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www.ecivilnet.com HISTÓRIA DA ARQUITETURA A História da Arquitetura é uma subdivisão da História da Arte responsável pelo estudo da evolução histórica da arquitetura, seus princípios, idéias e realizações. Esta disciplina, assim como qualquer outra forma de conhecimento histórico, está sujeita às limitações e potencialidades da história enquanto ciência: existiram diversas perspectivas em relação ao estudo da arquitetura, a maior parte das quais ocidentais.  Na maioria dos casos (mas nem sempre), os períodos estudados pela História da Arquitetura correm paralelos aos da História da Arte, embora existam momentos em que as estéticas se sobreponham ou se confundam. Não raro, uma estética que é considerada vanguarda nas artes  plásticas ainda não encontrou sua representação na arquitetura, e vice-versa. Cronologia As primeiras grandes obras de arquitetura remontam à Antiguidade, mas é possível traçar as ori gen s do pensamen to arq ui tet ôni co em per íodos pré-históricos, quando for am eri gid as as  primeiras construções humanas. Pré-História  Arquitetura neolítica Durante a pré-História surgem os primeiros monumentos e o homem começa a dominar a técnica de trabalhar a pedra. O surgimento da Arquitetura está associado à idéia de abrigo. O abrigo, como sendo a construção predominante nas sociedades primitivas, será o elemento principal da organização espacial de diversos povos. Este tipo de construção ainda pode ser observado em sociedades não totalmente integradas na civilização ocidental, como os povos ameríndios, africanos, aborígenes, entre outros. A presença do abrigo no inconscie nte coletivo destes povos é tão forte que ela marcará a cultura de diversas sociedades posteriores: vários teóricos da Arquitetura, em momentos diversos da história (Vitrúvio, na Antiguidade, Alberti na Renascença, Joseph Rykwert, mais recentemente) evocarão o mito da cabana primitiva. Este mito, variando de acordo com a fonte, prega que o ser humano recebeu dos deuses a Sabedoria para a construção de seu abrigo, configurado como uma construção de madeira composta por quatro paredes e um telhado de duas águas. Antiguidade À medida que as comunidades humanas evoluíam e aumentavam, acometidas pelas ameaças  bélicas constantes, a primeira modalidade arquitetônica a se desenvolver foi essencialmente a militar. Nesse período surgiram as primeiras cidades e sua configuração estava atrelada à existência de muralhas e proteção a ameaças externas. 1

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HISTÓRIA DA ARQUITETURA

A História da Arquitetura é uma subdivisão da História da Arte responsável pelo estudo daevolução histórica da arquitetura, seus princípios, idéias e realizações. Esta disciplina, assim comoqualquer outra forma de conhecimento histórico, está sujeita às limitações e potencialidades dahistória enquanto ciência: existiram diversas perspectivas em relação ao estudo da arquitetura, amaior parte das quais ocidentais.

 Na maioria dos casos (mas nem sempre), os períodos estudados pela História da Arquiteturacorrem paralelos aos da História da Arte, embora existam momentos em que as estéticas sesobreponham ou se confundam. Não raro, uma estética que é considerada vanguarda nas artes

 plásticas ainda não encontrou sua representação na arquitetura, e vice-versa.

Cronologia

As primeiras grandes obras de arquitetura remontam à Antiguidade, mas é possível traçar asorigens do pensamento arquitetônico em períodos pré-históricos, quando foram erigidas as

 primeiras construções humanas.

Pré-História

 Arquitetura neolítica

Durante a pré-História surgem os primeiros monumentos e o homem começa a dominar atécnica de trabalhar a pedra.

O surgimento da Arquitetura está associado à idéia de abrigo. O abrigo, como sendo aconstrução predominante nas sociedades primitivas, será o elemento principal da organizaçãoespacial de diversos povos. Este tipo de construção ainda pode ser observado em sociedades nãototalmente integradas na civilização ocidental, como os povos ameríndios, africanos, aborígenes,entre outros. A presença do abrigo no inconsciente coletivo destes povos é tão forte que ela marcaráa cultura de diversas sociedades posteriores: vários teóricos da Arquitetura, em momentos diversos

da história (Vitrúvio, na Antiguidade, Alberti na Renascença, Joseph Rykwert, mais recentemente)evocarão o mito da cabana primitiva. Este mito, variando de acordo com a fonte, prega que o ser humano recebeu dos deuses a Sabedoria para a construção de seu abrigo, configurado como umaconstrução de madeira composta por quatro paredes e um telhado de duas águas.

Antiguidade

À medida que as comunidades humanas evoluíam e aumentavam, acometidas pelas ameaças bélicas constantes, a primeira modalidade arquitetônica a se desenvolver foi essencialmente amilitar. Nesse período surgiram as primeiras cidades e sua configuração estava atrelada à existênciade muralhas e proteção a ameaças externas.

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A outra tipologia bastante desenvolvida foi a arquitetura religiosa. A humanidadeconfrontava-se com um mundo povoado de deuses vivos, gênios e demônios: um mundo que aindanão conhecia nenhuma objetividade científica. O modo como os indivíduos lidavam com atransformação de seu ambiente imediato era então bastante influenciado pelas suas crenças. Muitosaspectos da vida cotidiana estavam baseados no respeito ou na adoração ao divino e ao supernatural.O poder divino, portanto, equiparava-se (ou mesmo superava) o poder secular, fazendo com que os

 principais edifícios das cidades fossem os palácios e os templos. Esta importância fazia com que afigura do arquiteto estivesse associada aos sacerdotes (como no Antigo Egito) ou aos própriosgovernantes e a execução dos edifícios era acompanhada por diversos rituais que simbolizavam ocontato do homem com o divino.

As cidades marcavam uma interrupção da natureza selvagem, consideradas o espaço sagradoem meio ao natural. Da mesma forma, os templos dentro das cidades marcavam a morada dos

deuses em meio ao ambiente humano. As necessidades de infra-estrutura daquelas primeirascidades também tornaram necessário o progresso técnico das obras de engenharia.

 Divisões

✔ Arquitetura egípcia✔ Arquitetura assíria✔ Arquitetura babilônia✔ Arquitetura etrusca✔ Arquitetura minóica✔ Arquitetura micênica✔ Arquitetura persa✔ Arquitetura suméria

Antiguidade clássica

Templo de Hefesto em Atenas: arquitetura clássica gregaA Arquitetura e o urbanismo praticados pelos gregos e romanos destacava-se bastante dos egípcios e babilônios na medida emque a vida cívica passava a ganhar importância. A cidade torna-se o elemento principal da vida

 política e social destes povos: os gregos desenvolveram-se em cidades-estado e o Império Romanosurgiu de uma única cidade. O arquiteto grego Hipódamo de Mileto é considerado o primeirourbanista da história. Durante os períodos e civilizações anteriores, os assuntos religiosos eram eles

mesmos o motivo e a manutenção da ordem estabelecida; no período greco-romano o mistérioreligioso ultrapassou os limites do templo-palácio e tornou-se assunto dos cidadãos (ou da pólis):surge aí a palavra política, absolutamente relacionada à idéia de cidade. Enquanto os povosanteriores desenvolveram apenas as arquiteturas militar, religiosa e residencial, os gregos e romanosforam responsáveis pelo desenvolvimento de espaços próprios à manifestação da cidadania e dosafazeres cotidianos: a ágora grega definia-se como um grande espaço livre público destinado àrealização de assembléias, rodeada por templos, mercados, e edifícios públicos. O espaço da ágoratornara-se um símbolo da nova visão de mundo que incluía o respeito aos interesses comuns eincentivador do debate entre cidadãos, ao invés da antiga ordem despótica.

Os assuntos religiosos, contudo, ainda possuíam um papel fundamental na vida mundana,mas agora foram incorporados aos espaços públicos da pólis. Os rituais populares tomavam lugar 

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em espaços construídos para tal, em especial a acrópole. Cada lugar possuía a sua própria natureza(genius locci), inseridos em um mundo que convivia com o mito: os templos passaram a ser construídos no topo das colinas (criando um marco visual na cidade baixa e possibilitando umrefúgio à população em tempos de guerra) de forma a tocar os céus.Idade média

O espaço arquitetônico góticoOs principais fatos a influenciarem a produção arquitetônicamedieval foram o recrudescimento das cidades (e conseqüente ruralização da Europa e criação defeudos) e a ascenção da Igreja Católica. À medida que o poder secular submetia-se ao poder papal,

 passava a ser a Igreja que detinha o capital necessário ao desenvolvimento das grandes obrasarquitetônicas. A tecnologia do período desenvolveu-se principalmente na construção das catedrais,estando o conhecimento tectônico sob o controle das corporações de ofícios.

Durante praticamente todo o período medieval, a figura do arquiteto (como sendo o criador solitário do espaço arquitetônico e da construção) não existe. A construção das catedrais, principalesforço construtivo da época, é acompanhada por toda a população e insere-se na vida dacomunidade ao seu redor. O conhecimento construtivo é guardado pelas corporações, as quaisreuniam dezenas de mestres-obreiros (os arquitetos de fato) que conduziam a execução das obrasmas também as elaboravam.

A Cristandade definiu uma visão de mundo nova, que não só submetia a vontade humanaaos desígnios divinos como esperava que o indíviduo buscasse o divino. Em um primeiro momento,e devido às limitações técnicas, a concepção do espaço arquitetônico dos templos volta-se ao centro,segundo um eixo que incita ao percurso. Mais tarde, com o desenvolvimento da arquitetura gótica,

 busca-se alcançar os céus através da indução da perspectiva para o alto.

 Estilos medievais

✔ Arquitetura paleocristã✔ Arquitetura visigótica✔ Arquitetura moçárabe✔ Arquitetura bizantina✔ Arquitetura mourisca✔ Arquitetura românica✔ Arquitetura gótica

Idade Moderna

O homem vitruviano, interpretado por Leonardo da Vinci. Nele está sintetizado o espíritorenascentista: clássico e humanistaCom o fim da Idade Média a estrutura de poder européiamodifica-se radicalmente. Começam a surgir os estados-nacionais e, apesar da ainda forte influênciada Igreja Católica, o poder secular volta a subjugá-la, especialmente com as crises decorrentes daReforma Protestante.

O Renascimento abriu a Idade Moderna rejeitando a estética e cultura medievais e propondouma nova posição do homem perante o Universo. Antigos tratatos arquitetônicos romanos sãoredescobertos pelos novos arquitetos, influenciando profundamente a nova arquitetura. A relativa

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liberdade de pesquisa científica que se obteu permitiu algum avanço nas técnicas construtivas, permitindo novas experiências e a concepção de novos espaços.

Algumas regiões italianas, e Florença em especial, devido ao controle das rotas comerciaisque levavam a Constantinopla, tornam-se as grandes potências mundiais e é nelas que sedesenvolveram as condições para o desenvolvimento das artes e das ciências.

Renascimento

Paisagem florentina, um marco do Renascimento

Palazzo della Ragione de Palladio.O espírito renascentista evoca as qualidades intrínsecasexistentes no ser humano. O progresso do homem - científico, espiritual, social - torna-se um

objetivo importante para o período. O Classicismo, redescoberto, e o Humanismo surgem como oguia para a nova visão de mundo que manifesta-se nos artistas do período.

A cultura renascentista mostra-se multidisciplinar e interdisciplinar. O que importa aohomem renascentista é o culto ao conhecimento e à razão, não havendo para ele separação entre asciências e as artes. Tal cultura mostrou-se um campo fértil para o desenvolvimento da arquitetura,uma matéria que da mesma forma não vê limite entre as duas áreas.

A arquitetura renascentista mostrou-se clássica, mas não se pretendeu neoclássica. Com adescoberta dos antigos tratados (incompletos) da arquitetura clássica (dentre os quais, o maisimportante foi De Architetura de Vitrúvio, base para o tratado De Re Aedificatoria de Alberti), deu-

se margem a uma nova interpretação daquela arquitetura e sua aplicação aos novos tempos.Conhecimentos obtidos durante o período medieval (como o controle das diferentes cúpulas earcadas) foram aplicados de uma nova forma, incorporando os elementos da linguagem clássica.

A descoberta da perspectiva é um aspecto importante para se entender o período (eespecialmente a perspectiva central): a idéia de infinito trazida pela manipulação do ponto de fugafoi bastante utilizada como elemento cênico na concepção espacial daqueles arquitetos.

A perspectiva representou uma nova forma de entender o espaço como algo universal,compreensível e controlável através da razão do homem. O desenho tornou-se o principal meio de

 projetação, assim como surge a figura do arquiteto solitário (diferente da concepção coletiva dos

edifícios medievais). Os novos meios de concepção do projeto influenciaram a concepção espacialdos edifícios no sentido em que as visuais são controladas, direcionadas para um ponto de vistaespecífico. O poder da perspectiva de representar universalmente a realidade não se limitou aapenas descrever a experiência, mas também a antecipá-la projetando a imagem de volta àrealidade.

Entre os principais arquitetos da Renascença se incluem Vignola, Alberti, Brunelleschi eMichelângelo.

Maneirismo

Com o desenrolar do Renascimento e o constante estudo e aplicação dos ideais clássicos,

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começa a surgir entre os artistas do período um certo sentimento anticlássico, ainda que suas obrascontinuassem, em essência, predominantemente clássicas. Neste momento, surge aquele que foichamando de maneirismo.

Os arquitetos maneiristas (que rigorosamente podem continuar sendo chamados derenascentistas) apropriam-se das formas clássicas mas começam a desconstruir seus ideais. Algunsexemplos do maneirismo:

São constantes as referências visuais em espaços internos aos elementos típicos dacomposição de espaços externos: janelas que se voltam para dentro, tratamento de escadas externasem alas interiores de edifícios, etc.

O já consagrado domínio da perspectiva permite experimentações diversas que fogem ao

espaço perspectivo dos períodos anteriores.Michelângelo é um dos arquitetos renascentistas que podem ser chamados de maneiristas.Século XVII e XVIII

Os séculos seguintes ao Renascimento assistiram a um processo cíclico de constanteafastamento e reaproximação do ideário clássico. O Barroco, em um primeiro momento,

 potencializa o descontentamento do Maneirismo pelas normas clássicas e propicia a gênese de umtipo de arquitetura inédita, ainda que freqüentemente possua ligações formais com o passado. Damesma forma que o barroco representou uma reação ao Renascimento, o Neoclassicismo, maistarde, constituirá uma reação ao barroco e uma forte tendência ao passadismo e à recuperação doclássico. Este período de dois séculos, portanto, será marcado por um ciclo de dúvidas e certezas a

respeito da validade das idéias clássicas.

Arquitetura barroca

A ostentação formal nos espaços do Barroco e do Rococó.O Barroco surge no cenárioartístico europeu em dois contextos bastante claros durante o século XVII: primeiramente havia asensação de que, com o avanço científico representado pelo Renascimento, o Classicismo, aindaque tivesse alavancado este progresso, não mais tinha condições de oferecer todas as respostasnecessárias às dúvidas do homem. O Universo não era mais o mesmo, o mundo havia se expandidoe o indivíduo sentia querer experimentar um novo tipo de contato com o divino e o metafísico. Asformas luxuriantes do barroco, seu espaço elíptico, definitivamente anti-euclidiano, foram uma

resposta a estas necessidades.

O segundo contexto é o da Contra-Reforma promovida pela Igreja Católica. Com o avançodas igrejas protestantes, a antiga ordem romana cristã (que, em certo sentido, havia incentivado oadvento do mundo renascentista) estava sendo suplantada por novas visões de mundo e novasatitudes perante o Sagrado. A Igreja sentiu a necessidade de renovar-se para não perder os fiéis, eviu na promoção de uma nova estética a chance de identificar-se neste novo mundo. As formas do

 barroco foram promovidas pela instituição em todo o mundo (especialmente nas colônias recém-descobertas), tornando-o o estilo católico, por excelência.

Arquitetura neoclássica

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O Capitólio de Washington, exemplar do neoclassicismo arquitetônicoNo fim do séculoXVIII e início do XIX, a Europa assistiu a um grande avanço tecnológico, resultado direto dos

 primeiros momentos da Revolução Industrial e da cultura iluminista. Foram descobertas novas possibilidades construtivas e estruturais, de forma que os antigos materiais (como a pedra e amadeira) passaram a ser substituídos gradativamente pelo concreto (betão) (e mais tarde peloconcreto armado) e pelo metal.

Paralelamente, profundamente influenciados pelo contexto cultural do Iluminismo europeu,os arquitetos do século XVIII passaram a rejeitar a religiosidade intensa da estética anterior e oexagero luxuriante do barroco. Buscava-se uma síntese espacial e formal mais racional e objetiva,mas ainda não se tinha uma idéia clara de como aplicar as novas tecnologias em uma novaarquitetura. Inseridos no contexto do Neoclassicismo nas artes, aqueles arquitetos viram na clássica

a arquitetura ideal para os novos tempos.O Neoclassicismo não se pretendeu, de fato, um estilo novo (diferente da arte clássica

renascentista). Ocorria muito mais uma cópia do repertório formal clássico e menos umaexperimentação desta forma, tendo como diferença a aplicação das novas tecnologias.

Idade Contemporânea

A arquitetura que surge com a Idade Contemporânea irá, em maior ou menor grau, refletir osavanços tecnológicos e os paradoxos sócio-culturais representados pelo advento da RevoluçãoIndustrial. As cidades passam a crescer de modo inédito e novas demandas sociais relativas ao

controle do espaço urbano devem ser respondidas pelo Estado, o que acabará levando aosurgimento do urbanismo como disciplina acadêmica. O papel da arquitetura (e do arquiteto) seráconstantemente questionado e novos paradigmas surgem: alguns críticos alegam que surge umacrise na produção arquitetônica que permeia todo o século XIX e somente será resolvida com oadvento da arquitetura moderna

Século XIX

O Parlamento inglês é uma das realizações mais exemplares da arquitetura revivalistainglesa. Todo o século XIX assistirá a uma série de crises estéticas que se traduzem nosmovimentos chamados revivalistas: ou pelo fato das inovações tecnológicas não encontrarem

naquela contemporaneidade uma manifestação formal adequada, ou por diversas razões culturais econtextos específicos, os arquitetos do período viam na cópia da arquitetura do passado e no estudode seus cânones e tratados uma linguagem estética legítima de ser trabalhada. O primeiro destesmovimentos foi o já citado Neoclássico, mas ele também vai se manifestar na arquitetura neogóticainglesa, profundamente associada aos ideais românticos nacionalistas. Os esforços revivalistas queaconteceram principalmente na Alemanha, França, Inglaterra por razões especialmente ideológicasviriam mais tarde a se transformar em um mero conjunto de repertórios formais e tipológicosdiversos, que evoluiriam para o Ecletismo, considerado por muitos como o mais decadente eformalista entre todos os estilos históricos.

A primeira tentativa de resposta à questão tradição x industrialização (ou entre as artes e osofícios) se deu pelo pensamento dos românticos John Ruskin e William Morris, proponentes de um

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movimento estético que ficou conhecido justamente por Arts & Crafts (cuja tradução literal é "artese ofícios"). O movimento propõs a pesquisa formal aplicada às novas possibilidades industriaisvendo no artesão uma figura de destaque: para eles, o artesão não deveria ser extinto com aindústria, mas tornar-se seu agente transformador, seu principal elemento de produção. Com adiluição dos seus ideais e a dispersão de seus defensores, as idéias do Movimento evoluíram, nocontexto francês, para a estética do art noveau, considerado o último estilo do Século XIX e o

 primeiro do século XX..

Século XX

O Modernismo da Bauhaus

A Villa Savoye, do franco-suíço Le Corbusier, é um dos edifícios mais paradigmáticos da

arquitetura funcionalistaA Casa da Cascata, de Frank Lloyd Wright, um ícone da arquitetura orgânica.Logo nas

  primeiras décadas do século XX tornou-se muito clara uma distinção entre os arquitetos queestavam mais próximos das vanguardas artísticas em curso na Europa e aqueles que praticavam umaarquitetura ligada à tradição (em geral de características historicistas, típica do Ecletismo). Aindaque estas duas correntes estivessem, em um primeiro momento, cheias de nuances e meios-termos,com a atividade "revolucionária" proposta por determinados artistas, e principalmente com aatuação dos arquitetos ligados à fundação da Bauhaus na Alemanha, com a Vanguarda Russa naUnião Soviética e com o novo pensamento arquitetônico proposto por Frank Lloyd Wright nosEUA, a cisão entre elas fica bastante nítida e o debate arquitetônico se transforma, de fato, em um

cenário povoado de partidos e movimentos caracterizados como tal.

A renovação estética proposta pelas vanguardas (especialmente pelo Cubismo, pelo Neoplasticismo, pelo Construtivismo e pela Abstração) no campo das artes plásticas abre o caminho para uma aceitação mais natural das propostas dos novos pensamentos arquitetônicos, baseados nacrença em uma sociedade regulada pela Indústria, na qual a máquina surge como um elementoabsolutamente integrado à vida humana e no qual a Natureza está não só dominada como tambémse propõem novas realidades diversas da natural.

De uma forma geral, as novas teorias que se discutem a respeito da Arte e do papel do artistavêem na Indústria (e na sociedade industrial como um todo) a manifestação máxima de todo o

trabalho artístico: artificial, racional, preciso, enfim, moderno. A idéia de modernidade surge comoum ideário ligado à uma nova sociedade, composta por indivíduos formados por um novo tipo deeducação estética, gozando de novas relações sociais, na qual as desigualdades foram superadas

 pela neutralidade da razão. Este conjunto de idéias vê na arquitetura a síntese de todas as artes, vistoque é ela quem define e dá lugar aos acontecimentos da vida cotidiana. Sendo assim, o campo daarquitetura abarca todo o ambiente habitável, desde os utensílios de uso doméstico até toda acidade: para a arte moderna, não existe mais a questão artes aplicadas x artes maiores (todas elasestão integradas em um mesmo ambiente de vida).

A arquitetura moderna será, portanto, caracterizada por um forte discurso social e estético derenovação do ambiente de vida do homem contemporâneo. Este ideário é formalizado com afundação e evolução da escola alemã Bauhaus: dela saem os principais nomes desta arquitetura. A

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 busca de uma nova sociedade, naturalmente moderna, era entendida como universal: desta maneira,a arquitetura influenciada pela Bauhaus se caracterizou como um algo considerado internacional(daí a corrente de pensamento associada a ela ser chamada international style, título vindo de umaexposição promovida no MoMA de Nova Iorque).

Arquitetura contemporânea

A arquitetura praticada nas últimas décadas tem se caracterizado, de uma forma geral, comoreação às propostas da arquitetura moderna: ora os arquitetos atuais relêem os valores modernos e

 propõem novas concepções estéticas (o que eventualmente se caracterizará como uma atitude dita"neomoderna"); ora eles propõem projetos de mundo radicalmente novos, procurando apresentar 

 projetos que, eles próprios, sejam paradigmas anti-modernistas, conscientemente desrespeitando oscriticados dogmas do modernismo.

As primeiras reações negativas à acusada excessiva dogmatização que a arquitetura moderna propôs no início do século surgiram, de uma forma sistêmica e rigorosa, por volta da década de1970, tendo em nomes como Aldo Rossi e Robert Venturi seus principais expoentes (emborateóricos como Jane Jacobs tenham promovido críticas intensas, porém isoladas, à visão de mundodo Modernismo já nos anos 50, especialmente no campo do Urbanismo).

A crítica antimodernista, que em um primeiro momento se restringiu à especulação deordem teórico-acadêmica logo ganhou experiências práticas. Estes primeiros projetos estão de umaforma geral ligados à idéia da revitalização do "referencial histórico", colocando explicitamente emcheque os valores anti-historicistas do Modernismo.

Durante a década de 1980 a revisão do espaço moderno evoluiu para a sua totaldesconstrução, a partir de estudos influenciados (especialmente) por correntes filosóficas como oDesconstrutivismo. Apesar de altamente criticada, esta linha de pensamento estético também semanteve restrita aos estudos teóricos e, na década de 1990, seduziram o grande público e setornaram sinônimo de uma "arquitetura de vanguarda". Nomes como Rem Koolhaas, Peter Eisenman e Zaha Hadid estão ligados a este movimento. O arquiteto norte-americano Frank Gehry,apesar de ser apontado pela grande mídia como arquiteto desconstrutivo, tem sua obra criticada

 pelos próprios membros do movimento.

Conclusão

Apesar das tentativas de classificar as várias correntes da produção contemporânea, não háde fato um grupo pequeno de "movimentos" ou "escolas" que reúna sistematicamente as váriasopções que tem sido feitas por arquitetos ao redor de todo o mundo.

Sinteticamente, pode-se dizer que a arquitetura continuamente apresentada pela mídiaespecializada como representativa do atual momento histórico (ou, por outro lado, como uma

 produção de vanguarda) pode ser resumida em quatro ou cinco grandes blocos, mas eles não seriama reprodução fiel da verdadeira produção arquitetônica cotidiana, vivenciada ao redor de todo omundo.

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