Hoje Macau 3 JUN 2014 #3101

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PUB Ter para ler Lau Si Io confessa que as medidas tomadas no combate à especulação não tiveram resultados e diz que é preciso olhar para as regiões vizinhas e ver como se faz. PÁGINA 3 TUDO EM VAO ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA GOVERNO ADMITE IMPOTÊNCIA AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB H7N9 Aves vivas voltam aos mercados CHINA SEGUE EM FRENTE SEM ORÇAMENTO E SEM CALENDÁRIO ESTE CONTINUA A SER UM COMBOIO VIRTUAL TIANANMEN • 25 ANOS PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 5 PÁGINA 2 METRO DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 3 DE JUNHO DE 2014 ANO XIII Nº 3101 hojemacau PUB ˜ De um lado as vozes que assinalam o dia do massacre. Do outro um governo que matém o tabu e ignora o “incidente” preferindo destacar o sucesso económico. Google boqueado. GCS

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Hoje Macau N.º3101 de 3 de Junho de 2014

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PUB

Ter para ler

Lau Si Io confessa que as medidas tomadas no combate à especulação não tiveram resultados e diz que é preciso olhar para as regiões vizinhas e ver como se faz.

PÁGINA 3

TUDO EM VAOESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA GOVERNO ADMITE IMPOTÊNCIA

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

H7N9Aves vivas

voltam aos mercados

CHINA SEGUEEM FRENTE

SEM ORÇAMENTOE SEM CALENDÁRIOESTE CONTINUA A SERUM COMBOIO VIRTUAL

TIANANMEN • 25 ANOS PÁGINA 7 SOCIEDADE PÁGINA 5

PÁGINA 2

METRODIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 T E R Ç A - F E I R A 3 D E J U N H O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 0 1

hojemacau

PUB

˜

De um lado as vozes que assinalam o dia do massacre. Do outro um governo que matém o tabu e ignora o “incidente” preferindo destacar o sucesso económico. Google boqueado.

GCS

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2 hoje macau terça-feira 3.6.2014POLÍTICA

JOANA [email protected]

N EM calendário, nem orçamentos. Lau Si Io recusou-se a dar dados sobre o metro ligeiro

aos deputados, na passada sexta--feira. No segundo dia dedicado a responder aos membros do hemi-ciclo, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes disse não poder avançar com números ou datas, porque não há informações concretas sobre as obras do novo transporte.

“Há muitas questões por deci-dir no segmento sul de Macau”, começou por dizer Lau Si Io em resposta a uma interpelação de Ng Kuok Cheong. “Os dados são apenas de referência e entendemos não ser oportuno a apresentação aos deputados. Quando chegar a um determinado momento, em que os factores são mais precisos, poderemos fazer uma conta mais precisa.”

O Secretário assegura que, do lado da Taipa, “até nem há problema” em fornecer dados e que as obras correm plenamente, mas diz que, face a Macau, só quando “se tomar uma decisão” é que se pode fazer uma apresen-tação à Assembleia Legislativa (AL). “Agora só temos hipóteses conceptuais, estimativas e pre-visões, que só podem servir de referência.”

Para Ng Kuok Cheong, é “ab-solutamente inaceitável” que o Governo tenha iniciado obras de um projecto tão grande e não tenha quaisquer dados para apresentar. “A primeira fase [segmento da Taipa] ia estar concluída em 2014. Depois, dizem-nos que, afinal, só em 2016 e que o troço até à Barra,

Sobre prazos para a construção e os preços das obras do metro ligeiro do lado de Macau nada se sabe. Aos deputados e à população resta aguardar, uma vez que o Governo se fecha em copas sobre esses dados. Segundo Lau Si Io, não é o momento oportuno, porque há números, mas só de “referência”

METRO NEM CALENDÁRIO, NEM ORÇAMENTO PARA OBRAS EM MACAU

É o que há-de vir

“A primeira fase [segmento da Taipa] ia estar concluída em 2014. Depois, dizem-nos que, afinal, só em 2016 e que o troço até à Barra, só em 2018 ou 2019. Para Macau, até agora, não sabemos nem data, nem prazos de conclusão”NG KUOK CHEONG

só em 2018 ou 2019. Para Macau, até agora, não sabemos nem data, nem prazos de conclusão”, criticou o deputado.

Já em Abril, devido a uma proposta de debate sobre o metro ligeiro submetida pelo deputado democrata, Lau Si Io saiu da AL

sem dar informações sobre o novo transporte. Um mês depois, a situ-ação repete-se.

Inicialmente, o projecto global tinha um custo estimado em 4,2 mil milhões de patacas, valor que viria a ser revisto em 2009, para 7,5 mil milhões de patacas. Dois anos de-

pois, o Governo voltou a actualizar o orçamento para a construção da primeira fase, na Taipa, para 11 mil milhões de patacas. Também este deveria estar concluído este ano, mas a conclusão da obra está prevista para 2016.

RESTA ESPERAR“Como é que nem uma previsão do orçamento se consegue fazer?”, atirou Ng Kuok Cheong. “É ridí-culo. Não pode servir de pretexto para não haver orçamento o facto de ser normal haver aumentos nos custos das obras.”

O Executivo justifica que, do lado de Macau, há condições específicas que vão ser motivo

de alterações nos itinerários, por exemplo, e que, por isso, não se pode avançar com números.

Lau Si Io afirma que “no final deste ano ou início do próximo” vai ser lançado o concurso público para as obras de construção do segmento sul de Macau, ainda que admita que as obras deste lado vão demorar mais de cinco anos, por serem “complexas”.

Na sexta-feira, Lau Si Io asse-gurou que já se iniciou o estudo do traçado do segmento norte de Macau, “procurando-se concluí-lo a curto prazo”, mas a resposta não agradou. “Em breve significa o quê? Fala em ‘curto-prazo’, quando nem sabe qual é”, frisou Ng Kuok Cheong.

Também o colega de bancada, Au Kam San critica a falta de dados do Executivo. “Como não há or-çamento, não se fala em excessos. Como não há calendário, também não há atrasos. É assim? Uma obra que começou há tanto tempo e não conseguem sequer apresentar um calendário?”

Au Kam San fez questão de frisar que “até o Governo Central” apresenta orçamentos para os seus projectos. “Faz algum sentido que avancemos com obras sem que se avance com um orçamento? De facto vive-se muito bem em Macau”, disse o pró-democrata.

Os deputados acusaram Lau Si Io de dar apenas respostas simples e o responsável, de facto, não disse mais do que o que já tem vindo a dizer: há “factores incertos”, problemas que surgem e que “obrigam a aumentos dos custos” e inexperiência devido ao metro ser um transporte novo. “Uma vez que estão ainda em curso o estudo e a análise de outros traçados em fase planeamento, tais como a Linha de Seac Pai Van, a Linha de Extensão de Hengqin e o segmento do Porto Interior da linha de Macau, entre outros, não é possível na fase actual fazer uma avaliação sobre o custo e prazo de construção”, rema-tou Lau Si Io.

“Como não há orçamento, não se fala em excessos. Como não há calendário, também não há atrasos. É assim? Uma obra que começou há tanto tempo e não conseguem sequer apresentar um calendário?” AU KAM SAN

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TIAG

O AL

CÂNT

ARA

3 políticahoje macau terça-feira 3.6.2014

L AU Si Io admitiu no plenário de sexta-feira que as me-didas implementadas pelo Governo para controlar os

preços altos das rendas não têm vindo a ser eficazes. Em resposta a Si Ka Lon, que apresentou uma interpelação sobre a habitação pública e o mercado imobiliário, o Secretário para as Obras Públicas e Transportes assegurou que vão haver mais medidas.

“De facto, os preços dos imóveis subiram em flecha e o Governo, nos últimos anos, tem tomado medidas que não contribuíram para reduzir

E STÃO a ser pensados regu-lamentos para a reciclagem de sucatas automóveis e vai

haver uma consulta pública sobre o assunto. Isso mesmo confirmou Alex Vong, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM) na Assembleia Legislativa (AL).

Em resposta a uma interpela-ção de Ho Ion Sang, o responsável do IACM garantiu que a Direcção dos Serviços de Protecção Am-biental (DSPA) já incumbiu uma instituição académica de fazer um estudo sobre o assunto, em 2010, e Alex Vong garante que a conclusão desse estará pronta

Ng Kuok Cheong dizque já há consciência cívica em MacauO deputado da Associação Novo Macau, Ng Kuok Cheong, quer que o Governo negocie o processo de reforma política, o mais rápido possível. De acordo com a Rádio Macau, o deputado acredita que as manifestações, da semana passada, demonstram que a população está preparada. “É muito claro que há agora, uma grande consciência cívica em Macau. Se não houver uma mudança no sistema político, o choque entre o Governo e cidadãos vai ficar ainda maior. Concordam com a necessidade de sufrágio universal, para o Chefe do Executivo e para a assembleia legislativa e com a resolução dos problemas na estrutura politica que temos?”, disse Ng Kuok Cheong, em declarações no programa Fórum Macau, da TDM.

SUCATAS PODERÃO TER REGULAMENTO PRÓPRIO EM 2015

Sem espaço para tanto lixo

IMOBILIÁRIO LAU SI IO ADMITE INEFICÁCIA DE MEDIDAS CONTRA PREÇOS ALTOS

Especulação é quem mais ordena4400fracções de habitação pública

a caminho

[esses] preços”, começou por frisar Lau Si Io, no segundo dia dedicado a responder aos deputados. “Houve redução, mas não de forma que satis-faça as necessidades locais.”

Inicialmente, Lau Si Io tinha as-segurado a Si Ka Lon que as medidas promovidas pelo Governo teriam

sido eficazes, sendo que foi diminuin-do a especulação imobiliária e houve uma estabilização do mercado. Mas, as declarações do dirigente mudaram depois, com Lau Si Io a deixar no ar que ainda é preciso implementar mais medidas. “Temos de tomar mais medidas, tomando como referência as regiões vizinhas.”

Confrontado com perguntas sobre a futura necessidade de habi-tação pública, Lau Si Io assegurou que o Governo continua na luta para adquirir mais terrenos, incluindo nos novos aterros, onde, no entanto, ainda não se sabe se haverá apenas este tipo de casas. “Vamos proceder a uma terceira consulta pública

sobre os novos aterros, saber se as pessoas querem imóveis privados ou habitação pública”, disse, sem adiantar um calendário para a nova ronda de auscultações.

Relativamente à oferta de habitação pública, o Governo diz estar a planear construir mais 4400 fracções, sendo que não foi posta de lado a possibilidade de revisão da lei que gere a habitação social.

“De facto, os preços dos imóveis subiram em flecha e o Governo, nos últimos anos, tem tomado medidas que não contribuíram para reduzir [esses] preços”, começou por frisar Lau Si Io

Lau Si Io esteve sob fortes criti-cas dos deputados, que indicam que a habitação pública não é suficiente para todos os necessitados. Zheng Anting fez questão de relembrar que cada vez mais a população “concorre” com os trabalhadores não-residentes na procura de uma casa no mercado privado e muitos dos colegas do hemiciclo relem-bram os preços elevados das rendas no mercado privado. Apesar de estes serem atribuídos à especulação de empresários do exterior de Macau, Lau Si Io garante que, no ano passa-do, 97,6% das fracções adquiridas na RAEM foram compradas por residentes de Macau. - J.F.

no início de 2015. Nessa altura, “será apresentada uma proposta [de lei] com orientações técnicas e padrões” para serem cumpridas pelas sucatas.

Ho Ion Sang chamou a aten-ção para o facto de, em Macau, ser comum encontrar sucatas de automóveis perto de zonas resi-denciais, o que, para o deputado, afecta o meio ambiente e prejudica a saúde pública.

Vong concorda e adianta que, devido ao tamanho de Macau, é necessário cooperação com o con-tinente. “A solução mais viável será uma cooperação regional e o Governo está a negociar com

a província de Guangdong para aliviar as pressões e melhorar o problema da poluição.”

O responsável do IACM diz que estão a ser estudados locais para a colocação de sucatas, mas salienta que é preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre o negócio e a poluição.

Até agora, a DSPA apenas tem vindo a estudar este problema das sucatas, sendo que estas não têm, contudo, de respeitar normas de protecção ambiental ou regras mais rígidas.

“Há necessidade de encontrar melhores zonas para [as sucatas]”, admitiu um assessor do Executi-

vo, salientando que estas devem ser fora das zonas residenciais.

Ho Ion Sang ficou insatisfeito com a promessa de apenas “dar atenção” ao problema e frisou que apenas estudos não chegam, considerando a questão urgente.

O Governo diz apenas que ainda está a estudar e que “só no futuro” é que haverá regras mais adequadas. - J.F.

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HOJE

MAC

AU

hoje macau terça-feira 3.6.20144 política

O caso da jorna-lista da MAS-TV que foi em-purrada por um

segurança do Chefe do Exe-cutivo chegou à Assembleia Legislativa (AL), na passada sexta-feira. Enquanto os de-putados criticam a forma de actuação das autoridades, o Governo garante que ainda é cedo para tecer conclusões dado que a investigação so-bre o caso ainda está curso. Mais ainda, a actuação se-gurança, diz Mui San Meng, foi adequada.

“Alega-se que o jorna-lista foi agarrado. A PSP já avançou com a investigação e espera-se apresentar o relatório o quanto antes, com vista ao apuramento da verdade”, começou por dizer o segundo comandante da PSP. “É inadequado retirar conclusões antes disso.”

Mui San Meng frisou que “os polícias não agarraram

DEPUTADOS CRITICAM TRABALHO DO GOVERNO COM A IMPRENSA

“Chui Sai On é o CE do aeroporto”“O (CE) raramente sai de casa e só quando faz visitas ao exterior é que os jornalistas têm oportunidade de o entrevistar, no aeroporto”

“A insistência dos jornalistas é falta de respeito pelos dirigentes? E o recurso à violência é inevitável?”AU KAM SAN

nos jornalistas” e que só estavam a proteger o Chefe do Executivo com o seu corpo. “Acho esta actuação adequada.”

O assunto serviu para os deputados tecerem duras críticas à forma como o Exe-cutivo garante a liberdade de imprensa em Macau. Au Kam San acusou mesmo o Governo de “escolher determinados órgãos de comunicação social” para

divulgar certas notícias e não dar hipóteses aos média de falar com os dirigentes. “O Chefe do Executivo Chui Sai On é conhecido entre a população como o Chefe do Executivo do aeroporto. Raramente sai de casa e só quando faz visitas ao exterior é que os jorna-listas têm oportunidade de o entrevistar, no aeroporto”, disse o deputado democrata, que acusou o Governo de

“violar de forma violenta a liberdade de imprensa”.

O pró-democrata disse ser “evidente” que os jor-nalistas não podem apenas contar com respostas pre-paradas dos governantes para terem informações de interesse para a sociedade, até porque, diz, a falta de

isenção das notícias ex-pressas pelo Governo está a agravar-se. “A insistência dos jornalistas é falta de respeito pelos dirigentes? E o recurso à violência é inevitável?”, atirou Au Kam San.

Para o director do Ga-binete de Comunicação

Social (GCS), Vitor Chan, as declarações do deputado não fazem sentido. “Com a criação do sistema de porta-voz temos tentado dar respostas à sociedade”, começou por dizer o res-ponsável, referindo-se ao sistema ao qual os jornalistas têm de recorrer para fazer perguntas aos organismos, sempre que pretendam infor-mações. “[Este ano], foram realizadas 823 conferências de imprensa para relatar acções políticas.”

Apesar de afirmar que há espaços para melhorias, Vitor Chan diz que este sistema “tem funcionado bastante bem”. Au Kam San assegura que os jornalistas dizem o contrário, algo que corresponde à verdade, pelo menos no que diz respeito aos média portugueses. O assunto foi inclusive motivo de debate num encontro com o GCS.

Cerca de meia dezena de deputados decidiram in-tervir no plenário para falar sobre o assunto, concordan-do com a falta de contactos “regulares” entre jornalistas e titulares dos principais cargos. - J.F.

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GCS

hoje macau terça-feira 3.6.2014 5SOCIEDADE

F ORAM condenados os quatro argui-dos envolvidos no maior caso de trá-fico de droga desde o estabelecimento

da RAEM, em 1999. De acordo com uma nota do Ministério Público (MP), duas mulheres e dois homens provenientes das Filipinas, foram sentenciados a penas de prisão entre os 12 anos e os 14 anos, cada.

O caso remonta a 2013, quando as autoridades encontraram 45 quilogra-mas de cocaína num quarto de hotel na San Ma Lou e num outro, noutro local da cidade. A droga valia 200 milhões de dólares de Hong Kong. Os quatro

intervenientes terão sido contratados por uma organização internacional de narcotráfico “para transportar grandes quantidades de droga”, sendo que a co-caína passaria por Macau com destino à América do Sul ou a regiões vizinhas.

A Polícia Judiciária (PJ) recebeu, no início de 2013, informações sobre movimentações suspeitas dos cidadãos filipinos e conseguiu identificá-los. Em Maio do ano passado, os dois homens e uma das mulheres chegaram a Macau de avião, tendo sido detidos já no hotel onde se instalaram em Macau. Nesse quarto,

na Avenida Al-meida Ribeiro, a PJ apreendeu 20 quilogramas de cocaína e, momentos depois, num outro quarto de hotel no centro de cidade, foram detidas as mu-lheres, que tinham na sua posse mais 24 quilos.

O MP anunciou na sexta-feira que os arguidos já foram condenados a uma pena de prisão efectiva entre 12 anos e 3 meses a 14 anos, sublinhando que este foi o maior caso de tráfico de droga em Macau desde a transferência.

O Instituto de Promo-ção do Comércio e Investimento de

Macau (IPIM) está a orga-nizar uma delegação empre-sarial para estar presente no Encontro de Empresários para a Cooperação Econó-mica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que se vai reali-zar entre os dias 24 e 27 de Agosto, na cidade de Mapu-to. Este ano, a iniciativa será organizada pelo Instituto para a Promoção de Ex-portações de Moçambique (IPEX), em conjunto com o Conselho para a Promoção do Comércio Internacional

A S associações pertencentes à Aliança para o

Controlo do Tabagismo querem o aumento do imposto sobre o tabaco e a organização de mais acções de combate ao tabagismo entre os mais jovens. Num colóquio sobre o controlo do ta-baco, que teve lugar na passada sexta-feira, as associações mostraram--se “satisfeitas” com os resultados da imple-mentação da nova lei de controlo do tabaco. No entanto, algumas delas pediram ao Governo que a execução da lei nos casinos fosse reforçada.

De acordo com Che-ang Seng Ip, subdirec-tor dos Serviços de Saúde (SS), “alguns casinos já entregaram a minuta da planta de criação de sala para fumadores, que estão já a ser analisadas pelos serviços competentes”. A implementação e construção dos espaços deverá ficar a cargo da Direcção de Inspec-ção e Coordenação de Jogos, salvo raras ex-cepções, que contarão

com a intervenção de especialistas dos SS. O director dos SS, Lei Chin Ion, aproveitou para referir que a Lei de Prevenção e Con-trolo do Tabagismo, em vigor desde Janeiro de 2012, tem produzido “resultados satisfató-rios”, tendo agradecido a todos os presentes no colóquio pelos esforços realizados no sentido de transformar Macau numa cidade livre de fumo.

Ficou a saber-se que, após entrada em vigor da lei de proibi-ção total de fumo nos casinos – a 6 de Outubro deste ano – os SS deve-rão fazer um relatório de três em três anos a re-ferir a situação em que cada um dos casinos se encontra, incluindo o cumprimento (ou não) da lei, ao mesmo tempo que fiscalizam e refe-rem questões como a publicidade em maços de tabaco, a importa-ção e exportação desta substância, bem como os hábitos de fumo da população de Macau. - L.S.M.

GRIPE AVIARIA MACAU VOLTA A IMPORTAR AVES DE CAPOEIRA

Regresso à normalidade

IPIM DELEGAÇÃO EMPRESARIAL DE MACAU EM MAPUTO

Mais cooperação, por favorTABACO ASSOCIAÇÕES PROPÕEM SUBIDA DE IMPOSTOS

Uma lei que satisfaz

DROGA CONDENADOS QUATRO ENVOLVIDOS NO MAIOR CASO DE TRÁFICO NA RAEM

Maldita cocaína

LEONOR SÁ [email protected]

A importação de aves de capoeira vivas para Ma-cau voltou a ser permiti-da desde o passado dia 1,

depois de um interregno de cerca de três semanas. O mais recente lote, de mais de 14500 galinhas e cerca de dois mil pombos, que chegou ao Mercado Abastecedor de Nam Yue no domingo, começou a ser comercializado ontem – nos mer-cados municipais e lojas de venda a retalho – depois de realizada uma inspecção sanitária que demonstrou a ausência do vírus nos animais.

Durante os últimos dois dias, o

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) fez a limpeza e desinfecção dos locais de venda das aves e estabeleceu uma série de medidas preventivas, de entre as quais a morte de quaisquer aves que sobrem de um dia para o outro, a limpeza diária obrigatória, a desinfecção dos locais de venda de duas em duas semanas (bem como do mercado Nam Yue) e a fiscalização frequente do estado de saúde dos vendedores, de forma a prevenir o eventual contágio.

A suspensão total da importa-ção e venda de aves de capoeira foi posta em acção depois do IACM ter detectado a existência da estirpe de gripe aviária H7N9 no Merca-

do Provisório do Patane, no mês passado. Durante este período, foi avaliado o estado de saúde de todos os comerciantes e trabalhadores que lidam de perto com os animais vivos, tendo sido igualmente rea-lizada uma limpeza e desinfecção nos oito mercados municipais e no mercado de Nam Yue.

Devido aos recentes casos de gripe aviaria registados por toda a China, as autoridades de Macau têm estado em constante comunicação com os respectivos departamentos do continente, de modo a prevenir a existência de mais contaminações e de mais uma eventual proibição de importação e venda das aves.

da China (CCPIT) e o IPIM, compreendendo a realização de sessões de apresentação, exposições e bolsas de contacto.

O encontro está integra-do no Protocolo de Coopera-ção celebrado entre os nove organismos de promoção de comércio (incluindo China e Países de Língua Portugue-sa) que participaram, em 2003, no Fórum para a Co-operação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que teve lugar em Macau. O encontro em Maputo deverá servir para aprofundar a cooperação entre vários países, sendo

apenas um dos vários even-tos que têm sido organizados neste sentido.

Entre os dias 28 e 31 de Agosto, o IPIM pretende ainda organizar, juntamen-te com o Departamento de Comércio da Província de Guangdong, dois semi-nários sobre cooperação económica, a terem lugar em Joanesburgo (África do Sul) e no Dubai (Emirados Árabes Unidos).

O número de lugares para os eventos é limitado, pelo que as entidades organiza-doras aconselham a que as inscrições sejam efectuadas até dia 7 de Julho. - L.S.M.

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GCS

CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO DO PROGRAMA DA RAEM

ÚLTIMA HOMENAGEM A MA MAN KEI

6 sociedade hoje macau terça-feira 3.6.2014

LEONOR SÁ [email protected]

A vacinação gratuita de prevenção do cancro do colo do útero já está

integrada no programa geral de vacinação da RAEM, ge-rido pelos Serviços de Saúde (SS) do território, conforme tinha já sido anunciado. Os SS informaram ontem que as jovens nascidas após 1995 estarão incluídos no programa, que se arrasta até ao próximo ano.

A inoculação do vírus do papiloma humano (HPV) pode afectar homens e mu-

Menos casas vendidas,mas preços mais altos

O caixão de Ma Man Kei, que faleceu em Pe-quim na segunda-feira, é acompanhado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, e ex líder do Governo, Edmundo Ho, no domingo, ao lado do

presidente da Assembleia Legislativa, Ho Iat Seng e do director do Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau, Li Gang. Ma Man Kei faleceu na passada segunda-feira em Pequim,

com 95 anos. Centenas de pessoas prestaram uma última homenagem ao empresário e antigo vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês.

PIB Crescimento de mais de 12%

DATA DE NASCIMENTO VACINAÇÃO COLECTIVA VACINAÇÃO INDIVIDUAL

01/09/1995 a 31/12/1996 A partir de 01 de Abril de 2014 A partir de 03 de Junho de 2014

01/01/1997 a 31/12/1997 A partir de 01 de Setembro de 2014 A partir de 01 de Dezembro de 2014

01/01/1998 a 31/12/1998 A partir de 01 de Setembro de 2014 A partir de 01 de Dezembro de 2014

01/01/1999 a 31/12/1999 A partir de 01 de Setembro de 2015 A partir de 01 de Dezembro de 2015

01/01/2000 a 31/12/2000 A partir de 01 de Setembro de 2015 A partir de 01 de Dezembro de 2015

01/01/2001 a 31/12/2001 A partir de 01 de Setembro de 2015 A partir de 01 de Dezembro de 2015

01/01/2002 a 31/12/2002 A partir de 01 de Fevereiro de 2014 A partir de 01 de Dezembro de 2014

01/01/2003 a 31/12/2003 A partir de 01 de Setembro de 2014 A partir de 01 de Dezembro de 2014

CANCRO VACINA DO COLO DO ÚTERO JÁ COMEÇOU A SER DISTRIBUÍDA

Mais protecção sem despesalheres, com mais incidência em jovens pré adolescentes e adolescentes do sexo fe-minino. Por isso mesmo, a vacina destina-se a todas as raparigas entre os 11 e os 13 anos de idade, sendo que a primeira fase dos trabalhos por parte dos SS começou no primeiro semestre deste ano, completando a vacinação de mais de três mil alunas entre o 6º e o 12º de escolaridade.

No âmbito da programa de vacinação da RAEM, têm direito à inoculação gratuita contra o HPV todas as jo-vens residentes em Macau com idade inferior aos 18 anos. Ou seja, todas as ado-

lescentes do sexo feminino nascidas depois de Setembro de 1995.

O programa compreende a vacinação prioritária e co-lectiva em escolas primárias e secundárias durante todo este ano e o próximo. Todas as outras jovens residentes – nascidas entre Setembro de 95 e Dezembro de 1996 – que não estejam, de mo-mento, a viver no território, podem prevenir-se contra o cancro do colo do útero, dirigindo-se ao seu centro de saúde e requerendo a administração individual, igualmente a título gratuito, já a partir de hoje.

Embora algumas estir-pes deste vírus não possam ser prevenidas por meio de vacinação, os SS alertam que a infecção é prevenida em cerca de 70% dos casos. Embora a vacina não elimine o vírus – numa pessoa já infectada –, diminui bastante os riscos e previne que volte a acontecer. Os SS aconse-lham e alertam para que todas as mulheres residentes em Macau sexualmente activas realizem testes ginecológi-cos frequentes, de modo a melhor prevenir eventuais infecções, com especial atenção para o cancro do colo do útero.

O número de casas ven-didas em Macau nos

primeiros quatro meses deste ano caiu 41,94% para 2.906 unidades, mas o preço do metro quadra-do subiu 24,45%, indicam dados oficiais da Direcção dos Serviços de Finanças (DSF).

De acordo com os dados disponíveis na internet e calculados com as declarações para efeitos de pagamento de imposto de selo, nos primeiros quatro meses deste ano o preço médio do metro quadrado das casas em Macau subiu para 101.445 patacas, mais 24,45% do que nos primeiros quatro meses de 2013.

Os mesmos dados indicam que na penín-sula de Macau o preço

do metro quadrado subiu 27,4% para 101.605 pa-tacas, na ilha da Taipa aumentou 34,43% para 97.725 patacas e na ilha de Coloane 8,66% para 114.998 patacas.

Só no mês de Abril, as 998 casas vendidas traduzem uma quebra de 32,43% em termos ho-mólogos, mas as 131.589 patacas de preço médio por metro quadrado re-presentam uma subida de 53,96% face a Abril de 2013.

Na península de Ma-cau, os preços registaram um aumento por metro quadrado de 59,34% para 137.931 patacas, na ilha da Taipa uma subida de 37,55% para 105.630 patacas e na ilha de Colo-ane de 18% para 113.958 patacas. - LUSA

O Produto Interno Bru-to (PIB) aumentou,

em termos homólogos, 12,4% no primeiro trimes-tre de 2014 para 115.394,1 milhões de patacas.

De acordo com os dados revelados pelos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o cresci-mento do PIB foi impul-sionado pela “subida das exportações de serviços e do investimento”.

“Realça-se que as exportações de serviços do jogo, outros serviços turísticos, o investimento privado e as exportações de bens, subiram, respec-tivamente, 13%, 6,6%, 39,8% e 13,4%”, refere-se numa nota da DSEC.

O crescimento do PIB foi, contudo, atenuado com o deflactor implícito, “que mede a inflação glo-bal” e ascendeu a 8,5%.

O organismo aponta ainda um acréscimo de 4,8% e 2,3% nas des-

pesas de consumo final das famílias no mercado local e no exterior, res-pectivamente, bem como um aumento de 8,6% na despesa de consumo fi-nal do Governo, subidas comparativas ao primeiro trimestre de 2013.

No primeiro trimestre de 2014 a remuneração dos empregados aumento 3% e as compras líquidas de bens e serviços subiram 18,7%.

Já a formação bruta de capital fixo, que re-flecte o investimento, ampliou-se 30,9% com o investimento privado a aumentar 39,8% devi-do, fundamentalmente, à construção de novos empreendimentos ligados à indústria do jogo.

O investimento pú-blico, apesar de grandes projectos como o novo campus da Universidade de Macau, caiu no primei-ro trimestre 49,2%. - LUSA

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7CHINAhoje macau terça-feira 3.6.2014

ANTÓNIO CAEIROLusa

V INTE e cinco anos depois de ter enviado o exér-cito para esmagar um movimento pacífico de

contestação, o Partido Comunista Chinês procura legitimar-se com o sucesso económico alcançado pelo país e esquecer o que se passou em 1989.

Na imprensa e discursos ofi-ciais, a repressão militar do mo-vimento pró-democracia da Praça Tiananmen, que causou centenas de mortos, é referida apenas como “o incidente de Tiananmen” e a data, “Liu Si” (04 de Junho, de 1989), evocada sempre em segre-do, é um persistente tabu.

A pobre e isolada China tornou--se, entretanto, a segunda economia mundial, com crescente influência na cena política internacional, e, apesar do abrandamento global, continua a crescer acima dos 7% ao ano.

Em Junho de 1989, tanques chineses invadiram a Praça de Tia-nanmen (Paz celestial, em chinês), atacando os estudante acampados há um mês a reclamar reformas pró-democráticas e exigindo li-berdade de expressão. O protesto foi reprimido violentamente, cau-sando centenas de mortos.

Hoje, com dezenas de mi-lhões de chineses a ascenderem anualmente à classe média ou a iniciarem-se na sociedade de con-sumo, a memória do “Liu Si” parece esquecida, ou cultivada apenas por alguns activistas e intelectuais.

“O governo chinês tem ten-tado expurgar a nossa memória colectiva através do culto de uma economia em crescimento”, escre-veu o romancista Murong Xuecun num artigo publicado na semana passada no New York Times.

Na internet, um espaço utilizado por mais de 600 milhões de chineses, as pesquisas ou comentários sobre “4 de Junho”, “Tiananmen 1989” ou outras palavras-chave parecidas são sistematicamente bloqueadas.

Para escapar à ‘firewall’ da China que limita o acesso e a publicação

Google Bloqueio total antes do 25.º aniversário de Tiananmen Hong Kong Duas a três mil pessoas a marchar Entre duas a três mil pessoas marcharam domingo pelas ruas de Hong Kong para lembrar o 25.º aniversário do massacre da praça Tiananmen. A manifestação - que é feita todos os anos alguns dias antes do 04 de Junho, data em que ocorreu a repressão dos manifestantes na praça Tiananmen – teve a participação de três mil pessoas, segundo os organizadores, e para a polícia foram 1.900 pessoas a protestar. Os manifestantes gritavam frases “Democracia agora”, ao “Fim do partido único” e “Libertem Gao Yu” (jornalista presa por revelar segredos de Estado, segundo o Governo chinês).

...a “traumática memória (do 4 de Junho), nunca desvaneceu verdadeiramente e continua viva entre o povo apesar dos empenhados esforços de Pequim para suprimir a sua história”MURONG XUECUN New York Times

Os serviços da Google foram ontem completamente bloqueados na China, poucos dias antes do 25.º aniversário do massacre de Tiananmen. De acordo com o portal da internet greatfire.org, “trata-se da maior censura jamais exercida pelas autoridades” e não está claro se, desta vez, “o bloqueio é uma medida temporal em torno do aniversário do massacre ou uma medida permanente”. O site sublinha que “o ataque, com

mais ou menos intensidade, dura há quatro dias, sendo provável que a Google seja gravemente afectada”, tratando-se de um bloqueio indiscriminado, já que todos os serviços da companhia, encriptados ou não, estão inacessíveis. Após o bloqueio, alguns internautas chineses presumiram que os problemas com a Google poderiam ser a consequência de uma campanha levada a cabo por Pequim antes do polémico aniversário.

TIANANMEN • 25 ANOS VALORIZAR O MILAGRE ECONÓMICO E ESQUECER O “4 DE JUNHO”

A olhar para a frente‘online’, alguns internautas inven-taram uma nova data - “35 do 5” (acrescentando quatro dias ao 31 de Maio) - e, em vez de 1989, dizem, por exemplo, “o ultimo ano de 1990”.

Oficialmente, o movimento pró-democracia de 1989, desenca-deado por estudantes após a súbita morte de um antigo líder reformista do PCC, Hu Yaobang, foi “uma rebelião contra-revolucionária”.

“Se o partido e o governo não tivessem adoptado medidas firmes, a situação na China não seria menos grave do que a que alguns países que se reclamavam do socialismo estão agora a sofrer”, justificou em 1991 o então primeiro-ministro chinês, Li Peng.

Ao contrário do que aconteceu na vizinha Rússia e na Europa de Leste, o PCC manteve-se no po-der e, sem abdicar do seu “papel dirigente”, presidiu a um processo de crescimento económico sem precedentes na história moderna.

Há 25 anos, a bicicleta era o único meio de transporte privado acessível à esmagadora maioria das famílias. Hoje, a China é o maior mercado automóvel do mundo, à frente dos Estados Unidos da América.

Em 1989, apenas dois milhões de estudantes frequentavam o en-sino superior. Vinte e cinco anos depois, o número ultrapassa os 25 milhões e há mais de um milhão e meio a estudar no estrangeiro.

No ano passado, quase cem milhões de chineses passaram férias fora da China Continental, concretizando outro sonho até há pouco impensável.

Em 2012, pela segunda vez em vinte anos, uma nova geração assumiu a liderança do PCC e, em princípio, o actual presidente, Xi Jinping, deverá conduzir o país até 2022, num modelo saudado na imprensa local como “o mais importante sucesso político da China dos últimos tempos”.

A China foi também dos países que melhor resistiu à crise global de 2008 e as suas reservas cambiais, que em Março passado somavam 3,95 biliões de dólares, são hoje cobiçadas pelas grandes economias liberais.

Maior estado autoritário do mundo, a China tornou-se igual-mente o maior credor dos EUA: em Fevereiro passado, a sua carteira de títulos do Tesouro norte-americano valia 1,27 biliões de dólares.

Socialmente, no entanto, as contradições agudizaram-se e, com a internet, a insatisfação manifesta--se com mais veemência.

Além da corrupção, um dos alvos das manifestações de 1989, a poluição e o crescente fosso entre ricos e pobres são considerados as “principais ameaças ao desenvol-vimento” do país.

A China está cada vez mais integrada na economia global, mas, em muitos aspectos, ainda é um mundo à parte.

E a “traumática memória” do 4 de Junho, escreveu Murong Xuecun, “nunca desvaneceu ver-dadeiramente e continua viva entre o povo apesar dos empenhados esforços de Pequim para suprimir a sua história”

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hoje macau terça-feira 3.6.2014

AVISO

Programa de bolsas de estudo para o ensino superior do ano lectivo de 2014/2015

Inicia-se, em breve, a fase de candidatura a dois planos: Bolsas de Estudo para o Ensino Superior e Plano de Pagamento dos Juros ao Crédito para os Estudos, oferecidos pelo Fundo de Acção Social Escolar. Seguem-se informações mais detalhadas:

1. Bolsas de Estudo para o Ensino SuperiorA fase de candidatura realiza-se entre 9 e 27 de Junho 2014.

1.1 Bolsas-Empréstimo: Destinam-se a apoiar estudantes com dificuldades económicas. O concurso deste ano conta com 4.500 vagas.

1.2 Bolsas de Mérito: Servem para premiar os estudantes que tenham obtido a classificação de distinção. O concurso deste ano conta com 380 vagas, sendo 260 para os finalistas do ensino secundário do ano lectivo 2013/2014 e as restantes 120 para os estudantes que já estão a frequentar o ensino superior.

1.3 Bolsas Especiais: O concurso deste ano, conta com 220 vagas, destas, 35 são para os candidatos que vão frequentar cursos da área de Reabilitação e Terapia, dando prioridade aos que frequentam cursos de terapia da fala, 175 são para os que vão frequentar cursos das Indústrias Criativas, Enfermagem e nas áreas do Serviço Social ou Aconselhamento e Educação; as 10 restantes destinam-se ao curso de Língua e Cultura Portuguesas, em Portugal, a frequentar após a conclusão da licenciatura.

1.4 Bolsas Extraordinárias: O concurso deste ano, conta com 30 vagas. Destinam-se a apoiar os estudantes que frequentem cursos de Língua Portuguesa após a conclusão da licenciatura ou que tencionem frequentar uma licenciatura, de língua veicular portuguesa, em Portugal, e que já sejam apoiados por outras entidades.

2. Plano de Pagamento dos Juros ao Crédito para os EstudosDestina-se aos candidatos que satisfaçam as condições requeridas e obtiveram o empréstimo para o prosseguimento dos estudos, concedido pelos bancos que assinaram o protocolo de cooperação com o Fundo de Acção Social Escolar. Os beneficiários serão apoiados no pagamento dos juros resultantes do empréstimo durante o período de estudo. A fase de candidatura realiza-se entre 1 de Junho e 31 de Dezembro de 2014.

Os interessados podem dirigir-se, pessoalmente à DSEJ para levantar os documentos referentes à candidatura ou descarregá-los através do website da DSEJ (www.dsej.gov.mo). Para mais esclarecimentos queira, por favor, ligar para os telefones 28400666 (Linha aberta 24 Horas, entre os dias 2 e 27 de Junho)/83972512/83972522, ou contactar os Serviços através do e-mail: [email protected]. Macau, 28 de Maio de 2014

O Presidente do Conselho Administrativo, substitutoLou Pak Sang

(Director substituto da DSEJ)

Situado num quinto andar da Avenida Austin, o pequeno espaço pretende manter viva a memória de um dia de luta pela liberdade e pela democracia

A BERTO há um mês, um pequeno museu em Hong Kong já teve cin-co mil visitantes para

homenagear a memória de Tianan-men e a morte dos estudantes que exigiam reformas democráticas no regime, há 25 anos.

O sonho da democracia foi in-terrompido a 04 de Junho de 1989 e o museu quer agora recordar essa luta num território de administra-ção chinesa que mantém garantidos as liberdades e as garantias de quando era uma colónia britânica.

Localizado num discreto quinto andar do edifício Foo Hoo Cen-tre, na Avenida Austin da antiga colónia britânica e hoje região

HONG KONG MUSEU DE TIANANMEN COM MAIS DE 5.000 VISITAS NO PRIMEIRO MÊS

Recordar é viver

as pessoas sobre o massacre” está a ser cumprido deste modo.

O espaço, pequeno, marcado pelas cores quentes do preto e vermelho, procura contar a história da revolta estudantil que provocou a morte de muitos manifestantes há 25 anos na praça de Tiananmen, a que se seguiram fortes acções de repressão e muitos detidos.

O governo chinês tem referido somente algumas dezenas de mor-tos mas várias organizações não governamentais referem milhares de vítimas, quer na praça quer em prisões e acções posteriores de tortura.

Depois de semanas de protestos, a 04 de Junho de 1989, os tanques invadiram a praça para terminarem com as exigências dos estudantes universitários da capital. O nú-mero concreto de vítimas nunca foi revelado, mas aos milhares apontados pela resistência, surgem muito poucos na contabilidade das autoridades oficiais.

Dentro do museu, com pouco mais de 30 metros quadrados, uma linha cronológica percorre as pare-des e está ilustrada com fotografias, textos e vídeos que explicam aos visitantes os momentos mais mar-cantes do movimento que terminou num massacre.

Disponíveis estão também alguns livros, em chinês e inglês,

notícias de jornais que podem ser consultados virtualmente ou em papel, tudo suportado por um vídeo com depoimentos de familiares das vítimas e outras pessoas ligadas ao movimento.

No papel difusor de um perío-do crítico para o próprio sistema chinês, o museu vai acolhendo os visitantes, mais de metade oriun-dos da China continental o que leva Lee Cheuk-yan a reforçar a ideia de que é também uma fonte de conhecimento para quem não tem dentro do país a informação necessária.

“O número de visitas e o in-teresse de pessoas que vivem no continente é a demonstração do “interesse que a sociedade chinesa tem em saber mais sobre aquele dia”, sublinhou.

Por Hong Kong, tal como por Macau, passaram dezenas de refu-giados chineses que procuravam abrigo da perseguição encetada então pelas autoridades chinesas, devido ao seu envolvimento no movimento estudantil.

E tal como acontece anualmen-te, a noite de 04 de Junho na antiga colónia britânica volta a abrir os portões do Parque Victoria para acolher os milhares de cidadãos de Hong Kong e muitos turistas que anualmente prestam homenagem às vítimas desse dia.

administrativa da China, o espaço é o primeiro em todo o mundo subordinado ao massacre de 04 de Junho na praça de Tiananmen e tem sido um sucesso, segundo os promotores.

“Como se sabe, na China, por questões políticas, as pessoas, as que sabem o que aconteceu há 25 anos, têm medo de falar sobre o tema e por isso acredito que

os jovens não tenham qualquer conhecimento sobre o que se passou naquele dia”, afirmou Lee Cheuk-yan, presidente da Aliança de Apoio aos Movimentos Demo-cráticos e Patrióticos na China, responsável pela criação do espaço.

O promotor sente-se “encora-jado pelos números do primeiro mês de abertura” e considera que o objectivo de “informar e esclarecer

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9 chinahoje macau terça-feira 3.6.2014

Prédio em mau estado de ruína iminente Edital n.º :1/E-AR/2014Processo n.º : 25/AR/2014/FLocal: Prédio situado na Rua da Palmeira n.o 19, em Macau

Chan Pou Ha, subdirectora da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, em uso das competências delegadas pelo n.º 8 do artigo 1.º do Despacho n.º 003/SOTDIR/2013, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 46, II Série, de 13 de Novembro de 2013, faz saber por este meio ao proprietário - Sr. Choi Kuoc Hang, inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado que o mesmo se encontra em mau estado de ruína iminente, constituindo perigo grave para a segurança pública, conforme o parecer da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, pelo que, nos termos dos artigos 54.º e 55.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M de 21 de Agosto e por meu despacho de 22/05/2014, foi executado imediatamente o procedimento da demolição do prédio acima indicado, bem como foi realizado em 23/05/2014 o trabalho de demolição do prédio (incluindo uma construção composta por paredes em alvenaria de

tijolo e madeira e outra estrutura metálica existentes no terreno), à limpeza e à vedação do terreno com tapume adequado. Nos termos do disposto no artigo 56.º do mesmo Decreto-Lei, esta Direcção de Serviços vai cobrar a despesa da obra de demolição, após a conclusão do procedimento da obra de demolição. Na falta de pagamento voluntário da despesa, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Nos termos do artigo 59.º do mesmo decreto-lei e das competências delegadas pelos nos 1 e 4 da Ordem Executiva no 124/2009, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2009, da minha decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data de publicação do presente edital.

RAEM, aos 22 de Maio de 2014

Pelo Director dos ServiçosA Subdirectora

Enga Chan Pou Ha

EDITAL

P EQUIM classificou sexta--feira como provocatória uma proposta norte-ameri-cana para renomear a rua da

embaixada chinesa em Washington com o nome de Liu Xiaobo, activista e Prémio Nobel da Paz preso pelas autoridades chinesas.

Liu foi condenado a 11 anos de prisão em 2009 pelo crime de “in-citamento à subversão do poder do Estado”, acusação baseada no seu papel liderante na redacção da Carta 08, um manifesto que pede maior protecção dos direitos humanos e reformas democráticas na China.

Um grupo da Câmara dos Re-presentantes dos Estados Unidos disse que mudar o nome da rua iria encorajar activistas dos direitos humanos na China.

Um porta-voz do ministério

C AO Guangjing, ex--presidente da Chi-na Three Gorges, o

maior accionista da EDP, assumiu o cargo de vice--governador da província de Hubei, no centro do país, anunciou o governo muni-cipal no fim-de-semana.

A nomeação de Cao Guangjing, referida desde a sua saída da China Three Gorges, em Março passado, foi aprovada na última sessão da Assembleia Po-pular de Hubei, segundo um comunicado da reunião difundido no portal do go-verno provincial.

O antigo patrão chinês da EDP é um dos sete vice--governadores de Hubei, a província onde se encon-

OS tribunais chineses acusaram oito pessoas

por, alegadamente, terem participado no atentado de Outubro de 2013 numa das entradas da Cidade Proibi-da, na praça de Tiananmen, em Pequim e que provocou cinco mortos, incluindo os três atacantes.

Além das vítimas mor-tais, o ataque provocou mais de 40 feridos.

O julgamento dos acusa-dos de envolvimento no ata-que vai decorrer no Tribunal Popular de Urumqi, capital da região autónoma uigur de Xinjiang, revelou a agência oficial chinesa, a Xinhua.

EUA PEQUIM CONSIDERA PROVOCATÓRIA PROPOSTA PARA RENOMEAR RUA DA EMBAIXADA

Uma questão sensível

EDP EX-PATRÃO VAI PARA VICE-GOVERNADOR PROVINCIAL

Mudança de cadeiraCidade Proibida Participantes de ataque vão a julgamento

dos Negócios Estrangeiros chinês Hong Lei apelidou a sugestão norte--americana de “acção provocató-ria”, num encontro com a imprensa.

“Liu Xiaobo é um homem que violou leis chinesas e foi conde-

nado pelas autoridades judiciais chinesas”, disse Hong Lei.

O escritor e activista recebeu o prémio Nobel em 2010, o que enfureceu as autoridades comunis-tas chinesas, que por norma lidam de forma severa com dissidentes ou potenciais ameaças à sua au-toridade.

A sua mulher, Liu Xia, de 53 anos, não foi condenada por nenhum crime mas está em prisão domiciliá-ria desde a condenação do marido.

O anúncio dos deputados da Câ-mara dos Representantes deu-se no âmbito da Fundação Nacional para a Democracia, uma organização sem fins lucrativos fundada pelo Con-gresso norte-americano, que deu o seu prémio anual a Liu Xiaobo e a outro activista, Xu Zhiyong.

Xu foi condenado em Janeiro a quatro anos de prisão, por apoiar manifestações que reivindicavam que membros do Governo divul-gassem os seus bens.

Durante a Guerra Fria, Wa-shington deu o nome do dissidente Andrei Sakharov à rua da embai-xada soviética.

tra a Barragem das Três Gargantas, com cerca de o dobro da superfície de Por-tugal e mais de 60 milhões de habitantes.

Cao Guangjing saiu da presidência da China Three Gorges depois de a Comis-são Central de Disciplina do Partido Comunista Chinês ter detectado “irregularida-des” na gestão da empresa, nomeadamente “abuso de poder em licitações e contratos de projectos” e “ineficiências na comuni-cação entre funcionários com cargos importantes”.

“A mudança de quadros entre as grandes empre-sas estatais e instituições governamentais é um fe-nómeno muito comum na

China. É um passo normal na carreira dos quadros dirigentes chineses”, disse na altura Cao Guangjing em declarações à agência Lusa.

Cao Guangjing, 50 anos, é também membro suplente do Comité Cen-tral do Partido Comunista Chinês.

Lu Chun, um quadro ligado à construção e gestão da Barragem das Três Gar-gantas, é o novo presidente da China Three Gorges. O director-geral da empresa também mudou, com Chen Fei a ser subsituido por Wang Lin.

A China Three Gorges tornou-se o maior accio-nista da EDP (Energias de Portugal) em 2012, depois de ter pago cerca de 27 mil milhões de patacas por 21,35% do capital da eléctrica portuguesa.

Foi um dos maiores investimentos chineses na Europa e o início de uma nova era nas relações económicas luso-chinesas.

A participação no ca-pital da EDP detida pela China Three Gorges foi comprada ao Estado por-tuguês na sequência de um processo de privatização a que concorreram também duas empresas brasileiras e uma alemã.

Os oito suspeitos estão acusados de organizarem o atentado, filiação terrorista e actos contra a segurança

pública, revelaram as auto-ridades de Xinjinag, onde o conflito entre a minoria uigur e as autoridades chi-nesas tem vindo a crescer.

A 28 de Outubro de 2013, um veículo todo o terreno com três pessoas no interior - Usmen Ha-san, a sua mãe Kuwanhan Reyim, e a sua mulher Gulkiz Gini – atropelou dezenas de turistas con-centrados junto a uma das entradas da Cidade Proibida em Pequim e incendiou-se depois de um dos passageiros ter provo-cado o incêndio dentro do próprio carro.

Um grupo da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos disse que mudar o nome da rua iria encorajar activistas dos direitos humanos na China

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11hoje macau terça-feira 3.6.2014 EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

A EUROPA À BEIRA DO ABISMO , A CRISE DAS DÍVIDAS SOBERANAS • Vários AutoresA Europa à Beira do Abismo é uma investigação fundamental sobre a raiz da crise das dívidas públicas europeias e as escolhas políticas tomadas para «resolver» a crise. Aqui, os autores examinam as falhas estruturais e institucionais ao longo de cinco capítulos sobre a corrup-ção, o contágio, o fim dos mitos e os custos sociais e políticos do pensamento económico ortodoxo e dogmático para os cidadãos europeus, oferecendo ainda uma crítica construtiva sobre a UE e a política económica nacional que falhou na Europa.Simultaneamente global e local, este livro fornece uma análise profunda sobre os casos de Portugal, Irlanda, Grécia e Argentina, assim como as perspetivas globais do Prémio Nobel da Economia Joseph Sti-glitz e da sua equipa, em conjunto com a experiência, resultado de muitos anos de árduas negociações com o FMI, do ex-ministro da Economia argentino Roberto Lavagna.

A CULPA NÃO É SEMPRE DA MÃE • Sónia Morais Santos«É tão certo como dois e dois serem quatro, como a noite vir a seguir ao dia, como o Natal ser a 25 de dezembro. Mãe que é mãe sente culpa. Culpa do que fez e do que não fez e podia ter feito. Culpa com fundamento e sem fundamento. Com base em relatos de diversas mães, recorrendo à análise de psicólogos, pediatras, e com a experiência de 12 culposos anos de maternidade, a jornalista Sónia Morais Santos, mãe de três crianças, traz-nos um livro bem-humorado, onde as leitoras se vão comover com algumas histórias, identificar-se com outras tantas situações, gozar consigo próprias, pensar sobre a maternidade e rir-se à gargalhada com situações por que todas já passaram.

LEONOR SÁ [email protected]

É já no próximo domingo que a pianista Shao Xiao Ling, o guitarrista Paulo Vaz de Carvalho e o flautista Jorge Salgado Correia se juntam às 18 horas, no teatro

Dom Pedro V para um concerto de comemora-ção do feriado de 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O trio vai apresentar um espectáculo de música erudita portuguesa do século XX eque junta guitarra, piano e flauta.

Shao toca piano desde os oito anos de idade, tendo aprendido esta arte com a mãe, que era professora de música. Continuou o seu percurso académico e escolar na área do piano, especializando-se em cursos de música em Xangai e Portugal. Em 1997, com a ajuda de uma bolsa de estudo da Fundação Oriente, licenciou-se em Ensino de Música, na Uni-versidade de Aveiro, local onde completou também o seu mestrado e doutoramento, em 2011. Já participou em vários concursos dentro da sua área, sendo especializada em música erudita, campo de conhecimento que já lhe valeu alguns prémios.

Paulo Vaz de Carvalho é guitarrista profis-sional e, para além de tocar um pouco por todo o mundo, escreve música essencialmente para peças de teatro e recitais de poesia. Estudou em

MAM A MORTE NA POESIA E NA FOTOGRAFIA

Entre vidas e amores

Alteia

Paula BichoNaturopata e Fitoterapeuta • [email protected]

HOJE NA CHÁVENA

Nome botânico: Althaea officinalis L.Família: Malvaceae.Nomes populares: Malva-da-Índia; Malvaísco; Malvões.

De caule ereto e lenhoso, a Alteia pode atingir mais de 1,5 metros de altura. Apresenta folhas aveludadas, grandes e pontiagudas, e bonitas flores brancas ou cor-de-rosa agrupadas forman-do cachos; as raízes são aprumadas, compridas e carnudas. Originária das estepes asiáticas, aclimatou-se facilmente na Europa antes da era cristã. Cresce espontânea em locais húmidos sendo igualmente cultivada como ornamental. O seu nome procede do grego, althaía, que cura.Referida elogiosamente por Plínio e Dioscórides, a Alteia encontra-se recenseada numa das capitula-res de Carlos Magno, que a terá mandado cultivar nos seus territórios imperiais pelas suas virtudes curativas. Atualmente a ciência já se debruçou sobre ela, confirmando as suas indicações mais importantes. São usadas as raízes, por vezes as folhas e/ou flores.

COMPOSIÇÃORaízes: Mucilagem, pectina, amido, taninos, fla-vonoides, ácidos fenólicos, cumarinas, fitosteróis, aminoácidos, lecitina, vitaminas, sais minerais, alcaloides e vestígios de óleo essencial.

AÇÃO TERAPÊUTICAMuito rica em mucilagens, a Alteia é uma das plantas mais emolientes que se conhecem. A muci-lagem é uma fibra vegetal que aumenta de volume com a água formando uma solução viscosa; em contacto com a pele e mucosas, as mucilagens depositam-se e formam uma película protetora, retendo a humidade, suavizando e acalmando os tecidos inflamados e aliviando o desconforto e a dor. A estas propriedades, somam-se ainda outras proporcionadas pela diversidade química da planta, enriquecendo e tornando mais eficaz o seu efeito terapêutico.Além de desinflamar e suavizar as mucosas respiratórias, a Alteia alivia as irritações da garganta, facilita a expulsão de mucosidades e acalma a tosse, sendo muito utilizada na tosse produtiva, seca ou irritativa, faringite, rouquidão, afonia, gripe, bronquite e asma. Igualmente benéfica na hiperacidez, dor de estômago, gas-trite, úlcera gastroduodenal, colite, síndrome do

cólon irritável, obstipação ou diarreia, a Alteia protege e desinflama as mucosas, reduz a acidez gástrica, acalma a dor e regulariza o trânsito intestinal, aliviando os sintomas e prevenindo o agravamento das patologias. É ainda usada na inflamação da bexiga.

Outras propriedadesExternamente, a Alteia é usada pelas propriedades emolientes e adstringentes nas afeções de pele (queimaduras, frieiras, abcessos, furúnculos, picadas de insetos, comichão, feridas, golpes, contusões, acne, rosácea, eczema) e mucosas (chagas na boca, gengivite, piorreia, estomatite, amigdalite, faringite e secura ocular). É igualmen-te utilizada em cosmética.

COMO TOMAR• Uso internoDecocção: 1 colher de sobremesa de raízes por chávena de água. Tomar 3 ou 4 chávenas por dia, adoçadas com mel.A raiz, seca ou fresca, pode ser dada a mastigar às crianças pequenas para facilitar a saída dos dentes, pois amolece e desinflama as gengivas diminuindo o mal-estar. Os adultos também a podem mastigar para tratar as afeções da boca.A Alteia integra numerosas fórmulas, na forma de ampolas, tintura, xarope e comprimidos, para as afeções respiratórias e do tubo digestivo. São famosos os tradicionais rebuçados de Alteia no alívio da tosse irritativa.As folhas jovens podem comer-se em saladas, os botões florais em vinagre e as raízes fritas aos pedaços.• Uso externoDecocção: 20 a 30 gramas de raízes por litro de água, 10 a 12 minutos de fervura. Em bochechos e gargarejos, lavagens e compressas.São ainda aplicadas topicamente as cataplasmas, ou o suco, das raízes.

PRECAUÇÕESO elevado teor em mucilagens pode reduzir a absorção de outros medicamentos se tomados em simultâneo. Controlar a glicemia na diabetes e, se necessário, ajustar a dose de insulina ou antidiabéticos orais. A sua segurança durante a gravidez e lactação ainda não foi validada. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.

DOM PEDRO V ACOLHE FESTIVIDADES DO 10 DE JUNHO

Trio anima teatrocom música erudita

Portugal e Viena, tendo já colaborado em vários concertos organizados pela Casa da Música (no Porto), pela Fundação Calouste Gulbenkain e pela Fundação Serralves. Estudou Direito, mas é a música que realmente o fascina.

Jorge Salgado Correia, que completa o seu currículo académico com cursos de filosofia e de música, estudou no Reino Unido, Portugal e Holanda. Em 2013, completou o grau de doutoramento na Universidade de Sheffield. Actualmente, já lançou vários discos de música e é professor na Universidade de Aveiro. Em simultâneo, publica capítulos para revistas académicas estrangeiras e algumas nacionais. É, ainda, o presidente da Associação Portu-guesa de Flauta.

“A postura da morte: poesia e fotografia” é uma exposição do

artista Wong Man Fai e que vai ser inaugurada no Museu de Arte de Macau, na próxima quinta-feira, às 18.30 horas. A mostra não pretende ser apenas uma disposição de elementos relativos à morte, mas antes uma tentativa de fazer com

que a assistência reflicta sobre aquilo que leva a esse estado final do ser humano. Em “A postura da morte”, Wong aborda e discute conceitos de vida, morte e amor, finalmente questionando-se sobre o que é o amor. Envolta numa série de conceitos filosóficos, a exposição está pensada para sensibilizar os espectadores,

permitindo que estes pensem sobre determinados assuntos e problemáticas.

O evento encontra-se inte-grado na Montra de Artes de Macau, programa direcciona-do para a criação e organização de exposições no território e que pretende projectar e pro-porcionar um espaço criativo para os artistas locais.

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12 hoje macau terça-feira 3.6.2014

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TEATRO DO ABSURDO

E RA difícil tramar um enredo que expusesse de forma mais cristalina a disfuncionalida-de daquilo que Macau tem

por “regime”. Os acontecimentos dos últimos dias estão aí para nos mostrar que nem uma oligarquia de patriotas pode, sozinha, dar conta do recado. Aparentemente, à “elite” que governa e legisla falta discernimento e senti-do de justiça. Não são coisas poucas. Mas, por uma vez, mesmo sem con-sulta pública, a população pronun-ciou-se e alguma coisa aconteceu.

“Acordaram”, leu-se e ouviu-se muito a propósito dos protestos que, em dois dias, juntaram pessoas em nú-meros há muito não vistos em Macau.

Depois de durante anos a fio te-rem assistido impávidos a todo o tipo de ataques a uma cidade que de his-tórica passou a parque temático, com indústrias criativas em vez de cultura, comércios em vez de escolas e em-presas em vez de cuidados de saúde, onde a poluição é subsidiada com di-nheiros públicos, a especulação imo-biliária encorajada pelo governo, a inflação uma política e a qualidade de vida um conceito cada vez mais estra-nho e difícil de perceber, depois de tudo isto e muito mais que todos os dias e de todas as maneiras continua a prejudicar a vida os residentes de Macau, eles acordaram.

Este verdadeiro feito, o desper-tar mágico de um sono profundo, comatoso, coube a uma proposta de lei que o South China Morning Post classificou como “de ficar de queixo caído”. A poucos meses de termi-nar o mandato, resumiu o jornal de Hong Kong, “o governo de Macau apressou-se a fazer passar uma lei que oferece lucrativos benefícios aos que deixarem os cargos em Dezembro”, além de “dar imunidade criminal ao Chefe do Executivo”. A proposta, anunciava o jornal num editorial do domingo em que 20 mil pessoas terão saído à rua em protesto, “estabelece um mau exemplo”.

Depois de uma passividade pa-cientemente construída entre a resig-nação e a sabedoria de quem percebe a inutilidade do esforço para mudar o impossível, no tal domingo, milhares de pessoas, jovens na maioria, esco-

próximo oriente Hugo Pinto

lheram passar uma tarde de sol e de um calor de ananases a gritar palavras de ordem, a empunhar cartazes e a fa-zer uma exigência ao Governo: reti-rem a proposta de lei. Sem um único incidente registado, foram em corte-jo da praça do Tap Seac ao Lago Nam Van, tendo ainda muitos rumado ao Jardim da Penha, mesmo ao lado das casas dos que beneficiariam se a lei ti-vesse sido aprovada. Não foi. Ainda.

Na noite daquele domingo, três deputados, membros do Conselho

Executivo, órgão presidido pelo Chefe do Executivo, anunciaram o pedido de adiamento da votação da proposta da polémica. Na manhã se-guinte, foi a vez de o Governo dizer que apoiava a “iniciativa”. À tarde era o próprio Chefe do Executivo que fazia o mesmo pedido ao presidente da Assembleia Legislativa. Em três andamentos, os titulares dos princi-pais cargos pelavam-se por conseguir o mais importante: salvar a face.

No plenário em que se discutiu o adiamento da votação do regime de garantias, enquanto a maioria dos de-putados argumentava coisas como a necessidade de “atrair talentos para o Governo” ou “acautelar o futuro dos que entregaram anos da sua vida ao serviço público”, à porta da Assem-bleia juntavam-se, uma vez mais, mi-lhares de pessoas para relembrar a exigência: retirem a proposta de lei. Foi isso que propôs aos colegas o de-putado Ng Kuok Cheong, mas ape-nas quatro votaram a favor.

E quando parecia que já não havia outra face para dar e salvar, quando já tudo se tinha mudado para que tudo ficasse na mesma, eis que o Chefe do Executivo aparece a pedir, em nome da “harmonia social”, que a proposta de lei intitulada “Regime de garan-tia dos titulares do cargo de Chefe

do Executivo e dos principais cargos a aguardar posse, em efectividade e após cessação de funções” fosse re-tirada, acrescentando que uma outra deve ser aprovada antes do final do mandato, em Dezembro.

Nesta verdadeira alhada, há ainda dois momentos que devem ficar re-gistados como espécies de prólogo e epílogo.

No sábado anterior à grande ma-nifestação, o vice-presidente da As-sembleia Legislativa insultou e usou gestos ameaçadores em frente às câ-maras de televisão contra um jorna-lista que teve o atrevimento de per-guntar se havia pressa na aprovação do regime de garantias e se esse pro-cedimento não estaria a ser levado adiante em sacrifício da opinião pú-blica. Passou-se mais de uma semana e não houve um pedido de desculpa por parte de Lam Heong Sang nem se ouviu da parte da Assembleia ou da maioria dos deputados uma condena-ção. Não. O que ouvimos de uma das vozes daquele hemiciclo, já no res-caldo da intervenção final do Chefe do Executivo, foi a confissão de que eles, os deputados, não deram a de-vida atenção ao diploma da contro-vérsia, sem que isso tivesse servido, todavia, para impedir que estivesse agendada a segunda e última votação da proposta de lei.

Mas esta triste peça não ficaria com-pleta sem o que os ingleses chamam de “comic relief”, ou seja, o elemento humorístico que alivia a carga dramá-tica e a tensão. Esse papel continua a ser desempenhado com brio pela As-sociação dos Conterrâneos de Jiang-men, que tem como vice-presidente o deputado Mak Soi Kun, líder da segunda lista mais votada nas últimas eleições para a Assembleia Legislativa. No tal domingo da grande manifes-tação, a prestável colectividade deci-diu arregimentar uns velhinhos para marcharem a favor do regime de ga-rantias, mas como uma reportagem demonstrou, entre os supostos fer-vorosos adeptos dos subsídios havia quem não concordasse com a ideia e até quem não fizesse ideia nenhuma do que se estava a passar. Não eram os únicos. Ficámos todos mais escla-recidos.

PASSOU-SE MAIS DE

UMA SEMANA E NÃO

HOUVE UM PEDIDO DE

DESCULPA POR PARTE

DE LAM HEONG SANG

NEM SE OUVIU DA

PARTE DA ASSEMBLEIA

OU DA MAIORIA DOS

DEPUTADOS UMA

CONDENAÇÃO

Page 13: Hoje Macau 3 JUN 2014 #3101

13 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 3.6.2014

C ONCLUI-SE a aprecia-ção ao livro de Baldassar Castiglione Il Libro Del Cortegiano, (Etiquette for

Renaissance Gentleman, na versão in-glesa*) onde se constrói, a propósito de uma conversa que terá tido lugar, ao longo de quatro dias, no Palácio Ducal da cidade de Urbino, no ano de 1507, uma imagem das qualidades de que se deve cobrir o cortesão do século XVI. Publicado em 1528, alvo de inúmeras traduções, instituiu-se como manual de elegância durante vários séculos.

Na primeira instalação falara-se de algumas destas qualidades: a fortitude em face da adversidade; a elegância na aparência, a destreza física e a profi-ciência no manejo das armas; o saber equestre; a capacidade desportiva; o amor à caça; a dedicação à contempla-ção e à prática das artes da pintura e do desenho.

Todos estes saberes e disposições devem vir temperados de um sentido forte do equilíbrio e de um desgosto pela exibição hiperbólica. Descreve--se, com algum picante, a efeminação de alguns membros da sociedade, uma inclinação muito censurada no livro de Castiglione.

Continuam-se estas observações lembrando um tópico importante: a escolha das companhias. O homem bom, sensato e discreto, escolherá sempre como companheiros dilectos outros com características semelhan-tes. O equilíbrio resultante do cultivo da discreção e da sensatez opõe-se, mais uma vez, à exibição da opulência e do exagero. É também o equilíbrio que preside ao exercício da justiça. Um equilíbrio que dite a domesticação das emoções, no evitadas mas devidamente controladas. Quando moderadas pela temperança, as emoções conduzem à virtude.

A própria voz do cortesão mode-lo, que mostrará em todas as ocasiões uma eloquência cuja raiz é clássica, não deve ser demasiadamente efeminada ou demasiadamente rude. Este um aspecto importante da sua aparência exterior, parte fundamental da graça que deve sempre exibir, uma sprezzatura que

O LIVRO DE BALDASSAR CASTIGLIONE ( II )

conduz a uma naturalidade e falta de esforço na construção da delicadeza.

As passagens dedicadas ao elogio das capacidades das mulheres, contes-tadas por alguns dos participantes na conversa, lembram que, como já fora referido, que este livro não se esgota na intenção de ser um mero manual

de etiqueta mas se estende, generosa-mente, por muitos ramos da vida em sociedade.

Que as mulheres têm uma posição importante nesta discussão prova-se pelo facto de toda ela ser moderada por duas mulheres, a Duquesa Elisa-betta Gonzaga e a Senhora Emilia Pia.

Lembremos que o Duque, afligido pela gota, frequentemente retirava-se cedo.

Um dos argumentos inclinados ao favor das capacidades intelectuais das mulheres reside na suposição de que os seres mais débeis fisicamente são mais hábeis mentalmente. Igualmente, o que lhes falta em coragem abunda em cau-tela.

O argumento fundamenta-se com a exemplária histórica. Esta mostra que tanto os homens como as mulheres têm mostrado, ao longo dos séculos, o seu valor. Exemplos femininos de gló-ria retiram-na inclusivamente da sua capacidade guerreira e estratégica e da excelência no governo das nações.

Aplica-se-lhes um sentido próprio da cautela e da justiça. As suas qualida-des estendem-se, ao mesmo tempo, ao campo da filosofia, da poesia e da elo-quência. Outros argumentos apontam para o contrário para logo de imediato um outro homem, o Magnífico Giulia-no de’ Medici, fazer um discurso sobre a tirania que os homens ao longo da história exerceram sobre as mulheres e que as impede de gozar a liberdade que é certa aos homens.

Apercebe-se neste manual de ele-gância que o gentleman deve mostrar, para além da devida temperança, uma disposição bondosa para com os ou-tros.

Nos pontos que tratam da gover-nação não deixa de se referir que esta deve ser conduzida a partir de uma base que inclua representantes de vá-rias estações sociais e não apenas da classe privilegiada.

Através do relato da conversa apercebemo-nos de que é essencial ao comportamento do gentleman uma disposição para a discussão filosófica. Do corpo e da alma; do governo do príncipe ao sistema republicano; a raça humana e a busca da perfeição; a justi-ça (um tópico essencial) ; a religião; a educação dos príncipes, são alguns dos muitos assuntos que se tratam na corte de Urbino.

*Uso, no entanto, um pequeno livrinho onde se coligem alguns excertos da influente obra de Castiglione.

a revolta do emir Pedro Lystmann

APERCEBE-SE NESTE MANUAL DE ELEGÂNCIA QUE O

GENTLEMAN DEVE MOSTRAR, PARA ALÉM DA DEVIDA

TEMPERANÇA, UMA DISPOSIÇÃO BONDOSA PARA

COM OS OUTROS

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14 hoje macau terça-feira 3.6.2014hIX

Esquecera-me da presença de João. Ele des-pertava de um torpor silencioso que a pre-sença de Lara, mais que o entardecer, lhe parecia induzir.

– Não me posso demorar muito mais — e ria uma vez mais rangendo uma fila de dentes demasiado pequenos —, ainda estou a tempo… talvez…

Não fazia nenhum sentido... Chamou--a. Ela veio, com os seus olhos indiferentes. João, fazendo menção de partir, meteu-me na mão um envelope grande, castanho, e disparou:

– Faça com isto o que quiser. Pode até ser que lhe seja útil. Nunca se sabe.

– Mas o que é isto?, perguntei fingindo algum alarme.

– Mera literatura, meu amigo, mera lite-ratura... É possível que lhe desperte algum interesse.

Voltei-me para Lara e interroguei-a com o olhar. Ela limitou-se a produzir um bei-cinho enfastiado, de quem não sabia a res-posta às minhas interrogações. Subitamente, inclinou-se sobre mim e, apoiando-se no braço da cadeira, sussurrou-me ao ouvido:

– Fique com o envelope. É muito pro-vável que aí encontre algumas descrições da minha pessoa.

– Interessantes? –, perguntei-lhe baixi-nho, voltando ligeiramente a cabeça até sen-tir o seu cabelo roçar-me na face.

– Muito interessantes... –, suspirou.– Mas, sabe... – disse eu mais alto, para que

João ouvisse – eu não sou muito dessas coisas... Leio, quando muito, revistas científicas.

Ela ergueu-se e afastou-se de mim, apro-ximando-se de João e apoiando-se no seu ombro.

(Desde então que lamento a minha brus-quidão, ter destruído impensadamente um instante no qual usufruía de uma rara feli-cidade. Se eu não podia ter aquela mulher, então a proximidade era algo que devia ter mantido a todo o custo, fosse através de mais perguntas ou de respostas cativantes. Mas estraguei tudo com a minha vil rude-za. O seu cheiro, ligeiramente temperado de sândalo e suor, a carícia dos seus cabelos na pele da minha cara, a sua voz no meu ou-vido, todas as excelsas sensações que Lara provocava se esvaíam e dissolviam na dis-tância que ela agora me impunha. Instintiva-mente, inclinei-me para a frente, como que para a seguir, mas rapidamente me controlei e voltei a refastelar.

Procurara, teimoso, esses momentos as-sassinos da passagem do tempo, os instantes prenhes de eternidade, em que a morte se desloca para um plano onde se dulcifica a sua face. Terão origem na contemplação da beleza, do sublime ou mesmo de algo que os conjuga numa unidade oceânica, arreba-tadora. Infelizmente, não soubera prolongar aquela proximidade de Lara e fazer desse instante algo mais que uma saudade. Queria uma jura, uma promessa de felicidade. )

– Ora aí está –, replicou João Junqueiro, subitamente vivaz. – Logo vi que seria o ho-mem ideal para entregar este tipo de escri-tos. Espero que não lhe façam mal.

O IMPÉRIODO FIM (III)

(folhetim do fim de um império)

Carlos Morais José

(Continuação da semana passada)

E dirigiu-se para a saída. Fiquei pasma-do, sem resposta. Não voltei a ver os olhos de Lara. Ela seguiu-o automaticamente, ig-norando o meu último olhar, como se nunca me tivesse visto, sem se despedir de mim.

Poisei o envelope sobre a mesa. A noite hesitava ainda. Um vago mal estar invadia--me, silencioso, cioso do meu torpor, do meu corpo crepuscular. Bebi, bebi muito. Sobre a varanda, a ponte apagava-se gradu-almente dos meus olhos. Via a silhueta negra do Banco da China e o fogo dourado do Ca-sino Lisboa. Sobre a água da Baía serpente-avam luzes recentes. Passara uma meia hora. Enfastiava-me. Onde está o acontecimento prometido, a novidade? Onde estão as portas a franquear? Bocejava.

Abri o envelope. Era um monte de pa-péis, desordenado e de aparência duvidosa. Remeti-os à origem. Mais valia deitar fora esta papelada. Tratar-se-ia de uns gatafu-nhos, de impressões... quiçá de poemas.

A partir deste momento não consigo ex-plicar exactamente o que se passou. A minha situação não se aproxima dos casos descritos na literatura do absurdo, do fantástico, do simbolismo surreal, nem da psiquiatria ou da psicanálise, se quiserem.

(Sonho antes um enorme sol que se re-fracte em cores aparentemente arbitrárias, sem que lhes distinga uma lei, observe uma regularidade ou admita um processo. Fico por trás de uma vitrina, um enorme vidro, sem saber se observo ou sou observado. As cores sucedem-se: amarelos, arroxeados, vermelhos, verdes, laranjas, espirais de cin-zentos, estrelas de rosa e anil. Não respeitam as formas, enovelam as texturas.

Um sossego de máquinas: calou-se o seu ruído universal e omnipresente. Sossego... Quantas vezes respiramos sem que ao nosso lado, subtil nos nossos ouvidos, já impercep-tível de tão familiar, não resfolgue o motor de uma máquina? Ambicionei ao silêncio mas ganhei um ensurdecedor carrossel de cores. Demasiada luz... vaguear ajoelhado, tactear pelo interruptor. Dei por mim cego a esgravatar na pele do mundo.)

Ao que parece, os papéis de João Jun-queiro revelaram-se um diário disforme, uma invenção monstruosa de situações, fac-tos, diálogos, blasfémias e outros desman-dos. Existirão documentos cuja posse me compromete. Segredos de Estado ou coisa que o valha... Não sei. Não tive oportunida-de de os ler. Estava eu embrutecido de álcool e de uma persistente visão de Lara, quando senti um toque firme no meu ombro direito. Levantei a custo os olhos, as pálpebras de chumbo. Era um homem muito alto, seco, de cara rapada. Apresentou-se:

– Sou o inspector Lúcio Marques, da Polícia Judiciária. Faça o favor de me acom-panhar.

Disse-o de uma forma quase doce mas a sua voz traía o hábito de dar ordens. Ergui--me da cadeira e acompanhei-o. Ele não es-tava sozinho: mais dois homens apareceram de um canto qualquer e seguiram-nos. Mete-ram-me na parte de trás de um automóvel. Fiquei no meio, Lúcio Marques sentou-se no banco da frente. Depois do carro arrancar, voltou-se para trás e disse-me:

– Se quiser, pode fumar. Percorremos as ruas em silêncio e assim

fomos ficando até chegarmos ao prédio da Polícia Judiciária, passarmos um ror de corre-dores e escadas e, num pequeno escritório, me indicarem uma cadeira para me sentar. Quan-to ao resto poderão certamente consultar as transcrições dos interrogatórios a que tenho sido sujeito, bem como o teor dos actos que me imputam. Torna-se desnecessário maçá-los com esse tipo de pormenores.

X

Gostaria, no entanto, de acrescentar mais qualquer coisa, para que os senhores magis-trados possam aferir das minhas eventuais intenções futuras e também da ausência de motivações para o crime.

Tive a sorte de ter nascido numa famí-lia abastada. Cresci no seio de uma educa-ção católica e formei-me numa universidade considerada. Frequentei os círculos que me mais convinham às minhas afinidades. Passei regularmente por tertúlias de gente suficien-temente esclarecida para que se evitassem as conversas demasiado fúteis ou profundas. Sou conhecido por me remeter a um silên-cio educado, quebrado a espaços pela nar-ração de um episódio que cuidadosamente

selecciono segundo as pessoas presentes e os seus interesses.

Tanto basta para ser considerado al-guém com vida social, portanto aceitável e normal. É uma espécie de preço que sei ter de pagar para ser deixado em paz e não despertar a curiosidade dos intrometidos. Os meus vícios sempre permaneceram pri-vados e também aqui não vêem à colação por não afectarem a vida alheia. A ausência de relações perenes, de um casamento, foi invariavelmente atribuída ao meu escasso sedentarismo.

Depois de uma larga estada de vinte e dois anos por variadas paragens, pretendo regressar e restabelecer-me em Portugal, mais por facilidade do que por fidelidades de qualquer espécie. Levarei tempo a adap-tar-me, mas apenas interiormente, já que a todos proporcionarei a imagem de alguém sempre confortável, à vontade, talvez de quando em vez eufórico, o que também não deixará de irritar a pequenez dos meus con-terrâneos.

Nada de grave: o hábito das viagens acentuou o meu gosto pela solidão. Não me enfadarão os longos passeios pela ci-dade. Assumirei mesmo a atitude de quem tem pressa, de quem segue uma ocupação, um sentido, um objectivo bem determinado. Assim evitarei despertar a atenção. Recupe-rarei, no entanto, o hábito de juventude de passear com um pequeno bloco de aponta-mentos e darei por mim a esboçar aforismos de sentido duvidoso e escasso rigor.

Talvez assim, senhores magistrados, percebam que não constituo, de modo al-gum, uma ameaça para a sociedade. Espero despedir-me da vida, na minha terra, com a sobriedade que a honra exige e o bom gosto impõe.

XI

João Junqueiro não acordara transformado numa barata.

Do outro lado da porta do quarto, não ouvia os ruídos de sua mãe, que deixara em Portugal, na lida da casa; nem dava pe-los passos felinos da esposa, que não tinha, ocupada nos últimos retoques da toilete e da maquilhagem antes de sair de casa.

O sol entrava por uma fresta entre as cortinas, o ronronar do ar condicionado era interrompido pelo ruído dos automóveis e por uma ocasional exclamação da vizinhan-ça. Tudo lhe parecia aparentemente normal.

Constrangido por esta normalidade anormal, João levantou-se devagar da cama, tendo o cuidado de não acordar a rapariga, que ali não estava. Dirigiu-se à janela e, afas-tando um pouco a cortina, mergulhou os olhos na rua luminosa. – Não chove –, pen-sou. – Não terei outra oportunidade como esta.

E voltou para a cama, enlaçando por trás a rapariga, que dormia profundamente. – Acorda, cabeça tonta –, dizia-lhe, enquanto lhe soprava suavemente no cabelo e na testa. Ela escutou aquela prece trocista e ofereceu--lhe os lábios. Ele beijou-a e adormeceu, com a firme certeza de que nunca mais iria acordar.

João Junqueiro, em sonhos, surgia a si mesmo, amiúde, transformado numa barata.

(Continua para a semana)

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15DESPORTOhoje macau terça-feira 3.6.2014

MARCO [email protected]

O Sporting Clube de Macau reduziu para três pontos a distância que apresenta face aos

líderes isolados da edição de 2014 da Liga de Elite, o onze da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau. As águias do território não entraram em campo no âmbito da décima quinta ronda da principal prova do desporto-rei da RAEM e o Sporting aproveitou o descanso dos arqui-rivais para apertar o cerco à formação orientada pelo português Bruno Álvares. No sábado, os leões do território mostraram que o empate cedido na primeira volta do Campeonato no frente-a-frente com o Chao Pak Kei não foi mais do que um percalço. O onze verde e branco goleou a formação orientada por Iná-cio Hui por quatro bolas a zero, numa partida quase com sentido único, o da baliza à guarda de Lok Ka On.

Decidido a não perder terreno na luta pelo título, o Sporting entrou melhor no desafio e criou as primeiras oportunidades da partida, mas só aos vinte minutos conseguiu traduzir em golos o maior dinamismo. O primeiro tento do encontro materializou-se na sequência de um pontapé de canto apontado por Bruno Brito no lado esquerdo do ataque leonino. Bem posicionado no coração da área do Chao Pak Kei, Jardel levou a melhor nas alturas sobre a defesa adversária e inaugurou o marcador com um bom remate de cabeça.

Em desvantagem no placard, o Chao Pak Kei tentou responder na mesma moeda quase de imediato, num lance que teve Mayckol Sabino

SPORTING GOLEEOU CHAO PAK KEI POR 4-0

Leões apertam o cerco ao Benfica

CLASSIFICAÇÃO

EQUIPA J V E D GM-GS PONTOS

Benfica 13 10 2 1 50-3 32

Monte Carlo 14 9 3 2 44-16 30

Sporting 12 9 2 1 27-8 29

Ka I 13 7 4 2 37-14 25

Chao Pak Kei 13 4 4 5 22-18 16

Polícia 12 4 3 5 17-15 15

Lai Chi 13 3 1 9 20-39 10

Sub-23 13 2 0 11 7-52 6

Kei Lun 13 0 1 12 9-68 1

RESULTADOS

Sub-23 1 – 4 Ka I

Sporting 4- 0 Chao Pak Kei

Kei Lun 1- 8 Monte Carlo

PSP 4 – 0 Lai Chi

como protagonista. O avançado brasileiro caiu à entrada da área à guarda de Juninho, num lance que envolveu também o compatriota Timba. O árbitro da partida, o fili-pino Vani, entendeu que o defesa do Sporting não fez falta sobre o ad-versário e mandou seguir o desafio.

A resposta do onze orientado por Inácio Hui revelou-se tímida demais para fazer a diferença e acabo por ser o Sporting a marcar de novo. Os leões do território dilataram a vantagem de que dispunham no marcador na sequência de novo pontapé de canto. Bombeada por Bruno Brito para a pequena área do Chao Pak Kei, a bola vai parar aos pés de Wamba. O remate do camaronês acaba por se revelar mais eficaz do que acertado e por surpreender Lok Ka On na baliza adversária, numa jogada em que a defesa do C.P.K se revelou dema-siado perdulária.

O marcador só voltaria a registar alterações na etapa com-plementar. Aos seis minutos do segundo tempo, Henrique Ferreira deu a melhor sequência a uma boa abertura do brasileiro Edgar Souza e colocou o Sporting Clube de Ma-cau a vencer por três bolas a zero.

Os leões do território consu-maram a goleada menos de sete

minutos depois. Jardel encerrou a contagem para a formação verde e branca na cobrança exímia de um livre directo, apontando o seu segundo golo da tarde. Os pupilos de Mandinho e João Maria Pegado estão agora no terceiro posto a três pontos do líder Benfica, mas con-tabilizam ainda um jogo a menos que as águias do território.

MONTE CARLO SEGURODe pedra e cal na terceira posição do campeonato está o Monte Carlo. Frente ao lanterna vermelha Kei Lun, os actuais campeões do ter-ritório não deixaram créditos por mãos alheias e aplicaram a maior goleada da jornada. A formação orientada por William Chu inau-gurou o marcador logo aos nove minutos, com Rodrigo Carmo a marcar na cobrança de uma grande penalidade. O avançado brasileiro foi, de resto, a grande figura do encontro, ao apontar nada mais, nada menos do que quatro golos.

O dianteiro marcou o segundo da conta pessoal, segundo também do Monte Carlo a quatro minutos do fim da primeira parte. O Kei Lun ainda reduziu aos dois minutos do segun-do tempo, numa jogada concluído por Mak Keng Hou, mas a noite pertenceu por inteiro à formação “canarinha”. Aos 54 minutos, dois minutos antes de Rodrigo Carmo ter apontado o seu terceiro golo, Rafael Medeiros inscreveu pela primeira vez o nome nos anais da partida. A vencer por quatro-um, o Monte Carlo não demorou a festejar novo golo, com Chan Man a marcar aos 58 minutos, antes de Rodrigo Carmo celebrar o seu quarto e último golo à passagem da hora de jogo.

Aos 79 minutos, o suplente Chao Wai Fong marcou o sexto golo dos campeões do território, antes de Rafael Medeiros encer-rar as contas do marcador a seis minutos dos noventa, apontando o oitavo e último golo do grupo de trabalho orientado por William

Chu. Previsível, a derrota pautou o regresso do Kei Lun ao Campeonato de Futebol da II Divisão. O Monte Carlo ocupa a segunda posição da tabela com um ponto de vantagem sobre o Sporting, mas o onze “ca-narinho” leva já catorze encontros disputados, contra treze do Benfica e doze dos leões do território.

POLÍCIA COERENTECom a permanência no primeiro escalão já assegurada está o Grupo Desportivo da Polícia de Seguran-ça Pública. O onze das forças de segurança do território voltou a provar que é uma das formações mais consistentes do futebol do território. No fim de semana, a Polícia goleou o Lai Chi por quatro golos sem resposta, num desafio em que Ho Kin Tong e Cheong Loi estiveram em evidência ao apontarem dois golos cada.

Ho inaugurou o marcador para o onze das forças de segurança aos 24 minutos e marcou o terceiro da sua equipa aos 66, dez minutos depois de Cheong Loi ter colocado o Grupo Desportivo da Polícia a vencer por duas bolas a zero. O avançado apontou o quarto e último golo da noite a dois minutos do fim do tempo regulamentar.

Com a permanência na Liga de Elite também garantida está o Ka I. A formação orientada por Chan Man Kin goleeou a Selecção de Sub-23 por quatro bolas a uma, num desafio em que os jovens da formação apadrinhada pela Associação de Futebol de Macau até entraram melhor. Ho Ka Seng inaugurou o marcador ao fim de apenas cinco minutos de jogo e foi necessário esperar 21 minutos para que o coreano Kim Young-bin de-volvesse o equilíbrio ao marcador.

O Windsor Arch Ka I consumou a reviravolta no placard menos de três minutos depois, com Gustavo Xavier a marcar. Na etapa comple-mentar, os comandados de Chan Man Kin controlaram por completo o andamento do jogo, marcando por duas ocasiões. Lee Keng Pan marcou o terceiro da formação negro-rubra à passagem da hora de jogo, antes de Samuel Ramosoeu encerrar as contas do marcador a doze minutos dos noventa.

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GCS

16 desporto hoje macau terça-feira 3.6.2014

MARCO [email protected]

S E dúvidas houvesse, os remadores chineses foram céleres em desfazê-las. A República Popular da

China confirmou no Centro Náu-tico da Praia Grande o estatuto de principal potência asiática nas lides dos Barcos-Dragão ao conquistar a medalha de ouro em sete das doze categorias que compunham o cartaz competitivo da 11ª edição do Cam-peonato Asiático da modalidade, prova que teve as tranquilas águas do lago Nam Van como palco.

O domínio das embarcações do Continente foi apenas beliscado pelo triunfo dos representantes da Tailândia e das Filipinas em três das principais regatas em cartaz. A selecção tailandesa foi, de resto, aquela que mais perto esteve de fazer sombra às tripulações da República Popular da China, ao encerrar a participação no mais importante evento do calendário asiático de Barcos-Dragão com duas subidas ao pódio.

No primeiro dia de competição no Centro Náutico da Praia Grande, as embarcações chinesas foram, ainda assim, as que mais se des-tacaram. A competir praticamente em casa, os atletas do Continente não defraudaram e venceram cinco das sete finais que se disputaram no lago Nam Van durante todo o dia de sexta-feira.

As embarcações do Continente conquistaram o primeiro ouro ao fi-nal da manhã, com a vitória na prova mista dos 200 metros em grandes embarcações. A formação chinesa levou a melhor sobre as Filipinas e Taiwan ao concluir a prova em 46 segundos e 248 centésimos

A China repetiu o triunfo na prova mista feminina em grandes embarcações, também na distância de 200 metros derrotando na regata decisiva as formações da Tailândia e da Austrália. A selecção chinesa cumpriu a distância regulamentar em 49 segundos e 075 centésimos, relegando a representação tailandesa para a segunda posição do pódio.

Os representantes da Repúbli-ca Popular da China não tiveram ainda assim braços para impedir o triunfo da Indonésia numa das mais importantes corridas do dia, a regata decisiva da categoria open na distân-cia de 200 metros em grandes em-barcações. Naquela que foi uma das provas mais equilibradas do primeiro dia de hostilidades do Campeonato Asiático, a Indonésia superiorizou--se à concorrência, ao triunfar com um tempo de 45 segundos e 109 centésimos, com 180 centésimos de segundo de vantagem para a segunda classificada, a selecção da Tailândia. Na terceira posição do pódio quedou--se a República Popular da China, ao cumprir a prova em 45 segundos e 303 centésimos.

A representação chinesa voltou a dar cartas na grande final da

BARCOS-DRAGÃO TAILANDESES E FILIPINOS ESTRAGARAM A FESTA

Domínio chinês no lago Nam Van

categoria feminina em pequenas embarcações na distância de du-zentos metros, ao levar a melhor sobre a Tailândia e sobre a Austrália com um tempo de 54 segundos e 174 centésimo, mas não conseguiu repetir o feito na categoria open, perdendo a regata decisiva da prova para os rivais tailandeses. Os remadores da Tailândia conquis-taram o ouro com uma prestação inexcedível, ao concluírem a prova em 49 segundos e 010 centésimo.

Os desaires na categoria open na distância de 200 metros não rouba-ram ânimo aos representantes da Re-pública Popular da China, que encer-raram o primeiro dia de competição no Centro Naútico da Praia Grande sob a égide da vitória. Nas mais exigentes regatas do Campeonato Asiático de Barcos-Dragão, a China não deu hipóteses à concorrência, triunfando nas duas provas de 2000 metros. Na prova feminina de 2000 metros em grandes embarcações, a China superiorizou-se à Tailândia e à Austrália, tendo cumprido a distância em nov minutos, 10 segundos e 046 centésimos.

Na regata decisiva da categoria open na distância de 200 metros, o domínio da República Popular da China foi ainda mais avassa-lador. A selecção chinesa levou a melhor sobre os representantes da

Indonésia e da Tailândia com uma vantagem superior a um segundo. A China cumpriu os dois mil metros do circuito náutico da Praia Grande em oito minutos, 23 segundos e 604 centésimos.

TAILÂNDIA BELISCOU PREPONDERÂNCIA CHINESANo sábado, o domínio chinês não foi tão pronunciado, embora a selecção chinesa tenha entrado a vencer no segundo dia de competição. As re-presentantes do Continente levaram a melhor sobre a Tailândia e a Aus-trália na regata decisiva da categoria feminina de pequenas embarcações na distância de 500 metros. As atletas

da República Popular da China cum-priram a distância em dois minutos, 16 segundos e 602 centésimos, com quase um segundo de vantagem para as rivais tailandesas.

Na prova referente à categoria open em pequenas embarcações, sempre na distância de 500 metros, as Filipinas registaram uma vitória categórica. Os atletas filipinos cumpriram a prova em 2 minutos, 04 segundos e 486 centésimos, empurrando a China para a segunda posição e a Tailândia para o derra-deiro lugar do pódio.

Na categoria mista em grandes embarcações, Taiwan deu um ar da sua graça. Os atletas formosinos superiorizaram-se às Filipinas e à China e conquistaram a sua única medalha de ouro na competição, depois de terem finalizado a regara em um minuto, 58 segundos e 736 centésimos.

A Tailândia conquistou a sua segunda vitória na edição de 2014 do Campeonato Asiático ao final da tar-de de sábado, ao derrotar a República Popular da China e a Indonésia na regata decisiva da categoria open em grandes embarcações. Numa prova pautada pelo equilíbrio, os remadores tailandeses levaram a melhor sobre a concorrência, ao concluírem a prova em um minuto, 53 segundos e 666 centésimos.

Com três derrotas noutras tan-tas regatas disputadas na tarde de sábado, a China encerrou a partici-pação na 11ª edição do Campeona-to Asiático de Barcos-Dragão com chave de ouro. As representantes da República Popular da China na prova feminina dos 500 metros em grandes embarcações levaram a bandeira chinesa ao pódio pela sétima vez em dois dias, ao supe-rarem no Centro Náutico da Praia Grande as selecções da Tailândia e da Austrália com um tempo combinado de quatro minutos, sete segundos e 636 centésimos.

Com uma participação pouco brilhante no Asiático, Macau al-cançou nesta última prova a sua melhor prestação, ao terminar o evento na quarta posição, depois dos responsáveis pela organiza-ção do certame terem votado a desclassificação de Singapura. No próximo fim-de-semana os Barcos--Dragão voltam a tomar conta das águas do lago Nam Van, com a realização da edição de 2014 das regatas internacionais do território. A prova, que se devia ter disputado no domingo e na segunda-feira, acabou por ser adiada devido às exéquias fúnebres de Ma Man Kei, o antigo líder da Associação Comercial de Macau falecido na semana passada em Pequim.

O domíniodas embarcações do Continente foi apenas beliscado pelo triunfodos representantes da Tailândiae das Filipinasem três das principais regatas

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hoje macau terça-feira 3.6.2014 (F)UTILIDADES 17

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

João Corvo fonte da inveja

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 32 HUM 70-95% • EURO 10.8 BAHT 0.2 YUAN 1.2

ACONTECEU HOJE 3 DE JUNHO

Morre Franz Kafka, um dos maiores escritores de ficção• A 3 de Junho de 1924, morre Franz Kafka, um dos maiores escritores de ficção do século XX, que criou personagens ainda actuais, que enfrentam conflitos existenciais, ques-tionam os objectivos da vida e acabam sós.Hoje é dia de recordar Kafka, uma dos grandes escritores mundiais, entre os mais influentes da literatura ocidental. A maioria dos seus textos permanece incompleta e foi publicada postumamente. No entanto, a sua obra nunca perdeu actualidade.Franz Kafka nasceu em Praga, Áustria-Hungria (actual República Checa), a 3 de Julho de 1883. Era membro família judia, de classe média, e notabilizou-se com uma obra realista, à frente do seu tempo.As personagens kafkianas enfrentam conflitos existenciais, como o Homem actual, e têm dificuldade em definir um rumo. O mundo kafkiano é desprovido de um objectivos de vida, de uma repetida dúvida existencial.Essas personagens acabam quase sempre sozinhas, vítimas dos factos, que se tornam sempre o pior inimigo. A solidão é a fuga. A paranóia e os delírios de influência estão muito ligados à obra kafkiana.Os seus trabalhos mais reconhecidos são ‘A Metamorfose’, ‘Um Artista da Fome’ e os romances ‘O Processo’, ‘América’ e ‘O Castelo’.Kafka morre a 3 de Junho de 1924, num hospital em Kier-ling, na Áustria. A causa oficial da morte foi insuficiência cardíaca, mas o escritor sofria de tuberculose desde 1917.

A festa da bolaComo qualquer gato normal gosto muito de jogar à bola. E também por isso presto muita atenção ao mundo do futebol jogado pelos humanos. Os campeonatos nacionais já acabaram. As competições europeias também. Confesso que sou adepto daquele que é o maior clube do mundo. Aquele de cor vermelha. De outra forma não poderia ser, até porque o meu patrão não permitiria outra escolha. Se assim fosse, seria dado para adopção, na melhor das hipóteses. Tenho pena que o meu clube não tivesse conseguido o pleno, mas apesar de tudo já me sinto bastante satisfeito com o que foi conseguido este ano. Três taças é obra! Vem isto a propósito do Mundial do Brasil. E neste caso, apesar de ser chinês, visto a camisola da selecção portuguesa, até porque o meu grande país ainda tem um grande caminho para percorrer em matéria de pontapés na bola. Mas o Mundial no país do samba está aí à porta e como tal estou já em estágio para a grande festa da bola. Já fui ao cesto buscar o turbante que me inspirou para as previsões do Europeu de há dois anos e tenho estado muito atento aos jogos de preparação que vão acontecendo. E já dá para perceber que a tarefa da selecção portuguesa não vai ser fácil. Mas também já é um hábito. Sem querer agoirar, aqui fica uma pequena previsão: muito cuidado com a selecção dos Estados Unidos. Acabou de ganhar à Turquia, sem espinhas! Lembram-se do mundial da Coreia do Sul?

C I N E M ACineteatro

SALA 1X-MEN: DAYSOF FUTURE PAST [B]Um filme de: Bryan SingerCom: Patrick Stewart, Ian McKellen, Hugh Jackman, James McAvoy14.30, 16.45, 21.30

X-MEN: DAYSOF FUTURE PAST [3D] [B]Um filme de: Bryan SingerCom: Patrick Stewart, Ian McKellen, Hugh Jackman, James McAvoy19.15

SALA 2 EDGE OF TOMORROW [C]Um filme de: Doug LimanCom: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Kick Gurry14.30, 16.30, 21.30

EDGE OF TOMORROW [3D] [C]Um filme de: Doug LimanCom: Tom Cruise, Emily Blunt, Bill Paxton, Kick Gurry19.30

SALA 3MALEFICENT [B]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley14.15, 16.00, 19.30

MALEFICENT [3D] [B]Um filme de: Robert StrombergCom: Angelina Jolie, Sharlto Copley, Elle Fanning, Sam Riley17.45

GODZILLA [B]Um filme de: Gareth EdwardsCom: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Elizabeth Olsen21.30

EDGE OF TOMORROW

E se, de um momento para o outro, perdesse a capacidade de criar novas memórias? E se tivesse de aprender diariamente o que lhe aconteceu depois de um acidente que mudou a sua vida? E se tivesse de conhecer todos os dias alguém que pode ser seu amigo ou o seu pior inimigo? ‘Memento’ traz-nos uma realidade estranha, num intenso enredo que nos faz ficar de cabelos em pé para percebermos a história. Um trhiller psicológico, semi-noir, que nos apresenta uma história dividida em dois tempos diferentes: a preto e branco vemos cenas ordenadas de forma cronológica, mas a cores, o caso muda de figura, uma vez que estamos a ver o filme do início para o fim. Leonard Shelby (Guy Pearce) é um homem que perde a capacidade de desenvolver novas memórias, passando a viver a o seu dia-a-dia com base em apontamentos em papéis soltos, tatuagens e polaroids. Intenso, único e extremamente bem feito, ‘Memento’ vai obrigá-lo a estar com toda a atenção possível, porque cada detalhe é importante. Um filme que nos mostra a importância do que é, para nós, uma garantia diária, ‘Memento’ foi aclamado pela critica como um dos melhores filmes do ano. - Joana Freitas

H O J E H Á F I L M EMEMENTO

(CHRISTOPHER NOLAN, 2000)

Uma ideia óbvia numa época pode soar monstruosa numa outra

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18 hoje macau terça-feira 3.6.2014

E agora?Rui TavaResin Público

A S eleições europeias dei-xaram claras três coisas. A primeira, que os cidadãos desejaram punir a governa-ção actual e a sua estratégia acrítica perante as políticas europeias. A segunda, que os mesmos cidadãos não conseguiram endossar ain-da uma alternativa clara que

permita substituir a actual governação por uma alternativa plausível de progresso, justiça social e democracia europeia. A terceira, que há um notório cansaço com uma política feita nas cúpulas partidárias, distante dos cidadãos.

Qual deverá ser a responsabilidade de partidos e cidadãos perante estas evidên-cias? Sem prejuízo das dinâmicas internas aos partidos, parece evidente que só encon-traremos resposta para os dilemas expostos acima numa nova dinâmica de abertura e construção de programa alternativo que vá para lá dos bloqueios — nomeadamente à esquerda — e das fronteiras políticas tradicionais.

Alguns elementos essenciais que pode-rão fazer parte dessa nova dinâmica:

1. Um arco constitucional. A noção básica de que o país só terá futuro legiti-

“Portugal só terá a ganhar com um discurso político que saiba pensar a Europa e marcar a agenda europeia”

mado e compartilhado pela vontade dos cidadãos cumprindo e não desafiando a Constituição. Deverão ser dadas garantias aos cidadãos de que uma nova governação se fará no reencontro com a Constituição, não só como repositório de direitos, mas sobretudo como desiderato de liberdade, justiça e solidariedade interna para o país.

à lógica do Tratado Orçamental, na linha da frente pela coesão em todos os fundos estruturais europeias (incluindo aqueles em que Portugal é contribuinte líquido, como na ciência) ou na luta por uma verdadeira democracia europeia e União dos direitos fundamentais. Portugal só terá a ganhar com um discurso político que saiba pensar a Europa e marcar a agenda europeia.

4. Um modelo de desenvolvimento para o país, a médio e longo prazo, com metas claras para a qualificação, as áreas de es-pecialização da economia, e as provisões de serviços públicos. Quando os cidadãos conhecem um plano para o futuro do país, regressam — e não emigram. Sabem porque pagam impostos, porque quotizam para a Segurança Social, porque votam nos seus representantes, como podem ajudar a com-bater a corrupção e estancar a evasão fiscal.

5. O trabalho aturado nestes elementos permitirá também encontrar a configuração de forças políticas e sociais — e as lide-ranças — que interpretarão um caminho deste género.

Nada disto é fácil, mas quanto mais tarde começarmos menos hipótese tere-mos de dar resposta a um país que está sequioso de alternativa. Um compromisso de progresso pelo país e pela Europa será um passo decisivo para constituir a frente progressista – social e política — que o levará a cabo.

2. Um processo de construção de pro-grama que seja aberto, inclusivo, e parti-cipado, e no decurso do qual se constituirá uma base social de apoio que vá para lá dos aparelhos partidários. Assim poderemos alcançar muita gente que nos últimos anos se tem esforçado por ajudar a pensar o pais e encontrar para ele alternativas realistas, plausíveis e de futuro.

3. Uma política europeia exigente, construtiva, e visionária. Seja na recusa

OPINIÃO

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19 opiniãohoje macau terça-feira 3.6.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Redacção Joana Freitas (Coordenadora); Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; José C. Mendes; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

Caros cidadãos de Portugal,Portugal é, sinceramente, a minha parte favorita de Angola, e tive o privilégio de poder confidenciar isto mesmo a Nelson Mandela, quando ele ainda jogava no Benfica

RICARDO ARAÚJO PEREIRAin Visão

Estive há dias no vosso país (acho eu) e pare-ce que cometi um erro. Disse que Cristóvão Colombo era vosso compatriota quando, ao que parece, ele nasceu em Génova. O que significa que era grego, ou assim. Enfim, os povos do sul da Europa acabam por ser todos muito parecidos. Também tenho difi-culdade em distinguir africanos e chineses. Sendo oriundo de uma potência como o Luxemburgo, estive muito ocupado a estudar a longa história do meu país, e a conhecer a sua vasta geografia. Por isso, faltou-me disponibilidade para me dedicar à história de países mais pequenos, como o vosso. Além disso, no Luxemburgo temos pouquíssimo contacto com portugueses, pelo que a minha ignorância está desculpada, creio eu.

Vamos ao essencial. O meu objectivo

era comparar o socialismo com um período negro da história mundial. Por isso, escolhi inteligentemente uma época que os portugue-ses abominam: os Descobrimentos. Cristóvão Colombo era, na verdade, um socialista: ia sem

saber para onde à custa dos contribuintes - e com que resultados? Nenhuns. Não admira que tenha sido esquecido pela história e que, hoje, alguns altos dignitários europeus nem saibam exactamente quem ele foi e onde nasceu. Diz-se que Cristóvão Colombo descobriu a América. Pois bem, eu já estive na América, e é enorme. Imaginem as vossas cidades de Málaga e Bordéus juntas. A América é ainda maior. Não é nada difícil de descobrir. Vê-se do espaço. Perguntem ao vosso compatriota Neil Armstrong. Ele foi a Júpiter, e sabe do que fala.

Portugal é, sinceramente, a minha parte favorita de Angola, e tive o privilégio de poder confidenciar isto mesmo a Nelson Mandela, quando ele ainda jogava no Benfi-ca. Nessa medida, e como diz Passos Coelho, o vosso país tem em mim um amigo. Creio

que o desconhecimento mútuo é o melhor aliado da amizade. Quanto mais se conhece o outro, mais características desagradáveis lhe descobrimos. E eu já demonstrei que não faço a mínima ideia de quem vocês são e do que fizeram. Terei todo o prazer em defender, na Comissão Europeia, os vossos interesses, mal descubra quais são.

Como dizia o vosso Cervantes: “Ser ou não ser, eis a questão.” Portugal tem de optar entre ser socialista, como Cristóvão Colombo, ou ser sábio e ajuizado, como eu. Avaliem a dimensão de ambas as figuras na história da Europa e do Mundo e decidam em conformidade. Gracias e hasta luego, como se diz aí.

Cordialmente,Jean-Claude Juncker

cartoon por Stephff 25 ANOS

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hoje macau terça-feira 3.6.2014

O vice-primeiro-ministro português destacou hoje as oportunidades de in-

vestimento para as empresas por-tuguesas na província chinesa de Zhejiang (leste), onde o modelo de desenvolvimento dá prioridade ao empreendedorismo e apoia as pe-quenas e médias empresas (PME).

“Este é um segundo nível de aproximação das empresas portuguesas junto das províncias chinesas mais desenvolvidas economicamente e que têm um mercado com a dimensão de um país em termos europeus”, explicou Paulo Portas, à margem do fórum empresarial Portugal-Zhejiang, que decorreu em Lisboa.

“Se fizermos uma aproximação das nossas empresas a mercados mais acessíveis do ponto de vista da escala, reforçamos a nossa ca-pacidade de vender mais produtos portugueses no mercado chinês e captar investimento criador de emprego no nosso país”, sublinhou.

Esta província é economica-mente uma das mais fortes e das 500 maiores empresas chinesas, 140 estão em Zhejiang, onde os indicadores de empreendedorismo de iniciativa privada são os mais fortes na China, o que levou as autoridades dos dois países a con-certarem esta visita de empresas chinesas, disse Portas.

O governador de Zhejiang, Li Qiang, visita Portugal com uma delegação de empresas para um encontro com companhias portu-guesas, existindo pelo menos três potenciais projectos de investimen-to - transformação de algodão para exportação para a China, fabrico de

Kasparov de volta a MacauO ex-campeão do mundo de xadrez, Garry Kasparov, vem a Macau entre 9 e 12 de Junho, em simultâneo com o 15th ASEAN + AGE GROUP Chess Championships 2014 - Macau,Cotai Central, onde vai participar num seminário sobre Xadrez na educação. O calendário do evento arranca no dia 3 de Junho com uma cerimónia de abertura com dança do leão e grupo de danças e cantares de Macau, às 19:00 h noite, no Contai Central, 4 º. andar. Dia 9 de Junho pelas 16h00 na Doca dos Pescadores terá lugar a cerimónia de entrega de prémios das partidas clássicas, o Social Nite com um espectáculo dado pelos próprios participantes, seguido de um banquete no mesmo local com a presença de Garry Kasparov. No dia 11 de Junho acontecerá a cerimónia de encerramento com a entrega de prémios pelas 16h00, e um espectáculo de dança e música tradicional chinesa de Macau, no Cotai Central, 4 º. andar.

CHINA PORTAS DESTACA OPORTUNIDADESDE INVESTIMENTO NA PROVÍNCIA DE ZHEJIANG

Época de sementeiralâmpadas e de painéis de aço - “que estão suficientemente avançados para, se tudo correr bem, poderem gerar fábricas em Portugal, que geram emprego e dão oportuni-dades a técnicos e trabalhadores portugueses”, afirmou.

Outras áreas de actividade são o agro-alimentar, maquinaria, electri-cidade, energias e produtos do mar.

“Zhejiang foi eleita pelas au-toridades chinesas como uma pro-víncia ícone no desenvolvimento das indústrias do mar. O potencial é grande para as duas partes”, su-blinhou o vice-primeiro-ministro.

Os governos de Portugal e da República Popular da China acertaram há um ano que, além da relação entre os dois Estados, que é muito boa e tem reflexos económicos importantes, devia proceder-se a uma aproximação entre empresas portuguesas com as províncias chinesas.

“Este é o segundo governador chinês que visita Portugal de uma lista de seis concertados com as autoridades chinesas, constituindo evidentemente uma oportunidade para exportar e captar investi-mento”, declarou o responsável português.

Em 2013, a China subiu 18 lugares no “ranking” dos países im-portadores de produtos portugueses.

“Já está no ‘top’ dez dos países para onde exportamos as nossas marcas e portanto onde as empresas portuguesas conseguem desenvol-ver o nosso negócio”, adiantou.

“Não há qualquer comparação entre a dimensão da relação eco-nómica de vantagem mútua que Portugal hoje tem com a China com a que no passado existia”, sublinhou Paulo Portas.

Durante o fórum, foram assi-nados dois acordos de cooperação, entre a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a Federação da Indústria e Comércio de Zhejiang e entre as associações de jovens empresários de Portugal e de Zhejiang.