Historia das copas

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A HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO SEXO, CORRUPÇÃO, PODOLATRIA E DROGAS NOS BASTIDORES Edição Extra Junho de 2006 Os títulos do Brasil Os títulos da Itália Os títulos de Malta CH3 NEWS

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O http://chtres.blogspot.com apresenta a história das copas do mundo.

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Page 1: Historia das copas

A HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO

SEXO, CORRUPÇÃO, PODOLATRIA E DROGAS NOS BASTIDORES

Edição Extra

Junho de 2006

• Os títulos do Brasil • Os títulos da Itália • Os títulos de Malta

CH3 NEWS

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Vocês sabem, é difícil fugir dos clichês. E durante a copa do mundo é mais difícil ain-da. Durante o período da competição deste ano, aposto que vocês irão perder a conta da quantidades de vezes em que irão ler essas palavras: “A Copa do Mundo é nossa”. Para quem não sabe, esta foi a música tema da conquista brasileira em 1958. Poucas pessoas sabem, que na verdade os composi-tores Maugeri, Müller, Sobrinho e Dagô escre-veram “a taça do mundo é nossa”. E mal sabi-am eles, que uma frase inocente iria ser repe-tida a exaustão por mais de 50 anos. Porque? Porque nessa época qualquer pessoa acha que qualquer coisa lhe dá direito de achar que uma competição internacional desse tamanho lhe pertence. Você verá pesso-as utilizando a expressão a título de ironia, de empolgação. Com exclamações, interroga-ções, reticências e as mais varias pontuações.

Mas provavelmente, em nenhum outro lugar você irá ler esse título a título do que pretendemos. Ele está aí simplesmente pelo clichê. A história das copas é contada a cada quatro anos, nos campos e nas publicações. E essas histórias são cheias de clichês e repeti-ções. São quase lendas urbanas. O heroísmo brasileiro está em toda e qualquer situação, se opondo a vilania estrangeira. O CH3 resolveu então juntar todos es-se clichês e contá-los de uma maneira diferen-te, mas que provavelmente você já escutou isso. Bem, na verdade nós não sabemos o que pretendemos. Só esperamos que vocês façam uma boa leitura. Se quiserem vocês podem impri-mir esse trabalho único de jornalismo. Se qui-serem, podem fazer depósitos em nossas con-tas correntes. Entre em contato com o [email protected] para mais informações.

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A COPA DO MUNDO É NOSSA

CH3 NEWS

Editorial

Numa hora dessas, vocês sabem, é duro fugir dos clichês de sempre. E

das redundâncias também.

Índice

A história de cada copa está em seqüencia crono-lógica a partir da próxima página, que no caso é a página 3. Como o texto ainda não está pronto, e aqui nós fazemos cada página de cada vez, não temos certeza de como a disposição dos textos ficará.

Expediente

CH3 NEWS é uma publicação experi-mental do Blog CH3 na internet.

Redação: Guilherme.

Edição: Guilherme.

Diagramação: Guilherme.

Pesquisa histórica: Guilherme.

Apoio moral: Gressana.

Presidência: Tackleberry.

Revisão: Cão Leproso.

Palpiteiro: Guilerme Original.

Fotografias: Internet.

Estagiário: Garoto Fabinho.

Mecenas: Jorginho de Ogum.

Repórter especial: Hanz.

Mestre Gourmet: Marcão

http://chtres.blogspot.com

CH3: mais que um blog, um estilo de vida.

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Edição Extra

Uruguai 1930

Viagens de navio demoravam meses, jogadores faziam provas de faculdade na hora do jogo e a bola era decidida na hora do jogo.

No tempo em que o futebol era outro

na praia, literalmente. E olha que as praias uruguaias não seriam o melhor lugar para se morrer. Mesmo assim, morrer de escorbuto no mar e ser joga-do na água, não era uma idéia mais animadora. Assim sendo, apenas França, Iugoslávia, Ro-mênia e Bélgica vieram da Eu-ropa.

A primeira partida acon-teceu entre França e México e coube ao francês Lucien Laurent marcar o primeiro gol da histó-ria da competição. Foi um tor-neio com formato estranho e cheio de gols. O Brasil caiu logo na primeira fase, elimi-nado pela Iugoslávia. Os Es-tados Unidos conseguiram chegar às semifinais e a final foi disputada por Argentina e Uruguai. O fato de os ameri-canos terem conseguido che-gar as semifinais com um time formado por índios, diz

muito sobre o nível técnico da competição. Diz a lenda que o primei-ro tempo foi disputado com u-ma bola argentina e o Placar foi de 2x1 para os argentinos. No Segundo tempo, com a bola u-ruguaia, o Uruguai fez 3 gols e ganhou por 4x2. O que mostra

que o Uruguai conhecia melhor sua bola. O gol do título foi marca-do por El Manco Castro, um uruguaio que não tinha uma mão. Sim, para eles manco e quem não tem mão. Aqui ele seria chama-do de Maneta. A vitória emocionou não só os uruguaios. Empolga-dos com o triunfo sul-americano, jogadores boli-vianos resolveram home-nagear os campeões com a mensagem “Uruguay Vi-

va!”. O problema é que um dos 11 jogadores, e conseqüente-mente letra, resolveu faltar. Mesmo assim a foto foi tirada, para orgulho de Homer Simp-son.

“A Copa do Mundo de futebol é um evento esportivo realizado a cada quatro anos, em um país diferente. O torneio surgiu porque a FIFA, Federa-ção Internacional de Futebol, desejava criar uma competição mundial entre países. Esse de-sejo se transformou em realida-de quando o francês Jules Ri-met assumiu a presidência da federação na década de 20. O nome da competição escolhido foi Copa do Mundo (World Cup, em inglês), por-que as seleções dos países do Reino Unido disputavam anualmente um torneio co-nhecido como “Cup”, uma vez que o troféu entregue ao vencedor tinha o formato de um copo. A FIFA queria que o torneio fosse um “Cup” envolvendo países do mundo inteiro, o World Cup. (Unzelte, 2002).” Foi assim que eu come-cei a minha monografia de fa-culdade, defendida no ano pas-sado sobre o tema “A imprensa e a identidade nacional durante a copa do mundo de futebol” e é assim que começo esse texto. A primeira Copa do Mun-do sofreu com alguns desfal-ques. Como na época não exis-tiam vôos comerciais entre os continentes, os países europeus teriam que viajar até o Uruguai de barco. Era uma viagem que demorava mais de um mês e muitos países temeram morrer

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Artilheiro da copa, Stábile só jogou porque o titular tinha uma prova na faculdade

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Brasil eliminou a Tchecoslová-quia em dois jogos e encontrou a Itália na semifinal. E os italia-nos nos eliminaram. Depois os brasileiros conseguiram o ter-

Com o torneio sendo dis-putado novamente na Europa, na França, apenas Brasil e Cuba saíram das Américas. E os cu-banos surpreenderam, elimi-nando a Romênia no jogo extra e depois perdendo para a Sué-cia por 8x0. O herói cubano foi Hector Socorro, que marcou dois gols no torneio. O Brasil fez sua melhor campanha até então. Eliminou a Polônia num jogo que terminou 6x5, com 3 gols de Leônidas da Silva, o diamante negro (o ho-mem da pose sensual na foto ao lado). Em um desses gols ele estava sem chuteira, o que seri-a teoricamente ilegal. Depois o

ceiro lugar, mas o futebol brasi-leiro encantou o mundo e foi o melhor time do torneio. Pelo menos, é o que diria Galvão Bu-eno se ele fosse vivo à época. Na final a Itália bateu a Hungria por 4x2. Dois gols de Silvio Piola e dois gols de Gino Colaussi. As duas copas seguintes, 1942 e 1946 não foram dispu-tadas, graças a um pequeno evento mundial conhecido como Segunda Guerra. A Copa de 1938 já continha sinais do con-flito. Poucos meses antes do torneio a Alemanha anexou a Áustria. E acreditem, a Áustria tinha um bom time a época.

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A glória de Mussolini

Outra vitória fascista

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larizado naquele vídeo da inter-net. O título italiano veio na prorrogação. Detalhe que os italianos tinham três argentinos naturalizados no seu elenco. A regra da competição mudou. Os 16 times se enfren-tavam direto em um mata-mata. O bom desempenho de alemães e italianos nessa com-petição foi um aperitivo do que se confirmaria anos depois na segunda guerra mundial: eles eram bons no mata-mata. Não tanto como os soviéticos.

Pelo menos é o que dizem. Quem sou eu pra duvidar da história?

O torneio então se diri-giu a Europa, na Itália. E o efei-to inverso se deu. Apenas Bra-sil, Argentina e EUA resolveram atravessar o mar e, talvez can-sados, foram eliminados logo no primeiro jogo. Os italianos conseguiram o título em casa, para alegria de Mussolini. Durante a competi-ção eles eliminaram a Espanha de Franco e enfrentaram na fi-nal a Tchecoslováquia, que ha-via eliminado a Alemanha de Hitler. Hitler reagiu muito mal a essa derrota, como ficou popu-

Itália 1934

Italianos gostavam de um mata-mata

França 1938

Imagino que deva ter sido bem chato para os outros países.

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Edição Extra

Brasil tinha tudo para ganhar seu primeiro título. Mas a derrota para os uruguaios deixou marcas eternas no futebol brasileiro.

A tragédia de um povo

nas uma vitória. E ainda foram humilhados e derrotados pelos americanos, que tinham um ti-me amador. O autor do gol, Joe Gaetjens era um haitiano que foi morto pela ditadura do psi-copata Papa Doc. Algumas ausências se fizeram presentes no torneio. Caso da destruída Alemanha e também da Índia, que resolveu não disputar o torneio porque a

FIFA proibiu os seus jogadores de jogarem descalços, um cos-tume do país. Imagine se lhes fossem oferecido um churrasco? A Índia nunca mais teve a chan-ce de disputar uma Copa do Mundo. Pela única vez na histó-ria o torneio foi decidido em um quadrangular final, disputado por Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha. O Brasil aniquilou os seus adversários, enquanto o Uruguai sofreu com placares

apertados. Os brasileiros seriam campeões, essa era a óbvia im-pressão do povo brasileiro. Aproximadamente 200 mil pessoas compareceram ao Maracanã na tarde do dia 16 de julho de 1950 para apreciar e comemorar a conquista do pri-meiro título mundial brasileiro. Para melhorar, o Brasil precisa-va de apenas um empate. E pa-ra melhorar ainda mais, a equi-

pe saiu na frente com um gol de Fria-ça. Só uma tragédia reverteria a situa-ção. Os jornais já tinham suas capas prontas para a co-memoração, as fai-xas de campeão já estavam confeccio-nadas. Mas a 25 mi-nutos do final, Schi-affino empatou a partida. O resultado ainda dava o título para o Brasil, mas tensão já estava presente. E a tragé-

dia se consumou quando a 11 minutos do fim Ghiggia virou o placar. “Gol do Uruguai” dizia o incrédulo narrador. Fim de jogo e o Uruguai era campeão pela segunda vez. O Maracanazzo traumati-zou os brasileiros. Os vice-campeões mundiais foram mar-ginalizados pelo resto de suas vidas. O Brasil também aposen-tou suas camisas brancas e to-dos pareciam ter a certeza de que o Brasil jamais conseguiria ser campeão um dia.

Hitler morreu, Mussolini morreu, bombas caíram no Ja-pão e a 2ª guerra mundial aca-bou. Livres desses pequenos aborrecimentos, a humanidade pode finalmente voltar a se pre-ocupar com o que realmente importa: futebol. A Copa do Mundo estaria de volta no ano de 1950, para acabar com as chateações. E o lugar escolhido foi o Brasil. A Europa estava relativamente des-truída pela guerra e, além disso, o torneio cancelado de 1942 também seria por aqui. O Brasil era a escolha lógica. E o Brasil se preparou para ser campeão pela pri-meira vez. Construiu o estádio do Maraca-nã, então o maior do mundo, com capaci-dade para quase 200 mil pessoas amonto-adas. Fora isso, nós também tínhamos uma equipe talento-sa, com Zizinho e Ademir Menezes. Outra novidade foi a par-ticipação da Inglaterra, que pela primeira vez aceitou disputar uma Copa do Mundo. Como in-ventores do futebol, os ingleses achavam que não precisavam participar do torneio que definia a melhor seleção do mundo. Eles simplesmente sabiam que eram os melhores. Mesmo com toda essa marra, eles tiveram uma participação pífia, caíram logo na primeira fase com ape-

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Brasil 1950

Ghiggia: apenas ele e o papa fizeram o Maracanã ficar em silêncio

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A Hungria tinha a melhor geração de sua história e impressionou o mundo. Só que os alemães são o Rocky Balboa do futebol.

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O milagre de Berna

ou essa teoria mesmo tendo escutado os jogos apenas pelo rádio. Na época, os húngaros utilizavam modernas táticas de aquecimento. Consistia em... Se aquecer. Hoje pode parecer al-go natural, mas até então nin-guém tinha tido a idéia de que uma corridinha antes do jogo podia fazer os jogadores entra-rem melhor em campo. E eles sempre faziam pelo menos dois gols até os 15 minutos do pri-meiro tempo. E foi assim que a Hun-gria fez 2x0 na Alemanha com apenas oito minutos de jogo. Na primeira fase a Hungria ha-via feito 8x3 nos mesmos ale-mães e o começo arrasador deu a expectativa de que um mas-sacre aconteceria. Mas, os alemães são co-mo Rocky Balboa. Nunca são derrotados duas vezes pelo

mesmo adversário. Eles cres-cem na adversidade e podem apanhar o tempo inteiro para conseguir o nocaute no fim. E assim foi. O empate veio com certa rapidez para espanto de todos. E faltando cinco minutos para o fim da partida, Helmut Rahn marcou o gol do título, o pri-meiro título alemão no jogo que ficou conhecido como “O Mila-gre de Berna” e virou filme. O jogo desgraçou para sempre a Hungria que nunca mais viu nascer um único jogador razoá-vel de futebol em seu solo. Outro destaque da com-petição foi o jogo entre Áustria e Suíça, que terminou com um placar de 7x5. Os 12 gols em um jogo são um recorde de competição. Hoje em dia as du-as seleções precisam jogar a-proximadamente dois anos inin-terruptos para igualar a marca.

A Copa da Suíça entrou para a história como a competi-ção com a maior média de gols da história. Certo que se anali-sados hoje, os jogos da época não se pareciam com o futebol moderno. Era algo parecido. A única preocupação era atacar. A maior parte dos times jogavam com cinco atacantes e apenas dois zagueiros. Ou seja, dois tinham a função de marcar cin-co. Imagino que ninguém esco-lhia ser zagueiro na época. De-via ser uma espécie de punição imposta. E nesse show de gols o grande destaque foi a seleção húngara. Não é possível saber os motivos, mas esta foi a única vez na história em que jogado-res de futebol nasceram na Hungria, e vários, e ao mesmo tempo. Seria preciso estudar a água da Hungria na época em que eles foram gerados. Mas o time de Puskás, Kocsis e Czibor marcou incríveis 27 gols em 5 jogos, um recorde. Entre as vítimas húngaras esteve o Bra-sil, eliminado nas quar-tas de final com uma derrota por 4x2, na cha-mada “Batalha de Ber-na”. O jogo terminou em pancadaria, briga cam-pal com cadeiradas e garrafadas distribuídas. Ao final desse jogo Nel-son Rodrigues decretou: “O Brasil sofre de com-plexo de vira-latas”. Ou seja, se amedronta di-ante de um adversário de mais estirpe. Ele cri-

Suíça 1954

Essa foi a melhor foto que encontrei. Reparem na cara de surpresa e espanto do público

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Edição Extra

cha um comedor de mulheres. Ele até comprovou sua fama fazendo um filho na Suécia. As mudanças surtiram efeito. Garrincha fez as jogadas dos gols na vitória sobre a Uni-ão Soviética, na partida que en-trou para a história como o du-elo do talento puro contra o fu-tebol científico soviético. Pelé fez o único gol vitória sobre o País de Gales (acreditem, País

de Gales já participou de uma copa). Mais três gols de Pelé contra a França garantiram a participação brasileira contra a Suécia na final. Agora era a ho-ra do Brasil enfrentar os donos da casa na final. Perderia o Bra-sil novamente? Ou seríamos os responsáveis por um Rasundaz-zo? A resposta no próximo pa-rágrafo. Nem um, nem outro. O

O Brasil saiu sem muita expectativa para disputar a Co-pa da Suécia. A imprensa tinha certeza que o Brasil iria perder no momento decisivo, que nos-sos jogadores tinham sangue de barata. Se Galvão Bueno fosse narrador à época, o Brasil seria provavelmente o pior lugar do mundo para se viver. Ele pediri-a muito o nosso apoio porque teríamos uma parada dificílima. A certeza do fracasso au-mentou quando o Brasil empatou com a Inglaterra por 0x0. Esse aliás, foi o pri-meiro jogo sem gols da história de todas as co-pas. O privilégio coube aos inven-tores do esporte e aos futura-mente reconhe-cidos como do-nos do melhor futebol do mun-do. Mas foi então que acon-teceu a hora da mudança, tal qual se fosse um roteiro de fil-me. O empate serviu para pro-mover mudanças na equipe, que a guiaram até a vitória. Zi-to, Garrincha e Pelé substituí-ram Dino Sani, Joel e Mazzola no time titular. Hoje pode parecer que o treinador era um retardado mental por deixar Garrincha e Pelé no banco. Mas, na época Pelé era uma criança e Garrin-

Brasil conseguiu a vitória, com requintes de crueldade—5x2 na final com outros dois gols de Pelé, mais dois de Vavá e até um de Zagallo. Delirava Nelson Rodrigues com o fim do comple-xo de vira-latas e Pelé era coro-ado o rei do futebol. Só que, ao que consta a Suécia não ficou eternamente traumatizada com a derrota. Eles pensaram “isso é só um

jogo de futebol” e se preocupa-ram em hoje ser um dos maiores IDHs do mundo. Ok, eles foram os responsáveis pelo Abba tam-bém. Mas isso não tem nada haver com a derrota. Até ho-je eles ainda u-sam as camisas amarelas de en-tão e os vice-campeões são considerados heróis nacionais pela melhor de-sempenho sueco

na história. A copa de 1958 também ficou marcada pelo francês Just Fontaine, que foi o artilheiro da competição com o recorde his-tórico de 13 gols. Fontaine, que não escrevia fábulas sobre for-migas trabalhadoras e cigarras preguiçosas, na verdade era marroquino e parou de jogar logo depois, por conta de uma perna quebrada. Depois teve uma carreira apagada como treinador.

Vocês não imaginam a dificuldade que é criar uma manchete para o primeiro título do Brasil que não seja aquela do editorial.

Brasil muda para vitória

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Suécia 1958

Bellini ergue a taça do mundo que era nossa. E com brasileiro não havia quem pudesse

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bicicleta que foi misteriosamen-te anulado. Enquanto isso, a Argen-tina era eliminada na primeira fase, o Chile avançava a base da porrada e o colombiano Mar-cos Coll marcava um incrível gol olímpico contra a União Soviéti-ca. Até hoje, esse é o único gol de escanteio da história da competição.

Nas quartas-de-final, Garrincha começou a brilhar. Marcou dois gols na Inglaterra. Foi nesse jogo que o Mané so-freu a maior humilhação de sua vida. Um cachorro vira-lata in-vadiu o campo e escapou de vários jogadores que tentaram o pegar. O próprio Garrincha caiu de bunda no chão. A situa-ção só foi resolvida quando um inglês dominou o cachorro. E sem fazer falta.

Dessa vez o Brasil esta-va confiante. A base do time campeão em 1958 iria disputar também a copa de 1962. Lá es-tavam Gilmar, Djalma Santos, Nilton Santos, Didi e, principal-mente, Garrincha e Pelé. Ou seja, o título estava garantido. A estréia não foi muito animadora, mas pelo menos valeu os dois pontos. Ah sim, caso você não saiba só em 1994 que a vitória passou a valer três pontos. Vitória de 2x0 sobre o México, com gols de Pelé e Zagallo. No gol mexicano jogava o lendário goleiro Carbajal. Ele detém o recorde de participa-ções em copas do mundo, ao lado do alemão Lothar Mat-thaus. Só que enquanto o ger-mânico tem um título no currí-culo, Carbajal tem apenas o recorde de gols sofridos, 25. E nos cinco torneios que dispu-tou, conseguiu ganhar apenas uma partida. Os problemas para o Brasil começaram no segundo jogo. Empate em 0x0 com a Tchecoslováquia e Pelé com uma lesão muscular fora da copa. O Brasil já pensava “estamos ferrados”. Mas eis que o seu substituto, Amarildo mar-ca os dois gols na vitória sobre a Espanha que garantiu a clas-sificação brasileira. Foi uma vitória polêmica aliás. A Espanha teve um pênal-ti não marcado a seu favor. Nil-ton Santos deu dois passos para fora da área e o juíz deu apenas a falta. Na cobrança o ex-húngaro Puskas fez um gol de

Depois, nas semifinais, o Brasil enfrentou os chilenos. Em um jogo tenso, o homem de Pau Grande (distrito de Magé) fez outros dois gols na vitória por 4x2. Na outra semifinal, a Tchecoslováquia derrotou a Iu-goslávia num duelo de países que já não existem mais. O problema para o Brasil é que Garrincha foi expulso no fim do jogo contra o Chile. Mas em uma ação misteriosa de bastidores, as testemunhas de sua expulsão desapareceram e ele foi absolvido, podendo as-sim disputar a final. Garrincha entrou em campo gripado. E a Tchecoslo-váquia era o único país a não ter perdido do Brasil na compe-tição, aliás, não tomaram ne-nhum gol. E logo no começo da partida, o maior jogador tcheco da história, Masopust, abriu o placar. Para sorte do Brasil, Amarildo, o possesso, empatou o jogo logo depois fazendo o mundo esquecer de Pelé. Ou, nem tanto. A virada veio apenas no segundo tempo, com gols de Zito e Vavá. Coube depois a Mauro Ramos levantar a taça do bicampeonato mundial. Euforia nacional, novamente. Esta foi a última vez que um time conse-guiu ganhar duas copas do mundo em seqüência. O que você aprende com isso? Não chute no seu bolão que os itali-anos serão campeões. Suas chances são consideravelmente menores.

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Pelé saí machucado. Dúvidas se abatem sobre a seleção. E quem poderia nos ajudar? Sim, sobrou para Garrincha ser a estrela.

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Garrincha ganha a Copa Chile 1962

Olhando assim, parecia bem estranho

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Edição Extra

anos voltaram para casa sobre uma chuva de tomates) que havia saído na frente por 3x0. Eusébio marcou 4 gols e o jogo terminou 5x3. Os norte-coreanos voltaram para casa como heróis, desfilaram em carro aberto pelas ruas de Pyongyang e tiraram fotos com o ditador. Mas, poucos meses

depois eles foram denunciados por supostos abusos na Ingla-terra. Teriam fumado, bebido e participado de festas. Foram então, presos e torturados. A euforia portuguesa terminou nas semifinais. Foram eliminados pelos Ingleses. Pelo menos, eles conseguiram o ter-ceiro lugar contra a União Sovi-ética. A Inglaterra chegou a final com uma campanha leve-mente polêmica. A principal o-correu no jogo contra a Argenti-

Depois do bicampeonato, os brasileiros estavam confian-tes. Aliás, confiantes mesmo. Tão confiantes que a Confede-ração Brasileira de Desportos convocou 44 jogadores. Afinal, haviam bons jogadores demais por aqui. Mas no fim, a opção foi por levar a base bicampeã do mundo, com jogadores bem, mas bem experientes. Eles já estavam ficando velhos, mesmo. Garrin-cha a essa altura, já era um jogador decadente, alcoólatra e com os joe-lhos estourados. O Brasil até es-treou bem nos campos ingleses. Jogando em Liverpool, conseguiu uma vitória contra a Bulgária por 2x0. Mas, foi apenas isso. Depois, duas derrotas contra Hungria e contra Portu-gal eliminaram o Brasil da competição. Pela pri-meira vez, o atual cam-peão caia logo na pri-meira fase. Se Garrin-cha estava acabado, Pelé tam-bém não pode ajudar muito. Os portugueses o pararam na base da porrada. Pelé teve que dei-xar o gramado carregado. Mesmo sendo violentos inescrupulosos, que roubaram o nosso ouro e nossa madeira, os portugueses foram a sensação do torneio. Com um time cheio de moçambiquenhos, os lusita-nos foram ganhando todos os seus jogos, inclusive uma vira-da sensacional contra a Coréia do Norte (que havia eliminado a Itália na primeira fase. Os itali-

na. Ratttin teria sido expulso injustamente. Contrariado ele sentou no tapete da rainha. Na final, os ingleses en-frentariam os Alemães. Helmut Haller abriu o placar para a Ale-manha, mas os ingleses vira-ram o jogo. O título ficou bem perto da Inglaterra e eles tive-ram chances de decidir a parti-

da. Contudo, os ale-mães confirmaram a sua fama de Rocky Bal-boa e empataram no último minuto com um gol de Wolfang Weber. Assim sendo, o cotejo se encaminhou para a prorrogação. Então veio o lance polêmico. Geoff Hurst recebeu na ponta direita e chutou cruza-do, a bola bateu no travessão quicou em cima da linha e saiu. Isso foi o que o mundo viu. O juiz resolveu va-lidar o gol. Até hoje os ingleses tentam provar que a bola entrou. Rea-

lizam pesquisas, digitalizam a cena, mudam a angulação. Mas não conseguem provar o impro-vável. Os alemães partiram pa-ra cima em busca de um novo empate e no finzinho, o mesmo Hurst marcou o quarto gol que selou o primeiro e único título inglês na competição, com a ajudinha. No ano seguinte os Beatles gravariam “With a little help from my friends”. Mas um fato não tem nada haver com o outro. Pelo menos é o que se acredita.

Os inventores do futebol finalmente conseguiram o seu título mundial. Mas isso não teria sido possível sem uma ajudinha.

With a little help from...

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Inglaterra 1966

Finalmente uma foto colorida, heim?

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Rimet. A taça que levava o no-me do mentor intelectual do torneio seria dada ao primeiro tricampeão. Brasil e Uruguai faziam um jogo tenso. Ao longo da se-mana, todos se lembravam da traumática derrota brasileira na Copa de 1950. E o Uruguai ain-

da saiu na frente para aumentar a uruguaifobia brasileira. Para sorte do Brasil, Clodoaldo em-patou a partida no final do pri-meiro tempo. Foi o único gol do volante com a camisa brasileira. No vestiário, Zagallo usou seu velho discurso patrió-tico e a equipe voltou melhor. Jairzinho e Rivelino garantiram a vitória e Pelé quase fez dois gols antológicos. Procure no youtube.

Dessa vez os brasileiros não estavam confiantes. O fra-casso da última copa contribuía. E também a demissão de João Saldanha a poucos meses do torneio. Zagallo assumiu em seu lugar. As publicações pré-copa apostavam que Inglaterra e Uruguai eram os maiores fa-voritos para o tí-tulo. No entan-to, a seleção na-cional havia mon-tado uma grande equipe para dispu-tar a copa do Mé-xico. Gérson, Jair-zinho, Pelé, Riveli-no e Tostão fazi-am um grande quinteto ofensivo. E essa equipe conseguiu um fei-to, foi a primeira seleção a ser campeã ganhando todos os seus seis jogos disputados. Tchecoslo-váquia, Inglaterra e Romênia foram batidas na primei-ra fase. O Peru caiu nas quartas de final. As vitórias foram con-vincentes e a cada jogo Pelé quase marcava o gol mais boni-to da história. Nas semifinais, o Brasil enfrentaria o Uruguai, enquanto a Itália enfrentaria a Alemanha. Dentre as quatro finalistas, três equipes bicampeãs. Com isso, eram grandes as chances de que uma equipe conquistasse a posse definitiva da taça Jules

Já a outra semifinal é conhecida como a maior partida da história do futebol. Os italia-nos venceram por 4x3 na pror-rogação em um jogo cheio de reviravoltas. Este jogo imortali-zou o alemão Beckembauer, o Rambo dos gramados. Ele atu-ou boa parte da partida com o

braço imobiliza-do, graças a uma clavícula desloca-da. Brasil e Itália entraram em campo para decidir o título e o futuro da taça. O Brasil abriu o Placar com Pelé, o que era um mau presságio. Até então, em todas as finais, o time que abriu o placar perdeu o jogo. Boninseng-na empatou o placar, numa fa-lha da zaga bra-sileira. O jogo aliás, era chato e cheio de jogadas

grotescas. No segundo tempo, os italianos morreram e prevaleceu o preparo físico brasileiro que enfileirou gols para conseguir a goleada por 4x1. A Jules Rimet era nossa!!!(...)!!! E foi nossa por cerca de 10 anos. Até ser roubada e der-retida para virar pulseirinha. Não, não pulseirinha de sexo. Até porque seria difícil quebrar uma pulseirinha de ouro.

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Com o tri-campeonato, o Brasil conquista de vez a Taça Jules Rimet. Ela durou 10 anos, até ser derretida pra virar correntinha.

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A conquista definitiva México 1970

Tostão corre para trás do gol, porque Carlos Alberto Torres estava lá

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Edição Extra

gueiros atacavam e o goleiro jogava com a camisa 8. Inven-taram coisas como a marcação por pressão, a linha de impedi-mento e a correria tresloucada. Foram conseguindo vitórias ex-pressivas na competição, inclu-indo um 4x0 sobre a Argentina. Brasil e Holanda decidiri-am a vaga na final. Zagallo dis-

se que a Holanda é que tinha que ter medo do Brasil. Torce-dores diziam que a Holanda era um bando de peladeiros. Na en-tão ainda jovem arrogância fu-tebolística brasileira (tendência que os brasileiros tem de achar que só nós sabemos jogar fute-bol) não deve ter faltado gente que fez a piadinha “vamo es-premê a laranja! Hehe”. E foi um massacre. Cruyff, Nees-kens, Kroll, Rep, Rensenbrink, os holandeses apareciam de todos os cantos e o 2x0 foi pou-co no fim. Podia ter sido 5. Os holandeses chegaram como favoritos a final diante da Alemanha capitalista. E come-çaram exercendo seu domínio,

Tudo era novo na Ale-manha Ocidental. Um novo tro-féu em disputa (A Taça FIFA), um novo formato de disputa (haveria um quadrangular semi-final, ao invés do simples mata-mata). E também um novo fu-tebol, bem mais pesado. Quem assistir hoje um jogo dessa co-pa, perceberá que a partida era uma carnificina. E o engraçado é que os árbitros da época são ho-je comentaristas que se revoltam com qualquer esbarrão. Logo na primeira fase, um confronto interessante. A-lemanha Ociden-tal x Alemanha Oriental. Duelo de doutrinas, sis-temas políticos, sociais e econô-micos. E os comunistas vence-ram. Para muitos discípulos de Marx, essa é a maior prova da superioridade vermelha. O Brasil fez uma campa-nha pífia. Comandada por Za-gallo, o time conseguiu ficar sem marcar gols em 4 dos 7 jogos que disputou. E ainda conseguiu terminar na quarta posição. Dunga costuma a citar essa equipe como a melhor se-leção brasileira que ele já viu jogar. Mas, é impossível falar dessa copa sem falar da Holan-da. A Laranja Mecânica inven-tou um novo estilo de jogo, em que atacantes defendiam, za-

tocando a bola por um minuto até sofrer um pênalti. Fizeram 1x0. E todos imaginavam que seria mais um massacre. Mas, ninguém massacra os alemães e eles não tem me-do de nada. Ainda mais porque tinham o seu melhor time na história com Sepp Maier, Bec-kenbauer (sorrindo abaixo),

Gerd Muller e Breitner. Vira-ram o jogo ain-da no primeiro tempo e depois se seguraram no restante da par-tida. Consegui-ram seu segun-do título, e pela segunda vez so-bre o time sen-sação do tornei-o. Nunca duvide da Alemanha.

Dessa vez a Holanda é que tinha sua maior geração. Encantou o mundo e revolucionou o futebol. Mas quem ganhou? Os alemães.

O Déjà Vu da Alemanha

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Alemanha Ocidental 1974

A Alemanha atropelou a Holanda sob o passivo olhar do juiz

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“Batalha de Rosário”. O jogo mais violento da história do fu-tebol. É um milagre que não tenha acontecido nenhuma morte. E seria milagre ter acon-tecido algum gol. O jogo termi-nou 0x0. E ninguém teve capa-

cidade matemática de fazer a estatística do número de faltas. Na última rodada a Ar-gentina enfrentava o Peru preci-sando vencer por 4 gols de dife-rença para se classificar para a final e, conseqüentemente, eli-minar o Brasil. Os Argentinos sofreram e só conseguiram fa-zer 1x0 com 20 minutos de jo-go. O 2x0 foi suado, no finzinho do primeiro tempo. Parecia que seria dramático. Mas na volta do vestiários, os peruanos ape-nas andavam em campo. Em 5 minutos o 4x0 já estava feito. E o placar final foi de 6x0. Hoje é praticamente comprovado que

A Argentina não poupari-a esforços para ser campeã dentro de casa. Foi ajudada pe-lo fato de que os dois astros da copa anterior não iriam partici-par dessa edição. Beckenbauer estava aposentado da seleção alemã e Cruyff resolveu não disputar, porque, diz a lenda, ele não jogaria em um país co-mandado por um ditador san-guinário. Foi uma copa sem muito brilho individual. O Brasil tinha uma seleção ainda mais chata que a anterior, a Holanda tinha um time instável e a Argentina avançava a base da raça e da ajuda da arbitragem. O único jogo de desta-que na primeira fase foi entre Holanda e Escócia. A partida já ficou marcada na história pelo gol 1000 da história da compe-tição, marcado por Rensenbrink aos 34 minutos do primeiro tempo. Anos depois, este se transformaria no jogo mais cult da história ao ser citado no cult filme Trainspotting. Sim foi nes-se jogo que Archie Gemmil marcou. Um belo gol por sinal. A Escócia é um país tão loser (nunca avançou a segunda fase da copa em suas oito participa-ções) que este é considerado o maior momento da história do futebol escocês. Mas os fatos realmente interessantes aconteceram nos quadrangulares semifinais. De um lado, a Holanda cresceu e conseguiu uma vaga na final, superando Argentina e Itália. Na outra chave, Brasil e Argentina fizeram a chamada

os argentinos, aqueles porcos sujos e desgraçados, compra-ram o jogo. Restou ao Brasil brigar pela terceira posição, consegui-da num jogo diante da Itália, no qual Nelinho marcou um gol an-tológico. O Brasil foi o primeiro país da história a terminar a competição invicto e sem o títu-lo. O técnico Cláudio Coutinho resolveu se auto-proclamar “Campeão Moral”. A babaquice pegou e até hoje esse termo é utilizado no futebol. Argentina e Holanda fi-zeram a final. Foi outro jogo no qual a porrada comeu solta. Fo-ram pelo menos quatro jogadas dignas de prisão perpétua. Os argentinos saíram na frente e os holandeses empata-ram. No último minuto do jogo, um lance sensacional. Rensen-brink divide com o goleiro e a bola bate na trave e saí. Se a bola entrasse a Holanda seria campeã. Foi o maior tranca-mento de toba coletivo da his-tória. Mas, como o “se” não existe no futebol, a Argentina conseguiu dois gols na prorro-gação e se sagrou campeã. Para a alegria do time, do técnico, do ditador sanguinário, da seleção do Peru e dos torcedores. Fora a história do “Campeão Moral” essa copa te-ve um segundo péssimo legado para o futebol. Os argentinos popularizam a técnica de atirar papel higiênico nos gramados. Além de faltar papel pra limpar bunda, deixa o campo sujo e embolado.

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Argentina confirma a sua fama de país mais sujo do planeta e obtém seu primeiro título comprando juízes e adversários.

CH3 NEWS

Uma vitória polêmica Argentina 1978

Toda a amizade entre Brasil e Argentina

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Edição Extra

com menos de um minuto de diferença. Na vitória da França so-bre o Kuwait por 4x1 o juiz vali-dou um gol para a França que gerou protestos nos Kuaitianos, que juravam terem escutado um apito paralisando a partida. Neste momento o sheik Fahid Al-Ahmad Al-Sabah invadiu o campo vestido a caráter. Con-versou com o juiz, que achou

por bem anular o gol. Não se sabe o que ele disse. A Alemanha eliminou a França nas semifinais. Foi a pri-meira disputa por pênaltis da história da competição. Um lan-ce marcante do jogo foi quando o goleiro alemão Schumacher acertou uma voadora no francês Patrick Battiston, que caiu no

A copa da Espanha será eternamente conhecida pela tragédia brasileira. O time deu show, encantou os seres huma-nos, mas aí pegou a desacredi-tada Itália e perdeu com 3 gols de Paolo Rossi. Sempre que se fala dessa copa, um clima de depressão é criado. Por isso, vamos tentar evitar falar do Brasil. O carrasco Paolo Rossi estava suspenso, até pouco an-tes de o torneio começar. Ele havia sido suspenso num escân-dalo de manipulação dos resul-tados. Na primeira fase, a Itália não ganhou nenhum jogo e ele não fez nenhum gol. Também não marcou nenhum na vitória contra a Argentina. Depois mar-cou 3 no Brasil, 2 na Polônia e o primeiro na final contra a Ale-manha Ocidental. Foi o artilhei-ro e craque da Copa. A formula da disputa mudou para essa edição do tor-neio. Escolheu-se um número de 24 times, que obrigou a uma série de triangulares quadrifi-nais. Uma confusão só. Foi nes-sa fase em que o Brasil sofreu a fatídica derrota no Sarriá. A Hungria promoveu a maior goleada da história das copas ao derrotar El Salvador por 10x1. O primeiro tempo ter-minou com modestos 3x0. Ra-mírez Zapata diminuiu o placar, no momento para 5x1, e come-morou como um título mundial (foi o único gol do país na histó-ria das copas). Talvez provoca-dos pela comemoração os hún-garos marcaram quatro gols em cinco minutos. Incluindo 2 gols

gramado desacordado e sem pulso. Por alguns momentos se pensou que ele havia morrido. Mas o saldo foi de uma lesão na coluna e três dentes quebrados. Schumacher ainda ironizou a situação dizendo que pagaria a dentadura do francês. Ah sim, o juiz achou que o lance foi nor-mal, mandou o jogo prosseguir e ainda declarou a vitória por nocaute de Schumacher.

Na final, a velha rivalida-de entre alemães e italianos. A Itália levou a melhor, com rela-tiva tranqüilidade. Abriu 3x0 e depois a Alemanha descontou com um gol de Breitner. Os ita-lianos conseguiram seu terceiro título mundial e se igualaram ao Brasil, na ocasião. Paolo Rossi até hoje é proibido de vir aqui.

Não era nenhum padeiro psicótico. Paolo Rossi marcou três gols que eliminaram o Brasil e se transformou em vilão nacional.

O destruidor de sonhos

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Espanha 1982

Até hoje existem brasileiros que tem pesadelos diários com Paolo Rossi

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panha, mas não chegou a em-polgar e foi eliminada nas quar-tas-de-final diante da frança de Michel Platini. Os franceses, ali-ás, perderam nas semifinais, novamente para a Alemanha demonstrando uma espécie de freguesia histórica.

A Dinamarca surpreen-deu o mundo ao ganhar todos os seus primeiros jogos e mas-sacrar o Uruguai por 6x1. Lide-rados por Michael Laudrup, eles ganharam a alcunha de Dina-máquina. Mas, o sonho logo a-cabou. Foram derrotados pela Espanha nas oitavas. E foi uma derrota humilhante por 5x1. O maior legado dos dinamarque-ses acabou por ser inaugurar a era dos uniformes horríveis. O jogo final foi estranho. O ritmo era lento e a Argentina conseguiu fazer 2x0 com facili-dade na Alemanha Ocidental. O título parecia definido, uma vez que a Argentina tinha o melhor

Na verdade está copa deveria ser na Colômbia. Isso mesmo, deveria. Menos de qua-tro anos antes do começo da copa as autoridades colombia-nas falaram “olha, sinto muito, não vai dar”. Faltou dinheiro, as FARC não deixaram, não se sa-be o motivo. Mas o fato é que a FIFA teve que correr atrás de um novo país e acabou esco-lhendo o México, mesmo país que recebeu a copa 16 anos an-tes. Provavelmente os dirigen-tes da FIFA gostam de comida apimentada. E então, 9 meses antes do começo da competição, um terremoto atingiu o México. Mas os mexicanos foram fortes e organizaram o torneio assim mesmo. Durante a copa, ne-nhum narrador pode fazer a pi-adinha de que tal estádio iria tremer. Porque isso poderia a-contecer literalmente. Basicamente, foi a copa de Maradona. Mesmo jogando em uma seleção medíocre, ele conduziu seu time até o título. Para isso deu passes, fez um gol driblando meio time adver-sário e também fez um gol de mão. Sim, os argentinos não conseguiriam ganhar um título sem pelo menos um pouco de sujeira. Esses porcos malditos. Foi uma copa de nível técnico baixo. Muitos jogos com placares apertados e disputados em um calor infernal, por ques-tões televisivas. O Brasil levou a base da seleção que havia en-cantado o país quatro anos, mas o envelhecido time desa-pontou. Até fez uma boa cam-

jogador do mundial e os ale-mães faziam uma campanha vagabunda, chegando aos tran-cos e barrancos. Mas, vocês sa-bem como os alemães são. Em menos de cinco mi-nutos eles conseguiram empa-tar a partida em duas jogadas de escanteio. Parecia que seria uma nova virada germânica é-pica. Mas, os alemães se em-polgaram. Foram todos pra dentro da grande área e em um contra-ataque os argentinos conseguiram o gol do título com Jorge Burruchaga, no finzinho do jogo. Os argentinos consegui-ram assim o seu segundo e últi-mo título mundial. Maradona se consagrou como o maior joga-dor da sua geração e seguiu uma carreira de sucesso no Ná-poles. Logo depois ele se em-polgou e começou a usar todos os tipos de drogas existentes até quase morrer. Hoje ele é dublê de técnico.

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Na época ele ainda não era um louco drogado e conduziu uma seleção medíocre ao título. Para isso, ele fez até gol de mão.

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Maradona é campeão México 1986

Esses shortinhos eram ridículos, não?

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eles empataram seus quatro primeiros jogos e só foram eli-minados com a derrota por 1x0 para Itália. A única boa surpresa foi a seleção camaronesa, que lide-rada pelo vovô garoto Roger Milla chegou até as quartas-de-final com um futebol alegre, ofensivo e descompromissado. Perderam para a Inglaterra.

Nas semifinais, a Argen-tina eliminou os donos da casa nos pênaltis e a Alemanha (unificada politicamente, mas não futebolisticamente) tirou a Inglaterra, também nos pênal-tis. Assim sendo, argentinos e alemães reeditaram a final da copa anterior. Foi um jogo pa-voroso, medonho, ridículo. Pa-recia que teríamos uma nova prorrogação e depois uma outra

Se Deus gosta de fute-bol, ele provavelmente se es-queceu disso na copa de 1990. Foi a pior Copa da história. Jo-gos ruins, times medíocres, poucos gols, muitos empates e muitas bizarrices acontecendo. O Brasil levou a sua, por muitos assim considerada, pior seleção da história. E mesmo assim terminou a primeira fase com a segunda me-lhor campanha do torneio, atrás apenas da Itália. E no único jogo em que foi razo-avelmente bem, aca-bou eliminado pela Argentina. Os argen-tinos, por sua vez, conseguiram ser vice-campeões mundiais ganhando apenas 2 jogos e marcando a-penas cinco gols em sete jogos. Eles con-seguiram avançar no torneio, graças ape-nas ao goleiro Goyco-chea que era horrível, mas pegava muitos pênaltis. Metade dos 16 jogos da fase de mata-mata acabaram indo para a prorroga-ção e, destes, quatro foram de-cididos nos pênaltis. Um recor-des. As seleções tinha um enor-me medo de ganhar. O maior símbolo disso foi a seleção irlandesa, que conse-guiu chegar as quartas-de-final mesmo sem ter ganho um único miserável jogo e com apenas dois malditos gols, anotados ainda na primeira fase. Sim,

disputa por pênaltis de tão in-competentes que os times e-ram. Mas, faltando apenas cinco minutos para o fim do jo-go, o juiz mexicano marcou um pênalti inexistente para a Ale-manha, como se disposto a aca-bar com aquele negócio. Andre-as Brehme venceu Goycochea para abrir o placar.

Uma vez que não havia ata-cado durante o tor-neio inteiro, a Ar-gentina não soube o que fazer nos mi-nutos finais e a A-lemanha tocou bola até conquistar a vitória, que sacra-mentou a sua re-vanche. Festa na Alemanha e festa no mundo inteiro. Finalmente havia acabado. O único lado positivo do torneio, é que a FIFA resol-veu tomar uma sé-rie de providências para estimular os

jogos. A partir da copa de 94 as vitórias começaram a valer três pontos ao invés de dois. Tam-bém foi proibido que os goleiros pegassem com as mãos, bolas recuadas com os pés. Sim, isso era uma prática comum até en-tão. Tudo para evitar que o pla-car ficasse em branco, assim como o espaço abaixo.

Os deuses do futebol tiraram férias durante a copa de 90. Mesmo assim, a pior copa da história tem alguns fãs ao redor do mundo.

Não parecia ser futebol

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Itália 1990

Empate entre Holanda e Irlanda foi um jogo símbolo do torneio

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zaga era intransponível. Já a Itália sofreu na pri-meira fase e sofreu em todos os seus jogos. Se Roberto Baggio não existisse, provavelmente a Itália não conseguiria chegar na final. No meio do caminho fi-cou a Argentina que havia en-

cantado na primeira fase, co-mandados por um renascido Maradona. No entanto, o argen-tino comemorou seu gol contra a Grécia correndo loucaço para a câmera. Estava escrito em sua testa “eu cheirei”. E ele foi pego em um exame anti-doping, acabando definitiva-mente para o futebol. O Russo Oleg Salenko

A copa de 1994 sofreu um azar histórico. Ok, a final foi horrível, terminou 0x0 e foi de-cidida apenas nos pênaltis. O Brasil jogava burocraticamente, a Itália dependia apenas de Ro-berto Baggio para marcar gols e além disso, grandes potências como Alemanha e Argentina decepcionaram. Fora isso os uniformes eram horríveis, ti-nham marcas d’água em exces-so. As camisas de goleiro feitas pela Adidas eram todas quadri-culadas. Enfim. Poucas pessoas perce-bem isso, mas o brilho da copa esteve em seleções lado-b do futebol mundial. Quem viu a-quela copa não se esquecerá jamais da Romênia de Hagi (Deus supremo do futebol, para quem que esse especial é dedi-cado), Dumitrescu e Radociou-iu. Ou a Bulgária de Stoichkov, Letchkov e Ivanov (mais belo jogador da história). Tivemos ainda a Suécia de Brolin e Ke-neth Anderson. A Nigéria de Ye-keni, Amuneke e Amokachi. Mas é aquela coisa. Na hora da decisão em uma Copa do Mundo, a camisa pesa. To-das essas seleções ficaram pelo caminho e na final lá estavam os óbvios Brasil e Itália. Um jo-go entre duas seleções chatas, jogado no calor de 12:30 do verão americano da Califórnia, só poderia ser chato. O Brasil havia feito uma campanha... consistente, diga-mos. Conseguiu vitórias aper-tas, mas só sofreu mesmo na partida contra a Holanda. Ro-mário decidia várias partidas, Bebeto era um bom parceiro e a

bateu o recorde de gols em u-ma única partida. Fez cinco contra Camarões e terminou a copa artilheiro, ao lado de Stoi-chkov, com 6 gols. Nunca mais fez nada na vida. Nesse mesmo jogo, Roger Milla fez um gol, mesmo tendo impressionantes 42 anos. Voltando a final. O Brasil ameaçou mais, visto que a Itá-lia estava acabada fisicamente. Mas, o gol não saiu. A certa al-tura, o goleiro Pagliuca soltou um chute de Mauro Silva e a bola bateu na trave e voltou nas mãos do goleiro, que depois beijou a trave. A trave e os deuses do futebol não poderiam deixar que Mauro Silva definisse uma Copa do Mundo. O Brasil chegou a apelar, colocando Vio-la em campo. As cobranças de pênalti foram inevitáveis. Para começar, Baresi perdeu o primeiro para a Itália e Márcio Santos o primeiro do Brasil. Sim, estava difícil do gol sair. Mas, na seqüência, Alberti-ne, Romário, Evani e Branco converteram suas cobranças para matar a vontade que Gal-vão Bueno tinha de gritar gol. Galvão estava quase tendo um AVC com Taffarel, que insistia em tentar adivinhar o lado da cobrança. Pois, foi a-divinhando que ele pegou a ba-tida de Massaro. O capitão Dun-ga fez o seu e socou o ar, colo-cando o Brasil na frente. Era a vez de Roberto Baggio. Ele ca-minhou lentamente até a mar-ca, parou e cobrou. E você sabe como foi.

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Até mais do que o título e o fim do jejum de 24 anos sem títulos, a copa de 1994 eternizou Galvão Bueno em nossas memórias

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Acabou! É tetra! É tetra! Estados Unidos 1994

Dunga vocifera palavras de amor

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Edição Extra

Nas semifinais, Brasil e Holanda fizeram um jogo dra-mático decidido apenas nos pê-naltis. Os holandeses eram co-mandados por Bergkamp, joga-dor cerebral que jamais derra-mou uma gota de suor e havi-

am passado pela Argentina num outro jogo dramático. Assim como foi dramática a vitória brasileira contra a Dinamarca. Nos dramáticos pênaltis, deu Brasil. Galvão Bueno sobreviveu dramaticamente.

E a França venceu a Cro-ácia. Zidane estava em seu quarto jogo na copa, depois de ter pisado em um adversário. E

Apesar de ter acontecido apenas 12 anos atrás, vista ho-je, a Copa da França parece ter sido em um século passado (ok, realmente foi, mas entenda a licença poética). O Zidane ainda tinha cabelo, o Ronaldo era tão magro que parecia até ser anoréxico. Mas, para compen-sar, o Zagallo já era um velho chato com um discurso patrió-tico babaca. Foi uma co-pa bem disputada, com poucas oportu-nidades para as ze-bras. Exceção feita à Croácia, que dis-putando sua primei-ra copa depois de ter se separado da antiga Iugoslávia, foi a terceira colo-cada e teve Suker, o artilheiro da com-petição. E ainda sa-pecou na Alemanha. Fora isso apenas a Espanha (eliminada na primeira fase pela intranspo-nível defesa paraguaia) e a In-glaterra (caiu contra a Argenti-na nas oitavas de final) decep-cionaram. Aliás, essa foi a última copa da Iugoslávia antes de mudar de nome e sofrer novas separações. Depois de todas as rupturas, os países que se for-maram nunca conseguiram bo-as campanhas. Os goleiros fica-ram na Eslovênia, os zagueiros na Sérvia, os meias na Croácia e os atacantes na Bósnia Herze-govina e Montenegro. A pobre Macedônia não ficou com nada.

até então, ele ainda não havia feito nada, apesar de ser a grande esperança dos anfitri-ões. A Croácia saiu na frente com Suker, que não era idiota. A virada francesa veio com dois gols de Thuram. Foram os úni-

cos 2 gols dele em 142 jogos pela seleção francesa. Aliás, depois da copa de 98 ele marcou apenas mais um gol em sua carreira que ainda durou 10 anos. A história da final é conheci-da. Em um está-dio cheio de fran-ceses cantando a Marselhesa, o Brasil entrou aba-tido pela convul-são sofrida por Ronaldo na con-centração. O ata-

cante surtou com a pressão. O Brasil jogou tão mal que os franceses se surpreenderam em saber que ele havia passado mal. Parecia que o time inteiro havia sofrido uma convulsão. A França aproveitou en-tão para humilhar, destroçar, triturar o Brasil. Zidane marcou dois gols de cabeça e Petit fez o terceiro no último lance da par-tida. Essa não foi a última vez que Zidane acabou com o Brasil e também não foi a última vez que ele usou a cabeça em uma final de copa do mundo. Os mais chatos podem dizer que ele é um cara previsível, porque não?

Zagallo ficava preocupado em contar os jogos que faltavam para o penta. Zidane marcou dois gols e acabou com a palhaçada.

Não faltava mais nada

“Partiu Cocu, saí que é tua Taffarel! Taffarel! Sai! Sai! Sai! Sai! Sai que é tua Taffarel! Taffarel!”

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França 1998

“Não era o dia do futebol brasileiro”, diria Galvão Bueno

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que tinha uma de suas piores gerações, enfrentou a Coréia do Sul. Os sul-coreanos jamais ha-viam vencido um único jogo em suas participações anteriores. E o Brasil, que saiu da-qui destinado ao fracasso en-frentou a Turquia, que nunca fez nada antes e nem depois desse torneio. Mas as surpresas acabaram.

A final foi lógica. Brasil e Alemanha ganharam os jogos por 1x0 e se classificaram para a decisão. Seria a primeira vez que os dois times que mais ve-zes disputaram a final do tor-neio se enfrentariam na história das Copas. De um lado a família Scolari de jogadores desacredi-tados como Edmilson, Roque Jr, Kleberson e Gilberto Silva, além de Ronaldo e Rivaldo que esta-vam machucados até pouco an-

Se poucas foram as sur-presas em 98, a Copa de 2002, a primeira disputada no conti-nente asiático, foi cheia delas. Não sei se foi o fuso horário, se foi a comida oriental, os inces-santes flashes das máquinas orientais. Mas, o fato é que coi-sas estranhas aconteceram. França e Argentina che-garam como as duas grandes favoritas ao título. Passaram os quatro anos anteriores ganhan-do jogos e dando espetáculos futebolísticos ao redor do mun-do. Pois ambas caíram na pri-meira fase. A Argentina ainda sofreu até o último minuto ten-tando um gol salvador contra a Suécia. Já os franceses fizeram pior. Conseguiram a proeza de não ganhar nenhum jogo e não marcar um mísero gol. O pior desempenho de um defensor de título na história. Portugal que tinha o então melhor jogador do mundo eleito pela FIFA, Luís Figo, também foi eliminado. Pe-los Estados Unidos e pela Coréia do Sul. Nas oitavas de final foi a vez da Itália ser eliminada num jogo polêmico contra os sul-coreanos. Depois num jogo ain-da mais polêmico (se preferir, roubado) foi a vez dos anfitriões eliminarem a Espanha nos pê-naltis. A Espanha teve dois gols legais anuladas e um deles foi tão absurdo que o narrador Clé-ber Machado só percebeu sua anulação um minuto depois. E até hoje ninguém descobriu o que o juiz egípcio marcou. As semifinais reuniram quatro seleções desacreditas. A sempre persistente Alemanha

tes do torneio começar. Do ou-tro lado, os alemães tinham jo-gadores pavorosos como Marco Bode e Jens Jeremies. Os ale-mães ainda jogariam a final desfalcados do seu principal jo-gador, Ballack, suspenso por cartão amarelo. O Brasil era forte no contra-ataque, tinha o melhor ataque e superou inú-meras derrotas antecipadas, enquanto a Alemanha se garan-tia nas defesas do goleiro Oliver Kahn. O primeiro tempo foi e-quilibrado. A Alemanha tinha a posse de bola, mas o Brasil era mais perigoso no ataque e Kle-berson, veja só, jogava muito. O segundo tempo come-çou com uma pequena pressão alemã, mas logo o Brasil domi-nou. E então veio lance que de-cidiu o jogo. Cruzamento da es-querda, Rivaldo cabeceia fraco, Kahn defende e na tentativa de pegar o rebote, Gilberto Silva pisa em sua mão, provocando um pequeno corte. Alguns minutos depois, Ronaldo toca para Rivaldo que chuta uma bola fraca e fácil. Kahn se abaixa para a simples defesa, mas inseguro com o machucado solta a bola nos pés de Ronaldo que empurra para as redes. A Alemanha então pres-sionou, Marcos fez grandes de-fesas. Até que em um contra-ataque, em bola cruzado por Kléberson, veja só, Ronaldo marca o seu segundo gol. O gol do título. Assim sendo, Ronaldo conseguiu sair do inferno de 1998 para chegar até o paraíso em 2002.

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Ele ainda não sofria de obesidade mórbida e usava um penteado ridículo. Mas, tido como acabado para o futebol, Ronaldo brilhou.

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A redenção de Ronaldo Japão e Coréia do Sul 2002

Ok Ronaldo, como você explica esse cabelo?

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Edição Extra

cartões distribuídos no jogo, 4 expulsões. E várias chances de gol, discussões, brigas. Parecia que os jogadores iam se matar assim que acabasse a partida. Itália 2x0 Alemanha 90 minutos horríveis e uma prorrogação absurdamente dis-putada de maneira enlouqueci-da. A Itália fez dois gols no fim

e garantiu uma vaga na final. Fora isso, quase todos os times eram modorrentos. A Argentina fez apenas um jogo bom, quando goleou a Sérvia por 6x0. Isso foi o suficiente para fazer várias pessoas se masturbarem com seu futebol, mesmo sendo um time chato. Ninguém admitia isso. Portugal fazia gols apenas por milagre. E Alemanha e Itália jogavam os seus futebóis característicos de sempre. Acabou que o grande momento foi a final.

A arrogância estava de volta. A nação tinha certeza de que o Brasil iria ganhar a copa facilmente com o chamado qua-drado mágico, formado por Ka-ká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Mas no geral foi um pesadelo. Jogadores gordos, embriagados e cansados entra-ram em campo e o Brasil jogou mal. Perdeu novamente para a França, que tinha Zidane em seu último torneio antes de se aposentar. O francês driblou todos os jogadores brasileiros ao menos uma vez e em algu-mas vezes de maneira humi-lhante. É impossível saber, mas é bem provável que o francês tivesse algum ódio especial pe-los brasileiros. Talvez ele tenha sofrido alguma espécie de bull-ying de colegas brasileiros na infância, sido reprovado em matemática por um professor daqui, ou até mesmo perdido sua primeira namorada para alguém do Brasil. Zidane foi uma das pou-cas coisas boas de um torneio fraco. A maior parte dos gran-des jogadores chegou desgasta-da depois de uma temporada cansativa. Foram vários jogos truncados, estudados, cautelo-sos, definidos com um gol ou nos pênaltis. Os jogos eram tão estudados que a metáfora mais utilizada durante o torneio foi “jogo de xadrez”. Nisso tudo, apenas duas partidas foram re-almente boas. Portugal 1x0 Holanda Jogo marcante pela violência absurda e gratuita. Foram 16

Ou melhor, o grande momento foi no dia 21 de junho quando o empresário Thiago Borges, vulgo Tackleberry, criou o blog CH3. No dia imediata-mente anterior ao jogo entre Brasil e Japão pela última roda-da da primeira fase do torneio. Dito isso, o outro mo-mento do torneio. A Final, afi-nal. Não que o jogo tenha sido bom. Os primeiros 20 mi-nutos foram ótimos, mas depois disso as equipes se alternavam na marcação do meio de cam-po, muitas bolas roubadas no meio, pouquíssimas chances de gol. Estávamos de volta com a velha metáfora do jogo de xa-drez. É compreensível que al-guém tenha dormido durante a partida. O grande momento mes-mo, foi quando Zidane deu uma cabeçada no peito de Materazzi. O lance causou polêmica, fun-dou novas religiões e gerou te-ses de doutorado. Zidane foi expulso no lance que gerou a sua aposentadoria. Desde então ele leciona técnicas de headbo-xing. Já Materazzi sobrevive até hoje com a ajuda de aparelhos e sente as costelas estalarem quando espirra. O jogo acabou indo para os pênaltis. Todos bateram com enorme competência. Nenhum goleiro conseguiu fazer uma defesa. Para azar do francês Trezeguet, ele acertou a trave e o título ficou com os poucos en-tusiasmados italianos, que co-memoraram por quatorze anos consecutivos.

Não houve brilho, não houve nada. Em uma copa marcada pelo nascimento do blog CH3, os italianos é que fizeram a festa.

Sobrou para a Itália

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Alemanha 2006

Ninguém pode negar que italianos vibram

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Heróis, vilões, zebras. Tudo pode acontecer nesta edição da Copa do Mundo. O espaço abaixo é reservado para escrever a história.

pós três derrotas. Na volta ao Brasil, Dunga foi apedrejado até a morte”. “A Alemanha, quem diri-a, derrotou a favorita Espanha na final. Depois de saírem per-

dendo por 4x0, os alemães con-seguiram a virada nos cinco mi-nutos finais, entrando para a história”. “A Itália conquistou o seu bicampeonato com uma vi-

Apesar de termos Pai Jorginho de Ogum em nossa equipe, não temos o dom de prever o futuro. Eu, pelo me-nos. As linhas abaixo foram es-critas numa tentativa de apon-tar as várias hipóteses pa-ra o futuro. “A seleção brasilei-ra deu show. Apresentan-do um futebol vistoso, go-leou implacavelmente to-dos os seus adversários. Júlio Baptista calou os crí-ticos ao marcar três gols na final contra a Argenti-na”. “Mesmo com um futebol burocrático o Brasil conseguiu o título. Em péssima fase, Kaká e Robi-nho foram substituídos por Josué e Kléberson. Graças as defesas de Júlio César, ganha-mos nos pênaltis”. “O Brasil decepcionou. Chegou como favorito mais foi eliminado na primeira fase, a-

tória sobre a Holanda por 1x0 na final”. “E finalmente a Espanha conseguiu seu sonhado título. Ganhou todas as suas partidas, encantou o mundo e goleou a

Inglaterra na final”. “Wayne Rooney comandou a Inglaterra ao título. De quebra, ele mar-cou 16 gols no torneio, um recorde histórico”. “Mesmo sem Rob-ben, machucado, a Holan-da emplacou uma série de goleadas e revolucionou o futebol. A Laranja estava no topo”. “Lionel Messi esta-va com o capeta no corpo. Marcou todos os gols ar-gentinos na campanha do

título”. “E foi então que a zebra aconteceu. Aos 48 do segundo tempo, Shane Smeltz marcou o gol do surpreendente título neo-zelandês”.

CH3: Mais que um blog

http://chtres.blogspot.com

e d i t o r a

África do Sul 2010

Kléberson foi o nome da copa