HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS DE BOM JARDIM - MARANHÃO

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HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS DE BOM JARDIM - MARANHÃO Adilson Motta, 2015 Povoado Rosário O povoado do Rosário foi fundado em 1961, dois anos depois da fundação de Bom Jardim, que se deu em 1959.Seu primeiro habitante foi o Sr. Raimundo José da Silva, conhecido por Raimundo Caruncha, veja como ele esclarece a origem do nome do povoado: “o povoado recebeu o nome de Rosário porque o Rio Pindaré tinha muitas curvas, parecendo com um rosário. Segundo o mesmo, o nome “Rosário” foi dado ao local por caçadores e pescadores que ali exerciam tais atividades . Todos migrantes Nordestinos, inclusive o Sr. Raimundo Caruncha tem uma explicação para o motivo de sua vinda para o Maranhão; entre estes, veja o que trouxe o referido primeiro morador de Rosário a se estabelecer no povoado. “Eu e minha família morávamos no Piauí, próximo ao rio Parnaíba. Devido ao empobrecimento do solo e a falta de mata, fomos para o Maranhão em busca de uma vida melhor. Chegando aqui, sai a pés pelas margens do rio Pindaré até o lugar que se chama hoje Rosário, como havia muitas terras devolutas e boas para o cultivo e matas propícias para a caça, resolvi me estabelecer no local”. Entrevista com antigos moradores revela que eles eram oriundos do Ceará, Piauí e do próprio Maranhão, com um número reduzido de representantes de outros estados que vieram a procura de terras para a lavoura de subsistência. Os mesmo viviam da lavoura, da caça e da pesca. As suas vindas para o local, se deram através de parente que lhes formaram da região. Muitos desses primeiros vieram a pés e outros montados em animais. Entre as muitas dificuldades enfrentadas por esses pioneiros, citam-se animais ferozes como onça e doenças, como malária e febre amarela. A região, segundo eles era coberta de extensas matas e muitos animais. Veja a entrevista a seguir com Raimundo de Jesus da Silva: “O local era cheio de matas com muitas caças e apresentava um solo favorável para o plantio; tinha muitos frutos como: tuturubà, bacuri, juçara, pequi, buriti e também muitos peixes, que serviam de suprimento para o sustento de nossas famílias”. A situação social nos primeiros dias da história do povoado Rosário era de tempos difíceis. A título de comprovação observe o relato com o senhor Augustinho Gomes da Silva, um dos antigos moradores: ”Era muito difícil porque não tinha estrada, energia elétrica, telefone nem médicos. Quando alguém ficava doente era preciso levar para Pindaré, pois era lá que tinha melhores médicos”. Um dos primeiros moradores também foi o Sr. Cecílio Bispo da Silva que era maranhense, e que chegou em 1961. O qual era morador de Juçaral e trabalhava com lavoura. Veio para o povoado Rosário. O povoado do Rosário já chegou ater 600 casas, atualmente tem cerca de 221 casas. Isto é, já foi um povoado florescente, regredindo nos últimos anos.

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HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Adilson Motta, 2015

Povoado Rosário

O povoado do Rosário foi fundado em 1961, dois anos depois da fundação de Bom Jardim, que se deu em 1959.Seu primeiro habitante foi o Sr. Raimundo José da Silva,

conhecido por Raimundo Caruncha, veja como ele esclarece a origem do nome do

povoado: “o povoado recebeu o nome de Rosário porque o Rio Pindaré tinha muitas curvas, parecendo com um rosário. Segundo o mesmo, o nome “Rosário” foi dado ao

local por caçadores e pescadores que ali exerciam tais atividades .

Todos migrantes Nordestinos, inclusive o Sr. Raimundo Caruncha tem uma explicação para o

motivo de sua vinda para o Maranhão; entre

estes, veja o que trouxe o referido primeiro

morador de Rosário a se estabelecer no povoado.

“Eu e minha família morávamos no Piauí, próximo ao rio Parnaíba. Devido ao

empobrecimento do solo e a falta de mata, fomos para o Maranhão em busca de uma

vida melhor. Chegando aqui, sai a pés pelas margens do rio Pindaré até o lugar que se chama hoje Rosário, como havia muitas terras devolutas e boas para o cultivo e matas

propícias para a caça, resolvi me estabelecer no local”.

Entrevista com antigos moradores revela que eles eram oriundos do Ceará,

Piauí e do próprio Maranhão, com um número reduzido de representantes de outros

estados que vieram a procura de terras para a lavoura de subsistência. Os mesmo viviam da lavoura, da caça e da pesca. As suas vindas para o local, se deram através

de parente que lhes formaram da região. Muitos desses primeiros vieram a pés e outros

montados em animais. Entre as muitas dificuldades enfrentadas por esses pioneiros,

citam-se animais ferozes como onça e doenças, como malária e febre amarela. A região, segundo eles era coberta de extensas matas e muitos animais. Veja a entrevista a

seguir com Raimundo de Jesus da Silva:

“O local era cheio de matas com muitas caças e apresentava um solo favorável para o

plantio; tinha muitos frutos como: tuturubà, bacuri, juçara, pequi, buriti e também

muitos peixes, que serviam de suprimento para o sustento de nossas famílias”.

A situação social nos primeiros dias da história do povoado Rosário era de

tempos difíceis. A título de comprovação observe o relato com o senhor Augustinho

Gomes da Silva, um dos antigos moradores:

”Era muito difícil porque não tinha estrada, energia elétrica, telefone nem médicos.

Quando alguém ficava doente era preciso levar para Pindaré, pois era lá que tinha melhores médicos”.

Um dos primeiros moradores também foi o Sr. Cecílio Bispo da Silva que era maranhense, e que chegou em 1961. O qual era morador de Juçaral e trabalhava com

lavoura. Veio para o povoado Rosário. O povoado do Rosário já chegou ater 600 casas,

atualmente tem cerca de 221 casas. Isto é, já foi um povoado florescente, regredindo

nos últimos anos.

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2 A causa da regressão do povoado, segundo os depoimentos de antigos

moradores foi a expropriação das terras a latifundiários e fazendeiro e franco amparo

de políticas públicas no setor agrícola ao longo de sucessivos governos. Atualmente apresenta uma população de 683 habitantes. O comércio neste

povoado já foi muito desenvolvido; tinham lojas de tecidos, usinas de beneficiamento

de arroz, etc.. Hoje apresenta morosidade no seu desenvolvimento, em consequência

das migrações de muitas famílias que iniciaram o lugar tendo em vista as terras do povoado já pertencerem a grandes latifundiários, ficando os lavradores privados de

construírem suas roças. O distrito de Rosário já possuiu um cartório, cuja tabeliã foi

Sra. Maria Perpetuo Socorro de Oliveira; o cartório em referência já foi desativado. O Juiz do Cartório era o Sr. Raimundo Pinheiro. Existia também uma subdelegacia, cujo

delegado era o Sr. Adroaldo Cecílio.

Já foram eleitos 3 vereadores residentes no povoado Rosário. Sendo: Adroaldo Alves Matos e Augustinho Maranhão ambos concorreram às eleições a vereador em

1968, e em 1972, a prefeitura de Bom Jardim como candidatos a prefeito. Foi eleito

também no mesmo ano (72) a vereador, o senhor Ângelo Vieira.

Atualmente em Rosário existe uma igreja católica e uma igreja Assembleia de Deus, duas escolas municipais e a implantação de um Sistema Telemar, através de

orelhões.O povoado já é beneficiado com energia elétrica, água encanada, um posto de

saúde, um mercado municipal. Na área cultural apresenta: Festival do peixe, realizado no mês de outubro. A festa mais popular da comunidade de Rosário é a da senhora

conhecida por Siriáca, realizada em maio com procissões, novenas, leilões e danças. A

principal atividade econômica é a pesca e a pecuária com a criação de bovinos e suínos, a quebra do coco babaçu e a agricultura.

A agricultura é explorada em grande parte, por pequenos produtores rurais. Sabe-

se que, economicamente, a agricultura é muito importante para o desenvolvimento do

município, mais essa não apresenta bons índices de produtividade nos últimos anos. Alguns moradores e líderes políticos afirmam que tal fato é resultado da falta de

assistência técnica. A estrutura agrária põe em evidência a preponderância do

latifúndio, onde se percebe que as maiores partes das terras são ocupadas por latifundiários.

Em relação a Rosário, a agricultura é geralmente praticada pela maioria das

famílias em pequenas propriedades, como o cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca, abóbora, quiabo, maxixe, pepino, melancia e outros. Segundo entrevistas realizadas

com antigos moradores, ao longo da história do povo rosariense houve conflitos

agrários.

Acerca desses conflitos veja o que diz Domingos de Sousa Oliveira:

“Houve conflito sim, sendo que por consequência foram presos

Eu, Pedro Pacheco, Riba Guará, Sabino, Castor, Trocate e outros; (houve um certo caráter político nos acontecimentos,

pois éramos da oposição). O conflito se deu com o chefe político

da época, o qual propôs comprar as minhas terras; no entanto,

eu não a dispus à venda. Esse fato levou consequentemente às nossas prisões. Fomos presos quando estávamos em reunião na

igreja católica. No entanto, dois dias depois fomos libertos pelo

deputado estadual na época, José Gerardo de Abreu”.

Por outro lado, os conflitos agrários bem como rumores de atrito com os indígenas no município desapareceram, a partir da intervenção do governo com a

demarcação e legalização das terras, resolvendo os conflitos agrários através do INCRA

(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a criação da FUNAI (Fundação

Nacional do Índio) como órgão que defende e ampara os indígenas e suas terras. Firmando-se assim o que diz MARTINS (1996, p 27), a respeito desaparecimento das

fronteiras e diferença que separava ambos os mundos:

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3 A fronteira só deixa de existir quando o conflito desaparece,

quando os tempos se fundem, quando o outro se torna a parte

antagônica do nós. Quando a história passa a ser nossa a história da nossa diversidade e pluralidade, e nós já não somos nós

mesmos porque somos o outro que devoramos e nos devorou.

O acesso a Rosário é feito através de uma estrada vicinal e de lancha via rio Pindaré. A distância do referido povoado a sede do município é de 22 km.

VILA BANDEIRANTE

Em 1970 o lavrador, Antonio Vieira dos Santos conhecido por Antonhão,

fundou a Vila Bandeirante que inicialmente ficou conhecida pelo nome de Centro do

Antonhão. Outros lavradores tomaram conhecimento das matas e terras devolutas ali existentes e começaram a mudar-se para o Centro do Antonhão, onde construíram suas

residências e roças para o cultivo do arroz. Seus moradores mudaram o nome do

povoado para Fazenda Nova. O povoado crescia, tanto populacional como economicamente, devido ao seu

desenvolvimento. Seus habitantes acharam por bem trocá-lo de nome e

cognominaram-no de Vila Bandeirante. Em 30 de abril de 1979 através da Lei nº 26, o aglomerado foi elevado a categoria de Distrito Administrativo. Tendo inicialmente como

administradores: um subdelegado de polícia, o senhor Antonio Vieira dos Santos (o

fundador do lugar), do delegado do sindicato dos Trabalhadores Rurais, o senhor José

Gomes de Souza, os dirigentes protestantes, um representante político, o senhor João Evangelista Prado.

As festas populares são as novenas do mês de maio, e os festejos Santo

Antonio, o padroeiro da Vila Bandeirante, que são realizadas no dia 31 de julho, com ladainhas, danças e leilões. O tambor de crioula faz parte do folclore do lugar.

Atualmente (2006), o povoado tem apenas uma igreja, a católica.

Economicamente existecinco comércios e seis mine usinas de pilar arroz. Existindo

também três escolas, num total de 306 alunos matriculados. O ensino médio funciona desde 2004, apenas com o 1º ano.

Apresenta uma infraestrutura com água encanada e eletrificação. A

infraestrutura habitacional povoado Vila Bandeirante em 8/2005 é de 191 casas. Destas, 19 são de tijolos e telha.

Quanto aos meios de comunicação, o povoado é servido por dois canais de

televisão: Globo e SBT; além de rádio comunitárias. Geograficamente, à distância do povoado a sede do município é de

aproximadamente 54 quilômetros. Os povoados fronteiriços a Vila Bandeirante são:

Escada do Carú, Três Olhos D´água, Igarapé das Traíras e Rapadurinha.

1º morador de Rosário Igreja Católica em Rosário

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Antonio Vieira dos Santos, Antonhão, primeiro morador do povoado Vila Bandeirante.

Igreja Católica de Vila Bandeirante Povoado Vila Bandeirante

NOVO CARU

O povoado Novo Carú foi fundado em 1º de maio de 1963 pelo lavrador Raimundo Nonato Pinheiro, conhecido pela alcunha de Didico, e recebeu o nome de Centro do

Dico, com a chegada de moradores para o lugar, o povoado foi crescendo em população.

Sendo o rio o único fluxo para o crescimento do lugar, seus moradores em

homenagem ao rio Carú deram ao povoado o nome de novo Carú. O povoado faz fronteira com outros povoados como: Rapadurinha, Nova Vida, Barra do Galego e a

reserva indígena Carú.

No principio, o povoado seguia em marcha ascendente, no comércio, na indústria de beneficiamento de arroz, na produção agrícola e em população. Era lancha

chegando quase que diariamente trazendo migrante do Ceará, Piauí e de vários lugares

do próprio Maranhão, atraídos pela abundancia de matas e terras devolutas ali existentes. Tais migrantes trouxeram consigo os seus costumes, suas crenças, enfim,

suas cultura. A partir daí, com o passar do tempo, firmou-se a cultura de novo Carú.

Essa cultura baseia-se em danças típicas nordestinas como as quadrilhas (nas festas

juninas), o Bumba-meu-boi e em comidas típicas como cuxá, tapioca (beiju), cuscuz dentre outras iguarias.

Com o rápido crescimento, foram instaladas várias casas comerciais, sendo as

principais: Casa Branca, Casas Matos, Casa Vera Cruz (com eletrodoméstico) os quais vendiam todos os artigos de primeira necessidade e outros como calçados, bebidas,

confecções, alumínio, etc. Nos anos 70 a 73 os comerciantes enriqueceram por

especulações. As mercadorias eram trocadas com os agricultores pelo arroz (no

acelerado, antes da colheita). Em novo Carú o movimento era acelerado, havia muitos hotéis, bares, boates, dois clubes para recreação e festa: o Canutão e o Clube

Recreativo Boa Vontade (CRB), duas usinas para o beneficiamento de arroz do Sr.

Manoel Vera Cruz e a do Sr. José de Deus. Atualmente Novo Carú apresenta morosidade no seu desenvolvimento, existindo ainda, várias casas comerciais.

Em 1976, na administração do Prefeito Miguel Alves Meireles foi instalada a

iluminação elétrica através de um motor a óleo DIESEL. Em 30 de abril 1983, de acordo

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5 com a Lei nº 27, Novo Carú foi elevado à categoria de distrito. O povoado Novo Carú

apresentava muitos setores (povoados) aos seus redores que aqueciam e mobilizavam

a economia local. Esses setores, no entanto, desapareceram e o desenvolvimento em Novo Carú caiu em declínio, devido às terras haverem passados para as mãos de

proprietários e posseiros e também pela inexistência de matas que foram devoradas

pelos lavradores. Muitos moradores mudaram-se do lugar, e os grandes comerciantes

fecharam suas portas mudando-se para Santa Inês e outras cidades desenvolvidas a fim de instalar seus evoluídos comércios.

Atualmente no povoado existem três igrejas: Igreja Católica, Assembleia de Deus e um

templo Adventista. As festas tradicionais de Novo Carú são as novenas do mês de maio, quaresma, festas e rezas com terços e ladainhas.

A padroeira do lugar é Nossa Senhora da Conceição, cujo festejo é realizado no

dia 8 de Dezembro. Até 2007, a dirigente da Igreja Católica no povoado foi Maria de Fátima Pires Santos.

O acesso ao referido povoado é feito via estrada vicinal, abertas da cidade de

Bom Jardim a Rapadurinha. Até o povoado Rapadurinha a estrada é empiçarrada (com

constantes falhas). Deste a Novo Carú a estrada é carroçal. No inverno são maiores as

viagens via Rio Carú e Pindaré. A distância do povoado à zona urbana do município é

de 57 km. A principal atividade econômica do lugar é a agricultura para o cultivo do arroz,

feijão, milho e a mandioca que, depois do abastecimento do mercado local, o excedente

é exportado para a sede do município, outras principais atividades são a quebra de coco babaçu e a pesca no rio Carú que se constituiu uma fonte para a sobrevivência dos

Novocaruenses e também a pecuária com pequenas fazendas com criação de bovinos

e suínos. Grande parte dos agricultores do Povoado dependem de terras localizadas à outra

margem do rio, precisamente na Reserva Indígena do Carú habitada por índios da etnia

guajajara. Os chefes das aldeias “cedem” parte da terra para os lavradores numa

transação chamada “renda’ que acontece de forma que o lavrador deixa para o chefe um terço da produção da lavoura”.

Por outro lado, outros lavadores trabalham para grandes proprietários, recebendo

o que lhes é devido em duas situações, a primeira consiste em diárias no valor que varia entre R$ 7,00 e R$ 10,00. Em segundo, e a paga com a própria produção em

“renda”, ou seja, o lavrador recebe entre um meio e um terço da produção total

dependendo do “acordo” feito entre o proprietário e o lavrador.

Uma relação de dominação e posse. De acordo com isso e sobre o mito vivenciado nessa relação, cita FREIRE (1983 p. 1983, p. 172):

“Na verdade, estes pactos não são diálogos porque,... está inscrito o interesse inequívoco da classe dominadora. Os pactos,... são meios para realizar suas

finalidades”.

Há diálogo quando há acordo, e quando ambos os lados são beneficiados sem prejuízo

a nenhuma das partes envolvidas. Ou seja, a classe detentora dos meios de produção

e capital em contraste com aquelas que possuem apenas a força de trabalho como

mercadoria a oferecer, encontra-se em posição de submissão “espontânea”, frente à

Igreja Católica em Novo Carú

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6 situação ditada pelo capital e a necessidade de “ter que trabalhar” para a

sobrevivência, que no silêncio, abraça o sistema de coisas que está posta, apesar das

amplas conquistas “tão asseguradas nas letras da Magna Carta”. Pactos estes, fundamentados na desigualdade social e na situação de pobreza, ausência de terras e

capital na mão da maioria, que é a classe pobre e predominante. (Grifo meu – Adilson

Motta)

Na busca pelo “ter as coisas” muitos jovens e adultos abandonam os estudos

para se dedicarem ao trabalho, por entenderem que a escola não proporciona tais

ambições impostas na subjetividade deles de maneira a se realizarem. Portanto, não entendem que é através da aquisição do conhecimento, da visão de mundo crítico-

coerente que realmente podem mudar suas percepções de vida e a situação ou

realidade. Daí explica-se que dos 36 alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) de 1ª a

4ª série em 2004 no povoado Novo Carú, 44,4% desistiram e 13,8% evadiram-se.

Esses dados são a marca registrada tanto do pensamento supracitado, quanto do

abandono, da ausência de políticas públicas educacionais e de juventude no sentido de que se encontrem soluções para essas mazelas. Fato este, processando-se ao longo de

sucessivos governos. Sendo o exposto apenas um retalho do que ocorre no contexto

maior, assim como em nível de Estado e Nordeste. Sendo filhos do analfabetismo, os mesmos têm direito de acesso e, no entanto, não têm de sucesso.

Frente à situação difícil em que se encontram, tais jovens não tendo como

conciliar estudo e trabalho, os últimos por ser difícil, terminam abandonando a escola. Pois não enxergam a educação como saída, e nem tão pouco têm estímulo e incentivo

para continuar. Não percebem que há uma intenção ideológica “desinteressada”

controlando imperceptivelmente os acontecimentos, que os leva a não enxergar a

escola como tal “saída” e “instrumento de mudanças”. Nesse sentido, veja que diz FREIRE (1983 p. 173):

A manipulação aparece como uma necessidade imperiosa das elites dominantes, com o fim de, através dela, conseguir um tipo inaltêntico de “organização”, com que

evite o seu contrário, que é a verdadeira organização das massas populares emersas e

emergindo. Dentro dessa perspectiva, eles tendem a deixar o povoado indo para outros

municípios, estados e, até mesmo, outros países, como, por exemplo, Mato Grosso,

Pará, Roraima e Suriname. Nos estados de Matos Grosso e Pará, eles encontram

serviços em madeireiras, fazendas e em serrarias. No Suriname, trabalham como garimpeiros na extração de ouro. Este é o mais cobiçado dos trabalhos, pois acreditam

conseguir prosperidade em pouco tempo.

Todos querem arriscar a sorte grande, para isso deixam pais, esposa filhos, acreditando-se “... que todos são livres para trabalhar onde queiram. Se não lhes

agrada o patrão, podem então deixá-lo e procurar outro emprego”. FREIRE (1983 147).

Em muitos casos, por faltas de alternativas, os referidos trabalhadores se submetem

permanecer nas atividades, tudo isso, por conta do desamparo de políticas de geração de emprego e renda de uma política agrícola que prenda o homem do campo no campo,

e leve as condições e benefícios da zona urbana para a vida do campo. O exposto é

apenas uma pequena amostra de um contexto maior. O povoado Novo Carú dispõe hoje (2005) de três escolas municipais num total

de 9 salas de aula. Tem também um posto de saúde, uma praça e uma subdelegacia

de polícia. No aspecto educacional, as escolas refletem o contexto municipal, de

administrações sucessivas, não dispondo de biblioteca publica, nem de livros gratuito

que cubra toda rede de ensino, o que dificulta o processo ensino-aprendizagem nesse

povoado e aumenta a insatisfação dos moradores que aspiram melhoria. A juventude encontra-se dispersa, dividida entre trabalho duro do campo no

período diurno e a ociosidade dos que não estudam no período noturno. Por falta de

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7 opções no que diz respeito à diversão, muitos desses jovens procuram os bares quase

que regularmente, e alguns a se entregar ao alcoolismo.

Povoado Novo Carú –jan./2007

Não é muito e custa pouco, mas o sonho maior daquela comunidade é que os governantes do município façam um cais na beira-rio e empiçarrem a estrada

de Novo Carú ao povoado Rapadura – pois, no inverno, fecham-se as saídas de

acesso, quando o rio não está cheio.

Em fins de 2006, a administração Roque Portela fez uma obra que para muitos novocaruenses foi de grande importância, segundo a população carente que foi:

empiçarrou todas as ruas do povoado e fez duas pontes de acesso dentro do

povoado. Se o pouco gera satisfação, imaginem o que seria se fosse feito o que

se pode fazer.

Rio Carú – no povoado Novo Carú

Raimundo Nonato Pinheiro,

conhecido por Didico, foi o primeiro morador do povoado

Novo Carú.

Escola Municipal Raimundo Nonato Pinheiro

Subdelegacia de Polícia no

povoado Novo Carú

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8 REGIÃO DA MIRIL, VARIG, BREJO SOCIAL, AEROPORTO E

ANTONIO CONSELHEIRO

A parte populacional mais afastada e que muitos bonjardinenses desconhecem é a região da Miril, Varig, Brejo Social, Aeroporto, Antônio Conselheiro e outros

assentamentos que correspondem a um aglomerado de cerca de 60 povoados. O

populacional da região é estimado em 9.515 habitantes e um eleitorado de 4.321

eleitores. As rendas de despacho da produção econômicas (agricultura, pecuária e exploração de madeiras) são escoadas para Buriticupu e Açailândia, gerando renda aos

mesmos, deixando o município de Bom Jardim de arrecadar boa fonte de receita

naquela região, sem que haja aproveitamento na economia municipal. Esta é, no entanto, uma região muito enxergada em período eleitoral, pois seu peso eleitoral já

definiu muitas vitórias políticas em Bom Jardim a políticos que só enxergam em período

eleitoral. A juventude daquela região sob a tutela política administrativa de Bom Jardim,

encontra-se entregue ao abandono – quanto ao ensino médio, onde também são desamparados (pelo Estado). Frente a situação, segundo Francinaldo da Silva, membro

do Comitê Pró-Emancipação da Vila Varig em o Jornal Agora Santa Inês (2011):

“Nós estamos cansados de tanto abandono e isolamento!”

Escola Municipal em Brejo Social. Data: Agosto de 2012.

Sendo em sua maioria áreas de assentamentos, marcadas por histórias de lutas

do homem do campo na busca pelo direito a terra, já que estes direitos não vêm nas

diligências pleiteadas nas políticas públicas por gestores que planejem o

desenvolvimento na região, é produto de conquistas sociais e de lutas isoladas. Das áreas pertencentes a Bom Jardim que abrange a região da Miril, Varig, Brejo

Social e Aeroporto são as maiores produtoras de arroz e apresenta grande criatório de

gado; exportando muita madeira, além de produzir pimenta (cujo fato deriva o nome de um povoado - povoado da Pimenta). O povo daquela região sobrevive da agricultura,

pecuária, carvoaria e extração de madeira (esta última, atualmente encontra-se

escasseando). E grande parte de seu território é ocupado por plantio de eucaliptos de empreendimentos empresariais de porte como o Grupo Viena, Pindaré, Ferro Gusa e

outros.

O grande problema enfrentado é a ausência de estradas para a escoação da

produção como: madeira, cereais, castanha, gados para o abate, queijo, arroz, feijão, etc. Sabe-se que, as verbas federais também vêm na proporção/população, ou seja,

considerando o coeficiente populacional.E o que se observa, é que o povo daquela região

apenas serve para engordar as contas do cofre público, ou melhor, sem uma equivalente retribuição. O povo precisa mais do que uma simples ponte, e um pedaço de estrada

raspada e empiçarrada...

Por conta da situação, em toda aquela região, segundo Frei Valadares (que lá muito

frequenta), está ocorrendo certo êxodo – ou seja, muitos proprietários de terras estão vendendo suas propriedades e migrando para outras regiões onde se oferece melhores

condições.

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O acesso até aquela região não é por via direta (por dentro de Bom Jardim);

atravessam-se 7 municípios para atingir os confins mais distantes da região. Como: Pindaré-Mirim, Santa Inês, Tufilândia, Santa Luzia, Butiticupu, Bom Jesus das Salvas e

Açailândia. Devido a grande distância que separa o município àquela região, perdura

certa dificuldade administrativa para os governantes, ficando assim, muito a desejar

àquela população que também é “povo bonjardinense”, e que sonha por uma autonomia administrativa através de emancipação política. O fato de ser um dos povoados mais

distante da sede administrativa, torna-se difícil a administração de rendas, recursos e

projetos, e se resolveria com a instalação de uma subprefeitura para aquela região para trabalhar e gerir o seu desenvolvimento. Tal projeto foi implantado na administração

Gralhada, mas, não foi em frente por razões político-partidária entre aqueles que

representavam o poder público municipal (Executivo e Legislativo). Nas adjacências da estrada Sunil (empiaçaral), que liga Bom Jardim a Açailândia,

existe uma grande plantação de eucaliptos da empresa Viena, estimada em 15 km de

extensão, para a produção e destinada à fundição em siderurgias da Companhia Vale

do Rio Doce. Existe seis carvoeiras na região.

A difícil situação administrativa por conta da situação geográfica da região permite

criar um certo isolamento social distanciando a comunidade da região dos benefícios

da sede administrativa. A perda econômica se dá através do alto fluxo de madeiras

que é escoada via fronteira de outros municípios, os quais se beneficiam por meio de

suas serrarias via impostos e empregos (diretos e indiretos). Os pontos de escoação

de madeiras na região são:

Casa Redonda;

Buriticupu (após 6 km);

Nova Vida;

E Bom Jesus das Selvas.

Há a existência de bauxita da qual se extrai o alumínio na Serra do Tiracambu,

que foi detectada em pesquisas pela Companhia Vale do Rio Doce. A C.V.R.D ou Vale

está se instalando na região, na localidade do Rio da Onça, para exploração do minério de bauxita. Para que isto aconteça, a CVRD tem que obter a liçença ambiental e alvará

dos municípios onde a Serra do Tiracambu se localiza. Fato que acarretaria renda e

desenvolvimento ao estado e região através dos royalties.

Obrigações Sociais Omissas da Vale com as Comunidades de Bom

Jardim na Região Miril e Caru

Para quem não conhece, a questão da Vale nos limites da política e de suas obrigações

com as comunidades que se localizam nas suas adjacências, não é nada realmente de

interessante. Mas a partir do momento que conhecemos realmente a Vale e seu

potencial, seu processo de privataria ou privatização – ai, o assunto se torna um

problema além de Bom Jardim, e sim um problema nacional. A Vale tem de fato

direitos e obrigações de bancar projetos ao longo das comunidades que se localizam ao

longo da ferrovia em até 15 quilômetros de distância. As comunidades de Bom Jardim

(REGIÃO MIRIL) por onde passam os trilhos da Vale na região, localizam em menos

de um quilômetro de distância (marcados pelos limites do rio Pindaré naquela região).

A VALE tem sim, obrigações sociais com as comunidades de Bom Jardim – seja infra

estruturais (pontes e passarelas), educacionais (campanhas, construção de escolas,

asfaltamento). Quanto mais na Serra do Tiracambu, onde se localiza uma enorme

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10 reserva de bauxita, minério de onde se extrai o alumínio – que no futuro irá gera

royalties a Bom Jardim.

A Vale é uma ferida no coração do Brasil nas flâmulas da corrupção. Afinal, seu

processo de privatização foi na total sombra da corrupção. É tido como o maior caso

de corrupção da história da humanidade. Pois, segundo um de seus últimos diretores

(que precedeu Rogger Agnelli – pós privatizada), a empresa valia R$ 100 bilhões e foi

vendida por apenas 3,3 bilhões (para as próprias empresas que a avaliaram (Merrill

Lynch – americana - e Bradesco, que também foram os compradores, onde boa parte

dos recursos pelo qual foi auferida, foi financiado pelo BNDES). Afinal, 68% de seus

novos donos são estrangeiros. Especialistas afirmam que, devido ser 400 anos de

exploração mineral noite e dia (minério diversos, raros e caros), a mesma, que é

detentora da lavra em termos monopolizados esteja valendo algo em torno de 7 trilhões.

E os brasileiros a ver navios... A pérola de um povo atirada aos porcos (capitalistas e

saqueadores do patrimônio da nação que se escondem por traz de políticos, bancos

privados e empresas multinacionais). Em 2012, a empresa Vale faturou algo em torno

de R$ 21 bilhões anual, quase 3 vezes o orçamento de todo estado do Maranhão com

seus 217 municípios. Hoje, é uma multinacional e opera nos 5 continentes e 18 países. Veja o discurso na câmara federal de Chiquinho Escórcio, em que se fundamenta os direitos

das comunidades e deveres da Vale:

“A Vale está deixando muito a desejar no meu Estado. Os

senhores verão que não são apenas os índios, mas a

população está revoltada com todas aquelas casas

rachadas, as pessoas que estão morrendo nos trilhos, a

zoada permanente, tudo isso é exatamente o rastro de

mal-estar que os senhores estão deixando”, disse.

Carvoeira na região da Miril; sendo por muitos conhecidas por “rabos quentes”, é uma espécie de

iglu, feito de tijolo e barro. Grande extração de carvão vegetal que é revendido para as siderurgias.

Povoados de Bom Jardim que encontram-se dentro dos limites de 15 quilômetros e que

podem receber projetos de impacto socioambiental da Vale:

a) Cristalândia (Região Miril);

b) Miril;

c) Bela Vista;

d) Povoado Rosário;

e) Povoado Barra do Galego;

f) Chapada;

g) E Santa Luz (em grandes probabilidades).

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

11

IMAGENS DA REGIÃO MIRIL

Rio Azul Rio Pindaré

Participação da comunidade em ações política e associativismo.

Rio Azul

Povoado aeroporto. Vila Varig

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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12

VILA VARIG – ATUAL NOVO JARDIM (EM PERSPECTIVA DE

EMANCIPAÇÃO)

Fonte: Antonio Castro Leite. Agrimensor Topografia. 2015

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

13

PRÉDIO DO DAVI – POVOADO ANTONIO CONSELHEIRO

Serra do Tiracambu Localizada na Amazônia maranhense, a Serra do Tiracambu, que compreende área territorial

de vários municípios do Maranhão e Pará. Entre os municípios que sofrem influência geológica de

seu platô*, estão: Açailândia, Bom Jardim, Imperatriz, Itinga do Maranhão e Marabá.

Localiza-se a Oeste Maranhense – Serra do Tiracambu – divisa de Bom Jardim e

Carutapera – Serra do Gurupi – nos municípios de Imperatriz, Açailândia e João Lisboa. (Fonte:

Geografia do Maranhão,2010).

Apresenta grande área florestal dentro do universo e domínio da Unidade de Conservação

(Reserva Biológica do Gurupi – REBIO do Gurupi no Maranhão), e em algumas terras indígenas – o

que lhe serve de proteção à sua biodiversidade. O platô que forma a área da Serra do Tiracambu

ocorre numa região de relevo dissecado (MARÇAL, 1994), cuja altitude na Serra do Tiracambu

varia entre 400 e 600 m. O feixe (de platô), que passa por imperatriz e Marabá (segundo estudos e

pesquisas) com mais de 350 km de extensão impõe anomalias em cotovelo no baixo curso dos rios

Araguaia e Tocantins, além de controlar o baixo curso do Rio Itacaiúnas (Pará). A área geológica

(do Tiracambu compreende uma extensão de 560 km).

O Rio Gurupi nasce na Serra do Tiracambu, que constitui o principal divisor de águas desta

bacia, estabelecendo limites com as bacias do Pindaré e Turiaçu.

Grande parte florestal da Serra já sofreu exploração seletiva de madeira recente, havendo

também evidência de incêndios florestais comum na região.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

14

HORTO FLORESTAL NOVA VIDA – VIENA SIDERÚRGICA

=

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

15 POVOADO TIRIRICAL

O povoado Tirirical foi fundado entre 1950 a 1951, pelo lavrador Raimundo

Bacabal, conhecido por Raimundo Tiririca. O mesmo veio com mulher e dois filhos. O referido primeiro morador é maranhense, oriundo da cidade de Bacabal. O povoado

recebeu este nome porque tinha muita tiririca, (tipo de capim cortante). O

desenvolvimento do povoado se deu através da lavoura, principalmente do arroz. Apesar de se localizar bem próximo à aldeia indígena, não consta ao relato dos antigos

moradores a existência do conflito com os referidos primeiros habitantes daquela terra.

O povoado faz fronteira com outro povoado, Zé Boeiro e a aldeia indígena. Sempre

houve uma relação amistosa do povoado com a população indígena existente naquelas imediações.

“[...] o relacionamento era muito bom, nós trabalhávamos juntos, e não tinha

nenhum tipo de desavenças” (Eliésio, 12/2004). Veja o que diz outra entrevista com Francisca Pereira da Conceição “... era um bom relacionamento, eles se entendiam

muito bem, era melhor do que agora”. (CUNHA, 12/2004).

O princípio da história do povoado Tirirical é marcada com a presença de caçadores que ali caçavam somente para o consumo; segundo Eliésio (12/2004), a

grande dificuldade no povoado era o acesso, pois não tinham carros, e as viagens eram

feitas a cavalo e a pés.

Não existia delegacia, mas, Raimundo do Tiririca era tido como o delegado arbitrário do lugar. Veja relato abaixo que comprova o fato:

“Raimundo do Tiririca era quem cumpria essa função, amarrava o infrator no pé

do mourão que era levado para Bom Jardim e entregava para o delegado de lá” (Eliésio Sotero da Cunha, 66 anos/2004). Há uma explicação para a vinda de cada morador

para essa região. Veja o que trouxe Eliésio Sotero da Cunha para o povoado Tirirical:

“Por causa da seca e não existir condições de trabalho na lavoura onde morava. No entanto, pela facilidade de terra fértil para a lavoura aqui existente, vim e me

estabeleci”.

O povoado se localiza a leste do município a 12 quilômetros da sede, com uma

área de aproximadamente 1 km2. É servido pela estrada Federal BR 316, que liga aos municípios de Bom Jardim e Santa Inês.

Segundo pesquisas realizadas, a população residente na comunidade, em

dezembro de 2004 era de 1600 habitantes, integrantes de 420 famílias. A população de Tirirical enfrenta inúmeros problemas. Um deles é a falta de terras para o cultivo,

levando famílias para os lugares distantes, para trabalhar. Há falta de alternativas de

empregos, principalmente para a classe juvenil. A infraestrutura habitacional é de 420 casas, onde apenas trinta são de tijolos. As restantes são de taipas, algumas cobertas

de telhas, outras de palha de babaçu.

Atualmente existem 16 pequenos comércios no povoado Tirirical. Uns vendem

secos e molhados e outros vendem bebidas (bares). Os principais produtos comercializados são: feijão, farinha, açúcar, café

aguardente, sabão, sal, margarina, bolacha, óleo, etc.

A primeira escola ali existente foi num casebre que se chamava Escola João de Barro, que visava alfabetizar. Por longo tempo a educação funcionou com professores

leigos, devido à carência de profissionais formados.

Quanto ao aspecto cultural, as festas populares da comunidade de Tirirical são:

São João, Bumba-meu-boi, quadrilha e Candomblé. O padroeiro do lugar é São João batista.

A primeira igreja a se estabelecer no povoado foi a igreja católica. As missas

eram celebradas nas casas das pessoas O fundador da Assembleia de Deus foi o senhor Amadeus. Da igreja católica foi

Chico França.

A religiosidade está presente numa parcela significada dos moradores da região, sendo o catolicismo a religião predominante. Atualmente em Tirirical existe uma igreja

católica e Assembleia de Deus.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

16 A renda da população de Tirirical é de fontes diversas; entre elas, da quebra

de coco, da produção de carvão, do corte de arroz, da pesca, de benefícios, programa

bolsa escola, PETI, e alguns outros benefícios. Existe um grande número de pessoas, que não possuem qualificação profissional,

dedicam-se tão somente ao trabalho agrícola, mas, como não têm posse de terra

alguma, trabalham como arrendatários, pagando dois alqueires de arroz aos

proprietários e latifundiários. Atualmente o povoado é beneficiado com escolas, energia elétrica, água

encanada, um posto de saúde, um mercado municipal e vários orelhões.

POVOADO CASSIMIRO

O povoado Cassimiro foi fundado em 13 de outubro de 1967, pelo lavrador

João Cassimiro, que veio com a família. O referido primeiro morador é

maranhense, oriundo da cidade de Pinheiro. O povoado recebeu este nome em homenagem ao referido primeiro morador. O princípio da história do povoado

Cassimiro é marcada com a presença de caçadores que ali caçavam somente

para o consumo. O acesso ao município era difícil, pois não circulavam carros, e

as viagens eram realizadas a cavalo e a pés. O desenvolvimento do povoado se deu através da lavoura, principalmente

do arroz. No entanto, com o transcorrer dos anos, desenvolveu-se também a

pecuária, a qual é hoje uma das maiores fontes de economia no povoado, assim

como no município. O povoado já possuiu delegacia, cujo delegado era Vicente e Sebastião Alves.

Cassimiro está localizado no município de Bom Jardim, fazendo limites com

os povoados: Gurvia, Centro do Alfredo e Rapadurinha.

Localiza-se a oeste do município, a 42 quilômetros da sede, com uma área de aproximadamente 6 km de extensão. É servido pela estrada piçarral Bom

Jardim / São João do Carú, e se liga a outras estradas vicinais que dão acesso a

outros povoados fronteiriços.

Sua população, segundo pesquisas realizadas em dezembro de 2004 era

de 488 habitantes. A infraestrutura habitacional é de 122 casas, onde aproximadamente 50%

são de telhas e tijolos; o restante, de taipas e palhas de coco babaçu. A principal

atividade econômica é a agricultura, pecuária com a criação bovina e a quebra

do coco babaçu. No povoado, desde seus primórdios existiu e ainda existe engenho, o qual

é utilizado para a fabricação de cachaça. A população de Cassimiro enfrenta

inúmeros problemas. Um deles é a falta de terras para o cultivo, levando famílias

a produzirem por arrendamento em terras de latifundiários e algumas a irem embora para lugares distantes, para trabalhar. Há falta de alternativa de

empregos, principalmente para a classe juvenil.

Povoado Tirirical, em

28/12/2006

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Adilson Motta

17 Atualmente existem 8 pequenos comércios no povoado Cassimiro. Uns

vendem secos e molhados e outros vendem bebidas (bares), existindo também

uma farmácia.

Os principais produtos comercializados são: arroz, feijão, farinha, açúcar, café, aguardente, sabão, sal, margarina bolacha, óleo, etc. O acesso ao povoado

no verão se dá através de caminhões, carros pequenos, motos. Sendo utilizado

também animais (burros e jumentos) para o transporte de cargas,

especialmente pelas famílias de baixa renda. O povoado em estudo usufrui telefones públicos através de orelhões

espalhados pelas ruas. Os referidos canais de televisão assistidos no município

são os mesmo assistidos no povoado Cassimiro. Sendo: TV Globo e SBT. Quanto

ao aspecto cultural, as festas populares da comunidade de Cassimiro são: São João, Bumba-meu-boi, quadrilha e candomblé. O padroeiro do lugar é São

Raimundo, cujo festejo é realizado no dia 31 de agosto. A primeira igreja a se

estabelecer no povoado foi a igreja católica. No principio, as missas eram

celebradas nas casas das pessoas.

No povoado Cassimiro funciona escolas de ensino Médio e Fundamental. As escolas do Estado funcionam escolas como anexo, em salas emprestadas pelo

município.

A renda da população de Cassimiro é de fontes diversas; entre elas, da

quebra de coco, da produção de carvão, do corte de arroz, da pesca, de benefícios de aposentados, alguns funcionários públicos, programas bolsa

Escola, PETI, e alguns outros benefícios.

Atualmente o povoado é beneficiado com energia elétrica, água encanada,

um mercado municipal, posto de saúde e orelhões .

Igarapé da Água Preta Igarapé do Arvoredo

Igreja Evangélica do

Povoado Cassimiro

Povoado Cassimiro Capela da ólicaIgreja Católica

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18

Igarapé do Galego Povoado Igarapé dos Índios

Local das piçarreiras em Bom Jardim:

Povoado Barrote: Serrinha; Oscar (com senhor Marcelino) e outros povoados.

Um dos graves problemas que constitui um empecilho ao desenvolvimento dosMunicípios de Bom

Jardim e São João do Carú reside na questão infraestrutura de suas estradas. Pois 65,83 da população

de Bom Jardim reside na zona rural; e a população rural de São João do Carú é de 76,6%. Isso

demanda a necessidade de se tornar a agricultura um ponto prioritário na Política Pública desses dois

municípios, incluindo-se nessas prioridades, é claro, boas estradas e transportes para escoação da

produção - como projeto municipal de modo que venha contribuir para que exista possibilidades

depreçosacessíveis e competitivos no mercado local.

Um dos problemas mais crônicos entre esses dois municípios reside justamente no que toca o

indispensável: ESTRADAS E PARCERIA COM O HOMEM DO CAMPO! O qual vive entregue a

sorte das políticas públicas, dependendo único e exclusivamente de programas ligados ao PRONAFE,

que em muitos casos, se torna mais fácil e acessível quando na sombra de política partidária. O

documentário: “Estrada dos Sonhos” desenvolvido por Paulo Montel (at al/apresentado in julho de

2009), mostra uma região, onde “as riquezas do ecossistema revelam uma contradição com a pobreza

do povo que habita essas matas da pré-amazônia, ou Amazônia Legal”(Tone Barone) cujo descaso

“...aponta para o desinteresse do Poder Público – que durante décadas submeteu a população ao

sofrimento em todas as estações do ano”. Segundo o documentário, a falta de estradas afeta

diretamente a geração de renda. Afinal, a população rural desses dois municípios depende da

agricultura e da pesca (realizada nos rios Caru e Pindaré e empreendimentos com açudes). Os rios

Caru e Pindaré torna a região, um excelente DELTA de fertilidade.

Esta é apenas uma das várias piçarreiras que existe ao

longo da estrada Bom Jardim/São João do Carú. O

preço, segundo um dos proprietários, é de R$ 5,00 a caçambada. A insatisfação maior do povo de São João

do Carú entre outras é o problema das más condições

de estradas, apesar da existência de recursos para isto. Em Bom Jardim, 65% da população é rural e

dependem dessas estradas para escoar produção e

resolverem seus problemas no município. Estas

estradas muitas vezes cortam no período do inverno, deixando essas comunidades isoladas para tudo,

inclusive quando pessoas da comunidade adoecem,

que são levadas em redes para o município (como se

não existisse governo nem recurso para construí-las)

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Belezas naturais - Rios Pindaré e Carú. Fonte: Documentário “Estrada dos sonhos”

Um pedaço do Maranhão com cara de Amazônia. Estes são os rios que

extremam e perpassam os municípios de Bom Jardim e São João do Caru. Condições das estradas no inverno de 2009 (ver fotos abaixo extraídas do

documentário: “Estrada dos sonhos” que já rendeu muitas eleições a corruptos e

demagogos na história política de Bom Jardim (e São João do Caru):

Fonte: Documentário, 07/2009 Fonte: Arnobe,07/09

Fonte das fotos: Documentário “Estrada dos sonhos”, 2012.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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20 Segundo o documentário, em 10 de dezembro de 2007, foi estabelecido um

contrato entre a prefeitura Municipal de Bom Jardim e uma determinada empresa

contratada, no valor de R$ 1.076.596,00 (Um milhão, setenta e seis mil, quinhentos e

noventa e seis reais) para melhoramento e revestimento da MA 318. Só em 2008 foi

dado início a obra, em perído de inverno e de eleição. O documentário revela

tambémem depoimentos de moradores da região que, “quando passou a eleição, a firma

(empresa) foi embora” retirando suas máquinas.A política dessa forma, se torna um

instrumento de perpetuação de grupos detentores do poder a quem “interessam” a

manutenção da situação de pobreza, subdesenvolvimento e atraso na região, o que se

transforma numa arma política de políticos comprometidos com o subdesenvolvimento

e atraso.

Distância Estimativa dos Povoados à Sede Municipal Cidade de São João do Caru 100 km

Santa Luz 13 km

Centro do Bastião 5 km

Pedra de Areia 7 km

Centro do Bastião a Pedra de Areia 01 km

Boeiro 5 km

Tirirical 11 km

Rosário 22 km

Rapadura Velho 18 km

Centro do Nascimento 20 km

Barra do Galego 38 km

Sapucaia 45 km

São João do Turi 70 km

São João dos Crentes 7 km

Turizinho 50 km

Três Olhos d´A´guas 55 km

Km 18 12 km

Oscar 18 km

Galego 26 km

Cassimiro 35 km

Rapadurinha 40 km

Novo Caru 53 km

Vila Bandeirantes 50 km

Macaca 45 km

Igarapé dos Índios 74 km

Da Sede Municipal à Resina 25 km

Do Igarapé dos índios ao Pov. Canaã 6 km.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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Polos Administrativos de Bom Jardim

Os Polos Administrativos foram criados informalmente e independente de Lei

Instituída, não possuindo caráter administrativo, numa perspectiva da geopolítica local

para fins de promoção de planejamento em políticas públicas. Apenas serve de

“agregação” de povoados adjacentes a outros maiores para fins de abranger blocos de

povoados no sentido de mapeamento de concursos por blocos regionais; em outro caso,

serve como agregação de povoados para fins de apuração eleitoral, como acontecera

na eleição de 2012 para apuração eleitoral, a qual muito se especulava temores de que

por trás de certa “inovação” – o que dantes não acontecia, fosse corromper os resultados

da disputada eleição dos dois fortalecidos blocos.

Polo Bela Vista;

Polo Brejo Social e Antônio Conselheiro;

Polo Caru, Cassimiro, Vila Bandeirante e Igarapé dos Índios;

Polo Vila Varig;

Polo Santa Luz, Tirirical e Oscar.

DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL DE BOM JARDIM ZONA URBANA

Nome da Localidade

Número de

Imóveis

Número de

Habitantes

Número de Famílias Imóveis Desabitado Imóveis fechado

BOM JARDIM 2.636 8.482 2.406 545 08

VILA PEDROSA 439 1573 456 62 ----

VILA MUNIZ 250 1001 236 27 ----

VILA SÃO BERNARDO 248 838 222 49 ----

VILA ESPERANÇA 251 709 184 66 ----

COHAB 159 591 173 07 03

MUTIRÃO 207 816 246 22 ----

VILA ABREU–POVOADO 65 183

ZONA RURAL

NOME DA LOCALIDADE Categoria Habitantes Residências Quarteirão imóveis Prédios

ADÃO FAZ. 6 2 1 2 2

AEROPORTO POV. 205 70 6 74 74

ÁGUA BOA FAZ. 155 51 7 64 56

ÁGUA BRANCA (ALDEIA) MALO 8 3 3 3 3

ÁGUA BRANCA I SÍT. 183 58 5 3 3

ÁGUA BRANCA II SIT. 119 39 6 49 43

ÁGUA LIMPA II SIT. 78 26 4 38 28

ÁGUA PRETA POV. 124 22 5 24 24

ALDEIA DA MASSARANDUBA MALO 133 44 8 54 48

ALDEIA DO ROMÃO MALO 17 6 2 8 6

ALDEIA DO VELHO ALD 8 3 --- 3 3

ALDEIA DOS PRATOS MALO 14 5 2 8 5

ALDEIA SANTA RITA ALD 16 5 3 6 6

ALDEIA SÃO

PEDRO

ALD 6 2 1 2 2

ALEGRIA FAZ. 58 20 3 27 21

ALTO BONITO FAZ. 8 3 1 3 3

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22 ALTO BONITO IVAN FAZ. 11 4 2 7 4

ALTO BONITO I SIT. 11 4 2 4 4

ALTO DOS ÍNDIOS SÍT. 52 8 6 17 17

ALTO FLEXA FAZ. 111 37 6 46 40

ALTO HORIZONTE SÍT 11 4 2 6 4

ALTO SANTO SÍT 79 17 4 26 26

ANTONIO CONSELHEIRO POV. 554 190 9 216 200

AREIÃO ALD 81 24 10 29 29

ARICIRANA SÍT 16 4 4 9 9

ARVOREDO POV 01 --- 2 3 3

ARVOREDO SIT 4 2 2 4 2

ASSENTAMENTO DO

ROS=RIO

POV 47 11 3 19 19

BAIXÃO DO VITOR SIT 105 34 5 43 36

BAIXÃO DO ZÉ LEAL SIT 28 9 2 10 10

BAIXÃO DO ZEZINHO ALD 30 11 3 13 11

BARBOSA FAZ 53 19 3 21 19

BARRA DO GALEGO POV 317 74 7 93 93

BARRA LIMPA POV 3 1 1 1 1

BARRACA COMPRIDA POV 82 19 6 23 23

BARRACA DA PIMENTA SIT 72 26 4 30 26

BARRACA FELIZ POV 51 14 8 19 19

BARRACA LAVADA POV 165 40 2 47 47

BARRAS FAZ 33 10 3 12 12

BARRINHA FAZ 28 10 3 10 10

BARROTE SIT 144 40 7 50 50

BATEDOR FAZ 188 63 4 74 68

BELA VISTA PAD 261 90 8 103 94

BOA ESPERANÇA SIT 61 21 4 28 22

BOA ESPERANÇA I POV 28 10 3 10 10

BOA ESPERANÇA II FAZ 30 10 6 10 10

BOA ESPERANÇA III POV 113 23 7 24 24

BOA VIDA POV 106 25 6 35 35

BOA VISTA SIT 11 4 1 4 4

BOM FUTURO FAZ 22 8 2 8 8

BREJÃO DA MIRIL SIT 183 62 7 75 66

BREJÃO I POV 335 117 11 131 121

BREJÃO II SIT 238 82 6 94 86

BREJINHO I SIT 108 36 7 45 39

BREJO DO AÇAIZAL FAZ 180 63 7 75 65

BREJO DO PORCÃO SIT 36 13 3 17 13

BREJO DOS ÍNDIOS SIT 638 226 13 246 230

BREJO GRANDE I POV 25 6 4 8 8

BREJO GRANDE III POV 111 38 5 45 40

BREJO SANTO ANTONIO FAZ 33 12 3 15 12

BREJO SOCIAL FAZ 638 223 14 245 230

CABECEIRA AZUL FAZ 55 20 3 24 20

CABOCLO MORTO POV 3 1 1 1 1

CAFETEIRA FAZ 50 18 3 22 18

CAJUEIRO POV 18 4 3 10 5

CAJUEIRO POV 7 1 1 1 1

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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23 CANAÃ MALO 24 7 2 10 10

CANASTRA POV 3 1 1 3 3

CANTAREIRA FAZ 17 6 2 9 6

CANTINA FAZ 11 4 2 5 4

CARLITO FAZ 42 14 3 21 15

CARÚ POV 2 1 1 1 1

CARÚ ANIL SIT 69 24 4 28 25

CASA BRANCA SIT 39 14 3 18 14

CAVALO MORTO POV 12 4 2 6 6

CAXIAS SIT 105 36 4 46 38

CENTRO DA RAPADURA POV 122 29 14 37 37

CENTRO DO ADEBALDO SIT 6 2 1 2 2

CENTRO DO ADRIANO POV 5 1 1 2 2

CENTRO DO ALENCAR SIT 28 10 3 14 10

CENTRO DO ALENCAR FAZ 20 6 3 14 10

CENTRO DO BARBEIRO POV 19 7 2 10 7

CENTRO DO BRECHOR SIT 19 7 3 10 7

CENTRO DO CASSIMIRO POV 544 126 10 182 182

CENTRO DO CHICO

ATANÁSIO

POV 27 7 4 12 12

C. CHICO DA ANTA SIT 14 5 2 7 5

C. DO CIRILO SIT 89 30 3 38 32

C. DO COPIARA SIT 36 13 2 17 13

C. DO DOCA POV 16 4 2 17 13

C. DO DOMINGOS SIT 8 3 1 4 3

C. DO ELIAS POV 17 6 2 8 6

C. FELIX SIT 39 13 3 17 14

C. DO GURVIA POV 247 57 5 75 75

C. JOÃO BASTIÃO POV 147 48 6 62 53

C. JOÃO BATISTA SIT 33 11 3 14 12

C. JOÃO COSTA SIT 106 28 4 32 32

C. JOÃO MODESTO FAZ 47 15 4 23 17

C. DO LAUDIR SIT 1 0 2 2 2

C. DO LIGA ALD 11 4 3 8 4

C. MANUEL BRINCO ALD 6 2 1 2 2

C. NASCIMENTO POV 225 47 10 66 66

C. DO NETO ALD 6 2 1 2 2

C. NICODEMOS SIT 136 47 6 58 49

C. DO OLÍMPIO POV 10 5 4 11 11

C. DO ORISTIDES SIT 144 49 6 57 52

C. DO OSCAR I POV 325 97 7 105 105

C. DO OSCAR II POV 67 24 4 28 24

C. DO PAULO II POV 3 1 1 1 1

C. PEDRO BENTO SIT 4 1 2 4 4

C. PEDRO FRANGA SIT 6 2 1 2 2

RAIMUNDO BOI SIT 01 0 2 2 2

C. ROSENO POV 19 7 2 9 7

C. SEBASTIÃO POV 3 1 1 3 3

C. SOUSA SIT 8 3 1 3 3

C. DO TEOTÔNIO SIT 11 4 1 4 4

C. DO TOINHO POV 13 4 1 7 7

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

24 C. VALBER POV 18 4 2 5 5

C. DO VALDIVINO POV 11 3 1 4 4

C. DO VIRIATO SIT 17 6 2 9 6

C. DO XAVIER POV 0 0 1 3 3

C. DO ZAQUIEL SIT 42 15 3 18 15

C. DO ZÉ BARRETO SIT 4 1 2 2 2

C. DO ZÉ BATISTA POV 0 0 1 1 1

C. ZÉ BOEIRO POV 335 108 13 126 116

C. ZÉ LOURENÇO SIT 14 5 2 7 5

C. ZÉ MESTRE POV 21 4 3 7 7

C. ZÉ SILVA SIT 3 1 1 1 1

ZÉCA BENVINDO SIT 28 10 3 12 10

C. DO ZEQUINHA FAZ 13 5 1 5 5

C. DOS CARNEIROS POV 8 3 1 3 3

C. DOS CRENTES SIT 47 15 4 21 17

C. DOS FEIOS SIT 30 11 3 14 11

C. DOS FERREIRAS SIT 40 9 3 11 11

C. DOS PACHOLAS SIT 52 12 4 17 17

C. DOS PERNAMBUCANOS SIT 25 9 2 12 9

C. DOS TRAPIACAS POV 6 2 1 2 2

C. RICO MALO 3 1 1 1 1

CHAPADA POV 116 26 8 32 32

CHICO CONCEIÇÃO SIT 8 2 3 6 6

COCAL DA VARIG SIT 47 16 3 20 17

CÓRREGO VERDE FAZ 36 13 2 17 13

CRUZETA POV 21 4 1 8 8

CURVA POV 64 18 3 26 26

CUTUVELO FAZ 103 34 4 43 37

DEUS AJUDA FAZ 17 6 2 8 6

DEUS AMOR / RIO DA ONÇA FAZ 130 45 10 56 47

DEZESSETE POV 11 3 1 6 6

DEZOITO POV 268 65 8 73 73

DOIS IRMÃOS V FAZ 6 2 1 2 2

DOZE POV 2 1 1 1 1

ENGENHO D´ÁGUA SIT 7 2 2 6 6

ESCADA POV 162 55 9 87 87

ESPERANÇA NOVA SIT 17 6 2 9 6

ESPERANTINA POV 7 2 3 4 4

ESTAMOS UNIDOS FAZ 22 8 2 11 8

FARINHA MOLHADA SIT 14 5 1 7 5

NASCENTE DO CRISTAL FAZ 30 3 15 11

NAZARÉ FAZ 2 1 2 2 2

SANTO ANTONIO I FAZ 13 4 2 4 4

SÃO JORGE FAZ 44 16 3 18 16

FORTALEZA II FAZ 8 2 1 5 5

GALEGO I POV 156 41 6 46 46

GALEGO III POV 48 11 3 13 13

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

25 GAMELEIRA SIT 17 6 2 8 6

GARRAFA POV 28 10 4 16 10

GONZAGA FAZ 28 10 3 14 10

GUARAINA FAZ 58 21 5 28 21

HAROLDO FAZ 11 4 2 6 4

HÉLIO FAZ 14 5 1 8 5

IGARAPÉ DA ÁGUA FRIA SIT 53 19 3 25 19

IG. DA AREAIA II POV 11 4 1 4 4

IG. DA LATA POV 103 24 4 40 40

IG. DO BANDEIRA SIT 103 37 4 41 37

IG. DO COCO SIT 28 10 3 14 10

IG. DO CRISTAL SIT 127 46 6 56 48

IG. DO JARDIM POV 77 15 8 25 25

IG. DO TIRO SIT 58 21 3 26 22

IG. DOS ÍNDIOS POV 664 147 25 213 213

IG. GRANDE POV 27 11 5 16 16

IG. SECO POV 12 2 1 2 2

IMBAUBAL FAZ 3 1 1 1 1

IPANEMA I FAZ 33 12 3 16 12

IPANEMA II FAZ 33 12 4 16 12

IPEZAL FAZ 3 1 1 1 1

JATOBÁ FERRADO POV 33 8 2 12 12

JOÃO HORANGO ALD 19 7 3 11 7

JUÇARAL DO ARTUR ALD 55 20 4 26 20

JURACÍ FAZ 55 9 3 13 9

LAGO DA BOLÍVIA MALO 114 16 8 25 16

L. DA INHUMA SIT 153 55 8 61 55

LAGOA DA SAMBRA SIT 100 36 7 42 36

LAGOA DO INHUMA SIT 42 15 4 19 15

LAGOA DOS BICHOS SIT 69 25 4 31 25

LIMEIRA SIT 3 1 1 2 1

LIMOEIRO SIT 14 5 1 7 5

LIMOEIRO I POV 3 1 1 2 1

LOBÃO FAZ 3 1 1 1 1

LOURIVAL FAZ 3 1 1 1 1

MACHADO FAZ 11 4 2 6 4

MAPOA FAZ 19 7 2 10 7

MARIBONDO FAZ 17 6 1 6 6

MARQUISA FAZ 8 3 1 3 3

MIRIL POV 423 132 16 144 135

FONTE BELA POV 8 3 1 5 3

MONTEIRO POV 33 12 3 12 12

MUCUMBO FAZ 3 1 1 1 1

MUTUM DA VARIG SIT 39 14 3 17 14

MUTUM I SIT 133 48 6 57 49

MUTUM II SIT 89 32 6 37 32

NASCENTE RIO DOS BOIS POV 111 40 6 50 42

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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26 NOVA ALEGRIA II FAZ 28 10 3 14 10

NOVA BETEL POV 94 34 6 41 34

NOVA JERUSALÉM FAZ 14 4 4 9 9

NOVA OLINDA POV 43 11 5 14 14

NOVA SANTANA FAZ 6 2 1 3 2

NOVA VIDA ALD 10 3 2 5 5

NOVA VIDA II POV 11 5 4 13 13

NOVA VIDA III FAZ 39 14 3 20 14

NOVO CARÚ POV 1313 302 29 391 391

NOVO EGITO POV 21 6 4 8 8

NOVO JARDIM SIT 19 7 2 10 7

NOVO PLANETA ALD 49 16 6 20 20

OLHO D´AGUA DO

GAMELEIRA

POV 2 1 1 2 2

OLHO DÁGUA DO SULINO POV 40 11 4 14 14

PALMEIRA COMPRADA POV 91 21 4 29 29

PALMEIRA SOZINHA POV 71 19 4 25 25

PALMEIRINHA POV 109 27 7 35 35

PARACHOQUE FAZ 14 5 2 7 5

PAUZADA FAZ 199 72 8 83 74

PAVÃO POV 36 13 3 17 13

PÉ DA SERRA POV 3 1 1 2 2

PEDRA DE AREIA POV 50 18 4 24 18

PEDRA GRANDE FAZ 36 19 3 23 19

PEQUI SIT 88 32 5 38 32

PETROLINA POV 15 3 2 6 6

PIABA I SIT 0 0 1 2 2

PIÇARRA PRETA ALD 158 52 22 56 56

PILÕES SIT 9 2 2 4 4

PIMENTA III POV 6 2 1 3 2

PIMENTAL SIT 14 5 2 8 5

PIMENTEL FAZ 44 16 3 21 16

POÇO FEIO SIT 6 2 1 4 2

POLIANA SIT 44 16 3 19 16

PONTO CERTO FAZ 64 --- ---- --- 23

PORTO DE SANTA LUZ POV 698 242 16 261 249

PORTO DO GARROTE SIT 55 20 3 26 20

PORTO DOS ÍNDIOS

JANUÁRIA

ALD 357 98 12 104 104

PORTO DO RICO POV 6 2 1 3 2

PORTO SEGURO SIT 158 30 5 43

POSTO INDÍGENA AWA MALO 75 27 6 35 27

QUATORZE POV 4 1 1 1 1

QUATRO IRMÃOS SIT 31 11 2 14 11

QUER LUZ POV 30 9 4 12 12

RAPADURINHA POV 209 60 8 84 84

RIACHUELO FAZ 28 10 2 13 10

RIO ANIL SIT 97 35 6 45 37

RIO ANIL I SIT 50 18 3 24 18

RIO BOTE FAZ 11 4 2 7 4

RIO DA LONA FAZ 8 3 1 4 3

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

27 RIO DO OURO POV 125 45 6 55 48

RIO DOS BOIS I FAZ 78 28 3 34 28

RIO DOS BOIS II FAZ 72 26 4 32 26

ROSÁRIO POV 659 140 15 193 193

ROÇA GRANDE POV 71 18 4 31 31

SAMBA SIT 19 7 2 10 7

SAMBRA FAZ 97 35 3 41 35

SANTA CRUZ DO ARVOREDO SIT 5 1 2 3 3

SANTA CRUZ DO MATA

ONÇA

SIT 6 2 1 3 2

SANTA LUZ II SIT 6 2 1 4 2

SANTA MARIA SIT 17 6 2 9 6

SANTA MARIA I SIT 33 9 6 14 14

SANTA MARIA II POV 5 1 2 2 2

SANTA ROSA DO GAPO POV 17 6 2 9 6

SANTA ROSA II FAZ 94 34 4 42 34

SANTA TEREZA I POV 12 2 2 6 6

SANTA TEREZA II POV 36 9 3 12 12

SANTO ANTONIO DO

ARVOREDO

POV 216 55 6 68 68

SANTO ANTONIO DOS

COSTAS

POV 4 1 1 1 1

SANTO ANTONIO I POV 30 6 5 10 10

SANTOS FAZ 22 8 2 11 8

SÃO DOMINGOS FAZ 25 9 2 11 9

SÃO FRANCISCO I POV 50 18 3 22 18

SÃO FRANCISCO II FAZ 17 6 2 9 6

SÃO JOÃO FAZ 28 10 2 13 10

SÃO JOÃO DO TURIZINHO POV 308 64 7 80 80

S. JOÃO DOS CRENTES POV 79 17 14 25 25

S. JOÃO I SIT 8 3 1 5 3

S. JOÃO II FAZ 44 16 3 19 16

S. JOSÉ DA GAMELEIRA POV 8 3 1 5 3

S. MIGUEL FAZ 3 1 1 1 1

S. PEDRO DO CARÚ POV 358 78 13 105 105

S. PEDRO I POV 41 8 5 12 12

S. PEDRO II FAZ 97 35 6 43 35

SÃO RAIMUNDO I POV 0 0 1 2 2

S. RAIMUNDO II POV 3 1 1 2 1

SAPUCAIA POV 244 54 5 68 68

SATUBAS POV 15 7 6 11 11

SÍTIO BOA SORTE SIT 14 5 1 5 5

SÍTIO NOVO SIT 0 0 2 4 4

SÍTIO NOVO I SIT 19 7 1 7 7

SÍTIO NOVO III SIT 4 2 2 6 6

TABOCA POV 36 13 2 17 13

TABOCAL ALD 88 30 6 34 34

TAQUARI FAZ 8 3 6 34 34

TERRA LIVRE POV 8 3 1 4 3

TIMBIRAS POV 9 7 4 19 19

TIRACAMBU –“MIRI –MIRI” MALO 42 15 4 21 15

TIRIRICAL POV 801 281 19 303 289

TOMGO POV 34 8 7 16 16

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

28 TRAÍRA DO CHICO MAGRO POV 292 69 16 105 97

TRAÍRA DO ROBERTO POV 0 0 2 3 3

TRECHO SECO SIT 22 8 3 2 11

TRÊS IRMÃOS POV 32 18 15 25 25

TRÊS IRMÃOS POV 0 0 2 6 3

TRÊS MARIAS SIT 31 11 2 14 11

TRÊS OLHOS DÁGUAS POV 281 55 12 83 75

TRIPUCHO FAZ 25 9 2 12 9

TURI DO AUGUSTO POV 197 38 15 57 57

VAI PASSANDO SIT 17 6 2 9 6

VALE DO CARÚ SIT 8 3 1 5 3

VARIG – ASSENTAMENTO FAZ 1385 500 26 540 512

VIANA III SIT 3 1 1 1 1

VIDA NOVA II SIT 122 44 8 52 45

VILA AMAZONAS

ASSENTAMENTO

SIT 221 80 10 91 82

VILA BANDEIRANTES POV 1034 159 16 226 205

VILA DA PIMENTA –ASSENT.

VARIG

POV 125 45 7 55 47

VILA MARANHÃO POV 100 36 4 42 36

VILA NOVO BRASIL SIT 33 12 3 16 12

VILA NOVA POV 138 50 8 56 50

VILA SÃO RAIMUNDO SIT 44 16 4 22 16

VILA VALENTIN SIT 44 16 2 19 16

VILINHA DO CARÚ ANIL SIT 69 25 3 31 25

VIVA DEUS POV 2 1 2 3 3

Fonte: FUNASA, José Matias Porto, 11/8/2006; e SUS (Sistema Único de Saúde).

Legenda: FAZ.: FAZENDAPOVO: POVOADO

ALD: ALDEIASIT: SÍTIO

MALO: MALOCA

LOCALIDADES POR CATEGORIA:

POVOADOS: 127

SÍTIOS: 109

FAZENDAS: 75

BAIRROS: 09

10 Bairros

Bairro Joana Dark

Bairro Vila Muniz

Bairro Vila Pedrosa

Bairro Vila Meireles

Centro

Birro Santa Clara

Bairro Boa Esperança

Alto dos Praxedes

Bairro Mutirão

Bairro União (Bairro novo que fica atrás e entre o Bairro Joana Dark e Vila Muniz)

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

29

São João do Caru

O município de São João do Carú até o ano de 1994 era povoado de Bom

Jardim, e ganhou sua emancipação política pela Lei Nº 6.125, de 10 de novembro de 1994, sendo o primeiro prefeito eleito, James Ribeiro. Atualmente

emancipado, possui um número populacional segundo as estimativas do IBGE

de 2007 de 12.796 habitantes. Em 2006 eram 14.845. E apresenta uma área

territorial de 616 km². São João do Carú tem três vias de acesso: Bom Jardim, Governador Newton Belo e a cidade de Maranata - Pará. A fronteira de São João

do Carú com Bom Jardim se dá na ponte do povoado Joãozinho (pertencente a

São João do Carú).

A cerca de 100 km de Bom Jardim, este município possui o maior índice de analfabetismo do estado do Maranhão: 50,6% (IBGE 2000)/. Nos indicadores

da ONU, esse índice era de 53%. Em 2010 esse índice de analfabetismo caiu

para 31,06%.

-Renda percapita: 597,00

-Índice de Desenvolvimento Humano: 0,511 - Ranking no Estado – dos 217 municípios - (MA): 205º

Piora nos indicadores de Desenvolvimento Humano

IDH 2.000: 0,511 IDH 2010: 0,509

Em 2000 ocupava a 205ª posição no ranking do Estado. Em 2010 despencou para 211ª posição. Isso significa

que a qualidade de vida da população, considerando EDUCAÇÃO, SAÚDE, LONGEVIDADE E RENDA -

Piorou. É o preço da falta de políticas públicas sérias e planejadas e competente para o município.

- População Urbana: 23,4% População rural: 76,6% Sabendo que o índice de analfabetismo da África é de 36% (Segundo

dados do Relatório da ONU/2000), conclui-se que existem verdadeiras

“pequenas áfricas” no interior do Maranhão pelo exposto acima.

Rua do

Comércio – Município de São João do Carú.

Segundo a senhora Joana, esposa do 1º morador, a rua do comércio foi o local onde foi plantada a primeira roça no município.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

30

Centro Educacional Aldenor Leônidas Siqueira.

Rio Carúem São João do Carú/1/2007

Na região Carú existe grande extração de madeira, que é exportada para

Paragoaminas, no Pará. O escoamento se dá através de estradas vicinais abertas àquela região, via-Carú. Obs.: São João do Carú em 1980 possuía apenas 1.346 habitantes.

Comparando o IBGE de 2003 com o de 2007 ficou observado a redução populacional dos municípios

de Bom Jardim, São João do Carú, Governador Newton Bello e outros municípios maranhenses.

Seria o modelo político comprometido com a exclusão social e subdesenvolvimento que “embala”

a ausência de perspectivas que está “expulsando” esse grande contingente de pessoas que estão indo

embora a outros estados? Ou indicadores distorcidos na perspectiva do aumento dos recursos e

repasses federais?

Segundo o documento Indicadores Ambientais do Maranhão (2009), São João do Caru apresentou

220 focos anuais de queimadas, e um remanescente de 65% de suas florestas naturais.

Indício de Colonização na Região Caru

Apesar da região Caru ter sido habitada apenas nos anos 66 do século XX, como é do

conhecimento de todos, há relatos e indícios que levam às evidências de ter existido povoações na

região possivelmente entre o século XVIII a XIX na região. Quando analisamos os anais da história

na região do Vale do Pindaré que ocorreu entre os séculos XVIII a XIX, um questionamento dedutivo

paira no ar:

- Essa colonização na região Pindaré não teria se espalhado pela região Caru, que está em suas

adjacência? Analisei os relatos de pessoas que chegaram em Bom Jardim nos anos de 1959 os quais,

como numa aventura de colonizar tiveram os primeiros contatos com uma região ocultada ou seja,

desconhecida da população civilizada da época. Os relatos foram colhidos de Dionísio Silva Lima,

1º morador de São João do Carú

Aldenor Leônidas Siqueira

1º morador de s. j. caru

Aldenor Leônidas Siqueira

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

31 Luiz Xavier Ferreira (popular Luiz da SUCAM) e Manoel P. Santos, do povoado Siringal,

adjacência do relato. Veja o que diz Dionízio:

“No ano de 1953, meu pai veio morar num povoado por nome Limoeiro do Bento Moraes,

próximo a Águas Boas, município de Monção. Na época não existia Bom Jardim, tudo era mata.

No ano de 1959, meu pai e outros companheiros vieram caçar aqui onde hoje é Bom Jardim,

em cuja localidade estava acontecendo um extenso desmatamento em todo o trajeto que segue a BR

22, atual 316, eram homens contratados por agentes do governo federal para desmatar e construir em

anos que seguiram, a BR 316. Na ocasião, pararam com a caçada e empreitaram3 quilômetros para

desmatar um espaço entre a Curva e Chapéu de Couro – provavelmente no Pau D´árco.

Em 1968, eu, meu pai e mais quatro pessoas da família saímos tipo uma expedição no rio

Caru que durou três meses. Nós fomos de canoa descendo pelo igarapé Água Preta até o Pindaré e

fomos de rio acima até o Caru. Tínhamos levado alguns mantimentos, mas sobrevivíamos mesmo da

farta caça que a floresta oferecia.

Na região Caru tudo era mata fechada e poucas pessoas moravam onde hoje é São João do

Caru, que era a última morada ou seja, que apresentava habitantes. Existia ali entre 15 a 20 barracas

de lavradores e caçadores.

O rio Caru era um paraíso cheio de peixes de couro principalmente surubim, lírio, mandubé e

outros. Caça existia até demais de muitas espécies. Porco queixada (porco do mato) eram em torno

de quinhentos.

Depois de alguns dias de aventura subindo pelo rio tivemos que recuar quando chegamos

numa ponte feita por índios brabos da tribo Guajá. A madeira da ponte não era cortada de ferro e sim

com pedras que eles fatiavam rodeando até rolar (cortar). Movidos pelo medo, tivemos que voltar e

paramos perto da Barra do Turi, onde passamos muitos dias. Foi ali que tive uma grande curiosidade

por uma cadeia de fatos e antiguidades que muito me chamou a atenção:

- Ao lado direito do rio, ou seja, entre o Caru e o Pindaré tive a sorte de fazer várias descobertas.

Numa grande área de mais ou menos 15 km encontrei uma grande quantidade de pedaços de louças,

possivelmente do século XVIII a XIX. Tudo bem decorado num colorido com grande relevo. Quando

se tocava nas peças, elas se desmanchavam – pela ação de tanto tempo que ali se encontrava exposta

(a sol e chuvas). Distante deste local, a cerca de 2 quilômetros, vi o aterro de uma casa que tinha

mais ou menos 50 a60 metros. Neste local tinha pedaços de telhas que media mais de 20 centímetros,

e tudo debaixo da mata. Mais adiante, a uns 9 quilômetros, chegamos num seringal. Com suas

gigantescas árvores, fiquei abismado em ver esta riqueza da Amazônia aqui em Bom Jardim, na região

Caru. Vi que aquelas seringueiras tinham sido exploradas a muitos anos; encontrei logo adiante um

instrumento de ferir as cascas das árvores para tirar o leite (látex) que fabrica a borracha, achei

também mais de duzentos copos de flandres –estes, quando os tocávamos, se desmanchavam - e um

galão de coletar o leite das seringueiras. Já quase desaparecido no meio daquela mata encontrei o

forno de defumar a borracha.

Page 32: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

32 Ao retornar para o rancho na beira do rio, tive mais uma surpresa do lado de São João do

Caru, achei um forno de assar telha e em cima das grelhas tinha uma árvore que media cerca de 80

centímetros de diâmetros.

Muito curioso e fascinado diante de tudo aquilo, eu queria ao menos saber um pouco da

origem de tudo que se apresentava a vista. Mas graças a Deus, tive a sorte de ver e conhecer um

senhor de 76 anos que se identificou pelo nome de Leriano. Vendo minha preocupação e curiosidade

diante de todos aqueles achados, ele me esclareceu dizendo:

- Vou te contar um pouco dessa história. Desde pequeno, sou desta região e o meu avô sabia muito

sobre Pindaré; ele falava que na época que situaram o Engenho Central, por volta dos séculos XVIII

a XIX, muita gente subiu às margens do rio Pindaré e Caru. Lá onde você viu o aterro da casa foi

uma feitoria e onde você viu o forno de assar telha, existiu mais de 40 casas. Só que naquela época,

o número de índios era muito grande e todos, além de selvagens, eram brabos e houve um conflito

entre os índios (defendendo suas terras) e o povo que não resistiram, tiveram que abandonar tudo.

A cacaria que você viu era do dono da feitoria. A história do seringal e seringueira foi dramática.

Um homem rico de Pindaré de influência política mandou homens para explorar o seringal só que o

encarregado da exploração era um homem muito mal e astuto. O mesmo contratava trabalhadores que

tinha mulher para trabalhar e armava cilada. Convidava para caçar e lá no mato, matava-os para ficar

com a mulher. Depois de algum tempo, ele chegava procurando pelo outro dizendo que num momento

haviam se apartado e dizia não saber o que havia acontecido, se estava perdido ou algum bicho o

havia devorado. Simulando preocupação e chorando, convidava os outros para ir atrás do

“desaparecido”, só que ia para outros lados diferentes, de forma que o mistério permanecia encoberto.

Certo dia, ele saiu com mais um trabalhador, ou melhor “vítima” para fazer mais uma tragédia. Mas

como tudo tem o tempo certo e fim, houve um vacilo e o homem escapou e fugiu imediatamente e

chegando onde estava a mulher, rapidamente fugiu pela mata. Depois de muitos dias de viagens e

sofrimento pela mata, quase morreram de fome e doença. Chegaram em Pindaré e denunciaram o

que ali acontecia. Segundo o velho, este foi o problema do seringal abandonado”.

A foto acima é o Rio Caru no povoado Siringal/ o outro lado desse rio é área indígena onde morava

o senhor Carlos Gomes, o qual morreu entre

os anos 65 a 70, onde segundos os relatos, sua

casa era edificada num local próximo a uma

feitoria. Atualmente tudo está coberto de

mata.

Povoado Siringal em São João do Caru

No povoado Siringal há existência de

vegetação típica da Amazônia como:

Castanheira-do-pará e açaí.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

33

Foto e texto por Adilson Motta, 2011.

7 DESCOBRINDO NOSSAS ORIGENS (Bom Jardim)

A amostra abaixo é resultado de uma pesquisa de campo realizada na zona

urbana de Bom Jardim, pelos alunos do Colégio Municipal Ney Braga II, vespertino na data 27/04/2004. Foram entrevistadas 2.083 pessoas. Professores empenhados na

pesquisa realizada: Adilson Motta, Diwey, Laurecy, Cristiane Varão, Tatiane e Mágila.

MARANHÃO: 63,03% CEARÁ: 14,3% PIAUÍ: 13,68% PERNAMBUCO: 3,65% PARÁ: 1,06%

OUTROS (Paraíba, Mato Grosso, Bahia, Rio Grande do Norte): 4,28%

7.1 Programas sociais, benefício e emprego

SAÚDE / EDUCAÇÃO E PROGRAMA S SOCIAIS

ZONA URBANA E RURAL ANO-2004 2006 03/2007

Nº APOSENTADOS 4.200

Nº DE FUNCIONÁRIOS / MUNICIPIO 1.250 930 *

PETI-PROG. DE ERRADIAÇÃODO TRABALHO INFÂNTIL

500

BOLSA ALIMENTAÇÃO 1.682

PROGRAMA GESTANTE 158 FAMILIAS. FONTE: SECRETARIA DE AÇÃO SOCIAL/BANCO DO BRASIL/INSS/ 12/2004&/2007

* Não fornecido FAMÍLIAS BENEFICIADAS E CADASTRADAS NO BOLSA FAMÍLIA, 2008 - E 2013

Cidade Estimativa de Famílias

Pobres – Perfil Cadastro

único (IBGE, 2004)

Número de Famílias

Beneficiárias

do Bolsa Família – Set, 2008

2013

Bom Jardim 6.367 5.633 6.750 benefícios

Valor R$ 2013: 8.277.482,00

O Programa Bolsa Família* foi criado em 2003, a partir da unificação dos programas Bolsa Escola, auxílio-gás, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação. O Programa Bolsa Família tem por objetivo a inclusão social das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza por meio da transferência direta de renda e da promoção do acesso a serviços sociais de saúde e educação. O Bolsa Família consiste na concessão de benefícios mensais às famílias que recebem até R$ 100,00 “per capita” por mês, segundo os critérios abaixo, em contrapartida ao compromisso dessas famílias de garantir a freqüência escolar e cuidados com a saúde das crianças e adolescentes. O objetivo do programa é a universalização do público alvo. * A relação nominal dos beneficiários do Bolsa Família está disponível na Internet - www.msd.gov.br (Lembrando que, há um código de acesso que apenas o pessoal ligado à Ação Social possuem).

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

34 7.2 INSTITUIÇÕES, SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES e

MOVIMENTOS SOCIAIS EM BOM JARDIM

O QUE É SINDICATO?

A palavra sindicato tem raízes no latim e no grego. No latim, “sindicus”

denominava o “procurador escolhido para defender os direitos de uma corporação”, no grego, syn-dicos” é aquele que defende a justiça.

O sindicato está sempre associado à noção de defesa com justiça de uma

determinada coletividade. É uma associação estável e permanente de trabalhadores que se unem a partir da constatação de problemas comuns. Num sentido mais

moderno, podemos dizer que sindicato é a instituição utilizada para a organização dos

trabalhadores na luta por seus direitos junto aos governos e principalmente em relação

aos empresários. Ao longo dos anos, o movimento sindical teve um papel político importante e

decisivo no contexto das políticas nacionais, no caso do Brasil, temos um presidente

que vem das massas populares, emergido das forças sindicais que se consolidava na CUT (Central única dos Trabalhadores): Luiz Inácio Lula da Silva.

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jardim Sindicatos dos trabalhadores rurais de Bom Jardim, fundada em 1971, a primeira

associação criada em Bom Jardim com a finalidade de prestar assistência Social aos

trabalhadores rurais de Bom Jardim. É vinculado à FETAEMA (FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES DO ESTADO DO MARANHÃO), sendo que seus associados

(aposentados e não aposentados pagam uma contribuição de R$ 4,00(1,7%) do salário

para estar em dias e usufruírem do serviço prestado pela entidade, além do direito à aposentadoria. Seu presidente fundador foi o Sr. Joaquim Alves de Andrade.

SINDICATO DOS ARRUMADORES DE BOM JARDIM

Fundada em 12 de abril de 1968. Objetivo: Assegurar direitos Previdenciários à

classe, mediante taxas pagas pelos associados ao INSS. Sendo que durante 25 anos de serviço prestado e se encontrando quite, o associado tem o direito a aposentadoria.

Este são todos presidente desde sua fundação: Dioclides Mendes Viera (1968 / 1975)

Raimundo Ferreira dos Santos (1975 / 1976)

Aldezílio Cícero Viana (1976 / 1979)

Domingos da silva (Tarzan) – (1979 até 2010 que vence.)

Sindicato dos Trabalhadores

Rurais de Bom Jardim-MA.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

35

CLUBES DAS MÃES

Foi fundado em 12/01/1973. Objetivo: Servir de creche para crianças de 2 a 6 anos, e alfabetização das mesmas.

Sua primeira presidente fundadora foi a Senhora Adelaide, tendo como vice:

Francisca Germana. A atual presidente (em 2007) é Socorro Barbosa Pereira. Até dezembro de 2006, o Clube de Mães de Bom Jardim atendia crianças em situações onde

os pais trabalhavam e lá deixavam sob os cuidados daquela tão necessária instituição.

Em dezembro de 2006, a instituição foi fechada deixando de atender às crianças, pois,

segundo a presidente, o Poder Público se negou renovar (assinar) o convênio que repassava os recursos, por razões político-partidária.

COLÔNIA DE PESCADORES DE BOM JARDIM – MA

A colônia de pescadores do município de Bom Jardim foi fundada em 08/12

de 2001. Registrada no Ministério da Pesca, a mesma possui cerca de 700

associados; tendo como presidente: Gesso Soares da Silva. Com sede localizada

no povoado Santa Luz. Cada associado paga R$ 4,00 para a associação. Deste

valor, 60% é para manutenção da associação e 40% são repassados para o governo. Do qual seus associados gozarão do direito à aposentadoria como

pescadores. Apesar de ter crescido bastante o número de açudes para criatórios

de peixe como atividade econômica no município, a produção fluvial e lacustre

ainda é superior. (Segundo o presidente da referida associação). A Associação de Pescadores pode atuar em duplo objetivo em suas

funções: Lutar pelos interesses da classe pesqueira e defesa do meio ambiente,

amparada pelo IBAMA e órgãos competentes.

O grande problema que a associação enfrenta no município é a pesca predatória. (realizada antes de crescimento dos peixes ou na fase da desova).

Para isto, o governo federal através do Ministério da Pesca criou o salário

desemprego aos pescadores para o sustento destes durante o período de

proibição à pesca ou desova.

Clube de Mães em Bom Jardim

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

36 CONSELHO TUTELAR

OBJETIVO: Zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos na Lei Federal nº 8.069/90 do Estatuto da Criança e do

Adolescente.

Nunca é demais lembrar dos direitos daqueles que são o futuro do nosso

país. “Para a lei, considera-se “criança” a pessoa até 12 anos de idade

incompletos, e adolescentes” aquela entre 12 e 18 anos de idade. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais garantindo, garantindo a

eles o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social.

A família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder Público devem,

por lei, assegurar que sejam respeitados e aplicados os direitos dos nossos jovens à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade e à

convivência familiar e comunitária.

A nível internacional, quem cuida dos direitos das crianças e adolescentes é o UNICEF (Fundo da Nações Unidas para a Infância). O órgão foi criado em

1946 para promover o bem-estar de meninos e meninas com base em seus

direitos sem discriminação de raça, credo, nacionalidade, condição social ou

opinião política. O Estatuto também prevê punição a qualquer forma de negligencia,

discriminação, exploração, violência crueldade e opressão às crianças e

adolescentes do nosso país.

Referindo-se a essa criança e jovem que será o futuro do país, veja o que

diz o papa João Paulo I (antecessor de João Paulo II). “Quando olho para uma criança, vejo o futuro homem que será.

Quando olho para um homem, vejo a criança que foi”.

DATA DE ELEIÇÃO E FUNDAÇÃO EM BOM JARDIM:

Foi fundado a partir da Lei Municipal n° 364/2000 de 13 de março de 2000.

A primeira eleição de fundação em Bom Jardim foi realizada em 11/07/2000,

sendo eleitas 05 conselheiras e ficando as outras 05 na função de suplentes.

Membros componentes da 1ª eleição do 1º mandato:

Maria Elieusa Pimentel de Macedo Pedrosa (Presidente)

Osmarina Gomes Soares (Vice-Presidente) Deuzenir Ribeiro Araújo

Odília Oliveira Coelho

Adneumária Andrade de Oliveira

Os recursos que mantém o órgão correspondem a 1% do FPM (Fundo de

Participação do Município) que são repassados para o FIA (Fundo da Infância e

Adolescência) para desenvolver as políticas do conselho, os componentes do

Conselho Tutelar são remunerados pelo Poder Executivo através da Secretaria de Ação Social.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

37 SINDICATOS DOS PROFESSORES DE BOM JARDIM

SINPROBEM

Fundado em 2003. Tendo como primeira Presidenta fundadora: Vaneres Ferreira Pereira

Cardoso e Vice, Ângela. Na eleição de 17 de dezembro de 2007 foi eleito Rivelino que desistiu,

assumindo a presidência Ângela Maria Carvalho e como vice, Rossana. Na terceira eleição Foi eleita

Ângela e sua Vice Rossana. Durante este mandato, em 2010 o sindicato conseguiu a carta sindical e

tem advogado para lutar pela causa dos educadores. Na quarta eleição, foi eleita Rossana presidente

e Elisângela como vice.

Objetivo: Defender os interesses da classe dos professores da rede municipal. É mantido com a

contribuição dos associados e mantém vínculo com a CUT e CNTE (Conselho Nacional dos

Trabalhadores em Educação).

O direito de Greve é garantido pelo Supremo Tribunal Federal pela Lei Nº 7.783/89. Entre

suas diretrizes está a de que deve ser descontado 2% do salário de seus associados.

O sindicato dos professores de Bom Jardim é tido como referência a outros sindicatos da

região em termo de experiência e lutas pela causa dos educadores.

Entre as conquistas auferidas pelo SINPROBEM, estão:

Aprovação do Plano de Cargo e Carreira;

O que resultou na elevação do salário em 40%.;

Conquista do 14% salário – aos educadores que não apresentarem faltas no trabalho. E

como incentivo à formação.

Conquista do abono (sobra do FUNDEB), direito dantes encobertos que a classe não

recebia. (Direito percebido até antes da aprovação do Piso).

E, a conquista do tão sonhado Piso Salarial do Magistério, resultado de 08 anos de brigas e

greves na vigência do Governo Roque Portela, cuja aprovação deu-se após sua derrota para

o adversário Beto Rocha em sua indicada Lidiane Leite.

O Sindicato, conforme se verifica nos acontecimentos atuais, tornou-se um

instrumentoinstitucional político que por longos anos não tinha espaço e prestígio tal qual o adquirido

na gestão Malrinete Gralhada. Tornou-se assim, um instrumento de resistência diante a abusos de

poder cometidos por gestores “sem noção” e concentradores de poder.

Junto ao direito da classe, em momento de protestos, o sindicato como forma de fortalecer sua

ação e ter maior impacto – de protesto e greve, acampou situações sociais precárias envolvendo

outros segmentos, o que atinge em cheio, gerando um efeito e impacto na estrutura política de certos

gestores.

GRÊMIO ESTUDANTIL

Movimento Estudantil, uma História de Resistência

A resistência que existe até hoje em nosso país sobre os movimentos estudantis

e que fizeram muitos companheiros tombarem desde a formação da UNE (União dos

Estudantes), vem principalmente da época em que a burguesia brasileira se instalou

mais explicitamente as “suas garras” (Ditadura Militar), não foi porque simplesmente

reivindicam educação pública, democrática e de qualidade e sim porque a classe

dominante sabia e sabe que os estudantes têm clareza do que é necessário para uma

transformação da sociedade.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

38 Muitos jovens, no quotidiano da vida escolar encontram-se “isolados e

aprisionados” por não estarem unidos e usarem a grande arma que têm nas mãos: a

liberdade, a cidadania e o voto. É hora de darem as mãos e romperem as amarras da

acomodação. Afinal, a juventude representa mais de 50% da sociedade civil.

A IMPORTÂNCIA DOS GRÊMIOS ESTUDANTIS

Os Grêmios Estudantis têm um papel fundamental na construção de uma sociedade

mais unida e solidária. Eles são a “célula” do movimento, os espaços que reúne

pessoas, para mostrar seus projetos, debater realidades e possíveis conquistas.

É importante que os componentes do Grêmio, vencedores de eleição, ocupem estes

espaços, integrem o maior número de pessoas possíveis nas discussões, tornando-os

sujeitos do processo de transformação – que será uma construção coletiva.

DIREITO É GARANTIDO POR LEI

. A Lei Federal nº 7.398, de 1985, garante a organização de grêmios estudantis como entidades

autônomas para representar os estudantes em qualquer escola pública ou particular do país, com

finalidades educacionais, culturais, cívicas, desportivas e sociais. Todos os projetos deverão ser

aprovados em assembleia geral. A aprovação e a escolha dos dirigentes serão realizadas pelo voto

direto e secreto de cada estudante, observando as normas da legislação eleitoral e as regras da escola,

a qual o grêmio é pertinente. Não apenas em uma escola, mas em todas as escolas em projetos restritos

e comum.

UMESB-UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES SECUDARISTAS

DE BOM JARDIM

Fundado em 24/07/2003. Primeiro Presidente foi Joaby Nascimento da conceição.

Objetivo: Representar a classe estudantil do município.

GRÊMIO ESTUDANTIL EDSON LUIS-BANDEIRANTE

Data de fundação: 2002 Primeiro presidente: Dal Adler

Objetivo; Defender ao interesses da classe estudantil.

SINSERP -BJ

O sindicato SINSERP foi fundado em 2008, tendo como primeiro presidente Jamilson Pereira de Sousa e Vice Isac Manfrine. Atualmente, a estimativa de associados é de 190

(segundo Edeilson, presidente interino). Seus associados pagam uma taxa de R$ 10,00.

O SINSERP-B.J., diferente do Sindicato dos Professores (que agrega apenas a classe de educadores), comtempla toda categoria, desde educadores, gari, vigilantes, etc. sem

delimitações.

A função do SINSERP-B.J. é proteger e fazer a representação legal da categoria, defesa,

independência da classe nos termos da lei. SINSERP-B.J.: [email protected]

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

39

A importância de uma associação na comunidade

A associação é uma forma de organização da sociedade civil sem fins lucrativos que,

além de captar recursos e projetos sociais em instâncias Municipais, Estaduais, Federais, ONGs (Organização Não Governamental) e empresas privadas como a Vale

do Rio Doce, e outras, é um meio juridicamente organizado de representação da

comunidade ante os poderes públicos e privados, por exemplo: através da câmara de

vereadores, Secretarias Administrativas, Assembleia Legislativa de Estado, Câmara Federal dos Deputados e diversos, onde se possibilita a liberação de recursos para os

seus representados.

A associação é uma porta aberta para recursos e projetos, sendo um meio de levar desenvolvimento diretamente às comunidades, tirando-as do “isolamento social”

quanto à participação de recursos e projetos que demandam de órgãos diversos.

Livrando-a de representações ideológicas e fontes geradoras de “currais eleitoreiros”. O problema existente em muitas associações é a falta de preparação e

capacitação do corpo de associados. Onde perdura a ausência de uma auto-gestão,

ficando desta forma exposta as manobras e “controles de interesses”.

RELAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES FORMAIS DE BOM JARDIM

01. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Santa Maria 02. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Igarapé do Meio

03. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Dezoito

04. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Igarapé da Onça 05. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Centro de Oscar

06. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de Centro Oscar

07. Associação dos Produtores Rural do Povoado de Olho D’água do Sulino

08. Associação dos Pequenos Agricultores Rurais do povoado de Galeno 09. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Galego

10. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Brejo Grande 11. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de Centro do Cassimiro 12. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Centro do Cassimiro

13. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Rapadurinha

14. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Vila Bandeirante 15. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Centro do Bernardinho

16. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Igarapé dos Índios

17. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Igarapé do Jardim 18. Associação dos produtores Rurais do Povoado de São Pedro do Carú

19. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Nova Canaã

20. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Garrafa

21. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Zé Boeiro 22. Associação dos produtores Rurais do Povoado Tirirical

23. Associação dos Moradores do Tirirical 24. Associação dos Produtores Rurais dos povoados de São João e São Pedro de Água Preta 25. Associação de Moradores e dos Produtores Rurais do Povoado de Monteiro da Água

Preta.

26. Associação dos Produtores rurais do Povoado de Rosário

27. Associação de Moradores de rosário

28. Associação dos Pescadores da Zona Rural de Santa Luz 29 Sindicato dos Pescadores de de Bom Jardim

29.Associação dos produtores rurais do Povoado de Bom Jardim

30. Associação Fé em Deus de Santa Luz 31. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Barra do Galego

32. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Chapada

33. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Novo Carú

34. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Barra de Escada

Page 40: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

40 35. Gurvia-Associação Comunitária Antonio Feitosa Primo 36. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Santo Antonio do Arvoredo

37. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Novo Progresso 38. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Turizinho

39. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Três Olhos D’Água

40. Associação São Sebastião do Povoado de São Sebastião 41. Associação de Lavradores do Povoado de Vila Santa Clara

42. Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Brejão I

43. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejão II

44. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Assentamento Flecha

45. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego do Açaí 46. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo Social

47. Associação dos Pequenos Produtores Rurais e Moradores do Povoado de Brejo

Social

48. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Novo Brasil 49. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego do

Jenipapo 50. Varig I Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Vilinha

51. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Vila Pindaré 52. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Vila Pimenta

53. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Vila Polyana 54. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego da

Inhuma

55. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de vila Sapucaia

56. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Água Preta 57. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de rio Carú-Anil

58. Associação dos Pequenos Produtores e Agricultores do Povoado de Rio do

Ouro 59. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Vila Santo Antonio

60.Associação de Moradores e Agricultores do Povoado de Vila Itaquary

61.Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Rio Ubir 62.Associação dos Produtores Rurais do Povoado da Vila Jardim

63. Associação de Produtores Rurais do Povoado do Povoado de Cristal

64. Associação de Produtores Rurais do Povoado de Pedra Grande

65. Associação de Moradores e Produtores do Setor Aeroporto 66. Associação de Agricultores e Produtores rurais do Povoado de Vila Jacutinga 67. Associação de Pequenos Agricultores Rurais do Povoado de vila Maranhão

68. Associação de Pequenos Agricultores do Povoado de Vila Bom Jesus

69. Associação dos Pequenos Agricultores da Vila Quilombo dos Palmares

70. Associação de Moradores da Vila Canaã II

71. Rio Verde-Associação dos produtores rurais e Moradores Nossa Senhora Aparecida, Gleba.

72. Associação de Moradores do Povoado de Córrego do Mutum

73. Associação dos pequenos Agricultores do Povoado de Bela vista 74. Associação de Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo do Tiro

75. Associação de Produtores Rurais, Setor Córrego das Pedras.

76. Associação de Pequenos Agricultores do Povoado de Aeroporto 77. Associação dos Trabalhadores do Assentamento Nascente do Rio Azul

Vila boa Esperança 78. Associações de Pequenos Produtoras Rurais do Assentamento da Vila São

Raimundo do Rio dos Bois

79. Associação dos Produtores Rurais do São Gonçalo

80. Associação dos Produtores Rurais do Baixão do Cocal

81. Associação dos Produtores Rurais do Baixão do Inhuma e Sapucaia 82. Associação dos Agricultores do Vale Mutum

83. Associação dos Pequenos Produtores do Vale do Sapucaia

84. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejão

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

41 85. Associação dos Produtores rurais do Povoado de Monte Alegre 86. Associação de Moradores e Pequenos Agricultores do Córrego do Mutum 87. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo do Tiro

88. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Alto bonito

89. Associação Santa Fé dos Produtores Rurais da Vila Bela Vista 90. Associação de Produtores Rurais e Moradores da Comunidade do Povoado

Nossa senhora Aparecida

91. Associação do Taxistas de Bom Jardim

92. Associação dos Moradores e Moradoras da Vila Abreu 93. Associação Bomjardinense de Radiodifusão Comunitária

93- APDFAM-ASSOCIAÇÃO DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSSICA AUDIVISUAL E MENTAL

LEVE.

94- A.M.B.J. Associação de Moto taxistas de Bom Jardim – MA.

95- Associação Cultural de Capoeira Escravos Brancos

FONTE: Prefeitura Municipal / 2003/2013.

Obs: O problema existente com tão grande número de associações é a falta de

preparação e capacitação do corpo de associados. Onde perdura a ausência de uma auto-gestão, ficando desta forma expostas a manobras e controles de interesses

políticos.

SINTRAF – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar

(de Bom Jardim)

É dirigida por coordenadores que, em Bom Jardim (em 2008):

Osfernandes; Raimundo Solidão;

E Nilson.

8 INFRA – ESTRUTURA HABITACIONAL DE BOM JARDIM

Fonte: FUNASA, CEMAR, 2000.

SITUAÇÃO DOS DOMICILIOS ZONA URBANA

SITUAÇÃO BOM JARDIM-MA BRASIL

Com água encanada 72,7% 90%

Com esgoto sanitário e fossa séptica

31,8% 92%

Com coleta de lixo 46,8% 92%

Fonte: IBGE, 2000.

DOMICÍLIOS GERAL

ZONA URBANA: 41,15%

ZONA RURAL

TIJOLOS TAIPAS TABUA TIJOLOS TAIPAS TABUA

7256 42,18% 56,84% 0,93% 9,12% 86,47% 4,41%

COM ENERGIA ELÉTRICA: 4,738 ligações

ZONA URBANA 75, 63% ZONA RURAL 58,03%

ZONA URBANA E RURAL 65,3%

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

42 PROPORÇÃO DE MORADORES POR TIPO DE INSTALAÇÃO SANITÁRIA ANO 2010

Instalação Sanitária Domicílios particulares

permanentes (unidades)

Domicílios particulares

permanentes

(percentual)

Total 9.592 residências 100%

Rede geral de esgoto ou pluvial 136 1,42

Fossa séptica 242 2,52

Fossa rudimentar 5.219 54,41

Vala 1.953 20,36

Rio, lago ou mar 25 0,26

Outro tipo 701 7,31

Não tinham 1.316 13,72 Fonte IBGE/Censos Demográficos 2010

9- SETOR DE COMUNICAÇÃO

Um dos primeiros meios de comunicação considerada pioneira no Município

foi a Voz Itamarati – propriedade do senhor Pedro Juvino – O tempo da “preficadora”,

como cita o popular, a qual era amarrada ou pregada em um alto mastro e que espalhava

som para toda cidade. Servia para divulgar propagandas, músicas e informativos. Um

dos pioneiros nos meios de comunicação em Bom Jardim é o Sr. A. Santos que por

longos anos trabalhou em várias

Um dos pioneiros nos meios de comunicação em Bom Jardim é o Sr. A. Santos

que por longos anos trabalhou em várias rádios.

A. Santos

De 1989 a 1995 funcionou no município a TV Cidade Cultura, administrada pelo

locutor e apresentador Herbeth Jansen onde eram divulgadas notícias da região, a

cultura local e propagandas comerciais. Na história da radiodifusão no município já existiram muitas rádios comunitárias

de prestação de serviço à comunidade. Algumas extintas, outras ainda permanecem ativas. As extintas, devido as constantes fiscalizações da ANATEL (Agência Nacional de

Telecomunicações). As pioneiras surgidas a partir da lei (9.612/98) que regulamenta a

difusão de Rádios Comunitárias no Brasil que entraram no ar foram:

Digital FM;

União FM;

Cultura FM Vale lembrar que estas emissoras todas possuíam associações através das quais

pleitearam a licença ou outorgas de funcionamento e que, devido demora, burocracia e

indeferimentos, foram extintas. Outras se estabeleceram de forma clandestina. Foram elas:

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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43 Stúdio FM – pertencente a Tony Barone;

Rádio Cidade – de Hérbeth Jansen (atualmente Duca Pedras);

Rádio Stylus FM, 91,5 fundada em 10 de março de 2006 a qual funciona como rádio comunitária pela associação cultural bumba-boi de Bom Jardim –

do Sr. Paulo Costa;

Bom Jardim FM, do Sr. Nildão (Fundada em 2001) – Com a mensagem pano

de fundo: “Esta veio para ficar”, e em apenas dois meses fechou. Alternativa FM – De Tony Barone – Surgiu após o fechamento da Rádio Stúdio

FM;

104 FM – De Paulo Costa – Surgiu após o fechamento da Stylus FM; Educativa FM – De Francisco Mota (Fechada).

Mania FM – (de Barone(Surgiu após o fechamento da Alternativa FM;

Estação FM (De Barone) -surgiu após o fechamento da Mania FM.

Um fato que vale lembrar é que o locutor e radialista A. Santos foi o único que trabalhou

em todas essas rádios.

Todo esse histórico representa a resistência e luta por uma maior liberdade de expressão e concessão das Rádios Comunitárias.

Outro meio de comunicação existente no município é através dos correios, que

apresenta um eficiente meio de transportes de cartas e encomendas. Os serviços prestados são: Sedex, cartas registrada e simples, encomenda normal, telegrama e

FAX.

Há escolas de informática particulares e que dispõe de serviços prestados de internet, que também é um dos meios de comunicação.

O município é servido por dois canais de televisão: SBT e rede globo, além de

recursos particulares como antenas parabólicas e TV por assinaturas via sky que

permite pegar outros canais. Apresenta uma ampla rede telefônica do sistema Telemar espalhado por todo município através de orelhões e telefones fixos (particulares) e uma

rede de telefonia celular da Operadora VIVO e CLARO.

www.bomjardim.com.br O site bomjardim.com, é de propriedade de Rafael e foi fundado em janeiro de

2011. No primeiro mês de fundação, teve um total de 3.000 acessos. Hoje,

apresenta estimativamente 60.000 acessos mensal Em novembro de 2013

constava um total de 800.000 acessos (em breve chegará a marca de 1 milhão

de acessos). O site apresenta 800 postagens e 2 mil seguidores. Atualmente é umas das mídias mais acessadas no momento em Bom Jardim e região, e de

enorme poder de informação imediata e com precisão com os fatos que

acontecem. É o site de maior circulação regional e que leva notícias e informação

para todos que estão plugados, o que já é um grande número. O poder de informação que os meios de comunicação tem exerce grande

influência, na atualidade, na história política local e regional. Pois, a medida que

o povo se informa, muda atitudes, “higieniza” a democracia, renova a cidadania

e promove mudanças, não permitindo que grupos políticos perniciosos e sem compromisso, na sombra da alienação e ignorância do povo venha perpetuar no

poder pela liberdade de opção proporcionada pelo voto livre. Mesmo que tenha

surgido dentro de um contexto não apartidário, verifica-se que, atualmente o

site divulga suas notícias e informações de modo imparcial, sem compromisso político-partidário, o que é bom para a democracia local e região.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

44 Jornal Gazeta

Fundado por Paulo Montel em 2006, teve pouco tempo de duração, o qual foi

substituído por outro circulante na região (Jornal Leia Hoje) – sociedade de Paulo Montel com um colega. Era de caráter apartidário, e mantido com fundos de propagandas de

lojas e circulava no município. Apresentava também utilidade pública no tocante a

assuntos sociais no que condiz as relações sócio-políticas no Município e divulgação. Sendo um instrumento de comunicação social a serviço da comunidade bonjardinense.

Neste caso, era um instrumento de cidadania e utilidade pública.

O projeto Jornal Leia Hoje fracassou, e, em 2007, Paulo Montel reativou o Gazeta;

decidindo editar a 2ª edição de sua Revista Alfa (protótipo do que era em Parauapebas). Mas como o nome Gazeta tinha caído no gosto da população, bonjardinense, o mesmo

resolveu deixar o nome GAZETA.

10 EDUCAÇÃO E CULTURA

10.1 História da educação de Bom Jardim

O presente trabalho é resultado de um esforço, na busca de divulgar para

comunidade bonjardinense, no que diz respeito á evolução e história da educação local. Para esse fim contamos com o apoio de pessoas que acompanharam o processo

educativo do município desde sua fundação, passando pela sua emancipação que se

deu no dia 30 de dezembro de 1966 até os dias atuais.

A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO

A educação é responsável pela realização do individuo, permitindo-lhe explicitar suas realizações, compatibilizar–se com a realidade e nela atuar de forma responsável

e eficiente. Desta maneira, todos e cada serão beneficiados, na medida em que o

individuo realiza suas aspirações pessoais e sociais. O que toca no indivíduo toca no

sistema social como um todo. Porque toca na família, que é célula mãe dessa sociedade, que toca no município, que toca no estado, que abrange o país.

A educação como processo de desenvolvimento, é também um instrumento de

mudança de comportamento do educando. Tendo em vista que cultura é o processo pelo qual o homem transforma a natureza, o meio social e sua existência.

10.2 AS PRIMEIRAS ESCOLAS EM BOM JARDIM

Segundo informações prestadas pelas primeiras professoras de Bom Jardim, a

primeira escola era denominada Escola Costa Fernandes Sobrinho, quando Bom Jardim

ainda era distrito do município de Monção – MA, no ano de 1966. Esta escola tinha como diretora a senhora Laura Arrais. Um ano depois veio a professora Mariza Almeida

Abreu, normalistas que assumiu a direção da escola. Trabalhavam também às

professoras Antônia Cavalcante Gonzaga e Maria Almeida Bezerra. Após dois anos da fundação de Bom Jardim chegava aqui a SUDENE, que construí

uma escola próxima ao aeroporto, a extinta Escola Estadual Unidade Integrada Bom

Jardim, que ainda hoje os bonjardinenses a chamam de Colégio da Sudene.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

45

Em 1968 foi implantado o projeto Bandeirante, objetivando inicialmente suprir a

falta de ginásio (hoje ensino fundamental) em cerca de 25% dos municípios

maranhenses. Mas foi construído em 1970, sendo denominado Colégio Governador José Sarney, que teve início suas atividades em 1971, mantido em Convênio com a prefeitura

de Bom Jardim. Passou a fazer parte do Projeto Bandeirante, ou seja, passando para o

Estado em 1977.

Na época, existiam ainda escolas particulares leigas, sendo a mais conhecida a Escola da professora Raimunda Bezerra, que era a professora mais tradicional.

O município possuiu escola pelo programa MOBRAL (Movimento Brasileiro de

Alfabetização), cujas escolas tinham como objetivo atender a população na faixa etária de 15 a 30 anos de idade,. Sendo fundadas durante o governo militar, a metodologia

de alfabetização aplicada era totalmente desprovida do sentido critico e

problematizador. A cidade possuiu em 1983 colégios particulares de 2° Grau. Essas escolas foram

extintas por falta de alunos em condições financeiras para paragem seus estudos em

nível de 2º Grau. Em vista dessa realidade, o vereador João Franco Souza, levando em

consideração o reduzido poder aquisitivo de maioria das famílias de Bom Jardim, quase sem nenhuma possibilidade de custearem os estudos de seus filhos nas escolas

particulares de 2º grau existente na sede do município, deu entrada em Janeiro de 1985

a um requerimento na Câmara Municipal de Vereadores, solicitando a criação do ensino de 2º Grau mantido pela prefeitura, o qual foi aprovado por unanimidade e logo

encaminhado ao prefeito Municipal que era Adroaldo Alves Matos. O 2º grau municipal

iniciou no dia 04 de maio de 1985 no prédio da Escola Municipal Ministro Ney Braga, mantido com os recursos próprios da prefeitura Municipal logo foi reconhecido pelo

conselho Estadual de Educação, através da Resolução nº. 398/85 que oferecia aos

egressos do 1° grau as habilitações: Magistério com habilitação até a 4ª série do 1º

grau e o curso Técnico em Contabilidade. No ano de 2000 o Estado assumiu o Ensino Médio. Percebe-se que a cada ano,

na zona urbana e rural a demanda populacional pelo ensino médio cresce numa

constante. Até 2002, o ensino médio era ministrado apenas na zona urbana, deixando o

jovem interiorano (rural) sem perspectiva. No ano de 2003, a Gerência de

Desenvolvimento Humano de Estado ampliou atendendo a demanda da população rural, sendo instalado o ensino médio através de anexos nas seguintes localidades: Novo Carú

e Rosário. Em 2004 em outros povoados foi implantado o ensino médio: Novo Carú,

Rosário, Rapadurinha, Cassimiro, Tirirical, Vila Bandeirante e aldeia dos Índios. Porém,

havendo “cortes” no orçamento do governo do Estado, este se obrigou a extinguir escolas em pleno funcionamento (letivo), e o restante, baixou os salários dos

professores contratados em mais de 60% do valor antes pago. Dos povoados onde

funcionava o ensino médio, só permaneceram Rosário, Novo Caru, Cassimiro e Vila Bandeirante. Muitos jovens desta forma ficaram impossibilitados de continuar o ensino

médio por falta de vagas.

Apesar dos avanços e do aumento do atendimento à demanda no que toca o

ensino médio, a escolha e seleção de professores para suprir as vagas do quadro

Antiga Escola da Sudene abandonada servindo de abrigo para

famílias sem-teto.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

46 docente se processa precariamente, devido o atrelamento e a politização das

decisões no que toca o destino da educação no Maranhão. As escolhas eram realizadas

através de transações artificiosas e políticas pelas quais eram articuladas a educação a nível Estadual. Tal fato se processa quando o quadro docente por contrato é escolhido

por “acordos” e “negociatas” políticas. Recebendo o nome que todos os professores já

conhecem “QI”; (Quem Indique) politicamente. Deixando os professores na perspectiva

de não acreditarem em títulos e competências. E sim procurarem “dedo político” que “Indique”. Professores que tem formação em uma determinada área eram determinados

pelo “Indique” a lecionar disciplinas que não tem formação ou afinidade. Tal fato vinham

a comprometer o padrão qualidade, fazendo perpetuar os “indicadores sociais”, que vergonhosamente são ostentamos para o Brasil e o mundo. “Alguns” politicamente

tiravam proveito com isto, em prejuízo ao social, porque compromete o padrão

qualidade. A nível municipal, com a criação do Programa FUNDEF (Fundo de manutenção e

desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério), houve maior

valorização ao professor. E o aumento de implementos didáticos. Em Bom Jardim

podemos citar um grande avanço na educação com o Convênio da Prefeitura Municipal com a Universidade Federal do Maranhão, nos termos da Resolução nº. CT-

07.003.020/2001, (na gestão de Manoel Gralhada), sob a influncia e ação da deputada

Malrinete Gralhada, trazendo para Bom Jardim o Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Básica - PROEB, que tem como principal objetivo à

melhoria da educação e a habilitação de professores a nível superior. Era um curso de

Licenciatura Plena. Num Total de 157, candidatos distribuídos nos 4 cursos: Letras, Matemática, Pedagogia e História.

A primeira Pedagoga do município foi a senhora Irene Alves Matos Souza, que

começou sua vida na educação do município em 1973, a qual, até 2004 esteve à frente

da coordenação da educação. A primeira secretária de educação do município foi a senhora Mirene Antonia dos Anjos. De 2000 a 2004 esteve à frente da educação do

município, como secretária, Cleuma Santos Matos. De 2005 a meados de 2007 foi

Antonio Otávio Oliveira sendo substituído por Rivelino. Obs.: Em 2003 foi realizado a elaboração e votação do Plano Decenal de Educação

de Bom Jardim (2003/3013). No entanto, ainda não foi usado na coordenação de política

educacional no município. E nem tão pouco levantado como bandeira de política pública.

Escola Fernanda Sarney onde funcionou o curso da UFMA (Universidade Federal do

Maranhão) de 2001 a 2005 nas áreas de Letras, Matemática, História e Pedagogia. E

serviu de abertura para o PQD (Programa de Qualificação Docente) em 2006 ministrados pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão).

Em 2006, a Secretaria de Educação na gestão de Rivelino mandou um projeto para a

câmara municipal o qual foi votado mudando o nome da escola Fernanda Sarney para Edinare Feitosa – que era realmente de Bom Jardim e conhecida pelos filhos da terra.

E não produto de bajulações políticas para angariar projeto.

No ano de 2013, com a eleição de Beto/Lidiane Rocha, a Secretaria de Educação ficou

ao encargo da supervisora Rozana. Devido a demora de início letivo das aulas na zona

Rural (por conta do impasse entre Poder Executivo e Legislativo, sob alegação de não

aprovação dos projetos do executivo de contratação tendo em vista os excedentes

assegurados em Lei, o que chocaria direitos), houve um grande número de

transferência de alunos para outras cidades vizinhas, cerca de 2.000 alunos foram

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

47 transferidos. Um certo desajuste instalado na casa criou um impasse entre Secretária

de Educação e a categoria Sindicalizada e demais professores (pois a mesma era

culpada de perseguir e tratar mal as pessoas), o que instalou um clima de inimizade, a

ponto de o sindicato mobilizar um abaixo assinado pela maioria dos professores

solicitando a remoção do posto da dita Secretária – que, segundo agentes do sindicato,

criava obstáculo ao diálogo que deveria acontecer entre a categoria e o Poder Executivo

(o que não foi atendido). Na região da Miril, onde falta de tudo, - apesar de as aulas

no município terem começado em fevereiro, muitas encontravam-se sem professores,

o que comprometeu o índice de desempenho e aprendizagem dos alunos – sob o risco

de redução do IDEB municipal que acontece no respectivo ano. Num clima de

insatisfação e mesmo com uma atitude impopular, a secretária ficou afastada por

aproximadamente uma semana (com foguetaria e tudo mais pela cidade), depois

retornou, para o desagrado de uma grande parte que não a via com bons olhos nem

cativação: O retorno da que não foi, da supervisora Rosana ao cargo de Secretária,

aconteceu. Entretanto, um mês depois, mediantes reclamações, insatisfação e um índice

de rejeição acima de 90% - o que era comprometedor a uma eleição que estava às portas

a acontecer – o Poder Executivo resolveu demití-la sumariamente (antes que o

agravante se tornasse maior, conforme expressava opinião pública) no

comprometimento a imagem política do governo municipal.

Um desajuste que ocorre, segundo se pode verificar, está no contraste entre professores

concursados e contratados: Ambos trabalham a mesma carga horária (20h/2016) e,

enquanto que o concursado recebe uma remuneração de cerca de 2.000,00 reais, o

professor contratado recebe cerca de 800 reais – menos da metade, e sem direito de 13º

salário, que segundo a lei, não é só prerrogativa de concursados.

2013 - o ano perdido na educação em Bom Jardim

Mais de 2.000 alunos transferidos por falta de aula/professores, ou

funcionamento das escolas que demoravam, principalmente na zona rural (onde

se localiza o maior contingente de alunos no município);

Mais de 17 escolas fechadas;

Na região Miril/Novo Jardim/Antonio Conselheiro e outros, onde moram cerca

de 6.000 habitantes, 70% dos alunos ficaram fora de sala de aula – pelo não

início das aulas e falta de professores por inércia da (in-)gestão sob pretexto de

“briga político-partidária”. O significado maior muitos dizem: incompetência

política.

No dito ano letivo (2013), 70% dos alunos de 1º ao 5º ano, conforme

avaliação/SEMED (2013) da Rede Municipal, não sabem ler nem escrever.

Apesar dos avanços, o município não possui uma proposta curricular de ensino clara e

definida (grade curricular de conteúdos), ainda não promove formação continuada

(bimestralmente) aos professores, apenas formação inicial (que é generalista). E por

não apresentar uma grade curricular de conteúdos comum e específica às escolas, os

conteúdos são definidos em planejamento na “liberdade e autonomia” dos educadores,

em conformidade com os livros didáticos que chegam das editoras. Isto leva a existir,

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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48 muitas vezes, uma prática curricular muito pobre; que não leva em conta nem a

experiência trazida pelo próprio professor, , nem a trazida pelo aluno, ou mesmo às

características da comunidade em que a escola está inserida. Os órgãos colegiados das

escolas (Conselho escolar, Conselho de Classe e Grêmios Estudantis) não apresentam

muita evidência de atuação; não oferta aula de reforço nas escolas como um todo, ou

uma meta sistemática traçada, mas no entanto, o Programa Mais Educação é usado para

esta finalidade, o qual funciona num certo desajuste. E por outro, o município não

possui um Fórum Municipal de Educação nem de caráter provisório, nem em caráter

permanente e legal que asseguraria viria o não “engavetamento” do Plano Decenal de

Educação – no qual estão traçadas as metas, estratégias, enfim a vida dinâmica da

educação no município.

O DESAFIO DAS ESCOLAS MULTISSERIADAS EM BOM JARDIM – MA

Devido a existência de poucos alunos para compor salas em determinados

povoados, o município, assim como muitos municípios brasileiros adotam o

multiseriado, que na visão dos críticos, é o ensino mutilado. Neste, a aula é composta

de alunos de todas as séries do ensino fundamental e o quadro negro é dividido na

mesma aula assim como o tempo para atender os alunos.

Um exemplo claro dessse modelo, segundo professor Antonio, é verificado na

escola do povoado São João do Turi, a 3 quilômetros do povoado Sofia e a 1 quilômetro

do povoado Turi dos Costas onde cada povoado funcionada o multiseriado, ou seja:

uma sala de educação infantil, misturada com alunos de séries diversas – do 1º ao 5º

ano, e cada qual sem infraestrutura adequada de escola. Tudo se resolveria se a

Secretaria Municipal de Educação instituisse Escolas Polo que agregasse todas mais

distanciadas com poucos alunos. Para isto, é necessário um sistema de transporte

(nucleação) permanente na localidade (povoado) onde situa esssas escola Polos para o

transporte dos referidos alunos. Neste ponto de solução surge um grande problema:

Acessibilidade, cujo problema dar-se no período do inverno, onde as estradas tornam-

se intrafegáveis, sob risco de perda do ano letivo dos alunos do campo. Acredita-se que

a saída seria o município fortalecer e dar prioridade em cuidar da infraestrutura

(empiçarramento) das vicinais que interligam os povoados com orçamento e projetos

preistos em caráter de permanência.

O fato é que muitos males assombram as escolas multisseriadas: falta de

infraestrutura, sobrecarga do professor, falta de material didático-pedagógico

(adequado), professores leigos (no assunto das multisséries e suas metodologias), e

muitas vezes, falta de Formação Continuada para a operacionalização pedagógica do

processo.

Em nível de Brasil, nas classes multisseriadas encontram-se cerca de 60% dos

estudantes do campo. Segundo o Censo Escolar 2009, existem 96,6 mil turmas do

Ensino Fundamental nessa situação em todo país.

O Nordeste representa o maior contingente de escolas multisseriadas, com

58%, seguido pela região Norte, com 24% região Sudeste, com 11%, região Sul, com

5% e região Centro-Oeste, com 2%, confirmando que essa organização escolar

continua sendo uma realidade em todas as regiões do país e deve ser contemplada com

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49 políticas educacionais que realmente incluam e neguem a educação de qualidade

social aos sujeitos do campo.

O Estado do Maranhão, é o segundo com maior número de classes

multisseriadas, num total de 11.038, perdendo apenas para a Bahia, com 14.298 classes. (Fonte: MEC/INEP/Deed – Censo Escolar, 2012.)

O município de Bom Jardim, dentro desse universo não é diferente, pois o

mesmo, com um total de 103 escolas, das quais 09 encontram-se na zona urbana, e 94

delas localizam-se na zona rural. Das quais em 88 dessas escolas funcionam sob esta

modalidade. O município possui um total de 10.595 alunos, dos quais, 4.121, que

correspondem a 38,9% estão matriculados em multisséries. Há um consensoentre os

coordenadores de que, ao se trabalhar/aprimorar as multisséries, consequentemente irá

resultar na melhoria do IDEB da Rede Municipal. No entanto, apesar de existir um

Programa do Governo Federal Voltado para atender a esta demanda, o Município até

2015 não encontrava-se aderido, e funcionava sem parâmetro, ou no estilo “normal”

das classes seriadas.

Relatos da primeira pedagoga municipal que acompanhou de 1973 até

os dias atuais o processo educativo em Bom Jardim (Irene Matos)

“Em 1973, ano em que iniciou o segundo mandato de prefeito em Bom Jardim

como eleito Adroaldo Alves Matos havia na sede e no interior poucas escolas municipais

e duas estaduais (Escola da Sudene e Bandeirante). Naquela época a carência de professores formados em magistério era total. O prefeito tinha que buscar estes

profissionais em São Luís, os quais teriam que trabalhar dia e noite. Durante o dia no

primário a noite dando aulas nas séries do ginásio, todos com apenas o 3º ano do curso Magistério e alguns com o 4º ano adicional. Os mesmo sem nenhuma especialidade

teriam, que ministrar aulas de matemática, Português, História , Geografia e os demais

componentes curriculares do curso. Os alunos não tinham livros, as aulas eram ditadas

para os educandos copiarem; a metodologia eram tradicional as avaliações mensais, a reprovação era bem acentuada assim como as desistências. O tempo foi passando,

novas eleições vieram, novos prefeitos eleitos e a educação continuava do mesmo jeito.

Prefeitos só se preocupavam em construir escolas sem equipamentos necessários, os professores saindo do e entrando a cada prefeito eleito por causa da política. Saíam os

de experiência e entravam sem experiência, prejudicando assim a aprendizagem do

alunado. O que mudou nos últimos anos foi a construção de novas escolas, o número de alunos cresceu também. Os professores passaram a receber treinamentos com novas

metodologias. O material didático começou a aparecer nas escolas como lápis,

borrachas, cadernos, papel e livros enviados pelo MEC a todos os alunos da rede pública.

Treinamentos e cursos para formar professores como leigos cuja maioria era absoluta: treinamentos de PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) que capacitam para as novas

mudanças educacionais. Todas estas mudanças e melhorias se fundamentam na

criação do FUNDEF, a partir de 1996, onde o governo federal, priorizando a educação, liberava mais recursos para o setor.

Novos colégios foram construídos em Bom Jardim como o 2º grau municipal que

oferecia dois cursos: Magistério e Técnico em Contabilidades que ajudou muito as

famílias de pouca renda que não podiam tirar seus filhos como concludentes da 8ª série para estudarem fora do município. O município hoje conta com muitos professores

formados a nível superior que a principio só contava com uma pedagoga habilitada em

administração Escolar, professora Irene Alves Matos Souza que administrava o Ginásio Bandeirante, o atual colégio Estadual C.E.E.F. Médio José Sarney.

Um avanço também no município foi a Educação de Jovem e Adultos implantada

em 1986 pela professora Irene que era secretária de educação na época. Atualmente o avanço é ainda maior, devido a implantação do PROEB pela tão conceituada

Universidade Federal (UFMA) aqui em Bom Jardim com a finalidade de formar a nível

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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50 superior os professores que trabalham na educação; também foi implantada as

telesalas, existindo um número de salas, sendo 10 na sede e 3 no interior, Além do

programa de cunho do governo Federal, como: Alfabetização Solidária e o Programa Vamos ler, que visam erradicar o analfabetismo do município.

Até então (2004), os professores trabalhavam sob a orientação da pedagoga

Irene e alguns supervisores. Processo esse, que deu continuidade no governo seguinte.

HISTÓRICO DO COLÉGIO BANDEIRANTE

O ginásio Bandeirante foi fundado em 1971 com o primário nos turnos matutinos

e vespertinos. O ginásio no noturno. Tendo como primeira diretora Sônia, e professoras: Olga, Conceição e Irací. Depois vieram Irene Matos, Maria Lurdes, Jobenilde; secretário:

Professor Eufrásio.

A partir de 1977, (no mandato de Adroaldo), foi realizado sua inauguração. Passou a funcionar como: Unidade Integrada Gov. José Sarney. Em 2002, o ensino

médio, antes mantido pelo município foi integrado a rede estadual de Ensino

Fundamental e Médio Governador José Sarney.

Fonte: Direção Escolar / 2004 (Profº Firmino Viveiros dos Santos)

10.1 SITUAÇÃO POLÍTICO-EDUCACIONAL DOS ANOS 60 / 80 (E 2015) EM BOM JARDIM

Os professores municipais eram admitidos através de portarias e nomeações assinadas pelo prefeito.

Para que um professor fosse nomeado era necessário ser apresentado através de

políticos ou representantes de povoados. O candidato era submetido a uma prova

escrita de Português em nível de 3ª série do 1º grau, na qual eram consideradas a ortografia do professor, uma prova de matemática com as 4 operações fundamentais e

outra de conhecimentos gerais. 50% das questões eram sobre a cultura do município.

Este teste só era aplicado para professores leigos da zona rural. Passando por uma entrevista para observar o desembaraço do candidato. Ao assumir o professor, o

professor não assinava nenhum termo de compromisso, chegando até às vezes a

Colégio Estadual Bandeirante

-Funciona Ensino Médio e

Fundamental mantido pelo

Estado.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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51 arrepender-se sem iniciar os trabalhos tendo em vista os salários não compensarem.

O salário pago aos professores era de acordo com o nível de instrução de cada classe

estabelecida pelo Executivo municipal que compreendia: - Classe A: professores com instrução de 2ª a 4ª série do 1º grau completo;

- Classe B: com instrução de 1º grau completo;

-Classe C: professores com magistério. Eram descontados dos seus salários 8,5%

para o INSS. Em consonância com a situação de pobreza e carência no município, o professor

tinha que usar apenas sua força de vontade, o quadro de giz e a espoja para a

transmissão de suas aulas sem contar com o apoio de material de didático. Os professores viviam uma realidade cruciante: sem assistência pedagógica e sem livros

para consultas para subsidiar seus conhecimentos, sem nenhuma reciclagem oferecida

pela secretaria de educação, enfim, sem material didático básico para a preparação de suas aulas.

O município, além das fontes de Recursos Federais oriundos do FUNDEB possui também

Programas complementares advindos do FNDE como suporte as demandas educacionais:

PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola (Recurso a ser gasto pelos

Gestores, Conselhos e Associação de Pais e Mestres das Escolas da Rede Municipal (Com conta específica de cada escola).

Mais Educação – ou Educação em Tempo Integral que funciona em contra-turno

dos horários nas escolas.

PAR – Plano de Ações Articuladas - é um instrumento de planejamento da educação por um

período de quatro anos. É um plano estratégico de caráter plurianual e multidimensional que

possibilita a conversão dos esforços e das ações do Ministério da Educação, das Secretarias

de Estado e Municípios, num SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO. A elaboração do

PAR é requisito necessário para o recebimento de assistência técnica e financeira do

MEC/FNDE, de acordo com a Resolução/CD/FNDE nº 14 de 08 de junho de 2012.

Relação das Escolas Municipais de Bom Jardim - MA. Ano 2013

Escola Localidade N.º de Alunos

1 03 de Setembro Antonio Conselheiro 182

2 Adelaide Matos Pedra de Areia 15

3 Adroaldo Alves Matos Sede 355

4 Alexandre Costa Pov. Canaã 36

5 Almirante Barroso Pov. Altº da Sofia 09

6 Antº Carlos Bekman Tirirical 142

7 Antº. Palhano Silva Pov. Igarapé do Jardim 09

8 Antonio M. Gomes Pov. Igarapé Grande 10

9 Belarmino da Mata Faz. Espora de Aço PARALISADA

10 Boa Vista Pov Rio dos Bois PARALISADA

11 Boa Esperança Turi dos Costa 12

12 Bom Jesus Vl. Novo Jardim 83

13 Caminho do Saber Vl. São Francisco 11

14 Castelo Branco Cabeceira Brejão 33

15 Castro Alves Cassimiro 144

16 Cecília Meireles C. do Aristide (Bidulas) 47

17 Cleuma S. de Matos Centro do Alfredo 11

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

52 18 Conceição Raposo Pov. Varig II 14

19 Coração de Jesus Pov. Chapada 35

20 Creche Adroaldo Sede 522

21 Danilo Furtado Córrego Genipapo PARALIZADA

22 Dep. Vieira da Silva Rapadura Velha 21

23 Deus é por nós Ass. B. Esperança (42) 59

24 Deus é Tudo Rio da Onça II 14

25 Dom Pedro I Barraca Lavada 42

26 Dom Pedro II Rapadurinha 73

27 Dom Valmir Palmeira Comprada 16

28 Dr. Antonio Dino Pov. Oscar 115

29

Dr. Antonio Muniz Alves Sede 257

30 Dr. Benedito A. Carvalho Vila Pimenta 188

31 Dr. J. Cláudio Moreira Igarapé dos Índios 152

32 Dr. Mário H. Simonsen Pov. Novo Caru 168

33 Dr. Nunes Freire Turizinho de Augusto 57

34 Duque de Caxias Igarapé das Trairás 82

35 Edson Lobão Brejo da Iuma

36 Ester de F. Ferraz Pov. Sapucaia 54

37 Eurico Gaspar Dutra Pov. Novo Caru 100

38 Francisca G de Brito Neves Santa Luz 223

39 Francisca Machado VI. Novo Jardim 23

40 Fé em Deus Lagoa da Sambra 14

41 Fernando de Noronha Zé Boeiro 48

42 Ferreira Gulart Vila Maranhão PARALISADA

43 Frei Antonio Sinibalde Sede 593

44 Frei Damião Pov. Galego 48

45 Frei H. de Coimbra Escada do Caru 50

46 Futuro da Vida Brejão Sunil 12

47 Getulio Vargas Três olhos D’água 98

48 Gonçalves Dias Rio Azul 83

49 Infância do Amor Varig Sapucaia 14

50 João Alberto Brejo dos Índios 14

51 José Procópio Pov.Tres Poderes 38

52 João Paulo II Vl. Bom Jesus 108

53 José Bonifácio São Pedro do Caru 97

54 Josué Montelo Centro Zaqueu 17

55 Juscelino Kubschek Córrego do Açaí 23

56 Lago verde Pov. Mutum III 20

57 Leal Cruz Comunidade R. Verde 12

58 Leonel Brisola Vl. Bandeirante 18

59 Luis Rego C. do Nascimento 82

60 Machado de Assis Vl. Bandeirante 93

Page 53: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

53 61 Malrinete Gralhada Pov. Tirirical 117

62 Manoel da Conceição Boa E. Água Preta 18

63 Manoel Lidio A. de Matos Portal Amazônia PARALISADA

64 Maria Socorro O. Oliveira Rio dos Bois 11

65 Mário Guiddi Vila Abreu 115

66 Marly André Barragem de Mutum 12

67 Mauzol Miguel de Sousa Pov. Altos Santos 14

68 Men de Sa Pov. Rosário 69

69 Monteiro Lobato Varig Água Preta 18

70 Nagib Haickel Pov. Km. 18 168

71 Ney Braga Sede 1094

72 Nossa Sª. Aparecida Vl. Cristalândia 169

73 Nossa Sª. de Fátima Jatobá Ferrado 16

74 Nossa Sª. dos Anjos Pov. João Bastião 19

75 Rosilda Martins Oliveira Sede 251

76 Novo Horizonte Pov. Bairro Cocal 24

77 Osvaldo Cruz Stº Ant. Arvoredo 96

78 Osvaldo de Andrade Pov. Três Irmãos PARALISADA

79 Otavio Z. de Oliveira Vl. Varig 45

80 Padre José de Anchieta Vl. Bandeirante 66

81 Padre Newton I. Pereira Fazenda Amazônia 12

82 Pedro Costa Sousa Índios dos Machados 08

83 Pedro Neiva de Santana Igarapé dos Índios 39

84 Primavera Faz São Jorge - Mutum I 16

85 Princesa Isabel Pov. Boa Vista 27

86 Profª. Dinare Feitosa Sede 825

87 Raimundo B. Duarte Neves São João do Turi 113

88 Raimundo Meireles Pinto Sede 193

89 Raimundo Nonato Pinheiro Novo Carú 147

90 Raimundo Rosa Pov. 17 de Outubro 05

91 Rosa Castro Brejo Social 70

92 Roseana Sarney Vl. Jacutinga 56

93 Rui Barbosa Pov. Água Branca 15

94 Ruth Cardoso Pov. Gurvia 114

95 Santa Clara Pov. Rosário 162

96 Santa Maria Rio da Onça II 42

97 Santa Maria Bela Vista 136

98 Santa Rita de Cássia Vl. Aeroporto 86

99 Santa Tereza Asset. Rio Ubim 67

100 Santo Antonio Pov 60 33

101 Santo Antonio Pov. Alto Flecha 75

102 São Benedito Barro do Galego 78

103 São Francisco de Assis Vl. Pausada 82

104 São José Três Poderes (Brejinho) 23

Page 54: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

54 105 São José Porto Seguro 32

106 São Miguel Pov. Barrote 55

107 São Pedro I Pov. Vl. Varig 404

108 São Raimundo Barraca Comprida 21

109 Tomé de Souza Pov. Poliana PARALISADA

110 Terra Livre Ass. Terra Livre 105

111 Vereador Antº F. Primo Sede 198

112 Vila Nova Ass. Vila Nova 39

113 Zeferino G. Pereira Nova Olinda 41

114 Zeferino G. Pereira Zé Boeiro 38

115 Pedreira Vital Vila União 21

116 Reino da Alegria Brejinho da Água Limpa 15

TOTAL GERAL DE ALUNOS

Ano 2013

10.327 ALUNOS

REGIÃO CARÚ 3.656 ALUNOS

REGIÃO MIRIL 2.412 ALUNOS

REGIÃO CARÚ E MIRIL 6.068 alunos

ZONA URBANA 4.259 alunos

Fonte: SEMED, 2013

10.2 GRÁFICOS SITUACIONAIS DA EDUCAÇÃO DE BOM JARDIM

Evolução da matricula inicial do ensino fundamental da rede municipal – 1997-2013

Área

Rural

ano 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª a

6ª 7ª 8ªa 5ª a

1ª a

1997 3776 903 551 397 5229 45 31 23 169 5398

1998 4501 966 569 385 6421 46 18 13 198 6619

1999 5033 1401 768 477 7679 73 36 21 307 7986

2000 3745 1466 893 582 6686 132 66 26 645 7331

2001 3478 1435 1087 737 6737 270 100 53 930 7667

1997 708 426 234 168 1536 0 0 0 0 1536

1998 863 439 191 137 1630 0 0 0 70 1700

1999 830 579 264 175 1848 31 0 0 112 1960

2000 769 649 373 265 2056 179 76 54 521 2577

2001 636 521 494 281 1932 49 35 0 182 2114

Urbana

1997 4086 1329 785 565 6765 45 31 23 169 6934

1998 5364 1405 760 522 8051 46 18 13 268 8319

1999 5863 1980 1032 652 9557 104 36 21 419 9946

2000 4514 2115 1266 847 8742 311 142 80 1166 9908

2001 4114 1956 1581 1018 8667 319 135 53 1112 9781

Urbana

E Rural

2012 1ª a 4ª série: 4.675 5ª a 8ªsérie: 3.151

Fonte: Semed, 2007-2013

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

55 REDE MUNICIPAL - DISTRIBUIÇÃO DE MATRÍCULAS

Modalidade Urbano Rural Total

Creche 194 0 194

Pré-escola 578 1.047 1625

Ensino Fundamental inicial(1ª a 4ª) 1.966 5.132 7.098

Ensino Fundamental (anos finais: 5ª a 8ª) 993 1.525 2.516

Fonte: INEP, 2007.

Evolução: Matrículas / 2004 ANO Nº

Professores

Pré-

escolas

Ens.

Fund. 1ª / 4ª

s.

Ens.

Fund. 5ª / 8ª

EJA

1ª / 4ª

EJA

5ª / 8ª

2004 124 418 8.387 1.388 376 714

Total geral de alunos: 11.283 (incluído pré-escolares)

2006 Nº alunos 1ª a 8ª série 9.616 alunos (só 1ª a 8ª série)

Fonte: secretária de Educação /Out. / 2004

EVOLUÇÃO DA TAXA DE APROVAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE

MUNICIPAL – 1997 – 2002 (%) ANO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ªA4 5ª/8

ª TOTAL

1997 47,4% 68,2 74,4 85,9 74,2 72,4 90,9 85,2 59,1 78,4 59,6

1998 58,8% 64,5 73,1 66,7 56,8 83,7 75, 80 61,8 64,4 61,9

1999 65,8% 69,% 77,3 78,2 71,7 86,1 65,6 71,4 68,5 74,9 68,8

2000 70,1% 74,% 78,1 80,5 77,3 71,2 70,5 79,5 73,2 75 73,4

EVOLUÇÃO DA TAXA DE REPROVAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL

DA REDE MUNICIPAL 1997 / 2000 (%) ANO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ªA4ª 5ªA8ª TOTAL

1997 31,7 10,8 6,6 4,1 Nd Nd Nd Nd 21,2 Nd. 20,6

1998 212 17,7 13,1 10,7 16,6 8,2 8,3 20% 19,0 14,7 18,9

1999 21,1 17,8 9,8 11,4 14,2 2,8 3,1 Nd. 18,5 9,6 18,9

2000 18,0 17,4 13,0 11,2 12,7 21,7 18,7 15,4% 16,6 16,1 16,5

2006

Taxa de reprovação de 1ª a 8ª série: 7,4%

EVOLUÇÃO DO ABANDONO NO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE

MUNICIPAL 1997 – 2000 Ano

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ªA4ª 5ªA8ª TOTAL %

1997 20,9 21,0 19,0 10,1 25,8 27,6 9,1 - 19,7 21,6 19,8

1998 20,0 17,8 13,8 22,5 26,6 8,2 16,7 0- 19,2 20,9 19,2

1999 13,1 13,1 13,0 10,5 14,2 11,1 31,3 28,6 12,9 15,4 13,0

2000 11,9 8,6 8,0 8,4 10,0 7,1 10,8 5,1 10,2 9,0 10,1

2006 De 1ª a 8ª série 20,65%

No gráfico abaixo se observa que, além da evolução das matrículas, existe também um elevadíssimo número de evasão no município, sendo apenas um retalho do que é a

realidade Maranhão afora. Lembrando que a taxa de transferência oscila entre 2 a 3%.

EVOLUÇÃO DA TAXA DE EVASÃO ESCOLAR EM BOM JARDIM

ANO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª

1997 4.086.

1998 1.405

1999 1.032

2000 847

Page 56: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

56 2001 605

2002 402

2003 379

2004 219

2005 214 FONTE: PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO DE BOM JARDIM/ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO /2004

De acordo com o gráfico acima, apenas 5,5% dos alunos da rede municipal chegam a terminar o ensino fundamental, enquanto a média Nacional é de 42,9%. Isto significa

exclusão social. Pois as pessoas sem estudo ou com baixo nível de escolaridade, em

sua maioria, vivem de bico e subemprego, tal fato contribui para manter a situação de injustiça e controle social em que vivem muitos estados e municípios. Onde se abstraem

premissas de que, analfabetismo e pobreza são as maiores armas políticas).

O estudante rural de Bom Jardim é enormemente afetado nesse processo de exclusão

social frente ao “silêncio” ou omissão dos gestores (Executivos e Legislativos). Pois na Zona Rural, onde se localiza 64,83% da população municipal (que corresponde a

25.428 habitantes), apenas 170 alunos encontram-se matriculados cursando o Ensino

Médio. Um contraste com a Zona Urbana, onde se localiza 35,17% da população (que corresponde a 13.795 habitantes), com 1.399 alunos matriculados. Se o ensino Médio

é uma responsabilidade do Estado, não significa que os gestores municipais devam

“cruzar os braços” – porque seus filhos estudam em escolas particulares e têm de tudo e futuro garantido na sombra daqueles “desassistidos”. *Fonte: Dados auferidos na escola Bandeirantes, 12/2009. (Profº Firmino)

TAXA DE DISTORÇÃO IDADE SÉRIE (%) 1997/ BOM JARDIM ANO ESTADUAL MUNICIPAL

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª TO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1997 - - - - - - - - - - - - - - - - - 1998 28

6 41,3

51,4

62, 6

79,5

73 75,6

73,4

64,8

83,4

94,0

90,1

90,4

85,3

85,7

93,3

100

1999 12, 1

41,7

49,5

44,1

75, 7

72,9

83,2

73,3

62,5

69 90,5

94,9

92,0

94,6

86,5

83,3

95,2

200 20, 4

37,3

25 42,0

62,9

68,9

68,6

77,3

51 68,4

86,5

91,3

94,3

95,6

95,8

90,1

93,8

2001 32, 8

42,4

31,5

52 70,4

71,5

76,4

69,9

64,5

66,5

80,6

88,4

90,5

92,4

92,2

92,9

86,8

2005 Média de 1ª a 8ª série (índice fornecido por Rivelino/Secretário de Educação, 2007)

31,72

Tabela 6: DESEMPENHO NA EDUCAÇÃO – 2012

Aprovação reprovação e abandono

Escolas localização Ensino fundamental

Aprovação Reprovados Abandono ou evasão

Municipal Rural

Urbana

80% 9% 11%

Total de alunos: 11.153

Fonte: SEMED, 2013

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

57

Segundo o IBGE no ano de 2010, 7.541 pessoas nunca frequentaram as escolas, 15.040 frequentaram

antes do ano respectivo a pesquisa e hoje não frequentam mais, entretanto 16.468 pessoas frequentam

as escolas são do total de 16.468, divididos nas respectivas faixas etárias, conforme a Tabela abaixo:

QUADRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CONTRATADOS

2015. Total: 191 FORMAÇÃO QUANTIDADE

ENSINO MÉDIO 57

MAGISTÉRIO 79

ENSINO SUPERIOR COMPLETO 18

ENSINO SUPERIOR EM

ANDAMENTO

23

ESPECIALIZAÇÃO 14

MESTRADO 0

Fonte: SEMED, 2015.

Ensino Médio – evolução de matrículas de 1985 / 2006

Ano Total de alunos Nº de professores

1985 125 -----

1986 174 -----

1988 176 -----

1997 317 12

1998 386 ------

1999 410 10

2000 633 25

2001 703 29

2004 934 31

2006 2009

2012

2013

1.352 1569 11.153

1.424

--------------------------

Fonte: Secret. Educ../ e Escola Bandeirantes. Profº Firmino./2009/2013

Vale lembrar que em na zona rural, onde se concentra 65% da população do município, que corresponde a 22.750 habitantes (em 2006) existe apenas 247 alunos cursando o

Ensino Médio. Isso significa abandono da juventude nas políticas públicas educacionais

e o passaporte para a exclusão social de muitos jovens que residem no município. Em

80%

9%

11% RESULTADO FINAL – 2012

Taxa deaprovação

Taxa dereprovação

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

58 resumo: Está sendo negada educação ao povo bonjardinense e enterrando a

cidadania de muitos cidadãos. E apesar de tudo, existe um legislativo.

AVALIAÇÃO DO ENEN – 2006

ENSINO MÉDIO, ESCOLAPÚBLICA

ESCOLA PÚBLICA

Nome da Escola

Brasil Maranhão Bom Jardim

Em Bom Jardim

CEEFM. – Gov. José

Sarney

42,622

36,8810

Escola Pública

Bom Jardim:

29,760

Em Santa Inês

Escolas da rede privada

52,842 46,829 Escola privada em

Santa Inês: 45,420

(Média de todas) Fonte: INEP, 11/2007.

Distribuição das Pessoas de 10 anos ou mais de Idade, por grupos de anos de Estudos

Ano: 2006 Total Homens

Mulheres

Total (1) 100,0 100,0 100,0

Sem instrução e menos de 1 ano 10,2 10,2 10,1

1 a 3 anos 13,5 14,5 12,6

4 a 7 anos 30,8 31,7 30,0

8 a 10 anos 16,5 1, 16,4

11 anos a mais 28,9 26,9 30,8

Fonte: INEP, 2007-11-17

Taxa de escolarização líquida:

Bom Jardim: 69,8% (2006)

Brasil: 91% (2002 – Ensino Fundamental)

Ensino Médio: 4,2% ( Bom Jardim)

Brasil: 25% (Ensino Médio)

O Brasil precisa cuidar mais em termos de políticas públicas do ensino médio. Os

indicadores mais alarmantes estão no campo. Neste grande contingente está a

população jovens do país – que consequentemente, sofrem e sofrerão a exclusão social

causada pelo baixo nível de escolaridade e não-qualificação profissional.

Ideb 2009 Maranhão Nordeste Brasil

3,9 3,8 4,6

Bom Jardim IDEB 2009

Ano 2005 2009

Municipal 3,0 3,5

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

59 Público 3,0 3,5

Inep 2010.

Fonte: IBGE, cidades, 2001

Fonte: IBGE, cidades, 2001

CONTEXTO HISTÓRICO DA EJAI (EDUCAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E

IDOSOS EM BOM JARDIM – MA

A Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) em Bom Jardim foi implantada em 1993,

no 6º prefeito eleito, Dr. Carlos Celso Ribeiro. Em seu momento inicial funcionou apenas na sede

municipal – ou melhor, Zona Urbana – deixando a zona rural como sempre, nas condições de

excluídos e relegados. A primeira escola do município onde funcionou o EJA foi a Escola Frei

Antonio Sinibalde. No momento, o município apresentava um índice de analfabetismo alarmante,

cerca de 50%, e em 2000 esse índice caiu para 42%, segundo Nações Unidas. O índice de analfabetos

funcionais era outro indicador perverso e assustador, que dentro de um universo ou região Nordeste,

colocava o município num elevado índice de pobreza e desigualdade social. Tal realidade ou situação

comprimia, ou melhor, levava o grande número de jovens a abandonarem seus estudos, muitos destes,

por razões socioeconômicas.

85%

6%9%

MODALIDADE GERAL DA EDUCAÇÃO EM BOM JARDIM

Municipal Fundamental

Estadual Fundamental

Estadual Médio

56%35%

9%

PRÉ-ESCOLAS EM BOM JARDDIM

Municipal

Privada

Estadual

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

60 De acordo com relatos de professores da época e alunos evadidos, a falta de emprego e

renda foi um dos principais elementos que contribuiu para a evasão, e outra causa é a busca de

trabalho em outras localidades para garantir o sustento da família. Para VIEIRA (2005), esses

problemas devem ser vistos como efeito da má distribuição de renda e a falta de acesso à escola na

idade própria.

Frente a esse grande contingentes de alunos evadidos daqui e outros que chegavam de outros

lugares com situações semelhantes, a gestão que sucedeu aquela que implantou (no ano de 1997 a

2004 – Gestor Manoel Gralhada) abriu largas portas ampliando as demandas educacionais nessa

modalidade a esse contingente de desassistidos, entregues a revelia do governo anterior, e algo

semelhante em muitos outros municípios, onde não se via na educação um instrumento de fazer

política pública para fins de desenvolvimento e inclusão social.

Além de funcionar na Escola Frei Antonio Sinibalde, funcionou também na EMEB.

Fernanda Sarney (Hoje Dinare Feitosa), no Ney Braga e escola Nova Brasília (hoje conhecida

Rosilda Martins de Oliveira).

Em levantamentos realizados verificou-se que de 2002 a 2010, muitas escolas da

Modalidade EJA na zona urbana e rural foram fechadas por mero descaso e “desvalor” a

esse segmento de excluídos na visão de gestores que não viam na educação um dos eixos

centrais para a promoção humana, inclusão social e desenvolvimento local. Em 2011, o

município contava com um total de 1080 alunos do EJA matriculados na Rede Municipal.

No ano de 2013 caiu para 707 alunos. No entanto, no ano de 2014, devido campanhas ou

Mutirão de Matrículas promovidos pela Secretária de Educação Nazaré, esse número de

alunos matriculados subiu para 1.534 alunos.

A maioria das escolas, especificamente da Zona Rural não possui o PPP (Projeto

Político Pedagógico). Percebe-se então, que a gestão da direção de muitas escolas da

Zona Rural em relação à qualidade, bem como sua preocupação é mais discurso, enquanto

que na prática a educação se arrasta. E sua não-abrangência a zona rural reduz a

perspectiva de futuro às famílias de seus jovens – condenados a um ciclo de pobreza, o

que ultimamente está promovendo uma grande migração do campo para a sede municipal,

ou outras cidades.

Evolução do Número de Matrículas no EJAI 2011-2014

Etapas Ano 2011 Ano2013 Ano 2014

EJA 1080 707 1534

Fonte: Secretaria Municipal de Educação/SEMED – 2014.

Não sendo diferente do que acontece nas outras regiões brasileiras, a modalidade

EJA/EJAI apresenta um alto índice de abandono, conforme mostra a tabela abaixo.

Page 61: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

61 Taxa de Rendimento Rede Municipal. EJAI -

Fase/Nível Taxa Aprovação Taxa de Reprovação Taxa Abandono

3º ANO

Fundamen

tal

200

7

Urban

a

Rur

al

Tot

al

Urba

na

Rur

al

Tot

al

Urba

na

Rur

al

Ger

al

34,7 61,

2

58,

1%

3,3% 3,6

%

3,6 6,2 35,

2

38,

3 Fonte: Secretaria Municipal da Escola. 2015.

Em 2014, segundo MEC/INEP, o município apresenta um total de 1.543 alunos

matriculados distribuídos num total de 40 escolas e 77 professores. Três destas funcionam

na zona urbana e as demais na zona rural. Do total de alunos matriculados, 35% são da

zona urbana e 65% da zona rural.

Podemos constatar o descaso no investimento econômico e social, pois o problema

tem maior gravidade dando menos oportunidade educacional, apesar de discursos oficiais

das políticas educacionais procurando-se incluir a população jovem e adultos excluídos da

escola ou dela expulsa precocemente.

10.6 POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA O FRACASSO ESCOLAR

A explicação para o fracasso escolar relacionado à evasão e reprovação tem suas origens no interior da sociedade e da própria escola.

No interior da sociedade – Observa-se a desestruturação do trabalho familiar e a violenta expulsão do homem do campo, por parte de posseiros e fazendeiros.

De outro, o seu acentuado deslocamento em direção à periferia dos centros urbanos.

Consumando-se deste modo, um crescente processo de exclusão social ocasionada pela

expropriação de suas terras por parte daqueles que vão adquirindo com o poder econômico, e destes que vão embora por fala de apoio em políticas públicas e condições

econômicas de permanecerem na terra. Indo somar-se àqueles que vão “inchar” os

centros urbanos nas cidades, com igual situação e despreparados para o mercado formal de trabalho (que requer mão de obra qualificada). No centro urbano é o problema

socioeconômico ou questão do desemprego. Confirmando com a referida explicação

veja o que diz o JMTV, (13 / 7 / 2004): “A falta de renda é a principal causa do abandono precoce nos estudos”. É o que também afirma o Ipea (2009): “Entre crianças com renda

mais elevada, a taxa de frequência é de 93,6% e as de renda mais pobre é de 75,2%”.

A maior causa de evasão escolar em muitas instituições são: os baixos salários,

o desemprego, a desmotivação dos pais e baixa autoestima dos alunos que acham

que a escola não resolve o problema do desemprego. A gravidez precoce também é um dos motivos que causam a evasão escolar. Cita-se também, que a baixa qualidade

do ensino é um incentivo para a evasão.

Por parte da escola - Percebe-se que a ausência de uma pré-escola abrangente na

rede municipal é um dos fatores que permite perpetuação de altos índices de evasão e

reprovação nas séries iniciais do ensino fundamental e seguintes, onde se observa que a maioria do alunado abandona a escola logo no ensino fundamental. Deste modo, os

alunos sem pré-escola entram “cegos” na 1ª série do ensino fundamental. Essa

“deficiência” vai acompanhá-los ao longo de toda sua vida escolar, gerando

reprovações, desistência, distorção idade-série, enfim, o futuro aluno do EJA ou aqueles que jamais voltam para a escola. A grande maioria da população estudantil, entretanto,

acaba desistindo da escola. Desestimulada em razão das altas taxas de repetência e

pressionada por fatores socioeconômicos que obrigam boa parte dos alunos ao trabalho

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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62 precoce. Deste modo, o fracasso escolar reforça e exclusão social. Onde as maiores

vítimas são as crianças das camadas populares. Sendo, portanto, poucos os que chagam

ao ensino médio. Como no caso do município de Bom Jardim, onde se ver no gráfico da página 109, em que apenas 5,5% dos alunos terminam o ensino fundamental e

ingressam no Ensino Médio. Grande parte da evasão está associada à repetência. Em

Bom Jardim existe 126 escolas do ensino fundamental e apenas duas do ensino Médio.

Percebe-se a inexistência de uma política educacional que prenda o homem do campo no campo, em condições que este lá se desenvolva e se fixe. Sendo que 64,8%

da população do município está localizada na zona rural,

percebe-se nos indicadores, que os filhos do analfabetismo têm garantia de acesso, e, no entanto, não têm de sucesso. Problemas estes, ligados também à estrutura social

(ou socioeconômico e político), com a ausência de política de cunho municipal para a

questão em sucessivo governo. A LDB 9394/96, define que “A Educação infantil é de responsabilidade dos municípios”. Porém o que se percebe em muitos municípios é um

total descaso para essa primeira fase da educação, que será alicerce para a construção

do futuro de ensino fundamental, médio e posteriores formações. Com a criação do

FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), o financiamentodo ensino público no país, aumentou de R$ 700,00 para R$ 1.200.00; ampliando atendimento à

demanda a crechese ensino médio. Apesar do FUNDEB prever a criação de conselhos

nos três âmbitos da Federação compostos por governos, trabalhadores, pais e estudantes, com a responsabilidade de fiscalizar a aplicação dos recursos do FUNDEB

e o censo escolar estadual ou local, cabe, no entanto a sociedade civil organizada agir

para defender o que é de todos. (Já que as casas legislativas de muitos municípios assim não o fazem, descaracterizando sua função). Se o dinheiro não for repassado, a

autoridade poderá ser denunciada por crime de responsabilidade. (Diário de Natal, copyright

2006).

A solução, segundo Professor Hamilton Werneck (2002, p.30), é... Enquanto o ensino fundamental resolve os seus problemas, as prefeituras devem aumentar os

pré-escolares e creches, que, por sua vez, melhoram as crianças para um futuro

fundamental, o que fará, certamente, que elas tenham êxito nas escolas. E, a capacitação de professores que trará melhoras em todos os sentidos. Acrescentando-

se, é claro, a continuidade nos cursos de formação a nível superior e melhor

remuneração para conservar um quadro docente decente para a qualidade. Sendo também imprescindível no combate à evasão, a adequação da escola à comunidade;

Principalmente em municípios como Bom Jardim, onde 65% da população é rural.

Quando no período de safras, muitos alunos saem para trabalhar, e em muitas aulas

perdidas... Acabam desistindo. A educação dessa camada da população representa uma forma de inclusão social. Caso contrário, o município estará negando a possibilidade

de uma vida digna e dias melhores para a referida classe. E nesta, um grande número

de pessoas que foram e são vítimas do fracasso escolar, que compõe a modalidade EJA, além de outros que nem retornam à escola.

As propostas para uma educação de qualidade e inclusiva é vista nos PCNs

(2001, p. 13), que impõe a necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários dignos, um

plano de carreira, a qualidade do livro didático, de recursos e de multimídia, a

disponibilidade de materiais didáticos.

Um problema que afeta o futuro da juventude, produzindo exclusão social reside

no fato de não existir cursos de qualificação técnico-profissional em Bom

Jardim. Ensino médio não é formação, é nível de escolaridade. Existem apenas cursos que formam para a educação. E as demais áreas sociais? Nem todos

querem ser professor.

Um provérbio muito conhecido de todos: “Não dê peixe ao homem, ensine-o a

pescar...”. Ensinar o povo a pescar na pescaria da vida e do mercado de trabalho

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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63 – é prepará-lo, é educá-lo, e qualificá-lo para essa jornada da exigência da vida e do mercado de trabalho. Um fato nada louvável acontece nos municípios maranhenses em relação seu

quadro profissional na educação que vão se formando - Os municípios estão perdendo

seu quadro docente decente de nível superior para outros Estados e Municípios. As razões são diversas e entre elas:

Questão salarial (é um dos maiores motivos);

A política partidária, que boicota a cidadania e a liberdade de opção, que gera pressão por parte daqueles que não sabem diferenciar política partidária de

política pública - onde a promessa eleitoreira de emprego faz demitir bons

profissionais em nome do “acordo” fechado pelo voto.

A saída, como já acontece em muitos municípios por pressão da justiça e não vontade

deliberada de gestores, é a realização de concursos públicos.

10.7 ANALFABETISMO VERSUS PROGRAMAS DE ERRADICAÇÃO EM BOM JARDIM

O analfabetismo em Bom Jardim

Segundo o IBGE de 2000 e o Plano Decenal de Educação de Bom Jardim, temos uma população de 34.474 habitantes. Nesta, a população acima de 10 anos de idade é

de 25.2226 habitantes. Nesta população acima de 10 anos o município apresenta uma

taxa de analfabetismo de 42,5%. O Maranhão: 28,3%. Sendo a média nacional 13,3%. No censo de 2010, segundo o IBGE, este índice caiu para 31,84%.

Consequências do Analfabetismo

O analfabetismo é uma porta entreaberta para a pobreza.” (Roza, 2005, p. 8).

“Os problemas causados pelo analfabetismo são as principais razões do ciclo permanente de

pobreza e subdesenvolvimento em que muitos países se encontram”.(Correio Brasiliense,

7/9/1989).

“O analfabetismo inibe o progresso e a produtividade, impede o avanço cultural e espiritual, e

ajuda a manter a dependência crônica de sociedades inteiras”.(Correio Brasiliense, 7/9/1989)

“O trabalhador maranhense é um dos mais despreparado do Brasil. Somente 2% conseguem

terminar faculdade. A falta de renda é a principal causa do abandono precoce nos estudos.

”JMTV,(13/7/2004).

Programas de alfabetização implantados no município em 2003

Alfabetização solidária Total de professores: 37 EM 2001 TOTAL

ANO Z.urb. Z. Rural

2001 174 304 478

2002 598 598

2003 470

Brasil Alfabetizado

2014

Fonte: Secretaria de Educação Municipal: 2/2003 *Dados da evasão – não fornecidos na Gerêcia de Desenvolvimento Humano.

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64 Alfabetização Solidária: Apresenta um baixo índice de evasão.

O programa é mantido por:

- Bancos Privados e nacional

-Empresas nacionais,

- Caixa Econômica Federal, - Universidades,

-Empresas Multinacionais,

Empresas de avião, Indústrias,

Empresas de Televisão (Globo, SBT)

Editoras e revistas. PROGRAMAS VAMOS LER / OU AVANÇA BRASIL

ATUAL: BRASIL ALFABETIZADO

Apresenta um altíssimo índice de evasão escolar, acima de 50%. Causas:

Problemas de vista (em sua maioria) e sócio econômico. Ambos os programas estão vinculados ao município, que banca toda

infraestrutura.

A meta do Plano Decenal de Educação municipal é que seja erradicado o analfabetismo do município até 2010. Cabendo, portanto, ao executivo cumprir tal meta

ou ao legislativo fazer com que se cumpra.

Analisa-se, portanto, que combater o analfabetismo, sem eliminar as causas

geradoras, fará com que o circulo se perpetue. Vergonhosamente um professor alfabetizador em 2009 ganha R$ 250,00.

10.8 A UNIVERSIDADE EM BOM JARDIM E CONSIDERAÇÕES AO

PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO

Antes da chegada da Universidade em Bom Jardim através da UFMA com o

programa PROEB, não existiam professores formados a nível superior em toda rede

municipal de ensino. Existia apenas uma pedagoga assumindo o comando administrativo – pedagógico no município: Irene Alves Matos Souza.

As possibilidades e especulações de vir uma universidade para formar os

profissionais da educação do município eram remotas, que nem se cogitava. Porém, com a criação do FUNDEF em 1996, isto garantiu mais recursos na educação,

permitindo desta forma, em 2001, a firmação do contrato de nº 07.003.020 entre a

Prefeitura Municipal de Bom Jardim e a Universidade Federal do Maranhão no custo de

1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais), visando instituir quatro Cursos de nível superior com licenciatura plena do Programa Especial de Formação de Professores

para a Educação Básica (PROEB), nas seguintes áreas: Letras, Historias, Matemáticas

e Pedagogia Magistério. Foram selecionados 157 candidatos distribuídos nos 4 respectivos cursos. Programa Superior para profissionais da educação.

Em dezembro de 2005, a administração Roque Portela através da UEMA

(Universidade Estadual do Maranhão) assinou um contrato trazendo o PQD (Programa de Qualificação Docente) com os cursos:Matemática, Biologia e Geografia num total de

128 alunos que estão em fase de qualificação.

Não se pode falarem qualidade de ensino sem incluir a qualificação profissional do docente. É essa a proposta do PROEB e cursos semelhantes como o PQD visam,

tendo como objetivo a melhoria da educação e a habilitação de professores a nível

superior para o ensino Publico de Bom Jardim. Em 2004, o município apresentava 485

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65 professores cobrindo toda rede Municipal de ensino. Destes, 30,5% estavam

cursando a universidade.

A meta do Plano Decenal de Educação de Bom Jardim estabelece que o Poder Executivo Municipal deve expandir o PROEB ou cursos Semelhantes e garantir que se

atinja até o final de 2010 a meta de ter 70% do quadro de professores com graduação

plena no mínimo em nível de Licenciatura.

No entanto, se não houver uma política de plano de cargos, carreira e salário que valorize os profissionais de nível superior (conforme o Estatuto do Magistério da lei nº

368/00 de 03/07/2000), a perspectiva é de que o município venha a perder esses

profissionais e tantos quantos se formem futuramente para outros municípios e estados em vista de melhores remunerações como já aconteceu após a vigência do curso

PROEB. Fazendo com que grande parte desse recurso investido venha se tornar em vão

(com a ida desse professores para fora), fazendo com que a educação do município retorne aos seus rudimentos no qual dantes estivera, sem perspectiva de se atingir a

meta do plano Decenal de Educação do município.

Merecendo a consideração e alerta ao que diz a LDB 9394/96, no artigo 87 do

parágrafo 4º que diz: “Até o fim da Década de Educação (2007), somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamentos em

serviços” - prorrogado.

Nome dos professores que trabalharam na elaboração do Plano Decenal de Educação de Bom Jardim:

Adilson Pires Mota Alaíde Gomes Silva

Antonia dos Santos Silva

Antonio de Brito

Cheila Gomes Lima Clodoaldo Matos da Silva

Deuzimar Vaz de Carvalho Silva

Eucélia da Silva Chagas Francisca da Conceição Miranda

Janaína Carvalho

Jocicléia Costa de Araújo Lóide Gomes da Silva dos Santos

Lucineide Costa Teixeira

Luzinete e Silva Vieira

Marconi Mendes Souza Maria Célia Oliveira Sampaio

Maria Cleude Memória Silva

Maria Marlene da Silva Costa Rosélia Chagas Silva Costa

Rosileude Brasil de Araújo

Tatiana Lima Sousa

Vilma Soraia Maranaldo

Houve também a participação das pedagogas Irene Alves Matos Souza e

Andréa Dutra Almeida Nascimento.

Apesar da participação de muitos professores em sua elaboração, o Plano, que

é de grande importância para a educação e desenvolvimento do município, foi votado em 2003 sem a participação da sociedade e dos professores numa total ausência de

POVO. Para muitos professores, o objetivo não era a EDUCAÇÃO, e sim assegurar

recursos do FUNDEF, que dependiam de sua elaboração e votação na Câmara de

Vereadores. A cada 2 anos o Plano Decenal de Educação deve ser revisado, analisado suas metas e cumprimentos para reajustamentos; isto aonde há compromisso com a

educação.

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66 CONSIDERAÇÃO AO PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO (2003 A 2013)

O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962, elaborado na vigência da primeira Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 4.024 de 1961, dentro

de uma perspectiva de reforma à educação Nacional – sendo um conjunto de metas

quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de 8 anos.

Em 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso na Lei nº 10.172, de 09/10/2001 aprova o plano Nacional de Educação com duração de 10 anos. Devendo

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com base no Plano Nacional de Educação,

elaborar os planos decenais correspondentes.

OBJETIVOS E PRIORIDADES DO PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO

- A elevação global do nível de escolaridade da população;

- A redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e permanência, com sucesso, na educação pública e, democratização da gestão do ensino

público nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos

profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.

O plano Decenal de educação de Bom Jardim que dá todas essas garantias foi

votado no ano de 2003 com abrangência até 2013. A elaboração do Plano contou com a participação do professor Ronaldo Martins Frasão, da UFMA, um grupo de professores

do município das pedagogas Irene Alves Matos Souza e Andréia Dutra que coordenaram

o seu desenvolvimento. O plano apresenta um total diagnóstico dos problemas

educacionais do Município e plano de metas a serem alcançados a curto, médio e longo prazo para a solução dos problemas identificados. Adequando-se às políticas públicas

voltadas para educacional do Município.

Segundo Plano Decenal de Educação de Bom Jardim –

Maranhão 2015 a 2025 Em junho de 2015, o Município de Bom Jardim através da equipe técnica

da SEMED e Sociedade Civil Organizada debatem a elaboração/aprovação do

segundo Plano Decenal de Educação, com vigência de 2015 a 2025, conforme

Lei Municipal nº 601/2015, de 24 de junho de 2015.

Fonte: www.bomjardimma. 06/2015

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67 11 Aspectos Culturais de Bom Jardim

“Desvalorizar a cultura (em especial a alta cultura – clássica e acadêmica) é a forma mais segura de extinguir a consciência critica, pois é ela que alimenta a reflexão questionadora

e a vontade de transformar o mundo.” (Rouanet)

Os aspectos culturais de Bom Jardim apresentam uma diversidade,

compondo-se de aspectos da cultura nacional e regional que pintam o dia-a-dia nas

datas festivas e comemorativas no município.

Entre os aspectos culturais encontram-se as manifestações Folclóricas

(Dança do coco, mangaba, quadrilha, bumba-meu-boi), e afins são representados

também o tradicional casamento na Roça nas festas Juninas (mês de junho) que

também é um marco na cultura local e regional. O município em sua bagagem

cultural apresenta também a Dança Indígena que é apresentada nos períodos

juninos, o Carnaval que é apresentado com Blocos e Foliões, o Festival do Peixe

também tornou-se parte da cultura Municipal. Como a pecuária é predominante na

economia bonjardinense, acontecem periodicamente Vaquejadas em períodos

indeterminados e locais variados – especialmente na Zona Rural. Traço Cultural

também presente na cultura bonjardinense é a presença da Capoeira, praticada por

muitos jovens no Município que encontra-se institucionalizada por meio de

associações representativas.

No campo religioso predomina o catolicismo, seguido de várias outras

igrejas protestantes (Assembleia de Deus, Adventista do 7º Dia e demais que se

espalham nos Bairros do Centro Urbano e Povoados na Zona Rural de Bom Jardim,

onde acontecem festejos religiosos – como A Festa de São Francisco de Assis (da

Igreja Católica) que é uma das de maior evento em Bom Jardim.

No campo das Religiões Afro encontram-se espalhadas pelo município

vários terreiros de umbanda e candomblé.

11.1 Manifestações Folclóricas

A palavra FOLCLORE é de origem inglesa sendo composta por

FOLK: Que quer dizer POVO e LORE: Que significa SABEDORIA.

O conjunto de lendas, contos, mitos, crendices, cantiga, histórias, danças, festas, conhecimentos etc, que fazem partes da vida e da sabedoria de um povo - conservados

pela tradição popular é chamado de folclore ou cultura popular. Quando estudamos o

folclore de um povo, conhecemos seu modo de pensar, agir e sentir. Dentro do folclore

está contemplando a literatura oral, mãe e origem da literatura letrada.

11.2 DANÇAS: Do Coco, Mangaba, Quadrilha, Bumba-meu-boi A dança do coco tem sua origem no canto de trabalhadores nos babaçuais do

interior do Maranhão. É uma dança de roda constituindo-se num convite para a “quebra

de coco”, com acompanhamento de pandeiros, ganzás, cuícas e das palmas dos que

formam a roda. A coreografia não apresenta complexidade. Como adereços, os componentes da

dança carregam pequenos cofos e machadinhas, imitando os instrumentos de trabalhos

nos babaçuais. Afirma o senhor Jaime Arão, de Bom Jardim, que aprendeu a dança na cidade de

Coroatá, e se apaixonou. Quando chegou em Bom Jardim em 1963, anos depois foi o

primeiro a desenvolver a dança no município em estudo.

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68 Apesar de haver afirmação de que tenha origem nos babaçuais maranhenses,

afirma-se que aqui tenha chegado na bagagem dos escravos africanos e que ela seja o

produto da raça negra com o nativo (da região). Apesar de mais freqüente no litoral, há quem defenda que o “Coco” tenha surgido

no interior de alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se misturava

escravos índios com africanos no inicio da vida social brasileira (época colonial). A dança

do coco continua sendo a expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro. Muitos estilos da dança do coco caíram em desuso, por causa

das influências culturais urbanas e, a repressão das autoridades. Há um grau de

erotismo embutido nas danças, mas ainda são praticados nas festas juninas. O Coco é um folguedo do ciclo junino, que é dançado também em outras épocas do ano.

Indumentárias

Homens: Calça listrada, xadrez, ou branca, de boca estreita, camisa de meia,

sandálias, chapéu de palha. Mulheres: Vestidos de palhas de estampa alegre, mangas fofas, saias bastante

rodada, com babados. Nos pés usam tamancos de madeiras que ajudam a sonorizar o

ato da pisada no chão.

Instrumentos

O Coco é uma dança do povo e os principais instrumentos são as próprias mãos.

As cantigas são acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas, imitando

o ruído de quebrar da casca de um coco, daí o nome da dança, na falta de um instrumento musical.

Celebrada por muitos artistas em letras de músicas como: Gal Costa, Gilberto

Gil, Alceu Valença e Xuxa.

DANÇA DA MANGABA

Na dança da mangaba, fazem uma parceira com duas duplas, damas e

cavalheiros ao som do tambor, os pares vão se deslocando e trocando de damas, meio

passo com meia volta para a direita, quando entrega a dama para o cavalheiro que vem atrás de si e seguido outro com uma meia volta para o lado esquerdo, recebendo a

dama do cavalheiro à sua frente.

Maria Gomes Ferreira (Maria Lavina), nascida em 30/10/1932, natural do Maranhão, em uma entrevista realizada, a mesma afirma que chegou a Bom Jardim em

20/108/ 1961.

Primeira pessoa a trazer a dança da mangaba a esta cidade no ano de 1973, por

um pequeno grupo de alunos orientados pela mesma, a qual foi uma das primeiras professoras do MOBRAL.

Dona Lavina mudou-se para Santa Inês em 23/06/1978, onde continua prestando

trabalhos comunitários.

Dança da Mangaba, 2012

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69 FESTAS JUNINAS

O ciclo das festas juninas gira em torno das principais datas abaixo:

13 de junho, festa de Santo Antonio;

24 de junho, São João; 29 de junho, São Pedro.

Durante esse período todas as cidades brasileiras ficam tomadas por festas. De norte a sul do Brasil comemora-se os santos juninos, com fogueiras e comidas típicas.

É interessante notar que não apenas o dia, propriamente dito, mas todo mês, é

considerado como tempo consagrado a estes santos na região e, principalmente, às

vésperas, que é quando se realizam os sortilégios e simpatias, a parte mágica da festa típica do catolicismo popular, quando se realizam os sortilégios e simpatias, a parte

mágica da festa típica do catolicismo popular.

Inúmeras adivinhações a respeito dos amores e do futuro a respeito dos amores e do futuro(com quem vai se casar, se é amado ou amada, quantos filhos se vai ter, se

vai morrer jovem ou ganhar dinheiro etc), são festas nas vésperas do dia santos, em

geral de madrugada.

O “São João” (modo pelo qual se referem os nordestinos ao ciclo de festas do mês de junho) transforma as cidades e o espírito das pessoas, que parecem sentir uma

irresistível atração e afinidade pela festa. A festa adquire importância na vida social

nordestina que não apenas é fonte de preocupação durante todo ano, como ainda move interesses políticos e econômicos que poucas vezes se imagina.

QUADRILHA

Desenvolvida na cidade de Bom Jardim, como em outras cidades maranhenses,

sendo tipicamente realizada em todos os municípios do Vale do Pindaré e municípios brasileiros.

Essa contradança foi desenvolvida em Bom Jardim, segundo Rosa Dacir (Rosa

Vitor), que afirma ter participado na época da primeira quadrilha em 1962, tendo como responsável Dona Marina, esposa do Senhor Expedito que não se encontram mais na

cidade. Com o passar dos anos, surgiram várias outras quadrilhas como: Coração

Cigano, Certo ou Errado, Flor do Sertão, Luar do Sertão, Nova Geração, etc.. A quadrilha é uma dança francesa que surgiu no final do século XVIII e tem suas

raízes nas antigas contradanças inglesas. Ela foi traduzida ao Brasil no inicio do século

XIX, passando a ser dançada nos salões da corte e da aristocracia.

Com o passar do tempo, a quadrilha passou a integrar o repertório de cantores e compositores brasileiros e tornou-se uma dança de caráter popular.

Sendo típica das festas juninas, a quadrilha é considerada uma herança do

folclore francês acrescido de manifestações típicas da cultura portuguesa. Ela é inspirada na contradança francesa e sua origem, no Brasil, está na chegada da corte

real Portuguesa, no começo do século passado. Com D. João VI, que fugia do avanço

das tropas de Napoleão Bonaparte, além de artistas franceses, como Debret e Rugendas, vieram também modismos da vida européia, dos quais um dos favoritos era

a quadrilha, dirigida por mestres franceses da contradança. Muitas das ordens desta

dança transformaram-se “anarriê” (enarriére, que significas “para trás”) ou “anava”

(em avant, que significa”em frente”), “changedidame” (changer de damé, ou seja, “troca de dama”), “chemadidame” (chemin de dame, caminho de damas) ou “otrefua”

autre fois”),”outa vez”. A quadrilha foi a grande dança dos palácios do século XIX e

abria os bailes das cortes em qualquer país europeu ou americano, tendo se popularizado, reinterpretada pelo povo, que lhe acrescentou novas figuras e comandos

constituindo o baile em sua longa e exclusiva execução, composta de cinco partes ou

mais, com movimentos vivos e que terminava sempre por um galope.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

70 É tradicional nas festas juninas de muitos municípios brasileiros a apresentação

da peça “O casamento na roça”; uma peça burlesca e cômica, onde revela toda uma

linguagem típica do homem do campo, sua cultura, valores e crenças. Segue abaixo a composição dos personagens da peça:

Boi De Orquestra de Arari Dança Indígena de Pio XII

Boi de Matraca de Monção Dança do Carimbó

Dança Indígena Festa Junina – Escola Dinare

Feitosa, 2013

Grande parte dessas atrações são importadas de outras cidades da região, como

mostram as legendas acima.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

71

11.3 Casamento na roça

Personagens da peça

Autoridades: (6 personagens)

- Prefeito: Alexandrino Xexéu de Sá

- Primeira Dama: Felomena Fifi de Sá - Juiz: Dr. Bacuri Pitanga da Fonseca

- Delegado: Dr. Figo Fino Pixaxado de Oliveira Pinto

- Escrivão: Bergamo Quirino de Alcimar Sacre Silva - Padre: Nicrolando Frieira das Buchechas Maciadas

Pessoal do Casamento: (12 personagens)

- Noivo:Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição

- Noiva: Esmingarda da Mata do Ramo Rôxo

- Pai da noiva: Simpiliço da Simpilicidade Símpilis Roxo - Mãe da noiva: Cricri Prepeta do Ramo Roxo

- Pai do noivo: Martin Aboba Seca

- Mãe do noivo: Quelementina Liodora Seca - Padrinho da noiva: Escândio Chumbo da Prata

- Madrinha da noiva: Antonia Pereréca Grande da Prata

- Padrinho do noivo: Zé Pipoca da Pitanga Verde - Madrinha do noivo: Juca verde Pimenta Pereira

- 1ºassistente: Saturnino Tremendo Home

- 2º assistente: Lobata do Maxixe Pôde

Casamento na Roça – Início da peça

Juiz: Pessoal que estão me ouvindo, estão aqui para se casar o Sr. Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição e a Senhorita dona Esmingarda da Mata do Ramo

Rôxo. Se tiver por aí alguém que saiba d´algum empedimento pode dizer agora,

enquanto é tempo. Tô esperando, pode falar!

Noiva: Mais num tem impidimento não seu juiz, nós semo mesmo é livre e

disimpidido; num é mêrmo Belxior? (x:ch =som)

Noivo: É pois é Esmingarda, oia o tamanho dessa pregunta do dotô.

Saturnino: (Fala para o pai da noiva): Seu Simpilíço, se eu fosse vós mim cê, num

deixava esse cabra casar cum sua fia não, ele num tem nem um pedaço de roça, ele

é um vagabundo, eu inté sube que´le é casado e dexô a muié dele no Quixadá cum 10 fios pra criá. Agora sim eu dava certo pra casar cum sua fia, eu tenho criação

de porco, bode, jabuti, e inté um parmo de roça já prantada de fumo.

Noivo: Num to dizendo mermo! Era só o que me fartava, tu diz isso é pruquetu quer

se casar cum ela, mais ela num te quer, se tu tem tudo isso que tu dixe é pruque tu

roubou, eu não tenho nada mais num sô ladrão.

Pai da noiva: (Diz para o noivo): Oia home o que tu tá fazendo, bota logo a carga abaixo, diz se tu tem mermo arguma coisa, minha fia nunca passô fome, ela come

de manhã, meio dia, de tarde e de noite. O bucho dela sempre tá cheio.

Noivo: Num se procupe seu Simpiliço qui sá fia vai cumê muito piqui com farinha

todo dia e num vai passar má.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

72 Juiz: Vamos deixar de cachorreira e vamos jogar esse casamento para mais

longe, porque o que o Senhor Saturnino disse é grave e não posso fazer o

casamento, visto que o homem é casado.

Noiva: Num é casado não seu dotô, eu já dixe, o Belxior nunca mintiu e cumavera de mintir agora?

Mãe do noivo: Coitado do meu fio, cuma é que se alevanta um farso dessa moda,

meu fio é sorteiro.

Pai do noivo: Meu fio num é casado não seu dotô, posso lhe agaranti: Taí o padrinho dele o meu cumpade Zé Pipoca da Pitanga Verde qui diga apois ele cunhece meu fio

desde minino, criança, bem pequeno...

Zé Pipoca: É verdade o que meu cumpade Martim dixe, sô inté capaz de jurar cum

a mão na briba cuma meu afiado num é casado.

Pai da noiva: (Fala zangado, puxando da cintura um facão): - Eu quero é saber

mermo se êxe cabra é casado, pruque se for eu quero logo dá um insino nele e é

pra já!!! (puxa pelo facão e risca no chão).

Noiva: - Num é casado não papai, arrenego dexe tal de Saturnino qui só vei meter

gosto ruim no casamento do zôto. Parece mais um bode do que gente!

Mãe da noiva: Se acarme mia fia qui você vai casar. (E diz para o marido): -

Simpiliço, dexa de afobação, apois tu num sabe que ele é direito e a famia dele

também?

Pai da noiva: Num sei disso não Cricri Prepeta! Eu já tô é aguniado.

Madrinha: Apois é cumpade Simpiliço, tenha carma. (Fala para a noiva). Num

chore não mia afiada. Tudo vai dá certo.

Noiva: Eu só tenho raiva é da tal de Lobata, pruque ela foi quem inventou qui o Belxior era casado, pruque ela era doida purele. Pragas de seiscentos diachos!

Lobata: Praga não, miserável! Eu nunca fiz conta dexe cara de bode, me arrespeite qui é mió, sua engraçadinha.

Noiva: Tu é doida mermo pelo Belxior, mais nem vai vê nem o apito da lancha, quem vai casar cum ele é eu.

Juiz: (Fala zangado):- Vamos acabar com essa zueira, senão não vai ter casamento

nem nada.

Escrivão: Eu já tô quase doido! Tô cum medo é de briga, num posso nem ficar de

pé e nem inscrever, tô todo tremeno.

Pai da noiva; Eu já tou zuado, agora quem vai fazer êxe casamento é eu, cuma é

seu juízo, casa ou num casa os noivo?

Juiz: Eu também tô zuado com tanta zueira, casa sim Senhor Simpiliço. Vamos seu

escrivão, dê cá o livro. (pausa).

Juiz: (Pergunta):- Senhor Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição, quer receber

a senhorita Esmingarda da Mata do Ramo Roxo como sua legitíma mulher?

Noivo: Quero Nhô sim, se não queresse num tava aqui, isperano tanto tempo

puressa progunta.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

73

Juiz: (2ª pergunta): - A senhorita dona Esmengarda do Ramo Rôxo , quer receber

o senhor Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição, coma seu ligítimo homem?

Noiva: Isso num é nem pregunta qui si faça! Tô doida de vontade qui o dotô mi

preguntasse a pregunta. Quero sim, é tudo qui eu mais quero.

Juiz: - Então, como disseram que querem, eu declaro casados, como marido e

mullher em meu nome. A noiva de hoje em diante passa a se assinar com o nome

de Esmingarda da Mata do Ramo Roxo da Imaculada Conceição.

Juiz: (Diz para o escrivão):- Escrivão, o casamento no civil acabou, lavre o termo

perante a lei!

Padre: - Pessoal que tão presente, vocês escutaram o juiz fazer as perguntas e os

noivos, maridos e mulher. E abençoo: Em nome do prato, do frito, do assado e

amem-se. Agora as pessoas já podem jogar arroz nos noivos que é para eles serem felizes. Viva São João e viva São Pedro meu povo, viva!

Obs.: Na apresentação de peças, no final é recomendado jogar arroz e soltar foguetes logo em seguida. *Texto fornecido pela 1ª secretária de Educação de Bom Jardim: Mirene Antonia dos Anjos.

11.4 O BUMBA-MEU-BOI EM BOM JARDIM A cultura bonjardinense mantém viva suas tradições e manifestações como

bumba-meu-boi, que hoje constitui um aspecto fundamental na realidade local.

O primeiro Bumba meu boi de Bom Jardim, foi desenvolvido pelo senhor Edson

de Araújo de Oliveira, nascido em 10/05/1938, na cidade de Bacabal, o mesmo veio morar em Bom Jardim em 1960, e em 1963, juntamente com o seu irmão Raimundo

Justino A. Oliveira confeccionaram o primeiro boi que se chamava “Pena verde”, o

mesmo foi criado em junho e morto em outubro. Em junho de 1964, levantou o boi “Rei das ondas”, e em outubro, o matou.

Em 1965, levantou o boi “Barra azul” e o matou. Levantou o boi “Mimoso”. Em

1999, levantou o boi Mimo de São João. Em 2001, levantou o boi “Mimo de São José”.

O senhor Edson passou 07 anos brincando por promessa. Seus principais

instrumentos são: tambores, matracas, roncador do boi etc. Seus componentes são

voluntários, convidados pelo mesmo. Afirma Edson, que seu boi está desativado por falta de recursos.

Apesar das dificuldades, o bumba-meu-boi é visto e apreciado por aqueles que

participam dessas manifestações: cujos membros convivem como uma verdadeira irmandade, onde vários contribuem para que esta manifestação seja bem sucedida.

Bom Jardim os festejos ocorrem no mês de junho no período das festas juninas, a

maioria dos brincantes têm como devoção esses dias como pagamento de votos; essas

promessas dedicadas aos santos da devoção. Sabe-se que, atualmente, em Bom Jardim existe uma Associação Cultural e

Folclórica Bumba-meu-boi, tendo como presidente Manoel Messias, com sede provisória

sem fins lucrativos. Em vista dessa realidade, o senhor Moisés, Messias e Antonio Góis, simpatizantes do bumba-meu-boi, conseguiram formar essa associação, isto, com apoio

de outras pessoas. No bumba-meu-boi do município em estudo, os representantes

costumam, portanto, manter uma dose de conservação e de inovação, sendo ao mesmo tempo, igual e diferente a cada ano. Nesse sentido, veja entrevista com Moisés (02/03

2005).

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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74

“O nosso boi misterioso apresenta-se em alguns terrenos, alguns pessoas as vezes se

deslocam dos seus lugares mais próximo para brincar e outros para assistir a boiada. Os brincantes conservam o tradicional, e alguns apresentam inovações nos trajes e

cantigas”.

Devidos a falta de recursos e investimento cultural, o bumba-meu-meu em Bom Jardim não apresenta grandes estéticas, deixando muito a desejar, levando às vezes

brincantes a desistirem, insatisfação no grupo e reclamação de várias pessoas que

desconhecendo o fato, tacham de “feio”, “fraco”, etc.

“A manifestação do bumba-meu-boi para muitas pessoas até hoje se “arrasta”. Nosso

boi, por exemplo, muitos chamam de“boi da cachaça”, e é visto como coisa de pobre e bêbado. Além disso, ouve-se falar das reclamações de várias pessoas que

desvalorizam o nosso grupo”. (Moisés, 02/03/2005).

Desse modo, dentro da manifestação do bumba-meu-boi bonjardinense pode-se perceber através dos depoimentos dos brincantes que na maioria das vezes

essas manifestações não têm incentivos financeiros, sendo que os gostos para a

realização das brincadeiras ficam por conta dos participantes, o que acaba acarretando em um desestímulo a essas manifestações. Esses fatores como a falta

de incentivo financeiro e a falta de apoio da comunidade na maioria dos casos são

visto como uma forma de desapreço, levando, portanto, uma baixa na valorização da referida cultura (Bumba-meu-boi) no município. Onde vale lembrar que cada

povo tem sua cultura, de um povo é o que define sua identidade cultural no contexto

e sua existência, no mundo civilizado. O fato acima citado significa

“estrangulamento” de um dos elementos de nossa identidade. Ou concorre para sua morte.

Mesmo com todos fatores desestruturais, o bumba-meu-boi em Bom Jardim

é uma manifestação cultural, que resiste e, comumente é representado por alguns

grupos de brincantes.

“O nosso boi Milagre de são João está com 30 anos de realização; muito bonito,

mas não tem ajuda financeira, apoio de nenhuma associação. Os gasto e manutenção é. Por nossa conta; somos 20 brincantes, o nosso ritual costuma ser

em homenagem a São João e antes de brincarmos nós rezamos e saímos com os

santos de devoção pelos terreiros, não temos lugar fixo para nossa diversão, mas nossa turma, mesmo assim, é muito animada, brincamos até amanhecer o dia.

Sabemos que tem pessoas que não gostam das manifestações. Tendo hora para

começar mas não temos hora para terminar”. (Pedro Maciel, Bom Jardim 07/01/2005)

O município de Bom Jardim apresenta todo um contexto favorável para se ter

um genuíno folclore de bumba-meu-boi; os dois principais elementos que caracterizam esse folclore é o boi e o índio. E isso o município apresenta bastante.

Onde temos duas reservas indígenas e a pecuária (boi) como o elemento número

Bumba-meu-boi com a dança indígena

exportado de outros municípios para

divertir o povo de Bom Jardim.

E a cultura local de Bom Jardim?

Fotos retiradas de Internet

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75 um na economia municipal. No entanto o bumba-meu-boi que vem divertir a

população é geralmente de fora, até mesmo de municípios que não apresentam tão

favorável contexto quanto o bonjardinense. Um dos bumbas-meu-boi mais famoso do Brasil conhecido nacionalmente e

televisionado é o Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas. Sendo realizado numa disputa

entre os dois grupos de boi-bumbá. Sendo eles: O caprichoso (boi preto) e o

Garantido (boi branco) – os quais disputam o titulo do Festival Folclórico de Parintins, nome oficial da festa. O boi de Parintins foi exposto do Maranhão; o qual,

adequando-se ao contexto daquela região, representa as lendas e os mitos da

Amazônia.

Foto retirada de Internet, Parintins, 2006.

Rivalidade amazônica

Em Parintins, quem não é caprichoso é Garantido. Os integrantes de um bumba nunca pronunciam o nome do outro (tratado apenas como “contrário”). Durante

a apresentação de um grupo, a torcida adversária fica em silêncio absoluto, sob pena

de perder pontos na competição. Esse é o colorido Festival Folclórico de Parintins, na

ilha amazônica de Tupinambarana.

11.5 O AUTO DO BUMBA-MEU-BOI

A festa surgiu com o ciclo econômico do gado e sofreu influência indígena,

portuguesa e negra. A brincadeira é aberta a todos, homens e mulheres, idosos e

crianças, e conta a história de pai Francisco e Catarina, sua mulher, que moravam em uma fazenda onde ele era vaqueiro e escravo.

Grávida, Catarina desejou comer língua do boi de estimação do rico

fazendeiro e pede a seu marido que satisfaça sua vontade. Mesmo contrariado, Pai

Francisco atende ao pedido da mulher para que o filho não nascesse com problemas de saúde.

Quando iniciou a matança, ele foi descoberto. O casal fugiu com o animal,

mas, sendo aquele o boi predileto do patrão, iniciou-se uma busca. Depois de várias tentativas, os índios acharam os fugitivos e o boi morto. Por esta razão, Pai

Francisco é condenado à morte e só é salvo porque um padre e um pajé ressuscitam

o boi de seu amo (estes personagens podem ser uma feiticeira, uma mãe-de-santo, ou qualquer outro que tenha o domínio da magia).

Antes disso, Pai Francisco apanhou muito e foi obrigado a ajudar no trabalho

de ressurreição. O animal, então ressuscitou com grande urro e o casal foi perdoado.

Surgiu uma festa com comidas, cantorias, danças à noite toda. Os instrumentos específicos da festa são matraca, zabumba e orquestra. Além desses

existe o sotaque de Pindaré, também conhecido como pandeirões. Esta festa,

encenada pelo povo maranhense, é também chamada de matança do boi branco, o negro e o índio presente no inicio da formação do Brasil.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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76 Para MARQUES, essa ideia de valorização do boi, remete a uma mitologia

em torno desse animal, suscitando um ciclo de rituais – vida, morte e ressurreição

do boi. O boi como um animal indomável, que ninguém consegue amansar, mas que

acaba sendo vencido e morto pelo mais valente dos vaqueiros. É assim que para o

brasileiro rústico, o boi torna-se a encanação dos princípios alimentares, da

resistência e da fertilidade, passando a significar tudo o que é necessário à vida.(MARQUES, 1999.P 72)

Na verdade, “[... ] em termos maranhenses, o bumba-meu-boi é quase uma oração [...] (AZEVEDO,1983.P66), pois, a brincadeira é realizada na intenção de

homenagear São João através da organização do boi e do cumprimento de

promessas feitas a esse santo. A morte e ressurreição deste animal revela-se numa sátira, onde o negro e o

índio lutam contra a opressão do branco.

Simbolizando a historia de luta do povo brasileiro, ressaltada na análise das

personagens que revelam os traços dos três agentes étnicos e culturais presentes nas origens do brasileiro: o pai Francisco encarna o negro africano (dominado), o

fazendeiro, dono do boi, representa o branco português (elemento, dominante), e

o indígena, protagonizado nos índios que perseguem Chico. De acordo com CARVALHO (apud Barbosa, 2005),nesse confronto de classes, o elemento ameríndio

perde sua identidade ao devolver o bem perdido (o boi) ao proprietário.

A homenagem do acontecimento pela vida do boi é manifestada através de músicas e danças, que se tornam fatores de alegria e descontração na festa do Boi.

A recuperação do boi

Histórico e interpretação do auto do Bumba-meu-boi O bumba-meu-boi tem suas origens no período colonial brasileiro, ligado no

assunto, estes admitem a origem do bumba-meu-boi no período colonial brasileiro,

ligado ao processo do ciclo do gado.

[...]: O bumba-meu-boi é originado do ciclo econômico do gado no

Brasil, tendo realmente este folguedo a tríplice miscigenação, com

a influência das raças responsáveis pela nossa colonização: o negro, o índio, e o branco. Os indígenas, como sabemos

alimentam-se da caça e da pesca, por conseguinte não possuíam

animais domésticos,. Supomos que a realização da colonização brasileira foi iniciada com a expedição de Martim Afonso de Sousa,

tendo sido, pois, com eles, a vinda dos primeiros animais

domésticos. Começa a criação de gado nos idos de 1934, com a iniciativa da esposa de Martim Afonso de Sousa, Ana Pimentel,

trazendo as primeiras cabeças de gado para a capitania de seu

marido (REIS, Apud Barbosa, 2005).

E dessa forma que o boi, ao longo do seu trajeto pelo interior do Brasil,

disseminou e povoou gerações, narrando sua história e marcando sua importância,

nutrindo populações, ajudando no trabalho duro da lavoura, e através do seu ciclo reprodutivo servindo de renda familiar. “[...] Mas também aparece como um

elemento ativo e sempre presente passando a ser percebido pelos negros e índios,

seus companheiros de trabalho, como símbolo de força, violência e resistências, assim como de equilíbrio, calmas e solidez. (MARQUES, 1999.P 72). Foi a partir

deste processo simbólico de valorização do boi, que se originou a brincadeira do

Bumba-meu-boi, pois se admitiu no seu processo de formação e desenvolvimento,

a contribuição secreta dos três elementos étnicos e culturais: e a salvação da vida do Pai Francisco, é uma represália a tirania dos fazendeiros e senhores dono de

engenhos na época colonial.

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77 Procede-se que muitos aspectos do folclore bonjardinense estão se

reduzindo e sendo pouco praticados. Precisa-se resgatar o nosso folclore, e avivá-

lo antes que desapareça. A escola deve ser transformada num instrumento de conservação da cultura, conjugada a um centro cultural que congregue e mantenha

viva essas tradições que são nossa essência, alma e identidade do povo

bonjardinense.

Ficou percebido nas pesquisas que o grupo cultural do bumba-meu-boi segue sua marcha, resistindo apesar do desamparo e descaso cultural.

Festas: Festival do peixe, Carnaval, Festejo de S. Francisco

de Assis, Festa do divino.

FESTIVAL DO PEIXE

Salomão da silva Pereira, nascido em 10/07/1950, foi o primeiro a realizar esse evento em Santa Luz – no município de Bom Jardim.

O festival surgiu de uma conversa entre amigos sobre algumas festas que já

tinham visto entre eles “FESTIVAL DO PEIXE”, daí surgiu então, a ideia de um 1º

festival do peixe. Esse evento teve início em julho de 1985, com duração de 12 horas, com

patrocínio de Dr. Muniz para pagar a banda musical “MOÇO BOSA”.

Salomão levou um saco de farinha, para ser servido com peixe, 10 mulheres para a distribuição da comida, e para a atração de todos, um campeonato com 12

times de futebol.

O festival do peixe virou cultura, e centro de lazer em Bom Jardim, e todos

os anos, um grande número de pessoas do município e outras localidades se divertem com três dias de festas realizadas sempre no último final de semana de

julho. O festival, além de desenvolver o turismo local, gera renda e economia para

os pequenos comerciantes.

Festival do Peixe, 2013

CARNAVAL DE BOM JARDIM

O carnaval de Bom Jardim se transformou bastante comparado com o que

era antes. Muitas características e tradições desapareceram. Nosso carnaval antes era brincando com máscaras e fofões, noutras fases, os homens se maquiavam e

saiam vestidos de mulher e saíam com tambores nas ruas. Hoje o carnaval

bonjardinense ganhou um toque de estética na relação com o carnaval moderno das grandes cidades, atraindo muitas pessoas de fora quando na disputa dos blocos

de rua.

Surgiram 3 blocos carnavalescos que disputavam o melhor carnaval de rua em Bom jardim (com estética e ornamentação). Sendo: Cobra Sem Veneno, Swing

da Cor e Tribus da Folia.

Em 2008, novos blocos carnavalescos surgiram, entre eles: Beber, cair,

levantar, Porca que fuça, Gato safado e outros blocos menores.

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78

Bloco carnavalesco Beber, Cair, Levantar. Bloco carnavalesco Tribus da Folia

ORIGREM DO CARNAVAL

O carnaval nasceu no Egito, passou pela Grécia e por Roma, desembarcando aqui no Brasil no século XVII, trazido pelos Portugueses.

Para alguns etimólogos. CARNAVAL se origina da palavra latina

carnelevamen, que significa “adeus carne”. Essa palavra pode também ser interpretada como que marcam os momentos prazerosos que antecedem o período

da quaresma, que é um período de abstinência.

O carnaval, segundo o antropólogo Roberto da Matta, autor de carnavais,

transforma pobres em faraóis, ricos em mascarados, homens em mulheres, recato em luxúria. É uma compensação da realidade.

Fonte : Revista Super Interessante, ano 9, nº 2, fev. 1995.

FESTA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

A festa de São Francisco de Assis é de homenagem a Francisco de Assis, o

padroeiro da cidade, cujos festejos são realizados num período de duas semanas, e seu encerramento dia 04 de Outubro, dia consagrado São Francisco de Assis com

procissão, missa, ladainhas, leilões, barraca com comida típicas e festas dançante,

onde se faz presente todo o ano o Parque de Diversões São Francisco.

VAQUEJADAS EM BOM JARDIM

A agropecuária (agricultura e pecuária) bonjardinense, segundo o IBGE, corresponde a 77,4% da

economia Municipal.

A agricultura responde por 21% da economia e a pecuária (criação bovina), por

56,4%.

Evolução da Pecuária em Bom Jardim

Pecuária 1993 1994 1995 2000 2005 2006 2010 2013

Bovinos: nºde cabeças/ano

59.716

62.702

65.210

75.133

141.23

144.455

169.045

cabeças

155.432 cabeças

Fonte: IBGE/2014.

Observa-se uma evolução crescente na produção bovina do município. Sendo que nos primeiros dias

de sua história, eram insignificantes os indicadores nessa cultura.Atualmente, acima de 140.000

cabeças de gado, o município de Bom Jardim sempre desenvolveu as famosas VAQUEJADAS com

premiações aos ganhadores; e por outro lado, contribui para o turismo e lazer no município

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79 favorecendo a venda de lanches, cervejas, rendas, etc. ... Veja abaixo DVDs gravados das últimas

vaquejadas realizadas em 2009.

1ª Grande Vaquejada no Parque J. Belém a 3 km da sede de Bom Jardim em 2009.

Org.: J. Belém.

1ª Grande Vaquejada realizada no povoado Galego, em Bom Jardim – MA, na Zona Rural.

1ª Grande Vaquejada realizada no Parque Nova Betel na área Urbana de Bom Jardim. Org.: Josa e

Riba

FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO

O culto ao Divino Espírito Santo, em suas diversas manifestações, é uma das

mais antigas e difundidas práticas do catolicismo popular brasileiro. Sua origem remonta às celebrações realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais

a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes e

distribuição de esmolas aos pobres.

Ainda na Idade Média teria aparecido em Portugal um monge considerado como um santo. Depois de longos anos de retiro no deserto, foi-lhe revelada a vinda

próxima de uma nova era de relações entre os homens sobre a Terra: a época

do Espírito Santo. A humanidade teria já ultrapassado a época do Pai (o Antigo

Testamento) e, ao seu tempo, terminava o seu trânsito por sobre a época do Filho (o Novo Testamento). Estaria para chegar ao mundo a época final, a do

Espírito Santo, marcada pelo advento de uma implantação definitiva da paz, do

amor da bondade entre todos os homens do mundo. [...] O monge voltou às

cidades e procurou difundir a revelação recebida, tida imediatamente como revolucionária pelas autoridades eclesiásticas do seu tempo. Suas ideias

proféticas conquistaram inúmeros adeptos, logo perseguidos por uma igreja

oficial, ao mesmo tempo medieval e fechada. Segundo a versão, ‘ só em

Portugal foram queimadas mais de 400 pessoas por sua crença no Espírito

Santo’. Inúmeros adeptos de sua crença migraram para o Brasil, logo depois de sua colonização e, depois da conquista dos espaços mediterrâneos, ocuparam

prioritariamente, antes as terras de Minas Gerais e, depois, os espaços de Goiás

e, em menor escala, os de Mato Grosso” (Brandão, 1978:65/).

A festa do Divino Espírito Santo realiza-se no Domingo de

Pentecostes, festa móvel católica, que acontece sempre cinqüenta dias depois

da Páscoa, em comemoração à vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos de

Jesus Cristo. Desde um cafezinho até às esmolas propriamente ditas, tudo se pede

cantando e em nome do Divino Espírito Santo. As cantigas são significativas

do universo simbólico envolvido na festa do Divino:

“A bandeira aqui chegou um favor quer merecer:

uma xícara de café

para os foliões beber”

Enquanto a dona da casa oferece o café, a “Bandeira”, com seus menestréis

adornados de fitas, e chefiados pelos “alferes da bandeira”, canta, por

exemplo:

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80 “O divino entra contente

nas casas mais pobrezinhas

toda esmola ele recebe

frangos, perus e galinhas” O Divino é muito rico

Tem brasões e tem riqueza,

Mas quer fazer sua festa

Com esmolas da pobreza”.

A festa do Divino Espírito Santo no Maranhão

Dentre os muitos festejos que fazem parte da cultura popular do Maranhão, a festa do Divino Espírito Santo se destaca como um dos mais importantes, por

sua ampla difusão e pelo impacto que tem sobre a população. Hoje, existem dezenas de festas do Divino espalhadas por todo o Estado, levando adiante uma

tradição viva e dinâmica, em que se destaca a beleza do repertório musical.

Toda a festa do Divino gira em torno de um grupo de crianças, chamado império

ou reinado. Essas crianças são vestidas com trajes de nobres e tratadas como

tais durante os dias da festa, com todas as regalias. O império se estrutura de

acordo com uma hierarquia no topo da qual estão o imperador e a imperatriz (ou rei e rainha), abaixo do qual ficam o mordomo-régio e a mordoma-régia,

que por sua vez estão acima do mordomo-mor e da mordoma-mor.

A cada ano, ao final da festa, imperador e imperatriz repassam seus cargos aos

mordomos que os ocuparão no ano seguinte, recomeçando o ciclo. A festa se

desenrola em um salão chamado tribuna, que representa um palácio real e é

especialmente decorado para este fim. A abertura e o fechamento desse espaço marcam o começo e o fim do ciclo da festa, durante o qual se desenrolam as

diversas etapas que, em conjunto, constituem um ritual extremamente

complexo, que pode durar até quinze dias: abertura da tribuna, buscamento e

levantamento do mastro, visita dos impérios, missa e cerimônia dos impérios, derrubamento do mastro, repasse das posses reais, fechamento da tribuna e

carimbó de caixeiras.

Entre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as caixeiras,

senhoras devotas que cantam e tocam caixa acompanhando todas as etapas da

cerimônia. As caixeiras de São Luís são em geral mulheres negras, com mais de

cinqüenta anos, que moram em bairros periféricos da cidade. É sua responsabilidade não só conhecer perfeitamente todos os detalhes do ritual e do

repertório musical da festa, que é vasto e variado, mas também possuir o dom

do improviso para poder responder a qualquer situação imprevista. As caixeiras

do Divino são portadoras de uma rica tradição que se expressa nas cantigas que

pontuam cada uma das etapas da festa.

Uma das formas de representação do Espírito Santo é uma pomba branca

O culto ao Divino Espírito Santo no Maranhão provavelmente teve início com os colonos açorianos e seus descendentes, que desde o início do século XVIII

começaram a habitar a região. Em meados do século XIX, a tradição da festa do

Divino estava firmemente enraizada entre a população da cidade de Alcântara,

de onde teria se espalhado para o resto do Maranhão, tornando-se muito popular entre as diversas camadas da sociedade, especialmente as mais pobres. Essa

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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81 popularidade entre os setores mais humildes da população maranhense,

inclusive os escravos, talvez possa ser explicada pela ênfase não só na fartura,

mas também na fraternidade e na igualdade, que o culto ao Divino costuma

apresentar.

Festa do Divino – Popular em muitas cidades brasileiras

A Festa do Divino Espírito Santo foi trazida a Bom Jardim no ano de 1987,

por Maria Soares Silva, nascida em 10/12/1932, em uma entrevista, a mesma afirma que começou a festejar porque logo que chegou aqui encontrou na casa a

‘pomba’, em cima de uma mesa. Clodomiro Bezerra da Silva (falecido), seu filho,

achou que deveria festejar justamente pelo fato ocorrido.

A festa do Divino é móvel. Quarenta dias depois do Domingo da Ressurreição a quinta-feira de ascensão do Senhor (dia da hora), dez depois é Pentecostes, dia

do Divino Espírito Santo.

O Divino tem um significado muito importante que é Deus e tendo como símbolo a POMBA.

SUPERSTIÇÕES

Chamar pra vir embora de cemitério (almas acompanharão).

Se cair no cemitério (será a próxima vítima).

Passar por baixo de escada (azar). Pisar no rabo de gato (perde o casamento).

Gato preto em dia de sexta feira (azar).

ARTESENATO

No artesanato de Bom Jardim, encontramos um variado número de produtos:

balaios, artesanato de madeiras, crochês, lembranças, bordados pontos de cruz e

vagonite (em tolha de banho, de mesa, guardanapo, pano de geladeira e colcha de cama), tapete de linha, de tecido, pintura e tapete bordado. Esses trabalhos são

feitos por inúmeras pessoas, que sem recursos e apoio para ampliar mercado,

conduzem o artesanato no município. Sendo aproximadamente 70 pessoas que praticam essa atividade, distribuídas em todo município. Percebe-se a necessidade

de exposição ou EXPOEB para exportar e vencer a produção artesanal que se produz

no município.

O município tem possibilidades potenciais humanas que precisam de fomento e amparo de políticas públicas para que se desenvolva e exporte o que se produza

em artesanato.

12 LITERATURA BONJARDINENSE

CRÔNICAS DE BOM JARDIM

CONTOS BONJARDINENSE

POEMAS LENDA PADRE CORDEIRO “A EXCOMUNHÃO”

COLETÂNEA DE TEXTOS DO AUTOR

CALADAS E VELADAS VOZES NOVOS MUNDOS A REDESCOBRIR

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82 O MANIFESTO I

O MANIFESTO II

SANGUESSUGAS E MORCEGOS: A DOMINAÇÃO

PARLENDAS

PROVÉRBIOS

CORDEL

CONSIDERAÇÕES À LITERATURA

Para trabalhar este capitulo relacionado à literatura bonjardinense foi realizada uma pesquisa de campo pelos alunos da turma de letras (PROEB/2003) sobre a

literatura oral da população de Bom Jardim, regatando nesse trabalho: Poemas,

parlendas, contos, acrescidos de 4 crônicas, uma lenda do município e um texto literário

(do autor deste), que entra como um manifesto ambiental contra a derrubada de palmeiras.

A literatura abre horizontes para novas formas de comunicar e interpretar o

mundo. A realidade é comunicada em símbolos. Contribuindo desta forma, para um melhor enriquecimento da língua.

Contemplada no folclore do município, a qual é vista como uma verdadeira fonte

para criar uma literatura local e contextual. A literatura, seja local, nacional ou a universal buscara no relatos de casos, experiências, crendice, fábulas e contos

populares. E o que se observa na trajetória da literatura universal de William

Shakeaspeare que muitas vezes baseava-se lendas e histórias contadas oralmente para

criar suas peças teatrais e Charles Perrault e irmãos Green, para escreverem seus contos infantis, que atravessaram séculos.

A literatura permite ao leitor problematizar o mundo, incita-o à reflexão, desafia-

o em sua sensibilidade enriquecendo a cada leitura, levando a um processo de apreensão da realidade.

O texto literário é carregado de sentidos. As palavras indicam ou sugerem outros

sentidos, além do seu sentido habitual. Transporta o leitor a conhecer novos mundos, aventuras, culturas, povos, pessoas, costumes e longínquas terras; enfim, transporta-

o a um mundo cheio de novas experiências que se escondem nas “letras”. Quem não

as detém, correrá o risco de fazer parte do anexim de Monteiro Lobato que diz:

“Quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê“

12.1 CRÔNICAS DE BOM JARDIM

O Matuto na capital – I

O Sr. Batista Feitosa - primeiro prefeito por intervenção - conta que no ano de

62 a 64, um grupo de pessoas foram a São Luís representar o povoado (Bom Jardim)

junto ao candidato a governo do Estado José Sarney, o qual prometera, caso se

elegesse, cumpriria a promessa de emancipar Bom Jardim aos políticos e comunidade. Ia com os políticos, um grupo de comerciantes representar o local.

Ao chegar na casa do Sr. candidato, já governador do estado, José Sarney,

ficaram na sala de espera, aguardando audiência. De repente, um dos empresários que representava Bom Jardim por nome M>M>, olhando um jornal, em cuja seção

apreciavam carros da Ford, o mesmo exclamou: “Êita pessoal! Vejam só, dez carros

bateram que emborcaram, e não amassou um! ...” Um dos companheiros ali próximo

que também olhava advertiu : Sr. M>M>, o jornal está pelo avesso! E os amigos ali presentes o lavaram em zombaria.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

83 O matuto na capital II

Conta o Sr. Batista Feitos que numa das viagens a São Luis para tratar de emancipação de Bom Jardim, levaram outros representantes. E aconteceu o seguinte

episódio:

- Estavam na sala de espera aguardando para falar com o governador já eleito,

José Sarney, para cobrar o compromisso firmado. Os bancos (assentos) estavam todos ocupados. “E um dos nossos representantes

sentou-se num largo banco que se encontrava desocupado. Instante depois uma

senhora apareceu, trouxe uma cadeira e ofereceu-a para nosso citado homem que estava no “banquinho” dizendo:” Moço, eu trouxe essa cadeira para o senhor, é mais

confortável”. E ele respondeu: “Não precisa senhora, aqui está bem confortável”. E os

amigos cochicharam em seus ouvidos: “Ela trouxe a cadeira, porque isso que você tá sentado é a mesa de centro”.

O matuto na capital III

Numa terceira viagem feita a São Luís, para falar com o Governo do estado, foi

um grupo de cinco homens, e com eles estava um amigo que era repórter de São Luís.

Estava também um empresário de Bom Jardim, por nome Z. F.. E já passando das doze horas do meio dia, e todo mundo brocado! Resolveram ir

para um hotel, numa esquina próxima, onde almoçaram. Depois do almoço, retiraram-

se para uma praça que ficava de frente para a casa do governo. E demoraram por ali. De repente, o senhor Z.F., vestido de terno, paletó e gravata sobe num banco e fica na

posição de cócoras. E o amigo jornalista ali presente, resolveu tirar uma foto de Z.F.

(Na mesma posição). E dissera para o amigo: “Vai dar uma boa reportagem!”. – O

que vai dar uma boa reportagem? Perguntaram os amigos. Responde o repórter: “Esta foto que eu acabei de tirar, do senhor Z.F., cagando em

cima de um banco de praça, se cobrindo com o casaco pra disfarçar”. E o amigo Z.F.

se agoniou, indagando ao jornalista se ele ia mesmo fazer isto.E o jornalista: “É com esses tipos de matérias que ganhamos mais dinheiro” - Pra arrancar uns tostões do

senhor Z.F., complementa: “A reportagem vai ser: Representante político de Bom

Jardim é pego cagando em plena praça pública em São Luís.” O senhor Z.F. era candidato a vice-prefeito. E foi logo desembolsando o que jornalista queria (dinheiro)

para este não levar o fato à imprensa e tecer o inventário jornalístico.

Matutagem total

Contam os mais antigos moradores de Bom Jardim que, quando um avião aqui pousava, no aeroporto da SUDENE, grande era o número de pessoas que corriam para

ver o avião. Era uma grande multidão correndo dos becos e ruas rumo ao aeroporto

(assim conhecido por todos). Pessoas deixavam suas atividades para ir ver, mulheres

esqueciam panelas no fogo. Tudo para ver a celebridade, “o avião”. Dizem que, certa vez ocorreu um caso excepcional: mais um avião passava, e

para lá acorriam as multidões. E no meio de tantos, uma mulher, que precipitada,

escanchou nos braços (colo) um cachorro, pensando ser o filho e saiu ás disparadas, para também ver o avião. Quando na correria percebeu ser um cachorro e não o filho,

a mesma desconfiada, pôs o cão no chão e seguiu correria.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

84 12.2 CONTOS BONJARDINENSE

A alma penada Num certo lugarejo morava um senhor, cuja profissão era agricultor, e vivia

numa casa que ele construíra à margem de uma estrada vicinal que ali passava. O

quintal de sua casa era o começo de uma grande roça que se estendia na imensidão do terreno adentro.

Certo dia, numa manhã de aspecto chuvoso, ele saíra como rotineiramente fazia

para averiguar as plantações na roça. Num certo lugar adentrado na roça ele escutou

uma voz que exclamava: “Zé! Zé!“ Ele olhou em todas as direções e a ninguém via, porém a voz insistia: “Olhe à sua esquerda para uma alta árvore já ressecada e você

verá um velho pássaro preto.Este pássaro sou eu. Sou uma alma penada que quando

em vida fiz uma promessa de jejum e não cumpri, e, por esta razão, ainda estou preso a este mundo.Mas, se alguém fizer o jejum por mim, então serei liberto”.

O pássaro disse ao homem que o jejum a ser feito teria que começar numa

segunda-feira e terminar num domingo (em sete dias). O homem voltou para casa acordado na promessa de cumprir o solicitado jejum

conforme o pássaro lhe havia dito. No segundo dia do jejum, o homem foi na roça e

passou por onde se encontrava o velho pássaro, olhou para o alto da árvore e percebeu

que várias penas do pássaro estavam ficando brancas. E assim continuava à medida que caminhava para o fim do jejum.

No sexto dia, o homem foi na roça e viu o pássaro quase que totalmente branco,

faltando-lhe apenas algumas penas. Na noite de domingo, em que findava o jejum, antes da meia-noite, o homem percebeu a aproximação de pessoas que chegavam a

cavalo e bateram à porta; quando recebidos, pediram hospedagem e assim foram. Eram

tropeiros (pessoas que trabalham com tangida de burros - especialmente no Nordeste)

que ele jamais havia visto. Os mesmos alegaram estar famintos e pediram-no para fazer um fogo e assar carne que eles trouxeram. Quando já estavam postos à mesa,

convidaram o homem (dono da casa) para comer com eles. Ele, porém de princípio

rejeitou, pois estava em jejum – alegou. Os tropeiros insistiram, alegando que já se passava de meia-noite e que já se cumprira o tempo do jejum. Este, acreditando no

que disseram os tropeiros, comeu junto com eles,e, quando amanheceu, notou que os

homens haviam partido sem que ninguém visse. Logo cedo, o homem partiu para a roça para ver o pássaro, e, chegando lá viu o que menos almejava: o pássaro estava

totalmente preto. Este, porém entendeu o que se passara e se propôs a fazer o jejum

novamente e que nada desta vez faria com que ele falhasse.

Então começou novamente a jornada do jejum, e, quando estava no último dia, domingo, a tropa de homens novamente apareceu e bateram à porta. Este, porém

reconhecendo os homens, pelas vozes,recomendou que a mulher não abrisse a porta,

então eles disseram que se não lhes abrisse a porta, eles iriam soltar os animais para devorar toda a plantação de milho. E em poucos minutos o silêncio se fez como espera.

E o silêncio se quebra no moer das palhas e no devastar da roça pelos animais que

foram soltos. O homem nada fez... Aguentou na escuridão o negro prejuízo da roça que a essas alturas estava toda devorada – imaginou. Porém, ao amanhecer, notaram

que nada havia sido destruído e que não havia nenhum rastro de animal ao redor da

casa. O homem, mais que rapidamente, dirigiu-se para a roça e, chegando lá, olhou

para o alto da árvore e viu que o pássaro estava luminosamente branco como uma pomba e o agradecia ao mesmo tempo em que voava rumo ao infinito, onde aos poucos

desaparecia...

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

85 O anjinho pagão

Uma senhora conhecida por M.P.M. contou um episódio que aconteceu com ela

em Itapipoca-Ceará. Segundo ela, as casas eram distantes umas das outras e que ela morava numa destas que pertencia a uma antiga família que ali morava. Ela ia todos

os dias a uma cacimba que ficava a quase meio quilômetro de distância para pegar

água para o consumo da família. No trajeto para a cacimba existia uma pequena tumba que era de uma criança,

filho dos antigos moradores da casa. Certo dia, numa das idas rotineiras à cacimba, a

senhora aqui citada, ao passar em frente à pequena tumba escutou um choro de

criança.Ela olhou para todos os lados e não viu ninguém. O choro era imediato e logo parava em interrupções.

Na terceira vez que esse episódio se repetiu, ela seguiu a direção para ver de

onde vinha o choro e, seguira diretamente para a pequena tumba. Ao chegar próximo à tumba, o choro perdurava. Ela, uma católica devota, logo entendeu que aquele choro

era de uma criança que havia sido enterrada sem ser batizada e, imediatamente

procurou uma vassourinha e a mergulhou na água que trazia na cabaça e batizou a criança sobre a tumba como reza a praxe católica, segundo o evangelho. Na medida

em que ia findando o batismo, o choro ia diminuindo até se dar por total silêncio. E,

daquele dia em diante, ela nunca mais ouviu choro algum ao passar por aquela pequena

casa, que agora descansava em paz.

A mão flutuante

Segundo relatos de moradores de Bom Jardim, três pessoas que presenciaram

um acontecimento contam que, numa certa noite aconteceu o seguinte caso: uma

pessoa por nome C estava deitada em sua cama, quando de repente, do nada, surgiu uma mão escura flutuando ao redor da cama.Ela, apavorada com o que via, começou a

gritar por sua mãe que estava conversando com mais dois outros parentes noutra sala.

Ao escutarem os gritos e, ao chegarem lá presenciaram a mesma visão. Um dos que foram ao quarto era um homem e se encaminhou em direção à mão

que, ao notar a aproximação dele, parou de circundar a cama e se articulou chamando-

o em sua direção. O moço, ao notar que a mão o chamava, congelou de medo e não

seguiu mais. Segundos depois o galo cantou. Eram por volta das doze horas em ponto, e a mão sumiu misteriosamente e nunca mais apareceu por lá.

VISÃO INFERNAL

Um senhor cujo nome é J.C. contou um caso que sucedeu com ele numa certa madrugada em que voltava para sua casa. Conta ele que estava passando pela rua

Arlindo Meneses quando se deu com a visão de uma mansão toda iluminada e com

portões de ferro. Lembrou-se então que aquele lugar era um terreno baldio e que não

havia nada construído ali. No entanto, tinha aquela casa. Ele, por curiosidade, aproximou-se do portão e, de repente, ouviu uma voz advertir “Não entre! Aqui é o

inferno!” E, a voz que o falava era feminina reconheceu ele ser uma macumbeira que

conhecia. Ele recuou, mas a curiosidade o atiçava a se aproximar novamente da casa e quando na terceira tentativa, chegou ao portão e ficou a olhar as grades o que havia

dentro da casa.Ele viu pessoas dependuradas pelos pés como boi em ganchos. Pessoas

graúdas que conhecera da ala política e empresarial que se encontravam em suplício.

Em seguida, como que por um empurrão, ele foi arrebatado distante do portão. Nisso, ele virou para olhar a casa novamente, porém, a casa sumiu misteriosamente, não

estava mais lá. Ele seguiu para sua casa em passos apressados, pois estava atônito

com o que acabara de ver; ao dobrar a rua que dava acesso à sua casa, avistou um homem na estrada por onde ele tinha que passar. O homem usava um cordão de ouro

ou algo parecido que de longe refletia seu brilho. Ele pressentiu que aquele homem

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

86 estava associado à cena que acabara de ver. Ele seguiu seu trajeto andando do outro

lado da estrada, porém ao emparelhar com ele, o homem lhe disse: “ Acerca do que

vistes, tenho-te duas recomendações: Não contes nada a ninguém da tua casa e da igreja; e ao chegares em tua casa, não entres pela porta da frente e sim pela porta do

fundo (quintal). Ele seguiu viagem e ao chegar em casa, entrou pela porta da cozinha

como o homem lhe dissera, porem, foi logo contando a historia para sua mulher e no

dia seguinte seu casamento desmoronou e logo foi abandonado pela família. Viveu por certo tempo sozinho, adoeceu e faleceu no início de 2004.

PEÇA TEATRAL: Brasil Contraste

Participantes: 6 coreógrafos

MENDIGO: MÃE DESESPERADA;

DEFENSOR DA NATUREZA;

RELIGIOSO;

FILÓSOFO; SEM TERRA;

DECLAMADOR.

ROTEIRO:

Ao som de música suave entram coreógrafos (roupa e rosto nas cores da Bandeira do

Brasil).

Coreógrafo 1:

Ouviram, às margens do Ipiranga, o brado retumbante de um povo heróico:

Independência!!! E neste instante, o sol da liberdade brilhou, em raios fúlgidos, no céu da Pátria.

ENTRAM AS PESSOAS CARACTERIZANDO AS SITUAÇÕES DO BRASIL HOJE E SE POSICIONAM À FRENTE

Mendigo: (brada forte): - Povo heroico? Igualdade? Oh, minha amada e idolatrada Pátria!!! Onde está a

igualdade! Só consigo ver desigualdade! Enquanto uns poucos ganham demais, a

maioria não ganha nada! Há mendigos e milionários, analfabetos e letrados! Para

onde foi esta igualdade, meu Brasil?

Coreógrafo/a 2

Ó Pátria amada, idolatrada.... Salve! Salve! Brasil és um sonho intenso! Um raio vívido de amor e esperança.

Mãe desesperada:

Amor? Esperança? Tanta violência, ainda me falam de amor e esperança? Pessoas que dominadas pela maldade, matam sequestram, roubam! A violência contra o menor,

contra a mulher! o preconceito! Ó minha amada e idolatrada Pátria, para onde foi o

seu amor? As famílias não podem viver em paz! Políticos e polícia se corrompem! Já não temos mais esperança!

Coreógrafo/a 3

Gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido, colosso! E o teu futuro

espelha essa grandeza, Terra adorada...

Defensor da natureza

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

87 Destroem nossa fauna e nossa flora, poluem nossos rios, levam para longe nossas

riquezas...! Entre outras mil, tu és Brasil, a Pátria mais amada, mas dos filhos do teu

solo, já não és a mãe gentil!

Filósofo

Como pode o teu futuro espelhar essa grandeza? Pois há tanta carência onde não

deveria existir! As riquezas da nação transbordam em todo lugar nas mãos daqueles que podem algo fazer!

Se a distribuição de rendas não acontece, é porque as propostas com os bens da nação

são favoritas a alguns privilegiados que ignoram a justiça de humanamente se viver! Qualquer outra verdade não diz nada, é condicionada,

É propositada nos corredores da insana burocracia,

Terreno dos bandidos onde seguram à manutenção das Leis Para que este tipo de justiça não venha a acontecer!

Pois quem geme é quem sente a dor

E não é justo ficar calado!...

Pois são milhões! Pois somos milhões...

Coreógrafo/a 4 Ó Pátria amada, idolatrada! Salve! Salve! Brasil, seja símbolo de amor eterno!

Religioso

Símbolo de amor eterno? Minha Pátria ainda não compreende a dimensão do amor. A

maioria de seus filhos vivem sem rumo, buscando explicação e solução para o seu vazio

interior. Procuram no esoterismo, nas imagens, nas muitas práticas religiosas o amor real. Procuram, procuram e não encontram. Meu Brasil é confuso. De muitas opiniões

e práticas religiosas. A brava gente brasileira não conhece a fonte de amor eterno.

Coreógrafo/a

Paz no futuro e glória no passado! Mas se ergue a clava forte da justiça, verás que um filho teu não foge à luta! Quem te adora, não teme a própria morte!

Sem terra

Paz no futuro...? Fala-se de paz...! Os conflitos de terra não são resolvidos. Existem os

sem terra, os sem teto, os sem emprego...! Verás que um filho teu, não foge à luta

pela justiça. Esta é a tua história de 506 anos, meu Brasil.

Coreógrafo/a 6

Brasil, Pátria amada, como será o teu futuro? OS COREÓGRAFOS SAEM DO MEIO DE TODOS E SE POSICIONAM NA PARTE DE TRÁS DO PALCO.

Uma sugestão: Durante a coreografia, fazer um movimento com a bandeira tais como:

abraça-la, abrí-la, erguê-la. Ao término – ao fundo musical saem os figurantes, os coreógrafos, ficando apenas (s/o)

declamador (a).

Declamador (a): Do meu País Brasil é meu cantar

Minha terra varonil!

Tu minha Pátria és Entre outras mil,

A mais amada!

Sê livre meu País, sê forte, sê feliz Sob justas leis!

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

88 Ó Reis dos Reis, concede proteção,

Aos filhos desta nação!

Faze-a prosperar, e sempre caminhar na tua luz Que o bom Senhor, o Rei Jesus

Cerque-te com favor e excelso amor.

Levantai-vos! Despertai para o combate!

Como povo heróico vamos gritar com brado retumbante: - Ou ficar a Pátria salva e livre, ou morrer pelo Brasil.

Autor desconhecido. Apenas pequena adaptação por Adilson Motta.

Um Ladrão em Apuros (Histórias que aconteceram em Bom Jardim)

(Texto do Gênero Memória, 03/2013, Por Adilson Motta)

O lugar onde hoje é o banco do Brasil até a loja Nova Opção (em Bom Jardim) era,

antigamente uma grande usina de beneficiamento de arroz. Na época, o dono era um

senhor cujo nome estão nas iniciais A. A., que já tinha fama de mau, e de pessoa

envolvida com forças ocultas – como macumba e feitiçarias.

Circulava relatos diversos de fatos que povoavam a imaginação de pessoas da cidade

na época; especialmente da meninada quando sentava nos terreiros enluarados, - sem

a televisão abundante de hoje para roubá-los dos mistérios e enigmas que cercam a

vida, como acontece no cotidiano dos últimos dias. E desta forma, muitas histórias ou

estórias pintavam o imaginário – de seu mundo que eram tecidos entre a fantasia e o

real que, sem distingui-los, eram sinonimamente pesados.

Pra reforçar a veridicidade das tensões e o aumento do medo, alguns que na velha usina

tinham trabalhado espalhavam relatos e casos por eles vividos na “Casa do Terror”, tão

temida, até então, por todos. Uns, que lá dantes haviam dormido afirmavam ter visto,

durante a noitada, homem todo de branco – dependurado na cumeeira da usina, de

cabeça pra baixo – tal como morcego; outros contavam outras, de pessoas que lá

haviam passado e vizinhos – que em plena madrugada, após às 12, ouviam fortes

barulhos de caminhadas e de redes balançando (nos gonzos). E na usina, ninguém.

Afirmava-se também, que em plena madrugada a usina começava a funcionar sozinha.

Outros escarreirados diziam que as luzes ficavam acendendo e apagando...

Para aumentar o pavor da meninada, falava-se que o dito cujo fazia sacrifícios com

crianças, e mais ainda todos se afastavam do macabro recinto.

Certo dia, um ladrão inocente dos fatos por todos já corriqueiro – resolveu pular por

cima do telhado e roubar a dita casa. Eram três da madruga e, ao chegar lá em baixo, o

cano frio de um rifle já o esperava. E o que o segurava, imediatamente apertou a pera,

o que fez alumiar todo ambiente sinistro. Diante de um rifle, representante da morte, a

pobre vítima jogou seu canivetezinho no chão e se rendeu. E, após amarrá-lo, o Sr.

A.A. saiu de casa e foi na BR, frente ao comércio de Chico Betel, onde grandes tonéis

ou tambores fumaçavam com pinche e breu para serem esparramados naquela que no

momento se preparava para mais uma reforma, a BR 316. O senhor A.A. trazia nas

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

89 mãos uma vasilha, a qual enchera de breu e pinche. Em seu retorno, Sr. A.A. pelou

a cabeça do moribundo e, instantes depois, só estava o coco. E, entre umas pinchadas

e outras, o pobre ladrão estava de coco preto, o qual – em tempo das 7 horas matutinas,

e na frente de muitos, como em espetáculo – foi liberado em caminhada pela rua

principal de Bom Jardim. E, pra justificar o ato, Sr. A.A. dizia em alto e bom tom para

os presentes: “É um ladrãozinho que peguei ontem à noite! Serve de exemplo para os

demais”.

13 LENDA: PADRE CORDEIRO “A EXCOMUNHÃO”

Muitas pessoas, ao longo da história de Bom Jardim percebendo tragédias nas vidas de muitos prefeitos que morreram assassinados, e o atraso pelo qual o município

passou e ainda passa, chegam a especular que tudo isso seja resultado de uma maldição

que o padre cordeiro jogou sobre a cidade em 1964.

Tudo começou quando o padre Cordeiro pretendia construir uma Igreja no lugar da capela – hoje praça governador José Sarney . Próximo ao local onde ia ser construída

a Igreja, havia um bar. Esse bar foi o desenrolar de todo o problema. O padre

juntamente com o ajudante Frei Abdias, não queriam um bar nas proximidades da Igreja e solicitaram que o proprietário o retirasse daquela localidade. Porém, como o

proprietário, o senhor Mário era marido da dona do cartório, dona Rita, não retirou o

bar. Segundo testemunhas da época, o padre Cordeiro excomungou a praça e o dono do bar, dizendo que todo bar que colocassem na praça não iria pra frente e que o Senhor

nunca iria prosperar na vida. E assim aconteceu. E assim perdurou ao longo da história

a excomunhão do padre Cordeiro, que muitos chamavam de maldição tava chegando

até mesmo a fazerem atribuições de que a excomunhão era sobre a cidade. Um fato curioso ficou evidenciado nas adjacências onde era a igreja:Atualmente,

a praça José Sarney é conhecida por muitas pessoas como “praça das viúvas”, pois lá

há muitas viúvas. O padre Cordeiro ainda é vivo e reside na cidade de Viana. Em 2004, Frei Cleves convencido pela população de que a maldição estava

causando o suicídio de muitos pais de família e fatos estranhos, resolveu celebrar uma

missa todos os dias 13 de maio, como devoção a Nossa Senhora de Fátima, para

quebrar a maldição atribuída à cidade e ao próprio atraso. Essa história trata-se de uma lenda, porque, além de ser um fato histórico é

considerada uma tradição popular, que é transmitido de geração em geração. Com o

passar do tempo, essa história vem sendo modificada pela imaginação do povo, ou seja, cada pessoa que conta, conta de uma maneira diferente.

A lenda da “maldição de Padre Cordeiro”, no imaginário popular era tida como a causa de muitas coisas estranhas que ali se passavam, como: assassinato, suicídio e assim como toda forma de desordens, inclusive e principalmente o atraso local.

Era tão acreditável a lenda da “maldição”, que a igreja com o aval da comunidade resolveu consagrar a localidade a uma santa. Porém, ao transcorrer dos anos que se sucederam, veio a mostrar que os fatos negativos da crença da maldição continuaram a persistir, a existir, inclusive o atraso. Resolveram então chamar o autor da excomunhão, para benzer e abençoar, retirando a maldição ali proferida. Apesar da retirada da excomunhão, e proferida bênção sobre a

comunidade, persistiram os fatos negativos que colocavam a pequena localidade na suposta maldição. Inclusive o atraso. O desenrolar da história ficou concluído, para alguns, que a maldição não era de Cordeiro; era sim o contexto de uma nova descoberta: a maldição que residia no próprio homem, especialmente naqueles que detinham o cetro de dominação – imbuídos da

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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90 ganância, a qual era a causa e origem para tudo o que ali acontecia. Inclusive e principalmente o atraso. Assim acreditavam.

16 CANTORES E ESCRITORES DA TERRA 16.1 CANTORES DA TERRA

No campo da música Bom Jardim apresenta 10 cantores, todos com

lançamentos de CDs. Os cantores da terra e respectivos lançamentos são:

Onildo Reis - Nascido em Bom Jardim, em 09/10/1967, filho de Raimundo

dos Reis e Maria de Lourdes Ferreira, também foi artista plástico, com 17 anos.

Lançou seu primeiro CD em 2000, com músicas evangélicas. Título: “Desperta

igreja”. Segundo CD em 2005, cujo título é: “Amigo verdadeiro”.

Edilonildo Rodrigues da Silva, nome artístico “Hede Rodrigues” Nascido em 10/03/1982, filho de Francisco José da Silva e Zeneide Rodrigues

Silva, afirma que começou a cantar em aos oito anos de idade, além de cantar

muito bem, Hede Rodrigues também é compositor. Seu pontapé inicial foi a partir de um show de calouros promovido na escola Ney Braga, onde foi destaque e saiu

em primeira colocação.

Lançou seu primeiro CD em 2002. Título: Será se pensa em mim?

Antonio Feitosa (Tony Feitosa):

Nascido em Anajatuba e criado no Vale do Pindaré. Residente e domiciliado em Bom Jardim.

1º LP em Manaus em 1994 - Título: Amor profundo.

2º CD em Belém. Título: Moto Honda. Em 1996. 3º CD em Santa Inês em 2000. Título: Tony Feitosa em ritmo de seresta.

4º CD em São Paulo na Gravadora Gemas/ em 2002. Título: Nos braços de outro

alguém.

5º CD em 2003. Título: As melhores de Tony Feitosa. Gravadora: Atração.

Érik Cardoso: 1º CD gravadono início de 2002. Estilo: em ritmo de seresta.

Título: “Vou lhe entregar meu coração”.

Ribamar Soares: (pedreiro)

1º CD EM 2000. Música evangélica. Título: “A essência do amor”.

Amigo Baiano

1ºCD em 2000. Músicas bregas.

Jéssica Silva Matos, nascida em 07//09/1990, filha de Francisco Ataíde André

de Matos e Gecilene Machado Silva. Ela sendo evangélica, começou a cantar

aos 03 anos de idade, já se apresentou em vários eventos, por motivo de situações financeiras, Jéssica nunca conseguiu gravar seu 1º CD.

Dino Clemente

Cantor e compositor de todas as suas músicas.

1º CD em 2001. Título: Já quebrei a cama.

2ºCD: - EM 2003. Título: Voltei pra te ver.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

91 Volume 5: Ela me disse adeus.

Dinamarcos Cantor do Piragodê. Estilo: dançante humorista.

2 CDs: 1º- Piragodê 2º - Quero comer, mulher! / Taca o pau na cara dele.

J. Pacheco 1- CD. Título: Nas ondas do brega.

Residente em Novo Carú

Celso Batista

1 CD EM 2011. Título: “Sempre te amo”. Estilo musical: Músicas bregas.

Flávia Maranhão

1 CD em 2012. Título: “Em ritmos de Arrocha.”

Antonio Passarim

Compositor e poeta, tem de cor todas suas músicas, mesmo sem ter gravado, mas possui mais de 20 músicas.

Sua músicas são em ritmo de brega, foclore e forró.

Adenilton Santos “O Lobo Solitário”

Bonjardinense, residente no povoado KM18, “Lobo Solitário”, como é conhecido

Adenilton Santos, já gravou 7 CDs. Os ritmos de músicas de seu gênero musical, em

grande parte é brega, e com menor densidade o ritmo arrocha. Título dos CDs

gravados:

1. Amor dividido;

2. Eu sempre joguei;

3. Amor de mãe;

4. Amor carrapicho;

5. Mulher madura;

6. Briga e se ama;

7. Amor de primavera.

Atualmente, morando em Povoado KM 18, promove eventos culturais como Shows

de Calouros e eventos de shows pelas comunidades.

Rei Salomão

O cantor Rei Salomão iniciou sua jornada cultural no mundo da música como cantor

gravando seu primeiro cd em 2009, gravando ao todos quatro cds, e suas músicas no estilo Bolero ou serestas, os quais foram:

1- Em 2009: Meiga Senhorita; 2- 2010: Boate Azul;

3- 2011: Verônica;

4- 2013: Dama de Vermelho.

OS ESCRITORES DA TERRA

Jesus Tavares Pinheiro: Nascido em 13/01/1951, cearense, filho de Joaquim Tavares Pinheiro e Maria de Lourdes Fidélis Pinheiro, cearense. Afirma ter vindo

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

92 a Bom Jardim em 1977, a um convite feito por seu cunhado Miguel Alves

Meireles, (prefeito da época), para assumir o cargo de secretário de

Administração, esse convite foi aceito e assim, passou a morar em Bom Jardim. Ao chegar, achando que Bom Jardim não tinha como se identificar, teve a ideia

de fazer a letra do hino, inspirada na própria cidade, a música é de autoria de sua

esposa Maria de Fátima Queiroz.

O hino foi oficializado pelo Decreto Lei de 31/04/1979.Jesus também foi Funcionário Público, professor de história e, em 1988 escreveu seu primeiro livro “Meus

versos - minha vida”.

Em 1992, foi professor de Direito e Legislação. Jesus diz: “Escrever é um dos meus “hobby” preferido, e mais, seu maior sonho era poder ter cursado a universidade em

2001 com os alunos do PROEB (não pode fazer por razões políticas que bloquearam seu

acesso). Ele não para por aqui, continua escrevendo e faz planos para lançar mais

umas de suas obras. Atualmente está trabalhando no município de São João do Carú.

Cícero Aguiar Neto: Professor de larga experiência, erradicado na região do Vale do Pindaré a 10 anos. Casado, tem três filhos.

Obras: Sutilezas da poesia. Ano: 2001.

Não chegou a lançar, por falta de patrocínio e apoio cultural. Isías do Maranhão:

Autor dos livros:

-Odisséia da Expiação. (publicada em 1995) -Setembro da Poesia

- Duzentos quilos de miséria (poesia)

- A navalha do futuro.

Antonio Siqueira

Formação: Pastor e formado em Psicologia clínica

Autor dos livros: -O poder da visão

-Levando a sério o adolescente

-Quando Deus nos escolhe.

José Maria da Conceição – conhecido por Zé do Binoca

Escreveu os livros:

- Estudo escatológico – em 2000. - Namoro, noivado e casamento – em 2001.

- Educando a família à luz da Bíblia – em 2005.

Por falta de apoio e recursos não chegou a publicar.

Adilson Motta: Formado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão

(UFMA em 2005). Autor dos livros:

- Radiografia de uma cidade brasileira. E a sua? História e geografia. (Contribuindo para uma educação contextual). Ano: 2005.

- Linguagem e exclusão social. (Recomendado para todo bom cidadão)-

2005. - Contextual and interpersonal English. Parauapebas – Pará.-2006

- Contextual and Interpersonal English. Bom Jardim – Maranhão - Ano:

2006. - É um prazer me conhecer: Parauapebas/Pará (História, Geografia e

Cultura) – Contribuindo para uma educação contextual. Ano: 2006

- Escritos Políticos à Minha Terra. Ano: 2012

- Sintonia: Poemas, Crônicas e Contos; ano; 2010-2012 - Vale: Privatização – A Saída ou o Fundo do Poço?

- História de um comunidade na região Carajás: Vila Sansão

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

93 Assim como muitos outros colegas, que não tiveram apoio cultural naquilo que

produziam de cultura, os quatro livros acima , produzidos por mim (Adilson Motta)

não tive apoio cultural para lançamento. O livro de Bom Jardim, como não tive apoio também, fiz uma doação em CDs em PDF ao povo de Bom Jardim.

Chico Tupam: Residente em Bom Jardim desde os primórdios de sua

fundação, publicou o livro:

Sete histórias em Cordel - Literatura Maranhense

Neila Matias de Souza. Em nome de Deus: cavalarias, igreja, pecado e salvação no

Ocidente Medieval (Séc. XIII).

16.1 TEATRO

O Teatro Vida foi uma ideia de Irmã Esperança para tirar as crianças e jovens da

rua. O Projeto Vida desenvolveu atividades como: Culinária, corte e costura e artes

como: Artesanato, crochê, bordado, lembrancinhas, etc. Irmã Esperança Dettori, natural da Itália, faz parte da congregação missionária

“Filhas de Jesus Crucificado”.

O teatro deu início no ano de 1993 com 25 componentes, tendo como primeiro diretor: Marcos Bom Jardim.

O teatro se dividiu e o grupo passou a ser chamado “Teatro Reviver”, o motivo

foi não concordarem com algumas regras. Novamente, em 2004, os dois grupos de

teatro se uniram. No entanto, os grupos foram extintos em 2006. Atualmente o Projeto Vida além de funcionar como creche, ministra aula de informática e ou

computação, bordados etc.

ARTES PLÁSTICAS

Como podemos compreender o que são as artes plásticas? A grande maioria das

pessoas sabe que pintura e escultura fazem parte desta denominação, mas então

porque artes “plásticas”? O pintor usa tinta sobre algum tipo de superfície, o escultor

cria formas na madeira ou na pedra, entre outros materiais. O que tem o plástico a ver com isso?

Para compreender estas denominações precisamos retroceder um pouco e

entender - o que é arte? A arte não finda com as Artes Plásticas, as Artes Cênicas, a

Literatura, a Arquitetura, o Cinema, as Narrativas Televisivas e as Histórias em Quadrinhos.

Por boa parte da história a terceira das artes representava tudo aquilo que era

belo. A palavra “arte” vem do latim Ars,que significa habilidade. O artista era o habilidoso executor de uma função específica.

As “Artes Plásticas” não são nada mais que a capacidade de moldar, modificar,

reestruturar, re-significar os mais diversos materiais na tentativa de conceber e

divulgar nossos sentimentos e, principalmente, nossas ideias.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

94 Em Bom Jardim, as artes plásticas foram desenvolvidas pelos seguintes nomes

abaixo:

Francisco Oliveira de Jesus (Conhecido pelo nome de Reis): Nascido em 08/08/1959, filho de Pedro de Jesus e Luiza Oliveira de Jesus.

Reis afirmou que começou a pintar em 1979, seu primeiro trabalho em quadro foi

“A igreja de Roma”.

Domingos Mota da Silva: Nascido em 04/08/1974, filho de Antonio Sutero e

Doracir Mota da Silva, desenvolveu seu 1º trabalho em 1985, com 12 anos de

idade (Histórias em quadrinhos). Antonio Vilson Oliveira Silva: nascido em 10/01/1972, filho de José Oliveira

e Anilda Oliveira da Silva.

Vilson se destacou como um dos melhores na arte plástica de Bom Jardim, afirmou sua irmã Marlene. Começou a desenvolver seus trabalhos artísticos com sete anos

de idade, e que até ficou reprovado (por razões tais).

Atualmente, Vilson vive em São Paulo, nas horas vagas aproveita para pintar.

16.2 Aspectos desportivos

O esporte principal praticado no município é o futebol de salão e o de poeira -

onde o município apresenta 29 times esportivos. Sendo 12 times da zona urbana e 17 da zona rural. São realizados campeonatos municipais para selecionar os melhores com

premiações e troféus na definição do campeão dos campeões.

Ainda não participa de campeonatos municipais, ficando um futebol isolado.

Percebe-se, portanto, a necessidade de exportar o futebol de Bom Jardim, e inserí-lo nos torneios maranhenses. Para que não fique só na “poeira”.

Nome dos times de futebol de Bom Jardim

Zona Urbana

Boca da Mata Jovem Pan

SESB

Estrela Vermelha

15 de Novembro Goiás

Palmeira

América Satélite

Roma

Filadélfia

São Paulo

Fonte: Secretaria de Esporte/2004.

Zona rural

Nascimento Cassimiro Novo Caru Vila Bandeirantes

Três Olhos D´água Rosário

Tirirical Santa Luz

Igarapé dos Índios São Pedro do Caru

Canaã Escada do Caru

Galego

Rapadurinha

Oscar

Turizinho

KM 18

Gurvia

Jogadores de Bom Jardim e

Secretário de esporte Luiz do

Zezé.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

95

RALLY: BOM JARDIM / SÃO JOÃO

Outro evento desportivo que a cada ano ganha amplitude e aumento no número de

participantes e que envolve os municípios de Bom Jardim e São João do Caru é o

RALLY, cuja época favorável para a prática do esporte é o período chuvoso como

revelam as fotos abaixo.

Fonte foto: www.bomjardimma.com, 2013

Fonte foto: www.bomjardimma.com

Estádio Municipal José Moreira de

Araújo (Zezão). Construído na

administração de Dr. Roque Portela.

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Adilson Motta

96 16.5 A CAPOEIRA

O município apresenta também desde 1996, um grupo

capoeira composto de 28 membros. Tendo por objetivo a prática desportiva, além de ser usada como defesa pessoal. O grupo não

tem um local próprio, reunem-se para o treino dessa prática em local

público com apresentações para divertir o povo em geral. Em 2004

foi construído um centro cultural cujo objetivo era congregar e

fomentar todas as culturas no município (que, no entanto, se

encontra fragilizada). Na gestão de Roque Portela, o ponto foi

solicitado para o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social).

A partir de 2000 Hélio da Capoeira, como é conhecido, acampou

conquistas no âmbito da capoeira local, entre elas, o reconhecimento institucional da capoeira como prática legal e reconhecida na cultura

e educação do município. Outros nomes também deram sua

contribuição como: Elissandro, Ricardo Matos e outros. Em 2013, o

grupo capoeira de Bom Jardim possui vários praticantes nos povoados e ou zona rural. O grupo se organiza juridicamente em torno da

Associação Cultural de Capoeira Escravos Brancos, que é um instrumento de

representação política e de interesses da classe.

História da Capoeira

O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra

um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos

colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como

animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia

e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico.Ao contrário

do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro.A história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra

a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa

resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em

locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses

quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida comoPalmares. Uma espécie de Estado africano foi formado.

Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia

onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço

das primeiras manifestações da Capoeira.

Alguns historiadores defendem que a Capoeira nasceu como luta, com o objetivo

dos negros se defenderem dos Capitães de Mato (homens que recebiam recompensas para recapiturarem negros fugidos), das diversas expedições que

eram enviadas pelo governo e administradores de fazendas, para destruir os

quilombos (redutos de negros fugidos). O QUILOMBO era uma verdadeira

cidade, que tinha como Rei Zumbí, o grande guerreiro General das Armas.

Depois de derrotarem quase 30 expedições, o governo contratou as

tropas de Domingos Jorge Velho um exército poderosíssimo, (só 130 anos depois

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

97 na guerra da independência que se viu um exército maior), destruiu

completamente Palmares, onde os negros só lutaram com pernadas, braçadas,

cabeçadas, armas feitas de madeira e a criatividade enfrentando canhões e

etc....

Em 1890 o governo federal baixou um decreto proibindo a capoeira, mas,

a partir de 1800 já se tinha notícia de pessoas presa por prática da capoeiragem, qualquer pessoa que fosse vista praticando-a seria presa e até mesmo deportada

para os países dos quaisvieram.

Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros

ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para

não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Assim, como no

Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma

de resistência.

Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de 'ganho' e dos freqüentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas

organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam

o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A

liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação

da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas.

A partir da década de 30 deste século, após um enorme período de

marginalização, a Capoeira foi reconhecida então como arte brasileira.

Hoje existem milhares de capoeiristas espalhados pelo mundo,

praticando essa forma de arte, luta e dança surgida no Brasil.

Capoeira como Educação Física: é a atividade física que mais trabalha o corpo. Desenvolve os domínios PSICOMOTOR, AFETIVO-SOCIAL O COGNITIVO

e todas as qualidades físicas.

Principais características da capoeiragem

A capoeiragem é uma luta em que os executantes se valem dos pés, das mãos

e da cabeça para bater no adversário ou derrubá-los. Baseia-se na utilização do peso

do corpo num sistema de alavancas com as pernas e os braços. A semelhança das lutas

japonesas, a destreza e a agilidade importam mais que a força muscular. É uma luta essencialmente agressiva: o capoeira se defende atacando. A sua principal vantagem,

com relação às outras lutas, é o de haver possibilidades de o praticante poder se

defender de vários atacantes não mesmo tempo. Um instrumento de percussão, o berimbau, é usado para auxiliar a

aprendizagem da “ginga”.

Grupo de capoeiras de Bom Jardim/

MA.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

98

17 INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS (Evolução Histórica em Bom Jardim)

Os indicadores das religiões em Bom Jardim estão assim distribuídos, conforme IBGE, 2012:

Fonte: IBGE, 2012

IGREJA CATÓLICA

Em Bom Jardim o catolicismo teve início já com os primeiros moradores, pois os

mesmos eram católicos. A igreja católica em Bom Jardim foi fundada em 1968 pelo

Padre Cordeiro e frei Abdias, que ainda não havia se consagrado Padre, mas a ele competia o papel de evangelizar. A primeira missa foi celebrada pelo padre Cordeiro

que, ainda sem local apropriado, a missa foi realizada em um salão. A primeira igreja

foi construída na praça Governador José Sarney, mas como na frente da referida igreja

foi construído um abrigo no qual funcionava um bar, o padre não aceitou a ideia e, com desavenças, resolveu mudar o local da igreja que passou para a praça São Francisco

de Assis. Junto com a referida igreja, foi também construída a casa paroquial. Os

primeiros padres residentes em Bom Jardim foram: Frei Antonio Sinibalde, Frei Alexandre e Frei José. Frei Antonio Sinibalde faleceu em um naufrágio em São Luís, na

Ilha do Medo, na praia do Boqueirão, na manhã no dia 07 de setembro de 1987. Após

os referidos freis, aqui residiram Padre Carlos Ubialli, também Já falecido em acidente

no dia 04 de março de 2001, Frei Eduardo, Frei Mário, Frei Guidi, Frei Carmine de Michelle, Frei Valadares, Frei Clever Mafra e atualmente, Frei Francisco Conceição

Ribeiro.

Na igreja católica de Bom Jardim já foram (formados) ordenados três padres: Padre Evangelista, Frei Antonio Cruz e Frei Francisco Sales.

Além da Igreja matriz o município já conta com cinco Capelas que são:

76,9

167,1

0

20

40

60

80

100

Indicadores das Religiões em Bom Jardim (%)

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

99 São Bernardo, Nossa Senhora Aparecida, Santa Madalena, Santa Luzia, São José e

Nossa Senhora Imaculada Conceição. A paróquia promove várias festividades

religiosas, entre as quais destacam-se as seguintes: Natal com novena;

Páscoa e Semana Santa;

Santa Luzia com novena e procissão;

São João Batista com fogueira e Bumba-meu-boi; São Francisco de Assis, Padroeiro da cidade, com procissão e festejo.

O festejo de São Francisco de Assis é celebrado aos 4 de outubro. No decorrer do festejo realizam-se na praça da Matriz: leilões e especiarias em favor da Matriz.

Fonte: Agora Santa Inês.com.br,2013 A paróquia se ocupa da juventude, pois a finalidade é despertar os jovens

para uma consciência mais crítica da realidade social, política e econômica da

sociedade, tendo como base a fé em Jesus de Nazaré, primeiro evangelizador e transformador dos homens e mulheres do mundo. Desenvolve também trabalhos

como: conscientização quanto às drogas, prostituição, etc.

O primeiro casamento na paróquia de Bom Jardim foi de José Rosa de Lima com Maria de Jesus, no dia 14 de janeiro de 1969.

Igreja Católica de Bom Jardim – MA

Festejo e procissão de São

Francisco arrastam uma

multidão de fiéis em Bom

Jardim 2013.

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100

Fonte: www.bomjardim.com.br

Nova igreja Matriz inaugurada em 2013.

Prefeito Gildásio Ferreira Brabo, Padre Frei Antonio Sinibalde e Comunidade fazendo a recepção do Bispo Dom Adalberto no aeroporto de Bom Jardim.

Você sabia... Que até 1965, as missas eram celebradas em latim de costa para os católicos?

CONGREGAÇÃO MISSIONÁRIA FILHA DE JESUS CRUCIFICADO

A Congregação Missionária das Filhas de Jesus Crucificado foi fundada em 8

de dezembro de 1925 tendo como fundador o Padre Salvador Vico.

As missionárias filhas de Jesus crucificado desenvolvem, hoje na Itália, Brasil e Zaire, uma obra de evangelização e de promoção humana animadas de uma

espiritualidade sacerdotal e operativa.

Esta congregação chegou em Bom Jardim em julho de 1977, sendo fundador o Padre Frei José. As primeiras irmãs que aqui chegaram foram irmã Geovana, já

falecida, Adélia, superiora, Carla, Eliza, Esperança e Naíde. A casa da congregação foi

dada pela comunidade e sua estrutura era de taipa.

Já se consagraram nesta cidade, várias irmãs, dentre elas irmã Célia, Delzenir e Íris.

Para uma missionária se consagrar é preciso no mínimo 04 ou 05 anos, 02 anos

de postulado e 02 de noviciado e mais 5 anos de estudos para a profissão se perpetuar. As irmãs trabalham com a pastoral da criança e formação de líderes

comunitários, são responsáveis pelo Projeto Vida que é mais uma forma de ajudar os

adolescentes a ficarem longe do mundo das drogas e da prostituição. A forma de ajudar é dando Cursos profissionalizantes, culinárias, artesanato, bordados,

informática, etc. A madre superiora geral é a irmã Placídia, que reside na Itália.

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101

PROTESTANTISMO

Essa corrente do Cristianismo surge com a Reforma Protestante iniciada no

século XVI, pelo teólogo alemão Martinho Lutero. Ele rompe com a Igreja Católica, defende a fé como elemento fundamental para a salvação do indivíduo e condena a

venda de indulgências (absolvição dos pecados) pela igreja e a degradação moral do

clero da época. Os protestantes abolem o culto às imagens da Virgem Maria e dos santos, como também, o uso do latim nas celebrações. Aceitam que os religiosos

possam se casar. Mantém apenas dois sacramentos: o batismo e o culto cristão.

O luteranismo difunde-se na Alemanha e encontra receptividade em outros países da Europa. Nem todas as teses de Lutero são aceitas. Em razão disso, o

Protestantismo dá origem a diferentes grupos. O termo “Evangélico”, na América

Latina, identifica as religiões cristãs originadas da Reforma e é usado como sinônimo

de protestante. Em 2000, os evangélicos representam 15,4% dos brasileiros, ou 26,1 milhões. Comparando-se as estatísticas de 1991, nota-se um crescimento de 71,1%

na proporção de fiéis.

IGREJA PENTECOSTAL

A igreja Pentecostal Assembleia de Deus tem como fundamento o próprio Cristo; e

toma como ponto sublime o dia de Pentecostes que representou a descida do Espírito

Santo sobre a igreja (os fiéis). Com a quebra da unidade em 1517 através de Lutero e

outros como Calvin, gerou novas correntes religiosas que defendiam uma igreja santa com propostas de reformas, não atendidas.

Difundindo-se no novo continente, conhecido “novo mundo”, os pentecostais surgem

primeiramente como grupo autônomo em Chicago, nos Estados Unidos, em 1906, de um movimento denominado holiness (santidade). O movimento é, em grande parte,

de origem metodista. O grupo holiness anuncia práticas originais na relação dos fiéis

com o Espírito Santo: O batismo no Espírito, a glossolalia (dom de falar língua desconhecida) e o dom da cura. O texto de referência é a narrativa de Pentecostes –

daí a denominação Pentecostal. Os cultos têm uma dinâmica emotiva e teatral, visível

nos discursos eloquentes dos pastores, nos cantos e nas orações coletivas em voz alta

e nos rituais de cura realizados em grandes concentrações públicas. O movimento Pentecostal chegou ao Brasil em 1910, com a fundação da

Congregação Cristã no Brasil na cidade de São Paulo. Atualmente, existem centenas

de igrejas, e as principais, além da Congregação Cristã no Brasil, são: Assembleia de Deus (Pará, 1911), Evangelho Quadrangular (São Paulo, 1953), Brasil para Cristo (São

Paulo, 1955) e Deus é Amor (São Paulo, 1962). (Coleção Almanaque Abril, 2005, p. 12)

Convento das Freiras

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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102 ASSEMBLEIA DE DEUS (OU PENTECOSTAL) EM BOM JARDIM

No ano de 1959, as reuniões eram ministradas pelo irmão Manoel Justino, em casa de taipa no Bairro Betel nesta cidade.

A congregação era no campo do Povoadas Águas Boas, município de Monção,

o primeiro templo foi inaugurado em 1962, e o primeiro pastor foi Arcanjo de Deus da

Silva. Até hoje se passaram 9 pastores: José Arcanjo, Pedro Jack, Alexandre, Joel dos Santos, Dugley Marcones Bezerra, Francisco Pereira de Moraes e José Cardoso Lindoso,

atual.

A igreja realiza durante todo o ano as festas: Círculo de oração da mocidade, no mês de janeiro, com a finalidade de orar em prol da juventude, faz visitas constantes

a jovens desviados do caminho do senhor.

Círculo de oração “Monte das Oliveiras”, no mês de setembro com a finalidade de trazer os jovens a casa de Deus através da evangelização em massa.

Como também confraternização infantil, com o fim de evangelizar os

pequeninos; encontro dos casais por um lar abençoado e a união da família com o seu

criador; campanhas contra as drogas com o fim de libertar os jovens das drogas através da palavra de Deus. A cruzada evangélica que tem a finalidade de levar o IDES

de Jesus a todas as pessoas até os confins da terra.

Além de evangelizar, a igreja incentiva a Juventude a andar no temor de Deus, prepara o encontro com Jesus e viver em comunhão com a sociedade, tendo um

crescimento diário bastante elevado. Os missionários treinados fazem a evangelização

indígena. A igreja teve como sede três templos nesta cidade, o 1º foi na Betel, o 2º na

Avenida José Pedro, onde funciona a prefeitura municipal e o 3º atualmente na 7 de

Setembro. Assembleia de Deus quer dizer “agrupamento das pessoas de Deus”.

Igreja Evangélica em Bom Jardim

ASSEMBLEIA DE DEUS MADUREIRA (do texto abaixo)

Chegaram em Bom Jardim os primeiros missionários em julho de 1999,

localizando-se no Bairro Santa Clara.

A igreja realiza durante o ano as festas: Círculo de oração, no mês de novembro, confraternização da mocidade em dezembro, batismo nas águas para

remissão dos pecados. Além de evangelizar trás os jovens para ensiná-los as doutrinas

bíblicas, as almas para o reino de Deus, se relacionam da melhor maneira com a comunidade, respeitando-a.

Em 2000, a igreja tinha em média 50 membros. A primeira família Madureira

em Bom Jardim era composta de Paulo César Silva Azevedo e esposa. O nome Assembleia de Deus da Madureira provém de um bairro de São Paulo e é uma

ramificação da Assembleia de Deus.

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103 TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

A igreja Testemunhas de Jeová chegou em Bom Jardim em 1º de Agosto de 1990, com o objetivo de efetuar uma obra bíblica, a saber, proclamar o reino de Jeová.

Os primeiros representantes das testemunhas de Jeová em Bom Jardim foram: José

Antonio da Silva e Eliseu Antonio Malhas Gomes. E são tidos como “pioneiros” em Bom

Jardim.

A história moderna das testemunhas de Jeová assumiu forma há pouco mais

de um século. No começo da década de 1870, iniciou-se um pequeno grupo de estudos bíblicos na cidade de Allegheny, Pensilvânia, EUA, agora parte de Pittsburgh. Charles

Tase Russel foi seu primeiro promotor.

Chamam o nome de Deus de Jeová porque segundo a versão Almeida, revista e corrigida, da Bíblia no Salmo 83:18, diz: “Para que as pessoas saibam que tu, a quem

só pertence o nome de Jeová, és o altíssimo sobre toda a terra”. Porque o nome

Testemunhas de Jeová? É com base em Isaías 43:10 que diz: “Vós sois minhas

testemunhas”, é a pronunciação de Jeová.

Igreja Universal do Reino de Deus

A igreja Universal do Reino de Deus foi fundada por Edir Macedo no Brasil no

ano de 1977. Antes de se auto proclamar "Bispo", Macedo trabalhou como caixeiro da

loteria no estado do Rio de Janeiro.

Aos 20 anos abandonou o catolicismo e se converteu ao pentecostalismo,

ingressando à denominada Igreja Nova Vida. Permaneceu ali durante 10 anos antes de

abandoná-la - segundo disse- por ser "elitista". Em 1977, junto com um grupo de amigos abriu um pequeno local em um bairro pobre do Rio de Janeiro. Declarou se

"bispo" e fundou a Igreja Universal do Reino de Deus. Nos primeiros anos apenas

sobrevivia economicamente até que uma crente vendeu um terreno e lhe doou o dinheiro. Nesse momento comprou 10 minutos por dia na Rádio Metropolitana.

Começou o êxito.

Em 1980 tinha várias horas de rádio e uma hora de televisão no canal Rio Tupi.

Abriu um local na cidade de São Paulo e em 1982 comprou a primeira emissora de rádio

-Rio Copacabana -. Seu carisma falte de limites e o uso de técnicas de manipulação

produziram uma explosão em sua igreja e um crescimento incomparável.

Em que Acreditam

A Igreja Universal é similar a outros evangélicos pentecostais. Por exemplo, crêem na deidade de Jesus Cristo, a Trindade, a ressurreição corporal de Jesus Cristo

e a salvação pela graça através da fé.

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104 Entretanto, Macedo incorporou novos elementos a sua doutrina que pouco têm a

ver com o bíblico. Para curar-se vendem "pedras da tumba de Jesus", " a água benta

do rio Jordão", "a rosa milagrosa", "sal abençoado pelo Espírito Santo". A igreja universal foi fundada em Bom Jardim em 2001. Foi trazida pelo

pastor Abel, com a colaboração da professora Areny. O organizador é o pastor Júnior.

Atualmente em Bom Jardim, a igreja universal é coordenada pelo pastor Marcelino

(2005).

Imagens de Todas Igrejas de Bom Jardim Ano: 2014

Apenas as Igrejas da Sede. Existem também dezenas de igrejas espalhadas na zona rural de Bom

Jardim.

Igreja Matriz Nova de Bom Jardim – MA Igreja Matriz Antiga de Bom Jardim -

MA

Igreja Assembleia de Deus Salão do Reino das Testemunhas de Jeová

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Igreja Universal do Reino de Deus

Assembleia de Deus Preparando Vidas. CohabPastor Fundador: Pastor Carlos, Bom Jardim (A

da porta verde).

Igreja Adventista do 7º Dia (Rua 7 de Setembro

Igreja Batista Betel - Rua 7 de Setembro Igreja Santa Luzia (Católica) - Alto dos Praxedes

Igreja Adventista - 7º Dia (Extensão) Igreja Santa Maria Madalena. Alto dos

Praxeses

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Adilson Motta

106

Igreja Assembleia de Deus - Alto dos Praxedes (Extensão)

Igreja Assembleias de Deus - Congregação Monte Tabor. Bairro São Bernardo(verde)

Igreja Assembleia de Deus Nova Canaã Igreja Santa Joana Dark. Bairro Joana Dark.

Igreja Católica Nossa Senhora da Conceição. Vila Muniz

Igreja Assembleia de Deus. Vila Muniz. (de Barras azuis)

Igreja Mundial do Poder de Deus Igreja Assembleia de Deus - Missões. Rua Maranhão

Sobrinho

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

107

Igreja Adventista. Ação Solidária Adventista (Extensão)

Assembleia de Deus Nacional. Bairro Santa Clara.

Igreja Assembleia de Deus (Extensão) Bairro Santa Clara

.Igreja Assembleia de Deus Madereira. Bairro Santa Clara.

Igreja Assembleia de Deus C. Betel. Bairro Nova Esperança

Congregação de YAOHUDIM

18 A MAÇONARIA EM BOM JARDIM

Em Bom Jardim a maçonaria foi fundada em 15 de abril de 1980. O Venerável Mestre

da Maçonaria no município foi Luiz Bezerra Linhares, conhecido por “Luiz do Posto”,

falecido em 2003. Este é um dos mais altos cargos da maçonaria. Segundo o venerável mestre, numa entrevista realizada em setembro de

2001, a Maçonaria é uma sociedade filantrópica sem fins lucrativos, ou seja, não tem

como meta alcançar riqueza com pacto com o demônio como as pessoas pensam; como toda sociedade, a maçonaria dedica-se a ajudar os que os procuram através de carta

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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108 (que é enviada por meio de membros, sem identificação). Funciona tipo uma

irmandade.

Em Bom Jardim, só existiam até 2005, oito adeptos, pois vários já existiram, mas como deixaram de participar das reuniões que tem como sede Zé Doca, todas às sextas feiras,

estes foram afastados. As mulheres não podem participar das reuniões porque há

segredos que não podem ser revelados. Há um mito de que a pessoa maçônica teria

que dar o filho primogênito para o demônio. O venerável mestre, como é conhecido o superior maçônico, discordou

dizendo que não existe nenhum acordo deste tipo, pois a sociedade tem como livro

supremo A Bíblia Sagrada.

As festas realizadas na maçonaria são as festas brancas para iniciar uma

pessoa na sociedade e as festas de exaltação para promoção de cargos. O vocábulo – Maçonaria – derivou do termo francês – maçon, que traduzido

para o português, quer dizer – “pedreiro”. Eis como se justifica o motivo dos maçons

serem conhecidos como “pedreiros livres”. Os antigos pedreiros de profissão da Europa

exerciam seus misteres isoladamente. Com o passar do tempo, reconheceram as irrefutáveis vantagens de se associarem para melhor proveito na defesa de seus

direitos e interesses. Resolveram, então formarem-se em sociedade, à qual

emprestaram o nome simbólico de Maçonaria. Uma vez agrupados e constituídos em sociedade, começaram logo a ser procurados por outros de funções diferentes, tais

como arquiteto, carpinteiros, pintores, etc. Então, estes lhes propuseram uma união na

qual se estruturaria o fortalecimento da Associação. A Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um Princípio Criador, ao

qual, em respeito a todas as religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo.

A Maçonaria constitui-se numa escola, impondo-se o seguinte programa:

a) Obedecer às leis do país; b) Viver segundo os ditames da honra;

c) Praticar justiça;

d) Amar o próximo; e) Trabalhar pelo progresso do homem.

A Maçonaria proíbe discussão político-partidária e religioso-sectária em seus templos.

Proclama os seguintes princípios:

a) Amar a Deus, a Pátria, a Família e a Humanidade; b) Praticar a beneficência, de modo discreto, sem humilhar; exigir de seus

membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo

aperfeiçoamento dos costumes.

Na história da Maçonaria brasileira, os maçons republicanos criaram Gabinetes de

Leitura, que eram pequenas bibliotecas que alugavam livros. Tinham o objetivo

iluminista de esclarecer a população. Os maçons também abriram escolas para alfabetizar adultos pobres, dentro do ideal ilustrado de “educar para libertar”.

Aproveitavam as aulas para divulgar o ideal republicano.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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109 19 RELIGIÕES AFRO - MACUMBA, UMBANDA E CANDOMBLÉ

As religiões afro ou oriundas da África foram introduzidas no Brasil na época

da colonização brasileira. Com a trazida de escravos para o Brasil, vindo também sua

cultura, hábitos e costumes religiosos.

É impossível termos uma visão detalhada sobre a Macumba, Umbanda e o Candomblé, a não ser que partamos no sentido da origem destes rituais, que se

fundamentam na religião Yorubá.

A Religião Yorubá

Esta tem sido a religião de povos que vivem no oeste africano, mais

precisamente na Nigéria e em Benim. Tem-se caracterizado, há séculos, como um

conjunto de práticas e de rituais que visam adorar a natureza e reverenciar os

ancestrais. A religião Yorubá é essencialmente politeísta, pois adoram e servem a falsos deuses a quem chamam de Orixás.

Na concepção nigeriana de adoração, prestam cultos a entidades as quais, segundo

acreditam, manifestam-se em uma relação com a natureza. Tais entidades (espíritos) possuem personalidade, e dentre os mais conhecidos estão: Ogun, Oxossi, Obatalá,

Iemanjá, Xangô, Oxum, Oiá, Orulá e Babalú Aiê. Muitos religiosos acreditam que os

orixás são demônios.

Os orixás são arquétipos de uma atividade ou função e representam as forças que controlam a natureza e seus fenômenos, tais como as águas, o vento, as florestas, os

rios, etc. Cada Orixá tem um dia da semana a ele consagrado.

O panteão africano constitui-se basicamente por sete Orixás Maiores e ainda por muitos Orixás Menores. Os primeiros são voltados para o lado mais divino da obra de

Deus. Os últimos, são mais ligados à própria natureza humana.

Os “orixás’, ao presidirem a própria natureza através de seus agentes, trariam em si características de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da

espécie humana. A vibração provocada pelo tipo de personalidade de um certo

indivíduo, vai colocá-lo sob a influência de determinado “orixá”. Diz-se,então, que ele

é oriundo daquela faixa psíquica, ou como fazem no Candomblé, que ele é “filho de Santo”.

A origem dos orixás, segundo as lendas do povo africano, é a fragmentação do

pensamento criativo, quando este, por sua vontade, vai presidir a criação de determinado orbe. Os orixás não estariam sujeitos à evolução, embora fossem ligados

aos Espíritos que o estão, pela afinidade vibratória que os caracterizam.

Religiões Afro Brasileira

Na última década, o candomblé cresceu e a umbanda encolheu. Principais

religiões africanas trazidas pelos escravos ao Brasil (como citado anteriormente), de acordo como Censo de 2000, elas têm 571,3 mil praticantes no total, o que corresponde

a 0,3% da população.

Um dos principais motivos para a diminuição do número de umbandistas, segundo estudiosos, seria o avanço pentecostal na mesma área em que a umbanda

atua. Valendo-se do rádio, os pentecostais ganham simpatizantes em faixas da

população que antes freqüentavam terreiros, além das pregações “picantes” sobre o assunto. A maior concentração de devotos declarados das religiões afro-brasileiras está

no estado do Rio Grande do Sul, seguido de Rio de Janeiro e Bahia.

Durante décadas, as religiões afro-brasileiras foram um mundo à parte,

fechado, dentro da cultura brasileira. A partir do século XX, elas ganharam relevância nos livros de escritores de grande popularidade, como Jorge Amado, e nas canções da

bossa nova, cultuadas pela classe média.

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110 Candomblé – Os escravos vindos da África Ocidental entre os séculos 16 e 19

trouxeram o candomblé para o Brasil. A religião sofreu grande repressão dos

colonizadores portugueses, que a consideravam feitiçaria. Para sobreviver às perseguições, os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos. Esse

fenômeno é conhecido como sincretismo religioso, ou seja, uma mistura de elementos

de diferentes crenças.

As cerimônias de candomblé ocorrem em locais de culto chamados terreiros; sua preparação é fechada e envolve muitas vezes o sacrifício de pequenos animais.

As entidades dessas religiões africanas são dotadas de sentimentos humanos, como

ciúme, raiva e vaidade. A consulta aos orixás é realizada por meio de jogos de adivinhação, como o de búzios. No Brasil, a religião cultua apenas 16 dos mais de 200

orixás existentes na África Ocidental e o deus supremo criador dos orixás, Olodumaré.

Os seguidores declarados do candomblé eram cerca de 107 mil em 1991 e quase 140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 30,8%.

Umbanda – Religião brasileira nascida no Rio de Janeiro, na década de 1920, a partir

da mistura de crenças e rituais africanos e europeus. Suas raízes se encontram em duas religiões trazidas da África pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candomblé,

da nação nagô. A umbanda considera o Universo povoado por entidades espirituais, os

guias, que entram em contato com os homens por intermédio de um (médium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto-

velho e a pomba-gira. Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a

identificação de orixás com pai de santos. Outras influências são o espiritismo kardecista, os ritos indígenas e práticas mágicas européias. A umbanda contava com

cerca de 542 mil devotos declarados em 1991, mas teve queda em 2000, o que equivale

a uma perda de 20,2% de seus praticantes.

O SINCRETISMO DOS ORIXÁS E OS SANTOS CATÓLICOS NO BRASIL

Orixás Relação com os santos católicos

Oxalá O mais elevado dos

deuses Iorubás.

Nosso Senhor do Bonfim

Ogum Deus dos guerreiros Santo Antonio, na Bahia

São Jorge, no Rio de Janeiro

Xangô Deus do trovão São Jerônimo

Oxum Deusa das águas doces,

da fecundidade e do

amor

Nossa senhora das candeias, na Bahia

Nossa senhora dos prazeres, Recife

Oiá-Iansã Deusa das tempestades, dos ventos e dos

relâmpagos

Santa Bárbara

Oxóssi Deus dos caçadores São Jorge, na Bahia São Sebastião, no Rio de Janeiro

Iemanjá Deusa dos mares e

oceanos

Nossa senhora da Imaculada Conceição

Obaluaê/Omolu Deus da varíola e das

doenças

São Lázaro e São Roque, na Bahia

São Sebastião

Oxumaré Deus da chuva e do arco-

íres

São Bartolomeu

Exu Mensageiro e guardião

dos Templos, das casas e

das pessoas

Diabo

Ossain Divindade das plantas

medicinais e litúrgicas

São Benedito

Obá Deusa dos rios Santa Catarina

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111 Nana Deusa da lama Sant´Ána (Nossa Senhora Santana)

Logun Edé

Deus andrógino

considerado - o príncipe das matas

Santo Expedito

Ibejis Deuses da alegria, das

brincadeiras e da

infância

São Cosme e Damião

Olodumaré

Deus supremo. Criador

dos Orixás

Nenhum culto nem santo católicolhe é

destinado. Fonte: Orixás, Deuses Iorubas na África e no Novo Mundo, de Pierre Verger – Editora Corrupio in Coleção Almanaque Abril/2005.

Existe na zona urbana de Bom Jardim cerca de 9 terreiros (ou tendas) entre umbandas

e candomblé. No entanto, a pesquisa foi realizada apenas com as duas tendas abaixo:

TENDA SANTO ANTONIO (em Bom Jardim)

Maria Marques Nascimento, Presidente da União Espírita de Bom Jardim

forneceu dados curiosos a respeito da Umbanda, juntamente com a irmã Maria dos Reis

Nascimento Gomes, que apesar de não serem gêmeas sentem as mesmas enfermidade, as mesmas dores nos mesmos lugares. São proprietárias sócias da tenda Santo Antonio,

em homenagem ao pai de ambas. A tenda foi fundada em 29 de setembro de 1971 com

um alvará de funcionamento expedido pelo Juiz Raimundo Trindade; foi o primeiro salão de Umbanda a funcionar em Bom Jardim.

Segundo Nezinha, a umbanda é uma religião da fé, esperança e caridade

onde seus seguidores têm que seguir na íntegra os dez mandamentos da lei de Deus, cumprir a missão que cada um trás e obedecer para poder diminuir os sofrimentos da

matéria, pois através da obediência é que a graça é alcançada; as referidas se

caracterizam como um aparelho para receber mensagens dos orixás e é uma situação

congênita que não pode ser negada, tem que ser vivida para chamar os guias. Há um ritual com base na oração e muita concentração positiva que não há tempo

determinado. O santo que rege a umbanda é Jeová Deus e Santo Antonio (CIC). Ao

nos referirmos ao tambor, Nezinha relatou que é um símbolo de manifestações de alegria, mas, que pode atrair espíritos bons e maus. Os adeptos da umbanda ao

desobedecerem os preceito e religiosos recebem castigos que podem vir de várias

formas, tanto pode ser através de enfermidades, um negócio com prejuízo até bater as mãos numa pedra que se encontra na Tenda, este castigo é manifestado nas reuniões

quando os orixás se apossam da pessoa.

A responsabilidade da mãe de santo é cuidar das pessoas com problemas

espirituais para que ela possa se desenvolver (fazer a cabeça) para receber os orixás ou mesmo ficar apenas como guia.

No meio do salão existe uma haste com um círculo de cimento ao redor

chamado GUNA, que representa as forças da água e do fogo – as quais representam o equilíbrio. Na umbanda existem certas proibições como: não usar short, e as chamadas

roupas devassas, as restrições se estendem ao cigarro, bebidas alcoólicas e certas

comidas como surubim, jabuti, veado sutinga e etc.; segundo ela, são proibições feitas

pelos orixás. Em Bom Jardim existem aproximadamente 950 membros da umbanda.

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112 TENDA SÃO RAIMUNDO (em Bom Jardim)

Sendo proprietário o senhor Raimundo Nonato Pereira, nascido no dia 18 de

janeiro de 1955, segue o candomblé, e é filho de Iancã e Ogum.

A vida espiritual do pai de santo iniciou-se aos sete anos de idade e o primeiro

encontro foi Oxossi Maitá. Pelo fato de não aceitar-se como aparelho, passou nove anos doente, então foi levado a Tenda Santo Antonio a procura de tratamento, onde a mãe

de Santo Nezinha lhe fez entender que a única saída era trabalhar, ao contrário seria

fatal para ele. A partir de então, Raimundo da Xandoca, como é conhecido, passou a exercer a função de aparelho, sem local determinado até conseguir uma Tenda com

licença judicial para trabalhar, isto aconteceu no Povoado Igarapé do Jardim, neste

município, onde trabalhou durante onze anos, depois se mudou para Bom Jardim em 1991, sendo fundador do candomblé nesta cidade. Segundo Raimundo, o candomblé

é uma festa fetichista afro brasileira, também chamada macumba, tendo como ponto

de origem a Bahia (que a importou da África na bagagem dos negros no período da

escravidão – grifo meu), e foi fundado por mãe Menininha do Cantuá. A doutrina do candomblé é ditada por vários guias que são eles: João de Arubatão, que é

contramestre, ou seja não é o mestre desta Tenda, Maria Légua Bugi Trindade, que é

filha de Légua Bugi, a Pomba Gira e o Tranca Rua. De todos esses guias, a Maria Légua é a única da linha branca e os outros fazem parte da linha negra. O santo que rege o

candomblé (segundo ele - CIC) é o rei soberano e Jesus Cristo que no Candomblé é

Oxalá. Os festejos nesta Tenda são: Santa Bárbara, São Raimundo, O Sagrado Coração de Maria. Essas festas são indispensáveis na Tenda São Raimundo.

O ritual usado para chamar os guias é Oração e concentração com o

pensamento voltado para aquele guia que o aparelho quer receber. Existem imposições feitas pelos guias que, segundo Raimundo, tem que ser

cumprida, uma delas é não comer pimenta e a outra é que 30 dias antes de receber o

guia não pode manter relações sexuais para que estejam com o corpo limpo.

A sigla CIC – quando usada designa que o autor não é responsável pela afirmação feita. Exime-o do que foi

dito e responsabiliza o que afirmou.

Tenda São José em Bom Jardim

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113 20- A POPULAÇÃO INDÍGENA

20.1 População Indígena Mundial

Estima-se que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas,

somando cerca de 350 milhões de pessoas, representando 5% da população mundial.

A população indígena mundial vive em zonas que contém 60% dos recursos naturais do planeta”. Não admira, portanto, que surjam inúmeros conflitos pelo

domínio das terras. (...) A exploração de recursos naturais (petróleo e minas) e o

turismo são as principais indústrias que ameaçam os territórios indígenas na América”, segundo a OIT (Organização Internacional do

Trabalho). Estudo das Nações Unidas afirmam também que 80% dos indígenas da

América Latina vivem na pobreza.

2 Panorama Maranhense da População Indígena

No Maranhão existem 16 áreas indígenas habitadas por aproximadamente

19.000 pessoas pertencentes a 8 povos. São eles:

Awá Guajá Krikati

Guajajara Ramkokam

Kaápor Apaniekiá

Pukobye Krêpum Katoyê

O total das áreas indígena corresponde a 5,8% da superfície do Estado do Maranhão.

Das 1.908.389 ha. / desse total, 330.000 ha. estão degradadas, invadidas e

destruídas, essa área corresponde a 17,2% do total das superfícies das áreas indígenas. Os índios do Estado do Maranhão falam duas línguas: tupi-guarani e o macrojê.

A educação indígena é destaque no Maranhão. Atualmente, sete dos oito povos

são atendidos por ações que vão desde a construção de escolas indígenas e implantação de ensino regular bilíngüe. Ao todas são 226 escolas espalhadas pelas Terras Indígenas

presentes no estado, atendendo 11.338 alunos indígenas, matriculados em 2006. (Fonte: Jornal Pequeno – redaçã[email protected]) in 2006

20.4 A POPULAÇÃO GUAJAJARA

Os Guajajara é um povo que, há centenas de anos, batalha para manter-se

vivo, resguardando a essência de sua cultura e conservando a especificidade que o faz diferente dos outros povos indígenas e da sociedade nacional. Distribuem-se em 10

localidades pelo Estado do Maranhão.

As áreas habitadas por Guajajara, são:

1- Área Indígena Carú 2- Área Indígena Pindaré

3- Área Indígena Araribóia

4- Área Indígena Bacurizinho 5- Área Indígena Cana Brava

6- Área Indígena Geralda/ Toco Preto

7- Área Indígena Lagoa Comprida 8- Área Indígena Morro Branco

9- Área Indígena Rodeador

10- Área Indígena Governador

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114

Os Tenetehara/ Guajajara são em sua maioria bilíngüe, falam o tupi-guarani e o

português. Sendo a população indígena do estado em número de 19.000 habitantes, desse número, os guajajara são cerca de 14.000 pessoas distribuídas em dez áreas.

Sendo de longe, o povo mais numeroso do Brasil ocupa a região Centro Sul do

Maranhão. É o povo que tem um contato secular com a sociedade não-indígena. Isto

lhe confere uma enorme capacidade de articular, negociar, reivindicar junto à sociedade como um todo. Tenetehara significa “gente verdadeira”. Assim se definem os Guajajara

do Maranhão, que habitam as dez áreas, todas regularizadas. Apesar disso, algumas

apresentam graves problemas de invasão.

20.5 A POPULAÇÃO INDÍGENA DE BOM JARDIM

Em Bom Jardim vamos encontrar duas reservas indígenas, a do Rio Pindaré e a do Carú. É uma população bilíngue em sua maioria, falando o tupi-guarani e o português.

A população indígena dessas duas reservas é de 1.179 habitantes (2005),

correspondendo a 3,42% da população bonjardinense. Ainda não possuem um vocabulário escrito (mas já estão trabalhando para este fim). Existem escolas indígenas

em Bom Jardim na aldeia. E as aulas são trabalhadas a base do diálogo. As duas línguas

(português e tupi) prevalecem na prática pedagógica da educação indígena.

Não sendo diferente do que acontece a nível nacional, a população guajajara

de Bom Jardim também passa pelo processo de aculturação, ou seja, pelo intercâmbio

cultural entre a língua deles e seus costumes na relação com o mundo civilizado através da televisão dentro das aldeias e os contatos que se processam na língua portuguesa.

Isto, ditado pelas necessidades de relações, que acontecem em nossa língua e nossos

costumes, eles vão esquecendo seus costumes e sua língua e incorporando os nossos e a língua do mundo civilizado. E para reforçar essa aculturação, segundo Alzenira

Guajajara, Professora indígena, as aulas são ministradas com mais frequência na língua

portuguesa. Em 2002, um grupo de índios formandos em magistério de várias aldeias

elaborou o dicionário da língua tupi-guarani (os guajajara). Pois há muito tempo são

tidos por uma população ágrafa (sem escrita). O dicionário por eles elaborado ainda

não saiu sua publicação. O dicionário conserva a língua, e conservando a língua conserva a cultura.

Eles têm total assistência médica e os professores são indígenas.

ÁREA INDÍGENA - PINDARÉ

Localiza-se no município de Bom Jardim e tem uma extensão de 15.004 ha.

Sendo uma população de 980 habitantes (índios). São compostos por cinco aldeias. A

aldeia corresponde a uma aglomeração de pessoas. Esta reserva foi demarcada pela firma PLANTEL, foi homologada e, sucessivamente, registrada no cartório de Bom

Jardim em 1982. As aldeias maiores são Januária e sede do Posto da Funai.

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115 LOCALIZAÇÃO E NOME DAS ALDEIAS INDÍGENAS EM BOM

JARDIM

No sentido Bom Jardim Santa Inês, 08/2013

Bom

Jardim

Santa

Inês

Zé Boeiro

Tirirical

1

2

3

4

5

1- Piçarra Preta

2- Aldeia Novo Planeta

3- Aldeia Areal

4- Aldeia Sede: Januária

5- Aldeia Tabocão

Existem também mais duas aldeias

menores (próximas as citadas): Aldeia Nova e

Areinha

Cada aldeia tem um Cacique, que também

é um representante político.

Ao todos estima-se um total de 1.200

índios, na comunidade onde funciona o

ensino médio e há um ônibus que faz a

nucleação e transporte dos mesmos para a

escola sede, na aldeia Januária.

Além destas aldeias, existem outras, como

a Aldeia Maçaranduba (com cerca de 320

habitantes) – que se localiza entre o

povoado Minerim (do Município de Alto

Alegre do Pinaré e o Povoado Novo Caru

(Bom Jardim). Tal como uma pequena

população AWÁ GUAJÁ que se distribui

ao longo do rio e região Caru.

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116 ÁREA INDÍGENA – CARU

A área Indígena Carú, limitada pelos rios Pindaré e Carú está também situada no município de Bom Jardim.

Foi demarcada em 1977, homologada e registrada em 1982, com uma

extensão de 175.000 ha. E hospeda cerca de 199 Guajajaras, que permanecem sob a

jurisdição do Posto Indígena do Carú, sediada na aldeia Massaranduba, além de cerca de 100 Guajás, que vivem nas proximidades do Posto Indígena AWÁ, e outros grupos

de guajás, espalhados na mata sem ter algum contato com a sociedade.

20.6 Estrutura da Sociedade Guajajara

A capacidade intrínseca de adaptação a novas situações e a novos ambientes

– essa agilidade cultural – é uma característica comum a todas as cultura tupi-guarani.

O princípio da organização social tupi-guarani são ao mesmo tempo, ou antes, princípios metafísicos. (Castro, apud Ubialli, 1997).

Há portanto, na cultura tupi-guarani “excesso de cosmologia sobre a

sociologia. (ibidem p. 95). Aparentemente, a sociedade guajajara apresenta-se mais como um aglomerado de famílias, distribuídas em várias aldeias ou num determinado

território do que como uma organização social, coesa como instituições estáveis e

diferenciadas. O que realmente se constata na sociedade guajajara é a ausência de

um poder central e de um governo. Isso suscita a impressão de que o anarquismo seja o específico da sociedade guajajara, caracterizando todo o complexo de suas relações

seja interna ou externa.

São famílias que exercem o poder na aldeia. Certamente a sociedade guajajara está perpassada por uma ambivalência que

parece ser uma contradição intrínseca no sentido de que é uma sociedade que se denota

pela ausência de uma ordem institucionalizada mas que, contemporaneamente, sente a exigência da presença de uma “autoridade” para controlar as “desordens”. É uma

sociedade em que coexistem a exigência de uma ordem e de um comando e a negação

de um poder institucionalizado.

É preciso destacar que, em compensação à falta de uma organização social

forte, na sociedade guajajara, há uma produção mitológica muito rica e vasta como

expressão da sua visão cosmológica e religiosa. Ainda hoje a vida dos guajajara é regida por esses princípios metafísicos. A

interferência do sobrenatural é constante e proeminente em todas as suas atividades –

produtivas e culturais – e relações sociais. A cultura guajajara apresenta a pessoa como uma unidade composta de um corpo e duas almas. Na cultura guajajara a pessoa se

torna o centro e o objeto das atenções da comunidade desde o nascimento.

A pessoa é o indivíduo concreto com seu nome, com suas especificidades, que

procura realizar sua felicidade pessoal, dentro do sistema organizativo da família, através da aquisição dos poderes de Ma´íra, (o criador, grande pajé e grande

guerreiro). O guajajara é constantemente incentivado a amadurecer sua personalidade

e a aperfeiçoar suas qualidades. O pajé e o cantor são os únicos sujeitos que, dentro da comunidade guajajara,

manifestam certa especialização e cumprem o papel específico de manter vivos os

mitos e os conceitos cosmológicos dos quais eles detêm os conhecimentos. De fato, para poder curar e cantar precisa conhecer tudo a respeito dos

espíritos, da natureza e dos rituais.

No processo de preservação e manutenção da cultura, as mulheres desenham

uma função fundamental porque elas providenciam e preparam tudo o que é necessário (enfeites, pinturas, cigarros) para a realização dos rituais e das festas e acompanham

as músicas dos cantores. O canto expressa todo ideário cosmológico, simbólico e

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117 religioso do universo guajajara. O canto é importante porque manifesta as fontes

do poder como conhecimento das forças sobrenaturais e naturais.

Ávida dos guajajara se balança entre o sobrenatural e o natural. Nessa peleja de poder dominar e controlar as forças sobrenaturais e naturais, sobressai a importância

da pessoa posta no centro dos dois universos. A figura do pajé reflete a ambivalência

e a tensão contraditória da cultura guajajara: ele é necessário porque cura; é perigoso

porque pode virar feiticeiro e prejudicar os membros do seu grupo.

O Povo Awá Guajá

Os Awuá Guajás são um povo de língua tupi-guarani presente em três terras

indígenas no estado do Maranhão – TI Caru, TI Awá e TI Alto Turiaçú - , com uma

população considerada de recente contato de mais de 400 pessoas, além de outros

grupos que vivem isolados.

Os Awá-Guajá, segundo reportagem do Jornal O Globo (08-08-2013), presentam

“uma história de resistência contra o desmatamento e o extermínio da população

conhecida como a mais ameaçada do planeta”. Historicamente, toda a subsistência

deles está na caça e na coleta. Eles dependem diretamente da floresta para viver” (Uirá

Garcia, 2013).

Junto com a Reserva Biológica do Gurupi, o território dos Awá-Guajá forma um

mosaico de áreas protegidas, chamado “Mosaico Gurupi”. Mesmo sendo uma região

com alto nível de proteção ambiental, dentro dessa área também estão grileiros e

madeireiros que derrubam inconsequentemente a floresta, encurralando os índios.

“Essa área da Amazônia é única, porque é a porta de entrada da floresta, e algumas

espécies só existem lá”, cita a reportagem. Eles foram contatados a partir de 1979, e

alguns indivíduos permanecem fugindo do contato com os brancos. Apesar de a sua

terra já estar demarcada, homologada e registrada pela União, eles enfrentam uma

ameaça real. Ainda que a justiça já tenha determinado a retirada dos não-índios de seu

território, os Awá temem pela própria sobrevivência.

Foto: Márcio Gomes, 1981.

Em 1961, o Presidente Jânio Quadros cria a Reserva Florestal do Gurupi, no

estado do Maranhão, com 1,6 milhão de hectares, por meio de Decreto nº 51.026 de

25/07/1961, sendo reconhecido o direito de ocupação dos indígenas que nela

habitavam.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

118 Em 1992 a Terra Indígena Awá é declarada como de posse permanente dos

Awá-Guajá, para efeito de demarcação, por meio da Portaria nº 373 de 27.07.1992

(DOU 29-7-1992, P.10.116), com uma superfície aproximada de 118.000 há (cento e

dezoito mil hectares), e perímetro aproximado de 190 km), considerando que a

declaração de ocupação tradicional indígena e definição de limite propostos visavam

assegurar a proteção territorial ao povo indígena Awá-Guajá.

Na década de 1980, a Funai reconheceu as Terras Indígenas Alto Turiaçu e

Caru, que se encontravam no perímetro da Reserva Florestal do Gurupi, e a Reserva

foi desmembrada. Uma área foi interditada para proteção dos Awá-Guajá, que já

estavam em número bastante reduzido à época, e foi criada a Reserva Biológica Gurupi.

Embora a TI Awá seja a única das três destinada à posse exclusiva dos Awá-Guajá, há

aldeias desse povo na TI Alto Turiaçu, coabitada por Ka´apor e na Caru com a presença

dos Guajajaras. A contiguidade das terras faz com que elas formem um complexo de

áreas disponíveis para a posse de grupos Awá-Guajá, que dão condições mínimas para

manterem as formas tradicionais de ocupação territorial.

Em 2012, após vários anos de disputa judicial, o Tribunal Regional Federal da

1ª Região julga todos os recursos improcedentes e confirma a validade da Portaria

373/92 do Ministério da Justiça, que declarou a Terra Indígena Awá como de uso

permanente do povo Awá-Guajá. A decisão, de março de 2012, confirma ainda a

nulidade de todos os efeitos da sentença e determinando que a Funai/União promova a

retirada de todos os ocupantes não indígenas da TI Awá.

Segundo Miriam Leitão (08/2013), “Ao ficarem tão aferrados, tão vinculados

à terra, esses índios estão na verdade prestando um serviço ambiental a todos os

brasileiros. Nós precisamos da floresta também, nós precisamos que eles estejam lá.

Precisamos que eles sobrevivam. Precisamos dessa sócio diversidade que o Brasil tem.

O Brasil precisa da sua diversidade – de gente e de floresta. Eles ajudam”. Eles vivem,

ajudam e protegem.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

119

MAPA DA RESERVA INDÍGENA AWÁ GUAJÁ

Fonte: http://www.funai.gov.br 08/2013

Atualmente, as áreas de ocupação pelos não-índios abriga um total de 1.200 famílias

que abrangem geograficamente áreas dos municípios na região de São João do Carú, o

Ibama e a Funai juntamente com o Exército Nacional, a Polícia Federal e Rodoviária e

a Força Nacional articularam-se para tomar uma grande área de terras onde vivem esse

contingente para cedê-las a 400 índios.

A área engloba os municípios de São João do Carú, Governador Newton Bello, Zé

Doca e Centro Novo Com e com a desapropriação mais de 40 mil pessoas serão

afetadas indiretamente. O Presidente da Comissão em Defesa dos Proprietários e

Agricultores, Arnaldo Lacerda, afirma que falta atenção com os proprietários da região

por parte do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que essa área não foi

demarcada como indígena.

Existe na região a denúncia de ação ilegal de madeireiros e, para proteger a mata, a

área estaria sendo reivindicada.

www.bomjardimma.com in 08-2013

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

120 20.7 As Crendices Indígenas

Existem várias lendas, entre elas o mito de Ma´íra que os índios acreditam ser

o criador dos fenômenos da natureza como a chuva, o fogo e a água. Os índios tupi guaranis acreditam que Ma´íra, o seu protetor, é criador dos índios. Para eles, o sol e

a lua são fontes de vidas e procuram sistematizar suas vidas através desses dois astros.

A lua é chamada de Zahy por ter brilho frio, inexplicável e o sol é chamado de Zai Tata que significa fogo, por ter um brilho quente. Os índios ainda conservam os rituais como

a cura da pajelança que é feita pelo Pajé, onde ele fala com os espíritos para saber se

pode ou não tratar a pessoa que está doente; um índio só sai para buscar assistência

médica com autorização do Pajé. Outro ritual é quando um curumim começa andar, organizam uma caçada e todas as caças encontradas são usadas em cerimônia para

pedir proteção. Ao curumim pintam-no com líquido retirado do jenipapo verde que fica

de cor preta e com o urucum, após enfeitado com penas da ararajuba, do pica-pau do tucano e plumagem de socó; da carne das caças são feito um angu com farinha azeda

que é dada ao curumim. A noite todos cantam ao som do maracá, o Pajé usa uma

liturgia para falar com os antepassados e pedir proteção ao curumim. Os casamentos indígenas eram feitos através de uma negociação entre os

pais dos noivos, onde as crianças eram separadas uma para o outro, sendo a criada

pelo pai dos noivos, até a primeira menstruação quando é feita uma grande festa, onde

a moça é pintada todo o corpo e então está pronta para casar. O homem só está pronto quando muda a voz, após o casamento não pode haver separação. Um fato

curioso é que um homem pode namorar várias mulheres ao mesmo tempo, convivendo

na mesma casa pacificamente. Anteriormente quando um índio morria era colocado dentro de um buraco

sentado e nunca mais seus familiares passariam por aquele lugar, pois acreditavam que

os espíritos que o matou poderiam matá-los. Este era o motivo de serem nômades. Os índios não tiravam fotos, pois acreditavam que a alma das pessoas

fotografadas ficaria presa ao papel, e por este motivo morreriam.

Hoje, a aldeia Januária vive em condições tipicamente normais como os

chamados brancos; ainda conservam muitas lendas e mitos, porém a maior parte dos valores antigos foram deixados de lado. Já não são nômades, convivendo assim com

seus mortos em suas sepulturas.

20.8 Lendas e Mitos dos Guajajara

O Encanto do Ouro

“Havia um casal de índios meus antepassados, que recebeu do Governo uma

fábrica de para fazer dinheiro. Moedas de ouro. Aí os brancos souberam e começaram a aperrear os índios. Sendo que estava morrendo muita gente por causa disso, o velho

índio, dono da fábrica, e a mulher dele decidiram acabar com a fábrica e a jogaram num

poção chamado de Mineiro Velho. Quanto ao dinheiro, eles enterraram os dois baús e dois fornos na boca de um igarapé que fica entre a boca do Carú e o atual povoado

Novo Carú.

Os brancos prenderam o casal e o levaram não sei para onde. Mas o velho índio e a mulher nunca revelaram o segredo e morreram por lá. Alguns índios foram

atrás da velha índia empregada do grande chefe, dono da fábrica. Ela também conhecia

o segredo. Estes índios, novos, (novo não é gente), levaram a velha, de canoa, próximo

do lugar. A velha tinha revelado que os caixões estavam com armas carregadas de maneira que quem mexesse morreria. Então precisava uma reza muito forte para poder

desarmar os caixões. A velha foi, rezou, mas escutou os índios, que esperavam na

canoa, dizer que iam matá-la depois de pegar o ouro. Então a velha castigou os moleques. Pronto, nunca mais.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

121 Eles pegavam o ouro lá numa serra do Carú. Havia uma grande pedra

luminosa que clareava as redondezas. E no chão muitas pedras. Eram como tantas

faíscas. Os índios brincavam com as pedras jogando-as um contra o outro. Os brancos souberam e foram atrás das pedras dos índios. Começaram a trocar pedras por facas e

outras coisas. Um belo dia os brancos quiseram olhar a grande pedra luminosa. Alguns

índios os levaram para ver. Mas a serra encantou-se: nunca mais a acharam.

Cipriano Viana Guajajara.

Ma´íra, Criador dos Tenetehara “Os Tenetehara se referem aos sobrenaturais pela designação genérica

karowara, porém os distinguem em menos quatro categorias: criadores ou heróis

culturais, a quem atribuem a criação e transformação do mundo; os “donos” da floresta e das águas e dos rios; os azang, espíritos errantes dos mortos; espíritos de animais.

Os heróis culturais são sobrenaturais, porém não no sentido de divindade que seja

necessário propiciar e reverenciar - são criadores cujos efeitos lendários explicam a

origem das coisas e do homem. Na mitologia são descritos como homens dotados de imenso poder sobrenatural. Viveram algum tempo na terra, que abandonaram pela

residência eterna na “aldeia dos sobrenaturais” (Karowara-nekwawo). Os heróis

culturais criaram o homem, deram-lhe conhecimento das causas e trouxeram-lhe os alimentos. Hoje, porém, estão demasiado distante e já não dominam o homem e o

mundo em que ele vive.

Ma´íra é o mais importante desses heróis. Segundo a lenda, ele viajou pela

terra em busca da “Terra Bonita” (ywy porang). Onde encontrou o lugar ideal, aí criou o homem e a mulher. O casal vivia em condições ideais até que Ywan, o dono da água,

atraiu a mulher e copulou com ela. O homem ignorava o coito até que Ma´íra lhe

mandou ver o que acontecia à mulher. Ma´íra, após o homem e a mulher terem procriado, falou-lhes: “de agora em

diante, vocês terão um filho e morrerão, o filho de vocês terá um filho e também

morrerá”. Ma´íra ensinou ao homem a plantar mandioca e a fazer farinha. No princípio a mandioca se levantava por si mesma e amadurecia em um dia; porém a humanidade

duvidou de Ma´íra e ele, em represália, fez a mandioca amadurecer lentamente. Hoje

os Tenetehara têm que esperar todo o inverno para colher as raízes e, para seu plantio,

é grande o esforço de derrubar a mata e preparar a roça. Ma´íra trouxe algodão e ensinou como tecer as redes; roubou o fogo aos urubus e ensinou o homem a assar

carne, ao invés de deixa-la secar ao sol. Cansado de viajar pela terra, Ma´íra retirou-

se para Karaowawo onde ainda hoje vive uma vida de abundância. Antes de Ma´íra, os Tenetehara não sabiam nada, eram bestas” (Galvão e Waglei apud Ubialli 1997).

Pelas façanhas, portanto, Ma´íra foi o maior pajé e o maior guerreiro da terra

pois ele possuía poderes imensuráveis, criando e dominando os homens e a natureza. Ma´íra ainda representa, talvez a nível de inconsciente, um certo ideal para os

Tenetehara cuja maior aspiração é transferir os poderes dele para seu próprio domínio.

Na festa do “moqueado”,durante a qual os rapazes, que celebram a passagem da

infância para a idade adulta, são iniciados a serem pajés e guerreiros, transparece o anseio profundo dos Guajajaras de adquirir o domínio sobre a natureza e os homens.

Coisa que nunca acontecerá de forma perfeita assim como se realizou em

Ma´íra, porém sempre sobejará como ideal a ser alcançado pelos Tenetehara.

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122 FROTA DE BOM JARDIM-MA/ 2006 - 2009 2012

Automóvel - tipo de Veículo--------161 automóveis 296

Caminhão - tipo de veículo--------47 caminhões 79 96

Caminhonete – tipo de veículo ------35 caminhonetes 88 150

Micro-ônibus - Tipo de veículo----5 micro-ônibus 4 6

Motocicleta – Tipo de veículo ------656 Motocicletas 1.301 2.450

Motoneta – Tipo de veículo --------70 motonetas 135 209

Ônibus – Tipo de veículo-----------3 ônibus 6 7

Total geral de veículos no município em 2012: 3.452

Fonte: IBGE/DENATRAN – 2006/2012

21 ASPECTOS ECONÔMICOS DE BOM JARDIM

(DADOS EVOLUTIVOS)

Até a metade da década de 60, o crescimento econômico de Bom Jardim era

motivado pelas riquezas das matas virgens e terras devolutas. A fertilidade da terra

proporcionava fabulosa produção de arroz, motivo que levava a expansão da população do povoado. Todos os dias chegavam famílias de outras localidades do Maranhão e

também cearenses e piauienses que iam estabelecendo-se umas com comércio, outras

com lavouras. Os migrantes construíam seus barracos até a noite à luz do petromax e a querosene fornecido pelo fundador do lugar.

O comércio desenvolvia-se extraordinariamente, destacando-se a compra de

arroz e babaçu para a exportação. A maior parte dos agricultores trabalha em terras de propriedades privadas

em forma de aforamento (arrendatários), pagando dois alqueires de arroz com casca

(60 quilos) por linha de roça. Uma linha de roça é 25 braças, cada braça mede 2,2m.

Os posseiros e os proprietários usam como mão de obra o diarista e a força familiar. O plantio, em sua maioria, é feito no toco sem emprego de semente

especializada.

Atualmente, destaca-se na produção agrícola: arroz, milho, feijão, cana de açúcar, mandioca, soja. Sendo os principais frutos: banana, laranja, abacaxi e

melancia. O produto número um na produção municipal foi e continua sendo o arroz.

Bom Jardim já foi um dos maiores produtores e exportadores de arroz do Maranhão, um verdadeiro “garimpo agrícola”.

INDICADORES DA ECONOMIA BONJARDINENSE

Agricultura: 21%

Pecuária: 56,4%

Indústria: 0,3% Serviço: 22,3% Fonte: IBGE/2000

Vale lembrar que na atualidade a piscicultura também representa peso na economia

municipal no sistema de criatórios em açudes.

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123

DADOS EVOLUTIVOS DA ECONOMIA DE BOM JARDIM –

AGROPECUÁRIA Ano Produto Área

Plantada

Produção Esperada

(t)

Rendimento Médio

Esperado (kg/hectares)

2004

Arroz 7.000

hectares

8.400 toneladas 1.200 kg/hectares

Feijão 467

hectares

256 toneladas 548 kg/hectares

Milho 4.000

hectares

2.600 toneladas 650 kg/hectares

Cana de

Açúcar

11 hectares 231 toneladas 21.000 kg/hectares

Mandioca 1.019

hectares

9.171 toneladas 9.000 kg/hectares

Produção

Bovina

*

bubalino(búfalo)

93.969 cabeças

*3.708

2005

Arroz 7.500

hectares

9.000 toneladas 1.200 kg/hectares

Feijão 500

hectares

281 toneladas 562 kg/hectares

Milho 4.285

hectares

2.571 toneladas 600 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

11 hectares 220 toneladas 20.000 kg/hectares

Mandioca 5.000

hectares

45.000 toneladas 9.000 kg/hectares

Produção

Bovina

*

bubalino(cabeças

141.623 cabeças

* 3.522

2006

Arroz 7.000

hectares

8.400 toneladas 1.200 kg/hectares

Feijão 467

hectares

256 toneladas 548 kg/hectares

Milho 4.000

hectares

2.600 toneladas 650 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

11 hectares 231 toneladas 21.000 kg/hectares

Mandioca 1.019

hectares

9.171 toneladas 9.000 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

144.455 cabeças

* 3.345

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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124

Fonte: IBGE 2013-12-18

2007

Arroz 7.474

hectares

8.221 toneladas 1.099 kg/hectares

Feijão 605

hectares

295 toneladas 487 kg/hectares

Milho 4.300

hectares

2.408 toneladas 560 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

20 hectares 400 toneladas 20.000 kg/hectares

Mandioca 7.370

hectares

67.670 toneladas 10.000 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

153.309 cabeças

* 2.676

2008

Arroz 5.322

hectares

5.322 toneladas 1.000 kg/hectares

Feijão 638

hectares

327 toneladas 512 kg/hectares

Milho 3.037

hectares

1.822 toneladas 599 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

20 hectares 400 toneladas 20.000 kg/hectares

Mandioca 5.250

hectares

52.500 toneladas 10.000 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

145.644 cabeças

* 2.542

2009

Arroz 6.510

hectares

2.950 toneladas 453 kg/hectares

Feijão 680

hectares

295 toneladas 433 kg/hectares

Milho 3.544

hectares

2.126 toneladas 599 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

NÃO CONSTA NÃO CONSTA NÃO CONSTA

Mandioca 5.250

hectares

39.375 toneladas 7.500 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

169.045 cabeças

* 2.415

2010

Arroz 7.000

hectares

7.020 toneladas 1.002 kg/ hectares

Feijão 910

hectares

489 toneladas 537 kg/hectares

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

125

Conforme pesquisa realizada com técnicos da Secretaria de Agricultura, os indicadores

de produção agrícola do município fornecidos ao IBGE (pela Secretaria) passam por

uma avaliação técnica, e não é mero resultado de média aritmética ou ponderada de

estimativas numéricas – e sim são determinados por fatores de contextos interno e

externo como: a falta de transporte na Secretaria para a mobilização e deslocamento de

um trabalho mais dinâmico de encontro com a situação real a se oferecer aos agentes

da produção local e acompanhamento no que diz respeito à Assistência Técnica. Outros

fatores também que influenciam consideravelmente é a distribuição de lotes de

Milho 7.150

hectares

2.145 toneladas 300 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

20 hectares 400 toneladas 20.000 kg/hectares

Mandioca 7.000

hectares

52.500 toneladas 7.500 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

182.069 cabeças

* 427

2011

Arroz 6.237

hectares

7.173 toneladas 1.150 kg/hectares

Feijão 735

hectares

386 toneladas 926 kg/hectares

Milho 6.453

hectares

5.162 toneladas 799 kg/hectares

Cana-de-

açúcar

Não consta Não consta Não consta

Mandioca 4.854

hectares

48.540 toneladas 10.000 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

156.084 cabeças

* 918

2012

Arroz 6.000

hectares

6.900 toneladas 1.150 kg/hectares

Feijão 660

hectares

341 toneladas 517 kg/hectares

Milho 6.000

hectares

4.500 toneladas 750kg/hectares

Cana-de-

açúcar

Não consta Não consta Não consta

Mandioca 3.450

hectares

33.810 toneladas 9.800 kg/hectares

Produção

bovina

*

bubalino(cabeças

185.913 cabeças

* 744

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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126 sementes(cujo volume, a nível de estado ocorre de modo desproporcional e sem

parâmetros pela SAGRIMA. Do mesmo modo, a distribuição de sementes no

município acontece de modo não muito criterioso. O desamparo no que diz respeito à

escoação da produção agrícola e incentivos. As condições climáticas (no caso de

estiagem), e a falta de uma estrutura permanente que monitore, implemente e agregue

a Agricultura Familiar da compra local (via merenda escolar), como determina as

regras do Sistema Educacional– numa perspectiva da sustentabilidade do Campo e

Cidade.

21.1 AGROPECUÁRIA BONJADINENSE

Os dois elementos de destaque na economia Municipal bonjardinense

atualmente são: Agricultura e Pecuária, que juntos representam 77,4% da receita Municipal. Fonte: IBGE/2000

Roças sob queimadas

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127

Produção Agropecuária de Bom Jardim

GADO PEPINO, MACACHEIRA,PEPINOS ETC.

BANANA ABÓBORA POLPA S

ALFACE LIMÃO AÇAÍ Fonte: Secretaria de Agricultura/2006

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128 21.4 RECURSOS NATURAIS E EXTRATIVISMO

21.5

Recursos naturais - são as riquezas encontradas na natureza, das quais o homem utiliza para complementar o necessário para a sua sobrevivência. As riquezas naturais

que mais se destacam no município, são: o extrativismo mineral, vegetal e animal.

O extrativismo é o método que o homem utiliza para extrair do solo, da

floresta e da água os recursos oferecidos pela natureza.

Os recursos minerais encontrados no município são: pedras, utilizadas nas construções de casas, calçamento, etc..., areia é encontrada em abundância e utilizadas

nas construções e outras localidades, pedra seixo empregada na construção de casas,

concretagem, asfalto, várias piçarreiras, etc.

Os recursos naturais vegetais são encontrados principalmente na zona rural, os quais são cedro, andiroba, pau d´árco, jatobá, sapucaia, Angelim (houve grande

redução dessas madeiras, em conseqüência de uma exploração sem preservação ou

reflorestamento. O extrativismo vegetal praticado em grande quantidade é o babaçu, palmeira

nativa e predominante em todo município, o qual é quebrado e vendido aos quilos para

os pequenos e médios comerciantes locais para o suprimento das necessidades básicas da família do homem do campo. Do babaçu tudo se aproveita; seus exploradores

utilizam o caule para fazer pontes sobre os igarapés, cerca, e, quando apodrecido, é

utilizado para adubos das plantas. Das amêndoas se faz o óleo. A palha das palmeiras

do coco babaçu serve para cobertura e construções de das paredes das casas, esteiras para portas e janelas, fazem também o abano, o cofo que tem várias utilidades, o

abano para ativar o fogo do carvão ou da lenha, etc. O talo da palha, conhecido por

“vara do coco” é também utilizado para a construção de casas em paredes de taipa e cerca. A casca do coco é transformada em carvão para ser utilizado na cozinha e em

pequenas siderurgias domésticas. A amêndoa, além de produzir por prensagem, óleo

rico em glicerina, láurica, utilizada na fabricação de gorduras alimentícias, saponáceas,

cosméticos, etc. A torta de amêndoa é excelente matéria-prima para a preparação de mingaus, cremes e doces de diferentes qualidades, ou para nutrição infantil. A

amêndoa, que é o produto mais importante do coco babaçu, é extraído pelas

quebradeiras de coco, vendido aos quilos para os comerciantes do povoado, os quais revendem aos exportadores para fabricação de óleo e os resíduos, são aproveitados

para a fabricação de outros produtos.

A babaçu, cujo nome científico é “bygnya Martiana” é a maior riqueza do extrativismo maranhense, pois se trata do produto de exportação mais importante do

Estado, pois o Maranhão apresenta a maior produção nacional.

IBGE 2005: Produção anual Carvão vegetal - quantidade produzida: 94.001 toneladas.

Madeira – lenhas – quantidade produzida: 936 metros cúbicos

Madeira em tora – quantidade produzida: 4.824 metros cúbicos. Oleaginosos – babaçu amêndoa – quantidade produzida: 1.555 toneladas.

Page 129: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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129

Coco babaçu

bagre do coco babaçu Quebradeira de coco em Bom Jardim/MA.

Bom Jardim tem belezas naturais como rio Pindaré, Carú e rio Poranguetê (ou

Azul) na região da Miril; existindo também muitas praias lacustres ao longo de seus cursos, rios esses que adentram o município.

O Vale Fértil do Nilo foi o que possibilitou a vivência e a economia do Egito em pleno deserto durante milhares de anos.

Os rios que cercam a cidade de Balsas (MA) é que propiciam, através de uma

política agrícola planejada fazer do município de Balsas, uma referência na agricultura a nível de Estado.

Bom Jardim é uma enorme área fértil banhada por dois rios e vários igarapés

que adentram e circundam o município, tornando-se igualmente potencial em

termos de fertilidade e terra boa para a agricultura. Persiste porém, uma forma primitiva e decadente de agricultura com desamparo para a questão agrícola em

larga escala e de apoio mecanizado. O que está faltando?

Nos primeiros dias da história de Bom

Jardim, o buriti era uma fruta muito

comum na lita dos produtos extrativistas.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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130

Extração Vegetal e Silvicultura

Matéria-Prima Quant. Toneladas Valor Produção

Madeira – Carvão vegetal 248 toneladas 161 mil reais

Madeira – Lenha 437 metros cúbicos 9 mil reais

Madeira em tora 2.633 metros cúbicos 491 mil reais

Produtos da Silvicultura –

Carvão vegetal

108.578 toneladas 23.887 mil

reais

Oleaginosas – babaçu,

amêndoa

782 toneladas 927 mil reais

Fonte: IBGE, 2012

22 A DECADÊNCIA AGRÍCOLA EM BOM JARDIM

No capítulo que antecede foram vistos dados da economia bonjardinense, nos que seguem serão abordados indicadores que revelam a má distribuição das terras, oriundas

de um processo histórico que se formou ao longo da história municipal, a queda na

produtividade e pesquisas e relatos que explicam a decadência agrícola no município em estudo. A qual reflete a grande desigualdade social e número de excluídos

existentes no município; inclusive dados evolutivos pesquisados em fontes oficiais

como: IBGE, Prefeitura Municipal de Bom Jardim, órgãos de Estado como GEPLAN

(Gerência de Planejamento). O município já teve expressiva produtividade de arroz no sistema manual. Apesar dessa produtividade ter sido através de uma forma tradicional

ou primitiva, assim como noutros municípios maranhenses, tal fato ostentou ao

município um título que informalmente poucos conhecem, de ter sido o maior produtor de arroz no sistema manual não só a nível de Estado e Brasil, como também da América

Latina. Comprovando o exposto, veja o que diz o senhor Ozimo Jansen, ex-vereador e

ex-funcionário da Fazenda Estadual na época, que relata uma reportagem que ouvira na Rádio Nacional de Brasília, em 1982, assim como outras pessoas:

“Em 18 de março de 1982, ouvi na Rádio Nacional de Brasília uma entrevista com um

técnico do Ministério da Agricultura. Quando o repórter o questiona sobre qual o município do Brasil, naquele momento era tido como o maior produtor de arroz no

sistema manual. A resposta foi:

“O município de Bom Jardim, no Estado do Maranhão é

considerado o maior produtor de arroz no sistema manual, não só

do Maranhão e do Brasil, mas também da América Latina”.

Secretaria de Agricultura de

Bom Jardim

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

131 Atualmente o município não ostenta mais esse título, devido uma variante

de fatores, entre eles, o desamparo de política agrícola ao longo de sucessivos

governos; a expulsão do homem do campo, empobrecimento do solo, o uso de técnicas ultrapassadas ou primitivas (através de roças sob queimadas), expropriação das terras

a latifundiários e fazendeiros que detém grandes extensões improdutivas; e uma baixa

renda familiar, que denota a situação de extrema pobreza. Comprovando o fato, não é

à-toa, que o município detém indicadores sociais assustadores, comparados com a média nacional. Esse é o Bom Jardim de 40 anos de emancipação que falta emancipar-

se daqueles que não têm compromisso”. Veja os dados abaixo:

IDH: 0,647 (2000)

Posição no rank nacional: 5.464º

Rank no Estado: 203º Índice de Analfabetismo: 42,5% (IBGE/2000)

Índice de analfabetismo 2010: 31,84%

Renda capita: R$: 535,47 (IBGE/2000)

Percebe-se no decurso da história municipal, a ausência de políticas planejadas

e a altura, voltadas para combater o problema que levou a essa decadência; ou uma

política de reversão da situação. Chega-se portanto, à conclusão que este “círculo vicioso de situação” vá longe, caso persista o referido desamparo (como acontece).

Observou-se em relatos e informações anteriores, que o município já teve seu

tempo áureo, relacionado à economia agrícola. Ao analisar que Bom Jardim sofreu decadência econômica relacionada à agricultura, é de suma importância a busca por

explicações no tocante ao fato, que se processou gradual e lentamente, na dinâmica da

contradição “não contrariada”; fatos estes, que se esclarecem através de relatos de

antigos e atuais líderes políticos que acompanharam a trajetória histórica e econômica do município.

ECONOMIA BONJARDINENSE

Veja gráficos abaixo que comprovam a queda na produção agrícola no município de Bom Jardim:

Produto Ano: 1993 Ano: 1994 Ano: 1995 Ano: 2000 2006

arroz

18.826 ton.

34.800 ton.

36.240 ton.

8.044 ton.

8.140 ton.

Feijão 293 ton.

Milho 2.349 ton.

Fonte: Sinopse Estatística do Maranhão/IPES. Prefeitura Municipal e GEPLAN/2006.

Os indicadores acima não constam dados do “período áureo” da agricultura no município, que datam da origem aos anos 80. Se compararmos a tabela da produção

agrícola com a pecuária, chegaremos a conclusão de que houve uma inversão de

cultura. Ou seja, a agricultura foi e continua sendo suplantada pela pecuária a cada ano no município. Os fazendeiros são na maioria pessoas ricas e de condição média.

Os agricultores, na maioria, pessoas de baixa renda. A grande concentração de terras,

às vezes improdutivas nas mãos de poucos exclui uma grande maioria da possibilidade de viver dignamente e produzir com sustentabilidade na terra.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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132 Principais Produtos Agrícolas (lavoura temporária), por rendimento médio e

quantidade produzida, segundo os municípios – Maranhão – 2006

Produto Quantidade/ ton.

Arroz

8.140 ton.

Cana-de-açúcar 285 ton.

Feijão 293 ton.

Mandioca 67.500 ton.

Milho 2.349 ton.

Abacaxi 94 ton.

Melancia 242 ton.

Fonte: IBGE, 2006

Pecuária

Pecuária 1993 1994 1995 2000 2005

Bovinos: nºde

cabeças/ano

59.716

62.702

65.210

75.133

141.23

Fonte: IBGE/2005.

Observa-se uma evolução crescente na produção bovina do município. Sendo

que nos primeiros dias de sua história, eram insignificantes os indicadores nessa cultura.

Comparando os dados da agricultura com os da pecuária conclui-se o que foi

citado anteriormente “substituição de cultura”. Ou seja, houve uma drástica queda na produção agrícola, porém, em contrapartida, a pecuária se mantém num constante

crescimento.

Apresentando ela um grande peso na receita do município. Veja abaixo dados da

economia municipal distribuída por setores:

10,20%

0,36% 0,37%

83,29%

2,95% 0,11% 0,30%0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

Principais Produtos Agrícolas (lavoura temporária), por rendimento médio e quantidade produzida, segundo os municípios – Maranhão – 2006

Principais Produtos Agrícolas (lavoura temporária), por rendimento médio e quantidade produzida, segundo os municípios – Maranhão –2006

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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133 Agropecuária 77,4%

Agricultura 56,4%

Indústria 0,3%

Serviços 22,3%

Fonte: IBGE/2005

Acerca dos problemas agrícolas no município como: queda na produção, elevação na pecuária, e expropriação das terras dos agricultores, veja o que dizem

antigos moradores e líderes políticos, conhecedores dessa realidade e da política local

e sua evolução histórica. Os quais dão possíveis explicações para a dinâmica de tais acontecimentos em nível de Bom Jardim, que é apenas um possível retalho do que pode

ter acontecido em outros municípios.

Resumo dos relatos que explicam a queda na produção agrícola no

município de Bom Jardim:

No princípio, grande número de agricultores apossaram-se das terras, dantes

devolutas. E seguiram na marcha produtiva, num processo de agricultura

primitiva, que ainda hoje se arrasta, amparado com política agrícola pouco significativa, que fosse (ou seja) capaz de dar à agricultura seu devido potencial

produtivo, que não só de subsistência, mas de valor comercial para a exportação

e gerar receita para o município. No chamado “tempo áureo” da economia agrícola no município quanto a grande produção de arroz, as terras eram do

povo, razão essa das grandes safras que o município já apresentou (mesmo

sendo na forma primitiva e com as grandes roças sob queimadas). No transcorrer dos anos, com a ausência de políticas públicas capazes e

eficientes no setor agrícola que amparasse o homem do campo no sentido fixá-

lo no campo, levou-os a expropriarem –se de suas terras, vendendo-as a

latifundiários e fazendeiros que iam comprando com a “situação”.

Na relação entre lavradores e comerciantes, muitos comerciantes enriqueceram,

pois os lavradores, através de suas necessidades básicas vendiam na palha sua produção agrícola como arroz, em troca das compras e produtos de primeira

necessidade como: querosene, açúcar, foice, machado, cotelo, remédio, roupas

e possíveis empréstimos em dinheiro. Fato este, que levou muitos lavradores a se endividarem, (tendo consequentemente que se expropriarem de suas terras).

Independente das “situações” houve também casos de pressão por parte de

latifundiários e fazendeiros que, quando os agricultores não queriam vender suas terras por livre “necessidade”, eram pressionados a vender por livre

“pressão”.

Há na educação do campo a ausência de um currículo disciplinar que eduque os habitantes para a vida e a função no campo. E para isto, uma ideia que defendo para o problema da educação rural além da implantação de técnicas agrícolas na grade curricular, é a implantação de EFAs – Escola Família Agrícola – que é realidade em muitos estados brasileiros e vem dando certo há mais de 40 anos. É um projeto que se fundamenta na pedagogia da alternância e embasa projeto político para a comunidade

rural a partir do papel social da escola. Essa pedagogia e ou projeto valoriza a história

local, modelo cultural e padrão de respeito aos direitos do homem do campo sem excluí-lo dos benefícios da cidade. Não é simples pedagogia que se apresenta e sim também, uma ação política para o homem do campo que se integra nesse modelo.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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134 AGRICULTURA

Predomina no município a exploração de subsistência, dentre os quais: arroz, milho e mandioca. A atividade agrícola contribui com a receita do município em torno de 21%.

(Fonte: IBGE/2000)

A agricultura é explorada, em grande parte, por pequenos produtores rurais.

Sabe-se que economicamente, a agricultura é muito importante para o desenvolvimento do município, mas esta não apresenta ultimamente bons índices de

produtividade. A estrutura agrária põe em evidência o latifúndio, onde se percebe, que

a maior parte das terras são ocupadas por latifundiários.

Números da produção agrícola no município de Bom Jardim

Cultura Área colhida (ha) Produção toneladas

Arroz 7.270 8.044

Milho 4.230 2.348

Feijão 310 152

Mandioca 768 7.128

Fonte: Pref. Municipal de Bom Jardim/e GEPLAN/2000.

Na tabela acima percebe-se que o produto número um na produtividade do município é o arroz, seguido do milho, como segundo produto mais produzido.

Segundo levantamento realizado no comércio comprador e exportador de castanha: a produção anual deste produto está em torno de 20 toneladas por safras.

Sendo uma atividade marginal (ou seja, produzida apenas no regime extrativista).

Apesar dessa produção, no município só é aproveitada a castanha, perdendo-se o caju,

com o qual poderia ser feito suco, doce, etc.

Bom Jardim não tem um projeto social de desenvolvimento sustentável integrado; nem no campo nem na cidade... Desenvolvimento sustentável é quando a comunidade no município atinge a capacidade da auto sustentabilidade, a autonomia do desenvolvimento e do crescimento econômico sem depender de assistencialismo nem o município ter que exportar a maioria de seus bens de consumo (agrícola) de fora, que gera uma evasão de capital que vai aquecer a economia e promover emprego e renda em outras cidades. A zona rural de Bom Jardim, onde se localiza 65% da população municipal e 98,3% das terras do município, era pra ter uma economia agrícola forte e auto sustentável que abastecesse o mercado local e garantisse a estabilidade do homem do campo no campo; mas a maioria dos produtos agrícolas consumidos em Bom Jardim vem de fora. Importamos frutas, verduras, legumes, arroz, feijão e outros para o sustento da população. Isso significa que não existe uma agricultura forte. O que existe em Bom Jardim é uma dependência do empreguismo da prefeitura, de aposentadorias, e de programas assistencialistas do

governo federal como bolsa escola, bolsa família... No entanto, existe um excelente programa do governo federal – O PRONAF (PROGRAMA NACIONAL DE AGRICULTURA FAMILIAR, e o programa de estado PRODIM- Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão, que é um Projeto de Redução da Pobreza Rural. Ou seja, temos todo um aparato institucional de programas a serviço do homem do campo, mas apesar de tudo, o município não apresenta uma agricultura fortalecida nem auto sustentável.

Agricultor de Bom Jardim - MA

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

135

Você sabia...

Que o maior abacaxi do mundo foi encontrado em Bom Jardim, Maranhão, em 1997. O abacaxi pesava 9 kg. Foi colhido na fazenda Santa Maria, de Joaquim Boanerges Ayres

Guimarães, que tinha cerca de 1500 pés de abacaxi. (Fonte: The Guiness Book of

Records, in 1998).

PECUÁRIA - A pecuária é uma das atividades de destaque no município de

Bom Jardim. Predomina a criação de bovinos, suínos, cabras e aves. A atividade

pecuária contribui em maior escala para a economia municipal: 56,4%.

Espécie Nº cabeças / Ano

2000

Nº cabeças /

Ano:2003

Nº de cabeças/

Ano 2012

Rebanho Cabeças Cabeças Cabeças

Bovinos 76.133 80.652 186.647

Suínos 6.145 3.182 4.030

Aves 84.000 36.082 n.c

Galinhas, galos, pintos, frangos

18.643

Caprinos 4.450 * 1.855

Ovinos (ovelhas,

carneiros)

3.556 * 1.299

Fonte: Prefeitura Municipal e GEPLA/2000/2003.

Como foi visto em tabelas anteriores, de que a produção bovina mantém-se

em crescente, estes são apenas números estimativos. Porém, a produção é bem maior,

segundo fonte municipal e de censitários.

PRODUÇÃO ANIMAL

Espécie Ano: 2001 Ano: 2003 Ano 2012

Quantidade Idem Idem

Leite de Vaca 1368.000 litros 2.398.000 litros. 2.073.000 litros

Leite de cabra 1000 litros Não consta Não consta

ovos 33.000 dúzias 22.000 dúzias 21.000 dúzias

Fonte: IBGE/GEPLAN-2003

É alta a produção animal em Bom Jardim, como leite e ovos. Portanto, essa produtividade não é canalizada na fabricação de produtos secundários, como queijo,

doce, etc. Que poderiam ser produzidos e exportados, gerando renda e emprego no

município.

O município tem vocação agrícola, e apresenta condições geográficas e climática para produzir em larga escala. Este fato se evidencia nos fundamentos da

história do município nos anos 80. Esta vocação se mostra imprescindívelmente clara

ao se analisar que 65% da população do município vivem em área rural. Mais ainda: 98,3% das terras do município se localizam na zona rural.

É absurdo quando se vê esses indicadores junto a uma situação paralela de

ausência de política agrícola planejada, “capaz e eficiente” de suprí-la e transformar o município num potencial em favor da população. Se isto não acontece, vem a significar,

portanto, o “estrangulamento” da vocação agrícola do referido município. Outro ponto

de “estrangulamento” é a forma primitiva de agricultura que se mantém, a qual,

praticada desde a fundação do município, propicia uma produção mínima e perniciosa ao meio ambiente (o caso das roças sob queimadas).

Foi observado que houve uma mudança de cultura. Nessa mudança, a

agricultura praticada pela maioria da classe de baixa renda encaminhou-se para a sua decadência. Ou seja, ao longo do processo histórico, por necessidades, frutos do

desamparo de políticas públicas para a questão agrária, que prendesse o homem do

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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136 campo no campo; Isto fez com que, apesar do tempo “áureo” só explorado e não

atualizado com a “modernidade ou era da máquina e do crédito”, levasse esses

agricultores cuja forma de cultura praticada na agricultura era “sofrida” e de subsistência a abandonarem ou venderem barato suas terras. Você caro leitor, pode

estar se perguntando: “Se 65% da população reside na zona rural, como não tem

terras, se é a maioria? Pois bem, Há uma alta concentração de terras nas mãos de

poucas pessoas. E enorme o número de habitantes que mal tem onde morar e apenas o fundo do quintal para ser suprido com a ciente política do governo, através da

agricultura familiar”. Isto fez com que, no transcorrer dos anos que se seguiram, a

economia agrícola passasse a representar pouco na receita municipal, que já exporta arroz de outros Estados.

Com a mudança da agricultura para a pecuária, um novo panorama de

proprietários se definiu no quadro de relações formadas, a qual apresenta-se hoje definida, cujos proprietários não são mais a classe de baixa renda, para não se dizer

pobre, e sim é composta de pessoas ricas e de classe média (fazendeiros e políticos,

em sua maioria).

Esta alta concentração de terras em posse de poucos, em detrimento de muitos é um fato excludente que alimenta a situação de pobreza e mantém o município

na baixa produtividade agrícola. Tudo isto se comprova quando analisamos que 50%

da classe produtora (entre arrendatários, parceiros, ocupantes, etc.) detêm apenas 1,9% das terras produtivas ou cultiváveis (veja gráfico abaixo). Fato este, que vem a

manter o status quo (estagnação e atraso) econômico do município e conservar da

situação de pobreza e dependência político-econômica de grande número de pessoas no referido local do presente trabalho. Comprometendo com isto a cidadania e a

liberdade de opção pelo voto em troca de “migalhas”, que para muitos políticos

corresponde “comprar o poder”; levando-os ao descompromisso. Isto não é um fato

isolado, existem muitos “bonjardins”.

22 Programas à Serviço da Agricultura em Bom Jardim

Programa Fome Zero – Se destina à compra local (da Agricultura Familiar). Em Bom Jardim existem 67 produtores cadastrados que

fornecem os produtos - que são destinados a complementar a merenda

escolar e saúde.

PRONAF – (Programa Nacional de Agricultura Familiar) - Trabalha com a liberação de linha de crédito para agricultores rurais com taxas de

juros mais baixas e prazos especiais de pagamento. Existem quatro

modalidades de PRONAF:

Pronaf A, B,C,D e E. Em Bom Jardim só opera o PRONAF: B, C, D e E.

B – É liberado a pequenos produtores (mine produção rural) para criação de

pequenos animais e hortas, com juro de 1% ao ano. Neste, existe bônus de

25% de abatimento do valor total da dívida quando pago em 1 ou 2 parcelas.

O valor do empréstimo é no valor de 1.500,00 reais. C – Libera recursos para o custeio de mandioca a taxa de juros de 4% ao

ano com valor liberado até R$ 6.000,00 (seis mil reais).

D – Libera recursos para investimentos na agropecuária –com juros de 4%

ao ano. Libera até R$ 15.000,00 (quinze mil reais). E – Destina à pecuária (especificamente para infra-estrutura em

propriedades) com juros de 7,25% ao ano.

PRODIM – Ou Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão é

um Projeto de Redução da Pobreza Rural,criado desde 2002, e que

começou a liberar recursos a partir de 2006. Os recursos se direcionam ao

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

137 associativismo através de fundos perdidos do Banco Mundial em

parceria com o Governo do Estado. A contrapartida é de 15%, e pode ser

por meio de material ou mão de obra da comunidade beneficiada.

Os subprojetos financiados pelo PRODIM são classificados em cinco tipos: apoio à geração de renda, apoio à saúde e ao saneamento, apoio à educação,

apoio à cultura e à preservação ambiental.

Diante de todos esses serviços e vantagens, a Secretaria de Agricultura trabalha com uma equipe de técnicos agrícolas, médicos veterinários e

Assistente social auxiliando o homem do campo quando este necessita.

ASPECTOS INFRA-ESTRUTURAIS (FUNDIÁRIO, ENERGÉTICO E SISTEMA DE ÁGUA)

ESTRUTURA FUNDIÁRIA

Situação Nº de Estabelecimento Área (ha)

Proprietário 3.485 248.535

Arrendatário 2144 3.195

Ocupante 1.295 1554

Parceiro 37 55

Total 6.961 253.339

Fonte: Prefeitura Municipal e GEPLAN/2000

Observa-se no gráfico acima que, 50% dos proprietários de terras detêm

98,1% das terras cultiváveis ou agricultáveis. Isto significa que, 50% da população

economicamente ativa que vive da lavoura entre arrendatários, ocupantes e parceiros se encontram ocupando apenas 1,9% de terras cultiváveis no município.

SITUAÇÃO A NÍVEL DE BRASIL

Os estabelecimentos agrícolas no Brasil se dividem nos seguintes números:

- 4,3 milhões com áreas inferiores a 100 há*

- 470 mil com área de 100 ha a menos de 1.000ha

- 47 mil com área de 1000 ha

- 2,2 mil com áreas a partir de 10.000 ha e o restante sem declaração. *ha: hectare

Em relação à mão de obra, constatou-se o seguinte:

- Os estabelecimentos com menos de 10 ha absorvem 40,7% da mão de obra;

- Os de 100 ha a 1.000 ha absorvem 39,9% da mão-de-obra;

- Os acima de 1.000 há absorvem 4,2% da mão-de-obra.

A falta de uma política clara em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais reflete também a falta de uma política de reforma agrária no Brasil. A concentração de terra no Brasil é uma das maiores do mundo. Cerca de 1% dos proprietários rurais detêm em torno de 46% de todas as terras. Dos aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são utilizados como lavoura. A Constituição brasileira determina que as terras que não cumprem sua função social devem ser desapropriadas para fins de reforma agrária. A função social da terra é determinada de

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

138 acordo com o nível de produtividade, além de critérios que incluem os direitos trabalhistas e a proteção ao meio ambiente.

Segundo o Correio Brasiliense, dos cerca de 5,5 milhões de

estabelecimentos rurais estimados no país, apenas 7.042 (0,13%) estão no

cadastro do Incra de imóveis rurais certificados, ou seja, que foram

georreferenciados e estão com toda a documentação em ordem. Constata-se, portanto, que a realização da reforma agrária no Brasil é

fundamental para resolver problemas econômicos e sociais no país.

Segundo os dados, existem 100 milhões de hectares de terras ociosas no Brasil.

Você sabia...

Que o “milagre Alemão” no pós-guerra após o Tratado de Versalhes que isolava

o país de qualquer relação comercial com outros países foi a REFORMA AGRÁRIA. O povo foi a verdadeira arma de produzir riquezas. No Brasil essas

riquezas (terras) estão nas mãos de uma minoria, inclusive estrangeiros na

Amazônia, que possuem área do tamanho do estado do Rio de Janeiro.

ÁREAS DE ASSENTAMENTOS DE BOM JARDIM

Nome

Setor Área (ha) Famílias assentadas

Incra Iterma

01 Amazônia X 4.530

02 Flecha/Gleba Juriti

X 2.160

03 Rio Ubin X 2.489

04 Santa

Antonio/Bela Vista

X 7.037

05 Varig X 18.799

06 Rosário/ Centro

Batista

X 5.021

07 Santa Lúcia X 385

08 Sambra X 23.010

Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jardim

Não sendo diferente das informações anteriores, observa-se um acentuado número de assentamentos na região da Miril, e com menos ocorrência no restante do

município, onde também há um grande número de pessoas que necessitam de terras

para plantar e sobreviver. Esses assentamentos se deram através do INCRA e do ITERMA. Nesse sentido, o processo de assentamentos e apropriações de terras é uma

forma de inclusão social voltada para o homem do campo. Em Bom Jardim grande é

o número de famílias sem terras para a agricultura, segundo GISTELINK, (UFGO, 2002) que afirma no gráfico abaixo:

Município Total de famílias que vivem

da lavoura:

Famílias sem terra para

desenvolver a agricultura

Bom Jardim 7.000 4.900

GISTELINK, UFGO, 2002

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

139 O processo de latifúndio nas terras do município é grande e, a cada

tempo que passa, verifica-se sua crescente ação expropriadora. Como

comprovações, o IBGE de 2010 revela um acentuado declínio da população rural

de Bom Jardim, seja por determinado fator, ou o abandono de políticas capazes para o campo. Por outro lado, ao longo da trajetória política no município, é

notório também gestores que, além de não resolverem o problema, ou não

saberem como lidar, ou não se importarem compraram grandes áreas de terras,

vendo no problema, uma oportunidade de negócio, contribuindo desta forma, para o latifúndio e concentração de renda. Não apenas gestores locais, mas

também de outras cidades, assim como grandes fazendeiros vão “adquirindo”,

contribuindo com o minifúndio. Como conseqüência, vários povoados estão

desaparecendo.

Infraestrutura Energética

Consumidores

Urbanos/ Rurais

Ano:1993

1994

1995

2002

2004

Total de

Consumidores

2.575 3.315 4.577 4.877 5.248

Consumo total 498.534 kwat

Receita Mensal

(2004)

123.387,35

Fonte: CEMAR/2004.

A CEMAR (Companhia Energética do Maranhão), como parte do Programa Nacional

de Desestatização do governo FHC, foi privatizada em 15 de junho de 2000, vendida

para o grupo americano PPL Global LLC (Pensylvania Power Light por meio de sua

controlada indireta Equatorial. Em 6 de março de 2004, GP Investimentos adquiriu o

controle da Equatorial. Em 6 de março de 2006, 46,25% do capital social ainda restante

da Equatorial é transferido para o PCC Latim American Power Found Ltd. Atualmente

a empresa tem 1,5 milhão de consumidores.

Lembrando que a ampliação do sistema energético e rede se deve a Programas Federais

– entre esses, o Programa Luz para Todos.

Nome dos povoados com eletrificação rural Km 18 Pedra de Areia Boa Esperança

Boa Esperança D´água Preta Galego Zé Boeiro

Oscar Barrote Boa Vista

Rapadura Velha Cassimiro Barraca Lavada

Centro Nascimento Gurvia Centro João Bastião

Barra do Galego Palmeira Comprada

REGIÃO DA MIRIL:

Unicem Escada do Carú Varig

Dois Irmãos Traíras Mutum

São Francisco Igarapé dos Índios Cristalândia

Santa Luz São Pedro do Carú Bela Vista

Rosário Canaã Fazenda Amazônia

Macaca Porto Seguro Sapucaia

Chapada Três Olhos D´água Novo Carú

Rapadurinha Turizinho do Augusto Brejo social

Vila Bandeirante São João do Turi Vila Novo Jardim

Page 140: HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS  DE BOM JARDIM - MARANHÃO

Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

Adilson Motta

140 SISTEMA DE ÁGUA

Ano 2004

Nº de Consumidores 2.324

Faturamento Mensal R$: 24.125,04

Fonte: CAEMA/ Out. 2004.

Atualmente o sistema de água implantado no município ainda na gestão de

Gildásio Ferreira Brabo não apresenta eficiência no atendimento à demanda de consumo da população total, apresentando constantes faltas de água e a penalização dos

consumidores. Alega-se que é por razões de que a empresa esteja tendo déficit e ser

de alto custo a escavação de novos poços artesianos para suprir a demanda local assim como em outros. Há especulações de que poços artesianos cavados com recursos

Federais estejam sendo usados pela empresa (que pretende cobrar taxa/consumo),

que é um fato ilícito. Outro fato ainda mais grave que também vale ressaltar se dá nas informações da entrevista do ex-prefeito Gildásio Ferreira Brabo nas seguintes

palavras:

“A CAEMA foi implantada em Bom Jardim na minha gestão. E no contrato que assinei com a empresa rezava que, com 20 anos depois de sua implantação, o sistema de água

passaria para o município. E o direito de exploração pelo contrato se extinguiria. Ou

seja: seria municipalizada. Os 20 anos venceram no governo de Antônio Soares Pedrosa. No entanto, ninguém se importou”.

Ninguém se importou com esse grande benefício que o povo bonjardinense

deixou de usufruir durante 20 anos, inclusive a Câmara de Vereadores. Segundo o entrevistado, o contrato venceu. E a mais de 20 anos a empresa explora a água no

município sem sua renovação.

Essa é também a realidade em muitos outros municípios maranhenses. A especulação de muitos políticos “veteranos” é de que se municipalizar a água, a

situação se torne pior, porque vai ser mais gastos dos cofres públicos. No entanto,

pessoas que não são da ala política opinam que a municipalização da água tem tudo para dar certo. Onde afirmam que o ponto negativo para não ser bem sucedido, é caso

haja negligência e irresponsabilidade política que venha transformar a empresa numa

“vaca leiteira” de voto em período eleitoral. O ponto positivo para ser bem sucedido,

é a implementação de artigo na lei orgânica do município visando assegurar o patrimônio público como intocável e culminante de crime contra o mesmo. Quanto a

questão econômica, o município articularia projetos de poços artesianos através de

Associações (pois são mais de 100 em Bom Jardim). Lembrando que, o que foi colocado acima é Municipalizar e não Privatizar. Privatizar seria

a pior das alternativas, pois, a privatização de empresas públicas – onde se transfere riquezas sociais

para grupos capitalistas privados é a meta essencial da política neoliberal – que contribui para a

concentração de renda; e num estado como o Maranhão, com os atuais indicadores de pobreza e

desigualdade, - seria abrir mais esse abismo entre ricos e pobres.

Para muitos, a saída seria aparelhar os mecanismos administrativos (como já acontece), priorizar

cargos técnicos comprometidos com o desenvolvimento e crescimento da empresa e não torná-la

cabide de emprego de políticos, o que compromete sua eficiência e qualidade.

Reformada em 2009.

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Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão

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Em alguns municípios a Caema implantou o Programa de Responsabilidade Social “Caema na

Escola”, de caráter educativo e informativo, que visa conscientizar a comunidade estudantil sobre as

questões ambientais como: A Importância da Água Tratada; Combate ao Desperdício de Água;

Preservação dos Recursos Hídricos; Correta Utilização de Esgotos e outros.

23.1 Infraestrutura Bancária e Histórico

Em 1978 foi fundado em Bom Jardim um posto do Banco do Brasil, cuja finalidade era apenas para o crédito rural. Os aposentados recebiam seus benefícios

em Santa Inês e lá também os comerciantes realizavam suas transações bancárias. Em

28 de outubro de 1985 foi fundada a agência bancária em Bom Jardim, sendo o Banco

do Brasil, cujo primeiro gerente foi o senhor Clédio de Campos. Entre 1995 a 1996, o Banco do Brasil em Bom Jardim esteve às portas de

fechar. Devido a pouca circulação de moeda no município, repercutindo em poucas

transações e depósitos ali efetuados. Ficou evidente a importância e impacto que a prefeitura, como um dos maiores empregadores e fonte de renda representa na

economia municipal.

Para salvar a situação os aposentados concordaram em contribuir dos seus benefícios em favor do banco a título de contribuição. Houve também alguns

empresários que efetuaram depósitos para evitar seu fechamento.

Atualmente o município se desenvolveu bastante, vieram muitas lojas, gerando

empregos e aquecendo mais a economia municipal. Diante dessa realidade, reduziu-se bastante os riscos de fechamento da referida agência. Lembrando que o que mantém

a vida economicamente ativa do município são 4.200 aposentados que todo mês

recebem seus benefícios e 1212 funcionários da prefeitura além de funcionários do Estado (FUNASA e Educação). Esses são os principais fatores em torno dos quais circula

a economia bonjardinense, além da agropecuária que representa 77,4% da receita do

município.

Hoje o Banco do Brasil apresenta uma infra-estrutura moderna com atendimento eletrônico em terminais através dos quais os clientes realizam suas

transações bancárias como: saques, empréstimos, depósitos e emissão de cheques e

extratos. O município possuiu também uma agência do banco Banorte, que foi fundada

em julho de 1981, tendo como primeiro gerente o Senhor Rivaldo Sousa Guerra. É

considerada a primeira agência bancária do município, pois quando esta foi fundada como agência, o Banco do Brasil já existia não como agência e sim como posto do Banco

do Brasil. A agência Banorte fechou em 1986. Um dos seus últimos gerentes muito

conhecido foi o senhor João Vivaldo Carneiro Macias.

Banco do Brasil em Bom Jardim

CAEMA: Companhia de Água e Esgotos do

Maranhão em Bom Jardim.

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PROPOSTAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

A BOM JARDIM

Programas Sociais e Qualidade de Vida

Programa de erradicação do analfabetismo. Aproveitar-se-á todos os programas já existentes

(Avança Brasil e Alfabetização Solidária) e será ampliado outros de cunho municipal. Meta de redução do analfabetismo: 3% a 5% ao ano. Bom Jardim apresenta 33,21% de analfabetismo (IBGE, 2010), o mesmo é o índice do Brasil dos anos 70.

Política Habitacional através de projetos habitacionais (com mutirões ou melhoria para construção de casas de tijolos e telhas), pois é grande o número de pessoas que moram em condições subumanas (em casas de taipas com coberturas de palha). Fonte: Programa Minha Casa e outros em articulação de projetos via associativismo e cooperativismo.

Política de Geração de Emprego e Renda, com a implantação de cursos Técnicos Profissionalizantes através de convênios com SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), CEFET/IFMA e cursos voltados para a agricultura e o desenvolvimento sustentável do campo e cidade.

Criação de um Banco do Povo com Fundo Municipal e taxa de 1%/mês destinados ao micro e pequeno

empreendedor (formal e informal).

Propostas para a Educação

Ampliação ao atendimento à demanda do Ensino Médio.

Atendimento à demanda na Educação Infantil, que é mínimo - a qual é de suma importância para reduzir

as altas reprovações e evasões que ocorrem nas séries iniciais do ensino fundamental.

Instalação de Biblioteca nas escolas rurais para fomentar a leitura e a pesquisa e laboratórios de

informática.

Programa de inclusão digital– com laboratório de informática, Internet e cursos básicos oferecidos à

população.

Implantação da Política Salarial de Plano de Cargo e Carreira na Educação, que vise segurar os

professores a nível superior, sob o risco do município perdê-los a outros estados e municípios.

Um Centro de Cultura Popular com fundo de amparo e direcionamento de projetos às fontes oficiais

de recursos. O qual funcionará como o ponto de cultura local (quadrilhas, carimbo, mangaba, tambor

de crioula, arte cênica, histórias popular, Bumba-meu-boi, etc). Sugestão de Hélio Capoeirista.

Continuação à política educacional de formação a nível superior, melhores salários e bolsa de estudo a

educadores.

Construção de quadras esportivas nas adjacências das escolas como incentivo à educação física, lazer

e professores para a respectiva disciplina.

Eleição de Diretores nas escolas pela comunidade escolar (onde pais e alunos poderão votar e escolher

a direção escolar). Já é realidade em muitos municípios e estados brasileiros – e corresponde

democratizar a escola.

Implantação de Escolas Polo que agregue todas mais distanciadas com poucos alunos.

Para isto, é necessário um sistema de transporte (nucleação) permanente na localidade

(povoado) onde situa esssas escola Polos para o transporte dos referidos alunos.

Criação de um Setor de Patrimônio Público

Criação de um Setor Patrimonial ligado ao almoxarifado, sendo encarregado de fazer o levantamento dos bens móveis e imóveis do município através do “selo patrimonial” para preservá-los da “rapinagem” quando na mudança de gestores. Será o local onde os bens móveis e imóveis públicos devem ser registrados e fiscalizados.

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143 Propostas para a Agricultura

Implantação de uma Política Agrícola no Município, pois 59% da população é rural; e

implementação da disciplina de Técnicas agrícolas nas escolas rurais com área para aulas práticas.

Campo Agrícola Comunitário e hortas comunitárias para promover o desenvolvimento

sustentável rural - com leis permanentes implementadas na Lei Orgânica com fins de preservação como patrimônio municipal - Para servir à população sem terra e de baixa renda. Com loteamento e apoio técnico do município.

Construção de uma casa do Agricultor para ampará-los quando se encontrarem ou vierem

para a zona urbana venderem seus produtos, etc. (Para que isso não se transforme numa arma política de favoritismo nas mãos de políticos) oportunistas.

Apoio à Agricultura Familiar – com crédito rotativo para fomentar a produção de subsistência

e abastecimento ao mercado local. Apoio ao Associativismo e Cooperativismo na aquisição de terras (que se encontram

devolutas) e apoio técnico na elaboração de projetos para incentivo à produção agrícola. Projeto Mecanizar Minha Terra - através da Secretaria de Agricultura com apoio técnico a

custo zero aos agricultores. Criação de um Sistema de Transporte a serviço do Agricultor para transportar sua produção

agrícola possibilitando-lhe escoar sua produção com potencial de competir no mercado local ou “Feira Livre”.

Meio Ambiente

Delimitação e preservação às áreas de preservação ambiental de Bom Jardim (lagos e igarapés) que circundam e adentram o perímetro urbano, onde a densidade demográfica é de 107 (hab km²) habitantes por quilômetros quadrados.

* Revitalização e arborização nas margens e nascentes dos igarapés de Bom Jardim.

* Criação e implantação de uma Unidade de Preservação Municipal com base na lei 85/2000.

* Implantação da Política de Resíduos Sólidos em Parceria Público Privado para o processo da coleta seletiva.

* Projeto de Recuperação das Matas Ciliares às Margens do Rio Pindaré e Caru.

Saneamento Básico

Saneamento Básico e construção de um sistema de esgotos no município, pois toda

“rede” se interliga despejando seus dejetos nos igarapés comprometendo seus

ecossistemas e expondo em risco a saúde pública, bem como a qualidade de vida.

Infraestrutura

Empiçarramento e (abaloamento das estradas vicinais para escoação da

produção e locomoção da população rural à sede municipal). Asfaltamento das estradas Bom Jardim – Santa Luz e Bom Jardim – São João

do Caru (em parceria, ou seja: entre os dois municípios de interesse) junto ao governo do estado.

Asfaltamento do centro de todos os povoados da zona rural ou bloqueteamento infraestruturado com sarjetas.

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144 PROMOÇÃO HUMANA:

Propostas de Inclusão Social da Juventude em Políticas Públicas

Criação de uma Secretaria de Juventude com fundo municipal (que vise integrar o jovem nas políticas sociais do município) com incentivo para que esta promova ações culturais, cursos voltados para a juventude e trabalho de formação de consciência e cidadania.

Casa do Idoso (para amparo e acolhimento).

Implantação de creches

Construção de creches para crianças de 3 anos com acompanhamento especializado (psicólogo e pediatra) – como apoio às mães que trabalham ou estudam e não tem com quem deixar os filhos.

Propostas de Transparência Governamental e Combate a Corrupção

Dinamizar o envolvimento da comunidade no Orçamento Participativo (PPA), pois, o mesmo

é uma forma de controle social que, além de levar transparência da aplicação dos recursos públicos é uma forma de combate à corrupção. Bem como mobilizar a participação da sociedade civil organizada (associações, sindicatos e igrejas) em audiência pública trimestral com o Gestor para esclarecimento dos gastos orçamentários. Com poderes de decisão para estabelecer auditoria e sindicância interna.

Criação de um serviço de Disk Denúncia (Anticorrupção) para combater a fraude nas

secretarias (tipo: superfaturamento de nota fiscal ou forjação de notas para desvio de dinheiro público).

Lei Anti Nepotismo

É uma proposta a ser encaminhada a Câmara de Vereadores implementada na Lei

Orgânica Municipal. O nepotismo alimenta a corrupção. A proposta é tornar proibida

a prática do nepotismo em todos os níveis da administração pública municipal de Bom

Jardim. Será uma legislação altamente benéfica ao interesse público.

REGIÃO DA MIRIL, VARIG, BREJO SOCIAL, AEROPORTO...

Criação de uma Subprefeitura na região (Miril, Brejo Social, Aeroporto -com dinamização de uma política especial voltada para a região contemplada na proposta de desenvolvimento: Infraestrutura, Saúde, Agropecuária e Educação).

Articular ações no sentido de promover emancipação política da região tendo em vista a distância, isolamento social, assim como a dificuldade de acesso e sua administração.

MERCADO INFORMAL, AÇÕESADMINISTRATIVAS, TURISMO EDESENVOLVIMENTO

Construção de um Centro Informal de trabalho e Fundo de Amparo Avalizado ao Micro Empreendedorismo (MEI). Beneficiários: Vendedores ambulantes, celeiros, sapateiros, sacoleiras (os), costureiras e outros.

Fazer o aproveitamento do potencial turístico que o município oferece, (nunca explorado nas políticas públicas) nas margens dos rios Caru e Pindaré com suas praias lacustres (com a construção de cais, balneário . e arborização em suas adjacências).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho, retratando Bom Jardim em sua dimensão histórica,

geográfica, cultural e sua problemática, é uma verdadeira radiografia municipal. Mas os problemas em muitos municípios são comuns, configurando uma mesma situação

que está presente em muitos “bonjardins”.

É um material informativo de grande importância para conscientizar os cidadãos

bonjardinenses de sua história, geografia e realidade. Trabalho este, apresentado na sua 1ª edição, também visa auxiliar nas aulas de História e Geografia do município nas

escolas de ensino Fundamental e Médio. Sendo uma contribuição para uma educação

contextual. É preciso, pois, conhecer a realidade social, índices e indicadores de

necessidades, ou seja, desmascarar a realidade para que esta possa revelar os desafios

a serem enfrentados no campo das políticas sociais. Quanto à importância da geografia, que se desdobra em física e humana,

percebe-se que, dentro do fazer histórico fazemos também a geografia (no campo físico,

social e político); abstraindo-se deste modo, que o poder de interferência e

transformação da realidade vem do poder de informação que se tem da mesma. Desconhecer a realidade arremete a alienação do indivíduo e planejamentos

inconsistentes. “Pois, desenvolvimento acontece com planejamento que se faz com

informação”. Para termos a capacidade de agirmos sobre a realidade resta-nos seguirmos a linha filosófica do Positivismo do “conhecer para prever para prover”.

(Augusto Conte in positivismo)

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*Incidente em antares: minesérie onde os falecidos retornavam da tumva para viverem as ações do cotidiano.

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Nota do autor

Foi pensando em você, caro aluno e cidadãos, que resolvi elaborar a presente obra. A mesma é de suma importância para a sociedade em geral. Podendo ser

considerada a cédula de identidade histórica, cultural e geográfica do município em

estudo, Bom Jardim, Maranhão.

Além de depreender informações de relevada importância até mesmo para a região do Vale do Pindaré onde o município está inserido, existem também informações que vão

bem além – que podem servir de suporte e pesquisas em qualquer município brasileiro.

A identidade histórica de um povo é de grande importância para seu desenvolvimento, para que haja perspectiva de melhoria em seu futuro.

Em parte, por ser produto de uma obra social, a mesma está aberta às críticas

e correções para que seja melhorada numa segunda edição ou atualização. Ensina-se nas escolas públicas dos municípios a história e geografia do Estado

e do país, e no entanto não se ensina a história e geografia local (desses municípios).

Ficando o alunado alienado e com uma aprendizagem pouco significativa de sua

realidade. E as disciplinas, ensinadas num “vazio e isolamento”. É nessa análise que considero que, este livro, sendo uma contribuição para uma educação contextual – é o

passo inicial para que outros municípios também o façam. O mesmo vem a suprir o

que imprescindivelmente solicita a LDB 9394/96 nos PCN, quando em suas diretrizes determina que a educação deva ser interdisciplinar e contextual.

Adilson Motta