Histórico do Serviço de Intendência do Exército Brasileiro · Ao Marechal Carlos Machado...

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Histórico da Intendência do Exército Brasileiro 1ª Edição 2018

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Histórico da Intendência do Exército Brasileiro

1ª Edição

2018

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“ Eu sou a Intendência

Cuja nobre missão é Suprir, Transportar

E dar à tropa assistência

Não temo a Guerra, nem o fragor das batalhas

Se um dia o inimigo invadir minha terra

Lutarei sem temor enfrentado as metralhas!”

(trecho da Canção do Intendente cujo registro original se

encontra no Livro de Registro Histórico do Curso de

Intendência da AMAN, como de autoria dos Cadetes de

Intendência para ser cantado ao som do Dobrado Batista de

Melo)

Dedicatória

À Caxias, o Pacificador, nosso Patrono, exemplo de Soldado,

Estadista e Cidadão.

Ao Marechal Carlos Machado Bitencourt, Patrono da

Intendência, insigne Soldado, que com honestidade e

competência profissional, desde Tenente nos campos de

batalha no Paraguai à sua ação de comando como Ministro

da Guerra no Apoio Logístico na Campanha de Canudos,

garantindo a vitória, entregando à Pátria sua própria vida em

defesa do Presidente da República, Prudente de Moraes.

À todos os meus Instrutores, Comandantes e Chefes

Militares, meus Irmãos de Armas e camaradas subordinados

com quem tive a honra de servir.

Aos meus eternos Cadetes!

À Academia Militar das Agulhas Negras, minha alma mater.

À Pátria, sempre!!!

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Agradecimentos

Agradeço a Deus por todas as coisas: pelo dom da vida,

pelo trabalho, pela Família e pela consciência e

conhecimento que recebi.

À minha Família, dom maior concedido por Deus: meus

queridos pais Décio e Neusa; aos meus adorados

irmãos Laura, Jerônimo e Ana Paula; às queridas

sobrinhas Gabriella, Laís e Lia (in memoriam).

Às minhas amadas, esposa Ângela e filhas Mariana

e Isabelle, que são as grandes alegrias de minha

Vida.

Ao Exército Brasileiro, por tudo que aprendi, que recebi

e pude retribuir com trabalho e dedicação para esta

fantástica instituição.

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NOTA

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que possam ampliar sua clareza e exatidão. As observações deverão fazer referência à página,

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referências devem ser apresentadas sobre cada observação, a fim de assegurar a

compreensão e correta avaliação. As sugestões deverão ser enviadas para o e-mail

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APRESENTAÇÃO

1. FINALIDADE

Esta trabalho tem por finalidade compilar os conhecimentos sobre o desenvolvimento

histórico do Serviço de Intendência, abordando a evolução da Logística e da Administração

no Exército e também visando o resgate da história da Intendência para a comemoração

dos seus 100 anos em 2020.

2. COMPOSIÇÃO

Este trabalho é composto de um resumo histórico feito com base nos documentos citados

na referência, em especial ao excepcional trabalho feito pelo Curso de Intendência da Escola

de Aperfeiçoamento de Oficiais no ano de 2000 lançando uma Revista em Comemoração aos

80 anos da Intendência. Destaca-se aqui também 2 livros, cuja importância deve ser

resgatada, e devem ser amplamente difundidos nos Cursos de Intendência da AMAN, ESLOG,

ESAO e para os Oficiais-Alunos de Intendência na ECEME, que são: A Intendência Militar

através dos tempos, do Ten Cel Int Januário João Del Re, de 1955, e, A Intendência no

Teatro de operações da Itália, do Cel Int Fernando Lavaquial Biosca, Chefe do Serviço

de Intendência da Força Expedicionária Brasileira, de 1950, ambos publicados pela

Bibliex.

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O autor

Coronel de Intendência do Quadro de Estado-Maior da Ativa Ernesto

Isaacodette Dutra Pereira Batsita Lopes. Oficial de Intendência da turma de 1993 da

Aman, é graduado em Ciências Militares pela Academia Militar Das Agulhas Negras

(1993), possui especialização lato sensu em Sistemas De Informação pela

Universidade Federal de Santa Catarina (1998), mestrado em Operações Militares pela

Escola De Aperfeiçoamento De Oficiais (2001) com foco em Administração pela

Qualidade Total e especialização em Operações Na Selva pelo Centro De Instrução De

Guerra Na Selva (2008). Foi Instrutor da Academia Militar Das Agulhas Negras (2005-

2007). Concluiu em 2011, com foco em Integração da Logística de Defesa em nível

Estratégico, o Curso de Comando e Estado-Maior do Exército na Eceme com a titulação

de Mestre em Ciências Militares, na área de Logística. Realizou também a pós-

graduação de MBA em Logística e Gestão da Cadeia de Suprimento na FGV-RJ no

período de 2010/2011. Comandou o Curso de Intendência da Academia Militar das

Agulhas Negras no triênio 2012/2013/2014 e comandou o 3º Batalhão de Suprimento –

“Batalhão Marechal Bitencourt” – no biênio 2015/2016. Atualmente é Chefe da Seção

de Planejamento e Programação Orçamentária da 6ª Subchefia do Estado-Maior do

Exército. Tem experiência na área de Defesa, com ênfase em Logística Militar

Terrestre, Orçamento e Administração Pública e Operações na Selva.

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Sumário

Introdução ............................................................................................................................................. 10

1 Histórico da Intendência: do Brasil Colônia à sua criação em 1920 ........................................ 10

A Intendência no Brasil Colônia .................................................................................................... 10

A Família Real no Brasil ................................................................................................................. 11

O Império ........................................................................................................................................... 12

A República ....................................................................................................................................... 12

2 A Criação do Serviço de Intendência do Exército: da Missão Militar Francesa até a 2ª GM

................................................................................................................................................................ 13

A Missão Militar Francesa .............................................................................................................. 13

A criação do Serviço de Intendência ............................................................................................ 13

A Escola de Intendência ................................................................................................................. 17

A Intendência do Exército e a Escola de Intendência na visão de um antigo aluno –

entrevista com o General de Divisão Intendente Ademar Messias de Aragão ..................... 26

Registros da Escola de Intendência no Arquivo Histórico do Exército ................................... 28

O legado da Missão Militar Francesa para a Intendência do Exército .................................... 34

Um marco na evolução do Serviço de Intendência -A 2ª Guerra Mundial ............................. 36

3 A Intendência do Exército no pós-guerra ..................................................................................... 37

Anos 60 – Uma Nova Estrutura ..................................................................................................... 39

O quadro atual .................................................................................................................................. 40

4 O patrono ........................................................................................................................................... 41

Um pouco de história ...................................................................................................................... 42

5 O símbolo .......................................................................................................................................... 43

6 São Cândido – O Padroeiro ........................................................................................................... 45

7 A evolução do Sistema Logístico e do Sistema de Economia e Finanças ............................. 48

O Sistema Logístico ........................................................................................................................ 48

O Comando Logístico – COLOG ................................................................................................... 51

Organizações Militares Subordinadas ao COLOG e suas Missões ........................................ 51

O Sistema de Economia e Finanças ............................................................................................ 53

8 As Atividades da Intendência nas Organizações Militares e Escolas do Exército ................ 58

Unidades Gestoras .......................................................................................................................... 58

Batalhões e Depósitos de Suprimento - Uma missão importante e complexa ... ................. 58

Bases Logísticas .............................................................................................................................. 59

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Estabelecimento Central de Transporte ....................................................................................... 59

2ª Companhia de Transporte ......................................................................................................... 60

Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA) ................................... 62

18º Batalhão de Transporte ........................................................................................................... 65

Batalhão de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e Suprimento pelo Ar ....................... 65

3º Batalhão de Suprimento - "Batalhão Marechal Bittenourt" - O Batalhão do Patrono ...... 68

Batalhões Logísticos ....................................................................................................................... 70

Academia Militar das Agulhas Negras .......................................................................................... 72

O Perfil do Oficial de Intendência do Século XXI ....................................................................... 72

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais ........................................................................................ 76

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército ....................................................................... 77

9 A atual Doutrina do Exército e o Papel da Intendência ............................................................. 78

10 A Intendência do Exército nos dias atuais ................................................................................. 81

11 Conclusão ....................................................................................................................................... 83

REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 85

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HISTÓRICO DA INTENDÊNCIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO

Ernesto Isaacodette Dutra Pereira Batista Lopes - Cel Int

“... Nas ordens, medidas e providências que regulam a atividade desse

notável SERVIÇO, reflete-se, a cada instante, o drama da guerra, que

viveu a Divisão Brasileira, diante das vicissitudes que o terreno, o clima e

as condições táticas lhe impuseram, com as mais sensacionais

tonalidades.

Afrontando as estradas resvaladiças das montanhas nevadas e os

dolorosos reveses das operações iniciais do RENO, conseguiu a

INTENDÊNCIA da Força Expedicionária Brasileira, pela cultura de seus

oficiais e pela disciplina de seus quadros, conquistar, em pouco tempo, a

eficiência técnica que tanto concorreu para o triunfo das armas

brasileiras.”

Marechal Mascarenhas de Morais in “A Intendência no Teatro de

Operações” (BIBLIEX, 1950)

Introdução

Tem-se aqui por objetivo apresentar a evolução da Intendência no Exército

Brasileiro, desde os tempos do Brasil Colônia e a organização das Forças Militares nacionais,

apresentando uma síntese desta progressão e sua intrínseca ligação com a evolução dos

Sistemas Logístico e de Economia e Finanças, chegando até os dias atuais.

1 Histórico da Intendência: do Brasil Colônia à sua criação em 1920

A Intendência do Exército Brasileiro, nos moldes como conhecemos hoje, tem como

importante marco a sua criação através do Decreto 14.385 de 1º de outubro de 1920 que

aprovava o Regulamento para o Serviço de Intendência da Guerra. Todavia, muito antes

disso, a Intendência do Exército esteve presente na história do Brasil e de nosso Exército,

conforme será apresentado a seguir.

A Intendência no Brasil Colônia

A história da administração brasileira começou a 29 de março de 1549, com a vinda

de Tomé de Souza. Para estabelecer a unidade da colônia, trouxe aquele fidalgo português,

600 homens em armas, grande quantidade de material bélico e a primeira lei orgânica da força

armada do Brasil, representada pelo Regimento d’El-Rei de 1548, elaborado na Metrópole.

Começou aí também a história da Administração do Exército.

Nesse período, Portugal sob a influência dos costumes imprimidos pela ordem da

cavalaria, mantinha seus homens em armas da guarnição permanente, com o fardamento e

equipamento segundo o aparatoso estilo da época. Pela organização militar lusa, os homens

das armas recebiam as soldadas e com elas deviam se alimentar, cuidando, o capitão, do

fardamento, com os recursos, em dinheiro, que lhes eram fornecidos pelo Erário Real. Esse

sistema foi transplantado para o Brasil pelo primeiro governador geral.

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Já no governo de Mem de Sá, o fardamento das tropas de linha e de milícia, era

confeccionado no Brasil com pano vindo de Portugal, estando o provimento a cargo dos

capitães ou das unidades. O modo de alimentar os homens era o mesmo.O terceiro

governador geral, porém, ao aprestar contingentes que deviam lutar contra os aborígenes,

determinava a centralização das provisões de boca que eram vendidas a crédito, aos

componentes das expedições. Por esse tempo, a Metrópole mantinha um órgão denominado

de Vedoria da Gente da Guerra, com atribuições administrativas sobre o material bélico, de

intendência e fundos, que estendia a sua ação às milícias de além mar. Durante o Brasil

colônia, essas práticas permaneceram inalteradas, até que, com o surto de progresso

conseqüente à vinda de D. João VI, a administração militar tomou outro rumo.

A Família Real no Brasil

Fugindo da invasão napoleônica, a Família Real chega ao Brasil em 1808. D. João

VI desembarcou em território brasileiro com a firme intenção de capacitar mais a

organização militar, visando enfrentar a luta que fatalmente se propagaria para a América

do Sul. A vinda de D. João VI para o Brasil e a instalação da Corte no RJ teve como

conseqüência político-militar as unificações do governo e do exército. Este último estava

dividido e repartido pelas capitanias gerais, em exércitos particulares dos capitães generais.

Com o governo unificado e a tropa obediente a uma chefia suprema deu-se início ao processo

de formação do Exército Brasileiro.

Assim, em 1º de março de 1811, após a criação de algumas organizações militares,

D. João VI começa a incrementar a incipiente estrutura logística existente, transformando o

antigo Arsenal do Trem no Arsenal Real do Exército, um centro de produção e guarda de

armas e munições, que tinha em sua organização oficinas para a produção de bandeiras,

barracas, uniformes, correias dos equipamentos, mochilas e sapatos para a tropa. O

funcionamento, no Brasil, de um órgão como o Arsenal Real se impunha, porque o provimento

de uniformes aos corpos, durante o reinado, era coisa complexa, pois cada unidade tinha um

tipo peculiar de complicado fardamento. O Arsenal Real do Exército evoluiria mais tarde para

o atual Arsenal de Guerra do RJ. Quanto à alimentação da tropa, o sistema não tinha

mudado, até que, em 1821, foi criado o Comissariado Militar do Brasil, instituição destinada

a prover as necessidades dos corpos, em gêneros alimentícios. O problema da forragem só

foi solucionado muito mais tarde. Naquela época, havia as invernadas reais para onde eram

periodicamente recolhidos os animais para se refazerem, em boas pastagens. Não tinha até

então o Exército Brasileiro, um Serviço de Intendência ou órgão de função similar, pois os

arsenais tinham o encargo do provimento de todo o material necessário às forças armadas,

fosse de intendência ou munição, armas, animais e carretas.

Só houve uma inovação de monta, decorrente da organização de D. João VI, com

a criação do Quartel-Mestre General, por decreto de 28 de maio de 1821, no período

regencial de D. Pedro I. O novo órgão ficou encarregado de gerenciar as questões referentes

ao rancho da tropa e ao provimento de fardamento, equipamento, material de acampamento,

arreamento e utensílios usados no Exército.

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O Império

O Brasil se tornou independente em 1822, todavia o sistema de apoio durante os

primeiros anos após a independência não sofreu modificações significativas. Em 1830, após

a campanha da Cisplatina e do estabelecimento da paz no sul, foi extinto o Comissariado

Militar do Brasil, sob a alegação de ser dispensável nos períodos de paz. Em 1851 e 1852, na

campanha contra Oribe e Rosas e, na Guerra do Paraguai, o Exército Nacional enfrentou

dificuldades de toda ordem, relativas ao suprimento. O relato das medidas em torno do

reaprovisionamento dos corpos que operaram contra o Paraguai, é uma fileira de imprevistos,

dificuldades, faltas, falhas, lacunas, enfim um rosário de percalços que só serviriam para

glorificar o soldado brasileiro. As experiências vividas nessas campanhas poderiam ter

provocado transformações significativas no sistema de apoio às tropas. No entanto, a

reestruturação não ocorreu por falta de registros adequados e pela não exploração e

sistematização dos conhecimentos absorvidos.

A República

Em 1889, após a Proclamação da República, aparecem os primeiros registros de

alterações na estrutura de apoio com algum significado para a criação da Intendência. Em 24

de outubro de 1896, pela Lei Nº 403, da mesma data, foi criada a Intendência Geral da

Guerra em substituição ao Quartel-Mestre General, com encargos de direção, gestão e

execução tanto na área financeira quanto na área de provimento.

Até o governo do Marechal Hermes da Fonseca, as diferentes repartições

provedoras de material de Intendência não eram administradas por um quadro técnico e

especializado. O primeiro passo nesse sentido, foi dado com a organização do “Corpo de

Intendentes”, em 1908. Em 1908, foi extinta a Intendência Geral da Guerra, substituída, na

época, pelo Departamento de Administração. Do desdobramento das atividades do

Departamento de Administração surgiram a Diretoria de Administração da Guerra e a

Intendência da Guerra.

Criada pelo Decreto Nº 11.853-A, de 31 de dezembro de 1915, a Diretoria de

Administração da Guerra, diretamente subordinada ao Ministério da Guerra, tinha por fim

assegurar a execução dos serviços relativos à alimentação, vestuário, alojamento,

equipamento, arreamento, transporte e remonta, tendo, para isso, ação direta sobre a

Intendência da Guerra (sem prejuízo da iniciativa dada ao chefe desta pelo respectivo

regulamento) e indireta sobre os Serviços de Intendência dos corpos de tropa e

estabelecimentos militares, por intermédio de autoridades competentes.

A Intendência da Guerra, diretamente subordinada à Diretoria de Administração da Guerra,

tinha por fim assegurar aos corpos de tropa, às fortalezas e aos demais estabelecimentos

militares o fornecimento de material necessário à alimentação, vestuário, equipamento,

alojamento, arreamento e transporte.

Para cumprir suas atribuições a Intendência da Guerra se organizou em quatro

divisões e uma oficina de alfaiates:

1ª Divisão – Geral e Superintendência

2ª Divisão – Subsistência

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3ª Divisão – Fardamento

4ª Divisão – Alojamento

2 A Criação do Serviço de Intendência do Exército: da Missão Militar Francesa até a 2ª

GM

A Missão Militar Francesa

A Missão Militar Francesa no Brasil, chefiada pelo general Maurice Gamelin, foi

contratada no dia 8 de setembro de 1919 para orientar, a partir de 1920, a modernização e

reorganização, num primeiro momento, das escolas militares e, em seguida, do próprio

Exército Brasileiro. Os termos do contrato estipulavam que oficiais franceses comandariam

durante quatro anos as Escolas de Estado-Maior (EEM), de Aperfeiçoamento de Oficiais

(EsAO), de Intendência, Veterinária, Saúde, Equitação e Educação Física. O contrato

representou um grande passo na direção da profissionalização e modernização do Exército e

contribuiu para fortalecer seu poder militar.

A criação do Serviço de Intendência

Os oficiais franceses, em razão da experiência adquirida na 1ª Guerra Mundial,

estavam categorizados a exportar sua doutrina militar, na qual avultava a importância do

suprimento, do abastecimento e do apoio de toda ordem. Em 1919, chega ao Brasil a Missão

Militar Francesa que, entre outras realizações, teve uma participação efetiva na criação do

Serviço de Intendência.

Sob influência francesa, em 1º de outubro de 1920, através do Decreto nº 14.385,

foi aprovado o Regulamento para o Serviço de Intendência da Guerra. O referido decreto,

considerado a lei orgânica do Serviço de Intendência, manteve provisoriamente a Diretoria

de Administração da Guerra, órgão que se incumbia dos assuntos atinentes ao provimento de

material.

O Decreto 14.385 estabeleceu as seguintes atribuições para o Serviço de Intendência:

1. Em tempo de paz: organizar o pessoal da Intendência da Guerra; mobilizar esse pessoal

e material especial dos serviços confiados à Intendência para o tempo de guerra; organizar e

dirigir o serviço de abastecimento nacional para o tempo de guerra; organizar e dirigir os

serviços de víveres, forragens, iluminação e combustíveis nos corpos de tropa e nos

estabelecimentos militares; organizar e dirigir os serviços de fardamento, equipamento,

acampamento e alojamento; preparar contratos de fornecimento e de trabalhos referentes aos

dois últimos itens e providenciar sobre as aquisições administrativas no caso em que o

contrato não for possível; constituir os estoques e aprovisionamentos que se relacionam com

as necessidades dos itens acima por ocasião da mobilização; prover os serviços de soldo e

vantagens de toda a natureza; e exercer a fiscalização administrativa de haveres da Nação,

em dinheiro e material, confiados aos Conselhos de Administração e aos Comandantes de

Destacamento; 2. Em tempo de guerra: organizar, dirigir e executar os serviços de

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subsistência, fardamento, equipamento, acampamento, combustível, iluminação e

alojamento; ordenar as despesas referentes aos seus serviços e gerir os créditos de todos os

serviços militares; atender ao pagamento de vencimentos e vantagens da tropa mobilizada;

verificar e transmitir todas as contas de distribuição e consumo, relativas ao Serviço de

Intendência; verificar as contas dos corpos de tropa e alimentação do pessoal sem tropa

(estados-maiores e serviços); superintender os serviços de pagadorias e de correios nos

limites dos regulamentos especiais; verificar e arrolar as presas ao inimigo; requisitar em

território nacional ou território inimigo; regularizar as contribuições de guerra impostas ao

inimigo; administrar o serviço de prisioneiros de guerra e dos campos de concentração;

administrar e abastecer as populações evacuadas por ordem superior ou expulsar em virtude

dos acontecimentos militares; administrar provisoriamente os territórios inimigos;

O Decreto 14.385 extinguiu o Corpo de Intendentes, e foram criadas as seguintes

instituições:

a. Corpo de Intendência da Guerra, com dois quadros distintos:

1) Quadro de Direção e Verificação – os Intendentes da Guerra;

2) Quadro de Gestão e Execução – os Oficiais de Administração.

b. Tropas de Administração, compostas de escreventes, operários e marinheiros e

constituídas por Companhias de Administração, uma por Divisão.

c. Escolas de Intendência, funcionando sob a direção técnica do Intendente da

Missão Francesa (Diretor Geral):

1) Escola Superior de Intendência da Guerra – para a formação dos Intendentes

da Guerra;

2) Escola de Administração Militar – para a formação dos Oficiais de

Administração.

Em 3 de novembro de 1921, o Decreto nº 15.093 extinguiu a Diretoria de

Administração da Guerra e a Intendência da Guerra, sendo constituída a Diretoria Geral de

Intendência da Guerra. Essa reformulação já estava prevista no Decreto de 1920, que

aprovou o Regulamento do Serviço.

Em 31 de dezembro 1921, foi aprovado o Regulamento para o quadro de Oficiais

Contadores. Os oficiais contadores, comportando os postos de 2º Tenente a Capitão, ficaram

incumbidos da parte de contabilidade dos corpos de tropa e estabelecimentos militares. A

parte de contabilidade compreendia o ramo monetário (tesouraria) e o ramo material

(almoxarifado) e consistia na guarda, conservação e movimentos de dinheiro e de material a

cargo das unidades, assim como da escrituração da prestação de contas das situações

diversas, regularmente prescritas. O Serviço de Intendência passou a contar então com três

quadros distintos: quadro de Intendentes da Guerra; quadro de Oficiais de Administração;

e quadro de Contadores.

Em 1924, o Decreto nº 16.606, de 17 de setembro, aprovou o Regulamento para o

Serviço de Intendência da Guerra, dispondo-o sobre a Organização do Serviço, da Diretoria

de Intendência da Guerra, do Serviço de Intendência nas Regiões e Circunscrições Militares,

do Estabelecimento Central de Fardamento e Equipamento, do Serviço Central de

Transportes e da Tropa de Administração.

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Figura 1: Serviço de Intendência de Guerra, segundo o regulamento de 17 de setembro de 1924.

Fonte: Del Re, 1955.

Em 1934, o Decreto 23.976, de 8 de março, criou o Serviço de Fundos do Exército,

para provimento das necessidades pecuniárias e, em consequência, extinguiu a Diretoria

Geral de Contabilidade da Guerra. O Serviço de Fundos do Exército, embora funcionando de

forma independente, tinha um quadro de Oficiais comum ao do Serviço de Intendência.

Pela Lei de Organização dos Quadros e Efetivos do Exército (Decreto 24.287, de 24

de maio de 1934), a constituição do Serviço de Intendência passou a ser a seguinte:

Órgão de Inspeção:

- Inspetoria do Serviço de Intendência do Exército.

Órgãos de Direção:

- Diretoria de Intendência do Exército;

- Chefia do Serviço de Intendência Regional

Órgãos de Execução;

- Serviço Regional de Subsistências Militares - Estabelecimentos e Depósitos de

Material de Intendência;

- Formações de Tropas de Intendência (FI), destinadas à formação dos

praças e quadros técnicos especializados: 1ª FI (Rio de Janeiro), 2ª FI (São Paulo), 3ª FI

(Porto Alegre), 4ª FI (Juiz de Fora), 5ª FI (Curitiba) e 6ª FI (Campo Grande);

- Serviço de Intendência dos Corpos de Tropa, Estabelecimentos e Repartições.

Órgão de Preparação Técnica:

- Escola de Intendência do Exército.

O Decreto 24.287 dispôs ainda que o quadro de Contadores e o de Oficiais de

Administração seriam fundidos num único quadro sob a denominação de Quadro de Oficiais

de Administração do Exército. O Serviço de Intendência passou, então, a ter somente dois

quadros: Quadro de Intendentes da Guerra e Quadro de Oficiais de Administração do

Exército.

Diretoria de Intendência de Guerra (DIG)

Estabelecimento Central de

Fardamento e Equipamento

Serviço Central de Transporte

Serviço de Intendência das Regiões e Circunscrições

Estabelecimentos Regionais de Fardamento, Equipamento e

Arreamento

Companhia de Administração

Regiões Militares e Circunscrições

Serviço de Subsistência Militar

Companhia de Administração da DIG

Escolas

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Em 1938, segundo o Decreto-Lei 556, de 12 de julho, o Serviço de Intendência passou

a ser constituído de:

- Inspetoria;

- Diretoria do Serviço de Intendência;

- Serviço de Intendência da Guarnição;

- Estabelecimento Central de Material de Intendência;

- Serviço de Intendência Regional;

- Serviço de Subsistência Regional;

- Estabelecimento ou Depósito Regional de Material de Intendência;

- Formações de Intendência Regionais;

- Escola de Intendência do Exército.

Os quadros de Intendentes da Guerra e de Administração do Exército foram

unificados, pelo Decreto-Lei 2.261, de 3 de junho de 1940, formando um novo chamado de

Quadro de Intendentes do Exército.

Em 23 de agosto de 1940 foi extinta a Inspetoria de Intendência. E assim, o Decreto-

Lei 5.002, de 27 de novembro de 1942, reorganizou o Serviço de Intendência do Exército,

passando o Serviço de Fundos a constituir um dos ramos do Serviço de Intendência (Quadro

1). A Comissão de Orçamento, criada no mesmo ano, embora chefiada pelo Oficial

Intendente, era subordinada ao Ministro da Guerra.

Quadro 1: Organização do Serviço de Intendência, pelo Decreto-Lei 5.002, de 27 de novembro de 1942.

Fonte: Del Re, 1955.

A figura abaixo mostra a evolução dos quadros de Intendência até seu estado final

após 1940:

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Figura 2: Evolução da Intendência no Século XX.

Fonte: Revista 80 Anos da Intendência (2000).

A Escola de Intendência

Existem poucos registros sobre a Escola de Intendência, configurando-se um

verdadeiro desafio escrever sobre sua organização, funcionamento e legado.

Nas principais obras da Biblioteca do Exército sobre a MMF, A Missão Militar Francesa

no Brasil (BASTOS FILHO, 1994) e Missão militar francesa de instrução junto ao Exército

Brasileiro (MALAN, 1988) há poucas referências à Escola.

Por solicitação do Governo brasileiro, representado pelo Ministro Plenipotenciário do

Brasil na França, o Governo Francês decidiu enviar, ao Rio de Janeiro, uma missão militar,

sob as ordens do General Gamelin. O contrato da MMF previa um oficial-general (Chefe da

Missão), um oficial ajudante-de-ordens do general Chefe da Missão, vários Oficiais

especialistas das Armas e Técnicos e, entre eles, um intendente militar (Diretor da Escola

de Intendência), num total de vinte e três militares; ele regulava ainda que, se a prática

demonstrasse a necessidade de acrescer, de forma permanente ou temporária, os quadros

acima previstos, as condições peculiares a se estabelecer, em consequência, seriam objeto

de anexos ao contrato.

Os oficiais franceses usariam, no Brasil, o uniforme do Exército da França, com suas

insígnias; e a eles foi dado, no Exército Brasileiro, o posto imediatamente superior ao que

possuíam em seu país. O General Chefe da Missão ocupou o posto de General de Divisão, e

o Subchefe da Missão o de General-de-Brigada.

O Intendente Militar Francês encarregado da Direção da Escola de Intendência e

Administração foi o Coronel de Intendência Louis Buchalet, que foi aluno número um da Escola

Superior de Intendência das Tropas Coloniais e Bacharel em Direito pela Universidade de

Paris. Foi Intendente da Divisão Lagson (Tonkin), depois no Senegal, Sudão, Madagascar e

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África Ocidental Francesa, e também da 152ª Divisão de Infantaria. Nas colônias foi,

sucessivamente, incumbido de funções de Intendência, de Administração, de Marinha, de

Contencioso e de Serviço Judiciário. No fim da Guerra presidiu, na África Ocidental, a

Comissão de Abastecimento e Requisições. Contava, em seu currículo, onze campanhas,

sendo dez em estado de guerra. Condecorado com a Cruz da Legião de Honra, a Cruz de

Guerra, as medalhas Coloniais e a Humanitária de 1ª Classe, era o 4º Oficial mais graduado

da Missão.

O contrato da MMF renovado em 1923 previa para a Escola de Intendência e

Administração um Intendente Militar, um Diretor, e dois Oficiais de Administração adjuntos.

Quadro 2: Relação dos membros da MMF (1919-1924).

Fonte: Bellintani, 2009.

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Na excepcional e muito rica tese de doutorado O Exército Brasileiro e a Missão Militar

Francesa: instrução, doutrina, organização, modernidade e profissionalismo (1920-1940)

(BELLINTANI, 2009), encontra-se mais ampla descrição e detalhamento sobre a MMF.

Há também excelente registro no próprio Decreto nº 16.475, de 12 de maio de 1924,

que “Aprova o Regulamento para a Escola de Intendência”, pois nele encontra-se o

detalhamento de funcionamento, organização, admissão e plano de disciplina da Escola.

A pesquisa documental feita por Bellintani (2009) aponta que em 1921 é inaugurada

a Escola de Intendência, tendo como responsável o Coronel Buchalet1. Essa escola se dividia

em: Curso de Intendência, destinado a formar os quadros de Intendência de Guerra; e Curso

de Administração, para formar os Corpos de Gestão, junto aos Oficiais Contabilistas.

Possuía ensino geral e curso técnico específico da área. Em seu programa,

constavam as seguintes disciplinas: geografia econômica, direito constitucional, legislação

industrial e do trabalho, estudo de língua francesa e espanhola e equitação. As matérias

especializadas do curso de intendência eram: direito administrativo, ciências e legislação

financeira, mobilização, vias férreas e concentração, direito internacional e armas estrangeiras

sul-americanas.

As matérias específicas do curso de administração eram: teoria geral de direito e

noções de legislação comercial, economia política e direito administrativo. A parte técnica,

comum aos dois cursos, tratava do estudo das forragens brasileiras, gêneros alimentares,

estudos dos transportes brasileiros, vestimenta, equipamentos, alojamentos, contabilidade e

organização e fornecimento de substâncias militares. Os intendentes eram recrutados entre

capitães e tenentes das armas combatentes.

Para o ingresso no Curso de Administração, prestava-se um concurso no qual se

exigia uma redação em português sobre história do Brasil, uma prova de aritmética, álgebra,

geometria, história do Brasil e geografia física e política da América do Sul e do Brasil. No

Curso de Administração, eram cursadas as seguintes disciplinas: português, aritmética,

álgebra, geometria, história do Brasil e geografia. Também era dado destaque às disciplinas

de direito internacional – com ênfase nos direitos e deveres de cada estado, no estatuto

internacional do mar e de certos rios –, ao direito constitucional brasileiro, ao direito

administrativo, à legislação financeira, ao direito criminal, ao código civil, à legislação

comercial e industrial e às noções de economia política.

Todo corpo de tropa deveria ser provido de um conselho de administração, fosse

batalhão ou esquadrão. As necessidades dos homens eram inúmeras e, para satisfazê-las,

era preciso infraestrutura. Os cursos de administração tratavam da forma como se dava a

administração no Brasil, os ministérios que auxiliavam, os principais representantes, as leis

de cunho comercial, industrial e agrícola, a organização dos estados federados, entre outros

assuntos.

Esses cursos tentavam diferenciar o estado de guerra do estado de sítio; mostravam,

nas leis brasileiras, o que competia ao poder militar, as formas de entendimento das leis e sua

importância para a administração militar; o que competia ao presidente da República, suas

1 As referências ao posto de Louis Buchalet, Intendente da MMF, variam muito de acordo com o autor, documento e época a que se refere o fato descrito, mantendo-se no texto o posto da citação original.

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atribuições e as do vice-presidente, os atos administrativos, os decretos, os regulamentos e a

responsabilidade ministerial.

Na Escola de Intendência, o programa de conferências direcionava-se aos cursos

técnicos de fardamento, de alimentação, de administração do exército e de administração

geral, fornecendo dados específicos sobre as condições e as produções brasileiras.

O curso de Serviço de Subsistência da Escola de Intendência, por exemplo, analisava

os aspectos, a forma, a estrutura, a constituição química e possíveis doenças do trigo, e

principalmente o trigo no Brasil. Outros produtos também eram título de conferências, tais

como o amido, o açúcar, o arroz, entre outros.

Aos sábados eram feitas sabatinas, com provas escritas e orais. O quadro que segue

apresenta o programa de trabalho de uma semana nessa escola, cuja carga horária é

distribuída entre diferentes conferências:

Quadro 3: Programa de trabalhos da Escola de Intendência, 1921.

Fonte: Bellintani, 2009.

Junto ao programa da semana, há a seguinte observação para os alunos da Escola

de Aperfeiçoamento de Oiciais: “Haverá nas segundas, quartas e sextas, das 14 às 15 horas

curso obrigatório de francês pelo Major Saly”.

Malan (1988) registra uma referência à Escola de Intendência no Relatório do Ministro

da Guerra de 1921 (Pandiá Calógeras) ao início das aulas de Administração e reproduz em

anexo os discursos do Coronel Buchalet e do próprio Ministro quando são mencionadas as

Escolas de Intendência e de Administração.

No discurso do Ministro Calógeras foi feito um relato histórico e salientada a

necessidade imperiosa da organização sistemática dos suprimentos, e mencionados os atos

produzidos depois da chegada da Missão: Lei das requisições e criação do Corpo de

Intendentes de Guerra e dos Oficias de Administração.

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Distante e a se afastar rapidamente no tempo, ficaria com aquele ato a lembrança do

insucesso da expedição de “Canudos” e, em menor dose, o das operações do “Contestado”.

Iniciava-se, com a abertura das portas das Escolas de Intendência e de Administração, uma

nova era que, graças à Missão Francesa, levaria à formação dos Oficiais de Intendência na

Academia Militar, no mesmo ambiente em que moldam os Oficiais das Armas.

No Relatório dos Trabalhos do Estado-Maior durante o ano de 1920, toma-se

conhecimento que “Pelo Art.II do Decreto nº 14.385, de 1º/X/920, foram criadas a Escola

Superior de Intendência da Guerra e a Escola de Administração Militar”, ambas sob a direção

técnica do respectivo especialista da MMF; e adianta que deveriam ser abertas em 1921.

Inicialmente, foram instaladas em salas na ala esquerda do Quartel-General.

Figura 3: Quartel-General do Exército, após a reforma de 1905. 1º local de funcionamento da Escola de

Intendência.

Fonte: http://www.cml.eb.mil.br/historia.html (acesso em setembro de 2018).

Em 1928, desenvolveram-se na área da Intendência o 1º ano do Curso de Contadores

– com 20 alunos –, o 2º ano do mesmo curso – com 22 alunos –, o Curso de Intendência –

com 7 alunos – e de Administração – com 8, num total de 57 alunos.

O Curso de Contadores visava à formação dos Oficiais das Unidades Administrativas,

para as funções de auxiliares de administração dos corpos de tropa e demais organizações,

anteriormente exercidas por Oficiais dos quadros das Armas.

A Missão, em matéria de gestão das finanças, do fardamento e equipamentos, do

material de consumo e dos gêneros alimentícios, teve muito o que fazer para se sistematizar.

A Escola de Intendência, com os cursos de Contadores, de Administração e de Intendência,

foi padronizando aos poucos o prescrito inicialmente nos Decretos de 1920 e 1921 sobre o

Regulamento para o Serviço de Intendência (nº 14.385 de 1º de outubro), a Organização Geral

da Intendência da Guerra (nº 15.093 de 3 de novembro), a criação do quadro de Oficiais

Contadores (nº 15.232 de 31 de dezembro) e de outros que os seguiram.

Insistia também a Missão, desde o início, na participação dos alunos da Escola de

Intendência nas manobras com tropa e no conhecimento, por intermédio de visita, dos

estabelecimentos – comerciais e industriais – diretamente ligados às suas atividades

administrativas.

O regulamento previa que as Escolas de Intendência, criadas pelo Art. 11, do Decreto

nº 14.385, de 1º de outubro de 1920, e organizadas pelo regulamento aprovado pelo decreto

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nº 14.764, de 7 de abril de 1921, passariam a constituir uma única escola com a denominação

de Escola de Intendência.

A Revista 80 anos da Intendência (2000), publicada pelo Curso de Intendência da

Escola de Aperfeiçoamento do Exército, registra que a sede da Escola teve suas instalações

funcionando à rua Barão de Mesquita, 425 – Tijuca, Rio de Janeiro (atual sede do 1º Batalhão

de Polícia do Exército).

Figura 4: Sede da Escola de Intendência.

Fonte:

https://www.facebook.com/1oBatalhaoDePoliciaDoExercitoRj1oBPE/photos/a.104946039637083/104

946119637075/?type=3&theater (acesso em setembro de 2018).

A Escola de Intendência tinha por fim preparar oficiais para os quadros de intendentes

de guerra, de administração e de contadores, mediante cursos distintos, com programas e

condições de estudos peculiares a cada um deles. Ela era subordinada, administrativa e

disciplinarmente ao ministro da Guerra, e didaticamente, ao chefe do Estado-Maior do

Exército. O Chefe da Missão Militar Francesa era o inspetor da escola, para todas as questões

que se relacionem com o ensino.

A Administração da Escola compunha-se do seguinte pessoal:

1. Um Comandante – Coronel ou Tenente-Coronel Intendente de Guerra, nomeado

por decreto;

2. Um fiscal – Major Intendente de Guerra, nomeado pelo Ministro da Guerra,

mediante indicação do Comandante;

3. Um ajudante – Capitão Intendente de Guerra, nomeado pelo Ministro da Guerra,

mediante indicação do Comandante;

4. Um secretário – Subalterno do quadro de Administração, nomeado pelo ministro da

Guerra, mediante indicação do comandante;

5. Um contador – Subalterno do quadro de administração nomeado nas condições

acima;

6. Um médico – Capitão ou subalterno do corpo de saúde, nomeado pelo Ministro da

Guerra, mediante proposta do Diretor de Saúde.

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A direção do Ensino da Escola de Intendência competia ao intendente da MMF, que

recebeu a denominação de Diretor da Escola. O diretor tinha à sua disposição um Capitão ou

subalterno de um dos quadros do Serviço de Intendência ou do de contadores, designado pelo

Ministro da Guerra, mediante proposta sua.

Ao diretor competia, entre outras, as seguintes atribuições:

1. Superintender e fiscalizar todos os trabalhos relativos ao ensino, assegurando-lhes

a perfeita unidade e coordenação;

2. Propor ao chefe do Estado-Maior do Exército (EME), por intermédio do general

chefe da missão, as medidas cuja adoção julgasse conveniente para maior facilidade e

eficiência do ensino;

3. Elaborar e remeter, anualmente, em fevereiro, ao chefe do EME os programas do

concurso de admissão e os de ensino do futuro ano letivo e os projetos de trabalhos práticos

a serem realizados, os quais só seriam executados depois de aprovados por aquele chefe;

4. E apresentar ao chefe do EME, por intermédio do chefe da missão, até 31 de

janeiro, relatório anual sobre os vários serviços da Escola atinentes ao ensino.

O diretor era auxiliado por um diretor de estudos (oficial da MMF), que tinha como

função manter, pela sua constante assistência, a inspeção aos trabalhos escolares, perfeita

unidade e coordenação no desenvolvimento dos programas das aulas, de acordo com as

instruções do diretor. Dispunha também de um oficial (membro da MMF) encarregado dos

Cursos Técnicos da sua competência e dos trabalhos de laboratório necessários.

Com relação ao período de funcionamento da Escola de Intendência, as pesquisas

apontam que foi entre 1921 e 1946, com a declaração a Aspirantes a Oficial da última turma

formada ali, ocasião do fechamento da Escola de Intendência em virtude de seu curso de

formação ter sido transferido para a “Escola Militar de Rezende”.

Nesse diapasão, cumpre destacar que a Escola de Intendência não encerrou aí seus

trabalhos. A Escola Militar do Realengo, que formava os oficiais combatentes das armas

(infantaria, cavalaria, artilharia e engenharia) também trabalhava sob a égide da MMF.

Nesse ínterim, acontece a importante atuação do então Coronel José Pessoa

Cavalcanti de Albuquerque que em 1930 foi nomeado ainda em novembro como novo

Comandante da Escola Militar do Realengo, o então órgão responsável pela formação dos

oficiais combatentes de carreira do exército brasileiro. Exerceu o cargo de 19 de novembro do

mesmo ano até 7 de agosto de 1934. Nesse período, foi o idealizador, patrono e fundador do

órgão que viria a substituir a Escola situada no Realengo, a Academia Militar das Agulhas

Negras, fundada em 1944, bem como dos novos símbolos do Cadete do Exército: uniformes

históricos, brasão, espadim e da criação do culto à figura de Caxias.

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Figura 5: Cadete, após 1931, com seu novo uniforme, barreta espadim e desfraldando o novo estandarte do

Corpo de Cadetes. Fonte: Câmara, 2011.

Em 1944 iniciam-se as atividades da Escola Militar de Rezende, mais tarde, Academia

Militar das Agulhas Negras, e seu Regulamento já previa que além dos Cursos para os Oficiais

das Armas, a nova Escola integraria a formação dos Oficias de Intendência do Exército

Brasileiro:

Art. 35. O Corpo de Cadetes é organizado administrativamente do

seguinte modo:

a) 1º ano: Companhias, em número variável, de acordo com os

efetivos;

b) Infantaria: duas Companhias, sendo uma do 3º ano e outra do 2º;

c) Cavalaria: um Esquadrão;

d) Artilharia: uma ou duas Baterias, de acordo com os efetivos;

e) Engenharia: uma Companhia;

f) Intendência: uma Companhia de Intendência. (BRASIL, 1946).

Nessa oportunidade e em decorrência de sua atuação gloriosa junto à Força

Expedicionária Brasileira, a Intendência adota o título de Rainha da Logística.

Figura 6: Brasão D’Armas da Intendência.

Fonte: Curso de Intendência da Aman.

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Em 1945, por ocasião da Entrada dos Novos Cadetes no Portão Monumental,

localizamos no discurso do Comandante, as seguintes palavras:

Mais uma vez, na rotina gloriosa de sua vida, abrem-se os portões

da Escola Militar para que nela ingresse mais uma turma de moços

dedicados ao árduo aprendizado da carreira militar. Há, porém, um

elemento novo entre os que transpõem os umbrais desta casa

e não é lícito deixar de apontá-lo: o candidato à Oficial

Intendente do Exército. Recebemo-los de braços abertos e, como

a melhor das homenagens que lhes podemos prestar, confundimo-

los com os cadetes que se destinam às Armas.

Em 1947, forma-se na Academia Militar, a Turma Agulhas Negras, a 1ª turma formada

integralmente na Aman, tendo entre seus Aspirantes a Oficial, 47 intendentes, e entre eles,

Sinval Senra Martins, 1º Oficial General de Intendência, promovido em 1977, oriundo da

Academia. Ele se tornou General de Brigada Intendente e foi o 1º Oficial da Turma Agulhas

Negras a atingir o Generalato, motivo pelo qual o seu Espadim de nº 103 foi retirado de

circulação.2

Figura 7: General de Brigada Intendente Sinval Senra Martins.

Fonte: Jornal Letras em Marcha, nº 82, agosto de 1978.

Desta forma, é justo apontar o Curso de Intendência da Academia Militar das Agulhas

Negras como o continuador das melhores e mais caras tradições e legados pela Missão Militar

Francesa à Escola de Intendência do Exército.

2 “Foi retirado de circulação o Espadim n° 103, que pertenceu ao General de Brigada Sinval Senra Martins, cadete em 1945, aspirante em

1947 e general em 1977. Motivo: foi o primeiro cadete que cursou integralmente a Aman a galgar o posto de oficial-general. Seu espadim

está sob a guarda do Curso de Intendência, que integrou como cadete e instrutor.” Fonte: JORNAL LETRAS EM MARCHA. Rio de Janeiro,

Jornal do Comércio, nº 82, ago. 1978.

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Figura 8: Pavilhão de Comando e Instrução do C Int Aman (1945-2014).

Fonte: Informativo Forja do Acanto, C Int Aman, jun.2012.

Figura 9: Pavilhão de Comando e Instrução do C Int Aman – 2014 (antigas instalações do C Avçd).

Fonte: Informativo Forja do Acanto, C Int Aman, junho de 2012.

A Intendência do Exército e a Escola de Intendência na visão de um antigo aluno –

entrevista com o General de Divisão Intendente Ademar Messias de Aragão

A Revista da Intendência (2009) traz uma entrevista com o General de Divisão

Intendente Ademar Messias de Aragão, nascido em Aquidabã, Sergipe, em 17 de outubro de

1921. Oficial de Intendência da turma de 1944 da Escola de Intendência, foi promovido a

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General de Divisão em 30 de janeiro de 1979 e agraciado com várias condecorações

nacionais. Realizou relevante trabalho na estruturação da carreira do Oficial Intendente.

Entre as principais funções desempenhadas destacam-se as de Instrutor da Escola

de Comando e Estado-Maior do Exército, Oficial de Estado-Maior da Diretoria de Instrução do

Exército, Chefe do Estabelecimento Regional de Finanças/11 (atual 11ª Inspetoria de

Contabilidade e Finanças do Exército), Chefe do Estabelecimento Central de Finanças, Chefe

da Pagadoria Central de Pessoal, Diretor de Subsistência e Diretor de Material de Intendência.

Em entrevista à Revista da Intendência, o General falou sobre a escolha da carreira

das Armas, a estruturação da Intendência nos sistemas financeiro e logístico, as dificuldades

enfrentadas durante sua carreira, a Intendência de ontem e de hoje e sua visão de futuro da

Rainha da Logística.

Figura 10: Gen Div Int Ademar Messias de Aragão.

Fonte: Revista da Intendência, 2009.

Em seu relato, o General Ademar comenta que sua turma de Aspirantes a Oficial de

Intendência, que se formou em 24 de julho de 1944, foi a 1ª turma de Intendência que usou o

uniforme de cadete. Outra particularidade interessante, descrita, é que o aluno da Escola de

Intendência mantinha a graduação e o soldo de origem (no caso do General Ademar, 3º

Sargento Telemetrista), enquanto na Escola Militar do Realengo, todos tornavam-se cadetes,

com o respectivo soldo de praça especial.

Descreveu a diferença que havia nos interstícios para promoção entre os Oficiais das

Armas e os Oficiais de Intendência, assim como a reestruturação benéfica nos Sistemas

Logístico e Administrativo do Exército com reflexos muito positivos para o Serviço de

Intendência, ocorrida nos anos 1960.

Destacou a importância para o Exército e para a Intendência da integração da

formação com os Oficiais das Armas, na Academia Militar das Agulhas Negras, a partir de

1945, e, concluiu com a seguinte mensagem sobre a Intendência e o seu futuro: Creio na Intendência e no seu futuro que muito depende de vocês.

Ela é a vida dos Exércitos, o sangue que corre nos seus organismos

e os alimenta. Cultivem as qualidades pessoais que horam o

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homem. Creiam também que vocês serão os grandes construtores

da futura Intendência, pela competência, criatividade, sabedoria e

dedicação ao trabalho honesto e produtivo. Pelo aperfeiçoamento

pessoal em todos os sentidos, tenham sempre em mira a

simplificação e a desburocratização dos meios disponíveis, para

cumprir a missão de apoiar bem e com oportunidade o Exército.

(Revista da Intendência, 2009),

Registros da Escola de Intendência no Arquivo Histórico do Exército3

Em pesquisa feita no acervo documental da Escola de Intendência, no Arquivo

Hisórico do Exército, foram encontrados ofícios, decretos, portarias e boletins do Exército

referentes a alguns aspectos e período de funcionamento dela.

O Boletim do Exército nº 51, de 20/10/1922, publica o Decreto nº 15.720, de

10/10/1922, que alterava o regulamento das Escolas de Intendência, assinados pelo

Presidente da República, Epitácio Pessoa, e pelo Ministro da Guerra, João Pandiá Calógeras.

Esse Decreto é importante em termos da pesquisa, pois detalha as condições de

admissão à Escola e funcionamento de seus diversos Cursos, definindo, por exemplo, que os

Cursos Superiores de Intendência e Administração Militar tinham duração de dois anos e o

Curso Especial de Contadores, de um ano.

Figura 11: Decreto nº 15.720, de 10/10/1922.

3 Pesquisa realizada no AHEx pelo 1º Tenente Ulisses Nixon da Conceição Rodrigues, do 1º Depósito de Suprimento, “Depósito Pandiá Calógeras”.

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Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

Há também um original Projeto do Regulamento da Escola de Intendência,

preparado e assinado pelo próprio Cel Louis Buchalet, Intendente da MMF, com grandes

detalhamentos de como iria funcionar a Escola.

Nessa documentação é possível também verificar que o Diretor Geral de Ensino

das Escolas de Intendência era o Cel L. Buchalet, Intendente da MMF, mas cada uma de suas

“Escolas” tinha um copro docente próprio e como Comandante, um Coronel Intendente da

Guerra, brasileiro.

Figura 12: Decreto nº 14.764, de 7/4/1921.

Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

Outra questão interessante é a localização da Escola de Intendência, que inicial e

provisioriamente funcionou junto ao Quartel-General e que segundo os documentos abaixo

funcionou a partir de 1928 no quartel situado à Avenida Dom Pedro II, na Quinta da Boa Vista,

no Rio de Janeiro, provavelmente onde hoje funciona o Museu Militar Conde de Linhares.

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Figura 13: Ofício nº 343, de 19/12/1925 do Comandante da Escola de Intendência ao Exmo. Sr. Ministro da

Guerra, informando das péssimas condições de funcionamento das instalções provisórias.

Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

Figura 14: Ofício nº 302, de 31/10/1928 do Comandante da Escola de Intendência ao Exmo. Sr. Ministro da

Guerra, informando a mudança da sede da Escola para a Av. D. Pedro II.

Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

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Figura 15: Fachada do Museu Militar Conde Linhares, situado na Av. D. Pedro II.

Fonte: http://www.mhexfc.eb.mil.br/pt-br/mmcondedelinhares.html

O Boletim do Exército nº 626 de 10/10/1930 apresenta um despacho do Ministro da

Guerra que aponta o funcionamento de cinco cursos na Escola de Intendência no mesmo ano:

- Curso de Administração (1º ano);

- Curso de Contadores (2º ano);

- Curso Complementar;

- Curso de Aperfeiçoamento de Administração;

- e Curso de Aperfeiçoamento de Intendência.

O Despacho nº 1172, de 23/7/1930, do Estado-Maior do Exército ao 1º Subchefe,

que referencia o Ofício nº 338 de 15/7/193 do Comandante da Escola de Intendência, mostra

que no Plano de Matérias da Escola de Intendância havia matérias comuns às ministradas na

Escola de Estado-Maior: Exércitos estrangeiros, Direito Internacional, Economia social,

questões de economia política e manobras de quadros.

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Figura 16: Informação do Diretor da Escola de Intendência ao Chefe do EME sobre a conclusão do Curso de

Aperfeiçoamento de Intendência, de 7/5/1930, tendo em destaque a assinatura do Diretor (Cel Bouchalet) e do

Chefe da Missão Militar Francesa, sobre o selo oficial da Missão.

Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

Foram encontradas, também, as “Instruções Geraes e Programas detalhados dos

cinco cursos”, da Escola de Intendência, para o “Anno Lectivo de 1930”, assinado pelo

“General L. Buchalet, Director de Ensino”, constando o seguinte:

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Figura 17: “Instruções Geraes e Programas detalhados dos cinco cursos, da Escola de Intendência, para o

Anno Lectivo de 1930”

Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

Destaca-se no programa de ensino que além das matérias técnicas da Intendência

– Administração e Contabilidade – já estavam presentes os ensinos referentes a Intendência

em Campanha, Transportes Marítimos e Terrestres, Equitação e Manobras e conferências na

Escola de Estado-Maior.

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No que diz respeito aos efetivos da Escola, distribuídos nos seus cinco cursos,

verifica-se para o ano de 1931, a seguinte constituição, de acordo com o aviso nº 978, de

9/12/1930 do Estado-Maior, num total de 73 alunos:

Figura 18: “Instruções Geraes e Programas detalhados dos cinco cursos, da Escola de Intendência, para o

Anno Lectivo de 1930”

Fonte: Arquivo Histórico do Exército.

O legado da Missão Militar Francesa para a Intendência do Exército

Bastos Filho, em sua obra A Missão Militar Francesa no Brasil apresenta, no

capítulo intitulado “O Trabalho da Missão: Aspectos e Resultados”, os seguintes aspectos:

2. A Administração no Exército

[...] devemos realçar que da lista das escolas consta a de

Intendência e Administração, específica para ensinar a administrar.

Tivemos explicável escrúpulo quando rotulamos os franceses de

assistentes técnicos para instrução e organização, mas incumbimo-

los de planejar, criar e dirigir uma escola para ensinar administração

no Exército. Parece-nos absolutamente indiscutível que, se,

ostensivamente, de cima para baixo, não cabia aos franceses

transmitir-nos seus princípios e técnicas administrativas, fizeram-no

de baixo para cima, acabando por influir, com o passar do tempo,

na alta administração do Exército. (1994).

De modo geral, a Missão Militar Francesa promoveu a reestruturação de todo o

mecanismo geral do Exército, incluídos necessariamente os órgãos dos Serviços, cuja

reestruturação de sua existência em tempo de paz tomou por base a melhor preparação

possível para o desempenho do seu papel em caso de guerra, através do mecanismo da

mobilização.

Destacam-se abaixo, alguns dos principais legados:

1. Além dos dez regulamentos táticos ou de preparo da tropa, desde o de

Emprego das Grandes Unidades até o Emprego das Transmissões (hoje Comunicações),

dois referentes aos Serviços e quatro de funcionamento de escolas — tudo constante no

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Relatório do Ministro Calógeras, em 1921. São elaborados e submetidos ao Chefe do Estado-

Maior: Programas Gerais de Instrução (da Esao e respectivos cursos — março de 1920);

Organização do Serviço de Intendência; Projeto de Lei de Requisições Militares;

Instruções para Exame de Admissão da Escola de Estado-Maior e para Exames Finais

na Esao, citados como amostra da variedade do trabalho.

2. A partir das Escolas, os conhecimentos, após absorvidos e adequados à

realidade brasileira, iam sendo apresentados – pelos assessores da Missão e pelos

brasileiros por ela instruídos – aos altos órgãos militares (notadamente o Estado-Maior do

Exército), aos Grandes Comandos de Áreas e operacionais e às demais organizações

militares, de tropa e de serviços;

3. Convencionais exercícios, evidentemente ultrapassados e inócuos, foram

cedendo lugar a manobras mais objetivas, com ênfase na ação de comando, no fogo e no

movimento, na segurança, no emprego útil do material bélico e no funcionamento azeitado

e oportuno dos apoios e serviços;

4. Em 3 de dezembro de 1920, Gamelin solicitou um tradutor brasileiro para

publicar o Regulamento do Serviço em Campanha. Pelo regulamento e pela estratégia

nova adaptada para o Exército Brasileiro, a MMF influenciava a escolha da tecnologia

francesa;

5. A lógica cartesiana guiou os franceses a impor um sistema que evitava

cuidadosamente a precipitação e que se mostra tão clara e distintamente, a fim de que

ninguém possa ter dúvida sobre o funcionamento e a eficiência;

6. E Reformas profundas, como a reorganização da administração, a criação

do Serviço de Intendência de Guerra e a organização da mobilização em caso de conflito.

Na apresentação do livro A Intendência no teatro de operações da Itália (BIOSCA,

1950) são localizadas duas importantes referências ao trabalho do Serviço de Intendência da

1ª Divisão de Infantaria Expedicionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), na 2ª Guerra

Mundial, que em verdade denotam, por dedução, a qualidade do trabalho da Intendência do

Exército em favor da FEB, como fruto também da MMF.

O General Intendente José Scarcela Portela, Diretor de Intendência do Exército em

1948, na apresentação da obra supracitada, diz que ao lê-la “relembra das conferências do

General Buchalet, na Escola Superior de Intendência” (BIOSCA, 1950).

O Marechal Mascarenhas de Morais, Comandante da FEB, no prefácio da mesma

obra, destaca o seguinte sobre o Serviço de Intendência:

Afrontando as estradas resvaladiças das montanhas nevadas e os

dolorosos reveses das operações iniciais do RENO, conseguiu esse

operoso Órgão Divisionário, pela cultura de seus oficiais e pela

disciplina de seus quadros, conquistar, em pouco tempo, a

eficiência técnica que tanto concorreu para o triunfo das armas

brasileiras. (BIOSCA, 1950).

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Um marco na evolução do Serviço de Intendência -A 2ª Guerra Mundial

O Brasil declarou guerra às nações do eixo em 30 de agosto de 1942. Para

participar do conflito foi criada, em 24 de dezembro de 1942, a Força Expedicionária Brasileira.

Durante todo o ano de 1943 e o 1º semestre de 1944, a FEB realizou o seu aprestamento em

território nacional. Em 16 de julho de 1944, o 1º escalão da FEB chega a Nápoles, na Itália.

Na oportunidade, a 1ª DIE contava apenas com uma Cia Int (-).

A 13 de outubro de 1944 foi o Serviço de Intendência da 1ª DIE reagrupado pela

junção dos elementos que tinham feito parte do 1º escalão com os que chegaram no 2º

escalão. A FEB passou a contar com os seguintes órgãos específicos de Intendência:

Quadro 4: Organização do Serviço de Intendência da 1ª DIE/FEB

Fonte: BIOSCA, 1950

A 1ª DIE era apoiada pelos Depósitos do V Exército americano e pelo Depósito de

Intendência da FEB que fornecia basicamente artigos brasileiros, como por exemplo, feijão,

arroz e farinha de mandioca. A Seção de Suprimento assessorava a Chefia do Serviço de

Intendência divisionário no planejamento e execução das atividades de suprimento e

transporte, correspondendo, atualmente, aos trabalhos realizados pelo Centro de Operações

de Apoio Logístico (COAL) nos B Log e pelo Centro de Operações de Suprimento (COS) nos

B Sup / D Sup. Em 7 de dezembro de 1944, com a constituição da Seção de Transporte, a

atividade de transporte deixou de ser responsabilidade da Seção de Suprimento. Desde a

defensiva até a perseguição ao inimigo, a Intendência lançou seus órgãos, intervindo profunda

e continuadamente nas operações, chegando a desdobrar 11 P Distr, no período de 30 dias

em regiões diferentes da Itália. Distribuiu suprimentos. Movimentou-se, deslocando tropas da

retaguarda para frente e entre pontos diferentes da frente. Transportou munições, animais,

materiais e combustíveis, diariamente, por estradas batidas pelo inimigo. Para prestar um

apoio mais cerrado, aproximou-se demasiadamente das unidades apoiadas, expondo-se ao

ataque aéreo inimigo, como em Delle Capane, onde funcionava um P Distr da 1ª DIE. Cumpriu

ainda a missão humana e desagradável de coletar e enterrar mortos, reunindo-os no Cemitério

Militar Brasileiro de Pistóia.

O Chefe do Serviço de Intendência da 1ª DIE foi o Cel Intendente do Exército

FERNANDO LAVAQUIAL BIOSCA, condecorado com a “Bronze Star Medal” e autor do

livro “A Intendência no Teatro de Operações da Itália”, onde narra com detalhes a

participação da Intendência nos campos da Itália. Um acervo histórico com pertences do Cel

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Biosca foi doado por sua família ao C Int / EsAO. Entre as relíquias, encontra-se o original do

livro.

Figura 19: Cel Biosca, Ch Sv Int FEB

Fonte: C Int ESAO, 2000

Na ponta da linha, a Intendência também se fez presente, uma vez que foram

mantidas as funções de Tesoureiro e Aprovisionador nas unidades da 1ª DIE.

A Intendência desenvolveu ainda em território italiano trabalhos relativos ao Serviço

de Finanças com destaque para o Serviço de Fundos e para a Pagadoria Fixa da FEB. O

epíteto de Rainha da Logística surgiu por ocasião da 2ª GM. A participação da Intendência

brasileira nas operações da FEB trouxe reflexos altamente positivos para a evolução do

Serviço. Entre outros se destacam:

- As experiências vividas serviram de fontes de estudos para o

desenvolvimento de doutrina;

- O início da freqüência do oficial intendente à ECEME;

- A formação, a partir de 1944, dos oficiais de intendência na AMAN; e

- A maior integração do oficial intendente com os oficiais das armas - A

influência da doutrina norte-americana na Organização e Emprego do Serviço (OESI),

doutrina essa que vem

sofrendo, gradualmente, modificações e adaptações face às condições peculiares de

emprego da Força Terrestre.

3 A Intendência do Exército no pós-guerra

Aproveitando os ensinamentos colhidos nos campos da Itália, por ocasião da 2ª

Guerra Mundial, o Exército resolveu realizar uma nova reformulação na sua Organização

Básica, e, assim, através do Decreto-Lei 9.120, de 2 de abril de 1946 - Lei de Organização

dos Quadros e Efetivos do Exército - organizou o Serviço de Intendência, conforme o quadro

abaixo:

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Quadro 5: Nova Organização do Serviço de Intendência, em 1946

Fonte: C Int ESAO, 2000

Em 1950, pela Lei Nº 1246, de 30 Nov, é reestruturado o Quadro de Oficiais do

Serviço de Intendência do Exército e os Órgãos de Direção passaram a ter a seguinte

constituição: - Diretoria Geral de Intendência - Diretoria de Produção, Suprimento e

Transporte - Diretoria de Finanças do Exército

A Diretoria de Produção, Suprimento e Transporte resultou da fusão da Subdiretoria

de Subsistência, Subdiretoria de Material de Intendência e Subdiretoria de Transporte. Em

1952, pelo Dec 31.210, de 29 Jul, a Diretoria de Produção, Suprimento e Transporte foi

desdobrada em Diretoria de Suprimento e Diretoria de Transporte. Em 1956, a Diretoria Geral

de Intendência, pela Lei 2.851, de 25 Ago, passou a ser subordinada ao Departamento de

Provisão Geral e a compreender as seguintes Diretorias:

- Diretoria de Finanças

- Diretoria de Subsistência

- Diretoria de Material de Intendência

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Anos 60 – Uma Nova Estrutura

Pelo Decreto 49.380, de 30 de novembro de 1960, os Serviços de Intendência

Regionais passaram a ter a seguinte constituição:

- Seções dos Serviços Regionais

- Organizações de Serviços

- Corpos de Tropa de Serviços

As Seções do SIR passaram a integrar o Quartel General e as Organizações de

Serviços e Corpos de Tropa de Serviços passaram a ser subordinados diretamente ao

Comando Regional (ou Comando Divisionário). Em 1962, a Portaria Ministerial Nº 1217, de 5

Jun, publicou as instruções para o funcionamento do Serviço de Intendência em tempo de

paz. O Art 1º dessas instruções definiu:

Pelas novas instruções as atividades do Serviço foram desdobradas em dois

escalões:

- Escalão Direção

- Escalão Região Militar

ESCALÃO DIREÇÃO

DIREÇÃO

Diretoria Geral de Intendência (DGI), diretamente subordinada ao

Departamento de Provisão Geral (DPG), compreendendo:

- Diretoria de Finanças (DF)

- Diretoria de Subsistência (DS)

- Diretoria de Material de Intendência (DMI)

Órgãos e

Organizações

Centrais de

Serviço

- Estabelecimento Central de Finanças

(ECF)

- Pagadoria Ventral de Inativos e

Pensionistas (PCIP)

Subordinados

diretamente a DF

- Estabelecimento de Subsistência (ECS)

- Entrepostos Centrais (EnCSM)

Subordinados

diretamente a DS

- Estabelecimento Central de Material de

Intendência (ECMI)

- Estabelecimento Comercial de Material

de Intendência (E Com MI)

- Estabelecimento Central de Transporte

(ECT)

Subordinados

diretamente a DMI

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ESCALÃO REGIÃO MILITAR

Serviço de

Intendência

Regional (SIR)

Seção do Serviço de Intendência ( Sec SIR)

- Chefia da Sec SIR, Integrantes do QG/RM

Órgão e Organizações dos Serviço Regionais

- Estabelecimento Regionais de Finanças (ERF)

- Pagadorias Regionais de Inativos e Pensionistas (PRIP)

- Estabelecimentos Regionais de Subsistência (ERF)

- Estabelecimentos Regionais de Material de Intendência

(ERMI)

- Depósitos Regionais de Material de intendência (DRMI)

Serviço de

Intendência

Divisionário

(SIDiv)

Seção do Serviço de Intendência Divisionário ( Sec SIDiv)

- Chefia da Sec SIDiv, Integrantes do QG/Cmdo

Corpo de Tropa de Serviço Divisionário

- Companhia de Intendência (Cia Int)

Serviço de

Intendência de

Unidades e

Estabelecimentos

Tesoureiro, Almoxarife e Aprovisionador

Quadro 6: Nova Organização do Serviço de Intendência, em 1960

Fonte: C Int ESAO, 2000

O quadro atual

De 1962 até os dias de hoje, órgãos foram extintos, transformados e criados, de tal

forma que, atualmente, o Serviço de Intendência, dentro da estrutura organizacional do

Comando do Exército, dirige ou tem participação efetiva nas atividades desenvolvidas por

diversos órgãos e organizações militares, conforme apresentar-se-á mais a frente na estrutura

dos Sistema Logístico e Sistema de Economia e Finanças.

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4 O patrono

Nascido a 12 de abril de 1840, em Porto Alegre, filho do brigadeiro Jacinto

Machado Bitencourt e de D. Ana Maurícia da Silva Bitencourt, o patrono do Serviço de

Intendência do Exército Brasileiro, marechal Carlos Machado de Bitencourt, em plena

infância já demonstrava pendor para a carreira das Armas – uma tradição de família, pois

militares também o eram o avô e o pai. Esses exemplos de amor à Pátria e coragem cívica o

entusiasmaram e o impeliram às fileiras do Exército. Assentou praça a 1o de janeiro de 1857,

com 17 anos. Galgou por mérito todos os demais postos de uma brilhante carreira e viveu a

honrosa situação de combater em algumas circunstâncias sob as ordens do pai, na Guerra da

Tríplice Aliança. Bitencourt destacou-se como encarregado da logística nas operações

desenvolvidas pelo Exército contra os insurretos de Canudos.

Recém empossado como ministro da Guerra, interveio pessoalmente na campanha

cujo óbice maior era a ausência de uma cadeia de suprimentos, já que a falta destes dificultava

o bom desempenho das forças legais. Organizou e sistematizou o transporte de pessoal e

material, tornando efetivo e contínuo o fluxo de reabastecimento das tropas, o que possibilitou

a derrota dos rebelados. Sua brilhante atuação foi essencial para o resultado final daquele

conflito. Carlos Machado de Bitencourt dedicou 40 anos de relevantes serviços prestados à

Pátria até o momento de sua morte, a 05 de novembro de 1897, quando buscava salvar o

então presidente Prudente de Morais de um atentado com arma branca.

Figura 20: Marechal Carlos Machado de Bitencourt, Patrono da Intendência do Exército

Fonte: C Int ESAO, 2000

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Um pouco de história

Finda a Campanha de Canudos em 1897, o marechal Bitencourt voltou ao Rio de

Janeiro, capital da República à época. A 5 de novembro do mesmo ano regressavam as forças

que haviam lutado no sertão baiano. A tropa desembarcou do navio Espírito Santo e foi

recepcionada pelo presidente da República, Prudente de Morais. Durante as honras

militares, saiu das fileiras do 10º Regimento de Infantaria o anspeçada (na ocasião, uma

graduação entre soldado e cabo) Marcelino Bispo de Melo, 19 anos, que sacou de um punhal

e arremeteu-se contra o presidente. Bitencourt correu a salvar o chefe do Executivo e o fez

com o ônus da própria vida.

O Exército deve a Bitencourt o aprendizado do insígne Thiers, autor de “História

do Consulado e do Império”:

"É necessário ter o espírito de ordem e minuciosidade, porque

o militar não se educa para a guerra somente: alimenta-se,

veste-se, arma-se e cura-se. A cada movimento é necessário

pensar na véspera e no dia seguinte, nos flancos e na

retaguarda; mover tudo consigo: munições, víveres e hospitais".

A vida

- 1840 – Nasce em Porto Alegre, no dia 12 de abril.

- 1857 – Assenta praça como voluntário no 13º Batalhão de Infantaria, com destino

ao 1º Regimento de Cavalaria.

- 1860 – Promovido a 2º tenente, inicia a carreira de oficial.

- 1865/1870 – Participa da Guerra da Tríplice Aliança, destacando-se nos combates

de Tuiuti e Lomas Valentinas. Durante o conflito, é promovido a 1º tenente e galga o posto de

capitão por atos de bravura.

- 1876 – Promovido ao posto de major, por merecimento.

- 1890 – Atinge o generalato.

- 1894 – Assume o comando da Guarda Nacional

- 1895 – Alcança o posto de marechal, o último da carreira, e desempenha o cargo

de Ajudante-General do Exército.

- 1896 – Designado para o Superior Tribunal Militar.

- 1897 – Nomeado Ministro da Guerra. Nesse cargo, notabiliza-se pela organização

do apoio logístico às operações em Canudos, contribuindo decisivamente para apressar o fim

da insurreição nos sertões baianos.

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Figura 21: Memorial Bitencourt

Fonte: C Int ESAO, 2000

5 O símbolo

Como parte importante da história da Intendência torna-se importante apresentar o

significado de seu símbolo distinto no âmbito das Armas no Exército Brasileiro e suas origens.

Segue-se, assim suas principais definições e apresentação: "Acanto – do grego

akantos; (1) planta tipo da família das dicotiledôneas, de flores brilhantes, caracteriza-se por

suas folhas largas, verdes e recortadas; seu “habitat” são os terrenos úmidos e pedregosos

da região do Mediterrâneo; (2) ornamento da arquitetura, que imita essa planta”. Vitrúvio (430

AC) diz que Calímaco, escultor jônio, “modificou os capitéis de um templo que estava

construindo em Corinto, entremeando-os pelas volutas folhas de acanto”. Dessa modificação

nasceu novo estilo – o coríntio, identificação de um povo, que representava, na pedra, a

elegância, a leveza e o amor. A folha de acanto aprimorou os estilos arquitetônicos. Por ter

sido intensamente utilizada na construção de templos e monumentos sacros, passou, com o

tempo, a ser associada às virtudes de pureza e honestidade.

Na História, encontram-se as respostas para a adoção da folha de acanto como

símbolo da Intendência. Homero, na “Ilíada”, narra que nas hostes de Agamenon, lendário rei

de Micenas e herói das pugnas troianas, havia oficiais de alta patente, com honras de

magistrados, aos quais incumbia a guarda e a gestão dos fundos destinados aos pagamentos

dos soldados e das demais despesas ‘in-loco”, decorrentes da campanha. Foram justamente

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esses magistrados das finanças militares das tropas de Agamenon que, pela primeira vez na

História da Intendência Militar, elegeram a folha de acanto para seu símbolo distintivo. Não

como adorno de uniforme, mas como meio prático de se fazerem localizar, com facilidade,

dentro dos acampamentos. A eleição decorreu do fato de a folha de acanto ser grande, larga

e ornamental, apresentando, além disso, recortes simétricos e sobretudo porque, cortadas,

amarelavam com rapidez e, penduradas à porta das barracas daqueles magistrados, se

faziam visíveis a grandes distâncias, identificando-os prontamente. Assírios, Caldeus, Medos

e Persas também utilizavam idênticos procedimentos.

Nas legiões guerreiras da Roma antiga também são encontrados os famosos

“quaestores classici” ou questores militares, magistrados nomeados diretamente pelo

imperador para cuidar das finanças militares tanto em tempo de paz como durante as

campanhas. Consta que autenticavam documentos através de um sinete com as

características do acanto. Na França, para exercer a administração e controlar a ação dos

chefes e senhores do Exército, Richelieu, o grande cardeal de Luiz XIII, colocou junto aos

mesmos os Intendentes, homens que se entendiam diretamente com o rei. Com o Marquês

de Louvois, Ministro da Guerra de Luiz XIV, aumentaram as responsabilidades dos

Intendentes que passaram a realizar freqüentes revistas nos regimentos formados, para

verificar a existência efetiva dos homens e equipamentos. Com a reconstituição do Exército,

não só hierárquica mas também de quadros, a Intendência passa a fazer parte de um quadro

conjunto, vendo aumentada sua importância. Coube à Missão Militar Francesa, em 1920, criar

definitivamente a Intendência do Exército Brasileiro. Essa missão, que nos legou seus

conhecimentos, irmanou-nos também com o símbolo da Intendência do seu grande exército –

a Folha de Acanto.

Dignos herdeiros de tão vastas tradições, os Intendentes do Exército Brasileiro portam com

orgulho o símbolo que os individualiza.

Figura 6: Folha de Acanto

Fonte: o autor

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6 São Cândido – O Padroeiro

Pouco se conhece da vida de São Cândido senão uma notável particularidade:

pertencia à Legião Tebana, viveiro de soldados cristãos e com eles sofreu o martírio coletivo.

O comandante da Legião Tebana era São Maurício e São Cândido seu Intendente-Mor.

A Legião Tebana era a tropa de escol no exército romano, por isso o imperador

Maximiano, que dividia o governo do império com Diocleciano mandou trazê-la do Egito a fim

de reprimir uma insurreição nas Gálias. A Legião quase em sua totalidade era composta por

cristãos.

Se levarmos em conta o efetivo da Legião Romana, que se estabilizou em cêrca de

6.000 homens, pode-se compreender o trabalho do intendente-mor, São Cândido, no que dizia

respeito ao abastecimento daquilo que se fazia necessário para suprir às necessidades deste

efetivo.

No ano de 284 ascendia à direção do Império Romano Diocleciano, soldado

favorecido pela fortuna, enérgico e hábil. Para minimizar os inúmeros e graves problemas que

se apresentavam num vasto império com sinais inequívocos de decadência, decidiu ele

associar ao governo, em 285, outro soldado experimentado, Maximiniano, com o título de

césar, reservando para si o título de augusto. Mais tarde, em 292, Maximiniano passava à

condição de augusto, e eram nomeados dois césares, dando início ao que se conhece por

tetrarquia.

Uma das primeiras missões atribuídas a Maximiniano, foi debelar a revolta dos

bagaudos, povos germânicos que habitavam, então, a Gália, em território da atual Suiça.

Maximiniano reúne um exército na Itália, do qual faziam parte alguns corpos vindos do Oriente,

e com ele cruza o passo do Grande São Bernardo (Summus Penninos), no outono de 286.

Um desses corpos orientais era formado por soldados cristãos, e se encontrava sob o

comando de Maurício.

A tradição chama-o de "legião tebana", embora se tratasse, ao que parece à crítica

moderna, de uma coorte auxiliar. Dada a tradição se referir a uma "legião", e como as legiões

no período republicano e na fase inicial do império possuíssem efetivos aproximados de 6.600

homens, exagerava-se o efetivo da tropa de Maurício. Nesta época as legiões já tinham efetivo

reduzido, e logo depois, sob Constantino, passariam a ter, oficialmente, 1.000 homens. Seria

muito difícil falar-se, nestes tempos recuados, de grandes efetivos de soldados cristãos.

Todavia, a indicação "legião tebana" é, de fato, encontrada com certa frequência,

no século IV, não só no Egito, como na Trácia e na Itália. Seja como for o gentílico desta tropa

não dá margem a dúvidas: era originária da Tebaida, no alto Egito.O exército acampou em

Octodorum (atual Martigny, Suiça), mas a coorte auxiliar tebana assentou acampamento em

Agauno (hoje St-Maurice, Cantão do Vallais, Suiça), próximo a Octodorum. Antes da

campanha, Maximiniano determinou os solenes sacrifícios propiciatórios aos deuses, entre os

quais contavam-se, necessariamente, Roma e Augusto, além dos próprios césares em

exercício. Nestas ocasiões eram renovados os juramentos de fidelidade. Maurício e seus

homens recusaram-se a abdicar de seus princípios e a trair a própria consciência.

Maximiniano, contrariado, determinou uma primeira dizimação, o sacrifício de 1 soldado em

cada grupo de 10. A ação cruel não surtiu o efeito intimidador, sendo determinada uma

segunda dizimação, que também fracassou em seus propósitos. Enfurecido ante a resistência

estóica, Maximiano determina o sacrifício dos sobreviventes, todos decapitados. Escrevia-se

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com sangue, nos campos de Agauno, uma das páginas mais impressionantes do martirológio

cristão, que a tradição registrou como sendo 22 de setembro de 286.

Posteriormente, a Igreja Católica conduziu Maurício à dignidade dos altares,

santificando-o. A 22 de setembro de 515, o bispo São Avito, de Vienne, na França, pronunciou

homilia para a inauguração da basílica mandada edificar, pelo rei borgúndio Sigismundo, em

Agauno, a fim de recolher os supostos despojos dos mártires da "legião tebana", encontrados

por volta de 380, quando de uma cheia do rio Ródano.

O culto a São Maurício fez rápidos progressos na Europa. Durante a Idade Média

surgiram ordens de cavalaria sob o seu patrocínio, como as dos Santos Lázaro e Maurício, na

Savoia (Itália) e a do Tosão de Ouro, na Espanha. É curioso lembrar que, dada a sua origem

egípcia, Maurício é representado nas artes, muitas vezes, como homem de cor, ou com

características físicas da raça negra.

O significado deste sacrifício foi muito bem exposto pela sempre lembrada figura

do venerável Gen Duque-Estrada:

"Por certo, espetáculo igual jamais ocorrera em qualquer época, em parte alguma,

de estoicismo, de devotamento a uma causa, de renúncia coletiva, como o que legaram ao

mundo Maurício e seus comandados. Repetiam-se, com frequência, para gáudio dos césares

e divertimento das massas embrutecidas pelos prazeres fácies, as cenas horripilantes dos

circos de Roma.

No entanto, não poderiam ter a significação, não eram comparáveis à epopeia

vivida pela Legião Tebana. De um lado, tratava-se de seres indefesos, que possuíam a

couraça única de sua crença, a ampará-los na prova suprema, do outro, uma energia capaz

de resistir e vencer, que se conservava, deliberadamente, em estado potencial apenas,

robustecendo e amparando uma vontade de exaltar os espíritos em busca do Pai amoroso e

bom.

Ao invés de um ato de rebeldia, de insubordinação, Maurício dá o exemplo de

disciplina consciente e perfeita, serena e justa, sofrendo a punição imposta pela vontade

desmedida do chefe terreno, ao mesmo tempo obedecendo sem vacilações, com humildade

e energia, aos ditames da consciência e da razão.

Coube séculos antes, ao cônsul romano Mário, transformar as legiões em exército

profissional; estender o recrutamento a todos os cidadãos, sem discriminação de fortuna.

Desde então, o voluntariado foi suficiente para manter os efetivos das legiões.

A Legião, após o cônsul Mário, foi dividida em dez coortes, cada uma com efetivo

de 600 homens. Tribunos eram os comandantes que se revezavam na chefia das Legiões.

Os legionáros romanos distinguiam-se, também, pela construção de excelentes

estradas estratégicas, que consolidaram as conquistas do Império. Diversas Legiões

receberam, durante o Império, cada uma, um número, e foram destacadas para as províncias

do Império como guarnições militares.

São Cândido foi certamente o modelo dos intendentes, porque fazia-o em

consciência, como obra de santificação. Além disso, conhecia bem a psicologia dos exércitos:

soldado bem alimentado, pago em dia, suprido de fardamento e agasalho está mais preparado

e pronto para o combate.

Na famosa Basílica de Agaune, na região dos Alpes suiços às margens do Rôdano,

nas proximidades do Lago de Genebra, encontram-se as relíquias de São Cândido. Esta

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Basílica foi construída por São Teodoro no ano 381, um século após a execução da Legião

Tebana. A festa de São Cândido é aos 22 de setembro, data de seu martírio.

Figura 22: Imagem de São Cândido no Curso de Intendência da AMAN

Fonte: o autor

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7 A evolução do Sistema Logístico e do Sistema de Economia e Finanças

Tal como foi visto na evolução histórica da Intendência do Exército Brasileiro,

apresenta-se a seguir o histórico do desenvolvimento dos Sistemas Logístico e de Economia

e Finanças, ambos intrinsecamente ligados à própria história da Intendência.

O Sistema Logístico

Figura 23: Estrutura da evolução histórica

Fonte: disponível em <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>, acessado em 21/07/2017.

O Departamento Geral de Administração

Em 27 de março de 1946, foi assinado o Decreto-Lei Nº 9.100, no qual constava a

organização do Departamento Geral de Administração, tendo como sede o Palácio Duque de

Caxias, na cidade do Rio de Janeiro e era integrado por várias diretorias, a saber: Diretoria de

Pessoal, Diretoria de Material Bélico, Diretoria de Engenharia, Diretoria de Transmissões,

Diretoria de Recrutamento, Diretoria de Intendência, Diretoria de Saúde, e Diretoria de

Remonta e Veterinária.

O Departamento de Provisão Geral

Em 04 de setembro de 1956, o Decreto Nº 39.900 extinguiu o Departamento Geral

de Administração, transformando-o em Departamento de Provisão Geral, mantendo as

diretorias subordinadas daquele órgão, com exceção da Diretoria de Pessoal, da Diretoria de

Serviço Militar, que anteriormente tinha o nome de Diretoria de Recrutamento, e da Diretoria

de Engenharia.

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A Diretoria Geral de Material Bélico e o Departamento De Material Bélico

A Diretoria Geral de Material Bélico foi criada no início da década de 50, mais

precisamente em 1952, e tinha como sede o Palácio Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Em

30 de outubro de 1970, passou a denominar-se Departamento de Material Bélico conforme

publicou o Decreto Nº 67.459. Em 1973, o DMB foi transferido para Brasília/DF e era composto

pelas seguintes Diretorias: Diretoria de Armamento e Munições, Diretoria de

Motomecanização, Diretoria de Engenharia, e Diretoria de Fabricação e Recuperação.

O Departamento Geral de Serviços

O Decreto Nº 68.116, de 27 de janeiro de 1971, transformou o Departamento de

Provisão Geral em Departamento Geral de Serviços, sendo, também, transferido para a

Capital da República e integrado por: Diretoria de Material de Intendência, Diretoria de

Subsistência, Diretoria de Transportes, Diretoria de Assistência Social, Diretoria de Remonta

e Veterinária, Diretoria Técnica de Saúde, Diretoria Administrativa de Saúde, e Diretoria de

Processamento de Dados.

O Departamento Logístico

O Departamento Logístico (DLog) foi criado por meio do Decreto Presidencial Nº

3.649, de 30 de outubro de 2000, dentro da Estruturação do Órgão de Direção Setorial de

Logística, por meio da fusão do Departamento Geral de Serviços (DGS) com o Departamento

de Material Bélico (DMB).

Com exceção da Diretoria de Material de Comunicações e Eletrônica (DMCE), as

demais diretorias do Departamento de Material Bélico passaram para o D Log, sendo que a

Diretoria de Armamento e Munição, a Diretoria de Motomecanização e a Diretoria de Material

de Engenharia, foram consolidas em uma só diretoria, a Diretoria de Manutenção. Com a

criação da Secretaria da Tecnologia da Informação (STI), a DMCE, antiga Diretoria de

Processamento de Dados, passou a subordinar-se à STI. Com a criação do Departamento de

Ciência e Tecnologia (DCT) a DMCE retornou ao D Log e a Diretoria de Fabricação e

Recuperação, passou a subordinar-se ao DCT.

Do Departamento Geral de Serviços, o DLog recebeu os encargos da Diretoria de

Material de Intendência, da Diretoria de Subsistência, da Diretoria de Remonta e Veterinária,

da Diretoria de Administrativa de Saúde - estas consolidadas na Diretoria de Suprimento – e

da Diretoria de Transporte, transformada em Diretoria de Transporte e Mobilização e, hoje,

extinta.

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Figura 24: transformações ocorridas com a criação do D Log, em relação às Diretorias

Fonte: disponível em <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>, acessado em 21/07/2017

Figura 25: organograma do D Log

Fonte: disponível em <http://www.colog.eb.mil.br/index.php/historico>, acessado em 21/07/2017

Por meio da Portaria Nr 274, do Comandante do Exército, de 11 de maio de 2007,

o Departamento Logístico ficou reconhecido como “legatário dos extintos Departamento-Geral

de Serviços (DGS) e Departamento de Material Bélico (DMB)”, considerando-o como o

“legítimo herdeiro das tradições do DGS e do DMB”. Além disso, a referida Portaria corrige a

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evolução histórica do D Log, “garantindo-se a manutenção e o culto das tradições dos

departamentos extintos [DGS e DMB], além de se preservar parcela considerável da história

do Exército Brasileiro”.

O Comando Logístico – COLOG

Visando dotar o Sistema Logístico do Exército – SISLOG - de um órgão central

capaz de, em melhores condições, cumprir a missão de orientar e coordenar o apoio logístico

ao preparo e emprego da Força Terrestre, prevendo e provendo, no campo das funções

logísticas de suprimento, manutenção e transporte,os recursos necessários ao Exército e às

necessidades de mobilização dessas funções, além da coordenação das atividades de

fiscalização de produtos controlados pelo Exército e de remonta e veterinária, o Departamento

Logístico foi transformado em Comando Logístico.

O Comando Logístico – COLOG – foi criado pelo Decreto Nº 6.710, de 23 de

dezembro de 2008, por transformação do D Log em COLOG.

O COLOG passou a ter a seguinte organização: Diretoria de Abastecimento, antiga

Diretoria de Suprimento; Diretoria de Material, antiga Diretoria de Manutenção; Diretoria de

Material de Aviação do Exército; Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados; Base de

Apoio Logístico do Exército e Gabinete de Planejamento e Gestão. A Diretoria de Material de

Comunicações, Eletrônica e Informática passou à subordinação do DCT. A Diretoria de

Transporte e Mobilização foi extinta.

Organizações Militares Subordinadas ao COLOG e suas Missões

a. Diretoria de Material (D Mat)

É missão da D Mat prever e prover os recursos e serviços necessários ao

suprimento e à manutenção no Exército Brasileiro relativos às Classes III (lubrificantes, exceto

os específicos da aviação), V (armamento, exceto os específicos de aviação), VI (material de

engenharia), VII (material permanente de saúde de campanha) e IX (material

motomecanizado).

b. Diretoria de Abastecimento (D Abst)

É missão da D Abst prever e prover os recursos e serviços necessários ao

suprimento e à manutenção, no Exército Brasileiro, relativos às Classes I (material de

subsistência), II (material de intendência, exceto equipamento de vôo), III (combustível, exceto

o de aviação), V (munição, exceto os específicos de aviação), VIII (material de saúde de

campanha, exceto materiais permanentes), X (materiais não incluídos em outras classes) e

de Remonta e Veterinária.

c. Diretoria de Material de Aviação do Exército (DMAvEx)

É missão da DMAvEx prever e prover o suprimento e a manutenção do material de

aviação e de qualquer outro relacionado, especificamente, à Aviação do Exército, relativos às

Classes II, III, V, VII, IX e X.

d. Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados (DFPC)

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É missão da DFPC superintender as atividades referentes à fiscalização dos

produtos controlados pelo Exército Brasileiro, bem como dos meios de emprego militar (MEM)

da gestão do COLOG, destinados à exportação.

e. Base de Apoio Logístico do Exército (BApLogEx)

1) Organograma

Figura 26: organograma da Ba Ap Log Ex

Fonte: Palestra Ba Ap Log Ex para o CCEM/ECEME, em 04 abr 2017.

2) Missão

É missão da Ba Ap Log Ex, como órgão operacional do COLOG, contribuir para

aumentar a eficiência do Sistema Logístico. Para tal, enquadra OM de apoio logístico e atua

em proveito do Exército Brasileiro como um todo, inclusive em missões de paz, participando

de aquisições, armazenamento, distribuição, transporte, manutenção e contratação de

serviços. Compete-lhe, também, coordenar o desembaraço alfandegário de importação e

exportação de material de interesse do Exército Brasileiro.

3) Organização

A Ba Ap Log Ex está diretamente subordinada ao COLOG e fica sediada na cidade

do Rio de Janeiro. Ela é composta pela Companhia de Comando, Hospital de Campanha (H

Cmp), pelo Depósito Central de Munições (DCMun), sediado em Paracambi/RJ; pelo

Estabelecimento Central de Transportes (ECT); pelo Batalhão de Manutenção e Suprimento

de Armamento (BMSA); pelo Batalhão Central de Manutenção e Suprimento (BCMS); e pelo

1º Depósito de Suprimento (1º D Sup), todos sediados na cidade do Rio de Janeiro.

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O Sistema de Economia e Finanças

A Secretaria de Economia e Finanças(SEF) é o órgão de direção setorial do

Exército Brasileiro, unidade orçamentária do Comando do Exército que tem como premissa

básica o compromisso da qualidade da gestão dos recursos orçamentários, financeiros e

patrimoniais; dos processos e dos sistemas administrativos e das auditorias de avaliação da

gestão dos recursos disponibilizados para o Comando do Exército.

História

As origens da Secretaria de Economia e Finanças (SEF) do Exército Brasileiro

remontam ao Império. O regulamento nº 112, de 22 de dezembro de 1841, deu uma nova

organização à Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra, substituindo a Contadoria do

Arsenal de Guerra pela Contadoria Geral, anexa à mesma Secretaria, a qual possuía como

atribuições "tudo o que disser a respeito à receita e despesa relativa ao pessoal do Exército,

o que for concernente ao material do mesmo Exército, o exame moral, e aritmético, liquidação,

a tomada de contas de todas as Repartições e empregados do mesmo Ministério, toda a

contabilidade respectiva à receita e despesa do Arsenal de Guerra, e sua competente

fiscalização, a organização e a distribuição do Orçamento, e Créditos – estes a cargo do

Contador".

O decreto nº 778, de 15 de abril de 1851 criou uma repartição com o título de

Contadoria Geral da Guerra, que possuía por atribuições "a tomada de contas a todos os

Empregados da Repartição da Guerra na Corte, e Províncias, responsáveis por dinheiros, ou

gêneros, e bem assim a dos Corpos do Exército, o exame das despesas feitas por conta do

dito Ministério em quaisquer Repartições, a escrituração parcial do Arsenal de Guerra da Corte

e a de todo o Império, a organização dos Balanços e Orçamentos, o assentamento geral, os

exames prévios e cálculos de toda a despesa que se houver de pagar e a liquidação de dívidas

e sua inscrição".

Com a extinção, em 1890, em decreto assinado por Manoel Deodoro da Fonseca

e por Benjamin Constant na vigência do Governo Provisório Republicano, da Repartição Fiscal

do Ministério da Guerra e da Pagadoria das Tropas da Capital, a Contadoria Geral da Guerra

teve a seu cargo o exame, processo, fiscalização e pagamento da despesa pertencente ao

Ministério da Guerra realizada no Brasil.

A Contadoria Geral da Guerra veio a ser extinta em 1901, substituída pela Direção

Geral de Contabilidade da Guerra, assumindo suas atribuições acrescidas de "processar e

escripturar, para pagamento, as folhas e recibos de vencimentos de empregados civis,

officiaes effectivos e reformados e de quaisquer milícias, a serviço do Ministério da Guerra

competentemente legalizados ou documentados, sendo os prets á vista de relações de

mostra, cuja exatidão verificará".

A Direção Geral de Contabilidade da Guerra foi extinta em 1909, no governo Nilo

Peçanha, com a criação da Divisão de Fundos, cuja missão era a de superintender todo o

serviço de Contabilidade do Ministério da Guerra, tendo em suas atribuições o pagamento de

todo o pessoal militar ativo e inativo do Ministério da Guerra existente na então Capital Federal,

a fiscalização, arrecadação e distribuição do que concerne a créditos e dispêndios de

recursos, estendendo sua ação a todos os responsáveis perante o erário, no Território

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Nacional ou fora dele. No mesmo Decreto (nº 7.460 de 15 de julho de 1909), foram previstas

a criação das Caixas Militares, subordinadas àquela Divisão "nas grandes regiões de inspeção

e junto às forças de observação e em operações de guerra".

Em 1932, com o decreto nº 22.139, de 25 de novembro, foi criado o Conselho

Superior de Economias de Guerra (CSEF) e a Caixa Geral de Economias da Guerra (CGEG),

com a incumbência de fiscalizar a arrecadação e regular a repartição e aplicação das

economias gerais do Ministério da Guerra, de acordo com as necessidades dos respectivos

serviços, estabelecendo maior uniformidade de doutrina nas questões relativas ao preparo

material do Exército.

O ano de 1934, durante o governo Getúlio Vargas, foi marcado, nessa área, pela

criação do Serviço de Fundos do Exército, que tinha por fim prover as necessidades

pecuniárias do Ministério da Guerra em geral e assegurar o emprego regular dos recursos

financeiros geridos pelos diversos órgãos e agentes de administração militar. Foram também

criados os Fundos Regionais, subordinados diretamente, quanto à parte administrativa, aos

Comandantes de Região – embriões das atuais Inspetorias de Contabilidade e Finanças do

Exército, as ICFEx.

Em 1942, organizou-se a Comissão de Orçamento, diretamente subordinada ao

Ministério da Guerra, com as atribuições de elaborar as propostas de orçamento e de abertura

de créditos adicionais ao Ministério, bem como a de organizar as tabelas de distribuição dos

créditos.

Em 1950, foi criada a Diretoria de Finanças (DF), inicialmente integrada à Diretoria

Geral de Intendência e, posteriormente, à Comissão Superior de Economia e Finanças – esta,

precursora da SEF, criada em 1955. O ano de 1965 foi marcado pela criação do Fundo do

Exército, inicialmente administrado pelo Conselho Superior do Fundo do Exército, através da

COSEF, até o ano de 1969. Esses dois órgãos foram extintos pelo Decreto nº 64.716, de 18

de junho de 1969, sendo então criada a Diretoria-Geral de Economia e Finanças (DGEF) como

órgão de assessoramento do ministro do Exército, destinada a superintender, no âmbito do

Exército, as atividades de Administração Financeira, Contabilidade e Auditoria e a integrar,

como órgão setorial, o sistema correspondente da Administração Federal. A DGEF

compreendia então as Diretorias de Administração Financeira e de Contabilidade. Possuía,

ainda, as seções Fundo do Exército, Auditoria e Estudos Econômico-Financeiros.

Em 2 de dezembro de 1969, era criada a Pagadoria Central do Pessoal com sede

no Rio de Janeiro, organização que deu origem ao Centro de Pagamento do Exército em 1982.

No ano de 1971, a DGEF teve sua sede transferida para Brasília, instalando-se no

Edifício do Ministério do Exército, na Esplanada dos Ministérios.

Em 1972, foram criadas as Inspetorias Secionais de Finanças do Exército, as

ISFEx, em substituição aos Estabelecimentos Regionais de Finanças, que sucederam os

Fundos Regionais. Em número de seis, eram órgãos de contabilidade analítica, diretamente

subordinados à DGEF.

Finalmente, como última grande transformação, a DGEF foi extinta em 3 de março

de 1982, sendo criada a atual Secretaria de Economia e Finanças. No mesmo dia, foram

também criadas a Diretoria de Auditoria, o Centro de Pagamento do Exército e as Inspetorias

de Contabilidade e Finanças, antigas ISFEx. Em agosto de 1985, a SEF passou a ocupar suas

atuais instalações no anexo do então Ministério do Exército.

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Em 1 de outubro de 2001, a Diretoria de Administração Financeira (DAF) foi extinta,

passando seus encargos para a Divisão de Administração Financeira (DIAF), pertencente à

SEF.

A partir de 1 de janeiro de 2004, criou-se, por intermédio do Decreto nº 4.879, de

18 de novembro de 2003, a Diretoria de Gestão Orçamentária (DGO), órgão diretamente

subordinado à SEF, com a finalidade de realizar a execução orçamentária, a gestão setorial a

cargo da SEF, a gestão dos recursos do Fundo do Exército, a produção de informações

gerenciais e o controle das importações e exportações e das dívidas interna e externa.

Missão da SEF

Supervisionar e realizar as atividades de planejamento, acompanhamento e

execução orçamentária, administração financeira, contabilidade e pagamento de pessoal,

relativas aos recursos de qualquer natureza alocados ao Comando do Exército Brasileiro,

atuando de forma proativa na gestão desses recursos.

A SEF tem a seguinte organização geral:

I - Secretário de Economia e Finanças;

II - Subsecretário de Economia e Finanças;

III - Assessoria Especial de Orçamento e Finanças (AOFin);

IV - Gabinete da SEF:

1a Seção - Administração de Pessoal Civil e Militar- SG1;

2a Seção – Inteligência - SG2;

3a Seção - Instrução e Comunicação Social – SG3;

4a Seção - Administração e Apoio - SG4;

5a Seção – Informática - SG5.

V - Assessorias:

Assessoria 1 - Assessoria Jurídica e de Legislação;

Assessoria 2 - Assessoria Técnico-Normativa;

Assessoria 3 - Assessoria de Planejamento e Coordenação;

Assessoria 4 - Assessoria de Tecnologia da Informação.

VI - Organizações Militares Diretamente Subordinadas (OMDS):

Diretoria de Contabilidade (D Cont);

Diretoria de Gestão Orçamentária (DGO);

Centro de Pagamento do Exército (CPEx);

Inspetorias de Contabilidade e Finanças do Exército (ICFEx):

1a ICFEx 2a ICFEx

3a ICFEx 4a ICFEx

5a ICFEx 6a ICFEx

7a ICFEx 8a ICFEx

9a ICFEx 10a ICFEx

11a ICFEx 12a ICFEx

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Figura 27: organograma da SEF

Fonte: disponível em < http://www.sef.eb.mil.br/sef/historico.html>, acessado em 21/07/2017

(a partir de 1/1/2018 já está ativada a 6ª ICFEx, Salvador-BA)

Figura 28: estrutura da SEF

Fonte: disponível em < http://www.sef.eb.mil.br/sef/historico.html>, acessado em 21/07/2017

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O Centro de Controle Interno do Exército - Histórico

Em 1829, no Primeiro Reinado, o Serviço de Expediente da Secretaria de Estado

dos Negócios da Guerra, exercia o controle sobre as despesas, prestando contas à Câmara

dos Deputados.

Várias organizações dedicadas ao controle foram criadas, modificadas e extintas,

chegando-se a então Diretoria–Geral de Economia e Finanças (DGEF), em 1969, que possuía

em sua estrutura uma Seção de Auditoria, célula-mater da Diretoria de Auditoria (D Aud).

Pelo Decreto Nº 86.978, de 3 de março de 1982, a Diretoria-Geral de Economia e

Finanças, passou a denominar-se Secretaria de Economia e Finanças do Ministério do

Exército (SEF), alterando em consequência, o Decreto de Organização Básica do Exército.

Pelo citado diploma legal incumbe à SEF “superintender as atividades de Controle Interno

relacionadas aos Sistemas de Administração Financeira, Contabilidade e Auditoria”.

Em consequência do novo Órgão de Direção Setorial (ODS) ter a competência de

“superintender o Sistema de Auditoria”, foi criada pelo Decreto Nº 86.979, de 3 de março de

1982 a Diretoria de Auditoria (D Aud), “destinada a executar os trabalhos de auditoria contábil

e de auditoria de programas no Ministério do Exército”. Pela decisão Nº 57/201 – Plenário do

Tribunal de Contas da União (TCU) esta diretoria passou a ser o Órgão Central do Sistema

de Controle Interno do Exército, tecnicamente vinculado ao Sistema Federal de Controle do

Ministério da Fazenda (SFC).

O Tribunal de Contas da União resolveu , em 2008, aplicar questionário em alguns

Órgãos dos Três Poderes da República, para avaliar o funcionamento dos Sistemas de

Controle Interno. Dentre os órgãos selecionados foi incluído o Comando do Exército.

O ministro relator, após avaliar as respostas constantes no questionário do

Comando do Exército, concluiu que “há falta de segregação de função, porque a atividade de

auditoria e de controle interno é realizada pela SEF; a quem, também, compete as atividades

de execução orçamentária, administração financeira e contabilidade”.

Em consequência, o Acórdão 1074/Plenário, de 20 de maio de 2009, recomendou

ao Ministério da Defesa/Comando do Exército que reposicione hierarquicamente o seu órgão

de controle interno (D Aud) para que o mesmo passe a lhe ser diretamente subordinado.

Como decorrência do citado Acórdão, o Ministro da Defesa “solicitou o empenho

do Comando do Exército com vistas à implementação das medidas recomendadas pelo TCU”.

Missão do CCIEx

Comprovar a legalidade e avaliar a gestão orçamentária, financeira, patrimonial e

de pessoal, com imparcialidade e isenção, por intermédio de auditoria e fiscalização, no

âmbito do Exército Brasileiro e das Entidades Vinculadas.

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8 As Atividades da Intendência nas Organizações Militares e Escolas do Exército

Unidades Gestoras

Uma das preocupações do Comandante, Chefe ou Diretor de uma Organização

Militar(OM) é a administração dos recursos e do patrimônio público que estão sob sua

responsabilidade. Nos dias atuais, o Comandante dedica grande parte do seu tempo às

atividades administrativas, desempenhando a função de Ordenador de Despesas (OD). Para

assessorá-lo, estão presentes em todas as OM com autonomia administrativa as figuras dos

Encarregados do Setor Financeiro (Tesoureiro), do Setor de Material (Almoxarife), do Setor

de Aprovisionamento (Aprovisionador), Chefe da Seção de Aquisições, Licitações e

Contratos, Chefe da Conformidade de Registros de Gestão e Chefe do Setor de

Pagamento de Pessoal funções que devem ser desempenhadas por oficiais de Intendência,

pois são os únicos Oficiais a possuírem em seu Perfil e Currículo de Formação, as

habilitações específicas para o desempenho destes cargos nas Unidades Gestoras do

Exército.

Batalhões e Depósitos de Suprimento - Uma missão importante e complexa ...

Cabe-lhes executar expressiva parcela das atividades logísticas, assegurando à

tropa equipamento e provisão nos locais determinados e nas quantidades e especificações

exigidas.

A missão dos Batalhões e Depósitos de Suprimento é adquirir, receber, armazenar,

controlar e distribuir suprimentos de diversas classes para as OM sediadas na área da RM a

qual estão diretamente subordinados. Em geral, são ainda responsáveis pela manutenção do

estado de utilização dos artigos armazenados, pelo exame do material recebido, bem como

pelo transporte dos suprimentos para as OM situadas fora da sede. Criados no início da

década de 90, surgiram da fusão dos antigos Depósitos Regionais de Material. Foi pioneiro e

projeto-piloto o 3º Batalhão de Suprimento, criado a 8 de agosto de 1984 por portaria do

Estado-Maior do Exército, pela fusão de seis unidades logísticas: DRMI/3, DRMS/3, DRMM/3,

DRAM/3, Cia Dep Mnt Mat Eng/3 e DRS/3. Após a experimentação doutrinária e a validação

do processo de transformação da Logística de Suprimento, em 1990 o EME decidiu por

replicar o modelo para todas as demais Regiões Militares.

Além da atividade de Suprimento, os Batalhões de Depósitos de Suprimento, são

Organizações Militares Executoras de Transporte, no âmbito Regional e sob a

coordenação técnica do GPG/COLOG, realizando desta maneira as Atividades Logísticas

de Transporte no âmbito regional. As únicas exceções a este modelo são o 21º D Sup, em

São Paulo-SP, cujas atividades de transporte são realizadas pela 2ª Cia Trnp, e o 12º B Sup,

que realiza o Transporte Rodoviário para Roraima, mas atividades de Transporte Fluvial para

as demais guarnições da 12ª RM são realizadas pelo CECMA.

Atualmente, permanecem ainda em funcionamento, desenvolvendo somente a

atividade de Sup Cl I, apenas duas OM, o Depósito de Subsistência de Santa Maria (DSSM)

e o Depósito de Subsistência de Santo Ângelo (DSSA). Os Batalhões de Suprimento,

diferentemente dos Depósitos, localizam-se em áreas estratégicas onde existem hipóteses de

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emprego. Quando ativada a Estrutura Militar de Guerra serão enquadrados pelas Grandes

Comandos Logísticos Singulares ou Conjuntos do Teatro de Operações.

Bases Logísticas

Sediadas no Comando Militar da Amazônia, as Bases Logísticas (Ba Log) foram

criadas no início da década de 1990, com o objetivo de sanar as deficiências de apoio logístico

no âmbito das Bda Inf Sl. Inicialmente foram criadas 3 (três) Ba Log, distribuídas pela Região

Amazônica, conforme se segue:

- 1ª Ba Log: Boa Vista – RR, em apoio à 1ª Bda Inf Sl (transformado em 1º Batalhão

Logístico);

- 16ª Ba Log: Tefé – AM, em apoio à 16ª Bda Inf Sl ; e

- 17ª Ba Log: Porto Velho – RO, em apoio à 17ª Bda Inf Sl.

A missão doutrinária das Ba Log é proporcionar apoio logístico aos elementos

orgânicos das Bda Inf Sl e, quando determinado, às OM situadas nas proximidades de sua

zona de ação. Em tempo de paz, as Ba Log têm possibilidade de receber, armazenar e

distribuir os suprimentos de acordo com os planejamentos logísticos regionais e a capacidade

de seus depósitos; prestar apoio de 3º escalão a todo o material orgânico das unidades

apoiadas; realizar, com limitação, a manutenção de embarcações fluviais; e executar o

transporte rodoviário e fluvial de suas instalações até as unidades apoiadas. Atualmente, a 1ª

Ba Log foi transformada em 1º Batalhão Logístico de Selva.

Estabelecimento Central de Transporte

As Origens do ECT remontam à 1733 quando foi criado na cidade do Rio de Janeiro

o embrião do transporte do Exército Português no Brasil, denominado Serviço de

embarcações, instalado na casa do Trem. Em 1767, esse serviço passa a denominar-se

“Remeiros do Real Arsenal do Exército”, cuja missão era executar o transporte de munições,

equipamentos e gêneros alimentícios para as fortificações e quartéis desdobrados as margens

da Baía da Guanabara. Realizava, também, o transporte de materiais e tropas durante os

conflitos internos e externos, como a guerra da tríplice aliança, a revolta da armada, a guerra

de canudos e questão do Acre; além do transporte de material para a construção de fortalezas,

como foi o caso do forte de Copacabana, fazendo-se presente até mesmo no desembarque

da família real portuguesa em 1808. O serviço de embarcações recebeu as mais diversas

denominações ao longo de sua história e também foi subordinado a diferentes órgãos. Durante

anos, foi desempenhado pela chamada “Maruja” que fazia o desembarque nas docas do

antigo Arsenal de Guerra.

Evolução da OM

• 1733: Serviço de embarcações;

• 1767: Remeiros do Real Arsenal do Exército;

• 1872: passa a subordinação da intendência de guerra e volta chamar-se

Serviço de Embarcações;

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• 1923 Aviso n° 315, cria o Serviço Central de Transportes, tendo como

primeiro Chefe o Ten Cel Antonio Ribeiro de Azevedo;

• 1949: Decreto- Lei ° 5.002 recebe a denominação atual (Estabelecimento

Central de Transporte), pelo Decreto n° 26.960, de 27 de julho.

Atualidades e perspectivas futuras

Com o passar do tempo fez-se necessária a substituição do transporte marítimo

pelo rodoviário, a antiga “maruja” foi desativada e deu lugar a uma moderna frota de veículos,

capaz de prover o transporte de cargas a todas as Regiões Militares (RM), atingindo os mais

distantes rincões do país. Tendo seus comboios continuamente monitorados e controlados,

desde a sede, por meio de mais moderna tecnologia de rastreamento de veículos por satélite.

Organização ímpar no âmbito do Exército Brasileiro, o ECT recebeu do Exmo Sr Presidente

da República, no ano de 2003, a medalha da Ordem do Militar, a mais alta condecoração do

Exército Brasileiro. Atualmente, a sede do ECT encontra-se no bairro de São Cristovão,

localizada à margem da Avenida Brasil, que é o principal eixo de acesso à cidade do Rio de

Janeiro, próximo aos terminais rodoviários e ferroviário, aos aeroportos, à base Aérea do

Galeão, ao cais do porto e as principais estradas de ligação entre as diversas regiões do país.

O ECT planeja e executa diversas atividades no campo da função logística transporte.

Cabendo ainda à unidade, o planejamento e a execução de outras missões, tais como

operações de embarque e desembarque nos terminais marítimos e aéreo, com

aproveitamento de missões conjuntas, a partir de intercâmbios com a Marinha e a Força aérea.

Até o ano de 2009, o ECT foi subordinado diretamente ao comando da 1° Região Militar, sendo

esta subordinação alterada em 31 de julho de 2009, para a recém criada Base de Apoio

Logístico do Exército. Como parte do plano de Reestruturação do Exército e acompanhando

os rumos de sua evolução histórica, a portaria n° 054-EME, de 18 de junho de 2008, prevê a

transformação do ECT em 1° Batalhão de Transporte. Com isso, ocorrerá um considerável

acréscimo no seu efetivo e nos seus meios, o que possibilitará um expressivo aumento de sua

capacidade de apoio às OM, tanto em tempo de paz como em tempo de guerra.

2ª Companhia de Transporte

A 2ª Companhia de Transporte foi criada através da Portaria nº 094- Res EME, de

22 de dezembro de 1995 em caráter experimental, sendo ativada a partir de 1º de janeiro de

1996. Com sede na cidade de São Paulo e subordinada ao Comando da 2ª Região Militar e

vinculada administrativamente ao 21º Depósito de Suprimento, ocupando parte das

instalações desta OM e com implantação gradual.

A ideia básica da estrutura organizacional proposta estava centrada na constituição

de módulos de transporte e com a seguinte estrutura básica: Comando Companhia, Pelotão

de Comando e Serviço, 1º Pelotão de Transporte, 2º Pelotão de Transporte, Seção de

Manutenção e Seção de Operações, Instrução e Doutrina, de acordo com a sua base

doutrinária. Atualmente possui a seguinte estrutura:

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Organograma

Cmt

SCmt

COTrnp

Sec MntGp Trnp

Pdo

Pel Trnp 1ª Seção2ª e 3ª

Seção

Seção

Gp Trnp

Me e L

Figura 28 – Organograma da 2ª Cia Trnp

Fonte: 2ª Cia Trnp

A 1ª Missão de Transporte ocorreu em setembro de 1996 em conjunto com um

comboio do ECT com destino ao 5º Btl Sup, em Curitiba-PR, para transporte de 50 toneladas

de Suprimento Classe I, tendo sido empregada uma equipe de 1 Tenente e 3 Cabos , mais 2

viaturas de transporte especializado de carga de 25 toneladas.

A missão da 2ª Companhia de Transporte é proporcionar o apoio de transporte de

suprimentos e pessoal aos elementos orgânicos ou vinculados do CMSE ou apoiados pela 2ª

RM.

Cumprindo plenamente a sua missão, a 2ª Companhia de Transporte, mostra em

números o resultado de seu trabalho hercúleo executado nos últimos anos:

• Distâncias percorridas:

– 2012: 438.994 Km - 337 (33/304) MT – Cl I, II, V, VI, VII, IX e pessoal

– 2013: 369.035 Km - 565 (46/519) MT – Cl I, II, V, VI, VII, IX e pessoal

– 2014: 481.088 Km – 527 (54/473) MT – Cl I, II, V, VI, VII, IX e pessoal

– 2015: 340.214 Km - 551 (27/524) MT - Cl I, II, V, VI, VII, IX e pessoal

– 2016: 277.815 Km - 651 (59/592) MT- Cl I, II, V, VI, VII, IX e pessoal

• Consumo de combustível (OD)

– 2012: 188.144 l

– 2013: 115.650 l

– 2014: 175.881

– 2015: 85.040 l

– 2016: 92.227 l

• Carga transportada:

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- 2013: 3.338 ton e/ou 9.222 m3

- 2014: 3.198 ton e/ou 9.014 m3

- 2015: 2.588 Ton e/ou 8.325 m3

- 2016: 3.544 Ton e/ou 10.307 m3

Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA)

O Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia tem sua origem na 1ª

Companhia Especial de Transporte, criada pelo Decreto nº 64.951, de 6 AGO 1969, publicado

no Diário Oficial da União de 7 AGO 1969. De acordo com tal decreto, cabia ao então Ministro

do Exército a definição da sua organização e a tomada das providências necessárias à sua

implantação.

A 1ª Cia Esp Trnp foi criada para possibilitar a expansão da capacidade de transporte

fluvial e terrestre no âmbito do Comando Militar da Amazônia e da 12ª Região Militar, que

ficava, desde 1950, a cargo do Pelotão de Transporte Fluvial da Companhia de Comando e

Serviços do Grupamento de Elementos de Fronteira (Pel Trnp Flu/CCS/GEF).

A missão da CET era realizar o transporte rodoviário e fluvial de pessoal e material do

Ministério do Exército para as organizações militares sediadas nos estados do Amazonas e

Acre e nos então territórios federais de Roraima e Rondônia, além da armazenagem

temporária do material destinado à 12ª Região Militar, recebido em sua sede de empresas

transportadoras, inclusive bagagem de pessoal.

Em 22 SET 1969, a CET teve o seu Quadro de Organização aprovado pela Portaria

Ministerial nº 059-Reservada, constituído de: Companhia Especial de Transporte, Estado-

Maior, Seção de Comando, Pelotão de Transporte Automóvel e Pelotão de Transporte Fluvial.

Sua organização ocorreu em 1º OUT 1969, por meio da Portaria Ministerial nº 60, de

22 SET 1969. Esta data é considerada a data de aniversário do CECMA (1º OUT 1969).

A instalação da CET teve início em 15 JAN 1970, no então quartel da Península de

São Vicente, onde se localizava o Pel Trnp Flu, situado na rua Bernardo Ramos, s/nº, Centro,

Manaus-AM, no local onde, hoje, fica o 9º Distrito Naval. A CET incorporou todo o patrimônio

do então Pel Trnp Flu, tendo-lhe sido concedida a semi-autonomia administrativa. Cabia-lhe,

então, a administração direta do material e o controle do pessoal, ficando a sua administração

financeira a cargo da Divisão Administrativa do Quartel-General da 12ª Região Militar,

conforme transcrito do Adit ao BR nº 12, de 15 JAN 1970, da 12ª RM.

O primeiro Comandante da CET foi o Cap Int ALBERTO LÚCIO ANDRADE

RAMOS, nomeado por meio da Portaria nº 65-D1-S2-C, de 2 FEV 1970, do Chefe do

Departamento-Geral do Pessoal, transcrita no NE nº 3.047, de 7 FEV 1970; no BR nº 45-12ª

RM, de 25 FEV 1970 e no BI nº 37, de 28 FEV 1970. A assunção do Comando ocorreu em 23

ABR 1970.

Porém, coube ao Maj Eng ALBERTO PINTO DA FONSECA iniciar a instalação, a

organização e o cumprimento das primeiras missões da 1ª Cia Esp Trnp, respondendo pelo

seu Comando até 21 MAR 1970, quando passaram a responder pelo Comando da OM os Cap

Int IVAN PEREIRA DE OLIVEIRA (de 21 a 25 MAR e de 6 a 22 ABR a 1970) e JORGE PINTO

POÇAS (de 26 MAR a 5 ABR 1970).

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Em 7 FEV 1970, foi realizada a solenidade de incorporação das novas OM ao CMA e

12ª RM e apresentado o símbolo da 1ª Cia Esp Trnp aos seus militares, com a presença do

Exmo. Gen Ex RODRIGO OTÁVIO, Comandante Militar da Amazônia e 12ª Região Militar.

Em 1º NOV 1976, por meio da Port nº 54-EME, teve autorizado o funcionamento do

Curso de Extensão de Navegação Fluvial (CE-16), sendo a primeira turma formada por vinte

sargentos e o curso realizado no período de 4 ABR a 24 JUN 1977.

Em 1979, foi extinto o Curso de Extensão e criado o Curso de Especialização em

Navegação Fluvial para Sargentos (C Esp S-32), sendo a primeira turma formada por

dezenove sargentos e o curso realizado no período de 21 MAIO a 19 AGO 1979.

Em 1º NOV 1993, por meio da Portaria Ministerial Reservada nº 81, de 25 OUT 1993,

teve alterada a sua designação militar de 1ª Companhia Especial de Transportes para Centro

Especial de Transportes (CET), mantendo a sua subordinação direta à 12ª Região Militar.

Em 21 AGO 1996, por meio da Portaria Ministerial nº 523, teve alteradas a sua

denominação de Centro Especial de Transportes para Centro de Embarcações do Comando

Militar da Amazônia e a sua subordinação direta passou da 12ª Região Militar para o Comando

Militar da Amazônia (CMA).

Em 13 MAI 1999, por meio da Portaria Ministerial nº 264, de 28 MAIO 1999, recebeu a

sua designação militar “CECMA” e a sua numeração histórica “(1ª Cia Esp Trnp/1969)”.

Em 24 MAI 01, por decisão do Comandante Militar da Amazônia, publicada no BI/CMA

nº 39, retornou, nessa data, à subordinação direta da 12ª RM, enquanto aguardava a

publicação no Boletim do Exército.

Em 25 OUT 01, por meio da Portaria nº 115-EME, foi criado o Curso de Navegação

Fluvial, com o objetivo de habilitar sargentos para o preenchimento de cargos no Quadro de

Cargos Previstos (QCP) em OM do CMA e CMO, em substituição ao antigo Curso de

Especialização em Navegação Fluvial para Sargentos (C Esp S-32).

Em 30 JUL 04, por meio da Portaria nº 459, do Comandante do Exército, passou,

oficialmente, à subordinação direta à 12ª RM, a contar de 5 AGO 04.

Em 15 JUL 09, por meio da Portaria nº 456, de 17 JUL 09, o Comandante do Exército

concedeu ao CECMA a denominação histórica de “CENTRO DE EMBARCAÇÕES PEDRO

TEIXEIRA” e o seu Estandarte Histórico.

Em 31 JUL 15, por meio da Portaria nº 948, de 28 de julho de 2015, o Comandante

do Exército, aprovou o Distintivo de Organização Militar e a Insígnia de Comando do Centro

de Embarcações do Comando Militar da Amazônia.

A rica capilaridade fluvial e a rarefeita rede de estradas da Amazônia Ocidental

destaca o CECMA como uma das mais importantes Unidades de apoio logístico da 12ª RM.

Isso se deve à quase total dependência que a logística na região tem em relação ao modal

aquaviário.

O CECMA é uma OM executora, tipicamente, do Grupo Funcional Transporte.

A Unidade presta apoio logístico de transporte fluvial a todas as Grandes Unidades do

CMA, exceção feita à 1ª Bda Inf Sl, cujo transporte dos suprimentos e do pessoal se dá

por via terrestre (preponderantemente) ou aérea. A Unidade está sediada à margem

esquerda do Rio Negro, próxima ao Comando da 12ª RM, o que facilita sobremaneira

as atividades de carregamento e embarque.

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As atividades afetas à logística de transporte são conduzidas pela Companhia

de Embarcações daquele Centro. Não menos importante, o CECMA conduz, ainda, a

especialização de Recursos Humanos, seja dos oficiais ou dos soldados das tripulações,

para a atividade de navegação.

A OM executa inúmeros cursos e estágios de qualificação profissional, tais como:

Estágio de Tripulante, Estágio de Condutor de Embarcações, Estágio de Emprego de

Embarcações, Estágio de Readaptação à Navegação, Estágio de Chefe de Setor Fluvial,

Estágio de Piloto da Guardian 25, e, por último, a atividade de ensino mais importante

do Centro de Embarcações: o Curso de Navegador Fluvial. Este, com duração de quatro

meses, habilita os praças de carreira do CMA, CMN e CMO, nas funções de Cmt e S Cmt de

embarcações até médio porte, em atividades de longa duração, na navegação por

águas interiores e de cabotagem. Para tal, o CECMA utiliza as instalações do Centro de

Instrução de Navegação Fluvial, contribuindo, dessa maneira para agregar valor logístico

à estrutura militar da 12ª Região Militar e para o incremento da operacionalidade do Comando

Militar da Amazônia, no processo de transformação do Exército Brasileiro até 2030.

Além disso, o Centro é mormente empregado em apoio a exercícios, instruções e

operações, sejam estas de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ou exercícios de Defesa

Externa. Assim, sua participação na evolução da doutrina de emprego de embarcações na

Amazônia é fundamental e tem cooperado, por meio de vasta experiência dos instrutores e

monitores da Seção de Pesquisa, nos estudos de aquisição de novas embarcações para o

CMA. A OM tem sido contemplada com recursos dos Projetos Estratégicos do EB (P

E Ex) e projetos interministeriais (Calha Norte, SisFron e outros), o que resulta em

renovação de meios de navegação e aumento de sua capacidade de transporte e emprego

operacional. No entanto, ainda há grande demanda por embarcações logísticas e

operacionais mais modernas. A frota é antiga e já se encontra bastante desgastada e em

quantidade insuficiente. Soma-se a isso uma urgente necessidade de equipamentos

modernos de manipulação de carga, de uma nova infraestrutura portuária e, na área de

manutenção de embarcações, de aquisição de oficinas, fixas e móveis, para operacionalizar,

em conjunto com o Pq R Mnt/12, o Apoio Direto às OM.

Figura 29 – Tropa do CECMA

Fonte: CECMA

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18º Batalhão de Transporte

Dentro do contexto do Processo de Transformação do Exército, da Nova Doutrina

Militar Terrestre e Novas Concepções Logísticas, o Exército criou e reorganizou a partir de

2012 a Estrutura Logística do Comando Militar do Oeste e da 9ª Região Militar com a criação

do Núcleo do 9º Grupamento Logístico.

Após a ativação do 9º Grupamento Logístico e diversas experimentações

doutrinárias, em 2015, através das Portarias nº 1.882, 1.883, 1.884 e 1.885, todas de 29 de

dezembro de 1995, o Comandante do Exército resolveu reorganizar o 9º Gpt Log e transformar

suas OM Logísticas.

Desta forma, o 18º Batalhão Logístico foi transformado no 18º Batalhão de

Transporte e é a OM de Transporte no âmbito do CMO e do 9º Gpt Log sob o viés das novas

concepções doutrinárias da Logística.

Batalhão de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e Suprimento pelo Ar

As atividades de manuseio do material aeroterrestre tiveram início na Companhia

de Especialistas, orgânica da Escola de Pára-quedistas, que teve sua criação conferida pelo

Decreto-lei nº 8.444, de 26 de dezembro de 1945. Naquela época, a Escola subordinava-se à

Diretoria de Ensino do Ministério da Guerra. A Companhia possuía como uma de suas frações

um pelotão de Conservadores-artífices.

Com o crescente desenvolvimento das atividades aeroterrestres, houve a

necessidade de que as estruturas existentes na Companhia de Especialistas fossem

reformuladas, afim de que pudessem atender às novas demandas do Exército, surgindo assim

a Companhia de Manutenção de Pára-quedas como evolução do Pelotão de Conservadores-

artífices, entre outras subunidades, ao mesmo tempo em que foi extinta a Companhia de

Especialistas.

A criação do Batalhão DOMPSA remonta à Companhia de Manutenção de Pára-

quedas (Cia Mnt Pqd), que passou a ser orgânica do Núcleo de Divisão Aeroterrestre, que

teve sua criação conferida pelo Decreto-Lei nº 31.393, de 5 de setembro de 1952.

Surgiu, assim, a primeira instituição a se dedicar exclusivamente ao trato direto com

o paraquedas, responsável que era pelo seu recebimento, inspeção, dobragem e

conservação. Além destas atividades, na Subunidade era assinada a dobragem de

paraquedas no Curso Básico de Paraquedista, para que o próprio aluno dobrasse o seu

equipamento.

Em 17 de dezembro de 1957, passou a Cia Mnt Pqd à denominação de Núcleo da

Companhia de Suprimento e Manutenção de Pára-quedas (Nu / Cia Sup Mnt Pqd), por conta

do acréscimo das atividades relacionadas ao lançamento pelo ar.

Em 1º de dezembro de 1964, Portaria nº 112 — Res elevou o Nu / Cia Sup Mnt Pqd

à condição de Companhia de Suprimento e Manutenção de Pára-quedas (Cia Sup Mnt Pqd).

Em 30 de agosto de 1979, a Cia Sup Mnt Pqd passou a ser denominada Companhia

de Dobragem e Manutenção de Paraquedas e Suprimento pelo Ar — Cia DoMPSA — por

materializar toda atividade desenvolvida no que tange à dobragem e manutenção de todos os

tipos de paraquedas e materiais correlatos em uso pela Brigada de Infantaria Pára-quedista

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(Bda Inf Pqdt), bem como o lançamento aéreo de materiais, equipamentos e suprimentos

necessários às operações da tropa aeroterrestre.

Com o crescente aumento das atividades, missões e trabalhos advindos do

crescimento atual da Bda Inf Pqdt, a Cia DoMPSA ressentia-se de aumento de efetivo,

material e instalações. Assim, com a Portaria Ministerial nº 087, de 27 de dezembro de 1985

— Res, criou-se o Batalhão de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e Suprimento pelo Ar

— Batalhão DoMPSA — com vigência a partir de 1º de janeiro de 1986.

Cronologia

1945 - Companhia de Especialistas.

1951 - Companhia de Manutenção de Pára-quedas.

05 de Setembro de 1952 - Companhia de Manutenção de Pára-quedas

Aeroterrestre.

17 de Dezembro de 1957 - Núcleo da Companhia de Suprimento e Manutenção de

Pára-quedas.

1º de Dezembro de 1964 - Companhia de Suprimento e Manutenção de Pára-

quedas.

30 de Agosto de 1979 - Companhia de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e

Suprimento pelo Ar.

1º de Janeiro de 1986 - Batalhão de Dobragem, Manutenção de Pára-quedas e

Suprimento pelo Ar.

.

Figura 30: Estandarte histórico do B DOMPSA

Fonte: B DOMPSA

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O estandarte tem forma retangular, tipo bandeira universal, franjado de ouro.

Campo de branco. Em abismo, o escudo do Batalhão DOMPSA: escudo português, campo de

amarelo, carregado com uma folha de acanto, de branco, representativa da Intendência,

encimada por um paraquedas estilizado, de branco, e encimando o símbolo de dobragem,

manutenção de pára-quedas e suprimento pelo ar, de branco. Envolvendo o conjunto, a

denominação histórica BATALHÃO CORONEL ADHEMAR MACHADO RIBEIRO, em arco e

de ouro, homenagem ao 1º DOMPSA brasileiro. Laço militar nas cores nacionais, tendo

inscrita, em caracteres de ouro, a designação militar da OM.

915

LEMAS DA ESPECIALIDADE DOMPSA

Os três lemas são arraigados no dia a dia e fazem parte da mística da Unidade

DOMPSA. No entanto, por tratar de mística, são subjetivos e impessoais, desconhecendo-se

o enfoque e a interpretação exata para seus dizeres, principalmente qual foi a verdadeira

intenção das pessoas que tiveram a felicidade de criá-los.

Diante disso, cada um interpreta de forma diferente, mas dentro de um sentido

comum e convergente, despertando convicções próprias sobre a especialidade DOMPSA,

passíveis de mudanças conforme o tempo e a geração.

Para isso existe a mística, que desperta no presente uma história reluzente de

verdadeiros heróis anônimos do nosso passado, fazendo com que o espírito paraquedista e,

em especial dos DOMPSA, reine sempre e se perpetue.

- A escola, a consulta, a decisão.

1) O Batalhão DOMPSA é uma Unidade ímpar no Exército Brasileiro.

2) A gestão do material aeroterrestre e toda a sua doutrina-emprego passa por uma

permanente avaliação e uma constante atualização no exercício da rotina diária do Batalhão

DOMPSA, tornando-os impulsionadores de inovações, adaptações e normatizações.

3) Com isso, a sua atividade é referência no Brasil e no exterior, sendo o

especialista DOMPSA o elemento militar mais indicado para responder diferentes indagações

sobre o uso de equipamentos aeroterrestres, perante mau funcionamento, novos materiais,

possibilidades e limitações.

4) Pelo exposto, é factível pensar que toda decisão relacionada com o material

aeroterrestre deve ser previamente avaliada e submetida à apreciação do Comando do

Batalhão DOMPSA e seus subordinados, tornando-o um assessor estratégico para o rumo da

atividade no âmbito da instituição.

- É impossível saltar sem nós.

1) Os militares DOMPSA concorrem ao exercício de funções específicas na Equipe

de Terra, seja na formação do paraquedista ou no adestramento do lançamento de carga.

2) Em consequência, os DOMPSA estão presentes em todas as missões

aeroterrestres, desde a preconizada Equipe de Terra para o salto semiautomático e até como

partes integrantes das seguintes Equipes de Terra relacionadas com: o salto livre, o salto livre

operacional e o lançamento de carga.

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3) Dessa forma, é possível verificar a presença dos DOMPSA em todas as escalas

das missões aeroterrestres da Brigada, sendo o gestor e o fiel guardião do material

aeroterrestre em uso.

4) Por esse aspecto e a estreita ligação da atividade DOMPSA com o emprego do

material aeroterreste, tais premissas justificam o consagrado lema: “É impossível saltar sem

nós!”.

- DOMPSA Errar nunca!

1) Este lema tem a sua origem nos EUA, quando adaptamos o lema dos Rigger’s

que dizem: I will be sure always, ou seja, “eu vou ter certeza sempre”;

2) Faz parte dos mandamentos do DOMPSA e a sua razão está calcada na

responsabilidade da atividade;

3) Responsabilidade em defender vidas humanas perante uma atividade de risco,

oferecendo ao saltador a segurança na abertura dos paraquedas no momento do salto;

4) E a responsabilidade em suprir por via aérea, quando os meios terrestres não

são possíveis, tornando-se a única alternativa viável de abastecimento para uma tropa ou uma

população necessitada;

5) Por essas particularidades, não se admite o erro e a improvisação. O DOMPSA

tem que ter a perfeita noção da importância do seu trabalho, da sua responsabilidade em sua

tarefa e jamais admitir o erro.

3º Batalhão de Suprimento - "Batalhão Marechal Bittenourt" - O Batalhão do Patrono

O 3º Batalhão de Suprimento foi criado pelo Decreto nº 90028 de 08 Ago 84, e

organizado pela Port. Min. nº 88 - Res., de 20 Set 84, com sede em Canoas - RS, hoje

Município de Nova Santa Rita, tendo iniciado suas atividades a partir de 1º Jan 85, absorvendo

as OM abaixo que foram extintas:

- DRMM/3 (Depósito Regional de Moto Mecanização 3);

- DRMI/3 (Depósito Regional de Material de Intendência 3);

- DRAM/3 (Depósito Regional de Armamento e Munição 3);

- DRMS/3 (Depósito Regional de Material Sanitário 3);

- 3ª Cia Sup Eng Dep e Mnt (3ª Cia de Suprimento de Engenharia Depósito e

Manutenção);

- 3ª Cia Sup Motomecanização (3ª Cia de Suprimento de Motomecanização);

- 3ª Cia Dep Mat Int (3ª Cia Depósito de Material de Intendência); e

- 3ª Cia Dep Armt e Mun (3ª Cia Depósito de Armamento e Munição).

Posteriormente, em 1º Jul 89, absorveu o DRS/3 (Depósito Regional de

Subsistência) e a 3ª CDS (Cia. Depósito de Suprimento), completando o 3º B Sup.

Sua OM formadora mais antiga, o ERS/3ª RM data de 1933, quando desenvolvia-

se então a complexa cadeia de suprimento de produção, armazenagem e distribuição de

alimentos e forragens a todo o Rio Grande do Sul.

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O Batalhão foi criado como OM logística pioneira no Exército Brasileiro, para a

modernização da cadeia de suprimento, unificando e tornando mais eficientes seus depósitos

especializados.

O empreendimento foi um sucesso e, em 1991 o Exército replicou o modelo em

todas as Regiões Militares por todo o Brasil. O 3º B Sup orgulha-se de seu lema de trabalho

forte, honesto, competente e de qualidade. Orgulha-se de ser a maior OM logística do Brasil

e da América Latina.

Seus números são todos superlativos: seu efetivo de mais de 700 militares, apóiam a 110 OM

da 3ª M, num efetivo total de mais de 35.000 militares. Sua área e instalações são de 5 milhões

de m2. Sua movimentação patrimonial, financeira e de pagamento de pessoal é de mais de

150 milhões de reais por ano.

Tal desafio é encarado com muita seriedade e seu trabalho desenvolvido com

honestidade e competência profissional!!!

Em 2004 o Batalhão foi agraciado com a distinta e honrada designação histórica de

Batalhão Marechal Bitencourt, o patrono da Intendência do Exército. Tal designação, foi

herdada do 19º Batalhão Logístico, Batalhão herdeiro da Cia Int da DIE da FEB, cujos feitos

são exaltados nestes 70 anos da vitória aliada na 2ª Guerra Mundial.

Como marca de seu trabalho moderno e de qualidade o 3º B Sup foi premiado

em 2016 com o Troféu Bronze do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade, da

Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul.

Figura 31: Batalhão Marechal Bitencourt

Fonte: disponível em < http://www.3bsup.eb.mil.br>, acessado em 21/07/2017

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ESTANDARTE HISTÓRICO PARA O 3° B SUP

“Forma retangular, tipo bandeira universal, franjado de ouro. Campo fendido de

amarelo, à destra, e cinza-aço, à sinistra. Em brocante e em abismo, um escudo peninsular

português, mantelado em ponta e filetado de ouro: primeiro campo, de vermelho, carregado

com cinco machados, de prata, encabados de ouro, postos em santor, peça contida no brasão

da família Machado, na relembrança do bravo cavalariano gaúcho Marechal Carlos Machado

Bitencourt, insigne Patrono do Serviço de Intendência, cognominado de “O Marechal de Ouro”,

herói da Guerra do Paraguai e morto heroicamente, quando Ministro da Guerra, em 5 de

novembro de 1897, ao defender o Presidente da República, do punhal de um facínora;

segundo campo, de branco, ostentando, em abismo, uma estrela de dez pontas, vazada, com

bordadura de vermelho, símbolo de Suprimento; terceiro campo, de azul-claro, contendo, em

abismo, uma folha de acanto, distintivo do Serviço de Intendência, o qual tem por data

comemorativa, o dia 12 de abril, o do natalício do ínclito Patrono, Marechal Bitencourt. A folha

de acanto simboliza a pureza, a inteireza de caráter e a perfeição moral. Envolvendo o escudo,

a denominação histórica “Batalhão Marechal Bitencourt”, em arco e de negro. Laço militar nas

cores nacionais, tendo inscrita, em caracteres de ouro, a designação militar da OM.”

Figura 32: estandarte histórico do 3º Btl Sup

Fonte: 3º B Sup

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Batalhões Logísticos

Criados no início da década de 1970, os Batalhões Logísticos, em sua maioria,

surgiram a partir da fusão de subunidades e frações logísticas já existentes, entre as quais as

Companhias de Intendência. O B Log é a unidade básica de apoio logístico no escalão

brigada e divisão de exército e, por isso, tem a missão de proporcionar apoio a todos os

elementos orgânicos da Bda e da base divisionária da DE. Para cumprir sua atividade fim, o

B Log foi organizado com uma Companhia de Saúde, uma Companhia de Material Bélico e

uma Companhia de Intendência. Os cargos de Cmt da Cia Int e de Cmt de Pel eram

privativos de oficiais do Serviço de Intendência.

Em 1984, para consubstanciar a doutrina de emprego da unidade foi publicado o

Manual de Campanha C29-15 – Batalhão Logístico. Seguiu-se, em 1985, a publicação do

Manual de Campanha C10-7 – Companhia de Intendência do B Log. O Cmt da Cia Int, também

Oficial de Transportes da Bda, coordenava a execução das atividades logísticas exercidas por

seus três pelotões, dentro de uma estrutura simples, objetiva e bem definida:

- Um Pelotão de Suprimento para receber, armazenar e distribuir Sup Cl I, III e

produtos acabados das O Cl, além de exercer o controle do Sup Cl V (M).

- Um Pelotão de Transportes para transportar a reserva orgânica da GU, apoiar o

Pel Sup na sua tarefa de distribuição do suprimento e executar limitado transporte de pessoal

e material.

- Um Pelotão de Serviços para prestar apoio de banho e lavanderia. A estrutura

organizacional do B Log, constante do C29-15, já atendia, de certa forma, à visão sistêmica

que surgiu, juntamente com o C100-10 – Logística Militar Terrestre, em 1993, ou seja, as

atividades funcionais eram desenvolvidas pelas frações constituídas, orgânicas das SU.

Através da Portaria Nº 84 - Reservada, de 08 de outubro de 1997, o EME expediu a Diretriz

para Implantação dos Quadros de Organização Experimental de Batalhão Logístico. Em

dezembro de 1999, os QO foram, com algumas modificações, efetivamente aprovados.

No que tange à Companhia de Intendência, foram alteradas a estrutura, a

referenciação de cargos (somente um privativo de Of Int) e a denominação que passou a ser

Companhia Logística de Suprimento. Entretanto, foram mantidas, basicamente, as mesmas

atribuições - suprimento , banho , lavanderia e transporte – sendo acrescentada a tarefa de

purificação e distribuição de água. Para executar sua atividade fim, a Cia Log Sup ficou assim

estruturada:

- Um Pelotão de Suprimento Cl I e Água para receber, armazenar e distribuir Sup

Cl I; obter, purificar e distribuir água; e prestar apoio de banho e lavanderia;

- Um Pelotão de Suprimento Cl III e Munições para receber, armazenar e

distribuir Sup Cl III, além de exercer o controle do Sup Cl V (M);

- Um Pelotão de Suprimento e Transporte para transportar a reserva orgânica da

GU; apoiar a distribuição de suprimento; e receber, armazenar e distribuir produtos acabados

das O Cl.

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Academia Militar das Agulhas Negras

A formação do oficial de Intendência, até 1944, na Escola de Intendência do

Exército (1921-1946). Em 1945, foi criado o Curso de Intendência na recém-inaugurada

Escola Militar de Resende, atual Academia Militar das Agulhas Negras, iniciando suas

atividades. O Curso começou a funcionar com os seguintes oficiais:

Instrutor Chefe

- Maj LUIZ MARTINS CHAVES

Comandante de Companhia

- 1º Ten LAFAYETTE VARGAS MOREIRA BRAZILIANO

Auxiliar de Instrutor

- 1º Ten LUIZ DE FRANÇA GALVÃO

- 1º Ten WANKS ARAÚJO ARAGÃO (Arma de Infantaria)

- 2º Ten ARY MONTEIRO TEIXEIRA

Os candidatos aprovados em concurso e que, desde já, optavam por ingressar no

Serviço de Intendência, cursavam o primeiro ano da Escola separados dos demais cadetes.

Tal situação constituía-se num empecilho à perfeita integração do recém-criado Curso de

Intendência no seio do já tradicional Corpo de Cadetes.

Em 1959, fruto da aprovação do novo regulamento da AMAN, ingressava no Curso

a primeira turma oriunda do primeiro ano unificado. Na AMAN, a Intendência tem sido

valorizada e reconhecida, desde a década de 1990, ao receber a preferência dos cadetes por

ocasião da escolha da arma, quadro e serviço. Isso denota o reconhecimento da importância

do seu trabalho e é motivo de orgulho para os discípulos de Bitencourt.

O Perfil do Oficial de Intendência do Século XXI

O Curso de Intendência da AMAN tem por missão formar o Oficial Combatente do

Exército Brasileiro com habilitações para os cargos Operacionais, de Logística, em especial

de Suprimento e Transporte, e do Sistema de Economia e Finanças do Exército nos postos

de Tenente e Capitão não aperfeiçoado.

Plenamente inserido no Processo de Transformação do Exército9 e alinhado com

os Vetores de Transformação Logístico, de Economia e Finanças e de Educação e Cultura, o

Curso de Intendência iniciou em 2012 o processo de desenho do novo Perfil do Oficial de

Intendência da 1ª turma formada sob o novo processo de Educação por Competências, a se

concretizar em 2016. Para tanto, o Curso de Intendência promoveu 2 (dois) Simpósios no

início do ano de 2012 para desenvolver o novo Perfil do Oficial de Intendência.

Em 16 de abril, no Quartel-General Marechal Bitencourt (prédio da Secretaria de

Economia e Finanças) foi realizado o 1º Simpósio com a presença de Oficiais-Generais

Intendentes e Oficiais Superiores e Intermediários de Intendência da Secretaria de Economia

e Finanças, do Comando Logístico e do Estado-Maior do Exército com o objetivo de expor o

processo de transformação de Educação e Cultura e seus reflexos para a Intendência do

Exército.

Em 26 de junho de 2012 foi realizado o 2º Simpósio, no Curso de Intendência da

AMAN, com a presença de Oficiais Superiores e Intermediários de Intendência da Secretaria

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de Economia e Finanças, do Comando Logístico e do Estado-Maior do Exército, da AMAN, da

ESAO e da ECEME com o objetivo de consolidar as idéias debatidas no 1º Simpósio e chegar

a um novo Perfil do Oficial de Intendência do Século XXI.

Em síntese, os pontos principais para o desenho novo perfil são os abaixo listados:

- fortalecimento da formação do Oficial de Intendência como um Oficial

Combatente do Exército formado na AMAN;

- modernização do ensino da Logística, através da revisão curricular e da

capacitação de Instrutores e Monitores;

- ampliação da capacitação do Oficial de Intendência para atuação no Sistema

de Economia e Finanças nas áreas de Pagamento de Pessoal, Licitações e Contratos,

Auditoria e Controle Interno; - contar com o apoio do Instituto de Economia e Finanças

do Exército para a Modernização do Ensino da Logística e Ampliação da capacitação

no Sistema de Economia e Finanças; e

- inclusão da Competência Gestão Organizacional como necessária aos

Oficiais de todas as Armas e Quadro, como matéria obrigatória de todo o 4 º Ano e

relatoria do Curso de Intendência.

Determinado o novo Perfil do Oficial de Intendência do ano de 2016, criou-se o

novo Plano de Disciplinas (PLADIS). Terminada a fase inicial do projeto iniciou-se uma fase

não menos importante que foi a de alinhar os Planos de Disciplinas atuais das Turmas de

Intendência que se formarão de 2013 a 2015, de tal maneira que já estejam em consonância

ao novo Perfil de 2016 e não haja solução de continuidade entre o novo PLADIS (2016) e o

PLADIS revisado (2013-2015). Alinhando, desta forma, o PLADIS ao novo Perfil, temos, na

parte específica, as seguintes matérias definidas nas áreas abaixo apresentadas, indo ao

encontro dos aspectos identificados como o núcleo do novo Perfil Específico do Oficial de

Intendência:

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Quadro 7: Quadro descritivo das matérias por área de conhecimento

Fonte: C Int AMAN, 2013.

Figura 33: Distribuição de carga horária por área de conhecimento

Fonte: C Int AMAN, 2013.

Como pode-se verificar acima, o C Int AMAN reestruturou o seu PLADIS com o

objetivo reordenar suas matérias em 3 (três) áreas de conhecimentos específicas, Logística

Operacional, Logística e Economia e Finanças, reformular os assuntos de cada uma de suas

matérias e introduzir a modernização da estudo da Logística com a introdução da matéria

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Gestão da Cadeia de Suprimento (Supply Chain Management) com o apoio do Laboratório de

Aprendizagem em Logística e Transporte da UNICAMP, que já apoiou o C Int em 2012, no

projeto-piloto realizado, com a presença do Professor Doutor Paulo Sérgio Arruda Ignácio e a

da Professora Msc.(Doutoranda) Christiane Lima Barbosa, no Estágio desenvolvido para os

Cad 4º Ano Int de 2012, no período de 6 a 10 de agosto de 2012.

Nos anos subsequentes, com o apoio do Instituto de Economia e Finanças do

Exército, da Diretoria de Gestão Especial da SEF, apoio ao C Int AMAN com a contratação de

2 curso complementares da Fundação Getúlio Vargas, para os Cadetes do 4º Ano de

Intendência: Gestão da Cadeia de Suprimento (Supply Chain Management) e Gestão de

Contratos Administrativos.

Atento às novas demandas do Profissional Militar do Século XXI, o Curso de

Intendência da AMAN realizou no ano de 2012 a projeção de um novo Perfil Profissiográfico

e ampla e moderna revisão curricular com o objetivo de atender aos objetivos propostos pelo

Estado Maior do Exército, daquilo que deseja dos futuros chefes militares de 2030.

Figura 34: O perfil do Intendente do Século XXI

Fonte: o autor

Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

O Curso de Aperfeiçoamento para oficiais intendentes era realizado, até 1945, na

Escola de Intendência do Exército, que funcionou no aquartelamento do atual 1º Batalhão de

Polícia do Exército, situado no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. A partir do ano

de 1946, buscando uma maior integração com as demais armas e com o objetivo de

possibilitar um intercâmbio de conhecimentos, houve-se por bem reunir em apenas um

estabelecimento de ensino o curso de aperfeiçoamento de oficiais das armas e serviços.

O Boletim Interno 005/EsAO de 30 de janeiro de 1946 publicou um efetivo de 30

(trinta) oficiais a serem matriculados no Curso de Intendência. Os primeiros instrutores do

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curso foram o Maj Int IDINO SARDENBERG, Instrutor-Chefe, o Maj Int JOSÉ SALES e o Maj

Int DEOCLÉCIO PARANHOS ANTUNES. Os primeiros capitães intendentes que cursaram a

EsAO tinham idade avançada, em torno de 40 anos, e elevado tempo de serviço como oficial,

entre 15 e 20 anos. A grande maioria dos oficiais que ingressavam no curso de

aperfeiçoamento não possuía experiência com a parte operacional da Intendência, pois quase

todos eram oriundos de unidades onde desempenhavam a função de tesoureiro.

Naquela ocasião, houve uma certa dificuldade de integração e uniformidade de

procedimentos, tanto na parte doutrinária quanto na de comportamento militar, tendo em vista

a diferença na formação profissional no início da carreira, já que os oficiais das Armas eram

oriundos da Escola Militar do Realengo.

A partir do ano de 1960, quando a primeira turma de Intendentes formada na Escola

Militar de Resende ingressou na EsAO, houve uma melhora considerável no desempenho dos

alunos. O desempenho do oficial Intendente na EsAO cresceu positivamente com o tempo. A

importância da EsAO na carreira do oficial Intendente está no fato de estudar com

profundidade as operações de guerra, onde a integração, a cooperação e a coordenação das

armas, quadro e serviços é fundamental.

Hoje, os reflexos no Ensino do pleno desenvolvimento do processo de

Transformação do Exército para o século XXI, se fazem presentes no Aperfeiçoamento do

Capitão de Intendência na ESAO. A exploração desses assuntos, no Curso de

Aperfeiçoamento de Oficiais, desenvolve confiança profissional no capitão intendente,

deixando-o plenamente capacitado a desenvolver, com eficiência e eficácia, qualquer

atividade, seja no sistema operacional logístico, seja no sistema econômico-financeiro.

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

O Curso de Altos Estudos Militares é realizado regularmente na ECEME, pelos

oficiais do Serviço de Intendência, desde 1944.

Os intendentes pioneiros na ECEME foram o Cel Emílio Fernandes de Souza

Doca que concluiu o Curso de Alto Comando em 1940 e os majores Rubem Brissac e

Nylson Mineiro dos Santos Silva que, em 19 de dezembro de 1946, concluíram o então

denominado Curso de Especialista de Estado-Maior. Durante vários anos, enquanto o Curso

de Comando e Estado-Maior (CCEM) destinado aos oficiais das Armas tinha a duração de

três anos, o CCEMS/Int era concluído em dois anos. A partir de 1978, com a redução do

CCEM para dois anos, ambos os cursos passaram a ter a mesma duração, porém com

currículos diferenciados em cerca de uma quarta parte de seus assuntos. Atualmente, a

diferença entre os currículos é de aproximadamente dois por cento, identificada no estudo das

disciplinas “Serviço de Estado-Maior” e “Apoio Logístico e Mobilização”, constantes de

Exercício no Terreno, realizado pelos oficiais alunos do CCEM (ET de Organização de

Exercícios Táticos e Planejamento de Apoio Logístico na Organização de Exercícios Táticos).

Os oficiais alunos do CCEMS/Int, nessa ocasião, atualizam seus conhecimentos no estudo da

disciplina “Administração”, realizando Estágios de Planejamento, Programação e Orçamento

e de Controle Interno e Externo em órgãos da estrutura desses Sistemas, sediados em

Brasília, DF.

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Em 2013, o Chefe do Estado-Maior do Exército deu parecer favorável à unificação

do CCEM e CCEM/Int na ECEME, conforme DIEx nº 6966-SPEC/1 SCh/EME, de 7 de maio

de 2013, do Ch EME ao Ch do DECEx.

Em decorrência deste parecer do Estado-Maior do Exército, o CCEM

2014/2015 já foi unificado em um único curso, e no ano de 2014 ocorreu o 1º concurso

de admissão á ECEME, sem vagas distintas para os oficiais de Intendência.

9 A atual Doutrina do Exército e o Papel da Intendência

Inicialmente, é preciso considerar e questionar em qual contexto a eventual criação

de uma Arma de Logística atenderia e contribuiria para algum problema diagnosticado nos

Sistemas Logísticos e de Economia e Finanças. Sem uma resposta e um diagnóstico completo

sobre esta questão não há o que se falar, no momento em vantagens e desvantagens na

criação de uma Arma de Logística.

Não há registro de comprometimento da operacionalidade da Força terrestre na

atual configuração do Serviço de Intendência e do Quadro de Material Bélico.

Como principais desvantagens pode-se destacar:

- a generalização na formação de especialidades logísticas importantes nos

grupos funcionais Suprimento, Transporte, Manutenção e Recursos Humanos, além de

não englobar as atividades e tarefas da Saúde, Engenharia e Salvamento;

- o entendimento equivocado da dissociação entre os Sistemas Logísticos e o

de Economia e Finanças e os seus especialistas e operadores, tal como vemos nas

definições de Logística, do Manual de Fundamentos – Doutrina Militar Terrestre – 1ª

edição 2014 – EB20-MF-10-102 :

“ 8.2.2 A Logística integra o conjunto de atividades, as tarefas e os sistemas

inter-relacionados para prover apoio e serviços, de modo a assegurar a liberdade

de ação e proporcionar amplitude de alcance e de duração às operações. Engloba

as áreas funcionais de apoio de material, apoio ao pessoal e apoio de

saúde. Incorpora, ainda, outras atividades transversais que influenciam

diretamente na efetividade do apoio, relacionadas à Gestão Orçamentária e

Financeira e ao Apoio Jurídico.

8.2.3 Essas áreas funcionais constituem os pilares da Logística na F Ter,

englobando Grupos Funcionais específicos que incorporam as atividades e tarefas

das Funções Logísticas Suprimento, Manutenção, Transporte, Engenharia,

Salvamento, Recursos Humanos e Saúde do âmbito conjunto (Fig 8-1).”

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Figura 35: Pilares da Logística na Força Terrestre

Fonte: EB20-MF-10-102

Neste contexto, pode-se ainda transcrever do mesmo manual, as definições de

atuação da Intendência e do Material Bélico: “6.2.8 SERVIÇO DE INTENDÊNCIA

6.2.8.1 O Serviço de Intendência executa as atividades e tarefas da Função de

Combate Logística, referentes aos Grupos Funcionais Suprimento (Classes I, II e X),

Transporte e Recursos Humanos (Fig 6-7). Realiza também as tarefas da

atividade Gestão Orçamentária e Financeira, prestando o assessoramento

contábil e financeiro aos comandantes em todos os escalões.

6.2.8.2 Em operações, além das atividades comuns ao tempo de paz, o Serviço

de Intendência se incumbe também de tarefas afetas ao bem estar do pessoal, como

banho, lavanderia, suprimento reembolsável, serviço postal, dentre outros.

6.2.7 QUADRO DE MATERIAL BÉLICO

6.2.7.1 O Quadro de Material Bélico executa as atividades e tarefas da Função

de Combate Logística, referentes aos Grupos Funcionais Suprimento (Classes III,

V e IX), Manutenção (material bélico, principalmente, armamentos, viaturas e

aeronaves), Transporte e Salvamento (Fig 6-6)”

Complementando a fundamentação ao questionamento, pode-se apresentar

algumas importantes definições do Manual de Campanha – Logística – 3ª edição 2014 –

EB20-MC-10-204:

“Uma visão ampla de como a Função de Combate Logística deve contribuir para o

cumprimento da missão da F Ter (Fig 1-1):

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Figura 36: Visão ampla da função de combate logística

Fonte: EB20-MC-10-204

“1.3.2.1 Logística Militar – é o conjunto de atividades relativas à previsão e à provisão

dos recursos e dos serviços necessários à execução das missões das Forças Armadas.

1.3.2.2 Função de Combate Logística – integra o conjunto de atividades, as tarefas e

os sistemas inter-relacionadas para prover apoio e serviços, de modo a assegurar

a liberdade de ação e proporcionar amplitude de alcance e de duração às

operações. Engloba as Áreas Funcionais de apoio de material, apoio ao pessoal e

apoio de saúde.

...

2.3 O CICLO LOGÍSTICO

2.3.1 O ciclo logístico é o processo permanente, contínuo e ordenado em fases

inter-relacionadas que organiza a sistemática do apoio (Fig 2-1). Em consonância

com as especificidades de cada uma das Áreas Funcionais, compreende três fases:

determinação das necessidades, obtenção e distribuição.”

Destaca-se aqui que nesta definição do ciclo logístico o grande ponto de inter-

relacionamento do Sistema Logístico com o Sistema de Economia e Finanças, assim como a

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intrínseca ligação da formação profissional de atua na Logística e na Gestão Orçamentária e

Financeira.

Ainda na ÁREA FUNCIONAL APOIO AO PESSOAL ressalta-se a importante

atuação da Intendência na atividade de Pagamento de Pessoal, desde as Organizações

Militares até o órgão central, o Centro de Pagamento do Exército.

No próprio Manual de Logística, em seu capítulo 6, há o destaque para a

Gestão Orçamentária e Financeira:

“6.2 A GESTÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA

6.2.1 Esta atividade tem por finalidade assegurar a disponibilidade de recursos

financeiros adequados ao cumprimento da missão, conforme as prioridades da F Op.

Ela potencializa a geração de capacidades militares, por meio da execução da

gestão orçamentária, financeira e contábil dos fundos disponibilizados para a

operação planejada.”

Isto posto, é possível concluir parcialmente 2(dois) aspectos muito

importantes acerca da atual concepção do Exército e do próprio EME sobre a

Intendência e sua atuação nos Sistemas Logístico e de Economia e Finanças:

- O Serviço de Intendência atua no Sistema Logístico nas áreas de apoio ao

Pessoal e ao Material, nas atividades logísticas de Suprimento, Transporte e Recursos

Humanos; e

- As atividades de Gestão Orçamentária e Financeira do Sistema de Economia

e Finanças são transversais e indissociáveis ao Sistema Logístico, exigindo

conhecimentos, capacitações e experiências desde o desempenho das funções de

administração nas Unidades Gestoras para a ocupação de cargos de assessoramento

e decisão na Alta Administração do Exército, por parte dos oficiais de Intendência.

10 A Intendência do Exército nos dias atuais

Atualmente, a Intendência está fortemente presente nos Sistemas Logístico e de

Economia e Finanças do Exército, atuando com honestidade e competência na Logística

Operacional, Economia e Finanças, Orçamento e Controle Interno, e com seus recursos

humanos capacitados contribui de forma determinante para o sucesso das atividades

realizadas pelo Exército.

Seus Oficiais e Sargentos têm hoje as mesmas oportunidades e condições ao longo

da carreira, ombreando no mesmo patamar dos Irmãos de Armas. Possuem as mais diversas

especializações operacionais, logísticas e administrativas cumprindo missões no Brasil e no

Exterior. Atuam com especializações, excelente desempenho e presença nas diversas áreas

de emprego da Força Terrestre: aeroterrestre, operações especiais, operações na selva,

aviação, logística operacional, entre tantas outras.

Na Estrutura Organizacional do Exército, vê-se a presença e a atuação da

Intendência na área orçamentária, no controle interno e auditoria, na logística e na área de

economia e finanças, destacadas nos órgãos gestores dessas atividades.

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Figura 37: A Intendência do Exército nos dias atuais

Fonte: o autor

No pavilhão de instrução do Curso de Intendência da Aman há uma frase com

verbos que marcam e destacam a atuação da Intendência nos dias atuais: “Sempre Suprir,

Transportar, Administrar, Controlar e Servir!!!”.

O Espírito do Intendente do Exército está materializado na Oração do Intendente,

de autoria do então Ten Cel Pregnolato, Comandante do Curso de Intendência da Aman:

Oração do Intendente

Senhor

Deus dos Exércitos

Agradeço a Vós por conceder

A este vosso filho, soldado Intendente:

A coragem para vencer distância e obstáculo;

A determinação para apoiar meus irmãos de arma;

A resistência ao sono e à fadiga nas noites em claro;

E a honestidade para gerir bens a mim confiados;

Mas, peço-vos, ainda Senhor,

Que o entusiasmo de hoje seja perene,

Preservando em minha alma:

A vibração por pertencer a um Serviço honrado e eficaz,

A resignação por não receber as glórias da vitória

E a fé inabalável na nobreza de minha missão.

Suprir! Brasil!

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11 Conclusão

A Intendência faz-se presente na história da humanidade desde seus primórdios e

seu significado mais profundo foi, ainda que intuitivamente, desde logo compreendido por

nossos ancestrais. Cedo o homem entendeu que seria preciso prover alimentos para os

períodos em que a Terra cobria-se de gelo ou lava. Assim, enquanto espécies inteiras, mesmo

as mais fortes, sucumbiam à fome até seu completo desaparecimento, a raça humana garantia

a sua sobrevivência, mesmo sem saber, empregando princípios logísticos e de gestão.

A importância da Intendência e as lições que ela nos ensina são milenares e

contundentes. A totalidade dos que toldaram a visão aos seus princípios foram conduzidos ao

fracasso, estando a História, mormente a História Militar, repleta de exemplos. Aníbal,

Napoleão e Rommel foram considerados, em suas épocas, os maiores gênios dos campos de

batalha, no entanto, cada um deles foi derrotado pelo mesmo fator, um inadequado apoio

logístico a seus exércitos. Na história da arte da guerra, campanha alguma, por exército algum

do mundo, desenvolveu-se sem que o problema da alimentação, por exemplo, estivesse

equacionado.

Nunca em toda a história, o avanço da ciência e da tecnologia foi tão espantoso

quanto no século XX, e agora nestas primeiras décadas do século XXI. A cada dia surgem

novas descobertas em todos os campos do conhecimento humano. Não obstante, a arte da

guerra também evolui com idêntica velocidade. Novos uniformes, modernos sistemas de

armas e equipamentos, máquinas de guerra perfeitas são criadas a todo instante, tornando

obsoleto o modelo recém-inaugurado. As Forças militares modernas procuram acompanhar

as constantes evoluções tecnológicas, e, por conseguinte, apresentam crescentes

necessidades materiais e de recursos que colocam as considerações logísticas no mesmo

nível das considerações de ordem tática e estratégica.

O Exército, sensível à conjuntura mundial, e, também, sentindo a necessidade de

adequar-se à estatura político-estratégica da Nação, planejou e está em pleno processo de

transformação, cujo objetivo é racionalizar e transformar o Exército.

A Logística Militar e a Gestão Orçamentária e Financeira, integrantes do sistema

Exército, estão sofrendo transformações significativas, identificadas por mudanças na

estrutura organizacional em diferentes níveis, por adoção de novas concepções doutrinárias

de emprego e pela preparação adequada do homem, tudo isso para se ajustar às exigências

do combate moderno, caracterizado pelo dinamismo, rapidez e flexibilidade.

Nesse contexto, o Serviço de Intendência, participa ativamente do processo de

transformação do Exército, quer com ações desenvolvidas no Sistema Econômico-Financeiro,

quer executando tarefas inerentes ao Sistema Logístico ou ainda em atividades na área de

ensino.

O Sistema Logístico e o Sistema de Economia e Finanças realizam atividades

intrinsecamente ligadas e transversais tanto em tempo de Paz como em tempo de Guerra,

assim como a capacitação de seus Quadros, em especial na Logística de Suprimento,

Transporte e Recursos Humanos e nas atividades de Economia e Finanças.

As atividades e tarefas desempenhadas pela Intendência no âmbito do

Exército Brasileiro, conforme definido em nossos próprios manuais, são atividades já

plenamente integradas em seu planejamento e execução, nas áreas da Logística e de

Economia, Orçamento e Finanças.

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A transformação do Serviço de Intendência em Arma alinha e consolida a

formação do oficial da linha de ensino militar bélico como Oficial Combatente do Exército,

corroborando aquilo que já é feito na prática; e

Por fim, cabe destacar que o Oficial de Intendência formando na AMAN é um

Oficial Combatente do Exército, da Linha de Ensino Militar-Bélico. É formado com o

mesmos valores e capacidades dos Oficias Combatentes das outras Armas.

Além disto, é formado para o desempenho das funções específicas do Intendente

nas Atividades Logísticas de Suprimento, Transporte e Recursos Humanos. Também é

capacitado ao desempenho das funções administrativas de uma UG do Exército como

Tesoureiro, Almoxarife, Aprovisionador e ainda, Chefe a Seção de Aquisições Licitações e

Contratos, Chefe da Conformidade de Registro de Gestão da UG e Chefe do Setor de

Pagamento de Pessoal.

Tudo isto propicia aos Intendentes o desempenho em excelentes condições das

funções e cargos de assessoramento e decisão para a Alta Administração do Exército nos

Sistemas Logístico e de Economia e Finanças, além de, permitir a proteção da Administração

das Unidades Gestoras e Unidades Orçamentárias do Exército através dos trabalhos do

Centro de Controle Interno do Exército.

Concluindo, pode-se afirmar que a Intendência do Exército, tal qual o fez ao

longo de toda a sua história, continuará desempenhando de maneira honesta,

competente e anônima o seu importante e essencial papel no Exército de hoje e do

futuro !!!

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REVISTA DA INTENDÊNCIA. Brasília: Secretaria de Economia e Finanças, v. único, ed.

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