HISTÓRICO - Paraná · Está organizado na forma de um caderno pedagógico no qual apresentamos os...
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Apresentação
O presente material didático-pedagógico caracteriza-se como uma proposta
de intervenção por meio de estratégias para leitura, interpretação e produção
de textos para o ensino de História. Está organizado na forma de um caderno
pedagógico no qual apresentamos os fundamentos teóricos metodológicos para o
professor, acompanhados de textos de diversos gêneros e de atividades para os
alunos de acordo com a orientação proposta.
Para este estudo privilegiamos o tema: A escravidão no Brasil. A escolha do
assunto justifica-se no currículo dos alunos porque permite a compreensão das
bases da sociedade brasileira, a situação dos negros, a sua contribuição na
construção da sociedade brasileira e a origem dos preconceitos. Enfoca: o sistema
escravista no contexto do capitalismo mercantil, o tráfico negreiro, a escravidão em
terras brasileiras, o cotidiano no trabalho e a resistência contra a escravidão. O
objetivo ao abordar este tema é aguçar o espírito crítico dos estudantes de forma a
adotarem uma postura de combate aos preconceitos dentro e fora da sala de aula.
Tendo como foco a disciplina de História, procuramos sintetizar as
orientações para leitura, interpretação e produção de textos sob a forma de quadros
a fim de possibilitar melhor visualização e absorção dos elementos essenciais por
parte do aluno. Este trabalho será colocado em prática no segundo bimestre de
2009, acompanhado através de critérios avaliativos previamente estabelecidos e
seus resultados serão analisados e documentados na forma de um artigo científico a
ser apresentado à SEED no segundo semestre do mesmo ano.
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1. Fundamentos teóricos metodológicos
O estudo da História já teve vários significados: narrativa, teológica, erudita,
positivista, materialista; hoje possui uma visão mais ampla: o homem é visto como
sujeito da própria história. A história da humanidade é a história de todos os homens
engajados como seres sociais (sujeitos). Para os historiadores da Escola de
Annales, o acontecer histórico se faz a partir das ações dos homens. A partir daí o
conhecimento histórico se produz “com tudo o que pertencendo ao homem,
depende, serve e exprime a sua presença, suas atividades, gosto e maneiras
(BOIS,2005)”.
A produção ou construção do conhecimento histórico é um processo ativo de
elaboração interna, que se desenvolve num contexto de trocas sociais e culturais,
permeados por fatores econômicos, políticos e psicológicos. Passamos a expor o
nosso enfoque para a utilização dos termos: Produção do Conhecimento Histórico.
• PRODUÇÃO
Deve ser vista como a produção de todos, não só das formas organizadas, mas
das demais formas de resistência, das derrotas e utopias, pois, nada garante que o
vencedor foi o melhor. É importante para a disciplina de História estudar esta
relação, ou seja, a dos dominados e dos dominantes.
• CONHECIMENTO
Só construímos alguma coisa porque já havia uma base, um conhecimento
elaborado e registrado pelos antepassados. O papel do professor é intermediar o
domínio dos conhecimentos acumulados pela humanidade. É preciso que o aluno
compreenda a temporalidade das relações sociais, relações políticas, das formas de
produção econômica, de produção da cultura, das idéias e dos valores.
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• HISTÓRICO
Todo o conhecimento produzido é histórico porque traz o contexto de uma época,
demonstrando os valores, idéias, necessidades e formas de organização. É a
herança cultural da humanidade. As ações humanas são processos, envolvem uma
duração vivida e transcorrem num espaço social e num tempo social.
A figura 1 representa as interações realizadas pelos homens em sociedade para
produzir o conhecimento histórico.
Figura 1: Produção do Conhecimento Histórico
As concepções teóricas fundamentadas na Escola de Annales e no
materialismo histórico dialético, duas vertentes que na nossa opinião, caminham na
mesma direção, apontam a produção do conhecimento histórico como processo,
construção, organização e estruturação, realizado pelos homens em suas amplas
relações sociais. Salientamos ainda que as DCNs para o ensino de História
recomendam “cautela em não adotar apenas uma visão teórico-metodológica como
a única resposta para todas as questões pedagógicas ( DCEF/SEED, p.12,2008)”
Nesta perspectiva a escola deve ser um espaço planejado para a transmissão
e recriação de conhecimentos de forma crítica e construtiva. Na sala de aula, o
professor não pode ficar alheio aos conhecimentos pré-existentes nos alunos, suas
Produção
Sistematização do conhecimento
Histórico Herança cultural Contexto de época
Conhecimento Valores, práticas, idéias técnicas, experiências
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experiências servirão de ponto de partida para articular os conteúdos vinculados ao
saber acadêmico (historicamente construídos), realizando a ampliação e domínio
dos mesmos ao que é necessário para o seu desenvolvimento pessoal e o da
sociedade.
2. Método de Trabalho
Visando contribuir com o processo de produção do conhecimento do aluno, o
professor de História ao trabalhar os conteúdos, deve diversificar sua metodologia,
tendo como objetivo principal despertar o aluno para desenvolver seu raciocínio, o
qual, utiliza operações similares na aprendizagem das demais disciplinas. Faz-se
necessário proporcionar diversas formas de registro: oral, escrito e outras
modalidades para oportunizar práticas significativas que venham ao encontro do seu
interesse e de suas habilidades cognitivas.
Procuramos salientar as ações do professor e do aluno no processo ensino-
aprendizagem, através de um quadro apresentando a postura do professor de
História buscando caminhos próprios para realizar a mediação do ensino por meio
de atividades que despertem para o pensar, questionar e problematizar os fatos
históricos. Com estes procedimentos espera-se que o aluno aprenda de forma
globalizada relacionando as ações dos homens a um contexto sócio-econômico-
cultural e político mais amplo no qual estão inseridos.
Nesta proposta a sugestão é fazer uso de métodos de aprendizagem utilizados
pela disciplina de Língua Portuguesa que propiciarão formas eficientes para a
construção do conhecimento pelo aluno, de maneira especial o texto narrativo. Para
conseguir estes resultados, é importante que o professor de História faça uso de
diversas linguagens: verbal, escrita, plástica ou cênica, relacionando os conteúdos
em estudo aos das demais disciplinas, assim, o aluno ao contatar diversas
oportunidades para analisar, comparar, discutir e sintetizar aumentará seu universo
de conhecimento. Quando o aluno for capaz de interpretar, entender a realidade e
expressar o que entendeu, podemos considerar que ocorreu uma aprendizagem
significativa.
O quadro 1, apresenta de forma sintética a posição do aluno e do professor
de História em relação ao processo ensino-aprendizagem.
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Quadro 1- A disciplina de História e Processo Ensino-aprendizagem
Professor de História
Aluno
• Abre sua própria trilha,
diversificando a metodologia de
trabalho mediando o pensar,
questionar, criticar, problematizar;
• Nesta metodologia de trabalho,
o aluno realiza a aprendizagem
de forma globalizada.
• Faz uso da interdisciplinaridade:
busca parceria com o professor de
Português. Trilhando o mesmo
caminho, obterá melhores
resultados;
• Usa estratégias de
aprendizagem na produção de
textos sendo mais eficiente para
escrever narrativas.
• Utiliza-se de todas as variações que
implicam no tema em estudo,
relaciona conteúdos, adota novas
linguagens e incorpora vivências;
• Realiza várias formas de
registro: oral, escrito e outras
modalidades, oportunidades
diversificadas de análise,
comparação, discussão e
síntese, aumentando o universo
do conhecimento.
• Resultado esperado: a construção
do saber (conhecimento) pelo
próprio aluno;
• Demonstrará a aprendizagem
quando for capaz de entender,
interpretar, compreender a
realidade e expressar o que
compreendeu.
Sugerimos a utilização de uma intervenção no ensino de História por meio de
estratégias para leitura, interpretação e produção de textos, apresentadas no
decorrer desta exposição. Para melhor identificação, as estratégias direcionadas aos
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alunos estão organizadas em forma de quadros e identificadas com ícone
específico.
Pretendemos que estas estratégias de ensino-aprendizagem proporcionem
aos alunos uma ampliação no repertório de orientações de aprendizagem gerais,
bem como relacionadas à produção de textos através dos conteúdos de História no
que se refere aos elementos históricos: fato histórico, agentes sociais e cronologia
(elementos de contextualização), semelhanças e diferenças, valores sociais e
transformações ocorridas (articulação de idéias) e que possibilitem ainda a reflexão,
argumentação e formulação de opiniões relacionando os diversos gêneros textuais
apresentados para estudo, no momento de sua produção, com a realidade mais
ampla do passado e da atualidade.
2.1 Estratégias de Leitura e Interpretação
A leitura é um modo privilegiado de a pessoa conseguir uma melhor
compreensão de si e do mundo. Tendo em vista que a leitura é uma prática
eminentemente social, o papel da escola é ensiná-la ao aluno por meio de detalhado
esmiuçamento dos constituintes históricos de um texto e sua ampla significação.
Se o aluno tem dificuldade para ler, comecemos com textos bem simples,
adaptados por nós professores. O potencial explicativo dos conceitos será ampliado
conforme as oportunidades de ter contato com textos mais complexos que forem
surgindo. Não se aprende a ler em um ano, mas ao longo da vida.
Haverá um avanço no processo de leitura se buscarmos os significados dos
processos de relacionamento dos homens entre si e com a natureza, das diferentes
formas de organização social e política, das diferentes experiências históricas
vividas pelos grupos humanos dos outros tempos e espaços. Essa leitura ganha
sentido na medida em que é realizada com um objetivo claro para o aluno. Não é ler
porque tem que saber ou porque cai na prova. É ler em busca da solução para um
problema ou questão.
A problematização histórica, ao ser transportada para o ensino, acerca de um
objeto de estudo pode ser construída a partir das questões colocadas pelos
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historiadores ou das que fazem parte das representações dos alunos, de forma que
encontrem significado no conteúdo que aprendem. É preciso lembrar que a História
suscita questões que ela própria não consegue responder e de que há inúmeras
interpretações possíveis dos fatos históricos (SCHMIDT, 2005, p.60). Esta
compreensão deve estar clara para o pesquisador e para o professor, mas, o aluno
da educação básica precisa de algumas respostas para ver significado no estudo da
disciplina.
Os textos para leitura devem se referir ao conteúdo e à discussão apresentada
em aula. São importantes a adequação ao nível de ensino, bem com à faixa etária
do aluno. A escolha criteriosa dos textos é relevante para não se perder o foco do
conteúdo abordado, de modo a permitir, com a reflexão e a discussão, a ampliação
dos horizontes do conhecimento (DEB, 2008).
É importante possibilitar aos alunos a compreensão de que os acontecimentos
históricos não podem ser explicados de maneira simplista. É necessário fazê-los
entender que numerosas relações, de pesos e características diferentes, interferem
em sua realização. Essas noções são fundamentais para a compreensão das
mudanças e permanências, das continuidades e descontinuidades.
2.1.2 Interpretação e compreensão do texto
Para compreender bem um texto é necessário identificar o contexto (social,
econômico, cultural, político) no qual ele está inserido no momento da sua produção
(BOIS, 1990, p.247). Em determinados textos a informação sobre acontecimentos
passados contribui para sua compreensão. Essa identificação vai depender do
conhecimento sobre o que está sendo abordado e as conclusões referentes ao
texto.
O quadro 2 salienta para o aluno as atividades a serem realizadas que
auxiliam a interpretação e compreensão do texto.
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Quadro 2- Atividades de interpretação e compreensão do texto
Explorar os conhecimentos prévios
• Leitura do título do texto
• Exploração do significado das
palavras novas
• Levantamento: o que sabem
acerca deste conteúdo?
Desenvolver a compreensão do
texto
• Antes da leitura de um texto, fazer
debates sobre o tema do mesmo.
• Explorar conteúdo de um texto
recorrendo-se apenas ao título e
aos subtítulos.
• Formular perguntas antes,
durante e após a leitura.
Exploração do texto
• Identificar a estrutura lógica de
textos
• Confrontar os alunos com as
hipóteses formuladas previamente
• Responder às questões
formuladas previamente
Integração dos conhecimentos
• Acompanhar os textos com
desenhos alusivos
• Organizar a história com base
num conjunto de imagens
• Fazer resumos e esquemas de
diferentes tipos de textos
Adaptado de RIBEIRO. Marta Flora Almeida Dias (2005, p. 126-134).
Caro aluno! Este quadro é para você!
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Para compreender as mensagens é preciso realizar perguntas ao texto e, ao
se pensar nas perguntas a fazer, deve-se levar em conta que o texto é sempre , ao
mesmo tempo, objeto de pesquisa histórica e expressão de sujeitos da história, ou
seja foi produzido por alguém atuante em seu tempo. Eles evidenciam as ações dos
sujeitos do processo histórico no qual surgiram. Para ajudar na compreensão do
texto procedemos a sua análise, comparando-o a pontos de vista sobre os fatos
apresentados a fim de verificar em que medida o texto permite o conhecimento do
passado.
2.2 Encaminhamentos para as atividades de interpretação e compreensão do
texto-exemplo
O escravo negro no Brasil
Nos tumbeiros ou ainda nas feitorias africanas, os negros cativos eram
batizados e recebiam um nome cristão, que era registrado pelo traficante.
Desembarcavam nos portos brasileiros (Recife, Salvador e Rio de janeiro) e ficavam
em armazéns à espera de compradores. Eram examinados como se fossem bichos,
contados por “peça” e identificados como “macho”, “fêmea“, “filhote” ou “cria”. A
maioria era homens, sendo que os jovens alcançavam maior preço1.
Os recém-chegados, que não conheciam a língua, eram chamados boçais.
Quando se adaptavam aos costumes dos colonos e aprendiam a língua, passavam
a ser denominados ladinos e custavam mais caro. Os nascidos no Brasil eram
chamados crioulos.
Por quase quatrocentos anos, o Brasil foi um país escravista. Eram eles que
realizavam quase todo o trabalho: na lavoura, nas casa, na exploração mineira, nos
serviços urbanos, no transporte de pessoas e mercadorias. Trabalhava até o limite
1 De cada três africanos desembarcados nas Américas, dois eram homens. Depois dos 35 anos, um cativo era considerado velho.
Caro aluno! Vamos à leitura?
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máximo de suas forças2. Nos engenhos, por exemplo, a jornada diária de trabalho
durava de 14 a 17 horas, sob a vigilância dos feitores, que tinham ordens de castigar
os “preguiçosos”.
Os castigos, aplicados em público para servir de exemplo aos demais, eram
cruéis: açoite3, amputações, palmatória, tronco, máscara e coleira de ferro, correntes
com peso. Considerava-se o castigo físico um direito e um dever dos senhores.
Os escravos das cidades tinham uma vida diferente dos que trabalhavam
nas fazendas e nos engenhos. Eles não apenas realizavam todos os trabalhos
manuais e serviam de besta de carga para seus senhores, como também eram uma
fonte de riqueza importante, pois exerciam ofícios recebendo uma remuneração que
revertia para seus donos4.
Os escravos de ganho conseguiam às vezes guardar parte dos rendimentos
que recebiam e assim, após décadas de poupança, foi possível a alguns comprar a
sua liberdade. Houve cativos que adquiriram escravos que, com seu trabalho,
auxiliavam seus donos a alcançar a alforria.
Os escravos reagiram de diversas formas à escravidão: com vinganças
contra os feitores, sabotagens, revoltas e fugas5. Mas havia também os que
conseguiam fugir e formar quilombos. O maior deles foi o Quilombo dos Palmares
(na região dos atuais estados de Alagoas e Pernambuco), que conseguiu reunir
cerca de 50 mil quilombolas entre 1630 e 1695 (RODRIGUE, Joelza Ester. 2002).
2 Os escravos morriam, em média, após quinze anos de trabalho. Um negro que chegasse ao Brasil como escravo, com a idade que você tem hoje, viveria até completar quantos anos? 3 O Código Criminal de 1830 restringia o castigo a cinqüenta açoites por dia, mas não limitava o número de dias para se aplicar o castigo. 4 Eram os escravos de ganho, que vendiam todo tipo de mercadorias e trabalhavam como artesãos especializados, operários ou servidores públicos, exercendo cargos como os de acendedores de lampiões e varredores e ruas, por exemplo. Muitas vezes competiam com os trabalhadores livres. 5 O escravo capturado era marcado com ferro em brasa, no peito ou na testa, com a letra F (fujão); ou, então, amputava-se alguma parte de seu corpo – a orelha ou o pé, por exemplo.
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2.2.1 Explorar os conhecimentos prévios
Esta é uma das atividades de interpretação e compreensão do texto proposta
no quadro 2 e aqui vai ser mais detalhada.
• Levantamento: este procedimento vai determinar o ponto de partida para o
professor. Perguntar aos alunos: - O que sabem acerca deste conteúdo?
• Exploração do significado das palavras novas: facilita a compreensão correta
do texto. No texto citado destacar: tumbeiros, açoite, tronco, quilombo,
quilombola.
• Formular perguntas direcionadas a identificar as idéias centrais do texto por
parágrafo. Ex: - O que está sendo narrado no 1º parágrafo?
2.2.2 Exploração do texto
Nas atividades de leitura é importante identificar a estrutura lógica da
construção do texto, explicando quais os parágrafos pertencem respectivamente à
introdução, desenvolvimento e conclusão. No caso do texto em estudo podemos
destacar oralmente com o aluno:
- Introdução: 1º e 2º parágrafos
- Desenvolvimento: 3º,4º,5º e 6º parágrafos
- Conclusão:7º parágrafo
• Estabelecer relação com as hipóteses formuladas previamente pelos alunos
e utilizar-se de mais informações para ampliar a compreensão do tema como
as descritas nas notas de rodapé do texto-exemplo, isto responderá às
questões formuladas previamente tanto pelo professor quanto pelo aluno.
Atenção aluno!
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• Sugestões de questionamentos:
- O escravo tinha uma extensa jornada de trabalho. Com quantos anos
era considerado velho? Qual tempo de vida útil para o trabalho?
- Havia diferenças nas condições de trabalho, modo de vestir e
tratamento dado pelos senhores, entre os escravos domésticos, de
ganho e os que trabalhavam na lavoura e na mineração?
- A quem interessava o uso dos escravos africanos para o trabalho nas
lavouras canavieiras do Brasil?
2.2.3 Integração dos conhecimentos
• Para ampliar a compreensão podemos acompanhar os textos com desenhos
alusivos. Sugestão de leitura de imagens: -Imagem 1 : O colar de ferro:
castigo dos negros fugitivos; -Imagem 2: Capitão-do-mato.
Imagem 1 : O colar de ferro: castigo dos negros fugitivos
O colar de ferro: castigo dos negros fugitivos. DEBRET, Jean-B.,
séc XIX (Domínio Público).
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a) Quem é o autor da gravura? De que época?
b) Identifique o cenário em que se passa o acontecimento.
c) Quais as atividades dos escravos que estão aqui representadas?
d) Destaque a condição que era comum a todos os escravos independente
de suas atividades.
Imagem 2: Capitão-do-mato
Capitão-do-mato. RUGENDAS, Johann Moritz. 1823 (domínio público).
a)Quem é o autor da gravura? De que época?
b)Descreva os personagens representados
- Que armas usa o capitão-do-mato?
- Como ele traz o negro fugitivo?
- Qual a origem social do capitão-do- mato?
c) Como será a punição do escravo fugitivo?
Homens pobres e
marginalizados se
dedicavam à
captura de escravos
fugitivos. Recebiam
uma indenização
pelos gastos
durante o trabalho
e uma gratificação
pelo escravo
capturado.
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• É importante investigar o nível de compreensão dos alunos. Quando utilizar
desenhos, esquemas e gráficos devemos observar se percebem as conexões
indicadas, seja por setas, linhas, legendas ou detalhes nas imagens.
• Sugerimos o relacionamento entre o conteúdo em estudo a um contexto
maior como: política mercantilista, colônia de exploração, monocultura,
mercado consumidor externo, os interessados no tráfico de escravos e a
dívida social que temos com os afro-descendentes.
2.3 Encaminhamentos para as atividades de estratégias para sublinhar,
esquematizar e resumir o texto-exemplo
A leitura é um processo que envolve algumas habilidades, entre as quais a
interpretação do texto e a sua compreensão. O processo se inicia pelo
reconhecimento das palavras impressas (decodificação) quando temos contato com
o “conteúdo”, passa-se à interpretação do pensamento do autor, para a seguir,
compreendê-lo.
Faz-se necessário aplicar técnicas que facilitam a compreensão, a retenção e
a documentação posterior. Entre essas estratégias, temos as que são utilizadas para
reduzir a informação, destacando as idéias essenciais: sublinhar, ressaltando
partes do texto, esquematizar, estruturando as informações e resumir,
apresentando as informações seletivamente.
Sublinhar: é uma técnica usada para destacar as idéias principais e palavras-
chave de um texto. Serve para identificar as idéias principais e secundárias do texto.
A idéia principal está cercada de outros elementos que lhe dão suporte e a explicam
(idéias secundárias). Sublinham-se somente palavras-chaves ou grupos de palavras
ou frases, mas nunca parágrafos ou frases longas. Usar dois traços para sublinhar
as idéias principais e um traço para as idéias secundárias.
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As palavras-chave serão usadas para elaborar o esquema. Para melhor
exemplificar foram sublinhadas as palavras chaves no texto-exemplo que consta no
item 2.2.
Quadro 2 - Técnicas para organizar a informação
Estratégias
• sublinhar, ressaltando partes do
texto,
• esquematizar,
• resumir
Finalidades
• Estudo,
• Revisão
• Memorização do assunto.
Procedimentos para sublinhar
• Leitura integral do texto;
• Esclarecimento de dúvidas de
vocabulário;
• Reler e sublinhar, identificando
as idéias principais;
Adaptado de KELLER. Cleverson B. Vicente( 2004, p.44-50).
Esquema: é um trabalho preparatório para escrever um texto, de qualquer
tipo, torna o estudo dinâmico, menos monótono e cansativo, facilitando a
aprendizagem do conteúdo.
• Pode ser organizado usando-se, setas, linhas, colchetes, e marcadores
diversos.
• Deve manter fidelidade ao texto origina l- idéias do autor, sem alterações;
• Seguir a estrutura lógica do assunto (ordem das idéias), organizadas da mais
importante para a menos importante.
Caro aluno! Anote este quadro.
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2.3.1 Esquema: O escravo negro no Brasil
Transporte: tumbeiros
1. Vinda de escravos
Classificação: peça ( macho, fêmea, filhote, cria) boçais,
ladinos, crioulos
2. Trabalho escravo: lavoura, minas, domésticos, serviços urbanos 3- Violência: açoite, palmatória, tronco, correntes... Trabalhos manuais, carga 4-Escravos das cidades Liberdade, alforria 5-Resistência: quilombos,revoltas e fugas 2.3.2 Resumo
O resumo não é comentário crítico; deve ater-se às idéias do autor, sem emitir
opinião própria. Alguns passos devem ser observados para que o resultado final seja
satisfatório:
- uma primeira leitura atenta é indispensável para que você perceba o assunto em
questão; outras leituras devem ser feitas (tantas quantas forem necessárias para
selecionar as idéias principais do texto); é importante anotar o que for mais
relevante;
- todo texto possui palavras-chaves que encerram as idéias fundamentais; essas
idéias devem ser grifadas para que possam servir de ponto de partida para o
resumo;
- nos textos bem estruturados, cada parágrafo corresponde a uma só idéia principal;
só muda o parágrafo quando muda o assunto;
- durante todo o processo, a leitura atenta deve ser feita para verificar se está
havendo coerência e seqüência lógica entre os parágrafos resumidos, para fazer os
ajustes necessários (Redação - Brasil Escola).
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2.4 Estratégias de produção: atividades preparatórias para a escrita
São estratégias que têm como objetivo esclarecer ao aluno como proceder na
construção de um texto, como generalizar idéias de um conteúdo em um texto, ou
como usar estratégias de solução de problemas.
a) Estratégias para pensar:
Ao iniciar a tarefa de escrever uma história narrativa, a primeira estratégia
envolve pensar sobre quem lerá o texto, ou seja, antecipar quem será a audiência (a
professora, os pais, os colegas). Os alunos podem primeiramente considerar um
texto globalmente e, posteriormente, fazer revisões detalhadas de partes
específicas, fazendo mais eficazmente múltiplas revisões das tarefas (RIBEIRO,
2005).
b) Estratégia para planejar:
Nas etapas anteriores sugerimos a estratégia de sublinhar , ressaltando partes
do texto, as quais devem ser utilizadas na elaboração de um esquema. Esquema é
um trabalho preparatório para escrever um texto, de qualquer tipo, serve para
aprender mais facilmente o conteúdo. O esquema é uma radiografia do texto, nele
aparece o esqueleto do texto, ou seja, as palavras-chaves.
LEITURA DO TEXTO – SUBLINHAR PALAVRAS OU FRASES-CHAVES -
COMPOSIÇÃO DE ESQUEMA – REDAÇÃO DO RESUMO
Estes são procedimentos para resumir.
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Quadro 4 - Como elaborar um esquema
• Esquema: mostrar as relações
entre as idéias usando-se,
setas, linhas, colchetes,
marcadores diversos.
• Ser fiel ao texto original: deve
conter as idéias do autor, sem
modificação ou pontos de vistas
pessoais;
• Ordenar as idéias
• Seguir lógica do assunto: partir
sempre da idéia principal, depois
para seus respectivos detalhes.
2.5 Trabalhando com documento de época
Para construir narrativas históricas ou posicionar-se a respeito de algum
assunto é preciso oportunizar contato com diversos gêneros textuais, por isso,
sugerimos também o trabalho com documentos de época.
O trabalho no engenho
Aqui, nada de apatia: tudo é trabalho, atividade; nenhum movimento é inútil, não se
perde uma só gota de suor.
Os edifícios ficam em um grande pátio: o engenho é uma extensa construção ao rés
do chão, tendo em frente a senzala dos negros, deserta durante as horas de
trabalho.
Aluno! Mais
dicas para
você!
Leia com atenção o documento!
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Vejo ao longe negros e negras curvados para a terra, e exercitados a trabalhar por
um feitor armado dum chicote que pune o menor repouso. Negros vigorosos cortam
as canas que raparigas enfeixam. Os carros, atrelados de quatro bois, vão e vêm
dos canaviais ao engenho; outros carros chegam da mata carregados de lenha para
as fornalhas. Tudo é movimento.
O engenho está sobre um terraço; cavalos, estimulados pelos gritos dos moleques,
fazem-no girar. Raparigas negras empurram a cana para os cilindros da moenda.
Alguns negros descarregam as canas e as colocam ao alcance das mulheres; outros
as transportam em grandes cestos e espalham no terreiro o bagaço inútil da cana,
que não é usado como combustível.
O edifício da moenda contém igualmente a importante dependência das caldeiras,
onde é cozido o caldo de que se forma o açúcar. O mestre de açúcar é um homem
livre que tem ás suas ordens negros que agitam o mel com grandes colheres. O fogo
das fornalhas é alimentado dia e noite e é mantido durante os cinco meses que dura
a safra. Negros transportam as formas para a casa de purgar, que é dirigida por um
mulato livre. Este tem sob suas ordens homens para a refinação e para escorrer o
mel que vai se ajuntar num reservatório. Esta dependência comunica-se com aquela
onde se despejam as forma contendo o açúcar acabado. Ali os pães cristalizados e
purgados são quebrados; separam-se as qualidades e espalha-se o açúcar para
secar.
L.F. Tollenare,1816/1818
2.5.1 Exploração do texto
Nesse texto, escrito no século passado, o autor emprega expressões e
palavras em uso na época; veja o significado de algumas:
Vocabulário:
Moenda: conjunto de três cilindros de madeira montados sobre uma mesa,
destinada à moagem de cana; os cilindros giram movidos por escravos ou por tração
animal; ao ser forçada entre os cilindros, a cana é espremida.
Mestre de açúcar: técnico que dirigia a fabricação do açúcar.
Casa de purgar: prédio onde se procedia à operação de branquear o açúcar.
Pães cristalizados e purgados: barras de açúcar pesando cerca de 52 quilos.
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Imagem 3- Produção de açúcar (fotografia)
Produção de açúcar. FROND, Jean-Victor, séc. XIX.
Atividades
1. Depois de ler o texto e compreender o vocabulário utilizado, responda:
2. Qual o título do documento?
3. Quem o escreveu?
4. Em que época foi escrito?
5. O que você aprendeu lendo o documento?
6. Com base no documento que você leu faça um desenho, mostrando como
era o trabalho no engenho. Procure, em outros materiais, ilustrações a
respeito, para enriquecer seu desenho.
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7. Agora, leia-o novamente e, com os colegas do grupo, preencha o quadro
abaixo:
A organização do trabalho no engenho colonial, segundo Tollenare
Tarefas realizadas Quem realizava Trabalho: livre ou escravo?
1
2
3
4
5
6
7
8
9
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2.6 Elaborando o Texto de Opinião: o trabalho com fragmentos de textos
Escrever um texto de opinião, argumentando, de forma clara, lógica e
ordenada, é uma habilidade que se aprende. Cabe a nós professores realizarmos
um trabalho conjunto para orientarmos os alunos em relação aos aspectos
específicos desse gênero, auxiliando-o na organização do que, de certa forma, já
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são capazes de fazer oralmente. Aprender a debater oralmente é muito importante
para as atividades desenvolvidas na escola e fora dela. É necessário que os alunos
aprendam também a debater, a opinar por escrito. Para se chegar ao texto de
opinião escrito, é necessário que se construa, antes, o trabalho na oralidade de
forma que os alunos tenham conhecimento sobre o assunto e possam argumentar e
formar uma opinião a respeito do tema. É importante que se leiam muitos textos de
opinião servindo de direcionamento para a sua construção textual.
Apresentamos dois fragmentos de textos para análise.
“Somos um país de muitas cores, nuanças e matizes. Não podemos falar
em democracia brasileira sem uma consciência radical (no sentido etimológico
da expressão) destas diversidades.
Não será demais lembrar que a proclamação da independência do Brasil,
em 1822, não significou uma ruptura com a estrutura que herdamos da vida
colonial. Passamos do domínio português à dependência britânica, sob a tutela
dos proprietários rurais e de seus aliados. E o que eles fizeram foi reafirmar a
tradição exportadora de uma economia ancorada no latifúndio. E o que eles
fizeram foi impedir o acesso das classes populares ao centro das decisões
nacionais.
Estas elites não aboliram a escravidão. Os negros, que apoiaram a luta
pela independência, puderam então medir a dimensão de sua frustração. Aquilo
foi um golpe cruel, sádico mesmo, para quem saudara, com tanta esperança, a
luta contra a dominação colonial portuguesa. Na verdade, os movimentos
revolucionários da elite brasileira, entre o final do século 18 e princípios do
século seguinte, tocaram na tecla da escravidão, mas para aí se confundirem – e
aí se perderem”.
GIL.Gilberto, RISÉRIO, Antônio. O poético e o político e outros escritos. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, p.38, 1988.
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2.7. Sugestões para construção oral do texto de opinião a partir de outros
textos
É preciso relacionar o texto, no momento de sua produção, com a realidade
mais ampla onde o autor está inserido. Faz-se necessário desenvolver habilidades
de leitura para localizar a informação, através de questionamentos, interpretar,
“E o fato é que a obra da escravidão persiste. Basta olhar em volta ou
consultar as estatísticas disponíveis. Desta perspectiva, o Movimento
Abolicionista é obra inacabada. Desencadeou o processo, cumpriu seu programa
de curto prazo e se diluiu nos descaminhos da história. Os líderes do Movimento
entendiam que as coisas não seriam fáceis. E sabiam que a empresa de anular
as influências da ordem escravocrata estava além do alcance do esforço de uma
só geração.
Esta é a herança que temos que liquidar. Arquivou-se legalmente um
sistema de trabalho, mas não se suprimiu um contexto discriminatório. É
bobagem dizer que nada mudou com 13 de Maio. Mudou – e muito. Vemos hoje
descendentes de africanos rebrilhar nos meios eletrônicos de comunicação de
massa e ocuparem páginas coloridas de revistas milionárias, quando antes os
negros só tinham vez (e nunca voz) nas seções de anúncios de escravos
fugidos. Negros tomarem lugar no Congresso e desempenharem funções
executivas em entidades privadas e estatais, etc. o que temos que dizer é que a
mudança foi – e tem sido – altamente insatisfatória. A escravidão ainda é parte
integrante do nosso presente. E continua sendo guerreada. Dentro e fora do
parlamento, dos terreiros, dos comícios, das associações, dos sindicatos, das
casas de espetáculo, dos centros de estudo, dos estádios, das favelas. Nunca foi
tão grande o número de brasileiros dispostos a aprofundar a questão sócio-
racial”.
GIL, Gilberto; RISÉRIO, Antônio. O poético e o político e outros escritos. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, p.58-59, 1988.
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refletir sobre o conteúdo do texto e elaborar argumentos para defender um ponto de
vista. Tendo em vista os fragmentos de textos acima sugerimos os seguintes
questionamentos.
• Que assunto você acha que o texto aborda?
• Você acha que é uma narração, uma notícia ou um poema?
• O texto contém alguma opinião? Sobre que assunto?
• Sabendo que quem o escreveu foi Gilberto Gil, afro-descencente, cantor,
compositor , que posição ele defende nos textos?
• E sabendo que a data da publicação foi 1988, alguma hipótese sua pode ser
descartada ou modificada?
2.7.1 Para refletir e opinar:
• Qual é o problema?
• Quais opiniões e argumentos outras pessoas podem ter sobre esse assunto?
• Qual razão eu posso dar a eles a fim de mostrar que minha opinião está
certa?
• O que posso eu dizer para provar que minhas razões são boas razões?
2.7.2 Elaborando o ponto de vista: textos
Com a orientação do professor, reúna-se com seus colegas d discutam a questão:
- Por quase quatrocentos anos, o Brasil foi um país escravista. Quais foram os
resultados do sistema para nossa história?
• Formulou sua opinião? Então, reafirme o ponto de vista adotado e reescreva
a frase. Esse é o tópico que direciona o texto.
Vamos
debater a
leitura?
Vamos
produzir
textos?
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• Anote os melhores argumentos apresentados nos textos e depois os
argumentos próprios que expressam a sua opinião sobre o tema.
• Enumere os argumentos que sustentarão sua opinião (os porquês da sua
escolha, o seu conhecimento sobre o assunto);
• Cada argumento tem um ponto alto (idéia central) e cada argumento será um
parágrafo.
• Reserve um parágrafo para conclusão.
2.8 As atividades de escrita: construção de narrativa histórica
Quando o professor considera a produção de pequenos textos pelos alunos,
dentro de suas possibilidades, com interpretações e conclusões a respeito daquilo
que estiver sendo estudado, utilizando linguagem verbal, plástica ou cênica, estes
são respeitados e considerados efetivamente como sujeitos de um processo que é
deles - a aquisição de conhecimentos.
Para que o aluno produza algum conhecimento, o professor deverá provocar
a sua fala para que se expresse sobre seu mundo, sobre o que viu, ouviu e leu para
depois estimular a produção do texto escrito, sem qualquer tipo de exigência ou
promessa de avaliação. Supõe-se que o aluno, primeiro, compreenda o que leu o
que o professor falou o que se discutiu em classe; segundo, que se estabeleça
relações entre tudo isso, talvez até avançando além do que já foi dito em sala de
aula; terceiro, que consiga colocar tudo isto por escrito.
Esta produção de conhecimento pelo aluno é indicada para concluir o tema
quando este já tem informações suficientes para elaborar uma narrativa histórica. É
também um ótimo instrumento de avaliação.
O quadro 5, apresenta uma série de perguntas que devem ser feitas a si
mesmo e podem ser usadas como um guia para ajudar a generalizar idéias e a
organizar a seqüência lógica na construção de uma narrativa. Constituem um
exercício de reagrupamento a ser usado como recurso de interpretação e podem
permitir a ampliação da análise de uma problematização histórica.
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Quadro 5 – Orientações para produção de textos
Elementos históricos Elementos de orientação
1- Identificação: Agentes
sociais (sujeitos)
-Personagens (quem?), fez o que, uma
ação, um objeto
-Quem é/são o/os personagem(s)
principal(s)?
-Quem mais está na história?
2- Fato histórico: um
acontecimento (o quê?),
uma situação
- Qual o fato, problema ou propósito?
- O que mais o personagem principal faz
ou quer fazer?
-O que os outros personagens fazem?
I N T RODU Ç A O
3- Cronologia/ Espaço - Quando a história acontece?
- Onde a história acontece?
4- Objetivos, causas - Por algum motivo ou finalidade (por
quê?)
5- Formas de realização - Um meio, realizado de tal forma
(como?)
- O que acontece quando o personagem
principal faz ou tenta fazer isso?
- O que acontece com os outros
personagens?
D E S E N V O l V I M E N T O
6- Semelhanças e diferenças;
continuidades e Mudanças
- Quais as relações do texto no momento
da produção e a realidade atual?
C O N C L U S Ã O 7- Transformações ocorridas: um
resultado
- Com qual efeito? Como a história
termina?
- Como o personagem principal se sente
no final da história?
- Como os outros personagens se
sentem no final da história?
Adaptado de RIBEIRO. Marta Flora Almeida Dias (2005).
Para você aluno!
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As respostas para os questionamentos sobre os elementos históricos,
debatidas em sala de aula, serão organizadas em parágrafos, para os quais, na hora
da produção escrita, o professor auxiliará no estabelecimento de relações entre os
mesmos através das articulações de ligações.
Os erros cometidos devem ser vistos não como incapacidades ou defeitos,
mas como tentativas na direção da expressão significativa de sentidos. O
fundamental é que o aluno escreva. Quanto mais freqüentes forem as oportunidades
para escrever, mais chances vai ter para superar as suas dificuldades. Só se
aprende a escrever, escrevendo. Não é pelas correções de ordem gramatical ou
pelas notas que ele atribui que o aluno vai aprender a produzir textos bem
estruturados e com sentido.
Neste fazer pedagógico, o aluno também estará elaborando explicações
históricas simples e utilizando conceitos para analisar e compreender os fenômenos
e acontecimentos estudados. É assim que assumem seu papel de sujeitos que
produzem conhecimento.
2.9 O Processo de Avaliação
Avaliar é essencialmente questionar; observar e promover experiências
educativas que signifiquem provocações no sentido do desenvolvimento do aluno. O
processo avaliativo, assim entendido, orienta-se pelas múltiplas dimensões de
aprendizagem envolvida em cada experiência educativa (HOFFMANN, 2003). A
função da avaliação consiste em diagnosticar, o que o estudante aprendeu ou não
aprendeu, em reforçar, o que não foi aprendido será trabalhado de outra forma e em
permitir crescer o contínuo desenvolvimento permanente do aluno.
A ação avaliativa oferece subsídios para os educadores refletirem sobre a
prática pedagógica, no intuito de procurar identificar os conhecimentos prévios do
aluno, auxiliando-o no seu processo de desenvolvimento e construção da sua
autonomia. A prática da avaliação deverá ser coerente com a metodologia de ensino
utilizada pelo professor. Ensinar e avaliar deve ter correspondência quanto aos
níveis de complexidade adotados, ou seja, não se deve ser simplista ao ensinar e
complexo ao avaliar, ou vice versa.
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Nesta perspectiva, a avaliação diagnóstica ou formativa tem sido
compreendida como aquela que busca levantar dados no decorrer do processo, por
intermédio de atividades e instrumentos diversificados, que visam a avaliar aspectos
plurais pelos quais se dá a aprendizagem. A avaliação formativa ou diagnóstica tem,
como propósito, o crescimento de alunos e de instituições, e não sua mera
classificação. Tal visão de avaliação seria igualada a um processo de negociação,
com os critérios de avaliação sendo construídos, de forma “negociada”, entre
avaliadores e sujeitos avaliados. Os critérios pelos quais se dá o julgamento de valor
para tomada de decisão seriam construídos em conjunto, a partir dos valores e das
culturas dos atores sociais envolvidos ( CANEN, 2005).
Avaliar sob esta perspectiva significa estar atento ao fato de verificar se a
linguagem utilizada está sendo bem compreendida pelos alunos, se os exemplos
fornecidos estão de acordo com os universos culturais dos mesmos. Nas questões
avaliativas, esses fatores são centrais, de modo que os alunos possam demonstrar a
aquisição do conteúdo e das habilidades avaliadas, sem que estejam sendo
prejudicados por não compreenderem o sentido e a linguagem em uso.
Há necessidade de que o professor aprenda a falar e a compreender a
linguagem dos alunos e fazer leitura de suas manifestações, suas posturas, suas
expressões de agrado e desagrado frente às situações de aprendizagem e de
avaliação. Oferecer e encorajar todas as formas de expressão na escola é ponto
positivo porque vai respeitar as diferentes manifestações de cada cultura
favorecendo a expressão do pensamento como fator construtivo e reflexivo.
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REFERÊNCIAS
BOIS, Guy. Marxismo e História Nova - In: Le Goff, Jacques, A Nova História. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
CANEN, Ana. Avaliação da Aprendizagem em Sociedades Multiculturais. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo>. Acesso em: 20/11/2008.
DEBRET, Jean B. O colar de ferro: castigo dos negros fugitivos. séc XIX (Domínio Público). DUTRA, V. L. R. O Texto de Opinião no Ensino Fundamental. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/ixcnlf/10/13.htm>. Acesso em: 14/11/2008.
FONSECA, S. G. Caminhos da história ensinada. São Paulo: Papirus, 1993.
FROND, Jean Victor. Produção de açúcar. séc. XIX(domínio público).
GIL, Gilberto; RISÉRIO, Antônio. O poético e o político e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
HOFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2003.
KELLER. Cleverson B. Vicente. Aprendendo a Aprender: introdução à Metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2004.
PARANÁ/SEED Departamento de Educação Básica. Avaliação: um processo intencional e planejado, 2008. RIBEIRO, M. F. A. D. Ler bem para aprender melhor: um estudo exploratório de intervenção no âmbito da decodificação leitora. Universidade do Minho. Instituto de Educação e Psicologia Dissertação de Mestrado. Disponível em: <http://repositorium.sdum.uminho>. Acesso em: 20 nov. 2008.
RODRIGUE, J. E. História em documento: imagem e texto. 2 ed. São Paulo: FTD, 2002.
RUGENDAS, Johann Moritz. Capitão-do-mato. 1823 (domínio público).
30
TOLLENARE, L. F. Trechos de Notas dominicais tomadas durante uma viagem em Portugal e Brasil. São Paulo, 1979.
SCHIMIDT, M. A. M. O uso escolar do documento Histórico - In: O saber Histórico na Sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005.