História de Portugal Aula n.º 18 D. João III O Humanismo em Portugal.

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História de Portugal Aula n.º 18 D. João III O Humanismo em Portugal

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História de Portugal

Aula n.º 18

D. João III

O Humanismo em Portugal

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D. João III

D. João III subiu ao trono em 1521, após a morte de seu pai D. Manuel I.

Um dos mais importantes acontecimentos que se realizaram no reinado de D. João III foi a estabelecimento em Portugal do Tribunal da Inquisição. O Estabelecimentos da Inquisição

Um dos instrumentos de que a Igreja se serviu para combater as heresias e todos os desvios às doutrinas e aos comportamentos impostos pela Igreja Católica foi a Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício.

D. João III solicitou ao papa a introdução da Inquisição em

Portugal, o que conseguiu em 1536. Desde o inícios a Inquisição começou a perseguir todos os suspeitos de heresias e todas as ideias consideradas divergentes da tradicional doutrina católica. Devido à fraca penetração do protestantismo, as principais vítimas da Inquisição em Portugal foram os humanistas e sobretudo os cristãos-novos, acusados da prática de judaísmo.

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A Inquisição prendia e perseguia todos os que considerasse suspeitos. As confissões eram obtidas à custa de cruéis torturas, sendo os réus condenados a várias penas, das quais a mais terrível era a morte pelo fogo. As sessões públicas em que eram lidas e executadas as sentenças denominavam-se autos-de-fé.

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A Inquisição funcionou principalmente em Lisboa, Coimbra e Évora.

Desde o inícios que a Inquisição teve a seu cargo a missão de autorizar a impressão de livros, e exercia também uma apertada vigilância para evitar a circulação no país das obras que faziam parte da lista de livros proibidos pela Igreja, o denominado Índex.

Reforma da Universidade

A Universidade que funcionava em Lisboa não estava adaptada aos novos saberes e, como fora organizada à maneira feudal, gozava ainda de muitos privilégios que não se adaptavam ao novo Estado moderno, mais centralizado. A desorganização que se verificava na Universidade de Lisboa não agradava aos soberanos, e já D. Manuel tinha imposto um novo regulamento.

Porém, só no reinado de D. João III, em 1537, foi possível empreender uma completa reforma da Universidade.

Em face da má qualidade do ensino na Universidade de Lisboa, D. João III ordenou a fundação de uma universidade em Coimbra, para onde foram transferidos alguns professores, os arquivos e muitas das tradições e privilégios da Universidade de Lisboa.

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Aumentou-se o corpo docente com a vinda de muitos professores estrangeiros.

Pelos novos estatutos, a universidade ficava mais subordinada à autoridade régia, passando o soberano a nomear o reitor.

Para melhorar a preparação dos alunos do ensino superior, criaram-se vários colégios, destinados a ministrar os estudos preparatórios para a universidade. Desses colégios, o mais importante foi o Colégio Real das Artes, mais conhecido como Colégio das Artes, que constituiu um dos principais centros de difusão do humanismo.

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A Companhia de Jesus

A Companhia de Jesus, ordem religiosa criada por Inácio de Loyola, tinha por objectivo a defesa e a propagação da fé, não só na Europa, onde de bateu contra a Reforma, mas nos novos territórios descobertos e conquistados pelos portugueses e espanhóis.

Legalizada a ordem pelo papa em 1540, no mesmo ano, a pedido de D. João III, foram enviados para Portugal dois jesuítas, Francisco Xavier e Simão Rodrigues, para instalarem a ordem em Portugal.

A Companhia de Jesus e a Educação

A Companhia de Jesus pretendia controlar a educação no reino e, perante a resistência da Universidade de Coimbra, conseguiu que o cardeal D. Henrique fundasse em Évora uma nova universidade que lhe foi confiada.

Na sua tentativa de dirigir a educação, após um período de perseguição aos professores do Colégio das Artes, os Jesuítas

conseguiram que D. João III, em 1555, lhes confiasse a sua direcção.

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A acção da Companhia de Jesus estendeu-se ao ultramar, onde os Jesuítas procederam à missionação dos nativos e à criação de muitas escolas.

No Brasil a primeira casa da Companhia foi criada em 1549;

em África, iniciaram a sua acção evangelizadora em 1547, e

em 1560, empreenderam o início da evangelização de

Moçambique, e em 1576 fundaram o Colégio de Luanda.

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O Humanismo em Portugal

O humanismo que, desde finais do século XV, se desenvolvera nas regiões mais desenvolvida da Europa, como a Flandres e a Itália, chegou a Portugal um pouco tardiamente, devido ao afastamento do país dos principais centros culturais europeus. No humanismo português, por influência dos Descobrimentos, à tradição clássica juntou-se o saber feito da experiência pessoal, adquirida através das viagens marítimas e dos contactos com outros povos.

Desenho de Leonardo da Vinci

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A Renovação Literária

Em Portugal, a transição para os novos valores literários do humanismo processou-se lentamente e, durante o século XV, verificou-se a permanência de modelos medievais, embora já com influências dos novos modelos clássicos.

Um dos principais representantes da permanência dos modelos medievais foi Gil Vicente, o genial criador de teatro português. Profundamente original nos temas das suas peças, Gil Vicente deixou várias dezenas de autos, através dos quais, com graça e acuidade, criticou a sociedade da época.

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Só a partir da segunda década do século XVI, o humanismo se impôs definitivamente e muitos autores começaram a reagir contra o que consideravam temas e formas ultrapassados. Autores de influência italiana como Bernardim Ribeiro e Sá de Miranda, introduziram novas métricas, novas rimas e novos temas, tanto na poesia como no teatro.

A influência estrangeira também se fez sentir no poeta e pedagogo André de Resende, que estudara em Salamanca e em Paris, e nos deixou uma importante obra poética, além da compilação de muitas poesias da época de D. Afonso V e de D. João II, na obra intitulada Cancioneiro Geral.

Um dos géneros literários mais brilhantes deste período foi a história. A expansão marítima foi o principal tema dos relatos históricos. Em Gomes Eanes de Zurara, que deixou o único relato hoje existente das navegações portuguesas do século XV, são ainda visíveis as influências medievais.

Nas obras do século XVI passou a dominar o classicismo. São disso exemplo os trabalhos de Rui de Pina ou de João de Barros. Deste último, da vasta obra sobressaem as Décadas da Ásia, em que são exaltados os feitos dos portugueses no Oriente.

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Outros autores, como Diogo do Couto, que foi continuador das Décadas, apresentam já uma visão mais crítica da actuação dos portugueses, o mesmo acontecendo com Gaspar Correia, que escreveu as Lendas da Índia, e com Fernão Lopes de Castanheda, em História do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses.

Damião de Góis foi outro notável, humanista e historiador, que escreveu a Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel e a Crónica do Príncipe D. João.

Os roteiros e as descrições de viagens foram obras também muito apreciadas na época. Entre todas, a mais notável é a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, que nos relata as incríveis aventuras do autor nas suas viagens pelo Oriente.

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Luís de Camões

De entre todos os autores do renascimento português, o mais notável foi Luís de Camões, poeta que na sua obra Os Lusíadas exaltou as virtudes e os feitos dos portugueses ao longo da história. Mas além deste poema heróico, Camões foi também um notável poeta lírico, tendo deixado muitas canções e sonetos de grande beleza.

O século XVI foi um século brilhante nas letras portuguesas. Gramáticos, juristas, poetas, historiadores, dramaturgos, filósofos e pedagogos deixaram-nos um vasto conjunto de importantes obras em que os valores do humanismo se aliam aos novos conhecimentos das gentes e do mundo, proporcionados pelos descobrimentos marítimos.

Luís de Camões