Historinhas Em Versos Perversos

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Avaliação Parcial de Produção Textual 8o. Ano Tarde Professora Jeannie Fontes /Ana Cristina/ Danilo Texto 1 Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado.(...) Você não vai largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar. (...) Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta. (...) Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-fio. (...) Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.

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Avaliação Parcial de Produção Textual8o. Ano TardeProfessora Jeannie Fontes /Ana Cristina/ Danilo

Texto 1

Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas, contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado.(...) Você não vai largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa aprender a relaxar.

(...) Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser uma rua deserta. (...) Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições, comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher, podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda, estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-fio. (...) Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.

Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso daquelas máquinas.

A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível na companhia.

(Fonte: http://www.baratosdaribeiro.com.br/, adaptado de "Passeio Noturno", de Rubem Fonseca)

Texto 2

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Considere os quadros como manchetes jornalísticas:

MISTERIOSOS ATROPELAMENTOS NORTURNOS DEIXAM VÍTIMAS FATAIS

ASSASSINO EM SÉRIE? POLÍCIA INVESTIGA MISTERIOSOS

ATROPELAMENTOS

MORRE MAIS UMA VÍTIMA DO ATROPELADOS FANTASMA. POLÍCIA

AFIRMA POSSUIR PISTAS.

ENCONTRADA NA CENA DO CRIME, PRESUMIDA PEÇA DO AUTOMÓVEL DE

ATROPELADOR MISTERIOSO.

Proposta 1

Leia atentamente os textos 1 e 2. Relacionando-os, redija um texto narrativo em 3a. pessoa, do tipo conto, no qual você contará o dia seguinte do atropelador, só que neste dia, um investigador da polícia irá abordá-lo e fará algumas perguntas...

Use sua criatividade e mencione no seu texto o carro do atropelador, qual sua motivação para os crimes, como o investigador chegou até ele. Lembre-se que uma das características do gênero conto policial é manter o suspense até o desfecho da história.

Texto 3

A ROSA PÚRPURA DO CAIRO

Sinopse: Em área pobre de Nova Jersey, durante a Depressão, uma garçonete (Mia Farrow) que sustenta o marido bêbado e desempregado, que só sabe ser violento e grosseiro, foge da sua triste realidade assistindo filmes. Mas ao ver pela quinta vez "A Rosa Púrpura do Cairo" acontece o impossível! Quando o herói da fita sai da tela para declarar seu amor por ela, isto provoca um tumulto nos outros atores do filme e logo o ator que encarna o herói viaja para lá, tentando contornar a situação. Assim, ela se divide entre o ator e o personagem.

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Texto 4

MAIS ESTRANHO QUE A FICÇÃO

Sinopse: Certa manhã Harold Crick (Will Ferrell), um funcionário da Receita Federal, passa a ouvir seus pensamentos como se fossem narrados por uma voz feminina. A voz narra não apenas suas idéias, mas também seus sentimentos e atos com grande precisão. Apenas Harold consegue ouvir esta voz, o que o faz ficar agoniado. Esta sensação aumenta ainda mais quando descobre pela voz que está prestes a morrer, o que o faz desesperadamente tentar descobrir quem está falando em sua cabeça e como impedir sua própria morte.

http://www.adorocinema.com/

Proposta 2

Quando você menos espera, alguém te observa

Lendo as sinopses dos filmes " A Rosa Púrpura do Cairo" e "Mais estranho que a ficção" percebemos que quando menos esperamos estamos sendo observados. No caso dos filmes mencionados os personagens são surpreendidos pela improbabilidade da situação. No primeiro a moça, ao assistir um filme, vê o astro principal sair da tela e ganhar vida, pois este a observava sempre que ela ia assisti-lo. Já no outro, um rapaz acorda e escuta uma voz que narra sua vida e faz planos por ele, inclusive da sua morte. Situações bem incomuns, não?

Inspirado nas sinopses, redija um texto narrativo, do gênero conto, em 3a. pessoa , cuja história revele um momento inusitado do cotidiano. Sabe aquele momento em que você pensa que "o mundo ao seu redor não se importa com você" e isso te dá a liberdade de fazer o que quiser, pois ninguém o estará observando?

Não esqueça de desenvolver um texto envolvente e com um final surpreendente.