HISTÓRIA DAS COPAS

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Uruguai - 1930 HISTÓRIA A Fifa, criada em 1904, já pensava em realizar um campeonato mundial de futebol. Mas não foi fácil. Em 1905, durante um congresso em Paris, o presidente da entidade, o francês Ribert Guérin levantou o assunto. Ninguém se interessou, e o assunto voltou para a gaveta. A segunda tentativa não foi destruída pela falta de interesse, mas sim pela primeira grande guerra mundial, entre 1914 e 1918. Somente nas mãos de Jules Rimet, em 1928, e com o sucesso do torneio olímpico de futebol, a primeira Copa do Mundo saiu do papel e virou realidade. Durante um congresso da Fifa em Amsterdã, ficou decidido o que todos nós já sabemos: a partir de 1930, e a cada quatro anos, seria realizado um campeonato internacional de futebol. Meses depois, ficou decidido de que o Uruguai, bicampeão olímpico, seria o primeiro país-sede da competição, depois da desistência de Espanha, Holanda, Hungria, Itália e Suécia. Com isso, o Uruguai se credenciou como grande favorito a levar, pela primeira vez, a taça de ouro, criada pelo francês Abel La Fleur e batizada posteriormente de Jules Rimet, o francês criador da Copa. Dos demais 15 participantes convidados, apenas 13 compareceram. Destes, somente quatro eram europeus: eles levaram seis semanas, somados os dias da travessia do Atlântico num navio, da disputa e do retorno ao velho continente, e poucas associações nacionais podiam arcar com os custos. Jules Rimet e o húngaro Maurice Fischer encarregaram-se de estabelecer a primeira fórmula de disputa de uma Copa do Mundo. Os times se dividiram em quatro grupos, jogariam entre si e o vencedor de cada chave estavam classificadas para as semifinais. Não houve disputa de terceiro lugar. Grupo 2: Bolívia, Brasil e Iugoslávia O Uruguai da década de 20 era uma verdadeira máquina. Praticamente imbatível, a equipe ganhou o apelido de "Celeste Olímpica", em função da cor da camisa e, é claro, das medalhas de ouro conquistadas nos primeiros torneios de futebol dos Jogos Olímpicos: em Paris, 1924, vencendo a Suíça por 3 a 0, e em Amsterdã, 1928, batendo a Argentina. Os donos da casa não fizeram feio e confirmaram o favoritismo: em quatro jogos, o time de Nasazzi, Andrade, Gestido e Céa marcou 17 gols e levou apenas três.

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Uruguai - 1930HISTÓRIA

A Fifa, criada em 1904, já pensava em realizar um campeonato mundial de futebol. Mas não foi fácil. Em 1905, durante um congresso em Paris, o presidente da entidade, o francês Ribert Guérin levantou o assunto. Ninguém se interessou, e o assunto voltou para a gaveta.

A segunda tentativa não foi destruída pela falta de interesse, mas sim pela primeira grande guerra mundial, entre 1914 e 1918. Somente nas mãos de Jules Rimet, em 1928, e com o sucesso do torneio olímpico de futebol, a primeira Copa do Mundo saiu do papel e virou realidade. Durante um congresso da Fifa em Amsterdã, ficou decidido o que todos nós já sabemos: a partir de 1930, e a cada quatro anos, seria realizado um campeonato internacional de futebol. Meses depois, ficou decidido de que o Uruguai, bicampeão olímpico, seria o primeiro país-sede da competição, depois da desistência de Espanha, Holanda, Hungria, Itália e Suécia.Com isso, o Uruguai se credenciou como grande favorito a levar, pela primeira vez, a taça de ouro, criada pelo francês Abel La Fleur e batizada posteriormente de Jules Rimet, o francês criador da Copa. Dos demais 15 participantes convidados, apenas 13 compareceram. Destes, somente quatro eram europeus: eles levaram seis semanas, somados os dias da travessia do Atlântico num navio, da disputa e do retorno ao velho continente, e poucas associações nacionais podiam arcar com os custos.

Jules Rimet e o húngaro Maurice Fischer encarregaram-se de estabelecer a primeira fórmula de disputa de uma Copa do Mundo. Os times se dividiram em quatro grupos, jogariam entre si e o vencedor de cada chave estavam classificadas para as semifinais. Não houve disputa de terceiro lugar.Grupo 2: Bolívia, Brasil e Iugoslávia

O Uruguai da década de 20 era uma verdadeira máquina. Praticamente imbatível, a equipe ganhou o apelido de "Celeste Olímpica", em função da cor da camisa e, é claro, das medalhas de ouro conquistadas nos primeiros torneios de futebol dos Jogos Olímpicos: em Paris, 1924, vencendo a Suíça por 3 a 0, e em Amsterdã, 1928, batendo a Argentina. Os donos da casa não fizeram feio e confirmaram o favoritismo: em quatro jogos, o time de Nasazzi, Andrade, Gestido e Céa marcou 17 gols e levou apenas três.

FinalUruguai 4x2 ArgentinaData: 30/07/1930Estádio: Centenário (Montevidéu)Público: 93.000Uruguai: Ballesteros, Nazzasi, Mascheroni, Andrade, Fernández, Gestido, Dorado, Scarone, Castro, Cea e Iriarte.Argentina: Botasso, Della Torre, Paternoster, Evaristo, Monti, Suárez, Peucelle, Varallo, Stábile, Ferreira e Evaristo.Gols: Dorado, aos 13'; Peucelle, aos 20' e Stábile, aos 39' do primeiro tempo; Cea, aos 12', Iriarte, aos 23' e Castro, aos 42' do segundo tempo.Árbitro: Jean Langenus (Bélgica)

Artilheiros8 gols: Stabile (Argentina)

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Pos País Pontos J V E D GP GC1° Uruguai 8 4 4 - - 15 32° Argentina 8 5 4 - 1 18 93° EUA 4 3 2 - 1 7 64° Iugoslávia 4 3 2 - 1 7 75° Chile 4 3 2 - 1 5 36° Brasil 2 2 1 - 1 5 2

- O primeiro jogador expulso na história das copas foi o zagueiro peruano DeLasCasas. Aliás, esta foi a única vez que o cartão vermelho foi aplicado na competição. Ele empurrou o árbitro chileno Alberto Warken, durante a partida vencida pela Romênia por 3 a 1.- Outra marca de desagradável para as Copas do Mundo: a primeira grave contusão ocorreu durante o jogo entre Bolívia e Iugoslávia. O atacante Gomez teve uma dupla fratura na perna direita.- No jogo final, a rivalidade não ficou restrita à torcida ou ao futebol: ouve discussão também a respeito da bola que seria usada. Os dirigentes dos dois lados queriam jogar com bolas fabricadas em seus países. E realmente havia uma diferença: a bola uruguaia era mais pesada que a argentina. John Langenus, árbitro belga, decidiu: foi usada uma em cada tempo.- Não fosse a briga entre Rio e São Paulo, certamente a seleção teria um desempenho bem diferente. Dias depois da eliminação na Copa, o Brasil bateu a França por 3 a 2, gols dos paulistas Heitor (2) e Friedenreich. Ainda em 1930 e com sua força máxima, os brasileiros devolveram a derrota para a Iugoslávia, e de goleada: 4 a 1. O Brasil também derrotou os EUA, por 4 a 0, e já em 1931, em um amistoso no Rio, o Brasil venceu os campeões uruguaios por 2 a 0, dois gols de Nilo. - O primeiro jogo do recém-construído Estádio Centenário foi no dia 18 de julho, data nacional do país e dia da estréia do Uruguai. O time da casa venceu o Peru por 1 a 0, diante da torcida da casa que lotou o estádio.

Itália - 1934A Copa do Mundo de 1934 foi um reflexo do momento político que o mundo estava passando. A competição foi organizada pela Itália e foi um alvo de Mussolini para mostrar a força de sua nação e do fascismo. O "Duce" seguiu um planejamento feito pelos italianos desde o ano de 1929 e conseguiu trazer a competição para o país depois de oito congressos da Fifa. O líder político comparecia aos estádios e recebia as homenagens do público no mesmo tom que os astros do futebol.O torneio foi dominados pelas seleção européias, que tinham 12 representantes. Todos os times das quartas-de-final eram da Europa. Brasil, Egito, Estados Unidos e Argentina não conseguiram montar times competitivos e saíram da Itália sem nenhuma vitória. O Uruguai resolveu não participar da Copa. Os atuais campeões ficaram irritados com a falta de apoio das seleções européias no Mundial de 1930. A Celeste Olímpica já não tinha a mesma força dos títulos olímpicos (1924 e 1928) e da conquista da Copa do Mundo de 1930.

Forma de disputa

A Copa de 1934 foi disputada por 16 equipes que disputaram partidas eliminatórias em quatro fases (oitavas, quartas, semi e final). Se a partida terminasse empatada no tempo normal e na prorrogação, a organização da competição promovia uma partida desempate.

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BRASILEliminatóriasO Brasil se classificou com a desistência do Peru e não precisou disputar partidas pelas eliminatórias. Turquia e Chile também desistiram de tentar uma vaga no Mundial. Apenas 29 times participaram da competição.

Grupo 2 - Peru e BrasilBrasil é eliminado na estréiaO Brasil não teve uma preparação adequada para disputar o torneio e não teve um bom desempenho a Copa do Mundo de 1934. Os brasileiros não mostraram um bom futebol na estréia e foram eliminados já nas oitavas-de-final após a derrota por 3 a 1 para a Espanha. Iraragorri e Langara abriram dois gols de vantagem para os europeus. Aos 11 minutos do segundo tempo, Leônidas descontou e deu esperança para o torcedor brasileiro. Mas aos 32 minutos, Lanagara marcou mais uma vez e definiu o placar.A briga da CBD (Confederação Brasileira de Desportos) com os clubes e as federações foi considerado o principal fator para o fracasso do Brasil na Copa do Mundo de 1934 . Apenas quatro atletas de São Paulo foram convocados. A base era o Botafogo, que cedeu nove atletas. Mesmo com tantos jogadores do mesmo time, a equipe não conseguiu convencer na competição.

O destaque brasileiro: Leônidas da SilvaA seleção brasileira não teve um desempenho aceitável na Copa do Mundo de 1934. O time foi eliminado na primeira fase após ser derrotado por 2 a 1 pela Espanha. O melhor jogador brasileiro foi Leônidas da Silva.O atacante do Vasco da Gama, que tinha 21 anos na época, fez o único gol do Brasil na competição. Ele conseguiu encantar os europeus mostrando grande velocidade e técnica. Seu grande auge seria na Copa de 1938, quando marcou sete gols e acabou como o grande artilheiro da competição. O inventor da bicicleta já era popular na América do Sul, onde ficou conhecido como Diamente Negro.Jogos do BrasilEspanha 3 x 1 BrasilData: 14 de julho de 1934Local: Estádio Ferraris Cidade de GênovaÁrbitro: Alfred Birlem (Alemanha)Público: 40 milGols: Langara (27 e 77) e Iraragorri (18) para a Espanha. Leônidas (56) para o Brasil.Espanha: Zamora; Ciriaco e Quincoces; Cilauren, Muguerza e Marculeta; Lafuente, Iararagorri, Langara, Lecue e Gorostiza.Brasil: Pedrosa; Silvio Hoffman, Luís Luz, Tinoco, Martim e Canali; Luizinho, Valdemar de Brito, Armandinho, Leônidas e Patesko.OBS: Valdemar de Brito desperdiçou um pênalti.

Jogadores do BrasilGoleiros: Roberto Gomes PEDROSA (Botafogo) e GERMANO Boettcher Sobrinho (Botafogo).Zagueiros: Alfredo Alves TINOCO (Vasco), SILVIO HOFFMAN Mazi (São Paulo), LUIZ LUZ (Grêmio), OCTACÍLIO Pinheiro Guerra (Botafogo).Meio-de-campo: MARTIN Mércio da Silveira (Botafogo), Heitor CANNALLI (Botafogo), ARIEL Nogueira (Botafogo), VALDIR Guimarães (Botafogo).Atacantes: Luis Mesquita de Oliveira - LUISINHO (São Paulo F.C), WALDEMAR DE BRITO (São Paulo), Armando dos Santos - ARMANDINHO (São Paulo F.C), LEÔNIDAS DA SILVA (Vasco), PATESKO (Nacional/Uru).

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CAMPEÃOA Itália conquistou o título seu primeiro título mundial em 1934. Comandada pelo artilheiro Schiavio, a Azzurra fez uma campanha impecável (quatro vitórias e um empate). Mas o título não foi fácil. Apenas a estréia contra os Estados Unidos terminou com goleada (7 a 1).Nas quartas-de-final, os italianos tiveram que jogar duas vezes contra a Espanha. O primeiro jogo terminou com empate por 1 a 1. Na partida decisiva, vitória da Itália por 1 a 0. Meazza fez o gol que manteve a equipe na competição.O adversário da semifinal foi a Áustria. O campo de Milão estava pesado e a Azzurra tinha que superar o desgaste físico do confronto com a Espanha. Meazza fez o único gol e foi novamente o herói italiano.A final da Copa de 1934 foi disputada por Itália e Tchecoslováquia, no dia 10 de junho de 1934, em Roma. O jogo foi muito nervoso. Os tchecos saíram na frente aos 25 minutos do segundo tempo, gol de Puc. Os italianos só conseguiram o empate aos 40 minutos, através de Orsi. O jogo foi para a prorrogação. O gol do título foi feito pelo artilheiro Schiavio, aos cinco minutos do tempo extra.

Jogos do campeão• Oitavas-de-Final (25/05/1934)Itália 7 x 1 EUALocal: Estádio Partido Nacional Facista RomaÁrbitro: René Mercet (Suíça)Público 44.798Gols: Schiavio (3), Orsi (2), Meazza e Ferrari (Ita) E Donelli (EUA)Itália: Combi, Rosetta, Allemandi, Pizziolo, Monti, Bertolini, Guarisi, Meazza, Schiavio, Ferrari e Orsi.

• Quartas-de-Final (31/05/1934)Itália 1 x 1 Espanha (Prorrogação 0 x 0)Local: Estádio G. Berta FlorençaÁrbitro: Louis Baert (Bélgica)Público 43.000Gols: Ferrari (Ita), Guerreiro (Esp).Itália: Combi, Monzeglio, Allemandi, Pizziolo, Monti, Castellazi, Guaita, Meazza, Schiavio, Ferrari e Orsi.

• Desempate das quartas-de-final (01/06/1934)Itália 1 x 0 EspanhaLocal: Estádio G. Berta FlorençaÁrbitro: René Mercet (Suíça)Público 43.000Gols: Meazza (Ita)Itália: Combi, Monzeglio, Allemandi, Ferraris IV, Monti, Bertolini, Guaita, Meazza, Borrel II, Demaria e Orsi.

• Semifinal (03/06/1934)Itália 1 x 0 ÁustriaLocal: Estádio San SiroÁrbitro: Ivan Eklind (Suécia)Público: 35.000Gols: Guaita (Ita).Itália: Combi, Monzeglio, Allemandi, Ferraris IV, Monti, Bertolini, Guaita, Meazza, Schiavio, Ferrari e Orsi.Áustria: Platzer, Cisar, Sesta, Wagner, Smistik, Urbanek, Zischek, Bican, Sindelar, Schall e Viertl.

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• Final (10/06/1934)Itália 2 x 1 TchecoslováquiaLocal: Estádio Partido Nacional Facista RomaÁrbitro: Ivan Eklind (Suécia), auxiliado por Langenus e Baert (Bélgica).Público: 73.202 (recorde da competição)Gols: Puc (Tch), aos 70`, Orsi (Ita), aos 80, e Schiavio (Ita), aos 95".Itália: Combi (C) , Monzeglio, Allemandi, Ferraris IV, Monti, Bertolini, Guaita, Meazza, Schiavio, Ferrari e Orsi.

DESTAQUESO artilheiro: Schiavio (Itália)O destaque internacional da Copa de 1934 foi Schiavio. O atacante da seleção italiana foi artilheiro da competição com quatro gols. Ele marcou em momentos decisivos para o sucesso italiano na competição. Schiavio fez o gol na prorrogação contra a Tchecoslováquia na final da Copa do Mundo. Foi o tento que deu o tão sonhado título mundial de 1934 para a Azzurra. Seleção eleita pela imprensa presenteZamora (Espanha), Monzeglio (Itália) e Quincoces (Espanha); Ferraris (Itália), Cambal (Tchecoslováquia) e Monti (Itália); Guaita (Itália), Meazza (Itália), Conen (Alemanha), Nejedly (Tchecoslováquia) e Orsi (Itália).

Curiosidades- A Copa de 1934 deveria ter sido disputada na Suécia. O país desistiu do evento por estar vivendo problemas financeiros. A Itália fez um evento bem organizado e conseguiu valiosos lucros para o país.- O argentino Orsi jogou pela Itália depois de ter sido campeão Sul-americano pela país platino. O atacante se transferiu para o futebol italiano e foi cinco vezes campeão pela Juventus. Em 1936, ele voltou para a Argentino e chegou a atuar pelo Flamengo. Foi campeão carioca em 1939. Outro argentino no elenco italiano era Demaria, que em 1934 atuava pelo Gimnasia y Esgrima. 4 gols: Conen (Ale); Schiavio (Ita); Nejedly (Tch).

• Final Itália 2 x 1 Tchecosováquia

Pos País Pontos J V E D GP GC1° Itália 9 5 4 1 - 12 32° Tchecolosváquia 6 4 3 - 1 9 63° Alemanha 6 4 3 - 1 11 84° Áustria 4 4 4 - - 7 75° Espanha 3 3 1 1 1 4 36° Hungria 2 2 1 - 1 5 47° Suíça 2 2 1 - - 5 58° Suécia 2 2 1 - 1 4 49° Argentina 0 1 - - 1 2 310° França 0 1 - - 1 2 311° Holanda 0 1 - - 1 2 312° Romênia 0 1 - - 1 1 213° Egito 0 1 - - 1 2 414° Brasil 0 1 - - 1 1 315° Bélgica 0 1 - - 1 2 516° EUA 0 1 - - 1 1 7

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França - 1938O clima na Europa em 1938 era tenso. A ascensão do nazismo e os delírios de Hitler prenunciavam uma era de guerras e incertezas. A Espanha estava mergulhada numa sangrenta guerra civil e a Alemanha começava a expandir os seus tentáculos pelo continente, anexando a Áustria ao seus territórios.

E foi neste contexto que a França organizou a terceira Copa do Mundo, entre os dias 4 e 19 de junho. O presidente da Fifa, Jules Rimet, decidiu não adiar a competição por acreditar que o futebol conseguiria promover a paz - pelo menos dentro de campo. A Itália, atual campeã, e o Brasil, entram na competição como favoritos. Pela primeira vez, a seleção nacional levava o que tinha de melhor para disputar a Copa do Mundo. Craques como Domingos da Guia e Leônidas da Silva dão um show em campo, mas a falta de experiência em competições internacionais faz com que o Brasil perca para a Itália. Na final, os italianos batem a surpreendente Hungria e conquistam o bicampeonato.

Entretanto, foi difícil não perceber o cheiro de tragédia no ar. O episódio mais desagradável do Mundial foi protagonizado pela Alemanha. Depois de impedir a participação da Áustria, que havia conquistado a vaga nas Eliminatórias, os alemães obrigaram alguns dos melhores jogadores austríacos a vestirem o uniforme do füher.

A Copa foi disputada no sistema mata-mata. Se o jogo terminasse empatado, uma nova partida seria realizada dias depois. Como a Áustria não pôde participar, o Mundial foi disputado por 15 equipes. A Suécia, que enfrentariam os austríacos nas oitavas-de-final, foi a única equipe que entrou diretamente nas quartas-de-final..BRASILO Brasil nas eliminatóriasO Brasil foi beneficiado pela desistência da Bolívia. Assim, a seleção não precisou disputar as Eliminatórias para garantir a vaga no Mundial. Cuba, Romênia e Índias Holandesas também se classificaram pela desistência de seus adversários. Pela primeira vez, o campeão do ano anterior e os donos da casa não precisaram disputar as Eliminatórias.Pela primeira vez, o Brasil foi disputar uma Copa do Mundo com seus melhores craques. A equipe contava com grandes jogadores e, pelo menos, dois gênios: Domingos da Guia e Leônidas da Silva. Assim, a seleção brasileira desembarcou na França como uma das favoritas à conquista do título. Mas a CBD continuava a fazer trapalhadas fora do campo. A maior delas foi a convocação do atacante Nigrinho, que jogava na Lazio, da Itália. Os dirigentes da CBD só descobriram que não poderiam utilizar o jogador dias antes do início do Mundial, quando a seleção já estava na França. Nigrinho não pôde ser utilizado pois já possuía uma inscrição pela Itália.Outro problema enfrentado pelo Brasil foi a falta de experiência em competições internacionais. A seleção participou apenas da Copa América de 1937, quando perdeu a final para a Argentina.O Brasil estreou no Mundial contra a Polônia, numa partida histórica. O atacante Leônidas da Silva marcou quatro gols e foi o destaque do jogo. Nas quartas-de-final, outra batalha. A vitória contra a Tchecoslováquia só aconteceu depois de dois jogos dramáticos. Um empate em 1 a 1 na primeira partida e uma vitória por 2 a 1 no segundo jogo, realizado menos de 48 horas depois do primeiro. Cansado, o Brasil foi enfrentar a Itália, pela semifinal. O técnico Ademar Pimenta resolveu poupar Leônidas da Silva para a grande decisão. Sem o melhor jogador, o Brasil não encontrou o seu jogo. Mesmo assim, a seleção brasileira segurou o empate até os 10 minutos do segundo tempo, quando Colaussi abriu o placar. Cinco minutos depois, o golpe de misericórdia: Domingos da Guia chuta um italiano sem bola e o juiz marca pênalti. Meazza converte e enterra o sonho brasileiro de levar a taça. Nem mesmo o gol de Romeu no finalzinho evita a derrota.

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Resta ao Brasil lutar pelo terceiro lugar, contra a Suécia. A vitória vira uma questão de honra e o escrete brasileiro não deixa por menos, marcando 4 a 2. Leônidas balança as redes por duas vezes e termina a Copa como artilheiro. O Brasil deixa a França com a cabeça erguida, mesmo sabendo que poderia ter tido um resultado melhor.

O destaque brasileiro: Domingos da GuiaEm 1938, Domingos da Guia tinha a fama de ser um dos maiores zagueiros do mundo. Entretanto, na semifinal contra a Itália, o "Divino Mestre" cometeu uma falha infantil, que acabou eliminando o Brasil do Mundial. Num lance sem bola, Domingos da Guia revidou uma agressão recebida do atacante Piola. Para azar do Brasil, o juiz viu e marcou pênalti. Meazza converteu a cobrança a sepultou as esperanças brasileiras de chegar à final.Mesmo assim, Domingos Antônio da Guia é considerado o melhor zagueiro brasileiro de todos os tempos. Nascido na cidade do Rio de Janeiro a 24 de julho de 1917, Domingos da Guia começou a sua carreira no Bangu. Desde o ínicio, o jogador encantou por sua extrema habilidade, levando a torcida ao delírio quando driblava os atacantes dentro da área.No começo da década de 30, Domingos da Guia atuou no Peñarol, do Uruguai, onde é aclamado "El Divino Mestre", aos 20 anos de idade. Jogou ainda no Vasco da Gama, Boca Juniors, Flamengo, Corinthians e, novamente, Bangu, onde encerrou a carreira, em 1948.

Jogos do Brasil• Oitavas-de-finalBrasil 4 x 4 Polônia (Prorrogação: Brasil 2 x 1 Polônia)Data: 05 de junho de 1938Local: Estádio do Racing Strasbourg (Estrasburgo)Árbitro: Ivan Eklind (Suécia)Público: 13.882Gols: Leônidas, aos 18', Willimowski, aos 22', Romeu, aos 25' e Perácio, aos 44' do 1º tempo; Piontek, aos 5', Leônidas 27' e Willimowski, aos 14' e 43' do 2º tempo; Leônidas, aos 3' e Willimowski, aos 12'do 1º tempo da prorrogação; Leônidas, aos 2' do 2º tempo da prorrogação.Brasil: Batatais; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas, Perácio e Hércules.

• Quartas-de-finalBrasil 1 x 1 Tchecoslováquia (Prorrogação: Brasil 0 x 0 Polônia)Data: 12 de junho de 1938Local: Estádio Municipal (Bordeaux)Árbitro: Paul VonHertzka (Hungria)Público: 14.000Gols: Leônidas, aos 30' do 1º tempo e Nejedly, aos 19' do 2º tempo.Brasil: Wálter; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Romeu, Leônidas, Perácio e Hércules.

• Quartas-de-final (jogo desempate) Brasil 2 x 1 TchecoslováquiaData: 14 de junho de 1938Local: Estádio Municipal (Bordeaux)Público: 15 mil Gols: Kopecky, aos 30' do 1º tempo; Leônidas, aos 11' e Roberto, aos 18' do 2º tempo.Brasil: Wálter; Jaú e Nariz; Brito, Brandão e Argemiro; Roberto, Luizinho, Leônidas, Tim e Patesko.Tchecoslováquia: Burkert; Burger e Daucik, Kostalek, Boucek e Luedl; Horak,

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• SemifinaisBrasil 1 x 2 ItáliaData: 16 de junho 1938Local: Estádio Jean Boin (Marselha)Árbitro: Hans Wuthrich (Suíça) Público: 35 mil Gols: Colaussi, aos 10'; Meazza, aos 15' e Romeu, aos 42' do 2º tempo. Itália: Olivieri; Foni e Rava; Serantoni, Andreolo e Locatelli; Biavati, Meazza, Piola, Ferrari e Colaussi. Brasil: Wálter; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Luizinho, Romeu, Perácio e Patesko.

• Disputa do 3° lugar Brasil 4 x 2 SuéciaData: 19/06/1938Local: Estádio Municipal (Bordeaux)Árbitro: John Langenus (Bélgica) Público: 15 milGols: Johasson, aos 18'; Nyberg, aos 38' e Romeu, aos 43' do 1º tempo; Leônidas, aos 18' e aos 28' e Perácio, aos 35' do 2º tempo. Brasil: Batatais; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Brandão e Afonsinho; Roberto, Romeu, Leônidas, Perácio e Patesko.Suécia: Abrahamsson; Eriksson e Nilsson; Almgren, Linderholm e Svanstroem; Nyberg, Johasson, Harry Andersson, Ake Andersson e Persson.

Jogadores do BrasilGoleiros: Batatais (Fluminense) e Walter (Flamengo).Zagueiros: Domingos da Guia (Flamengo), Machado (Fluminense), Jaú (Vasco da Gama) e Nariz (Botafogo).Meio-de-campo: Zezé Procópio (Botafogo), Brito (América/RJ), Afonsinho (São Cristóvão) e Argemiro (Portuguesa Santista).Atacantes: Lopes (Corinthians), Romeu (Fluminese), Leônidas da Silva (Flamengo), Perácio (Botafogo), Hércules (Fluminense), Roberto (São Cristóvão), Luizinho (Palestra Itália), Tim (Fluminense), Niginho (Lazio/Ita) e Patesko (Botafogo).

CAMPEÃO

Se o Uruguai foi o grande papa-títulos da década de 20, a Itália ficou com o cargo na década seguinte. A Esquadra Azzura tornou-se a primeira seleção a conquistar o bicampeonato do mundo, vencendo os mundiais de 34 e 38. Além disso, os italianos faturaram as Olimpíadas de Berlim, em 1936.Mesmo contando com apenas três jogadores que conquistaram o título em 1934, a campanha da Itália foi excelente. Depois de uma vitória apertada na estréia contra a Noruega, conseguida na prorrogação, a seleção italiana se acertou. Nas quartas-de-final enfrentou os donos da casa e não tomou conhecimento: venceu por 3 a 1, com uma grande atuação de Piola.O adversário na semifinal seria o Brasil, que vinha de duas batalhas contra a Tchecoslováquia. Cansados e inexperientes, os brasileiros não souberam suportar a pressão italiana, que venceu por 2 a 1 e garantiu uma vaga na final, contra a Hungria.Na decisão, os húngaros contaram com o apoio da torcida francesa, mas sucumbiram diante do futebol italiano. A vitória por 4 a 2 colocou o técnico Vittorio Pozzo no panteão dos heróis italianos, pois ele levou a seleção a dois títulos mundiais consecutivos.

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Jogos do campeão• Oitavas-de-FinalItália 1 x 1 Noruega (Prorrogação: Itália 1 x 0 Noruega)Data: 05 de juho de 1938Local: Estádio Jean Boin (Marselha)Público 17 milGols: : Ferraris II, aos 2' do 1º tempo; Brustad, aos 38' do 2º tempo e Piola, aos 4' do 1º tempo da prorrogaçãoItália: Olivieri; Monzeglio e Rava; Serantoni, Andreolo e Locatelli; Pasinati, Meazza, Piola, Ferrari e Ferraris II.

• Quartas-de-FinalItália 3 x 1 FrançaData: 12 de junho de 1938Local: Estádio Colombes (Paris)Público 58.455Gols: Colaussi, aos 9' e Heisserer, aos 10' do 1º tempo; Piola, aos 7' e 27' do 2º tempo.Itália: Olivieri; Foni e Rava; Serantoni, Andreolo e Locatelli; Biavati, Meazza, Piola, Ferrari e Colaussi.

• SemifinaisItália 2 x 1 BrasilData: 16 de junho de 1938Local: Estádio Jean Boin (Marselha)Público: 35 milGols: Colaussi, aos 10'; Meazza, aos 15' e Romeu, aos 42' do 2º tempo.Itália: Olivieri; Foni e Rava; Serantoni, Andreolo e Locatelli; Biavati, Meazza, Piola, Ferrari e Colaussi. Brasil: Wálter; Domingos da Guia e Machado; Zezé Procópio, Martim e Afonsinho; Lopes, Luizinho, Romeu, Perácio e Patesko.

• FinalItália 4 x 2 HungriaData: 19 de junho de 1838Local: Estádio Colombes (Paris)Público: 55 milGols: Colaussi, aos 5' e 35'; Piola, aos 16' e Titkos, aos 7'do 1º tempo; Sarosi, aos 25' e Piola, aos 37' do 2º tempo.Itália: Olivieri; Foni e Rava; Serantoni, Andreolo e Locatelli; Biavati, Meazza, Piola, Ferrari e Colaussi.

DESTAQUESO artilheiro: Leônidas (Brasil)Leônidas da Silva foi, junto com Arthur Friedenreich, o grande craque brasileiro nos primórdios do futebol no país. Dono de um estilo único, ágil e vibrante, o "Diamante Negro" foi um dos inventores da bicicleta. Nascido no dia 06 de setembro de 1913, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro, Leônidas começou a sua carreira no time do bairro, o São Cristóvão. Depois, Leônidas passou pelo Barroso, Sul-americano, Sírio Libanês e Bonsucesso, até se transferir para o Peñarol, do Uruguai, em 1933.Leônidas ficou apenas uma temporada no Uruguai, sendo contratado em seguida pelo Vasco da Gama. Depois, o jogador ainda atuou pelo Botafogo carioca antes de se transferir para o Flamengo.No início da década de 40, Leônidas brigou com os dirigentes do Mengão e foi jogar no São Paulo, onde se tornou o maior jogador da história do Tricolor, ganhando os campeonatos paulistas de 1943, 1945, 1946, 1948 e 1949.

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A transferência de Leônidas do Flamengo para o São Paulo foi a mais cara da época, custando 200 contos-de-réis. Sua estréia pelo Tricolor, no dia 24 de abril de 1942, registrou o maior público do estádio do Pacaembu: 74.078 pessoas pagaram para ver a partida entre São Paulo e Corinthians.Pela seleção, fez sua estréia em 1932, aos 19 anos. Jogou as Copas do Mundo de 1934 e 1938, tornando-se o primeiro brasileiro a abocanhar a artilharia do Mundial. No total, Leônidas fez 19 partidas oficiais com a camisa da seleção, marcando 21 gols.Leônidas abandonou o futebol em 1951 e hoje mora em São Paulo. O destaque: Vittorio Pozzo (Itália)Vittorio Pozzo conseguiu uma proeza até hoje não alcançada. Ele foi o único técnico que venceu duas Copas do Mundo, dirigindo a Itália nas campanhas de 1934 e 1938. Nascido em Turim, no dia 2 de março de 1886, Pozzo foi jogador do Torinense e do Grasshoppers. Jogou ainda na França e na Inglaterra. Foi um dos maiores treinadores do Torino. Em 1912, foi convidado para dirigir a Itália, nas Olimpíadas de Estocolo. A carreira de treinador foi interrompida em meados da década de 10, pois Pozzo foi convocado para defender a Itália na 1ª Guerra Mundial.O grande comandante morreu em 21 de dezembro de 1968. Em 1990, o Torino resolveu homenagear o treinador, batizando seu novo estádio de Vittorio Pozzo.Curiosidades- O Brasil acreditava tanto na vitória contra a Itália, na semifinal, que comprou as passagens aéreas para Paris com antecedência. Depois de perder a partida, os dirigentes brasileiros se recusaram a vender os bilhetes para os italianos, que tiveram que ir de Marselha a Paris de trem.- Quando corria para cobrar o pênalti contra o Brasil na semifinal, o atacante italiano Meazza teve uma desagradável surpresa: o cordão que prendia o seu calção arrebentou. Sem outra alternativa, Meazza segurou o calção e cobrou, sem chance para o goleiro brasileiro. Na comemoração, os jogadores italianos cercaram Meazza para que ele pudesse trocar o calção.- As partidas entre Brasil e Tchecoslováquia foram verdadeiras guerras. Após o primeiro jogo, nada menos do que nove atletas brasileiros ficam contundidos. Pelo lado tcheco, o número de baixas é um pouco menor: oito. O jogo foi tão violento que dois jogadores da Tchecoslováquia foram parar no hospital.- Na histórica partida entre Brasil e Polônia, Leônidas da Silva protagonizou um lance pitoresco. Depois de um temporal ter alagado o campo de Estrasburgo, o jogador tirou as chuteiras para jogar melhor. E deu certo: Leônidas marcou um gol. Mas a festa do brasileiro acabou por aí, já que o árbitro Ivan Eklind mandou-o calçar as chuteiras.Artilheiros

8 gols: Leônidas (Brasil)7 gols: Zsengeller (Hungria)

• Semifinais16/06 - Itália 2 x 1 Brasil16/06 - Hungria 5 x 1 Suécia • Decisão do 3° lugar19/06 - Brasil 4 x 2 Suécia• Final 19/06 - Itália 4 x 2 Hungria

Classificação final Pos País Pontos J V E D GP GC1° Itália 8 4 4 0 0 11 52° Hungria 6 4 3 0 1 15 53° Brasil 7 5 3 1 1 14 114° Suécia 2 3 1 0 2 11 9

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Brasil - 1950Brasil, Espanha, Suécia e Uruguai classificaram-se para a fase final. Após a disputa de um quadrangular seria campeão a equipe que somasse mais pontos. Na primeira rodada, o Brasil não deu chances para os suecos, goleando por 7 a 1. A sorte estava ao lado dos brasileiros, pois na outra partida Espanha e Uruguai ficaram no 2 a 2. Nova goleada nacional na segunda rodada, 6 a 1 na Espanha. E, de virada, os uruguaios venceram a Suécia por 3 a 2. O título estava mais próximo do Brasil, que precisaria somente de um empate na última rodada para ser campeão. O palco da finalíssima foi o então recém-inaugurado Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Quase 200 mil pessoas presentes, esperando apenas o apito final para comemorar o título do Brasil. E a seleção confirmou seu favoritismo na etapa inicial, pressionando o Uruguai e desperdiçando oportunidades de gol. Mas, no intervalo, o placar permanecia como havia começado: 0 a 0. Logo aos 2 minutos do segundo tempo, Friaça, em um contra-ataque, converteu a superioridade brasileira em gol. O estádio explodiu em festa. Inexplicavelmente, a partir daí, a seleção parou, e os uruguaios começaram a pressionar. E aos 21 minutos, Schiaffino empatou a partida. Resultado que ainda servia ao time brasileiro. Mas os brasileiros sentiram o golpe, e aos 34 minutos, Ghiggia avançou pela direita e chutou cruzado, quase junto à linha de fundo. A bola pegou o goleiro Barbosa no contra-pé e foi parar no fundo do gol brasileiro, determinando o placar final do jogo: Brasil 1 x 2 Uruguai. O público ficou emudecido, não acreditando na derrota nacional. A primeira grande tragédia da história das Copas.

Forma de disputaNa primeira fase, as seleções foram divididas em quatro grupos. Dois de quatro países, um de três e um último com somente dois times. Os confrontos ocorreriam entre os selecionados de cada grupo. Os vencedores de cada chave garantiriam vaga para um agrupamento final, onde se enfrentariam em turno único. Seria campeã a seleção que somasse mais pontos ao final.

O destaque brasileiro: BarbosaA derrota na final da Copa também marcou o início de uma das mais injustas perseguições da história da competição. Barbosa, goleiro da seleção brasileira, até hoje não é perdoado pelo gol de Gighia, que deu ao Uruguai o título, mesmo tendo sido inocentado até mesmo por jogadores do time campeão. Imprópria condenação para um goleiro seguro que atuou em 20 partidas com a camisa da seleção brasileira.

Brasil 4 x 0 MéxicoData: 24/06/1950Local: Estádio do Maracanã, Rio de JaneiroPúblico: 81.700 espectadoresBrasil: Barbosa; Augusto, Ely, Danilo e Juvenal; Bigode, Friaça, Maneca e Baltazar; Ademir e Jair. Gols: Ademir, aos 32 min e 81 min; Jair, aos 66 min; e Baltazar, aos 72 min.

Brasil 2 x 2 SuiçaData: 28/06/1950Local: Estádio do Pacaembu, São PauloPúblico: 42.000 espectadoresBrasil: Barbosa; Augusto, Bauer, Danilo e Juvenal; Bigode, Friaça, Zizinho e Chico; Ademir e Jair. Gols: Alfredo, aos 2min; Fatton, aos 16min e 88 min; Baltazar, aos 31 min.

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Brasil 2 x 0 IugosláviaData: 01/07/1950Local: Estádio do Maracanã, Rio de JaneiroPúblico: 139.000 espectadores Brasil: Barbosa; Augusto, Bauer, Danilo e Juvenal; Bigode, Maneca, Zizinho e Chico; Ademir e Jair. Gols: Ademir, aos 3min; e Zizinho, aos 69 min.

Brasil 7 x 1 SuéciaData: 09/07/1950Local: Estádio do Maracanã, Rio de Janeiro Público: 139.000 espectadoresBrasil: Barbosa; Augusto, Bauer, Danilo e Juvenal; Bigode, Friaça, Zizinho e Chico; Ademir e Jair. Gols: Ademir, aos 17 min, 36 min, 52 min e 54 min; Chico, aos 39 min e 88min; Andersson ,aos 67 min; e Maneca, aos 85 min.

Brasil 6 x 1 EspanhaData: 13/07/1950Local: Estádio do Maracanã, Rio de JaneiroPúblico: 173.000 espectadoresBrasil: Barbosa; Augusto, Bauer, Danilo e Juvenal; Bigode, Friaça, Zizinho e Chico; Ademir e Jair. Gols: Ademir, aos 15 min e 57 min; Jair, aos 21 min; Chico, aos 31 min e 55min; Zizinho, aos 67 min; e Igoa, aos 71 min.

Brasil 1 x 2 UruguaiData: 16/07/1950Local: Estádio do Maracanã, Rio de JaneiroPúblico: 174.000 espectadoresBrasil: Barbosa; Augusto, Bauer, Danilo e Juvenal; Bigode, Friaça, Zizinho e Chico; Ademir e Jair. Uruguai: Máspoli; Matías González, Gambetta e Tejera; Andrade, Varela, Ghiggia e Pérez; Miguez, Schiaffino e Moran. Gols: Friaça, aos 47 min; Schiaffino, aos 66 min; e Ghiggia, aos 79 min.

Jogadores do BrasilGoleiros: Barbosa (Vasco da Gama), Castilho (Fluminense)Zagueiros: Augusto (Vasco da Gama), Juvenal (Flamengo), Nena (Grêmio), Nílton Santos (Botafogo/RJ) Meio-campistas: Bauer (São Paulo), Danilo (Vasco da Gama), Bigode (Flamengo), Ely (Vasco da Gama), Rui (São Paulo), Noronha (São Paulo) Atacantes: Friaça (São Paulo), Zizinho (Bangu), Ademir (Vasco da Gama), Jair (Palmeiras), Chico (Vasco da Gama), Alfredo (Vasco da Gama), Maneca (Vasco da Gama), Baltazar (Corinthians), Adãozinho (Internacional/RS) e Rodigues (Palmeiras) Técnico: Flávio Costa

Uruguai 8 x 0 BolíviaData: 02/07/1950Local: Estádio Independência, Belo HorizontePúblico: 13.000 espectadoresGols: Schiaffino, aos 14 min, 23 min, 45 min, 56 min e 59 min.; Vidal, aos 18 min.; Pérez, aos 73 min,; e Ghiggia, aos 83 min.Uruguai: Máspoli; Matías González, Juán González e Tejera; Andrade, Varela, Ghiggia e Pérez; Miguez, Schiaffino e Vidal.

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Uruguai 2 x 2 EspanhaData: 09/07/1950Local: Estádio do Pacaembu, São Paulo Público: 35.000 espectadoresGols: Ghiggia, aos 29 min; Basora, aos 32 e 39 min; Varela, aos 73 min.

Uruguai 3 x 2 SuéciaData: 13/07/1950Local: Estádio do Pacaembu, São PauloPúblico: 32.000 espectadoresGols: Palmer, aos 5 min; Ghiggia, aos 39 min; Sundqvist, aos 40 min; Miguez, aos 77 min e 85 min.

O artilheiro: Ademir de Menezes (Brasil)O brasileiro que mais gols marcou também foi o artilheiro da competição. Ademir Marques de Menezes, o Queixada, deixou sua marca nas redes adversárias em nove oportunidades (disputou seis partidas). Contra a Suécia, na fase final, marcou quatro vezes. Atuou no ataque ao lado de Zizinho e Jair da Rosa Pinto.Pernambucano do Recife, iniciou sua carreira no infanto-juvenil do Sport. Após uma excursão do time ao Rio de Janeiro, quando jogou muito bem, foi contratado pelo Vasco da Gama, participando do esquadrão conhecido como "Expresso da Vitória". Teve também uma breve passagem pelo Fluminense. Foi um dos maiores artilheiros da história vascaína, com mais de 300 gols em 429 jogos. Conquistou quatro títulos cariocas pelo clube cruzmaltino. Pela seleção, marcou 31 gols em 39 partidas disputadas entre 1945 e 53. Depois de se aposentar como jogador, foi por um tempo

O destaque: Obdulio Varela (Uruguai)O capitão da Celeste Olímpica na Copa do Mundo de 1950, Obdulio Varela, começou sua carreira no Pascual Somma e no Deportivo Juventud, em Montevidéu, capital uruguaia. Após um tempo transferiu-se para o Wanderers, em 1938. Quatro anos mais tarde, foi adquirido pelo Peñarol, onde venceu seis campeonatos nacionais, em 1944, 45, 49, 51, 53 e 54.

Curiosidades- Quando começou a Copa, em 24 de junho, o estádio do Maracanã ainda não estava terminado. Para sua construção foram necessários 435 mil toneladas de concreto. Por muito tempo manteve-se como o maior estádio do mundo. O público registrado na partida final, 173.850 pagantes é até hoje recorde mundial em Copas do Mundo.- a Copa do Mundo de 1950 contou pela primeira vez com seleções britânicas; Inglaterra e Escócia classificaram-se por meio do antigo Campeonato Britânico de Seleções, que foi disputado entre 1884 e 1984, sendo a mais antiga competição entre seleções nacionais.- Cerca de um mês antes do início do Mundial, Brasil e Uruguai se enfrentaram três vezes, pela Copa Rio Branco. Os brasileiros perderam o primeiro jogo por 4 a 3, e ganharam os seguintes: 3 a 2 e 1 a 0.

9 gols: Ademir (Brasil)6 gols: Schiaffino (Uruguai)

Pos País PG J V E D GP GC SG1° Uruguai 7 4 3 1 0 15 5 102° Brasil 9 6 4 1 1 22 6 163° Suécia 5 5 2 1 2 11 15 -44° Espanha 7 6 3 1 2 10 12 -2

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Suiça - 1954Com uma situação estável em meio ao caos que tomou conta da Europa após a 2ª Guerra Mundial, a Suíça não teve dificuldade para levar o direito de organizar e receber a 5ª Copa do Mundo, que aconteceria em 54. A neutralidade do país na Guerra e os bons resultados nos últimos Mundiais, em 38 e 50, fizeram com que a Copa voltasse à Europa pela terceira vez.Ao total, 39 países se inscreveram para participar das eliminatórias, com destaque para Japão, China, Egito e Coréia do Sul, que estreavam. Eles foram divididos em 13 chaves e apenas 12 times classificaram-se. O grande destaque para o Mundial era a máquina húngara comandada pelo vice-presidente do Comitê de Esportes, Gusztav Sebes, que chegara à Copa credenciada pelo título olímpico em Helsinque (52), além de uma invencibilidade que já se prolongava por quatro anos. Já o Brasil amargava ainda a perda da Copa de 50, quando Ghiggia calou 200 mil pessoas no Maracanã. Levando um time reformulado, a seleção mudou a cor da camisa, mas o lado psicológico, ainda afetado pelo luto no estádio carioca, fez com que o time não fosse bem no torneio. Com goleadas incríveis, a Hungria foi confirmando seu favoritismo e impondo massacres em todos os seus adversários. Em todos os jogos, o time conseguiu a incrível marca de dois gols nos primeiros dez minutos. Mas na final, a Hungria caiu diante da Alemanha por 3 a 2, mesma equipe que havia sido batida por 8 a 3 na fase classificatória. O Estádio de Berna assistiu à segunda injustiça da história das Copas, quando o ponta Rahn anotou o gol decisivo a seis minutos do final. Foi a única derrota dos húngaros, que ainda ficaram mais dois anos sem conhecer a derrota. Justamente na maior decisão da sua história futebolística.

Forma de disputaNão sobraram críticas para o regulamento organizado pelos suíços. Nas eliminatórias, os 39 times foram divididos em 13 chaves. As equipes foram dividas conforme sua posição geográfica. Dos dez grupos formados por europeus, quatro tinham apenas dois representantes. Já outras cinco eram compostas por três times, enquanto a outra tinha quatro seleções. Apenas nesta última chave, dois times se asseguravam para a Copa. Por fim, uma chave com sul-americanos, outra com membros da América Central e do Norte, além de um grupo asiático. Definidos os 14 classificados, as equipes se somaram à Suíça, país-sede, e Uruguai, atual campeão.Na Copa do Mundo, mais críticas aos organizadores. Os 16 times foram divididos em quatro chaves de quatro times cada. Mas desta vez, foi inventado um sistema maluco, na qual eram escolhidos dois cabeças-de-chave do grupo, que não se enfrentariam na primeira fase. Ao final dos quatro jogos, os dois melhores se classificariam para as quartas-de-final. A partir daí, o mata-mata tomava conta e apenas os vencedores passavam. Grupo 1: Iugoslávia, França, Brasil e MéxicoGrupo 2: Hungria, Alemanha Ocidental, Coréia do Sul e TurquiaGrupo 3: Áustria, Escócia, Uruguai e TchecoslováquiaGrupo 4: Inglaterra, Bélgica, Suíça e Itália

Paraguai 4 x 0 ChileChile 1 x 3 ParaguaiChile 0 x 2 BrasilParaguai 0 x 1 BrasilBrasil 1 x 0 ChileBrasil 4 x 1 Paraguai

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Trapalhadas marcam a passagem brasileira A superstição marcou a expedição brasileira rumo à Suíça. Acreditando que a Copa de 50 foi perdida por outros fatores, a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF) resolveu exorcizar a camisa branca usada na final contra o Uruguai. Foi escolhido um novo uniforme em um concurso promovido pela entidade, que acabou coroando o gaúcho Aldir Schlee. O modelito é o que utilizamos até hoje: camisa amarela e calção azul.Com uma nova mística, mas ainda com a cena do gol de Ghiggia na cabeça, o Brasil reformou sua equipe e chegou até às quartas-de-final, quando caiu diante da Hungria por 4 a 2. Na estréia, o time passou pelo México por 5 a 0, com dois gols do atacante Pinga. Didi exibiu sua "folha seca" e Julinho e Baltazar selaram a vitória brasileira.No segundo compromisso, uma cena patética promovida pelos jogadores. Um empate contra a Iugoslávia classificava os dois países para a próxima fase, mas ninguém da delegação brasileira sabia disso. O resultado foi uma correria desesperada promovida pelos jogadores dos dois times. O Brasil lutando para marcar, enquanto os iugoslavos estavam desesperados com a insanidade adversária.O jogo terminou empatado e os brasileiros saíram arrasados do gramado. Muitos choraram no ônibus e sentiram a perda. Tudo em vão, a queda brasileira viria nas quartas-de-final, quando tivemos a Hungria pela frente. O Brasil não teve a menor chance e ainda proporcionou uma briga antológica com os húngaros, que ficou conhecido como a "Batalha de Berna". Nela sobrou para todo mundo. Dirigentes, jogadores, jornalistas e torcedores quebraram o pau no vestiário e os brasileiros desembarcaram no Rio de Janeiro com a pinta de vencedor. Teve taça de campeão e festa para os "heróis brasileiros".

O destaque brasileiro: JulinhoJúlio Botelho foi um ponta-direita infernal. Talvez, o melhor ponta , depois de Mané Garrincha. Nascido em 1929, Julinho começou sua carreira na Portuguesa, onde foi um dos maiores destaques da equipe lusa. O time baseava todo seu jogo naquele jogador, que driblava e entortava zagueiros com muita facilidade.Foi o atleta mais batalhador de toda delegação brasileira na Copa, quando infernizou a vida dos grandalhões húngaros, que não conseguiam pará-lo facilmente. Julinho foi o artilheiro brasileiro, ao lado de Pinga e Didi, com dois gols. O ponta nunca foi um artilheiro nato, mas se destacou em todos os clubes que passou. Antes da Copa, foi um dos feitores da Academia montada pelo técnico Osvaldo Brandão no Palmeiras. Seu sucesso na Copa levou o jogador para a Itália, onde defendeu a Fiorentina, clube em que é ídolo até hoje. Mas, sem sombra de dúvida, a camisa que mais o destacou foi o alviverde do Parque Antártica.

Brasil 5 x 0 MéxicoData: 16 de junho de 1954Público: 17.500 Brasil: Castilho; Djalma Santos, Pinheiro, Nilton Santos, Brandãozinho, Bauer, Julinho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues. Téc: Zezé Moreira México: Motta; López, Gómez, Cárdenas, Romo, Ávalos, Torres, Naranjo, Lamadrid, Balcazar e Arellano. Téc: Vial. Gols: Baltazar, aos 23, Didi, aos 30, Pinga, aos 34, e Julinho, aos 43 minutos, do primeiro tempo; Pinga, aos 24 minutos, do segundo tempo.

Brasil 1 x 1 IugosláviaData: 20 de julho de 1930Público: 1.200 espectadoresBrasil: Castilho; Djalma Santos, Pinheiro, Nilton Santos, Brandãozinho, Bauer, Julinho, Didi, Baltazar, Pinga e Rodrigues. Téc: Zezé Moreira Gols: Moderato, aos 37 minutos do primeiro tempo; Preguinho, aos 12, Moderato, aos 28 e Preguinho, aos 38 minutos do segundo tempo.

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Hungria 4 x 2 Brasil Data: 27/06/1954 Público: 63.200 pessoas Árbitro: Arthus Ellis (Inglaterra) Expulsões: Nilton Santos e Humberto; Bozsik Gols: Hidegkuti, aos quatro e Kocsis, aos sete minutos do primeiro tempo; Djalma Santos, de pênalti aos 18 do primeiro tempo; Lantos, de pênalti aos 15, Julinho, aos 20 e Kocsis, aos 43 da etapa complementar. Brasil: Castilho; Pinheiro e Nilton Santos; Djalma Santos, Brandãozinho e Bauer (capitão); Julinho, Didi, Índio, Humberto e Maurinho. Técnico: Zezé Moreira.

Goleiros: Joel (América), Velloso (Fluminense) Zagueiros: Brilhante (Vasco), Itália (Vasco), Zé Luiz (São Cristóvão). Meio-campo: Hermógenes (América), Fausto (Fluminense), Fernando (Fluminense), Pamplona (Botafogo), Ivan Mariz (Fluminense), Benevenuto (Flamengo), Fortes (Fluminense), Oscarino (Ypiranga). Ataque: Poli (Americano), Nilo (Botafogo), Araken (sem clube), Preguinho (Fluminense), Teófilo (São Cristóvão), Benedito (Botafogo), Doca (São Cristóvão), Manoelzinho (Goytacaz), Carvalho Leite (Botafogo), Russinho (Vasco), Moderato (São Cristóvão). Técnico: Píndaro de Carvalho

A supresa alemã pára a HungriaNunca foram marcados tantos gols quanto na Copa do Mundo de 54. Para se ter uma idéia, a competição apresentou uma média de 5,4 gols por jogo e nenhum confronto terminou em 0 a 0. O grande show ficou por conta da máquina húngara de Puskas e Kocsis. O time aplicou goleadas memoráveis como o 9 a 0 sobre a Coréia do Sul logo na estréia. A seleção marcou 27 gols em cinco jogos, mas não levou o título.A Hungria perdeu na decisão para a frieza alemã por 3 a 2, apesar de ter ganho do mesmo adversário por 8 a 3 na fase classificatória. Naquele primeiro duelo, os alemães entraram com um time misto para estudarem o adversário e também descansar seu elenco. Mesmo sendo goleado, o técnico alemão, Sepp Herberger, saiu feliz do gramado, pois o grande astro da máquina húngara, o meia Kocsis, saiu contundido do jogo com o tornozelo direito completamente arrasado pelo resto da competição. O futebol de Puskas não foi o mesmo após isso, sendo que ele deixou de participar de duas partidas por causa dessa lesão. Jogou no sacrifício a decisão e a Alemanha acabou aproveitando para vencer e derrubar o favoritismo húngaro por 3 a 2. Depois da derrota na fase classificatório, os germânicos embalaram e destroçaram seus adversários. Com goleadas sobre a Turquia (7 a 2) e Áustria (6 a 1), o time se credenciou para decisão. Como em todos os jogos, a Hungria abriu 2 a 0 nos dez primeiros minutos de jogo com Puskas aos cinco minutos e Czibor aos oito. Quando tudo indicava para mais uma goleada, a Alemanha reagiu. Morlock anotou o primeiro aos dez minutos, com o empate sendo selado aos 18 com o ponta Rahn. A partir daí, o equilíbrio tomou conta da decisão e a frieza alemã foi mais uma vez essencial para a virada. Depois de aguentar uma pressão do ataque adversário, os comandados de Herberger roubaram uma bola de Bozsik e partiram em um desenfreado contra-ataque. Aos 39 minutos, Schäfer tocou para Rahn que desferiu um belo chute no canto direito do goleiro Grosics, decretando a virada alemã. Ainda a Hungria marcou um minuto depois, mas o gol foi anulado devido a um impedimento apontado pelo bandeirinha. Com isso, a Alemanha apenas segurou a bola para conquistar seu primeiro título mundial. Foi a primeira derrota da máquina montada pelo técnico Gyula Mandi em quatro anos. O time não perdia desde maio de 50, e ainda permaneceu sem perder depois da final de 54, até fevereiro de 56.

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• Primeira faseAlemanha 4 x 1 TurquiaData: 17/06/1954Alemanha: Turek; Laband, Kohlmeyer, Eckel, Posipal, Mai, Klodt, Morlock, Fritz Walter, Ottmar Walter e Schäfer. Téc: Sepp HerbergerGol: Suat, aos 2' e Schäfer, aos 14' do primeiro tempo; Klodt, aos 7', Ottmar Walter, aos 15' e Morlock, aos 39'do segundo tempo

Hungria 8 x 3 AlemanhaData: 20/06/1954Público: 56.000Hungria: Grosics; Buzansky, Lantos, Bozsik, Lorant, Zakarias, Toth, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Czibor. Téc: Guztav SebesAlemanha: Kwiatkowski; Bauer, Kohlmeyer, Posipal, Liebrich, Mebus, Rahn, Eckel, Fritz Walter, Hermann e Pfaff. Téc: Sepp HerbergerGols: Kocsis, aos 3' e aos 21', Puskas, aos 17' e Pfaff, aos 25' do primeiro tempo; Hidegkuti, aos 5'e 9', Kocsis, aos 22'e aos 33', Toth, aos 28', Rahn, aos 32' e Hermann, aos 36' do segundo tempo

Alemanha 7 x 2 TurquiaData: 23/06/1954Alemanha: Turek; Laband, Bauer, Eckel, Posipal, Mai, Klodt, Morlock, Fritz Walter, Ottmar Walter e Schäfer. Téc: Sepp HerbergerGols: Ottmar Walter, aos 7', Schäfer, aos 12', Mustafa, aos 21' e Morlock, aos 30', do primeiro tempo; Morlock, aos 15'e aos 32', Fritz Walter, aos 17', Schäfer, aos 34', e Lefter, aos 37'do segundo tempo

• Quartas-de-finalAlemanha 2 x 0 IugosláviaData: 27/06/1954Alemanha: Turek; Laband, Kohlmeyer, Eckel, Liebrich, Mai, Rahn, Morlock, Fritz Walter, Ottmar Walter e Schäfer. Téc: Sepp HerbergerGols: Horvat (contra) aos 9' do primeiro tempo e Rahn, aos 40' do segundo tempo

• SemifinaisAlemanha 6 x 1 ÁustriaData: 30/06/1954Público: 58.000Alemanha: Turek; Posipal, Kohlmeyer, Eckel, Liebrich, Mai, Rahn, Morlock, Fritz Walter, Ottmar Walter e Schäfer. Téc: Sepp HerbergerStojaspal, Probst e A.Körner. Gols: Schäfer, aos 31' do primeiro tempo; Morlock, aos 2', Probst, aos 6', Fritz Walter, aos 9'e aos 20' e Ottmar Walter, aos 16'e aos 44'do segundo tempo

• FinalHungria 2 x 3 AlemanhaData: 04/07/1954Público: 63.800Hungria: Grosics; Buzansky, Lantos, Bozsik, Lorant, Zakarias, Toth, Kocsis, Hidegkuti, Puskas e Czibor. Téc: Guztav SebesAlemanha: Turek; Posipal, Kohlmeyer, Eckel, Liebrich, Mai, Rahn, Morlock, Fritz Walter, Ottmar Walter e Schäfer. Téc: Sepp HerbergerGols: Puskas, aos 5', Czibor, aos 8', Morlock, aos 10' e Rahn, aos 18' do primeiro tempo; Rahn aos 39'do segundo tempo

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O artilheiro: Sándor Kocsis (Hungria)Kocsis nasceu em 1929 e foi um dos grandes cabeceadores do mundo. Quando ele subia, muitas defesas tremiam e os torcedores já esboçavam comemorar o gol. Presença marcante na área, o jogador fez parte do Honved, time que dominou o futebol húngaro entre 50 e 56, sendo a base para a seleção que foi campeã olímpica em 52 e o vice-mundial em 54, sendo o artilheiro da competição com 11 gols.Assim como seus companheiros de clube, fugiu da Hungria em 56, por causa dos problemas políticos que tomavam conta do país, com a entrada do socialismo e o início da Guerra Fria. Foi contratado pelo Barcelona, onde ficou até o encerramento de sua carreira. Ficou na Espanha após pendurar suas chuteiras e morreu em 1979.

O destaque: Ferenc Puskas (Hungria)O maior ícone do futebol húngaro nasceu em 2 de abril de 1927. Sua carreira começou no pequeno Kispet, onde se destacou com os seus petardos com a canhota, logo aos 10 anos. Seis anos depois, o time passou para a primeira divisão e chamou a atenção dos dirigentes do Honved, montado pelo vice-diretor do Comitê de Esportes, Gusztav Sebes, sendo contratado aos 19 anos. Foi o comandante da equipe, que tinha a base da seleção húngara com Kocsis, Czibor, Szusza e Bozsik. No Honved, levantou diversos títulos e foi o principal jogador do mundo no início dos anos 50. Mesmo não atuando em duas partidas da Copa de 54, foi eleito o melhor atleta do torneio. Depois disso teve uma passagem destacada pelo Real Madrid, quando atuou ao lado do argentino Di Stéfano, do brasileiro Didi e do espanhol Gento. A máquina espanhola conquistou três vezes a Copa dos Campeões, cinco títulos espanhóis e um Mundial Interclubes. Ao longo de toda sua carreira marcou mais de mil gols e é considerado um dos maiores artilheiros de todos os tempos. Só na seleção da Hungria, teve uma média espetacular de mais de um gol por jogos. Em 84 partidas, ele deixou sua marca por 85 vezes. Um feito que poucos atletas no mundo do futebol conseguiram igualar.

Curiosidades- Pela primeira vez, um técnico de uma das seleções participantes da Copa do Mundo pediu demissão durante a competição. O escocês Andy Batle não gostou das normas que impuseram sua delegação, que tinha apenas 13 jogadores por motivos de superstição e economia de gastos. Parece que o técnico tinha razão, já que os britânicos perderam seus dois jogos. Na estréia levou de 1 a 0 da Áustria e se despediram com um melancólico 7 a 0 diante do Uruguai.- Uma decisão insólita classificou os turcos para sua primeira Copa do Mundo. O seu adversário no caminho para a Suíça era a Espanha. No primeiro jogo, o time levou de 4 a 1 dos ibéricos. No confronto de volta, foi a vez dos turcos faturarem por 1 a 0. Como não havia o critério de desempate por saldo de gols, foi jogada uma terceira partida, que terminou empatada em 2 a 2. Com isso, a 16ª vaga foi decidida no sorteio e os turcos levaram a melhor. Franco Gemma, o menino que puxou a bolinha da Turquia, foi adotado como mascote da equipe, sendo levado para a Suíça. - O medo da delegação brasileira em enfrentar a Hungria nas quartas-de-final era tanta que um jogador, sujo nome não foi revelado, acabou tentando de tudo para fugir do jogo. Nas vésperas da partida, ele comeu pasta de dente para ter uma disenteria e não ser obrigado a enfrentar os fortes húngaros. - A Hungria entrou para história do Estádio de Wembley. O time impôs uma das maiores goleadas sobre a Inglaterra no seu tradicional estádio. A equipe massacrou os ingleses por 6 a 3, em um jogo desafio marcado pelo presidente da Federação Inglesa, Stanley Rous. Inconformados, foi marcado outro duelo, desta vez em...- Os sul-coreanos estrearam na Copa de forma mambembe. Ninguém da delegação sabia falar inglês ou qualquer outro idioma, sem ser o coreano, e por isso muitas vezes, os atletas tinham que ser conduzidos ao seu hotel por policiais. Na competição, a história não foi muito diferente. O time levou 16 gols em dois jogos e despediu-se com a pior campanha do torneio.

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Pos País Pontos J V E D GP GC1° Alemanha Ocidental 10 6 5 - 1 25 142° Hungria 8 5 4 - 1 27 103° Áustria 8 5 4 - 1 17 124° Uruguai 6 5 3 - 2 16 95° Suíça 4 4 2 - 2 11 116° Brasil 3 3 1 1 1 8 57° Inglaterra 3 3 1 1 1 8 3

Suécia - 1958O período de 8 a 29 de junho de 1958 nunca mais será esquecido para nós brasileiros. Das 85 nações filiadas à FIFA, 53 países se escreveram para disputar o maior mundial realizado até aquela data.Enquanto o mundo vivia o conturbado período da Guerra Fria, quando União Soviética e Estados Unidos disputavam a hegemonia mundial, o Brasil vivia o milagre de JK, com os seus cinqüenta anos em cinco. O crescimento da economia era fantástico, uma nova capital federal estava sendo construída no Planalto Central, gerando um clima de festa e esperança.O local para a reunião dos deuses do futebol foi a Suécia, escolhida em virtude de sua neutralidade à guerra, assim como acontecera com a Suíça em 54. Modernos estádios foram construídos em Goteborg e Malmoe.A campanha para a conquista do título começou no início do ano de 58, quando a CBD resolveu apostar numa revolução no futebol brasileiro. A Confederação aceitou um plano do empresário paulista, dono da TV Record, o inesquecível Paulo Machado de Carvalho, que foi também o chefe da delegação.A seleção verde-amarela iria reunir um dos maiores elencos da história do futebol com Garrincha, Djalma Santos, De Sordi, Gilmar, Nílton Santos, Dida, Bellini, Orlando, Zito, Didi, Vavá e Zagalo, sem contar com o coroamento de Pelé, o rei do futebol, em sua primeira Copa. Eles formariam um time épico, considerado por muitos como o maior do planeta em todos os tempos.Todos esses talentos do esporte tinham o comando do técnico Vicente Ítalo Feola, que durante a competição utilizou 16 dos 22 convocados. Feola, com seu temperamento discreto, soube durante o torneio ajustar o time até chegar à conquista do título mundial.Jules Rimet, o pai do futebol, o homem que dava nome à taça, faleceria em 16 de outubro de 1956, em Paris, sem conhecer o novo rei da modalidade e nem assistir aos esquemas 4-2-4 e 4-3-3 do brasileiro Feola.

Forma de disputa53 países se registraram na FIFA, mas apenas 51 acabaram participando das eliminatórias. 16 equipes se classificaram para a competição na Suécia.Os 16 participantes se dividiram em quatro chaves. Os dois melhores times de cada chave se classificaram para as quartas-de-final. Em caso de empate no número de gols, uma nova partida era necessária.Os oito vencedores das quartas-de-final se enfrentaram, resultando na semifinal com quatro equipes. Os dois vencedores fizeram a final, disputando o título mundial. Os dois perdedores jogaram pela terceira colocação.Grupo 1: Alemanha, Argentina, Irlanda do Norte e TchecoslováquiaGrupo 2: França, Paraguai, Iugoslávia e EscóciaGrupo 3: Suécia, México, Hungria e País de GalesGrupo 4: Inglaterra, URSS, Brasil e Áustria

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Filho de dona Celeste e de um ex-jogador de futebol conhecido como Dondinho, Édson Arantes do Nascimento nasceu em Três Corações, em Minas Gerais, no dia 23 de outubro de 1940.Dico, como era conhecido quando garoto nas peladas e nos campinhos de terra por onde passou, ficou conhecido quando jogava no Santos. Chegou ao clube em 1956 e lá permaneceu até o final de sua carreira, em 1977, quando defendeu a equipe do Cosmos, em Nova York, nos Estados Unidos.Numa época em que a FIFA não autorizava substituições, Pelé demonstrava um talento incomparável com a bola, do qual é impossível comentar sem a lembrança das imagens de suas inesquecíveis jogadas.Mas, por muito pouco o jovem talento, de 17 anos, não ficou de fora da competição. Num amistoso de despedida contra o Corinthians, Pelé acabou sofrendo uma séria contusão e acabou sendo vetado pelo departamento médico, mas Paulo Machado contrariou a decisão e apostou na presença da jovem promessa do esporte nacional.Mas a jovem promessa, em muito pouco tempo, deixou de existir, dando lugar ao maior jogador de toda a história do futebol, simplesmente um rei.O Brasil estreava arrasador contra a Áustria, vencendo por 3 a 0, mas um simples empate sem gols contra a Inglaterra alterava os planos do técnico brasileiro. O ataque formado por Joel, Mazola, Vavá e Zagalo parou frente à força da defesa inglesa e Pelé assistia ao empate brasileiro sem poder colaborar muito.No segundo jogo, o técnico Feola arriscava e Pelé, ainda com 17 anos, entrava em campo, pela primeira vez num Mundial, mas o show foi do atacante Vavá, que marcou os dois gols da vitória contra a União Soviética.Vindo com o primeiro lugar do grupo mais equilibrado da primeira fase do mundial, a seleção brasileira pegava País de Gales na semifinal. A partida foi muito disputada e a majestade do rei do futebol começava a aparecer em seu gol, aos 21 minutos do segundo tempo, que garantiu a vitória brasileira e a passagem para a próxima fase.Agora, o adversário era a França do artilheiro Just Fontaine. O Brasil fez 5 a 2 e Pelé marcou os três últimos gols da partida.Na grande final, Pelé mostrava ao mundo que o futebol tinha um novo rei, marcando mais dois gols contra a Suécia - Vavá fez dois e Zagalo, um - e trazendo ao Brasil a taça de campeão mundial de futebol.

Jogadores: Goleiros: GILMAR dos Santos Neves (Corinthians) e Carlos José CASTILHO (Fluminense)Zagueiros: Nilton DE SORDI (São Paulo F.C.), DJALMA SANTOS (Portuguesa de Desportos), Hideraldo Luiz BELLINI (Vasco da Gama), MAURO Ramos de Oliveira (São Paulo F.C.), NILTON SANTOS (Botafogo) e Valdemar Rodrigues Martins – ORECO (Corinthians).Meio-de-campo: DINO SANI (São Paulo F.C.), José Eli de Miranda – ZITO (Santos F.C.), ORLANDO Peçanha de Carvalho (Vasco da Gama) e ZÓZIMO Alves Calazáns (Bangu).Atacantes: Manoel Francisco dos Santos – GARRINCHA (Botafogo), JOEL Antonio Martins (Flamengo), Waldir Pereira – DIDI (Fluminense), MOACIR Claudino Pinto (Flamengo), Edvaldo Isídio Neto – VAVÁ (Vasco), José João Altafini – MAZZOLA (Palmeiras), Edson Arantes do Nascimento – PELÉ (Santos F.C.), Edvaldo Alves Santa Rosa – DIDA (Flamengo), Mário Jorge Lobo ZAGALO (Flamengo) e José Macia – PEPE (Santos F.C.).

Suécia - 1958O ataque que estreou na Copa do Mundo de 1958 tinha Joel, Mazola, Dida e Zagalo. Não tinha Pelé, nem Vavá. Ganhamos da Áustria na pequena cidade de Udevalla por 3 a 0. Mazola marcou um gol em cada tempo, Nilton Santos fez o outro. Um jogo nervoso, mas limpo e com resultado merecido. No segundo jogo, contra a Inglaterra, lá esteva ele em campo: Evaldo Izidio Neto, o Vavá. Faltou o gol: 0 a 0. No terceiro jogo,

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o duelo com a União Soviética em Goteborg. O ataque já tinha Garrincha no lugar de Joel. E o calouro Pelé na vaga de Mazola. O Brasil começa arrasador, com Garrincha dando show. Em poucos minutos, depois de uma bola na trave, gol do Brasil. Gol de Vavá. No segundo tempo, Brasil 2 a 0. Outro gol de Vavá. E a seleção brasileira garantia o primeiro lugar no grupo.Vavá não jogou contra País de Gales, pelas quartas-de-final, em Goteborg. O titular foi Mazola. Mas era dia de Pelé, que marcou seu primeiro gol numa Copa do Mundo. Brasil, 1 a 0, rumo à semifinal, para um duelo com a fantástica França, dona do melhor ataque, com seu artilheiro Just Fontaine. O time brasileiro, porém, contava com a defesa mais eficiente. E mostraria para o mundo algumas de suas estrelas, entre eles Vavá, o Peito de Aço.Fontaine colocou a França na frente, mas Vavá empatou. Didi marcou 2 a 1 ainda no primeiro tempo. Os franceses perdem Jonquet numa lance com Vavá e fica com dez homens até o final (ainda não eram permitidas substituições). Depois, só deu Pelé, que hipnotizou a defesa francesa com três lindos gols. Pinantoni ainda faria mais um para a França. Final, Brasil 5 a 2.Estávamos na final da Copa, mais uma vez, depois de 1950. Em Estocolmo, diante de 49.737 torcedores, a Suécia sai na frente, com um gol de Liedholm. Didi pega a bola do fundo do gol e, tranquilamente, leva-a até o centro do campo. A reação brasileira vai começar. Duas jogadas de Garrincha, dois gols de Vavá e o Brasil vira o jogo ainda no primeiro tempo: 2 a 1.Pelé marcou o terceiro no começo do segundo tempo. Zagalo fez o quarto e Simonsson ainda diminui para os suecos. E Pelé, de cabeça, fecha a goleada em Estocolmo: 5 a 2. O Brasil levanta a taça que ficou devendo em 50.Vavá, com cinco gols, termina como terceiro artilheiro da Copa, atrás de Pelé e do alemão Rahn, com seis, e do francês Just Fontaine, com 13. Mais tarde, Pelé faria um tributo a Vavá, seu parceiro de ataque. "Embora não tivéssemos atuado juntos no mesmo clube, fomos grandes companheiros na seleção. Em 58, começamos no banco, mas terminamos como titulares", ressaltou Pelé.O Rei considera Vavá um dos grandes destaques da Copa de 1958 e afirma que ele só não foi mais reconhecido porque, fora de campo, possuía um estilo caladão e levava um vida pacata, longe dos holofotes da imprensa. Pelé costumava brincar, dizendo que Vavá assustava os zagueiros porque tinha cara de buldogue. "Dentro de campo, ele fazia por merecer o apelido Peito de Aço", reverenciou o Rei.

Jogos do campeãoBrasil 3 x 0 Áustria (1 x 0)Brasil: Mazola (38'), Nilton Santos (51') e Mazola (89')Equipes:Brasil: Gilmar; De Sordi, Bellini (capitão), Orlando e Nilton Santos; Dino e Didi; Joel, Mazola, Dida e Zagalo.

Brasil 0 x 0 InglaterraPúblico: 40.895 pessoasBrasil: Gilmar, De Sordi, Bellini (capitão), Orlando e Nilton Santos, Dino e Didi, Joel, Mazola, Vavá e Zagalo.

Brasil 2 x 0 URSS (1 x 0)Público: 50.928 (recorde da competição)Brasil: Vavá (2') e (76')Brasil: Gilmar, De Sordi, Bellini (capitão), Orlando e Nilton Santos, Zito e Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo.

• Quartas-de-finaisBrasil 1 x 0 País de Gales (0 x 0)Público: 23.000 pessoas

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Brasil: Pelé (66')Brasil: Gilmar, De Sordi, Bellini (capitão), Orlando e Nilton Santos, Zito e Didi, Garrincha, Mazola, Pelé e Zagalo.

• SemifinalBrasil 5 x 2 França (2 x 1)Público: 27.100 pessoasBrasil: Vavá (1'30"), Didi (39'), Pelé (52', 64' e 75')França: Fontaine (8') e Piantoni (83')Brasil: Gilmar, De Sordi, Bellini (capitão), Orlando e Nilton Santos, Zito e Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo.França: Abbes, Kaelbel, Jonquet (capitão), Lerond, Penverne, Marcel, Wisnieski, Fontaine, Kopa, Piantoni e Vincent.

• FinalBrasil 5 x 2 Suécia (2 x 1)Público: 49.737 pessoasBrasil: Vavá (8' e 32'), Pelé (55'), Zagalo (68'), Pelé (90')Suécia: Liedholm (4') e Simonsson (80')Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Bellini (capitão), Orlando e Nilton Santos, Zito e Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo.

Artilheiro: Just Fontaine (França)O maior jogador da França na Copa de 58 nasceu em Casablanca, no Marrocos, onde seu pai, funcionário do governo francês, trabalhava.Sua participação nesse Mundial foi tão importante, que até hoje, passados mais de 40 anos, Justine Fontaine continua sendo o recordista de gols em uma Copa do Mundo.Saiu do Marrocos para defender a equipe do Nice. Jogou depois no Reims, em 54, um dos melhores times franceses de todos os tempos.Dois anos após ser a sensação da Copa do Mundo e estabelecer seu recorde, num infortúnio do destino fraturou a perna, quando levou um chute do jogador Sikou, num jogo contra o Sochaux. Este lance inusitado marcou o fim da carreira do grande goleador, que na época tinha apenas 29 anos e, em 27 jogos pela seleção francesa, marcou 20 gols.

CuriosidadesMachado assistiu ao primeiro jogo em que o Brasil venceu a Áustria por 3 a 0 com um terno marrom. Em todas as outras partidas brasileiras, ele compareceu com o mesmo terno. Não só na Suécia, mas também no bicampeonato no Chile.- Em fevereiro de 58, no Aeroporto de Riem, em um acidente aéreo, morreram oito jogadores do time do Manchester United, entre eles Taylor, Edwards, Byrne, três titulares da seleção inglesa, mas o técnico "Bob" Charlton se salvou e em 1966 se sagrou campeão mundial.- Pelé se contundiu em um amistoso contra o Corinthians e não ia para a Copa da Suécia. Contrariando a decisão de muitos, o dr. Paulo Machado insistiu na ida do jovem, na época com 17 anos, Édson Arantes do Nascimento, que seria a grande revelação brasileira para o mundo.

Artilheiros13 gols: Just Fontaine (França)6 gols: Pelé (Brasil) e Rahn (Alemanha)

Pos País Pontos J V E D GP GC 1º Brasil 11 6 5 1 0 16 4  2º Suécia 9 6 4 1 1 12 7  3º França 8 6 4 2 0 23 15

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Chile - 1962O Brasil estreou na Copa do Mundo de 1962, no Chile, com nove jogadores do time que fez a final de 1958. Mauro substituiía Bellini na zaga. Zózimo ocupava o lugar de Orlando na defesa. Feola, doente, dava o comando no banco a Aimoré Moreira. A chefia da delegação continuava com o Marechal da Vitória, Paulo Machado de Carvalho. A seleção brasileira estava no grupo 3, e disputaria seus jogos no estádio Sausalito, em Viña del Mar, contra Tchecoslováquia, México e Espanha.Na estréia, a seleção derrotou o México por 2 a 0, diante de 11 mil torcedores, gols de Pelé e Zagalo. Nenhum deles voltou a marcar naquele mundial – Pelé se machucaria na partida seguinte diante da Tchecoslováquia. A contusão de Pelé passou a ser o grande drama do Brasil. Empatamos com o tchecos por 0 a 0. Contra a Espanha, diante de 19 mil pessoas, o Brasil começou em desvantagem, tomando um gol de Abelardo, mas virou o jogo com dois gols de Amarildo, o substituto de Pelé, em jogadas de Garrincha. Mesmo no sufoco, o time brasileiro passava à segunda fase. Amarildo seria a solução.União Soviética e Iugoslávia também passaram à segunda fase, eliminando Colômbia e Uruguai. Num jogo sensacional, soviéticos e colombianos empataram por 4 a 4. No grupo 2, entre Chile, Suíça, Alemanha e Itália, travaram-se verdadeiras batalhas. Em plena época do futebol-arte, a violência em campo estava assustadora e fez com que o Comitê Disciplinar solicitasse uma reunião de emergência com todos os árbitros, após a primeira rodada, para exigir mais rigor. Alemanha e Chile acabaram alcançando a vaga. No grupo 4, deu Hungria e Inglaterra.Brasil e Inglaterra duelaram pelas quartas-de-final em Viña del Mar, que já vinha sendo a sede brasileira na Copa. Garrincha mandou no jogo e vencemos por 3 a 1. A Iugoslávia eliminou a Alemanha em Santiago por 1 a 0. Os chilenos foram até Arica, derrotaram a União Soviética e passaram a sonhar com o título. Em Rancágua, a Tchecoslováquia eliminou a Hungria, 1 a 0.No dia 13 de maio, as semifinais. Em Viña del Mar, a Tchecoslováquia batia a Iugoslávia por 3 a 1 e mais uma vez chegava à final. Em Santiago, num clima de comoção nacional, o Chile enfrentou o Brasil. A delegação brasileira viajou de trem, desceu duas estações antes de Santiago e seguiu de ônibus para o estádio, ludibriando a torcida chilena. Um plano perfeito do marechal Paulo Machado de Carvalho. Diante de 77 mil torcedores, o Brasil fez 4 a 2 nos chilenos, com show de Garrincha, que marcou dois gols e ainda foi expulso ao atingir Rojas, sem bola.Na final, dia 17 de junho, 71 mil torcedores no Estádio Nacional de Santiago. O jogo mais técnico do Mundial. O Brasil tomou um gol aos 15 minutos, de Masopust, mas Amarildo empatou em seguida. No segundo tempo, Zito marcou e virou o jogo: 2 a 1. O gol decisivo: Djalma Santos levanta para a área, Schroif, o goleiro tcheco, se atrapalha com o sol que bate no seu rosto, solta a bola e Vavá aproveita para fazer 3 a 1. Brasil, bicampeão.

Forma de disputaA Copa do Mundo de 1962 foi disputada no Chile entre 30 de maio e 17 de junho. Na primeira fase, os 16 times foram distribuídos em quatro grupos, assim constituídos:Grupo 1 – Colômbia, Uruguai, URSS e Iugoslávia (Estádio Carlos Dittborg - Arica)Grupo 2 – Chile, Suíça, Alemanha Ocidental e Itália (Estádio Nacional do Chile - Santiago)Grupo 3 – Brasil, México, Tchecoslováquia e Espanha (Estádio Sausalito – Viña del Mar)Grupo 4 – Argentina, Bulgária, Hungria e Inglaterra (Estádio Rancágua)As seleções jogaram entre si dentro de cada grupo, classificando-se as duas melhores de cada chave para as quartas-de-final. Desta etapa até a final foi adotado o sistema de eliminatória simples.

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BRASILO esquadrão que deu um show em terras suecas estava de volta. Pelé, Garrincha e toda a delegação que fez história em 1958 foi até o Chile para, mais uma vez, deixar o mundo encantado com o futebol verde-amarelo. Pelé, que vivia uma fase radiante na sua carreira, machucou-se no segundo jogo, contra a Tchecoslováquia, e deixou a Copa com apenas um gol marcado. Ficou no campo tentando atrair a marcação, já que naquela época ainda não existiam as substituições. A maior estrela do bicampeonato foi mesmo Mané Garrincha, que chamou para si toda a responsabilidade pelo título, marcando quatro gols e ajudando Amarildo e Vavá em tantos outros.A seleção não sofreu grandes alterações de 58 para 62. A mais fundamental dela foi, sem dúvida, a entrada do técnico Aimoré Moreira no lugar de Vicente Feola, que estava doente. O capitão Mauro também teve uma participação decisiva na conquista do título, ao substituir Bellini com personalidade e segurança. Além da grande campanha brasileira, a Copa de 62 também ficou marcada pelo excelente futebol apresentado pelos chilenos e, principalmente, pela seleção tcheca, que conseguiu sua classificação para a final de maneira surpreendente, marcando dois gols nos últimos dez minutos da semifinal contra a Iugoslávia.

Convocados da Seleção Goleiros – Castilho (Fluminense), Gilmar (Corinthians)Zagueiros – Altair (Fluminense), Bellini (Vasco da Gama), Djalma Santos (Palmeiras), Jair Marinho (Fluminense), Jurandir (São Paulo), Mauro (São Paulo), Nilton Santos (Botafogo) e Zózimo (Bangu). Meio-de-campo: Didi (Botafogo), Mengálvio (Santos), Zito (Santos) e Zequinha (Palmeiras) Atacantes: Amarildo (Botafogo), Coutinho (Santos), Garrincha (Botafogo), Jair da Costa (Portuguesa), Pelé (Santos), Pepe (Santos), Vavá (Palmeiras) e Zagallo (Botafogo) Técnico: Aymoré Moreira

Garrincha é uma das maiores lendas do futebol brasileiro. Seu futebol provocante e seu jeito irreverente encantou multidões. Atuava na ponta direita com dribles alegres e ousados. Mostrou o melhor do seu talento enquanto esteve no Botafogo, onde conquistou os títulos estaduais de 57, 61 e 62 e o Rio-São Paulo de 62 e 64, marcando 249 gols.Sua participação na seleção brasileira foi espetacular. Peça fundamental em todos os jogos que participou, Garrincha nunca perdeu uma partida sequer ao lado de Pelé. Sua atuação foi decisiva na conquista das Copas de 58 e principalmente em 62, quando Mané teve que jogar por ele e por Pelé, que abandonou o campeonato contundido.Mas a vida do craque, chamado de "alegria do povo", era recheada de tragédias. Bebia muito e teve uma carreira profissional abreviada também pelas constantes contusões no joelho. Apesar de ser um dos melhores jogadores do mundo, Garrincha terminou sua vida na miséria. Nunca soube negociar um bom contrato, frequentemente explorado pelos clubes que o contratavam. Para piorar, o advogado de sua ex-esposa Nair tirava cada centavo que o craque das pernas tortas faturava. Acabou se unindo à cantora Elza Soares. No final de carreira, já quase sem brilho, defendeu o Corinthians.

• Primeira faseBrasil 2 x 0 MéxicoData: 30/05/1962Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos, Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo.Gols: Zagallo, aos 11’ do segundo tempo, e Pelé, aos 27’ do segundo tempo (Brasil).

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Brasil 0 x 0 TchecoslováquiaData: 02/06/1962Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos, Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo.

Brasil 2 x 1 EspanhaData: 06/06/1962Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos, Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.Gols: Amarildo, aos 26’do segundo tempo, e Pelé, aos 44’ do segundo tempo (Brasil) e Adelardo, aos 35’do primeiro tempo (Espanha).

• Quartas-de-FinalBrasil 3 x 1 InglaterraData: 10/06/1962Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos, Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.Inglaterra: Sprinnget, Armfield, Moore e Wilson, Greaves, Norman e Flowers, Hitchens, Douglas, J. Haynes e B. Charlton.Gols: Garrincha, aos 32’ do primeiro e 14’ do segundo tempo, Vavá aos 8’ do segundo tempo (Brasil). Hitchens ao 39’ do primeiro tempo (Inglaterra).

• SemifinalBrasil 4 x 2 ChileData: 13/06/1962Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos, Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo.Chile: Escuti, Eyzaguirre, Raul Sanchez e Rodriguez, Contreras e Rojas, Ramirez, Toro, Landa, Tobar e Leonel Sanches.Gols: Garrincha, aos 9’ e 31’ do primeiro tempo, Vavá aos 48’ e 32’do segundo tempo (Brasil). Toro, aos 42’ do primeiro e 6’ do segundo tempo (Chile).

• FinalBrasil 3 x 1 TchecoslováquiaData: 17/06/1962Local: Estádio Nacional do Chile – SantiagoÁrbitro: Nikolai Latishev (URSS)Público: 68 milBrasil: Gilmar, Djalma Santos, Mauro e Nilton Santos, Zito e Zózimo; Garrincha, Didi, Vavá, Pelé e Zagallo.Tchecoslováquia: Schroif, Tichy, Popluhar e Novak, Pluskal e Masoputs, Pospichal, Scherer, Kadraba, Kvasnak e Jelinek.Gols: Amarildo, aos 16’ do primeiro tempo, Zito, aos 23’ minutos do segundo tempo, Vavá aos 32’do segundo tempo (Brasil). Masopust, aos 14’do primeiro tempo (Tchecoslováquia).

DESTAQUESDrazan Jerkovic, um croata na História O croata Drazan Jerkovic entrou para a história das Copas como o artilheiro de uma edição que menos marcou gols (apenas cinco). Jerkovic foi um dos mais importantes atacantes da seleção iugoslava na década de 60. Começou sua carreira no Dínamo de Zagreb (atual Croatia Zagreb) onde conquistou uma série de títulos como o Campeonato Iugoslavo em 58 e a Copa da Iugoslávia de 1960, 1963 e 1965.Uma contusão o tirou da Olimpíada de Roma no ano em que sua equipe foi medalha de ouro. No mesmo ano, Jerkovic foi um dos destaques da Iugoslávia na conquista do vice-campeonato da Eurocopa, em 1960.

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Curiosidades- A equipe brasileira esteve à beira de uma crise durante a Copa do Chile. O técnico Aymore Moreira queria substituir o capitão Mauro por Bellini. Inconformado, o jogador procurou Aymore e ameaçou abandonar o time e voltar para o Brasil caso fosse substituído. O técnico brasileiro pensou, pensou e resolveu ficar com Mauro. Para a sorte do Brasil, o zagueirão jogou bem todas as partidas e teve uma atuação exemplar como capitão da conquista.- A participação de Pelé na Copa de 62 foi uma grande decepção. Existia uma grande expectativa do público e da imprensa em torno da apresentação do famoso camisa 10 santista, mas Pelé sofreu um estiramento do músculo adutor da virilha direita logo no segundo jogo contra a Tchecoslováquia. Mesmo inutilizado, o craque brasileiro ainda ficou em campo para tentar atrair a marcação adversária, pois naquela época não eram permitidas alterações durante as partidas, mas não adiantou. O jogo terminou empatado em 0 a 0.- Garrincha foi o principal jogador do Brasil na Copa de 62, mas quase ficou de fora da final. Mané foi expulso no jogo contra o Chile por dar um pontapé no goleiro Rojas e pelas regras do torneio estava automaticamente excluído da competição. Conta-se que a CBD (Confederação Brasileira de Desporto) presenteou o juiz peruano Arturo Yamasaki com uma passagem aérea para o Brasil. Naturalmente, isso nunca foi comprovado, mas Garrincha passou por um rápido julgamento e ganhou o direito de jogar a final contra a Tchecoslováquia. O que mais beneficiou o craque na análise do júri foi o fato de o juiz peruano não ter entregue a súmula do jogo a tempo.

Artilheiros5 gols – Jerkovic (Iugoslávia);4 gols – Leonel Sanches (Chile), Albert (Hungria), Ivanov (URSS), Garrincha e Vavá (Brasil);

Pos País Pontos J V D E GP GC 1º Brasil 11 6 5 0 1 14 5  2º Tchecoslováquia 7 6 3 1 2 7 7  3º Chile 8 6 4 0 2 10 8

Inglaterra - 1966Copa da violência e do apito suspeitoA Inglaterra levantou a taça, mas Portugal teve um passagem marcante na Copa de 1966. Os portugueses, comandados por Oto Glória, teve expressiva campanha nas eliminatórias e o futebol do mulato Eusébio já despontava para o mundo. E Portugal cairia justamente no grupo do Brasil, com sede em Liverpool e Manchester. A anfitriã Inglaterra faria seus jogos em Londres, no estádio de Wembley, contra Uruguai, França e México. O grupo de Sheffield e Birmingham contava com Argentina, Espanha, Alemanha (na época Ocidental) e Suíça. Em Sunderland e Middlesbrough ficaram Chile, Itália, União Soviética e Coréia do Norte.Portugal mostra sua força no grupo que seria o mais forte do Mundial. Bate a renovada Hungria, temida por sua tradição, por 3 a 1. O Brasil passa pela Bulgária, mas ninguém gostou do que viu: os dois gols de bola parada, marcados por Pelé e Garrincha, foram insuficientes para satisfazer os torcedores que esperavam um show de bola – mal sabiam eles que naquela Copa o Brasil seria uma negação, e vencer a Bulgária por 2 a 0 já estava de bom tamanho. Contra a Hungria, diante de 57 mil torcedores, o Brasil mostrou sua cara. Perdeu por 3 a 1. Pelé nem chegou a jogar: foi poupado. Tostão marcou nosso gol. Enquanto isso, Portugal metia 3 a 0 na Bulgária.

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Era a vez de Brasil e Portugal. Diante de 62 mil torcedores, caímos por 3 a 1 e fomos eliminados ainda na primeira fase – o maior vexame da nossa história. E olhem que naquele time tínhamos Pelé, Gerson, Tostão e Jairzinho, mas a administração foi uma lástima – Paulo Machado de Carvalho, o Marechal da Vitória, daquela vez havia ficado fora. A Inglaterra passou pela França por 2 a 0 e pelo México pelo mesmo placar, recompondo-se da tímida estréia em que empatou por 0 a 0 com o Uruguai, o segundo colocado da chave. No grupo 4, que parecia ser fácil, os coreanos surpreenderam o mundo ao empatar com o Chile por 1 a 1 e ganhar da Itália por 1 a 0. Ficaram com o segundo lugar da chave, apesar da derrota para a URSS por 3 a 0.Os coreanos protagonizaram o jogo mais emocionante das quartas-de-final, e por pouco não se transformam na maior zebra dos mundiais. Em poucos minutos, na base da correria e muita vontade, eles abriram uma vantagem de 3 a 0 contra Portugal. Mas aí começou a brilhar a estrela de Eusébio, que ainda no primeiro tempo marcou dois gols (ele faria quatro naquele jogo e terminaria a Copa como maior artilheiro, com nove). Portugal virou o jogo para 5 a 3. A União Soviética também passou pela Hungria por 2 a 1, um resultado pouco esperado. Os soviéticos tinham como destaque o goleiro Yashin, o Aranha Negra. Em Londres, diante de 90 mil pessoas, a Inglaterra despachava a Argentina por 1 a 0, no jogo marcado pela expulsão de Rattin e por uma polêmica declaração do técnico inglês Alf Ramsey sobre os argentinos: "São uns animais". O Uruguai teve problemas parecidos diante da Alemanha em Sheffield. Os uruguaios começaram melhor e Pedro Rocha teve tudo para fazer o gol: com uma bela cabeçada, venceu o goleiro, mas um toque de mão de Schenellinger tirou a bola em cima da linha. O juiz inglês Finney não marcou o pênalti. Tampouco marcaria falta nos inúmeros pontapés distribuídos pelos alemães. Os uruguaios Troche e Hector Silva revidaram e foram expulsos. No final, a Alemanha goleou por 4 a 0. Portugal vai a Londres para tentar desbancar os ingleses nas semifinais, mas não repete seu grande futebol. Em Wembley, 94 mil torcedores vêem o melhor jogo do Mundial. Com dois de Bobby Charlton, a Inglaterra vence por 2 a 1. Na outra semifinal, apesar da grande atuação do goleiro Yashin, a União Soviética cai diante da Alemanha por 2 a 1, num jogo marcado pela violência. Wembley, 95 mil torcedores. Sob a arbitragem atrapalhada e suspeita do suíço Gottfried Dienst, Inglaterra e Alemanha fazem a final. Depois do empate por 2 a 2 no tempo normal, os ingleses vencem na prorrogação por 2 a 0 e ficam com a taça. No último gol já havia gente dentro de campo para comemorar o título.

Forma de disputaA Copa de 1966 foi disputada entre 11 e 30 de julho. A primeira fase teve quatro grupos assim definidos:Grupo 1 – Uruguai, França, Inglaterra e México (Londres e Wembley)Grupo 2 – Argentina, Espanha, Alemanha Ocidental e Suíça (Sheffield e Birmingham)Grupo 3 – Brasil, Portugal, Hungria e Bulgária (Liverpool e Manchester)Grupo 4 – Chile, Itália, URSS e Coréia do Norte (Sunderland e Middlesbrough)

BRASILEntre a comissão técnica, torcedores brasileiros e mesmo entre a imprensa internacional a conquista do tricampeonato mundial era uma certeza. Por isso mesmo, quase todos os bicampeões foram convocados. Afinal de contas, mesmo quatro anos mais velhos, era justo que eles fossem tri. Mas muitas coisas não estavam acontecendo como em 1958 e 1962. Por exemplo: não havia a mesma organização, ponto fundamental das duas conquistas anteriores.No meio da confusão geral, o técnico Vicente Feola (o mesmo de 58) convocou 46 jogadores em final de março. Entre eles Amarildo, vindo da Itália e que seria o primeiro "estrangeiro" a ser chamado para a seleção.

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A apresentação ocorreu no dia 12 de abril e haveria três meses para a seleção fazer os treinamentos. Tempo mais do que suficiente para que fossem decididos os 22 nomes da lista final. O fato de serem convocados 46 jogadores criou uma grande disputa interna no grupo. Ninguém queria se entrosar com ninguém. Cada um queria provar que era o melhor. No embarque para a Europa no dia 17 de junho, a lista ainda tinha 27 jogadores. Mais cinco ainda seriam cortados. Depois de uma rápida excursão na Europa, um jornalista inglês declararia que Bellini e Garrincha estavam mortos. O espião brasileiro Ernesto Santos também não foi muito otimista: "o Brasil só será tri por milagre."As nuvens estavam se formando sobre a seleção e a primeira tempestade ameaçou cair logo no primeiro jogo da Copa: o Brasil venceu a Bulgária por 2 a 0, com gols de bola parada, de Pelé e Garrincha. No segundo, a tempestade desabou forte e a Hungria passaria pela "seleção tri" por 3 a 1. A confusão em Liverpool, sede brasileira, era tanta que Feola ainda não tinha decidido o time titular. Os jogadores revoltados pediram uma definição. O supervisor Carlos Nascimento interfere na escalação, tira nove jogadores do time do jogo anterior - inclusive Garrincha -, mas não consegue segurar os portugueses, que despacham a seleção canarinho por 3 a 1. Depois da campanha vergonhosa, só restou à seleção retornar quietinha ao Brasil.

Brasil 2 x 0 BulgáriaData: 12/07/1966Brasil: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Altair, Paulo Henrique, Denilson, Lima, Garrincha, Alcindo, Pelé e JairzinhoGols: Pelé, aos 15min; Garrincha, aos 63min

Hungria 3 x 1 BrasilData: 15/07/1966Hungria: Gelei, Kapozta, Matrai, Szapesi, Meszoly, Sipos, Bene, Mathesz, Albert, Farkas e RakosiBrasil: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Altair, Paulo Henrique, Gerson, Lima, Garrincha, Alcindo, Tostão e JairzinhoGols: Bene, aos 2min; Tostão, aos 14min; Farkas, aos 64min; Meszoly, aos 73min

Portugal 3 x 1 BrasilData: 19/07/1966Portugal: José Pereira, Morais, Batista, Vicente, Hilário, Jaime Graça, Coluna, José Augusto, Eusébio, Torres e SimõesBrasil: Manga, Fidélis, Brito, Orlando, Rildo, Denilson, Lima, Jairzinho, Silva, Pelé e ParanáGols: Simões, aos 15min; Eusébio, aos 26min; Rildo, aos 73min; Eusébio, aos 85min

Jogadores brasileiros Goleiros: Gilmar (Santos) e Manga (Botafogo) Defensores: Fidélis (Bangu), Djalma Santos (Palmeiras), Bellini (São Paulo), Brito (Vasco), Orlando (Santos), Altair (Fluminense), Rildo (Botafogo) e Paulo Henrique (Flamengo)Meio-de-campo: Denilson (Fliminense), Zito (Santos), Lima (Santos) e Gerson (Botafogo)Atacantes: Jairzinho (Botafogo), Garrincha (Corinthians), Alcindo (Grêmio), Tostão (Cruzeiro), Silva (Flamengo), Pelé (Santos), Edu (Santos) e Paraná (São Paulo)Técnico: Vicente Feola

A taça é dos ingleses Tudo acontecia na Inglaterra em 1966: muito LSD, a invenção da minissaia, a revolução dos Beatles. E para completar naquele ano a Copa do Mundo também seria inglesa. Muito mais inglesa do que todo o resto do mundo queria.

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Conta-se que o então presidente da Fifa, o inglês Stanley Rous, já havia feito uma pressão sobre asiáticos e africanos para conseguir levar o Mundial para seu país. Depois de ter conseguido a sede, a entidade teria colocado muitos árbitros ingleses para apitar, principalmente, os jogos dos adversários da Inglaterra. A Inglaterra levou a taça, mas não convenceu. O Mundial ficou marcado como o mais violento da história e com as arbitragens mais duvidosas de todos os tempos, com lances polêmicos, discutidos até hoje. Os ingleses dividiram o Grupo 1 com Uruguai, França e México. A estréia no Wembley Stadium, contra o Uruguai, no dia 11 de julho, contou com a presença de mais de 100 mil espectadores, entre eles a rainha da Inglaterra. Um jogo decepcionante que terminou em 0 a 0 e seria uma amostra do futebol que seria jogado durante aquele Mundial. Os uruguaios permaneceram o tempo todo na defesa e os ingleses no ataque. Entretanto, o time da Rainha não soube como chegar ao gol. Ao final da partida, os jogadores deixaram o campo sem ao menos se lembrar de cumprimentar "vossa majestade". Nos jogos seguintes, os donos da casa venceriam a França e o México pelo mesmo placar: 2 a 0. Sem um futebol empolgante, eles conseguiram avançar para a próxima fase. Nas quartas-de-final, os ingleses tiveram a ajuda do juiz no jogo contra a Argentina. Noventa mil torcedores compareceram ao estádio de Wembley. O árbitro alemão, Rudolf Kreitlein, não entendeu o que o argentino Rattin lhe disse (este falara em espanhol) e o expulsou do jogo. O jogador pediu um intérprete e não foi atendido. Depois do escândalo, os argentinos decidiram colocar os dez homens na defesa e rezar para o jogo terminar em zero a zero e ser decidido no sorteio. Mas o atacante Hurst acabou com o sonho argentino, faltando treze minutos para terminar a partida, marcando um gol de cabeça. Nas semifinais, novamente a Inglaterra joga em Wembley e recebe a sensação da Copa: os portugueses. As duas seleções fazem, para 94 mil torcedores, o melhor jogo do Mundial. Sem a mesma confiança que teve contra Hungria e Brasil, Portugal não acredita que poderia vencer e deixa o inglês Bobby Charlton fazer dois gols. Final: Inglaterra 2 x 1 Portugal. Eusébio marca para os portugueses a oito minutos do final, de pênalti. A grande final seria um dos espetáculos mais vexatórios do futebol mundial e os personagens seriam Inglaterra, Alemanha e o árbitro suíço Gottfried Dienst. O palco: mais uma vez Wembley. O público: 95 mil torcedores. O senhor Dienst erra na cronometragem e dá mais tempo que os 90 minutos normais. Neste acréscimo, marca uma falta inexistente para os alemães que empatam a partida e provocam a prorrogação. Além disso, ele comete mais dois erros cruciais nos dois gols ingleses durante a prorrogação: o primeiro a bola não chega ultrapassar a linha e no segundo havia torcedores em campo prontos para comemorar o título. Os dois gols foram marcados por Hurst, que se tornaria o herói do título da Copa mais fria do mundo.

Jogos do campeãoInglaterra 0 x 0 UruguaiInglaterra: Banks, Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore, Wilson, Alan Ball, Stiles, Bobby Charlton, Greaves, Hunt e Connely

Inglaterra 2 x 0 MéxicoInglaterra: Banks, Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore, Wilson, Paine, Stiles, Bobby Charlton, Greaves, Hunt e PetersGols: Bobby Charlton, aos 37min; Hunt, aos 75min

Inglaterra 2 x 0 FrançaInglaterra: Banks, Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore, Wilson, Callaghan, Stiles, Bobby Charlton, Greaves, Hunt e PetersGols: Hunt, aos 38min e aos 75min

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• Quartas-de-finalInglaterra 1 x 0 ArgentinaInglaterra: Banks, Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore, Wilson, Stiles, Bobby Charlton, Alan Ball, Hurst, Hunt e PetersGols: Hurst, aos 76min

• SemifinaisInglaterra 2 x 1 PortugalInglaterra: Banks, Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore, Wilson, Alan Ball, Stiles, Bobby Charlton, Hurst, Hunt e PetersPortugal: José Pereira, Festa, Batista, Carlos, Hilário, Jaime Graça, Coluna, José Augusto, Eusébio, Torres e SimõesGols: Bobby Charlton, aos 30min e aos 79min; Eusébio, aos 82min

• FinalInglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental (2 x 2 no tempo normal)Inglaterra: Banks, Cohen, Jack Charlton, Bobby Moore, Wilson, Stiles, Bobby Charlton, Alan Ball, Hurst, Hunt e PetersAlemanha Ocidental: Tillkowski, Hoettges, Schulz, Weber, Schnellinger, Beckenbauer, Haller, Overath, Seeler, Held e EmmerichGols: Haller, aos 12min; Hurst, aos 18min; Peters, aos 78min; Weber, aos 90min; Hurst, aos 101min e 120min

DESTAQUESA zebra: coreanos vencem a ItáliaA maior zebra da Copa de 66 foi a vitória da Coréia do Norte sobre a Itália, na época já bicampeã mundial. Tudo bem que a Azzura não era aquela força. Havia ganho dos chilenos na estréia (2 x 0) e perdido da URSS no segundo jogo (0 x 1). Mas a Coréia não tinha nenhuma tradição nas Copas. Nas quartas-de-final quase que os coreanos repetem a zebra. Sempre na base da correria, eles marcam 3 a 0 nos portugueses, que foram salvos pelos quatro gols de Eusébio.

A surpresa: PortugalPortugal também começou surpreendendo logo nas Eliminatórias européias. Depois de conseguir pela primeira vez sua classificação, mesmo estando no grupo dos vice-campeões de 62, os tchecos, Portugal chegou arrebentando na Copa, principalmente com a força do atacante Eusébio. Logo na estréia, a seleção comandada pelo brasileiro Oto Glória fez 3 a 1 na Hungria. A equipe venceu os três jogos da primeira fase, fazendo nove gols e sofrendo dois. Uma das vítimas foi o Brasil que também apanhou de 3 a 1.Nas quartas-de-final, os portugueses levaram um susto frente à Coréia do Norte. Os adversários fizeram três gols e pareciam ter ganho o jogo. Mas eis que surge Eusébio e marca quatro na vitória por 5 a 3.Tudo terminou em Wembley diante dos ingleses, comandados em campo por Bobby Charlton. Eusébio mostrava afobação e o time não conseguiu fazer os gols necessários para a classificação. Resultado: Inglaterra 2 x 1 Portugal.

O artilheiro: EusébioEusébio Ferreira da Silva não foi só o artilheiro da Copa de 66 com nove gols. Foi também o principal responsável pela empolgante campanha da seleção portuguesa. Com 24 anos, o moçambicano havia sido descoberto pelo futebol da metrópole em 1961. E graças a um brasileiro. José Carlos Bauer estava excursionando pela África com a Ferroviária, naquele ano, quando viu um fantástico jogador moçambicano em ação. Impressionado, quando passou por Lisboa ele falou a respeito do goleador com Bela Guttmann, ex-técnico do São Paulo e naquela época treinador do Benfica. Guttmann mandou observar Eusébio que logo depois foi contratado pelo time

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português. Naquele período, o atacante chegou a ser comparado com Pelé e ajudou o Benfica a conquistar dez títulos portugueses (sete como artilheiro), cinco Copas de Portugal e uma Copa Européia de Campeões.O destaque: Bobby CharltonBobby Charlton foi a grande estrela da Inglaterra campeã de 1966. O jogador era realmente um homem de sorte: foi um dos poucos sobreviventes do acidente aéreo que vitimou a maioria dos jogadores do Manchester, em 1958, em Munique. Durante a Copa fez apenas três gols, mas dois deles na semifinal contra Portugal que levaram o time à fase seguinte. Conhecido como "Our Kid" (nosso garoto), Bobby Charton defendeu a camisa inglesa de 1958 a 1970 e, quando abandonou o futebol em 1973, foi condecorado pelo Reino Unido com o título de cavaleiro. O destaque brasileiroA campanha brasileira em 66 foi tão decepcionante que é impossível destacar um jogador. Se isso pode ser considerado um mérito, pode-se dizer que Jairzinho foi o único brasileiro a entrar em campo nas três partidas que a seleção conseguiu disputar naquela Copa. Outro fato para ser lembrado: a convocação de Edu com apenas 16 anos. O ponta-esquerda foi o brasileiro mais novo a vestir a camisa amarelinha em um Mundial. Ao lado de Zito, ele também foi o único jogador a não entrar em nenhuma das três partidas.Entre os 22 brasileiros inscritos na Copa de 66, oito haviam sido bicampeões mundiais – Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Altair, Zito, Garrincha e Pelé. Com exceção do Rei, para todos os outros esta também seria a última Copa. Curiosidades1 – A despedida de Pelé e Mané. Contra a Bulgária, na primeira partida da Copa, foi a última vez que o Brasil teve o Rei e Garrincha juntos em campo. E eles conseguiram manter o tabu de nunca perderem disputando juntos uma partida com a camisa da seleção. Coincidentemente, a primeira vez em que eles estiveram juntos foi justamente contra a Bulgária, em 1958, no Pacaembu.2 – Em 1966, a seleção teve pela primeira vez um símbolo oficial: o desenho de um canário criado por Ziraldo e Carlos Leonam. Uma evidência de que o tricampeonato mundial era considerado líquido e certo foi o lançamento dos cigarros Tri.3 – Depois da vergonhosa derrota para a Coréia por 1 a 0, os italianos tiveram de mudar o local da chegada de sua delegação na Itália para evitar a fúria dos torcedores.4 – Logo após a Copa de 66 foram criados os cartões amarelo e vermelho. Isso muito se deve ao jogo entre Inglaterra e Argentina, quando o campo ficou parecendo uma Torre de Babel. O árbitro alemão, Rudolf Kreitlein, não teria entendido o que dizia em espanhol o argentino Rattin e expulsou o jogador. Esperto, o capitão argentino pediu um intérprete mas não foi atendido. Aí surgiram os cartões, com o propósito de facilitar a comunicação.5 – A Fifa determinou que haveria apenas uma vaga para ser disputada entre os continentes africanos e asiáticos e a Austrália. As federações africanas acharam um absurdo e queriam uma vaga apenas para o continente. Diante da recusa da Fifa, as seleções africanas desistiram das eliminatórias. Melhor para a Coréia do Norte, que ficou com a vaga depois de derrotar duas vezes a Austrália.

9 gols – Eusébio (Portugal)6 gols – Haller (Alemanha Ocidental)

Pos País Pontos J V D E GP GC 1º Inglaterra 11 6 5 0 1 11 3  2º Alemanha 9 6 4 1 1 15 6  3º Portugal 10 6 5 1 0 17 8 11º Brasil 2 3 1 2 0 4 6

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México - 1970O Mundial de 70 teve o mérito de redimir o futebol mundial das péssimas atuações apresentadas por seleções e arbitragens durante a Copa de 66, na Inglaterra. O Brasil tinha renovado completamente sua equipe, Itália e Uruguai voltavam a figurar no cenário mundial como potências do futebol, a Alemanha Ocidental estava preparada para conquistar mais um título e a Inglaterra, com seu futebol ofensivo, entrava como favorita ao bi.Talvez porque naquele ano o México respirasse esporte (o país foi a sede dos Jogos Olímpicos de 68), aquela Copa ficou conhecida pelos seus jogos limpos e sem violência. Isso contribuía para aumentar a imagem do espetáculo. O maior espetáculo da terra estava de volta nas terras mexicanas.Trabalhando desde a Olimpíada, os mexicanos construíram o majestoso estádio Azteca, com capacidade para 107.247 torcedores. O estádio Jalisco, em Guadalajara, foi totalmente reformado, com capacidade para 70.878 torcedores e palco do grande show brasileiro até as semifinais.Na abertura da Copa, 107 mil pessoas assistiram ao empate por 0 a 0 entre México e URSS, na largada da grande festa. Os mexicanos se classificariam, junto com soviéticos, e cumpririam um belo papel como anfitriões. Eles cairam nas quartas-de-final diante da Itália e adotaram o Brasil até o fim do mundial como sua seleção de coração. E se deram muito bem.

Forma de disputaA Copa do Mundo de 1970 foi disputada no México entre 31 de maio e 21 de junho. Na primeira fase, os 16 times foram distribuídos em quatro grupos, assim constituídos: Grupo 1 – México, União Soviética, Bélgica e El Salvador (Cidade do México)Grupo 2 – Uruguai, Israel, Itália e Suécia (Puebla e Toluca)Grupo 3 – Inglaterra, Brasil, Tchecoslováquia e Romênia (Guadalajara)Grupo 4 – Peru, Bulgária, Alemanha Ocidental e Marrocos (León)

Depois de passar quase toda a década de 60 como a maior potência do futebol após o bicampeonato nas Copas de 1958 e 1962, o Brasil, com o fracasso de 1966, teve de amargar a necessidade de passar pelas Eliminatórias para chegar à Copa de 70.A América do Sul teria três vagas na competição. No primeiro grupo aconteceu a grande surpresa: a favorita Argentina, eliminada pelo Peru, ficou fora do Mundial. No terceiro grupo, o Uruguai ficou com a vaga passando por Equador e Chile.No segundo grupo, uma vaga deveria ser disputada entre Paraguai, Venezuela, Colômbia e Brasil. Mas no início da fase eliminatória o Brasil já teria voltado a mostrar seu grande futebol, a arte do país bicampeão. Sob o comando do jornalista João Saldanha, ex-técnico do Botafogo, a seleção aplicaria goleadas históricas e passaria pelas eliminatórias com uma campanha arrasadora que já profetizava a campanha que viria na Copa. Durante a competição, os brasileiros marcaram 23 gols e sofreram apenas seis. O grande craque desta fase da seleção foi o cruzeirense Tostão, que chegou a ser ameaçado de ficar de fora da Copa devido a um desvio na retina.Apesar da classificação, o técnico João Saldanha bateu de frente com as autoridades militares que controlavam o País e foi demitido pouco antes do Mundial do México, deixando o cargo livre para Zagallo. Não se sabe ao certo o que exatamente derrubou Saldanha, mas houve uma série de fatores. O principal é que o presidente Emílio Garrastazu Médici teria pedido sua cabeça devido às suas convicções políticas de esquerda.Além disso, Saldanha fazia questão de mostrar sua antipatia ao regime e mantinha fora de sua lista o artilheiro da época, o atacante Dario, do Atlético/MG, apontado por Garrastazu Medici como seu favorito. Nada interferia na escalação do polêmico Saldanha. Ele acabou perdendo o cargo para Zagallo, este sim, bem afinado como o regime e com a comissão técnica da Seleção, toda formada por militares.

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No último jogo do Brasil pelas Eliminatórias contra o Paraguai mais de 180 mil pessoas compareceram ao Maracanã. Segundo registros oficiais, este é o maior público do estádio. A caminhada rumo ao tri O Brasil iniciou o torneio nervoso e logo aos 11 minutos do primeiro tempo a Tchecoslováquia saiu na frente com um gol de Petras. Parece que o gol serviu para acordar os brasileiros e colocar a seleção na Copa. Treze minutos depois, uma falta cobrada magistralmente pelo corintiano Rivelino deixou tudo igual no placar. No segundo tempo um gol de Pelé e outros dois de Jairzinho acabariam com qualquer reação tcheca e dariam a sensação que nenhum time poderia vencer aquela seleção. O grande nome do jogo tinha sido Gérson, o Canhotinha de Ouro. Mas o jogador deixou o campo contundido e não participaria do jogo seguinte contra a Inglaterra. Por sinal, esta seria a partida mais difícil para a seleção brasileira. Um osso duro de roer. O único gol da partida só sairia aos 15 minutos do segundo tempo, com uma jogada toda trabalhada por Tostão, que seria completada por Jairzinho, após um passe perfeito de Pelé. No sufoco, o Brasil venceu mais uma.No terceiro jogo, contra a Romênia, mais um problema: já sem Gérson, o Brasil agora não teria Rivelino. Mesmo jogando fechados, correndo atrás de um empate em 0 a 0, os romenos não conseguiram segurar o ataque brasileiro, que marcou dois gols no primeiro tempo. No início da etapa complementar, o Brasil tomaria um gol e passaria os minutos seguintes sofrendo com os chuveirinhos em sua área. Mas a defesa resistiu e o Brasil venceu por 3 a 2, dois de Pelé e um de Jairzinho. Só restava esperar por Peru ou Bulgária nas quartas.Deu a zebra Peru, que passou pela Bulgária por 3 a 2. Brasil e Peru fariam um grande duelo sul-americano. A dupla Gérson e Rivelino estava mais uma vez em campo, mas o grande nome do jogo seria o genial Tostão, que marcou dois gols na vitória brasileira por 4 a 2.Para as semifinais, só campeões: Brasil, Uruguai, Itália e Alemanha. O adversário brasileiro seria o grande rival sul-americano. O jogo foi quase tão duro quanto contra os ingleses. As duas seleções entraram cautelosas e o Uruguai fez forte marcação sobre Gérson e Rivelino, impedindo a criação de jogadas brasileiras. Para piorar a situação, o Uruguai fez 1 a 0: o uruguaio Cubillas chutou torto e pegou de surpresa o goleiro Félix, que saía correndo atrás da bola, enquanto ela entrava vagarosamente em seu gol. A situação era desesperadora e havia uma nuvem de tragédia no ar. Os uruguaios enrolavam o jogo, na maioria das vezes com faltas, e o ataque brasileiro não conseguia furar a defesa. Diante disso, Zagallo muda, pela primeira vez na Copa, o esquema tático da equipe: recua Gérson. Os defensores uruguaios seguem o Canhotinha, enquanto Clodoaldo ganha mais liberdade e consegue empatar o jogo no final do primeiro tempo. A virada só viria aos 31 minutos do segundo tempo com um gol de Jairzinho. A um minuto do final, Rivelino marcaria o último gol e definiria a partida. Na outra semifinal, Itália e Alemanha empatam no tempo normal. Na prorrogação, o jogo termina 4 x 3 para o italianos.Na grande final, dois bicampeões: Brasil e Itália podiam conquistar definitivamente a Jules Rimet. Durante 32 anos, os italianos perseguiram o tri, mas o Brasil contava com os reis do futebol e a taça viria para nossas mãos definitivamente. Fisicamente, os brasileiros já saíam na frente pois os italianos tinham enfrentado uma desgastante semifinal. Logo aos 18 minutos, o Brasil mostrou que mandaria no jogo com um gol de cabeça de Pelé. Aos 37 minutos, Clodoaldo e Félix falham e Bonisegna empata a partida. No segundo tempo, um espetáculo e a conquista do tri: Gérson desempata com uma bomba no canto esquerdo de Albertosi, Jairzinho marca o terceiro aos 25 minutos e o capitão Carlos Alberto Torres daria o tiro de misericórdia a quatro minutos do final. O Brasil não só conquistou a Jules Rimet como também se tornou o primeiro campeão a vencer todos os seus jogos depois da Itália em 1938.

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Goleiros: Félix (Fluminense), Ado (Corinthians) e Leão (Palmeiras)Zagueiros: Carlos Alberto Torres (Santos), Zé Maria (Portuguesa), Brito (Flamengo), Baldochi (Palmeiras), Piazza (Cruzeiro), Fontana (Cruzeiro), Joel (Santos), Marco Antônio (Fluminense) e Everaldo (Grêmio)Meio-de-campo: Clodoaldo (Santos), Rivelino (Corinthians) e Gérson (São Paulo)Atacantes: Jairzinho (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Dario (Atlético Mineiro), Pelé (Santos), Paulo César (Botafogo), Roberto (Botafogo) e Edu (Santos)

Jairzinho, o Furacão da CopaEm 1970, o botafoguense Jairzinho chegava ao México disposto a esquecer a campanha de 1966. Na edição anterior da Copa ele havia sido o único jogador brasileiro a entrar em campo nos três jogos da seleção. Mas isso não tinha sido suficiente para marcar seu nome no futebol mundial. Era preciso mais. E a redenção aconteceu em Guadalajara. O atacante superou Pelé e marcou sete gols na Copa. Ficou atrás apenas do alemão Gerd Müller, o artilheiro do Mundial, com 10 gols. Tornou-se o primeiro jogador a marcar pelo menos um gol em todos os jogos da equipe campeã. Por isso, merecidamente, ganhou um apelido que passou para a história das maiores odisséias da Seleção Brasileira: o Furacão da Copa.Dois dos gols do Furacão saíram logo no jogo de estréia contra a Tchecoslováquia. O Brasil já vencia por 2 a 1, gols de Rivelino e Pelé, de virada, após levar um gol do tcheco Petras no começo do jogo. Verdade restabelecida, o time começa a dar show para 52 mil torcedores em Guadalajara. Jair completa a festa dois belos gols: 4 a 1.Na partida seguinte, o duelo com a Inglaterra. Jogo complicado, adversários valentes, bem organizados em campo. O Brasil encontra dificuldades para furar o bloqueio inglês. Mas aos 15 minutos do segundo tempo, o grito de vitória surge nos pés de Jairzinho. O gol teve o toque genial de Tostão, que enganou três ingleses e cruzou para Pelé, que limpou a jogada e meteu para Jairzinho. Fuzilou o goleiro Banks. Diante da Romênia, outro jogo muito difícil. Vencemos por 3 a 2 e Jairzinho deixa sua marca com o segundo gol brasileiro (Pelé fez dois). Diante do Peru, nas quartas-de-final, a estrela do artilheiro volta a brilhar, com um belo gol que fecha a vitória por 4 a 2 em Guadalajara. Desafio não menos difícil seria encarar a garra dos uruguaios na semifinal, ainda no estádio Jalisco. Cubilla erra o chute, toca de canela e consegue enganar Félix: 1 a 0 Uruguai, logo no começo. Clodoaldo empata a partida. Depois, é a vez de Jair entrar em ação: ele recebe de Tostão e chuta cruzado, para virar o jogo em 2 a 1. Rivelino marca o terceiro gol brasileiro e define o Brasil como finalista da Copa: 3 a 1.Final no estádio Azteca, com 107 mil torcedores para ver Brasil e Itália. Jairzinho leva para a decisão a fama de artilheiro, mas ainda faltava um final feliz para a história do Furacão da Copa. Pelé faz, de cabeça, 1 a 0. Boninsegna empata ainda no primeiro tempo. Gérson desempata com um chute fulminante da meia-esquerda. E o terceiro gol surge para coroar o artilheiro brasileiro no Mundial: aos 36 minutos, Gérson lança Pelé pelo alto e, de cabeça, o Rei serve a Jair, que entra pelo meio e com um leve toque engana o goleiro Albertosi: 3 a 1. De joelhos, fazendo o sinal da cruz, Jair agradece aos céus pelos momentos de pura magia que garantiram o tri. O capitão Carlos Alberto Torres, com passe de Pelé, encerra o show com o quarto gol.Brasil 4 x 1 TchecoslováquiaBrasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson (Paulo César), Jairizinho, Tostão, Pelé e Rivelino Gols: Petras, aos 11min; Rivelino, aos 24min; Pelé, aos 59min; Jairzinho, aos 61min e 81minBrasil 1 x 0 InglaterraBrasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Jairizinho, Paulo César Lima, Tostão (Roberto), Pelé e Rivelino Inglaterra: Banks, Wright, Moore, Labone, Cooper, Mullery, Bobby Charlton (Astle), Alan Ball, Peters, Hurst e Lee (Bell) Gols: Jairiznho, aos 59min

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Brasil 3 x 2 RomêniaBrasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Fontana, Everaldo (Marco Antonio), Piazza, Clodoaldo (Edu), Jairizinho, Tostão, Pelé e Paulo César LimaGols: Pelé, aos 19min; Jairizinho, aos 22min; Dumitrache, aos 34min; Pelé, aos 67min; Dembrowski, aos 84min

Quartas-de-finalBrasil 4 x 2 Peru Brasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Marco Antonio, Clodoaldo, Gérson (Paulo César), Jairizinho (Roberto), Tostão, Pelé e Rivelino Gols: Rivelino, aos 11min; Tostão, aos 15min; Gallardo, aos 28min; Tostão, aos 52min; Cubillas, aos 70min; Jairzinho, aos 75min

SemifinaisBrasil 3 x 1 UruguaiBrasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Jairizinho, Tostão, Pelé e RivelinoGols: Cubilla, aos 19min; Clodoaldo, aos 44min; Jairzinho, aos 76min; Rivelino, aos 89min

FinalBrasil 4 x 1 ItáliaData: 21/06/1970Público: 107 mil Brasil: Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Jairizinho, Tostão, Pelé e RivelinoItália: Albertosi, Burgnich, Cera, Rosato, Fachetti, Bertini (Juliano), Mazzolla (Rivera), De Sisti, Domenghini, Boninsegna e Gigi RivaGols: Pelé, aos 18min; Boninsegna, aos 37min; Gérson, aos 65min; Jair, aos 70min; Carlos Alberto, aos 86min

DESTAQUESGerd Müller, o maior artilheiro O alemão Gerd Müller não foi apenas o artilheiro da Copa de 70. O atacante repetiu o feito na edição seguinte do evento e se tornou o maior goleador em Copas – foram 14 gols em dois torneios. Entretanto, em 1970 seus dois gols na semifinal, contra a Itália, não foram suficientes para garantir uma vaga para sua seleção na final. Jogando pelo Bayern de Munique, Gerd Müller conquistou o título europeu em 74, 75 e 76. Em 1970, ganhou a Bola de Ouro como o melhor jogador da Europa.A consagração do ReiNão foi só a seleção brasileira que conquistou o tri em 1970. Pelé também o conseguiu. Até hoje nenhum outro jogador participou das três conquistas de sua seleção. Pelé estava na Copa de 58, 62 e 70 e pode realmente dizer que é tricampeão mundial. O feito, aliado aos seus outros títulos e números, rendeu a ele o título de Rei do futebol. No ano de 1970, Pelé foi fundamental na conquista brasileira apresentando um futebol empolgante. Apesar de não ter sido o artilheiro, marcou quatro gols, Pelé protagonizou no México alguns dos lances mais bonitos e reprisados do futebol mundial. Para provar sua importância para aquela Copa e atestar sua imortalidade, os mexicanos colocaram na tribuna do estádio Jalisco, onde o Brasil jogou até a semifinal, uma placa em sua homenagem.Didi comanda o PeruA seleção peruana, comandada pelo brasileiro bicampeão mundial Didi, chegou à Copa de 1970 como a grande zebra. E não era por menos. Nas eliminatórias sul-americanas, os peruanos conseguiram tirar do torneio os favoritos argentinos. Já no México, os peruanos conseguiram a classificação para as quartas-de-final passando por Marrocos e Bulgária. Mas para chegar à semifinal, eles teriam que passar pelos

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brasileiros. A seleção canarinho passaria fácil pelos peruanos, que apresentaram um futebol limpo. O grande destaque desta seleção foi o atacante Teófilo Cubillas, terceiro artilheiro do torneio com cinco gols. Mas eles tinham também o fraco goleiro Rubiños e uma defesa que não conseguiu parar o ataque brasileiro. Potencias em equilíbrio A Copa do México não apresentou nenhuma surpresa. Na disputa das semifinais todas as seleções já tinham conquistado títulos mundiais: Alemanha Ocidental, Itália, Uruguai e Brasil. Os três últimos tinham a chance de conquistar o tricampeonato. A Inglaterra, em tese, deveria ter ficado com uma das vagas para as semifinais por ter conquistado a Copa anterior. Entretanto, sua eliminação pela também forte e favorita Alemanha não chegou a ser uma surpresa. Pelo alto nível técnico de todos os selecionados que chegaram à fase final, a Copa de 70 é considerada uma das melhores edições do torneio. Curiosidades* A Copa de 70 apresentou o mais belo futebol de todos os tempos. Para comprovar isso, dois de seus jogos são lembrados como os mais empolgantes: Alemanha Ocidental x Inglaterra (quartas-de-final) e Itália x Alemanha. No primeiro jogo, a Alemanha se vinga da final da Copa anterior e desclassifica os ingleses. O jogo só foi decidido na prorrogação, quando o artilheiro Gerd Müller marca um gol e desempata a partida que terminou em 3 a 2.* A partida entre Itália e Alemanha foi eleita, em uma pesquisa realizada pelo jornal francês "L’Équipe" entre 50 jogadores, o "jogo do século". E não é para menos. Beckenbauer, de braço imobilizado junto ao corpo, comandou o time alemão em uma verdadeira batalha. No tempo normal a partida terminou em 1 a 1, mas na prorrogação os italianos conseguiram definir o jogo por 4 a 3.* Outra prova do bom futebol são os lances de Pelé. Logo na estréia, ele percebe o goleiro adiantado e chuta a bola do meio-de-campo. O goleiro Viktor, desesperado, tenta voltar, mas não consegue. A bola, caprichosa, passa rente à trave. Na partida contra o Uruguai, pelas semifinais, o Rei protagonizaria um dos lances mais geniais e reprisados do futebol: após dar um drible de corpo no uruguaio Mazurkiewicz, ele chuta cruzado, evitando a chegada do zagueiro Ancheta. Novamente a bola passa raspando a trave.* Na seleção brasileira, cinco jogadores eram camisa 10 em seus clubes: Pelé (Santos), Jairzinho (Botafogo), Tostão (Cruzeiro), Rivelino (Corinthians) e Gérson (São Paulo). Na seleção mexicana, um jogador completaria 20 anos de Copa: o goleiro Carbajal disputava seu quinto Mundial, mas na reserva de Calderón.* Os brasileiros puderam vibrar mais intensamente com a conquista do tricampeonato: foi a primeira Copa em que as imagens chegavam ao vivo nos aparelhos de televisão dos torcedores do Brasil. A transmissão era em preto e branco, mas em Itaboraí, na sede da Embratel, as imagens chegavam em cores. * O Mundial de 70 provocou uma guerra de verdade. El Salvador e Honduras disputavam uma vaga. Nos dois primeiros jogos, uma vitória para cada lado. No terceiro e decisivo, El Salvador venceu e conquistou o passaporte para a Copa. Os hondurenhos não ficaram muito felizes e se iniciou a guerra. É claro que existiam outros motivos, mas a rivalidade provocada pelo futebol foi o estopim.

10 gols - Gerd Müller (Alemanha)7 gols - Jairzinho (Brasil)5 gols - Teofilo Cubillas (Peru)4 gols - Pelé (Brasil); Bichevetz (URSS)3 gols - Rivelino (Brasil); Seeler (Alemanha) e Riva (Itália)

Pos País Pontos J V D E GP GC 1º Brasil 12 6 6 0 0 19 7  2º Itália 8 6 3 1 2 10 8

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Alemanha - 1974A Fifa instituiu uma nova copa para substituir a Jules Rimet, ganha em definitivo pelo Brasil. Foram analisados 53 projetos, em Zurique, até que se decidisse pelo trabalho do escultor italiano Silvio Gazzaniga, a 5 de abril de 1971. A nova Copa do Mundo Fifa tem 37 centímetros de altura e foi feita de ouro maciço na cidade de Milão, para ficar em poder transitório do campeão. Não haverá mais ganhador definitivo do troféu, que representa dois atletas exultantes com o mundo nos braços.Pelé ainda podia jogar, mas renunciou a esse direito e brilhou apenas na cerimônia de abertura, levando a Jules Rimet, ao lado do alemão Uwe Seller, que carregava a Copa do Mundo Fifa.A Alemanha Ocidental ganha do Chile na estréia por 1 a 0, gol de Paul Breitner, numa partida complicada em que o chileno Caszely é expulso no segundo tempo. Os alemães acabam se classificando ao bater a ustrália por 3 a 0, gols de Overath, Cullmann e Müller. Depois, um encontro histórico entre as duas Alemanhas divididas ainda pelo Muro de Berlim, entre capitalismo e socialismo, a Ocidental e a Oriental. E os donos da casa caem por 1 a 0, gol de Sparwasser no final do jogo. Enquanto isso, a Holanda vai superando seus adversários com a mágica do seu carrossel: 2 a 0 no Uruguai, 0 a 0 com a Suécia e 4 a 1 na Bulgária.Nas segunda fase, a "Laranja Mecânica" esmaga um a um seus concorrentes: 4 a 0 na Argentina, 2 a 0 na Alemanha Oriental e 2 a 0 no Brasil. Assim, passa a ser a maior favorito à conquista do título.No grupo B, a Alemanha Ocidental passa pela Iugoslávia por 2 a 0, faz 4 a 2 na Suécia e 1 a 0 na Polônia, ficando com o primeiro lugar e o direito e disputar a final com a Holanda. Na grande final, o juiz inglês John Taylor marca um pênalti contra os donos da casa aos 56 segundos de jogo. Neeskens cobra e coloca a Holanda na frente. O gol de empate vem também com um gol de pênalti, aos 26, cobrado por Paul Breitner. O artilheiro alemão Müller vira o jogo ainda no primeiro tempo, com um gol aos 44. Alemanha 2, Holanda 1, resultado final. E a taça erguida por Franz Beckenbauer.

Forma de disputaA Copa do Mundo de 1974 foi disputada na Alemanha entre 13 de junho e 7 de julho. Na primeira fase, os 16 times foram distribuídos em quatro grupos, assim constituídos:

Grupo 1 – Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental, Chile e Austrália.Grupo 2 – Brasil, Iugoslávia, Escócia e Zaire.Grupo 3 – Holanda, Suécia, Uruguai e Bulgária. Grupo 4 – Itália, Polônia, Argentina e Haiti. As seleções jogaram entre si dentro de cada grupo, classificando-se as duas melhores de cada chave para as quartas-de-final. Nesta etapa, os selecionados ficaram divididos da seguinte forma: Grupo A - Argentina, Alemanha Oriental, Brasil e Holanda. Grupo B - Alemanha Ocidental, Iugoslávia, Polônia e Suécia

BRASILA Copa de 74 pode ser resumida dessa forma: A Alemanha tinha Beckenbauer, a Holanda tinha Cruyff e o Brasil não tinha mais Pelé... Havia uma grande expectativa quanto à participação da seleção canarinho na Copa da Alemanha. A equipe vinha de uma conquista gloriosa no México e, mesmo sem Pelé, tinha um elenco de respeito com Leão, Paulo César Carpegiani, Ademir da Guia, Rivelino e Jairzinho. Era o incrível esquadrão verde-amarelo que chegava, mais uma vez, como favorito ao título. Porém, quando o torneio começou, a máscara caiu.Ainda sob o comando de Zagallo, o Brasil continuava uma equipe de grandes talentos, mas já não tinha mais nada do espírito ofensivo que a consagrou. Em outras palavras, a seleção brasileira era um time retranqueiro. E olhem que tínhamos um timaço: Leão;

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Nelinho, Luís Pereira, Marinho Perez e Marinho Chagas; Piazza, Rivelino e Paulo César Caju; Valdomiro, Jairzinho e Leivinha. A estréia foi um alerta do que viria pela frente: o Brasil só empata por 0 a 0 com a Iugoslávia.Uma partida ruim, sem brilho, indigna da festa de abertura da Copa. No segundo jogo, outro empate sem gols, no mesmo estádio de Frankfurt, com a Escócia. Na terceira partida o time entra em campo com a obrigação de vencer o Zaire por pelo menos três gols de diferença para chegar à segunda fase. O Zaire havia perdido da Iugoslávia por 9 a 0, mas diante do Brasil os africanos se desdobraram, apelaram para o jogo viril e ainda contaram com a ajuda do árbitro no anti-jogo. Jairzinho e Rivelino fizeram 2 a 0 e o terceiro gol acabou surgindo só a 11 minutos do final, com o ponta Valdomiro. Um sufoco!Na segunda fase, a seleção vence a Alemanha Oriental com um gol de cobrança de falta, de Rivelino. Depois, passa pela Argentina por 2 a 1, gols de Rivelino e Jairzinho, dando a impressão que o futebol de campeão havia ressurgido na Copa.Diante da Holanda, porém, o Brasil cai de novo na real e perde por 2 a 0, gols de Neeskens e Cruyff no segundo tempo.Resta ainda a disputa pelo terceiro lugar diante da Polônia. Zagalo escala este time: Leão; Zé Maria, Alfredo, Marinho Perez e Marinho Chagas; Paulo César Carpegiani, Ademir da Guia e Rivelino; Valdomiro, Jairzinho e Dirceu. Foi o único jogo de Ademir da Guia, que estava no auge da forma e fazia uma notável partida quando foi substituído por Mirandinha. Outra derrota: 1 a 0, gol de Lato, o artilheiro da Copa, a 15 minutos do final. E o Brasil volta com o quarto lugar e a missão de refazer todo seu planejamento para 1978.

Brasil 0 x 0 IugosláviaBrasil – Leão, Nelinho, Luís Pereira, Marinho Perez, Marinho, Piazza, Rivelino, Paulo César Lima, Valdomiro, Jairzinho e Leivinha.

Brasil 0 x 0 EscóciaBrasil – Leão, Nelinho, Luís Pereira, Marinho Perez, Marinho, Piazza, Rivelino, Paulo César Lima, Mirandinha, Jairzinho e Leivinha (Paulo César Carpegiani).

Brasil 3 x 0 Zaire Brasil – Leão, Nelinho, Luís Pereira, Marinho Perez, Marinho, Piazza, Rivelino, Paulo César Lima, Jairzinho, Leivinha (Valdomiro) e Edu.Gols: Jairzinho, Rivelino e Valdomiro, aos 13, 67 e 79

• Quartas de Final - Grupo ABrasil 1 x 0 Alemanha Oriental Brasil – Leão, Zé Maria, Luís Pereira, Marinho Perez, Marinho, Paulo César Carpegiani, Rivelino, Paulo César Lima, Jairzinho, Valdomiro e Dirceu.Gol: Rivelino, aos 61

Brasil 2 x 1 ArgentinaBrasil – Leão, Zé Maria, Luís Pereira, Marinho Perez, Marinho, Paulo César Carpegiani, Rivelino, Paulo César Lima, Jairzinho, Valdomiro e Dirceu.Argentina – Carnevalli, Glaria, Heredia, Bargas, Sá (Carrascosa), Brindisi, Squeo, Babington, Balbuena, Ayala e Kempes (Houserman)Gols - Brasil: Rivelino e Jairzinho, aos 32 e 48 - Brindisi, aos 34

Holanda 2 X 0 BrasilBrasil – Leão, Zé Maria, Luís Pereira, Marinho Perez, Marinho, Paulo César Carpegiani, Rivelino, Paulo César Lima(Mirandinha), Valdomiro, Jairzinho e Dirceu.Holanda – Jongbloed, Suurbier, Krol, Haan, Rijsbergen, Neeskens (Israel), Van Hanegem, Jansen, Rep, Cruyff e Rensenbrink (De Jong).Gols: Neeskens e Cruyff, aos 50 e 65 minutos

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• Decisão de Terceiro Lugar Polônia 1 X 0 BrasilPúblico: 74.100Brasil – Leão, Zé Maria, Alfredo, Marinho Perez, Marinho, Paulo César Carpegiani, Ademir da Guia, (Mirandinha), Rivelino, Valdomiro, Jairzinho e Dirceu.Polônia – Tomaszewski, Szymanowski, Zmuda, Gorgon, Musial, Kasperczak (Cmikiewicz), Deyna, Maszczyk, Lato, Szarmach (Kapka) e Godocha.Gol: Lato, aos 75 minutos

Goleiros: Emerson Leão - Palmeiras, Renato - Flamengo e Valdir Perez - São PauloZagueiros: Nelinho - Cruzeiro, Luis Pereira - Palmeiras, Marinho Peres - Santos, Marinho Chagas - Botafogo, Piazza - Cruzeiro, Zé Maria - Corinthians, Alfredo Mostarda - Palmeiras e Marco Antonio - FluminenseMeio-campo: Ademir da Guia - Palmeiras, Rivelino - Corinthians e Paulo Cesar Carpegiani – InternacionalAtacantes: Jairzinho - Botafogo, Dirceu – Botafogo, Paulo Cesar - Flamengo, Valdomiro – Internacional, Leivinha - Palmeiras, Mirandinha – São Paulo, Edú – Santos e César Maluco – PalmeirasTécnico: Mário Jorge Lobo Zagallo

Kaiser comanda AlemanhaO nome de Franz Beckenbauer, ficou imortalizado no futebol como o de um dos jogadores de maior visão tática da história. Sua atuação, tanto na seleção alemã como nos clubes onde jogou, revolucionou a posição de líbero, transformando-o em um jogador útil em todos os lugares do campo. Por isso, recebeu o apelido de Kaiser (Imperador, em alemão).Em 1966 foi eleito pela primeira vez "Melhor Jogador Europeu". Além de 74, jogou também nas Copas de 1966 e 1970, retirando-se da seleção em 1977 depois de disputar 103 partidas internacionais. Jogou junto com Pelé no Cosmos de New York, vencendo dois campeonatos da NASL, antes de voltar para o futebol alemão onde encerrou a carreira jogando pelo Hamburgo.Como treinador da seleção da Alemanha, Beckenbauer mostrou-se tão competente quanto como jogador. Nas duas Copas em que treinou o selecionado conseguiu o vice-campeonato em 1986 e o título em 1990, na Itália.

• Primeira FaseAlemanha Ocidental 1 x 0 ChileAlemanha Ocidental: Maier, Vogts, Beckenbauer, Schwarzenbeck, Hoeness, Paul Breitner, Cullmann, Overath (Holzenbein), Grabowski, Muller e Heynckes.Gol: Paul Breitner, aos 16 minutos

Alemanha Ocidental 3 x 0 Austrália Alemanha Ocidental: Maier, Vogts, Schwarzenbeck, Paul Breitner, Cullmann (Wimmer), Beckenbauer, Hoeness, Overath, Grabowski, Muller e Heynckes (Holzenbein). Gols: Overath, Cullmann e Muller, aos 12, 34 e 58 minutos

Alemanha Ocidental 0 x 1 Alemanha Oriental Alemanha Ocidental: Maier, Vogts, Schwarzenbeck (Hoettges), Paul Breitner, Cullmann, Beckenbauer, Hoeness, Overath (Netzer), Grabowski, Muller e Flohe.Gol: Sparwasser, aos 77 minutos

• Quartas de FinalAlemanha Ocidental 2 x 0 Iugoslávia Alemanha Ocidental: Maier, Vogts, Schwarzenbeck, Bonhof, Breitner, Beckenbauer, Holzenbein (Flohe), Overath, Wimmer (Hoeness), Muller e Herzog. Gol: Breitner e Muller, aos 38 e 77 minutos

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Alemanha Ocidental 4 x 2 Suécia Alemanha Ocidental: Maier, Vogts, Schwarzenbeck, Breitner, Hoeness, Bonhof, Beckenbauer, Overath, Holzenbein (Flohe), Muller e Herzog (Grabowski). Gols: Alemanha Ocidental - Overath, Bonhof, Grabowski e Hoeness, aos 50, 51, 89 e 90. Suécia - Edstrom e Sandberg, aos 26 e 53

Alemanha Ocidental 1 x 0 PolôniaAlemanha Ocidental: Maier, Vogts, Schwarzenbeck, Breitner, Hoeness, Bonhof, Beckenbauer, Overath, Holzenbein, Muller e Grabowski.Gol: Muller, aos 75 minutos

• Final - Alemanha Ocidental 2 x 1 HolandaAlemanha Ocidental: Maier, Vogts, Schwarzenbeck, Breitner, Hoeness, Bonhof, Beckenbauer, Overath, Holzenbein, Muller e Grabowski.Holanda: Jongbloed, Suurbier, Haan, Krol, Rijsbergen (De Jong), Neeskens, Rep, Cruyff e Rensenbrink.Gols: Alemanha Ocidental - Breitner e Muller, aos 26 e 44 minutos. Holanda – Neeskens a 1 minuto

Alemanha OcidentalGoleiros: Jupp Kapellmann, Wolfgang Kleff e Josef MaierZagueiros: Hans-Hubert Vogts, Paul Breitner, Horst-Dieter Hottges, Georg Schwarzenbeck e Franz BeckenbauerMeio-Campo: Bernhard Culimann, Jürgen Grabowski, Uli Hoeness, Günter Netzer, Raines Bonhof, Herbert Winner, Dieter Herzog, Wolfgang Overath, Helmut Kremers e Norbert NigburAtacantes: Bernd Holzenbein, Josef Heynckes, Heinz Flohe e Gerhard Muller Técnico: Helmut Schon

Artilheiros7 gols: Grzegorz Lato (Polônia)5 gols: Johannes Neeskens (Holanda)4 gols: Gerd Muller (Alemanha Oriental), Ralf Edstrom (Suécia), Johannes Rep (Holanda), Andrzej Szarmach (Polônia)

Pos País Pontos J V E D GP GC1° Alemanha Ocidental 12 7 6 1 0 13 42° Holanda 11 7 5 1 1 15 33° Polônia 12 7 6 1 0 16 54° Brasil 8 7 3 2 2 6 4

Argentina - 1978O Mundial da ditadura argentina A Argentina foi escolhida como sede da Copa de 1978 em uma conferência realizada pela Fifa em julho de 66. Os dirigentes, entretanto, não poderiam imaginar o clima tenso em que o país estaria envolvido 12 anos mais tarde. O país se via sob controle da ditadura do general Jorge Videla, marcado pela tortura e assassinatos de muitos cidadãos argentinos.O governo, por outro lado, via na Copa do Mundo uma ótima oportunidade para fazer propaganda política, em um pano de fundo que lembrava o Mundial de 34, disputado na Itália de Mussolini. A seleção argentina precisava vencer aquele mundial a qualquer custo, para provar aos opositores a eficiência do regime militar.

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Dentro de campo, a Copa chegou a lembrar a de 66, quando a Inglaterra levou o título sem convencer, sob suspeita de favorecimento da arbitragem. A vitória argentina também levantou desconfiança, tanto pela arbitragem quanto pela estranha goleada por 6 a 0 sobre o Peru, que levou o time comandado por Luis Cesar Menotti à final.A derrota peruana acabou por prejudicar a seleção brasileira, uma equipe irregular comandada pelo técnico Cláudio Coutinho. O Brasil terminou a competição em terceiro lugar, mas de forma invicta, coisa que valeu o título de "campeão moral", dado pelo próprio Coutinho. Forma de disputaA Copa de 1978 foi a última a ser disputada com 16 participantes. A fórmula foi idêntica à de 74, com primeira fase composta por quatro grupos, assim definidos:Grupo 1: Argentina, Itália, França e HungriaGrupo 2: Alemanha Ocidental, Polônia, Tunísia e MéxicoGrupo 3: Brasil, Suécia, Áustria e Espanha Grupo 4: Holanda, Peru, Escócia e Irã As seleções jogaram entre si dentro de cada grupo, classificando-se as duas melhores de cada chave para as quartas-de-final. Nesta etapa, os selecionados ficaram divididos da seguinte forma:Grupo A: Itália, Alemanha Ocidental, Holanda e Áustria.Grupo B: Brasil, Argentina, Peru e PolôniaOs campeões, em cada grupo, classificaram-se para a final, enquanto os segundos classificados disputaram o terceiro lugar.

BRASILA delegação brasileira voltou da Argentina declarando-se a "campeã moral" da Copa. O título foi dado pelo técnico Cláudio Coutinho, um homem fascinado por teorias e inovações no futebol, que ele mostrava criando termos como "overlaping" e "ponto futuro".Coutinho às vezes exagerava em suas experiências, chegando a escalar o quarto-zagueiro Nelinho na lateral direita ou, ainda pior, deixando Falcão no Brasil para levar, em seu lugar, o volante Chicão. Estas atitudes geraram inúmeras críticas da torcida e da imprensa, que exigia Oswaldo Brandão em seu lugar.Na verdade, o terceiro lugar ficou de bom tamanho para a equipe brasileira. As duras críticas que Coutinho recebera antes da Copa só aumentaram nos dois primeiros jogos. Mostrando um futebol pobre, o Brasil não saiu do empate nos dois primeiros jogos. Na estréia, contra a Suécia, o jogo terminou 1 a 1. Já na segunda partida, contra a Espanha, o placar terminou em branco.O mau desempenho da seleção brasileira obrigou o presidente da CBF, Heleno Nunes, a exigir alterações na equipe. Para o jogo contra a Áustria, o último da primeira fase, entraram Roberto Dinamite, Jorge Mendonça e Rodrigues Neto, no lugar, respectivamente, de Reinaldo, Zico e Edinho. O time melhorou e garantiu a primeira posição do grupo ao bater os austríacos por 1 a 0. O Brasil passou assim à fase final, caindo no mesmo grupo de Peru, Argentina e Polônia. O time deslanchou e conseguiu uma convincente vitória sobre o Peru por 3 a 0. Em seguida, era a vez dos arqui-rivais argentinos, naquela que ficou conhecida como a "batalha de Rosário".O jogo aconteceu no dia 18 de junho. Mais de 37 mil argentinos se espremeram no acanhado estádio de Rosário para apoiar sua seleção. Mas o Brasil resistiu bravamente à pressão imposta pelo adversário e conseguiu um empate de 0 a 0, levando a decisão para a última rodada.Contra a Polônia, o Brasil obteve uma boa vitória por 3 a 1, que dava ao time de Coutinho uma vantagem considerável de quatro gols de saldo sobre os argentinos. Em seguida, os donos da casa entravam em campo com a obrigação de golear o Peru (estranhamente os dois jogos não foram disputados no mesmo horário). A Argentina venceu por 6 a 0, com uma atuação suspeita do goleiro peruano Quiroga, e tirou o Brasil da Copa.

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Restou assim ao Brasil disputar o terceiro lugar contra a Itália. O time verde-amarelo venceu por 2 a 1, de virada, e obteve a honrosa medalha de bronze. Como consolo, melhoramos em uma posição a classificação da Copa anterior, quando ficamos em quarto. Isto, é claro, além do título de "campeão moral".

• Oitavas-de-finalBrasil 1 x 1 SuéciaBrasil: Leão, Toninho, Oscar, Amaral, Edinho, Batista, Toninho Cerezo, (Dirceu), Zico, Gil (Nelinho) Reinaldo e Rivelino. Gols: Brasil - Reinaldo, aos 45'. Suécia: Sjoberg, aos 37'.

Brasil 0 x 0 EspanhaData: 07/06/78Brasil: Leão, Nelinho (Gil), Oscar, Amaral, Edinho, Batista, Toninho Cerezo, Dirceu, Zico, (Jorge Mendonça) Reinaldo e Toninho.

Brasil 1 x 0 ÁustriaBrasil: Leão, Toninho, Oscar, Amaral, Rodrigues Neto, Batista, Toninho Cerezo (Chicão), Dirceu, Jorge Mendonça (Zico), Gil, Roberto Dinamite. Gol: Brasil - Roberto Dinamite, aos 40'.

• Quartas-de-finalPeru 0 x 3 BrasilBrasil: Leão, Toninho, Oscar, Amaral, Rodrigues Neto, Batista, Toninho Cerezo (Chicão), Dirceu, Gil (Zico), Jorge Mendonça e Roberto Dinamite. Gol: Brasil - Dirceu (2) e Zico (pênalti), aos 14', 27' e 70'.

Argentina 0 x 0 BrasilArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles (Villa), Gallego, Ortiz (Beto Alonso), Luque, Daniel Bertoni e Kempes. Brasil: Leão, Toninho, Oscar, Amaral, Rodrigues Neto (Edinho), Batista, Chicão, Dirceu, Jorge Mendonça (Zico), Gil e Roberto Dinamite.

Polônia 1 x 3 BrasilPolônia: Kukla, Maculewicz, Zmuda, Gorgon, Szymanowski, Kasperczak (Lubanski), Deyna, Nawalka, Lato, Szarmach e Boniek. Brasil: Leão, Nelinho, Toninho, Oscar, Amaral, Batista, Toninho Cerezo (Rivelino), Dirceu, Zico (Jorge Mendonça), Gil e Roberto Dinamite. Gols: Polônia - Lato, aos 44'. Brasil - Nelinho e Roberto Dinamite (2), aos 13', 57' e 62'. • Decisão do 3º lugarBrasil 2 x 1 ItáliaBrasil: Leão, Nelinho, Oscar, Amaral, Rodrigues Neto, Batista, Torinho Cerezo (Rivelino), Dirceu, Jorge Mendonça, Gil (Reinaldo) e Roberto Dinamite. Itália: Dino Zolf, Gentile, Cuccureddu, Scirea, Cabrini, Maldera, Causio, Paolo Rossi, Antognoni (Cláudio Sala), Patrizio Sala e Bettega. Gols: Brasil - Nelinho e Dirceu, aos 46' e 70'. Itália: Causio, aos 38'.

Goleiros: Emerson Leão (Palmeiras), Carlos (Ponte Preta) e Waldir Peres (São Paulo)Zagueiros: Toninho (Flamengo), Nelsinho (Cruzeiro), Oscar (Ponte Preta), Abel (Vasco), Polozi (Ponte Preta), Amaral (Corinthians), Edinho (Fluminense), Rodrigues Neto (Botafoto)Meio-de-campo: Toninho Cerezo (Atlético Mineiro), Chicão (São Paulo), Rivelino (Fluminense), Dirceu (Vasco), Batista (Internacional)Atacantes: Gil (Botafogo), Jorge Mendonça (Palmeiras), Zico (Flamengo), Roberto Dinamite (Vasco), Reinaldo Lima (Atlético Mineiro), Zé Sérgio (São Paulo)Técnico: Cláudio Coutinho

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A conquista da Argentina em 78, inédita até então, foi a que mais causou controvérsia na história das Copas. Muito se comenta sobre as pressões que os árbitros recebiam nos vestiários para favorecer os donos da casa, sob os auspícios da ditadura militar. Isto sem falar da classificação para a final, obtida através de uma estranhíssima goleada de 6 a 0 imposta diante do Peru. Com craques como Passarella e Kempes, o time comandado por Luis Cesar Menotti não era ruim, apesar de não contar com o garoto, mas já craque, Diego Maradona. Entretanto, havia a pressão do governo argentino, que queria o título mundial a qualquer custo para provar ao mundo a eficiência do regime autoritário de Videla.As suspeitas começaram logo na primeira fase, com a Argentina sendo favorecida pela arbitragem nas vitórias de 2 a 1 sobre Hungria e França. No último, o árbitro Dibacha deixou de marcar um pênalti claro contra a Argentina, o que seria suficiente para eliminá-la do Mundial, já que a equipe encerrou a etapa de classificação com uma derrota de 1 a 0 frente a Itália.Classificada em segundo lugar de sua chave, a Argentina foi ao grupo B das semifinais, junto com Brasil, Peru e Polônia. Na primeira partida, contra os poloneses, vitória por 2 a 0, com dois gols de Kempes, artilheiro daquele Mundial.Em seguida, era a vez do Brasil, que havia batido o Peru por 3 a 0 na estréia. Apesar do apoio dos quase 40 mil torcedores, a Argentina não conseguiu sair do 0 a 0, naquela que ficou conhecida como "a batalha de Rosário". O resultado obrigava o time de Menotti a obter um resultado melhor do que o dos brasileiros na última rodada.Com a vitória da seleção brasileira sobre a Polônia, por 3 a 1, a Argentina precisava bater o Peru por quatro gols de diferença. A tarefa parecia difícil, mas os peruanos não entraram em campo dispostos a dificultar muito a vida dos donos da casa. Principalmente o goleiro Quiroga, nascido na Argentina, que viu a bola entrar nada menos que seis vezes. A Argentina estava classificada para a final.A decisão foi no dia 25 de junho, contra a Holanda. Sem Cruyff, o time já não era mais a "Laranja Mecânica" de quatro anos atrás, mas era uma equipe competitiva o bastante para complicar a vida dos argentinos, obrigando o goleiro Fillol a fazer grandes defesas.A Argentina abriu o placar do Monumental de Nuñez, em Buenos Aires, com um gol de Kempes aos 38 minutos da primeira etapa. No segundo tempo, entretanto, a Holanda voltou melhor, empatando com Portviliet. A decisão só não acabou ainda no tempo normal porque, no último minuto, Resenbrink chuta para a bola caprichosamente acertar a trave de Fillol.Na prorrogação, entretanto, os donos da casa mostraram mais vigor físico e passaram a dominar a partida. O desempate sai aos 15 minutos do primeiro tempo, com um gol de Kempes. Aos 11 minutos da segunda etapa, Bertoni fez o gol que selou a vitória de 3 a 1 e o título argentino. Os gritos contra a ditadura foram silenciados pela comemoração da torcida portenha.

• Oitavas-de-finalArgentina 2 x 1 HungriaArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles, Gallego, Valencia (Beto Alonso), Houseman (Daniel Bertoni), Luque e Kempes. Gols: Argentina - Luque e Bertoni, aos 15' e 83'. Hungria - Csapo, aos 10'.

Argentina 2 x 1 FrançaArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles, Gallego, Valencia (Beto Alonso e depois Ortiz), Houseman, Luque e Kempes. Gols: Argentina: Passarela (pênalti) e Luque, aos 45' e 72'. França: Platini, aos 61'.

Argentina 0 x 1 ItáliaArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles, Gallego, Valencia, Ortiz (Houseman), Daniel Bertoni e Kempes. Gol: Itália - Bettega, aos 67'.

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• Quartas-de-finalArgentina 2 x 0 PolôniaArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles, Gallego, Valencia (Villa), Houseman (Ortiz), Daniel Bertoni e Kempes. Gols: Argentina - Kempes (2), aos 15' e 70'.

Argentina 0 x 0 BrasilArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles (Villa), Gallego, Ortiz (Beto Alonso), Luque, Daniel Bertoni e Kempes. Brasil: Leão, Toninho, Oscar, Amaral, Rodrigues Neto (Edinho), Batista, Chicão, Dirceu, Jorge Mendonça (Zico), Gil e Roberto Dinamite.

Peru 0 x 6 ArgentinaArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Larrosa, Gallego (Oviedo), Ortiz, Luque, Daniel Bertoni (Houseman) e Kempes. Gols: Argentina - Kempes (2), Tarantini, Houseman e Luque (2), aos 20', 48', 43', 49' e 72'.

• FinalArgentina 3 x 1 HolandaArgentina: Fillol, Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Ardiles (Larrosa), Gallego, Ortiz (Houseman), Daniel Bertoni, Luque e Kempes. Holanda: Jongbloed, Jansen (Suurbier), Krol, Brandts, Poortvlier, Willy van der Kerkhof, Haan, Renne van der Kerkhof, Rep (Nanninga), Neeskens e Rensenbrink. Gols: Argentina: Kempes (2) e Bertoni, aos 38', 104' e 114'. Holanda: Poortvliet, aos

Os campeõesGoleiros: Ubaldo Matildo Fillol, Héctor Baley e Ricardo LavolpeZagueiros: Mario Jorge Olguin, Daniel A. Passarella, Luís Galván, Alberto Tarantini, Miguel Oviedo, Daniel Killer, Rúben PagnaniniMeio-de-campo: Américo Gallego, Osvaldo Ardiles, Omar Larrosa, Daniel Valencia, Ricardo Villa, Norberto Alonso e Rúben GalvánAtacantes: Daniel Bertoni, Leopoldo Luque, Mário Alberto Kempes, Oscar Ortíz, René HousemanTreinador: César Luís Menotti

DESTAQUESMario Kempes, gols que valeram o títuloMario Kempes colocou seu nome na história do futebol argentino com apenas 23 anos, ao marcar dois gols na decisão da Copa, contra a Holanda. Além do título mundial, o jogador sagrou-se artilheiro da competição com seis gols.Kempes iniciou sua carreira no Rosario e passou a ser apontado como a grande promessa no futebol argentino. Em 76, foi vendido ao Valencia, onde marcou época ao ser artilheiro do Campeonato Espanhol (77 e 78), da Copa do Rei (79 e 80) e da Recopa (80).O jogador voltou em 81 para o River Plate, conquistando no mesmo ano o título argentino. No auge, ele foi a grande esperança da Argentina da Copa da Espanha junto com Maradona. Entretanto, sua participação foi um fiasco, não marcando um gol sequer.A partir daí sua carreira entrou em declínio. Ele voltou para a Europa, mas sempre em clubes obscuros. Acabou se aposentando no anonimato, em 92, quando defendia o Krems, da Áustria. Curiosidades1 – O milésimo gol da história das Copas foi marcado na Argentina. O autor foi o holandês Resembrink, de pênalti, na derrota de sua seleção para a Escócia por 3 a 2, na primeira fase.

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2 – Uma das cenas mais curiosas da Copa aconteceu no jogo entre Brasil e Espanha, na primeira fase. Coutinho colocou Jorge Mendonça no aquecimento logo no início do segundo tempo, mas ele só foi entrar em campo aos 38 minutos, no lugar de Zico. 3 – "Caímos de pé", foi a frase do goleiro Quiroga, do Peru, depois de ter "entregado o ouro" e perdido por 6 a 0 da Argentina. Detalhe: Quiroga nasceu na Argentina e é naturalizado peruano.4 – O Brasil estreou na Copa com um empate por 1 a 1 com a Suécia. O resultado poderia ter sido melhor se o árbitro galês Clive de Thomas não encerrasse o jogo durante a cobrança de escanteio que terminaria com um gol de Zico. Muito estranho.

Artilheiros6 gols: Mario Kempes (Argentina). 5 gols: Teofilo Cubillas (Peru) Rob Rensenbrink (Holanda).

Classificação final Pos País Pontos J V D E GP GC1° Argentina 11 7 5 1 1 15 42° Holanda 8 7 3 2 2 15 103° Brasil 11 7 4 0 3 10 34° Itália 9 7 4 2 1 9 6

Espanha - 1982Com 18 anos de antecipação, a Espanha já sabia que seria a sede da Copa do Mundo de 1982. Escolhida em Tóquio, os espanhóis puderam assistir a todas as competições para que organizassem um dos melhores campeonatos da história. Com os estádios praticamente lotados em todos os jogos, os torcedores puderam mostrar sua paixão e foram coroados com uma das copas de melhor nível técnico.Times impecáveis como o Brasil de Zico, a França de Platini e a Alemanha de Rummenigge estiveram presentes e encantaram os olhos de todo o mundo. Qual brasileiro não esquece aquela máquina armada por Telê Santana, que caiu diante dos pés de Paolo Rossi?Uma copa também recheada de gols. Foi nela que aconteceu a maior goleada da história dos mundiais. Em 15 de junho, a Hungria enfiou 10 a 1 sobre o El Salvador, ameaçando repetir o sucesso de 54. Só ameaçando, pois nove dias depois o time seria eliminado já na primeira fase da competição.Foi a primeira vez em que 24 times disputaram a fase final, sendo que quatro vagas ficaram garantidas para africanos, asiáticos e oceânicos. Com isso, equipes como Nova Zelândia e Kuwait puderam se dar ao luxo de disputar a maior competição do futebol. O ano de 1982 foi também marcado pelo bem armado time italiano, que começou capengante e terminou com a taça. O seu terceiro título mundial e que rompeu um jejum de 54 anos sem ganhar a Copa do Mundo. O grande comandante foi o matador Paolo Rossi, apesar dos desempenhos memoráveis de Dino Zoff, Gentile e Tardelli. Como não esquecer o ano de 1982.....

Forma de disputaPela primeira vez, o número de times inscritos ultrapassava a casa dos 100. Foram exatamente 107 países que tentaram uma vaga entre os 24 que foram para a Espanha. Como o regulamento classificava 24, os continentes foram redivididos com o número de vagas. A Europa ficou com 13, a América do Sul com 3, enquanto África e a América Central e do Norte garantiam dois times cada. Já a Ásia e a Oceania decidiam as outras duas vagas restantes. Espanha, país-sede, e Argentina, última campeã, estavam classificados automaticamente.

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Foram 315 partidas apenas na fase classificatória. Na Europa, os 33 países foram divididos em cinco chaves de cinco times. Os dois primeiros classificados estavam na Espanha. Já uma outra chave era formada por três times, em que apenas o melhor passava.Já na América do Sul, os países foram divididos em três grupos de três times. O melhor assegurava sua presença na Espanha. Na África, os 29 inscritos foram divididos de uma forma diferente. Para uma eliminatória, foram escolhidos 18 seleções, que eram emparceirados a cada dois times e faziam jogos no sistema mata-mata. Os nove classificados juntavam-se aos outros 11, que passaram direto, para continuar os jogos eliminatórios. No final, os dois que sobrassem estavam na Espanha. Na Concacaf e na Ásia e Oceania, os times foram divididos por regiões. Na América, as 15 equipes foram rachados em 3 zonas: Central, Norte e Caribe. Restaram seis times, que disputaram um hexagonal, classificando-se os dois primeiros. Já na Oceania, as cinco equipes batalhavam entre si, onde apenas o melhor sobrava para jogar um quadrangular decisivo com três times asiáticos. Na Espanha, os 24 times foram divididos em seis chaves de quatro times cada. Os dois melhores classificados passavam para a segunda fase, que teriam os times, novamente, divididos em chaves. Desta vez, eram quatro grupos de três times, sendo disputado um turno único. O melhor avançava para as semifinais. Na sequência, os vencedores passavam para a final. Grupo 1: Itália, Polônia, Peru e CamarõesGrupo 2: Argélia, Alemanha Ocidental, Áustria e ChileGrupo 3: Bélgica, Argentina, El Salvador e HungriaGrupo 4: Inglaterra, França, Tchecoslováquia e Kuwait Grupo 5: Espanha, Honduras, Irlanda do Norte e Iugoslávia Grupo 6: Brasil, URSS, Escócia e Nova Zelândia

O Brasil deu muita sorte no sorteio das eliminatórias. Com um elenco estelar, formado por Zico, Falcão, Sócrates e Júnior, os brasileiros tinham pela frente a fraca Venezuela e o time da cordilheira, Bolívia. Tarefa fácil para o Brasil na teoria, mas complicada na prática. O time sofreu para ganhar dos venezuelanos por apenas 1 a 0, em Caracas, e para bater a Bolívia, por 2 a 1.Em território brasileiro, a situação não foi muito diferente. No primeiro compromisso, o time canarinho penou para bater a Bolívia por 3 a 1, mas estraçalhou a Venezuela por 5 a 0. Com quatro vitórias em quatro jogos, o Brasil confirmou sua participação pela 12ª vez seguida em uma Copa do Mundo.Confira os jogos das eliminatórias da América do Sul.Venezuela 0 x 1 Brasil Bolívia 1 x 2 BrasilVenezuela 1 x 0 BolíviaBrasil 3 x 1 Bolívia Brasil 5 x 0 VenezuelaBolívia 3 x 0 Venezuela

Do show ao desastre do Sarriá Foi um espetáculo à parte para quem soube apreciar o show da seleção brasileira na Copa do Mundo de 82. Com jogadores extremamente técnicos e habilidosos, a equipe canarinha causou furor pelo futebol ofensivo e criativo, em que Zico era seu principal comandante. Entretanto, tudo caiu em apenas um jogo. A desgraça de 5 de julho, no maldito estádio de Sarriá, implodido em 97, jamais sairá da memória do torcedor brasileiro. Desgraça menor apenas que a sofrida na Copa de 50.O começo foi pouco animador, mas sem grandes sustos. Nas eliminatórias, o Brasil despachou as fracas Bolívia e Venezuela. Na Copa do Mundo, a história mudou completamente. Já na partida de estréia, a refinada técnica do ponteiro Éder Aleixo brilhou. Depois de uma falha gritante do goleiro Waldir Peres no gol de Bal e do gol de

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empate do doutor Sócrates, o Brasil virou o jogo com um chutaço de fora da área de Éder, que o goleiro Dassaev nem viu por onde passou. Um golaço que marcou a primeira vitória do Brasil na competição.No segundo compromisso foi a vez dos escoceses entrarem na roda. E como entraram. Foram quatro gols e novamente uma vitória de virada. Com gols de Zico, Oscar, Éder e Falcão, a máquina de Telê Santana começou a encantar a Espanha. Jogando um futebol de primeira, o Brasil emplacou outra vitória na sua despedida da fase classificatória.A Nova Zelândia nem viu a cor da bola e levou um vareio. O time canarinho goleou por 4 a 0, com dois gols de Zico, um de Falcão e outro do centroavante Serginho Chulapa. Com isso, a empolgação tomou conta e o Brasil despontava como grande favorito, ao lado da França de Platini. Na segunda fase, a Argentina seria nossa primeira rival. Zico abriu o placar já no primeiro tempo. Serginho e Júnior ampliaram, e o meia Ramón Diaz descontou. O Brasil deu olé nos seus rivais que terminaram a partida com dez jogadores, por causa da expulsão do então novato Diego Maradona.Aí, veio a desgraça. Precisando de um mero empate, o Brasil deixou escapar a classificação e o possível título das mãos. A derrota por 3 a 2 diante dos italianos matou a era de Zico e selou a desclassificação brasileira. O jogo foi memorável com o Brasil chegando a ficar na frente do placar, mas esbarrando no carrasco Paolo Rossi. Teve de tudo. Um passe errado de Toninho Cerezo resultou no segundo gol dos italianos, Zico teve sua camisa rasgada pelo zagueiro Gentile, Falcão lutou e Zoff fechou o gol. A eliminação chocou o País e passou a ser conhecida como o "desastre do Sarriá". Meninos choraram inconsoláveis, em imagens que vão ficar para sempre registrada na memória.

• Primeira faseBrasil 2 x 1 URSSBrasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luizinho, Júnior, Falcão, Dirceu (Paulo Isidoro), Sócrates, Zico, Serginho e Éder. Téc: Telê Santana Gols: Bal, aos 33’ do primeiro tempo; Sócrates, aos 30’, e Éder, aos 43’ do segundo tempo.

Escócia 1 x 4 BrasilBrasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luizinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. Téc: Telê SantanaGols: Narey, aos 18’, Zico, aos 33’ do primeiro tempo; Oscar, aos 3’, Éder, aos 19’, e Falcão, aos 41’ do segundo tempo.

Brasil 4 x 0 Nova ZelândiaBrasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar (Edinho), Luizinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. Téc: Telê SantanaGols: Zico, aos 29’ e aos 31’ do primeiro tempo; Falcão, aos 19’, e Serginho, aos 25’ do segundo tempo.

• Segunda faseBrasil 3 x 1 ArgentinaBrasil: Waldir Peres; Leandro (Edevaldo), Oscar, Luizinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico (Batista), Serginho e Éder. Téc: Telê Santana Argentina: Fillol; Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Barbas, Kempes (Ramón Díaz), Ardiles, Calderón, Bertoni (Santamaria) e Maradona. Téc: César Luís MenottiGols: Zico, aos 12’ do primeiro tempo; Serginho, aos 22’, Júnior, aos 27’, e Ramón Díaz, aos 43’ do segundo tempo.Itália 3 x 2 Brasil Data: 05/07/1982 Itália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni, Oriali (Marini), Tardelli,

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Graziani, Rossi (Altobelli) e Conti. Téc: Enzo BearzotBrasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luizinho, Júnior, Falcão, Sócrates, Zico, Cerezo, Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. Téc: Telê SantanaGols: Rossi, aos 5’ e aos 25’, e Sócrates, aos 12’ do primeiro tempo; Falcão, aos 23’, Rossi, aos 29’ do segundo tempo.

O elenco brasileiroGoleiros: Waldir Peres (São Paulo), Paulo Sérgio (Botafogo) e Carlos (Ponte Preta)Zagueiros: Leandro (Flamengo), Edevaldo (Inter), Oscar (São Paulo), Luizinho (Atlético-MG), Edinho (Udinese), Juninho (Ponte Preta), Júnior (Flamengo) e Pedrinho (Vasco)Meio-campo: Cerezo (Atlético-MG), Falcão (Roma), Sócrates (Corinthians), Zico (Flamengo), Batista (Grêmio) e Renato (São Paulo)Ataque: Serginho (São Paulo), Éder (Atlético-MG), Paulo Isidoro (Cruzeiro), Dirceu (sem clube) e Roberto Dinamite (Vasco)Técnico: Telê Santana

CAMPEÃOComo se fosse num páreo de turfe, o cavalinho italiano começou muito desacreditado na Copa do Mundo. Mesmo com a boa campanha nas eliminatórias, quando teve cinco vitórias, dois empates e uma derrota, o time italiano chegou como azarão. Precisando se recuperar do escândalo de 80, quando diversos jogadores e dirigentes tiveram seus nomes envolvidos na fraude da loteria esportiva, a Itália sabia que não tinha condições de disputar o título. Com o desentrosado Paolo Rossi no ataque, a situação piorava ainda mais. Sem jogar há dois anos, Rossi chegou à Espanha apenas como um jogador queridinho do técnico, mas se recuperou de forma espetacular. O atacante cresceu junto com a equipe, no momento em que a Itália mais precisava.A Azzura teve um começo desanimador para seus torcedores. A equipe não conseguiu passar de um empate com Polônia, Peru e Camarões. A sorte dos europeus é que Camarões, que também havia empatado os três jogos, marcou um gol a menos e terminou fora. Com isso, mesmo debaixo de muitas críticas pelo medíocre futebol apresentado na primeira fase, o time passou para a segunda fase, na qual enfrentaria Argentina, atual campeã, e Brasil, a melhor equipe da competição até aquele momento.Certeza de eliminação. Era tudo que passava na cabeça do mais fanático torcedor italiano. Foi aí que brilhou a estrela do matador Paolo Rossi. O artilheiro resolveu jogar bola e levou a Itália praticamente nas costas. No primeiro jogo, um surpreendente 2 a 1 sobre a Argentina. Rossi não marcou, mas deu os passes para Tardelli e Cabrini, que selaram a vitória.No segundo jogo, a Azzura precisava derrotar o Brasil para se classificar. Como todos sabem, o carrasco Rossi marcou três e mandou o Brasil de Telê de volta para casa. Na semifinal, a equipe mostrou estar realmente embalada e devorou os poloneses, com outra exibição de gala. Jogando muito e empolgando a torcida, os italianos passaram fácil pela Alemanha, na final, por 3 a 1. O título ia pela terceira vez à Bota, que empatou com o Brasil em número de conquistas na Copa do Mundo. A Itália consagrava ainda uma bos safra de jogadores, todos ídolos em seus clubes, como o fantástico goleiro Zoff, o zagueiro Gentile e a dupla matadora Conti e Rossi, ao lado de raçudos como o meia Orialli e o zagueiro Scirea. Uma turma muito bem comandada pelo técnico Enzo Bearzot.

Itália 0 x 0 PolôniaItália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni, Marini, Tardelli, Graziani, Rossi e Conti. Téc: Enzo Bearzot

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Peru 1 x 1 Itália Itália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni, Marini, Tardelli, Graziani, Rossi (Causio) e Conti. Téc: Enzo Bearzot Gols: Conti, aos 19’ do primeiro tempo; Collovati (contra), aos 39’ do segundo tempo.

Itália 1 x 1 CamarõesItália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni, Oriali, Tardelli, Graziani, Rossi e Conti. Téc: Enzo Bearzot Gols: Graziani, aos 15’ e M’Bila, aos 16’do segundo tempo.

• Segunda faseArgentina 1 x 2 ItáliaArgentina: Fillol; Olguin, Galván, Passarella, Tarantini, Gallego, Diaz (Valencia), Ardiles, Kempes (Calderón), Bertoni e Maradona. Téc: César Luís Menotti Itália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni, Oriali (Marini), Tardelli, Graziani, Rossi (Altobelli) e Conti. Téc: Enzo BearzotGols: Tardelli, aos 12’, Cabrini, aos 22’, e Passarella, aos 38’ do segundo tempo.

Itália 3 x 2 Brasil Itália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni, Oriali (Marini), Tardelli, Graziani, Rossi (Altobelli) e Conti. Téc: Enzo Bearzot Brasil: Waldir Peres; Leandro, Oscar, Luizinho, Júnior, Falcão, Sócrates, Zico, Cerezo, Serginho (Paulo Isidoro) e Éder. Téc: Telê Santana Gols: Rossi, aos 5’ e aos 25’, e Sócrates, aos 12’ do primeiro tempo; Falcão, aos 23’, Rossi, aos 29’ do segundo tempo.

• SemifinaisItália 2 x 0 PolôniaItália: Zoff; Bergomi, Collovati, Scirea, Cabrini, Antognoni (Marini), Oriali, Tardelli, Graziani (Altobelli), Rossi e Conti. Téc: Enzo BearzotGols: Rossi, aos 22’ do primeiro tempo; Rossi, aos 28’ do segundo tempo.

• Final Itália 3 x 1 Alemanha OcidentalItália: Zoff; Gentile, Collovati, Scirea, Cabrini, Bergomi, Oriali, Tardelli, Graziani (Altobelli, e depois Causio), Rossi e Conti. Téc: Enzo Bearzot Alemanha: Schumacher; Kaltz, Stielike, Karl-Heinz Forster, Bernd Foster, Dremmler (Hrubesch), Briegel, Breitner, Littbarski, Fischer e Rummenigge (Hansi Müller). Téc: Jupp Derwall Gols: Rossi, aos 11’, Tardelli, aos 24’, Altobelli, aos 35’, e Breitner, aos 37’ do segundo tempo.

Paolo Rossi, de bandido a herói O jogador italiano começou sua carreira em 77, jogando pela Juventus. Não teve um bom esempenho e acabou sendo negociado para o modesto Como. A partir daí, começou a ser um jogador nômade passando por diversos clubes de pouca expressão. Esteve no Vicenza e no Perugia, onde voltou a se destacar. Com isso, Rossi retornou aos grandes times, sendo contratado pela Juventus.Mostrando muito oportunismo, ele despontou como um dos grandes nomes no futebol italiano, até meados de 80, quando se viu envolto no escândalo da Loteria Esportiva, que abalou a Itália e revelou a corrupção em inúmeros jogos para manipulação da loteria. Rossi pegou dois anos de suspensão, retornando com imagem de bandido para a disputa da Copa de 1982.Perseguido e desacreditado, ele superou tudo e marcou seus seis gols nos últimos três jogos, terminando como artilheiro e maior estrela da competição. Depois de

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saborear por certo tempo o sucesso da Copa, amargou novamente um período de fracassos, desta vez sem volta. Falcão, o ponto de equilíbrio Entre tantas estrelas, Paulo Roberto Falcão foi uma das que mais brilhou durante a Copa. Mesmo jogando como o meia mais recuado da seleção de Telê, o Rei de Roma desfilou nos campos italianos, marcando três gols durante todo o torneio. Dando chutes precisos de fora da área e armando a defesa com maestria, Falcão foi essencial para o sucesso do esquema tático de Telê, fazendo muito bem a marcação e partindo para o ataque, quando preciso. O meia começou sua carreira no Inter, onde foi campeão brasileiro em 75,76 e 79. Passou pela Roma, levando o time da capital italiana ao título nacional em 83, encerrando sua carreira no São Paulo de 85, o time que marcou época nas mãos de Cilinho. Também participou da Copa de 86, onde ficou no banco de reserva. Curiosidades1 – O juiz soviético Miroslav Stupar ficou para sempre marcado como um covarde após o jogo entre França e Kuwait, pela fase classificatória. Inconformado com um gol francês, o xeque Fahid Al-Sabah entrou em campo e exigiu a anulação do gol. O árbitro resolveu acatar a ordem do xeque invasor e anulou o gol. Mesmo assim, a França ganhoupor 4 a 1. 2 – A falta de gols eliminou Camarões da competição. Mesmo terminando a primeira fase nvictos, os Leões Indomáveis foram desclassificados, pois perderam no desempate para os italianos pela segunda colocação do grupo A. O time africano marcou um gol, enquanto a Azzura anotou dois. Mais um gol e Camarões poderia ter eliminado o campeão já na primeira fase.3 – Se o time não chegou à final, o Brasil esteve representado pela primeira vez por um juiz. O árbitro Arnaldo César Coelho apitou a decisão entre Alemanha Ocidental e Itália, sendo o primeiro brasileiro a apitar uma final de Copa do Mundo. Depois dele, Romualdo Arppi Filho comandou a final de 86. 4 – O Brazil por pouco não enfrentou o Brasil. Em 82, a Escócia inscreveu um jogador chamado Brazil. O atacante britânico atuou nas partidas contra União Soviética e Nova Zelândia, mas desfalcou o time justamente contra nossa seleção. Brazil jogou 72 minutos e não marcou nenhum gol na competição. 5 – Ao mesmo tempo em que apresentou a maior goleada da competição, o torneio de 82 teve também a maior quantidade de jogos em 0 a 0. No total, foram sete partidas sem sair do zero. A segunda maior marca foi em 78, quando seis jogos terminaram sem abertura de placar.

Artilheiros6 gols: Paolo Rossi (Itália) 4 gols: Zico (Brasil) e Boniek (Polônia) 3 gols: Falcão (Brasil), Giresse (França), Kiss (Hungria) e Armstrong (Irlanda do Norte)

Classificação final Pos País Pontos J V E D GP GC1º Itália 11 7 4 3 - 12 62º Alemanha Ocidental 8 7 3 2 2 12 103º Polônia 9 7 3 3 1 11 54º França 8 7 3 2 2 16 125º Brasil 8 5 4 - 1 15 6

México- 1986Maradona comanda a Argentina Diego Armando Maradona foi o grande nome da Copa do Mundo de 1986. Uma participação decisiva e brilhante na campanha da Argentina campeã mundial, incluindo

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cinco gols em momentos decisivos. Desde Garrincha em 1962, com o Brasil campeão, um jogador não se apresentava de forma tão marcante para um título de uma seleção.Os argentinos estréiam com uma vitória por 3 a 1 em cima da Coréia do Sul. Depois empatam por 1 a 1 com a Itália, com um gol de Maradona, e fazem 2 a 0 na Bulgária. Nas oitavas, 1 a 0, gol de Pasculli, diante do Uruguai. E vem o duelo com a Inglaterra nas quartas-de-final, diante de 114 mil torcedores no estádio Azteca: 2 a 1, dois gols de Maradona, um deles com a mão. "Com a mão de Deus", diria mais tarde Dieguito. Só o juiz tunisiano Ali Bennaceur não viu.A Argentina elimina a Bélgica na semifinal: 2 a 0, mais dois gols de Maradona. Na final diante da Alemanha, no estádio Azteca, com o apoio do mexicanos, os argentinos vencem a Alemanha por 3 a 2. Os argentinos fazem 2 a 0, os alemães empatam em 2 a 2, mas um passe de Maradona deixa Burruchaga em condições de marcar o gol do título, a seis minutos do final. A Colômbia foi inicialmente a nação escolhida para ser a sede da 13ª Copa do Mundo. No entanto, problemas políticos e financeiros fizeram o governo do país retirar seu apoio ao comitê organizador. Sem essa ajuda, os colombianos anunciaram em 1983 que não possuíam condições para abrigar a competição.Brasil, Canadá, Estados Unidos e México ofereceram-se para substituir a Colômbia. A falta de tradição no futebol acabou com as esperanças de americanos e canadenses, que logo foram descartados. O Brasil também não contou com o apoio do governo federal e acabou por retirar sua candidatura, sobrando o México como único opção. Mas o México também não ficou livre de problemas. Oito meses antes do início da Copa, a Cidade de México e outros três estados do país foram atingidos por um terremoto que causou a morte de 25 mil pessoas. Então surgiu a força do povo mexicano, que mesmo com sérios obstáculos decidiu seguir em frente na determinação de organizar a Copa. Forma de disputa Forma de disputa A 13ª edição da Copa do Mundo contou com a participação de 24 seleções, divididas em seis grupos de quatro. As equipes enfrentaram-se dentro de cada chave. Os dois primeiros colocados de cada grupo, mais as quatro melhores nações terceiras colocadas (pelo índice técnico) garantiram vaga nas oitavas-de-final. A partir dessa fase foi adotado o sistema eliminatório, quem perdesse estava fora da competição, até se chegar ao campeão da competição.Grupo A: Argentina, Itália, Bulgária e Coréia do SulGrupo B: México, Paraguai, Bélgica, e IraqueGrupo C: URSS, França, Hungria e CanadáGrupo D: Brasil, Espanha, Irlanda e ArgéliaGrupo E: Dinamarca, Alemanha Ocidental, Uruguai e EscóciaGrupo F: Marrocos, Inglaterra, Polônia e Portugal

BRASILMesmo depois do "desastre do Sarriá", Telê Santana ganhou nova chance no comando da Seleção Brasileira a partir das eliminatórias para a Copa de 1986. Ele reuniu a base do time de 1982, apostando na experiência de Zico, Cerezo, Falcão, Sócrates, Elzo e Alemão. E não teve problemas para se classificar.O Brasil caiu no grupo 3 das eliminatórias sul-americanas, ao lado da Bolívia e do Paraguai. As três seleções enfrentaram-se em turno e returno, e apenas a primeira colocada garantia vaga automaticamente para a Copa do México. Os brasileiros estrearam vencendo a Bolívia fora de casa por 2 a 0. Os paraguaios também perderam pelo mesmo placar, em Assunção. Nas partidas de volta, dois empates por 1 a 1, primeiro com o Paraguai e depois com a Bolívia, foram suficientes para assegurar a presença do Brasil em mais uma Copa do Mundo.Na Copa, o Brasil caiu no grupo D, ao lado da Espanha, Irlanda do Norte e Argélia. O time de Telê obteve três vitórias em três jogos, sem sofrer um só gol. Nas oitavas-de-final, oito jogos em eliminatórias simples. O Brasil não tomou conhecimento da Polônia, fez 4 a 0 e deixou a torcida bastante confiante numa nova conquista.

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Nas quartas-de-final, o Brasil enfrenta a França. Fizemos 1 a 0 com Careca, mas os franceses empataram o jogo com Platini. A partida vai para a prorrogação. Zico entra em campo frio e logo em seguida o juiz marca pênalti para o time brasileiro. O Galinho de Quintino bate e o goleiro Bats defende. A chance de classificação estava sendo perdida ali, naquele lance. Na decisão por pênaltis, a França leva a melhor, vencendo por 4 a 3, mesmo com Platini, o líder do time, perdendo sua cobrança. O goleiro Bats voltou a brilhar, defendendo um pênalti cobrado por Sócrates. E o Brasil volta para casa mais cedo, apesar de uma campanha impecável até ali, com quatro vitórias, 10 gols marcados e apenas 1 sofrido.O melhor momento de CarecaO centroavante brasileiro Antônio de Oliveira Filho, o Careca, atingiu uma das melhores fases de sua carreira em 1986. Durante a disputa da Copa do Mundo no México, em junho, sagrou-se vice-artilheiro da competição com cinco gols. Alguns em momentos cruciais, como o gol da vitória sobre a Argélia, na primeira fase, e o gol que deixou o Brasil na frente por 1 a 0 contra a França, nas quartas-de-final.De volta ao Brasil, Careca participou da campanha vitoriosa do São Paulo no Campeonato Brasileiro do mesmo ano, tornando-se artilheiro da competição com 25 gols. Suas boas atuações despertaram a atenção de dirigentes europeus e, em 1987, Careca transferia-se para o Napoli, da Itália. Lá veio a consagração que lhe faltava, nos campos do melhor campeonato do mundo. Fazendo dupla com o argentino Maradona, Careca virou ídolo da torcida local. Conquistou os títulos italianos de 1987 e 90 e da Copa da Uefa de 1989. Marcou mais de 90 gols em sua passagem pelo futebol italiano. Nascido em Araraquara, interior paulista, Careca começou sua carreira vitoriosa no Guarani, em 1978, quando o técnico Carlos Alberto Silva, sem opções no ataque para o Campeonato Brasileiro daquele ano, decidiu promover, às vésperas do início da competição, um jovem de 17 anos da equipe juvenil para a principal. Meses mais tarde, Careca não apenas conquistaria o título de campeão brasileiro como ainda marcaria o gol do título na vitória sobre o Palmeiras, 1 a 0, na final.Sua última grande jogada aconteceu em 1993, durante a disputa das eliminatórias da Copa do Mundo de 94, nos EUA. Fora de forma, o atacante deu um exemplo de autocrítica e pediu dispensa da seleção, por entender que não estava colaborando com a equipe. Um gesto que resumiu bem sua atuação em toda a carreira, do artilheiro que pensava no coletivo.

• Primeira faseBrasil 1 x 0 EspanhaBrasil: Carlos; Branco, Edinho (c), Júlio Cesar, Edson; Júnior (Falcão),Sócrates, Alemão, Elzo; Casagrande (Müller), Careca.Gol: Sócrates, aos 63 min.

Brasil 1 x 0 ArgéliaBrasil: Carlos; Branco, Edinho (c), Júlio Cesar, Edson (Falcão); Júnior, Sócrates, Alemão, Elzo; Casagrande (Müller), CarecaGol: Careca, aos 66 min

Brasil 3 x 0 Irlanda do NorteBrasil: Carlos; Branco, Edinho (c), Júlio Cesar, Josimar; Júnior, Sócrates(Zico), Alemão - Elzo, Müller (Casagrande), Careca.Gols: Careca, aos 15 min e 87 min; Josimar, aos 41 min.• Oitavas-de-finalBrasil 4 x 0 Polônia Brasil: Carlos; Josimar, Júlio Cesar, Edinho (c), Branco; Elzo, Alemão,Sócrates (Zico), Júnior, Careca, Müller (Silas)Gols: Sócrates, aos 30 min; Josimar, aos 54 min; Edinho, aos 77 min; e Careca, aos 81 min.

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• Quartas-de-finalBrasil 1 x 1 França (nos pênaltis, Brasil 3 x 4 França)Brasil: Carlos;Josimar, Júlio Cesar, Edinho (c), Branco; Alemão, Sócrates,Junior (Silas), Elzo; Müller (Zico), Careca.França: Bats; Amoros, Tureau, Battiston e Bossis; Fernandez, Tigana, Giresse (Ferreri) e Platini; Rocheteau (Bellone) e Stopyra.Gols: Careca, aos 18 min; e Platini, aos 42 min.

Goleiros: Carlos (Corinthians), Paulo Vítor (Fluminense) e Leão (Palmeiras)Zagueiros: Édson (Corinthians), Júlio César (Guarani), Edinho (Udinese), Branco (Fluminense), Josimar (Botafogo/RJ), Oscar (São Paulo), Mauro Galvão (Internacional/RS)Meio-de-campo: Júnior (Torino), Elzo (Atlético/MG), Alemão (Botafogo/RJ), Sócrates (Flamengo), Falcão (São Paulo), Zico (Flamengo), Silas (São Paulo), Valdo (Grêmio)Atacantes: Muller (São Paulo), Careca (São Paulo), Casagrande (Corinthians), Edivaldo (Atlético/MG)

CAMPEÃODon Dieguito, o craque da CopaO argentino Diego Armando Maradona escreveu seu nome na história da Copas em 1986. Ele liderou sua equipe ao título com inesquecíveis atuações e gols decisivos. Um contra a Itália na primeira fase, dois gols históricos contra a Inglaterra nas quartas-de-final e mais dois contra a Bélgica, na semifinal.Nascido em 1960, no subúrbio de Buenos Aires, Don Dieguito, como passou carinhosamente a ser chamado, começou sua carreira nas categorias de base do Argentinos Juniors. Tornou-se o mais jovem jogador a vestir a camisa de seu país em 1976, aos 16 anos. Por pouco não foi convocado para disputar a Copa em seu país, em 78. Transferiu-se para o Boca Juniors em 80. Em 1983 foi vendido para o Barcelona, da Espanha, por um valor recorde à época. Porém não foi bem-sucedido no clube catalão, e dois anos depois, em 1985, foi para o Napoli, da Itália, onde conseguiu demonstrar toda a sua genialidade. Maradona conquistou o Sul da Itália com sua habilidade. Deu ao Napoli dois scudettos (título do Campeonato Italiano), seus primeiros na história. Capitão indiscutível, também levantou a taça da Copa da Uefa no período em que esteve no clube italiano. Ainda hoje é ídolo e tratado como astro em Nápoles.Quase deu mais uma Copa do Mundo à Argentina em 1990. Carregou o time nas costas, deu passes para gols nos momentos mais necessários (contra o Brasil e Itália), garantindo o vice-campeonato.Em 1991, em um jogo do Campeonato Italiano, contra o Bari, seu exame antidoping deu positivo. Resultado: uma suspensão que o deixou 18 meses longe dos gramados. Prescrita a pena, voltou ao Boca. Ainda teve breves passagens pelo Sevilla (Espanha) e pelo Newell´s Old Boys.Convocado por Alfio Basile para defender uma vez mais a Argentina na Copa do Mundo de 1994, nos EUA, Maradona provou que ainda podia jogar bem. Na estréia contra a Grécia, goleada por 4 a 0, incluindo um gol seu. No entanto, algumas horas mais tarde o Comitê Organizador anunciou que o jogador havia sido flagrado no exame antidoping, presença da substância efedrina em seu sangue. Maradona é suspenso mais uma vez do futebol. Argentina 3 x 1 Coréia do SulArgentina: Pumpido; Clausen, Brown, Ruggeri e Garré; Giusti, Batista (Olarticoechea), Pasculli (Tapia) e Maradona; Burruchaga e Valdano.Gols: Valdano, aos 5min e 46min; Ruggeri, aos 17 min; e Chang-sun, aos 75 min.

Itália 1 x 1 Argentina Itália: Galli; Vierchowod, Scirea, Bergomi e Cabrini; Bagni, Di Gennaro, Galderisi e De

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Napoli (Baresi); Altobelli e Conti (Vialli).Argentina: Pumpido; Brown, Ruggeri e Garré; Giusti, Cuciuffo, Batista (Olarticoechea), Borghi (Enrique) e Maradona; Burruchaga e Valdano. Gols: Altobelli, aos 6 min; Maradona, aos 34 min.

Argentina 2 x 0 BulgáriaArgentina: Pumpido; Brown, Ruggeri e Garré; Giusti, Cuciuffo, Batista (Olarticoechea), Borghi (Enrique) e Maradona; Burruchaga e Valdano.Gols: Valdano, aos 3min; Burruchaga, aos 87min.

• Oitavas-de-finalArgentina 1 x 0 UruguaiArgentina: Pumpido; Brown, Ruggeri e Garré; Giusti, Cuciuffo, Batista (Olarticoechea), Pasculli e Maradona; Burruchaga e Valdano.Gol: Pasculli, aos 41min.

• Quartas-de-finalArgentina 2 x 1 InglaterraArgentina: Pumpido; Brown, Ruggeri e Olarticoechea; Giusti, Cuciuffo, Batista, Enrique e Maradona; Burruchaga (Tápia) e Valdano.Gols: Maradona (2), aos 51 e 54 min.; Lineker, aos 81min.

• SemifinalArgentina 2 x 0 Bélgica Argentina: Pumpido; Brown, Ruggeri e Olarticoechea; Giusti, Cuciuffo, Batista, Enrique e Maradona (Tápia); Burruchaga (Bocchini) e Valdano.Gols: Maradona, aos 51 e 62 min.

• FinalArgentina 3 x 2 Alemanha OcidentalArgentina: Pumpido; Brown, Ruggeri e Olarticoechea; Giusti, Cuciuffo, Batista, Enrique e Maradona (Tápia); Burruchaga (Trobbiani) e Valdano. Alemanha Ocidental: Schumacher; Berthold, Foester, Jakobs e Briegel; Eder, Matthäeus, Magath (Hoeness) e Brehme; Rummenigge e Allofs (Voeller). Gols: Brown, aos 22min; Valdano, aos 55 minutos; Rummenigge, aos 73 min; Voeller, aos 81 min; Burruchaga, aos 83 min.

Goleiros: Nery Pumpido, Luís Islas e Héctor Zelada.Zagueiros: José Luís Cuciuffo, Oscar Ruggeri, José Luís Brown, J.J. Olarticoechea, Néstor Clausen, Oscar Garre e Daniel PassarellaMeio-de-campo: Sérgio Daniel Batista, Ricardo Giusti, Diego Armando Maradona e Ricardo BocchiniAtacantes: Jorge Burruchaga, Héctor Adolfo Enrique, Jorge Valdano, Cláudio Borghi, Pedro Pablo Pascullli, Carlos Tápia, Marcelo Trobbiani e Sérgio Almirón. Treinador: Carlos Salvador Bilardo

DESTAQUESGary Lineker, o artilheiro Seis gols em cinco partidas. O inglês Gary Lineker foi o grande artilheiro da Copa do Mundo de 86. Ele demorou para embalar, não marcando nenhuma vez nos dois primeiros jogos. Desencantou contra a Polônia, deixando sua marca três vezes. Nas oitavas-de-final, mais dois gols. E outro contra a Argentina, nas quartas.

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Na Itália, em 1990, foram mais quatro gols, o que lhe coloca na posição de sexto maior goleador da história das Copas, com 10 gols.Lineker nasceu em Leicester, região central da Inglaterra, em 30 de novembro de 1960. Começou jogando no clube de sua cidade, o Leicester City, estreando na primeira divisão em 1979. Ficou duas temporadas na reserva, e somente em 1981 passou para a equipe titular. No campeonato seguinte, foi artilheiro com 17 gols em 39 partidas (segunda divisão). Repete o feito na temporada seguinte, desta vez com 26 gols, ajudando o Leicester a subir para a divisão principal. Em 1985 foi negociado com o Everton, da cidade de Liverpool. Depois do Mundial de 1986, foi vendido para o Barcelona, da Espanha. Retornou ao futebol inglês em 1989, para defender o Tottenham Hotspur. Encerrou a carreira no Japão, atuando pelo Nagoya Grampus. Curiosidades- pela primeira vez na história, o sorteio dos grupos, realizado em dezembro de 1985, foi direcionado. Para tornar as chaves mais equilibradas e impedir a saída prematura de seleções de um mesmo continente, os 24 países foram divididos em quatro categorias diferentes. México (país-sede), Argentina, Alemanha Ocidental, França, Polônia e Brasil foram designados como cabeças-de-chave.- para evitar resultados de conveniência, ficou estabelecido que a última rodada de cada grupo fosse disputada no mesmo dia e horário.- pela primeira vez foi adotado o sistema de classificação (dos quatro melhores terceiros colocados) por índice técnico.- Romualdo Arppi Filho foi o juiz que apitou a final, o segundo brasileiro consecutivo a ter essa honra – o primeiro havia sido Arnaldo César Coelho, em 1982. Artilheiros6 gols: Lineker (Inglaterra); 5 gols: Maradona (Argentina), Careca (Brasil) e Butragueño (Espanha);

Classificação final Pos País Jogos V E D GP GC SG1º Argentina 7 6 1 0 14 5 92º Alemanha Ocidental 7 3 2 2 8 7 13º França 7 4 2 1 12 6 64º Bélgica 7 2 2 3 12 15 -35º Brasil 5 4 1 0 10 1 9

Itália - 1990O mundo esperava uma grande Copa em 1990. Afinal, o Mundial voltava a ser disputado na Itália após 56 anos e ainda estava no ar o clima mágico dos jogos realizados na Espanha, em 1982, e no México, em 1986. Fora do campo, os organizadores deram um show. Até hoje a Copa de 90 é considerada a mais organizada da história. Entretanto, dentro dos gramados, as coisas não andaram muito bem. Jogos sofríveis, empates e poucos gols fizeram da Copa uma grande chatice. A Itália, favorita, sucumbiu nas semifinais diante de uma aguerrida, mas limitada, Argentina. O Brasil também tropeçou nos argentinos, mas a seleção canarinho já estava mesmo mal das pernas.A surpresa da Copa ficou por conta da seleção de Camarões. Os Leões Africanos, como ficou conhecido o time comandado pelo veterano Roger Milla, derrotou a Argentina na estréia do Mundial, sendo o único time a apresentar um futebol ofensivo e artístico na competição. Entretanto, os camaroneses pagaram por um futebol-arte, perdendo as quartas-de-final para a Inglaterra no jogo mais emocionante da Copa.

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Na final, a Alemanha conseguiu o tão sonhado título, após dois vice-campeonatos, e entrou para o clube dos tricampeões mundias. E nada melhor do que vencer a Argentina na grande decisão, devolvendo a derrota sofrida no Mundial de 86. Forma de disputa A Copa foi disputada por 24 equipes, divididas em seis grupos de quatro. Classificaram-se para as oitavas-de-final o primeiro e o segundo colocado de cada grupo, além dos quatro melhores terceiros colocados. As seleções classificadas se enfrentavam no sistema mata-mata, até ser definido o campeão. A partir das oitavas-de-final, as partidas que terminassem empatadas eram decididas numa prorrogação de 30 minutos e, em caso de persistência do empate, seria realizada uma série de cobranças de pênaltis. Grupo A - Itália, Áustria, Tchecoslováquia e Estados UnidosGrupo B - Argentina, República dos Camarões, URSS e RomêniaGrupo C - Brasil, Suécia, Escócia e Costa RicaGrupo D - Alemanha Ocidental, Iugoslávia, Colõmbia e Emirados Árabes Unidos.Grupo E - Bélgica, Uruguai, Espanha e Coréia do Sul.Grupo F - Inglaterra, Holanda, Egito e Irlanda (Eire).

Lazaroni trava a SeleçãoA participação do Brasil na Copa de 1990 foi marcada por muita confusão. A começar pelo esquema tático da equipe, com a utilização do líbero no futebol brasileiro. Pobre Mauro Galvão, que só conseguiu resgatar a sua imagem depois de muitos anos jogando um bom futebol – como quarto-zagueiro.O grupo também estava desunido, com vários grupos divergentes. A verborragia do técnico Sebastião Lazaroni não conseguia ser assimilada pelos boleiros, que estavam mais preocupados em lutar por um aumento dos bichos. Além disso, a CBF permitiu que os jogadores levassem seus familiares ao Mundial, o que reduziu a possibilidade de concentração.Com esse quadro, a seleção fez sua campanha mais medíocre desde 1966. Na primeira fase, três vitórias apertadas e com muito sofrimento (2 x 1 Suécia, 1 x 0 Costa Rica e 1 x 0 Escócia) garantiram a primeira colocação do grupo.Mas a tragédia já estava anunciada e chegou logo nas oitavas-de-final. Na partida contra a Argentina, a seleção brasileira mostrou um futebol um pouco mais aplicado. Mesmo assim, continuou tropeçando nas próprias pernas, com a defesa confusa, o meio-de-campo inerte e o ataque inexistente. O gol de Caniggia selou o fim da "Era Dunga", marcada pelo futebol de pegada e sem criatividade. O Brasil nas EliminatóriasAs eliminatórias para a Copa da Itália registraram uma das cenas mais deprimentes da história do futebol. No dia 3 de setembro de 1989, um Maracanã lotado assistia perplexo à encenação do goleiro chileno Rojas, numa tentativa desesperada de classificar a sua equipe para o Mundial. Fingindo ter sido acertado por um rojão atirado pela torcida, Rojas provocou um corte em seu supercílio e ocasionou a saída do Chile de campo, quando o placar anotava 1 a 0 para o Brasil. Entretanto, fotos comprovaram a armação e o Chile foi punido, sendo suspenso por oito anos de competições internacionais. Rojas foi banido para sempre do Mundial.Brasil e Chile faziam parte, junto com a Venezuela, do grupo 3 das eliminatórias sul-americanas. Desde o começo, sabia-se que a disputa ficaria mesmo entre brasileiros e chilenos. O Brasil goleou a Venezuela por duas vezes e conseguiu um empate heróico com o Chile, em Santiago, numa verdadeira guerra. Na partida final o Brasil precisava apenas de um empate, mas saiu na frente no comecinho do segundo tempo. Foi então que Rojas aproveitou o rojão atirado em campo para realizar a sua farsa. Nos outros grupos sul-americanos, nenhuma surpresa: Uruguai e Argentina conseguiram suas vagas sem dificuldades. Na Europa, a decepção foi desclassificação da Dinamarca, sensação da Copa de 86, que perdeu a vaga para a Romênia no grupo 1. Quem também se deu mal foi a França (terceira colocada da Copa da Espanha), eliminada por Iugoslávia e Escócia.

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Jogos do Brasil• Primeira FaseGrupo CBrasil 2 x 1 SuéciaBrasil: Taffarel; Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo (Silas), Dunga e Alemão; Müller e Careca. Gols: Careca, aos 40’ do 1º tempo e aos 18’ do 2º tempo e Brolin, aos 34’ do 2º tempo

Brasil 1 x 0 Costa Rica Brasil: Taffarel; Jorginho, Mozer, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo (Silas), Dunga e Alemão; Müller e Careca (Bebeto).Gol: Müller, aos 33’ do 1º tempo

Brasil 1 x 0 EscóciaData: 20 de junho de 1990Brasil: Taffarel; Jorginho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão, Ricardo Gomes e Branco; Valdo, Dunga e Alemão; Romário (Müller) e Careca.Gol: Müller, aos 36’ do 2º tempo

• Oitavas-de-finalBrasil 0 x 1 ArgentinaBrasil: Taffarel; Jorginho, Ricardo Rocha, Mauro Galvão (Renato Gaúcho), Ricardo Gomes e Branco; Valdo, Dunga e Alemão (Silas); Müller e Careca. Argentina: Goycoechea; Simon, Monzon, Troglio (Calderon) e Olarticoechea; Burruchaga, Basualdo, Ruggeri e Giusti; Maradona e Caniggia. Gol: Caniggia, aos 35’ do 2º tempo

Goleiros: Taffarel (Internacional), Acácio (Vasco da Gama) e Zé Carlos (Flamengo)Zagueiros: Jorginho (Bayer Leverkusen/Ale), Mozer (Olympique/Fra), Ricardo Rocha (São Paulo), Mauro Galvão (Botafogo), Dunga (Fiorentina/Ita), Ricardo Gomes (Benfica/Por), Aldair (Benfica/Por) e Branco (Porto/Por) Meio-de-campo: Mazinho (Vasco da Gama), Valdo (Benfica/Por), Silas (Sporting/Por), Tita (Vasco da Gama), Bismarck (Vasco da Gama) e Alemão (Napoli/Ita)Ataque: Romário (PSV/Hol), Renato Gaúcho (Flamengo), Müller (Torino/Ita), Careca (Napoli/Ita) e Bebeto (Vasco da Gama)

A vingança do Imperador A derrota para a Argentina na final da Copa de 1986 nunca saiu da cabeça do técnico alemão Franz Beckenbauer. Afinal, os argentinos ganhavam a partida por 2 a 0 quando Rummenigge e Voeler empataram para a Alemanha, faltando dez minutos para terminar o jogo. Quando tudo indicava a necessidade de uma prorrogação, o meia Burruchaga marcou o terceiro gol argentino, acabando com o sonho do Kaiser se tornar campeão do mundo.Mas Beckenbauer soube esperar. Quatro anos depois, a Alemanha disputa a Copa como uma das favoritas ao título, credenciada pelos vice-campeonatos nos últimos dois Mundiais. Na primeira partida, uma vitória tranquila sobre a Iugoslávia. Cinco dias depois, outra fácil vitória, desta vez em cima dos Emirados Árabes. Nem mesmo o surpreendente empate com a Colômbia no encerramento da primeira fase serviu para tirar os ânimos dos alemães.Nas oitavas-de-final, o adversário foi o perigoso time da Holanda. A seleção holandesa era inferior tecnicamente à Laranja Mecânica de 1974, quando o Kaiser faturou seu único título mundial como jogador. Mesmo assim, a Holanda ainda tinha estrelas como Gullit, Rijkaard e Van Basten. O resultado foi o mesmo de 74, com os alemães vencendo por 2 a 1 e a Holanda vendo novamente um grande time nadar e morrer na praia.

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A partida contra a Tchecoslováquia, válida pelas quartas-de-final, foi extremamente difícil. Um gol de pênalti de Matthaeus garantiu a vaga nas semifinais. O adversário seria a Inglaterra, algoz dos germânicos na discutida final da Copa de 66 (estréia de Beckenbauer em Copas do Mundo). Depois de um empate em 1 a 1 no tempo normal e outro, em 0 a 0, na prorrogação, brilha a estrela do goleiro Ilgner, que classifica nos pênaltis a Alemanha para a final.O adversário da decisão era a Argentina, de novo. E finalmente chegou a hora da vingança do Imperador. A Alemanha dominou todo o jogo, mas não conseguia transformar a superioridade em gols. Os argentinos, desfalcados, apostavam no talento de Maradona. Mas o craque estava muito bem marcado e quase não levou perigo ao gol alemão. Quando a partida encaminhava-se para a prorrogação, o árbitro mexicano Edgardo Codesal Méndez marcou um pênalti duvidoso em Voeller. Na cobrança, Brehme não deu chances para Goycoechea, marcando o gol do título. Bechenbauer, o Kaiser, finalmente, estava vingado.

• Primeira FaseGrupo DAlemanha 4 x 1 IugosláviaAlemanha: Illgner; Reuter, Berthold, Augenthaler, Buchwald e Brehme; Haessler (Littbarski), Matthaeus e Bein (Moeller); Klinsmann e Voeller.Gols: Matthaeus, aos 28’ do 1º tempo e aos 20’ do 2º tempo; Klinsmann, aos 39’ do 1º tempo; Jozic aos 10’ e Brehme, aos 26’ do 2º tempo

Alemanha 5 x 1 Emirados ÁrabesAlemanha: Illgner; Reuter, Berthold (Littbarski), Augenthaler, Buchwald e Brehme; Haessler, Matthaeus e Bein; Klinsmann (Riedle) e Voeller.Gols: Voeller, aos 35’ do 1º tempo e aos 29’ do 2º tempo; Klinsmann, aos 37’ do 1º tempo; Khalid Mubarak, aos 2’, Matthaeus, aos 3’ e Bein aos 13’ do 2º tempo.

Alemanha 1 x 1 ColômbiaAlemanha: Illgner; Reuter, Berthold, Augenthaler, Buchwald e Pfluegler; Haessler (Thon), Matthaeus e Bein (Littbarski); Klinsmann e Voeller. Gols: Littbarski, aos 44’ e Rincón, aos 45’ do 2º tempo.

• Oitavas-de-finalAlemanha 2 x 1 Holanda Alemanha: Illgner; Reuter, Buchwald, Augenthaler, Kholer e Brehme; Berthold, Littbarski e Matthaeus; Klinsmann (Riedle) e Voeller.Holanda: VanBreukelen; Ronald Koeman, VanTiggelen, VanAerle (Kieft), Rijkaard e Wouters; Winter, Gullit e Richard Witscheg (Gillhaus); Van’t Schip e VanBasten. Gols: Klinsmann, aos 6’, Brehme, aos 40’ e Ronald Koeman, aos 44’ do 2º tempo

• Quartas-de-finalAlemanha 1 x 0 TchecoslováquiaAlemanha: Illgner; Berthold, Buchwald, Augenthaler, Kholer e Brehme; Littbarski, Matthaeus e Bein (Moeller); Klinsmann e Riedle. Gol: Matthaeus, aos 24’ do 1º tempo

• Semifinais Alemanha 1 x 1 Inglaterra (Prorrogação: Alemanha 0 x 0 Inglaterra– Pênaltis: Alemanha 4 x 3 Inglaterra)

Alemanha: Illgner; Berthold, Buchwald, Augenthaler, Kholer e Brehme; Haessler (Reuter), Matthaeus e Thon; Klinsmann e Voeller (Riedle).Inglaterra: Shilton; Wright, Parker, Butcher (Steven), Walker e Pearce; Gascoigne,

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Platt e Waddle; Lineker e Beardsley. Gols: Brehme, aos 14’ do 1º tempo e Lineker, aos 36’ do 2º tempo.

• FinalAlemanha 1 x 0 ArgentinaAlemanha: Illgner; Berthold (Reuter), Buchwald, Augenthaler, Kholer e Brehme; Haessler, Matthaeus e Littbarski; Klinsmann e Voeller. Argentina: Goycochea; Simón, Sensini, Ruggeri (Monzón), Serrizuela e Lorenzo; Basualdo, Tróglio e Burruchaga (Calderón); Dezzotti e Maradona. Gol: Brehme, aos 39’ do 2º tempo

Goleiros: Bodo Illgner, Andreas Koepke e Raimond Aumann.Zagueiros: Klaus Augenthaler, Stefan Reuter, Guido Buchwald, Juergen Kohler, Andreas Brehme, Thomas Berthold e Paul Steiner.Meio-de-campo: Pierre Littbarski, Thomas Haessler, Lothar Matthaeus, Uwe Bein, Andreas Moeller e Paul Steiner.Atacantes: Hans Pfluegler, Rudolf Voeller, Juergen Klinsmann, Olof Thon, Frank Mill e Gunter Hermann.Técnico: Franz Beckenbauer

DESTAQUESToto Schillaci conquista a Itália Antes de começar a Copa, o atacante Salvatore Schillaci era um ilustre desconhecido para o torcedor. Mesmo entre os italianos, ele passava quase despercebido. Afinal, era apenas mais um reserva para o ataque. Mas o Mundial mudou a vida de Toto Schillaci, como era conhecido pelos tifosi.Para quem fazia pouco caso, Schillaci deu o ar da graça logo na estréia da Itália diante da Áustria, Saiu do banco para entrar no lugar de Carnevale e marcar o gol da vitória por 1 a 0. O gol ainda não foi suficiente para ganhar a camisa de titular. Ele permaneceu na reserva e na partida seguinte substituiu de novo Carnevale. A Itália ganhou dos Estados Unidos por 1 a 0, gol de Giannini.Para a partida contra a Thecoslováquia, não teve jeito:Schillaci ganhou um lugar no ataque e marcou um dos gols da vitória por 2 a 0 (Baggio fez o segundo). Nas oitavas-de-final, o faro do artilheiro reaparece diante do Uruguai. Ele marca o primeiro gol na vitória por 2 a 0 (Serena fez o segundo). Nas quartas, de novo Schillaci: a Itália venceu a Irlanda por 1 a 0. E nas semifinais contra a Argentina, ele marca seu sexto gol na Copa e coloca a Itália em vantagem, mas Canigia empata no segundo tempo e leva o jogo para a prorrogação. Os italianos caem na disputa por pênaltis.Schillaci nasceu em Palarmo, a 1º de dezembro de 1964.Defendeu o Messina (1988 a 1990), a Juventus (1990 a 1994) e a Internazionale (1994 a 1996) na Itália. Jogou ainda no futebol japonês com a camisa do Jubilo Iwata, de 1996 a 1999. Ganhou a Copa da Itália (1989/1990) e a Copa da Uefa (1990) pela Juventus. Roger Milla, recordista africanoVovô Roger Milla, como passou a ser chamado, disputou três Copas do Mundo (82/90/94). Uma façanha no seu Continente: foi o único jogador africano que conseguiu essa marca. Marcou um gol histórico contra a Rússia: foi o mais velho jogador a marcar em copas, aos 42 anos.Ele começou no Leopardos, de Douala. Depois, transferiu-se para o Tonnere Kalara, sendo campeão da Copa da África em 1976. Em 77, foi jogar no Montpellier, da França. Milla foi campeão da África por Camarões em 84 e 88

Curiosidades 1 – A Copa de 1990 teve a pior média de gols de todos os tempos. Foram marcados 115 gols em 52 partidas, com a ridícula média de 2,21 gols por jogo. A média

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representa menos da metade daquela que foi registrada em 1954, quando as redes balançaram 5,38 vezes por jogo.2 – Camarões conseguiu um feito histórico: jogando um belo futebol, os Leões Indomados terminaram a competição em sétimo lugar. Foi a melhor colocação obtida por uma equipe africana na história do Mundial. Dentre os feitos camaroneses, o destaque fica para a vitória sobre a Argentina na abertura da Copa do Mundo e o grande jogo contra a Inglaterra, nas quartas-de-final. 3 – A competição marcou também a primeira derrota de Camarões em Copas do Mundo. A seleção africana, que havia participada do Mundial de 82 (três jogos e três empates) perdeu duas vezes: 4 x 0 para a URSS e 3 x 2 para a Inglaterra. 4 – As duas partidas semifinais foram decididas nos pênaltis, algo que não foi repetido até hoje.

6 gols: Schillaci (Itália)5 gols: Skuhravy (Tchecoslováquia) 4 gols: Matthaeus (Alemanha), Roger Milla (Camarões), Michel (Espanha) e Lineker (Inglaterra)

Pos País Pontos J V E D GP GC1º Alemanha 12 7 5 2 0 15 12º Argentina 7 7 2 3 2 5 43º Itália 13 7 6 1 0 10 24º Inglaterra 9 7 3 3 1 8 65º Iugoslávia 7 5 3 1 1 8 66º Tchecoslováquia 6 5 3 0 2 10 57º Camarões 6 5 3 0 2 7 98º Irlanda 4 5 0 4 1 2 39º Brasil 6 4 3 0 1 4 2

EUA - 1994O tetra, 24 anos depoisA décima quinta Copa do Mundo foi realizada em 1994, nos Estados Unidos. Dos 146 países inscritos nas Eliminatórias, apenas 24 estariam disputando a tão almejada taça.Depois do fracasso da Copa da Itália, em 1990, onde não havia sido demonstrado um bom futebol, a Copa dos EUA era esperada com muita expectativa por todo o planeta. Cerca de 3,5 milhões de ingressos foram colocados à venda e por volta de 30 bilhões de pessoas assistiram aos 52 jogos da Copa, que teve como característica as milionárias cifras, sendo elas dos contratos publicitários ou dos passes dos jogadores.Como favoritos, apareciam a Alemanha, que defendia o título, a Itália, que contava com Roberto Baggio, considerado o melhor do mundo na época, e o Brasil, que, dessa vez comandado pelo artilheiro Romário, buscava o tetracampeonato, até então inédito. A Argentina, com a volta do fenomenal Maradona, também era considerada um forte candidato ao título.Com poucas diferenças táticas, o esquema que prevaleceu na competição foi o 4-4-2, tendo quase todas as seleções dois volantes no meio de campo, mostrando que a defesa era considerada um fator muito importante para pretensões de vitória. A seleção brasileira, com um meio-de-campo de muita marcação e, principalmente, com o atacante Romário inspirado como nunca, levou a melhor, conquistando o tetracampeonato, um título que o povo brasileiro esperava havia 24 anos.

Forma de disputa As 24 seleções foram divididas em seis grupos de quatro componentes que jogaram entre si. Os dois primeiros colocados de cada grupo se classificaram para as oitavas-

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de-final automaticamente. Classificaram-se também os quatro melhores terceiros colocados. A partir das oitavas, quem perdesse um jogo era eliminado. Havendo empate no tempo normal, uma prorrogação de 30 minutos era disputada. Se o empate persistisse, a partida era decidida na cobrança de pênaltis.Grupo A: Estados Unidos, Suíça, Colômbia e RomêniaGrupo B: Brasil, Rússia, República dos Camarões e SuéciaGrupo C: Alemanhã, Bolívia, Espanha e Coréia do SulGrupo D: Argentina, Grécia, Nigéria e BulgáriaGrupo E: Itália, Irlanda, Noruega e MéxicoGrupo F: Bélgica, Marrocos, Holanda e Arábia Saudita

A seleção brasileira disputou a primeira fase da Copa dos Estados Unidos no Grupo B, junto com Suécia, Camarões e Rússia. O Brasil, favorito absoluto ao primeiro lugar do grupo, não teve maiores dificuldades de se classificar para as oitavas-de-final.A partida de estréia foi contra a seleção russa e, com gols de Romário e Raí, o Brasil ganhou por 2 a 0. O segundo jogo foi contra Camarões, que vinha de ótima campanha na Copa de 1990, quando foi até as quartas-de-final. Mas a seleção Canarinho jogou bem e fez 3 a 0, com gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto.O terceiro jogo, dessa vez contra a forte seleção sueca, foi o mais difícil da primeira fase. A Suécia saiu na frente, porém Romário, mais uma vez, salvou o Brasil, empatando a partida no segundo tempo: 1 a 1. Com esse resultado, a seleção brasileira se classificou na primeira colocação do grupo e a sueca, na segunda. Rússia e Camarões estavam eliminados. Nas oitavas-de-final, o Brasil enfrentou a seleção norte-americana, anfitriã da Copa. O jogo seria disputado no dia quatro de julho, o dia da Independência dos Estados Unidos, o que aumentava a expectativa em torno do confronto. A seleção brasileira venceu apenas por 1 a 0, gol de Bebeto, classificando-se para a próxima fase da O confronto entre Brasil e Holanda, nas quartas-de-final, foi uma das partidas mais emocionantes da competição. O primeiro tempo terminou em 0 a 0, porém, a segunda etapa guardava uma agradável surpresa para os torcedores. A seleção Canarinho abriu 2 a 0, com gols de Romário e Bebeto, parecendo que a vitória estava garantida. Porém, com gols de Bergkamp e Winter, a Holanda empatou o jogo. Foi quando apareceu a bomba de Branco, que substituía o suspenso Leonardo, desempatando numa linda cobrança de falta. O Brasil estava entre os quatro melhores do mundo. Na semifinal, estavam frente a frente Brasil e Suécia novamente. Entretanto nesse jogo, a seleção brasileira não deu chances aos suecos, vencendo a partida por 1 a 0, um gol de cabeça do baixinho Romário entre os zagueiros gigantes. O placar magro não demonstra o que foi a partida, pois o Brasil dominou todas as ações e só não goleou por falhas nas finalizações. Agora, depois de 24 anos, os brasileiros vinham sua seleção numa final de Copa do Mundo.O Brasil enfrentaria a seleção italiana na final, sendo que o vencedor se consagraria como o único país tetracampeão do mundo. O dois maiores jogadores do campeonato, Romário, do Brasil, e o italiano Baggio, realizariam o mais esperado duelo. A final foi nervosa, com bom lances das duas seleções, porém sem que nenhuma conseguisse os concretizar em gols. O tempo normal e a prorrogação se encerraram e o placar ainda estava como começou. Dessa forma a decisão iria, pela primeira vez na história, para os pênaltis. Nas penalidades, deu Brasil. Com gols de Romário, Branco e Dunga, e o erro de Baggio na quinta cobrança italiana, a seleção brasileira ganhou por 3 a 2.Éramos os únicos tetracampeões do planeta.

O Brasil nas EliminatóriasO Brasil disputou as Eliminatórias Sul-americanas no grupo B, junto com as seleções do Uruguai, Bolívia, Equador e Venezuela. Os dois primeiros colocados se classificariam para a Copa do Mundo de 1994, que seria disputada nos Estados Unidos.

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A seleção, comandada pelo treinador Carlos Alberto Parreira, não começou bem na luta pela classificação para a Copa. Ela empatou a primeira partida com o Equador em 0 a 0 e depois o desastre: a derrota de 2 a 0 para a Bolívia em La Paz. Era a primeira partida que a seleção brasileira perdia na história das Eliminatórias.Depois desse resultado, a situação de Parreira ficava complicada e sua permanência no cargo era criticada por muitos. Sua tática defensiva, utilizando dois volantes marcadores, era considerada responsável pelo mau futebol apresentado. A convocação de Romário, que brilhava no Barcelona, era unanimidade nacional, mas ele não era chamado por seu comportamento polêmico fora dos campos. A Bolívia acabou o primeiro turno como líder e o Brasil ficou em segundo, ganhando do Uruguai apenas pelo saldo de gols.Tudo começou a mudar na partida de volta contra a Bolívia, em Recife, quando a seleção Canarinho apresentou um belo futebol, vencendo o jogo por 6 a 0. Porém, a classificação da seleção brasileira ainda não estava garantida e a vaga seria decidida no último jogo, contra o Uruguai, no Maracanã. Uma derrota eliminaria o seleção. Começaram as lembranças da Copa de 1950, quando perdemos a final para os uruguaios naquele mesmo estádio. A tão esperada convocação de Romário aconteceu e ele não desapontou. O Baixinho marcou os dois gols da vitória por 2 a 0. Romário era herói, Parreira estava salvo e o Brasil se garantia na Copa de 1994.

Romário, o dono da Copa Não há dúvida de que o grande destaque brasileiro na Copa dos Estados Unidos foi Romário. O baixinho de temperamento explosivo foi o maior responsável pela conquista do tetra, prometido antes de embarcar para os Estados Unidos. E o brilhante atacante cumpriu a promessa.O Baixinho, que em 94 brilhava na artilharia do Campeonato Espanhol atuando pelo Barcelona, quase não foi à Copa. Suas atitudes polêmicas fora de campo não agradavam a comissão técnica brasileira e ele não participou de quase todas as Eliminatórias. Quando a classificação brasileira estava a perigo, Parreira não arriscou, convocou Romário e este não decepcionou: marcou os dois na vitória de 2 a 0 sobre o Uruguai, garantindo a participação do Brasil na Copa.Nos Estados Unidos, o atacante, famoso por suas curtas arrancadas, jogou como nunca. Ele, com sua classe e precisos toques na bola, marcou cinco gols em sete partidas, dando forte poderio ofensivo à seleção. Faltou deixar sua marca na final, mas na decisão nos pênaltis contra a Itália ele não vacilou, concretizando sua cobrança. Romário chegou de volta ao Brasil com a taça nas mãos, ato que simbolizava o quanto foi decisivo para o tetracampeonato. • Primeira faseBrasil 2 x 0 RússiaBrasil: Taffarel; Jorginho, Ricardo Rocha (Aldair), Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Dunga (Mazinho), Raí e Zinho; Bebeto e Romário.Gols: Romário (27) e Raí (53) - BrasilBrasil 3 x 0 CamarõesBrasil: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Dunga, Raí (Muller) e Zinho (Paulo Sérgio); Bebeto e Romário.Gols: Romário (39), Márcio Santos (65) e Bebeto (72) – Brasil

Brasil 1 x 1 SuéciaBrasil: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva (Mazinho), Dunga, Raí (Paulo Ségio) e Zinho; Bebeto e Romário.Suécia: Ravelli; Nilsson, Kamark, Schwarz (Mild), P. Andersson e Ljung; Ingesson, Thern, Larsson (Blomqvist) e Brolin; K. Andersson. Gols: Romário (47) – Brasil. K. Andersson (23) - Suécia • Oitavas-de-finalBrasil 1 x 0 Estados Unidos

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Brasil: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Leonardo; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Cafú); Bebeto e Romário. EUA: Meola; Clavijo, Balboa, Lalas e Caligiuri; Sorber, Jones, Dooley e Ramos (Wynalda); Stewart e Perez (Wegerle). Gol: Bebeto (74) – Brasil

• Quartas-de-finalBrasil 3 x 2 Holanda Brasil: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco (Cafú); Mauro Silva, Dunga, Mazinho (Raí) e Zinho; Bebeto e Romário. Holanda: De Goej; Winter, Koeman, Valckx e Witschge; Wouters, Rijkaard (Ronald de Boer), Jonk e Bergkamp; Overmars e Van Vossen (Roy). Gols: Romário (52), Bebeto (62) e Branco (81) – Brasil. Bergkamp (64) e Winter (76) – Holanda

• SemifinalBrasil 1 x 0 Suécia Brasil: Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho (Raí) e Zinho; Bebeto e Romário. Suécia: Ravelli; Nilsson, P. Andersson, Bjorklund e Ljung; Ingesson, Thern, Mild e Brolin; Dahlin e K. Andersson. Gol: Romário (80) – Brasil

• FinalBrasil 0 x 0 Itália * 17/07/94 – The Rose Bowl (Los Angeles) Brasil: Taffarel; Jorginho (Cafú), Aldair, Márcio Santos e Branco; Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (Viola); Bebeto e Romário. Itália: Pagliuca; Mussi (Apolloni), Maldini, Baresi e Benarrivo; Albertini, Dino Baggio (Evani), Donadoni e Berti; Roberto Baggio e Massaro. * Nos pênaltis: Brasil 3 x 2 Itália.Gols: Romário, Branco e Dunga – Brasil. Albertini e Evani – Itália

Goleiros: Cláudio André Taffarel, Gilmar Luiz Rinaldi e Armelino Donizetti Quagliatto (Zetti)Laterais: Jorge de Amorim Campos (Jorginho), Marcos Evangelista de Moraes (Cafú), Leonardo Nascimento de Araújo e Cláudio Ibraim Vaz Leal (Branco)Zagueiros: Aldair Nascimento dos Santos, Márcio Roberto dos Santos, Ricardo Barreto da Rocha e Ronaldo Rodrigues de Jesus (Ronaldão)Volantes: Mauro da Silva e Carlos Caetano Bledorn Verri (Dunga)Meias: Crizan Cezar de Oliveira Filho (Zinho), Iomar do Nascimento (Mazinho) e Raí Souza de Oliveira Atacantes: José Roberto Gama de Oliveira (Bebeto), Romário de Souza, Paulo Sérgio Silvestre do Nascimento, Paulo Sérgio Rosa (Viola), Luiz Antônio Correa da Costa (Muller) e Ronaldo Luiz Nazário de Lima (Ronaldinho) Técnico: Carlos Alberto Parreira

DESTAQUESSalenko e Stoichkov, os artilheirosA artilharia da Copa do Mundo de 1994 ficou dividida entre dois jogadores: o russo Oleg Salenko e o búlgaro Hirsto Stoichkov, ambos com seis gols. Stoichkov, que já era astro na equipe do Barcelona, foi o grande responsável pela bela campanha da Bulgária na competição. Dos quatro gols que seu país marcou a partir das oitavas, ele fez três. A seleção búlgara ficou na quarta colocação, tendo eliminado a Alemanha, que defendia o título, nas quartas-de-final da Copa.

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Já Oleg Salenko, que atuava, em 94, no Lograñes, um pequeno clube espanhol, não era um jogador conhecido antes da Copa. Uma prova disso é que ele só foi titular de seu país a partir da segunda partida do campeonato. Além disso, sua seleção não foi nada bem na Copa do Mundo, ficando apenas na terceira colocação em seu grupo, nem se classificando para as oitavas-de-final. Salenko só conseguiu chegar à artilharia pela brilhante atuação que teve na partida contra Camarões. Nesse jogo, que acabou 6 a 0 para os russos, Salenko marcou cinco, igualando o recorde de gols em uma única partida de Copa do Mundo.

Baggio, a estrela da ItáliaO Italiano Roberto Baggio foi o destaque internacional da Copa de 1994. Ele, com seus dribles curtos, lançamentos e cinco gols, foi o grande responsável por levar a Itália à final. Defendendo a Juventus na época, o meia-atacante, que em 93 havia sido considerado o melhor da Europa, chegou à Copa como a grande esperança para o tetra italiano. Porém na primeira fase, na qual sua seleção ficou em terceiro lugar no grupo, classificando-se apenas nos gols marcados, ele não atuou bem, ficando sem marcar nenhum gol.O craque italiano começou a jogar bem a partir das oitavas-de-final. Nessa fase, a Itália passou pela forte seleção nigeriana ao vence-la, de virada, por 2 a 1, sendo que os dois gols foram marcados por Baggio. Nas quartas-de-final, os italianos passaram pelos espanhóis também por 2 a 1 e Baggio, a dois minutos do fim, marcou o gol que selou a vitória da squadra azzurra.Na semifinal, os adversários foram os fortes búlgaros que, comandados por Stoichkov, haviam eliminado a Alemanha, país que defendia o título. O jogo foi muito disputado, porém, com mais dois gols de Baggio, o italianos venceram por 2 a 1, classificando-se para a grande final contra o Brasil. Na decisão, onde o vencedor seria o primeiro tetracampeão mundial, Baggio não brilhou como o esperado. Jogando machucado e sob forte marcação, o craque italiano não criou as belas jogadas pelas quais era tão conhecido e temido. A partida acabou 0 a 0, indo para a decisão por pênaltis. Essa foi a pior parte para Baggio, pois este chutou a quinta cobrança por cima, dando o título ao Brasil.Muitos lembram de Baggio como o homem que deu a vitória aos brasileiros, porém o craque da azzurra foi certamente um grande destaque na Copa dos Estados Unidos.

O doping de Maradona Maradona voltou à seleção argentina como salvador. Contra a Austrália, na repescagem, a Argentina tinha a última chance de disputar a Copa nos Estados Unidos – e recorreu ao veterano ídolo. Dom Diego comandou o time e garantiu sua presença em mais um Mundial, mas já se sabia que corria o risco de ser pego no exame antidoping. Na época, correu uma versão de que Maradona havia feito um pacto com os dirigentes da Fifa: seu nome ficaria fora de qualquer exame. O pacto foi quebrado no jogo contra a Nigéria, quando a Argentina venceu por 2 a 1, ainda na primeira fase. O exame constatou a presença de efedrina, droga proibida pela Fifa. "Estou morto. Me mataram", reagiu Maradona ao resultado do exame, colocando-se como vítima de um complô. Os argentinos, já sem Maradona, perderam o jogo seguinte para a Bulgária por 2 a 0, passaram para as oitavas, mas foram eliminados pela Romênia por 3 a 2. Curiosidades - Na partida de abertura da Copa, disputada entre Alemanha e Bolívia, alguns torcedores americanos, desacostumados com as regras do futebol, bateram palmas para um arremesso lateral. - Pela primeira vez, a vitória valeu três pontos. Caso valesse o antigo critério, no qual cada vitória valia dois pontos, os classificados para a fase seguinte seriam os mesmos.

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- O jogo disputado entre Estados Unidos e Suíça, realizado no Silverdome, em Detroit, foi o primeiro confronto na história da Copa do Mundo que aconteceu em um estádio totalmente coberto.- A mãe do búlgaro Stoichkov sofreu um ataque cardíaco na hora em que ele marcou o gol da vitória contra a Alemanha, numa partida válida pelas quartas-de-final. - O goleiro da Coréia do Sul, Choi In-Young, pediu demissão no intervalo da partida que disputava contra a Alemanha. Ele admitiu que falhara em dois dos três gols que havia sofrido. A demissão foi aceita, o goleiro reserva assumiu a posição e a Coréia do Sul melhorou. Porém, no final deu Alemanha: 3 a 2.

6 gols: Salenko (Rússia) e Stoichkov (Bulgária);5 gols: K. Andersson (Suécia), Klismann (Alemanha), Roberto Baggio (Itália) e Romário (Brasil); 4 gols: Batistuta (Argentina), Dahlin (Suécia) e Raduciou (Romênia);

• OITAVAS-DE-FINAL Alemanha 3 x 2 BélgicaEspanha 3 x 0 SuíçaSuécia 3 x 1 Arábia SauditaRomênia 3 x 2 ArgentinaHolanda 2 x 0 Irlanda Brasil 1 x 0 Estados Unidos Itália 2 x 1 NigériaBulgária 1 x 1 México**Nos pênaltis, Bulgária 3 x 1 México• QUARTAS-DE-FINALItália 2 x 1 EspanhaBrasil 3 x 2 Holanda Alemanha 1 x 2 Bulgária Suécia 2 x 2 Romênia* *Nos pênaltis, Suécia 5 x 4 Romênia• SEMIFINAISItália 2 x 1 BulgáriaBrasil 1 x 0 Suécia Decisão do 3º Lugar Bulgária 0 x 4 Suécia• FINAL Brasil 0 x 0 Itália**Nos pênaltis, Brasil 3 x 2 Itália

Pos País Pontos J V E D GP GC1º Brasil 17 7 5 2 0 11 32º Itália 14 7 4 2 1 8 53º Suécia 12 7 3 3 1 15 84º Bulgária 10 7 3 1 3 10 115º Alemanha 10 5 3 1 1 9 76º Romênia 11 5 3 2 1 10 97º Holanda 9 5 3 0 2 8 68º Espanha 8 5 2 2 1 10 69º Nigéria

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França - 1998A última Copa do Século. Esta frase, intensamente alardeada pela mídia logo após o tetra brasileiro nos EUA, veio acompanhada por todo o potencial de organização e marketing dos franceses, donos da casa e ausentes da mega-festa do futebol desde o terceiro lugar de 1986. Desta vez, eles queriam não só fazer a melhor Copa de todos os tempos, mas também ganhá-la. Michel Platini, o melhor jogador da França de todos os tempos e um dos organizadores do evento, jamais escondeu o seu grande sonho: realizar a maior Copa que o mundo já viu e assistir, na final, o triunfo do seu país sobre a maior seleção do mundo, a do Brasil. Seria, sem dúvida, uma festa inesquecível – para eles.Não foi a primeira vez que a França recebeu a competição em seu território. Claro que, da última vez, exatos sessenta anos atrás, a Copa ainda não podia contar com o moderno sistema de transportes da França, ou mesmo pelo acompanhamento instantâneo, em qualquer parte do planeta, proporcionado pela Internet.Mas estas não foram as novidades. Depois de vinte anos, o fechado grupo de campeões mundiais conheceu mais um integrante: Uruguai, Argentina, Brasil, Inglaterra, Itália e Alemanha ganharam a companhia dos franceses. Vitória justa dos anfitriões que montaram a maior Copa de todos os tempos. A última vez que um time que jamais havia vencido a Copa conseguiu este feito foi em 1978, quando a Argentina bateu a forte Holanda na final.Foi uma Copa de nível técnico bem superior ao das duas anteriores. Praticamente todas as equipes atuaram ofensivamente. Houve muitas goleadas. E alguns artilheiros conseguiram justificar seu prestígio: Suker, Batistuta, Vieri, Salas, Hernandez, Bierhoff e Ronaldinho, mesmo com seus problemas no joelho.

Forma de disputaEm 68 anos, nunca uma Copa teve tantos participantes: 32. Oito grupos de quatro equipes formaram a primeira fase do torneio. Destes, apenas os dois melhores por chave passaram à fase final, o já tradicional "mata–mata". Pela primeira vez na história das copas, passou a valer a "morte súbita" a partir das oitavas–de–final, ou seja, durante os 30 minutos de prorrogação, a primeira equipe a marcar o "golden gol" (como a Fifa prefere chamar a morte súbita), vence a partida e evita o desempate por cobrança de pênaltis.Confira a formação dos grupos da primeira fase.Grupo A: Brasil, Escócia, Marrocos e NoruegaGrupo B: Itália, Chile, Camarões e ÁustriaGrupo C: França, Dinamarca, Arábia Saudita e África do SulGrupo D: Espanha, Nigéria, Paraguai e BulgáriaGrupo E: Holanda, Bélgica, México e Coréia do SulGrupo F: Alemanha, Iugoslávia, EUA e IrãGrupo G: Inglaterra, Romênia, Colômbia e Tunísia Grupo H: Argentina, Croácia, Japão e Jamaica

Brasil tropeça na hora do penta "Vocês vão ter que me engolir!" Era assim que a nação brasileira foi obrigada a encarar a seleção de Zagallo na Copa da França. Pela sexta vez em sua história, a seleção brasileira – único país a garantir sua presença em todas as copas – não precisou passar pelas eliminatórias, por ter sido o campeão da última edição.Um time repleto de estrelas, que ainda contava com a coordenação técnica de Zico. Apesar da teimosia e das excentricidades do Velho Lobo, o penta parecia uma questão de detalhes.Mas, logo às vésperas do torneio, uma bomba em Ozoir la Ferriere: Romário, herói da campanha do tetra e uma das esperanças para o título, foi cortado da equipe por contusão. A comissão técnica supos que ele não se recuperaria a tempo, mas pouco

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depois de voltar ao Brasil já estava defendendo o Flamengo. Romário chiou e com justa razão.10 de junho. Brasil e Escócia fazem o jogo de abertura da competição. E a seleção começa bem. Logo aos quatro minutos, após cobrança de escanteio, César Sampaio faz 1 a 0. Por uma ironia do destino, o mesmo César Sampaio é o responsável pelo empate escocês, ao derrubar o adversário dentro da área. Cafu desempata o jogo e Giovanni, que começa como titular, se queima com o treinador.Na segunda partida, contra a seleção de Marrocos, Ronaldinho e Rivaldo deram um show de bola. Coisa que não aconteceu diante da Noruega, terceiro adversário na primeira fase. Vitória dos grandalhões da Escandinávia, graças a um pênalti duvidoso e a má atuação da equipe, que só conseguiu chegar ao gol ao final do segundo tempo. Apesar da derrota, a seleção permaneceu com o primeiro lugar do grupo. Daquele jogo em diante, só a vitória interessava. A equipe partiu para cima do Chile como se quisesse esquecer de vez a derrota para a Noruega. Ganhamos fácil, e mais uma vez, o iluminado César Sampaio coloca a bola nas redes. Mas a moleza ficou por aí. Diante da Dinamarca, a história foi outra: começamos perdendo, chegamos a virar o jogo e, mais uma vez, o empate e o fantasma dos pênaltis. Não fosse, é claro, o talento de Rivaldo para fazer 3 a 2 e eliminar os irmãos Laudrup e seus amigos.O Brasil já estava entre os quatro melhores do mundo, e para ganhar a vaga na grande final, bastava vencer a Holanda. Tarefa difícil. A seleção não poderia contar com Cafu, que tomou o segundo cartão amarelo, e a Laranja Mecânica, velho trauma do lobo Zagallo, vinha de uma vitória diante da sempre forte Argentina e contava com Kluivert, Bergkamp, os irmãos De Boer e Davids. Eram até ali as duas equipes mais técnicas do Mundial, que fariam uma verdadeira final antecipada. O primeiro tempo da partida terminou sem gols, graças a uma forte marcação imposta por ambos os times, principalmente pela Holanda. O meia Zenden se aproveitou da fragilidade do lateral Zé Carlos, que substituía Cafu, e foi um dos destaques da partida. Mas o Brasil ainda contava com Ronaldinho, que logo aos primeiros segundos da etapa final fez o seu gol, para alívio dos brasileiros. Mas a equipe não conseguiu ampliar a vantagem e, percebendo o desespero dos brasileiros, a Holanda começou a reagir. O resultado foi o gol de empate, aos 41 minutos, numa cabeçada de Kluivert. Veio a temida prorrogação com morte súbita. A tensão diante da possibilidade de um erro se misturava aos contra-ataques rápidos de Ronaldinho, lembrando os tempos de Cruzeiro. Os holandeses não quiseram arriscar, e a decisão acabou indo para a loteria dos pênaltis.Ronaldinho, Frank De Boer, Rivaldo, Bergkamp e Émerson, nesta ordem, converteram suas penalidades. Quando chegou a vez de Cocu bater, brilhou a estrela de Taffarel, herói da seleção na Olimpíada de Seul, em 88, e na final da Copa de 94. Dunga fez o quarto gol do Brasil e, no chute de Ronald De Boer, Taffarel sepultou de vez as críticas de seus algozes, defendeu mais uma.Festa para o Brasil, finalista de uma Copa do Mundo pela sexta vez. Festa para Zagallo, que poderia ser o único pentacampeão mundial da história. Festa para os jogadores, que extasiados diante da eliminação holandesa, já estavam com uma das mãos na taça. Festa para mais de cento e cinqüenta milhões de pessoas, que terminaram de pintar as ruas, enfeitar os postes e os parapeitos das janelas de verde e amarelo, comprar a camisa da seleção e encomendar a carne para o churrasco do dia 12 de julho. Nada poderia dar errado.O resto, você já sabe. Deu tudo errado, e o Brasil terminou a competição com o vice-campeonato, o mesmo resultado obtido em 1950.

• Primeira faseBrasil 2 x 1 EscóciaBrasil: Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair e Roberto Carlos; Dunga, César Sampaio, Giovanni (Leonardo) e Rivaldo; Bebeto (Denílson) e Ronaldinho. Técnico: Zagallo.Gols: César Sampaio, aos 4, e Collins aos 37 minutos do primeiro tempo; Boyd (contra) aos 25 do segundo.

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Brasil 3 x 0 Marrocos Brasil: Taffarel; Cafu, Aldair, Junior Baiano, Roberto Carlos e César Sampaio (Doriva); Dunga, Leonardo, Rivaldo (Denílson), Ronaldo e Bebeto (Edmundo). Técnico: Zagallo.Gols: Ronaldo aos nove e Rivaldo aos 47 minutos do primeiro tempo e Bebeto, aos três do segundo.

Brasil 1 x 2 NoruegaBrasil: Taffarel, Cafu, Junior Baiano, Goncalves, Roberto Carlos, Dunga, Leonardo, Rivaldo, Denílson, Ronaldo, Bebeto. Noruega: Grodas, Berg, Eggen, Johnsen, Bjornebye; Havard Flo (Solskjaer), Leonhardsen, Rekdal, Strand (Mykland), Riseth, Tore Andre Flo. Gols: Bebeto, aos 32 do segundo tempo, Tore Andre Flo, aos 37, e Rekdal, de pênalti, aos 43.

• Oitavas–de–final Brasil 4 x 1 ChileBrasil: Taffarel; Cafu, Aldair (Gonçalves), Junior Baiano e Roberto Carlos; Cesar Sampaio, Leonardo, Dunga e Rivaldo; Ronaldo e Bebeto (Denílson). Técnico: Zagallo.Chile: Tapia; Margas, Fuentes e Reyes; Cornejo, Acuña (Musrri), Miguel Ramírez (Estay), Sierra (Vega) e Aros; Salas e Zamorano. Técnico: Nelson Acosta.Gols: César Sampaio, aos 11 e aos 27 minutos do primeiro tempo, e Ronaldinho aos 47 do primeiro e 25 do segundo; Salas aos 23 do segundo.

• Quartas–de–finalBrasil 3 x 2 DinamarcaBrasil: Taffarel; Cafu, Aldair, Junior Baiano e Roberto Carlos; Cesar Sampaio, Dunga, Leonardo (Émerson) e Rivaldo (Zé Roberto); Ronaldo e Bebeto (Denilson).Dinamarca: Peter Schmeichel; Marc Rieper, Jes Hogh, Jan Heintze e Soren Colding; Martin Jorgensen, Thomas Helveg (Schjonberg) e Allan Nielsen (Tofting); Michael Laudrup, Brian Laudrup e Peter Moller (Sand).Gols: Jorgensen, no primeiro minuto de jogo, Bebeto, aos 9 minutos do primeiro tempo e Rivaldo, aos 25 do primeiro tempo. Brian Laudrup, aos 5 do segundo tempo, e Rivaldo, aos 15 do segundo tempo.

• Semifinal Brasil 1 (4) x 1 (2) HolandaBrasil: Taffarel; Zé Carlos, Aldair, Junior Baiano e Roberto Carlos; Cesar Sampaio, Dunga, Leonardo (Émerson) e Rivaldo; Ronaldo e Bebeto (Denílson). Técnico: Zagallo.Holanda: Edwin van der Sar; Michael Reiziger (Winter), Jaap Stam, Frank de Boer e Phillip Cocu; Ronald de Boer, Wim Jonk (Seedorf), Edgar Davids e Boudewijn Zenden (Van Hooijdonk); Dennis Bergkamp e Patrick Kluivert. Técnico: Guus Hiddink.Gols: Ronaldinho aos 40 segundos e Kluivert aos 42 minutos do segundo tempo. Nos pênaltis: Ronaldinho, Rivaldo, Emerson e Dunga; Frank de Boer e Bergkamp.

• FinalFrança 3 x 0 BrasilData: 12/07/98Local: Stade de France, Saint–Dennis. Árbitro: Said Belqola (Marrocos)Brasil: Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair e Roberto Carlos; Dunga, César Sampaio (Edmundo), Rivaldo e Leonardo (Denílson); Bebeto e Ronaldo. Técnico: Zagallo. França: Fabien Barthez; Lilian Thuram, Marcel Desailly, Franck Leboeuf e Bixente Lizarazu; Christian Karembeu (Boghossian), Didier Deschamps, Zinedine Zidane, Emmanuel Petit e Youri Djorkaeff (Vieira); Stephane Guivarc'h (Dugarry). Técnico: Aimé Jacquet.

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Gols: Zidane aos 27 e aos 47 minutos do primeiro tempo e Petit aos 47 do segundo.Cartões amarelos: Deschamps, Desailly, Karenbeu, Júnior Baiano Cartão vermelho: Desailly.

Goleiros: Taffarel (Atlético–MG), Carlos Germano (Vasco da Gama), Dida (Cruzeiro)Laterais: Cafu (Roma), Zé Carlos (São Paulo), Roberto Carlos (Real Madrid) e Zé Roberto (Flamengo). Zagueiros: Aldair (Roma), Júnior Baiano (Flamengo), Gonçalves (Botafogo), André Cruz (Milan). Meio–de-campo: César Sampaio (Yokohama Flugels), Giovanni (Barcelona), Dunga (Jubilo Iwata), Emerson (Bayer Leverkussen), Doriva (Porto) e Leonardo (Milan). Atacantes: Ronaldinho (Inter de Milão), Denílson (São Paulo), Bebeto (Botafogo) e Edmundo (Fiorentina). Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo.

CAMPEÃOFrança com garra e vontade de campeã A França começou a se credenciar ao título desde a primeira fase. Os donos da casa venceram facilmente as suas três primeiras partidas, sempre pressionando muito e partindo para o ataque desde os momentos iniciais. Mas tiveram que suar muito a camisa para eliminar, na morte súbita, o Paraguai, de Paulo César Carpegiani, Chilavert, Arce e Gamarra. Nas quartas–de–final, conseguiram segurar a Itália até o fim, garantindo a classificação para a fase seguinte graças ao erro de Di Biaggio, mantendo o tabu italiano de jamais ter vencido uma disputa por pênaltis em mundiais.Depois de passar pela surpreendente Croácia nas semifinais, chegou a vez de enfrentar o Brasil, de Ronaldinho e Cia.Para nós, seria a festa do penta. Seria. Inexplicavelmente, a seleção brasileira estava apática, irreconhecível. Os franceses aplicaram uma forte marcação, anulando o nosso ataque – até os 20 minutos, o Brasil não havia conseguido chegar nenhuma vez. Ao mesmo tempo, o "ladrão" Dunga e todo o meio–campo eram "roubados" facilmente pelos adversários. Leonardo e Rivaldo não conseguiam lançar para o ataque, erravam muitos passes e sequer chegaram perto da boa atuação nos jogos anteriores. Os laterais Cafu e Roberto Carlos também pouco fizeram, apagando também a presença de Ronaldinho, visivelmente sem condições físicas, e Bebeto.Até que, aos 27 minutos, após uma cobrança de escanteio, a superioridade francesa em campo chegou ao ápice. O implacável Zidane aproveitou, de cabeça, e fez o primeiro gol da França. O resultado desfavorável não conseguiu acordar o time brasileiro. Já nos descontos, em nova cobrança de escanteio, Zidane, novamente de cabeça, selou o que já era inevitável: a França entraria para o seleto clube dos campeões mundiais de futebol.Para o segundo tempo, o técnico Zagallo não fez nada de ousado, trocando apenas Leonardo por Denílson. O time até melhorou um pouco, mas não conseguiu reverter o placar desfavorável. Nem mesmo a expulsão de Desailly, aos 23 minutos, foi suficiente para o time brasileiro reagir. Pelo contrário, a França ainda criou novas oportunidades de ampliar.Zagallo só resolveu reforçar o ataque aos 29 minutos, trocando César Sampaio por Edmundo. Mas já era tarde demais. O Brasil, sem condições de reagir, ainda assistiu ao terceiro gol da França, nos descontos, marcado por Petit. O país estava ensandecido. Milhares de pessoas tomaram a Place de La Concorde e a Avenida Champs Elysées, comemorando o título até o dia 14 de julho, data em que os franceses comemoram também a queda da Bastilha. Tudo foi festa. Torcedores eram detidos embriagados e depredando lojas. Outros eram feridos em meio aos diversos tumultos registrados ao longo da madrugada.

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• Primeira faseFrança 3 x 0 África do Sul França: Barthez; Blanc, Desailly, Lizarazu, Thuram; Deschamps, Djorkaeff (Trezeguet), Petit (Boghossian), Zidane, Henry; Guivarc'h (Dugarry).Gols: Dugarry, aos 35 do primeiro tempo; Issa, contra, aos 33 e Henry, aos 46 do segundo tempo.

França 4 x 0 Arábia SauditaFrança: Barthez; Lizarazu, Blanc, Desailly, Thuram; Deschamps, Boghossian, Zidane, Diomede (Djorkaeff); Henry (Pires) e Dugarry (Trezeguet). Técnico: Aimé JacquetGols: Thiery Henry, aos 36 minutos do primeiro tempo; Trezeguet, aos 22, Henry, aos 32 e Lizarazu, aos 40 minutos do segundo tempo. Cartões Vermelhos: Al Khilaiwi, Zidane

França 2 x 1 DinamarcaFrança: Fabien Barthez; Christian Karembeu, Frank Leboeuf, Marcel Desailly e Vincent Candela; Patrick Vieira, Emmanuel Petit (Boghossian), Robert Pires (Henry), Yuri Djorkaeff e Bernard Diomede; David Trezeguet (Guivarc'h). Técnico: Aimé Jacquet.Dinamarca: Peter Schmeichel; Jacob Laursen (Colding), Marc Rieper, Jes Hogh e Jan Heintze; Thomas Helveg, Allan Nielsen, Michael Laudrup e Michael Schjonberg; Martin Jorgensen (Sand) e Brian Laudrup (Tofting). Técnico: Bo Johansson. Gols: Djorkaeff aos 12 e Micheal Laudrup aos 42 minutos do primeiro tempo; Petit aos 12 do segundo.

• Oitavas–de–finalFrança 1 x 0 Paraguai Árbitro: Ali Mohamed Bujsaim (Emirados Árabes Unidos) França: Barthez; Thuram, Blanc, Desailly e Lizarazu; Deschamps, Petit (Boghossian), Djorkaeff e Henry (Pires); Diomede (Guivarc’h) e Trezeguet. Técnico: Aimé JacquetParaguai: Chilavert; Arce, Gamarra, Ayala e Sarabia; Acuña, Enciso, Benítez e Paredes (Caniza); Jorge Campos (Yegros) e Cardozo (Rojas). Técnico: Paulo César CarpegianiGol: Blanc (9 minutos do 2º tempo da prorrogação)

• Quartas–de–final França 0 (4) x 0 (3) ItáliaLocal: Stade de France, Saint-DenisFrança: Barthez; Thuram, Desailly, Blanc e Lizarazu; Deschamps, Petit, Karembeu (Henry), Zidane e Djorkaeff; Guivarc'h (Trezeguet). Técnico: Aime Jacquet. Itália: Pagliuca; Bergomi; Costacurta, Cannavaro, e Maldini; Moriero, Dino Baggio (Albertini), Di Biagio e Pessotto (Di Livio); Del Piero (Roberto Baggio) e Vieri. Técnico: Cesare Maldini.Gols: Nos pênaltis – Zidane, Trezeguet, Henry e Blanc (FRança); Roberto Baggio, Costacurta e Vieri (Itália).

• SemifinaisFrança 2 x 1 Croácia França: Barthez; Thuram, Blanc, Desailly e Lizarazu; Deschamps, Petit, Karambeau (Henry) e Zidane; Djorkaeff (Leboeuf) e Guivarc’h (Trezeguet). Técnico: Aimé Jacquet.Croácia: Ladic; Stimac, Soldo e Simoc; Jarni, Bilic, Stanic (Prosinec), Boban (Maric) e Asanovic; Vlaovic e Suker. Técnico: Miroslav Blazevic. Gols: Suker, aos 30 segundos; Thuram, aos dois e aos 25; todos no segundo tempo.Cartões Amarelos: Asanovic, Stanic e Simic (Croácia) Cartão Vermelho: Blanc (França).

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• Final França 3 x 0 Brasil Data: 12/07/98 Local: Stade de France, Saint–Dennis.Árbitro: Said Belqola (Marrocos)Brasil: Taffarel; Cafu, Júnior Baiano, Aldair e Roberto Carlos; Dunga, César Sampaio (Edmundo), Rivaldo e Leonardo (Denílson); Bebeto e Ronaldo. Técnico: Zagallo. França: Fabien Barthez; Lilian Thuram, Marcel Desailly, Franck Leboeuf e Bixente Lizarazu; Christian Karembeu (Boghossian), Didier Deschamps, Zinedine Zidane, Emmanuel Petit e Youri Djorkaeff (Vieira); Stephane Guivarc'h (Dugarry). Técnico: Aimé Jacquet.Gols: Zidane aos 27 e aos 47 minutos do primeiro tempo e Petit aos 47 do segundo. Cartões amarelos: Deschamps, Desailly, Karenbeu, Júnior BaianoCartão vermelho: Desailly. Os campeõesGoleiros: Fabien Barthez, Bernard Lama e Lionel CharbonnierZagueiros e laterais: Bixente Lizarazu, Liliam Thuram, Laurent Blanc, Vicent Candeia e Liliam ThuramMeio-de-campo: Alain Bofhossian, Didier Deschamps, Emmanuel Petit, Bernard Diomede, Christian Karembeu, Robert Pires, Patrick Vieira, Zinedine Zidane e Marcel Desailly.Atacantes: Thierry Henry, Christophe Dugarry, Stéphane Guivarc'n, David Trezeguet e Youri Djorkaeff Técnico: Aimé Jacquet

DESTAQUESDavor Suker, o artilheiro da Copa Nada mau para uma estréia. A Croácia surpreendeu a todos e terminou a Copa do Mundo na terceira colocação da Copa da França. E mais: Davor Suker, considerado o melhor jogador da equipe, foi o artilheiro isolado do Mundial, com seis gols. Suker nasceu em 1º de janeiro de 1968 na cidade croata de Osijek, ainda Iugoslávia, onde começou sua carreira como profissional em 1987. Passou pelo Dinamo Zagreb e pelo Sevilha, até ingressar no Real Madrid, em 1996, onde foi o artilheiro da equipe na temporada 96/97, campeão da liga espanhola na mesma temporada e da Copa dos Campeões da Europa em 1998. Sua história na seleção croata começou nas Eurocopa 96, onde fez três gols diante da Dinamarca, mas foram eliminados pela mesma Alemanha que perdeu nas quartas–de–final. Artilheiro da equipe nas eliminatórias do Mundial, o atacante, bem como boa parte da geração croata da Copa de 98, chegou a atuar na seleção sub-21 da Iugoslávia no Mundial do Chile em 1987. Foi eleito o segundo melhor jogador da Copa e o terceiro melhor do mundo, pela Fifa, em 98. Quase caiu no ostracismo, indo parar na reserva do time espanhol no início de 1999. Atualmente, joga no Chelsea, Inglaterra.Zidane, o melhor do mundo em 98Zinedine Zidane nasceu em 23 de junho de 1972, na cidade de Marsiglia, França. Começou sua carreira no Cannes, em 1988, passando pelo Bordeaux, em 1992, e finalmente, em 1996, na Juventus, onde joga até hoje. No clube italiano, Zidane tornou-se o armador, mas nunca se atreveu a fazer muitos gols. Mesmo assim, ajudou a sua equipe a ser campeã italiana nas temporadas de 96/97 e 97/98, e finalista da Copa dos Campeões em 1998.Na seleção francesa, foi fundamental na campanha da equipe na Eurocopa de 1996, onde perdeu a semifinal para a República Tcheca. Durante a Copa da França, foi expulso na primeira fase, teve uma atuação bastante discreta e fez apenas dois gols. Para nosso azar, foram esses os gols do título mundial francês. Graças ao seu bom desempenho, foi eleito o melhor jogador do mundo em 1998.

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Ronaldo, o Fenômeno, um mistério

Ele tinha tudo para brilhar no Mundial. Eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo em 1996 e 1997, Ronaldo Luis Nazário de Lima recebeu, de quebra, a alcunha de Fenômeno na Itália. Artilheiro no Cruzeiro de Belo Horizonte, PSV Eindhoven e do Barcelona, foi reserva na Copa do Mundo de 94, com 17 anos, e ganhou a posição de titular desde o início da nova era Zagallo, na Olimpíada de Atlanta. O atacante da Internazionale de Milão tinha tudo para se transformar na maior esperança de gols da Seleção Brasileira.Fez quatro gols em seis partidas. Mas quando foi preciso, na decisão da Copa, a pressão tornou-se insuportável. No fatídico dia 12 de julho, após o almoço, Ronaldinho teve tonturas, convulsões, suou muito, se debateu na cama, sentiu falta de ar, ânsia de vômito... O lateral Roberto Carlos, que estava no mesmo quarto, ficou muito assustado e chamou o médico Lídio Toledo na concentração em Lésigny. O craque estava estressado. Mas há outra versão: a convulsão teria sido causada por medicamentos receitados para se curar de uma lesão.Claro, houve outras versões para o estranho problema que envolveu o jogador às vésperas da final. Até hoje, muitos mistérios estão envolvidos na pergunta que calou Brasil naquela dia: o que houve com Ronaldinho? Na primeira escalação, divulgada pela organização da Copa, Edmundo seria o titular, e o melhor do mundo estava na reserva. Minutos depois, a escalação começou a ser recolhida porque havia um erro, de acordo com os funcionários do centro de imprensa. Ronaldinho, que acabara de voltar do hospital instantes antes do início da partida, estava bem. Seus exames não indicaram problemas, e Zagallo escalou o jogador, que entrou em campo. Mas jogou como se não estivesse. Os demais jogadores, preocupados com a saúde do jogador, também pareciam estar longe da decisão.Mesmo após esse fim trágico, Ronaldinho foi eleito o melhor jogador da Copa. Mas daquele dia em diante, o rendimento do atacante jamais foi o mesmo. Mal disputou a temporada 98/99 do Campeonato Italiano, envolvido com seus problemas no joelho. Aos poucos, Ronaldo está adquirindo sua forma física, e já mostrou que é capaz de retomar sua velha fase na última Copa América, no Paraguai, em julho de 99. Curiosidades 1 – Enquanto a Croácia sagrou-se a surpresa do Mundial, a decepção ficava por conta da Espanha. A "Fúria", do técnico Javier Clemente, teve um desempenho pífio, ficando apenas com a terceira posição em seu grupo. Perdeu para a Nigéria por 3 a 2, com a ajuda do goleio Zubizarreta, ficou no 0 a 0 com o Paraguai e, mesmo goleando a Bulgária por 6 a 1, o resultado mais expressivo da competição, nada mais podia fazer para evitar o vexame, diante da vitória paraguaia sobre a já classificada Nigéria por 3 a 1.2 – Festa dentro de campo, guerra do lado de fora. Hooligans alemães e ingleses barbarizaram a França. Às vésperas da partida envolvendo Inglaterra e Colômbia, ainda na primeira fase, 35 fanáticos torcedores ingleses foram presos em Lille e Lens, por causa das brigas. Os alemães foram mais duros: após o empate com a Iugoslávia em 2 a 2, também na primeira fase, os torcedores agrediram um cinegrafista da rede Globo e um policial francês, que permaneceu em coma durante um bom tempo. Segundo um depoimento de um policial local, eles estavam sóbrios e usavam sistemas móveis de comunicação para dispersar e reagrupar rapidamente. 3 – Outro acontecimento provocou tristeza no mundo do futebol: Fernand Sastre, dirigente francês e co-presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo, morreu vítima de um câncer no pulmão. O ex-jogador francês e também presidente do Comitê Organizador, Michel Platini, chorou muito na tribuna de honra do estádio La Beaujoire, em Nantes, numa homenagem feita pouco antes da partida entre Espanha e Nigéria. Durante nove anos, Sastre trabalhou como presidente do Comitê Organizador da candidatura da França para a sede da competição.4 – Os conflitos políticos entre iranianos e norte-americanos passaram longe da Copa. Dentro do Estádio Gerland, em Lyon, as seleções dos dois países protagonizaram

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uma das cenas mais bonitas da competição: as duas equipes se saudaram e trocaram flores entre si. Fora de campo, era possível ver torcedores dos dois países abraçados, jogando bola na rua, cantando o nome do outro país, pensando apenas em futebol. O resultado final foi 2 a 1 para o Irã, a única vitória do país em copas, mas suficiente para eliminar os EUA. "Ao vencer os Estados Unidos, o Irã conseguiu por meio do esporte o que não conseguiu com a política", dizia um jornal iraniano. Já os americanos lamentaram a derrota, mas destacaram o clima amistoso entre os jogadores das duas seleções.5 – Faltavam poucos dias para o início da Copa quando os pilotos da companhia aérea Air France, companhia aérea oficial da competição, iniciaram uma greve, deixando os principais aeroportos franceses repletos de problemas, pois os passageiros estavam com dificuldades para conseguir passagens em outras empresas. Isso sobrecarregou as estradas e a rede ferroviária. Felizmente, para alívio dos torcedores, o grupo de pilotos aceitou a proposta da empresa no dia 10 de julho – data da abertura do Mundial. Os pilotos declararam greve por causa de um plano da companhia em reduzir os salários em troca de ações da empresa no mercado financeiro. Mas voltaram atrás após receberem a proposta de redução salarial em troca de ações e outras concessões.

NÚMEROSArtilheiros6 gols: Suker (Croácia)5 gols: Batistuta (Argentina), Vieri (Itália). 4 gols: Hernandez (México), Ronaldinho (Brasil), Salas (Chile).3 gols: Bebeto (Brasil), Bergkamp (Holanda), Bierhoff (Alemanha), César Sampaio (Brasil), Henry (França), Klinsmann (Alemanha), Rivaldo (Brasil).

• Primeira faseGrupo A10/6/98 – Brasil 2 x 1 Escócia – Saint-Denis10/6/98 – Marrocos 2 x 2 Noruega – Montpellier 16/6/98 – Escócia 1 x 1 Noruega – Paris 16/6/98 – Brasil 3 x 0 Marrocos – Paris23/6/98 – Marrocos 3 x 0 Escócia – Saint–Etienne 23/6/98 – Noruega 2 x 1 Brasil – MarselhaBrasil e Noruega classificados

• Oitavas–de–final27/6/98 – Itália 1 x 0 Noruega – Lens27/6/98 – Brasil 4 x 1 Chile – Paris 28/6/98 – França 1 x 0 Paraguai – Lens** 28/6/98 – Dinamarca 4 x 1 Nigéria – Saint-Denis 29/6/98 – Alemanha 2 x 1 México – Montpellier 29/6/98 – Holanda 2 x 1 Iugoslávia – Toulouse 30/6/98 – Croácia 1 x 0 Romênia – Bordeaux 30/6/98 – Argentina 2 (4) x 2 (3) Inglaterra – Saint–Etienne* * Classificação decidida por pênaltis** Classificação decidida na "morte súbita" • Quartas–de–final3/7/98 – França 0 (4) x 0 (3) Itália – Saint-Denis*3/7/98 – Brasil 3 x 2 Dinamarca – Nantes4/7/98 – Holanda 2 x 1 Argentina – Marselha4/7/98 – Croácia 3 x 0 Alemanha – Lyon* Classificação decidida por pênaltis

Acervo/Gazeta Press

Batistuta (5 gols) comemora com Simeone

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• Semifinais 7/7/98 – Brasil 1 (4) x 1 (2) Holanda – Marselha* 8/7/98 – França 2 x 1 Croácia – Saint-Denis * Classificação decidida por pênaltis• Decisão do 3º lugar 11/07/98 – Croácia 2 x 1 Holanda – Paris • Final 12/07/98 – França 3 x 0 Brasil – Saint-Denis

Classificação final Pos País Pontos J V E D GP GC1º França 19 7 6 1 0 15 22º Brasil 13 7 4 1 2 14 103º Croácia 15 7 5 0 2 11 54º Holanda 12 7 3 3 1 13 7

Pos País Pontos J V E D GP GC1. Brasil 173 80 53 1413 173 78 2. Alemanha 152 78 45 1716 162 103 3. Itália 130 66 38 1612 105 62 4. Argentina 97 57 29 1018 100 69 5. Inglaterra 73 45 20 1312 62 42 6. França 69 41 21 6 14 86 58

Ano Jogador País Gols1930 Guillermo Stábile Argentina 81934 Oldrich Nejedly Tchecoeslováquia 51938 Leônidas Brasil 81950 Ademir Brasil 91954 Sandor Kocsis Hungria 111958 Just Fontaine França 131962 Garrincha Brasil 4  Vavá Brasil 4  Valentin Ivanov URSS 4  Leonel Sanchez Chile 4  Florian Albert Hungria 4  Drazan Jerkovic Iuguslávia 41966 Eusebio Portugal 91970 Gerd Müller Alemanha 101974 Grzegorz Lato Polônia 71978 Mario Kempes Argentina 61982 Paolo Rossi Itália 61986 Gary Lineker Inglaterra 6

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1990 Salvatore Schillaci Itália 61994 Hristo Stoitchkov Bulgária 6  Oleg Salenko Rússia 61998 Davor Suker Croácia 6

 - Maiores artilheiros em copas -Nesta tabela são computados gols marcados em mais de uma copa.

Gols Jogador País Copas14 Gerd Müller Alemanha 70, 74 13 Just Fontaine França 5812 Pelé Brasil 58, 62, 66, 7011 Sandor Kocsis Hungria 54  Jürgen Klinsmann Alemanha 86, 90, 94, 9810 Helmut Rahn Alemanha 54, 58  Teofilo Cubillas Peru 70, 78   Grzegorz Lato Polônia 74, 78, 82   Gary Lineker Inglaterra 86, 909 Vavá Brasil 58, 62   Ademir Brasil 50  Leônidas Brasil 34, 38   Jairzinho Brasil 66, 70  Eusebio Portugal 66  Uwe Seeler Alemanha 58, 62, 66, 70  Paolo Rossi Itália 78, 82   Karl-Heinz Rummenigge Alemanha 78, 82, 86   Roberto Baggio Itália 90, 94, 98   Gabriel Batistuta Argentina 94, 98 8 Guilermo Stábile Argentina 30  Oscar Míguez Uruguai 50, 54  Diego Maradona Argentina 82, 86, 90, 94  Rudi Völler Alemanha 82, 86, 90 7 Ademir Brasil 50  Careca Brasil 86, 90  Hans Schäfer Alemanha 54, 58   Lajos Tichy Hungria 58, 62  Johny Rep Holanda 74, 78  Andrzej Szarmach Polônia 78, 82, 86 6 Rivelino Brasil 70, 74  Denis Bergkamp Holanda 94, 98  Gyula Sarosi Hungria 34, 38  Erich Probst Áustria 54

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  Max Morlock Alemanha 54  Josef Hügl Suíça 54  Helmut Haller Alemanha 66  Roy Rensenbrink Holanda 74, 78  Zbigniew Boniek Polônia 78, 82  Mario Kempes Argentina 78, 82   Salvatore Schillaci Itália 90  Hristo Stoitchkov Bulgária 94  Oleg Salenko Rússia 94  Davor Suker Croácia 98