Hoje Macau 28 ABR 2015 #3319

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TIAGO ALCÂNTARA Todos parecem estar de acordo: “a falta de assunção de responsabili- dades é uma questão de cultura que existe há muito anos. E é grave”. Deputados, académicos, funcio- nários públicos e até o próprio Secretário para os Transportes e Obras Públicas admitem que o problema não é de fácil resolução. Falta de formação ou o medo de perder a face são algumas das ra- zões apontadas. No entanto, para alguns, o facto de Raimundo do Rosário ter detectado a “doença” poderá ser um bom princípio para debelar o mal. Residentes de Macau querem voltar para casa Uma pedra no sapato NEPAL CONSULADO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 28 DE ABRIL DE 2015 ANO XIV Nº 3319 hojemacau ´ SOCIEDADE PÁGINA 6 POLÍTICA PÁGINA 4 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB FUNÇÃO PÚBLICA O MEDO DE ASSUMIR RESPONSABILIDADES “Doenca” milenar TÁXIS Mais perto da normalidade SOCIEDADE PÁGINA 7 GRANDE PLANO PÁGINA 3

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Hoje Macau N.º3319 de 28 de Abril de 2015

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Todos parecem estar de acordo: “a falta de assunção de responsabili-dades é uma questão de cultura que existe há muito anos. E é grave”. Deputados, académicos, funcio-nários públicos e até o próprio Secretário para os Transportes e Obras Públicas admitem que o

problema não é de fácil resolução. Falta de formação ou o medo de perder a face são algumas das ra-zões apontadas. No entanto, para alguns, o facto de Raimundo do Rosário ter detectado a “doença” poderá ser um bom princípio para debelar o mal.

Residentes de Macau

querem voltar para casa

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Edite Ribeiro; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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Diz ShelDon Adelson à boca cheia em Las Vegas que certamente não existirão limitações à entrada de turistas em Macau. Como sabe o magnata do jogo? Porque tem informação privilegiada: ele falou (afirma) com membros do Governo que lhe garantiram o contrário.Mas Sheldon Adelson vai mais longe: ele não apenas fala com membros do Governo, que lhe garantem isto e aquilo com força de lei, como sabe que nesse Exe-cutivo há apenas “um” membro que luta pela referida limitação nas fronteiras. Podiam ser dois, três,

quatro ou mesmo dez. Mas não. É apenas um e Sheldon Adelson sabe qual é.Desta história conclui-se que o Governo de Macau (talvez mesmo o de Pequim) é um livro aberto para o dono do Venetian. Ele sabe o que lhes vai nas almas e sabe também, de antemão, o que está e o que não está em cima das mesas governamentais, as decisões que vão ser tomadas e as medidas que vão ou não ser implementadas.E como sabe Adelson estas coisas? Porque lhe disseram “membros do Governo” com quem falou. A

serem verdade, estas afirmações provariam que o nosso Executivo comunica primeiro, oficialmente ou não, com os estrangeiros donos dos casinos e só depois com a Comunicação Social, que é como quem diz com a sua população. E comunica com pessoas que não se importam nada de dizer que e como obtiveram as informações.Que mais saberá Adelson sobre o nosso futuro? Sobre o trânsito, por exemplo, saberá o magnata do jogo se vão limitar a entra-da de carros na região? E para quando uma regulamentação das

rendas de casa? E já agora não terá Adelson informação privilegiada sobre o metro, que nem o próprio Secretário Raimundo do Rosário ousaria perguntar?Quem foram os membros do Go-verno que lhe passaram a infor-mação privilegiada, não sabemos. Quem é o membro que pretende limitar os turistas, deduzimos que se trate de Alexis Tam, que esteve em Pequim a discutir o problema. Contudo, não se fie muito Adelson no que lhe disseram. É que às vezes ele há um que vale por muitos, para não dizer por todos.

Um homem tenta salvar alguns dos seus pertences da sua casa, no Paquistão, depois de chuvas torrenciais terem destruído Peshawar. As equipas de resgaste ainda tentam salvar dezenas de pessoas que se acredita estarem soterradas debaixo das suas casas, depois da tempestade e dos ventos fortes terem morto 44 pessoas no norte do país.

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Um por todos

“Isto só se resolve com mais pessoal qualificado. Se melhorámos a atribuiçãode passaportes e cartões de cidadão, este tornou-se o nosso calcanhar de Aquiles

e está no centro das nossas preocupações”Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal na RAeM, sobre a demora na emissão de documentos de viagem para bebés portugueses nascidos em Macau | P. 4

“Não vejo motivo para discriminação, assim como também não vejo que a nossa economia esteja assim tão mal que não permita que através deste incentivo levar os TNR a usufruir do ensino superior” JoSé SAleS MARqueS • Economista, sobre o financiamento do ensino aos TNR

“O Governo irá aperfeiçoar, atravésdo planeamentode funções,as competênciasdos serviços paraevitar o fenómenoda corrupção” SóniA ChAn• Secretáriapara a Administração e Justiça

“A polícia não ouviuos funcionários [do BEX], mas isso não quer dizer que não tenha feito diligências para os encontrar.Mas ia sempre parara becos sem saída” • Representante do Ministério Público, sobre o caso Luís Amorim

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“a falta de assunção de responsabilidades na Função Pública é uma questão de

cultura e existe já há muitos anos. E é grave.” É o que admitem depu-tados, funcionários públicos, aca-démicos e comentadores políticos ao HM. Depois do Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, ter dito na Assembleia Legislativa (AL) que o facto de não se assumirem responsabilidades é uma questão de cultura e que nem ele próprio sabe resolver o problema, agentes do sector sublinham exactamente o mesmo problema.

Raimundo do Rosário viu vários dedos apontados por depu-tados, mas o próprio responsável admite que, apesar de existir isso nos departamentos da sua tutela, é difícil mudar como as coisas fun-cionam. “Quanto a isso, não sei, é uma questão de cultura”, disse, na altura, na AL. Quem está por dentro da política de Macau concorda.

Para Nelson Kot, director da Associação de Estudos Sintéticos Sociais de Macau, o problema tem-se acumulado ao longo do tempo e deve-se, sobretudo, à falta de uma boa comunicação entre funcionários e superiores e à falta de motivação e progressão justa nas carreiras.

“Quando eles acham que não conseguem concluir um trabalho, mas não podem queixar-se aos superiores [devido às represá-lias], então não querem assumir a responsabilidade”, disse o espe-cialista, que também trabalha na Função Pública. Kot explica que o mal vem de cima e que se os Secretários – como tem acontecido mais agora - comunicarem mais e de forma mais activa com os líderes de cada direcção, percebem melhor os problemas existentes.

Não há dúvidas: para quem trabalha de perto ou na Função Pública não há a assunção de responsabilidade. Por causa da cultura, da faltade leis ou do passado, entre outros problemas

Função Pública A “não Assunção de responsAbilidAde existe e é grAve”

a cultura que Raimundo não entendeExplica Nelson Kot que a

baixa motivação e a “falta de oportunidades de progressão” nas carreiras dos funcionários públicos são também causas que levam os funcionários a não querer assumir responsabilidades. Mas não só: a capacidade e formação de funcio-nários também leva à existência da não admissão de erros.

“Nem todos os que trabalham muito podem ser promovidos. Mas, como não existem exames e avaliações públicas na progressão interna das carreiras, é muito fá-cil os dirigentes [de organismos] escolherem pessoas próximas deles, sem sequer considerarem a capacidade desses funcionários.”

Passar a bolaSe a falta de formação é tida, para al-guns especialistas contactados pelo HM, como um problema, também o conceito do “perder a face”o é.

“Temos de ver que os chineses caem em desgraça quando fazem algo de errado e não são capazes, se são funcionários inferiores, de dizer que não. Assumir a responsa-bilidade para [os chineses] é mais complicado do que a admissão de erro para um ocidental. Vamos ter a família em cima de nós e as pessoas a olhar de lado na rua”, explica um especialista em Pensa-mento e Filosofia Chinesa de uma universidade local, que pediu para não ser identificado. “Então, para funcionários de nível inferior, essa assunção de responsabilidade não precisa de acontecer porque nin-guém os conhece. São despedidos e pronto. Para os de nível superior, é muito difícil dizer que se errou. São vistos [pela sociedade] como líderes”, aponta, ressalvando, contudo, que isto não é exclusivo dos chineses.

Para o académico da área de Pensamento e Filosofia Chinesa, a questão do receio de dizer que não aos superiores também influencia a não assunção de responsabilidades, mas não só: “há uma separação entre quem dirige e quem é su-bordinado, então mesmo que se notem problemas, dificilmente se faz queixa”, apresenta.

Um pequeno exemplo dessa se-paração pode ser o que o deputado Pereira Coutinho indicou na AL que, “ainda que pareça ridículo aos olhos dos ocidentais”, é tido como algo sério - num dos departamentos da DSSOPT, havia um elevador usado estritamente por superiores.

O passar a bola da respon-sabilidade é, então, uma das justificações para a cultura que se sente no Governo. E para Larry So, ex-professor de Administração

Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM), é fácil acontecer isto, porque há tantos organismos interdepartamentais responsáveis pelo mesmo assunto, que se agrava, diz o académico, o hábito de não se assumir a responsabilidade entre os funcionários públicos.

“Toda a sociedade sente que os departamentos passam as respon-sabilidades de uns para os outros, especialmente no que toca a traba-lhos interdepartamentais. Por um lado, resolvem os problemas atra-vés da cooperação, por outro lado, tem-se a desculpa perfeita para não se assumir a responsabilidade. Os problemas nunca se resolvem quando há muitos departamentos envolvidos. Veja-se as pensões ilegais”, atira So.

Ainda que o académico consi-dere que o problema não é único em

Macau, a estrutura “burocrática” complica demasiado. Este foi, aliás, um dos apontamentos feitos recentemente por Sónia Chan, Secretária para a Administração e Justiça, que disse que a reestrutu-ração administrativa vai ajudar a que se evitem casos de corrupção, uma vez que vão deixar de existir sobreposições.

“Todos [os funcionários pú-blicos] trabalham só conforme os estatutos da Função Pública. Os funcionários passam o problema para os superiores, que ficam com eles até os passarem para outros lados”, disse Larry So ao HM. O académico sublinha, por isso, a necessidade do há muito prometido Regime de Responsa-bilização e diz que este “deverá ser elaborado de forma muito clara”, para que os problemas

Wong Wan “foio único” a assumirTong Noi Tong fez questão de dizer que o director da DSAT, Wong Wan, é um dos raros oficiais que assumiu a responsabilidade, mesmo não tendo conseguido “trabalhar muito bem”. O facto de ter decidido deixar o cargo a partir de meados de Maio, leva Tong a dizer que não é justo que muitas pessoas se queixassem dos trabalhos de um director que assumia a responsabilidade e a apontar que agora quem assumir a sua posição é que se precisa de preocupar.

sejam resolvidos dentro do cargo e não poderem ser passados para outros.

Tong Noi Tong, comentador de Assuntos Sociais e Políticos, consi-dera, contudo, que a protecção e a responsabilidade dos funcionários públicos não se encontra paralela, o que também causa problemas. “Os estatutos da Função Pública mostram que a protecção é maior do que a responsabilidade.”

Doença não curaDa Para Mak Soi Kun, deputado, o problema de nepotismo existe na progressão na Função Pública, porque não existe um mecanismo transparente de promoção dos cargos superiores. Mas o deputa-do aponta ainda outro problema que vem de longe: depois da detenção por corrupção do antigo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long, muitos oficiais trabalham com “demasiada cautela”. Assim, diz, os oficiais têm autoridade mas não a utilizam.

“O problema apontado pelo Secretário é semelhante ao de uma pessoa que tem uma doença mas esconde-a e evita ir ao médico. O Governo só consegue resolver problemas quando tiver vontade de assumir a responsabilidade.”

Nelson Kot concorda que, na pasta de Raimundo do Rosário, o problema é ainda mais destacado.

“Os funcionários preferem não trabalhar para evitar erros, sobretu-do os cargos do quadro. Ouvem as opiniões de outros mas continuam a [agir] da mesma forma”, defende.

O facto de muitas leis e re-gulamentos estarem atrasados é também uma causa dessa cultura, diz Mak Soi Kun, já que não há regras para os funcionários públi-cos assumirem responsabilidades. Mas o deputado assina por baixo do que diz Nelson Kot. Alguns dirigentes “ficam calados quando vogais de um Conselho Consultivo apresentam opiniões nas reuniões”.

Sendo também vogal do Con-selho de Planeamento Urbanístico, Mak Soi Kun confessou que muitos representantes de departamentos governativos não dão atenção aos conteúdos das reuniões.

Apesar de tudo, Mak Soi Kun congratula-se com o facto de Raimundo do Rosário ter enfren-tado o problema e ter detectado a “doença”. É um bom começo, diz o deputado, que acredita que, no geral, a nova equipa do Governo tem capacidade para contornar a questão.

Flora Fong (com Joana Freitas)[email protected]

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4 hoje macau terça-feira 28.4.2015política

o filho de Maria (nome fictício) nasceu há cer-ca de dois meses e vai hoje ao Consulado-

-Geral de Portugal em Macau tirar as fotografias para o seu primeiro cartão de cidadão e passaporte. Antes disso, a mãe quase apanhou um susto: foi informada de que teria de esperar dois a três anos para que o seu filho tivesse os documentos necessários para viajar.

O deputado Mak Soi Kun quer que o Governo crie legislação para os drones

que permitem fotografar ou filmar de forma aérea. O pedido foi feito depois de um destes aparelhos ter caído perto do edifício do Banco da China, destruindo o pára-brisas de um carro estacionado.

Numa interpelação escrita, Mak Soi Kun dá o exemplo desse caso, que a Polícia Judiciária ainda está a investi-gar, e diz que, mesmo que o drone não tenha ferido ninguém, de acordo com a Regulamento de Navegação Aérea de Macau, ainda não há punições para o uso de drones em locais proibidos ou quando prejudicam terceiros.

O HM já questionou o Governo sobre se pretende legislar o uso deste tipo de aparelhos, mas ainda não foi possível obter qualquer resposta. De acordo com o Regulamento de Nave-gação Aérea de Macau, os modelos

Secretáriosdo Governo português visitam Macau em MaioO Secretário de estado português da Economia, Leonardo Matias, e Vieira e Brito, Secretário de estado da Alimentação e da Investigação Agro-alimentar devem estar no território durante o mês de Maio. A informação foi confirmada à Rádio Macau pelo cônsul de Portugal para Macau e Hong Kong. Vítor Sereno adianta essa foi a indicação que recebeu de Portugal e afirma estar “neste momento a trabalhar com os respectivos gabinetes nos programas e nas datas definitivas”.

Drones DeputaDo quer criação De legislação

Voem baixinhocom peso superior a sete quilos não podem sobrevoar zonas proibidas, tais como a Ponte de Amizade e o Aeroporto, mas, conforme foi expli-cado ao HM em Outubro de 2014,

numa reportagem sobre o assunto, os drones, por terem menos deste peso, não estão incluídos neste regu-lamento. Contudo, o drone só pode ir até 900 metros, já que acima disso

pertence à China, e se voar abaixo desta altitude e recolher imagens tem de pedir autorização ao Gabinete de Protecção de Dados Pessoais.

Mak Soi Kun diz, por isso, que “não existe uma regulamentação para multar os operadores destes modelos ilegais, nem uma forma adequada para que as vítimas pe-çam indemnização por prejuízos” eventualmente causados.

Para o deputado, esta é uma zona cinzenta da lei e Mak Soi Kun quer que o Governo implemente uma lei.

“Os residentes de Macau con-sideram que o Governo não pode legislar só depois destes causarem acidentes. Espero que se elaborem leis concretas em relação à fiscali-zação dessas máquinas, protegendo a segurança, privacidade e proprie-dade da população.”

Flora [email protected]

À prOcura de eleitOres O apelo está lançado, nas redes sociais e não só: estará a partir de hoje a funcionar, à hora de almoço, nas instalações do Consulado, um balcão só para o recenseamento eleitoral de cidadãos portugueses, numa altura em que as eleições presidenciais em Portugal estão à porta. Vítor Sereno pretende, assim, chamar mais cidadãos para o exercício do direito de voto. “Há 160 mil cidadãos com passaporte português em Macau e só temos 11 mil recenseados. Nas últimas eleições votaram menos de mil pessoas, são números paupérrimos”, disse ao HM.

“Estamos a tentar resolver o problema e, em situações de urgência comprovada, concedemos passaportes temporários. Não é apenas um problema de Macau, estende-se a toda a zona asiática”Vitor sereno cônsul-geralde portugal na raeM

Os casais portugueses que aqui tenham um filho precisam de esperar entre dois a três anos para que a criança tenha os documentos de viagem. A solução, a curto prazo, passa pela atribuição de um passaporte temporário para casos urgentes.Vítor Sereno diz que a contratação de cinco novos funcionários vai resolver o problema

consulaDo BEBéS PORtuguESES POdEM ESPERAR Até tRêS AnOS POR dOcuMEntOS

o “calcanhar de aquiles”

“Quando lá vamos dizem que demora entre dois a três anos, o que acho escandaloso, e dizem que podemos escrever uma carta ao cônsul”, conta Maria ao HM. Esta mãe, portuguesa, escreveu-a. “Depois foi super rápido, em duas semanas já tinha o assento de nas-cimento. Eles dizem que demora dois anos, mas na prática não.”

O caso de Maria não é único, já que o HM sabe de mais casos, ainda que as pessoas tenham optado por não prestar esclare-cimentos. O prazo de dois a três anos serve para que as certidões de nascimento das crianças sejam integradas na conservatória dos registos centrais e reconhecidas em Portugal. Para que os pais não fiquem impedidos de viajar com o seu rebento, o Consulado optou por criar o passaporte temporário, de um ano, e com um valor de 1500 patacas. Com esse passaporte, podem optar por tratar do assunto em Portugal ou

simplesmente viajar com o menor, aguardando que o processo fique tratado em Macau.

Contactado pelo HM, Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal na RAEM, assumiu os atrasos. “Estamos a tentar resolver o pro-blema e, em situações de urgência comprovada, concedemos passa-portes temporários. Não é apenas um problema de Macau, estende-se a toda a zona asiática”, começa por apontar. “Não é a solução ideal, sendo que tudo deveria ser resolvido aqui. Isto só se resolve com mais

pessoal qualificado. Se melhorámos a atribuição de passaportes e cartões de cidadão, este tornou-se o nosso calcanhar de Aquiles e está no centro das nossas preocupações”, acrescentou. “Como há falta de recursos humanos, sugerimos que a pessoa vá tratar do assunto a Por-tugal, porque aqui demora muito mais tempo do que aquele que nós queremos”, explicou o cônsul.

Funcionários precisam-seVítor Sereno atribui este atraso à falta de pessoal e também à entrada

em vigor do SIRIC (Sistema Inte-grado de Registo e Identificação Civil, que liga os consulados de todo o mundo). “Uma boa parte das responsabilidades que a con-servatória detinha passaram a ser detidas pelos consulados com este sistema. Isso significa que com uma perda de recursos qualificados nos respectivos consulados, os processos começam-se a atrasar.”

Além disso, diz, existem vários outros processos que estão parados e que não são da “directa respon-sabilidade” do Consulado. “Estão a aguardar a respectiva integração junto da conservatória dos registos centrais em Portugal. Sobre estes casos temos a informação de que a situação será ultrapassada em breve.

Apesar disso, Vítor Sereno con-firmou ao HM que estão a caminho cinco novos funcionários para o Consulado. “Terão qualificações para poder colmatar estas neces-sidades e entrarem para a parte do registo civil”, concluiu.

andreia sofia [email protected]

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5 políticahoje macau terça-feira 28.4.2015

N g Kuok Cheong quer que o governo exerça maior controlo sobre o número de trabalha-

dores não-residentes (TNR) que as operadoras de Jogo podem empregar. O deputado da ala pró-democrata relembra que a quota de TNR “não deve exceder os 20%” no total de funcionários, mas reitera que isto não está a ser cumprido.

Para Ng Kuok Cheong, apertar com a supervisão vai permitir, dentro dos casinos, mais oportu-nidades de evolução profissional ascendente. Numa interpelação escrita, o deputado lembra que, em 2011, o Governo afirmou que “a proporção média de funcionários locais das seis concessionárias de Jogo atingiu os 80%, enquanto o número de TNR foi de 20%”. No entanto, o Executivo admitiu, no ano passado, que a proporção média dos TNR podia estar a chegar aos 35,4%.

“O governo declarou que ia fazer um ajustamento e revisão destes recursos humanos, mas ain-da não tomou medidas concretas para que o número dos TNR das operadoras de Jogo volte a ficar nos 20%”, sublinhou o deputado.

Ng Kuok Cheong frisa ainda que já havia pedido mais informa-ções a Lionel Leong, Secretário para a Economia e Finanças, sobre esta questão. Na interpela-ção, o democrata diz que o líder assegurou uma resposta dentro de poucos dias, mas que esta não havia ainda chegado.

“O Secretário não deve fugir de responsabilidade”, justificou. Ng Kuok Cheong voltou a pedir ao governo que fossem forneci-dos dados mais esclarecedores sobre o número efectivo de TNR a trabalharem nos casinos locais. Perguntou, ainda, pela calendari-zação do Executivo para reduzir a percentagem de trabalhadores estrangeiros para 20%. Ng Kuok Cheong encerra o documento, questionando o governo sobre a implementação de medidas que fomentem a evolução ascendente na indústria do Jogo.

Flora [email protected]

A Associação dos Profis-sionais de Automóvel de Macau (APAM) e o

deputado Ho Ion Sang esperam que o governo regulamente os estabelecimentos de reparação de automóveis em Macau. O pedido surgiu depois de ter ocorrido uma explosão numa oficina em Hong Kong devido ao uso de garrafas de acetileno.

Em declarações ao canal chinês de Rádio Macau, o vice-presidente da APAM, Ho Sam Chio, referiu que no território não circulam veí-culos a gás de petróleo, sendo que

Ensino Aumenta subsídio para manuaisO Governo actualizou o montante do subsídio para aquisição de manuais escolares para 2600 patacas por aluno no ensino primário e três mil patacas no ensino secundário. De acordo com um despacho do Chefe do Executivo publicado ontem em Boletim Oficial, os novos valores da subvenção entram em vigor a 1 de Setembro próximo. Já o subsídio por aluno no ensino pré-primário mantém-se inalterado em duas mil patacas. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude distribuiu subsídios para aquisição de manuais escolares pela primeira vez em 2009.

Turistas Medida de contenção de Alexis Tam tem apoioContrariando as declarações de Sheldon Adelson, Wong Sio Chak vem agora apoiar as medidas de possível contenção de Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. De acordo com um comunicado, o Secretário para a Segurança disse ontem que as autoridades policiais “vão avaliar os trabalhos para dar resposta e controlar o fluxo de pessoas” relativamente ao número de turistas no território, que Tam tenciona ver reduzido a um máximo de 21 milhões. Na passada sexta-feira, o magnata da Sands, Sheldon Adelson, mostrou-se descrente na implementação efectiva desta política de corte de turistas, apelidando-a como uma ideia de “um só homem”. As declarações de Wong Sio Chak vêm assim tornar vã a afirmação do presidente da empresa norte-americana. “Em relação ao aperfeiçoamento da política de visto individual, Wong Sio Chak acredita que o Governo Central esteja já analisar e avaliar o relatório entregue pelo Governo de Macau sobre a capacidade de acolhimento turístico, por isso caso haja quaisquer medidas de aperfeiçoamento, estas serão divulgadas ao público atempadamente”, realça ainda o Secretário.

Negada morte de agentes da CIA O Secretário para a Segurança assegurou ontem que não passam de rumores as notícias que circulam nas redes sociais de que um grupo de operações especiais do exército chinês matou a tiro vários agentes da Agência Central de Inteligência (CIA) norte-americana. Confrontado com a questão, Wong Sio Chak garante que “tais rumores são absolutamente infundados”. E ironiza. “É impossível. Em Macau, quando morre um cão ou um gato, a polícia sabe logo. Esse rumor é forte, mas nada disso aconteceu”, disse.

Automóveis exigidA regulAmentAção pArA oFicinAs

Mecânicos sem lei nem roque

Jogo DEpuTADO vOlTA A pEDIr lIMITE DE 20% DE TNr NOS CASINOS

sobe, sobe, quota sobeÉ um pedido antigo: o democrata Ng Kuok Cheong quer que o governo apresente dados sobre os TNR nas operadoras e que este implemente, de facto, o limite de 20%

metade das oficinas já não utilizam garrafas de acetileno, o que dimi-nui o risco de explosão. Contudo, chamou a atenção para o facto de existir falta de regulamentação ao nível da emissão de licenças para as oficinas e das qualificações dos seus trabalhadores.

Lembrando que existe o ob-jectivo de introduzir os carros

eléctricos em Macau, Ho Sam Chio lembra que os trabalhadores não possuem competências para analisar esses veículos, o que, em casos de acidente, acarreta maiores riscos.

Também no canal chinês da Rádio Macau, o deputado Ho Ion Sang, que representa a União geral dos Moradores de Macau

(UgAMM), criticou o facto de há mais de dez anos se discutir a cria-ção deste tipo de regulamentação, não tendo sido sequer aberta uma consulta pública sobre o assunto. Ho Ion Sang considera que a lei, para além de regular o ruído e a poluição, deve também controlar os combustíveis nesses estabele-cimentos. F.F.

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6 hoje macau terça-feira 28.4.2015sociedade

À medida que o Nepal vai tentando encon-trar mais sobrevi-ventes do sismo de

escala 8,1 que abalou o país no sábado, já é conhecido o número de residentes de Macau que se encontram no território. Segundo confirmou o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT) ao HM, foi recebido, na tarde de ontem, “um pedido de auxílio de ordem logística de um grupo de cinco pessoas que se encontram em segurança no Nepal, para a possibilidade de anteciparem o seu regresso”. O Gabinete recebeu ainda um pe-dido de assistência, mas não dá pormenores sobre a situação.

Para além disso, o GGCT contactou as operadoras de comunicações móveis do território, tendo a CTM localizado 17 contactos de Macau no país. As restantes operadoras nada detecta-ram. “Neste momento não há indicação que as 17 pessoas identificadas e que receberam um sms enviado pelo GGCT corram qualquer risco de segurança iminente. O GGCT encontra-se no entanto atento a qualquer pedido de auxílio”, disse o organismo.

Este foi, para já, o único pedido de assistência feito. “O gabinete tem mantido ainda em contacto permanente com o Comissariado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da RPC na RAEM, o qual

A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) prevê que possa

abrir um novo curso de doutora-mento em Cinema em 2016, por forma a formar talentos na área que “saibam da arte e que a possam gerir”. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o vice-reitor da MUST, Pang Chung, referiu num seminário do primeiro Festival Internacional de Filmes de Macau que vai ser criado um Instituto de Cinema e Indústrias Criativas na MUST, incluindo a abertura do doutoramento.

TNR aumentam20% em Março

O número de trabalhadores não-resi-dentes de Macau aumentou 20% em

Março, em comparação com igual mês de 2014, para quase 175 mil pessoas, indicam dados oficiais ontem divulgados.

De acordo com dados da Polícia de Segurança Pública, disponíveis no portal do Gabinete para os Recursos Humanos, 174.924 trabalhadores do exterior inte-gravam o mercado laboral, equivalendo a 44% da população empregada e a mais de um quarto da população total estimada em 636.200. No intervalo de um ano, Macau ganhou 29.232 TNR, ou seja, uma média de 80 por dia. Face a Fevereiro, o universo de mão-de-obra importada teve um reforço de 1566 pessoas.

O interior da China continuou no final do mês passado a figurar como a principal fonte de trabalhadores recru-tados ao exterior, com 113.465 (mais 23%), mantendo uma larga distância das Filipinas, em segundo lugar do ‘ranking’, com 22.422 nacionais (mais 13,12%), e do Vietname (13.779 ou mais 8,99%). O sector da construção registou um aumento de 53,5% de trabalhadores com ‘blue card’ para um total de 47.746 pessoas, enquanto o sector da hotelaria e restauração foi reforçado em mais 9,66%, somando 43.435 trabalhadores não residentes no final de Março. O número de famílias com empregados domésticos também aumentou 7% para 22.112.

USJ Operários queixam-se de salários em atraso Operários da construção civil do estaleiro da obra do novo campus da Universidade de São José, na Ilha Verde, boicotaram ontem a entrada no local. Queixam-se de salários em atraso, de acordo com a TDM, e empunhavam cartazes e faixas a protestar pela situação. Esta não é a primeira vez que isto acontece e há trabalhadores que se queixam de não receber há três meses. De acordo com a TDM, a USJ ainda não se manifestou.

Visitantes diminuíram 13,5% em Março face a 2014Macau recebeu, no primeiro trimestre do ano, 7,4 milhões de visitantes, menos 3,6% face ao período homólogo do ano passado, indicam dados oficiais ontem divulgados. O número de visitantes do interior da China diminuiu 2,9% para cinco milhões. De Hong Kong chegaram 1,5 milhões (menos 4% em termos anuais) e de Taiwan 224,8 mil pessoas (menos 1,5% em relação aos primeiros três meses de 2014), segundo dados dos Serviços de Estatística e Censos. Só no mês de Março, Macau acolheu 2.270.580 visitantes, menos 13,5%, em termos anuais, o número mais baixo desde Outubro de 2012.

O Gabinete de Gestão de Crises do Turismo recebeu ontem um pedido de cinco residentes que estão “em segurança” no Nepal e que querem voltar, entre 17 pessoas com números locais que não estarão em perigo. Já há uma página no Facebook a pedir aos residentes que ajudem o Nepal

Nepal CInCO rESIDEnTES DE MaCaU QUErEM VOlTar aO TErrITórIO

BIR em Katmandu

tem manifestado toda a dis-ponibilidade em auxiliar os residentes de Macau”, foi dito ao HM.

AjudA mAde in mAcAu Entretanto, as primeiras ini-ciativas de apoio humanitário começam a surgir em Ma-cau, numa altura em que o número de mortos no Nepal sobe acima dos três mil e a ajuda começa a chegar às zonas rurais. No Facebook já está aberto o grupo “Macau ajuda Nepal”, que pretende recolher bens de primeira necessidade e dinheiro junto da empresa Core Productions, do fotógrafo Nuno Veloso, um dos promotores da iniciativa. Todos os bens serão depois entregues junto do Consulado do Nepal em Hong Kong.

Também a Cáritas de Ma-cau já está a trabalhar com a sua congénere no país, tendo já uma conta bancária aberta para donativos. Paul Pun, secretário-geral, está à espera que o aeroporto fique transitá-vel para se deslocar ao Nepal. “Tudo o que eles pedirem em termos de necessidades iremos apoiar com donativos. Neste momento o aeroporto está numa situação caótica, com pessoas que não conseguem sair. Vamos continuar à espera e iremos em meados de Maio. Faremos tudo para ir para Katmandu”, disse ao HM.

Andreia Sofia [email protected]

MUST vaI TeR doUToRaMeNTo eM CINeMa

Películas no CotaiPang Chung disse ainda que,

devido à falta de terrenos em Macau, a MUST vai, através da cooperação regional, na Ilha da Montanha e Chong San, desen-volver o sector cinematográfico, atraindo diferentes sectores e associações para a produção de filmes. O vice-reitor espera que os filmes produzidos em Macau

possam adquirir o seu próprio estatuto.

Le Son, investigador do Centro de Estudos de Arte e Filmes da China, disse que a pequena dimensão do território não irá permitir o desenvolvi-mento de um mercado de cinema comercial, mas considera que é adequado desenvolver uma

base de pós-produção, o que pode atrair equipas de filmagens estrangeiras.

“A pós-produção de filmes pode ajudar a formar talentos de cinema local. Actualmente os filmes de produção privada, ou feitos com apoios do Governo, são limitados e algo amadores, o que não ajuda a aumentar o nível dos talentos nesta área. É necessário abrir mais cursos teóricos sobre cinema, e promover o intercâmbio com o estrangeiro”, concluiu.

Flora [email protected]

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O s táxis em Macau estão a cumprir mais a lei do que no ano pas-sado e disso Andrew

scott tem a certeza. O presidente da Associação de Passageiros de Táxi de Macau (MPTA, na sigla inglesa) confirmou ao HM que o número de taxistas que escolhem clientes tem diminuído de forma “massiva”, algo que se faz notar na menor actividade da página de Fa-cebook, Macau Taxi Driver shame. Residentes de Macau contactados pelo HM assinam por baixo.

“Não tem melhorado apenas este mês, mas sim nos últimos qua-tro e a prevalência de situações de ‘fishing’ diminuiu provavelmente de 85% para cerca de 10%”, co-meçou por sublinhar o responsável da MTPA.

M AcAu teve menos dias insalubres durante o ano passado, mas ainda re-

gistou cerca de 110 dias em que a qualidade do ar esteve má. A boa qualidade do ar também não aumen-tou em alguns pontos, tendo Macau ficado com qualidade moderada no que ao ar diz respeito.

De acordo com um comunicado da Direcção dos serviços de Estatísti-cas e censos (DsEc), em 2014, a má qualidade do ar registada pelas várias estações de observação reduziu-se em termos anuais, assim como as chuvas ácidas, ainda que estas tenham ocorrido em 80 dias durante o ano.

Na estação da Rua do campo os registos de ar insalubre diminuíram em 13 dias (52 dias registaram má qualidade), na estação de observação

Ambiente menos diAs insAlubres e 80 de chuvAs ácidAs

Assim, assim...da Taipa Grande reduziram-se 11 dias (29 dias) e na estação de observação da Zona Norte decresceram dez dias (30 dias com registos de má qualidade).

Nas duas últimas estações, o ar de qualidade “moderada” cresceu, porém a o ar de “boa” qualidade decresceu: menos 8,5% e 2,4%, respectivamente, em termos anuais.

Os dados mostram ainda que, ao longo de 2014, ocorreram 77 dias de precipitação ácida, ou seja, menos sete em comparação com o ano 2013.

No ano passado, a temperatura média foi de 22,7 ºc durante o ano em

análise, tendo aumentado 0,3 ºc em relação a 2013. Registaram-se 1871 horas de sol, um aumento de 147 horas.

Também aumentou em 6,4% o consumo de água e as Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) trataram em média 216.917 m3 de resíduos líquidos por dia, ou seja, mais 0,9% em termos anuais. Recolheu-se também mais resíduos: 218.987 toneladas de resíduos domés-ticos, mais 5,4% em termos anuais e 122.906 toneladas de resíduos indus-triais e comerciais que aumentaram, substancialmente, 14,8%.

Face aos novos dados apresenta-dos pela DSEC, fica a saber-se que, em 2014, a área total do território de Macau era de 30,3 quilómetros quadrados e a densidade populacional elevou-se de 19.500 pessoas por km2 em 2013, para 20.500 em 2014. J.F.

“Não sabemos, oficialmente, porque é que o número de denúncias baixou, mas parece-me que se deve ao facto do Secretário para a Segurança ter tomado atenção a este problema, bem como Raimundodo Rosário [Secretário para os Transportes e Obras Públicas]”Andrew scott Presidente da Associação de Passageiros de táxi de macau

O serviço de táxis em Macau está muito melhor. são palavras de Andrew scott, presidente da Associação de Passageiros de Táxi de Macau, que sublinha uma crescente redução no número de ilegalidades. Os cidadãos concordam

táxis MTPA sublinhA MelhoriA “MAssivA” no serviço

tanto bate até que fura

O balanço dos trabalhos feitos por esta e outras associações locais é de uma evolução “marcante” no desempenho dos taxistas, que pare-cem estar a providenciar um serviço mais completo à população. Ainda que a página de Facebook continue a mostrar algumas denúncias re-centes - a grande maioria à procura de clientela específica e alguns condutores que utilizam linguagem desadequada – questionado sobre a razão para a diminuição, scott fala de dois dos novos secretários.

“Não sabemos, oficialmente, porque é que o número de denún-

cias baixou, mas parece-me que se deve ao facto do secretário para a segurança ter tomado atenção a este problema, bem como Rai-mundo do Rosário [secretário para os Transportes e Obras Públicas]. Julgo que houve instruções, por parte de Wong sio chak à PsP, para proceder a um reforço da lei”, disse. De acordo com o responsá-vel, a PsP passou, desde o início do ano, dez vezes mais multas do que no ano passado.

Ao HM também não foi pos-sível perceber se, oficialmente, as denúncias baixaram este mês, visto

que tanto a PsP, como a Direcção dos serviços para os Assuntos de Tráfego não responderam.

(Quase) todos notamQuem também diz ter reparado na melhoria do serviço providenciado é Rita Azevedo (nome fictício), residente no território que faz uso deste transporte quase todos os dias. “Melhorou muito. Tem sido fácil apanhar táxis nas paragens próprias e antes nem sequer pa-ravam. Agora param. Não sei se está relacionado, mas a verdade é que também tenho apanhado taxistas simpáticos e já há uns três meses que não tenho tido qualquer problema e faço uso de táxis quase diariamente”, afirmou Rita Azeve-do ao HM.

Os casos de “boa conduta” dos taxistas têm surgido um pouco por toda a internet, nomeadamente na página de Facebook da MTPA, onde cada vez mais utilizadores contam histórias de como foram bem servidos pelos condutores.

O HM contactou um destes utilizadores, que embora tenha preferido manter-se no anoni-mato, sublinhou uma “melhoria bastante notória desde que o Governo começou a ser mais exigente”. O cidadão diz, no entanto, que há que dar igual crédito à Macau Taxi Driver shame, por chamar a atenção dos residentes e do Executivo para este problema, “fazendo com que os taxistas saibam que as pessoas estão conscientes disto”, referiu. uma vista rápida pela página da rede social torna clara a ideia de que o serviço de táxis está, para os residentes, a melhorar exponencialmente, seja ao nível de ‘fishing’, falta de civismo ou cobrança excessiva.

agora Falta o restoEmbora as melhorias sejam, para Andrew scott, visíveis a olho nu, há ainda muito a fazer para trans-formar o serviço de táxis numa das principais opções de transporte da população local e turistas. Primei-ramente frisando que se trata de uma sugestão “pouco popular”, o presidente da MPTA apoia o aumento dos preços dos táxis, juntamente com uma fiscalização mais apertada por parte da PsP e da DAsT.

“É urgente concluir o documen-to de revisão do [Regime Jurídico do Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer] para que a legislação possa entrar em vigor e haja mais controlo da actividade”, defendeu Andrew Scott, em declarações ao HM.

leonor sá [email protected]

Best Westerné agora InnHotel Macauo hotel best Western, situado na Taipa, vai mudar de nome e passar a chamar-se inn hotel Macau. A notícia, da revista Macau business, refere que o anúncio da alteração vem de um porta-voz da emperor entertainment hotel ltd, empresa detentora do estabelecimento hoteleiro.

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hoje macau terça-feira 28.4.20158 publicidade

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hoje macau terça-feira 28.4.2015

À venda na Livraria Portuguesa Rua de S. domingoS 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • [email protected]

deixem FalaR aS pedRaS • david MachadoNo dia em que se ia casar, Nicolau Manuel foi levado pela Guarda para um interrogatório e já não voltou. Viveu, assim, quase toda a vida na urgência de contar a verdade a Graça dos Penedo, a noiva que mais tarde lhe seria arrebatada pelo alfaiate que lhe fizera o fato do casamento. Porém, sempre que se abria uma possibilidade, uma ameaça desviava-o dramaticamente do seu destino – e agora, meio século volvido, está velho de mais para querer mudar as coisas, gastando os dias com telenovelas. Alternando a narrativa dos sucessivos infortúnios de Nicolau Manuel – que é também a história de Portugal sob a ditadura, com os seus enganos, persegui-ções e injustiças – com a de um adolescente que mantém um diário com numerosas passagens rasuradas como instrumento de luta contra o mundo –, Deixem Falar as Pedras é um romance maduro e fascinante sobre a transmissão das memórias de geração em geração, nunca isenta de cortes e acrescentos que fazem da verdade não o que aconteceu, mas o que recordamos.

o FabuloSo TeaTRo do giganTe • david MachadoUm dia dois forasteiros chegam à aldeia de Lagares, isolada no meio das serras, lá nos confins do Minho. Um dos forasteiros era de estatura colossal, a quem logo chamam o Gigante, mas que na realidade tem por nome Thomas, o outro era Eunice, uma mulher pequena de cabelos cor de fogo que dentro em breve daria à luz dois gémeos. Ele, originário de um incerto país latino-americano, é um grande contador de histórias tão verdadeiras quanto inesgotáveis e que fazem as delícias dos habitantes de Lagares. Um dia, porém, o Gigante adormece e o seu sono prolonga-se por meses, anos, mas continua a contar as histórias com que vai sonhando. Nessa espera interminável, Eunice decide anotar por escrito tudo o que sonha aquele homem que ama e que tanto a fascina. E será a partir daí que as coisas seguirão um novo e extraordinário curso, mudando para sempre a vida daquela gente. Este é o primeiro romance de David Machado, uma obra inovadora, que abriu caminho a um novo imaginário no espaço da literatura portuguesa.

9eventos

A Yummy Macau, como o nome indica, é uma aplicação móvel que dá a conhecer o vasto mundo da gastronomia

e restaurantes locais. O seu fundador, Gilberto Camacho, explica ao HM como tudo começou. “É o projecto principal da nossa empresa, começou no ano passado, porque o conceito de restauração tem estado cada vez mais diluído”, começa por explicar.

O serviço quer-se esclarecedor e dirigido aos amantes de boa comida. Gilberto faz ainda a distinção de perspec-tiva entre culturas. “Para a comunidade chinesa de Macau, o conceito de comer fora está fortemente diluído e as pessoas confundem ‘restaurante’ com ‘tasca’ e estabelecimentos de comes e bebes”, continua o fundador. Assim, a Yummy Macau, aparece para mostrar a quem por cá almoça e janta, que a região tem um lado saboroso. A ideia é, basicamente, tornar públicas as informações – horários, tipo de gastronomia, pratos principais e comentários – sobre alguns dos restauran-tes de Macau e fazer com que as pessoas comecem a ver o acto de comer como uma experiência que abrange muito mais do que isso.

“Além de promover estes restaurantes que merecem ser promovidos, [a Yummy Macau] acaba por melhorar a imagem da restauração em Macau”, sublinha o fundador. Gilberto Camacho assegura que o número de downloads da aplicação móvel aumentou, principalmente durante épocas festivas como a Páscoa e o Dia dos Namorados.

CLiCar, ver e CoMerBaseando-se no lema de “nunca defraudar o cliente”, a Yummy Macau acaba por ser um guia para os melhores restaurantes do território, sejam eles estabelecimentos de comes e bebes, tascas ou locais altamente requintados. O processo é simples: quem

Ballet Companhia portuguesa estreia-se em Pequim

1 de Maio Música e desportona praia de Hac Sá

A companhia portuguesa de dança contemporâ-

nea Quorum Ballet estreia--se no dia 12 de Maio em Pequim, primeira etapa de uma digressão de dez dias pela China com um espec-táculo intitulado “Correr o Fado”. A estreia ocorrerá no grande Teatro Nacional da China, um dos ícones arqui-tectónicos da nova Pequim, desenhado pelo arquitecto francês Paul Andreu, com a forma de uma pérola de vidro e titânio a flutuar num lago artificial.

No sítio da Internet do teatro, o espectáculo do Quorum Ballet é apre-sentado como “uma emo-cionante peça de arte, que junta, pela primeira vez, o fado e a dança moderna”. Criado há dez anos sob a direcção do bailarino e co-reógrafo Daniel Cardoso, o Quorum Ballet, com sede na Amadora, arredores de Lisboa, foi considerado em 2009 a “melhor companhia

portuguesa de dança con-temporânea”.

A companhia já dançou várias vezes na China, no-meadamente em Xangai, Cantão e Macau, mas esta será a sua primeira actua-ção em Pequim.

Depois da capital chine-sa, o Quorum Ballet actuará em Jinan, e, a seguir, em Xangai, Nanjing e Zhuhai, viajando em Junho para a Roménia, Finlândia e Estados Unidos.

É o segundo agrupa-mento português do género a fazer uma digressão pela China no espaço de seis meses, depois da Compa-nhia de Dança de Almada, em Novembro passado.

“Nunca actuámos em espaços com tanta gente. Estamos muito contentes com a recepção, embora o público, aqui, seja contido a aplaudir”, comentou na altura à agência Lusa a directora da companhia de Almada, Maria Franco.

A praia de Hac Sá vai encher-se de música

e actividades desportivas no próximo feriado. A 1 de Maio, data em que se cele-bra o Dia do Trabalhador, o Instituto Cultural e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais organizam torneios de voleibol, futebol e andebol e também outros concursos na praia.

A servir de banda so-nora, estarão os grupos de Macau Blademark e Soler, os artistas Waa Wei e Evan Yo, de Taiwan, e a banda Sodagreen.

O dia começa às 10h00, com torneios desportivos de praia, que decorrem até às 16h30. Entre as 14h00 e as 16h30, acontecem ainda o

concurso de construções na areia e o concurso de caça ao tesouro na praia. Com início à mesma hora, mas até às 17h30, os interessa-dos podem ainda participar em workshops com entrada gratuita: desenho para crian-ças, tendas de jogos, carros telecomandados, jogos na praia e actividades aquáticas, como barco-banana, “bóias voadoras”, motas de água e passeios de barco à vela.

Os concertos musicais começam às 15h00 e ter-minam às 18h00. A entrada é livre em todos os even-tos. O 1º de Maio marca também o início da época balnear no território, sendo que as piscinas municipais abrem nesta data.

“Além de promover estes restaurantes que merecem ser promovidos, [a Yummy Macau] acaba por melhorar a imagem da restauração em Macau”

YummY macau AplicAção dá A conhecer gAstronomiA dA região

Na rota dos saboresGilberto Camacho desenhou um conceito que passou à prática no Verão do ano passado. Trata-se da Yummy Macau e é uma aplicação móvel que pretende dar a conhecer à população o que de mais saboroso se faz por estes lados. O download é grátis e serve para Android e IOS

quiser obter as informações sobre os es-tabelecimentos, precisa apenas de fazer o download da aplicação móvel – que está disponível para telemóveis Android ou IOS – e começar por procurar o tipo de cozinha preferida, seja ela indiana, chinesa, portuguesa ou de fusão.

O fundador desta ideia é macaense de gema e retornou às origens há cerca de três anos. Para já, a aplicação, que funciona com informações fidedignas e tem uma série de fotografias gastronómicas tiradas por um profissional, é para se manter as-sim, mas há novos horizontes em mira. O projecto não passa pela possibilidade de reservar mesa num restaurante através do website ou da aplicação e Gilberto explica porquê: “Não queremos causar problemas e interferir no negócio dos restaurantes, o que pode acontecer se uma pessoa marcar mesa para um grupo de 50 pessoas e elas não aparecerem”.

Futuramente e após consolidação do conceito, está a ser ponderada a expansão da marca além-Rio das Pérolas. “Quere-mos expandir este conceito para novos sítios como Hong Kong, até porque já comprámos o domínio [do website]”, explicou.

Leonor sá [email protected]

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10 hoje macau terça-feira 28.4.2015

luz de inverno Boi Luxoharte

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H averá filmes que são necessários, do mesmo modo que são necessárias umas férias para descan-

sar de um período de trabalho inten-so, ou do mesmo modo que um doente reumático precisa de uma temporada numas termas? Há. Ou, pelo menos, há um género de filmes. Kakushi toride no san akunin é um desses filmes.

Deve tomar-se, no entanto, com precaução, em doses moderadas. Só uma aderência a uma posologia certa garante a eficácia do tratamento. a sua necessidade provirá certamente da jus-teza das paisagens largas e das paisagens enclausuradas que o ecrã grande permi-te, da exibição de uma fidelidade a toda a prova e da observância de um equilí-brio perfeito entre o registo cómico e o registo sério - um engenho que o reali-zador aperfeiçoaria três anos depois no filme apogístico que é Yojimbo.

Kurosawa akira não é um realiza-dor fácil, ao contrário do que se possa pensar por ter sido muito famoso no ocidente desde os anos 50 e por ser considerado, no Japão, um autor dema-siado ocidentalizado. Os seus modos petulantes mas muito sérios só se en-tendem bem depois de uma habituação e de um saber.

este é um filme de estrada e a horizon-talidade deste propósito junta-se à utili-zação de um formato largo. assim, esta história seria uma história que se estende, que se vai desenrolando a passos largos pelo meio de perigos diversos.

No entanto, este longo passeio, tido como que ao longo de um rio, é extremamente teatral. Juntam-se nela dois miseráveis escravos fugitivos, acossados pela fome e pela ganância natural dos puros, um adorável gene-

KaKushi toride no san aKunin, the hidden Fortress, Kurosawa aKira, 1958

ral petulante e uma princesa de têm-pera rija, Yukihime.

Começa-se pelos camponeses/escravos, e bem. O formato grande do ecrã forma uma terra vasta e pla-na, cheia de possibilidades. estamos em pleno cinema japonês, agressivo e belo, selvagem e tribal como poucos, sanguinário, palco puro de emoções à flor da pele (como Fassbinder) – o tipo de cinema sobre o qual recai, sem clemência, um sol que queima tudo. arrependai-vos vós que ficasteis a meio caminho, com medo de tudo.

Grande parte do início do filme se-gue as desventuras dos dois camponeses/escravos fugitivos, capturados de novo e escapados mais uma vez. Isto permite-nos ver o filme de baixo para cima (socialmen-te) e impede que estas duas figuras sejam apenas figuras acessórias do general e da princesa. Tão indispensável ao desenrolar do filme é o histrionismo das duas figuras cómicas e venais como o comportamento principesco de Yuki - intenta na recupe-ração do seu clã. Mifune (o general) só aparece mais tarde, barbudo e ameaçador como um árabe.

The Hidden Fortress não recolhe, no en-tanto, especial favor da crítica. Mitsuhiro Yoshimoto, no seu vasto livro de 2000, Kurosawa, film studies and japanese cinema, considera-o um jidaigeki banal, que não exibe sequer a força de um outro filme que inclui também um membro da classe aristocrática sem poder (aqui é a Prince-sa Yukihime), ajudado por um dedicado servidor (aqui é o General rokurota), a necessidade de atravessar território hostil para alcançar a segurança, e dois popula-res cómicos - Tora no o wo fumu otokotachi (The Men Who Tread on the Tiger’s Tail, 1945), onde existem não dois mas apenas uma figura cómica memorável.

a The Hidden Fortress, de que eu gosto muito, o autor japonês do livro sobre Kurosawa dedica apenas 2 páginas in-completas, enquanto Kumonosujo (Thro-ne of Blood, 1957) merece 19 páginas e Tora no o wo fumu otokotachi - ambos aqui elogiados anteriormente - merece 20. Uma das razões deste desprezo parece ser que a The Fortress falta a intertextuali-dade que The Men Who Tread on the Tiger’s Tail mantém com a ideia da influência que o Noh projecta sobre o Kabuki.

voltemos à princesa, que aparece bastante tarde. Uma maria rapaz (como a delicosa Princesa Goh, em Gô-hime, de 1992, de Teshigahara), assemelha--se bastante à figura saltitona e mascu-lina de Mifune/rokurota Makabe.

O teatro desenrola-se então entre duas figuras superiores socialmente, a princesa e o general, e duas figuras miseráveis, cómicas e gananciosas – os camponeses tornados escravos Tahei e Matashichi, que ignoram a condição social de Yukihime (falsamente muda para que os dois camponeses não o sus-peitem através do seu discurso).

a bonita Princesa, afecta a um clã que fora destruído por um clã inimigo, o Yamana, precisa de atravessar uma terra hostil até alcançar o território de um senhor feudal favorável, Hayakawa. Transporta com ela (ou melhor, Tahei e Matashichi transportam) uma por-ção de ouro escondida em troncos de madeira que lhe permitirá estabelecer de novo o seu clã, o akizuki. a cobiça dos dois servos apimenta uma história que é perfeita para nos mostrar que, no fundo, tudo é fútil perante a transito-riedade da vida.

Tão bestial quanto a venalidade dos camponeses servos é o modo como o general exercita a sua fidelidade para

com o clã akizuki. a sua proficiência marcial mostra-se numa cena de comba-te contra um seu rival, Hyoe Tadokoro, e numa perseguição a cavalo.

Todos sabemos como Kurosawa gostava de cavalos e os seus jidaigeki têm todos uma presença equestre cen-tral à história, sem lamechices com cavalinhos com nomes, como no cine-ma americano, mas na composição de grandes quadros guerreiros rigorosos. De dois dos filmes que restabeleceram a fama internacional deste autor, Kage-musha e Ran, ressoa, lendário, o tropel imparável dos cavalos de batalha.

Debaxo dos pés duros dos ardentesCavalos treme a terra, os vales soam (Os Lusíadas, Iv. 31, v.v. 3-4)

Todavia, o tom jocoso com que se constrói todo o filme transforma--se com a história de Hyoe Tadokoro, marcado no rosto por uma profunda cicatriz por ter sido poupado à morte após a derrota na sua luta com rokuro-ta. esta é a parte mais exótica - aquela em que todos querem morrer - para ini-ciados. No entanto, a sua incompreen-são não impede um usufruto ao mesmo tempo grave e brincalhão da trama. É preciso, como acontece com outros filmes de Kurosawa, ver o seu cinema, sempre dramático, aceitando a sua pe-tulância e um distanciamento cómico doloroso.

O filme acaba, como havia começa-do, com os dois servos Tahei e Matashi-chi. Permanece até ao fim a ser contado sob o ponto de vista dos dois histrióni-cos, gananciosos e lúbricos miseráveis. No fim, o cinema de Kurosawa não é assim tão diferente do cinema lúbrico e jocoso de Imamura ou Suzuki.

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Poemas de du Fu

hoje macau terça-feira 28.4.2015 11 artes, letras e ideias

António GrAçA de Abreu

Dois

Dizem que Chang’an é como um tabuleiro de xadrez,

nos últimos cem anos, derrotas e  sofrimento em todos os jogos.

Novos donos ocupam palácios de príncipes e nobres,

nem mandarins militares, nem civis, ninguém agora aí reside.

Da montanha Dourada, a norte, o eco dos gongos, o rufar dos tambores da guerra,

a oeste, muitas carroças, cavaleiros, estafetas.

Aqui, peixes e dragões descansam nas águas frias do rio de Outono.

meu pensamento, uma vida tranquila na minha terra natal.

玉露雕傷楓樹林

巫山巫峽氣蕭森

江間波浪兼天湧

塞上風雲接地陰

叢菊兩開他日淚

孤舟一系故園心

寒衣處處催刀尺

白帝城高急暮砧

Um 

A geada branca queima as folhas dos ulmeiros,

um ar frio e cruel envolve a montanha Wu.

As ondas do rio, num turbilhão sobem até ao céu,

o vento, montes de nuvens da fronteira obscurecem a terra.

Desabrocham dois crisântemos antecipando o meu pranto,

uma barca solitária une-me à terra onde nasci.

É tempo de preparar, em todo o lado, as roupas de Inverno,

em Baidicheng, as lavadeiras apressam-se, batendo a roupa nas pedras.

聞道長安似弈棋

百年世事不勝悲

王侯第宅皆新主

文武衣冠異昔時

直北關山金鼓振

徵西車馬羽書遲

魚龍寂寞秋江冷

故國平居有所思

MeDitações De OUtOnO秋興

Page 12: Hoje Macau 28 ABR 2015 #3319

12 publicidade hoje macau terça-feira 28.4.2015

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Page 13: Hoje Macau 28 ABR 2015 #3319

13chinahoje macau terça-feira 28.4.2015

M ais três generais chineses foram acu-sados de corrupção, elevando para 33 o

número de oficiais superiores das Forças armadas afastados nos últimos três meses e meio, revelou ontem a imprensa oficial chinesa.

“isto mostra que as autoridades converteram o combate à corrup-ção numa prática regular e não apenas numa campanha de curto prazo”, disse um militar reformado citado por um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC).

Os generais expostos ontem - Dong Mingxiang, Zhan Guoqiao e Zhan Jun - pertenciam ao comando de três regiões militares: Pequim, Lanzhou e Hubei, respectivamente.

Em Janeiro, num gesto sem precedentes, o portal do Exercito Popular de Libertação (o nome ofi-cial das Forças armadas chinesas) divulgou o nome de 16 oficiais superiores investigados por cor-rupção e em Março foi divulgada uma segunda lista, com 14 nomes.

A maioria dos oficiais está liga-

Sudeste Asiático Recuperação de terras pela China ameaça estabilidade O impulso chinês para a construção de novas ilhas artificiais “pode minar a paz, a segurança e a estabilidade” na disputa do Mar do Sul da China, de acordo com uma declaração divulgada pela Associação de Nações do Sudeste Asiático. “Partilhamos as sérias preocupações expressas por alguns líderes sobre a recuperação de terras em curso no Mar da China do Sul, que erodiu a confiança e pode minar a paz, a segurança e a estabilidade”, lê-se no comunicado.

Incêndio em central nuclear em TaiwanUm incêndio deflagrou numa central nuclear no sul de Taiwan, no domingo, pouco antes da meia-noite, obrigando à suspensão de um dos dois reactores. De acordo com a agência oficial Xinhua, o fogo na Terceira Central Nuclear em Pingtung fez disparar o alarme às 23:58 de domingo e foi apagado pelos bombeiros da central 17 minutos mais tarde, segundo a Taiwan Power Company. A central continua a operar e estima-se que serão necessárias duas semanas até o segundo reactor poder voltar a funcionar. O incêndio começou dentro de um transformador de electricidade auxiliar. De acordo com a empresa, citada pela Xinhua, o incidente não causou qualquer contaminação radioactiva.

Aumenta para 20 o número de mortos na China devido ao sismo no NepalO número de mortos na China devido ao sismo que devastou o Nepal no sábado aumentou ontem para 20, além dos 58 feridos e quatro desaparecidos, informa a agência Xinhua. Com a descoberta de dois novos corpos sem vida, o número de vítimas mortais no Tibete, situado na fronteira chinesa com o Nepal, subiu para 20. No Tibete, epicentro de várias réplicas do sismo nepalês, mais de 1.200 casas ruíram e quase 10.000 sofreram danos, juntamente com 54 templos tibetanos, de acordo com os últimos dados do centro de emergências nacional. Como consequência do sismo, mais de 12.000 pessoas no Tibete tiveram de abandonar as suas casas, assinala a Xinhua. No Nepal, o número de mortos oficialmente contabilizados atingiu ontem os 3.218.

Detido um dos fugitivos acusados de corrupção mais procurados pelas autoridades

Corrupção MAiS TrêS geNerAiS ACUSADOS

Combate sem tréguasDesde Janeiro que têm vindo a público nomes de oficiais superiores das Forças armadas chinesas investigados por suspeitas de corrupção. Ontem, outros três juntam--se à lista que não pára de crescer

“Isto mostraque as autoridades converteram o combate à corrupção numa prática regular e não apenas numa campanhade curto prazo”Militar reforMado

da ao sector da logística e prestava serviço em mais de uma dezena de províncias, incluindo na Região autónoma do Tibete, referiu o jornal Global Times.

O combate à corrupção nas For-ças armadas chinesas - as maiores do mundo, com cerca de 2,3 mi-lhões de efectivos - acentuou-se no verão passado, com o anúncio da prisão do general Xu Caihuo, ex-

-vice-presidente da Comissão Mi-litar Central, entretanto falecido.

antigo membro do Politburo do PCC, Xu Caihuo foi o mais alto líder militar chinês acusado de corrupção desde a fundação da Republica Po-pular da China, em 1949.

a corrupção é considerada uma das principais fontes de insatisfa-ção popular na China e a maior ameaça à credibilidade do PCC e

à sua manutenção no poder. Desde que assumiu a chefia do PCC, em Novembro de 2012, o actual pre-sidente, Xi Jinping, lançou a mais drástica campanha anti-corrupção das últimas décadas.

Dezenas de quadros dirigentes com categoria de vice-ministro ou superior, entre os quais o próprio ex-chefe da segurança Zhou Yon-gkang, foram já presos.

A polícia chinesa deteve este fim de semana um dos seus fugitivos mais procurados por suspeita de corrupção, identificado como Dai Xuemin, antigo gestor de uma empresa de investimento em Xangai, noticiou ontem o jornal China Daily. Dai é o primeiro detido

desde a publicação da interpol, na passada quarta-feira, de uma lista com uma centena de detentores de altos cargos acusados de corrupção, que se presumia estarem fugidos do país. Capturado num aeroporto chinês quando tentava entrar no país com

uma identidade falsa, Dai enfrenta agora acusações de fraude de 11 milhões de yuan .As autoridades chinesas acreditam que Dai fugiu do país em 2001 e esteve em Belize, estados Unidos e Coreia do Sul, segundo o China Daily.

Page 14: Hoje Macau 28 ABR 2015 #3319

tempo pouco nublado min 22 max 28 hum 65-95% • euro 8.6 baht 0.24 yuan 1.2

João Corvofonte da inveja

14 hoje macau terça-feira 28.4.2015(F)utilidades

C i n e m aCineteatro

Aconteceu Hoje 28 de abril

Sala 1the avengerSÇ age of ultton [3d] [b]Filme de: Joss WhedonCom: robert downey Jr., Chris Hemsworth, Mark ruffalo14.15, 19.15

the avengerSÇ age of ultton [b]Filme de: Joss WhedonCom: robert downey Jr., Chris Hemsworth, Mark ruffalo16.45, 21.45

Sala 2faSt and furiouS 7 [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin diesel, dwayne Johnson14.15, 16.45, 21.45

faSt and furiouS 7 [3d] [c]Filme de: Jame WanCom: Paul Walker, Vin diesel, dwayne Johnson19.15

Sala 3child 44 [c]Filme de: daniel espinosaCom: Tom Hardy, Gary Oldman, Noomi rapace14.15, 16.45, 19.15, 21.45

Mussolini é execuado, nasce Salazar • Benito Mussolini, governante da Itália durante 21 anos, morre a 28 de Abril de 1945. O acérrimo defensor de regimes autoritários, é executado por Walter Audisio, integrante do Comité de Liberação da Alta Itália, juntamente com Clara Petacci, sua amante. Nascido em 1880, benito amilcare andrea Mussolini li-derou o Partido Nacional Fascista e é tido como uma das figuras-chave na criação do fascismo. Tornou-se o primeiro-ministro de Itália em 1922 e começou a usar o título il duce desde 1925. após 1936, o seu título oficial era “Sua Excelência Benito Mussolini, Chefe de Governo, Duce do Fascismo e Fundador do império”. Mussolini também criou e sustentou a patente militar suprema de Primeiro Marechal do Império, junto com o rei Vítor Emanuel III da Itália, quem lhe deu o título, tendo controlo supremo sobre as forças armadas da Itália. Mussolini permaneceu no poder até ser substituído em 1943, por um curto período. até à sua morte, foi o líder da república Social italiana.Mussolini e a amante Clara Petacci fugiam para a Suíça, quando foram capturados em Azzano, sendo executados por Walter audisio. O local de nascimento de Mussolini, em Dovia de Predappio, Forlì em Emília-Romanha, Itália é, hoje em dia, utilizado como um museu.Nesta data, mas em 1889, nasce António Oliveira Salazar, governante português entre 1933 a 1970. Em 1937, nasce Sadam Hussein, presidente iraquiano. Também a 28 de abril de 1945, Hitler casa-se, escondido, em berlim, com Eva Braun. Em 28 de Abril de 1969, a explosão de uma mina nos Estados Unidos matou 78 trabalhadores. A tragédia marcou a data como o dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes do Trabalho, que também hoje se comemora.

Qual é o significado de um gesto? Gestos são coisas banais, a que nos habituamos, tanto que nem lhes damos, a maior parte das vezes, atenção. Mas é assim mesmo que Milan Kundera começa a sua obra ‘A Imortalidade’. O gesto de Agnés, uma das personagens principais deste romance, é o ponto de partida para o autor perceber como um signo não verbal – e que não envelhece – lhe serve de prancha de lançamento para reflexões acerca da imortalidade. O desejo de permanecer

vivo, pelo menos na memória das pessoas, vivendo, ao mesmo tempo, sob padrões sociais. Um romance extremamente difícil de resumir, uma vez que a história que o autor nos apresenta vai saltando de personagem em personagem, local para local, chegando até a narrativas fictícias no pós-morte. Milan Kundera surpreende, novamente, com o seu estilo de escritor/filósofo naquela que terá sido a sua última obra. - Joana freitas

A iMortAlidAdeMilAn kunderA (1990)

U M l I v r O h O j e

O que fazer esta semana?diariamente exPOSiçãO de FOTOGraFia de erWiN OlaF (aTé 8 de MaiO) Casa Gardenentrada livre

exPOSiçãO “laNdFall”, de eriC FOk (aTé 25 abril)art for allentrada livre

exPOSiçãO “HOMeNaGeM a MeSTreS iNSPiradOreS” (aTé 10 de MaiO) Armazém do Boi entrada livre

exPOSiçãO “Valquíria”, de JOaNa VaSCONCelOS (aTé 31 de OuTubrO)MGM Macau, Grande Praça entrada livre

Nunca te exponhas à verdade. É como ficar nu perante desconhecidos.

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15opiniãohoje macau terça-feira 28.4.2015

T homas Piketty, — o economista francês que se celebrizou com o livro o Capital no século XXI, e que falou ontem na Fundação Gulbenkian — teve a cora-gem de reintroduzir a Grande Teoria no debate actual. o último autor a condensar num só livro, com tal abrangência

e influência, teoria e princípios de acção foi provavelmente o filósofo americano John Rawls, com Uma Teoria da Justiça, de 1971 — curiosamente, o ano em que Piketty nasceu.

John Rawls propôs dois princípios de justiça — do igual acesso às liberdades fundamentais e o “princípio da diferença”, ou seja, de que as desigualdades só podem ser justificadas no caso de beneficiarem aqueles que na sociedade vivem pior — que concentraram uma grande parte do debate sobre políticas públicas desde então. Tho-mas Piketty propõe três leis económicas que resultam naquilo a que ele chama “a contradição fundamental do capitalismo”, a saber, a ideia de que o rendimento do capital tem uma tendência “natural” a ser superior

Rui TavaResin Público

A Internacional no século XXI

“A proposta política de Piketty merece ser levada a sério, e que combatamos por ela. Um imposto mundial sobre a riqueza permitiria, além de diminuir a desigualdade, documentar e conhecer melhor os fluxos financeiros planetários, combater a corrupção e a lavagem de dinheiro, e regular o capitalismo global”

ao crescimento económico — ideia já popu-larizada numa fórmula simples: r>g. se “o rendimento é maior que o crescimento”, a forma mais evidente de o corrigir é através de um imposto sobre a riqueza. Como o capital, no século XXI, se globalizou, esse imposto sobre a riqueza deveria ser global. Voltaremos a ele no fim da crónica.

***

antes disso, gostaria de notar duas coisas.Muita gente tem dis cutido as “leis” de

Piketty como se fossem leis da física, mas o método e abordagem dele são típicos

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de um historiador. Na verdade, sabemos pouco sobre a evolução da desigualdade na história humana, e para compilar a base do seu trabalho, Piketty passou muitos anos mergulhado em fontes históricas das mais diversas. aquela teoria económica não seria possível sem esse labor historiográfico, hoje muito desprezado por alguns economistas.

Em segundo lugar (e talvez porque sou em geral céptico em relação a quaisquer “leis da história”) não penso ser necessário ter descodificado “a contradição central do capitalismo” para que a desigualdade nos preocupe. se o contributo teórico sólido é importante, não deixa de ser por razões

morais que a resposta política à desigualdade deve ser preparada.

É nesse sentido moral que a proposta polí-tica de Piketty merece ser levada a sério, e que combatamos por ela. Um imposto mundial sobre a riqueza permitiria, além de diminuir a desigualdade, documentar e conhecer melhor os fluxos financeiros planetários, combater a corrupção e a lavagem de dinheiro, e regular o capitalismo global. Enquanto não chegamos lá, Piketty propõe um passo intermédio de um imposto europeu sobre a riqueza (a minha proposta, mais modesta, é de um imposto coordenado sobre multinacionais recolhido pela União Europeia e entregue aos estados--membros). Esta é uma excelente ideia, e espero que em breve ganhe adeptos nos governos europeus e de todo o mundo.

Em face da crise global, há quem queira compreensivelmente recuperar a escala nacional. o livro de Piketty vem porém persuadir-nos de que não há forma mais eficaz de lutar contra as desigualdades do que fazendo-o à escala global, com a escala euro-peia como etapa intermédia. Para o “Capital no século XXI” precisamos provavelmente de uma Internacional do século XXI.

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hoje macau terça-feira 28.4.2015pu

b

Gás Apurar de responsabilidades sobre fuga adiado

O Instituto de Habitação (IH) decidiu cobrir os custos do

projecto de melhoria do sistema de gás central do edifício de habitação económica situado na Alameda da Tranquilidade. Só depois das obras é que se vai proceder a uma investigação para apurar responsabilidades.

O caso remonta ao ano passado, quando foi descoberto um problema de infiltrações de gás devido ao estado avançado de corrosão dos tubos daquele prédio. De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, o IH está a planear melhorar o sis-tema central de gás antes de começar a investigação e a pri-meira fase do projecto consiste na montagem de tubos do último piso até às paredes exteriores. A segunda etapa será montar caixas de contador de gás nos terraços de alguns apartamentos para ligar os tubos aos fogões da cozinha dos habitantes. Assim, os moradores podem decidir se querem usufruir desta ligação ou não. No entanto, Ng, um dos moradores, mostrou-se preocupado com a segurança da caixa instalada no apartamento. O residente considera ainda que não faz sentido o IH ficar a cargo das obras quando ainda se des-conhece quem será a entidade responsável pela manutenção das caixas e tubos.

O porta-voz do grupo de proprietários do edifício, Wu Iek Chio considera que a res-ponsabilidade é do Governo, acrescentando que a maioria dos habitantes discorda dos projec-tos de melhoria depois de várias reuniões com o IH. Em suma, estes consideram a decisão do organismo arbitrária.

MandarimAlunos portugueses do secundário com disciplina obrigatória

PrEvê-sE que o Instituto Confúcio da Universidade

de Aveiro tenha 20 turmas de ensino de Mandarim destinadas a alunos do ensino secundário. Isto deverá acontecer já em Setembro deste ano e ser uma disciplina obrigatória para os alunos de Humanidades e fa-cultativa para os de outras áreas.

De acordo com o jornal português Diário de Notícias (DN), a abertura destas turmas vai servir para mais de 500 alunos aprenderem a língua oficial chinesa. Citada pelo DN, a presidente do Instituto, Teresa Cid confirma que “o ministé-rio está a trabalhar num novo projecto-piloto, apoiado pelo Hanban [o equivalente chinês ao Instituto Camões], em que haverá um número limitado de ofertas de chinês mandarim em várias escolas do país”, disse. A notícia surge depois da visita do Ministro português da Edu-cação e Ciência, Nuno Crato, a várias instituições de ensino superior lusas.

“A hipótese que está a ser posta, ainda em reuniões de trabalho, aponta para uma média de 20 escolas, com uma turma em cada”, acrescentou Teresa Cid. Uma “oferta de secundá-rio”, a começar no 10.º ano de escolaridade, que será “uma disciplina curricular no caso das Humanidades”, podendo também ser escolhida como opção pelos alunos de outras áreas.

O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, começa na terça-feira a sua

oitava visita oficial à China, cen-trada uma vez mais na busca de investimentos em sectores com o petróleo, gás, minas, agricultura e serviços básicos.

Obiang, que visitou a China pela última vez em 2012, chegou a Pequim já ontem à noite, mas a sua agenda oficial só começará esta terça-feira, dia em que se reunirá com o seu homólogo chi-nês, Xi Jinping, estando prevista a assinatura de vários acordos económicos.

Depois, o Presidente da Gui-né Equatorial viaja para Dalian, onde inaugurará o Fórum Guiné Equatorial-Ásia, que decorre na quarta e na quinta-feira.

Obiang, que está à frente dos destinos do país desde 1979, viaja para a China acompanhado de vários empresários locais e pelos ministros das Finanças, Minas, Indústria e Energia, saúde e Bem--Estar, e Agricultura e Bosques, entre outros.

A viagem coincide com a passagem dos 45 anos do esta-belecimento de relações diplo-máticas entre os dois países, e num momento em que Malabo tem em lançamento um plano de industrialização e diversifi-cação económica, o ‘Horizonte 2020’, no qual se espera que a China, a segunda maior econo-mia do mundo, tenha um papel importante.

Dez anos intensosNa última década, têm sido vários os investimentos chineses no país, tendo as empresas chinesas parti-cipado em numerosos projectos de infra-estruturas na Guiné Equatorial e têm-se mostrado especialmente interessadas nos projectos de desenvolvimento de transportes marítimos e no desenvolvimento da economia costeira no único país africano que fala espanhol, mas que per-tence à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Entre os vários projectos levados a cabo pelas empresas chinesas contam-se a central hi-

Guiné Equatorial Presidente na China em busCa de maior aPoio

o investidor desejado

Na última década, têm sido vários os investimentos chineses no país, tendo as empresas chinesas participado em numerosos projectos deinfra-estruturas

droeléctrica de Bikomo, a estrada que liga Nkue a Mongomo, os edifícios de telecomunicações de Malabo e Bata, e da emissora radio Ecuatorial.

Na anterior visita de Obiang à China, em Julho de 2012, o Banco Chinês de Exportações e Importações (Eximbank) as-sinou um acordo para financiar a electrificação de Malabo, no valor de 174 milhões de dólares.

O interesse da China na Gui-né Equatorial cresceu à medida que foram sendo descobertas reservas de petróleo, que nos últimos anos tornaram a Guiné Equatorial na lista dos maiores produtores africanos, liderada pela Nigéria e Angola, e na nação com o maior PIB per capital,

mas que tem cerca de dois terços da população numa situação de pobreza extrema.

ContraCçõesA Economist Intelligence Unit (EIU), a unidade de análise da revista The Economist, prevê que a Guiné Equatorial sofra uma recessão de 5,5% este ano e de 2% em 2016, devido aos baixos preços do petróleo.

De acordo com o ‘Country Repor’ de Abril, a que a Lusa teve acesso, os analistas da revista bri-tânica afirmam que esperam que a economia da Guiné Equatorial se contraia 5,5% este ano, depois de uma queda de 2,3% no ano passado e antes de um novo recuo no Pro-duto Interno Bruto no próximo ano, na ordem dos 1,9%, “em linha com a queda na produção de petróleo e do investimento público”.

No documento, os analistas an-tecipam que a economia “recupere ligeiramente mais para o fim da década, motivado pela recuperação na produção de gás natural e pela continuada expansão do sector dos serviços e à medida que os esforços de diversificação económicas das autoridades começam a ter algum resultado”.

Em Fevereiro, a EIU já tinha revelado uma previsão de quebra na produção de petróleo na ordem dos 8%, para 234 mil barris por dia, prevendo que o abrandamento se acentue até ao final da década.