Hoje Macau 19 MAR 2015 #3294

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A garantia de que os preços da electricidade não vão aumentar e podem mesmo “ter um pequeno decréscimo razoável” vem de Bernie Leong, presidente da Comissão Executiva da CEM. Para além desta hipotética benesse, reafirma também o objectivo há muito anunciado de uma produção local de energia à base de gás natural. A proposta deve surgir até fim de Junho. SOCIEDADE PÁGINA 7 Boa energ a DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 QUINTA-FEIRA 19 DE MARÇO DE 2015 ANO XIV Nº 3294 hojemacau CEM PREÇO DA ELECTRICIDADE PODE DESCER PUB PUB AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 CASO LUÍS AMORIM Testemunhas negam tese de suicídio UM | ESTUDANTES Continentais ou locais? Eis a questão LAG | OBRAS PÚBLICAS Ordem na casa e também nas estradas PÁGINA 3 PÁGINA 8 PÁGINA 4

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Hoje Macau N.º3294 de 19 de Março de 2015

Transcript of Hoje Macau 19 MAR 2015 #3294

A garantia de que os preços da electricidade não vão aumentar e podem mesmo “ter um pequeno decréscimo razoável” vem de Bernie Leong, presidente da Comissão Executiva da CEM. Para além desta hipotética benesse, reafirma também o objectivo há muito anunciado de uma produção local de energia à base de gás natural. A proposta deve surgir até fim de Junho. sociedade Página 7

Boa energ aDirector carlos morais josé www.hojemacau.com.mo Mop$10 q u i n ta - f e i r a 1 9 D e m a r ç o D e 2 0 1 5 • a n o X i v • n º 3 2 9 4

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro(estagiária); Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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FuMo nEGRo cobre o ‘skyline’ de Frankfurt, na Alemanha, ontem, após protestos anti-austeridade, que levaram à detençãode 300 pessoas. Os protestos, violentos, eram sobretudo contra a abertura da nova sede do Banco Central Europeu.

Um trabalho fascinante

Mais aquéM da liberdade, emerge o valor da vida, a vita, o ânimo do ser, o ser enquanto móvel, a capacidade de reprodução e de criação. É sobre a vida que pensamos, ou seja: ela pensa sobre si mesma. A vida não é tudo mas quase.É por isso que as ruínas são tristes, enquanto locais onde se pressente ter havido vida, mas que hoje permanecem vazias, estéreis como as altas colunas e omissas como as lajes roídas pelo tempo.Não deixam por isso de ser belas, tal como as montanhas descarnadas, onde não se prevê uma planta ou um animal. Onde parece estarmos perante a terra do início, onde predominava

ainda um estranho odor a estrela, a enxofre, a um planeta acabado de nascer e de surgir lavado de milénios de dilúvio. Mas, apesar dessa beleza que nos remete para a eternidade, nada seriam sem a vida que as contempla e dá um, ainda que errado, sentido.É, portanto, neste sentido que o Governo da RAEM tem de encarar a questão do património local. Ele precisa, acima de tudo, de ser vivido, isto para além de precisar de ser profundamente estudado e entendido. Porque só assim ele fará sentido para a população e os turistas.O Instituto Cultural, de uma forma geral, não tem

deixado cair as casas e os monumentos. O que se aplaude. Contudo, precisa agora de atribuir fun-ções às áreas, conjuntos e edifícios patrimoniais de modo a integrá-los na cidade e, desse modo, protegê-los de forma continuada e inteligente. Precisa de lhes dar vida.Macau é de tal modo rico em património (para além do que foi classificado pela UNESCO) que se torna num exercício extraordinário agilizá-lo de modo a fazê-lo responder às necessidades do século XXI e sobretudo da população local. Há muito para fazer: ainda bem. Temos à nossa frente um trabalho fascinante, razão de uma vida.

“Vamos ficar sem nenhum pátio. Se não arranjam incentivos e um programa próprio vai acabar tudo. O proprietário decide sempre demolir, porqueé mais fácil e barato”Rui Leão• Arquitecto, sobre a degradaçãodos pátios chineses

“O Instituto Cultural vai recolher e juntar opiniões relevantes [sobre o património] e completar o plano [de gestão] na segunda metade do ano 2015, bem como formular medidas de gestão dos espaços mais específicas e detalhadas, implementado o plano de forma ordenada, atingindo assim os objectivos de uma preservação efectiva do Centro Histórico de Macau em linha com um desenvolvimento urbano sustentável”• Relatório entreguepela RAEM à UNESCO

“Depois de entrarem na rede, são frequentemente revendidas por traficantes e mudam-nas de sítio. A economia de Macau está a florescer, há muita procura e [os exploradores] recebem muito mais dinheiro.É por isso que astrazem para Macau”aRis TaM• Especialista, sobre tráfico humano

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“Há demasiados estudos e mais estudos e mais consultas públicase mais reuniões sem resultados. Há demasiado. [É preciso] planos objectivos”

Carlos Marreiros, arquitectos, sobre a tutela das obras Públicas e Transportes | P. 4

hoje macau quinta-feira 19.3.2015 3grande plano

Joana Freitas [email protected]

U m rapaz inteligente, com projectos para o futuro e cheio de vida. É desta forma que cinco amigos

da família de Luís Amorim, o jo-vem que apareceu morto debaixo da Ponte Nobre de Carvalho em Setembro de 2007, descrevem o adolescente de 17 anos, rejeitan-do de todas as formas a tese de suicídio. A segunda audiência de julgamento que opõe os pais de Luís Amorim à RAEm teve lugar ontem.

“Não consigo, não acredito e não vejo nenhuma razão para o Luís ter posto termo à vida”, frisou Alexandra Domingues, professora de Português do jovem, na Escola Portuguesa de macau (EPm). “O que se ouviu de imediato foi que foi suicídio, mas pus de lado comple-tamente, conhecendo o Luís como conheço. Estávamos incrédulos e todos queríamos respostas. Isso é tão absurdo”, aponta.

Alexandra Domingues foi uma das testemunhas a ser ouvida e mantém a mesma postura que as restantes: a tese de que Luís Amo-rim se suicidou – como conclui a investigação da Polícia Judiciária (PJ) – não convence quem privou tanto com o jovem, como com a família.

“[Fui à PJ na] manhã de dia 1 de Outubro e estava [a mãe] e mais uns colegas do Luís. Estava um senhor no balcão, que disse à minha frente que [o Luís] se tinha suicidado, que se atirou da ponte”,

meia dezena de pessoas dizem o mesmo: Luís Amorim era feliz e tinha planos concretos, o que não se coaduna com a tese de suicídio. Alegadas ameaças à irmã do jovem foram também ontem relatadas

Luís Amorim Amigos dA fAmíliA rejeitAm tese de suicídio

“Fora de questão”começa por descrever margarida Conde, colega de trabalho da mãe de Luís. “Nunca aceitámos como possível, porque o Luís era um jovem equilibrado, feliz, com projectos de vida.”

A defesa de Amorim tentava demonstrar que “estava fora de questão” a tese de suicídio defen-dida pela PJ e que não foram os pais os únicos a rejeitar a ideia. Alexandra Domingues foi uma das pessoas que deu exemplos de planos que Luís Amorim tinha pre-parados, como seja uma viagem à Tailândia organizada pela Comis-são de Finalistas da EPm, da qual fazia parte, e sobre a qual o jovem estaria sempre a falar. Também maria Piedade Costa, professora de matemática do rapaz, fala de uma promessa feita pelo Luís dois dias antes da sua morte, de que, “ele iria levar os trabalhos de casa feitos como a professora queria” na segunda-feira seguinte. “Ele tinha projectos para a faculdade, era o único a querer seguir Enge-nharia e sabia bem o que queria. Andava sempre a sorrir”, realça, acrescentando que a hipótese de suicídio “não faz sentido” num aluno “acima da média”, como era o jovem, e “cheio de amigos”.

Família Feliz João Travassos, colega e chefe de trabalho do pai de Luís Amorim, foi outra das testemunhas presen-tes ontem. Amigo da família há mais de duas décadas, Travassos desempenhou um papel ingrato: foi ele quem, numa viagem de negócios ao Japão, teve de dar a notícia da morte do Luís a José Amorim. “Foi uma das coisas mais difíceis da minha vida. Ele ficou destruído e [o aconteci-mento] mudou a família toda”, explica, assumindo perante o mP que nunca aceitou a tese de suicídio, mas ainda pensou para si que tivesse sido um acidente, “uma brincadeira”, que levou ao falecimento do jovem.

De “família estável e feliz”, como descreve Travassos, a família Amorim passou a ser amargurada e tanto João Travas-sos, como António Aguiar, outro amigo da família há 20 anos, explicam porquê: “Pior que o sentimento de perda, foi o dizerem [ao pai] que tinha sido suicídio”, descreve Travassos, que assegura que a razão da saída da família de macau – onde vivia desde os anos 1990 – se deveu a este factor. “A revolta deve-se ao facto de não se saber o que aconteceu, todas as tentativas foram no sentido de

perceber o que aconteceu e nunca conseguiram fazer o luto, porque não se sabe”, acrescenta Aguiar, que assegura rejeitar a tese de suicídio, tal como José Amorim.

João Costeira Varela, à altura dos factos jornalista e director do HM, confirma as mesmas descri-ções feitas pelos amigos da família. Admitindo perante o mP ter sido contactado para que a história fosse escrita “uma vez que os pais não estavam satisfeitos como o caso foi tratado”, Varela assegura que era evidente “a impotên-cia e a raiva” dos pais pelo facto das autoridades terem assumido que Luís se matou. “Do ponto de vista deles, se houvesse provas de suicídio, viveriam mais tranquilos”,

começa por apontar. “Falei com muita gente – professores, amigos, pais de alunos – e nada indicava que o Luís pudesse ser infeliz.”

João Varela assegurou ainda que os factos dados pela família eram sempre confirmados por fontes das autoridades e que “José Amorim tinha respeito pelo mP, mas se sentia frustrado por este não seguir as pistas que lhes eram dadas” e que, segundo os pais, “levariam a outros caminhos na investigação”.

Recorde-se que os pais defen-dem que o jovem foi assassinado, ainda que não saibam porquê.

em risco?Foi em 2008 que os pais de Luís regressaram a Portugal, onde foram feitas também investigações. mas, no decorrer das inquirições de ontem, foram diversas as testemu-nhas que asseguraram que a irmã de Luís Amorim, mais nova, teria

sido forçada a ir embora mais cedo devido a

“ameaças”. “A certa al-

tura, o Amo-rim foi à PJ e disseram-lhe – não sei se foi aconselhar

ou pior

“Não consigo, não acredito e não vejo nenhuma razão para o Luís ter posto termo à vida”ALexAndrA domingues Professora de Português

“Ele tinha projectos para a faculdade, era o único a querer seguir Engenharia e sabia bem o que queria. Andava sempre a sorrir”mAriA PiedAde CostA Professora de matemática

– que era melhor irem embora, porque ainda tinham uma filha”, descreveu perante o tribunal João Travassos. “Ouvi pela mãe que tinham recebido uma mensagem para estarem quietos com o pro-cesso judicial, porque tinham uma filha na EPM”, disse também margarida Conde. “Penso que foi alguém ligado à PJ.”

O assunto causa confusão no mP, que questionou a razão de não terem sido feitas participações sobre estes alertas na própria PJ. Também João Varela testemunhou que “os pais teriam sido informa-dos que a filha estaria em perigo”.

A ausência de impressões digitais na ponte – que, para os advogados da família não se coa-duna com o facto de terem sido encontradas marcas das sapatilhas de Luís Amorim no local – foi também levantada ontem pela defesa, dirigida por Pedro Redinha, perante Porfírio Souza, um dos inspectores da PJ que continuou a testemunhar.

O inspector admitiu “que achou estranho”, mas tem uma explicação possível. “Achei estranho, mas devido à altura do falecido ele pode ter subido [à estrutura] sem se agarrar.”

O agente continua a descartar a hipótese de que Luís teria feri-mentos que indicassem uma luta e terá escrito no relatório final que “é de acreditar que o Luís, já sob o efeito do álcool, se ausentou do Bex

[bar onde estava] e dirigiu-se sozinho para a ponte” e ainda que “já com sani-dade mental duvidosa foi para a ponte, passou uma

perna pelo gradeamento e caiu ou atirou-se, matando-se”.

Dúvidas da parte dos ad-vogados de defesa, que dizem não perceber como é que um relatório final se elabora apenas com “ideias”.

A sessão continua a 15 de Abril. A família processa a

RAEm por condução errada das investigações e pede uma indemnização civil de 15 milhões de patacas.

“A certa altura,o Amorim foi à PJe disseram-lhe– não sei se foi aconselhar ou pior– que era melhorirem embora, porque ainda tinham uma filha”João trAvAssosColega e chefe de trabalhodo pai de Luís Amorim

gcs

4 hoje macau quinta-feira 19.3.2015política

Fil ipa araú[email protected]

S erá já no próximo mês de Abril que raimundo do rosário, Secretário para os Transportes e Obras

Públicas, vai apresentar as Linhas de Acção Governativa (LAG) da sua tutela. De um dimensão extensa e um talvez das mais polémicas, a pasta entregue a raimundo do rosário suscita muita curiosidade e expectativa, com a habitação a ocupar o lugar cimeiro das preo-cupações de especialistas ouvido pelo HM.

“Não posso negar que as re-centes alterações dos dirigentes na [Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes] mostram que há claramente indí-cios de uma mudança”, começa

A habitação e os transportes são os temas que predominam quando o assunto são as novidades que se esperam na tutela de raimundo do rosário. Para os especialistas não há dúvidas: Macau e as suas pessoas precisam de um controlo de rendas, mais habitações e ordem nas estradas. Menos carros, mais meios e menos consultas públicas são pontos referidos por especialistas, que pedem ainda que os trabalhos que estão pendentes sejam finalmente acabados

LAG ObrAs PúbLicAs Medidas para transportes e finalização de trabalhos

casa, carro e roupa lavada

“Macau sofreu várias restrições, tal como a salvaguarda de património cultural, insuficiência de espaço, desenvolvimento irregular, tendo já a população apresentado várias opiniões. Acredito que o novo Governo deve fazer a conclusão destes trabalhos, muitos deles já têm mais de dez anos”ben LeOnG Presidente da Associação de Arquitectos de Macau

por defender o arquitecto Carlos Marreiros, referindo-se ao mais recente anúncio da saída de André ritchie do cargo de coordenador do Gabinete de Infra-estruturas e Transportes. Para o arquitecto, as LAG devem-se focar em três temas principais: habitação, transportes e planos de trabalho.

Num primeiro ponto, o ar-quitecto aponta que a habitação deve ser a questão prioritária na apresentação das LAG. “É preciso assegurar de forma planificada a construção da habitação pública e social mas também, e com grande enfoque, para a classe média. esta tem sido prejudicada com a situa-ção da inflação do mercado imobi-liário”, explica Carlos Marreiros.

Apesar de não parecer fácil, diz o arquitecto, é preciso inverter o merca-do especulativo do sector imobiliário. “O Governo tem que ter um sistema de controlo de preços. Os preços inflacionam quando há procura - e efectivamente há muito procura em Macau”, argumenta.

A solução apresentada pelo arquitecto é a construção “em ter-reno próprio” de habitação pública e edifícios que apresentem ainda

preços atraente para a população do território conseguir comprar.

Como segundo ponto, Carlos Marreiros defende que a preocu-pação do Secretário deveria ser o trânsito, item também defendido por Andrew Scott, presidente da Associação de Passageiros de Táxi (MTPA, na sigla inglesa).

“Temos visto que têm sido feito, desde o novo Governo, algumas coisas para mudar e vejo que há esforço para melhorar, acredito nisso”, defendeu o representante, sublinhando, contudo, que muito há a fazer. “Para começar devem finalizar a legislação referente aos táxis. O trabalho não está acabado e é preciso serem rápidos e concluir tudo o que esteja relacionado com o sector”, começa por enumerar.

O metro é também uma dos pontos prioritários dentro do sector dos transportes. “É preciso resolver esta situação do metro ligeiro que está uma verdadeira confusão”, diz.

Andrew Scott critica ainda a falta de informações e das inúmeras incertezas que o Governo até agora tem passado para a população.

“Ninguém sabe nada, quan-do termina, nada, ninguém sabe nada”, defende.

O número dos carros é também um assunto que deve ser discutido e solucionado com a máxima ur-gência, de acordo com especialistas ouvidos pelo HM.

O presidente da MTPA acredita que o número de carros em Macau e consecutivamente o número de estradas é insuficiente e não vai melhorar. “A situação vai piorar

cada vez mais. existem demasia-dos carros e estradas insuficientes. Precisamos de menos carros ou mais estradas, ou ambos. esta situação é demasiado má, preci-samos um grande plano para a sua resolução”, argumenta.

Carlos Marreiros não hesita em defender que as “medidas até agora não funcionaram e por isso é preciso definir outros, mais e

melhores caminhos”. Para o arqui-tecto, o Governo deve levar a cabo “medidas ousadas e vanguardistas para o trânsito”, passando talvez pela construção de infra-estruturas em vários níveis: solo, marítimo e de passagem superior.

Menos estudos Mais planosPlanos concretos e objectivos é o que também se pede ao novo Secretário.

“Há demasiados estudos e mais estudos e mais consultas públicas e mais reuniões sem resultados”, ar-gumenta Carlos Marreiros, frisan-do que o que é preciso “são planos objectivos”, que as pessoas vejam que o Governo está a trabalhar de forma organizada e concreta e que está “a fazer política”.

“É preciso que a população sinta que o Governo está a fazer

política para elas e que isso não passe só de anúncios de estudos e consultas”, argumenta.

No seguimento do pensamento, Ben Leong, presidente da Asso-ciação de Arquitectos de Macau, defende que o executivo deve concentrar-se na conclusão de trabalhos há muito prometidos. “em tempos passados, Macau sofreu várias restrições, tal como

“É preciso assegurar de forma planificada a construção da habitação pública e social mas também, e com grande enfoque, para a classe média. Esta tem sido prejudicada coma situação da inflação do mercado imobiliário”cArLOs MArreirOs Arquitecto

“Precisamos de menos carrosou mais estradas, ou ambos. Esta situaçãoé demasiado má, precisamos um grande planopara a sua resolução”Andrew scOtt Presidente da MtPA

a salvaguarda de património cultural, insuficiência de espaço, desenvolvimento irregular, tendo já a população apresentado várias opiniões. Acredito que o novo Governo deve fazer a conclusão destes trabalhos, muitos deles já têm mais de dez anos”, defende.

Ainda assim, diz o presidente, o novo Secretário e a sua equipa devem concentrar-se em imple-

mentar projectos que possam estar suspensos. A reordenação de bairros antigos, o planeamento de reordenamento das Portas do Cerco e o planeamento da zona de novos aterros são também pontos avançados por Ben Leong.

A problemática da zona norte do território foi também abordada pelo arquitecto Carlos Marreiros, que defende uma “requalificação total ou em parcelas significativas”. Para o arquitecto não há dúvidas: a zona norte não tem qualquer qualidade e o Governo precisa de se empenhar muito, precisa de levar avante uma coordenação exímia interdeparta-mental, assim como um coordenação com as várias secretarias.

“Acho que o executivo deve ter um quadro claro para todos os sectores e a população perceber [o

seu trabalho] de forma organizada, com um calendário de trabalho”, rematou Ben Leong.

Mas é também preciso que a “população seja activa”, diz Carlos Marreiros. É preciso que a mesma “mostre que quer fazer coisas para o colectivo”.

Ainda assim, raimundo do ro-sário é elogiado e visto como alguém “que irá colocar ordem na casa”.

gcs

5 políticahoje macau quinta-feira 19.3.2015

pub

Fil ipa araú[email protected]

D epois de algumas visitas a quatro dis-tritos do território - san Kio, Norte,

Central e ilhas - o secretário para a economia e Finanças, Lionel Leong, ouviu várias preocupações apresentadas pelos empresários das pe-quenas e médias empresas (pMe) dessas zonas. o pro-gressivo envelhecimento das instalações, aliado aos poucos turistas que visitam os locais foram alguns dos motivos apresentados para a “cada vez mais difícil exploração das suas actividades”, dando por isso origem a uma degradação dos seus negócios.

Lionel Leong ouviu de alguns comerciantes expli-cações de que os pequenos negócios em muito têm sofrido com o rápido desen-volvimento da economia, devido a terem-se tornado vítimas da subida dos custos de exploração por causa dos consecutivos aumentos das rendas e dos salários, mas também pela falta de recur-sos humanos.

os empresários argumen-tam que, devido ao pulo da economia, muitas lojas tradi-cionais, velhas e prestigiadas, fecharam as suas portas. Mas não são só estas que sofrem.

“Tanto as lojas velhas e tradicionais, como os jovens empreendedores sofrem com elevados custos no âmbito da manutenção dos seus negócios e no da criação das suas empresas [e com] a perda de clientes e a diminui-ção de volume de negócios dado o fraco planeamento do trânsito e respectivas instalações complementares nos referidos locais”, pode ler-se num comunicado do gabinete do secretário.

AjudAs precisAm-seos comerciantes e em-presários apelam a que o Governo avance no sentido de preservar as caracterís-ticas culturais locais e de aperfeiçoar as instalações complementares do trânsito e de negócios nas diversas zonas e ruas. os empreende-dores pedem ainda que seja injectada uma “nova dinâ-mica para as diversas zonas e ruas através do desvio de

Comerciantes e empresários, reunidos com Lionel Leong, mostraram-se descontentes com o estado dos negócios das pequenas e médias empresas, apontando o desenvolvimento da economia como um dos maiores motivos de perda de lucros. pedem a diversificação de movimentação dos turistas e melhoria de instalações

PME EmprEsários dEscontEntEs pEdEm acção

A sina dos pequenos

Os comerciantes apelam a que o Governo avance no sentido de preservar as características culturais locais e de aperfeiçoar as instalações complementares do trânsitoe de negócios

turistas e o encaminhar dos consumidores jovens para as zonas antigas”, prestando apoio às pequenas e médias empresas “para fazer face à nova normalidade da eco-nomia”.

Algo que, alertam, teria que ser feito com alguma cautela e de forma contro-

lada para não impulsionar o aumento da renda, aumen-tando também os custos de exploração nas respectivas zonas.

em resposta, Lionel Leong referiu que “através do desenvolvimento da eco-nomia comunitária, poderão ser proporcionados espaços para a sobrevivência das marcas específicas de Macau e das lojas velhas locais, permitindo a preservação e o prolongamento das tradições comunitárias de qualidade e respectivos valores, ofe-recendo aos turistas mais opções em matérias de lazer e de consum o durante a sua estadia em Macau”. o secre-tário mostrou-se ainda atento à questão, defendendo que com o aperfeiçoamento das instalações, forma de gestão, equipamentos complementa-res do trânsito, entre outros, poderá existir uma melhoria no ambiente e na qualidade da vida dos próprios mora-dores destas zonas.

gcs

6 política hoje macau quinta-feira 19.3.2015

Mudançasno Gabinete de Ligação do Governo Central O Conselho de Estado do Governo Central da República Popular da China decidiu ontem designar SunDa e Zheng Zhentao como subchefes do Gabinete de Ligação do Governo Central na RAEM. SunDa era secretário-geral do gabinete e Zheng Zhentao era secretário da cidade Shaoguan, da província Guangdong.

ONU Macau precisa de “melhor ambiente internacional”Liu Jieyi, embaixador e representante permanente das Nações Unidas (ONU) na China, disse ontem que as entidades do Ministério dos Negócios Estrangeiros do continente “envidarão esforços para ajudar a RAEM, no sentido de criar um melhor ambiente internacional e defender a dignidade e a imagem”. Segundo uma nota oficial, Liu Jieyi disse ainda que “depois de mais de dez anos sem visitar o território, sentiu que a cidade mudou muito e percebeu, após as apresentações do Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros na RAEM, com o grande desenvolvimento de Macau”.

Leonor Sá [email protected]

F oi num encontro com o Secretário para a Segurança, Wong Sio

Chak, que a Associação de Trabalhadores da Fun-ção Pública de Macau (ATFPM), representada por Rita Santos, fez uma série de sugestões e pedidos para a melhoria do trabalho das forças de segurança locais. Entre eles estão a implementação de medidas que atraiam mais jovens para integrar as autorida-des policiais e manter os polícias mais qualificados nos seus postos.

FiL ipa araú[email protected]

E CCo Chan, sucessora de Rita Santos, tomou ontem posse como coordenadora do Gabinete de Apoio ao Secre-

tariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau). A nova coordenadora afirma-se concentrada no trabalho a desenvolver, mas não revela para já planos imediatos.

“Neste ano, o secretariado per- manente terá uma reunião ordi-nária, alguns seminários e inter-câmbios entre países de Língua Portuguesa e empresários de Macau. São trabalhos que neste momento estamos concentrados a desempenhar e a trabalhar”, começou por esclarecer.

À margem da cerimónia de toma-da de posse, a coordenadora assumiu estar “concentrada em primeiro lugar

Na cerimónia de tomada de posse do novo cargo, Ecco Chan garante que o Fórum Macau está empenhado e concentrado em desenvolver trabalhos, mas também numa melhor comunicação, evitando erros passados. Sobre o Centro de Distribuição de Produtos Lusófonos, a nova coordenadora descarta qualquer novidade para o fim do mês, altura da primeira reunião ordinária do Fórum

Fórum macau ECCO ChAN ASSUME CARGO SEM LEvANtAR PONtA DO véU

cenas do próximo episódio

SeM coMentárioS Sobre ipM Sobre as críticas de Rita Santos à nova licenciatura de Relações Comerciais China-Países Lusófonos do instituto Politécnico de Macau, relativamente à falta das disciplinas sobre Economia e Política da RAEM, diplomacia económica e cultura dos países de língua portuguesa, Ecco Chan não comenta mas garante o papel de Macau. “Não tenho de conhecimento das suas críticas”, disse, frisando que “o papel de Macau como plataforma é reconhecido”.

“Estou a planear e a fazer algumas reuniões com os meus colegas para utilizar as tecnologias e meios mais eficazes” (para uma melhor comunicação)

aTFPm Pedidas casas Públicas e maiores salários Para Polícias

Regresso ao passadoA par disto, a ATFPM

pede ainda que o Secretário “estude as práticas da década de 80” no que diz respeito à construção de edifícios residenciais especialmente destinados a elementos das Forças de Segurança. Sobre esta questão, a Associação lembra, em comunicado, que Chui Sai on já havia feito a promessa de reservar terrenos para o efeito.

“Ao longo dos 15 anos desde o retorno de Macau

à Pátria, a ATFPM tem apresentado esta sugestão ao Governo e nos últimos dois anos a nossa Asso-ciação também incluiu esta sugestão na proposta apresentada ao Governo no âmbito das Linhas de Acção Governativa, tendo o Chefe do Executivo prometido que fossem reservados ter-renos para o devido efeito, portanto, esperamos que a Secretária para a Segurança pudesse instar o Governo a

executar este plano”, lê-se no documento.

RetRoactividadeoutra das reivindicações tem que ver com o aumento salarial, justificado por Rita Santos pelo elevado custo de vida, nomeadamente das rendas de casa. “Sugerimos que fosse autorizado o retroactivo da antiguidade dos trabalhadores acima referidos quando estavam a trabalhar no regime de

assalariamento, comple-mentando a sua cobrança dos descontos para efeitos de aposentação”, frisa Rita Santos.

A ATFPM mostrou-se também preocupada com queixas, por parte de agentes policiais, de horários labo-rais demasiado extensos. “Esta situação é causada directamente pela falta de agentes policiais, por isso, esperamos que o Secretário possa atribuir importância e

resolver com a maior celeri-dade o problema da falta de agentes”, lê-se num comu-nicado publicado depois do encontro com o Secretário.

Finalmente, a associação de funcionários públicos sugere que a política de promoção dos agentes seja alterada, de modo a encurtar o período obrigatório em cada posição para que estes possam subir de escalão mais rapidamente. “(...) Por um lado, para aumentar o brio profissional de todos os tra-balhadores de base, por outro lado, para atrair mais jovens a candidatar-se às carreiras das Forças de Segurança”, justifica a ATFPM.

no estudo mais pormenorizado so-bre os trabalhos diários, mas logo a seguir”, diz, também irá “trabalhar para garantir as actividades promo-

cionais e do secretariado permanente do Fórum”.

Sobre as lacunas na comunicação do Fórum Macau, muitas vezes men-cionadas pelos meios de comunicação social, Ecco Chan disse considerar que é preciso melhor esse aspecto.

“Estou a planear e a fazer algumas reuniões com os meus colegas para utilizar as tecnologias e meios mais eficazes” para uma melhor comunica-ção. “Esse é um dos planos que tenho. Acho que é sempre preciso [apostar na boa comunicação]”, afirmou.

Relativamente ao Centro de Distribuição de Produtos Lusófo-nos, a actual coordenadora garantiu que existem planos, estando já em marcha a construção de uma infra--estrutura para tal. Contudo, afirma, para já é muito cedo para avançar com qualquer data.

PoRtal no dia das mentiRasEcco Chan esclareceu que dia 1 de Abril, depois de reunião or-dinária do Fórum Macau, vai ser lançado um portal como primeira forma de divulgação dos produtos lusófonos.

“Estamos neste momento a trabalhar com o Ministério do Co-mércio e o secretariado do Fórum para ver a sua implementação. Sei que [será] num futuro muito próxi-mo, aquando da reunião ordinária em que também vamos organizar uma sessão de intercâmbio entre empresários de Macau e com os países de Língua Portuguesa e o lançamento do portal”, explicou sem adiantar qualquer detalhes sobre a nova plataforma.

Num remate final, Ecco Chan diz-se crente num leque de oportu-nidades que as empresas de Língua Portuguesa poderão ter com a zona de comércio livre de Guangdong. “Acho que estes novos incentivos são uma boa oportunidade para as empresas de Língua Portuguesa para se desenvolverem no mercado chinês”, defendeu.

cem

7sociedadehoje macau quinta-feira 19.3.2015

AndreiA SofiA [email protected]

a Companhia de Electricidade de Macau (CEM) promete manter

os mesmos preços de elec-tricidade ou até baixá-los. A garantia foi dada ontem por Bernie Leong, presidente da Comissão Executiva da empresa, à margem de um almoço de Primavera com os jornalistas.

“O preço global da im-portação não deve regis-tar grande alteração. Vai manter-se, mais ou menos, como o actual. Outro ponto é a nossa produção. Com o mercado de petróleo a manter-se estável, e até a registar algum decréscimo comparativamente ao ano passado, esperamos manter a nossa tarifa estável ou até ter um pequeno decréscimo razoável”, frisou.

Actualmente, a CEM importa 88% da energia que é consumida em Macau, sen-do que o custo actual, do que é importado do continente, se cifra em 1,7 renmibi por kwh. Contudo, a empresa mantém o objectivo, há mui-to anunciado, de produzir mais energia em Macau a partir do gás natural. As ne-gociações com o Governo só agora estão a arrancar, tendo Bernie Leong garantido que, até final deste primeiro se-mestre, uma proposta deverá ser entregue ao Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético (GDSE).

Benesses para todosCaso aconteça, o projecto deverá representar um in-vestimento de 1,7 milhões

leonor Sá [email protected]

A directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA) disse ontem,

durante uma sessão de esclarecimento, que o manual de instruções de limpeza lançado por esta entidade é já de uso obrigatório para as empresas de gestão predial que pretendam participar em concursos de prestação de serviços de gestão de propriedades.

A DSAMA realizou ontem uma sessão de esclarecimento relativa aos cuidados e preservação da qualidade da água da rede de distribuição do-méstica, durante a qual o representante da Zhuhai Water Group, Wang Hang Zhou, sugeriu que fosse criada uma aliança mais forte entre o Governo e os proprietários dos prédios no sentido de melhorar a qualidade da água que chega a estes locais. O responsável frisou que a água proveniente do con-tinente não pode seguir directamente para a rede doméstica, devido à falta

Água PotÁvel emPresas que gerem ProPriedades têm novas regras

Limpeza acima de tudo

Bernie Leong, presidente da Comissão Executiva da Companhia de Electricidadede Macau, garantiu que não haverá aumentos das tarifas, uma vez que os custosde importação deverão manter-se iguais. A proposta para a produção local de energiaa partir do gás natural deverá ser feita no primeiro semestre

“Com o mercado de petróleo a manter-se estável,e até a registar algum decréscimo comparativamenteao ano passado, esperamos manter a nossa tarifa estável ou até ter um pequeno decréscimo razoável”Bernie leong Presidente da Comissão executiva da Cem

Cem Preços da electricidade não vão aumentar. Produção local na agenda

estabilidade para lá da procura

eMiSSõeS poluenteS“São teMporáriAS”Questionado sobre as emissões poluentes oriundas de uma torre da central eléctrica de Coloane, Bernie Leong garantiu que os níveis estão controlados e que as emissões são temporárias. “Os padrões de emissões são acompanhados pelo Governo e seguem aquilo que está estipulado. Contudo, ainda temos espaço para melhorar, então estamos a trabalhar nisso, para ter a certeza de que as emissões cumprem os objectivos e para que o impacto visual seja minimizado o mais possível. Temos vindo a analisar a situação mas quero referir que as elevadas emissões são temporárias, diria que duram algumas horas por operação. Mas gradualmente vão diminuir”, referiu.

de patacas, na substituição de algumas unidades de geração a Diesel, “antigas e ineficientes”, por unidades de turbina a gás, “mais eco-lógicas e eficientes”.

“O facto de haver um novo Governo e novas actividades em Macau constitui uma boa oportunidade para abrir esta discussão. Estamos a começar o processo. Gostaríamos de

anunciar algo este ano”, disse o responsável.

Os benefícios iriam che-gar a toda a população, acrescentou ainda Bernie Leong. “Todos poderiam beneficiar com esta medida. Com a produção a partir do

dSAMA quer ApoiAr eMbArcAçõeS de ZhongShAnA directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e de Água referiu ontem que o Governo pretende abrir concurso para a construção de ancoradouros, uma zona que possibilite o apoio – em termos de abastecimento, por exemplo – a embarcações de recreio provenientes de Zhongshan, zona que actualmente conta com um acordo de cooperação com o Executivo da RAEM. “É para oferecer serviços às embarcações de recreio. Quando estas chegam a Macau, precisam de se reabastecer com água ou electricidade, etc. E os passageiros também precisam de transporte até à Ponte Cais de Coloane onde vão passar na alfândega. Estamos à espera de autorização para lançarmos o concurso”, disse Wong aos jornalistas, durante um evento que teve lugar ontem.

de monitorização do processo de dis-tribuição. É necessário, de acordo com o responsável, que “todos assumam a sua responsabilidade” para evitar a poluição da água potável.

Já Chu Wai Man, da Sociedade de Abastecimento de Águas de Ma-cau, também ditou de sua sentença e referiu que as empresas gestoras dos edifícios deveriam começar a adoptar tanques de aço inoxidável, material que considera ter mais durabilidade.

A sessão de ontem, que tinha como objectivo esclarecer a população e o sector de gestores prediais em especial, contou com a presença de 150 represen-tantes de serviços públicos. Foi também onde a directora da DSAMA, Susana Wong, sublinhou que é necessário fa-zer uma melhor lavagem dos tanques de água da rede doméstica, bem como inspeccionar as instalações de abaste-cimento de água a estes edifícios com maior periodicidade.

gás natural poderíamos pro-duzir energia mais limpa e as tarifas poderiam estabilizar, poderiam até baixar.”

Para este ano, a CEM en-tregou ao Governo um plano de investimentos superior a mil milhões de patacas. A

subestação de energia da Ilha Verde deverá ficar concluída este ano, sendo que as novas subestações do hospital Conde de São Januário e o novo hospital no Cotai deverão estar finalizadas em 2016 e 2017.

Para os próximos anos, e tendo em conta a construção de novos empreendimentos, como o metro ligeiro, mais habitação pública e casinos, a CEM prevê um aumento dos consumidores.

Esperamos algum au-mento do consumo de energia, especialmente no COTAI. Devido ao abranda-mento da economia de Ma-cau, vai haver um aumento da procura, mas vai ser um número moderado, de cerca de 5%, neste ano”, concluiu Bernie Leong.

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Flora [email protected]

O responsável pelo ga-binete de admissão de alunos da Uni-versidade de Macau

(UM), Paul Pang Chap Chong, referiu, ao jornal South China Morning Post (SCMP), que a maioria dos cursos não conseguiu admitir estudantes de Macau, prevendo-se uma maior aceita-ção de estudantes do interior da China. O responsável apontou que a UM tinha, há três anos, seis mil alunos locais, número que já diminuiu para cinco mil. Até 2021, Paul Pang Chap Chong prevê que esse número baixe para três mil alunos.

“Chegámos a um consenso com o Governo para limitar o número de estudantes do conti-nente (em cursos de licenciatura) em 18%, mas devido à baixa inscrição de estudantes locais, vamos gradualmente admitir mais estudantes do interior da China.” disse ao SCMP.

O HM contactou académicos da instituição pública de ensino superior para saber as suas opiniões sobre este assunto. Para Leung Shing On, professor associado da Faculdade de Educação da UM, admitir mais estudantes do interior da China tem objectivo o equilíbrio das despesas e receitas, bem como aumentar a qualidade de estudantes.

“Quando uma universidade ad-mite poucos estudantes, os custos de funcionamento não podem ser equilibrados, portanto é normal que a UM aceite mais estudantes do continente”, apontou.

Leung Shing On acrescentou que Macau é um território peque-no, com apenas cinco mil pessoas em idade de acesso ao ensino superior. A dimensão dos alunos locais admitidos todos os anos pela UM é apenas de 24%. Em Hong Kong, oito instituições de ensino

Jogo Resolvidosmais de cem casos de publicidade ilegal

Pac On GDI “negoceia” com empresa construtora

UM Admissão de mAis estudAntes dA ChinA gerA ControvérsiA

Locais VS continentais Atrair estudantes do continente tem como objectivo equilibrar as despesas e garantir a qualidade de ensino, apontam académicos. Mas há quem defenda a primazia dos locais, quando a própria UM assegura que há uma maior aceitaçãode alunos do interior da China

admitem, no total, 18% de alunos locais. “De facto, os números (na UM) já são altos”, frisou.

O também director do Centro de Educação Contínua disse que caso a UM admita mais estudantes locais, a qualidade dos mesmos pode diminuir.

“Admitir estudantes locais é como cuidar dos filhos, não pode-mos esperar uma qualidade ele-vada desses estudantes, porque os melhores escolhem estudar em instituições mais conhecidas.

“Quando uma universidade admite poucos estudantes, os custos de funcionamento não podem ser equilibrados, portanto é normal que a UM aceite mais estudantes do continente”LeUng Shing On Professor associado da Faculdade de educação da UM

(a UM) “Deve dar sempre prioridade aos estudantes locais nos cursos de licenciatura, ajudando-os a desenvolver-se em várias áreas.”AgneS LAM Docente da UM na área de comunicação

Além disso, antigamente os es-tudantes eram activos. Hoje em dia, reparo que os estudantes já não têm a mesma qualidade. Por outro lado, os estudantes do interior da China são escolhidos de entre 1300 milhões de pessoas, portanto, a qualidade deve ser melhor.”

Prioridade aos locaisAo contactar outra académica da instituição, Agnes Lam, professora na área de comunicação, referiu

que nunca ouviu que a UM iria admitir mais estudantes conti-nentais, mas já tinha recebido um relatório mostrando que o número de estudantes locais vai diminuir até 2018. Mesmo assim, a ex-can-didata à Assembleia Legislativa (AL) defende que a UM deve “dar sempre prioridade aos estudantes locais nos cursos de licenciatura, ajudando-os a desenvolver-se em várias áreas.”

“Actualmente quando são organizadas delegações ou inter-câmbios no estrangeiro, embora as vagas de estudantes continentais sejam menores, são mais activos em participar. Macau é pequeno, mas se compararmos os alunos locais com os estudantes conti-nentais, facilmente são piores do que eles. Para os estudantes terem sucesso, devem ter mais oportuni-dades no ensino superior” disse a docente.

Agnes Lam acha que pode haver um aumento de admissão de estudantes do interior da China, mas deve ser “um aumento ligei-ro”, ou seja, no máximo 30% de estudantes.

A directora dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da

Água (DSAMA), Susana Wong, disse ontem à Rádio Macau que ainda não sabe novidades sobre a conclusão do novo terminal ma-rítimo do Pac On. A responsável mostrou-se confiante de que o pra-zo de finalização não exceda o final deste ano, mas admite que “ainda não tem informação actualizada” e continua “à espera de saber quando a obra será entregue”.

Entretanto, numa resposta do Gabinete para o Desenvolvimento das Infra-Estruturas (GDI) ao HM, é possível perceber que o gabinete res-ponsável pelas obras do terminal não tem também planos para a entrega da infra-estrutura. Mais ainda, o próprio

GDI admite estar em negociações com a empresa construtora.

“Este Gabinete já negociou com o empreiteiro geral da em-preitada a questão relativa ao anda-mento [das obras]. Nesta fase está a proceder-se ao estudo do plano de recuperação do andamento apre-sentado pelo empreiteiro com a empresa fiscalizadora”, pode ler-se numa resposta enviada por email.

Ao que parece há mais problemas no local, que deveria já estar concluí-do. “Relativamente às instalações electromecânicas, como existia variação na escolha dos materiais e equipamentos, agora os respectivos materiais e equipamentos estão a ser aprovados gradualmente”, acrescen-ta a nota do GDI ao HM. “O Terminal

Marítimo de Passageiros da Taipa irá ser entregue faseadamente à DSA-MA para a operação experimental, quando reúna as devidas condições”, conclui o gabinete, demonstrando não ter qualquer data para tal. O anúncio surge depois do jornal Ponto Final ter noticiado que as obras no terminal estão paradas há mais de meio ano. - J.F.

o director dos serviços de economia (dse), sou tim Peng, assegurou ontem que, desde o início do ano até ao início do mês de Fevereiro, foram resolvidos 156 casos ligados a publicidade ilegal ao Jogo, sendo que já começaram vários processos e sanções administrativas. numa resposta a uma interpelação escrita da deputada melinda Chan, o director aponta que foram descobertas publicidades ilegais em relação a jogo online e salas viP em placas exteriores de edifícios, autocarros, táxis e outros locais. sou tim Peng salientou ainda que, quando existir a confirmação de mais publicidade

contendo mensagens alusivas ao jogo, depois de se conseguirem provas suficientes, serão atribuídas as devidas penas de acordo com as leis. sou tim Peng adiantou ainda que está a recolher opiniões da sociedade para a revisão do regime geral da Actividade Publicitária, tal como tinha já sido noticiado pelo hm.

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇASEDITAL

Contribuição Predial UrbanaRECLAMAÇÕES

Faz-se saber, face ao disposto no artigo 71.º do Regulamento da Contribuição Predial Urbana, aprovado pela Lei n.º 19/78/M, de 12 de Agosto, com nova redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 19/87/M, de 13 de Abril, que, durante o período de 1 a 31 de Março do corrente ano, as matrizes prediais vão ser postas a reclamação dos contribuintes, podendo estes reclamar contra o rendimento colectável fixado para o exercício de 2014.

O respectivo impresso é fornecido por estes Serviços, no Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Atendimento Taipa, ou ser descarregado através do endereço electrónico www.dsf.gov.mo, podendo, ainda, o pedido de reclamação acima referido ser apresentado através do endereço electrónico desta Direcção dos Serviços.

Aos, 4 de Fevereiro de 2015.A Directora dos Serviços,

Vitória da Conceição

A licenciatura em Direito iniciada no corrente ano lectivo na Uni-

versidade de Macau (UM) deixa de ser reconhecida automaticamente pelas auto-ridades portuguesas, depois da faculdade de Direito ter alterado o programa de estudos.

“O curso pode ser reco-nhecido, mas não de forma automática, como o era atra-vés do despacho conjunto 112/98, que, com base num parecer de especialistas, re-conhecia o curso de Direito em português ministrado na UM, segundo um deter-minado plano de estudos anteriormente aprovado e que foi, no ano lectivo em curso, alvo de alterações”, explicou à agência Lusa uma fonte ligada ao processo.

O curso de Licenciatura em Direito em Língua Por-tuguesa a vigorar a partir do corrente ano lectivo, apesar de manter uma duração de cinco anos, sofreu alterações na duração das disciplinas e introduziu disciplinas novas.

“Não vejo que seja possí-vel alguém não vir a reconhe-cer o curso ministrado pela

AndreiA SofiA [email protected]

o S responsáveis do Museu de Arte de Macau (MAM)

reuniram ontem com jorna-listas para fazer o balanço do ano passado e uma coisa é certa: há cada vez mais visitantes a visitar as expo-sições na zona dos NAPE, o que é sinónimo de sucesso mas também de mais tra-balho. Perante isso, Chan Hou Seng, director do MAM, admitiu a necessi-dade de recrutamento de mais funcionários.

“Precisamos de mais tra-balhadores. No ano passado este museu organizou mais de 900 actividades para os cidadãos. Relativamente aos anos anteriores registou um aumento de cerca de 20%, há mais trabalho e por isso precisamos de mais recursos humanos. Também porque muitos funcionários já chegaram à idade da reforma, mas ainda não sei como vamos contratar as pessoas, porque tudo vai

Direito Licenciatura da uM deixa de ser reconhecida eM PortugaL

Mudanças de baseMudanças de disciplinas fizeram com que o curso de Direito em Português ministrado pela UM deixe de ser reconhecido de forma automática em Portugal

“Não vejo que seja possível alguém não vir a reconhecer o curso ministrado pela UM, mas as autoridades portuguesas não estão obrigadas a fazê-lo da forma como o estavam anteriormente”Fonte ligaDa ao processo

UM, mas as autoridades por-tuguesas não estão obrigadas a fazê-lo da forma como o estavam anteriormente”, explicou a fonte, alertando para a questão de Bolonha, que Macau não segue, como uma das vantagens do curso local face aos cursos minis-trados em Portugal. “Mas o despacho conjunto, então assinado pelo Ministro da Educação e pelo Governador de Macau, já não tem qual-quer eficácia”, sublinhou.

Manter ligaçõesConfrontado com a questão, Gabriel Tong, vice-director da Faculdade de Direito da UM, explicou que “a faculdade de Direito está

MaM Falta De Funcionários e agenDa cheia

Quando a arte floresce

depender da integração no Instituto Cultural (IC).”

Sobre essa transição, anunciada há mais de um ano pelo Governo, ainda não há data para acon-tecer. “ Os trabalhos de

transferência estão a ser feitos, mas neste momento ainda não sabemos a data. Quando este museu passar para o IC vamos trabalhar em mais áreas, mas o facto de passar para outro serviço

não vai trazer impacto ao funcionamento do museu. Vamos continuar a orga-nizar as exposições como antes”, acrescentou Chan Hou Seng.

Olhando para números, o MAM registou um total de 360 mil visitantes, “um notável aumento” de 30% face a 2013, como disse o director da entidade. “Po-demos ver que o museu fez um bom trabalho e toda a sociedade está satisfeita. Todos os anos o museu recebe mais visitantes e

isso significa que fazemos um bom trabalho”, disse Chan Hou Seng.

Dezenas De exposições a caMinhoPara este ano o MAM já tem agendadas 18 exposições, que incluem “pintura abs-tracta, retratos, pintura anti-ga do século XIX, gravuras e fotos antigas, mas também as últimas criações de sete artistas locais na Montra de Arte de Macau”.

A partir de Junho o público poderá conhecer

a obra do francês Robert Cahen, uma instalação de vídeo, bem como a obra de Zhou Chunya, “um artista chinês contemporâneo muito popular”.

Para este ano o MAM traz também duas séries de expo-sições anuais. Uma delas é “Pintura, Caligrafia e Grava-ção de Sinetes das dinastias Ming e Qing”, com obras de Wu Rangzhi e Zhao Zhiqian, e ainda “Tesouros do Museu do Palácio”, exposição dedi-cada à arquitectura da Cidade Proibida, em Pequim.

aberta ao desenvolvimento do curso”, mas tal implica a “manutenção e a protecção da relação do programa em português com Portugal”.

“Se o programa mudou de acordo com uma discussão interna que existiu então, o que me parece, é que o curso aqui foi alterado para seguir um

pouco aquilo que aconteceu em Portugal”, frisou sem, contudo, justificar qualquer alteração programática.

Tong, que é também deputado nomeado pelo Chefe do Executivo na Assembleia Legislativa, garantiu, por outro lado, que Macau quer manter uma “forte ligação a Por-tugal no âmbito do Direito” e que quer manter na UM a “componente universitária da língua portuguesa”.

“O mecanismo da faculda-de de Direito, como de qual-quer faculdade, tem sempre a questão da evolução porque o Conselho Académico tem de aceitar a evolução de todos os cursos”, disse, reconhecendo que há que “enfrentar a situa-ção e procurar que o curso continue a ser reconhecido”, mas sem apontar qualquer solução.

Até agora, os cursos de Direito da UM, como outros programas de estudos, esta-vam automaticamente reco-nhecidos em Portugal, mas a introdução de alterações aos programas de estudos implicam a inviabilização desse reconhecimento de forma imediata. - lusa/hM

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10 hoje macau quinta-feira 19.3.2015eventos

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

CaRTaS de CaSanova • antónio mega FerreiraNo verão de 1757, o aventureiro Giacomo Casanova, que se evadira pouco antes da prisão dos Piombi, em Veneza, desembarca em Lisboa. O espectáculo das ruínas provocadas pelo terramoto ultrapassa tudo aquilo que ele podia imaginar. Durante seis semanas, Casanova faz os possíveis por entender os portugueses. Exaspera-se e diverte-se, seduz e perde ao jogo, e encontra tempo para escrever seis cartas a cinco personagens importantes da sua vida. «Rien ne pourra faire que je ne me sois amusé» é a divisa que o guia. Mesmo em Lisboa. Mesmo depois do Grande Terramoto.

as MuLheres deviam viR Com livRo de inSTRuçõeS • manuel Jorge marmeloCanalizador, carpinteiro, pedreiro, pintor e mecânico-de-pequenos-electrodomésticos, Madureira é casado com duas mulheres e tem seis filhos. Na condição de faz-tudo conhece Maria Rosa, uma rapariga humilde que, após uma passagem atribulada pelas páginas policiais dos jornais, circula entre o submundo e a burguesia do Porto do final dos anos 1990. Transforma-se, assim, num espectador privilegiado (e mordaz) dos vícios sociais e do universo feminino, concluindo que as mulheres deviam vir com livro de instruções, mas também que o mundo todo necessitaria de ser deixado longe do alcance das crianças.

Português vai ser presidente da Sony Brasil IC Trienal de Gravura abre candidaturas

A RquEóLOGOS que no Verão escavaram o Castro do Amaral, em Alenquer,

anunciaram ontem a descoberta de um objecto de inspiração fenícia, semelhante ao alfinete de dama, confirmando assim a forte presença fenícia no estuário do Tejo.

Ana Margarida Arruda, docente da Faculdade de Letras da univer-sidade de Lisboa, que coordenou

Alenquer Alfinete rAro fenício entre AchAdos Arqueológicos

Fíbula com três mil anos

A 2.a Trienal de Gravura de Macau vai ter lugar em

Novembro, mas as inscrições já podem ser efectuadas a partir de hoje.

Uma organização do Ins-tituto Cultural e do Centro de Investigação de Gravura de Macau, a 2ª edição da trienal de gravura pretende atrair e encorajar a participação de obras notáveis de vários países e territórios, sendo o prémio de ouro de 250 mil patacas e os prémios de prata e bronze de 80 mil e 50 mil patacas, respectivamente. Não existem restrições aos tipos e técnicas de produção de gravura e os trabalhos devem ter sido produ-

zidos nos últimos cinco anos e nunca terem sido expostos em edições anteriores da Trienal de Gravura de Macau. O tamanho das obras em papel não pode exceder 1m2 e cada concorrente pode submeter um máximo de duas obras. Estas devem ser entregues entre 1 e 30 de Junho de 2015, planas e devidamente embrulhadas, no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau.

A Organização irá con-vidar gravadores de renome da China e de outros países para formarem um painel de juízes. A lista dos trabalhos seleccionados será anunciada em Julho de 2015.

O português Paulo Junqueiro foi convidado para presidir

a Sony Music Brasil, substituindo o brasileiro Alexandre Schiavo que ocupava o cargo há dez anos, avança o site O GLOBO.

Paulo Junqueiro, actual di-rector-geral daquela editora dis-cográfica em Portugal, ganhou visibilidade junto do público por-tuguês como jurado do programa televisivo “Factor X”. De acordo com O Globo, que cita dados da Associação Brasileira de Produto-res de Discos, a Sony Music Brasil lidera o mercado brasileiro alcan-çando 34,2% ‘share’ em 2014.

Através dos artistas que produ-ziu ou com quem trabalhou, Paulo Junqueiro tem no seu currículo 44

discos de ouro, 21 discos de platina, 11 discos multiplatina e o Grammy Award de “Melhor Álbum de World Music” em 1998, enquan-to produtor do álbum “quanta Live” de Gilberto Gil.

Esta não é a primeira vez que Junqueiro trabalha em terras brasileiras. Antes de dirigir a Sony Music Por-tugal, o português ocupou durante cerca de cinco anos funções de direcção no ma-rketing da EMI Brasil.

Antes disso, nos anos 80, esteve no estúdio Nas Nuvens, Rio de Janeiro, considerado o melhor estúdio do Brasil, que per-tencia a Gilberto Gil e ao produtor Liminha.

a campanha arqueológica, disse à agência Lusa que o estudo dos materiais recolhidos permitiu con-firmar a existência de uma fíbula de bronze.

A investigadora explicou que a peça, com cerca de nove centímetros e datada do século VII antes de Cris-to (a.C.), é “uma espécie de alfinete de dama de antigamente” usado no vestuário há mais de três mil anos e

trazida pelos fenícios, oriundos do litoral do actual Líbano.

Além de “muito bem conservada”, é uma raridade, não só por apenas existirem outras três ou quatro em Portugal, mas também por ter uma decoração que outras fíbulas não têm.

Para a investigadora do Centro de Investigação de Arqueologia da universidade de Lisboa, o objecto seria usado por pessoas nativas,

mais destacadas na sociedade e mais expostas às influências orientais trazidas pelos fenícios.

inFluênCiaS oRienTaiS As escavações permitiram pôr a descoberto uma muralha defensiva e centenas de fragmentos cerâmicos da Idade do Bronze e material da Idade do Ferro (séculos VII e VI a.C.), que permitem confirmar que “a Penín-sula Ibérica, e sobretudo a zona do Estuário do Tejo, sofreu influências orientais que resultaram no contacto dos fenícios com a população indíge-na”, concluiu a especialista.

Na campanha, que decorreu entre Julho e Setembro, os arqueólo-gos descobriram ainda uma moeda “invulgar” de D. Afonso Henriques (século XII) e vestígios das épocas romana e medieval, como telhas, que “revelam uma ocupação perma-nente” ao longo de vários séculos.

Para Ana Margarida Arruda, o Castro do Amaral, na freguesia de Santana da Carnota, reconhecido como sítio arqueológico desde os anos 60 do século passado, tornou-se um dos locais arqueológicos mais relevantes do Estuário do Tejo para o estudo da presença dos fenícios.

O projecto de dois anos, cujos resultados foram agora conhecidos, foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e vai terminar em Agosto. Os arqueólogos admi-tem que, por ter uma área superior a seis hectares, o Castro do Amaral possuirá ainda muito material com potencial arqueológico para reco-lher em futuras escavações.

A recente edição do livro lançado há mais de 20 anos contém uma série de novas receitas e sugestões vinícolas que se juntam às da primeira edição, entretanto revista

gAstronomiA mAcAense Graça Pacheco JorGe reedita livro com novas receitas

uma boa mesa, com certeza

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11hoje macau quinta-feira 19.3.2015 eventos

FRC Debate sobre liberdade de expressão hoje ao fim da tardeIC Trienal de Gravura abre candidaturas

Leonor Sá [email protected]

A autora de “Cozinha de Macau” e outras obras sobre gastro-nomia macaense

prepara-se agora para lançar, com o apoio do Instituto Cultu-ral (IC), uma nova edição de “A Cozinha de Macau da Casa do Meu Avô”, que conta com uma série de receitas e sugestões vinícolas para os grandes apre-ciadores da comida local pelas mãos de uma verdadeira aman-te da gastronomia macaense. A primeira versão da obra conta ainda com uma breve história sobre o desenvolvimento deste sector no território, explicando a forte influência e inspiração nas cozinhas chinesa e portu-guesa, onde os condimentos e especiarias desempenham um papel essencial.

A obra terá uma versão total-mente em chinês e outra bilin-gue, ou seja, em línguas inglesa e portuguesa para cobrir um

A Fundação Rui Cunha vai acolher, a partir das 18h30 de hoje, um

debate público e livre sobre a possi-bilidade da existência de “liberdade absoluta de expressão”. A iniciativa, que está integrada no ciclo de conver-sas Café da Filosofia, é co-organizada pela Fundação, Universidade de Ma-cau e Alliance Française. Presentes estarão três especialistas franceses, nomeadamente os académicos Nicolas Le Jeune e Xavier Garnier e a poetisa Béatrice Machet para mediarem e discutirem este tema. O debate deverá durar cerca de hora e meia e é em língua inglesa.

Sobre a primeira sessão deste ciclo, a Fundação refere que teve uma audiência de mais de 40 pessoas, entre elas professores, estudantes e

interessados na área da Filosofia. O referido debate focou-se no Papel da China no mundo contemporâneo e no “universalismo filosófico”. A presente sessão tem por objectivo discutir temas relacionadas com a liberdade de expressão e suas even-tuais limitações. A principal questão tem que ver com o factor hipotético da diluição e desaparecimento dessas barreiras. O incidente que teve lugar na redacção do jornal Charlie Hebdo, em Paris, será naturalmente frisado.

“As pessoas de todo o mundo iniciaram um debate sobre o que deveríamos, ou não, ser autoriza-dos a expressar, e este assunto é, naturalmente, também importante para nós, aqui em Macau”, explica a Fundação.

zidos nos últimos cinco anos e nunca terem sido expostos em edições anteriores da Trienal de Gravura de Macau. O tamanho das obras em papel não pode exceder 1m2 e cada concorrente pode submeter um máximo de duas obras. Estas devem ser entregues entre 1 e 30 de Junho de 2015, planas e devidamente embrulhadas, no Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau.

A Organização irá con-vidar gravadores de renome da China e de outros países para formarem um painel de juízes. A lista dos trabalhos seleccionados será anunciada em Julho de 2015.

Gastronomia macaense Graça Pacheco JorGe reedita livro com novas receitas

Uma boa mesa, com certeza

“Passados mais de vinte anos, Graça Pacheco Jorge reviu as receitas originais e adicionounovos pratos”

maior escopo de leitores. Graça Pacheco Jorge é macaense de gema, descendendo de uma fa-mília antiga do território, e tem vindo a desenvolver uma série de actividades relacionadas com a gastronomia local, como são conferências e workshops. A par destas iniciativas, a autora deu ainda o seu contributo sobre Macau em documentários rea-lizados no Japão, em Portugal e em Hong Kong.

Mais e MelhorEm comunicado, o IC recor-da que as “técnicas de gas-tronomia macaense” foram integradas, há cerca de dois anos, na Lista do Património Cultural Intangível de Macau, tal como acontece com o Fado em Portugal.

“Passados mais de vinte anos, Graça Pacheco Jorge reviu as receitas originais e adicionou novos pratos”, in-forma o IC em comunicado. A primeira versão foi lançada em 1992. A reedição chinesa encontra-se à venda por 170 patacas, enquanto a versão bilingue deverá custar 170 ou 250 patacas, dependendo da es-colha entre capa mole ou dura.

O livro estará disponível nas bancas da Livraria Seng Kwong, na Livraria Portugue-sa, no Arquivo Histórico de Macau, no Centro Ecuménico de Kun Iam e no Centro de Informações ao Público da Rua do Campo.

COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES E DOS CONTABILISTASAviso

Faz-se público, em conformidade com deliberação da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, de 9 de Fevereiro de 2015, e nos termos do disposto no nº 1 do artigo 18º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, no nº 1 do artigo 13º do Estatuto dos Contabilistas Registados, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, bem como do disposto no ponto 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que nos dias 30, 31 de Maio e 6, 7, 13 de Junho do corrente ano, irá realizar-se a prestação de provas para inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas.

1. Prazo, local e horário de inscrição > Prazo de inscrição: De 12 de Março a 25 de Março de 2015 > Local de inscrição: Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 1º andar do “Centro de Recursos da Direcção dos Serviços de Finanças”, sito na Rua da Sé, n.º 30 em Macau. > Horário de inscrição: De 2ª a 5ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h45 6ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h30

2. Condições de candidaturaAuditores de contas:Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como Auditores de Contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto.

Contabilista registado e técnico de contas:Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como contabilistas registados ou técnicos de contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido com o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto.

3. Local de levantamento do boletim de inscriçãoO boletim de inscrição, os esclarecimentos relativos à prestação de provas, o regulamento das provas e as regras da prestação de provas relativas aos candidatos e conteúdo das provas podem ser obtidos no sítio da internet da Direcção dos Serviços de Finanças no local relativo à CRAC (www.dsf.gov.mo) ou levantados nos seguintes locais:1) Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 1º andar do “Centro de Recursos da Direcção dos Serviços de Finanças”, sito na Rua da Sé, nº 30, em Macau;2) Rés-do-chão do Edifício da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande n.ºs 575, 579 e 585;3) Centro de Serviços da RAEM, Rua Nova de Areia Preta, Nº 52;4) Centro de Atendimento Taipa, Rua de Bragança, Nº500, R/C, Taipa.

Em caso de dúvidas, agradecemos o contacto a CRAC, durante as horas de expediente, através do telefone número 85995343 ou 85995344, ou através do e-mail [email protected].

Direcção dos Serviços de Finanças, aos 6 de Março de 2015.

O Presidente da CRACIong Kong Leong

12 publicidade hoje macau quinta-feira 19.3.2015

13chinahoje macau quinta-feira 19.3.2015

a S exportações de teci-dos portugueses para a China continental cresceram 10% em

2014, ilustrando o “bom nome de Portugal” no mercado têxtil inter-nacional, afirmou ontem á agência Lusa uma responsável do sector.

“As novas marcas chinesas conhecem-nos cada vez mais e há marcas internacionais, sobre-tudo americanas, que compram a matéria-prima em Portugal e con-feccionam depois os produtos na China”, disse Sofia Batalha, direc-tora executiva da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP).

Sofia Batalha falava a propósito da abertura da “Intertextile Xangai 2015”, considerada um dos maiores certames asiáticos do sector, que decorre até sexta-feira na capital eco-nómica da China com a participação de oito empresas portuguesas.

“Portugal tem um bom nome no mercado e as marcas chinesas

Lucros líquidos da Cathay Pacific subiram 20,2% A Cathay Pacific, companhia de bandeira de Hong Kong, anunciou ontem ter registado lucros de 3,15 mil milhões de dólares de Hong Kong. O valor apurado em 2014 representa um aumento de 20,2% face a 2013, ano em que a transportadora aérea obteve lucros líquidos de 2,62 mil milhões de dólares de Hong Kong. Ao longo do ano passado, a Cathay Pacific transportou 31,5 milhões de passageiros – mais 5,5% do que em 2013 –, bem como 1,7 toneladas de carga, segmento que registou um crescimento de 12%.

MPLA “aprofunda intercâmbio” com Partido Comunista Chinês

“As novas marcas chinesas conhecem--nos cada vez mais e há marcas internacionais, sobretudo americanas, que compram a matéria--prima em Portugal e confeccionam depois os produtos na China”

ExPOrtAçõEs dE tECidOs lusitAnOs CrEsCErAm 10%

Bom nome português cativa Ásia

estão a comprar mais em Portugal”, disse a responsável, que representa também a Associação Seletiva Moda, o organismo da ATP en-carregue de promover o país nas feiras internacionais.

Estatísticas fornecidas à Lusa pela ATP indicam que no ano passado as exportações de têxteis portugueses para a China somaram cerca de 5,5 milhões de euros, subindo 10% em relação a 2013.

O aumento maior foi nas áreas

dos filamentos sintéticos e das fibras artificiais, que cresceram 104% e 26%, respectivamente, mas os tecidos de algodão manti-veram o primeiro lugar, facturan-do cerca de metade do total: 2,28 milhões de euros, mais 10% do que em 2013.

Incluindo Hong Kong e Macau, duas Regiões Administrativas Es-peciais da China, com autonomia aduaneira, as exportações de têx-teis portuguesas para aquele país

somaram cerca de 11,1 milhões de euros em 2014.

Toda a ÁsiaSegundo Sofia Batalha, a procura de tecidos portugueses está a subir tam-bém noutros países asiáticos, entre os quais a Coreia do Sul e Japão: “A Ásia não é um mercado fácil, mas é decisivo para nós”, disse.

Lemar, Paulo de Oliveira, Pen-teadora, Ribera, Riopele, Somelos, Textil Serzedelo e Troficolor são as empresas portuguesas presentes na “Intertextile Xangai 2015”, um certame com mais de 3.000 expositores de 24 países e regiões, organizado pela Messe Frankfurt.

Aquelas empresas ocupam o pavilhão “From Portugal”, um espaço de cerca de 100 metros quadrados onde predomina o ver-melho papoila (a “cor da energia”,

salienta Sofia Batalha) e com o nome do país escrito também na língua local (“Pu Tao Ya”).

“From Portugal” (em inglês) é um projecto da Associação Seletiva Moda apoiado por fundos comu-nitários (Qren).

Paralelamente à “Intertextile Xangai 2015”, decorre no mesmo local a “Micam”, uma feira interna-cional de calçado, com a presença de cinco empresas portuguesas: Flex & Co, Fly London, J. Reinal-do, Mocc’s/Boat Dock’s e Nobrand

Os dois certames coincidem com um bom momento das expor-tações portuguesas para a China.

Pelas contas da Administração--geral das Alfandegas Chinesas, em 2014, as exportações portuguesas para a China aumentaram 18,8% para 1.660 milhões de dólares, mais de o dobro de há cinco anos.

U MA delegação do Movimento Popular para a Libertação de

Angola (MPLA) está em Pequim, numa “visita de trabalho” destinada a “aprofundar a troca de experien-cias em gestão de Estado” com o Partido Comunista Chinês (PCC).

A delegação, que chegou na terça-feira a Pequim, é chefiada pelo vice-presidente do MPLA, Roberto de Almeida, e além da capital chi-nesa, visitará Hangzhou, onde terá

contactos com a multinacional de comércio electrónico Alibaba, e a seguir Xangai, na costa leste da Chi-na, indica o comunicado enviado ontem à agência Lusa em Pequim.

Ainda em Pequim, a delega-ção angolana vai encontrar-se com um alto dirigente do PCC e com responsáveis da CITIC, um grande consórcio estatal chinês muito activo em Angola.

O programa oficial começa na quinta-feira, com uma reunião no Departamento internacional do PCC. Roberto de Almeida viaja acompanhado por Jorge Dombolo (secretário para a Or-ganização e Mobilização) Mário

António (Informação), Ferreira Pinto (coordenador da Comissão de Disciplina e Auditoria), Meireles Patrocínio (director do Gabinete do vice-presidente) e Pedro Chaves (director do Departamento de Re-lações Internacionais).

“Fortalecer as relações de ami-zade e de cooperação entre o MPLA e o Partido Comunista da China e aprofundar a troca de experiências em gestão de Estado constam dos objectivos da permanência da comitiva no país asiático”, realça o comunicado.

O regresso da delegação a Luanda está marcado para dia 26 de Março.

14 hoje macau quinta-feira 19.3.2015

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N o dia 15 de Março de 1975, Francisco da Con-ceição Silva chegava ao Rio de Janeiro, depois

de passar quase dois meses escondi-do em Madrid. Na saída repentina de Portugal, levava apenas algumas notas que conseguira esconder nos sapatos e nas meias, na passagem clandestina da fronteira portuguesa, e algum dinheiro que um ou outro amigo lhe havia entre-gue na capital espanhola.

o arquitecto juntava-se assim, com a sua segunda mulher e a filha de am-bos, à horda de portugueses que ha-viam abandonado Portugal no último ano, em fuga de um país em tumulto, na sequência da Revolução de 25 de Abril. Contrariamente à maioria, não pertencia a uma das poderosas famílias que tinham até então dominado a eco-nomia portuguesa, nem estivera ligado ao governo autoritário que governara o país durante mais de quatro décadas. Pelo contrário, as suas simpatias políti-cas estavam do lado da oposição.

Mas Conceição Silva era um arqui-tecto incómodo. Incómodo para os seus pares que, no ambiente altamente politizado que antecedeu a revolução, punham em causa a organização de tipo empresarial daquele que era talvez o maior atelier do país, com cerca de 150 colaboradores e uma carteira de encomendas invejável, dentro de uma classe privilegiada, com clientes tanto na esfera económica, quanto cultural, mas também política, como António Valadas Fernandes, dono da construto-ra Engil, a fadista Amália Rodrigues, ou Rogério Martins, secretário de Estado da Indústria de Marcello Caetano.

Conceição Silva era o arquitecto de quem se falava. o seu atelier não era tão experimental quanto, por exem-plo, o de Teotónio Pereira, mas formou toda uma geração de arquitectos den-tro de um espírito de rigor e princípios de qualidade. Foi porém o envolvimen-to na promoção imobiliária que causou a maior celeuma e também a evolução do atelier para um conjunto de empre-sas acabou por colocar Conceição Sil-va lado a lado com os então designados “capitalistas”, chegando a participar com as principais figuras dos grandes grupos económicos no MDE/S, grupo

Arquitecto fugiu pArA o BrAsil há 40 AnosAs contAminAções tropicAis

de conceição silvAde reflexão que elenca um conjunto de medidas para a retoma económica no período conturbado do pós-revolução.

A participação de Conceição Silva na Torralta, sociedade promotora do Complexo Turístico de Tróia, não só como projectista, mas também como accionista e com ligações à empresa de construção, poderá estar no cerne do atentado que sofreu à porta de casa, em Janeiro de 1975, e do qual ainda se des-conhecem as razões.

Incontornável em Portugal, não só pelo modelo único que imprimiu no exercício da profissão, mas sobretudo pela contribuição das suas obras para a História da  Arquitectura, no Brasil não deixou marcas. ou deixou? Que lugar lhe caberia no seio da produção arqui-tectónica brasileira, num país em que a modernidade também foi  talhada com a contribuição de arquitectos estran-geiros, num país imenso, em escalada pelo progresso, suportado pelas políti-cas desenvolvimentistas, desde Getúlio Vargas a Juscelino Kubitschek.

AlugAr um estirAdorConceição Silva chega no entanto ao Rio de Janeiro numa altura em que en-tre política e arquitectura se estabelecia uma relação menos linear, num perío-do de endurecimento e forte repressão da ditadura brasileira, na sequência do golpe militar de 1964. Num país que andava à procura de uma saída para a crise da arquitectura moderna, que até à construção de Brasília, na década de 60, tinha colocado a sua produção nas bocas do mundo, despontavam então novos e diversos caminhos. o quadro de referências ia do engagement po-lítico do brutalismo paulista, liderado por Vilanova Artigas, a um regionalis-mo que procurava resgatar a arquitec-tura indígena, sobretudo em contextos mais secundários, como é exemplo, na Amazónia, a obra notável de Severiano Mário Porto, mas também, no Rio de Janeiro, do mais artesão Zanine Caldas. Além de algumas incursões pelo pós--modernismo e de uma extensa arqui-tectura internacional impulsionada pelo crescimento económico, ao serviço das grandes corporações ou da promoção imobiliária, mas que não terão retido a atenção do arquitecto português.  

os primeiros tempos são de gran-de sacrifício pessoal e profissional, a viver num pequeno apartamento de três assoalhadas partilhado entre vá-rias famílias de portugueses e a alugar um estirador no atelier de um colega brasileiro, onde Conceição Silva será notado pelas suas exímias capacida-des de desenho. Meses depois, conse-gue arrendar um pequeno atelier com José-Augusto Pinto da Cunha, vindo de Angola e recomendado pelo amigo comum Maurício Vasconcelos (sócio de Conceição Silva entre 1965 e 1967 e com quem fará o Hotel da Balaia), seu sócio e co-autor em toda a obra brasileira.

Em termos quantitativos, a produ-ção do atelier brasileiro constitui um corpo suficientemente amplo e coe-rente, com a construção de cerca de meia dúzia de casas unifamiliares, ain-da hoje bastante bem conservadas, es-sencialmente nas zonas de expansão da cidade, em bairros de eleição da bur-guesia, a oeste de Copacabana, entre o Leblon e a Tijuca, outros tantos esta-belecimentos comerciais, uma unidade industrial para a Sombra, empresa por-tuguesa de mobiliário de exterior que se instala no Rio, e pelo menos quatro conjuntos residenciais para os quadros da multinacional de pneus Michelin, encomenda ganha em concurso – fora a obra não construída. Pese embora a excentricidade do bairro onde se ins-talam, nas proximidades da fábrica, no Campo Grande, zona distante da cidade consolidada e sem visível pla-neamento, e o pragmatismo implícito a um programa de habitação colectiva para alojar rapidamente centenas de colaboradores, estes conjuntos, que nalguns casos chegam a ocupar quar-teirões inteiros, conferem um novo sentido ao espaço urbano. Importam aqui as consequências que os edifícios têm sobre a cidade, enfatizando e qua-lificando o espaço colectivo, cosendo e ligando as diferentes ruas, criando praças nos interstícios das construções. Também o piso térreo dos edifícios, parcialmente vazado, é tratado como espaço colectivo, com a criação de zo-nas de encontro e estadia dos seus ha-bitantes e o prolongamento da calçada dos passeios para o domínio privado.

fez estA semAnA 40 Anos que o Arquitecto conceição silvA chegou Ao rio de JAneiro fugido de portugAl nA sequênciA de um estrAnho AtentAdo. começA Aí umA segundA vidA e umA oBrA que AindA é pouco conhecidA

15 artes, letras e ideiashoje macau quinta-feira 19.3.2015

Inês LeIteIn PúbLIco

São no entanto as casas unifami-liares para uma burguesia abastada, como exercícios de excepção e de maior liberdade, que nos dão as prin-cipais pistas sobre a sua leitura do novo contexto. O arquitecto conhecia a mo-derna arquitectura brasileira que, para ele como para os seu pares, fora uma referência incontornável nas décadas de 40 e 50, e tinha inclusivamente vi-sitado o Brasil em 1972. Mas mais do que a absorção de correntes arquitec-tónicas, interessava a interpretação do contexto, a resposta aos problemas co-locados caso a caso, e atender à ques-tão identitária que atravessava todas as tendências num país que buscava a sua autonomia em relação à arquitectura estrangeira.

É esse sentido local que Conceição Silva procura imprimir nas suas obras, partindo da análise do território, vin-cando a sua sensibilidade em relação ao clima e geografia. Como em Portu-gal, o arquitecto manifesta a relevância dada às questões espaciais, às possibi-lidades vivenciais, procurando sempre criar um ambiente de conforto para a vida doméstica. Conceição Silva estará mais próximo de posturas individuais como a de Carlos Millan e o casal Li-liana e Joaquim Guedes que, em São Paulo, evidenciam uma maior sofisti-cação e atenção ao detalhe na aborda-gem brutalista, permeáveis também ao empirismo escandinavo, ou, no Rio, à inesgotável capacidade de reinvenção e experimentação de Sérgio Bernardes. Com uma resposta em função da cir-cunstância da encomenda, do contexto físico às exigências do programa, Con-ceição Silva põe em prática o sentido de pesquisa próprio do modo de fazer português que, entre nós, não fora ex-clusivo da “escola do Porto”.

Na sua leitura das possibilidades oferecidas pelo território, o que torna a sua obra mais original é a intensifi-cação da relação entre espaço interior e exterior, diluindo as fronteiras entre estas duas realidades que deixam de ser autónomas. No fundo vai reter uma ca-racterística da prática brasileira, já pre-sente na arquitectura bandeirante ou colonial, com seus sobrados e pátios, dispositivos que a modernidade de-senvolve em distintas variações, entre o ensimesmamento sobre pátios inter-nos ajardinados (Casa de Vidro, Lina Bo Bardi, de 1952, ou Residência RB de Lélé, duas décadas depois), ao pro-longamento do espaço interno para os além dos seus limites criando “espaços exteriores interiorizados”, como são exemplo as Residências Milton Guper (1953), de Rino Levi, ou a José Roberto Filippelli (1971), de Ruy Ohtake.

Mas enquanto na prática brasilei-ra as construções mantêm geralmente o volume puro que vem da “tradição” moderna, com a liberdade da planta dentro dos limites de um casco autó-nomo, ou o desenvolvimento em geo-metrias claras, Conceição Silva estreita a relação entre a construção e o terreno em complexas morfologias, convocan-do a lição organicista. Nas residências Ronaldo Steinberg e Simão Coslowski (projectadas em 1976/77), as casas es-praiam-se pelo terreno adossado a um morro, em diálogo com a topografia e em função também do desenvolvimen-to do espaço interno que se adapta à

pendente. A casa Salik Resner (c.1980), num lote plano e mais reduzido, ocu-pa a totalidade do espaço disponível, criando uma nova topografia e recon-figurando os limites do terreno, com a construção em torno de um gran-de pátio central, solução igualmente adoptada nos dois conjuntos de casas geminadas que fará para a Michelin. Projecta-se um ambiente num continuum que reconfigura a totalidade do espaço disponível e que, ao dissolver a noção de casa numa parcela de terreno, cria um lugar para a vida doméstica. Numa

zona mais consolidada e próxima do mar, no Barra da Tijuca, a casa Resner implanta-se numa cota superior, prote-gendo-se e negando-se à rua como as duas outras casas.  

O complexo jogo volumétrico jus-tifica-se na própria paisagem, na pro-digalidade da vegetação, assim como na explosão dos espaços internos, que a imensidão do território brasileiro su-gere. Em relação à experiência portu-guesa, a obra de Conceição Silva ga-nha aqui uma escala inusitada, reflec-tindo as condições e geografia locais. A composição fragmentada é ritmada pela articulação de cheios e vazios, entre construção e pátios ajardinados. No caso da Residência Coslowski, a interpenetração entre interior e exte-rior é levada ao limite. A invasão do revestimento exterior — tijolo maciço à vista — no interior da casa, a grelha estrutural visível e marcada pelo ritmo regular dos pilares como terraços porti-cados, os pátios ajardinados e algumas coberturas transparentes que deixam vislumbrar a paisagem, criam um am-biente ambíguo que faz com que as zonas sociais mais pareçam terraços cobertos. O arquitecto recorre ainda a outros dispositivos para intensifi-car essa relação com o entorno, como grandes vãos sem caixilho, com o vidro colado a seco, na Casa Steinberg, ou

a disseminação de floreiras que fazem brotar a vegetação da construção.

Cultura do sítioTal como na arquitectura brasileira, na obra de Conceição Silva, na conci-liação entre modernidade e tradição, reconhece-se a vontade de expressar a cultura do sítio, não só na criação de espaços que se adequam à vida tropi-cal, mas também no recurso a mate-riais e sistemas construtivos locais, ou a expressões mais autóctones. A casa Coslowski, com sua lógica aditiva com

No iNício de 1982, Não resiste às preocupações com a sobrecarga dos problemas do estaleiro de obra e a suspeita de uma burla por parte do seu coNtabilista, viNdo a falecer de um ataque cardíaco a 23 de JaNeiro de 1982, pouco aNtes de completar 60 aNos

o desenvolvimento a partir da repeti-ção de um módulo de base quadrada, em volumes marcados pelas coberturas em pirâmide, faz eco de construções primitivas, não deixando de também lembrar o edifício da superintendência da zona franca de Manaus (1971), de Severiano Porto. Tal como nas casas dos conjuntos Michelin, a residência Kelson reinterpreta a casa tradicional brasileira, com sua cobertura inclina-da, revestida a telha, e seu generoso alpendre de estrutura de madeira geo-metrizada. As alvenarias de tijolo ou de pedra e as estruturas de madeira, a que recorre em toda a sua obra, não só nas casas já citadas, mas também nos conjuntos Michelin, são precisamente materiais e sistemas construtivos que o Brasil começava a revalorizar face ao esgotamento da estética moderna e atendendo às reais possibilidades de um país com escassos meios técnicos e financeiros.  

Podemos assim enquadrar Concei-ção Silva e Pinto da Cunha no conjunto de arquitectos que colocam a identida-de como uma das questões fundamen-tais do Brasil da época, antecipando a reflexão dos seminários de Arquitec-tura Latino-americana (1985-2002), cuja principal preocupação era apon-tar caminhos para uma “modernidade apropriada” às condições económicas e técnicas do sub-continente. Identidade e regionalismo eram temas recorrentes, que agora a historiografia brasileira mais recente tem vindo a revalorizar.

Ao fim de cinco anos de sacrifício e esforço para vencer o ambiente alta-mente concorrencial do Rio de Janeiro, com a encomenda da Michelin, os dois sócios começavam finalmente a supe-rar as dificuldades e a antever uma nova etapa, mudando-se para um atelier mais amplo na Barra da Tijuca. Tudo indica que Conceição Silva, que nas cartas que envia à família (os quatro filhos do primeiro casamento permaneceram em Portugal) tanto se mostra contagiado pelo optimismo brasileiro quanto cép-tico face às idiossincrasias brasileiras que ofuscavam a sua rectidão, começa-va a criar uma organização decalcada do escritório português. Toma a seu cargo a construção dos conjuntos re-sidenciais da multinacional brasileira (como anos antes fizera com o Hotel da Balaia e depois Tróia) e lança-se na promoção imobiliária. Mas, no início de 1982, não resiste às preocupações com a sobrecarga dos problemas do estaleiro de obra e a suspeita de uma burla por parte do seu contabilista, vin-do a falecer de um ataque cardíaco a 23 de Janeiro de 1982, pouco antes de completar 60 anos.

16 hoje macau quinta-feira 19.3.2015

Oliveira, Carlos de, Finisterra, Paisagem e Povoamento, Livraria Sá da Costa, Lisboa, 1978.Descritores: Literatura Portuguesa, Romance, Micronarrativa, 182, [4] p.: 20 cm.E

ntRE muitas outras coisas Finisterra narra a decadência de uma casa e tudo leva a crer que essa casa é a Casa da Duna

e de qualquer modo a casa representa simbolicamente mais do que uma sim-ples, concreta, empírica casa.

“Na sala, o homem sentado à mesa de vinhático levanta-se e verifica a jane-la: caixilhos de castanho, misagras de ferro antigo, sustentam as vidraças cheias de imperfeições (nódulos, bolhas, distorcem a visão), mas duma espessura sólida capaz de resistir.Preciso de medir a casa. Os quartos, um a um: comprimento, largura, pé--direito. Avaliar a superfície entregue à névoa e os seus pontos frágeis (janelas, portas e postigos). Conhecer melhor o brilho da cera delida ou a sombra que se oculta nas galerias de caruncho; e o pó, as manchas de humidade nos tectos, a serradura interior da madeira. Numa tarde assim, tão cheia de água, registar ainda o fino diapasão das goteiras, a pouca transparência lá de fora, cada vez mais turva: como absorve ela o murmúrio dos móveis?A fita métrica deve estar na gaveta supe-rior direita da cómoda holandesa, onde sempre esteve; a chave, vejo-a daqui: chama de níquel vacilando na fechadura do último gavetão. Calcular com rigor o espaço em que posso mexer-me, a dis-tância entre as coisas, o sítio certo das cadeiras. Andar altas horas através da casa: às escuras e sem tropeções”.Carlos de Oliveira,  Finisterra – Paisagem e povoamento

todos os sentidos devem ser mobili-zados. A narrativa exige, o levantamen-to exaustivo, a observação demorada e meticulosa, as relações ecológicas entre todas as partes da realidade. O trabalho microscópico deve ser obses-sivo, quase doentio, e sobretudo deve ir aos confins das raízes, dos alicerces, podendo acontecer que assim se to-quem ou se toquem inevitavelmente, os domínios abstractos que suportam o que não se vê mas que se pressente com uma nitidez dolorosa.

Já em Uma Abelha na Chuva se per-cebe que Carlos de Oliveira jamais abandona a realidade e a sua descrição. O que transforma a natureza da sua relação com o real é a microscopia. O

CarlOs Oliveira nasceu no Brasil em Belém do Pará a 10 de Agosto de 1921 e faleceu em  Lisboa no dia 1 de Julho de 1981. Apesar de nascer no Brasil veio com apenas dois anos para Portugal. A partir de 1933 instala-se em Coimbra a fim de prosseguir os estudos, onde se viria a formar em Ciências Histórico-Filosóficas. É em Coimbra que dá os primeiros passos na actividade literária tendo conhecido e feito amizade com membros do grupo neorrealista de Coimbra, Joaquim namorado, João José Cochofel e Fernando namora. Ao formar-se troca Coimbra por Lisboa, vindo com regularidade à Gândara, na zona de Cantanhede. Em 1943 publica o seu primeiro romance, Casa na Duna, no ano de 1944 surge o romance Alcateia, que viria a ser apreendido pelo regime. Participa com regularidade nas revistas Seara nova e Vértice e em 1953 publica Uma Abelha na Chuva, o seu quarto romance, unanimemente considerado, uma das mais importantes obras da literatura portuguesa do século XX. Em 1968 publica dois novos livros de poesia, Sobre o Lado Esquerdo e Micropaisagem, e colabora na adaptação ao cinema de Uma Abelha na Chuva, filme realizado por Fernando Lopes. Em 1971 sai O Aprendiz de Feiticeiro, conjunto de crónicas e artigos, e Entre Duas Memórias, livro de poemas, com o qual lhe foi atribuído o Prémio da Casa da Imprensa. Finisterra, o seu último romance, sai em 1978, tendo como paisagem de fundo a sua Gândara.

fichas de leitura* Manuel afonso Costa

*No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Central de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.

Olhar, Inventar, recrIar.MOMentOs da MIcrOscOpIa analítIca

nO rOMance FInIsterra, paIsageM e pOvOaMentO

autor não abandonou um paradigma realista para procurar o sentido. O sen-tido continua dentro da realidade, mas ao apertar a malha da referencialidade até ao patamar do invisível é a exterio-ridade que sofre uma mutação severa no plano ontológico. Em boa verda-de Carlos de Oliveira não abandona a perspectiva aristotélica da mimesis, no entendimento mínimo que possamos fazer dela, do seu menor denominador comum, a ut pictura poesis, mas acrescen-ta-lhe uma perspectiva nova: A mimesis não é imitação, mas antes conhecimen-to, contudo o conhecimento não resul-ta de uma mutação epistemológica mas antes da radicalização dos processos cognoscitivos. Ao querer ver de mais perto, ao querer ver o que não é visível, mas está lá, o autor acaba por mudar de paradigma malgré lui. O autor cons-trói o mundo ao procurar olhá-lo com esse instrumento que apesar de tudo o altera.

A observação altera sempre a rea-lidade, sabêmo-lo desde Heisenberg e do seu celebérrimo Princípio de Incerteza; e muito curiosamente cons-trói o mundo pelo modo como o re-cria, isto é pelo modo como o povoa, o mobila, atrevo-me a dizer. A curio-sidade reside no facto de que Carlos de Oliveira teve essa consciência de modo muito lúcido, mas só quando es-creveu e publicou o romance Finisterra, pelo que lhe chamou também Paisagem e Povoamento. O mundo e a realidade que ele encerra é também o produto do modo como olhamos para ele e depois o povoamos. Mas isso só se torna visí-vel e palpável através da arte. Ora para Carlos de Oliveira a arte é essa micros-copia do olhar e as suas concomitantes micronarrativas.

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tempo muito nublado min 20 max 26 hum 75-100% • euro 8.4 baht 0 .2 yuan 1.2

João Corvo

Aconteceu Hoje 19 de março

fonte da inveja

C i n e m aCineteatro

Sala 1cinderella [a]Filme de: Kenneth BranaghCom: Lily James, richard madden, Cate Blanchett14.30, 16.30, 19.30, 21.30

Sala 2the divergent SerieS: inSurgent [c]Filme de: robert SchwenteCom: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet14.30, 16.45, 21.30

the divergent SerieS: inSurgent [3d] [c]Filme de: robert SchwenteCom: Shailene Woodley, Theo James, Kate Winslet19.15

Sala 3run all night[c]Filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Joel Kinnaman, Common ed Harris14.30, 16.30, 17.30, 21.30

O que fazer esta semana?

O que é a morte? Nada.

17(f)utilidadeshoje macau quinta-feira 19.3.2015

nasce o empresário António champalimaud• Na freguesia da Lapa, em Lisboa, nasceu a 19 de Março de 1918 António de Sommer Champalimaud. Viria a tornar-se o homem mais rico de Portugal. Figura polémica, construiu um império durante a ditadura do estado Novo. Hoje, celebra-se o dia do Pai.António de Sommer Champalimaud é uma figura incontornável do século XX português. Filho de um médico militar rico, produtor de vinhos do Douro, de uma família de fidalgos da Casa Real, e de Ana de Sommer, neta de um barão da família alemã radicada em Lisboa, destacou-se pelo império que construiu, sob a capa do estado Novo de Salazar.Tornou-se o homem mais rico de Portugal, com uma fortuna avaliada em 1,3 mil milhões de euros. Chegou a fazer parte da lista dos multimilionários da Forbes, em 2004, sendo considerado o 153.º mais rico do mundo.Angola, Moçambique e Brasil foram os países onde desenvolveu os principais negócios. António Champalimaud morreu a 8 de Maio de 2004, na cidade que o viu nascer.Outros factos se sublinham, neste 18 de Março. Em 1549, é fundada a primeira capital do Brasil: Salvador. Já em 1915, Plutão é fotografado pela primeira vez, mas não é reconhecido como planeta.Na Austrália, a ponte da Baía de Sydney é inaugurada em 1932, oito anos após o início da sua construção. Também a dia 18 de Março, mas em 1943, Frank Nitti – chefe da máfia de Chicago depois de Al Capone – suicida-se com dois tiros na cabeça, em Illinois (eUa).A cerimónia dos Óscares é transmitida pela primeira vez na televisão em 1953. E em 2004, o presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, é baleado em vésperas das eleições presidenciais, que iriam decorrer a 20 de Março.Nasceram a 19 de Março João IV, (1604), João de Saldanha da Gama, vice-rei da Índia Portuguesa (1674), Jean Calas, mercador francês (1698), Maria José de Bragança, infanta portuguesa (1857), Manuel Ribeiro de Pavia, pintor português (1910), António Champalimaud, empresário português (1918), Maria Cavaco Silva, professora universitária portuguesa (1938), Glenn Close, actriz norte-americana (1947), Herman José, humorista português (1954), e Bruce Willis, actor norte-americano (1954).

“fAitH”(george micHAel, 1987)

U m d i s C o h o j e

o sucesso de George michael vai muito para além dos seus singles mais conhecidos. há mesmo quem hoje em dia olhe para antigas fo-tografias do artistas e considere que as camisolas de cava e os óculos de formato aviador são as peças mais trendy da história. Por um lado, George Michael marcou uma época e tornou-se, talvez sem querer, num ícone sexual para as mulheres da década de 80. antes de se lançar a solo, integrou o duo Wham!, para finalmente, em 1987 se estrear com “Faith”, álbum recomendado para qualquer altura do dia, mas que ganha especial ênfase na pista de dança ou no carro, de janelas abertas numa qualquer auto-estrada, a fugir ao sabor do vento. “Father figure” pode ser uma má escolha para nome de uma música, mas é certamente uma das faixas a não perder. - leonor Sá machado

HojeINAuGuRAçãO OFICIAL DO FESTIVAL LITERáRIOroTa daS LeTraSEdifício do Antigo Tribunal, 16h30entrada livre

ROTA DAS LETRAS - “A ESCRITA COMO VIAGEM:MACAu ENTRE O REAL E O IMAGINáRIO HISTÓRICO”,COM CLARA FERREIRA ALVES EYAN GELINGCentro de Ciência de Macau, 19h00entrada livre

Sexta-feiraROTA DAS LETRAS – “O LuGAR DA ESCRITA NA NOSSA VIDA QuOTIDIANA”, COM BEI DAO, YAN GELING, SHENG KEYI, aNdréa deL FUeGo e João PaULo BorGeS CoeLHoCampus da universidade de Macau, 10h00 entrada livre

ROTA DAS LETRAS – ABERTuRA DA FEIRA DO LIVROTeatro Dom Pedro Ventrada livre

ROTA DAS LETRAS – RECITAL DE POESIA “A ROSA DO TEMPO”Biblioteca Sir Robert Ho Tung, 18h00entrada livre

ROTA DAS LETRAS - FESTõES DE SOM – SESSãO MuSICAL COM CANTORA DE JAzz zHAN XIAO LITeatro Dom Pedro V, 20h30entrada livre, mas com lugares marcados

SábadoROTA DAS LETRAS – SESSãO DE CINEMA COM “ACCIDENT”, de CHeaNG PoU SoI Cineteatro de macau, 10h30

ROTA DAS LETRAS – MACAu NA LITERATuRA CoNTemPorâNeaTeatro Dom Pedro V, 16h00

ROTA DAS LETRAS - AuTORES E OS SEuS LIVROS (aPreSeNTação de oBraS)Com João Borges Coelho Teatro Dom Pedro V, 17h00entrada livre

ROTA DAS LETRAS – ESCREVER NO FEMININO Teatro Dom Pedro V, 18h00

domingoWorKSHoP de JorNaLISmo e LITeraTUra,COM CLARA FERREIRA ALVESlivraria Portuguesa, 11h00

diariamente EXPOSIçãO “VALQuíRIA”, DE JOANA VASCONCELOS mGm macauentrada livre

EXPOSIçãO “NIHONGA CONTEMPORâNEA”,de arLINda FroTa Fundação Rui Cunhaentrada livre

EXPOSIçãO DE SâNDALO VERMELHO (ATé 22/03)Grande Praça, MGMentrada livre

18 opinião hoje macau quinta-feira 19.3.2015

O s mandatos dos governos são nas sociedades livres sujeitos ao escrutínio dos cidadãos que quer através das vozes das oposições, quer das organizações oriundas da sociedade civil manifestam aplauso ou discordância no modo como as medidas de política

postas em acção correspondem (ou não) às expectativas. sazonalmente exprimem atra-vés do seu voto, nas urnas, a apreciação ou descontentamento com a acção do governo em funções que é a expressão da vitória de um partido ou coligação de partidos nas eleições anteriores.

Em sistemas de representação propor-cional, a derrota do partido que governou em ruptura com o sentir da maioria dos eleitores conduz a novos ciclos políticos, adoptando o novo governo estratégias de governação habitualmente contrárias às que encontraram. Em termos económicos, é habitual os governos de esquerda nacio-nalizarem empresas, subirem o patamar de impostos das classes mais privilegiadas, aditarem incentivos poderosos à actividade económica e multiplicarem em exponencial a legislação que afecta directamente aspectos da vida quotidiana dos cidadãos.

Por seu lado, os governos de direita têm por norma desenvolver programas intensi-vos de privatização de empresas e sectores económicos, reforçarem os mecanismos de atractividade do capital estrangeiro, darem melhores condições aos bancos para operarem como banca comercial e funcio-narem como centrais de financiamento da economia, quer do sector público quer do sector privado.

Os últimos trinta anos mudaram dramati-camente o quadro ideológico de escolha das políticas públicas. Tornaram-no absoluta-mente obsoleto. Por um lado porque a queda do bloco comunista e da União soviética deixou os líderes dos partidos comunistas e socialistas radicais sem uma referência actualizada para as políticas ‘de esquerda’. No ocaso do império soviético, os países da Europa de Leste rapidamente aprenderam e instilaram na guindagem das suas economias os processos que eram típicos das econo-mias capitalistas. E mesmo países que se reclamam do socialismo científico, como a República Popular da China ou a República Popular do Vietname, adoptaram metodolo-gias de controlo macroeconómico que não desagradariam aos economistas clássicos e mesmo a figuras do neoliberalismo como Ludwig Von Mises e Milton Friedman.

Quem leu o relatório do Primeiro--Ministro Le Keqiang na abertura da Ter-ceira sessão da 12.a Assembleia Popular Nacional da China não terá deixado passar

Não há na vida pública e nas organizações líderes inefáveis, insubstituíveis e que não errem. Errar e corrigir a direcção é a essência da política. Os sábios e os prudentes tomam-no como medida da sua acção

crepúsculo dos ídolosArnAldo GonçAlves

A propósito da 12.a Assembleia Popular Nacional da República Popular da China

as 34 vezes que o responsável chinês usou a palavra ‘market’ e as apenas três vezes que referiu ‘socialismo’. Também os responsá-veis pela economia chinesa compreendem que num mundo tão interdependente como aquele em que vivemos, em que os fluxos do capital financeiro circulam no espaço digital a velocidades muito superiores à luz,

em que as empresas precisam de ‘pensar--se’ num mercado transcontinental, não faz sentido continuar a dar prioridade absoluta ao sector estatal da economia. sobretudo quando parte dos problemas sérios da eco-nomia chinesa (deflação, crédito bancário mal-parado, baixo consumo privado, queda das exportações e corrupção) tem a ver com

um modelo que dá prioridade à construção de infra-estruturas e às exportações em desabono do estímulo do consumo interno e das poupanças das famílias.

Naturalmente, em sociedades menos abertas, a ‘accountability’ provocada pelas eleições e pela ameaça da perda do poder não existe, mas a hiper-visibilidade da sociedade contemporânea e a proximidade com que os governados se vêem perante os governantes coloca uma malha intrincada de pressão sobre os políticos. Essa pressão ameaça se transformar em contestação aberta e porventura violenta se a acção do governo se desligar das expectativas das pessoas, ou desprezar o sentimento consensual dos cidadãos ou ainda se os escalões intermédios da burocracia estatal persistirem em tomar medidas destinadas a favorecer interesses instalados dentro da máquina do Estado e do Partido em prejuízo dos interesses das populações.

O sentido de obediência surda que esses regimes imaginam despertar está longe de perdurar e à medida que as condições econó-micas das famílias prosperam, a consciência sobre a vida das comunidades, o acumular dos problemas e a ausência de resposta dos poderes públicos acirra clivagens e favo-rece um clima de descontentamento que é normalmente aproveitado pelos populismos e por gente pouco recomendável. samuel Johnson disse que ‘o nacionalismo é o último refúgio dos canalhas’ mas isso pode ser compreendido, nos dias de hoje, como a constatação dos perigos que as lideranças nacionais correm quando se isolam daque-les que governam ou quando silenciam os seus apelos. A história está cheia de casos de regimes fechados que colapsam como um castelo de cartas não quando mantêm um estilo de mando ditatorial mas precisa-mente quando abrem, quando flexibilizam as políticas e permitem alguma expressão de opiniões.

No caso da República Popular da China, a questão mais difícil de resolver é a perda de legitimidade do socialismo chinês para continuar a funcionar como a ideologia do regime e a nacional identidade para as actuais e próximas gerações. O retomar do léxico maoísta da luta entre as duas linhas e da ‘rectificação dos hábitos burgueses’ é de mau agouro quando as feridas da Revo-lução Cultural ainda estão vivas, bem como a maioria das suas vítimas. A loucura que trespassou a China, nesses anos apoca-lípticos, deve permanecer um sério aviso à deriva do culto da personalidade e da exaltação da inefabilidade do líder. Não há na vida pública e nas organizações líderes inefáveis, insubstituíveis e que não errem. Errar e corrigir a direcção é a essência da política. Os sábios e os prudentes tomam-no como medida da sua acção.

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19 opiniãohoje macau quinta-feira 19.3.2015

C omeço por perguntar ao estimado leitor: acredita no azar? Não estou a falar aqui do azar como antítese da sorte, da falta dela. A sorte é relativa, tanto dá para explicar como se perde um voo pela primeira vez na vida para mais tarde ficar a saber que o avião caiu, ou quando a nossa equipa de

futebol é massacrada pelo adversário, que manda bolas à trave e ao poste, falha um ou dois “penalties” e no fim marcamos o único golo do desafio da única vez que passamos da linha de meio-campo. Falo do azar-azar, aquele que tantas vezes tratamos com indiferença, ou banalizamos em expressões do tipo “já viste que azar?”, “logo por azar...” ou “é preciso ter azar”. Os chineses tratam o azar com deferência, respeitam o azar, e preferem estar de bem com ele, apaziguando-o em vez de levar o barquinho a remos da sorte para as águas revoltas da tem-pestade do azar. Reparem que entre as tradições respeitadas no período do Ano Novo Lunar são mais as que procuram afastar o azar do que aquelas que trazem sorte – em mais pitorescas, também. A sorte já está sempre presente, não é preciso chamá-la: a sorte está onde não há azar.

macau tem sido fustigado por ventos fortes não de tufão, mas de azar. eu diria que os nossos distintos governantes precisam de “ir à bruxa”, mas só precisava de dizer a palavra “bruxa” para os colocar em sentido, e arrancar deles um “choooiii...tai kat lai si, loh!”, que numa tradu-ção livre é algo como “vira essa boca para lá”, ou “cruzes canhoto”, o equivalente português desta mezinha verbal para afastar os demónios da má sorte. Isto também serve para ajudar a explicar um pouco o carácter passivo – por vezes até demais – do povo chinês: mais vale ficar quieto e calado do que responder ao que pode muito bem ser uma armadilha do azar, que nos seduz para o conflito, levando-nos a criar um ambiente de ... e agora preparem-se para o sorteio do primeiro Prémio ... desarmonia! Sim, onde há azar não pode nunca existir harmonia.

Desarmonia, e ... oops! esperem um instan-te. “Tai kat lai si”. Já está, pronto. Desarmonia foi o que tivemos na apresentação da obra de uma artista num dos casinos do território, algo que mistura a mitologia nórdica com os conge-lados da Pescanova. excessivamente zelosos na missão de afastar o azar dos tentáculos das servas de odin, os seguranças desse casino neutralizaram um elemento que mais tarde se viria a saber ser um ... jornalista. Ora bolas, que azar. O tipo tinha óculos, uma câmara na mão, cara de tótó, e se há algo que aprenderam com outros eventos formais onde participam figuras importantes ou de estado é que este é

bairro do or ienteLeocardo

os azarados

Desarmonia foi o que tivemos na apresentaçãoda obra de uma artista num dos casinos do território, algo que mistura a mitologia nórdica com os congelados da Pescanova

o tipo que corresponde à descrição de … de qualquer coisa que dá azar, pronto. mas lá está, depois de lhe chegarem a roupa ao pêlo sem apelo nem agravo, um momento Kodak (para mais tarde recordar), o departamento de relações públicas do tal casino apresentou um pedido de desculpas ao profissional da comunicação social. Não acredito que estejam arrependidos, ou que não fariam o mesmo

por Stephff

agora, sabendo o que sabem, mas para todos efeitos “não foi por mal”, enfim, pediram desculpa. “Tai kat lai si”.

O que também tem o seu quê de aziago é ser suspeito de um acto de censura, e logo numa sociedade onde se apregoa (sem grande firmeza) a liberdade de expressão, mesmo que na sua vertente de “existe, mas vocês abusam dela”. Diz-se por aí que o filme “Selma” foi

censurado em macau, tendo sido retirado da lista dos cinemas da UA Galaxy. ora essa, mas porquê? Pelo título aparenta ter um enredo per-feitamente inofensivo. Seria esta “Selma” uma rameira, e a película de “hardcore”, daquelas em que até a tela onde é projectada começa a suar em catadupa? Nada disso, pois este filme em que o protagonista é o dr. Martin Luther King tem como temática as marchas entre a estação rodoviária situada na pequena locali-dade de Selma, no estado do Alabama – daí o título – até montgomery, capital desse mesmo estado. Marchas essas realizadas em nome dos direitos civis, nomeadamente o direito ao voto dos cidadãos negros norte-americanos e … espera lá … “direitos civis”? “Direito ao voto”? Isso traz água no bico, pois uma das qualidades que tornam macau num lugar tão único que às vezes parece que nem existe, é o de palavras como “direitos civis” ou “sufrágio universal” estarem carregadas de uma carga negativa de zica. “Tai kat lai si”.

o responsável pela tutela dos espectáculos já veio refutar tais acusações, dizendo que Ma-cau “é uma sociedade aberta” (menos para os que são barrados nos postos fronteiriços, antes que alcancem a “abertura”), e que um acto desta natureza seria “impossível”, pois então. Claro que sim, tem toda a razão, chefe. Mas alguma vez Macau censuraria um filme, que é algo que dá trabalho, e é preciso ver o filme, e decidir que partes cortar? Basta não exibi-lo, pronto, atirando-o de uma das janelas abertas desta enorme sociedade aberta. E como é que vocês podem dizer que foi “censurado”, se não o viram? Essa mania de falar sem conhecimento de causa ainda vos vai trazer dissabores. Salvo seja, claro. “Choooiii … tai kat lai si, loh”.

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hoje macau quinta-feira 19.3.2015

A deputada Kwan Tsui Hang criticou o facto das taxas de combus-tíveis da Air Macau

só terem diminuído mais de meio ano depois da queda dos preços a nível mundial. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, a deputada quer saber se o Governo possui mecanismos de revisão dos preços dos com-bustíveis e de publicação dessas informações.

Kwan Tsui Hang apontou que as taxas de combustíveis dos voos têm de ser fixadas com base nos preços praticados a nível mun-dial. Recordou que, em meados do ano passado, os preços caíram até metade, o que levou as outras companhias aéreas a diminuir ou a cancelar as suas taxas, com ex-cepção da Air Macau, que apenas diminui a sua taxa em Fevereiro deste ano.

Sem comparaçãoA deputada directamente eleita criticou ainda o facto da popu-lação não poder ter referências sobre o assunto e comparar as

Obras Públicas Raimundo do Rosário garante rapidez na ocupação de cargos

Combustíveis pedida revisão do preço

taxas ao ritmo internacional

informações antes de comprar os seus bilhetes, tendo apontado o dedo à Autoridade de Aviação Civil de Macau (AACM), por não ter unificado a publicação das ta-xas de combustíveis de cada voo.

“Em Hong Kong, a autoridade de aviação civil avaliou as taxas de combustíveis de todos os voos e publicou-as nos websites das companhias aéreas. Em Macau o público não sabe se o mecanismo de aprovação dessas taxas foi jus-to”, escreveu Kwan Tsui Hang.

A deputada quer saber se todas as taxas precisam de ser aprovadas para serem recebidas e como são os critérios e processos de aprovação. Na interpelação escrita, questiona ainda se, quando houver um ajustamento dos preços a nível mundial, se a AACM têm um mecanismo de revisão para todos os voos que partem de Macau. Kwan Tsui Hang pede ainda um maior diá-logo entre a AACM e a entidade homóloga de Hong Kong, bem como a publicação de informa-ções “para que os passageiros compreendam”. -F.F.

o secretário para os Transportes e obras públicas, raimundo do rosário, garantiu, na passada terça-feira, que em caso de demissão “de qualquer dirigente de serviços públicos” irá preencher as vagas o mais rápido possível. sobre o mais recente pedido de demissão do director dos serviços para os assuntos de Tráfego, Wong Wan, o secretário esclareceu que o pedido surgiu “por motivos pessoais” e que até à data não há decisão sobre o novo sucessor. ainda assim, diz, “o objectivo é preencher o lugar o mais rápido possível”, como se pode ler num comunicado à imprensa. relativamente a todos os cargos vagos que têm surgido, raimundo do rosário indicou que vários departamentos de trabalho estão “a enfrentar grande pressão da sociedade” e que os trabalhos não são fáceis de ser desenvolvidos.