História das Crianças no Brasil.docx

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História das Crianças no Brasil Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Fases da infância Durante muito tempo o papel da criança na história foi negligenciado. Era incerta a sobrevivência, pela falta de cuidados e tecnologia e pelos altos índices de natalidade. A alta taxa de mortalidade aliada às crenças religiosas de que era mais um anjo no céu levava a que se considerassem as crianças como adultos de tamanho reduzido. A verdade é que perder um filho pequeno nunca foi, para a família patriarcal, a mesma dor profunda que para uma família de hoje. O anjo ia para o céu. Para junto de Nosso Senhor, insaciável em cercar-se de anjos (Gilberto Freire, Casa-Grande & Senzala). Duas outras características gerais da infância dessa época antiga: a alta taxa de ilegitimidade e o trabalho precoce. Divide ainda a população infantil segundo sua origem social, entre originários da elite, das famílias escravas e dos índios, as três classes mais representadas então. As crianças da elite Depois do descobrimento do Brasil, chegaram as primeiras famílias colonizadoras e com elas vieram as crianças portuguesas, de diferentes classes sociais: a classe mais alta, formada pelos nobres da corte e as famílias mais simples, mas que também possuiam algum poder social. Nessas classes, além da mãe, do pai e dos filhos, havia uma variedade de coadjuvantes como os professores particulares, as aias, as amas, as babás, as criadas etc. Um dado marcante era que quanto mais alta fosse a classe social dos pais, mais distantes estavam eles dos filhos. A amamentação era considerada uma tarefa exaustiva para a mãe. Anúncios de oferecimento de amas-de-leite eram publicados nos jornais, onde estavam incluídas outras informações, como a idade da ama e o período de lactação, ou seja, o tempo que ela poderia amamentar. História das crianças no Brasil é um livro que trata das particularidades das crianças comuns que fazem parte da História do Brasil desde antes do descobrimento. Organizado por Mary Lucy Murray Del Priore, professora e pesquisadora da USP, foi publicado inicialmente em 1991 pela Editora Contexto, segunda edição em 1999, agraciado com o Prêmio Casa Grande & Senzala da Fundação Joaquim Nabuco no ano de 2000. O livro tem como base a chamada Nova História, tendência iniciada na década de 1980 por historiadores que dirigiram suas pesquisas para dar voz aos silenciados: crianças, mulheres e vítimas de preconceito. Na foto ao lado temos uma criança vestida de soldado,

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História das Crianças no Brasil

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Fases da infância

Durante muito tempo o papel da criança na história foi negligenciado. Era incerta a sobrevivência, pela falta de cuidados e tecnologia e pelos altos índices de natalidade. A alta taxa de mortalidade aliada às crenças religiosas de que era mais um anjo no céu levava a que se considerassem as crianças como adultos de tamanho reduzido.

A verdade é que perder um filho pequeno nunca foi, para a família patriarcal, a mesma dor profunda que para uma família de hoje. O anjo ia para o céu. Para junto de Nosso Senhor, insaciável em cercar-se de anjos (Gilberto Freire, Casa-Grande & Senzala).

Duas outras características gerais da infância dessa época antiga: a alta taxa de ilegitimidade e o trabalho precoce. Divide ainda a população infantil segundo sua origem social, entre originários da elite, das famílias escravas e dos índios, as três classes mais representadas então.

As crianças da elite

Depois do descobrimento do Brasil, chegaram as primeiras famílias colonizadoras e com elas vieram as crianças portuguesas, de diferentes classes sociais: a classe mais alta, formada pelos nobres da corte e as famílias mais simples, mas que também possuiam algum poder social. Nessas classes, além da mãe, do pai e dos filhos, havia uma variedade de coadjuvantes como os professores particulares, as aias, as amas, as babás, as criadas etc.

Um dado marcante era que quanto mais alta fosse a classe social dos pais, mais distantes estavam eles dos filhos. A amamentação era considerada uma tarefa exaustiva para a mãe. Anúncios de oferecimento de amas-de-leite eram publicados nos jornais, onde estavam incluídas outras informações, como a idade da ama e o período de lactação, ou seja, o tempo que ela poderia amamentar.

Programadas para manter a exclusão social, ao chegar a certa idade eram afastadas de mucamas e amigos de infância, filhos de escravos e enviados para estudar fora.

Índios

As crianças índias eram chamadas de "curumins" e, desde cedo, já ajudavam os pais no plantio, na colheita, na caça e pesca etc.

As mães indias tinham um cuidado especial com a higiene, banhando as crianças várias vezes ao dia. Nas aldeias e agrupamentos índigenas, antes do descobrimento do Brasil e do povoamento das terras brasileiras, as crianças já se divertiam e tinha um papel nas aldeias. Quando completavam quatro ou cinco anos aprendiam a caçar, a andar pela floresta, a pescar e a fazer seus próprios brinquedos.

História das crianças no Brasil é um livro que trata das particularidades das crianças comuns que fazem parte da História do Brasil desde antes do descobrimento. Organizado por Mary Lucy Murray Del Priore, professora e pesquisadora da USP, foi publicado inicialmente em 1991 pela Editora Contexto, segunda edição em 1999, agraciado com o Prêmio Casa Grande & Senzala da Fundação Joaquim Nabuco no ano de 2000.

O livro tem como base a chamada Nova História, tendência iniciada na década de 1980 por historiadores que dirigiram suas pesquisas para dar voz aos silenciados: crianças, mulheres e vítimas de preconceito.

Na foto ao lado temos uma criança vestida de soldado, esta lutou na Guerra do Paraguai.

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Os meninos ficavam com as tarefas mais difíceis e de maior responsabilidade e as meninas aprendiam com as mães a tecer redes, limpar as ocas, a plantar e a colher, mas também aprendiam a sustentar a família, como os meninos.

Depois do descobrimento muitos índios foram escravizados; filhos de escravos eram vendidos ou iam trabalhar em casas de barões.

As crianças filhas de escravos negros

A partir dos sete anos, as crianças dos escravos já podiam ser separadas dos pais e vendidas para trabalhar para outras famílias. Às vezes os nobres compravam os escravos crianças com a finalidade de proporcionar uma distração para os filhos, para serem companheiros nas brincadeiras. Maus tratos eram freqüentes.

As crianças costumavam acompanhar a mãe no trabalho no campo e já ajudavam a plantar e colher desde pequenas. Um dado pouco conhecido é que cerca de vinte por cento dos transportados em navios de tráfico eram crianças, preferidos por ocuparem menos espaço e comerem menos. Eram capturadas nas ruas da África ou ainda compradas aos pais por preço vil.

A Lei do Ventre Livre

A Lei do Ventre Livre foi uma lei assinada em 1871 e que tornou livres as crianças filhas de mães escravas.

"Art. 1° - Os filhos de mulher escrava que nascerem no Império desde a data dessa lei serão considerados de condições livre."

Vários artifícios na lei permitiam que os senhores não perdessem seus trabalhadores, aumentando o índice de mortalidade infantil, pois o descaso com os recém-nascidos por parte dos senhores era grande.

Os Voluntários da Pátria

Grande parte do contingente forçado que lutou na Guerra do Paraguai eram crianças. A obtenção de voluntários consistia em fechar uma rua de movimento em uma determinada cidade e obrigar todos os aptos a se alistarem a ponta de baioneta. O fato de ser criança não era impedimento e muitas foram à guerra. Muitas crianças abandonadas que perambulavam pelas cidades também eram obrigadas por chefes de polícia a irem para a guerra. Por serem mais fáceis de repor, eram utilizadas em tarefas mais perigosas, como carregar pólvora e municiar canhões.

À esquerda: Ama de leite.

À direita: Crianças escravas comendo

os restos da família real.