Hoje Macau 12 MAI 2014 #3086

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PUB RAEM arrasada em Genebra por causa da violência doméstica GONÇALO LOBO PINHEIRO Os peritos da ONU não perdoaram: quando chegou a vez de Macau, a violência doméstica foi posta na mesa e a lei que o Governo se prepara para aprovar simplesmente arrasada. A RAEM foi acusada de colocar os interesses dos agressores à frente dos das vítimas. IMOBILIÁRIO PÁGINA 7 Governo promete novas casas só para residentes OLHO NEGRO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB DEPARTAMENTO DE PORTUGUÊS VAI A EXAME PAULO CHEANG, MEMBRO DO FUNDO PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Temos de criar um ambiente mais saudável para que os turistas cá fiquem mais tempo PÁGINAS 2 E 3 SOCIEDADE PÁGINA 6 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 12 DE MAIO DE 2014 ANO XIII Nº 3086 hojemacau PÁGINA 4 UNIVERSIDADE DE MACAU

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Hoje Macau N.º3086 de 12 de Maio de 2014.

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RAEM arrasada em Genebra por causa da violência doméstica

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Os peritos da ONU não perdoaram: quando chegou a vez de Macau, a violência doméstica foi posta na mesa e a lei que o Governo se prepara para aprovar simplesmente arrasada. A RAEM foi acusada de colocar os interesses dos agressores à frente dos das vítimas.

IMOBILIÁRIO PÁGINA 7

Governo promete novas casas só para residentesOLHO NEGRO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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DEPARTAMENTODE PORTUGUÊS VAI A EXAME

PAULO CHEANG, MEMBRO DO FUNDO PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

Temos de criar um ambiente mais saudávelpara que os turistas cá fiquem mais tempo

PÁGINAS 2 E 3

SOCIEDADE PÁGINA 6

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 1 2 D E M A I O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 8 6

hojemacau

PÁGINA 4

UNIVERSIDADE DE MACAU

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2 hoje macau segunda-feira 12.5.2014ENTREVISTA

ANDREIA SOFIA [email protected]

Recentemente o presidente do FDCT disse que está a ser pla-neado o início de “uma série de estudos para o futuro de Macau”, com “projectos inovadores”. O que poderemos esperar desta nova fase? O FDCT foi criado há dez anos, e agora podemos tirar algumas direcções desse desenvolvimen-to da ciência em Macau. Num futuro próximo vamos focar--nos em três áreas: a medicina tradicional chinesa, a microtec-nologia e informática e a aposta em materiais ecológicos e como desenvolver mais medidas para proteger o ambiente em Macau, porque é uma região turística e é muito importante termos um ambiente protegido. Quando os turistas vêm cá não respiram um ar saudável e o que querem é aproveitar as suas férias. Então temos de criar um ambiente mais saudável e fazer com o que o ar seja menos poluído, para que os turistas fiquem cá mais tempo.

Considera então que é uma área urgente para investigar? Actu-almente quem faz investigação não olha tanto para as questões ambientais?Vamos introduzir junto das uni-versidades e estudantes quais são as áreas que queremos de-senvolver no futuro ao nível da investigação. Vamos às escolas

Em 2006 o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia apoiava apenas 16 projectos de investigação científica, o ano passado apoiou 130. No ano em que celebra dez anos de existência, o FDCT pretende apoiar mais a investigação na área ambiental, algo que Paulo Cheang, membro do conselho de administração, considera urgente

e universidades para falar dos objectivos na investigação nas áreas da ciência e tecnologia.

O ambiente tornou-se uma ques-tão política, e o tema tornou-se frequente nos discursos políticos tanto na China como em Macau. Essa aposta do FDCT é uma resposta a esse apelo político? Concordo com essa ideia. O ambiente é um assunto político. Qualquer país quer melhorar a qualidade de vida e vai enfatizar regularmente essa questão. Macau agora tem mais recursos financei-ros, por isso podem-se fazer mais coisas para melhorar o ambiente, e o mundo tem essa responsabili-dade, e o nosso país. Macau pode, nesta altura, fazer mais coisas para melhorar o ambiente, e também em cooperação com a China, sem es-quecer a cooperação com o mundo. Na China há muitos regulamentos feitos para a melhoria do ambiente e nós devemos acompanhar.

Quantos projectos de investiga-ção na área do ambiente foram realizados, em dez anos de exis-tência do FDCT?Segundo a minha memória, a UM tem um projecto para detectar a poluição do ar em Macau e criar medidas para controlar a poluição do ar em diferentes áreas. O pro-jecto apresenta ainda medidas em como melhorar e controlar o agra-vamento da poluição, comparando com cidades como Hong Kong e Cantão. Dentro desse projecto já foi também realizado o índice de poluição do ar em Macau.

Como espera chamar a atenção dos estudantes para investiga-rem mais na área do ambiente?Este ano, tal como todos os anos, vamos às escolas e universidades falar com professores e estudantes para apresentar os projectos do ano anterior. Falamos também com os professores com a tendência de estudo e investigação. Encoraja-mos os professores a falar sobre a melhor área de estudo para a economia e o desenvolvimento de Macau.

Com base nesses encontros com escolas e universidades, conside-ra que a sociedade tem vindo a prestar cada vez mais atenção à questão do ambiente?Sim. Todos os anos convidamos asso-ciações e universidades para falarmos

PAULO CHEANG, MEMBRO DO FUNDO PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

“O ambiente é um assunto político”

Macau agora tem mais recursos financeiros, por isso podem-se fazer mais coisas para melhorar o ambiente

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3 entrevistahoje macau segunda-feira 12.5.2014

Temos de pensar em Cantão, Pequim. Pensar mais alto. Na Europa também é assim. Quando se estuda em Coimbra, vai-se para Lisboa ou Porto

dos projectos e vamos continuar a fazer isso. Vamos introduzir uma ten-dência de investigação a nível global, sobre os projectos mais importantes para investigar em Macau.

Recentemente dois laboratórios de investigação, da UM e da MUST, foram avaliados como sendo de re-ferência por peritos da China. Em dez anos, podemos falar de uma evolução ao nível da investigação científica em Macau?Sim. No final do ano passado o FDCT convidou peritos da China a vir a Macau para fazer uma avaliação de dois laboratórios. Precisávamos de fazer uma avalia-ção do seu funcionamento de três anos. Depois dessa avaliação os peritos fizeram um relatório com a avaliação e problemas a melhorar. Essa avaliação é pública e ficou concluída em Dezembro.

Estamos ao mesmo nível da in-vestigação científica que se faz na China e em Hong Kong?Não quero fazer uma comparação, porque tanto Hong Kong como Ma-cau têm laboratórios de referência, mas os objectivos são diferentes. Macau é uma região pequena e a sua capacidade ao nível da inves-

tigação científica e tecnológica não se iniciou há muito tempo. Já Hong Kong já realiza investigação há muitos anos. Macau teve um rápido desenvolvimento nesta área, e podemos ver pelos projectos de investigação das duas universida-des, a UM e a MUST. Já foram publicados mais de 300 artigos científicos só no ano passado.

Disse que Macau é uma região pequena. O mercado local tem a capacidade para absorver todos aqueles que fazem investigação?Essa é uma boa questão. De facto, preocupamo-nos em relação ao fu-turo dos estudantes. Temos muitos estudantes a fazer investigação, mas qual será o seu futuro? Será que o mercado vai absorvê-los? Mas não podemos considerar só Macau. Temos de considerar o mercado na China e no mundo. O Governo tem feito o seu trabalho na Ilha da Montanha e no futuro poderemos convidar estudantes e académicos a ir para o parque industrial de medicina tradicional chinesa e fomentar uma indústria.

Mas considera que o mercado ainda não está preparado para receber esses alunos?

Por isso digo que não penso apenas no mercado de Macau. Prefiro pensar de forma global. Agora é fácil encontrar trabalho em Macau. Lembro-me quando nos anos 80 a economia não era tão boa. Muitos estudantes, quando acabavam os seus cursos, tinham de sair para Hong Kong, América ou Europa. Nós temos de pensar na economia, em primeiro lugar, e depois como é que está o merca-do. Agora está muito virado para o turismo, então quando alguém estudar nessa área pode trabalhar em Macau. Em ciência, é verdade que é difícil encontrar uma pro-fissão. Mas há alguns lugares na área da tecnologia e informática, podem trabalhar em casinos ou empresas. Mas temos de pensar em Cantão, Pequim. Pensar mais alto. Na Europa também é assim. Quando se estuda em Coimbra, vai-se para Lisboa ou Porto. Quem estudar em Aveiro, o que vai fazer depois? Lá só existem salinas. De Aveiro a Lisboa são 10 horas de comboio, de Macau a Cantão são duas horas. (Risos).

Voltando à Ilha da Montanha. Está optimista em relação ao novo parque de medicina tradi-

cional chinesa? Podemos ter uma verdadeira indústria?Macau tem vantagens para ter os processos de garantia de qualidade. Na China, muitos medicamentos não são reconhecidos pelas pesso-as, porque a qualidade não é boa. Então temos de fazer esse controlo e criar marcas para os produtos importados da China. Não falo ape-nas de novas marcas, mas sim de serviços de controlo de qualidade e acreditação de medicamentos e produtos. Faremos a investigação e análise necessárias a esses me-dicamentos.

Os critérios para os subsídios podem mudar?Não vamos mudar os critérios para este apoio. Porque é que o subsídio tem vindo a aumentar? Em Macau, desde 2009, algumas universi-dades criaram boas equipas para investigação. Muitos professores vieram de Hong Kong e as equipas aumentaram, bem como a qualida-de da investigação. O ano passado tivemos 130 projectos, em 2006 só tínhamos 16. Isso significa o aumento acima do dobro. Todos os anos subsidiamos projectos em cerca de 50 milhões de patacas. A qualidade das investigações

Em Macau, desde 2009, algumas universidades criaram boas equipas para investigação. Muitos professores vieram de Hong Kong e as equipas aumentaram, bem como a qualidade da investigação

aumentou imenso, os académicos estão mais profissionais.

Quais os projectos do FDCT para os próximos tempos?Temos algumas cooperações com a China e nove projectos já nos foram entregues. A UM vai mudar para a Ilha da Montanha e vai recrutar mais estudantes, e vão haver mais projectos. Há mais uma faculdade na UM, de Ciências da Saúde, e também um novo de-partamento. Por isso terão de ser recrutados muitos professores e terá de ser formada uma nova equi-pa. Na MUST a qualidade do seu laboratório vai aumentar, por isso terá de recrutar muitos docentes de Hong Kong e da Europa, e terão mais projectos para fazer. Também vai aumentar a sua equipa na área da informática. Temos ainda a Universidade de São José (USJ), que já falou connosco e submeteu alguns projectos, já aprovados. Em 2015 vai ser inaugurado o novo campus da USJ e vão haver mais estudantes. Penso que vai ter mais projectos no futuro. E também a Universidade Cidade de Macau. Penso que vão haver mais projectos, vamos ter cerca de 200 projectos no próximo ano.

FOTO GONÇALO LOBO PINHEIRO

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4 hoje macau segunda-feira 12.5.2014POLÍTICA

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JOANA [email protected]

U MA especialista do Comité para os Direitos Eco-nómicos, Sociais e

Culturais da Organização das Nações Unidas (ONU) disse directamente aos re-presentantes de Macau em Genebra que a actual pro-posta de Lei de Prevenção

Macau foi humilhado pelos peritos da ONU, na passada quinta-feira, por causa da lei da violência doméstica. Representantes do Governo encolhem os ombros...

ONU PROPOSTA DE LEI CONTRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NÃO É APROPRIADA, DIZ COMITÉ

Humilhados mas não ofendidos

“Deveria haver mais consideração pelos direitos humanos das vítimas, não dos perpetradores.”COMITÉ DA ONU

da Violência Doméstica não era apropriada.

Na cidade suíça para prestar contas à ONU sobre a Convenção que assinou, o Governo ouviu directamente o que diversas associações do território têm vindo a dizer. “Deveria haver mais consideração pelos direitos humanos das vítimas, não dos perpetradores.”

Nos documentos e arqui-vos de som a que o HM teve acesso, é possível perceber que o Comité considerou que a proposta limitava a violên-cia doméstica a “mini-crime público”, não protegendo as vítimas. “A lei deveria conter os três ‘Ps’ – puni-ção ao agressor, protecção às vítimas e prevenção”, acrescentou a especialista.

Perante estas afirmações, a representante do Instituto de Acção Social (IAS) argumentou que “existe

violência doméstica séria e outra menos séria”, causan-do o espanto nos presentes. A primeira torna-se crime público, através de outras leis, enquanto a segunda é semi-público, definido pela lei que a Direcção dos Servi-ços de Justiça ainda guarda a sete chaves na gaveta.

“Quantas bofetadas são precisas para que a violên-cia se torne ‘séria’?”, foi a questão que ficou a pairar, depois da intervenção da representante do IAS.

Recorde-se que o Gover-no voltou atrás na crimina-lização pública da violência doméstica, depois de uma auscultação ter indicado que a maioria preferia crime pú-blico. O Executivo justificou a decisão com a necessidade de harmonia social.

COM OS TNR TUDO BEM A chefiar os representantes da RAEM, estava Afonso Chan Hin Chi, vice-director da Direçcão de Serviços para a Reforma Jurídica e o Direito Internacional (DSRJDI). Foi Chan quem disse ao Comité que “uma nova lei” ajudou “a garantir os direitos dos trabalhadores estrangeiros”.

Assim, o Executivo da RAEM garantiu ao Comité que os trabalhadores não--residentes (TNR) “tinham direitos” e tinham também direito a compensações. “Entre 2010 e 2013, recebe-mos cerca de seis mil queixas – a maioria relacionadas com salários, pagamento de horas extra e dias de des-canso”, explicou a RAEM. “A maioria foi resolvida de uma forma satisfatória. Os empregadores podem ser punidos por não cumprirem as regras para os TNR.”

Recorde-se que um gru-po de trabalhadores indoné-sios queixou-se recentemen-te à ONU que os salários em Macau eram baixos e desiguais face às domésti-cas do continente e de que nada adianta fazer queixa à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), uma vez que esta quase nunca dá razão aos empregados.

O Executivo diz que há padrões mínimos de con-dições de vida, como não menos de 3,5 metros, e pelo

menos um duche em cada oito metros quadrados.

O Governo disse ainda à ONU que houve um grande aumento de TNR em Macau, sendo que 60% (quase 80 mil) eram do continente e que, por isso, houve acordos entre a China e Macau para que estes recebessem pensões e ajuda à chegada ao território. “De for-ma a ajudá-los a integrarem-se na comunidade local.”

Para o responsável por examinar a China, Nicolaas Schrijver, na China e nas duas regiões administrativas especiais “os trabalhadores migrantes têm pobres e escassos direitos”. “Eles têm imensos problemas em conseguir residência, são excluídos do sistema de segurança social e os seus filhos só têm acesso limi-tado a escolas e serviços de saúde.”

A Lei que o Executivo diz que protege mais os trabalha-dores é a mesma que contém que o regime de impedimento, em que os TNR têm de sair seis meses se o seu contrato de trabalho terminar. Isto tem vindo a ser motivo de queixa de vários TNR.

BEM INFORMADOS Frente à ONU, Chan Hin Chi assegurou que “muitos resultados positivos tinham sido atingidos, com o reforço da legislação. “Temos um sistema de segurança social básico completo, apoios financeiros no sector da saúde, 15 anos de educação gratuita e aumento de habi-tação pública.”

O Governo falou tam-bém em atribuir subsídios de formação contínua e assegurou que a RAEM se tem esforçado para seguir

as recomendações da ONU, incluindo a propagação de informação sobre a necessi-dade de respeitar os direitos humanos.

O Comité quis saber se a população tem conheci-mento do que se passa com a ONU, com os direitos hu-manos e o cumprimento da Convenção. “Os agentes da lei, o Ministério Público os tribunais e deputados rece-beram todos cópias da Con-venção. Também há acesso no site do Governo e foram publicados em escolas.”

Apesar do Comité ter assegurado que recebeu muitos relatos de defenso-res dos direitos humanos sobre restrições, Macau assegurou que a institui-ção nacional dos direitos humanos na RAEM é in-dependente, sendo que as queixas sobre o assunto são tratadas também de forma independente. A RAEM falou ainda da existência do Gabinete de Protecção de Dados Pessoais e da pos-sibilidade de os residentes poderem fazer queixas de forma independente.

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5 políticahoje macau segunda-feira 12.5.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

T RABALHADORES dos Serviços de Saúde (SS) com contrato de assalariamento dizem-se alvo de injustiça,

uma vez que o período de trabalho experimental de seis meses não é tido em conta na hora de progredir na carreira e ganhar um salário mais elevado.

O deputado Leong Veng Chai, número dois de José Pereira Cou-tinho, chama a atenção para o que chama de “injustiça” e pede uma “uniformização” em todos os de-partamentos públicos.

“Há anos que se verifica o mesmo problema e o procedimento adoptado pelos serviços públicos difere de serviço para serviço. Em outros serviços governamentais o período experimental de seis meses também não é considerado para efeitos de progressão e acesso dos trabalhadores, havendo, porém, outros serviços que procedem de forma contrária”, considerou o deputado.

O deputado considera que tal “tem como resultado a ocorrência de situações de salário diferente para trabalho igual, facto que tem vindo também a afectar o moral da equipa dos trabalhadores da Fun-ção Pública de uma forma geral”.

Como tal, Leong Veng Chai pede para os “serviços competentes estudarem este problema e consi-derarem de forma uniformizada o período experimental”, uma vez que “a legislação é clara sobre este assunto e o procedimento adoptado difere de serviço para serviço no

F OI por uma questão de ne-cessidades reais de trabalho que Alex Vong foi nomeado

como presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Quem o diz é Florinda Chan, Secretária para a Adminis-tração e Justiça, que nomeou, pu-blicamente, Vong como o substituto de Raymond Tam, na sexta-feira.

Florinda Chan explica que a

nomeação do novo presidente deu--se apenas pelo facto de Raymond Tam ter terminado o seu mandato à frente do IACM no dia 8 de Maio e de continuar suspenso por ter sido constituído arguido.

“O IACM não pode ficar eterna-mente sem presidente. É importante ocupar esta [posição], que já não era possível manter vaga muito mais tempo”, disse a Secretária.

Raymond Tam, recorde-se, está a ser julgado no Tribunal Judicial de Base pelo crime de prevaricação, acusado de ter demorado a entregar propositadamente documentos rela-cionados com a atribuição alegada-mente ilegal de dez campas perpétuas.

Florinda Chan afirmou que o processo de investigação disci-plinar ao agora ex-presidente está suspenso, uma vez que se aguarda

a decisão judicial. “Vamos anunciar os resultados quando houver uma decisão do tribunal. “

Ontem, também Raymond Tam foi interpelado pelos jornalistas à entrada do julgamento, mas o ex-presidente escusou-se a fazer qualquer comentário sobre a sua saída definitiva do IACM, agra-decendo apenas “a preocupação” dos média. - J.F.

Pereira Coutinho entrega cartaao Chefe do Executivo Os deputados José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai vão hoje à sede do Governo entregar uma carta ao Chefe do Executivo para retirar a proposta de lei sobre o regime de garantias para os titulares do cargo do Chefe do Executivo e principais cargos. “Vamos pedir ao Chefe do Executivo (Chui Sai On) para que retire o diploma como retirou o regime jurídico dos bairros antigos. O Governo também retirou essa proposta de lei quanto já estava na comissão”, disse ao HM. Coutinho lembra que, no caso do regime de garantias, “nunca foi auscultada a população de Macau”. “O Chefe do Executivo, se é uma pessoa responsável, deve retirar (a proposta de lei). Não é admissível que se faça uma lei em beneficio próprio”, disse ainda. Recorde-se que os deputados já realizaram uma conferência de imprensa na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) onde exigiram a retirada do diploma. O deputado Ng Kuok Cheong promoveu uma votação no seio da comissão permanente para que o diploma fosse alvo de consulta pública, algo que os deputados rejeitaram com votos contra. - A.S.S.

...e questiona calendário para habitação pública O deputado José Pereira Coutinho entregou uma interpelação escrita ao Governo onde questiona a calendarização para a construção de mais habitações públicas, lembrando que “a nova zona de aterros, no NAPE, foi concluída há bastante tempo, e devia ser destinada a habitação pública, só que nada foi construído”. “O Governo dispõe de um plano geral para resolver o elevado número de pedidos de aquisição de habitação, bem como a sua efectiva planificação e calendarização? Dispõe de um plano geral quanto ao destino dos terrenos à sua disposição para a construção de habitação económica?”, questiona Coutinho, que também pretende saber o estado da recuperação de terrenos concedidos por arrendamento e que ainda não foram utilizados, sendo que os mesmos “poderiam ser utilizados para a construção da habitação económica”. José Pereira Coutinho frisou ainda na sua interpelação que “a maioria dos residentes não conseguem adquiri ou arrendar uma moradia devido aos exorbitantes preços e muitos deles também não reúnem condições para arrendar uma habitação social. Estes residentes não têm outra opção senão adquirir moradias nas regiões adjacentes como em Zhuhai, RAEHK e mesmo em Taiwan”. - A.S.S.

FLORINDA CHAN LUGAR DE TAM NÃO PODIA MANTER-SE VAZIO POR MAIS TEMPO

Em nome das “necessidades reais”

SERVIÇOS DE SAÚDE LEONG VENG CHAI FALA DE SITUAÇÕES DE “INJUSTIÇA”

Período experimental não contaOs trabalhadores dos Serviços de Saúde queixam-se que o período experimental de seis meses não é tido em conta, nos contratos de assalariamento, para progressão na carreira. Deputado Leong Veng Chai diz que “há anos que se verifica o problema”

que respeita ao período experi-mental de seis meses, resultando em situações de injustiça”.

LEI NÃO É CLARA Em relação à legislação em vigor, Leong Veng Chai considera que “nos diplomas não se constata qualquer disposição normativa que exclua o período experimental de seis meses dos trabalhadores do regime de assalariamento para efeitos de progressão e acesso”.

Questiona então: “Qual o fun-damento jurídico para que o tempo do serviço prestado no período experimental de seis meses não seja considerado para efeitos de progres-são e de acesso dos mesmos?”

O deputado pede ainda retro-actividade nestas situações. “Os SS vão resolver de imediato esta irregularidade, repondo a legalida-de, com efeitos retroactivos, como forma a assegurar o cumprimento da lei e proteger também os direitos legais dos trabalhadores?”

ONU PROPOSTA DE LEI CONTRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NÃO É APROPRIADA, DIZ COMITÉ

Humilhados mas não ofendidos

“Qual o fundamento jurídico para que o tempo do serviço prestado no período experimental de seis meses não seja considerado para efeitos de progressão e de acesso dos mesmos?”

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6 hoje macau segunda-feira 12.5.2014SOCIEDADETIAGO ALCÂNTARA

O departamento de português da Universidade de Macau está a ser analisado por um painel de três académicos do exterior. O objectivo é verificar os trabalhos realizados e a ligação com os alunos

ANDREIA SOFIA [email protected]

É já daqui a três semanas que a Universidade de Macau (UM) vai receber o relatório de um painel

de três académicos que estão a avaliar o departamento de por-tuguês da instituição de ensino superior, dirigido por Fernanda Gil Costa.

A cidadã indonésia que esteve um mês a «viver»

num terminal do Aeroporto Internacional de Macau, após a sua entrada no território ter sido negada, regressou a casa no domingo, revelou sexta-feira o jornal Macau Daily Times. Endah Suwarni, 28 anos, re-gressou à sua terra natal - Ci-rebon, em Java Ocidental -, no passado domingo, depois de ter permanecido 33 dias no Aero-porto Internacional de Macau, de onde saiu acompanhada por dois funcionários consulares enviados de Hong Kong.

O vice-cônsul da Indonésia

para Hong Kong e Macau, Sam Aryadi, detalhou ao diário em língua inglesa que Endah Suwarni embarcou num voo que descolou da antiga colónia britânica rumo à Indonésia, onde foi recebida pelos seus familiares em Jacarta. Endah Suwarni, que já tinha trabalha-do em Macau como empregada doméstica, recusou regressar ao seu país depois de lhe ter sido negada entrada em Macau.

Sobre a razão pela qual a sua entrada em Macau foi recusada pelas autoridades, o diplomata indicou ao mesmo jornal que «talvez ela não

tenha sido clara nas suas in-tenções» ou desconhecesse o procedimento correcto. «Ela disse ao nosso pessoal que queria trabalhar em Macau, mas (ela) não foi clara sobre o local onde queria trabalhar ou para quem”, aditou.

O consulado indonésio enviou dois funcionários de Hong Kong para se reuni-rem com Endah Suwarni, na passada sexta-feira e depois novamente no domingo, dia em que finalmente a convenceram a regressar a casa, depois de ter permanecido no aeroporto desde 1 de Abril. - Lusa

A população de Ma-cau era composta,

no final de Março, por 614.500 pessoas, mais 7.000 do que no trimes-tre anterior, indicam dados oficiais divul-gados pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) e citados pela agência Lusa. Segundo o mesmo organismo, a maioria da população (51,2% ou 314.600 pessoas) eram do sexo feminino. No final de Março, existiam em Macau 145.692 traba-

lhadores não residentes - mais 7.854 do que no trimestre anterior -, o equivalente a mais de um quinto da população (23,7%) estimada no mesmo período. Nos primeiros três meses do ano registaram-se 1.637 nascimentos de nados--vivos, uma diminuição de 6,8% em termos tri-mestrais, por oposição, aos 543 óbitos, mais 15 do que no trimestre pre-cedente. As principais causas antecedentes de morte foram tumores

(178 óbitos), doenças do aparelho circulató-rio (141) e doenças do aparelho respiratório (103). Entre Janeiro e Março, havia 800 imi-grantes chineses e 158 indivíduos autorizados a residir em Macau, me-nos 147 e 297 em termos trimestrais, respectiva-mente. Já o número de casamentos aumentou no primeiro trimestre do ano para 1.167, ou seja, mais 173 do que os re-gistados entre Outubro e Dezembro. - Lusa

RELATÓRIO DO JÚRI SERÁ ENTREGUE DAQUI A TRÊS SEMANAS

Português na UM debaixo de olhoACORDOS COM CAVACORui Martins, vice-reitor da UM, também fez um pequeno discurso no “Dia do Português”, tendo referido que a visita oficial do presidente da República portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, a Macau, irá servir para assinar “acordos de extensão da cooperação que temos (UM) com a Universidade do Minho, a Universidade de Lisboa e uma empresa portuguesa”.

MACAU EM PROJECTOS ACADÉMICOSA literatura local e o ensino do português estão a ser alvo de diversos projectos de investigação. Um deles é conduzido pela docente Helena Buescu e pretende lançar seis a sete antologias de literatura mundo com tradução em português. “É um projecto que fica com uma extensão bastante ambiciosa, trata-se de produzir uma antologia de textos literários em português das literaturas de todo o mundo. No caso de Macau a literatura escrita em português, faz parte do primeiro volume que já está terminado. No caso de outras literaturas fará parte do último volume”, disse Helena Buescu. Para além disso, o departamento de português está a preparar dois projectos, já apresentados o ano passado. Um deles visa realizar o estudo da literatura portuguesa em Macau, enquanto que o segundo pretende criar um quadro de referência para o ensino do chinês, à semelhança do que já existe na Europa. Maria José Grosso, docente na UM, é a coordenadora do projecto.

Macau com mais sete mil pessoas em três meses Endah Suwarni já regressou à Indonésia

“A avaliação está neste mo-mento em tramitação e termina-remos o relatório brevemente. Depois será avaliado pela uni-versidade. Esse será um processo interno e não depende do júri. Será conhecido dentro de meses”, disse aos jornalistas Helena Buescu, docente de português da Universi-dade de Lisboa e membro do júri, também composto pela académica brasileira Laura Cavalcante Pa-dilla, da Universidade Federal Fluminense, e Kenneth David Jackson, da Universidade de Yale.

O objectivo desta análise será verificar o funcionamento do departamento, com base na aná-lise de documentação e reuniões. Pretende-se ainda saber o grau de empregabilidade dos alunos que estudem português e a sua relação com a UM.

Fernanda Gil Costa explicou que são convidados professores de universidades estrangeiras, de continentes diferentes. “Desta vez decidimos escolher avaliadores de Portugal, Brasil e América do Norte. Foi escolhido o professor Kenneth David Jackson porque vem de uma das universidades de topo, uma referência de estudos portugueses na América do Norte. Na China não há ainda professores com desenvolvimento académico

ao nível da carreira que justifique serem convidados para um painel destes”, disse a directora do de-partamento de português.

PORTUGUÊS E DIVERSIDADEOs mesmos docentes que com-põem o painel do júri participaram esta sexta-feira nas celebrações do Dia do Português, tendo debatido o tema do “português e da diversi-dade cultural” numa mesa redonda

com professores e alunos. Carlos André, coordenador do centro pedagógico e científico da língua portuguesa no Instituto Politécnico de Macau (IPM), referiu que, se há lugar onde se pode falar da diversi-dade cultural, esse lugar é Macau.

“Eu não sou pessimista em relação ao português em Macau. Ando nas ruas e não oiço falar português. Mas tinha de ouvir? Estamos na China. Mas vejo o português em muitos sítios.”

E referiu que, em Portugal, “ainda não há uma consciência de que o português é muito impor-tante na China”. “Há pelo menos 1400 estudantes na China. Não sei se há um país onde não se fale português que tenha tantos aprendizes de português como a China.”

Carlos André referiu-se ainda a “uma mudança de paradigma”: se antes a cultura portuguesa era o mote para estudar português, hoje é o “mercado e o emprego”. “A língua entrava pela porta da cultura e literatura, mas hoje é o contrário. Mas já não é a cultura portuguesa, porque esse mercado está em África e no Brasil. Portu-gal tem um mercado demasiado pequeno para receber estes estu-dantes, que vão exercer profissões no Brasil e Angola.”

Fernanda Gil Costa

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7 sociedadehoje macau segunda-feira 12.5.2014

JOANA [email protected]

O Governo pode vir a abrir a possibilidade de que os residentes que não tenham aces-

so à habitação pública, mas que também não possam comprar casa no mercado privado, possam vir a adquirir outro tipo de habitação. A ideia parte da recente política “Terra de Macau para residentes de Macau”, sugerida este ano e que, agora, muda de nome.

O Plano de Aquisição de Imóveis para Habitação para os residentes de Macau foi anunciado na sexta-feira pelo Executivo, que vai, no entanto, lançar uma consulta pública antes da implementação do projecto. A recolha de opiniões começou sábado e vai até 8 de Julho.

“A concepção deste plano é uma medida complementar, que tem como destinatários principais os residentes de Macau com rendi-mento superior ao limite máximo do rendimento de habitação eco-nómica, mas sem capacidade de

O Tribunal Judicial de Base (TJB) acabou por fazer a leitura de declarações de

Lei Chi Hong, a testemunha a ser ou-vida no caso que tem Raymond Tam como principal arguido, acusado do crime de prevaricação juntamente com outros três responsáveis.

Na sexta-feira, em mais uma audiência, continuou a inquirição de um antigo chefe funcional da área dos cemitérios. Na sessão anterior, tanto Paulina Santos, assistente no processo, como o MP pediram a leitura das declarações prestadas ao MP por Lei, considerando haver discrepâncias entre o que a testemu-nha terá dito frente ao procurador e frente ao tribunal.

Lei Chi Hong terá dito ao MP que digitalizou documentos das dez campas, que viu dentro de uma caixa negra. De acordo com a leitura das declarações ao MP, que o juiz presidente Lam Peng Fai fez em audiência, a testemunha disse ter tido acesso aos documentos, entretanto a ser pedidos pelo MP.

No tribunal, contudo, a ser in-quirido, Lei Chin Hong diz nunca ter digitalizado os papéis das dez campas perpétuas, mas sim de campas anteriores a 2001 – ano das sepulturas em causa.

O MP não se conteve em dizer mesmo que a testemunha – “ou um dos funcionários do MP” – estava a mentir. “Não tenho razões para mentir”, retorquiu Lei Chi Hong.

Durante a inquirição de Paulina Alves dos Santos, a testemunha che-gou a afirmar que, depois de ter ido uma segunda vez ao MP, entregou cópias dos documentos à secretária do seu superior – o segundo arguido.

A assistente insistia na tese de que Fong Wai Seng teria demorado muito tempo a entregar as cópias ao MP, depois de as ter recebido. Mas Lei Chi Hong explicou que “seria uma quinta ou sexta-feira” ao final da tarde quando os entregou. Os documentos chegaram cinco dias depois. Na sessão de sexta-feira, a defesa não teve tempo para contra--inquirir Lei Chi Hong. - J.F.

O homem que, em De-zembro, agrediu até à morte um vendedor

de fruta na zona da San Ma Lou foi acusado de ofensa à integridade física. A decisão é do Ministério Público e chega mais de cinco meses depois da morte de Chan, um residente de Macau de 63 anos.

Na sexta-feira, em comuni-cado, o MP diz ter considerado “haver fortes indícios do crime de ofensa à integridade física, que resultou na morte”. O orga-nismo não dá mais pormenores, dizendo apenas que o caso já foi entregue ao tribunal e que Zhang, chinês do continente de 37 anos, está a aguardar julgamento.

O caso remonta a 1 de De-zembro do ano passado, quando o arguido, que estava alcooliza-do, agrediu o dono da banca de fruta até à morte. Os dois homens terão entrado em conflito, por-que Zhang estava a incomodar

duas jovens, clientes da mesma banca. O senhor Chan tentou que o homem fosse embora, mas “ele aproximou-se da vítima e empurrou-o, tendo atacado a cabeça e o corpo da vítima com socos e pontapés”, relata o MP. O suspeito queria fugir, mas foi impedido por transeuntes. O vendedor, de 63 anos, ainda foi levado ao hospital, mas já no local foi descrito como “não tendo batimentos cardíacos”. Foi mais tarde declarado morto.

Na altura em que foi deti-do, o homem da província de Guangdong foi confirmado como estando ilegal em Macau há mais de seis meses, sen-do também viciado no jogo. “Perdeu todo o seu dinheiro”, diz o MP.

Zhang foi detido como sus-peito de homicídio, mas aguarda agora julgamento por ofensa à integridade física, não tendo sido publicada a medida de coação a que foi sujeito.

A vítima era natural de Ma-cau e tinha três filhos. Tinha uma banca de fruta em frente à Ponte 14 há mais de 40 anos e era tido como “boa pessoa” pelos moradores da zona, com quem, dizem, tinha uma boa relação. Tou Mio Leng, a presidente da Associação de Mútuo Auxílio do Bairro Abrangendo a Rua da Felicidade e Vias Circundantes, disse, em Dezembro, ao jornal Ou Mun que a zona tem um pior ambiente de segurança nos últimos tempos e pede mais patrulhamento.

O incidente causou uma forte reacção na comunidade chinesa, com diversas activida-des nas redes sociais a pedir que o assassino seja severamente punido.

A mulher de Chan disse à imprensa chinesa que era ela quem deveria estar na banca, mas que o marido insistiu ficar por mais duas horas, deixando que a esposa fosse para casa. - J.F.

HABITAÇÃO GOVERNO PONDERA PLANO DE AQUISIÇÃO DE IMÓVEIS SÓ PARA RESIDENTES E LANÇA CONSULTA PÚBLICA

O tecto que faltava

CASO IACM JUIZ FAZ LEITURA DE DECLARAÇÕES QUE CONTRARIAM DEPOIMENTO EM TRIBUNAL

Mas quais papéis? MINISTÉRIO PÚBLICO ASSASSINO DE VENDEDORDE FRUTA ACUSADO DE OFENSA À INTEGRIDADE FÍSICA

À espera de julgamento

aquisição de habitação no mercado privado”, explica o Governo, que refere também que os residentes com capacidade de aquisição de habitação económica que desejam adquirir habitações de melhor qualidade, mas são incapazes de acompanhar a subida dos preços da habitação no mercado privado, estão incluídos.

REQUISITOS O plano tem como objectivo ser o equilíbrio entre o mercado privado e a habitação pública e permitir aos residentes optar pela via de aquisição de casa própria, algo que tem sido posto em causa devido aos preços das habitações. Con-tudo, à semelhança da habitação pública, também vai exigir que os

requerentes têm de cumprir certos requisitos. “Os destinatários do Plano são residentes de Macau com determinada capacidade económi-ca, coincidindo com uma parte dos destinatários de habitação econó-mica. Tanto a habitação económi-ca, como o Plano de Aquisição de Imóveis têm como objectivo ajudar os residentes com necessidade de

aquisição de imóveis e não a tirar proveitos indevidos com a imple-mentação das referidas políticas de habitação.”

A política “Terras de Macau para residentes de Macau” surgiu na boca da população devido à escassez de terrenos em Macau. O Executivo já se comprometeu a reservar terrenos para a habitação

pública – em lotes nos novos ater-ros e em terrenos que não foram utilizados -, mas alerta, agora, que a implementação deste plano pode trazer problemas. “O Plano e a habitação pública provocam entre eles uma corrida aos recursos. A forma como se coordena eficaz-mente a distribuição dos terrenos é uma matéria que merece reflexão por toda a sociedade.” Isso mesmo está também escrito nos relatórios de estudo desta política, feitos pelo Centro de Estudos de Macau da Universidade de Macau e pelo Instituto Politécnico de Macau.

Três sessões de consulta ao público serão realizadas nos dias 18 de Maio, 1 e 15 de Junho, pelas 15:00 horas na sala de reunião do Instituto de Habitação (IH).

TAIPA E ZONA NORTE COM HABITAÇÃO PÚBLICAO Governo declarou recentemente a caducidade dos processos de concessão de mais de vinte terrenos não aproveitados, sendo que ainda correm nos tribunais os procedimentos para a recuperação desses lotes. No entanto, já se sabe que seis parcelas de terrenos na Doca Lam Mau, no Fai Chi Kei, na sede da central térmica da Rua dos Pescadores, na Areia Preta, e na Taipa “são passíveis de ser utilizadas para a construção de habitação pública”, podendo oferecer um total de 4400 casas.

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8 hoje macau segunda-feira 12.5.2014CHINA

“D EFENDEMOS pontos de vista semelhantes nas questões mais im-portantes que preocu-

pam a comunidade internacional, que tem a ver com a segurança, paz, entendimento entre as nações, cooperação e, sobretudo no que tange à reforma das Nações Unidas, o seu Conselho de Segurança, onde Angola defende a posição africana e apoiada pela China”, disse o presidente angolano.

José Eduardo dos Santos teceu estas considerações quando res-pondia a uma questão colocada por um jornalista chinês sobre a posição de Angola nas relações com a China no plano internacio-nal e bilateral, na conferência de imprensa conjunta realizada no jardim do Palácio Presidencial da Cidade Alta, no quadro da visita do primeiro-ministro chinês.

Em relação ao continente africano, José Eduardo dos Santos afirmou que a China tem apoiado os esforços de Angola na presi-dência da Comissão Internacio-nal para os Grandes Lagos, cujo objectivo é combater as forças negativas e auxiliar o Governo da República Democrático do Congo (RDC).

Para o presidente angolano, combater as forças negativas significa combater a desesta-bilização das forças rebeldes, promover a integração dos ex--militares na vida civil e o retorno dos refugiados, assim como a instalação da administração local

O bloco regional do sudeste asiático manifestou-se pre-

ocupado com o aumento da tensão no mar do Sul da China, depois de disputas opondo Vietname e Filipinas contra Pequim.

Os ministros dos Negó-cios Estrangeiros dos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) expressaram “preocupações sérias sobre os desenvolvi-mentos” a decorrer no sul do mar da China, com zonas a serem reivindicadas por di-ferentes países, nas vésperas do encontro dos governantes em Naypyidaw.

MAR DO SUL DA CHINA PAÍSES DA ASEAN PREOCUPADOS COM TENSÃO

Bilateral sim, multilateral não

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, revelou que Angola e a China têm concertado regularmente as suas posições, quer no quadro da Comissão das Nações Unidas dos Direitos Humanos, quanto do Sistema da ONU em geral

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS ANGOLA E CHINA TÊM CONCERTADO POSIÇÕES NAS INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS

Unidos como os dedos da mão

nas regiões do Leste da RDC. José Eduardo dos Santos sublinhou que nas outras regiões de África, a China continuará a apoiar os esfor-ços de Angola e de outros países da região, no sentido de garantir a estabilidade na República Centro

Africano (RCA), reorganizar as instituições do Estado para que possam cumprir com o seu papel de administrar o país, e garantir as condições de segurança para o desenvolvimento económico e social, assim como no Sudão.

“É evidente que a fórmula que preconizamos para a resolução desses conflitos é pela via do diálogo, estabelecer as bases da reconciliação nacional e a defini-ção dos processos de transição que conduzam a realização de eleições

democráticas e livres, para que, através dos quais, surjam governos legítimos que tenham o apoio das populações”, realçou.

“Como superpotência mun-dial e membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, prosseguiu, “a China tem um campo de manobra maior que Angola no plano das relações internacionais, e tem maior influência e instrumentos de acção que Angola, que ainda se encontra na condição de país emergente”, disse José Eduardo dos Santos.

O presidente lembrou que Angola, que está a candidatar-se a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para o período entre 2015 e 2016, tem apoiado os esforços da República Popular da China, considerando que a sua política tem sido bastante construtiva quanto à promoção da paz e segurança no mundo.

Neste particular, realçou que nas zonas bastante tensas de conflito, como o caso da Síria, Ucrânia e outros países, a China tem procurado desempenhar um papel bastante equilibrado na apro-ximação das partes, com vista a encontrar soluções que preservem a paz, a estabilidade e a segurança no mundo.

“Essa política construtiva da China, a favor da paz, do en-tendimento entre as nações e do desenvolvimento económico e social, através das instituições in-ternacionais como o FMI, o Banco Mundial e, sobretudo, as Nações Unidas, tem o apoio da República de Angola”, vincou o Chefe de Estado angolano, concluindo que o país tem pautado a sua conduta pela solidariedade recíproca.

As tensões na região emergiram esta semana de-pois de Pequim ter deslocado uma sonda de perfuração para águas que também são reclamadas por Hanói, desencadeando um impasse, com o Vietname a afirmar que os seus barcos foram atacados.

O incidente motivou uma declaração de preocupação das Nações Unidas (ONU).

Manila, que pediu ao tribunal da ONU que regule as pretensões da China sobre quase todo o mar, também deteve um barco de pesca chinês no território em causa.

Os ministros da ASEAN apelaram “a todas as partes envolvidas… para se con-terem e evitarem ações que possam ameaçar a paz e a estabilidade na área”, numa

declaração emitida hoje, que também pediu que as disputas sejam resolvidas “por meios pacíficos, sem recorrer a ameaças ou ao uso da força”.

DISPUTAS DE SOBERANIA“NÃO SÃO ASSUNTO DA ASEAN”As disputas de soberania entre a China e outros paí-ses da região nos mares do sudeste asiático não são um

problema entre a segunda economia mundial e a Asso-ciação dos Países do Sudeste Asiático (ASEAN), disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

De acordo com a im-prensa estatal chinesa, Hua Chunying respondia assim ao comunicado de sábado dos ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN em

que manifestavam «séria preocupação» pela situação no Mar do Sul da China e instavam à procura de uma solução pacífica antes do início da reunião informal do grupo na Birmânia.

Na última semana, vários pescadores chineses foram detidos nas Filipinas, numa acção devido à reivindicação conjunta das ilhas Spratly, ao passo que dois navios, um chinês e outro vietnamita, chocaram quando Pequim tentava instalar uma plata-forma de petróleo junto às ilhas Paracel, também alvo de reivindicação dos dois países.

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9 chinahoje macau segunda-feira 12.5.2014

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ANÚNCIOHM-1ª vez 12-5-14

Execução Ordinária n.º CV2-13-0065-CEO 2º Juízo Cível

Exequente: MGM GRAND PARADISE S.A./ 美高梅金殿超濠股份有限公司, com sede em Macau, na Av. Sun Yat Sen, s/n, edf. MGM Grand Macau.Executado: NG KIM WAH/吳劍華, do sexo masculino, com última residência conhecida em Hong Kong (10th Floor, Cosco Tower Millenium Plaza, 483 Queen´s Road Central, Central, Hong Kong), ora ausente em parte incerta.

*** Correm éditos de trinta (30) dias, a contar da segunda e última publicação do anúncio, citando o executado, para no prazo de vinte (20) dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar à exequente a quantia de cento e vinte e seis milhões e setecentas e vinte mil e quinze patacas e oito avos (MOP126.720.015,08) e legais acréscimos, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de, não o fazendo, ser devolvido à exequente o direito de nomeação de bens à penhora, seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia.

Tudo conforme melhor conta do duplicado da petição inicial que neste 2º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente.

Macau, aos 02 de Maio de 2014.

***

HANGZHOU PELO MENOS 39 FERIDOS EM MANIFESTAÇÃO

Lixo malditoCabo Verde MpD quer parceria estratégicacom a ChinaNo final do encontro entre os reponsáveis do PCC e do MpD o discurso foi de circunstancia, mas houve duas ideias que se destacaram. Por um lado Yu Hongjun, vice-ministro do departamento internacional do comité central do PCC destacou as boas relações existentes entre Cabo Verde e a China e mostrou-se esperançado que elas posso, no futuro, ser ainda melhores, “com mais trocas comerciais entre os dois países e uma colaboração mais estreita entre os dois países”. Por outro lado, Elísio Freire, líder parlamentar e vice-presidente do MpD, depois de destacar as boas relações entre Cabo Verde e China, mostrou-se esperançado no estabelecimento de “uma parceria especial a partir de 2016”.

Automóveis China mantém1º lugar em vendasA China fechou o trimestre com mais de 5 milhões de veículos vendidos e um crescimento expressivo de 7,8% se comparado a igual período de 2013. Os EUA seguem em 2º lugar apresentando uma alta nas vendas de 1,3% em relação ao mesmo período de 2013. O Japão manteve a 3ª posição com um aumento significativo nas vendas de 20,5% no acumulado de Janeiro a Março em relação ao ano anterior. O Brasil manteve a 4ª posição, mas com uma queda de 1,7% nas vendas no primeiro trimestre. A Grã-Bretanha aparece em 5º lugar com crescimento significativo de 13,9% devido à política pública de incentivo e à troca de placas dos veículos antigos por modelos mais novos que aconteceu em Março. Na 6ª posição segue a Alemanha com aumento de 5,8% nas vendas em relação ao mesmo período do ano passado. A Índia e a Rússia ficaram em 7º e 8º lugar com retracção nas vendas de 8,3% e 2,3%, respectivamente. Na 9ª e 10ª posição estão os países do velho continente, a França e a Itália, com aumento de 2,1% e 6,2% nas vendas de Janeiro a Março de 2014 se comparado com o mesmo período do ano passado.

Excedente comercial subiuO excedente comercial da China subiu 1,8% em Abril face a igual período de 2013 para 18,45 mil milhões de dólares, anunciou a Administração-Geral das Alfândegas chinesas. As exportações aumentaram 0,9%, somando 188,54 mil milhões de dólares, e as importações 0,8%, para 170,09 mil milhões de dólares, indicou a mesma fonte. Os números divulgados ontem contrariam a tendência dos meses anteriores, mas, no conjunto, o comércio externo chinês entre Janeiro e Abril diminuiu 0,5% em relação a igual período de 2013.

QINGDAO DESABAMENTO DE MURO MATA 18

Tragédia à chuva

P ELO menos 39 pessoas ficaram feridas em uma manifestação nes-

te sábado contra a constru-ção de uma incineradora de resíduos na cidade chinesa de Hangzhou, na costa leste da China, conforme publica a imprensa estatal.

Durante o protesto, do qual participaram milhares de pessoas, aconteceram diversos confrontos entre as autoridades e os mora-dores, nos quais ficaram feridos pelo menos dez manifestantes e 29 polí-cias, segundo informou a agência oficial de notícias “Xinhua”.

Entre os feridos, um dos integrantes do pro-testo está em estado de grave, assim como um

polícia, mas ambos estão fora de perigo, assinalou a “Xinhua”.

Segundo a agência , mais de 30 carros foram voltados durante a ma-nifestação, e dois auto-móveis da polícia foram incendiados e quatro esmagados.

As autoridades tive-ram que fechar diversas estradas que ligam a aldeia de Zhongtai, onde está prevista a constru-ção da fábrica, dado o grande número de pes-soas que se juntaram à manifestação.

Pelo menos 700 po-lícias estão a manter a ordem nas estradas, segundo a “Xinhua”, que não faz menção do aparato policial ou militar presente no protesto.

A queda de um muro devido às fortes chuvas causou neste domingo 18 mortes e

deixou três pessoas feridas em uma fábrica de reciclagem em Qingdao, cidade da costa leste da China. O facto aconteceu quando um muro de contenção de terras desabou pela acumulação de água e caiu em cima dos barracões onde vivem os trabalhadores da fábrica, informou a agência oficial “Xinhua”.

Segundo o governo de Qing-dao, na província de Shandong, nas casas havia cerca de 40 pes-soas no momento do incidente. Os feridos foram levados para o hospital, enquanto as equipes

de resgate já finalizaram os seus trabalhos.

A cidade sofreu fortes chuvas estes últimos quatro dias, bem como grande parte de resto da província, onde foi activado o alerta azul - o de menor gravidade em uma escala de quatro cores - por causa das precipitações.

As autoridades chinesas tam-bém declararam este tipo de alerta em seis províncias mais do sul e leste da China - Cantão, Hunan, Jiangxi, Fujian, Zhejiang e Jilin - e duas regiões autónomas - Guangxi e Mongólia Interior -, perante a previsão de que as chuvas atinjam de 30 a 70 milímetros, e em alguns pontos, até 100-120 milímetros.

Page 10: Hoje Macau 12 MAI 2014 #3086

10 hoje macau segunda-feira 12.5.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

QUEM FOI / QUEM É JESUS CRISTO? • Anselmo BorgesNesta obra é investigada a possibilidade de uma biografia de Jesus, reflecte-se sobre a relação deste com o dinheiro, a política, a Igreja, as religiões, as mulheres. Pela abrangência de temas abordados, a competência científica dos autores, a actualidade e honestidade da investigação, a força do confronto entre a fé e o mundo contemporâneo em crise global, esta é seguramente a obra mais importante sobre Jesus publicada em Portugal.

O NÚMERO DE OURO - A HISTÓRIA DE FI, O NÚMERO MAIS ASSOMBROSO DO MUNDO • Mario LivioNeste livro fascinante, Mario Livio conta a história do número fi. A curiosa relação mate-mática, geralmente conhecida como «número de ouro», foi definida por Euclides há mais de dois mil anos devido ao papel crucial que desempenha na construção do pentagrama, a que se atribuíam propriedades mágicas. Desde então, surgiu nos sítios mais espantosos: em conchas de moluscos, girassóis, cristais de certos materiais e formas de galáxias. Há quem diga que os criadores das Pirâmides e do Parténon a empregaram e crê-se que esteja presente nos quadros Mona Lisa de Leonardo da Vinci e O Sacramento da Última Ceia de Salvador Dalí, além de estar supostamente relacionada com o comportamento das bolsas.

LEONOR SÁ [email protected]

O Festival de Artes de Macau, (FAM) vai contar, duran-te esta segunda

semana de Maio com nomes famosos da dança e do teatro.

Do Japão, chega o grupo Kakashiza, pioneiro na arte

O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) vai organizar, em conjunto com os

Serviços do Comércio da Província de Guang-dong, a sexta edição da feira de produtos de Guangdong e Macau. O evento, que vai ter lugar no centro de convenções e exposições da Doca dos Pescadores de Macau, entre os dias 31 de Julho e 3 de Agosto, surge no âmbito do plane-amento para a reforma e desenvolvimento da região do Delta do Rio das Pérolas e do Acordo do reforço da cooperação estratégica global, celebrado entre as duas regiões organizadoras.

A feira deverá compreender diferentes zonas de exposição, incluindo produtos fa-bricados na RAEM e produtos ultramarinos com distribuição nesta zona. A mesma deve-

Creative Macau lança concurso internacional de produção audiovisual A Creative Macau vai voltar a lançar o concurso de produções audiovisuais, Sound and Image Challenge Worldwide 2014, no dia 29 deste mês, às 15.30 horas. Esta iniciativa, que tem vindo a ser realizada anualmente desde 2009, pretende entregar oito prémios, como Melhor Produção de Ficção, de Documentário, de Animação, de Publicidade, entre outros. Os concorrentes deverão submeter as produções de vídeo originais, entre 90 segundos e 10 minutos que tenham sido realizadas ou lançadas entre Janeiro de 2013 e Setembro deste ano.

FAM 2014 DANÇA E TEATRO PRATOS FORTES DA SEMANA

Lucinda Childs e Oscar Wilde, são as cabeças de cartazValeriana

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

Nome botânico: Valeriana officinalis L.Família: Valerianaceae.Nomes populares: Erva-dos-gatos; Valeriana--selvagem.

Planta nativa da Europa, a Valeriana é uma planta herbácea de porte majestoso, atingin-do por vezes os 2 metros de altura. Apresenta caules eretos, estriados, ocos e numerosas pequenas flores, de cor branca ou rosada, agrupadas em ramalhetes terminais (co-rimbos). Exerce um efeito afrodisíaco sobre os gatos que, ao sentirem o seu cheiro, se rebolam euforicamente nela.Conhecida desde a Antiguidade, a Valeriana tem uma longa história de utilização e de comprovada eficácia. As suas propriedades foram descritas por Dioscórides, tendo sido considerada uma panaceia durante a Idade Média. O seu uso na epilepsia remonta ao século XVI e no século XIX foi utilizada para combater a febre. São usados as raízes e rizomas.

COMPOSIÇÃOMais de 150 princípios ativos estão identifi-cados atuando sinergicamente, dos quais os mais importantes são os sesquiterpenos (áci-do valerénico), iridóides (valpotriatos), óleo essencial (ácido valeriânico) e flavonoides. Contém ainda ácidos fenólicos, ácido gama--aminobutírico (GABA), enzimas, açúcares e vestígios de alcaloides.Cheiro característico, desagradável e inten-so, que aumenta com a secagem da planta.

AÇÃO TERAPÊUTICANotável sobre o sistema nervoso, a Valeriana equilibra o sistema nervoso autónomo atu-ando ainda sobre o sistema nervoso central, de que resulta uma enorme complexidade de ações: acalma o nervosismo e a agitação, reduz a ansiedade, melhora o humor, induz o sono e relaxa os músculos tensos; combate ainda os espasmos e convulsões, acalma a dor, reduz a febre e estimula a atividade cogni-tiva em caso de fadiga. Em estudos clínicos, a Valeriana apresenta uma eficácia semelhante a alguns fármacos de síntese (benzodiaze-pinas), porém sem os seus efeitos secundá-rios: planta segura, não apresenta risco de dependência nem efeitos adversos. Tem sido amplamente utilizada nas perturbações do sistema nervoso e doenças psicossomáticas: ansiedade, nervosismo, stress, irritabilidade, depressão, tensão muscular, dores de cabeça,

cólicas gastrintestinais, síndrome do cólon irritável, hipertensão arterial, palpitações e transtornos da andro e menopausa.Na insónia, a Valeriana diminui o tempo de latência até adormecer e melhora a quali-dade do sono, aumentando a sensação de descanso e de bem-estar ao acordar. Na epilepsia, quando tomada regularmente, pode diminuir a ocorrência dos ataques epi-léticos e, embora não substitua a medicação antiepilética, pode ajudar a reduzir a dose. Na asma, evita o broncospasmo, sendo mais eficaz na prevenção de uma crise do que no seu tratamento.

OUTRAS PROPRIEDADESExternamente, pela atividade analgésica e relaxante muscular tem sido empregue nas contusões, distensões musculares, lombal-gias, ciática e dores reumáticas; em banhos sedativos na insónia; como anti-inflamatória, antissética e cicatrizante nas feridas, úlceras e eczemas.

COMO TOMARUSO INTERNO:Infusão: 1 colher de sobremesa de raiz por chávena de água fervente. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia. Na insónia, tomar uma das chávenas entre meia a uma hora antes de deitar; o seu efeito não é imediato, demorando 2 a 4 semanas para se fazer sentir.Em ampolas, tintura, xarope, cápsulas e comprimidos, a Valeriana, em simples ou em fórmulas, é muito usada como sedativa e ainda no emagrecimento, perturbações da menopausa ou cardiovasculares e como analgésico.USO EXTERNO:Decocção: 50 a 100 gramas de raiz por litro de água, 10 minutos de fervura. Em banhos de imersão e compressas.

PRECAUÇÕESContraindicada na gravidez, aleitação e crianças com idade inferior a três anos. Doses elevadas ou tratamentos prolongados podem ocasionar dores de cabeça, excitabi-lidade e agitação, fadiga, náuseas, vertigens, dores abdominais e palpitações – respeitar a posologia e não exceder os dois meses de tratamento. A Valeriana pode potenciar o efeito do álcool e de outros sedativos. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

HOJE NA CHÁVENA

do teatro de sombras no seu país. Este colectivo, forma-do em 1952, traz a Macau “Animare”, um espectáculo encenado e produzido por Kei Goto e que conta com a participação de quatro actores. Os espectáculos, que começaram ontem e se prolongam até quarta-feira, podem ser vistos no edifício do antigo tribunal, às 20

horas. O preço dos bilhetes é de 120 patacas.

Terça-feira é a vez da Orquestra de Macau ocupar o grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM), com o espectáculo “O Oriente encontra o Ocidente”, que pode ser visto por 80, 120 e 180 patacas, dependendo do lugar escolhido.

O próximo fim de semana

O Festival de Artes de Macau entra na sua segunda semana com uma série de eventos protagonizados essencialmente por artistas de fora. Música, dança e teatro vão subir aos palcos em vários pontos da cidade

IPIM ORGANIZA FEIRA DE PRODUTOS DE GUANGDONG

RAEM tem valor

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11 eventoshoje macau segunda-feira 12.5.2014

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O NÚMERO DE OURO - A HISTÓRIA DE FI, O NÚMERO MAIS ASSOMBROSO DO MUNDO • Mario LivioNeste livro fascinante, Mario Livio conta a história do número fi. A curiosa relação mate-mática, geralmente conhecida como «número de ouro», foi definida por Euclides há mais de dois mil anos devido ao papel crucial que desempenha na construção do pentagrama, a que se atribuíam propriedades mágicas. Desde então, surgiu nos sítios mais espantosos: em conchas de moluscos, girassóis, cristais de certos materiais e formas de galáxias. Há quem diga que os criadores das Pirâmides e do Parténon a empregaram e crê-se que esteja presente nos quadros Mona Lisa de Leonardo da Vinci e O Sacramento da Última Ceia de Salvador Dalí, além de estar supostamente relacionada com o comportamento das bolsas.

É já hoje que começa, em Jacarta, o seminário de dois dias intitulado

«Portugal-Indonésia: parti-lhando opiniões sobre a nossa história comum, fixando objectivos de cooperação». Esta iniciativa realiza-se na embaixada de Portugal, em Jacarta, e na Universidade da Indonésia. Vai servir para reunir e debater várias opi-niões sobre a presença lusa naquele território, na época dos Descobrimentos.

Esta iniciativa deverá servir, em parte, para alterar a perspectiva que se tem dos portugueses como “primeiros colonizadores”. João Soares, leitor do Instituto Camões, disse à agência Lusa que algumas destes visões são díspares e se distanciam da realidade. Por um lado, os ho-landeses têm o hábito de ape-nas referir que expulsaram os portugueses, enquanto os in-donésios preferem construir “uma narrativa muito própria para fazer ressaltar o nacio-

rá, ainda, ter uma zona dedicada a produtos tipicamente portugueses.

Esta sexta edição do evento vai ter uma nova área intitulada DIY (em português, Faça Você Mesmo), onde os visitantes vão poder experimentar os produtos e participar em diversas actividades relacionadas com a feira.

Este ano, tal como em edições anterio-res, o Governo vai providenciar incentivos monetários a empresas de produção e de distribuição em Macau, podendo o valor do financiamento atingir 60% do custo da parti-cipação de cada empresa na exposição, valor que não deverá ultrapassar as 2800 patacas. O prazo de inscrição decorre entre os dias 12 e 23 deste mês, estando a participação limitada ao número de espaços disponíveis. - L.S.M.

Marco Apolinário abrepadaria portuguesa, com certezaMarco Apolinário, proprietário do restaurante português Boa Mesa, vai abrir uma padaria tipicamente portuguesa na península de Macau, localizada entre a Ponte 16 e o Templo de A-Má, cuja inauguração está prevista para o final deste mês. O novo estabelecimento de take-away chamado Metro Pizza, vai ter o típico pão saloio, mas também traz novidades como pão com chouriço, azeitonas ou bacalhau. Além deste produto muito popular por terras lusas, Marco Apolinário também vai produzir pizzas doces e salgadas a metro, providenciado uma vasta gama de produtos.

FAM 2014 DANÇA E TEATRO PRATOS FORTES DA SEMANA

Lucinda Childs e Oscar Wilde, são as cabeças de cartaz

JACARTA EMBAIXADA PORTUGUESA ORGANIZA SEMINÁRIO

O “nosso” ponto de vista

é reservado ao teatro, com a peça “A importância de ser Ernesto” pela companhia de teatro de Singapura, Wild Rice. A peça vai estar em cena na próxima sexta-feira e sábado, às 20 e às 15 horas, no Teatro Dom Pedro V. Esta produção teatral, do escritor britânico Oscar Wilde, é en-cenada por Glen Goi e conta com um elenco de oito acto-

res masculinos e música ao vivo da banda The Ensemble Dimension Players. “A impor-tância de ser Ernesto” é uma comédia que satiriza vários elementos da alta sociedade contemporânea de Oscar Wil-de. Os bilhetes custam entre 100 e 120 patacas e a peça será representada em inglês e legendada em português, cantonês e inglês.

Mais uma vez, o talento internacional chega a Macau nesta segunda semana de Maio, com a companhia de dança norte-americana de Lucinda Childs. O grupo vai actuar no grande auditório do Centro Cultural de Macau, no próximo sábado e domingo e as entradas custam 100, 200 e 300 patacas. Esta companhia de dança contemporânea vem apresentar a peça “Dance”, a qual tem vindo a representar desde 1979 por todo o mundo.

Também no próximo fim de semana, o pequeno audi-tório do CCM vai acolher as peças contemporâneas “Adap-ting for distortion” e “Haptic”, do artista nipónico, Hiroaki Umera. Os espectáculos que deverão ter início às 20 horas e custam 100 e 120 patacas pretendem mostrar uma ver-tente contemporânea da dança, aliando meios audiovisuais e dança.

Esta semana do FAM en-cerra com a inauguração da exposição anual de artes visuais de Macau, a ter lugar no edifício do antigo tribunal, no próximo sábado. Esta mostra, que tem entrada gratuita, vai permane-cer no local durante um mês, até ao dia 17 de Junho.

IPIM ORGANIZA FEIRA DE PRODUTOS DE GUANGDONG

RAEM tem valor

nalismo”. Embora no século XVI, os portugueses tenham explorado o comércio de especiarias e implementado o catolicismo na Indonésia, “nunca” o fizeram “num esti-lo colonizador”, assegurou o membro do Instituto Camões, João Soares, à agência Lusa.

O acontecimento é or-ganizado pela embaixada de Portugal e conta com a participação do jornalista e historiador João Magalhães de Castro e do professor de história da Universidade Católica de Lisboa, Jorge Santos Alves.

O colóquio deverá incluir discussões sobre a presença portuguesa na Indonésia, as relações passada e presente entre os dois países e o legado linguístico ou o patrimó-nio cultural deixado pelos portugueses em meados do século XVI.

Sabe-se, ainda, que João Soares está a reunir esforços para que seja aprovada a inauguração de um espaço, no Museu Nacional da In-donésia, que conte a história das relações entre Portugal a e Indonésia, igualmente reunindo peças históricas que, actualmente, considera “atiradas para um canto”, segundo disse o membro do Instituto Camões à Lusa.

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hoje macau segunda-feira 12.5.201412 publicidade

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 173/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HE WENHAO (portador do passaporte da R.P.C. n.° G41679xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 95/DI-AI/2012, de 03.09.2012, levantado pela DST e por despacho da signatária de 30.04.2014, exarado no Relatório n.° 257/DI/2014, de 24.03.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Evora n.° 410, Palácio do Sucesso, Harvest Palace, Bloco 1, 11.° andar C, Taipa e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. ----------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -------------------------------------------------------------------------------------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -----------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d'Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. -----------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 30 de Abril de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 193/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LAI, Ka Yee (Portadora do Hong Kong Permanent Identify Card n.° D0552xx(x)), que na sequência do Auto de Notícia n.° 98/DI-AI/2012, de 22.09.2012, levantado pela DST e por despacho da signatária de 30.04.2014, exarado no Relatório n.° 282/DI/2014, de 31.03.2014, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório, por controlar a fracção autónoma situada na Rua do Terminal Marítimo n.os 93-103, Edifício Centro Internacional de Macau Bloco III, 10.° andar B, Macau e utilizada para a prestação ilegal de alojamento. -----------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito sobre a matéria constante daquele Auto de Notícia, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito. Nos termos do n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010 não é admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo. -------------------------------------------------------------------------------------A matéria constante daquele Auto de Notícia constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, tal facto é punível nos termos no n.° 1 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. -----------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d'Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. -----------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 30 de Abril de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 205/AI/2014

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LI YANXIA (portadora do Passporte da China n.° E01589XXX), que na sequência do Auto de Notícia n.° 69/DI-AI/2012 de 08.07.2012, levantado pela DST, por quem angariar pessoa com vista ao seu alojamento na fracção autónoma e utilizada para a prestação ilegal de alojamento, bem como por despacho da signatária de 30.04.2014, exarado no Relatório n.° 296/DI/2014, de 02.04.2014, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas), nos termos do n.° 2 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010. ----------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma. ---------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, a interpor no prazo de 60 dias, conforme estipulado na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro e no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada. ------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 30 de Abril de 2014.

A Directora dos Serviços,Maria Helena de Senna Fernandes

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hoje macau segunda-feira 12.5.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

13

“T HE past is a foreign country: they do things differently there.” Esta frase, que abre o livro

“The Go Between”, de L. P. Hartley, parece que ecoa quando me ponho a ler sobre Macau. É verdade que o pas-sado, onde quer que seja, é sempre ou-tra dimensão, mas não haverá muitos sítios, como aqui, onde seja também outro território.

Não me refiro às questões adminis-trativas. Até pode ser que aquilo de que falo derive, lá no fundo, das diferenças concretas das eras, dos regimes dos ho-mens e das circunstâncias, mas ia jurar que “as coisas” eram (são) outras. Ia, mas já não vou, porque não cheguei a tempo do passado de que só posso falar por dele ter lido. Por isso, conjuro.

O antigo hotel “Bela Vista”, por exemplo. A esta distância, a vida do edifício conta-se com muitos pretéri-tos condicionais, datas contraditórias e episódios de complicada verificação, mas nela tudo nos remete para uma realidade que, apesar de longa e das influentes ramificações, pura e simples-mente desapareceu.

A senhora casa foi mandada cons-truir, em 1870, no nº1 da rua do Tanque do Mainato, num terreno com três mil metros quadrados, por uma família que nela viveu durante 20 anos até ir parar

RESIDÊNCIA NÃO PERMANENTEàs mãos de um inglês, jovem capitão de navios, e de sua mulher, tendo os dois ali decidido fazer um hotel. “Boa Vista”, chamaram-lhe. E assim ficou, do alto de um promontório, a ver o mar.

Governadores, barões e baronesas ali pernoitaram e ali, nas espaçosas va-randas, sentaram-se por entre arcadas a mirarem as sampanas e os juncos va-garosos que passavam lá em baixo, na baía da Praia Grande.

William e Catherine Clarke traba-lhavam para a “Hong Kong, Canton and Macao Steamer Company Limi-ted”, onde ele comandava os “ferries” que subiam e desciam o rio das Pérolas entre a colónia britânica e Cantão, ci-dades que ofuscavam o brilho do en-treposto comercial administrado pelos portugueses. E foi ao empregador que William acabou por pedir um emprés-timo para se manter à tona num mar de dificuldades. Em Macau, a vida já cor-rera melhor; na China, os tempos eram de rebelião. Neste momento da histó-ria, diz-se, também o hotel se tornara peão no jogo político.

Em 1902, o acossado proprietário terá tentado negociar a venda do edi-fício ao cônsul francês, que pretendia estabelecer um poiso para as tropas gaulesas da Indochina. O plano contou com a pronta oposição dos ingleses, que queriam os franceses afastados da

região. Londres não terá descansado enquanto os portugueses não tomaram conta da ocorrência e acabou por ser a Santa Casa da Misericórdia a apoderar--se do “Boa Vista”, transformando-o num sanatório até que, em 1909, vol-tou a ser um hotel pela mão de um fran-cês, Auguste Vernon, que o arrendou por oito anos. O senhor que se seguiu foi Albert Watkins, que quis fazer do hotel uma casa de jogo clandestina e por isso acabou expulso.

Vago, uma vez mais, o nº1 da rua do Tanque do Mainato transformava-se. De hotel e casino ilegal, o “Boa Vista” iria agora acolher o Liceu de Macau, enquanto uma nova escola secundária não era construída. Foi ali que Camilo Pessanha deu aulas.

A partir de 1923, o edifício foi al-ternando entre hotel e a serventia que mais aprouvesse aos interesses instala-dos. Em 1936, contudo, parecia certo que o destino era ser um hotel. A pers-pectiva seria de tal maneira optimista que até o nome mudou: “Bela Vista”. Mas há sempre um mas.

Com os japoneses de novo a inva-direm a China, à neutra Macau chega-vam refugiados em vagas que haveriam de continuar durante a Segunda Guer-ra Mundial e, mais tarde, a Revolução Cultural. Depois de longos e conturba-dos tempos de declínio e decadência, a

que não foram alheios a concorrência do “Presidente Grand Hotel” ou do “Ri-viera”, em 1967, o “Bela Vista” conhe-ceu mais um proprietário, Adrião Pinto Marques, que, consta, mantinha uma certa obsessão por Napoleão.

História atrás de história, o governo lá classificou o edifício como “patrimó-nio”, o que terá servido de mote para a última vida como hotel, desta vez na encarnação de “boutique”. Com apenas sete quartos, a sustentabilidade finan-ceira do projecto, depois de avultados investimentos, merecia desconfiança, mas o charme provocava suspiros. Ber-nard-Henri Levy, por exemplo, con-siderou o “Bela Vista” digno de Hum-phrey Bogart, Lauren Bacall ou Ernest Hemingway.

Em Março de 1999, na noite de 27 para 28, o hotel acomodou os últimos hóspedes. À meia-noite do dia 30, o “Bela Vista” era entregue a Portugal, que ali iria hospedar os seus futuros cônsules na Região Administrativa Es-pecial.

Chegava ao fim a “soberania de in-quilinato”, na expressão de Agustina, mas infinitamente mais importante é que um outro país nascia – chamava-se passado e só nele actores como Bogart e escritores como Hemingway alguma vez nos poderiam visitar. Sem residên-cias permanentes.

próximo oriente Hugo Pinto

Page 14: Hoje Macau 12 MAI 2014 #3086

14 hoje macau segunda-feira 12.5.2014hAntónio Guerreiro

A SSISTIMOS hoje a uma Pa-solini-renaissance, que reco-nhece uma enorme actua-lidade às reflexões críticas

do poeta, cineasta e ensaísta sobre o seu tempo. Quase 40 anos após a sua morte, as análises e intervenções polí-ticas de Pasolini parecem ter chegado ao momento da sua legibilidade, o que mostra que estamos perante um “ho-mem póstumo”, um intempestivo, no sentido nietzschiano. Pasoliniana é a ideia, que começou a irromper nalguns círculos de reflexão política virados para uma ontologia da actualidade, de que está disseminado um “novo fascis-mo” na nossa existência quotidiana.

Quando hoje, em Portugal, come-moramos os 40 anos da conquista da liberdade e da democracia, todo o re-gozijo surge atenuado por uma ideia difusa, uma intuição para a qual a grande maioria das pessoas ainda não encontrou nome: a de que a liberdade e a democracia contemporâneas, que celebramos, convivem com este novo fascismo quotidiano, muito diferen-te do antigo, mas que, deste, mantém um conjunto de funções sociais que se combinam em estruturas diferentes. Ou seja, este novo fascismo, que do ponto de vista de um historiador pare-cerá um equívoco, revela-se uma cate-goria pertinente de um ponto de vista genealógico e estruturalista.

O novo fascismo só se revela à luz de uma análise molecular, micropolíti-ca, não é inerente a estruturas como o Estado, os partidos, os sindicatos, nem necessita da supremacia de um líder, de um Führerprinzip. O seu uso encontrou, em primeiro lugar, um princípio de jus-tificação na ideia de que vivemos numa

O NOVO FASCISMO SÓ SE REVELA À LUZ DE UMA

ANÁLISE MOLECULAR, MICROPOLÍTICA, NÃO É

INERENTE A ESTRUTURAS COMO O ESTADO, OS

PARTIDOS, OS SINDICATOS, NEM NECESSITA DA

SUPREMACIA DE UM LÍDER, DE UM FÜHRERPRINZIP

O NOVO FASCISMO“sociedade de controle”. Tornou-se evi-dente que a sociedade de controle (que todos nós sabemos hoje muito bem o que é, mesmo sem a ajuda de media-ções teórico-filosóficas) desenvolveu a produção de bens e serviços imateriais e um modelo ético baseado na compe-tição e no sucesso que deu origem a um fascismo empresarial.

Na relação das empresas com os seus “colaboradores” (este novo nome para os trabalhadores vale com uma sintoma), o clima é friendly, o chefe não é um patrão, mas um líder, e a “cultura” empresarial que se constrói é sempre de colaboração e a-conflitual, orien-tada para uma “missão” e determinada por uma “visão”.

Por trás, sustentando esta “cultura”, está o medo, não o grande medo incul-cado pelo fascismo tradicional, mas os pequenos medos que o novo fascismo gere e multiplica. A experiência do medo é o factor primeiro deste novo fascismo e está hoje generalizado, em todos os ambientes de trabalho, até nas empresas mais liberais.

O novo fascismo, organizando es-trategicamente as pequenas insegu-ranças que alimentam medos (antes

de mais, o medo de ser despedido), apresenta-se como um pacto para a segurança, para a gestão de uma paz angustiante, fazendo de todos nós – e muito particularmente todos os colegas de trabalho – microfascistas.

E há, depois, o novo fascismo cul-tural, a lógica da uniformização. Não através da anulação das diferenças entre os indivíduos, como o velho fascismo, mas produzindo uma ho-mologação a partir da produção de diferenças (tudo é diferente, exacta-mente para que tudo seja igual). Este novo fascismo cultural tem como instrumento principal o editorialis-mo, que é o contrário do pensamen-to crítico.

Este editorialismo generalizado está bem patente, no espaço públi-co mediático, na proliferação do comentário político e opinativo que corrompe e intoxica a linguagem. Podemos então verificar que o novo fascismo tanto pode ser de esquerda como de direita, tanto habita a pá-gina ímpar do jornal como a página par, tanto se senta à direita como à esquerda do jornalista que apresenta o telejornal.

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Page 15: Hoje Macau 12 MAI 2014 #3086

15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 12.5.2014

Carlos Morais José

O livro da dinastia Ming “A Criação dos Deuses” nar-ra episódios interessan-tes. Um deles – na verda-

de dois parágrafos – conta o seguinte: Dera o príncipe Wen ordens para que fosse construída uma piscina num dos terraços do seu palácio. Passava o mo-narca pelas obras quando reparou num estranho volume transportado por dois servos. – O que é isso, que levais aí?, pergun-tou o príncipe.Eram os ossos, já meio desirmanados, de um esqueleto antigo, anónimo, en-contrado durante as escavações. Iam ser deitados fora. – Tragam aqui os ossos – disse o so-berano – , coloquem-nos numa pe-quena urna e enterrem-na na encos-ta. Seria um crime deixá-los assim expostos só porque resolvi construir uma piscina.

Estas foram as ordens do príncipe que muito maravilharam as suas gentes:

– Que divina virtude – comentaram – A bondade do nosso senhor estende-se até aos ossos dos mortos. A sua bene-volência em toda a parte é sentida e cada uma das suas acções está de acor-do com a vontade do Céu.

“A bondade do nosso senhor esten-de-se até aos ossos dos mortos.” Na verdade, foi esta frase que me chamou a atenção.

É que o governante não deve estar em demasia alheado do que não é de hoje se quiser tomar boas decisões para o amanhã. Deve ter em consideração “os ossos dos mortos”, respeitá-los, pois quem respeita será respeitado.

Isto é verdade na China, como é verdade nesta sua pequena parte cha-mada Macau. Wen e Wu foram dois grandes soberanos (c. 1000 a.C.); neles se incarnaram algumas das principais virtudes que devem assistir quem de-tém o poder.

De uma delas não quisemos deixar de dar conta aos nossos leitores.

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OSOSSOS

Page 16: Hoje Macau 12 MAI 2014 #3086

GONÇ

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LOBO

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HEIR

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16 DESPORTO hoje macau segunda-feira 12.5.2014

É com muito pesar que as filhas, genro e neto, bem como a restante família de Ivone Maria Rodrigues Ribeiro Rodrigues, comunicam o falecimento deste seu ente querido no dia 8 de Maio de 2014 em Lisboa, Portugal.Mais se informa que a missa de sétimo dia será realizada no próximo dia 14 de Maio, pelas 18 horas na Igreja de S. Domingos.Agradece-se a todos quantos se queiram associar a este piedoso acto.

IVONE MARIARODRIGUES RIBEIRO RODRIGUES

Faleceu

MARCO [email protected]

C OM o empate do Benfica, o Spor-ting poderia chegar ao primeiro lugar.

Mas o seu jogo contra o Kei Lun não chegou a acontecer por causa do mau tempo.

O mau tempo que se aba-teu sobre Macau ao início ao final da tarde e início da noite de ontem impediu que as lides da décima primeira ronda do principal Campeo-nato de Futebol do território fossem encerradas.

O intenso temporal que fustigou o território obrigou à suspensão do desafio entre a Selecção de Sub-23 da Associação de Futebol de Macau e o Grupo Desportivo da Polícia de Segurança Pú-blica fosse suspenso quando ainda faltava disputar grande parte da etapa complementar do encontro.

Quando a partida foi interrompida, a formação das forças de segurança do território vencia o adversário por duas bolas a zero, graças aos golos apontados por Choi Tak Seng e por Cheong Loi no espaço de um minuto.

As formações da Selec-ção de Sub-23 e da Polícia não foram as únicas preju-dicadas pelo mau tempo. Sporting Clube de Macau e Kei Lun enfrentavam-se no desafio que encerrava as contas da jornada, mas os jogadores de ambas as equi-pas não chegaram sequer a pisar o relvado do campo da Universidade de Ciência e Tecnologia.

Com a suspensão da partida, os leões adiaram para data ainda incerta a possibilidade de se volta-rem a afiançar à liderança da prova, depois do líder Benfica não ter conseguido

BENFICA ESCORREGOU FRENTE AO MONTE CARLO

Chuva perturba jornadaevitar nova derrapagem frente ao campeão Monte Carlo.

Águias e canários empa-taram a uma bola, num desa-fio pautado pelo equilíbrio. A formação orientada por William Chu tinha surpre-endido o onze encarnado no desafio da primeira volta da Liga de Elite e no sábado voltou a entrar melhor na partida, criando a primeira grande oportunidade do desafio num remate de pé es-querdo que falhou por muito pouco a baliza à guarda de Rui Nibra.

O Benfica respondeu de forma tímida pouco depois, com Filipe Duarte a cabecear

sobre a barra da baliza de-fendida por Domingos Chan na sequência de um livre directo apontado pouco além da linha de meio-campo.

A iniciativa acabaria por impulsionar o grupo de trabalho às ordens de Bruno Álvares e o Benfica não demorou para chamar a si um maior domínio e criar algumas boas oportu-nidades. Uma das melhores teve Cuco e Vinício Morais Alves como protagonistas. O médio macaense recu-perou uma bola no lado direito do ataque encarnado e bombeou para o coração da área do Monte Carlo. Em boa posição para marcar, Cuco

disparou em jeito para uma defesa atenta do veterano Domingos Chan.

Muito activo na frente de ataque do Benfica, Vi-nício Morais Alves está na origem do pontapé de canto que impulsiona o conjunto encarnado para a frente do marcador. Chamado a cobrar o lance, Chan Pak Chun ergue o esférico para o coração do último reduto “canarinho” e Filipe Duarte faz o resto. O central do Benfica leva a melhor nas alturas sobre os adversários e impele, com um cabecea-mento perfeito, o esférico para o fundo das redes dos campeões do território.

Em vantagem a partir dos dezasseis minutos, o Benfica acabou por permitir uma reacção mo-mentânea do Monte Carlo. Os campeões do território apertaram o cerco à baliza à guarda de Rui Nibra, mas o assédio acabou por se revelar inconsequente. O mais perto que a formação orientada por William Chu esteve de garantir o empate antes da primeira meia hora de jogo foi num disparo de longe de Rafael Medeiros que não chegou sequer a incomodar o guarda-redes encarnado.

Os actuais titulares da Liga de Elite acabaram, no entanto, por garantir a igualdade ainda no primeiro

tempo. A dois minutos dos 45, Anderson Fernandes levou a bom porto uma boa jogada de ataque dos cam-peões do território, batendo Rui Nibra com um remate seco, na sequência de uma jogada bem orquestrada pela armada brasileira do Monte Carlo.

A igualdade não servia os interesses do Benfica, mas o onze orientada por Bruno Álvares não teve força anímica nem para dar a volta ao resultado, nem para contrariar o melhor futebol do adversário na etapa complementar.

Nos segundos 45 minu-tos, o Monte Carlo foi a for-mação que mais se abeirou da vitória. Um deslize de

Fábio Silva quase ofereceu a Anderson Fernandes o seu segundo golo, mas o dianteiro “canarinho” não conseguiu enquadrar o re-mate, para alívio do banco encarnado. O mais próximo que o Benfica esteve do golo na segunda metade foi num remate de Nicholas Torrão a que Domingos Chan respondeu com uma defesa tranquila.

Antes do Benfica ter cedido o empate frente ao Monte Carlo, o Ka I tinha levado de vencida o Lai Chi, numa partida que acabou por se afigurar mais exigente do que seria de supôr para o onze orientado por Chan Man Kin.

A formação que domi-nou as lides do futebol do território nas primeiros anos da corrente década sofreu para levar a melhor sobre o adversário, num desafio em que triunfou por quatro bolas a três.

O Ka I entrou, ainda assim, melhor na partida, com Christopher Nwarou a inaugurar o marcador ao fim de apenas dois minutos de jogo. Au Ip Nam repôs a igualdade para o Lai Chi aos 27 minutos, antes de Pang Chi Hang assinar a reviravolta no marcador já no segundo tempo.

O Ka I só aos 69 minutos conseguiu repôr a igualdade, numa jogada concluída pelo sul-coreano Kim Youngbin. Lee Keng Pan reivindicou uma vez mais a primazia para os comandados de Chan Man Kin quatro minutos depois, mas aos 79 minutos Tam Kai Hong voltou a for-çar a igualdade. O golo da vitória do Ka I acabou por ser alcançado por Samuel Ramoseau a cinco minutos dos noventa, impedindo que a formação se atrasasse mais ainda na tabela classi-ficativa.

Monte Carlo 1 – 1 Benfica

Lai Chi 3 – 4 Ka I

Sub-23 0 – 2 Polícia

(interrompido devido ao mau tempo)

Sporting - Kei Lun

(adiado devido ao mau tempo)

* Chao Pak Kei descansou

RESULTADOS

Page 17: Hoje Macau 12 MAI 2014 #3086

hoje macau segunda-feira 12.5.2014 (F)UTILIDADES 17

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

João Corvo fonte da inveja

C I N E M ACineteatro

T E M P O T R O V O A D A S M I N 2 3 M A X 2 7 H U M 8 0 - 9 5 % • E U R O 1 1 . 0 B A H T 0 . 2 Y U A N 1 . 3

ACONTECEU HOJE

No princípio era o Verbo, a seguir veio o calão.

12 DE MAIO

SALA 1THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan14.15, 16.45, 21.45

THE AMAZINGSPIDER-MAN 2 [3D][B]Um filme de: Marc WebbCom: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dante DeHaan19.15

SALA 2 TRANSCENDENCE [C]Um filme de: Wally PfisterCom: Johnny Depp, Morgan Freeman, Rebecca Hall, Paul Bettany14.30, 16.45, 19.15, 21.30

SALA 3ABERDEEN [C](FALADO EM CANTONÊS E LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Pang Ho-cheungCom: Louis Koo, Gigi Leung, Eric Tsang, Miriam Yeung14.30, 16.30, 19.30, 21.30

TRANSCENDENCE

Morre Irena Sendler, a ‘mãe’ das crianças do Holocausto• Activista defensora dos Direitos Humanos e Assistente social, Irena Sendler recebeu as alcunhas de “o anjo do Gueto de Varsóvia” e a “mãe das crianças do Holocausto”. Esta polaca ajudou a salvar cerca de 2500 crianças da morte, na II Guerra Mundial. Colocou a sua própria vida em risco, para transportar alimentos, roupas e medicamentos a pessoas que se encontravam barricadas no Gueto de Varsóvia, depois da invasão da Alemanha Nazi, em 1939. Assistente Social em Varsóvia, Irena Sendler trabalhava com enfermeiras e organizava espaços de refeição comunitários da cidade polaca. Saciava a fome de órfãos, idosos e pobres, fornecendo também roupas, medicamentos e até dinheiro.Em 1942, quando os nazis criaram o Gueto de Varsóvia, Irena pôde testemunhar as condições sub-humanas dos residentes no local, para salvar crianças da morte. “A razão pela qual eu resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessi-tada deve ser ajudada com o coração, independentemente da sua religião ou nacionalidade”, justificou a própria. O receio que os alemães tinham em contrair epidemias abriu a Irena Sendler uma janela para criar uma equipa de controlo de doenças como o tifo, mas com o real propósito de ajudar as crianças. Propôs às famílias levar os filhos destas para fora do gueto, sem garantir sucesso na missão de salvar os menores. A única garantia que dava às famílias era que morreriam se permanecessem no gueto. Ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto, no verão de 1942, Irena resgatou cerca de 2500 crianças, por diversas vias. Recolheu-as em ambulâncias como vítimas de tifo, escondidas em sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacos de batatas e até caixões. Esta coragem e coração solidário valeram-lhe duas alcunhas: “o anjo do Gueto de Varsóvia” e a “mãe das crianças do Holocausto”. Irena Sendler morreu a 12 de maio de 2008, com 98 anos.

Dias de chuvaOs dias estão escuros, pesados. A chuva não pára de cair. Em dias assim é bom ser gato e não ter nada que fazer, para além de passar o tempo enroscado na almofada. Olho pela janela e vejo uma fila interminável de luzes vermelhas e brancas que se prolonga pela estrada fora ao som de um coro cacofónico de buzinas. É sempre assim ao fim da tarde. Mas nestes dias de chuva o espectáculo é ainda mais grandioso. A orquestra de buzinas sobe de tom e os carros não param de chegar para se juntarem ao coro do desespero. Nos passeios, a gente atropela-se saltando de poça em poça, armada de guarda-chuva. Os meus donos, ( pobres humanos que têm de andar pela rua a trabalhar em dias assim) chegam ensopados do focinho às patas, de olhos esbugalhados e vozes grossas. “ Não se consegue andar nesta cidade! Levei mais de uma hora para chegar aqui...!” diz um. “Tive de vir a pé! Os táxis não param! M....!” grita outro. Confesso que chego a ter pena deles. Mas para os senhores meus vizinhos, aqui do palácio ao lado, parece que não se passa nada. Está tudo bem.Será que também têm um lado felino e em dias destes não saem das almofadas? Miau...acho que vou beber um leitinho morno.

O musical dos musicais. Cenas que ficarão para sempre gravadas nas nossas memórias e na história do cinema, como Gene Kelly a cantar e a dançar “Singing in the rain”, ou o genial actor e bailarino Donald O’Connor num número absolutamente frenético de rir até às lágrimas, “Make them laugh”. Para ver e rever, faça sol ou faça chuva. - José C. Mendes

H O J E H Á F I L M E“SERENATA À CHUVA”

GENE KELLY, STANLEY DONEN, 1952

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18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 12.5.2014

O Monstro precisa de amigos1.São omissas, as leis da física quando importa determinar o que ocorre no exacto momento em que forças nulas se tocam. Se o ritual político obedecesse com quântico rigor às leis que regulam a matéria, poder-se-ia depreender que nada de bom nasceria do encontro entre iguais. Partículas com carga eléctrica idêntica repelem-se, com carga distinta atraem-se e é desta atracção que brotam princípios gerais de equilíbrio. Um Dwight D. Eisenhower e um Iosif Vissario-novich Stalin, em polaridades tão distintas do espectro político, mantiveram os Estados Unidos da América e a União Soviética em orbital sintonia, mais por receio de um le-viatânico monopólio por parte do outro, do que propriamente por respeito ideológico. Mantém os teus amigos por perto e os teus inimigos mais perto ainda e serás feliz.

2. A perestroika, a queda do Muro de Berlim e a consequente abertura económica e polí-tica das nações que se ocultavam para além da Cortina de Ferro, mais do que sepultar ideologias, teve sobre a lógica do discurso e da encenação política os mesmos efeitos devastadores que sofre no casco uma velha sampana esquecida em alto mar em noite de tufão. Destituído de sentido, o equilíbrio ténue que norteou as relações internacionais no pós-Segunda Guerra Mundial expôs os estados, agora metamorfoseados em econo-mias, à lógica darwinista da sobrevivência dos mais fortes. Às pequenas nações, foi-lhes dito que o único expediente viável, o único com futuro era o que percorria os caminhos da integração económica como prolegómeno à integração política. Uma avaliação defici-tária do potencial da Europa expôs nações como Portugal e a Grécia a uma crise sem precedentes, condenando ambos os países ao cenário que uma maior integração propu-nha combater, o de um duelo desigual com Golias económicos. Cinco séculos após os primeiros contactos com a China e depois de três décadas entretido a ver os meninos da Europa jogar ao pião, é um Portugal frustrado aquele que regressa em Embaixada ao Oriente com os olhos postos no reforço de um artifício diplomático – uma mui vaga e sombria parceira estratégica – que de esdrúxulo instrumento de cooperação se tornou para Lisboa e para alguns sectores da economia portuguesa como que a última bóia de salvação.

3. Quando, há quase nove anos, Portugal e a China assinaram a parceria estratégica global de cooperação poucos estariam em posição de vislumbrar que Pequim se tornasse um dos principais parceiros de negócios de Lisboa. Ninguém estaria, porventura, capacitado para adivinhar que o principal investimento feito pela China no estrangeiro em 2011 ti-vesse como destino Portugal ou que o antigo Império do Meio viesse a integrar o leque dos dez principais destinos das exportações portuguesas. Muito aconteceu em nove anos de relacionamento e para o incremento das

relações económicas e comerciais entre os dois países contribuiu sobretudo a inequí-voca fragmentação do projecto europeu e o calamitoso caos em que mergulharam as finanças lusas. Se há, de resto, dúvida que importaria esclarecer é essa. Talvez não fosse de um total despropósito clarificar se o reforço das relações económicas ao abrigo da parceira estratégica responde ao estreitar de uma predisposição natural para a cooperação ou se, por outro lado, à dissoluta e insofis-mável Lisboa não restava alternativa outra que não abandonar-se às pedras da calçada à espera de cliente, por menos solícito que fosse. O tempo permitiu perceber que, por exemplo, a entrada da China Three Gorges nos capitais da EDP não se fez – como se dizia – sem riscos e sem contrapartidas, a maior dos quais se prende com a manutenção das garantias legais que prevaleciam quando o investimento chinês na energética portu-guesa se materializou, em 2011. Qualquer que seja o cenário, os números falam por si: as relações económicas e comerciais entre a República Popular da China e Portugal têm vindo a crescer impantemente nos últimos anos, sendo Lisboa nos dias que correm o terceiro principal parceiro de Pequim entre os países de língua portuguesa, com o vo-lume de trocas comerciais a atingir os 3,9 mil milhões de dólares norte-americanos.

Depois da entrada da China Three Gorges na Energias de Portugal e da China State Grid na REN, Portugal prepara-se para nova investida chinesa. Investidores da República Popular ganharam a mais recente privatização, a da Caixa Seguros, empresa que vai passar a ser controlada pela Fosun International. A abrangência da interacção comercial entre Pequim e Lisboa deixou, de resto, de se cingir à esfera empresarial. Os investidores privados da República Popular

da China são os que mais investem em Por-tugal ao abrigo do programa de atracção de investimento exponenciado pelo expediente dos vistos gold e o incremento da procura começa já a surtir efeitos, uns mais desejados que outros. Em 2013, os preços da habitação de luxo em Lisboa dispararam 54 por cento. O país parece cada vez mais enredado na opaca e incerta reverberância do canto de sereia do sonho chinês.

independente, consensual e prudente. Os tiques de anti-estadista com que foi povo-ando o seu pontificado diminuíram-no como político e a incapacidade para operar uma cisão factual com o passado e com os que foram seus correligionários fragilizou em mais do que um momento a Presidência da República. Confrontado com as circunstân-cias, Cavaco Silva não conseguiu disfar-çar o incómodo e a pequena infelicidade de ter de presidir a um povo falsamente resignado como o português, votando os que o elegeram a um inexplicável desdém. Uma mão cheia de dedos não bastaria para enumerar os episódios em que a norma foi esta. O último remonta, de resto, de resto há pouco mais de uma semana, quando o governo de Lisboa anunciou a saída limpa da troika. Cavaco, o anti-estadista, lançou os foguetes, apanhou as canas e pelo meio lançou farpas pouco dignas de um presi-dente aos que consideravam inevitável um segundo resgate. Em momento algum fez a apologia da concórdia e fez o que o que é devido a um Chefe de Estado: lembrar que o Monstro da crise permanece vivo. Está é coberto por um lençol, ao canto da sala.

5. Se à partida o Monstro não assombra Macau, a fantasmática subsistência da crise deverá nortear e restringir incontornavel-mente a predisposição com que Portugal se apresenta em Pequim e é neste âmbito que a RAEM, enquanto expoente de um desejado segundo sistema, poderá sair fragilizada. Ao contrário do que propagandeia o executivo de Pedro Passos Coelho, não há saída da troika, quanto mais uma saída “limpa”. A Santíssima Trindade da dívida composta pelo Banco Central Europeu, pelo Fundo Monetário Internacional e pela Comissão Europeia não abandona completamente o país no final da semana que agora se inicia e até ao longínquo ano de 2038, quando se prevê que o país tenha saldado 75 por cento dos empréstimos que recebeu, estará sob vigilância reforçada, sujeito a inspecções e apresentar-se-á como tal, em Pequim, em Luanda ou em qualquer outro rincão do mundo, com uma mão esticada e a outra a segurar as calças, ciente de que o silêncio e a complacência valem ouro. É, sobretu-do, neste aspecto que Macau poderá sair a perder. Portugal deixou de ter de jurar deveres e direitos para com Macau a 19 de Dezembro de 1999, mas nem por isso deixou de ter responsabilidades políticas e deveres morais para com o território, se mais não for por ter assinado com Pequim a Declaração Conjunta sob a qual se alicerça a RAEM. Diminuída economicamente, e menos influente do que nunca, a antiga potência administrante tem-se abstido de se pronunciar sobre os escassos progressos políticos alcançados após a transferência e na posição em que se encontra tarde ou nunca o fará, mesmo que pudesse arrogar para si mesma um tal ascendente moral. Dão-se alvíssaras se assim não for.

expediente c ín icoMARCO CARVALHO

“...o Monstro da crise permanece vivo. Está é coberto por um lençol, ao canto da sala”

REFERENDOcartoonpor Stephff

4. Depois de se encontrar em Pequim com um chefe de Estado que procura afirmar aos olhos do mundo uma China tranquila e forte, Cavaco Silva será recebido em Macau por um chefe de governo a quem não interessa afirmar coisa alguma. Se o rigor dos princípios da física se estendesse num abraço exacto ao impreciso circo das circunstâncias políticas, o encontro entre ambos os líderes despoletaria provavelmen-te um inédito e abominável buraco negro de impopularidade e de anti-estadismo. Lado a lado, duas personalidades que não sendo propriamente mal-amadas ou odia-das, pouco ou nada dizem aos cidadãos que representam: Fernando Chui Sai On por em momento algum demonstrar ver-dadeiramente apetência ou preocupação governativa, Aníbal Cavaco Silva por em circunstância alguma ter sido capaz de se afirmar como o presidente de todos os portugueses, na altura em que Portugal mais necessitava da tutela de uma figura

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hoje macau segunda-feira 12.5.2014 19 opinião

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O Dia da Mãe celebrou-se no domingo, dia 11 de Maio. Esta data assinala-se em várias partes do mundo para homenagear as mães e a maternidade. É similar ao Dia do Pai.

O Dia da Mãe nasceu nos Estados Unidos em 1908. Começou por ser a

data em que Anna Jarvis ergueu um memo-rial, em Grafton, West Virginia, em nome da sua mãe, Ann Jarvis que faleceu em 1905. A Wikipedia descreve Ann Jarvis: “Uma activista da paz que tratava dos soldados feridos, de ambos os lados da guerra civil e que criou o Clube das Mães Trabalhadoras para lidar com assuntos ligados à saúde pública.”

Mais tarde o memorial tornou-se numa campanha para que o Dia da Mãe passasse a ser feriado oficial , nos EUA. O mérito de Anna Jarvis foi reconhecido em vários Estados norte-americanos e em 1914, Tho-mas Woodrow Wilson, 28º Presidente dos EUA, ( de 1913 a 1921), assinou o decreto que criava o Dia da Mãe. Era o segundo domingo de Maio, e desde então que este dia é feriado nacional nos Estados Unidos.

Tal como nos EUA, o Dia da Mãe também se assinala no segundo domingo de Maio, em Macau e em Hong Kong. Nesta data podemos ver muitas famílias reunidas nos restaurantes a tomar o pequeno-almoço ou a almoçar. As mães recebem um presente especial, um cravo.

O Dia da Mãe não é tão celebrado na China, apesar dos chineses terem imenso respeito pelas suas mães.

O segundo dia de Abril do calendário chinês foi proposto para assinalar o Dia da Mãe por ter sido neste dia que nasceu a mãe de Mêncio (Mengzi).

A história da mãe de Mêncio, que mudou de casa três vezes para cuidar da educação do filho é bem conhecida dos chineses. Quando a mãe Meng vivia perto dum cemitério, o filho divertia-se a fazer de conta que era agente funerário. A mãe decidiu mudar de casa por achar que aquele não era um bom lugar para educar o filho. Foi viver para a Praça do Mercado, e Mêncio passou a comportar-se como um vendedor. A mãe voltou a mudar de casa pelas mesmas razões.

Acabaram por ir viver para perto de uma escola. Mêncio começou a imitar o compor-tamento dos estudantes cheio de cortesias. Meng ficou contente porque percebeu que o filho iria estudar arduamente. Mêncio acabou por se tornar num dos grandes académicos da antiguidade chinesa.

Esta história está sempre presente no

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

... as mães para além de darem à luz, são fundamentais no desenvolvimento e na educação dos filhos. São as tarefas mais vitais e honrosas dadas por Deus às mães. Como é que a sociedade as protege?

Dia da Mãe 2014

espírito dos chineses induzindo-os a respei-tar as mães. Por esta história percebemos que as mães para além de darem à luz, são fundamentais no desenvolvimento e na edu-cação dos filhos. São as tarefas mais vitais e honrosas dadas por Deus às mães. Como é que a sociedade as protege?

Tanto em Hong Kong como em Macau, as mães trabalhadoras têm direito a licença

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de maternidade. Em Macau existe maior protecção porque o nosso sistema permite que os funcionários públicos dão uma hora por dia às mães que estão a amamentar os bebés até um ano de idade.

Avancemos mais um passo. A estrutura física e psicológica de uma mulher é dife-rente da de um homem. As mulheres têm menstruação. Durante este período têm dores menstruais. Por vezes não conseguem comer nem beber e têm de ficar deitadas. Nestes dias não conseguem trabalhar. Para aumentar a protecção das mulheres, no dia 17 de Outubro de 2013, em Taiwan foi apro-vada uma lei chamada “ Lei de Igualdade de Géneros no Trabalho” que permite que as mulheres não trabalhem durante o período da menstruação.

O cálculo deste período é interessante. As mulheres têm direito a um dia de folga por mês, sem necessidade de apresentar atestado médico. Durante um ano existem 12 dias de folga. No entanto, as estatísticas mostram que a média de folgas usadas é de apenas 3.3 dias. Portanto, apenas três dias

é que são pagos ( i.e. com a totalidade do salário). A partir do 4º dia da folga de mens-truação, a mulher pode gozar o dia mas este é deduzido no salário.

A grande maioria das mulheres de Taiwan são abrangidas por esta lei. Em Hong Kong e em Macau, não existe este tipo de legislação. Se queremos dar maior protecção às mulhe-res era bom que pensássemos nesta folga.

Os meios tecnológicos estão bastante avançados, mas dar à luz continua a ser um risco. Tanto o bebé como a mãe podem perder a vida durante o acto. O Dia da Mãe serve para nos lembrar que devemos cuidar e amar as nossas mães. Esta é também uma boa altura para termos em consideração a questão da licença paternal, (a folga, com salário pago, que é dada ao pai por altura do parto).

Este artigo sai um dia depois do Dia da Mãe, no entanto nunca é tarde para dizer às nossas mães: “Mãe amo-te para sempre.”

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hoje macau segunda-feira 12.5.2014

Metro Iniciado estudo na avenida 24 de JunhoA qualidade do solo na avenida 24 de Junho já está a ser analisada por um trabalho de geosondagem, por forma a avançar com os trabalhos de construção do Metro Ligeiro. Segundo um comunicado divulgado ontem, a equipa técnica de consultores já iniciou o trabalho, tendo em vista a “acelerar a concretização da construção” da linha sul do segmente da península de Macau do Metro Ligeiro.

Ka-Hó Exigidas melhorias à fábricade cimentoA Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) realizou no passado dia 8 uma reunião com a Sociedade de Cimentos de Macau e outros serviços competentes por forma a resolver o problema da poluição do ar em Ka-Hó, em Coloane. Segundo um comunicado, foi exigido à fábrica de cimento “medidas de acordo com os planos de melhoria definidos para curto, médio e longos prazos, com vista a mitigar os impactos no ambiente, e que informe regularmente sobre o andamento da implementação das melhorias”. Segundo a DSPA, o “Governo irá acelerar o processo legislativo para reforçar a regulação dos estabelecimentos neste âmbito”. A reunião serviu ainda para analisar o mais recente relatório elaborado pela fábrica.

Consulta pública sobre terras para residentes O Governo lança hoje o processo de consulta pública sobre o projecto de destinar terrenos para portadores do BIR. O Executivo pretende criar um plano de habitação de quatro níveis, onde se inclui o mercado privado, a habitação económica, habitação social e ainda um plano de aquisição de imóveis apenas por residentes. Esta é a conclusão retirada de um estudo já desenvolvido pela Universidade de Macau e Instituto Politécnico de Macau. O Instituto da Habitação (IH) é o departamento responsável por este processo de auscultação, que termina no dia 8 de Julho. A população terá direito a três sessões de esclarecimento.

Menos permanência para visto de trânsito Cheong Kuok Vá, secretário para a Segurança, disse na passada sexta-feira aos jornalistas que o Governo está a “estudar medidas para combater as irregularidades nos vistos adquiridos para a permanência em trânsito”, estando ainda prevista a análise a uma possível “redução no número de dias para os visitantes que fazem escala em Macau”. Cheong Kuok Vá disse ainda que o Governo está atento às entradas ilegais de emigrantes chineses em Macau, depois de uma reportagem da CCTV ter denunciado um esquema ilegal de obtenção de vistos na China através de falsas viagens a partir de Macau.

Austrália Vistoonline para Macau O consulado da Austrália em Hong Kong e Macau decidiu incluir a RAEM na lista de regiões e países que podem pedir o visto através da internet, num serviço que estará disponível 24 horas por dia, durante sete dias da semana. A nova medida foi apresentada na passada sexta-feira por Phoebe Smith, cônsul-geral da Austrália em Hong Kong e Macau, que frisou a importância da redução da burocracia e no estreitamento de relações entre Macau e Austrália. “Isto é uma boa notícia para os titulares do passaporte de Macau. O sistema australiano de recepção online dos pedidos oferece uma alternativa mais rápida em relação ao pedido em papel ou através de um agente de viagens ou por email. Estará disponível 24 horas por dia, sete dias por semana.

RAEM paga transladação de ministro guineeenseO Executivo decidiu pagar as despesas de transladação do corpo de Rui de Araújo Gomes, de 60 anos, ministro das infra-estruturas da Guiné-Bissau falecido em Macau na passada quinta-feira. Segundo disse Malam Becker Camará, representante da Guiné-Bissau no Fórum Macau, as despesas serão totalmente suportadas pelo Governo local, estando marcada para hoje a autópsia do corpo. Entretanto, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, emitiu na sexta-feira um comunicado oficial onde manifestou hoje o seu “sentido pesar” pela morte do ministro. Rui de Araújo Gomes deslocou-se a Macau para participar no 5.º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas, tendo sido encontrado morto no seu quarto de hotel no Venetian, na manhã de quinta-feira.

O presidente português Aníbal Cavaco Silva inicia hoje a visita de uma semana à China

destinada a reforçar as relações bilaterais e promover Portugal como “um parceiro construtivo” da nova potência emergente na Ásia Oriental.

“A China pode estar segura que Portugal agirá dentro da União Europeia (UE) de forma amiga face à China”, disse Cavaco Silva numa entrevista à agência noticiosa oficial chinesa Xinhua. “Somos um parceiro construtivo e um amigo da China e sabemos quão benéfico é para a UE aprofundar as relações comerciais e de investimento com a China”, acrescentou.

Na mesma entrevista, o pre-sidente português afirmou que “Portugal sempre defendeu o reforço das relações entre a UE” e apelou ao “diálogo e negociação” para resolver diferendos comerciais entre Pequim e Bruxelas. “As disputas comerciais entre a UE e a China não beneficiam nenhuma das partes, e quando surgem, devem ser resolvidas através do diálogo e negociação, de um modo aberto e construtivo”, declarou.

Cavaco Silva considerou o rela-cionamento político entre Portugal e a China excelente e “baseado na confiança, cooperação e respeito mútuos”, disse à Xinhua. Segundo a agência chinesa, o presidente português mostrou-se confiante que as relações bilaterais “tornar-se-ão mais fortes no futuro em muitos domínios”.

“Cada vez há mais empresas portugueses a fazer negócios e transacções com a China e cada vez há mais companhias chinesas

A LEX Vong anunciou na sexta-feira que o em-bargo importação de aves vivas para Macau

vai continuar. O presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) assegura que está a ser estudada a possibilidade de atribuir um subsídio aos vendedores de aves, precisamente por este motivo.

A proibição de importação e venda de aves vivas iria ser terminado na sexta-feira, mas Vong diz que é

“ainda necessário rever todo o mecanismo de inspec-ção, para que se consiga garantir a saúde pública”.

O embargo aconteceu devido a ter sido detectada presença do vírus H7 numa amostra ambiental no Mercado do Patane, a segunda no espaço de um mês no território. O presidente do IACM não especifica se se vai avançar com a ideia recente de proibir total-mente a comercialização de aves vivas, nem adianta o prazo para o prolongamento do embargo. - J.F.

Vendedores de aves podem vir a receber subsídio

CAVACO SILVA INICIA VISITA OFICIAL A XANGAI, PEQUIM E MACAU

“Um parceiro construtivoe um amigo da China”Em entrevista à agência Xinhua, o presidente da República falou do papel que Portugal desempenha, no seio da União Europeia, nas ligações com a China. Falou ainda do crescimento da economia em Macau como sinal de sucesso da Declaração Conjunta

interessadas em fazer negócios com empresários portugueses e em investir em Portugal”, disse Cavaco Silva.

“FORTE CRESCIMENTO” DE MACAU Para além dos empresários que acompanham Cavaco Silva, o presidente da República portu-guesa também destaca à Xinhua o papel das ligações das universida-des de ambos os países. “Temos visto um aumento do intercâmbio de estudantes e investigadores, e há projectos científicos de-senvolvidos simultaneamente com universidades portuguesas e chinesas.”

Referindo-se a Macau, o presidente português disse que o território “conheceu um forte crescimento económico, desen-volvimento social e estabilidade política” desde a transferência da sua administração para a China, em Dezembro de 1999.

“Isto é a melhor prova que a escolha feita na Declaração Con-junta (assinada em 1987) e trans-crita na Lei Básica foi a escolha certa”, afirmou Cavaco Silva. Na

altura primeiro-ministro, Cavaco Silva foi um dos signatários da Declaração Conjunta, juntamen-te com o homólogo chinês Zhao Ziyang, de funesta sorte.

Esta será a primeira visita de um chefe de Estado português feita à China desde 2005, come-çando em Xangai, depois Pequim e finalmente Macau, de onde o presidente partirá no dia 18 de Maio, depois de uma recepção à comunidade portuguesa local.

À agência Lusa, Jorge Torres--Pereira, embaixador português em Pequim, descreveu esta vi-sita como sendo “a forma mais simbólica possível» para marcar o 35.º aniversário das relações diplomáticas entre os dois países. «Estamos numa nova fase do nosso relacionamento, particularmente no domínio económico», realçou o embaixador Torres-Pereira.

Além do homólogo chinês, Xi Jinping, o presidente por-tuguês vai encontrar-se com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhang De-jiang. - A.S.S. / LUSA