História do Brasil - Volume 1

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Apresentaçªo Este é o seu livro de História do Brasil. Nele, você encontrará os textos que serviram de base para os programas de TV. Como aproveitar ao máximo este livro? A primeira coisa que as pessoas que gostam dos livros fazem quando compram um é folheá-lo sem pressa, sem maiores compromissos. Sugerimos que você faça isso. Passe os olhos nele despretensiosamente. Veja como as aulas estão organizadas. Já nesse primeiro contato, você perceberá que as aulas seguem um determinado modelo. Todas elas são divididas em seções. Há também algumas interrupções no texto. Vejamos o que significa cada uma das seções e o porquê dessas interrupções. Cada aula é dividida em três seções. l Na primeira seção, Abertura Abertura Abertura Abertura Abertura, está enunciado o tema da aula. Muitas vezes, um documento de época abre essa seção. Leia com atenção esse documento. Nele estão contidas as questões que serão desenvolvidas no decorrer da aula. Outras vezes, as aulas começam contando um determinado caso que se relaciona, de alguma forma, com o tema da aula. l Na segunda seção, Movimento Movimento Movimento Movimento Movimento, o tema da aula é desenvolvido. Ali aparecem os agentes sociais em ação, em movimento. O texto, em geral, é dividido em três ou quatro itens. Em cada um deles, procura-se explorar um determinado aspecto do tema. É também nessa seção que o texto sofre algumas interrupções interrupções interrupções interrupções interrupções, que têm por objetivo levar você a pensar sobre um determinado assunto relacionado ao tema da aula: Em cada Pausa Pausa Pausa Pausa Pausa, você encontrará um exercício-desafio para responder. Consulte seus colegas e companheiros. Comente e discuta suas respostas. Como diz o ditado, “duas cabeças pensam melhor que uma”...

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ESSE LIVRO SERVE PARA PESQUISAS ESCOLARES.

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Apresentação

Este é o seu livro de História do Brasil. Nele,você encontrará os textos que serviram de base para os programas de TV.

Como aproveitar ao máximo este livro?

A primeira coisa que as pessoas que gostam dos livros fazem quandocompram um é folheá-lo sem pressa, sem maiores compromissos.

Sugerimos que você faça isso. Passe os olhos nele despretensiosamente.Veja como as aulas estão organizadas.

Já nesse primeiro contato, você perceberá que as aulas seguem umdeterminado modelo. Todas elas são divididas em seções. Há também algumasinterrupções no texto.

Vejamos o que significa cada uma das seções e o porquê dessas interrupções.

Cada aula é dividida em três seções.

l Na primeira seção, AberturaAberturaAberturaAberturaAbertura, está enunciado o tema da aula. Muitasvezes, um documento de época abre essa seção. Leia com atenção essedocumento. Nele estão contidas as questões que serão desenvolvidas nodecorrer da aula. Outras vezes, as aulas começam contando um determinadocaso que se relaciona, de alguma forma, com o tema da aula.

l Na segunda seção, MovimentoMovimentoMovimentoMovimentoMovimento, o tema da aula é desenvolvido. Aliaparecem os agentes sociais em ação, em movimento. O texto, em geral,é dividido em três ou quatro itens. Em cada um deles, procura-se explorarum determinado aspecto do tema. É também nessa seção que o texto sofrealgumas interrupçõesinterrupçõesinterrupçõesinterrupçõesinterrupções, que têm por objetivo levar você a pensar sobre umdeterminado assunto relacionado ao tema da aula:

® Em cada PausaPausaPausaPausaPausa, você encontrará um exercício-desafio para responder.Consulte seus colegas e companheiros. Comente e discuta suas respostas.Como diz o ditado, “duas cabeças pensam melhor que uma”...

® Em cada Em TempoEm TempoEm TempoEm TempoEm Tempo, procuramos acrescentar alguma informação queseja importante para o entendimento do texto. Por exemplo: dadosnuméricos, trechos de documentos históricos significativos e assim pordiante.

l Com a terceira seção, Últimas PalavrasÚltimas PalavrasÚltimas PalavrasÚltimas PalavrasÚltimas Palavras, finalizamos o texto e levamosvocê para o tema da próxima aula.

Você vai reparar também que em todas as aulas há algum tipo deilustração: mapas, desenhos, fotografias. Todo esse material tambémé importante para o seu estudo. Às vezes, uma boa imagem vale por muitaspalavras.

Queremos que você fique atento à interação entre texto e ilustrações.Há algumas ilustrações que são importantes documentos de uma determinadaépoca.

É preciso que você as explore em seus mínimos detalhes. Perceba a épocaem que a ilustração foi produzida, e guarde na memória o seu autor. Essasilustrações são patrimônios da nossa cultura. Cuidar delas e valorizar seusautores é preservar nosso patrimônio.

Finalizado esse contato inicial com o seu livro, esperamos que você façamuito bom proveito dele. Aceitamos, de bom grado, críticas, elogios e sugestões.

Os autoresOs autoresOs autoresOs autoresOs autores

REALIZAÇÃOREALIZAÇÃOREALIZAÇÃOREALIZAÇÃOREALIZAÇÃO - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporâneado Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas.

COORDENAÇÃOCOORDENAÇÃOCOORDENAÇÃOCOORDENAÇÃOCOORDENAÇÃO GERALGERALGERALGERALGERAL DODODODODO PROJETOPROJETOPROJETOPROJETOPROJETO - Helena Bomeny

CONCEPÇÃOCONCEPÇÃOCONCEPÇÃOCONCEPÇÃOCONCEPÇÃO EEEEE SUPERVISÃOSUPERVISÃOSUPERVISÃOSUPERVISÃOSUPERVISÃO - Aline Lopes de Lacerda, Américo Freire,Helena Bomeny, Marly Silva da Motta, Mônica Almeida Kornis

AUTORESAUTORESAUTORESAUTORESAUTORES DODODODODO VOLUMEVOLUMEVOLUMEVOLUMEVOLUME 11111 - Américo Freire, Helena Bomeny, Marly Silva da Motta

AUTORESAUTORESAUTORESAUTORESAUTORES DODODODODO VOLUMEVOLUMEVOLUMEVOLUMEVOLUME 22222 - Alexandra de Mello e Silva, Alzira Alves de Abreu,Américo Freire, Celso Castro, Dulce Pandolfi,Fernando Lattman-Weltman, Letícia Pinheiro,Marieta de Moraes Ferreira, Mário Grynszpan,Mônica Almeida Kornis, Mônica Velloso

EDIÇÃOEDIÇÃOEDIÇÃOEDIÇÃOEDIÇÃO DODODODODO TEXTOTEXTOTEXTOTEXTOTEXTO ORIGINALORIGINALORIGINALORIGINALORIGINAL: Dora Rocha

1A U L A

Quem é você? Qual seu nome completo?Qual a data de seu nascimento? Qual o número da sua carteira deidentidade? E da sua carteira de trabalho? E do seu título de eleitor?Calma, calma. Isso não é um interrogatório, nem o preenchimento deuma ficha de dados pessoais. São apenas perguntas que nos levarão aentender o sentido desta aula.

Vamos pensar nessas perguntas... As respostas a todas elas encon-tram-se em documentos escritos que informam sobre a sua vida. Esses docu-mentos localizam seu nascimento no tempo e no espaço; dão-lhe um númerocom o qual você se identifica em todo o Brasil e para toda a vida; informampara quem, onde e por quanto tempo trabalhou e qual o seu trabalho; dizem sevocê é ou não um cidadão brasileiro e se está em dia com as obrigaçõeseleitorais. Enfim, fornecem dados sobre sua vida pessoal e sobre suahistória - a sua história de vida.

Sua história através do tempo

Com as informações que se encontram nesses documentos podemos saberquando começa a vida de uma pessoa e quanto tempo passou desde que elanasceu. Esse tempo pode ser representado por uma linha: a linha do tempo davida dessa pessoa, que começa na data do seu nascimento. Vamos ver umexemplo: Maria da Conceição nasceu em 1960, na Bahia. Em 1974, começou atrabalhar com carteira assinada. Em 1985, mudou-se para São Paulo. Em 1990,casou-se. E, em 1992, teve uma filha.

1A U L A

INTRODUÇÃO

Nesta aula

Que História é essa?

8585858585 ----- MUDANÇAMUDANÇAMUDANÇAMUDANÇAMUDANÇA

PARAPARAPARAPARAPARA SSSSS.....PAULOPAULOPAULOPAULOPAULO7474747474 ----- 11111º EMPREGOEMPREGOEMPREGOEMPREGOEMPREGO

TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO11111999999999900000

11111999998888800000

11111999997777700000

11111999996666600000

CASAMENTOCASAMENTOCASAMENTOCASAMENTOCASAMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTO

9292929292 ----- FILHAFILHAFILHAFILHAFILHA

1A U L ANessa linha do tempo, você poderá identificar os anos em que acontece-

ram fatos importantes para a vida de Maria da Conceição, para a história dela.É claro que outros acontecimentos marcaram sua vida, pois esses foram

apenas exemplos. Alguns podem ter ocorrido em um mesmo ano, tornando esseano mais importante que outros.

Há também períodosperíodosperíodosperíodosperíodos que duram mais de um ano e que, por determinadosfatos, tornaram-se fundamentais para a história da vida dela. Podem ser anos oumeses, ou até mesmo décadasdécadasdécadasdécadasdécadas (períodos de dez anos), em que acontecerammudanças importantes. Exemplo disso seria todo o tempo em que viveu naBahia e os anos que já mora em São Paulo. Tudo isso pode estar assinalado na sualinha do tempo.

A história das sociedades

Da mesma forma que imaginamos uma linha do tempo para cada históriahistóriahistóriahistóriahistóriaindividualindividualindividualindividualindividual, podemos fazer uma linha para a históriahistóriahistóriahistóriahistória de uma sociedade, ade uma sociedade, ade uma sociedade, ade uma sociedade, ade uma sociedade, ahistória de um povo.história de um povo.história de um povo.história de um povo.história de um povo. Assim como as pessoas, os grupos sociais (os povos) têmsua história.

Como é muito mais longa que a história de uma só pessoa, a linha do tempoda História normalmente não é marcada com anos, e sim com séculosséculosséculosséculosséculos, quesão períodos de cem (100) anos.

Costumamos numerar os séculos em algarismos romanos.

O nascimento de Cristo é o marco inicial do nosso calendário, do calendárioque utilizamos para marcar o tempo. Portanto, o ano de 1960 está dizendo quese passaram mil novecentos e sessenta anos desde que Cristo nasceu. Essa datacorresponde ao tempo que ficou conhecido como Era CristãEra CristãEra CristãEra CristãEra Cristã.

V A M O S R E C O R D A R O S ALGARISMO S R O M A N O S:

I ............... umII ..............doisIII ............. trêsIV ............. quatroV .............. cincoVI ............. seisVII ........... sete

XV ........... quinzeXVI .......... dezesseisXVII ........ dezesseteXVIII ....... dezoitoXIX .......... dezenoveXX ............ vinteXXI .......... vinte e um

VIII .......... oitoIX ............. noveX .............. dezXI ............. onzeXII ........... dozeXIII .......... trezeXIV .......... catorze

TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO66666 44444 33333 11111 00000 44444 777776666655555333332222211111222225555577777

DEPOISDEPOISDEPOISDEPOISDEPOIS DEDEDEDEDE C C C C CRISTORISTORISTORISTORISTO

DDDDD.C..C..C..C..C.

N A S C I M E N T ON A S C I M E N T ON A S C I M E N T ON A S C I M E N T ON A S C I M E N T O D ED ED ED ED E C C C C CR I S T OR I S T OR I S T OR I S T OR I S T O

¬¬¬¬¬ ®®®®®ANTESANTESANTESANTESANTES DEDEDEDEDE C C C C CRISTORISTORISTORISTORISTO

AAAAA.C..C..C..C..C.

1A U L A As datas e os séculos

Agora que você sabe o significado de uma data e o que é um século, tenteresponder a esta pergunta: como se sabe a que século pertence determinado ano?

Observe a linha de tempo abaixo:

Como você pode ver, o marco zero é assinalado pelo nascimento de Cristo.Passados cem anos (do ano 1 ao ano 100), temos o primeiro século do nossocalendário - o século Iséculo Iséculo Iséculo Iséculo I. Do ano 101 ao ano 200, o segundo século - o século IIséculo IIséculo IIséculo IIséculo II. Eassim por diante.

O século é, portanto, uma centena de anos. Em vez de dizer "cem anos",dizemos "um século"; 1.000 anos são 10 séculos; 1.500 anos são 15 séculos.

O século começa sempre no ano que termina em 0101010101; e o século acaba quandose completa a centena, que termina em 0000000000.

Para saber a que século pertence uma data, precisamos apenas verificarquando se completará a centena.

Por exemplo, o ano da Independência do Brasil é 1822: no final daqueleséculo tivemos o ano de 1900, com dezenove centenas. Então, o ano de 1822pertence ao século XIX, que começou em 1801 e terminou em 1900.

A descoberta do Brasil pertence ao século XV, porque 1500 é o ano em queterminou o século XV.

Vamos ver a linha do tempo na História do Brasil e localizar nessa linha o anode 1822:

SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO I I I I I SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO II II II II II SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO III III III III III

201201201201201

300300300300300200200200200200100100100100100

10110110110110111111

MARCOMARCOMARCOMARCOMARCO ZEROZEROZEROZEROZERONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTO

D ED ED ED ED E CRISTOCRISTOCRISTOCRISTOCRISTO

TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO

TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOXVXVXVXVXV XVIXVIXVIXVIXVI XVIIXVIIXVIIXVIIXVII XVII IXVII IXVII IXVII IXVII I XIXXIXXIXXIXXIX XXXXXXXXXX

18221822182218221822B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I L C O L O N I A LC O L O N I A LC O L O N I A LC O L O N I A LC O L O N I A L B R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I LB R A S I L I N D E P E N D E N T EI N D E P E N D E N T EI N D E P E N D E N T EI N D E P E N D E N T EI N D E P E N D E N T E

SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO XIX XIX XIX XIX XIX

18011801180118011801

19001900190019001900

18221822182218221822

1A U L AEstamos no século XX, quase chegando ao século XXI... Pense, agora: em

que ano chegaremos ao século XXI?O século XXI começará no dia 1º de janeiro do ano 2001.

O que é História, afinal?

Até agora, falamos de História e de histórias de vida. Mas que História é essaa que nos referimos com H maiúsculo? Afinal, o que é História?

História é o estudo da vida dos seres humanos em sociedade, ao longo do tempo.História é o estudo da vida dos seres humanos em sociedade, ao longo do tempo.História é o estudo da vida dos seres humanos em sociedade, ao longo do tempo.História é o estudo da vida dos seres humanos em sociedade, ao longo do tempo.História é o estudo da vida dos seres humanos em sociedade, ao longo do tempo.

Quer dizer, não se trata da vida de cada uma das pessoas, mas da vida dosgrandes grupos sociais que essas pessoas formam. Por isso, a História éconsiderada uma ciência social.ciência social.ciência social.ciência social.ciência social.

Mas, o que interessa para a História? Interessa entender tudo o que fazem,pensam ou realizam as pessoas dessas sociedades, desses grupos ou dessespovos. A História se interessa por todas as atividades humanas, por tudo aquiloque as pessoas fazem, em grupo, durante a sua vida.

E a História estuda essas pessoas no tempotempotempotempotempo, isto é, os seres humanos e suavida em sociedade nas diferentes épocas. E também estuda essa gente noespaçoespaçoespaçoespaçoespaço, ou seja, nos diferentes lugares em que vivem.

DIVISÃO DA HISTÓRIA GERALDIVISÃO DA HISTÓRIA GERALDIVISÃO DA HISTÓRIA GERALDIVISÃO DA HISTÓRIA GERALDIVISÃO DA HISTÓRIA GERAL

Para facilitar o estudo da História da Humanidade, costuma-sedividi-la em períodos:l Idade Antiga - Do aparecimento da escrita até o fim do Império

Romano Ocidental.l Idade Média - Desde o fim da Idade Antiga até o fim do Império

Romano Oriental.l Idade Moderna - Desde o fim da Idade Média até a Revolução

Francesa.l Idade Contemporânea - Desde a Revolução Francesa até hoje.

TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOMÉDIAMÉDIAMÉDIAMÉDIAMÉDIA

C E R C AC E R C AC E R C AC E R C AC E R C A D ED ED ED ED E 40004000400040004000 AAAAA.C..C..C..C..C. 476476476476476 DDDDD.C..C..C..C..C.

CONTEMPORÂNEACONTEMPORÂNEACONTEMPORÂNEACONTEMPORÂNEACONTEMPORÂNEAMODERNAMODERNAMODERNAMODERNAMODERNAANTIGAANTIGAANTIGAANTIGAANTIGA

14531453145314531453 17891789178917891789 HOJEHOJEHOJEHOJEHOJE

NASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTONASCIMENTO

D ED ED ED ED E CRISTOCRISTOCRISTOCRISTOCRISTO

1A U L A

Fontes históricas

Lembre-se do início desta aula. Seus documentos fornecem informações dotempo e do lugar em que você nasceu. Então, eles fornecem informações sobrea sua história. Os documentos escritos dão importantes informações para aHistória. Eles servem tanto para a sua história de vida quanto para a História deuma sociedade ou de um povo. As informações escritas que são deixadas porgrupos sociais revelam sua maneira de viver, de se identificar, de pensar, de sedivertir, de falar, de rezar e até de morrer.

Para quem quer conhecer a História desses grupos sociais, é fundamental lercom atenção os documentos ou registros escritos por eles. Esses documentos sãochamados fontes.fontes.fontes.fontes.fontes. São as fontes escritasfontes escritasfontes escritasfontes escritasfontes escritas.

Porém, nem só pelos documentos escritos se conhece a História de umasociedade... Há outros tipos de fontefontefontefontefonte.

A História pode ser conhecida pelas lendas e canções que ficaram namemória das pessoas e que passam de pais para filhos. A História de um povopode ser conhecida também por pinturas, esculturas e desenhos produzidos porele. Por fotografias, filmes, poesias que se sabem de cor e até pela maneira deconstruir uma casa ou uma cidade. Pela arquitetura de suas igrejas, pelas roupasque usavam. TodasTodasTodasTodasTodas essas coisas falam da História de um povoessas coisas falam da História de um povoessas coisas falam da História de um povoessas coisas falam da História de um povoessas coisas falam da História de um povo. Enfim, quasetudo na vida tem a ver com a História...

Se todos esses elementos da vida das pessoas em sociedade interessam àHistória e fazem parte dela, quer dizer que todostodostodostodostodos os homens e todas as mu-os homens e todas as mu-os homens e todas as mu-os homens e todas as mu-os homens e todas as mu-lheres fazem Histórialheres fazem Histórialheres fazem Histórialheres fazem Histórialheres fazem História. Todos fazemos a História!

Nobres ouNobres ouNobres ouNobres ouNobres ouescravos,escravos,escravos,escravos,escravos,

indígenas, brancosindígenas, brancosindígenas, brancosindígenas, brancosindígenas, brancosou negros, homensou negros, homensou negros, homensou negros, homensou negros, homensou mulheres, todosou mulheres, todosou mulheres, todosou mulheres, todosou mulheres, todos

fazemos afazemos afazemos afazemos afazemos aHistória daHistória daHistória daHistória daHistória da

humanidade.humanidade.humanidade.humanidade.humanidade.Nesta colagem deNesta colagem deNesta colagem deNesta colagem deNesta colagem de

ilustrações, foramilustrações, foramilustrações, foramilustrações, foramilustrações, foramreunidas pessoasreunidas pessoasreunidas pessoasreunidas pessoasreunidas pessoas

que, como você,que, como você,que, como você,que, como você,que, como você,fazem a Históriafazem a Históriafazem a Históriafazem a Históriafazem a História

do Brasil.do Brasil.do Brasil.do Brasil.do Brasil.

1A U L AE que História é essa?

Se tudo é História, se todos fazemos História, como escrever ou estudar aHistória?

Todo estudo, toda ciência, todo conhecimento se faz a partir do trabalho demuitas pessoas que, ao longo do tempo, foram se dedicando a essa atividade.

Os cientistas sociais que se dedicam ao estudo da História são os historia-historia-historia-historia-historia-doresdoresdoresdoresdores. Eles escrevem a História a partir das perguntas que formulam sobre opassado. Essas questões são uma forma de tomar consciência do que se vive hojee do que se viverá.

Elas não são sempre as mesmas, pois mudam a cada nova época ouconforme os interesses e a especialidade do historiador. Os historiadores buscamrespostas pesquisando as fontes históricas.

São as fontes de época que lhes fornecem as pistas para responder aosproblemas históricos que formulam. Portanto, se as perguntas mudarem,mudarão também os temas e a forma de contar a História. Uma nova perguntapode alterar toda a visão que determinada sociedade tinha do seu passado.

E nós, a que perguntas vamos responder no nosso curso?Vamos tentar responder por que você tem uma certidão de nascimento

e um título de eleitor da República Federativa do Brasil, e por que você é umcidadão brasileiro.

Será que no mundo todo sempre existiram países e cidadãos? Desdequando existem na História os cidadãos brasileiros? Será que eles sempretiveram os mesmos direitos e deveres? Será que sempre existiu um paíschamado Brasil? Afinal, o que querem dizer as palavras cidadãocidadãocidadãocidadãocidadão e cida-cida-cida-cida-cida-daniadaniadaniadaniadania, tão faladas hoje em nosso país?

É o que veremos a partir da próxima aula. Ela abre nossa primeira Unidadede estudos, que trata do Brasil Escravista e começa quando ainda não existiamnem Brasil nem cidadãos brasileiros na História do mundo.

Esperamos que você goste de conhecer a História do Brasil, que é tambéma sua História, a História que você faz ao trabalhar, estudar e viver no nosso país.

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Todas as nossas aulas terminarão lembrando que o tempo não párao tempo não párao tempo não párao tempo não párao tempo não pára. Estaparte será uma espécie de “cenas dos próximos capítulos”, mostrando queaquilo que estudamos em cada aula ajuda a entender o que veremos nas aulasseguintes. Precisamos separar os tempos e os temas para estudar a História, masnão podemos esquecer que, na realidade, a História é uma construção contínuado relacionamento de todas as pessoas que a viveram, em cada época.

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O temponão pára

1A U L A Relendo o texto

Nesta parte, você deverá fazer exatamente o que o título anuncia: reler otexto. Você vai perceber que uma segunda leitura é sempre melhor que aprimeira, especialmente quando voltamos ao texto com algumas perguntas nacabeça. Estudar História é aprender a perguntar. Vamos experimentar?

1.1.1.1.1. Releia A história das sociA história das sociA história das sociA história das sociA história das sociedadesedadesedadesedadesedades e responda: O que é um século? O queadotamos para marcar o século I? Por que estamos no século XX?

2.2.2.2.2. Releia Fontes históricasFontes históricasFontes históricasFontes históricasFontes históricas e responda: Por que os documentos escritos sãoimportantes para a História? Que outros tipos de fontefontefontefontefonte, além dos docu-mentos escritos, são utilizados pelos historiadores?

3.3.3.3.3. Releia E que História é essa?E que História é essa?E que História é essa?E que História é essa?E que História é essa? e retire do texto trechos que falem sobrecomo o historiador trabalha.

4.4.4.4.4. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Nesta parte, você deverá imitar o historiador e construir o conhecimentohistórico. Para isso, oferecemos a você uma boa pergunta e alguns documentosescritos de época. Vamos experimentar? De que século estamos falando?

1.1.1.1.1. Pero Vaz de Caminha escreveu ao rei de Portugal, em 1º de maio de 15001500150015001500,sobre certas terras no Novo Mundo, às quais havia chegado a esquadracomandada pelo navegador português Pedro Álvares Cabral:

“Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque,a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredosque nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemossaber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ouferro, nem lhos vimos. Porém a terra em si é de muito bonsares, assim frios e temperados. As águas são muitas; infindas.E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”

Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........

2.2.2.2.2. Em 13 de maio de 18881888188818881888, a Princesa Regente do Império do Brasil assinou aseguinte lei:

“É declarada extinta a escravidão no Brasil. Revogam-se asdisposições em contrário.”

Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........

3.3.3.3.3. Em 19881988198819881988, uma Assembléia Nacional Constituinte promulgou a atual Cons-tituição do Brasil, que diz, em seu artigo 6º:

“São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer,a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade eà infância, a assistência aos desamparados, na forma destaConstituição.”

Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........Isso foi no século ..........

6

Exercícios

2A U L A

O encontro dedois mundos

Vamos falar de um tempo em que não haviaBrasil nem brasileiros, como os entendemos hoje. Há milhares de anos,diversos povos indígenas viviam nas terras que formam o Brasil atual. NaEuropa, no século XV, o reino de Portugal avançava pelo mar em busca deriquezas e de aventuras. Na África, povos muito antigos entravam emcontato com os europeus. E, no século XVI, a história de toda essa genteacabou por se misturar, dando origem a uma nova sociedade na América.

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Esta é a primeira aula de História do Brasil. Hoje, todos sabemos quemoramos num país chamado Brasil e que somos brasileiros. Nosso país fica naAmérica do Sul. Todos os brasileiros falam a mesma língua. Mas por que osbrasileiros, que moram na América do Sul, falam a mesma língua de quem nasceem Portugal, que fica na Europa?

A Europa na Época Moderna

Para começar, vamos conhecer um pouco melhor o Portugal e a Europa deuma época em que os europeus nem imaginavam que houvesse tanta terra dooutro lado do oceano Atlântico.

No século XV (1401-1500) - há cerca de quinhentos anos, portanto - a Europapassava por grandes transformações nos modos de viver e pensar de seushabitantes. Essas transformações eram tão marcantes que os próprios europeusdaquele tempo consideravam que estavam vivendo em uma nova era: a ÉpocaModerna. Que transformações eram essas e que tipo de novidades traziam?

Após séculos de insegurança, provocada principalmente por guerras quehaviam devastado a Europa, os europeus podiam deixar os castelos fortificadossem medo de serem feridos e mortos. Com o final das guerras, também di-minuíam os problemas da fome e das pestes. A produção agrícola crescia e, comela, a população européia.

Apresentaçãodo Módulo 1

2A U L A

MÓDULO 1

Nesta aula

2A U L A O mercantilismo

O comércio com o Oriente, dominado pelos italianos e também pelos árabes,trazia lucros enormes. Moedas de ouro e prata circulavam pelo mar Mediterrâ-neo. Os europeus entravam na chamada Era MercantilEra MercantilEra MercantilEra MercantilEra Mercantil. As medidas tomadaspelos governos da época tinham como objetivo aumentar a riqueza do país, oque, naqueles tempos, significava acumular ouro e prata por meio da atividadecomercial. Isso ficou conhecido como política mercantilistapolítica mercantilistapolítica mercantilistapolítica mercantilistapolítica mercantilista.

Os reis da Época Moderna concentraram um poder absoluto em suas mãos.Associando-se comercialmente com os burgueses e militarmente com os nobres,tratavam de estimular tudo que trouxesse riqueza aos cofres reais.

Muitas transformações

Deus e a Igreja Católica dominavam a maneira de pensar dos europeus queviveram há quinhentos anos. Porém, desde o século XIV, homens ligados aomundo da cultura, às universidades e à literatura defendiam o estudo dasciências relacionadas ao ser humano. Exemplo disso é a História.

Esse movimento, conhecido como HumanismoHumanismoHumanismoHumanismoHumanismo, acabou por influenciar ou-tros acontecimentos da vida dos europeus. O Homem, assim com H maiúsculo,entendido como o ser humano de maneira geral, foi colocado no centro dasatenções. Intelectuais, médicos, artistas e religiosos começaram a se interessarpor ele, a pintá-lo, a descobrir como funcionava seu organismo e como funcio-nava a natureza.

O Renascimento CulturalRenascimento CulturalRenascimento CulturalRenascimento CulturalRenascimento Cultural, que começou na Itália e depois se espalhou pelaEuropa, foi um dos movimentos que sofreu a influência do Humanismo. Váriosde seus artistas ficaram muito conhecidos no mundo inteiro. Por exemplo: oinglês William Shakespeare escrevia peças de teatro, como Romeu eRomeu eRomeu eRomeu eRomeu e JulietaJulietaJulietaJulietaJulieta, queeram representadas nas ruas para um grande número de pessoas.

Ao mesmo tempo, muitas pessoas mostravam-se contrárias às regrasestabelecidas pela Igreja Católica Romana. Esse descontentamento deu origem,no século XVI, à Reforma protestanteReforma protestanteReforma protestanteReforma protestanteReforma protestante, da qual surgiram as chamadas IgrejasProtestantes. Entre outras, destacaram-se a Luterana, a Calvinista e a Anglicana.

A Igreja Católica reagiu e adotou algumas reformas para impedir que oprotestantismo crescesse ainda mais. A reação da Igreja Católica ficou conhecidacomo Contra-ReformaContra-ReformaContra-ReformaContra-ReformaContra-Reforma. Por isso foi criada a Companhia de JesusCompanhia de JesusCompanhia de JesusCompanhia de JesusCompanhia de Jesus, formada porpadres chamados de jesuítasjesuítasjesuítasjesuítasjesuítas, que se tornou muito importante, espalhando a fécatólica por todo o mundo.

Tantas transformações pareciam aumentar as possibilidades de viver epensar a vida. Era preciso também buscar novos caminhos, novos horizontes,lançar-se a novas conquistas.

A chegada dos europeus à América foi uma das etapas do crescimentocomercial europeu, que era movido pela necessidade de aumentar a reserva demetais preciosos e, principalmente, pelos lucros que vinham do comércio deespeciarias e artigos de luxo que chegavam do Oriente. Mas isso foi também umsalto para o desconhecido. Nessa grande façanha estavam misturados a cobiça,o temor a Deus e o espírito aventureiro.

O Humanismo

O Renascimento

A Reforma protestante

A Contra-Reforma

2A U L AA conquista dos mares

Foi aí que Portugal entrou nessa História. No século XV, o comércio no marMediterrâneo era controlado pelos italianos. E, vindos do Oriente, os turcosavançavam em direção à Europa. Ficava cada vez mais difícil comerciar com orico Oriente pelas rotas do Mediterrâneo. A saída era navegar pelo oceanoAtlântico, conhecido na época como “Mar Tenebroso”.

Os portugueses foram os primeiros nessa expansão marítima. Encontravam-se em vantagem porque, além do desenvolvimento de seus portos e de suanavegação, já contavam com uma monarquia forte e capaz de arrecadar muitosrecursos. Logo no início do século XV, eles fizeram suas primeiras viagens,conquistando a região africana de Ceuta, em 1415. A partir de então conquista-ram várias ilhas do oceano Atlântico e pontos do litoral da África, que lhesforneceram escravos para as primeiras plantações de cana-de-açúcar nessasilhas do Atlântico.

Em 1488, o navegador português Bartolomeu Dias contornou o cabo dascabo dascabo dascabo dascabo dasTormentasTormentasTormentasTormentasTormentas, no extremo sul da África, que daí em diante teve seu nome mudadopara cabo da Boa Esperança cabo da Boa Esperança cabo da Boa Esperança cabo da Boa Esperança cabo da Boa Esperança. Dez anos depois, outro português, Vasco da Gama,seguiu o caminho aberto por Bartolomeu Dias e conseguiu finalmente alcançar,pelo mar, as Índias das especiarias e do rico comércio.

No entanto, foram os espanhóis que chegaram primeiro à América. Finan-ciado pelos reis da Espanha, Cristóvão Colombo partiu com três caravelas naaventura de contornar a Terra e chegar à Índia. Para a época, isso foi umaousadia, pois não se tinha certeza de que a Terra fosse mesmo redonda.

No dia 12 de outubro de 1492, Colombo encontrou terras que julgou ser aÍndia. A conclusão de que se tratava de um novo continente foi do navegador ecartógrafo Américo Vespúcio. Por isso, passou-se a chamar o novo mundo deAmérica.

Os europeus foramOs europeus foramOs europeus foramOs europeus foramOs europeus foramdescobrindo edescobrindo edescobrindo edescobrindo edescobrindo econquistandoconquistandoconquistandoconquistandoconquistandonovas terras,novas terras,novas terras,novas terras,novas terras,durante os séculosdurante os séculosdurante os séculosdurante os séculosdurante os séculosXV e XVI.XV e XVI.XV e XVI.XV e XVI.XV e XVI.

2A U L A A conquista da América

Quando os europeus chegaram, o continente que hoje chamamos de Amé-rica já estava ocupado há milhares de anos e contava com uma populaçãoindígena muito grande e variada - os índios das Américas, ou ameríndios.

Esses habitantes primitivos das Américas viviam, na sua maioria, emcomunidades tribais. Porém, nas regiões dos atuais México e Peru, viviam duassociedades mais adiantadas e estabelecidas como impérios: a asteca e a inca,respectivamente. Elas se constituíam num Estado organizado e tinham técnicasdesenvolvidas de produção.

Suas cidades apresentavam construções grandiosas, como templos e palá-cios, cujas ruínas podem ser visitadas.

Socialmente, existia desigualdade: a população vivia em comunidades, masdevia prestar serviços ao imperador e pagar muitos tributos.

No início, o contato entre os europeus e as populações nativas foi marcadopelo estranhamento. Durante séculos, cada povo que agora estava entrando em

As AméricasAs AméricasAs AméricasAs AméricasAs Américaseram habitadaseram habitadaseram habitadaseram habitadaseram habitadas

por diversospor diversospor diversospor diversospor diversospovos indígenas.povos indígenas.povos indígenas.povos indígenas.povos indígenas.

I NCAS

2A U L Acontato havia desenvolvido sua própria história e criara maneiras completamen-

te diferentes de viver e pensar. Isso, então, só podia causar estranhamento nosdois lados. Para os europeus, ver homens e mulheres nus era tão diferentequanto era para os índios ver aquela gente que vestia roupas pesadas, usavabarba e montava animais desconhecidos, pois na América não havia cavalos.

Por sua vez, os europeus não entendiam por que o ouro não significava paraos povos da América a mesma coisa que significava para eles. A cobiça pelo ouro- tão natural para os europeus - era incompreensível para os ameríndios. Aconquista violenta e a ocupação do território pelos europeus tratariam dedemonstrar quanto eram diferentes essas duas culturas.

Para dominar os Impérios Inca e Asteca, os espanhóis realizaram umaverdadeira guerra de conquista. Muitas pessoas morreram, e a maioria dossobreviventes foi submetida a trabalhos pesados nas minas e plantações espa-nholas da América. O contato com os portugueses não foi menos devastador.

A sensação de estranhamento deu lugar ao medo, do lado dos nativos, e àdominação, por parte dos conquistadores. Ao longo do século XVI, verificou-seum dos maiores genocídios da História. Isso aconteceu não só pela violência daguerra de conquista mas pelo próprio contato com o homem branco, com suasdoenças, seus hábitos e costumes. A gripe - para a qual o organismo dos povosamericanos não tinha defesa - , assim como o álcool, fez milhares de vítimas.

Dessa enorme tragédia, alguma coisa nova foi se formando. Alguns historia-dores já disseram que 1492, ano da descoberta da América por Colombo, deveriaser o início da Época Moderna. Desde então, alargaram-se as fronteiras domundo para ameríndios e europeus.

A América, o nosso continente, é o produto histórico desse encontroviolento. É por causa desse encontro que nós, brasileiros, falamos português etemos uma enorme dívida a resgatar com os povos indígenas que, ainda hoje,mantêm sua cultura em território brasileiro.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula. Sublinhe as palavras que não entendeue veja o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia A Europa na Época ModernaA Europa na Época ModernaA Europa na Época ModernaA Europa na Época ModernaA Europa na Época Moderna e Muitas transformaçõesMuitas transformaçõesMuitas transformaçõesMuitas transformaçõesMuitas transformações e resolvaos seguintes exercícios:

a)a)a)a)a) Faça uma lista das transformações econômicas ocorridas na Europa apartir do século XV.

b)b)b)b)b) Faça uma lista das transformações culturais que aconteceram na Europaa partir do século XV.

2.2.2.2.2. Releia A conquista dos maresA conquista dos maresA conquista dos maresA conquista dos maresA conquista dos mares e responda:

a)a)a)a)a) Como os portugueses chegaram às Índias?

b)b)b)b)b) De que modo os espanhóis alcançaram a América?

O temponão pára

Exercícios

2A U L A 3.3.3.3.3. Releia A conquista da AméricaA conquista da AméricaA conquista da AméricaA conquista da AméricaA conquista da América e responda: por que houve estranhamento

entre os nativos e os europeus?

4.4.4.4.4. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Leia estes textos com atenção.

Documento ADocumento ADocumento ADocumento ADocumento A “““““ Seus corpos são protegidos e apenas emerge o rosto. É branco como acal. Têm cabelos amarelos (...) Cavalgam em cima de animais gigantes eassim, empoleirados, ultrapassam o nível dos tetos. Seus cachorrostambém têm olhos enormes: têm olhos que derramam fogo e são de umamarelo intenso (...)Quando diante de um estouro, parte uma espécie de bola de pedra do interiordo pedaço, lança uma chuva de fogo e espalha uma fumaça pestilenta.Despedaça tudo e torna pó como se fosse obra de algo prodigioso (...)Quando a eles Montezuma ofereceu bandeiras de ouro e plumas, o sorrisoabria seu rosto. Agarravam o ouro como macacos e logo sentavam-sesatisfeitos como se seu coração tivesse se iluminado. O que é certo é que têmmuita sede de ouro. Como porcos esfomeados o procuram.”

Documento BDocumento BDocumento BDocumento BDocumento B“E que não apenas não têm nenhuma cultura como não conhecem o usoda escrita e não sabem ler: suas instituições e costumes são bárbaros.”

Os documentos AAAAA e BBBBB são da época da conquista espanhola na América.Releia-os e, depois, faça os seguintes exercícios.

1.1.1.1.1. Quem poderia ter escrito o documento AAAAA? E o documento BBBBB?2.2.2.2.2. Como os europeus viam os indígenas? Como os índios viam os europeus?3.3.3.3.3. Quando julgamos uma cultura de acordo com a nossa própria cultura - e a

desvalorizamos - , estamos tendo uma posição etnocêntricaetnocêntricaetnocêntricaetnocêntricaetnocêntrica.

EtnocentrismoEtnocentrismoEtnocentrismoEtnocentrismoEtnocentrismo - valorização de uma cultura, desvalorizando uma outra. Porcausa disso, a diferença cultural é vista como inferioridade.

a)a)a)a)a) Por que existem diferenças culturais?

b)b)b)b)b) As diferenças culturais ainda existem? Dê exemplos.

c)c)c)c)c) O etnocentrismo existe ainda hoje no Brasil? Dê exemplos.

6

3A U L A

Na aula anterior, vimos que muitas novida-des chegaram à Europa nos séculos XV e XVI. Vimos também que, nessa época,a América foi conquistada e passou a fazer parte do mundo ocidental.

Logo no início da colonização, as Coroas portuguesa e espanhola tiveramatitudes diferentes em relação ao Novo Mundo (a América). Os espanhóisavançaram para o interior em busca de ouro e prata - o que de fato conseguiram,por meio de uma verdadeira guerra de conquista. Já os portugueses preferiramocupar uma pequena faixa de terra e ficaram “arranhando o litoral, comocaranguejos”, segundo um cronista da época. E, nessa área, foram os primeirosa introduzir a escravidão na América.

Nesta aula vamos buscar compreender como e por que a escravidão, queentre os europeus praticamente havia desaparecido, renasceu com tanta força naAmérica portuguesa.

Do escambo à escravidão

Em suas terras da América, durante as primeiras décadas do século XVI,Portugal apenas estabeleceu feitoriasfeitoriasfeitoriasfeitoriasfeitorias, que eram pontos de armazenagem etroca de mercadorias.

E, como os metais preciosos não foram logo encontrados, as atenções sevoltaram para uma madeira muito procurada, que servia para tingir tecidosna Europa: o pau-brasilpau-brasilpau-brasilpau-brasilpau-brasil, que os índios chamavam de ibirapitangaibirapitangaibirapitangaibirapitangaibirapitanga.

Com o desenvolvimento do comércio do pau-brasil, os comerciantesportugueses passaram a utilizar a própria organização social dos povosnativos. Para isso, os negociantes de pau-brasil - na época, chamados de“brasileiros” - aprenderam a língua dos nativos e fizeram alianças com seuschefes.

Desse modo conseguiram que os chefes destacassem seus homens paracortar e transportar o pau-brasil. Em troca, forneciam objetos valorizadospelos nativos: espelhos, tecidos, miçangas, utensílios de ferro para agricul-tura e até armas.

Esse tipo de troca chamava-se escamboescamboescamboescamboescambo.A presença cada vez maior dos franceses, que também se aliaram aos

indígenas, fez Portugal perceber a necessidade de ocupar definitivamentesuas terras na América.

O nascimentodo Brasil

Nesta aula

3A U L A

MÓDULO 1

Coroa:palavra que querdizer �poder realou monarquia�.

3A U L A O Tratado de Tordesilhas

Pelo Tratado de Tordesilhas, que Portugal e Espanha assinaram em 1494,com apoio da Igreja Católica, a América passou a ser dividida entre esses doispaíses. Mas o rei francês não reconhecia esse tratado e permitiu que os corsárioscorsárioscorsárioscorsárioscorsáriosdo seu país continuassem a explorar o pau-brasil. Para conter a ameaça francesa,Portugal tratou de iniciar o processo de colonização das terras brasileiras.

Em 1530, foi enviada para a América a expedição colonizadora de MartimAfonso de Souza, que, depois de fazer o reconhecimento da costa desde o caboSão Roque até o rio da Prata, estabeleceu-se no atual estado de São Paulo. Alifundou, em 1532, a primeira vila portuguesa na América, que recebeu o nomede São Vicente.

A Coroa portuguesa resolveu estimular o cultivo da cana e a produção doaçúcar em terras do Brasil. Colonos portugueses haviam obtido sucesso comesse tipo de produção nas ilhas do Atlântico mais próximas dos continenteseuropeu e africano, usando em suas propriedades trabalhadores escravoslevados da África.

Os portugueses conheciam, portanto, a tecnologia necessária para a cons-trução de engenhos de açúcar, relativamente complexa para a época. E tambémsabiam aproveitar-se dos conflitos entre povos africanos, conseguindo com issotrabalhadores escravos. Os cativos eram adquiridos por meio de troca comcomerciantes africanos.

Resolveu-se, então, adaptar esse modelo à América. A Coroa estimulou avinda de colonos portugueses com “cabedal”, isto é, recursos para montar umengenho. Esses colonos procuraram aliar-se aos nativos para garantir a própriasegurança e conseguir trabalhadores cativos.

O meridiano doO meridiano doO meridiano doO meridiano doO meridiano doTratado deTratado deTratado deTratado deTratado de

TordesilhasTordesilhasTordesilhasTordesilhasTordesilhascortava acortava acortava acortava acortava a

América do Sul,América do Sul,América do Sul,América do Sul,América do Sul,deixando apenasdeixando apenasdeixando apenasdeixando apenasdeixando apenas

a pequena áreaa pequena áreaa pequena áreaa pequena áreaa pequena áreada direita parada direita parada direita parada direita parada direita para

Portugal.Portugal.Portugal.Portugal.Portugal.O pontilhadoO pontilhadoO pontilhadoO pontilhadoO pontilhado

mostra a rota demostra a rota demostra a rota demostra a rota demostra a rota deMartim AfonsoMartim AfonsoMartim AfonsoMartim AfonsoMartim Afonso

de Souza.de Souza.de Souza.de Souza.de Souza.

3A U L AA escravização indígena

A princípio, os colonos fizeram alianças com os índios para garantir aprópria segurança e conseguir mão-de-obra para a difícil empresa de prepararas plantações. Com o crescimento dos engenhos, os colonos passaram a incen-tivar os indígenas a atacar aldeias rivais em busca de escravos. Os moradores deSão Vicente tornaram-se fornecedores de escravos para os engenhos atacandoaté os índios cristianizados das missões dos jesuítas.

A região da grande lavoura

Foi assim que, no litoral da América portuguesa, consolidou-se uma regiãomercantil e escravista, transformada no ponto de partida para o Brasil de hoje.O coração dessa região era o litoral do atual Nordeste, especialmente Pernambucoe Bahia. Recife e Salvador tornaram-se portos importantes para a saída do açúcarexportado e a entrada de escravos africanos e produtos europeus.

O plantio da cana aumentava, derrubando florestas e espantando os ani-mais. Os engenhos produziam à plena carga, quase tudo com trabalho escravo.Ali a cana colhida pelos cativos era beneficiada, transformando-se em cachaça,melaço, rapadura e açúcar.

Nessas grandes propriedades que eram os engenhos, os escravos trabalha-vam de sol a sol. Eles também abriam caminhos para o transporte de cana, faziamesse transporte e empregavam sua própria força para movimentar as moendas.Os bois e a água também eram usados para movimentar as moendas, que faziamparte do setor de beneficiamento, localizado numa parte do engenho chamadacasa-do-engenhocasa-do-engenhocasa-do-engenhocasa-do-engenhocasa-do-engenho.

Na época doNa época doNa época doNa época doNa época doBrasil colonial,Brasil colonial,Brasil colonial,Brasil colonial,Brasil colonial,os engenhos deos engenhos deos engenhos deos engenhos deos engenhos deaçúcar produziamaçúcar produziamaçúcar produziamaçúcar produziamaçúcar produziama todo o vapor.a todo o vapor.a todo o vapor.a todo o vapor.a todo o vapor.

3A U L A Aí trabalhavam pessoas assalariadas que conheciam as técnicas de produção

do açúcar. Mais tarde, essas técnicas também foram aprendidas pelos escravos.O senhor de engenho morava junto com sua família na casa-grandecasa-grandecasa-grandecasa-grandecasa-grande, onde

trabalhavam os escravos domésticos. No final do dia, os escravos que estavamnas plantações eram recolhidos às senzalassenzalassenzalassenzalassenzalas, onde ficavam até o reinício dotrabalho.

O engenho de açúcar compreendia uma moendamoendamoendamoendamoenda, onde se moía a cana e seobtinha o caldo (garapa), e uma caldeiracaldeiracaldeiracaldeiracaldeira, na qual o caldo era fervido para quetoda a água evaporasse. No tendal das forcastendal das forcastendal das forcastendal das forcastendal das forcas e na casa de purgarcasa de purgarcasa de purgarcasa de purgarcasa de purgar, comple-tava-se o processo.

O engenho era também o centro administrativo, político e social da fazenda.Dali, o Senhor controlava a produção, recebia os compadres e batizava-lhes osfilhos, comandava a mulher, seus próprios filhos e netos, enfim, todos aquelesque viviam às suas expensas. Da casa-grande, partiam as principais decisões dapolítica local e colonial.

No final do século XVI, o escravo africano havia se tornado a base daexpansão das plantações de cana-de-açúcar no Nordeste. No litoral nordeste doBrasil, Portugal deu início à Afro-América que, depois, se expandiu para outrasáreas da América colonial.

Portugal consolidou também o Pacto ColonialPacto ColonialPacto ColonialPacto ColonialPacto Colonial, protegendo suas colônias eimpedindo-as de fazer comércio com outros países.

As colônias só poderiam produzir o que a Metrópole desejasse, só poderiamvender seus produtos aos mercadores metropolitanos, que também seriam osseus únicos fornecedores.

6

Este quadro é umaEste quadro é umaEste quadro é umaEste quadro é umaEste quadro é umasimplificação dosimplificação dosimplificação dosimplificação dosimplificação do

que ocorria com oque ocorria com oque ocorria com oque ocorria com oque ocorria com oPacto Colonial.Pacto Colonial.Pacto Colonial.Pacto Colonial.Pacto Colonial.

A MetrópoleA MetrópoleA MetrópoleA MetrópoleA Metrópoleenviava produtosenviava produtosenviava produtosenviava produtosenviava produtos

manufaturadosmanufaturadosmanufaturadosmanufaturadosmanufaturadospara a Colôniapara a Colôniapara a Colôniapara a Colôniapara a Colônia

e comandavae comandavae comandavae comandavae comandavao tráfico deo tráfico deo tráfico deo tráfico deo tráfico de

escravos.escravos.escravos.escravos.escravos.Já a Colônia eraJá a Colônia eraJá a Colônia eraJá a Colônia eraJá a Colônia era

obrigada aobrigada aobrigada aobrigada aobrigada acomercializar todacomercializar todacomercializar todacomercializar todacomercializar toda

sua produçãosua produçãosua produçãosua produçãosua produçãoapenas com osapenas com osapenas com osapenas com osapenas com os

representantes darepresentantes darepresentantes darepresentantes darepresentantes daMetrópole.Metrópole.Metrópole.Metrópole.Metrópole.

COLÔNIA

METRÓPOLE

PACTO COLONIAL

Æ

Ç

ññ

Æðð Ãðð

ïïïï

òò

Matérias-primas ¶ Gêneros tropicais

Manufaturas ¶ Escravos

3A U L AA lavoura de exportação não parava de crescer no Brasil colonial, passando

a exigir cada vez mais terras e mais escravos.As fortunas acumuladas no comércio colonial foram se transformando, sem

parar, em escravos e engenhos - que eram a fonte de todo o prestígio no mundocolonial.

Começava a se formar uma sociedade ao mesmo tempo mercantil e aristo-crática, baseada principalmente no trabalho escravo, ou seja, uma sociedadeescravista.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula. Sublinhe as palavras que não entendeue procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia Do escambo à escravidãoDo escambo à escravidãoDo escambo à escravidãoDo escambo à escravidãoDo escambo à escravidão e faça o que é pedido a seguir.a)a)a)a)a) Explique o que foi o Tratado de Tordesilhas.b)b)b)b)b) Identifique uma razão para o início da ocupação definitiva das terras

brasileiras pelos portugueses.c)c)c)c)c) Explique por que os portugueses usaram a cana-de-açúcar para coloni-

zar o Brasil.

2.2.2.2.2. Releia A região da grande lavouraA região da grande lavouraA região da grande lavouraA região da grande lavouraA região da grande lavoura e:a)a)a)a)a) Descreva um engenho colonial do Brasil, no final do século XVI.b)b)b)b)b) Explique como funcionava o Pacto Colonial.

3.3.3.3.3. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Leia este documento com muita atenção.

“Servem ao senhor do engenho, em vários ofícios - além dos escravos deenxada e foice que têm nas fazendas e na moenda, e fora os mulatos emulatas, negros e negras da casa, ou ocupados em outras partes -barqueiros, canoeiros, calafates, carapinas, carreiros, oleiros, vaquei-ros, pastores e pescadores (...) São finalmente necessárias, além dassenzalas dos escravos, e além das moradas do capelão (...) uma capeladecente com seus ornamentos e todo o aparelho do altar, e umas casaspara o senhor do engenho (...) e o edifício do engenho, forte e espaçoso,com as mais oficinas e casa de purgar (...)”Fonte: André João Antonil André João Antonil André João Antonil André João Antonil André João Antonil - Grandeza e Opulência do Brasil por suasGrandeza e Opulência do Brasil por suasGrandeza e Opulência do Brasil por suasGrandeza e Opulência do Brasil por suasGrandeza e Opulência do Brasil por suasdrogas e minas drogas e minas drogas e minas drogas e minas drogas e minas - 17111711171117111711.

Agora compare sua descrição do engenho, feita a partir da releitura do itemA região da grande lavouraA região da grande lavouraA região da grande lavouraA região da grande lavouraA região da grande lavoura, com a descrição acima, feita por Antonil em 1711.

O que você aprendeu de novo a partir da leitura desse texto escrito noséculo XVIII?

6

Exercícios

O temponão pára

A U L A

4

Nesta aula Atualmente, o Brasil é um dos maiores paísesdo mundo. Você tem idéia de como se formou esse território? A resposta paraisso está no estudo do nosso passado colonial. Nesta aula vamos voltar a essepassado para descobrir como tudo aconteceu. Você verá como, ao longo dosséculos, os portugueses foram ocupando o território brasileiro e formando o quese chama de regiões coloniaisregiões coloniaisregiões coloniaisregiões coloniaisregiões coloniais. Mas será que, naquele tempo, nesse vasto ter-ritório em formação, alguém se sentia brasileiro?

Deixando de arranhar o litoral como caranguejos

No tempo da descoberta do Brasil, brasileirosbrasileirosbrasileirosbrasileirosbrasileiros eram os comerciantes depau-brasil, madeira que servia para fazer tinturas e que hoje está em extinção. E,de acordo com o Tratado de Tordesilhas, o território que cabia a Portugal ficavarestrito a uma pequena parte do leste do atual Brasil.

Você já viu que os portugueses começaram a ocupar o território brasileiro apartir do litoral, na época em que deram início ao plantio de cana-de-açúcar e àconstrução de engenhos, usando trabalho escravo.

4A U L A

MÓDULO 1

Este mapaEste mapaEste mapaEste mapaEste mapamostra o Brasilmostra o Brasilmostra o Brasilmostra o Brasilmostra o Brasil

no século XVI,no século XVI,no século XVI,no século XVI,no século XVI,quandoquandoquandoquandoquando

começaram ascomeçaram ascomeçaram ascomeçaram ascomeçaram asprimeirasprimeirasprimeirasprimeirasprimeiras

atividadesatividadesatividadesatividadesatividadeseconômicas eeconômicas eeconômicas eeconômicas eeconômicas eteve início ateve início ateve início ateve início ateve início a

penetração pelopenetração pelopenetração pelopenetração pelopenetração pelointerior.interior.interior.interior.interior.

Ocupação do interiorda Colônia

A U L A

44A U L A

Conforme o povoamento da Colônia aumentava, desenvolviam-se outrasatividades, e o resultado disso foi a ocupação de novas regiões. Podemos desta-car a criação de gado entre essas novas atividades. Os animais eram utilizadospara movimentar as moendas e para transportar cargas, o que transformou apecuária numa atividade complementar à da produção de açúcar.

Pecuária

Com o sucesso da lavoura do açúcar, que motivou a ocupação das terras dolitoral, o gado foi sendo levado para o interior, para o sertão do atual Nordeste,partindo de Pernambuco, Bahia, Ceará e, seguindo o curso dos rios, até oMaranhão e o Piauí.

Várias fazendas de tamanho médio, dirigidas e administradas pelos vaquei-ros, foram surgindo à beira dos rios, dando origem à região pastorilregião pastorilregião pastorilregião pastorilregião pastoril.

Nesse momento inicial, a pecuária empregava o trabalho livre de índios emestiços. No século XVIII, também a pecuária passou a dar preferência aotrabalho escravo. Famílias escravas cuidavam do gado que era recolhido aoscurrais, especialmente nas grandes fazendas de criação de propriedade dasordens religiosas.

Ainda no século XVIII, a pecuária também foi se desenvolvendo mais emdireção ao sul do país, voltada principalmente para o setor de transporte. Osfazendeiros dessa região criavam tropas de mulastropas de mulastropas de mulastropas de mulastropas de mulas para o transporte do ouro quehavia sido descoberto em Minas Gerais.

Entrando pelo interior

Longe do gado e das fazendas, nos sertões mais escondidos, estavam ospovos indígenas. Lá também se instalaram as ordens religiosas pioneiras nacristianização dos nativos.

Já sabemos que essas ordens, especialmente a Companhia de Jesus, - cujospadres eram chamados de jesuítas - , tinham como objetivo expandir a fé cristã.Para isso, nas Américas, criaram as missõesmissõesmissõesmissõesmissões, espécie de aldeias organizadas poreles, onde os índios trabalhavam e aprendiam a religião e os costumes cristãos.

Na realidade, os jesuítas desenvolveram um tipo especial de colonização, emuitas vezes entraram em conflito com os governantes portugueses, franceses

SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO XVIXVIXVIXVIXVI

1501-16001501-16001501-16001501-16001501-1600

SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO XVIIXVIIXVIIXVIIXVII

1601-17001601-17001601-17001601-17001601-1700

SÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULOSÉCULO XVIIIXVIIIXVIIIXVIIIXVIII

1701-18001701-18001701-18001701-18001701-1800

l COLONIZAÇÃOCOLONIZAÇÃOCOLONIZAÇÃOCOLONIZAÇÃOCOLONIZAÇÃO NONONONONO LITORALLITORALLITORALLITORALLITORAL

l EXPLORAÇÃOEXPLORAÇÃOEXPLORAÇÃOEXPLORAÇÃOEXPLORAÇÃO DODODODODO PAUPAUPAUPAUPAU-----BRASILBRASILBRASILBRASILBRASIL

l CULTIVOCULTIVOCULTIVOCULTIVOCULTIVO DADADADADA CANACANACANACANACANA-----DEDEDEDEDE-----AÇÚCARAÇÚCARAÇÚCARAÇÚCARAÇÚCAR

l PECUÁRIAPECUÁRIAPECUÁRIAPECUÁRIAPECUÁRIA ESTENDEESTENDEESTENDEESTENDEESTENDE-----SESESESESE PARAPARAPARAPARAPARA OOOOO INTERIORINTERIORINTERIORINTERIORINTERIOR EEEEE PARAPARAPARAPARAPARA OOOOO SULSULSULSULSUL

l BANDEIRASBANDEIRASBANDEIRASBANDEIRASBANDEIRAS DEDEDEDEDE APRESAMENTOAPRESAMENTOAPRESAMENTOAPRESAMENTOAPRESAMENTO DEDEDEDEDE INDÍGENASINDÍGENASINDÍGENASINDÍGENASINDÍGENAS

l BANDEIRASBANDEIRASBANDEIRASBANDEIRASBANDEIRAS DEDEDEDEDE MINERAÇÃOMINERAÇÃOMINERAÇÃOMINERAÇÃOMINERAÇÃO ----- DESCOBERTADESCOBERTADESCOBERTADESCOBERTADESCOBERTA DEDEDEDEDE OUROOUROOUROOUROOURO EMEMEMEMEM MINASMINASMINASMINASMINAS GERAISGERAISGERAISGERAISGERAIS EEEEE GOIÁSGOIÁSGOIÁSGOIÁSGOIÁS

l OCUPAÇÃOOCUPAÇÃOOCUPAÇÃOOCUPAÇÃOOCUPAÇÃO DADADADADA REGIÃOREGIÃOREGIÃOREGIÃOREGIÃO DASDASDASDASDAS MINASMINASMINASMINASMINAS

l DECADÊNCIADECADÊNCIADECADÊNCIADECADÊNCIADECADÊNCIA DADADADADA ATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADE AÇUCAREIRAAÇUCAREIRAAÇUCAREIRAAÇUCAREIRAAÇUCAREIRA

l CICLOCICLOCICLOCICLOCICLO DODODODODO OUROOUROOUROOUROOURO

l AUMENTOAUMENTOAUMENTOAUMENTOAUMENTO DODODODODO TERRITÓRIOTERRITÓRIOTERRITÓRIOTERRITÓRIOTERRITÓRIO

l FUNDAÇÃOFUNDAÇÃOFUNDAÇÃOFUNDAÇÃOFUNDAÇÃO DEDEDEDEDE CIDADESCIDADESCIDADESCIDADESCIDADES NONONONONO INTERIORINTERIORINTERIORINTERIORINTERIOR

OCUPAÇÃOOCUPAÇÃOOCUPAÇÃOOCUPAÇÃOOCUPAÇÃO DODODODODO TERRITÓRIOTERRITÓRIOTERRITÓRIOTERRITÓRIOTERRITÓRIO

A U L A

4ou espanhóis. Não por acaso foram expulsos do Brasil no século XVIII, quandoPortugal se esforçava para aumentar seu controle sobre as terras do Brasil.

Drogas do sertão

Na região do vale do rio Amazonas, com mata densa e de difícil penetração,as missões formavam a linha de frente da ocupação portuguesa. Ali, os índiosaldeados realizavam o trabalho de coleta de produtos florestais, e os jesuítasexportavam para a Europa as chamadas drogas do sertãodrogas do sertãodrogas do sertãodrogas do sertãodrogas do sertão: canela, cravo, cacau,castanha, entre outras. Essa era uma atividade muito lucrativa, que a Coroaportuguesa tentou continuar, depois da expulsão da Companhia de Jesus doBrasil. Nessas missões, os indígenas caçavam, pescavam e plantavam, além defabricarem todos os objetos necessários para seu dia-a-dia.

São Vicente

Mas o vale amazônico não era a única região colonial onde, até o séculoXVIII, havia pouca presença portuguesa e o controle da Metrópole era reduzido.Este também era o caso de São Vicente (no atual estado de São Paulo), emborafosse a mais antiga povoação portuguesa em terras do Brasil.

Mais afastada da Europa do que Pernambuco e Bahia, a região de São Vi-cente não se desenvolveu como a da grande lavouragrande lavouragrande lavouragrande lavouragrande lavoura. Vivendo em situação depobreza, os habitantes de São Vicente começaram a se deslocar para o interior,fugindo das invasões do litoral por estrangeiros, tão comuns no século XVI. Nointerior, os vicentinos dedicaram-se à captura de índios, os quais eram utilizadosem suas fazendas e vendidos como escravos para a capitania do Rio de Janeiro,onde a lavoura de cana-de-açúcar, no século XVII, estava se iniciando. Nossertões do sul do país eles enfrentaram os jesuítas, cujas missões atacavam comfreqüência para capturar os nativos. Ali, os índios já estavam habituados aotrabalho regular e aos costumes dos europeus.

No século XVIII,No século XVIII,No século XVIII,No século XVIII,No século XVIII,grande parte dogrande parte dogrande parte dogrande parte dogrande parte doatual territórioatual territórioatual territórioatual territórioatual território

brasileiro já haviabrasileiro já haviabrasileiro já haviabrasileiro já haviabrasileiro já haviasido ocupado.sido ocupado.sido ocupado.sido ocupado.sido ocupado.A base dessaA base dessaA base dessaA base dessaA base dessa

ocupação eram asocupação eram asocupação eram asocupação eram asocupação eram asatividadesatividadesatividadesatividadesatividades

econômicas.econômicas.econômicas.econômicas.econômicas.

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4Muitas vezes, os vicentinos também eram contratados para recuperar escra-

vos fugidos e destruir seus acampamentos. E foi com a busca do ouro, no interior,que São Vicente voltou a despertar a atenção da Metrópole.

Em busca do ouro

No século XVII, houve modificações importantes nas relações entre aColônia e a Metrópole. A partir desse momento, mais do que nunca interessadosna descoberta de metais preciosos, os reis portugueses vão utilizar-se dosserviços dos bandeirantesbandeirantesbandeirantesbandeirantesbandeirantes, como ficaram conhecidos os vicentinos.

A região dos vicentinos, apesar de ter iniciado com sucesso o processo decolonização, tornou-se, por volta do século XVI, uma região pobre e de popula-ção reduzida. No início do século XVII, os vicentinos vão se dedicar à caça aoíndio e à busca de metais preciosos (ciclo do ouro de lavagem), penetrando ointerior do território.

O estímulo à busca do ouro não ocorreu por acaso. Vários fatores concorre-ram para isso: a crise econômica portuguesa, a queda do preço do açúcar porcausa da concorrência da produção das Antilhas holandesas, o esgotamento dasminas da América espanhola, o que gerou profunda crise monetária na Europa.

Este mapa reúneEste mapa reúneEste mapa reúneEste mapa reúneEste mapa reúnepraticamentepraticamentepraticamentepraticamentepraticamentetodas astodas astodas astodas astodas asatividadesatividadesatividadesatividadesatividadeseconômicaseconômicaseconômicaseconômicaseconômicasdesenvolvidas nodesenvolvidas nodesenvolvidas nodesenvolvidas nodesenvolvidas noterritório colonial,território colonial,território colonial,território colonial,território colonial,durante os trêsdurante os trêsdurante os trêsdurante os trêsdurante os trêsprimeiros séculosprimeiros séculosprimeiros séculosprimeiros séculosprimeiros séculosdo domíniodo domíniodo domíniodo domíniodo domínioportuguês.português.português.português.português.

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4O reconhecimento da região, feito em 1668 por Lourenço Castanho, por

ordem do rei de Portugual, prosseguiu com o envio da bandeira de Fernão DiasPais. Só no final do século XVII é que se descobriram importantes jazidas. O ourofoi encontrado simultaneamente em vários locais das áreas hoje ocupadas porMinas Gerais, Goiás e Mato Grosso.

As bandeirasbandeirasbandeirasbandeirasbandeiras eram verdadeiras expedições armadas que penetravam ointerior do território colonial. Quando financiadas pela Coroa portuguesa,recebiam o nome de entradasentradasentradasentradasentradas. No final do século XVII, os bandeirantes desco-briram ouro no atual estado de Minas Gerais. Como resultado disso, várias vilasforam fundadas por gente que vinha de outros pontos da Colônia, e até daMetrópole, e se estabelecia na região central.

No século XVIII, as minas de ouro, prata e diamantes deram a Portugal umnovo período de prosperidade.

Em 1763, o centro administrativo da colônia centro administrativo da colônia centro administrativo da colônia centro administrativo da colônia centro administrativo da colônia ----- que era em Salvador que era em Salvador que era em Salvador que era em Salvador que era em Salvador ----- foi foi foi foi foitransferido para a cidade do Rio de Janeirotransferido para a cidade do Rio de Janeirotransferido para a cidade do Rio de Janeirotransferido para a cidade do Rio de Janeirotransferido para a cidade do Rio de Janeiro, porto mais próximo da regiãomineradora. E ficou claro o predomínio dessa região sobre o Nordeste açucarei-ro, que passava por grave crise em sua produção, sem contudo desativá-la.

A região mineradoraregião mineradoraregião mineradoraregião mineradoraregião mineradora foi responsável pelo grande crescimento popula-cional da Colônia, fazendo, inclusive, com que o número de pessoas livressuperasse, pela primeira vez, o de escravos. Mesmo assim, a mão-de-obraescrava predominava na região.

A vida urbana tornou-se mais intensa, mas aumentou o controle da Metró-pole. Nunca o Pacto ColonialPacto ColonialPacto ColonialPacto ColonialPacto Colonial foi tão utilizado pela Metrópole e tão detestadopela Colônia. Os impostos eram altos e as exigências metropolitanas cresceram.

A política colonial de Portugal sempre obedeceu aos objetivos mercantilistasque vigoravam na Época Moderna. Seu território colonial estava fragmentadoem diversas regiões econômicas, de difícil comunicação entre si e, muitas vezes,de difícil comunicação com a Metrópole. O controle que Portugal exercia sobrecada região era maior ou menor, de acordo com o interesse dessa região para osistema colonial. Por isso, as regiões mais controladas eram aquelas ligadas àas regiões mais controladas eram aquelas ligadas àas regiões mais controladas eram aquelas ligadas àas regiões mais controladas eram aquelas ligadas àas regiões mais controladas eram aquelas ligadas àexportação de gêneros que atendiam às necessidades do comércio europeu eexportação de gêneros que atendiam às necessidades do comércio europeu eexportação de gêneros que atendiam às necessidades do comércio europeu eexportação de gêneros que atendiam às necessidades do comércio europeu eexportação de gêneros que atendiam às necessidades do comércio europeu eproporcionavam maiores lucros à Metrópoleproporcionavam maiores lucros à Metrópoleproporcionavam maiores lucros à Metrópoleproporcionavam maiores lucros à Metrópoleproporcionavam maiores lucros à Metrópole. As demais, aquelas que seligavam mais diretamente ao consumo do mercado interno, não eram tãocontroladas e, ao mesmo tempo, apresentavam população menor.

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Se hoje vemos um Brasil tão cheio de diferenças, naquele tempo aspalavras BrasilBrasilBrasilBrasilBrasil e brasileirobrasileirobrasileirobrasileirobrasileiro tinham outros significados. Sabemos, agora, quea própria área que hoje conhecemos como Brasil não corresponde ao primeiroterritório de que Portugal tomou posse.

O movimento de ocupação acabou desrespeitando a marca inicial doTratado de Tordesilhas. Por causa disso, foram feitos vários outros tratadosentre Portugal e Espanha, no final do século XVII e ao longo do século XVIII.

A modificação das fronteiras foi constante e até batalhas foram travadaspor causa delas. Porém, nenhuma das regiões da Colônia se sentia brasileirabrasileirabrasileirabrasileirabrasileira.A única noção de pátria que reunia as regiões coloniais era a de pátriaportuguesa. Este território americano, também conhecido como Brasil, faziaparte do grande Império Colonial Português dessa época.

O temponão pára

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4Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu eprocure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia Deixando de arranhar o litoral como caranguejosDeixando de arranhar o litoral como caranguejosDeixando de arranhar o litoral como caranguejosDeixando de arranhar o litoral como caranguejosDeixando de arranhar o litoral como caranguejos e Entrando peloEntrando peloEntrando peloEntrando peloEntrando pelointeriorinteriorinteriorinteriorinterior e complete o quadro abaixo:

2.2.2.2.2. Releia Em busca do ouroEm busca do ouroEm busca do ouroEm busca do ouroEm busca do ouro e responda às perguntas:a)a)a)a)a) Qual foi a importância das bandeirasbandeirasbandeirasbandeirasbandeiras para a expansão do território colo-

nial? Por que os bandeirantesbandeirantesbandeirantesbandeirantesbandeirantes capturavam indígenas?

b)b)b)b)b) Retire do texto trechos que apresentem importantes modificações na vidada Colônia que ocorreram a partir da descoberta de metais preciosos.

3.3.3.3.3. Dê um novo título ao texto desta aula.

Fazendo a História

1.1.1.1.1. O documento abaixo descreve a expansão da pecuária na Américaportuguesa.“E porque as fazendas e currais do gado se situam onde há largueza decampo e água sempre manente [permanente] dos rios ou lagoas: por issoos currais da parte da Bahia estão postos na borda do rio de SãoFrancisco, na do rio das Velhas (...) e de outros rios, nos quais, porinformações tomadas de vários, que correrão esse sertão, estão atual-mente mais de 500 currais.”Fonte: Antonil, 1711Antonil, 1711Antonil, 1711Antonil, 1711Antonil, 1711

Retire desse documento um trecho em que o autor mostra as razões do gran-de desenvolvimento da pecuária nas proximidades dos rios. O que vocêaprendeu sobre o mesmo assunto, a partir da leitura do item PecuáriaPecuáriaPecuáriaPecuáriaPecuária?

2.2.2.2.2. Leia o documento abaixo:“A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras ea meterem-se por caminhos tão ásperos como são os das minas, quedificilmente se poderá dar conta do número de pessoas que atualmentelá estão (...) A mistura é de toda condição de pessoas: homens e mulheres,moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos, ereligiosos de diversos institutos, muito dos quais não têm no Brasilconvento nem casa.”Fonte: Antonil, 1711Antonil, 1711Antonil, 1711Antonil, 1711Antonil, 1711

O que esse documento informa sobre as alterações no povoamento do Brasilcolonial a partir da descoberta do ouro?

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Exercícios

ATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADEATIVIDADEECONÔMICAECONÔMICAECONÔMICAECONÔMICAECONÔMICALOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕESREGIÕES MÃOMÃOMÃOMÃOMÃO-----DEDEDEDEDE-----OBRAOBRAOBRAOBRAOBRA

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55A U L A

MÓDULO 1

Nesta aula Preste atenção a estas palavras:

UBIRAJARA PIRACICABA GUARATINGUETÁ PIRAPORACUIABÁ ITAÚNA JACAREPAGUÁ IRACEMAARACAJU ITACOLOMI IPANEMA PIRARUCU

Provavelmente, você não acha que elas são estranhas, assim como não achaestranho o hábito de comer farinha, tomar banho e dormir em rede. Pois saibaque esses costumes, e também aquelas palavras, têm a mesma origem: a culturados índios.

Nesta aula, vamos conhecer um pouco da vida e da influência desses primeirosbrasileiros, dos povos que habitavam nossas terras antes do descobrimento.

Os povos indÍgenas

Os índios são pré-colombianos, ou seja, habitavam a América antes dachegada de Colombo. Estima-se que, por volta do ano de 1500, havia no Brasilcerca de 5 milhões de indígenas, distribuídos em cerca de 900 povos, com línguae costumes próprios.

Os principais povos indígenas eram:

O Brasil indígena

TUPITUPITUPITUPITUPI-----GUARANIGUARANIGUARANIGUARANIGUARANI LITORALLITORALLITORALLITORALLITORAL EEEEE ALGUMASALGUMASALGUMASALGUMASALGUMAS ÁREASÁREASÁREASÁREASÁREAS DODODODODO INTERIORINTERIORINTERIORINTERIORINTERIOR

JÊJÊJÊJÊJÊ OUOUOUOUOU TAPUIATAPUIATAPUIATAPUIATAPUIA PLANALTOPLANALTOPLANALTOPLANALTOPLANALTO CENTRALCENTRALCENTRALCENTRALCENTRAL

NUNUNUNUNU-----ARUAQUEARUAQUEARUAQUEARUAQUEARUAQUE PARTEPARTEPARTEPARTEPARTE DADADADADA BACIABACIABACIABACIABACIA AMAZÔNICAAMAZÔNICAAMAZÔNICAAMAZÔNICAAMAZÔNICA

CARAÍBACARAÍBACARAÍBACARAÍBACARAÍBA NORTENORTENORTENORTENORTE DADADADADA BACIABACIABACIABACIABACIA AMAZÔNICAAMAZÔNICAAMAZÔNICAAMAZÔNICAAMAZÔNICA

POVOPOVOPOVOPOVOPOVO REGIÃOREGIÃOREGIÃOREGIÃOREGIÃO QUEQUEQUEQUEQUE OCUPOCUPOCUPOCUPOCUPAAAAAVVVVVAAAAA

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5O que mais nos chama a atenção na organização dos índios é a igualdade: não

há ricos nem pobres, não há patrões ou empregados, e ninguém passa fome pornão ter onde plantar, caçar ou pescar, isso porque a terra pertence à comunidadee todos podem dela dispor pelo bem do grupo. Não existe a preocupação deacumular riqueza, tudo o que produzem é para ser usado e consumido. Aeducação das crianças indígenas se dá pela imitação dos adultos. Aprendem,fazendo e brincando, a conhecer a flora e a fauna, o relevo e o clima. Jamais sãocastigados por seus pais. Contando histórias e lendas, os mais velhos ensinam oscostumes e as tradições de cada tribo.

A influência da cultura indígena

Quando o português chegouDebaixo duma bruta chuvaVestiu o índioQue pena!Fosse uma manhã de solO índio teria despidoO português.erro de portuguêserro de portuguêserro de portuguêserro de portuguêserro de português, poesia de Oswald de Andrade , poesia de Oswald de Andrade , poesia de Oswald de Andrade , poesia de Oswald de Andrade , poesia de Oswald de Andrade ----- 1925 1925 1925 1925 1925

Embora os portugueses tentassem modificar os nativos, impondo a elessuas roupas, sua religião, sua maneira de trabalhar, sua língua, os indígenasresistiram.

Desse povo gentil, herdamos muita coisa, como palavras que hoje estãoperfeitamente incorporadas à nossa língua. O costume de dormir em rede ou atécnica de fazer canoa com um tronco só, bem como a arte da cestaria e dacerâmica e os diversos usos da mandioca na culinária, são importantes contribui-ções indígenas à vida cotidiana. Os hábitos higiênicos dos indígenas, quecostumavam banhar-se diariamente, acabaram por influenciar os brasileiros,que são o povo que mais toma banho no mundo. Nas artes, essa influência sefaz pelo uso de flautas e chocalhos na música, pelas cores alegres e variadas docarnaval, pelas lendas e explicações do mundo, como a da Yara, a mãe d’água;a do Curupira, protetor das matas e dos animais, e a do Saci-Pererê.

A cultura indígenaA cultura indígenaA cultura indígenaA cultura indígenaA cultura indígenainfluiu bastanteinfluiu bastanteinfluiu bastanteinfluiu bastanteinfluiu bastanteno modo de vidano modo de vidano modo de vidano modo de vidano modo de vidados europeus quedos europeus quedos europeus quedos europeus quedos europeus quevieram para cá.vieram para cá.vieram para cá.vieram para cá.vieram para cá.

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O saber indígena no mundo de hoje

Passados quase quinhentos anos da chegada dos portugueses, os índios jánão são tantos. Vítimas do extermínio, das doenças e da falta de terras, restamcerca de 240 mil pessoas distribuídas em apenas 180 povos. São ainda vistoscomo incapazes e, por isso, tutelados pelo Estado. Até mesmo suas terraspertencem à União.

Para superar e resistir à colonização e à destruição das matas, foi necessárioao índio uma força que vem da própria natureza. Respeitar o meio ambiente,trabalhar a terra com sabedoria e equilíbrio e dela tirar o sustento sem esgotá-la,sempre foram dons dos povos indígenas.

Há muitos séculos os índios usam a floresta, caçando, colhendo, pescando,sem depredar a natureza nem dizimar os animais. Eles costumam derrubar umapequena parte da floresta para iniciar uma roça. Essa área é abandonada apósdois anos, permitindo que o solo se recupere naturalmente.

O contato intenso com a natureza, levou os índios ao conhecimento do podercurativo das plantas. Cuidam de picadas de cobras, têm remédios para engordare para emagrecer, usam métodos naturais de anticoncepção, além de tintasvegetais que não fazem mal à pele.

Toda essa riqueza natural, patrimônio ecológico que está guardado nasterras indígenas, é hoje objeto de acordos e tratados internacionais.

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5Você já ouviu falar da biodiversidade?

É o termo que se usa para designar a quantidade e a variedade de formasvivas - muitas delas ainda não estudadas - que existem na natureza.

Na Mata Atlântica, por exemplo, a biodiversidade é tão grande que se podeencontrar mais de cem espécies de seres vivos em um único metro quadrado.

Durante a conferência da ECO-92, no Rio de Janeiro, foi firmado um acordosobre a biodiversidade. Houve muita discussão em torno disso, pois os EstadosUnidos não aceitam que a exploração das riquezas naturais seja feita somentepelos países em que elas se encontram. Segundo ecologistas de várias naciona-lidades, o interesse norte-americano é “colher plantas das selvas e florestas dospaíses em desenvolvimento, modificá-las geneticamente ou produzir remédios, paradepois mandar a conta das patentes e dos direitos intelectuais de todo estepatrimônio para os países produtores daquelas plantas.” (Jornal do BrasilJornal do BrasilJornal do BrasilJornal do BrasilJornal do Brasil de 7 dedezembro de 1994).

A relação dos índios com o ecossitema

“ Vocês, brancos, são todos uns grandes loucos, porque atravessaramo mar e sofreram grandes transtornos, como vocês disseram quandochegaram aqui, e se empenham tanto em acumular para vossos filhos epara os que viverem depois de vocês.

Mas a terra que vos nutriu não será suficiente para também alimentarvossos filhos?

Nós também temos pais, mães e filhos que amamos; mas nós, aocontrário, somos seguros de que, depois da nossa morte, a terra queprimeiro nos nutriu, alimentará também a eles (nossos descendentes) porisso repousamos sem preocupações.”Palavras de um tupinambáPalavras de um tupinambáPalavras de um tupinambáPalavras de um tupinambáPalavras de um tupinambá, texto de Jean de Lery - século XVI.

Para as sociedades brancas, a terra é vista como uma mercadoria e uma fontede riquezas, mas, para os índios, ela é mais do que isso. Ela é a fonte de todas asriquezas, pois é a fonte da própria vida e da existência. Há uma integração plenado homem com a natureza e uma consciência de que, assim como a terra oalimenta hoje, seu corpo alimentará a terra um dia.

Essa sabedoria indígena precisa ser hoje objeto de estudo que nos leve acompreender melhor a natureza e a retirar dela os produtos que livrarão ahumanidade de doenças terríveis, como câncer e AIDS. E que, principalmente,nos ensine a amar ainda mais o nosso planeta e a agredi-lo menos.

Os avanços tecnológicos, as diferenças culturais e sociais em relação àOs avanços tecnológicos, as diferenças culturais e sociais em relação àOs avanços tecnológicos, as diferenças culturais e sociais em relação àOs avanços tecnológicos, as diferenças culturais e sociais em relação àOs avanços tecnológicos, as diferenças culturais e sociais em relação àcivilização das cidades não tornam inferiores as sociedades indígenas.civilização das cidades não tornam inferiores as sociedades indígenas.civilização das cidades não tornam inferiores as sociedades indígenas.civilização das cidades não tornam inferiores as sociedades indígenas.civilização das cidades não tornam inferiores as sociedades indígenas.

O índio, como cidadão brasileiro, merece ter seus direitos respeitados eO índio, como cidadão brasileiro, merece ter seus direitos respeitados eO índio, como cidadão brasileiro, merece ter seus direitos respeitados eO índio, como cidadão brasileiro, merece ter seus direitos respeitados eO índio, como cidadão brasileiro, merece ter seus direitos respeitados esuas terras demarcadas.suas terras demarcadas.suas terras demarcadas.suas terras demarcadas.suas terras demarcadas.

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Ecossistemaé toda a cadeiade vidaque existe emdeterminadoambiente.

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5DADOS GERAIS SOBRE OS ÍNDIOS NO BRASILDADOS GERAIS SOBRE OS ÍNDIOS NO BRASILDADOS GERAIS SOBRE OS ÍNDIOS NO BRASILDADOS GERAIS SOBRE OS ÍNDIOS NO BRASILDADOS GERAIS SOBRE OS ÍNDIOS NO BRASIL

1.1.1.1.1. APENAS DOIS ESTADOS OFICIALMENTE NÃO POSSUEM POPULAÇÃO INDÍGENA: PIAUÍ E RIO

GRANDE DO NORTE.

2.2.2.2.2. NA REGIÃO AMAZÔNICA, ÀS MARGENS DO RIO SOLIMÕES, VIVE O MAIOR POVO INDÍGENA DO

BRASIL: OS TICUNASTICUNASTICUNASTICUNASTICUNAS, COM 25 MIL PESSOAS. AÍ, TAMBÉM, ESTIMA-SE A EXISTÊNCIA DE

QUASE VINTE POVOS INDÍGENAS QUE NUNCA TIVERAM CONTATO COM O HOMEM BRANCO, EAQUELES DE CONTATO MAIS RECENTE, COMO OS IANOMAMISIANOMAMISIANOMAMISIANOMAMISIANOMAMIS (RORAIMA), OS MATISMATISMATISMATISMATIS, OS

KORUBOSKORUBOSKORUBOSKORUBOSKORUBOS, OS MARUBOSMARUBOSMARUBOSMARUBOSMARUBOS (AMAZONAS) E OS ARARASARARASARARASARARASARARAS (PARÁ).

3.3.3.3.3. BEM PRÓXIMAS DOS GRANDES CENTROS URBANOS, ENCONTRAM-SE OUTRAS CIVILIZAÇÕES

INDÍGENAS, COMO OS GUARANISGUARANISGUARANISGUARANISGUARANIS (SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO); KAIGANGUESKAIGANGUESKAIGANGUESKAIGANGUESKAIGANGUES (RIO

GRANDE DO SUL, PARANÁ E SÃO PAULO), E OS TERENASTERENASTERENASTERENASTERENAS (MATO GROSSO DO SUL E SÃO

PAULO). NAS PROXIMIDADES DE BRASÍLIA, REGISTRA-SE A MENOR POPULAÇÃO INDÍGENA:QUINZE INDIVÍDUOS AVÁAVÁAVÁAVÁAVÁ-----CANOEIROSCANOEIROSCANOEIROSCANOEIROSCANOEIROS, QUE NÃO TENDO MAIS PARA ONDE FUGIR, RESIGNAM-SE A UM CONTATO ABRUPTO E IRRACIONAL COM A CIVILIZAÇÃO BRANCA, POR UMA QUESTÃO

DE SOBREVIVÊNCIA.

4.4.4.4.4. SÃO APENAS 240 MIL ÍNDIOS EM TODO O BRASIL.

5.5.5.5.5. A POPULAÇÃO ESCOLAR, RECENSEADA PELA FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO - FUNAI, ÉDE 32.793 CRIANÇAS ÍNDIAS.

6.6.6.6.6. DO POTENCIAL MINERAL DA AMAZÔNIA BRASILEIRA JÁ MAPEADO PELO DEPARTAMENTO

NACIONAL DE PESQUISA MINERAL - DNPM, UM TOTAL DE 30% A 40% ESTÁ DENTRO DE

TERRAS INDÍGENAS. OS PRINCIPAIS MINERAIS EXISTENTES SÃO: OURO, FERRO, MANGANÊS ECASSITERITA; ALI TAMBÉM EXISTEM DIAMANTES.

7.7.7.7.7. NO PAÍS, ENCONTRAM-SE, APROXIMADAMENTE, 180 CIVILIZAÇÕES INDÍGENAS E MAIS DE 160LÍNGUAS FALADAS.

FonteFonteFonteFonteFonte: Centro Ecumênico de Documentação e Informação - CEDI (São Paulo).

É... o tempo não pára, mas também não anda só para a frente. Os 500 anos decolonização na América representaram o fim do mundo para centenas deculturas indígenas com muitos milhões de pessoas.

A maior parte dessas culturas está perdida para sempre. Os sobreviventesquerem hoje defender suas terras e sua cultura. E, como conhecedores danatureza, buscam preservar o meio ambiente e manter seu equilíbrio, pois, setodas as florestas forem destruídas não serão só os índios que desaparecerão mastodos os habitantes do planeta.

Relendo o texto

1.1.1.1.1. Releia Nesta aulaNesta aulaNesta aulaNesta aulaNesta aula e depois converse com seus amigos e pessoas de suafamília e procure descobrir outras palavras de origem indígena.

2.2.2.2.2. Releia A influência da cultura indígenaA influência da cultura indígenaA influência da cultura indígenaA influência da cultura indígenaA influência da cultura indígena e comente quais dessas herançasestão mais presentes no dia-a-dia do seu grupo de amigos e familiares.

3.3.3.3.3. Releia O saber indígena no mundo de hojeO saber indígena no mundo de hojeO saber indígena no mundo de hojeO saber indígena no mundo de hojeO saber indígena no mundo de hoje e estabeleça a relação dos índioscom a biodiversidade.

O temponão pára

Exercícios

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54.4.4.4.4. Releia A relação dos índios com o ecossistemaA relação dos índios com o ecossistemaA relação dos índios com o ecossistemaA relação dos índios com o ecossistemaA relação dos índios com o ecossistema e indique que lições da

sabedoria indígena podem contribuir para uma qualidade de vida melhorpara todos.

5.5.5.5.5. Releia o quadro Dados gerais sobres os índios no BrasilDados gerais sobres os índios no BrasilDados gerais sobres os índios no BrasilDados gerais sobres os índios no BrasilDados gerais sobres os índios no Brasil e responda:que riscos correm as populações indígenas atualmente?

6.6.6.6.6. Dê um novo título para a aula.

Fazendo a História

Declaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaOs povos indígenas das Américas, Ásia, África, Austrália, Europa e do

Pacífico, unidos em uma só voz, na aldeia Kari-Oca, expressamos nossagratidão coletiva aos Povos Indígenas do Brasil.

Inspirados por este encontro histórico, celebramos a unidade espiritualdos Povos Indígenas com a Terra e entre nossos Povos.

Continuamos construindo e formulando nosso compromisso mútuopara salvar nossa terra-mãe.

Nós, Povos Indígenas, apoiamos a seguinte Declaração com nossaresponsabilidade coletiva, para que nossas mentes e nossas vozes continu-em no futuro:

Nós, Povos Indígenas, caminhamos em direção ao futuro, nas trilhasdos nossos antepassados.

Do maior ao menor ser vivente, das quatro direções do ar, da água, daterra e das montanhas, o Criador colocou a nós, Povos Indígenas, em nossaterra, que é nossa mãe.

As pegadas de nossos antepassados estão permanentemente gravadasnas terras de nossos povos.

Nós, Povos Indígenas, mantemos nossos direitos inerentes à auto-determinação: sempre tivemos o direito de decidir as nossas próprias formasde Governo, de usar nossas próprias leis, de criar e educar nossos filhos,direito à nossa própria identidade cultural sem interferências. Continua-mos mantendo nossos direitos inalienáveis a nossas terras e territórios, atodos os nossos recursos do solo e do sub-solo, e a nossas águas. Afirmamosnossa contínua responsabilidade de passar todos esses direitos às geraçõesfuturas.

Não podemos ser desalojados de nossas terras. Nós, Povos Indígenas,estamos unidos pelo círculo da vida em nossas terras e nosso meio ambiente.

Assinado em Kari-Oca, no dia 30 de maio de 1992.

Fonte:Fonte:Fonte:Fonte:Fonte: Documento da Conferência Mundial dos Povos Indígenas, sobreterritório, meio ambiente e desenvolvimento, durante a ECO-92.

1.1.1.1.1. Pela Declaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-OcaDeclaração da Kari-Oca, percebemos que os índios desejam ser tra-tados como povopovopovopovopovo, não como populaçãopopulaçãopopulaçãopopulaçãopopulação. Como população, os índios têm dese sujeitar às leis do país. Já como povo, eles têm direito à auto-determi-auto-determi-auto-determi-auto-determi-auto-determi-nação dos povosnação dos povosnação dos povosnação dos povosnação dos povos, garantida pela Organização das Nações Unidas - ONU.Que direitos são esses?

2.2.2.2.2. Para os índios, quais são as conseqüências da poluição dos rios, da invasãode suas terras e da remoção de suas comunidades para outros territórios?

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No Brasil escravista, eram múltiplas e diver-sas as atividades dos homens e das mulheres, livres e escravos, nas cidades e nomundo rural. Neste módulo vamos examinar essa diversidade e conhecer umpouco mais sobre a vida no Brasil dos séculos XVIII e XIX.

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O tempo não pára, dizemos nós ao fim de cada aula. Mas será que nós,brasileiros do século XX, somos capazes de imaginar como era viver no Brasil dofinal do século XVIII? O que significava viver numa Colônia escravista? Será queconhecer esse modo de vida pode nos ajudar a conhecer um pouco mais a nósmesmos e a este Brasil em que vivemos?

Para entender como viviam homens e mulheres, livres e escravos, residentesno Brasil no final do período colonial, partiremos da história de um homem livree pobre da Colônia: Domingos Vieira de Carvalho. Sua história foi parecida coma de muita gente daquela época.

A trajetória de Domingos Vieira de Carvalho

Nasce na Bahia, no final do século XVII. Ali, casa-se com MariaCardosa, com quem tem dois filhos que não sobrevivem à primeirainfância. Viúvo, migra para o Espírito Santo, onde se casa com AnaGomes. Deste casamento nascem seis filhos legítimos que, segundoo pai, já haviam falecido quando ele redige seu testamento emCampos de Goitacazes, capitania da Paraíba do Sul, em 1704. Nessedocumento, Domingos não menciona o destino de Ana Gomes, masinforma que ele deixara o Espírito Santo e se mudara para a vila deSão Salvador dos Campos de Goitacazes, onde se casara com MariaNunes. Com esta terceira esposa, Domingos tem mais quatro filhos.Em seu testamento, Domingos afirma que seu único bem é umaescrava mulata de idade avançada, chamada Antônia. Sua viúva,Maria Nunes, pede à justiça um atestado de pobreza, a fim de evitara venda de Antônia para pagamento das dívidas do casal, no que éatendida.

A escravidãoe o mundo rural

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MÓDULO 2

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Apresentaçãodo Módulo 2

Nesta aula

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6Mas as coisas se complicam para ela. Um filho de Ana Gomes,nascido no Espírito Santo, tenta qualificar-se como herdeirono testamento, alegando ainda que Domingos era bígamo, poissua mãe estava viva. Alega, também, que, além da escrava, seupai possuía uma espingarda e um sítio, com roças de mandioca,onde residia, que não haviam sido mencionados no testamento.

Esta é a história de Domingos, suas três esposas e seus filhos, conformepodemos reconstituir a partir da leitura de seu testamento e de seu inventário,realizados há quase trezentos anos, no atual município de Campos, no Rio deJaneiro - que na época era a capitania de Paraíba do Sul. A partir dessareconstituição podemos aprender muita coisa sobre a economia e a sociedade doBrasil colonial.

A primeira coisa que a gente descobre é que, além dos senhores de engenhotodo-poderosos, a região da grande lavoura tinha também pequenos lavradoresque viviam do plantio de mandioca, mas que, mesmo sem muitos recursos,podiam contar com a ajuda de um escravo. Tanto a Bahia, onde Domingos casou-se pela primeira vez, quanto a capitania da Paraíba do Sul, onde ele morreu,foram importantes produtoras de açúcar na economia colonial. No entanto,Domingos só plantava mandioca, cuja farinha vendia para os engenhos, para acidade de Salvador ou para a vila de Campos dos Goitacazes. A agricultura queproduzia para o mercado interno estava sempre na dependência das mandiocasde muitos “Domingos” e cresceria ainda mais depois da expansão das minas, noséculo XVIII.

Na história de Domingos, também dá para perceber a expansão das áreas deagricultura escravista e a migração da população livre e pobre. As pessoas iamAs pessoas iamAs pessoas iamAs pessoas iamAs pessoas iamse deslocando em busca de fortuna. E, nessa mesma época, milhares dese deslocando em busca de fortuna. E, nessa mesma época, milhares dese deslocando em busca de fortuna. E, nessa mesma época, milhares dese deslocando em busca de fortuna. E, nessa mesma época, milhares dese deslocando em busca de fortuna. E, nessa mesma época, milhares de“Domingos” estavam se dirigindo para Minas Gerais em busca de ouro.“Domingos” estavam se dirigindo para Minas Gerais em busca de ouro.“Domingos” estavam se dirigindo para Minas Gerais em busca de ouro.“Domingos” estavam se dirigindo para Minas Gerais em busca de ouro.“Domingos” estavam se dirigindo para Minas Gerais em busca de ouro.

A partir da história de Domingos também se pode aprender a respeito dosaltíssimos índices de mortalidade infantil,mortalidade infantil,mortalidade infantil,mortalidade infantil,mortalidade infantil, que atingia tanto as crianças nasci-das livres quanto as que nasciam escravas. Verificamos ainda a importância dafamília para o migrante que se tornava lavrador. Casar-se também podiasignificar a formação de alianças no local onde o migrante se instalava e a ajudados filhos para o trabalho agrícola, até que ele pudesse comprar um ou maisescravos. Domingos casou-se três vezes, talvez em busca de uma prosperida-de que parece não ter conseguido.

Mesmo asMesmo asMesmo asMesmo asMesmo asfamílias maisfamílias maisfamílias maisfamílias maisfamílias maispobres queriampobres queriampobres queriampobres queriampobres queriamter pelo menoster pelo menoster pelo menoster pelo menoster pelo menosum escravo.um escravo.um escravo.um escravo.um escravo.

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6A sociedade escravista

Na segunda metade do século XVIII, depois do declínio da mineração doouro, a agricultura escravista voltada para a exportação tornou a se desenvolverno Brasil colonial. O plantio do algodão deu-se muito bem no Maranhão eforneceu matéria-prima para as primeiras fábricas de tecido que começavam asurgir na Europa. Novos engenhos de açúcar surgiram no Nordeste, no Rio deJaneiro e em São Paulo. Na Bahia, chegou ao auge a cultura do tabaco, com oqual eram comprados escravos na África. Nas primeiras décadas do século XIX,expandiu-se a cultura do café no Rio de Janeiro, mais ou menos ao mesmo tempoem que se proclamava a Independência do país.

Nos engenhos e nas fazendas

No final do século XVIII e nas primeiras décadas do século XIX, o Brasilcolonial era, antes de tudo, uma sociedade escravista. Os escravos estavam nosengenhos e nas grandes fazendas, que possuíam mais de cinqüenta escravoscada uma ou, às vezes, centenas deles. Estavam também nas pequenas e médiaspropriedades dos lavradores de cana e dos plantadores de tabaco e de algodão.

Neste tipo de empresa, os cativos podiam ser apenas dez, raramente soma-vam mais de vinte pessoas, entre o serviço da casa e da produção. Estavam,ainda, na pequena produção de porcos, de milho e de mandioca, onde dividiama casa e o trabalho com os proprietários, os quais raras vezes possuíam mais decinco cativos. Muito freqüentemente, esses proprietários tinham apenas umescravo, como no caso de Domingos, cem anos antes.

Tudo isso reforçava o sentido quase “natural” com que se encarava acontinuidade da escravidão, tanto na época da Colônia quanto, mais tarde, noImpério independente. Mesmo os libertos, ex-escravos que compravam ourecebiam alforriaalforriaalforriaalforriaalforria, freqüentemente também se tornavam proprietários de escra-vos. Todo homem livre se via como senhor de escravos em potencial, e a maioriados escravos vivia em propriedades com menos de vinte cativos.

O tráfico, um grande negócio

Um texto da época, escrito em 1781, dizia: “É prova de mendicidadeextrema o não ter um escravo, ter-se-ão todos os incômodos domésticos, masum escravo a toda lei”.

Novos engenhos deNovos engenhos deNovos engenhos deNovos engenhos deNovos engenhos deaçúcar surgiramaçúcar surgiramaçúcar surgiramaçúcar surgiramaçúcar surgiramno Nordeste, nono Nordeste, nono Nordeste, nono Nordeste, nono Nordeste, noRio de Rio de Rio de Rio de Rio de Janeiro eJaneiro eJaneiro eJaneiro eJaneiro e

em São Paulo.em São Paulo.em São Paulo.em São Paulo.em São Paulo.

A U L A

6Por isso, o tráfico de escravos para o Brasil transformou-se num grande

negócio, controlado por comerciantes residentes nas cidades do Rio de Janeiroe de Salvador. No mesmo período, o comércio interno também se tornavabastante atraente para a Colônia.

A cidade do Rio de Janeiro ligava-se, pela navegação de cabotagem navegação de cabotagem navegação de cabotagem navegação de cabotagem navegação de cabotagem ----- aquelaque se faz sempre perto da costa - , a todas as demais regiões coloniais. Ocomércio inter-regional crescia. Traficantes de escravos e outros grandes comer-ciantes acumularam enormes fortunas, nesse Brasil do final do período colonial.

O prestígio do senhor de escravos

Mesmo ganhando um pouco menos de dinheiro que os comerciantes,quem realmente tinha prestígio e importância era o fazendeiro e o senhorde muitos escravos. No século XVIII, o padre jesuíta Antonil já dizia que“ ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram porque traz serservido e respeitado de muitos” .

Depois das primeiras décadas do século XIX, tornar-se fazendeiro de caféera mais vantajoso economicamente e trazia grande prestígio. Muitos gran-des comerciantes tornaram-se senhores de engenho e fazendeiros de cafénesse período.

Ao se tornar um país independente, o Brasil continuava sendo umasociedade essencialmente desigual. Cerca de 33% (um terço) de seus habitan-tes eram escravos e menos de 10% das pessoas livres controlavam a maiorparcela da riqueza que o país produzia.

6

Os escravos queOs escravos queOs escravos queOs escravos queOs escravos queexecutavamexecutavamexecutavamexecutavamexecutavamtarefas dentro datarefas dentro datarefas dentro datarefas dentro datarefas dentro dacasa-grandecasa-grandecasa-grandecasa-grandecasa-grandegeralmente nãogeralmente nãogeralmente nãogeralmente nãogeralmente nãotrabalhavam natrabalhavam natrabalhavam natrabalhavam natrabalhavam nalavoura.lavoura.lavoura.lavoura.lavoura.

A U L A

6A ordem escravista não sofreu grandes transformações com o processo de

independência de Portugal, nas primeiras décadas do século XIX. A escravidãopermaneceu forte pelo menos até as décadas de 1830 e 1840. Nunca tantosescravos africanos ingressaram no Brasil como nessas duas décadas. Só que aforte pressão inglesa levou o governo brasileiro a terminar com o tráficonegreiro, no ano de 1850. A partir daí, sem a entrada de novos cativos, as basesda sociedade escravista brasileira começaram a ruir.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeue procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia A trajetória de Domingos Vieira de Carvalho A trajetória de Domingos Vieira de Carvalho A trajetória de Domingos Vieira de Carvalho A trajetória de Domingos Vieira de Carvalho A trajetória de Domingos Vieira de Carvalho e retire do texto:

a)a)a)a)a) Um trecho que fale do deslocamento do agricultor em busca de melhorescondições de vida.

b)b)b)b)b) Um trecho que demonstre a importância da família para os agricultoreslivres.

2.2.2.2.2. Releia A sociedade escravistaA sociedade escravistaA sociedade escravistaA sociedade escravistaA sociedade escravista e retire do texto trechos que demonstrema forte presença do escravo na sociedade brasileira do século XVIII.

3.3.3.3.3. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Num inventário de 1869, a descrição dos bens de Francisco Pinto Ferreira,a serem divididos entre os herdeiros, era a seguinte:

- uma casa coberta de palha, em terras de João Gomes da Cunha,- uma cama marquesa,- uma canastra (caixa) velha e- um escravo de nome Felício, de 15 anos de idade.

(Cartório do 2º Ofício de Notas do Município de Silva Jardim - inventá-rio post-mortem).

1.1.1.1.1. Descreva como vivia a maior parte dos homens livres e pobres no mundorural.

2.2.2.2.2. Francisco Pinto, assim como Domingos Vieira, possuía apenas um escra-vo. Por que o fato de possuir um escravo era tão importante para agri-cultores livres como eles? Consulte o item A sociedade escravistaA sociedade escravistaA sociedade escravistaA sociedade escravistaA sociedade escravista.

6

O temponão pára

Exercícios

7A U L A

7A U L A

MÓDULO 2

O desenvolvimentodas cidades

Nesta aulaPara muitos historiadores, a colonização doBrasil foi, em grande parte, um empreendimento urbano, apesar de a economiada Colônia ter se baseado na exportação de produtos rurais. O núcleo urbano foio ponto de partida para a ocupação da terra.

As cidades coloniais tinham a nítida finalidade de civilizar a Colônia. Ascidades eram o centro de difusão de hábitos e costumes da Metrópole.

Fundar cidades fazia parte da estratégia portuguesa de colonização, que nãovisava apenas à exploração predatória mas à permanência e à fixação do homemna terra. Foi a partir delas que o colonizador português exerceu o domínioeconômico e militar do território.

Nesta aula, vamos ver o papel das cidades no processo de colonização e aherança cultural que elas significam.

Como eram as cidades no Brasil colonial

Além de serem parte integrante da estratégia portuguesa de colonização, ascidades no Brasil colonial também serviram de entrepostos comerciais e sedesdo poder administrativo.

As primeiras cidades brasileiras foram fundadas junto ao mar, e isso tornou-se uma marca da colonização portuguesa na América.

Até hoje, ParatiAté hoje, ParatiAté hoje, ParatiAté hoje, ParatiAté hoje, Paratimantém o visualmantém o visualmantém o visualmantém o visualmantém o visualarquitetônico quearquitetônico quearquitetônico quearquitetônico quearquitetônico queadquiriu desde aadquiriu desde aadquiriu desde aadquiriu desde aadquiriu desde afundação, comfundação, comfundação, comfundação, comfundação, comsuas fachadassuas fachadassuas fachadassuas fachadassuas fachadassimples, pintadassimples, pintadassimples, pintadassimples, pintadassimples, pintadasde branco.de branco.de branco.de branco.de branco.

7A U L A

Salvador

São Luís

OlindaRecife

Vila Rica MarianaSabará

São João del Rei

ParatiSão Vicente

Rio de Janeiro

Ao longo deAo longo deAo longo deAo longo deAo longo detodo o Brasil,todo o Brasil,todo o Brasil,todo o Brasil,todo o Brasil,encontramosencontramosencontramosencontramosencontramos

cidades quecidades quecidades quecidades quecidades quetiveram origem notiveram origem notiveram origem notiveram origem notiveram origem no

período colonial.período colonial.período colonial.período colonial.período colonial.

Com características diferentes das que marcaram as cidades da Américaespanhola - que eram planejadas como um tabuleiro de xadrez, com ruas equarteirões retos e uniformes - , as cidades brasileiras foram resultado dadinâmica do dia-a-dia, ou seja, de um crescimento desordenado.

Por isso, elas apresentavam certo naturalismo, obedecendo mais ao rigor dorelevo local que a planos geométricos. Rio de Janeiro, Salvador e Olinda sãoexemplos de urbanização portuguesa no mundo colonial.

Embora a cidade colonial brasileira apresentasse uma certa desordem, emtodas elas havia a presença do poder religioso - representado por igrejas econventos de diversas ordens religiosas -, e do poder metropolitano - expressopela Câmara, pelas fortificações e pelo porto.

Na cidade não havia indústria nem imprensa. A cidade colonial tinha umavocação econômica notadamente mercantil. Nela, tudo se vendia e tudo secomprava. Era o espaço do grande comércio de exportação de mercadorias daColônia e de importação de escravos.

A estrutura urbana era rudimentar. Somente algumas ruas eram calçadas eiluminadas com lampiões a óleo de baleia. Não havia esgoto: os dejetos eramtransportados pelos escravos em tonéis denominados tigrestigrestigrestigrestigres. Por causa daspéssimas condições de higiene, as cidades eram freqüentemente assoladas porfebres e endemias. Não havia transporte público; as famílias mais abastadastransitavam em carruagens ou liteiras. Na paisagem da cidade colonial, a mulherbranca quase não aparecia, pois só lhe era permitido o percurso da casa para aigreja, onde quase sempre se cobria com véu.

Nosso patrimônio histórico-cultural

A maioria dos brasileiros de hoje não conhece a história da cidade ondemora, não conhece a riqueza do país onde nasceu. No entanto, vive perto de umpatrimônio material e cultural originalíssimo, que define sua identidade comobrasileiro.

7A U L AConservar essa herança, esse patrimônio histórico-cultural, é uma tarefa de

todos os brasileiros, e não apenas do Governo. Afinal, esse legado pertence atodos nós. Um povo sem passado não pode se constituir enquanto Nação, nãopode exercer plenamente seus direitos e deveres de cidadão.

Para garantir a preservação desse legado, a Constituição brasileira reconhe-ce alguns bens históricos e culturais como patrimônio nacionalpatrimônio nacionalpatrimônio nacionalpatrimônio nacionalpatrimônio nacional. O últimocenso, realizado em 1991, registrou que 74% da população brasileira vive nomeio urbano. Em 296 municípios, existem bens tombadosbens tombadosbens tombadosbens tombadosbens tombados e calcula-se que 1/3da população (aproximadamente 50 milhões de pessoas) tenha contato, diretoou indireto, com esses bens. Além disso, há trinta sítios históricossítios históricossítios históricossítios históricossítios históricos preservadospelo governo federal.

A evolução das cidades

No final do século, as cidades brasileiras evoluíram rapidamente. O Rio deJaneiro já possuía 50 mil habitantes e, desde 1763, era sede da Colônia e porto poronde se exportava a produção das minas de ouro. Salvador, antiga capitalcolonial e importante centro de exportação do açúcar, contava 45.500 moradores.Outras cidades populosas eram Recife, com 30 mil pessoas, São Luís do Maranhão,com 22 mil, e São Paulo, com 15.500.

Na Região das Minas, graças à mineração, surgiram mais cidades, comoMariana, Vila Rica (atual Ouro Preto), Sabará e São João del Rei. As cidadescriadas com a riqueza trazida pelo ouro foram abandonadas quando as minas seesgotaram. Não houve outra atividade econômica que desse continuidade aoprogresso e à modernização dessa região.

No litoral do Rio de Janeiro, a cidade de Parati, que foi a primeira a escoaro ouro das Minas, permaneceu praticamente inalterada. Pelas características desua arquitetura e pelo valor artístico e cultural que representam, Ouro Preto eParati são hoje consideradas patrimônio da humanidade pela Organização paraa Educação, Ciência e Cultura das Nações Unidas - UNESCO.

Benstombados sãoaquelesconservados eprotegidos peloGoverno.Chama-se de sítiohistórico um localonde ocorreu umfato importante.

Depois da chegadaDepois da chegadaDepois da chegadaDepois da chegadaDepois da chegadada Corte, a cidadeda Corte, a cidadeda Corte, a cidadeda Corte, a cidadeda Corte, a cidadedo Rio de Janeirodo Rio de Janeirodo Rio de Janeirodo Rio de Janeirodo Rio de Janeiroprosperou eprosperou eprosperou eprosperou eprosperou eexpandiu-se.expandiu-se.expandiu-se.expandiu-se.expandiu-se.

7A U L A As cidades coloniais brasileiras nos deixaram um rico patrimônio histórico-

cultural. Nesse período, surgiu o chamado estilo barroco colonial brasileiroestilo barroco colonial brasileiroestilo barroco colonial brasileiroestilo barroco colonial brasileiroestilo barroco colonial brasileiro,que até hoje podemos observar na arquitetura e na ornamentação das igrejas.Mas não foi apenas a riqueza do barroco que marcou a beleza e as característicasdas novas cidades coloniais. A arquitetura adaptada ao clima tropical, a integraçãocom a natureza, o traçado tortuoso das ruas e a simplicidade de largos e praçastambém fazem parte dessa herança. Preservá-la é manter vivas as origens denossa história e de nossa identidade cultural.

Relendo o texto

1.1.1.1.1. Releia Como eram as cidades no Brasil colonialComo eram as cidades no Brasil colonialComo eram as cidades no Brasil colonialComo eram as cidades no Brasil colonialComo eram as cidades no Brasil colonial e indique as atividadesque se desenvolviam nas cidades.

2.2.2.2.2. Releia Nosso patrimônio histórico-culturalNosso patrimônio histórico-culturalNosso patrimônio histórico-culturalNosso patrimônio histórico-culturalNosso patrimônio histórico-cultural e responda: por que os benshistóricos e culturais são importantes?

3.3.3.3.3. Releia A evolução das cidadesA evolução das cidadesA evolução das cidadesA evolução das cidadesA evolução das cidades. Pesquise sobre as cidades coloniais, emrevistas ou em livros ilustrados, ou converse com alguém que conheça essascidades. Escreva suas impressões a respeito.

4.4.4.4.4. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

1.1.1.1.1. A partir destes versos do cronista Luís Edmundo, tire suas conclusões sobrecomo era a limpeza urbana da cidade do Rio de Janeiro, no período colonial.

Natureza mãe! Natureza amiga!O homem suja, o vento varreA água lava e o sol enxuga!

2.2.2.2.2. Neste trecho de carta ao rei de Portugal, o Marquês do Lavradio, vice-rei doBrasil de 1769 a 1779, relatava como eram as pessoas das cidades do Brasil.Faça uma crítica a essa opinião do marquês.

“A maior parte é gente da pior educação, de péssimo caráter. Afinal, sãonegros, mulatos, cabras, mestiços... Um povo difícil de governar, quevive provocando desordens e inquietações!”

6

Exercícios

O temponão pára

8A U L A

A noção de escravidão é bastante antiga eexistiu em diversas sociedades ao longo da História. Significava um tipo derelação que se construía e se mantinha baseada na violência. Escravizar era tiraruma pessoa da comunidade em que havia nascido e se criado, mudar seu nome,separá-la da família e tratá-la como se fosse uma coisa, que podia ser compradae vendida e sobre a qual o senhor tinha plenos poderes.

Mas os escravos não eram coisas. Eram seres humanos capazes de, mesmoescravizados, influir em seus destinos. Grande parte da pesquisa recente que oshistoriadores vêm realizando sobre a escravidão tem demonstrado isso. Noentanto, mesmo antes dos historiadores, os senhores e os comerciantes deescravos, no Brasil e na África, já sabiam disso. Nesta aula, vamos perceber comoa história da sociedade brasileira, no período escravista, foi escrita não apenaspelos senhores de escravos, mas também pelos próprios escravos.

As fugas de escravos

Os anúncios de escravos fugidos estavam sempre presentes nos jornais dasprincipais cidades do Brasil no século passado, como este, publicado no CorreioPaulistano, em 4 de setembro de 1879.

ESCRAVA FUGIDAESCRAVA FUGIDAESCRAVA FUGIDAESCRAVA FUGIDAESCRAVA FUGIDA

Da casa nDa casa nDa casa nDa casa nDa casa nº 2 da rua das Flores nesta capital, (nascida na2 da rua das Flores nesta capital, (nascida na2 da rua das Flores nesta capital, (nascida na2 da rua das Flores nesta capital, (nascida na2 da rua das Flores nesta capital, (nascida naÁfrica), fugiu a escrava Maria, com os signaes África), fugiu a escrava Maria, com os signaes África), fugiu a escrava Maria, com os signaes África), fugiu a escrava Maria, com os signaes África), fugiu a escrava Maria, com os signaes [sinais]seguintes: alta, magra, de nação, 40 a 50 anos de idade,seguintes: alta, magra, de nação, 40 a 50 anos de idade,seguintes: alta, magra, de nação, 40 a 50 anos de idade,seguintes: alta, magra, de nação, 40 a 50 anos de idade,seguintes: alta, magra, de nação, 40 a 50 anos de idade,trajando vestido e chale cor de Havana, levando umtrajando vestido e chale cor de Havana, levando umtrajando vestido e chale cor de Havana, levando umtrajando vestido e chale cor de Havana, levando umtrajando vestido e chale cor de Havana, levando umtabuleiro de doces, visto ser quitandeira. Foi vistatabuleiro de doces, visto ser quitandeira. Foi vistatabuleiro de doces, visto ser quitandeira. Foi vistatabuleiro de doces, visto ser quitandeira. Foi vistatabuleiro de doces, visto ser quitandeira. Foi vistaconversando, tomando a direção de Juqueri ou a do Ó.conversando, tomando a direção de Juqueri ou a do Ó.conversando, tomando a direção de Juqueri ou a do Ó.conversando, tomando a direção de Juqueri ou a do Ó.conversando, tomando a direção de Juqueri ou a do Ó.

Essa era a forma que os proprietários encontravam para noticiar que seusescravos haviam escapado e, assim, fazer com que fossem reconhecidos edevolvidos. Muitas vezes ofereciam recompensa pela recaptura.

Nesta aula

8A U L A

MÓDULO 2

A luta dos escravos

8A U L A Segundo um antigo senhor de escravos, os cativos recém-chegados quase

sempre tentavam escapar, mas se perdiam na terra estranha e eram recapturados.Esse senhor, um inglês residente em Pernambuco, recomendava que não sedevia ser severo com eles, pois assim os cativos logo tentariam adaptar-se.

Para um escravo, fugir de uma fazenda significava meter-se mato adentro,numa terra desconhecida, sob a perseguição constante dos capitães-do-matocapitães-do-matocapitães-do-matocapitães-do-matocapitães-do-mato,indivíduos contratados pelos senhores de escravos para recuperar os cativos queescapavam. Assim como os feitoresfeitoresfeitoresfeitoresfeitores, que vigiavam o trabalho dos escravos nasfazendas, os capitães-do-mato sobreviviam por causa da necessidade do uso daviolência para se manter a escravidão. De um jeito ou de outro, a sociedadeescravista dependia de um caríssimo aparato de vigilância. Fugas, castigos,feitores e capitães-do-mato faziam parte do cotidiano dessa sociedade.

Comunidade escrava e alforrias

Era difícil escapar, mas sempre havia muitos tentando. Porém, a fuga nãoera a única possibilidade de reação para o africano recém-chegado. Muitos delespermaneciam nas cidades, onde era muito maior a mobilidade do escravo. Aliaumentavam suas possibilidades de juntar dinheiro até que conseguissemcomprar a liberdade.

É surpreendente o número de africanos que, em apenas alguns anos,aprenderam a língua portuguesa, juntaram dinheiro, compraram a liberdade eaté conseguiram fretar navios com outros companheiros e voltar para a África.

Os escravos queOs escravos queOs escravos queOs escravos queOs escravos quechegavam dachegavam dachegavam dachegavam dachegavam da

África ficavam emÁfrica ficavam emÁfrica ficavam emÁfrica ficavam emÁfrica ficavam emmercados, ondemercados, ondemercados, ondemercados, ondemercados, onde

eram adquiridoseram adquiridoseram adquiridoseram adquiridoseram adquiridoscomo umacomo umacomo umacomo umacomo uma

mercadoriamercadoriamercadoriamercadoriamercadoriaqualquer.qualquer.qualquer.qualquer.qualquer.

8A U L A

Não foram poucos, entretanto, os que conseguiram criar raízes comuni-tárias, familiares e mesmo religiosas na nova terra. As comunidades escravasmais antigas e, especialmente os escravos nascidos no Brasil, chamados criouloscriouloscriouloscriouloscrioulos,aprendiam desde cedo a viver na escravidão e buscavam usar suas relaçõesfamiliares e comunitárias para construir uma identidade que não estivessebaseada apenas na condição de cativos.

Não se deixar vencer era também cultuar seus deuses, executar suas danças,fazer sua comida, introduzindo sua própria cultura na cultura do dominador. Oacesso a pequenas roças e a outras formas de renda pessoal alimentava tambémo sonho da compra da alforria. Alguns conseguiam. A possibilidade de insurrei-ção e de fugas coletivas funcionava como pressão para conseguir uma negocia-ção com os senhores.

Os quilombos e as cidades

Grande parte dos escravos que conseguiam fugir procurava embrenhar-seem regiões de difícil acesso. Eles entravam pelas florestas, se estavam no campo,ou iam para regiões afastadas do centro, se estavam nas cidades.

Nas últimas décadas da escravidão, as cidades haviam se tornado bemmaiores e a maioria da sua população livre era composta de negros e mestiços.Um simples par de sapatos tornava-se, por vezes, o único sinal exterior pelo qualera possível distinguir os livres dos escravos. Muitos cativos passaram asimplesmente se dirigir às áreas mais populosas dos centros urbanos, confun-dindo-se no meio de tantos outros negros e mulatos que circulavam nas ruas,ruelas e becos de muitas esquinas e portas.

Antes disso, escondiam-se de preferência nas matas, atrás das muitas serras,onde criavam os quilombosquilombosquilombosquilombosquilombos - aldeias de escravos fugidos que se organizavampara garantir a subsistência e apoiar outras fugas, o que fazia crescer o grupo dosrebeldes. O poder senhorial não poderia deixar de reagir aos quilombolas quilombolas quilombolas quilombolas quilombolas -----negros aquilombados -, organizando expedições para derrotá-los.

A capacidade de conhecer e explorar as divisões e fraquezas do podersenhorial é um traço comum aos escravos africanos no Brasil, seja quando faziam

No campo,No campo,No campo,No campo,No campo,os escravosos escravosos escravosos escravosos escravostrabalhavam semtrabalhavam semtrabalhavam semtrabalhavam semtrabalhavam semdescanso, sobdescanso, sobdescanso, sobdescanso, sobdescanso, sobo olhar atentoo olhar atentoo olhar atentoo olhar atentoo olhar atentodos feitores,dos feitores,dos feitores,dos feitores,dos feitores,encarregados deencarregados deencarregados deencarregados deencarregados devigiá-los.vigiá-los.vigiá-los.vigiá-los.vigiá-los.

8A U L A pressão para conseguir maior autonomia dentro do cativeiro, seja quando

fugiam para os quilombos, seja quando se rebelavam coletivamente contra opoder senhorial.

O Quilombo dos PalmaresQuilombo dos PalmaresQuilombo dos PalmaresQuilombo dos PalmaresQuilombo dos Palmares é um exemplo dessa capacidade do africano parausar, como sua maior arma, o conhecimento que conseguia a respeito dasociedade que o escravizava. Com a guerra provocada no Nordeste pelasinvasões holandesas, milhares de escravos fugiram para a serra da Barriga, emAlagoas. Ali, juntaram-se a outros que, desde o século XVI, haviam se estabele-cido e espalhado em pequenas comunidades da região. Vivendo em mocambosmocambosmocambosmocambosmocambos(aldeias), as comunidades de Palmares sobreviveram por cem anos, graças àagricultura de subsistência e ao artesanato, trocando tudo que sobrava de suaprodução nos povoados próximos.

As revoltas de escravos

No final do século XVIII e nas primeiras décadas do século XIX, a expansãoagrícola na Bahia, com o açúcar, e no Rio de Janeiro, com o café, determinou umaentrada maciça de africanos em ambas as regiões.

Esse período foi marcado por várias insurreições escravas, envolvendoespecialmente os recém-chegados da África.

As insurreições de escravos no Recôncavo Baiano e em Salvador se repeti-ram, por décadas, desde o final do século XVIII até o grande Levante dos MalêsLevante dos MalêsLevante dos MalêsLevante dos MalêsLevante dos Malês,de 1835. Eram insurreições planejadas, que envolviam diversos engenhos outentavam reunir os africanos da cidade de Salvador com os dos engenhosvizinhos. Elas aconteciam sempre em datas religiosas e festivas do calendáriocristão, quando diminuía a capacidade de repressão da sociedade escravista.

Se as insurreições escravas, que marcaram o final do período colonial,exploravam as fraquezas da sociedade escravista, o poder senhorial tambémsoube explorar as divisões no mundo dos cativos. Essas insurreições forammovimentos essencialmente africanos, que não conseguiram conquistar osescravos crioulos e os negros e mestiços que já tinham conseguido a liberdade ouque nasceram livres. Os escravos crioulos preferiam pressionar para ter acessoà alforria, na maioria das vezes por meio de compra. Recorreram até mesmo àjustiça para consegui-la.

6

Nas últimas décadas da escravidão, a maioria da população livre do Impérioera composta de descendentes dos antigos escravos africanos, e as fugas doscativos remanescentes começaram a se tornar incontroláveis. Sem o tráfico,ficava cada vez mais difícil manter por mais tempo a escravidão tal como elafuncionava no Brasil nas décadas finais do século XIX.

O temponão pára

8A U L ARelendo o texto

1.1.1.1.1. Releia As fugas de escravos As fugas de escravos As fugas de escravos As fugas de escravos As fugas de escravos e retire do texto um trecho que apresente asdificuldades que os escravos encontravam para fugir do meio rural.

2.2.2.2.2. Releia Comunidade escrava e alforriasComunidade escrava e alforriasComunidade escrava e alforriasComunidade escrava e alforriasComunidade escrava e alforrias e descreva as formas de resistênciados escravos.

3.3.3.3.3. Releia Os quilombos e as cidadesOs quilombos e as cidadesOs quilombos e as cidadesOs quilombos e as cidadesOs quilombos e as cidades e As As As As As revoltasrevoltasrevoltasrevoltasrevoltas de escravos de escravos de escravos de escravos de escravos e explique comosobrevivia a comunidade do Quilombo dos Palmares no seu dia-a-dia.

4.4.4.4.4. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

A História do Brasil no período colonial foi construída não apenas porsenhores mas também por escravos.....

Leia este documento e retire do texto dois trechos que comprovem aafirmativa acima. Comente sua resposta.

“Tratado proposto a Manoel da Silva Ferreira pelos seus escravos“Tratado proposto a Manoel da Silva Ferreira pelos seus escravos“Tratado proposto a Manoel da Silva Ferreira pelos seus escravos“Tratado proposto a Manoel da Silva Ferreira pelos seus escravos“Tratado proposto a Manoel da Silva Ferreira pelos seus escravosdurante o tempo em quedurante o tempo em quedurante o tempo em quedurante o tempo em quedurante o tempo em que se se se se se encontravam levantados encontravam levantados encontravam levantados encontravam levantados encontravam levantados [rebelados].....”””””(Santana de Ilhéus, por volta de 1789)(Santana de Ilhéus, por volta de 1789)(Santana de Ilhéus, por volta de 1789)(Santana de Ilhéus, por volta de 1789)(Santana de Ilhéus, por volta de 1789)

“““““Meu senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhortambém quiser, nossa paz há de ser nessa conformidade (...)- Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado paratrabalharmos para nós não tirando um desses dias por causa de diasanto; e para podermos viver nos há de dar rede, tarrafa e canoas (...)- Os atuais feitores não os queremos, faça eleição de outros com a nossaaprovação (...)- Podemos brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermossem que nos impeça nem seja preciso licença.”””””

6

Exercícios

A U L A

9

Já conhecemos bastante sobre a sociedadeescravista, especialmente em sua fase colonial. Pouco sabemos ainda sobre aorganização do poder político na antiga Colônia portuguesa.

Neste módulo, vamos conhecer essa organização social e política. Vamosestudar também as transformações culturais, socioeconômicas e políticas queestavam acontecendo na Europa no final do século XVIII. Assim vamos entenderde que modo o Brasil se transformou em um novo país em 1822. Ele se tornou aúnica monarquia no meio das várias repúblicas que foram surgindo nas Améri-cas, nessa mesma época.

6

Não era nada fácil possuir colônias na Época Moderna (séculos XVI, XVII eXVIII). Precisava-se criar uma organização que garantisse a posse das colôniase, ao mesmo tempo, sua exploração.

Nesta aula, vamos ver de que modo Portugal enfrentou esse desafio e, de tãolonge, organizou o governo de sua Colônia na América.

Medidas colonizadoras: capitanias e Governo Geral

Por volta de 1530, quando Portugal decidiu colonizar de fato o Brasil, amonarquia portuguesa encontrava-se com graves problemas financeiros. Nãopossuía dinheiro suficiente para montar um sistema político-administrativo naColônia. A solução encontrada para a ocupação do território foi a doação deterras a nobres e a ricos comerciantes de Portugal.

As terras que pertenciam à Coroa portuguesa pelo Tratado de Tordesilhasforam divididas em capitanias hereditáriascapitanias hereditáriascapitanias hereditáriascapitanias hereditáriascapitanias hereditárias, isto é, que passavam de pai parafilho. Quando recebiam essas faixas de terra, os donatáriosdonatáriosdonatáriosdonatáriosdonatários (homens querecebiam as capitanias) eram obrigados a cuidar da defesa do território contra ainvasão estrangeira e os ataques indígenas, mas garantiam com isso uma série devantagens para a montagem de engenhos de açúcar. Assim, a Coroa esperavaresolver o problema da posse do território, sempre atacado por outros paíseseuropeus, e obtinha, ao mesmo tempo, uma rentável fonte de lucro: o açúcar.

9A U L A

MÓDULO 3

Apresentaçãodo Módulo 3

De que jeito segovernava a Colônia

Nesta aula

A U L A

9A fim de atraí-los para a Colônia, foram oferecidos poderes políticos e

administrativos aos donatários. Embora não fossem os proprietários de todo oterritório da capitania, os capitães-donatários eram encarregados de administrá-la. Poderiam doar pedaços de terra − as sesmariassesmariassesmariassesmariassesmarias − para quem tivesse cabedal(isto é, recursos financeiros) e fosse católico. Deveriam pagar impostos ao rei, quetinha o monopólio do comércio de tudo o que fosse extraído na Colônia, desdemadeira e ervas até metais preciosos.

Capitanias hereditárias

O sistema de capitanias hereditárias permitia à Coroa dividir com particu-lares o custo da colonização e administração das novas terras. Mas todos ospoderes eram uma concessão real.

Só foram bem-sucedidas as capitanias de São Vicente e Pernambuco, cujoscolonos tinham mais recursos para construir engenhos e combater os índios. Apresença jesuíta e a escravização de índios cristianizados garantiram a ocupaçãoportuguesa e o sucesso de São Vicente. Já Pernambuco tornou-se uma regiãopioneira na formação da sociedade escravista das Américas. Isso aconteceuporque estava mais perto da Europa e havia mais recursos para a construção deengenhos e a compra de escravos. Outros fatores que contribuíram para issoforam a violência e a determinação com que os moradores combateram osnativos que lhes eram hostis.

As demais capitanias não prosperaram. Muitas delas nem chegaram a serocupadas. O sistema de capitanias não atingiu seu objetivo de povoar o vastoterritório brasileiro.

Para Portugal, era difícil controlar a Colônia e, para os colonos, ficavacomplicado arcar com todos os problemas que ocorriam durante a colonização.

Governo Geral

Em 1548, diante dessa situação, foi criado o Governo Geral, com sede emSalvador, para defender o território dos ataques externos e internos e auxiliar osdonatários que estivessem em dificuldades.

CEARÁ

RIO GRANDE

ITAMARACÁ

PERNAMBUCO

ILHÉUS

PORTO SEGURO

ESPÍRITO SANTO

SÃO TOMÉ

SÃO VICENTE

SANTO AMARO

SÃO VICENTE

SANTANA

BAHIA DE TODOS OS SANTOS

PARÁ

MARANHÃO (DIVIDIDA EM DUAS)

ME

RID

IAN

O D

E T

OR

DE

SIL

HA

S

AMÉRICA DO SUL

De todas asDe todas asDe todas asDe todas asDe todas ascapitaniascapitaniascapitaniascapitaniascapitaniascriadas, apenascriadas, apenascriadas, apenascriadas, apenascriadas, apenasPernambuco ePernambuco ePernambuco ePernambuco ePernambuco eSão VicenteSão VicenteSão VicenteSão VicenteSão Vicenteconseguiramconseguiramconseguiramconseguiramconseguiramprosperar, eprosperar, eprosperar, eprosperar, eprosperar, etransformaram-setransformaram-setransformaram-setransformaram-setransformaram-seem pontos a partirem pontos a partirem pontos a partirem pontos a partirem pontos a partirdos quais se deu ados quais se deu ados quais se deu ados quais se deu ados quais se deu aposse definitivaposse definitivaposse definitivaposse definitivaposse definitivadas terrasdas terrasdas terrasdas terrasdas terrasbrasileiras para abrasileiras para abrasileiras para abrasileiras para abrasileiras para aMetrópole.Metrópole.Metrópole.Metrópole.Metrópole.

A U L A

9O objetivo da criação do Governo Geral foi dar “favor e ajuda aos donatários”,

segundo o Regimento elaborado por D. João III em 17 de dezembro de 1548. Paraauxiliar o governadorgovernadorgovernadorgovernadorgovernador, foram criados cargos de capitão-mor da costacapitão-mor da costacapitão-mor da costacapitão-mor da costacapitão-mor da costa, ouvidor-ouvidor-ouvidor-ouvidor-ouvidor-geralgeralgeralgeralgeral e provedor-mor da Fazendaprovedor-mor da Fazendaprovedor-mor da Fazendaprovedor-mor da Fazendaprovedor-mor da Fazenda.

O primeiro governador-geral foi Tomé de Souza, que chegou ao Brasil em1549. Depois dele veio Duarte da Costa, em 1553. Finalmente, veio Mem de Sá,que governou até 1572. A partir dessa data, o Brasil foi dividido em doisgovernos, com o objetivo de melhor combater os estrangeiros e incentivar aspesquisas minerais no país.

Várias medidas foram tomadas também no sentido de reduzir a autonomiados colonos, como, por exemplo, a proibição de ocupar o interior sem umalicença real. Mas isso nem sempre era respeitado. A tentativa de manter acolonização no litoral para facilitar a vigilância da Metrópole, assim como aescolha de Salvador como sede do Governo Geral, a meio caminho entre o nortee o sul da Colônia, não diminuíram o isolamento em que viviam os colonos e nãoafetaram a autonomia e o poder que eles tinham em algumas regiões. Mas deonde vinham esses poderes?

O poder dos �homens bons�

Já vimos a importância dos engenhos na economia colonial, principalmentena fase inicial. Sua importância não era apenas econômica, mas também política.À medida que os engenhos se desenvolviam, especialmente na capitania dePernambuco, foram-se fundando as vilas, que deram origem aos municípios. Ossenhores de engenho ganhavam cada vez mais importância e se faziam repre-sentar nas Câmaras Municipais, que tinham como objetivo administrar omunicípio e todo o seu patrimônio. Só participavam delas os homens bonshomens bonshomens bonshomens bonshomens bons, que,na época, eram os representantes dos proprietários de terra e de escravos, econstituíam o poder político-administrativo dos colonos.

O senhor de engenho era respeitado e temido não apenas pelos escravos,vítimas mais freqüentes de sua violência, mas pelos lavradores, feitores etodos os que estivessem à sua volta. Quanto mais homens ele controlasse,especialmente escravos, mais importante e respeitado se tornava para asociedade da região. A hierarquia era a marca dessa sociedade, cujo valormaior era a propriedade de escravos e de terras e o controle de todos os quevivessem no engenho.

Em qualquerEm qualquerEm qualquerEm qualquerEm qualquersituação, quemsituação, quemsituação, quemsituação, quemsituação, quem

vinha em primeirovinha em primeirovinha em primeirovinha em primeirovinha em primeirolugar era o chefelugar era o chefelugar era o chefelugar era o chefelugar era o chefe

da família,da família,da família,da família,da família,o patriarca.o patriarca.o patriarca.o patriarca.o patriarca.

Capitão-mor:militar

encarregadoda defesa.

Ouvidor-geral:encarregado da

justiça.

Provedor-mor:encarregado das

finanças.

A U L A

9Em primeiro lugar estava o patriarca, seguido de sua família e, por fim, os

empregados e escravos. E esse poder não se restringia ao engenho, estendendo-se até as vilas, por intermédio das Câmaras.

O Brasil holandês e a União Ibérica

A primeira metade do século XVII foi um tempo de guerra no ImpérioColonial Português. As Coroas de Portugal e Espanha uniram-se no período de1580 a 1640.

Ao ser incorporado à Espanha, Portugal tornava-se inimigo daqueles queaté então haviam sido seus principais parceiros nos lucros da aventura colonial:os holandeses. Os comerciantes holandeses financiaram muitos dos primeirosengenhos no Brasil e eram os principais compradores europeus do açúcar quePortugal levava de Pernambuco. Também as especiarias que Portugal compravanas Índias eram vendidas para negociantes holandeses.

Mas Espanha e Holanda estavam em guerra. Para a América portuguesa, oresultado disso foram duas invasões holandesas no litoral do Nordeste, sendoque a segunda durou cerca de 24 anos − de 1630 a 1654.

Até hoje nota-se a marcante presença dos holandeses no Nordeste, princi-palmente na cidade de Recife, conhecida como a Veneza brasileira,Veneza brasileira,Veneza brasileira,Veneza brasileira,Veneza brasileira, graças àsobras do príncipe holandês Maurício de Nassau. Após um período de acordocom os colonos, a Holanda passou a adotar uma política mais rígida em seusdomínios no Brasil, como a cobrança de empréstimos e intolerância religiosa. Apartir daí, os colonos, com apoio de Portugal − que já havia se separado daEspanha − conseguiram expulsar os holandeses do Brasil, após nove anos deconflitos.

Expulsos do Brasil, os holandeses trataram de criar um novo pólo produtorde açúcar na região do Caribe, na América Central, também em bases escravistas.Assim, a escravidão africana se espalhou pela América Central, e criou-se umforte concorrente ao açúcar brasileiro.

Ao se separar da Espanha em 1640, Portugal não estava em boa situaçãoeconômica, pois havia perdido grande parte das suas colônias no Oriente. Alémdisso, o açúcar brasileiro enfrentava a concorrência do açúcar da AméricaCentral, o que ocasionou uma significativa queda de preços. Como sair da crise?

As reformas do Marquês de Pombal

A Metrópole passou a estimular, desde então, as entradasentradasentradasentradasentradas para o interior embusca do ouro e outros metais preciosos. Com a descoberta das minas, nas terrasdo atual estado de Minas Gerais, Portugal montou um sistema administrativocentralizado, que se baseava numa fiscalização rígida e constante. A partir de1750, essa centralização administrativa foi consolidada, principalmente, peloMarquês de Pombal − primeiro-ministro do rei de Portugal.

O centro administrativo da Colônia saiu de Salvador, sendo transferido, em1763, para a cidade do Rio de Janeiro, mais próxima da região mineradora.

As capitanias particulares da região foram extintas e passaram para ocontrole direto da Metrópole. Criaram-se as Companhias de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e de Pernambuco e Bahia − que sofreram forte oposição de seuscolonos até essas capitanias serem extintas. As companhias de comércio que-riam estimular e controlar as atividades dessas áreas, por meio do monopólio.

A U L A

9O temponão pára

Os jesuítas, verdadeiros colonizadores “concorrentes” na região amazônica,foram expulsos da Colônia. As fronteiras com a América espanhola passaram aser negociadas entre Portugal e Espanha, e o mapa do Brasil colonial começoua se aproximar do contorno do Brasil atual.

Ao longo do século XVIII, a região açucareira foi perdendo cada vez maisimportância para a Metrópole, sendo superada pela região mineradora. Mas opoder das famílias patriarcais não terminou. Os senhores de engenho ainda eramtemidos e respeitados pela população.

Enquanto isso, no Centro-Sul, a cobrança de impostos pela Metrópole foi setornando cada vez maior, e o Pacto ColonialPacto ColonialPacto ColonialPacto ColonialPacto Colonial começou a ser um problema paraos colonos dessa região. No final do século XVIII e no início do século XIX, novoselementos entraram em cena na relação Metrópole-Colônia. Mas isto é umaoutra história...

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu eveja o que elas significam, no vocabulário da Unidade ou no dicionário.

1.1.1.1.1. Releia Medidas colonizadoras: capitanMedidas colonizadoras: capitanMedidas colonizadoras: capitanMedidas colonizadoras: capitanMedidas colonizadoras: capitanias e Governo Geralias e Governo Geralias e Governo Geralias e Governo Geralias e Governo Geral e responda:a)a)a)a)a) Por que Portugal adotou o sistema de capitanias hereditárias para co-

lonizar o Brasil?

b)b)b)b)b) Quais os resultados do sistema de capitanias?

2.2.2.2.2. Releia O poder dos “homens bonsO poder dos “homens bonsO poder dos “homens bonsO poder dos “homens bonsO poder dos “homens bons” e responda:a)a)a)a)a) Quem eram os homens bonshomens bonshomens bonshomens bonshomens bons?

b)b)b)b)b) Que poderes eles tinham?

3.3.3.3.3. Releia O Brasil holandês e a União IbéricaO Brasil holandês e a União IbéricaO Brasil holandês e a União IbéricaO Brasil holandês e a União IbéricaO Brasil holandês e a União Ibérica e responda: quais os resultadosdas invasões e da expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil?

4.4.4.4.4. Releia As reformas do Marquês de PombalAs reformas do Marquês de PombalAs reformas do Marquês de PombalAs reformas do Marquês de PombalAs reformas do Marquês de Pombal e responda: quais as medidasadotadas por Pombal para aumentar o controle da Metrópole sobre aColônia?

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Leia com atenção o texto abaixo e responda às perguntas.

“O ser senhor de engenho é título a que muitos aspiram, porque trazconsigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos. E se for, qualdeve ser, homem de cabedal e governo, bem se pode estimar no Brasil oser senhor de engenho, quanto proporcionadamente se estimam ostítulos entre os fidalgos do reino.”Fonte: AntonilAntonilAntonilAntonilAntonil

1.1.1.1.1. Identifique no texto palavras ou trechos que mostrem a importância dosenhor de engenho.

2.2.2.2.2. Quem eram as pessoas que obedeciam, serviam e respeitavam os senhores deengenho?

Exercícios

10A U L A

Esse trecho de carta, mostrado abaixo, foiescrito por um estudante brasileiro em Paris. A carta foi entregue a ThomasJefferson, quando era embaixador da primeira nação independente das Améri-cas, os Estados Unidos.

Desde o descobrimento e ao longo do processo de colonização, o interessede Portugal em relação ao Brasil era bastante claro: a exploração mercantil daColônia. Afinal, a fase mercantilista previa a existência de áreas colonizadas,dependentes e submetidas à Metrópole.

O Brasil não fugia à regra. Era uma colônia ligada a Portugal pelos forteslaços do Pacto Colonial, que criava uma relação de dependência entre a Colôniae a Metrópole.

No final do século XVII e início do século XVIII, esse sistema de exploraçãocomeçou a encontrar resistências e oposições, que tornaram claras as suascontradições.

Pensadores europeus desenvolveram teorias econômicas, políticas e sociais,que apontavam para uma nova maneira de ver o mundo: o liberalismoliberalismoliberalismoliberalismoliberalismo, baseideológica do capitalismo atual.

As idéias liberais-burguesas, surgidas com o movimento do IluminismoIluminismoIluminismoIluminismoIluminismo,tiveram como seus principais representantes alguns pensadores franceses comoVoltaireVoltaireVoltaireVoltaireVoltaire, MontesquieuMontesquieuMontesquieuMontesquieuMontesquieu, RousseauRousseauRousseauRousseauRousseau.

Essas idéias marcaram o século XVIII como o “século das Luzes”. Elascombatiam os direitos da nobreza e do clero, questionavam o poder exageradodo rei (absolutismo) e defendiam os princípios de liberdadeliberdadeliberdadeliberdadeliberdade, igualdadeigualdadeigualdadeigualdadeigualdade efraternidadefraternidadefraternidadefraternidadefraternidade. E serviram de base para movimentos como a independência dastreze colônias inglesas da América do Norte - que se tornariam os EstadosUnidos - , a Revolução Francesa e a Inconfidência Mineira.

Nesta aula

Liberdade,ainda que tardia!

10A U L A

MÓDULO 3

“ SOU BRASILEIRO , E SABEIS QUE MINHA DESGRAÇADA PÁTRIA

GEME EM UM ESPANTOSO CATIVEIRO, QUE SE TORNA CADA DIA

MENOS SUPORTÁVEL. ESTAMOS DISPOSTOS A QUEBRAR NOSSAS

CADEIAS E FAZER REVIVER NOSSA LIBERDADE , QUE ESTÁ COM-

PLETAMENTE MORTA E OPRIMIDA PELA FORÇA.”

10A U L A A Inconfidência Mineira

Durante o século XVIII, quando a atividade econômica da Colônia atingiaseus níveis mais altos, a Região das Minas fervilhava de riqueza, poder e idéiasde libertação. Os filhos das famílias mineiras mais prósperas podiam estudar naEuropa e, lá, entravam em contato com as idéias liberais-burguesas do Iluminismo.

A inevitável comparação entre as condições políticas e econômicas existen-tes no Brasil e as de outros países, como os Estados Unidos, criou aqui um climageral de revolta.

RAZÕES DA INCONFIDÊNCIARAZÕES DA INCONFIDÊNCIARAZÕES DA INCONFIDÊNCIARAZÕES DA INCONFIDÊNCIARAZÕES DA INCONFIDÊNCIA

CAUSASCAUSASCAUSASCAUSASCAUSAS EXTERNASEXTERNASEXTERNASEXTERNASEXTERNAS

l Idéias iluministas - Os ideais da Revolução Francesa.l Revolução Industrial - A necessidade de encontrar mercados e con-

sumidores para os bens produzidos em grande escala, desde a Re-volução Industrial, forçou o estabelecimento do livre comércio, emoposição ao Pacto Colonial.

l Independência dos Estados Unidos.l Maçonaria - Sociedade secreta de liberais.

ObservaçãoObservaçãoObservaçãoObservaçãoObservação - Os estudantes brasileiros tiveram contato com essasidéias na Europa e as trouxeram para o Brasil. Assim, formou-se umaconsciência de libertação.

CAUSASCAUSASCAUSASCAUSASCAUSAS INTERNASINTERNASINTERNASINTERNASINTERNAS

l O mau governo de Luís da Cunha e Menezes (de 1783 a 1788).l O monopólio dos comerciantes portugueses sobre as vendas de

alimentos, roupas e ferramentas, e os altos preços cobrados.l A proibição de produzir quaisquer artigos na Região das Minas,

fossem alimentos, roupas ou ferramentas, e a proibição da explora-ção do ferro e do salitre.

l O alto imposto cobrado sobre a produção do ouro e a derramaderramaderramaderramaderrama paracobrar impostos atrasados.

l A impossibilidade de ascensão social dos negros e mulatos que exer-ciam cargos importantes mas não eram reconhecidos.

l O rígido controle nas estradas para evitar o contrabando de ouro emercadorias, com penas severas aos infratores.

A chegada das idéias liberais ao Brasil coincidiu com a decadência das minase a conseqüente crise econômica. Portugal, no entanto, mantinha o mesmo ritmode exploração. Não aceitava a hipótese do esgotamento das minas, preferindoacreditar no contrabando e na sonegação. Com o acúmulo de impostos atrasa-dos, a Coroa decidiu executar a derramaderramaderramaderramaderrama.

Inconfidência:falta de fidelidadepara com alguém,

especialmente paracom o rei ou o

Governo;conjuração;

deslealdade.

10A U L AA derrama

A derrama era a cobrança da diferença entre o imposto arrecadado e oexigido pela Coroa, que exigia 100 arrobas, ou seja, 1.500 quilos por ano. Em1765, faltaram 13 arrobas e foi feita a derrama para chegar no valor.

Em 1789 havia uma diferença acumulada de 596 arrobas. Para cobrá-la,foram dadas instruções enérgicas aos encarregados. As casas seriam invadidase todos os objetos de valor encontrados seriam levados pelas tropas do Governo.

O descontentamento tomou conta da população que vivia na Região dasMinas. Mineiros, padres, militares e indivíduos da classe média prepararam ummovimento que seria deflagrado no dia da cobrança da derrama, aproveitandoa insatisfação popular.

Entre outros, os poetas Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga,os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Francisco Antonio de Oliveira Lopes,o padre Rolim, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, chamado de Tiradentes,participaram do movimento que ficou conhecido como Inconfidência MineiraInconfidência MineiraInconfidência MineiraInconfidência MineiraInconfidência Mineira.

Com muitos planos e pouca organização, os inconfidentes criaram umprojeto de reforma revolucionário:

l proclamação de uma república, com capital em São João del Rei;

l convocação militar de todo cidadão, em caso de necessidade;

l criação de indústrias têxteis e siderúrgicas;

l criação de uma universidade em Vila Rica;

l concessão de pensões às famílias pobres;

l doação de terras para aumentar a produção agrícola;

l adoção de uma bandeira com os dizeres: LIBERTAS QUAE SERA TAMEN.Esse lema quer dizer: Liberdade, ainda que tardia.

O palácio doO palácio doO palácio doO palácio doO palácio dogovernador, emgovernador, emgovernador, emgovernador, emgovernador, emVila RicaVila RicaVila RicaVila RicaVila Rica(atual Ouro Preto,(atual Ouro Preto,(atual Ouro Preto,(atual Ouro Preto,(atual Ouro Preto,em Minas Gerais),em Minas Gerais),em Minas Gerais),em Minas Gerais),em Minas Gerais),era o símbolo daera o símbolo daera o símbolo daera o símbolo daera o símbolo dadominaçãodominaçãodominaçãodominaçãodominaçãoportuguesa naportuguesa naportuguesa naportuguesa naportuguesa naRegião das Minas.Região das Minas.Região das Minas.Região das Minas.Região das Minas.

10A U L A Porém, o projeto dos inconfidentes não era muito claro em relação à

liberdade da mão-de-obra escrava.Na realidade, os revoltosos não fizeram mais do que planos. Não houve

nenhuma preparação prática para a tomada do poder, nem mesmo para resistirà derrama. Eles não se armaram, nem mobilizaram a população.

O fim da revolta foi marcado por denúncias feitas ao Governo pelo coronelJoaquim Silvério dos Reis, em troca do perdão de suas dívidas com a FazendaReal. Informado do movimento, o governador, Visconde de Barbacena, suspen-deu a derrama e mandou prender todos os implicados, que foram julgados econdenados.

A pena de morte, imposta a todos os revoltosos, foi modificada para degredoperpétuo, ou seja, expulsão sem volta, nas colônias portuguesas da África,exceto para Tiradentes, que teve sua condenação mantida. Ele foi enforcado empraça pública, em 21 de abril de 1792, com requintes de crueldade. O objetivo foidemonstrar a força do governo português e evitar novas rebeliões.

Tiradentes foi o único executado, pois, além de assumir suas idéias, assumiutambém o fato de ter sido o único a pregar essas idéias para o povo. Foi tambémo único que incitou a população. Por isso representava uma ameaça a mais.

O alferesO alferesO alferesO alferesO alferesJosé Joaquim daJosé Joaquim daJosé Joaquim daJosé Joaquim daJosé Joaquim da

Silva Xavier,Silva Xavier,Silva Xavier,Silva Xavier,Silva Xavier,o Tiradentes, foi oo Tiradentes, foi oo Tiradentes, foi oo Tiradentes, foi oo Tiradentes, foi oúnico condenado àúnico condenado àúnico condenado àúnico condenado àúnico condenado à

morte por causamorte por causamorte por causamorte por causamorte por causada Inconfidênciada Inconfidênciada Inconfidênciada Inconfidênciada Inconfidência

Mineira.Mineira.Mineira.Mineira.Mineira.

10A U L AA Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates

Em 1798 , aconteceu outra revolta, diferente da Inconfidência Mineira, masnão menos importante. Foi a Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates, feitapor escravos, libertos, alfaiates, sapateiros, soldados, mulatos e brancos pobres.

Representou a luta da gente simples contra o abuso das autoridades e doscomerciantes metropolitanos, contra o preconceito racial e social e contra aescassez de gêneros alimentícios. Os revoltosos desejavam fundar uma repúbli-ca e abolir a escravidão.

Por seu caráter popular, ou seja, pela grande participação do povo, éconsiderada a primeira revolução social do Brasil.

Os líderes, os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos, e ossoldados Lucas Dantas e Luiz Gonzaga das Virgens, sofreram a mesma pena deTiradentes: foram enforcados e as suas partes ficaram expostas pelas ruas deSalvador, para servir de exemplo.

PARA QUE SERVEM OS IMPOSTOS?PARA QUE SERVEM OS IMPOSTOS?PARA QUE SERVEM OS IMPOSTOS?PARA QUE SERVEM OS IMPOSTOS?PARA QUE SERVEM OS IMPOSTOS?

OS IMPOSTOS SÃO ARRECADADOS PELO GOVERNO PARA CUMPRIR SUAS FUN-ÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO, DE DEFESA, DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO, DE

EDUCAÇÃO, DE SAÚDE, DE PREVIDÊNCIA SOCIAL ETC.

OS IMPOSTOS DEVEM VOLTAR PARA OS CIDADÃOS EM FORMA DE SERVIÇOS E

BENEFÍCIOS: COMO A LIMPEZA URBANA, AS OBRAS PÚBLICAS, OS SERVIÇOS DE

SEGURANÇA, SAÚDE, EDUCAÇÃO E OUTROS.

A COROA PORTUGUESA COBRAVA UM IMPOSTO MUITO ALTO SOBRE O OURO:A QUINTA PARTE DE TODA A PRODUÇÃO. E ESSE IMPOSTO NÃO ERA UTILIZADO

NA COLÔNIA. HAVIA MUITAS EXIGÊNCIAS E POUCOS BENEFÍCIOS PARA OS

MORADORES DO BRASIL.

SÃO DUAS AS CONDIÇÕES PARA QUE O IMPOSTO SEJA LEGÍTIMO, ISTO É,ACEITO PELO CONTRIBUINTE:

A) QUE REVERTA EM BENEFÍCIOS PARA O CIDADÃO: EDUCAÇÃO, SAÚDE,DEFESA CIVIL ETC.;

B) QUE ESTEJA DENTRO DA CAPACIDADE QUE O CONTRIBUINTE TEM PARA

PAGAR. NÃO DEVE SER EXAGERADO.

QUANDO NÃO EXISTEM ESSAS DUAS CONDIÇÕES, A REAÇÃO PODE SER:l SONEGAÇÃO (NÃO PAGAMENTO);l ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES (FALÊNCIA DE EMPRESAS);l REVOLTA PARA DERRUBAR O GOVERNO (NA DEMOCRACIA, ISSO É FEITO

PELO VOTO; NO BRASIL COLONIAL SÓ ERA POSSÍVEL COM REVOLTAS

ARMADAS).

10A U L A No século XVIII, com a divulgação das idéias liberais e com a Revolução

Industrial inglesa, o Pacto Colonial passou a ser alvo de críticas tanto na Europaquanto na América.

Os estudantes brasileiros em contato com essas idéias na Europa passarama divulgá-las na Colônia, onde o clima tenso, causado pela brutal exploração daMetrópole, acabou por provocar revoltas, como a Inconfidência Mineira e aConjuração Baiana.

Outros países da América já estavam se libertando dos laços coloniais. Napróxima aula veremos como a liberdade chegou ao Brasil.

Relendo o texto

1.1.1.1.1. Releia Nesta aulaNesta aulaNesta aulaNesta aulaNesta aula e diga por que o século XVIII foi chamado de “século dasluzes”.

2.2.2.2.2. Releia A Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência Mineira e relacione essa rebelião com os movimen-tos iluministas europeus do século XVIII.

3.3.3.3.3. Releia A Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência Mineira e A Conjuração BaianaA Conjuração BaianaA Conjuração BaianaA Conjuração BaianaA Conjuração Baiana... Compare asduas e diga qual delas teve maior participação popular. Por quê?

44444..... Releia A Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência MineiraA Inconfidência Mineira e A Conjuração BaianaA Conjuração BaianaA Conjuração BaianaA Conjuração BaianaA Conjuração Baiana... e preencha oquadro abaixo:

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

6

DADADADADATTTTTAAAAA

LOCALLOCALLOCALLOCALLOCAL

GRUPOSGRUPOSGRUPOSGRUPOSGRUPOS QUEQUEQUEQUEQUEPPPPPARARARARARTICIPTICIPTICIPTICIPTICIPARAMARAMARAMARAMARAM

REAÇÃOREAÇÃOREAÇÃOREAÇÃOREAÇÃO DADADADADAMETRÓPOLEMETRÓPOLEMETRÓPOLEMETRÓPOLEMETRÓPOLE

Exercícios

O temponão pára

INCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAMINEIRAMINEIRAMINEIRAMINEIRAMINEIRA

CONJURAÇÃOCONJURAÇÃOCONJURAÇÃOCONJURAÇÃOCONJURAÇÃOBAIANABAIANABAIANABAIANABAIANA

10A U L AFazendo a História

Leia com atenção o documento abaixo:

“ Art.1Art.1Art.1Art.1Art.1 - Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos.As distinções sociais não podem ser fundadas senão na utilidade comum.

Art.2Art.2Art.2Art.2Art.2 - O fim de toda associação política é a conservação dos di-reitos naturais e imprescritíveis do homem. Estes direitos são a liber-dade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

Art.3Art.3Art.3Art.3Art.3 - O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação.Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela nãoemane expressamente.

Art.4Art.4Art.4Art.4Art.4 - A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudicaoutrem: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não temlimites senão aqueles que assegurem aos outros membros da sociedadeo gozo desses mesmos direitos. Tais limites só podem ser determinadospela lei.

Art.5Art.5Art.5Art.5Art.5 - A lei não tem direito de proibir senão as ações prejudiciais àsociedade; tudo o que não é proibido pela lei não pode ser impedido eninguém pode ser constrangido a fazer aquilo que ela não ordene.

Art.6Art.6Art.6Art.6Art.6 - A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm odireito de concorrer pessoalmente ou pelos seus representantes para asua formação. Ela deve ser a mesma para todos, quer proteja, quer puna.Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveisa todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a suacapacidade e sem outra distinção, que a das suas virtudes e dos seustalentos.”

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembléiaaprovada pela Assembléiaaprovada pela Assembléiaaprovada pela Assembléiaaprovada pela AssembléiaConstituinte da França em 26/8/1789.Constituinte da França em 26/8/1789.Constituinte da França em 26/8/1789.Constituinte da França em 26/8/1789.Constituinte da França em 26/8/1789.

1.1.1.1.1. Identifique no texto palavras ou frases que falem sobre a liberdade.

2.2.2.2.2. Identifique no texto palavras ou frases que falem sobre a igualdade.

3.3.3.3.3. Identifique no texto palavras ou frases que falem sobre a propriedade.

4.4.4.4.4. Indique, separadamente, os direitos do cidadão e as obrigações do governo.

5.5.5.5.5. Segundo o documento, qual é a relação entre o Governo e os cidadãos?

6.6.6.6.6. Você acha que seria possível obedecer a esta Declaração no Brasil colonial?Justifique sua resposta.

6

11A U L A

No dia 7 de setembro, comemoramos a Inde-pendência do Brasil. Por isso, é feriado nacional. Todos nós sabemos que osferiados significam algo mais do que apenas um dia de folga. Mas nem sempreparamos para pensar sobre o significado daquela data, sobre a sua importânciapara a nossa História.

Foi só a partir da Independência que o Brasil passou a ser considerado umanação, pois deixou de ser uma Colônia de Portugal e começou a se organizarcomo um novo país - o Império do Brasil.

A Independência do Brasil fez parte de um movimento mais geral de críticaao poder absoluto dos reis europeus e de defesa dos ideais de liberdade eigualdade que abalaram definitivamente o poder de controle das Metrópolessobre suas colônias na América. As idéias liberais, a independência dos EstadosUnidos e a Revolução Francesa exerceram grande influência na América econtribuíram para a formação de vários novos países independentes. Quasetodos se tornaram repúblicas, apenas o Brasil adotou a monarquia, tornando-seo Império do Brasil, em 7 de setembro de 1822.

Nesta aula, vamos ver como o Brasil fez sua independência. Como questãocentral, a pergunta:

Por que Império do Brasil e não República do Brasil?Por que Império do Brasil e não República do Brasil?Por que Império do Brasil e não República do Brasil?Por que Império do Brasil e não República do Brasil?Por que Império do Brasil e não República do Brasil?

Quando o Brasil ainda era a América portuguesa

Para entender como aconteceu a Independência e perceber por que o Brasiladotou a monarquia, convém recordar a situação da América portuguesa nofinal do século XVIII e início do século XIX.

Naquela época, o Brasil já possuía um imenso território. Mas sua populaçãoreduzida (cerca de 5 milhões de habitantes) estava distribuída irregularmente eera mais concentrada no litoral.

O interior quase não tinha povoações. As comunicações eram difíceis edemorava-se muito para ir de uma capitania a outra. As viagens, geralmentefeitas por mar, eram muito demoradas: levava-se, por exemplo, três semanaspara ir de Recife até o Rio de Janeiro. Por terra, gastava-se muito mais tempo,pois praticamente não existiam estradas. Por isso, a penetração pelo interior doterritório era muito pequena. Em algumas regiões, existia também a possibilida-de da navegação pelos grandes rios, mas com viagens difíceis.

Independênciado Brasil

Nesta aula

11A U L A

MÓDULO 3

11A U L AAssim, o isolamento entre as regiões permanecia muito grande. Além disso,

não existiam grandes cidades servidas por estradas bem conservadas. Nem oRio de Janeiro, capital da Colônia, com suas ruas estreitas, escuras e sujas,oferecia melhores condições de comunicação com as demais regiões. A cidadevivia fechada em si mesma.

Essa situação, no entanto, começou a se transformar depois da chegada daCorte portuguesa ao Rio de Janeiro. O imperador francês Napoleão Bonapartemandou tropas para invadir Portugal, e a família real portuguesa resolveuinstalar-se no Rio de Janeiro e transformar a cidade em sede do seu governo. Achegada da Corte portuguesa, em 1808, provocou grandes mudanças na vida daColônia e influenciou decisivamente no rumo dos acontecimentos que, depois,fizeram parte do processo de independência do Brasil.

A Corte no Brasil

Quando D. João chegou ao Brasil, a Colônia que ele encontrou era algo quenunca havia imaginado. Não era uma unidade, e sim um amontoado de focosde colonização que lutavam por interesses locais. Foi por essa falta de unidadeque as rebeliões coloniais não obtiveram sucesso.

A chegada da família real e a instalação do governo português no Rio deJaneiro fizeram a capital ganhar ares de Metrópole.

Logo que aqui chegou, em 1808, D. João assinou a abertura dos portos doabertura dos portos doabertura dos portos doabertura dos portos doabertura dos portos doBrasil àsBrasil àsBrasil àsBrasil àsBrasil às nações amigasnações amigasnações amigasnações amigasnações amigas. Era o fim do Pacto Colonial e da política demonopólios. A partir de então, o Brasil podia fazer comércio com diferentespaíses sem a intermediação de Portugal.

Essa medida favoreceu o comércio com a Inglaterra. Os mercados brasileirosficaram abarrotados de produtos ingleses. A elite da Colônia passou a consumirprodutos refinados, como tecidos e calçados, cristais e vidros, louças e porcela-nas, todos trazidos por comerciantes ingleses.

Em 1810, D. João assinou os Tratados de Aliança e Amizade e de Comércioe Navegação com a Inglaterra, por meio dos quais foram criadas tarifas alfande-gárias que favoreciam o comércio dos produtos ingleses. Os produtos portugue-

Esta cena mostraEsta cena mostraEsta cena mostraEsta cena mostraEsta cena mostraa chegada de uma chegada de uma chegada de uma chegada de uma chegada de ummembro damembro damembro damembro damembro dafamília imperialfamília imperialfamília imperialfamília imperialfamília imperialao Rio de Janeiro.ao Rio de Janeiro.ao Rio de Janeiro.ao Rio de Janeiro.ao Rio de Janeiro.A cidade, que jáA cidade, que jáA cidade, que jáA cidade, que jáA cidade, que jáera capital daera capital daera capital daera capital daera capital daColônia, tornou-seColônia, tornou-seColônia, tornou-seColônia, tornou-seColônia, tornou-sesede da Corte esede da Corte esede da Corte esede da Corte esede da Corte eimportante centroimportante centroimportante centroimportante centroimportante centrode decisões.de decisões.de decisões.de decisões.de decisões.

11A U L A ses continuariam pagando 16% de taxas sobre o valor de suas mercadorias; as

demais nações pagavam 24%, mas os produtos ingleses pagavam apenas 15%.Além dessa vantagem comercial, os ingleses obtiveram do governo portuguêso compromisso de abolir lenta e gradualmente a escravidão, começando porlimitar o tráfico apenas às colônias portuguesas da África.

Como é fácil perceber, essas medidas representavam uma submissão daeconomia colonial brasileira aos interesses da Inglaterra e, por isso, foram muitomal-recebidas, principalmente pelos comerciantes portugueses, que perderamseus privilégios para os ingleses. Os traficantes e proprietários de escravostambém não ficaram nada satisfeitos com a idéia da abolição gradual daescravidão.

A Revolução Pernambucana

A transferência da Corte portuguesa para o Brasil não trouxe, como seimaginava, vantagens para todos. Um bom exemplo disso foi o que ocorreu emPernambuco por volta de 1817. Os pernambucanos ficaram insatisfeitos com apresença da Corte no Brasil. Na época, eles estavam passando por uma gravecrise na produção de açúcar e de algodão. Mesmo assim, eram obrigados a pagarpesados impostos para sustentar a política expansionista de D. João na GuianaFrancesa e o luxo da Corte e de seus inúmeros funcionários.

Em Recife, capital da província de Pernambuco, a revolta era geral, e asidéias liberais pipocavam nas diversas sociedades secretas. Isso foi crescendo atal ponto que, temendo a explosão de uma revolução, o governador dePernambuco ordenou a prisão de alguns membros dessas sociedades.

Mas essa atitude precipitou a revolução e, em março de 1817, os revoltososprenderam o governador e, em seguida, estabeleceram um governo provisório.Esse novo governo recebeu o apoio de províncias vizinhas como Rio Grande doNorte e Paraíba. Porém, o medo de que as idéias de liberdade dos líderesrevolucionários levassem à libertação dos escravos fez com que muitos fazendei-ros retirassem o seu apoio.

A Corte não iria permitir que aquela rebelião ameaçasse a unidade doImpério que queria construir. D. João logo enviou reforços para reprimi-la,temendo que se repetisse aqui o que tinha acontecido na ilha de São Domingos.Lá, uma revolta liderada por escravos resultou não só na independência do país,mas em algo muito importante: a conquista de sua liberdade.

Como podemos concluir, a defesa do liberalismo no Brasil terminava quan-do se tocava na questão da libertação dos escravos.

De Reino Unido a país independente

D. João tomou algumas medidas que permitiram a formação de umaestrutura econômica, política e administrativa mais autônoma, reunindo nacidade do Rio de Janeiro um poderoso grupo de proprietários, comerciantes efuncionários, para os quais interessava que o Império português se fixasse aquino Brasil. Além das vantagens econômicas dadas à Inglaterra, a Corte doousesmarias (terras) a comerciantes e funcionários da administração, favoreceu avinda de estrangeiros para se fixarem e trabalharem em terras brasileiras e abriuestradas ligando o interior ao Rio de Janeiro. Enfim, tomou um conjunto demedidas para integrar a capital às demais regiões do país.

11A U L AUma revolução cultural

No campo cultural, a presença da Corte no Brasil permitiu uma grandeabertura. O fim da proibição da instalação de gráficas junto com a criação daImprensa RégiaImprensa RégiaImprensa RégiaImprensa RégiaImprensa Régia permitiram a publicação de vários textos, o que resultou emmaior circulação de idéias, embora a Imprensa Régia só se interessasse porfofocas da Corte e houvesse censura a tudo quanto fosse publicado pelas gráficasparticulares.

Além disso, foram criadas escolas destinadas aos filhos de famílias ricas,entre elas a Academia Real de MarinhaAcademia Real de MarinhaAcademia Real de MarinhaAcademia Real de MarinhaAcademia Real de Marinha e a Academia Real MilitarAcademia Real MilitarAcademia Real MilitarAcademia Real MilitarAcademia Real Militar, destinadasa formar engenheiros civis e oficiais para as Forças Armadas.

Criou-se a Academia de Belas Artes que teve como professores os membrosda chamada Missão FrancesaMissão FrancesaMissão FrancesaMissão FrancesaMissão Francesa, formada por escultores, arquitetos, pintores edesenhistas vindos da França. Esses profissionais também deixaram importan-tes registros (especialmente desenhos) sobre a vida cotidiana do povo brasileironaquele período.

Também vieram ao Brasil vários estudiosos europeus. Formaram expedi-ções científicas que se embrenharam pelo interior. Alguns desses europeusestudaram a fauna e a flora brasileiras, enquanto outros buscaram compreendera origem do homem americano. Além de tudo isso, houve a criação da Biblio-Biblio-Biblio-Biblio-Biblio-teca Públicateca Públicateca Públicateca Públicateca Pública e do Museu RealMuseu RealMuseu RealMuseu RealMuseu Real.

Colônia nunca mais

A essa altura, diminuía a sensação de dispersão e isolamento. A elevação doBrasil a Reino Unido ao de Portugal e AlgarvesReino Unido ao de Portugal e AlgarvesReino Unido ao de Portugal e AlgarvesReino Unido ao de Portugal e AlgarvesReino Unido ao de Portugal e Algarves reforçava ainda mais a idéiade que o Brasil finalmente deixara de ser uma Colônia. Era, naquele momento,sede da Coroa portuguesa. Havia liberdade econômica, e a presença da famíliareal representava segurança para os grupos beneficiados pela política de D. João.Para eles tornava-se cada vez mais forte a consciência de que era fundamentalmanter o Brasil como sede do governo. Como a situação européia ainda eraperigosa (por causa de revoluções), também para a família real era interessantepermanecer no Brasil. Assim, havia naquele momento uma união de diferentesinteresses. E foi com esse sentimento que a elite colonial impediu que o Brasilvoltasse à antiga condição de Colônia, quando, mais tarde, D. João retornoua Portugal.

A proclamação da Independência em 7 de setembro

Enquanto tudo isso acontecia, em Portugal houve a Revolução do Porto, queexigia a volta de D. João e o retorno do Brasil à condição de Colônia. Era o anode 1820. D. João via-se novamente pressionado, sem saber que decisão tomar: seficava aqui, como queria a elite brasileira, ou se voltava para Portugal, conformeexigiam os portugueses. Por fim, resolveu atender aos seus súditos portuguesese retornou a Portugal. Mas deixou aqui um representante da família Orleans eBragança, seu filho D. Pedro.

Porém, as pressões continuavam: de um lado, os portugueses insistiam emrecuperar seus privilégios econômicos e sua dominação política sobre o Brasil;de outro, políticos brasileiros apresentavam manifestos com milhares de assina-turas reivindicando a permanência de D. Pedro no Brasil. Membros do PartidoPartidoPartidoPartidoPartidoBrasileiroBrasileiroBrasileiroBrasileiroBrasileiro queriam que fosse convocada uma Assembléia Constituinte para que

11A U L A se fizessem leis mais adequadas às necessidades e aos interesses do país naquele

momento crítico. A imprensa não parava de divulgar artigos que defendiam aIndependência do Brasil.

Depois de muita indecisão e de muita pressão, D. Pedro resolveu rompercom o governo de Portugal. Em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho doIpiranga, D. Pedro proclamou a Independência do Brasil. Em seguida, ele foiaclamado pelo povo e sagrado pelo bispo para então ser coroado ImperadorImperadorImperadorImperadorImperadorConstitucional e Defensor Perpétuo do BrasilConstitucional e Defensor Perpétuo do BrasilConstitucional e Defensor Perpétuo do BrasilConstitucional e Defensor Perpétuo do BrasilConstitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.

Como você pôde verificar, a Independência brasileira foi o resultado deacordos entre o príncipe D. Pedro e os grupos beneficiados pela política deD. João. Para os dois lados interessava, naquele momento, romper comPortugal. A adoção do governo monárquico afastou qualquer ameaça deretorno à situação de Colônia e assegurou a manutenção dos privilégiosobtidos anteriormente. Por outro lado, achava-se que a monarquia poderiagarantir a unidade do território e evitaria a explosão de revoltas nas demaisregiões da antiga Colônia.

6

Esta ilustraçãoEsta ilustraçãoEsta ilustraçãoEsta ilustraçãoEsta ilustraçãomostra parte demostra parte demostra parte demostra parte demostra parte de

um quadro maior,um quadro maior,um quadro maior,um quadro maior,um quadro maior,no qual o pintorno qual o pintorno qual o pintorno qual o pintorno qual o pintorcriou uma cenacriou uma cenacriou uma cenacriou uma cenacriou uma cenacom D. Pedro àcom D. Pedro àcom D. Pedro àcom D. Pedro àcom D. Pedro à

beira do riacho dobeira do riacho dobeira do riacho dobeira do riacho dobeira do riacho doIpiranga, em SãoIpiranga, em SãoIpiranga, em SãoIpiranga, em SãoIpiranga, em São

Paulo, ao declararPaulo, ao declararPaulo, ao declararPaulo, ao declararPaulo, ao declararque o Brasilque o Brasilque o Brasilque o Brasilque o Brasil

se tornavase tornavase tornavase tornavase tornavaindependente deindependente deindependente deindependente deindependente de

Portugal.Portugal.Portugal.Portugal.Portugal.

11A U L AApós a Independência, era preciso fazer novas leis, impor a autoridade

do imperador sobre as províncias que não haviam aceito a Independência econseguir que os países estrangeiros reconhecessem o Brasil como um novopaís. Em resumo, era necessário organizar o Estado independenteEstado independenteEstado independenteEstado independenteEstado independente e concluira obra de construção do Império do Brasil.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeue procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário daUnidade.

1.1.1.1.1. Releia Quando Quando Quando Quando Quando o o o o o Brasil ainda era a AméricaBrasil ainda era a AméricaBrasil ainda era a AméricaBrasil ainda era a AméricaBrasil ainda era a América portuguesa portuguesa portuguesa portuguesa portuguesa e retire tre-chos que comprovem o isolamento das regiões brasileiras.

2.2.2.2.2. Releia A Corte no BrasilA Corte no BrasilA Corte no BrasilA Corte no BrasilA Corte no Brasil e identifique a importância da abertura dosportos assinada por D. João em 1808.

3.3.3.3.3. Releia A proclamação da Independência em 7 de setembroA proclamação da Independência em 7 de setembroA proclamação da Independência em 7 de setembroA proclamação da Independência em 7 de setembroA proclamação da Independência em 7 de setembro e identifiqueuma razão para a Revolução Pernambucana.

4.4.4.4.4. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

"Digne-se Vossa Majestade tomar em consideração que Portugal é um reinode pequena extensão e escassamente povoado (...) que o ramo mais útil de suaagricultura, que é o vinho, se acha em decadência pela abertura dos portosdo Brasil aos vinhos de todas as nações, que a nossa indústria se paralisouconsideravelmente com a livre entrada em Portugal e no Brasil dos produtosingleses, com cujos preços não pode competir; que o comércio decaiuextraordinariamente não só pela mencionada abertura dos portos do Brasil,que privou Portugal do comércio exclusivo com aquele reino, mas pelaconcorrência de todas as nações marítimas sendo muito para recear que, seas coisas assim continuarem, desapareça brevemente dos mares a bandeiraportuguesa."Texto citado por J. H. Saraiva em Texto citado por J. H. Saraiva em Texto citado por J. H. Saraiva em Texto citado por J. H. Saraiva em Texto citado por J. H. Saraiva em História concisa de PortugalHistória concisa de PortugalHistória concisa de PortugalHistória concisa de PortugalHistória concisa de Portugal, p. 271., p. 271., p. 271., p. 271., p. 271.

O documento acima é uma carta que o governo português mandou a D.João, descrevendo a situação de Portugal no ano de 1820. Leia-o atentamente,consulte os itens finais do texto da aula e responda:

1.1.1.1.1. Como estava a situação econômica em Portugal?

2.2.2.2.2. Por que “desapareça brevemente dos mares a bandeira portuguesa”?

3.3.3.3.3. Como as elites portuguesas procuraram sair dessa situação? A recoloni-zação do Brasil era uma alternativa?

4.4.4.4.4. Como as forças políticas no Brasil reagiram à tentativa de recolonização?

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O temponão pára

Exercícios

12A U L A

Anteriormente, quando falamos do encontrode duas culturas, falamos de estranhamento. Como possuíam culturas diferen-tes, ameríndios e europeus encontraram muitas dificuldades e, por isso, nãotiveram um bom entendimento.

Durante a formação do Brasil colonial, essa diversidade cultural ganhoumais um colorido com a vinda dos escravos africanos. Além disso, existiamprofundas desigualdades sociais. Com tantas diferenças, será que a sociedadeescravista estava produzindo uma cultura própria, uma linguagem comum atodos os povos que faziam parte dela?

6

Nesta aula vamos ver como se formou a cultura no Brasil escravista ecomo ela se transformou, especialmente durante o período em que o país eracolônia de Portugal.

Selvagens e pagãos

Ao traçar um perfil da cultura brasileira, devemos levar em consideraçãotrês importantes influências na organização social: a do índio, basicamentecomunitária; a do negro, de religiosidade forte e marcante; e a do brancocolonizador, de padrões europeus.

O descobrimento da América, em 1492, e o descobrimento do Brasil, em1500, provocaram um verdadeiro choque na cultura européia. Encantados, osprimeiros portugueses que desembarcaram aqui encontraram uma terra cobertade vegetação exuberante, com flores, árvores e frutos nunca vistos e animaiscompletamente desconhecidos, de todos os tamanhos e cores - uma verdadeirafesta para os olhos.

O espanto foi grande quando os portugueses viram que os povos indígenasviviam nus, enfeitados com penas coloridas, colares feitos de sementes e lindosdesenhos pintados pelo corpo. Eram alegres, curiosos. Dançavam, cantavam,trabalhavam em suas roças e faziam potes de cerâmica e cestos de palha. Era umagente que levava vida completamente diferente dos europeus.

Muitas cores e formas

12A U L A

MÓDULO 4

Apresentaçãodo Módulo 4

Nesta aula

12A U L AOs portugueses devem ter se perguntado: “Como entender essa outra

cultura?” E logo perceberam que, para dominardominardominardominardominar esse povo, era preciso co-co-co-co-co-nhecê-lo,nhecê-lo,nhecê-lo,nhecê-lo,nhecê-lo, conhecer sua maneira de viver.

Os diferentes artistas, escritores e sábios da Europa tentaram explicar o queera este Novo Mundo. Para eles, a América representava o paraíso na Terra, ummundo de seres mágicos, cheio de mistérios e perigos, povoado por sereshumanos completamente selvagens e distantes de Deus, que deveriam ser salvose civilizados.

E os africanos, que chegavam ao Brasil como escravos, também trouxerammuitas culturas diferentes. Com eles também vieram seus deuses, suas comidas,seus costumes, suas músicas e danças, suas artes e, com isso, uma maneiradiferente de viver em família, de mostrar sua visão do mundo. Os portuguesesconsideravam os negros bárbaros e pagãos. Por causa desse ponto de vista,justificavam a escravidão.

Para os senhores de escravos, os africanos não tinham cultura, e tudo quefaziam de diferente não passava de selvageria, feitiçaria e superstição. E foiassim que os portugueses começaram a impor sua fé e seus hábitos aos escravos.

Mas acontece que é muito difícil controlar completamente uma cultura, poisela faz parte da vida das pessoas. As crenças e as formas que uma pessoa tem depensar e perceber o mundo não podem ser totalmente destruídas. Transfor-mam-se ao longo do tempo e, com essa transformação, modificam a cultura deuma sociedade. Portugueses, indígenas e africanos (dominadores e dominados)precisavam se entender e se comunicar.

No dia-a-dia, as diferentes formas de viver e de perceber o mundo semisturavam, e o resultado disso era uma coisa nova, que deu origem às muitascores e às muitas formas da cultura colonial brasileira. Deu origem a uma culturacheia de diferenças, mas capaz de garantir a comunicação, a convivência e, emalguns casos, até o conflito entre aqueles homens e mulheres que formavam asociedade escravista no Brasil.

Os indígenasOs indígenasOs indígenasOs indígenasOs indígenascristianizadoscristianizadoscristianizadoscristianizadoscristianizadoscomeçaram acomeçaram acomeçaram acomeçaram acomeçaram afreqüentar as aulasfreqüentar as aulasfreqüentar as aulasfreqüentar as aulasfreqüentar as aulasdadas por padresdadas por padresdadas por padresdadas por padresdadas por padresjesuítas, que atéjesuítas, que atéjesuítas, que atéjesuítas, que atéjesuítas, que atéfizeram umafizeram umafizeram umafizeram umafizeram umagramática dagramática dagramática dagramática dagramática dalíngua tupi.língua tupi.língua tupi.língua tupi.língua tupi.

12A U L A Confronto e convivência na cultura do Brasil escravista

No século XVI, a vida era muito difícil para todos os habitantes do Brasilcolonial, especialmente para os negros e índios escravizados. No entanto, até ossenhores de terra e de escravos enfrentavam dificuldades. Para eles, não era fácila adaptação ao clima, aos novos alimentos e à vida numa terra desconhecida.

A população ficava bem espalhada, e, muitas vezes, o vizinho mais próximomorava a vários quilômetros de distância. Quase não havia estradas de terra, eas que existiam eram ruins.

De vez em quando, batia a saudade de Portugal naquela gente acostumadaà vida nas cidades européias da época, pois o dia-a-dia na Colônia não tinhanenhum atrativo.

E mesmo as casas dos donos de fazenda eram simples e de chão batido. Claroque era uma situação diferente da do escravo, porque haviam escolhido vir parao Brasil, mas essa escolha não era simples.

Geralmente os portugueses que vinham para o Brasil eram gente pobre, semterras, sem títulos de nobreza nem fortuna. Vinham para cá justamente por isso.E, nessa situação, isolados nas fazendas e roças, conviviam no cotidiano com ostrabalhadores indígenas, africanos e mestiços.

Os portugueses eram os senhores e davam as ordens. Mandavam e castiga-vam. Obrigavam seus escravos a se batizarem na Igreja Católica, proibindo quemantivessem suas religiões. Mas não podiam vigiar e controlar o tempo todo. Eos escravos africanos iam para a lida na lavoura cantando suas cantorias detrabalho; as amas-de-leite e as escravas que cuidavam dos filhos dos senhoresentoavam canções e contavam histórias da África; nas festas permitidas pelossenhores, os cativos dançavam e enfeitavam-se como se estivessem em sua terra,e lembravam sua língua.

Era comum uma fazenda possuir escravos africanos que vinham de povosdiferentes e até mesmo rivais. No Brasil eles descobriram como eram parecidasas suas línguas e crenças religiosas de origem. Foi por isso que, aqui, os escravospassaram a se aceitar de uma maneira que seria impossível em sua terra natal.

Toda a alegriaToda a alegriaToda a alegriaToda a alegriaToda a alegriados escravosdos escravosdos escravosdos escravosdos escravos

revelava-se nasrevelava-se nasrevelava-se nasrevelava-se nasrevelava-se nasfestas de rua, quefestas de rua, quefestas de rua, quefestas de rua, quefestas de rua, queeram organizadaseram organizadaseram organizadaseram organizadaseram organizadas

ou surgiamou surgiamou surgiamou surgiamou surgiamespontaneamenteespontaneamenteespontaneamenteespontaneamenteespontaneamente

em diasem diasem diasem diasem diasconsagrados aconsagrados aconsagrados aconsagrados aconsagrados asantos ou nassantos ou nassantos ou nassantos ou nassantos ou nas

colheitas e feirascolheitas e feirascolheitas e feirascolheitas e feirascolheitas e feirasregionais.regionais.regionais.regionais.regionais.

12A U L AComo já vimos, muitas palavras que hoje fazem parte da nossa língua vieram

da África, trazidas pelos escravos. Durante essa convivência entre dominadorese dominados, a cultura africana que os escravos trouxeram foi sendo transforma-da, mas também se misturou à cultura dos portugueses, criando novas maneirasde viver.

Do mesmo modo, os índios introduziram muitos elementos nessa vidacultural. A construção de casas de taipa é um exemplo disso.

A técnica dessa construção foi ensinada pelos nativos e até hoje é usada nointerior do Brasil. O indígena também ensinou como conseguir e preparar boaparte dos alimentos consumidos no tempo em que o Brasil era Colônia. Afinal,eles conheciam a terra, os recursos, o tipo de construção mais adequado - paramanter o interior da casa fresco no calor e protegido no inverno e na época dechuvas - , os frutos comestíveis, a mandioca boa para cozinhar ou fazer farinha,a caça adequada para comer. Com isso, introduziam a sua cultura alimentar, asua técnica de construção, a sua arte.

Ano após ano, em meio à luta dos escravos, à resistência indígena e àdominação dos senhores portugueses, o dia-a-dia foi criando uma culturaprópria: a cultura do Brasil escravista.

Podemos definir essa cultura como tudo aquilo que fazia parte da vidadaquelas pessoas e que, de alguma forma, contribuía para que elas se entendes-sem e conseguissem se comunicar, apesar das diferenças. E, nesse quadro geral,também podemos dizer que o conflito e a convivência eram as duas faces de umamesma moeda.

Algumas manifestações da cultura popular colonial

Quando os primeiros portugueses vieram para cá, chegaram com eles ospadres da Igreja Católica. Esses padres, quando procuraram converter (cate-quizar) os índios brasileiros para a religião católica, tiveram que, antes, conhecersua cultura e sua língua. Só assim podiam se aproximar e fazer com que osnativos os compreendessem, atraindo-os para a sua religião.

Foi por isso que começaram a representar peças de teatro sobre cenas daBíblia e histórias de santos, fazendo cerimônias religiosas com muita música,cânticos, roupas e enfeites religiosos, velas acesas, incensos, e muitos padrescomo celebrantes. Criavam um espetáculo grandioso, “de encher os olhos”,como se diz.

Essas peças, conhecidas como autos religiososautos religiososautos religiososautos religiososautos religiosos (ou, simplesmente, autosautosautosautosautos)foram a origem do teatro brasileiro. E, com a cristianização de muitos índios eafricanos, vários elementos da cultura desses povos começaram a fazer parte daspeças teatrais.

O teatro religioso era bem popular e nas festas sempre havia um espaço paraas apresentações que, em geral, eram feitas pelos habitantes das pequenascidades do Brasil colonial. Nos autos, era comum ver uma “virgem maria”mestiça, um “são francisco” índio e um “jesus cristo” com a cara e a cor do povodaquela região.

Nas festas religiosas o povo exibia sua música, suas danças e seu gosto poralegorias e enfeites. Quanto mais cores, melhor. Nessas ocasiões, vestia-se amelhor roupa e até se calçavam sapatos, que eram guardados para tais comemo-rações. Fora do calendário religioso, existiam festas que celebravam as colheitas,com danças e folguedos nas feiras onde se ia comprar ou vender o gado, ousimplesmente folias nas poucas horas de folga, quando se cantava e dançava.

12A U L A Mesmo os senhores de escravos mais rigorosos sabiam que a tristeza não

era boa companheira e que precisavam ter alguma tolerância em relação aessas brincadeiras. Foi a partir daí que se desenvolveram as muitas festas doboi e as folias negras, como as Congadas, nas quais os africanos representa-vam seus reis e suas rainhas.

Em geral, quase não houve trabalhos literários no Brasil desse período. Amaioria da população era analfabeta e, entre os que sabiam ler, os livrosreligiosos eram os mais lidos, principalmente a Bíblia. Os padres formavamo setor mais instruído da população.

Ouro e cultura no Brasil colonial

A partir do século XVIII, a mineração do ouro, como já se viu, trouxe riqueza.Surgiram cidades, apareceram novos tipos de trabalhos e serviços e, nesseperíodo, aumentou a presença do governo português no Brasil. Tais elementosnovos mudaram bastante a sociedade e, portanto, a cultura.

As igrejas e casas ricas ganharam uma decoração cheia de enfeites. As festaspassaram a ter mais brilho, mais luxo, mais ostentação. Havia mais dinheiro e,principalmente, ouroouroouroouroouro em circulação.

Da Europa vieram influências importantes para o novo gosto cultural.Ornamentação de luxo, objetos de ouro e prata, tecidos finos, bordados nastoalhas e nas roupas eram privilégio dos que tinham fortuna.

Os membros da elite colonial brasileira aderiram a essas modas e deram-lhes as cores e os ingredientes da cultura do Brasil colonial: mais detalhesainda na decoração das igrejas, nos enfeites das roupas, e mais cor e brilho nasalegorias das festas.

Tudo isso passou a ser incorporado às tradições populares. As pessoascomeçaram a valorizar as cerimônias religiosas mais cheias de paramentos. E asmissas mais concorridas passaram a ser celebradas por vários padres, ricamentevestidos, nas igrejas que os artistas negros e mulatos construíram e para as quaisfizeram esculturas de madeira e ouro.

Dando asas à imaginação e interpretando a seu modo a tradição católica, osartistas e trabalhadores decoraram as igrejas da Região das Minas de tal modoque até hoje maravilham a todos.

Esse período ficou conhecido como barroco mineirobarroco mineirobarroco mineirobarroco mineirobarroco mineiro ou barroco brasi-barroco brasi-barroco brasi-barroco brasi-barroco brasi-leiroleiroleiroleiroleiro, marcado por um estilo vistoso e cheio de detalhes luxuosos.

Levados para o trabalho nas minas, os muitos escravos, negros libertos emulatos continuaram a viver suas tradições, com suas danças, cantos e celebra-ções, fazendo a História do Brasil do século XVIII.

A partir de suas danças surgiram o lundulundulundulundulundu, o cocococococococococo, o samba de rodasamba de rodasamba de rodasamba de rodasamba de roda, quelogo se tornaram populares, mas causaram espanto e desagrado entre osestrangeiros e os religiosos mais conservadores.

A riqueza da sociedade mineradora fez também surgir uma cultura da elite.Os filhos das famílias mais ricas eram mandados para estudar na Europa,especialmente em Portugal, na Universidade de Coimbra. Lá, entravam emcontato com a literatura européia. Surgiram, então, nossos primeiros escritores.

Na Europa, esses jovens da elite entravam em contato também comnovas idéias que pregavam maior liberdade, criticavam a Igreja Católica e,principalmente, discutiam o colonialismo, como a forma pela qual um paísdominava o outro.

O temponão pára

12A U L ANo Brasil, os efeitos dessas idéias provocaram rebeliões, conflitos e um

aumento da oposição a Portugal. Essas idéias chegaram até a provocar emalgumas pessoas o desejo de acabar com a escravidão, como queriam os rebeldesda Conjuração Baiana de 1798.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu eprocure seu significado, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia Selvagens e pagãosSelvagens e pagãosSelvagens e pagãosSelvagens e pagãosSelvagens e pagãos e identifique no texto os trechos que explicamcomo os portugueses consideravam a cultura dos indígenas e dos africanos.

2.2.2.2.2. Releia Confronto e convivência na cultura do Brasil escravistaConfronto e convivência na cultura do Brasil escravistaConfronto e convivência na cultura do Brasil escravistaConfronto e convivência na cultura do Brasil escravistaConfronto e convivência na cultura do Brasil escravista e identi-fique no texto como, apesar da dominação portuguesa, as culturas indígenase africanas influenciaram a sociedade colonial.

3.3.3.3.3. Releia Algumas manifestações da cultura poAlgumas manifestações da cultura poAlgumas manifestações da cultura poAlgumas manifestações da cultura poAlgumas manifestações da cultura popular colonialpular colonialpular colonialpular colonialpular colonial e retire dotexto duas dessas manifestações da cultura popular.

4.4.4.4.4. Releia Ouro e cultura no Brasil colonialOuro e cultura no Brasil colonialOuro e cultura no Brasil colonialOuro e cultura no Brasil colonialOuro e cultura no Brasil colonial e identifique algumas característi-cas culturais do período conhecido como barroco mineirobarroco mineirobarroco mineirobarroco mineirobarroco mineiro.

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Os textos a seguir são trechos da carta de Pero Vaz de Caminha, mandadaao rei de Portugal, dando conta do descobrimento e da posse das terras do Brasilpela esquadra de Pedro Álvares Cabral, em 1500. Leia os dois e, depois, respondaàs perguntas.

“ Todavia, um deles fixou o olhar no Colar do Capitão e começou aacenar para a terra, como que querendo dizer que ali havia ouro.”

“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua falae eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendemcrença alguma.”

1.1.1.1.1. Esses dois pequenos trechos da carta de Pero Vaz de Caminha informamsobre quais objetivos da colonização portuguesa?

2.2.2.2.2. Você concorda com o trecho da carta que diz que os índios “não têm nementendem crença alguma”?

6

Exercícios

13A U L A

Nesta aula Nesta aula, trataremos da religiosidade po-pular no Brasil colonial. Falamos de cultura na aula passada e já aprendemosque a religião, além de ser um componente básico na cultura de qualquerpovo, foi um elemento especialmente importante na formação cultural doBrasil escravista. Tendo em vista, de um lado, o poder da Igreja Católica e, deoutro, as muitas tradições religiosas no Brasil colonial, como seria a religio-sidade popular naquela época?

A Igreja Católica em tempo de expansão e conversão

As Grandes Navegações, que trouxeram os portugueses ao litoral brasileirono ano de 1500, tinham uma justificativa religiosa e missionária: era preciso levaro cristianismo a todas as partes do mundo onde ele ainda não havia chegado,para converter e, portanto, salvar os que não conheciam aquela que era conside-rada a verdadeira fé.

13A U L A

MÓDULO 4

Fé, festa e fervor

Logo que osLogo que osLogo que osLogo que osLogo que osportuguesesportuguesesportuguesesportuguesesportugueses

desembarcaram,desembarcaram,desembarcaram,desembarcaram,desembarcaram,houve a celebraçãohouve a celebraçãohouve a celebraçãohouve a celebraçãohouve a celebraçãoda primeira missa,da primeira missa,da primeira missa,da primeira missa,da primeira missa,

caracterizando,caracterizando,caracterizando,caracterizando,caracterizando, já de início, já de início, já de início, já de início, já de início,

a religião que iriaa religião que iriaa religião que iriaa religião que iriaa religião que iriapredominar napredominar napredominar napredominar napredominar na

Colônia.Colônia.Colônia.Colônia.Colônia.

13A U L AA necessidade e, principalmente, o deverdeverdeverdeverdever de expandir a religião católica

funcionou nessa época como um enorme estímulo à participação nas viagens dosdescobrimentos. Existiam interesses econômicos nessa expansão, mas tambémhavia uma fé real na importância do crescimento do número de fiéis da IgrejaCatólica.

O encontro com diferentes grupos indígenas que habitavam o Brasil causousurpresa e espanto aos navegadores portugueses, entre os quais estavam repre-sentantes da Igreja Católica. Logo essa surpresa deu lugar à determinação deconverter todos os índios, considerados como infiéis, de acordo com a visãocatólica.

Do século XVI ao século XIX, o tráfico de escravos trouxe para o Brasil muitosafricanos, retirados à força de suas casas, separados das famílias e de sua terranatal e tratados como mercadorias pelos traficantes de escravos.

Embora a Igreja Católica não combatesse a escravidão africana, passou aconsiderar os africanos cativos como almas que podiam ser salvas pela conver-são. Muitas vezes, os escravos eram batizados antes de serem embarcados oudurante a sua sofrida viagem nos navios negreiros. Ou, então, recebiam obatismo na chegada ao Brasil, nos mercados de escravos ou na casa de seussenhores. Para os escravos, tornar-se cristão não era uma questão de escolha:antes mesmo de receberem as primeiras informações sobre a nova religião, eramforçados a aceitá-la.

A Igreja Católica chegou ao Brasil com os primeiros portugueses e, desde oinício, assumiu uma atitude firme no sentido de fazer valer sua fé, suas regras esua moral. Era uma Igreja que se via dentro de uma “guerra santa” contra todosos que não acreditavam nela. E, numa guerra, muitas vezes as armas são aviolência, a repressão. Essa Igreja guerreira via como possíveis inimigos todosaqueles que não eram cristãos, e os combatia duramente. Porém, a realidade doBrasil colonial - cheio de índios, africanos, caboclos, mulatos e brancos nãocatólicos - foi se mostrando de tal maneira viva e poderosa que acabou portransformar esses planos de “guerra santa”, que não eram só da Igreja mastambém do governo português.

Índios e africanos tinham religiões próprias

Os grupos indígenas do Brasil, apesar de falarem línguas diferentes e deterem costumes diferentes, possuíam elementos comuns nas suas religiões,pois adoravam as forças da natureza, faziam cultos aos seus antepassados eacreditavam em deuses que protegiam suas atividades principais: a caça, alavoura, a guerra. E realizavam festas para esses deuses com o objetivo deagradá-los ou agradecer-lhes algum benefício, acreditando na influênciadeles na sua vida cotidiana.

Os escravos negros trazidos para cá vieram de diversas regiões da África.Falavam línguas diferentes e estavam acostumados a viver de diversas manei-ras. Na religião, também existiam grandes diferenças: havia escravos muçulma-nos, que acreditavam em Maomé e adoravam o deus Alá; e havia uma maioriade cativos que adotava outras religiões.

Tais religiões acreditavam nas forças da natureza e em seus elementos, e suafé estava voltada para o poder do espírito de seus mortos e para os deuses queum dia haviam sido humanos e que protegiam aqueles que nasciam com suaherança espiritual - os seus “filhos” na Terra.

Entre os portugueses que vieram para o Brasil no início da colonização(século XVI), também existiam diferenças sociais. Alguns poucos eram altos

13A U L A funcionários do governo, representando o rei de Portugal; outros, igualmente

em pequeno número, eram nobres que receberam terras no Brasil ou represen-tantes de comerciantes ricos; havia alguns padres e uma maioria de portuguesespobres - agricultores, artesãos, que viam nesta terra uma possibilidade demelhorar de vida. E quase todos esses portugueses pobres trouxeram de sua terrauma forte fé católica, mas essa fé manifestava-se de uma forma diferente da fédos seus patrícios ricos.

A Igreja Católica dos portugueses pobres era uma Igreja de festas religiosascom danças e músicas, e seus fiéis carregavam amuletos, santinhos e medalhasde proteção, valorizando muito os santos. E as histórias de vida dos santosestavam repletas de sentimentos e atitudes muito parecidos com os dos homenscomuns ou cheias de acontecimentos mágicos e maravilhosos.

A religião na vida social da Colônia

Esses grupos tão diferentes passaram a conviver no Brasil colonial, desde oséculo XVI. No começo não eram muito numerosos, com exceção dos índios. Ea população estava espalhada pelas fazendas e pelas poucas e pequenas cidades.Nesses primeiros tempos de vida colonial, o ponto de encontro entre os habitan-tes do Brasil era a missa dos domingos e as festas religiosas que aconteciamdurante o ano.

Essas comemorações, portanto, tornaram-se muito importantes para a vidadas pessoas, principalmente as mais pobres. Esse era o espaço que existia paraconhecer outras pessoas, fazer amizades, arrumar pretendentes e para se divertire celebrar a vida.

Para os escravos, as missas e festas católicas eram, em geral, um momento dealívio para o sofrimento cotidiano e a possibilidade de um pouco de divertimen-to. Cada vez mais, os escravos foram transformando as festas católicas em festasdeles, misturando suas formas de festejar, suas danças, seu jeito de cantar. Alémde festejar os santos e o Deus dos cristãos, os escravos também cultuavam seusdeuses antigos.

Nossa SenhoraNossa SenhoraNossa SenhoraNossa SenhoraNossa Senhorado Rosário erado Rosário erado Rosário erado Rosário erado Rosário era

a padroeiraa padroeiraa padroeiraa padroeiraa padroeirados escravos,dos escravos,dos escravos,dos escravos,dos escravos,

que faziamque faziamque faziamque faziamque faziamfestas animadasfestas animadasfestas animadasfestas animadasfestas animadas

para ela.para ela.para ela.para ela.para ela.

13A U L AMas esses cultos precisavam ser escondidos e, na maioria das vezes, disfar-

çados dentro do culto católico, que era a única forma de religião aceita. Aindaassim, apesar de toda a proibição, preservaram suas canções religiosas emlínguas africanas e seus toques de tambores sagrados, os conhecimentos neces-sários para a sobrevivência das suas religiões e a força da fé que tinham nos seusdeuses. Tudo isso foi mantido, passando dos pais para os filhos, dos filhos paraos netos e adiante.

Os índios que foram integrados à sociedade colonial trouxeram de suasreligiões também o gosto pelas festas vistosas e a crença em entidades danatureza, presentes nas florestas, nos rios e nas tempestades. Esses seres mágicosse misturavam à figura dos santos na imaginação dos indígenas e tambémpassaram a fazer parte das muitas histórias que o povo criava e contava.

Deuses indígenas, deuses africanos e santos católicos: todos eles se mistura-vam no dia-a-dia do povo do Brasil colonial, criando um catolicismo próprio, decaráter mestiço, festeiro, resultado de toda essa mistura que se realizava sob o soldos trópicos.

As irmandades: expressão do catolicismo popular e mestiço

Especialmente no século XVIII, uma antiga tradição portuguesa começou acrescer, ganhar força e também novos significados no mundo colonial: asirmandades religiosas. Tais irmandades eram associações de fiéis, os quais, semserem padres ou religiosos de profissão, organizavam-se para render culto a umdeterminado santo, para o qual erguiam um altar dentro de uma igreja que jáexistisse e, principalmente, realizavam muitas festas e procissões em sua honra.

As irmandades dividiam-se do mesmo jeito que a sociedade colonial: havia,separadamente, irmandades de brancos, de pardos e de pretos.

Das irmandades de pardos, faziam parte negros e mulatos livres, que assimmarcavam sua diferença em relação aos escravos e aos libertos.

Das irmandades de pretos, faziam parte escravos e libertos, especialmenteos nascidos na África, para os quais a participação em uma irmandade significa-va uma forma de integração direta na vida religiosa, promovendo eles mesmossuas festas, procissões e cultos. Além disso, era também uma forma de seorganizarem. Por intermédio das irmandades, eles se ajudavam, inclusivejuntando ou conseguindo dinheiro para comprar a liberdade de seus membros.

Os escravos seOs escravos seOs escravos seOs escravos seOs escravos seuniam parauniam parauniam parauniam parauniam paratambém criartambém criartambém criartambém criartambém criarsuas irmandades,suas irmandades,suas irmandades,suas irmandades,suas irmandades,as quaisas quaisas quaisas quaisas quaisorganizavamorganizavamorganizavamorganizavamorganizavamdesde festas edesde festas edesde festas edesde festas edesde festas efolias até enterros.folias até enterros.folias até enterros.folias até enterros.folias até enterros.

13A U L A Boa parte da religiosidade popular também era compartilhada por membros

das elites. As procissões religiosas da época reproduziam a hierarquia dasociedade colonial. As irmandades de brancos, pardos e pretos reproduziam, nocampo religioso, as desigualdades sociais.

Fé e festas

A riqueza que resultou da exploração do ouro tornou a sociedade colonial doséculo XVIII mais dada à ostentação e ao luxo. As irmandades religiosas, mesmoas de pessoas pobres, passaram a fazer suas festas com muitos enfeites, alegorias,bandeiras, tudo feito com tecidos vistosos, com muitas peças e detalhes doura-dos. Nos enterros, os membros das irmandades gastavam o dinheiro que tinhame que não tinham, contando para isso com a ajuda da família, dos amigos ou doscompanheiros de irmandades, para realizarem cortejos fúnebres cheios depompa. Também se costumava deixar, em testamento, dinheiro para ser gastocom as missas para a própria alma. E, quanto mais padres pudessem rezar essamissa, quanto mais cânticos tivesse, quanto mais enfeitada estivesse a igreja,melhor. Não só os ricos, mas principalmente os pobres, davam um enorme valora essas cerimônias.

Por que será que isso acontecia? Por que tanta importância às festas para ossantos, aos ritos fúnebres igualmente festivos, com tanta encenação, luxo ebrilho? Por que se gastava tanto com essas cerimônias, a ponto de serem feitossacrifícios durante toda a vida para cobrir seus gastos?

Há muitas explicações válidas e a história da formação do povo brasileiro naépoca colonial mostra muita coisa...

Em primeiro lugar, as pessoas acreditavam que, dessa forma, agradavam aDeus e mais ainda, aos santos de sua devoção.

Isso ainda é assim até hoje. Quem não viu, não se lembra ou não ouviu falarde festas de São João ou Santo Antônio bem animadas, bem enfeitadas, commuita fartura e muito colorido, em cidades de gente muito pobre, que gasta todasas suas economias para homenagear os santos? E as Folias de Reis, as Folias doDivino, que o povo do interior faz tanta questão de celebrar, mesmo em temposdifíceis?

Em segundo lugar, o destaque dessas festas, fosse para os santos, fossepara homenagear um morto, dava importância a quem as promovia e a quemera homenageado. Ora, numa sociedade tão desigual e opressora, tornava-sefundamental ganhar um espaço digno, pelo menos por meio da religião,principalmente no caso da grande maioria de pobres e escravos. E comogarantia, acreditavam também, tudo representava uma bênção e uma boapassagem para a outra vida. O que era muito desejado, para compensar avida tão dura neste mundo.

Mas nem tudo era catolicismo na sociedade do Brasil colonial no séculoXVIII... A religiosidade popular era muito variada. As religiões que vieram daÁfrica permaneceram no conhecimento do povo, embora estivessem escondidasdas autoridades. Muitas senhoras e senhoritas brancas, que iam à missa aosdomingos e se diziam católicas fervorosas, freqüentavam adivinhos e sacerdotesdos cultos de origem africana para ouvir conselhos e pedir consolo para suasaflições. E entre os negros - escravos ou libertos - era mais comum ainda a fé eo culto aos deuses de seus antepassados.

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13A U L ANo século XIX, em nome do progresso e da civilização, cresceria a oposição

aos excessos das festas religiosas populares e aos costumes de enterrar os mortosnas igrejas das irmandades. Os primeiros cemitérios públicos do país foramconstruídos nesse século. Também a Igreja Católica tentaria disciplinar asmanifestações religiosas, separando festa e fervor.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula. Sublinhe as palavras que não entendeue procure seu significado, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia A Igreja Católica em tempo de expansão e conversãoA Igreja Católica em tempo de expansão e conversãoA Igreja Católica em tempo de expansão e conversãoA Igreja Católica em tempo de expansão e conversãoA Igreja Católica em tempo de expansão e conversão e retire dotexto os objetivos religiosos da expansão européia na América.

2.2.2.2.2. Releia Índios e africanos tinham religiões própriasÍndios e africanos tinham religiões própriasÍndios e africanos tinham religiões própriasÍndios e africanos tinham religiões própriasÍndios e africanos tinham religiões próprias e identifique as tradi-ções religiosas indígenas, africanas e européias que estavam presentes noinício do processo de colonização portuguesa no Brasil.

3.3.3.3.3. Releia A religião na vida social da ColôniaA religião na vida social da ColôniaA religião na vida social da ColôniaA religião na vida social da ColôniaA religião na vida social da Colônia e retire do texto um parágrafoque resuma as diversas contribuições que formaram o catolicismo colonial.

4.4.4.4.4. Releia As irmandades: expressão do catolicismo popular e mestiço As irmandades: expressão do catolicismo popular e mestiço As irmandades: expressão do catolicismo popular e mestiço As irmandades: expressão do catolicismo popular e mestiço As irmandades: expressão do catolicismo popular e mestiço eFé e festasFé e festasFé e festasFé e festasFé e festas e explique com suas palavras o que era uma irmandade e comoelas se organizavam.

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Na Folia do Divino cantavam-se os seguintes versos:

“O Divino Espírito SantoÉ um grande foliãoAmigo de muita carne,Muito vinho e muito pão.”

Versos da “Festa do Divino”, registrados por Melo Morais Filho emVersos da “Festa do Divino”, registrados por Melo Morais Filho emVersos da “Festa do Divino”, registrados por Melo Morais Filho emVersos da “Festa do Divino”, registrados por Melo Morais Filho emVersos da “Festa do Divino”, registrados por Melo Morais Filho emseu livro seu livro seu livro seu livro seu livro Festas e tradições populares do BrasilFestas e tradições populares do BrasilFestas e tradições populares do BrasilFestas e tradições populares do BrasilFestas e tradições populares do Brasil, citados por João José, citados por João José, citados por João José, citados por João José, citados por João JoséReis ao falar dos festejos religiosos no século XVIII, na Bahia.Reis ao falar dos festejos religiosos no século XVIII, na Bahia.Reis ao falar dos festejos religiosos no século XVIII, na Bahia.Reis ao falar dos festejos religiosos no século XVIII, na Bahia.Reis ao falar dos festejos religiosos no século XVIII, na Bahia.

Agora, responda:

1.1.1.1.1. Lendo estes versos, que idéia eles passam para você, sobre o Divino EspíritoSanto?

2.2.2.2.2. Será que esta maneira de falar sobre os gostos do Divino Espírito Santocorrespondia à imagem que a Igreja Católica procurava divulgar naquelaépoca?

3.3.3.3.3. Como você explica essa diferença entre a maneira que o povo tinha de falarsobre o Divino Espírito Santo e a visão da Igreja?

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Exercícios

O temponão pára

14A U L A

No início da colonização do Brasil, ainda noséculo XVI, quando começou o cultivo da cana-de-açúcar, a sociedade brasileirafoi se formando de maneira muito peculiar.

As relações entre o colonizador branco, o escravo africano e o índio nativoforam condicionadas pelo sistema de produção econômica - a monocultura dacana-de-açúcar - e pela escassez de mulheres brancas. Nesta aula, vamos estudarcomo ocorreu essa grande mistura.

A integração e a miscigenação raciais

Os portugueses que vieram para o Brasil, inicialmente, não trouxeram suasmulheres e filhas, pois achavam perigoso para elas. Aqui, convivendo duranteanos com os indígenas, começaram um primeiro processo de miscigenação. Osmais ricos, e donos de engenhos, após construírem suas casas de fazenda,mandavam vir mulheres de Portugal para com elas se casar.

Com a vinda dos africanos, a miscigenação prosseguiu em ritmo maisacelerado. As restrições morais da religião católica não eram muito obedecidas nadistante colônia, e brancos uniam-se com índias e negras sem casamento.

As negras foram as principais companheiras dos brancos no período coloni-al, pois a sua utilização como escravas domésticas facilitou esse contato. Algu-mas negras alcançavam a liberdade para si e para seus filhos. Assim, umacamada de mulatos livres foi se formando ao lado dos caboclos.

A cara do Brasil

Nesta aula

14A U L A

MÓDULO 4

As mulheresAs mulheresAs mulheresAs mulheresAs mulheresnegras tiveramnegras tiveramnegras tiveramnegras tiveramnegras tiveramfilhos mulatosfilhos mulatosfilhos mulatosfilhos mulatosfilhos mulatos

ou cafuzos,ou cafuzos,ou cafuzos,ou cafuzos,ou cafuzos,desde que adesde que adesde que adesde que adesde que aescravidãoescravidãoescravidãoescravidãoescravidão

africanaafricanaafricanaafricanaafricanainstalou-se noinstalou-se noinstalou-se noinstalou-se noinstalou-se no

Brasil.Brasil.Brasil.Brasil.Brasil.

14A U L AUm dos mais destacados estudiosos brasileiros, o pernambucano Gilberto

Freyre, escreveu no seu famoso livro Casa-grande & senzalaCasa-grande & senzalaCasa-grande & senzalaCasa-grande & senzalaCasa-grande & senzala a seguinte passa-gem sobre essa questão:

“Vencedores no sentido militar e técnico sobre as populações indíge-nas; dominadores absolutos dos negros importados da África para oduro trabalho na bagaceira, os europeus e seus descendentes tiveram,entretanto, que transigir com índios e africanos quanto às relaçõesgenéticas e sociais”.

Gilberto Freyre nos fala da miscigenaçãomiscigenaçãomiscigenaçãomiscigenaçãomiscigenação. Para ele, a sociedade patriarcal dacolonização portuguesa no Brasil promoveu a mistura de raças e a mistura de cor.Os tipos mais característicos dos mestiços brasileiros são o mulatomulatomulatomulatomulato, resultado damistura entre brancos e negros; o mamelucomamelucomamelucomamelucomameluco, originado das relações entrebrancos e indígenas; e o cafusocafusocafusocafusocafuso, fruto da mistura de negros e índios.

O patriarcado

O patriarcado é um tipo de organização social na qual o chefe da família tempoderes absolutos sobre a esposa e os filhos. No Brasil colonial, servos e escravosfaziam parte integrante da família, e os filhos do sexo masculino, mesmocasados, continuaram vivendo sob o domínio do patriarca.

As relações entre a casa-grande e a senzala não se definiam apenas peladominação do branco sobre o negro mas também por um código moral poucorígido, que acabou por promover a miscigenação no Brasil ou, como no dizer deGilberto Freyre, a nossa “morenidade”...

O branco português

Os portugueses, por sua localização na península Ibérica, descendem depovos bastantes miscigenados. Sua cultura e seu tipo físico são resultantes demisturas que se deram por milênios. Isso porque a península Ibérica foi invadidae ocupada por muitos povos, como os fenícios, os romanos e os mouros. Assim,a língua portuguesa é uma língua latina porque provém da língua dos romanos,o latim. E há muitas influências mouras na arquitetura, na culinária, na músicae até na língua portuguesa.

Mais do que qualquer outro povo, os portugueses tinham uma especialtolerância racial que lhes permitia conviver e miscigenar-se. Talvez por seremtão poucos e pelo fato de seu país ser tão pequeno é que se lançaram para a grandeaventura de conquistar e colonizar terras distantes.

Devemos considerar que, quando iniciaram a colonização no Brasil a partirde 1532, os portugueses já haviam tido uma experiência de mais de cem anos naÁfrica e na Índia.

A política colonizadora portuguesa chegou até mesmo a incentivar ocasamento entre lusos e nativos, conquistadores e conquistados, para consti-tuírem família, um dos pilares da colonização.

Flexibilidade, permeabilidade e adaptabilidade marcaram a aventura colo-nizadora portuguesa nos trópicos. O mesmo não aconteceu com outros povosque por aqui estiveram.

Miscigenação:cruzamento inter-racial, ou seja,casamento entrepessoas de raçasdiferentes. Osfilhos são mestiços.

14A U L A Os holandeses, por exemplo, permaneceram cerca de quarenta anos em

Pernambuco. A integração racial e cultural desse povo aos nativos foi quase nula.A aspereza da língua, a sobriedade e a severidade da religião protestantedificultavam a miscigenação e o contato com as culturas.

A colonização portuguesa nos legou um povo mestiço, resultante daassimilação de todas as raças.

O que aconteceu nos Estados Unidos foi muito diferente. Lá tambémchegaram milhares de indivíduos levados da África para serem escravizados.Ao contrário do colonizador português, porém, os puritanos ingleses não semisturaram, não se miscigenaram com outras etnias, nativas ou africanas. Essaé uma das razões da origem do intenso racismo nos Estados Unidos, cujasegregação só foi abolida legalmente em 1954.

A interpenetração das culturas

O colonizador branco se apossou das terras e impôs aos habitantes nativoselementos da sua cultura, como a língua, a religião e o modo de produção. Osportugueses usaram sua superioridade tecnológica, como o uso da pólvora e dosmetais, para impor também sua maneira de viver e de pensar, como se essa fossea melhor. No entanto, a cultura portuguesa não resistiu ao contato com asculturas indígenas e africanas sem que também se misturasse, pois, na realidade,as culturas não são superiores umas as outras, são diferentes.

Gilberto Freyre comenta: “Diz-se que o brasileiro foi colonizado pelo portu-guês. Esse conceito é convencional. Contra ele tenho sugerido outro. O negro noBrasil não foi colonizado, foi colonizador” . Para esse autor, o negro no Brasilteria agido com sutileza e inteligência, suavemente, sem aspereza, para conse-guir domínio sobre seus dominadores.

Prova disso é a cozinha brasileira. Resultante de influências européias,africanas e ameríndias, foi misturada pela mão negra, que acabou impondo o seutempero ao gosto do dominador.

Hoje, a populaçãoHoje, a populaçãoHoje, a populaçãoHoje, a populaçãoHoje, a populaçãobrasileira ébrasileira ébrasileira ébrasileira ébrasileira é

uma espécie deuma espécie deuma espécie deuma espécie deuma espécie de“amostra” de“amostra” de“amostra” de“amostra” de“amostra” de

diferentes tiposdiferentes tiposdiferentes tiposdiferentes tiposdiferentes tiposraciais, como seraciais, como seraciais, como seraciais, como seraciais, como se

revela nesterevela nesterevela nesterevela nesterevela nestequadro dequadro dequadro dequadro dequadro deTarsila doTarsila doTarsila doTarsila doTarsila do

Amaral.Amaral.Amaral.Amaral.Amaral.

Cultura:conjunto dos

valores materiais eespirituais criados

por um povo:língua, religião,

técnicas,experiência

de produçãoe de trabalho,

arte eorganização

familiar e social.

14A U L AAs religiões indígenas e negras não foram exterminadas pelo catolicismo

mas fundiram-se, formando diversos tipos de culto, que receberam o nome dereligiões afro-brasileirasreligiões afro-brasileirasreligiões afro-brasileirasreligiões afro-brasileirasreligiões afro-brasileiras. Nelas, os deuses africanos confundem-se com santoscatólicos. E isso ficou conhecido como sincretismo religiososincretismo religiososincretismo religiososincretismo religiososincretismo religioso.

Mesmo a própria língua portuguesa adquiriu palavras e expressões indíge-nas e africanas, o que resultou num “amaciamento” da língua, tornando-adiferente do áspero português falado em Portugal.

As técnicas portuguesas também foram enriquecidas por conhecimentos epráticas de seus escravos, pois vieram da África técnicos em minas, artífices deferro, pecuaristas, comerciantes de panos, entre outros.

E a música, então? Ao som dos atabaques e tantãs, surgiu o batuque. Comchocalhos e maracas indígenas, o ritmo ganhou contraponto. Com as violas ecavaquinhos portugueses, temos a melodia e o esplendor da música popularbrasileira, com o seu ritmo incomparável e uma diversidade melódica e temáticaúnica no mundo.

Tal música corresponde a uma dança cheia de molejo, sensualidade e graça.É assim que o brasileiro dança, com o “balanço” da cor, nos terreiros, nasgafieiras, nos pagodes, oloduns e lambadas, na explosão do carnaval.

6

É imensa a diversidade de povos africanos e indígenas que se encontraramem terras do Brasil: benguelas, bantos, congos, angolas, monjolos, mandingas,são apenas alguns dos povos africanos representados no Brasil. Além dosbrancos portugueses, os franceses e holandeses deixaram um pouco de suascores no Brasil Colônia ao se miscigenarem no Maranhão e em Pernambuco,respectivamente. No século XIX, também os alemães vieram colorir esse quadro,seguidos de italianos, poloneses e ucranianos. Já no século XX, vamos tertambém sírios-libaneses, japoneses, chineses e coreanos misturando-se com asgentes do Brasil.

Relendo o texto

1.1.1.1.1. Releia A integração e a miscigenação raciaisA integração e a miscigenação raciaisA integração e a miscigenação raciaisA integração e a miscigenação raciaisA integração e a miscigenação raciais e faça um quadro com osmestiços que correspondem aos cruzamentos raciais que ocorreram noBrasil colonial.

2.2.2.2.2. Releia O patriarcadoO patriarcadoO patriarcadoO patriarcadoO patriarcado e procure explicar como era esse tipo de organizaçãosocial.

3.3.3.3.3. Releia O branco portuguêsO branco portuguêsO branco portuguêsO branco portuguêsO branco português e compare as relações raciais dos colonizadoresportugueses com as dos puritanos ingleses da América do Norte.

O temponão pára

Exercícios

14A U L A 4.4.4.4.4. Releia A interpenetração das culturasA interpenetração das culturasA interpenetração das culturasA interpenetração das culturasA interpenetração das culturas e identifique influências negras e

indígenas na cultura brasileira.

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

1.1.1.1.1. Leia estes versos em voz alta. Verifique quais as palavras que você conhecee quais as que você usa.

vatapá, farofa, abaréacarajé, caruru, angumingau, canjica, tutufeijoada e mocotó.

banguela, batuque, banzécaçula, cochilo, cafunémacumba, mandinga, ebóquitute, quindim de iaiá.

Tonin, Tetê, Dondonnenem, sinhá, papámaínha, bambanho, mimipipi, bumbum, cocô

Brasil, aprende a ser negroBrasil, aprende a ser negroBrasil, aprende a ser negroBrasil, aprende a ser negroBrasil, aprende a ser negro,música de Milton Nascimentoe Fernando Brandt.

2.2.2.2.2. Gilberto Freyre escreveu:

“(...) as Antônias ficaram Dondons, Toninhas, Totonhas; as Teresas,Tetés; os Manuéis; Manés; os Franciscos, Chicos, Chiquinhos, Chicós;os Pedros, Pepés; os Albertos, Bebetos, Betinhos. Isto sem falarmosdas Iaiás, Ioiôs, das Sinhás, das Manus, Calus, Bembéns, Dedés,Marocas, Gegês.”

.a)a)a)a)a) Faça uma lista de nomes de pessoas que você conhece, com seus apelidos.

b)b)b)b)b) Compare sua lista com a lista de seus colegas.

c)c)c)c)c) Numa folha grande, desenhe e pinte, como se fosse um cartaz, seu apelidoou o nome pelo qual você gosta de ser chamado. Use sua criatividade.Depois, compare seu trabalho com o dos seus colegas.

6

15A U L A

Em toda a América, o século XIX foi umtempo de independências e abolições. Nesse quadro, o Brasil não foi exceção.

Neste último módulo vamos ver de que modo se construiu e se consolidouem nosso país uma monarquia que foi, ao mesmo tempo, constitucional eescravista.

Também vamos acompanhar como, a partir do conflito entre cidadania eescravidão, desfez-se, pouco a pouco, a sociedade escravista no Brasil.

6

No dia 7 de setembro de 1822, D. Pedro proclamou a Independência do Brasilcom o apoio de grupos brasileiros e portugueses. A partir dessa data, teve inícioum momento decisivo na vida do novo país. Era hora de definir como seriaorganizado o novo EstadoEstadoEstadoEstadoEstado, como seriam as relações entre o poder centralpoder centralpoder centralpoder centralpoder central e asprovínciasprovínciasprovínciasprovínciasprovíncias e, finalmente, quais seriam os direitos e deveres do povo brasileiro.

Quem era o povo brasileiro? Será que, a partir daquele momento, todomundo passava a ser considerado cidadão?

Afinal, quem era considerado cidadão no Império do Brasil?

As lutas políticas no 1º Reinado

A separação de Portugal, anunciada por D. Pedro em setembro de 1822, foirecebida com entusiasmo em muitas cidades brasileiras. Menos de três mesesdepois, o príncipe português foi coroado Imperador do Brasil, e começava operíodo que ficou conhecido como 1 1 1 1 1º Reinado Reinado Reinado Reinado Reinado.

LINHALINHALINHALINHALINHA D ED ED ED ED E TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO DODODODODO IMPÉRIOIMPÉRIOIMPÉRIOIMPÉRIOIMPÉRIO

O início do Império

15A U L A

MÓDULO 5

Apresentaçãodo Módulo 5

TEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPOTEMPO

11111º REINADOREINADOREINADOREINADOREINADO 22222º REINADOREINADOREINADOREINADOREINADOREGÊNCIASREGÊNCIASREGÊNCIASREGÊNCIASREGÊNCIAS

18221822182218221822 18311831183118311831 18401840184018401840 18891889188918891889

Nesta aula

15A U L A Como acontece na maioria das vezes na História, homens e mulheres que

comemoraram a proclamação da Independência do Brasil possuíam diferentesmotivos. Entre os portugueses que moravam aqui, havia, na Corte, um grupoque tinha boas razões para festejar.

Esse grupo era quase todo composto por comerciantes e altos funcionáriosque tinham vindo para o Brasil junto com a família real. Essas pessoas sentiam-se ameaçadas com as mudanças em Portugal, desencadeadas pela Revolução doPorto. Temiam uma possível recolonização do Brasil e, com isso, a perda de seusprivilégios políticos e sociais, adquiridos durante o governo de D. João VI, comocargos importantes, terras, títulos de nobreza.

Não foi à toa, portanto, que apoiaram D. Pedro e a emancipação políticabrasileira. Seu principal objetivo, a partir daí, seria fortalecer o novo impera-fortalecer o novo impera-fortalecer o novo impera-fortalecer o novo impera-fortalecer o novo impera-dordordordordor. Contavam ainda com a possibilidade de uma futura reunificação dasCoroas portuguesa e brasileira sob as ordens da família real portuguesa: adinastia Bragança. Esse grupo passou a ser conhecido como Partido PortuguêsPartido PortuguêsPartido PortuguêsPartido PortuguêsPartido Português;de forma depreciativa, alguns brasileiros os chamavam de “pés de chumbo”,pois eram favoráveis ao absolutismo e não desejavam mudanças.

Entre os brasileiros, dois grupos políticos desempenharam importantepapel na proclamação da Independência e, por isso, também possuíam fortesrazões para comemorar. Eram os democratasdemocratasdemocratasdemocratasdemocratas, liderados por Gonçalves Ledo, eos aristocratasaristocratasaristocratasaristocratasaristocratas, liderados por José Bonifácio de Andrada, ministro do primeirogoverno brasileiro.

Dinastia:série de reis que

pertencem àmesma família.

O SO SO SO SO S P A R T I D O SP A R T I D O SP A R T I D O SP A R T I D O SP A R T I D O S P O L Í T I C O SP O L Í T I C O SP O L Í T I C O SP O L Í T I C O SP O L Í T I C O S - - - - - D OD OD OD OD O 11111º R E I N A D OR E I N A D OR E I N A D OR E I N A D OR E I N A D O A T ÉA T ÉA T ÉA T ÉA T É 18701870187018701870

11111º REINADOREINADOREINADOREINADOREINADO PERÍODOPERÍODOPERÍODOPERÍODOPERÍODO REGENCIALREGENCIALREGENCIALREGENCIALREGENCIAL 22222º REINADOREINADOREINADOREINADOREINADO

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

PORTUGUÊSPORTUGUÊSPORTUGUÊSPORTUGUÊSPORTUGUÊS

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

RESTAURADORRESTAURADORRESTAURADORRESTAURADORRESTAURADOR

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

LIBERALLIBERALLIBERALLIBERALLIBERAL

MODERADOMODERADOMODERADOMODERADOMODERADO

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

REGRESSISTAREGRESSISTAREGRESSISTAREGRESSISTAREGRESSISTA

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

CONSERVADORCONSERVADORCONSERVADORCONSERVADORCONSERVADOR

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

LIBERALLIBERALLIBERALLIBERALLIBERAL

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

PROGRESSISTAPROGRESSISTAPROGRESSISTAPROGRESSISTAPROGRESSISTA

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

LIBERALLIBERALLIBERALLIBERALLIBERAL

EXALTADOEXALTADOEXALTADOEXALTADOEXALTADO

DEMOCRATASDEMOCRATASDEMOCRATASDEMOCRATASDEMOCRATAS

ARISTOCRATASARISTOCRATASARISTOCRATASARISTOCRATASARISTOCRATAS

PARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDOPARTIDO

BRASILEIROBRASILEIROBRASILEIROBRASILEIROBRASILEIRO

15A U L AO grupo dos democratas, formado por intelectuais, advogados e jornalistas

da cidade do Rio de Janeiro, acreditava que seria possível conciliar monarquiae democracia, isto é, a nova forma de organização política do Brasil deveriabasear-se na vontade da maioria da população, e nunca na autoridade doimperador, que deveria apenas representar um símbolo de unidade do país.

A soberania, soberania, soberania, soberania, soberania, isto é, o mais amplo poder era da nação e, para governar,D. Pedro I deveria jurar previamente sobre a Constituição brasileira, a serelaborada por um órgão representativo da nação: a Assembléia Constituinte.

O grupo dos aristocratas de José Bonifácio, que reunia os principais repre-sentantes das províncias, discordava inteiramente das propostas de GonçalvesLedo e seus seguidores.

Esse grupo temia a descentralização do poder sugerida pelos democratas.Alegava que essas propostas poderiam resultar em desordens sociais e naquebra da unidade do país, do mesmo modo que estava ocorrendo naquelemomento nas repúblicas hispano-americanas que eram antigas colônias espa-nholas na América.

Os aristocratas defendiam uma monarquia que tivesse o poder limitado poruma Constituição, mas que deveria preservar a autoridade do imperadorpreservar a autoridade do imperadorpreservar a autoridade do imperadorpreservar a autoridade do imperadorpreservar a autoridade do imperador.Assim sendo, os aristocratas não concordavam com o juramento prévio àConstituição.

Os dois grupos, mais os membros do Partido Português, participaram daeleição para a primeira Assembléia Constituinte brasileira, que iniciou os seustrabalhos em maio de 1823. Antes disso, os democratas, em razão de suasdiscordâncias com os aristocratas, foram perseguidos e afastados da vidapolítica a mando do ministro José Bonifácio.

A Constituinte de 1823

Durante a Constituinte, excluídos os democratas, a luta pelo poder se deufundamentalmente entre o Partido Português e o grupo de José Bonifácio. Asituação em Portugal aumentava a tensão política.

D. João VI, que voltara para lá, retomou o poder absoluto, fato que agradavaao grupo português e ameaçava o brasileiro. Para os primeiros, abria-se apossibilidade de uma reunião das Coroas portuguesa e brasileira, algo inteira-mente inaceitável para os brasileiros, que, buscando preservar a independência,passaram a elaborar propostas com o objetivo de diminuir o poder dos portugue-ses no Brasil e limitar o poder do imperador.

Por exemplo:l os estrangeiros seriam inelegíveis, isto é, não poderiam ser votados para

cargos de representação nacional;l o imperador não poderia governar também outro reino;l a Câmara dos Deputados, na qual os brasileiros contavam com maioria, não

poderia ser dissolvida.Além disso, o grupo brasileiro sugeria medidas como o voto censitário, ou

seja, votariam apenas aqueles que possuíssem determinada renda anual, o queimpedia a maior parte da população de participar das eleições.

Com exceção do voto censitário, o conjunto de propostas desagradou aoPartido Português e ao imperador que, no final de 1823, fechou a Constituinte.Para elaborar a lei máxima brasileira, “digna dele e do Brasil”, como disse aodissolver a Constituinte, D. Pedro I nomeou uma comissão que, em poucotempo, produziu a Constituição de 1824.

15A U L A A Constituição de 1824

Em suas linhas gerais, a Constituição outorgada por D. Pedro I se manteriaem vigor por todo o período monárquico. Ela procurava combinar as novasidéias liberais com elementos do Antigo Regime, como o poder pessoal do rei,a união entre Igreja e Estado e a manutenção da escravidão.

Acima dos três poderes que as repúblicas liberais adotaram, justamentepara que não houvesse a concentração de poderes nas mãos de uma só pessoa,foi criado o poder moderador. Isso dava o direito de o imperador intervir nasdecisões dos poderes legislativo e judiciário. O executivo era exercido pelopróprio imperador e por seus ministros.

Vamos ver outros itens:

GARANTIAGARANTIAGARANTIAGARANTIAGARANTIA DOSDOSDOSDOSDOS DIREITOSDIREITOSDIREITOSDIREITOSDIREITOS INDIVIDUAISINDIVIDUAISINDIVIDUAISINDIVIDUAISINDIVIDUAIS: : : : : LIBERDADELIBERDADELIBERDADELIBERDADELIBERDADE, , , , , INTEGRIDADEINTEGRIDADEINTEGRIDADEINTEGRIDADEINTEGRIDADE FÍSICAFÍSICAFÍSICAFÍSICAFÍSICA

EEEEE PROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADE DEDEDEDEDE TODOSTODOSTODOSTODOSTODOS OSOSOSOSOS CIDADÃOSCIDADÃOSCIDADÃOSCIDADÃOSCIDADÃOS BRASILEIROSBRASILEIROSBRASILEIROSBRASILEIROSBRASILEIROS

Em nome do direito de propriedade, entretanto, mantinha-se a escravi-dão. Obviamente os escravos, considerados propriedades, não eram cida-dãos brasileiros.

UNIÃOUNIÃOUNIÃOUNIÃOUNIÃO ESTADOESTADOESTADOESTADOESTADO-----IGREJAIGREJAIGREJAIGREJAIGREJA

A religião católica era oficial. Apesar de serem toleradas outras práticasreligiosas, os católicos possuíam privilégios: apenas eles poderiam ser funcioná-rios do Governo e concorrer a cargos eletivos. As autoridades da Igreja eramnomeadas pelo imperador.

ESTADOESTADOESTADOESTADOESTADO UNITÁRIOUNITÁRIOUNITÁRIOUNITÁRIOUNITÁRIO

Embora o território fosse dividido em províncias, elas praticamente nãopossuíam autonomia. Seus governantes eram nomeados diretamente pelopoder central. O centro político do Império, a Corte, era a cidade do Rio deJaneiro, de onde se governava o Brasil.

SISTEMASISTEMASISTEMASISTEMASISTEMA ELEITORALELEITORALELEITORALELEITORALELEITORAL BASEADOBASEADOBASEADOBASEADOBASEADO NONONONONO VOTOVOTOVOTOVOTOVOTO INDIRETOINDIRETOINDIRETOINDIRETOINDIRETO, , , , , MASCULINOMASCULINOMASCULINOMASCULINOMASCULINO EEEEE CENSITÁRIOCENSITÁRIOCENSITÁRIOCENSITÁRIOCENSITÁRIO

Os votantes, que deviam ganhar acima de 100 mil réis anuais, escolhiam oseleitores, que deviam receber mais de 200 mil réis anuais, os quais, por sua vez,elegiam deputados e senadores, fazendo uma lista tríplice a ser apreciada peloimperador, os quais deveriam receber, no mínimo, 400 ou 800 mil réis, respecti-vamente. Apenas homens livres com mais de 25 anos de idade poderiam votar.Não havia impedimentos quanto ao voto do analfabeto. Como era comum nomundo todo naquela época, as mulheres foram excluídas do direito de votar.Apesar dessas restrições, o número de eleitores tendeu a crescer ao longo doImpério, e já ultrapassava 13% da população livre, isto é, excluídos os escravos,

Constituiçãooutorgada: aquela

aprovada peloimperador, sempassar por uma

AssembléiaConstituinte.

PODERPODERPODERPODERPODER

JUDICIÁRIOJUDICIÁRIOJUDICIÁRIOJUDICIÁRIOJUDICIÁRIO

PODERPODERPODERPODERPODER

LEGISLATIVOLEGISLATIVOLEGISLATIVOLEGISLATIVOLEGISLATIVO

CONSELHOCONSELHOCONSELHOCONSELHOCONSELHO

DEDEDEDEDE ESTADOESTADOESTADOESTADOESTADO

PODERPODERPODERPODERPODER

EXECUTIVOEXECUTIVOEXECUTIVOEXECUTIVOEXECUTIVO

SUPREMOSUPREMOSUPREMOSUPREMOSUPREMO

TRIBUNALTRIBUNALTRIBUNALTRIBUNALTRIBUNAL

D ED ED ED ED E JUSTIÇAJUSTIÇAJUSTIÇAJUSTIÇAJUSTIÇA

CÂMARACÂMARACÂMARACÂMARACÂMARA DOSDOSDOSDOSDOS

DEPUTADOSDEPUTADOSDEPUTADOSDEPUTADOSDEPUTADOSSENADOSENADOSENADOSENADOSENADO

PODERPODERPODERPODERPODER MODERADORMODERADORMODERADORMODERADORMODERADOR

(((((DOMDOMDOMDOMDOM PEDROPEDROPEDROPEDROPEDRO IIIII)))))

15A U L Aem 1872. A participação eleitoral diminuiu a partir de 1881 para 0,8% da

população, uma vez que nesse ano foi introduzida a proibição ao voto doanalfabeto.

A Constituição de 1824 produziu vários efeitos. O primeiro deles foi nítido:o fortalecimento do poder do imperador, que passava a controlar totalmente anova ordem política. Isso reduziu o espaço de atuação dos grupos brasileiros,tanto na Corte como nas províncias. Esses grupos demonstrariam, em poucotempo, seu descontentamento com tal situação.

Além disso, a Constituição estabeleceu um conjunto de regras que, em vezde assegurar a igualdade de todos perante a lei, produziu mecanismos quemantinham ou reforçavam as diferenças políticas e sociais. Passaram a existir oscidadãos ativoscidadãos ativoscidadãos ativoscidadãos ativoscidadãos ativos, com direito de voto mas hierarquizados segundo sua renda; oscidadãos passivoscidadãos passivoscidadãos passivoscidadãos passivoscidadãos passivos, com direitos reduzidos, que não participavam das eleiçõesmas possuíam direitos civis; e, finalmente, os não-cidadãosnão-cidadãosnão-cidadãosnão-cidadãosnão-cidadãos, aqueles inteira-mente fora das preocupações do Estado, como os indígenas e escravos.

A crise do 1º Reinado

Causou profundo descontentamento a dissolução da Assembléia Consti-tuinte e a forma como D. Pedro I impôs sua autoridade sobre as mais importan-tes lideranças políticas das províncias.

Para os representantes políticos dos antigos “homens bons”, a atitude doimperador lembrava muito os velhos conflitos com a Metrópole portuguesa.

A Confederação do Equador

A principal reação à Constituição de 1824 foi a Confederação do EquadorConfederação do EquadorConfederação do EquadorConfederação do EquadorConfederação do Equador,revolta iniciada ainda naquele ano, na província de Pernambuco. Os represen-tantes pernambucanos na Constituinte, com a dissolução daquele órgão peloimperador, retornaram à província e denunciaram o caráter absolutista dogoverno central. Foi nesse clima que a Câmara da Cidade de Recife, liderada porum frade, Joaquim do Amor Divino Caneca conhecido como Frei Caneca,recusou-se a aceitar o texto da Constituição de 1824. Seus principais argumentosforam: a Constituição era excessivamente centralizadora e não garantia a liber-dade das províncias; o texto constitucional não era liberal, porque criara o PoderModerador que era a “chave mestra da opressão da nação brasileira”, segundoFrei Caneca; e ainda, o texto era ilegítimo, pois havia sido criado não por umórgão representativo da nação, e sim pela vontade do imperador.

Recife foi sede daRecife foi sede daRecife foi sede daRecife foi sede daRecife foi sede daConfederação doConfederação doConfederação doConfederação doConfederação doEquador, queEquador, queEquador, queEquador, queEquador, quesurgiu em protestosurgiu em protestosurgiu em protestosurgiu em protestosurgiu em protestocontra acontra acontra acontra acontra aConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãooutorgadaoutorgadaoutorgadaoutorgadaoutorgadaem 1824.em 1824.em 1824.em 1824.em 1824.

15A U L A Em pouco tempo, os recifenses partiram dos discursos para a ação e, em julho

de 1824, tomaram o poder na província. Logo receberam o apoio da Paraíba, doCeará e do Rio Grande do Norte. Criaram, então, uma república denominadaConfederação do Equador.

Haveria um governo central e ampla autonomia dos estados. Além disso,estabeleceu-se a suspensão do tráfico de escravos no porto de Recife. Os líderesrevolucionários consideravam que esse comércio estava “ em completa oposiçãoaos princípios do Direito Natural, e às luzes do Século” .

A ação revolucionária assustava agora não apenas o governo central mastambém os grupos dominantes locais, senhores de terras e escravos, e comer-ciantes. A base de apoio ao movimento, então, começou a reduzir, o que facilitoua violenta repressão, vitoriosa em novembro de 1824. As principais liderançasque não conseguiram fugir foram fuziladas.

O absolutismo de D. Pedro I

D. Pedro I teve também dificuldades externas. As novas repúblicas hispano-americanas não reconheceram imediatamente seu governo. Também duvida-ram de suas idéias liberais e de sua oposição a Portugal.

Já a Inglaterra procurou trabalhar no sentido de promover um rápidoreconhecimento do governo brasileiro. Para tal, pedia um bom preço: a renova-ção, por quinze anos, dos Tratados de Aliança e AmizadeTratados de Aliança e AmizadeTratados de Aliança e AmizadeTratados de Aliança e AmizadeTratados de Aliança e Amizade, assinados em 1810,quando a Corte portuguesa ainda estava no Brasil.

Como você deve recordar, esses tratados cobravam uma pequena tarifaalfandegária dos produtos ingleses que ingressavam nos portos brasileiros. Essenovo acordo, assinado pelo governo brasileiro, por um lado garantiu o reconhe-cimento inglês, mas, por outro, criou uma forte dependência econômica brasi-leira dos produtos manufaturados britânicos.

A situação política tendeu a se tornar mais tensa ao longo do ano de 1830.Ocorriam revoluções na Europa e o absolutismo terminava em países importan-tes, como a França. Criava-se um clima que tornava cada vez mais ilegítimas asmedidas autoritárias defendidas por D. Pedro I, a exemplo de suas exigênciaspara impedir a liberdade de imprensa. Também o envolvimento do imperadorna sucessão portuguesa, desejando colocar sua filha no trono português, desa-gradava a diversos setores que se uniram no combate ao imperador.

O quadro político tornou-se crítico com o assassinato do jornalista deoposição ao governo Líbero Badaró. No início do mês de abril de 1831, surgiramboatos de que o imperador novamente fecharia a Câmara e passaria a governarde forma ditatorial. Dias depois, em 7 de abril, setores populares se concentraram

O imperadorO imperadorO imperadorO imperadorO imperadorPedro I e, à direita,Pedro I e, à direita,Pedro I e, à direita,Pedro I e, à direita,Pedro I e, à direita,seu filho seu filho seu filho seu filho seu filho Pedro dePedro dePedro dePedro dePedro deAlcântara, Alcântara, Alcântara, Alcântara, Alcântara, menormenormenormenormenor

de idade quandode idade quandode idade quandode idade quandode idade quandoseu pai abdicou.seu pai abdicou.seu pai abdicou.seu pai abdicou.seu pai abdicou.

15A U L Ano Campo de Santana, no centro do Rio de Janeiro, para protestar contra o

governo. As tropas militares deram força ao movimento. E D. Pedro I, sem apoiomilitar ou político, foi obrigado a renunciar em nome de seu filho D. Pedro deAlcântara, que ainda era menor de idade.

A renúncia do imperador representou uma vitória expressiva dos grupospolíticos ligados às diversas regiões brasileiras. Afastado o governante portu-guês e extintas as ameaças de reunificação a Portugal, era agora o momento derecomeçar a construção do Estado, segundo os interesses desses grupos. Masserá que havia unidade no Partido Brasileiro?

Quase dez anos após a proclamação da Independência do Brasil, a ameaçade recolonização parecia distante, mas a unidade do novo país ainda não se haviaconsolidado.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeue procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia As lutas políticas no 1As lutas políticas no 1As lutas políticas no 1As lutas políticas no 1As lutas políticas no 1º Reinado Reinado Reinado Reinado Reinado e A Constituinte de 1823A Constituinte de 1823A Constituinte de 1823A Constituinte de 1823A Constituinte de 1823 eidentifique os principais grupos políticos que existiam no momento inicialdo Primeiro Reinado.

2.2.2.2.2. Releia A Constituição de 1824A Constituição de 1824A Constituição de 1824A Constituição de 1824A Constituição de 1824 e identifique três características dessaConstituição.

3.3.3.3.3. No mesmo item, identifique os principais resultados dessa Constituição.

4.4.4.4.4. Releia A crise do 1A crise do 1A crise do 1A crise do 1A crise do 1º Reinado Reinado Reinado Reinado Reinado e cite quais foram os principais problemasenfrentados por D. Pedro I.

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASILCONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASILCONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASILCONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASILCONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRASIL

Leia o seguinte artigo da Constituição de 1824 e responda à questão que sesegue:

Art. 91Art. 91Art. 91Art. 91Art. 91 - São excluídos de votar nas Assembléias Paroquiais:I-Os menores de vinte e cinco anos (exceto os casados, Oficiais Militares,Bacharéis e Clérigos).III-Os criados de servir, os criados da Casa Imperial que não forem de galãobranco e os administradores das fazendas rurais ou fábricas.V-Os que não tiverem de renda líquida anual cem mil réis por bens de raiz,indústria, comércio ou empregos.

1.1.1.1.1. Quem era cidadão no Império do Brasil?

Exercícios

O temponão pára

16A U L A

A luta contra o autoritarismo de D. Pedro Inão havia sido fácil. Foram praticamente nove anos de conflitos entre o impera-dor e as elites brasileiras. Para essas elites, após a vitória sobre o imperador, cabiaconsolidar seu predomínio no Estado brasileiro. Mas será que essas elites, dasdiversas regiões brasileiras, conseguiam chegar a um acordo?

Como conciliar seus diferentes interesses em um único Estado do Brasil?Como conciliar seus diferentes interesses em um único Estado do Brasil?Como conciliar seus diferentes interesses em um único Estado do Brasil?Como conciliar seus diferentes interesses em um único Estado do Brasil?Como conciliar seus diferentes interesses em um único Estado do Brasil?Nesta aula vamos procurar responder a esta questão.

Tempo de moderação

O caminho estava aberto para os grupos que depuseram o imperador. Era omomento de ocupar espaços e definir as principais medidas. Novamente, nãohavia consenso entre eles. Para alguns, como Evaristo da Veiga, era hora damoderação, da prudência, da ordem. Veiga era um dos líderes entre os chamadosliberais moderadosliberais moderadosliberais moderadosliberais moderadosliberais moderados, grupo bastante próximo dos grandes proprietários deterras e de escravos do Rio de Janeiro. Para eles, o fundamental era assegurar acontinuidade da economia agroexportadora baseada no regime escravista.Como a Constituição de 1824 garantia seus interesses, o fundamental erapreservá-la em um clima de tranqüilidade política, sem rupturas, em paz.

Nesta aula

16A U L A

MÓDULO 5

O Império se fortalece

Na expansão daNa expansão daNa expansão daNa expansão daNa expansão dalavoura de café, alavoura de café, alavoura de café, alavoura de café, alavoura de café, abase do trabalhobase do trabalhobase do trabalhobase do trabalhobase do trabalho

era escrava.era escrava.era escrava.era escrava.era escrava.Para os liberaisPara os liberaisPara os liberaisPara os liberaisPara os liberaismoderados, eramoderados, eramoderados, eramoderados, eramoderados, era

importante manterimportante manterimportante manterimportante manterimportante mantero regime escravista.o regime escravista.o regime escravista.o regime escravista.o regime escravista.

16A U L AJá para outro grupo político, a Constituição era antidemocrática. Mudanças

se mostravam necessárias. Defendia, em geral, uma monarquia baseada nofederalismo, isto é, numa nova ordem política fundada na descentralização dopoder e na ampliação da autonomia das províncias. Seus membros eramidentificados como liberais exaltadosliberais exaltadosliberais exaltadosliberais exaltadosliberais exaltados. Reuniam os diversos interesses provin-ciais descontentes com a política da Corte e os antigos democratas na cidade doRio de Janeiro. Alguns deles chegaram, até mesmo, a defender o fim damonarquia e a instauração de um governo republicano.

Finalmente, havia outro grupo que defendia o retorno do imperadorD. Pedro I. Era o grupo dos restauradoresrestauradoresrestauradoresrestauradoresrestauradores.

Quem dominou o poder nos primeiros anos da Regência Regência Regência Regência Regência − período entre arenúncia de D. Pedro I, em 1831, e a posse de D. Pedro II, em 1840 − foram osmoderados. Mas esses anos não foram tranqüilos. Logo após a abdicação de D.Pedro I, tropas do exército se rebelavam contra o governo e, com apoio dosdemocratas, exigiam a punição e a deportação (expulsão do país) dos indiví-duos ligados à antiga ordem. Ao mesmo tempo, tropas mercenárias, ligadas aosrestauradores, faziam movimentos pela volta do imperador.

O governo moderado respondeu a essas ameaças reduzindo rapidamenteo contingente do exército, de 30 mil, antes de 1831, para apenas 10 mil em agostodo mesmo ano. Ao mesmo tempo, criou uma força militar paralela − a GuardaGuardaGuardaGuardaGuardaNacionalNacionalNacionalNacionalNacional −, que passou a ser controlada principalmente pelos grandes proprie-tários de terra em suas localidades. Assim, os antigos grupos democratasficavam separados dos exaltados, que se ligavam aos interesses das províncias.

Percebendo que a crise política não seria resolvida sem um acordo entre osdiversos grupos políticos em conflito, os moderados, ainda no poder em 1834,resolveram promover um acordo.

A Constituição de 1824 foi modificada e as províncias obtiveram um poucode autonomia. Essa medida agradou aos exaltados. O Senado e o PoderModerador foram mantidos, atendendo aos interesses dos restauradores. Essase outras medidas faziam parte do Ato Adicional de 1834 Ato Adicional de 1834 Ato Adicional de 1834 Ato Adicional de 1834 Ato Adicional de 1834 que, em poucaspalavras, foi a fórmula que os moderados encontraram, na tentativa de dartranqüilidade política ao país.

As rebeliões regenciais

Mas “o tiro saiu pela culatra”. A relativa descentralização do poder, conce-dida pelo Ato Adicional, aumentou as pretensões de autonomia das províncias.Com as elites políticas em conflito, os cidadãos passivos, ou seja, homens livrespobres e os não-cidadãos, os escravos, apareceram também na cena política.Eram as rebeliões regenciais. Vamos ver suas principais características.

Cabanagem (Grão-Pará, 1835-1840)

Na Amazônia, a luta foi promovida pelos cabanoscabanoscabanoscabanoscabanos − populações ribeirinhas− contra a repressão desencadeada pelo governador nomeado pelo governocentral e, também, contra a manutenção dos privilégios dos portugueses naregião. O movimento chegou a tomar a cidade de Belém entre os anos de 1835e 1836, durando até 1840. As autoridades imperiais, apenas com muita repres-são, conseguiram derrotar o movimento que passou a ser conhecido comoCabanagemCabanagemCabanagemCabanagemCabanagem. Os cidadãos passivos assustaram as elites dirigentes imperiais.

16A U L A Revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845)

Já no extremo sul do país, quase ao mesmo tempo em que ocorria aCabanagem, deu-se um movimento de características bem diferentes daqueleocorrido na Amazônia. Agora, eram os pecuaristas gaúchos que se levantavamcontra o governo central. Os motivos da rebelião foram os seguintes: 1) odescontentamento com a política imperial de importação do charque (carnesalgada que servia para alimentar especialmente escravos) da Argentina e doUruguai que, por ser mais barato, concorria com o charque gaúcho (que sofriauma pesada carga de impostos); 2) a falta de autonomia política, uma vez que ogoverno central impunha o nome do governador da província.

Em 1834, o novo governador nomeado, além de aumentar os impostos,resolveu criar uma força militar ligada diretamente a ele. Assim, no ano seguinte,o movimento armado começou. O governador foi deposto e os revoltososdominaram toda a província do Rio Grande do Sul. Chegaram a dominartambém Santa Catarina e, nessas duas províncias, foram criadas as RepúblicasRio-Grandense e Juliana.

Era a Guerra dos FarraposGuerra dos FarraposGuerra dos FarraposGuerra dos FarraposGuerra dos Farrapos. O movimento durou dez anos e o governocentral só conseguiu pacificá-lo em 1845. Para isso, o governo imperial utilizou,além da força das armas, a anistia aos revoltosos e a diminuição dos impostos.Assim, para a classe dominante gaúcha, o tratamento foi bastante diferentedaquele dado aos cabanos. Em vez de massacre, houve concessões. Para ogoverno dos moderados, era importante que reinasse a paz entre os diversosgrupos dominantes do país.

Sabinada (Bahia, 1837-1838) e Balaiada (Maranhão, 1838-1841)

Além desses movimentos, ocorreram, durante a década de 1830, outroslevantes. Foi o caso da SabinadaSabinadaSabinadaSabinadaSabinada, na Bahia, que exigia mais autonomiaprovincial, e da BalaiadaBalaiadaBalaiadaBalaiadaBalaiada, no Maranhão, onde os cidadãos passivos (vaqueirose artesãos) rebelaram-se contra o governo local.

O tempo saquarema

As notícias que chegaram à Corte a respeito das rebeliões nas provínciasforam recebidas com apreensão. Para a maioria das elites políticas, a des-centralização política havia sido a principal causadora da “desordem”, da“anarquia”. Era dessa forma que as elites se referiam às rebeliões.

Exatamente nesse momento, consolidava-se a expansão da lavoura do caféno Rio de Janeiro. Em pouco tempo, o café tornou-se o principal produto deexportação do país e, como resultado, o grupo dos cafeicultores cresceu emimportância social e política.

Os Os Os Os Os farraposfarraposfarraposfarraposfarraposcriaram até umcriaram até umcriaram até umcriaram até umcriaram até um

brasão parabrasão parabrasão parabrasão parabrasão parasua Repúblicasua Repúblicasua Repúblicasua Repúblicasua República

Rio-Grandense.Rio-Grandense.Rio-Grandense.Rio-Grandense.Rio-Grandense.

16A U L A

Essa nova situação, marcada, de um lado, pelo medo das revoltas nasprovíncias e, de outro, pelo fortalecimento econômico do Império, fez com querecomeçasse a “dança dos políticos”, isto é, os grupos anteriormente denomina-dos moderados, restauradores e exaltados reorganizaram-se em outras bases.

Para grande parte dos políticos, era o momento de combater o que chama-vam de “vulcão da anarquia” presente nas rebeliões. Surgia, assim, um no-vo grupo político, defensor da imediata centralização do poder e do retornoà ordem − eram os regressistasregressistasregressistasregressistasregressistas.

Seus maiores defensores foram três políticos fluminenses muito ligados aosinteresses do café em expansão: Joaquim José Rodrigues Torres, Paulino JoséSoares de Souza e Eusébio de Queirós. Conhecido como Trindade SaquaremaTrindade SaquaremaTrindade SaquaremaTrindade SaquaremaTrindade Saquarema,esse grupo controlou por bastante tempo o poder no Brasil imperial.

Aqueles que discordavam dos regressistas e mostravam-se favoráveis àdescentralização ficaram conhecidos como progressistasprogressistasprogressistasprogressistasprogressistas. Estes, no entanto, nãotiveram condições de barrar o regressoregressoregressoregressoregresso. Em 1838, chegava ao poder, comoregente, o regressista Pedro de Araújo Lima. Seu governo procurou atuar nocombate às rebeliões e também na defesa da ordem e da centralização.

Em maio de 1840, Araújo Lima conseguiu aprovar uma lei que reduziaconsideravelmente a autonomia das províncias, obtida com o Ato Adicional. Emjulho daquele mesmo ano, D. Pedro II, com 14 anos, assumia o trono brasileiro.Era a antecipação da maioridadeantecipação da maioridadeantecipação da maioridadeantecipação da maioridadeantecipação da maioridade − mecanismo encontrado para restabelecer acentralização do poder, prevista na Constituição de 1824.

Após a antecipação da maioridade, ocorreram ainda, ao longo da década de1840, movimentos contrários ao governo central em Minas Gerais, São Paulo ePernambuco. No entanto, a tendência desses anos foi, cada vez mais, o fortale-cimento da proposta centralizadora defendida pelos regressistas, que passarama ser chamados de conservadoresconservadoresconservadoresconservadoresconservadores.

Os progressistas, logo denominados de liberaisliberaisliberaisliberaisliberais, chegaram ao poder algu-mas vezes nesse período. Continuaram defendendo suas propostas des-centralizadoras; mas, quando alcançavam o poder, não conseguiam colocá-lasem prática. Tanto é que se dizia na época que não havia “nada mais conservadordo que um liberal no poder”.

GRÃO-PARÁ MARANHÃO CEARÁ

PARAÍBAPERNAMBUCOALAGOAS

SERGIPE

BAHIA

PIAUÍ

ESPÍRITO SANTO

RIO DE JANEIRO

MINAS GERAIS

GOIÁS

MATO GROSSO

SÃO PAULO

SANTA CATARINA

RIO GRANDE DO SUL

RIO GRANDEDO NORTE

Cabanagem

Balaiada

Sabinada

Guerra dos Farrapos

Ocean

o Atlâ

ntico

Oce

ano

Pac

ífic

o As revoltasAs revoltasAs revoltasAs revoltasAs revoltasmarcaram omarcaram omarcaram omarcaram omarcaram operíodo daperíodo daperíodo daperíodo daperíodo daRegência, entre oRegência, entre oRegência, entre oRegência, entre oRegência, entre oprimeiro Impérioprimeiro Impérioprimeiro Impérioprimeiro Impérioprimeiro Impérioe o segundo.e o segundo.e o segundo.e o segundo.e o segundo.

16A U L A Os partidos políticos do 2º Império

Em 1850, o Estado imperial estava consolidado. As revoltas haviam sidosufocadas. Dois partidos políticos revezavam-se no poder: o Liberal e oConservador.

Os liberais reuniam os interesses provinciais ligados à produção para omercado interno e um pequeno grupo de jornalistas e profissionais liberais que,na cidade do Rio de Janeiro, sempre haviam defendido uma ampliação daparticipação política.

Entre os conservadores, estavam os representantes políticos da lavoura docafé e a elite do Estado imperial − juízes, magistrados das altas cortes do PoderJudiciário, presidentes de província, ministros de Estado etc.

Os Partidos Liberal e Conservador acomodavam também as rivalidadeslocais entre as famílias dos poderosos senhores de escravos.

O Poder Moderador − exercido pelo imperador −, ao formar os ministérios,decidia, de fato, pelo revezamento dos partidos no poder.

Em 1868, o senador Nabuco de Araújo resumia a vida política no Império daseguinte maneira:

“O Poder Moderador pode chamar a quem quiser para organizar minis-térios; essa pessoa faz a eleição porque há de fazê-la; esta eleição faz amaioria (na Câmara). Eis o sistema representativo do nosso país”.

Portanto, era de fato o imperador D. Pedro II, e não o voto popular, que agiacomo árbitro (juiz) dos projetos políticos concorrentes.

De maneira geral, foi o Partido Conservador que deu o tom da políticaimperial. Os interesses cafeeiros do Sudeste (especialmente do Rio de Janeiro)tenderam, portanto, a predominar. Mas o Partido Conservador era bem mais queuma representação direta desses interesses.

6

O Império do Brasil definiu-se nas décadas de 1830 e 1840. Foi vencedor oprojeto que defendia a monarquia centralizada, que limitava a participaçãopopular e garantia a lavoura escravista.

Um dos primeiros problemas que o Império consolidado teve de enfrentarfoi a questão do tráfico de escravos. O direito de propriedadedireito de propriedadedireito de propriedadedireito de propriedadedireito de propriedade ainda justificavaa escravidão, porém, o ato de escravizar tornava-se moralmente insustentável.

O século XIX não foi um tempo apenas de independências. Foi um tempode abolições.

O temponão pára

16A U L ARelendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeue procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia Tempo de moderaçãoTempo de moderaçãoTempo de moderaçãoTempo de moderaçãoTempo de moderação e compare os projetos dos liberais moderados,dos liberais exaltados e dos restauradores.

2.2.2.2.2. Releia As rebeliões regenciaisAs rebeliões regenciaisAs rebeliões regenciaisAs rebeliões regenciaisAs rebeliões regenciais e complete o quadro.

REBELIÃOREBELIÃOREBELIÃOREBELIÃOREBELIÃO LOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃOLOCALIZAÇÃO CAUSASCAUSASCAUSASCAUSASCAUSAS CARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICAS

CABANAGEMCABANAGEMCABANAGEMCABANAGEMCABANAGEM

FARRAPOSFARRAPOSFARRAPOSFARRAPOSFARRAPOS

SABINADASABINADASABINADASABINADASABINADA

BALAIADABALAIADABALAIADABALAIADABALAIADA

3.3.3.3.3. Releia O tempo saquaremaO tempo saquaremaO tempo saquaremaO tempo saquaremaO tempo saquarema e compare os projetos dos regressistas e dosprogressistas.

4.4.4.4.4. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

“Fui liberal: então a liberdade era nova no país, estava nas aspirações detodos (...) Hoje, porém, é diverso o aspecto da sociedade: os princípiosdemocráticos tudo ganharam, e muito comprometeram; a sociedade queentão corria risco pelo poder, corre risco pela desorganização e pela anarquia.Como então quis, quero hoje servi-la, quero salvá-la; por isso sou regressista.”Trecho de discurso do deputado Bernardo Vieira de Vasconcelos, 1838.Trecho de discurso do deputado Bernardo Vieira de Vasconcelos, 1838.Trecho de discurso do deputado Bernardo Vieira de Vasconcelos, 1838.Trecho de discurso do deputado Bernardo Vieira de Vasconcelos, 1838.Trecho de discurso do deputado Bernardo Vieira de Vasconcelos, 1838.

O documento acima é um discurso feito na Câmara dos Deputados por umimportante líder regressista. Leia novamente O tempo saquaremaO tempo saquaremaO tempo saquaremaO tempo saquaremaO tempo saquarema e Os par-Os par-Os par-Os par-Os par-tidos políticos do 2tidos políticos do 2tidos políticos do 2tidos políticos do 2tidos políticos do 2º Império Império Império Império Império e responda:

1.1.1.1.1. Quem eram os regressistas?

2.2.2.2.2. A quem Bernardo de Vasconcelos denomina de “sociedade”?

3.3.3.3.3. Quem promovia a anarquia, para o deputado?

4.4.4.4.4. Qual era o risco que a “sociedade” corria?

5.5.5.5.5. Qual foi o resultado do regressoregressoregressoregressoregresso?

6

Exercícios

17A U L A

“É declarada extinta a escravidão no Brasil.“É declarada extinta a escravidão no Brasil.“É declarada extinta a escravidão no Brasil.“É declarada extinta a escravidão no Brasil.“É declarada extinta a escravidão no Brasil.00000Revogam-se as disposições em contrário.”Revogam-se as disposições em contrário.”Revogam-se as disposições em contrário.”Revogam-se as disposições em contrário.”Revogam-se as disposições em contrário.”

Essas duas frases estão na lei que acabou com quatro séculos de escravidãono Brasil. Aprovada pela Câmara dos Deputados, com apenas 9 votos contráriosentre 92, a chamada Lei ÁureaLei ÁureaLei ÁureaLei ÁureaLei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maiode 1888.

Depois da libertação, a festa. Comemorações, discursos de vitória, folia -como não poderia deixar de ser... Afinal , tinha sido uma longa história de lutase de busca de liberdade dentro do estreito campo da escravidão - que, por issomesmo, foi se alargando com o tempo. O sonho fora alimentado e tornadopossível.

O desejo de liberdade esteve sempre presente, como podemos perceber nalonga história da escravidão africana no Brasil, cheia de acontecimentos ehistórias que demonstram a não-aceitação do cativeiro.

Mas, se isto é verdadeiro, como e por que foi apenas no século XIX que asociedade brasileira pôde finalmente propor e realizar a abolição definitiva daescravidão? É o que vamos procurar entender nesta aula.

O quadro internacional

O século XIX não foi um tempo apenas de independências. Foi um tempo deabolições. Até então, mesmo que de naturezas diferentes, a ordem social naEuropa, na América ou na África via como uma coisa natural as desigualdadesentre as pessoas.

Desde o final do século XVIII, entretanto, novas idéias surgiram, e as pessoaspassaram a considerar a liberdade um direito naturaldireito naturaldireito naturaldireito naturaldireito natural, promovendo revoluçõescontra o Antigo RegimeAntigo RegimeAntigo RegimeAntigo RegimeAntigo Regime na Europa. As idéias de liberdade e de igualdade,propagadas pela Revolução FrancesaRevolução FrancesaRevolução FrancesaRevolução FrancesaRevolução Francesa no final do século XVIII, chegaram avárias partes do mundo. No Haiti ocorreu uma grande rebelião negra que levouà independência desse país e à abolição da escravidão em toda a ilha de SãoDomingos.

No Brasil, alguns movimentos associaram a idéia da abolição à luta pelaindependência, como a Conjuração BaianaConjuração BaianaConjuração BaianaConjuração BaianaConjuração Baiana de 1798.

O fim da escravidão

17A U L A

MÓDULO 5

Nesta aula

17A U L AA Inglaterra combate o tráfico

Mas, além das idéias, havia grandes interesses internacionais mudando oquadro externo. A Inglaterra tornara-se o primeiro país industrializado nomundo (Revolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução IndustrialRevolução Industrial), e esse mundo jamais seria o mesmo. Com aindustrialização, um novo colonialismocolonialismocolonialismocolonialismocolonialismo surgiria em breve na África e na Ásia.

Na primeira metade do século XIX, por exemplo, interessava aos empresá-rios ingleses manter os africanos na África, trabalhando para suas empresas deexploração agrícola naquele continente. E, já que nas colônias inglesas produ-colônias inglesas produ-colônias inglesas produ-colônias inglesas produ-colônias inglesas produ-toras de açúcartoras de açúcartoras de açúcartoras de açúcartoras de açúcar havia sido extinta a escravidão, também não interessava aconcorrência do açúcar brasileiro, barateado pelo trabalho escravo. Todas essasrazões levaram a Inglaterra, a maior potência da época, a combater com persis-tência o tráfico de escravos.

Os interesses escravistas no Brasil do século XIX ainda conseguiam justificara escravidão em nome do direito de propriedadedireito de propriedadedireito de propriedadedireito de propriedadedireito de propriedade, mas foi ficando cada vez maisdifícil arranjar justificativas para o tráfico de escravostráfico de escravostráfico de escravostráfico de escravostráfico de escravos (que significava escravi-zar um africano nascido livre).

Para inglês ver

Desde o reinado de D. João VI, o Brasil vinha se comprometendo com osingleses a interromper o tráfico de escravos pelo oceano Atlântico. Em 1831, ojovem Império do Brasil chegou a assinar uma lei tornando esse tráfico ilegal.

Apesar disso, nenhum desses compromissos foi cumprido, e as proibiçõesnão saíram do papel. Eram, como se dizia, “para inglês ver” (quer dizer: eram sópara iludir os ingleses). O tráfico continuava e a escravidão também, mesmo comas pressões inglesas e a fiscalização feita por patrulhas marítimas, que procura-vam navios negreiros pelo oceano Atlântico.

As forças políticas no Brasil, representadas pelos fazendeiros escravistas,impediam qualquer medida mais efetiva em direção à abolição.

No entanto, as muitas pressões sobre o governo brasileiro acabaram porlevar à proibição de fato do tráfico de escravos para o Brasil, em 1850.

As ações dos escravos

No Brasil escravista, a luta para conquistar maiores espaços de liberdade eraconstante por parte dos escravos. As notícias de rebeliões negras em outrospaíses, as idéias de liberdade e de igualdade que passaram a circular, o quadrointernacional de combate ao tráfico negreiro, tudo isso deu novo conteúdo aessas lutas durante o século XIX.

As primeiras décadas desse século foram marcadas por uma série derebeliões negras no Brasil, organizadas por escravos e ex-escravos, reunidos emtorno de laços de origem na África e por ligações religiosas.

Tais revoltas encontravam um cenário perfeito nas cidades, onde a presençade escravos ganhando a vida nas ruas, junto com outros negros e mulatos livres,tornava cada vez mais difícil o controle sobre a população cativa. Uma dasimportantes rebeliões desse período foi a Revolta dos MalêsRevolta dos MalêsRevolta dos MalêsRevolta dos MalêsRevolta dos Malês, em 1835, na ci-dade de Salvador, Bahia.

Com a proibição do tráfico em 1850, a situação agravou-se. O preço dosescravos aumentou. Assim, os pequenos proprietários passaram a vender seus

17A U L A cativos para os cafeicultores da região Sudeste. A subida dos preços da mão-de-

obra escrava levou também a uma situação em que menos senhores podiampossuir escravos, diminuindo o apoio da sociedade à escravidão. O tráficointerno de escravos, também chamado de tráfico interprovincialtráfico interprovincialtráfico interprovincialtráfico interprovincialtráfico interprovincial, movimentoumilhares de escravos dentro do Brasil, especialmente após 1850.

Essa movimentação teve conseqüências dramáticas para muitos escravosque foram separados das famílias que haviam formado, sendo retirados de umambiente no qual muitas vezes já tinham estabelecido relações pessoais efamiliares. À custa de muita luta e negociação, alguns escravos haviam criadoregras de convivência que não eram tão marcadas pela vigilância e pela punição.

Esses escravos não aceitaram facilmente as novas condições impostas a elesnas fazendas de café. Nas novas áreas cafeeiras, teve início uma onda de atos derebeldia e insubordinação por parte dos escravos, criando um clima de in-segurança e desordem. Foi a onda negraonda negraonda negraonda negraonda negra do Brasil no século XIX.

O movimento abolicionista

Desde o começo do século XIX, algumas vozes protestavam contra a escra-vidão no Brasil, adeptas de uma opção mais moderna para o país do seu tempo.Ser moderno significava parecer-se mais com a Inglaterra ou com a França(países com industrialização em marcha acelerada), adotar o trabalho assalaria-do, ter acesso à tecnologiatecnologiatecnologiatecnologiatecnologia da época. A maioria dessas vozes era de intelectuaisbrasileiros que escreveram livros e fizeram discursos aconselhando o fim daescravidão. No entanto, apontavam para um final gradual, a longo prazo, ecuidadoso, para não gerar nenhuma revolta nem desordem.

Ao longo daquele século, as mudanças externas e internas no país - quetrouxeram o crescimento urbano, a melhoria dos transportes, das comunica-ções e a prosperidade da lavoura do café - fizeram com que algumas pes-soas mudassem sua forma de pensar. Na década de 1870, surgia o movi-mento abolicionista, que passava a pregar o fim imediato da escravidão, semesperar mais. Para isso, organizaram-se em sociedades, associações, grupospró-abolição. Esses grupos faziam propaganda nas ruas, em manifestaçõesque visavam comover a população e atraí-la para a causa.

Esta gravura daEsta gravura daEsta gravura daEsta gravura daEsta gravura daépoca mostra umépoca mostra umépoca mostra umépoca mostra umépoca mostra um

soldado negro,soldado negro,soldado negro,soldado negro,soldado negro,livre, horrorizadolivre, horrorizadolivre, horrorizadolivre, horrorizadolivre, horrorizado

com os açoites quecom os açoites quecom os açoites quecom os açoites quecom os açoites queainda eramainda eramainda eramainda eramainda eram

aplicados aosaplicados aosaplicados aosaplicados aosaplicados aosescravos.escravos.escravos.escravos.escravos.

17A U L AO movimento abolicionista cresceu e ganhou adeptos. Poetas, advogados,

escritores, jornalistas, políticos, se juntavam às vozes que reivindicavam aabolição. Em São Paulo, Rio, Recife, Salvador e, a partir de 1880, em quase todasas maiores cidades do Brasil, foram criados clubes e associações abolicionistas.

Alguns grupos mais radicais, como os CaifazesCaifazesCaifazesCaifazesCaifazes em São Paulo, passaram aorganizar e a apoiar as deserções em massa dos escravos, dando estímulo paraque fossem contratados como assalariados pelos fazendeiros, que viam suaspropriedades se esvaziando. Em São Paulo, área mais nova e próspera daexpansão cafeeira, concentravam-se os cativos comprados no tráficointerprovincial. Em 1887, os próprios fazendeiros paulistas começaram a conce-der alforriasalforriasalforriasalforriasalforrias em massa, para impedir a deserção ou para legalizar a situação dosescravos que já os haviam abandonado.

De São Paulo, as deserções em massadeserções em massadeserções em massadeserções em massadeserções em massa e as alforrias coletivasalforrias coletivasalforrias coletivasalforrias coletivasalforrias coletivas, comotentativa de manter o controle da situação, espalharam-se para as outrasprovíncias cafeeiras (Rio de Janeiro e Minas Gerais). Não havia mais capitães-do-mato que chegassem. Até o Exército recusou-se a reprimir os escravos quedesertavam. Apenas uns poucos fazendeiros, em Minas Gerais e no Rio deJaneiro, ainda se opunham às alforrias, na esperança de receber uma indeni-zação pela “propriedade” que lhes escapava das mãos.

As ações do poder público

Há muito tempo o governo vinha sendo pressionado do ponto de vistainternacional. Além disso, desde a primeira metade do século XIX, enfrentavainúmeras rebeliões e ações de protesto dos escravos.

Ao mesmo tempo, setores dominantes da sociedade brasileira tinham suariqueza assentada no trabalho escravo. E tanto o Estado português, antes daIndependência, como os governantes do Império do Brasil, após a Independên-cia, precisavam do apoio desses setores.

Mesmo assim, as transformações que marcaram a vida política e econômicado país e o quadro internacional levaram o governo brasileiro a abolir o tráficonegreiro em 1850, apesar do voto contrário das províncias cafeeiras.

Ilustração aboli-Ilustração aboli-Ilustração aboli-Ilustração aboli-Ilustração aboli-cionista, que fazcionista, que fazcionista, que fazcionista, que fazcionista, que fazcrítica à Lei de 1885,crítica à Lei de 1885,crítica à Lei de 1885,crítica à Lei de 1885,crítica à Lei de 1885,com os seguintescom os seguintescom os seguintescom os seguintescom os seguintesdizeres: dizeres: dizeres: dizeres: dizeres: QUADROSQUADROSQUADROSQUADROSQUADROS DADADADADA

ATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADEATUALIDADE! O ! O ! O ! O ! O MINISTROMINISTROMINISTROMINISTROMINISTRO-----FAZENDEIROFAZENDEIROFAZENDEIROFAZENDEIROFAZENDEIRO, , , , , EXPLICANDOEXPLICANDOEXPLICANDOEXPLICANDOEXPLICANDO OOOOOPROJETOPROJETOPROJETOPROJETOPROJETO AOSAOSAOSAOSAOS LAVRADORESLAVRADORESLAVRADORESLAVRADORESLAVRADORES:::::VOCÊSVOCÊSVOCÊSVOCÊSVOCÊS COMPREENDEMCOMPREENDEMCOMPREENDEMCOMPREENDEMCOMPREENDEM QUEQUEQUEQUEQUE,,,,,SENDOSENDOSENDOSENDOSENDO EUEUEUEUEU LAVRADORLAVRADORLAVRADORLAVRADORLAVRADOR, , , , , NÃONÃONÃONÃONÃO

PODIAPODIAPODIAPODIAPODIA DEIXARDEIXARDEIXARDEIXARDEIXAR DEDEDEDEDE TRANQÜITRANQÜITRANQÜITRANQÜITRANQÜI-----LIZARLIZARLIZARLIZARLIZAR AAAAA LAVOURALAVOURALAVOURALAVOURALAVOURA, , , , , GARANGARANGARANGARANGARAN-----TINDOTINDOTINDOTINDOTINDO AAAAA PROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADEPROPRIEDADE ESESESESES-----CRAVACRAVACRAVACRAVACRAVA EEEEE FIXANDOFIXANDOFIXANDOFIXANDOFIXANDO-----LHELHELHELHELHE UMUMUMUMUM

VALORVALORVALORVALORVALOR. P. P. P. P. PODEMODEMODEMODEMODEM, , , , , POISPOISPOISPOISPOIS, , , , , CONCONCONCONCON-----TINUARTINUARTINUARTINUARTINUAR AAAAA CONSIDERARCONSIDERARCONSIDERARCONSIDERARCONSIDERAR OOOOOESCRAVOESCRAVOESCRAVOESCRAVOESCRAVO UMUMUMUMUM ANIMALANIMALANIMALANIMALANIMAL COMOCOMOCOMOCOMOCOMO

QUALQUERQUALQUERQUALQUERQUALQUERQUALQUER OUTROOUTROOUTROOUTROOUTRO EEEEE SUJEITOSUJEITOSUJEITOSUJEITOSUJEITO

AAAAA SERSERSERSERSER COMPRADOCOMPRADOCOMPRADOCOMPRADOCOMPRADO, , , , , VENDIDOVENDIDOVENDIDOVENDIDOVENDIDO

ETCETCETCETCETC., ., ., ., ., PELOPELOPELOPELOPELO MENOSMENOSMENOSMENOSMENOS NESTESNESTESNESTESNESTESNESTES

DEZDEZDEZDEZDEZ ANOSANOSANOSANOSANOS. É . É . É . É . É OOOOO QUEQUEQUEQUEQUE LHESLHESLHESLHESLHES

GARANTEGARANTEGARANTEGARANTEGARANTE OOOOO MEUMEUMEUMEUMEU PROJETOPROJETOPROJETOPROJETOPROJETO.....

17A U L A Foi também com o voto contrário de todos os representantes das províncias

cafeeiras (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo) que o Congresso Imperialaprovou a Lei do Ventre LivreLei do Ventre LivreLei do Ventre LivreLei do Ventre LivreLei do Ventre Livre, em 1871. Essa lei tornava livres todos os filhosde escravos nascidos daquela data em diante. A partir de então, cresceram asalforrias e o movimento abolicionista. Para conter essa pressão, o governoaprovou a Lei dos SexagenáriosLei dos SexagenáriosLei dos SexagenáriosLei dos SexagenáriosLei dos Sexagenários, em 1885, que libertava os escravos com maisde 60 anos e estabelecia um prazo de treze anos para que o governo libertassetodos os escravos, indenizando seus proprietários.

As deserções em massa, a partir de 1887, mudaram os rumos do processo.Quando foi assinada a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, não mais havia escravosde fato no Império do Brasil.

Nada além de liberdade foi concedido aos ex-escravos. Diante da liberdade,entretanto, abriam-se novas possibilidades não apenas para os libertos mastambém para um país chamado Brasil.

Apesar da pressão dos últimos senhores de escravos, não se indenizou aperda da propriedade escrava. E, com uma rapidez impressionante, os últimoscativos se misturaram à imensa maioria de descendentes de africanos que jáformava a população livre do país. A eles viriam se somar milhares de imigrantesestrangeiros: portugueses, italianos, espanhóis, japoneses, alemães, entre ou-tros, especialmente em São Paulo e no Sul do Brasil.

Com a abolição, a ordem escravista, em crise desde a metade do século XIX,finalmente terminava. Agora, todos os brasileiros eram livres e, portanto,cidadãos pela Constituição Imperial.

Mas quem era esse povo brasileiro? Quais os seus direitos? O que significa-va, na prática, essa cidadania? Essas são questões que a liberdade colocava e que,ainda hoje, estamos respondendo em nosso país. Será delas que trataremos nasegunda parte do nosso curso.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeue procure ver o que elas significam, no dicionário ou no vocabulário da Unidade.

1.1.1.1.1. Releia O quadro internacionalO quadro internacionalO quadro internacionalO quadro internacionalO quadro internacional e identifique os motivos que levaram aInglaterra a pressionar o Brasil a abolir a escravidão.

2.2.2.2.2. Releia As ações dos escravosAs ações dos escravosAs ações dos escravosAs ações dos escravosAs ações dos escravos e identifique dois tipos de ação dos escravosque contribuíram para desestabilizar a escravidão no século XIX.

3.3.3.3.3. Relendo esse mesmo item, explique, com as suas palavras, o que esse textochama de onda negraonda negraonda negraonda negraonda negra.

4.4.4.4.4. Releia O movimento abolicionistaO movimento abolicionistaO movimento abolicionistaO movimento abolicionistaO movimento abolicionista e explique por que alguns fazendeirospaulistas começaram a conceder alforrias em 1887.

5.5.5.5.5. Releia As ações do poder públicoAs ações do poder públicoAs ações do poder públicoAs ações do poder públicoAs ações do poder público e identifique as medidas tomadas pe-lo governo brasileiro que, a partir de 1850, prepararam a abolição.

6.6.6.6.6. Dê um outro título a esta aula.

O temponão pára

Exercícios

17A U L AFazendo a História

1.1.1.1.1. A poesia que você vai ler a seguir saiu publicada num jornal da cidade deCampos, situada ao norte do atual Estado do Rio de Janeiro, em marçode 1888 (dois meses antes da Lei Áurea).Leia com atenção! Ela mostra bem o ponto de vista de um ex-senhor deescravos sobre as deserções de seus escravos, às vésperas da abolição.

“Bandalheira! Cachorrada!Acabar com a escravidão!Já parece caçoadaou forte especulação!Eu sou emancipadorMas não sou conspiradorNem também senhor feroz.Sabe de uma coisa, parente,Estamos sem nossa gente,Não sei o que será de nós.

Se você não entendeu alguma palavra da poesia, veja no dicionário e, então,leia mais uma vez. Agora responda:

Por que o autor do texto lamenta o fim da escravidão?

2.2.2.2.2. O texto abaixo foi escrito por um líder do movimento abolicionista no Brasil,Joaquim Nabuco, na década de 1880. Neste pequeno trecho de seu livroO AbolicionismoO AbolicionismoO AbolicionismoO AbolicionismoO Abolicionismo, o autor expressa sua opinião sobre a escravidão no Brasil.

“A escravidão, por felicidade nossa, não azedou nunca a alma do escravocontra o senhor, falando coletivamente, nem criou entre as raças o ódiorecíproco que existe naturalmente entre opressores e oprimidos. (...) Ohomem de cor achou todas as avenidas abertas diante de si.”

Agora responda:

a)a)a)a)a) Você concorda com a visão de Joaquim Nabuco, encontrada nesse tre-cho, sobre a relação entre senhores e escravos no Brasil?

b)b)b)b)b) Após a abolição, o negro encontrou “todas as avenidas abertas diantede si”?

6

Fui ver pretos na cidadeQue quisessem se alugar.Falei com esta humildade:Negros, querem trabalhar?Olharam-me de soslaio,e um deles, feio, cambaio,Respondeu-me arfando o peitoNegro, não há mais não:Nós tudo hoje é cidadão.O branco que vá pro eito.”

18A U L A

18A U L A

MÓDULO 5

Os anos finais do Império não foram marca-dos apenas pelas discussões abolicionistas ou pelas constantes rebeliões deescravos. Outros movimentos questionavam a ordem monárquica e propu-nham outras formas de governo.

O Império era escravista e tinha uma sociedade rigidamente hierarquizada,na qual a maioria da população era excluída das decisões políticas. Teria aRepública ampliado a participação política?

Nesta aula vamos procurar compreender quais os projetos políticos que seapresentaram a partir do final do Império e durante o período inicial daRepública; quais os conflitos que se estabeleceram entre eles; e qual foi o projetovencedor.

O Manifesto Republicano

Corria o ano de 1870 quando os republicanos publicaram o seu Manifesto,que reuniu intelectuais e políticos de diversas províncias e fez surgir inúmerospartidos republicanos - os PRs - organizados por província. Apesar das váriastendências presentes no movimento republicano, dois elementos unificavam asposturas que se juntaram no Manifesto de 1870: a idéia de federaçãoidéia de federaçãoidéia de federaçãoidéia de federaçãoidéia de federação e a idéiaidéiaidéiaidéiaidéiade progressode progressode progressode progressode progresso.

O princípio da federaçãofederaçãofederaçãofederaçãofederação estabelecia que cada província deveria escolherseu próprio governo e decidir sobre ele. Uma das críticas do Manifesto àmonarquia era justamente a excessiva centralização política do Império, espe-cialmente a partir de 1840.

E essa excessiva centralização não conseguira resolver os constantes proble-mas regionais, que apareciam sob forma de motins ou rebeliões.

O federalismo era colocado como um princípio natural, já que “a topografiado nosso território, as zonas diversas em que ela se divide, os climasvários e as produções diferentes, as cordilheiras e as águas estavamindicando a necessidade de modelar a administração e o governo local,acompanhando e respeitando as próprias divisões criadas pela naturezafísica e impostas pela imensa superfície do nosso território” (ManifestoRepublicano).

Ao mesmo tempo, os republicanos identificavam a Monarquia com o atrasoeconômico do país e defendiam a República como o regime do progressoprogressoprogressoprogressoprogresso.

Da Monarquiaà República

Nesta aula

18A U L AO Manifesto ganhou muitos adeptos: a imprensa, os clubes e os partidos

republicanos (que se multiplicaram). Além dos estudantes e profissionaisliberais, os grandes proprietários paulistas ligados ao café também apoiavamo movimento, sendo a base do Partido Republicano Paulista (PRP) uma dasmais atuantes.

São Paulo tornara-se a mais próspera região cafeeira do Império, mas arigidez e a centralização da Monarquia impediam que seus interesses predomi-nassem politicamente.

Também os militares engrossavam a fila dos republicanos, especialmente osoficiais do Exército, que consideravam sua corporação desprestigiada pelaMonarquia.

A partir do Manifesto, o movimento republicano pode ser dividido basica-mente entre dois grupos de idéias.

O primeiro grupo - liderado por Quintino Bocaiúva, principal redator doManifesto - propunha a implantação pacífica da República. Esse grupo, compos-to basicamente pelos cafeicultores paulistas, acreditava que, por meio dereformas no regime imperial, seria possível chegar progressivamente ao regimerepublicano.

Um segundo grupo - liderado por Silva Jardim - desejava uma revoluçãopopular que instaurasse o novo regime, mas suas idéias foram consideradasradicais e combatidas pela direção do Partido Republicano.

Terceiro Reinado?

Os anos finais do Império foram uma tentativa de promover reformasevitando que a Monarquia fosse identificada com o atraso, como queriam fazercrer os republicanos. Desde a metade do século XIX, as cidades vinham crescen-do, impulsionadas pela expansão da lavoura do café. As ferrovias substituíramo transporte feito por carros de bois e por barcaças; modernizaram-se osprocessos de beneficiamento do açúcar e do café; foram instaladas indústrias detecidos, de calçados, de chapéus, de alimentos, de metalurgia e de construçãonaval; e aumentou o movimento financeiro e comercial, especialmente na Corte,ou seja na cidade do Rio de Janeiro, cujo porto era, então, o mais movimentadodo país.

DeodoroDeodoroDeodoroDeodoroDeodoroda Fonseca éda Fonseca éda Fonseca éda Fonseca éda Fonseca éhomenageadohomenageadohomenageadohomenageadohomenageadopela população dopela população dopela população dopela população dopela população doRio de Janeiro,Rio de Janeiro,Rio de Janeiro,Rio de Janeiro,Rio de Janeiro,após aapós aapós aapós aapós aproclamação daproclamação daproclamação daproclamação daproclamação darepública.república.república.república.república.

18A U L A A escravidão fora abolida. Era preciso realçar a modernidade do Império e

promover reformas.Em julho de 1889, um novo gabinete, chefiado pelo Visconde de Ouro Preto,

assumiu o governo. A propaganda republicana espalhava-se pelo país. Nemmesmo a abolição parecia salvar a Monarquia da crise que surgiu a partir dosdiversos impasses com os mais fortes setores sociais; apenas entre os popularesela ainda encontrava apoio.

Preocupado, o Visconde de Ouro Preto colocou para o Imperador a neces-sidade de mudanças que demonstrassem “que o atual governo tem elasticidadebastante” e que era possível evitar o pior “empreendendo com ousadia e firmezalargas reformas na ordem política, social e econômica, inspiradas na escolademocrática. Reformas que não devem ser adiadas para não se tornarem impro-fícuas [inúteis]. O que hoje basta, amanhã talvez seja pouco”.

As reformas foram propostas mas não se realizaram. O novo ministériopropôs que municípios e províncias fossem autônomos; que o Senado deixassede ser vitalício; que o crédito aumentasse e a produção fosse estimulada. Noentanto, cresciam os conflitos e as insatisfações na sociedade brasileira.

Chefes políticos locais desejavam ver-se livres da centralização imposta pelaMonarquia; fazendeiros politicamente influentes sentiam-se prejudicados pelaabolição, pois haviam perdido o grosso de seu investimento - os escravos - semnenhuma indenização; os militares sentiam-se desprestigiados por um regimeque sempre privilegiara os civis. Desse modo, o movimento republicano foi seexpandindo e ganhando adeptos suficientes para fazer esquecer a idéia de um3º Reinado e derrubar um governo que, apesar de tudo, havia conseguido o apoiopopular com a abolição da escravidão.

A República

Em 15 de novembro de 1889, foi proclamada a República por um golpemilitar contra a Monarquia, articulado por civis e militares na casa do marechalDeodoro da Fonseca, que seria, então, o primeiro presidente da república.

Aristides Lobo definiu como inexistente a participação do povo na procla-mação da república. Em carta ao jornal Diário PopularDiário PopularDiário PopularDiário PopularDiário Popular de São Paulo, ele diziaque “o povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o quesignificava. Muitos acreditavam sinceramente estar vendo uma parada”.

Quais as mudanças que a República trouxe? Quais as expectativas quevinham com ela? Em primeiro lugar, a expectativa de ampliar a cidadania, aliberdade e o desenvolvimento.

Tradicionalmente, a idéia de república (do latim res publica = coisa pública),estava associada a essas expectativas.

Mas como os republicanos no Brasil entendiam a cidadania?Os republicanos históricos, ou seja, aqueles que iniciaram o movimento de

1870, dividiam-se entre liberais conservadoresliberais conservadoresliberais conservadoresliberais conservadoresliberais conservadores, que defendiam o federalismo euma economia liberal com restrições à participação política popular, e osradicaisradicaisradicaisradicaisradicais, que defendiam uma maior participação popular.

Alguns grupos civis e certas lideranças militares defendiam a noção decidadania proposta pela doutrina positivistapositivistapositivistapositivistapositivista, para a qual os cidadãos tinhamdireitos civis e sociais (como o direito a aposentadoria, por exemplo), mas nãonecessitavam de direitos políticos (participar politicamente, votar e ser votado).Neste caso, os adeptos do positivismopositivismopositivismopositivismopositivismo é que deveriam formar o governo emnome do progresso e da verdadeira ciência.

18A U L AUma terceira concepção de cidadania defendia a intervenção de todos os

cidadãos nos negócios públicos por meio da formação de partidos políticos. Essefoi o caso, principalmente, dos partidos socialistassocialistassocialistassocialistassocialistas que tentaram se organizar naprimeira década republicana.

A primeira Constituição da República foi promulgada em 1891 por umaAssembléia Nacional Constituinte eleita para esse fim. Ela estabeleceu o princí-pio do federalismofederalismofederalismofederalismofederalismo, ou seja, da autonomia dos estados, que poderiam elegerdiretamente seus próprios governantes e estabelecer suas próprias leis, desdeque fosse respeitada a Constituição Federal.

O direito de voto era universal para os homens, alfabetizados, maiores dehomens, alfabetizados, maiores dehomens, alfabetizados, maiores dehomens, alfabetizados, maiores dehomens, alfabetizados, maiores de21 anos, que se alistassem21 anos, que se alistassem21 anos, que se alistassem21 anos, que se alistassem21 anos, que se alistassem. Mas o voto não era secreto, não era obrigatório, e asmulheres e os analfabetos não votavam. De acordo com a nova Constituição, aeducação básica não era um direito dos cidadãos, nem um dever do Estado.Assim, o número de eleitores continuou, de fato, tão restrito quanto no tempo doImpério.

O Poder Moderador foi extinto, assim como a vitaliciedade dos senadores,que passavam a ser votados como os deputados federais.

A nova Constituição estabeleceu também o presidencialismopresidencialismopresidencialismopresidencialismopresidencialismo. Ao contráriodo tempo do parlamentarismo imperial, no qual o poder executivo era exercidopor um primeiro-ministro, indicado pelo Imperador entre os políticos do partidomais votado no parlamento, agora o poder executivo da União era exercido porum presidente da Repúblicapresidente da Repúblicapresidente da Repúblicapresidente da Repúblicapresidente da República, eleito diretamente pela população.

O país, portanto, modificara-se a partir do novo texto constitucional. Agora,o país possuía um sistema político mais descentralizado e mais representativo,pois todos os governantes eram eleitos pela população. Mantiveram-se, noentanto, importantes restrições à participação política popular.

A ordem oligárquica

Os primeiros governos republicanos, em geral, muito pouco fizeram paraampliar ou estimular a participação política da população. As fraudes tornaram-se comuns, e não era nada fácil, para aqueles que detinham a cidadania política,fazer respeitar o resultado das urnas.

Os ideaisOs ideaisOs ideaisOs ideaisOs ideaisrepublicanosrepublicanosrepublicanosrepublicanosrepublicanospermanecempermanecempermanecempermanecempermanecematé hoje naaté hoje naaté hoje naaté hoje naaté hoje nanossa bandeira,nossa bandeira,nossa bandeira,nossa bandeira,nossa bandeira,com o lema:com o lema:com o lema:com o lema:com o lema:“““““ ORDEMORDEMORDEMORDEMORDEM EEEEEPROGRESSPROGRESSPROGRESSPROGRESSPROGRESSOOOOO ” .” .” .” .” .

18A U L A Havia a população das cidades, especialmente a da capital - o Rio de Ja-

neiro -, com maior acesso à alfabetização e com diversos grupos de oposição(monarquistas, positivistas) em constante atividade.

Havia os militares, que ocuparam os primeiros governos republicanos:Deodoro da Fonseca (1889/1892) e Floriano Peixoto (1892/1894). Mas os milita-res nem sempre estiveram de acordo com os republicanos civis ou mesmo emacordo entre suas diferentes armas. Durante o governo do marechal FlorianoPeixoto, oficiais da Marinha (monarquistas) fizeram um levante conhecidocomo Revolta da ArmadaRevolta da ArmadaRevolta da ArmadaRevolta da ArmadaRevolta da Armada, que deixou a capital sitiada durante algum tempo.

A República precisava construir um novo pacto social que garantisse aordem e a estabilidade do novo regime. Para aqueles que estavam na liderançaeconômica do país (isto é, paulistas e mineiros ligados ao setor exportador), erapreciso conter a influência política dos grupos localizados na capital, não apenasa dos setores populares mas também a dos grupos de oposição civil e militar. Asolução encontrada pelo presidente Campos Sales (1898/1902) foi neutralizar acapital, fortalecendo os estados, que passaram a ter maior ou menor influênciano governo central de acordo com sua força política.

Por meio de uma política de compromissos com as forças políticas estaduaise municipais, São Paulo e Minas Gerais vão dominar a política nacional,caracterizando o que ficou conhecido como Política dos GovernadoresPolítica dos GovernadoresPolítica dos GovernadoresPolítica dos GovernadoresPolítica dos Governadores.

O funcionamento da política mencionada por Campos Sales baseava-se,assim, numa troca de interesses entre as oligarquias locais e o governo federal.Os coronéis - chefes políticos nos municípios - garantiam apoio ao candidatooficial nas eleições estaduais e federais e recebiam autonomia nas decisões dopróprio município. Os grupos dominantes dos estados apoiavam o presidente,que defendia seus interesses e lhes garantia autonomia nos negócios estaduais.

Desse modo, os conflitos no interior dos estados tinham de resolver-se semintervenção federal e, quase sempre, no interior de um único partido republica-no (os partidos republicanos estaduais). Definiam-se, assim, as oligarquiasoligarquiasoligarquiasoligarquiasoligarquiasestaduaisestaduaisestaduaisestaduaisestaduais (grupos que controlavam o poder político nos estados), a partir docontrole político do eleitorado rural.

6

Dessa forma, neutralizavam-se também as multidões urbanas e os gruposde oposição civis e militares. Por todo o período que ficou conhecido comoPrimeira RepúblicaPrimeira RepúblicaPrimeira RepúblicaPrimeira RepúblicaPrimeira República (1889/1930), poucas vezes houve mais de um candidato àpresidência. Quando isso ocorreu, as cidades (e também os militares) voltaramà cena, como veremos principalmente no próximo módulo.

Relendo o texto

Leia mais uma vez o texto da aula, sublinhe as palavras que não entendeu eprocure ver o que elas significam, no vocabulário da Unidade ou no dicionário.

1.1.1.1.1. Releia O Manifesto RepublicanoO Manifesto RepublicanoO Manifesto RepublicanoO Manifesto RepublicanoO Manifesto Republicano e retire trechos que mostrem as críticasdos republicanos à monarquia.

2.2.2.2.2. Releia Terceiro Reinado?Terceiro Reinado?Terceiro Reinado?Terceiro Reinado?Terceiro Reinado? e responda: qual foi a reação do Império a essascríticas?

O temponão pára

Exercícios

18A U L A3.3.3.3.3. Releia A RepúblicaA RepúblicaA RepúblicaA RepúblicaA República e explique a frase: “Era agora um país com um sis-

tema político mais descentralizado e mais representativo”.

4.4.4.4.4. Releia A A A A A ooooordem rdem rdem rdem rdem oooooligárquicligárquicligárquicligárquicligárquica e explique por que este período da nossahistória (1889/1930) ficou conhecido como República Oligárquica.

5.5.5.5.5. Dê um novo título a esta aula.

Fazendo a História

Reproduzimos abaixo trechos da Constituição Brasileira de 1889, aprovadalogo após a proclamação da República.

Leia o documento com atenção, a fim de melhor entender as leis que regeramo Brasil durante a Primeira República.

TÍTULO IITÍTULO IITÍTULO IITÍTULO IITÍTULO IIDOS ESTADOSDOS ESTADOSDOS ESTADOSDOS ESTADOSDOS ESTADOSArt. 63 Art. 63 Art. 63 Art. 63 Art. 63 - Cada estado reger-se-á pela Constituição e pelas leis que adotar,respeitados os princípios constitucionais da União (Poder Central).TÍTULO IIITÍTULO IIITÍTULO IIITÍTULO IIITÍTULO IIIDO MUNICÍPIODO MUNICÍPIODO MUNICÍPIODO MUNICÍPIODO MUNICÍPIOArt. 68 Art. 68 Art. 68 Art. 68 Art. 68 - Os estados organizar-se-ão de forma que fique assegurada aautonomia dos municípios, em tudo quanto respeite ao seu peculiarinteresse.TÍTULO IVTÍTULO IVTÍTULO IVTÍTULO IVTÍTULO IVDOS CIDADÃOS BRASILEIROSDOS CIDADÃOS BRASILEIROSDOS CIDADÃOS BRASILEIROSDOS CIDADÃOS BRASILEIROSDOS CIDADÃOS BRASILEIROSArt. 70Art. 70Art. 70Art. 70Art. 70 - São eleitores os cidadãos do sexo masculino, maiores de 21 anosque se alistarem na forma da lei.Parágrafo 1 - Não podem se alistar eleitores para as eleições federais oupara os estados:

1. os mendigos;2. os analfabetos;3. as praças de pré, excetuando os alunos das escolas militares de

ensino superior (...)

Agora responda:

1.1.1.1.1. Como deveria se dar a relação entre estados, municípios e União, de acordocom a Constituição de 1891? (consulte os Títulos II e III da Constituição).

2.2.2.2.2. Segundo a Constituição de 1891, a quem era reconhecido o direito de sereleitor brasileiro?

3.3.3.3.3. A quem era negado o direito de participar das eleições federais ou estaduais?

4.4.4.4.4. A República conseguiu atender às expectativas de participação popular?Por quê?

5.5.5.5.5. Hoje, como podemos participar das decisões do país? Dê exemplos recentes.

6

abolicionismoabolicionismoabolicionismoabolicionismoabolicionismo - Conjunto de idéias que defendem o fim da escravidão.abolicionistaabolicionistaabolicionistaabolicionistaabolicionista - Que é a favor da libertação dos escravos.Afro-AméricaAfro-AméricaAfro-AméricaAfro-AméricaAfro-América - Regiões das Américas em que houve a presença da escravidãoafricana.alforriaalforriaalforriaalforriaalforria - Liberdade concedida pelo senhor ao escravo.aristocráticoaristocráticoaristocráticoaristocráticoaristocrático - Nobre; relativo à nobreza.Assembléia ConstituinteAssembléia ConstituinteAssembléia ConstituinteAssembléia ConstituinteAssembléia Constituinte - Conjunto de deputados e senadores responsáveispela elaboração da Constituição de um país.autonomiaautonomiaautonomiaautonomiaautonomia - Liberdade; independênciabígamobígamobígamobígamobígamo - Aquele de tem duas esposas.brasãobrasãobrasãobrasãobrasão - Emblema; insígnia.caçoadacaçoadacaçoadacaçoadacaçoada - Zombaria; graça.cambaiocambaiocambaiocambaiocambaio - Quem tem pernas tortas.canibalismocanibalismocanibalismocanibalismocanibalismo - Costume de comer carne humana.capitalcapitalcapitalcapitalcapital - 1.1.1.1.1. Sede política e administrativa. 22222. Qualquer riqueza investida naprodução ou no comércio para produzir lucro.capitaniacapitaniacapitaniacapitaniacapitania - Cada uma das primeiras divisões administrativas do territóriobrasileiro que deram origem às províncias do século XIX e aos estados de hoje.cativocativocativocativocativo - Escravo; que não tem liberdade.Câmara dos DeputadosCâmara dos DeputadosCâmara dos DeputadosCâmara dos DeputadosCâmara dos Deputados - Órgão que reúne representantes eleitos pelos cidadãospara criar e aprovar as leis do país.cidadaniacidadaniacidadaniacidadaniacidadania - Participação nas decisões e na vida do país; pleno gozo dos direitoscivis e políticos pelos cidadãos.cidadãocidadãocidadãocidadãocidadão - Habitante de um país, região ou cidade que tem direitos e deveres civise políticos em relação ao Estado.ColôniaColôniaColôniaColôniaColônia - Território dominado por outro país, a Metrópole.conspiradorconspiradorconspiradorconspiradorconspirador - Aquele que trama secretamente contra algo ou alguém; aquele queconspira.ConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãoConstituiçãoConstituição - A lei máxima de um país; conjunto de leis que rege um país.

Atenção!Quando houver

mais de umsentido bem

diferente para umapalavra, as várias

definiçõesaparecem

numeradas.Quando

houver sentidossemelhantes, asdefinições estão

separadas porponto e vírgula (;).

Vocabulárioda Unidade 1

cristianizar cristianizar cristianizar cristianizar cristianizar - Tornar cristão; ensinar o modo de viver e pensar dos cristãos.demografiademografiademografiademografiademografia - Estudo da população.deserçãodeserçãodeserçãodeserçãodeserção - Ato de abandonar um partido, uma causa, uma guerra, um exército.donatáriodonatáriodonatáriodonatáriodonatário - Aquele que recebeu o direito de explorar uma capitania, em troca dedeveres com a Coroa.eitoeitoeitoeitoeito - Roça onde trabalhavam os escravos.eliteeliteeliteeliteelite - Minoria privilegiada e dominante numa sociedade ou num grupo.emancipaçãoemancipaçãoemancipaçãoemancipaçãoemancipação - Liberdade, independência.escamboescamboescamboescamboescambo - Troca de um produto por outro produto, sem que entre dinheiro nessanegociação.especiariaespeciariaespeciariaespeciariaespeciaria - Tempero, como orégano, canela, pimenta, entre outros.especulaçãoespeculaçãoespeculaçãoespeculaçãoespeculação - Negócio em que uma das partes abusa da fé da outra; exploração.exportaçãoexportaçãoexportaçãoexportaçãoexportação - Venda para o exterior, para outros países.feitoriafeitoriafeitoriafeitoriafeitoria - Posto de armazenagem e troca de mercadorias.fidalgofidalgofidalgofidalgofidalgo - Nobre.genocídiogenocídiogenocídiogenocídiogenocídio - Destruição de um povo, de uma tribo; matança de muita gente deuma mesma etnia.hereditáriohereditáriohereditáriohereditáriohereditário - Que passa dos pais para os filhos.hierarquiahierarquiahierarquiahierarquiahierarquia - Ordem e subordinação de poderes ou grupos. (Por exemplo: nahierarquia do Exército, um general está numa posição superior em relação a umcoronel. O general tem mais poder e autoridade.)impérioimpérioimpérioimpérioimpério - Monarquia cujo chefe tem o título de imperador ou imperatriz.indenizarindenizarindenizarindenizarindenizar - Dar uma compensação financeira por alguma coisa que foi retiradade alguém.insurreiçãoinsurreiçãoinsurreiçãoinsurreiçãoinsurreição - Revolta.inventário inventário inventário inventário inventário post-mortempost-mortempost-mortempost-mortempost-mortem - Relação de bens deixados por alguém que morreu.jesuítasjesuítasjesuítasjesuítasjesuítas - Padres da Igreja Católica que faziam parte da Companhia de Jesus.legitimidadelegitimidadelegitimidadelegitimidadelegitimidade - Qualidade do que é legítimo, autêntico; legal (isto é, de acordocom a lei); autenticidade.legítimolegítimolegítimolegítimolegítimo - Que é legal ou aceito por todos como verdadeiro.locadorlocadorlocadorlocadorlocador - Aquele que aluga algo para outra pessoa (cobrando o aluguel).locatáriolocatáriolocatáriolocatáriolocatário - Aquele que aluga algo de outra pessoa (pagando o aluguel).manufaturamanufaturamanufaturamanufaturamanufatura - 1.1.1.1.1. (Antigamente) Fábricas que produziam artigos com máquinasou ferramentas muito simples, pouco sofisticadas. (Hoje) Estabelecimentoindustrial; fábrica; indústria. 2.2.2.2.2. Trabalho feito à mão.martíriomartíriomartíriomartíriomartírio - Sofrimento.MetrópoleMetrópoleMetrópoleMetrópoleMetrópole - 1.1.1.1.1. País ou nação que domina um território, o qual se torna suaColônia. 2.2.2.2.2. Cidade muito grande, cuja influência atinge todas as pequenas emédias cidades que estão ao seu redor, formando uma região metropolitana.missionáriomissionáriomissionáriomissionáriomissionário - 1.1.1.1.1. Religioso que ia para as missões na América, a fim de cristianizaros índios. 22222. Membro de seita religiosa que divulga (prega) sua crença para quemnão a conhece.

missãomissãomissãomissãomissão - 1.1.1.1.1. Aldeia organizada por padres missionários e habitada pelos índios,na qual os religiosos ensinavam os costumes cristãos e a própria religião católica.2.2.2.2.2. Encargo; incumbência.mobilizaçãomobilizaçãomobilizaçãomobilizaçãomobilização - Organização e manifestação da população para lutar, reivindicar,protestar ou apoiar alguma coisa.monarquiamonarquiamonarquiamonarquiamonarquia - Tipo de governo ou regime político no qual o chefe tem o nome derei ou monarca.monetáriomonetáriomonetáriomonetáriomonetário - Referente à moeda, ao dinheiro.monopóliomonopóliomonopóliomonopóliomonopólio - Controle exclusivo sobre o comércio ou a produção de mercadoriaspor parte de um país, de uma empresa ou de um grupo de empresas.opressãoopressãoopressãoopressãoopressão - Domínio violento sobre alguém ou sobre um povo.outorgadooutorgadooutorgadooutorgadooutorgado - Concedido; permitido. (No caso da Constituição de 1824, ela foioutorgada porque veio diretamente do imperador D. Pedro I, sem passar poruma Assembléia Constituinte, sendo, por isso, imposta ao país.)paróquia ruralparóquia ruralparóquia ruralparóquia ruralparóquia rural - Divisão territorial no campo, administrada por um pároco(padre) responsável por cuidar dos interesses da Igreja naquela área.patriarcapatriarcapatriarcapatriarcapatriarca - Chefe de família, em geral o mais velho, do sexo masculino, commuita autoridade sobre todos.plebeuplebeuplebeuplebeuplebeu - Aquele que não é nobre; gente simples, do povo.possessãopossessãopossessãopossessãopossessão - Área dominada e, por vezes, colonizada pelo dominador.promissorpromissorpromissorpromissorpromissor - Que promete dar bom resultado.provínciaprovínciaprovínciaprovínciaprovíncia - Divisão administrativa do Brasil no tempo do Império, quecorresponde aos estados de hoje.recolonizaçãorecolonizaçãorecolonizaçãorecolonizaçãorecolonização - Retorno à condição de Colônia.remunerarremunerarremunerarremunerarremunerar - Pagar a alguém por um serviço.repúblicarepúblicarepúblicarepúblicarepública - Forma de governo na qual o poder vem do povo, por intermédio deseus representantes eleitos.ritoritoritoritorito ou ritual ou ritual ou ritual ou ritual ou ritual - Conjunto de regras e de cerimônias que são praticadas em umareligião.senadosenadosenadosenadosenado - (Antigamente) Órgão de representação das províncias no ParlamentoImperial. (Hoje) Órgão de representação dos estados no Congresso Nacional(composto de Câmara dos Deputados e Senado).senzalasenzalasenzalasenzalasenzala - Local de moradia dos escravos.sesmariasesmariasesmariasesmariasesmaria - Lote de terra doado pela Coroa portuguesa ou pelos donatários decapitanias aos colonos, no período colonial.soberaniasoberaniasoberaniasoberaniasoberania - Poder; autoridade suprema.soslaiososlaiososlaiososlaiososlaio - Esguelha. (Olhar de soslaio: olhar de lado, olhar de esguelha.)subsistênciasubsistênciasubsistênciasubsistênciasubsistência - Sobrevivência.tarifatarifatarifatarifatarifa - Imposto; taxa.tráficotráficotráficotráficotráfico - Comércio.urbanourbanourbanourbanourbano - Relativo à cidade.voto censitáriovoto censitáriovoto censitáriovoto censitáriovoto censitário - Voto baseado na renda do indivíduo.

ALENCAR, Francisco (e outros) - História da sociedade brasileiraHistória da sociedade brasileiraHistória da sociedade brasileiraHistória da sociedade brasileiraHistória da sociedade brasileira, Rio deJaneiro, Ao Livro Técnico, 1985.CARDOSO, Ciro F. S. (organizador) - Escravidão e abolição no Brasil: NovasEscravidão e abolição no Brasil: NovasEscravidão e abolição no Brasil: NovasEscravidão e abolição no Brasil: NovasEscravidão e abolição no Brasil: Novasperspectivasperspectivasperspectivasperspectivasperspectivas. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1988.CARVALHO, José Murilo de- A Monarquia brasileira A Monarquia brasileira A Monarquia brasileira A Monarquia brasileira A Monarquia brasileira. R. Janeiro, Ao LivroTécnico, 1993.CASTRO, Hebe Maria Mattos de - Ao sul da História. Lavradores pobres naAo sul da História. Lavradores pobres naAo sul da História. Lavradores pobres naAo sul da História. Lavradores pobres naAo sul da História. Lavradores pobres nacrise do trabalho escravocrise do trabalho escravocrise do trabalho escravocrise do trabalho escravocrise do trabalho escravo. São Paulo, Brasiliense, 1987.COSTA, Emília Viotti da - Da senzala à Colônia Da senzala à Colônia Da senzala à Colônia Da senzala à Colônia Da senzala à Colônia. São Paulo, LECH, 1982.CUNHA, Manoela Carneiro da - História dos índios no BrasilHistória dos índios no BrasilHistória dos índios no BrasilHistória dos índios no BrasilHistória dos índios no Brasil. São Paulo,Companhia das Letras, 1992.FALCON, Francisco C. - Mercantilismo e transiçãoMercantilismo e transiçãoMercantilismo e transiçãoMercantilismo e transiçãoMercantilismo e transição. São Paulo, Brasiliense,1984. Coleção “Tudo é História”. 5ª edição.FREYRE, Gilberto - Casa-grande & senzalaCasa-grande & senzalaCasa-grande & senzalaCasa-grande & senzalaCasa-grande & senzala. Rio de Janeiro, Editora JoséOlympio, 1934.HOLANDA, Sérgio Buarque de (organizador) - Coleção “História geral dacivilização brasileira”, A época colonialA época colonialA época colonialA época colonialA época colonial, Tomo I. São Paulo, DIFEL.LARA, Sílvia H. - Campos da violência: escravos e senhores na capitania do RioCampos da violência: escravos e senhores na capitania do RioCampos da violência: escravos e senhores na capitania do RioCampos da violência: escravos e senhores na capitania do RioCampos da violência: escravos e senhores na capitania do Riode Janeirode Janeirode Janeirode Janeirode Janeiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1988.MATTOS, Ilmar R. d (e outros) - História - 1História - 1História - 1História - 1História - 1ª série do 2 série do 2 série do 2 série do 2 série do 2º grau grau grau grau grau. Rio de Janeiro,Francisco Alves, Edutel, 1977.MATTOS, Ilmar R. de (e outros) - Brasil: uma História dinâmica Brasil: uma História dinâmica Brasil: uma História dinâmica Brasil: uma História dinâmica Brasil: uma História dinâmica. São Paulo,Nacional, 1972.MOTA, Carlos Guilherme - 1822. Dimensões1822. Dimensões1822. Dimensões1822. Dimensões1822. Dimensões. São Paulo, Perspectiva, 1972.MENDONÇA, Paulo Knauss de - O Rio de Janeiro da pacificação.O Rio de Janeiro da pacificação.O Rio de Janeiro da pacificação.O Rio de Janeiro da pacificação.O Rio de Janeiro da pacificação. Rio deJaneiro, Biblioteca Carioca, v. 18, 1991.REIS, João José e SILVA, Eduardo - Negociação e conflito: a resistência negraNegociação e conflito: a resistência negraNegociação e conflito: a resistência negraNegociação e conflito: a resistência negraNegociação e conflito: a resistência negrano Brasil escravistano Brasil escravistano Brasil escravistano Brasil escravistano Brasil escravista. São Paulo, Companhia das Letras, 1989.SOUZA, Laura de Mello e - O diabo e a Terra de Santa CruzO diabo e a Terra de Santa CruzO diabo e a Terra de Santa CruzO diabo e a Terra de Santa CruzO diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo, Companhiadas Letras, 1986.TERENA, Marcos - Cidadãos da selva: a História contada pelo outro ladoCidadãos da selva: a História contada pelo outro ladoCidadãos da selva: a História contada pelo outro ladoCidadãos da selva: a História contada pelo outro ladoCidadãos da selva: a História contada pelo outro lado.Rio de Janeiro, Gráfica do Jornal do Brasil, 1992.

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Bibliografiada Unidade 1

AULA 1 - Que História é essa?AULA 1 - Que História é essa?AULA 1 - Que História é essa?AULA 1 - Que História é essa?AULA 1 - Que História é essa?Relendo o texto1.1.1.1.1. Século é um período de 100 anos. O nascimento de Cristo foi adotado paramarcar o início do século I. O ano de 1995 pertence ao século que terminará nodia 31 de dezembro de 2000, quando se completarão vinte centenas de anos,desde o nascimento de Cristo. Estamos, portanto, no século XX.2.2.2.2.2. Os documentos escritos são importantes, porque eles nos fornecem informa-ções sobre formas de viver e pensar de homens e mulheres que viveram nopassado. São importantes para conhecer a História de uma sociedade ou de umpovo. Além dos documentos escritos, existem histórias e canções passadas depais para filhos; pinturas, esculturas e desenhos; fotografias, filmes, poesias;arquitetura e roupas da época.3.3.3.3.3. “Os historiadores escrevem a História a partir das perguntas que formulamsobre o passado”.“Os historiadores buscam respostas pesquisando as fontes históricas.”4.4.4.4.4. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. XV 2.2.2.2.2. XIX 3.3.3.3.3. XX

AULA 2 - O encontro de dois mundosAULA 2 - O encontro de dois mundosAULA 2 - O encontro de dois mundosAULA 2 - O encontro de dois mundosAULA 2 - O encontro de dois mundosRelendo o texto1. a) 1. a) 1. a) 1. a) 1. a) Crescimento da produção agrícola; aumento do lucro do comércio com oOriente; crescimento da riqueza dos países com o acúmulo de ouro e prataconseguidos pelo comércio.b)b)b)b)b) O Homem transformou-se no centro das atenções dos pensadores e artistas.O Renascimento Cultural concretiza essa tendência.2. a)2. a)2. a)2. a)2. a) Diferentes viagens foram feitas pelos navegadores portugueses, todasiniciadas pelo Oceano Atlântico. Os portugueses, primeiro, conquistaram Ceutana África, depois foram conquistadas ilhas no Atlântico e pontos do litoral daÁfrica; depois foi contornado o Cabo das Tormentas no extremo-sul da África e,por fim, Vasco da Gama chegou às Índias.b)b)b)b)b) Enquanto Portugal alcançava as Índias contornando o continente africano, osespanhóis, querendo atingir o Oriente em linha reta, chegavam à América,continente desconhecido dos europeus até então.

Gabaritos das aulas1 a 18

3.3.3.3.3. Durante séculos, cada povo havia desenvolvido sua própria maneira de vivere de pensar. Os índios estranhavam, nos europeus, as roupas, a barba, os cavalos,a cobiça pelo ouro. Os europeus estranhavam, nos índios, a falta de roupas, aausência de noção de propriedade e uma religião completamente diferente docristianismo.4.4.4.4.4. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. Documento AAAAA: um indígena americano.

Documento BBBBB: um europeu, português ou espanhol.2.2.2.2.2. Os europeus viam os indígenas como bárbaros, ou como selvagens, primitivos,sem cultura. Os indígenas comparavam os europeus a animais (macacos eporcos) por causa da cobiça pelo ouro.3. a)3. a)3. a)3. a)3. a) As diferenças culturais existem porque existem experiências de vidadiferentes. Cada sociedade tem uma história própria, produzindo culturas erealidades diversas.b)b)b)b)b) Sim. Os exemplos deverão mostrar as diferenças, na forma de pensar, defestejar, nas expressões da arte, etc. Essas diferenças podem existir dentro dopróprio Brasil: entre os indígenas e outros brasileiros; entre nordestinos esulistas. Existem também diferenças entre o Brasil e outros países.c)c)c)c)c) Sim. Existem alguns grupos ou expressões culturais que são consideradasinferiores por outros grupos. Exemplos de grupos: negros, indígenas. Exemplosde expressões culturais: religiões de origem africana ou manifestações popula-res, como o funk.

AULA 3 - O nascimento do BrasilAULA 3 - O nascimento do BrasilAULA 3 - O nascimento do BrasilAULA 3 - O nascimento do BrasilAULA 3 - O nascimento do BrasilRelendo o texto1. a)1. a)1. a)1. a)1. a) O Tratado de Tordesilhas foi um acordo entre os reis de Portugal e Espanhacom relação ao descobrimento de terras. Por uma linha imaginária, chamadaMeridiano de Tordesilhas, dividiram o mundo ao meio, ficando metade paraPortugal e metade para a Espanha. Esse acordo foi assinado na cidade espanholade Tordesilhas, em 1494.b)b)b)b)b) Os portugueses tiveram de ocupar o território brasileiro porque os reis deoutros países, como a França, a Holanda e a Inglaterra, não reconheciam oTratado de Tordesilhas. O rei da França chegou a dizer que “desconhecia otestamento de Adão no qual ele dividia a mundo entre Portugal e Espanha”. Poroutro lado, reconheciam a posse das terras efetivamente ocupadas. Assim, paraevitar a invasão de suas terras, os portugueses trataram de colonizá-las.c)c)c)c)c) Os portugueses usaram a cana-de-açúcar para colonizar o Brasil porque játinham plantações rentáveis de cana em outras possessões. Nessa época, oaçúcar tinha grande valor e dava bom lucro, sendo chamado de “ouro branco”,pois rendia mais do que a exploração das minas.2. a)2. a)2. a)2. a)2. a) O engenho colonial era uma grande propriedade produtora de açúcar paraexportação. Usava mão-de-obra escrava. Produzia seus alimentos e animais detração. O centro administrativo e de poder era a casa-grande, onde o senhor deengenho morava com sua família.b)b)b)b)b) O Pacto Colonial era um sistema de controle político e econômico que aMetrópole exercia sobre as colônias, que só podiam vender, comprar ou fazerqualquer negócio com os mercadores autorizados.3.3.3.3.3. Resposta livreFazendo a HistóriaAlém do trabalho na lavoura, na casa do engenho ou na casa-grande, existiam

escravos ocupados em ofícios diversos, como barqueiros, canoeiros, calafates(que tapam fendas em barcos ou janelas de madeira), oleiros (fabricantes depeças de barro, louça ou cerâmica), carapinas (carpinteiros), carreiros (guias decarros de bois), vaqueiros, pastores e pescadores.

AULA 4 - Ocupação do interior da ColôniaAULA 4 - Ocupação do interior da ColôniaAULA 4 - Ocupação do interior da ColôniaAULA 4 - Ocupação do interior da ColôniaAULA 4 - Ocupação do interior da ColôniaRelendo o texto1.1.1.1.1.

REGIÕES LOCALIZAÇÃO ATIVIDADE MÃO-DE-OBRAECONÔMICA

PASTORIL SERTÃO NORDESTINO PECUÁRIA OU TRABALHO LIVRE DE

CRIAÇÃO DE GADO BRANCOS, ÍNDIOS EMESTIÇOS NO INÍCIO;

EXTREMO SUL TROPAS DE MULAS DEPOIS ESCRAVOS

AFRICANOS

VALE VALE DO RIO DROGAS DO SERTÃO INDÍGENAS

AMAZÔNICO AMAZONAS

VICENTINA SÃO VICENTE APRESAMENTO DE TRABALHO LIVRE DE

ÍNDIOS; BUSCA DE BRANCOS, ÍNDIOS EOURO MESTIÇOS

MINERADORA REGIÃO DAS MINAS METAIS PRECIOSOS ESCRAVOS AFRICANOS

2. a)2. a)2. a)2. a)2. a) Nessas expedições, os bandeirantes penetravam o interior do territóriocolonial. Eles aprisionavam os indígenas para vendê-los como escravos.b)b)b)b)b) “Várias vilas foram fundadas”.“A região mineradoraregião mineradoraregião mineradoraregião mineradoraregião mineradora foi responsável pelo grande crescimento populacionalda Colônia, fazendo, inclusive, com que o número de pessoas livres superasse,pela primeira vez, o de escravos.”“A vida urbana tornou-se mais intensa, mas aumentou o controle da Metrópole.”3.3.3.3.3. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. “Largueza de campo e água sempre manente dos rios e das lagoas”.A pecuária cresceu impulsionada pela lavoura açucareira, tornando-se umaatividade complementar a ela, na região nordestina. No extremo sul, a criaçãode mulas cresceu para servir às atividades na Região das Minas.2.2.2.2.2. O documento fala sobre o grande deslocamento de população para a Regiãodas Minas. Em busca do ouroEm busca do ouroEm busca do ouroEm busca do ouroEm busca do ouro fala sobre outras alterações no povoamento daColônia, como, por exemplo o número de trabalhadores livres superar, pelaprimeira vez, o número de escravos.

AULA 5 - O Brasil indígenaAULA 5 - O Brasil indígenaAULA 5 - O Brasil indígenaAULA 5 - O Brasil indígenaAULA 5 - O Brasil indígenaRelendo o textoRelendo o textoRelendo o textoRelendo o textoRelendo o texto11111. Há muitas palavras e nomes, de pessoas, de lugares e até de ruas. Exemplos:Ajuricaba, Anhangüera, Araraquara, Embu-Guaçu, Guararapes, Iara, igarapé,Itaporanga, Itapuã, Manaus, mandioca, Maracanã, Pacaembu, surucucu, etc.2.2.2.2.2. Além de tomar banho diariamente, talvez você goste de dormir em rede ou decomer farinha de mandioca. Porém há muito mais para você descobrir!

3.3.3.3.3. Os índios conhecem mais e melhor a vida nas florestas e a respeitam; utilizamcom sabedoria os recursos disponíveis, como alimentos e remédios.4.4.4.4.4. Já que ecossistemaecossistemaecossistemaecossistemaecossistema é toda a cadeia de vida que existe em determinadoambiente, a destruição de uma espécie pode afetar muitas outras. Os índiossabem disso e estão perfeitamente integrados a seu ecossistema. Utilizam-nosem depredá-lo.5.5.5.5.5. Os povos indígenas estão ameaçados pela invasão de terras, pela poluição dosrios, pelo contato com os que querem explorar as riquezas de seu território ou,então, com pessoas que desejam “salvar” a alma deles, ensinando-lhes religiões.6.6.6.6.6. Resposta livre.Fazendo a HistóriaFazendo a HistóriaFazendo a HistóriaFazendo a HistóriaFazendo a História1. Os direitos de decidir as próprias leis e a própria forma de governo e o demanter sua língua, sua religião, seus costumes e suas tradições. O direito a seuterritório e a todos os recursos ali disponíveis.2. Por causa da poluição dos rios e da invasão de terras, os índios não podemmais pescar, caçar e coletar seus alimentos, o que altera completamente seumodo de vida. Além disso, a terra, para eles, é sagrada. Há uma ligação, umaidentificação espiritual com o local que habitam. Sair desse lugar, ou vê-lodegradado, significa a morte de sua raça, o fim de sua cultura.

AULA 6 - A escravidão e o mundo ruralAULA 6 - A escravidão e o mundo ruralAULA 6 - A escravidão e o mundo ruralAULA 6 - A escravidão e o mundo ruralAULA 6 - A escravidão e o mundo ruralRelendo o texto1.1.1.1.1. a)a)a)a)a) “Viúvo, migrou para o Espírito Santo.”b)b)b)b)b) “Deste casamento nasceram seis filhos legítimos, segundo o pai, falecidosquando redigiu seu testamento já em Campos dos Goitacazes, Capitania daParaíba do Sul.”2.2.2.2.2. “Os escravos estavam nos engenhos e nas fazendas, que possuíam mais decinqüenta escravos cada uma e, às vezes, centenas deles. Estavam também naspequenas e médias propriedades dos lavradores de cana e dos plantadores detabaco e de algodão.”“Estavam, ainda, na pequena produção de porcos, do milho e da mandioca”.“Mesmo os libertos, ex-escravos que compravam ou recebiam alforria,freqüentemente também se tornavam proprietários de escravos.”3.3.3.3.3. Resposta livre.Fazendo a história1.1.1.1.1. Viviam na maior simplicidade, como se vê pela herança apresentada: umacasa coberta de palha, uma cama marquesa, uma canastra velha e um escravo.2.2.2.2.2. Porque escravo era símbolo de prosperidade e riqueza na sociedade colonial.E fazer trabalhos manuais era serviço de escravos e um desprestígio para ohomem branco.

AULA 7 - O desenvolvimento das cidadesAULA 7 - O desenvolvimento das cidadesAULA 7 - O desenvolvimento das cidadesAULA 7 - O desenvolvimento das cidadesAULA 7 - O desenvolvimento das cidadesRelendo o texto1.1.1.1.1. As cidades tinham papel de destaque servindo como entrepostos comerciais,e no campo político representavam a sede do poder administrativo. O Rio deJaneiro, sede do vice-reinado desde 1763, era um porto por onde se escoava aprodução das minas de ouro. Não só as funções administrativas e o comércioexterno mostravam o dinamismo dessas cidades, mas também o papel queocupavam no abastecimento interno e no comércio entre os portos. Além disso,as cidades representavam um espaço no qual era possível crescer socialmente,apesar de escravista.

2.2.2.2.2. Os bens históricos e culturais contribuem para a formação da cidadania e daidentidade nacional. Eles refletem os conhecimentos, as realizações e as transfor-mações que produziram o Brasil que conhecemos e o povo que somos.3.3.3.3.3. Resposta livre.4.4.4.4.4. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. Pode-se concluir que as cidades eram sujas e sem saneamento, com muitosfocos de mosquitos e de ratos, com esgotos a céu aberto. E que mau cheiro!2.2.2.2.2. O povo reagia às opressões e à exploração que sofria. O governo portuguêsnão investia em educação nem dava nenhum tipo de assistência. Não havianenhum direito social nem político. Ao criticar o povo, o vice-rei está mostrandoa sua própria incapacidade administrativa e o seu preconceito. A revolta nadatem a ver com a cor das pessoas, e sim com as condições de vida a que eramsubmetidas e com a falta de oportunidades.

AULA 8 - A luta dos escravosAULA 8 - A luta dos escravosAULA 8 - A luta dos escravosAULA 8 - A luta dos escravosAULA 8 - A luta dos escravosRelendo o texto1.1.1.1.1. “Para um escravo, fugir de uma fazenda significava meter-se mato adentro,numa terra desconhecida, sob a perseguição constante dos capitães-do-matocapitães-do-matocapitães-do-matocapitães-do-matocapitães-do-mato,indivíduos contratados pelos senhores de escravos para recuperar os cativosque escapavam.”2.2.2.2.2. As formas de resistência dos escravos eram muitas: mantinham sua religião,seus deuses, suas danças e batucadas; mantinham a língua, os costumes e astradições. Além disso, lutavam capoeira, fugiam e formavam quilombos; com asinsurreições, conseguiam negociar com os senhores. Mas, principalmente,conservavam o sonho de comprar a liberdade com alguma renda extra.3.3.3.3.3. No Quilombo dos Palmares, os habitantes moravam em aldeias (mocambos),vivendo da agricultura de subsistência e do artesanato, trocando os excedentescom os povoados próximos.4.4.4.4.4. Resposta livre.Fazendo a HistóriaQualquer dos trechos pode ser retirado do texto. O comentário deve mostrar acapacidade de negociação entre escravos e senhores. A negociação foi uma dasformas de luta dos escravos, assim como a rebelião, que, no caso deste documen-to, provocou a negociação. Nesse sentido, os escravos também tinham poder deação dentro do sistema escravista e na construção da História do Brasil.

AULA 9 - De que jeito se governava a ColôniaAULA 9 - De que jeito se governava a ColôniaAULA 9 - De que jeito se governava a ColôniaAULA 9 - De que jeito se governava a ColôniaAULA 9 - De que jeito se governava a ColôniaRelendo o texto1. a)1. a)1. a)1. a)1. a) Porque Portugal encontrava-se mal financeiramente e o sistema de capita-nias hereditárias foi uma forma de dividir os custos da colonização comparticulares.b)b)b)b)b) Apenas as capitanias de Pernambuco e São Vicente prosperaram, e o sistemade capitanias promoveu a dispersão administrativa, o difícil controle da Metró-pole e a autonomia dos colonos.2. a)2. a)2. a)2. a)2. a) Eram os representantes dos proprietários de terras e escravos.b)b)b)b)b) Eles tinham o poder político-administrativo na Colônia.3.3.3.3.3. As invasões dos holandeses marcaram as cidades do Nordeste, e sua expulsãofez com que eles montassem um novo pólo açucareiro na América Central,fazendo com que o açúcar ali produzido concorresse com o açúcar brasileiro.

4.4.4.4.4. Mudou a capital da Colônia de Salvador para o Rio de Janeiro; extinguiu ascapitanias particulares, que ficaram sob controle direto de Portugal; criou asCompanhias de Comércio do Grão-Pará e do Maranhão e de Pernambuco eBahia; expulsou os jesuítas da Colônia; negociou as fronteiras do Brasil colonialcom a América espanhola.5.5.5.5.5. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. “traz consigo o ser servido, obedecido e respeitado de muitos.” (...) “bem sepode estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto proporcionadamente seestimam os títulos entre os fidalgos do reino.”2.2.2.2.2. A família, os empregados (lavradores e feitores), os escravos; todos os quevivessem no engenho.

AULA 10 - Liberdade, ainda que tardia!AULA 10 - Liberdade, ainda que tardia!AULA 10 - Liberdade, ainda que tardia!AULA 10 - Liberdade, ainda que tardia!AULA 10 - Liberdade, ainda que tardia!Relendo o texto1.1.1.1.1. No século XVIII surgiram idéias novas que revolucionaram as relações sociaise as relações de produção. Associou-se a idéia de “luz” a essa nova forma depensar, que utilizava a razão e valorizava o ser humano. As novas idéias iriam“iluminar” os caminhos da humanidade.2.2.2.2.2. Os estudantes brasileiros na Europa tiveram contato com as idéias iluministas.Por meio de livros e jornais, trazidos clandestinamente, essas idéias espalharam-se pela Colônia e serviram de inspiração para os revoltosos.3.3.3.3.3. A Conjuração Baiana foi mesmo uma rebelião do povo. Dela participaramescravos e negros livres, trabalhadores e pequenos comerciantes. Já a Inconfi-dência Mineira ficou apenas nos planos de alguns poucos letrados e membrosda elite; não houve participação popular.

4.4.4.4.4.

INCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIAINCONFIDÊNCIA CONJURAÇÃOCONJURAÇÃOCONJURAÇÃOCONJURAÇÃOCONJURAÇÃOMINEIRAMINEIRAMINEIRAMINEIRAMINEIRA BAIANABAIANABAIANABAIANABAIANA

DATADATADATADATADATA 1789 1798

LOCALLOCALLOCALLOCALLOCAL REGIÃO DAS MINAS BAHIA

GRUPOSGRUPOSGRUPOSGRUPOSGRUPOS QUEQUEQUEQUEQUE ELITE COLONIAL, ESTUDANTES, COMERCIANTES, PADRES,PARTICIPARAMPARTICIPARAMPARTICIPARAMPARTICIPARAMPARTICIPARAM PADRES E ESCRITORES PROFISSIONAIS LIBERAIS,

ALFAIATES, SOLDADOS ELIBERTOS

REAÇÃOREAÇÃOREAÇÃOREAÇÃOREAÇÃO DADADADADA PRISÃO DOS CONJURADOS; PRISÃO, DEGREDO,METRÓPOLEMETRÓPOLEMETRÓPOLEMETRÓPOLEMETRÓPOLE DEGREDO E JULGAMENTO E ENFORCAMENTO DE QUATRO

ENFORCAMENTO DE LÍDERES

TIRADENTES

5.5.5.5.5. Resposta livre.

Fazendo a História1.1.1.1.1. “Os homens nascem e permanecem livres.”“A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudica outrem.”“A lei não tem o direito de proibir senão as ações prejudiciais à sociedade. Tudoo que não é proibido pela lei não pode ser impedido e ninguém pode serconstrangido a fazer aquilo que ela não ordene.”2.2.2.2.2. “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos.”“A lei é a expressão da vontade geral (...). Ela deve ser a mesma para todos, querproteja, quer puna. Todos os cidadãos, sendo iguais aos seus olhos, sãoigualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos.”3.3.3.3.3. “O fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais eimprescritíveis do homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, asegurança e a resistência à opressão.”4.4.4.4.4. Direitos do cidadão: liberdade; propriedade; segurança; resistência à opres-são; concorrer, pessoalmente ou pelos seus representantes, para a formação dalei; admissão às dignidades, lugares e empregos públicos.Obrigações do governo: conservar os direitos naturais do homem; proibir asações prejudiciais à sociedade; manter a mesma lei para todos.5.5.5.5.5. O governo nasce da vontade do povo e existe para garantir os seus direitos.6.6.6.6.6. A relação colonial é oposta às idéias de liberdade e de igualdade. É uma relaçãodesigual entre Colônia e Metrópole, entre colonos e colonizadores e conta aindacom a escravidão. Na Colônia, não há espaço para a escolha de quem governa,o que é determinado pela Metrópole, e o governo não existe para garantir osdireitos da Colônia, mas sim para garantir o monopólio da Metrópole.

AULA 11 - Independência do BrasilAULA 11 - Independência do BrasilAULA 11 - Independência do BrasilAULA 11 - Independência do BrasilAULA 11 - Independência do BrasilRelendo o texto1.1.1.1.1. “reduzida população distribuída irregularmente pelo território.”“comunicações difíceis”.“Não existiam grandes cidades e nem no Rio de Janeiro, capital da colônia, haviafacilidade de comunicação com as demais regiões do Brasil.”2.2.2.2.2. A abertura dos portos do Brasil às Nações Amigas significou o fim do PactoColonial e da política de monopólios. O comércio com a Inglaterra aumentou ea elite colonial passou a consumir produtos refinados, trazidos pelos ingleses.3.3.3.3.3. Foram várias as razões, como, por exemplo, a insatisfação dos pernambucanoscom os impostos que deveriam pagar; os recursos humanos exigidos parasustentar a política expansionista de D. João na Guiana Francesa; a prisão demembros de sociedades secretas ordenada pelo governador de Pernambuco.4.4.4.4.4. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. A situação econômica de Portugal estava muito ruim; suas principais ativida-des econômicas haviam entrado em decadência.2.2.2.2.2. Porque Portugal já não era mais uma potência, como na época das grandesnavegações, e a Inglaterra espalhava seus produtos pelos portos de Portugal edo Brasil.3.3.3.3.3. As elites portuguesas queriam a volta do monopólio, e a recolonização doBrasil seria uma solução, proposta pela revolução do Porto em 1820.4.4.4.4.4. Convocaram uma Assembléia Constituinte e defenderam a independência doBrasil, mantendo aqui o príncipe D. Pedro. A independência foi feita, adotou-sea monarquia e evitou-se a recolonização.

AULA 12 - Muitas cores e formasAULA 12 - Muitas cores e formasAULA 12 - Muitas cores e formasAULA 12 - Muitas cores e formasAULA 12 - Muitas cores e formasRelendo o texto1.1.1.1.1. Índios e africanos eram igualmente vistos como bárbaros e pagãos pelosportugueses. Consideravam que eles não tinham cultura, que tudo que faziamde diferente não passava de selvageria, feitiçaria e superstição, e lhes impuserama sua fé e seus hábitos.2.2.2.2.2. Os africanos trabalhavam cantando suas cantigas de trabalho; as amas de leitecantavam cantigas de ninar e contavam histórias africanas; nas festas, dançavamdanças africanas e enfeitavam-se como se fazia na África. Além disso, muitaspalavras das línguas africanas passaram a fazer parte da nossa língua. Já osindígenas influenciaram a sociedade colonial com a maneira de construir suascasas, com suas comidas e sua arte.3.3.3.3.3. Os autos religiosos ou teatro religioso; as congadas ou folias negras.4.4.4.4.4. Cerimônias religiosas paramentadas; missas com padres ricamente vestidos;esculturas de madeira e ouro; estilo vistoso e cheio de detalhes.5.5.5.5.5. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. A busca do ouro e a conversão dos índios ao cristianismo.2.2.2.2.2. Resposta livre. Atenção para o fato de os indígenas terem crenças diferentesdiferentesdiferentesdiferentesdiferentes.Com esta pergunta é possível promover um debate entre colegas, trabalhandoa questão da diferença e do respeito entre os diferentes grupos culturais.

AULA 13 - Fé, festa e fervorAULA 13 - Fé, festa e fervorAULA 13 - Fé, festa e fervorAULA 13 - Fé, festa e fervorAULA 13 - Fé, festa e fervorRelendo o texto1.1.1.1.1. Os objetivos religiosos eram “levar o Cristianismo a todas as partes domundo”; “necessidade e, sobretudo, dever de expandir a religião católica”;determinação de converter todos os índios, considerados infiéis, à fé católica.2.2.2.2.2. IndígenasIndígenasIndígenasIndígenasIndígenas: adoravam forças da natureza, faziam cultos aos antepassados;acreditavam em deuses que protegiam suas atividades, como a caça, a lavourae a guerra; faziam festas para esses deuses a fim de agradá-los ou obter algumbenefício deles; acreditavam na influência dos deuses na vida cotidiana.

AfricanosAfricanosAfricanosAfricanosAfricanos: os muçulmanos acreditavam em Maomé e adoravam o deus Alá;outros acreditavam nas forças e nos elementos da natureza, em deuses queprotegiam seus “filhos” na Terra e no poder dos espíritos dos mortos.

EuropeusEuropeusEuropeusEuropeusEuropeus: fé católica; festas religiosas com danças e músicas; amuletos,santinhos e medalhas de proteção; valorização dos santos.3.3.3.3.3. “Deuses indígenas, deuses africanos e santos católicos: todos eles se mistura-vam no no dia-a-dia do povo do Brasil Colonial, criando um catolicismo próprio,de caráter mestiço, festeiro, resultado de toda essa mistura que se realizava sobo sol dos trópicos.”4.4.4.4.4. As irmandades eram associações de fiéis que se dedicavam ao culto de umsanto. Eles construíam um altar para esse santo dentro de uma igreja e faziamfestas e procissões em sua homenagem. As irmandades eram divididas emirmandades de pretos, pardos e brancos.5.5.5.5.5. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. O Divino Espírito Santo estava ligado à idéia de fartura.2.2.2.2.2. Existia diferenças entre a pregação oficial da Igreja Católica e a religiosidadepopular, que associava a religião ao cotidiano.3.3.3.3.3. Os vários grupos sociais da colônia tinham experiências de vida diferentes. O

povo tentava tornar mais “familiar” a imagem sizuda, séria, que a Igrejaprocurava passar à população. Era o dia-a-dia de cada grupo que terminava pordar esse aspecto popular às idéias passadas pela Igreja.

AULA 14 - A cara do BrasilAULA 14 - A cara do BrasilAULA 14 - A cara do BrasilAULA 14 - A cara do BrasilAULA 14 - A cara do BrasilRelendo o texto1.1.1.1.1.

BRANCOBRANCOBRANCOBRANCOBRANCO + + + + + NEGRONEGRONEGRONEGRONEGRO MULATOMULATOMULATOMULATOMULATO

ÍNDIOÍNDIOÍNDIOÍNDIOÍNDIO + + + + + BRANCOBRANCOBRANCOBRANCOBRANCO MAMELUCOMAMELUCOMAMELUCOMAMELUCOMAMELUCO

NEGRONEGRONEGRONEGRONEGRO + + + + + ÍNDIOÍNDIOÍNDIOÍNDIOÍNDIO CAFUZOCAFUZOCAFUZOCAFUZOCAFUZO

2.2.2.2.2. É uma organização familiar e social, na qual o grande pai, ou patriarca, é ochefe absoluto para todos os assuntos: sociais, políticos ou religiosos. Seu poderatinge a comunidade que está submetida a ele e a sua família.3.3.3.3.3. Os ingleses, em sua maioria, levaram as próprias famílias para as colônias.Além disso, a religião protestante puritana era muito rígida com relação àsexualidade. Por isso houve pouco cruzamento inter-racial, em comparação como que ocorreu nas colônias portuguesas.4.4.4.4.4. Existem influências negras e indígenas na nossa língua, na culinária, namúsica, na religião, nas técnicas e, também, nos costumes e nas tradições danossa gente.5.5.5.5.5. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. Resposta livre2.2.2.2.2. Resposta livre.

AULA 15 - O início do ImpérioAULA 15 - O início do ImpérioAULA 15 - O início do ImpérioAULA 15 - O início do ImpérioAULA 15 - O início do ImpérioRelendo o texto1.1.1.1.1. O “partido português” ou “pés de chumbo”, os democratas e os aristocratas.2.2.2.2.2. Pode-se escolher entre: divisão do governo em quatro poderes (executivo,legislativo, judiciário e moderador); garantia dos direitos individuais a todos oscidadãos brasileiros; união entre o Estado e a Igreja; Estado unitário; sistemaeleitoral baseado no voto indireto, masculino e censitário.3.3.3.3.3. Fortalecimento do poder do Imperador; redução do espaço de atuação dosbrasileiros da Corte e das províncias; reforço das diferenças políticas e sociais;divisão entre cidadãos ativos, os passivos e os não-cidadãos.4.4.4.4.4. A Confederação do Equador, em Pernambuco, contra a Constituição de 1824;o não-reconhecimento da independência pelas repúblicas vizinhas (hispano-americanas); crise econômica; dependência econômica em relação à Inglaterra.5.5.5.5.5. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. Os brasileiros católicos maiores de 25 anos, militares, bacharéis e clérigos, comrenda anual de mais de cem mil réis.

AULA 16 - O Império se fortaleceAULA 16 - O Império se fortaleceAULA 16 - O Império se fortaleceAULA 16 - O Império se fortaleceAULA 16 - O Império se fortaleceRelendo o texto1.1.1.1.1. Para os liberais moderadosliberais moderadosliberais moderadosliberais moderadosliberais moderados, era fundamental assegurar a continuidade daeconomia escravista de agroexportação, preservando a Constituição de 1824.

Para os liberais exaltadosliberais exaltadosliberais exaltadosliberais exaltadosliberais exaltados, era preciso uma Monarquia baseada no federa-lismo. Queriam a descentralização do poder e maior autonomia às províncias.

Os restauradoresrestauradoresrestauradoresrestauradoresrestauradores queriam a volta de D. Pedro I ao Brasil.

3.3.3.3.3. Os regressistas defendiam a centralização imediata do poder e o retorno àordem. Os progressistas defendiam a descentralização.4.4.4.4.4. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1. Os regressistas eram o grupo que defendia a centralização do poder comoforma de evitar as rebeliões provinciais.2.2.2.2.2. A sociedade a que o autor se refere é, sem dúvida, a elite do Império,preocupada com a “desordem” provocada pelas rebeliões.3.3.3.3.3. Aqueles que se rebelavam e que defendiam a descentralização.4.4.4.4.4. A “sociedade” corria o risco da “desordem”; com a ameaça da separação dasprovíncias, do questionamento da ordem escravista e do aumento da participa-ção popular.5.5.5.5.5. O resultado do regresso foi uma monarquia centralizada, que limitou aparticipação popular e garantiu a lavoura escravista.

AULA 17 - O fim da escravidãoAULA 17 - O fim da escravidãoAULA 17 - O fim da escravidãoAULA 17 - O fim da escravidãoAULA 17 - O fim da escravidãoRelendo o texto1.1.1.1.1. A Inglaterra queria manter a população africana na África, trabalhando parasuas empresas agrícolas ali instaladas; o açúcar brasileiro concorria com aquele

AMAZÔNIACABANAGEM REPRESSÃO DO

GOVERNADOR NOMEADO

PELO GOVERNO CENTRAL

E MANUTENÇÃO DOS

PRIVILÉGIOS DOS

PORTUGUESES NA REGIÃO

PROMOVIDA PELOS

CABANOS (POPULAÇÕES

RIBEIRINHAS); TOMOU ACIDADE DE BELÉM; FOI

REPRIMIDA COM

DIFICULDADE PELAS

AUTORIDADES IMPERIAIS

CAUSAS CARACTERÍSTICASLOCALIZAÇÃOREBELIÃO

FARRAPOS RIO GRANDE DO SUL DESCONTENTAMENTO

COM A POLÍTICA

IMPERIAL DE IMPORTAR OCHARQUE,CONCORRENDO COM OCHARQUE GAÚCHO, E AFALTA DE AUTONOMIA

POLÍTICA

DEPOSIÇÃO DO

GOVERNADOR DO RIO

GRANDE DO SUL; DOMÍNIO

DE SANTA CATARINA; OMOVIMENTO DUROU DEZ

ANOS E FOI PACIFICADO

PELO GOVERNO DO 2ºIMPÉRIO (1845), POR MEIO

DE NEGOCIAÇÕES E DA

ANISTIA

FALTA DE AUTONOMIA

PROVINCIAL

BAHIASABINADA

FALTA DE AUTONOMIA

PROVINCIAL

MARANHÃOBALAIADA

2.2.2.2.2.

VAQUEIROS E ARTESÃOS

SE REBELARAM CONTRA

A AUTORIDADE LOCAL

produzido nas colônias inglesas, onde não mais se utilizava a mão-de-obraescrava.2.2.2.2.2. As fugas individuais e coletivas e as insurreições.3.3.3.3.3. A onda negraonda negraonda negraonda negraonda negra foi uma onda de atos de rebeldia e insubordinação por parte dosescravos, que criou um clima de insegurança e de desordem.4.4.4.4.4. Os fazendeiros paulistas alforriavam os escravos para impedir as deserções emmassa e legalizar a situação dos escravos que já os haviam abandonado.5.5.5.5.5. Para preparar a abolição, o governo do Brasil criou, a partir de 1850, várias leis:a Lei da Proibição do Tráfico, a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários.6.6.6.6.6. Resposta livre.Fazendo a História1.1.1.1.1.Porque não consegue alugar pretos que trabalhem para ele. Com a abolição, osnegros não eram mais escravos, e sim cidadãos iguais aos demais.2. a)2. a)2. a)2. a)2. a) Não foi bem assim, levando-se em consideração que aconteceram muitosconflitos entre escravos e senhores, que levaram não só à negociação mas àsinsurreições e mesmo às ações individuais de escravo contra senhor.b)b)b)b)b) A abolição não significou a abertura de possibilidades irrestritas aos negros,que, ainda hoje, ao lado de outros grupos sociais discriminados, lutam por maisespaço na sociedade brasileira.

AULA 18 - Da Monarquia à RepúblicaAULA 18 - Da Monarquia à RepúblicaAULA 18 - Da Monarquia à RepúblicaAULA 18 - Da Monarquia à RepúblicaAULA 18 - Da Monarquia à RepúblicaRelendo o texto1.1.1.1.1. As críticas geravam em torno da excessiva centralização política do Império,sem se conseguir resolver os problemas regionais e o atraso econômico.2.2.2.2.2. O governo imperial pôs em prática uma série de reformas, como a implantaçãode ferrovias, o incentivo à indústria e a abolição da escravidão. As propostas dedescentralização não chegaram a ser efetivadas.3.3.3.3.3. Por causa do Federalismo, as províncias, que passaram a ser os estados,podiam escolher seus presidentes e ter suas próprias Constituições.4.4.4.4.4. Porque o poder estava nas mãos do grupo de fazendeiros de café: a oligarquiacafeeira.5.5.5.5.5. Resposta livre.Fazendo a HistóriaFazendo a HistóriaFazendo a HistóriaFazendo a HistóriaFazendo a História1.1.1.1.1. Os estados deveriam respeitar a autonomia dos municípios, e a União deveriarespeitar a autonomia dos estados.2.2.2.2.2. Aos cidadãos do sexo masculino que tivessem mais de 21 anos de idade esoubessem ler.3.3.3.3.3. Às mulheres, aos mendigos, aos muito pobres, aos analfabetos e aos soldados.4.4.4.4.4. Não, porque o sistema excluía a grande maioria da população, composta pelasmulheres e pelos analfabetos.5.5.5.5.5. Hoje, o voto é mais abrangente e a população também pode se manifestar porintermédio de diversas associações, de sindicados, de passeatas, de abaixo-assinados etc.

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Para suas anotações

Para suas anotações