado pelas pessoas que o rodeavam, Ivan Schmidt57deu testemunho de sua f nas redaes e nas assessorias do governo.Desde a adolescncia, Schmidt almejava publicar notcias na Revista

    Adventista. No final dos anos 1950 saram trs pequenas notcias daMisso Catarinense enviadas por ele. O inusitado ficou por conta deum artigo na revista O Atalaia, editada por Carlos rezza. Seu namo-ro com a CPB era antigo. Graduado em eologia na turma de 1966,Schmidt carregava na bagagem a experincia de ser editor do Colegiale de O Seminarista. Aps dois anos exercendo o pastorado, ele recebeuum convite da CPB para substituir Rafael de Azambuja Butler, recm-

    falecido, em 1968, quando assumiu como editor do Nosso Amiguinhoat sua sada da CPB, em 1972.

    Ainda na CPB, Schmidt conseguiu o registro profissionalde jornalista. Paralelamente, era editor do jornal O Evanglico,de Wilson Rossi. entou entrar na Folha de S.Paulo, mas PerseuAbramo, irmo de Cludio, barrou sua admisso por motivos re-ligiosos. Como a famlia de sua mulher era de Curitiba, eles re-

    solveram mudar de domiclio. Sua sada do corpo de pastores daIgreja se procedeu sem traumas, segundo ele. Durante muitos anos,o pastor Enoch de Oliveira insistiu para que ele voltasse ao grupode funcionrios da Igreja. Contudo, ele relutou at que um dia elelhe perguntou na Igreja Central: Vai ser a ltima vez. Quer vol-tar?. Schmidt lhe respondeu que estava bem e o ento presidente daIgreja na Amrica do Sul encerrou: Ento no falamos mais sobre

    o assunto. Os dois continuaram amigos.

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    Em O Estado do Paran, ele permaneceu menos de um ano.Atuou como reprter, editor e substituiu nas frias os secretrios deRedao de O Estadoe da ribuna do Paran.

    Foi um bom aprendizado porque, na poca, o diretor de redao,Mussa Jos Assis, me convidou para assumir a chefia de reportagem do jor-

    nal O Estado do Paran. E as coisas estavam bem-encaminhadas. Realmente,

    eu seria o chefe de reportagem, quando o prprio Mussa me disse: Olha,

    houve uma reformulao a nos planos da casa e voc vai ser o chefe de re-

    portagem do Canal 4, V Iguau. Ento eu mudei de redao. Fui trabalhar

    na redao do Departamento de Notcias da V Iguau. Fiquei l de 1973 a

    1975, onde eu pude fazer um trabalho muito bom. Na poca, a V Iguau

    tinha um contrato com a Rede Globo para retransmisso da programao.

    Antes de o presidente Ernesto Geisel retirar o direito de retrans-misso da programao da Globo, Schmidt aceitou nova proposta detrabalho e se transferiu para a Assessoria de Imprensa da Secretaria daAgricultura do Estado, onde desenvolveu o restante da carreira.

    Na fase derradeira do jornal Correio de Notcias, Schmidt che-

    gou a ser colunista. Sua passagem pelas assessorias do governo lvaroDias, de 1986 a 1989, e Secretarias da Agricultura e do Planejamento, oqualificaram para a dura tarefa diria. No governo de Roberto Requio,entre 1990 e 1993, Schmidt exerceu a chefia da Assessoria de Imprensado Palcio Iguau. Ele sempre foi um observador da poltica, especta-dor de grandes lances polticos do Paran, porque teve o privilgio e aoportunidade de estar ao lado dos governadores em momentos impor-

    tantes. Schmidt ia se abastecendo daquelas informaes, de todos osfatos e muito daquilo, claro, ele abordou em sua coluna.

    Durante os anos em que esteve no Grupo Paulo Pimentel,Schmidt procurou usar as oportunidades para conectar a Igreja co-munidade. Seus textos trabalhavam em cima de ideias, fatos, assuntosque se situam no cotidiano das pessoas. Nesse perodo em que atuouem O Estado do Paran, ele sempre colaborou alm do trabalho, no

    obstante as suas funes normais, como reprter. Como redator, ele

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    procurava publicar uma matria ou outra e mantinha durante muitotempo essa colaborao. Assim, ele destacava o trabalho assistencial daIgreja, de hospitais e dos colgios.

    A respeito dessas oportunidades abertas pela imprensa, Schmidt

    lamenta que a Igreja nunca teve uma poltica agressiva de comunicao.Ele acha que a Igreja perdeu oportunidades extraordinrias de se mos-trar coletividade, de ser notcia (no jargo jornalstico) e contar at hojecom um respeito muito maior da populao. Ele se lembra que a Igrejafoi notcia quando realizou um evento pouco mais relevante. Por exem-plo, um dos primeiros congressos sul-americanos de jovens, organizadoem Curitiba, em 1970. Na noite em que o congresso estava sendo aber-

    to, o Jornal Nacional comeava a fazer essa coisa de integrao nacional.O bloco de Curitiba destacou a abertura do congresso dos jovens adven-tistas. Ento, aquela foi uma notcia nacional, ilustra Schmidt.

    O jornal O Estado do Parande 21/1/1970 enfatizava o congres-so com o ttulo Curitiba hospeda cinco mil adventistas. O lide da re-portagem, exageradamente longo e com uma redundncia imperdo-vel no jornalismo (h... anos atrs), ditava o seguinte:

    Curitiba, desde ontem, foi tomada por uma invaso de automveis

    com placas do Uruguai, Argentina e Chile, enquanto que na estao rodovi-

    ria chegavam a todo momento rapazes e moas falando espanhol. Isto por-

    que o Paran est sendo sede do II Congresso Sul-Americano da Juventude

    Adventista o primeiro foi realizado na Quitandinha, em Petrpolis, h 14

    anos atrs e durante cinco dias cerca de cinco mil jovens de toda Amrica

    Latina debatero seus problemas, orientados por pastores adventistas.

    A matria anunciava a presena do pastor Lo Ranzolin, enfatizan-do o carter desprendido dos jovens adventistas, que doariam cem litrosde sangue ao Hospital de Clnicas e mais de mil Bblias populao.

    Como exemplo de sua aptido textual e domnio do vernculo, noartigo A conspirao do silncio Schmidt analisa a histria da EncclicaEscondida. O texto surgiu de uma pequena informao apanhada por

    ele num jornal. A partir disso, Schmidt a associou a um livro que acabara

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    de ler, cujo contedo relatava toda a histria da Encclica Escondida. Oantecessor de Pio XII a havia deixado praticamente pronta, rascunhada.Nela, o papa combatia claramente o antissemitismo. Contudo, Pio XIIresolveu engavet-la. E ningum soube at hoje que fim levou aquele do-

    cumento. Assim, Schmidt resolveu resgatar esse momento da histria.No incio de 2005, Assis convidou Schmidt para assumir a redao

    dos editoriais de O Estado do Paran, onde permaneceu poucas semanas.

    Odailson Spada: Vencendo preconceitos

    Ao chegar Igreja Central, numa noite de culto, o acadmico daUFPR, Odailson Elmar Spada, recebeu de um dos ancios uma pro-posta em dinheiro para montar um escritrio de contabilidade e aban-donar o curso de Jornalismo. Isso no profisso para adventista,fuzilou o lder daquela congregao. Em 1969, ainda estavam bem fres-cos os resultados de manifestaes estudantis no pas e na Frana. Opreconceito contra o jornalismo transformava o curso no vilo do en-sino superior. Existia muito aquela ideia de que certas profisses noeram compatveis com a norma do cristo, exprime Spada, com certamgoa. A aprovao do pastor da igreja, Assad Bechara, no vestibulardo curso de Comunicao Social da Universidade Catlica, silenciouos crticos e ningum mais abordou o assunto.

    Graduado na turma de 1973, no ano seguinte Spada inicioucomo reprter policial da ribuna do Paran, jornal do mesmo grupode O Estado do Parane V Iguau. Em 1978, ele foi contratado pelo

    Correio de Notcias na mesma editoria e, em 1979, aportou na redaodo Indstria & Comrcio, de propriedade de Odone Fortes, um ex-ad-ventista. Aqui, Spada se identificou com a rea de economia. A comu-nidade acadmica conhecia o jornal de Fortes como a segunda univer-sidade, face qualidade do material impresso e a eficaz orientao egarimpagem de talentos conduzida por Aroldo Mur Haygert, diretorde Redao. Por outro lado, admitia muitos estudantes a fim de evitar a

    contratao de profissionais, cujos salrios atrasavam frequentemente.

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    Atendendo necessidade da Associao Paranaense de projetara Igreja na mdia, Spada concordou em ser assessor de imprensa doDepartamento de Comunicao, auxiliando o pastor Arlindo Rossi.Com a transferncia de Rossi, a direo da Associao desativou o se-

    tor. Assim, em 1983, Spada voltou ao I&C, onde permaneceu at 1987,mudando-se para a Assessoria de Imprensa da Secretaria da Agriculturado Estado. Dois anos depois, deslocou-se para Guarapuava, dirigindoo jornalismo da Fundao Pioneira de Radiodifuso do Paran e edi-tando o jornal da Cooperativa Agrria de Entre Rios. Nestes locais,desenvolveu matrias sobre bolsa de valores, agrobusinesse pecuria,nas quais se especializou.

    Meia dcada se passou e Spada retornou a Curitiba, ondeatuou no Colgio Curitibano Adventista como conselheiro dedivulgao e professor de Editorao Eletrnica de 1994 a 2005.Paralelamente s atividades nesta instituio, Spada no abando-nou o ofcio jornalstico e continuou assumindo trabalhos de freelance58para polticos.

    Apesar de sua atividade profissional ter se ligado durante a maior

    parte de sua carreira rea agrcola, Spada nunca deixou de prestar servi-os Igreja diante de grandes eventos, como os congressos de educaoda Associao de 1976 e 1996. No primeiro congresso, comemorativo aos80 anos de educao adventista no Brasil, ele intermediou a presena dosmais antigos ex-alunos da Escola Adventista de Curitiba, com destaquepara Arthur Wischral. Filho de Jorge e Maria Wischral, Arthur estudouno Collegio Internacional no incio do sculo, conforme comprovam os

    boletins apresentados por sua neta. Segundo o pastor Roberto Doehnert,a famlia Wischral foi a segunda a ser batizada em Curitiba, depois dospais de Alfredo Otto, que viria a ser sogro de Antnio Nogueira. ArthurWischral no era batizado quando se deslocou para a Alemanha, poucoantes do incio da Primeira Grande Guerra, em 1914, a fim de estudar fo-tografia. Concludo o curso, Wischral voltou para Curitiba, mas no se in-teressava mais pela Igreja. Nesse intervalo, seus pais apostataram e forma-

    ram um grupo de fanticos, conhecido como wischralitas, um movimento

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    Jornalistas adventistas e suas relaes com a imprensa secular

    de adventistas ultra-ortodoxos. Wischral conquistou notoriedade p-blica galgando postos no estado como fotgrafo do governo e, de acordocom seus descendentes, fotojornalista da revista Paris Match. A RevistaAdventistaregistrou sua presena no evento:

    Compareceram, na ocasio, muitos ex-alunos da Escola Internacional,

    posteriormente Centro Educacional Adventista de Curitiba, alguns deles dos

    mais antigos... Foram tambm entrevistados outros ex-alunos: Otto e Carlos

    Seeling, e Arthur Wischral, o qual relatou muitos fatos pitorescos de sua car-

    reira estudantil na Escola Internacional: lies de moral, peraltices, mostran-

    do que, naquele tempo, as coisas no eram muito diferentes das de hoje.59

    Inquirido sobre as matrias lanadas na imprensa, semelhante aoutros citados anteriormente, Spada responde que infelizmente ele noguardou nada. No entanto, ele redigiu releasespara a imprensa e agen-dou entrevistas com pastores, abrindo caminho para o lanamento doFolheto,60em 31/3/1979. E deu certo. Muitas pessoas testemunharamque aguardavam ansiosas a visita dos adventistas entregando o mate-rial evangelstico e oferecendo estudos bblicos.

    Faz treze anos que a Associao Sul Paranaense comemorouos cem anos da educao adventista no Brasil, recordando a aber-tura da primeira escola em Curitiba. No obstante, percorrendoos corredores e departamentos da sede da Igreja para o sul do esta-do, voc no encontra nenhum recorte de jornal referente ao even-to, a no ser depoimentos, muitos sem preciso e contraditrios.Spada aquece os neurnios, mas no consegue sintetizar os acon-

    tecimentos. Apenas lembra que enviou muitos releases imprensa ealguns desses se transformaram em pautas61 e matrias nos jornais.

    medida que a entrevista segue, Spada discorre a respeito dapresena do conjunto norte-americano Heritage Singers no eatroGuara, em meados da dcada de 1970, a repercusso na mdia e nomeio evanglico. De repente, uma luz. Ele fala de outra matria pu-blicada na Gazeta do Povode 25/3/1979, cujo ttulo era Mensagem

    adventista ressalta a esperana como necessidade, na qual exaltava o

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    Histria da Comunicao Adventista no Brasil

    estilo de vida dos membros da Igreja e a possibilidade de outras pesso-as acompanharem a mesma trajetria.

    O adventista que incorpora o idealismo de sua misso no se con-tenta com a ociosidade e sequer deixa seu prximo sossegado. A mais

    viva lembrana de Spada se reporta primeira greve mundial contrao tabagismo. No primeiro semestre de 1980, a Agncia de PublicidadeP.A.Z., de Curitiba, e a Secretaria Estadual da Sade resolveram estrei-tar parceria numa campanha contra o vcio do fumo. Porm, eles notinham o know-howpara trabalhar com a questo. Ento, algum dosetor de criao da agncia aludiu que havia um pessoal experiente naIgreja da Carlos de Carvalho, que fazia milagres, orientando os viciados

    a deixarem de fumar em cinco dias. Diante disso, a Igreja Adventistaaceitou o convite para coordenar a campanha, chamada de Greve doFumo, com data agendada para 29/8/1980.

    Cartazes, camisetas com inscries contra o cigarro, Clube deDesbravadores, Jovens Adventistas, Escolas Adventistas, universit-rios, todos unidos e mobilizados com mais 38 entidades da sociedadeparanaense se prepararam para a campanha e anunciaram na mdia o

    Manifesto grevista:

    Povo de Curitiba!Os fabricantes de cigarros tm interesses bvios em induzir a juventude ao

    vcio. Mas nossa obrigao defender a sade de nossos filhos. Fumar no um hbito normal ou elegante como sugere a propaganda. Ao contrrio, um vcio antissocial e anti-higinico. Fumar s faz bem aos que lucramcom a venda de cigarros. Est na hora, portanto, de dar uma resposta aos

    que pensam que a populao ser eternamente passiva. Est na hora defazer um protesto coletivo contra o fumo.Faa a greve do fumo!Paran,

    Um estado de alerta contra o fumo.

    Com certeza, esta foi a primeira, nica e, talvez, ltima vez na

    histria, que a Igreja Adventista promoveu uma greve. As redaes

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    no dia da greve contra o fumo sofreu uma queda de 10 a 15%, inclu-sive nas compras de cigarro. Quinze dias depois, as indstrias de ci-garro, extremamente apavoradas, lideradas pela Phillip Morris, recm-instalada em Curitiba, exatamente no terreno que havia pertencido ao

    IAP, colocaram modelos em trajes sumrios na Boca Maldita, Rua dasFlores, distribuindo cigarros de graa para tentar recuperar o prestgio.A Phillip Morrisachava que era vingana dos adventistas pela desapro-priao do colgio.

    Outra notcia publicada pela imprensa, mas sem qualquerexatido quanto data de publicao e jornal, falava da nova lan-cha adquirida pela Associao, em 1980, para auxiliar a Assistncia

    Social no litoral do Paran. Ela ficou em exposio em frente aoPalcio