História PM

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SUMÁRIO O AUTOR ................................................ 3 APRESENTAÇÃO ........................................... 4 CAPÍTULO I ............................................. 6 ORIGEM DA POLÍCIA NO MUNDO ............................. 6 1. POLÍCIA COMO FUNÇÃO...........................................6 2. POLÍCIA COMO INSTITUIÇÃO......................................6 3. AUTONOMIA DA POLÍCIA EM RELAÇÃO A JUSTIÇA.....................7 4. ETIMOLOGIA DA PALAVRA.........................................8 CAPÍTULO II ............................................ 9 ORIGEM DAS POLÍCIAS MILITARES DO BRASIL ................ 9 1. ORGANIZAÇÕES MILITARES NO PERÍODO COLONIAL....................9 2. CRIAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES...............................11 CAPÍTULO III .......................................... 13 ORIGEM DA POLÍCIA MILITAR DA PARAÍBA .................. 13 1. SERVIÇOS DE RONDAS CÍVICAS...................................13 2. A GUARDA MUNICIPAL PROVISÓRIA:...............................13 3. A GUARDA NACIONAL:..........................................14 4. O CORPO DE GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES....................14 CAPÍTULO IV ........................................... 19 AS CAMPANHAS MILITARES DO SÉCULO XIX .................. 19 1. INTRODUÇÃO...................................................19 2. A CAMPANHA DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA............................19 3. A CAMPANHA DA REVOLTA DO RONCO DA ABELHA....................22 4. A CAMPANHA DA GUERRA DO PARAGUAI.............................23 5. A CAMPANHA DO QUEBRA-QUILOS..................................25 CAPÍTULO V ............................................ 28

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SUMÁRIO

O AUTOR .................................................................................................................. 3

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 4

CAPÍTULO I ............................................................................................................. 6

ORIGEM DA POLÍCIA NO MUNDO ................................................................... 6

1. POLÍCIA COMO FUNÇÃO........................................................................................................62. POLÍCIA COMO INSTITUIÇÃO..............................................................................................63. AUTONOMIA DA POLÍCIA EM RELAÇÃO A JUSTIÇA....................................................74. ETIMOLOGIA DA PALAVRA...................................................................................................8

CAPÍTULO II ........................................................................................................... 9

ORIGEM DAS POLÍCIAS MILITARES DO BRASIL ....................................... 9

1. ORGANIZAÇÕES MILITARES NO PERÍODO COLONIAL...............................................92. CRIAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES...............................................................................11

CAPÍTULO III ........................................................................................................ 13

ORIGEM DA POLÍCIA MILITAR DA PARAÍBA ............................................ 13

1. SERVIÇOS DE RONDAS CÍVICAS........................................................................................132. A GUARDA MUNICIPAL PROVISÓRIA:.............................................................................133. A GUARDA NACIONAL:.........................................................................................................144. O CORPO DE GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES................................................14

CAPÍTULO IV ........................................................................................................ 19

AS CAMPANHAS MILITARES DO SÉCULO XIX .......................................... 19

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................192. A CAMPANHA DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA....................................................................193. A CAMPANHA DA REVOLTA DO RONCO DA ABELHA...............................................224. A CAMPANHA DA GUERRA DO PARAGUAI.....................................................................235. A CAMPANHA DO QUEBRA-QUILOS.................................................................................25

CAPÍTULO V .......................................................................................................... 28

AS CAMPANHAS MILITARES DO SÉCULO XX ........................................... 28

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................282. A CAMPANHA DE MONTEIRO.............................................................................................283. COMBATES COLUNA PRESTES..........................................................................................334. A CAMPANHA DE PRINCESA...............................................................................................40

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5. A CAMPANHA DE RECIFE.....................................................................................................506. A CAMPANHA CONTRA A REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1932....................................547. A CAMPANHA DE NATAL......................................................................................................59

CAPÍTULO VI ........................................................................................................ 64

AS ORIGENS DAS UNIDADES E SUBUNIDADES .......................................... 64

1. BATALHÕES, COMPANHIAS E DESTACAMENTOS.......................................................642. SÍNTESE HISTÓRICA DA BANDA DE MÚSICA DA PMPB.............................................673. ANTIGOS QUARTÉIS OCUPADOS NA CAPITAL..............................................................69

CAPÍTULO VII ....................................................................................................... 71

HISTÓRICO DAS ATIVIDADES DE ENSINO E CRITÉRIOS DE PROMOÇÕES ........................................................................................................ 71

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................................712. FASE DOS CRITÉRIOS POLÍTICOS.....................................................................................713. FASE DOS CONCURSOS E BRAVURA.................................................................................724. FASE DOS CURSOS INTERNOS.............................................................................................735. FASE DOS CURSOS EXTERNOS...........................................................................................77

CAPÍTULO VIII ..................................................................................................... 79

SÍNTESE HISTÓRICA DO POLICIAMENTO OSTENSIVO DA CAPITAL..................791. AS PRIMEIRAS FORMAS DE POLICIAMENTO DA CIDADE..................................792. O COME E DAMIÃO E OS POSTOS POLICIAIS.........................................................793. OS POLICIAMENTOS ESPECIALIZADOS........................................................................80

CAPÍTULO IX ........................................................................................................ 82

SÍNTESE HISTÓRICA DO 2º BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR .... 82

1. INTRODUÇÃO..........................................................................................................................822. CRIAÇÃO DO 2º BATALHÃO.............................................................................................823. O 2º BATALHÃO EM CAMPINA GRANDE...................................................................834. O QUARTEL.............................................................................................................................84

CAPÍTULO X .......................................................................................................... 85

E L Í S I O S O B R E I R A (O P A T R O N O D A P M P B ) ............ 85

1. A CARREIRA MILITAR..........................................................................................................852. O COMANDANTE ELÍSIO......................................................................................................853. ELÍSIO REVOLUCIONÁRIO.................................................................................................864. O PATRONO DA POLÍCIA MILITAR..................................................................................86

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 88

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O AUTOR

CORONEL JOÃO BATISTA DE LIMA

João Batista de Lima, ingressou na Polícia Militar da Paraíba em março de 1973. Foi aspirante a oficial em 1975, 2º tenente em 1977 e 1º tenente dois anos depois. Freqüentou o Curso de Especialização no trânsito , na Universidade Federal do Ceará, em 1978. Nesse ano, foi aprovado no concurso público de Agente Fiscal do Estado, mas agradeceu a nomeação. Foi promovido a capitão em 1992. Nesse posto, entre outras funções, comandou as companhias de Rádio Patrulha e de Trânsito, o policiamento de Cajazeiras, o COPOM, e o policiamento de choque. Planejou e implantou a Operação Manzuá e dirigiu a seção de planejamento da Corporação. Concluiu o curso de Ciências Sociais e Jurídicas na UFPB, em 1986. No ano seguinte, fez o curso de aperfeiçoamento de oficiais, na Academia de Pernambuco. Em 1989,

freqüentou o Curso de Política e Estratégia, promovido pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Em 1990 foi major, e três anos depois, tenente coronel, ambas promoções por merecimento. Neste posto, comandou o 5º Batalhão, em João Pessoa e o 2º Batalhão, em Campina Grande. Foi também chefe de gabinete da Secretaria da Justiça e do Comandante Geral da PM. Em 1996, foi aprovado em concurso público para agente fiscal do Estado e Auditor de Contas, do Tribunal de Contas do Estado, sendo treinado e nomeado, mas preferiu continuar na PM. Foi presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos do Homem e do Cidadão. Exerceu as funções de Diretor do Clube dos Oficiais, durante cinco gestões, É instrutor legalmente habilitado, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, em curso de direitos humanos realizados em diversas polícias do país. É instrutor de Direito Aplicado, Chefia de Liderança, Sociologia, Ética Policial e História da Polícia Militar nos diversos cursos promovidos pelo Centro de Ensino da Polícia Militar. Foi agraciado com as medalhas do mérito policial pelas Polícias de Pernambuco, Paraíba e Piauí. Foi promovido a coronel, em agosto de 1998, por merecimento, Comandou Centro de Ensino e atualmente é Subcomandante Geral da PMPB.

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho é o resultado de uma pesquisa realizada ao longo de 10 anos, de forma descontinua e assistemática, porem, com entusiasmo e de muita dedicação.

Os afazeres  próprios  das  funções que  ocupamos,  durante  esse período,  nos impediram de dedicar um tempo maior a essa tarefa, o que resultou na  sua descontinuidade.  Trabalhamos  nas  horas de  folga, principalmente  nos  fins  de semanas,  sacrificando, algumas vezes, o lazer pessoal e o da família.

A falta de uma orientação técnica e científica que permitisse  um melhor ordenamento do trabalho, a ausência de uma melhor bibliografia que tratasse de forma específica os temas que  buscamos  abordar  e  a ânsia de melhor conhecê-los, nos fez trilhar, muitas vezes, por longos e  desnecessários  caminhos,  o  que é próprio de estudos efetuados de forma empírica e sem sistematização. Só depois de muitos  sacrifícios, estabelecendo relações entre as diversas partes estudadas, conseguimos obter uma visão geral capaz de nos permitir  estabelecer  uma  melhor organização da pesquisa.

Objetivamos contribuir para resgatar consideráveis  parcelas  dos inestimáveis valores históricos da Corporação, e oferecer material de consulta para os alunos do Curso de Formação de Oficiais, da  Academia de  Polícia  Militar  do  Cabo  Branco, na cadeira história da Polícia Militar da Paraíba.

Os objetivos, portanto, são meramente informativos  e  didáticos, não havendo, evidentemente, pretensões literárias.

Por  entendermos que é impossível dissociar a história da Polícia Militar, da própria história do Estado, e por vezes do País,  procuramos,  sempre  que possível, fazer uma abordagem dos temas estudados de forma a situa-los em um  contexto  geral, relacionando-os  com  fatos sociais, políticos e econômicos, de interesse Estadual, Nacional e, as vezes, Mundial.

Este  não  é  um  trabalho  completo,  nem  em  extensão  nem  em profundidade, pois muitos outros temas merecem ser abordados e  alguns dos que aqui estudamos precisam ser tratados de forma mais detalhada.

Entretanto,  entendemos  que  oferecemos,  de  forma sistemática, mesmo que sintética, elementos suficientes para uma compreensão  geral da história da Corporação.

Buscando  sempre  a  concisão  e  a  clareza,  expomos  de  forma seqüencial  e lógica os seguintes temas: A Origem da Polícia no Mundo; A Origem da Polícia Militar da Paraíba;  As  Campanhas  Militares  do Século XIX; As Campanhas Militares do Século XX; A Origem das Unidades e Subunidades; A historia das Atividades de Ensino e Dados biográficos do Patrono da Corporação.

As  fontes utilizadas foram, essencialmente, documentais, bibliográficas e entrevistas com Historiadores, Oficiais e  Praças  Reformados.

A  pesquisa  documental  consistiu  na  leitura  dos Boletins do Comando Geral e das diversas Unidades da Corporação, além  da  coleção do  Jornal  A União, documentos estes constantes do acervo do arquivo geral da Polícia Militar. Os Boletins  consultados datam  de  1896  a 1986, e os Jornais são de 1924 a 1970.

A bibliografia utilizada, referida em local próprio no  trabalho, foi adquirida pelo autor, ao longo do estudo.

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Realizamos, ainda, pesquisa nas Bibliotecas da Universidade Federal da Paraíba, e no Instituto histórico e geográfico do Estado.

As entrevistas com Reformados da Polícia Militar, umas informais, outras formais,  versaram  sobre  fatos  históricos,  neste  trabalho relatados  e  que  foram vivenciados pelos entrevistados, colhendo-se depoimentos que  facilitaram  o entendimento  desses  acontecimentos. Ainda com esse objetivo, convidamos renomados professores, historiadores  e escritores de temas relacionados com a historia do Estado, para proferirem palestras para os alunos do Curso de Formação de  Oficiais, abordando assuntos  que  subsidiaram a elaboração de partes de alguns capítulos deste trabalho.

Entendemos  que  o  conhecimento  da  história da Corporação, em muito contribui para a formação de um vínculo afetivo entre ela e seus integrantes, fator indispensável para a formação  de  um  espírito  de corpo  capaz  de fortalecer a instituição e capacita-la a enfrentar os naturais  obstáculos  do  seu cotidiano. O glorioso passado da Polícia Militar da Paraíba fornece elementos capazes de despertar  sentimentos de orgulho em todos os que dela participam, ou que de alguma forma se sintam a ela vinculados. O homem que sente orgulho da Corporação a que pertence,  por  certo,  dedicar-lhe-á  mais atenção, respeito, e amor, buscando formas de fazê-la melhor.

Portanto, um dos  elementos  fundamentais  para  se  construir  a Polícia Militar  do  futuro  é,  no  presente,  conhecer, preservar e valorizar o seu passado.

E nesse contexto que temos certeza de haver  contribuído  para  o desenvolvimento desta Corporação.

João Pessoa, Fevereiro de 2000João Batista de Lima - Coronel PM

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CAPÍTULO I

ORIGEM DA POLÍCIA NO MUNDO

Para melhor analisarmos a origem da Polícia no Mundo, o Cel PM  Klinger de Almeida,  da  PMMG,  em  estudo  monográfico, apresentado  no Curso Superior de Polícia, realizado na PMSP, em 1976, propõe que devemos fazê-lo sob dois enfoques distintos: Polícia como Função  e Polícia como Instituição.

Entretanto entendemos que uma abordagem da evolução histórica da polícia como instituição, desvinculada do funcionamento da justiça e uma apreciação sobre a etimologia da palavra polícia, podem oferecer elementos para melhor se entender a origem dessa instituição. É o que passamos a fazer.

1. POLÍCIA COMO FUNÇÃO

Analisando um pequeno trecho do Antigo Testamento, no  Livro de Gênesis, através  de  sua linguagem figurada, podemos perceber que Adão e Eva, depois de terem infringido as  normas  estabelecidas  pelo Criador,  receberam  ordens  para  se retirarem  do paraíso. Para dar cumprimento a essa decisão, ainda segundo a versão bíblica, o  Criador enviou  ao  paraíso  o  Anjo  Gabriel,  que  efetuou  a  expulsão  dos transgressores. A função do Anjo Gabriel, como podemos verificar,  foi típica da que a Polícia realiza modernamente. Evidentemente é necessário  se  ter em conta o caráter simbólico de todo conteúdo do Livro de Gênesis, porém, as interpretações mais usuais desses escritos sagrados, nos levam a concluir, que,  observadas  as  devidas  proporções,  e o devido  respeito  que a comparação requer, nessa ação do Anjo Gabriel, reside a origem da Polícia como Função.

É de se considerar também, nesse contexto, que no momento em que o homem passou a viver em grupo e que por conseqüência, começou  a formular normas, dando origem a forma mais rudimentar de Direito, para garantir esse convívio, surgiu a necessidade de se atribuir a alguém a incumbência  de  garantir  o  cumprimento  dessa forma de expressão da vontade coletiva. Essa tarefa cabia, originalmente, ao  Chefe,  geral-mente  o  mais  forte,  o mais velho, o mais capaz, ou a quem a crença religiosa reinante atribuísse, conforme o momento histórico. A  medida que  o  homem  foi se organizando politicamente, essa tarefa foi sendo assumida pelo Estado. Podemos, pois, afirmar também que  a  origem  da Polícia  como Função, está intimamente relacionada com o surgimento do Direito como instrumento regular do convívio social.

2. POLÍCIA COMO INSTITUIÇÃO

A origem da Polícia como Instituição, ou seja, como conjunto de recursos humanos e materiais  destinado  a  realização  de  tarefas semelhantes  ás  que  são desenvolvidas pela Polícia dos nossos dias, pode ser detectada através dos mais antigos relatos históricos, quase sempre  relacionados com a legislação adotada pelos diversos

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povos. Os Egípcios e os Hebreus foram os primeiros  povos  a  adotar,  em  suas legislações,  medidas que podemos hoje considerar de caráter policial, embora não possamos detectar detalhes da existência de Órgãos destinados a execução dessas medidas entre eles.

É em Roma, nos tempos dos Césares, que a história registra a existência da primeira organização destinada  a  execução  de  tarefas atualmente   atribuídas  ás Polícias. Era denominada  de  POLIAS  e constituía-se de sete segmentos denominados de COORTES, formados  de mil homens cada, Comandados pelo Edil, o administrador da cidade, que acumulava poderes de magistrado. Posteriormente esse tipo de organização foi instituído entre outros povos, recebendo denominações e formas próprias  em  cada  Nação. Essa  é, pois,  a  origem da Polícia como Instituição.

A importância do papel desenvolvido por essas  Instituições, pode ser constatada pela análise de alguns registros históricos. Entre os  Gregos,  por  exemplo, media-se o grau de evolução de uma cidade, pelo nível de ordem e segurança desfrutados pelos seus habitantes. Na idade média, os Reis e os Senhores Feudais tinham seus guardas armados para  protegê-los e manter a ordem nos Feudos. Na Inglaterra, antes da criação de um Órgão  público destinado  á  manutenção  da  ordem,  os habitantes  para protegerem a si e as suas Instituições criavam grupos de 100 homens, sob as ordens de  um  "Hundred-man" ou grupos  de  10 homens  sob  as  ordens  de um "Tithing-man". Com o desaparecimento do Feudalismo, principalmente na Europa, surgiu o  sistema  eclesiástico, que  tinha por base a organização paroquial, ficando em cada paroquia, um cidadão, escolhido pela população, para,  com  a  denominação  de Oficial  de  Paz,  adotar  as medidas necessárias para a manutenção da ordem.

A importância da atividade policial foi bastante destacada no momento da história que marcou o início de profundas transformação sociais na Europa e originou o conjunto de normas que são conhecidos hoje por Direitos Humanos. Quando as colônias inglesas no continente norte americano iniciaram as lutas que resultaram na independência do Estados Unidos, os representam das colônias se reuniram na Virgínia, em 1976, e elaboraram uma declaração que continha seus ideais e que depois vieram a balizar a elaboração de sua Constituição. Esse documento, um dos monumentos dos Direitos Humanos, foi denominado de Declaração de Direitos da Virgínia, e assim se expressava na Seção 13 “Uma polícia bem controlada, formada pelo grupo de pessoas exercitadas no manejo das armas, é defesa apropriada, natural e segura de um estado livre; os exércitos permanentes, em tempo de paz, devem ser evitados como perigosos para a liberdade; e em todos os casos o poder militar há de estar rigorosamente subordinado ao poder civil e ser por ele governado.”

Da mesma forma, no início da Revolução Francesa, os seus ideólogos, em Assembléia Geral elaboram, em 1789, a declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão que também pautou aquela luta e orientou a elaboração da Constituição daquele país. Neste documento, a importância do papel da polícia ficou registrado no artigo 12, que assim consignava “A garantia dos direitos do homem e do cidadão toma necessária uma força pública; esta força se institui, pois, em benefício de todos e não para a vantagem particular daqueles a quem é confiada.”

3. AUTONOMIA DA POLÍCIA EM RELAÇÃO A JUSTIÇA

Como podemos verificar, originariamente a Instituição  Policial  estava intimamente  ligada  a magistratura, como decorrência da concentração dos poderes exercidos  pelos  Governantes,  sobretudo  no período  do  absolutismo.  O  Governante, fosse ele Chefe Tribal, Rei, Senhor Feudal, Sacerdote, ou qualquer que fosse a denominação que  lhe fosse  atribuída, exercia as funções de Magistrado, com plenos

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poderes para julgar, e dispunha sempre de uma forma de organização destinada a garantir suas decisões.

Com o advento de novas concepções de organização política, e o fim do absolutismo, o Estado passou por reformulações que implicaram em novas formas de atuação dos organismos destinados a  manutenção  da ordem  pública.  Na  França,  no Século XVII, foi registrado um marco importante dessa fase de evolução da instituição policial, quando, por decisão do Rei Luiz XIV, a Polícia foi  separada  da  Justiça,  com  a criação  da  Inspetoria Geral de Polícia da França. Paulatinamente, em outros Países, a Polícia, com denominações e  formas  de  organizações distintas,  foi  passando  a  ser função do executivo, tendo início as diversas formas de sua especialização.

4. ETIMOLOGIA DA PALAVRA

A  palavra  " POLÍCIA ", provém do termo Grego " POLIT¨IA ", ( POLIS = A CIDADE + TEIA = ADMINISTRAÇÃO )  e  originou  a  expressão latina  " POLITIA ", que tinha o significado original de administração de uma cidade. É  provável  que  o sentido  hoje  dado  a  " Poder de Polícia ", capacidade que o poder público delega aos seus agentes para limitar direitos individuais, em benefício da coletividade, tenha essa mesma origem .

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CAPÍTULO II

ORIGEM DAS POLÍCIAS MILITARES DO BRASIL

Para se melhor compreender as origens das Polícias  Militares  do Brasil,  é indispensável uma abordagem, ainda que superficial, de algumas organizações militares ou militarizada que existiam em nosso território durante o período Colonial. Alguns fatos políticos ocorridos durante o período Regencial também revelam elementos importantes para esse entendimento. Passemos, pois, a analisar essas organizações e esses fatos.

1. ORGANIZAÇÕES MILITARES NO PERÍODO COLONIAL

Com o início da colonização e exploração do Brasil, os interesses de Portugal se concentraram na efetivação da defesa do território brasileiro, de forma que pudesse garantir a posse da colônia ameaçada por invasões estrangeiras, principalmente francesas e holandesas. Com essa finalidade, para aqui foi transportado o modelo de organização de defesa territorial utilizado por Portugal em outras Colônias. Já em 1548 aqui chegava a esquadra que conduzia o primeiro Governador Geral, Tomé de Souza, que transportava uma tropa de linha, como era denominada a força terrestre portuguesa, formada por 600 homens.

Como essa força era insuficiente para garantir defesa do território e do patrimônio dos portugueses que aqui haviam se instalado, a população, impulsionada pela legislação que lhe foi imposta e que se destinava a defender os interesses de Portugal, foi aos poucos criando seus próprios meios de defesa. O primeiro esforço nesse sentido foi registrado na Vila de São Vicente, em São Paulo, em 9 de setembro de 1542, quando a Câmara local promulgou uma medida criando uma Milícia, formada por Colonos e Índios, destinada a efetuar a defesa da Vila que estava ameaçada por ataques de selvagens.

Com esse mesmo objetivo, o Regimento do 1º Governador Geral do Brasil, uma espécie de Constituição, dada amplidão de temas que regulava, continha dispositivos que incentivava a população a se armar para fazer a defesa território. Esse documento, de 17 de dezembro de 1548, previa como dever de todo Colono “possuir uma arma de fogo, pólvora e chumbo”. Os proprietários de engenhos também eram obrigados a possuírem “quantidade de pólvora necessária para acionar dois canhões de pequeno calibre, denominados de Falcões, vinte Arcabuzes, vinte lanças, quarenta espadas e gibões de armas acochados, uma espécie de colete a prova de bala”.

Posteriormente esses esforços individuais foram sendo sistematizados, através da formação de organizações militarizadas. Assim, ao longo do período Colonial, foram se formando 3 diferentes tipos de organizações militares ou militarizadas; Tropa de Linha, Milícias e Ordenanças.

1.1. Tropa de Linha

A Tropa de Linha, ou de Primeira Linha, era o que eqüivale ao Exército. Era organizada em Regimentos que recebiam os nomes dos lugares onde se instalavam.

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Era composta de nobres portugueses e completada por brasileiros exclusivamente brancos, alistados entre os componentes das Milícias. Era uma atividade regular, permanente e remunerada.

Suas atividades eram, basicamente, as mesmas dos nossos dias, sendo que ainda prestava auxílio às outras organizações na manutenção da ordem.

1. 2. As Milícias:

Originalmente as milícias eram denominadas de Terço. Em Portugal nessa época, existia uma unidade militar composta por 3.000 homens e os terços eram assim denominados porque possuíam um efetivo de 1.000 homens.

A  Milícia  era  uma  Tropa  Auxiliar  da  Tropa  de  Linha (Exército) que se organizava em Regimentos localizados em Freguesias ( Área de uma Cidade composta de vários bairros ) tendo seu Comandante o título de Coronel. Os integrantes dessa organização  eram  escolhidos nas Freguesias e o serviço era obrigatório e gratuito.

Os Oficiais eram escolhidos pela população. Os  treinamentos eram  realizados nos  fins de semanas e feriados, sendo utilizadas as armas dos próprios componentes.

As vezes se organizavam em  classes  sociais  ou  categorias profissionais, como  ocorria na Bahia, onde eram conhecidos por Tropa Urbana e que tinha as seguintes denominações:

a) Úteis - Formado por comerciantes e caxeiros. b) Henrique Dias - Composto por artificies e taberneirosc) Capitão de Assalto - Formado por negros libertos e cuja missão era o

serviço  de mensageiro, na guerra auxiliando a tropa de linha, e na paz o papel de  caçar escravos fugidos. Eram os Capitães do Mato.

1. 3. As Ordenanças

As Ordenanças eram organizadas em Regimentos, divididos em Companhas que eram formadas por 10 Esquadras, compostas por 25 homens cada, comandados por um cabo. O Comandante de um Regimento de Ordenança tinha o título de capitão ou sargento-mor, escolhido pelo Rei de Portugal, cuja escolha recaia, quase sempre, na pessoa mais importante do lugar onde os Regimentos se organizavam. Os Comandantes das Companhias eram escolhidos pelo Comandante do Regimento e os cabos pelo povo do lugar. Era obrigatório o serviço de todos os homens de 18 a 60 anos, excetuando apenas as pessoas de clero e das Milícias. Não remunerados e os treinamentos eram efetuados nos domingos e feriados. Existiam, em alguns casos, grupos formados por pessoas a cavalo, que se exercitavam dentro dos próprios grupos. As armas utilizadas, normalmente, arcabuz, besta, lanças e espadas, eram dos próprios componentes.

Essas atividades, que eram muito importantes para o reino, uma vez que através delas os colonizadores mantinham controle sobre a população, eram regulamentadas por normas baixadas pela Corte Portuguesa. O principal documento com esse fim era denominado de Regimento das Ordenanças e dos Capitães Mores, estabelecido em 15 de maio de 1547. Nesse Regimento, eram previstas penas de prisão ou de multas para quem faltasse aos treinamentos que ocorriam uma vez por mês para cada Esquadra e periodicamente com toda Companhia. Era incentivada a aquisição no manejo e manutenção das armas, oferecendo-se gratificação aos que, nos treinamentos, fizessem os melhores tiros e aos que apresentassem suas lanças ou espadas mais conservadas. O Regimento também incentivava aos negociantes que importavam mercadorias, para que fornecessem aos integrantes das Ordenanças, armas e pólvora a preços módicos.

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A principal atividade era a realização de serviço de utilidade pública e o atendimento à população nos casos de calamidades, nas Áreas do Termo (hoje equivalente aos Distritos), onde se organizavam. Era uma espécie de defesa civil. Existiam também atividades de vigilância do litoral, com a manutenção permanente de vigias em pontos estratégicos.

Havia muita resistência por parte da população por ocasião dos alistamentos. Populações inteiras fugiam para as matas para evitar o alistamento. Caio Prado Júnior, em sua obra Formação Cultural do povo Brasileiro, registra que essas fugas eram tantas que chegavam a provocar uma queda da produção agrícola, causando, inclusive, inflação.

Com todas essas dificuldades, pessoal e material, as Ordenanças e as Milícias se constituíam em tropas desorganizadas e indisciplinadas.

A 18 de agosto de 1831, com a instituição da Guarda Nacional, foram extintas as Milícias e as Ordenanças, sob a alegação de que eram tropas indisciplinadas. Entretanto, em algumas localidades as Ordenanças continuaram a existir, como por exemplo em Pilar (PB) de onde se tem notícias da participação de uma Ordenança em apoio à Força Policial em 1848, quando da luta deste Corpo contra Revolução Praieira, fato ocorrido naquele ano, iniciada em Pernambuco e estendida à Paraíba.

2. CRIAÇÃO DAS POLÍCIAS MILITARES

A 7 de abril de 1831, D. Pedro I, Imperador do Brasil, em meio grande crise política, abdicou (renunciou ao trono) em favor do seu filho Pedro Alcântara (futuro Pedro II), que tinha, na época, apenas cinco anos de idade, e que era, perante a Constituição, o herdeiro do trono. Com essa idade, Pedro de Alcântara não podia assumir o trono e por esse motivo o país foi dirigido, em nome do Imperador, por pessoas intitulares de regentes, até 23 de junho de 1840.

Como para uma parte da população esses Regentes não tinham legitimidade para governar, durante esse período (Regencial) foram registradas em todo o país, muitas revoltas. Algumas Províncias (hoje Estados) tentavam se tornar independentes. Nesse período ocorreram, entre outros, os seguintes movimentos revolucionários; a Cabanagem, no Pará; a Sabinada, na Bahia; a Balaiada, no Maranhão e a guerra dos Farrapos, no rio Grande do Sul. Esses movimentos, causavam também problemas de segurança pública.

Do Governo da Primeira Regência Trina, fez parte, como Ministro da Justiça, e, portanto, responsável pela manutenção da ordem, o Padre Antônio Diogo Feijó. O Presidente dos Conselhos Províncias (hoje Governadores de Estados) nessa época, não dispunham de uma força organizada para manutenção da ordem pública. As Forças existentes eram as Tropas

De primeira linha (Exército) e de Segunda Linha, reserva do Exército, sem vínculo com o Presidente do Conselho Provincial. O Padre Feijó diante dessas dificuldades sugeriu à Regência, a criação de um corpo de Guardas Municipais Permanentes no Rio de janeiro, sede do Governo Regencial, subordinado ao Presidente daquela Província e destinado à execução de atividades voltadas para manutenção da ordem pública naquela província, principal foco das insatisfações populares. A Regência encaminhou projeto à Assembléia Geral, onde foi discutido a aprovado, sendo, no dia 10 de outubro de 1831, promulgado pela Regência. O Artigo 1º dessa lei tinha a seguinte redação; “ O Governo fica autorizado a criar nesta cidade e provinciais um corpo de Guardas Municipais voluntário a pé e a cavalo, para manter a tranqüilidade pública e auxiliar a justiça com vencimentos estipulados e não excedendo o número de seiscentos e quarenta pessoas e a despesa anual de cento e oitenta contos de réis’.

Depois das discussões no Poder Legislativo do Império, o artigo 2º dessa lei ficou com a seguinte redação” Ficam igualmente autorizado os Presidentes em conselho

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para criarem iguais corpos, quando assim julguem necessário marcando o número de praças proporcionando.”

Com essa autorização, os Presidentes de Provinciais foram criados os seus corpos de guardas municipais, que ao longo do tempo foram recebendo denominação diferentes, até que em 1947, por força da constituição federal passaram a ser dominados de Polícias Militares

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CAPÍTULO III

ORIGEM DA POLÍCIA MILITAR DA PARAÍBA

No decorrer de 1831, ante das criação do Corpo de Guarda Municipais Permanentes da Paraíba, o Presidente da Província, já preocupado com problemas da Ordem Pública, havia autorizado a criação de dois tipos de serviço com esse fim; as Rondas Cívicas e a Guarda Municipal Provisória. Só no ano seguinte, a 3 de fevereiro, foi criado, de direito, o Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Paraíba, origem de nossa Polícia Militar. Outro órgão criado nesse período na Paraíba e que teve estreita ligação com a origem da Polícia Militar foi a Guarda Municipal Nacional, que durante muito tempo prestou relevantes serviços a segurança pública.

1. SERVIÇOS DE RONDAS CÍVICAS

O exaltado clima político em todo Brasil no início de 1831, situação que levou D. Pedro I a abdicar ao trono e provocar a formação do Governo Regencial, gerou reflexos em todas as Províncias. Na Paraíba, as relações entre brasileiros e portugueses estavam bastantes acirradas. no dia 24 de maio daquele ano, ocorreu no largo do convento de São Bento, na capital da Província, um tumulto envolvendo integrantes do Batalhão da Tropa de Linha, que com apoio do povo, rebelaram-se contra os Oficiais Portugueses que comandavam aquela Unidade, exigindo seus afastamentos, assim como o do Comandante da Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo, também português. O Presidente do Conselho afastou os oficiais Portugueses, mas a ordem pública da cidade ficou ainda mais perturbada, o que levou o Presidente a adotar medidas para amenizá-la. Dessa forma, em 09 de julho de 1831, sob a Presidência do Sr. José Thomas Nabuco de Araújo, o Conselho Provincial da Paraíba autorizou a criação do Serviço de rondas Cívicas na cidade. Esse serviço que destinava-se à manutenção da ordem pública, era efetuado em cada quarteirão da cidade por civis voluntários, residentes nesses locais, comandados por um cidadão entre eles escolhidos e que eram remunerados. Essa atividade recebia um indispensável apoio da Tropa de Linha. Existiam na cidade quatro postos de guarda dessa tropa (Exército), os quais à noite eram reforçados por mais seis homens que formavam patrulhas destinadas a apoiar asa ações das Rondas Cívicas. Quando eram efetuada uma prisão pela Ronda Cívica, o preso era entregue no posto de guarda mais próximo ao oficial de quarteirão, que o conduzia a cadeia, comunicando o fato ao Juiz de Paz. Todo o sistema de segurança, a Ronda cívica e a Tropa de Linha, era subordinado ao Juiz de Paz. dois dias depois de criada a ronda Cívica foi regulamentada pelo conselho, escolhidos seus integrantes e entrou em funcionamento.

2. A GUARDA MUNICIPAL PROVISÓRIA:

Em  5  de  setembro  de l83l, acolhendo proposta apresentada pelo Juiz de Paz da Freguesia de  N.  Senhora  das  Neves  (hoje  João Pessoa), o Conselho Provincial

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autorizou a criação da Guarda Municipal provisória,  que  deveria  ser  implantada  em todos os municípios da Paraíba.

Era uma tropa paga, formada por  voluntários,  organizada  e dirigida  pelo Juiz de Paz, e que se destinava ao auxílio dos serviços da Justiça e da manutenção da ordem.

Os Juizes de Paz, entretanto, não conseguiram reunir  efetivos  suficientes  para esse serviço, porque as pessoas interessadas em participarem de  um  Corpo  desse  tipo, preferiam  esperar  para  se alistarem  na  Guarda  Nacional, que tinha sido criada em l8 de agosto daquele ano, embora só tenha sido organizada na Paraíba em 1833.

3. A GUARDA NACIONAL:

Criada pela Regência Imperial em 18 de  agosto  de  1833,  a Guarda  Nacional

tinha como principais objetivos defender a Constituição, garantindo a  liberdade,  a independência  e  a  integridade  do Império,  prevenir  a ordem e agir como força auxiliar da 1ª linha. Os componentes da Guarda Nacional eram subordinados, sucessivamente,  aos Juizes  de  Paz  e  Criminais,  aos  Presidentes  das  Províncias a ao Ministro da Justiça, que como autoridades civis podiam requisitar seus serviços.

Na Paraíba foi autorizada sua organização  pelos  Juizes  de Paz,  de  dois batalhões de Guarda Nacional, que ficavam assim constituídos:

3.1. 1º Batalhão

Tinha  a  sede  instalada  na  rua  Nova ( hoje Duque de Caxias ),  e  era

formado  por  ( 4 )  quatro  Companhias  instaladas  respectivamente:  Uma em Santa Rita, uma em Socorro ( na Igreja do Socorro ), Uma Seção ( Pelotão )  em   Gramame  e outra em Tambaú ( no Hospício Santo Antônio ),   e uma em Cabedelo na Igreja daquela cidade.

3.2 2º Batalhão

Com sede no Engenho Gargaú e  formado  também  por  ( 4 )   quatro Companhias, sendo ( 2 ) duas instaladas em Livra   mento, uma em Espírito Santo na Localidade de  Batalha e outra em Lucena.

Cabia  Ás  Câmaras  Municipais  a elaboração de Normas   para funcionamento da Guarda Nacional.

A Guarda Nacional  teve  ao  longo  de  sua  existência   importante papel como tropa de apoio Á tropa de linha e da  Força  Policial,  auxiliando  essas organizações no   combate aos movimentos revolucionários, ora como  tropa  de  combate,  ora substituindo  a  Força  Policial nos locais de onde ela  se  afastava  para  participar  das lutas.

Com  o advento da República a Guarda Nacional passou a  ter um papel mais de dominação política do  que  o  seu   fim original, pois seus Comandantes que eram as pessoas mais  importantes  das  localidades, se tornaram chefes políticos e passaram a fazer uso de suas  prerrogativas  de Coronéis para se perpetuarem no poder.

4. O CORPO DE GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES

A Regência Trina Permanente  que  governava  o País em nome do Imperador, e que tinha  como  Ministro  da  Justiça  o Padre  Antônio  Diogo  Freijó,  enfrentava dificuldades para conter a grande quantidade de revoltas que se espalhavam por todo País.

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Como  o  objetivo de enfrentar tais movimentos Revolucionários, a Regência, por sugestão de Freijó, sancionou Lei de criação de um  Corpo de  Guardas  Municipais Permanentes  no Rio de Janeiro, em outubro de l83l.

A Lei Imperial de 10 de outubro de 1831, que  criou  o  Corpo  de Guardas Municipais  Permanentes  no  Rio  de  Janeiro, autorizava aos Presidentes de Conselhos de Províncias, a criarem em suas  respectivas Províncias, idênticas Organizações.

No  dia 22 daquele mês a Regência baixou Decreto regulamentando a criação do  novo  Órgão  no  qual  era  feito  inclusive  disposições disciplinares  das  mais rigorosas, como por exemplo pena de (3) três anos de prisão. O alistamento era exclusivo de brasileiros de l8 a  40 anos.

Nessa  época,  era  Presidente Interino da Província da Paraíba o Sr. Francisco José de  Meira,  pois  seu  titular  José  Thomas  havia deixado o governo desde 14 de agosto daquele ano.

Francisco  José  Meira  não  teve  tempo  nem  recursos  para dar cumprimento a Lei Imperial. A l5 de janeiro de  l832  José  Meira  foi substituído  pelo Padre Galdino da Costa Vilar, que tinha sido nomeado pela Regência.

O novo Governante, preocupado com a segurança de  sua  Província, tratou de imediato de criar as condições necessárias para a criação do Corpo de Guardas Municipais Permanentes.

Assim,  a  3 de fevereiro de 1832, em reunião do Conselho Provincial, foi proposto pelo Padre Galdino, e  aprovado  pelo  Conselho,  a criação do Corpo de Guardas Municipais Permanentes.

Entretanto,  essa  reunião do Conselho apenas criou o novo Corpo, sem decidir sobre a sua organização, efetivo, remuneração e  fardamento.

4.1. Organização Três  dias  depois  da  criação  do  Corpo  de Guardas Municipais Permanentes,

o Conselho Provincial voltou a se  reunir  e  depois  de intensa  discussão  definiu  que  o Corpo  deveria  ser organizado em Infantaria e Cavalaria, comportando um total de ( 50 ) cinqüenta homens, sendo 35 Á pé, compondo a Infantaria e 15 Á cavalo,  correspondendo a Cavalaria, sendo esta composta de 1 Cabo e 14 Soldados.

4.2. Efetivo, Vencimento e Comando

Nessa  mesma  reunião  do Conselho, realizada a 6 de fevereiro de 1832, foi discutido e aprovado a especificação  do  efetivo  e  a  sua remuneração.

Foi  fixado  o  seguinte  efetivo:  Um  Capitão,  Comandante;  Um Sargento; Um Furriel; 3 Cabos; 2 Cornetes; e 42  Soldados.  O  pessoal que  fosse  participar  da Cavalaria  deveria  se  apresentar com seu próprio cavalo.

O item que mais provocou discussão entre os  Conselheiros  foi  o relativo  a remuneração.  Por fim ficou definido a seguinte tabela de vencimentos:

- Capitão Comandante - 60$000rs - (60 mil réis) - Sargento - 25$000rs - (25 " réis) - Furriel - 20$000rs - (20 " réis) - Cabo - l9$000rs - (l9 " réis) - Soldado e Cornetes - l2$000rs - (12 " réis).

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Para que se possa fazer uma idéia do  que  representavam  esses valores,  um cavalo de carga custava 6$000rs, ou seja, o vencimento de um Soldado era  equivalente  ao valor  de  2  cavalos.  12$000rs  era equivalente a 17,3 gramas de ouro.

Quem fizesse parte da Cavalaria recebia uma gratificação a título de forragem, para alimentar o cavalo.

Nessa ocasião foi  também  nomeado  o  Sr.  Francisco  Xavier  de Albuquerque,  para  o posto de Capitão e como tal comandar a organização.

O Decreto Imperial de 22 de outubro de l831, que  regulamentou  a Lei  de criação  dos Corpos de Guardas Municipais Permanentes, previa que quando os Presidentes  de  Conselhos  Provinciais  criassem  tais Organizações em suas  Províncias, encaminhassem  para  apreciação  da Regência, a Tabela de Vencimentos.

A  apreciação, pela Regência, dos vencimentos do Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Paraíba, foi feito no dia  21  de  abril  de 1832, sendo aprovado, com as seguintes modificações:

-  Foi aumentado o vencimento do Comandante, que passou de 60$000 para 68$000(68 mil réis);

- O Sargento que ganhava 25$000rs, foi reduzido para 15$000  (15 mil réis);-  O  Furriel  que ganhava 20$000rs, passou a ganhar 14$000rs (14 mil réis); - O Cabo que ganhava 19$000rs, foi reduzido  para  13$000rs  (13 mil réis);-  Os  Cornetes  e  Soldados que ganhavam 12$000rs, permaneceram

ganhando a mesma importância.

4.3 Fardamento Em reunião realizada no dia 12  de  março  de  1832,  o  Conselho Provincial

discutiu  e aprovou o fardamento que deveria ser utilizado pelo Corpo de Guardas Municipais Permanentes que ficou assim descrito:

"Fardela toda azul ferrete, com  vivos  verdes  na  gola,  e  nos canhões,  botões pretos,  calça  branca  e  azul ferrete por cima das botinas, barretina de chapéu com um elipse atravessado na frente,  com as  três letras iniciais GMP, de metal amarelo e braço também de metal amarelo, com o laço no meio".

4.4. Funcionamento

Criado o Corpo de Guardas Municipais Permanentes,  definida  suas organização,   comando,  efetivo,  vencimento  e  fardamento,  restava coloca-lo em funcionamento.

O Sr. Francisco Xavier de Albuquerque,  que  havia  sido  nomeado Capitão Comandante do Corpo, não se encontrava na Província e por isso não  havia se apresentado. Esse Senhor havia sido Alferes de Milícia, e nessa condição participado do movimento revolucionário de Pernambuco em 1917.

No dia l4 de abril daquele ano, ocorreu um movimento revolucionário em Recife - PE, em que houve quebra da ordem e ameaçava a autoridade do Presidente daquela Província.

Naquela  época,  não existia na Província da Paraíba tropa de 1ª Linha, pois a que antes existia fora transferida para a  Província  de Pernambuco.  Dessa  forma  o Presidente  do  Conselho  Provincial  da Paraíba, que temia que o movimento de Pernambuco  se  alastrasse  pela Paraíba,  só dispunha,  para  conter  um movimento revolucionário, das Rondas Cívicas e o Corpo de Guardas Municipais Provisório,  ambos sem estrutura suficiente para tal emprego.

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Era  necessário,  portanto,  que  o  Corpo  de Guardas Municipais Permanentes entrasse em funcionamento imediatamente.

Assim, é que, em 25 de abril de 1832, o Presidente da  Província, o Padre Galdino, nomeou o Major da 1ª Linha Manoel Rodrigues de Paiva, Comandante  Interino do  Corpo  de  Guardas  Municipais Permanentes e determinou o alistamento e demais providências para por  imediatamente em funcionamento a nova organização.

4.5. Aquartelamento

O  primeiro  Quartel  ocupado  pelo  Corpo  de Guardas Municipais Permanentes, foi o Convento do Carmo, e que se  encontrava  abandonado peles religiosos.  Essa  edificação  é hoje o palácio do Arcebispado, situado no antigo Largo do Carmo,  hoje  a  Praça  D.  Adauto.  Nessas instalações  permaneceu  o Corpo até 1846, quando foi transferido para um sobrado situado  na  rua  da  Areia,  na  época  centro comercial, localizado em frente de onde hoje se acha construído o edifício Mateus Ribeiro, no qual funcionava o ambulatório Médico da  Polícia  Militar, até 1991.

4.6. Primeiras Missões

No  dia  6  de  outubro  de  1832,  o  Sr.  Francisco  Xavier  de Albuquerque, recebeu o  título  de  Comandante  do  Corpo  de  Guardas Municipais  Permanentes, perante o Conselho Provincial, presidido pelo vice-presidente, o Sr. Francisco José de Meira, que se  encontrava  no exercício,  em  razão da exoneração do Padre Galdino, ocorrido a 18 de agosto daquele ano.

Achava-se assim, o Corpo organizado, instalado e com  seu  Comandante definitivo no exercício de suas atividades.

No  dia  23  daquele  mês,  o Conselho Provincial autorizou que o Corpo passasse a fazer a guarda da cadeia.

Naquela data registrou-se no Quartel da Tropa de  2ª  linha,  (as Milícias, que ainda não haviam sido extintas na Paraíba, e funcionava  no  Convento de São Bento), uma revolta das Praças que queriam ter remuneração igual a que era paga aos Milicianos de Recife - PE, que  era de  320 réis diário, correspondendo a 9$600 (9 mil e 600 reis) que era menos do que  ganhava  um  soldado  do  Corpo  de  Guardas  Municipais Permanentes.( 12$000rs, ou seja 12 mil réis )

Houve  prisões,  mas  o  Comandante daquela organização não teve forças suficientes para conter o movimento, o que  punha  em  risco  a ordem pública na cidade.

O  Conselho  Provincial  foi  convocado  Á noite para deliberar a respeito. Foi decidido que o Corpo de Guardas  Municipais  Permanentes fosse convocado para debelar a rebelião, o que foi feito incontinente, com auxílio da Guarda Municipal Provisória e civis convocados.

A partir dessa data, o serviço que era feito pelas Milícias,  que era  a  guarnição da  Praça, uma espécie de policiamento no centro da cidade, passou a ser feito pelo Corpo de Guardas Municipais  Permanentes.  Esse  serviço  aos  poucos  foi se estendendo a outros pontos da cidade, efetuado por patrulhas a cavalo.

Com essa denominação, organização, comando, efetivo, vencimento e cumprindo essas missões, o Corpo permaneceu em atividade até o  dia  2 de  junho  de 1835,  quando  por  uma Lei Provincial (já se achava em funcionamento na Paraíba a Assembléia  Provincial,  criada  em  12  de agosto de 1834, uma das mudanças ocorridas na Constituição do Império, por força da precessão popular, cuja modificação dava maior autonomia Ás Províncias) a organização passou a denominar-se de FORÇA POLICIAL.

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4.7. A Legislação

Até  1834,  quando  foram  criadas as Assembléias Provinciais, as Províncias eram governadas por Conselhos Provinciais, que  não  tinham competência  para elaborar leis. Por isso as decisões que o Presidente do Conselho tomava eram formalizadas através das atas das reuniões dos Conselhos.

Assim, a criação, ou autorização para criação do Corpo de Guardas Municipais Permanentes, a nível Imperial (em todo País), deu-se  a  10 de  outubro  de  1831,  através de  uma lei que a Assembléia Geral do Império decretou e a Regência Trina sancionou. Mas a criação do  Corpo de  Guardas  Municipais Permanentes na Paraíba foi formalizada através de ato de reunião do Conselho Provincial no  dia  3  de  fevereiro  de 1832, ato esse tecnicamente denominado de resolução.

4.8. Denominações

Criada com a denominação de Corpo de Guardas Municipais Permanentes, esta Corporação recebeu, ao longo de sua história, diversos outros nomes, como se ver a seguir:

- 1832 - CORPO DE GUARDAS MUNICIPAIS PERMANENTES; - 1835 - FORÇA POLICIAL; - 1892 - CORPO POLICIAL; - 1892 - CORPO DE SEGURANÇA; - 1896 - BATALHÃO DE SEGURANÇA; - 1908 - BATALHÃO POLICIAL; - 1912 - FORÇA POLICIAL; - 1931 - REGIMENTO POLICIAL MILITAR; - 1932 - FORÇA PÚBLICA; - 1935 - POLÍCIA MILITAR; - 1940 - FORÇA POLICIAL; e, - 1947 - POLÍCIA MILITAR.

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CAPÍTULO IV

AS CAMPANHAS MILITARES DO SÉCULO XIX

1. INTRODUÇÃO

Com a denominação de Força Pública, a Polícia Militar da  Paraíba cumpriu, ao  longo  do  Século  XIX,  missões  específicas  de Defesa Interna, com deslocamentos de tropas,  combates,  mortes,  vitórias  e derrotas, sempre em defesa da legalidade e da Manutenção da Ordem.

Pela  especificidade  dessas missões, as denominamos de Campanhas Militares. Dessa  forma,  estudaremos neste Capítulo, de forma sintética, as Campanhas

Militares da Revolução  Praieira;  A  Revolta  do  Ronco  da Abelha; A Guerra do Paraguai e a Revolta do Quebra-Quilo.

Para  melhor  nos  situarmos  nos  palcos  desses acontecimentos, registre-se que durante esse período, os Presidentes  das  Províncias, que eram nomeados pelo Império, detinham o poder de emprego das Tropas de  Linha  (Exército)  e  convocação  da Guarda  Nacional,  que  eram Organizações não permanentes e que só eram remuneradas, pelo  Império, quando convocadas.

Para  melhor  se  compreender  a  importância  do  papel da Força Pública nesses eventos, é necessário se ter em mente  as  dificuldades próprias  da  época.  As longas  distâncias  eram  vencidas Á pé, por precários caminhos, por onde, Ás vezes, se percorriam mais de 100  Km. Faltavam  meios de comunicação, mantimentos e assistência sanitária. O armamento era precário.  O  emprego  conjunto  de  forças  de  origens diferentes, como Tropa de Linha, Guarda Nacional e Força Pública, fato comum nessas Campanhas, por certo deve ter acarretado falta de Unidade de  Comando.  A  Guarda Nacional, intensamente empregada e que prestou relevantes serviços, era indisciplinada, pela própria forma de  recrutamento,  resultando muitas deserções, em momentos de decisivos combates, comprometendo as outras forças empregadas. A escassez de efetivo, o baixo nível de instrução, adestramento e disciplina da própria Força Pública se constituiu Óbices aos seus objetivos.

Em fim, a Força Pública retratava a realidade da época, na  nossa Província, razão  porque  a  avaliação  de  seus  feitos não pode ser dissociada dessa realidade.

 

2. A CAMPANHA DA REVOLUÇÃO PRAIEIRA

21. Antecedentes

A disputa pelo poder entre o Partido Liberal e o  Conservador  em Pernambuco,  sempre foi muito conturbada. De 1844 até 1848, esteve no poder o Partido Liberal. Em outubro de  1848,  assumiu  a  Presidência daquela  Província,  o  Partido Conservador,  na  pessoa de Herculano Ferreira Pena.

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Teve início, então,  uma  série  de  hostilidades  por  parte  do Governo, contra seus adversários políticos.

Dessa  forma,  começou  a  se  criar  um  clima  de  revolta  que resultaria no movimento sedicioso que ficou  conhecido  por  Revolução Praieira.  Essa denominação se deu pelo fato do Partido Liberal contar com o apoio do Jornal diário Novo, com sede na Rua da Praia, em Recife (PE).

O movimento  chefiado  pelo  Deputado  Geral  Nunes  Machado,  se concentrou  inicialmente  em  Olinda  (PE)  e  se  destinava a depor o Presidente daquela Província, Herculano Ferreira Pena, que foi substituído em dezembro de 1848, por Manuel Vieira Tosta, também  conservador.

O  novo Presidente intensificou a repressão aos revoltosos, o que fez aumentar a tensão e tornar a luta ainda mais ardorosa.

A 2 de fevereiro de 1849, os Praieiros  contando  aproximadamente com  2  mil homens, invadiram o Recife, objetivando depor o Presidente Manuel Vieira Tosta, encontrando severa  defesa  da  Tropa  de  Linha. Nessa  luta  morreram  mais  de  200 revolucionários e o seu principal Chefe, o Deputado Nunes Machado.

Rechaçados no Recife, os revolucionários fugiram para o interior, se reunindo em Igarasú ( PE ). Daí se dividiram em duas colunas  de  500 homens  cada,  seguindo uma em direção a Garanhuns ( PE ) e outra, sob o Comando de Manuel Pereira Morais, para Goiana ( PE ).

O objetivo dessas colunas era fazer a propaganda revolucionária e adquirir adeptos para, reorganizados, dar continuidade a luta.

Em Goiana, os  rebeldes  aprisionaram  a  guarnição  local  e  se apropriaram de armas, munições e mantimentos.

Tropas  de Linha sediadas em Pernambuco, sob o Comando do Ten Cel Feliciano Antônio Falcão, saíram de Recife em perseguição aos revoltosos. No dia 13 de fevereiro  de  1849,  no  sítio  Pau  Amarelo,  nas proximidades  de  Goiana,  verifica-se um encontro entre Tropas do Ten Cel Falcão  e  a  Coluna  Revolucionária,  saindo vitoriosa  a  Tropa Legalista. Com esse resultado, a Coluna, em sua fuga, invadiu a cidade de Pedras de Fogo ( PB ), fato ocorrido no dia 15 daquele mesmo mês.

De  Pedras  de  Fogo,  os  Revolucionários seguiram na direção de Itabaiana (PB), Alagoa Grande ( PB ) e Areia ( PB ), onde foram finalmente derrotados.

2.2. Repercussões na Paraíba

Muito antes da deflagração violenta do  movimento  revolucionário em  Recife, ocorrido a 2 de fevereiro de 1849, seus efeitos já tinham atingidos a paz na Paraíba.

Em maio de 1848, o Presidente da Paraíba,  Dr.  João  Antônio de Vasconcelos, foi informado da possibilidade dos Liberais de Pernambuco, invadirem a Cidade de Goiana e a Vila de Pedras de Fogo.

Em conseqüência, esse Governante, temeroso que tal  movimento  se alastrasse Á  sua  Província e os Revolucionários atacassem a Capital Paraibana, se dispôs a ajudar o Presidente da Província de Pernambuco, remetendo tropas para a Vila de Pedras de Fogo e para as  proximidades de Goiana, deixando-as Á disposição das autoridades daquela Cidade.

Seguiram  para  essa  missão  Tropas  de  Linha,  parte da Guarda Nacional e o efetivo da Força Pública disponível na  Capital,  ficando essa Cidade guarnecida por um contingente da Guarda Nacional.

Temendo ainda  que  essa  providência  não  surtisse  os  efeitos desejados,  o Dr.  João  Antônio ordenou que para a defesa da cidade, fossem construídas trincheiras nas partes por onde  fosse  possível  a chegada  de  invasores.  Completando esses cuidados, foi

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solicitado ao Presidente da Província de Pernambuco, o envio por mar, de 100  homens da Tropa de Linha, pedido esse que não foi atendido.

O contingente da Força Pública que se dirigiu  para  Goiana,  foi comandado pelo  Capitão Genuíno Antônio Atahyde de Albuquerque, e era composto de 40 Praças e mais um efetivo da Guarda Nacional.

Os ataques à Goiana e  Pedras  de  Fogo,  não  se  deu  na  época prevista,  mas o clima de tensão continuou. O Capitão Genuíno retornou a Capital para organizar novos efetivos, que contavam até com índios.

No dia 13 de dezembro de 1848, a cidade  de  Goiana  foi  atacada pelos Revolucionários  de Olinda. A cidade achava-se defendida por um efetivo de 60 homens da Força Pública da Paraíba,  sob  o  Comando  do Capitão  Genuíno  e  mais  componentes da Guarda Nacional. Iniciado o ataque, grande parte da  Guarda  Nacional  desertou, enfraquecendo  a defesa.  Dado  o  elevado  número  de  revoltosos, a Força Pública foi obrigada a ceder terreno, depois de uma luta que resultou em 7  mortes e 7 feridos.

Depois  da  tomada de Goiana, os Revolucionários invadiram Pedras de Fogo, no dia 15 daquele mês, de onde só saíram após  derrotados  em confronto com as Tropas de Linha, vindas do Recife, 6 dias depois.

2.3. Os Revoltosos na Paraíba

Depois  de  derrotados em Recife, no início de fevereiro de 1849, os Revolucionários Praieiros invadiram outra vez Goiana  e  Pedras  de Fogo, tendo chegado nessa cidade no dia 13 daquele mês.

Perseguidos  por  Tropas  de  Linha  de  Pernambuco, os Praieiros deixaram Pedras de  Fogo  e  invadiram,  no  dia  14,  o  Distrito  de Itabaiana, sem encontrar resistência, aí permanecendo até o dia 17.

De  Itabaiana, seguiram para Alagoa Grande e no dia 18, invadiram Areia, onde encontraram apoio de uma parte da população.

Ao tomar conhecimento  desses  fatos,  o  Presidente  da  Paraíba voltou  a reforçar as medidas de defesa da Capital e destacou um grupo formado por 30 componentes da Força Pública, sob o Comando do Chefe de Polícia, para fazer contato com  os  Revolucionários  e  intimá-los a depor as armas ou se retirarem da Província.

O  Chefe  de  Polícia  requisitou  a  Guarda  Nacional sediada em Guarabira ( PB ) e junto com seu  efetivo,  dirigiu-se  ao  Distrito  de Alagoa  Grande para se juntar Á Tropa de Linha de Pernambuco que vinha em perseguição aos rebeldes. Entretanto, ao chegar nesse local a Tropa de Pernambuco já havia seguido para Areia, dar combate ao inimigo.

No dia 20 de  fevereiro  de  1849,  sob  o  Comando  do  Ten  Cel Feliciano Falcão,  a  Tropa  de  Linha vinda de Pernambuco, invadiu a Comarca  de  Areia,  que  se achava  ocupada  pelos  Revolucionários, travando  combates  em  diversos  pontos do percurso, como na Serra da Onça, Serra do Tatu e na Rua da Palha, tendo a Força Legalista obtido a  vitória.  O  ataque iniciado Ás 7 horas teve a duração de 10 horas, resultando em 11 Revolucionários mortos e 64 feridos e presos.

Desalojados de Areia, os Praieiros fugiram com destino a  Campina Grande ( PB )  e  depois  rumaram  de  volta com destino Á Província de Pernambuco, já desorganizados e sem oferecer perigo  a  Manutenção  da Ordem.

Com  a  expulsão  dos  rebeldes  da Paraíba, foram instaurados os Inquéritos e formalizados os Processos de julgamento das responsabilidades, sendo indiciados diversos paraibanos que aderiram Á Revolução.

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3. A CAMPANHA DA REVOLTA DO RONCO DA ABELHA

3.1. Antecedentes

Até 1850 o Brasil não adotava o sistema de Registro de Nascimento e de óbito, não tendo, em conseqüência, informações concretas sobre  o quantitativo  de sua população. O rumo que tomava o desenvolvimento do País tornava imperativo essa providência.

Nesse ano, através da Lei nº 586, de 6 de setembro, passou a  ser obrigatório, em todo território do Império, tais Registros, sendo seis dias  depois, remetido ao Presidente da Província da Paraíba, cópia da Lei e do seu Regulamento para a devida execução.

Essa Legislação previa a obrigatoriedade do Registro de Nascimento, no prazo de dez dias, após o mesmo e, o de  óbito,  dentro  de  24 horas,  após a sua verificação, sem o que não se poderia ser sepultado o cadáver. O Registro era gratuito, podendo o escrivão cobrar uma taxa pela Certidão.

Como se  verifica,  era  apenas  uma  exigência  burocrática,  em benefício da própria administração.

Entretanto,  talvez  pela falta de uma melhor explicação ao povo, principalmente  Ás  classes  mais  rudes,  foi  interpretado  como  um processo para escravizar a população livre.

Tal  idéia  foi  aos poucos sendo difundida no seio da população, culminando com a formação de um sentimento de revolta, que, em  alguns locais,  foi  aproveitado por políticos de oposição ao Governo, originando o movimento que ficou conhecido na história como: " O RONCO DA ABELHA ".

3.2. A Revolta No  dia  16  de janeiro de 1852, a vila de Ingá (PB) foi invadida por mais de

200  pessoas,  que  se  dirigindo  a  casa  do  escrivão, quebraram  móveis,  rasgaram  e queimaram os documentos existentes. Em seguida, invadiram outras  casas,  provocando prejuízos  materiais  e ameaças físicas Ás pessoas. O Delegado da cidade, ao tomar conhecimento da aproximação dos invasores, fugiu.

Idênticos  movimentos  se  registraram  também  em Campina Grande (PB), Alagoa Nova (PB) e Alagoa Grande (PB).

3.3. Ação Da Força Policial

Tomando conhecimento desses acontecimentos através  de  comunicações  dos Juizes  de  Direito  dessas  localidades,  o  Presidente da Província, Antônio Coelho de Sá Albuquerque,  determinou  o  envio  de tropas Àqueles locais.

Nessa  época,  o  efetivo  previsto  da Força Policial era de 200 homens, porém só dispunha-se de 182, para atividade em todo território da Província.

Seguiram então, da Capital da Província, para vila de Ingá,  onde a  Ordem Pública  foi  perturbada  em  razão  do  movimento "Ronco da Abelha", um contingente composto por 40 homens da Tropa de Linha e  50 da Força Policial, comandados pelo Ten Claudino Ângelo Castelo Branco. A  esse  efetivo foi se juntar um outro composto de 20 homens da Força Policial, Comandados pelo Capitão Severino Elísio  de  Souza  Gouveia, que formavam o Destacamento de Natuba ( PB ).

O  objetivo  era  desarmar  e prender os sediciosos, os quais sem oferecer resistência se dispersaram com destino a Serra Redonda ( PB ).

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O Destacamento de Areia, deslocou-se para Campina Grande,  Alagoa Grande e  Alagoa  Nova,  onde  efetuou prisões e desarmamentos, tendo alguns Policiais e revoltosos ficado feridos.

Com a  saída  do  efetivo  da  Força  Policial  da  Capital,  foi designado  o Capitão  da  Guarda Nacional, José Pereira Dourado, para junto a 38 Praças daquela Organização,  efetuarem  o  policiamento  da cidade, durante o afastamento da Tropa da Força Policial.

Em Areia, também foi ativada a Guarda Nacional, para substituir a Força Pública, durante seu afastamento para esses combates.

4. A CAMPANHA DA GUERRA DO PARAGUAI

4.1. Antecedentes

Solano Lopes, Ditador do Paraguai em 1864, foi educado na Europa, onde observando  o  desenvolvimento  daquele  Continente  idealizou a formação de um Paraguai maior, transformando-o numa potência marítima. Para concretizar esse ideal, Solano Lopes precisava  ocupar  parte  de terras  pertencentes  ao Brasil, mais precisamente na Província do Rio Grande do Sul e outras pertencentes a  Argentina, garantindo-lhe  uma comunicação com o Atlântico, além de todo território Uruguaio.

Para  executar seus planos, Solano Lopes, que contava com o apoio de oposição uruguaia, representada pelos componentes  do  Partido  dos Blancos,  organizou um Exército de 80 mil homens, recrutando inclusive índios.

O Uruguai em  1864  esteve  no  poder  do  Partido  dos  Blancos, tradicional inimigo  do Brasil. Nesse ano, aquele País invadiu terras brasileiras, na Província do Rio Grande do Sul, resultando numa guerra entre essas duas Nações.

Desse conflito resultou a invasão do Uruguai por tropas brasileiras, a fim de garantir a passagem do poder  daquele  País  ao  Partido Colorado, aliado do Brasil, pondo assim fim ao conflito.

Em  agosto  de  1864, Solano Lopes, aliado dos Blancos uruguaios, protestou a invasão brasileira e considerou ameaçada suas fronteiras.

Em novembro daquele ano, Solano Lopes apreendeu o navio brasileiro Marquês de Olinda, que navegava pelo Rio  da  Prata,  conduzindo  o Presidente  da Província do Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos. Esse fato levou o Brasil a declarar Guerra ao Paraguai.

Ainda naquele ano, em dezembro,  tropas  paraguaias  invadiram  a Província do Mato Grosso. Para invadir o Rio Grande do Sul, o Exército paraguaio  precisava  passar por  terras da Argentina, o que fez esse País entrar na luta com  o  ditador  paraguaio.  Parte do  território uruguaio, também foi invadida por tropas de Solano Lopes.

Dessa  forma,  Brasil,  Argentina  e  Uruguai,  se  reuniram para enfrentar o Paraguai, formando a chamada Tríplice Aliança.

Houve combates nos territórios dos quatro Países.

4. 2. O Brasil na Guerra

No Mato Grosso, verificou-se a 11 de junho de  1865,  uma  grande vitória brasileira  na  Batalha  Naval  do  Riachuelo que consagrou a figura do Almirante Barroso e expulsou os paraguaios  daquela  Província.

No  Rio  Grande do Sul, depois de muitos combates, em setembro de l865, a tropa paraguaia se rendeu na cidade de Uruguaiana.

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Era preciso combater Ás tropas paraguaias em seu próprio território para por fim as hostilidades do seu ditador.

Tropas brasileiras participaram de combates em terras paraguaias, entre os quais se destacaram as de Tuiutí, em maio de l866.  A  Tomada de  Laguna,  Humaitá, Itororó  e  Havaí. Em janeiro de l869 as Forças Brasileiras entraram em Assunção, sob o comando de Caxias. Em março de l870 a Guerra chegou ao fim com a morte de Solano Lopes.

4.3. Participação da Paraíba Um mês  depois  do  Brasil  ter  declarado  guerra  ao  Paraguai, dezembro  de

l864,  o  Presidente da Província da Paraíba, recebeu um aviso do Ministro da Guerra, Henrique de Beaurepaire  Rohan,  determinando  que  toda  Tropa  de  1ª  Linha  fosse concentrada na Capital e ficasse em condições de embarcar para se  unir  Ás  Tropas  que iriam combater  na Província do Rio Grande. Em conseqüência toda Tropa de 1ª Linha disponível na Província, ficou na Fortaleza de  Santa  Catarina, em  Cabedelo,  aguardando o  navio  que a transportaria para o Rio de Janeiro.

A 7 de janeiro de 1865 foi criado pelo Imperador,  os  Corpos  de Voluntários da  Pátria,  que seriam compostos, em cada Província, por Voluntários em condições previamente estabelecidas e que deviam seguir para a  Capital  do  Império,  a  fim  de  se reunir  Ás  Tropas  que participavam da Guerra, dele podendo participar a Guarda Nacional.

Cada  voluntário  da  Guarda  Nacional,  após o término da Guerra receberia 300$000 ( Trezentos mil reis ), sendo esse o único  pagamento. Para  se ter uma idéia do que esse valor representava, o Comandante da Força Policial ganhava, na época, 120$000 ( Cento e  vinte  mil  reis ), por mês.

Organizou-se  então,  na  Paraíba, e seguiu para compor o efetivo que iria Á Guerra, além da Tropa de 1ª Linha, a Guarda  Nacional  e  o Corpo de Voluntários.

A  Força Policial não foi convocada, tendo em vista a necessidade de suas atividades na  Província,  mesmo  durante  a  Guerra.  Mas,  o Ministro da Guerra comunicou que aceitaria a sua participação se fosse voluntária.

Assim,  o  próprio  Comandante  e  os  demais  Oficiais  da Força Pública, ofereceram-se para participar da luta.

A Guarda Nacional, com um efetivo de 361 Praças, sob o Comando do Ten Cel ( da Guarda Nacional ), Luiz Leopoldo  D.  Albuquerque  Maranhão, seguiu no primeiro Navio, juntamente com a Tropa de 1ª Linha.

Com  o deslocamento da Tropa de 1ª Linha para o Rio de Janeiro, a Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo, ficou  desocupada,  tendo  a Força  Pública  para  lá  se deslocado a 11 de abril de 1865, e ali se alojado enquanto aguardava seu embarque para a Capital do Império.

Aberto o alistamento para formação do Batalhão de Voluntários  da Pátria, o seu efetivo foi se concentrando no Convento do Carmo. No dia 6  de  maio de 1865, na presença do Presidente da Província, e tendo a frente uma Banda de Música, um efetivo de 562 Praças,  compondo  o  1º Batalhão  de Voluntários da Pátria, da Paraíba, seguiu para o Porto do Capim, onde embarcou em barcaças para Cabedelo, de onde embarcaria  na mesma data no Vapor Paraná, para o Rio de Janeiro.

Nessa  mesma embarcação, deveria também seguir a Força Pública, o que não ocorreu por falta de espaço físico.

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4.4. Participação da Força Pública

Só no dia 23 de junho de l865, o Vapor Paraná que havia conduzido o Batalhão de Voluntários retornou a Paraíba para transportar a  Força Pública, que estava em Cabedelo desde 11 de abril daquele ano.

Seguiram  juntamente  com  a  Força  Pública, 51 homens da Guarda Nacional e 20 recrutas do Exército.

A Força Pública era composta de 210 Praças e l0 Oficiais,  sob  o Comando  do Major  José  Vicente  Monteiro  da  Franca,  que  era seu Comandante Geral.

Faziam parte desse contigente,  os  Capitães  José  Francisco  de Athay de Melo, Frederico do Carmo Cabral e José da Silva Neves, além do Tenente  Francisco Gomes Monteiro e ainda, os Alferes Pedro César Paes Barreto e Joaquim Ferreira Soares.

Pela sua participação  nos  combates,  o  Capitão  Frederico  foi condecorado com medalha, concedida após a Guerra.

Ao  chegar  no  Rio  de  Janeiro,  as Tropas oriundas de todas as Províncias eram reunidas formando um só Corpo que passava a integrar o efetivo do Exército. Daí porque não se tem notícias de ação isolada do Batalhão de Voluntários, Guarda Nacional ou Força Pública,  durante  a Guerra.

Com  o  afastamento do efetivo da Força Pública da Província; foi necessário se criar um Corpo para substituí-la, o que ocorreu a 18  de agosto  de  l865,  com  a criação  do  Corpo Policial Provisório, com organização idêntica ao que havia embarcado para a Guerra.

Para Comandar o Corpo Policial Provisório, foi  designado  o  Ten Cel  da Guarda  Nacional  Thomaz  Cisne  e mais 2 Capitães, também da Guarda Nacional, além, de 3 Alferes.

O número de Praças prevista era de 210, podendo chegar  até  300, em caso de emergência.

5. A CAMPANHA DO QUEBRA-QUILOS

5.1. Antecedentes

As relações entre a Igreja e Maçonaria e o Estado eram muito boas no  Brasil

até  l870.  Nesse  ano  realizou-se  em Roma o Concílio do Vaticano que instituiu o dogma da Inefabilidade Papal  o  que  provocou reações  dentro  da própria comunidade católica. Com esse dogma ficava estabelecida a autoridade absoluta do Papa em matéria de Fé.

Em 1871, D. Vital foi nomeado Bispo de Olinda, tendo tomado posse em 1872. Existia dentro da Comunidade católica, pessoas contrárias  ao dogma  da Inefabilidade Papal, e por isso tidos como liberais. Entre os liberais achavam-se muitos Maçons. D. Vital  passou  a  considerar  a Maçonaria  como seita. Na Igreja de Santo Antônio, ligada a autoridade de D. Vital,  existiam  muitos  Maçons.  D.  Vital  determinou  que  a irmandade daquela Igreja os expulsassem, o que não foi feito, tendo D. Vital interditado a Igreja.

Os  Maçons  recorreram  dessa  decisão  ao  Imperador, sendo pelo Supremo Tribunal do Império, julgada a questão.

O Tribunal suspendeu a decisão de D. Vital, que inconformado  não cumpriu  a sentença do Tribunal, sendo por isso preso e levado para o Rio de Janeiro, onde foi julgado e condenado, em janeiro  de  1874,  a quatro anos de prisão.

Com  a prisão de D. Vital, a Igreja se inflamou. Nessa época, era vigário de Campina Grande, o Padre Calixto da Nóbrega, que expulsou da Igreja todos os Maçons e instigou o  povo  contra  a  Maçonaria  e  as autoridades governamentais.

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Por  essa época, havia o Brasil adotado diversas medidas que eram novas para o povo, como: a Adoção do Sistema Métrico Decimal e  Normas para o Alistamento Militar. Na Paraíba tinha sido criado um Imposto de uso do solo, nas feiras livres ( Imposto de Chão ).

Nesse clima, a população da Área circunvizinha de Campina Grande, principalmente  as pessoas mais humildes e rústicas, estavam revoltadas com o Governo. Esse descontentamento depois  se  estendeu  Ás  regiões mais  distantes,  indo  até aos sertões Paraibanos. Idêntico movimento registrou-se em Pernambuco e no Rio Grande do Norte.

5.2. A Explosão da Revolta

HORÁCIO DE ALMEIDA, na sua obra "historia  da  Paraíba",  retrata assim o início da Revolta do Quebra-Quilos na Paraíba:

"Em novembro de 1874, rebentou o movimento sedicioso conhecido na história pela  denominação  de  Quebra-Quilos.  Começou  na  feira de Fagundes, Distrito de Campina Grande e rápido se propagou  por  vários Municípios da Paraíba.

O  Município  de Campina Grande cobrava o Imposto de Chão na base de um tostão por carga levada Á feira. Em Fagundes, o povo se  rebelou contra  o  Imposto, espancou o Subdelegado e implantou uma nova Lei no lugar.

Estava declarada a desordem na Província. Poucos dias  depois  um grupo armado invade a vila de Ingá, perto de Campina Grande, quando se realizava  a  feira.  A vila  estava  guarnecida  por uma força de 50 Praças, que nenhuma resistência ofereceu. Também o grupo  invasor  era composto  de  algumas  centenas  de  homens,  gente  rústica armada de bacamarte, foice e cacete, sob  o  Comando  de  vários  Chefes.  Todos entraram na  vila  aos  gritos de morra para os Maçons e viva para os católicos. Invadiram a Câmara Municipal  e  os  Cartórios,  queimaram papéis  e  processos,  soltaram os presos da cadeia, quebraram pesos e medidas do Sistema Métrico Decimal, nas casas de  comércio,  mas, não derramaram sangue, não praticaram roubo, não violaram domicílios.

Em  Areia,  entretanto, a 26 de novembro, o Destacamento composto por apenas 7 Soldados, impediu que os revoltosos soltassem os presos e incendiasse o prédio dos Correios, embora tenha havido  a  invasão  de mais  de  1.000  pessoas e depedração do cartório e Casas Comerciais e quebrado pesos e medidas. Essa mesma cidade  foi  atacada outra  vez, três  dias  depois.  Como  não  havia  mais  papéis nos Cartórios para queimar, nem peso nas Casas Comerciais para ser quebrado, os invasores tentaram libertar os presos, sendo  impedidos  pelo  Destacamento  que resistiu bravamente, auxiliado pela população local.

Em  Campina Grande, a 14 de novembro, em conflito com revoltosos, resultaram feridos o Delegado  da  cidade,  Capitão  João  Peixoto  de Vasconcelos e mais três Soldados.

As  invasões  Ás  cidades ocorriam de forma simultânea e cada vez com mais freqüência. O efetivo da Força Pública, na época era  de  400 homens,  sendo  20  da Banda  de  Música  e 20 de Cavalaria. Com esse efetivo era impossível Á Força Pública, a Manutenção da Ordem naquelas circunstâncias.

Assim, foram formados contingentes da Guarda Nacional em  Campina Grande e Areia, que prestaram relevantes serviços a Ordem Pública.

Diante  das  dificuldades  encontradas, o Presidente da Província recorreu ao Império, que determinou o emprego de  Tropa  de  1ª  Linha ( Exército ), para conter a revolta.

Em  conseqüência,  seguiram  para  Areia,  Campina Grande, Alagoa Grande, Mamanguape e outras cidades, Tropas do Exército,  sediadas  na Capital.

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Essas tropas não mais encontraram resistências.A  20  de dezembro, tinham cessado todos os conflitos e iniciados os processos

de apuração.Esse ataque a Ingá aconteceu num sábado, 21 de novembro de  1874. No

mesmo  dia  outras  localidades  foram  assaltadas. Grupos menores invadiram Campina Grande, Cabaceiras,  Pilar,  Areia,  Alagoa  Grande, Alagoa  Nova,  Bananeiras, Guarabira,  São  João  do  Carirí e outros lugares onde a feira se realizava aos  sábados. Cada  grupo  tem  seu Chefe, mas não se sabe quem é o cabeça do movimento geral. Nas cidades e vilas ocupadas, os Quebra-Quilos, como eram assim chamados, operavam Á vontade, face ao inesperado do ataque e a impotência dos Destacamentos  locais.  O  estilo de assalto era o mesmo para todos os lugares. Queimavam os arquivos municipais, rasgavam os processos dos Cartórios, soltavam  os  presos  das  cadeias,  quebravam  pesos e  medidas  dos estabelecimentos  comerciais  e indagavam da existência de algum maçom no lugar".

5.3. Ação da Força Pública

Antes da explosão da revolta do Quebra-Quilos, a Força Pública já havia tomado providências na tentativa de evitá-la, pois o  acompanhamento  dos  fatos  através das  comunicações dos Juizes de Direito de diversas cidades, inclusive do  Sertão, indicavam  a  sua  iminência. Tanto  é  que,  já na invasão da cidade de Ingá a Força Pública estava presente com reforço de 50 homens que  nada  puderam  fazer,  face  ao elevado número de revoltosos.

A  18  de novembro de 1874, por ordem do Presidente da Província, Silvino Elvídio Carneiro da Cunha, futuro Barão de Abiay, o Comandante Geral da Força Pública Ten Cel Francisco Antônio Aranha Chacon, reuniu todo efetivo disponível  na  Capital  e seguiu  para  o  interior  da Província com o intuito de debelar a revolta.

Em  algumas  cidades,  onde  os  Destacamentos  conviviam  com  a população, os Policiais não ofereciam resistência,  possivelmente  por simpatizar  com  a  causa  dos revoltosos.  Foi o caso por exemplo de Campina Grande, onde 17 presos foram libertados da  cadeia,  a  23  de novembro,  pelos  revoltosos  de  Queimadas.  Não houve resistência da Guarnição, que era composta por 16  Soldados.  Essa  Guarnição  depois juntou-se aos revoltosos.

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CAPÍTULO V

AS CAMPANHAS MILITARES DO SÉCULO XX

1. INTRODUÇÃO

Durante as três primeiras décadas do  Século  XX,  principalmente entre  1926 e  1935,  a  história  da  Polícia Militar da Paraíba foi marcada pela participação em acontecimentos dos  mais  importantes  na historia do país e do Estado.

Nesse período, a Corporação lutou, em l912 na região de Monteiro, no  Cariri paraibano, enfrentando grupos armados liderados pelo caudilho João Santa Cruz; enfrentou a Coluna  Prestes,  em  1926,  no  Alto Sertão  do  Estado;  travou  ferrenhos  combates, em 1930, contra os revolucionários  de  Princesa  Isabel,  dirigidos  pelo  Deputado  José Pereira; participou  bravamente  do  movimento  que  culminou  com  a deposição do Presidente WASHINGTON LUIZ, em 1930; fez parte da

Pacificação de um  movimento  armado,  promovido  por  integrantes  do Exército,  ocorrido  em 1931, no Recife; lutou em São Paulo, em 1932, contra a revolução constitucionalista, e finalmente, em 1935,  combateu a intentona comunista registrada em Natal.

Em cada um desses momentos a Corporação cumpriu a missão  que lhe  foi confiada, sempre enfrentando dificuldades das mais diversas, e, muitas vezes, até com o sacrifício de muitas vidas.

Por ter sempre cumprido sua missão, a Polícia  Militar  passou  a ser cognominada,  inicialmente pela imprensa e depois pela população, paraibana, como "BRIOSA POLÍCIA MILITAR DA PARAÍBA".

Neste capítulo vamos abordar a participação  dessa  Corporação nesses eventos,  analisando, de forma sintética, os aspectos sociais e políticos, de cada  fato, nacional  ou  estadual,  conforme  o  caso, buscando  situar a história da Instituição em um contexto que permita a percepção do seu real valor.

2. A CAMPANHA DE MONTEIRO

A  Campanha  de  Monteiro  foi um conjunto de operações Policiais Militares, que ocorreu  em  1911,  nas  regiões  do  Cariri  e  Sertão Paraibano,  destinada  a combater  grupos  de cangaceiros que, sob as lideranças de Augusto Santa Cruz e Franklin Dantas, buscavam subverter a Ordem Pública  durante  a  campanha  eleitoral  para Presidente  do Estado, ocorrida naquele ano.

O  objetivo  maior  desses  líderes  era  provocar  um  clima de desordem generalizada, que justificasse o Governo Federal intervir  no Estado,  depondo  o Presidente  João  Machado,  facilitando  assim, o desenvolvimento da Campanha oposicionista que  apoiava  o  Coronel  do Exército  Rêgo  Barros,  disputante  da Presidência  do Estado com o Candidato do Governo, João de Castro Pinto.

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2.1. A Origem do Movimento

De 1900 a 1904 a Paraíba foi governada pelo Dr. José Pelegrino de Araújo, integrante do Partido Republicano, que era  chefiado  a  nível estadual pelo Dr. Álvaro Machado.

Na cidade de Lagoa do Monteiro, atual Monteiro, o Juiz era o  Dr. José Joaquim  Neves  e o Promotor era o Dr. Augusto Santa Cruz. Nessa época, era comum os integrantes da Justiça  e  do  Ministério  Público participarem  diretamente  das atividades políticas, exercendo grandes lideranças na Área de seus Municípios.

Ocorreu nessa época, uma disputa política, em que se  defrontavam os Drs. Joaquim Neves e Augusto Santa Cruz, sendo este vencedor.

Dessa refrega política, surgiram fortes inimizades pessoais entre essas autoridades  e  seus correligionários. Buscando apoio político, ambos procuraram o Presidente do Estado, José Peregrino,  que,  talvez por ser egresso da Magistratura, pois era Desembargador aposentado, se aliou  ao  Dr.  Joaquim Neves, o que contribuiu para acirrar os ânimos nos assuntos políticos daquela região.

O Juiz de Sumé, Dr. Peregrino Maia, aliou-se a Santa Cruz.Esse clima de inimizade perdura por muito tempo.Nessa época, os grupos de cangaceiros saqueavam as cidades  de  um Estado  e

fugiam  para outro, dificultando o trabalho da Polícia, que não deviam atravessar as fronteiras. A Região  de  Monteiro,  por  ser fronteira  com  Pernambuco,  era freqüentemente  transitada por esses grupos que invadiam ou fugiam daquele Estado.

A Polícia Militar de Pernambuco, sob o comando do Cap.  Zacarias, em diligências  para capturar o cangaceiro Antônio Silvino, que havia praticado diversos crimes naquele Estado, invadiu a cidade de  Monteiro.  Nessa ocasião, o Juiz da Cidade Joaquim Neves, inimigo pessoal do Promotor Augusto Santa Cruz, deu apoio a ação da Polícia  Pernambucana e  apontou  Santa  Cruz e seus inimigos, como pessoas que protegiam os cangaceiros.

Esse fato fez com que Santa Cruz e seus aliados políticos  fossem molestados pela Polícia Pernambucana.

Revoltado,  Santa Cruz reuniu quantidade de cangaceiros e pessoas amigas, e depois de muita  luta,  expulsou  a  Polícia  de  Pernambuco daquele  Município.  Esse  fato deu  margem  para  que  a Imprensa de Pernambuco passasse a  tratar  Santa  Cruz  como perigoso  bandido  e protetor de cangaceiros.

Em 1910, ainda por força das  inimizades  políticas  advindas  de l904,  grupos de  Correligionários  de  Santa  Cruz  travam  violento tiroteio com partidários de Joaquim Neves, fato ocorrido no  Município de Sumé, na época denominada Santo Tomé.

Esse  fato  resultou  na prisão de Santa Cruz e de seu mais forte aliado, o Maj. Hugo  (Major  era  termo  honorífico,  utilizado  na hierarquia  política  local),  acusados de  mandantes  de homicídios. Impetrado Habeas-Corpus, o Tribunal de Justiça, negou, mas o  Superior Tribunal Federal concedeu.

O  Dr.  Pergentino  Maia,  aliado  de  Santa  Cruz, já havia sido substituído pelo Dr. Eduardo Pereira.

Liberado,  Santa  Cruz,  cercado  de  muitos  cangaceiros por ele contratados, homiziou-se na sua fazenda, denominada Areal e localizada em Monteiro. Com o andamento do processo, Santa Cruz foi  pronunciado, sendo expedido pela Justiça, o seu mandado de prisão.

A  polícia  Militar  foi  encarregada de efetuar a prisão do Dr. Santa Cruz e do Maj. Hugo, na fazenda Areal, sendo  recebida  à  bala. Depois  desse  confronto com a Polícia, Santa Cruz pediu exoneração do cargo de Promotor, sendo  nomeado  para substituí-lo  o  Dr.  Inojosa Varejão.

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Assediado contentemente pela Polícia, na tentativa de invasão da fazenda  para efetuar  a  sua prisão, Santa Cruz resolveu abandonar o Estado. Com essa finalidade, reuniu toda força que  dispunha,  seqüestrou  o  Dr. Inojosa Varejão e outras autoridades de Monteiro e seguiu com destino ao Ceará, liberando gradativamente os reféns, a medida que se afastava da perseguição da Polícia.

No Ceará, Santa Cruz se dirigiu Á cidade de  Juazeiro,  de  onde, através  do Padre  Cícero,  tentou negociar a venda de suas terras ao Governo da Paraíba, sem no entanto lograr êxito.

Em 1911, Santa Cruz voltou a  Paraíba,  disposto  a  refazer  sua imagem. Nessa época foi iniciada a campanha sucessória da Presidência do Estado. disposto a fazer oposição, Santa Cruz se aliou  a  Franklin Dantas, líder político da Área de Teixeira.

O  candidato  do Governo era o Dr. João de Castro Pinto, indicado por Epitácio Pessoa, que  a  partir  de  então,  passou  a  chefiar  a política estadual. Pela oposição, candidatou-se o Coronel Rêgo Barros.

O  sistema  eleitoral e a forma de se fazer política nessa época, com a  adoção do  denominado  voto  de  bico  de  pena,  forma  quase equivalente de voto declarado, impedia que a oposição tivesse qualquer chance  de  vitória.  A  única possibilidade de vitória que a oposição teria, seria a deposição do Presidente João Machado,  através  de uma Intervenção  Federal, que poderia ocorrer entre outros casos, quando o Governo Estadual não fosse capaz de manter  a  Ordem  Pública  no  seu território.

Foi  exatamente o caminho que Santa Cruz escolheu, dando início a uma campanha eleitoral Á base de pressão violenta, através de  saques, invasões  Ás  cidades,  e ameaças  Á  população  do  Cariri e Sertão, planejando inclusive, chegar a Campina Grande  e  João  Pessoa.  Dessa forma foram registradas lutas em Monteiro, Sumé, Taperoá, Patos, Santa Luzia e São João do Cariri.

2.2. Confronto em Sumé Os  confrontos entre a Polícia e os grupos de Santa Cruz tiveram início ainda

em dezembro de 1911.A Polícia Militar, tentando se antecipar a prática  de  desordens em  Sumé,

( que na época era denominada de Santo Tomé )  ameaçada  pelos  grupos armados, partiu de Serra Branca, em direção aquela cidade no dia 27 daquele mês, sob  o  Comando  do Cap. Augusto Lima e do Alferes José Trigueiro Castelo Branco.

Ao  chegar  nas  proximidades de Sumé, em um boqueirão, a Polícia Militar foi emboscada por um grupo de cangaceiros, sob o  Comando  do Maj.  Hugo.  Reagindo  Á ação, os comandados do Cap. Augusto levaram a melhor, fazendo os cangaceiros Á se por em retirada.

Na mesma data, a Polícia Militar ocupou  a  cidade  de  Sumé.  Os Milicianos não  tiveram tempo de comemorar sua primeira vitória, pois no dia seguinte, grande contigente de cangaceiros partindo da  Fazenda Areal,  comandados  por  seu  "Hino", Nego Vicente e Germano, temidos cangaceiros, invadiram a cidade,  obrigando  a  Tropa Policial  a  se retirar.

Sumé ficou sob o controle de Santa Cruz.

2.3. A Invasão de Monteiro

Depois  das  lutas  em  Sumé,  ocorreram  em  Monteiro,  diversos encontros entre cangaceiros e Tropas Policiais.

Na Fazenda Fortaleza, o contigente Policial do Cap. Augusto Lima, que havia combatido em Sumé, foi cercado  por  cangaceiros.  Ao  mesmo tempo,  na Fazenda

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Carrapateiras, o contigente Policial Comandado pelo Cap Genuíno Bezerra e pelo Ten. Elísio Sobreira, também foi cercado.

Vindo de Taperoá, um efetivo Comandado pelo Ten. Raimundo  Rangel de Farias, atacou os cangaceiros pela retaguarda, pondo fim ao cerco e expulsando os cangaceiros da cidade.

2.4. Lutas em Taperoá

No  dia 28 de Março de 1912, grupos de cangaceiros, liderados por Santa Cruz e pelo Nego Vicente invadiram a cidade de Taperoá, na época denominada de Batalhão.

A cidade achava-se guarnecida por 9 Soldados, sob  o  Comando  do Aspençada  Luiz Pereira Lima, conhecido por Luiz Riscão. Aspençada era uma graduação entre Cabo e Soldado.

O chefe político da cidade,  Dr.  Felix  Daltron,  partidário  do Governo e candidato a Deputado Estadual, teve sua casa invadida pelos cangaceiros.  Em  atitude  de humilhação, os cangaceiros desfilaram na cidade exibindo peças íntimas da mulher do  Dr. Felix  Daltron,  numa afronta a moral e aos bons costumes.

Na  Coletoria,  foram quebrados quadros com fotografias do Presidente João Machado. Houve ameaça de se queimar os selos,  porém  Santa Cruz,  conhecedor da Lei, impediu que isso acontecesse, pois sabia que assim fazendo estaria agindo contra o Governo Federal, o  que  poderia trazer prejuízo a seus planos políticos.

Sem  poder  resistir ao grande número de cangaceiros, o Aspençada Luiz Riscão e seus comandados lutaram até esgotar suas munições.  Para evitar  uma  chacina, pois  Riscão  estava  disposto  a  enfrentar os inimigos a punhal, o Dr. Abdon Pontes,  Juiz da  cidade,  intermediou entendimentos  com  os cangaceiros para permitir a saída da Polícia, o que deveria ocorrer pela parte da cidade, oposta a  que  estava  sendo invadida.

Riscão aceitou se retirar, porém impôs a condição de sair com sua tropa  em forma, passando no meio dos cangaceiros e sem ouvir nenhuma pilhéria, pois se isso ocorresse, entraria em luta corpo a corpo.  Os cangaceiros aceitaram e a retirada da tropa se deu nessas condições; Taperoá ficou controlada por Santa Cruz.

2.5. Combates em Patos

Augusto Santa Cruz e Franklin Dantas, a frente de aproximadamente 500 cangaceiros,  invadiram  a  cidade  de Patos no dia 25 de maio de 1912. Havia, nessa época, ameaça de invasão a  Teixeira,  por  isso  a Polícia Militar tinha concentrado tropas naquela cidade.

Em  Patos  o  efetivo  Policial  de  16  homens,  o  que  não foi suficiente para conter a invasão.

Depois de muitos saques, depredação e outros  constrangimentos  Á comunidade, os cangaceiros se hospedaram nas melhores casas da cidade. No  dia seguinte,  o  Bando  armado, deixou Patos e seguiu para Santa Luzia, com objetivos de efetuar invasões e prática de saques.

Santa Luzia tinha sido invadida recentemente,  por  um  grupo  de cangaceiros comandados por Antônio Silvino. A população estava apavorada ainda com esse ataque, quando toma conhecimento da vinda do grupo de Santa Cruz Á Cidade.

Quando a  cidade  foi  invadida  a  população  sem  condições  de resistir aderiu a Campanha de Rêgo de Barros, deixando os cangaceiros sem argumentos para praticar saques e outras desordens.

Em seguida o grupo  de  Santa  Cruz  retorna  a  Patos  para  dar continuidade aos saques e depredações.

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A Polícia Militar, que já tinha sido avisada da invasão de Patos, ocorrida  no dia  25  daquele  mês,  deslocou  a Tropa estacionada em Teixeira, sob o Comando do Maj. Nicodemos Guedes Álvaro de Moura, para dar combate aos cangaceiros.

Nessa invasão, além do Nêgo Vicente e Seu "Hino", achava-se entre os cangaceiros o filho de Franklin Dantas, o Acadêmico de Direito João Dantas, que em 1930 veio a assassinar o Presidente João Pessoa.

No retorno dos  cangaceiros  a  Patos,  ocorreu,  na  entrada  da cidade, violento  confronto  com  a  Polícia Militar, que resultou na derrota dos cangaceiros e sua dispersão. A Paz voltou a Patos.

2.6. Lutas em São João do Cariri

Dispersados em Patos, no dia 26 de Maio, os cangaceiros  voltaram a se reunir no dia 29 do mesmo mês, para invadir Soledade.

Comandados  por  Germano  e  Seu  "Hino",  50  cangaceiros  foram recebidos na entrada de Soledade por uma Comissão composta  pelo  Juiz da  cidade Dr. Severino Araújo e políticos locais, como Sílvio Nóbrega e o Padre Betâneo, que pretendiam negociar para que a cidade não fosse invadida. Desses entendimentos, resultaram o pagamento de 2 Contos  de Reis aos cangaceiros para que não ocorresse a invasão.

De Soledade, os cangaceiros se dirigiram, no dia 31 de Maio, para São  João do  Cariri, onde encontraram resistência do Destacamento da Polícia Militar, Comandado pelo Alferes José Vicente  e  composto  por mais 60 homens.

Ocorreu  cerrado  tiroteio,  mas  a  Polícia acabou cercada pelos cangaceiros.Na madrugada do dia 1º de junho, um contigente Policial Comandado pelo

Ten. Rangel Farias e pelo Sargento Pedro Medeiros,  se  aproximou da  cidade  e  atacou os cangaceiros pela retaguarda, fazendo com que esses batessem em retirada.

2.7. O Término das Lutas

Por interferência  de  Epitácio  Pessoa,  que  gozava  de  grande prestígio  junto ao  Presidente  da  República,  o Marechal Hermes da Fonseca, candidato da oposição ao Governo, o Coronel Rêgo  Barros  foi transferido para Belém do Pará, enfraquecendo a Campanha.

As  eleições  foram  realizadas  no dia 22 de junho e o candidato João de Castro Pinto foi eleito.

Após a campanha,  Santa  Cruz  refugiou-se  em  Pernambuco,  onde recebeu apoio do Governo daquele Estado. Decorrido algum tempo, Santa Cruz se apresentou, foi preso,  julgado  e  absolvido,  e  em  seguida ajudou  na absolvição de seus correligionários. Depois, Santa Cruz foi nomeado Juiz em Pernambuco, onde prestou serviço até ser aposentado.

2.8. Situação da Polícia Militar

Nessa época, a Polícia Militar era denominada de Força  Policial, tinha  um efetivo  de 910 homens e era Comandada pelo TC do Exército, Álvaro  Evaristo  Monteiro. O armamento que a Corporação dispunha era Carabina CONBLAIN, adaptada a Mauzer e Carabina MANULICHER. O Comando Geral era sediado no Quartel da Maciel Pinheiro. Durante as lutas, uma Companhia de Polícia foi deslocada da  Capital  para  Campina Grande, para facilitar o deslocamento das Tropas.

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2.9. Registro Histórico

Esses  fatos  são  relatados na Obra "Gente de ontem, história de sempre" de autoria de Dorgival Terceiro Neto,  reproduzindo  registros feitos  por  Cristino  Pimentel em  sua  Obra "Pedaços da historia da Paraíba".

3. COMBATES COLUNA PRESTES

3.1. A Formação da Coluna

3.1.1. A Revolta de 1922

Deste o  término  da  Guerra  do  Paraguai que segmentos do Exército pugnavam junto  a  hostes  políticas,  por  maior  atenção  e fortalecimento da Instituição, pleiteando seu reaparelhamento e modernização.

A  indiferença e, Ás vezes, até a discriminação, demonstrada pela classe política  a  essa  causa,  fez  nascer  um  sentimento  de insatisfação dentro do Exército, que foi pouco a pouco se acentuando.

Em  1910,  a  campanha sucessória a Presidente da República, disputada pelo Marechal Hermes da Fonseca e Rui Barbosa, foi polarizada em duas correntes: a dos Militaristas,  seguidores  de  Hermes  da Fonseca e dos Civilistas, partidários de Rui Barbosa.

Hermes  da  Fonseca foi eleito, mas não pode desenvolver seu plano de apoio e modernização das Forças Armadas, em razão de pressões políticas.

Em 1922, ocorreu a sucessão de Epitácio  Pessoa,  que  tinha introduzido sensíveis melhoramentos nas Forças Armadas, com a reforma do Exército, o convite de uma  missão  francesa  para  orientar  novos processos de Instrução e Combate, e a construção de muitos Quartéis.

Disputava  a Presidência, apoiado por Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Governador de Minas  Gerais.  Pela  oposição  candidatou-se Nilo  Peçanha,  que  foi Presidente de 1906 a 1910, período em que foi criado o Serviço Militar, o que conferia a esse candidato  a  simpatia dos integrantes das Forças Armadas.

Durante  a  campanha  foi  publicado  em um jornal do Rio de Janeiro, uma carta,  atribuída  a  Artur  Bernardes,  fazendo  sérias críticas aos Militares. Esse fato acirrou os ânimos entre os integrantes  das  Forças  Armadas e os partidários do candidato do Governo. Na troca de críticas, resultou na prisão do Marechal Hermes  da  Fonseca, decretada  por  Epitácio Pessoa. A prisão do maior líder dos Militares agitou ainda os ânimos.

Começou então a se cogitar  um  movimento  armado  entre  os Militares. Tropas  foram  concentradas na Fortaleza de Copacabana, de onde no dia 05 de julho de 1922, foram feitos disparos em  direção  ao Quartel, onde o Marechal Hermes fora preso. Os insurretos contavam com o  apoio  de  Tropas  sediadas  na  Vila Militar e em Realengo. Nesses locais a revolta foi sufocada.

Houve, então luta  contra  os  amotinados  na  Fortaleza  de Copacabana, resultando  a  prisão  de seus líderes, com o desfecho da famosa caminhada dos 18 do Forte, pelas calçadas de Copacabana.

Estava sufocado o movimento, mas as  idéias  Revolucionárias permaneceram.

3.1.2. A Revolta Gaúcha de 1923

Borges de Medeiros governava o Rio Grande do Sul desde 1899. Em 1922 tentava nova reeleição.

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Pela Constituição da República, situação como essa não podia acontecer, mas a Carta Gaúcha permitia, o que gerava grande insatisfação do povo e da classe política daquele Estado.

Em  1922,  a  oposição  indicou  um  velho  político para as disputas. Era Assis Brasil.  A  Campanha  foi  desenvolvida  em  clima tenso. Borges de Medeiros foi eleito mas a oposição alegou fraude.

Borges  de Medeiros toma posse, e em todo Estado teve início em 1923, uma luta armada para sua deposição.

Por intermediação de Artur Bernardes, chegou-se  ao  fim  da luta  com a promessa de Borges de Medeiros não mais disputar o Governo na próxima eleição. Os ânimos serenaram, porém  restaram  ressentimentos.

3.1.3. A Revolta de 1924

Com  a  vitória  de  Artur  Bernardes,  alguns  segmentos da oposição passaram a conspirar em São Paulo.

O General Izidro Dias Lopes, amigo pessoal de Nilo  Peçanha, liderou  um movimento  militar  que  contou com a participação do Cap Juarez Távora, Maj Miguel Costa e Ten Siqueira Campos, este atuando em clandestinidade, por ter participado da "Revolta do Forte de Copacabana, em 1922".

Em poucos dias os Revolucionários tomaram a Capital  de  São Paulo.  Porém, o  Governo,  arregimentando  Tropas sediadas em outros Estados, e contando com a participação de algumas Polícias  Militares, cercou os Revolucionários.

Sem  condições  de  enfrentar os legalistas, os Revolucionários, sob o Comando do Gen Izidro Dias Lopes, se dirigiram ao Paraná.

Do Paraná,  o  Gen  Izidro  Lopes  enviou  Juarez  Távora  e Siqueira  Campos, para  tentar  insuflar Tropas no Rio Grande do Sul, onde conseguiram muitos adeptos, ainda ressentidos com o resultado das lutas ocorridas no ano anterior naquele Estado. O principal  articulador dos Revolucionários Gaúchos era o Cap Luiz Carlos Prestes.

De  imediato,  Tropas  do  Governo  partiram  no encalço dos Comandados de Prestes, que foram obrigados a se dirigir para o Paraná, onde se encontraram com o grupo do Gen Izidro Lopes.

Os 800 homens vindos de São Paulo, e os 700  vindos  do  Rio Grande  do Sul, se uniram formando um só grupo, que com a saída do Gen Izidro, que ficou exilado no Paraguai, passou a ser Chefiado pelo  Maj Miguel Costa, porém ficou conhecida como a Coluna Prestes.

Perseguida por  Tropas  Legalistas,  e  disposta  a  não  se entregar  e  a  não dar  sossego ao Governo, enquanto Artur Bernardes permanecera no poder, a Coluna Prestes percorre quase todo o  Território Nacional.

Necessitando, permanentemente de mantimentos,  a  Coluna  se abastecia de saques que praticava nas cidades por onde passava.

Para  evitar  que  o  Governo concentrasse Tropas suficiente para lhe combater, a estratégia da Coluna era a velocidade de marcha e a constante mudança de direção, que impedia o confronto direto com os legalistas.

Em todos os Estados por onde a Coluna passava,  os  Governos desenvolviam esforços para combatê-la.

Em  fevereiro  de 1926, a Coluna Prestes, vinda do Sertão do Ceará e do Rio Grande do Norte, passou pela Paraíba,  ocasião  em  que travou  lutas  com  a  Polícia Militar, na época com a denominação de Força Pública.

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3.2. Preparação da Defesa

Com as notícias da possibilidade  da  Coluna  Prestes  invadir  o território paraibano, o Presidente do Estado João Suassuna convocou o Comandante da Polícia Militar, Ten Cel Elísio Sobreira, para,  juntos, elaborarem  o plano de defesa. Nessa época a Corporação era denominada de Força Pública.

A estratégia montada consistia, basicamente, nos  seguintes  pontos: -  Deslocamento  de  um  grande efetivo para a Área de fronteira, onde era mais

provável o ingresso da Coluna. - Preparação de emboscadas Á Coluna, principalmente  nos  boqueirões

afastados das Áreas urbanas.-  Reforço  dos  Destacamentos  das principais cidades por onde a Coluna

poderia passar.Para a realização dessa estratégia o Governo contava com o  apoio de  muitos

civis agrupados e armados por lideranças políticas locais, Organizações civis voluntárias de outros Estados, Forças Regulares  do Exército e de outras Polícias Militares.

Pela direção que a Coluna tomava, diante dos combates que recebia nos Estados  do Ceará e do Rio Grande do Norte, o local mais provável de seu ingresso na Paraíba seria a cidade de Belém, no Alto Sertão.

Inicialmente,  um  contingente  de  aproximadamente  200  homens, Comandados  pelo  Capitão  Manuel  Viegas,  deslocou-se  da Capital do Estado para Cajazeiras, onde chegou a 20 de janeiro de 1926.

Desse efetivo fazia parte os Tenentes Elias Fernandes, João Costa e Ascendino Feitosa.

No dia 29 daquele mês,  o  Ten  Cel  Elísio  Sobreira,  chegou  a Cajazeiras, com mais efetivo recrutado em diversos pontos do Estado, e juntamente  com  Voluntários completa  um  total  de 400 homens. Esse efetivo foi deslocado para a cidade de  Belém, com  a  finalidade  de impedir a entrada da Coluna na Paraíba. O Ten Cel Sobreira se instalou em São João do Rio do Peixe, de onde Comandava toda Operação.

Na  cidade de Pombal, a defesa foi organizada pelo chefe político José Queiroga, com o apoio do Deputado José Pereira, vindo de Princesa Isabel para tal  fim,  a pedido  do  Presidente  Suassuna.  A  cidade dispunha  de cerca de 100 civis armados para a luta. Entre os diversos grupos existentes, achava-se um  chefiado  por  João  Parente, figura muito conhecida naquela região.

Em Patos, sede do 2º BPM, instalado no ano anterior, o Cap Irineu Rangel, Comandante daquela Unidade contava com um efetivo de 40 homens aproximadamente e mais grande número de civis, organizados pelo  líder político da região, Miguel Sátyro.

No dia 28 de fevereiro, o Ten José Maurício partiu da Capital com 100 homens em direção ao Sertão. No embarque dessa Tropa houve muitas manifestações de civismo, que  contou  inclusive  com  a  presença  do Presidente  Suassuna. No dia seguinte, o Ten Maurício deixou 50 homens do seu efetivo para fazer a defesa de Pombal e seguiu com  o  restante para São João do Rio do Peixe, se juntando com o Ten Cel Sobreira, que já contava com mais 45 homens.

A cidade de Catolé do Rocha estava guarnecida também por um grupo de 40 civis organizados por Analecto Suassuna.

Piancó  teve  seu Destacamento reforçado no dia 4 de fevereiro. O Destacamento que era Comandado pelo Sgt Arruda, e contava com  mais  5 Soldados recebeu o Ten Antônio Benício e mais 10 Soldados, totalizando 17 homens.

Em  Sousa,  Haroldo  Nazaré,  chefe político, tinha organizado 50 homens para lutar contra a Coluna.

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3.3. A Luta

Informada de que a Tropa do Cap Viegas tinha  tomado  posição  em Belém, para impedir seu ingresso na Paraíba, a Coluna desviou a rota e entrou no Estado, entre Belém e São João do Rio do  Peixe,  tomando  o rumo de Sousa, no dia 5 de fevereiro.

Ao  tomar conhecimento desse fato, o Ten Cel Sobreira deslocou 20 dos seus homens para Sousa e determinou a José Pereira,  que  para  lá deslocasse mais 30 dos seus homens que defendiam Pombal.

O  Ten  José  Guedes  que  Comandava  o  Destacamento de Princesa Isabel, tinha recebido ordens para se deslocar para Sousa, o  que  foi feito a pé.

No  dia  8  de  fevereiro,  a  Coluna  se aproximou de Sousa e se dividiu em duas partes. Uma frente de aproximadamente 100 homens,  sob o  Comando  do  Cap  José Alberto, seguiu em direção a Pombal e outra constituindo o grosso da tropa com mais de 600 homens, seguiu  rumo  a Coremas. A retaguarda da Coluna era defendida por Tropa Comandada por Siqueira  Campos, e no grosso da Tropa seguiam o Gen Miguel Costa e o Cel Carlos Prestes, patentes estas de caráter apenas revolucionário.

A Tropa do Cap Viegas saiu de Belém em perseguição a Coluna.Em  Rio  do Peixe o Ten Cel Sobreira recebeu, ainda no dia 8, um reforço de

200 Voluntários civis,  vindos  do  Ceará,  e  enviou  para Sousa.Esse  grupo  saiu  fazendo  emboscada Á retaguarda da Coluna, da cidade de

Lastro até Coremas.Grupos Comandados por José Pereira,  iniciaram  a  realização  de emboscada

ao  grosso  da  Coluna  que  seguia  rumo  a Coremas. Nesse percurso a Coluna seqüestrou o fazendeiro Manoel  Queiroga,  irmão  do chefe  político  de  Sousa,  José  Queiroga. Esse  fato  determinou a suspensão das emboscadas por se temer que se  elas continuassem,  a vida do fazendeiro estaria em perigo.

A  patrulha do Ten Guedes, que vinha de Princesa Isabel a pé, não foi avisada da decisão de não mais efetuarem emboscadas. Dessa  forma, nas proximidades de São Francisco, em Sousa, ocorreu um encontro entre a  patrulha  do  Ten  Guedes  e a retaguarda da Coluna, ocasião em que foram registradas várias baixas na Tropa Revolucionária.

Com a passagem do grosso da Coluna por Sousa, toda  a  Tropa  ali instalada seguiu em perseguição aos Revolucionários.

Na  tarde  daquele  dia,  a  cidade  de Coremas foi ocupada pelos Revolucionários.

Nessa mesma data, a parte da Coluna Comandada por  João  Alberto, denominada  de  Flanco  Esquerdo,  passou  por  fora de Pombal. A essa altura o Ten Benício tinha saído de Patos para levar  arma  e  munição para  a  Tropa  de Pombal. Eram 40 fuzis e 3.600 cartuchos. No caminho entre Patos e Pombal, o Ten Bonifácio, que viajava  em  um  caminhão, apenas  com  o motorista e um Sargento, foi surpreendido pela Tropa de João Alberto. Sem poder resistir,  o  Ten  Benício  foi  preso  e  o caminhão incendiado.

Com  a  demora de comunicação do Ten Benício com o 2º Batalhão, o Comandante daquela Unidade, Cap Irineu Rangel, sabendo da possibilidade do encontro daquele  Oficial  com  a  Tropa  inimiga,  preparou  um efetivo e saiu a sua procura.

Próximo a localidade de URTIGA  em  Malta,  ocorreu  um  encontro entre as tropas  de Rangel e de João Alberto, resultando o recuo dos Revolucionários.

Grupos de civis comandados por João Parente saíram de Pombal para fazer emboscadas Ás Tropas inimigas na localidade de Paraty e Barreto, nas proximidades de Patos.

Na noite do  dia  8  de  fevereiro,  a  Coluna  de  João  Alberto acantonou em Santa Gertrudes, proximidades de Patos.

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A  Tropa  de  Irineu  Rangel, contornando Santa Gertrudes, voltou para Patos  e ainda  de  madrugada  organizou  a  defesa  da  cidade, construindo trincheiras com auxílio da população.

Pela  manhã, a cidade achava-se fortificada e pronta para a luta. Nesse mesmo dia, chegou a Patos, pelo trem, um contigente  da  Policia Militar do Ceará, para apoiar os legalistas.

João  Alberto  desistiu  da  invasão e seguiu rumo a Catingueira, naquela mesma manhã.

Ainda na madrugada do dia 9, o Ten Manoel Marinho partiu de Patos com um reforço de 10 Soldados para Piancó, onde  chegou  Ás  primeiras horas  da  manhã. Completava-se, assim um efetivo de 27 homens para a defesa naquela cidade.

A notícia da ocupação de  Coremas  pelas  Tropas  Revolucionárias chegou  a Piancó  no  início  da  noite  do  dia 8, fazendo com que a população fugisse da cidade.

3.4. Chacina de Piancó

O Padre Aristides, líder político de Piancó, se dispôs a auxiliar a defesa da cidade com a  ajuda  de  um  grupo  de  amigos  fortemente armado.

A  defesa  da  cidade foi organizada com a construção de piquetes nos seus diversos pontos de acesso.

O Ten Manoel Marinho acabava  de  chegar  e  estava  distribuindo munição nos piquetes quando teve início o tiroteio. Era aproximadamente 7 horas da manhã.

A  Coluna  ingressava  na  cidade  tendo  a frente o Capitão Luiz Farias, a cavalo, e trajando vistoso uniforme. Alguns  escritos  sobre os fatos indicam que a Coluna iniciou o tiroteio. Outros afirmam que o primeiro tiro foi dado pela defesa. O fato é que o Cap Luiz Farias foi morto  instantaneamente,  provocando  grande  revolta  do  restante da Coluna, que passou a atuar de forma selvagem.

Aproximadamente Ás 12:00 horas, reconhecendo a desvantagem, sobre tudo numérica, o Destacamento recuou, deixando a cidade.

O Padre Aristides e seus amigos continuaram lutando, até acabar a munição.Utilizando-se de  granada  de  gás  uma  patrulha  Revolucionária ingressou  na

casa  paroquial,  onde se achava entrincheirado o Padre Aristides e seus amigos, efetuando a  prisão  de  todos,  exceto  uma mulher  que  tinha  sido  convocada  pelo  Padre Aristides para fazer comida.

Todos os prisioneiros foram sangrados e jogados em um barreiro de lama. Morreram 23 civis e 2 soldados.  Dos  soldados  que  conseguiram sair da cidade, 3 ficaram feridos.

Em  seguida, foi efetuado violento saque na cidade, com queima de prédios públicos, inclusive a Prefeitura, a Coletoria e o cartório. As casas comerciais foram arrombadas  e  delas  retiradas  tudo  que  era possível, o que não podia ser levado era destruído.

Só  na manhã seguinte deixaram a cidade rumo a Tavares e Princesa Isabel.

3.5. A Coluna Segue a Marcha A Tropa do Cap Viegas, que perseguiu o  grosso  da  Coluna  desde Belém,  já

contando com o apoio das Tropas que estavam estacionadas em Sousa, seguiu os Revolucionários, travando diversos combates com a sua retaguarda.

Quando a  Coluna  deixou  Coremas  em  direção  a  Piancó,  armou diversas emboscadas  para  a  Tropa  de  Viegas  a fim de reduzir sua velocidade de marcha. Dessas emboscadas resultou gravemente  ferido  o Oficial Revolucionário, conhecido por Cap Preto.

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Esses  combates não permitiram a Tropa Legalista chegar a Piancó, em tempo de impedir a chacina.

Na manhã do dia 10 de fevereiro, a Tropa do Cap Viegas entrou  em Piancó. No mesmo dia a Tropa Revolucionária de João Alberto, vindo de Catingueira, tentou invadir Piancó, mas foi rechaçada pelo Destacamento do Cap Viegas. Contornando a cidade  a  Tropa  inimiga  seguiu  na direção de Pernambuco.

Ainda no dia 10, o grosso da Coluna efetuou a prisão, em Tavares, de um grupo de homens que ia para Piancó se juntar ao Padre Aristides.

Nessa  ocasião,  faleceu o Cap Preto, Oficial desertor da Polícia Militar de São Paulo, tendo se juntado a  Coluna,  e  que  havia  sido ferido  nos  combates  de emboscadas de Coremas. Em represália a esse fato, a Coluna executou os prisioneiros. Entre os prisioneiros  estava o  motorista  do Juiz de Pombal, Dr. Irineu Alves. Em meio ao tiroteio de execução, o motorista foi ferido  e  se  fez  de  morto  dentre  os cadáveres dos outros presos, escapando depois da retirada da Coluna.

No  dia  17  de  fevereiro,  o  Ten Cel Sobreira chegou a Piancó, acompanhado de uma Tropa da Polícia Militar de São  Paulo,  que  havia chegado  a  Cajazeiras  no dia 9 daquele mês, para apoiar a Polícia da Paraíba. Nesse mesmo dia o fazendeiro Manoel Queiroga passou em Piancó depois de liberado pela Coluna.

O Ten Benício também tinha sido liberado pela  Coluna  desde  o dia 10, Próximo a Catingueira.

Com  a  chegada do Ten Cel Sobreira em Piancó, o Cap Viegas e sua Tropa, foi deslocada  para  a  Área  de  Princesa,  para  prevenir  um possível  retorno  da  Coluna, que  já  se  encontrava em lutas com a Polícia Militar de Pernambuco, naquele Estado.

No dia 27 de fevereiro, a Tropa de Voluntários  Civis  do  Ceará, formada de aproximadamente 200 homens, que desde o dia 8 se juntara as Tropas  Paraibanas, seguindo o Destacamento do Cap Viegas até Piancó, retornou ao seu Estado.

A tropa de São Paulo, que veio  com  o  Ten  Cel  Sobreira  desde Cajazeiras, também regressou de Piancó.

Ainda  nessa  data,  passou  por  Conceição,  vindo  do Ceará com destino a Pernambuco, uma Tropa formada  por  400  homens  da  Brigada Militar do Rio Grande do Sul e 150 da Polícia Militar do Piauí, que ia combater os Revolucionários em Pernambuco.

Em seguida, o Ten Cel Sobreira seguiu para Patos de onde Comandou a desativação do esquema de defesa, retornando a seguir para a Capital do  Estado, reassumindo o Comando da Força Pública, que nesse período foi assumido interinamente, pelo Maj Adolfo Atayde.

3.6. A Intentona de Cruz das Armas

Ao mesmo tempo em que ocorreu a invasão ao território  paraibano, pela Coluna  Prestes,  no  Alto  Sertão, aconteceu em Cruz das Armas, Capital do Estado, um importante acontecimento, intimamente relacionado com o movimento revolucionário.

Dois Oficiais desertores do Exército, juntamente com um grupo  de Marinheiros, também desertores, tentaram organizar um movimento armado de  apoio  a Coluna  Prestes  e  de desafio ao Governo. Para esse fim tentaram atrair Oficiais da Força Pública. Na madrugada do  dia  5  de fevereiro  de  1926,  simulando  simpáticos  ao movimento,  em  plano adredimente preparado, os Tenentes Manoel Benício e João Francelino, a frente de uma patrulha de 42 praças, se dirigiram ao encontro do grupo revolucionário para prendê-lo. Houve reação e  tiroteio,  porém  todos foram  presos.  O Presidente João Suassuna, esteve presente ao local, acompanhado do Dr. Severino Procópio, Chefe de Polícia.

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Os Oficiais presos foram  o  Capitão  Serpa  Malta  e  o  Tenente Aristóteles  de Souza  Dantas,  que  juntamente com os demais presos, foram enviados a Região Militar, em Recife, onde foram processados.

Em 1931, depois de anistiados, o Ten Aristóteles de Souza Dantas, já como Capitão, Comandou a Polícia Militar, a convite do Ministro  da Aviação e Obras Públicas, o Dr. José Américo.

Em 1932, quando já tinha deixado o Comando da Polícia Militar, na época denominada de Brigada  Policial,  o  Cap  Aristóteles  de  Souza Dantas,  comandou  um dos  Batalhões  da  Paraíba que foi a São Paulo combater a Revolução Constitucionalista.

3.7. Outras Tropas

Enquanto  esses  acontecimentos  se  desenvolveram no interior do Estado, diversos Corpos de Tropas  do  Exército  e  de  outras  Forças Públicas,  trafegavam pelo litoral do Nordeste estudando o momento e o local  de  desembarque  que  lhes  colocassem em  melhor  posição  de confronto com a Coluna Revolucionária.

Alguns  desses contigentes chegaram a se alojar em Campina Grande durante pequenos períodos.

Um Batalhão do Exército, vindo  do  Rio  Grande  do  Sul,  sob  o Comando do  Cel  Dracon Barreto chegou em Campina Grande no dia 11 de fevereiro de 1926.

Outro grande contigente, formado por efetivo das Polícias Militares do Rio de Janeiro e de Alagoas, também esteve instalado em Campina Grande na mesma época. Porém essas Tropas não  chegaram  a  entrar  em combate.

No dia 15 daquele mês, todos já haviam se retirado.

3.8. Comunicação

Na  época  dessas  lutas,  alguns  Destacamentos da Força Pública possuíam serviço  de rádio telégrafo. Existia também esse serviço nas Coletorias, denominadas de mesas de rondas, nos Postos de  Serviço  de Obras Contra as Secas e nas Estações Ferroviárias.

Existia uma linha férrea que ligava o Ceará Á Paraíba, através de São João do Rio do Peixe. Dessa cidade partia linha até a  Capital,  o que facilitava o deslocamento de tropa e a comunicação telegráfica.

Era  por esses meios que os Comandantes das Tropas se comunicavam entre si e com o Presidente João Suassuna.

Esses telegramas foram publicados no Jornal a União do dia 20  de janeiro até o dia 30 de março de 1926.

3.9. Lampião e a Coluna Prestes

A  cidade  de  Juazeiro,  sob  a  liderança do Padre Cícero Romão Batista, era uma das bases de resistência Ás ações da Coluna  Prestes. Depois  de passar pela Paraíba, a Coluna foi até a Bahia e retornou em direção ao Sertão do Ceará até as proximidades de Juazeiro.

Nessa época, o bando de Lampião  foi  chamado  a  Juazeiro,  pelo Padre Cícero, para ajudar os legalistas na luta contra os Revolucionários.

Por  ordem  do  Padre  Cícero,  um  funcionário  do Ministério da Agricultura, de nome Pedro de Albuquerque Uchôa, redigiu um  documento nomeando,  os cangaceiros, Lampião, Antônio Ferreira e Sabino Barbosa, a Capitão, 1º Tenente  e  2º  Tenente, respectivamente,  para  nesses postos se incorporarem as Tropas Legais.

O documento, sem nenhum valor legal, tinha a seguinte redação:

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"Nomeio,  ao  posto  de  Capitão, o cidadão Virgulino Ferreira da Silva, a Primeiro Tenente, Antônio Ferreira  da  Silva  e,  a  Segundo Tenente,  Sabino  Barbosa  de Melo, que deverão entrar no exercício de suas funções, logo que deste documento se apossarem.

Publique-se e cumpra-se.

Dado e passado no Quartel General das Forças Legais em  Juazeiro, 12 de abril de 1926.

(a) Pedro de Albuquerque Uchôa.

Entretanto,  Lampião  nunca  chegou  a  se defrontar com a Coluna Prestes.

4. A CAMPANHA DE PRINCESA

4.1. Origens do Movimento

4.1.1. O "NEGO" João Pessoa Cavalcante de Albuquerque, foi eleito Presidente do Estado da

Paraíba em 1928, defendendo  uma  plataforma  de  Governo caracterizada  pela austeridade administrativa e restauração dos princípios da ética política.

Ao efetivar esse projeto, como era natural,  inúmeros  interesses políticos foram contrariados, inclusive de muitos correligionários do Governo.

Egresso da magistratura, onde exerceu as funções de Ministro do  Superior Tribunal  Militar,  João  Pessoa  exerceu  o Governo com imparcialidade e voltado para os problemas sociais, de tal forma  que, de  imediato, angariou a simpatia do povo, tornando-se um grande líder popular.

A firmeza de suas posições e os princípios que defendia, fez com que, aos poucos se  afastasse  do  Governo  Federal,  o  que  foi, finalmente,  formalizado  em  29 de  julho  de  1929, quando negou ao Presidente Washington Luiz, o apoio solicitado a candidatura  do  seu sucessor  Júlio Prestes.  Esse fato, conhecido como o "Nego", fez com que João Pessoa ganhasse notoriedade em todo território nacional, face a peculiaridade do momento  político  e  a  coragem  e  independência política que a decisão representava, considerando o grau de dificuldade que qualquer Estado teria, naquela época, para sobreviver sem apoio do  Governo Federal. Apenas Minas Gerais e Rio Grande do Sul assumiram essa posição.

4.1.2. O Rompimento Político com o Deputado José Pereira

Em meio a esse clima de efervescência política, João  Pessoa acabou  se tornando candidato a Vice-Presidente da República, na Chapa de Getúlio Vargas. As eleições seriam realizadas no dia 1\  de  Março de 1930.

Iniciada  a  campanha,  João  Pessoa  empolgou  o eleitorado paraibano, onde, como seria natural, se esperava uma vitória com larga maioria.

O Deputado Estadual José Pereira, líder  político  com  base eleitoral  em Princesa, cidade localizada no Sertão Paraibano, era um dos grandes aliados políticos de João Pessoa.

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No dia 18 de  fevereiro,  João  Pessoa,  em  plena  Campanha Eleitoral,  visitou José Pereira, em sua residência, onde foi recebido com todas as honras de Chefe de Estado e de grande líder popular.

Uma das mudanças que João  Pessoa  defendia  era  a  reforma eleitoral, com a instituição da Justiça Eleitoral e do voto secreto, o que  por certo, não agradava aos políticos tradicionais que se elegiam através do chamado voto de cabresto ou dos currais eleitorais.

Essas idéias, por certo, inquietava a José Pereira e  tantos outros Coronéis da Política.

Esse  fato  e  uma  possível  ligação com o Governo Federal, podem ter contribuído para que José Pereira, já no final  da  campanha resolvesse romper politicamente com João Pessoa, o que foi formalizado através  de  um Radiograma datado de 23 de fevereiro, portanto, 6 dias antes da eleição.

A justificativa apresentada por José  Pereira  foi  confusa, ora  se  reportando  a sua exclusão da lista de candidatos a Deputado Federal, feita por João Pessoa, ora alegando  comentários  desairosos feitos  pelo  Presidente  contra  sua  pessoa, em reunião da cúpula do Partido Governista. O fato é que a partir  de  então  -  José  Pereira rompia politicamente com João Pessoa.

4.1.3. Objetivos da Luta Armada

Para  afastar  João  Pessoa do poder, José Pereira pretendia criar um clima de desordens na Paraíba, que  justificasse  ao  Governo Federal efetuar uma intervenção no Estado.

Para  tanto,  grande  número  de  cangaceiros da região e de outros Estados, foi recrutado, para, sob orientação de  José  Pereira, ocupar  as  cidades  vizinhas  a  Princesa, em  atitude de desafio ao Governo Estadual. Inicialmente foram ocupadas as  cidades  de Santana dos Garrotes, Nova Olinda, Imaculada, Água Branca e Teixeira.

Dispondo  de  armamento e munição fornecido, sutilmente pelo Governo Federal, e pago a razão  de  3  mil  réis  por  dia  por  José Pereira, o número de cangaceiros foi cada vez mais aumentando.

No  dia  1\  de  março,  grupos  de  cangaceiros impediram a realização das eleições em Santana dos Garrotes e Piancó.

Estava deflagrado o movimento.

4.2. Os Preparativos do Governo Para a Luta

O 1\ Tenente João da  Costa  e  Silva  se  encontrava  em  Areia quando,  no dia  2 de março de 1930, foi informado, pelo Dr. Severino Procópio, Chefe de Polícia, da decisão do Presidente João  Pessoa,  de desloca-lo  para  o Sertão a fim de organizar uma Tropa para combater os insurretos de Princesa.

Reunindo em Patos, os Destacamentos de Campina  Grande,  Cabaceiras, Barra  de  Santa Rosa, Serraria, São José dos Cordeiros, Patos e Sousa, o Ten Costa formou no dia 4 de março, um efetivo de 55 Praças e mais os 2º Tenentes Severino Alves de Lira,  Raimundo  Nonato  e  José Guedes.

Informado  de  que  a  cidade  de  Teixeira  estava prestes a ser invadida por grupos armados, a mando de José Pereira, o  Ten  Severino Alves de Lira, com um efetivo de 20 Praças, partiu de Patos pela manhã do  dia 4 de março, a fim de reforçar o Destacamento daquela cidade. A essa  altura  o  Ten  Costa  se  achava  em  Sousa, providenciando  o recrutamento de efetivo.

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Na tarde daquele dia chegou a Patos, vindo da Capital, um efetivo de 30 Soldados recrutas, sob o Comando do Ten Elias Fernandes.

A  noite,  o  Ten Costa com uma patrulha de 38 homens, se dirigiu também a Teixeira, chegando Ás proximidades daquela cidade Ás  primeiras  horas  da  manhã  do dia seguinte, no momento em que um grupo de cangaceiros tinha iniciado o ataque àquela localidade.

A defesa da cidade era feita pela patrulha do Ten  Alves  Lira  e pelo Destacamento  local, formado por 5 Soldados, Comandados pelo Ten Acendino.

Atacados pela retaguarda, pela patrulha  do  Ten  Costa,  e  pela frente,  pelo Destacamento da cidade, os cangaceiros depois de 4 horas de tiroteio fugiram, em direção a Imaculada, deixando 8 mortos.

Finda a luta, na tarde do dia 5 de março, o Ten  Costa  deixou  o efetivo  em alerta, em um ponto estratégico, e voltou a Patos, de onde retornou na manhã seguinte, conduzindo o Ten Elias Fernandes e seus 30 recrutas e mais algumas Praças reunidas naquela cidade.

A partir de então, o Ten Costa passava a dispor de um efetivo  de 112  homens, que  passou  a  ser denominada de Coluna Costa ou Coluna Leste.

4.3. Os Meios Humanos e Materiais

O efetivo da Força Pública, denominação da  Polícia  Militar,  da época,  em 1930, era de 870 homens, conforme definia a Lei nº 697, de 11 de novembro de 1929.

Com esse efetivo, não era possível dar combate aos cangaceiros de Princesa e manter a Ordem Pública em todo Estado.

No dia 6 de março daquele ano, foi criado um Batalhão Provisório, destinado a recrutar efetivo exclusivamente para combater o  movimento de Princesa.

Nesse Batalhão eram incluídos civis comissionados como Oficiais e convocados  Oficiais  reformados.  Para  comandá-los foi chamado o Cap reformado Irineu Rangel.  O  Batalhão  Provisório  previa  reunir  um efetivo de 800 homens, porém, nunca chegou a ficar completo.

Sem  tempo  para  que fosse efetuado um treinamento, esse efetivo era militarmente desaperrado, resultando do fato, muitas deserções.

O armamento que a Corporação dispunha nessa época, era basicamente Fuzil Mauser modelo 1895 e modelo 1908, Manuliche e Comblain.

Mas o que mais preocupou os Comandantes, foi a falta de  munição. Era muito difícil para o Presidente João Pessoa adquirir qualquer tipo de  material bélico, em virtude de permanente vigilância exercida pelo Exército, que por ordem de Washington Luiz, não permitia que  chegasse ao Governo, condições de combater os cangaceiros de Princesa.

Outro  dilema  para  a  Tropa  que  vivia na prática de Patrulhas Volantes, em perseguição  a  cangaceiros,  era  o  desconforto  que  o fardamento e o equipamento convencionais provocavam.

Para  melhor  se  enquadrar  ao  meio e a missão, a Coluna do Cap Costa fez as seguintes adaptações no fardamento e equipamentos:

- Alpargatas, ao invés de borzeguins e perneiras; e,- Bornais de lona, substituindo as mochilas convencionais.Com essas adaptações, a tropa ganhava mais mobilidade.O problema mais sério enfrentado pelas Colunas que  combateu  em 1930,

entretanto,  foi  o  de  mantimento.  Por  falta  de  recursos, inclusive transporte, não era possível manter  ligação  e  suprimentos suficientes  aos  diversos  pontos,  onde as Tropas se instalavam. Por conta disso, eram escaladas patrulhas para  nas  redondezas,  onde  as tropas  se achavam, colher mantimentos. Era feijão, milho, gado, bode, galinha, sal,

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rapadura, fumo, e até  utensílios  domésticos  que  eram colhidos nos sítios abandonados ou tomados dos proprietários.

Deve-se ter cometido muitos abusos nessas ocasiões.

4.4. O Plano de Ação

Profundo conhecedor da área onde estava atuando, e do inimigo que combatia, o  Ten  Costa,  após  a luta de Teixeira, elaborou um plano geral para o  combate  ao movimento  de  Princesa,  que  obedecia  ao seguinte:

- Princesa seria atacada por 3 pontos:

Uma  Coluna, seguindo o eixo Teixeira, Imaculada e Água Branca, aguardaria em Tavares o momento  do  ataque.  Seria  a  Coluna Costa ou Coluna Leste.

Outra  Coluna,  partindo  de Piancó, aguardaria em Nova Olinda. Seria a Coluna Centro.

A Terceira Coluna, denominada Oeste, partindo  de  Conceição, aguardaria o momento do ataque em Lagoa Nova, atual Manaíra.

Esse  plano  foi  enviado  aos  Escalões  Superiores  e  com pequenas modificações começou a ser montado.

O efetivo de cada Coluna deveria ser em torno de 100 homens, pois, segundo raciocinava o Ten Costa, esse seria um efetivo fácil  de se mobilizar e, portanto, apto aquele tipo de luta.

4.5. Atuação da Coluna Leste

4.5.1. A Tomada de Imaculada

Vencidos  os  cangaceiros  em  Teixeira,  o  Ten Costa organiza a Coluna, e parte em perseguição ao  inimigo  que  fugiu  em  direção  a Imaculada.

Deixando  um efetivo em Teixeira sob o Comando do Ten Acendino, a Coluna partiu com aproximadamente 100 homens, Ás 16:00 horas do dia  7 de  março,  pernoitou no sítio Coronel, na estrada que liga Teixeira Á Imaculada, e no dia seguinte (08/03), efetua a marcha  de  aproximação para Imaculada, chegando Ás suas cercanias Ás 09:00 horas.

Com  os  Pelotões  do Ten Lira pelo flanco direito, do Ten Guedes pelo flanco esquerdo e do Ten Elias Fernandes pelo  centro,  o  ataque foi iniciado, pegando de surpresa os cangaceiros.

Como  a Coluna dispunha de pouca munição, a ordem foi economizar, instigando os cangaceiros a atirar, o que era feito com facilidade.

Logo se percebia que a munição  dos  cangaceiros  começava  a  se acabar. Mesmo  assim  a  luta  durou  até Ás 14:00 horas, quando, sem munição o inimigo começou a fugir, abandonando  as  posições  que  era logo ocupadas pela Coluna.

Imaculada estava em poder da coluna Costa no dia 9 de março.Tomadas as medidas de segurança com a construção de trincheiras e instalação

de piquetes, a Coluna comunicou a Patos o resultado da luta e ficou aguardando ordens.No  dia  12 de março, chegou Á Coluna um reforço de 20 homens e 3 mil

cartuchos.No dia seguinte, o Cel Aragão Sobrinho, Oficial do Exército,  que Comandava

a  Força  Pública,  comunicou que estava em Patos com o EM, para Comandar a Operação e que a Coluna  se  mantivesse  em  Imaculada aguardando ordens.

Mais  10  homens  foram  incorporados a Coluna, no dia 16 daquele mês.

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O Estado Maior saiu de Patos e se instalou em Piancó no dia 17 de março. Dessa cidade, com efetivo recrutado para o Batalhão Provisório, Comandado pelo Cap Irineu Rangel,  eram  organizadas  as  Colunas  que iriam atacar pelo oeste e norte de Princesa.

4.5.2. A Ocupação de Água Branca

A  Coluna  Costa recebeu do Cap Irineu Rangel, na manhã do dia 24 de março, ordem de partir de Imaculada e ocupar Água Branca.

Ás 14:00 horas daquele dia a Coluna, deixando um  efetivo  de  20 homens  em Imaculada  para  garantir  a ligação com Teixeira e Patos, partiu para Água Branca. Depois de  pernoitar  no  sítio  Escuma,  nas proximidades  de  Água  Branca,  a  Coluna  ocupou aquela  cidade sem encontrar resistência, na manhã do dia 25 de março. O inimigo já tinha fugido em direção a Tavares.

No dia 26, o Ten Costa manteve entendimentos pessoais com  o  Cap Irineu Rangel,  que  estava  com  sua  Tropa nas proximidades de Água Branca e juntos combinaram um plano para atacar Tavares.

Ficou definido que  a  Coluna  do  Cap  Rangel  estacionaria  nas proximidades de  Tavares no lado norte, aguardando que a Coluna Costa iniciasse o ataque pelo lado leste, para também atacar.

A essa altura os Tenentes Raimundo Nonato e Acendino Feitosa, que tinham ficado em Teixeira, quando a Coluna Costa de  lá  saiu,  já  se encontrava  em Piancó, organizando patrulhas para realizar diligências pelo lado oeste de Princesa.

4.5.3. A Tomada de Tavares

Deixando 25 homens sob o Comando do Sgt Manuel  Ramalho  em  Água Branca,  a  fim  de  garantir  a  ligação  com  Patos, via Imaculada e Teixeira, a Coluna Costa partiu de Água Branca em direção  a  Tavares, na  manhã  do dia 27 de março, com um efetivo de 110 homens, armados a base de 100 cartuchos cada.

Pernoitando no Sítio Glória naquele dia e no Sítio Gavião no  dia seguinte, a Coluna se aproximou de Tavares às 16:00 horas do dia 29 de março.

Depois  de  efetuar  um  amplo  reconhecimento  do  terreno  e da situação, o Ten Costa se dispôs a iniciar o ataque Á noite, o que  não era comum em tais circunstancias.

Com  o  Pelotão do Ten Lira pelo flanco esquerdo, e do Ten Guedes pelo flanco direito e do Ten Elias pelo centro o ataque  foi  iniciado Ás  18:00  horas,  pegando os  cangaceiros  de  surpresa.  Ainda  com dificuldades com munição, a tática de economia de tiro e instigação do inimigo foi repetida, pela Coluna. O tiroteio durou toda noite.

Pela manhã, em conseqüência da claridade, o Pelotão do  Ten  Lira ficou exposto  aos  fogos  dos  inimigos,  obrigando um recuo daquele setor, ocasião em que morreram 6 Soldados e 10 ficaram feridos.

O Ten Costa improvisou, na retaguarda da posição da  Coluna,  uma enfermaria para atender aos feridos.

Uma  Esquadra,  do  Pelotão do Ten Elias, deixou, sem ordens, sua posição e se dirigiu para a enfermaria, o Ten  Costa  fez  a  Esquadra voltar  e  quando ela tomara posição foi atingida, morrendo 1 Cabo e 1 Soldado.

Ainda na manhã do dia 30, um grupo de cangaceiros, contornando  a posição da  Coluna, atacou a enfermaria improvisada, pela retaguarda, utilizando arma automática. O Ten Costa, recolhendo um homem  de  cada posição  formou  uma  patrulha  sob  o Comando do Ten Manoel Coriolano Ramalho, que contornando a posição dos atacantes, contra-atacou  pela sua  retaguarda.  Utilizando séries de tiros sincronizados, a patrulha do

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Ten Ramalho simulou emprego de metralhadora o que causou pânico  ao inimigo que se pôs em retirada.

Ás  16:00 horas começaram a enfraquecer as posições dos cangaceiros. Uma hora depois a cidade estava tomada pela Coluna Costa.

A luta foi tão intensa que o Ten  Costa  e  seus  comandados  não perceberam que, desde as primeiras horas da manhã do dia 30, a Coluna do Capitão Irineu Rangel também atacava  a  cidade  pelo  lado  norte, conforme se havia combinado.

Só  depois  da ocupação da cidade foi possível o contato entre as Colunas.Desse combate resultaram 8 mortes, 10  feridos  e  28  deserções, reduzindo a

Coluna a um efetivo de 64 homens.No dia seguinte (31/03), a Coluna do Cap Irineu Rangel retornou a Piancó,  e  o

Ten  Costa  iniciou  a  fortificação  da  cidade, com a construção de trincheiras, e pediu reforço e munição ao EM, sediado em Piancó.

No dia 3 de abril, por ato  de  bravura,  foram  promovidos  pelo Presidente João Pessoa: A Capitão, o 1º Ten João da Costa e Silva; e a 1º  Tenente  os  2º  Tenentes José Guedes da Silva, Elias Fernandes e Severino Alves de Lira.

O reforço solicitado pela Coluna Costa, chegou a Tavares no dia 5 de abril. Era um Pelotão de 30 homens Comandado pelo Tenente  Raimundo Nonato, conduzindo 5 mil cartuchos.

4.5.4. O Cerco de Tavares

Depois  de fortificada a defesa de Tavares, o Cap Costa iniciou o reconhecimento do terreno nas cercanias da cidade.  Havia  indício  da presença  de cangaceiros nas proximidades. Na manhã do dia 7 de abril, uma Patrulha de Reconhecimento foi emboscada  e  teve  de  retornar  Á cidade  com  urgência.  Na  tarde daquele dia Tavares foi atacada por todas as direções, iniciando-se um cerco que durou 18 dias.

No dia 8,  um  Soldado  foi  morto  quando  transitava  entre  os piquetes. Esse fato fez aumentar as precauções da Coluna.

Para  evitar  se transitar pelas ruas, foi construído uma espécie de corredor ligando as casas entre si, através de buracos  feitos  nas paredes das casas conjugadas. Nas ruas foram feitas valas atravessadas que ligavam os corredores entre as casas.

Para  fazer economia de munição, a Coluna respondia aos tiros dos cangaceiros com gritos, insultos e pancadas em latas, portas,  janelas ou  outros  meios  capazes  de fazer  barulho, provocando o inimigo a atirar mais ainda.

Foi descoberto, dentro de uma  casa,  uma  cacimba  de  onde  era retirada água para  abastecimento  da  Coluna.  Nos paios das casas também foi encontrado grande quantidade  de  milho  que  serviu  como alimentação.

Toda  alimentação  era  a base de milho, inclusive uma espécie de chá, que denominavam de café.  Esse  chá  era  adoçado  com  rapadura, também  encontrado naquela cidade. A rapadura era racionada a base de uma para cada 6 homens durante 3 dias. A  comida  era  feita  por  uma mulher  de  nome  "Chiquinha", viuva de um Soldado e que acompanhava a Coluna desde Teixeira.

A iluminação era feita com velas e pavios de  folhas  e  gravetos molhados de azeite de carrapateira.

No  dia  9 de abril, furando o cerco do inimigo, chegou a Tavares um reforço de 27 Soldados Comandado pelo Sgt Afonso Costa. A Coluna, a partir de então, passou a contar com um efetivo de  121  homens  aptos para o combate.

A  vigília  era  permanente,  com  o  efetivo  se  revezando e os Oficiais em constante fiscalização.

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Nas horas vagas, a diversão dos Soldados era improvisar versos ou recitar as letras de folhetos de cordéis, ou ainda, amolar  as  facas-peixeiras que conduziam presas ao cinto com o cabo para baixo.

Tomando  conhecimento da situação de Tavares, o Cap Irineu Rangel com sua Coluna, partiu de Piancó, no  dia  23  de  abril,  em  direção àquela cidade.

Atacando o inimigo pela retaguarda, o Cap Rangel pôs fim ao cerco a Tavares no dia 25 de abril.

Restaurado  o  sossego em Tavares, a Coluna do Cap Rangel partiu, no dia 29, de volta a Piancó, indo se encontrar,  na  Fazenda  Glória, perto  de  Água Branca, com uma patrulha sob o Comando do Ten Benício, que vinha da Capital  do  Estado  escoltando uma  Estação  de  Rádio, chefiada pelo Sargento Severino Bernardo.

Da  Fazenda  Glória a Coluna do Cap Rangel seguiu para Piancó e a Estação de Rádio, a F.P.5,  em  um  caminhão  Chevrolet,  seguiu  para Tavares, com mais 40 homens.

Foram  também  instaladas  Estações  de  Rádios em Patos (F.P.2), Piancó (F.P.3) e Alagoa Nova, atual Manaíra (F.P.4).  A  F.P.1  estava instalada na torre do Liceu, na época funcionando no prédio Próximo ao Palácio da Redenção e que atualmente abriga a Faculdade de Direito.

4.5.5. A Tomada de Sítio Novo

Depois  da suspensão do cerco de Tavares, a Coluna Costa com mais reforço, munição e a presença da Estação de  Rádio,  a  F.P.5,  ganhou novo  ânimo.  A organização das outras Colunas que atacariam Princesa, conforme o plano traçado, tinha ganho novo impulso a partir do  dia  4 de  maio,  com a substituição do Ten Cel Aragão Sobrinho no Comando da Força Pública, com sede em Piancó, pelo Ten Cel Elias Sobreira.

A Coluna Costa continuou  aguardando  ordens,  em  Tavares,  para iniciar o ataque geral Á Princesa. O Estado-Maior, desejoso de adquirir melhores  informações sobre as posições do inimigo, determinou ao Cap Costa que efetuasse patrulhas de reconhecimento, partindo  de  Tavares em direção a Princesa.

Na manhã do dia 10 de maio, uma patrulha, composta por 99 homens, Comandada  pelo  Ten Guedes, partiu de Tavares com destino a Princesa, com a finalidade de realizar reconhecimento. Nas proximidades do local conhecido por Sítio Novo, a patrulha foi emboscada,  ficando  impedida de continuar ou recuar,

Informado  da  situação, o Cap Costa deixou o Ten Elias Fernandes com 45 homens, fazendo a Guarda de Tavares,  e  seguiu  para  o  Sítio Novo, com os 12 homens restantes.

Devido a superioridade numérica do inimigo e sua posição privilegiada  nos altos dos rochedos, a Coluna ficou sem condições de reação imediata. Ainda fazendo uso de controlada cadência de tiro,  a  Coluna limitou-se  Á  defesa.  O tiroteio se prolongou por toda tarde e noite daquele dia. Não tinha como se beber ou comer nada. Na manhã seguinte, o Cap Costa conseguiu trazer pipoca de Tavares,  e  distribuir  com  a Tropa para incentivar a salivação e disfarçar a sede. Só depois do meio dia  foi  possível  servir água e comida. E a luta continuou, por todo aquele dia. Na manhã do dia 12, o Cap Costa trouxe de Tavares  algumas bombas  liberais,  uma  espécie  de  foguetão  que  diziam  ter efeito lacrimogêneo. Esse material tinha sido enviado da Capital, juntamente com a F.P.5.

Na tarde daquele dia, o Cap Costa começou  a  experimentar  essas bombas, que eram dirigidas contra as posições do inimigo.

Nos  primeiros  disparos, registrou-se imediato efeito. Os cangaceiros se apavoraram e começaram a abandonar suas posições.  Animados, a  Coluna  se  pôs em marcha, e ao som das cornetas e efetuando fortes descargas de tiro, foram avançando até ocupar  todas  as  posições  do inimigo.  Já transcorriam 54 horas de lutas. Era 17 horas do dia 12 de maio. Sítio Novo estava ocupado. A Coluna tinha vencido a luta.

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Organizado o terreno para fortalecer  a  defesa  e  estabelecidos diferentes caminhos  para ligação com Tavares, objetivando mais segurança no percurso, a Coluna ficou dividida ocupando as duas  posições, Sítio  Novo  e  Tavares.  Os  Escalões Superiores foram informados do ocorrido através da F.P.5.

No dia 10 de maio, um Soldado, que exercia a função  de  magarefe da Coluna,  foi  atingido  por  um  tiro  na  boca, quando tentava se aproximar de um boi, que os cangaceiros  tinham  deixado  como  "isca" para uma emboscada perto de uma cacimba, nas proximidades de Tavares.

Sem  assistência  médica  adequada,  e  sem poder se alimentar em virtude do ferimento na boca, o Soldado veio a falecer de inanição  no dia  20 de maio, depois de 10 dias de sofrimento, dele e de toda Tropa que a tudo assistia sem nada poder fazer.

Um novo reforço chegou a Tavares, no dia 16 de maio, composto  de 60 homens,  sob  o Comando do Cap Emerson Benjamim, Oficial que tinha sido demitido, por questões políticas, da Polícia Militar de Pernambuco, e que havia sido incluído na Polícia da Paraíba, no mesmo posto.

Com o Cap Benjamim vinham também mais 11 mil  cartuchos  e bombas liberais.

O  Cap  Costa  recebeu  nesse  período, um radiograma do Dr. José Américo, Secretário  de  Segurança,  indagando  da  possibilidade  de emprego, naquela área, de um carro blindado que tinha sido adaptado em Campina Grande. A oferta foi aceita, porém o veículo não foi enviado.

A  Estação de Rádio (F.P.5), era alimentada por um motor movido Á gasolina, que se acabou nos primeiros dias. O Sgt  Severino  Bernardo, profundo  conhecedor  do equipamento,  improvisou uma roda, feita com madeira retirada  das  portas  das  casas, que  fazendo  girar  outra roda menor, tipo engrenagem de casa de farinha, produzia acumulação de energia, suficiente para fazer o Rádio funcionar em média  30  minutos por dia.  Era  empregado  Á  homens,  durante  6 horas por dia, em um trabalho que exigia muito esforço físico, mais que valia a pena,  pois o  Rádio era a única fonte que dispunham para se comunicar com o resto do mundo.

Nessa  situação,  com  216 homens e aproximadamente 15 mil cartuchos, a Coluna ficou aguardando a formação  das  outras  Colunas  e  a ordem  para  efetuar o ataque ao último reduto do inimigo, a cidade de Princesa.

4.6. Atuação da Coluna Norte

4.6.1. A Tomada de Alagoa Nova (Manaíra)

Alagoa Nova, hoje Manaíra,  e  na  época  Distrito  de  Princesa, estava ocupada por grupos de cangaceiros.

Uma parte da Coluna Norte, sob o Comando do Cap Emerson Benjamim, estava  acantonada  em  Boaventura, quando, no dia 27 de maio, recebeu ordem do Cap Irineu Rangel para marchar sobre Alagoa Nova.

Contando com a participação dos Tenentes João Francelino,  Manuel Benício, Acendino Feitosa, Antônio Benício e João Guedes, o contingente  partiu de Boaventura e Ás 12:00 horas do dia 31 de maio, chegou ao Sítio Queimadas, a 2 Km de Alagoa Nova.

A partir dessa localidade, a Tropa marchou em formação de combate e logo estabeleceu contato com o  inimigo,  iniciando-se  a  troca  de tiros  Ás  13:00  horas, prolongando-se  até Ás 18:00 horas. Na manhã seguinte, a luta foi reiniciada, com avanços progressivos  das  Tropas do  Cap  Benjamim.  A  luta  durou  até  Ás  17:00  horas, quando  os cangaceiros começaram a abandonar suas posições.

Um cangaceiro foi preso, e 12 foram mortos nessa luta. As  baixas na Força Pública foram de 7 Praças feridas.

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Na  manhã do dia 2 de junho, Alagoa Nova estava sob o domínio das Forças Legais, iniciando-se a construção da defesa. No dia 13  daquele mês,  o  Cap  Irineu Rangel estabeleceu a sede do Batalhão Provisório naquela localidade.

4.7. Atuação da Coluna Oeste

4.7.1. Formação e Combates

Estando formadas e  em  operação,  as  Colunas  Comandadas  pelos Capitães Costa  e  Irineu  Rangel,  que  no  ataque final a Princesa atuariam,  respectivamente, pelos  setores  leste  e  norte,  daquela cidade,  faltava  a Força Pública efetivar a organização da Coluna que atuaria pelo setor oeste.

Com esse objetivo, foram convocados os Tenentes José Maurício  da Costa e João Pereira e o Aspirante a Oficial Ademar Naziazene, além do civil, comissionado 2º Tenente, Horácio Queiroz.

Com  um  efetivo  de  167  homens, todos pertencentes ao Batalhão Provisório, criado especificamente para esses combates, a Coluna Costa partiu de Piancó no dia 4 de junho, em direção a  Alagoa  Nova,  atual Manaíra.  No  dia  seguinte,  a Coluna, sob o Comando do Ten Maurício, passou em Santana dos Garrotes, de onde partiu para Nova Olinda,  onde chegou na manhã do dia 7 daquele mês.

Na  noite  daquele  dia,  a  Coluna  Oeste  chegou a Alagoa Nova, juntando-se a Coluna do Cap Irineu Rangel, a Coluna Norte.

De Alagoa Nova, a Coluna Oeste, reforçada com uma parte da Coluna Norte, completando um efetivo de 400  homens,  partiu  no  dia  11  de junho,  em  direção aos Sítios Cajueiro e Laje da Onça, localidade nas proximidades de Princesa, onde aguardariam  o  momento  do  início  do ataque geral.

Depois  de  enfrentar  diversas  emboscadas no percurso, a Coluna Oeste se instalou nos Sítios Cajueiro e Laje da Onça, dando  início  a construção  de  trincheiras para  garantir a posição, e a ligação com Alagoa Nova.

Nessa posição a Coluna foi atacada nos dias 4, 23 e 25 de  junho, repelindo a todos sem maiores dificuldades.

No  dia  17 de junho, "O Garoto", um avião do Governo, conseguido com grande sacrifício pelo Presidente João Pessoa, e que se  destinava a  estudar  a  área  para efetuar  um  bombardeio  aéreo em Princesa, sobrevoa as posições da Coluna Oeste, despertando grande entusiasmo na Tropa. Na mesma data, esse fato  ocorria  em  Tavares e  Sítio  Novo, ocupados pela Coluna Leste.

4.7.2. Suspensão dos Combates

Na manhã do dia 27 de julho, a Coluna Oeste tomou conhecimento da morte do  Presidente  João  Pessoa,  através  do mensageiro, vindo de Alagoa Nova, onde estava instalada uma Estação de Rádio, a F.P.4. Essa notícia provocou na Tropa um sentimento de desilusão  e  ódio,  o  que tornou  difícil  a  manutenção  da  disciplina. A vontade da Tropa era invadir Princesa, independente de ordem  e  vingar  a  morte  de  João Pessoa, que era atribuída ás ações desenvolvidas por José Pereira.

Nesse  clima, a Coluna ficou no aguardo de munições e ordens para o ataque.No dia 29 daquele mês, a Coluna recebeu mais  30  mil  cartuchos, ficando em

condições de iniciar o ataque.Nessa situação a Coluna permaneceu por mais de 20 dias, até que a 19  de

agosto,  o  Ten Maurício recebeu ordem do Cap Irineu Rangel de efetuar a retirada da posição e retornar a Piancó, terminando assim  a sua participação nessas lutas.

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No período que passou em Cajueiro e Laje da Onça , a Coluna Oeste tinha muitas  dificuldades  para  receber  suprimentos.  Um  grupo de fazendeiros da região, leais ao  Presidente  João  Pessoa,  tinha  se comprometido  a fazer esse abastecimento, porém não tinha como cumprir essa tarefa. Manter uma Tropa  de  400  homens  durante  tanto tempo, exigia  grande quantidade de alimentos, que era denominada de "munição de boca". Por esse motivo eram destacadas patrulhas com  a  finalidade de  "achar  suprimentos"  nos sítios  vizinhos aos que a Tropa estava instalada. Nessas patrulhas eram recolhidos milho, feijão, gado, bode, galinha, em fim, tudo que pudesse servir de alimentação Á tropa.

4.8. A Retirada do Sítio Novo e o Regresso Para Patos

A Coluna Costa já estava sustentando as  posições  de  Tavares  e Sítio Novo há 36 dias, quando recebeu novo ataque, no dia 18 de junho. Sem condições de manter as duas posições a Coluna abandonou Sítio Novo e concentrou todo efetivo, na tarde daquele dia, em Tavares.

No  dia  seguinte, os cangaceiros cercaram Tavares, mantendo essa situação até o dia 22, quando foram repelidos por  forte  ofensiva  da Coluna.

Reorganizada  a  defesa,  a Coluna recebeu novo reforço, composto por 70 homens, sob o comando do Cap Manuel Viegas, que conduzia também 20 mil cartuchos. Agora com um efetivo  total  de  286  homens  e  com suficiente  munição,  a  Coluna estava  pronta  para  marchar  contra Princesa, só faltava chegar a ordem.

Mais 35 dias se passaram sem que se concretizasse o ataque final, quando, no dia 27 de julho, o Cap  Costa  foi  informado,  através  de Radiograma,  da  morte  do Presidente João Pessoa. Em clima de grande comoção, revolta e ameaça da quebra da disciplina, a  Coluna  continua guardando  posição,  até o dia 17 de agosto, quando recebeu ordem para regressar para Patos.

4.9. O Desastre de Água Branca

Para ser efetuado a ofensiva final a Princesa era indispensável o ataque por 3 frentes diferentes, o que exigia a formação de  mais  uma Coluna,  além  das  Comandadas pelos  Capitães Costa e Irineu Rangel. Entretanto, essa providência demorava a  ser tomada,  o  que  causava dificuldade para a manutenção da Tropa em sua posição.

Tentando abreviar o fim da luta, o Cap Costa solicitou um reforço de  200 homens  para,  só  com sua Coluna, efetuar o ataque ao último reduto do inimigo.

Com esse fim, no dia 29 de maio, partiu da Capital do Estado,  um efetivo formado  por  Destacamentos  da  região  do  Brejo e parte do contingente da Capital e da Guarda  Cívica.  Em  Campina  Grande  esse efetivo foi reforçado por milicianos ali destacados.

A  Tropa,  que seguia de caminhão, deslocou-se até Teixeira, onde era aguardada por mais um  reforço  Comandado  pelo  Tenente  Genésio, vindo  de  Taperoá. O  percurso  Teixeira  a  Imaculada foi feito sem anormalidade, porém, nas proximidades de  Água  Branca,  a  Tropa  foi assaltada  por  um  grupo de gangaceiros fortemente armado, utilizando inclusive metralhadoras. Esse fato se deu no dia 26 de junho de 1930.

Desse ataque resultou a morte do Ten  Genésio  e  de  dezenas  de Soldados, além da total destruição dos caminhões, por incêndio. Alguns Soldados foram presos pelos gangaceiros e outros desertaram.

Foi a ocasião, nessa Campanha, em que se verificou o maior número de baixa na Força Pública.

4.10. Fim das Lutas

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Com a morte de João Pessoa, os objetivos políticos de José Pereira deixaram de fazer sentido. Uma Companhia do Exército ocupou Princesa e José Pereira fugiu pelo sertão de Pernambuco. Os efetivos das Colunas que estavam participando da luta foram recolhidos para Patos, onde efetivos da colunas que estavam participando da luta foram recolhidos para Patos, onde permaneceram até o início da Revolução que depôs Washington Luiz, em 3 de outubro. Por ocasião desse movimento, de caráter nacional parte desse efetivo concentrado em Patos, ainda levado por sentimentos de fidelidade a João Pessoa, foi dividido e passou a integrar grupos de batalhões de caçadores, formado por tropas do exército e civis voluntários, que lutaram em favor das causas revolucionárias. O Ten-cel Elísio Sobreira, com a titulação de coronel revolucionário, comandou um desses grupos que deslocou-se, pelo sertão de Pernambuco, até Salvador, conseguindo nesse percurso, adesão das unidade do Exército. Um grupo, com os mesmos objetivos, seguindo no rumo norte, chegou até Belém, obtendo idênticos resultados. Após as lutas da revolução nacional, o batalhão provisório foi extinto.

4.11. O Registro dos Fatos

Todos  esses fatos são relatados com riquezas de detalhes na obra "A CAMPANHA DE PRINCESA", de autoria de João  Lélis  de  Luna  Freire, escrito em 1944, e reeditado em 1991 pela Editora Universitária.

João Lélis foi  correspondente  do  Jornal  União,  durante  toda Campanha, acompanhando a Coluna Costa, tendo, portanto, vivenciado os fatos,  que  descreve  com elegante estilo literário, em sua obra. Em 1932,  quando  a  Polícia  Militar  participou  das lutas  contra  os Revolucionários  constitucionalistas  de  São  Paulo,  João  Lélis, na condição de Tenente Comissionado, integrou um dos Batalhões Provisórios que foram criados só para esse fim.

5. A CAMPANHA DE RECIFE

5.1. A Origem do Movimento

As  bruscas  mudanças  nos  costumes  políticos  provocados  pela Revolução de  1930,  criaram,  para  o povo uma grande expectativa de melhoria  na  qualidade  de vida.  Segmentos  populares  e  correntes políticas  que  ajudaram  a  fazer  a  Revolução, já no início do novo Governo começaram a externar suas frustrações. Até  mesmo  nas Forças Armadas  esse  descontentamento  ficou  consignado  já em 1931, quando insurretos tomaram o Quartel do 21\ Batalhão de Caçadores, em Recife.

Por essa época também, começavam a circular pelo  País,  naturalmente  de forma  sutil,  idéias preconizadas pela filosofia Marxista-Leninista. Luiz Carlos Prestes, que depois da  desativação  da  Coluna Prestes,  ficou  conhecido  como o "Cavaleiro da Esperança", começou a estabelecer contatos com o Governo  da  Rússia,  absorver  a doutrina Comunista,  e  irradiá-la  clandestinamente  ao  Brasil.  Essas idéias obtiveram penetração nos  meios  militares,  onde  Prestes  gozava  de grande prestígio, fomentando descontentamento com o Governo e instigação Á revolta.

Na  madrugada  do dia 29 de outubro de 1931, as Praças do 21\ BC, situado na Rua do Hospício,  em  Recife,  sob  a  liderança  de  Pedro Calado,  mataram  o Comandante da Unidade, Cap Nereu Guerra, prenderam todos os Oficiais e se apossaram do Quartel. Ao mesmo tempo, Praças do Quartel de Solidade (Recife)  e  do  Quartel General  (QG),  sede  do Comando da 7ª Região Militar, aderiram ao movimento.

A  Pretensão  dos  insurretos  era  a deposição do Interventor de Pernambuco, Carlos Lima Cavalcanti.

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O Grupo Revolucionário, cortou a ligação  telegráfica  de  Recife com o restante do País.

Informado do movimento, o Interventor Lima Cavalcanti se deslocou para o Quartel do Derby, Comando da Polícia Militar de Pernambuco,  na época com a denominação de Brigada Militar. No Derby, Lima Cavalcanti, organizava a resistência.

Um  emissário  do  Governo Pernambucano, ainda naquela madrugada, foi enviado Á Paraíba, a fim de comunicar  o  fato  Ás  autoridades  e pedir apoio.

O  Interventor  da  Paraíba  Antenor  Navarro,  e  o  Maj Alberto Mendonça, Comandante do 22º Batalhão de  Caçadores,  sediado  em  João Pessoa,  foram  contatados pelo  emissário  de Pernambuco, decidindo essas autoridades enviar, imediatamente, Tropas ao Recife, objetivando combater os insurretos.

5.2. Deslocamento da Tropa Paraibana

Em caminhões requisitados pelo 22º BC,  e  cuja  indenização  foi efetuada pela  Prefeitura  de  João Pessoa, deslocou-se ao Recife, um Contingente formado por todo efetivo do Batalhão de Caçadores  e  mais uma  Bateria  de  Artilharia  de  Dorso,  que  era aquartelada naquela Unidade Militar.

O Cmt de uma das Companhias do 22º BC era o 1\ Ten  José  Arnaldo Cabral de Vasconcelos, que ainda na década de l930 Comandou a Polícia Militar da Paraíba. O Cmt da Bateria era o Ten Ernesto Geisel,  que, como  General  assumiu  a  Presidência  da República,  no  período de l974/l978.

O Destacamento Militar, sob o Comando do  Maj  Alberto  Mendonça, partiu de  João  Pessoa,  aproximadamente  ás  l6:00  horas do dia 29 daquele mês, acantonou em Goyana onde chegou ás 20:00 h e de lá partiu Ás 02:00 h da manhã seguinte. Depois de efetuar prisões em Igarassu  e Paulista,  o  Destacamento chegou a Olinda ás 05:00 horas do dia 30 de outubro.

A 2ª Companhia do l\ Batalhão de Regimento Policial,  denominacão da Polícia  Militar na época, por determinação do Interventor Antenor Navarro, também deslocou-se para  Recife,  em  apoio  ao  Destacamento Comandado pelo Maj Alberto Mendonça.

O  Comandante da 2ª Companhia da Milícia Paraibana era o Cap José Maurício da Costa, e contava com um efetivo formado pelo l\ Ten Ademar Naziazene, e os 2º Tenentes Lino Guedes e  José  Domingos  Ferreira  e mais 96 Praças, totalizando l00 homens.

Depois  de  muitas  dificuldades para mobilizar transportes, a 2ª Companhia partiu de João Pessoa aproximadamente Ás l8:00 do dia 29  de outubro.  Em  virtude  de ter enfrentado problemas com diversas panes nos  caminhões  que  a transportava, a 2ª Companhia não fez altos e só chegou ao Destacamento do Maj Alberto Mendonça, Ás 05:00 h da manhã do dia 30 de outubro.

5.3. A Luta A partir de Olinda,  todo  Destacamento,  inclusive  a  Companhia Comandada

pelo Cap. José Maurício, seguiu á pé, enfrentando constantes tiroteios  dos  amotinados que  haviam se entrincheirados em diversos pontos, no aguardo das  Forças  advindas  da Paraíba.  A  marcha  foi iniciada ás 07:00 horas.

Nesse  deslocamento, a missão da Companhia da Polícia era guarnecer a Bateria de  Artilharia,  e  custodiar  os  Revolucionários,  que fossem presos no percurso.

Na  vanguarda da Tropa marchava uma Companhia Comandada pelo Ten José Arnaldo.

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Na  entrada  do  Recife,  a  resistência  dos Revolucionários foi maior. A Tropa Legalista precisou fazer a travessia de uma ponte,  sob intenso tiroteio, o que foi feito sem baixas.

Com emprego de tiros diretos da Artilharia, contra as instalações do  Quartel do  21\  BC,  os  Legalistas  foram  tomando  posições e finalmente, depois de vencer a resistência dos insurretos,  ocuparam aquele reduto, Ás 12:00 horas, após 5 horas de cerrado tiroteio.

Com  a  tomada do 21º BC, alguns rebeldes deslocaram para o Largo da Paz, sendo perseguidos e derrotados pelos Legalistas aproximadamente ás l6:00 horas.

Vencidos os rebeldes, a 2ª Companhia de Polícia  se  instalou  no 21\  BC, onde  recebeu  a visita do Interventor de Pernambuco, Carlos Lima, que ali compareceu para externar sua gratidão aos comandados  do Cap  José  Maurício,  pela  participação naquele importante momento da vida Nacional.

Desses combates resultaram l6 civis mortos e 23 feridos. Entre os Militares, 20 ficaram feridos e morreram, além do Cap  Nereu  Guerra, Cmt do 21º BC, um outro Oficial e 02 Soldados daquela Unidade Militar, e  o  2º  Ten  Francisco  Fortunato  de Andrade, da Polícia Militar de Pernambuco.

O Comandante do levante, o civil Pedro  Calado,  e  mais  40  homens,  que  o acompanhava, foram presos nas proximidades da Cidade de Paudalho.

Ao tempo em que a Tropa Paraibana se  deslocava  para  o  Recife, também com  o  mesmo fim, era acionado o 20\ BC sediado em Maceió e o 29º BC aquartelado em Natal. Essas Unidades chegaram  a  travar  lutas com os rebeldes no Largo da Paz.

Grandes Contingentes  das  Forças  Armadas,  sediadas  em  outros Estados, começaram também a se mobilizar, porém não houve necessidade do seu emprego.

A 2ª Companhia de Polícia Paraibana permaneceu em Recife, durante toda a noite do dia  30  de  outubro,  reforçando  o  policiamento  da cidade, garantindo o clima da ordem restaurada.

Na  madrugada  do  dia  seguinte,  os  comandados do Cap Maurício retornaram Á Paraíba.

5.4. O Relatório do Cap Maurício

Com o retorno da 2ª Companhia,  o  Cap  José  Maurício  emitiu  o circunstanciado Relatório, que a seguir transcrevemos:

"I  -  Em  cumprimento  a uma ordem direta e pessoal do Exm\. Sr. Interventor Federal neste Estado, o Dr. Antenor Navarro, transportei-me para Recife, Capital de Pernambuco, Comandando a 2ª Cia do l\  Btl. O  transporte  foi  feito  em  caminhões desta Capital até a Cidade de Olinda-PE.

II - A Missão a ser Cumprida:Deflagrada a Intentona de cunho Comunista, naquela capital  pernambucana,

pelo  21\  BC,  começando  por  bárbaros  assassinatos, sendo sacrificado o Comandante da Unidade e outros  Oficiais  Subalternos  e Praças,  fiéis  Á  legalidade,  isto na madrugada do dia 28 para 29 do expirante, prontamente partiu da  Paraíba  para  Recife,  as  Unidades Federais sediadas em nossa Capital, compostas do 22º BC e da 1ª Cia de Artilharia de Dorso.

III - A marcha, em caminhões, foi feita até a cidade de Olinda, e daí  por diante  a 2ª Cia. sob meu Comando, marchava a pé, fazendo a cobertura da Bateria  que constantemente  variava  de  deslocamentos, mudando  de  posições  para se acobertar contra os tiroteios rápidos e violentos dos rebelados. A Cia. para atacar necessitava de ângulo  de tiro,  livre.  A  luta era em setor urbano. A Tropa sob o meu Comando, apresentava disciplina e ânimo forte. As forças tinham duas pistas de acesso para atingir Recife, e  isto  apresentava  no  momento,  sérios problemas.  A  primeira  pista,  a  reta

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calçada em paralelepípedo num aterro estreito, ladeado de mangue e  com  sucessivos cruzamentos  de pequenos canais, para disciplinamento dos fluxos e refluxos das marés; a segunda pista, a estrada carroçável, com  pequenos  pontilhões,  até atingir  a  área  da "FÁBRICA DE TACARUNA", onde começa a Av. Bernardo Vieira, que dá acesso para Peixinhos e Encruzilhada.

IV - Esse detalhe descritivo quanto ás duas  vias  de  acesso  ao Recife,  o faço dada a ocorrência de feitos a se seguir sobre as ações da Bateria de Dorso e da 2ª Cia PM, sem  deixar  dúvidas  dos  bravos feitos  da  vanguarda  das  Tropas  sob  o  Comando do 1\ Tenente José Arnaldo Cabral de Vasconcelos, onde se comprovaram tática,  bravura  e destemor assegurando segurança das nossas marchas até a vitória final, com  assédio  e fortes e demorados combates aos Quartéis do Comando da 7ª RM e do 21º BC defronte a Praça da Faculdade de Direito.

V - A vanguarda fizera designar pequenas formações de Tropas logo a começar a ação contra Recife, aproveitando  o  aterro  da  linha  de bondes,  até atingir a Av. Bernardo Vieira, Encruzilhada e imediações, limpando o terreno do inimigo audaz, a  fim de  ocupar  o  centro  do bairro  de  Boa  Vista,  onde  ficam  aqueles  Quartéis. E assim foram combatidos os rebeldes. E tão logo a marcha da Bateria foi reiniciada, após a ação da Tropa de vanguarda, transpondo  a  ponte  de  Tacaruna, fazia  pequenos  altos  nas bifurcações  das  ruas do bairro de Santo Amaro, tendo dois Pelotões da 2ª Companhia, apoiando a  marcha.  Antes da ponte citada, tornara a surgir focos rebeldes do lado da Fábrica da Tacaruna, atacando, mas foram repelidos pelos meus Comandados.

VI  - A estas alturas, do lado leste do eixo de marcha, o inimigo apoiado pelos velhos bastiões da Fortaleza do  "BURACO"  (em  ruínas), encravada no istmo que há do Brum a Olinda e que é interrompido por um pequeno  canal, atacava furiosamente com fogo de metralhadoras e fuzís "HOTCHKISS" e "Mauzer". A disposição de Marcha passava  a  ser  pelas barrancas  oeste  da  estrada  com alguma dificuldade devido a maré se achar em preamar. Só assim evitávamos ser atingidos perigosamente.  Em virtude  da ação  dos  rebeldes comunistas, dificultando a marcha das tropas, o Cmt da Cia 1º Tenente Ernesto Geisel, determinou que  fossem dados  alguns tiros indiretos, e como não cessassem a ação do inimigo, cujo fogo nos inquietava, esses disparos foram  diretos atingindo  ao alvo,  em  cheio,  resultando a fuga precipitada dos revoltosos, pelos terrenos das praias, abandonando armas e munições.

VII - Após a ação da Cia, chegava ao local o Oficial  de  Ligação entre  a vanguarda  e  Artilharia, apoiada pela 2ª Companhia PM, o 1º Tenente Adauto Esmeraldo, com a missão de verificar os resultados  dos tiros  da  Bateria  e  de  dar  instruções de ordens do Comandante das Forças em operações, o Major MENDONÇA,  para  que  um Pelotão  da  2ª Companhia  reforçasse  a  linha de combate do 1º Tenente José Arnaldo, que dada a resistência dispôs-se a fazer um assalto  aos  Quartéis  do Comando  da 7ª RM e do 21º BC. Determinei ao 2º Tenente José Domingos, avançar e ficar ligado ao 1º  Tenente José  Arnaldo.  Em  seguida,  a Bateria  deslocou-se  e  tomou posição na Praça 13 de Maio, contínua a Praça da Faculdade de Direito,  com  dois  pelotões  da  2ª  Companhia fazendo  a  cobertura.  A  Companhia  e os Pelotões, eram alvejados de diferentes pontos. Dirigi, pessoalmente, os contra-ataques  desfechados pela 2ª Cia visando os rebeldes bem firmados nos altos dos prédios dos  Quartéis  já  descritos  e  do "Congresso Estadual", e os que não fugiram renderam-se.

Foram feitos mais de  100  (cem)  prisioneiros,  entre  Oficiais, Sargentos, Cabos e Soldados, que ficaram sob o controle e guarda da 2ª Companhia.

VIII  -  Ocupamos o Quartel do QG da 7ª RM, durante toda a noite, ás escuras.Pela manhã recebi, e  a  Tropa  sob  meu  Comando,  a  visita  do eminente  Dr.

Carlos de Lima Cavalcanti, Interventor Federal no Estado de Pernambuco, que compareceu ao nosso aquartelamento mantendo  palestra  e  se fazendo agradecer, em seu nome e no do povo Pernambucano, a atuação da 2ª Cia da Polícia Militar da Paraíba, que  havia

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cooperado de  forma  valente  e  aguerrida,  ao  lado  das Tropas Federais, para aniquilar a rebeldia comunista do  21\  BC.  Agradeci,  penhorado,  as palavras  de  Sua  Excelência, que  se  retirou  após  cumprimentar  a Oficialidade e Praças em geral.

IX - Hoje, Sr. Comandante, recebi ordem de regressar a esta sede, o  que  fiz na  mais perfeita ordem e disciplina. Não tivemos perda a lamentar. Cumprimos com o nosso dever ao  lado  do  glorioso  Exército Brasileiro.

Os 1º Tenente Ademar Naziazene e 2º  ditos  Lino  Guedes  e  José Domingos Ferreira,  por tudo que praticaram em combates e nas marchas de deslocamentos da 2ª Cia, em indo e regressando do Recife, cumprindo religiosamente as minhas ordens, merecem louvores, bem assim,  toda  a Tropa  que  tive  a  honra  e prazer de comandá-la, na árdua missão de defender  o  regime  político-administrativo-militar  do  nosso  País, ameaçado por  comunistas  inimigos  da  família  e  das Instituições Cristãs e Democráticas em que vivemos.

João Pessoa, 31 de outubro de 1931

JOSÉ MAURÍCIO DA COSTA, Capitão Comandante da 2ª Cia. 1º Btl PM.

6. A CAMPANHA CONTRA A REVOLUÇÃO PAULISTA DE 1932

6.1. O Que Foi a Revolução Paulista de 1932

Em 1930, Getúlio Vargas, depois de Comandar o  Movimento  Revolucionário que depôs o Presidente WASHINGTON LUIZ, assumiu o Governo do País como ditador, suspendendo a Constituição em vigor  e  fechando  o Poder  Legislativo em todos os níveis, fazendo, entretanto, a promessa de convocar uma Assembléia Constituinte.

Aquele Movimento Revolucionário foi inspirado nos  ideais  Tenentistas, uma corrente de pensamentos políticos seguida pela maioria dos Militares,  e  que  se  baseava na efetivação de profundas mudanças na estrutura do Estado e nos costumes políticos, o que, na  percepção  da cúpula  dirigente  desse movimento só seria possível ser alcançado por meio de um Poder Executivo forte.

Os Tenentes, denominação dada aos militares e  civis  integrantes desse movimento, passaram a ocupar as principais funções de confiança do Governo, inclusive a interventoria na maioria dos Estados.

Getúlio governava sem oposição e não se mostrava  interessado  na redemocratização do País, no que era apoiado pelos Tenentes.

O  grupo político dominante em São Paulo desde 1889 até 1930, era o Partido Republicano  Paulista,  que  foi  afastado  do  poder  pela Revolução  Tenentista  e  estava empenhado  em  retomar  seu lugar no cenário político, porém não encontrava apoio popular Ás  suas  pretensões.  O adversário dos Republicanos, o Partido Democrático, que havia participado do movimento que  levou  Getúlio  ao  Poder,  aguardava  a oportunidade para  sua  ascensão,  porém,  suas  idéias  democráticas encontrava resistência por parte dos Tenentes.

Tais circunstancias levaram esses Partidos, adversários  históricos,  a  se juntarem  na  busca  de objetivos comuns que era derrotar Getúlio e os Tenentes.

Esses objetivos, entretanto, não seriam suficientes para angariar a  simpatia popular,  fator  indispensável  para  a  condução  desses projetos.  Era  preciso  se  defender causas  que  levassem  o povo a participar.

O afastamento de Getúlio do poder para que uma junta  governativa convocasse  uma  Assembléia Constituinte foi o argumento encontrado, o que foi recebido

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com entusiasmo  pelo  povo,  já  insatisfeito  com  a crescente  crise  social  e  econômica que atingia todas as classes do País.

Alimentado por diversos fatores políticos,  como  as  crises  que provocaram constantes  mudanças  de  interventor,  e  principalmente, alguns incidentes entre integrantes de grupos Tenentistas e movimentos populares, com as mortes  de  estudantes, o  clima  político  foi  se agravando  até  que  no  dia  09  de  julho  de 1932, os dirigentes do movimento,  apoiados  pelas  Unidades  das  Tropas  Federais  sediadas naquele Estado,  pelas Polícias Civil e Militar, Organizações civis armadas, e grande respaldo popular, se declararam rebeldes exigindo  a renúncia  de  Getúlio  e  a  entrega  imediata do Governo a uma Junta Governativa. Estava deflagrado o movimento.

Portanto, o verdadeiro propósito dos dirigentes  políticos  nesse movimento, não era redemocratizar o País através da convocação de uma Assembléia Constituinte, e sim, uma forma de velhos políticos derrotados pela Revolução de 1930, retomar o poder.

Para enfrentar as Forças Revolucionárias Paulistas, o Governo  da União convocou  todas  as  Tropas  Federais sediadas nos Estados e as Forças Públicas Estaduais.

Convocada, a Polícia Militar da Paraíba se fez presente, participando com um efetivo de  mais  de  1.600  homens,  distribuídos  em  4 Batalhões,  que  seguiram deste Estado para o Rio de Janeiro, de onde, junto às Tropas leais ao Governo Federal, partiram para as frentes  de combates,  desempenhando  papéis  de  alta  relevância  na vitória dos legalistas.

Como o efetivo da Policia Militar não era suficiente para  enviar Tropas  para essa  luta  e  ainda  continuar  cumprindo sua missão de manutenção  da  Ordem,  foram organizados  3  Batalhões  Provisórios, formados  por civis Voluntários, sendo alguns deles Comissionados como Oficiais. Além dessas Unidades Provisórias, foi também enviado para  a luta um Batalhão do efetivo permanente da Corporação.

No Rio de Janeiro, os Batalhões Provisórios recebiam treinamentos e em seguida eram enviados para as frentes  de  combates,  passando  a integrar  grupos  de Batalhões, que eram denominados de Destacamentos, Comandados por Oficiais do Exército, e eram formados por  Unidades  de Exército e de outras Polícias Militares.

O  Batalhão  do  efetivo  permanente  do  Regimento  Policial  da Paraíba, não teve instrução no Rio de Janeiro, e sob o Comando do  Cap do Exército, Aristóteles de Souza Dantas, seguiu, no dia 27 de agosto, para a frente de combate, 3 dias depois  que chegou  naquela  cidade. Essa  Unidade  teve  importante  participação nas lutas verificadas no Norte do Estado de São Paulo.

O 1º Batalhão Provisório recebeu apenas 20 dias  de  instrução  e sob  o Comando  do  Maj  Guilherme  Falcone,  pertencente  ao próprio Regimento Policial, no dia 28 de agosto, seguiu com destino ao  Estado do  Paraná,  onde  passou  a  integrar  o efetivo que atuava contra os Revolucionários, que combatiam ao Sul do Estado de São Paulo.

Os efetivos  dos  2º  e  3º  Batalhões  Provisórios  da  Paraíba, formaram  um só contingente, que passou a ser denominado de Regimento Policial Provisório, e sob o Comando  do  Cel  do  Exército,  Antônio Marinho  de  Almeida,  também  seguiu para participar dos combates que ocorriam na chamada Frente Sul do Estado Revolucionário.

6.2. Organização da Tropa

Por  ocasião  desses  fatos  a  Paraíba  era  Governada  pelo Dr. Gratuliano de Brito, na  condição  de  Interventor.  Gratuliano  tinha participado  ativamente  da  luta armada durante a Revolução de 1930, era ardoroso seguidor dos princípios políticos defendidos por Getúlio e  dotado  de grande espírito cívico. Por conta disso, era natural que houvesse interesse do Interventor em enviar tropas para  defender  as causas da Revolução que ele ajudou a fazer.

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O  efetivo  da  Polícia  Militar, nesse ano, era de 1.100 homens, distribuídos em 2 Batalhões, um deles sediado  na  Capital e outro  em Campina Grande.

O Comandante Geral da Polícia Militar era o Ten Cel José Maurício da  Costa, um valoroso integrante da Corporacão, que havia participado das lutas de Princesa Isabel e da  Revolução  de  l930.  Havia  também Comandado  o  efetivo  da  Polícia Militar que participou das lutas em Recife, no ano anterior, contra Revolucionários que pretendiam depor o Governo daquele Estado.

Além  desses  atributos  o  Ten  Cel  Maurício  era considerado o Oficial de maior qualificação intelectual da Corporação nessa época.

Para participar das lutas contra os Revolucionários Paulistas,  o Regimento Policial, como era denominada a Polícia Militar da Paraíba, na época, recolheu grande parte  dos  Destacamentos  do  Interior  do Estado,  para  completar  o efetivo equivalente a um Batalhão, e criou mais 3  outros  Batalhões  Provisórios,  formados  por  Voluntários  e destinados especificamente a esse fim.

Inicialmente,  foi  enviado ao Rio de Janeiro, um efetivo equivalente a uma Companhia, que foi Comandada pelo  Cap  Acendino  Ferreira Feitosa, e que partiu da Paraíba, no dia 21 de julho de 1932.

Na  semana  seguinte,  no  dia  29,  quando  era  comemorado o 3º aniversário do Dia do Nego, outro contingente  do  Regimento  Policial embarcou  para  o Sul do País, a fim de participar dos combates. Desta feita, foram 2  Batalhões,  um  do  efetivo permanente  e  outro  que constituía  o  1º  Batalhão  Provisório, totalizando 786 homens. Nessa ocasião ocorreu uma grande manifestação cívica, com desfile de Tropas, presença de muitos estudantes e da população em geral, além de  muitos discursos  recheados  de argumentações patrióticas.

Um  grupo  de Estudantes do Liceu Paraibano, em uma manifestação de respeito, carinho e sobretudo de sentimento  cívico,  colocou  no peito de cada integrante da Tropa, uma Bandeira do Nego, para que eles representassem a Paraíba nos campos de luta.

O  2º  Batalhão  Provisório,  com  540 homens, viajou no dia 7 de agosto e o 3\ Batalhão embarcou em 3 etapas, totalizando  458  homens. Por  ocasião  de  todos  os embarques ocorriam muitas manifestações de civismo.

Os Oficiais que integravam os Batalhões Provisórios  eram  civis, de  elevadas posições sociais e de grande espírito cívico, comissionados como Tenentes, Capitães ou Tenentes-Coronéis, exclusivamente  para participarem dessas lutas. Existiam também nessas Unidades, Oficiais e Sargentos do Quadro efetivo do Regimento Policial.

Todas  as  despesas  com  a  Tropa que participou das lutas foram pagas pelo Governo Federal, inclusive os vencimentos que eram  equivalentes aos do Exército.

Por oportuno, registramos que quando a Polícia Militar participou da  Guerra do  Paraguai,  de  1865 a 1870, os vencimentos também eram pagos pelos cofres do Império, porém, só pela metade, o que deu origem Á expressão meia ganha, e que foi sintetizada como "MEGANHA", que com o passar do tempo passou a ser sinônimo de Polícia Militar. 6.3. Os Combates

A estratégia utilizada pelas Tropas Legalistas para  combater  os Revolucionários,  foi  bloquear  o  Estado de São Paulo, concentrando Tropas em 4 pontos das fronteiras desse Estado, e que foram  denominados de Frentes Norte, Sul, Leste, e Oeste, respectivamente.

Cada  Frente  era  Comandado  por  um  General, que tinha sob sua direção um efetivo denominado de Coluna,  formado  por  Destacamentos, Comandados  por Coronéis.

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Cada Destacamento era composto por 3 ou mais Batalhões, do Exército ou da Polícia Militar.

A tropa enviada da Paraíba lutou nas frentes norte e sul.

6.3.1. Na Frente Norte O  Batalhão do efetivo permanente da Polícia Militar, participou dos combates

integrando um Destacamento, Comandado pelo  Cel  do Exército, Eurico Gaspar Dutra, que atuou na Região Norte de São Paulo, no  trecho  compreendido  entre  as  cidades de Lindóia e Campinas, no período de 19 de agosto a 3 de  outubro.  Nesse  percurso  o Batalhão participou  da  tomada  de  Monte  Sião, fazendo parte da vanguarda do Destacamento, recebendo forte resistência do inimigo.  Nesse  combate, registrado  no dia 19 de agosto, faleceu o Cabo José Joaquim da Silva, conhecido por Cabo Cajá.

No dia 24 do mesmo  mês,  o  Batalhão  atacou  a  cidade  de Lindóia, fazendo as Tropas Revolucionárias recuarem. Três dias depois, o  Batalhão  enfrentou  o  inimigo que  se  achava entrincheirado nas margens do Rio das Almas. Nessa ocasião, morreu em combate o  Sargento Reino  Coutinho. Nossa Unidade prosseguiu em marcha e nas proximidades da cidade de Itapira, foi cercada pelo inimigo  durante  3  dias,  até que, no dia 30 de agosto, um ataque concentrado das demais Unidades do Destacamento, desalojou os Revolucionários que seguiram recuando para a cidade de Amparo.

Depois  de  uma  marcha  de  10  dias, sempre inquietada por furtivos ataques inimigos, nossa Tropa, juntamente com o  restante  do Destacamento,  chegou  Ás proximidades  da  cidade de Amparo, onde na localidade de Duas  Pontes,  travou  novos contatos  com  o  inimigo, ocasião  em  que  efetuou  a  prisão de muitos Revolucionários e farta quantidade  de  armamento  e  munição.  Entre  o  material  apreendido encontrava-se uma Metralhadora Hot-kiss que foi trazida para a Paraíba e  ainda  hoje  faz  parte do nosso material bélico, encontrando-se em plenas condições de uso.

Seguindo  sempre  em  direção  ao  reduto  inimigo,  ora  na vanguarda, ora em ações de apoio, a Tropa Paraibana, juntamente com as demais  Unidades  do Destacamento, Comandado pelo Cel Dutra, entrou na cidade de Campinas, no dia 3 de outubro, data em que foi  encerrada  a luta, com a vitória total das Forças fiéis ao Governo Vargas.

No  dia  7  de outubro, a Tropa seguiu para Jundiaí, de onde partiu para o Rio de Janeiro,  a  fim  de, junto  ao  contingente  que combateu no Sul, retornar Á Paraíba.

6.3.2. Na Frente Sul

Na  Frente  Sul,  os combates se deram em 3 eixos de marchas diferentes. Os Batalhões  Provisórios  da  Paraíba,  atuaram  no  eixo compreendido entre as cidades de Buri e Itapetinga.

O  1º Batalhão  Provisório  da Paraíba, chegou na cidade de Buri, ao Sul de São Paulo, onde estava instalado o Comando da  Coluna, Comandada  pelo  Gen  Waldomiro Lima, que combatia os Revolucionários Paulistas naquela região, no dia 31 de agosto, depois de 3 dias de uma viagem de trem que teve início no Porto de Paranaguá

Nosso Batalhão, como era de praxe, recebeu  o  nome  do  seu Comandante, ficando dessa forma denominado de Batalhão Falcone.

Já no dia 2 de setembro, o Batalhão Falcone foi empregado em um  ataque  Á cidade de Capão Bonito, desalojando o inimigo que ali se encontrava já a alguns dias. Foi nossa  primeira  vitória.  Não  houve tiro,  pois  quando  os Paraibanos iniciaram o ataque, os Revolucionários, que estavam tão bem abrigados que não  esperavam  nunca  que  as Forças  Legais  fossem  efetuar  um ataque, abandonaram a cidade. Esse fato deu notoriedade ao Batalhão Falcone.

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Depois dessa investida, o Batalhão Paraibano foi encarregado de perseguir o inimigo, sendo, poucos quilômetros depois  cercado  por forte  Contingente Revolucionário. Esse cerco durou 5 dias, período em que a Tropa inimiga fazia constantes ataques,  utilizando,  inclusive, Carros  Blindados e Ataques Aéreos. Em uma ocasião, faltou munição nas trincheiras e como o inimigo se aproximava,  a  Tropa  partiu  para  o ataque  corpo  a  corpo, tendo-se verificado muitas mortes a golpes de arma branca. Foi um dos momentos mais difíceis  que  esse  Contingente passou.  No  dia  8  de  setembro,  um forte ataque efetuado por todo Destacamento Comandado pelo  Cel  Dorneles,  do  qual fazia  parte  o Batalhão  Falcone,  pois  fim  ao  cerco  e levou os Revolucionários a recuarem para uma posição nas proximidades do Rio das Almas.

Para progressão  do  Destacamento  Dorneles  era  necessário ultrapassar  a ponte  sobre o Rio das Almas, que se achava fortemente defendido pelo inimigo. O Cel Dorneles, confiante no  valor  da  Tropa Paraibana,  planejou  o  ataque,  contando  com  a participação dessa Unidade. Mais uma vez o Batalhão Falcone foi encarregado de  atuar no eixo  de marcha, enfrentando o inimigo de frente, enquanto as Unidades do Exército atuavam pelos flancos.

Nesse ataque, quando se viu derrotado, o inimigo ateou  fogo no mato e dinamitou a ponte, obrigando o Batalhão a ultrapassar o rio, sobre um viga de 20 centímetros  de  largura  e  em  meio  a  intensa fuzilaria.  No outro lado do rio, o Batalhão foi mais uma vez cercado, permanecendo nessa situação por 6 dias. Finalmente, os Revolucionários foram derrotados, recuando para a cidade de Itapetinga.  Já  estávamos no dia  30  de  setembro,  e  o Batalhão Falcone foi deslocado para a cidade de Gramadinho, onde aguardaria ordens para atuar.

Nessa cidade, a Unidade permaneceu até o dia 3  de  outubro, quando  a  luta teve  fim,  com  a  derrota  dos  Revolucionários, aí permanecendo até o  dia  8,  quando, juntamente  com  o  2º  Batalhão Provisório,  que tinha chegado aquele local três dias antes, regressou para o Rio de Janeiro.

O 2º Batalhão Provisório também atuou  nessa  mesma  frente, porém com uma participação menos efetiva, atuando mais  na  retaguarda ou  em  apoio  a  outras Unidades.  Ele chegou em Buri, ponto de onde partiam as Tropas que atuavam nessa região, no dia 15 de agosto  e  só no dia 25 entrou em ação na cidade de Capão Bonito. Depois de diversas outras  ações, quase todas na retaguarda, essa Unidade chegou a cidade de Gramadinho, no dia 5 de outubro, quando já tinha terminado a  luta. Dessa  cidade, juntamente  com o Batalhão Falcone, todo o contingente retornou Á Capital Federal.

Estava  terminada  a  luta.  Os  representantes  da  Paraíba cumpriram a missão a que se destinaram.

6.4. O Regresso da Tropa e as Homenagens

No dia 22 de outubro daquele ano, em meio a grande  manifestação  pública, toda Tropa desembarcou no Porto de Cabedelo, onde foi recebida pelo Dr. Gratuliano de Brito,  todo  secretariado,  e  grande número de outras autoridades e da população.

Transportada de Trem de Cabedelo para a Capital,  a  Tropa foi  outra  vez recebida com muitas manifestações de carinho do povo, desfilou pelas principais ruas da cidade, e em frente  ao  Palácio  do Governo,  onde fez alto, foi homenageada pela autoridade com calorosos discursos.

Por ocasião do desembarque na Estação Ferroviária e durante o desfile Militar, a Banda de Música da Corporação executou o  dobrado "OS FLAGELADOS",  de  autoria do Compositor Joaquim Pereira, que era maestro da Banda de Música. Esse dobrado, anos depois, foi tema de  um filme  produzido  nos  Estados  Unidos,  tornando-se,  dessa maneira, mundialmente famoso.

Após as homenagens, os Batalhões Provisórios foram extintos.

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Os registros desses fatos podem ser encontrados nos Boletins do  Comandante Geral do Regimento Policial, denominação da época, nos Jornais  da  Capital,  que  além do  noticiário  dos  acontecimentos, publicavam  as  correspondências  trocadas entre as autoridades, todas ressaltando  o  valor  da  Tropa Paraibana, além de algumas obras que tratam do assunto de uma forma geral,  sem  fazer  alusão  expressa  a participação da Tropa Paraibana.

Entretanto,  o  melhor  e  mais  detalhado  registro  desses acontecimentos, está consignado na obra Soldado da Paraíba, de autoria do  Major  Guilherme  Falcone, Comandante de um dos Batalhões Provisórios, que participou da luta, editada em 1935. Nessa  obra,  Falcone, empregando um estilo erudito, e em que revela ser detentor de grande cultura,  descreve,  com  impressionante  riqueza  de  detalhes, toda participação da Tropa Paraibana nessa luta.

Falcone  era  um  dos mais valorosos Oficiais de sua época. Reconhecido pelos seus dotes intelectuais, era sempre  encarregado  de fazer os discursos oficiais por ocasião das solenidades  militares  ou sociais  da  Corporação.  Foi  o  primeiro  Oficial da Corporação a se graduar em um Curso Superior, formando-se em Ciência  e  Letras,  em 1931.

7. A CAMPANHA DE NATAL

7.1. A Origem Da Intentona Comunista

A  quebra  da bolsa de Nova York, ocorrida em 1929, assinalou o início de uma grave crise no Capitalismo de todo mundo. Enquanto isso, no  decorrer  da  década  de 1920,  registrou-se  a  consolidação  do Comunismo, principalmente na Rússia.

Por  conta  da expansão Comunista no continente Europeu, pressionando  o Capitalismo,  surgiram  os  movimentos  Nazista  e  Fascista, respectivamente na Alemanha e na Itália. Ambos os movimentos defendiam o  enfraquecimento  do Parlamentarismo  e  a  implantação de Governos Totalitários, como forma de manutenção do Capitalismo.

Aos poucos o Comunismo e o Nazi-Fascismo foram se disseminando em outros Países.

No Brasil, as primeiras Organizações  de  um  Partido  Comunista, datam de 1922. Porém, só a partir de 1931, com a adesão de Luiz Carlos Prestes  ao  Comunismo, e sua viagem para Moscou, a fim de estudar tal doutrina, é que foi possível a obtenção de resultados mais  concretos, por essa organização.

O Fascismo chegou ao  Brasil  em  1932,  através  da  criação  do Movimento Integralista  Brasileiro,  que,  pelo  fato  de se insurgir contra o Comunismo e defender princípios como Deus, Pátria e  Família, valores próprios da Cultura Nacional, angariou a simpatia e adesão dos Militares.

A  Internacional  Comunista  (IC)  órgão  destinado  a expandir o Comunismo em todo mundo, foi pressionada por Luiz Carlos Prestes, para investir em uma Revolução no Brasil, que se  destinasse  a  tomada  do Poder.  Prestes  se  encontrava na Rússia, onde tinha adquirido grande prestígio junto ao Órgão máximo da organização comunista.

Em 1934, diversos agentes da Internacional Comunista,  vieram  ao Brasil, clandestinamente, para sob a direção de Prestes, que retornava ao País, prepararem uma revolução.

Encontrando  dificuldades  de  penetração  nas massas populares e rejeição de ordem legal, o Partido Comunista do Brasil criou, em 1934, um movimento denominado Aliança Nacional Libertadora (ANL),  destinada a  consagrar  o  operariado  e  a  classe camponesa,  bases  para  os propósitos Revolucionários. O clima político da  época  era favorável aos  objetivos da ANL, uma vez que havia um grande descontentamento da

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massa popular com o Governo Revolucionário, que não conseguia resolver as grandes questões sociais.

Pelo fato do Partido Comunista e da Aliança Nacional  Libertadora serem dirigidas por Prestes, receberam muitas adesões de Militares.

A  estratégia  para o movimento era a preparação do povo, através da ANL e a infiltração nos meios militares.

A ANL passou a promover intrigas regionais, pregando o separatismo no Rio Grande do Sul e São Paulo e  idéias  contrárias  no  Rio  de Janeiro.  No  Norte e Nordeste pregava-se a luta contra os privilégios do Sul. Era dividir para conquistar.

Percebendo a manobra, e pressionado pelo Movimento  Integralista, que era anticomunista, o Governo fecha, em junho de 1935, a ANL.

Na clandestinidade geral, Prestes perdeu espaços.A  Internacional  Comunista, que só a partir de então passou a se interessar

pelo Brasil, exigiu de Prestes a continuidade do movimento.Com bases formadas por civis e  militares  ,  no  Rio  Grande  do Norte,

Pernambuco,  Rio  de  Janeiro  e  Rio  Grande  do Sul, Prestes planejou, para o mês de novembro de 1935, um  movimento  que  partindo dos  Quartéis  encontraria,  na  avaliação de Prestes, fácil apoio do povo.

Tomando conhecimento dos planos, através de  agentes  infiltrados nos movimentos, o Governo se preparou e conseguiu, com certo esforço, debelar o movimento, que ficou conhecido como Intentona Comunista.

Foram registradas muitas lutas em Natal, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre.

7.2. A Deflagração do Movimento

No dia 23 de novembro, um sábado, aproveitando-se da ausência  da maior quantidade de Oficiais no Quartel, as Praças do 21º Batalhão de Caçadores (BC), em Natal,  liderados  pelo  funcionário  civil  Lauro Cortez Lago, prenderam o Oficial de Dia e apoderaram-se do Quartel.

O  Coronel  José  Otaviano  Pinto,  Comandante  do  21º  BC,  sem condições de reação, dirigiu-se  ao  Quartel  do  Comando  da  Polícia Militar,  de  onde,  juntamente com  o  Major  Luiz Júlio, Comandante daquela Corporação, organizou heróica resistência aos rebeldes.

O tiroteio entre os rebeldes e a Polícia Militar que  começou  no início  da noite  do dia 23, prolongou-se até a manhã seguinte, com a rendição da Tropa Legal, e prisão de todos os Oficiais.

O Governador do Rio Grande do  Norte,  Rafael  Fernandes  e  seus auxiliares, ao  tomar  conhecimento  do  movimento  se  refugiam no Consulado da China, naquela Capital.

Cessada a resistência legal, os amotinados constituíram uma Junta para exercer o Governo do Estado,  e  que  era  composta  da  seguinte forma:

- Ministro do Interior - Funcionário Lauro Cortez; - Ministro da Defesa - Sargento Quintino Clementino;- Ministro do Abastecimento - Sapateiro José Praxedes;- Ministro das Finanças - Funcionário dos Correios e Telégrafos - José

Macedo;- Ministro da Viação - Estudante João Batista Galvão;- Cmt. da Guarnição Federal - Sgt Elizial Diniz Henrique; e, - Comandante

do 21º BC - Cabo Estevão.Em seguida, foram saqueados o Banco do Brasil, e outras  Repartições,

apreendidos  caminhões  públicos  e  particulares, e praticadas muitas desordens na cidade. Durante 3 dias, a população viveu um clima de terror.

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Todas as ligações de Natal com o resto do País foram cortadas.Tomada a Capital, os Revolucionários  formaram  3  Colunas  e  se dirigiram

ao  interior  daquele Estado, ocupando as cidades de Ceará-Mirim, Baixa-Verde, São João de Malibu, Santa Cruz e Canguaretama.

Nos planos de Prestes o início do  movimento  seria  no  dia  27, porém  através de um radiograma forjado pelo serviço de informações do Governo, a ação em Natal foi antecipada. A pretensão  do  Governo  era precipitar as ações para facilitar a sua debelação.

Ao  tomar  conhecimento  do  movimento  de  Natal, logo no dia 24 daquele mês, grupos liderados pelo Ten Lamartine Coutinho, iniciaram a revolta  no Quartel do 29\ BC, em Socorro, nas proximidades de Recife. Presos os Oficiais que não aderiram ao movimento e tomado  o  Quartel, os rebeldes marcharam para o centro do Recife.

A resistência em Recife foi iniciada com a parte da Tropa Federal que se mantinha leal ao Governo e a Polícia Militar de Pernambuco.

No dia seguinte, seguiram para Recife o 22º BC, de João Pessoa, e o 20\ BC, de Alagoas.

No  dia  26  de  novembro,  o  movimento  de  Recife  tinha  sido controlado, com a vitória do Governo.

No  Rio de Janeiro, o movimento que ocorreu em diversos Quartéis, foi iniciado no dia 26, dele participando muitos Oficiais.

Como o início do movimento no Rio de Janeiro, ocorreu  dentro  do programado,  e  o  Governo  estava  preparado,  a  luta  foi  das mais sangrentas.

7.3. A Participação da Milícia Paraibana

7.3.1. A Preparação

Enquanto se  desenrolavam  as  lutas  em  Recife  e  Rio  de Janeiro, pouco se sabia a respeito da situação de Natal.

Ao  tomar  conhecimento do movimento do Recife e da suspeita de que o mesmo ocorria em Natal, o Governador da Paraíba, Argemiro  de Figueiredo,  começou  a mobilizar  a  Força  Pública,  denominação da Polícia Militar  na  época,  objetivando guarnecer  a  Capital  e  as fronteiras da Paraíba com o Rio Grande do Norte.

No  dia  24  de  novembro,  chegou  a  João Pessoa, vindo de Campina Grande, um efetivo de 70 homens da Polícia Militar.

Os  Destacamentos  do  Sertão  foram deslocados para Campina Grande.A pedido do Governador, Argemiro de Figueiredo,  o  Deputado Américo

Maia,  percorreu  as  cidades  fronteiras com o Rio Grande do Norte, conclamando as autoridades  locais,  a  iniciarem  preparativos para resistência.

Por ordem do Governador, ainda  no  dia  24,  o  Cap  Manuel Benício, concentrou  os Destacamentos do Brejo, na cidade de Caiçara, proximidades de Nova Cruz, que se achava ocupada pelos rebeldes.

Grupos de civis armados sob a liderança de  políticos  e  os Destacamentos locais,  sob o Comando de Oficiais, tomaram posição nos principais pontos de fronteiras com o Rio Grande do Norte.

Em Pombal, o Cap Jacob Frontz contava com um efetivo de  200 homens para seguir para Caicó

O Ten João Alves de Lira aprontou 300 homens em Santa Luzia. Em  Patos,  o Prefeito  Adalgísio  Olyntho  e  o  Ten Vicente Chaves, contavam com 200 homens armados, prontos para invadir Barreiras-RN.

Em Picuí, o Ten Severino Lins, dispunha de  300  homens.  Em Brejo  do  Cruz foi formado um efetivo de 100 homens pelas lideranças locais. Outros grupos começaram a se formar em Sousa e Malta.

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Esses grupos, formados  de  Militares  e  Civis,  aguardavam ordem  para entrar  em ação. O governo aguardava a chegada das Tropas Federais vindas de Fortaleza, Alagoas, Pernambuco e Bahia.

Tropa Comandada pelo Cap  Jacob  Frontz,  invadiu  Caicó,  e grupos liderados  por  Adalgísio  Olyntho,  invadiram Parelhas, porém constataram clima de normalidade, e de lá regressaram, sem necessidade de lutas.

7.3.2. Deslocamento de Tropas

No dia 26 daquele mês, circulou em João Pessoa a notícia  de que  um grupo armado, vindo de Gramame, ao sul da cidade, iria invadir a Capital Paraibana.

Um Destacamento da PM composta por 70 homens, sob o  Comando do  Cap João Pereira Diniz, deslocou-se até Gramame, onde constatou a existência de um grupo de Caboclos, que tinha seqüestrado um  proprietário  local,  conhecido  por Major Alves. Sem oferecer resistência, o grupo foi dispersado nas matas ali existentes.

O  Ten Cel Elias Fernandes, na época Delegado de São João do Carirí, foi convocado para Comandar uma Companhia  que  seguiria  para Natal.

Na  tarde  do dia 26 de novembro, o Ten Cel Elias Fernandes, manteve audiência com o Governador e o Cel Delmiro Pereira, Comandante da Força Pública.

Às 19:00 horas daquele dia, o Ten Cel  Elias  Fernandes,  se dirigiu Á Natal, juntamente com um efetivo de 130 homens.

A  tropa,  que viajava de caminhão, pernoitou em Mamanguape, de onde saiu Ás 11:00 horas do dia seguinte, ingressando em território Riograndense aproximadamente Ás 13:00 horas, onde pernoitou acantonada em Canguaretama.

No dia 26 de  novembro,  o  Cap  Manuel  Benício  partiu  de Caiçara e ocupou Nova Cruz, onde ocorreu um confronto com os rebeldes, resultando na prisão de 5 e na morte de 2 deles.

No  dia  seguinte,  o  Prefeito  e o Delegado da cidade, que haviam se ausentado com a chegada dos rebeldes,  a  ela  retornaram  e ocuparam  as  suas funções, com a proteção da tropa do Cap Benício. De Nova Cruz, o Destacamento do Cap  Benício, formado  por  112  homens, marchou  em  direção  a Vila Nova, naquele Estado, em perseguição aos grupos rebeldes. Nesse  percurso  foram  efetuadas  várias  prisões  e apreendido  veículos, armas, munições e dinheiro em poder dos rebeldes presos. Ainda em marcha, esse Destacamento travou luta com os rebeldes em Baixio e Santo Antônio. Em Vila Nova a  ordem  foi  restabelecida, com as autoridades constituídas retornando as suas funções.

De  Vila  Nova, o Cap Benício e seu Destacamento seguiram ao encontro do Destacamento  do  Ten  Cel  Elias  Fernandes,  a  quem  se apresentou no dia 28 de novembro em Canguaretama.

Com a junção desses dois efetivos, o Ten Cel Elias Fernandes deu  nova organização a tropa que recebeu a denominação de 2º Batalhão de Infantaria, formado por duas Companhias, a 1ª  Comandada  pelo  Cap Antônio Pereira  Diniz  e mais 110 homens, e a 2ª sob o Comando do 2º Ten Antônio Benício e também composta por 110 homens.

O Cap Benício passou à função de Sub-Cmt do Batalhão.Assim organizado o 2º Batalhão de Infantaria,  reiniciou  no dia 29 daquele

mês a viagem, agora de trem, com destino a Natal.Nesse  percurso  foram registradas paradas em Goianinha, São José de Malibu,

onde foram embarcados rebeldes presos. Na  estação  de Cajupiranga  o  Batalhão  esperou pelo Maj José Andrade Farias, Cmt do 20º BC de Alagoas, que viajava de trole para fazer contatos com o  Cmt da  Tropa  Paraibana.  Depois  de  entendimento  dessas autoridades, o Batalhão seguiu viagem.

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Ao chegar em Natal, o 2º Batalhão da  Paraíba  foi  recebido por  autoridades locais e alojado no Regimento de Cavalaria no Bairro do Tyrol, naquela Capital.

No dia 30  de  novembro  foi  destacado  um  reforço  do  2º Batalhão para a cidade de Nova Cruz.

A missão do 2º Batalhão foi efetuar a Guarda da cadeia, onde haviam  muitos presos políticos, Quartel da PM, o Banco do Brasil, e o Policiamento da Cidade.

Uma patrulha  formada  por  42  homens  dessa  Unidade,  foi enviada  ao Recife, a bordo do navio BUTI, escoltando presos políticos, saindo de Natal no dia 12 e retornando no dia 15 de dezembro.

Depois de  bastante  homenageada  pelas  autoridades  Norte-Riograndenses, o 2º Batalhão de Infantaria retornou a Capital Paraibana  no  dia 23 de dezembro, onde foi recebida com muitas honras, sendo efetuado um desfile da Estação Ferroviária  até  o Quartel  na  Praça Pedro  Américo.  Nesta  data,  a  Corporação ganhava nova denominação, passando de Força Pública para Polícia Militar.

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CAPÍTULO VI

AS ORIGENS DAS UNIDADES E SUBUNIDADES

1. BATALHÕES, COMPANHIAS E DESTACAMENTOS

Embora a Polícia Militar tenha sido criada com a  denominação  de Corpo  de Guarda  Municipais  Permanentes,  a  Corporação  tinha  por objetivo a manutenção  da Ordem  Pública  em  todo  o  território  da Província.  Porém,  por  escassez  de  recursos, até 1835, todo o seu efetivo ficou concentrado na Capital. Nesse ano, quando foi adotado  a denominação de Força Policial e fixado novo efetivo, foi que começou o seu processo de interiorização, criando-se Destacamentos nas  Comarcas de  Areia  e  Pombal, com um efetivo de 10 homens cada, Comandados por Sargentos.

Em 1837, a lei que fixou o efetivo da Corporação previa a criação de Destacamentos formados por 30 homens, no mínimo,  todos  comandados por Oficiais.

Começava  também  a  preocupação  com  o  controle operacional do efetivo, iniciando-se a criação de Companhias.

Pouco depois, em 1848, a preocupação era com o assessoramento  do Comando,  criando-se  um  Estado-Maior  e um Estado-Menor, formado por Oficiais e Sargentos, respectivamente.

Em  1859,  existiam  na  Província  7  (sete) Comarcas, que foram contempladas com Destacamentos compostos de  20  homens  cada,  sob  o Comando  de um  Oficial.  Pela  lei  que  criou tais Destacamentos, o Policial tinha direito a  casa, providenciada  pelo  Governo,  e  não poderia  permanecer  mais  de  06 meses em cada Destacamento e nem ser licenciado nesse período.

Entre 1870 e 1908, foram criadas e extintas Companhias com  muita frequência, variando de 01 a 04.

Em  1911,  foi  deslocada uma Companhia para Campina Grande, para facilitar os combates ao Movimento Revolucionário de Monteiro, iniciado naquele ano. Depois desses  combates,  essa  Companhia  retornou  Á Capital.

Em  1913,  para facilitar o controle das ações dos Destacamentos, foram criadas 07 Inspetorias, comandadas por Alferes e que congregavam número variável dos Destacamentos. Para melhor atender aos seus  fins, as Inspetorias mudavam constantemente de sede.

Foram  sedes  de Inspetorias, Campina Grande, Patos, Sousa, Cajazeiras, Pombal, Catolé do Rocha, Piancó, Conceição, Teixeira e  outras cidades.

Em  24  de  dezembro  de 1924, foram extintas as Inspetorias e os Alferes que as comandavam passaram a Subalternos nas Companhias.

Uma das principais atividades da Força Pública na década  de  20, era  o combate  aos  grupos  de cangaceiros. Eram das Inspetorias que partiam as Patrulhas Volantes  para  esse  fim.  Com  a  extinção  das Inspetorias,  houve  a  necessidade  de  se criar uma forma de apoio e controle dessas atividades, principalmente no Sertão. Foi então criado em 21 de fevereiro de 1925, o 2º Batalhão da Força Pública,  com  sede em Patos.

Até  então  só existiam 04 Companhias e o Estado-Maior. A lei que deu nova organização a Força passou a  prevê  um  Estado-Maior,  e  02 Batalhões,  sendo  o  1º  na Capital  e  o  2º em Patos, ambos com 03 Companhias, sendo que o  1º  Batalhão  possuía também  uma  Seção  de Bombeiros.

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Para  comandar  o  2º  Batalhão  foi  designado  o Capitão Irineu Rangel, que tinha sido reformado e depois retornou a ativa.

O 2º Batalhão foi organizado em um Quartel situado na  Rua  Silva Jardim, em João Pessoa e depois seu efetivo foi transportado, de trem para Patos, onde se instalou em um antigo  prédio  que  foi  reformado através  da aplicação de mão de obra da própria Polícia Militar, sob a direção do Cap Irineu Rangel.

O Cmt  Geral,  o  Major  Comissionado  Ten-Cel  ELÍSIO  SOBREIRA, acumulava o Comando do 1º Batalhão.

Em  1926,  nos combates à Coluna Prestes na Paraíba, grande parte das ações da Força Pública partiram do  2º  Batalhão.  Em  janeiro  de 1927,  a  lei de organização da Força passou a prevê só um Batalhão na Capital e 02 Companhias Regionais, sendo assim extinto o 2º Batalhão.

As Companhias Regionais foram sediadas uma em Patos, substituindo o 2º Batalhão e a outra em Conceição.

Como só existia um Batalhão, deixou de ser empregado a  denominação 1\ Batalhão.

Em  julho  de 1927, a Companhia Regional de Patos foi transferida para Cajazeiras, a qual funcionou onde hoje  existe  o  Colégio  Padre Rolim.

Campina Grande nessa época tinha um Destacamento sob o comando de um Oficial.

Em  1930,  as  Companhias  Regionais  passaram  a ser denominadas apenas de 4ª  Cia,  em  Cajazeiras,  com  143  Praças  e  5ª  Cia,  em Conceição, com 136 Praças. As outras 03 eram sediadas na Capital.

Em  06  de  março de 1930, foi criado o Batalhão Provisório, para fazer face ao combate aos Revoltosos de Princesa. A sede do Comando da Companhia de Princesa foi instalada em Piancó. Irineu Rangel que tinha sido reformado como  Tenente,  retornando  a ativa  foi  promovido  a Capitão  e  designado  Comandante  do 2º Batalhão que foi extinto, foi reformado e depois retornou a ativa outra vez para Comandar o Batalhão Provisório e assumiu o Comando de toda tropa em operação  na  Campanha de Princesa.

No  fim  do  ano, após a Campanha de Princesa e a participação da Força no movimento  Revolucionário,  que  depôs  Washington  Luiz,  o Batalhão Provisório foi extinto.

No  decorrer  da  Campanha de Princesa, a Companhia de Cajazeiras foi transferida para Patos.

Em 1931, a Corporação com a denominação  de  Regimento  Policial, recebeu nova  organização, constando de 02 Batalhões, o 1º sediado em João Pessoa e o 2º que deveria ser instalado em Patos, porém, como  já havia  naquela  cidade  uma  Companhia, o  Batalhão  ficou sediado em Campina Grande.

No mesmo ano, o 2º Batalhão  foi  transferido  para  Patos,  onde permaneceu até 1938, quando foi definitivamente deslocado para Campina Grande.

Ficou,  então,  o  1º  Batalhão  responsável pelo Policiamento do Litoral e do Brejo e o 2º Batalhão, pelo  restante  do  território  do Estado, de Campina Grande a Cajazeiras.

Em  25  de  fevereiro de 1969, foi criado o Batalhão Especial que passou a executar o Policiamento da Capital, enquanto  o  1º  Batalhão era  encarregado  de executar a segurança do Brejo, era denominado de Batalhão Especial em razão  de  ser constituído  por  Companhias  que realizavam  Policiamentos  Específicos,  foi  a  época da criação das Companhias de Policiamento Ostensivo, de Rádio  Patrulha,  Trânsito  e Guardas.

Em  03  de  fevereiro  de  1974,  o  1º  BPM foi transferido para Guarabira. Em 1975, no dia 20  de  agosto,  o  1º  BPM  passou  a  ser denominado de 4º BPM, enquanto o Batalhão Especial passou a denominar-se de 1º Batalhão.

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O  3º BPM foi criado em 1961, pelo Governador Pedro Gondim, porém só foi instalado em 1972, no dia 14 de maio,  pelo  Governador  Ernani Sátyro, na cidade de Patos.

Dada  a  extensa  área  de  responsabilidade,  o 3º BPM sentira a necessidade de descentralizar suas operações. Com esse objetivo  foram criadas  em 19 de agosto de 1976, 03 Companhias, que foram denominadas de Companhias Especiais de Segurança e foram instaladas em Cajazeiras, Catolé do Rocha e Itaporanga e designadas como  1ª,  2ª  e  3ª CIESE, respectivamente.  Em  21  de  junho de 1981, passaram a denominação de 11ª, 12ª e 13ª Companhia de Polícia Militar.

Em continuidade a descentralização Operacional da PM,  no  Sertão foram ainda criadas em 13 de dezembro de 1986 uma Companhia em Sousa e a 09 de setembro de 1988, outra em Conceição.

Na  área  do  2º  BPM,  objetivando  melhor execução da atividade operacional foi criada uma Companhia na cidade de Monteiro  em  28  de julho de 1984.

No  Brejo, região do 4º BPM, a descentralização teve início com a criação de uma Companhia em 09 de abril de 1984, na cidade de  Solânea e outra em Mamanguape em 22 de abril de 1988.

O  crescimento  da  cidade  de  João Pessoa, principalmente com a criação  de grandes  Conjuntos  Habitacionais  Populares,  exigia  da Polícia Militar uma operacionalidade mais efetiva.

Com  esse  intuito  foi instalado em 03 de fevereiro de 1987 o 5º BPM, sediado no Conjunto Valentina de Figueiredo.

O 1º BPM iniciou a descentralização  instalando  a  Companhia  de Trânsito em dependências do DETRAN, Em 1969. Em 1977, quando o Centro de Instrução foi transferido do Quartel localizado Próximo  ao  Parque Arruda  Câmara,  antiga  Fazenda Simão, para precárias instalações em Marés, a Companhia de Trânsito passou a ocupar  o seu  aquartelamento atual.

Em  1981,  no  dia  21  de  fevereiro,  foi  instalado um Pelotão Especial na cidade de Santa Rita, em prédio  da  Prefeitura  Municipal daquela cidade. No ano seguinte, a 15 de janeiro, essa fração passou a denominar-se  de  Núcleo da 1ª Companhia do 1º BPM e em 24 de dezembro de 1986, já localizada em  Quartel  próprio,  antigas instalações  da Secretaria  da  Agricultura  e  utilizado  como Parque de Exposição de Animais, recebeu a denominação de 1ª Companhia de Polícia  Militar  do 1º BPM.

Seguindo  seu processo de descentralização, o 1º BPM transferiu a 4ª Companhia que era instalada na  sua  sede,  com  a  denominação  de Companhia  de Rádio  Patrulha, para um moderno Quartel localizado nas margens da BR-230, nas proximidades de Cabedelo, em fevereiro de 1989.

No Sertão, a descentralização foi complementada com a  instalação do  6\ BPM,  em  setembro  de  1990, em Cajazeiras e a criação de uma Companhia de Polícia em Princesa Isabel em outubro do mesmo ano.

A instituição específica para Ensino e Aperfeiçoamento na  Corporação,  teve início em 1935, com a criação de um Centro de Instrução, que funcionava no Quartel do Comando Geral e que foi extinto em 1940.

Em 02 de abril de  1956,  foi  criado  outra  vez,  com  a  mesma denominação, passando a funcionar em antigas instalações do Esquadrão de Cavalaria, situado Próximo ao Parque Arruda Câmara.  Em  1977,  foi transferido  para  um  novo  Quartel,  situado em  Marés  e  passou a denominar-se de Centro de Formação e  Aperfeiçoamento  de Praças.  Em 1989,  foi  transferido  para  moderno  Quartel localizado no Conjunto Residencial de Mangabeira.

Para atender a nova realidade da Corporação, o CFAP foi transformado em Centro de Ensino,  que  engloba  o  antigo  Centro  e  mais  a Academia de Polícia Militar, dando-se a inauguração em 03 de fevereiro de 1990.

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A  Polícia  Feminina  foi  criada a 23 de dezembro de 1985. Foram enviadas 03 Alunas para freqüentar o Curso de  Formação  de  Oficiais, sendo  uma em Minas Gerais e duas em Pernambuco, além de 03 para fazer o Curso de Formação de Sargentos, na PMPE.

Em 1990 foi formada a primeira turma de Soldados  Femininos,  com 72 formados.

Até o final de 1991, parte desse efetivo prestou serviço aos 1\ e 2º  BPM, algumas  em  atividades  burocráticas  e outras em Operações Policiais Militares.

No início de 1992, todo o efetivo do 1º BPM, foi transferido para o que se convencionou chamar de Companhia de Policiamento  Feminino  e que  passou  a  ocupar antigas  instalações  do Ambulatório Médico da Polícia Militar, na Rua da Areia.

Em 1987, foi criado um Pelotão Especial  de  Choque,  subordinado diretamente  ao  Cmt Geral. Sediado inicialmente no Quartel do Comando Geral, essa Subunidades passou a ocupar um novo Quartel  localizado  na BR-230,  Próximo a cidade de Cabedelo, em junho de 1988, sendo extinto em dezembro desse ano. Em março de 1991,  foi  outra  vez  criado  um Pelotão  Especial,  subordinado também diretamente ao Cmt Geral, porém com sede no próprio QCG. Para oferecer maior eficiência operacional ao Pelotão Especial, foi criado em dezembro de 1991 um Canil,  que  ficou instalado  no Quartel  de  Cabedelo,  e diretamente ligado ao Pelotão Especial.

A historia do Corpo de Bombeiros é quase um capítulo a  parte  na vida da Polícia Militar.

Criado a 09 de junho de 1917, o Corpo de Bombeiros teve como sede o Quartel de Gravatá, na Rua Maciel Pinheiro, um prédio situado na Rua Diogo Velho onde hoje funciona a Casa do Menor, e um prédio localizado na Praça Venâncio Neiva, onde hoje existe a Delegacia do Ministério do Trabalho  e  que era conhecido como Palacete do Barão de Abihay. Desse Quartel, o Corpo retornou ao Quartel do Gravatá.

Crescendo a necessidade de sua interiorização, foi criado  em  10 de  novembro de  1947, uma Seção de Bombeiros em Campina Grande e que passou a ter como Quartel dependências do 2º Batalhão, onde ainda hoje se encontra alojado.

Em 02 de junho de 1976, o Corpo passou a ocupar amplas e modernas instalações, localizadas Ás margens da BR-101, no Bairro de Marés.

2. SÍNTESE HISTÓRICA DA BANDA DE MÚSICA DA PMPB

A Banda de Música da  Polícia  Militar  da  Paraíba,  foi  criada através  da  Lei n\  291, datada de 08 de outubro de 1867, sancionada pelo então Presidente da Província, o Sr. José Teixeira de Vasconcelos (Barão de Maurú). As condições materiais  da Corporação,  entretanto, não  permitiram a sua implantação. SÓ através da Lei n\ 387, de 20 de abril de 1870, sancionada pelo Presidente da Província, o Sr. Venâncio José Oliveira Lisboa, a Banda de Música  foi  organizada  e  posta  em funcionamento  com  o  efetivo de 20 (vinte) Músicos, dirigidos por um Mestre e um contramestre.

A primeira apresentação da Banda ocorreu no dia 29  de  julho  de 1870,  com a  presença  do  Presidente  da  Província,  na qual foram utilizados os seguintes instrumentos:

- Bombardão, Helicon (ambos fora de uso, sendo que o Helicon é a Tuba ou Contra-baixo), Bombardino, Sax-barítono, Piston, Trombone, Trompas, Clarinetes, Requinte, Flautim, Bombo, Prato e Caixa-tambor.

No período de 1871 a 1877,  a  Banda  de  Música  foi  extinta  e recriada várias vezes, sempre sob a alegação de contenção de gastos.

Durante  toda  sua  trajetória,  a  Banda de Música esteve sempre presente nas atividades Cívicas e Sociais mais requintadas da  Capital e  do  Interior  do  Estado,

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abrilhantando festas nos clubes sociais e familiares,  além  de  manter  constante programação  de  retretas  e desfiles.

Pelos  seus  quadros já passaram grandes músicos que alcançaram o reconhecimento  público  além  das  fronteiras  do  Estado,  como  por exemplo:

-  Joaquim  Pereira,  autor  de  famosos  dobrados, entre os quais,  "Os Flagelados",  composto  para  recepcionar  o  efetivo  da Corporação,  no seu retorno da Campanha contra a Revolução Paulista de 1932;

- Severino Araújo,  hoje  consagrado  Maestro  da  Orquestra Tabajaras, com atuação musical no Rio de Janeiro;

-  Moacir  Santos,  Saxofonista  e Tenorista, que atualmente exerce atividades artísticas nos Estados Unidos;

- João Eduardo, João Artur,  Pedro  Neves,  Camilo  Ribeiro, Adauto Ribeiro, José Jenuíno Barbosa, José Neves, Francisco Cabrinha e o  seu  atual  Diretor, Eraldo Gomes de Oliveira, todos de reconhecida competência no âmbito regional e no cenário nacional.

No período de 1925 a 1950, a Banda  de  Música  era  dividida  em vários Grupos Musicais, para animar as festas carnavalescas dos clubes da Capital e cidades vizinhas.

Desde  1912,  anualmente,  a  Banda  de  Música  é convocada para abrilhantar a abertura dos  trabalhos  da  Assembléia  Legislativa  do Estado, ocasião em que tem uma marcante atuação.

Nas  solenidades  de  passagem  de Governo, compondo o efetivo da Guarda de Honra da Polícia Militar, a Banda de Música é sempre alvo de especial atenção, fazendo-se merecedora do carinho da população.

Marco permanente de incentivo Á cultura em todo o Estado, onde  é reconhecida  e admirada, a Banda de Música absorve, profissionalmente, grande parte do contingente artístico-musical do Estado, aprimorando-o e circunstancialmente, projetando-o no cenário nacional.

Como parte comemorativa do Sesquicentenário da Polícia Militar da Paraíba, ocorrida no decorrer  de  1982,  a  Banda  de  Música  gravou um disco, contando com o apoio do Governador do Estado, o Dr. Tarcísio de  Miranda  Burity,  um  dileto apreciador de talentos artísticos. Em 1985, por ocasião das comemorações do  IV  Centenário  da Paraíba,  a Banda  de  Música gravou outro disco, desta feita com o apoio do então Governador  do  Estado,  Dr.  Wilson  Leite  Braga.  Esses  trabalhos, contendo dobrados, clássicos e músicas populares, foram produzidos sem fins  lucrativos e receberam inúmeros elogios de autoridades e entidades a quem foram distribuídos.

Atualmente  a  Banda  de  Música  é  composta  por  180  músicos, distribuídos em  Bandas  Regimentais sediadas em João Pessoa, Campina Grande, Patos e Guarabira, onde se acham localizados os 1\,  2º ,  3\ e 4\ BPM, respectivamente.

Objetivando  atender inúmeros pedidos de entidades filantrópicas, foi criado, no ano de 1993, no âmbito da Banda de Música, um  Conjunto de  Música  Popular, destinado  a  execução  de músicas próprias para animação de festas dançantes, além de um Grupo destinado Á marcação do ritmo tipicamente brasileiro, popularmente conhecido  por todos  como "PAGODE".

Nas  datas  comemorativas  da Corporação e do Estado , a Banda de Música cumpre  extenso  programa  de  retretas  em  locais  públicos, ocasiões em que é entusiasticamente recebida pela população.

3. ANTIGOS QUARTÉIS OCUPADOS NA CAPITAL

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3.1. Convento do Carmo

O primeiro Quartel ocupado pela PMPB, na época com a  denominação de Corpo  Municipal  de Guardas Permanentes, foi o Convento do Carmo, atualmente, Palácio do Arcebispado, situado Á Praça Dom  Adauto.  Essa edificação,  que tinha sido abandonada pelos religiosos, foi utilizada como Quartel da G.M.P., desde sua ativação em 25 de abril de 1832  até 1846.

3.2. Sobrado na Rua da Areia

Em dezembro de 1846, o Presidente da Província, o Tenente-Coronel de 1ª Linha (Exército), Frederico Carneiro de Campos, alugou uma  casa pertencente  a  Firma Francisco Alves de Souza, situada Á Rua Barão da Passagem, hoje Rua da Areia, para servir como  Quartel  da  G.M.P.  Há indicações  de  que  esse  prédio  seja  um  sobrado, ainda existente, localizado ao lado ao Edifício Mateus  Ribeiro,  onde  funcionava  o Ambulatório Médico da PMPB.

3.3. Quartel do Gravatá

Em 1º de agosto de 1850, foi inaugurado  o  Quartel  de  Gravatá, denominação dada  Ás  instalações  edificadas  Próximo  ao local onde existia uma fonte conhecida por fonte de Gravatá.

Era um edifício antigo adquirido pelo  Presidente  da  Província, José  Vicente de  Amorim  e  que  foi,  na sua gestão reformado. Esse prédio, situado na antiga Rua Conde D Eu, hoje  Maciel  Pinheiro,  foi sede  da  Corporação  por  mais  de  80 anos, tendo sido visitado pelo Imperador D. Pedro II, em 1859,  quando  de  sua  visita  a Paraíba. Atualmente  nessas  instalações, acha-se em funcionamento o Mercado de Artesanato.

3.4. Quartel do 1º Batalhão

Em 1932 a sede da Polícia Militar, então  com  a  denominação  de Regimento Policial Militar, foi transferido do Quartel do Gravatá para o  Quartel da Praça Pedro Américo. Esse prédio construído em 1811, foi sede da Tropa de 1ª Linha (Exército), sendo adquirido pelo  Presidente do  Estado  José Peregrino de Araújo, em 1903. Durante alguns anos foi ocupado pela Escola de Artífices. Em 1929, no  Governo  do  Presidente João Pessoa, foi iniciado sua reforma, aumentando-se mais um pavimento, totalizando em três. Foi inaugurado em 7  de  março  de  1932,  no Governo do Interventor Antenor Navarro.

Nesse  Quartel, passou a funcionar o Comando Geral e a Unidade de Policiamento da Capital. Atualmente é a sede do 1\ BPM.

No Quartel do Gravatá, permaneceu o Corpo de Bombeiros, que havia sido criado em 1917 e que funcionava em uma de suas dependências.

3.5. Quartel do Comando Geral

Em 3 de fevereiro de 1977, no Governo  Ivan  Bichara,  o  Comando Geral  da PMPB foi transferido para o prédio atualmente alojado. ¨ um casarão construído em 1853 pelo Presidente da Província e foi  ocupado pelo  Tesouro  da  Província,  Arquivo Público,  Biblioteca, Justiça, Escola Normal, Hospital, Secretarias do Estado,  Loteria Esportiva  e Assembléia Legislativa.

Para  sua  atual  utilização,  o  prédio  teve que sofrer grandes reformas e adaptações.

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3.6. Quartel da Diogo Velho

De 1936 a 2 de junho de 1941, o Corpo de Bombeiros  ocupou,  como Quartel, um  prédio  situado  na  Av. Diogo Velho, do qual não se tem maiores detalhes. Nessa época, o Corpo  de  Bombeiros  tinha  recebido suas  primeiras  viaturas  e  era Comandado pelo 2º Tenente Alexandre Loureiro Júnior.

3.7. O Sobrado Barão do Abihay

Em 2 de junho de 1941, o Corpo de Bombeiros foi transferido  para o  antigo sobrado Barão do Abihay, situado Á Praça Venâncio Neiva, no local onde hoje acha-se o edifício da Delegacia do Trabalho.

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CAPÍTULO VII

HISTÓRICO DAS ATIVIDADES DE ENSINO E CRITÉRIOS DE PROMOÇÕES

1. INTRODUÇÃO

A historia do  Ensino  na  Polícia  Militar  revela  o  constante esforço  dos integrantes  da  Corporação  para que ela acompanhasse a evolução social, política e econômica da Paraíba.

Os critérios de  nomeações  e  promoções  de  Oficiais  e  Praças adotadas  ao longo  da historia da Corporação, e que guardam estreita relação com o Ensino e a Instrução, retratam um gradativo  desenvolvimento.

Nesse  contexto,  podemos  sintetizar  a  historia  do  Ensino na Corporação em 5 fases distintas e assim consignadas:

1.1. Fase dos Critérios Políticos ( De 1832 a 1912 )1.2. Fase dos Concursos e Bravura ( De 1912 a 1935 )1.3. Fase dos Cursos Internos ( De 1936 a 1965 )1.4. Fase dos Cursos Externos ( De 1965 a 1990 )1.5. Fase Atual

2. FASE DOS CRITÉRIOS POLÍTICOS

De 1832, ano em  que  a  Corporação  foi  criada,  até  1912,  as nomeações  e promoções  de Oficiais eram efetuadas pelo Presidente da Província, ou pelo Presidente do Estado,  conforme  a  época,  sem  a observação  de  critérios  de ordem legal. As nomeações e promoções de Praças eram feitas pelo Comandante Geral  da  Corporação, também  sem prévia fixação de critérios.

Esse  critério permitia, como era natural, as constantes interferências e indicações políticas. Como  se  vê,  não  existia  atividade sistemática de Ensino.

Mesmo assim, a preocupação com o aprimoramento profissional levou a Corporação a criar em 1867, a Função de Oficial Instrutor, que seria exercido por pessoa com qualificação e mediante gratificação especial.

A  partir de então, todas as pessoas que ingressassem na Corporação, seriam submetidas a um período de Instrução, que seria ministrado pelo Oficial Instrutor, em um setor específico da Corporação,  denominado de Companhia Fixa.

3. FASE DOS CONCURSOS E BRAVURA

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Em  1912,  ocasião em que a Corporação passou por grande reforma, os processos de nomeações e promoções de Oficiais e  Praças,  sofreram profundas transformações.

A  partir  de  então  não  houve  mais nomeações de civis para os postos de Oficiais. SÓ poderia ser nomeado como Alferes, posto inicial de carreira de Oficiais, os Sargentos  que  atendessem  os  critérios fixados  em  lei, tais como: contar pelo menos, 3 anos na Graduação de 1\ Sargento; ter 2  anos  como  Sargenteante  ou  Quartel  Mestre, na espécie  de  Almoxarife;  possuir  bom comportamento e ser aprovado em exame prático de infantaria, a nível de escola de pelotão.

Para as promoções seguintes, até o  de  TenCel,  maior  posto  da Corporação, na  época,  também  eram  exigidos critérios, inclusive a aprovação de exames práticos.

As promoções de Sargentos eram efetuadas pelo  Comandante  Geral, mediante indicações  dos  Comandantes das Companhias, visto na época, não existir Batalhões. Em 1916, esse critério foi substituído pelo  de Concurso.

O Regulamento conhecido como "Regulamento do Cel Manuel Barbedo", Oficial  do  Exército  que  comandou a Corporação na época, introduziu mais rigor nas instruções de recrutas.

Em 1917, com o advento da Lei Federal,  que  tornou  as  Polícias Militares, forças auxiliares do Exército, todas as Polícias passaram a receber Oficiais do Exército para ocupar a função de Instrutor.

Preocupado  com a melhoria do nível escolar dos Praças, o Ten Cel João da Costa Vilar, Comandante Geral da  Corporação,  revitalizou  em 1920  a  Escola  Vidal de Negreiros, que funcionava, desde o início do século, no interior do Quartel e se destinava a alfabetizar  Cabos  e Soldados.  Conhecida  como Escola Regimental, essa atividade se desenvolveu até 1970.

Em 1924, dois Sargentos foram enviados ao Rio  de  Janeiro,  para freqüentarem  o Curso de Comandante de Pelotão, que era realizado pelo Exército, na Escola de Sargentos de Infantaria (ESI).

O Posto de Alferes foi extinto em 1916, ocasionando  o  desdobramento do posto de Tenente em 1\ e 2º Tenente.

Em  1929,  foi  criado  o  posto de Aspirante-a-Oficial que seria preenchido pelos Sargentos que concluíssem o Curso  de  Comandante  de Pelotão, realizado no Exército. (Lei n\ 692, de 08/09/1929).

Em  fevereiro  de 1930, o 1\ Sargento Ademar Naziazene, que havia concluído o Curso da ESI no ano anterior, foi promovido a Aspirante-a-Oficial, sendo o primeiro a ocupar esse posto na Corporação.

Diversos outros Sargentos, que fizeram esse Curso, uns no Rio  de Janeiro  e outros  no  Recife, também foram promovidos a Aspirante-a-Oficial.

Embora não fosse  previsto  de  forma  explícita  na  lei,  nesse período ocorreram  também  muitas  promoções  por  bravuras, que eram resultantes quase sempre, de  lutas  entre  a  Polícia  e  grupos  de cangaceiros.

A  partir  de  1945,  pelo  Decreto-Lei  n\ 706, de 04 de outubro daquele ano, a legislação começou a fazer referência  a  promoção  por bravura,  mas só reconhecia a existência desse tipo de ato, em caso de guerra.

A Promoção por Bravura só começou a ter  fundamentação  legal  em 1936, através da Lei Federal n\ 192.

4. FASE DOS CURSOS INTERNOS

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A  Constituição  Federal  de  1934, no seu artigo 167, definiu as Polícias Militares como Força Auxiliar do Exército. A Lei  Federal  n\ 192,  de  janeiro  de  1936, regulamentando esse dispositivo deu nova organização Ás Polícias Militares e introduziu modificações no processo de promoções de Oficiais e Praças.

Passou-se  então  a  exigir-se  a  criação  de Cursos em todos os níveis  de postos  e  graduações,  inclusive  os  aperfeiçoamento  de Oficiais e Praças.

As  promoções,  então,  ficaram condicionadas a realização desses Cursos.A lei estabeleceu uma carência de 5 anos, o que significava que a partir de

1941 os  Oficiais  e  Sargentos  que  não  tivessem  Cursos, ficariam preteridos de promoções.

Em  1935,  antes das exigências da Lei 192, a Corporação, através da Lei Estadual n\ 37, de 23 de dezembro de 1935,  que  estabelecia  a organização  e  o  efetivo anual  da  Corporação,  criou  o Centro de Instrução,  destinado  a  promover  Cursos  de Formação  de  Cabos  e Sargentos. Esse Centro, de organização e efetivo eventual, funcionava no  Quartel  do  Comando  Geral,  onde  hoje  funciona o 1\ BPM, e era dirigido por um Oficial do Exército.

Ainda  em  1936  ocorreu,  nesse  Centro de Instrução, o primeiro Curso de Formação de Sargentos, com a denominação de Curso de Formação de Candidatos a Graduados.

No ano seguinte, foram realizados mais dois Cursos  desse,  sendo um em cada semestre.

Em  1937  foi realizado, também nesse Centro, o primeiro Curso de Cabos. Em 1942, foi realizado outro.

O primeiro Curso de Aperfeiçoamento foi realizado em 1940.Conforme também estabelecia a  lei,  as  promoções  de  Graduados

Especialistas  continuaram  a  ser  efetuadas mediante a realização de Concursos.Em 24 de janeiro de 1938, através do Decreto nº 942,  foi  criada na

Corporação,  a  Escola de Formação de Oficiais, Sargentos, Cabos e Especialistas, e Aperfeiçoamento de Oficiais.  Essa  Escola  passou  a funcionar  no  Quartel  do  Comando Geral, onde funcionava o Centro de Instrução, que foi absolvido pelo novo Órgão.

A Lei Federal nº 192, que exigia  a  criação  de  Cursos,  também estabelecia que  o  Curso  de  Formação  de  Oficiais  só poderia ser ministrado por Oficiais portadores de Cursos de  Formação  na  Polícia Militar  ou  no  Exército.  Na Polícia Militar não existia Oficial com essa qualificação até 1939.

Como a lei definia que para  a  promoção  ao  posto  de  Major  o Oficial  tinha que possuir o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, foi dado prioridade a realização de um CAO com os Oficiais mais antigos.

Assim, ministrado por um grupo de Oficiais do 22º BC, Unidade  do Exército aquartelada  na  Capital Paraibana, atualmente denominada de 15\ Batalhão de Infantaria Motorizada,  foi  realizado  um  Curso  de Aperfeiçoamento  de  Oficiais,  o  primeiro Curso  de  Oficiais a ser realizado na Paraíba, e que teve início em junho de 1939.

Concluíram esse  Curso,  no  dia  20  de  dezembro  de  1939,  os seguintes Oficiais:

Ten Cel Elias Fernandes Maj Manuel Viegas Cap Ademar Naziazene " José Gadelha de Melo 1º Ten Francisco Pedro dos Santos " Antônio Benício da Silva " Manuel Coriolano Ramalho " Severino Bernado Freire " Antônio Correia Brasil

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" Severino Dias Novo " Lino Guedes dos Anjos " Pedro Gonzaga de Lima " João de Souza e Silva " José Costa do Rego " João Rique Primo " Manuel Câmara Moreira

Os  Currículos  do CAO e dos Cursos de Formação de Sargentos e de Cabos eram eminentemente Militares, em razão do constante  emprego  da Corporação  em atividades  típicas de Exército e da própria filosofia política reinante no período ditatorial de Getúlio Vargas. Apenas  10% da carga-horária total era destinado a matéria policial.

Como o número de Oficiais Superiores era pequeno  (apenas  1  Ten Cel  e  3 Majores),e existindo poucos Capitães habilitados a promoção, foi necessário a realização de outro CAO, o que ocorreu em 1941  e  do qual participaram os seguintes Oficiais:

Maj Jacob Guilherme Frontz Cap Raimundo Nonato Gomes 1º Ten João Alves de Farias " João Alves de Lira " Albertino Francisco dos Santos " Severino Cesarino da Nóbrega " Guilherme Pereira do Amaral " Severino Inácio Borges " Rafael Manuel dos Santos " Antônio Ferreira Vaz " Luiz Gonzaga de Lima " José Fernandes da Silva " Manuel Noronha Cezar 2º Ten Osório " Gel de Paula Simões " José Mota da Silveira Asp-a-Of João Batista Guedes

Esse  Curso,  embora  tenha  adotado  o  Currículo  anterior, foi ministrado por Oficiais da Corporação, legalmente habilitados no Curso anterior.

Ainda em 1941, no dia 1\ de abril foi iniciado o  primeiro  Curso de  Formação de  Oficiais  que  funcionava com 10 Alunos selecionados entre Sargentos e  Subtenentes, e  foi  ministrado  por  Oficiais  da própria  Corporação,  embora  com Currículo voltado para atividades de infantaria e cavalaria.

No dia 24 de março de 1942, na Praça João Pessoa,  em  solenidade presidida pelo Interventor do Estado, Dr. Rui Carneiro, foi concluído o Curso, com a declaração de Aspirantes  e  entrega  de  espadas,  aos seguintes concluintes:

Airton Nunes da Silva Pedro Maciel dos Santos Francisco Pequeno de Souza Clodoaldo Monteiro da Franca João Batista de Oliveira Raul Geraldo de Oliveira Joaquim Pereira dos Santos Acendino Clementino de Araújo Sebastião Salustiano Serpa Antenor Salgado

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Em  1944,  a  28 de abril, foi iniciado o 2º Curso de Formação de Oficiais, com 14 Alunos selecionados entre  Sargentos  e  Subtenentes, todos portadores do Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos.

O  Curso,  inicialmente  previsto  para ser ministrado em 3 anos, como o anterior, teve seu término antecipado por  necessidade  urgente de Oficiais para exercer as funções de Delegado de Polícia, e em razão de  todos  os  Alunos terem já realizado o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos. Dessa forma, o 2º CFO da Corporação foi concluído no dia 24 de março de 1946, e dele tomaram parte:

ST José Gumercindo Fernandes Oliveira Sgt João Francisco do Nascimento " José Valério de Souza " Manuel Maurício Leite " Severino Dias da Silva " Luiz Ferreira Barros " Adabel Rocha " João Moura Andrade " José Belarmino Feitosa " Severino Amorim Pontes " José Juvêncio de Andrade

Os Instrutores foram Oficiais da Corporação  e  a  solenidade  de declaração  de Aspirantes ocorreu no dia 24 de março de 1946, na Praça João Pessoa.

Em 1952, ainda restrito  ao  meio  interno,  foi  realizada  nova seleção  para o CFO, que foi concluído em 7 de setembro de 1954, pelos seguintes Alunos, que foram declarados Aspirantes-a-Oficial, obtendo a seguinte ordem de classificação:

3\ Sgt Clodoaldo Alves de Lira 1º " Antônio Pereira Gama 2º " José Alves de Lira " " Raimundo Cordeiro de Morais 3º " Joaquim Sinfrônio da Silva 2º " Luiz Gonzaga de Melo 3º " Geraldo Gomes da Silva Subten Ivanile Lopes Lordão 3º Sgt Manuel Braz Tavares

Os Currículos e os Instrutores foram, basicamente, os mesmos  dos Cursos anteriores.

Os  Cursos  de  Formação de Cabos e Sargentos e os Concursos para promoção de Especialistas, continuaram a ser realizados regularmente.

Em 1956, a Polícia  Militar,  sob  o  comando  do  Coronel  Edson Ramalho, passou por mudanças na sua estrutura organizacional.

Entre  muitas transformações ocorridas foi criada, através de ato administrativo interno, uma Companhia de Instrução, que diferentemente da Escola de Formação de Oficiais e Praças, então existente, passava a ter organização e efetivo permanente, o que facilitava a efetivação do Ensino.

A Fazenda  Simão,  propriedade  localizada  nas  proximidades  do Parque Arruda  Câmara,  no  Jardim Botânico da Cidade, que havia sido adquirido pelo Estado em 1935,  para  a  instalação  do  Esquadrão  de Cavalaria da Corporação, estava desocupada depois da desativação dessa Unidade e da alienação dos animais.

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A Companhia de Instrução passou então a funcionar nessas instalações,  depois de  algumas adaptações, em 02/04/1956, sob o comando do Capitão Antenor Salgado. A Formação  de  Soldados  e  Graduados  então passou a ter novo impulso.

Nesse mesmo ano, foi realizada mais uma seleção para o CFO, desta feita aberta  ao  público  externo,  com  20  vagas  destinadas  aos Policiais-Militares e 20 para Civis ou Militares de  outras  Organizações. Apenas 37 Alunos concluíram o Curso.

No dia 24 de janeiro de 1958, em frente ao  Palácio  do  Governo, foi  realizada a solenidade de declaração de Aspirantes a Oficial, da qual participaram como concluintes, os seguintes Alunos:

- Benedito Fragoso Cavalcante - Josias Figueirêdo de Sousa - Geraldo Cabral de Vasconcelos - Ruy Eloy - Antônio Costa Filho - Jaime Emídio de Sousa - Jorge Pereira de Lucena - João Valdevino da Silva - João Alves de Freitas - Iran Lopes Lordão - Newton de Araújo Leite - João Martins Sobrinho - Severino Alves da Silva - José de Sousa Maciel - Benedito Lima J×nior - Francisco Monteiro Segundo - Manoel Barbosa Ramalho - Manoel Cesar de Alencar - José Fernandes de Sousa - Pedro Belmont Filho - Severino Lins de Albuquerque - Lindemberg da Costa Patrício - Clodoval Ferreira Lima - Francisco Vital Duarte - Francisco Amaro de Brito - Adailton TeÑdulo da Silva - Marcílio Pio de Queiroz Chaves - Severino Morais Martins Filho - Lavoisier Nunes de Castro - Claudionor Jorge de Santana - José Nilton dos Santos - Edésio Francisco da Silveira - Mário Mendonça Fonseca - Francisco Emídio Guimarães - Geraldo Correia de Oliveira - Emmanuel Coriolano Ramalho - Cristóvão Gomes Donato - Jacinto da Costa Serpa

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5. FASE DOS CURSOS EXTERNOS

Em 1965, quase todos os Oficiais que concluíram  o  CFO  de  1958 eram Capitães.

Havia portanto necessidade de muitos tenentes.O  Coronel João Gadelha de Oliveira, Comandante Geral da Corporação, na

época, solicitou Á Polícia Militar de Pernambuco, a  concessão de  vagas  para  a  Paraíba, no Curso de Formação de Oficiais, que era realizado no Centro de Formação de Oficiais daquela Corporação.

Assim, nesse ano, a  Polícia  Militar  da  Paraíba,  enviou  para realizar  o  CFO com  duração  de  3  anos  naquela Coirmã, 10 Alunos selecionados, entre civis e militares, portadores do 1\ Grau.

Esse processo continuou se realizando até  1972,  com  número  de vagas variando  a cada ano. Nesse ano, os 10 Alunos selecionados para realizar o Curso em Pernambuco, foram enviados para a  Bahia,  pois  a PMPE  estava  se estruturando para adotar Currículo de Academia, o que exigia seleção a nível de 2º Grau.

A partir de 1973, a seleção para o CFO passou a nível de 2º Grau, atendendo exigências  dos  Currículos que passaram a ser adotados nas Academias que recebiam Alunos da Paraíba.

Em setembro de  1967,  chegou  Á  Paraíba  a  primeira  turma  de Aspirantes-a-Oficial, formada fora do Estado e que era assim composta:

-  Hélio  Leite  de Albuquerque, Ambrósio Agrícola Nunes, Ednaldo Tavares Rufino, José Geraldo Soares de Alencar, Manuel Paulino da Luz, José Batista do Nascimento  Filho,  Arnaldo  da  Silva  Costa,  Paulo Marcelino  dos  Santos,  Romualdo de Carvalho Costa e Carlos Paulo de Oliveira.

No período de 1967 até 1992, a Polícia Militar da Paraíba formou, em 10 Estados do Brasil, 225 Oficiais, sendo 142 em Pernambuco, 21  na Bahia,  16 no Ceará, 11 no Rio de Janeiro, 10 no Paraná, 9 em Goiás, 5 em Minas Gerais, 5 no Rio Grande do Sul, 3 em  Brasília  e  2  em  São Paulo.

Tendo em vista a existência de mais de 100  vagas  no  Quadro  de Oficiais  da Corporação,  e  a  impossibilidade de sua complementação através  da  realização  de Cursos  em  outros  Estados,  uma vez que anualmente eram concedidas, em média 10 vagas, foi criada, em 1990,  a Academia de Polícia Militar da Paraíba, que passou a formar Oficiais para a Corporação e para outros Estados do Nordeste.

Em  1969,  no  Comando  do  Cel  Ozanan  de Lima Barros, a Cia de Instrução recebeu a denominação de Centro de Instrução, que  passou  a ser  comandado  por  um Major, sendo o seu primeiro Comandante o Major Ivanile Lordão, permanecendo nas mesmas instalações. Em 1977, o Centro de  Instrução  foi transferido, sob o Comando do Cap Manuel Paulino da Luz, para um novo Quartel, instalado no Bairro de  Marés  e passou  a denominar-se de Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP).

A Lei Federal n\ 192, de 1936, que só  permitia  a  promoção  nos Postos de Capitão e de Major aos portadores do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, foi modificada em 1939, pondo fim a essa exigência.

SÓ  em  1967,  através  do  Decreto-Lei  n\ 317 (21 Set 67) o CAO voltou a ser exigido. Esse mesmo diploma legal passou a exigir, para a promoção  ao  Posto de Coronel, o Curso Superior de Polícia (CSP), nas Corporações  que  promovessem  esse Curso.  Como a Polícia Militar da Paraíba não promove CSP, ele é apenas facultativo na Corporação.

Mesmo sem ter caráter  obrigatório,  desde  1968  Oficiais  dessa instituição freqüentam  o  Curso Superior de Polícia. O então Maj PM Joaquim Sinfrônio foi o primeiro Oficial da Corporação a realizar esse Curso, em 1968 na Academia de Polícia Militar de Minas  Gerais.  Desde então,  até  dezembro  de  l994,  38  Oficiais  Cursaram  o

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CSP, em 8 diferentes  Estados.  Desses  Oficiais, 23 já haviam deixado o serviço ativo da Corporação  em  dezembro  de  l994,  restando  portanto  25 portadores, cumulativamente, desse curso e do CAO.

Antes da exigência legal, alguns Oficiais da Corporação  freqüentaram  o Curso de Aperfeiçoamento. Em 1963, o então 1º Ten Lindemberg da Costa Patrício, freqüentou o CAO na Escola Nacional de Polícia,  em Brasília-DF.  Em  1965,  os Capitães  Marcílio Pio de Queiroz Chaves, Newton de Araújo Leite  e  Benedito  Lima Júnior,  foram  enviados  Á Polícia  Militar de Minas Gerais e o também Capitão Francisco Monteiro Segundo, seguiu para a Polícia Militar de Pernambuco, onde  realizaram o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais.

De  1967  a 1969 realizaram CAO na Polícia Militar de Pernambuco, 17 Oficiais desta Corporação, e ainda em 1969 mais 2 Oficiais  fizeram CAO em Minas Gerais. De 1970 a 1994 freqüentaram o CAO em 11 Academias de  diferentes  Estados  do país, mais 110 Capitães (inclusive 22 na Academia de Polícia Militar da Paraíba, em 1994). Desse total (129) em dezembro de l994 já haviam deixado o serviço ativo  da Corporação, por  motivos diversos, 40 Oficiais, restando, portanto, 89 Capitães e Oficiais Superiores portadores desse curso, no serviço ativo.

A preocupação em especializar Oficiais e Praças para  desenvolver atividades em  áreas  específicas na Corporação, teve início em 1938, com o envio de Oficiais para freqüentarem Cursos de Educação Física em Organizações do Exército sediadas em Recife e no Rio de Janeiro.

Entretanto, só a partir  de  1968,  através  da  Aliança  para  o Progresso,  um programa  desenvolvido  pela  ONU  para  fortalecer  a influência dos Estados Unidos,  no continente  americano,  durante  o período  da  chamada guerra fria, essa atividade ganhou impulso, com o envio de  Oficiais  para  freqüentarem  Cursos  de  Especialização  no Estados  Unidos.  Esses  Cursos,  com  duração  média de 3 meses, eram denominados de Curso Geral de  Polícia  e  foram  realizados  por  9 Oficiais,  entre  1968 e 1971,( Os então Majores, Lindemberg Patrício, Geraldo Cabral, Geraldo Gomes, Geraldo Alencar, Costa Filho e Ivanile Lordão e os Capitães José Batista, Ednaldo Rufino, Jorge Lucena).

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CAPÍTULO VIII

SÍNTESE HISTÓRICA DO POLICIAMENTO OSTENSIVO DA CAPITAL

1. AS PRIMEIRAS FORMAS DE POLICIAMENTO DA CIDADE

As primeiras atividades desenvolvidas pela Polícia Militar, a partir de 1832, na época denominada de Corpo de Guardas Municipais Permanentes, na cidade da Parahyba, então capital da província, foram as Guardas da Cadeia pública e do Quartel, a realização de Patrulhamento a cavalo, pela principais ruas da cidade, e a execução de escoltas de presos, em apoio às autoridades policiais e judiciárias. A partir de 1835, quando teve início da interiorização do policiamento, com a criação dos Destacamentos de Areia e Pombal, começaram também a efetivação de policiamento na Alfândega e na Ponte Sanhaua. Durante muitos anos essas foram as únicas formas de policiamento na capital.

Durante as primeiras décadas do Século XX, começaram a realização de policiamento a pé em logradouros públicos como na praça Venâncio Neiva e no antigo mercado público da rua. B. Rohan. Durante o Carnaval, Festa das Neves e Festa da Penha, era efetuado uma forma próprias de policiamento, quase sempre com emprego de Patrulhamento a cavalo. O crescimento da cidade levou a criação de destacamentos para patrulhar os bairros mais distantes. Inicialmente denominados de estacionamentos, esses serviços ficaram conhecidos depois por Postos Policias, sendo os que foram instalados nos bairros da Torre e Cordão Encarnado, os mais antigos.

2. O COME E DAMIÃO E OS POSTOS POLICIAIS

Dessa forma, até l956 o policiamento ostensivo na cidade de  João  Pessoa era efetuado  de uma maneira muito incipiente, uma vez que se limitava às atividades desenvolvidas  por esses  grupos  de  Policiais Militares encarregados  da manutenção da ordem pública em alguns bairros da cidade. Esses Postos Policiais ou Comissariados  de Polícia, eram compostos,  em média, por l0 Soldados cada, sob o Comando de um Sargento que acumulava as atribuições de Comandante  do  Destacamento e do Comissário de Polícia, uma espécie de subdelegado, encarregado de providências próprias de Polícia Judiciária. Esses Destacamentos efetuavam o Policiamento à  pé,  através de rondas, de forma não sistemática, e às vezes com todo efetivo ou alguns dos seus componentes, trajando civilmente.

Além dessas atividades a Polícia Militar mantinha um efetivo à disposição das Delegacias de Polícia da Capital, onde realizava tarefas próprias de Polícia Judiciária. Esses  Policiais Militares,  juntamente  com Policiais Civis, formavam uma guarnição motorizada que atendiam a chamados  ou realizavam diligências em toda cidade. Era o embrião do atual Radio Patrulhamento. Ressalte-se que nessa época a maioria dos Delegados de Polícia, em todo Estado, inclusive na Capital, eram Oficiais ou Sargentos da Polícia Militar, a ativa ou da reserva.

Considerável parcela do Policiamento Ostensivo da cidade era executado pela Guarda Civil, instituição que foi criada em 1912, por sugestão do Coronel Manuel Barbedo, então Comandante da Polícia Militar, e extinta em l969, depois de longos e bons

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serviços prestados à sociedade paraibana. Durante muitos anos o Comando da Guarda Civil foi exercido por Oficiais da Policia Militar. Muitos Guardas Civis participaram, integrando efetivos da Polícia Militar, como voluntários , dos combates aos revolucionários de Princesa, em 1930.

Durante o período da 2ª guerra mundial, além das atividades que já vinha desenvolvendo, foi efetuado, pela Policia Militar, na Capital e nas demais cidades litorâneas do Estado, uma intensa vigilância nas praias para prevenir possíveis invasões de tropas inimigas, mantendo, para tanto, uma estreita ligação com tropas Federais.

Na década de 50 a cidade passou por uma sensível transformação sócio-econômica,  fenômeno  que  alcançou  todos  os  grandes centros  urbanos  do  país,  e  que foi resultado da política de expansão econômica dos Estados Unidos no período de pós-guerra.

Essas transformações implicaram  na  necessidade  do  Estado adotar  inúmeras providências, entre as quais a implementação de formas mais efetivas de Policiamento Ostensivo.

Dessa forma, em l956 foi criado na Polícia Militar uma forma de Policiamento Ostensivo que ficou conhecida por Cosme e Damião, e que se constituía  pelos  serviços prestados  por  duplas  de policiais  que, transportados por bicicletas, faziam rondas noturnas no centro da cidade e nos bairros mais nobres. . Essa forma  de Policiamento se estendeu até o início da década de 70.

3. OS POLICIAMENTOS ESPECIALIZADOS

O advento da Revolução de l964 ampliou as missões da Polícia Militar,  não só no campo da Segurança Interna, mas, sobretudo, no Campo da Segurança Pública, o que fica constatado  na  Legislação Federal  que  atribui  a  essa  Instituição  a  exclusividade na execução do Policiamento Ostensivo, depois da extinção de Guarda Civil, em 1969.

O Policiamento da Capital, das cidades litorâneas e da região do brejo paraibano era executado  pelo  lº  Batalhão  de  Polícia  Militar,  sediado  na Capital. O efetivo dessa Unidade era distribuído em 4 Companhias, que ficavam encarregadas apenas de um controle administrativo de pessoal e material, não havendo, por  conseguinte, definição  de responsabilidade de área de atuação, dificultando o acompanhamento das atividades operacionais.

Em  l969, período marcado por intensas agitações políticas, que ficou caracterizado pela deflagração de muitas greves em todo país, foi criado na capital paraibana uma nova Unidade na Polícia Militar, que  passou  a  denominar-se  de  Batalhão Especial  de Polícia e que ficou conhecido internamente por BEP.

O Batalhão Especial de Polícia era composto por 4 Companhias que  passaram a congregar todas as atividades da Polícia Militar na Capital. A partir de então foram implementados os serviços  de Policiamento  Motorizado, Policiamento Ostensivo, Policiamento de Trânsito e Policiamento de Guardas, cada  um  executado  por  uma Companhia  que  recebia  denominação  correspondente  à atividade desenvolvida. Passou-se então a se executar um grande policiamento a pé no centro da cidade, o que era feito pela Companhia de Policiamento Ostensivo ( CPO ), que teve uma destacada atuação quando esteve até 1973, sob o Comando do então Cap Ednaldo Tavares Rufino. A companhia de Policiamento de Trânsito foi instalada na sede do DETRAN e começou a atuar de forma ostensiva, fazendo o controle do trânsito no centro da cidade, sob o Comando do então Ten Francisco de Assis Martins.

Com a criação do BEP, o lº BPM ficou encarregado  apenas  do Policiamento da  área do brejo, efetuado através dos Destacamentos.

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Em l970, o Coronel Glauber Cabral de Vasconcelos, então Comandante Geral, implantou, na Capital,  o  Policiamento  de  Rádio Patrulha, efetuado  por uma frota de veículos Volkswagem munidos de equipamentos de rádios ligados a uma  Central,  de onde  era  feita  a coordenação dos serviços. Eram Fuscas e Variantes tipo Xadrez, pintados de preto e branco, com o distintivo da Rádio Patrulha no capu. O primeiro Comandante desses serviços foi o então Capitão Manuel Paulino, que imprimiu um rígido controle sobre a ação das guarnições. Era o início da forma atual de Policiamento.

Para melhorar o policiamento da área do brejo, em  l974 o lº BPM foi transferido para a cidade de Guarabira. Em l975 os Batalhões da PM foram remunerados para melhor se adaptar a nova organização que a corporação passava a adotar. Dessa forma o BEP, que era estava na capital passou a denominar-se de 1º BPM, o Batalhão instalado em Campina Grande continuou com a denominação de 2º BPM e a Unidade instalada em Patos recebeu e denominação de 3º, enquanto o Batalhão que estava em Guarabira passou a denominação de 4º BPM. A capital paraibana continuava a crescer, com o surgimento de grandes conjuntos habitacionais, o que exigia a expansão do policiamento. Em 1977 foi instalado, no conjunto Valentina Figueiredo, o 5º BPM, que passou a policiar parte da capital e as cidade do litoral sul . A partir de então, a execução do policiamento da capital e cidades vizinhas, começou a ser descentralizado, com a instalação de Companhias fora das sedes dos Batalhões.

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CAPÍTULO IX

SÍNTESE HISTÓRICA DO 2º BATALHÃO DA POLÍCIA MILITAR

1. INTRODUÇÃO

Criada em 03 de fevereiro de 1832, com a denominação de Corpo de Guardas Municipais Permanentes da Paraíba, a Polícia Militar distribuiu seu efetivo em setores denominados de Companhias, cuja existência variava entre 2 ( duas ) e 4 ( quatro ), todas subordinadas diretamente ao comando Geral da corporação. Com a necessidade da interiorização as ações de polícia, em 1835 teve início a criação de Destacamentos da Força Policial, nome da corporação nessa época, com a instalação dos destacamentos de Areia e Pombal. A partir de então, todas as sedes de comarcas passaram a contar com esse tipo de serviço. Para coordenar as atividades desses Destacamentos foram criadas em 1912, sete Inspetorias, funções estas ocupadas por Alferes. As sedes das Inspetorias de locais, entre as principais cidades do interior Paraibano. Durante alguns anos, Campina Grande foi sede da 7ª Inspetoria, que abrangia os municípios mais próximos, inclusive Areia, Esperança e Boqueirão.

Em 1924, no comando do Cel Alísio Sobreira, as Inspetorias foram extintas. Era o auge das lutas contra os grupos de cangaceiros, que se estendiam por todo Nordeste, e que na Paraíba se concentravam, basicamente, no Sertão.

2. CRIAÇÃO DO 2º BATALHÃO

A necessidade de desenvolver ações mais enérgicas contra o cangaço, principalmente na região sertaneja paraibana, levaram o governo do Estado, Dr. João Suassuna, a determinar ao Ten Cel Elísio Sobreira, comandante da Força Pública, nome da Corporação na época, a adoção de medidas capazes de tornar mais efetiva a presença da polícia naquela região.

Com esse objetivo, foi criado, no dia 20 de fevereiro de 1925, um Batalhão, integrando a Força Policial, que, denominado de Batalhão de Caçadores, foi instalado na cidade de Patos. Até então, as 4 companhias existentes eram subordinadas diretamente ao comandante Geral, portanto não existia Batalhão. Com a criação do Batalhão de Patos, as companhias já existentes, foram agrupadas, e tendo por sede a Capital do Estado, passaram a formar um outro Batalhão. Dessa forma, as novas Unidades foram denominadas de 1º Batalhão de Caçadores, com sede na Capital e 2º Batalhão de Caçadores com sede na cidade de Patos.

Para instalação do 2º Batalhão, foram concentrados efetivos e meios materiais, no quartel do Comando Geral da Força Pública, na época sediado na rua Maciel Pinheiro, local onde hoje funciona um mercado de artesanato, na capital do Estado.

O primeiro comandante do 2º Batalhão, foi o capitão Irineu Rangel de Farias, um valoroso oficial, que em 1924 foi reformado no posto de 1º tenente, e em janeiro de 1925, foi convocado ao serviço ativo e promovido ao posto de capitão, exclusivamente para exercer essa função.

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Depois de organizado, no dia 15 de abril de 1925, o 2º Batalhão partiu da capital, viajando de trem, até a cidade de Patos, onde se instalou em um prédio onde antes funcionava um colégio.

Contando com a mão-de-obra dos próprios policiais, e uma permanente orientação e incentivo do Capitão Irineu Rangel, o prédio foi totalmente reformado e adaptado às necessidades do Batalhão.

Com a instalação do 2º Batalhão, todas as diligências relativas ao combate de grupos de cangaceiros da região passaram a ser comandados pessoalmente pelo capitão Irineu Rangel, que ganhou notoriedade nessas funções.

Em 1926, o 2º Batalhão teve um importante papel nos combates que a Força Estadual empreendeu contra a coluna Prestes, evitando que a cidade de Patos principal alvo da coluna, fosse invadida.

A nova organização da Força Pública para o ano de 1927 não previa a existência do 2º Batalhão. Suas companhias instaladas em Patos, Sousa e Cajazeiras, tornaram-se Companhias Regionais e depois receberam outras denominações e mudaram de sede. Essa situação perdurou até 1930.

Em Janeiro de 1931, a corporação, já denominada de Força Policial outra vez, e ganhou nova estrutura, ressurgindo o 2º Batalhão, que deveria ser instalado em Patos, mas como nessa cidade existia uma Companhia Regional, a nova Unidade ficou sediada em Campina Grande. Essa situação, entretanto, durou poucos meses, pois ainda em 1931 o Batalhão voltou a Ter a cidade de Patos como sede, onde permaneceu até dezembro de 1935, Nesse período o Batalhão foi se desdobrando em companhias, cujas sedes variavam entre Sousa, Pombal, Cajazeiras, Itaporanga e Conceição e Campina Grande.

3. O 2º BATALHÃO EM CAMPINA GRANDE

Até 1935 Campina Grande era sede de Destacamento que contava com efetivo de aproximadamente 30 ( trinta ) homens. Em 1912 a cidade tinha sido sede provisória de uma companhia que foi deslocada da capital para empreender combates contra grupos armados que agiam na área de Monteiro, com fins políticos, uma vez que objetivavam a deposição do Presidente do Estado Dr. João Machado.

No governo do Dr. Argemiro de Figueiredo, um ilustre Campinense, a cidade passou a sediar a 4ª Companhia de Polícia, subunidade orgânica do 2º Batalhão, que permanecia sediada na cidade de Patos. A instalação da 4ª companhia em Campina Grande deu-se no dia 7 de setembro de 1935 em solenidade que contou com a presença das mais expressivas autoridades locais, e do Comandante Geral da corporação, Ten Cel José Maurício da Costa.

A partir de 1936 toda corporação Policial, agora com denominação de Polícia Militar, por força da Constituição Federal de 1934, passou por uma substancial transformação, que atingiu a sua estrutura, com a criação de novos serviços, a legislação se adaptando a uma nova ordem constitucional, o armamento, o uniforme, a instrução, em fim, toda a filosofia de atuação foi modificada.

No bojo desse processo evolutivo, a sede do 2º Batalhão foi transferida de Patos para Campina Grande, em 1º de janeiro de 1936. O Comandante Geral da Polícia Militar, Cel Delmiro Pereira, designou para comandar o 2º Batalhão, um dos oficiais mais conceituados da corporação, o Ten Cel Manoel Viegas.

O Batalhão ficou instalado, provisoriamente, em um prédio onde antes funcionava o colégio Clementino Procópio. Era uma construção em estilo barroco, como tantas outras existentes na cidade nessa época. Em 1938 esse prédio que ocupava um amplo terreno, na avenida Pedro I, foi adquirido pelo governo do Estado que iniciou sua reforma para adaptação como quartel.

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Em 1º de outubro de 1940, por decisão do Ten Cel do Exercito, Mário Solon Ribeiro de Morais, Chefe de Polícia e Comandante interino da Polícia Militar, o 2º Batalhão foi transferido para João Pessoa. Era o período da 2ª Guerra Mundial e a argumentação era a necessidade de concentração de tropa na capital do Estado. Quando o batalhão foi transferido para João Pessoa, permaneceu em Campina Grande a sede da 4ª Companhia, subordinada ao Batalhão, agora com sede na capital. Durante todo período que o Batalhão permaneceu em Campina Grande, foi comandada pelo Ten Cel Manoel Viegas. Só no dia 18 de maio de 1943, no governo do Dr. Rui Carneiro, o 2º Batalhão voltou para Campina Grande, atendendo proposta do Comandante Geral da Corporação, Cel Ivo Borges da Fonseca, voltando a ocupar suas antigas instalações, agora sob o comando do Major Ademar Neziazene.

4. O QUARTEL

O Velho casarão de estilo barroco que serviu de sede ao Batalhão e que já havia sofrido reformas em 1936, foi demolido e em 1943 iniciada a construção do novo e amplo quartel. Composto de 04 pavilhões, observando-se planta traçada pelo arquiteto Derval Medeiros, o novo prédio foi construído sob a direção do prefeito da cidade, Wergniand Wanderley.

Essas novas instalações foram inauguradas no dia 16 de agosto de 1944, data do 4º aniversário da interventoria do Dr. Rui Carneiro, em solenidade que contou com a presença de todo o secretariado, lideranças políticas, e do povo em geral. O Padre Eurivaldo Caldas, que depois se tornou capelão da Polícia Militar, procedeu às benção ao novo prédio.

Na oportunidade foi realizado um desfile militar, com a participação de um contigente vindo de João Pessoa e as solenidades foram encerradas com um grande churrasco, como era prática na época, oferecido aos convidados.

No decorrer do tempo esse quartel foi recebendo melhoramentos e ampliações de forma que atualmente atende às necessidades do Batalhão e sua forma arquitetônica diferenciada das construções modernas, constitui um marcante visual na avenida D. Pedro I, uma das principais artérias do Bairro do Quarenta, em Campina Grande.

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CAPÍTULO X

E L Í S I O S O B R E I R A (O P A T R O N O D A P M P B )

1. A CARREIRA MILITAR

Elísio  Augusto de Araújo Sobreira, nasceu no dia 20 de agosto de 1878, na cidade de Esperança, sendo filho de Justino Augusto de Araújo e Maria Augusta de Araújo Sobreira.

Com pendor artístico, o jovem  Elísio  dedicou-se  as  atividades musicais, exercendo  a  função  de  maestro  de orquestras em Campina Grande, onde angariou projeção social e prestígio político.

Em 1907, portanto já com 29 anos de idade,  Elísio  Sobreira  foi incluído na Polícia Militar, na época com a denominação de Batalhão de Segurança,  no posto de Alferes, o que revela suas qualidades pessoais e projeções social e política, visto,  nessa época,  serem  esses  os critérios adotados para o ingresso na Corporação, nesse posto.

Como  Alferes,  posto  equivalente  ao de 2º Ten  hoje, Elísio Sobreira participou dos combates  que  a  Polícia  Militar  empreendeu contra  os  grupos  de cangaceiros liderados por Augusto Santa Cruz e Franklin Dantas, que em 1912 na região de Monteiro, Taperoá,  Teixeira e  Patos,  incestaram  ações,  objetivando  a  criação  de um clima de insegurança que justificasse uma intervenção Federal na Paraíba.

Nesses combates, pela forma corajosa como  se  houve,  o  Alferes Elísio Sobreira  obteve  referências  elogiosas dos seus Comandantes. Ainda nesse posto, exerceu as  funções  de  Delegado  de  Polícia  em diversas  cidades  do interior do Estado, inclusive em Alagoa Grande e Pombal.

Em 1920, no posto de Capitão, Elísio Sobreira passou a ocupar  as funções  de Assistente do Governador Solon de Lucena, ocasião em que, graças a sua marcante personalidade, despertou a confiança e  respeito da alta cúpula do Governo.

Em  1924,  ainda  como  Assistente  Militar,  Elísio Sobreira foi designado para diligências volantes no sertão  paraibano,  particularmente  na  região  de  Sousa, onde se deram confrontos entre grupos de cangaceiros sobre a liderança de Chico Pereira e Patrulhas Volantes da Polícia Militar.

Nessas lutas, a coragem física e o senso de  justiça  do  Capitão Elísio Sobreira, garantiram o êxito das ações da tropa estadual, sendo tal  fato  reconhecido  pela população  sertaneja,  através  dos seus representantes políticos.

Ainda nesse ano,  o  Capitão  Elísio  foi  promovido  a  Major  e Comissionado no  Posto  de  Ten-Cel,  e foi designado pelo Governador Solon de Lucena, Comandante Geral  da  Polícia  Militar,  função  que permaneceu no Governo seguinte, o do Dr. João Suassuna.

2. O COMANDANTE ELÍSIO

Como  Comandante Geral, o Ten-Cel Elísio, profundo conhecedor das necessidades de uma maior efetivação da presença da Polícia Militar no sertão paraibano, propôs e foi aceito pelo Governador,  a  criação  de uma Unidade Operacional na cidade de

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Patos, de onde partiram as forças destinadas  a combater o famigerado banditismo na região. Nessa época, o Ten-Cel Elísio exerceu, cumulativamente, as funções  de  Cmt  do 1\ Batalhão.

Em  1926,  quando  a  Coluna  Prestes,  em  sua peregrinação pelo Brasil, percorreu o território paraibano, a  Força  Pública  Estadual, sob o Comando do Ten-Cel Elísio, teve oportunidade de mostrar mais uma vez  o  seu  valor. Dirigindo pessoalmente as tropas do alto sertão, o Ten-Cel Elísio pôs em prática seu talento  para  comandar. Depois  de diversos  combates,  com  mortes  de  ambos os lados, a Coluna Prestes retirou-se da Paraíba, deixando  um  rastro  de  sangue,  e  amargando alguns  reveses.  Quando  se encontrava  em Cajazeiras, comandando as ações contra a Coluna Prestes, o  Ten-Cel Elísio  foi  escolhido  por lideranças políticas de Alagoa Grande, como seu Chefe Político.

Em  1928,  o  Ten-Cel  Elísio  foi designado pelo Presidente João Pessoa, para a função de Assistente Militar, função  que  exerceu  até 1930,  quando  voltou a comandar a Polícia Militar, que havia iniciado os combates contra os amotinados de Princesa, que sob  o  Comando  do Deputado  Estadual  José  Pereira,  e  com  o  apoio  do Presidente da República, pretendiam promover a intervenção Federal na Paraíba.

Mais uma vez o equilíbrio, a coragem  pessoal,  a  capacidade  de liderança,  a lealdade,  e a inata aptidão para a luta, consagraram o Ten-Cel Elísio, que, inspirado pelo entusiasmo e espírito  cívico  do Presidente  João  Pessoa,  dirigiu  com  acerto os destinos da Polícia Militar durante esse episódio, que  se  constitui  na  mais  brilhante pagina da história da Corporação.

3. ELÍSIO REVOLUCIONÁRIO

Findo  os  combates  de  Princesa,  teve  início  a  Revolução de Outubro, que depôs Washington Luiz,  e  instituiu  a  Nova  República, dirigida por Getúlio Vargas.

Nesse  movimento, de nível nacional e que no Nordeste teve início na Paraíba, a Força Pública Estadual, integrada a Tropas Federais, deu mais uma prova de seu valor. Dadas as peculiaridades do  movimento,  o Ten-Cel Elísio foi comissionado Cel Revolucionário e assumiu o comando de um Grupo de Batalhão de Caçadores, integrado por Tropas Federais  e Estaduais,  e  que  teve  destacada  atuação  em Pernambuco, Alagoas e Bahia. Era o velho herói da  briosa  Corporação  Paraibana,  prestando serviços a uma causa nacional.

Serenados  os  ânimos  do  movimento  revolucionário,  o  Ten-Cel Elísio, posto a que retornou após a Revolução, voltou  Ás  funções  de Assistente Militar, desta feita do Interventor Antenor Navarro.

Por nomeação do Governador Argemiro de Figueiredo, em 1935, nosso herói torna-se  Interventor  de  Alagoa Grande, onde exercia a chefia política desde 1922.

4. O PATRONO DA POLÍCIA MILITAR

Em 1938, Elísio Sobreira, foi reformado no  Posto  de  Ten-Cel  e dois  anos depois,  foi convocado para o serviço ativo, e promovido a Coronel (até então na PM só existia até o Posto de Ten-Cel),  sendo  o primeiro da Corporação a ocupar esse Posto, e designado pelo Interventor  do  Estado,  para  mais uma vez Comandar a Polícia Militar. Nesse mesmo ano,  deixou  o  Comando  da  PM  para  exercer  as  funções  de Assistente Militar,  no  Governo  de  Rui  Carneiro  e posteriormente nomeado Prefeito de Pombal, na qualidade de Interventor.

No dia 13 de maio de 1942, em João Pessoa, faleceu  nosso  herói, aos 64 anos de idade, dos quais 35 dedicados Á Polícia Militar.

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Reconhecendo  todos  os  méritos de que o Cel ELÍSIO SOBREIRA foi possuidor, o Governador Flávio Ribeiro assinou  o  Decreto  n\  1.238, datado de 10 de outubro de 1957, escolhendo o nome desse herói, como o Patrono da Polícia Militar da Paraíba.

Por força do Decreto N\ 15.489, de 9 de agosto de 1993,  assinado pelo Exmº Sr. Governador do Estado, Ronaldo da Cunha Lima, e apresentado pelo Comandante Geral da PMPB, Cel PM João Batista de Sousa Lira, a Polícia  Militar  da  Paraíba  comemora, no  dia  20 de agosto, o Dia consagrado ao seu Patrono - Cel Elísio Sobreira.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

Na elaboração deste trabalho fizemos uso  de  diversos  tipos  de fontes,  como Documentos,  Jornais,  Livros  e  Entrevistas, as quais passamos a listar, indicando as partes do  seu  conteúdo  que  guardam relações com os temas abordados neste estudo.

HISTÓRIA DO  EXÉRCITO  BRASILEIRO  -  Edição  do Estado Maior do Exército - 4 VOLUMES - Brasília - 1972 - 1162 pag.

Nessa Obra consultamos, no Volume 3, os Capítulos referentes ás  Revoluções de  1922,  de  1923,  1924,  1930,  1932,  A Intentona Comunista de 1935, O Estado Novo e A Revolução de 1964, todos relacionados direta ou indiretamente com temas expostos neste trabalho.

HISTÓRIA  SINCERA  DA REPÚBLICA - Leôncio Basbaum - Editora Alfa-Omega - São Paulo - 4ª Edição - 1981 - 4 Volumes - 1008 Pag.

O Volume 3 dessa  Obra,  trata  da  História do  Brasil  no  período de 1930 a 1960, abordando muitos aspectos relaciona  dos com os temas que aqui são tratados.

A  GANGORRA  DO  PODER  -  Inês Caminha - Gráfica da Universidade Federal da Paraíba - João Pessoa - 1989 - 291 Pag.

A História Política da Paraíba, no período de 1889 a 1930  e retratada  nessa Obra de forma criteriosa, oferecendo subsídios importantes para a compreensão de muitos fatos relacionados com a História da  Polícia  Militar,  ocorridos  nessa  época.

A  REVOLUÇÃO  ESTATIZADA  - José Otávio - Editora Universitária - João Pessoa - 1992 - 436 Pag.

Essa Obra se constitui em  um  minuncioso  tratado  sobre  a  Revolução  de 1930,  na  qual  muitos  Oficiais  da Polícia   Militar tiveram relevante papel nos acontecimentos registrados  na  Paraíba.  Muitos  desses  fatos  estão  intimamente   ligados á História da Polícia Militar.

GOVERNADORES  DA  PARAÍBA  - Benedito Maia - Gráfica União - João Pessoa - 1980 - 318 Pag.

O autor desse trabalho expõe de forma sintética, a biografia  dos Governadores da Paraíba  do  período  de  1947  a  1991,    fornecendo  elementos  que ajudam a entender aspectos importantes de fatos relacionados Á Polícia Militar.

GENTE DE ONTEM, HISTÓRIAS DE SEMPRE - Dorgival  Terceiro  Neto  - Editora Itaquatiara - João Pessoa - 1991 - 244 Pag.

Em  diversos  Capítulos  dessa  Obra  são tratados temas que  guardam estreitas ligações com a História da  Polícia  Militar,  especialmente  fatos  relacionados  com  a passagem da Coluna Prestes na Paraíba, os acontecimentos de Princesa  em   1930,  e principalmente, o movimento liderado por João Santa  Cruz, na região de Monteiro em 1911.

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A CAMPANHA DE PRINCESA - João Lelis -  Editora  A  União  -  João Pessoa - 1944 - 389 Pag.

Todos  os  detalhes  da  participação da Polícia Militar nos  combates aos Revolucionários de  Princesa,  em  1930,  estão  registrados  com  precisão  nessa Obra. São também enfocados com profundidade, aspectos políticos e sociais  relacionados com  esses  acontecimentos, o que faz perceber a importância  do papel da Polícia nesses acontecimentos.

UMA CIDADE DE QUATRO SÉCULOS - Wellington Aguiar e José Otávio  - Editora A União - João Pessoa - 1989 - 279 Pag.

Reunindo  material de diversos autores, a Obra apresenta uma coletânea de artigos sobre fatos relacionados com a História   da Capital Paraibana,  fornecendo elementos  que  ajudam  a    refletir  sobre  a  ação da Polícia Militar nesta cidade, ao longo da sua história.

SÉCULO E MEIO DE BRAVURA - Eurivaldo Caldas Tavares -  Gráfica  A União - João Pessoa - 1982 - 627 Pag.

Retratando uma intensa e valiosa pesquisa, o Autor expõe, em    ordem cronológica, importantíssimos documentos referentes  ÁHistória da Polícia Militar, compreendendo o período de 1831  a  1892, e enfoca fatos históricos relevantes da Corporação,  ocorridos durante esse tempo, se  constituindo  um  precioso   material de consulta.

A  MANUTENÇÃO  DA ORDEM PÚBLICA E AS POLÍCIAS MILITARES - Ten Cel      Klinger Sobreira de  Almeida  e  outros  -  Academia  de  Polícia      Militar de São Paulo - 1979 - 112 Pag.

Nesse  trabalho monográfico, apresentado pelos Autores, como   parte do Curso Superior de Polícia, é feita,  na  sua  parte    inicial,  uma  abordagem  bastante lúcida sobre a origem da  Polícia no Mundo, e a  criação  das  Polícias  Militares  no Brasil.

HISTÓRIA  DA PARAÍBA - Horácio de Almeida - Editora Universitária      - UFPb - João Pessoa - 1978 - 2 Volumes - 650 Pag.

No Volume 2 dessa Obra, que trata do período que vai de 1655   a 1916, são abordados temas  como  A  Revolução  do  Quebra- Quilo,  O  Ronco  da  Abelha, A Revolução Praieira e outros,   cuja análise permite perceber a origem de  fatos  em  que  a Polícia Militar teve participação, particularmente no decorrer do século XIX e início do século XX.

HISTÓRIA  DO  DIREITO,  ESPECIALMENTE  DO  DIREITO BRASILEIRO  -      Haroldo Valadão - Editora Freitas Bastos - Rio de Janeiro -  1980      - 242 Pag.

Nessa  Obra  interessa particularmente ao estudo da História  da Polícia Militar, o capítulo XI, relativo Ás Ordenações de Reino, que trata da transposição  de  Legislação Português para  o  Brasil,  que  deu  margem  Ás  primeiras  formas de   Organizações Militares.

ASSIM FALOU JULIÃO - Gondim da Fonseca -  Editora  Fulfor  -  São Paulo - 1962 - 113 Pag.

O  Autor  se  reporta  a  aspectos  da Organização das Ligas Camponesas  e  da repressão  Oficial  a  essas  atividades,           revelando dados da atuação das Polícias Militares do Nordeste, nesse contexto.

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POLÍCIA  MILITAR  DA  PARAÍBA - SUA HISTÓRIA - Ademar Naziazene -  Gráfica do Senado Federal - Brasília - 1972 - 249 Pag.

Nessa Obra o Autor  relata  fatos  da  História da  Polícia Militar, abordando alguns temas importantes, de forma superficial,  como por exemplo as origens da Corporação; se omite           sobre outros, como as muitas lutas do século  passado,  e  o enfoque sobre a evolução do Ensino; enquanto outros de pouca  importância são tratados com profundidade. ¨ A primeira Obra  a  tratar  do  assunto  que conhecemos. Foi escrita quando o    Autor se encontrava residindo em Brasília, daí a constatação de algumas naturais dificuldades no  seu  trabalho.  Foi  de  muita valia na sistematização deste trabalho.

JOÃO  PESSOA E A REVOLUÇÃO DE 30 - Ademar Vidal - Editora GRAAL - Rio de Janeiro - 1985 - 539 Pag.

A Obra  relata,  com  riqueza  de  detalhes,  os  fatos  que antecederam a Revolução de 1930, suas conseqüências sociais,  políticas  e  econômicas para o País e para o Estado. No seu  bojo, se detecta inúmeras referências Á atuação  da  Polícia Militar,  nos mais importantes acontecimentos desse período. E, pelo que conhecemos, quem melhor retrata os bastidores da    Política relacionados a esses fatos.

VINGANÇA NÃO - F. Pereira Nóbrega  -  Gráfica  da  Secretaria  de Educação do Estado - João Pessoa - 1989 - 3ª Edição - 206 Pag.

Essa é uma Obra clássica da Literatura Paraibana, em que, de forma  quase romanceada,  é feita a abordagem da formação e   atuação de grupos armados no Sertão da Paraíba,  particular          mente  do  grupo  liderado  por  Chico Pereira, que atuou na região de Sousa, na década de 20, fazendo-se muitas  alusões a  atuação da Polícia Militar, na luta contra esses tipos de  infratores.

MEMÓRIA DA ASSEMBLÉIA  LEGISLATIVA  -  Celso  Mariz  e Deusdedit      Leitão - Gráfica A União - João Pessoa - 1987 - 189 Pag. Comentando a formação das Bancadas da Assembléia Legislativa  do  Estado,  desde  sua  origem  até 1987, os Autores fazem referências, com detalhes, a diversos Deputados que integraram os quadros da Polícia Militar.

ALMANAQUES DE OFICIAIS DE 1932 - 1942 - 1970 e 1976 a 1992. Nesse material, confeccionado pelo setor de administração de  Pessoal  da  Corporação,  são registrados  dados  sobre  os           Oficiais,  o que permite o acompanhamento de suas carreiras,  através dos tempos, facilitando o entendimento de fatos, com  eles relacionados.

FORMAÇÃO CULTURAL DO POVO BRASILEIRO - CAIO PRADO JÚNIOR  -      Editora Nacional - São Paulo - 1970 - 484 - Pag.

Em  um  dos  capítulos  dessa  obra o Autor descreve de forma minuciosa, o funcionamento de toda a administração pública do  Brasil  no  período  Colonial,  fazendo referências inclusive Ás Organizações Militares existentes nessa época, o que permite a percepção das  origens   das atuais Polícias Militares.

HISTÓRIA DO BRASIL - BORGES HERMIDA - Editora Nacional - São Paulo - 1976 - 248 Pag.

De forma didática e sistemática, o Autor expõe informações, principalmente quando se refere ao período Regencial,  que  guardam relações com a criação das Polícias Militares.

VADE-MECUM POLICIAL - AGENOR C. CARVALHO - Gráfica da PMPE -  Recife - 1971 - 138 Pag.

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Nesse trabalho  são  feitas  alusões  a  etimologia  da           palavra "POLÍCIA"  e  outra considerações referentes Á origem da atividade Policial.

CORONELISMO, ENXADA E VOTO -  VICTO  NUNES  LEAL  -  Editora Alfa-Omega - São Paulo - 1986 - 276 Pag.

A  obra  trata  da  origem  dos processos de dominações políticas nas áreas rurais, com a formação  do  Coronelismo,  fazendo-se  referências a administração pública Municipal e nesse contexto  Á  atuação  dos  órgãos  de     Segurança Pública.

LAMPIÃO  -  OPTATO GUEIROS - Editora Progresso - Salvador - 1958 - 333 Pag.

Nesse  trabalho,  o  Autor  descreve  partes da vida de Lampião, fazendo citações de suas lutas com  as  Forças Policiais,  e expondo a forma como esses célebre Cangaceiro ficou conhecido por Capitão Virgulino Ferreira.

SOLDADOS DA PARAÍBA - GUILHERME FALCONE - Editora  A  União - João Pessoa - 1935 - 98 Pag.

De  forma  erudita  e  com riqueza de detalhes, o Autor descreve toda participação da Polícia  Militar  da  Paraíba  nos combates aos Revolucionários de São Paulo em 1932.