Historiografia - Caio Prado Jr.

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Anos 1960 – Caio Prado Jr. – A reconstrução crítica do sonho de emancipação e autonomia nacional 1- O grupo apresentou a contento todos os elementos centrais do texto proposto. Caio Prado foi situado historicamente e socialmente pelo grupo, que utilizou uma análise feita pelo historiador José Carlos Reis sobre o autor em questão. Após a contextualização, foi desenvolvido uma apresentação dos principais críticos da produção de Caio Prado, das suas relações com o PCB e com os marxistas brasileiros. Por fim, pensou-se em apresentar uma análise sobre a obra A Revolução Brasileira, percebendo as suas peculiaridades. A revolução para Caio Prado teria um sentido diferenciado das tantas outras apresentadas pelos intelectuais da época e por esse motivo foi taxado muitas vezes de reacionário. Esse sentido de revolução será abordado na próxima questão. 2- A explanação feita em sala de aula deixou bastante claro o posicionamento político, ideológico e social de Caio Prado Jr., desse modo, não cabe aqui retomar toda a discussão proposta por José Carlos Reis em seu livro As identidades do Brasil (2000), onde analisa o autor já citado. Vale lembrar, de forma sintética, que os principais críticos das obras “pradinas” questionam o caráter “circulacionista” e “economicista” de sua produção e ao fato dele não utilizar fontes primarias em seus escritos 1 . Apresentarei aqui, em poucas palavras, a análise proposta por José Carlos Reis acerca da obra A Revolução Brasileira de Caio 1 Para um aprofundamento na questão sugiro uma leitura das páginas 177 e 178 do livro já citado.

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Breve resumo dá contribuição historiográfica de Caio Prado Jr

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Anos 1960 – Caio Prado Jr. – A reconstrução crítica do sonho de emancipação e

autonomia nacional

1- O grupo apresentou a contento todos os elementos centrais do texto proposto. Caio Prado

foi situado historicamente e socialmente pelo grupo, que utilizou uma análise feita pelo

historiador José Carlos Reis sobre o autor em questão. Após a contextualização, foi

desenvolvido uma apresentação dos principais críticos da produção de Caio Prado, das suas

relações com o PCB e com os marxistas brasileiros. Por fim, pensou-se em apresentar uma

análise sobre a obra A Revolução Brasileira, percebendo as suas peculiaridades. A revolução

para Caio Prado teria um sentido diferenciado das tantas outras apresentadas pelos intelectuais

da época e por esse motivo foi taxado muitas vezes de reacionário. Esse sentido de revolução

será abordado na próxima questão.

2- A explanação feita em sala de aula deixou bastante claro o posicionamento político,

ideológico e social de Caio Prado Jr., desse modo, não cabe aqui retomar toda a discussão

proposta por José Carlos Reis em seu livro As identidades do Brasil (2000), onde analisa o

autor já citado. Vale lembrar, de forma sintética, que os principais críticos das obras

“pradinas” questionam o caráter “circulacionista” e “economicista” de sua produção e ao fato

dele não utilizar fontes primarias em seus escritos1.

Apresentarei aqui, em poucas palavras, a análise proposta por José Carlos Reis acerca

da obra A Revolução Brasileira de Caio Prado Jr. Esse sentido de revolução, como já fora

dito, se difere das demais do período. Revolução, ele afirma, não se relaciona diretamente ao

caráter violento, insurrecional, da conquista do poder por um grupo social [...] revolução é um

processo social que realiza transformações estruturais em um curto período histórico (REIS,

2000, p.183). Neste sentido, a revolução para Caio Prado é um momento de aceleração

histórica.

Para o historiador, a revolução socialista não deveria ser colocada como meta inicial,

ela se tornaria com o decorrer do processo revolucionário. Ele deveria seguir o modelo teórico

da Revolução Cubana, que começou como uma luta contra uma ditadura concreta e quando

esta havia ruído, iniciou-se a revolução agrária e anti-imperialista.

Caio Prado critica os teóricos da revolução brasileira, pois estes, ainda viam um Brasil

dominado pelo feudalismo. Contrapondo-se a essa visão, o historiador afirma que “a

economia brasileira nasceu como grande exploração comercial criada pelo capitalismo

1 Para um aprofundamento na questão sugiro uma leitura das páginas 177 e 178 do livro já citado.

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mercantil europeu e voltada para o mercado externo” (REIS, 2000, p.187). Acredita que o

Brasil foi uma criação imperialista e que a classe dominante brasileira é uma subordinada ao

sistema capitalista e por isso não vai de frente aos interesses imperialistas. Apesar de diversa,

essa classe dominante possui certa unidade. São aliados, sócios.

Defende que a verdadeira revolução seria vitoriosa se conseguisse promover a

transição da sociedade colonial ao Brasil-nação. Essa revolução estaria dividida em quatro

etapas: a primeira, a independência política, consolidou-se em 1822; a segunda, fim do tráfico

negreiro (1850) e a abolição da escravatura (1888), que integraram a grande massa da

população trabalhadora; a terceira, a partir de 1870, a imigração, que melhorou a qualidade

cultural do trabalho; e a quarta, a República, a consolidação de um Estado e de um direito

burguês. De colônia a nação estruturada – é nessa evolução que se incluem, para Caio Prado,

como eles de uma corrente, os fatos do presente (REIS, 200, p. 191, grifos do autor).

Para Caio Prado, o capitalismo brasileiro ainda era colonial, ele precisava se tornar

nacional. Para isso, era necessário o controle e orientação do Estado na produção, ou seja, o

intervencionismo estatal. Dois fatores dificultavam essa transição: [1] a presença imperialista

no país, o Estado deveria intervir e afastar essa intervenção imperialista na produção

brasileira; [2] a estrutura agrária do país, que “além de produzir para atender ao mercado

externo, não abastecia de alimentos as cidades, tornando caros os salários urbanos e não

pagando salários aos trabalhadores rurais que não podem consumir os produtos industriais

nacionais.

De modo geral, Caio Prado abandona as ideias de revolução com armas, apontando

para mudanças estruturais a curto prazo, afirmando que a luta pelo socialismo deveria ser

paciente e que precisaria se adequar as condições histórico-sociais do país.

REFERÊNCIAS

REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. – 3ª Ed. – Rio de Janeiro :

Editora FVG, 2000.