História da Igreja I: Aula 4 - A batalha pela sobrevivência

Click here to load reader

download História da Igreja I: Aula 4 - A batalha pela sobrevivência

of 27

description

Curso desenvolvido para a ministração de aulas de História Eclesiástica I no Seminário Teológico Shalom. O curso envolve a exposição da história da igreja cristã, dos tempos de Jesus aos tempos atuais, passando pelo seu surgimento e desenvolvimento, domínio com a conversão de Constantino, ascensão papal, movimentos reformadores e avivalistas da era moderna, até os movimentos ecumenista e pentecostal do séc. XX. Esta aula apresenta o período de perseguição na igreja e as primeiras heresias surgidas no seio do Caminho, como o gnosticismo, o sabelianismo e o donatismo.

Transcript of História da Igreja I: Aula 4 - A batalha pela sobrevivência

  • 1. Batalhas pela sobrevivncia Perseguies e heresias Histria Eclesistica I Pr. Andr dos Santos Falco Nascimento Blog: http://prfalcao.blogspot.com Email: [email protected] Seminrio Teolgico Shalom
  • 2. Perseguies Ao longo dos primeiros sculos da igreja crist, foram vrios os momentos em que o Caminho sofreu perseguio por parte de outros grupos por sua mera existncia. A perseguio se deu em duas esferas: Religiosa, por parte dos judeus, e poltica, por parte de Roma. Antes de 250, a perseguio era predominantemente local, espordica e produto de ao popular. A partir desta data, a perseguio se tornou uma estratgia consciente do governo imperial romano e, portanto, ampla e violenta. Foi nesta poca que a ideia de Tertuliano, de que o sangue dos cristos a semente da igreja se tornou realidade.
  • 3. Causas da perseguio Poltica: O Imprio Romano obrigava todos os cidados a prestarem culto ao imperador, como se fosse um deus. A nica exceo conhecida era para os praticantes do judasmo, considerada uma religio lcita para o governo e, portanto, isenta de servio militar e do culto imperial. O Cristianismo, inicialmente, gozou destas isenes devido a ser considerada uma seita judaica. Contudo, em 90, houve uma segregao entre ambas, quando os judeus, reunidos na cidade de Jamnia, decidiram que o cristianismo era uma seita falsa e incluram maldies a Jesus em seus ritos. Tal segregao fez com que o cristianismo no gozasse dos benefcios judaicos, sendo considerada uma religio ilcita, o que obrigava seus membros adorao imperial ou condenao por desobedincia.
  • 4. Causas da perseguio Vale notar que um dos principais motivos para o cristianismo ser declarado ilcito o fato de que ele exigia lealdade a Cristo acima de Csar, caso seus ideais entrassem em conflito. Isso era considerado uma deslealdade ao estado romano, algo inaceitvel pelos seus governantes, que desejavam um estado universal. Algumas atitudes e prticas crists tambm contribuam para aumentar as suspeitas das autoridades romanas. O fato dos cristos se recusarem a oferecer incenso nos altares imperiais era tido como uma deslealdade com o Estado. Somente quem sacrificava nestes altares recebia autorizao para ter uma segunda religio. A prtica das reunies noturnas e em segredo tambm foi vista como uma forma de este grupo estar tramando contra a segurana do Estado. Por fim, o fato dos cristos no servirem ao Exrcito tambm irritava as autoridades.
  • 5. Causas da perseguio Religiosa: Para os romanos, a religio era mecnica e externa, com altares, dolos, sacerdotes, cnticos, ritos e prticas que o povo podia ver. O fato dos cristos no terem dolos nem nada para ser visto e fazer oraes em p e de olhos fechados levava as autoridades romanas a acusarem os cristos de atesmo. O sigilo dos encontros dos cristos tambm gerou alguns ataques morais contra eles. As acusaes mais comuns eram de canibalismo, incesto e prticas desumanas: Canibalismo: O ato de comer e beber os elementos que simbolizavam o corpo e o sangue de Cristo gerou rumores de morte e canibalismo de crianas em sacrifcio ao seu Deus. Incesto: O beijo da paz entre irmos.
  • 6. Causas da perseguio Social: Como o cristianismo tinha grande apelo entre as classes pobres e escravas, era visto com desprezo e dio pelos lderes aristocrticos da sociedade, mas tambm com temor pela sua influncia entre a plebe. A pregao sobre igualdade entre todos os homens (Cl. 3.11) tambm ia contra a estrutura da sociedade da poca. Outros motivos de desprezo da nova sociedade pelos cristos era a sua recusa a acompanhar eventos em templos, teatros e lugares de recreao. Sua no-aceitao dos modelos sociais vigentes trouxe sobre eles a antipatia que os inconformistas sempre enfrentaram na histria. A sua pureza de vida representava uma reprovao s vidas escandalosas vividas pela classe alta. Isso levou os pagos a acreditarem que eles eram um perigo para a sociedade, podendo gerar revolta nas massas.
  • 7. Causas da perseguio Econmica: A Bblia j aponta um caso de revolta popular por motivos econmicos na revolta dos mercadores de dolos da deusa Diana, de feso (At. 19.2). Sacerdotes, fabricantes de dolos, videntes, pintores, arquitetos e escultores certamente no ficaram felizes com este novo grupo iconoclasta que surgia em seu meio. Por volta de 250, Roma fazia mil anos de fundao assolada por peste, fome e agitao civil. Muitos na poca jogaram a culpa da desgraa nos cristos e no abandono ao culto dos antigos deuses, numa demonstrao de superstio milenista que se repetiria no ano 1000 d.C., no auge da Idade Mdia.
  • 8. Perseguies at 100 Inicialmente, a perseguio aos cristos veio da parte dos judeus, que no aceitavam a pregao de que Jesus era o Messias prometido no AT. Em 64, um grande incndio atingiu Roma. Originalmente a culpa recaiu sobre o prprio imperador, Nero, porm, acusou os cristos de serem os causadores do incndio. Com a convocao de uma saturnal de destruio aos seguidores do Caminho, os cristos de Roma e das redondezas foram duramente perseguidos. Pedro e Paulo foram martirizados nesta poca. Cerca de 30 anos depois, durante o governo de Domiciano, uma perseguio foi lanada sobre judeus e cristos, por aqueles terem se recusado a pagar um imposto pblico para a manuteno do templo de Jpiter Capitolino. Nesta perseguio Joo foi exilado em Patmos.
  • 9. Interdio estatal de 100 a 250 112: Governador Plnio envia carta ao Imperador Trajano pedindo opinio sobre cristianismo, que espalhava-se pela sua regio a ponto dos templos estarem quase abandonados e os vendedores de animais para os sacrifcios estarem empobrecidos. Plnio no perseguia, mas se algum fosse denunciado, era questionado trs vezes e, somente se confessasse, era condenado morte. Incio foi martirizado nesta poca. Tal procedimento foi tido como correto pelo imperador. c. sc. II: Perseguio em Esmirna gera inmeros mrtires, quando uma multido enfurecida leva cristos diante das autoridades. Entre eles estava Policarpo de Esmirna. Marco Aurlio: Imperador adepto do estoicismo, foi influenciado contra o cristianismo por seu mestre, Fronto. Atribua as calamidades naturais e artificiais de seu imprio ao crescimento dos cristos e deu ordens para a perseguio sistemtica. Justino foi uma de suas vtimas.
  • 10. Perseguio universal ps 250 250: Ascenso de Dcio por volta do milnio da fundao de Roma leva a uma busca de retorno ao culto imperial. Nesta data, Dcio promulga um edito exigindo uma oferta anual de sacrifcio nos altares romanos aos deuses e figura do Imperador. Quem oferecia recebia um certificado, que o livrava da morte. Esta perseguio durou somente at sua morte, mas gerou um problema para a igreja de como acomodar aqueles que haviam apostatado para receber o certificado. 285: Diocleciano assume o poder e acaba com a diarquia principado-senado. Com desejo tirnico pelo poder, lutou contra toda forma de crenas hostis religio do Estado, gerando a mais dura perseguio enfrentada pelos cristos. Os primeiros editos foram promulgados em maro de 303 e ordenavam o fim das reunies crists, destruio das igrejas, deposio dos seus oficiais, priso de quem persistisse em seu testemunho de Cristo e destruio das Escrituras por fogo.
  • 11. Perseguio universal ps 250 O edito que mais causou problemas, contudo, foi a obrigao de sacrifcio aos deuses imperiais por parte dos cristos, sob pena de morte. Eusbio conta que eram tantos cristos e lderes presos que faltou lugar para criminosos comuns nas cadeias. Confisco de bens, exlio, prises e trabalhos forados nas minas foram alguns dos suplcios enfrentados pelos presos. A perseguio sob Diocleciano arrefeceu com sua abdicao em 305 e reduziu ainda mais em 311, quando Galrio, em seu leito de morte, estabeleceu a tolerncia ao cristianismo. Focos ainda continuariam at que Licnio e Constantino promulgaram o Edito de Milo em 313, garantindo liberdade de culto a todas as religies. A tradio da converso de Constantino ao ver a Cruz no cu previamente a uma batalha, tenha influenciado tal deciso.
  • 12. Resultado do perodo Crescimento do Cristianismo para o ocidente, em especial nas cidades. Surgimento da Igreja de Alexandria como a principal do Egito. nfase missionria do sc. III recaiu sobre a propagao do evangelho aos latinos da parte ocidental do imprio. Surgimento de uma igreja no Norte da frica, centrada em Cartago como seu centro intelectual. Crescimento do contingente de cristos para 5 a 15% da populao do Imprio (este com populao em torno de 50 a 75 milhes de pessoas). Controvrsias sobre como tratar quem havia oferecido sacrifcios em altares pagos durante a perseguio de Dcio e quem havia entregue Bblias para serem queimadas sob Diocleciano. A perseguio sob Diocleciano tambm alavancou o interesse pela formao do cnon do Novo Testamento, para diferenciar livros realmente inspirados de obras esprias.
  • 13. Heresias Na formao do cristianismo, muitas ideias surgiram sobre como interpretar o evento Cristo. Trazendo ideias oriundas de filosofias pags ou cunho mstico, vrios grupos criaram pensamentos que bateram de frente com a doutrina apostlica apresentada nos ensinamentos de Cristo e nos principais escritos deixados pelos discpulos de Jesus. Foram vrias as heresias que surgiram no incio da igreja. O autor divide as heresias em trs grupos: legalistas, filosficas e teolgicas. Algumas delas desapareceram muito cedo, enquanto outras persistiram at o sculo VII.
  • 14. Heresias Legalistas - Ebionismo nfase na unidade de Deus e de sua condio de Criador. Crena que a lei judaica era a maior expresso da vontade de Deus e continuava vlida para o homem. Jesus era o filho de Jos que alcanou certo grau de divindade quando o Esprito Santo desceu sobre ele no batismo. Aprovavam o evangelho de Mateus mas rejeitavam os escritos de Paulo. Cristos gentios e judeus ainda estavam sob o domnio da lei de Moiss e no havia salvao fora da circunciso e da lei de Moiss. Perderam sua influncia aps a destruio de Jerusalm pelos romanos em 135.
  • 15. Heresias Filosficas - Gnosticismo Razes nos tempos do NT, tem maior influncia por volta de 150. Tradio crist associa sua origem a Simo Mago (Ireneu, Contra Heresias, 1.23.1-5, cf. At. 8.9-24). Surge da necessidade do homem de compreender a origem do mal e trabalha um sistema lgico ou racional que buscava respostas atravs de uma sntese do cristianismo e da filosofia helenstica. Crenas principais foram compreendidas a partir da descoberta de mil pginas de documentos a seu respeito (verso sria e egpcia do gnosticismo) em Nag Hamadi, em 1943.
  • 16. Heresias Filosficas - Gnosticismo Crena baseada em dualismo, colocando em oposio matria e esprito. Para eles, a matria estava sempre identificada com o mal e o esprito com o bem. Por isso, Deus no poderia ter criado este mundo material. A soluo da questo a criao do mundo a partir de um demiurgo, que foi uma de vrias emanaes do deus supremo do gnosticismo, com quantidade maior de matria e menor de esprito. O demiurgo teria esprito suficiente em si para ter poder criador e quantidade suficiente de matria para criar o mundo material mal. Este demiurgo seria o Jav do AT, a quem os gnsticos repudiavam.
  • 17. Heresias Filosficas - Gnosticismo Para explicar Cristo, adotaram uma doutrina conhecida como Docetismo. Cristo, como Deus, no podia ter corpo humano. Como bem absoluto, ele no se misturaria com a matria. Da vem a viso de que ele era um fantasma com a aparncia de corpo material. Outra crena era de que Cristo tomara o corpo humano de Jesus somente entre seu batismo e o comeo do sofrimento na Cruz, quando Cristo deixa o homem Jesus morrer na cruz. Em ambos os casos, a tarefa primordial de Cristo havia sido ensinar uma gnose, um conhecimento especial que ajudaria o homem a se salvar por um processo intelectual, muito mais til e importante do que a f. Duas correntes sobre o corpo: Prticas ascticas para dom-lo ou libertinagem irrestrita. Em ambas, no h lugar para a ressurreio do corpo. No eram observados os sacramentos por envolverem coisas materiais (po e vinho).
  • 18. Heresias Filosficas - Gnosticismo Cabe notar que o grupo no era homogneo. Ireneu escreveu sobre diversos destes grupos, que possuam doutrinas peculiares a seus movimentos: Sria: Saturnino Egito: Baslides Ponto e Roma: Marcio Marcio foi o gnstico mais conhecido de sua poca. Foi para Roma em 138, tornando-se influente na igreja local. Entendia que o judasmo era mau, por isso detestava a Bblia Hebraica e o Jav nela apresentado. Por conta disso, formou um cnon de escritos inspirados, contemplando o Evangelho de Lucas truncado e dez das cartas identificadas com o nome de Paulo. Foi expulso da igreja de Roma apesar de sua ajuda a ela com sua riqueza e resolveu fundar sua prpria comunidade, que defendia um dualismo gnstico que rejeitava o Deus do AT em troca de um deus de amor revelado em Jesus.
  • 19. Heresias Filosficas - Gnosticismo Problemas gerados pelo gnosticismo: Segregao de um deus mal do AT e um deus bom do NT favorecia o antissemitismo na Igreja. Rejeitava a humanidade, morte sacrificial e ressurreio corprea de Cristo, que Joo disse que habitou entre ns para revelar a glria de Deus. Orgulho espiritual com sua sugesto de que apenas uma elite aristocrtica alcanaria os favores de habitar com a divindade nos cus.
  • 20. Heresias Filosficas - Gnosticismo Contribuies involuntrias: Ascetismo foi uma das marcas posteriores do movimento monstico. Avano da igreja, por conta da necessidade de autodefesa da Igreja na questo de quais livros seriam considerados cannicos, fonte de autoridade para a f e vida. Construo de um credo para testar a ortodoxia dos fieis. Aumento do prestgio do bispo, como centro da unidade contra a heresia. Produo literria de polemistas como Ireneu, Tertuliano e Hiplito contra as ideias gnsticas.
  • 21. Heresias Filosficas Maniquesmo Fundada por Mani, ou Maniqueu (c.216-277), da Mesopotmia, que desenvolveu um peculiar sistema filosfico que combinava o pensamento cristo, zoroastrismo e ideias religiosas orientais em uma refinada filosofia dualstica. Mani cria em dois princpios eternos e opostos, um Reino da Luz, e um Reino das Trevas, cujo chefe enganou o homem, tornando-o um ser que misturava luz e trevas. A alma do homem ligava-o ao Reino da Luz, enquanto seu corpo ligava-o ao Reino das Trevas. A salvao era uma questo de libertar a luz da alma que estava escravizada matria do corpo atravs da exposio luz que Cristo. A elite (os perfeitos) constituam a casta sacerdotal, vivendo asceticamente e cumprindo certos ritos essenciais. Os ouvintes, que satisfaziam suas necessidades fsicas, participavam de sua santidade, participando da salvao. Considerava o instinto sexual um mal e enfatizava a superioridade do estado civil do solteiro. Tambm pode ter contribudo para a separao de uma classe sacerdotal na igreja. Agostinho foi um dos que mais tratou da questo, tendo sido discpulo dos maniquestas por 12 anos e depois escrevendo uma obra refutando suas ideias.
  • 22. Heresias Filosficas Neoplatonismo Filosofia mstica nascida em Alexandria por Amnio Saccas (c. 174-c.242), filho de pais cristos. Orgenes foi um de seus alunos, assim como Plotino (c. 205-270), futuro verdadeiro lder desta escola, ensinando suas ideias em Roma no ltimo quarto do sc. III. O estatuto foi redigido por Porfrio (232- 305) a partir das anotaes de Plotino e foi conhecido como Enadas. O grupo via o Ser absoluto como fonte transcendental de tudo o que existe e da qual foi tudo criado por processo de emanao, incluindo o homem como criao final como alma e corpo pensantes. O objetivo do universo seria a reabsoro na essncia divina de onde tudo viera. Para conhecer Deus, a pessoa devia ter uma vida de contemplao e procura. A experincia de xtase seria o estado mais elevado a se chegar em vida. O imperador Juliano, conhecido como o Apstata, abraou essa filosofia e tentou faz-la a religio do Imprio entre 361 e 363, mas desapareceu no sculo VI.
  • 23. Erros Teolgicos Montanismo Surgido na Frgia aps 155 como uma tentativa de Montano de resolver os problemas do formalismo na Igreja e da dependncia da Igreja de uma liderana humana, quando deveria depender do Esprito Santo. Revisitou as doutrinas do Esprito Santo e da Segunda Vinda. Ao desenvolver sua doutrina peculiar acerca da inspirao, Montano alegou ser imediata e contnua e se entendeu como o parcleto atravs de quem o Esprito Santo falava Igreja, assim como no caso de Paulo e outros apstolos. Tambm cria que o reino celestial de Cristo seria fundado em Pepuza, na Frgia, e que ele teria proeminncia nesse reino. Para se preparar, o movimento praticava ascetismo rigoroso, sem novos casamentos se um dos cnjuges morresse. A alimentao era frugal e jejuns eram constantes. O movimento foi condenado no Conclio de Constantinopla, em 381, tido como pago. Tertuliano defendeu o movimento, porm, e se tornou montanista. Foi forte em Cartago e no Oriente.
  • 24. Erros Teolgicos Monarquianismo Movimento que enfatizava a unidade de Deus em oposio a qualquer tentativa de conceb-lo como trs personalidades distintas. Seu grande problema era como relacionar Cristo a Deus. No sc. III, Paulo de Samsata, bispo de Antioquia e importante autoridade poltica no governo da rainha de Palmira, defendeu a ideia de que Cristo era um homem que, pela justia e penetrao de seu ser pelo logos divino no batismo, alcanou a divindade e carter de salvador. Sua doutrina foi conhecida como adocionismo, ou monarquianismo dinmico. Por volta do ano 200, Sablio formou uma doutrina onde a trindade era uma manifestao de trs formas do mesmo Deus, e no uma mesma essncia de trs pessoas distintas. Deus teria se manifestado como Pai no AT, Filho para redimir o homem e Esprito aps a ressurreio de Cristo. A doutrina negava uma personalidade separada para Cristo. Ficou conhecida como Sabelianismo e perdura hoje no pentecostalismo da Nova Viso ou Jesus Somente.
  • 25. Divises na Igreja Controvrsia sobre a Pscoa: Surge em meados do sc. II sobre a data correta de sua celebrao. A Igreja Oriental diz que deve ser celebrada no dia 14 de Nis, data judaica, independentemente do dia da semana em que cair. Em 155, Aniceto, bispo de Roma, defende que a data deveria ser o domingo seguinte ao 14 de Nis. Aps alguns conflitos, as pores oriental e ocidental concluram no Conclio de Niceia, em 325, pelo ponto de vista ocidental.
  • 26. Divises na Igreja Donatismo: Surge em 312 como consequncia da perseguio sob Diocleciano. Um cristo chamado Donato solicita a deposio de Ceciliano de seu posto de bispo de Cartago, por ter sido consagrado por Flix, acusado de ser um traidor sob a perseguio de Diocleciano. Donato achava que a infidelidade na perseguio invalidava a autoridade, por ser pecado imperdovel. Donato e seu grupo elegeram Majorino bispo da cidade. Em 313, com a morte de Majorino, o prprio Donato vira bispo. Os donatistas reclamaram quando no receberam nada da ajuda de Constantino Igreja Africana, e um snodo em Roma determinou a validade de um sacramento independente da moral de quem o administra, tirando qualquer direito a ajuda aos donatistas. Outro conclio de bispos ocidentais, em Arles, 314, novamente refutou os donatistas. A crise preocupou Agostinho, que escreveu muito sobre o problema da autoridade da igreja, necessria para a salvao.
  • 27. Fontes Texto base: CAIRNS, Earle E. O Cristianismo atravs dos sculos: uma histria da igreja crist. 3 ed. Trad. Israel Belo de Azevedo e Valdemar Kroker. So Paulo: Vida Nova, 2008. Textos auxiliares: DREHER, Martin N. Coleo Histria da Igreja, 4 vols. 4 ed. So Leopoldo: Sinodal, 1996. GONZALEZ, Justo L. Histria ilustrada do cristianismo. 10 vols. So Paulo: Vida Nova, 1983