História de Alhos Vedros

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Alhos Vedros nos Descobrimentos Inicia-se a grande gesta portuguesa no ano de 1415 com a conquista da cidade Ceuta. Alhos Vedros, de acordo com o cronista Gomes Eanes de Zurara, terá sido o local em que foram tomadas as decisões finais quanto à iniciativa da conquista de Ceuta. Na sequência da pandemia de Peste Negra que assolava a capital e levou à morte da própria rainha Dª Filipa de Lencastre, é em Alhos Vedros que o rei D. João I se refugia, aí recebendo uma comissão encabeçada por alguns dos seus filhos com o objectivo de decidirem sobre esta empresa. 1

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Enquadramento histórico de Alhos Vedros

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Alhos Vedros nos Descobrimentos

Inicia-se a grande gesta portuguesa no ano de 1415 com a conquista da cidade Ceuta.

Alhos Vedros, de acordo com o cronista Gomes Eanes de Zurara, terá sido o local em que foram tomadas as decisões finais quanto à iniciativa da conquista de Ceuta. Na sequência da pandemia de Peste Negra que assolava a capital e levou à morte da própria rainha Dª Filipa de Lencastre, é em Alhos Vedros que o rei D. João I se refugia, aí recebendo uma comissão encabeçada por alguns dos seus filhos com o objectivo de decidirem sobre esta empresa.

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O estatuto municipal de Alhos Vedros terá surgido bem antes do século XIV, estendendo-se os limites do seu termo desde o rio de Coina até aos esteiros de Alcochete, formando um dos quatro concelhos medievais - chamado concelho do Ribatejo - da Margem Sul, em conjunto com Almada , Sesimbra e Palmela.

O enquadramento geográfico medievo atribuía ao então Concelho de Alhos Vedros um manancial de recursos naturais, económicos e humanos oportunamente aproveitados, explorados e rentabilizados pela coroa. Recursos esses indispensáveis na logística dos descobrimentos.

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NOMEADAMENTE

na alimentação das tripulações das armadas, e das tropas que guarneciam as praças, fortalezas e feitorias onde os portugueses se estabeleciam.

nos preciosos recursos energéticos e naturais (madeira/lenha proveniente da Mata da Machada e pinhais adjacentes; o rio – o pescado, o sal)

na matéria – prima para o fabrico e cozedura de peças de cerâmica que permitiam manter a funcionar respectivamente fornos, construção naval ( estaleiro naval na Azinheira Velha – Telha ) e moinhos de maré que directa, ou indirectamente, criavam a possibilidade de um conjunto diversificado de ocupações profissionais e muitas indústrias subsidiárias indispensáveis à Expansão Portuguesa.

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COMPLEXO REAL DE VALE DE ZEBRO

A sua instalação deve remontar a meados do século XV, provavelmente ao reinado de D. Afonso V. O Complexo era constituído por 27 fornos de biscoito, armazéns de trigo, cais de embarque e um potentoso moinho de maré de 8 moendas.

As condições geográficas extraordinárias permitiram a existência desta importante instalação em Vale de Zebro (os esteiros do rio, a abundância de lenha, os fornos de cerâmica), que, a par com uma outra existente em Lisboa constituíam as duas unidades que a coroa possuía para o fabrico de todo o biscoito necessário aos empreendimentos marítimos.

Fig.1 Forma de cozer o Biscoito. O biscoito, espécie de pão feito de trigo, sal e água, de forma achatada, cozido no forno, duas ou mais vezes, para se conservar muito tempo.5

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Fornos de Cerâmica da Mata da Machada

Fig.3 Barril – Louça de armazenamento

Os fornos de cerâmica da Mata da Machada, cronologicamente datados dos séculos XV e XVI, ofereceram-nos no seu espólio tipologias importantes que revelaram a existência de uma relação directa entre a laboração desta olaria e a empresa dos Descobrimentos, ao serem aqui encontradas formas utilizadas no fabrico e purga do açúcar ( “pães-de-açúcar”), provavelmente destinadas à Madeira, onde não havia argilas próprias para o seu fabrico, e as formas para cozer o biscoito.

Fig. 2 Formas para a purga do açúcar

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Estaleiro Naval na Azinheira Velha ( Telha )

A existência de madeira em abundância foi fundamental no aparecimento de um estaleiro naval na Azinheira Velha (Telha), o qual aproveitou o recolhimento que os esteiros proporcionavam em relação aos ventos dominantes, iniciando-se aqui a construção dos barcos no Outono e Inverno, sendo posteriormente terminada em Lisboa ( Ribeira das Naus ) durante a Primavera e o Verão.

Fig.4 Antiga Igreja de Stº. André, na Telha Velha (exterior da capela mor).

Fig.5 Placas toponímicas na Telha Velha, que guardam na memória das gentes a antiga história dos locais

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Fig.6 Vestígios do antigo cais de Romagem, no rio Coina. Este porto fluvial ( que confrontava praticamente com o da Vila de Coina), pertencia a Alhos Vedros, situando-se no limite do seu termo.

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“ Cruzam-se muitas e diversas gentes. Vindas de muitos e diversos mundos vestindo muitas e diversas roupasFalando muitas e diversas línguasVêm de muitos e diversos ritos e cultos e culturas e paragens (… …) “

Sophia de Mello Breyner

O Nome das Coisas

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