História Mundial - TJSC

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2.1.1 Histria Mundial 2.1.1.1 Guerra Fria e nova ordem mundial. 2.1.1.2 Mundo contemporneo e globalizao. 2.1.1.3 Atualidades internacionais. _____________________________________________________________________ 2.1.1.1 Guerra Fria e nova ordem mundial.

A Guerra Fria e a Nova Ordem MundialProf. Leonardo Castro

A Guerra FriaAps 1945, a oposio entre socialismo e capitalismo foi levada ao extremo, numabipolarizao poltica, ideolgica e militar.

Charge satirizando a bipolarizao mundial durante a Guerra Fria, dcada de 1960.

Logotipo da Organizao das Naes Unidas (ONU), criada em 1945, aps o trmino da Segunda Guerra Mundial. A imagem, ao centro, os Estados Unidos e a Unio Sovitica, enfatizando a bipolarizao e a disputa pela hegemonia mundial durante a Guerra Fria.

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O presidente Harry Truman estabeleceu a Doutrina Truman (1947) para combater o comunismo e a influencia sovitica, oficializando a Guerra Fria. O secretrio de Estado, George Marsahl lanou o Plano Marshall (Marshallplan), um programa de investimentos e de recuperao econmica para os pases europeus em crise aps a guerra.

Pster do Plano MArshal - "Qualquer que seja o tempo, nos so conseguimos o bem estar juntos".

Trecho do Documento do Plano Marshall.

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Texto e Contexto

Plano Marshall Para promover a paz mundial e o bem-estar geral, as naes interessadas, e a poltica externa dos Estados Unidos, econmica, financeira e outras, faro os esforos necessrios manuteno no estrangeiro de condies nas qual instituies livres podem sobreviver e com consistncia a manuteno da fora e estabilidade dos Estados Unidos. A Unio Sovitica criou o Kominform, rgo para realizar a unio dos partidos comunistas europeus e tirar de sua rea de supremacia a influncia americana, criando a cortina de ferro. Em 1949 foi criado o Comecon, um plano para buscar a integrao econmica-financeira dos pases socialistas. Em 1948, com o revigoramento da Alemanha Ocidental, a Unio Sovitica impe um bloqueio terrestre cidade de Berlim. Em 1949, eram institudas as duas Alemanhas: a ocidental, Repblica Federal da Alemanha, e a oriental, Repblica Democrtica Alem. Em 1961 foi construdo o Muro de Berlin, separando a cidade e tornando-se smbolo da Guerra Fria.

Parte do Muro de Berlim nos anos 1980. Em 1949, foi criado a Organizao do Tratado do Atlntico Norte (Otan), uma aliana polticomilitar dos pases ocidentais, composta inicialmente pelos Estados Unidos e os pases da Europa ocidental, opondo Ocidente Unio Sovitica. Em 1955, a Unio Sovitica cria o Pacto de Varsvia, que unia as foras do bloco comunista, principalmente dos pases da Europa oriental (Albnia, Bulgria, Tchecoslovquia, Alemanha Oriental, Polnia, etc). As relaes internacionais bipolarizadas apresentaram nas dcadas de 1980 e 1990 um comportamento pendular, ora com agravamentos, ora com o apaziguamento. O fim da Guerra Fria se deu diante da queda do Muro de Berlim em 1989, e com o fim oficial da prpria Unio Sovitica, em 1991, pondo fim ao bloco socialista.

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A Revoluo ChinesaEm 1911 foi proclamada a Repblica Chinesa, com um governo republicano liderado por Sun Yat-Sem, do Partido Nacionalista (Kuomintang). A partir de 1925, Chiang Kai-shek assumiu o comando das tropas do Kuomintang e iniciou uma poltica agressiva contra o Partido Comunista Chins (PCC), sob a liderana de Mao Ts-tung. Mao Ts Tung aqui representado com o seu camarada e sorridente Biao num cartaz alusivo a mais uma das maravilhosas conquistas da Marcha dos 100 dias e da Revoluo Chinesa.Aps a Segunda Guerra Mundial, Chiang Kai-shek decreta uma mobilizao nacional a fim de eliminar o perigo vermelho, com o apoio dos norte-americanos, eclodindo uma guerra civil. Em 1949, o exrcito do PCC ganhou terreno e entrou vitorioso em Pequim, proclamando a Repblica Popular da China. Chiang Kai-shek e seus seguidores refugiaram-se na ilha de Formosa (Taiwam), onde instalaram o governo da China Nacionalista.O PCC aproximou-se da Unio Sovitica, assinando um tratado com Stlin o Tratado de Amizade, Aliana e Ajuda. O governo chins nacionalizou as indstrias e realizou a reforma agrria. Buscou-se o fim do capitalismo com a expropriao da burguesia e com um movimento cooperativo no campo. Em 1962, a o PCC rompeu com o PCUS (Partido Comunista da Unio Sovitica), quando o PCC acusou os soviticos de estarem modificando as teses marxistas originais. Aps a morte de Mao Ts-tung, assumiu o governo Deng Xaioping, que priorizou as quatro modernizaes: o desenvolvimento da agricultura, da indstria, da defesa e das reas da cincia e tecnologia, atraindo investimentos para a China promovendo o crescimento econmico chins nas dcadas seguintes.

A Revoluo CubanaCuba aps a independncia em 1898, foi governada por ditaduras e com forte influncia norteamericana. Os Estados Unidos conseguiram incluir na Constituio cubana (1901) a Emenda Platt, que admitia a possibilidade de uma invaso americana, alm de receber uma rea a baa de Guantanamo , ainda hoje uma base militar. Em 1950, a oposio ditadura de Fulgncio Batista surgiu atravs de movimentos guerrilheiros, sob a liderana de Fidel Castro e Ernesto Che Guevara. Derrotado, o ditador fugiu de cuba.

Ernesto Che Guevara e Fidel Castro, 1961.

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O novo governo revolucionrio de 1959, definiu uma poltica de mudanas que confrontaram os interesses norte-americanos em Cuba. A realizao da reforma agrria e a nacionalizao de refinarias de acar e industrias a maioria de americanos os Estados Unidos suspenderam a importao do acar cubano. Os cubanos buscaram um novo mercado, com os soviticos. Num mundo bipolarizado, os Estados Unidos romperam relaes diplomticas com Cuba durante o governo de John Kennedy e tentaram invadir Cuba (episdio da Baa dos Porcos) para derrubar Fidel Castro sem xito. Diante disso, Cuba entrou para o bloco socialista levando a apoiar movimentos guerrilheiros na Amrica do Sul, levando os americanos a apoiarem golpes militares no continente.

Guerra e revoluo no VietnA Indochina, formado pelo Laos, Camboja e Vietn, foi domnio francs desde Napoleo III (1860). Durante a 2 Guerra Mundial foi dominada pelos japoneses. Em 1945 aps a Guerra, Ho Chi-minh proclamou a independncia do Vietn, e passou a apoiar os guerrilheiros do sul, os vietcongs, para a unificao nacional. Em meio a polarizao da Guerra Fria, os norte-americanos apoiaram o governo do Vietn sul, iniciando uma luta armada. Em 1965, o presidente americano Lyndon Johnson decidiu pela interveno total no Vietn do Sul enviando tropas americanas, alm de bombardear o Vietn do Norte. No governo de Richard Nixon, adotou-se a vietnamizao da guerra, a retirada das tropas americanas, e com o apoio militar aos sul-vietnamitas.

Em 1975, Saigon, capital do Vietn do Sul, caa nas mos dos norte-vietnamitas e vietcongs, permitindo a reunificao do pas, proclamando-se a Repblica Socialista do Vietn.

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Guerra e revoluo em AngolaAs colnias portuguesas foram as que mais tardiamente conquistaram a independncia, aps 1970 com a derrubada da ditadura portuguesa. Em Angola, o Movimento Popular pela Libertao de Angola (MPLA), fundado em 1956 porAgostinho Neto, iniciou um movimento guerrilheiro contra o colonialismo salazarista. ARevoluo dos Cravos (1974), que derrubou a ditadura fascista portuguesa, propiciou a assinatura do Acordo de Alvor, marcando a libertao angolana para 1975.

Agostinho Neto. Ocupando Luanda, a capital, o MPLA proclamou a independncia, e angola passou a ser governada por Agostinho Neto, obtendo apoio do bloco socialista e de Cuba. Aps a independncia, enfrentando crises econmicas nas dcadas seguintes, Angola nos anos 1990 viu-se diante de uma interminvel guerra civil, agravando mais ainda a misria no pas.

A Nova ordem econmica internacionalCom o fim do bloco socialista, instaurou-se uma nova ordem mundial com a completa hegemonia da ordem capitalista. Esta passou a uma nova etapa econmica e produtiva liderada por grandes conglomerados empresariais, possuidores de enormes volumes de capitais. Passou-se a globalizao do mercado, com a irradiao dos negcios mundiais, estimulando aformao de blocos econmicos, associaes de livre mercado que derrubaram antigas barreiras protecionistas, principalmente a partir da dcada de 1990. frente dessas organizaes est a NAFTA (North American Free Trade Agreement Acordo Norte-americano de Livre Comrcio), sob a liderana dos Estados Unidos e envolvendo o Canad e o Mxico, a UE (Unio Europia), tendo a economia alem a mais forte, o bloco do Pacfico, a APEC (Asia-Pacific Economic Cooperation, traduzido, Cooperao Econmica da sia e do Pacfico), sob comando do Japo e o Mercosul Mercosul (Mercado Comum do Sul), formado em 1991 por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

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Logotipo do NAFTA.

Pases que compem o NAFTA.

Unio Europia.

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Logotipo do Bloco do Pacfico.

Logotipo do Mercosul.

A principal fora do capitalismo coube ao G7 (Estados Unidos, Canad, Alemanha, Reino Unido, Frana, Itlia e Japo), grupo dos pases ricos. Acrescentou-se a limitao dos gastos governamentais, com a prevalncia da economia de mercado. A busca de um Estado mnimo para a no interveno na economia ocasionou a diminuio dos gastos pblicos com sade, educao e outras polticas sociais. Com a nova lgica capitalista ganhou fora as privatizaes, com a venda das empresas estatais de diversos pases. Em meio globalizao econmica, a nova ordem mundial passou a gerar mais desigualdades socioeconmicas. De um lado, os pases capitalistas desenvolvidos dos trs principais blocos econmicos (NAFTA, Unio Europia e bloco do Pacfico). Do outro, os pases subdesenvolvidos, em sua maioria situados no hemisfrio sul, com graves crises socioeconmicas.

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_____________________________________________________________________ 2.1.1.2 Mundo contemporneo e globalizao. Valores no Mundo Contemporneo Vivemos numa poca que aceita como um dado adquirido que os valores esto em crise. Em todas as pocas sempre surgiram vozes manifestando idnticas impresses. A nossa, neste ponto, parece ter assumido que se ter atingido uma crise generalizada. Neste sentido, com certa insistncia so feitas duas afirmaes similares: No existem actualmente critrios seguros para distinguir o justo do injusto, o bem do mal, o belo do feio; Tudo relativo, subjectivo. No existem valores. Tudo depende das circunstncias e dos interesses em jogo. Destas posies facilmente se conclui que os valores que tradicionalmente eram dados como imutveis, ou foram postos em causa ou abandonados. O que hoje predomina, segundo muitos autores so apenas posies relativistas ou niilistas. Para explicar esta crise de valores que atravessa todos os domnios da sociedade so apontadas entre outras, as seguintes razes: 1. A critica sistemtica que muitos filsofos, como Karl Marx, Nietzsche e Freud fizeram aos valores tradicionais. Karl Marx argumentou que os valores ( enquanto produtos ideolgicos) no podem ser desinseridos da histria e dos contextos sociais. Os valores dominantes numa dada sociedade so sempre aqueles que melhor servem a classe dominante na sua explorao das classes trabalhadoras. Defendeu por isso a necessidade da destruio de todos os tipos de moral dominante (burguesa), substitundo-a por uma moral dos oprimidos (proletrios). Nietzsche afirmou por seu turno que no existiam valores absolutos. Os valores so sempre produto de interesses egostas dos indivduos. Os valores esto ligados s condies de existncia de certos grupos, justificam as suas hierarquias e mecanismos de domnio, e mudam sempre que as condies de existncia se alteram. Considera, por exemplo, que a moral ocidental est assente em valores de escravos, preconizando por isso o aparecimento de um homem novo, completamente livre, e capaz de expressar a sua vitalidade sem limites, para alm de valores de arcaicos como o bem e o mal. Freud mostrar que os valores morais fazem parte de um mecanismo mental repressivo formado pela interiorizao de regras impostas pelos pais, e que traduzem normas e valores que fazem parte da conscincia colectiva. 2.A crise nos modelos e nas relaes familiares. A famlia onde, em princpio, qualquer ser humano adquire os seus primeiros valores. Ora as estruturas familiares esto em crise, o que se reflecte, por exemplo, no aumento da dissoluo de casamentos, no aparecimento de novos tipos de unies (casamento de homossexuais, etc),etc. Por tudo isto, muitos pas manifestam

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cada vez mais dificuldade em elegerem um conjunto de valores que considerem fundamentais na educao dos seus filhos. 3.As profundas alteraes econmicas, cientificas e tecnolgicas que a nossa sociedade moderna tem conhecido. Estas no apenas estimularam o abandono dos valores tradicionais, mas parecem ter conduzido a humanidade para um vazio de valores. Cinco exemplos 1.A promessa que surgiu no sculo XIX de que a humanidade caminhava para um era de progresso moral e civilizacional generalizado, foi completamente posta de parte no sculo XX, com duas guerras mundiais, dezenas de milhes de mortos e um holocausto meticulosamente planeado. O que a humanidade encontrou foi um progresso limitado, no meio da barbrie. 2.A ideia da cincia como empenhada na verdade e aperfeioamento da humanidade, ficou igualmente comprometida no sculo XIX com o envolvimento de inmeros cientistas na investigao da armas mortferas, em cruis experincias com seres humanos, etc. O lado negro da cincia tem vindo a evidenciar-se em todos os domnios (manipulao gentica, construo de armas de destruio macia, etc). 3.O desenvolvimento econmico dos pases tem sido feito custa da poluio do ar, contaminao da guas, destruio das florestas, acumulao de lixos, etc. As previses sobre as consequncias futuras destas aces so aterradoras: o planeta terra est numa rpida agonia. 4.A sociedade da abundncia est longe de ser uma realidade em todo o planeta. Dois teros da humanidade vivem abaixo do limiar da misria. Em alguns continentes, como a frica, assistimos destruio de populaes inteiras pela fome,guerras, catstrofes naturais, ecolgicas, epidemias, etc. Os ricos esto cada vez mais ricos e os pobres parecem estar condenados eterna misria.

Um milho de pessoas sem comida e gua no Sul do Sudo. O apelo da ONU aos pases doadores para que ajudem a combater esta situao conseguiu angariar apenas, at agora, um por cento do total da soma pedida para evitar uma tragdia como a fome de 1998, na mesma regio, que causou a morte a centenas de pessoas.Os rebeldes do Sul desde 1983, na sua maioria animistas e cristos, tm lutado por uma maior autonomia do Norte, maioritariamente muulmano e rabe. O conflito j provocou mais de dois milhes de mortos naquele que o maior pas africano.in, Pblico (8/3/2001)

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5. A globalizao trouxe consigo uma maior aproximao entre o povos em termos de informao, facto que aparentemente possibilitaria o desenvolvimento de uma conscincia global, desperta para a questo das desigualdades dos recursos e das condies de vida entre os seres humanos. Muitos autores contestam contudo esta interpretao, pois segundo afirmam, a informao que est a ser difundida escala global no visa despertar a conscincia crtica das pessoas mas brutaliz-las. A circulao dos mesmos produtos escala planetria est a provocar uma rpida uniformizao de hbitos, costumes e culturas entre todos os povos. Ora os modelos culturais e comportamentais que esto a ser veiculados pelas grandes potencias mundiais, em particular os EUA, no passam de produtos culturais acrticos, onde se apela apenas ao consumismo e relativismo de valores. Tratam-se de produtos culturais destinados a serem consumidos por populaes pouco educadas ou exigentes em termos intelectuais. Este panorama profundamente negro sobre a sociedade que que vivemos est longe de ser consensual. Muitos autores afirmam que no existe qualquer "crise", o que se passa que a sociedade se tornou menos "rgida" e "monoltica", sendo agora mais "aberta" e sensvel s diferenas individuais, o que muitas vezes, poder assumir formas prximas do indiferentismo. Em todo o caso, uma coisa certa: os valores relativistas (particulares, subjectivos) que sustentam este mundo esto a revelar-se demasiado funestos para a Humanidade no seu conjunto. por esta razo que se aponta para a necessidade de se estabelecer novos consensos em torno de valores que nos serviam de guia para o nosso relacionamento interpessoal e colectivo. Em causa est o nosso futuro comum. As Faces da Globalizao O que Globalizao? Quais so os aspectos gerais desse fundamental tema da cincia geogrfica? O referido fenmeno uma etapa avanada do sistema socioeconmico capitalista ou um processo de integrao mundial essencialmente econmico. Os mundos relativamente isolados do passado deram lugar a um mundo em rede (sistmico), ou seja, um planeta com relevantes conexes entre naes. Existem duas perspectivas divergentes no estudo da mundializao. A primeira se refere ao encolhimento do mundo. A segunda refere-se percepo que o mesmo amplo ou gigantesco. Isso est relacionado ao significativo desenvolvimento ou incremento tecnolgico que encurtou as distncias, a intensa fluidez do espao global (circulao de capitais, pessoas, informaes, matria-prima e mercadorias), ao surgimento de redes complexas de comunicao / transporte no planeta e a rapidez que as informaes chegam at as unidades domiciliares de uma parcela da populao, isso releva a complexidade do mundo contemporneo, ao contrrio do planeta antes da globalizao, onde as informaes vagarosamente chegavam as localidades e muitas no chegavam at alguns lugares, devido a diversos fatores de ordem histrica e geogrfica.

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Com relao ao que foi mencionado acima, pode-se constatar que a mundializao tornou homogneo o espao mundial? Certamente no, esse fenmeno acirrou as desigualdades sociais e regionais, ou seja, tornou heterogneo o espao global. A integrao relativa, porque existem reas que esto praticamente fechadas ou estabelecem relaes inexpressivas com o mundo, por exemplo, o continente africano e a Amaznia do Brasil. Esses espaos esto margem dos grandes fluxos de pessoas e capitais. O fenmeno dinamizou a economia de determinadas regies, enquanto outras permaneceram economicamente estagnadas ou tiveram suas situaes agravadas pelo processo, com isso, as possibilidades de insero e ascenso no mbito profissional so maiores para os cidados que vivem em cidades onde o capital est fortemente instalado e so menores para aqueles que vivem em municpios rurais insignificantes dentro de uma lgica prpria do capital (nacional e multinacional). Isso no quer dizer que a oferta de emprego nas Metrpoles ou mesmo nas cidades de porte mdio excelente, nessas tambm h desemprego e subemprego. Portanto, a globalizao um fenmeno geogrfico abrangente com conseqncias e contradies. Essa organizou o mundo em rede trazendo facilidades / vantagens para os negcios mundiais, preferencialmente para os mega-empresrios (proprietrios de empresas transnacionais) ou agentes econmicos e ao mesmo tempo aprofundou as disparidades sociais e regionais. _____________________________________________________________________ 2.1.1.3 Atualidades internacionais. EUA x China Nos Estados Unidos, este ser provavelmente um ano que o presidente Obama gostaria de esquecer. No meio do mandato, restava pouco da vitria triunfante do primeiro negro na Casa Branca. Os pacotes de estmulo economia no surtiram efeito e ele ainda perdeu a maioria democrata na Cmara dos Deputados, nas eleies legislativas de novembro. Porm, uma promessa de campanha foi cumprida: os Estados Unidos comearam a retirar as tropas de combate do Iraque. A guerra, que j dura sete anos, deixou mais de 4 mil soldados mortos e custou bilhes de dlares aos cofres pblicos. J no final do ano, o ex-hacker Julian Assange roubou a cena, divulgando em seu site, o Wikileaks, 250 mil documentos secretos da diplomacia norte-americana e causando a maior saia justa em Washington. A China, que neste ano ultrapassou o Japo e se tornou a segunda maior economia mundial, foi outra oponente de peso ao Imprio Americano. Os conflitos ocorreram no campo das finanas, com a guerra fiscal, e no ciberespao, com o ataque de hackers. Para Pequim, a posio de destaque no mercado veio acompanhada de cobranas em poltica, meio ambiente e direitos humanos. O recado mais contundente foi a indicao do Prmio Nobel da Paz para o dissidente Liu Xiaobo. Preso, ele no pode receber a condecorao no dia 10 de dezembro. Foi representado por uma cadeira vazia.

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As crticas tambm foram duras contra o Ir. O governo de Mahmoud Ahmadinejad teve que voltara trs e adiar a condenao da iraniana Sakineh Mohammadie Ashtiani, que seria apedrejada at morte por crime de adultrio. Haiti 2010 ainda emocionou o mundo por duas tragdias na Amrica Latina. Em 12 de janeiro, um dos terremotos mais violentos da histria devastou a capital do Haiti, Porto Prncipe, matando 230 mil pessoas. Na sequncia, uma epidemia de clera se espalhou pelo pas mais pobre do continente, que no conseguiu se reerguer dos escombros. J a segunda tragdia deve um final feliz. O resgate de 33 mineiros presos em uma mina no Chile, em 13 de outubro, foi acompanhado por meios de comunicao de todo o mundo. Eles ficaram 60 dias soterrados a 700 metros de profundidade e se tornaram celebridades internacionais. Para o bem ou para o mal, foi um ano inesquecvel.

Entenda a crise na Grcia e suas implicaesNum momento de protestos populares e instabilidade poltica, o pas deve precisar de mais ajuda econmica da EU. A crise financeira da Grcia pode ter profundas implicaes para outros pases europeus e para a economia mundial. Num momento de protestos em Atenas contra as medidas de austeridade impostas pelo governo, o premi George Papandreou tenta se manter no cargo, aps anunciar mudanas no seu gabinete. O premi tenta tambm aprovar novas medidas de conteno de gastos necessrias para que a Unio Europeia e o FMI continuem efetuando os pagamentos do pacote de resgate que prometeram Grcia. A prxima parcela de 12 bilhes de euros (cerca de R$ 27 bilhes) do pacote quase certamente ser paga, o que deve sustentar o governo grego por mais algumas semanas. provvel que um segundo pacote seja discutido por ministros das Finanas do bloco europeu neste domingo, mas ainda no est claro quais sero os termos do novo acordo. Por que a Grcia j precisa de um segundo pacote de resgate? O pacote original foi aprovado h pouco mais de um ano, em maio de 2010. A razo para o resgate que o pas estava tendo dificuldades em obter dinheiro emprestado no mercado para quitar suas dvidas. Por isso recorreu Unio Europeia e ao FMI. A ideia era dar Grcia tempo para sanear sua economia, o que reduziria os custos para que o pas obtivesse dinheiro no mercado. Mas isso no ocorreu at agora. Pelo contrrio: a agncia de classificao de risco S&P recentemente deu Grcia a pior nota de risco do mundo (dentre os pases monitorados pela agncia). Assim, o pas continua tendo diversas dvidas a serem quitadas, mas no capaz de obter dinheiro comercialmente para refinanci-las. Por que a Grcia est nessa situao? A Grcia gastou bem mais do que podia na ltima dcada, pedindo emprstimos pesados e deixando sua economia refm da crescente dvida. Nesse perodo, os gastos pblicos foram s alturas, e os salrios do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto os cofres pblicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evaso de impostos deixando o pas totalmente vulnervel quando o mundo foi afetado pela crise de crdito de 2008. O montante da dvida deixou investidores relutantes em emprestar mais dinheiro ao pas. Hoje, eles exigem juros bem mais altos para novos emprstimos que refinanciem sua dvida. O que a Grcia est fazendo para reverter a crise? A Grcia apresentou planos para cortar seu deficit de maneira escalonada. Para alcanar isso, o Parlamento grego aprovou em maio um pacote de medidas de austeridade para economizar 4,8 bilhes de euros. O governo quer congelar os salrios do setor pblico e aumentar os impostos e ainda anunciou o aumento do preo da gasolina.

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Pretende tambm aumentar a idade para a aposentadoria, em uma tentativa de economizar dinheiro no sistema de penses, j sobrecarregado. A populao reagiu com protestos, alguns deles violentos. Muitos servidores pblicos acreditam que a crise foi criada por foras externas, como especuladores internacionais e banqueiros da Europa central. Os dois maiores sindicatos do pas classificaram as medidas de austeridade como "antipopulares" e "brbaras". Por que a Grcia no declara moratria de suas dvidas? Se o pas no fosse membro da zona do euro, talvez fosse tentador declarar a moratria, o que significaria deixar de pagar os juros das dvidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dvida. No caso da Grcia, isso traria enormes dificuldades. As taxas de juros pagas pelos governos da zona do euro tm sido mantidas baixas ante a presuno de que a UE e o Banco Central Europeu proveriam assistncia a pases da regio, justamente para evitar calotes. Uma moratria grega, alm de estimular pases como Irlanda e Portugal a fazerem o mesmo, significaria um aumento de custos para emprstimos tomados pelos pases menores da UE, sendo que alguns deles j sofrem para manter seus pagamentos em dia. Se Irlanda e Portugal seguissem o caminho do calote, os bancos que lhes emprestaram dinheiro seriam afetados, o que elevaria a demanda por fundos do Banco Central Europeu. Por isso, enquanto a Europa conseguir bancar a ajuda aos pases com problemas e evitar seu calote, provvel que continue fazendo isso. Ento por que os pases europeus no concordam logo com um novo pacote de resgate? O problema que o governo alemo quer que os bancos compartilhem as agruras de um segundo resgate. Isso significaria que, em vez de a Grcia tomar dinheiro emprestado da UE para pagar dvidas de vencimento imediato, os bancos teriam de concordar em renegociar essas dvidas, provavelmente em termos mais favorveis aos gregos. O governo francs e o Banco Central Europeu advertiram que tal reestruturao da dvida seria considerada por muitos como uma moratria, o que, por sua vez, continuaria dificultando que a Grcia voltasse a tomar emprstimos comercialmente. Mas governos europeus talvez estejam sendo influenciados pela quantidade de dinheiro que seus prprios bancos j emprestaram aos gregos. A agncia de classificao de risco Moody's j declarou que pode rebaixar a nota dos trs maiores bancos da Frana por causa de sua vulnerabilidade dvida grega. A crise na Grcia pode se espalhar? Se a Grcia promover um calote, os problemas podem se espalhar para a Irlanda e Portugal. Mesmo sem uma moratria, ainda pode haver dificuldades, j que os pacotes de resgate oferecidos a esses dois pases foram estruturados para ajudar Lisboa e Dublin at que seus governos fossem novamente capazes de obter dinheiro no mercado - como no caso de Atenas. Um calote grego pode fazer com que investidores questionem se a Irlanda e Portugal no seguiro o mesmo caminho. O problema real diz respeito ao que acontecer com a Espanha, que s tem conseguido obter dinheiro no mercado a custos crescentes. A economia espanhola equivale soma das economias grega, irlandesa e portuguesa. Seria muito mais difcil para a UE estruturar, caso seja necessrio, um pacote de resgate para um pas dessa dimenso.BBC Brasil, 16 de junho de 2011

Protestos no Oriente Mdio: pas por pasLbia Protestos contra o regime de Muamar Khadafi deixaram um nmero no confirmado de mortos e feridos desde o dia 16 de fevereiro. O grupo de defesa de direitos humanos Human Rights Watch afirmou que 233 pessoas morreram no pas desde o incio dos protestos, mas o governo afirma que os relatos so "exagerados. Benghazi, segunda maior cidade do pas, foi o principal foco de revoltas e de violncia. Testemunhas afirmaram que foras de segurana usaram metralhadoras e artilharia pesada contra multides. Os protestos se espalharam para a capital, Trpoli, no dia 20 de fevereiro. O filho de Khadafi, Saif al-Islam, advertiu em pronunciamento pela TV para o risco de uma guerra civil poderia atingir o pas. O governo bloqueou a internet e vem dificultando o trabalho da mdia estrangeira, o que torna difcil ter uma idia da proporo real dos distrbios no pas.

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Protestos so proibidos na Lbia, mas a revolta foi detonada pela priso de um advogado conhecido por ser um crtico aberto do governo. Khadafi o lder h mais tempo no poder na frica e no Oriente Mdio - desde 1969 - e um dos mais autocrticos. Bahrein A monarquia sunita que governa o pas ofereceu dilogo com representantes da maioria xiita do Bahrein, aps dias de protestos na principal praa da capital, Manama. Aps usar tropas para dispersar manifestantes da Praa Prola no dia 17 de fevereiro - em uma operao que deixou quatro mortos ao menos - o governo parece ter recuado, permitindo que os manifestantes reocupassem a praa. O presidente dos EUA, Barack Obama, pediu calma ao Bahrein, que um pas estrategicamente importante para os EUA. O rei Hamad pediu a seu filho mais velho, o prncipe regente Salman, que d incio a um "dilogo nacional" para pr fim revolta. Representantes de alto escalo do principal grupo poltico xiita do pas, Wefaq, pediram a renncia do governo. Entre outras demandas est a libertao dos presos polticos e conversas sobre uma nova Constituio. Manifestantes xiitas reclamam de problemas econmicos, falta de liberdade poltica e discriminao no mercado de trabalho a favor de sunitas. Marrocos O principal grupo de oposio do Marrocos afirmou que a "autocracia" ser varrida do pas, se reformas econmicas profundas no forem implementadas. O pas enfrenta vrios problemas econmicos. O governo anunciou um aumento nos subsdios do Estado para tentar conter o aumento no preo das commodities. No comeo do ano, a reputao do Marrocos foi atingida quando o site Wikileaks revelou documentos com acusaes de corrupo na famlia real e entre pessoas prximas ao rei Mohammed 6. O rei diz que a luta contra a pobreza no pas uma prioridade, o que lhe valeu o epteto de "guardio dos pobres". A liberalizao da economia atraiu investimentos estrangeiros, e as autoridades afirmam que esto realizando melhorias em favelas e reas rurais do pas. Mas organizaes no-governamentais dizem que pouco mudou, que a pobreza e o desemprego ainda so grandes no pas. O Marrocos vem sendo atingido por greves, nos setores pblico e privado. O Marrocos, como Egito e Arglia, d pouco espao para a liberdade de expresso e at agora tem sido capaz de conter protestos maiores. Assim como a Jordnia, o pas uma monarquia, que tem apoio de grandes setores da populao. Arglia Protestos espordicos vm acontecendo no pas desde o comeo de janeiro, com manifestantes pedindo a renncia do presidente Abdelaziz Bouteflika. Grupos de manifestantes se uniram em seu movimento contra o governo, incluindo pequenos sindicatos e partidos polticos menores. O gatilho para os protestos parece ter sido principalmente econmico - em particular o aumento acentuado no preo dos alimentos. No comeo de fevereiro o presidente Bouteflika prometeu suspender o estado de emergncia - em vigor no pas desde 1992 - em um "futuro prximo", mas ainda no o fez. O governo da Arglia conta com riqueza considervel vinda de suas exportaes de petrleo e gs, e tenta responder a reclamaes econmicas e sociais com um grande programa de gastos pblicos. Tunsia Protestos continuam na Tunsia apesar da deciso do presidente Zine al-Abidine Ben Ali de renunciar em janeiro. Ele deixou o pas aps semanas de manifestaes e choques entre manifestantes e a polcia. O gatilho foi o ato desesperado de um jovem desempregado, no dia 17 de dezembro. Mohamed Bouazizi ateou fogo ao prprio corpo, quando autoridades de sua cidade impediram-no de vender legumes nas ruas de Sidi Bouzid sem permisso. O gesto detonou protestos que se espalharam pelo pas. A resposta violenta das autoridades - com a polcia abrindo fogo contra manifestantes - parece ter exacerbado a ira da populao e fomentado novos protestos, que terminaram levando derrocada do presidente.

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O presidente do Parlamento, Foued Mebazaa, foi empossado como presidente interino, e pediu ao premi Mohammed Ghannouchi, chefe do governo desde 1999, para formar uma coalizo nacional. O premi tambm prometeu abandonar o poder aps eleies, que devero ser realizadas dentro de seis meses. Jordnia Milhares de jorndanianos saram s ruas ao longo das ltimas cinco semanas, pedindo melhores perspectivas de emprego e reduo nos preos de alimentos e combustvel. Em resposta, o rei Abdullah 2 demitiu o primeiro-ministro Samir Rifai, acusando-o de promover reformas lentas. Marouf al-Bakhit, ex-general do Exrcito e embaixador do pas em Israel, foi nomeado em seu lugar. Um novo gabinete com 26 integrantes foi empossado no dia 10 de fevereiro. O Reino Hachemita da Jordnia um pas pequeno, com poucos recursos naturais, mas desempenha um papel crucial na luta por poder no Oriente Mdio. A morte do rei Hussein, que governou por 46 anos, deixou a Jordnia na briga pela sobrevincia econmica e social, assim como pela paz regional. Seu filho, Abdullah, que o sucedeu no trono, enfrenta o desafio de manter a estabilidade e atender a demandas por reforma. Um plano para mudanas polticas, econmicas e sociais de longo prazo - conhecido como Agenda Nacional ainda no foi implementado. Egito Centenas de milhares de pessoas se reuniram no Cairo no dia 18 de fevereiro para marcar uma semana da queda do presidente Hosni Mubarak O lder de 82 anos renunciou no dia 11 de fevereiro, aps 18 dias de protestos. Ele estava no poder desde 1981. O Egito h muito vinha sendo um centro de estabilidade em uma regio voltil, mas isso mascarava problemas, que vieram tona nas demandas de manifestaes populares contra o governo de 30 anos de Mubarak, no dia 25 de janeiro. Os principais gatilhos foram pobreza, inflao, excluso social, raiva contra a corrupo e o enriquecimento da elite poltica do pas. Com Mubarak fora do jogo, as Foras Armadas do pas assumiram o poder atravs de um Conselho Militar, que governar pelos prximos seis meses, at que eleies sejam realizadas. O grupo islamista conservador Irmandade Muulmana tem chances de ter um bom desempenho em quaisquer eleies livres e justas, mas temores de que o timo poltico no Egito se volte para o lado do conservadorismo islmico a principal fonte de preocupao do Ocidente e de Israel. Sria O presidente Bashar al-Assad prometeu promover reformas polticas aps herdar o poder de seu pai, Hafez, em 2000, aps trs dcadas de um regime autoritrio. Leis de emergncia vigoram no pas desde 1963. Aps a morte de Hafez al-Assad, a Sria sofreu um certo grau de distenso. Centenas de presos polticos foram libertados. No ocorreram, entretanto, mudanas como o aumento das liberdades polticas ou mudanas na economia fortemente dominada pelo Estado. Ir O governo iraniano convocou uma manifestao para a sexta-feira 18 de fevereiro para manifestar seu repdio oposio do pas. O chamado se seguiu a manifestaes organizadas pelas duas principais figuras de oposio ao governo em apoio a protestos em pases vizinhos. O protesto rapidamente se transformou em uma manifestao antigoverno, que deixou dois mortos e vrios feridos. O sistema poltico complexo e incomum do Ir combina elementos de uma teocracia islmica com democracia. Uma rede de instituies no sujeitas a voto popular e controladas pelo altamente poderoso Lder Supremo do pas tem como contrapartida um presidente e um Parlamento eleitos pelo povo. O presidente Mahmoud Ahmadinejad, eleito em 2005, um adepto da linha-dura, que prometeu reprimir qualquer protesto contra o regime. Ele acusou manifestantes de querer "manchar o brilhantismo nacional iraniano". Arbia Saudita Um dos pases mais insulares e pios do Oriente Mdio, a Arbia Saudita deixou de ser um reino desrtico e pobre para tornar-se uma das naes mais ricas da regio, graas a seus vastos recursos petrolferos.

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Mas seus governantes enfrentam a tarefa delicada de responder a presses por reforma e, ao mesmo tempo, combater o problema crescente da violncia extremista islmica. A famlia real saudita sempre tentou preservar a estabilidade na regio e reprimir extremistas islmicos. Movimentos de oposio so proibidos no pas. Regionalmente, o pas importante, com o rei Abullah Bin-Abd-al-Aziz Al Saud visto no mundo rabe como um defensor dos interesses rabes. Foi para a Arbia Saudita que o lder deposto da Tunsia, Zine al-Abidine Ben Ali, fugiu em janeiro. Manifestantes em Sanaa, capital do Imen Imen Aps dias de protestos, o presidente do Imen, Ali Abdullah Saleh, anunciou, no dia 2 de fevereiro, que no concorreria a outro mandato, aps trs dcadas no poder. Ele tambm disse ao Parlamento que no passaria o poder a seu filho, afirmando: "Nenhuma extenso, nenhuma herana, nenhum cronmetro zerado". Mas os protestos continuam, com pessoas saindo s ruas nas cidades de Sanaa, Aden e Taiz. Manifestantes antigoverno pedindo reformas polticas entraram em choque com grupos leais ao governo, e a polcia foi enviada para reprimir manifestaes. O Imen o pas mais pobre do mundo rabe, onde quase metade da populao vive com menos de US$2 por dia.BBC Brasil, 21 de Fevereiro de 2011

Entenda os protestos e a crise no EgitoCentenas de milhares de egpcios vo s ruas h mais de uma semana para exigir a sada do presidente Hosni Mubarak, que est no poder h quase 30 anos. Em resposta, o presidente j anunciou que no disputar a reeleio, mas que pretende permanecer no poder at que um sucessor seja escolhido. Quem so os manifestantes e o que eles querem? Os protestos comearam em 25 de janeiro, quando milhares de egpcios se reuniram na Praa Tahrir, no centro do Cairo, depois de uma mobilizao realizada pela internet - inspirada no levante da Tunsia conclamando um "dia de revolta". A polcia respondeu com gs lacrimogneo e jatos d'gua, mas os manifestantes continuaram no local. Desde ento, protestos em massa tm sido realizados nas principais cidades egpcias - alm do Cairo, Alexandria, Suez e Ismalia - desafiando os toques de recolher impostos pelo governo. Os protestos foram em sua maioria pacficos, mas a ONU estima que cerca de 300 pessoas j morreram em confrontos relacionados s manifestaes. Os manifestantes exigem a sada imediata de Mubarak. As multides acusam o governo de represso, fraudes eleitorais, corrupo e de ser responsvel pela pobreza e pelo desemprego no pas. Os participantes tambm querem garantias de que o filho de Mubarak, Gamal, no ser o prximo presidente. Como Mubarak respondeu? O presidente foi televiso na tera-feira, dia 1, afirmando que no disputar a reeleio no pleito marcado para setembro de 2011. Ele disse que dedicar o resto de seu mandato para garantir uma transio pacfica para seu sucessor. Mubarak disse ter se oferecido para encontros com todos os partidos polticos, mas alguns deles teriam se recusado a dialogar. Em seu primeiro discurso aps o incio dos protestos, feito no dia 28, ele anunciou a demisso de seu gabinete de governo, empossando Ahmed Shafiq como novo primeiro-ministro e Omar Suleiman, ex-chefe da inteligncia egpcia, como vice-presidente - cargo que nunca antes havia sido ocupado durante o regime. Mubarak designou publicamente Shafiq para implementar reformas democrticas e medidas para aumentar o nvel de emprego. O presidente tambm determinou que o novo gabinete - cujos membros ainda no foram nomeados - combata a corrupo e restaure a confiana na economia. No dia 30, em uma aparente demonstrao de fora, jatos da Fora Area egpcia sobrevoaram a Praa Tahrir, onde era realizado mais um protesto. Helicpteros, tanques e blindados tambm circularam pela cidade, enquanto o acesso internet foi bloqueado. Quem so os outros personagens principais?

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No existe uma figura que centralize e lidere a oposio contra Mubarak. Os manifestantes representam uma fatia ampla da sociedade egpcia, dos mais jovens aos mais velhos, dos mais ricos aos mais pobres, seculares e religiosos. Mohammed ElBaradei, ex-diretor da Agncia Internacional de Energia Atmica (AIEA) e vencedor do Nobel da Paz, surgiu como um potencial porta-voz da coalizo de movimentos de oposio. Lderes de diferentes grupos teriam iniciado negociaes para chegar a uma estratgia comum. A Irmandade Muulmana, maior e mais organizado grupo de oposio no Egito, tem se mantido em uma posio discreta durante os protestos, por temor de sofrer retaliaes por parte do governo. Analistas acreditam que as Foras Armadas egpcias sejam um fator decisivo na crise. At agora, Mubarak um ex-comandante da Fora Area - tem o apoio dos militares. No entanto, se os protestos se intensificarem, acredita-se que oficiais de alta patente possam pedir que o presidente deixe o poder. O que est em jogo? O Egito conhecido como umm al-dunya, ou "me do mundo" em rabe. O que acontece no Cairo tem efeitos decisivos em todo o Oriente Mdio. Desde que chegou ao poder, em 1981, Mubarak tem sido uma figura central na poltica da regio e um importante aliado dos pases ocidentais. O Egito um dos dois nicos pases rabes - alm da Jordnia - a ter tratados de paz com Israel. Se o levante egpcio se transformar em uma revoluo, isto pode significar um golpe para o j enfraquecido processo de paz no Oriente Mdio e disparar alarmes em outros regimes autocrticos no mundo rabe, dizem analistas. H o temor de que extremistas possam aproveitar o vcuo poltico ou de que grupos islmicos como a Irmandade Muulmana cheguem ao poder por meio de eleies livres. A crise no Egito tambm tem efeitos nos mercados globais. Os valores das aes caram nas principais bolsas do mundo, e o preo do petrleo atingiu o valor mais alto em dois anos. Como a comunidade internacional tem reagido aos protestos? A presso internacional est se encaminhando para algum tipo de resoluo. Os Estados Unidos, responsveis por bilhes de dlares em ajuda para o Egito, por pouco no admitiram abertamente que querem a sada de Mubarak. Em vez disso, o presidente americano, Barack Obama, e a secretria de Estado, Hillary Clinton, pediram uma "transio ordenada" para uma democracia no Egito. Enquanto isto, lderes da ONU, da Gr-Bretanha, da Frana e da Alemanha pediram a Mubarak que evite a violncia e realize as reformas enquanto os protestos continuem. Obama manteve contatos com chefes de Estado e de governo como o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, o rei da Arbia Saudita, Abdullah, e o primeiro-ministro britnico, David Cameron. O que deve acontecer agora? No h sinal de que os protestos possam acabar, e a maioria dos observadores afirmam que os dias de Mubarak como presidente esto contados. Vrios grupos de oposio esto se oferecendo para negociar com o governo, mas apenas depois que Mubarak sair do poder. No entanto, o presidente parece estar calculando que pode sair com um saldo positivo da crise e que as suas concesses dividiro os opositores. O exrcito, instituio chave no Egito, indicou que protestos pacficos sero tolerados e que os seus participantes no sero combatidos.BBC Brasil, 03 de fevereiro de 2010.

Milhares vo s ruas do Imen para pedir reformas democrticasDezenas de milhares de partidrios da oposio iemenita saram s ruas nesta quinta-feira na capital do pas, Sanaa, para pedir reformas democrticas, ao mesmo tempo que acontecia uma manifestao similar de simpatizantes do governo. As duas marchas aconteciam de maneira calma: os simpatizantes do partido governista Congresso Popular Geral (CPG) estavam reunidos na praa Al Tahrir (Libertao) e os opositores nas proximidades da Universidade de Sanaa, zona oeste da capital.

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Os partidrios do CPG se reuniram na praa Al Tahrir, local que havia sido escolhido para o protesto da oposio, que se viu obrigada a mudar a rea de protesto. No incio da manh, os manifestantes antigoverno reuniram mais de 20 mil pessoas em Sanaa, a maior concentrao de pessoas desde que a onda de protestos em pases rabes atingiu o pas h duas semanas, inspirados em manifestaes que derrubaram o ditador da Tunsia e ameaam o do Egito. "O povo quer que o regime mude", eles gritavam nas proximidades da universidade de Sanaa. "No corrupo, no ditadura." As manifestaes ocorrem um dia depois de o ditador iemenita, Ali Abdullah Saleh, no poder h 32 anos, ter anunciado que no disputar a reeleio e fez mais concesses oposio, aps manifestaes inspiradas pelos protestos populares na Tunsia e no Egito. Saleh props a formao de um "governo de unidade nacional", informou que adiar as eleies legislativas previstas para 27 de abril --muito questionadas pela oposio--, e disse que favorvel da adoo de reformas polticas antes do pleito. "No haver governo hereditrio nem presidncia vitalcia", disse Saleh, cujo atual mandato termina em 2013, durante uma reunio extraordinria com o Parlamento e o Majlis al Shura (conselho consultivo). Saleh tambm prometeu que seu filho no assumir as rdeas do governo, entre outras concesses polticas. Trata-se da ao mais ousada do ditador para manter os tumultos fora do Imen, um aliado importante dos Estados Unidos contra a Al Qaeda. O maior partido opositor iemenita, o Al Islah, recebeu bem a iniciativa de Saleh, mas ignorou um apelo presidencial para desmobilizar os protestos. No entanto, os manifestantes antigoverno parecem no estar totalmente em concordncia --alguns pedem pela queda de Saleh, enquanto outros querem que ele prove que ir cumprir suas promessas. "O que o presidente ofereceu ontem [quarta-feira] foi apenas teatro. No confiamos nele", disse um manifestante, Mahmoud Abdullah, em Sanaa. PELO PAS Saleh, um sobrevivente poltico sagaz, voltou atrs no passado em promessas de se afastar do poder. Analistas afirmaram que a promessa de quarta-feira pode ser uma maneira genuna de sair graciosamente, mas ele pode tambm estar esperando o fim da instabilidade regional para reafirmar sua dominncia. Outros protestos antigoverno se espalharam pelo Imen, incluindo na cidade de Taiz, onde Saleh serviu como governador militar, assim como em cidades do sul do pas onde as atividades de um movimento separatista tm crescido. Foras de segurana em Aden impediram manifestantes de chegar ao centro da cidade, onde alguns milhares j estavam reunidos.Folha de So Paulo, 03 de fevereiro de 2010.

Jovem "casamento" Brasil-China est estremecidoPelo menos uma vez por semana desde sua posse, a presidente Dilma Rousseff recebe assessores para tentar lidar com um problema aparentemente intratvel: a China. Poucos meses atrs, Brasil e China pareciam fadados a formar uma das alianas definidoras deste incio de sculo - duas economias emergentes com rpido crescimento, posicionando-se lado a lado em questes globais como negociaes comerciais, e buscando sempre novas oportunidades de negcios conjuntos. Mas no assim que tem funcionado. A reunio semanal comandada por Dilma apenas um sinal de como ela est colocando o Brasil em uma posio de maior confronto frente a Pequim, na tentativa de resolver uma relao que ela considera cada vez mais desequilibrada e divergente. Oficialmente, o tema dessas reunies a busca por uma maior "competitividade" do Brasil no comrcio global, mas elas inevitavelmente se transformam em debates estratgicos sobre como conter a enxurrada de importaes de produtos chineses, que quintuplicaram desde 2005, com resultados desastrosos para a indstria brasileira. " basicamente uma reunio sobre a China", disse um funcionrio de alto escalo que costuma participar delas. "As relaes entre os dois pases no so hostis, mas vamos tomar medidas para nos proteger... e promover uma relao mais igualitria."

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Em curto prazo, segundo fontes de alto escalo do governo, isso significa mais tarifas dirigidas para produtos industrializados procedentes da China, uma fiscalizao mais rgida nas alfndegas, e tambm mais processos antidumping. Tambm possvel que sejam adotadas novas regras para mineradoras estrangeiras, dizem as autoridades, refletindo os temores de que a China desejaria consolidar seu controle sobre as riquezas minerais brasileiras, sem oferecer em contrapartida acesso suficiente ao seu prprio mercado.Reuters Brasil, Brian Winter e Brian Ellsworth, 03 de fevereiro de 2010.

Preservao florestal torna-se tema central da ONU em 2011Diante do cenrio ambiental crtico, o desafio da ONU aproximar cidados do mundo todo em torno de um projeto comum: preservar a mata, que cobre s 31% das terras do planeta. Maior reserva verde ainda est no Brasil. O planeta deve registrar ainda em 2011 a marca de 7 bilhes de habitantes. medida que a populao se expande e exige cada vez mais recursos naturais e espao no globo , a cobertura florestal se extingue. Atualmente, as florestas ocupam apenas 31% das reas de terra do planeta. tambm em 2011 que as Naes Unidas decidiram promover o Ano Internacional das Florestas. Nesta quarta-feira (02/02), uma sesso em Nova York marca o incio das atividades para "promover a conscincia e fortalecer uma gesto, conservao e desenvolvimento sustentvel", diz o rgo. O desafio, no entanto, transformar essa aspirao em solues prticas e estimular o envolvimento dos cidados que vivem nas cidades. Na prtica As Naes Unidas estimam que 1,6 bilho de pessoas dependam das florestas para sobreviver e que, no mundo todo, as matas sejam a casa de 300 milhes de indivduos. Esse ambiente o habitat de 80% da biodiversidade existente no planeta. Apesar dos argumentos convincentes lanados pela ONU para estimular a preservao, o desmatamento ainda um inimigo presente na busca pelo desenvolvimento sustentvel. Um estudo da organizao Conservao Internacional (CI) divulgado nesta quarta-feira, identificou as dez florestas mais ameaadas do mundo o Brasil aparece na lista com os apenas 8% que restaram da Mata Atlntica. As florestas no podem ser vistas apenas como um grupo de rvores, mas como fornecedores de benefcios vitais. Elas so importante fator econmico no desenvolvimento de diversas cidades, fornecendo madeira, alimento, abrigo e recreao, e possuem um potencial ainda maior que precisa ser percebido em termos de proviso de gua, preveno de eroso e remoo de carbono, argumenta Olivier Langrand, da CI. A derrubada da floresta tambm agrava os efeitos das mudanas climticas, e responsvel por at 20% das emisses mundiais de gases do efeito estufa. Do Brasil para o mundo A maior reserva de floresta tropical do mundo est em solo brasileiro o bioma Amaznia ocupa 49% do territrio nacional. O ritmo de destruio acelerado parece ter se acalmado entre agosto de 2009 e julho de 2010, quando os satlites que vigiam a floresta detectaram uma diminuio de 13,6% do desmatamento em relao ao perodo anterior. Na fila de projetos do Congresso Nacional, no entanto, o polmico plano que altera o Cdigo Florestal vai na contramo do Ano Internacional das Florestas. Entre as mudanas mais controversas esto a reduo de 30 metros para 15 metros das reas de preservao permanente nas margens de rios, a iseno de reserva legal para a agricultura familiar e o perdo para quem nunca obedeceu a legislao vigente. Ou seja, quem desmatou de forma criminosa no precisar pagar por isso. Depois de 2011 Diante do cenrio global ambiental pouco animador, a campanha internacional encabeada pela ONU quer evidenciar tambm as desvantagens para a humanidade trazidas pela diminuio da rea verde. As Naes Unidas lembram que o desaparecimento das florestas coloca em xeque o abastecimento sustentvel de gua, o fornecimento de plantas medicinais indstria da sade equivalente a 108 bilhes de dlares por ano, o risco do aumento da propagao de doenas como malria. E, o que mais ameaador, a sobrevivncia dos prprios seres humanos.Deutstche Welle, Ndia Pontes, 03 de fevereiro de 2011.

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Brasil vai reforar campanha pela reforma da ONUA proposta de reforma do Conselho de Segurana das Naes Unidas ser fortalecida ao longo deste ms quando a presidncia do rgo ficar a cargo do Brasil. A representante brasileira no conselho, a embaixadora Maria Luiza Viotti, disse que o Brasil candidato natural a membro permanente. O Conselho tem 15 vagas, das quais apenas cinco so permanentes. O Brasil est ocupando um dos assentos rotativos. Certamente que [a presidncia] poder contribuir para fazer avanar a ideia de que a reforma necessria e de que h pases que so candidatos naturais, disse a embaixadora, segundo informaes da agncia pblica de Portugal, Lusa. O Conselho de Segurana das Naes Unidas foi criado, aps a Segunda Guerra Mundial. Pela estrutura do rgo, cinco pases ocupam assentos permanentes e dez assumem as cadeiras de forma rotativa - por dois anos. O G4, formado por Brasil, Japo, ndia e Alemanha, apresentaram em 2005 uma proposta de expanso do Conselho de Segurana das Naes Unidas. O presidente da Assembleia Geral, Joseph Deiss, afirmou que h negociaes reais sobre a ampliao do Conselho de Segurana. As negociaes so supervisionadas pelo embaixador do Afeganisto, Zahir Tanin, que, em dezembro, apresentou um relatrio sobre as posies dos estados membros, que dever ser atualizado em maro. Para a embaixadora brasileira, o objetivo agora chegar a algum resultado mais concreto [sobre a reforma] at ao final desta sesso da Assembleia Geral das Naes Unidas. A presidncia do Conselho no lida com questes da reforma, mas de certa maneira uma ocasio para dar maior visibilidade aos temas que so do interesse do Brasil, da ampla maioria dos pases em desenvolvimento, dos membros da Organizao das Naes Unidas, disse a diplomata.Agncia Brasil, Renata Giraldi, 02 de janeiro de 2011

EUA e Rssia assinam maior acordo de reduo de armas nucleares em 20 anosOs presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rssia, Dmitry Medvedev, assinaram nesta quintafeira em Praga, capital da Repblica Tcheca, o acordo bilateral de reduo de seus arsenais de armas nucleares mais significativo em 20 anos. O acordo estabelece que a reduo ocorrer ao longo de sete anos e que cada parte limitar o seu nmero de ogivas nucleares a 1.550. O novo teto cerca de 30% menor que o de 2,2 mil ogivas previsto pelo acordo antigo de reduo nuclear russo-americano. Rssia e Estados Unidos tambm se comprometeram a limitar a 700 o nmero de msseis balsticos capazes de levar as ogivas nucleares. Atualmente, os EUA possuem 798 desses artefatos, enquanto a Rssia tem 566, menos que o limite. O acordo, que substituir o Tratado Estratgico de Reduo de Armas (Start, na sigla em ingls), assinado em 1991 e expirado em dezembro, ainda precisa ser aprovado pelo Senado americano e pelo Parlamento russo, a Duma. Estima-se que o arsenal americano e russo alcance hoje mais de 2 mil e 2,5 mil ogivas nucleares estratgicas, respectivamente. Durante o perodo da Guerra Fria, os Estados Unidos chegaram a ter mais de 15 mil ogivas nucleares estratgicas, e a Rssia, mais de 10 mil. 'Liderana' Em uma cerimnia pomposa no castelo de Praga, sob os auspcios do premi tcheco, Vaclav Havel, Obama disse que EUA e Rssia detm cerca de 90% do poder nuclear mundial. Ele elogiou o que chamou de "liderana extraordinria" de Medvedev em promover o acordo. Para Obama, o tratado um "importante marco" na questo da no-proliferao nuclear, mas apenas "um passo em uma jornada mais longa" para reduzir a ameaa das armas atmicas. Falando aps Obama, Medvedev se referiu diversas vezes aos "parceiros americanos" da Rssia. Ele disse que o tratado abre as portas para "um maior nvel de cooperao entre a Rssia e os EUA". "Esta uma situao em que ambos saem ganhando. Ningum perde com este acordo. Esta uma qualidade tpica das nossas iniciativas de cooperao", disse Medevev. "Toda a comunidade mundial ganhou." Smbolo

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Entretanto, para o analista da BBC para assuntos de geopoltica Jonathan Marcus a importncia do acordo est menos nos nmeros e mais no significado simblico do entendimento. "O acordo marca um reaproximao nas relaes EUA-Rssia, preconizando, talvez, uma postura mais dura da Rssia em relao ao programa nuclear iraniano", afirmou. "As armas nucleares so parte importante da equao de defesa russa, em um momento em que o seu papel no pensamento estratgico americano est se tornando mais limitado." Marcus disse que os critrios para contar as unidades de ogivas nucleares so pouco claras e que cortes mais significativos nas armas nucleares de longo alcance russas e americanas ainda podem tardar anos de negociaes bilaterais. Ambos os pases j haviam concordado em diminuir o nmero de msseis em julho do ano passado, mas o acordo havia ficado em suspenso at agora por diferenas sobre a verificao das redues. No incio desta semana, o ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, declarou que o acordo representa "um novo patamar de confiana" entre Rssia e EUA. Ao anunciar o acordo, no ms passado, Obama fez referncia Guerra Fria e disse que o entendimento "um novo passo adiante para deixar para trs o legado do sculo 20 e construir um futuro mais seguro para nossos filhos."BBC Brasil, 09 Abril 2010.

Obama e Medvedev assinam novo tratado de desarmamento nuclearAps nove meses de negociaes, os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rssia, Dmitri Medvedev, assinaram nesta quinta-feira, em Praga, na Repblica Tcheca, o novo Tratado de Reduo de Armas Estratgicas (Start, na sigla em ingls). O documento obriga os dois pases a reduzirem em cerca de um tero seus arsenais nucleares remanescentes da Guerra Fria e, no mbito diplomtico, marca a retomada das relaes bilaterais aps o esfriamento durante o governo de George W. Bush. O acordo, cortando os arsenais de ambos os lados de 2.200 ogivas para 1.550, deve ser agora ratificado pelos legislativos de ambos os pases. O novo texto substitui o Start 1, assinado em 1991 como o acordo de desarmamento mais ambicioso desde a Segunda Guerra (1939-1945) entre Estados Unidos e a ento Unio Sovitica. O documento expirou em 5 de dezembro passado, mas se extingue na prtica com o surgimento do novo acordo de desarmamento. Obama afirmou que a assinatura do documento marca a estratgia americana para um mundo "mais seguro" e sem armas nucleares. "Sei que este objetivo pode no ser alcanado enquanto estiver vivo, mas um passo importante para um mundo mais seguro". H mais de seis meses, negociadores americanos e russos se renem regularmente em Genebra para elaborar o novo documento, a pedra angular do "relanamento" desejado por Obama e Medvedev, depois de anos de "paz fria" durante o governo de George W. Bush e aps o breve conflito com a Gergia, aliada dos EUA, em 2008. Medvedev elogiou os esforos dos negociadores, "que trabalharam 24 horas por dia para concretizar o que considervamos uma misso impossvel h alguns meses". "Esta uma situao em que todos ganham", disse o presidente russo, que ressaltou as melhoras no sistema de verificao da reduo do arsenal de ambos os pases. Veja o que estabelece o novo Start - Reduo das ogivas nucleares que ambos pases possuem em 30% em relao ao Tratado de Reduo de Arsenais Nucleares Estratgicos (SORT, ou Tratado de Moscou), de 2002. - Limitao a 800 vetores (msseis intercontinentais a bordo de submarinos e bombardeiros) mobilizados ou no por cada um dos dois pases. - Limitao a 700 vetores posicionados. - Segundo Washington, o acordo no impe nenhuma limitao aos testes, ao desenvolvimento ou instalao de sistemas de defesa antimsseis dos Estados Unidos, que estejam programados ou em curso de s-lo. Tambm no limita os projetos americanos em termos de ataques convencionais de longo alcance. - O novo tratado retoma os elementos do Start 1 e os adapta aos novos limites. Prev verificaes in situ das instalaes nucleares, intercmbio de dos, assim como notificaes recprocas de armamentos ofensivos e de stios nucleares.

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- O tratado tem durao de dez anos a partir da data de sua entrada em funes e poder ser renovado por uma durao mxima de cinco anos. Uma clusula prev que cada parte pode se retirar do tratado. - O tratado entrar em vigor depois de ser ratificado pelos parlamentos dos dois pases. O Tratado SORT de 2002 ficar automaticamente abolido depois da entrada em vigor do novo texto.Folha de So Paulo , 09 Abril 2010

Obama e Medvedev fecham acordo para pacto sobre armas nuclearesOs presidentes dos EUA, Barack Obama, e da Rssia, Dmitry Medvedev, fecharam na sexta-feira um acordo sobre um tratado histrico de reduo de armas nucleares e vo se reunir para assinar o tratado em 8 de abril, em Praga. Aps meses de impasse, o acordo para o tratado que substituir o pacto START (Tratado de Reduo de Armas Estratgicas), da era da Guerra Fria, a mais importante conquista de poltica externa de Obama desde que chegou ao poder e tambm refora seu esforo para "reiniciar" os laos dos EUA com Moscou. Obama e Medvedev deram os retoques finais ao acordo histrico em um telefonema, comprometendo as duas maiores potncias nucleares do mundo a empreender grandes redues em seus arsenais. "Tenho a satisfao de anunciar que, aps um ano de negociaes intensas, Estados Unidos e Rssia acordaram o mais abrangente acordo de controle de armas em quase duas dcadas", disse Obama a reprteres. Em Moscou, Medvedev saudou o acordo, dizendo que reflete "o equilbrio dos interesses dos dois pases", disse o Kremlin. Pelos termos do acordo, vlido por dez anos, cada lado ter que reduzir suas ogivas estratgicas posicionadas das 2.200 atuais para 1.550 e tambm far redues importantes em seu estoque de lanadores, disse a Casa Branca. A secretria de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o acordo transmitir ao Ir e Coreia do Norte, pases envolvidos em impasses nucleares com o Ocidente, uma mensagem sobre seu compromisso em impedir a proliferao nuclear. "Com esse acordo, Estados Unidos e Rssia - as duas maiores potncias nucleares do mundo - tambm transmitem um sinal claro de que pretendemos liderar". disse Obama. "Ao cumprir nossos prprios compromissos assumidos sob o Tratado de No-Proliferao Nuclear, fortalecemos nossos esforos globais para barrar a propagao dessas armas e asseguramos que outros pases cumpram suas prprias responsabilidades", disse Obama. ASSINATURA EM PRAGA Obama e Medvedev pretendem assinar o novo Tratado de Reduo de Armas Estratgicas, que vir substituir um tratado de 1991 cuja vigncia terminou em dezembro, em 8 de abril em Praga, capital da Repblica Tcheca, antigo satlite sovitico que hoje faz parte da Otan. Essa data prxima do aniversrio do discurso proferido por Obama em Praga no ano passado, anunciando sua viso de eventualmente livrar o mundo de armas nucleares, e vai ajudar a criar mpeto para uma segunda cpula sobre segurana nuclear da qual Obama ser anfitrio em Washington entre 12 e 14 de abril. A Casa Branca disse que o novo tratado no restringir os programas americanos de defesa antimsseis, que vinham representando um obstculo nas negociaes, devido s objees da Rssia a esses planos. "O tratado reduzir em mais ou menos um tero as armas nucleares dos EUA e Rssia. Ele prev uma reduo significativa dos msseis e lanadores e a instalao de um regime de verificao eficaz e forte", disse Obama. "E conserva a flexibilidade de que precisamos para proteger e promover nossa segurana nacional e para garantir nosso compromisso inabalvel com a segurana de nossos aliados." Obama ainda enfrentar uma luta no Senado norrte-americano para a ratificao do tratado, em um momento de rancor partidrio na esteira da disputa acirrada que terminou com a aprovao pelo Congresso de sua reforma da sade. Ele disse que vai trabalhar estreitamente com outros democratas e com a oposio republicana para obter a aprovao pelo Senado do tratado, que requer uma maioria de dois teros para ser ratificado. O novo pacto pode fortalecer Obama politicamente, garantindo a ele uma importante vitria na rea da poltica externa, que vir somar-se vitria na poltica domstica que ele teve esta semana quando sancionou a reforma da sade. Negociadores russos e norte-americanos vinham h quase um ano tentando conseguir um pacto para dar continuidade ao START. Eles perderam o prazo final de 5 de dezembro, quando terminou a vigncia do START I.

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Matt Spetalnick e Jeff Mason Reuters Brasil, 26 Maro 2010.

Entenda a polmica sobre a distribuio dos royalties do petrleoA aprovao pela Cmara dos Deputados de uma emenda ao projeto de lei que muda as regras de distribuio dos royalties do petrleo colocou o governo federal, Estados e municpios diante de uma polmica envolvendo disputas polticas e interesses regionais. Na semana passada, os deputados decidiram que os royalties - espcie de compensao financeira paga pelos exploradores - devem ser distribudos de forma igualitria entre todos os Estados e municpios do pas. A deciso muda a regra atual, em que Estados e municpios produtores recebem uma parcela maior dos royalties pagos pelas empresas. A emenda aprovada pela Cmara ser ainda encaminhada ao Senado, mas a deciso entre os deputados j foi suficiente para deflagrar a polmica sobre quem deve receber a verba gerada com a explorao do petrleo. O que so royalties e como so cobrados? De modo geral, royalty um valor cobrado pelo proprietrio de uma patente ou ainda por uma pessoa ou empresa que detm o direito exclusivo sobre determinado produto ou servio. No caso do petrleo, os royalties so cobrados das concessionrias que exploram a matria-prima, de acordo com sua quantidade, e o valor arrecadado fica com o poder pblico. De acordo com a legislao brasileira, Estados e municpios produtores alm da Unio tm direito maioria absoluta dos royalties do petrleo. A diviso atual de 40% para a Unio, 22,5% para Estados e 30% para os municpios produtores. Os 7,5% restantes so distribuidos para todos os municpios e Estados da federao. A justificativa para essa diviso de que os royalties so uma espcie de compensao s administraes locais, pelo fato de o recurso ser finito. Alm disso, essas localidades em tese tm mais gastos com infraestrutura e preveno de acidentes, por exemplo. Segundo a Agncia Nacional do Petrlo (ANP), o Brasil arrecadou R$ 7,9 bilhes em royalties no ano passado. Por que a distribuio de royalties voltou ao centro da discusso? Com a descoberta da camada pr-sal, o governo do presidente Luiz Incio Lula da Silva passou a defender novas regras para a explorao do petrleo no pas. Um dos argumentos de que as empresas tero acesso a reservas de alto potencial e com risco exploratrio perto de zero o que justificaria um novo marco regulatrio. Foi nesse contexto que o presidente Lula apresentou, em agosto do ano passado, quatro projetos de lei propondo mudanas no setor, sendo um deles na distribuio dos royalties. O governo Lula, que chegou a defender a distribuio igualitria dos royalties, voltou atrs diante da presso dos Estados produtores e passou a defender um tratamento diferenciado para essas administraes. Mas os deputados no aceitaram a proposta e aprovaram uma emenda, apresentada pelos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), Humberto Souto (PPS-RS) e Marcelo Castro (PMDB-PI), que prev a distribuio dos royalties do pr-sal para todos os Estados da federao. A diviso aprovada na Cmara por 369 votos a favor e 72 contrrios de que 30% dos royalties sejam destinados aos Estados, 30% aos municpios e 40% Unio, sem tratamento diferenciado para os produtores. A chamada emenda Ibsen foi alm da camada pr-sal e estendeu a nova distribuio de royalties tambm s bacias tradicionais, incluindo as j licitadas. Clculos apresentados pelo deputado Humberto Souto mostram que o Estado do Piau, por exemplo, poder receber R$ 317 milhes em royalties ainda este ano, enquanto o Rio de Janeiro, maior Estado produtor, ficaria com cerca de R$ 200 milhes. Quais so os argumentos a favor da nova distribuio? O principal argumento dos parlamentares favorveis mudana das regras de que o petrleo pertence a todo o pas, o que justificaria uma distribuio igualitria dos royalties. Segundo o deputado Marcelo Castro, no interessa que a explorao seja feita de frente para o Rio de Janeiro. Para ele, preciso usar o petrleo para fazer justia social e reduzir desquilbrios regionais. Na avaliao do deputado Ibsen Pinheiro, a explorao do petrleo feita no mar, no havendo, segundo ele, possibilidade de danos para Estados e municpios produtores. Ainda de acordo com o deputado, no seria justo privilegiar dois Estados e prejudicar 25. Em entrevista ao site G1, Ibsen disse que os Estados produtores tm, no mximo, vista para o mar, que muito privilegiada. Os defensores da distribuio igualitria dizem tambm que todos os Estados acabam pagando, por meio da Unio, pelas pesquisas da Petrobras e pelos testes nos poos e por isso devem ser beneficiado com royalties.

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Essa matria tem fundamento jurdico, fundamento moral e maioria. Nada justifica a desigualdade, disse Ibsen, durante a votao da emenda. Ainda de acordo com o deputado, justo que o petrleo pertena a todos os brasileiros, pois todos somos iguais perante a lei. O deputado Fernando Coruja (PPS-SC) acrescentou que a regra inverte a concentrao de recursos, permitindo que os municpios com menos dinheiro participem da riqueza do petrleo. O que dizem os Estados e municpios produtores? A emenda Ibsen tem sido fortemente criticada pelas lideranas do Rio de Janeiro e do Esprito Santo, que descreveram a medida como covardia. O governador do Rio, Sergio Cabral Filho, chegou a chorar em pblico ao comentar a deciso da Cmara. Segundo ele, os deputados que votaram a favor da emenda esperando algum benefcio eleitoral em seu Estado esto equivocados. Sua avaliao de que a populao brasileira ser solidria ao Rio. De acordo com clculos apresentados pelo deputado Otvio Leite (PSDB-RJ), a arrecadao do Estado do Rio de Janeiro com royalties do petrleo cairia de R$ 5 bilhes para cerca de R$ 100 milhes. O governador do Rio disse que a perda de receita afetar as obras para os Jogos Olmpicos de 2016 e convocou a populao para uma caminhada no centro da cidade, na quarta-feira. Representantes dos Estados produtores veem ainda falhas jurdicas na emenda, por mudar as regras de contratos j firmados, no caso dos poos que j foram licitados. Campos j licitados, j leiloados, no podem ter as regras mudadas, porque isso fere os princpios jurdicos, muda clusulas de situaes j consagradas, disse o senador Francisco Dornelles (PP-RJ). Existe a possibilidade de um acordo? A aprovao da emenda Ibsen criou um embate entre os Estados da federao, com Rio de Janeiro e Esprito Santo de um lado, e as outras 25 unidades do outro. Diante da disputa regional, lideranas do governo Lula tentam agora costurar uma nova proposta antes que a matria seja votada no Senado. Uma das alternativas apresentadas pelo deputado Ibsen Pinheiro de que a Unio use sua cota na distribuio dos royalties para compensar pelo menos parte das perdas nos Estados e municpios produtores. Segundo o deputado, os prejudicados podero ser compensados pela Unio at que a produo de petrleo atinja nveis que garantam os atuais patamares de remunerao. No entanto, o senador Romero Juc (PMDB-RR), lder do governo na Casa rebateu essa possibilidade. A ideia do governo, agora, elaborar um projeto de lei especfico sobre a questo dos royalties. Dessa forma, a matria poderia ser apreciada normalmente (sem o pedido de urgncia), o que daria tempo para que o assunto seja melhor discutido. Caso os senadores mantenham a emenda que redistribui os royalties, o presidente Lula poder vet-la ou no. A partir da o veto presidencial ter de ser votado por deputados e senadores, em sesso conjunta. Quais so as implicaes eleitorais do debate? A discusso sobre os royalties do petrleo tem um forte apelo eleitoral, com potencial de desgaste tanto para governo como para a oposio. No caso do governo, esse potencial tende a ser maior, j que o presidente Lula est diretamente envolvido no debate, podendo vetar ou no a deciso do Senado. Se os senadores concordarem com a redistribuio dos royalties, o presidente Lula ter de decidir se fica do lado dos dois Estados produtores ou do restante do pas. Seria um deciso desgastante em meio campanha da ministra Dilma Roussef, diz um deputado da base aliada ao governo, referindo-se pr-candidata do PT ao Palcio do Planalto. O assunto tambm visto com receio pela oposio, que teme se indispor com o restante do pas em pleno ano eleitoral. O governador de So Paulo e possvel candidato Presidncia, Jos Serra, tem evitado criticar de forma mais contundente a emenda Ibsen, mesmo estando frente de um dos trs Estados produtores de petrleo. Serra disse nesta quarta-feira que distruibir os benefcios do petrleo para todo o Brasil uma preocupao correta, mas que o projeto, do jeito que est, inaceitvel. A avaliao de um deputado da oposio de que o governador est prestes a oficializar sua pr-canditura Presidncia e que comprar briga com o restante do pas teria um alto custo.Fabrcio Peixoto, BBC Brasil , 19 Maro 2010

Entenda os pontos de atrito na relao entre Brasil e EUA

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A visita ao Brasil da secretria de Estado americana, Hillary Clinton, ocorre em um momento de divergncias com os Estados Unidos sobre como lidar com o Ir e seu programa nuclear - um dos pontos de atrito na relao bilateral que se tornaram mais evidentes no ltimo ano. Enquanto os Estados Unidos defendem a imposio de sanes econmicas ao Ir, o governo brasileiro argumenta que a medida poder "isolar" Teer, dificultando as negociaes. As polmicas na relao entre os dois pases vo alm, incluindo temas recentes como a recuperao do Haiti, a situao poltica de Honduras e retaliaes comerciais. De acordo com o Itamaraty, mesmo os assuntos "delicados" sero tratados em um clima de "total cortesia" entre a secretria Clinton e o chanceler Celso Amorim. Entenda quais so os pontos de atrito entre Brasil e Estados Unidos. Programa nuclear do Ir Desde que o presidente do Ir, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou, em fevereiro, a ampliao de seu programa nuclear, os Estados Unidos passaram a defender a imposio de sanes econmicas a Teer. Um dos argumentos do governo americano de que o Ir estaria "disfarando" a construo de armamentos nucleares por meio de um programa nuclear supostamente pacfico. Na avaliao do governo brasileiro, porm, a adoo de sanes econmicas ao Ir pode ter um resultado "negativo". O chanceler Celso Amorim tem dito que essas "penalidades" podem acabar "isolando" o governo iraniano, dificultando as negociaes. Para o ministro, a fase do dilogo "ainda no est encerrada". Alm disso, o Brasil defende que o Ir tem o direito de enriquecer urnio a 20%, limite ainda permitido pelo Tratado de No-Proliferao Nuclear, assinado no mbito das Naes Unidas. Segundo Amorim, o Brasil "se preocupa" com as atividades nucleares no Ir, mas preciso "respeitar" o direito do Ir de gerar a energia para fins pacficos. O governo americano confirmou que a secretria Clinton tentar convencer o governo brasileiro a mudar sua posio quanto s sanes. Na semana passada, o secretrio-assistente do governo americano para assuntos da Amrica Latina, Arturo Valenzuela, disse que os Estados Unidos ficaro "desapontados" se o Brasil no usar sua influncia para fazer com que o Ir cumpra suas obrigaes internacionais. Recuperao do Haiti O terremoto que devastou o Haiti, deixando mais de 200 mil mortos, tornou-se um dos principais temas na agenda do Brasil com os Estados Unidos. Se por um lado, a liderana dos dois pases na recuperao do Haiti dada como certa, ainda no est claro como essa parceria ser colocada em prtica. De acordo com o Itamaraty, um dos desafios ser o de definir uma estratgia conjunta para a reconstruo do pas caribenho, evitando, assim, que uma posio seja "sobreposta" a outra. H seis anos, o Brasil chefia as tropas da misso de paz da ONU no Haiti (Minustah) e, segundo a diplomacia brasileira, essa uma chance de "consolidar" a liderana do pas na regio. Quinze dias aps o grande tremor do dia 12 de janeiro, cerca de 10 mil militares americanos j estavam em territrio haitiano, nmero que surpreendeu as tropas brasileiras. Na poca, o chanceler Celso Amorim negou que houvesse algum tipo de "disputa" entre Brasil e Estados Unidos quanto liderana na recuperao haitiana. As tropas do Brasil, porm, chegaram a organizar uma megaoperao de distribuio de alimentos com o objetivo de "marcar posio" frente presena americana, como disse o chefe da Minustah, general Floriano Peixoto. Honduras Tanto o Brasil como os Estados Unidos condenaram a deposio do ento presidente de Honduras, Manuel Zelaya, como um "golpe de Estado". Desde ento, o pas est suspenso da Organizao dos Estados Americanos (OEA). Mas a eleio de um novo governo, em novembro passado, dividiu opinies entre brasileiros e americanos. Na avaliao dos Estados Unidos, a eleio de Porfrio "Pepe" Lobo ocorreu um ambiente "democrtico", abrindo caminho para que o governo eleito seja imediatamente reconhecido pelos outros pases da regio. O embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, disse no ms passado que a eleio de Lobo foi o "melhor feito" em Honduras e que o assunto deve ser discutido "sem retricas". J o Brasil contrrio ao reconhecimento "imediato" do novo governo e diz esperar "sinais de mudana" em Honduras antes de mudar sua posio.

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O argumento do Itamaraty de que a situao de Honduras s deve ser regularizada com certas condies uma delas seria a criao de uma comisso da verdade, com o objetivo de investigar os episdios que marcaram a crise poltica hondurenha. "Se no for assim, ficar um mau exemplo na regio, de que golpes so facilmente perdoados", diz um diplomata. Disputa comercial No ms passado, a Cmara de Comrcio Exterior (Camex), rgo ligado ao Ministrio da Indstria e Comrcio, aprovou uma retaliao comercial aos Estados Unidos no valor de US$ 560 milhes. A medida resultado de uma disputa que comeou em 2002, quando o Brasil foi Organizao Mundial de Comrcio (OMC) acusar os Estados Unidos de adotarem prticas que favoreciam seus produtores de algodo. Com o aval da OMC, o Brasil agora est prestes a definir que produtos americanos tero de pagar mais impostos para entrar no mercado brasileiro. O governo brasileiro diz que ainda est disposto a negociar, mas, segundo o Itamaraty, os Estados Unidos ainda no ofereceram uma contraproposta que evite as retaliaes. O chanceler Celso Amorim disse, no ms passado, que o Brasil "no prefere" a via do contencioso, mas que o pas "no pode se curvar" diante de naes mais fortes. Esse, porm, no o nico atrito comercial entre os dois pases. No ano passado, o Brasil voltou a acionar a OMC contra os Estados Unidos, dessa vez em funo de uma suposta prtica antidumping no suco de laranja importado do Brasil. O Brasil, por sua vez, freqentemente criticado no meio empresarial americano por no respeitar as regras internacionais de propriedade intelectual. H dois anos, o Brasil foi retirado da lista americana que rene os maiores mercados piratas do mundo, mas associaes industriais dos Estados Unidos estariam pressionando seu governo a incluir novamente o Brasil no grupo, como forma de pressionar pela suspenso das retaliaes. Bases militares na Colmbia Um dos principais atritos entre Brasil e Estados Unidos, a instalao de bases militares americanas na Colmbia foi extremamente criticada pelo governo brasileiro. Segundo o governo da Colmbia, o acordo com os Estados Unidos, que veio a pblico em julho passado, teria como objetivo facilitar as operaes contra o terrorismo e a produo de drogas. O governo brasileiro, no entanto, criticou a "falta de transparncia" do acordo militar e pediu explicaes tanto Colmbia como aos Estados Unidos. Um dos argumentos do Itamaraty era de que as bases aumentariam as "desconfianas" entre os pases, contribuindo para um clima de "insegurana". A preocupao acabou levando os 12 pases da Unio das Naes Sul-Americanas (Unasul) a convocarem uma reunio extraordinria para discutir o assunto. A idia era pedir "garantias formais" tanto da Colmbia como dos Estados Unidos de que a operao militar ficaria limitada a questes do narcotrfico. A secretria Hillary Clinton chegou a enviar uma carta a diversos pases da regio "garantindo" que no seriam atacados.BBC Brasil, Fabrcia Peixoto, 03 de Maro de 2010

Gerador caseiro promete revolucionar setor energtico nos EUAA energia que em um futuro prximo iluminar nossas casas ser limpa, barata e, para a felicidade dos ferrenhos consumidores de luz, permitir praticamente se desvincular das companhias de energia eltrica. Pelo menos isso o que promete a Bloom Energy, uma empresa californiana que h oito anos trabalha de forma secreta em uma nova fonte de energia. Esta semana, ela apresentou seu produto a especialistas do setor e jornalistas. O Bloom Box, como se chama o aparelho, um inovador gerador que utiliza biocombustveis ou gs para produzir eletricidade e, segundo seus criadores, permitir a empresas e pessoas comuns gerar sua prpria energia de forma limpa e econmica. Ao contrrio das clulas de hidrognio, este sistema utiliza materiais mais baratos, mais eficiente --permite produzir o dobro de eletricidade que outros sistemas com a mesma quantidade de combustvel -- flexvel e tambm reversvel, pois o usurio pode armazenar o que no consome.

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Por enquanto, os geradores tm o tamanho de um carro pequeno e custam em torno de US$ 800 mil. Embora a Bloom Energy insista que o investimento inicial pode ser recuperado em entre trs e cinco anos, o preo no est ao alcance da maioria. A empresa acredita que em dez anos poder fabricar geradores do tamanho de um tijolo e a um preo em torno de US$ 3 mil, transformando cada consumidor em uma potencial central eltrica. "Nossa misso pr energia limpa e confivel ao alcance de todas as pessoas no mundo", disse K.R Sridhar, cofundador e executivo-chefe da Bloom+ Energy, durante a apresentao do Bloom Box. Por enquanto, s grandes empresas tm acesso ao aparelho e algumas companhias como Coca-Cola e eBay testaram seu uso nos ltimos meses. O primeiro cliente de pagamento da Bloom Energy foi outra companhia do Vale do Silcio, Google, que tem instalado um gerador de 400 quilowatts em um de seus prdios e cobre com ele boa parte de seu consumo eltrico desde julho de 2008. "Estamos muito emocionados com isso", reconheceu Larry Page, cofundador do Google, durante a apresentao do Bloom Box. "Eu gostaria de ver um centro de dados inteiro funcionando com esse sistema", continuou. A grande vantagem que o gerador permitir aos consumidores abrir mo da companhia eltrica ou us-la s em casos de emergncia, apesar de ser necessrio dispor de uma proviso de gs ou biocombustvel para faz-lo funcionar. O usurio poder inclusive vender a sua companhia eltrica local a energia que no consumir, pois o gerador permite armazenamento. A Bloom Energy no a nica empresa trabalhando neste promissor setor, mas foi, talvez, a mais rpida. "H provavelmente cerca de 100 companhias trabalhando em algo muito similar", disse Jack Brower, diretor associado do Centro Nacional de Pesquisa de Pilhas de Combustvel ao dirio "Los Angeles Times". "A chave est em que a Bloom Energy tem um sistema integrado e um pacote preparado para sua distribuio comercial", contou. Os especialistas opinam que, no entanto, ainda h muitas questes por resolver antes de a inovao chegar s mos de todos os consumidores. Entre as dvidas, por exemplo, est a vida til do aparelho, que a Bloom Energy no esclareceu ainda. Pouca durao poderia significar o fracasso da inveno. Outros analistas apontaram que a inovao poderia ter um indesejvel efeito sobre o preo do gs natural ou dos biocombustveis, disparando o valor pelo aumento na demanda. Alguns especialistas temem tambm que o Bloom Box se transforme em um novo Segway, aquele patinete eltrico de alta tecnologia com o qual seus criadores esperavam revolucionar o mundo do transporte h cerca de dez anos e que hoje simplesmente uma curiosidade para turistas em algumas cidades. EFEFolha de So Paulo, Paula Gil, 28 de Fevereiro de 2010

Especialistas vem biocombustvel de segunda gerao como chance para pases pobresFabricados a partir de resduos agrcolas, os biocombustveis de segunda gerao podem ser uma alternativa ambientalmente vivel para o desenvolvimento econmico de pases pobres, de acordo com especialistas em energia. A produo de combustveis a partir de milho, trigo, colza e azeite de dend cara e contribui relativamente pouco para a proteo do clima, alm de impulsionar o aumento dos preos dos alimentos, segundo um estudo da Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) divulgado em 2008. Mas que alternativas existem? O apetite global por energia vem crescendo, afirma Didier Houssin, diretor de Mercados Energticos e Segurana da Agncia Internacional de Energia (AIE). "Em nossas projees, a cota dos biocombustveis no setor de transportes dever crescer, indo dos atuais 1,7% para 9% em 2030. Da a necessidade que h de se garantir o desenvolvimento sustentvel da produo de biocombustveis. Isso particularmente importante no caso de pases em desenvolvimento e emergentes", explica o especialista. Complemento produo de alimentos Esses pases produzem grande parte dos resduos da agricultura e da silvicultura, dos quais podem ser produzidos diesel, etanol ou gs sinttico. So os chamados biocombustveis de segunda gerao. A vantagem que sua produo no concorre com a produo de alimentos, mas a complementa.

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Alm disso, os dejetos j existem em abundncia como matria-prima, como lembra Anselm Eisentraut, analista para biocombustveis da AIE. Ele analisou para a OCDE o potencial dos novos biocombustveis. "No momento, 10% dos resduos agrcolas e florestais disponveis seriam suficientes para quase duplicar a produo atual de biocombustveis, se a tecnologia realmente estivesse disponvel comercialmente e em grande escala", afirma. Perspectiva promissora Cerca de 125 bilhes de litros de diesel ou 170 bilhes de litros de etanol poderiam ser produzidos por ano a partir de apenas 10% das cascas de noz e de arroz e dos restos de madeira disponveis no mundo. Mas at agora a tcnica s funciona em projetos experimentais. "Nos Estados Unidos ser lanada no prximo ano uma unidade comercial que produzir cerca de 100 milhes de litros por ano. No Brasil h instalaes experimentais, assim como na ndia e na China, de forma que [nesses pases] a evoluo da tecnologia j est avanada, mas ainda no em escala comercial," diz Eisentraut. Isso pode levar de 15 a 20 anos, dependendo dos incentivos econmicos que vierem do setor poltico. Esse tempo, no entanto, tambm necessrio no somente para se criar a infraestrutura para a produo do biocombustvel em pases emergentes e em desenvolvimento, como tambm para estabelecer uma agricultura sustentvel. Integrao aos mercados mundiais Para isso contribuem tambm as polticas alems de ajuda ao desenvolvimento, afirma Mike Enskat, especialista em energia da Agncia Alem de Cooperao Tcnica (GTZ, na sigla em alemo). "O potencial econmico dos biocombustveis de segunda gerao , naturalmente, tambm uma oportunidade para se desenvolver melhor o setor agrcola nos pases em desenvolvimento, torn-lo mais produtivo e melhor integrado aos mercados mundiais", afirma. Mas os pases em desenvolvimento devem ser envolvidos no processo j na fase inicial, para que sejam evitados os erros feitos no desenvolvimento dos biocombustveis de primeira gerao. "Deve haver padres internacionais de sustentabilidade para a produo de biomassa e uma certificao dos combustveis, para assegurar padres sociais e ambientais", sublinha Enskat. Ele alerta tambm que deve ser evitada uma nova concorrncia na aquisio de matrias-primas. "Porque, em alguns pases, resduos da agricultura e da silvicultura j so usados como adubo ou no aquecimento. Tambm no foram completamente esclarecidos possveis impactos ambientais sobre os nutrientes do solo e sobre os recursos hdricos."Deutche Wille , Sabine Kinkartz, 14 de Fevereiro 2010.

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