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História dos Jovens: o mercado matrimonial de imigrantes italianos na Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (RCI). Colônia de imigração de Guaporé (1907-1917) ISMAEL ANTÔNIO VANNINI RODRIGO KUMMER Introdução Com o avanço dos programas de pós-graduação nas universidades gaúchas, a partir dos anos 1990, a imigração italiana foi tema amplamente abordado. Os aspectos econômicos, religiosos, demográficos, culturais, entre outros, foram contemplados pela historiografia. Ao que se sabe, a História dos Jovens ainda é tema pouco estudado, pelo menos não temos uma pesquisa sistematizada e de maior alcance que aborde a Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul (RCI). De caráter incipiente, esta é uma proposta que avança na temática do mercado matrimonial dos jovens de origem italiana imigrados para a colônia de Guaporé. Iniciado em 1875, com períodos de fluxo oscilante, o processo imigratório se estendeu até 1914, encerrando-se com a eclosão da Primeira Grande Guerra. Um importante percentual de imigrados era composto de jovens que buscavam uma melhor condição de vida no novo mundo. É neste grupo etário que se concentra a nossa embrionária pesquisa. Procuramos investigar o comportamento do grupo etário quanto suas práticas matrimoniais adotadas quando já assentados na nova pátria. Com a base documental centrada nos registros matrimoniais na colônia de Imigração de Guaporé, arquivados junto a paróquia Santo Antônio, onde se encontram os registros de casamento, batismos, óbitos, etc, desde sua fundação, em 1897. O período para análise corresponde entre 1907 a 1917, justifica-se pela importância de um determinado espaço de tempo para os imigrados adaptarem-se e entenderem suas práticas no novo contexto. Para atingirmos os dados do período analisado, foram levantados os registros de 1.122 matrimônios, averiguando-se as idades dos cônjuges em suas núpcias. Foram descartados, obviamente, os que eram provenientes de outra etnia imigrante, como poloneses, alemães, portugueses, entre outros. Da mesma forma, foram desconsiderados os ítalo-brasileiros, Professor da UNICENTRO e Doutor em História pela PUC/RS. Doutorando CPDA/UFRRJ e Mestre em Ciências Sociais pela UNIOESTE.

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História dos Jovens: o mercado matrimonial de imigrantes italianos na Região Colonial

Italiana do Rio Grande do Sul (RCI). Colônia de imigração de Guaporé (1907-1917)

ISMAEL ANTÔNIO VANNINI

RODRIGO KUMMER

Introdução

Com o avanço dos programas de pós-graduação nas universidades gaúchas, a partir

dos anos 1990, a imigração italiana foi tema amplamente abordado. Os aspectos econômicos,

religiosos, demográficos, culturais, entre outros, foram contemplados pela historiografia. Ao

que se sabe, a História dos Jovens ainda é tema pouco estudado, pelo menos não temos uma

pesquisa sistematizada e de maior alcance que aborde a Região Colonial Italiana do Rio

Grande do Sul (RCI). De caráter incipiente, esta é uma proposta que avança na temática do

mercado matrimonial dos jovens de origem italiana imigrados para a colônia de Guaporé.

Iniciado em 1875, com períodos de fluxo oscilante, o processo imigratório se estendeu

até 1914, encerrando-se com a eclosão da Primeira Grande Guerra. Um importante percentual

de imigrados era composto de jovens que buscavam uma melhor condição de vida no novo

mundo. É neste grupo etário que se concentra a nossa embrionária pesquisa. Procuramos

investigar o comportamento do grupo etário quanto suas práticas matrimoniais adotadas

quando já assentados na nova pátria.

Com a base documental centrada nos registros matrimoniais na colônia de Imigração

de Guaporé, arquivados junto a paróquia Santo Antônio, onde se encontram os registros de

casamento, batismos, óbitos, etc, desde sua fundação, em 1897. O período para análise

corresponde entre 1907 a 1917, justifica-se pela importância de um determinado espaço de

tempo para os imigrados adaptarem-se e entenderem suas práticas no novo contexto.

Para atingirmos os dados do período analisado, foram levantados os registros de 1.122

matrimônios, averiguando-se as idades dos cônjuges em suas núpcias. Foram descartados,

obviamente, os que eram provenientes de outra etnia imigrante, como poloneses, alemães,

portugueses, entre outros. Da mesma forma, foram desconsiderados os ítalo-brasileiros,

Professor da UNICENTRO e Doutor em História pela PUC/RS. Doutorando CPDA/UFRRJ e Mestre em Ciências Sociais pela UNIOESTE.

provenientes das antigas colônias de imigração. O grupo analisado corresponde aos italianos

imigrantes, com registros do país de origem e que contraíram núpcias na colônia de Guaporé.

A historiografia da imigração aponta a carência de víveres, entre outros, como o

principal fator que estimulou os camponeses do norte italiano a emigrarem para a América.

Neste sentido, entendemos ser importante uma investigação em relação aos jovens imigrantes

quanto seu comportamento, práticas e estratégias em constituírem famílias na nova terra.

Entendermos até que ponto sustentaram sua cultura ou se foram responsáveis por transformá-

la segundo suas necessidades e interesses. A cultura entendida como elemento ativo,

sustentador, mas, também transformador das práticas dos diferentes grupos humanos.

O Projeto Imigracionista e a Ocupação da Região Colonial Italiana do Rio Grande do

Sul

Em fins do século XIX, um importante projeto envolvendo os governos brasileiro e

italiano, desencadeava a transladação humana de camponeses do Norte italiano para o Novo

Mundo. Após descartar a possibilidade de implementar a imigração de asiáticos, o governo

imperial brasileiro deu início ao processo de transladação humana dos meeiros italianos e

despossuídos.

A unificação tardia do País – a Itália se consolidara como nação em 1870 – há cinco

anos do início da emigração, e ao inserir-se no projeto de industrialização já implementado

pelas outras potencias europeias, os camponeses do norte não teriam espaço no contexto

econômico tecnológico. O arrendamento das terras e uma prática agrícola arcaica, de moldes

semifeudais, tornava a comunidade campesina um problema para as autoridades italianas. A

vida nas pequenas comunidades não ultrapassava uma existência subsistente. Na sua grande

maioria não eram proprietários, viviam em pequenas vilas e arrendavam acanhados lotes de

terras já esgotadas.

Uma situação inversa se encontrava do outro lado do Atlântico. Em um país

essencialmente agrícola como o Brasil, com importantes regiões desabitadas, a imigração era

ensejada, principalmente tratando-se de camponeses brancos europeus. A mão-de-obra livre

era reivindicada, tanto nas lavouras do café, pois sofria sua carência devido o avanço dos

estágios da abolição, como nas frentes de ocupação das terras devolutas. O país possuía

grandes glebas de terras que precisavam ser estrategicamente ocupadas, tanto por questões

econômicas como geopolíticas.

A lavoura do café absorveu parte do contingente humano imigrado, ali, seriam, na sua

maioria, assalariados ou contratados por mínima porcentagem sobre a colheita. Em maior

número, foram aqueles destinados a ocuparem as terras devolutas da serra gaúcha, onde se

tornariam proprietários de um pequeno lote. O projeto imigracionista destinou a região

localizada entre os Campos de Cima da Serra e a depressão central do Estado. Os Campos já

haviam sido ocupados para a produção pecuária, enquanto a Depressão Central fora habitada

por imigrantes alemães, assentados ainda no início do século XIX, conforme mapa abaixo1.

Fonte: SILVEIRA, Jair Pedroso. Da Itália a Vanini. Casca: Koinonia, 1999.

O projeto se iniciou com a criação de três núcleos colonizadores, Conde d'Eu (atual

município de Garibaldi) Dona Isabel (que viria originar Bento Gonçalves) e Caxias do Sul. O

intenso fluxo emigrante ensejou a fundação de novos núcleos, em 1880 foram implementadas

as colônias de Antônio Prado e Alfredo Chaves (atual Veranópolis) e, em 1892, foi criada a

colônia de Guaporé. No período de 1875 a 1914, o projeto do governo imperial brasileiro

introduziu mais de 100 mil italianos na serra gaúcha.

1 Representação geográfica regional do Estado do Rio Grande do Sul. Destaque em pontilhado, a região

nordeste, (serra gaúcha) região destinada à colonização italiana no final do século XIX.

As terras destinadas aos camponeses italianos não se adequavam a economia pastoril.

Densas matas de pinheirais, que predominavam a partir dos trezentos metros de altitude,

associadas aos íngremes acidentes geográficos da serra, formaram uma barreira natural entre

os Campos de Cima da Serra e a Depressão Central.

Após aguardar o período da quarentena, para evitar a proliferação de epidemias, os

colonos partiam de Porto Alegre, com pequenos barcos a vapor navegavam o rio Jacuí pela

Depressão Central e penetravam nos vales pelos seus afluentes. Estavam destinados a

colonizarem, como vimos, uma região intermediária e a produzirem gêneros de primeira

necessidade para abastecer a crescente capital da Província.

Ao deixar a terra natal, o imigrante vislumbrava o tão acalentado sonho de tornar-se

proprietário de um lote de terra. Assim estaria fugindo da exploração de arrendatário vivida

no Velho Mundo. Pela Lei de Terras, promulgada em 1850 pelo então governo imperial

brasileiro, as glebas devolutas que pertenciam ao governo, poderiam ser comercializadas.

Nesse sentido que as colônias de imigração foram demarcadas em pequenos lotes, que não

ultrapassavam os 250 metros de frente e 1000 ou 1200 metros de fundo.

As medidas condicionavam a formação de pequenas propriedades, que o imigrante

poderia adquirir mediante financiamento, estendido em prazos de até cinco anos para o

pagamento. Tornar-se patrão exigia a ocupação imediata e a consequente produção, gerando

os dividendos para quitar a dívida com o governo. As densas matas foram tombadas dando

lugar a predominante policultura, onde a mão-de-obra essencialmente familiar era empregada

em todo o processo da produção.

Mesmo em análise superficial, é facilmente observada a realidade adversa que os

camponeses encontravam no Norte italiano e uma sensível melhoria nas colônias da Serra

Gaúcha. Enquanto que na Europa as condições impossibilitavam a posse da terra, no RS os

camponeses, favorecidos pelos financiamentos do governo provincial, de longo prazo e

valores compatíveis, tornaram-se pequenos proprietários com considerável facilidade. Na

terra natal os colonos não viam perspectivas perante um país que direcionava os investimentos

na indústria, ao passo que na nova pátria a agricultura representava o sustentáculo econômico.

A dicotomia maior era o descaso do governo italiano perante os camponeses, que contrastava

com o empenho das autoridades imperiais e provinciais do RS, onde o governo favoreceu e

criou toda a infraestrutura para o projeto imigracionista.

O deslocamento emigratório dos camponeses promoveu a transplantação cultural do

Norte italiano para a RCI. Isto é, como todos os grupos humanos, os italianos do norte

carregavam suas práticas culturais há tempo enraizadas, que estruturavam sua vivência. No

entanto, a nova terra ensejou importantes transformações dos camponeses que ocuparam os

lotes no Novo Mundo. O contexto e a conjuntura da pequena propriedade policultora que se

delineava na colonização da Serra Gaúcha, contrastava com a condição de meeiro deixado no

Velho Mundo.

A abundância de víveres produzidos nas encostas do planalto é outro fator a considerar

entre as diferenças entre os dois países. Mesmo que acidentadas, as novas terras

representavam, antes de tudo, a sobrevivência, já, há muito, difícil na pátria mãe. Em geral,

evidenciam-se condições favoráveis à transladação humana, de modo que, em pouco mais de

meio século, as terras devolutas estavam efetivamente ocupadas e a região inserida no

processo econômico do estado e do país.

Os Jovens como Tema da História

Bases importantes para este projeto são produções originadas, sobretudo, após o

avanço da História Nova. Exemplo disso é a clássica obra organizada por Le Goff e Pierre

Nora (1995), onde são apresentados os novos processos da História: Novos Problemas, Novas

Abordagens e Novos Objetos, como o campo epistemológico da História.

Na coletânea de textos que envolvem os três volumes organizados por Le Goff e Nora,

os jovens recebem destaque com o artigo de Pierre Vidal-Naquet. O autor analisa a obra de

Joseph-François Lafitau, missionário da Companhia de Jesus, que se propôs a tarefa de uma

ciência do homem universal em uma perspectiva antropológica. Lafitau buscou nos ritos

iniciáticos a comprovação de características universais. “A descoberta devida a Lafitau, de

ritos de iniciação na Grécia, paralelos àqueles das sociedades ‘primitivas’, suscitou no século

XX, sobretudo, inúmeros trabalhos que foram recentemente sintetizados por historiadores”.

(NAQUET, 1995, p. 124).

Para a tarefa, Lafitau esteve na América como missionário no início do século XVIII e

conviveu no Canadá junto as comunidades indígenas hurons e iroqueses, analisando seus ritos

de iniciação. Tais ritos tratam da passagem quando o jovem ascende à comunidade dos

adultos. “É necessário por assim dizer que eles se tornem surdos e mudos e que aprendam

tudo de novo, recomeçam a viver depois de serem mortos de alguma maneira e tornam-se

homens esquecendo que já tenham sido crianças”. (NAQUET, 1995, p. 122).

Vidal-Naquet destaca que entre as inúmeras instituições humanas que o missionário e

antropólogo Nafitau enumera, a iniciação dos jovens deve ser vista com especial atenção. Isso

por que, na interpretação de Naquet, nos ritos iniciáticos ocorrem modificações radicais no

estatuto religioso e social do sujeito e do grupo a iniciar. “Filosoficamente falando, a iniciação

equivale a uma mutação ontológica do regime existencial. Ao final de suas provas, o neófito

desfruta de uma outra existência que não a de antes da iniciação: ele torna-se outro”.

(NAQUET, 1995, p. 122).

Uma das maiores, senão a maior contribuição para o tema dos jovens, é a obra

organizada por Giovanni Levi e Jean-Claude Schmitt. Ela é apresentada em dois volumes: A

História dos Jovens: Da antiguidade à era Moderna e História dos Jovens: a era

Contemporânea. A obra é composta por vários artigos, onde os autores apresentam múltiplos

pontos de vista. Cada um intervém com o próprio conhecimento específico, servindo-se de

fontes de que dispõe e com problemáticas formuladas nas pesquisas recentes. A obra

apresenta histórias de jovens no emaranhado de relações sociais específicas, ligados a

contextos e a momentos históricos distintos.

No artigo de Sabina Loriga, que compõe a obra História dos Jovens e trata deste grupo

etário na experiência militar, da mesma forma que Naquet, os ritos iniciáticos são a referência

para o estudo da juventude. “Tendo como base as inúmeras pesquisas sobre o exército hoje

disponíveis, parece-me, contudo, possível pôr em evidência como a imagem do ritual de

passagem para a idade adulta foi constituído e sedimentado lentamente”. (LORIGA, 1996,

p.17).

A contribuição de Daniel Fabre à obra da História dos Jovens, contempla a vida dos

jovens na aldeia. Mais uma vez o comportamento ritualístico permite compreender o grupo

social em questão. Analisando a festa “majeure” que ocorre na França, o autor identifica as

características de comportamento dos jovens e da aldeia em geral.

Assim, é possível, a partir de uma observação quase contemporânea – uma aldeia

da montanha negra languedociana dos anos 1960 –, estabelecer, de modo

regressivo, os traços recorrentes do que convém chamar de “juventude”,

sublinhando as inflexões que marcaram, em dois séculos, a história dos jovens

camponeses. (FABRE, 1996, p. 52).

A festa analisada por Fabre enfatiza um momento sublime do ritual de iniciação da

juventude que incide para as núpcias. “Com a primeira noite, eis enfim chegado o momento,

tão temido quanto esperado, de pôr a prova esse saber, pois o baile, antes de ser o lugar

principal de encontro e de confirmação dos pares, é aquele onde cada um vem expor-se a

todos os perigos das trocas galantes”. (FABRE, 1996, p. 59).

Em relação a Região Colonial Italiana do Rio Grande do Sul, os ritos sempre fizeram

parte dos estágios vividos na sociedade. Quanto à juventude, esta sempre esteve envolvida no

contexto da ritualização. Historiador da Imigração, João Carlos Tedesco evidencia este

fenômeno: “Não temos dúvida em afirmar que o colono imigrante reconstruiu seu mundo

cultural pelos atos e ritos individuais e comunitários religiosos”. (2006, p. 58).

A ritualização praticada entre os jovens representa uma passagem, uma alteração

profunda em sua vivência. Os mais variados ritos sempre estiveram presentes nas práticas

culturais dos grupos humanos. É neste sentido que o rito do matrimônio promovia importante

mutação na vivência dos jovens ítalo-gaúchos. Apesar de tal rito ser comum na grande

maioria das sociedades, para o grupo em questão, ele ganhou contornos estratégicos e se

constituiu quase que uma necessidade para a conquista da propriedade da terra e a

viabilização econômica. Ainda neste sentido, praticando uniões matrimoniais em idades muito

diferentes daquelas observadas na pátria de origem.

O Mercado Matrimonial na RCI

Ao abordarmos a temática do grupo etário dos jovens e seu mercado matrimonial,

buscamos compreender suas estratégias em constituir família. O matrimônio, neste caso como

rito religioso católico, transformou-se na importante estratégia de organização sócio familiar e

econômica. Contrastando profundamente com a realidade vivida no norte italiano. Como

vimos, a carência de terras e de víveres, foi o principal fator a incitar a emigração. No Velho

Mundo, a subsistência exigia a normalização dos nascimentos no interior da comunidade

camponesa.

Nesta perspectiva, podemos observar que os jovens italianos imigrantes foram

reprodutores dos valores e das condutas culturais herdadas do contexto europeu, mas,

também, protagonizaram sensíveis transformações, originando novas referências para a

sociedade. Neste caso, é importante ter em vista que a cultura é um conjunto de diferentes

recursos. No mundo ou na ação as categorias culturais adquirem novos valores funcionais.

(THOMPSON, 1998). Os significados culturais, sobrecarregados pelo mundo, são

frequentemente alterados. Sendo assim, quando as relações entre as categorias mudam a

estrutura é transformada. (SAHLINS, 1990).

Os valores funcionais aos quais Thompson e Sahlins referem-se, podem ser

identificados no fenômeno histórico da imigração italiana para a América, em especial, na

Serra Gaúcha. Quem observa esta alteração na cultura e nos valores funcionais é a

historiadora Cleci Eulália Fávaro, uma das mais destacadas historiadoras que se dedicou

profundamente nas pesquisas sobre as mulheres imigrantes e descendentes:

A mulher imigrante e sua descendência feminina após a diáspora para a América,

apesar de manter-se no ideal da cristandade, teve que assumir e assimilar um

compromisso muito adverso daquele vivido na Itália. É necessário irromper com o

imaginário coletivo de que a mulher italiana ao deixar a Europa e se instalar na

serra gaúcha, não teria sofrido alterações em seus valores e práticas. (2002, p. 126).

Há que se considerar que o conteúdo que é transmitido geracionalmente detém ampla

imbricação com o sistema familiar praticado que, por sua vez, tem a ver com o conjunto

(variável) de funções desempenhadas pela família numa determinada região ou grupo social.

(ANDREAZZA, 1999, p. 75). Deste ponto de vista, o comportamento da juventude italiana

imigrada, indica a reprodução e/ou a alteração das normas familiares, ao passo que também

aponta para as formas de recriação cultural das novas gerações de descendentes de imigrantes.

Ainda nesta condição de flutuação etária no casamento, MacFarlane (1990) entende

esta prática, como algo muito comum nas comunidades campesinas da Europa, perpetrada

desde o século XVIII. E com base na historiografia brasileira, Maestri (2000) corrobora nesta

afirmação. Para o historiador que viveu na Europa por duas décadas e tornou-se especialista

do tema da imigração italiana, o italiano que aportou no Brasil no final do século XIX,

possuía uma família pequena, reduzida em média de dois ou três filhos.

Ao que tudo indica, a comunidade italiana imigrante fez parte de um

movimento cíclico que se processou na dinâmica transgeracional. A historiografia que trata o

tema do mercado matrimonial entende este movimento como a alteração de modelos e

padrões que são descartados em determinados períodos e retomados em outros. Nesse sentido,

o casamento faria parte de estratégias objetivadas para o futuro. Nestas condições, Ariés

(1981) diz que o casamento incluía a partilha dos corpos, senão por desejo, por obrigação.

Sabe-se que com o tempo as famílias vão assumindo e estabelecendo novos papéis e

que isso promove modificações na forma de relacionamento entre os pais e os filhos. Isto

ocorre porque no interior de uma família, tanto as obrigações entre os sexos quanto os

compromissos entre pais e filhos não estão nitidamente preestabelecidos. Isso estimula a

divisão das funções, bem como o exercício do poder e das obrigações familiares. Assim, os

direitos familiares estão em constante negociação, na possibilidade de serem revistos

constantemente. (SARTI, 2000, p. 43).

A transmissão geracional define-se pela forma que cada sujeito lida com a herança,

pensando e criando a partir daquilo que lhe foi transmitido. No processo genealógico, o tempo

e o espaço se fundem. Onde podem se desencadear repetições aprisionantes ou elaborações

criativas e inovadoras. A tarefa do sujeito assim como da família e do casal é construir,

organizar e transformar suas heranças. (CARNEIRO; PONCIANO, 2007).

Essas considerações remetem a não perder de vista que trata-se de uma sociedade

imigrante, cujos traços culturais estiveram em risco devido ao processo imigratório, conforme

retrata Sahlins. (1990). Nessa perspectiva, o exercício de um sistema familiar conforma a

expressão concreta de uma cultura. Daí que apreender sua morfologia e mapear as

transformações ao longo do tempo equivale a recompor a transformação de uma visão de

mundo.

A tradicional historiografia italiana, em seu Manual Di Stória, identifica que a prática

em postergar ou antecipar o matrimônio era muito comum entre as comunidades europeias.

Desde o período medieval a medida era adotada em períodos em que havia a necessidade de

reduzir o número de nascimentos.

Vi è stato chi, come il demografo inglese John Hajnal, ha ipotizzato l’esistenza

nell’Europa preindustriale, di due modelli matrimoniali molto diversi. Il primo è

tardivo (piú o meno, 24 anni alle nozze per lei, 26 per lui) e caratterizzato dal fatto

che gli sposi mettono su casa in proprio. Qualora non ricevano dalle proprie

famiglie i mezzi per contrarre le nozze e avvivare um’attività autonoma. Il secondo

modello di matrimonio è invece precoce (20 anni per lui e meno per lei), e gli sposi

vanno a vivere nella famiglia del padre dello sposo. (FUMIAN & BENIGNO 1998.

P. 377) 2

2 Havia aqueles que, como o demógrafo Inglês John Hajnal, defendiam a hipótese da existência na Europa pré-

industrial, de dois modelos de matrimonio muito diferentes. O primeiro é tardio (mais ou menos, 24 anos para o

casamento para ela, 26 para ele) e caracterizado pelo fato que o casal adquiriu sua própria casa. Sem receber de

suas famílias os meios para contrair o matrimônio e viver uma atividade autônoma. O segundo modelo de

casamento é bastante precoce (20 anos para ele e menos para ela), e que o casal passou a viver na família do pai

do noivo.

Como vimos, postergar o casamento era uma prática que as comunidades do velho

continente laçavam mão em determinados momentos e épocas. Em relação a Itália,

especificamente, esta estratégia também foi muito comum. Uma série de estudos relacionados

ao matrimônio canônico, desenvolvidos pelo historiador Alessandro Giraudo junto a

Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, revelam uma média etária ainda mais elevada

que a média europeia durante o mesmo período.

In primo luogo i dati su Venezia, dove nel 1800 l’età media dele nozze era oscilante

tra i 29,9 di inizio secolo ed i 31,7 degli anni 80 per i ragazzi, mentre per le ragazze

l’età passò dai 28,8 ai 29,8, per ridiscendere ai 28 sul finire del secolo. Infine,

ultima raccolta di dati riportati nello studio riguarda Riana, nella Diocesi di

Parma, dove l’etá media nel periodo dal 1650 alla fine del 1800 fu di oscillante tra i

32 e 34 anni per gli uomini e tra i 25 e i 30 per le donne. (GIRAUDO, 2007, p.212)3

No interior da comunidade imigrante italiana transladada para a serra gaúcha,

observamos em suas práticas culturais estratégicas matrimoniais, um comportamento herdado

do velho mundo. Não que outras comunidades não tenham lançado mão deste dispositivo,

mas enfatiza-se que, a geração de imigrantes italianos, ao aportarem nas colônias gaúchas de

imigração, trataram de adaptar-se a um mercado matrimonial condizente aos seus anseios e

necessidades. Retomando assim, métodos históricos já praticados por outras comunidades

camponesas na Europa e, sobretudo, na própria Itália.

Os registros matrimoniais que se encontram nos arquivos da Paróquia Santo Antônio

da colônia de Guaporé, correspondentes ao período de 1907 a 1917, apontam uma importante

transformação para a idade dos jovens italianos imigrados ao contraírem núpcias. A média

etária para as mulheres ficou em 19,2 anos e para os homens em 23,7 anos. Uma média etária

matrimonial consideravelmente inferior daquela praticada no continente e, sobretudo no país

de origem na mesma época da migração. Vale retomar os dados apontados por Giraudo, que

indicam a média etária matrimonial de 34 anos para os homens e 30 para as mulheres.

Considerando o percentual médio etário limite, os jovens italianos imigrantes, quando

comparados com as mesmas gerações que permaneceram na Itália, anteciparam as núpcias em

10 anos na nova pátria.

3 Os primeiros dados sobre Veneza, onde, em 1800, a idade média do casamento era oscilante entre 29,9 no

inicio do século e 31,7 dos anos 80 para os homens, enquanto para as mulheres a idade passou dos 28,8 aos 29,

para diminuir aos 28 no final do século. Por fim, a última coleta de dados relatados no estudo diz respeito a

Riana, na diocese de Parma, onde a média de idade no período de 1650 até o final de 1800 oscilava entre 32 e 34

anos para os homens e entre 25 e 30 para mulheres.

A historiadora italiana, Elena De Marchei, pesquisadora da Universidade de Milão, se

deteve ao tema relacionado a família, ao matrimônio e ao trabalho das comunidades

campesinas da Europa nos séculos XVII e XIX. De Marchi observou nos registros de

matrimônio a estratégia adotada pelas comunidades nas alterações das idades nupciais para

regulação dos nascimentos da unidade familiar. A autora aponta para a oscilação etária, com

casamentos mais tardios, ou, mais precoces, sempre conforme os interesses dos grupos.

Possiamo quindi affermare che l’età al matrimonio e la nuzialità sono, di norma,

due fattori determinanti per calcolare feconditá e natalitá. Con l’innalzamento

dell’età al matrimonio si assiste a un abbassamento della feconditá della donna che

non utilizza parte degli anni fertili. Una bassa età al matrimonio, viceversa ,

consente alla coppia di sfruttare più intensamente il potenziale riproduttivo. Per

studiare la diminuizione della natalità in Europa a fine Settecento i Ottocento, gli

storici hanno concentrato principalmente le indagini su tre fattori: l’utilizzo di

pratiche contraccettive, l’innalzamento dell’età al matrimonio e la sterilità dele

donne nei periodi di carestia. (DE MARCHI, p.39, 2009) 4

Tendo em vista essas questões, e considerando a cultura como um elemento

não estático, os jovens protagonizaram importantes transformações ao se fixarem nas colônias

de imigração. Ou seja, as práticas matrimoniais foram alteradas quando comparadas entre o

Norte Italiano e as Colônias da Serra Gaúcha. Os jovens seguiram a estratégia há muito usada

na Europa e Itália, em momentos de fome e falta de víveres, os casamentos em idade mais

tardia, em períodos de abundância, uniões em idade mais precoce.

Uma importante obra financiada pelo governo italiano e intitulada: L'Italia delle

migrazioni interne: donne, uomini, mobilità in età moderna e contemporanea, publicada em

2002, originou uma pesquisa detalhada, entre outros, do mercado matrimonial sobretudo dos

jovens migrantes italianos que se deslocaram pelas diferentes regiões do país no decorrer do

século XIX. Os historiadores Angiolina Arru e Franco Ramella observam que a proveniência,

ou seja, a região de origem, onde se difundem práticas, seja por fatores socioculturais ou

econômicos, influem de forma direta no mercado matrimonial.

4 Podemos, portanto, dizer que a idade do casamento e nupcialidade normalmente são dois fatores determinantes

para calcular fecundidade e natalidade. Ao elevar a idade de casamento ocorre uma redução da fecundidade da

mulher que não usa parte da idade fértil. A menor idade no casamento, por outro lado, permite que o casal

explore mais intensamente o potencial reprodutivo. Para estudar a diminuição da taxa de natalidade na Europa no

final do século XVIII e XIX, os historiadores têm-se centrado principalmente nas investigações de três fatores: o

uso de práticas anticoncepcionais, a elevação da idade de casamento e infertilidade das mulheres em tempos de

fome.

L’età d’accesso al matrimonio è un elemento fondamentale per comprendere a

fondo i meccanismi che regolano lo sviluppo e l’articolazione della dinamica

intrinseca dell’organizzazione sociale della popolazione. Anche a Napoli, come nel

resto dell’Italia, nell’Ottocento uomini e donne si sposano un po’ più vecchi. Ma è

necessario scomporre meglio questo dato in base alla provenienza geografica per

valutarne le eventuali diversità. L’immigrazione incide chiaramente sui

comportamenti matrimoniali. (ARRU & RAMELLA, 2003, p. 121)5

Arru e Ramella apontam para o fator da imigração como elemento a influenciar o

comportamento matrimonial. Ou seja, ao deslocarem-se de uma região ou país para um novo

ambiente, os grupos imigrantes italianos adotaram diferentes estratégias para o matrimônio,

ao que tudo indica, sempre no interesse de otimizar a organização familiar mediante ao

contexto. É neste sentido e herdeiros desta longa tradição europeia, que os italianos imigrantes

ao se estabelecerem nas colônias de imigração no Rio Grande do Sul, adotaram a postura em

contrair matrimônio em idade mais precoce. Prática já adotada, como vimos, há muito tempo

no seu país e de forma mais ampla em boa parte do continente europeu.

Há que se considerar o contexto e as condições socioeconômicos e estruturais em

geral, que a comunidade italiana se inseria no Novo Mundo. A considerável facilidade de

acesso a terra, com longo subsídio governamental associada a relativa abundância de viveres,

estimulou o jovem europeu recém chegado a constituir família em uma idade mais precoce.

Uma realidade que envolvia outros fatores, além da propriedade da terra. Para viabilizar a

propriedade no sentido da produção econômica, seria difícil, senão impossível para o jovem,

se não contasse com a formação da célula familiar. O matrimônio seria determinante para o

jovem casal nubente tornarem-se proprietários e garantir o sustentáculo econômico da

propriedade.

Em condições distintas daquelas do norte italiano, a nupcialidade precoce era adotada

com interesse de compor famílias com elevada natalidade. Um grande número de filhos

garantiria a mão de obra na propriedade de terreno que exigia total força de trabalho braçal.

Diferente das famílias que ingressaram com a imigração, onde os casais possuíam uma média

de 2 e 2,5 filhos, as uniões matrimoniais dos italianos imigrados na nova terra, constituíram

famílias com media de 8 ou 9 filhos. (MAESTRI, 2000). Esse modus operandi garantiu a

reprodução não só das famílias enquanto núcleos de vida, mas também a reprodução de um

5 A idade de acesso ao casamento é um elemento fundamental para compreender totalmente os mecanismos que

regulam o desenvolvimento e articulação das dinâmicas intrínsecas da organização social da população. Em

Nápoles, como no resto da Itália do século XIX, os homens e mulheres se casam um pouco mais velhos. Mas é

necessário analisar melhor esta figura em função da origem geográfica para avaliar eventuais diferenças. A

imigração afeta claramente o comportamento matrimonial.

ethos colonial que foi, por sua vez, perdulário da expansão e da sobrevivência de elementos

da cultura italiana que se metamorfoseou num complexo processo identitário, dando origem a

um grupo que compõe hoje os chamados ítalo-brasileiros.

Considerações Finais

Entendendo a cultura como um conjunto de práticas que englobam os mais variados

elementos da sociedade, onde se concentram os princípios das ações humanas para sustentar

e/ou alterar estes mesmos princípios e ações, encontramos aqui a experiência vivida pelos

jovens imigrantes italianos que aportaram nas colônias de imigração da Serra Gaúcha em fins

do século XIX e início do XX.

Fugindo das duras condições do norte italiano, os jovens que buscavam a propriedade

da terra e melhores condições de vida, vivenciaram uma condição completamente adversa

daquela deixada do outro lado do Atlântico. A conjuntura das colônias de imigração e, de

certa forma, do país em geral, ensejava o aumento populacional e a rápida ocupação de

espaços devolutos. Associado a isso, as autoridades subsidiavam consideravelmente, além da

transladação, o acesso a propriedade da terra.

Fazendo a leitura do contexto das colônias, os jovens italianos entenderam que o

mercado matrimonial precisava ser otimizado, estrategicamente pensado para a formação do

núcleo familiar. Os matrimônios tornaram-se em média 10 anos mais precoces e a natalidade

tornara-se imprescindível para a economia de base familiar pois as terras abruptas ensejavam

muitos braços fortes para gerar os víveres.

Por fim, e retomando a ideia central de nossa análise, observamos que os jovens

italianos romperam com uma cultura de matrimônios tardios praticada na Itália, e na Europa

em geral, que se estendia desde o início dos tempos modernos. Naquela dinâmica que se

processa nas experiências humanas, ao que tudo indica desde de tempos mais remotos, o

grupo em questão, promoveu importante transformação estrutural matrimonial e familiar em

suas vivências, se tratando do fenômeno migratório do Velho para o Novo Mundo.

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