Historiografia Crítica: ensaios, analítica e hermenêutica da História · 2020-07-04 ·...

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Tornou-se comum identificar nosso tempo sob a égide de palavras, aparentemente novas, mas carregadas de sentido histórico. Fala-se em pós-verdade, fake news e dos imperativos de um retorno de uma ética perdida e de um mundo em comum – logo político – em corrosão. Nesse mesmo contexto, as democracias Ocidentais sofrem reveses significativos por toda parte: populismo e autoritarismo voltaram a linguagem política corrente. Num mundo carente de sentido e orientação, uma vez mais, o saber histórico e a historiografia se levantam como possibilidade e potência para pensar as questões do nosso tempo. Esse conjunto de ensaios e reflexões, reunidas em torno da noção de historiografia crítica, cada qual ao seu modo e com seu valor, procuram contribuir para o esclarecimento desse momento singular na história da civilização onde o tempo, por efeitos do uso indiscriminado da tecnologia, vem se tornando mais e mais fluídos e acelerados, impedindo a reflexão e o amadurecimento das sociabilidades concretas e das virtudes éticas.

Os Organizadores

Esta obra reúne ensaios que objetivam sistematizar algumas preocupações que norteiam o grupo de pesquisa Teoria da História e História da Historiografia no Brasil vinculado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, com participação de pesquisadores de diferentes IES. Ao longo dos anos, o grupo tem se configurado num espaço de reflexão sobre a produção do conhecimento histórico, com ênfase na reflexão crítica sobre os limites e possibilidades epistemológicas da pesquisa e da escrita da História no Brasil. Trata-se de uma obra que se propõe a refletir teoricamente sobre o ofício dos historiadores e evidenciar aspectos decisivos das práticas e expressões da pesquisa histórica contemporânea.Sua publicação, exterioriza um esforço de memória em torno da comemoração dos doze anos do grupo, cuja trajetória remonta a fundação do NETH (Núcleo de Estudos em Teoria da História e Historiografia) no curso de História da Universidade Estadual de Goiás em 2007, que foi fundado com a proposta de articular a teoria da História e a Historiografia como um campo de abordagem que pudesse contribuir de forma ampla e qualificada para a formação dos profissionais de história, cujo principal foco era aprofundar conhecimentos sobre a constituição do saber/fazer histórico aplicando-os a formação de professores de história.

Luiz Carlos BentoUniv. Federal de Mato Grosso do Sul

Aruanã Antonio dos PassosDoutor em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e docente do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Pato Branco

Luiz Carlos BentoE doutor em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Professor adjunto na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas-MS. Coordenador do Grupo de Pesquisa: Teoria da História e História da Historiografia no Brasil e do GT Nacional de Teoria da História e História da Historiografia 2019-2021.

Rodrigo Tavares GodoiGraduado em História (UNIVAR), especialista em História: local, regional e nacional (UFG), mestre em História (UFGD) e doutor em História (UFG). Atualmente é professor adjunto de Teoria e Filosofia da História na Universidade Federal de Rondônia-UNIR. Desenvolve pesquisa na relação História e Memória com concentração em hermenêutica da memória.

ISBN: 978-65-86207-02-6

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Historiografia Crítica

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Copyright © 2020, Aruanã Antonio dos Passos, Luiz Carlos Bento e Rodrigo Tavares Godoi (org.).Copyright © 2020, Editora Milfontes.Av. Adalberto Simão Nader, 1065/ 302, República, Vitória - ES, 29070-053.Compra direta e fale conosco: https://editoramilfontes.com.brDistribuição nacional em: [email protected]

Editor ChefeBruno César Nascimento

Conselho EditorialProf. Dr. Alexandre de Sá Avelar (UFU)

Prof. Dr. Arnaldo Pinto Júnior (UNICAMP) Prof. Dr. Arthur Lima de Ávila (UFRGS)

Prof. Dr. Cristiano P. Alencar Arrais (UFG) Prof. Dr. Diogo da Silva Roiz (UEMS)

Prof. Dr. Eurico José Gomes Dias (Universidade do Porto) Prof. Dr. Fábio Franzini (UNIFESP)

Prof. Dr. Hans Urich Gumbrecht (Stanford University) Profª. Drª. Helena Miranda Mollo (UFOP)

Prof. Dr. Josemar Machado de Oliveira (UFES) Prof. Dr. Júlio Bentivoglio (UFES)

Prof. Dr. Jurandir Malerba (UFRGS) Profª. Drª. Karina Anhezini (UNESP - França)

Profª. Drª. Maria Beatriz Nader (UFES) Prof. Dr. Marcelo de Mello Rangel (UFOP)

Profª. Drª. Rebeca Gontijo (UFRRJ) Prof. Dr. Ricardo Marques de Mello (UNESPAR)

Prof. Dr. Thiago Lima Nicodemo (Unicamp) Prof. Dr. Valdei Lopes de Araujo (UFOP)

Profª. Drª Verónica Tozzi (Univerdidad de Buenos Aires)

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Aruanã Antonio dos PassosLuiz Carlos Bento

Rodrigo Tavares Godoi (Organizadores)

Historiografia Crítica ensaios, analítica e hermenêutica da História

Editora MilfontesVitória, 2020.

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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação digital) sem a

permissão prévia da editora.

RevisãoDe responsabilidade exclusiva dos organizadores

CapaImagem da capa:

RelógiosAutor não citado, logo, tenho declarado que não existe intenção de violação

de propriedade intelectualBase disponível em: canva.com

Bruno César Nascimento - Aspectos

Projeto Gráfico e EditoraçãoLucas Bispo Fiorezi

Impressão e AcabamentoGM Gráfica e Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

H673 Historiografia Crítica: ensaios, analítica e hermenêutica da História/ Aruanã Antonio dos Passos, Luiz Carlos Bento, Rodrigo Tavares Godoi (organizadores.) Vitória: Editora Milfontes, 2020. 416 p.: 29 cm.:

ISBN: 978-65-86207-02-6

1. Teoria da História 2. Hermêneutica 3. Epistemologia I. Passos, Aruanã Antonio dos II. Bento, Luiz Carlos III. Godoi, Rodrigo Tavares IV. Título.

CDD 901.02

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Dedicamos esta obra em homenagemao professor Estevão de Rezende Martins

e In memoriam aoprofessor Manoel Luiz Salgado Guimarães.

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SumárioPrefácio .....................................................................................9

Apresentação ........................................................................ 13

Parte IHistória e historiografia

Historiografia crítica: a História como esclarecimento e emancipação em tempos de neonacionalismos e populismos .......................................................................21

Estevão de Rezende Martins

Parte IIHistória e ensino

Teoria e epistemologia da História: desafios e perspectivas para o ensino de História no século XXI .............................. 55

Luiz Carlos Bento

A Lei 10.639/03 nas escolas: complexidade e decolonialidade na formação dos sujeitos históricos ...................................... 87

Diogo da Silva Roiz & Jonas Rafael dos Santos

Parte IIIHistória e Memória

Voltar a Benjamin, novamente ............................................143Eduardo Gusmão de Quadros

Teoria da memória: diálogo transdisciplinar e metahistória ..161Rodrigo Tavares Godoi

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Parte IVHistória Intelectual

José de Souza Martins e Jessé Souza: duas orientações da consciência histórica brasileira ............................................233

Ulisses do Valle

Filosofia de composição e decomposição: saberes modernos e sua crítica em Tobias Barreto ..............................................269

Aruanã Antonio dos Passos

Uma analítica goesa da colonialidade no ensaio The Denationalisation of Goans (1944) de Tristão Bragança Cunha ...................................................................................309

Marcello Felisberto Morais de Assunção

A escrita da História de Quirinópolis-Go e seus mutismos historiográficos .....................................................................337

Eduardo Henrique Barbosa de Vasconcelos

Parte VHistória e cinema

Da revolta de Astor Place à industrialização do cinema: o nascimento do público moderno e o problema da escala na História .................................................................................365

Luiz Felipe Cezar Mundim

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PrefácioO livro que os leitores e as leitoras têm em mãos,

Historiografia crítica: ensaios, analítica e hermenêutica da História apresenta reflexões oportunas acerca de temas candentes na pesquisa histórica brasileira. Resultado de um esforço coletivo de trabalho que celebra os 12 anos de existência do Grupo de Pesquisa Teoria da História e História da Historiografia no Brasil UFMS, cuja origem está ligada a Universidade Federal de Goiás. Trata-se de um dos grupos de estudos mais antigos sobre o campo naquela região e também no Brasil.

Quando se pensa na teoria da história como uma área específica de investigação, forçoso é reconhecer seu fortalecimento no país somente a partir do último quartel do século XX. Evidentemente que antes disso haviam pesquisadores e obras dedicadas à teoria e metodologia da história. Faltava, contudo, a formalização de uma rede de estudiosos ou uma entidade capaz de congraçá-los conferindo solidez e maior capilaridade aos estudos produzidos. Em relação aos trabalhos dedicados à história da historiografia – brasileira e estrangeira – o quadro não era muito diferente. Embora fosse espaço sensível visitado por diversos historiadores brasileiros, com sínteses e estudos pontuais publicados em diversos momentos do século XX, provavelmente foi apenas com a criação da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia em 2009, na ocasião do 3º Seminario Nacional de História da

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Historiografia na Ufop em Mariana que o campo conheceu seus avanços mais notáveis.

Muitas vezes acreditamos que fazer história significa exclusivamente pensar em binômios tais como historiador-obra ou passado-pesquisa, mas, seria ingênuo menosprezar a importância da constituição de arquivos, cursos, instituições, grupos de pesquisa, revistas, editoras ou eventos como instrumentos fundamentais na produção e circulação do conhecimento histórico. Neste sentido, há de se reconhecer o lugar especial ocupado pelos historiadores do Centro-Oeste e, em particular, de Goiás como fomentadores de estudos voltados para a teoria da história e a história da historiografia no Brasil. Ou seja, para além de uma provável preeminência do eixo Rio – São Paulo, particularmente no caso da teoria e da historiografia, há que se reconhecer os esforços de pesquisadores e alunos das universidades do Centro-Oeste, como a UFG, a UnB, a UFMS e a UEG, como fundamentais para materializar o campo tanto em sua fase de constituição como na de consolidação, mediante a criação de grupos de pesquisa, publicação de livros e criação de revistas como a Expedições ou ainda a Revista de Teoria da História. Vislumbrar uma árvore genealógica da área que remete, forçosamente, a nomes como os de Von Martius, Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr, José Honório Rodrigues, Emília Viotti da Costa, Francisco Calazans Falcon, Raquel Glezer, Lúcia Maria Paschoal Guimarães, Luiz Costa Lima, Estevão Rezende Martins, José Carlos Reis, Ciro Flamarion Cardoso, Temístocles Cézar, Jurandir Malerba, Durval Muniz de Albuquerque Jr. ou Manoel Luiz Salgado Guimarães entre outros, evidencia o caráter rizomático dos estudos em teoria, metodologia e história da historiografia no Brasil. E localizaria a importância de Estevão Martins na consolidação e expansão do campo, que, desde meados de 1980 conheceu decisivos

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desdobramentos em quantidade e em qualidade em diversos centros de pesquisa.

Neste cenário a relevância das pesquisas desenvolvidas no eixo Rio – São Paulo, sobretudo a partir dos anos 1990, pelo menos no âmbito da Teoria foram ombreadas cada vez mais por outros importantes locus de estudos localizados em diferentes estados brasileiros, com destaque para Minas Gerais, Rio Grande do Sul e, evidentemente Goiás. Seria impossível contornar o peso que tiveram as contribuições não somente do professor Estevão Martins, mas também de Luís Sérgio Duarte, Arthur Alfaix Assis, Carlos Oiti Berbert Jr ou ainda de Cristiano P. Alencar Arrais como esforços multiplicadores, tanto na formação de novos pesquisadores, quanto na criação de grupos de pesquisa, livros e revistas voltadas para Teoria da História e a História da Historiografia. Em diversos temas, a contribuição goiana aos debates historiográficos no país destacou-se, como na questão da narrativa, da presença da filosofia analítica, da divulgação do pensamento de Jörn Rüsen, no reencontro com a filosofia da história, nos estudos sobre o problema da representação histórica do passado, da hermenêutica filosófica – especialmente de Gadamer -, na divulgação do historicismo ou ainda da história conceitual de Reinhart Koselleck entre outros. Como se vê, não se trata de produção marginal ou inexpressiva, ao contrário.

Este livro é mais uma evidência nesta direção, pois, expressa a qualidade das pesquisas realizadas por estudiosos do Centro-Oeste, sobretudo goianos, na produção e na divulgação de estudos voltados para a teoria e a história da historiografia. Ele atesta como foram competentes na criação de uma rede de pesquisadores responsável por uma enorme contribuição ao estudos históricos brasileiros sobre o campo. Seus capítulos revelam como não perdem de vista a conexão dos problemas mais difíceis da analítica ou da hermenêutica

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históricas na produção de sentidos ou de orientação histórica com a dimensão prática do ensino e da divulgação histórica nas escolas. A profusão de objetos de interesse e a qualidade das investigações são patentes, atestando o lugar de destaque que estes estudos devem ocupar no rol dos trabalhos mais recentes publicados no Brasil.

Discutindo problemas voltados para a questão do nacionalismo e da ideologia na construção da história, a presença da teoria no ensino escolar recente, mas também pensando questões relacionadas a memória, a consciência histórica, a filosofia da história, colonialidade e regionalidade, entre outros, este Historiografia crítica: ensaios, analítica e hermenêutica da História coloca-se como leitura obrigatória para um amplo público, seja de graduandos interessados em questões de ordem epistemológica ou prática nos usos do passado e da história, seja por pesquisadores experientes em virtude das perpectivas e provocações levantadas, com argúcia e propriedade pelos autores.

Júlio BentivoglioVitória, fevereiro de 2020

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Apresentação

Historiografia Crítica: ensaios, analítica e hermenêutica da História é uma obra que se propõe a: refletir teoricamente sobre o ofício do historiador e evidenciar aspectos fundamentais das práticas e expressões da pesquisa histórica contemporânea. Atenta-se à identidade narrativa e pertinência empírica decorrente da reflexão historiadora sob critérios de confiabilidade diante procedimentos e regras instituídas pela pesquisa histórica. Pretende um diálogo entre Teoria da História e Historiografia dedicado a reformulação de objetos diretamente implicados nas ideias de história. Sejam esses objetos sob formalismo, revisitação de obras e autores ou na defesa pública da história como engajamento para a compreensão da vida prática.

O projeto de publicação da presente coletânea atende a um desejo de comemorar e rememorar os 12 anos do Grupo de Pesquisa Teoria da História e História da Historiografia no Brasil, decorrente da fundação do Grupo de Estudos em Teoria da História e Historiografia (GETH) do curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG) - Jussara, no ano de 2007. Grupo fundado com a proposta de articular Teoria da História e Historiografia como campo de abordagem para contribuir, de forma ampla e qualificada, para a formação dos profissionais de história da referida instituição.

Atuando em momentos diferentes a frente das disciplinas teóricas e historiográficas do curso de História

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da UEG, os organizadores da presente obra promoveram reflexões sobre a importância e o sentido da Teoria da História e da Historiografia para o métier na pesquisa, ensino e aprendizado histórico. Indispensavelmente, métier que decorre de processos de racionalização da disciplina sob o diálogo permanente entre vida prática e ciência especializada. Ou seja, tentativas de compreender as relações complexas existentes nas intrigas narrativas que configuram interesses, carências de orientação, discursos e disputas em meio a manifestações que incluem pulsões irracionais da vida em seus limites de liberdade. Para alcançar os objetivos almejados, foram realizados grupos de estudos, ciclos de seminários, palestras, cursos e semanas de história. Formas e maneiras de congregar os debates e integrar a comunidade acadêmica. Dessas investidas, os resultados foram, além da profissionalização dos acadêmicos do curso de História, publicação de livros e artigos em revistas diversas, o que inclui a revista Expedições.

Criada em 2009 a revista eletrônica do Grupo recebeu o título de Expedições: Teoria da História e Historiografia (ISSN: 2176-6386), periódico conceito qualis B3 que mantém sua periodicidade ainda hoje. Porém, apesar de sua continuidade, hoje não está vinculada ao Grupo, resultando na não exclusividade reflexiva do campo da Teoria da História e Historiografia. De certa forma, representa uma perda para o campo. Pois, das 300 revistas de história que existiam no Brasil no Open Jornal System em 2016, apenas 3 se dedicavam ao campo da Teoria da História e História da Historiografia, sendo uma delas a Expedições,1 idealizada, materializada e mantida pelo grupo em seus primeiros anos.

1 ARRAIS, Cristiano Alencar; BENTIVOGLIO, Julio. As Revistas de História e as dinâmicas do campo historiográfico. Serra: Milfontes, 2017, p. 24.

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A mudança no foco editorial da revista coincide com a saída de seus idealizadores da UEG, idealizadores e mantenedores que contribuíram com a instituição entre 2003 e 2015. Mesmo havendo outros nomes importantes que poderiam aparecer, os organizadores desta coletânea estreitaram suas relações acadêmicas e prospecções de pesquisa no cenário da pós-graduação. Adentraram ao programa de pós-graduação em História da Universidade Federal de Goiás, coincidentemente, no ano de 2012. Esse encontro na pós-graduação ascendeu o interesse e preocupação em manter o projeto original da revista e do Grupo, pois um dos organizadores e idealizador não fazia mais parte do quadro docente da instituição.

Ao concluírem o doutoramento, pertenciam a outras instituições de ensino. Atualmente, mesmo a distância geográfica não impediu que o projeto de atribuir importância para o campo da Teoria da História e Historiografia fosse abandonado. Porém, sem relações diretas com o NETH e com a Expedições, o Grupo idealizado a partir do interior do Brasil migrou em 2016 para outra instituição (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul – UFMS) e passou a congregar, além dos organizadores desta coletânea, outros pesquisadores que constituem uma rede que envolve, atualmente, diferentes instituições.

As atividades do Grupo estavam alinhadas ideologicamente ao movimento de constituição, fortalecimento e ampliação do campo da Teoria da História e História da Historiografia no país a partir de iniciativas e debates desenvolvidos nas primeiras edições do Seminário Brasileiro de Teoria e História da Historiografia (SNHH), idealizado por pesquisadores vinculados ao Núcleo de Estudos em História da Historiografia e Modernidade (NEHM) do departamento de História da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mesmo com programas independentes, as atividades do Grupo

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passaram a espelhar-se nos desígnios e produções do SNHH. Essa aproximação do Grupo, mesmo que indireta e periférica, reafirmou as prospecções dos idealizadores e mantenedores do Grupo e da Expedições.

Atualmente, como membros da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia (SBTHH), não poderíamos deixar de expressar nossa admiração a historiadores que contribuíram diretamente com a constituição da Sociedade. Dentre eles, destacamos aqueles que idealizaram e fizeram parte da primeira diretoria: Manuel Luiz Salgado Guimarães e Estevão Chaves de Rezende Martins.

A este último, atenção especial devido ao fato de ter apoiado a criação do grupo, por ter sido o conferencista do I Seminário de Ciências Humanas organizado pelo Grupo em 2007, do qual resultou a publicação da obra História e Ensino de História: as perspectivas do saber histórico e sua culminância para o desenvolvimento de um projeto de homem em 2010, assim como por ter nos agraciado, de prontidão, com o capítulo que abre esta coletânea. O reconhecimento ao professor Estevão Martins não pode ser desacompanhado de nomes como os dos professores Carlos Oiti Berbert Jr e Luiz Sérgio Duarte da Silva, os quais tivemos a satisfação conhecer durante nossa trajetória instintucional na UFG e fora dela. Através deles tivemos contato com o professor Estevão Martins por meio de textos e pessoalmente. Ainda assim, entendemos que a institucionalização, manutenção e sucesso de um empreendimento como o da SBTHH só foi e continua sendo possível devido à sua dimensão coletiva, diversa e espacializada.

O Grupo e outros grupos de pesquisas com temas e preocupações similares, participam desse debate, e contribuem com suas especificidades de pesquisa para a consolidação dessa comunidade de pesquisadores que orbitam a SBTHH.

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Aruanã Antonio dos Passos, Luiz Carlos Bento e Rodrigo Tavares Godoi (org.)

Damos destaque para o Fórum de Teoria da História e História da Historiografia e o GT Nacional de Teoria da História e História da Historiografia da Associação Nacional de História (ANPUH). Entidades e espaços de associação coletiva que aproximam grupos de pesquisas, pesquisadores e jovens pesquisadores da área. Um campo em consolidação nas últimas décadas, qualitativamente e quantitativamente.

Dessa forma, a presente coletânea se propõe a contribuir com esse debate abordando teoricamente alguns caminhos, desafios e possibilidades impostos ao conhecimento histórico no século XXI além de ser um registro de memória de pesquisas e atividades do Grupo. Ensejam e possibilitam pensar Teoria da História e História da Historiografia a partir de órbitas periféricas que visam contribuir para o debate e fortalecimento da pesquisa histórica no país.

Sem mais delongas, esta coletânea, inspirada na produção e contribuição do professor Estevão Martins para a Teoria da História no Brasil, apresentará textos que subjazem, de uma ou outra maneira, diante a reflexão da historiografia crítica. Direta ou indiretamente, todos os textos aludem problemas que oscilam entre analítica e hermenêutica. Textos que exploram diálogos com a sociologia, filosofia e história intelectual. Textos que possuem temáticas e abordagens peculiares desenvolvidas entre Teoria da História e História da Historiografia.

Boa leitura a todos(as) e que se façam as críticas. Acreditamos que essas são as formas do melhor argumento racionalmente embasado, metodicamente controlado e teoricamente formalizado. As críticas permitem o desenvolvimento individual e coletivo, não somente para área, mas para a pesquisa histórica no Brasil, de uma maneira geral.

Os Organizadores.