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COMENTÁRIO DA PROVA DE HISTÓRIA Tudo o que se espera de uma prova de História esteve presente nesta avaliação: questões claras e bem fundamentadas; abrangentes em relação ao programa; relevantes e atuais, explorando textos, imagens, charges; respeitando a preparação séria e dedicada dos alunos. Enfim, um primor. Sem reparos. Parabéns à comissão elaboradora. Temos uma referência para ser perseguida nos anos vindouros. Professores de História do Curso Positivo Resolução: Muito boa questão estabelecendo relações entre o Império Romano e o Império Bizantino. Em 330, o imperador Constantino fundou uma cidade nova, onde existira a colônia megariana de Bizâncio. Nascia Constantinopla. Depois de Constantino, diante de declínio de Roma, Constantinopla tornou-se a cidade mais importante do Império decadente. Em 395, Teodósio dividiu o Império em Ocidental e Oriental. A parte Ocidental caiu diante das invasões bárbaras; já a parte Oriental sobreviveu até 1453. Foi o Império Romano do Oriente que foi chamado de Império Bizantino. O Império Bizantino foi em certos aspectos o Império Romano continuado. O imperador continuou até 1453, a ser chamado de “imperador dos romanos”. No Direito, na administração, no Exército e por um determinado tempo no idioma uma sobrevivência do Império dos Césares. A diferença principal é que Bizâncio tornou-se uma monarquia cristã e Oriental e não Ocidental e pagã como fora o Império Romano. Há que se destacar que no século VII assistiu-se à substituição definitiva de tudo que subsistia de romano e de latino pelo grego e o bizantino. A língua latina desapareceu mesmo dos atos oficiais. Os próprios títulos do imperador mudaram. Os títulos romanos – Imperador Caeser Augustus – foi cedendo lugar para o vocábulo grego basileus perante o grego basileus. Em síntese, Bizâncio foi sucessora da Grécia e da Roma antigas; esse império de mil anos foi a ponte entre os mundos antigo e moderno. Sem Bizâncio, as obras de Homero e Heródoto, Platão e Aristóteles, Sófocles e Eurípides não teriam sobrevivido. 1 PROVA COMENTADA PELOS PROFESSORES DO CURSO POSITIVO Vestibular UFPR 2012/2013 - 2ª Fase CURSO HISTÓRIA

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COMENTÁRIO DA PROVA DE HISTÓRIA

Tudo o que se espera de uma prova de História esteve presente nesta avaliação: questões claras ebem fundamentadas; abrangentes em relação ao programa; relevantes e atuais, explorando textos,imagens, charges; respeitando a preparação séria e dedicada dos alunos. Enfim, um primor. Semreparos. Parabéns à comissão elaboradora. Temos uma referência para ser perseguida nos anosvindouros.

Professores de História do Curso Positivo

Resolução:Muito boa questão estabelecendo relações entre o Império Romano e o Império Bizantino.Em 330, o imperador Constantino fundou uma cidade nova, onde existira a colônia megariana deBizâncio. Nascia Constantinopla. Depois de Constantino, diante de declínio de Roma, Constantinoplatornou-se a cidade mais importante do Império decadente. Em 395, Teodósio dividiu o Império emOcidental e Oriental. A parte Ocidental caiu diante das invasões bárbaras; já a parte Oriental sobreviveuaté 1453. Foi o Império Romano do Oriente que foi chamado de Império Bizantino.O Império Bizantino foi em certos aspectos o Império Romano continuado. O imperador continuou até1453, a ser chamado de “imperador dos romanos”. No Direito, na administração, no Exército e por umdeterminado tempo no idioma uma sobrevivência do Império dos Césares. A diferença principal é queBizâncio tornou-se uma monarquia cristã e Oriental e não Ocidental e pagã como fora o Império Romano.Há que se destacar que no século VII assistiu-se à substituição definitiva de tudo que subsistia de romanoe de latino pelo grego e o bizantino. A língua latina desapareceu mesmo dos atos oficiais. Os própriostítulos do imperador mudaram.Os títulos romanos – Imperador Caeser Augustus – foi cedendo lugar para o vocábulo grego basileusperante o grego basileus.Em síntese, Bizâncio foi sucessora da Grécia e da Roma antigas; esse império de mil anos foi a ponteentre os mundos antigo e moderno. Sem Bizâncio, as obras de Homero e Heródoto, Platão e Aristóteles,Sófocles e Eurípides não teriam sobrevivido.

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Resolução:Boa questão sobre as Cruzadas.Os soldados de Cristo referenciados no texto de Bernardo de Claraval eram os combatentes dos diversosexércitos formados pelos cristãos do Ocidente – incentivados pelo Papa – para libertar a Terra Santa queestava em poder dos muçulmanos.Vários fatores contribuíram para que houvesse esta contraofensiva dos cristãos diante do expansionismoislâmico.Eis os principais: o aumento da população europeia; o direito de primogenitura; o costume deperegrinações a Jerusalém; a “legitimidade” da guerra contra os infiéis; o pedido de ajuda dos bizantinos ea intensa religiosidade que existia no mundo medieval.As consequências foram diversas. Destaquemos as principais:• a curto prazo, elas ajudaram a Europa a atenuar as constantes desordens. Contudo, favoreceram mani-

festações de antissemitismo e empobreceram muitos daqueles que partiram para a Terra Santa.

• Contribuiu para que, a médio prazo, fossem intensificadas as relações comerciais entre o Ocidente e oOriente. Por outro lado, seus custos consideráveis estiveram na origem das cobranças permanentes deimpostos por reis e papas.

• A longo prazo, além do seu fracasso militar – os cristãos não conservaram as terras conquistadas – elasacentuaram a ruptura entre cristãos e muçulmanos, bem como entre católicos e ortodoxos. Segundo ohistoriador Peter Demant, as Cruzadas “envenenaram as relações entre Ocidente e Oriente”.

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Resolução:Ótima questão sobre um tema que tratamos “ipsis literis” na revisão de véspera.Renascença: ato ou efeito de renascer. Diz-se do movimento que nos séculos XV e XVI renovou a ciência,a literatura e outras artes, pelo estudo e aplicação dos princípios da Antiguidade greco-latina.As transformações econômicas e sociais que ocorreram na época, tais como: a expansão comercialeuropeia; a formação dos Estados nacionais Modernos; o Mercantilismo; o Absolutismo; as grandesnavegações e a ascensão da burguesia influenciaram para que ocorresse um conjunto de mudanças nacultura ocidental que passou mais tarde a ser sintetizada pelo termo “Renascimento”.De uma forma didática, podemos citar diversas características atribuídas pelos historiadores aoMovimento Renascentista. Eis as principais: desenvolvimento do indivíduo; a razão humana exaltadapelos humanistas; antropocentrismo; secularismo hedonismo; aperfeiçoamento do autodomínio e oaparecimento de uma cultura de imprensa.

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Contudo, há que se destacar a advertência feita por Peter Burke:“Mais importante ainda porém, é o fato de quase todas as características atribuídas ao Renascimentopoderem ser encontradas na Idade Média, com a qual tantas vezes é confrontado. A simplista oposiçãobinária entre a Idade Média e o Renascimento, conveniente para efeitos expositivos, é, em muitossentidos, gravemente enganadora...”

(BURKE, Peter. Renascimento. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2008, p. 95).

Resolução:Excelente questão relacionando História Antiga e Moderna.Os ingleses se identificaram com a cidade de Atenas que era uma potência marítima, enquanto Espartaera uma potência terrestre.A Guerra do Peloponeso, que durou 27 anos (de 431 a 404 a.C.), opôs a Liga de Delos, liderada porAtenas contra a Liga do Peloponeso liderada por Esparta.Provocada por incidentes menores, a guerra foi uma reação de diversas cidades gregas diante doestabelecimento da hegemonia ateniense no mar Egeu. Tucídides, em sua “História da Guerra doPeloponeso”, destacou que o conflito assumiu a aparência de um confronto ideológico entre osdemocratas de Atenas e os oligarcas partidários de Esparta, que acabaram vencendo o conflito.O conflito enfraqueceu as Cidades-Estado da Grécia, abrindo caminho para a conquista macedônica.Conforme destacou a historiadora Claude Mossé, a guerra acirrou os antagonismos entre ricos e pobresao acumular ruínas e destruições. Democratas e oligarcas enfrentavam-se por toda parte em lutassangrentas.Em síntese, a Guerra do Peloponeso constituiu a virada mais importante da história da Grécia antiga,especialmente da democracia ateniense, que viu germinar ideologias antidemocráticas, com destaquepara pensadores como Xenofonte, Isócrates e principalmente Platão.

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Resolução:Ótima relação entre Bolívar (falecido em 1830) e os atuais “Bolivarianos”. Parabéns a quem elaborou aquestão.Diversos líderes se apropriaram do discurso bolivariano, reivindicando a história, para dar perspectivas àslinhas de atuação política. Como a obra de Bolívar, com mais de trinta volumes, sobre temas diversos, nãofica difícil extrair textos para enxertá-los em discursos atuais.A atual “ideologia bolivariana” é um coquetel de aspirações e desejos, não é um projeto. Bolívar era umhomem fortemente influenciado pela Revolução Francesa imbuído de conceitos como “Liberdade,Igualdade e Fraternidade”; já o Presidente Chávez se revela anti-imperialista e advoga a necessidade dese construir o “socialismo do século XXI”. Há que se destacar que Bolívar foi um homem de formaçãoiluminista, enquanto a ideologia socialista foi forjada após a morte do libertador. O único ponto deconvergência entre os ideais bolivariano e o discurso chavista seria a unidade latino-americana. Um outrodestaque que pode levar a uma relativa similaridade dos discursos – apesar do contexto diferente – é asensibilidade social dos dois personagens. Em uma época que não se falava em abolição da escravatura.Bolívar era favorável à libertação dos escravos. Quanto a Chávez, em uma época que parecia que oneoliberalismo havia triunfado, suas políticas sociais tiraram milhões de pessoas da miséria, fazendo queo IDH da Venezuela melhorasse substancialmente.

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Resolução:Boa questão. Trabalhamos uma questão parecida na Revisão de Véspera.Diversos fatores contribuíram para a descolonização da Ásia e da África. Eis os principais.• Movimentos nacionalistas. Os nacionalistas queriam expulsar os colonizadores, para formarem gover-

nos constituídos por elementos de suas nacionalidades.

• Os efeitos da Segunda Guerra Mundial: enfraquecimento das potências colonialistas europeias; africa-nos e asiáticos adquiriram consciência de questões políticas e sociais como resultado de seu envolvi-mento na guerra; algumas potências europeias durante a guerra incentivaram os povos das colônias aterem expectativa de independência; a Carta de Atlântico de 1941; e depois a Carta da ONU (que esta-beleceram que “todos os povos deveriam ter o direito de escolher sua própria forma de governo”). AONU tomou firme posição contra o colonialismo.

• As pressões externas sobre as potências colonialistas, oriundas da União Soviética e dos Estados Uni-dos.

Para Marc Ferro, a troca de soberania consistiu em que os novos países atrelaram-se às novas potênciasmundiais: Estados Unidos ou União Soviética, ou então continuaram atrelados economicamente asantigas metrópoles.

Resolução:A segunda década do século XX foi marcada, notadamente em face do surto industrial, por manifestaçõesoperárias de grande vulto. O ano de 1917, no Brasil, ficou conhecido como o “Ano Vermelho”. As principaisreivindicações foram de ordem mais laboral que política, com destaque para o aumento dos salários emelhores condições de trabalho. A presença dos imigrantes europeus foi expressiva na liderança dessemovimento, graças à experiência de muitos nas lides europeias e a disseminação das ideias anarquistas.O governo agiu com violência, particularmente contra os imigrantes. Os ganhos foram mínimos e até a eraVargas a questão operária foi considerada um “caso de polícia”.

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Resolução:A estrutura latifundiária somada aos cálculos assédios da seca provocaram um despovoamento dossertões nordestinos. Muitos empregados das fazendas de gado ficavam a vagar e, armados, passaram aatacar pequenos povoados. Surgem assim os primeiros bandos de cangaceiros: João Calangro eInocêncio Vermelho foram dois de seus primeiros líderes. O movimento foi crescendo e os bandospassaram a acolher desde despossuídos até desacatados, ganhando a aura de justiceiros. Muitos destescangaceiros usavam parte dos despojos de seus crimes como bônus distribuídos com os vilarejos,reforçando uma certa mística de “Heróis”. Lampião foi o nome mais expressivo, permanecendo nocangaço por 20 anos. Na verdade, porém, o cangaço sobreviveu enquanto interessava às liderançaslocais. Com o avanço do estado, na era Vargas, e o avanço das estradas e centros urbanos, o movimentofoi sendo asfixiado até o fim do último bando, o de Corisco, em 1940.

Resolução:A Independência, em 1822, atendeu a interesses das elites do RJ, SP e MG. Tanto o Sul quanto o Nortenão se identificavam de imediato com o Imperador e, diante dos problemas provocados, primeiro com ofechamento da Constituinte e depois com a abdicação, várias revoltas de caráter separatista irromperam,como a Confederação do Equador, em PE, a Sabinada, na Bahia e, principalmente, a Farroupilha, no RS eSC. Com a maioridade, em 1840, D. Pedro II leva uma década para acomodar estes interessescontrariados e reprimir os excessos populares. Com o Parlamentarismo, em 1847, abrindo espaço depoder para as elites regionais, finalmente a consolidação da unidade territorial foi possível.

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Resolução:A presença dos EUA na economia brasileira é sentida ao longo de todo o século XX, da política deinvestimentos em rodovias do Governo Washington Luís até as montadoras de automóveis do GovernoJK; da política de boa-vizinhança dos anos 40 até a associação explícita durante o regime militar.Pequenos incidentes ou breves períodos de afirmação nacionalista, como a questão nuclear do GovernoGeisel ou a Petrobras de Vargas não invalidam esse raciocínio. Com o Governo Lula e, agora, com aPresidenta Dilma, o multilateralismo ganhou força e novas potências, principalmente a China, vêm criandopolos de atração econômica. Mas os EUA continuam como nosso principal parceiro comercial.

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