Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

20
PUB Ter para ler DIVIDIR PARA GOVE RNAR RNAR DEPUTADOS QUEREM MUDAR ESTRUTURA DO EXECUTIVO AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MACAO WATER Sobe a taxa POLÍTICA PÁGINA 3 SOCIEDADE PÁGINA 5 hojemacau Ao fim de cinco anos o IAS afirma querer concluir a versão final da Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos, iniciada em 2009. Uma luz ao fundo do túnel. O Governo autorizou o aumento de taxas de serviço em 5,59%. A SAAM pedia uma subida 16,1%. DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 SEGUNDA-FEIRA 4 DE AGOSTO DE 2014 ANO XIII Nº 3145 POLÍTICA PÁGINA 4 Seminário Académico pede menos poder do Governo na AL PUB IDOSOS LEI DE BASES PÁGINA 2 Chan Meng Kam, Jowsé Pereira Coutinho e Leong Veng Chai estão de acordo: a secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura, ac- tualmente conduzida por Cheong U, é demasiado pesada.Uns suge- rem a transferência de pastas para outra tutela, outros advogam a sua divisão em duas.

description

Hoje Macau N.º3145 de 4 de Agosto de 2014

Transcript of Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

Page 1: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

PUB

Ter para ler

DIVIDIR PARAGOVERNARRNAR

DEPUTADOS QUEREM MUDAR ESTRUTURA DO EXECUTIVO

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MACAO WATER

Sobe a taxa

POLÍTICA PÁGINA 3 SOCIEDADE PÁGINA 5

hojemacau

Ao fim de cinco anos o IAS afirmaquerer concluir a versão final daLei de Bases dos Direitos e Garantiasdos Idosos, iniciada em 2009.Uma luz ao fundo do túnel.

O Governo autorizouo aumento de taxasde serviço em 5,59%.A SAAM pedia umasubida 16,1%.

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E G U N DA - F E I R A 4 D E A G O S T O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 1 4 5

POLÍTICA PÁGINA 4

SeminárioAcadémico pede menos

poder do Governo

na AL

PUB

IDOSOSLEI DE BASES

PÁGINA 2

Chan Meng Kam, Jowsé Pereira Coutinho e Leong Veng Chai estão de acordo: a secretaria dos Assuntos Sociais e Cultura, ac-tualmente conduzida por Cheong

U, é demasiado pesada.Uns suge-rem a transferência de pastas para outra tutela, outros advogam a sua divisão em duas.

Page 2: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

2 hoje macau segunda-feira 4.8.2014POLÍTICA

FLORA [email protected]

ANDREIA SOFIA [email protected]

C HAN Meng Kam, José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai consideram que a secretaria dos As-

suntos Sociais e Cultura, actual-mente liderada por Cheong U, deveria ser dividida no próximo Governo. Isso mesmo dizem os três deputados ao HM.

Chan Meng Kam, que além de deputado é também membro do Conselho Executivo, diz que a secretaria é demasiado grande e que um Secretário não é suficiente. Já Pereira Coutinho, apela apenas a uma transferência dos trabalhos e não ao aumento das secretarias.

“Na minha opinião – e porque a secretaria é demasiado grande e envolve muitos assuntos relacio-nados com a vida da população – deve-se dividir [a pasta] em duas: uma secretaria para os Assuntos

“[Esta secretaria] é um peso pesado, porque tem áreas como a saúde, educação e turismo. A área do turismo poderia ser transferida para a área da Economia, porque em todo o mundo o turismo é económico.”PEREIRA COUTINHO Deputado

GOVERNO DEPUTADOS PEDEM DIVISÃO DA TUTELA DOS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

Muita areia na camionetaChan Meng Kam, José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai consideram ser necessário dividir os trabalhos dentro da tutela dos Assuntos Sociais e Cultura. O primeiro pede mesmo mais um Secretário, enquanto os deputados da Nova Esperança pedem a transferência da pasta do turismo para a Economia

DEPUTADOS QUEREM 80 MIL FRACÇÕESNo encontro com Chui Sai On, Pereira Coutinho e Leong Veng Chai vão propor a construção de 80 mil fracções de habitação pública. “Acertámos em cheio o ano passado, quando metemos no nosso programa eleitoral a construção de mais 40 mil fracções habitacionais. Este ano quando o Instituto da Habitação (IH) abriu o concurso para a habitação económica, apareceram mais de 40 mil candidatos. Achamos que o Governo não devia ficar parado e inerte face às opiniões que tínhamos dado o ano passado para construir mais habitação. O Governo propôs 14 mil, depois da mega manifestação contra o Regime de Garantias aumentou para 28 mil. Estamos a propor 80 mil habitações”, disse Coutinho, que vai ainda propor a construção “imediata” de mais asilos e creches.

Sociais e da Saúde e outra para os Assuntos Culturais e Educativos”, defende Chan Meng Kam, acres-centando que deveria haver, então, dois Secretários.

A quantidade de assuntos que abrange a actual tutela de Cheong U é extensa, uma vez que, a car-go do Secretário, está a saúde, a educação, os serviços sociais e o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) que, por sua vez, também engloba muitos departamentos.

Chan Meng Kam defende que passar o IACM “para a subordi-nação de um Secretário para os Assuntos Sociais e da Saúde, faria com que a pressão interdeparta-mental diminuísse”.

Também Pereira Coutinho não tem dúvidas de que “a secretaria que tem de se desdobrar é da área dos Assuntos Sociais e Cultura”, assegura ao HM, acrescentando que seria a área do turismo que deveria deixar de estar nesta tu-tela. “[Esta secretaria] é um peso

pesado, porque tem áreas como a saúde, educação e turismo. A área do turismo poderia ser transferida para a área da Economia, porque em todo o mundo o turismo é económico. Basta ver Portugal,

AUMENTOS EM TUDOChan Meng Kam aponta vários problemas nas políticas e sociedade de Macau, entre as quais a falta de igualdade no que diz respeito ao poder de compra dos residentes. “Depois da abertura da indústria de jogo, a economia de Macau cresceu rapidamente, até atingir ao quarto lugar mais rico no mundo. No entanto, a grande diferença entre pessoas ricas e pobres não muda e muitos residentes ainda sofrem com o alto preço dos imóveis, com a inflação, com os problemas de trânsito, entre outros assuntos da vida da população.”O mesmo diz Pereira Coutinho, que vai pedir ao Governo maiores aumentos para a função pública na ordem dos 7%. “Queremos ainda a uniformização de todos os contratos da Função Pública, não deixando permanecer a política de que uns são filhos e outros enteados”, frisou ainda o deputado ao HM. Propondo o aumento do subsídio de residência para 3700 patacas, Pereira

Coutinho e Leong Veng Chai vão também lutar pelo pagamento do subsídios de residência a aposentados que transferiram temporariamente as suas pensões para Portugal em 1999. Isto apesar do Tribunal de Última Instância (TUI) já ter dado o veredicto final sobre a matéria. “Tem que se mudar a política porque está tudo mal. Queremos o subsídio de residência para todos os aposentados, tenham ou não recebido o bilhete de avião. Isto porque existem aposentados que se reformaram antes do retorno para a Administração chinesa e que recebem pensões de aposentação do fundo de pensões de Macau. Se nesta perspectiva se pode dar este benefício, também queremos que todos os aposentados que o fizeram antes da transição também tenham o direito de receber o subsídio de residência.”Valores mais altos também para os cheques pecuniários, pedem os deputados, que querem ver aumentos das nove mil para as 12 mil patacas para os residentes permanentes.

em que a diplomacia é uma diplo-macia económica”, disse ainda o deputado.

Frisando que “nas outras se-cretarias não se deveria mexer”, Pereira Coutinho defende que

“poder-se-á manter” o número de secretarias, que são actualmente cinco. “Isto porque o que falhou nos últimos cinco anos foi a incompetência e falta de respon-sabilidade de alguns secretários”, defendeu.

REESTRUTURAÇÃO PRECISA-SENum encontro que está marcado para amanhã com Chui Sai On, José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai vão propor ao actual Chefe do Executivo e único candidato, em primeiro lugar, uma reestruturação do próximo Governo.

Os deputados asseguram ter um o documento para entregar a Chui Sai On que é feito com base nas opiniões recolhidas no gabinete de atendimento e Pereira Coutinho frisa que os residentes “pedem a saída de muitos Secretários e inclu-sivamente do Chefe do Executivo, que já está há mais de 20 anos no Governo”. O deputado diz mesmo que “as pessoas estão fartas das mesmas caras que não resolvem os problemas”.

Para Chan Meng Kam, a rees-truturação da Administração tam-bém é necessária. Isto porque, diz o deputado, a falta de coordenação é outro dos problemas do actual Executivo. O deputado defende que o próximo Governo – que vai continuar a ser liderado por Chui Sai On – deveria “aceitar” uma reforma do sistema político.

“O número dos funcionários púbicos tem aumentado muito. Não estou a dizer que um grande número não seja bom, mas acho que há problemas na coordenação entre os departamentos. A eficácia não é suficiente e muitos residentes criticam [os trabalhos]. O Governo deve ajustar o sistema político, evitando a repetição dos trabalhos entre os departamentos”, frisou Chan Meng Kam ao HM.

“O número dos funcionários púbicos tem aumentado muito. Não estou a dizer que um grande número não seja bom, mas acho que há problemas na coordenação entre os departamentos (...) O Governo deve ajustar o sistema político, evitando a repetição dos trabalhos entre os departamentos.”CHAN MENG KAM Deputado e membro do Conselho Executivo

Page 3: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

3 políticahoje macau segunda-feira 4.8.2014

GOVERNO DEPUTADOS PEDEM DIVISÃO DA TUTELA DOS ASSUNTOS SOCIAIS E CULTURA

Muita areia na camioneta

Q UESTIONADO pelo HM, o Ins-tituto de Acção Social (IAS) afir-

mou que “pretende concluir a versão final [da Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos] no 4º trimestre do corrente ano”, para assim con-seguir submetê-la à discussão e apreciação das “entidades competentes”.

Corria o ano de 2009, aquan-do se deu início à preparação da Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos. Cinco anos se passaram e até agora do Governo só surgia o silêncio. Confrontados pelo HM sobre o processo, o IAS explicou que tal demora se deve a uma crono-

LEONOR SÁ [email protected]

A revisão da lei referente ao pagamento de indemnizações aos trabalhadores em caso de

acidentes laborais encontra-se, actual-mente, “em fase final de redacção e deverá ser entregue para discussão à Assembleia Legislativa até final deste ano”.

De acordo com resposta enviada ao HM pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau (AMCM), uma das alíneas mais importantes do diploma é a extensão de tempo de cobertura do seguro a conceder aos funcionários que

D E acordo com notícia avançada pela TDM, o conteúdo do diplo-ma respeitante à criminalização

da violência doméstica deverá ser co-nhecido até ao final deste mês. André Cheong, director dos Serviços para os Assuntos de Justiça (DSAJ) espera mesmo que a discussão sobre o regime de Prevenção e Correcção da Violência Doméstica seja feita antes do início de Outubro, quando finda a presente sessão legislativa.

O responsável da DSAJ frisa, no entanto, que ainda é necessário aprimorar várias alíneas, principal-mente no que diz respeito à questão de ofensas menos graves, no sentido de apurar se devem permanecer como crimes semi-públicos ou passarem a ser encarados como públicos, tal como

Gasodutos Ponderadarevisão da lei De acordo com Lou Sam Cheong, do Gabinete de Desenvolvimento do Sector Energético, as autoridades de Macau estão a ponderar rever a lei referente ao abastecimento de gás ao território, para que o processo possa acontecer de melhor forma. O anúncio chega ainda acompanhado de outras certezas: as autoridades asseguram que estão preparadas para lidar com eventuais fugas de gás nos gasodutos do território. “Se alguma secção do gasoduto tiver alguma suspeita de fuga podemos cortar o abastecimento de gás imediatamente. Dessa forma evita-se a acumulação de gás em grandes quantidades”, explicou Lou Sam Cheong à TDM, no passado domingo, depois de uma explosão em série de gasodutos em Taiwan.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTEÚDO DO DIPLOMA CONHECIDO NO FIM DO MÊS

E as dúvidas ainda persistemse pretende fazer com as agressões mais graves. “Eles [as associações] é que estão na linha da frente e é que sabem se agrava ou resolve o proble-ma. Isso é importante. Logo que esses trabalhos estejam feitos – espero que até final do mês – vamos rapidamente apresentar o diploma à Assembleia [Legislativa], mesmo antes do começo da próxima legislatura”, esclareceu Cheong à TDM.

Quando questionado sobre a nature-za dos crimes menos graves virem a ser considerados, à luz da lei, como crimes

públicos, o director da DSAJ comentou apenas que é um assunto ainda em dis-cussão. “É discutível, no que respeita às actuais ofensas. Quais devem ser convertidos em crime público e quais devem manter a natureza de crime semi-público?”, disse André Cheong.

PROTEGER SEM DISSUADIR Para o Governo, o mais importante é proteger as vítimas e apoiá-las, ao invés de “dissuadir” os agressores e é por isso que considera que a discussão sobre a criminalização pública de agressões

menos graves pode não satisfazer esse ponto. “Como é que se vai proteger a vítima e oferecer e dar a assistência necessária? Quer seja de natureza económica, quer seja habitacional. [A vítima] tem que ter uma casa para onde se mudar, se não vai viver outra vez com o agressor”, explicou.

O director da organismo governa-mental acrescentou ainda que poderá ser possível conciliar as duas questões, nomeadamente tornando os crimes semi-públicos em públicos e apoiar as vítimas ao mesmo tempo.

INDEMNIZAÇÕES LABORAIS LEI REVISTA QUASE A CHEGAR À AL

Seguro por mais tempo

Passados cinco anos eis que surge uma luzao fundo do túnel para a conclusão do diplomaque regula os direitos dos mais velhos

IAS LEI DE BASES DOS IDOSOS CONCLUÍDA ESTE ANO

Fumo branco?20,7%percentagem de idosos

prevista para 2036

logia de acontecimentos, e que agora os serviços responsáveis estão em “aperfeiçoamento da proposta”.

“O Instituto de Acção Social começou em 2009 a

primeira fase de consulta pú-blica para definir a respectiva orientação legislativa, tendo em 2010 concluído a sua aná-lise técnica. Em 2011, ficou terminada a consulta pública

sobre o Enquadramento da Lei de Bases dos Direitos e Garantias dos Idosos. Assim, ouvidas e analisadas as opiniões e sugestões reco-lhidas dos diversos sectores

sociais, foi elaborado um texto da proposta da lei. Em 2012, concluiu-se a consulta pública sobre esse texto de proposta de lei, tendo sido auscultadas igualmente as opiniões e sugestões dos diversos sectores sociais”, detalha o IAS, indicando que conta concluir “a versão final no 4ºtrimestre do corrente ano”.

Recorde-se que o depu-tado Chan Meng Kam entre-gou uma interpelação escrita ao Governo, criticando o facto de a lei ainda não estar concluída. Chan relembrou ainda que o envelhecimento em Macau vai atingir picos altos, sendo que a percen-

tagem esperada em 2036 – 20,7% – supera o critério das Nações Unidas, que é de 7%. O deputado considera que os dados mostram que o envelhecimento da popula-ção em Macau tem acelerado e recorda que o Governo referiu que tentou entregar a proposta no fim de 2012 à Assembleia Legislativa, mas no entanto, até ao momento não está a ver os relativos trabalhos legislativos. - H.M.

tenham sofrido acidentes de trabalho, bem como a clarificação de alguns con-ceitos. A revisão do diploma da Repara-ção por Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais está a ser elaborada conjuntamente pela AMCM e pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais.

Recorde-se que o HM já havia noticiado que Anselmo Teng, presi-dente da AMCM, já tinha dito que a

redacção do documento legislativo estava em fase de aperfeiçoamento e visava melhorar o método de pa-gamento, por parte das seguradoras, de indemnizações aos trabalhadores lesados. “O projecto de lei da revisão do actual Regime da Reparação por Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais entrou em processo legislativo e o texto encontra-se, actualmente, em

fase final de aperfeiçoamento. Através desta revisão permite-se, por um lado, o reforço da garantia dos direitos dos trabalhadores, nos casos de acidente de trabalhos e doenças profissionais e, por outro, uma melhor clarificação do regime”, explicou Teng, em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei.

Agora, o diploma revisto pode, então, chegar até ao final do ano à AL.

Page 4: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

HOJE

MAC

AU

HOJE

MAC

AU

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau segunda-feira 4.8.2014

LEONOR SÁ [email protected]

J ASON Chao pretende mesmo seguir em frente com o novo pedido ao Instituto para os Assuntos

Cívicos e Municipais (IACM) para ocupação de espaços pú-blicos, desta feita para a orga-nização de reuniões. De acordo com declarações do presidente da Associação Novo Macau ontem, ao HM, o pedido deverá mesmo ser entregue hoje ao IACM e Chao até já tem um plano de apoio, caso o organismo recuse o pedido: voltar à barra dos tribu-nais para interpor novo recurso, desta vez requerendo espaços para a organização de reuniões ou assembleias, ajuntamentos que se encontram, à luz do acórdão da semana passada, sob poder de decisão do Tribunal de Última Instância.

A União dos Estudio-sos de Macau (UEM) realizou no passado

sábado um seminário onde participaram mais de dez académicos não só de Macau mas também do interior da China e de Taiwan. Segundo o jornal Ou Mun, o semi-nário, que versava sobre “a avaliação do desempenho na Função Pública e melhoria da qualidade dos serviços públicos” acabou por ori-ginar algumas críticas ao actual funcionamento da Administração de Macau.

Ji Chao Yuan, profes-sor do Centro de Estudos sobre a política “um país, dois sistemas”, do Instituto Politécnico de Macau (IPM) referiu que, em relação ao sistema político da RAEM, é necessário diminuir o poder do Executivo dentro da As-sembleia Legislativa (AL).

“A Lei Básica dá amplos poderes ao Governo e ao Chefe do Executivo, mas

O deputado José Pe-reira Coutinho, através da Asso-

ciação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), que preside, entre-ga hoje uma petição junto da sede de candidatura de Chui Sai On. Ao HM, Pereira Coutinho garantiu que a petição pretende solicitar o fim do monopólio dos as-suntos funerários, que está nas mãos da Associação de Beneficência do hospital Kiang Wu.

“As Pequenas e Mé-

Ella Lei apela a melhor eficácia depois de aumento do pessoalDepois da entrada de 1106 pessoas na administração pública, no ano passado, e de um aumento anual 5% no número de funcionários públicos, a deputada Ella Lei considera que o Governo tem obrigação de melhorar o funcionamento. Ella Lei acredita que a população só aceita o aumento dos funcionários públicos na premissa de que estes recursos humanos sejam utilizados correctamente e com a condição de que, depois do aumento, seja melhorada a eficácia da Administração e a cooperação entre os departamentos. A deputada diz não considerar excessivo o número de funcionários, que já atingiu as 30 mil pessoas, e diz que o aumento respondem realmente à necessidade da sociedade, mas critica o facto de alguns departamentos recrutarem constantemente mão-de-obra por causa do mau andamento dos processos e da ineficiência, algo que, diz a deputada ao jornal Ou Mun, os residentes não podem aceitar. - F.F.

REFERENDO PEDIDO PARA OCUPAÇÃO DE LOCAIS PÚBLICOS ENTREGUE HOJE

Trabalhos dobrados

GOVERNO ACADÉMICO PEDE SUPERVISÃO DO HEMICICLO

Por um sistema mais justoATFPM PETIÇÃO CONTRA MONOPÓLIO FUNERÁRIO

A morte fica-vos tão bem

Sobre as actividades de cam-panha do ‘referendo civil’, que estavam pensadas para começar na passada sexta-feira mas tive-ram que ser adiadas para sábado, Jason Chao assegurou que já foram distribuídos cerca de 500 panfletos num só dia, uma vez que ontem foi reservado para a organização de reuniões do comité de organização da iniciativa sobre a eleição do Chefe do Executivo.

“O dia correu bem e conse-guimos distribuir cerca de 500 panfletos. A polícia apareceu lá [na Rua do Campo] e fez-nos algumas perguntas, mas não houve inci-dentes. Estiveram ali o dia todo de olho em nós, mas também era a única coisa que podiam fazer”, disse Chao.

Ao HM, o activista disse ainda que as actividades deverão ser retomadas amanhã de manhã, na praça do Leal Senado. Para já, não é possível obter uma esti-

mativa de quantos panfletos serão impressos para distribuição, porque são vários os pormenores que podem obrigar à alteração dos planos do comité, incluindo a eventual obrigatoriedade de reescrever os documentos in-formativos, caso seja necessário alterar a localização dos eventos, por exemplo. “Tudo depende de vários factores. As condições meteorológicas podem afectar a campanha. Se estiver a chover muito, por exemplo, somos ca-pazes de ter que mudar de local por causa dos computadores que levamos”, explicou ao HM. De acordo com o activista, ainda não há certezas sobre os locais exac-tos a ocupar esta semana, mas os planos apontam para a existência de mesas de voto no bairro Iao Hon, Avenida Horta e Costa e Alameda Carlos D’Assumpção, na expectativa de chegar ao maior número de pessoas possível.

dias Empresas (PME) que operam neste negócio têm tido muitas dificuldades, porque cada vez mais a associação, para além de gerir o espaço destinado às celebrações fúnebres, também negoceia activi-dades relacionadas com os funerais, vendendo caixões e outros serviços. Portanto é uma concorrên-cia desleal. Cada vez mais até proíbem determinados caixões porque acham que são feios, e utilizam todo o tipo de argumentos para

os pôr fora”, explicou o presidente da ATFPM.

José Pereira Coutinho vai também exigir a cons-trução, já prometida por parte do Instituto para os Assuntos Cívicos e Mu-nicipais (IACM), de um espaço de cremação de corpos nas ilhas, pedindo o fim do transporte de corpos para a vizinha Zhuhai, algo que “sai caro”. A situação no sector das funerárias foi tornada pública em 2012, quando vários pequenos proprietários se queixa-ram de situação iminente

de falência, por não conseguirem fazer negócio. Chegou a

ser ponderada a rea-lização de uma mani-

festação, o que acabou por acontecer. Para já,

Pereira Coutinho preten-de esperar resultados da entrega de petição antes de avançar para outras medidas. - A.S.S.

a AL, sendo um organismo importante de supervi-são, tem sete deputados nomeados pelo Chefe do Executivo, 12 membros eleitos de forma indirecta e 14 membros directos. Os membros directos não ocupam metade do conjun-to de todos os deputados, e podemos ver como é a capacidade de supervisão

da AL em relação ao Gover-no”, defendeu. “A RAEM deve resolver o problema da justiça no sistema político”, disse ainda o professor do centro de estudos do IPM. “Em primeiro lugar deve garantir a separação de poderes e, com o apoio do Governo Central, aumentar a qualidade dos serviços públicos. Em terceiro lugar, deve dar formação base à sociedade, e fazer com que toda a sociedade assuma a responsabilidade de manter a estabilidade em Macau”, rematou Ji Chao Yuan.

Yang Yunzhong, tam-bém docente do centro de estudos do IPM, apontou que “é essencial que os funcionários públicos te-nham coragem, vontade e capacidade de trabalhar”. Portanto, diz, “é necessário que o Governo valorize a criação de um sistema de avaliação do desempenho”, referiu.

As actividades de campanha do ‘referendo civil’ já estão em marcha e o presidente da Associação Novo Macau volta à carga, agora na luta por espaços públicos para reuniões, e promete regressar aos tribunais se o pedido for recusado

“O dia correu bem e conseguimos distribuir cerca de 500 panfletos. A polícia apareceu lá, mas não houve incidentes. (...) Estiveram ali o dia todo de olho em nós”JASON CHAO

4 política

Page 5: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau segunda-feira 4.8.2014 5SOCIEDADE

H Á já bastante tempo que a Sociedade de Abastecimen-to de Águas de

Macau (SAAM) pedia um aumento da taxa de serviço ao Executivo na ordem dos 16,1%. Contudo, o Executi-vo decidiu conceder apenas um aumento de 5,59%, de acordo com um comunicado onde é anunciado o aumento destas tarifas.

M ACAU serviu de local para uma das provas do ‘Ama-

zing Race Canada’ e o problema dos táxis chegou à imprensa estrangeira. Can-didatos do programa – que leva pessoas a diferentes locais do mundo para fazer provas - chegaram a Macau e viram-se a braços com o pro-blema da falta de táxis ou da cobrança excessiva de tarifas e isso mesmo foi realçado na imprensa canadiana, a par das provas que os concorrentes foram obrigados a fazer.

O Secretário para a Economia e Finan-ças, Francis Tam,

defendeu na sexta-feira que a queda nas receitas do jogo “é normal”. Tal como no mês de Junho, as receitas mensais do jogo voltaram a cair no mês passado. A receita bruta ultrapassou os 28 mil milhões de patacas, mas reflectiu-se numa queda de 3,6% comparativamente ao mês homólogo do ano passado.

Francis Tam afirmou que esta queda era já prevista pelo Executivo e

61 escolas a funcionar no dia 1 de SetembroSegundo a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude(DSEJ), no ano lectivo de 2014/2015, 61 escolas começam as aulas no dia 1 de Setembro, ou seja, 79% de todas as escolas de Macau. Outras dez, começam as aulas no dia 2. A DSEJ prevê que, no primeiro dia do começo das aulas, o trânsito rodoviário seja muito movimentado e apela às escolas para fazer horários adequados para os diferentes anos, bem como para terem atenção aos alunos que precisam de passar a fronteira para a escola.

A pressão há muito que existia e o Governo decidiu finalmente aumentar a taxa da água, mas a subida fica longe dos 16,1% pedidos pela SAAM

MACAO WATER GOVERNO DÁ AUTORIZAÇÃO DE AUMENTO DE TAXAS DE SERVIÇO EM 5,59%

Tanto bate até que fura

“O Governo decidiu baixar o respectivo aumento para 5,59%. Isto significa que a taxa passará de 4,65 patacas/m3 para 4,91 patacas/m3”COMUNICADO DA SAAM

PROGRAMA CANADIANO ENFRENTA PROBLEMAS DE TÁXIS

A moda que pegaJOGO QUEDA DE RECEITAS É “NORMAL”, DIZ FRANCIS TAM

Mais uma descida

No final no mês de Julho, o HM dava conta que uma ordem oficial do Chefe do Executivo dava autorização a Lau Si Io, Secretário para as Obras Públicas e Transportes, para assinar uma adição ao contrato da SAAM, que dura até 2024. Na altura, o HM tentou perceber se esta adição

se referia ao aumento das taxas de serviço, mas o Governo não respondeu, alegando “não ser oportuno” revelar o conteúdo desta adição. Ao jornal Business Daily, con-tudo, uma fonte da Direcção dos Serviços para os Assuntos e da Água (DSAMA), dava conta que esta autorização era

precisamente para permitir o aumento das taxas, algo que o organismo, contudo, voltou a negar quando contactado novamente pelo HM. Agora, é oficial.

“O Governo da RAEM ponderou vários factores, no-meadamente, a qualidade de serviço do abastecimento de

água prestado pela SAAM, o grau de colaboração na polí-tica de recursos hídricos do Governo e a implementação de contrato e taxa de fugas nas redes de distribuição. Após uma avaliação comple-ta, o Governo decidiu baixar o respectivo aumento para 5,59%. Isto significa que a

taxa passará de 4,65 patacas/m3 para 4,91 patacas/m3. O aumento é similar ao au-mento do índice de preços no consumidor de 2013”, pode ler-se no comunicado, onde se confirma que o Executivo e a empresa vão assinar um documento adicional ao ac-tual contrato de concessão, “respeitante ao ajustamento da taxa de serviço”.

Ainda não foi apresentada uma data concreta para a en-trada em vigor desta medida. O Governo garante, contudo, que “as facturas de água ca-nalizada não serão afectadas com este ajustamento da taxa de serviço”, uma vez que este é um pagamento feito pelo Executivo. - H.M.

Uma das equipas não conseguiu apanhar táxi, sendo que diversos taxis-tas – conforme o HM pôde constatar nas filmagens – não pararam para apanhar os concorrentes, ainda que tivessem a luz ligada. Esta equipa desistiu mesmo de tentar apanhar um táxi e cor-reu desde a Barra até à Torre de Macau, onde tinham de fazer a prova. “Nem um táxi”, comentava um dos concorrentes.

No mesmo local, outra das equipas teve mais sorte

e parecia conhecer bem os costumes locais: os dois concorrentes conseguiram que o taxista os levasse porque ofereceram pagar-lhe mais do que o preço devido. “Por favor, damos-lhe muito dinheiro, muito dinheiro. Pa-gamos o dobro”, pode ver-se nas gravações. Sucesso.

Já uma outra equipa, se-gundo a imprensa canadiana, não conseguiu esperar na fila de táxis para conseguir um transporte – um dos princí-pios do programa é chegar primeiro – devido ao tamanho da fila. “Depois de chegarem a Macau, Natalie e Meaghan [concorrentes] quebraram a mais sagrada regra dos há-bitos canadianos: cortaram a fila de táxis”, começa por dizer o site Maclean’s. “Ima-ginem uma fila tão grande [para apanhar táxi], como se o Justin Bieber tivesse entrado numa Forever 21 num sába-do.” - H.M.

pelas operadoras de jogo, não existindo, portanto, factor surpresa. “Preve-mos que o aumento anual será de um dígito, uma situação normal. Desde a liberalização do jogo que o desenvolvimento no iní-cio foi rápido, mas depois é normal que entre numa fase relativamente estável. As concessionárias de jogo têm muita experiência e entendem que o desenvol-vimento de cada sector tem fases de desenvolvimento rápido e estável”, defendeu aos jornalistas.

Francis Tam fez ainda questão de frisar que, se se comparar o período entre Janeiro e Julho, continua a registar-se um aumento de 10% face ao mesmo perío-do do ano anterior. - H.M.

Page 6: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

GONÇ

ALO

LOBO

PIN

HEIR

O

6 sociedade hoje macau segunda-feira 4.8.2014

O economista Albano Martins defende que o Governo de Macau deve “im-

por-se” no mercado da habitação se quiser manter alguma quali-dade de vida da sua população e garantir o desenvolvimento da cidade com os técnicos neces-sários à região.

Em declarações à agência Lusa, Albano Martins comenta-va os últimos dados das transac-ções de imóveis que dão conta de uma quebra no número de vendas, fruto, disse, do contínuo aumento do preço do metro quadrado que “limita o acesso a habitação condigna” de grande parte da população local.

Albano Martins recorda que o Executivo “está forte-mente limitado” na sua política monetária devido à indexação indirecta da pataca, a moeda oficial de Macau, ao dólar norte--americano.

“As taxas de juro em Macau acompanham as taxas norte-ame-ricanas. Como estas são baixas porque a economia americana está a recuperar lentamente, as taxas de juros em Macau são também baixas e o dinheiro é, assim, muito barato”, assinalou.

Com dinheiro barato numa economia que cresce a dois dígitos o resultado é o “sobrea-quecimento” visível em Macau, por exemplo, “através do imobi-liário em que os preços disparam porque o acesso ao crédito é fácil e sem grandes encargos”.

Governo reforça controlo ao Ébola nas fronteiras Desde a passada quinta-feira que os Serviços de Saúde (SS) começaram a implementar medidas de prevenção ao vírus do Ébola nas fronteiras. Todos os indivíduos com passaporte da Guiné, Libéria ou Serra Leoa que pretendam entrar em Macau serão sujeitos a um “processo de controle do estado de saúde” nas fronteiras por parte de médicos e enfermeiros. Num comunicado, os SS frisam que “em caso de detecção de qualquer sintoma relacionado com infecção pelo vírus Ébola esse cidadão será conduzido de forma sanitária cuidadosa para o serviço de urgência do Centro Hospitalar Conde de São Januário”, onde, segundo os SS, existem 30 camas disponíveis numa ala de isolamento disponível para este tipo de casos. Entretanto, em conjunto com a CTM, os SS afirmam ter disponível um serviço de mensagens telefónicas a avisar sobre os cuidados a ter caso os utilizadores queiram visitar um destes três países onde se registam casos de infecção por Ébola. Até ao momento, não existem quaisquer registos de infectados em Macau.

Associação Internacional de Lusitanistas com congresso em Macau O XII congresso da Associação Internacional de Lusitanistas (AIL) será realizado em Macau em 2017. A garantia foi dada pela própria associação num comunicado enviado às redacções. “No decurso da Assembleia-Geral realizada durante o congresso [em Cabo Verde], foi aprovada a unanimidade a candidatura do Instituto Politécnico de Macau (IPM) à organização do XII Congresso, em 2017”, pode ler-se. “A candidatura foi apresentada pelo coordenador do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do IPM, Carlos Ascenso André, em nome do Instituto, e acolhida com grande satisfação pelos associados presentes. Por esse motivo, Carlos André passará a integrar a Direcção Executiva da AIL no triénio que agora começa”, explica ainda a AIL. Esta entidade reúne várias centenas de professores e investigadores universitários de todo o mundo que realizam trabalhos sobre a língua portuguesa e o mundo lusófono. Esta será a primeira vez que um congresso da AIL se realiza na Ásia.

O estudo de impacto ambiental da quar-

ta ligação Macau- Taipa e do túnel que vai ligar as zonas A e B dos novos aterros estará concluído até ao final do ano, ga-rantiu o Chefe de Depar-tamento de Planeamento Urbanístico das Obras Públicas, Lao Ieong.

“Se calhar no final do ano vão ver o resul-

tado”, disse Lao quando questionado sobre o planeamento dos novos aterros.

São as empresas South China Sea Ma-rine Engineering and Environment Institute e a China Offshore En-vironmental Services Ltd., Tianjin que vão desenvolver estudos de avaliação de impacto no

ambiente marinho da quarta ligação rodoviá-ria marítima Macau-Tai-pa e do túnel submarino entre as Zonas de Aterro “A” e “B”, tal como in-formou o Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) na semana passada.

Segundo o GDI, os estudos foram en-comendados este mês

às duas entidades, que irão publicar o primeiro édito sobre a avaliação de impacto ambiental em jornais de Zhuhai e no site de “Fãs da Ava-liação de Impacto Am-biental” da China, cujos respectivos conteúdos serão simultaneamente inseridos no website do GDI, para referência dos cidadãos. - HM

HABITAÇÃO GOVERNO DEVE IMPOR-SE NO MERCADO, DEFENDE ALBANO MARTINS

Atacar em várias frentes“O Governo tem de actuar e fazer sentir no especulador que vale mais arrendar mais barato e pagar menos impostos do que arrendar a preços elevados que acabam por ser fortemente taxados”ALBANO MARTINS Economista

4.256fracções habitacionais

transaccionadas entre Janeiro

e Junho

“Por outro lado, a indexa-ção permite ao investidor do exterior colocar dinheiro com segurança em Macau sem perda de valor devido à manutenção do câmbio, facilitando o enor-me volume de investimento do exterior porque o mercado imobiliário permite retornos muito grandes”, acrescentou.

Condicionado que está, o

Governo tem, no entender de Albano Martins, de avançar em duas frentes: mercado de arren-damento e mercado tradicional de venda.

Por um lado, no que se refere às vendas, o Governo “deve manter e prolongar as limitações ao crédito que decretou e as penalizações à venda de casas num curto espaço de tempo após a compra”.

Depois, disse, “devem ser fortemente taxadas as casas que estão vazias, um dos principais si-nais de especulação imobiliária”.

Ainda no campo fiscal, Alba-no Martins defendeu a abolição da contribuição predial para quem vive em casa própria ao mesmo tempo que se aumentam

os impostos sobre o mercado de arrendamento a preços especu-lativos.

“O Governo tem de actuar e fa-zer sentir no especulador que vale mais arrendar mais barato e pagar menos impostos do que arrendar a preços elevados que acabam por ser fortemente taxados e, por isso, prejudiciais a quem arrenda casa para viver”, considerou.

Os números, contabilizados a partir das declarações para liquidação do imposto de selo nas Finanças locais, dão conta de 4256 fracções habitacionais transaccionadas entre Janeiro e Junho, menos 39,9% do que no mesmo período de 2013, mas os preços subiram 20,6% para 101.466 patacas por metro qua-drado. - Lusa

Túnel Macau–Taipa Estudo pronto até final do ano

Page 7: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

PUB

AQUI HÁ LIXO

7 sociedadehoje macau segunda-feira 4.8.2014

Direcção dos Serviços de Identificação

AVISOAssunto: Alteração do estado civil e dos dados de contacto

Nos termos da lei, por mudança do estado civil, os residentes de Macau devem actualizar essa informação na DSI no prazo de 60 dias.

Para além disso, deve ser procedida a actualização dos dados de contacto (ex: morada, telefone, etc), sempre que se verifique a alteração dessas informações.

Para pormenores, queira visitar o site da DSI: www.dsi.gov.mo ou ligar para a linha de informação: 28370777.

O Conselho Consultivo do Trânsito, da Di-recção de Serviços para os Assuntos de

Tráfego (DSAT), e a deputada Ella Lei apontaram falhas ao actual modelo de transportes públicos no território, em vigor desde 2011.

Kou Kun Pang, membro do Conselho Consultivo do Trânsi-to, disse que há falta de recursos humanos e as estradas devem ser melhoradas, a fim de elevar a

O Governo decidiu ad-judicar o estudo que vai ajudar a definir

políticas sustentáveis para a indústria das convenções e exposições de forma directa. A decisão surge depois da realização da primeira reu-nião plenária da Comissão para o Desenvolvimento de Convenções e Exposições e é justificada pelo facto de “ne-nhum candidato” ao concurso público para este estudo – lan-çado em 2013 -, “preencher os requisitos previstos”.

O Gabinete para as Infra--estruturas de Trans-

portes (GIT) avançou em comunicado que as obras da estação de Pai Kok do metro ligeiro, no segmento do Centro da Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança, na Taipa, vão começar hoje.

O mesmo organismo garante que “com o arranque da construção das estações, será gradualmente desen-volvida, dentro do corrente ano, a construção de várias

estações ao longo da linha da Taipa”, pode ler-se. “Antes de construir a primeira esta-ção do segmento do centro, o GIT coordenou activamente com os diversos serviços, melhorando a programação da execução da obra e a pro-posta do trânsito, no sentido de evitar impacto causado ao trânsito da via principal”, ga-rante o organismo, que frisa ainda que será “facilitada a deslocação dos cidadãos e turistas para Vila da Taipa, instalações turísticas e de lazer, bem como escolas e hospitais na sua envolven-te, o que pode satisfazer as necessidades de deslocação dos cidadãos e turistas”.

Na esquina da Rua de

Londres com a Alameda

Carlos Assumpção, restos

de mobiliário de um dos

bares da zona foram

colocados no meio da rua,

supostamente na sequência

de obras de remodelação

do espaço. O alerta foi

dado por um leitor ao HM,

que garante ainda que o

lixo se mantém no local há

mais de dez dias. Por ser

domingo, não foi possível

ao HM questionar o IACM

sobre o sucedido.

MICE ESTUDO PARA DEFINIR POLÍTICAS SUSTENTÁVEIS ADJUDICADO ESTE ANO

A pensar no futuro de todos

AUTOCARROS FALTAM RECURSOS HUMANOS, DIZ CONSELHO DO TRÂNSITO

Distribuição e bom senso

“Temos que esperar muito tempo pelo autocarro. Às vezes os autocarros estão cheios e nem param nalgumas paragens”RESIDENTE

De acordo com o Execu-tivo, além de abranger temas relacionados com a indústria de convenções e exposições, este estudo deve também apresentar sugestões para as políticas e medidas de curto, médio e longo prazo para a indústria MICE. “Por isso, a Comissão considera esse estudo de carácter necessário e urgente, e, por conseguinte, aprovou [a contratação] de um eventual fornecedor do serviço”, pode ler-se num comunicado da Comissão.

Após a reunião, o Direc-tor dos Serviços de Econo-mia, Sou Tim Peng, informou que a Comissão quer adjudi-car o estudo até ao final do ano. Sou Tim Peng explicou à imprensa que o estudo pro-posto vai permitir “analisar e estudar quais as medidas políticas que o Governo poderá tomar no futuro para sustentar o desenvolvimento a longo prazo”.

Ainda na mesmo reunião, e pensando em 2015, a Co-missão aprovou também um

Plano de Apoio Financeiro às empresas para formação de talentos na indústria. Decisão que, segundo o responsável, irá “elevar a qualidade e o nível de profissionalismo” do quadro das empresas. Me-didas de incentivo e cursos específicos são algumas das propostas, ainda que antes, vá fazer-se uma consulta pública.

Sou Tim Peng esclareceu ainda que, relativamente ao Plano de Incentivo à Indústria de Convenções e Exposições, foram distribuídas 14 mi-lhões de patacas para quatro projectos de uma lista de 13 candidatos. - HM

Taipa Construção de estação do metro arranca hoje

qualidade do serviços oferecido pelos autocarros. “Macau não tem recursos humanos suficientes no mercado. É difícil atingir a neces-sidade crescente de condutores. Há uma grande diferença na qualidade

dos motoristas”, explicou Kou à TDM. O responsável disse ainda que o número de rotas de autocar-ros aumentou cerca de 40%, mas que a falta de acessos não permite o escoamento adequado do trânsito.

“Mais autocarros estão a circular e o resultado é congestionamento”, adiantou.

Também alguns residentes se mostraram descontentes com o serviço oferecido pelas três operadoras em funcionamento, apontando a escassez de auto-carros, a velocidade excessiva e o tempo de espera como três das maiores falhas. “Temos que espe-rar muito tempo pelo autocarro. Às vezes os autocarros estão cheios e

nem param nalgumas paragens”, lamentou um dos residentes, em entrevista à TDM.

Já Ella Lei pede uma melhor gestão das rotas de autocarros de forma a incentivar mais residen-tes a deslocarem-se neste tipo de transporte público, em detrimento do automóvel privado.

O descontentamento é geral e as lacunas continuam a ser muitas. Da falta de condutores de qualidade, ao tempo de espera e à escassez de veículos, as queixas acumulam-se

NOVA CARREIRA EXPRESSO DA ILHA DA MONTANHA De acordo com notícia avançada pela TDM, é já este mês que entra em funcionamento uma nova carreira de autocarro expresso da Ilha da Montanha até à Praça Ferreira Amaral, em Macau. A nova rota junta-se às já existentes travessias dos autocarros 37U e MT3U, com destino a outras zonas de Macau.

Page 8: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

8 hoje macau segunda-feira 4.8.2014CHINA

Produção industrial aumentou em Julho Jiangsu 71 mortos em explosão numa fábrica

A imprensa chinesa in-formou ontem que 96 pessoas morreram, in-cluindo 59 alegados

terroristas, e 13 ficaram feridas, no ataque perpetrado na segunda--feira passada em Xinjiang, região onde está concentrada a minoria muçulmana uigur.

Na terça-feira passada, um dia depois do ataque realizado com recurso a facas, as autoridades chinesas reportaram “dezenas de mortos e feridos”, sem precisarem o número de vítimas.

Entretanto, no sábado, as au-toridades confirmaram à agência Xinhua que durante o ataque a polícia matou a tiro 59 alegados terroristas e deteve outros 215, enquanto 13 civis morreram e outros 13 ficaram feridos.

Entre os civis mortos, 35 eram de etnia han (maioritária na China) e dois de etnia uigur, que professa a religião muçulmana. Pequim não deu mais detalhes sobre a identida-de dos alegados terroristas, apesar de outras fontes os identificarem como uigures.

Por sua vez, representantes do Congresso Mundial Uigur disseram à EFE que o número de uigures mortos pode ultrapassar a centena e que os dados das autori-dades chinesas não correspondem à realidade.

Um grupo de homens “armados com facas” atacou na segunda-feira de manhã uma esquadra da polícia e prédios públicos na região de Shache, referiu a agência oficial chinesa, citando a polícia local.

A China tem experimentado, nos últimos meses, uma série de ataques sangrentos em sítios públicos, em

A produção industrial da China cresceu em

Julho, registando a maior aceleração em cerca de dois anos, demonstram dados oficiais revelados na sexta-feira.

De acordo com os in-dicadores preliminares da actividade industrial chine-sa, o Purchasing Managers Index (PMI) atingiu em Julho 51,7%, acima dos 51% registados em Junho, um valor que é apontado como a melhor marca desde Abril de 2012.

Este índice mensal é estabelecido com base nos dados fornecidos pelos gestores de mais de 800 companhias de 20 indús-trias diferentes. Quando está abaixo dos 50%, o PMI sugere uma contracção da produção.

A China é a segunda maior economia do mundo, a seguir aos Estados Unidos e atingiu um crescimento económico de 7,5% no se-gundo trimestre deste ano, acima dos 7,4% registados no primeiro trimestre.

As autoridades chi-nesas têm, desde Abril, introduzido uma série de medidas para impulsionar o crescimento económico, incluindo incentivos fiscais para as pequenas empresas, despesas em infra-estrutura específicas, e incentivos para encorajar os emprésti-mos em áreas rurais e para as pequenas empresas.

Em Março, a China fixou em 7,5% a meta de crescimento para este ano, o mesmo valor do ano passado.

O número de mortos na explosão ocorrida numa

fábrica de metais no leste da China, no sábado, subiu para 71, enquanto 186 pessoas ficaram feridas, segundo o último balanço realizado ontem pelo governo local.

O acidente deu-se duran-te a madrugada de sábado numa fábrica, especializada em peças de automóveis e fornecedora de empresas como a General Motors, na cidade de Kunshan, na província de Jiangsu.

O incidente aconteceu

quando 200 pessoas traba-lhavam na fábrica e, segundo as primeiras investigações, pode tratar-se de negligên-cia ao acender uma chama numa sala com pó altamente inflamável.

A polícia já deteve cinco altos executivos da empresa metalúrgica Kunshan Zhon-grong Metal Products, que tem capitais de Taiwan e que, segundo a sua página na In-ternet, tem 450 trabalhadores e fornece produtos para com-panhias norte-americanas.

O Presidente chinês,

Xi Jinping, pediu ontem a realização de uma investi-gação exaustiva do acidente e reclamou uma dura con-denação aos responsáveis, enquanto o primeiro-mi-nistro, Li Keqiang, ordenou controlos de segurança nas empresas para evitar que este tipo de acidente volte a ocorrer.

Quarenta corpos foram encontrados carbonizados no interior da fábrica e mui-tas pessoas morreram nos hospitais para onde foram levados.

MORTO IMÃ DA MAIOR MESQUITADA CHINAO imã da maior mesquita da China, situada na conflituosa região noroeste de Xinjiang, foi assassinado por três homens, dois dos quais foram mortos a tiro pela polícia e o terceiro, capturado, indicou na quinta-feira a agência oficial chinesa Xinhua. Jume Tahir, de cerca de 70 anos e conhecido pelas suas afinidades com a linha oficial do regime e por criticar a crescente violência dos grupos separatistas e jihadistas que actuam em Xinjiang, era o líder religioso da mesquita de Id Kah, na cidade de Kashgar, principal centro histórico e cultural da etnia uigure. O clérigo foi encontrado na quarta-feira, “num mar de sangue”, nas proximidades da mesquita, segundo testemunhas que descreveram que este foi “selvaticamente morto”. O crime ocorreu na mesma semana dos ataques alegadamente terroristas.

O número de vitimas, entre civis e atacantes, do atentado da semana passada não párade subir

XINJIANG 96 MORTOS EM ATAQUE “TERRORISTA”

Sangue por sangueXinjiang e outros locais, atribuídos pelas autoridades aos uigures islâmi-cos. Um atentado suicida, cometido em Maio, no mercado de Urumqi, capital de Xinjiang, fez 43 mortos - incluindo quatro agressores - e uma centena de feridos.

Em reacção, Pequim anun-ciou uma vasta campanha de luta antiterrorista, que se traduz em dezenas de prisões, condenações massivas, exibições públicas dos “terroristas” e execuções após julgamentos sumários.

Xinjiang tem nove milhões de uigures - muçulmanos de língua turca -, sendo uma parte de radi-cais que, segundo as autoridades chinesas, vem realizando ataques mortais nos últimos meses.

Os grupos de direitos humanos acreditam que a política repressiva da China contra a cultura e religião dos uigures alimenta as tensões e violência na região. Muitos uigures, hostis ao domínio chinês da região, dizem-se vítimas de discriminação e de exclusão de investimentos em Xinjiang.

Page 9: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

LUSA

9 chinahoje macau segunda-feira 4.8.2014

A OS 22 anos, Lu Ming Shung, ou Inês Lu, prepara-se para

viajar para Portugal, para a Universidade do Minho, onde vai continuar os estudos em português com um mestrado em língua e cultura para um dia ser professora.

Natural da província chi-nesa de Ninxia, junto à Mon-gólia Interior, Inês Lu concluiu este ano a licenciatura em estudos portugueses na Uni-versidade de Estudos Interna-cionais de Xian e aposta agora “no mestrado em Portugal” sem saber muito bem o que vai fazer no futuro.

“Se encontrasse um bom emprego em Portugal gostava de ficar lá porque teria mais oportunidade de desenvolver o português”, disse não es-condendo, contudo, a vontade de “fazer o doutoramento na Universidade de Macau”.

Nas perspectivas de fu-turo, Inês Lu, que está em Macau pela segunda vez a participar no curso de verão de português organizado pela Universidade de Macau, está a “aproximação entre os povos da China e de Portugal”.

“Também posso ficar em Portugal a ensinar chinês”, disse ao manifestar o desejo de fixar residência na Europa, um espaço que, contou, o pai lhe disse “ser muito agradável para viver”.

A escolha do português como curso surgiu depois do exame nacional a que os fina-listas do secundário na China estão sujeitos: “A prova não é fácil e o meu resultado indicou-me o curso de língua e cultura portuguesas e não estou arrependida”.

A vontade de ensinar a

U M músico foi conde-nado a 15 anos de pri-são na Tailândia por

declarações consideradas como insultos à monarquia, num país dotado de uma das leis de lesa-majestade mais severa do mundo, informou na sexta-feira fonte judiciária.

Um tribunal da provín-cia de Ubon Ratchathani considerou o cidadão tai-landês de 28 anos culpado de ter publicado várias mensagens insultuosas no Facebook em 2010 e 2011, adiantou à AFP um respon-sável do tribunal.

A sentença foi de 30 anos de prisão, mas a pena foi reduzida para metade porque o condenado re-conheceu as acusações, acrescentou a mesma fonte.

A polícia de Osaka admitiu ter es-condido mais de 81 mil crimes durante vários anos numa tentativa

de limpar a reputação de crime desta região japonesa.

A revelação ocorreu na semana pas-sada, quando autoridades disseram que

REGIÃO

TAILÂNDIA INSULTOS À MONARQUIA LEVAM A CONDENAÇÃO

Mais de uma década atrás das grades

300detidos por crime

de lesa-majestade

O rei tailandês, Bhu-mibol Adulyadej, de 86 anos, tem, com alguns de seus súbditos, o estatuto de quase-deus. E apesar de a família real não ter nenhum papel político oficial, é protegida pelas leis mais rígidas do mundo, que prevê penas de 15 anos de prisão por acusação. Qualquer pessoa pode apresentar uma queixa e os polícias são obrigados a investigar.

Em 2005, Bhumibol Adulyadej garantiu não

estar acima da crítica, mas as denúncias de crimes de lesa-majestade dispararam nos últimos anos, no meio de uma profunda divisão política no país.

Centenas de pessoas foram processadas pelo cri-me de lesa-majestade nos últimos anos, na Tailândia, quando na década de 1990 se registaram denúncias de uma dezena de casos, de acordo com o grupo de consciencialização do arti-go 112, que faz campanha contra esta lei do código penal tailandês.

O fórum dos presos po-líticos na Tailândia afirmou que perto de 300 pessoas estão detidas por “difamar, ofender ou ameaçar o rei, rainha, ou herdeiro do trono”.

JAPÃO POLÍCIA DE OSAKA ESCONDEU 81 MIL CRIMES

Limpeza aparente

A aluna de estudos portugueses está de partidapara Braga onde pretende conseguir um mestradona Universidade minhota

JOVEM VIAJA PARA SER PROFESSORA DE PORTUGUÊS

Da Mongólia para o Minho

língua de Camões levou Inês Lu a abrir, no Taobo, o mais popular sítio na Internet para compras na China, uma pá-gina para ensinar português e, garantiu, “já teve cinco alunos”.

“Cada aula de uma hora no ‘Yu wu jiang jie’”, o sítio que criou e que na tradução quer dizer ‘a língua não tem fronteiras’, custa 80 yuan, dis-se ao explicar que à sua ideia juntaram-se outros colegas para ensinar francês, espanhol e italiano.

INQUIETAÇÃOApesar da vontade de ficar em Portugal, Inês Lu está “inquieta” com o que vai encontrar em Braga e assu-me por momentos o papel de entrevistadora: “Haverá ar condicionado?”, questiona; “Como acha que me vou ambientar em Portugal. Não será difícil?”, acrescenta.

Sem grandes respostas às questões colocadas, a jovem estudante só não teme uma coisa: “o frio do norte de Portugal não será problema, porque na minha terra também faz muito frio e cai neve”.

Enquanto não faz as malas e segue para Lisboa também

curiosa para perceber a ra-zão de existir uma grande comunidade chinesa no país, Inês Lu vai “aperfeiçoando o português” em Macau onde, garantiu, “existem bons pro-

fessores que ajudam os alunos a melhorar o nível de língua”.

“A Universidade de Ma-cau tem excelentes profes-sores e estes cursos de verão permitem um grande desen-volvimento do conhecimento da língua porque muitas vezes, e falo de mim, não temos nos nossos países grandes opor-tunidades de desenvolver os conhecimentos da língua e da cultura”, concluiu ao salientar ainda que além da língua, em Macau, os participantes do curso verão ainda se dedicam a outras actividades como a música e a dança.

“Aprendemos a cultura portuguesa e é através deste conhecimento que vamos conhecendo cada vez melhor os portugueses. Espero con-tribuir para que portugueses e chineses se conheçam ainda melhor”, afirmou.

Cerca de 370 jovens estudantes de português na Ásia estão na Universidade de Macau a desenvolver as suas competências linguís-ticas com a maioria dos estudantes - cerca de 220 - oriundos de universidades da China continental, mas também com jovens vindos da Tailândia, Vietname,

Coreia do Sul, Hong Kong e Filipinas, além dos estudan-tes de Macau, o curso está dividido em quatro níveis: iniciação, básico, intermé-dio e avançado. - Lusa

“Espero contribuir paraque portugueses e chineses se conheçam ainda melhor”LU MING SHUNG

tinham mantido à margem das estatísticas nacionais dados sobre criminalidade no período entre 2008 e 2012.

A ocultação de dados, correspondente a quase 10% de todos os crimes na área durante aquele período, fez com que Tó-quio tivesse o pior índice de criminalidade a nível nacional.

A maioria dos crimes ocultados foram relativos a roubos – incluindo dezenas de milhares de roubos de veículos e bicicle-tas – mas centenas de crimes mais graves, como assaltos e até homicídio, podem ter sido omitidos das bases de dados nacionais, informou o jornal Asahi.

As autoridades negaram ter dado or-dens aos subalternos para esconderem a informação e cerca de cem funcionários foram repreendidos pela acção.

Contudo, quadros médios da polícia disseram a alguns órgãos de comunicação social que as autoridades estavam sob pressão por parte de um político regional popular para alterar a imagem da cidade como um antro de criminalidade.

Internacionalmente, o Japão tem uma das menores taxas de criminalidade do mundo. Mas entre os japoneses, Osaka, com 2,7 milhões de habitantes, é há muito tempo vista como mais perigosa do que outros grandes centros urbanos.

Page 10: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

10 hoje macau segunda-feira 4.8.2014EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

O PROFETA DO FIM • António Brito“O Profeta do Fim” é o segundo livro da série “Sagal”, o aventu-reiro português da era moderna. A pretexto de ajudar um amigo, Sagal envolve-se com uma seita apocalíptica que anuncia a proximidade do fim do mundo, fazendo interpretações obscuras do Calendário Maia, Bíblia e Profecias de Nostradamus. O Sagal guerrilheiro confronta-se com a seita, cujo líder, denominado Pro-feta, recruta acólitos anunciando-lhes a salvação dos cataclismos que se aproximam, através de cerimónias iniciáticas envolvendo cobras venenosas e bebidas alucinogénias.

UM BLUES MESTIÇO • Esi EdugyanSe não contares a tua própria história, alguém o fará. E possivelmente fá-lo-á mal... Paris, 1940. Em plena ocupação alemã, Hieronymous Falk, um jovem e brilhante trompetista de jazz, é detido num café, desaparecendo completamente de circulação. Tinha apenas vinte anos, era cidadão alemão e... negro. Cinquenta anos depois, Sid, antigo companheiro de banda e única testemunha desse fatídico acontecimento, ainda se recusa a falar do assunto. No entanto, quando Chip, outro ex-companheiro, lhe mostra uma misteriosa carta que recebeu de Hieronymous, vivo e de boa saúde, Sid enceta uma dolorosa viagem ao passado. Um romance extraordinário sobre o mundo do jazz, mas também sobre os limites da amizade, o racismo e a fragilidade dos que vivem à margem.

NOVA CULTURA EXPOSIÇÃO DE QIAN XUANTONG NO MAM

Movimento a descobertoAté 5 de Outubro vão estar em exibição no Museu das Ofertas da Transferência de Soberania de Macau 170 peças e relíquias de referência do movimento da Nova Cultura chinesa, do início do século XX

N O ano em que se celebra o 95º ani-versário do Movi-mento do Quatro

de Maio, o Museu de Arte de Macau (MAM), juntamente com o Memorial do Movimen-to Nova Cultura de Pequim e o Museu Luxun de Pequim, apresenta a exposição “Pio-neirismo do Movimento da Nova Cultura – Uma Exposi-ção de Qian Xuantong”.

Esta exposição mostra

mais de 170 peças e relíquias culturais relacionadas com Qian Xuantong, - conhecido intelectual dos tempos da República Chinesa - permi-tindo aos visitantes revisitar a história do Movimento da Nova Cultura na China no início do século XX.

O Movimento da Nova Cultura começou por volta de 1915, tendo sido lançado por intelectuais que haviam rece-bido uma educação ocidental, constituindo-se essencialmente como uma reforma cultural e ideológica e uma revolução literária contra a tradição, o confucionismo e os clássicos chineses. As suas atitudes pro-gressistas e reformista conduzi-riam mais tarde ao Movimento do Quatro de Maio, em 1919.

A revista La Jeunesse (ou Nova Juventude) – que promo-via a ciência, democracia e a literatura em chinês vernáculo – , fundada por Chen Duxiu em

Setembro de 1915, marcaria o início do Movimento Nova Cultura. Num esforço de “sal-vação nacional” para impedir o colapso do país, os intelectuais chineses procuraram soluções na civilização ocidental, fo-mentando a introdução da ciên-cia e da democracia, lançando uma campanha de elucidação e encorajando o povo chinês a abandonar as grilhetas das ideias e comportamentos tra-dicionais.

REFERÊNCIAS DA MUDANÇAOs intelectuais Hu Shi, Chen Duxiu, Lu Xun e Qian Xuan-tong foram figuras de proa no Movimento da Nova Cultura. Os três últimos, consideravam que a cultura chinesa era ob-soleta e estéril, argumentando que a renascença nacional dependia de uma reforma da língua chinesa escrita. Qian Xuantong foi um pioneiro ra-dical no que se refere à reforma

da língua escrita. “De facto, a pontuação, números árabes e disposição horizontal do texto usados na língua chinesa con-temporânea escrita devem-se, directa ou indirectamente, ao seu magistério”, revela o MAM no comunicado de imprensa.

Qian Xuantong foi um fa-moso filólogo e um eminente promotor da reforma linguís-tica, propondo e criando o sistema de romanização para o mandarim.

Esta exposição é apresenta-da em quatro secções: “Perito nos Clássicos Chineses”, que revela o método de estudo da filologia, fonologia e lite-ratura clássica, o “Defensor da Revolução Literária”, que demonstra como Qian ajudou a lançar a revolução literária contra essas mesmas tradições profundamente enraizadas, “Promovendo o Chinês Ver-náculo”, que examina os seus esforços de promoção do chinês estandardizado, a sua pronúncia e o sistema foné-tico Zhuyin e a “Troca entre Letrados”, que apresenta a correspondência privada com professores e amigos literários.

A exposição, com entrada livre, está patente ao públi-co até ao dia 5 de Outubro no Museu das Ofertas da Transferência de Soberania de Macau do MAM.

“Dia Aberto ao Público” das Zonas Ecológicas no Cotai

ESTÃO abertas as inscrições para o “Dia Aberto ao Público” das Zonas

Ecológicas no Cotai, que este mês vai ter lugar nos dias 9 e 23 de Agosto, com um número máximo de 100 participan-tes. Sendo o número de participantes limitado, as inscrições serão aceites até que estejam preenchidos todos os lugares.

Os interessados serão notificados por

mensagem SMS um dia antes da visita, a fim de confirmar se a actividade vai, ou não, realizar-se na data estabelecida. Caso se verifique a ocorrência de mau tempo ou se o número de participantes for inferior a 12 pessoas, a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) poderá cancelar a actividade. Para a visita às Zonas Ecológicas no Cotai, a organização aconselha o uso de

sapatos de lazer assim como evitar rou-pas de cores vivas (tais como vermelho, amarelo e laranja).

Entretanto, o impresso de “Marcação prévia de visita às infra-estruturas am-bientais”, destinado à visita de escolas, associações e instituições à Zona I das Zonas Ecológicas no Cotai, também se encontra disponível na página electró-nica da DSPA.

Page 11: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

PUB

11 eventoshoje macau segunda-feira 4.8.2014

LUÍS J. SANTOSIn Público

A gala europeia dos maiores prémios da indústria turística

decorreu este sábado em Atenas, na Grécia, com Por-tugal a atingir o seu Olimpo no que concerne a galardões. Depois de em 2013 somar nove World Travel Awards Europa - de líder no Golfe ao Algarve como melhor destino de praias e a Madeira como melhor destino insular ou Lisboa como melhor desti-no para escapadelas -, desta feita o país, que chegou à cerimónia com mais de 40 nomeações, bateu o recorde de “óscares”conquistados: 16, a que se juntam ainda duas distinções na divisão do Mediterrâneo e dez exclusi-vamente nacionais.

A chuva de prémios caiu sobre Lisboa, vencedora nas categorias de porto e destino de cruzeiros. Chegou à Ma-deira, que repete a distinção de melhores ilhas para férias. Congratulou a TAP com duas vitórias, como melhor companhia nas ligações para África e América do Sul. Elevou a Douro Azul, de-

U MA universidade norte-americana quis descobrir quais são as línguas que usam mais palavras felizes. Os investigadores

selecionaram 10 idiomas e, após o cruza-mento de dois indicadores, concluíram que o português é a segunda língua mais “feliz” do mundo. Classificando os idiomas como uma

WORLD TRAVEL AWARDS EUROPA

Portugal arrasa nos “óscares” do turismo

PORTUGUÊS É DAS LÍNGUAS MAIS FELIZES DO MUNDO

Felicidade linguística

clarada melhor companhia de cruzeiros fluviais. E chegou ao Turismo de Portugal, o melhor organismo oficial de Turismo na Europa.

Os restantes prémios para Portugal cabem a gran-des insígnias da hotelaria nacional, na maioria no Algarve e Madeira: entre

outros, o Conrad (melhor resort de luxo), Bairro Alto Hotel (hotel em património histórico), Choupana Hills (boutique resort), Vila Joya

(boutique hotel), The Vine (design hotel), Pestana Porto Santo (resort tudo-incluído), Pine Cliffs (hotel residences) ou Martinhal (villa resort). O país passa até a ostentar o “resort mais romântico da Europa”, um prémio dado ao Vila Vita Parc.

Nos restantes World Tra-vel Awards a nível continen-tal, que são votados online ao longo do ano tanto por profissionais (mais de 180 mil segundo a organização) como pelo público geral (com o voto de cada profissional a valer por dois), destacam-se vitórias da Lufthansa (melhor companhia aérea) e easyJet (melhor low cost) ou Zurique (melhor aeroporto).

Já Corfu, na Grécia, ven-ceu como melhor destino de praias (batendo o Algarve), Genebra, na Suíça, é o me-lhor destino de escapadelas urbanas e Yorkshire, na In-glaterra, é o melhor destino global europeu (ambos ba-teram Lisboa). Na hotelaria, entre dezenas de distinções, destacam-se o Ciragan Pa-lace Kempinski Instambul (Turquia), o melhor hotel do continente, e o Belmond Hotel Cipriani (Itália), o me-

lhor hotel de luxo. Prémios especiais ainda para a Grécia (Acrópole, melhor atracção turística) e para a França (Disneyland Paris, melhor parque temático). A Expedia conquistou o galardão para melhor agência de viagens.

Para Portugal vieram ainda mais “óscares”, mas em categorias sub-regionais: a influência da proximidade deu vitórias na divisão do Mediterrâneo à Quinta da Casa Branca (boutique hotel) e ao Penha Longa (spa resort). A cerimónia inclui ainda prémios para os melhores de cada país representado e, nesta área, houve dez distin-ções, do Terra Nostra Garden Hotel ao Sheraton Algarve, da Pousada de Cascais ao Hotel Quinta do Lago ou Vilalara.

Os WTA, atribuídos há duas décadas, dividem-se por dez grandes regiões. Depois da Europa, seguem-se outras cerimónias, culminando a ronda com a grande gala fi-nal, marcada para Novembro em Marraquexe, onde serão atribuídos os prémios para os melhores do mundo - na última edição, saíram cinco “óscares” para Portugal.

“sofisticada tecnologia humana”, os autores do estudo consideram que, conforme a sua complexidade, estas ferramentas são tão po-derosas que “influenciam o desempenho das sociedades e dos indivíduos”, podendo até “condicionar escolhas económicas”.

O grupo da Universidade de Vermont (EUA) quis confirmar uma teoria desenvol-vida, nos anos 60, pelos investigadores norte--americanos Boucher e Osgood. Apelidada de Pollyanna, esta hipótese defende que o ser humano, em particular na sua comunicação com o outro, recorre mais frequentemente a termos positivos do que negativos. Contu-do, estes investigadores avaliaram palavras isoladas, pelo que os seus resultados foram considerados pouco conclusivos.

Desta vez, os investigadores analisaram 24 textos complexos e longos (retirados de jornais, livros, da internet e de outros supor-tes) que foram traduzidos para 10 línguas de origens e culturas distintas – inglês, espanhol, francês, português (do Brasil), coreano, russo, indonésio e árabe.

Com base na interpretação que cerca de cinco milhões de participantes fizeram de cinco mil a 10 mil palavras em cada texto - numa pontuação que variava entre 01 (triste) e 09 (feliz) - os investigadores concluíram que a língua portuguesa é a segunda língua “mais feliz” do mundo. No primeiro lugar do pódio da “felicidade linguística” ficou o espanhol e a medalha de bronze foi para a língua inglesa.

Page 12: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

12 DESPORTO hoje macau segunda-feira 4.8.2014

PUB

JOÃO RUELA RIBEIROin Público

O Benfica quis claramente su-bir a fasquia dos testes nesta

pré-época com a partida frente ao Arsenal deste sába-do. Jorge Jesus tinha dito que encarava o jogo como um “trampolim” para o primei-ro compromisso oficial: a Supertaça contra o Rio Ave. A fazer crer nas palavras do técnico dos “encarnados” a expressiva derrota por 5-1 em Londres – a quinta nesta pré-temporada – indica que o “salto” para o nível com-petitivo está ainda longe.

O desafio que o Arsenal impunha aos campeões nacionais era, desde logo, monumental, por se tratar de uma das melhores equipas da Premier League, recheada de talento e com jogadores capazes de decidir jogos sozinhos. Mas a permissi-vidade demonstrada pelo Benfica, mais até do que o resultado desequilibrado, deve preocupar as hostes do clube da Luz, quando falta uma semana para o início dos jogos “a doer”.

BENFICA CAI NO PRIMEIRO TESTE QUALITATIVO DA PRÉ-ÉPOCA

Salto falhado

O Benfica até entrou bem na partida, criando a primeira oportunidade logo aos 11’. Após um cruzamen-to de Maxi Pereira, Nico Gaitán faz um remate de primeira a rasar a barra da baliza dos gunners. Mas o

capítulo ofensivo da equipa portuguesa ficaria por aí para dar lugar ao recital do conjunto londrino.

CONCERTO ARSENALISTAA primeira ameaça marcou aquela que seria a tendência

dominante da primeira parte. Da direita, Bellerin cruzou para Sanogo (17’), que se antecipou a César, mas o ponta-de-lança francês falhou a baliza. Daí para a frente não falharia.

Se o flanco esquerdo da

defesa “encarnada” já se mostrava frágil, pior ficou depois da lesão de Eliseu (19’), que já tinha sido ultrapassado várias vezes. Entrou Loris Benito e entre os adeptos benfiquistas suspirava-se por Siqueira. O jovem lateral foi ultrapas-sado por Ramsey (26’), que cruzou para Sanogo que, de calcanhar, abriu o marcador no Emirates.

Aos 40’, uma boa com-binação entre Bellerin e Sanogo, com a defesa do Benfica impávida a assis-tir, permitiu que o lateral espanhol cruzasse para a área “encarnada”. Com-pletamente à vontade, Joel Campbell remata de primei-ra e aumenta a vantagem da equipa da casa.

Começava o período de maior pressão ofensiva do Arsenal que coincidiu com uma quase total desorien-tação do Benfica. Até ao

final da primeira parte, os londrinos ainda iriam fes-tejar mais um par de vezes. Aos 44’ Ramsey descobre Campbell no interior da área que, com um passe recuado, assiste Sanogo para o 3-0. Menos de um minuto de-pois, Sanogo antecipa-se a toda a gente e faz passar a bola por cima de Artur, após cruzamento da esquerda de Kieran Gibbs.

A segunda parte come-çou no mesmo tom, com o quinto golo do Arsenal (49’) a ser marcado por Sanogo, numa recarga, após remate de Ramsey. Foi o quarto golo no jogo de um avançado que está longe de ser primeira opção para Arsène Wenger. O conforto do resultado di-latado permitiu uma maior descontracção por parte da equipa londrina, acabando por limitar o seu caudal ofensivo.

O Benfica teve ainda direito a golo de honra por Gaitán – o elemento mais inconformado dos “encarna-dos”. Um lançamento lateral de Maxi Pereira sofre um primeiro desvio e o avança-do argentino cabeceia (62’) para o fundo das redes.

Page 13: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

hoje macau segunda-feira 4.8.2014

hARTE

S, L

ETRA

S E

IDEI

AS

13

POR UMA PÁGINA EM BRANCO

J Á foi uma folha de papel, hoje é um ecrã iluminado. Tremeluz in-diferente à impaciência, branco apesar do que se escreve e apaga, vezes a perder de conta. Quanto

mais escrevo, mais apago e quanto mais apago, mais escrevo. Para apagar, claro. Nada parece ter mais importância ou significado do que a página em branco. E não tem.

A página em branco mostra e es-conde ao mesmo tempo. Nela vemos e nela perdemos de vista. Não tendo escolhido uma única palavra, restam disponíveis todas as que se podem es-crever. Não estando nenhuma escrita são ainda possíveis todas as frases. Mas em vez de entusiasmarem, as possibi-lidades inquietam. A angústia de uma página em branco transforma-se na an-gústia de viver. Ou será o contrário? E se não for nem uma coisa nem outra? Seria um sossego. Assim seja.

Quando se vive no jornalismo, como se vive num país ou num planeta, as páginas em branco têm vida curta. O

próximo oriente Hugo Pinto

“QUANDO SE VIVE NO JORNALISMO, COMO SE VIVE NUM PAÍS OU NUM PLANETA, AS PÁGINAS EM BRANCO TÊM VIDA CURTA. O MUNDO NÃO PÁRA. AS NOTÍCIAS TAMBÉM NÃO”

mundo não pára. As notícias também não. Incessante e crescente, uma en-xurrada vem para nos levar e soterrar. E nós vamos e enterramo-nos. De bom grado. E é este o problema.

Não havendo um botão que desli-gue o mundo e essa estranha entidade, a “actualidade”, e que depois possa ser-vir para voltar a ligar, quando e se nos apetecer, estamos dependentes da nos-sa vontade - podemos saciar desejos, mas também tornamo-nos reféns de instintos e vícios, como o de querer sa-ber “o que se passa”, a tal “actualidade” que “acontece”. Sem darmos por isso, passa por nós tudo, indistintamente e sem reflexo. Sem marca. A memória não guarda, mas esvazia.

“Por mais importante que sejam as notícias de ontem - os deslizamentos de terra, a descoberta do corpo meio--escondido de uma jovem mulher, a humilhação de um político todo--poderoso caído em desgraça - todas as manhãs, toda a cacofonia começa de novo. Um portal de notícias tem

a amnésia institucional do serviço de urgências de um hospital: as manchas de sangue da noite são passadas a pano e as memórias dos mortos apagadas”. Não há “follow up” que dure para sempre. Alain de Botton tem razão. Em “The News: A User’s Manual”, o filósofo inglês defende uma aborda-gem epicurista das notícias, ou seja, “a procura dos prazeres moderados para atingir um estado de tranquili-dade e de libertação do medo, com a ausência de sofrimento corporal pelo conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos”,

como bem se descreve na Wikipedia o legado de Epicuro.

Para Alain de Botton, na impos-sibilidade de haver um único dia sem notícias devido a um “extraordinário esforço de coordenação” por parte da humanidade, temos sempre a opção de renunciar às notícias a que estamos ligados através do computador ou do telefone, em casa, no escritório, na rua, no comboio ou no avião, e que são um adversário da introspecção, impedin-do-nos de acalentar pensamentos que, no fundo, podem ajudar-nos a tornar-mo-nos relevantes.

“Precisamos de um alívio da impres-são fomentada pelas notícias de que vivemos numa era de uma importância sem paralelo, com as nossas guerras, as nossas dívidas, as nossas revoltas, as nossas crianças desaparecidas, as nos-sas festas pós-estreia, as nossas OPA e os nossos mísseis rebeldes”. Não matem o mensageiro, matem a men-sagem. E deixem a página em branco. Sem sangue.

Page 14: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

hoje macau segunda-feira 4.8.201414 h

Flávio RodRigo PenteadoIN PRESENÇA

— No seu primeiro livro, cantos de estima, predominam referências à paisagem de São Paulo (o ônibus para o Jardim da Glória, a água do Pinheiros, a Consolação, um bar da Avenida São João, o trânsito que é mais difícil de interromper do que o mar abrir em dois etc.), mas aqui e ali também Lis-boa começa a se fazer presente (o Tejo e as pedras do calçamento, por exemplo – além de, no poema “Vasco”, uma figuração poé-tica do momento de sua viagem para esta cidade). Principiemos por aí: como você descreveria o impacto desta sua longa per-manência em Portugal? Vale tudo: modo de ser e se colocar no mundo, escrita, lei-turas, reverberações…— O cantos de estima foi escrito na época que eu queria morar em Lisboa, mas ainda vivia em SP. Então tem esse tom de tran-sição mesmo, que você bem apontou. Eu andava apaixonada pelas possibilidades que estavam se abrindo. Por um lado a possibili-dade de conviver com a descoberta de uma nova língua na minha língua e também a de viver em uma cidade onde a contemplação e a beleza são presentes do imediato.O “Vasco” escrevi ao chegar no Porto, em 2008, um ano antes de ir morar em Lisboa. Escrevê-lo foi um estalo da percepção de que, com meu ouvido plástico, a minha escrita explodiria por dentro, se adensan-do não só em maior vocabulário, como apreendendo outras construções sintácticas e rítmicas. Mas o “Vasco” ainda é muito pa-ródico, é muito mais uma imagem do que parece ser o português de Portugal do que a densidade que a variante portuguesa tem.Esse processo era muito intenso no come-ço, era como ter uma alucinação, eu me sentia cavalgada pela minha nova língua e escrevia levada por ela. Actualmente, de-pois de ter vivido cinco anos em Lisboa e já ter voltado, sou casada com um português e o convívio é tanto que sinto que sou bi-língue numa mesma língua, muitas vezes me pego traduzindo os termos. Inclusive escrevendo, quase sempre estou consciente de optar por uma palavra mais comum no Brasil ou em Portugal. Mas, como foi um processo sintáctico bem explosivo, quando releio o que escrevo, sinto que cheguei ao ponto das línguas se confundirem e não se-rem nem de lá, nem de cá. Acho que é a mi-nha língua mesmo, uma língua que pra mim já não tem “outro”, nem “nosso”, é minha. Sem aspas, pra ser bem territorial.Acho também que os impactos emocio-nais me foram bem grandes nos anos em que vivi em Portugal e isso me modificou a personalidade. Fiquei mais fechada, mais firme, tenho hoje uma consciência do li-mite entre o que é “íntimo” e o que não é que é, bem diferente do que era, sendo hoje mais separada mesmo. Adensei lentidão aos afectos e a lentidão me trouxe um senso da raridade. Isso me fez bem, valorizo muito mais os bons encontros, os bons amigos, sentindo mesmo a aparição de alguém com quem crio algum vínculo como uma jóia, uma preciosidade.Outro impacto emocional imenso foi estar de frente (e por todos os lados) em um país pequeno e afundando com a crise política

JÚLIA DE CARVALHO HANSEN

“NÃO CONSIGO ME IMAGINAR

HOJE SEM IDOLATRAR

O JOÃO CÉSAR MONTEIRO OU

O ANTÓNIO VARIAÇÕES”

Júlia nasceu em São Paulo, em 1984. É autorados livros O túnel e o acordeom: diário fóssil encontrado apósa explosão (Lisboa: Não Edições, 2013); alforria bluesou Poemas do Destino do Mar (Belo Horizonte/Lisboa: Chão da Feira, 2013); cantos de estima (São Paulo:

selo de estimas e grama, 2009). Graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, é mestre em Estudos

Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa

e financeira que Portugal está passando. O convívio quotidiano com a destruição das possibilidades, com as pessoas sendo to-lhidas e desesperadas, algumas apáticas e moralistas em direcção ao abismo, outras simplesmente cheias de cansaço… isso aca-bou comigo. Estou no Brasil desde Janeiro (aqui os problemas existem, mas são outros, é certo) e sinto que ainda não me limpei da grande tristeza que senti em Lisboa, sobre-tudo no último ano em que lá vivi. Não sei se endureci com isso, mas acho que não. Acho que fiquei ainda mais vulnerável.E mais “brasileira”, também. Sou filha de intelectuais, cresci ouvindo que “nenhum Brasil existe” (& graças a deus! que também é brasileiro). Mas a convivência no estran-geiro, com esse estrangeiro específico que quando você abre a boca e fala, ele sabe de onde você veio, a convivência com as mi-lhares de imagens que isso vai produzindo e que eu fui recebendo até torná-las um espe-lho, no qual ser “brasileira” se constituiu pra mim. Fui cidadã do nada, voltei brasileira. Não sei se viver no Brasil vai me tornar ci-dadã do nada novamente, é bem possível.Por fim, acho que o que eu não esperava foi o mais óbvio: descobrir outros poetas, outros músicos, outros cineastas. Eu não consigo me imaginar hoje sem idolatrar o João César

Monteiro ou o António Variações, e eu nun-ca os teria amado se não tivesse vivido em Portugal. E mesmo aqueles autores de que eu já gostava, pude descobri-los de outros modos. Por exemplo, o impacto do Herber-to Helder começou a ecoar de modo bem diferente na minha escrita, quando pude per-ceber que certas coisas dele que eu achava que eram estilo, são palavras do quotidiano de uma tasca qualquer da linha de Cascais. — Ainda a propósito do vínculo Portu-gal-Brasil, não podemos deixar de pôr em destaque a seguinte particularidade das Edições Chão da Feira, que publicou o seu segundo livro, alforria blues ou Poe-mas do Destino do Mar: trata-se de uma editora brasileira, com equipa brasileira, sediada oficialmente em Belo Horizonte, mas cujo processo de trabalho se dá em Lisboa – o que, no caso específico do seu livro, incluiu também a impressão.— Pois é, a Chão da Feira é um colectivo editorial que se situa nesse entre-terras de Lisboa e Belo Horizonte e, desde que estou de volta a São Paulo, também se situa em São Paulo. Isto pra nomear os lugares onde vivem as pessoas que são o núcleo do colectivo: Carolina Fenati, Luísa Rabello, Cecília Ro-cha e eu. Porque seria possível incluir outros

lugares, já que a Chão da Feira é composta por muito mais gente, pelos revisores, pelos tradutores, pelos conselheiros, quero dizer, a gente pensa o colectivo como um bem co-mum, onde quem é colaborador necessaria-mente faz parte. Mas existem certos lugares de acção e é certo que a Chão da Feira não existiria sem a figura da editora, a Carolina Fenati, que é dessas pessoas raras que prova que a bondade existe na espécie humana. E, como a Carolina é de Belo Horizonte, e vive há tanto tempo em Lisboa que, mesmo se for embora um dia, Lisboa irá com ela, a Chão da Feira é sim lisborizontina.Embora a Carolina seja a minha melhor ami-ga, eu não posso falar por ela, mas tenho a impressão de que a gênese da Chão da Feira teve a ver com essa vontade de envolver as pessoas em nome de gestos maiores que os indivíduos: livros. E como a Carolina é uma daquelas raras vozes que quando se levanta é necessariamente política e pública, ela teve a genial ideia de começarmos com a Gratuita, a revista da Chão da Feira cuja circulação, como o nome mesmo indica, é gratuita.Faltava ainda um bocado pra eu terminar os Poemas do Destino do Mar quando ela mencionou a possibilidade de o publicar-mos pela Chão da Feira. Acho até que a editora ainda não existia em si. No começo tive algumas dúvidas, pelo simples motivo de que havia pensado em mais uma edição de autora, como fiz com o cantos de esti-ma e Carolina nem sabe disso!, mas eu deci-di que publicaria pela Chão da Feira quan-do ela leu uma versão dos poemas ainda em .doc. As sugestões e leituras que ela fez me mostraram tão definitivamente que o livro sabia ser lido por ela, que eu nunca que iria editá-lo sem ela.Já com o livro pronto decidimos que quem faria o projecto gráfico seria o Luís Henri-ques, um tipógrafo português genial que, entre outras iniciativas capitaneia O Ho-mem do Saco, de que admiramos os tra-balhos. Então, por isso, o alforria blues ou Poemas do Destino do Mar  foi impresso em Lisboa. Porque estávamos lá, porque queríamos o Luís desenhando o livro e, por fim, também porque o livro foi escrito lá. — Em cantos de estima, transparece a preo-cupação com a estrutura ainda em termos de simetria: um poema de abertura, “Me-mória escolar”, depois uma divisão por seções – Mercúrio, Amor, Azul – e por fim um poema de encerramento, “Farewe-ll”. Essa é uma característica que adquire maior densidade na publicação seguinte, em que se propõem não apenas secções, mas como que a coexistência de dois li-vros em um – alforria blues, composto por sete poemas, e os vinte e seis  Poemas do Destino do Mar –, explorando as ressonân-cias de um no outro. Fale um pouco desse gesto organizacional que implica pensar seus livros como conjunto, e não como um simples amontoado de textos.A organização do livro me interessa tanto quanto a escrita de cada um dos poemas, pois ela acaba sendo em si uma experiên-cia. Não sei bem explicar a convivência em que se alternam foco e dispersão no meu

Page 15: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

15 artes, letras e ideiashoje macau segunda-feira 4.8.2014

quotidiano. Acho que essas estruturas nos meus livros são uma tentativa de dar ordem ao caos do imediato, que me é sempre mui-to latente. Preciso da estrutura, mas nunca serei adequada. O imediato é das maiores forças no que escrevo, posso num gatilho escrever um verso; como em outro gatilho perceber que um poema fica bem ao lado de outro, ou que, justamente, por serem pa-recidos, determinados poemas funcionam melhor afastados, embora no mesmo con-junto “livro”. Chamem a isso “intuição”, eu mesma ainda não encontrei o nome, mas é uma espécie de cegueira que a tudo vê.O processo de organização nos meus dois livros de poemas foi bem diferente.O  cantos de estima  começou quando eu estava em Budapeste e percebi nos meus cadernos de (longa) viagem que tinha um número de poemas suficiente pra condensar em livro. Pela primeira vez eram poemas que me satisfaziam, que não eram só sonorida-des, e que não me pareciam desinteressantes na manhã seguinte. Uns meses depois voltei pra SP e resolvi arrumar os 14 poemas que me acompanhavam desde Budapeste. Como naquela época escrevia muito na máquina de escrever, resolvi dactilografar o que já tinha. Daí as coisas deram uns pulos nelas mesmas e nasceu o 12 exemplares, projecto que du-rou cerca de um ano. A repetição de dactilo-grafar todos aqueles exemplares foi criando uma convivência com a minha voz e isso fez brotar novos poemas.Nessa época eu escrevia feito água, tudo era ágil, prazeroso, inventivo. E, como passa rá-pido o tempo quando temos prazer, foi de repente que percebi que eu tinha um corpo enorme de poemas e que um livro precisava ser organizado. Imprimi tudo o que eu ti-nha, montei um varal com fios de barbante na sala do meu apartamento e pendurava os poemas com pregador de roupa, pra que eu pudesse passear entre eles, vê-los com o corpo todo. Essa ideia partiu de algo que meu pai me contou, de que o Lévi-Strauss organizou os mitos os dispondo espacial-mente, pra que ele pudesse andar de corpo todo no meio do que ele queria entender, organizar, sistematizar. Estruturar.Desde a edição nos 12 exemplares o can-tos de estima tinha o “memória escolar” e o “farewell” como espécies de cortinas que abriam e encerravam o espectáculo. Certa-mente o cantos de estima é um livro circen-se. E então eu já tinha a série continuada do “amor” e mais outro bloco com muitos poe-mas. Pareceu binário demais, ter duas par-tes, acho que foi isso… e pensei: o amor? No meio. E ainda com a ajuda dos barban-tes (agora dispostos em triângulo) e outros aditivos técnicos, andando pelo meio dos poemas, fui colocando determinado poema de um lado ou de outro.Se no  cantos de estima  a escrita corria fei-to qualquer água, no  Poemas do Destino do Mar  foi num processo de filtragem que constituí o corpo dos poemas. Primeiro do que qualquer poema, o que eu tive desse li-vro foi seu título. Entre o título e a escrita do primeiro poema passaram uns seis me-ses. A partir daí, tudo que eu escrevia pas-sava ou não por baixo desse portão que era

o título. Os Poemas do Destino do Mar devem ser 30% do volume do que escrevi duran-te aqueles anos e todos os poemas do livro foram reescritos inúmeras vezes. Ou seja, é um livro baseado em muita escolha. Eu não sei se são nomeáveis todos os critérios que usei pra escolhê-los, mas acho que era uma espécie de estrondo, alguma coisa intensa e condensada, penso que os poemas do des-tino do mar têm uma exigência de existir, certa luminosidade, beleza e concentração.Ao mesmo tempo em que escrevia esses

poemas exigentes, escrevia no meu blogue, o alforria blues, que é o lugar em que eu sin-to muito prazer ao escrever. Sinto no meu blogue uma liberdade muito maior do que na tela do Word e uma graça maior (a do destinatário público, talvez) do que quando escrevo no meu caderno, no meu diário. Eu não imaginava que viria a publicar num livro nada do que estava no blogue. Mas um dia eu estava entre a estação dos Restauradores e a do Rossio, quando o metro quebrou e, rascunhando no meu caderno, o saco cheio da espera misturou-se a certo tédio ranco-

roso pela higiene que eu estava construindo no  Poemas do Destino do Mar, desenhei uma espiral de DNA e escrevi: alforria blues ou Poemas do Destino do Mar, com essa diferença entre maiúscula e minúscula, pra não destronar completamente o Sr. Livro.São vinte e seis poemas porque eu tinha 26 anos quando escrevi o primeiro poema do livro; e porque li muito durante esse tempo o “Vertumno”, do Brodsky, que tem 26 poe-mas. Os 7 “alforria blues” foram sete porque não podiam ser muitos e entre os que escolhi

no blogue, foram os que me pareceram mais fundamentais. É engraçado, pois durante toda a escrita do livro eu tinha muita certeza de que eram escritas muito diversas convi-vendo na minha pessoa, eram gritantes as diferenças. Actualmente já não as vejo tanto.Demorei muitos meses pra conseguir orga-nizar a ordem desse livro, porque ainda es-tava muito apegada ao emocionante que foi fazer o cantos de estima, tentava as mesmas coisas e falhava sempre. Até que percebi que a intensidade dos poemas não me per-mitia atravessá-los novamente, que a fase

de reler já tinha passado, pra os organizar eu não os podia reler. Então criei pequenas fichas só com os primeiros versos deles e, numa noite na casa que meus pais têm no Embu das Artes, eu terminei o livro. Foi até decepcionante, passar meses tentando e fa-lhando e, repentinamente, ter o livro. Por-que ter o livro é não o ter mais, né?Provavelmente contando assim pareça mui-to aleatório, mas a sensação que me dá é a contrária. Organizar um livro é como um acontecimento: só pode ser daquele jeito, não há outro, porque é o que é. — “Quem dera fazer, dos poemas, sinfo-nia.” Mais do que o parentesco da poesia com a música, frequentemente assinalado, em mais de uma direcção, por autores de épocas e tendências distintas, esse verso do Oitavo Poema do Destino do Mar parece-

-me apontar também para a Júlia como ar-tista em sentido mais amplo: o cantos de estima nasceu do projecto “12 exemplares”, que você referiu na resposta anterior, feitos à mão e dados de presente, o que não apenas originou um site em que se recolheram as “respostas” que esse gesto suscitou, como também uma exposição de todo o conjun-to de trabalhos, na Associação Cultural Cecília, em São Paulo, no início de agosto de 2009; já O túnel e o acordeom foi proposto para o encontro com Mayana Redin, em exposição conjunta na Fundação, Porto, em Dezembro de 2010. Sabemos que o trânsito por diferentes medias, bem como a confluência de linguagens a princípio res-tritas a essa ou aquela modalidade artística, é uma tendência desde, pelo menos, o últi-mo quarto do século XIX, mas como você

(Continua na página seguinte)

“ESTOU NO BRASIL DESDEJANEIRO (AQUI OS PROBLEMAS EXISTEM, MAS SÃO OUTROS,É CERTO) E SINTO QUE AINDANÃO ME LIMPEI DA GRANDE TRISTEZA QUE SENTIEM LISBOA”

“MONTEI UM VARAL COM FIOS DE BARBANTE NA SALA DO MEU APARTAMENTO E PENDURAVAOS POEMAS COM PREGADORDE ROUPA, PRA QUE EU PUDESSE PASSEAR ENTRE ELES, VÊ-LOSCOM O CORPO TODO”

“ORGANIZAR UM LIVRO É COMO UM ACONTECIMENTO: SÓ PODE SER DAQUELE JEITO, NÃO HÁ OUTRO, PORQUE É O QUE É”

“POUCAS COISAS ME DÃOMAIS PRAZER DO QUE TERUM PENSAMENTO AMACIADOPOR UM AFECTO”

Page 16: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

hoje macau segunda-feira 4.8.201416 h

enxerga esse movimento no seu trabalho, em particular? — Uma vez, numa aula bem teórica de um ilustre professor de teoria da arte contem-porânea em Lisboa, perguntaram pra ele o que diferenciava um artista de um não-artis-ta. Ele respondeu: “a vontade de arte.”. Nes-se sentido, sim, eu faria parte de um grupo mais alargado de inventores, criadores e experimentadores que são os artistas. Digo isso porque de quando em quando eu tenho urgências materiais pra além da escrita, pre-ciso fazer um livro à mão, ou criar alguma plasticidade com os meus parcos recursos. São sempre acontecimentos que me fazem bem, fico alegre, aliviada, contente, dispo-nível para o tempo presente. Também já compus, ou ajudei a compor, algumas mú-sicas com amigos músicos; tenho parcerias, por exemplo, com o Flavio Tris. Aliás, uma vez que eu estava desolada com a humani-dade, com as guerras e as destruições, e fala-va sobre isso sem parar, o Flavio concordou comigo, mas me olhou de canto e disse só: “mas tem a arte, Julita”. Rimos muito. Esse sorriso é o que interessa ser pra sempre, né?Mas eu não me considero artista. Sou es-critora, poeta. Mas não artista. Embora os sensos plásticos e estéticos pra mim sejam quotidianamente fundamentais, meu senso crítico é tão agigantado quanto eles e respei-to demais os esforços que envolvem as téc-nicas e os acasos que envolvem os dons. Por consequência respeito demais meus amigos artistas plásticos ou músicos pra que eu possa me considerar um deles. Isso porque, certa-mente, respeito demais a escrita também. 

— Mais acima, falei em certa “preocupa-ção com a simetria” no cantos de estima, quanto ao conjunto, mas é manifesta, em vários dos poemas que o compõem, a op-ção deliberada pelo gauche, pelo torto, pelo que transborda e não se encaixa, o que se reflecte tanto no lamento por ter nascido destro (“o poeta não consola a herança/ de nascermos destros não cuida/ de terem me tirado os dentes da vida/ de um jeito que nem sorvete adiantava”) quanto na associação do esquerdo ao registo sincero (“Agora que sou sincera, estou tentando amestrar a mão/ esquerda pra que ela viva sozinha.”). A partir dessa observação, gos-taria que sondássemos dois aspectos que ali se confundem: a tentativa de superar “o medo de dizer coração”, verso seu que o Marcos Visnadi empresta ao intitular o posfácio que escreveu ao livro, e também essa intensa injecção de vida no poema, em textos que se fazem intensos, até certo ponto derramados, mas nunca confessio-nais no sentido estrito da palavra, produtos que são, afinal, dessa “mentira de poeta” (a expressão é sua), já explorada quase que à exaustão por um Fernando Pessoa.— Bem visto, é mesmo uma mistura entre destreza e ser gauche na vida que vai se de-

lineando no que escrevo. Gosto tanto do tropeço quanto do eixo. Pessoas diversas já me disseram que sou um coração pensante, que meu pensamento é afectivo, que meus sentimentos são ideias. Pra mim existe uma troca mesmo, uma necessária coincidên-cia entre o que seria mental e o que seria emocional, fazendo de ambos uma coisa só. Se por um lado isso amacia muitas coisas, também faz das tripas pensamentos. Minha procura pela saúde está nesse lugar mútuo, na afinação entre crivo e aceitação. Poucas coisas me dão mais prazer do que ter um pensamento amaciado por um afecto.Considero das coisas mais importantes no mundo actual afirmar a vitalidade, contra o banal, o repetido, o tudo-já-foi-dito, o tanto-faz. O excesso de relativização leva ao cinismo, ao cansaço. Vejo que muitos entre os poetas estão cansados. Eu não me sinto cansada. Eu me sinto viva. E a metáfo-ra do coração me interessa muito, enquanto centralidade ardente, latejante, porque me interessa muito a vida. Se a língua é, por excelência, território do quotidiano, do há-bito, dos costumes, da cultura, a língua é o território da vida. E, se a língua é o territó-rio da vida, a escrita é a sua duração. Está certo que neste sentido estou com Roland Barthes, é preciso ocupar a língua, ela é o território da política. E lá vamos nós: escre-vemos. Por isso acho importante ocupar as palavras, utilizar todas as palavras que con-vêm. Não sou poeta de procurar uma pa-lavra rara, única, porque não tenho muito foco, se eu estiver lendo um poema e preci-sar usar um dicionário, logo vou me perder no dicionário e esquecer do poema. Como não gosto que façam isso comigo, não faço isso com os outros e acabo por preferir o trivial: gato, cavalo, peixe, coração…Enquanto escrevo também tento vencer alguns superegos críticos, acho, e escrever, por exemplo, “coração” é sempre um assas-sinato maravilhoso da repressão. E como morre bem a repressão quando é morta! As-sassinato da repressão de que algo na língua estaria gasto, que seria kitsch, ou qualquer coisa assim, coisas que são todas ideias, não são palavras. As palavras estão soltas, são de todos e de ninguém e eu me aproveito de certa ingenuidade honesta, mais confi-dente do que simulada, para escrever. Nes-se sentido o tropeço do excesso, do gau-che,  é também uma estrutura, um valor, um uso. Actualmente tenho escrito muito “deus”, “alma”, “verdade”, palavras grandes e velhas, palavras cansadas, mas que quan-do são colocadas num verso pode chover em cima delas. É muito simples para uma palavra nascer. E eu também tenho o que aprender com elas: quem é que não tem o que aprender com a palavra “deus”, ou com a “verdade”, ou mesmo com a “chuva”? Eu tenho.Mas é certo que também há certa vingança nesse gesto, vingança contra aquilo que é

comum, normal. Sinto muita normatividade na circulação da literatura contemporânea. Uma vez eu mostrei os poemas do cantos de estima, ainda em gênese, para um edi-tor muito famoso. Ele foi muito atencioso, leu meus poemas com muita dedicação e gentilmente me sugeriu cortes, aprumos, me mostrou repetições, me sugeriu proce-dimentos de secagem, de destreza. Eu fi-quei muito contente, aquilo tudo fez muito sentido, voltei pra casa e passei dias cortan-do tudo que eu já tinha escrito, fiz muitas sínteses, desmontei desleixos, tornei-me mais clara e mais engraçada. Então impri-mi a nova versão do livro e me coloquei a reler: que frustração! Eu havia me tornado um poeta contemporâneo como qualquer outro! Me deu um tédio danado e voltei ao excesso: escrevi o “strike a poet” que tem a quebra de versos propositadamente errada; se você respeitar o fluxo das linhas, vai se perder. O importante ali é a atividade de quem lê, o importante é burlar, desrespeitar, sabotar. Assim sendo, o excesso é, pra mim, muito mais do que uma inadequação, é uma forma de resistir ao normal, ao comum. Sou ingénua, afinal, infantil: quero a minha voz. 

— Há quem observe, nesta abstrata en-tidade a que chamamos “literatura brasi-leira contemporânea”, alguma obsessão em torno do “eu”, seja ao se fazer incidir no texto o nome próprio, civil, do autor empírico, seja ao se reiterar naquele a primeira pessoa em referência a este (am-bos os recursos, aliás, são recorrentes em seus dois primeiros livros). À luz do que você desenvolveu anteriormente, lembro o que diz Virginia Woolf logo no início de A Room of One’s Own –‘I’ is only a conve-nient term for somebody who has no real being – e peço-lhe que, agora, situe o pro-blema na esfera de um género que ronda sua obra em construção: o diário. De fac-to, há, em cantos de estima, o poema “Caixa preta”, cuja disposição em datas lhe faz referência; no mesmo poema, lemos tam-bém: “o caderno a que evitas dar o nome de diário/ porque temes os nomes que alcançam ou não atingem o/ grau de bap-tismo.”; ainda neste livro, temos o extenso poema-seção “Amor”, que, se não assume externamente a forma diarística, conserva,

pelos fragmentos e tom do discurso, algo que se lhe assemelha; alforria blues ou Poe-mas do Destino do Mar deriva, em parte, de seu blogue; O túnel e o acordeom, por fim, é acompanhado pelo enigmático subtítulo “diário fóssil encontrado após a explosão”. — Esta questão eu acho difícil de respon-der. Porque eu mesma não sei que lugar é esse do “eu” e talvez eu escreva para o des-cobrir. Só isso já deve indicar que a Virginia Woolf diz bem quando nomeia essa irreali-dade do dizer “eu”. Mas acho que, em lite-ratura, é aquela coisa: sempre que você está lendo “eu” é o eu de outro, mas é o seu tam-bém e o “eu” de outro ecoa tanto na própria voz que se torna si mesmo.É certo que desde Ulisses a maior inteligên-cia está em ser ninguém. Por outro lado, acho meio bobagem teórica ou desesperan-çada o esvaziamento da categoria “eu”. Em geral as pessoas que vejo afirmando alguma nulidade do “eu” me parecem ter uma ca-pacidade de pensamento abstracto da qual eu não faço parte. Tenho corpo demais, tenho muita comunicação com o meu pró-prio corpo pra que ache que o “eu” pode ser relativo. Minha caixa torácica é minha, en-tende? Sou eu. É claro que esse eu é um eu banal e que leu muito poucos livros. Mas é este eu que está vivo em mim, sou eu aquela pessoa pela qual tento ter o maior respeito do mundo. E não é fácil.Mas é claro que não penso “eu” como uma singularidade estanque e muito menos fe-chada. E de maneira alguma profunda! Em-bora “eu” seja meu corpo, já se sabe com a yoga que muitos são os corpos pra além do mais visível. E realmente entendo o pensa-mento de uma maneira mais oriental, ou mais xamânica, não sei, entendo que o meu pensamento é o pensamento de muitos. Lembro de uma entrevista que vi uma vez num documentário de televisão, pergunta-vam pra um cientista indiano como era ser um génio. Ele respondia “génio? Eu sou só o encontro do pensamento de muitos, desde o pensamento de cientistas com os quais con-vivo até o pensamento de desconhecidos. Eu penso o que ficou no ar quando o camponês pensando plantou a sua horta e que não ima-ginamos, nem eu nem ele, o quanto isso foi importante para o meu pensamento científi-co.”.  Indo por aí, aquilo que diz o Pound, do poeta como a antena da raça, me interessa e ganha outros sentidos. Se o poeta é um co-mutador de pensamentos, a poesia é escutar os inaudíveis que estão gritando.Por outro lado, não tenho como ignorar a importância de ter feito anos de psicanálise nisso do “eu” para mim. E muitas vezes acho que, sim, a escrita é um gesto narcísico, mas não é qualquer gesto. Se a questão de Narciso é a fissura, quer dizer, se Narciso se joga na água porque não percebe que aque-le outro é si mesmo, a escrita do “eu” parece cerzir, preencher essa cisão criando coinci-dência. Então, quando estou me sentindo angustiada e vejo uma janela e não consigo me integrar naquela cena toda, quando re-pentinamente escrevo “a janela é o caminho do céu” isso já me impede de querer saltar. Porque a coincidência consigo mesmo pode ser um acontecimento fascinante.

“O EXCESSO DE RELATIVIZAÇÃO LEVA AO CINISMO, AO CANSAÇO”

“AS PALAVRAS ESTÃO SOLTAS, SÃO DE TODOS E DE NINGUÉM E EU ME APROVEITO DE CERTA INGENUIDADE HONESTA, MAIS CONFIDENTE DO QUE SIMULADA, PARA ESCREVER”

Page 17: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

TEMPO AGUACEIROS OCASIONAIS MIN 27 MAX 32 HUM 70-95% • EURO 10.7 BAHT 0.2 YUAN 1.3

ACONTECEU HOJE 4 DE AGOSTO

Pu Yi

LÍNGUADE gATO

hoje macau segunda-feira 4.8.2014 (F)UTILIDADES 17

João Corvo fonte da inveja

Sento-me e sinto. Sinto-me e sou. Em que momento deixei de pensar?

C I N E M ACineteatro

SALA 1DORAEMON THE MOVIE: NOBITA IN THE NEWHAUNTS OF EVIL-PEKO AND THE FIVE EXPLORERS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Yakuwa Shinnosuke14.30, 16.30, 19.30

DAWN OF THE PLANET OF THE APES [B]Um filme de: Matt ReevesCom: Jason Clarke, Gary Oldman, Keri Russel21.30

SALA 2PLANES 2: FIRE & RECUE [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Bobs Gannaway14.15, 16.00, 19.45

THE FAULT IN OUR STARS [B]Um filme de: Josh BooneCom: Shailene Woodley, Ansel Elgort17.30, 21.30

SALA 3BREAK UP 100 [B]Um filme de: Lawrence ChengCom: Ekin Cheng, Chrissie Chau14.30, 16.30, 21,30

STEP UP ALL IN [B]Um filme de: Trish SieCom: Alyson Stoner, Biana Evigan, Ryan Gusman, Adam G. Sevani19.30

PLANES 2: FIRE & RECUE

“EVERY KINGDOM”, DE BEN HOWARD

Agosto é o mês perfeito para os finais de tarde com Ben Howard a passar no carro que nos leva para casa depois de um dia pleno de praia. Sol, cheiro a mar, corpos com sal e cheiro a protector solar é o que as músicas ‘folk’ do artista nos faz visualizar. Com assumidas influências em Nick Drake ou até Jack Johnson, Ben criou o álbum ‘Every Kingdom’, que reúne grandes ‘hits’ como “Keep Your Head Up”, “Move Like You Want” e “The Wolves”. - Hoje Macau

Coragem de leão Não vos apetece - só às vezes - que alguém vos ofereça um novelo de lã, tal como Ariadne ofereceu a Teseu, para que sempre que vos batesse a vontade olhassem para trás e lá estava o fio, a linha que vos levaria àquilo que vos viu partir?Claro... Teseu nem sequer pensou nesta carga saudosista, tão comum dos tempos sem guerreiros. Carregava com ele a espada do amor e a coragem para matar o, até então invencível, Minotauro.Eu como gato, muitas vezes também me sinto um verdadeiro leão. Levanto-me cheio de coragem para enfrentar aquele que se espera mais um dia comum, encho o peito de ar, escovo o meu pêlo, deixo-o brilhante e avanço para o meu passeio habitual por Macau, esta cidade claustrofóbica para uns, gigante para outros. Faço parte do segundo grupo e não é por ter tamanho pequeno, não. Acho Macau gigante pela sua essência, tem tanto de bom como de mau. Tem tanto para dar que às vezes, entre ronronares, achamos que não tem mais nada para nos fazer deslumbrar. Os assuntos são sempre os mesmos: Chui Sai On, casinos, droga, activistas habitação, rendas... sempre o mesmo. Achamos nós. Macau tem um outro lado. “Um lado que só encontrarás quando o quiseres receber”, disse-me um gato sabichão, quase ancião, numa conversa entre gatos. Tal como o monstro, nós não precisamos de sete rapazes e sete raparigas gregas para nos alimentarmos. Precisamos da coragem para mergulhar em Macau - ou por onde as patinhas nos levarem – avançando por essas ruas escondidas, esse bairros que gritam silêncio. Precisamos de acreditar que temos um fio de lã sempre a marcar caminho garantindo manter o norte no labirinto.

Morre Hans Christian Andersen, nascem Armstrong e Obama• Um escritor brilhante, um músico arrebatador e um político consensual. O dia 4 de Agosto une Hans Christian Andersen, Louis Armstrong e Barack Obama.São três nomes de áreas distintas, cada um dos quais distinto na sua área. O escritor dinamarquês de histórias infantis e o músico norte-americano morreram mas tornaram-se imortais. Obama não é imortal, mas já inscreveu o seu nome na história política mundial.Hans Christian Andersen morreu neste dia, em 1875, Louis Armstrong e Barack Obama assinalam 4 de Agosto como data de nascimento. Hoje, recorda-se um genial contador de histórias e uma voz imensa. E sopra-se mais uma vela a um político capaz de gerar consensos, numa América dividida.Quatro de Agosto tem uma curiosidade: terá sido neste dia, em 1693, que Dom Pérignon inventou o champanhe. Foi também neste dia, em 1944, que a Gestapo, polícia secreta alemã, captura Anne Frank e a família, em Amesterdão, Holanda, graças a um agente infiltrado que cedeu informações. Anne viria a morrer num campo de concentração, sendo que o seu diário tornou-se mundialmente conhecido.Nasceram a 4 de Agosto Louis Armstrong, músico norte-americano (1901), Billy Bob Thornton, actor norte--americano (1955), José Luis Rodríguez Zapatero, antigo primeiro-ministro da Espanha (1960) e Barack Obama, político norte-americano (1961).Morreram neste dia François-André Vincent, pintor francês (1816), Hans Christian Andersen, escritor dinamarquês de histórias infantis (1875), Paul Murry, desenhador norte--americano (1989) e Cyro dos Anjos, jornalista, professor, romancista e ensaísta brasileiro (1994).

U M D I S C O H O J E

Page 18: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

18 OPINIÃO hoje macau segunda-feira 4.8.2014

O ataque de Israel contra a população palestiniana da Faixa de Gaza já leva mais de três semanas. O actual ataque militar terrestre, ma-rítimo e aéreo dura há mais tempo que o terrível ataque de 2008/2009, no qual mor-reram 1.400 palestinianos. O número de mortos é de

pelo menos 1.400 pessoas, na sua grande maioria civis. No momento de escrever esta coluna, as Nações Unidas confirmaram que uma escola da ONU em Gaza, em que milhares de civis estavam refugiados, foi atacada pelas Forças de Defesa israelitas, deixando um saldo de pelo menos 20 pessoas mortas. As Nações Unidas informaram 17 vezes as coordenadas exactas do refúgio às forças israelitas.

Democracy Now! entrevistou Henry Siegman, uma referência do pensamento judeu nos Estados Unidos e presidente do “US/Middle East Project” (Projecto Médio Oriente/Estados Unidos). Siegman é rabino e ex-director executivo do Congresso Judeu Norte-americano e do Conselho de Sinago-gas dos Estados Unidos, duas das principais organizações judias do país. Siegman sus-tenta que a ocupação israelita dos territórios palestinianos deve terminar.

“Há um dito talmúdico na ‘Ética dos pais’ que sustenta ‘Não julgues o teu pró-ximo enquanto não tiveres estado no seu lugar’. Então, a minha primeira pergunta ao abordar qualquer problema relacionado com a questão israelita-palestiniana é: que faríamos se estivéssemos no seu lugar’. Que sucederia se a situação se revertesse e a população judia fosse sitiada ou se lhe dissessem: ‘Damos-lhes menos de 2% da Palestina. Agora comportem-se. Nada de resistência e permitam-nos tratar do resto’. Será que algum judeu diria que é uma pro-posta razoável?”.

Siegman continuou: “Nas circunstâncias actuais, Israel tem o direito de fazer o que está a fazer agora e, certamente, como se sustentou, inclusive o Presidente dos Estados Unidos o afirmou em reiteradas ocasiões, nenhum país aceitaria viver sob essa ameaça permanente. Ainda que lhe tenha faltado dizer, e é o que invalida e mina o princípio, que nenhum país nem nenhuma população aceitaria viver do modo a que se obrigou a viver as pessoas de Gaza. E, portanto, isto também invalida essa equação moral que põe Israel no lugar da vítima que deve actuar para evitar que a situação continue desta maneira. E os nossos média raramente assinalam que os palestinianos de Gaza ou o Hamas, a organização que dirige Gaza, que são os atacantes, também têm o direito a ter uma vida normal e digna e que eles também devem pensar ‘que podemos fazer para pôr fim a esta situação?’”.

“Quando alguém se põe a pensar que isto é o que faz falta para que Israel sobreviva, que o sonho sionista se baseia no assassinato reiterado de pessoas inocentes (...)trata-se de uma crise muito profunda do pensamento”HENRY SIEGMAN Presidente do “US/Middle East Project” (Projecto Médio Oriente/Estados Unidos)

Artigo publicado em Truthdig em 30 de Julho de 2014. Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna. Texto em inglês traduzido por Mercedes Camps para espanhol. Tradução para português de Carlos Santos para Esquerda.net

Uma venerável voz judia a favor da pazAmy GoodmAn

in Esquerda.net

Henry Siegman nasceu na Alemanha em 1930. Ele e a sua família foram perseguidos pelos nazis. “Vivi dois anos sob a ocupação nazi, a maior parte do tempo correndo de um lugar para outro, escondendo-me. Sempre pensei que a lição mais importante do Holo-causto não é que existe o mal, que há pessoas malvadas no mundo que podem fazer as coisas mais cruéis e inimagináveis. Essa não foi a principal aprendizagem do Holocausto.

A grande aprendizagem do Holocausto é que a gente de bem, cultivada, que geralmente consideraríamos boas pessoas, podem per-mitir que esse mal se imponha. A população alemã, que não eram monstros, permitiu que a máquina nazi fizesse o que fez”.

O pai de Siegman foi um dos líderes do movimento sionista europeu, que reclama-va uma pátria para o povo judeu. Siegman contou: “Eu era um fervente sionista desde

criança. Lembro-me que no barco que me trouxe aqui, quando estávamos a vir para os Estados Unidos e teria 10 ou 11 anos de idade, escrevia poesia e canções sobre o céu azul da Palestina. Naquela época denominávamo-la Palestina”.

Nos Estados Unidos, Henry Siegman converteu-se numa importante referência da vida judia norte-americana. Quando lhe pedi que reflectisse sobre o ataque actual contra Gaza, sustentou: “É desastroso. Tanto em termos políticos como do ponto de vista humanitário. Quando alguém se põe a pensar que isto é o que faz falta para que Israel sobreviva, que o sonho sionista se baseia no assassinato reiterado de pessoas inocentes à escala que vemos hoje na televisão, trata-se de uma crise muito profunda do pensamento de todos os que estamos comprometidos com a criação de um Estado e do seu sucesso”.

Pedi a Siegman que olhasse para um frag-mento do programa “Face the Nation”, da cadeia CBS. O apresentador, Bob Schieffer, finalizou recentemente o programa com o seguinte comentário: “No Médio Oriente, o povo palestiniano encontra-se sob o controle de um grupo terrorista que embarcou numa estratégia para que as suas próprias crianças sejam assassinadas para conseguir a com-paixão pela sua causa. Esta estratégia talvez esteja a funcionar, pelo menos em algumas partes. Na semana passada, encontrei uma citação de há muitos anos de Golda Meir, uma das primeiras líderes de Israel, que bem poderia ter sido pronunciada ontem: ‘Podemos perdoar aos árabes por matar os nossos filhos’, afirmou, ‘mas jamais pode-remos perdoá-los por nos obrigar a matar os seus filhos’”.

Siegman disse que tinha visto o progra-ma e respondeu: “Conheci a Golda Meir e escutei o seu comentário. Naquele tempo pensei —e agora também penso— que é uma declaração terrivelmente hipócrita. Essa declaração foi feita pela mesma mulher que disse: ‘Os palestinianos... não existem os palestinianos. Eu sou palestiniana’. Se não queres matar os palestinianos, se te provoca tanta dor, não deves matá-los. Podes dar-lhes os seus direitos e podes pôr fim à ocupação. E, culpar os palestinianos pela ocupação e pelo assassinato de inocentes de que esta-mos a ser testemunhas neste momento em Gaza? Porquê? Por querer um Estado pró-prio? Por querer o que os judeus quiseram e conseguiram? Acho, para dizê-lo em termos suaves, pouco digno de admiração. Há algo profundamente hipócrita na sua declaração original e na repetição agora como uma grande reflexão moral”.

Enquanto os Estados Unidos continuam a fornecer armas a Israel, mais de 250 crian-ças morreram em Gaza. Em lugar de lhes dar armas, os Estados Unidos e o resto do mundo deveriam pressionar Israel para que ponha fim à matança.

Page 19: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

19 opiniãohoje macau segunda-feira 4.8.2014

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Cecília Lin; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado; Ricardo Borges (estagiário) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

N O dia 1 de Agosto, o website da cadeia de televisão de Hong Kong TVB publicou uma notícia relativa a um condutor de táxi na cidade de Chongqing, na China. O motorista em questão, Zhang Lunggang, estava a passar por uma escola de ensino secundário quando

um professor tentou parar o carro, enquanto ajudava uma aluna a andar. Entretanto, a estudante caiu e não se consegui mais le-vantar, gritando com dores. Era óbvio que o seu estado de saúde inspirava cuidados imediatos.

Zhang conduziu-a imediatamente para o hospital mais próximo, que se encontrava a sete quilómetros de distância. O motorista guiou o mais rapidamente possível, para encurtar a distância, chegando a atingir os 90 quilómetros por hora em zonas em que o limite máximo era de 60 quilómetros por hora. Além disso, não parou em três semáforos quando estes apresentavam a luz vermelha, tendo ainda usado a faixa reserva-da para veículos de emergência por uns 50 metros. Com tudo isto, Zhang percorreu os sete quilómetros em oito minutos.

Antes de os médicos analisarem o doente, o hospital pediu ao professor para pagar uma taxa de registo, ao que este respondeu “viemos com muita pressa e não trouxemos dinheiro connosco”. Face a este comentário, Zhang adiantou que “o dinheiro não tem importância”, tendo pago antes de se retirar do hospital.

Depois de uma análise médica, desco-briu-se que a estudante estava inconsciente devido a um nível de potássio no sangue muito baixo. Se tivesse chegado ao hos-pital mais tarde, teria certamente falecido. Depois de recuperada, a estudante afirmou que “as palavras não conseguem exprimir a minha gratidão. Quero que Zhang saiba que estou muito sentida e que lhe agradeço profundamente”.

A polícia percebeu que a intenção de Zhang era salvar a vida da estudante, por isso decidiu não o acusar de nenhum crime, tendo salientado que “nós percebemos que esta foi uma situação de emergência, por isso não há necessidade de o processar. Mas nestas situações o melhor é pedir ajuda à polícia”.

Este caso pode ser visto de vários ân-gulos. Por um lado, o motorista quebrou a lei, por isso a polícia devia processá-lo. Por outro lado, a polícia decidiu não o fazer pois as suas acções salvaram a vida de uma jovem estudante. Como deve a polícia re-solver este dilema? Qual é o princípio legal que as autoridades devem seguir ao tomar a sua decisão? As respostas estão definidas no

“As nossas leis podem definir várias sentenças como castigo para diversos comportamentos”

macau v is to de hong kongDAVID CHAN*[email protected] • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog

*Professor Associadono Instituto Politécnico de Macau

Motorista de táxi

“Regulamento de tratamento das violações da segurança rodoviária”, em chinês “道路交通安全違法行為处理程序規定” .

O artigo 21 (3) deste regulamento define que a informação sobre a condução perigosa de um agressor pode ser apagada se houve-rem provas de que as acções foram tomadas de modo a salvar a vida de uma pessoa. O artigo não defende quebrar a lei para salvar

alguém. Apenas permite às autoridades apa-gar a informação electrónica armazenada nos sistemas de gestão de tráfico. Logicamente, se esta informação for apagada, não há in-dícios para proceder à acusação.

Do ponto de vista da população, o moto-rista deu um grande exemplo de moralidade, visto ter feito tudo para salvar a estudante. Mas, ao mesmo tempo, também se pode argumentar que deu um mau exemplo, pois ao querer ajudar a rapariga, acabou por proceder de forma ilegal. A polícia acabou

por não o acusar de nenhum crime, mas lembrou-lhe que não devia voltar a actuar da mesma maneira no futuro. Isto pode levar o público a pensar que é legítimo quebrar a lei para ajudar outras pessoas, o que pode criar muitos problemas, levando a muitas transgressões da lei. Pode-se por exemplo verificar um caso em que A agride violenta-mente B por pensar que B queria violar uma

mulher. O melhor nestes casos seria haver uma lei que clarificasse o público sobre as situações em que estão imunes de acusação para que não se verifiquem mal-entendidos. No caso de Zhang, o motorista quebrou a lei, mas não foi processado por haver uma isenção na lei em vigor. A polícia seguiu as regras e manteve a sua imagem profissional, não havendo confusão alguma neste caso específico.

Se este caso tivesse ocorrido em Hong Kong, a polícia poderia ter agido de outra

MAR

TIN

SCOR

SESE

, TAX

I DRI

VER

maneira. Nesta cidade é fácil encontrar um agente da autoridade. Se a polícia encon-trar um carro em excesso de velocidade, certamente que o manda parar de modo a perguntar ao condutor a razão para tal comportamento. Caso a polícia verificar que estas acções têm como objectivo salvar a vida de alguém, então conduzirá o condutor e o doente ao hospital. Neste caso, a polícia seguiria em frente do veículo, usando as suas luzes de emergência para parar o trânsito, visto todos os veículos na estrada terem o dever estatutário de lhes dar prioridade. Assim, todos os envolvidos chegariam ao hospital em segurança.

As nossas leis podem definir várias sentenças como castigo para diversos com-portamentos. Porém, não conseguem forçar um motorista de táxi a salvar um dos seus passageiros. O comportamento de Zhang mostra que é dotado de uma boa moralida-de, o que faz dele um bom exemplo para todos nós.

Page 20: Hoje Macau 4 AGO 2014 #3145

TIAG

O AL

CÂNT

ARA

hoje macau segunda-feira 4.8.2014

cartoon por Stephff FOGOS

CONSULADO JOSÉ CESÁRIO ASSUME PROBLEMAS DE FUNCIONAMENTO

A culpa é dos vistosO Secretário de Estado das

Comunidades Portugue-sas deu uma entrevista ao

diário português Público onde fala da existência de alguns problemas ao nível do fluxo de trabalho e atendimento no consulado de Por-tugal em Macau devido ao maior número de pedidos para vistos.

“Temos, na área dos vistos, problemas em Pequim e em Xangai e em Macau também, embora em Macau já tenhamos um call center a funcionar desde há poucos meses”, disse José Cesário ao jornal.

A implementação do serviço de call center começou a ser feita no consulado de São Paulo, no Brasil, e segundo Cesário os resultados são positivos. “O funcionário do call center não faz todo o trabalho consular, mas dá informações, faz marcações, atende pessoas, recebe documen-tos, verifica se os documentos estão em condições, introduz os documentos em bases de dados — que não sejam bases de dados delicadas, como a de identificação civil ou a dos passaportes. E que, a partir daí, transfere o trabalho para o funcionário do posto, que faz o que é essencial desse acto consular e que já só representa para aí um quarto ou um quinto do tempo”, explicou ao Público.

O HM tentou chegar à fala com Vítor Sereno, cônsul de Portugal em Macau, por forma a obter um comentário sobre os resultados desta nova medida

Gestão de prédios Kwan Tsui Hang quer leis a sair ao mesmo tempoNuma interpelação escrita, Kwan Tsui Hang apela ao Governo as leis relacionadas com a gestão de edifícios entrem em vigor ao mesmo tempo. A deputada defende que, caso contrário, é difícil ligar cada uma e pede às autoridades que coordenem “bem” os trabalhos, de forma a que não seja influenciada a execução das leis. Kwan considera que o problema da administração dos prédios privados é complicado e necessita de uma combinação de várias leis para que haja mais eficiência. O Regime de Propriedade Horizontal, Regime de Licença das Empresas de Administração de Condomínios e os regulamentos de administração de condomínios são alguns dos diplomas a que a deputada se refere. Kwan aponta que as autoridades já tinham prometido entregar à Assembleia Legislativa o Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio no próximo ano, mas as restantes estão sem data para entregar a AL. - F.F.

Taxista detido por ajudar imigrantes ilegais da ChinaOs Serviços de Alfândega detiveram, no passado domingo, um taxista de Macau por auxiliar três imigrantes ilegais provenientes da China. A detenção aconteceu na ilha de Coloane, perto do cemitério municipal e os três homens entraram subitamente dentro do táxi, vindos de uma zona de vegetação, algumas horas depois do condutor estar com o automóvel parado à espera. Quando questionado pelas autoridades, o taxista disse apenas que lhe foi pedido que estivesse em determinado local para transportar cinco pessoas até ao casino Sands Cotai, em troca de 200 patacas. Os imigrantes confessaram terem-se deslocado de Zhuhai numa lancha rápida em direcção a Macau, juntamente com outros dois homens, também ilegais no território e que foram mais tarde detidos pelos Serviços de Alfândega, numa praia em Coloane.

China Pelo menos 150 mortos em sismoO forte sismo de magnitude 6,1 que foi sentido ontem nas regiões montanhosas do sudoeste da China fez pelo menos 150 mortos e milhares de feridos, além de perdas materiais, divulgaram os meios de comunicação locais. O tremor de terra fez mais de 1.300 feridos e 180 pessoas estão desaparecidas, referiu a agência oficial de notícias Nova China. O sismo ocorreu às 16:30 locais, no nordeste da província de Yunnan, com o seu epicentro situado a uma profundidade de aproximadamente dez quilómetros, segundo o instituto geofísico norte-americano (USGS). “O sismo provocou a queda e danos em numerosos edifícios, particularmente nos imóveis residenciais de construção antiga”, indicou a Nova China. Mais de 120 mortos foram contabilizados nos distritos de Ludian, onde se localizou o epicentro do sismo, precisou a China News Service, a segunda agência oficial do país. Cerca de 30 pessoas morreram em outros dois distritos vizinhos. Equipas de bombeiros e dezenas de membros das forças de segurança pública estão a caminho da região do epicentro do sismo, acrescentou a televisão pública CCTV. A região montanhosa entre as províncias de Yunnan, Sichuan e Guizhou, são de difícil acesso e já conheceram graves episódios sísmicos nos últimos decénios.

Taiwan Explosão provoca 24 mortos e 271 feridos Pelo menos 24 pessoas morreram e 271 ficaram feridas numa série de explosões em gasodutos ocorridas na noite de quinta-feira na cidade de Kaohsiung, no sul de Taiwan, informaram as autoridades, ao divulgar novo balanço. “As explosões de quinta-feira provocaram a morte de pelo menos 24 pessoas e feriram outras 271”, informou o Serviço Nacional de bombeiros de Taiwan, citado pela AFP. Quatro das vítimas mortais e 22 feridos eram bombeiros. A maioria dos feridos foi afectado por queimaduras. As fugas de gás terão começado às 20h46 de quinta-feira e às 23h59 ocorreram múltiplas explosões numa zona de dois a três quilómetros quadrados, no distrito de Cianjhen, segundo dados do Serviço Nacional de bombeiros de Taiwan citados pela agência Efe. Na sequência das explosões, uma vala aberta ao longo de uma estrada ‘engoliu’ carros de bombeiros e outros veículos. Das informações recolhidas através da Delegação Económica e Cultural de Macau em Taiwan e da indústria turística de Macau, até ao momento, não há indicações de que residentes de Macau tenham sido afectados, não tendo ainda, o Gabinete de Gestão de Crises do Turismo (GGCT), recebido qualquer pedido de informação ou assistência

VAI ABRIR CONSULADO DE MOÇAMBIQUE EM MACAU\A China já autorizou a abertura do consulado de Moçambique em Macau, avançou ontem a Rádio Macau. Para o efeito, chegou ontem ao território uma delegação de Moçambique com o objectivo de tratar das formalidades. Nesta altura, já se procura um espaço para servir de instalações do Consulado de Moçambique em Macau, diz ainda a estação. Há muito tempo que vinha a ser colocada a hipótese de abertura de um consulado de Moçambique no território mas só agora chegou a autorização de Pequim. Este será o terceiro posto consular de um país lusófono em Macau, depois de Portugal e de Angola.

de atendimento, mas o cônsul manteve-se incontactável até ao fecho da edição.

Na mesma entrevista, José Cesário foi confrontado com a saída de muitos trabalhadores dos postos consulares, tendo o secretário de Estado garantido que já foram contratados 62 novos funcionários.

“Estamos a procurar melhorar o serviço através daquele novo me-canismo das permanências consu-lares. Estamos a atender milhares de pessoas em 141 cidades em que, há um ano e meio, não tínhamos qualquer espécie de serviço. Dos 250 que saíram, entre 130 a 150 estariam afectos ao serviço con-sular. Por isso é que contratámos 62 novos funcionários”, explicou.

DADOS ESCONDIDOSSobre o relatório da emigração, José Cesário acusou ainda o anterior Governo português de ter escondido números sobre o número de pessoas que saem do

país. “Temos procurado ser o mais realistas possível. Para este rela-tório, pedi expressamente a uma equipa do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empre-sa (ISCTE) (...) que nos ajudasse a fazer este trabalho, para que não houvesse qualquer espécie de acusação de parcialidade. Os números que estão no relatório são os números que existem. Não ocultamos o que quer que seja. Quando disse isso, e disse-o em vários momentos, foi porque, durante vários anos, Portugal, no-meadamente o anterior Governo, ocultou esses números, que eram altíssimos”, disse José Cesário ao Público. - A.S.S.